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países, o Brasil consome muito ou

pouco em alimentos processados?.

O presente artigo descreve-


rá, inicialmente, como foram obtidas
TENDÊNCIAS RECENTES NO CONSUMO DE as informações utilizadas na análi-
se. Na parte mais importante, serão
AUMENTOS PROCESSADOS NO BRASIL apresentados e analisados dados
sobre o consumo de alimentos pro-
cessados, por diferentes grupos.
Devido à limitação de espaço, não
se tratará de bebidas, assunto que
merecerá trabalho específico no fu-
turo.

Elisio Continf* 2. ASPECTOS METODO-


LÓGICOS
2.1. Origem das Informa-
ções

sando muito a qualidade e outros As informações sobre consumo


1. INTRODUÇÃO de alimentos processados, utilizadas
atributos. A necessidade de sobre-
neste trabalho, foram extraídas da
vivência determinava o que comprar.
O consumidor tornou-se o foco publicação Tendências 97
Os consumidores eram escravos!
central na análise de mercados de (ACNielsen 1997). Os dados provêm
produtos agrícolas. A prateleira do de coleta de informações no varejo,
O objetivo deste artigo é provo-
supermercado passa a determinar realizado semestralmente, em
car reflexões sobre a importância de
o que, como e quando produzir. De- 15.000 lojas recenseadas, segundo
se conhecer as preferências do con-
cisões empresariais dos setores re- metodologia estatística. As informa-
sumidor em termos de alimentos
lacionados ao agronegócio, dos ções correspondem ao total Brasil,
processados. A elucidação dessas
produtores rurais e os instrumen- excluídos os estados do Acre,
questões auxilia a orientar as deci-
tos de política governamental quan- Amapá, Amazonas, Maranhão, Mato
sões dos produtores rurais sobre o
to a safras, defesa, tecnologia, Grosso, Pará, Piauí, Rondônia ,
que produzir, ao governo e à socie-
regulação de mercados têm, Roraima e Tocantins.
dade na formulação de políticas e
crescentemente, como referencial estratégicas de incentivo à produção
o consumidor final. Este levantamento cobre
agropecuária.
87% da população e 90% do con-
sumo nacional. As informações de
Este enfoque se fortalece As questões básicas formuladas volume e valor referem-se às ven-
em períodos de abundância na pro- a serem elucidadas neste trabalho das ao consumidor, efetuadas pelo
dução e em mercados abertos. As referem-se a: a) como evoluiu o con- varejo nas áreas geográficas e ca-
importações de produtos permitem sumo de alimentos processados, no nais de distribuição considerados.
uma oferta mais abundante e mai- período recente (1992-1996)?; b) Além de dados para o Brasil como
or possibilidade de escolha. O con- qual o valor desses produtos con- um todo, a análise de consumo per
sumidor adquire maior poder de de- capita considera sete áreas ou regi-
sumidos? c) em que tipo de estabe-
cisão. O contrário ocorre em perío- ões:
lecimento (auto-serviço ou tradicio-
dos de falta de produtos ou em uma I. Nordeste (menos
nais) são comercializados os produ-
economia fechada, quando o pro- Piauí);
dutor rural tem mais poder para de- tos? ; d) em que medida a oferta
II. Minas Gerais e Espíri-
terminar o que e quanto produzir. dos principais produtos processados to Santo;
Assim foi, após a Segunda Guerra se encontra concentrado?; e) como III. Grande Rio;
Mundial, em algumas partes da Eu- se encontra o consumo nas diferen- IV. Grande São Paulo (ci-
ropa. Alimentos eram disputados tes regiões do País?; e, f) se com- dade);
pelos consumidores, não interes- parado com o consumo de outros V. São Paulo (Interior)

(1) Pesquisador Cientifico da Embrapa. O autor agradece a Eliseu Alves as sugestões valiosas e a Rogério Fernando Francisco pelo apoio técnico no tratamento
dos dados. _

-UL
Revista de Política Agrícola - Ano VII -N-03- Jul - Ago - Set 1998
-.. 7 n ? ^ 1 6 TX# 33
VI. Região Sul; Tabela 1
Estabelecimentos e Volume de Vendas por Região -1996
VII. Mato Grosso do Sul,
Goiás e Distrito Federal. Ã N2 N° Vol.
reas Estabelecimentos Estabelecimentos Vendas Varejo
Quanto ao tipo, os es- TOTAL 282 435 100 100
tabelecimentos que vendem alimen- Área I 82 344 29,2 13,6
Área II 53.200 18.8 14,8
tos foram classificados em duas 13618 4,9 8,4
Área III
grandes categorias: Área IV 19 265 6,8 20,6
a) Auto-serviços: comercializam al- Área V 33 370 11.8 18,8
Área VI 63.176 22.4 18.3
gum tipo de produto alimentar,
Área VII 17 263 61 5,5
expostos de maneira acessível, Fonte: ACNielsen.
permitindo aos fregueses se estrutura concentrada de vendas de
"auto-servirem". em-se as tradicionais e de auto-ser- alimentos processados, com predo-
b) Lojas Tradicionais: além de clas- viços) é quase o triplo das outras minância de grandes redes de auto-
sificadas como alimentares, é regiões, indicando a importância de serviços. Como são as regiões mais
grandes redes de abastecimento de dinâmicas do País, pode-se formu-
necessária a presença de vende-
alimentos. Com menos intensidade, lar a hipótese de que as demais re-
dor ou balconista. Nos dados
o mesmo fenómeno ocorre na região giões seguiriam tendência similar. A
apresentados, os produtos ven- III - Grande Rio com um número de
didos em bares também foram forte concorrência nos serviços de
estabelecimentos de 4,9% e volume abastecimento de alimentos diminui
incluídos nas lojas tradicionais. de vendas de 8,4%; e na região V -
as margens de lucro, obrigando a au-
Interior de São Paulo, com um nú-
mentar a escala de vendas para se
2.2. Distribuição dos Es- mero de estabelecimentos de 11,8%
manter no negócio. Estabelecimen-
e volume de vendas de 18,3%.
tabelecimentos Co- O fenómeno inverso ocorre
tos com escala têm ainda mais faci-
merciais de Alimen- na região I - Nordeste (menos Piauí) lidade de negociar redução de pre-
ços com os fornecedores, devido ao
tos em que 29,2% dos estabelecimen-
volume de compra.
tos vendem apenas 13,6% do volu-
Pelo menos em parte, a alta con-
De um total de 282.435 estabe- me no varejo. São, naturalmente, centração no abastecimento de ali-
lecimentos comerciais de alimentos, lojas menores, provavelmente em mentos processados no varejo pode
maior número de tradicionais. Mes-
em 1996, apenas 15,5% eram de ser ainda comprovada pela informa-
mo para a região II - Minas Gerais e
auto-serviços, mas representavam ções da Tabela 2. Nesta são apre-
Espírito Santo, a participação do
84,4% do volume de vendas, em número de estabelecimentos é mai- sentadas as dez principais redes de
valor no varejo. De outro lado, 84,5% or (18,8%) em relação ao volume de supermercados do País em termos
de lojas tradicionais vendiam apenas vendas (14,8%), o que indica tratar- de faturamento e número de empre-
15,6% em volume. O número de es- se de uma região com uma estrutu- gados. Dos dez maiores, os dois pri-
tabelecimentos tradicionais de ali- ra de abastecimento de alimentos meiros (Carrefour S.A. e Companhia
mentos era de 238.671 e o de auto- pouco concentrada e com predomi- Brasileira de Distribuição) têm sua
serviços de 43.763, estes com ten- nância de lojas tradicionais. sede em São Paulo. Em termos de
dência de crescimento no período de faturamento, em 1995, atingiram a
Esses dados nos levam à cifra de R$ 7,8 bilhões de reais, o
1994-96. Isso indica a importância
que representa 29% mais do que as
crescente dos auto-serviços e a alta conclusão de que as regiões da
Grande São Paulo, Grande Rio e outras 8 maiores redes que as se-
concentração nessas vendas. interior de São Paulo formam uma
Na Tabela 1 são apresen- Tabela 2
Dez Maiores Redes de Supermercados em Faturamento Bruto -1995 •
tados o número de estabelecimen-
tos e o volume de vendas por região Fatura- N°
de consumo, conforme definido an- Empresa Sede mento Funcioná-
(milhões R$) rios
teriormente. 1. Carrefour Com. Ind. Uda. SP 4.683 21.780
O que chama mais a aten- 2. Cia Brasileira de Distribuição SP 3.169 20.429
ção é a importância do volume de 3. Casas Sendas Com. Ind. S/A RJ 1.324 11.417
vendas na região IV - Grande São 4. Bom Preço Superm. do NE PE 1.176 8 775
Paulo. Com apenas 6,8% do núme- 5. Paes Mendonça S/A RJ 876 6.052
ro de estabelecimentos, o volume de 6. Supermar Supermercados S/A BA 622 5.129
vendas em valor atinge 20,6%. Isso 7. Nacional CDA Ltda. RS 587 7.513
8. Eldorado S A Com. Ind. Imp. SP 515 3.660
significa que o volume médio de ven-
9. Cia Real de Distribuição RS 495 4.354
das de cada estabelecimento (inclu- 10. Cia Zaffari de Supermercados RS 494 5.759
Fonte: Revista SuperHiper

34 Revista de Política Agrícola -Ano Vil - /V-° 03 - Jul - Ago -Set 199S
guem ( R$ 6,1 bilhões de reais de aqueles valores pelas unidades ven- de mercearia doce. O menor cres-
vendas). Em termos de número de didas em 1992. Os valores, em dó- cimento ocorreu com os produtos da
funcionários, os dois primeiros em- lares, de cada produto somados, for- mercearia salgada com 34% de au-
pregam 42.209 pessoas, enquanto necem o total para o grupo. Assim, mento, mesmo assim um bom resul-
os outros 8 grandes têm 52.659 fun- obteve-se um valor que pode ser tado.
cionários. comparado entre os dois períodos. Em relação ao tipo de esta-
belecimento que vendeu o produto,
2.3. Alimentos Processa- A Tabela 4 apresenta os va- os auto-serviços concentraram
lores de venda dos alimentos pro- 87,76% das vendas de alimentos
dos Considerados na
cessados para o ano de 1992 e 1996 processados, no ano de 1996, res-
Pesquisa tando apenas 12,24% para as lojas
e sua variação em percentuais. Em
1996, o valor de venda para os cin- tradicionais. Não há muita dispersão
A relação dos alimentos pro- entre os grupos de produtos.
cessados considerados na pesqui- co grupos de produtos atingiu a US$
O grau de concentra-
sa para cada grupo encontram-se na 11.480 milhões de dólares america-
ção média, medido pela participação
Tabela 3. nos, representando um aumento no
das três principais marcas de alimen-
período considerado de 69,31%, tos processados é de 48%. Isso sig-
Tabela 3
Grupos e Produtos Alimentares Processados nifica que quase a metade das ven-
Mercearia Mercearia Deriv. De das de alimentos processados pro-
Oeriv Carnes Lácteos Doce Salgada Tomate vém das três principais marcas de
Linguiça Iogurte Boi /Biscoito Mas Aliment Estr. Tomate
Mortadela
Salsicha
Leite com Sabor
Creme de Leite
Açúcar
Farinha Infantil
Far Trigo
Margarina
Catchup
Puré Tomate
produtos. O grau de concentração
Apresuntado Leite em Pó Mist. Bolos/doe. Mas Resfriad Molho Tomate maior encontra-se nos derivados de
Salame Leite Condensado Pudim/Gelatin Sal Cozinha
Hambúrguer Petit Suisse Cer Matinais Pão Forma tomate (66%) e o menor em merce-
Presunto Sobr Gelific Temp industr
Almôndegas Maionese aria doce (41 %) (Tabela 5)
Mas Inslant
Sopa
Caldo

Tabela 4
3. CONSUMO RECENTE Evolução do Consumo de Alimentos Processados por Grupos

Valor 92 (em Valor 96 (em


Neste trabalho serão apre- Grupo de Produto
mil USS) mil USS}
Acréscimo (%)
sentados resultados consolidados Derivados de Carne/Embutidos 837.005 1.664.825 98,90
Derivados de Leite 1.283.642 2.393.411 86,45
para todos os grupos de alimentos Mercearia Doce 1.897.075 3.650.200 92 41
processados e separadamente por Mercearia Salgada 2.367.584 3.177.209 34,20
produto para cada destes grupos: a) Derivados de Tomate 395.287 594.901 50,50
Total 6.780.593 11.480.546 69,31
derivados de carnes/embutidos; b) Fonte: Dados Brutos de ACNielsen.
derivados de leite; c) produtos de
mercearia doce; d) produtos de mer-
Tabela 5
cearia salgada; e, e) derivados de Distribuição das Vendas no Varejo por Tipo de Estabelecimento e
tomate.
Auto- Concentra-
Grupo de Produto Tradicional
Serviço ção
3.1. Resultados Agrega- Derivados de Carne/Embutidos 84.76 15,24 59,03
Derivados de Leite 90.91 9.09 48,66
dos por Grupos de Mercearia Doce 84.62 15.38 40,70
Produtos Mercearia Salgada 90.12 9,88 50,61
Derivados de Tomate 90,63 9,63 65,55
Total 87,76 12,24 48,03
Os valores de venda para Fonte: Dados Brutos de ACNielsen
1996 são os efetivamente apurados
nos auto-serviços e estabelecimen-
tos tradicionais para aquele ano.
Para evitar distorções nos preços uma taxa geométrica de 11 % ao
dos grupos de produtos para o ano 3.2. Derivados de Carne/Em-
ano. O grupo de produtos com mai-
de 1992, principalmente em face da butidos
or consumo foram os derivados de
inflação elevada anterior a 1994, to-
maram-se os preços unitários para carne/embutidos, quase duplicando
o ano de 1996 e multiplicaram-se seu consumo no período, seguido Os produtos considerados

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duplicaram o consumo, no período duto mais importante em valor e vo-
como derivados de carne/embutidos
considerado, de cinco anos. Mesmo lume de vendas, a salsicha, as três
são os seguintes: linguiça, presun-
com bom aumento, o menor foi da principais marcas detém 58,1% do
to, salsicha, mortadela, apresuntado,
mortadela com 62%. mercado. Esse é um dos subsetores
salame, hambúrguer, bacon, quibe de alimentos processados com mai-
e almôndega. Somente o bacon e o or grau de concentração.
quibe não serão considerados no Esses produtos parecem ter
trabalho, por apresentarem volume um grande potencial no aumento de
pouco significativo e falta de dados seu consumo. Para o ano de 1997,
os produtos industrializados de car- 3.3. Derivados de Leite
para comparação. O valor total de
vendas no varejo de todos os deri- ne aumentaram as vendas, em vo-
Consideram-se como deriva-
vados de carne atingiu, em 1996, lume, de 13%, e em valor, de 10%.
dos de leite os produtos: leite em pó,
US$ 1.902 milhões de dólares ame- iogurte, leite condensado, creme de
No Gráfico 1 pode-se
ricanos. leite, petit suisse(2), leite com sabor
visualizar a participação dos auto-
e sobremesa pronta gelificada(3). O
serviços e dos estabelecimentos tra-
Na Tabela 6 apresentam-se valor total de vendas no varejo de
dicionais, em termos de volume, na
todos esses derivados atingiu, em
Tabela 6 1996, US$ 2.393 milhões de dóla-
Evolução do Consumo de Derivados de Carne/Embutidos
res americanos. Os produtos mais
PRODUTO VOLUME (em toneladas) VALOR importantes em termos de valor
1992 1996 96/92 1996
comercializado são o leite em pó
Linguiça 74.577 137.440 84.29 517 080
(30%) e o iogurte (29%).
A Tabela 7 apresenta infor-
Mortadela 46.609 75.419 61,81 244 248 mações de venda no varejo desses
Salsicha 49.911 107.660 115.70 285 114 produtos. O maior crescimento no
Apresuntado 35.688 175.305
consumo ficou por conta do iogurte
e do leite com sabor (acima de 200%
Salame 5.603 11.587 106.80 148 517 no período de 1992-96). Crescimen-
Hambúrguer 8.350 24.114 188,79 116.518 tos menores observam-se para o lei-
te em pó (37%) e sobremesa pron-
Presunto 18.602 40.174 115,97 333 Í43
ta gel if içada (43%).
Almôndegas 1.157 3.393 193.2é 2Ô.2ÕS Alguns desses produtos man-
Fonte: Dados brutos de ACNielsen (1997). têm elevado potencial de consumo.
No ano de 1997, segundo informa-
as informações de mercado para es- ções da própria ACNielsen, a venda
venda dos derivados de carne/em-
ses produtos. Tanto em termos de de produtos lácteos obtiveram o se-
butidos (1996). Observa-se que os
volume consumido, como de valor, auto-serviços dominam o mercado, guinte desempenho: a) petit suisse:
a linguiça continua o produto mais com algumas variações significati- +35 em volume e +19% em valor; b)
importante da categoria, com ven- vas. No caso de almôndegas, parti- leite condensado: +11% em volu-
das superiores a US$ 517 milhões cipam com 98%, 96% para hambúr- me para apenas +4% em valor; c)
em 1996, ou seja, 27% do total do guer, e 93% para salsicha. As lojas leite com sabor: +26% em volume e
grupo. Em segundo lugar, destaca- tradicionais detêm uma participação +17% no valor; d) iogurte: +14% em
se a salsicha, em volume, e o pre- pouco maior para mortadela (32%). volume e valor de vendas de +4%;
sunto, em valor. e) creme de leite: +12% para o volu-
O grau de concentração para me e de apenas +3% em valor; f)
Ao se considerar o período os derivados de carne/embutidos, doce de leite: -3 em valor e +11%
como um todo, com apenas 3,4 mil medido pela participação das três em volume; e, g) leite em pó: -8%
toneladas comercializadas, o maior principais marcas, pode ser no valor e +8% no volume.
crescimento ficou com almôndegas visualizado no Gráfico 2. O grau de
(193%), seguido de perto por ham- concentração varia entre 45,2% para A comercialização de deriva-
búrguer (189%). Além desses, ain- linguiça, o menos concentrado, e dos de leite por tipo de estabeleci-
da o presunto e o salame mais que 88,9% para almôndegas. Para o pro- mento (auto-serviços e tradicional)

(2) Petit Suisse é definido como produto derivado do leite fresco, homogeneizado e pasteurizado, que se destina a complementar a alimentação infantil e
adulta. Trata-se de queijinho de consistência cremosa, adicionado de essência ou polpa de frutas, cereais ou legumes.
(3) Sobremesa pronta gelificada é definida como produto derivado do leite fresco, homogeneizado e pasteurizado, que se destina a complementar a
alimentação infantil ou adulta. Recebe em seu processo de fabricação sabores característicos e sua consistência é mais sólida, semelhante a um pudim

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Gráfico 1
Derivados de Carne/Embutidos Comercializados por tipo de Estabelecimento

o o %
• O H -

> Cl %

/ / /
/
' /
A u to - t • r v i ç I T r i d i c i o n a i

Gráfico 2
Grau de Concentração nas Vendas de Derivados de Carne

G R A U D E C O N C E N T H A Ç Ã O | % )

em valores percentuais pode ser sa pronta gelificada, 97%. Portan- o petit suisse atinge 86,4% e o doce
visualizada no Gráfico 3. Em termos to, os estabelecimentos tradicionais de leite, 83,5%. Os leites
de volume, os auto-serviços abas- têm pouca participação no abaste- condensado e em pó estão superio-
tecem o mercado ao redor de 90%. cimento. res a 60%. O que chama a atenção
No caso de petit suisse, essa parti- Quanto à concentração de é a relativa baixa concentração para
cipação atinge 94% e de sobreme- vendas das três principais marcas, produtos com alto crescimento no
mercado como o iogurte (27,5%) e
Tabela 7 o leite com sabor (36,8%), a mais
Evoluçio no consumo de Derivados de Leite baixa taxa de concentração nos de-
PRODUTOS
rivados de leite. Principalmente para
VOLUME (em toneladas) VALOR (em
mH datares)
o leite com sabor, um produto relati-
1996 vamente novo no mercado, espera-
:, im v 96792 1996
va-se um grau de concentração mai-
Iogurte 78.642 242.231 208,02 704.957 or (gráfico 4).
Leite com sabor 18 960 58.352 207.76 129.744
Creme de Leite 27.096 50.830 87.59 238.702
3.4. Mercearia Doce
Leite em pá 73 465 100.562 36,88 729.122
LeHe condensado 66.041 107.487 62,76 331.577 Segundo classificação da
PettStfliM 11.484
ACNielsen, o componente mercea-
22.300 94,18 175.588
Sobremesa P/o^Me. 8 568 12.250 42.97 83.721
ria doce abriga os seguintes alimen-
Fonte: Dados brutos de ACNielsen.

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Gráfico 3
produtos de mercearia doce. O mais
Derivados de Leite Comercializados por Tipo de Estabelecimento importante da categoria são as bo-
lachas/biscoitos, com um'valor de
100% vendas de US$ 1.778 milhões de
dólares e um crescimento no volu-
80% me de vendas de 74%, no período.
Bolachas/biscoitos voltaram a ter um
60% crescimento espetacular, em 1997,
com aumento no volume de vendas
93 91
40% de 16% e de 9% em valor. O cresci-
mento maior foi de cereais matinais
20% (319%), um produto relativamente
novo. Somente no ano de 1997, a
0% venda deste produto evoluiu 23%,
iogurte Leite com Creme de Leite Leite em pó Leite
sabor condensado
com apenas 1% para o valor. No
caso de pudins e gelatinas houve um
• Auto-serviço •Tradicional
aumento no consumo de 13%
(1997), com apenas 1% no valor.
Gráfico 4
Grau de Concentração no Consumo de Produtos Lácteos
Mas o que surpreende é o
alto aumento na quantidade de açú-
car consumida (179,35), um produ-
to tradicional. A hipótese explicativa
G R A U DE C O N C E N T R A Ç Ã O (%) mais plausível seria assumir que o
100,0 aumento do açúcar teria ocorrido na
forma de consumo indireto, isto é,
80,0 na forma de bolos, refrigerantes e
60,0
outros produtos. Os dados para açú-
car referem-se ao período de 1993-
40,0 - 96, por não ter sido levantada a in-
formação anterior. Já para o ano de
20,0
1997, houve decréscimo no volume
vendido em 1% e no valor de 19%,
indicando que o mercado do produ-
to estaria saturado.

Também na mercearia doce,


os auto-serviços concentram as ven-
tos elaborados: bolacha/biscoito, das no varejo. Dos produtos
açúcar, farinha infantil, cereais ma- Na Tabela 8 são apresen- seiecionados, esses serviços domi-
tinais, adoçantes, pudim/gelatina/ tadas informações dos principais nam de 8 1 % (bolacha/biscoito) a
flan, coco ralado, leite de coco, doce
de leite, mistura para bolos/doces/ Tabela 8
salgados. O valor total de vendas no Evolução do Consumo de Mercearia Doce
varejo de todos esses derivados PRODl.TO VOU.'ME (cm tonelada») VALOK (em mil
atingiu, em 1996, US$ 3.963 milhões 1992 1996 96/92 (%)
rss)
1996
de dólares americanos. Um único
Bolacha/Biscoito 298 256 510835 74.29 1 778 321
produto (bolacha/biscoito) represen-
tou 45% desse total. Em segundo Açúcar f$4MJ 2 052 223 179,35 1 182 639
lugar vem o açúcar, com 30% de va- Farinha Infantil 71.929 83 822 16.53 366.431
lor do grupo. Devido ao pouco valor Mistura para bolo/doces 7.698 16 406 113.12 57.578
na comercialização, não se conside-
Pttdim/gelatinas 174.583 255.745 46.40 109.653
raram neste trabalho os adoçantes,
coco ralado, leite de coco e doce de Cereais matinais 3.367 14.122 319,42 155.578
leite. Fonte: Dados Brutos ACNielsen

38 Revista de Política Agrícola - Ano VII - AS 03 - Jul - Ago - Set 1998


99% (cereais matinais) do mercado. biscoito/bolacha, tem uma concen- da são agregados os seguintes pro-
Esse domínio é preponderante tam- tração de 27,5% e o açúcar de dutos elaborados: massa alimentí-
bém em misturas para bolos (95%) 36,8% (Gráfico 6). Isso pareceria in- cia, margarina, farinha de trigo, pão
e pudim/gelatina (94). Também nes- dicar que quanto mais tempo o pro- de forma, maionese, massa refrige-
se componente, os estabelecimen- duto está no mercado, tenderia a ser rada, massa instantânea, caldo, tem-
tos tradicionais têm pouca participa- menos concentrado. Essa tese para pero industrial, sopa, sal de cozinha
ção do abastecimento (Gráfico 5). ser aceita, porém, necessitaria de e patê. O valor total de vendas no
varejo de todos esses derivados
Gráfico 5 atingiu, em 1996, a US$ 3.549 mi-
Produtos de Mercearia Doce Comercializados por Tipo de Estabelecimento lhões de dólares americanos. O pro-
duto mais importante do componen-
te é, em valores de venda, a massa
alimentícia (22%), seguido da mar-
100% -, garina(17%) e da farinha de trigo
6 0 % -I (14%). Devido à falta de informa-
ções, não se considerou o patê.
60% J
95 94 99
4 0 % -i 81 87 84 As informações dos princi-
pais produtos de mercearia salgada
20% I são apresentadas na Tabela 9.
0% • Como esperado, produtos tradicio-
nais como sal, farinha de trigo, mar-
.^°
<r • y
garina e massa alimentícia, não ti-
veram crescimento muito significati-
vo. Ao contrário, massas instantâne-
as e sopas tiveram um aumento de
consumo da ordem de 182% e
HAuto-serviço ^Tradicional
172%, respectivamente, no período
de 1992/96. Com aumento ao redor
O componente de mercearia maior comprovação, de 80% encontram-se a margarina,
doce apresenta um grau de concen- tempero industrial e maionese.
tração menor do que outros grupos,
embora ainda significativo para al- Em 1997, as massas instan-
guns produtos. Para cereais mati- 3.5. Mercearia S a l g a d a tâneas aumentaram o volume con-
nais, o grau de concentração atinge sumido em 23% e em valor de 10%;
83,5%. O produto mais importante, NO grupo de mercearia salga- a maionese em 11 % e 7%, respecti-
vamente. Um dos poucos produtos
que obteve maior elevação no valor
Gráfico 6
Grau de Concentração nas Vendas de Produtos de Mercearia Doce (15%) do que no volume comer-
cializado (10%) foram os temperos
industrializados. As margarinas não
obtiveram aumento em valor, mas
GRAU DE CONCENTRAÇÃO (%)
6% em volume. A farinha de trigo
teve uma queda de 16% no valor,
para um aumento no volume de 3%;
e as massas alimentícias de +2% no
volume comercializado e -4% no
valor. Estes dois últimos produtos
(farinha de trigo e massas alimentí-
cias) parecem estar com mercado
saturado, não havendo portanto es-
paço para crescimento acentuado de
consumo nos próximos anos.

A queda no valor de vendas

Revista de Política Agrícola - Ano VII - Ns 03 - Jul - Ago - Set 1998 39


de muitos produtos, enquanto au- o catchup compõem o grupo de pro-
concentração altíssima estão o cal-
mentou o volume comercializado, in- dutos "derivados de tomate". Em
do (99,2%), a sopa (98,4%) e a mas-
dica um ajustamento de preços para sa instantânea (94,3%). Os menos termos de valor de comercialização,
baixo, com diminuição das margens concentrados são produtos já tradi- atingiu US$ 595 milhões, em 1996.
de lucro, provocada pela concorrên- cionais de consumo, como a massa O produto mais importante é o
cia. alimentícia (23,8%), e na faixa dos
40% a 50%, farinha de trigo, mar- extrato de tomate, com 46% de par-
Quanto ao tipo de loja, os garina, sal de cozinha, e pão de for- ticipação neste total.
auto-serviços também na mercearia ma. Uma exceção é a massa refri-
salgada ocupam posição de desta- gerada, produto relativamente novo,
Na Tabela 10 são apresenta-
que. Esses serviços concentram que não tem alto grau de concen-
tração (45,7%) (Gráfico 8). das informações sobre o consumo
95% das vendas de massa refrige-
desses produtos para o ano de 1992,
rada, 92% da maionese, 9 1 % das
1996, uma comparação entre esse
sopas. O produto mais vendido em
estabelecimentos tradicionais é o sal 3.6. Derivados de Toma- período, em termos de volume; em
de cozinha, com 28% (Gráfico 7). te termos de valor comercializado apa-
Em relação ao grau de con- recem os valores para 1996. O pro-
centração, esses produtos apresen- O extrato de tomate, molho de duto com maior crescimento no pe-
tam uma variação significativa. Com tomate refogado, puré de tomate e ríodo foi o catchup, com 107%, se-
guido do molho refogado com 72%.
Gráfico 7
Produtos de Mercearia Salgada Comercializados por Tipo de Estabelecimento
Quanto ao tipo de estabeleci-
mento, esses produtos são quase
exclusivamente vendidos em auto-

I
100%

80%
serviços. A maior participação dos
estabelecimentos tradicionais é de
80%
14% para o extrato de tomate (Grá-
87 86
96 92 88
40% 84 85 fico 9).
20%
Todos os produtos derivados
0%
de tomate têm uma concentração
/ / 's • '/ / . / . / /
v / ' •" relativamente alta, variando de
58,3% a 80,8% (Gráfico 10).
] • A u to -8 e rviç o • T r a d i c i o n a l

Gráfico 8 4. CONSUMO PER CAPITA


Grau de Concentração nas Vendas de Produtos de Mercearia Salgada
POR REGIÕES
G R A U DE C O N C E N T R A Ç Ã O (%)

100,0 94.3 9_1* «1» Como se distribui o consu-


80.0 77,3 mo de alimentos processados entre
60,0 as regiões no Brasil? Há uma certa
48
45,7 46,8 '8

Ulll
40,0 \
41,1 41,6 homogeneidade ou grandes diferen-
'23,8 ças entre elas? As informações,
20,0 Jl
apresentadas na Tabela 11, de con-
0,0 li
sumo per capita dos principais ali-
mentos processados, procuram res-
/ / / / / / / / / * *
ponder a essas questões.

40 Revista de Política Agrícola - Ano VII - A- 03 - Jul - Ago - Set 1998


Tabela 9
Evolução do Consumo de Produtos de Mercearia Salgada

PRODUTO VOLUME VALOR

1992 1996 96/92 1 9 9 6 " '_'


M a s s a alimentícia 369.6 Í 4 4S5.663 .••••'••• 23(19 .776.061

f a r i n h a de triga 660.660 691.093 4.61 514.532

Margarina 194.818 221.568 13,73 615.012

M a s s a refrigerada 21.276 40.130 88,62 207.515

S a l de cozinha 343.314 366.293 6,69 118.235

P a o de forma 215.455 354.250

T e m p e r o industrial 1 8.677 35.162 88,26 150,817

Maionese 39".á94' 71.651 79,60 298.49*

M a s s a instantânea 11.636 32 7 9 4 181,83 200,981

Sopa 47.255 128 6 7 8 *172,31 133,949


A?

Caldo 4 8 5 Õ92 668.612 37,83 166.826

Tabela 10
Evolução no Consumo de Derivados de Tomate

PRODUTO VOLUME(em tonelailas) VALOR


(em mil US$)
1992 1996 96/92 (%) 1996
Extrato de tomate 65.420 87.330 33,49 272.178
Catchup 12.288 25.508 107.58 91.169
Puré de tomate 42.223 59.433 40,76 99.191
Molho de tomate refogado 29.534 50."64 71,88 132.363

Gráfico 9
Derivados de tomate comercializados por tipo de Estabelecimento

1 00%

80%

60%

86 92
40%

2 0 % -i
IlIBlIllliifl
SiSlIlllliBÉl
0% 1
E x t r a to d • Catchup P u r é da M o l h o da
tom t t i tom ata tomate
refogado
j IS A u t o - s e r v i ç o •Tradicional I

Revista de Política Agrícola - Ano VII - N? 03 - Jul - A%o - Set 1998 41


áreas II (Minas e Espírito Santo) e
Gráfico 10
Grau de Concentração na Venda de Derivados de Tomate VI (Sul) também apresentam bom
consumo, principalmente para al-
guns produtos. A grande discrepân-
G R A U DE C O N C E N T R A Ç Ã O (%) cia encontra-se no Nordeste (Área
I). A seguir, são apresentados alguns
exemplos.
80,8
69,7
No caso da linguiça, enquan-
to o consumo na região do Grande
Rio (área III) é de 1,64 kg/habitante/
ano, no Nordeste alcança apenas
0,26 kg/hab/ano, o que representa
apenas 16%. No caso de produtos
mais caros e de lançamento recen-
E xtrsto de C atchup P u rê de tom ate Molho de te no mercado, como do presunto,
to ni a te tomate:;;
r e f o g a di>
cereais matinais e massa instantâ-
nea, o percentual do Nordeste fica
abaixo dos 10% da região de maior
Tabela 11 consumo. Para todos os produtos,
Consumo per Capita de Alimentos Processados por Regiões o consumo dessa região é inferior à
média brasileira.
Área Área Área Área Área Área Área
PRODUTOS IV V VI Vil Média
1 11 III
Linguiça (Kg) 0,26 0,8 1,64 1,3 1,62 1,44 0,65 0,99 Para produtos tradicionais,
Presunto (kg) 0,05 0.32 0,62 0,43 0,47 0,29 0.16 0,29 como o sal, leite em pó e biscoitos/
bolachas, o consumo do Nordeste
Iogurte (kg) 0,97 1,43 2,91 2,99 1.92 1,88 1,7 1,74
se aproxima mais do das regiões
Leite em Pé (kg) 1,04 0,43 1,39 0,84 0,55 0,45 0,28 0,72 mais desenvolvidas. Esperava-se
Extrato de tomate (kg) 0,26 0,68 0,85 2,43 0,95 0.85 0,79 0,63 consumo maior de açúcar no Nor-
deste (5,38 kg/hab/ano), o que re-
Conserva Vegetal (Kg) 0,14 0.42 0,58 0,76 0,69 0,6 0.29 0,45
presenta pouco mais de 1/3 da mé-
Bolacha, biscoito (kg) 3,29 3,66 4.96 4 4,04 3.8 2,97 3,73 dia nacional. Porém, o consumo
Açúcar (kg) 5,38 18,55 18,59 16,09 22,25 16,63 12.57 14,55 efetivo de açúcar na região pode ser
Cereais Matinais (kg) 0,01 0.06 0.15 0,32 0,15 0,05
bem maior, devido ao mercado in-
0,1 0,1
formal do produto, principalmente de
Massa Aliment. (kg) 2.15 4,4 4,23 3,2 4,05 3.35 1,94 3,26
açúcar mascavo e derivados como
Farinha de trigo (Kg) 1,73 3,73 3,97 2,94 5,71 13,06 3,02 4,95 a rapadura.
Massa refrigerada (kg) 0,05 0,25 0,48 0,38 0,32 0,6 0,15 0,28
A hipótese mais plausível do
Massa instantânea (kg) 0,03 0,19 0,42 0,53 0,36 0,28 0,15 0,24
baixo consumo de alimentos proces-
Caldo (l) 2,37 5,7 7 7,5 5,43 5,42 2,63 4,79 sados no Nordeste está relaciona-
Sopa (1) 0,22 0,58 1,17 2,1 1,23 1.41 0,62 0,92 da ao baixo nível de renda disponí-
vel e sua má-distribuição. A renda
Sal de cozinha (kg) 2,27 3,01 2,59 2,31 3,35 2,55 2,09 2,62
per capita do Nordeste é apenas
FONTE: Dados Brutos de AC Nielsen 48% da média nacional e 36% da
Região Sudeste (Dados de 1994;
MPO, 1998). Como os alimentos
O consumo per capita é defi- O que se observa para a mai- processados são relativamente mais
nido como o volume de vendas a oria dos produtos são diferenças re- caros do que os in natura (feijão, por
gionais consideráveis no consumo. exemplo) ou com pouco
consumidores realizadas pelo co-
As grandes aglomerações urbanas processamento (arroz), aqueles são
mércio varejista acumulados duran- adquiridos somente por classes de
apresentam maior consumo, como
te o ano de 1996, divididos pela po- a área III (Grande Rio) e IV (Grande renda mais elevadas. A população
pulação de cada uma das áreas re- São Paulo), seguida de perto pela mais pobre, principalmente das áre-
portadas. Região V (Interior de São Paulo). As as rurais, não tem acesso a alimen-

42 Revista de Politica Agrícola - Ano Vil - N- 03 - Jul - Ago - Set 1998


tos processados, por serem mais ram acréscimos significativos, nos período de 1992 a 1996. Dentre
caros (efeito renda) ou por ainda não próximos anos. Porém, para alimen- os derivados de carne/embuti-
se encontrarem disponíveis naque-
tos recentemente lançados no mer- dos, destacam-se almôndegas
las regiões.
cado, como leite com sabor e cere- (baixo volume ainda), hambúr-
5. COMPARAÇÕES INTER- ais matinais, o consumo deverá au- guer e salsicha; nos derivados
NACIONAIS mentar consideravelmente. Devido de leite, iogurte e leite com sa-
aos níveis baixos atuais, espera-se bor; na mercearia doce, cereais
O consumo per capita de que o iogurte apresente aumento de matinais, mistura para bolos/do-
alimentos processados no Brasil consuno, nos próximos anos. ces e açúcar (embora no último
está alto ou baixo? Para responder
a essa pergunta, relaciona-se o con-
Tabela 12
sumo do Brasil com os seguintes
Comparações Internacionais de Consumo Per Capita de Alimentos Processados
países: Alemanha, Argentina,
Espanha, França e Nova Zelândia.
A escolha desses países seguiu o Brasil 1spanha Nova
Produtos Alemanha Arucmina Krança
Zelândia
critério de representatividade regio- liolacha/Hittnito 1.2:. 8.45 3,72 4,77 4,55 6,49
nal, grau de desenvolvimento e dis- (..'alchup O.ui) 0.06 0.18 0,35 0.34
Iogurte -.18 5,30 1,73 9,71 13,66 4,99
ponibilidade de informações. Os pro- Leite em \\> 0,14 0.92 0.72 0.06 0.15
dutos comparados são: bolacha/bis- Maionese 0,28 1.31 0,51 0.% 0,52
Margarina 4.13 0.45 1.5') 0,'M 1.05 -
coito, catchup, iogurte, leite em pó, Massa Alimentícia 2.65 4.21 3.26 3,33 4.62 1.26
maionese, margarina, massa ali- Leite com Sabor 1,47 - 0.42 1,56 - 0,92
mentícia, leite com sabor e cereais Cereais Matinais 0.57 0,16 0.10 0,74 1,42 4.55
Fonte: ACNielsen
matinais.

O consumo no Brasil de bo-


lacha/biscoito é somente superior ao 6. CONSIDERAÇÕES FI- ano, o consumo de açúcar te-
da Alemanha; de catchup, superior NAIS nha permanecido estável); em
ao da Argentina, mas muito inferior mercearia salgada, massa ins-
ao dos demais países; de iogurte, a) O trabalho teve por objetivo ana- tantânea e sopas; e nos deriva-
muito inferior ao dos demais países lisar o comportamento recente dos de tomate, o catchup.
- apenas 35% do menor consumi- do consumo de alimentos pro-
dor (Nova Zelândia) ou de 13% do cessados no varejo. Observou- c) O aumento muito significativo no
maior consumidor (França); valores se a evolução no consumo de consumo desses produtos pode
médios de consumo para leite em derivados de carne/embutidos, ser explicado, presumivelmente,
pó, margarina, maionese e massa derivados de leite, mercearia pelo aumento da renda real com
alimentícia; baixo consumo para lei- doce, mercearia salgada e deri- o plano de estabilização econó-
te com sabor e de cereais matinais. vados de tomate. Para os mais mica e pela própria redução de
Naturalmente, nos dados apresen- importantes produtos, compa- custos, devido ao crescimento
tados não foram levadas em consi- rou-se o consumo em volume na escala de consumo. Além
deração diferenças de hábitos ali- entre 1992 e 1996, apresentou- disso, o fator "comodidade/faci-
mentares entre países, o que pode se o valor de 1996, o tipo de loja lidade" na preparação final dos
dificultar a comparação. que comercializou o produto e o alimentos contribui para o au-
grau de concentração das 3 prin- mento de vendas de alimentos
Para os produtos tradicio- cipais marcas. processados, numa sociedade
nais, de consumo já estabilizado, em que o custo de oportunida-
onde o Brasil apresenta níveis de b) O consumo de alimentos pro- de do tempo, principalmente da
consumo já elevados, não se espe- cessados aumentou muito no mulher, aumentou consideravel-

Revista de Politica Agrícola - Ano Vil -N?03- Jul - Ago - Set 1998 43
mente. ção em produtos novos sugere pectativa é que o seu consumo
que, inicialmente, entram pou- cresça consideravelmente, nos
d) Os dados apresentados com- cas marcas no mercado e, à próximos anos, por se tratar in-
provam a predominância das medida que o produto vai se po- clusive de "produtos superiores"
lojas de auto-serviços no abas- pularizando, a desconcentra- e mais ajustados a uma socie-
tecimento de alimentos proces- ção aumenta. Essa hipótese, dade urbana moderna.
sados. Para a maioria dos pro- porém, precisa ser testada
dutos, a participação das lojas empiricamente.
tradicionais é insignificante, prin-
cipalmente para lançamentos Quanto ao consumo per capita, REFERENCIAS BIBLIO-
recentes no mercado. observam-se altas discrepânci- GRÁFICAS
as entre as regiões considera-
e) O grau de concentração na das. O consumo da maioria dos
ACNielsen. Tendências 97.
comercialização, definida como alimentos processados no Nor-
ACNielsen do Brasil Ltda. Cotia (SP),
a participação das 3 principais deste é muito inferior ao das re-
1997. 443 p.
marcas, é muito alta. Para mui- giões mais desenvolvidas, como
tos produtos, as 3 principais o Grande Rio e a Grande São
Grassi Mendes, J. T. Economia Agrí-
marcas dominam mais de 90% Paulo.
cola - princípios básicos e aplica-
do mercado. O grupo de produ-
ções. Scientia et Labor, Curitiba,
tos com maior concentração são g) Sem levar em conta os hábitos
1989. 399 p.
os derivados de carne/embuti- alimentares, o consumo de ali-
dos e outros produtos de lança- mentos processados no Brasil é Ministério de Planejamento e Orça-
mento recente no mercado. O ainda baixo, se comparado mento. Indicadores Regionais.
fato de haver maior concentra- como o de outros países. A ex- Brasília, abril de 1998.

44 Revista de Politica Agrícola - Ano Vil - Aí? 03 - Jul - Ago - Set 1998

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