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(1) Pesquisador Cientifico da Embrapa. O autor agradece a Eliseu Alves as sugestões valiosas e a Rogério Fernando Francisco pelo apoio técnico no tratamento
dos dados. _
-UL
Revista de Política Agrícola - Ano VII -N-03- Jul - Ago - Set 1998
-.. 7 n ? ^ 1 6 TX# 33
VI. Região Sul; Tabela 1
Estabelecimentos e Volume de Vendas por Região -1996
VII. Mato Grosso do Sul,
Goiás e Distrito Federal. Ã N2 N° Vol.
reas Estabelecimentos Estabelecimentos Vendas Varejo
Quanto ao tipo, os es- TOTAL 282 435 100 100
tabelecimentos que vendem alimen- Área I 82 344 29,2 13,6
Área II 53.200 18.8 14,8
tos foram classificados em duas 13618 4,9 8,4
Área III
grandes categorias: Área IV 19 265 6,8 20,6
a) Auto-serviços: comercializam al- Área V 33 370 11.8 18,8
Área VI 63.176 22.4 18.3
gum tipo de produto alimentar,
Área VII 17 263 61 5,5
expostos de maneira acessível, Fonte: ACNielsen.
permitindo aos fregueses se estrutura concentrada de vendas de
"auto-servirem". em-se as tradicionais e de auto-ser- alimentos processados, com predo-
b) Lojas Tradicionais: além de clas- viços) é quase o triplo das outras minância de grandes redes de auto-
sificadas como alimentares, é regiões, indicando a importância de serviços. Como são as regiões mais
grandes redes de abastecimento de dinâmicas do País, pode-se formu-
necessária a presença de vende-
alimentos. Com menos intensidade, lar a hipótese de que as demais re-
dor ou balconista. Nos dados
o mesmo fenómeno ocorre na região giões seguiriam tendência similar. A
apresentados, os produtos ven- III - Grande Rio com um número de
didos em bares também foram forte concorrência nos serviços de
estabelecimentos de 4,9% e volume abastecimento de alimentos diminui
incluídos nas lojas tradicionais. de vendas de 8,4%; e na região V -
as margens de lucro, obrigando a au-
Interior de São Paulo, com um nú-
mentar a escala de vendas para se
2.2. Distribuição dos Es- mero de estabelecimentos de 11,8%
manter no negócio. Estabelecimen-
e volume de vendas de 18,3%.
tabelecimentos Co- O fenómeno inverso ocorre
tos com escala têm ainda mais faci-
merciais de Alimen- na região I - Nordeste (menos Piauí) lidade de negociar redução de pre-
ços com os fornecedores, devido ao
tos em que 29,2% dos estabelecimen-
volume de compra.
tos vendem apenas 13,6% do volu-
Pelo menos em parte, a alta con-
De um total de 282.435 estabe- me no varejo. São, naturalmente, centração no abastecimento de ali-
lecimentos comerciais de alimentos, lojas menores, provavelmente em mentos processados no varejo pode
maior número de tradicionais. Mes-
em 1996, apenas 15,5% eram de ser ainda comprovada pela informa-
mo para a região II - Minas Gerais e
auto-serviços, mas representavam ções da Tabela 2. Nesta são apre-
Espírito Santo, a participação do
84,4% do volume de vendas, em número de estabelecimentos é mai- sentadas as dez principais redes de
valor no varejo. De outro lado, 84,5% or (18,8%) em relação ao volume de supermercados do País em termos
de lojas tradicionais vendiam apenas vendas (14,8%), o que indica tratar- de faturamento e número de empre-
15,6% em volume. O número de es- se de uma região com uma estrutu- gados. Dos dez maiores, os dois pri-
tabelecimentos tradicionais de ali- ra de abastecimento de alimentos meiros (Carrefour S.A. e Companhia
mentos era de 238.671 e o de auto- pouco concentrada e com predomi- Brasileira de Distribuição) têm sua
serviços de 43.763, estes com ten- nância de lojas tradicionais. sede em São Paulo. Em termos de
dência de crescimento no período de faturamento, em 1995, atingiram a
Esses dados nos levam à cifra de R$ 7,8 bilhões de reais, o
1994-96. Isso indica a importância
que representa 29% mais do que as
crescente dos auto-serviços e a alta conclusão de que as regiões da
Grande São Paulo, Grande Rio e outras 8 maiores redes que as se-
concentração nessas vendas. interior de São Paulo formam uma
Na Tabela 1 são apresen- Tabela 2
Dez Maiores Redes de Supermercados em Faturamento Bruto -1995 •
tados o número de estabelecimen-
tos e o volume de vendas por região Fatura- N°
de consumo, conforme definido an- Empresa Sede mento Funcioná-
(milhões R$) rios
teriormente. 1. Carrefour Com. Ind. Uda. SP 4.683 21.780
O que chama mais a aten- 2. Cia Brasileira de Distribuição SP 3.169 20.429
ção é a importância do volume de 3. Casas Sendas Com. Ind. S/A RJ 1.324 11.417
vendas na região IV - Grande São 4. Bom Preço Superm. do NE PE 1.176 8 775
Paulo. Com apenas 6,8% do núme- 5. Paes Mendonça S/A RJ 876 6.052
ro de estabelecimentos, o volume de 6. Supermar Supermercados S/A BA 622 5.129
vendas em valor atinge 20,6%. Isso 7. Nacional CDA Ltda. RS 587 7.513
8. Eldorado S A Com. Ind. Imp. SP 515 3.660
significa que o volume médio de ven-
9. Cia Real de Distribuição RS 495 4.354
das de cada estabelecimento (inclu- 10. Cia Zaffari de Supermercados RS 494 5.759
Fonte: Revista SuperHiper
34 Revista de Política Agrícola -Ano Vil - /V-° 03 - Jul - Ago -Set 199S
guem ( R$ 6,1 bilhões de reais de aqueles valores pelas unidades ven- de mercearia doce. O menor cres-
vendas). Em termos de número de didas em 1992. Os valores, em dó- cimento ocorreu com os produtos da
funcionários, os dois primeiros em- lares, de cada produto somados, for- mercearia salgada com 34% de au-
pregam 42.209 pessoas, enquanto necem o total para o grupo. Assim, mento, mesmo assim um bom resul-
os outros 8 grandes têm 52.659 fun- obteve-se um valor que pode ser tado.
cionários. comparado entre os dois períodos. Em relação ao tipo de esta-
belecimento que vendeu o produto,
2.3. Alimentos Processa- A Tabela 4 apresenta os va- os auto-serviços concentraram
lores de venda dos alimentos pro- 87,76% das vendas de alimentos
dos Considerados na
cessados para o ano de 1992 e 1996 processados, no ano de 1996, res-
Pesquisa tando apenas 12,24% para as lojas
e sua variação em percentuais. Em
1996, o valor de venda para os cin- tradicionais. Não há muita dispersão
A relação dos alimentos pro- entre os grupos de produtos.
cessados considerados na pesqui- co grupos de produtos atingiu a US$
O grau de concentra-
sa para cada grupo encontram-se na 11.480 milhões de dólares america-
ção média, medido pela participação
Tabela 3. nos, representando um aumento no
das três principais marcas de alimen-
período considerado de 69,31%, tos processados é de 48%. Isso sig-
Tabela 3
Grupos e Produtos Alimentares Processados nifica que quase a metade das ven-
Mercearia Mercearia Deriv. De das de alimentos processados pro-
Oeriv Carnes Lácteos Doce Salgada Tomate vém das três principais marcas de
Linguiça Iogurte Boi /Biscoito Mas Aliment Estr. Tomate
Mortadela
Salsicha
Leite com Sabor
Creme de Leite
Açúcar
Farinha Infantil
Far Trigo
Margarina
Catchup
Puré Tomate
produtos. O grau de concentração
Apresuntado Leite em Pó Mist. Bolos/doe. Mas Resfriad Molho Tomate maior encontra-se nos derivados de
Salame Leite Condensado Pudim/Gelatin Sal Cozinha
Hambúrguer Petit Suisse Cer Matinais Pão Forma tomate (66%) e o menor em merce-
Presunto Sobr Gelific Temp industr
Almôndegas Maionese aria doce (41 %) (Tabela 5)
Mas Inslant
Sopa
Caldo
Tabela 4
3. CONSUMO RECENTE Evolução do Consumo de Alimentos Processados por Grupos
(2) Petit Suisse é definido como produto derivado do leite fresco, homogeneizado e pasteurizado, que se destina a complementar a alimentação infantil e
adulta. Trata-se de queijinho de consistência cremosa, adicionado de essência ou polpa de frutas, cereais ou legumes.
(3) Sobremesa pronta gelificada é definida como produto derivado do leite fresco, homogeneizado e pasteurizado, que se destina a complementar a
alimentação infantil ou adulta. Recebe em seu processo de fabricação sabores característicos e sua consistência é mais sólida, semelhante a um pudim
36 Revista de Politica Agrícola -Ano VII - yV-° 03 - Jul - Ago - Set 1998
Gráfico 1
Derivados de Carne/Embutidos Comercializados por tipo de Estabelecimento
o o %
• O H -
> Cl %
/ / /
/
' /
A u to - t • r v i ç I T r i d i c i o n a i
Gráfico 2
Grau de Concentração nas Vendas de Derivados de Carne
G R A U D E C O N C E N T H A Ç Ã O | % )
em valores percentuais pode ser sa pronta gelificada, 97%. Portan- o petit suisse atinge 86,4% e o doce
visualizada no Gráfico 3. Em termos to, os estabelecimentos tradicionais de leite, 83,5%. Os leites
de volume, os auto-serviços abas- têm pouca participação no abaste- condensado e em pó estão superio-
tecem o mercado ao redor de 90%. cimento. res a 60%. O que chama a atenção
No caso de petit suisse, essa parti- Quanto à concentração de é a relativa baixa concentração para
cipação atinge 94% e de sobreme- vendas das três principais marcas, produtos com alto crescimento no
mercado como o iogurte (27,5%) e
Tabela 7 o leite com sabor (36,8%), a mais
Evoluçio no consumo de Derivados de Leite baixa taxa de concentração nos de-
PRODUTOS
rivados de leite. Principalmente para
VOLUME (em toneladas) VALOR (em
mH datares)
o leite com sabor, um produto relati-
1996 vamente novo no mercado, espera-
:, im v 96792 1996
va-se um grau de concentração mai-
Iogurte 78.642 242.231 208,02 704.957 or (gráfico 4).
Leite com sabor 18 960 58.352 207.76 129.744
Creme de Leite 27.096 50.830 87.59 238.702
3.4. Mercearia Doce
Leite em pá 73 465 100.562 36,88 729.122
LeHe condensado 66.041 107.487 62,76 331.577 Segundo classificação da
PettStfliM 11.484
ACNielsen, o componente mercea-
22.300 94,18 175.588
Sobremesa P/o^Me. 8 568 12.250 42.97 83.721
ria doce abriga os seguintes alimen-
Fonte: Dados brutos de ACNielsen.
I
100%
80%
serviços. A maior participação dos
estabelecimentos tradicionais é de
80%
14% para o extrato de tomate (Grá-
87 86
96 92 88
40% 84 85 fico 9).
20%
Todos os produtos derivados
0%
de tomate têm uma concentração
/ / 's • '/ / . / . / /
v / ' •" relativamente alta, variando de
58,3% a 80,8% (Gráfico 10).
] • A u to -8 e rviç o • T r a d i c i o n a l
Ulll
40,0 \
41,1 41,6 homogeneidade ou grandes diferen-
'23,8 ças entre elas? As informações,
20,0 Jl
apresentadas na Tabela 11, de con-
0,0 li
sumo per capita dos principais ali-
mentos processados, procuram res-
/ / / / / / / / / * *
ponder a essas questões.
Tabela 10
Evolução no Consumo de Derivados de Tomate
Gráfico 9
Derivados de tomate comercializados por tipo de Estabelecimento
1 00%
80%
60%
86 92
40%
2 0 % -i
IlIBlIllliifl
SiSlIlllliBÉl
0% 1
E x t r a to d • Catchup P u r é da M o l h o da
tom t t i tom ata tomate
refogado
j IS A u t o - s e r v i ç o •Tradicional I
Revista de Politica Agrícola - Ano Vil -N?03- Jul - Ago - Set 1998 43
mente. ção em produtos novos sugere pectativa é que o seu consumo
que, inicialmente, entram pou- cresça consideravelmente, nos
d) Os dados apresentados com- cas marcas no mercado e, à próximos anos, por se tratar in-
provam a predominância das medida que o produto vai se po- clusive de "produtos superiores"
lojas de auto-serviços no abas- pularizando, a desconcentra- e mais ajustados a uma socie-
tecimento de alimentos proces- ção aumenta. Essa hipótese, dade urbana moderna.
sados. Para a maioria dos pro- porém, precisa ser testada
dutos, a participação das lojas empiricamente.
tradicionais é insignificante, prin-
cipalmente para lançamentos Quanto ao consumo per capita, REFERENCIAS BIBLIO-
recentes no mercado. observam-se altas discrepânci- GRÁFICAS
as entre as regiões considera-
e) O grau de concentração na das. O consumo da maioria dos
ACNielsen. Tendências 97.
comercialização, definida como alimentos processados no Nor-
ACNielsen do Brasil Ltda. Cotia (SP),
a participação das 3 principais deste é muito inferior ao das re-
1997. 443 p.
marcas, é muito alta. Para mui- giões mais desenvolvidas, como
tos produtos, as 3 principais o Grande Rio e a Grande São
Grassi Mendes, J. T. Economia Agrí-
marcas dominam mais de 90% Paulo.
cola - princípios básicos e aplica-
do mercado. O grupo de produ-
ções. Scientia et Labor, Curitiba,
tos com maior concentração são g) Sem levar em conta os hábitos
1989. 399 p.
os derivados de carne/embuti- alimentares, o consumo de ali-
dos e outros produtos de lança- mentos processados no Brasil é Ministério de Planejamento e Orça-
mento recente no mercado. O ainda baixo, se comparado mento. Indicadores Regionais.
fato de haver maior concentra- como o de outros países. A ex- Brasília, abril de 1998.
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