Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
SEGURANÇA DA
CULINÁRIA JAPONESA.
A atenção aos PCC inerentes à cadeia de
produção de sushis e outros alimentos
servidos crus, é essencial para a
manutenção da qualidade sanitária dos
produtos e proteção do consumidor.
PERFIL DE CONSUMO DE CERVEJAS E VINHOS❖ EFICIÊNCIA DE SANITIZANTE EM EQUIPAMENTOS E SUPERFÍCIES DE COZINHA INDUSTRIAL
GESTÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS ORGÂNICOS NO SETOR DE ALIMENTAÇÃO COLETIVA❖ AÇÃO ANTIMICROBIANA DE ÓLEOS ESSENCIAIS
QUALIDADE MICROBIOLÓGICA DE TAPIOCAS COM RECHEIO DE FRANGO❖ ESTRESSE SUBLETAL PELO FRIO EM CÉLULAS DE Lactobacillus rhamnosus GG
ASPECTOS SANITÁRIOS DA COMERCIALIZAÇÃO DE PESCADOS E COMIDA JAPONESA❖ PERFIL CALÓRICO E HIGIENICOSSANITÁRIO DO LEITE HUMANO PASTEURIZADO
Eschechiria coli PRODUTORA DA TOXINA SHIGA❖ DESENVOLVIMENTO DE LEITE FERMENTADO FUNCIONAL.
NOTÍCIAS
OMS RECOMENDA A NÃO UTILIZAÇÃO DE
ANTIBIÓTICOS EM ANIMAIS SADIOS.
E
ntre 21 e 26 de maio de 2018 realizou-se, em Genebra, O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento
na Suiça, a 71ª Assembléia da Organização Mundial da (MAPA) instituiu o programa Nacional de Prevenção e Controle
Saúde, OMS. Na pauta um dos assuntos mais impor- de Resistência a Antimicrobianos na Agropecuária (AgroPrevi-
tantes para a saúde pública no mundo e, particular- ne), por meio da instrução Normativa Nº 41, publicada no Diário
mente, para os países grandes produtores de alimentos, como Oficial de 10 de novembro de 2017, o qual tem promovido inter-
o Brasil: a utilização de antibióticos na alimentação animal, com venções estratégicas no mercado, como: estudos epidemiológi-
o propósito de aumentar a produtividade da produção animal. O cos, fortalecimento da implementação de medidas de prevenção
Brasil, nessa reunião, tinha uma missão especial, qual seja a de e controle de infecções, promoção do uso racional dos antimi-
submeter à OMS o seu programa de controle de antibióticos e crobianos e da sua resistência.
da resistência a antimicrobianos. O objetivo sempre foi o de fortalecer as ações de prevenção
e controle da resistência aos antimicrobianos na agropecuária,
considerando o conceito de saúde única, que estabelece a in-
terdependência entre a saúde humana, animal e ambiental, uti-
lizando como ferramentas a educação sanitária, a vigilância e a
defesa agropecuária.
Todavia, até o encerramento desta edição, não conseguimos
ter acesso aos resultados da assembleia da OMS e saber como fo-
ram recebidos o plano e os argumentos apresentados pelo MAPA
à OMS, acerca das ações adotadas pelo Brasil para o controle da
resistência a antimicrobianos e para a utilização de antibióticos na
produção animal. Voltaremos, pois, a este assunto no próximo
número da Revista Higiene Alimentar.
LANÇADA PLATAFORMA DE
RASTREABILIDADE PARA A CADEIA DE
CARNE BOVINA.
N
o último dia 22 de maio de 2018, foi lançada na em- cultura, Pecuária e Abastecimento.
baixada brasileira em Paris, a plataforma de rastreabi- O Agri Trace utiliza dados oficiais de cadastro de propriedades
lidade Agri Trace CNA Brazil, ferramenta desenvolvida rurais e de controle de trânsito de animais, permitindo a elabo-
pela CNA (Confederação de Agricultura e Pecuária do ração de protocolos com requisitos específicos dos mercados
Brasil), para gestão de protocolos de rastreabilidade de adesão importadores. Produtores e frigoríficos que pretendam fornecer
voluntária da cadeia produtiva de carne bovina. O sistema é com- carnes nas condições desses protocolos devem se comprometer
plementar às garantias sanitárias do próprio Ministério da Agri- em atender aos requisitos e seguir as regras estabelecidas.
7
NOTÍCIAS
ESTUDO TRAÇA O FUTURO DA
AGRICULTURA ATÉ 2030.
O
ativismo dos consumidores deve crescer nas próxi- entre produtores de alimentos e consumidores. Maior acesso a
mas décadas em razão de seu maior acesso a infor- computadores e celulares, internet de baixo custo e Wi-Fi es-
mações por meio das mídias sociais: 61% dos pro- tão propiciando acesso à informação e compartilhamento de
dutores já usam smartphones e o whatsapp já é o experiências e avaliações de produtos e marcas, o que amplia
principal meio de comunicação na zona rural, utilizado por 96% o poder na tomada de decisão de compra.
dos produtores com acesso à internet. A avaliação faz parte do E essa transformação nas relações entre produtores e con-
estudo da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agrope- sumidores não só influi na qualidade e intensidade da pro-
cuária) Visão 2030 o Futuro da Agricultura Brasileira, que trata dução e dá origem a novos negócios e oportunidades, como
também dos riscos, desafios e temas como a sustentabilidade. também cria desafios para empresas e governos.
Em mercados com diferenças acentuadas entre as classes O poder dos consumidores de influenciar as decisões da
sociais como o brasileiro, o protagonismo dos consumidores cadeia produtiva agroalimentar deriva de mudanças nos seus
tende a ser liderado pelas classes com maior poder de compra. hábitos de consumo, que são resultantes de complexos mo-
Ainda assim, análises mostram que consumidores brasileiros vimentos econômicos, sociais, culturais e políticos. Fatores
de classe média baixa também valorizam características dos como crescimento da população, nível de urbanização, taxa
alimentos que vão além do preço, tais como sabor e qualidade de escolaridade e educação em geral, nível de informação, es-
nutricional, diz o estudo. trutura etária, sobretudo grau de envelhecimento, e familiar
Pesquisadores destacam, que o avanço das tecnologias da das comunidades e níveis de renda são determinantes para
informação e de comunicação, a proliferação das mídias so- mudanças nos padrões de consumo.(Imprensa Embrapa,
ciais e de plataformas digitais, está modificando as relações jun/20108)
J
á está disponível, no Portal da Anvisa, a íntegra do dios para Rotulagem Nutricional de Alimentos.
processo administrativo que trata da regulação da A iniciativa coaduna com a decisão da Diretoria Colegiada da
rotulagem nutricional. A decisão teve por objeti- Agência, que aprovou, no dia 21 de maio deste ano, o Relatório
vo estabelecer um processo regulatório ainda mais Preliminar de Análise do Impacto Regulatório sobre Rotulagem
transparente, já que muitos dos documentos foram previamente Nutricional. A medida visa facilitar a compreensão das princi-
disponibilizados. Além disso, a Agência quer subsidiar os inte- pais propriedades nutricionais e reduzir as situações que geram
ressados no tema com informações que lhes possam ser úteis engano quanto à composição dos alimentos. (ASCOM/ANVISA,
na formulação de contribuições na Tomada Pública de Subsí- jun/2018)
8
ANVISA PROPÕE RÓTULOS MAIS CLAROS
PARA O CONSUMIDOR.
C
om a Tomada Pública de Subsídios, que é um me- gordura saturada.
canismo de consulta para coleta de dados, informa- O relatório preliminar da Anvisa sobre rotulagem nutricional
ções ou evidências sobre o Relatório Preliminar de antecipou para a sociedade um estudo interno do tema, dando
Análise de Impacto Regulatório, referente à discus- maior transparência aos processos da Agência, além de mais
são sobre rotulagem nutricional de alimentos, a Agência Na- segurança para a tomada de decisão da Diretoria Colegiada
cional de Vigilância Sanitária (Anvisa) foi parabenizada pela do órgão. O documento é resultado de uma série de análises
Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) por dar mais embasadas em uma ampla avaliação do cenário regulatório
um passo em direção à melhoria da informação nutricional internacional e na revisão criteriosa das evidências científicas
dos rótulos de alimentos no país. sobre o assunto.
Desde novembro do ano passado, a OPAS tem defendido O Chile foi o primeiro país da Região das Américas a ado-
a adoção pelo Brasil tar a rotulagem nutricional
de ícones frontais de frontal nos alimentos. Hoje,
advertência nutricional essa medida vem se po-
nos rótulos dos ali- pularizando e países como
mentos processados Canadá (em fase de defini-
e ultraprocessados. ção do selo), Uruguai (em
O objetivo é permitir fase de publicação da lei),
que o consumidor faça e Peru (aguardando a apro-
escolhas mais saudá- vação do decreto) já estão
veis ao identificar com avançando na discussão
maior clareza os pro- e implementação dessa
dutos com alto teor política. Israel aprovou re-
de nutrientes críticos, centemente a rotulagem de
como açúcar, sódio e advertência frontal.
A
s Coordenações de Indicação Geográfica de Produtos talecimento da cadeia produtiva, para o desenvolvimento so-
Agropecuários (CIG/SMC) e de Controle Operacional cioeconômico e agregação de valor a produtos agropecuários.
(CGCO/SE) do Ministério da Agricultura, Pecuária e Nomes ou elementos gráficos que diferenciam a apresentação
Abastecimento (MAPA) lançaram mapa interativo dos de produtos ou serviços por sua origem, qualidade, produtor ou
lugares no Brasil associados a produtos ou serviços típicos re- outras características intrínsecas funcionam como mecanismo
lacionados ao uso de Signos Distintivos, sejam eles Indicações de promoção comercial e de competitividade. O mapa pode ser
Geográficas (IG) ou Marcas Coletivas (MC). acessado no link: http://www.agricultura.gov.br/assuntos/sus-
As IGs e as MCs são importantes ferramentas para o for- tentabilidade/indicacao-geografica/mapa-interativo
9
NOTÍCIAS
AGROTÓXICOS: ANVISA É
CONTRÁRIA AO PL 6299/02.
A Anvisa é contrária à proposta do substitutivo do Projeto de Lei 6299/02, que trata do registro,
fiscalização e controle dos agrotóxicos no País e que retira da Agência, na prática, a competência
de realizar reavaliação toxicológica e ambiental desses produtos. Para a Anvisa, o PL não contri-
bui com a melhoria, disponibilidade de alimentos mais seguros ou novas tecnologias para o agri-
cultor e nem mesmo com o fortalecimento do sistema regulatório de agrotóxicos, não atendendo,
dessa forma, a quem deveria ser o foco da legislação: a população brasileira.
A proposta do substitutivo, de autoria do deputado Luiz Nishimori (PR-PR), é de que não haja
mais avaliação e classificação de produtos pelas áreas de saúde e meio ambiente, mas apenas
uma “homologação” da avaliação realizada pelas empresas registrantes de produtos agrotóxicos,
cujo registro, normatização e reavaliação de agrotóxicos passa a ser competência apenas do
Ministério da Agricultura, destituindo os órgãos federais da saúde e do meio ambiente destas
funções, previstas na atual Lei de Agrotóxicos (Decreto nº 4.074/2002).
No entanto, o uso de agrotóxicos afeta não somente a agricultura, mas traz claros riscos para
a saúde humana e para o meio ambiente, devendo a competência de avaliação dos riscos provo-
cados nessas áreas ser exercida pelos órgãos correlatos. (ASCOM/ANVISA, jun/2018)
10
EDITORIAL
V
das, um fenômeno extre- um produto que impacte positivamen- trole sanitário morosa composta por
mamente rápido de glo- te na saúde, consistindo em uma rela- diferentes instituições com comandos
balização e agilidade nos ção de retroalimentação. Assim, em diferentes e sem recursos e prestí-
deslocamentos de bens e um mundo cada vez mais globalizado gio necessários para bom andamento
pessoas, acesso à informação e pro- e ágil, preconiza-se a sustentabilida- de sua atuação. Ainda, é assunto que
dutos de diferente natureza, sendo os de em sentido amplo: econômica, do extrapola os órgãos fiscalizadores e
alimentos produtos de destaque. Esse meio ambiente e da qualidade de vida. ministérios, demandando mobilização
fenômeno intensificou também fatores Por outro lado, é importante analisar para reorganização administrativa e
de risco, pelo aumento de exposição a o quanto a questão econômica no mer- atualização institucional.
agentes patogênicos nativos e perigos cado mundial influencia as decisões Uma definição de risco é “a pro-
emergentes, e acentuou a incorporação concernentes à análise de risco. Deve babilidade de acontecer uma situação
de novos hábitos alimentares, provo- haver mecanismos atentos e ágeis adversa, problema ou dano e as con-
cando mudanças de preferência de de controle a medidas protecionistas sequências geradas por esse evento”.
consumo e práticas de processamento pretensamente sanitárias. O poder in- Avaliar riscos é determinar a melhor
de alimentos, influenciando, destarte, fluenciador de países com economia maneira de geri-los por completo e
a conformação epidemiológica das do- forte faz valer seus modelos científi- ampliar à escala adequada constitui
enças transmitidas por alimentos. cos, criando um viés mais comercial um enorme desafio. É difícil apreciar
Assim, a segurança de alimentos que de qualidade sanitária. O Brasil todos os aspectos do risco e visualizar
representa um desafio internacional, enquanto player importante no setor todas as consequências de uma medida
que requer cooperação e pressiona os primário exportador, responsável por de controle, pois um certo grau de in-
governos a se mobilizarem quanto a grande parcela de seu produto interno certeza está sempre presente.
adoção de medidas regulatórias sanitá- bruto – PIB necessita ter ações preven- Os riscos na produção de alimentos
rias, a fim de proteger a saúde da po- tivas. A adoção da Análise de Risco implicam em potencial impacto aos
pulação. A preocupação dos consumi- pode proporcionar melhorias no sis- consumidores, como micro-organis-
dores com os riscos relacionados aos tema de controle de alimentos, incre- mos infecciosos ou toxigênicos, subs-
alimentos cresce a cada dia, com a tec- mentando as exportações e ampliação tâncias químicas ou agentes físicos.
nologia representando uma ferramenta do mercado internacional. Os recursos aplicados não garantem a
de rápida propagação de informações Entretanto deve-se enxergar a ca- qualidade do produto final, lembran-
e opiniões. Ainda, há a ascensão de deia produtiva de forma holística e do que esse conceito trata das arac-
movimentos sociais em defesa do di- não cada segmento individualmente terísticas sensoriais e inocuidade dos
reito do consumidor e preservação do em busca de desafios e melhorias. Um alimentos. Assim, concebeu-se uma
meio ambiente, tendo como enfoque o
combate à dicotomia entre interesses
econômicos e sociais.
As grandes crises em nível alimentar
que sistematicamente assolam o mun-
do conduzem a intensas discussões
sobre a segurança alimentar fornecida.
Em tempos de instabilidade política e
econômica busca-se constantemente o
aumento da eficiência nos processos
produtivos, reduzindo perdas, aumen-
tando disponibilidade ao consumidor
11
EDITORIAL
estrutura denominada análise de risco. O conceito de qualidade de alimen- tudo, uma ação educativa, transforma-
A análise de risco tem o intuito de tos é composto pela qualidade senso- dora do indivíduo onde promovemos
conter custos financeiros dispendi- rial e inocuidade dos alimentos, o risco modificações positivas inclusive na
dos pelos setores privados e estatais desse alimento causar agravos à saúde qualidade de vida.
por conta das grandes transforma- da população. Essa discussão nos re- O acesso do cidadão à educação e
ções e complexidade tecnológicas e mete diretamente ao conceito de “arte- informação tecnicocientífica é con-
científicas com enfoque na seguran- sanal”, que é o produto produzido por templada em nossa Constituição Fede-
ça industrial, meio ambiente e saúde. um artesão, pessoas altamente habili- ral e deve possuir recursos e fomento
De natureza multidisciplinar, fluida e dosa e qualificada, que busca as me- à cultura científica do país. O peque-
dinâmica, trata-se de uma forma sis- lhores matérias primas, oferecendo um no produtor assim poderá cumprir sua
temática que integra identificação, produto de qualidade superior e dife- ânsia em oferecer um produto catego-
quantificação entre agentes de riscos e renciada. Em detrimento a isso, temos ricamente artesanal. Também, dispo-
danos, além de respaldar alternativas, em nossa realidade exemplos como o nibilizar linhas de crédito e políticas
discutir ou aceitar riscos por parte dos “queijo artesanal”. Nosso rebanho de de desenvolvimento rural e produtivo;
envolvidos no cenário em questão. En- gado leiteiro possui alta prevalência de aprimorar infraestrutura para produção
tra em composição e consonância doenças como tuberculose e brucelose. e escoamento dos produtos; oferecer
com os processos e programas de qua- Diante do exposto cabe a reflexão “O suporte técnico; prover recursos edu-
lidade industriais, além de visualizar quão artesanal é esse produto?”. cativos para desenvolvimento enquan-
a inserção e interdependência entre to- Nessa discussão devemos incluir al- to cidadão e profissional; prover políti-
dos os atores da cadeia produtiva. guns pontos de vista importantes para cas que fortaleçam o acesso e poder de
Hoje, é possível realizar análise de uma tomada de decisão adequada aos compra ao cidadão comum.
risco através de modelagem estatística. objetivos e aceitável por todos os in- A participação da sociedade civil é
“Quando lidamos com bens, não exis- teressados. Deve-se levar em conta essencial na busca de resultados que
te risco zero. Quem advogar isso, ou fatores econômicos, sociais e étnicos. atendam aos anseios do consumidor
é tolo ou mal intencionado disse Do- Também, a cultura organizacional e de em detrimento do mercado. Na so-
nald Schaffner, professor da Rutgers segurança dos alimentos. matória, promovendo melhorias nos
University no IFoRC Symposium, ao A cultura organizacional influencia processos produtivos e propiciando
apresentar o uso de modelagem esta- o nível de comprometimento e satisfa- formas de evitar ou minimizar riscos.
tística para estimar risco em problemas ção do staff, tornando-se tão importan- Por fim, não basta somente o em-
de segurança alimentar e dar base a to- te quanto o ambiente, missão, liderança prego de ferramentas avançadas que
mada de decisões. e metas, sendo fatores indissociáveis busquem eficiência produtiva. É ne-
A grande dicotomia existente entre no chão de fábrica. Em conjunto com a cessário também políticas estatais
os critérios adotados para os alimentos cultura de segurança dos alimentos que previnam problemas quanto ao
destinados para o mercado externo em resultam em aumento na eficiência mercado mundial, mas que também
detrimento ao interno é ponto de pre- e qualidade dos produtos através de preconizem segurança e critérios ade-
ocupação também, onde no segundo ambiente colaborativo e promoção do quados ao consumidor interno. Ainda,
caso existe flexibilidade nos critérios comprometimento através do senti- que através do conhecimento científico
adotados e recursos limitados. Por um mento de fazer parte da resolução dos e investimento proporcione infraestru-
lado, há os interesses corporativos, po- problemas. Evidentemente tem que ser tura adequada, inovação e educação
rém, há de se considerar os impactos à incentivada, informada e colocada em à população. Não podemos deixar de
prática. destacar a importância de políticas que
soberania nacional, como os custos go-
Também é essencial compreender o tragam poder de compra ao consumi-
vernamentais no tratamento de doen-
fator humano, utilizar a bagagem que dor e participação do cidadão nos pro-
ças causadas por alimentos inseguros.
cada indivíduo traz. Um sistema de cessos decisórios.
Um exemplo da importância da
adoção da Análise de Risco no merca- treinamento e capacitação que não leva
André Luiz Assi, junho, 2018.
do interno é a tendência dos produtos em conta a pessoa tem sua probabilida-
de de eficiência reduzida. Em um país Mestre pela Faculdade de Veterinária
artesanais e afrouxamento da regula-
com a maior parte dos municípios sem da USP; Docente de Inspeção Sanitária
mentação e fiscalização a eles sob a
bandeira de busca de maiores condi- saneamento básico mínimo adequado e Tecnologia de Alimentos da FMU,
ções ao pequeno produtor em prover promover a conscientização quanto a São Paulo; Especialista e Responsável
renda, além de disponibilidade de pro- práticas seguras na produção de ali- Técnico em qualidade e segurança de
dutos de qualidade superior. mentos de forma eficiente é, antes de alimentos.
12
EXPEDIENTE
Conteúdo
NOTÍCIAS��������������������������������������������������������������������������������� 7
EDITORIAL
Projeto gráfico Efeito de estresse subletal pelo frio em células de lactobacillus rhamnosus gg em suco misto de juçara e manga.������� 74
DPI Studio e Editora Ltda Avaliação da composição centesimal de hambúrgueres bovinos encontrados nos mercados de Uberaba. ������������� 79
(11) 3207.1617
dpi@dpieditora.com.br Perfil calórico e higienicossanitário do leite pasteurizado pelo banco de leite humano do estado do Acre�������������� 85
Desenvolvimento e caracterização físico-química, microbiológica e sensorial de leite fermentado funcional.������������ 92
Impressão
Bartira Produção de biodiesel usando blend de óleo de abacate e de soja.���������������������������������������� 98
LEGISLAÇÃO����������������������������������������������������������������������������� 103
Diagramação
Carlos E. Araujo Jr PUBLICAÇÕES���������������������������������������������������������������������������� 105
(15) 99728.5256 AVANÇOS������������������������������������������������������������������������������� 112
kadunavit@gmail.com
Redação
Rua das Gardênias, 36
(bairro de Mirandópolis)
04047-010 - São Paulo - SP
Fone: 11-5589.5732
Fax: 11-5583.1016
Itapetininga: (15) 3527-1749
E-mail: redacao@higienealimentar.com.br
Site: www.higienealimentar.com.br NOSSA CAPA: Imagens tratadas e montadas por Carlos Eduardo de Araujo
Júnior.
EXPEDIENTE
14
CARTAS
O Ministério Público do Estado do Ceará (MPCE), Segurança sanitária é ainda um desafio para muitas
através do Programa Estadual de Proteção e Defesa do empresas do setor de Alimentos. Estima-se que um ter-
Consumidor (DECON), Centro de Apoio Operacional do ço da população dos países desenvolvidos seja afetado
Meio Ambiente (CAOMACE) e Centro de Apoio Opera- por doenças transmitidas por alimentos. Para debater
cional das Organizações da Sociedade Civil, Cível e do esse tema, o Grupo Bureau Veritas, líder mundial em
Consumidor (CAOSCC), referenda nota de repúdio expe- Teste, Inspeção e Certificação (TIC), realizou, no últi-
dida pela Associação Nacional do Ministério Público do mo dia 23 de maio, palestra com a nutricionista e espe-
Consumidor (MPCon) contra o conjunto de Projetos de cialista em risco de doenças transmitidas por alimentos,
Lei encabeçado pelo PL nº 6.299/2002 que visa modificar, Profa. Dra. Elke Stedefeldt, para profissionais da indús-
de forma radical, a Política Nacional de Agrotóxicos (Lei tria, restaurantes e de nutrição. Formações adequadas
Federal nº 7.802/1989), violando os direitos fundamentais para diminuir o risco sanitário no segmento alimentício
do meio ambiente e da defesa do consumidor. A nota já foi são fundamentais na avaliação de especialistas.
endossada por inúmeros Ministérios Públicos brasileiros. “É importante que o propósito das normas sanitárias
Uma das alterações propostas pelo Projeto de Lei é a seja entendido pelas equipes que manipulam os alimen-
eliminação do termo “agrotóxico”, que passaria a ser cha- tos. Isso permite uma mudança de cultura nas empresas.
mado de “Produto fitossanitário”. Segundo o documento, Ao compreenderem as causas e consequências práticas
a mudança visa mascarar a nocividade do produto. “É pre- do que é estabelecido como regra, e não apenas segui-
ciso ficar claro para a sociedade brasileira que agrotóxicos -la, é que a transformação acontece, refletindo em uma
são venenos, não são produtos fitossanitários. Como não maior segurança dos alimentos”, analisa Elke Stedefel-
raras as vezes ocorre no Brasil, a mudança de nomes cum- dt.
pre um importante papel de mascarar a realidade. Essa al-
A qualidade e segurança dos alimentos é um pon-
teração, deve-se dizer, não é inofensiva, porquanto, acima
to crítico para as empresas que trabalham no setor. A
de tudo, deixa a entender que os agrotóxicos seriam, na
manipulação e preparação dos alimentos, quando não
verdade, produtos que seriam destinados à proteção dos
realizadas de forma correta, podem acarretar graves
vegetais, o que, além de ser falso, ainda causa confusão
problemas para a população, como intoxicação alimen-
com os produtos utilizados na cultura orgânica, que já são
tar, por exemplo. Por isso, a importância de formação e
atualmente intitulados ‘produtos fitossanitários com uso
inspeção no segmento.
aprovado para a cultura orgânica’”.
De acordo com a nota da Associação, as novas regras O Bureau Veritas atua em todo o país realizando visi-
propõem que os produtos passariam a ser inspecionados tas técnicas e treinamento das equipes. A c-apilaridade
pela Comissão Técnica Nacional de Fitossanitários (CTN- da rede de profissionais técnicos especialistas da em-
Fito), responsável por pareceres técnicos conclusivos e presa possibilita uma avaliação uniforme dos estabele-
vinculativos sobre a avaliação dos agrotóxicos, sendo os cimentos que possuem operações em diferentes locali-
membros desta comissão designados pelo Ministério da dades, considerando as especificidades de cada cliente,
Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), deixan- região e segmento.
do a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) O trabalho desenvolvido pelo Bureau Veritas auxi-
e o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recur- lia os clientes a adequarem suas operações de acordo
sos Naturais Renováveis (Ibama) praticamente de fora do com as normas sanitárias vigentes, e a melhorarem seus
processo de registro, desconsiderando os impactos destes processos de controle e segurança dos alimentos, mini-
produtos ao meio ambiente e saúde. mizando o risco de contaminação de alimentos e, conse-
quentemente, doenças provocadas pelo seu consumo. A
empresa também oferece consultoria para padronização
dos processos, procedimentos e produtos. informações
no site www.bureauveritas.com.br
Thaís Fernandes
Ministério Público do Estado do Ceará Dix Conteúdo e Relacionamento
imprensa@mpce.mp.br www.dix.inf.br
15
CARTAS
Neste mês, entrou em vigor o novo Código de Ética e de A GE e a SIG, fornecedora líder de embalagens e solu-
Conduta do Nutricionista. Elaborado pelo Conselho Federal ções para a indústria de alimentos e bebidas, anunciaram
de Nutricionistas (CFN), com a colaboração dos conselhos uma parceria estratégica para impulsionar a inovação digital
regionais, profissionais e estudantes do setor, o documento em embalagens de alimentos e bebidas. A SIG implantará
trata dos princípios, responsabilidades, direitos, deveres e os aplicativos industriais Predix Asset Performance Mana-
limites do exercício profissional, com inovações que con- gement (APM) e Predix ServiceMax da GE em mais de 400
sideram os avanços e as nuances da prática profissional na fábricas da empresa em todo o mundo para gerar novos ní-
atualidade. veis de eficiência, criar soluções inteligentes e trazer novas
Criado para ser a baliza da atuação do profissional da oportunidades para seus clientes.
nutrição, o novo código traz como um dos principais itens A combinação exclusiva dos aplicativos APM e Service-
a proibição de imagem corporal de si mesmo ou de terceiros Max da GE permitirá à SIG construir uma plataforma digi-
atribuindo resultados positivos da assistência nutricional a tal de ponta a ponta que trará um novo nível de inteligência
produtos, equipamentos e técnicas. para seus clientes em todo o mundo – transformando a for-
“A proibição vale, inclusive, para fotos do estilo ‘antes e ma de como a empresa e seus clientes gerenciam e atendem
depois’, e se explica pelo fato de a imagem retratar um su- todo o ciclo das linhas de envase da SIG. Ao coletar e anali-
cesso que pode não se repetir para outras pessoas. Nem todo sar automaticamente dados de ativos - aproveitando bilhões
paciente alcançará o mesmo resultado e isso acontece porque de pontos de coleta em suas operações em tempo real - a
há variáveis envolvidas no atendimento nutricional. Além de SIG e seus clientes podem ir além dos modelos tradicionais
oferecer riscos à saúde, a generalização induz a acreditar que de monitoramento de ativos e serviços preditivos para rei-
apenas aquele profissional está capacitado para ajudar no al- maginar sua cadeia de suprimentos, aprimorar tecnologias
cance do resultado, o que leva a uma concorrência desleal e de controle de qualidade e evoluir seu portfólio diverso.
quebra de decoro profissional”, esclarece a Dra. Denise de
Augustinis Noronha Hernandez, presidente do Conselho Re- Caroline Rodrigues
gional de Nutricionistas 3ª Região SP/MS (CRN-3). Jeffrey Group, São Paulo.
Outra novidade trazida no novo código de conduta pro- crodrigues@jeffreygroup.com
fissional é o veto à indicação, prescrição ou associação da
imagem do profissional intencionalmente para divulgar mar-
cas de produtos alimentícios, suplementos nutricionais, fito-
terápicos, utensílios, equipamentos, serviços, laboratórios,
COMO MANTER OS ALIMENTOS DEPOIS DE ABRIR A
farmácias, empresas ou indústrias ligadas às atividades de
alimentação e nutrição. EMBALAGEM
De acordo com a presidente do CRN-3, “trata-se de um ABRIU? E AGORA?
cuidado para não direcionar as escolhas, preservando a livre
opção das pessoas. Assim, ao prescrever algo para consumo e
A Coordenadoria de Desenvolvimento do Agronegócios
que precise citar marcas, o nutricionista poderá fazê-lo desde
(Codeagro), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento
que apresente mais de uma opção”, afirma a Dra. Denise.
do Estado de São Paulo, fez uma série de vídeos incríveis
O código traz, ainda, um item relativo ao uso da tecnolo-
com o tema “Abriu? E agora?”. São quatro episódios expli-
gia no exercício das atribuições do profissional. Apesar de a
cando o que fazer quando se abre embalagens de produtos
orientação nutricional e acompanhamento poderem ser rea-
industrializados (Batata Chips, Alimentos in Natura, San-
lizados de forma não presencial, a avaliação e o diagnóstico
duiche Industrializado, Rotulagem) e dando opções mais
nutricional devem ser feitos pessoalmente. “Dessa forma, é
saudáveis para substituir esses alimentos muitas vezes mui-
possível adequar à realidade a responsabilidade que o nutri-
to calóricos.
cionista tem de garantir saúde, qualidade de vida e bem-estar
para as pessoas, através da segurança alimentar e nutricio- Mariana Chagas
nal”, conclui a presidente do CRN-3. Assessoria de Comunicação
Denis Dana Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo
Ex-Libris Comunicação Integrada
16
CARTAS
DECLARACIÓN DE LA PRIMERA REUNIÓN DEL vista y perspectivas al Director General sobre: Si el even-
to constituye una Emergencia de Salud Pública de Preocu-
COMITÉ DE EMERGENCIA CON RESPECTO AL BROTE pación Internacional (PHEIC). Si el evento constituye una
DE EBOLA 2018 PHEIC, ¿qué recomendaciones temporales se deben hacer?
El 8 de mayo, el Ministerio de Salud de la República De-
La primera reunión del Comité de Emergencia convoca- mocrática del Congo notificó a la OMS dos casos confir-
da por el Director General de la OMS en virtud del Regla- mados por laboratorio de la enfermedad del virus del Ebola
mento Sanitario Internacional (RSI) (2005) sobre el brote (EVE) en la zona de salud de Bikoro, provincia de Equateur.
de la enfermedad del Ébola (EVE) en la República Demo- También se han encontrado casos en las inmediaciones de
crática del Congo tuvo lugar el viernes 18 de mayo de 2018. Iboko y Mbandaka. Del 4 de abril al 17 de mayo de 2018,
Conclusión del Comité de emergencia se notificaron 45 casos de EVE, incluidos tres trabajadores
El Comité consideró que las condiciones para una Emer- de la salud, y se informaron 25 muertes. De estos 45 casos,
gencia de Salud Pública de Preocupación Internacional 14 han sido confirmados. La mayoría de estos casos han es-
(PHEIC) no se han cumplido actualmente. tado en la remota zona de salud de Bikoro, aunque un caso
Los miembros y asesores del Comité de Emergencia confirmado se encuentra en Mbandaka, una ciudad de 1.2
se reunieron por teleconferencia. Los representantes de la millones, lo que tiene implicaciones para su diseminación.
República Democrática del Congo hicieron presentaciones Se ha informado a nueve países vecinos, incluidos Con-
sobre los acontecimientos recientes, incluidas las medidas go-Brazzaville y la República Centroafricana, que corren un
adoptadas para aplicar estrategias de control rápido, y las la- alto riesgo de propagación y han recibido apoyo con equipo
gunas y desafíos existentes en la respuesta al brote. Durante y personal. Fuente. OMS.
la sesión informativa, la Secretaría de la OMS proporcionó
una actualización y evaluación del brote de Ebola. Prof. Aux. MSc. Dr. José Antonio Jorge Valera.
La función del Comité era proporcionar sus puntos de javalera@infomed.sld.cu
Esses são apenas alguns dos temas que serão abordados nas conferências 2018.
Inscreva-se e participe.
Dayse Querido
dquerido@ubmbrazil.com.br
+55 11 4878-5959
17
AGENDA
AGOSTO
7 A 9/08/2018 – PINHAIS, PR
ANUTEC Brazil. Feira Internacional de
Soluções e Tecnologias para a Indústria
Alimentícia
Informações: www.anutecbrazil.com.br
13 A 16/08/2018 – BELÉM, PA
XXVI Congresso Brasileiro de Ciência e
Tecnologia de Alimentos
Informações: www.cbcta2018.com.br
19/08/2018 – VIÇOSA, MG
SIITA - II Simpósio Integrado de Inova-
ção em Tecnologia de Alimentos
Informações: http://www.siita.ufv.br/
SETEMBRO
JULHO 13/09/2018 – PIRACICABA, SP
11º ENCONTRO DE MARKETING EM
25/07/2018 HOLAMBRA, SP ALIMENTOS E AGRONEGÓCIO, IV COMA
Workshop Elaboração de Planos APPCC E IV WORKSHOP SOBRE COMUNICAÇÃO
na prática E MARKETING DA AGÊNCIA "LUIZ DE
Informações: QUEIROZ" (LQA)
www.linerconsultoria.com.br Informações: cdt@fealq.com.br
25/09/2018 - FOZ DO IGUAÇU, PR
16ª PorkExpo 2018 & IX Congresso In-
ternacional de Suinocultura
Informações: http://porkexpo.com.br/
OUTUBRO
04/10/2018 HOLAMBRA, SP
5º Reencontro Liner de Gestão e Cultu-
ra da Segurança dos Alimentos
Informações:
www.linerconsultoria.com.br
NOVEMBRO
13 A 16/11/2016- SANTIAGO, CHILE ABRIL
XXIV CONGRESSO LATINOAMERICANO
DE MICROBIOLOGIA 03/04/2019 - SÃO PAULO, SP
Informações: WellFood Ingredients
http://alam.science/alam-2018/ Informações: https://goo.gl/Q9xVch
COMENTÁRIO
N
este ano a Lei 11.794 (pro- Sylvio Canuto USP está formalmente cadastrada no
mulgada em 08/10/2008) Pró-reitor de Pesquisa da USP CONCEA, e suas unidades passam a
conhecida como Lei fazer parte do todo da universidade
Arouca, em homenagem Débora Rejane F. Chadi como instituição. Portanto, um pano-
ao professor Sérgio Arouca, comple- Assessora da Pró-reitoria de rama de todas as instalações animais
ta 10 anos. É um momento para refle- Pesquisa da USP e procedimentos éticos da USP estará
tir o papel das Universidades e Insti- facilmente acessível e transparente, o
tutos de Pesquisa sobre esse tema de (Fonte: Jornal da USP, Redação.) que facilitará também, internamente,
grande relevância. Em seu escopo, a a elaboração de ações estratégicas
Lei Arouca organiza o sistema nacio- espécies de animais utilizados nas para otimizar a atuação de CEUAs,
nal de experimentação animal esta- instituições de ensino e pesquisa. De- biotérios e dos próprios pesquisado-
belecendo procedimentos para o uso termina também que cada instituição res/professores que fazem uso dessas
de animais em atividades de ensino que utiliza animais, para se cadastrar, ações.
e pesquisa. Com a implementação da precisa constituir uma Comissão de Nesse sentido, é importante que a
lei foi criado o Conselho Nacional Ética no Uso de Animais de Experi- Pró-Reitoria de Pesquisa lidere um
de Controle de Experimentação Ani- mentação (CEUA). Assim, é impor- trabalho próximo e conjunto com
mal (CONCEA), instância colegiada tante saber que no Brasil existe uma todas as CEUAs/USP para que seja
multidisciplinar com caráter norma- lei federal que controla a utilização possível debater ações mais proposi-
tivo, consultivo, deliberativo e recur- de animais no ensino e na pesquisa e tivas nessa área. Uma das responsa-
sal, para coordenar os procedimentos que ela estabelece as responsabilida- bilidades do pesquisador é assegurar
de uso científico de animais. des da instituição, das CEUAs e do que as equipes técnicas e de apoio
Dessa forma, o CONCEA é a au- pesquisador, sendo muito importante (alunos e funcionários) envolvidas
toridade legal brasileira responsável segui-las sob pena de sanções admi- nas atividades com animais recebam
por regulamentar o uso de animais nistrativas. treinamento apropriado e estejam
em atividades de ensino e pesquisa No caso da Universidade de São cientes da responsabilidade no trato
científica. A lei determina que toda Paulo, a Pró-Reitoria de Pesquisa deu dos mesmos. Algumas unidades já
instituição pública ou privada que início a várias ações que corroboram oferecem esse treinamento, no en-
pretende realizar pesquisa científica a contínua utilização ética de animais tanto é importante que ele seja feito
ou desenvolvimento tecnológico em na pesquisa. Até o início do ano pas- através de uma plataforma unificada
laboratórios de experimentação ani- sado, todas as unidades da USP que em toda a Instituição. Essa atividade
mal, com a manutenção de biotérios, usam animais estavam cadastradas será implementada em futuro próxi-
ou qualquer uso de animais com fi- no CONCEA como instituições inde- mo, com a organização, já em anda-
nalidade didática, deve requerer seu pendentes, dessa forma, a USP, como mento, de um curso à distância para
Credenciamento Institucional para Instituição, não estava cadastrada. capacitação no uso de animal em
Atividades com Animais em Ensino No início deste ano, com a abertura pesquisa e ensino. A USP foi a única
ou Pesquisa – CIAEP, junto ao CON- do novo CIUCA, a USP reorganizou universidade a ter proposta aprova-
CEA, no Cadastro das Instituições de o credenciamento de suas instalações da pela Rede Nacional de Biotérios
Uso Científico de Animais (CIUCA), animais e comissões de ética, obten- (REBIOTERIO) do Conselho Na-
cujo objetivo é traçar um panorama do o seu credenciamento Institucio- cional de Desenvolvimento Cien-
nacional em torno do número e das nal. Isso é muito importante, pois a tífico e Tecnológico (CNPq), para
20
Higiene Alimentar - Vol.32 - nº 280/281 - Maio/Junho de 2018
a elaboração de um curso à distân- diretrizes foram desenvolvidas para A utilização de animais em pes-
cia para treinamento de pessoal no melhorar o desenho, a análise e o quisa ainda é fundamental para o
uso de animais em pesquisa (http:// manuscrito de investigação com ani- desenvolvimento de novos medica-
jornal.usp.br/universidade/usp-tera- mais, maximizando a informação mentos e tecnologias em saúde tanto
-curso-a-distancia-sobre-uso-de-ani- publicada e minimizando estudos para os seres humanos como para os
mais-de-laboratorio/), o que é uma desnecessários (www.nc3rs.org.uk). próprios animais, e ainda para a pro-
conquista importante para sedimen- As diretrizes foram publicadas na teção do meio ambiente. Assim, a lei
tar suas inúmeras atividades nessa revista PLOS Biology (https://doi. visa a garantir que a criação e a utili-
área. org/10.1371/journal.pbio.1000412) zação de animais para fins científicos
Em 2014, o CONCEA passou a re- e são atualmente endossadas por re- e didáticos ocorram através de abor-
comendar que as CEUAs conduzam vistas científicas, agências de finan- dagens que minimizem o sofrimento,
suas ações, incorporando o princípio ciamento e sociedades científicas. angústia ou dano duradouro. Existem
dos 3Rs, cujo significado deriva das As diretrizes são para todos, autores muitas ações propositivas que podem
palavras em inglês, Replacement experientes e inexperientes, edito- ser feitas nessa área para agregar co-
(substituição), Reduction (redução) res de revistas, revisores de artigos nhecimento e segurança aos proce-
e Refinement (refinamento). Esse e agências de fomento – e podem dimentos desenvolvidos com a uti-
princípio foi descrito por Russell ser lidas, inclusive em português, no lização de animais na pesquisa e no
e Burch em 1959, no Reino Unido, endereço www.nc3rs.org.uk/arrive- ensino. Assim, a Pró-Reitoria de Pes-
que é pioneiro em ações de bem-es- -guidelines. quisa criou uma comissão assessora
tar animal. Ações simples, já dispo- Seguindo ainda o princípio dos para acompanhar essas atividades,
nibilizadas pela Universidade corro- 3Rs, o Ministério de Ciência, Tec- tal como propor ações estratégicas
boram os 3Rs, como a utilização de nologia e Inovação criou a Rede Na- junto às CEUAs e aos pesquisadores
animais de qualidade, que deve ser cional de Métodos Alternativos (RE- que agreguem qualidade e expertise
cada vez mais incentivada. A USP NAMA), que permite a existência na área.
tem sua Rede de Biotérios, cujo obje- de uma infraestrutura laboratorial e Essas ações enfatizam, de um
tivo é fornecer animais de qualidade de recursos humanos especializados modo amplo, que o bem-estar animal
para o desenvolvimento das pesqui- capazes de implantar métodos alter- e a ciência de qualidade caminham
sas. O animal de qualidade, livre de nativos ao uso de animais e de desen- lado a lado e que a USP tem grande
patógenos, traz menor variabilidade volver e validar novos métodos no respeito às questões éticas envolvi-
experimental, resultados melhores Brasil. Dentro de seu escopo de ação, das. É também com esta visão que
e maior reprodutibilidade de dados, o CONCEA, reconhece métodos al- a USP sediará um evento Binacio-
reduzindo consideravelmente o nú- ternativos validados. A USP tem dois nal, Brasil-Reino Unido (13-14 de
mero de animais necessários para laboratórios que fazem parte da RE- agosto), sobre ética no uso animal,
obtenção de conhecimento sobre um NAMA e muitos docentes que têm organizado pelo CONCEA e pelo
dado fisiológico. diferentes propostas e experiências Ministério da Ciência, Tecnologia e
Outra medida simples e importan- para redução/substituição de animais Comunicação (MCTIC). Adicional-
te que atende ao princípio dos 3Rs na pesquisa e ensino e seria impor- mente, a próxima reunião do CON-
é seguir as diretrizes do ARRIVE tante termos ações que agreguem es- CEA também ocorrerá na USP (15-
(Animal Research: Reporting of In sas experiências para que outros do- 17/agosto).
Vivo Experiments), que pode e deve centes/pesquisadores possam tomar A USP tem compromisso e respei-
ser feito por qualquer docente, pes- conhecimento desses procedimentos to com os procedimentos éticos para
quisador ou aluno que conduza pes- permitindo que eles sejam testados e a utilização de animais em atividades
quisa científica com animais. Essas posteriormente validados. de ensino e pesquisa.
21
COMENTÁRIO
E
José Antonio Jorge Valera.
l paludismo o malaria es una Recientemente, un grupo de cientí-
enfermedad infecciosa di- javalera@infomed.sld.cu ficos descubrió un nuevo tipo de mos-
seminada por los mosquitos quito en África, distinto a todos los
que amenaza a la mitad de ocasiones, la muerte. Los síntomas documentados previamente y señaló
la población mundial. Esta enferme- del paludismo aparecen después de un que la nueva especie podría complicar
dad se caracteriza por un patrón febril período de siete días o más. El viajero la lucha por controlar el paludismo.
semejante a otras enfermedades bacte- que presente fiebre en los tres meses Ken Vernick, que formó parte del gru-
rianas por lo que su demostración es posteriores a una posible exposición po de investigadores, quien descubrió
complicada. En el caso de paludismo deberá considerarlo una urgencia mé- al mosquito con colegas de la Unidad
grave puede mostrar un cuadro muy dica y someterse inmediatamente a un de Huéspedes, Vectores y Patógenos
variado que incluye fiebre, escalofríos, reconocimiento del Centro Nacional Francés para la
sudores, diarrea, dificultad respiratoria En el Informe Mundial de Palu- Investigación Científica, indicó que
y cefalalgia, y evolucionar e incluir dismo indica que de los casos de pa- descubrimientos como éste generan
ictericia, defectos de coagulación, ludismo mundialmente, 81% de ellos lo que llamó una "batalla sin fin" con-
choque, insuficiencia renal y hepática, ocurrieron en la región de África. Seis tra la enfermedad. "El parásito es más
encefalopatía aguda, edema pulmonar países, incluyendo Nigeria, repúbli- inteligente que todos los inmunólogos
y cerebral, coma y muerte. Las otras ca Democrática del Congo, Burquina que lo estudian (...) y el mosquito es
formas como el P. vivax, P. malariae y Faso, más inteligente que todos los biólogos
P. ovale, por lo regular no amenazan la Mozambique, Costa de Marfil y expertos en vectores que lo estudian.
vida. Mali acumularon el 60% de fallecidos. No es una batalla justa", añadió el in-
En las Américas existen 21 países Cerca de la mitad de la población vestigador.
endémicos, por lo que el 30% de la po- mundial está expuesta al paludismo. La intensificación de las medidas de
blación está en riesgo de contagiarse, El informe reciente sobre el palu- prevención y control se ha traducido en
mientras que se estima un 8% está en dismo de la Organización Mundial de una reducción de las tasas de mortali-
"alto riesgo". la Salud (OMS) reveló que se lograron dad por paludismo del 29% en todo el
Los viajeros internacionales podrían algunos progresos contra la enferme- mundo desde el 2010.
hallarse expuestos a la infección por dad en la última década, aunque resta Por todo lo planteado, es recomen-
el paludismo en 97 países del mundo mucho por hacer. La Organización dable sugerir que si después de visi-
que, en su mayor parte, se concentran también instó a una investigación y de- tar una región afectada y tiene fiebre
en África, Asia y América. Las perso- sarrollo más rápido de fármacos contra siempre hay que tener en cuenta la po-
nas infectadas suelen presentar fiebre, el paludismo, dijo el año pasado que la sibilidad de haberse contagiado, y ade-
escalofríos y síntomas gripales en un comunidad internacional podría dete- más se debe saber que la enfermedad
primer momento. En caso de no tra- ner las muertes por esta dolencia para puede surgir incluso años después. ¿La
tarse, la enfermedad puede provocar el 2015 si se aplicaran niveles masivos mejor protección? No dejarse picar; es
complicaciones graves y, en algunas de inversión. decir, utilizar repelentes y llevar ropa
que cubra la mayor parte del cuerpo.
Fuentes
Asociación de Médicos de Sanidad
Exterior A.M.S.E.. Paludismo. Epi-
demiología y situación mundial.
https://www.amse.es/informacion-
-epidemiologica/68-paludismo-epide-
miologia 26 Octubre 2016
22
ARTIGO
PERFIL DE CONSUMO DE
wines consumption. This scientific
enquire points the development of
beers industries in Brazil, but also
spotlight the decrease of wine con-
CERVEJAS E VINHOS EM
sumption due to its elitist stigma.
Keywords: Alcoholic Beverages.
Packaging. Market.
A
tualmente é notória a
Letícia Maria de Almeida Vieira * diversidade de tipos de
bebidas e com isso au-
Universidade Federal da Bahia. Salvador, BA menta também a neces-
Cristina Bahia sidade de uma diversificação de
embalagens. A concorrência cada
Faculdade Baiana de Medicina e Saúde Pública/ Universidade Federal da
vez mais acirrada que há algum
Bahia. Salvador, BA
tempo ultrapassa as fronteiras ge-
Celso Duarte Carvalho Filho ográficas e sugere novos posicio-
Departamento de Bromatologia da Faculdade de Farmácia da Universidade namentos do consumidor, exige
Federal da Bahia. Salvador, BA das grandes empresas novos pa-
drões de sofisticação, qualidade e
* letimvieira@gmail.com customização de suas embalagens
de bebidas visando satisfazer a
RESUMO demanda consumidora.
Segundo Pria (2005), a autora
Diante do grande consumo de bebidas alcoólicas no Brasil e no mundo, do artigo “Principais tendências
muitas empresas têm investido na confecção de embalagens cada vez mais de Embalagens para Bebidas”,
promissoras. Com o objetivo de conhecer o perfil de consumo de cervejas Silvia Tondella Dantas, define o
e vinhos relacionado às suas respectivas embalagens, foi desenvolvida segmento de bebidas como um
uma pesquisa na cidade de Salvador-BA, sendo entrevistadas 221 pessoas dos principais consumidores de
cujo consumo das bebidas estava intrinsecamente ligado ao ambiente so- embalagens no Brasil. Para ela a
cial. A prevalência de consumo é das cervejas com cerca de 26,7%, sendo seleção do tipo de embalagem va-
que os principais locais de dispêndio com a mesma são festas e bares. ria em cada país, pois diz respeito
Vale salientar que a embalagem escolhida por 93,3% dos participantes às características bem específicas
é a de vidro. Observa-se então um crescimento favorável das indústrias de cada lugar. Gonçalves (2000)
cervejeiras no Brasil com a comercialização deste produto popular em afirma que desenvolver uma es-
detrimento do vinho, possuinte de um estilo mais elitizado e restrito de trutura empresarial com maior ca-
consumo. pacidade de reação às exigências
do mercado globalizado requer
Palavras-chave: Bebidas alcoólicas. Embalagem. Mercado.
um enfoque por meio de ações
controladas, coordenadas, inte-
ABSTRACT gradas, cooperadas, inovadoras e
eficientes do conjunto de empre-
Due to the large consumption of alcoholic beverages in Brazil and in the sas que constituem uma cadeia de
world, many companies have made investments to increase the design of valor, tendo como foco o atendi-
its packaging. In order to discover the relation in between the consump- mento da demanda em seus reais
tion of beers, wine and its packages, a research has been developed in desejos.
Salvador (BA). Therefore, 221 people were interviewed, concluding that Algumas condições do público
the beverage choice was intrinsically related to the social environment. alvo também podem direcionar
Furthermore, this study highlights the predominance of beers in front of a escolha da embalagem. Para
23
ARTIGO
Larenetins (2009), considerando questionário na plataforma Google número 1 a representação do mais im-
o alto nível de concorrência entre Forms como ferramenta metodoló- portante e o número 6, menos impor-
as empresas e a diversidade cres- gica, tendo como objetivo apresen- tante. Vale salientar que foi aceita mais
cente de produtos, deve-se conhe- tar fatores sociais, econômicos e de uma resposta em todos os questio-
cer melhor não apenas o mercado culturais que se relacionam ao con- nários respondidos.
alvo, mas também o público alvo. sumo de cervejas e vinhos e que, por
Assim, faz-se necessário direcionar sua vez, podem influenciar na esco- RESULTADOS E DISCUSSÃO
o olhar para compreender a situação lha das embalagens e na leitura mais
socioeconômica da população, a atenta dos seus rótulos. Mediante o que foi encontrado re-
sua consciência quanto à preserva- ferente aos dados pessoais dos entre-
ção ambiental, a disponibilidade de MATERIAL E MÉTODOS vistados, a faixa etária variou de 18 até
matéria-prima e/ou tecnologia, além 72 anos, sendo a maioria de solteiros
dos costumes dos próprios consumi- O presente trabalho foi realizado com a renda declarada recebendo de
dores que, de forma geral, podem na cidade de Salvador-BA, localizada 1 a 5 salários mínimos e o grau de
ser fatores importantes para a esco- na região nordeste no Brasil, entre os instrução preponderante com a con-
lha do produto. meses de junho e julho de 2017. A co- clusão do 1º grau.
Diante disso, numerosos estudos leta dos dados foi realizada mediante Quando questionados sobre o
surgem analisando o perfil social entrevista direta (no campo) e indireta hábito de consumir cerveja e vinho
do mercado de cervejas e vinhos, (via redes sociais) com os consumido- (figura 1), a grande maioria afirmou
procurando satisfazer à demanda res selecionados para o estudo. Para que faz apenas a ingestão de cerve-
consumidora traçando estratégias tanto, foi utilizado um questionário ja. Um dado bastante interessante,
a partir da classe social do seu pú- físico estruturado contendo 15 pergun- é que isto condiz com o I Levan-
blico alvo, de suas preferências por tas fechadas, referentes às variáveis tamento Nacional sobre padrões de
embalagens, levando em considera- de sexo, consumo, hábito, frequência, álcool na população brasileira, rea-
ção aspectos relacionados a cores e características de influência, idade e lizado pela Secretaria Nacional An-
ambientes diversos que determina- escolaridade. tidrogas (SENAD) e a Universidade
do perfil de bebida pode direcionar Todos os entrevistados foram pre- Federal de São Paulo (UNIFESP)
ou influenciar de forma benéfica viamente esclarecidos a respeito do ob- no ano de 2007, o qual aponta que
na venda desses produtos. Alguns jetivo e conteúdo das entrevistas e con- a cerveja é a bebida alcoólica mais
autores acreditam que o uso destes cordaram em colaborar com o estudo. consumida no Brasil. Isso pode ser
está associado a um complexo con- Os dados obtidos foram inseridos em ocasionado pela cerveja ainda con-
junto de fatores biopsicossociais um banco de dados do Google Formu- ter um papel cotidiano e social mui-
(BERTOLO, 1997; VAILLANT, lários para posterior análise quantitati- to mais forte do que o vinho, pois o
1995/1999). va e discussões mediante frequências. mesmo vem de uma história na qual
Além disso, é válido salientar que O link de acesso para o formulário foi o seu consumo tem uma relação
o consumo de álcool é influenciado divulgado em redes sociais de maior mais intrínseca com a posição social
por fatores individuais e interpesso- alcance como facebook, whatsapp, do indivíduo, como dizia Câmara
ais, incluindo aspectos familiares, além de ter sido enviado por e-mail Cascudo (1983, vol. li: 798): "vinho
comportamentais, biológicos e am- para contatos mais próximos das pes- é bebida de cidade, bebida de festa,
bientais 1. Isso explica um dos resul- quisadoras. Ainda assim, não houve bebida de rico".
tados trazidos na pesquisa na qual a qualquer restrição de público durante Vale salientar que também no ar-
maior prevalência do uso do vinho a divulgação do formulário, sendo este tigo de Bertolo e Romera (2011),
se faz por classes sociais mais eli- respondido por 221 pessoas sendo 128 Cerveja e Publicidade: uma estrei-
tistas, o que o torna um hábito para mulheres (58,2%), 92 homens (41,8%) ta relação entre lazer e consumo, a
descanso e lazer pessoal. e um participante não respondeu a essa cerveja, juntamente com o chopp,
Este estudo trata-se de uma questão. foram apontadas como as bebidas
pesquisa descritiva que usou um O grau de importância atribuído alcoólicas mais consumidas pela
1 Ellickson PL, Collins RL, pelos entrevistados aos itens, preço, população, com 61%, diferente do
Hambarsoomians K, McCaffrey DF. marca, embalagem, qualidade, local consumo de vinhos que teve uma
Does alcohol advertising promote de consumo e o tipo/características do porcentagem de 25%, dos destilados
adolescent drinking? Results from a produto de escolha foi analisado por com 12% e das bebidas ice 2%.
longitudinal meio do voto de importância sendo o Outro ponto importante
24
Higiene Alimentar - Vol.32 - nº 278/279 - Março/Abril de 2018
25
ARTIGO
desperta maior interesse dos mes- longo caminho para ser conquistado. pdf&ved=0ahUKEwi-4tSxuP3VAhU
mos, 35,1%, como pode-se obser- É importante o desenvolvimento da o3IMKHYEwBe4QFgggMAE&usg=
var na figura 2. consciência coletiva para com os ali- AFQjCNGmsCdWb00A01yyRuKT4
mentos e bebidas consumidas, seus IDlmMoS4A> Acesso em: 24 ago.
CONCLUSÃO efeitos nocivos bem como benefícios e 2017.
dosagens adequadas. Não se trata ape- MARINHO, RART. O álcool e os jovens.
O local mais habitual para o nas de fator econômico, é também – e Rev Portuguesa de Medicina Ge-
consumo de vinho, entre os entre- principalmente- saúde e bem-estar. É ral e Familiar, [S.l.], v.24, n.2,
vistados, é em suas residências e necessário que acima de tudo, o inte- p.293-300, mar. 2008. ISSN 2182-
isso pode estar relacionado com as resse do consumidor, não esteja apenas 5173. Disponível em: <http://rpmgf.
condições econômicas, os vínculos em usufruir do produto, mas também pt/ojs/index.php/rpmgf/article/
entre os pares bem como as ocasi- em conhecer o que se usa para que as- view/10488/10224>. Acesso em: 29
ões que propiciam o consumo. No sim, possa intervir de maneira positiva ago. 2017.
que diz respeito ao mercado de vi- para um bem individual e coletivo.
MURARO, C et al. A Tendência de Uti-
nhos, além de fatores culturais, o lização de Embalagens Retornáveis
alto índice de tributação no Brasil REFERÊNCIAS em Indústrias–Um estudo explora-
não favorece o aumento do consu- tório no Brasil. Jovens Pesquisado-
mo deste tipo de bebida. Essa alta ALMEIDA, AN; BRAGAGNOLO, C; CHA- res-Mackenzie, v.3, n.2, 2010.
de impostos favorece o consumo de GAS, ALS. A Demanda por Vinho no NEVES, KC; TEIXEIRA, MLO; FERREI-
vinhos nacionais em detrimento dos Brasil: elasticidades no consumo das RA, MA. Fatores e motivação para
importados que, para garantir maior famílias e determinantes da importa- o consumo de bebidas álcoolicas
competitividade, vem apostando na ção. Rev Econ Sociol Rural, Brasí- na adolescência. Disponível em:
redução de seus valores para se tornar lia, v.53, n.3, p.433-454, set, 2015.
<http://www.scielo.br/pdf/ean/
mais atrativo aos olhos dos apaixona- Disponível em: <http://www.
v19n2/1414-8145-ean-19-02-0286.
dos por cerveja. scielo.br/scielo.php?script=sci_
pdf>. Acesso em: 17 jul 2017.
As tecnologias têm sido usadas vi- a r t t e x t & p i d = S 0 1 0 3 -
sando um melhor aproveitamento do -20032015000300433&lng=en&nr PRIA, MD. Tendências de Embala-
material de embalagens, pois o uso m=iso>. Acesso em 23 jun 2017. gens para Bebidas. Disponível em
sustentável vem se mostrando fator <http://www.signuseditora.com.br/
BERTOLO, M; ROMERA, L. Cerveja e
importante para aumento de lucro. ba/pdf/05/05%20-%20Envase.pdf>.
publicidade: uma estreita relação
Apesar do que foi observado na pes- entre lazer e consumo. LICERE-Rev
Acessado em 23 de Junho de 2017.
quisa, o marketing subjetivo está bem do Programa de Pós-graduação PINSKY, I. Publicidade de bebidas al-
circunscrito nas embalagens. Em se Interdisciplinar em Estudos do coólicas e os jovens. São Paulo:
tratando desse produto tão dissemi- Lazer, v.14, n.2, 2011. Disponível FAPESP, 2009.
nado na cultura que vivemos, é com- em: < https://seer.ufmg.br/index. SOUZA, RL. Cachaça, vinho, cerveja:
preensível que nos relatos, talvez por php/licere/article/viewFile/500/392> da Colônia ao século XX. Rev Es-
conta da forma de abordagem escolhi- Acesso em 28 ago. 2017. tudos Históricos, Rio de Janeiro,
da pelas pesquisadoras, o produto em
BOUER, J. Tudo sobre Álcool, Cigarro v.1, n.33, p.56-75, jun. 2004. ISSN
si tenha chamado mais atenção que a
e Drogas. São Paulo: Editora Me- 2178-1494. Disponível em: <http://
embalagem.
lhoramentos, 2006. bibliotecadigital.fgv.br/ojs/index.
As leis que regulam o setor apre-
FARIA, R et al. Propaganda de álcool e php/reh/article/view/2211>. Acesso
sentam propostas relevantes, porém
associação ao consumo de cerveja em: 20 ago. 2017.
algumas entram em contradição com
produções científicas e acadêmicas. por adolescentes. Rev de Saúde VAILLANT, GE; HILLER-STURMHÖFEL,
Há maior restrição tanto na produção, Pública, v.45, n.3, p.441-447, 2011. S. The natural history of alco-
propaganda e uso de drogas menos LARENTINS, F. Comportamento do holism. Alcohol Research and
prejudiciais à saúde da população que consumidor e marketing de rela- Health, v.20, n.3, p.152, 1996.
o álcool, sendo o mesmo, a droga que cionamento. IESDE Brasil S.A, p. Disponível em: <https://search.
mais movimenta relações comerciais e 144, 2009. Disponível em:<https:// proquest.com/openview/b6932184
interpessoais na sociedade. www.google.com.br/url?sa=t&sou 9bf9a35a4bad5a88a49204d8/1?pq-
Apesar das recentes proibições em rce=web&rct=j&url=http://www2. -origsite=gscholar&cbl=2031130>
veículos de comunicação, ainda há um videolivraria.com.br/pdfs/23884. Acesso em 28 ago. 2017.
26
Higiene Alimentar - Vol.32 - nº 278/279 - Março/Abril de 2018
ORGÂNICOS NO SETOR DE
funcionários.
Palavras-chave: Serviço de
alimentação. Gestão ambiental.
Sustentabilidade.
27
ARTIGO
of the revised authors encountered produtores de refeições ajustem-se, Coletiva. Este estudo foi realizado a
businesses which made the neces- adotando práticas que preservem os partir de uma revisão narrativa da li-
sary changes to the production pro- recursos naturais e diminuam os danos teratura, de abordagem qualitativa,
cess, and obtained environmental ao ambiente (NETO et al., 2007). na qual realizou-se consulta a artigos
certification, in addition to decrease Segundo dados da Associação Bra- científicos no período entre novembro
in waste of supplies, decrease in wa- sileira das Empresas de Refeições de 2016 e março de 2017. Foram utili-
ter and electricity cost and devel- Coletivas (ABERC) a dimensão e a zados os seguintes descritores para as
oping environmental awareness for importância do Setor de Alimentação buscas nas plataformas: alimentação
both clients and personnel. Coletiva na economia nacional podem coletiva; sustentabilidade; gestão am-
ser medidas a partir dos números gera- biental; resíduos sólidos.
Keywords: Food service.
dos pelo segmento no ano de 2016: o Também foram temas de investiga-
Environmental Management.
mercado de refeições coletivas forne- ção: o aproveitamento integral dos ali-
Sustainability
ceu cerca de 11 milhões de refeições mentos, a compostagem, a existência
por dia, ofereceu 180 mil empregos dos selos de certificação de sustentabi-
INTRODUÇÃO diretos e consumiu cerca de 6,5 mil to- lidade em restaurantes e a certificação
D
neladas de alimentos (ABERC, 2016). pela família ISO 14000. O recorte tem-
esde o evento internacio- Considerando o posicionamento da poral dos estudos analisados compre-
nal, sediado no Brasil, American Dietetic Association (ADA), ende o período de 2007 a 2017.
denominado Rio 92, que de 2007, sobre a gestão ambiental nas
popularizou a discussão Unidades Produtoras de Refeições Desenvolvimento Sustentável
sobre os impactos do desenvolvi- (UPR), o Nutricionista é orientado a O conceito de Desenvolvimento
mento das nações nos ecossistemas tomar medidas que minimizem a quan- Sustentável (DS) emergiu no contexto
e na saúde da população, buscam-se tidade de resíduos orgânicos gerados da elaboração do Relatório Brundtland,
mecanismos de atenuação da pressão em sua unidade de trabalho, por meio elaborado pela Comissão Mundial so-
que a sociedade impõe sobre o am- de auditorias de resíduos sólidos, redu- bre o Meio Ambiente e Desenvolvi-
biente, com o objetivo de minimizar ção dos restos de alimentos nos pratos mento das Nações Unidas (UNFCCC),
as alterações no sistema climático do dos comensais e ainda prevê a doação em 1987, apontando cinco dimensões
planeta. Em 2012, aconteceu um ou- de sobras para a compostagem, o que interconectadas de sustentabilidade:
tro evento, a RIO +20 e, mais uma pode gerar adubo para hortas comuni- social (voltada para a redução da po-
vez, firmaram-se metas de conser- tárias (VEIROS e PROENÇA, 2010). breza e para a organização social); eco-
vação e proteção dos diversos ecos- O Nutricionista possui ainda am- nômica (relativa à manutenção da ca-
sistemas, como a diminuição gradual paro legal com a Política Nacional de pacidade produtiva dos ecossistemas);
dos gases do efeito estufa (GEE) e a Resíduos Sólidos – PNRS (BRASIL, ecológica (relacionada à preservação
criação de Mecanismos de Desenvol- 2010), que prevê uma responsabilida- dos recursos naturais enquanto base da
vimento Limpo (MDL) (GOUVEIA de compartilhada, juntamente com o biodiversidade); espacial (voltada para
2012). poder público, no âmbito municipal. uma configuração rural-urbana equili-
Os resíduos sólidos orgânicos po- As providências tomadas pelos muni- brada) e cultural (referente ao respeito
dem ser de origem vegetal ou animal, cípios fazem parte de um novo con- pelas especificidades culturais, identi-
constituindo-se fontes geradoras ceito: o gerenciamento integrado dos dades e tradições das comunidades lo-
de impactos ambientais relevantes, resíduos que envolve diferentes solu- cais) (FERNANDEZ, 2011).
como gases, líquidos como o choru- ções como a reciclagem e a disposição
me e atração de pragas e vetores. A dos rejeitos em aterros que seguem Gestão integrada de resíduos só-
produção de alimentos gera grande critérios ambientais, erradicação dos lidos
quantidade de resíduos sólidos orgâ- “lixões”, promoção da prática de com- A Associação Brasileira de Normas
nicos, constituídos de restos como as postagem e construção de hortas urba- Técnicas (ABNT) define resíduos só-
cascas, talos e folhas que, por mui- nas em terrenos baldios e escolas, as- lidos como:
tas vezes, tem por destinação final, sim como a identificação dos maiores “Resíduos nos estados sólido e se-
os aterros sanitários municipais. Os geradores de resíduos nos municípios. missólido, que resultam de atividades
resíduos sólidos orgânicos represen- O objetivo deste estudo foi reunir de origem industrial, doméstica, hos-
tam cerca de 69% de todo o lixo des- obras literárias de relevância relacio- pitalar, comercial, agrícola, de serviços
cartado no país e, nesse contexto, é nadas à gestão de resíduos sólidos e de varrição. Ficam incluídos nesta
necessário que os estabelecimentos orgânicos no Setor de Alimentação definição os lodos provenientes de
28
Higiene Alimentar - Vol.32 - nº 278/279 - Março/Abril de 2018
sistemas de tratamento de água, bem denominados como Unidade de Ali- e restos (alimentos distribuídos e não
como determinados líquidos cujas mentação e Nutrição (UAN), Unidade consumidos). As sobras limpas esta-
particularidades tornem inviável o seu Produtora de Refeições (UPR) ou Ser- riam relacionadas ao número de refei-
lançamento na rede pública de esgotos viço de Alimentação Coletiva (SAC), ções servidas no dia e à margem de se-
ou corpos de água, ou exijam para isso que podem constituir-se de atividade gurança definida pelo Nutricionista no
soluções técnica e economicamente meio ou fim e englobam diferentes planejamento do cardápio, servindo,
inviáveis em face à melhor tecnologia formas de servir refeições a clientes e portanto, de base para a avaliação do
disponível” (ABNT, 2004). trabalhadores, podendo também estar desperdício gerado pela UAN.
Entretanto, a Política Nacional de localizados em escolas, universidades, Barthichoto et al. (2013) relataram,
Resíduos Sólidos (PNRS), instituí- hotéis, hospitais, asilos, orfanatos, pre- em sua pesquisa, que apenas dois res-
da em 2010, define Resíduos Sólidos sídios, entre outros. Na produção de taurantes, em um total de 32 avaliados,
como: refeições estão envolvidos muitos pro- realizavam o controle quantitativo das
“Material, substância, objeto ou cessos que causam impactos ambien- sobras alimentares. Collares & Figuei-
bem descartado resultante de ativida- tais e também econômicos. redo (2012) diagnosticaram, no seu es-
des humanas em sociedade, a cuja des- Segundo Vaz (2006), o desperdício tudo, que os resíduos de alimentos pro-
tinação final se procede, nos estados dos alimentos prontos para consumo venientes de sobras, restos e rejeitos de
sólido ou semissólido, bem como ga- pode ocorrer por falha de previsão no pré‑preparo corresponderam a 88% do
ses contidos em recipientes e líquidos dimensionamento das quantidades total da composição gravimétrica em
cujas particularidades tornem inviável preparadas ou ainda pelo hábito do uma UAN.
o seu lançamento na rede pública de cliente em servir-se mais do que neces- Corrêa & Lange (2010) realizaram
esgotos ou em corpos d'água” (BRA- sita. O desperdício de alimentos prepa- um estudo comparando os tipos de ser-
SIL, 2010). rados pode estar associado ainda com viço: self service, cafeteria mista e ca-
O artigo de número 21 da PNRS questões comportamentais que envol- feteria simples; tipo de cardápios ofe-
versa sobre o conteúdo mínimo que o vem os trabalhadores e colaboradores recidos – simples, médio e de luxo; e o
Programa de Gestão Integrada de Re- desses processos. número de comensais e quantificaram
sídus Sólidos (PGIRS) deve conter, Para Schnider, Warken & Silva a geração e o tipo de resíduos em cada
que abrange a descrição do empreendi- (2012), o controle do Fator de Corre- um. Os resíduos orgânicos foram pesa-
mento ou atividade; o diagnóstico dos ção (FC) é uma importante ferramenta dos considerando-se aqueles oriundos
resíduos sólidos gerados ou adminis- para o diagnóstico e redução da ge- do processamento dos alimentos e do
trados, contendo a origem, o volume e ração de resíduos orgânicos em uma resultado obtido após o cálculo da taxa
a caracterização dos resíduos, incluin- UAN. Um FC alto pode indicar ma- de resto ingesta.
do os passivos ambientais a eles rela- téria-prima de baixa qualidade, falhas Observou-se que o resultado dessa
cionados; a explicitação dos responsá- nos equipamentos ou a não observân- quantificação foi diretamente relacio-
veis por cada etapa do gerenciamento cia das boas práticas de manipulação nado à diversidade, sofisticação das
de resíduos sólidos; a definição dos pelos colaboradores. O acompanha- preparações que compõem o cardápio
procedimentos operacionais relativos mento e controle do FC prevê ainda e tipo de serviço (self service, cafeteria
às etapas do gerenciamento de resí- as perdas inerentes ao processamento mista ou simples), e não ao número de
duos sólidos sob responsabilidade do dos alimentos, de modo que o pro- comensais, como definiu Abreu et al.
gerador; a identificação das soluções cesso, quando padronizado, faz com (2011). Em relação aos resíduos orgâ-
consorciadas ou compartilhadas com que o Nutricionista tenha parâmetros nicos, embora a maioria das unidades
outros geradores; ações preventivas e para o planejamento e para a compra de produção de refeições tenha rea-
corretivas a serem executadas em situ- dos gêneros alimentícios. Os autores lizado programas de redução de res-
ações de gerenciamento incorreto ou destacam ainda a importância de uma to ingestão e do porcionamento das
acidentes; metas e procedimentos rela- criteriosa seleção dos fornecedores, preparações, o estudo concluiu que o
cionados à minimização da geração de a observação da qualidade no ato do tipo de serviço influenciou acentuada-
resíduos sólidos (BRASIL, 2010). recebimento e a boa manutenção das mente o total de resíduos orgânicos,
Geração de resíduos sólidos orgâ- condições de estoque na UAN. apresentando-se o serviço de cafeteria
nicos no Setor de Alimentação Cole- De acordo com Abreu et al. (2011), mista com o maior índice de per capi-
tiva o desperdício de alimentos pode ser ta de resíduos orgânicos.
Segundo Rodgers (2011), a pro- atribuído a três fatores: fator de corre- Domingues et al. (2016) analisa-
dução de refeições para coletividade ção; sobras limpas (excedentes de ali- ram, durante 31 dias, o serviço de um
ocorre em espaços específicos que são mentos produzidos e não distribuídos) restaurante universitário (RU) de São
29
ARTIGO
Paulo, com a modalidade self service. Aproveitamento integral dos ali- Destinação final dos resíduos só-
Foram considerados resíduos sólidos mentos lidos orgânicos
orgânicos tanto os restos, tratados A Resolução de Diretoria Colegia- De acordo com a PNRS (BRA-
como resto ingestão, como as sobras da - RDC nº 216, de 15 de setembro SIL, 2010), a destinação final am-
das preparações que permaneciam de 2004, que estabelece procedimen- bientalmente adequada dos resíduos
nos balcões térmicos na finalização tos de Boas Práticas para Serviços inclui a reutilização, a reciclagem,
da distribuição das refeições, chama- de Alimentação (BRASIL, 2004), a compostagem, a recuperação e o
das no estudo de sobras de balcão. A consta de um subgrupo específico aproveitamento energético ou outras
quantidade total do resto ingestão no para o manejo de resíduos, focado destinações admitidas pelos órgãos
período foi de 914 kg, sendo classifi- no correto acondicionamento e se- competentes, entre elas, a disposi-
cado como inadequado, uma vez que gregação dos orgânicos e não orgâni- ção final, observando normas opera-
a quantidade média per capita osci- cos, porém, não são contemplados os cionais específicas de modo a evitar
lou de 44,2g a 79,1g, com média de aspectos para a minimização desses danos ou riscos à saúde pública e a
60,8g, valores superiores à faixa de resíduos. minimizar os impactos ambientais ad-
15g a 45g recomendada pela litera- Em um Serviço de Alimentação é versos.
tura. possível minimizar a geração de resí- Massukado (2008) destacou que,
Os autores consideraram ainda a duos orgânicos através do Aproveita- apesar dos resíduos sólidos domi-
soma dos resíduos sólidos nas seis mento Integral dos Alimentos (AIA), ciliares no Brasil apresentarem alto
semanas de coleta de dados e foram que consiste na utilização total do percentual de resíduos orgânicos, as
descartados 1.851,5kg de alimentos alimento e de todas as suas partes, experiências de compostagem da fra-
no restaurante em estudo. Se este sejam de origem vegetal ou animal ção orgânica são ainda incipientes. O
valor for considerado como média (STEUER et al., 2013). resíduo orgânico, por não ser coletado
representativa do desperdício no lo- Carvalho & Basso (2016) também em separado, acaba sendo encami-
cal e for extrapolado para o período avaliaram a aceitação de prepara- nhado para disposição final junto com
de doze meses, resultaria em apro- ções com partes não convencionais os resíduos perigosos e com aqueles
ximadamente 16.046 toneladas de dos alimentos, com adolescentes de que deixaram de ser coletados de
alimentos desperdiçados ao longo uma escola em Santa Maria-RS. A forma seletiva. Essa destinação gera,
de um ano no estabelecimento estu- aceitação das receitas permaneceu para a maioria dos municípios, des-
dado, considerando resto ingestão e alta, com cerca de 80%, mas o estu- pesas que poderiam ser evitadas caso
sobras de balcão. Estes dois tipos de do revelou ainda que 73% dos alunos a matéria orgânica fosse separada na
resíduos sólidos são originados de disseram que o AIA não era realizado fonte e encaminhada para um trata-
preparações prontas para o consu- nos seus respectivos domicílios. O mento específico, por exemplo, via
mo, o que significa que os alimentos maior desafio em relação ao AIA re- compostagem.
desperdiçados passaram por etapas side na falta de conhecimento sobre A Lei Nº 12.305, (BRASIL, 2010),
produtivas envolvendo transporte os alimentos e suas características, em seu Artigo 3º, inciso VII, conside-
do local de origem até o restaurante, assim como na aplicação das técni- ra a compostagem como uma forma
armazenamento frio, higienização, cas de AIA também nos domicílios. de destinação final de resíduos am-
cocção, armazenamento à temperatu- Bilck et al. (2009) relataram, bientalmente adequada.
ra controlada após o preparo durante ainda, carência de estudos sobre a
a espera para a distribuição, além de utilização do AIA em restaurantes Compostagem
manutenção em balcão térmico du- comerciais e que os gerentes desses Vital (2012) definiu a composta-
rante a distribuição. restaurantes alegaram pouca aceita- gem como o conjunto de técnicas apli-
Para Veiros & Proença (2010), bilidade da clientela em relação às cadas para controlar a decomposição
estas etapas apresentam custo finan- partes não convencionais dos ali- de materiais orgânicos com o objeti-
ceiro a todas as partes envolvidas na mentos. vo de obter um material mais estável,
cadeia produtiva e também um custo De acordo com Badawi (2009), rico em humus e minerais, resultan-
ambiental, sendo este último espe- a população não está habituada a do assim, em uma cadeia de produ-
cialmente danoso à produção susten- aproveitar ao máximo os alimentos, ção com características sustentáveis,
tável de alimentos, considerando-se deixando de utilizar partes dotadas que utiliza restos e sobras que antes
o volume dos resíduos sólidos pro- de altos valores nutricionais, que teriam uma destinação inadequada,
duzidos e descartados no Serviço de acabam indo para o lixo por falta de para otimizar a produção com adubo
Alimentação. conhecimento. de alto valor biológico. Dessa forma,
30
Higiene Alimentar - Vol.32 - nº 278/279 - Março/Abril de 2018
a compostagem representa importan- Catarina, seguindo os dispositivos resíduos sólidos orgânicos durante
te opção para dar destino aos resíduos da Norma ISO 14004, incluindo os a execução de suas atividades, con-
rurais e urbanos como: resíduos de seguintes itens: identificação da em- tribuindo significativamente para o
restaurantes, hotéis, indústrias, super- presa, definição de política ambiental, montante de resíduos urbanos que são
mercados, escolas, entre outros. avaliação dos processos na UPR e destinados aos aterros sanitários e “li-
Zanette (2015) registrou a expe- análise dos impactos ambientais as- xões”, constituindo-se um problema
riência de tratamento dos resíduos sociados aos mesmos, controle ope- ambiental e de saúde pública.
orgânicos do restaurante universitá- racional, apresentação do SGA à alta Esses resíduos poderiam ser utili-
rio (RU) do Campus dois da USP de administração, treinamento e sensibi- zados de forma inteligente evitando o
São Carlos, que gerou e coletou dia- lização dos funcionários, bem como desperdício de alimentos e o alto cus-
riamente cerca de 120 kg de resídu- avaliação do SGA implantado. A par- to de produção, a partir da adoção de
os orgânicos, que eram destinados às tir da avaliação ambiental, verificou- técnicas como a compostagem, para
composteiras presentes no Campus, -se que os itens relativos à destinação obtenção de adubo orgânico para hor-
que são um exemplo para toda a co- do óleo de cozinha e dos resíduos tas comunitárias e a inclusão de téc-
munidade de como os resíduos orgâ- graxos, bem como ao tipo de produtos nicas para o aproveitamento integral
nicos podem ter uma destinação final e materiais de limpeza utilizados na dos alimentos, enriquecendo nutricio-
adequada e ainda possibilitar a educa- UPR encontravam-se em conformida- nalmente as preparações e diminuin-
ção ambiental para a população. de com as recomendações ambientais. do consideravelmente a quantidade de
Para Siqueira & Abreu (2016), As não conformidades relacionavam- resíduos orgânicos gerados.
quando submetidos ao processo de -se à gestão dos resíduos sólidos e dos O profissional nutricionista está
compostagem, os resíduos orgâni- recursos naturais (água e energia elé- capacitado para realizar a gestão inte-
cos são transformados em adubo, ou trica). A avaliação dos processos de grada de resíduos na sua unidade de
composto, que pode ser usado na agri- separação dos resíduos indicou uma trabalho, utilizando ferramentas de
cultura e para recuperação de solos inadequação em 19,3% e 40,0%, nos controle e verificação dos processos e
degradados. O processo diminui o vo- períodos matutino e vespertino, res- os impactos que as Unidades de Ali-
lume de material, evita uma ocupação pectivamente. Os autores observaram mentação e Nutrição geram ao meio
desnecessária em aterros sanitários e que 74,5% desses resíduos poderiam ambiente. Além da gestão de resídu-
gera um produto que presta importan- ser utilizados na compostagem, res- os, outros aspectos do sistema de ges-
tes funções ecológicas. tando apenas 13,3% que seriam desti- tão ambiental também devem ser ob-
nados para aterros e “lixões”. servados, como a economia de água e
Sistema de gestão ambiental: a Vieira, Falcão & Zenaide (2012) de energia e a implantação da coleta
certificação ISO 14000 avaliaram os aspectos ambientais de seletiva, bem como a separação e des-
O Sistema de Gestão Ambiental uma churrascaria em Natal-RN e en- tinação adequadas do óleo de cozinha,
(SGA) auxilia as empresas a identi- contraram diversos problemas, como atendendo inclusive aos requisitos le-
ficar, gerenciar, monitorar e controlar ausência de coleta seletiva, ausência gais da Política Nacional de Resíduos
as diversas questões ambientais. A da separação do óleo de cozinha usa- Sólidos.
ABNT/NBR- ISO 14001 adequa-se do e inexistência de um programa ou Observou-se que, apesar do cres-
a todos os tipos e tamanhos de em- plano de incentivo às boas práticas cente mercado de certificações am-
presa, sejam elas sem fins lucrativos ambientais. Foi implantado então, bientais para as empresas, por meio
ou governamentais, exigindo que as o SGA, que incluiu o uso inteligen- de um marketing verde, que atrai
empresas considerem todas as ques- te dos recursos naturais (redução do consumidores mais comprometidos
tões ambientais relativas às suas ope- consumo de água e de energia), reu- com as questões de sustentabilida-
rações, como a poluição do ar, ques- tilização do óleo de cozinha para a de, ainda ocorre uma certa resis-
tões referentes à água e ao esgoto, à fabricação de sabão, implementação tência por parte das empresas em
gestão de resíduos, à contaminação da coleta seletiva, separação dos resí- implementar os Sistemas de Gestão
do solo, à mitigação e adaptação às duos e educação ambiental (palestras Ambiental, fato esse relacionado
alterações climáticas e à utilização e e treinamento). por alguns autores, com o custo, a
eficiência dos recursos (ABNT/NBR resistência da clientela e falta de trei-
ISO 14001, 2015). CONSIDERAÇÕES FINAIS namento dos colaboradores. A certi-
Rossi et al. (2010) desenvolveram ficação das empresas com a Norma
e implementaram um SGA em uma O Setor de Alimentação Coletiva ISO 14000 vem impulsionar o seg-
UPR do setor hoteleiro, em Santa possui altos índices de geração de mento, auxiliando as empresas a se
31
ARTIGO
adequarem à legislação ambiental e a Limpo (MDL) aplicado a resíduos só- RODGERS, S. Food service research: An in-
promoverem um gerenciamento am- lidos. Conceito, planejamento e opor- tegrated approach. International Jour-
biental eficiente. tunidades. Brasília; 2007. nal of Hospitality Management, 2011,
Diante das inúmeras possibili- BRASIL. Resolução de Diretoria Colegiada v.30, n.2, p.477-483.
dades de investigação sobre essa no. 216 de 15 de Setembro de 2004. ROSSI, CE; et al. ISO 14000 no processo
temática, sugere-se a realização de Dispõe sobre Regulamento Técnico de produtivo de refeições: Implantação
mais estudos de natureza avaliativa Boas Práticas para Serviços de Alimen- e avaliação de um sistema de gestão
apontando para a gestão de proces- tação. DOU, 2004; 16 set. ambiental. Nutrição em Pauta, 2010,
sos mais eficazes e que minimizem v.101, p.49-54.
CARVALHO, CC.; BASSO, B. Aproveitamen-
os impactos ambientais na produção
to integral dos alimentos em escola SCHNEIDER, I; WARKEN, D; SILVA, ABG.
de refeições para a coletividade.
pública no município de Santa Maria Redução do fator de correção (FC) das
– RS. Disciplinarum Scientia, 2016, hortaliças no pré-preparo de uma uni-
REFERÊNCIAS v.17, n.1, p. 63-72. dade de alimentação e nutrição (UAN)
COLLARES, LGT.; FIGUEREIDO, VO. Gestão no interior do Vale do Taquari. Desta-
ABREU, ES et al. Avaliação do desperdício de resíduos sólidos gerados na produ- ques Acadêmicos, 2012, v.4, n.3.
de refeições em um hospital de São ção de refeições. Nutrição em Pauta, SIQUEIRA, TMO; ABREU, MJ. Fechando
Paulo. Simbio-Logias, v.5, n.7, 2012. 2012, n.114, p.19-24. o ciclo dos resíduos orgânicos: com-
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DAS EM- CORRÊA, MS.; LANGE, L. Gestão de resídu- postagem inserida na vida urbana.
PRESAS DE REFEIÇÕES COLETIVAS os sólidos no setor de refeições coleti- Cienc. Cult, 2016, v.68, n.4, p.38-43.
(ABERC). Dados econômicos – núme- vas. Pretexto, 2010, v.12, n.1, p. 29-54. STEUER, I.R.W.; et al. O aproveitamento
ro de refeições e número de colabora- integral de hortaliças como estratégia
DOMINGUES, CFS; et al. Geração de resídu-
dores no setor de refeições coletivas, de educação para a sustentabilidade
os sólidos orgânicos em um restauran-
2016. Disponível em: http://www.aberc. nas comunidades do semiárido per-
te universitário de São Paulo/SP. Meio
com.br/mercadoreal.asp. Acessado nambucano. In: XIII JORNADA DE
Amb Sust, 2016, v.10, n.5, p. 59-73.
em 30/03/17. ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO –
FERNANDEZ, BPM. Ecodesenvolvimento,
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS JEPEX UFRPE, 2013, Recife.
desenvolvimento sustentável e econo-
TÉCNICAS (ABNT). ISO 14001. Siste- VAZ, CS. Restaurantes – controlando
mia ecológica: em que sentido repre-
mas de Gestão Ambiental; 2015. custos e aumentando lucros. LGE
sentam alternativas ao paradigma de
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS desenvolvimento tradicional? Desen- Editora Ltda. Brasília, 2006.
TÉCNICAS (ABNT). Resíduos Sólidos volvimento e meio ambiente, 2011, VEIROS, MB; PROENÇA, RPC. Princípios
– Classificação. 2004. n.23, p.109-120. de sustentabilidade na produção de
BADAWI C. Aproveitamento Integral de Ali- GOUVEIA N. Resíduos Sólidos Urbanos: refeições. Nutrição em Pauta, 2010.
mentos: melhor sobrar do que faltar? impactos socioambientais e perspec- VIEIRA, RFC; FALCÃO, NO; ZENAIDE, HFS.
2009. Disponível em: www.nutrocien- tiva de manejo sustentável com inclu- Avaliação de aspectos e impactos
cia.com.br. Acessado em 15/03/17. são social. Cien Saude Colet, 2012, ambientais e elaboração de um SGA:
BARTICHOTO, M et al. Responsabilidade v.17, n.6, p.1503-1510. estudo de caso em uma churrascaria
ambiental: perfil das práticas de susten- MASSUKADO, LM. Desenvolvimento do no município de Natal/RN. In: IX SIM-
tabilidade desenvolvidas em unidades processo de compostagem em uni- PÓSIO DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO E
produtoras de refeições do bairro de dade descentralizada e proposta de TECNOLOGIA, 2012.
Higienópolis, Município de São Paulo. software livre para o gerenciamento VITAL, AFM. Implementação de uma com-
Qualitas, 2013, v. 14, p. 78-95. municipal dos resíduos sólidos do- posteira e de um minhocário como
BILCK, A.P.; et al. Aproveitamento de sub- miciliares [tese]. São Carlos: Univer- prática de educação ambiental visando
produtos: restaurantes de Londrina. sidade de São Paulo; 2008. a gestão de resíduos sólidos do CDSA.
Rev Agroneg e Mei Amb, 2009, v. 2, NETO, HCA; et al. Caracterização de resí- Rev Didática Sistêmica, 2012.
n.1, p. 87-104. duos sólidos orgânicos produzidos ZANETTE, PHO. Compostagem dos re-
BRASIL. Lei nº 12.305 de 2 de agosto de no restaurante universitário de uma síduos orgânicos do restaurante do
2010. Política Nacional de Resíduos instituição pública (estudo de caso). campus dois da USP São Carlos – ba-
Sólidos. DOU. 2010; 3 ago. In: ENCONTRO NACIONAL DE ENGE- lanço de seu funcionamento inicial e
BRASIL. MINISTÉRIO DO MEIO AMBIEN- NHARIA DE PRODUÇÃO, 2007, Foz do propostas de melhorias [tese]. São
TE. Mecanismo de Desenvolvimento Iguaçu, PR. Carlos, 2015.
32
Higiene Alimentar - Vol.32 - nº 278/279 - Março/Abril de 2018
ROTEIRO DE VERIFICAÇÃO
this study 12 restaurants specialized
in Japanese cuisine were evaluated
in the Central, West, North and Sou-
th zones of the Municipality of Rio
ESTABELECIMENTOS DE
the production and marketing of an
innocuous food for the population.
The objective of this work was to pre-
sent a suggestion of a GP verification
guideline for this segment based on
A
do Município do Rio de Janeiro no período de maio a dezembro de 2016. A
fim de garantir a quali-
avaliação foi realizada por meio de uma lista de verificação contendo quatro
dade higienicossanitária
pontos críticos de controle importantes para a produção e comercialização
dos alimentos, as Boas
de um alimento inócuo para a população. O objetivo desde trabalho foi apre-
Práticas (BP) devem ser
sentar uma sugestão de roteiro de verificação das Boas Práticas (BP) para
adotadas pelos serviços de alimen-
este segmento, baseado em diretrizes técnicas para a cadeia de produção,
tação. São compostas por um con-
inclusive para os manipuladores. Constatou-se que os restaurantes da Zona
junto de princípios e regras para o
Sul apresentaram um maior score de “conformidades” (66,7%), seguidos da
correto manuseio de alimentos des-
Zona Norte (50%), Centro (25%) e Zona Oeste (16,7%). Conclui-se que o ro-
de a recepção das matérias-primas
teiro utilizado foi uma ferramenta útil de avaliação aos estabelecimentos vi-
até o produto final (BRASIL,2004).
sitados. Desta forma, a sua utilização auxiliará os profissionais deste segmen-
O seu principal objetivo é garantir
to, enquanto nenhuma legislação específica e mais detalhada seja publicada.
a integridade do alimento e a saúde
Palavras-chave: Culinária oriental. Sushi. Segurança de alimentos. do consumidor (NASCIMENTO e
BARBOSA,2007).
ABSTRACT Com a globalização, a gastrono-
mia oriental se fez presente no Bra-
The food offered by the Japanese cuisine menu poses many health risks sil e no mundo. A comida japonesa,
to the population due to failures in the cold storage of raw materials con- especialmente o sushi, tornou-se fre-
sumed, raw fish, and in the preparation and or elaboration processes. In quente em polos gastronômicos no
33
ARTIGO
Brasil e no mundo. O consumo de no manuseio e preparo de alimentos de verificação das boas práticas (BP)
comida típica japonesa pela popula- em restaurantes de comida japonesa para estabelecimentos de culinária
ção brasileira tem-se destacado nesta no Município do Rio de Janeiro e japonesa, a fim de se tornar uma fer-
década por suas características nutri- elaborar um roteiro de verificação de ramenta de qualidade e segurança
cionais benéficas e sua fácil aquisi- BP adaptado a esse segmento gastro- na produção de alimentos para esses
ção pelos consumidores (PATROCI- nômico. restaurantes temáticos (Figura 1).
NIO,2009). Os restaurantes com culinárias
É importante estar atento para os MATERIAL E MÉTODOS mistas, embora houvesse comida tí-
pontos críticos de controle (PCC) pica japonesa, foram considerados
que são inerentes à cadeia de pro- Foram avaliados 12 restaurantes como não especializados e não fo-
dução de sushi, dentre eles: higie- especializados na culinária japonesa ram incluídos neste trabalho.
nização das mãos, equipamentos e no período de maio a dezembro de
utensílios; controle de pH do arroz 2016, distribuídos em quantidades RESULTADOS E DISCUSSÃO
acidificado e controle de temperatura iguais entre as habituais zonas re-
dos alimentos. Uma medida de con- gionais (Centro, Zona Oeste, Norte e No Brasil, até o final de 2016, não
trole deve ser aplicada a fim de pre- Sul) do Município do Rio de Janeiro. existia qualquer legislação específi-
venir, reduzir ou eliminar os perigos Uma lista de verificação com quatro ca sobre as BP para a manipulação e
existentes a partir da identificação e pontos críticos de controle foi utili- processamento do sushi na culinária
avaliação dos PCC. zada pelo presente estudo para ava- japonesa (PORTO ALEGRE, 2016).
O preparo de sushi é realizado liar os estabelecimentos: 1) Curso O pescado cru é a maior preocu-
manualmente, através da adição dos de capacitação para manipuladores pação para a saúde do consumidor,
seus ingredientes, o que agrava seu de alimentos; 2) Presença de pia ex- pois não possui etapa de eliminação
potencial de contaminação (HUSS, clusiva para higienização das mãos; de contaminantes microbiológicos e
2000; ALCANTARA, 2009). Manter 3) Registro da mensuração de pH do parasitas. A manipulação do sushi e
as tradições e características cultu- arroz acidificado em planilha; 4) Re- do sashimi, deve ser monitorada para
rais nas preparações típicas nipôni- gistro da temperatura de exposição não haver contaminação do alimento
cas é um desafio, pois as legislações das vitrines e refrigeradores em pla- pelas mãos do sushiman, pelos equi-
sanitárias vigentes não contemplam nilha (Tabela 1). pamentos, utensílios e instalações
as peculiaridades destas preparações. As respostas coletadas foram (ALCANTARA, 2009).
É necessário disponibilizar requi- classificadas em: conforme, quando Os manipuladores de alimentos
sitos sanitários mínimos para a pro- atendiam ao requisito avaliado, e não devem ser supervisionados e capa-
dução, preparação e comercialização conforme, caso contrário. citados periodicamente em relação à
de sushis, sashimis e outros itens Baseado nas condições sanitá- manipulação adequada dos alimen-
culinários deste segmento no contex- rias estabelecidas pela RDC no 216 tos e ter conhecimento das doenças
to de saúde pública. (BRASIL, 2004) e nos dados adqui- transmitidas por alimentos. A capaci-
Diante da importância deste assun- ridos com a lista de verificação apli- tação deve ser comprovada mediante
to, no presente trabalho objetivou-se cada nos 12 restaurantes avaliados documentação externa ou registro
avaliar os pontos críticos de controle neste estudo, formulou-se um roteiro interno do treinamento. Verificou-se
Tabela 1- Avaliação dos quatro pontos críticos verificados nas quatro zonas no Município do Rio de Janeiro. 2016.
Curso de manipuladores + - + + + + + + + + - -
Pia exclusiva - + - + + - + + + - - +
pH - - - - - - - - + - - -
Temperatura - - - - - - - - + - - -
(+) item conforme e (-) item não conforme
34
Higiene Alimentar - Vol.32 - nº 278/279 - Março/Abril de 2018
35
ARTIGO
neste estudo uma preocupação dos portanto, uma legislação específica o consumidor. A temperatura de ex-
responsáveis pelos estabelecimentos para a gastronomia japonesa e um posição desejável é de até 5 oC e com
comerciais quanto ao requisito da roteiro de BP específico para este prazo de 8 horas, enquanto a CVS 5
capacitação dos manipuladores, com segmento (quadro 1). (2013) determina que alimentos frios
percentual de 75% (Tabela 1), entre- Os baixos índices de contamina- devem ser distribuídos a 10oC por até
tanto, muitos sushimen freelancers, ção pelo Bacillus cereus no arroz são 4 horas ou entre 10 oC e 21 oC por
aqueles que exercem suas atividades atribuídos ao processo de acidifica- até 2 horas.
em eventos e locais alternativos, e ção, diminuindo o potencial de ati- A necessidade de publicação de
esporadicamente em restaurantes, vidade de água do alimento. O pro- uma legislação específica e mais de-
desconhecem as BP e nunca foram cesso de acidificação deve obedecer talhada é de grande valia para este
capacitados. a critérios, principalmente o de con- segmento e para a produção de ali-
Observou-se que os restaurantes trole do pH do arroz. Este é um ponto mentos inócuos.
da Zona Oeste e da região Central em prol do qual os órgãos competen-
da cidade apresentaram ambos o per- tes nunca legislaram. O percentual CONCLUSÃO
centual de 33,3% para o requisito de foi de 8,33% (Tabela 1), onde apenas
pia exclusiva para higienização das um estabelecimento aferia e registra- O roteiro é uma ferramenta útil
mãos. Em 66,7% dos estabelecimen- va o pH do arroz acidificado. que auxiliará os profissionais deste
tos visitados nessas regiões, a pia era O Brasil é um país de muita bu- segmento. O PCC/requisito de ca-
de uso compartilhado para a lavagem rocracia, o que impede o avanço das pacitação dos manipuladores apre-
dos utensílios (Tabela 1). ciências em geral, visto que a legis- sentou percentual de 75% de confor-
Segundo Huss (2000), o preparo lação que contempla o valor adequa- midade, enquanto o controle de pH
de sushis é uma operação comple- dado para o pH do arroz acidificado e temperatura dos alimentos foi de
tamente manual enquanto outros (abaixo de 4,6) data de 2007 (NSW 8,3% apenas.
ingredientes são adicionados ao pro- FOOD AUTHORITY, 2007).
cesso, o que agrava seu potencial A RDC no 216 da ANVISA não REFERÊNCIAS
de contaminação. Desta forma, uma especifica qual deve ser a tempe-
pia exclusiva para higienização das ratura dos alimentos frios na distri-
ALCANTARA, BM. Qualidade higiênico-
mãos é fundamental para garantir a buição, ela apenas preconiza que no
-sanitária de sushi e sashimi servi-
segurança das preparações. armazenamento, os alimentos devem
dos em restaurantes da cidade de
Os sashimis e sushis são produzi- permanecer até 5oC (BRASIL,2004).
Fortaleza. 2009. 68p. Dissertação
dos à base de peixe, principalmente Recorre-se à Portaria CVS 5 do Esta-
(Mestrado em Saúde Pública), Centro
o salmão e o atum, e como ingre- do de São Paulo, que determina que
de Ciências da Saúde, Universidade
diente também na composição, o os alimentos frios devem ser distri-
Estadual do Ceará, Ceará, 2009.
arroz (MATTÉ et al., 2006, MAR- buídos a 10 oC por até 4 horas (SÃO
TINS,2006). De acordo com Car- PAULO, 2012). Apenas um restau- BRASIL. Resolução RDC nº 12, de 02 de
doso (2014), o arroz adicionado ao rante neste estudo apresentou regis- janeiro de 2001. Dispõe sobre Re-
peixe cru, é considerado um ponto tro de temperatura limite inferior a gulamento Técnico sobre Padrões
crítico relevante, e a resolução RDC 5oC na vitrine de exposição (8,33%) Microbiológicos para Alimentos.
no 12 da ANVISA não estabelece que de acordo com as legislações inter- Disponível em: <http://portal.anvisa.
deva ser feita a pesquisa de Bacillus nacionais (FOOD AND ENVIRON- gov.br/documents/33880/2568070/
cereus em sushis (BRASIL, 2001). MENTAL HYGIENE DEPART- RDC_12_2001.pdf/15ffddf6-3767-
As iguarias sushi e sashimi estão en- MENT HKSAR GOVERNMENT, 4527-bfac-740a0400829b>. Acesso
quadradas no item 22 do anexo I sub- 2000; NSW FOOD AUTHORITY, em: 11 março 2017.
-item “b, à base de carnes, pescados 2007) e a nova legislação de Porto BRASIL. Resolução RDC nº 216, de 15
e similares crus, porém, sabendo que Alegre (PORTO ALEGRE,2 016). de setembro de 2004. Dispõe sobre
os sushis são pratos elaborados com As temperaturas no display foram Regulamento Técnico de Boas Prá-
pescado cru e arroz, considera-se re- sempre acima de 10oC. ticas para serviços de alimentação.
levante adotar como parâmetro tam- De acordo com a Food Safety Disponível em: < http://portal.anvisa.
bém o sub-item “d à base de cereais e Victoria (2008), é necessário ter um gov.br/documents/33916/388704/
similares seguindo os padrões micro- controle rigoroso do binômio tempo RESOLU%25C3%2587%25C3%258
biológicos sanitários para alimentos e temperatura no armazenamento e 3ORDC%2BN%2B216%2BDE%2B1
(BRASIL, 2001). Faz-se necessária, na exposição do sushi e sashimi para 5%2BDE%2BSETEMBRO%2BDE%
36
Higiene Alimentar - Vol.32 - nº 278/279 - Março/Abril de 2018
37
ARTIGO
AVALIAÇÃO DA TEMPERATURA E
do binômio tempo-temperatura em
serviços de alimentação, visto que
esse é um fator primordial à seguran-
ça higienicossanitária dos alimentos
38
Higiene Alimentar - Vol.32 - nº 278/279 - Março/Abril de 2018
a primary factor in hygienic-sanitary Neste contexto, temperaturas ade- em temperatura mínima de 60 ºC por
safety of foods and the health of the quadas durante o armazenamento, tempo máximo de 6 horas, ou abaixo
diners. cocção e distribuição dos alimentos de 60 ºC por, no máximo, 1 hora; já
são fundamentais para o controle e/ os alimentos frios devem permanecer
Keywords: Food services. Food
ou redução da proliferação micro- na distribuição a, no máximo, 10 ºC
hygiene. Quality control.
biana, uma vez que inativam o me- por tempo máximo de 4 horas, ou,
tabolismo dessas células e, conse- entre 10 e 21 ºC por, no máximo, 2
INTRODUÇÃO quentemente, reduzem o risco de horas (BRASIL, 2013).
A
desenvolvimento de DTA (RICAR- Diante disso, o presente estudo
s Unidades de Alimen- DO; MORAIS; CARVALHO, 2012). objetivou avaliar as temperaturas e o
tação e Nutrição (UAN) Todavia, cabe ressaltar que a tempe- tempo de exposição das preparações
têm como função ofere- ratura deve estar associada ao tempo no Buffet de um restaurante comer-
cer refeições equilibradas de exposição do alimento, fator co- cial do tipo self service na cidade de
nutricionalmente e seguras do pon- nhecido como binômio tempo-tem- Guarapuava-PR.
to de vista higienicossanitário, por peratura, com o objetivo de avaliar o
meio de armazenamento, produção grau de risco existente (BORGES et MATERIAL E MÉTODOS
e distribuição adequados (SUSIN et al., 2016). Pode-se exemplificar este
al., 2017). Neste sentido, a tempera- fenômeno com alimentos que pas- Estudo descritivo transversal,
tura dos alimentos durante sua dis- sam por cocção, que é um processo realizado em uma Unidade de Ali-
tribuição é um dos principais fatores capaz de destruir a maioria dos es- mentação e Nutrição comercial do
envolvidos no crescimento de micro- poros de micro-organismos, porém, tipo self service na cidade de Guara-
-organismos e, consequentemente, devido ao intervalo entre o preparo e puava-PR, durante o período de ou-
no desenvolvimento de Doenças a ingestão da preparação, pode haver tubro a dezembro de 2017. As tem-
Transmitidas por Alimentos (DTA) o crescimento de células vegetativas peraturas das preparações servidas
(BORGES et al., 2016; CENTURIO- no alimento proveniente de esporos foram avaliadas diariamente, duran-
NE; SANTOS, 2016). que tenham sobrevivido ao calor, te 30 dias, no início e ao término
As DTA são ocorrências clínicas causando, assim, sua contaminação da distribuição e, posteriormente,
ocasionadas pela ingestão de alimen- (ROBERTTS; HOBBS, 1999 apud comparadas aos valores preconiza-
tos contaminados por micro-organis- BORGES et al., 2016). dos pela legislação vigente.
mos, os quais podem ser bactérias Tendo em vista a importância do Para aferição das temperatu-
e/ou suas toxinas, vírus, parasitas, controle de tempo e temperatura dos ras, utilizou-se termômetro digital
fungos ou produtos químicos, sendo alimentos para assegurar sua qua- de penetração, cuja haste era in-
que suas manifestações podem variar lidade, a portaria CVS 5, de 09 de troduzida no centro do alimento,
desde leves desconfortos intestinais abril de 2013, estabelece os seguin- sem tocar o fundo do recipiente,
até insuficiência renal aguda (BRA- tes critérios para a distribuição de até a estabilização da temperatura
SIL, 2015). Dados do Sistema de In- alimentos quentes e frios: os balcões (BRASIL, 2015). Em seguida, fo-
formação de Agravos de Notificação térmicos devem estar limpos, com ram determinadas as médias diárias
(SINAN) demonstram que, em 2015, água tratada e limpa, trocada diaria- das temperaturas das preparações,
ocorreram no Brasil 426 surtos ali- mente e conservada em temperatura que foram divididas em saladas,
mentares, atingindo 7.371 pessoas e de 80 a 90 ºC; os alimentos quentes carnes, prato base, acompanhamen-
causando 4 óbitos (BRASIL, 2015). devem ficar expostos na distribuição tos e sobremesas.
Tabela 1 - Médias de temperatura das preparações servidas em uma Unidade de Alimentação e Nutrição.
Temperatura média Temperatura desejável Adequação
(ºC) (ºC) (%)
Saladas 22,6 10 226
Carnes 64,2 60 107
Pratos base 73,5 60 122,5
Acompanhamentos 57,4 60 95,6
Sobremesas 15,5 10 155
39
ARTIGO
RESULTADOS E DISCUSSÃO Borges et al. (2016) também obser- associados à temperatura inadequada
varam que 69% das saladas de um são potenciais fatores de risco para
As temperaturas foram avaliadas restaurante universitário apresenta- surtos alimentares ocasionados pela
durante 30 dias, entre as 11:00 e as ram temperaturas acima de 21 ºC, e contaminação dos alimentos, espe-
14:00, correspondendo a três horas relataram que as saladas eram prepa- cialmente das carnes (PEREIRA;
de exposição. Os pratos frios (sala- radas em temperatura ambiente, as- ABREU; FERREIRA, 2016).
das e sobremesas) ficavam dispos- sim como no presente estudo. Os acompanhamentos/guarnições,
tos em uma bancada sem refrigera- Da mesma forma, as sobremesas, que eram totalizados em oito prepa-
ção, enquanto os pratos quentes em que eram compostas por salada de rações, apresentaram temperatura
cubas que eram mantidas aquecidas frutas e uma preparação doce, apre- média abaixo do previsto pela legis-
durante a distribuição. Na tabela 1 sentaram média de temperatura ina- lação. Este resultado pode ser devido
são apresentadas as médias gerais dequada, sendo 15,5 ºC. A mesma ao fato de que algumas preparações,
das temperaturas das saladas, carnes, justificativa da temperatura das sala- como farofas, batata doce e omeletes,
pratos base, acompanhamentos e so- das se aplica às sobremesas, pois es- não ficavam em cubas, mas em reci-
bremesas. tas também ficavam expostas sobre pientes dispostos sobre a bancada, o
Na Unidade observou-se que fo- bancada sem refrigeração. Este pode que fazia com que esses alimentos
ram servidos oito tipos de saladas ser um fator de risco para a prolifera- atingissem temperatura ambiente
diariamente. Entre estas, nota-se que ção microbiana, especialmente por- durante a distribuição. Nascimento
a temperatura média foi superior ao que a maioria das preparações doces et al. (2017) também obtiveram re-
dobro do desejável, ocasionando, eram a base de leite. Além disso, a sultados similares para as guarnições
assim, risco de contaminação das salada de frutas é caracterizada por em estudo realizado em três refeitó-
mesmas, especialmente daquelas que intensa manipulação, pelo processo rios de um restaurante universitário
contêm ingredientes de origem ani- de descascamento e corte desses ve- que servia refeições transportadas,
mal, como maionese e salpicão. De getais, o que também pode elevar o observando temperatura mínima de
acordo com a Associação Brasileira risco de contaminação. Segundo Me- 43,3ºC e máxima de 48,4ºC entre es-
das Empresas de Refeições Coletivas deiros et al. (2015), a contaminação sas preparações.
(ABERC, 2013), alimentos poten- das frutas pode ocorrer, dentre outros Associado às temperaturas de al-
cialmente perigosos que são servidos fatores, devido a condições inade- gumas preparações fora do padrão
frios, como sobremesas cremosas, quadas de higiene dos manipulado- exigido pela legislação, observou-se
maioneses e salpicões, devem per- res e dos utensílios utilizados, bem
inadequado tempo de exposição des-
manecer na distribuição com tem- como inadequado armazenamento
ses alimentos, uma vez que, as prepa-
peraturas inferiores a 10 ºC por, no do alimento pronto.
rações quentes que se encontrassem
máximo 4 horas, ou acima de 10 ºC As carnes e pratos base (arroz
abaixo de 60ºC deveriam permane-
por, no máximo, 2 horas. Todavia, branco, arroz integral e feijão) apre-
cer na distribuição por, no máximo,
na Unidade avaliada, o tempo médio sentaram temperaturas adequadas,
1 hora, e as preparações frias que se
de exposição dos alimentos foi de 3 estando acima do valor estipulado
encontrassem entre 10 e 21ºC por, no
horas. Resultados semelhantes foram pela portaria CVS 5, de 09 de abril de
máximo, 2 horas (BRASIL, 2013);
encontrados por Reis et al. (2011), 2013 (BRASIL, 2013), corroborando
todavia, o tempo médio de exposi-
que avaliaram as temperaturas de com o estudo de Borges et al. (2016),
preparações em três restaurantes e que também encontraram tempera- ção observado foi de 3 horas. Sen-
encontraram médias de temperatura turas adequadas para arroz, feijão e do assim, há necessidade de melhor
das saladas de 16 ºC, 15 ºC e 9 ºC. carnes durante a distribuição. controle de tempo-temperatura das
Ressalta-se que na Unidade ava- Resultados de outros estudos, refeições servidas na Unidade, com
liada não havia balcão refrigerado, o como o de Oliveira et al. (2012) e de vistas à prevenção de contaminação
que pode ter ocasionado o aumento Nascimento et al. (2017), demons- dos alimentos e de doenças veicula-
da temperatura das saladas durante a tram temperaturas abaixo da reco- das por estes.
distribuição. Além disso, observou- mendação para arroz, feijão e carnes,
-se que essas preparações não eram fato que indica a necessidade de me- CONCLUSÃO
armazenadas sob refrigeração até o lhor controle de temperatura dessas
momento de servir, o que fazia com preparações em serviços de alimen- Diante destes resultados, pode-se
que elas fossem levadas à distribui- tação. O preparo muito antecipado inferir que a Unidade apresentava
ção já em temperatura ambiente. e a exposição por longos períodos, controle de temperatura adequado
40
Higiene Alimentar - Vol.32 - nº 278/279 - Março/Abril de 2018
para algumas preparações quentes, de Estado da Educação. Boas Práti- Rev Inst Adolfo Lutz, v.74, n.3, p.266-
no entanto, os acompanhamentos e cas de Manipulação de Alimentos. 73, 2015.
as preparações frias demonstraram Curitiba: SEED-PR, v.1, 2015. NASCIMENTO, LA et al. Binômio tempo
temperaturas fora do padrão exigi- BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria e temperatura de preparações em
do. Cabe ressaltar que tais condições de Vigilância em Saúde. Departamen- serviço de alimentação transportada.
poderiam ser modificadas com téc- to de Vigilância Das Doenças Trans- Nutrivisa, v.3, n.3, 2017.
nicas corretas de preparo, armazena- missíveis. Doenças Transmitidas por OLIVEIRA, LC et al. Avaliação das tem-
mento e distribuição dos alimentos, Alimentos. Brasil, 2015. Disponível peraturas das preparações dos res-
em especial a utilização de balcão em: <http://portalarquivos.saude.
taurantes self service do hipercentro
refrigerado para as saladas e sobre- gov.br/images/pdf/2015/novem-
mesas, a fim de atingir temperatu- de Belo Horizonte/MG. HU Revista,
bro/09/Apresenta----o-dados-gerais-
ras satisfatórias e assim assegurar a Juiz de Fora, v.38, n.3 e 4, p.167-173,
-DTA-2015.pdf>. Acesso em: 06 dez.
qualidade higienicossanitária do ali- 2012.
2017.
mento. Assim, faz-se cada vez mais PEREIRA, FCS; ABREU, RS; FERREIRA,
BRASIL. Secretaria de Estado da Saúde.
necessária a investigação do binô- EG. Pesquisa de Escherichia coli no
Coordenadoria de Controle de Do-
mio tempo-temperatura em serviços churrasquinho de carne comercializa-
enças. Portaria CVS 5, de 09 de abril
de alimentação, visto que esse é um do no centro de Macapá. Rev Eletrô-
de 2013. Regulamento Técnico de
fator primordial à segurança higie- nica Estácio Saúde – v.5, n.2, 2016.
Boas Práticas para Estabelecimentos
nicossanitária dos alimentos e saúde REIS, VG et al. Verificação do binômio
Comerciais de Alimentos e para Ser-
dos comensais. tempo-temperatura de preparações
viços de Alimentação. Disponível em:
< http://www.cvs.saude.sp.gov.br/up/ em uma rede de restaurantes da ci-
REFERÊNCIAS PORTARIA%20CVS-5_090413.pdf>. dade de Viçosa, MG. Anais III SIM-
Acesso em: 07 dez. 2017. PAC, v.3, n.1, p.437-444, 2011.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DAS EM- CENTURIONE, FCL; SANTOS, RLP. Ava- RICARDO, FO; MORAIS, MP; CARVA-
PRESAS DE REFEIÇÕES COLETIVAS liação da segurança alimentar dos LHO, ACMS. Controle de tempo e
– Manual ABERC de práticas de ela- serviços de alimentação permissio- temperatura na produção de refei-
boração e serviço de refeições para nários dos campi de uma Universi- ções de restaurantes comerciais na
coletividades, 10. ed. São Paulo, dade Federal. 2016. 63f. Trabalho cidade de Goiânia-GO. Rev. Deme-
2013. de Conclusão de Curso (Nutrição) tra: Nutrição e saúde, v.7, n.2, p.85-
BORGES, NR et al. Avaliação do binômio - Universidade Federal Fluminense, 96, 2012.
tempo-temperatura das refeições de Niterói, 2016. SUSIN, V et al. Condições higiênico-sa-
um restaurante na cidade de Palmas- MEDEIROS, VPB et al. Identificação da nitárias, estruturais e de funciona-
-Tocantins. Rev Desafios, v.03, n.02, microbiota fúngica anemófila em uma mento de Unidades de Alimentação
2016. indústria de polpas de frutas e sus- e Nutrição. Vigil. sanit. Debate, v.5,
BRASIL. Governo do Paraná. Secretaria ceptibilidade antifúngica a terpenos. n.1, p.60-68, 2017.
41
ARTIGO
QUALIDADE MICROBIOLÓGICA
ABSTRACT
FRANGO COMERCIALIZADAS EM
and in use. This work evaluated the
quality of 15 tapiocas with chicken-
based fillings marketed in a free
market, through microbiological
A
cereus 30 ºC (UFC/g), Clostridium sulfito redutor (UFC/g) e Salmonella sp
(25g) avaliando a eficiência do processo de produção e manipulação das ta- alimentação em feiras
piocas. Observou-se que uma amostra apresentou resultado acima do padrão livres faz parte da cul-
(7,8 x 103 UFC/g) estabelecido em legislação para Estaf.coag.positiva. O re- tura das populações das
sultado representa 6,7% fora do padrão das amostras analisadas para Estaf. cidades, trata-se de uma
coag.positiva e 1,3% do total geral das amostras analisadas. Tais achados atividade informal, com produtos de
demonstraram que o processo de produção e manipulação das tapiocas po- rápido preparo, baixo custo e comer-
dem causar riscos para os seus consumidores por apresentarem contaminação cialização em locais abertos, com
por Estaf.coag.positiva, que sintetizam enterotoxinas e podem ser danosas instalações deficientes, com isso, o
à saúde. risco de uma contaminação é alto,
visto que o processamento é realiza-
Palavras-chave: Contaminação. Micro-organismos. Saúde Pública.
do de forma artesanal, sem controles
42
Higiene Alimentar - Vol.32 - nº 278/279 - Março/Abril de 2018
específicos, sem uma infraestrutura podendo assumir grande importância consumo próprio, acondicionadas
adequada e sem conhecimentos ne- do ponto de vista turístico, pois vá- nas embalagens de consumo dos es-
cessários sobre manipulação segura rios destes são típicos de uma região tabelecimentos e transportadas em
dos alimentos (RODRIGUES et al., (OLIVEIRA et al., 2006). Os conhe- temperatura ambiente imediatamen-
2010). cimentos técnicos e a legislação sani- te para o Laboratório de análises de
O comércio popular em feiras li- tária são estranhos aos feirantes, des- alimentos terceirizado com sistema
vres, padarias e mercados municipais ta forma, um estudo gastronômico de de gestão ISO 17025, onde foram
surgiram no Brasil muito antes dos uma feira livre demanda avaliação analisadas quantitativamente para
supermercados convencionais, pos- das condições higiênicas durante o os micro-organismos Coliformes a
suindo uma tradição muito forte em preparo e o comércio dos alimentos, 45ºC/g, Estafilococos coagulase po-
consumo de alimentos perecíveis. com vista na preservação da saúde do sitiva /g, Bacillus cereus /g, Clostri-
Seus pontos comerciais mantêm-se consumidor e na valorização da feira dium sulfito redutor a 46ºC/g e quali-
enraizados em cada bairro, esqui- livre como atração turística (MIN- tativamente para Salmonella sp/25g .
na ou praça de praticamente todos NAERT E FREITAS, 2010). A Ta- Foram adquiridas três amostras de
os municípios do Brasil. Represen- pioca, produto de origem indígena, é tapiocas de cada barraca, totalizando
tam um elo importante na cadeia do produzida de maneira simples, quan- 15 amostras, seguindo como refe-
abastecimento alimentar, sendo que do se adiciona uma fina camada de rência os parâmetros da RDC nº 12
muitos consumidores ainda preferem goma de mandioca peneirada sobre (BRASIL, 2001). Todas as amostras
frequentá-los aos supermercados uma chapa aquecida, coloca-se o re- foram devidamente identificadas por
convencionais para não enfrentar fi- cheio por cima e por último a tapioca ponto de venda (1 ao 5) e levadas
las e deslocamentos. Além da proxi- é dobrada em forma de leque. Desse para o laboratório, imediatamente
midade com o vendedor, o encontro processo resulta um produto alimen- após as coletas, onde foram prepa-
com pessoas para conversar, o aroma tar saboroso, regional, com infinitas radas e analisadas. Todas as técnicas
e frescor dos produtos, a imensa va- possibilidades de recheios, de preço para análise microbiológica estão de
riedade e a possibilidade de barganha acessível e com alto valor energético acordo com Silva et al. (2010).
apresentam-se como vantagens (AS- que é bastante apreciada pelos con-
SUMPÇÃO et al., 2014). sumidores, porém seu consumo pode RESULTADOS E DISCUSSÃO
Apesar de competirem com es- apresentar riscos à população, quan-
paços de comercialização varejistas do elaborada de forma artesanal e/ou Na tabela 1 são apresentados os
organizados, como as redes de super- comercializada sem respeitar os as- valores dos resultados das análises
mercados e hipermercados, as feiras pectos higienicossanitários corretos microbiológicas de tapiocas comer-
são um recurso muito utilizado para (SOTO et al., 2008). cializadas em uma feira livre do mu-
o abastecimento doméstico periódico Neste sentido, este trabalho foi nicípio de Ji-Paraná, seguindo como
de alimentos frescos e produtos espe- conduzido com o objetivo de avaliar base os parâmetros da RDC nº 12
ciais (PIERRE, 2013). as condições de higiene na produção (BRASIL, 2001) para produtos de
Este tipo de comércio pode cons- de tapiocas com recheios a base de confeitaria, lanchonete, padarias e
tituir um risco à saúde da população, frango comercializada na feira li- similares, doces e salgados - prontos
pois os alimentos podem ser facil- vre em Ji-Paraná-RO, por meio de para consumo (bolos, tortas e simila-
mente contaminados com micro- análises microbiológicas, conforme res, doces ou salgados), com ou sem
-organismos patogênicos, devido às preconizado na RDC nº 12 (BRA- recheio e cobertura, à temperatura
condições inadequadas do local de SIL, 2011), para micro-organismos ambiente, seguindo a tolerância para
preparo e à falta de conhecimentos Coliformes a 45ºC (UFC/g), Estafi- amostra indicativa de 102 UFC/g para
de técnicas de manipulação higiênica lococos coagulase positiva (UFC/g), Coliformes a 45ºC, 103 UFC/g para
por parte dos comerciantes. Geral- Bacillus cereus 30ºC (UFC/g), Clos- Estafilococos coagulase positiva,
mente, as áreas de venda apresentam tridium sulfito redutor (UFC/g) e 103 UFC/g para B. cereus, 103 UFC/g
infraestrutura inadequada, falta de Salmonella sp (25g). para Clostridium sulf. redutor a 46ºC
acesso à água potável e a instalações e ausência em 25 g para Salmonella
sanitárias, o que faz aumentar os ris- MATERIAL E MÉTODOS sp.
cos de servirem como veículos de Apenas a amostra 02 do ponto
doenças (HANASHIRO et al., 2002). As tapiocas com recheios de fran- 01, apresentou resultado acima do
Os produtos comercializados dife- go foram adquiridas em uma úni- padrão (7,8 x 103 UFC/g) estabeleci-
rem de acordo com o país e a cultura, ca feira livre como se fossem para do em legislação para Estafilococos
43
ARTIGO
Tabela 1 - Resultados das análises microbiológicas de tapiocas comercializadas em feira livre no município de Ji-Paraná.
Observação: < 1,5 UFC/g é um valor estimado por ter crescido menos que 15 UFC/g na placa.
44
Higiene Alimentar - Vol.32 - nº 278/279 - Março/Abril de 2018
45
ARTIGO
ASSUMPÇÃO, W et al. Estratégias do co- Saúde Coletiva, v.15, n.1, p.1607- de Análise Microbiológica de Ali-
mércio popular de feiras livres e mer- 1614,2010 mentos, Capitulo 09 – Contagem de
cados municipais como benchma- OLIVEIRA, ACG et al. Análise das Condi- Coliformes Totais, Coliformes Termo-
rk para o varejo supermercadista. Rev ções do Comércio de Caldo de Cana tolerantes e Escherichia coli – 4ª. Ed.
Eletrônica da Faculdade de Ciências em Vias Públicas de Municípios – São Paulo: Livraria Varela, 2010.
Exatas e da Terra Produção/cons- Paulistas. Segurança Alimentar e SILVA, KWL et al. Avaliação Microbio-
trução e tecnologia, v.3, n.5, 2014. Nutricional, Campinas, v.13, n.2, p. lógica da Goma de Tapioca Comer-
Disponível em http://www.unigran. 06-18, 2006. Disponível em < http:// cializada em Maceió, Alagoas, 2014
br/ciencias_exatas/conteudo/ed5/ar- www.unicamp. br/nepa/arquivo_san/ SBPC - Sociedade Brasileira para o
tigos/09.pdf acesso em 12/03/2017 Caldo_de_cana.pdf. Acesso em Progresso da Ciência. Disponível em
BRASIL. Ministério da Saúde. Resolução 12/03/2017. http://www.sbpcnet.org.br/livro/66ra/
RDC nº 12, de 02 de janeiro de 2001. PIERRE, LT. Condições higiênico-sani- resumos/resumos/6200.htm acesso
Aprova o Regulamento Técnico so- tárias de alimentos prontos para em 24/09/2017.
bre padrões microbiológicos para ali- o consumo comercializados por SOTO, FRM et al. Metodologia de Avalia-
mentos Disponível em http://por- ambulantes no município de Ouro ção das Condições Sanitárias de Ven-
tal.anvisa.gov.br/wps/wcm/connect/ Preto – MG. 2008. 170 f. Dissertação dedores Ambulantes de Alimentos no
47bab8047458b909541d53fbc4c673 (Mestrado)-Programa de Pós Gra- Município de Ibiúna-SP. Rev Bras.
5RDC_12_2001.pdf?MOD=AJPERES duação em Ciências dos Alimentos Epidemiol., v.11 n.2 São Paulo junho
acesso em 04/04/2017. da Universidade Federal de Minas 2008. Centro de Vigilância Sanitária e
COVISA/AJU. Análise dos riscos sanitá- Gerais: UFMG, 2008. Disponível em Controle de Zoonoses Tereza Rodri-
rios do comércio ambulante de ali- http://www.bibliotecadigital.ufmg.br/ gues de Camargo-Ibiúna-SP.
mentos no pre-caju 2008. Estado de dspace/handle/1843/MAFB-7PZG7N SOUZA, CS et al. Avaliação Higiênico-Sa-
Sergipe Prefeitura Municipal de Ara- acesso em 23/09/2017. nitária dos Lanches Comercializados
caju Secretaria Municipal de Saúde PIERRI, MCQM. A Feira Livre como Ca- na Praça da República em Belém do
Coordenação de Vigilância Sanitária. nal de Comercialização de produtos Pará, PA. Rev Hig Alimentar, v.27,
Disponível em http://www.aracaju. da Agricultura Familiar. Apresenta- n.216/217, jan/fev, 2013.
se.gov.br/userfiles/covisa/precaju_fi- ção Oral-Desenvolvimento Rural, Ter- VARGAS, D e UENO, M. Higiene na Ma-
nal.pdf acesso em 12/03/2017. ritorial e Regional, UNB, Brasília, Bra- nipulação de Lanches no comércio
FRANCO, MGDB; LANDGRAF, M. Micro- sil. Disponível em http://www.sober. Ambulante de Alimentos. Rev Hig
biologia dos Alimentos. São Paulo: org.br/palestra/15/234.pdf> acesso Alimentar, v.28, n.236/237, set/out,
Atheneu, 2003. em 23/09/2017. 2014.
HANASHIRO, A et al. Qualidade Higiênico- RODRIGUES, FM et al. Avaliação das FAUSTINO, JS et al; Análises microbio-
-Sanitária de Alimentos de Rua-Popu- Condições Higiênico-Sanitárias do lógicas de alimentos processados
lares Versus Orientais Comercializa- Comércio Ambulante de Alimentos na na Baixada Santista, envolvidos em
dos em São Paulo. Rev Eletrônica de Cidade de Paraíso do Tocantins. Rev doenças transmitidas por alimentos,
Epidemiologia das Doenças Trans- Acta Tecnológica Rev Eletrônica, To- no período de 2000 – 2006. Rev Inst
mitidas por Alimentos, São Paulo, cantins, v.5, n.1, p.101-112, jan/jun Adolfo Lutz (Impr.), v.66, n.1 São
v.2, n.6, nov. 2002. Disponível em 2010. Disponível em http://portalde- Paulo 2007. Disponível em http://
acesso em 23 abr 2012. periodicos.ifma.edu.br/index.php/ac- periodicos.ses.sp.bvs.br/scielo.
MINNAERT, ACST; FREITAS, MCS. Prá- tatecnologica/article/view/25 acesso php?script=sci_arttext&pid=S00739
ticas de Higiene em uma Feira Livre em 23/09/2017. 8552007000100004&lng=pt&nrm=i
da Cidade de Salvador (BA). Ciênc. SILVA, N da et al. Manual de Métodos ss acesso em 12/10/2017.
46
Higiene Alimentar - Vol.32 - nº 278/279 - Março/Abril de 2018
AVALIAÇÃO DA QUALIDADE
ABSTRACT
MICROBIOLÓGICA DA ÁGUA
at the Centro Universitário Barão de
Mauá, in Ribeirão Preto, SP was the
objective of this article. The determi-
nation of heterotrophic bacteria was
POTÁVEL EM CENTRO
carried out using the "Pour Plate"
technique and the identification of
total and thermotolerant Coliforms
through the Colilert® chromogenic
UNIVERSITÁRIO DE RIBEIRÃO
substrate reagent. The analyzes were
carried out on September 18 and 25
and October 2, 2017. Of the seven
points analyzed points analyzed, a
PRETO, SP.
drinking fountain had heterotrophic
bacteria values higher than 500
CFU/ mL of heterotrophic bacteria
and is not in accordance with Ad-
ministrative Rule 2914/2011, which
provides on the procedures for con-
Andrea Queiróz Ungari * trolling and monitoring the qual-
ity of water for human consumption
Amanda Mendonça Puga and its drinking water standard. The
Giovana Labate Petracca analyzes of total and thermotolerant
Coliforms presented absent results in
Centro Universitário Barão de Mauá, Ribeirão Preto, SP. 100 mL according to the Ordinance.
* andrea.queiroz@baraodemaua.br This study reinforces the need for a
constant monitoring of the microbio-
logical quality of the water, aiming at
the appropriate standards of potabil-
ity for human consumption and then,
RESUMO preventing possible diseases.
Keywords: Potability. Coliforms.
Avaliar a qualidade microbiológica da água potável consumida no Cen- Monitoring.
tro Universitário Barão de Mauá, em Ribeirão Preto-SP foi o objetivo deste
artigo. Para determinação de bactérias heterotróficas foi realizada a técnica INTRODUÇÃO
A
de Pour Plate e a identificação de Coliformes totais e termotolerantes por
meio do reagente substrato cromogênico Colilert®. As análises foram reali- água é considerada fonte
zadas nos dias 18 e 25 de setembro e 02 de outubro de 2017. Dos sete pontos essencial ao desenvol-
analisados, um bebedouro apresentou valores de bactérias heterotróficas, su- vimento humano. Para
periores a 500 UFC/mL e não está de acordo com a Portaria nº 2914/2011, o consumo humano esta
que dispõe sobre os procedimentos de controle e de vigilância da qualidade deve ser palatável (não possuir gos-
da água para consumo humano e seu padrão de potabilidade. As análises to), segura (não conter organismos
de Coliformes totais e termotolerantes apresentaram resultados ausentes em patogênicos ou substâncias quími-
100 mL de acordo com a Portaria. Este estudo reforça a necessidade de um cas), ser límpida (não ter material
constante monitoramento da qualidade microbiológica da água, visando os suspenso ou turbidez), ser livre de
padrões adequados de potabilidade para consumo humano e então, prevenin- cor e odor, ser razoavelmente bran-
do-se possíveis doenças. da, não ser corrosiva e possuir bai-
Palavras-chave: Potabilidade. Coliformes. Monitoramento. xa quantidade de matéria orgânica
47
ARTIGO
(MORENO; DUARTE, 2012). e algumas encefalites (VRANJAC, efetuando-se assepsia do local de sa-
Esses requisitos podem ser repre- 2008). ída de água com álcool 70% e poste-
sentados e analisados por diversos O controle da qualidade da água rior escoamento de água por 3 minu-
parâmetros, resultando em condições para consumo humano age sobre as tos. Um volume aproximado de 200
adequadas ou não para o uso, sendo diferentes formas de seu abasteci- mL de água foi coletado no saquinho
conhecidos como Padrões de Potabi- mento, seja na área urbana, rural, de estéril e transportado em recipiente
lidade. gestão pública ou privada. É impor- isotérmico até o Laboratório de Mi-
Em 2012, 842 mil mortes em paí- tante reconhecer o monitoramento da crobiologia do Centro Universitário.
ses de renda baixa e média estiveram qualidade da água como mecanismo A contagem das bactérias hetero-
ligadas à água contaminada e servi- de verificação da sua potabilidade tróficas foi realizada em duplicata
ços inadequados. Com isso, a dispo- para consumo humano, conforme es- utilizando-se a técnica de cultivo em
nibilidade de água potável é reduzida tabelecido na Portaria do Ministério profundidade (Pour Plate Method)
ainda mais, principalmente por causa da Saúde nº 2914, de 12 de dezembro empregando-se o meio de cultura
das mudanças climáticas que difi- de 2011 (MEDEIROS; LIMA; GUI- Plate Count Ágar (PCA), preparado
cultam a reposição de água. Sendo MARÃES, 2016). conforme as recomendações do fa-
assim, o tratamento de água residual De acordo com essa Portaria toda bricante. Em seguida, foi preparada a
vem crescendo constantemente (OR- água destinada ao consumo humano, Solução de Tiossulfato de Sódio 10%,
GANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNI- distribuída coletivamente por meio cujo objetivo é o de inibir o efeito do
DAS, 2017). de sistema ou solução alternativa cloro ativo presente na água.
A contaminação da água pode oca- de abastecimento deve ser objeto de Para a realização das análises mi-
sionar a morte de pessoas, a destrui- controle e vigilância da qualidade da crobiológicas, utilizou-se a cabine de
ção de ecossistemas naturais e ainda, água e seguir um padrão de potabili- segurança biológica com o bico de
interfere na produção alimentar e na dade (BRASIL, 2011). bunsen, procedendo-se da seguinte
biodiversidade (ORGANIZAÇÃO Na Tabela 1 são apresentados os maneira: para cada 100 mL da amos-
DAS NAÇÕES UNIDAS, 2010). A parâmetros microbiológicos exigidos tra adicionou-se 0,1 mL de tiossulfa-
transmissão de doenças pode ocorrer pela Portaria do Ministério da Saúde to de sódio 10%, homogeneizou-se e
por ingestão direta de água contami- nº 2914/2011 para a potabilidade da aguardou-se um minuto; em cada uma
nada, quando a população não tem água. das placas de Petri distribuiu-se 1,0
acesso à água tratada e consome água Desta forma, o objetivo do pre- mL de cada uma das amostras de água
de poços, minas, bicas ou utiliza água sente estudo foi avaliar a qualidade e verteu-se, aproximadamente 15 - 20
mineral de fontes contaminadas. São microbiológica da água potável con- mL do meio Ágar PCA fundido e am-
elas: cólera, febre tifoide, hepatite A sumida no Centro Universitário Ba- bientado a 45 – 50 ºC; rotacionou-se
e doenças diarreicas agudas de várias rão de Mauá, em Ribeirão Preto-SP, com movimentos em forma de “8” ou
etiologias, podendo em alguns casos comparando-se os resultados obtidos “S” por 10 vezes e deixou-se resfriar
transmitir de pessoa para pessoa, au- com a normativa de potabilidade da à temperatura ambiente.
mentando a contaminação na comu- água. As placas foram incubadas em po-
nidade (VRANJAC, 2008). sição invertida em embalagens plás-
Também há contaminação por MATERIAL E MÉTODOS ticas após 72 horas num intervalo de
contato pele/mucosa com água con- 30 – 35ºC.
taminada por esgoto humano ou por Para a execução do estudo, foram O processo foi realizado em du-
fezes ou urina de animais, destacan- coletadas amostras de sete bebedou- plicata e para contagem de colônias
do-se as verminoses, esquistossomo- ros do tipo pressão, localizados no heterotróficas foi realizada a leitura
se e leptospirose. A falta de acesso à Térreo, 1º, 2º e 3º andares da Unida- por meio de um contador de colônias.
água tratada ou rede de esgoto pode de Central deste Centro Universitá- No final das etapas da técnica de Pour
impedir a higienização necessária rio. O Centro Universitário Barão de Plate foi realizada uma leitura para
para se evitar várias doenças, como Mauá oferece Cursos de Graduação determinação do número de colônias
tracoma, piolhos e ascaridíase que em todas as áreas: Saúde, Exatas, de micro-organismos e cálculo da mé-
podem ser carregados para água Humanas, Ciências Sociais Aplica- dia das contagens obtidas. O resultado
contaminando os alimentos, além de das, Letras e Artes. foi expresso em unidades formadoras
transmissão por insetos/vetores que As coletas das amostras fo- de colônias por mL (UFC/mL).
se desenvolvem na água, como den- ram realizadas em saquinhos esté- Já a análise de coliformes to-
gue, febre amarela, filariose, malária reis, utilizando-se luvas estéreis e tais e termotolerantes foi realizada
48
Higiene Alimentar - Vol.32 - nº 278/279 - Março/Abril de 2018
utilizando-se o método rápido de amostra e leitura através da exposi- das águas minerais ou eficiência nas
caráter qualitativo para detecção em ção da amostra à lâmpada Ultravio- diversas etapas de tratamento (REIS
água utilizando o método Colilert® leta a 365 nanômetros. et al., 2012).
(LABORATÓRIO IDEXX, 2017). As análises foram realizadas no Os resultados das análises micro-
Este método consiste em misturar Laboratório de Microbiologia, nos biológicas de contagem de bactérias
o meio de cultura com 100 mL de dias 18 e 25 de setembro e 02 de ou- heterotróficas estão descritos na Ta-
amostra, incubar e ler o resultado tubro de 2017, compreendendo o ho- bela 2.
como presença ou ausência (qualita- rário entre 15 e 18 horas. Observa-se que houve crescimen-
tivo) (OKOKO et al., 2012). A tec- to de bactérias heterotróficas nas
nologia do substrato definido tem a RESULTADOS E DISCUSSÃO amostras de água coletadas nos be-
capacidade de detectar a produção bedouros do tipo pressão, porém dos
de duas enzimas (β-galactosidase A contagem de bactérias hetero- sete pontos analisados, seis apresen-
e β-glucoronidase) que são espe- tróficas serve como indicador auxi- taram-se dentro do limite especifi-
cíficas para o grupo coliforme e liar da qualidade da água, pois o teste cado pela Portaria nº 2914 de 2011.
Escherichia coli respectivamente, inclui a detecção inespecífica de bac- No entanto, houve crescimento aci-
para tanto, em sua formulação estão térias ou de esporos de bactérias, seja ma do especificado na contagem de
presentes os substratos Ortofenil- de origem fecal, componentes da flo- bactérias heterotróficas de um dos
β-D-galactopiranosídio (ONPG) e ra natural da água ou resultado da bebedouros do 2º andar, excedendo
4-metilumbeliferil-β- D-glucoronida formação de biofilmes no sistema de o limite especificado para água po-
(MUG). Os coliformes hidrolisam o distribuição (BUCHELE; RIZZAR- tável, de 500 UFC/mL, representan-
ONPG para utilização do açúcar, li- DI, 2010). do 14,29% do total dos bebedouros
berando o orto-nitrofenol que confe- A Portaria do Ministério da Saú- analisados.
re cor amarela ao meio após 24 horas de nº 2914 de 2011 estabelece o pa- Segundo a Portaria do Ministério
de incubação a temperatura de 35 ± drão de potabilidade para consumo da Saúde nº 2914 de 2011, a água
0,5 ºC. Com a presença de Escheri- humano e define que a contagem destinada ao consumo humano deve
chia coli, o meio apresenta fluores- de bactérias heterotróficas não deve estar ausente de bactérias do grupo
cência em luz ultravioleta, esta di- exceder a 500 UFC/mL (BRASIL, coliformes, por 100 mL da amostra
ferenciação ocorre pela presença do 2011). A contagem padrão de bac- (BRASIL, 2011).
MUG (LUSTER-TEASLEY; IVES, térias heterotróficas em água é um As análises microbiológicas de
2013). importante instrumento auxiliar no coliformes totais e termotolerantes
O procedimento consistiu no se- controle bacteriológico para verificar podem ser observadas na Tabela 3.
guinte: as amostras foram adiciona- as condições higiênicas e de proteção As amostras dos pontos coletados
das em frascos shot de 100 mL esté- de poços, reservatórios e sistema de no período do estudo se encontram
reis transparentes não fluorescentes; distribuição de água e avalia a efici- de acordo com as especificações
acrescentou-se na amostra 0,1 mL ência na remoção de bactérias nas di- exigidas pela legislação vigente, ou
de tiossulfato de sódio a 10% esté- versas etapas de tratamento de água seja, estão ausentes de bactérias to-
ril para inibir o efeito do cloro ativo; potável (MACEDO, 2001). A conta- tais e termotolerantes por 100 mL de
adicionou-se o reagente Colilert® gem de bactérias heterotróficas obje- amostra.
em 100 mL da amostra e homoge- tiva estimar este número de bactérias A Figura 1 apresenta a análise de
neizou-se. A amostra foi incubada a na água e pode ser usada como ferra- coliformes totais e termotolerantes
35ºC por 24 horas e em seguida foi menta para acompanhar as variações de amostras dos pontos coletados.
realizada uma inspeção visual da nas condições de processo no caso Observa-se que a luz ultravioleta
Tabela 1 - Parâmetros microbiológicos exigidos pela Portaria do Ministério da Saúde nº 2914/2011 para a potabilidade da água.
Análises Microbiológicas
Parâmetro Unidade Valor máximo permitido
Coliformes Totais N/A Ausência em 100 mL
Coliformes Termotolerantes N/A Ausência em 100 mL
Contagem de bactérias heterotróficas UFC/mL 500 UFC/mL
Legenda: UFC: Unidade Formadora de Colônia. N/A: não se aplica.
Fonte: BRASIL, 2011.
49
ARTIGO
Tabela 1 - Parâmetros microbiológicos exigidos pela Portaria do Ministério da Saúde nº 2914/2011 para a potabilidade da água.
Análises Microbiológicas
Parâmetro Unidade Valor máximo permitido
Coliformes Totais N/A Ausência em 100 mL
Coliformes Termotolerantes N/A Ausência em 100 mL
Contagem de bactérias heterotróficas UFC/mL 500 UFC/mL
Legenda: UFC: Unidade Formadora de Colônia. N/A: não se aplica.
Fonte: BRASIL, 2011.
Tabela 3 - Resultados obtidos da análise de coliformes totais e termotolerantes, em amostras de água coletadas no Centro Universitário, nos
dias 18 e 25 de setembro e 02 de outubro de 2017.
Resultados de Coliformes Totais e Termotolerantes
Bebedouros Analisados
1ª Coleta 2ª Coleta 3ª Coleta
Térreo Cantina Ausência em 100 mL Ausência em 100 mL Ausência em 100 mL
Térreo Expediente Central Ausência em 100 mL Ausência em 100 mL Ausência em 100 mL
Térreo Cantina Ausência em 100 mL Ausência em 100 mL Ausência em 100 mL
1º Andar Ausência em 100 mL Ausência em 100 mL Ausência em 100 mL
2º Andar Ausência em 100 mL Ausência em 100 mL Ausência em 100 mL
3º Andar Ausência em 100 mL Ausência em 100 mL Ausência em 100 mL
Laboratórios Ausência em 100 mL Ausência em 100 mL Ausência em 100 mL
50
Higiene Alimentar - Vol.32 - nº 278/279 - Março/Abril de 2018
quando em exposição à luz ultra- Gerais. Nutrir Gerais. Rev Digital Empresa de Saneamento Básico.
violeta (LABORATÓRIO IDEXX, de Nutrição. v. 3, n. 5, p. 505-17, In: PHILIPPI JUNIOR A, GALVÃO
2017). 2009. JUNIOR AC. Gestão de Saneamen-
Já Scapin e colaboradores (2012) BRASIL. Portaria nº 2.914, de 12 de to Básico: Abastecimento de água
concluíram, após analisar a água dezembro de 2011. Dispõe sobre e esgotamento sanitário. Barueri:
para consumo humano utilizada os procedimentos de controle e de Editora Manole, 2012. Cap. 15. p.
no extremo oeste de Santa Catari- vigilância da qualidade de água para 392-395.
na, que 56,4 % das amostras conti- consumo humano e seu padrão de OKOKO, AA; MUIA, AW; MOTURI, WN;
nham coliformes totais e termoto- potabilidade. Diário Oficial da Re- OYAKE, M. Levels of E. coli conta-
lerantes, tornando-a imprópria para pública Federativa do Brasil, Brasília mination of River Awach and hou-
o consumo humano e utilização na (DF), 2011 Dez 12; Seção 1, p. 39. sehold water in western Kenya.
indústria alimentícia. Journal of Environmental Science
BUCHELE, DS; RIZZARDI, A; AMARAL,
Para os agentes patogênicos and Water Resources. v. 1, n. 5, p.
CH. Avaliação da qualidade da água
transmissíveis pela via fecal-oral, 120-126, 2012.
de escolas do interior do município
a água potável é o único veículo
de Cruz Alta. In. SEMINÁRIO INTE- ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS
de transmissão. Melhorias na qua-
RINSTITUCIONAL DE ENSINO, PES- - ONU. Nações Unidas pedem
lidade e disponibilidade da água,
QUISA E EXTENÇÃo, 2010. avanço do tratamento de águas re-
eliminação de dejetos e higiene são
FORTUNA, JL; RODRIGUES, MT; SOU- siduais no mundo. 2017. Disponí-
muitos importantes para reduzir a
ZA, SL; SOUZA, L. Análise micro- vel em: <https://nacoesunidas.org/
transmissão da doença fecal-oral
biológica da água dos bebedouros nacoes-unidas-pedem-avanco-do-
(WORLD HEALTH ORGANIZA-
do campus da Universidade Federal -tratamento-de-aguas-residuais-
TION, 2011).
de Juiz de Fora (UFJF): coliformes -no-mundo/>. Acesso em: 08 mai
totais e termotolerantes. Hig. Ali- 2017.
CONCLUSÃO
mentar, v. 21, n. 153, p. 102-105, ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS
2007. - ONU. A ONU e a água. 2010. Dis-
As análises das amostras de água
LABORATÓRIO IDEXX. Colilert. Dispo- ponível em: <https://nacoesunidas.
dos bebedouros do Térreo (Cantina,
nível em: org/acao/agua/>. Acesso em: 07
Expediente e Farmácia), 1º, 2º e 3º
<https://www.idexx.com/water/pro- mai 2017.
Andares e Laboratórios, não apre-
sentaram contagem de bactérias he- ducts/colilert.html>. Acesso em: 08 REIS, F; DIAS, C; ABRAHÃO, W; MU-
terotróficas elevadas e atenderam à set. 2017. RAKAMI, F. Avaliação da qualidade
Portaria vigente. Entretanto, o bebe- LUSTER-TEASLEY, S; IVES, R. Case te- microbiológica de águas e superfí-
douro do 2º Andar apresentou conta- aching notes for “Farmville Future? cies de bebedouros de parques de
gem de bactérias heterotróficas aci- CAFOs and Contamination”. 2013. Curitiba-PR. Revista Visão Acadê-
ma do permitido (500 UFC/mL). University at Buffalo. Nova Iorque, mica. v. 13, n. 1, p. 55-70, 2012.
Reforça-se a necessidade de um EUA. SCAPIN, D; ROSSI, EM; ORO, D. Quali-
constante monitoramento da qualida- MACEDO, JAB. Métodos Laboratoriais dade microbiológica da água utiliza-
de microbiológica da água, visando de Análises Físico-Químicas e da para consumo humano na região
os padrões adequados de potabilida- Microbiológicas – Águas e Águas. do extremo oeste de Santa Catarina,
de para consumo humano, uma vez Juiz de Fora, MG, 2001. Brasil. Rev Inst Adolfo Lutz, v. 71,
que os estudantes, colaboradores e MEDEIROS, AC; LIMA, MO; GUIMA-
n. 3, p. 593-6, 2012.
visitantes do Centro Universitário RÃES, RM. Avaliação da qualidade VRANJAC, A. Doenças relacionadas
utilizam essas águas rotineiramente da água de consumo por comunida- à água ou de transmissão hídrica.
no local. des ribeirinhas em áreas de expo- 2008. Disponível em: <ftp://ftp.cve.
sição a poluentes urbanos e indus- saude.sp.gov.br/doc_tec/hidrica/
REFERÊNCIAS triais nos municípios de Abaetetuba doc/dta09_pergresp.pdf>. Acesso
e Barcarena no estado do Pará, Bra- em: 21 mai 2017.
BARBOSA, DA; LAGE, MM; BADARÓ, sil. Ciência & Saúde Coletiva. v. WORLD HEALTH ORGANIZATION. Gui-
ACL. Qualidade microbiológica da 21, n. 3, p. 695-708, 2016. delines For Drinking – Water Qua-
água dos bebedouros de um cam- MORENO, J; DUARTE, RG. Gestão lity-WHO Libraryvcataloguing-in
pus universitário de Ipatinga, Minas da Qualidade da Água em uma Publication, 4th ed, 2011.
51
ARTIGO
QUALIDADE MICROBIOLÓGICA
last ten years. A bibliographical re-
search was carried out using mate-
rial from the BIREME online data-
base. Through the advanced search
E ASPECTOS SANITÁRIOS DA
available on the platform, the fol-
lowing descriptors were used: Food
contamination AND fish and Food
hygiene AND Fish. The articles were
COMERCIALIZAÇÃO DE PESCADO
separated into four topics: Micro-
biological quality of fish, Parasito-
logical quality in fish, Toxicological
quality in fish and Health aspects.
The study suggested that the most
A
importância da alimen-
RESUMO tação se dá por questões
biológicas, sociais, cultu-
É fundamental que a alimentação seja adequada e segura para a manuten- rais e econômicas (PRO-
ção da saúde pública, no entanto por mais que haja cada vez mais esforços e ENÇA, 2010). É fundamental que ela
seja adequada e segura para a manu-
monitoramento, as doenças transmitidas por alimentos (DTAs) continuam a
tenção da saúde pública, no entanto
ser bastante comuns. Este estudo objetivou realizar uma revisão bibliográfica
por mais que haja cada vez mais es-
sobre qualidade microbiológica e aspectos sanitários da comercialização de
forços e monitoramento, as doenças
pescado e culinária japonesa no Brasil nos últimos dez anos. Foi realizada
transmitidas por alimentos (DTAs)
uma pesquisa bibliográfica, usando material da base de dados on line BIRE-
continuam a ser bastante comuns
ME. Por meio da busca avançada disponível na plataforma, foram utilizados
(THAKUR et al., 2010). As DTAs
os seguintes descritores: Contaminação de alimentos AND peixes e Higiene
são consequência do consumo de ali-
dos alimentos AND Peixes. Os artigos foram separados em quatro tópicos:
mentos e/ou água contaminada por
Qualidade microbiológica dos pescados, Qualidade parasitológica em pes-
bactérias, vírus, toxinas, entre outros
cados, Qualidade toxicológica em pescados e Aspectos sanitários. O estudo
e que apresentam sintomas como vô-
sugeriu que o local mais apropriado para comprar pescados próprios parece
mitos, náuseas ou diarreia (BRASIL,
ser em supermercados.
2005). O aumento do número dessas
Palavras-chave: Higiene dos Alimentos. Contaminação de Alimentos. DTAs, é associado ao novo hábito
Peixes. da população de fazer suas refeições
fora de casa com maior constância
ABSTRACT (BRONER et al. 2010). Hoje em dia,
a área da alimentação não apenas tem
It´s essencial that food is adequate and safe for the maintenance of public a responsabilidade de fornecer o ali-
health, however, there are more and more efforts monitoration being made mento, mas também de corresponder
and monitoring, foodborne illnesses (DTAs) continue to be quite common. às expectativas do consumidor, que
This study aimed to carry out a bibliographic review on microbiological são cada vez mais altas (SAMPAIO,
quality and sanitary aspects of the commercialization of fish in Brazil in the 2009).
52
Higiene Alimentar - Vol.32 - nº 278/279 - Março/Abril de 2018
53
ARTIGO
oferecidos em bandeja com três es- da costa, desembarcando apenas na o teto limpo, 93% mantinham as pa-
pécies diferentes de peixe. Dentre as Baixada Santista, por isso, a contami- redes íntegras, sendo que apenas 7%
amostras, cinco apresentavam valo- nação por mercúrio pode ter aconteci- tinham problemas como vazamento,
res acima de 10² NMP/g para coli- do a partir de outras fontes que fogem infiltração e rachaduras. Somente 69%
formes fecais e duas amostras indi- ao controle das autoridades (MOR- dos estabelecimentos cumpriam as
cavam presença de Escherichia coli. GANO et al., 2007). exigências da legislação de ter portas
Com relação ao ECP, as amostras que e janelas com revestimento imperme-
continham este micro-organismo es- Aspectos Sanitários ável, liso, para facilitar a conservação
tavam dentro do limite exigido pela Ao analisar a qualidade microbio- e higienização. Nenhuma unidade ti-
legislação (SILVA; MATTÉ; MATTÉ, lógica dos pescados encontrados nas nha telas milimétricas em portas e ja-
2008). feiras-livres em São Paulo-SP, Silva; nelas. Foi verificado a inexistência de
Matté; Matté (2008) avaliaram as con- câmaras de congelamento em todos os
Qualidade parasitológica em dições higienicossanitárias de cada estabelecimentos. A conservação dos
pescados barraca durante seis meses por meio de pescados congelados é de responsabi-
Nas cidades de Bertioga, Santos, observação e preenchimento de um ro- lidade dos proprietários de cada boxe,
Guarujá, São Vicente, Praia Grande, teiro. Não foram encontradas instala- os mesmos utilizam freezers próprios
Mongaguá, Itanhaém e Peruíbe foi ções sanitárias em 100% das barracas. ou caixas com gelo para conservação
realizada uma pesquisa com pescado A disponibilidade de água foi constata- dos peixes, mas foi averiguado que ne-
marinho resfriado. Foram colhidas da em todas as barracas, mas o mesmo nhum faz uso de termômetros para afe-
257 amostras e, para identificação recipiente era utilizado para limpeza rir e manter a temperatura ideal. Este
dos peixes infectados, foi considera- dos pescados, higienização das mãos e estudo não realizou monitoramento da
do suficiente a presença de uma larva utensílios. A falta de higiene e a desor- temperatura dos alimentos. Nenhum
na cavidade abdominal e/ou no tecido ganização foram observadas em todos mercado conseguiu atender 100% das
muscular. Foram encontrados parasi- os locais analisados. Foi observado exigências, mas 23% dos locais cum-
tas nematoides da família Anisakidae que em 55% dos locais amostrados, priram 40% do que é exigido, 38,5%
e trematódeos digenéticos em 25,29% a exposição era feita sem o uso da vi- dos locais cumpriram 60% do que é
das amostras. Um número relevante trine. A exposição correta, com o uso exigido e 38,5% dos locais cumpriram
de amostras parasitadas foi encontra- de vitrines, foi observada em 45% dos 80% do que é exigido (FRANÇA et al.,
do e o consumo desse pescado cru, locais analisados, contudo, 15% delas 2008).
insuficientemente cozido ou defu- não estavam sendo utilizadas de forma Em Santa Catarina, foram realiza-
mado a frio pode levar o consumidor adequada. Em 100% dos locais obser- das vistorias em 17 peixarias durante
a contrair doenças parasitárias. Por vados foram encontrados pescados fra- um mês. Para realizar a avaliação des-
isso, existe a necessidade de maior cionados expostos e 10% em forma de ses estabelecimentos, foi utilizado um
vigilância epidemiológica e sanitária sashimi embalados em bandeja de iso- roteiro de inspeção que analisou as ins-
nos pescados da Costa da Mata Atlân- por e sem rótulo. Em 100% dos locais, talações físicas, equipamentos, utensí-
tica (PÉREZ; MACHADO; LOPES, o peixe não estava coberto por gelo, em lios, recebimentos, armazenamento e
2012). 60% o pescado encontrava-se sob uma manipuladores. Do total de peixarias,
camada de gelo, em 30% era mantido 48% foram consideradas satisfatórias
Qualidade toxicológica em pes- sob anteparo de plástico rígido e em com relação às condições físicas e hi-
cados 10% esse anteparo era de isopor. Esse gienicossanitárias e 52% foram con-
No período de um ano, foram co- estudo não realizou monitoramento da sideradas como insatisfatórias para
letadas 257 amostras em oito locais temperatura dos alimentos. Em 100% exercer as atividades com segurança.
diferentes da cadeia produtiva de das barracas, os utensílios estavam O item que apresentou maior grau de
pescado da Baixada Santista-SP. De sujos e em péssimo estado de conser- inadequação foi o de equipamentos e
acordo com a ANVISA, a concentra- vação. Foram observados feirantes utensílios que apresentavam precarie-
ção máxima de mercúrio para pesca- manipulando peixe e dinheiro, além dade do estado de conservação. Outros
do é de 0,5 mg/kg, sendo que durante disso, os feirantes usavam cabelos sem pontos que contribuíram foram bal-
o estudo as amostras de meca e bagre proteção ou cabelos curtos com uso de cões de refrigeração e congelamento
apresentaram níveis acima do reco- boné/gorro. com armazenamento superior a sua ca-
mendado e impróprias ao consumo Em Mercados Públicos de Reci- pacidade, ausência de controle de tem-
humano. É preciso considerar que o fe, outro estudo mostrou que 100% peratura e armazenamento de peixes
peixe meca, vive em águas afastadas dos mercados encontravam-se com frescos com quantidade insuficiente
54
Higiene Alimentar - Vol.32 - nº 278/279 - Março/Abril de 2018
de gelo para manter a temperatura altos índices de inadequações como estavam em condições sanitárias sa-
do pescado. Esse estudo não realizou estrutura física inadequada, mau estado tisfatórias (ARAÚJO et al., 2015).
monitoramento da temperatura dos de conservação, falta de equipamentos Em Brasília, foram coletadas 87
alimentos. O segundo ponto de maior de proteção aos funcionários, falta de amostras em oito restaurantes espe-
inadequação foi o de instalações físi- produto de limpeza e higienização e, cializados em culinária japonesa para
cas e ambiente, pois foi constatada a principalmente, falta de capacitação avaliar se havia a presença de colifor-
ausência de lavatórios na área de pro- dos manipuladores. Os resultados mes fecais, Salmonella e ECP. Den-
dução, ausência de proteção nas por- mostraram que em cada loja, tre as peças de sushi e sashimi cole-
tas e janelas contra praga e vetores, houve um aumento no número de tadas, 24 eram amostras de atum, 20
os pisos eram escuros e derrapantes, adequações a partir do início do amostras de robalo e 43 amostras de
tetos sujos, paredes sem revestimen- trabalho, pois foram corrigidas salmão. Em 25,28% foram encon-
to e ambientes desorganizados. Foi questões como: acondicionamento trados valores acima do estabelecido
observada também a falta de caixa incorreto de produtos, excesso pela ANVISA. Dessas 22 amostras,
d’água em duas unidades. O estudo de resíduos e uniformes em mau 54,54% eram compostas por peças de
concluiu apontando a necessidade de estado de conservação. Dentre os salmão, 27,27% eram peças de atum
reestruturação física, adequação dos estabelecimentos analisados, a e 18,19% eram peças de robalo. Com
utensílios e equipamentos utilizados loja A foi a que mais apresentou relação ao ECP, somente 1,14% apre-
e capacitação e conscientização de inadequações da estrutura física. Já sentou um valor acima do permitido,
proprietários e funcionários quanto a loja B foi a única que conseguiu sendo que esse resultado pertencia a
à importância de procedimentos que manter o número de itens. Essa uma amostra de salmão. Não foi iden-
garantam a qualidade do pescado ofe- constância deu-se por fatores como tificada a presença de Salmonella. Os
recido (BRAMORSKI et al., 2008). presença de lixeira com acionamento resultados demonstraram a necessida-
No Rio de Janeiro-RJ, uma pesqui- por pedal, disponibilidade de de de realizar orientações sobre Boas
sa foi conduzida no setor de peixaria produtos de limpeza, conservação, Práticas de Manipulação com mani-
de três supermercados. Foi utilizada limpeza e higienização da área puladores (RESENDE; OLIVEIRA;
uma Lista de Verificação das Boas de manipulação, armazenamento SOUZA, 2009).
Práticas em estabelecimentos produ- adequado dos utensílios utilizados Em Balneário Camboriú-SC, fo-
tores de alimentos da Resolução da na manipulação dos pescados. Nesta ram selecionados cinco restaurantes
Diretoria Colegiada nº 275 da AN- loja notou-se uma pequena queda no especializados em comida oriental
VISA. Em nenhuma instalação sa- número de itens satisfatórios devido à que ofereciam os serviços à la carte
nitária de nenhum supermercado fo- troca de gerência do estabelecimento. e self service. Foram coletadas duas
ram encontrados avisos contendo os Na loja C, houve uma oscilação no amostras sendo uma de sushi e uma
procedimentos de lavagem de mãos. número de itens conformes, sendo de sashimi, de cada serviço disponí-
O item que obteve menor índice de que isso se deve à falta ao asseio dos vel, totalizando assim 20 amostras
conformidade foi a documentação e manipuladores, limpeza e organização coletadas. Após análises microbioló-
os itens que alcançaram os melhores da área de manipulação insuficiente gicas, não foi possível perceber di-
resultados foram produção e trans- (ALVES; MACIEL; FERNANDES, ferenças de qualidade sanitária entre
porte do alimento no supermercado 2011). os serviços de à la carte e self service
I, manipuladores nos supermercados (DRECKMANN et al., 2016).
II e III e edificação e instalações no Qualidade microbiológica da
supermercado III. Os três supermer- culinária japonesa CONSIDERAÇÕES FINAIS
cados encontram-se com 51 a 75% Um estudo em Sobral-CE selecio-
de adequações (ALMEIDA; HORA; nou três estabelecimentos, um espe- Foi possível observar que as amos-
BERTO, 2008). cializado em culinária japonesa e os tras de pescados, tanto as encontradas
Estudo realizado na cidade do Rio outros dois não especializados. Fo- em feiras-livres, supermercados e pei-
de Janeiro-RJ, aplicou um checklist ram coletadas uma amostra de sushi xarias, quanto as amostras coletadas
com 56 itens em 3 estabelecimentos e uma de sashimi por estabelecimen- em restaurantes de culinária japonesa,
varejistas. As inspeções foram to. Todas as amostras estavam dentro continham algum tipo de micro-orga-
realizadas mensalmente durante oito do limite estabelecido pela legislação nismo contaminante. Os coliformes
meses. Na primeira aplicação do vigente, então os resultados indicam fecais e ECP são os principais micro-
checklist observou-se que todas as que o processo de preparo dos sushis -organismos encontrados. Essas con-
lojas inspecionadas apresentavam e sashimis dos três estabelecimentos taminações se devem principalmente
55
ARTIGO
a fatores como: conservação inadequa- p.129-133, n.196/197 maio/jun 2011. LUCIANO, LG; RALL, VLM. Qualidade mi-
da, falta de capacitação de manipula- BRAMORSKI, A; VASCONCELLOS, KS; ME- crobiológica de peixes e frutos do mar
dores e higienização inadequada das ZADRI, T; TONEZER, AL; SANTOS, RG. comercializados em Botucatu, SP. Rev
áreas de preparo. Condições de armazenamento de pes- Hig Alimentar, v.26, n.204/205, p.116-
Dos estudos analisados, a região cado em peixarias do norte catarinen- 120, 2012.
brasileira com maior índice de conta- se. Rev Hig Alimentar, v.22, p.62-65, MINOZZO, MG et al. Caracterização micro-
minação de pescados é a região Su- n.166/167 nov/dez 2008. biológica de carne mecanicamente sepa-
deste, sendo São Paulo o estado com BRASIL. Ministério da Cultura e Aquicultu- rada de tilápia (Oreochromis niloticus),
maior número de pescados contamina- ra [internet]. Consumo de pescado no armado (Pterodoras granulosus) e fla-
dos com Salmonella. Também em São Brasil aumenta 23,7% em dois anos minguinha (Paralonchurus brasiliensis)
Paulo foram encontrados pescados [publicado em 17 out 2013] [acesso como potencial para desenvolvimento
contaminados por mercúrio. Mas é im- em 19 mar 2017]. Disponível em: http:// de novos produtos. Rev Hig Alimentar,
portante ressaltar que a maior parte dos www.mpa.gov.br v.22, n.164, p.75-79, 2008.
estudos analisados foram do estado BRASIL. Resolução - RDC nº 275, de 21 de MORGANO, MA et al. Mercúrio total em
de São Paulo, assim sendo, esse fator outubro de 2002. DOU. Brasília, 23 de pescado da cadeia produtiva da Baixa-
pode explicar o porquê esse estado ter outubro de 2003. da Santista, estado de São Paulo, Bra-
apresentado maiores índices de inade- sil. Rev do Inst Adolfo Lutz (Impresso),
BRASIL. Ministério Da Saúde. Resolução
quação. O estudo sugeriu que o local v.66, n.2, p.164-171, 2007.
RDC N°12 de 02 de janeiro de 2001.Bra-
mais apropriado para comprar pesca- MUJICA, PIC; LIMA, MM; CARNEIRO, PH.
sília: ANVISA.
dos próprios parece ser em supermer- Avaliação da qualidade microbiológica
cados, pois estes apresentaram boas BRASIL. Ministério da Saúde. Secretária de
de peixes comercializados nas feiras li-
condições higienicossanitárias. Vigilância em Saúde. Vigilância epide-
vres de Palmas, TO. Rev Hig Alimentar,
miológica das doenças transmitidas por
v.28, n.236/237, p.147-152, 2014.
alimentos no brasil, 1999 – 2004. Bole-
REFERÊNCIAS PÉREZ, ACA et al. Aspectos parasitológicos
tim eletrônico epidemiológico, ano 05,
n.6, dezembro 2005. do pescado comercializado na costa da
ALMEIDA, MFC; HORA, IMC; BERTO, BP. Mata Atlântica. Rev Hig Alimentar, v.26,
BRONER, S et al. Sociodemographic inequa-
Avaliação do risco de contaminação n.208/209, p.120-124, 2012.
lities and outbreaks of foodborne dise-
microbiológica no setor peixaria, em ases: An ecologic study. Food Control PROENCA, RPC. Alimentação e globaliza-
supermercados localizados na cidade do [online], v.21, p. 947-951, 2010. ção: algumas reflexões. Cienc Cult [on-
Rio de Janeiro, RJ. Rev Hig Alimentar, line]. 2010, v.62, n.4, pp.43-47. ISSN
v.22, p.66-69, n. 166/167 nov/dez 2008. DRECKMANN, MV et al. Qualidade higieni-
2317-6660.
cossanitária de sushis e sashimis co-
ÁLVARES, PP et al. Análise das característi- RESENDE, A; OLIVEIRA, YS; SOUZA, JR.
mercializados em restaurantes orientais
cas higiênico-sanitárias e microbiológi- Análise microbiológica de sushis e
de Balneário Camboriú, SC. Rev Hig Ali-
cas de pescado comercializado na gran- sashimis comercializados em restau-
mentar, v.30, p.131-136, n.252/253 jan/
de São Paulo. Rev Hig Alimentar, v.22, rantes de Brasília no período de 2001 a
fev 2016.
n.161, p.88-93, 2008. 2004. Rev Hig Alimentar, v.23, p.164-
FOOD AND ENVIRONMENTAL HYGIENE
ALVES, IM; MACIEL, DW; FERNANDEZ, AT. 170, n.174/175 jul/ago 2009.
DEPARTMENT HKSAR GOVERNMENT.
Avaliação das boas práticas de mani- SAMPAIO, JAC. Comportamento do consu-
Sushi Sashimi in Hong Kong. Hong
pulação do pescado em três estabele- midor de comida japonesa: um estudo
Kong: Food and Public Health Branch of
cimentos varejistas da cidade do Rio de sobre atributos e valores. 2009. Tese de
the Food and Environmental Hygiene De-
Janeiro, RJ. Rev Hig Alimentar, v.25,
partment of HKSAR Government, 2000. Doutorado.
n.194/195, p.92-97, 2011.
31p. SILVA, ML; MATTÉ, GR; MATTÉ, MH. As-
ARAÚJO, AX; AGUIAR, FLL; ARAÚJO, AB;
FRANÇA, RCP et al. Práticas sanitárias no co- pectos sanitários da comercialização de
FONTENELLE, ROS. Avaliação das con-
mércio de pescado, em mercados. Rev pescado em feiras livres da cidade de
dições higienicossanitárias de sushis
Hig Alimentar, v.22, p.55-61, n.166/167 São Paulo, SP/Brasil. Rev do Inst Adolfo
e sashimis comercializados na cidade
nov/dez 2008. Lutz (Impresso), v.67, n.3, p.208-214,
de Sobral CE. Rev Hig Alimentar, v.29,
LOPES, NFSN et al. Detecção de escherichia 2008.
p.98-102, n.246/247 jul/ago 2015.
coli diarreiogênicas (DAEC) em amostras THAKUR, M et al. Data mining for recogni-
ARAÚJO, DAFV et al. Avaliação da qualidade
da tilápia (Oreochromis sp) comerciali- de sashimi comercializados no município zing patterns in foodborne disease ou-
zada em feiras livres no município de de São Luís MA. Rev Hig Alimentar, v.29, tbreaks. Journal of Food Engineering
Mossoró, RN. Rev Hig Alimentar, v.25, n.240/241, p.139-145, 2015. [online], v.97, p.213-227, 2010.
56
Higiene Alimentar - Vol.32 - nº 278/279 - Março/Abril de 2018
N
o século XIX pouco se
sabia sobre os tipos de or-
DA TOXINA SHIGA EM
ganismos que causavam
diarreia; o que se observa-
va era que parasitos intestinais cau-
savam infecções frequentes e eram
BOVINOS: REVISÃO.
responsáveis por muitos problemas
de saúde pública.
Theodor Von Escherich, pediatra
e professor austríaco, em 1885, foi
convidado para estudar e identificar
as características de uma bactéria
Debora Helena Leme de Carvalho Vitorino que causava diarreia em crianças e
Universidade Estadual de Londrina. Londrina, PR. adultos. Após anos de estudos, em
1919, Theodor deu o nome à bactéria
debogut@uol.com.br de Eschechiria coli (SAVAVA, 2007)
mas, somente em 1945, entretanto,
essa bactéria foi definitivamente as-
sociada à diarreia infantil por Bray e
por ele denominada Bacterium coli
RESUMO neapolitanum (GILES; SANGS-
TER, 1948; SMITH, 1949).
Esta revisão apresenta os aspectos epidemiológicos da bactéria Escheri- Escherichia coli é uma bactéria
chia coli produtora da toxina shiga, (STEC) que é reconhecida no mundo conhecida por sua grande diversida-
todo como agente causador de toxinfecção. Os produtos de origem animal de patogênica, as cepas responsáveis,
são frequentemente associados aos surtos da doença, mas os alimentos hor- por causar infecção intestinal, estão
tifrutigranjeiros também podem ser contaminados e causar toxinfecção em divididas ao menos em cinco catego-
seus consumidores. A incidência da infecção em humanos no Brasil (STEC) rias, sendo que cada uma possui dife-
é baixa, foi observada essa prevalência nos rebanhos bovinos, ovinos e aves. rentes mecanismos de ação, são elas
Por isso, a importância das boas práticas de manipulação do produtor e do E. coli enteropatogênica (EPEC),
consumidor para evitar possível contaminação dos alimentos. Este trabalho enterohemorrágica (EHEC), entero-
teve por objetivo revisar a literatura sobre a ocorrência de Escherichia coli agregativa (EAEC), enterotoxigêni-
produtora da toxina shiga. Frente aos limitados estudos realizados sobre os ca (STEC) e enteroinvasora (EIEC)
agentes etiológicos, novos estudos fazem-se necessários. (MARTINEZ & TRABULSI, 2008).
Palavras-chave: Colibacilose. Enterite. Intoxicação alimentar. Escherichia coli é a produtora da
toxina shiga (ETEC) a qual está re-
ABSTRACT lacionada a um amplo espectro de
doenças humanas, que compreende
desde diarreias leves à colite hemor-
This review presents the aspects of shiga toxin-producing Escherichia coli,
rágica (HC) e à síndrome hemolítico
which are recognized worldwide as toxinfection agents in the world. Prod-
urêmica (HUS), cuja possível seque-
ucts of animal origin are often associated with outbreaks of disease, but hor-
la mais grave é a falência renal e a
ticultural crops can be contaminated and cause toxinfection as well. This
púrpura trombocitopênica trombó-
study aims to review the literature on the occurrence of shiga toxin-produc-
tica (TTP) em seres humanos (NA-
ing Escherichia coli. The incidence of infection in humans in Brasil by STEC
TARO; KAPER, 1998; GRIFFIN;
and low, prevalence was observed in cattle, sheep and poultry. Therefore, the
TAUXE, 1991).
importance of good practices of manipulation of the producer and the con-
O objetivo desta revisão foi de-
sumer to avoid possible food contamination. Faced with the limited studies
monstrar a importância dos efeitos
of etiological agents, it is necessary to study the subject.
desta toxina presente em vários ali-
Keywords: Colibacillose. Enteritis. Food poisoning. mentos e a adoção de medidas de
57
ARTIGO
prevenção de contaminações. Utili- podem ser não fimbriais, fimbriais, desse organismo a condições de aci-
zaram-se as seguintes bases de da- fibrilares ou helicoidais (FOSTER e dez, refrigeração e atividade de água
dos: SciELO, Biblioteca Virtual Es- SMITH, 2009) reduzida sob refrigeração e conge-
tadual de Londrina nos quais foram Quanto às enterotoxinas, as ETEC lamento (BEUTIN, GEIER, ZIM-
pesquisadas informações recentes podem expressar somente a LT, so- MERMANN ,1995).
sobre Escherichia coli produtora de mente ST ou tanto ST quanto LT.
toxina shiga e sua ocorrência em ani- As LT são uma classe de enteroto- Epidemiologia
mais, alimentos e humanos. xinas intimamente relacionadas em As doenças de origem alimentar
termos de estrutura e função com a causadas pela ingestão de alimentos
Agente enterotoxina da cólera (CT). Essas contaminados por agentes microbia-
Escherichia coli pertence à fa- enterotoxinas provocam alterações nos, toxinas, compostos químicos e/
mília Enterobacteriaceae, bacilo nas concentrações intracelulares de ou físicos, representam substancial
gram negativo, não esporulado, ca- nucleotídeos levando à alteração do risco para milhões de pessoas, con-
paz de fermentar glicose com pro- equilíbrio hidrossalino que resulta na forme as descrições da Organização
dução de ácido e gás (NATARO; secreção de eletrólitos e na redução das Nações Unidas da Agricultura e
KAPER, 1998). Embora a Escheri- de absorção de água no intestino. A Alimentação (FAO) e Organização
chia coli seja a bactéria anaeróbia presença de água nas fezes, sintoma Mundial de Saúde (WHO) (VETOR-
facultativa predominante na mucosa característico da ação deste patotipo, RANO, 2008).
intestinal dos mamíferos saudáveis, é resultante da ação destas enteroto- As enfermidades de origem ali-
coexistindo sem causar danos ao xinas (NAGY e FEKETE 2005) mentar, não causam somente trans-
hospedeiro, várias cepas, ao adqui- A infecção por ETEC é causada tornos à saúde e bem-estar dos in-
rir fatores de virulência específicos, pelo consumo ou uso de água ou divíduos afetados, mas também
tornaram-se potencialmente danosas alimentos contaminados e tem curto associam-se a graves consequências
(NATARO; KAPER, 1998). período de incubação (14 a 50h) de- econômicas para a sociedade (FOS-
Escherichia coli produtora de to- sencadeando um processo diarreico TER e SMITH, 2009).
xina Shiga (STEC) é de distribuição aquoso agudo (semelhante ao cau- STEC é hoje um dos principais
mundial e relacionada a grandes sur- sado por Vibrio cholerae), sem san- agentes de infecção de origem ali-
tos veiculados por alimentos, princi- gue, muco ou pus. Normalmente este mentar, estando envolvida em vários
palmente a STEC O157:H7 (GYLES processo infeccioso é auto limitante surtos e casos esporádicos em diver-
e FAIRBROTHERS, 2010). podendo levar, em alguns casos, ao sos locais do mundo (MOOLENA-
E. coli pertencentes aos sorogru- quadro de desidratação devido à per- AR 13 et al., 2012; SCHAFFZIN
pos O18, O26, O111, O126 e O128, da excessiva de fluidos e eletrólitos. et al., 2012), inclusive no Brasil
produzem toxinas que causam efei- Podem ocorrer, em algumas situa- (GUTH et al., 2002b; IRINO et al.,
to citopático irreversível em células ções, vômitos e cólicas abdominais 2002; SOUZA et al., 2011).
Vero surgindo o termo verotoxina ou (GYLES e FAIRBROTHERS 2010). Dentro da categoria STEC, o so-
verocitotoxina (FOSTER e SMITH, Ruminantes, especialmente os bo- rotipo O157:H7 é o mais estudado,
2009). vinos, parecem ser o principal reser- é altamente virulento, apresentando
A termolabilidade está relacionada vatório das STEC e portanto, a prin- baixa dose infecciosa (FARROKH
à perda de atividade tóxica da ente- cipal fonte de infecção de humanos. et al., 2013). No entanto, outras ce-
rotoxina após aquecimento a 100ºC A contaminação fecal e a contamina- pas de STEC (não-O157) têm sido
durante um período de 30 minutos, ção cruzada durante os processos de associadas a doenças graves como
enquanto que a termoestabilidade remoção do trato gastrintestinal e da Colite Hemorrágica (CH) e Síndro-
representa a manutenção da sua ati- pele na linha de abate são importan- me Hemolítica Urêmica (SHU), po-
vidade tóxica nestas condições (DE- tes vias de transmissão de STEC para dendo levar ao óbito (FARROKH et
BROY e MADDPX, 2001). carcaças e seus produtos (STELLA, al., 2013; SMITH; FRATAMICO;
O mecanismo de patogenicida- 2009). A presença desse patógeno GUNTHER, 2014).
de das ETEC é caracterizado pela em carnes cruas é uma evidente pre- A STEC foi responsável por sur-
colonização da mucosa intestinal e ocupação em Saúde Pública não so- tos de colite hemorrágica nos Esta-
produção de enterotoxinas, que dão mente pela severidade da doença que dos Unidos, Japão, Chile, Canadá e
início à secreção intestinal. A coloni- pode causar, mas também pela bai- alguns países europeus (SOARES,
zação é mediada por adesinas como xa dose infectante, pelo aumento na 2013). Um dos surtos mais marcantes
os fatores de colonização (CF) que incidência mundial e pela tolerância da doença ocorreu 1993, nos Estados
58
Higiene Alimentar - Vol.32 - nº 278/279 - Março/Abril de 2018
Unidos, envolvendo a contaminação típicas variam entre 10 a 40% (NA- maior em animais jovens e o agente
do hambúrguer da rede Jack in the TARO & KAPER, 1998; PIGATTO, pode permanecer viável no meio am-
Box pela bactéria E. coli 0157:H7 2004; FARAH et al.,2007). A STEC biente por até dois anos (HANCOCK
(SOARES, 2013). é comumente isolada em animais et al.,1998).
Foram contaminados em Wa- sadios, mas pode estar associada a A dieta alimentar do animal está
shington: 602 pacientes com diarreia episódios iniciais de diarreia em ani- diretamente relacionada à excreção
sanguinolenta, 144 pessoas hospi- mais jovens seguida por colonização de STEC, principalmente no rebanho
talizadas, 30 desenvolveram HUS assintomática (NATARO & KAPER, confinado. A influência da dieta está
e três morreram; na Califórnia: 34 1998). na habilidade da Escherichia coli em
casos, 14 pessoas hospitalizadas, 7 Pesquisas procuram esclarecer o desenvolver resistência ao pH áci-
desenvolveram HUS e uma criança mecanismo de infecção natural do do, aumentando o risco de doenças
morreu. Em Idaho, 14 casos, 4 pes- bovino por STEC, bem como a eli- de origem alimentar no ser humano.
soas hospitalizadas e uma desenvol- minação fecal do micro-organismo Normalmente a acidez estomacal
veu SHU; em Nevada: 59 pacientes, (WHO, 1998). O período de elimi- é uma barreira efetiva à infecção
9 hospitalizações, 3 desenvolveram nação da STEC nas fezes dos bo- dos patógenos alimentares, porém a
HUS, não houve mortes (SOARES, vinos pode variar entre 8 e 46 dias adaptação que a STEC sofreu no rú-
2013). (REIMANN et al., 1998). Utilizando men do bovino a torna capaz de so-
No Brasil poucas cepas STEC fo- a inoculação experimental, destacou- breviver a este mecanismo de defesa
ram isoladas, embora sejam reconhe- -se o caráter assintomático dos ani- (CRAY et al.,1995).
cidos casos esporádicos de diarreia mais. A recuperação da STEC ocorre Os hospedeiros naturais, além
provocados pela STEC que ocorrem a partir do conteúdo intestinal e lin- dos bovinos, são animais silvestres e
com mais frequência em crianças e fonodos mesentéricos não havendo domésticos incluindo os ovinos, ca-
há ainda estudos relacionados ao re- disseminação para outros órgãos prinos, suínos, felinos e cães (GRI-
servatório que apontam uma predo- (MAINIL, 2013). FFIN & TAUXE, 1991; BEUTIM
minância de STEC não-O157 no re- O experimento mostrou ainda que et al.,1993). Obtiveram indícios de
banho bovino brasileiro (PATON & a primo infecção não previne a rein- que aves podem servir de reservató-
PATON, 1998). fecção (CRAY et al.,1995). Shere et rio para STEC, já que este patógeno
Uma vez que o bovino é portador al. (1998) citaram que um animal é capaz de colonizar o ceco de gali-
saudável da bactéria, alimentos de- pode ser reinfectado pelo mesmo iso- nhas, sendo eliminado pelas fezes.
rivados destes animais têm sido os lado de STEC, indicando uma baixa
principais implicados na infecção proteção imunitária. Sinais clínicos
por STEC, de modo que o consumo Assim, episódios recorrentes com Em animais
de uma grande variedade de produ- alta prevalência de STEC no reba- Em ruminantes com até 30 dias
tos cárneos e lácteos, principalmente nho podem indicar exposição dos de idade foi observado diarreia, de-
leite cru, ou inadequadamente pas- animais a alguma fonte deste agente. sidratação progressiva, acidose me-
teurizado e carnes mal passadas, têm Portanto, se os fatores que diminuem tabólica, desequilíbrio de eletrólitos
sido atribuídos à infecção por STEC a resistência à colonização fossem que, se não tratados, levam o animal
(FARROKH et al., 2013; SMITH; identificados e eliminados, poderia a óbito; os ruminantes são portado-
FRATAMICO; GUNTHER, 2014). diminuir substancialmente, a exposi- res assintomáticos e principal reser-
Estas cepas também têm sido isola- ção dos seres humanos a este patóge- vatório (COURA et al., 2017).
das em outros animais domésticos: no emergente (BESSER et al.,1997).
ovelhas, cabras, cães, gatos e suínos Alguns fatores contribuem para a Em humanos
(PATON & PATON, 1998). presença e disseminação das STEC Podem apresentar anemia, oligú-
O bovino é o principal reserva- no rebanho, tais como as práticas ria, edema nas extremidades inferio-
tório de STEC, eliminando-as pelas inadequadas de manejo, dieta, estres- res, diarreia aguda, diarreia amena,
fezes, as quais, de maneira direta ou se, densidade populacional, região diarreia sanguinolenta com possibi-
indireta, atingem a cadeia alimentar geográfica e sazonalidade (KUDVA lidade de progredir para colite he-
dos seres humanos podendo causar et al.,1996; DARGATZ et al. 2001). morrágica e a síndrome hemolítica
doença (BEUTIN et al.,1995). As A STEC está presente no intestino, urêmica (SHU) (HANCOCK, BES-
taxas de colonização de STEC em tanto do gado de corte como no gado SER, RICE., 1998).
rebanhos bovinos são variadas, po- leiteiro e a excreção é mais comum Vários fatores podem influenciar
dendo chegar a 60%, mas as taxas em períodos quentes; a prevalência é na ocorrência da doença, desde a
59
ARTIGO
idade do indivíduo, condição imu- CONSIDERAÇÕES FINAIS species of healthy domestic animals,
nológica, condições climáticas e Journal of Clinical Microbiology, 31
de higiene (HANCOCK, BESSER, O fato de que os bovinos são re- (1993), pp. 2483-2488.
RICE., 1998). servatórios de STEC e podem trans- CALDORIN, MARRIELLE et al . Ocorrên-
ETEC colonizam a superfície da mitir esse patógeno ao homem, tan- cia de Escherichia coli produtora de
mucosa do intestino delgado, prin- to por contato direto com animais toxina Shiga (STEC) no Brasil e sua
cipalmente o íleo, produzindo en- portadores, como pela manipulação importância em saúde pública. BEPA,
terotoxinas, levando à diminuição e ingestão de produtos cárneos con- Bol. epidemiol. paul. (Online), São
da absorção de água e nutrientes, taminados, visto que foi comprovada Paulo, v.10, n.110, fev. 2013. Dispo-
devido à ligação das bactérias às pa- a presença de STEC com plena ativi- nível em http://periodicos.ses.sp.bvs.
redes do intestino (NAGY e FEKE- dade da shiga-toxina em amostras de br/scielo.php?script=sci_arttext&pid
TE., 2005). carcaças bovinas, torna, portanto, ex- =S180642722013000200001&lng=
O período de incubação é de 3 tremamente necessária a adoção de pt&nrm=iso>. acessos em 19 mai.
a 4 dias, precedido de dor abdomi- medidas efetivas para a prevenção da 2017.
nal, vômito e febre e, na maioria contaminação de produtos animais CARVALHO, AF et al. Caracterização mo-
dos pacientes, há diarreia. Entre o destinados ao consumo humano. lecular e fenotípica de estirpes de
1º e o 2º dia pode aparecer diarreia Embora a incidência de infecção Escherichia coli produtoras de shiga-
sanguinolenta e em 10% dos casos em humanos por STEC seja rela- -toxina (STEC) não-O157 de fezes e
a doença evoluí para síndrome he- tivamente baixa, a severidade dos carcaças bovinas. Arq Bras Med Vet
molítica urêmica e assim que iniciar sintomas e a frequência de sequelas Zootec. 2012;64(4):881-6.
o tratamento, deve ocorrer a melho- justificam a intensificação de sua
COURA, FM et al. Patotipos de Esche-
ra em um a dois dias (BUTLER e pesquisa sistemática em laboratórios
richia coli causadores de diarreia
CLARKE., 1994). clínicos.
em bezerros: uma atualização. Pesq
O diagnóstico geralmente é feito
Vet Bras, Rio de Janeiro, v.34, n.9,
por pesquisa nas fezes, identificação REFERÊNCIAS p.811-818, Sept. 2014 Available
por métodos fenotípicos ou molecu-
from http://www.scielo.br/scielo.
lares, podendo ser feito PCR e ELI-
ÁLVARES, PP. Ocorrência e caracteriza- php?script=sci_arttext&pid=S01007
SA (ACRES., 1985).
ção de Escherichia coli produtora de 36X2014000900001&lng=en&nrm=i
toxina de Shiga na linha de abate so access on 08 Mai 2017.
Medidas de controle
de bovinos para exportação e em ELMOSLEMANY, AM. The association
Nos EUA, as indústrias de pro-
cortes refrigerados de bovinos e de between bulk tank milk analysis for
dutos cárneos têm realizado o trata-
aves comercializados na região da raw milk quality and on- farm mana-
mento químico da carne com fosfato
Grande São Paulo [dissertação de gement practices. Preventive Veteri-
trissódico (TSP) (KNIGHT.,1993).
mestrado]. São Paulo: Universidade nary Medicine. v.95; p.32- 40, 2010.
Surtos de doenças de origem ali-
de São Paulo; 2011. Disponível em https://www.ncbi.nlm.
mentar causados por Escherichia
coli O157:H7 associados ao con- BESSER, TE; RICHARDSR, BL; RICE, nih.gov/pubmed/20381889. Acesso
sumo de frutas, vegetais e outros DH; HANCOCK, DD. 2001. Escheri- em 12 Mai 2017.
chia coli O157:H7 infection of calves:
produtos não pasteurizados, foram FEDORKA-CRAY, PJ et al. Alternate rou-
Infectious dose and direct contact
ligados à contaminação fecal du- tes of invasion may affect pathoge-
transmission. Epidemiology and In-
rante o crescimento, colheita e pro- nesis of Salmonella Typhimurium
fection 127(3):555–560
cessamento e distribuição desses in swine. Infection and Immunity,
alimentos. Esse ciclo pode ser evi- BEUTIN, L et al. 1989. Close association v.63, n.7, p.2658-2664, 1995. Dis-
tado por meio de medidas ambien- of verotoxin (Shiga-like toxin) pro- ponível em: http://iai.asm.org/cgi/
tais como higiene e compostagem, duction with en-terohemolysin pro- reprint/63/7/2658. Acesso em: 11
evitando contaminação cruzada de- duction in strains of Escherichia coli. maio, 2017.
corrente de contato com vísceras e J Clin Microbiol 27: 2559-2564. FERNANDEZ, D; PADOLA, NL. Escheri-
conteúdo gastrointestinal na carne. BEUTIN, L; GEIER, D; STEINRUCK, H; chia coli verocitotoxigénico: varias
O processamento térmico também ZIMMERMMAN, S; Scheutz, F. Pre- cuestiones... y los tambos también.
é indicado, como a pasteurização de valence and some properties of ve- Rev argent. microbiol., Ciudad Autó-
produtos lácteos, frutas e vegetais rotoxin (Shiga-like toxin)-producing noma de Buenos Aires , v. 44, n.4,
(LUNG., 2001). Escherichia coli in seven different p.312-323, dic. 2012 . Disponible
60
Higiene Alimentar - Vol.32 - nº 278/279 - Março/Abril de 2018
en <http://www.scielo.org.ar/scielo. LIMA, PAULO GOMES de et al . Viabili- NATARRO, JP; KAPER, JB. (1998).
php?script=sci_arttext&pid=S0325754 dade de Escherichia coli O153:H25, Diarrheagenic Escherichia coli. Clin.
12012000400013&lng=es&nrm=iso>. O113:H21 e O111:H8 (STEC não- Microbiol. Rev. 11, 142–20.
accedido en 05 Mai 2017. -O157) produtoras de toxina Shiga em PATON, JC; PATON, AW. Patogenesis
FARROK C et al. 2013. Review of Shiga-to- queijo minas frescal. Cienc. Rural, and diagnosis of Siga toxin-pro-
xin-producing Escherichia coli (STEC) Santa Maria, v.45, n.1, p.52-57, Jan. ducing Escherichia coli infections.
and their significance in dairy produc- 2015. Available fromhttp://www.scie- Clinical Microbiology Reviews,
tion. Int J Food Microbiol 162:190- lo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pi Washington, v.11, n.3, p.450-479,
212. d=S010384782015000100052&lng=e Jul. 1998.
GRIFFIN, PM; TAUXE, RV. The epidemiolo- n&nrm=iso. Acesso em 08 Mai 2017. SCHAFFIN, JK et al. Schoonmaker-Bopp
gy of infections caused by Escherichia MARQUES, PAHF. Avaliação de metodolo- D. J., et al. (2012). Public health
coli O157:H7, other enterohemorragic gias para isolamento de Escherichia approach to detection of non-O157
E. coli and the associated hemolytic coli O157:H7 produtora de verotoxi- Shiga toxin-producing Escherichia
uremic syndrome. Epidemiologic Re- na em hambúrgueres [dissertação de coli: summary of two outbreaks and
views, Baltimore, v.13, n.1, p.60-98, mestrado]. São Paulo: Universidade laboratory procedures. Epidemiol.
Jan. 1993. de São Paulo; 2011. Infect. 140, 283–289.
GUERREIRO, PK et al. Qualidade mi- MARTINEZ, MB; TRABULSI, LR. Entero- STTELA, AE. Fatores de virulência em
crobiológica de leite em função de bacteriaceae. In: TRABULSI, LR; AL- isolados de Escherichia coli prove-
técnicas profiláticas no manejo de TERTHUM, F. Microbiologia. 5.ed. Ed. nientes de amostras de água, leite
produção. Ciências Agro Técnicas. Atheneu, 2008. Cap. 35, p. 271- 279. e fezes de bovinos leiteiros da re-
Editora UFLA, v.29, n.1, p.216-222, MATSUBARA, MT et al. Boas práticas de gião de Ribeirão Preto-SP, Brasil
2005. Disponível em: http://www.scie- [tese de doutorado]. Jaboticabal:
ordenha para a redução de conta-
lo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid Universidade Estadual Paulista;
minação microbiológicas do leite no
=S1413-70542005000100027 Acesso 2009.
agreste Pernambuco. Ciência Agrá-
em 05 Mai 2017 WHO 1984. A Manual for the Treatment
rias, v.32, n.1, p.277-286, Londrina,
GUTH, BEC et al. Phenotypic and Genoty- Paraná. 2011. Disponível em: http:// of Acute Diarrhoea, WHO/ CDD/
pic Characteristics of Shiga Toxin pro- www.uel.br/revistas/uel/index.php/se- SER/ 80, 2nd revNataro JP, Kaper
ducing Escherichia coli Strains Isola- magrarias/article/viewFile/3283/7138 JB 1998. Diarrheagenic Escherichia
ted from Children in São Paulo, Brazil. . Acesso em 15/05/2016. coli. Clin Microbiol Rev 11: 142-201.
61
Material para Atualização Profissional
TÍTULO AUTOR R$
ÁLBUM FOTOGRÁFICO DE PORÇÕES ALIMENTARES.......................................................................................................................LOPEZ & BOTELHO............................................................................................ 130,00
ALERGIAS.................................................................................................................................................................................................LAROUSSE............................................................................................................ 22,50
ALIMENT’ARTE: UMA NOVA VISÃO SOBRE O ALIMENTO (1A ED 2001)...........................................................................................SOUZA.................................................................................................................... 24,64
ALIMENTOS TRANSGÊNICOS................................................................................................................................................................SILVIA PANETTA NASCIMENTO............................................................................. 8,00
ANÁLISE DE PERIGOS E PONTOS CRÍTICOS DE CONTROLE...........................................................................................................SBCTA.................................................................................................................... 25,00
AROMA E SABOR DE ALIMENTOS (TEMAS ATUAIS) 1ª ED 2004.......................................................................................................FRANCO................................................................................................................. 83,93
ARTE E TÉCNICA NA COZINHA: GLOSSÁRIO MULTIL ÍNGUE, MÉTO DOS E RECEITAS , ED 2004................................................................................................................................................................................ 69,00
ATLAS DE MICROBIOLOGIA DE ALIMENTOS.......................................................................................................................................JUDITH REGINA HAJDENWURCEL .................................................................... 59,00
ATLAS DE MICROSCOPIA ALIMENTAR (VEGETAIS), 1ª ED 1997........................................................................................................BEAUX.................................................................................................................... 40,00
AVALIA ÇÃO ANTROPOMÉTRICA NOS CICLOS DA VIDA....................................................................................................................NACIF & VIEBIG..................................................................................................... 53,10
AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DE CARNES: FUNDAMENTOS E METODOLOGIAS............................................................................RAMOS/GOMIDE..................................................................................................112,00
AVANÇOS EM ANÁLISE SENSORIAL, 1ªED 1999..................................................................................................................................ALMEIDA/HOUGH/DAMÁSIO/SILVA..................................................................... 63,00
BETO E BIA (JOGO). CORRIDA DA BOA ALIMENTAÇÃO E DOS HÁBITOS SAUDÁVEIS.................................................................METHA.................................................................................................................... 15,00
BRASIL: POTÊNCIA ALIMENTAR - SEGURANÇA DOS ALIMENTOS DE ORIGEM ANIMAL..............................................................ANTONIO MELLO ALVARENGA NETO; MILTON THIAGO DE MELLO.............. 47,00
BRINCANDO DA NUTRIÇÃO....................................................................................................................................................................ELIANE MERGULHÃO/SONIA PINHEIRO............................................................ 27,90
CAMPILOBACTERIOSES: O AGENTE, A DOENÇA E A TRANSMISSÃO POR ALIMENTOS .............................................................CALIL, SCARCELLI, MODELLI, CALIL................................................................ 30,00
CARNES E CORTES.................................................................................................................................................................................SEBRAE................................................................................................................. 35,00
NO PERÍODO DE 1982 A 2002................................................................................................................................................................................................................................................................................................. 15,00
CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR (DIRECIONADO AO SEGMENTO ALIMENTÍCIO)..............................................................ABEA...................................................................................................................... 17,00
COLESTEROL DA MESA AO CORPO.....................................................................................................................................................VARELA.................................................................................................................. 34,42
COLESTEROL: DA MESA AO CORPO, ED 2006SOUZA/VISENTAINER32,00
COMER SEM RISCOS, VOLUME 1..........................................................................................................................................................REY/SILVESTRE.................................................................................................... 85,00
COMER SEM RISCOS, VOLUME 2..........................................................................................................................................................REY/SILVESTRE.................................................................................................... 95,00
COMIDA: PRAZER?! DOENÇA?!.............................................................................................................................................................FATIMA DIETOS..................................................................................................... 16,00
CONTROLE DE QUALIDADE EM SISTEMAS DE ALIMENTAÇÃO COLETIVA,1ªED 2002...................................................................FERREIRA.............................................................................................................. 49,00
DEFEITOS NOS PRODUTOS CÁRNEOS: ORIGENS E SOLUÇÕES, 1ª ED 2004.................................................................................NELCINDO NTERRA & COL.................................................................................. 42,35
DICIONÁRIO DE TERMOS LATICINISTAS VOLS: 1, 2 E 3.....................................................................................................................INST LAT CÂNDIDO TOSTES............................................................................. 100,00
DIETA MILAGROSA DO CORAÇÃO SAUDÁVEL....................................................................................................................................SELEÇÕES............................................................................................................. 89,90
DOSSIÊ ABRASCO...................................................................................................................................................................................ABRASCO.............................................................................................................. 40,00
222 PERGUNTAS E RESPOSTAS PARA EMAGRECER E MANTER O PESO
DE UMA FORMA EQUILIBRADA..............................................................................................................................................................ISABEL DO CARMO.............................................................................................. 35,00
GESTÃO DE UNIDADES DE ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO: UM MODO DE FAZER...........................................................................ABRE/SPINELLI/PINTO........................................................................................ 95,00
GUIA DE ALIMENTA ÇÃO DA CRIANÇA COM CÂNCER.......................................................................................................................GENARO................................................................................................................. 45,00
HERBICIDAS EM ALIMENTOS, 2ª ED 1997............................................................................................................................................MÍDIO...................................................................................................................... 61,60
HIGIENE NA INDÚSTRIA DE ALIMENTOS , 1ªED 2008..........................................................................................................................NÉLIO JOSÉ DE ANDRADE1.............................................................................. 160,00
HIGIENE PESSOAL - HÁBITOS HIGIÊNICOS E INTEGRIDADE FÍSICA (MÓDULO II).........................................................................FRIULI .................................................................................................................... 25,00
INSETOS DE GRÃOS ARMAZENADOS:ASPECTOS BIOLÓGICOS (2AED2000)................................................................................ATHIÊ.................................................................................................................... 102,00
INSPEÇÃO E HIGIENE DE CARNES.......................................................................................................................................................PAULO SÉRGIO DE ARRUDA PINTO.................................................................. 95,00
INTRODUÇÃO À QUÍMICA AMBIENTAL.................................................................................................................................................JORGE BDE MACEDO........................................................................................ 165,00
ISOFLAVONAS DE SOJA E SUAS ATIVIDADES BIOLÓGICAS.............................................................................................................VARELA...................................................................................................................33,11
LEITE PARA ADULTOS. MITOS E FATOS FRENTE À CIÊNCIA.............................................................................................................VARELA................................................................................................................ 143,22
LIVRO VERDE DE RASTREAMENTO - CONCEITOS E DESAFIOS.......................................................................................................VARELA...................................................................................................................33,11
MANUAL DE BOVINOCULTURA LEITEIRA – ALIMENTOS: PRODUÇÃO E FORNECIMENTO...........................................................IVAN LUZ LEDIC.................................................................................................... 51,00
MANUAL DE CONTROLE HIGIÊNICOSSANITÁRIO EM SERVIÇOS DE ALIMENTAÇÃO, 7AED2007................................................SILVA.JR............................................................................................................... 239,00
MANUAL DE INSPEÇÃO E QUALIDADE DO LEITE...............................................................................................................................UFSM...................................................................................................................... 45,00
MANUAL DE MÉTODOS DE ANALISE MICROBIOLOGICA DE ALIMENTOS E ÁGUA........................................................................VARELA................................................................................................................ 379,00
MANUAL DESCOMPLICADO PARA CONTROLE DE PRAGAS URBANAS..........................................................................................ALL PRINT.............................................................................................................. 40,00
MANUAL SOBRE NUTRIÇÃO, CONSERVAÇÃO DE ALIMENTOS E MANIPULAÇÃO DE CARNES...................................................SEBRAE................................................................................................................. 48,00
MARKETING E QUALIDADE TOTAL (SETOR LATICINISTA).................................................................................................................FERNANDO A CARVALHO E LUIZA C ALBUQUERQUE.................................... 48,00
NOÇÕES BÁSICAS DE MICROBIOLOGIA E PARASITOLOGIA PARA MANIPULADORES DE ALIMENTOS (MÓDULO I)...............FRIULI .................................................................................................................... 12,00
NOVA CASA DE CARNES (REDE AÇOUCIA).........................................................................................................................................FCESP-CCESP-SEBRAE....................................................................................... 15,00
NUTRICIONISTA - O SEU PRÓPRIO EMPREENDEDOR........................................................................................................................ALEXANDRE CONDE; SIMARA RUFATTO CONDE............................................ 45,00
NUTRIÇÃO DA MULHER. UMA ABORDAGEM NUTRICIONAL DA SAÚDE À DOENÇA......................................................................METHA.................................................................................................................... 98,00
NUTRIÇÃO E ADMINISTRAÇÃO NOS SERVIÇOS DE ALIMENTAÇÃO ESCOLAR..............................................................................RICARDO CALLIL E JEANICE AGUIAR............................................................... 25,00
NUTRIÇÃO PARA QUEM NÃO CONHECE NUTRIÇÃO, 1ªED 1998.......................................................................................................PORTO.................................................................................................................... 42,00
O MUNDO DO FRANGO...........................................................................................................................................................................OLIVO................................................................................................................... 255,00
PARTICULARIDADES NA FABRICAÇÃO DE SALAME, 1ª ED 2004.....................................................................................................TERRA/FRIES/TERRA........................................................................................... 42,35
PERSONAL DIET. O CAMINHO P/ O SUCESSO PROFISSIONAL.........................................................................................................METHA.................................................................................................................... 49,00
PIRÂMIDE ALIMENTAR............................................................................................................................................................................METHA.................................................................................................................... 15,00
PROBIÓTICOS E PREBIÓTICOS EM ALIMENTOS.................................................................................................................................VARELA................................................................................................................ 174,79
PROCESSAMENTO E ANÁLISEDE BISCOITOS (1A ED 1999)...............................................................................................................MORETTO.............................................................................................................. 41,58
QUEIJOS NO MUNDO- O LEITE EM SUAS MÃOS (VOLUME IV)..........................................................................................................LUIZA C ALBUQUERQUE..................................................................................... 45,00
QUEIJOS NO MUNDO - O MUNDO ITALIANO DOS QUEIJOS (VOLUME III)........................................................................................LUIZA C ALBUQUERQUE..................................................................................... 45,00
QUEIJOS NO MUNDO - ORIGEM E TECNOLOGIA (VOLUMES I E II)...................................................................................................LUIZA C ALBUQUERQUE..................................................................................... 90,00
QUEIJOS NO MUNDO - SISTEMA INTEGRADO DE QUALIDADE - MARKETING, UMA FERRAMENTA COMPETITIVA
(VOLUME V)..............................................................................................................................................................................................LUIZA C ALBUQUERQUE..................................................................................... 45,00
RELAÇÃO DE MEDIDAS CASEIRAS, COMPOSIÇÃO QUÍMICA DE ALIMENTOS NIPO-BRASILEIROS............................................TOMITTA, CARDOSO............................................................................................ 22,50
RESTAURANTE POR QUILO: UMA ÁREA A SER ABORDADA.............................................................................................................DONATO................................................................................................................. 46,80
SEGURANÇA ALIMENTAR APLICADA AOS MANIPULADORES DE ALIMENTOS /
FLUXOGRAMAS CROMÁTICOS PARA PREPARAÇÃO DE REFEIÇÕES.............................................................................................MAGALI SCHILLING.............................................................................................. 18,00
SISTEMA DE PONTOS PARA CONTROLE DE COLESTEROL E GORDURA NO SANGUE................................................................ABREU/NACIF/TORRES....................................................................................... 30,00
SORVETES -CLASSIFICAÇÃO, INGREDIENTES, PROCESSAMENTO (EDIÇÃO 2001)......................................................................CENTRO DE INFEM ALIMENTOS......................................................................... 28,00
SUBPRODUTOS DO PROCESSO DE DESINFECÇÃO DE ÁGUA PELO USO DE DERIVADOS CLORADOS....................................JORGE A BARROS MACEDO............................................................................... 25,00
TREINANDO MANIPULADORES DE ALIMENTOS ................................................................................................................................SANTOS................................................................................................................. 50,00
TREINAMENTO DE MANIPULADORES DE ALIMENTOS: FATOR DE SEGURANÇA ALIMENTAR
E PROMOÇÃO DA SAÚDE, 1ª ED 2003...................................................................................................................................................GERMANO.............................................................................................................. 50,00
VÍDEO TÉCNICO (EM VHS OU DVD): QUALIDADE E SEGURANÇA DO LEITE:
DA ORDENHA AO PROCESSAMENTO ..................................................................................................................................................POLLONIO/SANTOS.............................................................................................. 55,00
VÍDEO TÉCNICO (APENAS EM DVD): QUALIDADE DA CARNE IN NATURA (DO ABATE AO CONSUMO).................................HIGIENE ALIMENTAR........................................................................................... 55,00
PESQUISA
RESUMO hora 8 – quatro e oito horas após a isso, pode-se concluir que a banca-
sanitização, respectivamente. A dife- da de inox apesar de apresentar au-
A mudança nos padrões da popu- rença entre as médias foi determina- mento na quantidade de UFC/mL de
lação em relação ao cotidiano leva da por meio do programa estatístico CPM ainda mantém sua proteção a
a questão sanitária a um patamar SAS, pela utilização do proc glm e o níveis seguros.
elevado. Grande parte das pessoas teste de tukey. As amostras do liqui-
Palavras-chave: Contaminação.
realiza suas refeições fora de casa, dificador e da leiteira elétrica se por-
Mesófilos. Sanitizante.
aumentando os surtos de doenças taram da mesma forma, não apresen-
Termotolerantes.
transmitidas por alimentos (DTA). tando diferença ao longo do tempo
Buscou-se, então, avaliar o uso do com relação a CPM e NMP de coli-
formes termotolerantes (Liquidifica-
ABSTRACT
sanitizante Brometo de Lauril Di-
metil Benzil Amônio 10% em dife- dor: 2,27± 1,93; 1,3± 0,61 e 1,27±
0,64 e Leiteira: 3,93± 5,25; 1,27± The change standard of population
rentes superfícies (liquidificador in-
0,64 e 1,97± 1,05; e Liquidificador: in relation to the everyday health is-
dustrial de inox, leiteira elétrica de
1,2±1,56 ao longo do tempo e Leitei- sues leads to a high level. As most
inox e bancada para processamento
ra: 1,34±1,45; 1,2±1,56 e 1,2±1,56; people place their meals in the street
de carne de inox) e sua influência
respectivamente). Enquanto que a and disease outbreaks, food poison-
na contagem padrão de mesófilos
bancada de processamento de carne ing the villain. The objective was
aeróbios estritos e facultativos viá-
de inox apresentou diferença entre evaluate the use of sanitizer bromide
veis (CPM) e no número mais pro-
as médias ao longo do período es- lauryl dimethyl benzyl ammonium
vável de coliformes termotolerantes
tabelecido para a CPM e NMP de 10% on different surfaces (stainless
(NMP), ao longo do tempo. Para isto
coliformes (1,3± 0,61; 5,97± 6,28 e steel industrial blender, milk electri-
foram divididos em três grupos por
37,63± 62,67; e 1,2±1,56; 1,22±1,54 cal steel and stall for meat processing
superfície: hora 1 – 10 minutos após
e 1,2±1,56; respectivamente). Com and stainless steel) and its influence
a aplicação do sanitizante, hora 4 e
on the count of mesophilic aerobic
65
PESQUISA
strict standard and optional viable a transferência de bactérias de uma Foi avaliada a qualidade da higie-
(CMS) and most probable number superfície a outra depende do tipo de nização de uma leiteira elétrica de
of fecal coliform (NPM), over time, bactéria, das superfícies envolvidas inox, um liquidificador industrial
them were divided: hours 1 – to 10 (RUSIN et al., 2002), do tempo de de inox utilizado para processar ali-
minutes after application of sanitizer, contato (SCOTT; BLOOMFIELD, mentos diversos e uma bancada de
4 and 8 hours – four and eight hours 1990) e dos níveis de umidade (SAT- inox utilizada para o manuseio de
after sanitization, respectively. The TAR et al., 2001). carnes. As análises foram feitas por
difference between means was deter- Além disso, a aplicação de proces- meio da coleta de amostras utilizan-
mined using the statistical program sos de limpeza e desinfecção auxilia do a técnica de swab de arrasto (SIL-
SAS by using PROC GLM and Tukey na remoção e/ou controle da conta- VA, 2007). A colheita do material
test. Samples of the electrical milk minação das superfícies (MOSTEL- nos equipamentos foi realizada na
industrial blender and behaved the LER et al., 1993 e LELIEVELD et ordem em que estão citados acima
same way, with no significant differ- al., 2005). Tais processos de sanitiza- utilizando um modelo demarcador
ence over time (Blender: 2.27± 1.93, ção primeiramente tendem a reduzir a de 15cm x 15cm. Os equipamentos
1.3± 0.61 and 1.27± 0.64 and Electri- população pela ação da limpeza com foram devidamente identificados
cal milk: 3.93± 5.25, 1.27± 0.64 and o uso do sanitizante, posteriormente, com placas impermeabilizadas e,
1.97± 1.05, and Blender: 1.2±1.56 reduzir a viabilidade da população para cada equipamento, foram feitos
over time and Electrical milk: residual (SILVA, 2007). Assim, o ob- três ciclos completos de colheita.
1.34±1.45, 1.2±1.56 and 1.2±1.56, jetivo geral da sanitização é prevenir Os indicadores microbiológicos
respectively). While the bench meat o crescimento bacteriano durante o utilizados foram: contagem padrão
processing stainless steel showed a período interprocesso (ZOTTOLA; de micro-organismos mesófilos
difference between the averages over SASSAHARA, 1994). aeróbios estritos e facultativos vi-
period specified, for CMS and NPM Os equipamentos e superfície áveis (CPM) e número mais pro-
(1.3± 0.61, 5.97± 6.28 and 37.63± avaliados neste trabalho são ampla- vável (NPM) de coliformes ter-
62.67, and 1.2±1.56, 1.22±1.54 and mente utilizados no preparo das re- motolerantes. O material coletado
1.2±1.56, respectively). Thus, the feições e estão dentre os que mais foi mantido sob refrigeração, em
stainless steel bench despite showing acumulam contaminações, sendo caixa isotérmica e encaminhado ao
an increase in the number of CFU/ responsáveis por 16% dos surtos de Centro de Pesquisa em Alimentos
mL of CMS steel holds its protection Doenças Transmitidas por Alimentos da Universidade Federal de Goiás,
to safe levels. (DTA) (ANDRADE et al., 2003). A Campus II Samambaia, Goiânia-
higienização adequada dos utensílios -GO. As diferenças das amostras ao
Keywords: Contamination.
e das superfícies garante o controle longo do período de avaliação fo-
Mesophiles. Sanitizing.
microbiológico, evitando assim as ram mensuradas de acordo com o
Thermotolerant.
DTA (SILVA, 2007). modelo de análise para dados não
balanceados (PROC GLM – SAS
INTRODUÇÃO software) e para comparar as mé-
MATERIAL E MÉTODOS
A
dias nos diferentes grupos utilizou-
qualidade sanitária do -se o Teste de Tukey.
O experimento foi realizado na co-
alimento depende do con- Para avaliar a eficiência do
zinha industrial da Brigada de Ope-
trole sobre fatores quími- Brometo de Lauril Dimetil Ben-
rações Especiais em Goiânia, GO,
cos, físicos e biológicos, zil Amônio 10%, os equipamentos
onde se avaliou a eficácia do Brome-
que influenciam as etapas da cadeia avaliados foram devidamente lava-
to de Lauril Dimetil Benzil Amônio
alimentar, da produção primária ao 10% na sanitização de superfícies e dos conforme a rotina empregada
consumo (JACULI, 2009). Dentre equipamentos empregados em cozi- na cozinha e, posteriormente, sani-
as superfícies usadas para o proces- nha industrial. tizados com o produto. Colheu-se o
samento dos alimentos estão: o aço A cozinha em estudo produz um material 10 minutos, quatro e oito
inoxidável, polietileno, polipropile- volume de aproximadamente 3500 horas após a aplicação de Brometo
no, mármore, madeira, vidro, entre refeições/dia, com funcionamento de Lauril Dimetil Benzil Amônio
outros. Todas permitem o cresci- integral durante os 365 dias do ano, 10%. Importante salientar que nes-
mento microbiano, podendo originar produzindo quatro tipos de refeições: te intervalo de tempo, os equipa-
a adesão microbiana e formação de desjejum, almoço, jantar e ceia, com- mentos utilizados no experimento
biofilmes (ANDRADE, 2008), mas postas por cardápios diversificados. foram preservados e identificados
66
Higiene Alimentar - Vol.32 - nº 278/279 - Março/Abril de 2018
67
PESQUISA
em equipamentos e utensílios, Silva REFERÊNCIAS transfer efficiency of gram-positi-
(2007) determinou que até 50 UFC/ ve bacteria, gram-negative bacteria,
cm2 e ausência de coliformes fecais ANDRADE, JN et al. Avaliação das con- and phage. Journal Applied Micro-
e de patogênicos, é satisfatório; e dições microbiológicas em unida- biology, v.3, p.585-592, 2002.
valores acima de 50 UFC/cm2 e/ou des de alimentação e nutrição. Ci- SANTOS, MAA dos et al. Carta ao Editor.
presença de coliformes fecais e/ou ênc Agrotec, v.27, n.3, 2003. J. Pneumologia, v.26, n.4, 2000.
de patogênicos, é insatisfatório.
ANDRADE, JN. Higienização na in- SAS INSTITUTE. Sas user’s guides:
dústria de alimentos: avaliação e Statistics. Version 6.4 ed. Cary/Nor-
CONCLUSÃO controle de adesão e formação de th Carolina, v.2, 400p, 1996.
biofilmes bacterianos. São Paulo, SATTAR, SA et al. Transfer of bacteria
Conclui-se que o brometo de lauril Varela, 2008. from fabrics to hands and other fa-
dimetil benzil amônio mantém o con-
JACULI, MFL. Avaliação do uso de brics: development and application
trole de aeróbios estritos e facultativos of a quantitative method using Sta-
agentes saneantes em serviços de
viáveis e coliformes termotolerantes phylococcus aureous as a model.
alimentação coletiva. Monografia
ao longo do tempo de oito horas na su- Journal Applied Microbilology, v.90,
de Especialização apresentada ao
perfície do liquidificador industrial de p.962-970, 2001.
Curso de Especialização em Quali-
inox e da leiteira elétrica de inox, po-
dade em Alimentos. Universidade SCOTT, E; Bloomfield, S. The survival
rém isto não foi evidenciado na banca- de Brasília, Centro de Excelência em and transfer of microbial contami-
da de processamento de carne de inox, Turismo, p.39, 2009. nation via cloths, hand and utensils.
a qual apresentou aumento na quanti-
LELIEVELD, H et al. Handbook of hy- Journal Applied Bacteriology, v.68,
dade de UFC/mL de mesófilos na oita-
giene control in the food industry. p.271-277, 1990.
va hora após aplicação do sanitizante.
USA: Woodhead Publishing Limi- SILVA JR, EA. Manual de controle higi-
Mesmo mantendo os níveis de me-
ted, 2005. ênico-sanitário em serviços de ali-
sófilos e termotolerantes, o brometo de
lauril dimetil benzil amônio não apre- MOSTELLER, TM; BISHOP, JR. Saniti- mentação. São Paulo: Varela, 2007.
sentou resultados satisfatórios para ser efficiency against attached bac- ZOTTOLA, EA; SASSAHARA, KC. Micro-
contagem de termotolerantes, pois teria in milk biofilm. Journal of food bial biofilm in the food processing
apresentou média superior a zero, en- protection, v.56, p.34-41, 1993. industry. Internacional Journal of
quanto que a quantidade de mesófilos RUSIN, P et al. Comparative surface- Food microbiology, v.23, p.125-
foi satisfatória. -to-hand and fingertip-to-mouth 148, 1994.
Num tempo quase erradicada, o mundo vem perdendo as batalhas contra a tuberculose humana. Segundo Médi-
cos sem Fronteiras, a doença mata, atualmente, 1,7 milhão de pessoas por ano, sendo considerada emergência glo-
bal de saúde. Pode ser prevenida, tratada e curada e, não obstante, tira a vida de uma pessoa a cada 18 segundos.
O tratamento, quando não há complicações, leva no mínimo seis meses. O paciente tem que seguir rigoro-
samente as prescrições e não parar de tomar os medicamentos. Muitas pessoas sentem-se melhor após algum
tempo e interrompem a medicação. Essa é a principal causa do desenvolvimento das formas resistentes, que são
muito mais difíceis e caras de tratar.
É preciso rapidez na adoção de medidas capazes de combater a tuberculose, como dar apoio técnico e orientação
aos governos para iniciar a oferta de tratamento às pessoas que precisam. E as companhias farmacêuticas devem
permitir acesso amplo, e em tempo hábil, a seus medicamentos mais modernos e eficazes, registrar seus produtos
de forma rápida, especialmente em países onde foram conduzidos ensaios clínicos e naqueles com altas taxas de
tuberculose, além de aplicar políticas justas e transparentes de preço, registro e licenciamento, particularmente
para países de média e baixa renda. Em 2018, pela primeira vez, os líderes mundiais se encontrarão em uma reu-
nião especial de alto escalão das Nações Unidas para discutir a tuberculose e as etapas necessárias para enfrentar
esta emergência global de saúde. (Jornal da USP, maio/2018).
68
Higiene Alimentar - Vol.32 - nº 278/279 - Março/Abril de 2018
69
PESQUISA
ABSTRACT INTRODUÇÃO bagas de junípero são comumente
A
usadas como condimento, devido
fitoterapia é caracteriza- ao seu sabor característico e ao seu
Essential oils are natural complex- da pelo tratamento com aroma, sendo muito comum na gas-
es formed by 20 to 60 components o uso de plantas medi- tronomia da Escandinávia, do cen-
in varying amounts; being charac- cinais e suas diferentes tro da Europa e do sul da Alemanha
terized by two or three components formas farmacêuticas, sem a utili- (FIGUEIREDO et al., 2014).
present in higher concentrations zação de princípios ativos isolados Rosa damascena pertence à Fa-
(20-70%) when compared to the (SCHENKEL; GOSMAN; ATHAY- mília Rosaceae e é comumente
others. The antibacterial activity DE, 2004) permitindo que o ser hu- conhecida como damasco rosa. É
of many plants is due to the com- mano se reconecte com o ambiente, uma planta medicinal bem conhe-
pounds synthesized in the second- acessando o poder da natureza para cida por seus efeitos sobre várias
ary metabolism. Such products are ajudar o organismo a normalizar doenças, incluído gastrointestinais,
known for their active substances. funções fisiológicas prejudicadas, distúrbios cardiovasculares, cica-
This research aimed to verify the restaurar a imunidade enfraqueci- trização de feridas, saúde da pele,
antibacterial action of essential da, promover a desintoxicação e o doenças inflamatórias e transtornos
oils: juniper berries (Junipeus com- rejuvenescimento (FRANÇA et al., mentais (FARZAEI et al., 2014;
munis), peach leaves (Prunus per- 2008). SHIRAZI et al., 2017).
sica), petitgrain mandarin (Citrus Os óleos essenciais são comple- Citrus deliciosa, comumente
deliciosa), apricot rose 10% (Rosa xos naturais formados por cerca de chamada como mexerica, apresenta
damascena) and sucupira branca 20 – 60 componentes em distintas copa arredondada a aberta, com ra-
(Pterodon emarginatus). The tests concentrações, sendo caracterizados mos pendentes; ramos finos, pouco
were performed with the essential por dois ou três componentes pre- espinhosos, com folhas lanceola-
oils individually and in combina- sentes em maiores concentrações (20 das, afiladas, pequenas, aromáticas.
tion. The essential oils were impreg- – 70%) quando comparados aos de- O fruto perde a qualidade quando
nated into 6 mm diameter filter pa- mais (BAKKALI et al., 2008). maduro, ficando mole, com polpa
per disks, suitable for antibiogram, O gênero Pterodon pertence à Fa- granulada e seca (DONADIO; FI-
mília Fabaceae, também chamada de GUEIREDO; PIO, 1995).
placed in Petri dishes with appro-
leguminosa que são Angiospermas Os extratos vegetais são uma
priate culture medium, previously
de grande distribuição com aproxi- alternativa terapêutica para o tra-
seeded with the following microor-
madamente 18.000 espécies (SOU- tamento de micro-organismos mul-
ganisms: Bacillus cereus, Bacillus
ZA; LOREZI, 2005). Diferentes tirresistentes, apresentando muitas
subtilis, Escherichia coli, Salmo-
espécies têm utilização popular no vantagens: menor efeito colateral,
nella Typhimurium, Salmonella En-
tratamento de algumas enfermida- melhor tolerância do paciente, mais
teritidis and Staphylococcus aureus,
des reumáticas, como por exemplo, a econômico, melhor aceitação devi-
subsequently incubated at 35 °C/24
Pterodon emarginatus Vogel. do à longa história de uso na me-
- 48 hours. Efficient antimicrobial
O pessegueiro (Prunus persica) dicina popular e ser renovável por
action was considered in those es-
é uma planta originária do Oriente, estar disponível na natureza (GUR;
sential oils with halos equal to or TURGUT-BALIK; GUR, 2006;
greater than 10 mm. Efficient re- afirmando alguns autores que ela tem
como pátria primitiva, a China, de PAREKH; CHANDA, 2007).
sults were observed for the essential
oil of peach leaves on S. aureus (60 onde foi transportada para a Pérsia,
passando a florescer abundantemen- MATERIAL E MÉTODOS
mm halo) and S. Typhimurium (62
te. Com seu fruto são feitos doces,
mm halo); for essential oil of peach
geléias e sorvetes, dando uma exce- O estudo avaliou a atividade
leaves and petitgrain mandarin on
lente e saborosa compota (GRANDI, antimicrobiana de óleos essenciais
B. subtilis (62 mm halo). E. coli was
2014). do gênero sucupira branca
efficiently inhibited for all essential
O gênero Juniperus, pertencente (Pterodon emarginatus); folhas de
oils tested. The most effective inhib-
à Família das Cupressaceae, é uma pêssego (Prunus persica); bagas de
itory activity observed for the essen-
planta gimnospérmica que possui junipero (Juniperus Communis);
tial oil of peach leaves.
cerca de setenta espécies e vinte e rosa de damasco (Rosa damascena);
Keywords: Antibiogram. Peach oito variedades distribuídas por todo petitgrain mandarina (Citrus
leaves. E. coli. mundo (CAVALEIRO, 2001). As deliciosa); e dos mesmos óleos
70
Higiene Alimentar - Vol.32 - nº 278/279 - Março/Abril de 2018
combinados entre si, sobre algumas Type Culture Collection (ATCC). Nutriente e incubados a 35 °C
bactérias; no caso, Bacillus cereus, No laboratório cada amostra por 24 horas, foram semeados na
Bacillus subtilis, Escherichia coli, recebeu uma identificação: sucu- superfície de placas de Petri con-
Salmonella Enteritidis, Salmonella pira branca (SB), folhas de pêsse- tendo Ágar Nutriente. As análises
Typhimurium e Staphylococcus go (FP), bagas de junipero (BJ); foram realizadas em duplicata. Na
aureus. rosa de damasco (RD), petitgrain sequência, discos de antibiograma
As cepas microbianas empre- mandarina (PM). Em seguida fo- saturados com a solução foram co-
gadas no estudo foram provenien- ram dispostos 10 mL de cada óleo locados no centro de cada placa;
tes da coleção do Laboratório de separadamente e combinados em sendo as mesmas incubadas a 35
Microbiologia de Alimentos do béqueres de 50 mL. Os discos de °C por 24 e 48 horas. Após este pe-
Departamento de Engenharia e papel filtro de 6 mm de diâmetro, ríodo foi possível observar e medir
Tecnologia de Alimentos da Uni- próprios para antibiograma foram o halo de inibição. Halos iguais ou
versidade Estadual Paulista “Júlio adicionados à solução, sendo a superiores a 10 mm foram consi-
de Mesquita Filho” (UNESP), de mesma mantida no agitador por derados de atividade antimicrobia-
São José do Rio Preto - SP. São 30 minutos. Os micro-organismos na eficiente (HOFFMANN et al.,
bactérias oriundas da American previamente semeados em Caldo 1999).
Tabela 1 - Determinação da ação antimicrobiana de óleos essenciais, impregnados em discos de papel filtro de 6 mm de diâmetro; incubação
a 35 °C / 24 e 48 horas; expressa como halo de inibição em mm.
B. cereus B. subtilis E. coli S. aureus S. Typhimurium S. Enteritidis
RD 24H 6* 12 15 10 6* 9*
48H 6* 12 15 10 6* 9*
FP 24H 60 35 19 60 62 32
48H 60 35 19 60 62 32
SB 24H 22 30 32 25 19 12
48H 22 30 32 25 19 12
PM 24H 35 29 42 12 11 35
48H 35 29 42 12 11 35
BJ 24H 38 31 35 20 15 22
48H 38 31 35 20 15 22
RD+FP 24H 12 24 30 12 19 18
48H 12 24 30 12 19 18
RD+SB 24H 9* 11 11 9* 8* 10
48H 9* 11 11 9* 8* 10
RD+PM 24H 7* 8* 11 9* 11 13
48H 7* 8* 11 9* 11 13
RD+BJ 24H 10 8* 10 12 10 20
48H 10 8* 10 12 10 20
FP+SB 24H 50 55 60 22 23 55
48H 50 55 60 22 23 55
FP+PM 24H 50 62 20 18 20 32
48H 50 62 20 18 20 32
FP+BJ 24H 23 42 55 60 24 57
48H 23 42 55 60 24 57
SB+PM 24H 24 32 12 18 12 22
48H 24 32 12 18 12 22
SB+BJ 24H 27 52 30 20 20 20
48H 27 52 30 20 20 20
PM+BJ 24H 29 34 18 18 18 22
48H 29 34 18 18 18 22
* Valores considerados ineficazes de atividade antimicrobiana.
71
PESQUISA
Salviano (2016) obteve resultados sa-
Figura 1 - Ação inibitória dos óleos essenciais de folhas de pêssego com
tisfatórios com óleo essencial de cane-
sucupira branca sobre B. subtilis.
la casca.
Ação eficiente foi verificada sobre
Salmonella Enteritidis para os óleos
essenciais de folhas de pêssego com-
binado com bagas de junípero (halo de
57 mm) e folhas de pêssego combinado
com sucupira branca (halo de 55 mm).
Salviano (2016) encontrou resultados
satisfatórios, ao testar os óleos essen-
cias de canela casca e canela folha.
Não foi observada ação antimicro-
biana eficaz do óleo essencial de rosa
de damasco sobre B. cereus, S. Typhi-
murium e S. Enteritidis; do óleo essen-
cial de rosa de damasco combinado
com sucupira branca sobre B. cereus,
RESULTADOS E DISCUSSÃO extrato alcoólico das plantas Piper S. aureus, S. Typhimurium; óleo es-
regnellii (pariparoba) e extrato alcoó- sencial de roda de damasco combi-
A Tabela 1 apresenta os resultados lico de Aloysia gratissima (Alfazema nado com petitgrain mandarina sobre
da atividade antimicrobiana dos óleos do Brasil). B. cereus, B. subtilis e S. aureus; óleo
essências sobre os diferentes tipos de No que se refere a E. coli, os va- essencial de rosa de damasco combi-
micro-organismos. lores mais eficazes foram verificados nado com bagas de junipero sobre B.
Na Figura 6 a seguir mostra-se a para os óleos de folhas de pêssego subtilis.
ação dos óleos essenciais de folhas de combinado com bagas de junípero Quanto aos óleos combinados, a
pêssego com sucupira branca sobre o (halo de 55 mm) e folhas de pêsse- mistura nos permitiu verificar o anta-
microrganismo B. subtilis. go combinado com sucupira branca gonismo, definido por Davidson e Pa-
Para a inibição sobre B. cereus (halo de 60 mm). O óleo essencial de rish (1989) como o efeito de uma ou
destacaram-se os óleos essenciais de Ocimum gratissimum (alfavacão) ini- ambas as substâncias se revelar menor
folhas de pêssego (halo de 60 mm), as biu esse micro-organismo em traba- quando aplicadas em combinação. Tal
combinações folhas de pêssego com lho desenvolvido por Geromini et al. fenômeno foi verificado para as com-
sucupira branca (halo de 50 mm) e fo- (2012). Inibição eficiente foi verifica- binações dos óleos essenciais de rosa
lhas de pêssego com petitgrain man- da por Duarte (2006), ao testar o óleo de damasco e folhas de pêssego, rosa
darina (halo de 50 mm). Atividade essencial da planta Aloysia triphylla de damasco e sucupira branca e rosa
eficaz também foi verificada por ou- (aloisia) sobre esta bactéria. de damasco e bagas de junipero sobre
tros pesquisadores sobre este mesmo S. aureus foi inibida de maneira todas as bactérias; folhas de pêssego
micro-organismo, como Chaibub et eficaz pelo óleo essencial de folhas de e sucupira branca sobre B. cereus, S.
al. (2013), ao testarem o óleo essen- pêssego e o mesmo combinado com aureus e S. Typhimurium; folhas de
cial das folhas de Spiranthera odora- bagas de junípero (halos de 60 mm). pêssego e petitgrain mandarina so-
tissima (manacá) e Silva (2014), ao Óleo essencial de Malaleuca alterni- bre B. cereus, E. coli, S. aureus, S.
aplicar óleo de manjerona e louro. fólia (árvore de chá), óleo essencial de Typhimurium e S. Enteritidis; folhas
Com relação à bactéria B. subtilis, Citrus limonia (limão cravo) e óleo de pêssego e bagas de junipero sobre
constatou-se ação mais eficiente dos essencial de cravo da índia, também B. cereus e S. Typhimurium; sucupira
óleos essenciais de sucupira branca exerceram ação eficaz sobre esta bac- branca e petitgrain mandarina sobre
combinado com bagas de junípero téria em trabalhos realizados respecti- B. cereus, E. coli, S.Typhimurium e
(halo de 52 mm) e folhas de pêssego vamente por Santos et al. (2016), Mil- S. Enteritidis; sucupira branca e bagas
com petitgrain mandarina (halo de 62 lezi et al. (2014) e Silva et al. (2015). de junipero sobre B. cereus, E. coli,
mm). Ação eficaz também foi obser- Sobre Salmonella Typhimurium a S. Typhimurium, S. Enteritidis; petit-
vada em pesquisas realizadas por Pes- ação mais eficiente foi exercida pelo grain mandarina e bagas de junipero
sini et al. (2003) e Duarte et al. (2004), óleo essencial de folhas de pêssego sobre B. cereus, E. coli, S. aureus e S.
os quais testaram respectivamente (halo de 62 mm). Para esta bactéria Enteritidis.
72
Higiene Alimentar - Vol.32 - nº 278/279 - Março/Abril de 2018
73
PESQUISA
74
Higiene Alimentar - Vol.32 - nº 278/279 - Março/Abril de 2018
was stored at 4 °C for seven days in micro-organismos (MARTINS et al., robustez tecnológica em suco misto
Man Rogosa Sharpe broth (MRS). 2015) e, assim, tem-se a opção de in- de juçara e manga.
After centrifugation, the cell pellet clusão dos sucos probióticos no mer-
was inoculated in mixed juçara and cado brasileiro. MATERIAL E MÉTODOS
mango juice. The viability analysis O mercado nacional de sucos
by plating was performed at times 0, prontos está em crescimento, acom- Três lotes de polpa de manga fo-
7, 14, 21, 28, 45 and 60 days. With panhando a tendência mundial de ram preparados por Prates (2017), a
28 days of storage there was a reduc- consumo de bebidas saudáveis, con- partir da seleção de frutas adquiridas
tion of 0.59 logarithmic cycle for the venientes e saborosas que trazem no comércio da cidade de Barbacena-
control and 0.80 logarithmic cycle inúmeros benefícios. Sucos de fruta -MG. Foram selecionadas frutas ma-
for the treatment of sublethal stress, prontos são considerados bebidas re- duras de manga da cultivar Palmer e
and with 60 days the count of L. frescantes e práticas, o que contribui levadas a unidade de processamento
rhamnosus GG in the control treat- para sua aceitação (FERREIRA; AL- de vegetais de um supermercado, lo-
ment reduced 1.69 logarithmic cycle CÂNTARA, 2013). calizado em Barbacena-MG, onde a
and 1.9 logarithmic cycle for the Em 2012 a produção de sucos e polpa foi processada. As frutas foram
treatment of sublethal stress. Thus, néctares chegou a 987 milhões de lavadas individualmente com água
the application of sublethal stress litros apresentando crescimento de potável e detergente neutro, com o
by cold was not enough to activate 10% quando comparado com as de- objetivo de eliminar as sujidades
the mechanisms of stress response mais bebidas não alcoólicas como provenientes do campo. Logo após,
in L. rhamnosus GG when served by refrigerantes, sucos em pó e sucos foram enxaguadas e sanitizadas em
mixed juçara and mango juice. concentrados (ABIR, 2012). Esta solução clorada sanificante para fru-
tendência de consumir sucos de fru- tas (KITCHEN SANIT CLOR, re-
Keywords: Functional food.
tas acompanha uma tendência mun- gistro ANVISA n° 342550028) con-
Tropical fruits. Probiotic.
dial, o que leva as indústrias a produ- forme instrução do fabricante, para
zirem bebidas saudáveis e com sabor redução da contagem de micro-or-
INTRODUÇÃO agradável (MAMEDE et al., 2013). ganismos contaminantes a níveis se-
A
No entanto, a acidez presente no guros, e então foram enxaguadas em
busca por alimentos fun- suco é uma barreira para o desenvol- água potável (PRATES, 2017). Em
cionais vem se intensifi- vimento e manutenção da viabilida- seguida, as frutas foram descascadas
cando, uma vez que estes de dos micro-organismos probióticos e cortadas, sendo o caroço removido
conferem benefícios à que são considerados ingredientes e os cortes triturados em liquidifica-
saúde do consumidor, como a melho- funcionais. Portanto, mecanismos dor industrial (LS-03MB-N 3L Inox
ria das funções fisiológicas, aumento que garantam a sobrevivência des- Skymsen). A polpa obtida foi fracio-
do valor nutricional dos alimentos, tes nos sucos estão sendo estudados, nada em embalagens de polietileno
auxílio no equilíbrio e atividade da como o efeito do estresse subletal de baixa densidade contendo 100 ± 5
microbiota intestinal, bem-estar, saú- aplicado às células (PRATES, 2017). g e congelada a -18 °C para posterior
de e também por reduzirem o risco Sabe-se que expondo os micro-orga- preparo do suco.
de algumas doenças (SAAD, 2006). nismos a um estresse subletal prévio, A polpa de juçara congelada foi
Dentre os alimentos funcionais os mesmos passam a se adequar às adquirida de um produtor local do
destacam-se os probióticos, que são adversidades do meio mais facilmen- município de Rio Pomba- MG, em
definidos como micro-organismos te do que àqueles que não passaram embalagens de polietileno de baixa
vivos que, quando ingeridos em pelo estresse subletal, o que se deve densidade. As polpas foram mantidas
quantidades adequadas, conferem a expressão gênica diferenciada que a -18 °C e transportadas em caixas
benefícios à saúde do hospedeiro o estresse subletal proporciona nos com isolamento térmico até o Depar-
(FAO/WHO, 2001). Os alimentos micro-organismos (PERRICONE et tamento de Ciência e Tecnologia de
carreadores de probióticos mais co- al., 2014; REALE et al., 2015). Alimentos do IF Sudeste MG, cam-
muns são os de base láctea, entretan- Neste trabalho objetivou-se ava- pus Rio Pomba, para armazenagem
to, com o aumento da intolerância à liar o efeito do estresse subletal pelo em freezer a -20 °C.
lactose, alergia à proteína do leite e o frio em células de Lactobacillus Para elaboração do suco misto as
veganismo crescente, a indústria de rhamnosus GG, uma das bactérias polpas de manga e juçara foram des-
alimentos vem buscando alternati- probióticas mais estudadas recente- congeladas sob refrigeração por 6
vas de alimentos veiculadores desses mente devido a sua funcionalidade e horas a 7 °C, sendo então trituradas
75
PESQUISA
na proporção de 70% de juçara e temperatura foi acompanhada uti- Darmstadt, Alemanha - MRS) a 37
30% de manga com adição de 7% lizando um frasco aberto com suco °C até que a mesma alcançasse ab-
de açúcar em relação à quantidade onde estava inserido um termôme- sorvância de 0,2 a 0,3 a 600 nm, em
de suco desejado em liquidificador tro. Após o tratamento térmico o espectrofotômetro (BEL® PHOTO-
por 15 minutos. O pH do suco foi suco foi resfriado a 28 °C. NICS, SP 2000UV). Posteriormen-
ajustado para 4,0 utilizando solução De modo a submeter às células de te, a cultura foi diluída 100 vezes
de ácido cítrico 5%. O suco misto L. rhamnosus GG ao estresse subletal em 5 mL de caldo MRS, distribuído
foi envasado em frascos de vidro pelo frio, o conteúdo de uma capsula em cinco tubos a fim de se obter um
estéreis de 100 mL e pasteurizados dessa cultura (Culturelle®) contendo volume final de 25 mL para a con-
em banho-maria a 82 °C por 1 mi- 1010 UFC/g foi ativado em 10 mL de dição de estresse subletal pelo frio
nuto (MOREIRA et al., 2017). A caldo deMan Rogosa Sharpe (Merck, (incubação a 4 °C por 7 dias). Após
Figura 1 - Contagem média (n=3) de L. rhamnosus GG ao longo do tempo quando não submetido (controle) e submetido ao estresse
subletal a 4,0 °C por sete dias em suco misto de juçara e manga.
Figura 2 - Regressão linear da viabilidade de L. rhamnosus GG quando não submetido (controle) e submetido ao estresse subletal a 4,0 °C
por sete dias em suco misto de juçara e manga.
76
Higiene Alimentar - Vol.32 - nº 278/279 - Março/Abril de 2018
a aplicação do estresse subletal, as constatou que aos 28 dias de armaze- probióticas em sucos de frutas pode
células foram coletadas por centri- namento refrigerado a contagem de ser aumentada por adaptação e indu-
fugação (5 °C/15 min./8500 RPM) L. rhamnosus GG estava acima de ção de resistência expondo os probi-
(Thermo Fisher Scientific, SorvallTM a 7,96 Log UFC/mL, sugerindo que óticos ao estresse subletal que pode-
StratosTM Centrifuge Series, Alema- seu produto poderia ser considerado ria induzir resistência e uma resposta
nha), suspendidas em água peptona- probiótico. Entretanto, no presente ao estresse futuro. Entretanto, neste
da (0,1%) esterilizada, centrifugadas trabalho o intuito foi de apenas ava- trabalho, o estresse subletal pelo frio
novamente nas condições descritas liar a influência da adaptação prévia não foi suficiente para induzir a res-
previamente, sendo o sobrenadante de L. rhamnosus GG quando exposto posta celular em L. rhamnosus GG
descartado e as células ressuspendi- ao estresse frio e a subsequente so- quando mantido em suco de juçara e
das em 10 mL de suco misto de juça- brevivencia no suco de juçara e man- maga.
ra e manga pasteurizado. ga e não de obter um produto probi- Nesse trabalho o modelo de
A viabilidade celular durante o pe- ótico. regressão ajustado foi linear
ríodo de armazenamento foi avaliada Moreira et al. (2017) também negativo, ou seja, com o aumento
por 60 dias (0, 7, 14, 21, 28, 45 e 60). constataram que, após 30 dias de ar- do tempo de armazenamento houve
Para isso, alíquotas do suco misto mazenamento de suco misto de juça- redução significativa da viabilidade
pasteurizado contendo a cultura pro- ra e manga a 4 °C, houve um aumento de L. rhamnosus GG em suco de
biótica foram utilizadas para deter- de 0,7 ciclo logaritmico na contagem juçara e manga (Figura 2).
minar o número de células viáveis de de L. rhamnosus GG, diferente do De Oliveira (2017) avaliou a via-
L. rhamnosus GG. O plaqueamento encontrado no presente estudo. bilidade de L. rhamnosus GG em
foi feito por profundidade em Ágar Pires (2016) avaliou a viabilidade suco de jabuticaba, em que as frutas
MRS com posterior incubação em de L. rhamnosus GG em suco misto passaram ou não por branqueamen-
jarras de anaerobiose a 37 °C. O ex- de juçara e abacaxi e verificou que to. O tratamento sem branqueamento
perimento foi acompanhado de suco ao final de 28 dias de armazenamen- favoreceu o crescimento de L. rha-
controle, em que L. rhamnosus GG to as contagens de L. rhamnosus GG mnosus GG e ao final de 28 dias de
não foi submetido ao tratamento de no suco era de 6,81 Log UFC/mL, armazenamento, o suco apresentou
estresse subletal. Posteriormente, fo- confirmando a possibilidade de se contagens de 6,05 Log UFC/mL. Já o
ram construídas as curvas de sobre- utilizar suco misto de juçara e aba- tratamento em que as frutas passaram
viventes para cada condição experi- caxi como carreador de micro-orga- por branqueamento, L. rhamnosus
mental. nismos probióticos. Campos (2016) GG foi inibido apresentando conta-
também estudou a viabilidade de L. gens de 1,81 log UFC/mL. A autora
RESULTADOS E DISCUSSÃO rhamnosus GG em suco misto de ju- justifica esse baixo crescimento de-
çara e abacaxi e verificou a viabilida- vido à liberação de compostos fenó-
Os resultados obtidos mostraram de deste micro-organismo ao longo licos encontrados na jabuticaba que
que não houve interação entre tem- de 28 dias de armazenamento, que são inibidores de micro-organismos.
po e tratamento (p>0,05). Entretanto, foi de 7,2 Log UFC/mL.
houve diferença ao longo do tempo A influência de estresse ácido su- CONCLUSÃO
(p<0,05) para os dois tratamentos. bletal em L. rhamnosus GG inocula-
O estresse subletal pelo frio não do em suco misto de juçara e man- O estresse subletal pelo frio apli-
foi suficiente para ativar o meca- ga foi avaliada por Prates (2017). A cado nesse estudo não foi suficiente
nismo de resposta celular e, conse- autora constatou que até os 28 dias para ativar o mecanismo de resposta
quentemente induzir a expressão das de armazenamento o estresse não foi celular e proteínas do choque frio em
proteínas do choque frio em células suficiente para induzir a resposta gê- células de L. rhamnosus GG quando
de L. rhamnosus GG. Até 21 dias de nica nas células. Foi avaliado ainda veiculado em suco misto de juçara e
armazenamento não houve redução a influência do estresse bárico em L. manga, uma vez que não houve dife-
da contagem de L. rhamnosus GG, rhamnosus GG e verificou-se que o rença significativa entre os tratamen-
entretanto, a partir de 28 dias houve tratamento com aplicação de pressão tos controle e de estresse subletal
redução da contagem que se intensi- de 200 MPa foi suficiente para man- pelo frio ao longo do tempo de arma-
ficou no tempo 60 (Figura 1). ter a viabilidade das células durante zenamento.
Furtado (2017), em estudo realiza- 90 dias de armazenamento. Sugere-se que mais trabalhos
do para avaliar a viabilidade de pro- Perricone et al. (2014) relata- como este sejam realizados empre-
bióticos em suco tropical de manga, ram que a viabilidade das culturas gando-se contagem inicial de L.
77
PESQUISA
rhamnosus GG mais elevada e que postponement strategy: a multicase juice. Semina: Ciências Agrárias,
diferentes temperaturas e tempos de study in the food industry. Gestão v.38, n.3, p.1277-1294, 2017.
armazenamento sejam avaliados. & Produção, São Carlos, v.20, n.2, PERRICONE, M et al. Viability of Lacto-
p.357-372, 2013. bacillus reuteri in fruit juices. Journal
REFERÊNCIAS FURTADO, LL. Viabilidade de bactérias of functional foods, v.10, p.421–426,
probióticas em suco tropical de 2014.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DAS INDÚS- manga e sobrevivencia das estirpes PIRES, BA. Viabilidade de Lactobacillus
TRIAS DE REFRIGERANTES E DE às condições gastrointestinais si- rhamnosus GG em bebida mista pro-
BEBIDAS NÃO ALCOÓLICAS, ABIR. muladas in vitro. 2017. Dissertação biótica de abacaxi com juçara e so-
A produção de sucos e néctares (Mestrado Profissional em Ciência e brevivência desta bactéria ao trato
cresceu 10%. 2012. Disponível em: Tecnologia de Alimentos) – Instituto gastrointestinal humano. 2015. 48f.
https://abir.org.br/o-setor/dados/nec- Federal do Sudeste de Minas Gerais Dissertação (Mestrado Profissional
tares/ Acesso em: 14 out. 2017. – Campus Rio Pomba, Rio Pomba, em Ciência e Tecnologia de Alimen-
2017. tos) – Instituto Federal do Sudeste de
CAMPOS, RCAB. Suco de abacaxi com
juçara fermentado com Lactoba- MAMEDE, MEO et al. Avaliação sensorial Minas Gerais – Campus Rio Pomba,
cillus rhamnosus GG: resistência da e química de suco de laranja. Alimen- Rio Pomba, 2016.
estirpe probiótica às condições gas- tos e Nutrição, v.21, n.2, p.311-324, PRATES, FC. Desenvolvimento de suco
trointestinais simuladas in vitro e 2013. misto de juçara e manga adicio-
efeito protetor no desenvolvimento MARTINS, EMF et al. Minimally proces- nado de Lactobacillus rhamnosus
de lesões pré-neoplásicas em ratos sed fruit salad enriched with Lac- GG submetido ao estresse ácido e
wistar. 2016. Dissertação (Mestrado tobacillus acidophilus: Viability of bárico subletal. 2017. Dissertação
Profissional em Ciência e Tecnologia anti-browning compounds in the pre- (Mestrado Profissional em Ciência e
de Alimentos) – Instituto Federal do servation of color. African Journal of Tecnologia de Alimentos) – Instituto
Sudeste de Minas Gerais – Campus Biotechnology, v.14, n.24, p.2022- Federal do Sudeste de Minas Gerais
Rio Pomba, Rio Pomba, 2016. 2027, 2015. – Campus Rio Pomba, Rio Pomba,
FAO. FOOD AND AGRICULTURE ORGANI- MOREIRA, RM et al. Development of a 2017.
ZATION OF UNITED NATIONS (FAO)/ juçara and Ubá mango juice mixture REALE, A et al. Tolerance of Lactobacillus
WORLD HEALTH ORGANIZATION with added Lactobacillus rhamnosus casei, Lactobacillus paracasei and
(WHO). Evaluation of health and nu- GG processed by high pressure. LWT- Lactobacillus rhamnosus strains to
tritional properties of probiotics in -Food Science and Technology, v.77, stress factors encountered in food
food including powder milk with live p.259-268, 2017. processing and in the gastrointestinal
lactic acid bacteria. Report of a Joint OLIVEIRA, DC et al. Blanching effect on tract. LWT – Food Science and Tech-
FAO/WHO Expert Consultation, Cór- the bioactive compounds and on the nology, v.60, p.721-728, 2015.
doba, Argentina, 2001. viability of Lactobacillus rhamnosus SAAD, SMI. Probióticos e prebióticos: o
FERREIRA, KA; ALCÂNTARA, RLC. Ap- GG before and after in vitro simulation estado da arte. Rev Bras de Ciênc
proaches for implementation of the of the digestive system in jabuticaba Farmacêuticas, v.42, p.1-16, 2006.
78
Higiene Alimentar - Vol.32 - nº 278/279 - Março/Abril de 2018
RESUMO abaixo do esperado e sendo a amostra and nutritional values. Ten samples of
B, a que apresentou melhores resulta- brand beef burgers A, 10 brand B sam-
A carne é um alimento nobre para dos, em comparação com as demais ples, and 10 brand C samples from di-
o homem, pois contribui na dieta, com avaliadas. Em relação aos teores de fferent local markets of Uberaba/MG
proteínas com alto valor biológico gordura e proteína analisados, nenhu- were purchased. Analyzes of moisture,
e ácidos graxos essenciais. O ham- ma das amostras se encontrava dentro ashes, fat by ethereal extract and pro-
búrguer é definido como um produto dos limites estabelecidos pela legisla- tein (KJELDAHL method) were car-
cárneo industrializado obtido da car- ção vigente, apresentando valores bem ried out. The samples (A, B and C) of
ne moída dos animais, adicionado ou acima para a determinação de gordura beef burgers evaluated did not show
não de tecido adiposo e ingredientes, e valores abaixo para a porcentagem conformity to the moisture and ash
moldado e submetido a processo tec- de proteína. content according to the parameters
nológico adequado, devendo a textura, Palavras-chave: Análise. Carne. established, with values below the ex-
cor, sabor e odor serem característicos. Hambúrguer. pected values, and sample B presented
O objetivo deste trabalho foi compa- the best results when compared with
rar três diferentes marcas de hambúr- ABSTRACT the other samples evaluated. In re-
gueres encontradas nos mercados de lation to the fat and protein contents
Uberaba-MG, quanto à quantificação analyzed, none of the samples was
Meat is a noble food for man, as it
físico-química e valores nutricionais. within the limits established by cur-
contributes in the diet, with proteins
Foram adquiridas 10 amostras de rent legislation, presenting values well
hambúrgueres bovinos da marca A, of high biological value, and essential
above for fat determination and values
10 amostras da marca B e 10 amostras fatty acids. The burger is defined as an
below for protein percentage.
da marca C, provenientes de diferentes industrialized meat product obtained
mercados locais de Uberaba-MG. Fo- from the ground beef of the animals, Keywords: Analysis. Meat.
ram realizadas as análises de umidade, added or not of adipose tissue and Burguer.
cinzas, gordura por extrato etéreo e ingredients, molded and subjected to
proteína pelo método KJELDAHL. As suitable technological process, with INTRODUÇÃO
amostras (A, B e C) de hambúrgueres characteristic texture, color, taste and
bovinos avaliadas não apresentaram smell. The objective of this work was to Atualmente, as tendências no pro-
conformidades em relação aos teores compare three different brands of bur- cessamento de carnes são na linha
de umidade e cinzas de acordo com os gers found in the markets of Uberaba de produção de salsicha e hambúr-
parâmetros estabelecidos, com valores for the physicochemical quantification guer e que permitem grande redução
79
PESQUISA
nos custos industriais (HAUTRIVE possui nutrientes que alimentam e amostras. Foi utilizado o Microsoft
et al., 2008). Produtos cárneos pro- saciam a fome rapidamente, o que Excel 2016 como ferramenta para a
cessados ou preparados são aqueles combina com o modo de vida que análise estatística dos dados.
cujas características originais da car- vem se instalando nos centros urba-
ne fresca foram alteradas por meio nos (HAUTRIVE et al., 2008). RESULTADOS E DISCUSSÃO
de tratamentos físicos e/ou químicos Desta forma, o objetivo desta pes-
(TAVARES et al., 2007). quisa foi comparar três diferentes Os dados obtidos de porcentagem
Segundo o regulamento técnico marcas de hambúrgueres encontra- de umidade, cinzas totais, teor de
de identidade e qualidade de ham- das nos mercados de Uberaba-MG gordura e proteína das amostras A,
búrguer, Instrução Normativa nº quanto à quantificação físico-quími- B e C são apresentados nas tabelas
20, de 31 de julho de 2000, do Mi- ca e valores nutricionais. 1, 2 e 3, respectivamente.
nistério da Agricultura, Pecuária e De acordo com a legislação bra-
Abastecimento (MAPA), entende- MATERIAL E MÉTODOS sileira (BRASIL, 2000), os padrões
-se por hambúrguer “o produto cár- para os valores de gordura e proteí-
neo industrializado obtido da carne Foram adquiridas 10 amostras de na para hambúrguer bovino são, res-
moída dos animais de açougue, adi- hambúrgueres bovinos da marca A, pectivamente, 23 e 15%. A legisla-
cionado ou não de tecido adiposo e 10 amostras de hambúrgueres bo- ção não estabelece um valor padrão
ingredientes, moldado e submetido vinos da marca B e 10 amostras de para o teor de umidade e cinzas para
a processo tecnológico adequado” hambúrgueres bovinos da marca C, o referido produto.
(BRASIL, 2000). Devem apresentar provenientes de diferentes merca-
textura, cor, sabor e odor caracterís- dos locais de Uberaba-MG. As aná- Umidade
ticos e como características físico- lises físico-químicas foram efetua- De acordo com a TACO (Ta-
-químicas possuir gordura (máximo das em triplicata nas 30 amostras de bela Brasileira de Composição de
de 23%), proteína (mínimo de 15%), hambúrgueres bovinos. As análises Alimentos, 2011), o conteúdo de
carboidratos totais (3%), teor de físico-químicas de umidade, cinzas, umidade de hambúrgueres bovinos
cálcio (máximo base seca) de 0,1% teor de gordura e proteínas seguiram crus é de 63,6%, o que mostra que a
em hambúrguer cru e de 0,45% em a metodologia de Cecchi (1999). A amostra A, apresentando uma média
hambúrguer cozido (TANCREDI et análise estatística (ANOVA e tes- de 55,98% de umidade, a amostra B
al., 2006). O hambúrguer se tornou te t) foi efetuada com significância (55,03%) e a amostra C, com mé-
um alimento popular pela praticida- igual a 5% (p < 0,05), presumin- dia de 53,81%, estão fora do padrão
de que representa atualmente, pois do variâncias diferentes entre duas recomendado para hambúrgueres
80
Higiene Alimentar - Vol.32 - nº 278/279 - Março/Abril de 2018
bovinos crus. A amostra C apresen- umidade fora dos padrões estabele- presumindo variâncias diferentes en-
tou um padrão inferior ao compara- cidos pela TACO (2011). A análise tre duas amostras, observou-se entre
do com as demais amostras. A não- estatística para % de umidade entre as amostras A e B um valor de p bi-
-conformidade das amostras para o as amostras (ANOVA) pode ser ob- -caudal de 6,27E-02, entre A e C de
conteúdo de umidade pode estar ca- servada na tabela 4. 1,64E-04 e entre B e C um valor de
racterizada pelo método de conserva- Pela análise estatística foi obser- 3,20E-03.
ção das amostras nos refrigeradores, vado que existe diferença significati- De acordo com os valores de p
que podem ter seu funcionamento va entre as amostras analisadas com bi-caudal encontrados para a com-
(temperatura de refrigeração) inter- relação à porcentagem de umidade, paração entre as amostras (marcas)
rompido durante o período da noite, com valor-P igual a 5,35E-05, mui- quanto à porcentagem de umidade,
ocasionando em perdas excessivas to menor que a significância adota- observou que as amostras A e B não
de água do produto para o meio, da, que foi valor-P menor que 0,05. apresentaram diferenças significa-
obtendo-se desta maneira, valores de Em relação ao teste t (p < 0,05), tivas, sendo estatisticamente iguais
81
PESQUISA
Tabela 4 – Análise estatística (ANOVA) para a porcentagem de umidade entre as amostras com uma significância de 5%.
Fonte da variação SQ gl MQ F valor-P F crítico
Entre grupos 23,59298 2 11,79649 14,47526 5,35E-05 3,354131
Dentro dos grupos 22,00342 27 0,814941
Total 45,5964 29
Tabela 5 – Análise estatística (ANOVA) para a porcentagem de cinzas entre as amostras com uma significância de 5%.
Fonte da variação SQ gl MQ F valor-P F crítico
Entre grupos 0,770607 2 0,385303 4,628042 1,87E-2 3,354131
Dentro dos grupos 2,24786 27 0,083254
Total 3,018467 29
entre si. Quanto às amostras A e C, análise mais concreta a respeito dos iguais entre si. Quanto às amostras
observou-se que as mesmas apre- valores encontrados. Hipóteses para A e C, observou-se que as mesmas
sentaram diferenças significativas, a não-conformidade das amostras apresentaram diferenças significati-
sendo estatisticamente diferentes podem ter sido o consumo de mine- vas, sendo estatisticamente diferen-
entre si. O teste de t (p < 0,05) mos- rais por enzimas, presentes na carne tes entre si. O teste de t (p < 0,05)
trou que as amostras B e C também moída, como cofatores, reduzindo- mostrou que as amostras B e C são
são estatisticamente diferentes entre -se desta maneira a porcentagem estatisticamente diferentes entre si.
si. Os resultados mostram, possivel- dos mesmos disponíveis nos alimen-
mente, falta de controle no proces- tos analisados. A análise estatística Gordura
so de produção e armazenagem dos para porcentagem de cinzas entre as O valor padrão para gordura
hambúrgueres, uma vez que todos amostras (ANOVA) pode ser obser- em hambúrguer bovino (BRASIL,
são de carne bovina e deveriam ser vada na tabela 5. 2000) é de no máximo 23%, cons-
mantidos na mesma condição de re- Pela análise estatística foi obser- tatando que o teor de gorduras das
frigeração. vado que existe diferença significati- amostras A (29,50%), B (31,48%) e
va entre as amostras analisadas com C (32,48%) está acima do valor esta-
Cinzas totais relação à porcentagem de cinzas, belecido pela legislação. Esta discre-
O conteúdo de cinzas totais para com valor-P igual a 1,87E-2, valor pância pode ser explicada pela tenta-
hambúrguer bovino cru é de 2,9% menor que a significância adotada tiva de viabilização da produção do
de acordo com TACO (2011), mos- (p > 0,05). Em relação ao teste t (p hambúrguer com a utilização de uma
trando que as amostras avaliadas < 0,05), presumindo variâncias di- maior porcentagem de matéria gor-
A (1,56%), B (1,58%) e C (1,23%) ferentes entre duas amostras, obser- durosa em substituição à carne bovi-
não estão em conformidade com vou-se entre as amostras A e B um na processada (moída), o que pode
o valor estabelecido. De todas as valor de p bi-caudal de 8,83E-1, en- ser constatado pela análise visual das
amostras avaliadas, a amostra B foi tre A e C de 1,29E-2 e entre B e C um amostras, sendo a gordura animal um
a que apresentou um índice de cinzas valor de 1,36E-2. De acordo com os subproduto de baixo valor comer-
totais melhor que a amostra C, com valores de p bi-caudal encontrados cial. A análise estatística para o teor
um percentual de 0,35% maior que para a comparação entre as amos- de gordura entre as amostras (ANO-
a amostra C. Em relação ao conteú- tras (marcas) quanto à porcentagem VA) pode ser observada na tabela 6.
do de cinzas, é necessário analisar os de cinzas, observou que as amostras Pela análise estatística foi obser-
fluxogramas de produção dos ham- A e B não apresentaram diferenças vado que existe diferença signifi-
búrgueres analisados para se ter uma significativas, sendo estatisticamente cativa entre as amostras analisadas
82
Higiene Alimentar - Vol.32 - nº 278/279 - Março/Abril de 2018
Tabela 6 – Análise estatística (ANOVA) para o teor de gordura entre as amostras com uma significância de 5%.
Fonte da variação SQ gl MQ F valor-P F crítico
Entre grupos 46,0427 2 23,0214 37,8709 1,46E-08 3,35413
Dentro dos grupos 16,4131 27 0,60789
Total 62,4558 29
Tabela 7 – Análise estatística (ANOVA) para o teor de proteína entre as amostras com uma significância de 5%.
Fonte da variação SQ gl MQ F valor-P F crítico
Entre grupos 5,47971 2 2,73985 12,1202 1,75E-04 3,35413
Dentro dos grupos 6,10351 27 0,22606
Total 11,5832 29
83
PESQUISA
br/sislegis-consulta/servlet/ PIRES, ISC et al. Composição centesimal, TAVARES, RS et al. Processamento e
VisualizarAnexo?id=1683>. Acesso em: perdas de peso e maciez do lombo aceitação sensorial do hambúrguer
30 nov. 2017. (longissimus dorsi) suíno submetido de coelho (Orytolagus cunicullus).
a diferentes tratamentos de congela- Ciênc Tecnol Aliment, v.27, n.3,
CECCHI, HM. Fundamentos teóricos
e práticos em análise de alimen- mento e descongelamento. Rev de p.633-636, 2007.
tos. Campinas: Editora da Unicamp, Nutrição, Campinas, v.15, n.2, p.163- TABELA BRASILEIRA DE COMPOSIÇÃO
1999. p.37-58. 172, 2002. DE ALIMENTOS – TACO. NEPA-UNI-
HAUTRIVE, TP et al. Análise físico- TANCREDI, JGR et al. Controle de quali- CAMP. - Versão II. 2. ed. Campinas,
-química e sensorial de hambúrguer dade de hambúrgueres: aspectos so- SP: NEPA-UNICAMP, 2011. 164p.
elaborado com carne de avestruz. bre rotulagem e prazos de validade. Disponível em: <http://www.unisan-
Ciênc Tecnol Aliment, v.28, p.95- Rev Hig Alimentar, São Paulo, v.21, tos.br/universidade/taco.pdf>. Aces-
101, 2008. n.150, p.8-9, 2006. sado em: 05 dez. 2017.
A Organização Mundial da Saúde, OMS, tem reiterado, com grande insistência, a restrição completa do uso de antibi-
óticos em animais que não estão doentes. A prática é adotada, diz a entidade, para promover o crescimento de animais e
para a prevenção de doenças. Mesmo o uso para o tratamento de doença já instauradas deve ser contido, recomenda a
organização.
A medida se faz necessária, diz a OMS, porque o uso excessivo e indevido de antibióticos em animais e seres humanos
está contribuindo para uma crescente ameaça de resistência aos antibióticos -- o que faz com que muitos tratamentos
existentes deixem de ser eficazes.
As diretrizes da OMS chamam a atenção para o consumo excessivo desses medicamentos no setor animal. Em alguns
países, 80% do consumo total dos antibióticos tem origem animal (carne, lácteos, ovos). "Muitos medicamentos usados
no processo de produção de comida animal são idênticos, ou muito similares, aos usados em seres humanos", informam
vários especialistas.
Essa prática, "contribui para a disseminação de bactérias resistentes, que podem ser transmitidas para seres humanos
via alimentação ou outras rotas de transmissão".
A organização internacional aponta que alguns tipos de bactérias que causam infecções graves já desenvolveram resis-
tência à maioria ou a todos os tratamentos disponíveis. "A falta de antibióticos eficazes é tão grave como uma ameaça à
segurança de um surto mortal de doenças ", diz Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da OMS, em nota. "Uma ação
forte e sustentada em todos os setores é vital se quisermos manter o mundo seguro."
Um estudo de revisão (quando pesquisadores analisam os dados de outros estudos publicados) mostrou que experiên-
cias de restrições no uso de antibióticos em animais reduziram a resistência bacteriana nesse grupo em 39%. A pesquisa
foi publicada no "The Lancet Planetary Health".
Com base nesses estudos, a OMS tem recomendado, enfaticamente, a restrição urgente do uso de antibióticos em
animais para a produção de alimentos para evitar, assim, um aumento da resistência das bactérias no mundo. E, ainda, que
a indústria pare de usar antibióticos para a promoção do crescimento animal e para a prevenção de doenças -- e só os use
no caso de necessidade; quando, de fato, há uma infecção. "Animais saudáveis só devem receber antibióticos para prevenir
doenças se houver um diagnóstico em outros animais próximos", orienta.
Opções alternativas para o uso de antibióticos para prevenção de doenças em animais incluem melhor higiene, melhor
uso da vacinação e mudanças nas práticas de criação. Ainda, sempre que possível, mesmo os animais doentes devem ser
testados para determinar o tratamento mais efetivo -- e, assim, restringir os chamados antibióticos de amplo espectro, que
contribuem ainda mais para a resistência. "O volume de antibióticos utilizado em animais continua a aumentar em todo o
mundo, impulsionado por uma crescente demanda por alimentos de origem animal", diz o Dr. Kazuaki Miyagishima, diretor
do Departamento de Segurança Alimentar e Zoonoses da OMS.
A entidade cita experiências de algumas regiões do mundo que implementaram políticas de restrições ao uso de antibió-
ticos. Desde 2006, a União Européia proibiu o uso de antibióticos para a promoção do crescimento de animais.
84
Higiene Alimentar - Vol.32 - nº 278/279 - Março/Abril de 2018
85
PESQUISA
INTRODUÇÃO a maior e bem estruturada rede do Dornic (°D) em leite ordenhado e
O
mundo (BRASIL, 2015a). Além de análise de crematócrito.
leite materno é um ali- promover, proteger apoiar o aleita- Desta forma o objetivo deste es-
mento essencial no início mento materno e contribuir para re- tudo foi descrever o perfil calórico
da vida da criança, pois dução da mortalidade infantil o BLH e higienicossanitário do leite huma-
oferece todos os nutrien- tem o objetivo de coletar e distribuir no pasteurizado pelo Banco de Leite
tes necessários para o crescimento leite humano de qualidade certificada Humano no estado do Acre.
e desenvolvimento infantil (MAR- para recém-nascidos, crianças com
QUES et al., 2004). Atua como agen- distúrbios nutricionais e/ou alergias MATERIAL E MÉTODOS
te imunizador no processo imunoló- às proteínas heterólogas (ALMEI-
gico e favorece a relação entre mãe DA, 1999). Esta pesquisa caracteriza-se por
e filho, tanto nos aspectos biológicos O controle de qualidade que é um estudo descritivo transversal de-
e psicológicos (ICHISATO et al., aplicado no processamento do leite senvolvido no Banco de Leite Huma-
2002; MORAIS et al., 2009; VELO- pasteurizado compreende os exames no da Maternidade Barbara Heliodo-
SO, 2009). A prática do aleitamento microbiológicos e físico-químicos, ra (BLH/MBH), em Rio Branco-AC.
materno exclusivo é recomendada específicos para identificar a titu- AMBH é a única unidade pública de
até os 6 meses de idade, com a conti- lação de acidez e crematócrito, que referência para o estado e para as pa-
nuidade da amamentação juntamen- consiste na definição do teor de gor- cientes de alto risco do Sistema Úni-
te com alimentos complementares dura e o conteúdo energético do leite co de Saúde (SUS), onde há serviço
até os dois anos de idade ou mais humano ordenhado (VIEIRA et al., neonatal de terapia intensiva. Atende
(WORLD HEALTH ORGANIZA- 2004). à demanda espontânea dos demais
TION, 2009). Não há dúvidas sobre Assim, verifica-se a importância municípios e casos procedentes dos
as vantagens e benefícios do aleita- do trabalho contínuo e de qualidade municípios dos estados vizinhos
mento materno nos seis primeiros para oferecer um alimento que dis- (BRASIL, 2015b).
meses de vida da criança. Além da ponha de todos os nutrientes neces- O estudo foi realizado com o leite
sua prática, que vem sendo cada vez sários para suprir as necessidades do doado pelas mães, devidamente ca-
mais incentivada, as propriedades recém-nascido, contribuindo para dastradas no serviço, no período de
que o mesmo possui tornam-se ainda menor permanência no ambiente janeiro a dezembro do ano de 2014.
mais conhecidas, suprindo as neces- hospitalar e para recuperação de seu A coleta de dados ocorreu por meio
sidades nutricionais e as particulari- estado nutricional a partir do consu- do acesso a fontes secundárias de
dades fisiológicas no metabolismo mo exclusivo de leite humano em dados, por meio dos resultados dos
da criança (BRASIL, 2009). concentrações calóricas adequadas exames de análise do teor calórico
O Banco de Leite Humano (BLH) (QUINTAL et al., 2005). (crematócrito) e titulação de acidez
tem um papel indiscutível dentro do É considerado hipocalórico o leite do leite humano analisados no BLH/
incentivo desta prática, pois é um humano que apresenta baixas con- MBH. Estes leites são oriundos de
centro especializado que permite o centrações de calorias para atender às coletas/doações realizadas no perío-
atendimento, nos momentos de ur- necessidades nutricionais do recém- do diurno no próprio BLH ou através
gência, a todos os lactentes que por -nascido de baixo peso e promover de visitas domiciliares. Para extração
motivos clínicos comprovados não o crescimento adequado, expondo a do leite, utilizou-se técnica manual,
disponham de aleitamento materno criança ao contato precoce com lei- sem o emprego de tecnologias mais
(PAIVA et al.,2006). te enriquecido de aditivos, oriundos avançadas. Os leites são acondicio-
Neste sentido, em 1943 com a do leite de vaca, podendo resultar no nados em frascos de vidrograduados
criação da Rede Brasileira de Ban- aparecimento de outras patologias com tampa plástica de rosca, com
cos de Leite Humano (REDEBLH), prevalentes nessa faixa etária, como capacidade máxima para 150 mL e
o Ministério da Saúde (MS) e a Fun- enterocolite necrosante e o desen- seu processamento ocorre três vezes
dação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ), volvimento de alergias alimentares por semana. Todos os procedimentos
desenvolveram uma das estratégias (MARTINS & KREBS, 2009). realizados são preconizados pelas
para estimular a amamentação e con- A Rede Nacional de Banco de Normas Técnicas para Banco de Lei-
tribuir com o resgate dessa prática. Leite Humano (RNBLH) recomenda te Humano: seleção e classificação
Atualmente este serviço possui 217 alguns parâmetros utilizados antes (BRASIL, 2005).
unidades distribuídas em todos os do processamento do leite, dentre No processamento, o leite doa-
estados do Brasil, sendo considerada eles destaca-se o controle da acidez do é submetido ao aquecimento em
86
Higiene Alimentar - Vol.32 - nº 278/279 - Março/Abril de 2018
banho-maria por dez minutos em uma • Creme % = coluna de creme (mm) As informações coletadas nesta
temperatura de 40 °C. Após essa eta- x 100/coluna total (mm) pesquisa foram analisadas de forma
pa uma alíquota de 5mL da amostra é • Gordura % = (% de creme - 0,59) descritiva e exploratória, utilizando o
distribuída em tubos de ensaio. Com / 1,46 software SPSS 13.0.
auxílio do aparelho acidímetro, solu- • kcal = % creme x 66,8 + 290
ções de fenolftaleína a 1% e hidróxido Os leites pasteurizados que apre- RESULTADOS E DISCUSSÃO
de sódio são adicionados para analisar sentam teor calórico inferior a 580
em triplicata a acidez Dornic, medida kcal/L foram classificados como Foram analisadas 499 amostras,
expressa em graus Dornic. É conside- hipocalóricos e os maiores de 711 correspondendo a 146,39 litros de
rado impróprio o leite acima de 8°Dor- kcal/L foram considerados como hi- leite humano coletados e processa-
nic (ALMEIDA, GUIMARÃES, NO- percalóricos. Consideraram-se como dos durante o ano de 2014 (figura
VAK, 2005). normocalórico as amostras que apre- 1). Apesar de um aumento expressi-
Para análise do teor calórico do sentaram o teor calórico entre esses vo nas doações em alguns meses do
leite, 2mL de cada amostra foram ho- valores (QUINTAL et al., 2005). ano, esse número ainda não é capaz
mogeneizadas em vortex durante 10 Na última etapa do processamen- de suprir a demanda do serviço, de-
segundos. Em seguida as amostras fo- to, o leite é submetido a uma tem- vido uma série de fatores, dentre eles
ram centrifugadas na microcentrífuga peratura de 62°C por 45 minutos, a falta de conhecimento sobre a exis-
Fanem® por15 minutos, em capilares sendo homogeneizado a cada 5 mi- tência e papel do BLH (SILVA et al.,
de vidro com circunferência interna nutos, transcorrendo esse período há 2013).
de 1,0 mm, circunferência externa de o resfriamento desse leite por 20 mi- Do total, 78 amostras foram clas-
1,5mm e comprimento de 75mm, cau- nutos em temperatura de 5 °C. Após sificadas como hipocalórica, 258
sando a separação do soro e do creme. tal avaliação, através de uma seringa como normocalórico e 163 como
As análises foram realizadas em tripli- descartável é retirado 5mL de cada hipercalórica (figura 2). O valor ca-
cata, conforme recomendação da RE- amostra, que são enviadas ao La- lórico dos leites analisados variou
DEBLH (LUCAS et al.,1978). boratório Central de Saúde Pública de 400 kcal/L a 1.656 kcal/L, com
Os valores de soro e creme foram (LACEN) do estado do Acre, respon- valor médio em 682,63 kcal/L (DP:
aferidos, com auxilio de uma régua sável pelas análises microbiológicas. 136,54). Vale ressaltar que 25,65%
onde mediu-se a coluna corresponden- Enquanto isso, o leite pasteurizado é das amostras são provenientes de co-
te ao soro do leite e a coluna do creme armazenado e sua distribuição ocor- letas realizadas no próprio BLH e o
(mm). Para o cálculo do teor calórico re apenas depois da liberação desses restante (74,35%) de coletas externas
(kcal/litro) foram aplicadas as seguin- resultados, além dos exames que são dentro do município, uma vez que o
tes fórmulas: solicitados para as doadoras. BLH/MBH é responsável apenas
Figura 1 - Doações de leite materno por mês em litros referente ao ano de 2014 coletados pelo Banco de Leite Humano da Maternidade
Barbara Heliodora BLH/MBH, no município de Rio Branco - Acre.
87
PESQUISA
pigmentos e, nesse caso, para que o
Figura 2 - Caracterização do leite humano pasteurizado no Banco de Leite Humano da
Maternidade Barbara Heliodora em Rio Branco-AC, de janeiro a dezembro de 2014, de
produto seja considerado apto para o
acordo com seu teor calórico. consumo é necessário que se tenha o
conhecimento a respeito da dieta da
doadora, o que na maioria das vezes
é difícil (BRASIL, 2003; SILVA,
2004).
O colostro é um leite amarelado
devido à presença, principalmen-
te, de betacaroteno; possui aspecto
cremoso/viscoso, além de ser muito
rico em proteínas, vitaminas, sais
minerais e lactose, que promove a
multiplicação de Lactobacillus bi-
fidus, pelo que favorece o cresci-
mento da flora intestinal e facilita
a expulsão das primeiras dejecções
e, consequentemente, a limpeza do
tubo digestivo, que ajuda a prevenir
a icterícia. A proporção de gorduras
é menor no colostro do que no leite
maduro, porém as concentrações de
Figura 3 - Estágio de lactação dos leites doados durante o ano de 2014 ao Banco Leite sódio, cloro, potássio, proteínas, vi-
Humano da Maternidade Barbara Heliodora, no município de Rio Branco – Acre. taminas lipossolúveis e minerais são
maiores. Pode ser obtido até o sétimo
dia pós-parto (AGUILAR CORDE-
RO, 2005), a partir do oitavo e do
décimo quarto dia, o leite denomina-
do “de transição” é segregado. O seu
aspecto é aguado, o que faz com que
muitas mães, por falta de informa-
ção, acabam a pensar que o seu leite
não é suficiente para a criança e, por
isso manifestam vontade de desistir
de amamentar. De acordo com a evo-
lução do recém-nascido, o leite de
transição vai se modificando de for-
ma gradual, adaptando-se às neces-
sidades nutricionais e digestivas; as
concentrações de imunoglobulinas
e o teor de vitaminas lipossolúveis
tornam-se progressivamente meno-
pela coleta ou recebimento de leites em refrigerantes, sucos e gelatinas res, enquanto aumenta o conteúdo
oriundos do próprio município de têm sido associados a uma colora- de vitaminas hidrossolúveis, lipídios
Rio Branco-AC, não compreendendo ção rósea ou rósea-alaranjado do e lactose (AGUILAR CORDERO,
as demais regiões do estado. leite. Um leite de coloração esver- 2005; MINISTÉRIO DA SAÚDE,
Segundo o Ministério da Saúde deada tem sido associado ao uso de 2006). O leite humano maduro surge
(2006), o período de lactação do leite grandes quantidades de vegetais pela a partir do décimo quinto dia (ter-
pós-parto pode refletir diretamente mãe, ao consumo de bebidas com ceira semana pós-parto), tem uma
no valor calórico desse leite doado, corantes verdes e à ingestão de algas cor mais branca e aspecto mais con-
além da dieta materna e uso de me- marinhas. Diante dos fatos, pode-se sistente do que o leite de transição.
dicações. Alguns corantes utilizados haver variação dessa coloração por A produção aumenta ao longo da
88
Higiene Alimentar - Vol.32 - nº 278/279 - Março/Abril de 2018
Tabela 1 - Titulação de acidez do leite humano pasteurizado no banco de leite de janeiro a dezembro de 2014. Rio Branco, Acre, 2015.
Acidez titulável* nº amostras Porcentagem (%)
0,0 - 4°D 224 44,9
lactação em função das necessidades valores inferiores de leite hipercaló- condições favoráveis ao crescimen-
da criança. Possui maior teor lipídi- rico (8,3%) ao verificado neste estu- to, ocorre a produção de acido lático
co e de lactose, apresentando menor do (15%). e consequentemente elevação de aci-
quantidade de proteínas, e contém a No estudo de Sucena & Furlan dez. Se esta for maior que 8,0°Dor-
maior parte dos minerais e vitaminas (2008) observou-se associação en- nic, o produto está desqualificado
lipossolúveis (DO NASCIMENTO tre leite hipercalórico e baixa titula- para o consumo (REZENDE, 2002).
& ISSLER, 2004). ção de acidez Dornic, evidenciando Em um estudo realizado na cidade
A figura 3 apresenta a prevalên- a qualidade do leite oferecido ao de Sorocaba-SP (2006), também foi
cia do leite humano doado ao BLH/ recém-nascido de baixo peso, que na encontrado maior quantidade de leite
MBH, durante o ano de 2014, de maioria dos casos são os principais pasteurizado com titulação de acidez
acordo com o estágio de lactação. receptores deste leite doado, ofere- menor que 8,0 °Dornic (76%), sendo
Os dados coletados nesse estudo cendo assim um leite calórico e se- que apenas 24% das amostras apre-
indicam uma maior quantidade de guro. Assim é necessário cuidado, sentaram índice de acidez acima de
leite normocalórico, fato possivel- por parte da equipe multidisciplinar 8,0 °Dornic, sendo rejeitadas para
mente relacionado às características e estrutura adequada para oferecer o consumo (SCARSO et al., 2006).
individuais das doadoras e ao seu es- todos os serviços de assistência com Cavalcante (2003) encontrou que
tágio de lactação. Outro fator é acer- qualidade, reduzindo os índices de 58% das amostras de leite coletadas
ca do momento em que ocorreu a co- mortalidade e morbidade infantil, o tinham acidez titulável entre 1,5 e
leta deste leite, se foi no início ou no tempo de permanência dessas crian- 3,0 °Dornic.
final da mamada, pois a gordura do ças no serviço hospitalar, além da A acidez titulável do leite humano
leite humano sofre variação confor- importância da construção do estado é classificada como original e desen-
me a duração da mamada ou ejeção emocional do ser humano e o víncu- volvida, onde a original é resultado
do leite (RONA, 2008). lo mãe e filho. No entanto, faltam da presença dos próprios constituin-
A dificuldade de se obter leite trabalhos que demostrem a realidade tes do leite, como fosfatos, citratos e
hipercalórico não é uma realidade dos BLH quanto ao estoque de leite os ácidos graxos. Enquanto a desen-
apenas do BLH/MBH. Estudos de pasteurizado e ao número e perfil de volvida é a consequência do cresci-
Sacramento et al. (2004) descreve- doadores e receptores. mento bacteriano da microbiota, com
ram que a maior parte do leite cole- Neste estudo, todos os leites ana- produção de acido lático, a partir da
tado em seu trabalho, foram classi- lisados encontraram-se dentro do pa- fermentação da lactose por bactérias
ficados como normocalórico e não drão médio de acidez, ou seja, com mesófilas, a elevação das quantida-
como hipercalórico. Em 2006, outra titulação de acidez inferior a 8° Dor- des de micro-organismos no leite
pesquisa obteve valores semelhantes, nic, considerado adequado ao consu- humano ordenhado cru. Além disso,
revelando apenas 9% do leite como mo (tabela 1). existem outros fatores como as técni-
hipercalórico (APRILE, 2006). De O exame de acidez Dornic titu- cas inadequadas de coleta, a falta de
maneira similar, em investigação fei- lável é realizado no leite humano higiene da doadora e dos utensílios
ta na cidade de Bauru, no estado de recém ordenhado, pois este se apre- utilizados e a manutenção do leite
São Paulo, foi encontrado um total senta praticamente livre de acido fora da cadeia do frio. Assim, con-
de 63% de leite normocalórico e ape- lático e sua acidez pode ser conside- sequentemente, haverá a elevação
nas 12% hipercalórico (PANICHI et rada original, com valores oscilando da acidez do leite humano, reduzin-
al., 2002). entre 1,0 e 4,0 °Dornic. Na medida do os componentes nutricionais e
Moraes et al. (2013) encontraram em que a microbiota encontra-se em imunológicos presente no produto,
89
PESQUISA
desqualificando-se para o consumo ser descartados diretamente na rede Figueira. Normas técnicas para Ban-
(VIECZOREK, 2010). de esgoto sem tratamento prévio. cos de Leite Humano. Rio de Janeiro,
A perda do leite humano por atra- Quando a rede pública não dispor 2005. p.20.
so nas visitas domiciliares é uma prá- do sistema de tratamento de esgoto, APRILE, MM. Crescimento de recém-
tica bastante significativa em relação a instituição deve realizar tratamento -nascidos de muito baixo peso ali-
ao volume arrecadado, pois é um fato próprio (BRASIL, 2006). mentados com leite de banco de
que não pode ser analisado apenas leite humano selecionado segundo
pela via da quantidade, mas o olhar CONCLUSÃO valor calórico e proteico.2006. 108p.
deve ser também voltado para as mu- Dissertação (Mestrado em Ciências).
lheres e crianças. É preciso atentar As doações de leite humano são Faculdade de Medicina, Universidade
para a importância que elas têm nesta essenciais para a garantia do leite de São Paulo-USP, São Paulo.
atividade, pois é necessário que elas destinado às crianças que dele ne- BRASIL. Agência de Vigilância Sanitária -
se sintam valorizadas em contribuir cessitam. Assim, o presente estudo ANVISA. Manual de gerenciamento
com a melhoria da vida de outras permitiu concluir que a maior parte de resíduos de serviços de saúde.
mães e recém-nascidos que estão na do leite coletado pelo Banco de Lei- Brasília, 2006a (Série Tecnologia em
Unidade de Terapia Intensiva Neo- te Humano da Maternidade Barba- Serviços de Saúde).
natal (UTIN). Desta forma, quando a ra Heliodora, no município de Rio
perda de um volume significativo de BRASIL. Instituto Brasileiro de Geografia
Branco – Acre é normocalórico e está
leite humano ocorre, mostra o quan- e Estatística - IBGE. O Brasil mu-
próprio para o consumo em relação
to as prioridades das ações não es- nicípio por município. Disponível
ao perfil higienicossanitário, asso-
tão vinculadas à promoção da saúde em: http//www.ibge.gov.br/home/es-
ciação esta de extrema importância,
(ROZENDO et al., 2009) tatística/população/Cidadesat/. Aces-
visto que a maioria de seus recepto-
A perda de leite humano, muitas so em: 02 de junho de 2015a.
res são recém-nascidos de baixo peso
vezes, é uma ocorrência inevitável internados na UTIN. Porém, é neces- BRASIL. Ministério da Saúde. Agência
nos BLH, pois todo leite coletado é sário intensificar as orientações às Nacional de Vigilância Sanitária. RDC
submetido a várias etapas, visando mães doadoras quanto à importância nº 171/2006-Regulamento técnico
a segurança alimentar e a qualidade da doação, cuidados higiênicos du- para o funcionamento de Bancos de
do produto. Desta maneira, a seleção rante o processo de ordenha, além de Leite Humano, Brasília: 2006.
compreende as condições de embala- incentivar mais estudos nessa área, BRASIL. Ministério da Saúde. Fundação
gem, presença de sujidades, cor, off buscando demostrar os benefícios Oswaldo Cruz.Instituto Fernandes Fi-
flavor e acidez Dornic. Uma vez con- dos bancos de leite humano e do alei- gueira. Programa Nacional de Quali-
cluídas essas etapas, o banco de leite tamento materno. O fator limitante dade em Bancos de Leite Humano.
humano poderá optar por estocar o encontrado durante a realização des- Rio de Janeiro, 2003.
produto, ainda cru, para o futuro pro- se estudo foi a falta de informações e BRASIL. Ministério da Saúde. Fundação
cessamento ou iniciar imediatamente documentos disponíveis. Oswaldo Cruz. Seleção e classifica-
o processamento (BRASIL, 2003; ção: seleção e classificação do LHO
SILVA, 2004). REFERÊNCIAS Cru.In: Instituto Figueira Fernandes.
Durante o ano de 2014 as perdas Normas técnicas para Bancos de
de leite humano noBLH/MBH cor- Leite Humano. Rio de Janeiro, 2005.
AGUILAR CORDERO, MJ. Composición,
responderam a 18,4 litros. Os prin-
propriedades y bioquímica de laleche BRASIL. Ministério da Saúde. Rede bra-
cipais motivos relacionados a estas
humana. Principios imediatos. In: M. sileira de bancos de leite humano.
perdas devem-se à quantidade co-
J. Aguilar Cordero (Org.). Lactancia Disponível em: http://www.redeblh.
letada insuficiente para o processa-
materna. Madrid: Elsevier, p. 53-63, fiocruz.br/cgi/cgilua.exe/sys/start.
mento, prazo de validade expirado,
2005. htm?infoid=365&sid=364. Acesso
sujidade, frasco quebrado, doadora
ALMEIDA, JA. Amamentação: um híbri- em: 30 de junho de 2015b.
sem cadastro, além de defeito nos
equipamentos de refrigeração. do natureza-cultura. Rio de Janeiro: BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria
Os produtos que não preencheram Fiocruz, 1999. 120 p. de Atenção à Saúde. Departamento
as especificações determinadas são ALMEIDA, JA; GUIMARÃES, V; NOVAK, de Atenção Básica. Saúde da crian-
descartados conforme o disposto da FR. Seleção e Classificação: deter- ça: nutrição infantil: aleitamen-
RDC/ANVISA n° 306/2004 para re- minação de acidez titulável – Méto- to materno e alimentação com-
síduos do Grupo D, ou seja, podem do Dornic. In: Instituto Fernandes plementar. Brasília: Ministério da
90
Higiene Alimentar - Vol.32 - nº 278/279 - Março/Abril de 2018
Saúde, 2009. 112 p. leite humano. Acta Paul Enferm, doadoras de um banco de leite hu-
CAVALCANTE, J. Physical chemical as- v.19, n.2, p.157-61, 2006. mano. Revenferm UFPE online, v.7,
pects of human milk milked crude PANICHI, MN et al. Manipulação do con- n.7. p.4635-40, 2013.
and freezing. Rev. bras. saúdema- teúdo energético do leite humano SILVA, VG. Normas técnicas para banco
tern. infant., Recife, v.3, n.1, p.131- doado para otimização de seu con- de leite humano: uma proposta para
131, 2003. teúdo calórico. Abstracts ofthethird subsidiar a construção para Boas
DO NASCIMENTO, MBR; ISSLER, H. Congresso Brasileiro de Bancos de Práticas. Tese (Doutorado em Saú-
Aleitamento materno em prematu- Leite Humano. Rio de Janeiro, p. 16- de da Mulher e da Criança) – Ins-
ros: manejo clínico e hospitalar. J 20, 2002. tituto Fernandes Figueira/Fundação
Pediatr. Rio de Janeiro, v.80, n.5, QUINTAL, VS; DINIZ, EM. Banco de lei- Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro, 2004.
p.163-172, 2004. te humano. In: Feferbaum R, Falcão SUCENA, LP; FURLAN, MF. The inci-
ICHISATO, SM; SHIMO, AK. Revisiting MC. Nutrição do recém-nascido. São dence of maternal breastfeeding in
early weaning through historical Paulo: Atheneu; 2005, p. 265-74. a neonatal intensive care unit and
analysis. Rev Latino-am Enferma- REZENDE, MA et al. O processo de co- the newborns’ characteristics. Arq-
gem, v.10, n.4, p.578-585, 2002. municação na promoção do aleita- CiencSaude, v.15, p.82-9, 2008.
LUCAS, A et al. Creamatocrit: simple mento materno. RevLatinoam Enfer- VELOSO, LF; ALMEIDA, JA. Breastfe-
clinical technique for estimating magem, v.10, n.2, p.234-38, 2002. eding in Brazilian pediatrics pos-
fat concentration and energy value RONA, MS et al. Effect of storage time tgraduate programs: a profile of
of human Milk. Br Med J, v.1, n.1, academic papers made from 1971
and temperature on the acidity, cal-
p.1018-1020, 1978. to 2006. Rev Paul Pediatr, v.27, n.2,
cium, protein and lipid content of
p.154-9, 2009.
MARQUEZ, RF; LOPEZ, FA; BRAGA, JA. milk from human milk banks. Rev
O crescimento de crianças alimenta- Bras Saude Mater Infant, v.8, n.3, VIECZOREK, AL. Avaliação dos ban-
das com leite materno exclusivo nos p.257-63, 2008. cos de leite humano do estado do
Paraná. Dissertação (Mestrado em
primeiros 6 meses de vida. J Pediatr ROZENDO, CA et al. Doação de Leite
Enfermagem). Universidade Fede-
(Rio J), v.80, n.2, p.99-105, 2004. Humano: causa de perdas. Rev. En-
ral Do Paraná Setor de Ciências da
MARTINS, EC; KREBS, VL. Effects of the ferm. UERJ, Rio de Janeiro, v.17,
Saúde - Programa de Pós-Gradua-
use of fortified raw maternal milk n.4, p.533-7, 2009.
ção em Enfermagem Mestrado em
on very low birth weight infants. J SACRAMENTO, ADL; CARVALHO, M; Enfermagem. Curitiba. 2010. Dis-
Pediatr (Rio J), v.85, n.3, p.157-62, MOREIRA, MEL. Avaliação do con- ponível em:http://www.ppgenf.ufpr.
2009. teúdo energético do leite humano br/Disserta%C3%A7%C3%A3oAnel
MORAES, PS; OLIVEIRA, MMB; DAL- administrado a recém-nascidos iseVieczorek.pdf: Acesso em 02 de
MAS, JC. Perfil calórico do leite pas- prematuros nas maternidades do julho de 2015.
teurizado no banco de leite humano município do Rio de Janeiro. Rev
VIEIRA, AA et al. Assessment of the
de um hospital escola. Rev. Paul Inst de Ciências da Saúde.Mirandó- energy content of human milk ad-
Pediatr. Londrina, v.31, n.1, p.45-50, polis, v.22, n.1, p.31- 36, 2004. ministered to very low birth weight
2013. SCARSO, IS et al. Análise Físico-quí- infants. J Pediatr (Rio J), v.80, n.6,
MORAIS, AC; QUIRINO, MD; ALMEIDA, mica e bacteriológica de leite cru p.119-125, 2004.
MS. Home care of the premature e pasteurizado do Banco de Leite WORLD HEALTH ORGANIZATION. In-
baby. Acta Paul Enferm, v.22, n.1, Humano de Sorocaba – SP. Rev fant and young child feeding: Model
p.24-30, 2009. Hig Alimentar, v.20, n.142, p.85-9, Chapter for textbooks for medical
PAIVA, SS; VASCONCELOS, GS; GAL- 2006. students and allied health profes-
VÃO, MTG. Mulheres doadoras de SILVA, PLN et al. Perfil das mães sionals.Geneva: 2009. 112p.
91
PESQUISA
RESUMO dias. O produto sabor juçara apresen- to the probiotic bacterium and fer-
tou maiores contagens dessa bactéria. mented to acidity of 0.65%. Four
Objetivou-se elaborar e caracterizar Não foi constatada influência da polpa percent of coconut, passion fruit and
leites fermentados sabor coco, ma- de yacon na contagem da cultura pro- juçara pulp was separately used in
racujá e juçara, acrescidos ou não de biótica (p>0,05) e não houve diferença the products, which were divided
polpa de yacon e verificar a viabilida- (p>0,05) do leite fermentado dos sa- into two containers. To one of them
de de Lactobacillus acidiphilus LA-5 bores coco e juçara fabricados com e was added 4% of yacon pulp and the
nos produtos. Ao leite adicionou-se sem yacon para os atributos sensoriais. other not. Physico-chemical, micro-
soro, sacarose e estabilizante, sendo a Entretanto, o leite fermentado sabor biological and sensorial character-
mistura pasteurizada, resfriada, adicio- maracujá fabricado com e sem yacon ization were performed at 0, 15 and
nada da bactéria probiótica e fermen- diferiram (p<0,05). É, portanto, viável 30 days. The pH varied from 3.64
tada até acidez de 0,65%. Utilizou-se o desenvolvimento dos leites fermen- to 4.09 and the acidity ranged from
separadamente 4% das polpas de coco, tados potencialmente funcionais pro- 0.74% to 0.99%, influenced by the
maracujá e juçara nos produtos, sendo postos. time and the pulp used. <3.0 NMP/g
estes fracionados em dois recipientes. of coliforms were observed at 30 °C
Palavras-chave: Novo produto. and 45 °C and the count of filamen-
A um deles foi adicionado 4% de polpa
Probiótico. Aceitabilidade. tous fungi and yeast also complied
de yacon e ao outro não. Realizou-se
a caracterização físico-química, mi- with the legislation. The lowest L.
crobiológica e sensorial nos tempos 0, ABSTRACT acidiphilus LA-5 count was 7.37 log
15 e 30 dias. O pH variou de 3,64 a CFU/g in passion fruit taste samples
4,09 e a acidez entre 0,74% e 0,99%, The aim of this work was to elabo- after 30 days. The product juçara fla-
sendo estes influenciados pelo tempo rate and characterize coconut, pas- vor had higher counts of this bacte-
e pela polpa utilizada. Constatou-se sion fruit and juçara flavored fer- rium. No influence of the yacon pulp
<3,0 NMP/g de coliformes a 30 °C e mented milks, with or without yacon was observed on the probiotic cul-
a 45 °C e a contagem de fungos fila- pulp and to verify the viability of ture count (p>0.05) and there was no
mentosos e leveduras também atendeu Lactobacillus acidiphilus LA-5 in the difference (p>0.05) in the fermented
à legislação. A menor contagem de L. products. Whey, sucrose and stabi- milk of the coconut and juçara fla-
acidiphilus LA-5 foi 7,37 log UFC/g lizer were added to the milk and the vors made with and without yacon
nas amostras sabor maracujá após 30 mixture pasteurized, cooled, added for the sensory attributes. However,
92
Higiene Alimentar - Vol.32 - nº 278/279 - Março/Abril de 2018
fermented milk flavored passion fruit com o objetivo de selecionar deter- bem como a viabilidade da bactéria
made with and without yacon dif- minadas bactérias da microbiota probiótica utilizada.
fered (p<0.05). Therefore, the devel- intestinal, por meio de sua atuação,
opment of proposed potentially func- como um substrato seletivo no cólon, MATERIAL E MÉTODOS
tional fermented milks is feasible. estimulando a multiplicação ou ati-
vidades de populações de bactérias Para obtenção da polpa de mara-
Keywords: New product. Probiotic.
desejáveis nesse local. Portanto, são cujá, as frutas foram adquiridas no
Acceptability.
ingredientes alimentares que não são comércio de Rio Pomba, MG, e la-
digeridos pelas enzimas digestivas vadas em água corrente para retirada
INTRODUÇÃO normais, mas que atuam estimulan- de impurezas e sujidades e, então,
O
do seletivamente o crescimento e/ou sanitizadas em água clorada conten-
crescente interesse da atividade de bactérias benéficas no do 100 mg/L de cloro ativo e enxa-
população por alimentos intestino, as quais tem por ação final, guadas em água potável contendo 10
saudáveis vem estimu- melhorar a saúde do hospedeiro. mg/L de cloro ativo. Após a saniti-
lando o desenvolvimento Entre as raízes tuberosas ricas zação, os maracujás foram cortados
do mercado de alimentos funcionais, em prebióticos como inulina e fru- manualmente e despolpados. As se-
que são suplementos com nutrientes toligossacarídeos (FOS), destaca-se mentes foram separadas com auxílio
ou substâncias que proporcionam yacon (Smalhanthus sonchifolius), de peneira. Para a produção de pol-
benefícios à saúde, além do bene- que é uma planta das regiões andinas pa de juçara, foi feita a seleção dos
fício nutricional (STRINGHETA; (SANTANA; CARDOSO, 2008). frutos, sendo descartados os verdes
AQUINO; VILELA, 2010). Dentre Ela apresenta efeito de fibra dietéti- e com sinais de deterioração. Poste-
os alimentos funcionais, destacam-se ca e um valor calórico reduzido com riormente, os mesmos foram lavados
os leites fermentados que, além de benefícios à saúde, podendo estimu- e mantidos em recipientes com água
contribuírem para a nutrição básica, lar o crescimento de bifidobactérias potável à temperatura ambiente para
são benéficos à saúde dos consumi- no cólon e reduzir a concentração do facilitar a eliminação das sujidades
dores devido à presença de bactérias colesterol sérico, além de auxiliar no provenientes do campo. Após esta
láticas e dos metabólitos produzidos tratamento de diabetes, diminuindo etapa, os frutos foram sanitizados
por elas durante a fermentação do a concentração de glicose sanguínea conforme descrito previamente. Em
leite (DONKORA; VASILJEVIC; (MICHELS, 2005). A combinação seguida, eles foram embebidos em
SHAH, 2007). em alimentos de micro-organismos água a 40 °C por 30 min para faci-
Alimento probiótico foi definido probióticos com substâncias prebió- litar o despolpamento em despolpa-
como aquele que possue micro-or- ticas resulta em um produto simbióti- deira industrial específica para açaí.
ganismos vivos que afetam benefi- co (SAAD; BEDANI; MAMIZUKA, Posteriormente, essas polpas foram
camente o homem ou animal que o 2011). Por outro lado, a palmeira ju- adicionadas de 50% de açúcar e sub-
consome por melhorar seu equilíbrio çara (Euterpe edulis Martius) é ori- metidas a tratamento térmico de 85
microbiano intestinal (COELHO; ginária da Mata Atlântica e produz °C por 1 minuto, sendo logo após,
OLIVEIRA, 2009). Dessa forma, frutos de grande valor nutricional, resfriadas e congeladas a -18 °C até
o leite fermentado probiótico nada contendo compostos com atividade o momento de uso. As polpas obtidas
mais é que um leite fermentado ino- antioxidante, como as antocianinas, foram caracterizadas quanto aos sóli-
culado com bactérias probióticas, que exercem efeito benéfico à saúde dos solúveis totais - SST (°Brix), pH
possuindo, assim, características de (MOREIRA et al., 2017). Entretanto, e acidez titulável conforme descrito
alimento funcional. Os principais devido à exploração extensiva e ile- por Zenebon; Pascuet; Tiglea (2008).
micro-organismos usados como pro- gal da planta para produção de pal- A polpa de yacon também foi
bióticos são as bactérias pertencen- mito e madeira, a mesma encontra-se preparada a partir da higienização
tes aos gêneros Lactobacillus e Bi- ameaçada de extinção. dos tubérculos em solução clorada
fidobacterium e, dentre as bactérias Assim, este trabalho objetivou contendo 200 mg/L de cloro ativo e
probióticas do gênero Lactobacillus, desenvolver leite fermentado poten- enxaguados em solução contendo 10
destaca-se Lactobacillus acidophi- cialmente simbiótico nos sabores mg/L de cloro ativo. Posteriormen-
lus (SAAD, 2006). Por outro lado, coco, maracujá e juçara adicionado te, os tubérculos foram descasca-
de acordo com o mesmo autor, os de polpa de yacon e avaliar suas ca- dos com auxílio de faca inoxidável,
prebióticos são ingredientes não di- racterísticas físico-químicas, micro- submetidos ao branqueamento a 80
geríveis incorporados aos alimentos biológicas e sua aceitação sensorial, ºC por 10 minutos, sendo o produto
93
PESQUISA
obtido triturado em liquidificador produtos obtidos foram armazenados foram submetidos à análise de vari-
(Becker 90, Modelo LTA2) e adicio- em recipientes de polipropileno com ância.
nado de ácido ascórbico 1% a fim de capacidade para 1 litro por meio de Para as demais avaliações, o expe-
retardar o escurecimento enzimático enchimento manual, sendo mantidos rimento foi instalado considerando
da polpa, que foi congelada a -18 °C a 6,0 °C para avaliação das caracte- um DIC em estrutura fatorial 3x2x3
até o momento do uso. rísticas físico-químicas, microbio- com três repetições, onde o primeiro
Para o preparo da cultura lática lógicas e sensoriais imediatamente fator foi qualitativo (leite fermenta-
probiótica, L. acidophilus LA-5 lio- após a produção (tempo 0) e após do com polpa de maracujá, coco e
filizado foi diluído em 1 litro de lei- armazenamento por 15 e 30 dias. juçara), o segundo também foi qua-
te em pó desnatado reconstituído a A caracterização físico-química litativo (com e sem polpa de yacon)
12% previamente esterilizado, sendo das amostras foi determinada por e o terceiro fator foi quantitativo
o inóculo mantido por 4 horas a 5 °C meio da realização das análises de (tempos 0, 15 e 30 dias de armaze-
a fim de reidratar as células. Poste- pH, acidez, gordura e proteína con- namento). Os resultados foram anali-
riormente, 50 mL do inóculo foram forme AOAC (2016), sendo que sados por meio de análise de variân-
fracionados em frascos estéreis, que as análises de gordura e proteína cia (ANOVA) e teste de Tukey para
foram congelados e mantidos em fre- foram realizadas 30 dias após o ar- comparações entre as médias. Todos
ezer a -20°C até o momento da uti- mazenamento das amostras a 6,0 os procedimentos estatísticos foram
lização. °C. A caracterização microbiológica realizados considerando o nível de
A elaboração dos leites fermen- das amostras foi realizada determi- 5% de probabilidade com auxílio
tados dos sabores coco, maracujá nando-se o Número Mais Provável do pacote ExpDes do programa R
e juçara utilizando L. acidophilus (NMP/g) de coliformes a 30 °C e a 45 (FERREIRA; CAVALCANTI; NO-
LA-5 foi feita a partir de soro fresco °C (KORNACKI; JOHNSON, 2001) GUEIRA, 2011).
com acidez não superior a 0,13% de e a contagem de fungos filamentosos
ácido lático, o qual foi tratado ter- e leveduras por grama dos produtos RESULTADOS E DISCUSSÃO
micamente a 65 °C por 5 minutos. (BEUCHAT; COUSIN, 2001). A via-
Posteriormente, 40% do soro, 10% bilidade de L. acidophilus LA-5 foi Constataram-se maiores valores
de sacarose e 0,3% de estabilizante determinada por meio da contagem de acidez titulável e menores valores
foram acrescentados ao leite padro- de bactérias láticas em meio de cul- de pH na polpa de maracujá (Tabela
nizado com 3% de gordura. A mis- tura deMan Rogosa Sharpe (MRS) 1), estando o produto de acordo com
tura foi homogeneizada e, em segui- (RICHTER; VEDAMUTHU, 2001) o Regulamento Técnico de Identi-
da, foi aplicado tratamento térmico logo após a fabricação e após arma- dade e qualidade, que estabelece pH
de 95 ºC por 5 minutos, sendo esta zenamento dos produtos a 6,0 °C por entre 2,70 e 3,80, acidez mínima de
imediatamente resfriada a 37 ºC para 15 e 30 dias. 2,50% de ácido cítrico e no mínimo
então, adicionar 50 mL da cultura de Após aprovação do Comitê de 11 °Brix (BRASIL, 2000). Entretan-
L. acidophilus LA-5, previamente Ética em Pesquisa com Seres Huma- to, as polpas de juçara e de yacon
preparada. Posteriormente, a mistu- nos do IF Sudeste MG (parecer n° apresentaram baixa acidez e pH ele-
ra foi fermentada em estufa a 37 ºC 30/2012), a avaliação sensorial foi vado (Tabela 1), não existindo Re-
até atingir acidez de 0,65% de ácido realizada por 50 julgadores não trei- gulamento Técnico de Identidade e
lático. Logo após o produto ter atin- nados em escala hedônica não estru- Qualidade para as mesmas.
gido a acidez desejada, foi resfriado turada de nove pontos, variando de Não foi constatada diferença sig-
à temperatura ambiente e a massa “gostei extremamente” a “desgostei nificativa (p>0,05) para pH e acidez
quebrada manualmente por 5 minu- extremamente”, para os atributos titulável entre as amostras de leite
tos, sendo esta fracionada em três re- aroma, sabor, consistência e impres- fermentado com e sem polpa de ya-
cipientes, aos quais foram adiciona- são global (MINIM, 2006). Para a con e ao longo do tempo (Tabela 2).
dos, separadamente, 4% de cada uma análise estatística dos valores obti- As amostras dos leites fermentados
das polpas (coco, maracujá e juçara). dos foi adotado o delineamento intei- apresentaram valores de pH abaixo
Após a fermentação e adição das pol- ramente casualizado (DIC) com 50 de 4,5 (Tabela 2). Em relação à acidez
pas, os produtos foram novamente repetições em estrutura fatorial 2x3, titulável (Tabela 2), as amostras aten-
fracionados em dois recipientes e em sendo o fator qualitativo com e sem deram ao padrão estabelecido pela
um deles foi adicionado 4% de pol- yacon e o fator quantitativo os três Instrução Normativa n°46, que pre-
pa de yacon, sendo os mesmos ho- tempos de armazenamento. Os da- coniza valores de acidez entre 0,6%
mogeneizados em Mix Marconi. Os dos provenientes da análise sensorial e 2,0% de ácido lático (BRASIL,
94
Higiene Alimentar - Vol.32 - nº 278/279 - Março/Abril de 2018
Tabela 2 - Valores médios (n=3) das características físico-químicas dos leites fermentados.
Parâmetro Tempo Sabor Sabor maracujá Sabor Sabor Juçara Sabor Sabor coco
maracujá com yacon Juçara com yacon coco com yacon
0 3,64 3,65 4,09 4,05 3,98 3,98
pH 15 3,87 3,89 3,95 3,93 3,98 3,97
30 3,89 3,89 3,99 3,95 3,96 3,94
Acidez 0 0,93 0,92 0,78 0,74 0,86 0,82
15 0,97 0,94 0,85 0,84 0,87 0,85
(% ac. lático) 30 0,99 0,93 0,87 0,90 0,89 0,86
Gordura (%) 15 2,00 1,70 1,93 1,75 2,33 2,18
Proteína (%) 15 2,55 2,52 2,50 2,37 2,35 2,24
Tabela 3 - Valores médios (n=3) das características microbiológicas dos leites fermentados.
Sabor Sabor maracujá Sabor Sabor Juçara Sabor Sabor coco com
Parâmetro Tempo
maracujá com yacon Juçara com yacon coco yacon
0 8,30 8,37 8,50 8,43 8,57 8,50
Lactobacillus
15 8,03 7,93 8,50 8,43 8,30 8,33
(log UFC/g)
30 7,37 7,47 8,20 8,33 8,03 7,85
0 < 3,0 < 3,0 < 3,0 < 3,0 < 3,0 < 3,0
Coliformes 36°C
15 < 3,0 < 3,0 < 3,0 < 3,0 < 3,0 < 3,0
(NMP/g)
30 < 3,0 < 3,0 < 3,0 < 3,0 < 3,0 < 3,0
0 < 3,0 < 3,0 < 3,0 < 3,0 < 3,0 < 3,0
Coliformes 45°C
15 < 3,0 < 3,0 < 3,0 < 3,0 < 3,0 < 3,0
(NMP/g)
30 < 3,0 < 3,0 < 3,0 < 3,0 < 3,0 < 3,0
Bolores e 0 0,37 0,43 1,17 1,77 0,43 0,50
leveduras (log 15 1,03 1,73 3,07 2,00 1,30 1,07
UFC/g) 30 2,03 1,53 3,97 2,40 1,37 1,23
95
PESQUISA
2007). Quanto aos valores de gor- oxirredução do leite fermentado e REFERÊNCIAS
dura (Tabela 2), constatou-se que facilitar o crescimento da bactéria.
os produtos caracterizam-se como Espírito-Santo et al. (2011) verifi- AOAC - Association of Official Analytical
leite fermentado parcialmente des- caram que a adição de polpa de açaí Chemists. (2016). Official metho-
natado por conterem entre 0,6% e em iogurte favoreceu o aumento da ds of analysis of the Association of
2,9% (BRASIL, 2007). Em relação contagem de probióticos, como L. Official Analytical Chemists. 20.ed.
ao teor de proteína (Tabela 2), as acidophilus L10. Washington, D.C, v.2., 3100p.
amostras não atenderam ao padrão Em relação a coliformes a 36 ºC
e a 45 ºC e a fungos filamentosos BEUCHAT, IR; COUSIN, MA. Years and
de no mínimo 2,9% estabelecido
e leveduras (Tabela 3), todas as molds. In: DOWNES, FP; ITO, K.
(BRASIL, 2007), sendo necessária
amostras apresentaram-se de acor- (Eds.). Compendium of Methods for
a suplementação deste componente
do com os padrões legais vigentes the Microbiological Examination of
nos estudos futuros.
(BRASIL, 2007). Foods. 4.ed. Washington, DC: Ameri-
Quanto às características mi-
Quanto à avaliação sensorial, can Public Health Association - APHA,
crobiológicas, também não foi
constatou-se que os escores va- p. 209-215. 2001.
constatada interação significativa
(p>0,05) entre as amostras de lei- riaram entre 6,95 e 8,10 (Tabela BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecu-
te fermentado com e sem polpa de 4). Assim, os atributos sensoriais ária e Abastecimento. Instrução nor-
yacon e ao longo do tempo (Tabela variaram de gostei ligeiramente a mativa n.º1, de 7 de janeiro de 2000.
3). As amostras dos leites fermen- gostei muito. Os leites fermentados Estabelece o Regulamento Técnico
tados avaliadas apresentaram con- sabor maracujá e maracujá acres- Geral para fixação dos Padrões de
tagem de L. acidophilus LA-5 entre cido de polpa de yacon diferiram Identidade e Qualidade para polpa de
7,37 log UFC/g a 8,57 log UFC/g (p<0,05) quanto aos parâmetros fruta. DO da República Federativa do
estando os valores encontrados de consistência, sabor e impressão Brasil, 2000.
acordo com a legislação vigente global, sendo que o leite fermen- BRASIL. Ministério da Agricultura, Pe-
(BRASIL, 2008), a qual estabelece tado sabor maracujá acrescido de cuária e Abastecimento. Instrução
para os alimentos probióticos no yacon apresentou maiores escores Normativa n.º 46, de 23 de outubro
mínimo 108 a 109 UFC de probió- (Tabela 4). Os demais sabores não de 2007. Regulamento Técnico de
ticos por porção diária do produto diferiram (p >0,05) entre si quando Identidade e Qualidade de Leites Fer-
pronto para consumo. Assim, uma adicionados ou não de polpa de ya- mentados. DO da República Federati-
porção de 100 mL dos produtos con (Tabela 4). va do Brasil, Brasília, 24 out., 2007.
desenvolvidos, neste trabalho, for- Seção I.
nece ao consumidor a quantidade CONCLUSÃO
BRASIL. Ministério da Saúde. Agên-
mínima necessária para os efeitos
cia Nacional de Vigilância Sanitária.
benéficos. L. acidophilus LA-5 manteve-se
Alimentos com alegações de pro-
Os leites fermentados sabor ma- viável nos leites fermentados com
priedades funcionais e ou de saú-
racujá e maracujá acrescido de pol- e sem yacon por 30 dias a 6,0 °C,
pa de yacon (Tabela 3) apresenta- de, novos alimentos/ingredientes,
sendo constatados maiores valores
ram durante sua vida de prateleira substâncias bioativas e probióticos.
de contagem nas amostras que con-
menores contagens de probiótico, o IX Lista de alegações de propriedade
tinham polpa de juçara. Além disso,
que pode ter sido influenciado pela funcional aprovadas – atualizada em
os produtos obtidos atenderam aos
maior acidez da polpa de maracujá julho/2008, Brasília.
parâmetros estabelecidos pela legis-
que proporcionou menores valores lação e apresentaram boa aceitação COELHO, AN; OLIVEIRA, VR. Os benefí-
de pH no produto final. No entan- sensorial, sendo, portanto, uma nova cios dos probióticos, prebióticos e
to, os leites fermentados sabor ju- alternativa para as indústrias de la- simbióticos na nutrição preventiva.
çara e juçara com yacon (Tabela 3) ticínios e para os consumidores de Rev Hig Alimentar, v.23, n.172/173,
apresentaram alta contagem de L. produtos lácteos funcionais. p.24-29, 2009.
acidophilus LA-5, as quais se man- DONKORA, ON; VASILJEVIC, T; SHAH,
tiveram ao longo de sua vida de pra- Agradecimentos NP. Proteolytic activity of dairy lactic
teleira, o que evidencia a atividade Ao Conselho Nacional de Desen- acid bacteria and probiotics as deter-
antioxidante da polpa dos frutos da volvimento Científico e Tecnológico minant of growth and in vitro angio-
palmeira juçara, que pode contri- (CNPq) e ao grupo PET-Ciências tensin-converting enzyme inhibitory
buir para redução do potencial de Agrárias pelo apoio financeiro. activity in fermented milk. Dairy
96
Higiene Alimentar - Vol.32 - nº 278/279 - Março/Abril de 2018
Science and Technology, v.86, p.21- estudos com consumidores. Viçosa: CRUZ, AG; FARIA, JAF. (Eds.). Probi-
38, 2007. UFV. 2006. óticos e Prebióticos em Alimentos:
ESPÍRITO-SANTO, AP; PEREGO, P; CON- MOREIRA, RM et al. Development of a fundamentos e aplicações tecno-
VERTI, A; OLIVEIRA, MO. Influence of juçara and Ubá mango juice mixture lógicas. São Paulo: Varela, Cap. 1,
food matrices on probiotic viability – with added Lactobacillus rhamnosus 2011, p.23-49.
A review focusing on the fruity bases. GG processed by high pressure. LWT SANTANA, I; CARDOSO, MN. Raiz tube-
Trends in Food Science & Technolo- - Food Science and Technology, rosa de yacon (Smalhanthus sonchi-
gy, v.22, p.377-385, 2011. v.77, p.259–268, 2017. folius): potencialidades de cultivo,
FERREIRA, EB; CAVALCANTI, PP; NO- RICHTER, RL; VEDAMUTHU, ER. Milk aspectos tecnológicos e nutricio-
GUEIRA, DA. Experimental Designs: and milk products. In: DOWNES, nais. Ciência Rural, v.38, p.3 2008.
um pacote R para análise de experi- FP; ITO, K. (Eds.). Compendium of STRINGHETA, PC; AQUINO, AM; VILELA,
mentos. Rev da Estatística da UFOP, Methods for the Microbiological MAP. Legislação Brasileira sobre ali-
2011. v.1, n.1, p.1-9. Examination of Foods. 4.ed. Wa- mentos funcionais. In: COSTA, NMB;
MICHELS, I. Aspectos Tecnológicos do shington, DC: American Public Heal- ROSA, COB. (Eds.). Alimentos fun-
Processamento Mínimo de Turbécu- th Association – APHA, 2001, p.483- cionais – componentes bioativos e
los de Yacon (Polymnia sonchifolia) 505. efeitos fisiológicos. Rio de Janeiro:
Armazenados em Embalagens com SAAD, SMI. Probióticos e Prebióticos: o Rubio, 2010, Cap.2, p.09-35.
Atmosfera Modificada. 2005. 107f. estado da arte. Rev Bras de Ciências ZENEBON, O; PASCUET, NS; TIGLEA,
Dissertação (Mestrado em Tecnologia Farmacêuticas, v.42, p.1-16, 2006. P. Métodos físico-químicos para
de Alimentos). Universidade Federal SAAD, SMI; BEDANI, R; MAMIZUKA, análise de alimentos. 4.ed. São
do Paraná, Curitiba, PR, 2005. EM. Benefícios à Saúde dos Probió- Paulo: Instituto Adolfo Lutz, 2008,
MINIM, VPR. Análise sensorial: ticos e Prebióticos. In: SAAD, SMI; p.07-26.
Grupo de pesquisadoras da Embrapa Agroindústria de Alimentos (RJ) demonstrou que jovens de escolas de ensino
médio e cursos profissionalizantes do estado do Rio de Janeiro aceitam teores menores de açúcar, gordura e sódio (um
dos componentes do sal) em, respectivamente, néctar de uva, batata palito e pão francês. O interessante é que os jovens
aprovaram esses alimentos mesmo percebendo a diminuição da presença desses ingredientes.
Liderado pela pesquisadora Renata Torrezan, o projeto testou a aceitação da redução dos ingredientes em produtos usu-
ais da dieta dos jovens e averiguou como eles a percebem e se teria efeito na opção de consumo. A conclusão, sustentada
por análises sensoriais, foi que a redução percebida não prejudicou a aceitação dos produtos e que eles continuariam sendo
consumidos.
Foram alcançadas diminuições expressivas, até o limiar de continuidade de aceitação dos três ingredientes nos produtos.
As pesquisadoras reduziram 50% do açúcar em relação ao valor médio encontrado em néctares disponíveis no mercado.
A quantidade de sódio aprovada foi 20% menor que a da formulação padrão registrada no guia de boas práticas nutri-
cionais para pão francês da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), publicado em 2012. Já a gordura foi reduzida
em 70% comparando-se ao valor médio obtido de produtos disponíveis no mercado (após fritura) e das batatas de redes
de lanchonetes.
O projeto "Investir na saúde dos jovens visando à melhoria da qualidade de vida: um estímulo para a redução do con-
sumo de açúcar, sódio e gordura por meio da informação qualificada” foi elaborado com o objetivo de apoiar as iniciativas
do Ministério da Saúde (MS) para a redução do consumo dessas substâncias e estímulo ao consumo de frutas e vegetais,
visando uma alimentação mais saudável para a prevenção e redução das doenças crônicas não transmissíveis (DCNT), as
principais causas de morte no mundo.
Essas doenças constituem o problema de saúde de maior magnitude no País e correspondem a cerca de 70% das causas
de mortes. São doenças multifatoriais que se desenvolvem no decorrer da vida, de longa duração, tais como a hipertensão
arterial sistêmica, o diabetes Mellitus, a insuficiência renal crônica, a obesidade, o câncer e as doenças respiratórias. (Em-
brapa, maio/2018)
97
PESQUISA
O
de óleo de abacate refinado (F1) e a process that possibly presents all
80% de óleo de soja refinado e 20% the necessary requirements for the abacate é um dos alimen-
de óleo de abacate refinado (F2). manufacture of a safe biofuel and tos mais completos, cujo
Para comparação com o biodiesel within the parameters established teor de proteína, na polpa,
derivado da mistura de óleos by the legislation. The objective varia de 1 a 2%, o de óleo
vegetais, foi efetuada a elaboração de of this work was to study the of varia de 5 a 35% e o teor de açúcar de
biodiesel de óleo de soja (100%) (R1, biodiesel production of soybean 3 a 8%. Além disso, contém diversos
R2 e R3). Os resultados das análises oil mixed with avocado oil. Two sais minerais e vitaminas (KOLLER,
físico-químicas apresentaram-se formulations of biodiesel were 1992; MINARELLI et al., 2014;
dentro dos padrões especificados, prepared with mixtures of vegetable FERRARI, 2015). Os frutos do aba-
com pequenas diferenças nas oils: 50% refined soybean oil and cate são utilizados para a extração
viscosidades analisadas. O biodiesel 50% refined avocado oil (F1) and de óleo, quando estão maduros, isto
blend referente à formulação (F1) 80% refined soybean oil and 20% é, com consistência mole (TANGO;
não apresentou separação de fases. refined avocado oil (F2). In order TURATTI, 1992). O biodiesel, ou
A formulação (F2) apresentou um to compare biodiesel derived from também denominado combustível
98
Higiene Alimentar - Vol.32 - nº 278/279 - Março/Abril de 2018
verde, é um monoalquil de ésteres GEHAKA, modelo VG200. Para água destilada cada, para retirada das
de ácidos graxos de cadeia longa, analisar o efeito da quantidade de impurezas e posteriormente seco em
proveniente de fontes renováveis catalisador na síntese do biodiesel, estufa a 110 °C até peso constante.
como óleos vegetais. É obtido pela foram elaboradas três formulações de Foi realizada a quantificação da
transesterificação dos óleos vegetais, acordo com a metodologia adaptada massa de biodiesel e de glicerina e
gorduras animais e óleos usados de de Rinaldi et al. (2007), conforme efetuou-se o cálculo de rendimento
fritura (SUAREZ et al., 2005). Vá- mostrada na tabela 1. de acordo com a Equação 1.
rios catalisadores promovem esta Em um béquer seco de 100 mL
reação: ácidos, bases e enzimas. Na adicionaram-se 28 mL de etanol
indústria é utilizada a catálise bási- anidro e, em seguida, a massa (Equação 1)
ca utilizando-se KOH (hidróxido de adequada do catalisador em Onde:
potássio) ou NaOH (hidróxido de temperatura ambiente (28 °C) até Mb = massa do biodiesel obtido; e
sódio) preparados em solução alcoó- completa dissolução do catalisador. Mt = Massa total = ∑ massas de óleo,
lica (AURÉLIO et al., 2006). Consi- Após a completa dissolução do álcool e catalisador.
derando a importância da utilização KOH no etanol, interrompeu-se a
de um combustível renovável e o uso agitação e adicionaram-se 50 g de RESULTADOS E DISCUSSÃO
de matérias-primas alternativas para óleo de soja ao frasco. Agitou-se a
a elaboração de biodiesel, o objetivo mistura moderadamente por 30 min Os resultados das análises físico-
deste trabalho foi o estudo da fabri- em temperatura ambiente (28 °C) químicas realizadas nos óleos
cação de biodiesel de óleo de soja com auxílio de agitador magnético, de soja e abacate refinados estão
refinado misturado com óleo de aba- modelo Q-221.1. Transferiu-se apresentados na tabela 3.
cate refinado (blend). o conteúdo do béquer para um Os óleos de soja e abacate refinados
balão de decantação de 250 mL apresentaram valores aceitáveis de
MATERIAL E MÉTODOS e acompanhou-se a separação de acidez em ácido oléico (% AGL)
fases (superior biodiesel e inferior e índice de peróxidos, de acordo
Os experimentos foram realizados glicerina) por 1 h (Figuras 1 e 2). com a Resolução RDC n° 270
nos Laboratório de Química de Usando uma pipeta graduada, da ANVISA (2005) para óleos e
Alimentos e no Núcleo de Excelência retiraram-se duas alíquotas de 2 mL gorduras refinados. O valor obtido
de Engenharia de Alimentos – NEEA, da fase inferior e da fase superior para o índice de iodo do óleo de
das Faculdades Associadas de e testou-se a miscibilidade dessas soja refinado encontra-se dentro
Uberaba – FAZU. Foram utilizados fases com etanol e hexano. Para a dos parâmetros estabelecidos pela
óleo de soja refinado e óleo de fabricação do biodiesel usando blend Resolução RDC n° 482 da ANVISA
abacate refinado (Persea americana de óleo de soja e de abacate refinados (1999). Importante salientar que a
Mill) da variedade Fortuna, foram elaboradas duas formulações, resolução da ANVISA (2005) não
adquiridos no comércio da cidade considerando um total de 50 g de faz nenhuma alegação para o óleo
de Uberaba-MG. Análises físico- óleo vegetal, com as seguintes de abacate, já que esse produto não
químicas (índice de acidez, índice quantificações de óleos vegetais, é comercializado no Brasil. Nota-
de peróxido e índice de iodo) foram catalisador e álcool etílico anidro, de se, porém, que o valor encontrado
efetuadas conforme metodologia de acordo com a tabela 2, adaptado de para o índice de iodo para o óleo de
Moretto e Fett (1998). A viscosidade Rinaldi et al. (2007). abacate refinado (93,50 gI2/100 g)
das amostras de biodiesel fabricadas Após a separação das fases, a parte situa-se distante do valor obtido para
foram medidas utilizando-se um superior (biodiesel) foi lavada três o óleo de soja refinado, o que poderia
viscosímetro Copo Ford da marca vezes com porções de 25 mL de descaracterizá-lo como índice de
99
PESQUISA
Figura 1 – (A) Etapa de decantação; (B) Separação das fases: glicerina e biodiesel.
Tabela 2 – Formulações para a fabricação do biodiesel usando blend de óleo de soja e óleo de abacate refinados.
Formulação Catalisador KOH T Tempo de reação Óleo de soja Óleo de
(2,5%) (°C) (min) refinado abacate refinado
F1 1,25 g 28 30 25 g (50%) 25 g (50%)
F2 1,25 g 28 30 40 g (80%) 10 g (20%)
100
Higiene Alimentar - Vol.32 - nº 278/279 - Março/Abril de 2018
qualidade do óleo analisado. Para os distinguir claramente as interfaces na blend apresentou parâmetros bem
parâmetros densidade e viscosidade, formulação R1 e R2. Diante destes próximos, com a viscosidade de
o óleo de abacate refinado apresentou resultados, escolheu-se trabalhar 2,8 cSt (0,00249 Pa.s) e densidade
valores próximos ao do óleo de soja com uma proporção de 2,5% de KOH de 0,8916 g/mL, visto que, grande
refinado analisado, encontrando-se para a síntese do biodiesel em estudo parte de sua composição é derivada
a densidade dentro dos parâmetros por apresentar melhores resultados, do óleo de soja (80%), sendo que,
estabelecidos pela Resolução RDC pois apresentou uma separação de este tipo de combustível atende aos
n° 482 da ANVISA (1999) para óleo fases e uma coloração melhor que a requisitos exigidos pela ANP (2001).
de soja refinado. Já a viscosidade do formulação R1 e R3. O rendimento do processo de
óleo de soja refinado, 36 cSt (0,0331 Após a formação do biodiesel, a obtenção do biodiesel de soja (100%)
Pa.s) encontrou-se um pouco acima miscibilidade das fases superior e foi de 53,79%, acompanhado de
dos dados fornecidos por Knothe inferior foram testadas em hexano 9,03% de glicerina e 37,18% de
et al. (2006), o qual apresenta uma e etanol. A formulação F1 (50% de outras substâncias (etanol, impurezas
viscosidade, a 37,8 °C, de 32,60 cSt óleo de soja refinado e 50% de óleo e perdas do processo), estando
(0,0299 Pa.s). É de suma importância de abacate refinado) não apresentou próximos dos resultados encontrados
ressaltar que a análise de viscosidade separação de fases, não sendo possível por Ferrari; Oliveira; Scabio (2005).
realizada neste experimento foi a sua análise. Observou-se que a fase Em relação às perdas, a recuperação
efetuada à temperatura de 25 °C, o superior (biodiesel) é miscível em do álcool anidro que foi utilizado em
que influencia no valor obtido, pois a ambos os solventes, enquanto a fase excesso no processo de evaporação e a
viscosidade diminui com o aumento inferior (glicerina) é imiscível em purificação da glicerina, influenciam
da temperatura. hexano (substância apolar) e miscível na viabilidade do processo,
Com relação à influência da em etanol (substância polar). Essas diminuindo o custo de produção.
quantidade de catalisador utilizado na características levam a concluir que Quanto ao rendimento do processo
síntese do biodiesel, observou-se que a fase superior é um líquido apolar, de obtenção do biodiesel blend,
as formulações R1 (1,0% de KOH) e a fase inferior é um líquido polar. foram obtidos 49,65% de biodiesel,
e R2 (2,5% de KOH) apresentaram Com relação aos parâmetros físico- 7,72% de glicerina e 42,63% de
características desejáveis na síntese químicos (viscosidade e densidade) outras substâncias (etanol, impurezas
de biodiesel, com boas separações encontrados para o biodiesel de soja e perdas do processo). O biodiesel
de fase e com cores mais claras que e para o biodiesel da mistura (blend) separado pelo blend foi de 92,3% do
a formulação R3 (5,0% de KOH), observou-se que o biodiesel de óleo de óleo de soja, ou seja, de 20% do
com má visualização das fases de soja refinado (100%) estava óleo de abacate, 62,6 se transformou
(biodiesel e glicerina) e aspecto dentro das normas especificadas pela e separou em biodiesel, sendo que
pouco apreciável. O aumento da Portaria n° 310 da ANP (Agência o restante pode se constituir em
quantidade de catalisador (KOH) Nacional do Petróleo, 2001), com impurezas. Não ficou dissolvido na
influenciou diretamente no aspecto valores de 2,6 cSt e 0,849 g/mL, glicerina, pois a massa da mesma não
cor e separação de fases, onde, respectivamente. Em comparação ao aumentou quando comparada com a
após 1h de repouso, foi possível biodiesel de soja (100%), o biodiesel glicerina proveniente do óleo de soja.
101
PESQUISA
Neste contexto, o mesmo poderia CONGRESSO DA REDE BRASILEIRA nov. 2005.
apresentar certa quantidade de água, DE TECNOLOGIA DO BIODIESEL, 21., KNOTHE, G et al. Manual de Biodiesel. São
o que atrapalharia no processo de 2006, São Luís. Anais ... São Luís: Paulo: Edgard Blücher, 2006. 340 p.
transesterificação, assim como, UFM, 2006. p. 209-213.
KOLLER, OC. Introdução. In: ______. Aba-
substâncias naturais do próprio óleo BRASIL. Agência Nacional de Vigilân- caticultura. 2. ed. Porto Alegre, R.S.:
de abacate que resultou em menor cia Sanitária – ANVISA. Resolução Editora da Universidade, 1992. cap. 1,
rendimento e separação da glicerina. n. 482, de 23 de setembro de 1999. p. 7-8.
Regulamento Técnico para Óleos Ve-
MINARELLI, PH et al. Composição quími-
CONCLUSÃO getais, Gorduras Vegetais e Creme
Vegetal. DOU, Brasília, 23 de setem- ca e atividade antioxidante da polpa e
bro de 2005, p. 2134. resíduos de abacate HASS. Rev Bras
Frente a todos os requisitos
de Fruticultura, Jaboticabal – SP, v.36,
analisados e os resultados obtidos, BRASIL. Agência Nacional de Vigilân-
n.2, p.417-424, 2014.
o biodiesel blend (80% óleo de cia Sanitária – ANVISA. Resolução
soja refinado e 20% de óleo de n. 270, de 22 de setembro de 2005. MORETTO, E; FETT, R. Tecnologia de óle-
abacate refinado) mostrou-se como Regulamento Técnico para Fixação os de gorduras vegetais na indústria
uma alternativa para a produção de de Identidade e Qualidade de Óleos de alimentos. São Paulo: Varela. 1998.
misturas de biodiesel, diferenciando e Gorduras Vegetais. DOU, Brasília, 150 p.
culturas oleaginosas e viabilizando a publicada em 20 de junho de 2000, RINALDI, R et al. Síntese de biodiesel:
ampliação de oferta para o mercado n. 3029. uma proposta contextualizada de ex-
de biocombustíveis, efetuando-se a BRASIL. Agência Nacional do Petróleo perimento para laboratório de química
recuperação do álcool utilizado em – ANP. Portaria n. 310, de 27 de de- geral. Química Nova, São Paulo, SP,
excesso e o refino da glicerina obtida zembro de 2001. Regulamento Téc- v.30, n.5, p.1374-1380, abr. 2007.
pelo processo para posterior refino e nico ANP n. 6/2001. DOU, Brasília, SUAREZ, PAZ et al. Transformação de
venda. publicada em 28 de dezembro de triglicerídeos em combustíveis, mate-
2001. riais poliméricos e insumos químicos:
REFERÊNCIAS FERRARI, RA; OLIVEIRA, VS; SCABIO, algumas aplicações da catálise na
A. Biodiesel de soja – Taxa de con- oleoquímica. Química Nova, São Paulo
AURÉLIO, AM et al. Produção de Biodie- versão em ésteres etílicos, caracteri- – SP, v.30, n.3, p.667-676, mar, 2005.
sel a Partir da Metanólise de Óleo de zação físico-química e consumo em TANGO, JS; TURATTI, JM. Óleo de abaca-
Babaçu com Emprego Novos Catali- gerador de energia. Química Nova, te. In: CYRO et al. (Coord.). Abacate.
sadores Homogêneos Comerciais. In: São Paulo – SP, v.28, n.1, p.19-23, Campinas: ITAL, 1992. p. 156-192.
102
LEGISLAÇÃO
Assim que as novas normas forem publicadas, esta IN 31 e as
demais referentes ao assunto serão revogadas. (Coordenação-
-geral de Comunicação Social, jul/2018)
103
LEGISLAÇÃO
RASTREABILIDADE ASSEGURADA NA O consumo da kombucha é milenar, tendo origem chinesa. O
CADEIA DE VEGETAIS FRESCOS. produto com sabor refrescante e frisante está em alta no Brasil
Instrução Normativa Conjunta INC nº 2, de 7 de há pouco tempo. Ganhou grande destaque por ser feita com
fevereiro de 2018. ingredientes naturais, substituindo em muitos casos o consumo
Na Instrução Normativa estão definidos os procedimentos de refrigerantes e de bebidas alcoólicas. (Coordenação-geral de
para a aplicação da rastreabilidade ao longo da cadeia produtiva Comunicação Social)
de produtos vegetais frescos destinados à alimentação humana,
para fins de monitoramento e controle de resíduos de agrotó- REGULAMENTO TÉCNICO PARA PRODU-
xicos, em todo o território nacional, na forma desta Instrução TO CÁRNEO TEMPERADO.
Normativa Conjunta e dos seus Anexos I a III. Aplica-se aos Instrução Normativa nº 17 de 29 de maio de 2018
entes da cadeia de produtos vegetais frescos nacionais e impor- Aprova o Regulamento Técnico sobre a identidade e requisi-
tadas quando destinadas ao consumo humano. tos de qualidade que deve atender o produto cárneo temperado,
A rastreabilidade de que trata esta Instrução Normativa definido como todo o produto obtido de carnes, miúdos ou de
Conjunta será fiscalizada pelos serviços de Vigilância Sanitá- partes comestíveis das diferentes espécies animais, seguida da
ria e pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento especificação que couber, condimentado, com adição ou não
(MAPA) e deve ser assegurada por cada ente da cadeia produ- de outros ingredientes, com ou sem recheio, resfriado ou con-
tiva de produtos vegetais frescos em todas as etapas sob sua gelado. Excluem-se desse Regulamento Técnico os produtos
responsabilidade, a saber: cárneos temperados submetidos ao tratamento térmico e os
nos estabelecimentos que compõem a etapa de produção; embutidos.
nos estabelecimentos que beneficiam ou manipulam produ- Agora, 31% desses produtos que ainda passavam por apro-
tos vegetais frescos; vação prévia de registro terão registro automático. Isso agilizará
nas demais etapas da cadeia produtiva (transporte, armaze- o registro para as empresas produtoras e reduzirá o tempo de
namento, consolidação e comercialização). análise das solicitações dos demais produtos que dependem da
Os produtos vegetais frescos, ou seus envoltórios, suas cai- aprovação prévia do Departamento de Inspeção de Produtos
xas, sacarias e demais embalagens devem estar devidamente de Origem Animal (DIPOA). A norma abrange carnes e miúdos
identificados de forma a possibilitar o acesso, pelas autoridades temperados de diferentes espécies animais (bovinos, suínos,
competentes, aos registros com as informações obrigatórias e aves, ovinos, outros animais de açougue e peixes).
documentais. Com a publicação do Decreto n° 9.013, do Regulamento de
Inspeção Industrial e Sanitária dos Produtos de Origem Animal
CONSULTA PÚBLICA: PADRÕES DE (RIISPOA), em março do ano passado, os parâmetros relativos
QUALIDADE PARA A KOMBUCHA. a esses produtos passaram a necessitar de regulamentação. A
Portaria nº 64 de 14 de maio de 2018 elaboração da IN resultou de consulta pública e contribuição
O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento de diferentes áreas técnicas do DIPOA, do Laboratório Nacio-
(Mapa) abriu consulta pública por 75 dias, para estabelecer os nal Agropecuário e representantes do setor produtivo indicados
padrões de identidade e qualidade da kombucha. O produto é pela Câmara Setorial.
uma bebida de baixo teor alcoólico (1,5% por volume, v/v) ob- Os estabelecimentos que já possuem produtos cárneos tem-
tida pela fermentação de folhas de chá da espécie Thea sinensis perados registrados terão prazo de 365 dias, a partir da publica-
adicionada de açúcares para fermentação, podendo ser mistu- ção da IN, para atualizar o registro de seus produtos e atender
rada com suco de fruta, mel, especiarias, aromas naturais e adi- aos requisitos estabelecido no regulamento técnico aprovado.
tivos permitidos. As normas do Mapa serão aplicadas somente Uma das exigências é de que tenham embalagens específicas
à kombucha submetida a processos industriais e destinados ao que garantam proteção contra contaminação, devendo ser man-
consumo humano. tidas sob condições adequadas de armazenagem e transporte.
104
SÍNTESE
ANTES TARDE DO QUE NUNCA
PARA E-COMMERCE DE
ALIMENTOS NO BRASIL
Julie Chariell
Bloomberg Intelligence para a América Latina
jchariell@bloomberg.net
A
adoção de e-commerce Brasil segue outros países que adota- a menor penetração e está previsto
para produtos alimentí- ram a prática, particularmente aque- para ser o segmento de crescimento
cios é baixa no Brasil, e les na Europa e na Ásia. Isso reflete mais lento do varejo na Internet no
os varejistas estão sabia- que o principal grupo demográfico e Brasil, mas as lojas físicas estão in-
mente investindo com mais cautela condutor de e-commerce de alimen- vestindo de qualquer maneira em um
do que seus equivalentes nos EUA, tos - compradores urbanos de renda esforço para proteger a participação
que competiram com afinco quando média a alta que buscam conveni- de mercado da Amazon e de outras
a Amazon comprou a Whole Foods ência - já confiam satisfatoriamente empresas de base tecnológica. As lo-
em 2017. As vendas de alimentos no serviço intermediário para fazer jas físicas têm a vantagem inerente
on-line representam 3% do total dos compras na loja. de uma presença omnichannel, com
EUA e metade disso no Brasil. A mo- A adoção lenta impediu que os va- opções que vão desde pedidos via
dalidade click-and-collect (comprar rejistas tradicionais de alimentos in- aparelhos móveis (como smartpho-
o produto online e retirá-lo em uma vestissem de forma muito agressiva nes e tablets) e entrega rápida até pe-
loja física) está ganhando apelo, mas on-line, com o Grupo Carrefour não didos click-and-collect. Este último
a tecnologia pode ser o melhor im- investindo de forma séria até o final tende a direcionar o tráfego para loja
pulsionador de vendas agora. de 2017, e o Grupo Pão de Açúcar para aumentar as vendas.
permanecendo fora do radar. A vare- As vendas de alimentos on-line
Brasil segue os principais países jista não-alimentícia Magazine Lui- são lideradas por consumidores de
do setor de comércio eletrônico de za entrou no comércio eletrônico de renda média a alta em áreas urbanas
alimentos alimentos no ano passado para ala- que buscam rapidez e conveniência.
A compra da Whole Foods pela vancar a força de sua rede de distri- No entanto, esses clientes são limi-
Amazon há cerca de um ano desen- buição. tados pela preferência de escolher
cadeou uma onda de investimentos produtos pessoalmente por conta da
no e-commerce alimentício que che- Mercado com expectativas de qualidade, e pelas taxas de entrega,
gou até o Brasil, mas o lucro levará crescimento abaixo do valor real especialmente enquanto a economia
tempo para se materializar no país. O O e-commerce de alimentos tem permanece fraca.
SÍNTESE
Tabela 1 - Presença do e-commerce por país.
106
Tabela 3 - Comparação do e-commerce de alimentos no GPA e Carrefour.
Supermercados enfrentam me- converter lojas de hipermercados em O Grupo Carrefour se tornou mais
nos riscos que os hipermercados lojas de atacarejo que vendem ali- agressivo ao aumentar seu alcance de
O comércio eletrônico é uma ame- mentos. comércio eletrônico este ano e pode
aça muito maior para as vendas em assumir a liderança. O Grupo plane-
hipermercados do que para os su- Alcance do Grupo Carrefour e ja estender o click-and-collect para
permercados. As vendas do hiper- os relacionamentos do Grupo Pão todos os seus 103 hipermercados até
mercado brasileiro sofreram com a de Açúcar o final do ano. O GPA não compar-
desaceleração e devem retomar o Os dois maiores varejistas de ali- tilhou suas metas. O GPA acumula
crescimento de apenas 5,4% da taxa mentos do Brasil - Grupo Pão de 3% da receita de seu e-commerce
anual composta em 2017-22. O va- Açúcar (GPA) e Grupo Carrefour em comparação a 6,3% do Carrefour,
rejo via Internet, ao contrário, deve - estão se aproximando do comér- mas os pedidos não alimentícios do
crescer a uma taxa de 14,7%, pro- cio eletrônico de alimentos de for- GPA passam pela Via Varejo.
vavelmente tirando boa parte de sua ma diferente. Se o engajamento que Sobre a Bloomberg Intelligence
participação dos produtos não-ali- impulsiona o tráfego, a fidelidade A Bloomberg Intelligence propor-
mentícios de hipermercados, incluin- e as vendas nas mesmas lojas têm ciona uma visão abrangente de seto-
do itens de higiene pessoal, pet care, mais efeito do que as vendas on-line res, seus principais constituintes e,
brinquedos e eletrônicos. As vendas no momento, o Pão de Açúcar está junto com o poder do serviço Bloom-
de supermercados devem subir 8,4% ganhando. O GPA entrou no geren- berg Professional, fornece insights
ao ano, acima do crescimento esti- ciamento de relacionamento com o inigualáveis sobre setores e empre-
mado de 8,2% para as vendas online cliente mais cedo, dando uma vanta- sas em uma plataforma integrada.
de alimentos e bebidas. O crescimen- gem à empresa ao adicionar clientes As análises da Bloomberg Intelli-
to baseado em lojas reflete a adoção ao seu sistema de CRM (Gestão de gence abrangem desde o panorama
on-line lenta, além da demanda por Relacionamento com o Cliente) e do- macro até informações de empresas.
uma experiência de supermercado wnloads de aplicativos móveis. Além As pesquisas abrangem mais de 130
mais moderna em relação a lojas po- disso, possui 32 lojas que dão supor- indústrias e 1200 empresas globais
pulares e mercados informais. te ao click and-collect, que compe- e são fundamentadas por dados pro-
Essa mudança se alinha à estra- tem com as 12 unidades do Grupo prietários do Terminal Bloomberg e
tégia do Grupo Pão de Açúcar de Carrefour. mais de 300 contribuidores externos.
107
PUBLICAÇÕES
LIVRO APRESENTA MODELO GERENCIAL QUE MELHORA
PRODUÇÃO DE LEITE.
E
m livro lançado no mês de abril, Dairy Administration) possui ferramen- dutores e profissionais da área, a troca de
o Professor da Escola Superior tas que mapeiam as atividades com os experiências ajudou a lapidar conceitos,
de Agricultura Luiz de Queiroz animais, as tarefas dos funcionários, a selecionar ferramentas eficazes e adaptar
(Esalq) da USP, Paulo Fernando gestão financeira e até o planejamento o sistema MDA à realidade das fazendas.
Machado explica a jornada de implanta- da fazenda. De acordo com Machado, O livro Sucesso no Leite pode ser ad-
ção do sistema Controle MDA, desenvol- idealizador do sistema, à medida em que quirido pelo site mda.clinicadoleite.com.
vido por ele para gerenciamento de fazen- começou a compartilhar a proposta do br/livro (Fonte: Assessoria de Comunica-
das produtoras de leite. MDA por meio de treinamentos com pro- ção da Esalq e da Clínica do Leite.)
A publicação Sucesso no Leite é uma
iniciativa da Clínica do Leite da Esalq,
uma instituição sem fins lucrativos que
atua para a melhoria da gestão da pecu-
ária de leite por meio de serviços analí-
ticos, da geração de conhecimento e da
formação de pessoas. O segmento, de
extrema importância para o agronegócio
brasileiro, tanto pelo volume de negócios
quanto pelo número de empregos que
gera, exige dedicação intensa das pesso-
as envolvidas na atividade.
O Controle MDA (sigla para Master
Foto: Gerhard Waller/Esalq
O
Centro de Pesquisa em Alimen- sete municípios dos arredores da Serra da Pingo é o nome que recebe a prática
tos (FoRC, nas siglas em inglês, Canastra, considerado patrimônio cultural de reutilização da microbiota naturalmente
Food Research Center) criado imaterial brasileiro. Há mais de um ano e presente no soro do leite como coadjuvante
em 2013 e apoiado pela Funda- meio, vários pesquisadores do FoRC vêm na produção do queijo – método comum na
ção de Amparo à Pesquisa do Estado de trabalhando com microbiologia e seguran- produção de queijos artesanais ao redor do
São Paulo, reúne equipes multidisciplina- ça alimentar junto a produtores da região. mundo, tais como os europeus Rocama-
res de diferentes instituições de pesquisa “Nós começamos a trabalhar com 74 dour, Picodon,Parmigiano Reggiano, entre
de SP, como a USP, UNESP, UNICAMP, Ins- produtores no sentido de verificar, entre outros. Diariamente, após a confecção e
tituto de Tecnologia de Alimentos (ITAL) e outras coisas, a segurança alimentar dos salga do queijo, parte do soro eliminado
Instituto Mauá de Tecnologia (IMT). procedimentos de produção e de analisar é coletada e adicionada à produção do dia
O FoRC participou, entre os dias 31 de a presença, ou não, de patógenos no quei- seguinte. “Os grupos microbianos presen-
maio e 3 de junho passados, do tradicional jo e no ‘pingo’ utilizado pelos produtores”, tes no pingo direcionam a fermentação e a
Festival do Queijo Canastra de São Roque explica Christian Hoffmann, pesquisador do maturação do queijo e agregam ao produto
de Minas-MG, ocasião em que lançou car- FoRC, ressaltando a parceria com o profes- uma microbiota diversificada, representati-
tilha sobre boas práticas na produção de sor Gustavo Lacorte, do Instituto Federal de va da região na qual ele é fabricado.” (Aca-
queijos artesanais, como é o caso do quei- Educação, Ciência e Tecnologia de Minas dêmica Agência de Comunicação)
jo Canastra, tradicionalmente fabricado nos Gerais (IFMG).
109
Chamada de artigos para edições
2018 da Revista Higiene Alimentar
C
onhecida por suas garrafinhas de PET coloridas com su-
cos prensados a frio, a Greenpeople apresenta sua água
de coco sem conservantes, com 50 dias de validade.
A novidade é fruto do investimento da marca na tec-
nologia da alta pressão (HPP, do inglês High Pressure Processing).
O processo mantém as condições da água de coco, sem necessi-
dade de congelamento.
ORIGIN:SOLUÇÃOPARARASTREARALIMENTOS
BASEADAEM BLOCKCHAIN.
O
Grupo Bureau Veritas, líder mundial em Teste, Ins- na a forma como as transações são verificadas, aumentando a
peção e Certificação (TIC), lançou o Origin, primeiro confiabilidade das informações.
selo de rastreabilidade do mundo para o setor de Esquemas de verificação de alimentos tradicionalmente de-
alimentos que disponibiliza aos consumidores infor- pendem de inspeções de terceiros e amostragem em cada etapa
mações de toda a cadeia de produção de um pro- do processo de produção de alimentos. Uma solução baseada
duto, do campo ao garfo. A tecnologia oferece informações em blockchain permite a verificação contínua e completa, exi-
completas sobre cada etapa de produção do produto através gindo que todos os jogadores compartilhem registros e vali-
de QR code. dem as transações sempre que ocorrerem. Ao mesmo tempo,
A Origin, baseada na tecnologia blockchain, oferece de ma- os dados confidenciais permanecem em sigilo, pois é possível
neira inteligente e prática, informações sobre cada etapa da conceder diferentes níveis de acesso
jornada de um produto. Os dados podem ser checados pelos à informação dependendo do perfil do
consumidores no próprio momento da compra, no superme- usuário.
cado, por meio de um QR code, em que o histórico completo Toda a cadeia de valor das indús-
de cada produto é mostrado, auxiliando na escolha do que será trias alimentícias também se benefi-
colocado no carrinho. cia dessa solução. Marcas e varejistas
O uso de blockchain torna a Origin uma tecnologia inovado- são capazes de controlar melhor as
ra e resolve os principais desafios da rastreabilidade completa cadeias de suprimento, com maior vi-
da cadeia de alimentos que até então não era eficiente. Desen- sibilidade e gerenciamento em tempo
volvido em parceria com a Worldline, líder em segurança de real de recalls de produtos. (Dix Con-
transações digitais, o uso da tecnologia blockchain revolucio- teúdo e Relacionamento)
112
AVANÇOS
TECNOLÓGICOS EM PRODUTOS E SERVIÇOS
A
Krones desenvolveu uma alternativa atraente e prática: uma garrafa re-
utilizável pequena, flexível e ultraleve. O objetivo é substituir os copos
fechados com selos de alumínio.
A nova garrafa de PET da Krones tem forma de gota e contém 200
mililitros. Com um peso de apenas 4,4 gramas, é extremamente leve. Ela pode ser
produzida usando uma máquina-padrão de moldagem por sopro que também é
adequada para formatos leves. Além disso, o recipiente oferece uma opção para
ser pressurizado com nitrogênio após o enchimento, estabilizando-o para armaze-
namento e transporte.
O recipiente possui um gargalo típico 26/22 para garrafas de água e pode ser
fechado com uma tampa de rosca normal. De acordo com a Krones, a nova garrafa
de PET oferece grande versatilidade de design: diferentes processos de rotulagem
permitem que diferentes projetos sejam alcançados. (EmbalagemMarca, abr/2018)
113
TASTE OF
TECHNOLOGY
7 a 9 de Agosto, 2018
Expotrade Convention Center
Curitiba-PR, Brasil
NOVIDADE