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Ano 3 - Edição 13 - Junho de 2017

Ração é o principal insumo da produção aquícola


Por Rafael Simões Coelho Barone

Sempre que o assunto é custo de produ- que chama a atenção é a ração. Este in- totais de produção, conforme os dados
ção em aquicultura a primeira variável sumo representa de 65 a 80% dos custos gerados pelo Campo Futuro (tabela 1).

Tabela 1 – Participação das rações no Custo Operacional Efetivo (COE) nos painéis realizados
em Manaus, Santa Fé do Sul e Assis Chateaubriand

Espécie Região Sistema de produção Participação da ração no COE

Tambaqui Manaus - AM viveiro escavado 78%

Tambaqui Curumim Manaus - AM viveiro escavado 64%

Tilápia Santa Fé do Sul - SP tanque rede 72%

Tilápia Assis Chateaubriand - PR viveiro escavado 82,31%

Fonte: Projeto Campo Futuro da CNA

Sabendo disso, os produtores adotam diferentes e praticados no mercado; gência em proteína bruta e sim em um ba-
estratégias de alimentação, testando diferentes • Relação benefício custo favorável ao produ- lanço adequado de aminoácidos digestíveis.
tipos de ração. O importante destas avaliações é tor.
sempre considerar qualidade x preço e seus impac- Isso quer dizer que, na prática, há rações
tos no desempenho produtivo e econômico. No entanto, a avaliação de qualidade muitas com o mesmo teor de proteína bruta, mas
vezes se limita ao percentual de proteína com diferenças na absorção pelos peixes
No quesito qualidade da ração, três princípios bruta. Porém, não só o teor é importante, gerando resultados de desempenho distin-
são fundamentais: mas também a informação de digestibilida- tos. Também é possível encontrar rações
• Confiabilidade das informações contidas no ró- de e composição de aminoácidos, ou seja, com teores de proteína bruta maiores com
tulo; qual porcentagem dessa proteína o animal preços menores, mas com qualidade infe-
• Fornecer resultados zootécnicos constan- realmente consegue absorver. Isso se deve rior a rações com porcentagens mais baixas
tes e adequados aos registrados em literatura ao fato de os peixes não apresentarem exi- (Figura 1).

Figura 1 - Cenários hipotéticos de comparação entre preço e qualidade de rações.


Elaboração - PECEGE
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Estes são cenários hipotéticos, mas ocor- ração foi testada. Se o acompanhamento é os tipos de ingrediente utilizados, a forma
rem frequentemente sem que o produtor feito somente sobre as variáveis médias de de armazenamento, a organização, limpeza
tome ciência. Mas como avaliar a qualidade desempenho (conversão alimentar média, e os procedimentos de controle de qualida-
da ração no dia a dia da produção? mortalidade do ciclo, ganho de peso total e de adotados.
consumo total), torna-se mais difícil avaliar
O primeiro ponto, a partir das biometrias o real impacto no custo de produção. No A segunda ação é verificar as informações
periódicas e do acompanhamento do con- entanto, antes de o produtor realizar esses contidas no rótulo mandando periodica-
sumo de ração, é construir a curva de cres- testes em seu ciclo de produção, ele pode mente amostras para análise em labora-
cimento dos seus animais. A partir dessa adotar algumas ações para minimizar seus tórios. Estas possuem custo elevado, mas
informação, o produtor deve acompanhar riscos. que pode ser minimizado a partir de aná-
as variáveis de desempenho zootécnico de lises realizadas em conjunto com outros
cada uma das fases de produção. Dentre essas, umas das principais é conhe- produtores,por meio de associações e coo-
cer a procedência da ração adquirida, por perativas ou com o suporte de universida-
Dessa forma, quando um teste de ração meio de visitas e informações sobre a fá- des e instituições de extensão locais. Abaixo
for realizado em sua produção, ele poderá brica de ração de seu fornecedor, onde é seguem as análises mínimas desejáveis (ta-
verificar o impacto direto no custo de pro- possível verificar as condições em que a bela 2):
dução daquela fase específica em que a mesma é produzida. É importante observar

Tabela 2 - Análises qualitativas das rações e informações contidas nos rótulos dos produtos

Análises O que está no rótulo O que deve ser avaliado Observações

Proteína Garantia de valor mínimo de Valor analisado corresponde a garan- Peixes não possuem exigência em proteína e sim em
proteína bruta - PB(%). tia mínima informada. aminoácidos.
Perfil de Aminoácidos Não informa. Avaliar se o perfil analisado corres- Observar principalmente a concentração de lisina e
ponde a exigência do animal para a metionina.
fase que será utilizada.
Umidade Valor máximo (%). Valores devem ser inferiores a 10%. Umidade acima de 10% aumenta o risco de problemas
com fungos.
Extrato Etéreo Valor mínimo (%). Não pode estar em excesso (> 10%) e Representa a energia contida na ração, quando em
nem em falta (< 5%). excesso pode reduzir consumo, crescimento e aumen-
tar a quantidade de gordura no animal, quando em
falta reduz crescimento e pode fazer com que o animal
utilize proteína para gerar energia.
Fibra Bruta Valor máximo (%). Valores devem ser próximos a 4 %. Fibra tem influência na velocidade de passagem do
alimento no sistema digestório do animal e, consequen-
temente, na absorção dos nutrientes contidos na ração.

Fonte: Fracalossi e Cyrino (2012)

Há também algumas avaliações que o pro- gerados desse processo e pesá-los, tendo o poradas à rotina do produtor e, quando ve-
dutor pode realizar com amostras do lote cuidado de repetir algumas vezes esse pro- rificadas quaisquer alterações na qualidade
da ração adquirida dentro de sua proprie- cesso para aumentar a confiabilidade dos das rações, informe o fabricante, para que
dade, como alterações de cor e odor, que resultados. Rações com uma quantidade esse possa tomar as medidas necessárias
podem indicar o estado de conservação e muito grande de finos, além de não ser ab- e o produtor não ser prejudicado. A ração
deterioração do insumo e a quantidade sorvida pelos peixes, pode levar a deteriora- é o insumo mais importante da produção
de finos contidos em que o recomendável ção da qualidade da água em seu ambiente aquícola e toda ação que for adotada para
é ser menor do que 2%. A análise é bem de produção. garantir sua qualidade é um investimento e
simples. Basta pesar uma amostra de ração não custo ao produtor.
e, utilizando uma peneira de malha menor O importante é que essas ações de avaliação
que o tamanho da ração, recolher os finos da qualidade sejam sistematizadas e incor-

A importância de avaliar o ciclo de produção em fases


Por Rafael Simões Coelho Barone

O acompanhamento dos índices de desem- ração (C). Este, associado à informação de da necessária para produzir um quilograma
penho na produção faz parte da rotina do GP, gera um dos principais índices produti- de peixe (kg ração / kg GPpeixe). Trata-se de
piscicultor, que já está acostumado a re- vos na aquicultura, a conversão alimentar um importante indicador para mensurar a
gistrar os indivíduos mortos para calcular (CA). eficiência do processo de produção e tam-
a taxa de sobrevivência, realizar biometrias bém a qualidade da ração utilizada. Assim,
para mensurar o ganho de peso (GP), mas Geralmente, este índice é apresentado como quanto menor o valor da CA mais eficiente
principalmente acompanhar o consumo de uma relação da quantidade de ração oferta- é o produtor em gerar biomassa de peixe
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utilizando quantidades menores de ração. ciclo produtivo, ou seja, existem diferentes ocorre porque os peixes possuem um pa-
Ponto muito importante a ser destacado so- valores de conversão em função da fase de drão de crescimento que se altera ao longo
bre a CA é que o índice se altera ao longo do produção em que se encontra o peixe. Isso do tempo (figura 2).

Figura 2 - Curva hipotética de crescimento logístico de biomassa baseada no


conceito de nível de saturação Malthus
Elaboração: PECEGE

Observando a figura 2 é possível identificar outros tipos de ração (com teores menores consequentemente, determinante na ren-
quatro padrões diferentes de crescimento, de proteína) e, em algumas ocasiões, reduz tabilidade da atividade, o que ressalta a ne-
que estão identificados como fases. Mas, na a quantidade de alimentações diárias. Nes- cessidade de um profundo conhecimento
prática, o que pode caracterizar essas mu- sa fase, as conversões estão em torno de 1 do produtor sobre as características zootéc-
danças? kg de ração para 1 kg de biomassa e os ani- nicas e econômicas desta etapa. Isso per-
mais já estão menos suscetíveis a predação mitirá ao produtor adotar decisões, como
A fase 1 é o início do processo de produção, e doenças, portanto, há uma redução nas por exemplo, a escolha de rações de melhor
em que os sistemas são povoados com ale- taxas de mortalidade. qualidade (em geral mais caras), mas que
vinos e caracterizam-se por ter um cresci- possibilitam a redução nas conversões ali-
mento constante na biomassa. Neste perí- Ao final da fase 2 alguns produtores realizam mentares.
odo, as conversões alimentares, em geral, um manejo de classificação e separação dos
são em torno de 0,8 kg de ração para 1 kg lotes diminuindo assim as densidades de es- Apesar da importância de monitorar e
de biomassa. Esta fase também é caracte- tocagem. Essa operação pode caracterizar o adotar estratégias em função dos índices
rizada por uma maior exigência nutricional início da fase 3, também conhecida como de conversão alimentar, é comum observar
e, portanto, as rações utilizadas possuem recria. O crescimento nessa fase se mantém ocasiões em que só são conhecidos os valo-
preços mais elevados. Além disso, o prin- constante com baixas taxas de mortalidade res médios de conversão alimentar do ciclo
cipal fator dessa fase que pode impactar o e uso de rações com quantidades menores de produção. Tal fato não permite avaliar
custo de produção é a taxa de mortalidade, de proteína, quando comparadas com as com precisão o impacto de alterações em
pois os animais nesse período estão muito fases anteriores. As conversões alimentares estratégias alimentares (escolha da ração)
suscetíveis a predadores, alterações da qua- se apresentam entre de 1,2 – 1,5 kg ração em uma determinada fase nos custos de
lidade da água e doenças. Desta forma, são para 1 kg de biomassa. produção. Ressalta-se também que a ma-
registradas as maiores taxas de mortalidade neira mais adequada de calcular a conver-
de todo o ciclo produtivo. Por fim,a fase 4 ou terminação que, em ge- são alimentar média deve considerar a CA e
ral, é a fase mais longa do ciclo de produ- o ganho de peso de cada fase (fórmula 1) e
No caso da tilápia, quando atingem um peso ção, é caracterizada por uma redução nas não somente o cálculo de uma média sim-
de aproximadamente 50 gramas ocorre um taxas de crescimento e maiores conversões ples das conversões por etapa. Isso ocorre
aumento na velocidade de crescimento, alimentares de todo o ciclo, entre 1,4 – 2,0 porque o ganho de peso em cada fase tem
que pode caracterizar o início da fase 2. De kg ração para 1 kg de biomassa. Por estas proporções diferentes que devem ser consi-
modo geral, a principal mudança que ocorre razões, a terminação é também a fase de derados no cálculo.
na prática é que o produtor passa a utilizar maior impacto nos custos de produção e,

Formula 1 – Cálculo da conversão alimentar média do ciclo de produção. Elaboração: PECEGE


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Cabe destacar que, não necessariamente, os em um número menor de fases, mas em to- tirá avaliar o resultado da mudança de estra-
sistemas de produção devem dividir o ciclo dos os casos, independentemente do manejo tégias de manejo no seu custo de produção e
em quatro fases, conforme apresentado. Exis- adotado, o acompanhamento das principais permitirá ao produtor conhecer as etapas de
tem situações que o produtor opta por dividir variáveis de desempenho de cada fase permi- maior impacto em sua rentabilidade.

O impacto do preço da ração e das conversões


alimentares nas margens do piscicultor
Por Rafael Simões Coelho Barone, João M. M. de Moraes, João H. M. Rosa

O custo de produção em piscicultura e as mar- Destes, o que o produtor possui menor controle é na escolha de estratégias para tornar o sistema de
gens de lucratividade da atividade são muito sen- o preço de venda, pois depende de uma série de produção mais eficiente e competitivo.
síveis principalmente a três fatores: circunstâncias mercadológicas que muitas vezes
estão distantes de sua capacidade de influência. A seguir será descrito um cenário ilustrativo de
Sabendo disso, conhecer e entender o real impac- uma unidade de produção de tilápia, com índices
I.preço de venda do peixe;
II.preço das rações; to do preço da ração e da conversão alimentar no zootécnicos, manejo produtivo e custos adminis-
III.conversão alimentar dos peixes. seu custo de produção pode auxiliar o produtor trativos hipotéticos (Tabela 3).

Tabela 3 - Índices zootécnicos, estratégias de manejo e resumo dos custos administrativos


adotadas em um modelo de produção ilustrativo

Fases Alevino Juvenil Recria Terminação

Quantidade (Tanques- - 15 15 80 80
-rede)
Volume (Tanques-rede) m³ 48 48 16 25

Mortalidade % 10 7 5 3

Peixes por fase inicial px 200.000 180.000 65.600 157.320

Peixes por fase final px 180.000 165.600 157.320 152.600

Preço médio da ração R$/kg 3,5 3 2 1,7

Densidade de estoca- px/m³ 250 230 123 76


gem final
Peso inicial kg 0,0005 0,04 0,15 0,35

Peso final da fase kg 0,04 0,15 0,35 0,75

Duração da fase dias 30 40 40 70

Alimentações diárias n/dia 5 4 3 3

Taxa de conversão - 0,8 1,2 1,5 1,8


alimentar
Sobrevivência média % 77
final
Duração do ciclo dias 180

Ciclos por ano ciclo/ano 2

Conversão alimentar - 1,61


média
Estrutura Administrativa (R$/ano)

Pró-labore 52.340,00

Mão-de-obra operacional 17.097,86

Mão-de-obra administrativa 26.170,20

Outras despesas 13.200,00

Impostos, taxas e contribuições 30.788,21

Fonte: PECEGE
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Com base nos dados da tabela 3, esti- (COT) foi de R$ 5,40/kg. Já o Custo Total e ao resultado da atividade (Lucro ou
mou-se o custo de produção deste siste- (CT) foi de R$ 5,57/kg. Prejuízo) (RB – CT). Os valores podem
ma produtivo. O Custo Operacional Efeti- ser observados na Figura 3, a seguir:
vo (COE) foi de R$ 4,85/kg. Somando-se Considerando a Receita Bruta (RB) de
ao COE a depreciação e a remuneração R$5,70/kg, é possível chegar à Margem Bru-
do produtor, o Custo Operacional Total ta (RB – COE), Margem Líquida (RB – COT)

Figura 3 - Composição dos custos de produção, preço de venda e margens. Fonte: PECEGE

Diante deste cenário, chama a atenção ser atribuído à conversão alimentar, que ços de ração, quanto às estratégias de
que o preço da ração na fase de alevino na primeira fase foi de 0,8 e na termina- manejo para redução de conversões ali-
(R$3,50) é mais que o dobro da termina- ção foi de 1,8 quilogramas de ração para 1 mentares.
ção (R$1,70). No entanto, a fase de ale- quilograma de biomassa de peixe.
vino contribui apenas com R$ 0,23/kg ou Com base nestas duas possibilidades de
4,74% do custo operacional efetivo de Nesse exemplo, a terminação foi a etapa ações para melhorar a margem líquida, o
produção, enquanto a terminação contri- de maior contribuição na composição dos cenário a seguir ilustra o impacto da com-
buiu com R$ 2,07/kg (42,68%). Dentre os custos. Assim, o produtor que tiver como binação de diferentes valores atribuídos
motivos que justificam a diferença, há a objetivo reduzir despesas e aumentar ao preço da ração e à conversão alimen-
duração das fases, que foi de 30 dias na margens deve direcionar suas estratégias tar na fase de terminação (Tabela 4).
fase de alevino e de 70 dias para a fase de para esse período da produção, que pode
terminação. Porém, o principal fator pode ser tanto na negociação de melhores pre-

Tabela 4 – Margem líquida levando em consideração o impacto da variação do preço


de ração e conversão alimentar na fase de terminação nas receitas

Fonte: Projeto Campo Futuro CNA (2017)


Elaboração: PECEGE
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O exemplo utilizado considera uma con- a conversão alimentar e alterando so- assim como um acompanhamento inten-
versão de 1,8 kg ração para 1 kg de bio- mente o preço da ração, seria necessária sivo dos registros de ração ofertada aos
massa e um preço de ração a R$ 1,70/kg uma redução de R$ 0,10/kg no preço da peixes, aquisição de rações de melhor
na terminação, o que resulta em margem ração. Algo que na prática, para o produ- qualidade e o manejo da qualidade da
líquida (RB – COT) de R$ 0,30/kg (marca- tor individual, é uma negociação de difícil água no ambiente de produção.
do em verde na tabela acima). Mas qual o sucesso com o representante comercial
impacto da redução de preços e conver- das fábricas de ração. Portanto, fica evi- Assim, fica claro que o produtor deve es-
sões alimentares na receita do produtor? dente nesses casos que na estratégia do tar muito atento à composição de seus
produtor deve ser analisado o seu manejo custos de produção. Somente desta for-
Com base na simulação apresentada na e verificar pontos de melhoria visando à ma, ele poderá identificar as fases que
tabela 3, observa-se que a redução de redução das conversões alimentares. possuem maior impacto em seus custos
uma conversão alimentar de 1,8 para 1,7 e, desta forma, planejar as ações de con-
altera a margem líquida, de R$ 0,30/kg Há diversas estratégias que podem redu- trole e melhoria que devem ser adotadas
para R$ 0,39/kg, o que corresponde a um zir a conversão alimentar, desde altera- para aumentar suas margens.
aumento de 30%. Para atingirmos o mes- ções no manejo de arraçoamento para
mo ganho em margem líquida, mantendo garantir o melhor consumo dos animais,

Previsão de preços para as rações de peixes


Por Rafael Simões Coelho Barone e Haroldo José Torres da Silva

Variações nos preços de ração têm um dessas duas commodities pode nos dar ções no preço do produto. Isso significa
impacto muito grande na rentabilidade indicativos de preços futuros das rações. que o preço da soja comercializada no
da produção. Conhecer a composição e país segue as variações de preço interna-
avaliar as oscilações no preço de alguns SOJA cional e uma das formas de acompanhar
ingredientes são ações que podem pre- O agronegócio da soja no Brasil tem ex- a dinâmica dos preços futuros é por meio
parar o produtor para situações de alta pressivo destaque econômico e social. dos contratos comercializados na Bolsa
no preço das rações, minimizando seus Isto é resultado de algumas particularida- de Chicago (Chicago Board of Trade –
riscos. des: CBOT) (Figura 4).
As rações para peixes são compostas prin- i. a soja é a principal cultura agrícola do Ressalta-se que o preço da soja no Bra-
cipalmente por milho, farelo de soja, fare- país, tanto em volume quanto em gera- sil apresentado no gráfico refere-se aos
lo de trigo, farinha de vísceras de aves, sor- ção de renda; valores registrados em Paranaguá (PR).
go, farinha de carne e ossos e farinha de ii. o país é o segundo maior produtor e ex- Para se estimar o preço em outras regiões
peixe. A variação dos ingredientes depen- portador do mundo; do Brasil, é necessário adicionar os valo-
de da disponibilidade e do preço no mer- iii. o complexo responde por aproximada- res do frete. No entanto, é possível obser-
cado, mas também da exigência do peixe mente 10% das exportações totais; varmos a alta dependência dos preços co-
de acordo com a fase de produção em iv. o agronegócio da soja é responsável mercializados no mercado internacional,
que será ofertada a ração. De forma geral, por aproximadamente 1,8% do PIB. (Co- conforme exposto anteriormente.
milho e soja correspondem juntos a mais nab, 2017). Para os contratos futuros de comercia-
de 50% da composição da ração de peixes Se por um lado o agronegócio da soja lização da soja é possível observar uma
(Sonoda et al., 2016), principalmente nas gera empregos e divisas para o Brasil, por tendência de preços estáveis( Figura 5). O
rações de terminação, que é a fase que outro ele tem grande dependência do que significa que, pelo menos para este
possui maior impacto nos custos de pro- mercado externo com relação à oferta e ingrediente, não há um indicativo de alta
dução. Portanto, acompanhar os preços demanda e, consequentemente, oscila- de preços para o próximo trimestre.

Figura 4 - Evolução do preço médio de exportação da soja.


Fonte: CEPEA (2017) e CME (2017).
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Ressalta-se que o preço da soja no Bra- res do frete. No entanto, é possível obser- lização da soja é possível observar uma
sil apresentado no gráfico refere-se aos varmos a alta dependência dos preços co- tendência de preços estáveis( Figura 5). O
valores registrados em Paranaguá (PR). mercializados no mercado internacional, que significa que, pelo menos para este
Para se estimar o preço em outras regiões conforme exposto anteriormente. ingrediente, não há um indicativo de alta
do Brasil, é necessário adicionar os valo- Para os contratos futuros de comercia- de preços para o próximo trimestre.

Figura 5 - Evolução dos preços de soja e derivados (farelo e óleo) e as suas projeções. Fonte: IMF (2017).

MILHO A previsão dos preços deste ingrediente quebras de safra, isso reflete diretamente
depende de uma série de fatores, como a nas importações, como por exemplo, na
O milho é, sem dúvida, o cereal mais pro- expectativa de produção brasileira e mun- safra 2015/2016, em que a segunda sa-
duzido e consumido do mundo. Está in- dial, os custos e rentabilidade para os pro- fra de produção (safrinha) não atendeu
serido na nutrição humana, na produção dutores, a logística de armazenamento e as expectativas e o Brasil foi obrigado a
de biocombustíveis e, principalmente, na o cenário internacional de preços. importar acima da média dos últimos 5
nutrição animal. Portanto, quando ocor- anos (Figura 6). Este fato teve reflexo di-
rem limitações da oferta desse produto Ou seja, se a produção do Brasil é sufi- reto nos custos de produção de proteína
no Brasil, as indústrias de produção de ciente para não depender de importa- animal.
ração se veem obrigadas a importá-lo, re- ções, o preço tende a ser menor interna-
fletindo em um aumento nos custos. mente. Neste sentido, quando ocorrem

Figura 6 - Volume das importações brasileiras de milho (valores mensais).


Fonte: BRASIL (2016) e COMTRADE (2017).

As importações do grão continuaram entanto, as previsões da safra brasi- pectativa de melhora nos preços in-
altas no início de 2017, reflexo ainda leira de milho para 2017 se mostram ternos (Figura 7).
dos resultados da safra anterior. No otimistas e, desta forma, há uma ex-
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Figura 7 - Evolução do preço médio real do mercado físico de milho na região de Campinas/SP
Fonte:CONAB, 2017)

Existem outros fatores, além do preço iii. preço de combustíveis e fretes; diante do cenário de preços destes in-
de milho e soja, que podem impactar gredientes, pode-se entender que não
nos preços das rações, como: iv. disponibilidade dos ingredientes existem grandes indicativos de alta de
utilizados como substitutos. preços para os próximos meses e, por-
i. taxa de câmbio do dólar; tanto, a tendência é que os preços de
No entanto, conforme exposto, milho
rações não sofram grandes variações
ii. expectativa de produção de suínos e soja impactam em mais da metade
no próximo trimestre.
e aves; nos custos de produção de rações e,

Bibliografia
Conab, 2017. Acompanhamento da safra brasileira de grãos. Safra 2016/17 - Oitavo levantamento, Brasília, v. 4 p.104-112.
Fracalossi, D.M.;Cyrino, J.E.P. 2012. NUTRIAQUA – Nutrição e Alimentação de espécies de interesse para a aquicultura brasileira.
Ministério da Pesca e Aquicultura, Florianópolis, SC.
Sonoda, D. Y.; França, E.D.; Cyrino, J.E.P. 2016. Modelo de preço de ração no período de 2001 a 2015. Revista Ipecege, 2

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