História Econômica Geral Professor: Rogério Klaumann Aluno: Thiago Curcio Pering
O Capitalismo Monopolista
Em “O Capitalismo Monopolista”, Franco e Chacon demonstram alguns
traços daquilo que autores como Ernest Mandel denominam como neocapitalismo e autores como Paul Baran e Paul Sweezy denominam como capitalismo monopolista. Tendo em vista que todos esses autores estão se referindo a mesma fase do capitalismo, porém dando maior enfoque em uma de suas características em detrimento de outras, irei me referir neste resumo a essa fase do capitalismo sempre como capitalismo monopolista. Trinta anos após o fim da segunda guerra mundial, o capitalismo apresentava uma fase frutífera de seu crescimento, com aumento de produtividade, lucros e preços. Entretanto, com o advento da guerra fria, do macartismo , da face militarista dos Estados Unidos e da queda do regime estalinista, começaram a surgir estudos sobre as novas relações de centro e periferia dentro do capitalismo monopolista. De acordo com esses estudos, nesse período um grupo minoritário de nações alcançou atingiu um padrão sócio-econômico muito mais elevado do o restante dos países. Esse grupo, denominado de centro, possuía uma maior padrão de consumo, PIB, menor taxa de mortalidade e melhor padrão de vida, sendo que representam uma parcela muito menor da população. Para explicar essa diferença de padrão sócio-econômico, começaram a surgir teses que associavam o subdesenvolvimento como um estágio do desenvolvimento econômico de um país. Segundo Rostow, um dos defensores mais importantes de uma dessas teses, a economia nacional passa sempre por cinco fases: Sociedade tradicional, transição, arranco, maturidade e era de consumo de massas, onde a fase do arranco era fundamental para um país se tornar centro. Outras teses nesse sentido são a da CEPAL e de Celso Furtado no Brasil. Em discordância dessa tese, autores como Paul Sweezy, Charles Bettelheim e Fernando Henrique Cardoso formularam a teoria da dependência, que advoga que os países de centro exercem uma relação de dominação com os demais países, denominados de periferia. Segundo Bettelheim, a periferia se caracteriza por 3 elementos: dependência, exploração e bloqueio, fazendo com que a diferença entre os países de centro e periferia não tenha uma diferença em grau, mas sim em natureza. As causas dessa dependência são 4: A não assimilação de novas técnicas produtivas, a entrada na era do consumo de massas, a concentração de renda e as multinacionais. As duas primeiras, por sua vez, podem ser analisadas em consumo. Segundo Celso Furtado, a modernização das formas de consumo, nos países periféricos, precedeu a industrialização, fazendo com que uma minoria se apropriasse do excedente econômico e o utilizasse para consumo externo ao invés de investi-lo na indústria. Assim, o processo técnico do país se torna defasado, e acontece uma transferência de renda da periferia para o centro. É importante salientar-se que para sustentar o padrão de consumo da minoria que usufrui desses privilégios, é necessária uma grande concentração de renda. Ainda, os países de centro se beneficiam duplamente, com a transferência de renda e com a expansão de seus mercados em escala mundial, por meio das multinacionais. Gilles Bertin procurou caracterizar os elementos das empresas multinacionais em três: a extensão da operação a numerosos países, a definição de uma política global para a empresa e a condução de uma política que lhe permite discutir com os Estados nacionais em igualdade. Com isso, as multinacionais procuram abocanhar o mercado externo, e podem o fazer visando-o como produtor ou como consumidor. Quando o utilizam como consumidor (Europa, América do Norte e Japão), acontece uma grande distribuição de renda e padrão de vida. Quando o utilizam como produtor (América Latina, África e Ásia). O tipo consumidor é predominante, pois apresenta maior lucratividade, porém o tipo produtor tem maior valor estratégico, tendo em vista a sua utilidade em obter-se controle político do país periférico pelo central pelo reinvestimento dos lucros e pela aplicação de tecnologias já obsoletas nos países centrais. Ainda, a obtenção de mão de obra barata, matéria prima e insumos a preços menores e isenções de impostos são uma vantagem do tipo produtor. Os Marxistas afirmam que a conclusão lógica do fortalecimento das multinacionais seria portanto a tomada do estado pela empresa, cada vez mais centralizada, levando a uma “sinergia mundial da companhia transacional”. Já os Keynesianos afirmam que o fortalecimento das multinacionais levaria ao estado ter que interferir, tomando a rédea da empresa. Em resumo, as empresas multinacionais são uma instituição moderna que procura o planejamento mundial, deixando de ser tomadora de preços e passando a impor sua vontade no mercado, ditando preços. Uma outra característica do capitalismo monopolista é o estado tecnoburocrático, surgido logo após a segunda guerra mundial. Nesse contexto, nos países centrais ele se tornou o responsável pela segurança dos cidadãos, seja no quesito socioeconômico (Welfare state), seja no quesito político ideológico. Enquanto isso, o Estado periférico precisava fazer frente a interesses nacionais e internacionais. Em ambos os casos, o Estado agiria como órgão centralizador, mantendo a sociedade organizada e garantindo sua reprodução. Com isso, surge o planejamento e a nacionalização, na forma de planificação parcial nos países Europeus e planejamentos governamentais setoriais, colaboração entre Estado e sindicatos e planejamento das empresas nos EUA. Com isso, houve o surgimento de uma nova classe média, que vai desde os professores e profissionais liberais assalariados até os gerentes, administradores profissionais dedicados ao progresso da empresa. Além disso, nasce a figura do técnico, fruto da crescente burocracia estatal. Todas essas características, em conjunto com o fim da guerra mundial e o medo do avanço do bloco socialistas são de grande importância para o entendimento de muitos fatos históricos que se sucederam, como o Plano Marshall, criado com o objetivo de reconstruir a economia Europeia e a criação de instituições internacionais como o FMI e o sistema de compensações da UEP. Esse status quo só passaria a ser questionado com a crise do petróleo, que levou ao questionamento do welfare state e do Estado burocrático, dando origem ao neoliberalismo.
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