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Felipe
Augusto
Gomes
Wanderley
Belém,
Pará
2015
Serviço Público Federal
Universidade Federal do Pará
Núcleo de Teoria e Pesquisa do Comportamento
Programa de Pós-Graduação em Teoria e Pesquisa do Comportamento
Leite.
Belém,
Pará
2015
Trabalho financiado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e
Tecnológico-CNPq
Dedicado à Edmeia D. Wanderley.
ii
AGRADECIMENTOS
Edmeia, não teria a força necessária para ir atrás desse sonho, muito do que fiz e faço é
por você. Aos meus irmãos Rodrigo e Isabella que souberam reforçar e punir meus
contribuir com minha pesquisa, um dia quero ser tão empolgado ao falar sobre questões
Meus amigos da Bahia e Pernambuco Lula, Mariana, Lay, Say, Marcello, Welton,
pesquisa.
iii
Aos professores Grauben, Marcus e Tonneou pela fonte de aprendizagem e noites
sem dormir, a Maria Amalia Andery e Carlos Barbosa por aceitarem participar da
Minha chegada a Belém não seria a mesma se não fosse a boa recepção de Felipe Leite,
além de outros, quero poder continuar com a parceria acadêmica e Lidi Queiroz, que
Agradeço as meninas com quem dividi o apartamento, grande Mari (que me “forçou” a
morar com vocês foi muito interessante e pagou alguns dos meus pecados, rsrs.
Cultural: Holga, Solano, Pedro Soares, Jade, Paula, Ana Paula e Karoline, além de
todos os membros dos demais grupos de pesquisa: Paulo Mayer, Mona, Didi, Bel,
Renatinha, Lourdes, Taynan, Edson, Paty, Eliza, Adriano, Bruna, Paula Carvalho.
Agradeço a Wilson Evangelista, que cedeu para minha pesquisa um aplicativo para
Software FIFO, sem esses instrumentos a coleta de dados seria mais difícil.
participaram todos os dias, me ajudaram de uma maneira que ainda não sei como
retribuir e aos colaboradores externos, Carolzinha Maciel que não tinha nenhum
vínculo com o programa de pós graduação e sempre esteve presente, Ernesto Rafael,
aos usuários da fila do RU que em grande maioria foram gentis com os pesquisadores.
iv
Sumario
Resumo VIII
Abstract IX
Introdução 01
Objetivos 15
Objetivo geral 15
Objetivos específicos 16
Método 16
Participantes 16
Ambiente 16
Material e equipamentos 18
Procedimento 23
Resultados 27
Discussão 31
Referências 36
Anexos 42
v
Lista de Figuras
vi
Lista de Tabelas
vii
Wanderley, F. A. G. Planejamento Cultural: Uma Proposta de Intervenção Cultural na
Fila de um Restaurante Universitário. Programa de Pós-Graduação em Teoria e
Pesquisa do Comportamento, Universidade Federal do Pará, Belém, PA, Brasil. 55
páginas.
RESUMO
viii
Wanderley, F. A. G. Cultural Planning: A Cultural Intervention in the Waiting Queue
of a University Restaurant. Programa de Pós-Graduação em Teoria e Pesquisa do
Comportamento, Universidade Federal do Pará, Belém, PA, Brasil. 55 pages.
ABSTRACT
ix
Sistemas de filas estão presentes no cotidiano de muitas pessoas, cumprindo uma
função de organização social muito comum na vida urbana (Iglesias & Günther, 2009).
A competição gerada pela demanda superior à oferta de recursos nas cidades podem
sua vez para serem atendidos e passageiros esperam em uma fila para despachar sua
bagagem em aeroportos.
matemático Agner Krarup Erlang (1878 - 1929). A Teoria das Filas consolidou-se como
1
O artigo Metacontingências em Walden II (Glenn, 1986) introduziu o conceito
1991, 2003, 2004, Glenn & Malott, 2004 e Malott & Glenn, 2006), fornecendo uma
tecnologias, organizações etc)” (p. 139). A autora propõe que ao tratar de fenômenos
de ser gerado pelo comportamento de uma única pessoa. Deste modo, o produto
indivíduos.
consequências individuais. Entretanto não é a consequência individual que faz com que
2
as CCEs sejam selecionadas e aumentem sua frequência de recorrência, mas sim uma
produto agregado pode entrar em contato com outros sistemas (grupos ou organizações)
consequência cultural (CC) contingentemente às CCEs e seus PAs (Glenn & Mallot,
2006).
operantes e que pode afetar um grupo como todo. Glenn (2004) propôs o conceito de
respostas individuais que formam um todo coeso que possa ser selecionado, como
3
ocorre nas CCEs, mas a comportamentos funcionalmente independentes entre si que
geram resultados que podem afetar um grupo como todo. O EC que pode afetar um
grande número de pessoas pode ser considerado como um produto cultural (Glenn,
mas que gera um resultado cumulativo cultural, já que tal produto pode afetar todos os
membros de um grupo.
Práticas culturais podem ser mais ou menos complexas. Glenn e Malott (2004)
critérios de aceitação para um produto que será desenvolvido por uma organização.
Quanto maior for o número de envolvidos nas CCEs, mais complexa é a coordenação
do grupo.
(3) A complexidade hierárquica diz respeito aos níveis de relações entre as partes
4
individualização que produz interdependências originais nas relações entre os
coletivo, que evita aqueles problemas. Conflitos semelhantes podem ocorrer envolvendo
operantes alternativas;
5
Tourinho e Vichi (2012), apontam também que a diferenciação entre produto
possível que o produto agregado gerado pelas CCEs funcione também como uma
suficiente para a seleção das CCEs, sendo necessária a liberação de uma consequência
conceituais sobre a unidade de análise (e.g., Andery, Micheletto & Sério, 2005; Martone
& Todorov, 2007) e de descrições de certas práticas culturais (e.g., Todorov, 2005;
seleção cultural foi iniciada com o estudo experimental de Vichi, Andery e Glenn
ou não de recursos) por uma CC. Desde então, vários trabalhos foram realizados com a
2012, Franceschini, Samelo, Xavier & Hunziker, 2012; Hunter, 2012; Neves, Woelz &
Glenn, 2012; Ortu, Becker, Woelz & Glenn, 2012; Soares, Cabral, Leite & Tourinho;
2012; Tadaiesky & Tourinho, 2012; Saconatto & Andery, 2013; Borba, Silva, Cabral,
6
Souza, Leite & Tourinho, 2014; Borba e Tourinho & Glenn, 2014; Pavanelli, Leite &
Tourinho, 2014)
brancas de uma matriz, que resultavam em ganhos menores para o grupo a longo prazo,
utilizando dois tipos de instrução: (1) falsa descritiva, que descrevia as relações de
fazer.
um grupo.
Resultados encontrados por Ortu et al (2012) sugerem que uma CC de maior magnitude
participantes escolhiam linhas de uma matriz e suas respostas podiam produzir ganhos
7
individuais maiores, com perdas em um banco coletivo, ou consequências individuais
de menor magnitude, mas que geravam um efeito cumulativo que afetava todo o grupo.
que era permitida a interação verbal entre os membros do grupo, houve maiores taxas de
em contato com as escolhas dos outros participantes, porém sem interação verbal, o
8
Skinner (1953) ao justificar o estudo de fenômenos culturais por uma ciência do
científicos. A afirmativas “Por que o planejamento de uma cultura deve ser deixado
tanto ao acaso? Não será possível mudar o ambiente social deliberadamente de forma
que o produto humano esteja mais de acordo com as especificações aceitáveis?” (p.399),
nível individual contribuem para o sucesso do grupo praticante. Sendo assim, o fator
responsável pela evolução de uma cultura é o efeito de sua prática sobre o grupo, não as
das características das culturas modernas não foram planejadas. Tais características são
(Glenn, 2004).
planejamento cultural como uma alternativa para tornar as culturas mais bem adaptadas
ao meio. O pressuposto aqui é de que culturas mudam por meio de processos evolutivos
práticas culturais; (2) transmiti-las através de práticas educacionais efetivas e (3) refinar
9
dessas novas práticas, utilizando a sobrevivência do grupo e/ou da própria cultura como
produto cultural que afeta outras pessoas ou a sobrevivência da cultura (Malott &
possíveis intervenções.
problema. Isso é possível a partir do reconhecimento dos seus efeitos cumulativos. Uma
Quanto maior o número de indivíduos tiver seu comportamento alterado, maior será o
aguardando que variações na CCEs ocorram até gerar um produto que se adeque às
10
novas contingências de seleção. Nesse tipo de intervenção, será necessário alterar as
possam ser selecionadas a partir das novas contingências de seleção; segundo, atuar
diretamente sobre componentes das CCEs, planejando variações das CCEs recorrentes
produzir variações nas CCEs de modo a gerar produtos com função mantenedora
(Glenn, 2004).
efeito cumulativo que afete a viabilidade de uma cultura (e.g., Borba, 2013; Glenn
2004).
produziam CI’s de menor magnitude, assim como para a seleção de CCE’s que
produzem CI’s de menor magnitude, mas produziam produtos culturais positivos para a
cultura.
11
Alguns trabalhos descritivos de intervenções culturais apontam ações tomadas,
práticas culturais que podem ser descritas como macrocontingências (Malott & Glenn,
2006). O objetivo do estudo foi reduzir a venda de cigarros a menores de idade, e assim
vendiam cigarros para menores de idade. Nesse estudo foram identificadas 120 lojas
que vendiam cigarros em três localizações geográficas distintas. Cada uma destas três
amostras com 40 lojas foi então aleatoriamente designada para um dos quatro diferentes
que estava presente o “agente de mudança”. Os autores apontam que as interações entre
o agente de mudança e estudantes ao longo das fases pode ter fornecido consequências
mãos.
Outro dado importante, apontando por Fournier e Berry (2012), é que a inserção
das VI’s Cartaz informativo + Folheto informativo entregue por uma aluna (agente de
12
mudança) para o uso do banheiro para lavar as mãos não surtiu efeito. Uma justificativa
seria o custo da resposta de lavar as mãos, já que os usuários teriam que se deslocar até
Assim, o agente de mudança foi capaz de aplicar consequências sociais imediatas para o
comportamento de higienização das mãos e higienizar as mãos com o gel tinha um custo
de resposta menor.
famílias na Irlanda do norte. Cada participante do grupo assinou uma declaração de sua
grupo 2 iniciou o procedimento com 5 meses sem Feedback e 5 meses com feedback
apresentado a diversas condições com feedback e sem feedback a cada 2 meses, por um
período de 10 meses. Nesse grupo, houve uma redução de 33% no consumo de energia.
o consumo elétrico.
Mattaini (2006) apontou que grande parte dos analistas do comportamento que se
interessa pelo estudo de questões sociais tem como objetivo promover mudanças
13
relevantes, mas para isso ocorrer é necessário haver dados de estudos experimentais que
uma cultura deve ser iniciada, também, com práticas culturais mais simples.
mão das ferramentas conceituais e dos achados experimentais que remetem às relações
intervenção cultural foi planejada para modificar uma prática de desrespeito da ordem
prática vem trazendo insatisfação para os usuários do sistema, especialmente aos que
observam a ordem de chegada, para os quais a prática tem gerado um tempo médio
diariamente, passando de 1.500 refeições diárias para mais de 5.000 refeições diárias,
refeições servidas no RU. Apesar disso, o público que utiliza o RU queixa-se da demora
pelo menos três fontes de complexidade: (1) complexidade de componentes (cf. Mallot
14
& Glenn, 2004), já que se trata de coordenar o comportamento de um número elevado
consequências operantes e culturais (Tourinho & Vichi, 2012), de tal modo que
cada membro de um grupo (Tourinho & Vichi, 2012), como horários a serem cumpridos
para as atividades acadêmicas, interações com colegas que estão na fila ou procuram um
do dia na fila do RU. Há horários com maior concentração de usuários, como de 11:30
alimentação de forma mais rápida e realizar a refeição em tempo hábil para cumprir o
pequenos grupos. Algumas vezes, os usuários furam a fila para ficar próximos de
conhecidos.
intervenção cultural sobre a prática de furar a fila do RU e sobre o tempo de espera dos
refeição de acordo com a ordem de chegada à fila gera um PA mais favorável ao grupo
15
manipulação consistiu da introdução de um novo evento (a informação em tempo real
Método
Participantes
(variando com o dia de coleta de dados), alunos e visitantes que frequentaram o RU, não
Monitores e assistentes:
Ambiente:
16
A pesquisa foi conduzida na fila do Restaurante Universitário (RU) da
às 12:30h.
A fila do R.U. é caracterizada como uma fila simples, uma única fila, com um
posto de atendimento em linha, com vários funcionários. O sistema foi planejado para
ter disciplina de fila FIFO " First in, first out", com prioridade para servidores e pessoas
qualquer guia de fila ou restrição física ao acesso por outros pontos diferentes do final
17
Materiais e equipamentos:
- Dois Softwares
- Monitores de vídeo
- 1 Celular Smarthphone
- Cronometro
Funções:
(1) Tempo de serviço (TS) do RU, ou seja, o tempo exigido para servir todos os
18
(2) Intervalo de tempo entre chegada dos clientes à fila (TEC),
(3) Tempo médio de espera dos usuários que respeitam a ordem de chegada a fila;
(4) O número de respostas impulsivas de intrusão na fila dos usuários com fichas de
(5) O número de respostas impulsivas de intrusão na fila dos usuários sem fichas de
RU foram realizados por assistentes de pesquisa, que para isso utilizaram equipamentos
19
Figura 2. Sistema de registro da fila externa ao RU, utilizando o Software FIFO pelos
monitores 1 e 2.
pelos monitores 1 e 2.
foi responsável pela entrega aos usuários do RU das fichas de ordem de chegada à fila e
responsável por inserir o número que estava impresso na ficha de ordem de chegada no
do RU. O assistente 2 foi responsável por receber a fichas de ordem de chegada à fila
20
sistema online o número de ordem de chegada à fila e por informar ao assistente 2 se o
21
Figura 4. Aplicativo “FILA - Medidor de tempo para o trabalho de modelagem e
simulação” para mensurar o tempo de serviço (TS). Figura (a) página inicial do
aplicativo, figura (b) pagina de coleta de dados e figura (c) dados em coleta.
usuário anterior). Quando esse número era superior a NA + 5, ou quando o usuário não
tinha a ficha de ordem de chegada à fila, o mesmo era contabilizado como participante
que desrespeitou a ordem de chegada da fila (intruso). Não havia nenhum tipo de
sinalização ou advertência para o sujeito que estava fora da ordem ou sem ficha de
ordem de chegada à fila. Havia, portanto, dois tipos de intrusos: um com ficha (porém
fora da ordem em que devia entrar), outro sem ficha (neste caso, um usuário que não
22
Durante todos os dias de coleta de dados, foram entregues pelo assistente 1 aos
usuários que chegavam no final da fila fichas de ordem de chegada. Receberam a ficha
As fichas eram entregues a partir das 11h30. A entrega de fichas acontecia até
que 500 usuários tivessem recebido fichas, ou após decorridas duas horas do início da
Procedimento:
das filas. Foram registrados: (1) o tempo de serviço (TS) do RU, ou seja, o tempo
usuário ao balcão de alimentos até a sua saída com a bandeja servida, (2) intervalo de
tempo entre a chegada de usuários à fila (TEC), (3) tempo médio de espera dos usuários
intrusão na fila e (5) a pausa no serviço, tempo utilizados pelos funcionários para repor
aos usuários.
23
Nessa fase, foi entregue, na chegada dos usuários à fila, uma instrução sobre a
Ao chegar à fila, o usuário recebeu do assistente 1 uma ficha que registrou sua
ordem de chegada, assim como a seguinte instrução escrita: “Olá! Estamos realizando
uma pesquisa sobre o tempo de espera na fila do RU. Ao respeitar a ordem de chegada
você contribuirá para um menor tempo de espera de todos. Você pode acompanhar em
participantes que não respeitaram a ordem da fila, não receberam nenhum tipo de
notificação.
macrocontingência.
24
Nessa fase, acrescentou-se ao arranjo da condição A, a disponibilização de
fila. Assim, quantos mais usuários respeitassem a ordem de chegada à fila, maior a
sua ordem de chegada, assim como a seguinte instrução escrita: “Olá! Estamos
realizando uma pesquisa sobre o tempo de espera na fila do RU. Ao respeitar a ordem
de chegada você contribuirá para um menor tempo de espera de todos e para a doação
de um item escolar a uma escola pública. Você pode acompanhar em tempo real a
que não respeitaram a ordem da fila, não produziram o item escolar e não receberam
25
Quarta Fase do procedimento – Retorno a linha de Base (LB)
Tabela 1, a seguir.
Retorno
Dois dias uteis --------------
à LB
26
Resultados
variação dos valores absolutos diários) de intrusões com ficha, intrusões sem ficha e
60% 00:57
00:50
50%
00:43
40%
00:36
30% 00:28
00:21
20%
00:14
10%
00:07
0%
00:00
LB1
LB2
A1
A2
A3
A4
A5
B1
B2
B3
B4
B5
RLB1
RLB2
Condição/Dia
Intrusões
com
fichas
intrusões
sem
fichas
Tempo
médio
de
espera
a ordem de chegada à fila por usuários sujeitos que recebiam o cartão de ingresso ao
final da fila pelo assistente 1. Intrusões sem fichas são aquelas de usuários que não
variabilidade, não sendo possível indicar padrões consistentes com uma dada
27
à ordem de chegada por usuários sem fichas e com ficha, diminuiu em relação à
consideráveis da taxa de intrusão com e sem ficha e do tempo médio de espera. Esses
momentos coincidem com os primeiros dois dias das condições A e B e com o retorno à
LB. Na sessão A1, observa-se um baixo percentual de intrusões com e sem fichas. Na
espera. Essa variação se repete nos primeiros dois dias da condição B e no retorno à LB.
Esse variação nos valores das VDs durante esses dias pode ser função não
Variáveis estranhas podem ter influenciado esses resultados, como o dia da semana em
nos dias em que houve um menor percentual de intrusões e menor tempo de espera, foi
elevado o número total de usuários com chegada à fila após o início da coleta. A Tabela
28
Tabela 2. Número de fichas entregues, não recebidas, número de usuários que
passaram pelo sistema e percentual de intrusão em cada condição do estudo.
Condi
ção/ Fichas Fichas não Número total de Intrusões com Intrusões Sem
Os dados acima apontam que o número de usuários na fila variou entre 378 a
670. Nos dias A1, B2 e RLB1, que apresentaram menor tempo de espera, o número de
usuários na fila foi de, respectivamente, 502, 670 e 523 usuários. Esse número de
29
A Figura 6 aponta que o tempo médio entre as chegadas dos usuários ao
usuários.
30 00:57
00:50
25
00:43
20
Tempo
(min)
00:36
Tempo
(s)
15 00:28
00:21
10
00:14
5
00:07
0
00:00
LB1
LB2
A1
A2
A3
A4
A5
B1
B2
B3
B4
B5
RLB1
RLB2
Condição/Dia
TEC (s) TS (s) Pausas no atendimento (min) Tempo médio de espera (min)
Figura 6. Tempo médio entre chegadas dos usuários (TEC), Tempo gasto pela bancada
de atendimento para servir os usuários (TS), Pausas no atendimento e tempo médio de
espera.
congestionamento do sistema, mas que somente ele não é responsável pela demora na
espera do serviço. Nos dias com menor tempo de espera, como por exemplo a
pausas no atendimento de 16, 15 e 11 min. Nos dias A3 e B3, que apresentaram o maior
utilizado na pausa no atendimento foi de 8 e 9 min em relação aos dias A1, B2 e RLB.
30
O tempo entre chegadas dos usuários que cometeram intrusões sem fichas não pode ser
mensurado.
Discussão
diversas, como previsto por Azrin (1977) para a pesquisa aplicada, algumas controladas,
outras não controladas. As variáveis não controladas incluem, entre outras, a variação
ainda que depois essas taxas voltassem a subir; as taxas médias de intrusão nas
condições A e B ficaram abaixo da taxa média na linha de base, ainda que não abaixo da
intrusões com ficha (de usuários que inicialmente entram na fila no lugar correto)
31
O fato de que a metacontingência e a macrocontingência programadas reduzem,
analogia com o que tem sido observado em estudos experimentais (e.g., Borba, 2012;
Cabral & Tourinho, 2012; Santana & Tourinho, 2012; Borba, 2013; Borba & Tourinho;
2014; Borba et al, 2014; Leite, 2014; Soares & Tourinho, 2014), é possível que o efeito
social.
ainda a história recente da microcultura. Talvez uma exposição mais longa na fase de
retorno à LB gerasse taxas médias de intrusão próximas à da LB (do mesmo modo que,
condições A e B).
Um dado que merece destaque é o fato de que o TS não está correlacionado com
o tempo médio de espera. Esse dado isolado poderia significar que o TS não
compromete o fluxo da fila, ou não impacta do tempo médio de espera. Todavia, deve-
se considerar que o TS interage com as taxas de intrusão (com ou sem ficha), estas, sim,
32
impactará negativamente o tempo de espera e pode ser um fator que contribui também
A correlação observada entre intrusões com ficha e intrusões sem ficha também
pode ser relevância para a presente análise. Usuários com ficha são usuários que
intrusão sem ficha contribui para essa mudança comportamental e, aqui, é novamente
mesma condição B, o tempo médio de espera foi mais elevado, sugerindo a interação
número de intrusões sem fichas ocorreu em maior porcentagem nos dois últimos dias da
condição B. Isso está em acordo com o que apontam Borba, Tourinho e Glenn (2014),
33
contexto de concorrência entre consequências individuais que não contribuem para um
Uma variável que pode ter influenciado os dados foi a presença dos monitores e
fichas. Essas variáveis podem ter contribuído para a diminuição de respostas impulsivas
seleção cultural, por exemplo, trabalhos conceituais (e.g., Glenn 1989, Leite & Souza,
ético (e.g., Borba, 2012; Borba & Tourinho; 2014 Borba et al, 2014; Cabral &
Tourinho, 2012; Santana & Tourinho, 2012), para acelerar a frequência do produto
agregado (Costa, Nogueira & Vasconcelos, 2012) e para favorecer a seleção de relações
Ainda assim, alguns poucos eventos foram observados pelos monitores e assistentes e
34
diretamente aos usuários intrusos. Também foram observadas respostas verbais de
aprovação social dirigidas aos usuários que furavam a fila, emitidas pelo grupo ao qual
o usuário iria se juntar. São sugestivas das variáveis que controlam o comportamento de
intrusão na fila verbalizações como “podemos continuar a furar a fila pois não seremos
punidos”, “furamos a fila, pois não temos tempo para esperar, teremos aula no início
da tarde”.
custo, são demoradas, chegam ao fim após o período de coleta, sendo não naturais para
modo que se mostrem mais naturais para os participantes. Tais pesquisa podem ser
35
Referências
1,149-165
Azrin, N. H. (1977). A strategy for applied research: Learning based but outcome
Bartoloti, R., & D’Agostino, R. G. (2007). Ações pelo controle reprodutivo e posse
Borba, A., Silva, B. R. Da, Cabral., P. A. A. Souza, L. B. de., Leite, F. L. & Tourinho, E.
situations in the production of ethical self-control. Behavior and Social Issues, 23, 5-
19.
Borba, A., Tourinho, E. Z., & Glenn, S. S. (2014). Establishing the macrobehavior of
36
Boyd, R. & Richerson, P. J. (1992). Punishment allows the evolution of cooperation (or
electricity use in the real world. Behavior and Social Issues, 23, 20-34.
Action, 5, 2-8.
behavior analysis and cultural materialism. The Behavior Analyst, 11(2), 161-179.
Glenn, S. S., & Malagodi, E.F. (1991). Process and content in behavioral and cultural
37
Glenn, S. S. (2003). Operant contingencies and the origin of cultures. In: K. A. Lattal &
P. N. Chase (Eds.), Behavior theory and philosophy (pp. 223-242). New York:
Kluver/Plenum.
Glenn, S. S., & Malott, M. E. (2004). Complexity and selection: Implications for
Holland, J. G. (1978). Behaviorism: part of the problem or part of the solution? Journal
Iglesias, F., & Günther, H. (2007). Normas, justiça, atribuição e poder: uma revisão e
Iglesias, F., & Günther, H. (2009). A espera na vida urbana: uma análise psicossocial
Jason, L., Billows, W., Schnopp-Wyatt, D., & King, C. (1996). Reducing the illegal
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Programa de Pós-Graduação em Teoria e Pesquisa do Comportamento. Universidade
PA, Brasil
Malott. M., & Glenn, S. S. (2006). Targets of intervention in cultural and behavioral
Mattaini, M. A. (2006). Will Cultural Analysis Become a Science? Behavior and Social
Neves, A. B. V. S., Woelz, T. A. R., & Glenn, S.S. (2012). Effect of Resource Scarcity
Ortu, D., Becker, A. M., Woelz, T. A. R., & Glenn, S. S. (2012). An iterated four-player
39
Pavanelli, S. Leite, F. L. & Tourinho, E. Z. (2014). Seleção de uma prática cultural
Desenvolvimento Gerencial.
DF, Brasil
Comportamento, Belém.
10.
Skinner, B.F . (1984). The Evolution of Behavior. Journal of The Experimental Analysis
40
Skinner, B. F. (2003). Ciência e Comportamento Humano. Ed 11. Martins Fontes
Tadaiesky, L.T. & Tourinho, E. Z. (2012). Effects of support consequences and cultural
sociedade: Um novo foco de estudo. In: João claudio Todorov; Ricardo Corrêa
44.
41
Anexo I – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
Senhores,
Vimos por este instrumento convidá-lo a participar de um estudo sobre
comportamentos de grupo em filas de restaurantes universitários. Estudos desse tipo visam
aumentar nosso conhecimento sobre o comportamento humano e poderão no futuro contribuir
para a discussão de problemas sociais.
Ao longo do estudo, a qualquer momento a sua participação poderá ser interrompida,
por solicitação sua, sem necessidade de justificativa e sem qualquer prejuízo para o
participante. Você não será submetido a qualquer situação de constrangimento.
Os resultados obtidos nesta pesquisa serão utilizados apenas para alcançar o objetivo
de produzir conhecimento sobre o comportamento de grupos, sendo prevista sua publicação na
literatura cientifica especializada e em congressos científicos. Em todas as situações de
divulgação dos resultados as identidades de todos os participantes e seus responsáveis serão
mantidas em sigilo.
O risco para o participante nesse estudo é mínimo.
Ainda que de maneira indireta, espera-se que esta pesquisa beneficie os membros do
grupo, considerando que ela permitirá gerar novos conhecimentos sobre o comportamento
social.
O presente estudo é coordenado pelo Prof. Dr. Emmanuel Zagury Tourinho, Professor
Titular da Faculdade de Psicologia da Universidade Federal do Pará e a coleta de dados será
realizada por pesquisadores vinculados ao seu grupo de pesquisa (alunos de graduação em
Psicologia e alunos de Pós-Graduação em Teoria e Pesquisa do Comportamento) e sob sua
supervisão.
_______________________________________________________
Assinatura do Pesquisador Responsável
__________________________________________________
Assinatura do Participante
Idade: ___________________
42