INT.

QUARTO NOITE
Célio entra e fala com o seu pai que está fumando deitado na cama, arfando, com uma
gaiola de passarinho ao seu lado

CÉLIO
Pai, o senhor está defumando esse Canário

PAI
Eu estou morrendo Célio.

CÉLIO
Eu sei pai, o senhor diz que está morrendo há mais de 10 anos.

PAI
A minha última esperança era matar o Sabóia.

CÉLIO
Pai...

PAI
Mas o covarde se adiantou e pulou, se arrebentou na calçada.

CÉLIO
Eu sei pai...

(O pai ri e Célio ri junto)

CÉLIO
Eu sei pai, mas nós vamos sair daqui e vamos alugar um apartamento

PAI
Eu te disse eu só morro no apartamento 808, bloco 1, do condomínio Paraíso, que eu
paguei até o último centavo e o pilantra nunca me entregou.

CÉLIO
Assim fica difícil pai...

PAI
eu vou processar aquele cachorro no inferno.

CÉLIO
Assim fica difícil conversar pai.

PAI
Pela honra do teu pai vai lá e pega o que é nosso

CÉLIO
Pai eu não tenho mais relações com o Otávio Sabóia

PAI
você tem é medo desse menino, sempre teve Célio. E a sua mãe? O que que vai ser
da sua mãe?

(a mãe entra no quarto com um copo d´água nas mãos. Célio e ela se encaram)
 MÃE
É a hora do teu remédio

CÉLIO
A minha mãe vai morar num apartamento que eu vou alugar.

PAI
Eu não morro pagando aluguel.

CÉLIO
Quem vai pagar esse aluguel sou eu! Sou eu pai!

MÃE
Filho por favor

(a mãe fecha a porta do quarto para evitar que a Tia ouça a discussão)

PAI
Eu estou falando de um apartamento que é nosso que está com ele

CÉLIO
Você pensa que eu não quero aquele apartamento? Pensa que eu não sonho com
aquele apartamento? Eu sonho com aquele apartamento cada vez que eu entro aqui e
dou boa noite para titia! Eu sonho com o dia que eu vou enfiar vocês nesse
apartamento e vou sumir! Desaparecer! Vou cuidar da minha vida!

PAI
Você está expulso dessa casa

CÉLIO
Você está me expulsando de uma casa que não é nem sua.

(Célio sai e bate a porta)