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Camila Missio
Santa Maria
2017
Camila Missio
Santa Maria
2017
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Camila Missio
BANCA EXAMINADORA
__________________________________________
Profª. Drª. Juliana Petermann (UFSM)
__________________________________________
Prof. Dr. Rodrigo Stefani Corrêa (UFSM)
__________________________________________
Prof. Dr. Janderle Rabaiolli (Orientador/UFSM)
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AGRADECIMENTOS
Este é um trabalho individual que nunca me fez sentir sozinha. Deixo aqui o meu
agradecimento mais sincero a todas as pessoas que acreditaram e acreditam em mim, e que
contribuíram de alguma maneira para a minha formação profissional e também crescimento
pessoal.
Aos meus pais – Geane e Luis – que não medem esforços para me proporcionar
oportunidades, que me incentivam e me inspiram a cada dia e que me tornaram a pessoa que
sou hoje.
À minha irmã Joana, por ser um exemplo de dedicação, por sempre estar disposta a
ajudar e pelo companheirismo.
Ao meu namorado, Leonardo, que acompanhou de perto a minha trajetória como
formanda. Muito obrigada por ser meu alicerce, pela força, por acreditar em mim e por me
encher de energias positivas.
Ao meu orientador Janderle Rabaiolli, que incansavelmente contribuiu para o presente
trabalho e para a minha formação. Deixo a FACOS com a certeza de que tive o privilégio de
conhecer um professor e uma pessoa incrível, a qual vou sempre admirar.
Aos meus colegas e amigos que compartilharam quatro anos das suas vidas comigo:
Gabriele, Júlia, Filipe, Pedro Henrique, Elena, Laura, Bruna, Tatiana. Obrigada por sempre
me apoiarem, por me permitirem entrar na vida de vocês e construir laços que lembrarei por
toda a vida.
À professora Juliana Petermann, por contribuir de forma essencial na minha
construção profissional e pessoal. Obrigada por transbordar força e empatia; por lutar pela
igualdade de gênero; por ser um exemplo de mulher para mim e para muitas outras.
Muito Obrigada.
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Oswaldo Montenegro
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RESUMO
ABSTRACT
Art direction is the stage of the publicity process in which one builds the advertisement in its
imagery form (visual). Motivated by the lack of perspective directed to the visual thinking,
this study researches, discuss and, at last, tries to present a methodology of visual reasoning
focused on the area of art direction, in order to foment its systematization. For such, is
presented a vision about the meaning of art direction, a historical perspective, its current
situation and affinities with other areas, like design, art and creativity. Thus, are also
approached some factors that surround the creative process and creativity, demonstrating
some existing methods that assist the publicity process in the stage of concept creation, which
precedes the visual stage. Entering the visual stages and the lack of the mentioned
methodologies, in this study are placed in the agenda some existing methods that approach the
visual design, even that they still share the attention with the content plan and the conceptual
steps. At last, a comparative between these methods will be accomplished, what subsidizes
the proposition of a visual reasoning focused on the expression plan and the visual
composition.
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 10
2. METODOLOGIA............................................................................................................... 13
3. DIREÇÃO DE ARTE......................................................................................................... 16
6.3.1 Tom.................................................................................................................................. 53
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1. INTRODUÇÃO
Mensagens oriundas de todo lugar cercam a sociedade nos dias atuais. Ademais,
essas mensagens (em grande parte imagéticas) se fazem cada vez mais presentes – e
necessárias – no dia a dia dos indivíduos, aspecto esse que reflete de forma direta na
publicidade. Dada a importância da direção da arte para os anúncios publicitários e o uso
recorrente de de imagem que percebemos hoje em nossas vidas, pressupõe-se que o aspecto
visual na publicidade nem sempre teve a relevância que tem nos dias atuais. Nos primórdios
da atividade publicitária, a imagem era apenas considerada complementar ao texto, não
agregando como algo essencial ao anúncio. A publicidade preocupava-se em persuadir
descrevendo atributos, benefícios, características e detalhes dos produtos, da forma que o
texto aparecia como aspecto de maior força. Já na atualidade o cenário mostra-se diferente,
uma vez que ―imagem tem história, tem discurso e conceito‖ (BASTOS, 2008, p. 117).
Essa mencionada carga significativa da imagem já vem sendo discutida há alguns
anos e continua, visto que ela carrega um poder que não parou de crescer, o poder da sua
capacidade persuasiva (BASTOS, 2008). Já que a publicidade nasceu da necessidade de
persuasão, e a imagem possui esse poder, o fenômeno de recorrência ao visual na propaganda
foi crescendo. Como ferramentas para esse crescimento, a evolução da comunicação
mercadológica e a tecnologia entram no cenário como contribuintes, de forma direta, para a
valorização da imagem na divulgação dos produtos e serviços. Com o desenvolvimento da
indústria gráfica, e também ―Com a possibilidade de reprodução de imagens, mesmo que
ainda precárias, o desenho tomou conta das mensagens publicitárias‖ (BASTOS, 2008, p.
118). Dessa forma, a valorização de imagem como mensagem também acarreta na valorização
do profissional de direção de arte.
Retomando o desenvolvimento da tecnologia e dos canais, é de conhecimento geral
que vivemos em uma era de abundância imagética, facilitada pela tecnologia. Existem hoje
inúmeros canais audiovisuais e ferramentas tecnológicas de impressão, de modo que
favorecem a criação e a exposição das imagens com qualidade. Sendo assim, adentrando no
mundo da publicidade atual e valendo-se da relevância dos aspectos visuais nota-se que
algumas campanhas e anúncios possuem uma direção de arte que não valoriza o aspecto
persuasivo da imagem, como já ocorria no passado.
Os estudos da significação têm na semiótica uma vertente teórico-metodológica que
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contribui nas mais diversas áreas que envolvem a linguagem. A semiótica discursiva, por
exemplo, oferece uma metodologia de apreensão do sentido, o percurso gerativo, voltado a
compreender o que os textos dizem e que de que maneira o fazem. Contudo, embora muito
difundida a reconhecida, essa metodologia explora o plano do conteúdo, deixando de lado o
plano de expressão.
Diante desse exemplo e por outras referências consultadas, pressupõe-se existir uma
lacuna no que diz respeito à concepção visual da publicidade, já que há certa escassez de
estudos e também de metodologias para pensar o plano da expressão, sendo que
O plano do conteúdo refere-se ao significado do texto, ou seja, como se costuma
dizer em semiótica, ao que o texto diz e como ele faz para dizer o que ele diz. O
plano de expressão refere-se à manifestação desse conteúdo em um sistema de
significação verbal, não-verbal ou sincrético (PIETROFORTE, 2004, p. 11).
2. METODOLOGIA
O primeiro passo para realizar esta análise é reunir todas as informações recolhidas a
respeito dos métodos – os selecionados para este trabalho – que pautam o exercício do pensar
criativo visualmente. Segundo Fachin (2001), o método comparativo permite a análise de
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dados concretos, logo, o segundo passo é interpretar estes dados, traçando vantagens e
desvantagens, pontos fracos e fortes e levantando questionamentos a respeito dos
pensamentos encontrados. Por fim, associar metodologias sobre criatividade, design gráfico e
criação publicitária, comparando-as e estabelecendo relações entre elas. Através dessa
comparação, o pensamento chegará à proposição de uma metodologia única e abrangente,
uma perspectiva de raciocínio criativo visual, voltada para a direção de arte e para o plano da
expressão dos textos publicitários.
Esse raciocínio terá como embasamento o terceiro método, o processo decisório. Este
processo, que surgiu com Herbert Simon em sua obra Comportamento Administrativo (1945)
apresenta ao decisor um modo de encontrar a melhor opção – entre pelo menos duas – para a
resolução do seu problema. Segundo ele, o processo decisório (processo este ilustrado na
figura 1) perpassa três fases: a fase da prospecção, da concepção e da decisão. Na fase de
prospecção, o indivíduo – decisor – reconhece que existe um problema ainda sem solução.
Para a concepção, há a criação de opções de soluções para o problema ou situação. E, por fim,
na decisão, o indivíduo julga as alternativas e escolhe a que lhe parece mais apropriada.
3. DIREÇÃO DE ARTE
Para iniciar a discussão, neste trabalho, a direção de arte é um dos conceitos centrais e
mais relevantes, em razão de que ela permeia e exerce influência de forma direta na discussão
principal: como transpor o conceito criativo já assimilado para o visual?
Quando se fala em publicidade e propaganda, é comum entre muitas pessoas que haja
a associação direta com a área de direção de arte ou design gráfico. Não sendo o único
aspecto que compõe a publicidade mas, tendo, de fato, grande importância para composição
de um anúncio publicitário, é interessante e necessário – para a presente pesquisa – que se
comente algumas perspectivas, causando o entendimento de sua definição e das ideias que
cercam este conceito.
A área onde atuam os Diretores de Arte corresponde à parte da construção da
comunicação visual de um produto publicitário. Sendo assim, é diretamente ligada à imagem
e o uso da mesma. Valendo-se do desenvolvimento tecnológico dos canais e, por
consequência, da importância – e da presença marcante – da imagem na atualidade, entende-
se que hoje, ―O visual predomina. O verbal tem a função de acréscimo‖ (DONDIS, 1997, p.
12). Além disso, ―A diferença entre palavra e imagem, e palavras em si, especialmente em
conjunto, é que as imagens são compreendidas mais rapidamente‖ (NEWARK, 2009, p. 100),
por isso vê-se que a responsabilidade de uma direção de arte persuasiva e relevante está em
constante crescimento.
A fase da direção de arte surge após a etapa de concepção do conceito criativo da
campanha ou peça, dando vida ao mesmo. A maioria das agências de publicidade e empresas
de comunicação seguem determinados modelos para facilitar e organizar o processo de
produção de uma campanha, anúncio e etc, conforme mostra a figura 2:
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Fonte: Baseado no método de trabalho das Agências Publicitárias e Burtenshaw (2010). Elaborado pela autora.
Na maioria dos casos, o estilo que levará o design e as ferramentas utilizadas para concebê-lo
são ditadas pelo próprio conceito já definido anteriormente (fotografia, ilustração e etc),
fazendo as adequações necessárias a cada veículo.
Além do enfoque publicitário, o design também ―Está em toda parte, explicando,
decorando, identificando – impondo significado ao mundo.‖ (NEWARK, 2009, p. 6). Sendo
assim, ―Não é de modo algum surpreendente que o moderno design gráfico recolha muitos
dos seus princípios e ideias da Arquitetura‖ (HULBURT, 2002, p. 12), já que ele também está
nas ruas, nos jornais, na televisão, nos celulares, diferenciando e trazendo personalidade aos
diferentes aspectos da vida na sociedade. Saindo um pouco das relações técnicas e comerciais
que envolvem a direção de arte e abordando suas diversas facetas, percebe-se que além de sua
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importância primária – que é o fator estético – ela também pode possuir uma efetiva carga de
conteúdo de cunho sociais. Assim como profissionais de diversas áreas do conhecimento, o
designer gráfico também pode utilizar o seu produto para desabrochar mudanças e melhorias
sociais, independentemente do tema. Entende-se aqui claramente que se trata de um assunto
delicado e também que ―Os designers sempre permanecerão presos a uma relação comercial
com um cliente‖ (NEWARK, 2009, p. 44), entretanto isso não significa que seja impossível
exercer um papel de agente de mudanças em uma sociedade, mesmo que de forma sutil,
implícita e também pacienciosa.
Ao longo dos anos, muitos autores e profissionais da área tentaram definir a direção
de arte e o design gráfico, de modo que sintetizasse esta área de atuação. Entretanto, afirmam
também que é de extrema dificuldade tentar resumir uma competência tão vasta e flexível.
Richard Hollis, o designer e historiador, conceitua o design como uma combinação de sinais e
símbolos dispostos em alguma superfície com a finalidade de transmitir uma ideia,
explicitando que os principais propósitos da direção de arte são a identificação, a informação,
e a promoção. O autor também diz que o design ―constitui uma espécie de linguagem, de
gramática imprecisa e vocabulário em contínua expansão‖ (HOLLIS, 2001, p. 04).
Ainda com o objetivo de sintetizar a profissão, Burtenshaw (2010), explana também
sua concepção, e traz o conceito de direção de arte e design gráfico como algo que facilita a
comunicação e a transmissão de mensagens. Bertomeu (2010) complementa a visão, dando
exemplos e afirmando que o diretor de arte é encarregado de conceber o aspecto visual de um
produto, seja filme, um programa de TV, anúncio impresso ou digital. Resumindo a essência
do profissional, ―O instinto do designer é simplificar e esclarecer‖ (NEWARK, 2009, p. 14)
com um objetivo artístico e comercial. Ademais,
O diretor de arte é responsável por ―elaborar‖ os anúncios, garantindo que serão
visualmente fortes e terão layout e composição consistentes em toda a campanha.
Também é crucial que o produto final reflita e transpire os valores da marca.
(BURTENSHAW, 2010, p. 132)
Existe, claramente, a restrição de que a direção da arte precisa ser condizente com a
marca em questão e também seus valores, de modo que consiga refletir as necessidades da
propaganda. Pois ―O diretor de arte deve garantir o máximo de sinergia e impacto da relação
visual entre texto e elementos como imagem, chamada, slogan, logotipo e outros detalhes
gráficos que compõem o anúncio impresso‖ (BURTENSHAW, 2010, p. 138). Muitos autores
ainda deixam claro que não existe fórmula alguma e nem normas fixas para a composição de
anúncios publicitários, apenas alguns princípios. Estes princípios são normalmente de cunho
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expressiva do anúncio ou campanha, para que, após essa etapa, seja também possível iniciar a
etapa da direção de arte. Entretanto, analisando e refletindo sobre a existência de
metodologias e modelos, percebe-se a ausência de facilitadores do processo de criação que
circundam a direção de arte e o visual.
Como a evolução do design está diretamente ligada à evolução da tecnologia
(NEWARK, 2009), compreende-se que também o mesmo é capaz de reunir diversas
competências a fim de sintetizá-las e combiná-las no processo de composição de uma
mensagem publicitária. Afirma-se que na maioria das vezes é necessário o uso dessas
competências como fotografia, ilustração, manipulação de imagens, línguas, símbolos,
comércio, tecnologia e até diversas teorias, mesmo sabendo que
Tendemos a pensar na teoria como algo totalmente formado em um livro, mas cada
peça do design tem uma base teórica, mesmo que tenha sido feita por um designer
que nunca leu um livro. Teoria é um conjunto de idéias: uma leitura particular da
história, conhecimento especulativo e juízos de valor associados a ideias sobre o
futuro. (NEWARK, 2009, p. 60)
Logo, a linguagem visual é formada por um mosaico composto por diversas outras
linguagens, elementos e símbolos a fim da compor uma mensagem definida e com um sentido
próprio. Resultando em determinada imagem, essa combinação de elementos deságua em uma
mobilização do nosso repertório visual para que ocorra o reconhecimento desta imagem
(BERTOMEU, 2010). A questão a ser analisada e explorada na presente pesquisa é uma
maneira (caminho) possível para selecionar os elementos a formar determinada mensagem.
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Já citada no presente trabalho, o conceito que resume a comunicação visual trata sobre
o uso de símbolos que, combinados, tem o objetivo de transmitir uma determinada mensagem.
A comunicação visual apesar de potencializada pelo avanço tecnológico pode ser percebida
nos primórdios da humanidade. Como exemplo, podemos citar as conhecidas pinturas
rupestres, que ilustravam, nas paredes das cavernas, cenas de caça, rituais e vivências da
época. Percebe-se então que ―A comunicação visual, em seu sentido mais amplo, tem uma
longa história. Quando o homem primitivo, ao sair à caça, distinguia na lama a pegada de
algum animal, o que ele via ali era um sinal gráfico‖ (HOLLIS, 2001, p. 01). Já em 1960,
Segundo Bomeny (2009) as empresas, independentemente do seu tamanho, sentiam a
necessidade de construir uma imagem solidificada que pudesse representá-la e também torná-
la de fácil reconhecimento, o que já se tornava responsabilidade do designer. Apesar de que o
design gráfico, como profissão, tenha surgido em meados do século XX (HOLLIS, 2001),
com o advento da Internet e o avanço tecnológico, o estudo e o exercício dessa prática podem,
atualmente, ser considerados disseminados, não sendo mais um ofício de difícil acesso.
Entretanto, a maioria dos designers e diretores de arte não tem devido conhecimento das
origens de sua profissão.
Quando se fala em design e seu exórdio, entende-se que ―O processo de design –
como, aliás, a maioria dos aspectos da vida contemporânea – não se originou do nada nem
cresceu do vácuo‖ (HULBURT, 2002, p. 12). A arquitetura, a pintura, a escultura e os
produtos pertencentes a vários movimentos artísticos ditaram o curso do design e modelaram-
no para torná-lo o que é hoje. Algumas escolas artísticas surgem como fortes influenciadoras
do design contemporâneo, como por exemplo Dadaísmo, Bauhaus e o Cubismo de Pablo
Picasso e Georges Braque.
Segundo Bomeny (2009), a linguagem visual passou por algumas fases de
transformação, onde a primeira foi um período de difusão de textos. A segunda, o processo de
normatização do desenho da letra. A terceira – no período da Revolução Industrial,
protagonizando o desenvolvimento da indústria e da técnica – quando começa a surgir uma
conceituação da linguagem visual. A quarta, orientada pela percepção modernista, foi uma
fase estruturalista e gráfica. Por fim, a quinta, que corresponde à época em que a página
impressa se adaptou à tecnologia da fotocomposição.
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No final século XIX, na Bélgica, um movimento artístico que não seguia nenhum
historicismo e que inspirou o cubismo surgia. O Art Nouveau, não foi dominado pela arte da
pintura: é considerado o primeiro movimento artístico voltado ao design gráfico. Ao contrário
da escola Bauhaus, que começou a introduzir um conceito de ordem e racionalismo
(BOMENY, 2009) – e que faz uso majoritariamente de linhas retilíneas para composição do
layout, prezando por clareza e funcionalidade –, o Art Nouveau é bastante decorativo
(aproveitando curvas, flores, artesanatos e arabescos) e pode até ser considerado um ―exagero
gráfico‖ pelos princípios do design moderno e minimalista, como mostra a figura 4:
1 Disponível em <https://educacao.uol.com.br/disciplinas/artes/art-nouveau-estilo-influenciou-as-artes-
graficas-e-a-arquitetura.htm> acessado em: 26/06/2017
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(quando presente) só ilustrava, já que ―O princípio básico da mensagem publicitária era verbal,
a imagem era complemento‖ (BASTOS, 2008, p. 117). No Brasil, além dos anunciantes da
indústria farmacêutica, os cartões-postais faziam muito sucesso. Eram vindos de Europa
decorados com o estilo Art Nouveau, sem nenhuma relação entre imagem e texto. Segundo
Bastos (2008), com a evolução mercadológica, a propaganda e o design começaram a
valorizar a imagem do produto. A ilustração (que é versátil e oferece a possibilidade de
abundantes estilos) e, mais tarde, com o desenvolvimento tecnológico, a fotografia tomaram
conta dos anúncios. Essas técnicas reproduzem melhor a realidade e passam maior
legitimidade, porque ―A fotografia é considerada real e confere credibilidade ao anúncio. O
público vê a foto como crível, pois pode representar o produto como é de verdade e no
contexto de um ambiente real‖ (BURTENSHAW, 2010, p. 120). Mesmo que as imagens
estivessem ganhando destaque, o texto ainda era o centro do anúncio e a propaganda tinha um
apelo racional, mostrando sempre os benefícios de cada produto. Com isso, percebe-se que há
certo excesso de informações (não condizente com o estilo do design atual), além de ―Um
desejo de comunicar todas essas informações com a mesma intensidade‖ (BASTOS, 2008, p.
120).
Com o passar do tempo, a imagem começa a contar histórias e a produzir discursos
independentes – de tal maneira que possibilite uma construção dinâmica entre texto e imagem.
A partir dessa evolução da comunicação mercadológica, ―O diretor de arte passa a ser mais do
que um mero montador de layout: ele passa a pensar na imagem conceitualmente, para
trabalhá-la com o texto, e não para simplesmente ilustrá-lo‖ (BASTOS, 2008, p. 121). Assim,
começa então o estudo e a percepção de que ―O maior poder da linguagem visual está no seu
caráter imediato, a sua evidência espontânea‖ (NEWARK, 2009, p. 100).
visual de um projeto‖ (GAVIN, 2012, p. 92). Ela é lida e compreendida antes que o texto
possa justificá-la ou complementá-la, e está cada vez mais disseminada – facilitada pela telo
avanço tecnológico. Aprofundando nas questões da propaganda, os Diretores de Arte – devido
à importância da imagem no presente – também ganharam relevância e tiveram seu trabalho
―valorizado‖, porque não apenas mais ilustram o texto como ocorria nos primórdios da
propaganda, e sim dão vida ao conceito criativo da peça publicitária. Na construção de layouts,
Os profissionais que trabalham com a elaboração de qualquer tipo de linguagem
visual captam essas tendências do momento e por meio de suas representações,
interpretam uma ideologia tanto social como política, e mesmo tecnológica, de
determinado tempo e espaço (BOMENY, 2009, p. 14).
sobre o que o compositor do layout deve fazer e como deve proceder a fim de obter resultados
positivos, pois
Assim como em quase todos os aspectos da publicidade criativa, não existem regras
fixas, apenas algumas diretrizes e princípios – e mesmo eles devem ser desafiados
de vez em quando. Apenas depois de conhecer esses princípios e diretrizes que você
poderá trabalhar, em quando, onde e como desrespeitá-los (BURTENSHAW, 2010,
p. 132).
Alguns autores apontam que, para ser eficiente, o diretor de arte precisa surpreender,
criando uma certa surpresa visual (BURTENSHAW, 2010) e apresentado o familiar e o
comum de forma diferenciada e que rompa com as expectativas do público-alvo. A respeito
do uso de texto, indica-se, atualmente, reduzir o número de palavras e manter o texto curto,
para trazer clareza e simplicidade ao produto publicitário.
Segundo Bomeny (apud SALLES, 2006), o designer é afetado pelo seu tempo e sua
contemporaneidade. Dessa forma, além do ponto de vista do designer, a direção de arte
também sofre alterações de acordo com a época política, social e econômica na qual está
inserida. O momento atual do mundo, e, consequentemente, da direção de arte, possui alguns
fatores que podem determinar a eficácia e o sucesso da propaganda: a digitalização, a era da
atenção e as linguagens.
Ao mencionar a digitalização, tem-se a internet como mídia relevante – em muitos
casos até essencial – na publicidade atual. O site O Globo (no mês de fevereiro do ano de
2017) traz uma pesquisa realizada por Gina Smith, uma experiente jornalista de tecnologias
americanas, onde é explanado que 3,7 bilhões de seres humanos encontram-se online. Logo, a
sociedade está, na rotina, cercada por mensagens multilaterais e imersa nas já difusas redes
sociais, utilizando as mesmas incessantemente e tratando-as como ferramentas essenciais na
vida em sociedade. Ela, por não possuir barreiras físicas, tem a capacidade de atingir o
público-alvo de forma frequente, sem muito investimento e com maior alcance. Logo, a
direção de arte hoje em dia é constantemente pensada e trabalhada para este tipo de canal,
onde existe a possibilidade da informação dos produtos estarem fixas em algum lugar, sem a
necessidade de informação excessiva nos anúncios.
Ademais da internet, também se entende que a tecnologia está cada dia mais
desenvolvida e presente na rotina das pessoas. Sendo um fator decisivo no que diz respeito às
tendências na direção de arte, a tecnologia permite ao designer o acesso a softwares cada vez
mais modernos e completos para a execução do seu ofício. O departamento da direção de arte
vive em um cenário em que, segundo Bomeny (2009), o campo da linguagem visual passou e
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ainda passa por constante processo de adaptação devido à inserção de novas ferramentas.
É comum a existência de bibliografias e estudos voltados aos meios impressos, que
atualmente perderam bastante espaço na comunicação e na sociedade em geral. Assim, o
processo de digitalização, ao mesmo tempo em que é uma realidade, traz o desafio de pensar a
partir de linguagens adequadas ao meio, ou seja, é preciso pensar que o digital é realidade e
que a linguagem predominante é a imagem, uma vez que segundo Gavin (2012), elas
comunicam rapidamente uma ideia ou instrução.
Um segundo fator a ser considerado é a era da atenção. É evidente a dificuldade
existente no momento de captação da atração de um consumidor para com um anúncio
publicitário. Isso acontece porque estamos rodeados e saturados de informações e mensagens
imagéticas, de forma que o nosso cérebro não percebe diferenças entre eles e as rejeita. É
preciso facilitar a apreensão da mensagem e é necessário inovar e trabalhar a propaganda de
forma diferenciada e destacada. Podemos citar como exemplo, para os impressos, formatos
diferenciados, pois
uma abordagem criativa para a seleção do formato pode produzir resultados que
melhoram a mensagem geral apresentada. A seleção de formato inclui materiais,
escala de produção e uso de técnicas de acabamento de impressão, que podem
incrementar o desing ou resultar em algo único sem necessariamente ultrapassar o
orçamento. (GAVIN, 2012, p. 9).
da direção de arte, temos a inovação. Neste trabalho, compreende-se que mesmo existindo
inspiração em estilos, escolas, tendências e até mesmo em análise de concorrência, as
transformações no mundo do design são voláteis e a essência é a constante busca e adesão por
aquilo que é novo, por aquilo que é diferente e se destaca.
4.1 A criatividade
Criar, segundo Ostrower (2010) é atribuir forma a algo novo que é compreendido de
forma nova. O indivíduo cria ―não apenas porque quer, ou porque gosta, e sim porque precisa;
ele só pode crescer enquanto ser humano, coerentemente, ordenando, dando forma, criando‖
(OSTROWER, 2010, p. 10). Criamos, então, muitas vezes sem a intenção de o fazer, e
utilizamos da criatividade para isso.
Presente no imaginário coletivo, a criatividade caracteriza alguém ou algo e expressa –
no seu sentido denotativo e mais amplo – originalidade, individualidade e a capacidade de
gerar ou produzir e inventar algo novo e, segundo Winnicot (1971), tem relação com a
abordagem do indivíduo à realidade externa. Na maioria das vezes ela é relacionada ao fazer
artístico, entretanto pode ser pensada e aplicada em qualquer ofício, já que
O impulso criativo, portanto, é algo que pode ser considerado como uma coisa em si,
algo naturalmente necessário a um artista na produção de uma obra de arte, mas
também algo que se faz presente quando qualquer pessoa — bebê, criança,
adolescente, adulto ou velho — se inclina de maneira saudável para algo ou realiza
deliberadamente alguma coisa (WINNICOT, 1971, p. 114).
Além disso, ―entre as atividades que realizamos com o cérebro, as mais apreciadas e
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mais valorizadas no mercado de trabalho são as atividades criativas (DE MASI, 2000, p. 09),
ou seja, a criatividade permite aos trabalhadores a proposição de soluções inusitadas e
eficazes para problemas que possam existir. Na publicidade não é diferente: a criatividade é
indispensável para que a propaganda exista e se reinvente com o passar do tempo e, significa,
antes de mais nada, solução.
Em contraposição à criatividade fora da publicidade, o designer precisa dela para
propor soluções visuais que transmitam a mensagem de maneira correta e que atinjam com
eficiência o público almejado. Assim, a criatividade na publicidade é intencional e precisa
existir para solucionar o problema comunicacional de um cliente.
Há um questionamento popular a respeito da incidência ou não da criatividade em
cada pessoa – se ela se caracteriza como talento (atributo que se faz presente desde o
nascimento) ou é algo que não existe e passa existir, podendo ser desenvolvida. Entretanto,
mesmo que muitas vezes não percebida ―A criatividade é um estado latente em todos nós‖
(VIEIRA, 1999, p. 19), e precisa de estímulos para prosperar. Estes estímulos podem ser
formados a partir do repertório do indivíduo (do publicitário), sendo constantemente
fomentado de acordo com suas experiências e conhecimentos. Além das vivências, ―As
diferenças, as dualidades, as contradições, as ambiguidades são estímulos fantásticos à
produção criativa‖ (VIEIRA, 1999, p. 19) – ou seja, é produtivo olhar o problema nas suas
diversas facetas para que se atinja uma solução criativa. O conceito de criatividade, neste
trabalho, parte da percepção de que ela é ―uma poção feita de muitos ingredientes: conscientes
e inconscientes, emocionais e racionais. É uma mistura de fantasia e concretude‖ (DE MASI,
2000, p. 108). Define-se a criatividade, aqui, como uma atividade mental situada no equilíbrio
entre a razão e a emoção, estimulada por tudo aquilo que podemos ver, tocar ou sentir.
A publicidade busca, em sua essência, uma solução para um problema detectado.
Sendo assim, a criatividade é sua companheira nos processos que envolvem o
desenvolvimento desta busca. Ademais, é pressuposto que a criatividade tem de ser acionada
e buscada desde o prelúdio do briefing até a análise dos resultados, acompanhando o ciclo do
trabalho e existindo como valor-base em todos os processos. A fim de trazer à criatividade –
que é algo abstrato – certa concretude, existe o processo criativo. Ele pode ser visto como
uma descrição por etapas da criatividade e também da forma de conseguir atingi-la.
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Ainda dentro da publicidade, considera-se que a propaganda deve ser permeada por
um processo criativo detalhado e bem trabalhado, já que é dele que surgem todos os caminhos
imateriais e materiais que uma campanha seguirá. Ademais, segundo Petermann (2016), um
processo criativo institucionalizado se torna mais objetivo e assertivo, não necessariamente se
tornando rígido e engessado.
processo criativo publicitário, de forma que estas etapas sejam capazes de induzir o criativo à
decisões de estratégias, conceitos, afirmações: à soluções de forma didática. O ―Z Criativo‖
como é denominado, resume um percurso criativo do início ao fim, como mostra a figura 6.
O autor afirma, em sua obra, que a criação publicitária depende muito mais de uma
estrutura cíclica alvo-criador-alvo do que do talento e da inspiração (JOANNIS, 1988) –
características muito valorizadas por outros publicitários. A fim de descrever o processo
criativo através do Z, tem-se a primeira etapa (A-B), que é denominada fase preliminar. Esta
etapa, que simboliza a investigação, vai da percepção de homem de estudos até mercado. Essa
investigação é baseada no briefing, isto é, no levantamento de dados a respeito de público,
concorrência, mercado e os demais fatores que poderão exercer influência no processo de
criação de uma campanha ou anúncio. Aqui nos deparamos com certa aproximação entre
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fixada pelo eixo‖ (JOANNIS, 1988, p. 23), o Conceito pode ser direto ou indireto, e deve
induzir pensamentos positivos a respeito do produto ou marca. Desse modo, requer que a
mensagem mantenha a mesma linha até o fim, não perdendo o público na metade de sua
compreensão.
Para isso, deve fazer parte do repertório do público (BIGAL, 1999) e pode ser
(baseado em) um personagem, uma frase, elementos retirados de cinema, música, ciência, arte
e etc. Para a autora, o conceito deve ter:
Originalidade: deve se afastar dos estereótipos publicitários, dos conceitos já usados
e existentes e também das primeiras ideias;
Potencial de visualização: O conceito precisa dar possibilidade de imagens fortes,
belas, coerentes, simples;
Riscos de comunicação minimizados: É necessário que o conceito tenha fácil
compreensão e indução positiva, que faça referência a um universo de repertório do público
traçado.
O manifesto base, ainda seguindo a linha B-C, é a próxima etapa apontada por Henri
Joannis. Aqui se inicia a materialização de tudo o que foi proposto até o momento, gerando
uma primeira peça criativa que é norte da campanha. No manifesto, ocorre o uso de
linguagens escolhidas especificamente para determinado público (linguagem, imagem, som,
cheiros) a fim de trazer o conceito criativo à vida. Para tal, o autor aponta três critérios que
dominam neste ponto do Z Criativo:
A força da comunicação visual: é preciso levar em conta a força que a imagem exerce
sobre o texto.
A convergência da denotação/conotação: ―Um manifesto publicitário comunica
porque diz de forma explícita (denotação), mas também pelo que mostra, pela tonalidade
estética, cultural, moral daquilo que mostra (conotação)‖ (JOANNIS, 1988, p. 26). Ou seja, é
fundamental que haja um alinhamento entre a comunicação visual e os elementos visuais
escolhidos com a mensagem (conceito);
A velocidade da comunicação: a mensagem publicitária necessita ser rápida e eficaz,
resumindo todos os pontos supracitados em alguns segundos de atenção do público
selecionado.
Quando concebido o manifesto, avançamos para a etapa C-D. Esta etapa corresponde
à finalização do processo criativo, ou seja, o produto publicitário é veiculado e chega ao
mercado – ao público. Para fechar o ciclo do processo criativo publicitário é interessante a
36
realização de uma pesquisa para averiguar se o produto foi aceito e teve os resultados
pretendidos para com o seu público-alvo.
Dessa forma, entende-se que os métodos de Roberto Menna Barreto e Henri Joannis
resumem e sistematizam o processo criativo de diferentes formas, mas com a mesma função:
entregar uma solução a um problema de forma coerente, criativa e de certo modo, facilitada
pela categorização.
Há também alguns outros métodos mais difundidos e talvez, menos sistematizados a
serem ressaltados para a prática do pensar criativo como brainstorm, mapas mentais,
entrevistas, grupos focais e pesquisas visuais.
Segundo Lupton (2013), o brainstorm – a famosa tempestade de ideias – surgiu na
década de 1950 com Alex F. Osborn e se propagou rapidamente, sendo um auxílio às pessoas
pensarem de forma criativa. No processo de brainstorming (que normalmente é realizado por
uma equipe), os indivíduos presentes descarregam ideias e sugestões para encontrar a solução
do problema: tudo isso sem muita restrição e julgamento. O método é uma forma de abrir a
mente para todo tipo de ideia possível, a fim de encontrar a melhor e mais viável. Apesar de
muito utilizado, é apenas o início de um grande percurso em busca de soluções criativas para
determinado problema.
Os mapas mentais também podem ser poderosos métodos de estruturação do
pensamento criativo. Neste método, o publicitário parte de um termo ou ideia central que fica,
literalmente, no centro do papel e segue associando imagens, termos, palavras, propostas e
frases que podem servir de conceito base para conceber o produto publicitário. Com relação à
sua origem, sabe se que
A técnica de mapas mentais foi desenvolvida por Tony Buzan, um popular autor de
Psicologia que vem promovendo seu método por meios de publicações e workshops.
Embora Buzan tenha delineado regras específicas para os mapas mentais, como o
uso de uma cor diferente para cada ramificação do diagrama, seu método é
empregado de maneira mais solta e intuitiva por intocáveis designers, escritores e
educadores. (LUPTON, 2013, p. 22)
O que fazer e como sair da página em branco são dúvidas recorrentes no meio publicitário,
38
mais especificamente nas áreas de criação. Entende-se que ―muitos artistas e autores olham
para dentro para buscar fagulhas de sentido, mas a inspiração também vem do mundo exterior‖
(LUPTON, 2013, p. 78) e um diretor de arte ou designer pode – e deve – proceder da maneira
que melhor convier para si. Ele deve executar e desenvolver a criação visual através do
método que mais se encaixa consigo. Dessa forma, pode-se entender que os processos de
design são
uma mistura de ações intuitivas e intencionais. Começar um projeto pode envolver
rituais pessoais, como uma longa caminhada ou uma ducha quente, ou esforços
estruturados, como entrevistar o cliente ou aplicar um questionário. Muitos
designers começam pelo brainstorming, que consiste em uma busca incansável por
ideias inovadoras que ajuda a refinar o problema e a ampliar a forma como se pensa
sobre ele (LUPTON, 2013, p. 04)
Entretanto, com o propósito de facilitar esse processo para àqueles que tem esta
dificuldade ou não tem um conhecimento metodológico, esta pesquisa pretende abordar
algumas metodologias – alguns esforços estruturados – já existentes de design e criação
publicitária que procuram propor e sugerir algumas maneiras de transpassar o conceito
criativo para seu modo visual. É importante ressaltar que nenhum destes métodos é específico
da área da direção de arte, por isso há a necessidade de proposição de um novo método
exclusivo da área. Para justificar, percebe-se que ao decompor o processo de construção
visual em etapas, implementando métodos conscientes de pensamento e execução, os
designers têm a possibilidade de abrir suas mentes para soluções incríveis (LUPTON, 2013).
partir das velhas ideias pelo processo de tentativa e erro. Para desenvolver visualmente o
conceito criativo, a partir desse método, é preciso esquecer associações corriqueiras e
desenvolver ―uma associação inédita, surpreendente, agradável, para tentar, com ela,
condicionar o público‖ (BARRETO, 2004, p. 89). Deve-se, aqui, tentar aproximar elementos
distintos a fim de comunicar uma mensagem – estes elementos podem ser de semânticas
diferentes, de universos diferentes, visto que a surpresa visual acontece de acordo com a
originalidade da associação. As combinações absurdas e inéditas podem ser feitas. Dois
conceitos de campos semânticos distintos podem se unir para gerar uma tensão visual tida
como criativa. E para exemplificar, percebe-se que, para
Um cigarro mentolado, cujo ponto de venda máximo seja o frescor: você pode
acrescentar, no maço ―gelado‖, dois canudinhos de refresco, como fez Winston
Menthol. Ou então – não importa o absurdo – fazer um maço transparente, onde se
veem pedras de gelo, como numa bebida on the rocks, como fizeram os cigarros
franceses Royale Menthol. Um pequeno acréscimo ao produto – um outro objeto –
pode resolver o problema, criar um anúncio provocante e atraente. (BARRETO,
2004, p. 181)
físico de Martin Venezky. O designer cria formas gráficas por meio de experimentações com
as propriedades físicas dos materiais (LUPTON, 2013), aprimorando e valorizando o uso de
texturas, espaço e luz.
São algumas delas: Alusão: referência a uma pessoa, lugar ou coisa; Catacrese:
emprego de uma palavra no sentido figurado por não haver um termo próprio; Comparação:
qualificação de uma característica parecida ou distinta entre dois ou mais elementos;
Metonímia: substituição lógica de uma palavra por outra semelhante (ouro por dinheiro);
Onomatopeia: imitação de um som; Perífrase: uso de palavra ou expressão para designar algo
ou alguém; Sinestesia: mistura de diferentes impressões sensoriais; Antítese: apresentação de
ideias opostas; Paradoxo: referente a duas ideias contraditórias em uma só situação. Hipérbole:
exagero intencional para ênfase ou humor; Eufemismo: intenção de suavizar algo; Ironia;
afirmação contrária daquilo que se pensa; Personificação: atribuição de qualidades humanas a
objetos inanimados; Aliteração: repetição de um determinado som nos versos ou frases;
Anacoluto: alteração da construção normal da frase; Anáfora: repetição intencional de uma
palavra ou expressão para reforçar o sentido; Elipse: omissão de um elemento que está
subentendido e pode ser identificado facilmente; Pleonasmo: repetição de um termo,
redundância; Polissíndeto: repetição da conjunção entre os termos da oração; Zeugma:
omissão de um termo já expresso anteriormente; Sinédoque: Utilização de parte de um objeto
para representar o todo.
5.1.6 Semissimbolismo
existindo quando uma categoria da expressão produz relação com uma categoria do conteúdo.
Os estudos semissimbólicos sistematizam o plano da expressão a partir de três categorias
plásticas (CORTINA e SILVA, 2013): eidéticas, cromáticas e topológicas.
As categorias eidéticas (referentes à forma) são combinações de linhas e volumes,
concretizando contrastes como côncavo x convexo, curvilíneo x retilíneo, uniforme
x multiforme, ascendente x descendente, parcial x inteiro, etc. As categorias
cromáticas (referentes à cor e à luz) estabelecem-se em oposições como puro x
mesclado, brilhante x opaco, claro x escuro, etc. As categorias topológicas (―topos‖
em grego significa ―lugar‖ referente à posição ou à disposição) organizam os
elementos considerando a posição e a orientação das formas, realizando-se em
contrastes como englobante x englobado, alto x baixo, central x periférico, esquerdo
x direito, etc. (CORTINA E SILVA, 2013, p. 241)
A partir dos métodos apresentados, inicia-se uma comparação entre os mesmos, a fim
de entender o suas limitações e pontos fortes, bem como seus enfoques dentro do campo da
publicidade.
na área de direção de arte, entende-se que este próprio processo permite a identificação de três
etapas principais: referenciais, conceito criativo e concepção visual, conforme a figura 8:
O método Brain Dumping Visual, também colocado em pauta por Lupton (2013),
consiste em um despejo de ideias na forma de esboço. O diretor de arte inicia uma série de
rascunhos, formas, ideias para depois selecionar as mais promissoras e iniciar o design do
projeto. Dessa forma percebe-se a incidência mais agressiva deste método na etapa de geração
de ideias, dado que o esboço é feito de forma que nenhuma ideia deve ser censurada. Também
está presente na etapa de seleção de ideias, de modo que a partir de todos os esboços feitos, o
designer selecione os que apresentam maior probabilidade de execução. Por fim, este método
também está inserido na etapa de materialização, de modo que após a seleção, o responsável
pela direção de arte aprimora o rascunho, transpassando-o para o anúncio final. O método em
questão possui direcionamento para solucionar o conceito criativo, mas também pode
apresentar possibilidades à composição visual.
Esse método é também uma maneira de gerar ideias e, portanto, está presente no universo do
conceito criativo.
Por fim, o método semissimbólico, proposto por Cortina e Silva (2013) concentra-se
em auxiliar o design e o plano de expressão na etapa de materialização. Isso se justifica a
partir das três categorias plásticas: eidéticas, cromáticas e topológicas. A categoria eidética
diz respeito às formas (concretizando conceitos através da concepção de curva, reta, volume,
movimento). Já a cromática relaciona-se com o uso de cores (trazendo a manifestação do
claro e do escuro, forte e fraco, brilhando e opaco. Enfim, a topológica auxilia na disposição
dos elementos no espaço (lado esquerdo ou direto, central ou periférico, equilibrado ou
tensionado). É o único essencialmente preocupado com a materialização, dado que os demais
processos analisados se atêm no plano de conteúdo, ou seja, na etapa de conceito criativo.
Dessa forma, o método semissimbólico está presente no universo da composição visual.
Em resumo, percebe-se que a maioria dos métodos aqui expostos não atende
especificamente a área de direção de arte, que é o propósito da presente pesquisa. Os mesmos
auxiliam de forma mais incidente nas etapas que envolvem o conceito criativo, e acabam
deixando a manifestação visual um pouco de lado. O único método apresentado que direciona
seu foco à direção de arte é o semissimbolismo, que se preocupa em materializar ideias e
valores, por meio de suas categorizações. Mesmo sendo o único, o método semissimbólico é
pouco difundido em virtude da semiótica discursiva – sua base – não ser uma técnica
recorrente e aplicada constantemente em trabalhos que buscam construir sentido a partir das
49
conceito criativo
falsa, num sentido estritamente empírico‖ (SIMON, 1945, p.54). As decisões, então, possuem
ao mesmo tempo um conteúdo de valor e também de fatos.
Enfatiza-se que a proposta de raciocínio visual, deste trabalho, será permeada pelo
processo decisório e analisa-se que as decisões refletem de forma direta no produto
publicitário, pois
O processo de composição visual é o passo mais crucial na solução dos problemas
visuais. Os resultados das decisões compositivas determinam o objetivo e o
significado da manifestação visual e têm fortes implicações com relação ao que é
recebido pelo espectador. (DONDIS, 1997, p. 29).
existente é contestado por alguns autores, por ser considerado ultrapassado e demasiado rígido.
Burtenshaw (2010) aborda o conceito de briefing criativo, que é um modelo de briefing
construído pela pessoa que realizou o atendimento ao cliente. Com o briefing criativo, o
diretor de arte recebe as informações já polidas, analisadas e transformadas em possíveis
caminhos criativos. Esse mecanismo ―deve ser escrito de modo a estimular a criatividade e
promover ideias originais‖ (BURTENSHAW, 2010, p. 84), não mais possuindo
características rígidas e densas.
A partir do briefing é detectado um problema, que é refletido no objetivo da
campanha e também nas demais etapas posteriores. A partir do problema, determina-se o que
se pretende solucionar, através de quais meios e quais métodos. Em suma, o problema é uma
referência e um guia importante para as demais etapas da campanha.
A análise de público é uma das etapas antecedentes ao início do pensamento visual.
Aqui, determina-se o público que se deseja atingir através de estudos, pesquisas e contato.
Ademais, existem algumas ferramentas que podem ser utilizadas para melhor conhecimento
do público-alvo, como questionários online e offline, entrevistas em profundidade, observação
de hábitos de consumo e também grupos focais. Estas ferramentas possibilitam uma
proximidade maior com as pessoas e um entendimento mais profundo de seus hábitos, valores
e estilo de vida. Com base no público analisado, o trabalho terá continuidade na etapa de
pesquisa.
Na pesquisa, ocorre a busca por possibilidades e caminhos criativos. Assim, o
repertório do público é mapeado, para que possa dar direcionamento e ponto de partida ao
conceito criativo da campanha. O repertório diz respeito a tudo que é do conhecimento e do
entendimento da parcela da população em questão. Para mais, segundo Bigal (1997), os
elementos presentes no repertório do público e apresentados pela análise do mesmo precisam
guiar a produção conceitual e estética. Estes elementos podem estar presentes em diversas
esferas da vida cotidiana, como, por exemplo, na música, no cinema, na ciência, na cultura, no
teatro e etc.
Com a geração e seleção de conceito criativo, surge a busca por maneiras de
transmitir a mensagem de diferentes formas. Aqui, explora-se as possibilidades de repertório
do público, a fim de encontrar os melhores ―temas‖, para que um – o selecionado – guie o
trabalho publicitário de forma conteudista e também visual. É interessante e válido nesta etapa
procurar gerar muitos conceitos e ideias, para que com o processo decisório, seja possível
encontrar a melhor solução dado que quanto mais ideias, maior a chance de conceber uma
52
Por isso, o conceito existe para que não se fale diretamente do produto que se pretende
anunciar, e é nesta etapa que se busca alterativas conceituais para tal. Em resumo, o conceito
criativo é a decisão de uma abordagem selecionada dentro de diversas outras possibilidades
para transmitir a mensagem de forma que o público compreenda.
O desenvolvimento deste raciocínio foi pensado a fim de direcionar o seu foco apenas
para as etapas que sucedem as etapas referenciais e de conteúdo, ou seja, para as etapas do
plano da expressão. Além disso, surgiu do entendimento de uma necessidade de sistematizar o
processo da direção de arte, de modo que não censure a criatividade mas que ao mesmo tempo
forneça estabilidade e segurança. Após estas etapas primárias explanadas (briefing,
problemática, análise de público, pesquisa e geração e seleção de conceito criativo) que
antecedem o pensamento e a concepção focadas na direção de arte, inicia-se a proposição do
raciocínio visual. Aqui seguir-se-á etapas que são classificadas como tom (estilo – níveis de
expressão visual, fotografia e ilustração –, cor, tipografia e diagramação – hierarquia,
proximidade e alinhamento), pesquisa visual, identidade de marca, rough, esboço e layout e
suporte e acabamento (figura 11)
Vale salientar que, as etapas aqui apresentadas não necessariamente compõem uma
ordem determinada e rígida: é possível seguir o percurso da maneira que parecer mais
coerente com cada produto publicitário e cada diretor de arte.
53
6.3.1 Tom
6.3.1.1 Estilo
Segundo Dondis (1997), a mensagem visual pode ser transmitida em três níveis. O
primeiro deles é o nível representacional, o segundo, o nível simbólico e o terceiro o nível
abstrato. Todos esses níveis podem ser pensados para um produto publicitário, salientando
que cada um possui suas características específicas e que funcionam de maneira diferente ao
serem adotados na composição visual. Dessa forma, é preciso retornar a decisão do tom do
anúncio para decidir-se a respeito dos níveis de expressão visual.
O nível representacional trata da realidade, daquilo que se observa no mundo e que se
experiência no mesmo. Quando se opta por uma representação, é importante que o diretor de
arte capte todos os detalhes – inclusive os mais sutis – que caracterizam aquilo que está sendo
representado. Desse modo, apresenta-se a fotografia como o meio mais fiel utilizado para
representar algo, mesmo que uma ilustração possa ser extremamente similar.
Quando se fala em símbolo, entende-se que os mesmos requerem uma simplificação
radical, ou seja, uma redução de detalhes visuais (DONDIS, 1997). Dessa forma, o nível
simbólico diz respeito ao uso de símbolos para compor visualmente uma mensagem. ―Para ser
eficaz, um símbolo não deve apenas ser visto e reconhecido; deve também ser lembrado e
reproduzido‖ (DONDIS, 1997, p. 91), estando presente no inconsciente das pessoas e
propondo uma associação direta àquilo que ele está representando.
O nível abstrato traz as abstrações como componentes da concepção visual, que, em
56
termos visuais, é ―uma simplificação que busca um significado mais intenso e condensado‖
(DONDIS, 1997, 95). Além disso, Dondis (1997) afirma que o abstrato pode transmitir e
ampliar um determinado estado de espírito: é preciso analisar qual estado de espírito se quer
provocar com certa mensagem.
Os níveis podem entrar em interação e sobreposição, desde que haja uma mensagem
propícia para este tipo de expressão visual.
A fotografia, que representou uma revolução significativa, tem a capacidade de
atribuir realidade e legitimidade ao produto publicitário, de modo que ―o público vê a foto
como crível, já que pode representar o produto como é de verdade e no contexto de um
ambiente real‖ (BURTENSHAW, 2010, p. 120). Decorrente disto, entende-se que utilizar a
ilustração para representar algo formal e informativo pode transformar a mensagem numa
fantasia. Entretanto, ―à medida que evolui, a fotografia está se tornando cada vez mais flexível
e tão capaz de expressão e gradação sutil da emoção como qualquer outra forma de criação de
imagem‖ (NEWARK, 2009, p. 92). É notável a influência da tecnologia na evolução da
fotografia e nos usos da mesma, em razão de que a ascensão de softwares de edição de
imagens entrega ao diretor de arte possibilidades de manipulação de imagens, retoques e
combinações. Essas possibilidades acabam diminuindo a fronteira antes existente entre estilos
(BURTENSHAW, 2010), de modo que, se preferível, aconteça o uso de dois ou mais deles,
tornando a composição visual versátil e dinâmica. Como mostra a figura 13, a fotografia tem
como característica a representação daquilo que existe no mundo, e é empregada, neste caso,
para conceder seriedade e legitimidade para o anúncio.
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Por fim, entende-se que outros estilos também podem apresentar-se como a melhor
solução, como, por exemplo, a composição imagética com o uso de – somente ou em conjunto
– tipografia. A criação all type utiliza de palavras e textos para conceber uma imagem, sendo
que estas palavras podem estar dispostas de diferentes maneiras no layout. Além disso, os
estilos podem interagir: deve-se utilizar, combinar e valorizar os estilos condizentes com o
tom definido para propaganda.
59
6.3.1.2 Cor
vocabulário enorme e de grande utilidade para o alfabetismo visual‖, por isso é tão essencial
para a propaganda. A figura 16 apresenta as sensações causadas por algumas cores segundo o
blog ―Viver de Blog‖:
O círculo pode auxiliar o designer a criar uma paleta harmoniosa (selecionando cores
que funcionam juntas) através de alguns métodos. Segundo Gavin (2012), esses métodos
correspondem ao uso de monocromia, cores complementares, cores complementares divididas,
tríade, cores análogas, complementares mútuas, complementar próxima e complementar dupla,
conforme mostra a figura 18.
A escolha de cor monocromática se refere ao esquema formado por uma cor e suas
variações de tonalidades; as cores complementares são as cores que estão em posição oposta
na roda de cores, apresentando juntas um grande contraste; cores complementares divididas
são as duas cores adjacentes à cor complementar da selecionada como principal; cores tríades
representam quaisquer três cores equidistantes na roda cromática; cores análogas são as duas
cores que estão ao lado da cor escolhida no círculo; as complementares mútuas são compostas
de uma tríade de cores equidistantes e a cor complementar central; cor complementar próxima
é aquela adjacente a cor complementar da principal; as cores complementares duplas se
referem às duas cores adjacentes e seus dois complementos localizados no lado oposto do
círculo cromático.
63
Resumindo, nesta etapa define-se a paleta de cores que irá compor o produto
publicitário, e, para tal, é necessário estar ciente das sensações que o anúncio precisa causar e
do tom já decidido anteriormente. Por fim, a simbologia das cores escolhidas precisam
corresponder às necessidades da mensagem e ao que se espera que ela transmita com relação a
emoções e reações.
6.3.1.3 Tipografia
55), e esta etapa, atualmente, é regada de numerosas opções, decorrentes da versatilidade dos
softwares de edição e da fácil proliferação de informações, arquivos e imagens na rede. Com
tantas alternativas, ―é essencial que o diretor de arte tome algumas decisões rápidas sobre o
estilo de tipo relevante para o cliente‖ (BURTENSHAW, 2010, p. 150).
A tipografia pode ser conceituada como a composição visual com o uso de tipos
(escrita) para transmitir uma determinada mensagem. Ela carrega também consigo a
responsabilidade de estar em harmonia com o conceito criativo, com o tom e com a mídia em
que a peça será veiculada, uma vez que o texto também fornece sensações e possui sentido.
Para mais,
a compreensão da importância da tipografia para o sucesso de uma campanha é
crucial para uma direção de arte eficaz; a legibilidade e a adequação do(s) tipo(s)
escolhido(s) pode determinar o sucesso ou fracasso da mensagem. (BURTENSHAW,
2010, p. 150)
Para mais, segundo Williams (1995), para usar os tipos de maneira eficiente, o diretor
de arte precisa estar consciente: quando se utilizar duas fontes distintas, é necessário que
sejam de categorias também distintas para que se obtenha contraste e não conflito, como
mostra a figura 20. O contraste entre tipos também é importante no momento de organização
de informações e hierarquia em uma página, pois o ―tipo costuma ser irresistivelmente
apelativo e, às vezes, absolutamente imperativo para a diagramação de uma página que
contenha mais de uma fonte‖ (WILLIAMS, 1995, p. 75).
6.3.1.4 Diagramação
6.3.1.4.1 Hierarquia
Dentro da etapa de diagramação, existe a hierarquia. Este fator está presente nesta
metodologia de pensamento visual por ser a etapa organizadora de elementos a partir da
necessidade de atenção, prioridade e valoração em cada um deles. A hierarquia é responsável
por criar determinado ritmo de visualização e entendimento do anúncio, bem como direcionar
a atenção do público em uma ordem específica pensada previamente. A relevância desta etapa
é sustentada pois
A proeminência e a quantidade de espaço dados para o texto ou para as imagens
podem fazê-los parecer mais importantes do que outros elementos apresentados em
um tamanho menor. A localização de um elemento na publicação e na página
também sugere uma hierarquia. (GAVIN, 2012, 44).
Diversos aspectos do design podem ser utilizados para conceder hierarquia ao anúncio,
como, por exemplo, contraste de escala, cor, tipografia e ordem no espaço. A figura 21 mostra
a construção da hierarquia a partir do contraste de tamanho de tipografia. É necessário levar
em consideração o fato de que o olho humano ―favorece a zona inferior esquerda de qualquer
campo visual (DONDIS, 1997, p. 39) – que as culturas leem de cima para baixo e a maioria
da esquerda para a direita. Desse modo, analisa-se a necessidade da hierarquia e se escolhe os
aspectos do design que concederão a hierarquização dos elementos a partir das necessidades
da mensagem e do estilo decidido previamente.
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6.3.1.4.2 Proximidade
criando um ritmo de leitura: o nome do projeto encontra-se isolado à esquerda, como uma
assinatura, a explicação está reunida a direita, com contraste na tipografia para atribuir
hierarquia, e, por fim, a marca assinando no canto inferior direito.
6.3.1.4.3 Alinhamento
é, então, a referência visual mais forte e firme do homem, sua base consciente e inconsciente
para fazer avaliações visuais‖ (DONDIS, 1997, p. 32), o que justifica a importância desta
etapa. Pode-se também utilizar o alinhamento para gerar tensão: a falta de equilíbrio, quando
utilizada conscientemente, pode trazer à mensagem o reforço e a ênfase pretendida, não sendo
percebida como negativa.
Após a concepção do layout e assim, a construção do produto final, cabe pensar sobre
o suporte e o acabamento. O suporte corresponde ao tipo de mídia em que o anúncio será
veiculado. É uma questão indispensável, pois ―é crucial aprender a escolher o espaço correto e
o local certo para que a mensagem possa ser vista pelo público-alvo‖ (BURTENSHAW, 2010,
p. 20). Cada uma possui suas características e alcançam determinados objetivos, entretanto,
atualmente é válido investir em formatos diferenciados e mídia alternativa, visto que o
convencional está cada vez mais perdendo espaço. Da mesma forma, hoje as mídias sociais
estão muito presentes como plataforma para a publicidade, gerando muita visibilidade e
possibilidade de interação.
O acabamento diz respeito a ―todos os aspectos que envolvem o modo como o design
final é concretizado no produto final‖ (GAVIN, 2009, p. 145). Esses aspectos incluem o tipo
de papel, a textura, os cortes, a gramatura, as dobras e tudo o que faz parte das características
físicas do anúncio. O layout, por exemplo, pode ser pensado de modo a exaltar um formato
diferenciado, um corte ou uma dobradura, resultando em dinamismo e diferenciação. Aqui,
busca-se conhecimento sobre os tipos de papéis, tipos de acabamento e impressão, para que se
explore as diferentes possibilidades.
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Aqui, percebe-se uma perspetctiva de metodologia visual não como algo de caráter
censurador e rígido, e sim como uma sistematização capaz de organizar, guiar e facilitar um
processo que pode se tornar confuso. Trata-se, aqui, a construção visual como uma série de
decisões, que quando organizadas em etapas se tornam menos intimidadoras e abstratas, e
mais organizadas na mente de quem conceberá o produto publicitário. O método desenvolvido
conta com o incentivo da tomada de decisões nas seguintes etapas: tom (estilo – níveis de
expressão visual, fotografia e ilustração –, cor, tipografia e diagramação – hierarquia,
proximidade e alinhamento), pesquisa visual, identidade de marca, rough, esboço e layout e
suporte e acabamento.
No universo publicitário e nas bibliografias encontradas e trabalhadas sobre o mesmo,
72
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BERTOMEU, João Vicente Cegato. Criação visual e multimídia. São Paulo. Cengage
Learning: 2010.
BIGAL, Solange. O que é criação publicitária (ou o estético na publicidade). São Paulo:
Editora Nobel, 1999.
DONDIS, Donis A. Sintaxe da linguagem visual. São Paulo: Martins Fontes, 1997.
HOLLIS, Richard. Design gráfico: uma história concisa. São Paulo: Martins Fontes, 2001.
HULBURT, Allen. Layout: O design da página impressa. São Paulo: Nobel, 2003.
LUPTON, Ellen. Intuição, ação e criação: grapich design thinking. São Paulo: Editora G.
Gill, 2013.
STUMPF, Ida Regina C. Pesquisa bibliográfica. In: DUARTE, Jorge; BARROS, Antonio
(org.). Métodos e técnicas de pesquisa em Comunicação. São Paulo: Atlas, 2005.
VIEIRA, Stalimir. Raciocínio criativo na publicidade: uma proposta. São Paulo: Edições
Loyola, 1999.
WILLIAMS, Robin. Design para quem não é designer: noções básicas de planejamento
visual. São Paulo: Callis, 1995.