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A Balaiada

05 Dezembro 2016 | Por Jeanne Abi-Ramia

Consta-nos que há poucos dias uma partida de proletários (ao muito 15


homens) atacaram o quartel da Vila de Manga, do qual se apossaram. 

23 de dezembro de 1838 – Crônica Maranhense


João Francisco Lisboa

Considerações

João Francisco Lisboa, nascido no


Maranhão em 1812, segundo o
historiador Nélson Werneck Sodré “foi
exemplo do jornalista e escritor, vindo da
fase da imprensa política para a fase em
que as duas atividades se confundiram,
sendo em ambas personagem
destacada”. Crítico dos costumes
políticos, durante o governo de Pedro de
Araújo Lima (1837-1840) combateu a
política centralizadora que era adotada
naquela época. Responsável pela
Crônica Maranhense fez da publicação
um dos jornais mais bem redigidos do
país, de acordo com a opinião de
inúmeros estudiosos. No intenso debate
político que acontecia na imprensa,
Chronica Maranhense, de 26/12/1838 (BN Digital)
Lisboa desempenhou expressivo papel
fazendo do periódico onde atuava “a
principal tribuna de onde se dirigiam ataques e críticas ao governo”.
Consequentemente, seu editor era frequentemente “acusado de fomentar o
clima revolucionário na província”, considera a historiadora Maria de Lourdes
Monaco Janotti.

Na época, muitos temiam que as ideias veiculadas na Crônica Maranhense,


permeadas de opiniões, motivassem os seus leitores a concordarem com
elas. Tal possibilidade era motivo de extrema preocupação especialmente para
os governantes que, contestados, divergiam das posições apregoadas pela
publicação.

Nas páginas desse jornal, no dia 23 de dezembro de 1838, surgiria a notícia


sobre a revolta conhecida como Balaiada. O texto publicado abordava o
episódio acontecido no dia 13 no povoado maranhense de Vila da Manga,
situado às margens do Rio Iguará (hoje município de Nina Rodrigues, no
Maranhão). A nota informava que naquela localidade a cadeia pública local
fora invadida pelo vaqueiro Raimundo Gomes.

Por não ser um único movimento, se estenderia pelas províncias vizinhas do


Piauí e do Ceará, até 1841. Contudo, de acordo com a historiografia oficial
brasileira, os fatos ocorridos no Maranhão seriam considerados mais
relevantes do que os episódios verificados nas duas outras províncias, vistos
como prolongamento das ocorrências no teatro maranhense.

O conflito recebeu, mais tarde, o nome de Balaiada (ou, como registra o


historiador Caio Prado Júnior, “balaiada de dos Anjos”), pois um dos seus
principais líderes, Manuel Francisco dos Anjos Ferreira, tinha o apelido de
Balaio, por ter como ofício confeccionar e vender um tipo de cesto feito de
palha. Por onde se alastrou, mobilizou milhares de participantes contra os
governos provinciais, controlou expressivas áreas territoriais e exigiu uma
intervenção violenta por parte das forças militares para ser subjugada.

Procurando entender as especificidades da Balaiada, observa-se que as


autoridades constituídas utilizavam, como em outras situações similares, uma
variedade de termos quando se referiam a ela em registros oficiais: rebelião,
revolta, sedição, insurreição, revolução e sublevação. Independentemente do
nome, as “manifestações podem ser enquadradas no conceito de movimento
social (...) onde se confrontam grupos populares e seus reconhecidos
opressores”, ressalta a historiadora Claudete Maria Miranda Dias.

No olhar de Caio Prado Júnior, na origem da Balaiada encontraremos "as


mesmas causas que indicamos para as demais insurreições da época: a luta
das classes médias, especialmente urbanas, contra a política aristocrática e
oligárquica das classes abastadas, grandes proprietários rurais, senhores de
engenho e fazendeiros, que se implantara no país”.

As ações efetivadas pela massa sertaneja na Balaiada representaram graves


ameaças para as autoridades governamentais. Entre elas, as trincheiras
construídas nas matas, a mobilidade dos participantes, o bloqueio nos
caminhos, as surpresas nos ataques, o tempo de duração; aspectos que
traçam o perfil do movimento “um dos mais sérios e notáveis que o Brasil
conheceu”, observa Nélson Werneck Sodré.

Os “perversos sertanejos” e as “forças da legalidade”

Na Balaiada, como em outros conflitos, a documentação consultada pela


historiografia tradicional (em vigor no Brasil por longo tempo) é originária de
fontes oficiais. Tais relatos elaborados pelos dirigentes constituídos
descrevem seus participantes como uma “ameaça à paz e à tranquilidade da
província maranhense”. Traduzidos como “bandidos, assassinos, facínoras,
rebeldes que infestavam a região”, podiam ser identificados também como
“ralé”, “arraia miúda” ou “plebe ignara”.

Registros da época, muitas vezes elaborados pelos comandantes da


repressão, referem-se à massa sertaneja maranhense como “um grupo
sanguinário” que, independentemente do gênero ou da idade, praticava
incontáveis assassinatos, colocando em perigo a “ordem estabelecida”. Sob
tal ótica, diante da violência dos “perversos sertanejos”, as “forças da
legalidade” eram enaltecidas e incumbidas de pacificar as regiões
conflagradas pelos revoltosos.

Assim, estudos antigos de movimentos populares, como o dos balaios se


restringiram em reproduzir a fala daqueles que comandaram a repressão, cujo
teor resumiu-se ao relato cronológico dos fatos de acordo com o desenrolar
da rebelião. Dessa maneira, não ampliaram perguntas, não aprofundaram
interrogações e nem se detiveram na interpretação da multiplicidade de
questões pertinentes aos conflitos.

Nessa linha de pesquisa a miséria e a opressão vivenciadas pelas camadas


sociais mais humildes não são consideradas para entender o porquê da
“balaiada de dos Anjos”. A história que emerge de tais análises reproduz,
praticamente, o discurso das autoridades; fala desvinculada das vontades e
das lutas dos setores populares, formados por camponeses, vaqueiros,
sertanejos e escravos, que lutavam contra as injustiças sociais reinantes.

Inegavelmente os documentos originais, da forma como foram produzidos por


seus autores, possuem importância fundamental para que a História seja
escrita: cartas, diários, jornais, mapas, inquéritos policiais, testamentos, entre
outros registros, expressam os traços da vida e do viver dos homens. Por
inexistir (ou por não terem sido encontradas) fontes primárias elaboradas
pelas populações desvalidas, é preciso analisar os registros oficiais,
buscando, além de valorizar as informações existentes, ampliar o olhar
averiguando o momento histórico e sociocultural reinante.

Observa a historiadora Claudete Maria Miranda Dias que fatos do passado não
chegam “puros” até o presente; os “documentos não são donos da verdade”,
sendo quase infinita a diversidade dos testemunhos históricos, pois tudo o
“que o homem diz ou escreve, tudo o que fabrica, tudo o que toca pode e deve
informar sobre ele”. Porém, conforme alerta o historiador Marc Bloch, é
preciso refletir atribuindo especial atenção ao que os registros “nos dão a
entender”.

O desafio consiste em examinar e interrogar os testemunhos oficiais,


apurando os motivos e as razões que conduziram as camadas populares a se
envolverem em ações como a Balaiada. Pessoas e atos que, reinterpretados,
traduzem, no olhar do historiador Peter Gay “um conjunto de possibilidades
realizado no âmbito do espaço e no fluxo do tempo, e que cada ator e atriz do
drama humano, seja protagonista, ou simples figurante, é chamado a
desempenhar papéis determinados através do nevoeiro do caráter, das
fortunas econômicas e das identificações regionais ou sociais”.

Reinterpretando pessoas e atos

Desde a segunda
metade do século
XX, estudos e
abordagens, em
detalhes e nuances,
aprofundaram as
investigações,
reinterpretando o
papel dos
protagonistas
balaios que, Escravos de São Luís do Maranhão, de Joaquim Cândido Guillobel (Colecção do
anteriormente usos e costumes dos habitantes da cidade de S. Luiz do Maranhão/BN Digital)

descaracterizados,
eram estreitamente analisados pelas lentes das camadas dominantes como
“bandidos” ou “assassinos”.

Outras abordagens, elaboradas a partir da tradição oral (método que consiste


em recolher depoimentos de testemunhas sobre acontecimentos ou modo de
vida, como fontes para a compreensão de fatos do passado), avançaram
buscando encontrar novas respostas. O historiador Matthias Röhrig Assunção,
tratando a questão, considera que “a memória oral nos aproxima da
experiência de vida, e da visão do mundo (...) como eles e elas transmitiram a
seus filhos, netos e tataranetos, e também, a algumas outras pessoas”. Por
sua vez, considera a historiadora Claudete Maria Miranda Dias que utilizar a
oralidade “é uma prova de que é possível resgatar a memória longínqua (...),
levando-se em conta, é claro, os equívocos, lacunas e interpretações, risco que
existe também na documentação escrita”.

Assim, por meio das narrativas de casos significativos acontecidos no teatro


maranhense, emerge uma versão bem diversa daquela que considerava os
balaios como “bandidos”. Eram pessoas do povo, homens livres e pobres,
como vaqueiros, artesãos, lavradores, negros, mestiços e escravos que
enfrentaram a ordem dominante, representada por setores como o dos
grandes proprietários agrários regionais. A ação que efetivaram foi uma
resposta à violência da sociedade escravagista.

Outras pesquisas aprofundaram situações expressivas, como a complexa


situação econômica vivenciada pelo Maranhão no tempo em que os fatos
aconteceram. Um ponto significativo, também, aborda a participação dos
cativos na Balaiada que ganhou destaque como mais uma forma de luta e de
resistência contra a escravidão. Todavia, estudos indicam que movimentos
conduzidos por escravos precedem à época da Balaiada. Portanto, nesse
momento, não se aproveitaram de nenhuma inquietação ou de tumulto para se
organizarem em quilombos ou para promoverem, conforme nomeado pelas
autoridades, “insurreições”.

A aproximação da população livre e pobre com os escravizados foi propiciada


pela crise na lavoura algodoeira maranhense e pelas precárias condições de
vida desses grupos. No decorrer do conflito, tal ligação cresceu, preocupando
extremamente as autoridades governamentais que, temendo o fortalecimento
do movimento balaio e observando seu desdobramento em dois – insurreição
de escravos e revolta sertaneja – empreenderam uma violenta repressão,
enviando tropas militares bem armadas comandadas por Luís Alves de Lima e
Silva.

Somando as linhas de pesquisa, desponta um panorama renovado sobre o


papel que na Balaiada desempenharam seus protagonistas. Pessoas comuns
que, ao se armarem pretendendo enfrentar as autoridades constituídas,
almejavam escapar das arbitrariedades que sofriam diuturnamente. Indivíduos
representados, predominantemente, por vaqueiros, índios, caboclos e escravos
fugidos. Personagens propositadamente esquecidos ou pelo vencedor Estado
Imperial ou pelas versões que ocultam as lutas e os enfrentamentos onde,
verdadeiramente, concorreram populações livres, pobres e mestiças, além das
escravizadas.

Disputas palmo a palmo: uma fase conturbada

Desde a época da América portuguesa, os diferentes segmentos sociais que


compunham as classes dominantes disputavam, palmo a palmo, o poder
político. Isso incluía o controle das vilas, das capitanias e os favores reais.
Avançando no tempo, no perpassar dos ponteiros do relógio, depois da euforia
inicial provocada pelo Sete de Setembro, sérios conflitos de interesses e de
vontades estariam presentes no Primeiro Reinado. Após o Sete de Abril,
quando D. Pedro I abdicou em favor do seu filho menor de idade Pedro de
Alcântara, as tensões permaneceram vivas e latentes ameaçando a unidade
do país. Para o historiador Nélson Werneck Sodré, o Império do Brasil vivia
uma fase conturbada refletindo a “extrema fragilidade da sua estrutura”.

A saída de cena do Primeiro Imperador, que vira a sua popularidade encolher


em meio aos problemas econômicos e financeiros além da forte oposição na
imprensa e na Câmara dos Deputados, aumentou a pressão política. Contudo,
para o historiador José Murilo de Carvalho, no momento da Abdicação “o
Brasil não chorava. Tomava, entusiasmado, posse de si mesmo”. Tal ideia
ganha sentido quando outros estudiosos registram que de 1831 até 1840,
enquanto duraram as Regências, o país viveu uma “experiência republicana”,
pois, de algum modo, desaparecera, mesmo que momentaneamente, a
tradicional soberania concentrada na pessoa de um monarca.

Não era um período simples. A aguda crise política em oposição ao primeiro


imperador, as disputas pelo governo regencial, a partir “da vagatura do Trono e
da falta de unidade (...) da elite política imperial, ensejaram a formação de
facções distintas”, aponta o historiador Marcello Basile. Possivelmente, muitos
se perguntavam se o Brasil, na ausência de um sucessor dinástico em
condições de assumir o trono imperial, conseguiria manter a sua unidade
política.

A divulgação dos fatos interligados à Abdicação ocorridos na Corte do Rio de


Janeiro, espalhou-se lentamente pelo país. Registra o historiador José Murilo
de Carvalho que a “sensação de liberdade levou também à emergência de
conflitos”. Durante o tempo em que vigorou o período regencial, inúmeros
levantes aconteceriam “nas cidades principais, sobretudo as marítimas,
cobrindo quase todas as províncias”.

Enquanto os regentes governaram o país, somaram-se as reivindicações


populares traduzidas em conflitos espalhados pelo Império. Homens livres
brancos pobres, mulatos, mestiços, pardos e negros forros, foram às ruas em
busca do direito de participação na vida política e de melhores condições de
vida. Se por um lado contaram quase sempre com a participação popular, por
outro foram repetida e rigorosamente esmagados pelas forças governistas. O
Período Regencial, contudo, não deve ser analisado como propício para
insubordinações já que “nem o trono é garantia de paz, nem as regências são
necessariamente atribuladas”, ressalta a historiadora Maria de Lourdes
Monaco Janotti.

Adiante, no desenrolar do processo político, o país se realinharia. Inicialmente,


a partir da ofensiva dos setores liberais. Posteriormente, com os
conservadores no poder: predomínio obtido por meio do “golpe da
maioridade”. Nos dois atos, o Estado Imperial foi essencialmente um
instrumento da classe senhorial, representada pelos proprietários de escravos
e de terras, componentes da chamada boa sociedade imperial.

A província do Maranhão

Apesar das dificuldades estatísticas que


informem o total de habitantes que havia
no Brasil, já que um recenseamento geral
aconteceria apenas em 1872, dados
fornecidos pelo historiador Caio Prado
Junior arrolam que o Maranhão contava,
pelos anos em que a Balaiada aconteceu,
com uma “população total de pouco
mais de 200 mil habitantes, sendo que,
desses, 90 mil escravos, além da enorme
massa – como aliás todo o sertão
nordestino – composta por
trabalhadores rurais empregados na
pecuária” e nas atividades agrícolas. O
número de escravizados representava
alta proporção para a época.

No século XIX, a atividade ligada à


Mapa do Maranhão/1838 (BN Digital)

lavoura, como o plantio do algodão,


representava na economia do Nordeste um papel importante fortemente
presente “no Sertão e no Agreste e com significativa presença no Maranhão”,
aponta o historiador João Antonio de Paula. Nas três primeiras décadas, a
economia maranhense poderia ser chamada de algodoeira, voltada
predominantemente para o mercado internacional. Diante desse perfil, as
situações oriundas de fatores externos, como a concorrência promovida por
outras áreas agrícolas (por exemplo, a norte-americana), as flutuações de
preços e as oscilações da demanda internacional atingiriam seriamente a
economia daquela província.

Mais recentemente, a certeza de que a economia brasileira daquele século se


restringia apenas e tão somente à monocultura exportadora vem sendo
contestada por investigações que realçam a produção e o comércio internos.
No caso da Balaiada, análises consideram que as questões enfrentadas pela
agricultura não seriam as razões exclusivas que conduziriam ao movimento.
Mesmo sem dados estatísticos precisos, quanto ao volume da produção entre
1835 até 1840, documentos que registraram as exportações ou os valores
sobre o imposto cobrado pela comercialização do algodão informam que
antes do conflito ser deflagrado não ocorrera uma queda importante na
produção.

Inúmeras e distintas adversidades aconteciam nos setores de subsistência


assim como no mercado interno de alimentos. Situações que, em épocas e
circunstâncias diversas, atingiriam as regiões brasileiras motivando crises e
revoltas. Todavia, mesmo levando em conta esses fatores não é possível
descartar a importância política que o setor exportador representava. Muito
menos a inegável e expressiva receita gerada pelos impostos fixados pelo
governo central. A estrutura administrativa do Império dependia especialmente
da arrecadação obtida pelas exportações, como a da agricultura algodoeira.

Por outro lado, permanecia inalterada a utilização em larga escala da mão de


obra escrava que impulsionava a produção nos latifúndios. A escravidão,
mesmo que sem uniformidade e de modo desigual, derramava-se pelas
províncias imperiais quer no espaço urbano quer no rural. Havia, também, uma
população “civilmente livre, mas economicamente e politicamente
dependente”, ensina o historiador José Murilo de Carvalho.

Lado a lado?

A Balaiada que eclodiu na província do Maranhão, entre os anos de 1838 e


1841, foi uma revolta de conotação popular que durante um tempo colocou
lado a lado grupos sociais diversos, com vontades específicas e singulares.
Entre eles, estavam indivíduos que compunham as camadas sociais mais
humildes, como sertanejos pobres (representados por vaqueiros, pequenos
artesãos, comerciantes e lavradores), índios e escravos fugidos. 

Mesmo sendo formada, em sua maioria, por indivíduos provenientes de


grupos diferenciados, aconteceria, como em outras mobilizações de classes,
sinaliza a historiadora Sandra Regina Rodrigues dos Santos, uma “apropriação
ideológica do movimento” por parte das forças políticas liberais que,
interessadas em defender os seus interesses, utilizariam “a força da Balaiada”.
Contudo, quando o movimento assume um caminho radical “estes mesmos
liberais apresentam-se como não tendo nenhuma afinidade com os balaios e
colaboram com a repressão”.

A Balaiada, mesmo reunindo aspirações heterogêneas, contraditórias e


diversificadas, apresenta matizes que definem a “sua natureza sertaneja”,
pondera a historiadora Maria de Lourdes Monaco Janotti. Seus aspectos
sociais (e recorrentes) interligam-se à pobreza e à opressão que a população
maranhense, marginalizada, experimentava.

As disputas: “Bem-Te-Vis e Cabanos”

No Maranhão, como
no Grão-Pará, o
processo de
reconhecimento da
independência
política não
acontecera de forma
pacífica. Apesar do
Sete de Setembro, a
realidade das
camadas sociais O bentevi Cabeçalho (BN Digital)

mais humildes não


se modificara. Prosseguiam excluídas e afastadas do poder político e
econômico. Durante o período regencial, a província maranhense foi marcada
por disputas entre duas correntes políticas que, conforme prática frequente
naquela época, se revezavam no poder. Existiam os “bem-te-vis” – liberais que
se opunham aos governistas – e os conservadores – pejorativamente
chamados de “cabanos”, termo que se referia, de acordo com a historiadora
Magda Ricci, aos “homens que viviam em casas simples, cobertas de palha”.

As tentativas dos grupos para permanecerem no poder, impondo suas ideias


com intensidade e virulência, levou o Maranhão a se transformar em um palco
onde aconteciam disputas políticas e eleitorais – essas repetidamente
fraudulentas. Tais enfrentamentos, em busca do mando e do prestígio,
repercutiam nas publicações que circulavam na província, saturadas de
acusações, parte a parte, de corrupção e/ou abuso de autoridade.

A alternância no poder por lá em nada divergia do que ocorria nas demais


províncias imperiais. Tal rotatividade geralmente era seguida, ou até mesmo
precedida, por choques entre os “bem-te-vis” e os “cabanos”. As constantes e
rotineiras disputas políticas, sempre em busca do poder, do mando e do
prestígio, aconteciam com intensidade e virulência na imprensa local.

O grupo “bem-te-vi” teve seu nome inspirado no jornal O Bemtevi (grafia


original), fundado por Estevão Rafael de Carvalho e que circulava toda a
semana, embora sem dia certo, sempre anunciado com foguetório. Seus
principais representantes eram elementos da população urbana que se
opunham às práticas, entendidas como “abusivas”, tomadas pelos
proprietários de terras e pelos comerciantes portugueses.

A venda do jornal acontecia pelas ruas de São Luiz; uma novidade para a
época, já que as publicações eram adquiridas diretamente nas redações ou
recebidas em casa.

Consta que o jornal era comercializado por um personagem conhecido na


cidade com o nome de Basílio, que possuía alguma deficiência visual. Saía,
então, anunciando e recitando os seguintes versos: “Compra, compra minha
gente /O Bem-te-vi/Gazetinha tão bonita /como meus olhos nunca viram! /
Compra, compra minha gente / P’rá glória do Maranhão! / Tem versos
apimentados... /Coroatá, sendy, mamão! /Dous vinténs apenas custa /Tão irá
p’ra mão”!

O jornal O Bemtevi não teve longa duração. Encerrou sua circulação, segundo o
historiador Nélson Werneck Sodré, após 31 números, em 6 de outubro de
1838, o que gerou críticas dos adversários: “O Bemtevi cessou seu canto às
vésperas das eleições. Ao explodir a revolta, não se ouve uma palavra, de
apoio ou de condenação de Estevão Rafael de Carvalho, refugiado em Viana,
sua cidade Natal”.

Os enfrentamentos entre “bem-te-vis” e “cabanos” agravaram-se após a


votação da chamada Lei dos Prefeitos, que aconteceu durante o governo
regencial do político “regressista” Pedro de Araújo Lima, de 1838 a1840. A lei
concedia autonomia local aos presidentes das províncias, pois ganhavam o
privilégio de nomear os prefeitos municipais com poderes que incluíam o de
autoridade policial. Como naquele momento o grupo dos “cabanos” estava no
poder, resultou uma aberta perseguição aos “bem-te-vis”.

É importante ressaltar que, entre os anos finais do período regencial e o início


do governo pessoal de D. Pedro II, aconteceu o chamado “Regresso
Conservador” que mesmo encontrando obstáculos e resistências abriria
caminho para o restabelecimento de leis centralizadoras, efetivadas por
medidas como a Lei de Interpretação do Ato Adicional (1840), a Reforma do
Código do Processo Criminal (1841) e a Lei de Restabelecimento do Conselho
de Estado. Para os historiadores Edilaine C. Mendonça e Lupercio Antonio
Pereira, embora “entre os próprios contemporâneos da política imperial, as
interpretações sobre esse processo sejam divergentes e contraditórias, o
programa dos conservadores responsáveis pela obra do ‘regresso’ consistia
em reforçar a autoridade monárquica”. A liderança regressista acreditava que,
restabelecendo a centralização político-administrativa afastaria os riscos da
“anarquia”, que entendia reinar no período regencial, e as ameaças à unidade
territorial.

Estudiosos mencionam outros aspectos que pertencem ao contexto histórico


maranhense quando o movimento eclode. A província, especialmente nas
regiões interioranas, vivenciava tempos agitados. Situações como prisões
indiscriminadas, trabalhos forçados e recrutamentos indistintos para compor
as forças militares se disseminavam. A insatisfação social avultava entre as
camadas populares, incluindo os escravizados. Conforme aponta o historiador
Arthur César Ferreira Reis, “milhares de negros que fugiam de maus-tratos dos
senhores aquilombavam-se nas matas, de onde saíam para surtidas rápidas e
violentas sobre propriedades agrárias”.

Justamente as dificuldades de sobrevivência das camadas populares, as vidas


miseráveis impostas aos escravos, além das cisões no interior dos setores
dominantes, criaram pontos de toque entre esses indivíduos. No decorrer da
Balaiada, a aproximação ganha espaço – situação vista como grave e
preocupante para as autoridades constituídas. Adiante, tal cenário seria
estrategicamente reprimido e desarticulado pelas forças comandadas por Luís
Alves de Lima e Silva.

“O Balaio chegô”

Negros com cestos, de François René Moreau (BN Digital)

Tradicionalmente, de acordo com documentos e grande parte da historiografia


que trata da Balaiada, o movimento começou no Maranhão, em 1838,
prosseguindo até meados de 1841 pelo Piauí e Ceará. No dia 13 de dezembro,
o vaqueiro Raimundo Gomes, o Cara Preta, conduzindo uma boiada
pertencente à fazenda do Padre Inácio Mendes (“bem-te-vi”) alcançou a Vila
da Manga de Iguará, situada na região oriental daquela província. Quando
chegou à localidade, José Egito, cabano que administrava a vila, determinou o
recrutamento de membros da comitiva de Raimundo Gomes. Também
ordenou a prisão do irmão do vaqueiro, acusado de assassinato. Naquela
época, o recrutamento, efetivado pelas autoridades constituídas, era
obrigatório e extremamente impopular. Recaía sobre a população
desfavorecida de recursos que a qualquer momento era obrigada a servir às
forças oficiais. Quando isso acontecia, os homens livres e pobres, afastados
da possibilidade de obter recursos para sobreviverem, experimentavam
enormes sacrifícios. As dificuldades se multiplicavam, germinado tensões e
resistências pelas províncias imperiais.

Raimundo, inconformado com as ordens, invadiu a cadeia pública local


libertando seu irmão e outros aprisionados. Historiadores consideram que
ações como essa eram frequentes no interior maranhense. Também eram
habituais, como forma de reação, os assassinatos e as fugas dos recrutados
para a Guarda Nacional. Nesse contexto, os guardas não reagiram ao ataque:
aderiram. O movimento ampliou-se e os enfrentamentos espalharam-se por
toda a província.

Os revoltosos conhecedores do sertão – área composta por chapadas


despovoadas, faixas territoriais incultas e distantes dos centros urbanos
litorâneos – ocuparam um expressivo espaço dessa região. Para os balaios,
tal familiaridade representou uma vantagem, pois estrategicamente atacavam
de surpresa, com habilidade, agilidade e mobilidade.

O movimento, simultâneo no Piauí, ampliou-se. Os enfrentamentos


generalizaram-se. Historiadores registram que em pouco tempo ganhou
autonomia, tornando-se um movimento das massas sertanejas. Por onde
passava, Raimundo Gomes ganhava seguidores, incluindo escravos foragidos,
que organizavam quilombos como o de Lagoa Amarela liderado pelo negro
Cosme. Conhecido como “Imperador, Tutor e Defensor das Liberdades Bem-te-
Cosme
vis”, Cosme chegou a comandar aproximadamente três mil escravos fugidos a
quem, segundo o historiador Caio Prado Júnior, “vendia a seus companheiros
títulos e honrarias”.

Ao grupo, juntou-se Manuel Francisco dos Anjos Ferreira que, devido a seu
ofício, acabaria emprestando seu nome ao movimento. Não há concordância
quanto às razões que teriam conduzido o “Manuel Balaio” a participar do
conflito. Alguns falam em vingança contra um soldado que atentara contra a
sua filha; outros revelam que o motivo foi evitar o recrutamento forçado de
seus filhos.

Os balaios se movimentavam atacando fazendas e libertando escravos.


Enfrentamentos se espalham alcançando as províncias vizinhas do Piauí e do
Ceará. Batalhas renhidas são travadas, com os rebelados conseguindo
algumas vitórias. Em 1839, tomaram a Vila de Caxias, a segunda cidade do
Maranhão em importância, organizando um Conselho Militar, resultado de uma
assembleia entre seus líderes que admitiu elementos “bem-te-vis” da cidade.
Pelas ruas ouvia-se: “O Balaio chegou!/ O Balaio chegou./ Cadê branco!/ Não
há mais sinhô!”

Esse conselho tomou medidas militares e providências de emergência como


enviar uma delegação à capital São Luís, com a finalidade de entregar ao
presidente da província uma proposta para que liberasse, sem resistência, a
sede do governo maranhense. Essa medida, aparentemente, indicava as
aspirações dos “bem-te-vis”. Havia também outras instruções, como anistia
para os revoltosos, revogação da Lei dos Prefeitos, pagamento das forças
rebeldes, expulsão dos portugueses natos, diminuição de direitos dos
naturalizados e instauração de processo regular para os presos detidos nas
cadeias públicas.

O governo do Maranhão, não aceitando as condições dos revoltosos, solicitou


auxílio ao Rio de Janeiro. Em 1840, o Coronel Luís Alves de Lima e Silva, futuro
Barão de Caxias, foi nomeado como o novo presidente da província,
acumulando o comando das armas. De acordo com a historiadora Maria
Januária Vilela Santos, o movimento “radicalizou-se aprofundando as
diferenças sociais entre seus próprios componentes”. Sem unidade, com
muitas divergências entre os seus líderes, sofreu ainda o afastamento dos
“bem-te-vis”, que após tentarem tirar vantagens do movimento, dele se
afastaram, aderindo à reação, preocupados com a radicalização das camadas
mais pobres da população que assumiram a liderança da revolta.

Caxias entrou no conflito à frente de aproximadamente oito mil homens,


contando com o apoio dos grupos liberais e conservadores. Inicia-se uma
violenta repressão.

Documentos oficiais registram a proclamação, contendo o olhar das forças


oficiais, feita pelo Comandante ao assumir as suas funções, em 7 de fevereiro
de 1840: “Maranhenses, venho partilhar de vossas fadigas e concorrer quanto
em mim couber para a inteira e completa pacificação desta bela parte do
Império. Um punhado de facciosos, ávidos de pilhagem, conseguiu encher de
consternação, de luto e de sangue vossas cidades e vilas! (...) Contudo, graças
à Providência, as vitórias até hoje por eles alcançadas, começam a diminuir
diante de vossas armas. Mais um esforço e a desejada paz virá curar os males
da guerra civil (...) Maranhenses, mais militar do que político, quero até ignorar
os nomes dos partidos que por desgraça entre vós existam. Deveis conhecer a
necessidade e as vantagens da riqueza e da prosperidade dos povos. E
confiando na Divina Providência que por tantas vezes nos tem salvado, espero
encontrar em vós, maranhenses, tudo o que for necessário para o triunfo de
nossa causa”.

Repressão, rivalidade, traição, prisão e tortura

Aproveitando-se habilmente das


rivalidades entre os líderes balaios,
Caxias enfrentou os rebeldes
espalhados pelo imenso espaço
sertanejo. Calcular com precisão a
quantidade de envolvidos não é
simples e carece de precisão,
devido à mobilidade daqueles que
participavam do conflito. De
acordo com números recolhidos
em documentos oficiais, seriam
em torno de 11 mil no Maranhão e
entre 6 e 8 mil no Piauí. Tal
aproximação apenas é possível
tomando como referência os
dados assinalados pela repressão
Duque de Caxias 1841 (Editora Três, 2003)
– mais de seis mil mortos e
centenas de prisioneiros.

A repressão atuou violentamente contando com recursos enviados pelo


governo imperial. Os redutos foram invadidos e combates aconteceram corpo
a corpo, de acordo com o entendimento de inúmeros historiadores, “típicos de
uma guerra civil”. As forças militares, em correspondências oficiais,
descreveram a apreensão de planos de ataque, panfletos e proclamações,
embora nada disso tenha sido encontrado. Os momentos derradeiros da
Balaiada foram marcados pelas rivalidades entre os líderes balaios, por
traições, deserções, prisões, torturas e assassinatos atestados nos registros
produzidos pelas forças oficiais.

No ano seguinte, 1841, um decreto imperial concedeu anistia aos revoltosos


sobreviventes. Consta que o comandante Lima e Silva considerou o Maranhão
pacificado apenas quando Cosme foi aprisionado. Posteriormente (setembro
de 1842), ele seria enforcado em praça pública, como exemplo de punição, na
Vila de Itapicuru Mirim. Ao entregar o governo do Maranhão a seu substituto,
em 13 de maio de 1841, Caxias diria: "Não existe hoje um só grupo de rebeldes
armados, todos os chefes foram mortos, presos ou enviados para fora da
Província”...

A repressão à Balaiada marcou o início da chamada "política da pacificação",


pela qual Caxias sufocou as agitações que ocorreram durante o Império.
Porém, vale observar que o processo de consolidação do poder é bastante
complexo e que não pode ser garantido apenas pelo cargo ou pela força
desmedida. No dizer da historiadora Gabriela da Silva Ramos Fernandes, “uma
sociedade não se mantém, apenas pela imposição, assim como um poder não
se estrutura apenas pela violência”. É preciso ir além, modificando os
comportamentos coletivos como um todo.

Que a sociedade enxergue com outras lentes, condutas e procedimentos, para


que surjam caminhos e estratégias capazes de convencer e de mobilizar as
populações para a necessidade das mudanças e da introdução de novos
valores.

Conclusões

O silêncio rompido

O historiador Marc Bloch alerta que, ao se consultar uma documentação


objeto de pesquisa, se dê atenção especial ao que o texto “nos dá a entender
sem ter a intenção de dizê-lo”. Porém essa não é uma tarefa simples, diante da
necessidade de desvincular os fatos das versões e dos testemunhos oficiais
contidos nos relatórios, decretos, inquéritos policiais ou judiciais. Para
reconstituir, por exemplo, o mundo em que viveram os “balaios”, (incontáveis
vezes iletrados), a pesquisa se estende, já que a memória do universo social
das camadas populares é pouco documentada, aparecendo, e quando
aparece, esmaecida em termos de documentação.

A tarefa proposta como uma forma sutil de romper o silêncio, que paira sobre
movimentos como o da Balaiada e seus participantes, é a de consultar fontes
como sentenças, confissões, lendas e cancioneiros, buscando pistas,
desvinculando-as da visão oficial. E conduzir o olhar na direção do que
“pretendeu ser dito”. De acordo com as palavras da historiadora Claudete
Maria Miranda Dias, no teatro maranhense, aconteceria uma ação “deliberada
das elites para abafar um dos mais importantes movimentos sociais daquele
século”, prática que pode ser percebida nas localidades que foram palco dos
enfrentamentos onde “não há qualquer referência a um passado que poderia
orgulhar seus moradores”.

Porém a pesquisa apoiada na memória oral, recolhida no Maranhão, abre


possibilidades de resgatar o passado como uma janela que oferece “uma
perspectiva privilegiada sobre a realidade concreta da escravidão nessa
província”, considera o historiador Matthias Röhrig Assunção. Se, a princípio,
constituem histórias do passado, compartilhadas por um número reduzido de
descendentes, revisitá-las por meio da oralidade, é trazê-las para a cena
principal. Conduzi-las com as suas sutilezas e ambiguidades detalhando o
múltiplo cotidiano significa permitir a reconstrução da história dos balaios e
da Balaiada.

E a função do historiador, segundo Edward Hallett Carr, “não é amar ou


emancipar-se do passado, mas entendê-lo como chave para a compreensão
do presente”.

Reflexões

“A crença no futuro”?

Consultando documentos que registram falas de ministros e artigos


publicados na imprensa no alvorecer da segunda metade do século XIX,
observa-se qual era o sentimento predominante daquela época: “a crença no
futuro do país, na sua transformação, baseada no desenvolvimento material
que superava a ordem arcaica e estagnante”, segundo palavras de Francisco
Iglésias. O historiador refere-se às mudanças, às melhorias materiais
conseguidas por meio da utilização de recursos financeiros que fizeram surgir
ferrovias, fundição de ferro e de bronze, serralherias, estaleiros, companhias
de bonde e de iluminação, instituição bancária e o telégrafo submarino que
colocou o Brasil em contato com países europeus. Em tempos em que
sopravam ventos favoráveis ligados à economia, tudo parecia indicar que uma
realidade próspera se configurava a partir da década de 50,“símbolo do anseio
renovador (...) ponto de referência na história da construção de um Brasil mais
rico e afirmativo”.

Na prática, a face de um tempo renovado, apresentada por meio dos múltiplos


discursos, não seria compartilhada pela população como um todo. Excluídas
dessas transformações, estavam pessoas comuns – homens e mulheres –
que participaram como protagonistas dos numerosos movimentos populares
acontecidos em diversas províncias brasileiras. Indivíduos que, em meio a
impasses e a resistências foram, segundo a historiadora Claudete Maria
Miranda Dias, “praticamente apagados, para dar lugar à história ou à ‘versão
falsa que oculta deliberadamente as lutas e os conflitos”.

Entretanto, por meio de narrativas como essa, o passado da Balaiada é


revisitado trazendo o conflito para a cena principal. Então é ressaltado que
seus componentes – os balaios – “índios, negros, mestiços pobres e
desfavorecidos não ficaram apáticos olhando o desenrolar da política como
meros observadores, como se a política fosse algo exclusivo das elites e/ou
do âmbito do Estado, construindo-se fora do alcance de suas mãos, e nem
delas participaram em menor grau ou importância”, completa a historiadora
Léa Maria Carrer Iamashita. As camadas populares das províncias do
Maranhão, do Piauí e do Ceará participaram do movimento contra uma ordem,
entendida por historiadores, como sendo predominantemente elitista e
autoritária e que vigorou no Brasil desde o início da ocupação portuguesa.

E quando os milhares de balaios pegaram em armas, nos anos finais do


Período Regencial, agindo com violência e cometendo crueldades inegáveis,
segundo consideram estudiosos, seus atos devem ser interpretados como
consequências e não causas da Balaiada.

Nesse sentido, vale relembrar as palavras que o historiador inglês John


Edward Christopher Hill registrou na obra O Mundo de Ponta-Cabeça – Ideias
Radicais Durante a Revolução Inglesa de 1640: “A história precisa ser reescrita
a cada geração, porque embora o passado não mude, o presente se modifica;
cada geração formula novas perguntas ao passado e encontra novas áreas de
simpatia à medida que revive distintos aspectos das experiências de suas
predecessoras”.

* Jeanne Abi-Ramia é professora de História e consultora da série de TV O


Mochileiro do Futuro.

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