Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
A Balaiada
Considerações
Observa a historiadora Claudete Maria Miranda Dias que fatos do passado não
chegam “puros” até o presente; os “documentos não são donos da verdade”,
sendo quase infinita a diversidade dos testemunhos históricos, pois tudo o
“que o homem diz ou escreve, tudo o que fabrica, tudo o que toca pode e deve
informar sobre ele”. Porém, conforme alerta o historiador Marc Bloch, é
preciso refletir atribuindo especial atenção ao que os registros “nos dão a
entender”.
Desde a segunda
metade do século
XX, estudos e
abordagens, em
detalhes e nuances,
aprofundaram as
investigações,
reinterpretando o
papel dos
protagonistas
balaios que, Escravos de São Luís do Maranhão, de Joaquim Cândido Guillobel (Colecção do
anteriormente usos e costumes dos habitantes da cidade de S. Luiz do Maranhão/BN Digital)
descaracterizados,
eram estreitamente analisados pelas lentes das camadas dominantes como
“bandidos” ou “assassinos”.
A província do Maranhão
Lado a lado?
No Maranhão, como
no Grão-Pará, o
processo de
reconhecimento da
independência
política não
acontecera de forma
pacífica. Apesar do
Sete de Setembro, a
realidade das
camadas sociais O bentevi Cabeçalho (BN Digital)
A venda do jornal acontecia pelas ruas de São Luiz; uma novidade para a
época, já que as publicações eram adquiridas diretamente nas redações ou
recebidas em casa.
O jornal O Bemtevi não teve longa duração. Encerrou sua circulação, segundo o
historiador Nélson Werneck Sodré, após 31 números, em 6 de outubro de
1838, o que gerou críticas dos adversários: “O Bemtevi cessou seu canto às
vésperas das eleições. Ao explodir a revolta, não se ouve uma palavra, de
apoio ou de condenação de Estevão Rafael de Carvalho, refugiado em Viana,
sua cidade Natal”.
“O Balaio chegô”
Ao grupo, juntou-se Manuel Francisco dos Anjos Ferreira que, devido a seu
ofício, acabaria emprestando seu nome ao movimento. Não há concordância
quanto às razões que teriam conduzido o “Manuel Balaio” a participar do
conflito. Alguns falam em vingança contra um soldado que atentara contra a
sua filha; outros revelam que o motivo foi evitar o recrutamento forçado de
seus filhos.
Conclusões
O silêncio rompido
A tarefa proposta como uma forma sutil de romper o silêncio, que paira sobre
movimentos como o da Balaiada e seus participantes, é a de consultar fontes
como sentenças, confissões, lendas e cancioneiros, buscando pistas,
desvinculando-as da visão oficial. E conduzir o olhar na direção do que
“pretendeu ser dito”. De acordo com as palavras da historiadora Claudete
Maria Miranda Dias, no teatro maranhense, aconteceria uma ação “deliberada
das elites para abafar um dos mais importantes movimentos sociais daquele
século”, prática que pode ser percebida nas localidades que foram palco dos
enfrentamentos onde “não há qualquer referência a um passado que poderia
orgulhar seus moradores”.
Reflexões
“A crença no futuro”?
Bibliografia:
Artigos e publicações
ASSUNÇÃO, Matthias Röhrig. A memória do tempo de cativeiro no Maranhão.
Disponível em http://www.scielo.br/pdf/tem/v15n29/04.pdf. Acesso em
01/07/2016.
ASSUNÇÃO, Matthias Röhrig. Exportação, mercado interno e crises de
subsistência numa província brasileira: o caso do Maranhão, 1800-1860.
Disponível em r1.ufrrj.br/esa/V2/ojs/index.php/esa/article/download/168/16.
Acesso em 18/07/2016.
ASSUNÇÃO, Matthias Röhrig. Histórias do Balaio. Historiografia, memória oral
e origens da balaiada. Disponível em
http://revista.historiaoral.org.br/index.php?
journal=rho&page=article&op=view&path%5B%5D=94&path%5B%5D=97.
Acesso em 31/07/2016.
BASILE, Marcello. Revoltas regenciais na Corte: o movimento de 17 de abril de
1832. Disponível em www.seer.ufrgs.br/index.php/anos90/article/view/6358.
Acesso em 16/07/2016.
DIAS, Claudete Maria Miranda. Balaiada: a guerrilha sertaneja. Disponível em
http://r1.ufrrj.br/esa/V2/ojs/index.php/esa/article/viewFile/73/69. Acesso em
29/06/2016.
DIAS, Claudete Maria Miranda. Movimentos sociais do século XIX: história e
historiografia. Disponível em http://anais.anpuh.org/wp-
content/uploads/mp/pdf/ANPUH.S22.128.pdf. Acesso em 29/06/2016.
FERNANDES, Gabriela da Silva Ramos. 7 de Abril: usos políticos e
representações na Regência (1931-1840). Disponível em
http://www.ufjf.br/ppghistoria/files/2013/03/Disserta%C3%A7%C3%A3o-
Gabriela.pdf. Acesso em 07/08/2016.
JANOTTI, Maria de Lourdes Monaco. Balaiada: construção da memória
histórica. Disponível em http://www.scielo.br/scielo.php?
script=sci_arttext&pid=S0101-90742005000100003. Acesso em 21/06/2016.
MENDONÇA, Edialine C. e PEREIRA, Lupercio Antonio. O Regresso
Conservador no pensamento de Justiniano José da Rocha, de Tavares Bastos
e de Joaquim Nabuco. Disponível em
http://www.cih.uem.br/anais/2011/trabalhos/303.pdf. Acesso em
04/08/2016.
MOURA, Denise. A Farda do Tendeiro: Cotidiano e Recrutamento no Império.
Disponível em www.revistas.uepg.br/index.php/rhr/article/download/130/66.
Acesso em 02/08/2016.
RICCI, Magda. Cabanagem, cidadania e identidade revolucionária: o problema
do patriotismo na Amazônia entre 1835 e 1840. Disponível em
http://www.scielo.br/pdf/tem/v11n22/v11n22a02. Acesso em 06/08/2016.
SANTOS, Maria Januária Vilela. A Balaiada e a insurreição de escravos no
Maranhão. Disponível em
http://www.revistas.usp.br/cerusp/article/view/83142/86178. Acesso em
05/07/2016.
Livros
BLOCH, Marc. Apologia da História ou O Ofício de Historiador. Rio de Janeiro:
ZAHAR. 2001.
CARVALHO, José Murilo de (coord.). A Construção Nacional: 1830-1889. São
Paulo: Editora Objetiva, 2012.
FAUSTO, Boris. História do Brasil. São Paulo. 1998: EDUSP.
GAY, Peter. A experiência burguesa da rainha Vitória a Freud. A paixão terna. S.
Paulo: Companhia das Letras, 1990.
HILL, John Edward Christopher. O Mundo de Ponta-Cabeça: Ideias Radicais
Durante a Revolução Inglesa de 1640. São Paulo: Companhia das Letras, 1987.
HOLANDA, Sérgio Buarque de (coord.). O Brasil Monárquico: Reações e
Transações. São Paulo: Difusão Europeia do Livro, 1969.
MATTOS, Ilmar Rohloff de. GONÇALVES, Márcia de Almeida. O Império da boa
sociedade. A consolidação do Estado Imperial brasileiro. São Paulo: Atual,
2005.
PRADO JR., Caio. Evolução política do Brasil e outros estudos. São Paulo,
Editora Brasiliense, 1969.
PRIORE, Mary e VENANCIO, Renato. Uma Breve História do Brasil. São Paulo.
2010: Editora Planeta do Brasil.
SODRÉ, Nelson Werneck. A História da Imprensa no Brasil. Rio de Janeiro:
Editora Civilização Brasileira, 1966.
SODRÉ, Nelson Werneck. As Razões da Independência. Rio de Janeiro: Editora
Civilização Brasileira, 1978.
Sites
http://www.maxwell.vrac.puc-rio.br/15106/15106_3.PDF. Acesso em
01/07/2016.
http://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/dtbs/maranhao/ninarodrigues.pdf.
Acesso em 08/07/2016.
http://cidades.ibge.gov.br/painel/historico.php?
lang=&codmun=210720&search=maranhao|nina-rodrigues|infograficos:-
historico. Acesso em 09/07/2016.
http://www.revistadehistoria.com.br/secao/em-dia/os-novos-balaios. Acesso
em 13/07/2016.
http://cpdoc.fgv.br/acervo/historiaoral. Acesso em 13/07/2016.
http://www.e-biografias.net/pedro_de_araujo_lima/. Acesso em 14/06/2016
http://bdlb.bn.br/acervo/handle/123456789/27857414/06/2016. Acesso em
02/08/2016.
© MultiRio 1995-2022
Permitida a reprodução para fins educativos e de informação, com indicação da autoria da matéria e do site da MultiRio, vedada qualquer utilização comercial ou com fins lucrativos.