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Julho 2022
ESTUDO DE IMPACTE AMBIENTAL
PEDREIRA DE CALCÁRIO E MARGA INDUSTRIAL VALE DE MÓS A
CONTROLO DE QUALIDADE
TAREFA NOME DATA RÚBRICA
EQUIPA TÉCNICA
ESPECIALIDADE TÉCNICO FORMAÇÃO
Especialista em Avaliação e gestão de
risco (Ex-presidente da Society for Risk
Supervisão e Coordenação Geral e Analysis – Europe). Doutor em Psicologia
José Manuel Palma-Oliveira
Metodológica Social e Processos de Decisão. Professor
de Analise e Perceção de Risco na FP da
Universidade de Lisboa.
Sociologia (UÉvora)
Especialização Geografia-Gestão do
Coadjuvação de coordenação Ana Amaral Território (UNL-FCSH)
Especialização Ciências e Tecnologias do
Ambiente (FC-UL)
Metodologia de Exploração
João Meira Geologia (FC-UL)
Geologia e Geomorfologia
Sofia Sobreiro Geologia (FC-UL)
Cristina Monteiro
UVW Centro de Modelação de Sistemas
Qualidade do Ar Joana Nunes
Ambientais
Carlos Pedro Ferreira
Vitor Rosão
Ambiente Sonoro Schiu Engenharia de Vibração e Ruído
Pedro Santos
Arquitetura Paisagista
Território (UAlgarve)
Paisagem Ângelo Carreto
Mestre Riscos, Cidades e Ordenamento do
Solos Território (FLUP)
Sócioeconomia
Vanda Calvo Arquitetura Paisagista (UAlgarve)
Mário Monteiro
João Caninas
Património Arqueólogos
Emanuel Carvalho
Fernando Robles Henriques
ÍNDICE GERAL
I. ENQUADRAMENTO
1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................................................. I.1
1.1. Apresentação ..................................................................................................................................... I.1
1.2. Entidade licenciadora ......................................................................................................................... I.5
1.3. Autoridade de AIA .............................................................................................................................. I.5
1.4. Identificação do proponente ............................................................................................................... I.5
1.5. Identificação do autor do estudo ........................................................................................................ I.5
1.6. Período de elaboração do EIA ........................................................................................................... I.6
2. ENQUADRAMENTO DO PROJETO................................................................................................................. I.6
2.1. Localização ........................................................................................................................................ I.6
2.2. Características gerais da área de intervenção ................................................................................. I.15
2.3. Áreas sensíveis ................................................................................................................................ I.16
2.3.1. A Rede Natura 2000 ................................................................................................................... I.18
2.3.1.1. Introdução ............................................................................................................................. I.18
2.3.1.2. Enquadramento legal ............................................................................................................ I.18
2.3.1.3. A ZEC Arrábida/ Espichel ..................................................................................................... I.20
2.3.2. Arrábida Reserva Biosfera (candidatura).................................................................................... I.22
3. ÂMBITO E METODOLOGIA DO ESTUDO....................................................................................................... I.23
3.1. Introdução ........................................................................................................................................ I.23
3.2. Proposta de Definição do Âmbito ..................................................................................................... I.23
3.3. Domínios e profundidade de análise ................................................................................................ I.26
3.4. Metodologia do EIA .......................................................................................................................... I.27
3.5. Organização do trabalho .................................................................................................................. I.29
II. DESCRIÇÃO DO PROJETO
1. DESCRIÇÃO DO PROJETO ......................................................................................................................... II.1
1.1. Âmbito do Projeto .............................................................................................................................. II.1
1.2. O Grupo SECIL ................................................................................................................................. II.1
1.3. As pedreiras Vale de Mós A e Vale de Mós B ................................................................................... II.2
1.4. A futura pedreira Vale de Mós A ....................................................................................................... II.4
1.5. Objetivos e justificação do Projeto .................................................................................................. II.11
1.6. Alternativas de Projeto .................................................................................................................... II.12
2. PLANO DE PEDREIRA .............................................................................................................................. II.14
2.1. Introdução ....................................................................................................................................... II.14
2.2. Características do projeto................................................................................................................ II.15
2.2.1. Considerações gerais ................................................................................................................ II.15
2.2.2. Enquadramento e condicionantes da área ................................................................................ II.16
2.2.3. Cálculo de reservas ................................................................................................................... II.19
2.2.3.1. Zonamento da área da pedreira ........................................................................................... II.19
2.2.3.2. Recursos Minerais ............................................................................................................... II.21
2.2.3.3. Reservas e vida útil .............................................................................................................. II.22
2.3. Metodologia de exploração ............................................................................................................. II.24
2.3.1. Ciclo de produção ...................................................................................................................... II.25
2.3.2. Configuração da escavação ...................................................................................................... II.26
2.3.3. Faseamento da lavra ................................................................................................................. II.27
2.4. Operações preparatórias ................................................................................................................. II.32
2.5. Método de desmonte ....................................................................................................................... II.33
2.6. Remoção e transporte ..................................................................................................................... II.37
2.7. Beneficiação .................................................................................................................................... II.37
2.8. Gestão de acessos .......................................................................................................................... II.37
2.9. Equipamentos ................................................................................................................................. II.38
2.9.1. Discriminação e dimensionamento ............................................................................................ II.38
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ESTUDO DE IMPACTE AMBIENTAL
PEDREIRA DE CALCÁRIO E MARGA INDUSTRIAL VALE DE MÓS A
vi ÍNDICE E.223054.03.06.aa
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x ÍNDICE E.223054.03.06.aa
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ESTUDO DE IMPACTE AMBIENTAL
PEDREIRA DE CALCÁRIO E MARGA INDUSTRIAL VALE DE MÓS A
ÍNDICE DE FIGURAS
1. INTRODUÇÃO I.1
Figura I.1 – Pedreira Vale de Mós A. .......................................................................................................... I.2
2. ENQUADRAMENTO DO PROJETO I.6
Figura I.2 – Localização da pedreira Vale de Mós A a nível nacional e regional. ....................................... I.7
Figura I.3 – Localização administrativa da pedreira Vale de Mós A. .......................................................... I.8
Figura I.4 – Distancia às povoações envolventes à área da pedreira Vale de Mós A. ............................... I.9
Figura I.5 – Distancia aos mais próximos recetores sensíveis da pedreira Vale de Mós A. ..................... I.10
Figura I.6 – A pedreira Vale de Mós A e recetores sensíveis. .................................................................. I.11
Figura I.7 – Caraterísticas da área de intervenção. .................................................................................. I.12
Figura I.8 – Enquadramento pedreira Vale de Mós A relativamente ao PNA e na ZEC Arrábida/
Espichel. ..................................................................................................................................... I.17
3. ÂMBITO E METODOLOGIA DO ESTUDO I.23
1. DESCRIÇÃO DO PROJETO II.1
Figura II.1 – Quinta da Rasca, planta de 1924........................................................................................... II.2
Figura II.3 – Áreas recuperadas a não intervencionar na área da pedreira Vale de Mós A. ................... II.6
Figura II.4 – Área da pedreira Vale de Mós A (após fusão) e área de ampliação...................................... II.7
Figura II.5 – Proposta da área da pedreira Vale de Mós A, após fusão e ampliação. ............................... II.8
Figura II.6 – Faseamento da Recuperação Paisagística. .......................................................................... II.9
Figura II.7 – Perfil esquemático exemplificativo da concomitância da lavra e recuperação do
Plano de Pedreira Vale de Mós A. ............................................................................................. II.10
Figura II.8 – Perfil da exploração intermédia do Novo Pano de Pedreira Vale de Mós A, a partir
de Troia...................................................................................................................................... II.10
Figura II.9 – Perfil da exploração intermédia do Novo Pano de Pedreira Vale de Mós A, a partir
de Setúbal.................................................................................................................................. II.10
2. PLANO DE PEDREIRA II.14
Figura II.10 – Ilustração das atividades do ciclo de produção da pedreira. .......................................... II.25
Figura II.11 – Esquema geral do ciclo de produção da pedreira. ......................................................... II.25
Figura II.12 – Dimensões previstas para os taludes da escavação. ..................................................... II.27
Figura II.13 – Avanço gradual da exploração com vista à definição da configuração final. .................. II.28
Figura II.14 – Esquema exemplificativo, em perfil, da estratégia preconizada de
lavra/recuperação. ..................................................................................................................... II.29
Figura II.15 – Técnica de remoção da terra vegetal. ............................................................................ II.33
Figura II.16 – Panorâmica do quadrante Oeste da pedreira onde se evidenciam as áreas
recuperadas e as áreas em exploração..................................................................................... II.47
Figura II.17 – Exemplo da recuperação em patamar com plantações de pinheiro-de-Alepo. .............. II.48
Figura II.18 – Panorâmica das várias fases de recuperação da pedreira em conformidade com
a sua época de realização. ........................................................................................................ II.48
Figura II.19 – Pormenor do sistema de drenagem nos taludes. ........................................................... II.49
Figura II.20 – Aspeto de talude recuperado parcialmente e muro de suporte no patamar. .................. II.50
Figura II.21 – Esquema dos diferentes tipos de intervenção na recuperação de pedreiras. ................ II.53
Figura II.22 – Perfil esquemático das diferentes tipologias de recuperação nos taludes. .................... II.55
Figura II.23 – Viveiros da SECIL........................................................................................................... II.58
Figura II.24 – Perfil esquemático da estratégia preconizada de lavra/recuperação. ............................ II.67
1. SITUAÇÃO DE REFERÊNCIA III.1
Figura III.1 – Distribuição das temperaturas média mensal, máximas médias e mínimas
médias. ....................................................................................................................................... III.3
Figura III.2 – Gráficos termo-pluviométricos. ........................................................................................ III.4
Figura III.3 – Rosa dos Ventos (frequência e velocidade média anual). ............................................... III.5
Figura III.4 – Resumo das principais alterações climáticas projetadas para Lisboa até ao final
do século XXI.............................................................................................................................. III.6
E.223054.03.06.aa ÍNDICE xv
ESTUDO DE IMPACTE AMBIENTAL
PEDREIRA DE CALCÁRIO E MARGA INDUSTRIAL VALE DE MÓS A
Figura III.48 – Grelha de recetores aplicada ao domínio em estudo (121 km2). ................................... III.90
Figura III.49 – Enquadramento espacial das principais fontes emissoras inseridas na área de
domínio de estudo (121 km2) para os cenários em avaliação (Cenário A, Cenário B e
Cenário C). ............................................................................................................................... III.93
Figura III.50 – Emissões atmosféricas globais considerando a contribuição de todas as fontes
contempladas no modelo de dispersão para os três cenários em avaliação (Cenário A,
Cenário B e Cenário C) .......................................................................................................... III.102
Figura III.51 – Emissões atmosféricas representativas da operação da Pedreira nos três
cenários em avaliação (Cenário A, Cenário B e Cenário C) ................................................... III.103
Figura III.52 – Emissões atmosféricas e de GEE associadas ao transporte rodoviário de
calcário, desde o ponto de origem (Sesimbra) até à Pedreira, tanto na situação atual
(Cenário A), como sem ampliação da Pedreira (Cenário B) e com ampliação da Pedreira
(Cenário C). ............................................................................................................................ III.104
Figura III.53 – Enquadramento espacial dos recetores sensíveis existentes no domínio em
estudo (121 km2)..................................................................................................................... III.108
Figura III.54 – Campo estimado das concentrações máximas das médias horárias de NO 2
(µg∙m-3) verificadas no domínio (121 km2) em análise (Cenário A – situação atual). ............. III.109
Figura III.55 – Campo estimado das concentrações médias anuais de NO2 (µg∙m-3) verificadas
no domínio (121 km2) em análise (Cenário A – situação atual). ............................................. III.110
Figura III.56 – Distribuição da área abrangida pelas concentrações máximas horárias
estimados para o NO2 (Cenário A – situação atual)................................................................ III.111
Figura III.57 – Distribuição da área abrangida pelas concentrações médias anuais estimados
para o NO2 (Cenário A – situação atual)................................................................................. III.111
Figura III.58 Figura 1-1– Campo estimado das concentrações máximas das médias
octohorárias de CO (µg∙m-3) verificadas no domínio (121 km2) em análise (Cenário A –
situação atual). ....................................................................................................................... III.114
Figura III.59 – Distribuição da área abrangida pelas concentrações máximas octohorárias
estimados para o CO (Cenário A – situação atual). ............................................................... III.115
Figura III.60 – Campo estimado das concentrações máximas das médias diárias de PM10
(µg∙m-3) verificadas no domínio (121 km2) em análise (Cenário A – situação atual). ............. III.117
Figura III.61 – Campo estimado das concentrações médias anuais de PM10 (µg∙m-3)
verificadas no domínio (121 km2) em análise (Cenário A – situação atual). ........................... III.118
Figura III.62 – Distribuição da área abrangida pelas concentrações máximas diárias estimados
para as PM10 (Cenário A – situação atual). ........................................................................... III.119
Figura III.63 – Distribuição da área abrangida pelas concentrações médias anuais estimados
para as PM10 (Cenário A – situação atual). ........................................................................... III.119
Figura III.64 – Campo estimado das concentrações máximas das médias horárias de SO 2 (µg
m-3) verificadas no domínio (121 km2) em análise (Cenário A – situação atual)..................... III.122
Figura III.65 – Campo estimado das concentrações máximas das médias diárias de SO2 (µg∙m-
3) verificadas no domínio (121 km2) em análise (Cenário A – situação atual). ....................... III.123
Figura III.145 – Mapa bivariado ilustrando a quantificação relativa dos serviços de ecossistema
de aprovisionamento nos locais em estudo através da classificação obtida nos dois
componentes da Análise de Componentes Principais. A importância dos serviços é
avaliada usando uma classificação de três níveis: reduzida (R), intermédia (I), e elevada
(E). Os acrónimos dos parâmetros utilizados na avaliação dos serviços que mais
contribuem para a variação representada em cada componente são apresentados junto
do respetivo eixo. A legenda destes acrónimos pode ser consultada na Figura III.147.
O código das áreas recuperadas é constituído por uma letra indicando a rocha, calcário
(C) ou marga (M), e o código da década de recuperação (80,80/37, 90, 00) e da área
natural por CN. ........................................................................................................................III.285
Figura III.146 – Mapa ilustrando a quantificação relativa dos serviços de ecossistema de
regulação da qualidade do solo nos locais em estudo através da classificação obtida no
primeiro componente da Análise de Componentes Principais. A importância dos
serviços é avaliada usando uma classificação de três níveis: reduzida (R), intermédia
(I), e elevada (E). Os acrónimos dos parâmetros utilizados na avaliação dos serviços
que mais contribuem para a variação representada são apresentados junto do eixo. A
legenda destes acrónimos pode ser consultada na Figura III.148. O código das áreas
recuperadas é constituído por uma letra indicando a rocha, calcário (C) ou marga (M),
e o código da década de recuperação (80,80/37, 90, 00) e da área natural por CN. .............III.286
Figura III.147 – Gráficos dos valores dos indicadores utilizados para avaliar os serviços de
ecossistemas de aprovisionamento em cada local avaliado. ..................................................III.287
Figura III.148 – Gráficos dos valores dos indicadores associados ao serviço de ecossistema de
regulação da qualidade do solo em cada local avaliado. ........................................................III.288
Figura III.149 – Mapa bivariado ilustrando a quantificação relativa dos serviços de ecossistema
de regulação da composição e condições atmosféricas nos locais em estudo através da
classificação obtida nos dois componentes da Análise de Componentes Principais. A
importância dos serviços é avaliada usando uma classificação de três níveis: reduzida
(R), intermédia (I), e elevada (E). Os acrónimos dos parâmetros utilizados na avaliação
dos serviços que mais contribuem para a variação representada em cada componente
são apresentados junto do respetivo eixo. A legenda destes acrónimos pode ser
consultada na Figura III.151. O código das áreas recuperadas é constituído por uma
letra indicando a rocha, calcário (C) ou marga (M), e o código da década de recuperação
(80,80/37, 90, 00) e da área natural por CN. ..........................................................................III.289
Figura III.150 – Mapa bivariado ilustrando a quantificação relativa dos serviços de ecossistema
de regulação do ciclo hidrológico e do fluxo de água nos locais em estudo através da
classificação obtida nos dois componentes da Análise de Componentes Principais. A
importância dos serviços é avaliada usando uma classificação de três níveis: reduzida
(R), intermédia (I), e elevada (E). Os acrónimos dos parâmetros utilizados na avaliação
dos serviços que mais contribuem para a variação representada em cada componente
são apresentados junto do respetivo eixo. A legenda destes acrónimos pode ser
consultada na Figura III.152. O código das áreas recuperadas é constituído por uma
letra indicando a rocha, calcário (C) ou marga (M), e o código da década de recuperação
(80,80/37, 90, 00) e da área natural por CN. ..........................................................................III.290
Figura III.151 – Gráficos dos valores dos indicadores associados ao serviço de ecossistema de
regulação da composição e condições atmosféricas em cada local avaliado. .......................III.291
Figura III.152 – Gráficos dos valores dos indicadores associados ao serviço de ecossistema de
regulação do ciclo hidrológico e do fluxo de água em cada local avaliado. ............................III.292
Figura III.153 – Mapa bivariado ilustrando a quantificação relativa dos serviços de ecossistema
de regulação do controlo da taxa de erosão nos locais em estudo através da
classificação obtida nos dois componentes da Análise de Componentes Principais. A
importância dos serviços é avaliada usando uma classificação de três níveis: reduzida
(R), intermédia (I), e elevada (E). Os acrónimos dos parâmetros utilizados na avaliação
dos serviços que mais contribuem para a variação representada em cada componente
são apresentados junto do respetivo eixo. A legenda destes acrónimos pode s.er
xx ÍNDICE E.223054.03.06.aa
ESTUDO DE IMPACTE AMBIENTAL
PEDREIRA DE CALCÁRIO E MARGA INDUSTRIAL VALE DE MÓS A
consultada na Figura III.155. O código das áreas recuperadas é constituído por uma
letra indicando a rocha, calcário (C) ou marga (M), e o código da década de recuperação
(80,80/37, 90, 00) e da área natural por CN ........................................................................... III.293
Figura III.154 – Mapa bivariado ilustrando a quantificação relativa dos serviços de ecossistema
cultural de valor estético nos locais em estudo através da classificação obtida nos dois
componentes da Análise de Componentes Principais. A importância dos serviços é
avaliada usando uma classificação de três níveis: reduzida (R), intermédia (I), e elevada
(E). Os acrónimos dos parâmetros utilizados na avaliação dos serviços que mais
contribuem para a variação representada em cada componente são apresentados junto
do respetivo eixo. A legenda destes acrónimos pode ser consultada na Figura III.156.
O código das áreas recuperadas é constituído por uma letra indicando a rocha, calcário
(C) ou marga (M), e o código da década de recuperação (80,80/37, 90, 00) e da área
natural por CN. ....................................................................................................................... III.294
Figura III.155 – Gráficos dos valores dos indicadores associados ao serviço de ecossistema de
regulação do controlo da taxa de erosão em cada local avaliado .......................................... III.295
Figura III.156 – Gráficos dos valores dos indicadores associados ao serviço de ecossistema
cultural de valor estético em cada local avaliado.................................................................... III.296
Figura III.157 – Área de Estudo do fator ambiental Paisagem. ............................................................ III.301
Figura III.158 – Cartografia das Unidades de Paisagem na área de estudo do fator Paisagem. ......... III.302
Figura III.159 – Panorâmica para o quadrante Sudeste da área de estudo a partir de um ponto
na pedreira à cota 226 no seu quadrante W........................................................................... III.305
Figura III.160 – Carta hipsométrica....................................................................................................... III.307
Figura III.161 – Carta de declives. ........................................................................................................ III.308
Figura III.162 – Carta de orientação de encostas. ................................................................................ III.309
Figura III.163 – Ocupação do solo na SUP1 no quadrante Noroeste da área envolvente do
projeto. .................................................................................................................................... III.312
Figura III.164 – Vista para Oeste sobre a SUP1 a partir da zona marginal da cidade de Setúbal
(SUP4). ................................................................................................................................... III.314
Figura III.165 – Vista para Sudeste a partir da pedreira (SUP 4) sobre a península de Troia (SUP2
e SUP3). ................................................................................................................................. III.314
Figura III.166 – Vista para norte sobre a SUP2 a partir de um ponto no limite da área da pedreira.
III.314
Figura III.167 – Carta de Subunidades de Paisagem. .......................................................................... III.317
Figura III.168 – Carta de Sensibilidade Visual. ..................................................................................... III.318
Figura III.169 – Localização dos principais centros de produção de rochas industriais e de rochas
ornamentais. ........................................................................................................................... III.330
Figura III.170 – Impactes da poluição do ar na saúde humana. ........................................................... III.338
Figura III.171 – Tendências evolutivas das concentrações médias ...................................................... III.339
Figura III.172 – Emissão de PM2,5 em Portugal por concelho em toneladas por km2. .......................... III.345
Figura III.173 – Localização das ocorrências identificadas na pesquisa documental (letras) e em
campo (algarismos) sobre extratos das folhas 454 e 465 da Carta Militar de Portugal. ......... III.347
Figura III.174 – PROT AML Carta de Recursos Geológicos................................................................. III.363
Figura III.175 – Esquema de Modelo Territorial do PROT AML ........................................................... III.367
Figura III.176 – Unidades Territoriais do PROT AML ........................................................................... III.368
Figura III.177 – Rede Ecológica Metropolitana do PROT AML............................................................. III.369
Figura III.178 – Delimitação da área de intervenção sobre extrato da Carta Síntese do PROF
LVT. III.373
Figura III.179 – Delimitação da área de intervenção sobre extrato da Carta Síntese do POPNSA.
III.379
Figura III.180 – Delimitação da área de intervenção sobre extrato da Carta de Condicionantes
do POPNSA. ........................................................................................................................... III.380
Figura III.181 – Extrato da Planta de Ordenamento – Síntese do PDM de Setúbal. ............................ III.385
Figura III.182 – Extrato da Planta de Ordenamento – Zonas de Proteção e Salvaguarda dos
Recursos e Valores Naturais do Parque Natural da Arrábida, do PDM de Setúbal. .............. III.386
Figura III.183 - Extrato da Planta de Ordenamento – Uso dos Solos, do PDM de Setúbal. .................III.387
Figura III.184 – Extrato da Planta de Ordenamento – Classificação e Qualificação do Solo,
constante na proposta de Revisão do PDM de Setúbal. .........................................................III.388
Figura III.185 – Extrato da Planta de Ordenamento – Regimes Especiais, constante na proposta
de Revisão do PDM de Setúbal. .............................................................................................III.389
Figura III.186 –Extrato da Planta de Ordenamento – Riscos Naturais Mistos e Tecnológicos,
constante na proposta de Revisão do PDM de Setúbal. .........................................................III.390
Figura III.187 –Extrato da Planta de Ordenamento –Estrutura Ecológica Municipal, constante na
proposta de Revisão do PDM de Setúbal. ..............................................................................III.391
Figura III.188 –Extrato da Planta de Ordenamento – Estrutura Ecológica Municipal (Síntese),
constante na proposta de Revisão do PDM de Setúbal. .........................................................III.392
Figura III.189 – Extrato da Planta de Ordenamento – Zonamento Acústico e Áreas de Conflito,
constante na proposta de Revisão do PDM de Setúbal. .........................................................III.393
Figura III.190 –Extrato da Planta de Ordenamento – Património Cultural, constante na proposta
de Revisão do PDM de Setúbal. .............................................................................................III.394
Figura III.191 – Extrato do Mapa de Perigosidade de Incêndio Florestal, do PIDFCI do concelho
de Palmela, Setúbal e Sesimbra. ............................................................................................III.397
Figura III.192 – Extrato da Planta de Condicionantes – Servidões e Restrições de Utilidade
Pública, do PDM de Setúbal. ..................................................................................................III.398
Figura III.193 – Extrato da Planta de Condicionantes – RAN, do PDM de Setúbal. .............................III.399
Figura III.194 – Extrato da Planta de Condicionantes – REN, do PDM de Setúbal. .............................III.400
Figura III.195 – Localização da pretensão face às áreas REN identificadas no Anexo III do
RJREN. ...................................................................................................................................III.407
Figura III.196 – Extrato da Planta de Condicionantes – REN, constante na proposta de Revisão
do PDM de Setúbal. ................................................................................................................III.408
Figura III.197 – Extrato da Planta de Condicionantes – RAN, constante na proposta de Revisão
do PDM de Setúbal. ................................................................................................................III.409
Figura III.198 – Extrato da Planta de Condicionantes – Recursos Naturais, constante na proposta
de Revisão do PDM de Setúbal. .............................................................................................III.410
Figura III.199 – Extrato da Planta de Condicionantes –Defesa da Floresta Contra Incêndios,
constante na proposta de Revisão do PDM de Setúbal. .........................................................III.411
Figura III.200 – Extrato da Planta de Condicionantes –Património e Equipamentos, constante na
proposta de Revisão do PDM de Setúbal. ..............................................................................III.412
Figura III.201 – Extrato da Planta de Condicionantes – Infraestruturas e Indústrias, constante na
proposta de Revisão do PDM de Setúbal. ..............................................................................III.413
Figura III.202 Extrato da Carta de Uso e Ocupação do Solo da ZEC Arrábida/Espichel. .....................III.418
Figura III.203 - Extrato da Rede Rodoviária Nacional - Estrada Regional 379-1 . .................................III.423
Figura III.204 – Ocupação do solo no quadrante Norte da área em estudo. ........................................III.424
Figura III.205 – Panorâmica do quadrante Sudeste da área em estudo. ..............................................III.424
Figura III.206 – Ocupação atual do solo na área em estudo.................................................................III.425
Figura III.207 – Ocupação do solo no quadrante Nordeste da área em estudo. ...................................III.427
Figura III.208 – Ocupação atualmente predominante na área de projeto. ............................................III.427
2. ANÁLISE DE RISCO AMBIENTAL III.428
3. PROJEÇÃO DA SITUAÇÃO DE REFERÊNCIA III.433
Figura III.209 – Estações de monitorização de Qualidade do ar...........................................................III.440
Figura III.210 – Rosa de poluição das concentrações das partículas de PM10. ....................................III.441
1. AVALIAÇÃO DE IMPACTES AMBIENTAIS IV.1
Figura IV.1 – Campo estimado das concentrações máximas das médias horárias de NO 2
(µg∙m-3) verificadas no domínio (121 km2) em análise (Cenário B – sem ampliação
Pedreira). ................................................................................................................................. IV.16
Figura IV.2 Campo estimado das concentrações médias anuais de NO2 (µg∙m-3) verificadas
no domínio (121 km2) em análise (Cenário B – sem ampliação Pedreira). .............................. IV.17
Figura IV.26 – Campo estimado das concentrações máximas das médias diárias de SO2 (µg∙m-
3) verificadas no domínio (121 km2) em análise (Cenário C – com ampliação Pedreira). ........ IV.48
Figura IV.60 – Quadrante B: máxima visibilidade nos primeiros 3 anos (vista de Setúbal –
Miradouro de Albarquel). ........................................................................................................IV.106
Figura IV.61 – Quadrante B: máxima visibilidade no 15º ano (vista de Setúbal – Miradouro de
Albarquel). ..............................................................................................................................IV.106
Figura IV.62 – Quadrante B: máxima visibilidade no 30º ano (vista de Setúbal – Miradouro de
Albarquel). ..............................................................................................................................IV.107
Figura IV.63 – Quadrante B: no encerramento (vista de Setúbal – Miradouro de Albarquel). ............IV.107
Figura IV.64 – Quadrante C: máxima visibilidade nos primeiros 3 anos (vista de Troia). ...................IV.108
Figura IV.65 – Quadrante C: máxima visibilidade no 15º ano (vista de Troia). ...................................IV.108
Figura IV.66 – Quadrante C: máxima visibilidade no 30º ano (vista de Troia). ...................................IV.109
Figura IV.67 – Quadrante C: no encerramento (vista de Troia). .........................................................IV.109
Figura IV.68 – Panorâmica da área de projeto, onde se identifica um espaço recuperado
consolidado precedentemente escavado para a exploração de massas mineiras. ................IV.111
Figura IV.69 – Praias, parques de merendas, jardins e parques ........................................................IV.121
Figura IV.70 – Equipamentos turísticos. .............................................................................................IV.121
Figura IV.71 –Trilho ciclável. ...............................................................................................................IV.122
Figura IV.72 – Acessos à pedreira Vale de Mós A ..............................................................................IV.123
Figura IV.73 – Acesso direto à pedreira na ER 379-1. ........................................................................IV.124
Figura IV.74 – Entroncamento da ER 379-1 na EN 10-4, em direção a Vale da Rasca. ....................IV.124
Figura IV.75 – Povoação de Vale da Rasca e EN 10-4. .....................................................................IV.125
2. IMPACTES CUMULATIVOS IV.147
Figura IV.76 – Projetos sujeitos a procedimento de AIA na envolvente da pedreira Vale de Mós
A. IV.148
3. MEDIDAS DE MINIMIZAÇÃO IV.153
Figura IV.77 – Perfil esquemático de uma possível alteração da altura das bancadas. .....................IV.160
Figura IV.78 – Perfil esquemático do carregamento dos furos. ..........................................................IV.160
4. MEDIDAS COMPENSATÓRIAS IV.169
Figura IV.79 – Vista atual da pedreira a partir do Miradouro de Albarquel..........................................IV.173
1. PLANO DE MONITORIZAÇÃO V.1
1. CONCLUSÕES VI.1
1. BIBLIOGRAFIA VII.1
ÍNDICE DE QUADROS
Quadro I.1 – Enquadramento do Projeto. .............................................................................................I.16
Quadro II.1 – Condicionantes e soluções do Plano de Pedreira...........................................................II.16
Quadro II.2 – Zonamento atual da pedreira. .........................................................................................II.19
Quadro II.3 – Zonamento proposto para a pedreira após fusão e ampliação. ......................................II.20
Quadro II.4 – Parâmetros do cálculo de reservas. ................................................................................II.22
Quadro II.5 – Reservas da pedreira Vale de Mós A..............................................................................II.23
Quadro II.6 – Cálculo de reservas para o faseamento da lavra. ...........................................................II.31
Quadro II.7 – Balanço de áreas entre o faseamento da lavra e o faseamento da recuperação
paisagística. ...............................................................................................................................II.32
Quadro II.8 – Operações principais do método de desmonte. ..............................................................II.33
Quadro II.9 – Parâmetros para o dimensionamento do diagrama de fogo. ..........................................II.34
Quadro II.10 – Malhas de perfuração. ....................................................................................................II.34
Quadro II.11 – Carregamento de explosivo por furo. ..............................................................................II.35
Quadro II.12 – Dimensionamento das pegas de fogo. ............................................................................II.36
Quadro II.13 – Equipamentos necessários à operação da pedreira Vale de Mós A. ..............................II.38
Quadro II.14 – Quadro de funcionários da pedreira................................................................................II.39
Quadro II.15 – Resíduos não mineiros gerados pela atividade da pedreira. ..........................................II.43
Quadro II.16 – Mistura herbáceo-arbustiva da hidrossementeira. ..........................................................II.59
Quadro II.17 – Exemplo de plantações já efetuadas em trabalhos anteriores. .......................................II.61
Quadro II.18 – Plano de plantações para taludes e base da corta (módulos de 500 m2). ......................II.62
Quadro II.19 – Plantações nas margens das lagoas a criar na base da corta. .......................................II.62
Quadro II.20 – Sequência das operações de revestimento vegetal........................................................II.63
Quadro II.21 – Plano de operações para as ações de implantação e manutenção. ...............................II.65
Quadro II.22 – Desmantelamento das instalações, equipamentos e materiais. .....................................II.69
Quadro II.23 – Resíduos a verificar na fase de desativação...................................................................II.70
Quadro III.1 – Temperaturas médias. ...................................................................................................III.2
Quadro III.2 – Número de dias por ano com temperaturas extremas. ....................................................III.3
Quadro III.3 – Sazonalidade da precipitação anual ................................................................................III.4
Quadro III.4 – Número de dias por ano com precipitação superior a 0,1 mm e 10,0 mm .......................III.4
Quadro III.5 – Exemplos de relevo cársico. ..........................................................................................III.18
Quadro III.6 – Aceleração máxima de referência agR (m/s2) nas zonas sísmicas Tipo 1 e
Tipo 2. .......................................................................................................................................III.31
Quadro III.7 – Tipo de Terrenos. ...........................................................................................................III.33
Quadro III.26 – Resultados analíticos de amostra de água recolhida no furo AC3, a 20 de março
de 2019. ....................................................................................................................................III.70
Quadro III.27 –Resultados analíticos de amostra de água recolhida no furo AC5, a 20 de março
de 2019. ....................................................................................................................................III.70
Quadro III.28 – Massa de água superficial de transição denominada Sado-WB1 (código
PT06SAD1211) .........................................................................................................................III.73
Quadro III.29 – Massa de água subterrânea Orla Ocidental Indiferenciado da Bacia do Sado
(codificada como PTO01RH6) ..................................................................................................III.74
Quadro III.30 – Classes da Capacidade de Uso dos Solos. ...................................................................III.77
Quadro III.31 – Resumo dos valores limite considerados para os poluentes NO2, CO, PM10 e
SO2. ..........................................................................................................................................III.83
Quadro III.32 – Objetivos de qualidade dos dados para a modelação. ..................................................III.84
Quadro III.33 – Características da área de estudo. ................................................................................III.89
Quadro III.34 – Características dos recetores sensíveis.........................................................................III.89
Quadro III.35 – Informação das correspondências dos valores em graus com os diferentes
setores de direção do vento, utilizadas na realização da rosa de ventos. ................................III.91
Quadro III.36 – Potencial de Aquecimento Global dos GEE .................................................................III.101
Quadro III.37 – Resumo dos valores estimados de NO2 e comparação com os respetivos valores
limite legislados, para o Cenário A – situação atual. .............................................................. III.112
Quadro III.38 – Resumo dos valores estimados de CO e comparação com o respetivo valor limite
legislado, para o Cenário A – situação atual .......................................................................... III.116
Quadro III.39 – Resumo dos valores estimados de PM10 e comparação com os respetivos
valores limite legislados, para o Cenário A – situação atual. .................................................. III.120
Quadro III.40 – Resumo dos valores estimados de SO2 e comparação com os respetivos valores
limite legislados, para o Cenário A – situação atual ............................................................... III.126
Quadro III.41 – Valores de fundo (VF) aplicados para cada poluente e para os locais coincidentes
com cada estação de monitorização de qualidade do ar da SECIL ....................................... III.128
Quadro III.42 – Lista de equipamentos móveis que operam na pedreira, na Situação Atual. .............. III.131
Quadro III.43 – Evolução de desmontes/detonações na Situação de Referência e na Situação
Futura com projeto.................................................................................................................. III.133
Quadro III.44 – Quadro 3: Descrição das Situações em análise .......................................................... III.136
Quadro III.45 – Dias de vento na região de Setúbal ............................................................................. III.139
Quadro III.46 – Dias de chuva na região de Setúbal ............................................................................ III.140
Quadro III.47 – Critérios de classificação/quantificação de impactes................................................... III.142
Quadro III.48 – Dados de tráfego e de via considerados para o Mapa de Ruído desenvolvido
(Situação Atual) ...................................................................................................................... III.159
Quadro III.49 – Níveis sonoros em Recetores individualizados (Situação Atual; previsão
associada ao Mapa de Ruído). ............................................................................................... III.161
Quadro III.50 – Níveis sonoros em Recetores individualizados (Situação Atual; previsão
associada ao Critério de Incomodidade). ............................................................................... III.162
Quadro III.51 – Comparação dos valores medidos com os valores previstos (Situação Atual). .......... III.163
Quadro III.52 – Dados de tráfego considerados para o Mapa de Ruído (Situação de Referência;
início de exploração 2020)...................................................................................................... III.164
Quadro III.53 – Dados de tráfego considerados para o Mapa de Ruído (Situação de Referência;
horizonte de exploração 2057). .............................................................................................. III.165
Quadro III.54 – Níveis sonoros em Recetores individualizados (Situação de Referência 2020;
previsão associada ao Mapa de Ruído). ................................................................................ III.166
Quadro III.55 – Níveis sonoros em Recetores individualizados (Situação de Referência,
horizonte de projeto, 2057; previsão associada ao Mapa de Ruído). ..................................... III.167
Quadro III.56 –Níveis sonoros em Recetores individualizados (Situação de Referência, 2020;
previsão associada ao Critério de Incomodidade). ................................................................. III.168
Quadro III.57 – Níveis sonoros em Recetores individualizados (Situação de Referência, 2057;
previsão associada ao Critério de Incomodidade). ................................................................. III.168
Quadro III.58 – Valores das constantes a, b e c para diversos tipos de maciço. ................................. III.171
Quadro III.59 – Valores limite recomendados para a velocidade de vibração de pico [mm/s]. ............ III.172
Quadro III.60 – Valores limite da velocidade de vibração de pico [mm/s] antes da revisão de
2015. ....................................................................................................................................... III.172
Quadro III.61 – Magnitudes de vibração máximas satisfatórias em relação à resposta humana
para até três eventos de vibração por dia............................................................................... III.173
Quadro III.62 – Número de eventos de vibrações de pico [mm/s] registadas entre 2006 e 2012. ....... III.173
Quadro III.63 – Registo da quantidade de pegas de fogo entre 2013 e 2017. ..................................... III.174
Quadro III.64 – Classes de vibrações de pico [mm/s] registadas entre 2013 e 2017. .......................... III.175
Quadro III.65 – Classes de vibrações de pico [mm/s] registadas em 2018, 2019 e 2020. ................... III.175
Quadro III.66 – Localização das estruturas próximas da área de escavação e respetivas
velocidades admissíveis. ........................................................................................................ III.178
Quadro III.67 – Espécies endémicas e/ou protegidas pela legislação portuguesa identificadas na
área de estudo. ....................................................................................................................... III.198
Quadro III.68 – Espécies exóticas e/ou invasoras presentes na área de estudo. ................................ III.205
Quadro III.69 – Habitats de interesse comunitário identificados e cartografados na área de
estudo e respetivo grau de conservação. ............................................................................... III.210
Quadro III.107 – Evolução dos Índices de Envelhecimento nas unidades territoriais em estudo
(2001-2011). ........................................................................................................................... III.343
Quadro III.108 – Esperança média de vida à nascença e aos 65 anos na AML e no Continente.
................................................................................................................................. III.343
Quadro III.109 – Taxas brutas de natalidade e mortalidade, taxa de mortalidade infantil e
índice de envelhecimento da população em Portugal Continental e no concelho de
Setúbal, no ano de 2017......................................................................................................... III.344
Quadro III.110 – Óbitos por algumas causas no concelho de Setúbal e em Portugal
Continental, no ano de 2017................................................................................................... III.344
Quadro III.111 – Indicadores de Saúde por Região e Concelho, em 2019. ...................................... III.346
Quadro III.112 – Síntese da pesquisa documental............................................................................ III.355
Quadro III.113 – Caracterização agregada das ocorrências identificadas na AE ............................. III.355
Quadro III.114 – Situação de referência do descritor Património Cultural......................................... III.358
Quadro III.115 – Enquadramento do projeto no âmbito do PDM de Setúbal. ................................... III.381
Quadro III.116 – Enquadramento do projeto no âmbito da revisão do PDM de Setúbal................... III.382
Quadro III.117 – Enquadramento do projeto face à Planta de Condicionantes do PDM em
vigor. .................................................................................................................................. III.396
Quadro III.118 – Enquadramento da pretensão face à REN constante no PDM em vigor para
o concelho. ............................................................................................................................. III.402
Quadro III.119 – Enquadramento da pretensão face às áreas REN identificadas no Anexo III
do Decreto-Lei n.º 166/2008, de 22 de agosto. ...................................................................... III.404
Quadro III.120 – Enquadramento do projeto face à Planta de Condicionantes constante na
proposta de PDM concelhio em revisão. ................................................................................ III.406
Quadro III.121 – Enquadramento da pretensão face à REN constante na Proposta de Revisão
do PDM concelhio................................................................................................................... III.415
Quadro III.122 – Caracterização das fontes de perigo geradas pelas principais ações de
Projeto. .................................................................................................................................. III.431
Quadro III.123 – Resumo dos parâmetros estatísticos das concentrações de PM10 (µg/m3)
obtidos nas estações da Qualidade do ar de janeiro a dezembro de 2020. ........................... III.440
Quadro IV.1 – Principais ações do Plano de Pedreira (projeto) da pedreira de calcário e marga
industrial Vale de Mós A. ........................................................................................................... IV.2
Quadro IV.2 – Resumo dos valores estimados de NO2 e comparação com os respetivos valores
limite legislados, para o Cenário B – sem ampliação Pedreira. ............................................... IV.20
Quadro IV.3 – Resumo dos valores estimados de CO e comparação com o respetivo valor limite
legislado, para o Cenário B – sem ampliação Pedreira ........................................................... IV.24
Quadro IV.4 – Resumo dos valores estimados de PM10 e comparação com os respetivos
valores limite legislados, para o Cenário B – sem ampliação Pedreira. .................................. IV.28
Quadro IV.5 – Resumo dos valores estimados de SO2 e comparação com os respetivos valores
limite legislados, para o Cenário B – sem ampliação Pedreira ................................................ IV.32
Quadro IV.6 – Resumo dos valores estimados de NO2 e comparação com os respetivos valores
limite legislados, para o Cenário C – com ampliação Pedreira................................................ IV.37
Quadro IV.7 – Resumo dos valores estimados de CO e comparação com o respetivo valor limite
legislado, para o Cenário C – com ampliação Pedreira........................................................... IV.42
Quadro IV.8 – Resumo dos valores estimados de PM10 e comparação com os respetivos
valores limite legislados, para o Cenário C – com ampliação Pedreira ................................... IV.46
Quadro IV.9 – Resumo dos valores estimados de SO2 e comparação com os respetivos valores
limite legislados, para o Cenário C – com ampliação Pedreira................................................ IV.50
Quadro IV.10 – Dados de tráfego considerados para o Mapa de Ruído da Situação Resultante
em 2020 ................................................................................................................................... IV.52
Quadro IV.11 – Dados de tráfego considerados para o Mapa de Ruído da Situação Resultante
em 2054 (Horizonte de Projeto) ............................................................................................... IV.53
Quadro IV.12 – Níveis sonoros nos Recetores Sensíveis individualizados (Situação Futura 2020
e 2054; previsão associada ao Mapa de Ruído) ..................................................................... IV.56
E.223054.03.06.aa ENQUADRAMENTO
ESTUDO DE IMPACTE AMBIENTAL
PEDREIRA DE CALCÁRIO E MARGA INDUSTRIAL VALE DE MÓS A
ENQUADRAMENTO E.223054.03.06.aa
ESTUDO DE IMPACTE AMBIENTAL
PEDREIRA DE CALCÁRIO E MARGA INDUSTRIAL VALE DE MÓS A
1. INTRODUÇÃO
1.1. APRESENTAÇÃO
O presente documento constitui o Estudo Impacte Ambiental (EIA) do projeto da pedreira de calcário e marga
industrial Vale de Mós A, em fase de projeto de execução, de que é proponente a SECIL - Companhia Geral
de Cal e Cimento, S.A., doravante denominada SECIL.
O projeto da pedreira de calcário e marga industrial Vale de Mós A tem como objetivos (Figura I.1):
• a fusão da pedreira de marga Vale de Mós A e da pedreira de calcário Vale de Mós B, exploradas para a
produção de cimento;
No âmbito do presente estudo a SECIL considerará o Plano de Pedreira Vale de Mós A e o Plano de Pedreira
Vale de Mós B, tal como estes se encontram atualmente aprovados e em execução, e como se perspetiva que
possa ser a evolução da execução desses Planos (evolução da situação de referência), sem a aprovação do
projeto da pedreira de calcário e marga industrial Vale de Mós A 1.
No decurso do presente EIA será realizada a descrição da situação de referência e a avaliação de impactes
considerando a evolução da situação de referência dos projetos aprovados e em execução versus a aprovação
do projeto da pedreira de calcário e marga industrial Vale de Mós A. Resultando claro que a opção de projeto
agora proposto a AIA pela SECIL é, de forma determinante, harmonizado com os objetivos de conservação da
natureza do PNA e da ZEC, sendo a viabilidade ambiental do projeto devidamente evidenciada. Contudo, a
pretensão da SECIL não é compatível com o uso do solo (classe) indicado no Plano Diretor Municipal em vigor
nem com a revisão a este realizada (em Consulta Pública2 de 25 de junho a 5 de agosto de 2020), assim como
também não é compatível com as determinações do Plano do Parque Natural da Arrábida ou do Plano de
Gestão da ZEC Arrábida-Espichel (em Consulta3 de 4 de maio a 3 de julho de 2020), o que poderá ser superado
em devido tempo, de acordo com os resultados da presente avaliação.
De facto, a atual legislação rejeita o modelo de zonamento monofuncional, que apenas prevê um único uso
para uma dada porção do território e consagra um modelo de ordenamento flexível fundado na
multifuncionalidade do solo, através da previsão de usos compatíveis. O princípio da compatibilidade de usos
visa garantir a separação de usos incompatíveis e favorecer a coexistência de usos compatíveis e
complementares, bem como implementar a multifuncionalidade e a integração e flexibilidade de utilizações
adequadas a cada uso do solo, contribuindo para uma maior diversidade e sustentabilidade territoriais
(cfr. artigo 12.º, n.º 4, alínea a) do Decreto Regulamentar n.º 15/2015, de 19 de agosto). Especificamente, no
que toca a áreas de exploração de recursos energéticos e geológicos, a lei prevê que os planos territoriais
devem delimitar e regulamentar tais áreas, “assegurando a minimização dos impactes ambientais e a
compatibilização de usos” (cfr. artigo 15.º do Regime Jurídico dos Instrumentos de Gestão do Território). Ora
assim, a SECIL espera que a modificação do perímetro das pedreiras (e respetiva classificação do uso do solo)
pretendida no presente EIA, seja salvaguardada no PDM Setúbal com vista à melhoria da lavra da pedreira
Vale de Mós A, permitido a reclassificação de área de 18,5 ha como compatível com a atividade extrativa.
Também o uso do solo pela atividade extrativa é sempre um uso transitório, podendo a recuperação ambiental
e paisagística a realizar garantir, como até agora, a recomposição dos habitats e ecossistemas específicos da
serra da Arrábida. Os estudos, realizados por entidades independentes, demonstram que a recuperação levada
a cabo pela empresa tem sido de molde a aproximar as áreas recuperadas dos habitats circundantes. De facto,
alguns desses habitats (nomeadamente o 5330) tendem a ocupar áreas abandonadas pela atividade agrícola,
o que, aliás, aconteceu com a área da propriedade da Secil, que até às primeiras décadas do Sec. XX possuía
esse tipo de atividade, para além do pastoreio. O dinamismo dos ecossistemas em presença permite essa
reocupação assim que seja permitido a cobertura mínima do solo e a recuperação ativa, presente nos planos
de recuperação.
A recuperação de pedreiras e a reintrodução direcionada dos habitats não só é provada pela recuperação em
presença como tem sido posta em prática com bons resultados noutras zonas do país (vide Parque Natural das
Serras de Aire e Candeeiros) com o direto envolvimento do ICNF. Aliás, essa recuperação ultrapassa habitats
como os de Matos Termo mediterrânicos pré desérticos, estendendo-se a habitats de reconstrução estrutural
e geologicamente mais complexos como as lajes calcárias (8240).
1 Especificamente, para os fatores ambientais Qualidade do ar e Ambiente Sonoro nos respetivos capítulos e, em
capítulo III.3 Projeção da Situação de Referência, todos os outros fatores ambientais.
2 In: https://www.mun-setubal.pt/pdm-2020/
3 In: https://participa.pt/pt/consulta/plano-de-gestao-da-zec-arrabida-espichel.
Aliás, como será analisado neste EIA, os serviços dos ecossistemas da área de ampliação são essencialmente
de âmbito cultural e identitário, sendo minimizáveis pelo tipo de exploração proposto (com diminuto impacte
visual) sublinhando a transitoriedade da exploração. De salientar que a exploração prevista não tem um impacte
negativo fora da zona de exploração, i.e., este tipo de atividade não interfere com os valores naturais para além
da estrita zona de exploração, como é claramente demonstrado pela manutenção dos valores em presença
nas zonas contíguas e pelo êxito da recuperação das áreas da pedreira.
Em suma, não obstante os instrumentos de gestão atualmente em vigor não serem compatíveis com a
pretensão, tal pode ser alterado de acordo com os diplomas que regem esses mesmos instrumentos, ainda
suportado pelas conclusões da presente avaliação de impacte ambiental. Neste contexto pretende-se uma
reclassificação do uso do solo para a área de ampliação de 18,5 ha, que seja compatível com a atividade
extrativa. As práticas de recuperação acima assinaladas, nesta pedreira em particular e em muitas
outras no país e no mundo, sublinham a transitoriedade da exploração de minério e a capacidade de
recuperação do tipo de habitats em presença.
As pedreiras Vale de Mós A e Vale de Mós B e a área proposta para ampliação, inserem-se no Parque Natural
da Arrábida (PNA) e em Zona Especial de Conservação1 (ZEC) Arrábida-Espichel que integram a Rede Natura
2000.
Nos termos do ponto 2 do artigo 1º do Decreto-Lei n.º 151-B/2013, de 31 de outubro, alterado e republicado
pelo Decreto-Lei n.º 152-B/2017, de 11 de dezembro, os projetos que pela sua natureza, dimensão ou
localização, sejam considerados suscetíveis de provocar incidências significativas no Ambiente, têm de ser
sujeitos a procedimento prévio de AIA, como formalidade essencial para a sua aprovação, e licenciamento, por
parte dos ministérios da tutela e do ambiente.
De acordo com os diplomas acima mencionados, a tipologia de projeto que o proponente pretende implementar
enquadra-se no âmbito da alínea a) do número 2 do anexo II, em área sensível2, o que determina a
obrigatoriedade de sujeitar a procedimento de AIA as pedreiras com área superior a 15 ha. Especificando-se
ainda no item i) na alínea b) do número 4 do artigo 1.º que se encontra sujeito a procedimento de AIA qualquer
alteração de projetos incluídos no anexo II, se tal alteração, em si mesma, corresponde aos limiares
estabelecidos no referido anexo.
Com o EIA e respetivo procedimento de AIA e ainda com o projeto da pedreira de calcário e marga industrial
Vale de Mós A será possível instruir o processo de licenciamento da pedreira Vale de Mós A, com o objetivo de
obter a Licença de Exploração, nos termos do Decreto-Lei n.º 270/2001, de 6 de outubro, alterado e republicado
pelo Decreto-Lei n.º 340/2007, de 12 de outubro.
A fusão3 da pedreira Vale de Mós A com a pedreira Vale de Mós B, será realizada seguindo os termos do
artigo 36.º dos diplomas mencionados supra, passado a pedreira a ser denominada como Vale de Mós A.
1As ZEC são SIC (Sítio de interesse comunitário), no caso PTCON0010, designados pelos Estados-Membros por
intermédio de um ato jurídico aos quais são aplicadas as medidas de conservação necessárias, a fim de assegurar a
conservação das espécies e dos habitats de importância para a UE neles presentes. In:
https://ec.europa.eu/environment/nature/natura2000/faq_pt.htm
2 Para efeitos dos diplomas mencionados, a área de projeto localiza-se em “Área sensível”, uma vez que se localiza
em Áreas protegidas, classificadas ao abrigo do Decreto-Lei n.º 142/2008, de 24 de julho, no caso, no Parque
Natural da Arrábida, e em Sítio (atual ZEC) da Rede Natura 2000, no caso, no SIC PTCON0010 – Arrábida/ Espichel.
3 Pretende-se a fusão das duas pedreiras, uma vez que são confinantes. Sendo a pedreira Vale de Mós A a pedreira
Por fim, destaca-se que a elaboração do Projeto (fusão e ampliação da pedreira de Vale de Mós A) e do EIA
decorreu de forma concomitante, pelo que os dados, resultados e recomendações de ambos os documentos
foram sendo sucessivamente integrados e conciliados, garantido que este Projeto utiliza as melhores técnicas
disponíveis para a sua atividade, respeitando as populações (recetores sensíveis) e respondendo aos quesitos
de conservação da natureza, identificando e garantindo a utilização racional dos recursos naturais, isto é, a
proteção sustentável desses recursos sem, contudo, excluir o uso humano dos ecossistemas.
Neste contexto, propõe este EIA uma série de medidas compensatórias, a mais importante das quais será a
reclassificação da área licenciada de uma área de 35,8 ha (35,3 ha de área ambiental e paisagisticamente
recuperada e 0,5 ha de área não intervencionada pela atividade extrativa), isto se tal for aceite pelas entidades
que tutelam a atividade. Não só será consentâneo com a monitorização dos ecossistemas realizada por
entidades independentes de que este EIA dá a devida nota, e que demonstra a proximidade dessas áreas com
os valores naturais do PNA, como é um exemplo claro da realidade da recuperação de áreas exploradas. Para
além disso, e no âmbito das mesmas medidas, propõe-se a recuperação de uma série de áreas antigas de
exploração que não foram objeto de recuperação consequente e tecnicamente fundamentada.
Assim, o objetivo da elaboração destes dois documentos é identificar antecipadamente os principais impactes
ambientais positivos e negativos associados ao projeto da pedreira de calcário e marga industrial Vale de
Mós A, e dotar a SECIL de informação que lhe permita dar continuidade à adequada Gestão Ambiental da
atividade da pedreira, de forma a garantir o maior equilíbrio possível entre a área de inserção da pedreira e o
meio biofísico, económico, cultural e social que as enquadra.
2. ENQUADRAMENTO DO PROJETO
2.1. LOCALIZAÇÃO
A pedreira Vale de Mós A localiza-se na Quinta de Vale da Rasca em Outão, União das freguesias de São
Julião, Nossa Senhora da Anunciada e Santa Maria da Graça, no concelho de Setúbal (Figura I.2 e Figura I.3).
O acesso á área de exploração é feito a partir da cidade de Setúbal pela estrada nacional EN 10-4, tomando-se
depois a ER 379-1, que conduz à portaria da fábrica de cimento da SECIL O acesso ao interior da exploração
é feito por acessos internos da fábrica. Em alternativa, o acesso poderá ser realizado pela ER 379-1, acedendo
diretamente à pedreira Vale de Mós A.
Os recetores sensíveis que se encontram na envolvente próxima da pedreira são (Figura I.6, Figura I.4 e
Figura I.5)
• a Noroeste a povoação de Vale da Rasca1, a mais de 300 metros do limite Norte da pedreira e a 1500 metros
do limite Sul;
• a Sudeste o Hospital Ortopédico Sant’Iago do Outão2 a 600 metros do limite Este da pedreira e a 450 metros
do limite Sul da pedreira Vale de Mós A.
A envolvente próxima do local onde se insere o projeto é caraterizada por uma ocupação humana esparsa,
sendo que as povoações mais próximas da pedreira são: a Noroeste, a povoação de Vale da Rasca (composta
por diversos Casais: Rainha, Freixo, Boa Vista, Russinha, Lameiras de Baixo) que distam cerca de 400 a 1000
metros, da pedreira Vale de Mós A. A Sudeste da pedreira localiza-se a povoação do Outão, a cerca 800
metros, onde se encontra o hospital ortopédico de Sant’Iago de Outão. A Este da Pedreira Vale de Mós A, a
menos de 300 metros, localiza-se a fábrica de cimento do Outão.
A pedreira localiza-se ainda a cerca de 3000 metros de Troia e a cerca de 4500 metros da cidade de Setúbal.
1 Composto por diversos conjuntos de casais, nomeadamente: Rainha, Freixo, Boa Vista, Russinha, Lameiras de Baixo.
2 O Hospital Ortopédico Sant’Iago do Outão será a curto-médio prazo relocalizado para o hospital central de Setúbal.
Figura I.5– Distancia aos mais próximos recetores sensíveis da pedreira Vale de Mós A.
Topografia atual
[1] Pedreira Vale de Mós A. [2] Oficina. [3] Área proposta para exploração de calcário.
O Projeto em análise pode ser enquadrado sucintamente de acordo com o Quadro I.1.
PDM de Setúbal
Resolução do Conselho de Ministros n.º 65/94,
de 10 de agosto
Na Planta de Ordenamento a área licenciada e a área proposta para a
(alterado pelas Declarações n.º 416/99, de 17 de
exploração de calcário incluem-se, respetivamente, “Espaço para Indústrias
dezembro e n.º 49/2000, de 25 de fevereiro; pela
extrativas” e “Espaços Culturais e Naturais”
Resolução de Conselho de Ministros n.º 32/2001, de
Na Planta de Condicionantes a área da pedreira encontra-se sujeitas à
29 de março; pela Declaração n.º 268/2001 de 6 de
“proteção a feixes hertzianos” e “Parque Natural da Arrábida”
setembro; retificado pela Declaração de Retificação
Na Planta de Condicionantes REN a área da pedreira integra-se em área
n.º 1142/2010, de 14 de junho; alterado pelos Avisos
classificada como REN
n.º 9397/2013, de 22 de julho, e n.º 2263/2017, de 3
de março.)
(Sem publicação de carta de REN)
Figura I.8– Enquadramento pedreira Vale de Mós A relativamente ao PNA e na ZEC Arrábida/ Espichel.
De acordo com os diplomas mencionados acima, são objetivos desta transposição “contribuir para assegurar
a biodiversidade, através da conservação e do restabelecimento dos habitats naturais e da flora e fauna
selvagens num estado de conservação favorável no território nacional, tendo em conta as exigências
económicas, sociais e culturais, bem como as particularidades regionais e locais.”
Em Portugal foram criadas 39 Zonas de Proteção Especiais (ZPE), ao abrigo do Decreto-Lei n.º 208/94, de 5
de novembro, do Decreto-Lei n.º 384-B/99, de 23 de setembro, do Decreto-Regulamentar n.º 6/2008, de 26 de
fevereiro, e do Decreto-Regulamentar n.º 10/2008, de 26 de março.
Os 60 sítios aprovados pela Resolução do Conselho de Ministros n.º 142/97, de 28 de agosto (1ª Fase), e pela
Resolução do Conselho de Ministros n.º 76/2000, de 5 de julho (2ª Fase), já foram designados como Sitos de
Importância Comunitária (SIC) através da Decisão da Comissão n.º 2004/813/CE, de 7 de dezembro, que adota
a lista dos SIC da região biogeográfica atlântica, e da Decisão da Comissão n.º 2006/613/CE, de 19 de julho,
que adota a lista dos SIC da região biogeográfica mediterrânea.
Com a aprovação da Estratégia Nacional da Conservação da Natureza e da Biodiversidade (ENCNB) através
da Resolução do Conselho de Ministro n.º 152/2001, de 11 de outubro, foram definidas orientações referentes
à Rede Natura 2000, uma vez que foi reconhecida a necessidade de assegurar a conservação do património
natural dos Sítios e das ZPE.
A Resolução do Conselho de Ministro n.º 115-A/2008, de 21 de julho, aprovou o Plano Sectorial da Rede Natura
2000 (PSRN2000) o qual constitui um instrumento de gestão territorial de concretização da política nacional de
conservação da diversidade biológica, visando a salvaguarda e valorização dos Sítios e dos ZPE do território
continental, bem como a manutenção das espécies e habitats num estado de conservação favorável nestas
áreas, através da consubstanciação de um conjunto de medidas e orientações consideradas adequadas.
A realização de atividades que possam implicar impactes significativos sobre os habitats e espécies integradas
nos anexos do Decreto-Lei n.º 140/99, de 24 de abril, alterado pelo Decreto-Lei n.º 49/2005, de 24 de fevereiro,
e pelo Decreto-Lei n.º 156-A/2013, de 8 de novembro, necessitam de aprovação por parte das entidades da
tutela (ICNF, no caso das Áreas Protegidas, ou Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional, nas
restantes). Destacam-se, como exemplo de atividades que se encontram abrangidas por esta aprovação, as
obras de construção civil fora de perímetros urbanos, a alteração do uso atual do solo que abranja áreas
contínuas superiores a 5 ha ou as alterações à morfologia do solo que não sejam decorrentes de atividades
agrícolas e florestais.
De acordo com os diplomas acima mencionados, é estipulado que as ações planos ou projetos não diretamente
relacionados com a gestão de um Sítio e não necessários para essa gestão, mas suscetíveis de afetar essa
zona significativamente, individualmente ou em conjugação com outras ações, planos ou projetos, devem ser
objeto de avaliação de incidências ambientais no que se refere aos objetivos de conservação da referida zona,
ou de procedimento de Avaliação de Impacte Ambiental, caso o licenciamento/aprovação da ação prevista seja
abrangido pelo Decreto-Lei n.º 151-B/2013, de 31 de outubro, alterado e republicado pelo Decreto-Lei
n.º 152-B/2017, de 11 de dezembro.
Adicionalmente, no ponto 10 do Artigo 10º, declara-se que se após a realização da avaliação de impactes (ou
incidências) ambientais se concluir que o projeto terá impactes negativos muito significativos sobre o sítio de
importância comunitária em que se insere, este só poderá ser autorizado quando se verifique a ausência de
solução alternativa e ocorram razões imperativas de interesse público, como tal reconhecidas mediante
despacho conjunto do ministro do ambiente e do ministro competente em razão da matéria.
De facto, no decurso do presente trabalho resultará claro que o coberto existente na área de expansão é o
típico do que existe depois do abandono da agricultura e da pastorícia e que pode ser reproduzido, mesmo
com maior nível de biodiversidade, depois da recuperação ambiental e paisagística, como aliás tem vindo a ser
feito nas últimas cinco décadas na área da pedreira, com resultados reconhecidos, melhor abordados no âmbito
do fator ambiental Sistemas ecológicos e do fator ambiental Serviços dos Ecossistemas.
1 A Proposta de Plano de Gestão da presente ZEC encontrou-se em consulta pública de 4 de maio de 2020 a 3 de julho de 2020.
2 www.icnf.pt/
Juniperus spp. (2250*) e dunas com pinhal-bravo (Pinus pinaster subsp. Atlântica), com sob-coberto não
perturbado recentemente (2270*).
Em relação à flora, destaca-se o endemismo arribidense Convolvulus fernandesii, e os endemismos lusitanos
Euphorbia transtagana, Iberis Procumbes subs. Microcarpa, Arabis sadina e Pseudarrhenatherum pallens.
Esta ZEC inclui ainda abrigos importantes de várias espécies de quirópteros, sendo alguns destes abrigos
locais relevantes de criação e hibernação para o morcego-de-peluche (Miniopterus scheibersii). Destaca-se
ainda o facto de este ser uma das poucas ZEC onde se encontra identificado o lepidópteroi Callimorpha
quadripunctaria, espécie prioritária.
Assim, e para que não haja qualquer tipo de incompatibilidade entre o projeto e os objetivos de Conservação
da Natureza que levaram à classificação desta área como Sítio da Rede Natura 2000, no decurso do presente
estudo foi garantido não só que a atividade extrativa na área de exploração de calcário da pedreira Vale de
Mós A não terá um efeito negativo sobre a integridade do sítio Natura 2000 mas também, e acima de tudo, que
no decurso e após a sua execução se envidarão esforços para garantir a preservação e eventual expansão
dos habitats e espécies que determinaram a sua classificação.
Importa ainda referir que a SECIL, enquanto procedia ao desenvolvimento e melhoria da metodologia de
exploração e ao cumprimento dos procedimentos legais das pedreiras Vale de Mós A e B, procedia ainda
ao estudo de processos de recuperação natural e assistida das comunidades biológicas e de sucessão
ecológica na área das pedreiras em recuperação, num total de 35,8 ha (a não intervencionar), pelo que
tem conhecimento prático para a recuperação da área a ampliar que permitirá afirmar da competência dos
habitats e ecossistemas na renaturalização da área de 18,5 ha que se espera se possa vir a explorar.
Este conhecimento científico resultante do estudo de processos de recuperação das comunidades
biológicas e de sucessão ecológica, realizados em protocolo 1 com as universidades, têm-se revelado
essencial, quer na definição de estratégias de recuperação, quer na avaliação da eficácia de técnicas e
medidas já implementadas, ao ponto da SECIL, e da exploração das pedreiras do Outão, serem
consideradas um exemplo de sucesso a nível mundial 2.
Por fim, importa também referir que para a elaboração do presente Projeto foram seguidas as
Orientações da Comissão Europeia sobre a realização da extração de minerais não energéticos e
considerados os requisitos de conservação da natureza da rede Natura 2000.
1 Listagem dos Projetos desenvolvidos, ou em curso, no âmbito dos protocolos Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa:
Seleção e fixação de espécies vegetais em solos desertificados ou degradados- Estudos para a recuperação da paisagem e
ecossistemas mediterrânicos (1997-2000); Gestão ecológica de áreas revegetadas - um caso de estudo em pedreiras calcárias
mediterrânias (2002-2004 & 2004-2007); Ecotechnology for environmental restoration of limestone quarries; ecoquarry (2004-2007);
Gestão ecológica de áreas revegetadas em pedreiras calcárias (2008-2011); Acompanhamento científico para a gestão ecológica de
áreas a recuperar nas pedreiras da Secil-Outão (2012-2014) e da Universidade de Évora: Estudo e valorização da biodiversidade –
Componente da fauna na propriedade da Secil-Outão. 1a Fase (2007-2008), 2a Fase (2008-2010) e 3a Fase (2011-2014) para além do
Estudo e valorização da biodiversidade da Componente da fauna na propriedade da Secil-Outão procede-se ainda à implementação de
medidas de gestão e monitorização.
2 Como comprovado na Conferência Quarries Alive que em 2018 juntou na Universidade de Évora mais de 140 participantes de
21 países com o objetivo de apresentar Projetos de recuperação de pedreiras em todo o mundo. A Conferência traduziu-se num
encontro interdisciplinar para troca de experiências e apresentação de Projetos de pesquisa científica, abordagens de engenharia
técnica e estudos-piloto inovadores na gestão e recuperação de habitats.
salvaguardá-la de uma futura exploração de inertes e a gestão que a SECIL se propõe a manter e desenvolver,
permitirá melhorar o valor ecológico da mesma.
De facto, atualmente, a pretensão da SECIL não é totalmente compatível com o POPNA, já que os 18,5 ha da
área de ampliação se encontram classificados como área de Proteção parcial I. Contudo, o POPNA é baseado
em estudos ecológicos antigos, pouco aderentes à realidade física atual e desadequados à luz da nova
legislação vigente. No futuro, o POPNA poderá não ser tão restritivo relativamente a pedreiras, já que existe
especificamente um Regime Jurídico de Licenciamento de Pedreiras, Decreto-Lei n.º 270/2001, 10 de outubro,
e alterações introduzidas pelo Decreto-Lei n.º 340/2007, de 12 de outubro, (incluindo a Declaração de
Retificação n.º 108/2007), bem como um moderno Regime Jurídico de Avaliação de Impacte Ambiental,
estabelecido no Decreto-Lei n.º 151-B/2013, de 31 de outubro, alterado e republicado pelo Decreto-Lei
n.º 152-B/2017, de 11 de dezembro. Para além disso, poderá ainda estabelecer-se critérios específicos de
encerramento de áreas exploradas e devidamente recuperadas, e ainda mecanismos de compensação para
alcançar novas áreas de exploração, como já é possível noutros Parques Naturais em Portugal, como, por
exemplo, o POPNSAC.
Assim, a pretensão da SECIL não é atualmente compatível com as determinações do Plano de Gestão da ZEC
o que deverá ser superado em devido tempo (anexo VIII Parecer Jurídico).
D. Deverão ser estudadas alternativas, em termos de impactes ambientais e socioeconómicos, no
pressuposto da matéria-prima para a produção de cimento na Fábrica de Outão ter de vir a ser adquirida
no exterior do complexo da SECIL - Companhia Geral de Cal e Cimento SA. Proceder à análise
comparativa dos impactes das várias alterativas estudadas.
Será feita a descrição da situação atual (cenário A) e a avaliação de impactes considerando a evolução da
situação de referência (cenário B) dos projetos aprovados e em execução, especificamente, Vale de Mós A e
Vale de Mós B perante a não aprovação do projeto da pedreira de calcário e marga industrial Vale de Mós A.
• Cenário A, representativo das condições atuais de exploração de marga (1 175 000 toneladas no ano)
e de calcário (1 175 000 toneladas no ano) na Pedreira. Atualmente, já há necessidade de recorrer a
uma fonte de calcário externa à instalação para satisfazer as necessidades de calcário existentes,
uma vez que a Pedreira não tem condições de dar resposta à quantidade total de calcário necessária.
Este cenário representa, assim, a exploração interna anual de 1 175 000 toneladas de marga e de
874 200 toneladas de calcário, sendo necessário adquirir, externamente, 300 800 toneladas de
calcário por ano;
• Qualidade do Ar, uma vez que às atividades de desmonte, extração e transporte do material encontram-se
associados, normalmente, impactes significativos decorrentes da emissão de poeiras;
• Ambiente sonoro, dado que os projetos de pedreiras estão, normalmente, associados à ocorrência de
impactes decorrentes das operações de exploração, pela emissão de ruído;
• Vibrações, dado que se trata de uma pedreira onde são utilizados explosivos para o desmonte do material,
é importante verificar que não existe qualquer risco para a integridade das estruturas existentes na
envolvente ou que aí possam vir a ser implantadas;
• Sistemas ecológicos, que contempla a Flora e vegetação e a Fauna e Biótopos, uma vez que a área de
implantação do projeto está inserida no Parque Natural da Serra da Arrábida (PNA) e no Sítio da Rede
Natura 2000 Arrábida /Espichel, pelo que este fator ambiental assume uma importância relevante na
caracterização da área;
• Serviço dos ecossistemas, também importa verificar quais os serviços prestados pelos ecossistemas na
área a intervencionar e quais se podem perder com a execução do projeto;
• Paisagem, já que a nova área da pedreira irá trazer alterações consideráveis de uso do solo ao mesmo
tempo que se prevêem impactes paisagísticos e visuais negativos, que terão que ser acautelados;
• Clima e alterações climáticas, o Projeto não deverá ter impactes significativos sobre este fator ambiental,
ainda que este seja essencial para a análise e previsão de impactes sobre alguns fatores ambientais com
especial destaque para a Qualidade do Ar e o Ambiente Sonoro. Será ainda verificado o potencial contributo
para a potenciação das alterações climáticas e ainda o inverso, isto é, a determinação da vulnerabilidade
do projeto às alterações climáticas;
• Geologia e Geomorfologia, uma vez que o objeto do Projeto é a exploração de um recurso mineral, o que
terá consequências, especialmente pelas alterações na fisiografia que este tipo de indústria implica;
• Solos, aspeto com pouca relevância já que a área a intervencionar não irá abranger solos de elevada
capacidade produtiva ainda que, na fase de exploração, vá implicar transitoriamente alterações ao uso atual
do solo, o que deverá ser progressiva e concomitantemente colmatado com a recuperação paisagística e
ambiental;
• Recursos hídricos, não se prevê que Projeto venha a afetar qualquer linha de água com relevância no
território, nem que venha a existir interferência com os recursos hídricos subterrâneos;
• Qualidade das Águas, não se perspetivam cenários de degradação da qualidade da água decorrentes da
execução do Projeto, no entanto, devido à natureza do substrato calcário, este fator ambiental deve ser
avaliado com alguma atenção;
• Saúde Humana, serão elencadas as possíveis perturbações que poderão ser geradas pela execução do
projeto, especificamente, pelos efluentes gerados (alterações de veiculação hídrica, aérea e solos);
• Património, já que será necessário garantir a preservação e promover o enquadramento dos valores
patrimoniais potencialmente presentes na área em estudo, ainda que nesta área não exista registo de
nenhum elemento classificado ou em vias de classificação.
Serão ainda avaliados os Riscos ambientais, nomeadamente os efeitos que podem resultar de um desastre,
quer de origem natural quer de origem antropogénica, não estão dependentes apenas da sua origem e da
magnitude atingida, mas também das características do espaço em que ocorre.
industrial Vale de Mós A é considerado de elevada importância, mais ainda porque só assim a SECIL se
encontrará em condições de garantir reservas próprias na fábrica de cimento do Outão que lhe permitam
abastecer a sua linha de produção de cimento limpa 1 (CCL – Clean Cement Line). A fábrica de cimento
CCL será a primeira fábrica a nível mundial deste novo conceito “Clean Cement” e “Low Carbon Cement”
(cimento de baixo carbono), produzido, com enormes vantagens, através da melhoria da eficiência
energética, da redução do consumo térmico específico, da redução das emissõ es de CO 2 e da
dependência dos combustíveis fósseis, na instalação fabril.
O projeto da pedreira de calcário e marga industrial Vale de Mós A permite deste modo assegurar o
abastecimento de calcários e margas à fábrica de cimento do Outão, assegurando a viabilidade de uma
indústria de capital intensivo de retorno a longo prazo, garantindo ainda a solidez económica da empresa e a
manutenção de mais de quatro centenas de postos de trabalho.
Desta forma, procurou-se conciliar e otimizar os Planos de Pedreira de Vale de Mós A e Vale de Mós B,
atualmente em vigor, considerando o aproveitamento racional do recurso e da compatibilidade ambiental. Ainda
assim, no EIA serão contrastadas duas situações:
a) A evolução da situação de referência na ausência da implementação do Plano de Pedreira de Vale de
Mós A. Será avaliada a continuidade da exploração sem a ampliação, o que determina a necessidade de
receção de calcário proveniente do exterior. Será efetuada a projeção da situação atual da área de intervenção,
caso o Projeto não venha a ser implementado, em função das políticas gerais de planeamento em vigor e,
acima de tudo, com base nos planos de ordenamento do território atuantes sobre a área, com especial destaque
para o Plano Diretor Municipal de Setúbal e o Plano de Ordenamento do Parque Natural da Serra da Arrábida.
b) Implementação do Projeto. Pretende-se otimizar a exploração e o aproveitamento do recurso mineral pela
fusão de Vale de Mós A e B, com cerca de 98,7 ha, e a ampliação em 18,5 ha. Na área licenciada Vale de
Mós A e Vale de Mós B encontra-se ainda uma área ambiental e paisagisticamente recuperada de 35,8 ha que
não se irá intervencionar, mas que se considerará em âmbito de avaliação, com o objetivo de verificar do
desenvolvimento da vegetação, autóctone e tradicional da região, e como exemplo de recuperação a cumprir
na área de ampliação. Todas as operações de exploração serão descritas no Capítulo II. A previsão e avaliação
de impactes serão efetuadas através da comparação entre os impactes previstos, resultantes da
implementação das diferentes vertentes do Projeto, com a evolução da situação de referência, no seu período
de vida útil. Assim, admite-se que a natureza dos impactes gerados pela laboração da pedreira Vale de Mós A
se irá manter, mas que a sua magnitude poderá mudar, dada a alteração da área de lavra e considerando a
implementação das medidas de minimização a definir no âmbito da execução do EIA.
A metodologia geral seguida para a caracterização do ambiente afetado contemplou as seguintes etapas:
Caracterização da situação de referência – que implicou a recolha e análise de informações, a realização de
levantamentos de campo e a identificação de áreas e aspetos ambientais críticos. Esta etapa teve como objetivo
a elaboração de uma caracterização ambiental detalhada da área de intervenção e da sua envolvente,
abordando-se seus aspetos biofísicos, ecológicos, socioeconómicos e culturais considerados mais relevantes
e, aprofundando-se, os que serão, direta ou indiretamente, influenciados pelo Projeto.
Caracterização e avaliação dos impactes ambientais associados ao Projeto - que compreende o
cruzamento da informação de base referente à descrição do Projeto com a informação relativa aos aspetos
ambientais da área em estudo, e que resultou na identificação dos impactes potencialmente ocorrentes, sua
previsão e avaliação qualitativa e quantitativa (quando possível e aplicável).
1Sobre a Fábrica e a sua linha de produção CCL apresenta-se em anexo Clean Cement Line melhor explicação do
processo de descarbonização da fábrica
Definição das medidas de minimização – Especificação das medidas passíveis de aplicação, capazes de
atenuar ou compensar os impactes negativos previstos, no decurso das fases de desenvolvimento do Projeto.
Estabelecimento do plano de monitorização – definição dos indicadores relevantes a monitorizar, de forma
a assegurar o adequado enquadramento ambiental do Projeto e a evolução sustentada de todos os sistemas
e comunidades existentes na envolvente da área de intervenção.
• a definição de medidas cautelares, minimizadoras e/ou compensatórias dos impactes negativos detetados
e a definição de medidas de potenciação dos impactes positivos assinalados;
• a definição dos critérios e medidas a adotar com vista à monitorização e controle dos impactes negativos
residuais gerados.
Para os vários fatores ambientais, socioeconómicos e culturais estudados, a abrangência territorial da área de
estudo considerada foi ajustada de acordo com os vetores em análise compreendendo, ora as zonas restritas
à área de implementação do Projeto, ora a sua zona de influência, de forma abrangente.
Por outro lado, a profundidade de análise de cada um dos fatores ambientais foi realizada de acordo com a
especificidade do Projeto em causa.
O presente EIA é constituído pelo Relatório Síntese e os Anexos. Neste relatório é efetuada uma análise
pormenorizada de todas as matérias contempladas pelo estudo, compreendendo os seguintes capítulos:
I. Enquadramento
O Resumo Não Técnico destina-se a uma divulgação alargada das informações veiculadas no Relatório
Síntese, pelo que contém os dados essenciais do EIA numa linguagem mais simplificada e acessível ao público
em geral.
1. DESCRIÇÃO DO PROJETO
1.1. ÂMBITO DO PROJETO
No presente capítulo procede-se à apresentação do Grupo Secil e das pedreiras Vale de Mós A e Vale de
Mós B. Procede-se ainda à justificação da necessidade do Plano de Pedreira (projeto) da pedreira de calcário
e marga industrial Vale de Mós A, face às necessidades de fornecimento de matéria-prima à fábrica de cimento
do Outão, as suas fontes e formas de obtenção.
1Atualmente as áreas das anteriores explorações pedreira Vale de Mós e mais tarde do Monte das Abelhas encontram-se
completamente integradas na paisagem da envolvente, integrando habitats naturais (Figura III.89 e Figura III.93).
Fonte: SECIL
1 SECIL, 2010
A atividade das pedreiras Vale de Mós A e B decorre há mais de 80 anos, tendo o início formal da laboração
das pedreiras ocorrido em 31 de julho de 1936, através da Declaração de Início da Atividade. Em 1963 decorreu
o procedimento de ampliação das zonas afetas a esta atividade, correspondendo até hoje ao perímetro da área
licenciada das pedreiras.
Em 1973 foi realizado e entregue na tutela o plano de recuperação paisagística, tendo sido aprovado em 20 de
março de 1974.
Em 1975, com a nacionalização do setor cimenteiro, a SECIL continuou a ser uma empresa privada, mas com
a maioria do capital público.
Em 1981 é apresentado o Plano Geral de Recuperação Paisagística das pedreiras Vale de Mós A e B referente
ao período 1982 a 2000. Por indicação da Direção do Parque Natural da Arrábida, criado em 1976, ficou
estabelecido que, após a aprovação do Plano Geral de Recuperação Paisagística, se realizariam Projetos de
Execução Trienais. Em 1982 iniciou-se a execução desse primeiro Projeto de Execução, referente ao triénio
de 1982-1984.
Mais tarde, a 28 de novembro de 1985, o Parque Natural da Arrábida e a Câmara Municipal de Setúbal
pronunciaram-se favoravelmente sobre o Plano Geral de Recuperação Paisagística. Ainda nesse ano, a 4 de
dezembro, foi emitida a licença de laboração de acordo com o Decreto-Lei n.º 227/82, de 14 de junho.
Em 1994 a SECIL foi reprivatizada pela venda dos capitais públicos à SEMAPA.
Em 1999 foi apresentado pela SECIL, às entidades da tutela, o Plano Geral de Recuperação Paisagística
referente ao período 2000-2005. Em 2003 deu-se início à execução do segundo triénio deste plano geral,
referente ao período de 2003 a 2005.
Em 2001, com a publicação do Decreto-Lei n.º 270/2001, de 6 de outubro, resulta um aumento das exigências
para o funcionamento das pedreiras, nomeadamente, através de um maior controlo ambiental e da
necessidade de articulação dos vários Projetos sectoriais da pedreira, nomeadamente: o Plano de Lavra, o
Plano de Segurança e Saúde, o Plano de Monitorização Ambiental, o Plano Ambiental e de Recuperação
Paisagística e o Plano de Desativação. Com a entrada em vigor deste diploma legal é reforçada também a
capacidade técnica exigida às empresas exploradoras, de forma a otimizar o aproveitamento do recurso
mineral e preservar os valores ambientais presentes.
Com o objetivo de adaptar as pedreiras Vale de Mós A e Vale de Mós B ao Decreto-Lei n.º 270/2001, de 6 de
outubro, designadamente, de acordo com o artigo 63.º, é realizado um Plano de Pedreira para cada uma das
explorações. No âmbito do processo de adaptação ao Decreto-Lei n.º 270/2001, de 6 de outubro, foram
aprovadas as configurações de escavação para cada pedreira, com as seguintes características: altura das
bancadas de 10 m; patamares com 3 m de largura; taludes de escavação com 45º de inclinação; rampas com
6º de inclinação; e piso base de exploração à cota 40.
Enquanto procedia ao desenvolvimento e melhoria da metodologia de exploração e ao cumprimento dos
procedimentos legais das pedreiras Vale de Mós A e Vale de Mós B, a SECIL procedia ainda ao estudo de
processos de recuperação natural e assistida das comunidades biológicas e de sucessão ecológica na área
das pedreiras em recuperação.
Desde 1997 que a SECIL atua de forma proativa na gestão ecológica das suas pedreiras. Dessa forma, foi
trazido para as pedreiras e sua recuperação ambiental o conhecimento científico e inovação ambiental através
de protocolos estabelecidos com a Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa (FCUL) desde 1997, e
com a Universidade de Évora (UE) desde 2007. Estes protocolos têm planos de ação e monitorização
trienais/bienais e têm vindo a ser sucessivamente renovados, até à presente data. Esta monitorização aliada
aos viveiros (sua propriedade), onde a SECIL cria as espécies nativas para usar na sua recuperação ambiental,
permite fazer evoluir os trabalhos de recuperação da vegetação atuando também sobre o solo para melhorar
o desenvolvimento das plantas. Da monitorização, conseguiu-se também enriquecer a diversidade dos habitats
potenciando o aumento da fauna por forma a contribuir para o desenvolvimento dos ecossistemas.
Este conhecimento científico resultante do estudo de processos de recuperação das comunidades biológicas
e de sucessão ecológica, realizados em protocolo com a FCUL e UE, têm-se revelado essencial, quer na
definição de estratégias de recuperação, quer na avaliação da eficácia de técnicas e medidas já
implementadas, ao ponto da SECIL, e da exploração das pedreiras Vale de Mós A e Vale de Mós B, serem
consideradas um exemplo de sucesso a nível mundial1.
Como referido, as matérias-primas principais para o fabrico de cimento da fábrica da Secil-Outão são as
margas e os calcários, que atualmente são explorados nas pedreiras Vale de Mós A e Vale de Mós B. A
ocorrência natural destas duas matérias-primas na propriedade da SECIL tem permitido desenvolver uma lavra
racional e equilibrada sem haver necessidade de criar escombreiras ou gerar resíduos de mineração (tudo o
que é lavrado é consumido no processo de produção de cimento e clínquer).
Contudo, em decorrência da área licenciada das pedreiras ainda ser a original dos anos 60, as reservas
existentes em ambas as pedreiras denotam uma deficiência em calcário comparativamente com as margas,
considerando o processo industrial de fabrico de cimento atualmente desenvolvido na fábrica do Outão.
Estima-se que os calcários e margas venham a ser explorados numa relação equitativa em torno de uma
percentagem de 50/50, podendo atingir um máximo de 56/44 na relação calcário/marga.
1 Como comprovado na Conferência Quarries Alive que em 2018 juntou na Universidade de Évora mais de
140 participantes de 21 países com o objetivo de apresentar Projetos de recuperação de pedreiras em todo o
mundo. A Conferência traduziu-se num encontro interdisciplinar para troca de experiências e apresentação de
Projetos de pesquisa científica, abordagens de engenharia técnica e estudos-piloto inovadores na gestão e
recuperação de habitats.
2 De acordo com o Decreto-Lei n.º 270/2001, de 6 de outubro, alterado e republicado pelo Decreto-Lei n.º 340/2007,
Figura II.2 – Área licenciada da pedreira Vale Mós A e área licenciada da pedreira Vale de Mós B.
Figura II.3 – Áreas recuperadas a não intervencionar na área da pedreira Vale de Mós A.
Figura II.4 – Área da pedreira Vale de Mós A (após fusão) e área de ampliação.
Figura II.5 – Proposta da área da pedreira Vale de Mós A, após fusão e ampliação.
Pretende ainda a SECIL, realizar uma melhoria substancial da lavra, através da subida da cota base de
exploração, da cota 40, para a cota 80, passando a configuração de escavação a ter as seguintes
características finais: altura das bancadas de 10 m; patamares com 6 m de largura; taludes de escavação com
45º de inclinação; rampas com 6º de inclinação; piso base de exploração à cota 80.
Atualmente, a exploração na pedreira Vale de Mós A e na pedreira Vale de Mós B desenvolve-se em várias
fases, simultâneas com o avanço das várias frentes de exploração da pedreira, de modo a que, sempre que
se terminem as parcelas correspondentes a cada fase da lavra, essas sejam imediatamente recuperadas,
mitigando assim alguns dos potenciais impactes visuais e paisagísticos originados pela exploração. O
cumprimento da execução faseada do projeto – a concomitância da lavra com a recuperação, como realizado
no âmbito do projeto em vigor, permite atualmente determinar uma área de não intervenção de exploração com
35,8 ha, por se encontrar devidamente recuperada e naturalizada, maior do que a área proposta a
intervencionar de 18,5 ha (ampliação).
A solução e conceção do Plano de Pedreira de Vale de Mós A foi igualmente pensada no âmbito de recuperar
ambiental e paisagisticamente a área da Pedreira de modo concomitante com a lavra. Assim, o avanço da
recuperação paisagística continuará a decorrer em simultâneo com a exploração de massas minerais,
permitindo a redução da área global intervencionada em cada momento. As medidas e operações
pressupostas no PARP têm também como objetivo, minimizar a acessibilidade visual potencial, tanto no
momento da escavação, como no período encerramento (Figura II.6).
A metodologia de exploração da área de intervenção, assente numa estratégia de afetação faseada de áreas,
cria um balanço constante entre áreas em lavra e áreas em recuperação. Sendo essa evolução modular,
permite a recuperação sucessiva de áreas à medida que a lavra avança, reduzindo potencialmente a bacia
visual global do projeto.
Importa ainda referir que o projeto pressupõe que na evolução de cada bancada seja deixada uma bordadura
não escavada mais elevada no seu perímetro, de forma a reduzir a visibilidade desde o exterior para as
operações de extração (Figura II.7). Esta bordadura é retirada apenas na escavação da bancada seguinte,
após recuperação paisagística do local, repetindo-se o procedimento, garantindo-se a invisibilidade da lavra e
assim a redução da significância do impacte visual da lavra para o exterior, conforme se apresenta no perfil
intermédio da lavra a partir de Troia e de Setúbal, respetivamente, na Figura II.8 e na Figura II.9.
Fase 1
Fase 2
Fase 3
Figura II.8 – Perfil da exploração intermédia do Novo Pano de Pedreira Vale de Mós A, a partir de Troia.
Figura II.9 – Perfil da exploração intermédia do Novo Pano de Pedreira Vale de Mós A, a partir de Setúbal.
Em suma, com o licenciamento do Plano de Pedreira (projeto) da pedreira de calcário e marga industrial
Vale de Mós A, ora em avaliação, a pedreira Vale de Mós A passará a ter uma área licenciada de 117,2 ha,
mas onde cerca de 35,8 ha não serão intervencionados, por se encontrarem devidamente recuperados
e integrados na paisagem envolvente e uma configuração final mais consonante com os objetivos de
conservação da natureza, e mais apropriada a usos futuros, pela criação de plateau de 27,3 ha.
• Permite explorar o calcário existente dentro da sua propriedade sem ter de o transportar de outras origens
(evitando custos e impactes ambientais desnecessários decorrentes do transporte);
• Possibilita, na fase de encerramento, deixar um amplo plateau com mais de 27,3 ha e mantendo toda a sua
potencialidade em termos de biodiversidade.
O Plano de Pedreira (projeto) da pedreira de calcário e marga industrial Vale de Mós A apresenta especial
relevância uma vez que SECIL se encontrará em condições de garantir reservas próprias na pedreira Vale de
Mós A que lhe permitam abastecer a sua linha de produção de cimento limpa1 (CCL – Clean Cement Line).
Trata-se da primeira fábrica a nível mundial deste novo conceito “Clean Cement” e “Low Carbon Cement”
(cimento de baixo carbono), produzido, com enormes vantagens, através da melhoria da eficiência energética,
da redução do consumo térmico específico, da redução das emissões de CO2 e da eliminação da dependência
dos combustíveis fósseis, na instalação fabril. O Projeto Clean Cement Line obteve o reconhecimento de
Projeto de Interesse Nacional com o Nº 250 – SECIL. De facto, com o Projeto CCL, a produção futura
decorrente do Low Carbon Cement obriga a garantir níveis de qualidade do produto com maior incorporação
de calcário e, por isso, também a pertinência do Plano de Pedreira (projeto) da pedreira de calcário e marga
industrial Vale de Mós A.
Importa ainda referir o contributo decisivo da fábrica de cimento do Outão para o dinamismo económico2 da
região da Península de Setúbal e a nível nacional. Devido à atividade da fábrica de cimento do Outão foram
gerados 672 postos de trabalho na região da Península de Setúbal de forma direta e indireta, ascendendo este
número a 1689 postos de trabalho a nível nacional. O impacto direto na geração de emprego é de 169
colaboradores (trabalhadores da fábrica de cimento do Outão), dos quais 140 residem na região da Península
de Setúbal e cujo salário médio é 115% superior à média nacional e 65% superior à média da região na indústria
transformadora.
No que diz respeito ao impacto indireto no emprego, este ascende a 503 postos de trabalho na Península de
Setúbal, sendo Setúbal (54%), Barreiro (18%) e Montijo (14%) os municípios com maior peso. Refira-se que
mais de 70% do emprego indireto gerado pela fábrica de cimentos do Outão está concentrado em cinco setores
de atividade, que fazem na sua maioria parte do processo produtivo, destacando-se o impacto dos serviços de
reparação e instalação de máquinas e equipamento (29%).
1 Sobre a Fábrica e a sua linha de produção CCL apresenta-se em anexo Clean Cement Line melhor explicação do
processo de descarbonização da fábrica
2 De acordo com estudo realizado pela KPMG em 2015, data a que se referem os valores apresentados in Rostos.pt.
Paralelamente ao efeito multiplicador na geração de emprego, a fábrica de cimento do Outão alocou 65%
(€ 37,4 milhões) da sua despesa em compras a fornecedores nacionais, sendo que 44% (€16,3 milhões) desse
valor é referente a fornecedores da Península de Setúbal, o que demonstra que o seu contributo é decisivo no
dinamismo gerado nos setores a montante da sua cadeia de valor.
Recorde-se que a produção1 da fábrica do Outão resulta na venda de cerca de 2,2 milhões de toneladas de
cimento e clínquer por ano, correspondente a cerca de € 90 milhões por ano. Deste valor cerca de 50%
traduz-se em exportações, todas concretizadas através do Porto do Setúbal, representado cerca de 20% do
total de exportações em volume realizadas por este Porto.
Em suma, a fábrica do Outão, de que a pedreira Vale de Mós A é parte integrante e inalienável, contribui com
cerca de 100 milhões de euros, por ano, para o PIB nacional e contribui direta e indiretamente para a criação
de 672 empregos na Península de Setúbal e 1689 empregos em Portugal; e é ainda uma fábrica vocacionada
para a exportação.
1 Dados relativos a estudo independente realizado pela consultora KPMG em 2016, e que, apesar do tempo e da pandemia
dos 2 últimos anos, o estudo, as suas conclusões e seus indicadores continuam ainda hoje manter-se essencialmente
iguais.
características químicas semelhantes aos calcários explorados atualmente na pedreira Vale de Mós B, com o
objetivo de garantir em permanência o fornecimento de ambas as matérias-primas.
A não implementação do Plano de Pedreira (projeto) da pedreira de calcário e marga industrial Vale de
Mós A – Neste contexto será sempre de perspetivar a possibilidade de não haver lugar à implementação do
Plano de Pedreira (projeto) da pedreira de calcário e marga industrial Vale de Mós A, pelo que as pedreiras
Vale de Mós A e Vale de Mós B, atualmente em laboração, manterão a sua atividade, de acordo com o Plano
de Pedreira em vigor que determina a exploração até à cota 40. Aqui será ainda necessária a receção de
calcário do exterior. Com 300 800 toneladas (corresponde à situação operacional atual) e ter-se-á de aumentar
a receção de material proveniente do exterior, para 783 108 toneladas (corresponde à evolução da situação
atual - situação de referência).
• Cenário A, representativo das condições atuais de exploração de marga (1 175 000 toneladas no ano) e de
calcário (1 175 000 toneladas no ano) na Pedreira. Atualmente, já há necessidade de recorrer a uma fonte
de calcário externa à instalação para satisfazer as necessidades de calcário existentes, uma vez que a
Pedreira não tem condições de dar resposta à quantidade total de calcário necessária. Este cenário
representa a exploração interna anual de 1 175 000 toneladas de marga e de 874 200 toneladas de
calcário, sendo necessário adquirir, externamente, 300 800 toneladas de calcário por ano;
• Cenário B, representativo da evolução das condições futuras de exploração da Pedreira, sem a ampliação
da mesma, o que implica uma maior quantidade de calcário com origem externa à instalação. Neste cenário,
as necessidades totais anuais de marga e de calcário mantém-se inalteradas face à situação atual
(1 175 000 toneladas de cada material), no entanto, a Pedreira passa a ter uma exploração interna anual
de 1 175 000 toneladas de marga, sendo necessário adquirir, externamente 783 108 toneladas de calcário
por ano. Neste cenário é ainda estudado, nos fatores ambientais qualidade do ar e ambiente sonoro,
receção da totalidade do calcário, 1 175 000 toneladas por ano.
Com o Plano de Pedreira Vale Mós A e o Plano de Pedreira Vale Mós B o tempo de vida útil do projeto será
de cerca de 37 a 38 anos, podendo ainda variar, considerando as características químicas da massa mineral
marga e calcário em presença.
A implementação do Plano de Pedreira (projeto) da pedreira de calcário e marga industrial Vale de
Mós A, que considera a exploração apenas até à cota 80. Para este cenário, fez-se a previsão e a avaliação
dos impactes que serão gerados com a eventual aprovação e implementação do Projeto, face à situação de
referência previamente caraterizada. Assim, considerando a tipologia de projeto em análise e as características
da localização proposta, admite-se que os impactes negativos gerados pela laboração da pedreira Vale Mós A
irão incidir sobre, essencialmente, o serviço cultural dos ecossistemas (i.e., identidade ligada à serra da
Arrábida, com a modificação do perfil da serra) e algumas vertentes de conservação da natureza (isto numa
perspetiva espécio-cêntrica e não de evolução dos ecossistemas) e de paisagem, sendo que a recuperação e
o modo de exploração proposto pode diminuir drasticamente tanto uns (serviço cultural) como outros (criando
zonas de maior biodiversidade) tendo evidentes impactes socioeconómicos positivos e diminuição de emissão
de GEE.
• Cenário C, representativo das condições futuras de exploração da Pedreira, com a ampliação da mesma,
o que promove a exploração de marga e calcário, sem necessidade de recorrer a uma fonte de calcário
externa à instalação. Com a ampliação da pedreira, para além da quantidade anual de marga extraída
(1 175 000 toneladas), passa também a ser possível extrair a totalidade de calcário necessário anualmente
(1 175 000 toneladas).
Importa referir que no âmbito deste cenário o período de vida útil da pedreira será de cerca de 35 anos, podendo
ainda variar, considerando as características químicas da massa mineral marga e calcário em presença.
2. PLANO DE PEDREIRA
2.1. INTRODUÇÃO
A presente descrição visa apresentar e expor os principais elementos do Plano de Pedreira (projeto) da
pedreira de calcário e marga industrial Vale de Mós A, que se encontram mais detalhados em Plano de Pedreira
(projeto) que acompanha este Estudo de Impacte Ambiental.
Na elaboração do Projeto estipularam-se as condições técnicas de exploração, de recuperação paisagística e
de manutenção da qualidade ambiental, consignadas no Decreto-Lei n.º 270/2001, de 6 de outubro, alterado
pelo Decreto-Lei n.º 340/2007, de 12 de outubro, que estabelece o regime de revelação e aproveitamento de
massas minerais.
Atende-se ainda:
• às condições de aproveitamento da massa mineral consignadas na Lei n.º 54/2015, de 22 de junho, que
determina o regime geral da revelação e do aproveitamento dos recursos geológicos;
• ao disposto no Decreto-Lei n.º 162/90, de 22 de maio, que estabelece o regulamento geral de higiene e
segurança no trabalho nas minas e pedreiras;
• ao Decreto-Lei n.º 10/2010, de 4 de fevereiro, o qual se aplica à gestão dos resíduos resultantes da
prospeção, extração, tratamento, transformação e armazenagem de recursos minerais, bem como da
exploração das pedreiras, designados de resíduos de extração.
O Plano de Pedreira, que no caso corresponde ao licenciamento da fusão e ampliação de uma pedreira da
classe 1, constitui um vasto documento técnico que descreve todas as atividades associadas à existência da
pedreira e no qual se incluem:
• o Plano de Lavra que descreve o método de exploração propriamente dito, os sistemas de extração e
transporte, os sistemas de abastecimento e escoamento e as instalações auxiliares, e que garante a gestão
racional da pedreira, com claras vantagens para o aproveitamento do recurso mineral e para a qualidade
do ambiente na sua envolvente;
• o Plano Ambiental e de Recuperação Paisagística (PARP) onde são definidas as ações de recuperação a
implementar, designadamente, a estrutura verde a implantar no decurso e após a modelação final da
pedreira;
• o Plano de Segurança e Saúde, que tem o objetivo de auxiliar a gestão da segurança e saúde no trabalho
da pedreira, apresentando uma análise de riscos (com indicação das principais medidas de segurança a
implementar para a sua minimização), bem como os planos de prevenção adotados ao nível da sinalização
e circulação, da proteção coletiva, da proteção individual, dos meios de emergência e de primeiros socorros,
referindo ainda o modo como são organizados os serviços de segurança e saúde no trabalho;
• Minimizar os impactes ambientais induzidos pelo projeto, através da adoção de medidas preventivas e
corretivas cuja eficácia será avaliada por atividades de monitorização contempladas no Plano de
Monitorização definido no EIA.
• Menor tempo de operação e redução do período de uso do solo para exploração, logo, maior
produtividade das operações e redução do período de instalação de impactes;
• Exploração eficaz dos materiais envolvidos (calcários e margas), evitando-se misturas desajustadas
entre os vários materiais, procurando um consumo equilibrado durante a vida da pedreira;
• Remoção e devido acondicionamento das terras vegetais em pargas, para posterior aplicação na
recuperação paisagística;
• Garantia de que, no final da exploração e recuperação, a área se encontrará reabilitada para outros
usos e devidamente integrada na paisagem envolvente.
A exploração de rocha na pedreira Vale de Mós A envolve um conjunto de atividades cíclicas que incluem a
extração, a remoção, o transporte e a recuperação paisagística.
A situação de referência da área, integrada numa área sensível como é o Parque Natural da Arrábida (PNA) e
o Zona Especial de Conservação (ZEC) Arrábida-Espichel indicia, desde logo, a necessidade de uma atenção
especial em termos ambientais. Deste modo, o Plano de Pedreira assenta numa perspetiva de
desenvolvimento da lavra e da recuperação paisagística, à semelhança do que se verifica atualmente, no
sentido de minimizar os impactes paisagísticos e ambientais associados à exploração da pedreira.
CONDICIONANTE
SOLUÇÃO DO PLANO DE PEDREIRA
PARÂMETRO ASSUNTO
CONDICIONANTE
SOLUÇÃO DO PLANO DE PEDREIRA
PARÂMETRO ASSUNTO
A presença de calcários na zona Sul da pedreira e de margas na zona
Norte irá condicionar as zonas de trabalho, de modo a que seja
possível fornecer em simultâneo calcários e margas à fábrica do
Outão.
Apesar de existirem várias frentes de trabalho em simultâneo, a lavra
será sempre desenvolvida no sentido das cotas descendentes para
permitir o desenvolvimento das operações de recuperação paisagística
em concomitância com a lavra.
A pedreira Vale de Mós A confina a Sul com o vértice geodésico
Arremula (cota 346), em zona já finalizada pela lavra e devidamente
Servidões e recuperada paisagisticamente.
Vértice geodésico
restrições de
Arremula A exploração futura não prevê a afetação dessa estrutura, estando
utilidade pública
largamente assegurada a zona de defesa de 15 m, conforme definido
no número 4 do artigo 22.º do Decreto-Lei n.º 143/82, de 26 de abril.
A pedreira Vale de Mós A encontra-se totalmente inserida em
Zonas de defesa Prédios vizinhos propriedade da SECIL. Todos os prédios vizinhos se encontram a mais
previstas no (10 m) de 10 m da bordadura da escavação, pelo que não se considerou a
artigo 4.º do aplicação de zona de defesa aos prédios vizinhos.
Decreto-Lei
n.º 270/2001, de A pedreira Vale de Mós A encontra-se nas proximidades da ER 379-1
6 de outubro, na ER 379-1 na zona Este.
sua redação atual (50 m) Será assegurada uma zona de defesa de 50 m a essa estrada
nacional.
Os acessos existentes à pedreira serão mantidos e não sofrerão
Existentes qualquer alteração para servir os propósitos da pedreira. Não está
prevista a criação de novos acessos à pedreira.
Os acessos novos a criar serão exclusivamente no interior da área
prevista para escavação.
Esses acessos serão temporários e servirão exclusivamente para
facilitar a circulação interna da pedreira e garantir o transporte da
matéria-prima até à instalação de britagem. Esses acessos serão
redefinidos à medida que a exploração evolui em profundidade.
No caso concreto da área de ampliação e uma vez que a exploração
Acessos
será desenvolvida de Oeste para Este, será criada uma rampa de
A criar acesso entre a corta atual e o extremo Oeste da área. Para a
minimização dos impactes ambientais ao nível da paisagem e da
emissão de poeiras e ruído, essa rampa será construída em escavação
com uma profundidade que permita a ocultação total em altura dos
equipamentos móveis que lá irão circular. Essa rampa deixará de
existir à medida que a escavação evoluir em profundidade e no sentido
de avanço da exploração (de Oeste para Este).
Os taludes de escavação dessa rampa serão alvo de integração
paisagística temporária para minimização dos impactes sobre a
paisagem, enquanto a rampa estiver operacional.
O sentido de avanço da exploração será maioritariamente de Oeste
para Este, no sentido de minimizar os impactes paisagísticos para os
Faseamento da
Lavra recetores sensíveis que se encontram a Este da pedreira.
exploração
Parte do talude Sul da pedreira Vale de Mós B que já se encontra
recuperado e que será alvo de exploração com a ampliação proposta,
CONDICIONANTE
SOLUÇÃO DO PLANO DE PEDREIRA
PARÂMETRO ASSUNTO
será intervencionado por fases à medida que a exploração evolui. O
avanço da exploração para as áreas já recuperadas apenas será
possível desde que se garanta a recuperação paisagística de igual
área, com o objetivo de não diminuir a área recuperada e não
aumentar a área intervencionada pela lavra, como resultado da
intervenção em áreas recuperadas.
Mineiros Devido à qualidade do maciço rochoso, o aproveitamento do recurso
(ou resíduos de mineral será total, pelo que não se perspetiva a produção de resíduos
extração) de extração.
Os resíduos não mineiros serão provenientes das atividades
Resíduos acessórias a desenvolver nas instalações de apoio da pedreira e terão
uma gestão autónoma, através de operadores de gestão de resíduos.
Não mineiros
O seu armazenamento será realizado por tipologia e com identificação
do respetivo código LER. No caso dos resíduos perigosos haverá o
cuidado de armazenar em zonas impermeabilizadas e cobertas.
As operações de recuperação paisagística serão desenvolvidas em
concomitância com a lavra, no sentido de evitar o aumento da área
intervencionada.
Filosofia geral
A recuperação paisagística será desenvolvida nos taludes e
patamares, com recurso a plantações e sementeiras, utilizando
espécies arbustivas e arbóreas autóctones.
As terras vegetais a decapar nas operações prévias à lavra serão
armazenadas em pargas a construir na bordadura da escavação.
Essas pargas estarão suficientemente afastadas das frentes de
trabalho para evitar misturas entre os diferentes materiais.
Terras vegetais
À medida que as operações de recuperação paisagística vão evoluindo
serão utilizadas as terras vegetais armazenadas em pargas,
previamente à aplicação das plantações e sementeiras, no sentido de
facilitar o desenvolvimento da vegetação.
Recuperação
paisagística Após a finalização das operações de lavra em cada zona iniciam-se as
operações de modelação topográfica com recurso à utilização de
blocos de pedra e materiais silto-argilosos existentes na pedreira, para
Modelação colocação no tardoz dos taludes de escavação.
A ausência de resíduos de extração na exploração desta pedreira, fará
com que haja necessidade de utilizar materiais da pedreira para fazer
face à modelação dos taludes de escavação.
Nas zonas de natureza calcária, o topo do talude de escavação será
deixado com a configuração da escavação, com o intuito de deixar a
escarpa rochosa com interesse ecológico para as espécies rupícolas.
Ligação com a fauna Na base dos taludes será colocado um muro de pedra que terá uma
e flora local função estrutural de estabilidade, mas também irá criar condições para
abrigos de várias espécies e promover a dispersão de indivíduos
linearmente, funcionando ainda como corredor, aumentando a
conectividade entre as áreas.
Recuperação As espécies arbustivas e arbóreas a utilizar na recuperação
Viveiros da SECIL
paisagística paisagística serão provenientes dos viveiros da SECIL.
CONDICIONANTE
SOLUÇÃO DO PLANO DE PEDREIRA
PARÂMETRO ASSUNTO
Pretende-se com essa medida promover e acelerar a convergência da
comunidade vegetal das zonas intervencionadas para a composição e
estrutura da área envolvente.
Serão utilizadas espécies mediterrânicas lenhosas (essencialmente
arbustivas e sub-arbustivas), com particular ênfase nas que
apresentam ligações evidentes com a fauna (e. g. as produtoras de
frutos comestíveis).
A recuperação paisagística da pedreira será desenvolvida com recurso
a plantações e sementeiras, utilizando espécies autóctones, adaptadas
às condições edafo-climáticas da região.
Plantações e Serão utilizadas, maioritariamente, as espécies vegetais atualmente
sementeiras existentes na área, no sentido de recriar os habitats pré-existentes.
A aplicação das plantações e sementeiras será faseada, no sentido de
integrar paisagisticamente a área em concomitância com o avanço das
operações de lavra.
Serão aplicadas as medidas de minimização dos impactes decorrentes
Medidas de
da exploração que se encontram definidas no Estudo de Impacte
Minimização
Ambiental que acompanha este Plano de Pedreira.
No Desenho 3 apresenta-se o zonamento da pedreira proposto neste Plano de Pedreira, para efeitos de
Pedreira de calcário e marga industrial Vale de Mós A. Foram definidas as seguintes áreas: área de escavação,
área de não intervenção da pedreira (já recuperadas), área recuperada a manter, área recuperada a
intervencionar, área intervencionada a recuperar e zonas de defesa. As dimensões das áreas referidas que
fazem parte da pedreira estão discriminadas no Quadro II.3.
A área de escavação corresponde à área onde se pretende efetuar a extração dos calcários e margas. Essa
área inclui a área objeto de ampliação, uma parte de área já recuperada na zona Sul e áreas que estão
definidas a preservar no Plano de Pedreira em vigor, na zona Norte.
A área recuperada a manter corresponde à área licenciada e devidamente recuperada e integrada na paisagem
envolvente. Inclui-se nessa área de não intervenção também a área virgem. A área que se exclui da área a
intervencionar cifra-se em cerca de 353 491 m2. A área recuperada a manter corresponde às áreas já
recuperadas e que não serão alvo de intervenção em termos de lavra, mas apenas de manutenção e vigilância,
no âmbito do acompanhamento realizado pela SECIL.
A área recuperada a intervencionar está incluída na área de escavação e corresponde à área já recuperada
na zona Sul da pedreira e que será alvo de escavação para permitir a ampliação da pedreira para Sul, conforme
previsto neste Plano de Pedreira.
As zonas de defesa consideradas para a área de escavação foram estabelecidas de acordo com o artigo 4.º
do Decreto-Lei n.º 270/2001, de 6 de outubro, alterado e republicado pelo Decreto-Lei n.º 340/2007, de 12 de
outubro. As zonas de defesa aplicam-se exclusivamente à ER 379-1 (50 m) que se encontra a Este da pedreira.
Existem, ainda, outras áreas integradas nas principais zonas da pedreira, referidas no quadro anterior,
nomeadamente as instalações sociais e de apoio, parque de estacionamento e de máquinas, depósito de
gasóleo e tanque lava rodas (Desenho 3).
A pedreira não possui instalações de beneficiação específicas, embora a beneficiação primária do recurso seja
feita numa instalação de britagem e classificação de pedra localizada na zona Nordeste da pedreira. Essa
instalação de beneficiação faz parte das instalações fabris e possui licenciamento autónomo.
• “Margas e calcários margosos”: constituída por uma alternância de bancadas de margas e calcários
margosos de espessura métrica a sub-métrica de tonalidades acinzentadas, amareladas e acastanhadas;
• “Grés e conglomerados”: constituída por uma alternância monótona de bancadas de espessura sub-métrica
de grés e conglomerados compactos de tonalidades avermelhadas. Por vezes, possui intercalações de
calcários margosos e margas, também de tonalidades avermelhadas;
• “Margas e conglomerados”: constituída por uma predominância de margas e argilas de espessura métrica,
com intercalações de conglomerados e calcários margosos de espessura sub-métrica.
Para efeitos de cálculo de reservas, essas 6 litologias foram agrupadas em duas formações principais:
“calcários” e “margas”, devido às suas características químicas e de aptidão para o fabrico de cimento. O
cálculo de reservas foi realizado tendo em consideração a configuração de escavação no Plano de Pedreira,
aprovado, tendo sido estimadas cerca de 31 Mt de “calcários” e 50 Mt de “margas”.
Mais recentemente, em fevereiro de 2020, foi realizado um estudo geotécnico1 que incluiu a realização de duas
sondagens2 à rotação com recolha integral de testemunho, onde foi possível comprovar a existência de calcário
na área proposta para ampliação. Embora esse estudo tenha tido como objetivo principal a caracterização da
estabilidade geotécnica da escavação, foi possível, com os resultados obtidos nessas duas sondagens,
analisar também a componente litológica, tendo-se verificado pela existência de calcários com características
semelhantes aos explorados atualmente na pedreira, o que justifica a ampliação para Sul.
De acordo com a informação constante nos log’s das sondagens, verifica-se que os calcários se prolongam
para Sul, pelo menos com uma espessura adicional de 150 m, ocorrendo em bancadas de espessura métrica,
com intercalações esporádicas de margas e calcários margosos.
PARÂMETRO QUANTIDADE
A pedreira será explorada para aproveitamento de calcários e margas para a produção de cimento na fábrica
do Outão.
Com base no cálculo de reservas realizado, verifica-se que a totalidade de reservas da pedreira se cifra em
cerca de 81 396 000 t (sendo 45 771 360 t de calcários e 35 624 640 t de margas). Considerando uma
produção média anual prevista de cerca de 2 350 000 t, perspetiva-se que esta pedreira venha a fornecer a
fábrica do Outão por cerca de 35 anos.
De referir que esse horizonte temporal, atendendo às características de variabilidade dos mercados
consumidores, deverá ser entendido como uma estimativa na experiência da empresa e nas expetativas de
mercado futuras, cuja atualização será efetuada anualmente nos relatórios a enviar para as entidades da tutela,
1 Instituto Superior Técnico da Universidade Técnica de Lisboa: IST-UTL (2020) - Estudo geomecânico da ampliação da
pedreira do Outão e retroanálise de alguns fenómenos de instabilidade de taludes.
2 Nos Anexos do Plano de Pedreira de calcário e marga industrial Vale de Mós A (projeto) apresentam-se os log’s dessas
duas sondagens.
nomeadamente no inquérito único de pedreira, onde o cálculo de reservas é atualizado anualmente. Deste
modo, a estimativa de tempo de vida da pedreira poderá sofrer alterações.
No Quadro II.5 apresenta-se o cálculo de reservas para a pedreira Vale de Mós A por nível de exploração, para
uma relação de exploração em torno de uma percentagem de 56/44 (calcário/marga). Esse cálculo deverá ser
encarado como uma estimativa de consumo de ambas as matérias-primas (calcário e margas), a qual poderá
sofrer alterações em torno dos 50/50 até um máximo de 56/44.
Estima-se que os calcários e margas venham a ser explorados numa relação equitativa em torno de uma
percentagem de 50/50, podendo atingir um máximo de 56/44 na relação calcário/marga, o que irá significar
que ambas as matérias-primas se esgotam em simultâneo no final do tempo de vida da pedreira. Essa relação
não interfere com a produção total da pedreira que se prevê manter nas 2 350 000 t/ano.
Todo o material a utilizar na modelação dos taludes de escavação, incluindo os muros de suporte, será
proveniente da pedreira (pedras e materiais silto-argilosos).
Carregamento do material
desmontado em dumpers através
REMOÇÃO
de pás carregadoras frontais.
1 IST-UTL (2020) - Estudo geomecânico da ampliação da pedreira do Outão e retroanálise de alguns fenómenos de
instabilidade de taludes.
possa pôr em causa a estabilidade dos desmontes. A recolha de informação geotécnica dos desmontes deverá
ser realizada pelo Responsável Técnico, podendo este delegar no encarregado da pedreira ou noutra pessoa,
quando não se encontre na exploração.
Topografia original
Patamar
intermédio
≤ 15 m
≤ 15 m
45º Intermédio
20 m
10 m
10 m 45º
10 m
10 m Final
6m 10 m 6m
Configuração final de
LAVRA FINALIZADA escavação
Configuração intermédia de
escavação
EXPLORAÇÃO
LAVRA
Figura II.13 – Avanço gradual da exploração com vista à definição da configuração final.
A metodologia de exploração preconizada para esta pedreira visa racionalizar o aproveitamento do recurso
mineral em termos técnicos e económicos e, simultaneamente, minimizar os impactes visuais, libertando de
imediato áreas para recuperação.
Atendendo às especificidades locais relacionadas com a geologia e a composição necessária da matéria-prima
que alimenta a fábrica, terão se ser desmontadas várias bancadas em simultâneo, garantindo-se a primazia
ou antecedência do avanço dos pisos superiores para os pisos inferiores. De facto, de forma a serem
constituídos lotes homogéneos com as características pretendidas, terá de existir uma mistura dos materiais
das diferentes frentes (e diferentes bancadas), obrigando a uma gestão cuidada das composições químicas e
a subsequente seleção contínua das bancadas a desmontar.
Assim, nesta pedreira, não é possível estabelecer um faseamento cronológico preciso para a definição da
configuração final em cada zona, correspondente à libertação dessa zona para a recuperação paisagística,
mas é antes estabelecida a estratégia geral de gestão da pedreira, que assenta nos seguintes objetivos:
• Exploração preferencial das bancadas superiores, em detrimento das inferiores (sempre que a composição
química da massa mineral o permita), de forma a recuperar no menor intervalo de tempo possível;
• Minimização da área instantânea afeta à exploração (sempre que a composição química da massa mineral
o permita);
• Início imediato da recuperação paisagística nas áreas onde a lavra tenha cessado definitivamente;
• Garantia de que a intervenção em área já recuperada seja efetuada desde que exista área igual já
recuperada, dentro da área prevista para ampliação.
Na Figura II.14 é possível apresentar a estratégia de lavra/recuperação definida para a pedreira, com avanço
concomitante da lavra e da recuperação.
SENTIDO DE
AVANÇO DA LAVRA
MACIÇO IN
SITU
• Desenvolver a exploração, preferencialmente, de Oeste para Este, tendo em vista a minimização dos
impactes visuais para os principais recetores sensíveis;
• Fase 1: exploração em duas zonas distintas que totalizam aproximadamente 279 970 m2 (85 790 m2 na
área de ampliação) durante um período de cerca de 5 anos. Uma zona será definida no extremo Oeste da
área de ampliação (exclusivamente em calcários), no sentido de permitir o início da exploração de Oeste
para Este, tendo em vista a minimização dos impactes paisagísticos. Para acesso a essa área, será
construída uma rampa em escavação, no sentido de permitir a ocultação dos equipamentos móveis. Essa
rampa será desativada por troços à medida que a exploração evolui de Oeste para Este. A segunda zona
será definida na corta atual, a partir das frentes já existentes onde ocorrem calcários e margas. Será
intervencionada uma área de 6185 m2 de área já recuperada no talude Sul, para desenvolvimento da rampa
de acesso à área de ampliação. Será possível durante esta fase proceder à recuperação paisagística de
uma área de 55 890 m2.
• Fase 2: exploração em duas zonas com um acréscimo de aproximadamente 121 095 m2 (44 090 m2 na
área de ampliação) durante um período de cerca de 5 anos. Ambas as zonas serão definidas em
continuidade com as áreas da Fase 1, mantendo-se a primeira exclusivamente na zona dos calcários e a
segunda na zona das margas. Será intervencionada uma área de 11 540 m2 de área já recuperada no
talude Sul, inferior à área que se pretende recuperar na Fase 1. Será possível durante esta fase proceder
à recuperação paisagística de uma área de 54 605 m2.
• Fase 3: exploração em duas zonas com um acréscimo de aproximadamente 120 910 m2 (20 245 m2 na
área de ampliação) durante um período de cerca de 5 anos. Ambas as zonas serão definidas em
continuidade com as áreas da Fase 2, mantendo-se a primeira exclusivamente na zona dos calcários e a
segunda em frentes de exploração já existentes em margas. Será intervencionada uma área de 29 140 m2
de área já recuperada no talude Sul, inferior à área que se pretende recuperar na Fase 2. Será possível
durante esta fase proceder à recuperação paisagística de uma área de 69 755 m2.
• Fase 4: exploração em duas zonas com um acréscimo de aproximadamente 95 710 m2 (17 305 m2 na área
de ampliação) durante um período de cerca de 5 anos. Ambas as zonas serão definidas em continuidade
com as áreas da Fase 3, mantendo-se a primeira exclusivamente na zona dos calcários e a segunda em
frentes de exploração já existentes em margas. Será intervencionada uma área de 31 585 m2 de área já
recuperada no talude Sul, inferior à área que se pretende recuperar na Fase 3. Será possível durante esta
fase proceder à recuperação paisagística de uma área de 58 155 m2.
• Fase 5: exploração numa única área com um acréscimo de aproximadamente 86 360 m2 (ficando
intervencionada toda a área de ampliação) durante um período de cerca de 5 anos. As duas áreas definidas
na Fase 4 ficarão juntas numa única área, mantendo-se a exploração em calcários e margas. Será
intervencionada uma área de 30 010 m2 de área já recuperada no talude Sul, inferior à área que se pretende
recuperar na Fase 4. Será possível durante esta fase proceder à recuperação paisagística de uma área de
100 320 m2. No final desta fase, a recuperação paisagística estará assegurada em toda a pedreira acima
da cota 120, com exceção da zona junto à instalação de britagem que será explorada e recuperada nas
fases seguintes. Com a recuperação acima dessa cota será possível minimizar os impactes visuais sobre
os recetores sensíveis, passando a exploração a ser desenvolvida exclusivamente em cava.
• Fase 6: exploração numa única área com um acréscimo de aproximadamente 87 095 m2 (ficando
intervencionada toda a área de escavação) durante um período de cerca de 5 anos. Será intervencionada
uma área de 3230 m2 de área já recuperada no talude Sul, inferior à área que se pretende recuperar na
Fase 5. Será possível durante esta fase proceder à recuperação paisagística de uma área de 91 625 m2.
• Fase 7: exploração do maciço remanescente, correspondente apenas ao rebaixamento da corta, uma vez
que a área de escavação já se encontra totalmente intervencionada, durante um período de cerca de
5,4 anos. Terá um desenvolvimento, essencialmente, em profundidade até atingir a cota 80. Essa fase
corresponde à finalização da lavra, mas também à finalização da recuperação paisagística dentro do limite
de pedreira.
Fase 1 2 667 100 2 126 500 4 793 600 11 504 640 5,0
Fase 2 2 719 900 2 106 600 4 826 500 11 583 600 5,0
Fase 3 2 700 400 2 093 400 4 793 800 11 505 120 5,0
Fase 4 2 710 100 2 091 000 4 801 100 11 522 640 5,0
Fase 5 2 682 100 2 069 600 4 751 700 11 404 080 5,0
Fase 6 2 671 100 2 092 300 4 763 400 11 432 160 5,0
Fase 7 2 920 700 2 264 200 5 184 900 12 443 760 5,4
m3 19 071 400 14 843 600
TOTAL 33 915 000 81 396 000 35,4
t 45 771 360 35 624 640
Com essa sequência de avanço da lavra, estabelece-se também uma sequência de avanço para a recuperação
paisagística que se pretende que seja desenvolvida em concomitância com a lavra. Uma vez que a exploração
será desenvolvida, preferencialmente, de Oeste para Este e sempre no sentido das cotas descentes até que
seja atingido o piso base de exploração estabelecido à cota 80, as áreas a recuperar em cada fase da lavra
não serão exatamente coincidentes, existindo ligeiros desfasamentos. A sequência de avanço da recuperação
paisagística encontra-se definida no Plano Ambiental e de Recuperação Paisagística (e apresenta-se no
Desenho 6).
Com a sequência de lavra definida, é possível verificar que a intervenção na área já recuperada apenas irá
ocorrer desde que esteja garantida a recuperação paisagística de uma área superior. No Quadro II.7 apresenta-
se o balanço das áreas recuperadas a intervencionar e das áreas a recuperar em cada fase da lavra, onde é
possível verificar que a diferença de áreas é sempre positiva. Quer isto dizer que será sempre garantida a
recuperação paisagística de uma área superior à área recuperada que se pretenda intervencionar.
Esse pressuposto apenas não será cumprido no início da intervenção na área de ampliação, onde haverá
necessidade de construir a rampa de acesso, que se prevê venha a estar concluída em cerca de 2 meses.
Considerando que a Fase 1 da lavra terá uma duração aproximada de 5 anos, será nesse período que a
recuperação paisagística será desenvolvida de forma a suplantar a área, entretanto intervencionada. Como a
recuperação paisagística será sempre desenvolvida em concomitância com a lavra, isto é, à medida que cada
bancada de lavra seja finalizada, haverá sempre um balanço positivo entre a área a recuperar e a área já
recuperada a intervencionar em cada momento.
Quadro II.7 – Balanço de áreas entre o faseamento da lavra e o faseamento da recuperação paisagística.
ÁREA A
INTERVENÇÃO EM ÁREA A
INTERVENÇÃO ÁREA A RECUPERAR NA
ÁREA ÁREA A RECUPERAR
FASE EM ÁREA RECUPERAR ÁREA DE DIFERENÇA1
RECUPERADA RECUPERAR NA ÁREA DE
RECUPERADA (CUMULATIVA) AMPLIAÇÃO
(CUMULATIVA) AMPLIAÇÃO
(CUMULATIVA)
+49 705
Fase 1 6 185 6 185 55 890 55 890 38 110 38 110
+31 925
+43 065
Fase 2 11 540 17 725 54 605 110 495 25 960 64 070
+14 420
+40 615
Fase 3 29 140 46 865 69 755 180 250 38 100 102 170
+8 960
+26 570
Fase 4 31 585 78 450 58 155 238 405 32 575 134 745
+990
+70 310
Fase 5 30 010 108 460 100 320 338 725 47 135 181 880
+17 125
+88 395
Fase 6 3 230 111 690 91 625 430 350 3383 185 263
+153
Fase 7 0 111 690 371 063 801 413 0 185 263 -
1 Os dois valores apresentados correspondem à diferença entre a área total a recuperar em cada fase e a área a
intervencionar na área já recuperada e a diferença entre a área a recuperar na área de ampliação em cada fase e a área
a intervencionar na área já recuperada.
antecede a extração da massa mineral propriamente dita, permitindo, simultaneamente, colocar a descoberto
o recurso mineral.
Remoção do material
Furação da rocha, através de Detonação do
desmontado, com recurso a pás
uma perfuradora, para Colocação do explosivo e
carregadoras e/ou escavadoras
colocação de explosivos que explosivo no interior consequente
giratórias e seu encaminhamento
irão promover o desmonte da dos furos desmonte do calcário
para a instalação de britagem
rocha ou da marga
com auxílio de dumpers
Tal como já se verifica, o desmonte do recurso mineral presente será feito com recurso a explosivos. Para tal
os diagramas de fogo a adotar na pedreira são projetados em função do tipo de material a desmontar, do
diâmetro de furação utilizado e da altura das bancadas.
No desmonte deste maciço calcário, o diâmetro de perfuração utilizado é de cerca de 110 mm (4,5’’) e as
bancadas possuirão alturas de cerca de 10 m, durante a lavra e na configuração final de escavação. Para
dimensionamento do diagrama de fogo foram utilizados os dados de base que se apresentam no Quadro II.9.
PARÂMETROS
As malhas de perfuração a utilizar deverão ser próximas das apresentadas no Quadro II.10, adequadas para
o tipo de rocha em causa. Poderão ser testados e utilizados diâmetros de perfuração e malhas de perfuração
diferentes das apresentadas, caso se justifique e os resultados obtidos apresentem desempenhos técnicos,
económicos ambientais aceitáveis. No que se refere ao carregamento de explosivos, as quantidades
recomendadas a utilizar por furo são as que se apresentam no Quadro II.11.
ALTURA DA BANCADA
CARACTERÍSTICAS SÍMBOLO
10 M
O tamponamento dos furos (T) após o carregamento deve ser preenchido por material resultante da perfuração
do furo, devendo ser de granulometria extensa, embora sem possuir pedras que possam ser projetadas durante
a detonação.
Atendendo aos vários valores de produção, é possível dimensionar o número de furos a detonar por mês para
as alturas de bancada definidas. No Quadro II.12 apresenta-se o dimensionamento das pegas de fogo para o
valor médio de produção estimado e alguns parâmetros específicos.
ALTURA DA BANCADA
CARACTERÍSTICAS SÍMBOLO
10 M
ILUSTRAÇÃO DO CARREGAMENTO
Cc
Perfil
Cf
ALTURA DA BANCADA
CARACTERÍSTICAS
10 M
PARÂMETROS ESPECÍFICOS
Com o diagrama de fogo definido, cada furo, em bancadas de 10 m, desmonta cerca de 261 m3 (cerca de
626 t). Deste modo, para atingir a produção prevista de cerca de 191 670 t/mês de calcários e de margas
(aproximadamente 2 350 000 t/ano), terão de ser desmontados cerca de 79 863 m3/mês (rendimento de
100%). Para tal, será necessário detonar, em média, cerca de 310 furos/mês.
Os equipamentos de perfuração utilizados nesta pedreira são perfuradores tipo wagon-drill hidráulico, munidos
com brocas de 110 mm.
O procedimento usual é a realização de 30 furos por pega, apenas numa fiada, sendo escorvada com
detonadores eletrónicos. Este procedimento motiva a detonação isolada de cada furo, permitindo minorar as
vibrações e a potencial projeção de partículas ou blocos durante o rebentamento. O sistema de detonação
(elétrico ou eletrónico) a adotar permite ainda o acionamento à distância, bem como a interrupção imediata do
processo, antes da detonação, se tal for necessário.
Os tipos de explosivos utilizados são Emulsões, tanto na carga de fundo como na carga de coluna, possuindo
a emulsão da carga de fundo uma potência superior à da carga de coluna. Poderão também ser utilizados
outros tipos de explosivos, do tipo ANFO, Gelatinosos ou Pulverulentos. O carregamento dos furos coincide
com as entregas de explosivos, evitando-se o seu armazenamento na pedreira, apesar de existir um paiol.
Todas as operações de manuseamento dos explosivos serão realizadas por operadores habilitados com cédula
de operador de substâncias explosivas. O desmonte é realizado, geralmente, durante o horário de almoço dos
trabalhadores, entre as 12 h e as 13 h, uma vez que toda a área da pedreira se encontra desimpedida,
diminuindo assim os riscos associados a esta atividade. Pontualmente, poderão ser adotados outros horários
que sejam convenientes e compatíveis com os trabalhos a realizar, mas sempre garantindo as condições de
segurança.
Os diagramas de fogo apresentados, incluindo os diâmetros de perfuração, poderão sofrer alguns ajustes em
função das condições locais de cada frente, nomeadamente devido à variação de altura da bancada com a
topografia ou outra, das características da rocha ou de potenciais modificações estruturais do maciço, assim
como por evolução tecnológica dos explosivos e dos sistemas de perfuração.
O carregamento dos explosivos nos furos é realizado na ausência de outros trabalhadores, observando-se
regras rígidas de segurança, tais como não fumar, foguear ou manusear materiais suscetíveis de provocar
faíscas.
No período que antecede o escorvamento das cargas, os operários e equipamentos devem retirar-se para uma
posição abrigada e distanciada do local da pega de fogo, impedindo todos os acessos à área de desmonte. A
detonação é precedida por um sinal sonoro característico, percetível à distância, que avisa todos os presentes
da eminência da detonação. Após a detonação e perante a confirmação, por parte do encarregado dos
trabalhos ou do Responsável Técnico da pedreira, das necessárias condições de segurança serão retomados
os trabalhos na pedreira.
De referir que a carga a detonar em cada momento será reduzida próximo das zonas mais sensíveis,
designadamente das habitações e capela da povoação do Vale da Rasca, localizadas a Norte da pedreira, do
Forte do Outão e do Hospital de Outão, localizados a Sudeste, e do Centro de Telecomunicações, situado a
Sudoeste, sendo assegurado o cumprimento da Norma NP 2074 (2015): "Avaliação da influência de vibrações
impulsivas em estruturas". Esta redução da carga a detonar em cada momento será conseguida com a
utilização de mais do que um detonador retardado por furo, ou através da redução da carga de explosivo em
cada furo.
2.7. BENEFICIAÇÃO
A beneficiação do material desmontado serão realizados no britador instalado na área da pedreira que possui
um licenciamento autónomo e que integra as instalações fabris da SECIL. Deste modo, a beneficiação é uma
atividade que não se encontram contemplada na pedreira, mas no processo de fabrico do cimento.
O sistema de circulação final previsto inclui uma rede de vias e rampas que permitem o acesso a todas as
bancadas da pedreira, viabilizando as atividades de recuperação, manutenção e monitorização.
As rampas entre bancadas possuirão inclinações na ordem dos 6º e larguras de 10 m, estando previstas para
comportar os dois sentidos de circulação. Os patamares das bancadas finais de lavra possuirão larguras de 6
e 10 m, intercalados entre si, funcionando também como vias de acesso.
Para acesso à área de ampliação, será criada uma rampa desde a zona das instalações de apoio até ao
extremo Oeste da área. Essa rampa será construída em escavação com uma inclinação máxima de 10º e uma
largura da 10 m para comportar os dois sentidos de circulação. Essa rampa será criada em escavação, com o
objetivo de minimizar os impactes sobre o ambiente (principalmente ao nível da paisagem, ruído e poeiras)
aquando da circulação dos equipamentos móveis (principalmente os dumpers que irão transportar o calcário
entres as frentes de desmonte e a instalação de britagem). Os taludes dessa rampa terão uma inclinação na
ordem dos 85º e serão alvo de integração paisagística, através da aplicação de uma sementeira, com o objetivo
de minimizar o impacte paisagístico. De referir que à medida que a exploração evolui de Oeste para Este, no
sentido do avanço da exploração, a rampa vai sendo alvo de exploração, pelo que a integração paisagística é
meramente temporária e constitui apenas uma medida de minimização.
Devido ao fluxo regular de veículos, os acessos serão alvo de uma manutenção sistemática e de rega regular,
de forma a facilitar o trânsito, reduzir os custos de transporte e de manutenção dos equipamentos, bem como
minimizar os impactes associados à circulação e garantir as condições de segurança.
2.9. EQUIPAMENTOS
2.9.1. Discriminação e dimensionamento
Os equipamentos previstos para o tipo de exploração em causa e suficientes para assegurar o bom
funcionamento da pedreira apresentam-se no Quadro II.13.
EQUIPAMENTO QUANTIDADE
Perfuradora 2
Pá carregadora frontal 4
Escavadora giratória 1
Dumpers 7
Camiões de rega 1
Além dos equipamentos referidos existirão na pedreira ferramentas diversas de mecânica, bombas de
lubrificar, entre outros, que serão utilizados para operações específicas em determinados momentos.
Refere-se que está prevista a substituição dos equipamentos móveis, à medida que se tornem obsoletos, uma
vez que a natural evolução tecnológica dos equipamentos e o seu estado de conservação reduzirá, entre
outras, as emissões gasosas e de ruído, com claras vantagens em termos ambientais.
• Piso impermeabilizado com sistema de recolha de águas equipado com separador de hidrocarbonetos;
• Locais para armazenamento temporário dos resíduos produzidos, com recipientes separados por tipologia
e identificação com o código LER1;
• Extintor e/ou outros meios de combate a incêndios devidamente sinalizado, de modo a fazer face a qualquer
foco de incêndio;
Responsável de turno,
6 Apoio à exploração
serralheiro e eletricista
TOTAL 32
Os funcionários da pedreira não pertencem na totalidade aos quadros da SECIL. De facto, nesta pedreira
existem serviços em outsourcing, essencialmente nas tarefas de carregamento e transporte da massa mineral
e no desmonte com explosivos. Contudo, todos os trabalhos da pedreira são executados em conformidade
com os responsáveis dos trabalhos (da SECIL) cumprindo todas as tarefas de acordo com este Plano de
Pedreira.
O pessoal afeto à extração na pedreira irá laborar num só turno, das 8 horas às 17 horas, com paragem para
almoço das 12 horas às 13 horas, nos dias úteis. Nesse período inclui-se o carregamento e desmonte com
explosivo, sendo os disparos realizados durante a hora de almoço, no sentido de minimizar os riscos
associados a essa atividade.
Relativamente às atividades de carregamento e transporte do material desmontado para a instalação de
britagem, estas decorrem em dois turnos diários, das 8 horas às 16 horas, com paragem para almoço das
12 horas às 13 horas, e das 16 horas às 24 horas, com paragem para jantar das 20 horas às 21 horas,
incluindo o sábado das 8 horas às 12 horas. A atividade normal da pedreira decorre durante 5,5 dias por
semana, durante todo o ano. Contudo, em períodos particulares, estes horários poderão ser alterados em
função das necessidades específicas da empresa.
decantação, ao sistema de drenagem natural. Na exploração em cava, abaixo da cota 100, sempre que se
verifique necessário, as águas pluviais serão bombeadas para o local de descarga à cota 100, para
encaminhado para o sistema de decantação existente.
Tratando-se de águas pluviais, não deverá existir motivo para o tratamento destes efluentes. Contudo, se for
verificada essa necessidade, serão definidos sistemas de decantação adicionais, de forma a minorar uma
eventual turbidez excessiva das águas de escorrência superficial.
Está prevista ainda a criação de uma vala de drenagem perimetral a construir à cota 120 que irá permitir
encaminhar todas as águas acima dessa cota diretamente para o sistema de decantação, evitando a sua
afluência para o interior da corta, quando a exploração for desenvolvida em cava.
O sistema de esgotos domésticos que serve a pedreira, eminentemente para as instalações de higiene, possui
uma fossa sética que é regularmente esgotada por operador de gestão de resíduos.
2.12.3.2. Combustíveis
O combustível a consumir na pedreira é, essencialmente, o gasóleo para os equipamentos móveis. Para tal
encontra-se instalado na pedreira um depósito de abastecimento de combustível com uma capacidade de
30 000 L, prevendo-se um consumo anual de cerca de 700 000 L. Esse depósito possui bacia de retenção e
uma ilha de abastecimento com separador de hidrocarbonetos.
Todos os materiais a adquirir serão mantidos nas suas embalagens originais, devidamente identificadas e
rotuladas, sendo armazenados em separado e acompanhados das respetivas fichas de segurança. O
armazenamento será feito em bacias de retenção, no sentido de minimizar os riscos de eventuais fugas para
o exterior, devendo ser respeitados os seguintes requisitos gerais:
• Ser efetuado de forma a não provocar qualquer dano para o ambiente ou para a saúde humana;
• Possuir bacias de retenção em boas condições, sem sinais de deterioração ou fugas visíveis;
• As bacias de retenção deverão estar colocadas num local coberto e possuir, pelo menos, 50% da
capacidade máxima do recipiente. No caso de haver mais do que um recipiente, a bacia de retenção deve
ter 110% da capacidade de armazenagem do maior reservatório ou de 25% da capacidade total dos
recipientes colocados dentro da bacia, consoante o que for maior;
• As bacias de retenção deverão ser impermeabilizadas e sem aberturas de modo a evitar a possibilidade de
dispersão ou fuga para o exterior;
• Possuir material absorvente em local visível e de fácil acesso de modo a fazer face a pequenos derrames;
• Parar a fuga desde que não sejam incrementados os riscos associados ao derrame;
• Eliminar todas as fontes de ignição no local (não fumar ou fazer faíscas ou chamas na área imediata);
• Evitar a saída do material derramado da bacia de retenção, minimizando o risco de saída para o exterior;
• Absorver todo o material derramado com areia ou outro material absorvente (não combustível);
• Remover todo o material absorvido para um recipiente impermeável (por exemplo uma estrutura metálica)
e encaminhar para um operador de gestão de resíduos.
Papel e cartão 20 01 01
Vidro 20 01 02
Plásticos 20 01 39
Os resíduos gerados são armazenados, em recipientes próprios, num local impermeabilizado de modo a
prevenir potenciais derrames e consequentemente a contaminação dos solos e dos aquíferos.
Os resíduos domésticos sólidos são colocados em recipientes próprios existentes na sala de refeições e nos
sanitários e são recolhidos regularmente para os contentores dos serviços municipalizados. As frações
separáveis são armazenadas nos diversos ecopontos existentes nas instalações de apoio, sendo
encaminhados para os ecopontos municipais.
Todos os resíduos não mineiros terão como destino a recolha por um operador de gestão de resíduos. Até à
recolha os resíduos serão armazenados em separado e devidamente identificados com o respetivo código
LER1. No caso dos resíduos perigosos, serão armazenados em zonas impermeabilizadas e cobertos. A
armazenagem dos resíduos não mineiros deve reger-se pelos seguintes requisitos gerais:
• Ser efetuada de forma a não provocar qualquer dano para o ambiente e para a saúde humana;
• Ser efetuada de forma a evitar a possibilidade de derrames, incêndio ou explosão, devendo ser respeitadas
as condições de segurança relativas às caraterísticas que conferem perigosidade aos resíduos;
• Ser armazenados por tipologia, em recipientes separados, devidamente identificados com o respetivo
código LER;
• No caso dos resíduos líquidos (óleos usados) devem ser armazenados de forma que seja possível detetar
derrames e fugas;
• O local de armazenamento de resíduos líquidos deverá estar dotado de material absorvente em local visível
e de fácil acesso de modo a fazer face a pequenos derrames;
• O local de armazenamento de resíduos deve ter um sistema de ventilação adequado de forma a impedir a
acumulação de gases inflamáveis em concentrações suscetíveis de causar danos para a saúde humana e
para o ambiente;
• Os recipientes de armazenamento de resíduos devem estar em boas condições, sem sinais de deterioração
ou fugas visíveis;
• Os locais de armazenamento de resíduos devem estar identificados e sinalizados com proibição de fumar
e foguear;
• Os locais de armazenamento deverão ser dotados de extintores e/ou outros meios de combate a incêndios;
• Os resíduos que apresentem risco de infiltração e contaminação das águas subterrâneas e dos solos
devem ser armazenados em recipientes próprios (estanques) sobre bacias de retenção devidamente
dimensionadas e em local coberto;
• Os recipientes para armazenamento de óleos usados deverão estar colocados num local coberto, dentro
de bacia de contenção a qual deverá possuir, pelo menos, 50% da capacidade máxima do reservatório. No
caso de haver mais do que um recipiente, a bacia de contenção deve ter 110% da capacidade de
armazenagem do maior reservatório ou de 25% da capacidade total dos recipientes colocados dentro da
bacia, consoante o que for maior;
• A bacia de contenção deverá ser impermeabilizada e sem aberturas de modo a evitar a possibilidade de
dispersão e de contaminação de solos e águas;
• As atividades das quais possa resultar a introdução de solutos tóxicos perigosos, nomeadamente o
armazenamento e manipulação dessas substâncias, só serão efetuadas em locais apropriados reduzindo,
assim, a possibilidade de ocorrência de acidentes e contaminações;
• Não serão utilizados recipientes contendo combustíveis, lubrificantes ou outras substâncias nocivas ou
perigosas para o ambiente em condições que não garantam a proteção do solo.
A recolha dos resíduos deverá ser efetuada por operadores de gestão de resíduos, devendo garantir-se que
os resíduos sejam transportados e acompanhados da respetiva e-GAR, dando cumprimento ao disposto na
Portaria n.º 145/2017, de 26 de abril, alterada pela Portaria n.º 28/2019, de 18 de janeiro, bem como assegurar
que o seu destinatário está autorizado a recebê-los.
Serão ainda adotadas as seguintes medidas específicas de gestão dos resíduos não mineiros:
• Será realizada uma gestão e manuseamento correto dos resíduos e efluentes produzidos e associados à
pedreira, nomeadamente, óleos e combustíveis, resíduos sólidos e águas residuais, através da sua recolha
e condução a depósito/destino final apropriado, reduzindo, assim, a possibilidade de ocorrência de
acidentes e contaminações. A zona da oficina encontra-se equipada com sistema de recolha de águas para
separador de hidrocarbonetos.
• As atividades das quais possa resultar a introdução de solutos tóxicos perigosos, nomeadamente o
armazenamento e manipulação dessas substâncias, só serão efetuadas em locais apropriados reduzindo,
assim, a possibilidade de ocorrência de acidentes e contaminações.
• Não serão utilizados recipientes contendo combustíveis, lubrificantes ou outras substâncias nocivas ou
perigosas para o ambiente em condições que não garantam a proteção do solo.
• Será realizada a manutenção periódica das fossas estanques que recebem os efluentes das instalações
sociais.
De realçar que os trabalhos de recuperação paisagística desenvolvidos até momento denotam a aplicação das
melhores práticas disponíveis, sendo um caso de sucesso em termos de recuperação ambiental e paisagística
de áreas degradadas pela atividade extrativa ainda em exploração, tendo sido inclusivamente, objeto de vários
estudos e artigos científicos publicados sobre as atividades desenvolvidas ao longo do tempo. Os trabalhos já
desenvolvidos revelam grande sucesso em termos de adaptação e desenvolvimento da vegetação plantada e
semeada, verificando-se uma integração paisagística e recuperação ambiental e ecológica bastante positiva
das áreas pós-exploração.
Nesse sentido, o presente PARP integra toda a experiência e saber acumulado ao longo de anos de estudos
científicos e práticas no terreno, reforçado pelas parcerias com as Universidades e pela existência na
propriedade da SECIL de um viveiro de plantas que permite propagar e desenvolver espécies vegetais a partir
de sementes e estacas provenientes exclusivamente do local, contribuindo para uma maior garantia de
sucesso e evolução mais rápida dos elementos instalados.
De referir ainda que o presente PARP integra todas as alterações que têm vindo a ser introduzidas nas práticas
e métodos de recuperação paisagística e que têm sido alvo de verificação e aprovação pelas entidades oficiais
no âmbito das vistorias trienais.
Área
Área
recuperada
recuperada
Área em
exploração
Figura II.16 – Panorâmica do quadrante Oeste da pedreira onde se evidenciam as áreas recuperadas e as
áreas em exploração.
A recuperação das áreas pós-exploração, como referido anteriormente, iniciou-se nos anos 80 do século
passado e tem sido desenvolvida concomitantemente com a evolução da lavra. Durante esse período, devido
à evolução das várias tipologias e caraterísticas das operações de recuperação, é quase possível fazer um
faseamento cronológico nos vários patamares da pedreira conforme as épocas em que os trabalhos de
recuperação foram desenvolvidos.
Numa primeira fase, a recuperação consistiu no aterro dos patamares de escavação com terras de cobertura,
hidrossementeiras e plantações, com destaque para as plantações com pinheiro-de-Alepo (Pinus halepensis),
que é atualmente, o principal responsável pelas dissemelhanças face à vegetação natural, visto que, existem
fortes evidências de que a elevada cobertura dessa espécie constitui um constrangimento ao desenvolvimento
das espécies nativas, onde os recursos (e.g. nutrientes do solo) são evidentemente escassos. Essa espécie,
praticamente inexistente na vegetação natural envolvente, parece exercer um efeito competidor sobre as
restantes espécies arbustivas plantadas1.
Será essa a razão mais provável para uma menor cobertura e diversidade dos estratos arbustivo e herbáceo
no local intervencionado no período de início das atividades de recuperação paisagística, durante a década de
80, em comparação com a recuperação efetuada nos períodos seguintes. A reduzida densidade e baixa
cobertura de espécies arbustivas espontâneas nos locais onde o porte dessa espécie é mais proeminente é
mais uma evidência do seu efeito competidor (Figura II.17)2.
Pinheiro-de-Alepo
Recuperação
em patamar
Recuperação em
talude
Figura II.18 – Panorâmica das várias fases de recuperação da pedreira em conformidade com a sua época de
realização.
Essa mudança na recuperação permite desde logo o controlo imediato da erosão e a redução do impacte visual
nas fases iniciais da recuperação, para além de favorecer o desenvolvimento de espécies autóctones e
tradicionais desta paisagem (por plantação), de modo a obter uma aproximação aos ecossistemas envolventes
e, desse modo, contribuir para a sustentabilidade de todo o sistema. Acresce ainda o encaminhamento das
águas pluviais através da construção de linhas de drenagem com materiais grosseiros (rochas e pedras)
perpendicularmente aos taludes de aterro (Figura II.19).
No sentido de criar condições para o abrigo de fauna com características ruderais, alguns dos taludes são
deixados parcialmente a descoberto e a base da modelação é feita com um muro de suporte em pedra, medida
que se tem revelado com bastante sucesso (Figura II.20).
Em termos comparativos, nos patamares recuperados há mais tempo, onde se deu preferência à constituição
de cortinas arbóreas densas e perenes com vista à mitigação de impactes visuais das paredes rochosas com
recurso a espécies de crescimento mais rápido, designadamente o pinheiro-de-Alepo e apesar dos resultados
em termos funcionais serem bastante positivos, verifica-se que, em termos de biodiversidade são menos
significativos do que nos restantes taludes onde se favoreceu a instalação de espécies da flora local
independentemente do seu crescimento ser mais lento. Nos casos onde a recuperação já se encontra bem
consolidada (com 5-6 anos), a vegetação tem vindo a desenvolver-se eficazmente e a aproximar-se do
registado nas zonas naturais da envolvente da pedreira, onde a vegetação evidencia predominantemente os
estratos herbáceo e arbustivo.
Talude de
escavação
Muro de
suporte
• Potenciar as comunidades faunísticas nas áreas recuperadas, fomentando a criação de locais atrativos
para abrigo e nidificação de espécies com interesse ecológico, como a fauna rupícola;
• A restituição imediata do coberto vegetal nas áreas exploradas de modo a valorizar a área do ponto de
vista biofísico, através do seu enriquecimento florístico e, ao mesmo tempo, garantir a sua integração na
paisagem envolvente de modo a nunca existirem parcelas concluídas em termos de exploração que não
estejam recuperadas ou em recuperação;
• Manutenção das vedações e sinalização adequada, durante o tempo em que as áreas em recuperação ou
após recuperação possam constituir algum risco de segurança para terceiros;
dessas duas lagoas será necessário criar condições de impermeabilização para evitar que as águas se infiltrem
nessas zonas.
A solução de recuperação paisagística adotada contempla a plantação de espécies arbustivas e arbóreas
autóctones, produzidas no viveiro SECIL, que tem como principal objetivo promover e acelerar a convergência
da comunidade vegetal das zonas intervencionadas para a composição e estrutura da área envolvente
(comunidades vegetais naturais, não perturbadas pela exploração).
Assim, a intervenção baseia-se na revegetacão com espécies mediterrânicas lenhosas (essencialmente
arbustivas e sub-arbustivas), com particular enfase nas que apresentam ligações evidentes com a fauna (e.g.
as produtoras de frutos comestíveis). Sob o coberto arbóreo dos taludes propõe-se um revestimento herbáceo-
arbustivo, por hidrossementeira, que tem como principal objetivo o controlo imediato da erosão e a redução do
impacte visual.
conectividade entre as áreas. Os taludes serão aterrados total ou parcialmente com materiais da pedreira e
revegetados com herbáceas, arbustos e árvores com vista a criar uma barreira vegetal densa e perene de
modo a minimizar o impacte visual das paredes rochosas à semelhança do que tem vindo a ser efetuado nos
trabalhos de recuperação mais recentes na pedreira.
Os taludes de escavação a desenvolver em situação de cava (a partir da cota 100), ocultos dos observadores
sensíveis da envolvente, serão aterrados na zona do patamar com uma espessura mínima de terra nunca
inferior a um metro e serão semeados e plantados com herbáceas e arbustivas, deixando uma grande extensão
do talude exposto para fomentar o estabelecimento da fauna rupícola que nidifica em escarpas ou em arribas.
A presente proposta de recuperação ambiental e paisagística contempla a plantação de espécies arbustivas e
arbóreas autóctones, produzidas no viveiro da SECIL, que tem como principal objetivo promover e acelerar a
convergência da comunidade vegetal das zonas intervencionadas para a composição e estrutura da área
envolvente (comunidades vegetais naturais, não perturbadas pela exploração).
Assim, a intervenção baseia-se na revegetação com espécies da flora mediterrânica lenhosas (essencialmente
arbustivas e sub-arbustivas), com particular enfase nas que apresentam ligações evidentes com a fauna (e.g.
as produtoras de frutos comestíveis).
Sob o coberto arbóreo dos taludes propõe-se um revestimento herbáceo-arbustivo, por hidrossementeira, que
tem como principal objetivo o controlo imediato da erosão e mitigação do impacte visual.
MATERIAL DE ATERRO
SUBSTRATO ROCHOSO
A presente proposta contempla ainda a criação de duas lagoas na base da corta marginadas com vegetação
de caraterísticas ripícolas, tendo como principal objetivo o estabelecimento de pontos de água que visem o
incremento da disponibilidade hídrica que poderá facultar um conjunto de condições ecológicas favoráveis a
ocorrência de vários grupos florísticos e faunísticos, propiciando um incremento da biodiversidade local e ao
mesmo tempo criar uma reserva de água para eventuais necessidades de regas de vegetação.
Em todas as operações de regularização e modelação topográfica serão, sempre que possível, utilizados os
materiais da pedreira, designadamente a terra vegetal e os materiais mais margosos. Assim que se atingirem
as cotas finais de projeto, as áreas modeladas serão revestidas com uma camada de terra vegetal, sobre a
qual serão efetuadas as sementeiras e plantações propostas.
Figura II.22 – Perfil esquemático das diferentes tipologias de recuperação nos taludes.
Nos patamares serão criados acessos (caminhos) com largura mínima de 3 m, entre o topo do talude de
escavação e o muro de suporte, que irão facilitar o acesso para operações de manutenção e conservação,
bem como para drenagem das águas pluviais.
Em resumo, os trabalhos a efetuar na modelação dos taludes de escavação, após libertação das operações
de lavra, englobam os seguintes passos:
1. Colocação de um muro de suporte em blocos de rocha proveniente da pedreira (espessura ≥1 m) que
servirá como estrutura de sustentação para os materiais de aterro;
2. Colocação de uma camada de material argilo-margoso para reperfilamento do talude de escavação
(espessura ≥ 1 m), podendo ou não cobrir a totalidade do talude de escavação;
3. Colocação das terras vegetais resultantes da decapagem como camada superficial do solo para
desenvolvimento da vegetação. Na ausência de terra vegetal serão colocados os materiais mais finos e
mais argilosos nas camadas superiores do aterro;
4. Aplicação das plantações e sementeiras.
Para cumprimento da modelação proposta estima-se a necessidade de um volume de material de
aproximadamente 1 217 300 m3 (material já desmontado com empolamento).
que os trabalhos de exploração decorram de forma normal, mas sempre, tendo em consideração a mitigação
dos impactes ambientais gerados pela mesma.
Igual compromisso deverá ocorrer entre essas operações de desmatação e decapagem e a utilização das
terras vegetais no processo de recuperação paisagística. Preferencialmente, as terras vegetais resultantes da
decapagem deverão ser aplicadas de imediato nas zonas em recuperação. Sempre que não seja possível a
sua aplicação de imediato, por inexistência de áreas em recuperação ou em condição para receber as terras
vegetais, então o seu armazenamento deverá ser realizado em pargas, a instalar fora do perímetro da corta,
em local devidamente salvaguardado dos circuitos normais da exploração.
A estrutura das pargas deverá ser estreita, comprida, com uma altura nunca superior a 2 m e o cimo
ligeiramente côncavo para uma boa infiltração da água. Depois de concluídas, deverá ser aplicada uma
sementeira de tremocilha à razão de 3 g/m2, se for no Outono, ou de abóbora, se for na Primavera, para
minimizar o aparecimento de ervas infestantes e conservar a sua qualidade produtiva.
A terra vegetal a utilizar no processo de recuperação paisagística será exclusivamente proveniente das
operações de decapagem prévias à exploração. A utilização da terra vegetal proveniente do próprio local
constitui uma das medidas mais eficazes da recuperação uma vez que contém diversas sementes de
vegetação natural e autóctone. Depois de convenientemente preparada, a terra vegetal será espalhada sobre
as áreas a recuperar, em camadas uniformes, acabadas sem grande esmero e de preferência antes do Outono,
para que a sua aderência ao solo-base se faça nas melhores condições.
Tendo em vista garantir as adequadas condições ao desenvolvimento do coberto vegetal proposto, considerou-
se necessário o espalhamento de uma camada de terra vegetal com uma espessura mínima de 0,10 m sobre
os materiais de aterro, sobre a qual serão efetuadas as sementeiras e para preencher as covas das plantações.
Antes da sua utilização, a terra vegetal deverá ser desfeita cuidadosamente e limpa de pedras, raízes e ervas.
A aplicação da terra vegetal será feita manual ou mecanicamente, devendo proceder-se de seguida a uma
regularização e ligeira compactação. A colocação de terra vegetal será executada de forma a garantir a
estabilidade da camada, mas evitando que a superfície permaneça demasiadamente lisa.
O volume de terra vegetal existente nas áreas virgens estima-se em cerca de 18 500 m3 (cerca de 20 350m3
após empolamento - coeficiente de empolamento de 1,1). Esse volume de terra vegetal não será suficiente
para aplicar em todas as áreas a semear, prevendo-se uma necessidade de terra arável de aproximadamente
160 280 m3. Deste modo, serão utilizados os materiais de aterro mais finos para colmatar essa diferença. A
utilização exclusiva de materiais endógenos da pedreira constitui uma medida de minimização de impactes,
uma vez que se pretende evitar o risco de contaminação do material genético natural, por sementes, rizomas
ou tubérculos provenientes doutros locais.
2.14.3.3. Drenagem
Os sistemas de drenagem projetados para a fase de lavra, serão adaptados para posterior utilização nas fases
de modelação e recuperação paisagística.
Os patamares de escavação e as rampas serão construídas de modo a ficarem com uma leve inclinação (de
cerca de 1%) para o interior da banqueta onde serão construídas valas de drenagem ao longo dos mesmos,
de forma a encaminhar as águas pluviais para as cotas mais baixas da pedreira, através de valetas ou
caneletes, onde se infiltrarão.
Nas operações de modelação serão criados drenos com material granular ao longo das faces dos taludes que
permitirão o encaminhamento das águas pluviais entre taludes.
Os sistemas de drenagem terão como principal função o encaminhamento das águas pluviais para o sistema
de decantação e evitar a erosão dos materiais a utilizar na modelação dos taludes de escavação. Quando a
exploração for desenvolvida em cava, os sistemas de drenagem irão encaminhar as águas pluviais para a base
da corta, no sentido de promover a infiltração.
• Proporcionar abrigo e fontes de alimento à fauna local, contribuindo para o reequilibro das comunidades
faunísticas.
Conforme referido anteriormente, as operações de recuperação paisagística na pedreira já foram
desenvolvidas numa área de aproximadamente 478 030 m2, em grande parte com vegetação bem
desenvolvida, não só a semeada e plantada, mas também a resultante da regeneração natural. Esse sucesso
deve-se em grande parte ao trabalho praticado nos viveiros da empresa onde é multiplicado o material vegetal
que posteriormente é utilizado nas plantações.
As sementes e propágulos das espécies a multiplicar no viveiro da empresa são recolhidas dentro da
propriedade em zonas naturais, não intervencionadas e apenas recolhidas o que se considera necessário para
a multiplicação em viveiro, de modo a assegurar as plantações necessárias em cada área a recuperar (Figura
II.23).
2.14.4.2.2 Sementeiras
O revestimento vegetal será efetuado através de hidrossementeiras contribuindo para o aumento da
estabilidade e proteção dos solos das áreas a recuperar, propondo-se as adequadas misturas de espécies,
tendo em conta a sua adaptabilidade, considerando as caraterísticas climáticas e morfológicas do local.
A mistura da sementeira, que será aplicada ao longo de toda a área modelada da pedreira, pode variar
consoante a disponibilidade de sementes e das características das áreas a recuperar (e.g. declive, exposição
solar, vegetação espontânea).
Assim, apresenta-se uma listagem das espécies herbáceas e arbustivas potenciais a utilizar (Quadro II.16),
em alternativa a uma composição fixa da mistura.
Herbáceas
Anthyllis vulneraria Vulnerária
Brachypodium distachyon Braquipódio
Brachypodium phoenicoides Braquipódio
Bromus madritensis Bromo-de-madride
Coronilla valentina (C. glauca) Pascoinhas
Dactylis glomerata subs. hispanica Panasco
Hyparrhenia hirta Palha-da-Guiné
Medicago orbicularis Luzerna-orbicular
Arbustivas
Ononis natrix Joina dos matos
Ononis pubescens -
Origanum vulgare subsp. Virens Oregãos
Piptatherum coerulescens -
Piptatherum miliaceum Milho-miúdo
Psoralea bituminosa Erva-da-baganha
Sedum album Arroz-dos-telhados
Sedum sediforme Erva pinheira
Sanguisorba minor Pampinela
Arbustivas
Staehelina dubia -
Thymbra capitata Tomilho de creta
Thymus mastichina Tomilho bela-luz
Trifolium repens Trevo-branco
Nos taludes a recuperar optou-se pela execução da técnica de hidrossementeira, que de acordo com os
trabalhos já efetuados tem-se revelado uma técnica bastante eficaz no controlo imediato da erosão e na
redução a curto prazo do impacte visual.
É importante salientar que a composição da hidrossementeira e a sua monitorização nas áreas recuperadas,
foi resultado dos vários estudos científicos e prática de campo desenvolvida ao longo dos anos pela Faculdade
de Ciências da Universidade de Lisboa no âmbito dos protocolos com a SECIL.
Em toda a área a desmatar, propõe-se a recolha de sementes, bolbos e estacas, essencialmente das espécies
da flora RELAPE que ali ocorrem, de forma a permitir o estabelecimento de novos núcleos populacionais da
flora RELAPE na área da SECIL.
Para a sua conservação e transplantação direta e/ou eventual produção em viveiro, será necessário testar e
desenvolver procedimentos específicos para as novas espécies, à semelhança do que foi feito para as outras
espécies já produzidas e/ou semeadas na recuperação. Em particular, a sobrevivência pós-transplante no
campo e a produção em viveiro poderão ser constrangidas por limitações técnicas e/ou abióticas que terão de
ser estudadas e, tanto quanto possível, melhoradas e otimizadas.
2.14.4.2.3 Plantações
As plantações deverão ser efetuadas a covacho à medida do torrão ou do sistema radicular, visando a
instalação de um estrato arbóreo e arbustivo que inclui espécies bem-adaptadas às condições edafoclimáticas
da região, de forma a recriar um espaço sustentável.
A plantação de espécies arbustivas e arbóreas autóctones (conforme indicado no Desenho 14) será aplicada
ao longo dos taludes modelados, tendo como referência os resultados já obtidos em anteriores trabalhos
(Quadro II.17). A composição e densidade da plantação pode variar consoante a disponibilidade de plantas no
viveiro da SECIL, as características das zonas-alvo a recuperar (e.g. topografia, exposição, vegetação
presente), a mortalidade esperada e a disponibilidade de recursos (substrato, nutrientes, água).
O método de plantação utilizado consiste na preparação do terreno com posicionamento da sinalização nos
diversos locais onde as covas serão abertas (à medida do torrão ou do sistema radicular da espécie a plantar).
Em todas as plantações deverá ser realizada uma caldeira em volta da planta, de modo a permitir uma melhor
captação e reserva da água junto à planta.
A reposição ou substituição das espécies que, por qualquer motivo, não tenham atingido o sucesso esperado,
deverá ser sempre efetuada após prévia avaliação das causas que motivaram a sua perda.
Nas áreas correspondentes aos locais que não serão afetados com os trabalhos da exploração, pretende-se
que a vegetação existente seja objeto de conservação e manutenção, mantendo assim a reserva biológica e
variabilidade genética das espécies autóctones para a recuperação das áreas afetadas, funcionado também
como área tampão à exploração.
Como indicativo, apresenta-se no Quadro II.18, o módulo de plantação (para módulos de 500 m2) de árvores
e arbustos e respetivas proporções das espécies. As espécies e respetiva percentagem de utilização tem por
base os resultados que tem vindo a ser obtidos nas áreas já recuperadas (Quadro II.17).
No que diz respeito ao elenco arbóreo a plantar ao longo das margens das lagoas que serão implantadas na
base da corta, será constituído por espécies da flora local ripícola, tendo como objetivo promover o aumento
da diversidade biológica no interior da área da pedreira, para além da sua importante função estabilizadora dos
solos. As espécies a utilizar encontram-se indicadas no Quadro II.19.
Quadro II.18 – Plano de plantações para taludes e base da corta (módulos de 500 m2).
Quadro II.19 – Plantações nas margens das lagoas a criar na base da corta.
TAREFA ÉPOCA
• Nas áreas já recuperadas ou em recuperação deverá ser interdita a circulação de veículos e pessoas,
exceto para trabalhos de manutenção e conservação;
• A aplicação da terra vegetal será feita em camada uniforme sobre as áreas a revestir, acabadas sem grande
esmero e de preferência antes do Outono, para que a sua aderência ao solo-base se faça nas melhores
condições;
• Minimizar a emissão de poeiras em suspensão, muito particularmente nos meses de menor precipitação,
através de regas periódicas e/ou aspersão hídrica;
• Assegurar que, no final da exploração, em todas a áreas ocupadas pelos equipamentos de apoio à pedreira
e respetivos acessos os solos são revolvidos de forma a promover a sua descompactação e arejamento, e
a reconstituir, na medida do possível, a sua estrutura e equilíbrio;
• Monitorizar, no local, a eficácia das medidas de recuperação e integração paisagística adotadas e proceder
à sua eventual correção.
• Retancha - sempre que os exemplares plantados se encontrem danificados, ou com problemas notórios
de fitossanidade, deve ser efetuada a sua substituição de forma a respeitar a composição original. Nessa
operação deverão observar-se todos os cuidados inerentes às plantações.
• Tutoragem - sempre que se considere necessário deverá proceder-se à tutoragem das plantas instaladas,
garantindo o seu desenvolvimento da forma mais equilibrada possível.
• Limpezas e/ou mondas: limpeza nas áreas revegetadas eliminando plantas mortas e/ou mal conformadas,
espécies invasoras, redução do risco de propagação de incêndios, e em casos pontuais, zonas de
vegetação herbácea cujo desenvolvimento excessivo prejudique o desenvolvimento das espécies nativas
plantadas.
• Fertilizações - o substrato utilizado (marga) é mais pobre e mais desequilibrado que o natural, i.e., onde
os recursos (água e nutrientes) são mais escassos e/ou mais dificilmente disponibilizados. As espécies
lenhosas mediterrânicas não têm exigências nutricionais significativas, pelo menos em condições naturais
de estabelecimento e crescimento. Contudo, é importante proceder a análises pontuais do solo, de forma
a aferir a necessidade de adição de nutrientes – adubação. Assim, a fertilização de áreas recuperadas será
realizada sempre que se detete na vegetação algum sintoma de carência, ao qual a análise de solo o
confirme, bem como, no período de adaptação das espécies aquando da sua plantação (adubação de
fundo).
• Manutenção de caminhos - os caminhos criados nos patamares de acesso são locais que deverão ser
mantidos em condições de circulação, garantido assim a rápida acessibilidade em caso de urgência.
• Vigilância - Após finalizado o período de manutenção e conservação será ainda necessário garantir o
sucesso da revegetação, devendo realizar-se ações de vigilância do estado vegetativo das plantas,
nomeadamente, ao nível da deteção de problemas fitossanitários, que possam surgir, e tomar medidas
minimizadoras do mesmo, bem como em situações onde haja ainda a necessidade de proceder a
desbastes ou limpezas, favorecendo assim o desenvolvimento das espécies envolventes.
No Quadro II.21 apresenta-se o plano de operações para as ações a desenvolver durante a implantação e para
o período de manutenção e conservação.
MESES DO ANO
ATIVIDADE
J F M A M J J A S O N D
Modelação
IMPLANTAÇÃO
Sementeira
(1.º ANO)
Plantação
Retanchas
Tutoragem
MANUTENÇÃO E
CONSERVAÇÃO Limpezas e/ou mondas
(2 ANOS)
Desbastes e/ou desrames
2.14.5. Monitorização
A monitorização do PARP tem por objetivo verificar, no local, a eficácia das medidas de recuperação e
integração paisagística adotadas e proceder à sua eventual correção/aferição. A paisagem, o desenvolvimento
da vegetação, a componente ecológica (e.g. espécies faunísticas, espécies importantes no âmbito da
conservação) são os descritores que serão monitorizados para avaliar o processo de recuperação paisagística.
Para verificar o desenvolvimento da vegetação instalada e o efeito na paisagem, em locais fixos, dentro e fora
da pedreira, serão tiradas fotografias, de preferência na primavera, de forma a avaliar a minimização dos
impactes na paisagem.
Será de considerar também a verificação da evolução das espécies plantadas, devendo ser efetuado o
acompanhamento das áreas recuperadas, de modo a aferir o desenvolvimento da vegetação.
A evolução dos trabalhos de recuperação paisagística acompanhará o Relatório Técnico Anual sobre os
trabalhos realizados em cada ano, com recurso a fotografias, mapas e indicadores (e.g. % área recuperada,
área hidrossemeada e plantada, espécies plantadas).
• Minimizar os impactes visuais das frentes de lavra durante a exploração, uma vez que possuirão uma
exposição, maioritariamente, para Oeste, no sentido oposto ao dos principais recetores sensíveis que se
localizam a Este da pedreira (com destaque para a cidade de Setúbal e Troia);
• Minimizar os impactes visuais da exploração pela aplicação da recuperação paisagística à medida que a
exploração evolui em profundidade. Com esta medida pretende-se que a exposição da pedreira seja feita,
maioritariamente, com taludes já recuperados e que os taludes de lavra se encontrem ocultos para o
exterior.
Conforme referido também para as operações de lavra, haverá necessidade de manter em exploração várias
bancadas, no sentido de garantir o fornecimento da matéria-prima à fábrica em lotes homogéneos. Por esse
facto, não é possível estabelecer um faseamento cronológico preciso para a definição da configuração final em
cada zona, pelo que se estabeleceu uma estratégia geral de gestão da pedreira, que assenta nos seguintes
objetivos:
• Exploração preferencial das bancadas superiores, em detrimento das inferiores (sempre que a composição
química da massa mineral o permita);
• Minimização da área instantânea afeta à exploração (sempre que a composição química da massa mineral
o permita);
• Início imediato da recuperação nas áreas onde a lavra tenha cessado definitivamente;
• Garantia de que a intervenção em área já recuperada, para efeitos de ampliação para Sul, seja efetuada
desde que exista área igual já recuperada, dentro da área prevista para ampliação.
Na Figura II.24, já apresentada anteriormente para as operações de lavra, é possível apresentar a estratégia
de lavra/recuperação definida para a pedreira, com avanço concomitante da lavra e da recuperação
paisagística.
SENTIDO DE
AVANÇO DA LAVRA
MACIÇO IN
SITU
• Desenvolver a recuperação paisagística no mesmo sentido do avanço da lavra que será, preferencialmente,
de Oeste para Este, tendo em vista a minimização dos impactes visuais para os principais recetores
sensíveis;
• Garantir a recuperação paisagística das bancadas superiores, com exposição para os recetores sensíveis,
no sentido de manter as frentes de lavra em exploração o mais ocultas possível;
• A intervenção na área já recuperada, para efeitos de ampliação da área de pedreira para Sul, apenas
deverá ocorrer desde que esteja garantida a recuperação paisagística de igual área ou superior. Quer isto
dizer que por cada unidade de área que se pretenda afetar na área recuperada deverá ser garantida a
recuperação na área de ampliação de igual ou superior unidade de área.
A sequência de avanço da recuperação paisagística pode assim ser resumida do seguinte modo (Desenho 6):
• Fase 1: irá envolver a recuperação de duas áreas: uma no extremo Oeste da área de ampliação (na zona
dos calcários) e outra na corta atual (na zona dos calcários e das margas), numa área total de 55 890 m2.
A recuperação no extremo Oeste da área de ampliação cifra-se em 38 110 m2 que se traduz num balanço
positivo de 31 925 m2 entre área a recuperar e área recuperada a afetar (5 anos);
aproximadamente 54 605 m2. A recuperação na área de ampliação cifra-se em 25 960 m2 que se traduz
num balanço positivo de 14 420 m2 entre área a recuperar e área recuperada a afetar (5 anos);
• Fase 3: irá envolver a recuperação de duas áreas correspondentes às bancadas imediatamente inferiores
na área de ampliação e na zona das margas, totalizando cerca de 69 755 m2. A recuperação na área de
ampliação cifra-se em 38 100 m2 que se traduz num balanço positivo de 8960 m2 entre área a recuperar e
área recuperada a afetar (5 anos);
• Fase 4: irá envolver a recuperação de duas áreas que totalizam cerca de 58 155 m2. A recuperação na
área de ampliação cifra-se em 32 575 m2 que se traduz num balanço positivo de 990 m2 entre área a
recuperar e área recuperada a afetar (5 anos);
• Fase 5: irá envolver a recuperação de duas áreas que totalizam cerca de 100 320 m2. A recuperação na
área de ampliação cifra-se em 47 135 m2 que se traduz num balanço positivo de 17 125 m2 entre área a
recuperar e área recuperada a afetar. No final desta fase, a recuperação paisagística estará assegurada
em toda a pedreira acima da cota 120, com exceção da zona junto à instalação de britagem que será
explorada e recuperada nas fases seguintes. Com a recuperação acima dessa cota será possível minimizar
os impactes visuais sobre os recetores sensíveis, passando a exploração a ser desenvolvida
exclusivamente em cava (5 anos);
• Fase 6: irá envolver a recuperação de uma área que totaliza cerca de 91 625 m2. A recuperação na área
de ampliação cifra-se em 3383 m2 que se traduz num balanço positivo de 153 m2 entre área a recuperar e
área recuperada a afetar. No final desta fase estará totalmente recuperada a área de ampliação (5 anos);
• Fase 7: irá envolver a recuperação da área remanescente num total de 371 063 m2. Nesta fase, a
exploração será desenvolvida numa única área, na zona central da pedreira e, maioritariamente, em cava
(abaixo da cota 100), o que irá permitir minimizar significativamente os impactes visuais. No final desta fase
será garantida a recuperação total da área da pedreira (5,4 anos).
Remobilização ou venda de
Equipamentos fixos e móveis
equipamentos
Desmantelamento após esgotamento
Fossa sética Operador de gestão de resíduos
prévio
de menos cuidados, tal como a remobilização dos equipamentos e instalações móveis, bem como as atividades
de manutenção entre outras, serão realizadas por funcionários da SECIL.
2.15.4. Acessos
Os acessos a utilizar na fase de desativação serão os deixados no final dos trabalhos de exploração e
recuperação paisagística. Esses acessos servem de forma competente as atividades de desativação dos
trabalhos mineiros, não havendo necessidade de criar acessos adicionais. O acesso à pedreira continuará a
ser o mesmo.
2.15.5. Ambiente
2.15.5.1. Resíduos
Quando concluídos todos os trabalhos de desmonte e recuperação paisagística, será efetuada uma vistoria de
modo a garantir que todos os resíduos existentes na área afetada foram efetivamente encaminhados para os
seus destinos. Caso seja detetada a presença de algum resíduo dentro da área da pedreira serão tomadas de
imediato todas as medidas necessárias para o encaminhar devidamente. Os potenciais resíduos sobre os quais
incidirá a vistoria na fase de desativação são os que se apresentam no Quadro II.23 e que resultam da normal
atividade industrial.
Papel e cartão 20 01 01
Vidro 20 01 02
Plásticos 20 01 39
2.15.8. Monitorização
A monitorização preconizada para a fase de desativação deverá incidir na verificação da qualidade de
execução das atividades de desmantelamento das instalações de apoio, da ausência de resíduos mineiros e
não mineiros na área a afetar, assegurando as condições ambientais e de segurança adequadas nos trabalhos
realizados.
Essa monitorização específica será realizada pelo Responsável Técnico dos trabalhos de exploração e pelos
respetivos responsáveis pelos trabalhos de desativação, em contínuo, durante o decurso das atividades de
desativação.
1. SITUAÇÃO DE REFERÊNCIA
1.1. INTRODUÇÃO
Neste capítulo apresenta-se a análise e caraterização do estado atual do ambiente, em sentido lato, na área
de influência do Plano de Pedreira (projeto) da pedreira de calcário e marga industrial Vale de Mós A. Esta
análise tem por objetivo definir as condições do estado corrente do meio ambiente, suscetíveis de serem
influenciadas pela implantação deste projeto. Esta caracterização fundamenta-se na informação de base obtida
a partir de bibliografia, sites da internet disponibilizados pelas diversas entidades e em trabalho de campo
realizado para levantamentos temáticos, para aferição da informação recolhida.
A avaliação da situação atual irá consubstanciar a previsão e a avaliação dos impactes gerados pela
implementação Plano de Pedreira (projeto) da pedreira de calcário e marga industrial Vale de Mós A.
Como área base de estudo considerou-se a área de implantação do Projeto e a sua envolvente, sobre a qual
terão maior incidência as alterações associadas à sua execução. Adicionalmente delimitou-se uma área de
enquadramento representada, preferencialmente, à escala 1/25 000 e, nessa base, cartografou-se a
informação considerada relevante para a análise e compreensão dos fatores ambientais considerados.
O âmbito e a escala geográfica, considerados no estudo, foram ainda ajustados em função dos diferentes
fatores biofísicos, socioeconómicos e culturais considerados, tendo a especificidade inerente a cada um
conduzido à abordagem em níveis de análise que variaram entre a escala local e a escala regional.
1.2.4. Temperatura
Os dados de temperatura do Quadro III.1, do 0 e da Figura III.1, referem-se aos períodos entre 1971-2000
para a estação climatológica de Setúbal. A estação em análise apresenta uma temperatura média anual
de 16,2 °C. A amplitude térmica situa-se nos 11,4ºC. O facto da estação de Setúbal se encontrar mais
próxima do litoral, leva a que esteja mais exposta à influência moderadora do oceano. Assim, Setúbal
apresenta Verões menos quentes e Invernos menos frios comparativamente com estações localizadas no
interior por exemplo, sendo menos frequentes valores extremos de temperatura: menos dias com
temperatura máxima superior a 30 °C e menos dias com temperatura mínima inferior a 0,0 °C. A
temperatura média do mês mais quente (agosto) é de 22,7 °C e a temperatura média do mês mais frio
(janeiro) é de 9,9 °C.
SETÚBAL
SETÚBAL
Figura III.1 – Distribuição das temperaturas média mensal, máximas médias e mínimas médias.
A temperatura média mensal atinge um mínimo de 9,9 °C em janeiro, com a média das mínimas a situar -
se em 4,7 °C, e a média das máximas 15,1 °C. A temperatura mínima média é inferior a 5,0ºC apenas no
mês de dezembro, sendo inferior a 10,0 °C entre novembro e abril.
Os meses mais quentes são julho e agosto, com temperaturas médias mensais de 22,6 °C e 22,7 °C
respetivamente. Em agosto, a médias das mínimas atinge 16,0 °C e a média das máximas os 29,5 °C.
Entre maio e outubro, a temperatura média mensal é superior a 15,0 °C.
1.2.5. Precipitação
Nos períodos considerados a precipitação média anual foi de 715,9 mm havendo uma variação interanual
muito significativa. Os valores de precipitação definem claramente um semestre húmido (outubro-março),
em contraste com um semestre seco (abril-setembro). Mais de 75 % da precipitação anual ocorre durante
o semestre húmido.
SETÚBAL
TOTAL 915,9 mm
O período chuvoso estende-se de outubro a maio (92,9 % da precipitação anual), por contraste com um
quadrimestre seco de junho a setembro, com cerca de 7% da precipitação anual. O gráfico termo-pluviométrico
assinala a distribuição sazonal da precipitação e da temperatura média mensal. Os mínimos de precipitação
coincidem com os meses mais quentes (julho e agosto).
Quadro III.4 – Número de dias por ano com precipitação superior a 0,1 mm e 10,0 mm
SETÚBAL
R 0,1 mm 93,9
R 10,0 mm 23,2
1.2.7. Ventos
Os ventos dominantes em Setúbal são de quadrantes Norte e Noroeste, com frequências anuais de,
respetivamente, 29 % e 19 %. A ocorrência de ventos fortes (velocidade ≥ 36 km/h) ou muito fortes (velocidade
≥ 55 km/h) é de, respetivamente 21,1 e 4,7 dias por ano, com maior incidência entre janeiro e março.
A velocidade média anual dos ventos de todos os quadrantes em Setúbal é de 14,5 km/h, com valores máximos
da média anual de 17,1 km/h (quadrante Sudeste) e 16,9 km/h (quadrante Sul).
A frequência de calmas é de apenas 8 % do total anual de observações, com máximos mensais de novembro
e dezembro (15-16 % das observações) e mínimos entre maio e agosto – nestes meses mais ventosos as
observações de calmas descem para 1 a 3 %.
N
30,0
NW NE
20,0
10,0
W 0,0 E
frequência (%)
SW SE
1
O município mais próximo da área de Projeto com ficha climática, disponível em http://climadapt-local.pt
temperatura média anual, em especial das máximas. O 5.º Relatório de Avaliação (AR5) do Painel
Intergovernamental para as Alterações Climáticas (IPCC, 2013) concluiu que a alteração da temperatura média
global à superfície provavelmente excederá, até ao fim do século XXI, os 1,5°C relativamente ao registado no
período 1850 -1900 (“ENAAC 2020”, 2015).
Por outro lado, em termos regionais prevê-se um aumento do nível médio do mar entre 0,17m e 0,38m para
2050 e entre 0,26 m e 0,82 m para o final do século XXI. Adicionalmente, verifica-se uma tendência para o
aumento de fenómenos extremos, em particular de precipitação intensa ou muito intensa, com destaque para
as tempestades de inverno mais intensas, acompanhadas de chuva e vento forte. Apresenta-se na tabela
seguinte um resumo das principais alterações climáticas projetadas para Lisboa até ao final do século XXI,
disponibilizado na Ficha Climática.
Figura III.4 – Resumo das principais alterações climáticas projetadas para Lisboa até ao final do século XXI
Pedreira
Vale de Mós A
Ao longo da evolução da Bacia Lusitânica registam-se quatro episódios de rifting1, tendo o primeiro episódio
início no Triássico superior. Essa primeira fase de rifting (Triásico-Sinemuriano) corresponde a um período
distensivo com orientação aproximadamente NE-SW, com reativação de falhas antigas e formação de
importantes depressões estruturais - grabens e hemi-grabens (Figura III.6). Os depósitos que preencheram a
bacia são de natureza essencialmente fluvial (conglomerados, arenitos e pelitos vermelhos), correspondentes
aos Grés de Silves. Com o acentuar do processo de rifting estes depósitos passam superiormente a sedimentos
pelítico-carbonato-evaporíticos, conhecidos pela designação de Margas de Dagorda. Essa unidade sedimentar
tem um papel fundamental na evolução estrutural da cadeia da Arrábida, uma vez que favorece o descolamento
e rutura da cobertura meso-cenozóica durante o cavalgamento da Arrábida (entre o final do Cretácico e o
Paleogénico) e ao longo da inversão tectónica2.
Esse segundo período de rifting caracteriza-se assim por uma importante descontinuidade sedimentar que
marca o fim de um período de colmatação da bacia e o início de um rápido aprofundamento, representado em
determinados locais por discordância angular. A sedimentação durante este período apresenta marcadas
variações de fácies e de espessura de Oeste para Este. Esse período é marcado pela formação dos calcários
que ocorrem na zona Sul da pedreira.
O terceiro período de rifiting (Kimeridgiano do Jurássico Superior-Berriasiano Inferior do Cretácico inferior)
caracteriza-se por uma forte aceleração da distensão da bacia reativando falhas já existentes. Durante esse
período formaram-se importantes relevos, uma vez que a bacia reassume uma morfologia de graben central
com hemi-graben periféricos. Até ao final do Jurássico Superior formaram-se em praticamente toda a bacia
sedimentos areníticos-conglomeráticos continentais, com exceção da região de Sintra-Cascais que se
encontrava imersa. Esse período é marcado pela formação dos conglomerados de Vale da Rasca e Comenda
que ocorrem na zona a Norte da pedreira.
O último período de rifting (Berriasiano Superior-Aptiano Superior, ambos do Cretácico inferior) é marcado por
lacuna sedimentar e por magmatismo (origem do diapirismo), sendo o enchimento da bacia efetuado por
acarreios siliciclásticos provenientes dos relevos emersos do Maciço Hespérico e do horst das Berlengas.
Os sedimentos de idade cretácica, caracterizados por variações verticais e horizontais de fácies, assentam em
discordância sobre a Unidade Espichel, de idade Jurássica. Também em discordância sobre os sedimentos
cretácicos, assenta uma espessa série Cenozóica de sedimentos terrígenos com intercalações calcárias.
Nessa espessa série enquadram-se os Conglomerados de Belverde do Pliocénico e a Formação de Marco
Furado do Plistocénico.
Posteriormente aos episódios de rifting, ocorre um período longo de levantamento da Bacia Lusitânica (50 Ma)
relacionado provavelmente com magmatismo alcanino no Cretácico Superior, episódio compressivo Pirenaico
(final do Cretácico) e a rotação da Península Ibérica.
Do ponto de vista estrutural, a Cadeia da Arrábida constitui a estrutura tectónica mais importante da inversão
tectónica de idade Miocénica registada na Bacia Lusitânica. A Norte a cadeia é limitada por uma estrutura de
menor importância denominada sinclinal de Albufeira, a Este pela falha de Setúbal - Pinhal Novo, a Oeste por
uma falha de orientação NW-SE e a Sul pela Falha da Arrábida (materializa o bordo Sul da Bacia Lusitânica),
a qual constitui uma falha de transferência entre a Bacia Lusitânica e a Bacia do Alentejo.
A Cadeia da Arrábida estende-se por cerca de 30 km, segundo uma direção ENE-WSW (Figura III.7), sendo
constituída por sequências sedimentares carbonatadas, dolomíticas e margosas, com intercalações de
unidades detríticas, de idade Meso-Cenozóica, por vezes, bastante deformadas, com a presença de dobras e
cavalgamentos.
O setor ocidental da Cadeia da Arrábida é o menos invertido, onde se destaca a estrutura monoclinal do Cabo
de Espichel e as estruturas diapíricas da Cova da Mijona e Sesimbra. No sector oriental a estrutura é mais
complexa, caracterizada por um conjunto de dobras com eixo WSW-ENE a E-W, onde se destacam os
Anticlinais de Formosinho e do Viso (Figura III.8 e Figura III.9).
De acordo com o Mapa Tectónico da Arrábida (Figura III.10), a pedreira Vale de Mós A insere-se no flanco
Norte do extremo oriental do anticlinal do Formosinho (formado num dos episódios de deformação da Cadeia
da Arrábida). Esse anticlinal, de vergência para Sul e cavalgante sobre o Miocénico do Portinho, apresenta um
eixo encurvado, tornando-se perpendicular ao litoral na zona das instalações fabris da Secil. O dobramento
apertado que este anticlinal apresenta provocou numerosas fraturas transversais ao seu eixo, acompanhadas
de pequenos movimentos nas rochas mais competentes.
O anticlinal do Formosinho encontra-se recortado por falhas principais N-S a NNE-SSW e E-W, de idade
Mesozóica reativadas durante o episódio compressivo do Miocénico.
Na Figura III.11 apresenta-se um extrato da Carta Geológica de Portugal, à escala 1:50 000, folha 38-B, onde
é possível observar a sequência de formações geológicas que ocorrem na área da pedreira e região
envolvente.
Assim, na área da pedreira ocorrem as seguintes formações geológicas, da base para o topo (Jurássico
médio-Jurássico superior):
• Calcários de Pedreiras (J2P) – calcários micríticos com pelóides, bioclastos e raros intraclastos com
espessura de cerca de 230 m. O limite superior desta unidade é representado por uma discordância angular
representada por uma crosta ferruginosa a pseudolaterítica, que correspondem à discordância entre o
Jurássico Médio e o Jurássico Superior.
• Calcários de Azóia (J3A) – Calcários micríticos. O contacto entre esta unidade e a unidade superior é do
tipo erosivo.
• Argilas, Grés, Conglomerados e Calcários de Vale de Rasca (J3Ra) – constituída por arenitos, margas,
argilas e conglomerados calcários que progressivamente para o topo vai apresentando quartzo.
Pedreira
Vale de Mós A
Pedreira
Vale de Mós A
Pedreira
Vale de Mós A
1.3.2. Geomorfologia
A pedreira Vale de Mós A insere-se na península de Setúbal, mais concretamente na cadeia de montanhas
da Arrábida, que resultou da interação de processos tectónicos e erosivos entre o período Miocénico médio
e a atualidade. Também conhecida como Cadeia da Arrábida, constitui um relevo imponente de planaltos
e colinas que se sucedem por cerca de 35 km de comprimento por cerca de 6 km de largura desde o Cabo
Espichel até perto da cidade de Setúbal.
Esse alinhamento serrano apresenta um perfil transversal dissimétrico onde as vertentes da encosta Norte,
mais suaves, contrastam com as vertentes alterosas e escarpadas da encosta Sul.
A metade ocidental encontra-se completamente arrasada devido à abrasão marinha que define uma
aplanação a cerca de 200 m de altitude, constituindo o denominado Planalto ou Plataforma do Cabo
Espichel, com cerca de 10 km de extensão.
No sector oriental da Cadeia da Arrábida os relevos mais importantes, de Sul para Norte, são as serras do
Risco (380 m), Formosinho (501 m), S. Luís (392 m), Gaiteiros (229 m), S. Francisco (257 m) e Louro
(224 m), enquadrando-se a pedreira Vale de Mós A no anticlinal do Formosinho, o qual constitui o principal
relevo de toda a serra da Arrábida. De estrutura complexa e dissimétrica, este anticlinal tem um traçado
curvo, atingindo cerca de 7 km de comprimento. Os Calcários de Pedreiras (J2P) constituem o topo deste
alinhamento serrano, encontrando-se densamente carsificados à superfície, formando extensas áreas de
lapiás.
No flanco Norte do Anticlinal de Formosinho existem “estruturas de colapso”1 que originam por vezes rechãs
ou superfícies aplanadas a meia encosta. Essas estruturas, nas zonas de maiores altitudes (como por
exemplo no topo e vertentes do Anticlinal de São Luís e Anticlinal de Formosinho), podem ser originadas
devido à maior resistência à erosão das formações ou representam vestígios de níveis antigos
posteriormente deformados2. A pedreira Vale de Mós A enquadra-se no flanco Norte do Anticlinal de
Formosinho no seu extremo Este, entre as cotas 130-150, a Norte, e 150-347 (vértice geodésico Arremula),
a Sul (Figura III.12)
A Norte da Cadeia da Arrábida desenvolve-se uma planície arenosa que constitui uma unidade
tectonicamente abatida, formada por espessas séries cenozóicas de origem detrítica. Trata-se de uma
superfície de aplanação levemente inclinada para Norte que corresponde ao topo do enchimento dos
sedimentos cenozóicos. Esta superfície encontra-se recortada por um complexo sistema de valas e ribeiros
pertencentes à bacia hidrográfica da ribeira da Apostiça. De um modo geral, os vales são largos e pouco
profundos, encontrando-se a maioria deles preenchidos por aluviões pouco desenvolvidas. Os interflúvios
são largos e planos, com vertentes muito suaves.
A superfície do Cabo Espichel é uma plataforma uniforme com raras e insignificantes depressões cársicas,
pouco profundas3. No bordo Sul ocorrem paleocarsos a diferentes alturas, os quais representam antigas
cavernas fósseis, localizando-se as mais importantes a cerca de 200-220 m, nomeadamente a Gruta Lapa
do Fumo e a Gruta do Zambujal.
1 Bancadas de calcário que pela ação da gravidade deslizaram ao longos dos planos de estratificação e que por vezes
originam rechãs.
2 Alcoforado, Maria João (1981.)
3 Crispim (1999)
Pedreira
Vale de Mós A
Assim, a dissolução das rochas carbonatadas origina diversas formas de relevo, superficiais e
subterrâneas, designadas de Relevo ou Modelado Cársico, das quais se destacam, a título de exemplo, as
apresentadas no Quadro III.51.
A carsificação exibe diferentes fases de evolução que se apresentam na Figura III.13 e cujas designações
são as seguintes:
• Jovem (a) - Dissolução pouco evoluída das rochas carbonatadas ao longo da rede de fraturas, gerando
pequenas condutas e cavidades (C). Nesta fase, em regra, ainda ocorre escorrência superficial;
• Madura (b e c) - Existem duas etapas na fase madura. Na primeira etapa (b) a abertura das fraturas
aumenta devido a uma dissolução mais intensa originando lapiás e algares. Ainda nesta etapa, no
interior do maciço (B) já existem cavernas desenvolvidas, cujo teto por vezes colapsa originando à
superfície depressões designadas de dolinas (S). Na segunda etapa (c) existe já um sistema aquífero
subterrâneo bem desenvolvido e complexo. À superfície o terreno torna-se irregular, com várias dolinas
e as rochas existentes apresentam-se muito erodidas, e na sua maioria cobertas por solo residual (R)
essencialmente argiloso, avermelhado (“Terra rossa”);
• Velha (d) - A rocha já foi parcialmente ou totalmente removida, existindo por sua vez solo residual
(“Terra rossa”).
Para além dos campos de lapiás que proliferam um pouco por toda a cadeia da Arrábida, não foram
identificadas formas de relevo cársico que mereçam preservação ou registo. Na área do projeto,
assinalam-se apenas dois campos de lapiás que a área de ampliação possui. Tratam-se de lapiás cuja
génese se encontra fortemente associada aos planos de estratificação e à fracturação do maciço, formando
por vezes superfícies planas, sem qualquer vegetação, resultantes de uma forte erosão do solo de
cobertura, típicas do relevo cársico.
Esses campos de lapiás ocorrem exclusivamente na vertente junto ao limite da área atualmente licenciada.
Os restantes afloramentos calcários que ocorrem dispersos não possuem nem dimensão nem a
continuidade que se verifica nas áreas desses dois campos de lapiás, pelo que se poderão considerar como
formas cársicas sem qualquer expressão.
1 http://www.grutasalvados.com/
Lapiás
Formas de aspeto diverso que as rochas calcárias
ostentam resultantes da sua dissolução diferenciada. Em
geral, trata-se duma rede mais ou menos densa de
sulcos, por vezes com 2 a 3 metros de profundidade.
Superficiais
Uvala
Depressão resultante da coalescência de dolinas.
Polje
Extensa depressão aplanada resultante de grandes
abatimentos de origem, em geral, tectónica.
Algar/Gruta
Poços naturais, por vezes, muito profundos (na ordem
da centena de metros), através dos quais as águas de
Subterrâneas escorrência superficial se infiltram, passando a escorrer
em profundidade. À superfície o seu diâmetro varia de
alguns decímetros a vários metros.
Fonte: NECA.
Fonte: http://www.sesimbra.com/grutas/algares-e-sumidouros/algar-das-aranhas.html
Fonte: http://www.sesimbra.com/grutas/grutas-e-lapas/serra-da-arrabida/lapa-dos-morcegos.html
1 In http://geossitios.progeo.pt/simple.php?menuID=2
2 http://geoportal.lneg.pt/geoportal/mapas/index.html?servico=GeoSitios&escala=4000000
3 Cria os Monumentos Naturais da Pedra da Mua, dos Lagosteiros e da Pedreira do Avelino e fixa os seus limites.
4 Revoga a Lei n.º 9/70, de 19 de Junho, e promulga o novo regime de proteção à Natureza e criação de parques nacionais.
Figura III.20 – Localização dos monumentos naturais e geossítios e classificados na Cadeia da Arrábida.
Para além do património geológico classificado existem outros locais que têm sido alvo de estudos no sentido
da sua classificação, nomeadamente o trabalho realizado durante os anos letivos 2000/2001 a 2002/2003 pelo
Centro de Investigação em Geociências Aplicadas da Universidade Nova de Lisboa. O trabalho realizado
permitiu identificar locais de elevado interesse geológico (Figura III.22) e apresentar propostas de classificação
de Património Geológico.
Ainda no que diz respeito a icnofósseis, em particular as pegadas de dinossáurios, refere-se a sua presença
no interior da área licenciada e que justificou a suspensão dos trabalhos de exploração. Tratam-se de
icnofósseis ainda em fase de estudo e que não constituem património geológico classificado. Acresce que se
encontram fora da área do presente projeto, embora dentro da área atualmente licenciada, e em zona onde os
trabalhos de exploração já cessaram (Figura III.23).
Em julho de 2018 a SECIL transmitiu à Direção Geral de Economia e de Geologia (DGEG) e ao Instituto de
Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) que a ocorrência de depressões em duas lajes de calcário,
localizadas na pedreira Vale de Mós B, o que parece indiciar a existência de vestígios paleontológicos.
Na comunicação realizada a SECIL informa que foram identificadas lajes, localizadas em zona já explorada e
em recuperação paisagística e ambiental, onde foram, à data, efetuados trabalhos de consolidação de
patamares e melhoria de acessibilidades.
A comunicação realizada pela SECIL foi ainda transmitida pela DGEG ao Laboratório Nacional de Energia e
Geologia (LNEG).
Ainda 2018, em maio e meses seguintes, na sequência das comunicações realizadas pela SECIL, as diversas
entidades e especialistas (geologia e paleontologia) realizaram diversas visitas ao local tendo recomendado
que as pegadas sejam conservadas, permitindo o seu estudo científico e eventual divulgação. É ainda
recomendado que o valor do sítio paleontológico seja avaliado, através do desenvolvimento de estudos por
especialista em pegadas de dinossauro do Museu Nacional de História Natural e da Ciência, a Doutora Vanda
Santos.
A SECIL manifesta a disponibilidade para a preservação e estudo das pegadas, encontrando-se a desenvolver,
desde 2018, os trabalhos necessários, de acordo com as especificações da Doutora Vanda Santos.
Até á presente data, a SECIL desenvolveu os seguintes trabalhos: avaliou a estabilidade das lajes onde se
encontram as pegadas, concluindo pelo seu estudo in situ, uma vez que os elevados riscos geotécnicos de
quebra da laje desaconselham a sua remoção. Realizou-se ainda cobertura fotográfica por drone e
levantamento por laser de alta precisão, encontrando-se atualmente a ser realizados diversos estudos
científicos, com base nos dados recolhidos, tendo sido alvo da primeira apresentação científica1 nas “VIII
Jornadas Internacionales sobre Paleontología sobre Dinosaurios y su entorno”, realizadas em setembro de
2019, em Espanha.
Para a preservação das pegadas, realizou-se também a limpeza, estabilização geotécnica, e cobertura parcial
das lajes.
No futuro, pretende ainda a SECIL proceder à divulgação das pegadas dos dinossauros.
Pedreira
Vale de Mós A
Figura III.22 – Locais de interesse geológicos identificados no âmbito do trabalho desenvolvido pela
Universidade Nova de Lisboa.
Pedreira
Fonte: IGIDL/UL1
Figura III.25 – Sismicidade de Portugal e zonas adjacentes entre 33 a.C. e 1990 d.C.
O zonamento sísmico para Portugal Continental é estabelecido de acordo com a informação constante do
Anexo NA.I, da NP EN1998-1:2010 - “Eurocódigo 8 – Projecto de estruturas para resistência aos sismos Parte
1: Regras gerais, acções sísmicas e regras para edifícios”. Este zonamento teve por base a definição dos dois
tipos de ações sísmicas, designadamente Ação sísmica do Tipo 1 (sismicidade afastada) e Ação sísmica do
Tipo 2 (sismicidade próxima) e os valores da aceleração máxima de referência calculadas para as várias zonas
sísmicas (Quadro III.6). Tal como se pode visualizar na Figura III.26 a intensidade sísmica em Portugal
Continental apresenta um sentido decrescente de Sul para Norte.
Quadro III.6 – Aceleração máxima de referência agR (m/s2) nas zonas sísmicas Tipo 1 e Tipo 2.
1.6 0,35 - -
A área da pedreira Vale de Mós A localiza-se nas Zonas Sísmicas 1.3 e 2.3 respetivamente para as ações
sísmicas do Tipo 1 e Tipo 2 (Figura III.26).
Quanto ao tipo de solo, segundo a classificação do Eurocódigo 8, os terrenos em questão deverão ser
considerados como sendo do tipo A (Quadro III.7). Consoante o tipo de terrenos estes poderão ser utilizados
para ter em conta a influência das condições locais do terreno na ação sísmica.
PARÂMETROS
TIPO DE NSPT
DESCRIÇÃO DO PERFIL ESTRATIGRÁFICO CU
TERRENO VS,30 (M/S) (PANCADAS/ (KPA)
30 CM)
constituídas, fundamentalmente, por quartzo e pequenas quantidades de feldspato, micas, minerais pesados
e caulinite. Merecem, também, destaque as areias de Vale Milhaços, pelas suas características
granulométricas (grosseiras) e pela extensão e possança que possuem, bem como as areias finas da Mata de
Sesimbra.
Destaca-se ainda, nesse complexo, a presença de níveis de argila intercalados nas areias, com espessuras
da ordem da dezena de metros, na zona da Mata de Sesimbra, utilizados como matéria-prima na cerâmica
estrutural, essencialmente para o fabrico de tijolo.
Os “Calcários de Pedreiras” e os “Calcários de Azóia” são explorados atualmente e intensivamente em grande
parte da Cadeia da Arrábida. De acordo com Manuppella et al. (1977), as análises químicas realizadas mostram
que se tratam de matérias-primas de elevada pureza (53-54 % de CaO), mantendo-se a sílica, salvo raras
exceções, entre 0,5 e 1 % e os óxidos totais não ultrapassando os 2 %. Esses calcários são utilizados como
agregados para a construção civil e obras rodoviárias, podendo ser, ainda, aplicados na produção de cimento,
metalurgia, rações para gado, preparação de celulose, neutralização de resíduos industriais, calagem de solos,
etc.
Neste âmbito, merece, ainda, menção a pedreira em estudo, onde são explorados os Calcários de Pedreiras,
de Azóia e do Vale da Rasca e argilas, grés e conglomerados calcários, para a produção de cimento na fábrica
do Outão.
Em 1961, os terrenos da SECIL, onde se insere a pedreira, foram alvo de um estudo de caracterização das
reservas de calcário e de margas, desenvolvido pelo Professor Engenheiro Décio Thadeu. Esse estudo, com
uma forte vertente tecnológica e vocacionado para as necessidades da SECIL, procurou identificar as
formações geológicas existentes na área estudada, apenas do ponto de vista litológico.
As litologias consideradas foram as “margas” e os “calcários”. Nas primeiras incluíram-se as margas
propriamente ditas e os níveis de grés e conglomerados calcários que ocorrem intercalados. Nas segundas,
abrangeram-se os calcários margosos e os calcários cristalinos. Foram, ainda, identificadas fora da área da
pedreira calcários com níveis dolomíticos e calcários e margas dolomíticas.
Desse estudo resultou o cálculo de cerca de 181 Mt de reservas prováveis de “margas” e 136 Mt de reservas
prováveis de “calcários” e 87 Mt de reservas possíveis de “calcários”.
Em 1973, a SECIL, realizou uma campanha de sondagens, a cargo da Teixeira Duarte, Lda., sob supervisão
do Engenheiro Fernando Moitinho de Almeida, com o intuito de verificar a quantidade e as condições dos
materiais a serem utilizados para a fabricação de cimento.
Atendendo à estrutura geológica local, as sondagens foram iniciadas com uma inclinação de cerca de 45º,
aproximadamente perpendiculares à estratificação, tendo atingido profundidades entre os 62 e os 250 metros.
A SECIL procedeu, posteriormente, à análise química dos testemunhos das sondagens, donde resultou a
caracterização de quatro complexos litológicos, de cima para baixo:
• Complexo “D” – Margas dolomíticas com delgadas intercalações de calcários mais ou menos magnesianos;
• Margas; J3Ar
• “Margas e calcários margosos”: constituída por uma alternância de bancadas de margas e calcários
margosos de espessura métrica a sub-métrica de tonalidades acinzentadas, amareladas e acastanhadas;
• “Grés e conglomerados”: constituída por uma alternância monótona de bancadas de espessura sub-métrica
de grés e conglomerados compactos de tonalidades avermelhadas. Por vezes, possui intercalações de
calcários margosos e margas, também de tonalidades avermelhadas;
• “Margas e conglomerados”: constituída por uma predominância de margas e argilas de espessura métrica,
com intercalações de conglomerados e calcários margosos de espessura sub-métrica.
Para efeitos de cálculo de reservas, essas 6 litologias foram agrupadas em duas formações principais:
“calcários” e “margas”, devido às suas características químicas e de aptidão para o fabrico de cimento. O
cálculo de reservas foi realizado tendo em consideração a configuração de escavação no Plano de Pedreira,
aprovado, tendo sido estimadas cerca de 31 Mt de “calcários” e 50 Mt de “margas”.
Mais recentemente, em fevereiro de 2020, foi realizado um estudo geotécnico pelo Instituto Superior Técnico
da Universidade Técnica de Lisboa1 que incluiu a realização de duas sondagens2 à rotação com recolha integral
de testemunho, onde foi possível comprovar a existência de calcário na área proposta para ampliação. Embora
esse estudo tenha tido como objetivo principal a caracterização da estabilidade geotécnica da escavação, foi
possível, com os resultados obtidos nessas duas sondagens, analisar também a componente litológica,
tendo-se verificado pela existência de calcários com características semelhantes aos explorados atualmente
na pedreira, o que justifica a ampliação para Sul.
Na Figura III.27 é apresenta a localização das sondagens, sendo ainda de referir que estas foram realizadas
com uma inclinação de 45º e na direção Sul, com o objetivo de permitir um atravessamento perpendicular à
estratificação e reconhecer o desenvolvimento dos calcários em profundidade.
De acordo com a informação constante nos log’s das sondagens, verifica-se que os calcários se prolongam
para Sul, pelo menos com uma espessura adicional de 150 m, ocorrendo em bancadas de espessura métrica,
com intercalações esporádicas de margas e calcários margosos.
1 IST-UTL (2020) - Estudo geomecânico da ampliação da pedreira do Outão e retroanálise de alguns fenómenos de
instabilidade de taludes.
2 Nos Anexos do Plano de Pedreira de calcário e marga industrial Vale de Mós A (projeto) apresentam-se os log’s dessas
duas sondagens.
• Base de dados do SNIRH/APA (Sistema Nacional de Informação dos Recursos Hídricos, da Agência
Portuguesa do Ambiente);
• Levantamento topográfico.
A caracterização necessária para a realização do estudo foi efetuada à escala 1:25 000 para as secções
selecionadas, complementada com o levantamento topográfico disponibilizado pelo Proponente.
As linhas de água são de 1ª ordem com escoamento direto para o mar. A partir da informação topográfica e
dos elementos de drenagem podem considerar-se duas linhas de água principais fortemente artificializadas
pelas infraestruturas industriais, que correspondem às duas bacias hidrográficas estudadas (BH1 e BH2),
conforme representado na Figura III.30. As bacias hidrográficas selecionadas localizam-se a Sul da bacia
hidrográfica da ribeira da Melra, mas sem relação com essa bacia.
A área correspondente à área de ampliação para Sul da Pedreira Vale de Mós B (pedreira de calcário), não
apresenta rede de drenagem superficial cartografada nem evidências locais de escoamento, dado que
predomina largamente a infiltração no carso local em detrimento da escorrência superficial.
O terreno da área de intervenção corresponde a afloramentos rochosos de calcários jurássicos que se
estendem até cotas de 347 m (v.g. Arremula).
Figura III.30 – Enquadramento geográfico da área de intervenção - delimitação das bacias hidrográficas.
• BH1 - correspondente a linha de água modificada, sem nomenclatura, com início na área das antenas de
telecomunicações e descarga no mar na área da fábrica de cimento. Apresenta escoamento de Oeste para
Este, em regime torrencial. Esta bacia hidrográfica abrange principalmente a pedreira de calcário (Vale de
Mós B) e parte da pedreira de margas (Vale de Mós A);
• BH2 - correspondente a linha de água sem nomenclatura com início dentro dos limites da pedreira de
margas (Vale e Mós A) e descarga no mar na praia da Rasca (Sítio dos Cantoneiros). Apresenta
escoamento de Oeste para Este com uma inflexão para Norte fora dos limites da pedreira. Esta linha de
água modificada funciona apenas em regime torrencial. A bacia hidrográfica inclui-se totalmente na pedreira
de margas (Vale de Mós A).
O regime torrencial acima referido é potenciado por um regime de precipitação fortemente sazonal e
intermitente no tempo. A título de exemplo apresenta-se na Figura III.31 a série de precipitação diária em Vila
Nogueira de Azeitão para o período compreendido entre janeiro de 2000 e novembro de 2008.
Figura III.31 – Precipitação diária em Vila Nogueira de Azeitão (série temporal 2000 -2008).
No Quadro III.8 apresentam-se as coordenadas das secções de referência.
A análise fisiográfica das bacias hidrográficas indica que se trata de muito pequenas bacias de forma
marcadamente alongada (Quadro III.9).
A linha de água principal de uma bacia é um dos principais elementos a caracterizar no estudo das cheias,
uma vez que o tempo de concentração depende das características geométricas da mesma. No Quadro III.10
exibem-se os comprimentos, cotas máximas e cotas mínimas das duas linhas de água principais.
Bacia hidrográfica Comprimento (m) Cota máxima (m) Cota mínima (m)
Relativamente ao relevo destaca-se a importância que a variação de altitude tem nos fenómenos hidrológicos,
nomeadamente na precipitação, evaporação e evapotranspiração e, consequentemente, no escoamento e
respetiva velocidade (tempo de concentração para o caudal de ponta de cheia).
A Figura III.32 representa a curva hipsométrica de cada uma das bacias consideradas, com indicação da área
que fica acima de cada cota, ou seja, das respetivas frequências altimétricas.
Figura III.32 – Distribuição das frequências altimétricas e curva hipsométrica das bacias hidrográficas.
No Quadro III.11 apresenta-se a altitude máxima, mínima e a inclinação média do leito das linhas de água
principais.
Da análise do quadro, pode verificar-se que a diferença entre a cota máxima e mínima da BH1 é de 252 m e
da BH2 de 124 m. A inclinação média das linhas de água principais oscila entre 11% e 13%.
Adicionalmente foi elaborado o estudo do perfil longitudinal da linha de água mais importante (BH1) a partir da
Carta Hipsométrica, desde a origem até ao mar e que se apresenta na Figura III.33.
Quadro III.12 – Classificação do relevo de acordo com a inclinação média das vertentes
BACIA INCLINAÇÃO MÍNIMA DAS INCLINAÇÃO MÉDIA DAS INCLINAÇÃO MÁXIMA DAS
HIDROGRÁFICA VERTENTES (GRAUS) VERTENTES (GRAUS) VERTENTES (GRAUS)
• Giandotti
Tc = 4 √𝐴+1,5
0,8√𝐻
𝐿
em que:
A – Área da Bacia (Km2)
L – Comprimento da linha de água (Km)
H – Altura média (m)
• Kirpich
0,77
Tc = 0,0663 𝑆𝐿0,385
em que:
L – Comprimento da linha de água (Km)
S – Declive médio (m/m)
• Temez
0,76
Tc = 𝐿
0,3 [𝐻 0,25 ]
em que:
L – Comprimento da linha de água (Km)
H – Altura média (m)
No Quadro III.13 apresenta-se os resultados obtidos da aplicação das fórmulas acima apresentadas. O tempo
de concentração admitido para as bacias foi o resultado da média aritmética da expressão de Kiirpich e Temez
uma vez que conduzem a velocidades de escoamento mais aceitáveis para fenómenos torrenciais e, portanto,
mais conservativos para futuros cálculos hidráulicos.
O tempo de concentração obtido foi de 0,21 horas para a BH1 (TC= 13 minutos) e de 0,15 horas para
BH2 (TC= 9 minutos).
No Quadro III.15 apresentam-se as intensidades de precipitação obtidas para diferentes períodos de retorno.
Apresenta-se no Quadro III.16 os valores adotados para o coeficiente C, necessariamente baixos em virtude
das características geológicas de alta permeabilidade e que promovem reduzida escorrência superficial.
Período de retorno C
No Quadro III.17 apresentam-se os valores obtidos para os caudais de ponta de cheia pela Fórmula Racional.
Os caudais determinados pela Fórmula Racional estão, normalmente, sobreavaliados no caso de pequenas
bacias em substrato rochoso permeável como os calcários jurássicos carsificados. No entanto, por uma
questão defensiva, para efeitos de dimensionamento hidráulico, optou-se por considerar os resultados obtidos
como válidos.
em que:
Qp - caudal de ponta para o período de retorno considerado (m3/s)
A - área da bacia hidrográfica (km2)
C - parâmetro definido em função do período de retorno (anos)
Z - parâmetro definido em função da localização da bacia hidrográfica
Para as bacias consideradas, o parâmetro Z assume o valor constante de 0,816 (região do Setúbal). O
parâmetro C assume os seguintes valores constantes (Quadro III.18).
Período de retorno C
No Quadro III.19 apresentam-se os valores obtidos para os caudais de ponta de cheia pela Fórmula de
Loureiro, que são semelhantes aos calculados pela Fórmula Racional até T=10 anos.
Figura III.34 – Imagens de satélite da área da pedreira (período compreendido entre 2007 e 2019).
Ainda que as imagens tenham sido captadas em meses tipicamente com reduzida precipitação, ainda assim,
se a infiltração não predominasse sobre o escoamento superficial, os 41,4 mm de precipitação ocorridos em
março de 2015 ou os 48,2 mm de precipitação ocorridos em abril de 2019, originariam, por mais pequenas que
fossem, acumulações de água no fundo da corta. Contudo, tal não aconteceu.
• Foi coletada na bibliografia disponível, a informação tida por relevante, no que respeita ao enquadramento
hidrogeológico regional e local;
• Foi consultado o Sistema Nacional de Informação de Recursos Hídricos (SNIRH) da Agência Portuguesa
do Ambiente1, o Geoportal do LNEG2, o site da Direção-Geral de Energia e Geologia (DGEG) e, o Sistema
Nacional de Informação de Ambiente (SNIAmb) da Agência Portuguesa do Ambiente;
• Foi realizado um inventário de pontos de água na envolvente da área de estudo, tendo em vista
pormenorizar, ao nível local, os aspetos de quantidade e qualidade do aquífero;
1 www.snirh.pt.
2 http://geoportal.lneg.pt.
• os calcários cristalinos e
A serra da Arrábida atinge no seu ponto mais elevado, 501m de altitude no Formosinho (v.g.). Este relevo
alonga-se por cerca de 10 km com orientação geral Nordeste-Sudoeste.
A serra da Arrábida tem uma estrutura complexa sendo formada por um anticlinal assimétrico com vergência
para Sul. No flanco Norte desta estrutura afloram todas as unidades compreendidas entre o Liássico (Jurássico
inferior) e o Miocénico, aumentando a inclinação das camadas à medida que se caminha para Sul, e diminuindo
novamente na zona de charneira do anticlinal do Formosinho.
A vertente Sul da serra da Arrábida é muito abrupta, sendo constituída pelos Dolomitos do Convento (Jurássico
inferior a médio).
A serra de São Luís é outro dos importantes relevos da região da Península de Setúbal, embora de dimensões
mais reduzidas (2 km de comprimento e 392 m de altitude). A estrutura geológica é semelhante à observada
na Serra da Arrábida, correspondendo também a um anticlinal assimétrico, cavalgante para Sul, cujo núcleo é
constituído por dolomitos (Jurássico inferior a médio) e pelos Calcários de Pedreiras (Jurássico médio).
Figura III.37 – Pontos de água subterrânea na envolvente da área de Projeto (fonte: SNIRH/APA).
AC2 (S) Olho de Ferro Furo SECIL 129913 169966 106 19,4 Industrial SECIL
AC3 (N) Olho de Ferro Furo SECIL 129918 169969 104 16,7 Industrial SECIL
AC5 Rasca Furo Rasca 129350 171125 172 8,3 Industrial SECIL
Os pontos de água subterrânea inventariados estão projetados cartograficamente na Figura III.39 e na Figura
III.39.
De acordo com os relatórios disponibilizados, o furo AC2 (Olho de Ferro), construído em 1992 por SPVI Lda,
foi perfurado até 106 m de profundidade e entubado à mesma profundidade. Dispõe de ralos entre os 12 e 96
m. Apresentava nível hidrostático (NHE) a 5 m de profundidade e nível hidrodinâmico (NHD) a 40 m para um
caudal de ensaio de 21,2 L/s (76 m3/h). O caudal de exploração ficou definido em 70 m3/h. Os parâmetros
hidráulicos estimados a partir do caudal específico são na ordem de 60 m2/dia para a Transmissividade, a que
corresponde uma Condutividade Hidráulica média (K) na ordem de 0,6 m/d. Este valor está subavaliado porque
representa a média do comprimento perfurado e não das zonas aquíferas. Se considerarmos apenas a
extensão dos ralos obtêm-se K= 1 m/d.
O furo AC3 (Olho de Ferro), construído em 1991 por Sondagens Valente foi perfurado até 104 m de
profundidade e entubado até 95 m de profundidade. Dispõe de ralos entre os 50 e 90m. Apresentava NHE a 8
m de profundidade e NHD a 22 m para um caudal de ensaio de 22,2 L/s (80 m3/h). O caudal de exploração
ficou definido em 60 m3/h. Os parâmetros hidráulicos estimados a partir do caudal específico são na ordem de
150 m2/dia para a Transmissividade, a que corresponde uma Condutividade Hidráulica média (K) na ordem de
1,6 m/d. Este valor pode estar subavaliado porque representa a média do comprimento perfurado e não das
zonas aquíferas. Se considerarmos apenas a extensão dos ralos obtêm-se K= 5,8 m/d.
A distância entre os furos AC2 e AC3 é de apenas 10,20 metros (Figura III.40). Para as restantes captações
não está disponível informação.
De acordo com a licença de exploração da APA, os volumes máximos anuais previstos para os três furos
industriais são de 248 000 m3/ano para a captação AC2 (28 m3/h), 225 000 m3/ano para a captação
AC3 (26 m3/h) e 100 000 m3/ano para a captação AC5 (11 m3/h).
Figura III.38 – Captações de água subterrânea licenciadas na envolvente próxima da área de Projeto.
1.5.3.4. Piezometria
A caracterização piezométrica da área de intervenção baseia-se na informação dos dois furos de Olho de Ferro
(AC2 e AC3) e na sondagem de pesquisa S1 (Figura III.41) realizada especificamente para o efeito em
25-05-2017 e que produziu resultados negativos (sondagem seca ou não produtiva).
AC2 (S) Olho de Ferro 1992 14,0 106 8,0 6.0 Industrial SECIL
AC3 (N) Olho de Ferro 1991 14,0 104 5,0 9.0 Industrial SECIL
Os níveis de água nos dois furos Olho de Ferro parecem estar afetados por um fator de confinamento das
camadas aquíferas capaz de provocar artesianismo. No dia 20 de março de 2019 o nível hidrostático do furo
AC2 era de 3,08 m, registando-se no furo AC3 uma profundidade do nível freático de 3,70 m1. Esta diferença
de apenas 0,62 m entre os níveis dos dois furos e a interferência observada entre eles indicia conexão
hidráulica subterrânea. Considerando uma cota aproximada de 14 metros como cota da “boca” dos furos, o
nível piezométrico nesta área e à data das medições situa-se entre os 10 e os 11 metros.
No dia 23 de julho de 2020 efetuaram-se novas medições de níveis, registando-se 4,00 m de profundidade do
nível freático2 no furo AC2 e, 32,75 m no furo AC5.
Subsistem dúvidas sobre a profundidade real da ocorrência dos primeiros níveis aquíferos na Pedreira de Vale
de Mós A e Vale de Mós B devido à heterogeneidade do material (calcários e margas) e à distância aos furos
AC em serviço e à sondagem de pesquisa realizada (S1).
A informação disponível sobre a piezometria e a topografia sugere fluxo subterrâneo de Oeste para Este na
direção do mar, com gradientes que se desconhecem. A incerteza sobre a continuidade hidráulica da
piezometria não permite a construção de carta piezométrica de forma rigorosa.
1 Valores medidos à “boca” dos furos, a qual é praticamente coincidente com a superfície do terreno.
2 Destaca-se o facto de este valor corresponder a um nível influenciado pela extração de água do furo AC3.
3 www.ipma.pt
4 Idem
5 Secil
1 Manuppela (1999).
O valor da vulnerabilidade DRASTIC para o aquífero jurássico da pedreira de Vale de Mós A na situação atual
situa-se na ordem de 197, o que equivale a um sistema com vulnerabilidade muito alta.
No caso do cenário de aprofundamento da corta da pedreira até à cota de 80 metros, o valor da vulnerabilidade
mantém-se porque está garantida uma distância superior a 30 metros até ao topo do aquífero, que se julga
situar abaixo da cota de 10 metros (provavelmente inferior ao zero hidrográfico), segundo informação da
sondagem S1.
1 A primeira cartografia da vulnerabilidade à poluição segundo critérios litológicos foi realizada segundo o método
apresentada no documento "Informação Cartográfica dos Planos de Bacia - Sistematização das Figuras e Cartas a
Imprimir em Papel" da autoria da Equipa de Projeto do Plano Nacional da Água, versão de outubro de 1998.
Esta abordagem apresenta algumas vantagens relativamente aos métodos empíricos anteriormente descritos
uma vez que permite incorporar o conhecimento de inúmeras variáveis hidrogeológicas e do comportamento
das principais formações, para gerar classes de vulnerabilidade correspondentes a um determinado nível de
risco.
De acordo com esta metodologia, o presente caso de estudo enquadra-se nas classes de vulnerabilidade
V2 (Risco Médio a Alto).
A descarga de águas residuais no meio aquático recetor condiciona a sua qualidade e encontra-se
genericamente regulamentada no Anexo XVIII do Decreto-Lei nº 236/98, de 1 de agosto. Articulados com o
Decreto-Lei nº 236/98, de 1 de agosto, referem-se os seguintes diplomas estabelecidos, também, com vista à
redução da poluição dos meios aquáticos provocada pelas descargas de águas residuais pontuais e difusas:
• Decreto-Lei n.º 506/99, de 20 de novembro, que fixa objetivos de qualidade de determinadas substâncias
perigosas que foram consideradas prioritárias em função da respetiva toxicidade, persistência e
bioacumulação;
• Decreto-Lei n.º 261/2003, de 21 de outubro, que constitui um aditamento ao diploma anterior e onde se
encontram, também, definidos objetivos de qualidade para determinadas substâncias perigosas.
De salientar, no entanto, que as atividades a desenvolver no presente Projeto não são geradoras de qualquer
substância listada nos Anexos dos dois últimos diplomas.
Finalmente, o Decreto-Lei n.º 103/2010, de 24 de setembro, que estabelece normas de qualidade ambiental
(NQA) para as substâncias prioritárias e para outros poluentes, identificados, respetivamente, nos Anexos I e
II, tendo em vista assegurar a redução gradual da poluição provocada por substâncias prioritárias e alcançar o
bom estado das águas superficiais. Este diploma revoga parcialmente os diplomas anteriormente referidos,
nomeadamente os Anexos I, XX e XXI do Decreto-Lei n.º 236/98, de 1 de agosto, e o Anexo do Decreto-Lei
n.º 506/99, de 20 de novembro, alterado pelo Decreto-Lei n.º 261/2003, de 21 de outubro.
Os combustíveis existentes nas instalações são armazenados em depósito estanque, devidamente isolado e
impermeabilizado. O manuseamento de óleos, em particular as manutenções da maquinaria e veículos de
cada uma das pedreiras será efetuado em oficinas representantes da marca, já as pequenas manutenções
poderão ser realizadas nas oficinas existentes na pedreira.
• Áreas agrícolas;
• Hospital;
• Estradas nacionais;
o sódio e cálcio. A abundância de cloretos indicia uma percentagem de mistura com a água do mar mais
significativa que no Furo do Olho de Ferro.
Relativamente à qualidade para diversos usos e consumo humano, a água do Furo da Rasca (AC5) devido ao
elevado teor em cloreto pode condicionar a sua utilização industrial e rega e o teor em coliformes fecais e
estreptococos condiciona a sua utilização para consumo humano.
Em ambas as amostras, como metais dissolvidos com concentrações inferiores aos respetivos limites de
quantificação tem-se: arsénio, cádmio, crómio, cobalto, chumbo, níquel, mercúrio, molibdénio, estanho e
vanádio.
Os compostos orgânicos voláteis do grupo BTEX (benzeno, tolueno, etilbenzeno e xilenos) encontram-se na
sua totalidade, abaixo dos respetivos limites de quantificação. Também os compostos orgânicos voláteis
halogenados assim como os compostos orgânicos voláteis não-halogenados, se encontram em concentrações
inferiores aos respetivos limites de quantificação.
Pesquisaram-se um conjunto de dezasseis hidrocarbonetos aromáticos policíclicos (e.g. naftaleno, fluoreno,
antraceno, etc.), sete PCB’s (hidrocarbonetos clorados), pesticidas organoclorados, clorofenóis e
hidrocarbonetos alifáticos, sendo que nenhum destes compostos foi identificado.
Quadro III.26 – Resultados analíticos de amostra de água recolhida no furo AC3, a 20 de março de 2019.
Quadro III.27 –Resultados analíticos de amostra de água recolhida no furo AC5, a 20 de março de 2019.
PARÂMETRO (UNIDADES) RESULTADO PARÂMETRO (UNIDADES) RESULTADO
Quadro III.28 – Massa de água superficial de transição denominada Sado-WB1 (código PT06SAD1211)
PONTO DE PARTIDA:
Massa de água superficial de categoria transição, fortemente modificada, da tipologia “Estuário mesotidal homogéneo com descargas irregulares de rio”, pertencente à sub-bacia hidrográfica do Costeiras entre o Tejo e o Sado 2, com uma área da bacia da massa de água de 18,74
km2.
OBJETIVOS E PRAZOS DEFINIDOS NO PGRH:
Os objetivos ambientais estabelecidos na Diretiva-Quadro da Água (DQA) alcançados na massa de água no ano de 2015 uma vez que foi alcançado o estado “Bom e superior”, conheceram um retrocesso no 2º ciclo de planeamento com uma classificação “Inferior a Bom”,
consequência de uma “recuperação reduzida dos ecossistemas aquáticos em massas de água sujeitas a pressões prolongadas”.
Quadro III.29 – Massa de água subterrânea Orla Ocidental Indiferenciado da Bacia do Sado (codificada como PTO01RH6)
PONTO DE PARTIDA:
Meio hidrogeológico com aquíferos insignificantes, onde a água subterrânea assume importância local. Massa de água com 126,44 km2 de área e uma recarga média anual a longo prazo de 20,41 hm3. Não se encontram identificadas pressões significativas quer em termos
quantitativos quer em termos de qualidade das águas. Os recursos hídricos subterrâneos disponíveis são estimados em 18,4 hm 3/ano com tendência de subida dos níveis piezométricos.
OBJETIVOS E PRAZOS DEFINIDOS NO PGRH:
Os objetivos ambientais estabelecidos na Diretiva-Quadro da Água (DQA) estão alcançados na massa de água subterrânea uma vez que foi alcançado o Bom estado da massa de água no ano de 2015.
PONTO DE PARTIDA Bom (com nível de confiança baixo) Bom (com nível de confiança baixo)
EFEITOS RESULTANTES DAS MODIFICAÇÕES As escavações da corta, ao atingirem a cota mínima de 80, não afetarão de forma direta a zona As áreas a intervencionar (escavar) possuem quimismo simples (maioritariamente carbonato de
saturada, influenciando apenas o percurso da recarga ao longo da zona não saturada (ZNS). cálcio) e sem a presença de minerais reativos (e.g. sulfuretos).
Os consumos previstos de água subterrânea não são significativos para as disponibilidades hídricas Adicionalmente, o projeto contempla um sistema de decantação que minimiza o transporte e
subterrâneas da massa de água. eventual infiltração de SST na massa de água.
Encontram-se previstas medidas de minimização assim como a implementação de um programa de O manuseamento e armazenamento de substâncias químicas perigosas (combustíveis,
monitorização que possibilitarão intervenções atempadas no caso de se observar sobre-exploração da lubrificantes, reagentes químicos, etc) acontecerá obrigatoriamente sobre superfícies
massa de água. impermeabilizadas e cobertas não constituindo foco de contaminação das águas subterrâneas.
Não é expectável qualquer interferência com captações atualmente usadas para abastecimento Encontram-se previstas medidas de minimização assim como a implementação de um programa
público. de monitorização da qualidade das águas subterrâneas.
Não é expectável a alteração do Bom estado químico da massa de água subterrânea.
1.7. SOLOS
1.7.1. Introdução
O solo é a camada superficial da crosta terrestre constituída por partículas minerais, matéria orgânica, água,
ar e microrganismos, essencial para a sobrevivência e desenvolvimento da vegetação e da vida animal
terrestre, sendo por isso mesmo, um fator ambiental fundamental para a subsistência humana.1
O processo de formação de um solo, poderá prolongar-se no tempo durante milhares de anos, dependendo
do tipo de substrato geológico, do clima, da cobertura vegetal e da matéria orgânica disponível e dos
fenómenos de erosão, sendo por isso, um recurso natural não renovável nem regenerável que é fundamental
proteger, salvaguardar e adequar a sua utilização pelas várias atividades em função da sua capacidade de
uso.
O gradual, lento e constante processo da formação de solo origina a constituição de camadas
granulometricamente diferenciadas, misturadas com matéria orgânica às quais se denominam horizontes do
solo, os quais constituem um elemento diferenciar e são utilizados para identificar, caraterizar e agrupar as
diferentes tipologias e capacidade de uso dos solos.2
A caraterização e cartografia dos solos é bastante importante para determinar a tipologia e a adequada
capacidade de uso, sendo normalmente classificados conforme o tipo de rocha mãe, temperatura, relevo,
profundidade, textura, cor e influência de lençol freático.
A atividade de exploração de massas minerais, quando efetuada ao nível superficial, implica a afetação dos
solos através das necessárias desmatações e decapagens com vista à extração do recurso e para instalação
das respetivas infraestruturas de apoio, como são os casos dos anexos sociais e industriais, parques de
produtos, escombreiras, entre outras.
Esse tipo de atividade traduz-se, de um modo geral, em impactes temporários e localizados, permanecendo
potencialmente ativos enquanto o recurso mineral é explorado. Desse modo, o planeamento atempado e
integrado dos usos e funções do solo revela-se muito importante dado que permite tomar, oportunamente,
medidas que minimizem a degradação dos solos a afetar, salvaguardando os usos e funções adequados,
consoante a sua capacidade produtiva. Ou seja, deverá garantir-se que os melhores solos são salvaguardados,
através de decapagem e armazenamento em condições adequadas de conservação.
Nesse sentido, conforme referido anteriormente, a ocupação dos solos pelas várias atividades deverá ser
adequada em conformidade com a sua capacidade de uso, evitando ao máximo a sua degradação e destruição,
sobretudo, no caso de solos com elevada capacidade produtiva, essenciais para o desenvolvimento de uma
agricultura sustentável.
Para isso, é essencial a definição de uma estratégia de planeamento para todas as atividades a desenvolver,
de modo a garantir que a afetação da área se cinja ao mínimo possível para a implantação do projeto e numa
fase de desativação, seja possível a integração e recuperação ambiental e paisagística de toda a área afetada.
No desenvolvimento do projeto, é imperativo a análise e caraterização do estado atual do ambiente, em
sentido lato, na sua área de influência. Essa análise tem por objetivo definir as condições do estado
corrente do ambiente, suscetíveis de serem influenciadas pela implantação do Projeto. Essa caraterização
1 Costa, 1999.
2 Idem.
• O quadrante sul, correspondente à área onde se pretende ampliar a pedreira, são sobretudo, solos
calcários, vermelhos, dos climas de regime xérico, normais de margas e calcários compactos inter-
estratificados (Vc), caracterizados por serem solos pouco evoluídos, de perfil AC, por vezes, A Bc C
(Bc-horizonte câmbrico), formados a partir de rochas calcárias, com percentagem variável de carbonatos
ao longo de todo o perfil e sem as características próprias dos Barros, de cor avermelhada e desenvolvidos
em climas do tipo mediterrâneo em que os Invernos são frios e húmidos e o verão é quente e seco; (Figura
III.43)
Ainda assim e apesar dos solos serem, de um modo geral, esqueléticos é importante referir que o projeto prevê
a decapagem da camada superficial do solo existente nas áreas a intervencionar, sendo os de melhor
qualidade separados e armazenados em pargas de terras vegetais ou utilizados diretamente na recuperação
paisagística, em conformidade com as medidas de minimização propostas no presente estudo.
A capacidade de troca catiónica nesses solos é muito variável, acompanhando em regra a curva da argila. Nos
horizontes superiores é baixa ou mediana, enquanto nos horizontes de acumulação é mediana ou alta. Em
todos os solos, o cálcio é o catião dominante. Em muitos deles o magnésio excede 20 % da capacidade de
troca, sendo, no entanto, mais frequente nos horizontes inferiores do que nos superficiais. O grau de saturação
é muito elevado, quase sempre superior a 75 % e aumenta, geralmente, com a profundidade. A capacidade
de campo tem valores baixos a moderados e a capacidade utilizável aparenta ser baixa nos horizontes
superficiais e mediana nos inferiores. Estes últimos apresentam, porém, permeabilidade mais ou menos lenta
e muitas vezes são não são penetráveis pelas raízes, por esse motivo, não se encontram facilmente
disponíveis, em condições naturais, para o fornecimento às plantas de quantidades importantes de humidade.
Na área envolvente ao projeto, verificam-se diferentes tipologias de solos, no entanto, quase sempre possuindo
como substrato formações rochosas de calcário. Ainda assim é destaca-se a presença de uma grande área
composta por substrato arenoso, designadamente, a restinga de Troia, onde se identificam solos do tipo
regossolos psamíticos não húmidos. Verifica-se também uma extensa mancha de afloramentos rochosos,
correspondente à região da serra da Arrábida e arribas fósseis, intercalada com pequenas manchas de solos
bastante esqueléticos.
CLASSE CARACTERÍSTICAS
1 Cartas de Solos Portugal, folha nº. 317 (à escala 1/25000) do Instituto de Desenvolvimento Rural e Hidráulica (IDRHa).
De um modo geral, na área em estudo os solos apresentam sempre limitações severas a muito severas, não
sendo suscetíveis, na grande maioria dos casos de uma utilização agrícola competente, apresentando ainda
limitações resultantes quer de erosão e escoamento superficial, quer do solo na zona radicular.
Os solos de melhor qualidade encontram-se sobretudo ao longo dos fundos de vale e das principais ribeiras
que atravessam a área em estudo e na envolvente da cidade de Setúbal (classe A) e no quadrante Norte onde
se desenvolve o núcleo urbano de Vila Fresca de Azeitão e povoações adjacentes (classe B). Os solos com
melhor aptidão agrícola e capacidade de uso, correspondentes às classes A e B, correspondem a cerca de
15% do total da área em estudo (Figura III.44).
1.8. QUALIDADE DO AR
1.8.1. Introdução
O trabalho realizado no âmbito do fator ambiental Qualidade do ar foi realizado considerando uma análise
conservadora, tendo sido considerados todos os cenários operacionais possíveis, assim como as fontes de
NO2, CO, PM10 e SO2.
O trabalho para o fator ambiental Qualidade do ar foi realizado pela equipa da UVW – Centro de Modelação
de Sistemas Ambientais, tendo sido transcrito para os respetivos capítulos do Relatório Síntese,
encontrando-se na integra em anexo II.
O fator ambiental qualidade do ar teve como objetivo avaliar o impacte do funcionamento da pedreira Vale de
Mós A no ar ambiente local, tendo em conta os seguintes cenários operacionais:
• Cenário A, representativo das condições atuais de exploração de marga (1 175 000 toneladas por ano) e
de calcário (1 175 000 toneladas por ano) na Pedreira. Atualmente, há necessidade de recorrer a uma fonte
de calcário externa à instalação para satisfazer as necessidades de calcário existentes, uma vez que a
Pedreira não tem condições de dar resposta à quantidade total de calcário necessária. Este cenário
representa, assim, a exploração interna anual de 1 175 000 toneladas de marga e de 874 200 toneladas
de calcário, sendo necessário adquirir, externamente, 300 800 toneladas de calcário por ano;
• Cenário B representativo da evolução das condições futuras de exploração da Pedreira, sem a ampliação
da mesma, o que implica uma maior quantidade de calcário com origem externa à instalação. Neste cenário,
as necessidades totais anuais de marga e de calcário mantém-se inalteradas face à situação atual
(1 175 000 toneladas de cada material), no entanto, a Pedreira passa a ter uma exploração interna anual
de 1 175 000 toneladas de marga e de 391 892 toneladas de calcário, sendo necessário adquirir,
externamente, 783 108 toneladas de calcário por ano1;
• Cenário C, representativo das condições futuras de exploração da Pedreira, com a ampliação (projeto ora
em avaliação), o que promove a exploração de marga e calcário, sem necessidade de recorrer a uma fonte
de calcário externa à instalação. Com a ampliação da pedreira, para além da quantidade anual de marga
extraída (1 175 000 toneladas), passa também a ser possível de explorar a totalidade de calcário
necessário anualmente (1 175 000 toneladas).
A caracterização da situação de referência e a avaliação de impactes foram efetuadas com recurso a um
modelo de dispersão de poluentes atmosféricos, recomendado pela USEPA2, para um ano meteorológico
completo validado face à Normal Climatológica da região e, tendo em consideração as emissões geradas,
representativas de cada cenário, ao nível dos poluentes dióxido de azoto (NO 2), monóxido de carbono (CO),
partículas com diâmetro inferior a 10 µm (PM10) e dióxido de enxofre (SO2).
A análise dos resultados obtidos foi efetuada para a grelha de recetores aplicada ao domínio de estudo e para
os recetores sensíveis considerados, tendo em consideração 4 grupos de emissão distintos:
• Grupo Cumulativo – contempla as emissões provenientes da pedreira Vale de Mós (detonação, perfuração,
transferência e manuseamento de material, britagem3, funcionamento das máquinas não rodoviárias e
• Grupo Pedreira e Transporte Rodoviário da Pedreira – contempla apenas as emissões provenientes das
atividades da Pedreira Vale de Mós (detonação, perfuração, transferência e manuseamento de material,
britagem e funcionamento das máquinas não rodoviárias) e do tráfego rodoviário associado ao transporte
de calcário externo para o abastecimento da Pedreira;
• Grupo Pedreira – contempla apenas as emissões provenientes das atividades da Pedreira Vale de Mós
(detonação, perfuração, transferência e manuseamento de material, britagem e funcionamento das
máquinas não rodoviárias);
• Grupo Transporte Rodoviário da Pedreira – contempla apenas as emissões do tráfego rodoviário associado
ao transporte de calcário externo para o abastecimento da Pedreira.
A análise distinta destes grupos de emissão permitiu avaliar a contribuição exclusiva da Pedreira Vale de Mós A
(atividades de extração e transporte rodoviário) nos níveis de concentração estimados no ar ambiente.
Os valores obtidos, em todos os cenários de simulação, foram comparados com os valores limite aplicáveis
em ar ambiente para proteção da saúde humana.
Para o Cenário A, representativo da situação atual, foi também efetuada uma validação dos resultados
estimados, através da comparação com os valores registados nas estações de monitorização da qualidade do
ar da rede da SECIL. Esta validação foi essencial para garantir a fiabilidade e a representatividade dos
resultados obtidos através das simulações matemáticas efetuadas para os cenários futuros (Cenário B e
Cenário C).
Foram também identificadas as medidas a aplicar para minimização do impacte na qualidade do ar, para as
condições futuras de operação da Pedreira, bem como uma análise ao plano de monitorização já aplicado pela
SECIL, no sentido de se verificar se as alterações previstas implicam uma atualização do mesmo.
Por fim, foi ainda realizado um breve enquadramento mais abrangente das emissões atmosféricas e de Gases
com Efeito de Estufa (GEE), provenientes do tráfego rodoviário associado ao transporte de calcário, desde o
ponto de origem (Sesimbra) até à Pedreira Vale de Mós, para os diferentes cenários operativos em avaliação
no presente estudo (Cenário A, Cenário B e Cenário C).
• Fixar os valores limite e limiares de alerta para a proteção da saúde humana do dióxido de enxofre, dióxido
de azoto, óxidos de azoto, partículas em suspensão (PM10 e PM2,5), chumbo, benzeno e monóxido de
carbono;
• Estabelecer valores alvo para as concentrações no ar ambiente dos poluentes arsénio, cádmio, níquel e
benzo(a)pireno.
O Decreto-Lei em análise transpõe para a ordem jurídica interna a Diretiva n.º 2008/50/CE, de 21 de maio,
relativa à qualidade do ar ambiente e a um ar mais limpo na Europa, e a Diretiva n. º 2004/107/CE, de 15 de
dezembro, relativa ao arsénio, ao cádmio, ao mercúrio, ao níquel e aos hidrocarbonetos aromáticos policíclicos
no ar ambiente.
Na Quadro III.31 são apresentados os valores limite no ar ambiente para o poluente em estudo (NO2, CO, PM10
e SO2), presentes no Anexo XII do Decreto-Lei n.º 102/2010, de 23 de setembro, na sua redação atual.
Quadro III.31 – Resumo dos valores limite considerados para os poluentes NO2, CO, PM10 e SO2.
O Decreto-Lei n.º 102/2010, de 23 de setembro, na sua redação atual, estipula também os objetivos de
qualidade dos dados para avaliação das concentrações dos poluentes NO2, CO, PM10 e SO2, em ar ambiente,
obtidas a partir da modelação, conforme sintetizados na Quadro III.32.
Horário 50%
NO2
Anual 30%
CO Octohorário 50%
Horário 50%
SO2
Diário 50%
1.8.3. Metodologia
1.8.3.1. Descrição geral do estudo
O estudo consistiu na simulação da dispersão de poluentes atmosféricos (NO2, CO, PM10 e SO2), na envolvente
das instalações da Pedreira Vale de Mós, para a situação atual (Cenário A) e para a situação futura,
considerando o Cenário B (sem ampliação da Pedreira Vale de Mós) e o Cenário C (com ampliação da Pedreira
Vale de Mós). Para o efeito foram realizadas as seguintes tarefas:
• Caracterização topográfica do local, com recurso a uma base de dados internacional e ajustado à
modelação de terreno atual na área de exploração da Pedreira;
• Estimativa das emissões de poluentes atmosféricos em estudo das principais fontes emissoras, externas
ao projeto, existentes no domínio em estudo, nomeadamente fábrica de cimento/cais marítimo e tráfego
rodoviário;
• Estimativa das emissões atmosféricas e de GEE associadas ao transporte rodoviário atual de calcário,
desde o ponto de origem do calcário (Sesimbra) até à Pedreira;
• Avaliação dos níveis de concentração registados, nos últimos três anos de dados disponíveis (2017-2019),
nas estações de monitorização de qualidade do ar da SECIL (HOSO, Murteira, São Luís e Troia), para
determinação do valor de fundo a aplicar aos valores estimados;
• Modelação da dispersão atmosférica dos poluentes inventariados, para um ano meteorológico completo
(2017), validado face à Normal Climatológica de Setúbal, para os 4 grupos de emissão distintos: Grupo
Cumulativo (todas as fontes emissoras existentes no domínio), Grupo Pedreira e Transporte Rodoviário da
• Comparação dos resultados estimados para o Cenário A com os valores limite aplicáveis em ar ambiente,
para os poluentes em estudo, para proteção da saúde humana;
• Estimativa global das emissões atmosféricas e de GEE do tráfego rodoviário para transporte de calcário,
desde o ponto de origem (Sesimbra), até à Pedreira, tendo em conta os diferentes cenários de exploração
previstos (Cenário B e Cenário C). Esta estimativa apenas foi realizada para o Cenário B, uma vez que
para o Cenário C, não é expectável transporte de calcário externo, tendo em conta que a ampliação da
Pedreira permite satisfazer a extração da quantidade de calcário necessária. Comparação das emissões
previstas no Cenário B com as emissões verificadas atualmente no Cenário A;
• Modelação da dispersão atmosférica dos poluentes inventariados, nas condições futuras de exploração da
Pedreira Vale de Mós, para o Cenário B e para o Cenário C, para um ano meteorológico completo (2017),
validado face à Normal Climatológica de Setúbal. A simulação foi efetuada para os 4 grupos de emissão
distintos (Grupo Cumulativo, Grupo Pedreira e Transporte Rodoviário da Pedreira, Grupo Pedreira e Grupo
Transporte Rodoviário Pedreira), mantendo a abordagem seguida na caracterização do ambiente afetado
pelo projeto;
• Comparação dos resultados obtidos, para o Cenário B e para o Cenário C, com os valores limite aplicáveis
em ar ambiente, para os poluentes em estudo e com os valores obtidos para o Cenário A;
• Comparação dos resultados obtidos, para o Cenário B e para o Cenário C, com os resultados estimados
no Cenário A, para os locais coincidentes com as estações de monitorização de qualidade do ar, no sentido
de se determinar a variação expectável das concentrações de poluentes nesses pontos de amostragem.
Foram ainda apresentadas algumas medidas a ter em consideração para minimização de impactes na
qualidade do ar, para as condições futuras de exploração da Pedreira, bem como uma análise ao plano de
monitorização já aplicado pela SECIL, no sentido de se verificar se as alterações previstas implicam uma
atualização do mesmo.
Figura III.45 – Enquadramento espacial e topográfico da área de estudo (121 km2) representativo do
Cenário A (situação atual).
Figura III.46 – Enquadramento espacial e topográfico da área de estudo (121 km2) representativo do Cenário
B (situação futura sem ampliação Pedreira).
Figura III.47 – Enquadramento espacial e topográfico da área de estudo (121 km2) representativo do
Cenário C (situação futura com ampliação).
A grelha de recetores aplicada ao domínio de estudo foi do tipo cartesiana uniforme, com centro na área de
intervenção Vale de Mós A e espaçamento entre recetores de 250 metros. Para além da grelha de recetores
foram também considerados 21 recetores sensíveis, isto é, locais com potencial de afetação da saúde humana.
Dentro destes 21 recetores considerados, foram também incluídas as 4 estações de monitorização de
qualidade do ar da rede da SECIL.
A Quadro III.33 e Quadro III.34 apresentam, respetivamente, as características do domínio em estudo e as
características dos recetores sensíveis contemplados no presente estudo. A Figura III.48 apresenta a grelha
de recetores aplicada para avaliação das concentrações ao nível do solo e a respetiva localização dos
recetores sensíveis considerados no estudo.
1.8.3.4. Meteorologia
O modelo de dispersão utilizado exige a incorporação de dados meteorológicos horários de vários parâmetros
relativos à superfície e estrutura vertical da atmosfera para o período de simulação considerado.
A variável meteorológica influencia significativamente a dispersão de poluentes, sendo portanto fundamental o
uso de informação de elevada representatividade temporal. A representatividade temporal pressupõe que a
informação meteorológica inclua as variações sazonais existentes, pelo que se deve modelar um ano
meteorológico completo e em base horária (para que se tenha em linha de conta o efeito de variações
intradiárias) e que as condições meteorológicas registadas nesse ano sejam representativas do clima local. O
clima de um local é dado pela análise de um período longo de dados, como a Normal Climatológica de uma
região. Se os dados usados no modelo estiverem enquadrados no registado na Normal Climatológica pode
considerar-se que o ano meteorológico é válido para a avaliação do impacte de um projeto.
Os dados meteorológicos necessários foram obtidos através do modelo mesometeorológico TAPM, que estima
e adequa todos os parâmetros meteorológicos fundamentais para as simulações da qualidade do ar para o
ponto central do domínio definido, com base no forçamento sinóptico, coincidente como ano de simulação,
fornecido pelo Australian Bureau of Meteorology Global Analysis and Prediction (GASP), com a aquisição de
dados típicos locais.
Para melhorar o desempenho do modelo, sempre que existem estações dentro do domínio de estudo, as
observações registadas nessas estações são incorporadas na simulação por uma técnica conhecida por Data
Assimilation. Assim, na modelação mesometeorológica, conduzida para o ano de 2016 pelo modelo TAPM,
foram integrados os dados meteorológicos desse ano das estações de Comporta, Moinhola, Montevil e Vila
Nogueira de Azeitão, para o ano de 2017 foram integrados dados de Moinhola, Montevil e Vila Nogueira de
Azeitão e, para o ano de 2018 foram integrados dados de Montevil e Vila Nogueira de Azeitão, disponíveis no
Sistema Nacional de Informação de Recursos Hídricos (SNIRH).
De forma a validar a adequação do ano meteorológico a utilizar nas simulações ao clima da região em estudo,
os dados estimados pelo modelo TAPM, para os diferentes anos e com dados medidos das diferentes estações
meteorológicas, foram comparados com os dados da Normal Climatológica de Setúbal (1971-2000),
disponibilizados pelo IPMA (Instituto Português do Mar e Atmosfera). Verificou-se, desta forma, que os dados
mais adequados à Normal Climatológica representativa do local em estudo correspondem aos estimados pelo
TAPM com dados de direção e velocidade do vento da estação meteorológica de Montevil do ano 2017.
Os dados meteorológicos usados são apresentados através da representação gráfica das médias horárias dos
diferentes parâmetros meteorológicos considerados. A rosa de ventos apresentada encontra-se dividida em 8
classes distintas. Os valores de direção do vento expressos em graus foram traduzidos nos diferentes setores
de direção através das correspondências apresentadas na Quadro III.35. A classe de ventos calmos
(< 1,0 km h-1) é apresentada de forma independente da direção do vento.
Quadro III.35 – Informação das correspondências dos valores em graus com os diferentes setores de direção
do vento, utilizadas na realização da rosa de ventos.
SETORES DE DIREÇÃO DO
SETORES DE DIREÇÃO DO VENTO GAMA DE VALORES (GRAUS) GAMA DE VALORES (GRAUS)
VENTO
• Fontes difusas associadas ao britador. Apesar da britagem não integrar o processo produtivo da Pedreira,
mas sim da fábrica de cimento, esta foi contemplada como fonte emissora da Pedreira, seguindo a
abordagem da Proposta de Definição do Âmbito1;
• Tráfego rodoviário.
Para além das emissões consideradas anteriormente, representativas da operação da Pedreira, foram ainda
tidas em consideração as emissões associadas às fontes externas à Pedreira, que se mantiveram inalteradas
nos cenários de emissão considerados (Cenário A, Cenário B e Cenário C), nomeadamente:
• Funcionamento das máquinas não rodoviárias na fábrica de cimento e no cais marítimo da SECIL. Ao nível
das máquinas não rodoviárias foi tida em consideração a substituição para equipamentos novos prevista
para 2022;
• CO = 350,64 µg∙m-3
1
Proposta de Definição do Âmbito do Estudo de Impacte Ambiental do Projeto de Fusão e Ampliação da Pedreira Vale
de Mós A. Elaborado por VISA Consultores. Maio 2019.
Salienta-se que os valores de fundo determinados foram apenas aplicados aos resultados estimados para o
Grupo Cumulativo, uma vez que para os restantes 3 grupos de emissão avaliados (Grupo Pedreira e Transporte
Rodoviário da Pedreira, Grupo Pedreira e Grupo Transporte Rodoviário da Pedreira), pretende-se avaliar o
efeito exclusivo das fontes representativas.
A Figura III.49 apresenta o enquadramento espacial das fontes emissoras consideradas no estudo, para o
Cenário A, Cenário B e Cenário C.
Figura III.49 – Enquadramento espacial das principais fontes emissoras inseridas na área de domínio de
estudo (121 km2) para os cenários em avaliação (Cenário A, Cenário B e Cenário C).
De seguida apresenta-se a caracterização detalhada das fontes emissoras consideradas no estudo.
Na Tabela A.I.1 do Anexo I – Emissões atmosféricas em anexo II são apresentadas as características dos
equipamentos considerados no estudo, ao nível de quantidade, potência, combustível, ano de construção e
número de horas de funcionamento no ano. De acordo com a informação facultada pelo proponente, todos os
equipamentos com data inferior a 2015 serão, em 2022, substituídos por equipamentos novos. Assim, para o
cenário futuro (Cenário B e Cenário C) foram considerados os fatores de emissão representativos de
equipamentos novos. Ao nível dos equipamentos da Pedreira, é expectável também uma variação das horas
de operação entre os cenários avaliados. Para a fábrica de cimento/cais marítimo não são expectáveis
alterações no horário de funcionamento dos equipamentos.
Na zona de operação da Pedreira Vale de Mós A, foi ainda considerado o funcionamento dos seguintes
veículos: 7 veículos ligeiros (130 horas por ano), 2 veículos pesados (130 horas por ano), 1 camião de
transporte de combustível (130 horas por ano) e 2 camiões rega (2860 horas por ano).
As emissões atmosféricas foram calculadas de acordo com o procedimento estabelecido para as máquinas
não rodoviárias no EMEP/CORINAIR (Atmospheric Emission Inventory Guidebook)1.
Uma vez que a circulação das máquinas não rodoviárias afetas à Pedreira Vale de Mós A se faz por vias não
pavimentadas, foi necessário ainda calcular as emissões de poeiras associadas, de acordo com a metodologia
indicada no capítulo 13.2.2: Unpaved Roads, do AP42 da EPA (Environmental Protection Agency)2, para locais
industriais, com a aplicação da Equação 1.
𝑠 𝑎 𝑊 𝑏
𝐸 = 𝑘. ( ) . ( ) . 281,9 (𝐸𝑞𝑢𝑎çã𝑜 1)
12 3
Sendo:
E – fator de emissão (g∙veículo-1∙km-1);
k – fator de multiplicação dependente do tamanho da partícula;
a, b – coeficientes dependentes do tamanho da partícula;
s – percentagem de material particulado com fração inferior a 75 µm;
W – peso médio do veículo (ton).
O fator de emissão obtido foi ainda corrigido, tal como se apresenta na Equação 2, tendo em consideração que
ocorre o fenómeno de mitigação natural devido, por exemplo, à ocorrência de precipitação. No sentido de se
avaliar o pior cenário em termos de emissões, não foi contemplada a redução destas emissões que ocorre
através do processo de rega, ainda que esta seja prática comum na Pedreira.
(365 − 𝑃)
𝐸𝑒𝑥𝑡 = 𝐸. [ ] (𝐸𝑞𝑢𝑎çã𝑜 2)
365
Sendo:
Eext – fator de emissão extrapolado tendo em consideração a mitigação natural (g∙veículo-1∙km-1);
E – fator de emissão obtido através da Equação 1 (g∙veículo-1∙km-1);
P – número de dias no ano em que se verifica, pelo menos, 0,254 mm.
As emissões determinadas para os equipamentos foram alocadas às respetivas áreas operacionais da pedreira
Vale de Mós A, da fábrica de cimento e cais da SECIL.
1
EMEP/EEA Air Pollution Emission Inventory Guidebook, (2019). Non-road mobile sources and machinery.
2AP-42 (Compilation of Air Pollutant Emission Factors), USEPA, novembro 2006, Chapter 13.2.2 – Miscellaneous Sources:
Unpaved roads.
Na Tabela A.I.2 do Anexo I – Emissões atmosféricas em anexo II apresentam-se as emissões totais que foram
contempladas, nos 3 cenários em estudo (Cenário A, Cenário B e Cenário C), no modelo de dispersão, tendo
em consideração as características dos equipamentos anteriormente apresentadas (Tabela A.I.1 do Anexo I –
Emissões atmosféricas em anexo II).
Em relação ao SO2, poluente avaliado no presente estudo, este não foi considerado nas emissões das
máquinas não rodoviárias, uma vez que o teor de enxofre nos combustíveis consumidos em Portugal é,
atualmente, negligenciável.
• Atividade 1: carga do material (marga e calcário) da zona de extração para o local onde é armazenado
(local fechado, sem aberturas para o exterior). Uma vez que a zona de armazenamento é fechada, não
foram consideradas emissões associadas à descarga de material para o local de armazenamento e à ação
do vento sobre a pilha de armazenamento;
• Atividade 2: descarga de calcário com origem no exterior (calcário externo) para a pilha de armazenamento
a céu aberto;
• Atividade 3: armazenamento de calcário externo na pilha de armazenamento – ação do vento sobre a pilha;
1
AP-42 (Compilation of Air Pollutant Emission Factors), USEPA, fevereiro 1980. Chapter 13.3 – Explosive Detonation.
2
AP-42 (Compilation of Air Pollutant Emission Factors), USEPA, abril 2008, Drilling and Blasting Operations.
• Atividade 4: carga do calcário externo da pilha de armazenamento para o local onde ocorre a britagem. A
descarga do calcário externo na zona de britagem, ocorre em local fechado, pelo que não foram
consideradas as emissões associadas a esta atividade.
O cálculo das emissões inerentes à atividade de carregamento de material teve em consideração o
procedimento estabelecido no capítulo 11.19.2 do AP42 da EPA1. Foi considerado o fator de emissão de PM10
que se encontra na Tabela 11.19.2-1 do referido documento, para a atividade truck loading – conveyor crushed
stone, para a carga do material (marga e calcário) da zona de extração para o local onde é armazenado e
carregamento do calcário externo da pilha de armazenamento para o local onde ocorre a britagem. Para a
atividade de descarregamento do calcário externo para a pilha de armazenamento, recorre-se ao fator de
emissão de PM10 que se encontra na Tabela 11.19.2-1 do referido documento, para a atividade truck unloading
– fragmented stone.
Mais uma vez, ao nível do carregamento do material extraído, marga e calcário, não foi possível diferenciar as
emissões por tipo de material, uma vez que não existe diferenciação do fator de emissão. No entanto, esta
abordagem permite avaliar um cenário mais pessimista, pelas razões anteriormente apresentadas.
As emissões associadas ao armazenamento de calcário externo na pilha de armazenamento foram
determinadas de acordo com o procedimento estabelecido no capítulo 13.2.4, do AP42 da EPA2, tendo sido
estabelecido o fator de emissão de PM10 de acordo com a Equação 1.
𝑈 1,3
(2,2)
𝐸 = 𝑘 ∗ (0,0016) ∗ (𝐸𝑞𝑢𝑎çã𝑜 1)
𝑀 1,4
(2)
Sendo,
E – Fator de emissão (kg PM10∙Mg material transferido-1)
k – Multiplicador de acordo com o tamanho da partícula (0,35 para PM10)
U – Velocidade média do vento (m∙s-1) (3,66 para o ano de simulação)
M – Teor de humidade (%) (2,43% para o calcário externo, de acordo com a indicação do proponente)
A emissão teve ainda em consideração a quantidade de material que se encontra armazenado em zona
exterior, ou seja, sujeito à erosão do vento, para os cenários em avaliação (Cenário A, Cenário B e Cenário C).
Tendo em consideração a tipologia das atividades consideradas e os dados disponíveis nos documentos de
referência anteriormente mencionados, as PM10 correspondem ao poluente com maior relevo, não sendo, desta
forma, por serem inexistentes/negligenciáveis, determinadas as emissões dos restantes poluentes avaliados
no presente estudo (NO2, CO e SO2).
A Tabela A.I.5 do Anexo I – Emissões atmosféricas em anexo II apresenta as emissões consideradas na
modelação da qualidade do ar associadas às atividades de manuseamento e armazenamento de material,
descritas anteriormente, para o poluente PM10, para o Cenário A, Cenário B e Cenário C.
1
AP-42 (Compilation of Air Pollutant Emission Factors), USEPA, agosto 2004. Chapter 11.19.2: Crushed Stone Processing
and Pulverized Mineral Processing.
2AP 42 (Compilation of Air Pollutant Emission Factors), USEPA, novembro 2006. Chapter 13.2.4: Aggregate handling and
storage piles.
1 EMEP/EEA Air Pollution Emission Inventory Guidebook, (2019). International navigation, national navigation, national
fishing and military (shipping).
As características dos navios de carga gerais e cimenteiros foram disponibilizadas pela SECIL. Na
impossibilidade de acesso às características dos rebocadores, que auxiliam nas manobras de
atracagem/desatracagem dos navios, assumiram-se valores médios para a tipologia de navio em causa.
Na Tabela A.I.8 do Anexo I – Emissões atmosféricas em anexo II, foi apresentado o número de navios,
considerado no presente estudo, verificados para o ano de 2019. Não é esperado que o número de navios
altere na situação futura, pelo que os valores apresentados foram considerados representativos do Cenário A,
Cenário B e Cenário C.
As emissões marítimas ocorrem em três fases distintas: em navegação (at sea), em manobras de
atracagem/desatracagem (manoeuvring) e acostado no cais (hotelling). Nos dois primeiros casos, os tempos
associados a cada uma destas fases foram estimados com base nas velocidades de circulação típicas dos
navios considerados e nas respetivas distâncias, tendo em conta o acesso marítimo ao cais da SECIL. Em
relação à última fase (hotelling), os tempos associados a esta fase foram considerados de acordo com a
informação disponibilizada pela SECIL, para cada tipologia de navio. Ressalva-se ainda que para os
rebocadores apenas se consideraram as emissões associadas às manobras de atracagem/desatracagem.
As emissões de SO2 dependem diretamente do teor de enxofre do combustível que, de acordo com o nº 1 do
artigo 4º B do Decreto-Lei nº 170-B/2014, de 7 de novembro, não permite que os navios em portos nacionais,
independentemente de estarem a efetuar operações de carga/descarga, utilizem combustíveis navais com um
teor de enxofre superior a 0,10% em massa.
Da Tabela A.I.9 à Tabela A.I.12 do Anexo I – Emissões atmosféricas em anexo II, apresentam-se as emissões
associadas ao tráfego marítimo da SECIL, para o Cenário A, Cenário B e Cenário C.
Os volumes de tráfego da EN10, EN10-4, ER379-1, ER 379-1, foram retirados do estudo de tráfego realizado
para a elaboração do Mapa de Ruído do Concelho de Setúbal1, representativos do ano 2018, e encontram-se
sintetizados na Tabela A.I.13 do Anexo I – Emissões atmosféricas em anexo II. Os volumes de tráfego destas
vias externas consideram-se representativos do Cenário A, Cenário B e Cenário C.
Os volumes de tráfego para transporte de calcário externo até à Pedreira Vale de Mós, cuja circulação é
efetuada pela EN10, EN10-4 e ER379-1 (vias 1.2, 2.2, 3.2) tiveram em consideração os dados disponibilizados
pelo proponente, para as condições de operação no Cenário A e no Cenário B, uma vez que no Cenário C a
origem do calcário é exclusivamente interna, não sendo, por isso, necessário recorrer a fontes externas de
calcário. Desta forma, considerou-se um movimento diário de 46 veículos pesados, para o Cenário A, e um
movimento diário de 120 veículos pesados, para o Cenário B, considerando ainda uma circulação diária de 16
horas, durante os dias úteis do ano. No interior da Pedreira, foi considerada a via 5, que serve de ligação entre
a zona de entrada da Pedreira até ao local onde é descarregado o calcário externo, junto do britador, cujo
volume de tráfego corresponde ao anteriormente referido, consoante o cenário em análise.
Apesar dos volumes de tráfego retirados do Mapa de Ruído do Concelho de Setúbal poderem ter já a
contribuição do tráfego da Pedreira para transporte do calcário externo atual, numa atitude conservativa, os
volumes de tráfego facultados pelo proponente para transporte do calcário externo foram adicionados aos
volumes de tráfego do Mapa de Ruído. Este pressuposto teve por base o facto de não se conhecer a
contribuição exata do tráfego da Pedreira no tráfego total disponibilizado no Mapa de Ruído, permitindo também
contemplar uma possível evolução do volume de tráfego da Pedreira que possa ter ocorrido desde 2018 (ano
relativo aos volumes de tráfego do Mapa de Ruído). Para o Cenário B, os volumes de tráfego para transporte
de calcário externo, facultados pelo proponente, foram também adicionados aos volumes de tráfego
disponibilizados no Mapa de Ruído que, por sua vez, se mantiveram inalterados face ao considerado no
Cenário A.
Os fatores de emissão para o tráfego rodoviário foram determinados usando o programa EFcalculatoR2,
desenvolvido por Alexandre Caseiro3 em colaboração com a UVW, que permite a adaptação dos fatores de
emissão, apresentados pelo EMEP/CORINAIR (Atmospheric Emission Inventory Guidebook)4, ao parque
automóvel português. Este trabalho teve em conta dados estatísticos provenientes da ACAP5 e da ASF6.
Os dados da ASF permitem distribuir o volume de tráfego de veículos ligeiros e pesados, pelas categorias de
mercadorias e passageiros. Para além disso, permitem distribuir os veículos do Parque Automóvel Seguro, em
2017, pelas classes Euro existentes atualmente (Euro 1 a Euro 6). Os dados da ACAP permitem distribuir os
veículos ligeiros e pesados do parque automóvel português por cilindrada e tara, respetivamente.
Os fatores de emissão dependem, por sua vez, da inclinação da via e da velocidade de circulação7, valores
esses que se apresentam, para cada uma das vias consideradas, na Tabela A.I.14 do Anexo I – Emissões
Atmosféricas em anexo II.
Por fim, da Tabela A.I.15 à Tabela A.I.17 do Anexo I – Emissões atmosféricas em anexo II, apresentam-se,
para as vias de tráfego consideradas no estudo, para o Cenário A, Cenário B e Cenário C, os valores de
emissão dos poluentes NO2, CO e PM10.
Tal como nas máquinas não rodoviárias, o poluente SO2 não foi considerado nas emissões rodoviárias uma
vez que o teor de enxofre nos combustíveis consumidos em Portugal é, atualmente, negligenciável.
Importa salientar que, apesar do transporte de calcário externo ter origem em Sesimbra, no modelo de
dispersão, apenas foram consideradas as emissões associadas ao troço das vias de acesso abrangidas no
domínio de simulação, cujo objetivo se foca na avaliação do impacte na qualidade do ar a nível local.
1.8.3.5.7.2 Emissões atmosféricas e GEE– avaliação global (aplicável apenas ao nível do tráfego
rodoviário para transporte de calcário para a pedreira)
No sentido de se ter uma avaliação mais abrangente em termos de emissões atmosféricas associadas ao
transporte de calcário externo (Cenário A e Cenário B, sendo que no Cenário C é nulo), considerou-se relevante
determinar também as emissões atmosféricas, tendo em conta o circuito global do transporte, considerando-se,
para o efeito, a distância total de 27,7 km, desde Sesimbra, até à Pedreira.
As emissões foram determinadas seguindo a mesma metodologia que a contemplada na estimativa das
emissões representativas do domínio de simulação, apresentada no ponto anterior.
Na Tabela A.I.18 do Anexo I – Emissões atmosféricas em anexo II, apresentam-se as emissões globais dos
poluentes NO2, CO e PM10 associadas ao transporte de calcário externo, desde a origem (Sesimbra) até à
Pedreira, para o Cenário A e Cenário B, uma vez que no Cenário C a origem do calcário é exclusivamente
interna, não sendo, por isso, necessário recorrer a fontes externas de calcário.
Com o objetivo de enquadrar o funcionamento do pedreira Vale de Mós A ao nível das emissões de GEE,
apresenta-se de seguida a estimativa das emissões de GEE associadas ao transporte rodoviário de calcário
desde Sesimbra até à pedreira Vale de Mós A.
As emissões de GEE foram estimadas de acordo com as metodologias estabelecidas no guia para a
elaboração de inventários de emissão do Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas (PIAC)1,
complementadas pelas metodologias do EMEP/CORINAIR2, consoante as diferentes fontes emissoras em
estudo. A combustão de combustíveis fósseis promove a emissão de vários GEE, evidenciando-se o CO2, CH4
e N2O.
Uma vez que foram calculadas as emissões para vários GEE, foi necessário calcular o CO2 equivalente, através
do Potencial de Aquecimento Global (PAG), uma medida que indica como uma determinada quantidade de
GEE contribui para o aquecimento global. O PAG é uma medida relativa que compara o gás em questão com
a mesma quantidade de dióxido de carbono (cujo potencial é definido como 1). Está estabelecido que o PAG
é calculado para um intervalo de tempo igual a 100 anos.
A Quadro III.36 apresenta os PAG3 de cada um dos GEE considerados nos cálculos das emissões de CO 2
equivalente.
1
United Nations Framework Convention on Climate Change, IPCC 2006. Guidelines for National Greenhouse Gas
Inventories.
2
EMEP/EEA Air pollutant emission inventory guidebook (2016).
3 APA (2019), Portuguese National Inventory Report on Greenhouse Gases, 1990-2017.
GEE PAG
CO2 1
CH4 25
N2O 298
Relativamente aos fatores de emissão aplicados, estes foram determinados seguindo a mesma metodologia
que a aplicada na estimativa dos poluentes atmosféricos (Emissões atmosféricas – domínio simulação).
Na Tabela A.I.18 do Anexo I – Emissões atmosféricas em anexo II, apresentam-se as emissões de CO2
equivalente associadas ao transporte de calcário desde Sesimbra até à Pedreira para o Cenário A e para o
Cenário B (Cenário C sem transporte de calcário externo associado).
2250 7500
2000 6750
Emissões NO 2 (ton∙ano-1 )
Emissões CO (ton∙ano-1 )
1750 6000
Cenário A Cenário A
5250
1500 Cenário B Cenário B
Cenário C 4500
1250 Cenário C
3750
1000
3000
750
2250
500 1500
250 750
0 0
80 700
70
600
Emissões PM10 (ton∙ano -1 )
10 100
0 0
Figura III.50 – Emissões atmosféricas globais considerando a contribuição de todas as fontes contempladas
no modelo de dispersão para os três cenários em avaliação (Cenário A, Cenário B e Cenário C)
De acordo com os dados apresentados, verifica-se uma variação residual ao nível das emissões de poluentes
atmosféricos, demonstrando que a Pedreira, tanto nas condições atuais (Cenário A), como nas condições
futuras (Cenário B e Cenário C), tem um efeito pouco significativo, quando comparado com a contribuição dos
restantes grupos emissores existentes no domínio em estudo (com destaque para a fábrica de cimento da
SECIL e para as vias rodoviárias).
Focando a análise apenas ao nível das emissões da Pedreira, Figura III.51, já é possível observar uma maior
variação das emissões entre os três cenários em avaliação.
Emissões NO 2 (ton∙ano-1 ) 40 30
Emissões CO (ton∙ano-1 )
30 Cenário A Cenário A
Cenário B 20 Cenário B
Cenário C Cenário C
20
10
10
0 0
15 0.5
Cenário A Cenário A
10 Cenário B Cenário B
Cenário C Cenário C
0 0.0
Figura III.51 – Emissões atmosféricas representativas da operação da Pedreira nos três cenários em
avaliação (Cenário A, Cenário B e Cenário C)
Ao nível da Pedreira, os cenários futuros (Cenário B e Cenário C) tendem a apresentar emissões mais
reduzidas quando comparadas com a situação atual (Cenário A), com exceção dos poluentes CO e SO 2 no
Cenário C, representativo da ampliação da Pedreira. Este aumento das emissões, neste cenário e para estes
poluentes, ainda que pouco significativo (ronda os 13-15%), está associado ao facto do aumento da área de
exploração da Pedreira promover um aumento do número de horas de operação dos equipamentos e das
atividades de detonação e extração de material. Para o CO (para o SO2 não tem relevo) a atualização das
máquinas da Pedreira para equipamentos novos não promove uma redução das emissões, uma vez que os
fatores de emissão deste poluente para novos equipamentos não são diferentes dos fatores de emissão
disponíveis para equipamentos mais antigos. Para o NO2 e PM10, a atualização dos equipamentos
corresponde ao principal fator para a redução das emissões verificadas, demonstrando assim o relevo da
implementação desta medida no futuro.
No entanto, reforça-se, novamente, que estas variações obtidas nas emissões da Pedreira têm um efeito muito
residual nas emissões globais da área em estudo, conforme demonstrado na Figura III.50.
1.8.3.5.8.2 Emissões atmosféricas e GEE– avaliação global (aplicável apenas ao nível do tráfego
rodoviário para transporte de calcário externo para a pedreira)
No sentido de se ter uma avaliação mais abrangente em termos de emissões atmosféricas e de GEE,
associadas ao transporte de calcário externo e, uma vez que o transporte varia consoante o cenário em análise
(Cenário A e Cenário B sendo que no Cenário C é nulo), considerou-se relevante determinar também as
emissões atmosféricas e de GEE, tendo em conta o circuito global do transporte, considerando-se, para o
efeito, a distância total de 27,7 km, desde Sesimbra, até à Pedreira.
A informação da Tabela A.I 18 do Anexo II – Emissões atmosféricas em anexo II serviu de base à construção
dos gráficos apresentados na Figura III.52, relativos às emissões calculadas na avaliação global. Na Tabela II
3 do Anexo II – Síntese emissões atmosféricas em anexo II, é apresentada a variação entre as emissões
atmosféricas e de GEE consideradas para o Cenário A e para o Cenário B (para o Cenário C não há emissões
associadas).
10 3
9
8
Emissões NO2 (ton∙ano-1 )
Emissões CO (ton∙ano-1 )
7
2
6
Cenário A Cenário A
5
Cenário B Cenário B
4
Cenário C 1 Cenário C
3
0 0
0.3 1800
1600
1400
Emissões CO2 eq (ton∙ano-1 )
Emissões PM10 (ton∙ano-1 )
0.2 1200
1000 Cenário A
Cenário A
Cenário B 800 Cenário B
400
200
0.0 0
Figura III.52 – Emissões atmosféricas e de GEE associadas ao transporte rodoviário de calcário, desde o
ponto de origem (Sesimbra) até à Pedreira, tanto na situação atual (Cenário A), como sem
ampliação da Pedreira (Cenário B) e com ampliação da Pedreira (Cenário C).
Observa-se (Figura III.52) que as emissões de poluentes atmosféricos e GEE são mais elevadas para o
Cenário B (sem ampliação da Pedreira), como seria de esperar, uma vez que se observa um aumento do
volume de tráfego, face ao Cenário A (situação atual), originando um incremento bastante significativo em
termos de emissões (na ordem de 157%). Por sua vez, no Cenário C (com ampliação da Pedreira) deixam de
ocorrer emissões atmosféricas e de GEE associadas a este transporte de calcário, correspondendo assim ao
cenário mais favorável.
O dióxido de azoto é um poluente fortemente afetado pelas reações fotoquímicas que ocorrem no ar ambiente,
principalmente por via de reações associadas à formação/depleção de ozono. O modelo de simulação usado
para a realização deste estudo apresenta vias alternativas para a simulação deste poluente. Nas simulações
realizadas foi utilizado o “Ozone Limiting Method”, que faz uso das concentrações medidas de ozono na
atmosfera para estimar a conversão dos óxidos de azoto em dióxido de azoto.
Desta forma, a contabilização da concentração de NO2, em cada período horário, foi determinada em função
da concentração de ozono existente no ar ambiente. Para este estudo, considerou-se os valores horários
médios de concentração de ozono em ar ambiente registados na estação de monitorização de qualidade do ar
da rede nacional de Arcos, coincidente com o ano meteorológico considerado nas simulações.
No Anexo IV – Condições para interpretação dos resultados do estudo de dispersão em anexo II são
apresentadas as considerações a ter em linha de conta na interpretação dos resultados provenientes do
modelo de dispersão AERMOD.
A comparação dos resultados estimados é efetuada ainda através da aplicação de um fator de segurança
(designado por F2) atribuído aos resultados dos modelos Gaussianos. Por aplicação deste fator entende-se
que os valores, estatisticamente, poderem ser metade (F2M) ou o dobro (F2D) dos valores estimados
numericamente pelo modelo.
No entanto, os valores que resultam da aplicação direta do modelo, ou seja, sem a aplicação do fator F2 (SF2)
são considerados os valores que estatisticamente são representativos das condições reais. A partir destes
valores estimados são efetuados os mapas de distribuição de valores de concentração.
1.8.4.1. Meteorologia
De forma a validar a adequação do ano meteorológico utilizado ao clima da região em estudo, os dados
estimados pelo modelo TAPM, foram comparados com os dados da Normal Climatológica (NC) de Setúbal
(1971-2000), disponibilizados pelo IPMA (Instituto Português do Mar e Atmosfera). Verificou-se, desta forma,
que os dados mais adequados à NC representativa do local em estudo correspondem aos dados estimados
pelo TAPM com dados de direção e velocidade do vento típicos locais do ano de 2017.
Da Figura A.V 1 à Figura A. V.4 do Anexo V – Meteorologia em anexo II apresentam-se as comparações entre
os dados estimados e a informação da Normal Climatológica de Setúbal (1971-2000). Os parâmetros
meteorológicos analisados são aqueles que o modelo usa nos seus cálculos e para os quais a NC apresenta
valores.
Síntese Interpretativa
• Os valores de temperatura estimados pelo modelo mesometeorológico TAPM, para o ano 2017,
apresentam um comportamento idêntico ao verificado na NC de Setúbal, apesar dos valores estimados
serem superiores aos registados na NC, para a maioria dos meses. Os valores de temperatura estimados
variam entre os 10,8ºC e os 22,3ºC e os presentes na NC variam entre os 9,9ºC e os 22,7ºC.
• Os valores estimados para a humidade relativa, apresentam um comportamento idêntico aos valores
registados entre 1971-2000 em Setúbal. Os valores estimados variam entre os 69% e os 85% e registados
em Setúbal variam entre os 69% e os 87%.
• Em termos da velocidade do vento, os dados estimados pelo TAPM (9,2 km∙h-1 e os 15,6 km∙h-1) são
superiores aos valores presentes na NC, para a maioria dos meses, entre os 10,0 km∙h-1 e os 12,5 km∙h-1,
durante todo o ano considerado. Estes desvios podem ser justificados, entre outras razões, pela diferença
entre as alturas de colocação do anemómetro na estação e a altura para a qual são produzidos os dados
do TAPM. De realçar que quanto maior a distância ao solo, maiores as velocidades de vento.
• No que diz respeito à direção do vento, verifica-se a predominância de ventos norte (42,5%) para a Normal
Climatológica de Setúbal. Para o local em estudo verifica-se a predominância de ventos de Norte (32,2%),
setor como à NC e Noroeste (25,0%).
• Face ao exposto, conclui-se que o ano de dados meteorológicos utilizado no estudo é o mais adequado
para a aplicação na modelação da qualidade do ar, sendo que a utilização dos dados produzidos pelo
modelo mesometeorológico TAPM indicam uma garantia de boa representatividade para o local de estudo.
• Grupo Pedreira e Transporte Rodoviário da Pedreira – que contempla apenas as emissões provenientes
da Pedreira Vale de Mós A (detonação, perfuração, transferência e manuseamento de material, britagem
funcionamento das máquinas não rodoviárias) e do tráfego rodoviário associado ao transporte de material
para a Pedreira;
• Grupo Pedreira – que contempla apenas as emissões provenientes das atividades da Pedreira Vale de Mós
(detonação, perfuração, transferência e manuseamento de material, britagem e funcionamento das
máquinas não rodoviárias);
• Grupo Transporte Rodoviário da Pedreira – que contempla apenas as emissões do tráfego rodoviário
associado ao transporte de material para a Pedreira.
Os resultados apresentados para a grelha de recetores aplicados ao domínio de estudo, para o Grupo
Cumulativo, incluem, para os poluentes NO2, CO, PM10 e SO2 os respetivos valores de fundo. Os valores de
fundo para estes poluentes tiveram por base os valores médios obtidos nas estações de monitorização de
qualidade do ar consideradas no presente estudo (HOSO, Murteira, São Luís e Troia) nos últimos três anos
com dados disponíveis (2017-2019). Para os 3 grupos de emissão associados à Pedreira, nomeadamente:
Grupo Pedreira e Transporte Rodoviário da Pedreira, Grupo Pedreira e Grupo Transporte Rodoviário da
Pedreira, uma vez que o objetivo é avaliar o efeito exclusivo das respetivas fontes, não foram adicionados os
valores de fundo determinados.
A avaliação do impacte na qualidade do ar local, para o Cenário A, baseou-se na comparação dos resultados
estimados, para os poluentes em estudo, com os valores limite legislados, no Decreto-Lei nº 102/2010, de 23
de setembro, na sua atual redação.
A comparação dos resultados estimados pelo modelo de simulação da qualidade do ar com os valores limite é
realizada também tendo em conta a aplicação do fator de segurança F2 atribuído aos resultados dos modelos
Gaussianos. Por aplicação deste fator entende-se que os valores, estatisticamente, poderem ser metade (F2M)
ou o dobro (F2D) dos valores estimados numericamente pelo modelo.
No entanto, destaca-se que os valores que resultam da aplicação direta do modelo, ou seja, sem a
aplicação do fator F2 (SF2), são considerados os valores que estatisticamente são representativos das
condições reais. A partir destes valores foram efetuados os mapas de dispersão de valores de concentração,
que são representativos do Grupo Cumulativo. Os mapas de dispersão apresentam ainda os recetores
sensíveis considerados no presente estudo, onde se incluem também as localidades e as estações de
monitorização de qualidade do ar da rede da SECIL, cujo enquadramento espacial se encontra na Figura III.53.
Figura III.53 – Enquadramento espacial dos recetores sensíveis existentes no domínio em estudo (121 km2).
A Figura III.54 e Figura III.55 apresentam os mapas de distribuição de valores máximos das médias horárias e
médios anuais de NO2, respetivamente, para o Cenário A, para o Grupo Cumulativo.
A escala de concentrações aplicada abrange o valor limite horário e anual estipulado no Decreto-Lei
n.º 102/2010, de 23 de setembro, na sua atual redação, para este poluente, 200 µg∙m-3 e 40 µg∙m-3,
respetivamente. Os valores apresentados incluem o valor de fundo de 7,04 µg∙m-3.
Figura III.54 – Campo estimado das concentrações máximas das médias horárias de NO2 (µg∙m-3) verificadas
no domínio (121 km2) em análise (Cenário A – situação atual).
Figura III.55 – Campo estimado das concentrações médias anuais de NO2 (µg∙m-3) verificadas no domínio
(121 km2) em análise (Cenário A – situação atual).
Síntese Interpretativa
• O mapa de distribuição das concentrações máximas horárias de NO2 mostra que, no domínio em estudo,
para o Cenário A, não são registadas concentrações horárias acima do respetivo valor limite (200 µg∙m-3).
• No mapa de distribuição das concentrações médias anuais de NO2 é possível observar o registo de
concentrações anuais também inferiores ao valor limite (40 µg∙m-3), em todo o domínio de simulação.
• As vias rodoviárias externas ao projeto correspondem ao grupo emissor com maior relevo nos níveis
máximos estimados, tanto em termos horários, como em termos anuais.
A Figura III.56 e Figura III.57 apresentam, respetivamente, a distribuição da área do domínio pelos intervalos
de concentração máxima diária e média anual de NO2 estimadas pelo modelo, para o Grupo Cumulativo,
considerando os valores estimados sem a aplicação do fator F2 (coincidentes com os mapas de dispersão
anteriormente apresentados). Os valores apresentados incluem o valor de fundo de 7,04 µg∙m-3.
70
60
50
40
Valor de fundo - 7,04
20
0
100%
[0-7] ]7-50] ]50-100] ]100-150] ]100-200]
Figura III.56 – Distribuição da área abrangida pelas concentrações máximas horárias estimados para o NO2 (Cenário A – situação atual).
140
120
Figura III.57 – Distribuição da área abrangida pelas concentrações médias anuais estimados para o NO2 (Cenário A – situação atual).
Síntese Interpretativa
Quadro III.37 – Resumo dos valores estimados de NO2 e comparação com os respetivos valores limite
legislados, para o Cenário A – situação atual.
92,5 0
Horário 200 177,9 18 0
348,7 3,6
Cumulativo
20,5 0
Anual 40 33,9 - 0
60,8 0,5
84,2 0
Pedreira e Horário 200 168,3 18 0
Transporte 336,6 0,5
Rodoviário 9,3 0
Pedreira Anual 40 18,7 - 0
37,3 0
84,2 0
Horário 200 168,3 18 0
336,6 0,5
Pedreira
9,1 0
Anual 40 18,3 - 0
36,5 0
10,1 0
Horário 200 20,2 18 0
Transporte 40,3 0
Rodoviário
Pedreira 2,7x10-1 0
Anual 40 5,4x10-1 - 0
1,1 0
Legenda VE – Valor Máximo Obtido na Simulação VL – Valor Limite
(1) Sem aplicação do Fator F2 implica considerar que os valores são estatisticamente representativos das condições reais
(2) Com a aplicação do Fator F2 considera-se que os valores reais podem ser o dobro (F2D) ou metade (F2M) dos valores estimados
Síntese Interpretativa
• De uma forma geral, os valores estimados de NO2 para o Grupo Cumulativo, tanto em termos horários,
como em termos anuais, demonstram o cumprimento da legislação em todo o domínio avaliado. Apenas
perante a aplicação do fator F2 mais conservativo é que se obtêm valores acima do estipulado na
legislação, devido essencialmente ao tráfego rodoviário das vias externas ao projeto. A área com valores
acima do legislado é residual, correspondendo apenas a 3% do domínio avaliado, em termos horários, e a
0,4% do domínio avaliado, em termos anuais.
• Importa salientar que, conforme será possível verificar após validação do modelo (através da comparação
dos valores estimados, sem aplicação do fator F2, para o Grupo Cumulativo com os valores medidos),
apresentado de seguida no item Validação Modelo Dispersão, o modelo de dispersão, mesmo sem a
aplicação do fator de segurança aos valores estimados, tende a sobrestimar as concentrações de NO 2.
Assim, considerando esta tendência na sobrestimativa das concentrações e, tendo em conta que os
incumprimentos são obtidos apenas perante a aplicação do fator F2 mais conservativo, estes devem ser
interpretados com a devida relativização.
Da Tabela A.VI 1 à Tabela A. VI 4 do Anexo VI – Valores estimados para os poluentes em estudos, para os
recetores sensíveis em anexo II apresentam-se os valores máximos estimados, para os recetores sensíveis,
para o Cenário A, para os 4 grupos de emissão considerados. Ressalva-se que apenas para os valores
estimados para o Cenário Cumulativo é que se adicionou o respetivo valor de fundo.
De acordo com os valores obtidos verifica-se o cumprimento dos requisitos legais estabelecidos para o NO2,
tanto em termos horários, como em termos anuais, para os grupos representativos do funcionamento da
Pedreira (Grupo Pedreira e Transporte Rodoviário Pedreira, Grupo Pedreira e Grupo Transporte Rodoviário
Pedreira).
Ao nível do Grupo Cumulativo verifica-se igualmente o cumprimento dos requisitos legais em todos os
recetores, com exceção do recetor 6 – Hospital Ortopédico Sant’lago do Outão, para o qual foram estimadas
concentrações horárias de NO2 acima do valor limite e em número superior ao permitido. No entanto, ressalva-
se que este incumprimento horário é apenas obtido perante a aplicação do fator F2 mais conservativo e está
associado, exclusivamente, ao tráfego rodoviário das vias externas, com destaque para a contribuição da ER
379-1.
A Figura III.58 apresenta o mapa de distribuição de valores máximos das médias octohorárias de CO, para o
Cenário A, para o Grupo Cumulativo.
A escala de concentrações aplicada abrange o valor limite octohorário estipulado no Decreto-Lei n.º 102/2010,
de 23 de setembro, na sua atual redação, para este poluente, 10000 µg∙m-3. Os valores apresentados incluem
o valor de fundo de 350,64 µg∙m-3.
Figura III.58 Figura 1-1– Campo estimado das concentrações máximas das médias octohorárias de
CO (µg∙m-3) verificadas no domínio (121 km2) em análise (Cenário A – situação atual).
Síntese Interpretativa
• As fontes pontuais da fábrica de cimento da SECIL, fonte externa ao projeto em estudo, correspondem ao
grupo emissor com maior relevo para os níveis de CO estimados.
A Figura III.59 apresenta a distribuição da área do domínio pelos intervalos de concentração máxima
octohorária de CO estimadas pelo modelo, para o Grupo Cumulativo, considerando os valores estimados sem
a aplicação do fator F2 (coincidentes com o mapa de dispersão anteriormente apresentado). Os valores
apresentados incluem o valor de fundo de 350,64 µg∙m-3.
120
100
20
Figura III.59 – Distribuição da área abrangida pelas concentrações máximas octohorárias estimados para o CO (Cenário A – situação atual).
Síntese Interpretativa
• Ao nível do CO, em termos octohorários, verifica-se que a área em cumprimento legal corresponde a 100%
do domínio avaliado.
Quadro III.38 – Resumo dos valores estimados de CO e comparação com o respetivo valor limite legislado,
para o Cenário A – situação atual
654,0 0
Cumulativo Octohorário 10000 957,3 0
1564,0 0
Pedreira e
Transporte 98,8 0
Octohorário 10000 197,6 0
Rodoviário 395,1 0
Pedreira
395,1 0
Pedreira Octohorário 10000 197,6 0
98,8 0
Transporte 1,2 0
Rodoviário Octohorário 10000 2,4 0
Pedreira 4,7 0
Legenda VE – Valor Máximo Obtido na Simulação VL – Valor Limite
(1) Sem aplicação do Fator F2 implica considerar que os valores são estatisticamente representativos das condições reais
(2) Com a aplicação do Fator F2 considera-se que os valores reais podem ser o dobro (F2D) ou metade (F2M) dos valores estimados
Síntese Interpretativa
• Não existem praticamente diferenças entre os valores estimados ao nível do Grupo Pedreira e Transporte
Rodoviário Pedreira e o Grupo Pedreira, demonstrando que as atividades desenvolvidas no interior da
Pedreira, com destaque para o funcionamento das máquinas não rodoviárias, têm maior peso nos valores
estimados, face ao tráfego rodoviário da Pedreira.
• Observa-se ainda que os valores estimados para o Grupo Pedreira são bastante inferiores aos valores
estimados ao nível do Grupo Cumulativo, devido ao facto das fontes pontuais da fábrica de cimento terem
maior peso nos níveis de concentração estimados
Da Tabela A.VI 5 à Tabela A. VI 8 do Anexo VI – Valores estimados para os poluentes em estudos, para os
recetores sensíveis em anexo II apresentam-se os valores máximos estimados, para os recetores sensíveis,
para o Cenário A, para os 4 grupos de emissão considerados. Ressalva-se que apenas para os valores
estimados para o Cenário Cumulativo é que se adicionou o respetivo valor de fundo.
Os valores estimados demonstram o cumprimento do valor limite octohorário, para todos os recetores sensíveis
considerados no presente estudo e para os 4 grupos de emissão considerados (Grupo Cumulativo, Grupo
Pedreira e Transporte Rodoviário Pedreira, Grupo Pedreira e Grupo Transporte Rodoviário Pedreira).
A Figura III.60 e Figura III.61 apresentam os mapas de distribuição de valores máximos das médias diárias e
médios anuais de PM10, respetivamente, para o Cenário A, para o Grupo Cumulativo.
A escala de concentrações aplicada abrange o valor limite diário e anual estipulado no Decreto-Lei
n.º 102/2010, de 23 de setembro, na sua atual redação, para este poluente, 50 µg m-3 e 40 µg m-3,
respetivamente. Os valores apresentados incluem o valor de fundo de 19,45 µg m-3.
Figura III.60 – Campo estimado das concentrações máximas das médias diárias de PM10 (µg∙m-3) verificadas
no domínio (121 km2) em análise (Cenário A – situação atual).
Figura III.61 – Campo estimado das concentrações médias anuais de PM10 (µg∙m-3) verificadas no domínio
(121 km2) em análise (Cenário A – situação atual).
Síntese Interpretativa
• Os mapas de distribuição das concentrações máximas diárias e médias anuais de PM10 estimadas para o
Cenário A mostram o cumprimento da legislação, tanto em termos diários, como em termos anuais, ainda
que em termos diários se tenham obtido concentrações ligeiramente acima do valor limite, mas em número
inferior ao permitido (35 dias no ano).
• A operação dos equipamentos na Pedreira e as fontes difusas da fábrica de cimento (fonte externa ao
projeto) correspondem aos grupos emissores com maior destaque para os níveis máximos obtidos, tanto
em termos diários, como em termos anuais.
A Figura III.62 e Figura III.63 apresentam, respetivamente, a distribuição da área do domínio pelos intervalos
de concentração máxima diária e média anual de PM10 estimadas pelo modelo, para o Grupo Cumulativo,
considerando os valores estimados sem a aplicação do fator F2 (coincidentes com os mapas de dispersão
anteriormente apresentados). Os valores apresentados incluem o valor de fundo de 19,45 µg∙m-3.
120
100
Figura III.62 – Distribuição da área abrangida pelas concentrações máximas diárias estimados para as PM10 (Cenário A – situação atual).
140
120
40
Figura III.63 – Distribuição da área abrangida pelas concentrações médias anuais estimados para as PM10 (Cenário A – situação atual).
Síntese Interpretativa
• Ao nível das PM10, tanto em termos diários, como em termos anuais, verifica-se que a área em
cumprimento legal corresponde a 100% do domínio avaliado.
Quadro III.39 – Resumo dos valores estimados de PM10 e comparação com os respetivos valores limite
legislados, para o Cenário A – situação atual.
43,4 0
Diário 50 67,3 35 0
115,1 0
Cumulativo
23,0 0
Anual 40 24,5 - 0
33,5 0
23,3 0
Pedreira e Diário 50 46,6 35 0
Transporte 93,2 0
Rodoviário 3,0 0
Pedreira Anual 40 6,0 - 0
11,9 0
23,0 0
Diário 50 46,1 35 0
92,1 0
Pedreira
2,9 0
Anual 40 5,7 - 0
11,4 0
4,6x10-2 0
Diário 50 9,2x10-2 35 0
Transporte 1,8x10-1 0
Rodoviário
Pedreira 6,8x10-3 0
Anual 40 1,4x10-2 - 0
2,7x10-2 0
Legenda VE – Valor Máximo Obtido na Simulação VL – Valor Limite
(1) Sem aplicação do Fator F2 implica considerar que os valores são estatisticamente representativos das condições reais
(2) Com a aplicação do Fator F2 considera-se que os valores reais podem ser o dobro (F2D) ou metade (F2M) dos valores estimados
Síntese Interpretativa
• Para todos os grupos avaliados verifica-se o cumprimento dos requisitos legais estabelecidos para as PM10,
em todo o domínio avaliado, sem e com a aplicação do fator F2 aos resultados estimados.
• Para o Grupo Cumulativo, Grupo Pedreira e Transporte Rodoviário Pedreira e Grupo Pedreira, observam-
se ultrapassagens ao valor limite diário, mas como as ultrapassagens foram em número inferior ao permitido
(35 dias no ano), não se verifica o incumprimento da legislação.
• A operação dos equipamentos na Pedreira e as fontes difusas da fábrica de cimento (fonte externa ao
projeto) correspondem aos grupos emissores com maior destaque para os níveis máximos obtidos, tanto
em termos diários, como em termos anuais. Importa reforçar que as emissões de PM10 associadas aos
equipamentos em operação na Pedreira, tiveram por base a avaliação do pior cenário possível em termos
de emissões, uma vez que refletem também as emissões associadas à circulação em vias não
pavimentadas, ainda que seja prática regular a rega da área operacional da Pedreira. No entanto, mesmo
tendo por base este cenário conservativo, verifica-se o cumprimento dos requisitos legais estabelecidos
para as PM10.
Da Tabela A.VI 9 à Tabela A. VI 12 do Anexo VI – Valores estimados para os poluentes em estudos, para os
recetores sensíveis em anexo II apresentam-se os valores máximos estimados, para os recetores sensíveis,
para o Cenário A, para os 4 grupos de emissão considerados. Ressalva-se que apenas para os valores
estimados para o Cenário Cumulativo é que se considerou a aplicação do respetivo valor de fundo.
De acordo com os valores apresentados observa-se o cumprimento do valor limite diário e anual, para todos
os recetores sensíveis considerados no presente estudo, para os 4 grupos de emissão considerados (Grupo
Cumulativo, Grupo Pedreira e Transporte Rodoviário Pedreira, Grupo Pedreira e Grupo Transporte Rodoviário
Pedreira).
A Figura III.64Figura III.65 apresentam os mapas de distribuição de valores máximos das médias horárias e
diárias de SO2, respetivamente, para o Cenário A, para o Grupo Cumulativo. O mapa de distribuição não é
apresentado para os valores anuais de SO2, porque estes são avaliados apenas para a proteção dos
ecossistemas, devendo restringir-se a recetores afastados pelo menos 5 km de zonas urbanizadas (não
aglomerações), indústrias ou vias de tráfego com mais de 50000 veículos por dia. Logo, o domínio de estudo
não apresenta recetores adequados à avaliação do impacte nos ecossistemas pelos valores de SO2 anual.
A escala de concentrações aplicada abrange o valor limite horário e diário estipulado no Decreto-Lei
n.º 102/2010, 23 de setembro, na sua atual redação, para este poluente, 350 µg∙m-3 e 125 µg∙m-3,
respetivamente. Os valores apresentados incluem o valor de fundo de 2,24 µg∙m-3.
Figura III.64 – Campo estimado das concentrações máximas das médias horárias de SO2 (µg m-3) verificadas
no domínio (121 km2) em análise (Cenário A – situação atual).
Figura III.65 – Campo estimado das concentrações máximas das médias diárias de SO2 (µg∙m-3) verificadas
no domínio (121 km2) em análise (Cenário A – situação atual).
Síntese Interpretativa
• O mapa de distribuição das concentrações máximas horárias e diárias de SO2 mostram que os valores
mais elevados para este poluente são registados nas imediações da Pedreira, atingindo gamas de
concentração inferiores aos respetivos valores limite.
• A fonte com maior relevo para os valores estimados deste poluente corresponde às fontes pontuais
atualmente em funcionamento na fábrica de cimento. No caso de se considerarem apenas as fontes
emissoras associadas à Pedreira, apenas há contribuição ao nível do processo de detonação para extração
de material, uma vez que este poluente não tem relevo nas restantes atividades, como funcionamento das
máquinas não rodoviárias e tráfego rodoviário, devido ao baixo teor de enxofre dos combustíveis nacionais.
A Figura III.66 e Figura III.67 apresentam, respetivamente, a distribuição da área do domínio pelos intervalos
de concentração máxima horária e diária de SO2 estimadas pelo modelo, para o Grupo Cumulativo,
considerando os valores estimados sem a aplicação do fator F2 (coincidentes com os mapas de dispersão
anteriormente apresentados). Os valores apresentados incluem o valor de fundo de 2,24 µg∙m-3.
70
60
Figura III.66 – Distribuição da área abrangida pelas concentrações máximas horárias estimados para o SO2 (Cenário A – situação atual).
140
120
80
Área cumprimento legal
Área cumprimento legal
60 Área incumprimento legal
Área incumprimento legal
40
Figura III.67 – Distribuição da área abrangida pelas concentrações máximas diárias estimadas para o SO2 (Cenário A – situação atual).
Síntese Interpretativa
• Em termos horários e diários, toda a área do domínio (100% do domínio) encontra-se em cumprimento da
legislação.
Quadro III.40 – Resumo dos valores estimados de SO2 e comparação com os respetivos valores limite
legislados, para o Cenário A – situação atual
129,3 0
Horário 350 256,4 24 0
510,6 0
Cumulativo
16,8 0
Diário 125 31,3 3 0
60,4 0
2,3 0
Horário 350 4,6 24 0
9,1 0
Pedreira
0,7 0
Diário 125 1,3 3 0
2,7 0
Legenda VE – Valor Máximo Obtido na Simulação VL – Valor Limite
(1) Sem aplicação do Fator F2 implica considerar que os valores são estatisticamente representativos das condições reais
(2) Com a aplicação do Fator F2 considera-se que os valores reais podem ser o dobro (F2D) ou metade (F2M) dos valores estimados
Síntese Interpretativa
• Para o período de integração horário, verificam-se ultrapassagens ao valor limite horário, com a aplicação
do fator F2 mais conservador, no entanto em número inferior ao permitido, e apenas para o Grupo
Cumulativo.
• Em termos diários, não se verificam ultrapassagens aos respetivos valores limite legislados, sem e com
aplicação do fator F2 aos valores estimados, tanto para o Grupo Cumulativo, como para o Grupo Pedreira.
• Observa-se ainda que os valores estimados, para o Grupo Pedreira, são bastante inferiores aos valores
estimados para o Grupo Cumulativo, pelo facto da Pedreira ter uma contribuição residual nas emissões
deste poluente.
• Tal como referido anteriormente, a fonte emissora com maior contribuição para os valores estimados
corresponde ao funcionamento das fontes pontuais da fábrica de cimento, até porque, na Pedreira, apenas
ocorre contribuição da emissão deste poluente durante o processo de detonação para a extração de
material.
Da Tabela A.VI 13 à Tabela A. VI 14 do Anexo VI – Valores estimados para os poluentes em estudos, para os
recetores sensíveis em anexo II apresentam-se os valores máximos estimados, para os recetores sensíveis,
para o Cenário A, para os 2 grupos de emissão considerados (Grupo Cumulativo e Grupo Pedreira).
Ressalva-se que apenas para os valores estimados para o Grupo Cumulativo é que se consideraram os
respetivos valores de fundo.
Os valores apresentados demonstram o cumprimento do valor limite horários e diário de SO 2, para todos os
recetores sensíveis e para os 2 grupos de emissão considerados.
Da Tabela A.VII 1 à Tabela A. VII 8 do Anexo VII – Validação modelo dispersão em anexo II, apresenta-se a
comparação dos valores máximos e médios obtidos nas simulações para o Grupo Cumulativo (são
apresentados apenas os valores estimados considerando a influência de todas as fontes de relevo existentes
no domínio em estudo, sem aplicação do fator F2 aos resultados), para os diferentes períodos de integração
considerados (consoante o poluente em estudo), com os valores máximos e médios registados nas estações
de qualidade do ar existentes no domínio em estudo (HOSO, Murteira, São Luís e Troia). Os valores estimados
incluem o valor de fundo, de forma a permitir contemplar a influência de outras fontes emissoras não
contempladas no modelo de dispersão, o qual foi determinado tendo por base os valores de concentração
medidos, em cada uma estações de monitorização de qualidade do ar, para os anos mais recentes de 2017,
2018 e 2019, para as direções de vento para as quais se considera que não existe influência direta das
emissões provenientes da unidade industrial da SECIL (Pedreira e fábrica de cimento/cais marítimo) e das vias
de tráfego já consideradas no modelo de dispersão, tal como se apresenta no Quadro III.41.
Quadro III.41 – Valores de fundo (VF) aplicados para cada poluente e para os locais coincidentes com cada
estação de monitorização de qualidade do ar da SECIL
NO2 11,82 5,88 6,32 6,83 6,11 4,05 7,19 6,40 5,67 9,13 7,66 7,41
PM10 30,46 27,61 25,25 11,39 12,08 11,41 14,75 14,81 12,83 22,85 23,94 26,06
SO2 5,71 1,59 1,33 1,00 1,22 2,55 1,82 1,13 1,05 3,70 2,82 2,94
(1) Valor
de fundo determinado tendo em conta as medições efetuadas perante os setores de vento que colocam a unidade industrial da SECIL (Pedreira
e fábrica) a jusante da estação de monitorização, ou seja, os valores medidos não contemplam a influência direta das emissões provenientes destas
fontes.
Como referido anteriormente, a comparação foi efetuada para o período de medição entre 2017-2019, uma
vez que foram usados dados de emissão representativos destes três anos e, tendo em conta que se considera
que o ano meteorológico contemplado nas simulações efetuadas (2017) é representativo do clima local e,
assim, representativo dos anos avaliados. Ainda, assim, ressalvam-se as possíveis variações que podem
ocorrer ao nível das condições meteorológicas representativas de cada ano considerado, podendo condicionar
a validação efetuada.
De acordo com os dados obtidos, verifica-se, de uma forma geral, que:
• Ocorre o cumprimento dos objetivos de qualidade para o NO2, ainda que estes sejam ultrapassados,
pontualmente, em alguns anos e em algumas estações. Os desvios face ao objetivo de qualidade são mais
evidentes em termos anuais. A comparação efetuada demonstra a tendência do modelo para a
sobrestimativa das concentrações reais, tanto em termos horários, como em termos anuais.
• Para o CO, o modelo tende a subestimar as concentrações reais, ultrapassando o objetivo de qualidade
definido. Ressalva-se que esta comparação não foi possível de efetuar ao nível da estação de São Luís,
uma vez que nesta estação este poluente não é medido.
• Ocorre o cumprimento do objetivo da qualidade imposto na legislação, em termos anuais para as PM10.
Os desvios das estimativas face aos valores medidos são pouco significativos. Em termos diários não existe
objetivo da qualidade estabelecido na legislação, não sendo possível efetuar o enquadramento dos dados
estimados face aos medidos.
• Para o SO2, o comportamento do modelo apresenta uma maior variabilidade face aos valores medidos,
subestimando e sobrestimando, consoante o ano e a estação em avaliação. Os objetivos de qualidade
tanto são cumpridos, como não, devido a esta maior variabilidade dos resultados.
Os desvios obtidos para estes poluentes podem estar relacionadas com variações entre as condições
meteorológicas usadas na simulação e as medidas, isto é, os valores máximos estimados, que estão
normalmente associados a condições meteorológicas pouco favoráveis à dispersão (ventos calmos, altura
camada mistura baixa, …), podem não ter sido observados durante os anos de medição considerados na
validação e vice-versa.
Outra das razões para as variações obtidas poderá estar relacionada com o facto de os valores de emissão
considerados terem por base dados de anos diferentes (desde 2017 a 2019), fazendo com que a comparação
com os valores medidos tenha também que ser feita com alguma ponderação.
Também é importante reforçar, mais uma vez, que as estações de monitorização podem estar sob a influência
de outras fontes de emissão, não contempladas no estudo de modelação, tal como verificado pela análise dos
resultados de medição efetuada pelo proponente, justificando, assim, possíveis desvios existentes. Por
exemplo, na estação de HOSO, de acordo com a informação dada pelo proponente, com base na análise
detalhada das medições (fora do âmbito do presente estudo), demonstraram a influência do funcionamento da
caldeira e do tráfego rodoviário no acesso ao hospital ortopédico (alturas de pico) nos níveis de concentração
medidos. Por outro lado, na estação da Murteira, de acordo com outros estudos anteriormente efetuados, como
o estudo de líquenes (fora do âmbito do presente estudo), demonstraram a influência da intensa atividade
industrial da Área Metropolitana de Lisboa Sul (com destaque para a zona do Barreiro), nos níveis de
concentração medidos.
Face ao exposto e tendo em conta todas as limitações já identificadas, de uma forma geral, conclui-se que os
valores estimados cumprem os objetivos da qualidade, garantindo, assim, a representatividade das condições
avaliadas no presente estudo.
Nas Figura III.71, Figura III.72 e Figura III.73 apresenta-se esquema das vias de tráfego rodoviário
consideradas na modelação.
Na Figura III.68 são identificados os seguintes Recetores Sensíveis (RS) ao ruído:
• Ao presente Estudo compete a análise da situação atual (e sua evolução sem projeto: Situação de
Referência) e a Situação Futura com a fusão das duas pedreiras, em termos de impactes diretos,
associados às eventuais alterações das emissões sonoras na área das pedreiras, e em termos de impactes
indiretos, associados a eventuais alterações no tráfego de acesso.
Quadro III.42 – Lista de equipamentos móveis que operam na pedreira, na Situação Atual.
NÍVEL DE POTÊNCIA
N EQUIPAMENTO POTÊNCIA (KW) ZONA DE OPERAÇÃO HORÁRIO DE FUNCIONAMENTO
SONORA [DB(A)]
forma prever o cenário que melhor defende os recetores sensíveis, a modelação a efetuar terá em
consideração a utilização das duas perfuradoras em simultâneo.
Para além dos equipamentos móveis identificados no Quadro III.42, a pedreira possui ainda uma unidade
britadora fixa1. Na Situação Futura com projeto perspetiva-se que o número de equipamento móveis e fixos
não sofra alteração significativa em relação à Situação Atual.
Importa neste contexto fazer uma breve caracterização da Situação Atual, uma vez que esta tem um caracter
dinâmico e evolutivo com influência direta no que diz respeito ao consumo de explosivos e no número de
transportes de calcário por veículos pesados (camiões).
1 Embora a unidade de britagem se encontre formalmente ligada à fábrica de produção de cimento será considerada como
integrando a pedreira.
2 O Cenário B realiza a avaliação sem a aprovação do projeto de ampliação da pedreira Vale de Mós A, podendo ser esta
Com a eventual implementação do Plano de Pedreira (projeto) da pedreira de calcário e marga industrial Vale
de Mós A, tendo em consideração que se perspetiva que todo o calcário será extraído e desmontado na
pedreira Vale de Mós, passarão a existir cerca de 404 detonações por ano, o que resulta numa média1 ≈ 2 [1,6]
desmontes por dia (Cenário C).
Marga 202
A
Calcário 150
Marga 202
B
Calcário 67
Marga 202
C
Calcário 202
A Situação de Referência e a Situação Futura com projeto, em consequência das diferentes necessidades de
desmontes/detonações, têm cada uma delas necessidades diferentes no que respeita à carga e transporte de
calcário para a unidade de britagem da pedreira de Vale de Mós A.
1 De acordo com o Diagrama de fogo apresentado no Plano de Pedreira (projeto), realizar-se-á em média três pegas
(explosões) por semana. Contudo, por razões técnicas e de logística, poderá ser necessário, esporadicamente, realizar
duas pegas por dia. Este cenário, o mais desfavorável, é o considerado no presente fator ambiental.
Figura III.69 – Percurso a realizar entre a Pedreira de Vale do Covão (Sesimbra) e as Pedreiras Vale de Mós
A e B (Outão).
Assim, na Situação de Referência estima-se que serão necessários até 120 fretes por dia. O percurso a realizar
pelos camiões para o transporte de calcário tem aproximadamente 27,7 km, e passa pela Estrada EM 572,
EN 379, EN 10 e EN 10-4 e ER 379-1, de acordo com o ilustrado na Figura III.69.
Relativamente aos caminhos internos preferencialmente utilizados pelos equipamentos identificados no
Quadro III.42, estão identificados e ilustrados esquematicamente na Figura III.70.
Na Situação Atual, após o caminho de entrada, a pedreira é servida pelo Caminho A que se ramifica em dois
caminhos para a zona de extração Caminho A-1 e Caminho A-2.
Na Situação Futura, com projeto, será acrescentado o Caminho B, que servirá a zona para a qual se pretende
ampliar a pedreira.
b) «Atividade ruidosa temporária» a atividade que, não constituindo um ato isolado, tenha carácter não
permanente e que produza ruído nocivo ou incomodativo para quem habite ou permaneça em locais onde se
fazem sentir os efeitos dessa fonte de ruído tais como obras de construção civil, competições desportivas,
espetáculos, festas ou outros divertimentos, feiras e mercados”.
Tendo em consideração a especificidade do projeto, a Agência Portuguesa do Ambiente (APA) elaborou uma
nota técnica especifica para pedreiras e minas a céu aberto, denominada “Nota Técnica para avaliação do fator
ambiental Ruído em AIA de Pedreiras e Minas a céu aberto”1, onde se encontra definido que “Para os projetos
de ampliação de pedreiras/minas, considera-se dispensável a previsão dos níveis sonoros da fase de
construção (operações de desmatação, decapagem e construção de instalações associadas à ampliação),
uma vez que esta fase decorre em simultâneo com a fase de exploração, a qual se sobrepõe em termos de
impacte sonoro.”.
Face às definições anteriores, afigura-se adequado considerar que não será necessário o estudo da fase de
construção. De modo análogo, considera-se que à fase de desativação poderá ser dado o mesmo
enquadramento para a fase de construção. Assim, apenas tem interesse a seguinte relação:
• Ao tráfego rodoviário gerado pelo projeto na rede viária, conjugado com o tráfego próprio dessas vias,
deverão ser aplicáveis os limites acústicos legais associados a infraestruturas de transporte.
• Critério de Exposição Máxima [alínea a) do n.º 1 do Artigo 13.º e Artigo 11.º do DL 9/2007]:
o No essencial:
▪ Zona Mista: Lden ≤ 65 dB(A); Ln ≤ 55 dB(A).
▪ Zona Sensível: Lden ≤ 55 dB(A); Ln ≤ 45 dB(A).
▪ Zona sem Classificação: Lden ≤ 63 dB(A); Ln ≤ 53 dB(A).
o Os valores de Lden e Ln devem ser representativos da média energética anual, conforme
definições dos parâmetros, constante no Artigo 3.º (Definições) do DL 9/2007.
o
• Critério de Incomodidade [alínea b) do n.º 1 e n.º 5 do Artigo 13.º, e Anexo I do DL 9/2007]:
1https://apambiente.pt/_zdata/DAR/Ruido/NotasTecnicas_EstudosReferencia/NotaTecnica_Ruido_AIA_Pedreiras_Deze
mbro_2010.pdf
1 Agência Portuguesa do Ambiente – Nota técnica para avaliação do descritor Ruído em AIA. versão 2. 2010”
b) de modelos de simulação cujos dados de base procuram ser representativos do período mais longo
pretendido. Dado que o modelo simula tipicamente apenas algumas fontes de ruído, poderão existir
outras fontes de ruído relevantes, não modeladas, que contribuem para o ruído apercebido no local.
3. Um eventual aumento do ruído dos locais devido indiretamente ao projeto, nomeadamente em termos de
um aumento de tráfego rodoviário ou de um aumento de movimentação de pessoas, poderá não corresponder
a um aumento do Ruído Particular do Projeto mas sim a um aumento do Ruído Residual – até porque o ruído
das infraestruturas de transporte, à luz do Artigo 19.º (infraestruturas de transporte) do DL 9/2007, não
necessita de cumprir o Critério de Incomodidade, apenas o Critério de Exposição Máxima – o que deverá ser
analisado com bom senso, na medida da eventual incomodidade efetivamente experimentada pela
comunidade e na medida do benefício que o projeto possa trazer para essa comunidade.
Perante esta relativa indefinição da determinação do Ruído Residual, existem algumas metodologias que
apontam para a determinação indireta do Ruído Residual, por exemplo através da densidade populacional da
zona. De referir a este respeito a metodologia expressa no documento “Gjestland, Truls – Background noise
levels in Europe. SINTEF ICT, 2008”.
Outra das formas possíveis de determinar indiretamente os valores de Ruído Residual – ou de pelo menos dar
indicações associadas – é recorrer a valores caraterísticos associados a fontes de ruído típicas de ruído
residual, e estatísticas associadas, por exemplo estatísticas de dias de chuva e de dias de vento.
O Quadro III.45 e Quadro III.46 baseiam-se na informação disponível no seguinte endereço eletrónico:
https://www.meteoblue.com/pt/tempo/historyclimate/climatemodelled/set%c3%babal-%28s%c3%a3o-
juli%c3%a3o%29_portugal_8013160.
0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
1 0,3 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0,1
5 1,4 8,8 4,4 3,9 2,1 1,3 0,4 0,3 0,1 1,6 4,4 5,3 6,6
12 3,3 8,8 9,7 9,9 8,2 9 5 3 5,4 10,4 12,7 10,5 9,9
19 5,3 7,6 9,7 11,3 13 15,7 18,6 19,6 18,3 14,8 10,1 10 8,9
28 7,8 4,7 3,5 5,1 5,8 4,8 5,9 8 7,1 3,1 3,3 3,8 4,5
38 10,6 1 0,8 0,7 0,7 0,2 0,1 0,1 0,1 0,1 0,5 0,4 1
50 13,9 0,1 0,2 0,1 0,1 0 0 0 0 0 0 0,1 0,1
61 16,9 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
PERCENTAGEM DE
DIAS COM VENTO
SUPERIOR A
43% 50% 55% 66% 67% 82% 89% 82% 60% 45% 48% 47%
19 | 5,3
JAN. FEV. MAR. ABR. MAI. JUN. JUL. AGO. SET. OUT. NOV. DEZ.
DIAS DE CHUVA 8,9 8 7,4 7,6 6,5 2,2 1,2 1,5 4,2 8,8 8,6 9,8
PERCENTAGEM DE
29% 29% 24% 25% 21% 7% 4% 5% 14% 28% 29% 32%
DIAS DE CHUVA
Verifica-se assim ser seguro, para Setúbal, a atribuição de uma percentagem de ocorrência de chuva, ou vento,
em qualquer mês, de 40%. Admitindo um valor de 50 dB(A) associado ao ruído do vento ou da chuva1, tem-se
o seguinte valor médio energético, no mês mais crítico, de ruído residual:
50
10log (0,4 𝑥 10 ) ≈ 46dB(A)
10
Por segurança, por proximidade positiva, por corresponder ao valor abaixo do qual o Critério de Incomodidade
não é aplicável, afigura-se adequado considerar como valor mínimo de Ruído Residual nos locais (dia,
entardecer ou noturno):
LAeq = 45 dB(A)
A maior ou menor aplicabilidade deste valor para cada local em análise dependerá da aplicabilidade do valor
médio energético de 50 dB(A) do ruído da chuva ou do vento para o local – nomeadamente a maior ou menor
existência de superfícies onde a queda da chuva possa provocar maior ou menor ruído, ou a maior ou menor
existência de arborização onde o vento possa provocar maior ou menor ruído de agitação da folhagem – e
também da probabilidade de ocorrência de chuva ou vento aquando da ocorrência da atividade ruidosa do
projeto em apreço, na medida em que o “Guia prático para as medições de ruído ambiente”2 da APA estabelece
o seguinte relativamente à determinação do ruído residual:
“…
- assegurar que a contribuição das fontes que compõem o ruído residual seja idêntica à verificada no ensaio
relativo ao ruído ambiente, sem prejuízo de caracterizar, se necessário, outros patamares do ruído residual no
período de referência;
(...)
- realizar-se em dias da semana e em horários que sejam, do ponto de vista acústico, comparáveis com os
dias da semana e horários nos quais tenha sido realizado o ensaio referente ao ruído ambiente. Deste modo,
com exceção de zonas que evidenciem estabilidade do ponto de vista acústico ao longo de todos os dias
semanais (o que deverá ser justificado em relatório), não devem ser comparados, e dando o exemplo de uma
situação comum, dados acústicos respeitantes ao ruído ambiente recolhidos em dias de fim-de-semana ou
feriados com dados do ruído residual que tenham sido recolhidos em dias úteis da semana, e vice-versa”.
1https://audiology-web.s3.amazonaws.com/migrated/NoiseChart_Poster-%208.5x11.pdf_5399b289427535.
32730330.pdf.
2 “Agência Portuguesa do Ambiente – Guia prático para medições de ruído ambiente - no contexto do Regulamento Geral
• Fonte de ruído: “a ação, atividade permanente ou temporária, equipamento, estrutura ou infraestrutura que
produza ruído nocivo ou incomodativo para quem habite ou permaneça em locais onde se faça sentir o seu
efeito”.
• Indicador de ruído diurno (Ld) ou (Lday): “o nível sonoro médio de longa duração, conforme definido na
Norma NP 1730-1:1996, ou na versão atualizada correspondente, determinado durante uma série de
períodos diurnos representativos de um ano”.
• Indicador de ruído do entardecer (Le) ou (Levening): “o nível sonoro médio de longa duração, conforme
definido na Norma NP 1730-1:1996, ou na versão atualizada correspondente, determinado durante uma
série de períodos do entardecer representativos de um ano”.
• Indicador de ruído noturno (Ln) ou (Lnight): “o nível sonoro médio de longa duração, conforme definido
na Norma NP 1730-1:1996, ou na versão atualizada correspondente, determinado durante uma série de
períodos noturnos representativos de um ano”.
• Período de referência: “o intervalo de tempo a que se refere um indicador de ruído, de modo a abranger
as atividades humanas típicas, delimitado nos seguintes termos:
i. Período diurno—das 7 às 20 horas;
ii. Período do entardecer—das 20 às 23 horas;
iii. Período noturno—das 23 às 7 horas”.
• Recetor sensível: “o edifício habitacional, escolar, hospitalar ou similar ou espaço de lazer, com utilização
humana”.
• Ruído ambiente: “o ruído global observado numa dada circunstância num determinado instante, devido ao
conjunto das fontes sonoras que fazem parte da vizinhança próxima ou longínqua do local considerado”.
• Ruído particular: “o componente do ruído ambiente que pode ser especificamente identificada por meios
acústicos e atribuída a uma determinada fonte sonora”.
• Ruído residual: “o ruído ambiente a que se suprimem um ou mais ruídos particulares, para uma situação
determinada”.
• Zona mista: “a área definida em plano municipal de ordenamento do território, cuja ocupação seja afeta a
outros usos, existentes ou previstos, para além dos referidos na definição de zona sensível”.
• Zona sensível: “a área definida em plano municipal de ordenamento do território como vocacionada para
uso habitacional, ou para escolas, hospitais ou similares, ou espaços de lazer, existentes ou previstos,
podendo conter pequenas unidades de comércio e de serviços destinadas a servir a população local, tais
como cafés e outros estabelecimentos de restauração, papelarias e outros estabelecimentos de comércio
tradicional, sem funcionamento no período noturno”.
1 Apenas se apresenta os limites para a fase de exploração e para inexistência de Classificação Acústica, pois é o aplicável
ao caso em apreço. Considera-se também a Regra de Boa Prática da APA aplicável a infraestruturas de transporte
De notar que o cumprimento dos limites acústicos legais está vertido na Significância dos Impactes, sendo aí
utilizados todos os parâmetros legais aplicáveis (LAeq, LAr, Lden, Ln, Ld e Le):
• Previsão de cumprimento dos limites acústicos legais e RBP-APA: Impacte Pouco Significativo.
1https://www.apambiente.pt/_zdata/DAR/Ruido/NotasTecnicas_EstudosReferencia/NotaTecnica_avaliacao_descritor
_Ruido_AIA.pdf.
2Idem.
3https://www.apambiente.pt/_zdata/DAR/Ruido/NotasTecnicas_EstudosReferencia/Criterios_analise_relacoes_expos
icao_impacte_ruido_infra_estruturas_transporte.pdf.
4 http://doutoramento.schiu.com/versao-digital-tese/TeseDoutoramentoVCR.pdf.
5 Em 2008, a Comissão iniciou o desenvolvimento do quadro metodológico comum de avaliação do ruído através do
projeto CNOSSOS-UE (Common Noise Assessment Methods in Europe/Métodos Comuns de Avaliação do Ruído na
Europa). A Diretiva com o estabelecimento dos métodos foi publicada em 2015, e transposta pelo DL 136-A/2019. A
utilização dos novos métodos é obrigatória desde janeiro de 2019.
• entardecer (20h-23h):
• não ampliação: LAw/m2 = 67 dB(A)/m2.
• ampliação: LAw/m2 = 76 dB(A)/m2.
• noite (23h-7h):
• não ampliação: LAw/m2 = 67 dB(A)/m2.
• ampliação: LAw/m2 = 76 dB(A)/m2.
• Fator D do diferencial permitido: 1/8 = 12.5%: D = 3 (ver n.º 2 e n.º 3 do Anexo I
do DL 9/2007).
▪ Explosões: Para o caso particular das explosões foi considerado:
• A mesma equação da Situação Atual e da Situação de Referência.
• uma distância de propagação segura, associada à menor distância entre os limites da pedreira
e as Situações em análise (mesma distância da Situação Atual para S01, menor distância para
S02):
• S01 (Vale da Rasca): R03: d = 330 m.
• S02 (Hospital): R01: d = 550 m.
• Um nível de potência sonora típico de 130 dB(A) para cada explosão, de onde resultam os
seguintes valores seguros:
• S01 (Vale da Rasca): R03: LAeq,1s ≈ 69 dB(A).
• S02 (Hospital): R01: LAeq,1s = 130–11– 20log(550) ≈ 64dB(A).
• As explosões apenas ocorrem em dias úteis às 12:00.
• Condições atmosféricas:
o Temperatura e humidade média anual: 15 ºC; 70 %.
o Ocorrência de condições favoráveis e desfavoráveis de propagação sonora (gradientes de
temperatura e de vento): Média anual:
Na ausência de dados específicos considerou-se o preconizado no “Good Practice Guide for Strategic
Noise Mapping and the Production of Associated Data on Noise Exposure, 2007”, adaptados aos
períodos Portugueses de acordo com “Rosão, Vítor; Antunes, Sónia - Limitações e Opções Alternativas
da Modelação na Componente Ruído. Castelo Branco, CNAI, 2006”:
▪ 52 % de ocorrência de condições favoráveis em todas as direções no período diurno;
▪ 75 % de ocorrência de condições favoráveis em todas as direções no período entardecer;
▪ 100% de ocorrência de condições favoráveis em todas as direções no período noturno.
• Tipo de solo: Considerou-se um coeficiente de absorção sonora médio do solo (α) igual a 0.5, por
segurança, apesar da prevalência de solos permeáveis.
• Algoritmo de cálculo:
o Erro máximo permitido: 0 dB;
o Raio máximo de busca: 2000 metros;
• Cartografia:
o Curvas de nível: Considerou-se as curvas de nível de 2 m em 2 m disponíveis para a área do
projeto, e de 10m em 10m para os Recetores Exteriores e para as estradas consideradas (ER10-
4, ER379-1, EN10-4 e ER 379-1).
o Na zona da pedreira de Vale de Mós foram disponibilizadas curvas de nível da Situação Atual, e
as curvas de nível previstas para 2057 para a exploração da Pedreira na Situação de Referência
(cota 40 m; evolução da Situação Atual sem projeto), e para 2054 para a Situação Futura com
projeto (cota 80m). As fontes de ruído horizontais em área consideradas no modelo de simulação
acústica ajustam-se ao terreno definido, através de configuração própria do Cadna A, garantindo
que eventuais fontes “enterradas”, pela modelação do terreno e da fonte, são modeladas ao nível
do terreno.
o Edifícios:
▪ Atuais:
• Informação planimétrica disponibilizada. Consideração de 3 m de altura para cada piso.
• Coeficiente de absorção sonora dos edifícios: 0,3.
▪ Futuro (sem e com projeto):
• Os mesmos edifícios da situação atual. Informação planimétrica disponibilizada. Consideração
de 3 m de altura para cada piso.
• Coeficiente de absorção sonora dos edifícios: 0,3.
Figura III.71 – Esquema das vias, fontes de ruído, Pontos de Medição e Recetores (Situação Atual).
Figura III.72 – Esquema das vias, fontes de ruído, Pontos de Medição e Recetores (Situação de Referência).
Figura III.73 – Esquema das vias, fontes de ruído, Pontos de Medição e Recetores (Situação Futura de
exploração com Projeto).
De notar que foi disponibilizada cartografia 3D da pedreira e zona envolvente, o que permite contemplar o
efeito da orografia na propagação de ruído. Ver aspetos 3D da Situação de Referência e da Situação Futura
(cenário de aumento de cota de exploração) do modelo acústico criado na Figura III.74 e Figura III.75,
respetivamente.
Fonte em Área
Fonte em Área
No que concerne à não influência do ruído da pedreira nos Recetores Sensíveis envolventes (Vale da Rasca
e Hospital) determinada através das medições in situ realizadas no âmbito do presente Estudo, considera-se
adequado verificar/reforçar tal conclusão através da consulta e leitura do Relatório de Ensaio "REra009/19"
("Avaliação de Ruído Ambiente e Medição dos Níveis de Pressão Sonora: Determinação do nível sonoro médio
de longa duração Critério de incomodidade. Abril de 2019"). Nesse relatório foram efetuadas medições em 3
pontos distintos, a saber:
1. habitações localizadas a Norte da pedreira Vale de Mós A e Vale de Mós B, em Vale da Rasca;
2. na capela localizada a Norte da pedreira Vale de Mós A e Vale de Mós B (local do Vale da Rasca
potencialmente mais exposto ao ruído da pedreira (sensivelmente Recetor R03 do presente Estudo);
3. Hospital Ortopédico Sant’Iago do Outão, localizado a Sul da pedreira Vale de Mós A e Vale de Mós B.
Os resultados obtidos resumem-se em:
1. Ld=50 dB(A); Le=42 dB(A); Ln=41 dB(A); Lden=50 dB(A) (funcionamento da pedreira não audível);
2. Ld=45 dB(A); Le=45 dB(A); Ln=43 dB(A); Lden=50 dB(A) (funcionamento da pedreira não audível);
3. Ld=45 dB(A); Le=44 dB(A); Ln=43 dB(A); Lden=49 dB(A) (funcionamento da pedreira e da unidade fabril
não audível);
Confirma-se assim que na Situação Atual o ruído associado à área da pedreira de Vale de Mós A e Vale de
Mós B, apercebido nos Recetores Sensíveis mais próximos é negligenciável.
• http://apambiente.pt/_zdata/DAR/Ruido/SituacaoNacional/MapasRuidoMunicipais/Mapasderuid
omunicipais_ago2018.pdf
• https://dre.pt/web/guest/pesquisa/-
/search/222642/details/maximized?perPage=50&q=Lei+n.%C2%BA%2010%2F97%2Fen
• https://www.mun-setubal.pt/pdm/
Estes endereços possuem informação sobre Mapa de Ruído Municipal e Plano Diretor Municipal. Foram ainda
disponibilizados dados adicionais por parte da SECIL, que foram igualmente considerados.
Foi também consultada informação sobre o concelho de Sesimbra, dado o tráfego de camiões entre a Pedreira
Vale do Covão (Sesimbra) e a Pedreira Vale de Mós (SECIL-Outão) abranger também o concelho de Sesimbra:
https://apambiente.pt/_zdata/DAR/Ruido/SituacaoNacional/MapasRuidoMunicipais/Mapasde
ruidomunicipais_ago2018.pdf:
• Lden:
http://www.apambiente.pt/_zdata/DAR/Ruido/SituacaoNacional/MapasRuidoMunicip ais/Sesimbra_Lden.pdf.
• Ln:
http://www.apambiente.pt/_zdata/DAR/Ruido/SituacaoNacional/MapasRuidoMunicip ais/Sesimbra_Ln.pdf.
1.9.5.2. Resultados
A Fábrica da SECIL foi modelada, no mapa de ruído municipal, como uma fonte horizontal em área com
LAW/m2 =»64 dB(A)/m2. Será essa a potência sonora considerada no mapa de ruído desenvolvido no presente
Estudo.
Relativamente a outras vias onde passa o tráfego de camiões entre Vale do Covão (Sesimbra) e Vale Mós
(SECIL – Outão), apresentam-se, na Figura III.78 e Figura III.79, a junção dos Mapas de Ruído de Sesimbra e
de Setúbal, identificando as vias em causa, EM572, EN379-1 (não modelada do Mapa de Ruído de Setúbal),
EN10 e EN10-4 (não modelada).
Figura III.78 – Junção do Mapa de Ruído de Setúbal com o Mapa de ruído de Sesimbra com identificação das
vias com tráfego de camiões Vale do Covão / Vale de Mós (parâmetro Lden).
Figura III.79 – Junção do Mapa de Ruído de Setúbal com o Mapa de ruído de Sesimbra com identificação das
vias com tráfego de camiões Vale do Covão / Vale de Mós (parâmetro Ln).
Verifica-se assim que, de acordo com os Mapas de Ruído Municipais, das vias onde passa o tráfego de
camiões Vale do Covão / Vale de Mós, as seguintes vias possuem níveis sonoros acima dos limites legais de
Zona Mista [Lden ≤ 65 dB(A) ou Ln ≤ 55 dB(A)] nos edifícios mais próximos dessas vias: EN10 e EN379.
1.9.5.2.3.1 Mapa de ruído e previsões individuais desenvolvidos
Uma vez que os Mapas de Ruído desenvolvidos com base na NMPB’96 (ver DL 146/2006; como é o caso dos
mapas de ruído municipais disponíveis) possuem normalmente uma exposição ao ruído superior à realidade,
considerou-se adequado desenvolver um modelo acústico próprio que permita obter valores mais próximos da
realidade, tendo em conta a utilização das bases de dados de emissão sonora rodoviária mais recentes
constantes no método CNOSSOS, conforme estabelecido na Diretiva 2015/996 (DL 136-A/2019).
O Mapa de Ruído desenvolvido para a Situação Atual tem assim em conta os princípios estabelecidos no
capítulo “Modelo de simulação acústica” e os dados de tráfego específicos da Situação Atual apresentados no
Quadro III.48 (localização das vias na Figura III.71), resultantes da informação disponibilizada [Mapa de Ruído
do Concelho de Setúbal ainda em fase de aprovação (2019), e o Relatório de Ensaio (Rera007/19) SECIL,
S.A. ("Avaliação de Ruído Ambiente e Medições dos Níveis de Pressão Sonora: Determinação do nível sonoro
médio de longa duração Critério de incomodidade. Abril de 2019")].
Quadro III.48 – Dados de tráfego e de via considerados para o Mapa de Ruído desenvolvido (Situação Atual)
ER379-1-B 50 40 130 10 11 0 0 0
Pavimento em todas as vias: CNS01: Pavimento de referência do método CNOSSOS, constituído por: “… média de betão betuminoso denso 0/11 e de
mistura betuminosa do tipo SMA (stone mastic asphalt) 0/11, com 2 a 7 anos, em condições de manutenção representativa”.
% Pesados: Considerou-se, na ausência de informação específica, 50% de pesados de 2 eixos (Categoria CNOSSOS C2) e 50% de Pesados de 3 ou
mais eixos (Categoria CNOSSOS C3). No caso concreto da EN10-4 e ER379-1, considerou-se por segurança 100% de pesados de 3 ou mais eixos
(Categoria CNOSSOS C3).
Na Figura III.80 e Figura III.81 apresentam-se os Mapas de Ruído (Lden e Ln respetivamente) desenvolvidos
para a Situação Atual. A altura das previsões do Mapa de Ruído desenvolvido é 4 m de altura acima do solo,
e a malha de cálculo utilizada 10x10 metros. No Quadro III.49 apresentam-se as previsões em Recetores
individualizados (Figura III.80 e Figura III.81) incluindo os Pontos de Medição in situ (PM01 a PM04). No Quadro
III.49são também indicadas as coordenadas geográficas e as alturas dos diferentes Pontos/Recetores.
Os pontos de previsão (Recetores) considerados no presente Estudo correspondem sobretudo a Recetores
localizados nas fachadas mais expostas, dos edifícios com sensibilidade ao ruído (Recetores Sensíveis:
“edifício habitacional, escolar, hospitalar ou similar ou espaço de lazer, com utilização humana”), mais expostos
ao ruído previsto, tendo por base o n.º 4 do Artigo 11.º (valores limite de exposição) do DL 9/2007: “Para efeitos
de verificação de conformidade dos valores fixados no presente artigo, a avaliação deve ser efetuada junto do
ou no recetor sensível …”. Por segurança, consideram-se recetores na localidade de Vale da Rasca contíguos
à via ER10-4 no sentido de avaliar as alterações de tráfego rodoviário (principalmente de veículos pesados),
bem como de recetores mais próximos da pedreira para avaliação da exposição ao ruído proveniente desta
fonte.
A comparação dos Mapas de Ruído Municipais (Figura III.76 e Figura III.77) com o Mapa de Ruído
desenvolvido, revela, conforme expetável – dada a utilização de base de dados de emissão sonora rodoviária
mais recentes no Mapa de Ruído desenvolvido, bem como de fontes sonoras não consideradas no Mapa de
Ruído Municipal – níveis de exposição sonora diferentes. Em concreto, no Mapa de Ruído desenvolvido, a
localidade de Vale da Rasca apresenta valores mais elevados uma vez que nos Mapas de Ruído Municipal
não foi considerada a ER 10-4 para a modelação, tal como a pedreira Vale de Mós A e Vale de Mós B.
Relativamente ao recetor sensível Hospital Ortopédico de Sant’Iago do Outão, é de referir que o Mapa de
Ruído Municipal considerou apenas a ER 379-1 até ao Porto da SECIL, ou seja, a secção da ER 379-1 que
passa junto ao hospital não foi modelada. No Mapa de Ruído desenvolvido, este troço foi considerado e
modelado.
As previsões individuais do Quadro III.49 (previsões associadas ao Mapa de Ruído) revelam que em nenhum
Recetor Sensível, ou ponto de medição, se prevê níveis sonoros cima dos limites acústicos legais de Zona
sem Classificação [Lden ≤ 63 dB(A); Ln ≤ 53 dB(A)].
As previsões e diferenciais individuais do Quadro III.50 (previsões associadas ao Critério de Incomodidade;
previsão no período noturno associada apenas ao período de funcionamento 23h-24h, e limite do critério de
incomodidade no período noturno adaptado à duração da atividade) revelam que em nenhum Recetor Sensível
se prevê a ultrapassagem do Critério de Incomodidade. O Ruído Particular da pedreira foi determinado, no
modelo de simulação acústica, considerando apenas essa fonte de ruído em funcionamento (exclusão do
tráfego rodoviário e da Fábrica da SECIL). O Ruído Residual foi determinado considerando em funcionamento
o tráfego rodoviário e a Fábrica da SECIL (exclusão das fontes de ruído da pedreira), assumindo um Ruído
Residual mínimo de 45 dB(A), como demonstrado no capítulo “Ruído Residual”. O Ruído Ambiente foi
determinado através da soma energética dos valores do Ruído Particular com o Ruído Residual. Tendo em
conta a orografia, os Recetores, em Vale da Rasca, onde são maiores os níveis Sonoros associados à Pedreira
são R05 e R10.
Quadro III.49 – Níveis sonoros em Recetores individualizados (Situação Atual; previsão associada ao Mapa
de Ruído).
Quadro III.50 – Níveis sonoros em Recetores individualizados (Situação Atual; previsão associada ao Critério
de Incomodidade).
• Situação Atual: 1 explosões por dia (capítulo “Modelo de simulação acústica” e Quadro III.43):
o LAeq (7h-20h) = LAeq,1s + 10log((3x1s)/(3600’13)) =
▪ S01 (Vale da Rasca): R03: LAeq (7h-20h) ≈ 69 – 47 = 22 dB(A).
▪ S02 (Hospital): R01: LAeq (7h-20h) ≈ 64 – 47 = 22 dB(A).
Verifica-se assim que, em termos médios energéticos – com interesse para os limites acústicos legais – as
explosões têm uma contribuição pouco relevante, sem influência nas análises anteriores associadas ao Critério
de Exposição Máxima (mapa de ruído) e ao Critério de Incomodidade.
Níveis sonoros, do Ruído Particular dos camiões que efetuam o percurso Vale do Covão / Vale de Mós, para
Recetores Sensíveis imediatamente próximos das vias, assumindo, por segurança, uma velocidade de
circulação de 90 km/h, e veículos pesados da categoria CNOSSOS C3 (3 ou mais eixos):
Verifica-se assim que é pouco significativa (mais de 10 dB abaixo: 65-53=12dB) a contribuição atual do tráfego
de camiões Vale do Covão / Vale de Mós para os incumprimentos patentes nos Mapas de Ruído Municipais
na envolvente da EN 10 e da EN379.
1.9.5.2.3.2 Medições in situ
No Quadro III.51 apresenta-se a comparação dos valores medidos e dos valores previstos nos pontos de
medição, sendo que o gráfico da Figura III.82 permite uma leitura mais detalhada dos dados obtidos no quadro.
As medições foram efetuadas entre os dias 6 e 13 de março de 2020, apresentando-se em seguida uma análise
dos valores obtidos, em relação aos valores previstos.
Quadro III.51 – Comparação dos valores medidos com os valores previstos (Situação Atual).
Figura III.82 – Comparação dos valores Lden medidos e valores previstos (Situação Atual) nos diferentes
pontos de medição.
• PM01: Durante as medições foi percetível e audível a influência do Porto da SECIL (considerando todas as
instalações a ele associadas). Ainda que as previsões revelem valores significativamente mais baixos do
que os registados in situ (o que resulta da não modelação do porto da SECIL e do ruído do mar), tais valores
têm na base os dados de Tráfego, que deverão ser mais representativos da média anual – objetivo legal –
pelo que se afigura adequado o desenvolvimento do presente Estudo na base dos resultados do Mapa de
Ruído desenvolvido.
• PM02, PM03 e PM04: Durante as medições era audível o ruído esporádico de tráfego rodoviário na via
ER10-4 que atravessa Vale da Rasca, não sendo, todavia, audível ruído proveniente da pedreira. Aqui as
previsões revelam valores um pouco mais elevados do que os registados in situ, o que coloca o modelo
numa posição de segurança e revelam uma modelação segura, pelo que se afigura adequado que o
presente Estudo tenha por base os resultados do Mapa de Ruído desenvolvido. Na Situação futura será
considerada igual base metodológica, de acordo com os dados de tráfego disponibilizados.
Quadro III.52 – Dados de tráfego considerados para o Mapa de Ruído (Situação de Referência; início de
exploração 2020).
ER379-1-B 50 40 130 10 11 0 0 0
Pavimento em todas as vias: CNS01: Pavimento de referência do método CNOSSOS, constituído por: “… média de betão betuminoso denso 0/11 e de
mistura betuminosa do tipo SMA (stone mastic asphalt) 0/11, com 2 a 7 anos, em condições de manutenção representativa”.
% Pesados: Considerou-se, na ausência de informação específica, 50% de pesados de 2 eixos (Categoria CNOSSOS C2) e 50% de Pesados de 3 ou
mais eixos (Categoria CNOSSOS C3). No caso concreto da EN10-4 e ER379-1, considerou-se por segurança 100% de pesados de 3 ou mais eixos
(Categoria CNOSSOS C3).
Quadro III.53 – Dados de tráfego considerados para o Mapa de Ruído (Situação de Referência; horizonte de
exploração 2057).
ER379-1-B 50 40 135 12 14 0 0 0
Pavimento em todas as vias: CNS01: Pavimento de referência do método CNOSSOS, constituído por: “… média de betão betuminoso denso 0/11 e de
mistura betuminosa do tipo SMA (stone mastic asphalt) 0/11, com 2 a 7 anos, em condições de manutenção representativa”.
% Pesados: Considerou-se, na ausência de informação específica, 50% de pesados de 2 eixos (Categoria CNOSSOS C2) e 50% de Pesados de 3 ou
mais eixos (Categoria CNOSSOS C3). No caso concreto da EN10-4 e ER379-1, considerou-se por segurança 100% de pesados de 3 ou mais eixos
(Categoria CNOSSOS C3).
Os Mapas de Ruído para 2057 obtidos apresentam-se na Figura III.83 (Lden) e Figura III.84(Ln) relativos à
Situação de Referência (horizonte da exploração em 2057). A altura das previsões dos Mapas de Ruído é 4 m
de altura acima do solo, e a malha de cálculo 10x10 metros.
Os níveis sonoros individualizados obtidos associados ao Mapa de Ruído (Critério de Exposição Máxima) estão
no Quadro III.54 (2020) e no Quadro III.55 (2057). Os níveis sonoros individualizados obtidos associados ao
Critério de Incomodidade estão no Quadro III.56.
Na nova configuração da fonte de ruído da pedreira, o Recetor mais exposto, em Vale da Rasca, ao ruído da
pedreira é, em 2020, R09 e em 2057, R07.
Quadro III.54 – Níveis sonoros em Recetores individualizados (Situação de Referência 2020; previsão
associada ao Mapa de Ruído).
Quadro III.55 – Níveis sonoros em Recetores individualizados (Situação de Referência, horizonte de projeto,
2057; previsão associada ao Mapa de Ruído).
Quadro III.56 –Níveis sonoros em Recetores individualizados (Situação de Referência, 2020; previsão
associada ao Critério de Incomodidade).
Quadro III.57 – Níveis sonoros em Recetores individualizados (Situação de Referência, 2057; previsão
associada ao Critério de Incomodidade).
A análise do Quadro III.54 (2020) e do Quadro III.55 (2057). permite verificar que se prevê, para a Situação de
Referência, cumprimento do Critério de Exposição Máxima – limite de Zona sem Classificação [Lden ≤ 63
dB(A) e Ln ≤ 53 dB(A)] – em todos os recetores sensíveis (R01 a R17) em Lden e Ln. Também se prevê
cumprimentos em todos os pontos de medição in situ (PM01 a PM04) do Critério de Exposição Máxima.
Relativamente ao Critério de Incomodidade perspetiva-se o seu cumprimento, de acordo com o Quadro III.56
e Quadro III.57, onde se prevê o cumprimento de todos os limites acústicos legais associados ( Ld ≤ 5 dB, Le
≤ 4 dB e Ln ≤ 6 dB).
Níveis Sonoros associados às explosões, para os Recetores mais expostos:
• Situação de Referência (a partir de 2037): 2 explosões por dia1 (capítulo “Modelo de simulação acústica” e
Quadro III.43):
o LAeq (7h-20h) = LAeq,1s + 10log((2x1s)/(3600 13)) =
▪ S01 (Vale da Rasca): R03: LAeq (7h-20h) ≈ 69 – 47 = 22 dB(A).
▪ S02 (Hospital): R01: LAeq (7h-20h) ≈ 64 – 47 = 17dB(A).
Verifica-se assim que, em termos médios energéticos – com interesse para os limites acústicos legais – as
explosões têm uma contribuição, na Situação de referência, pouco relevante, sem influência nas análises
anteriores associadas ao Critério de Exposição Máxima (mapa de ruído) e ao Critério de Incomodidade.
Níveis sonoros, do Ruído Particular dos camiões que efetuam o percurso Vale do Covão / Vale de Mós, para
Recetores Sensíveis imediatamente próximos das vias, assumindo, por segurança, uma velocidade de
circulação de 90 km/h, e veículos pesados da categoria CNOSSOS C3 (3 ou mais eixos):
• Tráfego atual médio de camiões Vale do Covão / Vale de Mós, previsto manter-se até 2037, na Situação
de Referência:
o Período diurno (7h-20h): ≈ 3/hora.
o Período do entardecer (20h-23h): ≈ 3/hora.
o Período noturno (23h-7h): 0/hora
• Níveis sonoros na imediata proximidade das vias, devido exclusivamente aos camiões afetos ao percurso
Vale do Covão / Vale de Mós, para a Situação de Referência até 2037:
o Período diurno (7h-20h): ≈ 53 dB(A).
o Período do entardecer (20h-23h): ≈ 53 dB(A).
o Período noturno (23h-7h): - ∞ dB(A) (ausência de tráfego de camiões)
o Lden ≈ 53 dB(A).
• Tráfego médio de camiões Vale do Covão / Vale de Mós, previsto após 2037 até 2057, na Situação de
Referência:
o Período diurno (7h-20h): ≈ 11/hora.
o Período do entardecer (20h-23h): ≈ 11/hora.
o Período noturno (23h-7h): 0/hora
1 De acordo com o Diagrama de fogo apresentado no Plano de Pedreira (projeto), realizar-se-á em média três pegas
(explosões) por semana. Contudo, por razões técnicas e de logística, poderá ser necessário, esporadicamente, realizar
duas pegas por dia. Este cenário, o mais desfavorável, é o considerado no presente fator ambiental.
• Níveis sonoros na imediata proximidade das vias, devido exclusivamente aos camiões afetos ao percurso
Vale do Covão / Vale de Mós, para a Situação de Referência entre 2037 e 2057:
o Período diurno (7h-20h): ≈ 59 dB(A).
o Período do entardecer (20h-23h): ≈ 59 dB(A).
o Período noturno (23h-7h): - ∞ dB(A) (ausência de tráfego de camiões)
o Lden ≈ 59 dB(A).
Verifica-se assim que na Situação de Referência, até 2037, é pouco significativa (mais de 10 dB abaixo:
65-53=12dB) a contribuição do tráfego de camiões Vale do Covão / Vale de Mós para os incumprimentos
patentes nos Mapas de Ruído Municipais na envolvente da EN 10 e da EN379.
A partir de 2037 e até 2057, na Situação de Referência, passa a ter alguma contribuição (menor do que 10 dB:
65-59=6dB) o tráfego de camiões Vale do Covão / Vale de Mós para os incumprimentos patentes nos Mapas
de Ruído Municipais na envolvente da EN 10 e da EN379. Nos casos em que atualmente os níveis sonoros
associados ao restante tráfego estão a cumprir no limite [Lden ≈ 65 dB(A)] prevê-se que passem a ter um
incumprimento de 1 dB na Situação de Referência a partir de 2037: 59 65 ≈ 66 dB(A).
1.10. VIBRAÇÕES
1.10.1. Considerações teóricas
O desmonte de rocha com explosivos origina um conjunto de ações benéficas e um conjunto de ações
prejudiciais. As primeiras estão relacionadas especificamente com a atividade industrial extrativa, envolvendo
o arranque da rocha do maciço e a sua fragmentação, facilitando assim a sua remoção, transporte e posterior
processamento. As ações prejudiciais estão relacionadas com as vibrações induzidas no maciço, os ruídos, os
gases, as poeiras e a projeção de material (partículas e/ou blocos) que podem, individualmente ou conjugadas,
causar danos a estruturas e transtornos na envolvente.
O facto de esta exploração decorrer a céu aberto faz com que seja desprezável a importância dos efeitos da
libertação de gases. Da mesma forma, a projeção de blocos não se afigura um problema devido à distância
até aos limites de terreno e, principalmente, devido à orientação das frentes de desmonte que estão orientadas
no sentido oposto ao das estruturas mais próximas. Assim, interessa estudar o efeito das vibrações motivadas
pelos explosivos nas estruturas vizinhas e na incomodidade das populações, de forma a enquadrar esses
efeitos no normativo em vigor.
Segundo Johnson (1971), a expressão que melhor representa a propagação das vibrações ao longo de um
maciço rochoso ou estrutura é:
v = a Qb Dc
onde:
v - velocidade de pico crítica de partícula [mm/s];
Q - quantidade de explosivo detonado num instante [kg];
D - distância entre a detonação e o local em estudo [m];
a, b, c - constantes dependentes das características da rocha, tipo de explosivo e técnica de desmonte.
Quantidade instantânea de
explosivo detonado (Q em kg)
Figura III.85 – Perfil esquemático das principais variáveis que influenciam as vibrações.
A compilação e análise decorrente de vários estudos nacionais e internacionais permite estabelecer, com
alguma aproximação, os valores das variáveis que regem as detonações de explosivos. No Quadro III.58 são
apresentados os valores característicos das constantes a, b e c, para diferentes tipos de rocha, destacando-se
os valores correspondentes ao calcário.
Uma vez que o material explorado se integra num maciço calcário e margoso, e numa primeira aproximação,
a expressão mais próxima para que representaria a velocidade vibratória deveria ser próxima de:
Quadro III.59 – Valores limite recomendados para a velocidade de vibração de pico [mm/s].
FREQUÊNCIA DOMINANTE, F
TIPO DE ESTRUTURAS
F ≤ 10 HZ 10 HZ < F ≤ 40 HZ F > 40 HZ
Para efeitos de análise retrospetiva, até à revisão sofrida em junho de 2015, estava em vigor a norma NP-2074
(1983), que estabelecia valores para a velocidade de vibração de pico vL (mm/s), de acordo com a expressão:
vL = 10-2
A utilização desta expressão dentro da gama possível das constantes , e permitia a construção do Quadro
III.60. Era assim esta a norma que estava em vigor até junho de 2015, ou seja, a norma aplicável entre 1893 e
2015 nas pedreiras Vale de Mós A e Vale de Mós B.
Quadro III.60 – Valores limite da velocidade de vibração de pico [mm/s] antes da revisão de 2015.
Quadro III.61 – Magnitudes de vibração máximas satisfatórias em relação à resposta humana para até três
eventos de vibração por dia.
Dia[C] 6 a 10[B]
Residencial Noite[D] 2
Outros[E] 4,5
Escritórios[A] Qualquer 14
Oficinas[A] Qualquer 14
[A] Não estão abrangidas por esta norma as zonas de trabalho críticas onde são desenvolvidas atividades delicadas que implicam
outros critérios que transcendem o conforto humano.
[B] Em zonas residenciais as pessoas apresentam uma larga variação na tolerância a vibrações. Valores específicos dependem de
fatores sociais e culturais. Deverá ser usado o valor inferior da magnitude, sendo o superior aplicável em casos pontuais justificados.
[C] Dias úteis das 8h às 18h, Sábados das 8h às 13h.
[D] 23h às 7h.
[E] Outros horários que não o período do dia ou noite.
O quadro acima (Quadro III.62), também de acordo com a norma britânica, recomenda magnitudes de vibração
abaixo das quais a probabilidade de reclamações é baixa (o ruído causado por qualquer vibração estrutural
não é considerado). A duplicação das magnitudes de vibração sugeridas pode resultar em reclamações, e
essas reclamações aumentarão significativamente se as magnitudes forem quadruplicadas.
Refira-se que os valores referidos no quadro anterior implicam que as medições ocorram numa superfície
resistente no exterior do edifício, analogamente ao que ocorre para as medições de caráter estrutural (da
NP 2074).
Quadro III.62 – Número de eventos de vibrações de pico [mm/s] registadas entre 2006 e 2012.
ANOS RESULTANTE < 0,5 RESULTANTE [0,5; 1] RESULTANTE ]1; 1,5] RESULTANTE > 1,5 TOTAL
2006 31 60 12 0 103
2007 56 38 26 1 121
2008 68 28 20 0 116
2009 64 32 14 0 110
2010 54 45 4 0 103
2011 71 28 4 0 103
2012 48 48 13 0 109
Total 392 279 93 1 765
% 51,24% 36,47% 12,16% 0,13% 100%
Pela observação do Quadro III.63 é possível verificar que, entre 2013 e 2017, em 1681 desmontes, foram
medidos 1343, correspondendo a cerca de 80% de eventos monitorizados. Trata-se assim de uma exploração
onde prevalece um sistemático acompanhamento das vibrações.
No mesmo período (Quadro III.64), para os 1343 registos efetuados, verifica-se que cerca de 60 % se situam
abaixo de 0,5 mm/s, estando apenas 6,3 % acima de 1 mm/s (já por si um valor significativamente reduzido).
Observando-se os valores máximos registados em cada ano, verifica-se que desde 2015 nenhum valor
ultrapassou 1,6 mm/s.
No que se refere aos valores mais recentes, medidos em 2018, 2019 e 2020, a SECIL efetuou 479 registos.
De todos os registos efetuados, 99,23% foram inferiores a 1,5 mm/s, tendo-se obtido um valor máximo de
1,692 mm/s nesses dois anos e meio (Quadro III.65). Refira-se que os locais de instalação dos sismógrafos
são sempre mais próximos das detonações que as respetivas estruturas a defender, ou seja, os valores
registados são sempre superiores aos que chegam às estruturas.
Refira-se que de todos os registos disponíveis, foram registados 1930 valores da frequência dominante, sendo
70,4% dos valores inferiores ou iguais a 10 Hz, e 29,6% dos valore superiores a 10 Hz.
Novembro
Dezembro
Setembro
Fevereiro
Outubro
Janeiro
Agosto
TOTAL
Junho
Março
Julho
Maio
Abril
REALIZADAS 17 23 26 36 42 17 32 51 45 28 22 34 373
NP-2074 de 1983
MONITORIZADAS (%) 100 100 100 100 100 100 100 96 100 68 100 100 97
REALIZADAS 34 32 30 42 38 38 35 39 24 30 38 40 420
REALIZADAS 22 29 39 39 31 16 36 22 18 21 21 30 324
REALIZADAS 24 17 20 25 27 27 24 21 13 18 13 19 248
2016 16 14 16 19 23 24 21 13 7 16 12 16 197
NP-2074 de 2015
MONITORIZADAS
MONITORIZADAS (%) 67 82 80 76 85 89 88 62 54 89 92 84 79
REALIZADAS 11 22 33 30 39 32 25 27 22 23 23 29 316
MONITORIZADAS (%) 91 36 85 47 69 66 60 37 50 78 65 76 63
REALIZADAS 108 123 148 172 177 130 152 160 122 120 117 152 1681
TOTAL MONITORIZADAS 88 98 128 142 148 109 122 118 97 90 95 108 1343
MONITORIZADAS (%) 81 80 86 83 84 84 80 74 80 75 81 71 80
Quadro III.64 – Classes de vibrações de pico [mm/s] registadas entre 2013 e 2017.
ANOS RESULTANTE < 0,5 RESULTANTE [0,5; 1] RESULTANTE > 1,0 VALOR MÁX. [MM/S] TOTAL
Quadro III.65 – Classes de vibrações de pico [mm/s] registadas em 2018, 2019 e 2020.
RESULTANTE RESULTANTE RESULTANTE RESULTANTE RESULTANTE
ANOS VALOR MÁX. TOTAL
< 0,254 [0,254; 0,5] [0,5; 1] [1; 1,5] > 1,5
1O levantamento das infraestruturas no seu interior será realizado em momento prévio ao licenciamento, após a emissão
de DIA favorável.
Área de intervenção
Área de escavação
Estruturas # Estruturas
Área de intervenção
Área de escavação
Estruturas # Estruturas
Quadro III.66 – Localização das estruturas próximas da área de escavação e respetivas velocidades
admissíveis.
Centro de
Telecomunicações de -72193 -130184 1,5
Arremula *
reconstrução da cidade de Setúbal, após o terramoto de 17551. Atualmente em exploração no PNA, restam
apenas as pedreiras da SECIL – Outão e algumas explorações em Sesimbra.
O PNA, surge em 1976, através da publicação do Decreto-lei n.º 622/76 de 28 de julho, com o objetivo de
proteger um território de caraterísticas ímpares da pressão demográfica e das consequências do crescimento
urbano e industrial. O valor do maciço da Arrábida, a nível científico, cultural, histórico e paisagístico é o motor
desta proteção2 .
Fonte: SECIL
1 SECIL, 2010
2 http://www2.icnf.pt/portal/ap/p-nat/pnar/class-carac
3 http://www2.icnf.pt/portal/pn/biodiversidade/ordgest/poap/popnar/popnar-doc
O património natural do PNA inclui 42 tipos e subtipos de habitats, donde se destacam os habitats prioritários
para conservação, num total de dez. As comunidades de vegetação incluem espécies tipicamente
mediterrânicas, mas também euro-atlânticas e macaronésias. Desta forma, o elenco florístico é riquíssimo,
ascendendo a 1450 espécies1, donde 90 destas espécies estão assinaladas como de elevado valor enquanto
património genético2. A recente publicação da Lista Vermelha da Flora Vascular de Portugal Continental dá-
nos a conhecer que 14 das espécies da Arrábida estão ameaçadas3. Também na componente faunística os
valores são assinaláveis, donde se contabilizam 650 invertebrados, com três espécies exclusivas da Arrábida:
o gorgulho-esmeralda-rosado (Cneorhinus serranoi), Geocharis boeiroi e o caracol Candidula setubalensis.
Nos vertebrados estão referenciados: 12 de anfíbios, 17 de répteis, 136 de aves e 34 de mamíferos.
Realçam-se as rapinas e as aves associadas aos ambientes de transição como as falésias e a fauna
cavernícola com a presença de espécies de quirópteros ameaçadas de extinção4. Este importante património
natural enquadra-se numa paisagem de interface costeira com intervenção secular, onde “…é necessário
estudar atentamente e preservar os últimos recantos que conservaram as suas condições originais, mas é
urgente e vital empreender trabalhos de investigação experimental e aplicada nas vastas extensões
antropizadas que compreendem quase todo o comprimento das costas mediterrânicas…” onde se inclui a
Arrábida5.
É justamente neste enquadramento que a SECIL, para além do levantamento dos ativos naturais da Quinta de
Vale da Rasca e áreas envolventes (buffer de 5kms), efetua estudos de monitorização regular dos valores
naturais na propriedade e investe em projetos de investigação aplicada ao nível da sucessão ecológica e da
recuperação dos ecossistemas (Protocolos FCUL e UE).
5 Pedro, 1991
6 Soares, J. & Tavares da Silva, C. (2018) Caetobriga. O sítio arqueológico da Casa dos Mosaicos. Setúbal Arqueológica,
diferentes o que se reconhece nas características de cada uma e no tipo de biótipo onde poderão ser
classificadas.
A multiplicidade da área de estudo deve-se à interação entre a biodiversidade e a atividade humana, pelo que
os sistemas em presença se caraterizam como sistemas socio-ecológicos. Os sistemas socio-ecológicos são
complexos, adaptativos e dependentes da ação humana. A sua riqueza resulta da multiplicidade de interações
e usos que, por sua vez, aumentam a sua resiliência1.
Os mais diversos estudos em dinâmica da vegetação pós-fogo indicam que este é um fator importante na
manutenção de diversas espécies, nomeadamente de terófitos e bulbosas, muitas delas ameaçadas devido ao
seu caráter efémero2.
A gestão adaptativa dos sistemas socio-ecológicos é recomendada ao nível do ordenamento, onde, por
exemplo, na proposta de Plano de Gestão da ZEC Arrábida-Espichel consta que ações como o fogo controlado
e o corte dirigido ou desmatações seletivas serão importantes na manutenção dos valores naturais a
preservar3.
A ciência ecológica há muito que refere não existirem sistemas passíveis de caracterizar por um estádio
apenas4. Tudo aponta para a existência de 4 fases num ciclo adaptativo que se encontra claramente
representado na Arrábida. Nas primeiras fases (primeira e segunda da sucessão) os ecossistemas acumulam
estrutura (como biomassa e complexidade). Ao longo do tempo a estrutura prepondera e o sistema torna-se
menos diverso, com mais recursos despendidos na sua manutenção do que em novas estruturas. Assiste-se
assim à fase da conservação onde se torna mais rígido.
Fatores externos como o fogo ou a desmatação, trazem a disrupção do ciclo, a biomassa é consumida, a
energia libertada e ocorre a mudança da estrutura com a chegada da fase de reorganização. Nesta fase, surge
o aumento da biodiversidade, face à fase de maior complexidade estrutural5.
Está cabalmente documentado que existem aspetos importantes da biodiversidade que coexistem ou são
potenciados por atividades humanas. A nível internacional, a participação de todos os agentes do território na
gestão ativa destes sistemas, num contexto de flexibilidade e inovação, mobilizando todos para a promoção
do ativo ambiental6, começa a ganhar mais e mais substância, contrariamente ao que se observa quando se
pratica uma gestão pouco flexível, favorecedora de um equilíbrio estável sem variação. A gestão de um sistema
dinâmico baseado na mudança permite o desenvolvimento e a manutenção ou aumentos dos ativos
ambientais7. Esta atuação corresponde à gestão adaptativa do território, onde a resiliência dos ecossistemas
surge da plasticidade dos mesmos e as modificações oscilam entre a ação humana e a evolução natural de
modo a manter zonas diversas onde esses diferentes momentos coexistem8.
Esta gestão adaptativa não descura áreas onde vegetam espécies ameaçadas, cuja conservação depende da
manutenção desses nichos inalterados. Uma gestão adaptativa dos sistemas socio-ecológicos com foco nas
espécies protegidas, permite que estas sejam favorecidas com mecanismos locais e medidas direcionadas9.
9 Gosnell, 2017
A SECIL tem um historial de sucesso na recuperação de pedreiras, pois já tem zonas totalmente recuperadas
há algumas dezenas de anos.
Num excerto da Carta dos tipos de Habitat Alvo proposta no âmbito do Plano de Gestão da ZEC Arrábida-
Espichel, atualmente em fase de Análise à Consulta pública1, pode observar-se a delimitação de áreas com
habitats naturais nas zonas recuperadas da antiga pedreira do Vale das Mós (Figura III.89).
Existem comprovadamente áreas outrora exploradas, posteriormente recuperadas e que albergam hoje
habitats naturais, como é o caso do Monte das Abelhas (Figura III.93). Tal constitui uma realidade nos nossos
dias, nomeadamente se introduzirmos o conceito temporal e, num projeto de exploração mineira é importante
considerar o seu horizonte temporal, ou seja, a sequência das várias atividades como um todo, onde se destaca
a recuperação ambiental e paisagística e o encerramento das áreas exploradas.
Desde 1997 que a SECIL realiza, além da recuperação paisagística, a gestão ecológica e a investigação e
desenvolvimento na área da recuperação de pedreiras. Através de protocolos estabelecidos com
Universidades (Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa (FCUL desde 1997) e Universidade de Évora
(UE desde 2007)) as áreas das pedreiras, da propriedade e mesmo do PNA são alvo de planos de ação e
monitorização trienais. Estes trabalhos aliados aos ensaios realizados nos viveiros onde a SECIL cria as
espécies nativas para usar na sua recuperação ambiental, permitiram chegar ao patamar do que melhor se faz
a nível internacional, no que se refere a restauração da vegetação nativa, do solo e das comunidades
faunísticas.
Os estudos dos processos de recuperação das comunidades biológicas e da sucessão ecológica, têm-se
revelado essenciais, quer na definição de estratégias de recuperação, quer na avaliação da eficácia de técnicas
e medidas já implementadas2.
A atividade extrativa é fundamental para a atividade humana e faz parte dos sistemas socio-ecológicos onde
se insere. Por esta razão, a avaliação dos locais de exploração quer-se global, com inclusão dos vários fatores:
relevância económica, orientações estratégicas, serviços de ecossistemas, gases com efeito de estufa, valores
naturais, etc. e, considerando que é uma atividade a prazo, que culmina numa fase de desativação, na qual a
capacidade de recuperação dos ecossistemas, nomeadamente através de uma recuperação ativa, assume
uma importância incontornável.
Além da inventariação e caraterização dos valores naturais que atualmente ocorrem na área de estudo, a
presente situação de referência pretende também dar a conhecer a dinâmica dos sistemas socio-ecológicos
presentes, abordando os vários fatores que os potenciam. O conhecimento mais atual mostra-nos que o futuro
dos projetos em áreas naturais, passará por uma avaliação multidisciplinar entre os vários agentes do território
e os vários especialistas no sentido de ultrapassar pré-conceitos e quadros legais desatualizados3.
Os sistemas socio-ecológicos (SSE) observam uma dinâmica que necessita de ser compreendida e englobada
na análise, de forma a clarificar o que temos em presença. Essa dinâmica é observada na propriedade da
Secil-Outão onde os sistemas ecológicos presentes tem correspondência com as fases dos ciclos adaptativos
condicionados pela interação pela atividade humana (Figura III.89).
1 https://participa.pt/pt/consulta/plano-de-gestao-da-zec-arrabida-espichel
2 Young, 2000
3 Cossens et all., 2017; Castro, 2012; Castro & Mouro, 2011; DeCaro et all., 2017
Figura III.89 – Excerto da Carta dos tipos de Habitat Alvo proposta no âmbito do Plano de Gestão da ZEC Arrábida-Espichel, focando a área da propriedade da SECIL. O
círculo rosa localiza o Monte das Abelhas.
Figura III.90 – Cobertura aérea 3D da propriedade da SECIL e esquema do perfil observado em campo com a classificação dos tipos de ocupação e referência aos habitats.
Figura III.91 – Esquema indicativo da evolução do SSE na propriedade da SECIL efetuado com base nos registos históricos consultados.
Com base nestas esquematizações é possível perceber as interações entre os tipos de uso do solo (pastoreio
e uso da madeira, ou atividade extrativa) e a sucessão ecológica determinada por vários fatores
nomeadamente a natureza do substrato (i.e., matos, florestas mistas, etc). São também observáveis os
resultados dos vários tipos de intervenções direcionadas à recuperação da vegetação. Na parte direita da
imagem (vide figura anterior), temos zonas que recuperaram (como o Monte das Abelhas) sem uma
intervenção como a que hoje se aplica, baseada em modelação do terreno e regeneração natural. Nas áreas
recuperadas da pedreira atual temos, como analisado mais á frente, as consequências, em termos de SSE, de
filosofias de recuperação diferentes (i.e., uso maior ou menor do pinheiro de Alepo e uma visão de recuperação
paisagística versus de ecossistema).
Utilizando os últimos 100 anos como exemplo poderemos analisar a interação da atividade humana e de
fenómenos naturais como o fogo na dinâmica do Sistema. De notar que a existência de um tipo de biótipo não
assegura necessariamente um maior potencial de biodiversidade, por exemplo. Tudo depende do momento no
ciclo adaptativo.
A proposta de um ciclo adaptativo no estudo dos sistemas ecológicos que é a mais comumente aceite é descrita
na Figura III.92. Deste modo os sistemas passariam por fases de consolidação e de armazenamento de energia
onde algumas espécies se tornariam dominantes, reduzindo a biodiversidade, até a existência de um
acontecimento, como o fogo, que libertaria essa energia levando à uma reorganização e exploração que
permitiria maior diversidade.
Deste modo os sistemas passam por diferentes fases e, os valores naturais que justificaram a sua classificação,
podem mesmo estar latentes numa dada fase do ciclo. Espécies ameaçadas que motivaram a classificação de
uma dada área, podem, em fases posteriores do ciclo apresentar uma abundância completamente diferente.
Do mesmo modo, áreas sem qualquer valor natural a conservar, podem, noutra fase do ciclo vir a recuperá-lo1.
Em suma, fundamental ter em consideração que os ecossistemas recuperam, que os ativos naturais de uma
dada área, apesar de reduzidos no decorrer de um período, podem ser repostos, através de recuperação ativa,
ou mesmo por regeneração natural.
Figura III.93 – Vista para a SECIL – Outão com evidência no Monte das Abelhas.
deste território, habitats naturais de arribas e falésias com comunidades endémicas, vegetação reliquial de
caráter único, habitats prioritários com espécies calcícolas, zonas de nidificação de aves protegidas, etc.1 .
É de referir, ainda, que a parte terrestre do Parque Natural da Arrábida está também classificada como Reserva
Biogenética do Conselho da Europa. Visto que as Reservas Biogenéticas de Portugal foram integradas na
Rede Nacional de Áreas Protegidas, neste momento esta informação tem apenas um carácter histórico.
Na envolvente ocorrem ainda:
• A 10 km na direção sudeste, a Reserva Natural do Estuário do Sado e o Sítio Ramsar do Estuário do Sado;
• A 14 km na direção este, a ZPE do Estuário do Sado e a Important Bird Area (IBA) do Estuário do Sado;
• O enquadramento das referidas áreas classificadas com a área de estudo é apresentado seguidamente
(Figura III.94).
1.11.5.3. Metodologia
Para a caraterização da flora, da vegetação e dos habitats considerou-se a área total da propriedade da SECIL,
com particular enfoque nas áreas recuperadas e na área de ampliação.
Os dados de suporte à caraterização aqui apresentada incluem dados recolhidos pelas equipas da FCUL no
decorrer dos trabalhos de inventariação e monitorização na propriedade da SECIL, iniciados em 20081. A estes
adicionaram-se os dados recolhidos pela equipa do presente EIA.
Foram efetuados levantamentos de campo e prospeção dirigida a espécies de flora designadas RELAPE
(Raras, Endémicas, de distribuição Localizada, Ameaçadas ou em Perigo de Extinção), com maior incidência
nas áreas recuperadas e na área de ampliação, sendo que nas restantes áreas, a prospeção destas espécies
cingiu-se aos locais dos levantamentos de campo. Estes levantamentos, além da recolha de informação física,
geológica, de coberturas globais e por estrato, ameças, grau de conservação, etc., permitem apurar o inventário
das espécies, às quais se associa, individualmente, um índice de abundância-dominância de acordo com a
metodologia de Braun-Blanquet2. Os levantamentos foram realizados de forma a abranger todos os tipos de
vegetação presente.
Os referidos trabalhos foram efetuados durante os meses de setembro de 2017, março de 2019 e outubro de
2020 utilizando o método dos quadrados complementado com transectos em zonas de mais difícil acesso3.
Os dados apurados em campo complementados com a informação recolhida nas restantes fontes bibliográficas
referidas em 1.11.5.1. Flora, Vegetação e Habitas, tendo resultado o elenco florístico da área de estudo
apresentado no Anexo I – Elenco Florístico. Todas as espécies presentes nas quadrículas UTM 10x10 NC06
e NC05 da base de dados Flora-On4 foram consideradas “Potencialmente Ocorrentes” na área de estudo, no
entanto, apenas parte delas foi observada durante a realização dos trabalhos de campo, quer no âmbito do
presente EIA, quer no âmbito dos trabalhos realizados pelo CBA-FCUL.
A análise do elenco florístico permitiu também identificar as respetivas espécies vegetais com estatuto
biogeográfico (endemismos lusitânicos e ibéricos) e as espécies abrangidas por legislação, designadamente
Decreto-Lei n.º 140/99, de 24 de abril, na sua redação atual (transpõe a Diretiva Habitats); Decreto-Lei
n.º 169/2001, de 25 de maio, alterado pelo Decreto-Lei n.º 155/2004, de 30 de junho (relativo à proteção do
Sobreiro e da Azinheira); Convenção de CITES (Decreto n.º 50/80, de 23 de julho - aprovação da Convenção
de Washington; Decreto-Lei n.º 114/90, de 5 de abril - regulamenta a aplicação da Convenção em Portugal;
Portaria n.º 352/92, de 19 de novembro; Decreto-Lei n.º 121/2017, de 20 de setembro – estabelece as medidas
necessárias ao seu cumprimento e aplicação em território nacional); Decreto-Lei n.º 565/99, de 21 de dezembro
(relativo às Espécies não indígenas da Flora e da Fauna), revisto pelo Decreto-Lei n.º 92/2019, de 10 de julho;
Resolução do Conselho de Ministros n.º 141/2005, de 23 de agosto (aprova o Plano de Ordenamento do
Parque Natural da Arrábida (POPNA)).
Desta forma, foi possível realçar as espécies vegetais mais relevantes para conservação presentes, ou
potencialmente ocorrentes, na área de estudo.
1CE3C, 2020; CBA-FCUL, 2017; CBA-FCUL, 2014; CBA-FCUL, 2011; SECIL – Outão & FCUL, 2008
2Braun-Blanquet, 1971
3 Kent & Cooker, 1992
4 Flora-On:Flora de Portugal Interactiva, 2014
1 Guiomar, 2006
2 Costa et all., 1998
3 Rivaz-Martinez et all., 2002
4 Espírito-Santo et lal., 1995
5 Alves et all., 1998
6 Gutierres, et all., 2010
7 ALFA, 2006
8 http://www2.icnf.pt/portal/pn/biodiversidade/rn2000/p-set/hab-1a9
9 https://ec.europa.eu/environment/nature/legislation/habitatsdirective/docs/Int_Manual_EU28.pdf
10 https://eur-lex.europa.eu/legal-content/PT/TXT/PDF/?uri=CELEX:32011D0484&from=EN
• Possibilidade de restauro:
o Recuperação fácil;
o Recuperação possível com um esforço médio;
o Recuperação difícil ou impossível.
A classificação final dos habitats naturais surge finalmente da conjugação dos passos metodológicos aqui
expostos, com a aplicação da definição de habitat do International Finance Corporation (IFC) 20121, divulgado
no Programa das Nações Unidas2 que carateriza os habitats naturais como áreas compostas por comunidades
de espécies animais e vegetais nativas viáveis, onde a atividade humana não modificou as funções ecológicas
e a composição específica. Por outro lado, um habitat modificado (não natural) regista uma redução substancial
da sua integridade causada por alterações do solo ou do regime hídrico a longo prazo, ou, uma alteração que
reduz a capacidade do habitat de manter as populações viáveis.
A aplicação desta definição na identificação dos habitats naturais da área de estudo vai de encontro aos
fundamentos socio-ecológicos abordados, é integradora e ressalva os conceitos de integridade e de
viabilidade, considerados essenciais numa perspetiva de gestão a longo prazo.
Como resultado, qualquer mosaico de comunidades naturais que, aplicando os critérios indicados, foram
avaliados nas três categorias mais desfavoráveis (Estrutura média ou parcialmente degradada, Perspetivas
médias ou desfavoráveis e Recuperação difícil ou impossível) não configuram parte integrante de um habitat
natural.
A identificação e o mapeamento final dos habitats naturais e usos do solo presentes na área da propriedade
da SECIL resultam assim, da análise referida no parágrafo anterior e do exercício de fotointerpretação.
A aplicação desta metodologia permitirá, assim, avaliar a importância de cada uma das comunidades vegetais
(específicas de determinado habitat) na área de implementação do projeto, sendo esta uma etapa fundamental
para a identificação de áreas sensíveis do ponto de vista da biodiversidade.
A caraterização da situação de referência do presente descritor conta ainda com duas avaliações comparativas
efetuadas com base em bibliografia e em dados apurados no âmbito dos trabalhos promovidos pela SECIL
É efetuada uma avaliação comparativa da flora, da fauna, dos biótopos e dos habitats presentes; quer na
propriedade da SECIL, quer na área do Parque Natural da Arrábida, recorrendo aos dados disponibilizados
pelas fontes oficiais3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10 e, pelos estudos pedidos à UE11, 12.
1 https://biodiversitya-z.org/content/natural-habitats
2 https://www.unep-wcmc.org/
3 http://www2.icnf.pt/portal/ap/p-nat/pnar/class-carac
4 www2.icnf.pt/portal/pn/biodiversidade/rn2000/resource/doc/rn-pt/habit-nat
5https://participa.pt/contents/consultationdocument/Plano%20de%20Gest%C3%A3o_ZEC%20Arr%C3%A1bida-
Espichel.pdf
6 http://www2.icnf.pt/portal/pn/biodiversidade/ordgest/poap/popnar/resource/ordenamento/relatorio
7 http://www2.icnf.pt/portal/pn/biodiversidade/rn2000/p-set/pset-cart
8 http://www2.icnf.pt/portal/ap/p-nat/pnar/flora
9 Pedro, 1997
Em especifico, para a propriedade da SECIL, é ainda elaborada uma comparação entre as áreas naturais e as
áreas recuperadas, com base em dados recolhidos pelas equipas parceiras (FCUL e UE), quer para as
componentes de Flora e Vegetação1, 2, 3, quer para a componente de fauna e biótopos4, 5.
Por último, é aplicada a abordagem da dinâmica dos sistemas socio-ecológicos à propriedade da SECIL, com
base nos resultados expostos nos capítulos seguintes.
1.11.6. Resultados
1.11.6.1. Elenco florístico
Tendo por base a informação recolhida, quer em bibliografia quer no trabalho de campo, poderão ocorrer na
área de estudo 654 espécies de flora, distribuídas por 89 famílias e 373 géneros.
Da totalidade do elenco potencial da área de estudo, foram observadas no terreno pela equipa do presente
EIA e apuradas no decorrer de trabalhos desenvolvidos pela equipa do CBA-FCUL no âmbito da - Componente
da Flora do Relatório da Biodiversidade6,7,8, um total de 294 espécies, pertencentes a 212 géneros e 61 famílias
(Anexo I – Elenco Florístico). Destas últimas, as mais representadas incluem as Poaceae com 39, as Fabaceae
com 38 espécies e as Asteraceae com 33 espécies (Figura III.95). Estes números são indicadores de que a
maior biodiversidade surge ao nível das plantas herbáceas, no entanto, as plantas arbustivas também estão
muito bem representadas ocorrendo 8 famílias cujos taxa presentes são exclusivamente arbustivos.
Figura III.95 – Representação das famílias com duas ou mais espécies observadas durante os trabalhos de
campo.
6 CBA-FCUL, 2011
7 CBA-FCUL, 2014
8 CBA-FCUL, 2017
Quadro III.67 – Espécies endémicas e/ou protegidas pela legislação portuguesa identificadas na área de
estudo.
Lamiaceae Salvia sclareoides Brot. Endemismo Ibérico Taxon com distribuição restrita
mas estável no nosso país e
NA
bem representado a nível
populacional
Lamiaceae Teucrium haenseleri Endemismo Ibérico Taxon com distribuição restrita
Boiss. no nosso país. Pelos dados
disponíveis não se considera NA
uma espécie abundante na sua
área de distribuição
Scrophularia- Antirrhinum linkianum Endemismo Ibérico Taxon com distribuição restrita
ceae Boiss. & Reut. mas estável no nosso país e
NA
bem representado a nível
populacional
Dipsacaceae Dipsacus comosus Endemismo Ibérico Taxon com considerável
Hoffmanns. & Link distribuição no nosso país, com
NA
uma situação populacional
estável
Asparagaceae Ruscus aculeatus L. DL n.º 140/99, 24/04, Taxon com distribuição muito
alterado pelo DL alargada no nosso país e
NA
n.º 49/2005, 24/02 (Anexo presença numa grande
B-V) e RCM nº 141/2005 variabilidade de habitats
Amaryllidaceae Narcissus bulbocodium Endemismo ibérico do DL Subespécie com distribuição
subsp. obesus (Salisb.) n.º 140/99, 24/04, alterado restrita mas estável no nosso
LC
Maire pelo DL n.º 49/2005, 24/02 país, com núcleos populacionais
(Anexo B-V) numerosos
Endemismo Português
Narcissus calcicola Taxon com distribuição restrita,
Endemismo ibérico do DL
Mendonça mas estável no nosso país, com
Amaryllidaceae n.º 140/99, 24/04, alterado LC
uma situação populacional
pelo DL n.º 49/2005, 24/02
estável
(Anexo B-II e B-IV)
Orchidaceae Aceras anthropophorum CITES (DL n.º 121/2017, Taxon com distribuição restrita
(L.) W.T.Aiton 20/9) mas estável no nosso país, com
NA
uma situação populacional
estável
Taxon com distribuição restrita
Barlia robertiana (Loisel.) CITES (DL n.º 121/2017, mas estável no nosso país, com
Orchidaceae NA
Greuter 20/9) uma situação populacional
estável
Orchidaceae Cephalanthera longifolia CITES (DL n.º 121/2017, Taxon com considerável
(L.) Fritsch 20/9) distribuição no nosso país, com
NA
uma situação populacional
estável
Orchidaceae Gennaria diphylla (Link) CITES (DL n.º 121/2017, Taxon com distribuição restrita
Parl. 20/9) no nosso país. Pelos dados
disponíveis não se considera NA
uma espécie abundante na sua
área de distribuição
A localização das espécies endémicas e protegidas observadas durante o trabalho de campo é apresentada
na Figura III.96 e na Figura III.97. As duas figuras de distribuição destas espécies, separam as espécies da
família Orchidaceae das restantes espécies, permitindo uma melhor leitura, pois algumas delas ocorrem no
mesmo local. Estes dados deverão ser analisados considerando o seguinte:
• a prospeção sistemática destas espécies realizou-se, por conveniência, nas áreas recuperadas e na área
proposta para ampliação, tendo-se, na restante área da propriedade, efetuado uma prospeção pontual;
Na área de ampliação foi onde se observou o maior número de indivíduos de espécies RELAPE, totalizando
14 espécies, distribuídos por 7 orquídeas e 7 espécies pertencentes a outras famílias (Figura III.98). Na área
recuperada foram observadas 12 espécies, das quais 7 são orquídeas e 5 são outras espécies. Estes
indivíduos ocorrem tanto nos patamares mais antigos da exploração como nos mais recentes. Na área
licenciada, que aqui inclui alguns patamares já recuperados há mais tempo, mas que não vão fazer parte da
área recuperada a não intervencionar, foram observadas 9 espécies, 6 orquídeas e 3 outras espécies.
Torna-se evidente que, ao longo do tempo, a área de exploração foi sendo recuperada no sentido de adquirir
as condições aproximadas às observadas nas áreas envolventes, tornando-a uma aproximação à envolvente
natural, de modo a acolher estas espécies, que são cada vez mais frequentes nesta área.
Figura III.96 – Localização das espécies de flora RELAPE (família das Orquidaceae) na AE observadas no decorrer dos trabalhos de campo.
Figura III.97 – Localização das espécies de flora RELAPE na AE observadas no decorrer dos trabalhos de campo.
Figura III.98 – Número de espécies de flora RELAPE e sua distribuição na AE, diferenciada por área
licenciada, área de ampliação e área recuperada.
Convolvulaceae Ipomoea indica (Burm.) Merr. Exótica e Infestante Decreto-Lei n.º 92/2019, de 10
de julho
Fabaceae Acacia longifolia (Andrews) Willd. Exótica e Infestante Decreto-Lei n.º 92/2019, de 10
de julho
Fabaceae Spartium junceum L. Exótica
Figura III.99 – Representatividade das espécies endémicas, protegidas, exóticas e invasoras face ao número
total de taxa observado na AE no decorrer dos trabalhos de campo.
De acordo com os resultados patentes no gráfico da figura anterior, é possível concluir que a percentagem de
espécies exóticas e invasoras (4,2%) é pouco significativa. As espécies mais relevantes para conservação que
incluem os endemismos e as espécies protegidas pela legislação correspondem a uma fatia percentual de
cerca de 9,0%.
1.11.6.1.4 Vegetação
A flora e a vegetação mediterrânicas resultaram de sucessivas modificações das condições climáticas,
nomeadamente no Pleistocénico, tendo-se verificado mecanismos evolutivos de redução de hábito lenhoso
para herbáceo, de espécies sempreverdes para caducifólias e de ciclos vivazes para anuais, no sentido de
uma adaptação a condições ecológicas mais severas1.
Após a estabilização climática e com a expansão da atividade humana, a faixa de floresta, alvo primordial de
aproveitamento, foi e substituída por vegetação secundária ou de origem antropogénea (matos e matagais que
decorrem da atividade humana no território). Desde o estabelecimento da agricultura na região mediterrânica
que a desarborização e a utilização do fogo para evitar a regeneração lenhosa são uma constante na gestão
dos ecossistemas. O fogo desempenhou um papel determinante na evolução biológica e cultural da Região
Mediterrânica, moldando a composição e a fisiologia das espécies presentes, levando à regeneração da que
apresentam tolerância ao fogo (pirófitas)2.
A vegetação regista assim modificações ao longo do tempo e estes processos de mudança permitem o
desenvolvimento dos estádios da sucessão vegetal, com padrões aplicáveis a diferentes tipos de
1 Pedro, 1991;
2 idem
ecossistemas1. É possível distinguir sucessão vegetal primária e secundária, cuja diferença reside no estado
inicial da área: se se trata de uma área nua sem qualquer base ou suporte pré-existente – sucessão primária,
ou, se se trata de uma área com elementos de suporte ao desenvolvimento de comunidades pré-existentes
como sementes ou outros propágulos, apta a um mais rápido desenvolvimento – sucessão secundária2.
Teoricamente, no culminar da sucessão vegetal, em condições de estabilidade e equilíbrio a vegetação atingiria
a etapa climácica da sucessão. A teoria deste estádio de equilíbrio imutável foi sendo abandonada, dando
lugar a um conceito de equilíbrio dinâmico3.
As formações naturais presentes na área da propriedade da SECIL incluem maioritariamente formações
secundárias: rupestres (comunidades permanentes que colonizam afloramentos rochosos); herbáceas
(permanentes ou fugazes ocupando áreas de solo em clareiras entre formações rupestres e lenhosas);
subarbustivas esclerófilas (comunidades de arbustos baixos em solos esqueléticos); arbustivas e
arborescentes (formações arbustivas de porte médio a alto, sob solos de fraca espessura em áreas capazes
de alguma retenção de água no solo)4.
Desta forma o estabelecimento da sucessão vegetal na área de estudo inicia-se da seguinte forma5:
• Sucessão primária em áreas de rocha nua, em locais já erosionados, surgem os fetos, geófitos e suclentas
pioneiras (entre elas Narcissus calcícola). Trata-se de flora fissurícola que varia na sua composição, entre
áreas mais ou menos expostas;
• Sucessão secundária de prados pioneiros em áreas de solos esqueléticos em associação com formações
lenhosas, com as quais estabelecem mosaicos. Incluem maioritariamente geófitos, frequentemente com
elevada profusão de orquídeas. São áreas muitas vezes pastoreadas, onde surgem espécies ruderais. Em
áreas de clareira de matagal queimado as comunidades herbáceas incluem geófitos e hemicriptófitos (entre
elas Narcissus bulbocodium). Muitas clareiras com algum solo, ou com maior inclinação registam prados
de Brachypodium retusum, que podem mesmo formar tapetes monoespecíficos. Noutras áreas mais
ruderalizadas, como taludes, surgem os graminhais ruderais de Hyparrhenia sinaica. As outras formações
pratenses que ocorrem na área de estudo incluem os graminhais que surgem em áreas onde outrora
existiam campos de cultivo, dominandas por Brachypodium phoenicoides, correspondem a um estádio da
sucessão no sentido da recuperação de áreas de solos degradados;
• Sucessão secundária de formações arbustivas baixas compostas de caméfitos do género Thymus spp.,
acompanhados por Rosmarinus officinalis, que se desenvolvem em solos pobres, frequentemente após a
passagem do fogo;
• Sucessão secundária de formações arbustivas de porte médio a alto com caméfitos e nanofanerófitos que
formam os matos e os matagais como:
o Os carrascais em afloramentos rochosos com solos vermelhos com predomínio de: Quercus
coccifera e Pistacia lentiscus; com presença variável de caméfitos e nanofanerófitos xerófilos e
3 Pedro, 1991
4 idem
heliófilos (Olea europaea var. sylvestris, Phillyrea spp., Daphne gnidium, Cistus albidus, Arbutus
unedo e Erica arborea);
o Os zimbrais das cristas rochosas com Juniperus phoenicea, Quercus coccifera, Smilax aspera,
Ruscus aculeatus, Pistacia lentiscus, Olea europaea var. sylvestris, etc.;
o Os medronhais com domínio de Arbutus unedo e Erica arborea da vertente norte da serra, quer
sobre substrato calcário duro, quer sobre marga onde se combinam com carrascal.
Conclui-se que as comunidades vegetais que caraterizam a porção de território Arrabidense correspondente à
da área em estudo, são os matagais edafoxerófilos do Querco cocciferae-Juniperetum turbinatae, que se
encontram entre as mais frequentes em toda a Arrábida1.
1.11.6.2. Habitats
Como consequência da heterogeneidade fisiográfica e edáfica, a serra da Arrábida, onde está inserida a área
de estudo, encerra uma grande diversidade de habitats naturais e espécies de flora e de fauna, cuja
conservação é condição indispensável para a preservação da biodiversidade e da paisagem.
O interesse ecológico dos diversos habitats naturais é internacionalmente reconhecido e assume pertinência
técnica pelo facto destes habitats naturais se distinguirem dos restantes locais por possuírem características
geográficas, abióticas e bióticas, de elevado valor e de, em muitos casos, se encontrarem em perigo de
desaparecimento nas suas áreas de repartição natural.
Um habitat natural, para além das inúmeras funções que desempenha em determinado local, constitui o
alicerce que suporta toda uma variedade de seres vivos, quer de fauna quer de flora. Pelo que a sua
preservação contribui para salvaguardar a diversidade biológica e as paisagens naturais. No âmbito do
presente estudo foi empregue a definição de habitat do International Finance Corporation (IFC) 20122,
divulgado no Programa das Nações Unidas3 que carateriza os habitats naturais como áreas compostas por
comunidades de espécies animais e vegetais nativas viáveis, onde a atividade humana não modificou as
funções ecológicas e a composição específica.
A caracterização dos habitats que aqui é apresentada, teve por base o coberto vegetal inventariado na área
de estudo e a avaliação/análise do grau de conservação foi efetuada de acordo com a metodologia expressa
anteriormente.
A representação cartográfica dos habitats naturais presentes consta da Figura III.101, assim como dos usos
de solo que não configuram um habitat, de acordo com a metodologia exposta e com a classificação dos
habitats naturais constantes no Anexo B-I do Decreto-Lei n.º 140/99, de 24 de abril, na sua redação atual.
A individualização de habitats/usos do solo foi condicionada pela miscigenação das comunidades vegetais, a
elevada densidade de arbustos esclerofilos e espinhosos e o difícil acesso devido ao declive e ao substrato
rochoso descontínuo. Pelo exposto, na maior parte dos casos, são apresentados polígonos que correspondem
a mosaicos. O habitat/uso do solo que aparece em primeiro lugar é o dominante. Os habitats naturais podem
ser mais facilmente identificados através dos respetivos códigos (indicados entre parêntesis), onde se indica
também o(s) subtipo(s) do habitat presente(s).
Todos os habitats/usos do solo cartografados são considerados na análise e estão incluídos na caraterização
e na contabilização das áreas ocupadas, patentes no Quadro III.69.
3 https://www.unep-wcmc.org/
Os habitats naturais identificados na área de estudo apresentam-se no quadro seguinte. Além do código do
habitat, da sua designação portuguesa e dos respetivos subtipos identificados, consta também o respetivo grau
de conservação.
Quadro III.69 – Habitats de interesse comunitário identificados e cartografados na área de estudo e respetivo
grau de conservação.
5210 Matagais arborescentes de Subtipo 2 – Zimbrais-carrascais Bom: estrutura bem conservada, boas
Juniperus spp. de Juniperus turbinata subsp. perspetivas e recuperação fácil
turbinata sobre calcários
5330 Matos termomediterrânicos pré- Subtipo 3 – Medronhais Bom: estrutura média/parcialmente
desérticos degradada, boas perspectivas e
recuperação fácil
Subtipo 5 – Carrascais, Bom: estrutura bem conservada,
espargueirais e matagais afins perspetivas médias/desfavoráveis e
basófilos recuperação fácil
Subtipo 7 – Matos baixos Bom: estrutura média/parcialmente
calcícolas degradada, boas perspetivas e
recuperação fácil
6110* *Prados rupícolas calcários ou Bom: estrutura bem conservada,
basófilos da Alysso-Sedion albi Sem subtipos perspetivas médias/desfavoráveis e
recuperação fácil
6210 Prados secos seminaturais e Sem subtipos Bom: estrutura bem conservada,
fácies arbustivas em substrato perspetivas médias/desfavoráveis e
calcário (Festuco-Brometalia) recuperação fácil
(*importantes habitats de
orquídeas)
6220* Subestepes de gramíneas e Subtipo 3 – Arrelvados vivazes Bom: estrutura bem conservada,
anuais da Thero-Brachypodietea neutrabasófilos de gramíneas perspetivas médias/desfavoráveis e
* altas recuperação fácil
8130 Depósitos mediterrânicos Subtipo 1 – Cascalheiras Bom: estrutura bem conservada, boas
ocidentais e termófilos calcárias perspetivas e recuperação fácil
8210 Vertentes rochosas calcárias Bom: estrutura bem conservada,
com vegetação casmofítica Sem subtipos perspetivas médias/desfavoráveis e
recuperação fácil
9240 Carvalhais ibéricos de Quercus Sem subtipos Bom: estrutura média/parcialmente
faginea e Quercus canariensis degradada, boas perspetivas e
recuperação fácil
1 https://eur-lex.europa.eu/legal-content/PT/TXT/PDF/?uri=CELEX:32011D0484&from=EN
Figura III.101 – Representação cartográfica dos habitats e usos do solo da área de estudo.
1 ICNB, 2006
2 idem
Figura III.105 – Matos baixos calcícolas com Rosmarinus officinalis (alecrim) e Thymus mastichina, na área
de estudo.
Figura III.107 – Afloramentos rochosos na área de estudo, com Ceterach officinarum subsp. officinarum
(doiradinha) e Narcissus calcicola.
1 http://www2.icnf.pt/portal/pn/biodiversidade/rn2000/resource/doc/rn-plan-set/hab/hab-8130
• Presença de uma população importante (mais de 20 indivíduos) de uma ou mais espécies de orquídeas;
Gennaria diphylla
Aceras anthropophorum
Figura III.110 – Espécies de orquídeas mais abundantes na área de estudo.
1.11.6.2.9 Pinhal
As áreas de pinhal presentes na área de estudo são maioritariamente constituídas por pinheiro-de-alepo (Pinus
halepensis). Ocorrem também algumas manchas com pinheiros-bravos (Pinus pinaster) e alguns pinheiros-
mansos (Pinus pinea). Alguns pinhais observam densidades mais elevadas e uma menor diversidade no seu
subcoberto, outros albergam as comunidades naturais dos matos e matagais identificados na área de estudo,
inclusive, nalguns casos, com regeneração de carvalhos-cerquinhos (Quercus faginea) (Figura III.112).
Figura III.111 – Clareiras com prados secos de Hyparrhenia hirta e Brachypodium retusum.
1.11.6.2.10 Lapiás
Na área de estudo ocorre uma área de formação geológica de lapiás derivados da erosão e fragmentação de
uma plataforma inclinada que aqui se desenvolve no sentido E-W (referência ao capítulo geologia). Estes lapiás
encontram-se francamente fragmentados, com os blocos de rocha muito desagregados e revolvidos, tendo a
sua maioria, deslizado para as cotas mais baixas da encosta devido a inclinação acentuada (mais de 30% e
falta de estabilidade). Tal é melhor desenvolvido na análise realizada no capítulo 1.17.1.1.3. Reserva Ecológica
Nacional no que respeita às encostas com declive superior a 30 %, e, especificamente, na Figura III.195.
Este risco de derrocada devido à instabilidade desta formação geológica determina que as comunidades
presentes que incluem as espécies: Ruscus aculeatus, Rhamnus alaternus, Olea europaea var. sylvestris,
Quercus coccifera, Asplenium trichomanes e Ceterach officinarum (Figura III.113), bem como espécies
herbáceas, nomeadamente, Arisarum vulgare e Geranium purpureum; registam uma redução substancial da
sua integridade causada por alterações do solo a prazo, que implica uma redução da capacidade do habitat
para manter as suas populações viáveis. É ainda de acrescentar que estas comunidades muito específicas de
lapiás ocorrem de forma muito pontual e fragmentada, pois a maior extensão desta plataforma rochosa
encontra-se ocupada por matagal denso e bem estruturado.
1 CBA-FCUL, 2017
Figura III.114 – Esquema da exploração e da recuperação progressiva levada a cabo nas pedreiras de Vale
de Mós1 (in Apresentação SECIL/FCUL/UE de 13/11/2020 Sessão BCSD Portugal - learning by
sharing natural capital).
A recuperação mais antiga consistiu em intervenções adequadas a um tempo concreto, que incluíram
plantações e sementeiras de espécies arbustivas autóctones e plantações de pinheiro-de-halepo (Pinus
halepensis) com o objetivo de revegetar e amenizar a paisagem2. Já a recuperação mais recente, assente em
investigação científica e monitorização da evolução dos ecossistemas, com resultados em diversas
publicações e teses citadas ao longo do presente EIA, permite definir linhas de orientação e boas práticas para
a recuperação de pedreiras e planos de gestão para a biodiversidade, nas quais as pedreiras da Fábrica
SECIL-Outão têm sido consideradas caso de estudo singular e referência a nível internacional3.
Atualmente a recuperação que é efetuada, visa além da perspetiva paisagística, também com o objetivo de
potenciar a biodiversidade e repor os ativos naturais dos ecossistemas a preservar. As áreas recuperadas
correspondem, assim, aos locais onde a exploração já cessou e que, ao longo dos anos, foram recuperados
através da plantação de árvores, arbustos e de hidrossementeiras herbáceas e arbustivas (Figura III.115).
1 SECIL/FCUL/UE, 2020
2 CBA-FCUL. 2011
3 SECIL/FCUL/UE, 2020; SILVA, MIRA & CORREIA, 2018
As áreas recuperadas mais recentes (2010 em diante), já observam uma fisiografia de talude, com um trabalho
de modelação e de adição de terra vegetal mais rigoroso, onde as condições naturais patentes na envolvente
são, de certa forma, mimetizadas.
Estas áreas foram alvo de experimentação com diferentes misturas de hidrossementeira, sendo que as
comunidades, presentes são maioritariamente herbáceas e arbustivas em diferentes combinações
selecionadas1.
As espécies arbustivas dominantes incluem: Coronilla valentina, Phlomis purpurea, Olea europaea var.
sylvestris, Arbutus unedo, Phillyrea angustifolia, Thymus mastichina, Myrtus communis e Juniperus turbinata.
As espécies herbáceas mais frequentes são: Bituminaria betuminosa, Avena barbata, Torilis arvensis,
Galactites tomentosus, Brachypodium distachyon, Piptatherum miliaceum e Dittrichia viscosa.
Estes taludes, por se localizarem a uma maior distância das áreas naturais e mais próximos das áreas
artificializadas (Figura III.117), as suas comunidades registam menores evidências de dispersão de propágulos
das áreas envolventes. Ainda assim, diversas espécies que não foram incluídas nos ensaios de germinação e
sementeiras vão sendo aqui registadas, aumentando a diversidade florística por um lado (ex. das orquídeas)
e obrigando a medidas de gestão, por outro (no caso das espécies exóticas como Spartium junceum).
1 SECIL, 2016; CBA-FCUL, 2017; CBA-FCUL, 2014; CBA-FCUL, 2011; SECIL – Outão & FCUL, 2008
A Figura III.118 representa a espacialização das áreas recuperadas das pedreiras de Vale de Mós A e B, marga
e calcário respetivamente.
Na Figura III.118 é possível observar a distribuição no terreno, dos usos do solo e habitas patentes em cada
uma das áreas recuperadas. A estrutura da vegetação presente depende quer da técnica utilizada na
recuperação, quer das condições do terreno/substrato e da manutenção ou da gestão, efetuadas
posteriormente à recuperação (Quadro III.70).
Quadro III.70 – Áreas recuperadas, respetiva codificação, tipo de substrato, década da correspondente
recuperação e metodologias de recuperação e gestão.
RECURSO DÉCADA DE
CÓDIGO OU RECUPERAÇÃO MÉTODO DE RECUPERAÇÃO E GESTÃO
SUBSTRATO
De acordo com os dados apurados, as áreas com presença de habitats naturais possuem a maior
representatividade na área da propriedade da SECIL SA., ocupando cerca de 62%, ou seja, 269 ha num total
de cerca de 436 ha. Destes, 18,5 ha correspondem à área proposta para ampliação (4%), cerca de 6 ha estão
em área licenciada e ainda não explorada e, os restantes 243 ha (56%), serão preservados na restante área
da propriedade.
As áreas ocupadas por formações que não constituem habitats naturais ocupam 167 ha (38% da área da
propriedade) e localizam-se: parte na área de exploração (56 ha – 13 %); parte na área recuperada
(34ha – 8%), nomeadamente correspondendo a áreas de Pinhal e de acessos; e, a restante parcela de cerca
de 18% – 77 ha na área restante da propriedade.
Quadro III.71 – Representatividade dos habitats naturais e usos do solo cartografados na totalidade da propriedade da SECIL.
ÁREA DE ÁREA RESTANTE ÁREA DA ÁREA TOTAL DA
ÁREA A AMPLIAR
EXPLORAÇÃO RECUPERADA PROPRIEDADE PROPRIEDADE
CLASSES CARTOGRAFADAS HABITAT
(HA) %* (HA) %* (HA) %* (HA) % (HA) %*
Área artificializada - - - 45,6 10,5 0,9 0,2 54,2 12,4 100,7 23,1
Área recuperada - Acessos - - - 1,2 0,3 7,4 1,7 0,5 0,1 9,1 2,1
Floresta mista e matos 5330pt3+5330pt5 - - 1,5 0,3 0,01 0,002 32,1 7,4 33,6 7,7
Matos e afloramentos rochosos 5330pt5+5210pt2+6110*+8210 12,7 3,0 1,1 0,25 - - 9,1 2,1 22,9 5,3
5330pt5+8210+6110* 1,9 0,4 0,04 0,01 0,3 0,07 7,1 1,6 9,3 2,1
SUBTOTAL 14,7 3,4 1,14 0,3 0,3 0,07 17,66 4,1 33,8 7,8
Taludes rochosos com vegetação esparsa - - - 4,3 1,0 9,0 2,0 0,8 0,2 14,1 3,2
Vertentes rochosas e matos 8210+5330pt5 - - - - 0,08 0,02 9,6 2,2 9,7 2,2
TOTAL 18,5 4,2 62,5 14,4 35,0 8,0 319,8 73,4 435,8 100
(*) Valores relativos à área total da propriedade (ca. 436 hectares)
• De acordo com o ICNF, na Arrábida e na área abrangida pelo Plano Sectorial da RN2000 estão presentes
41 tipos de habitats naturais2. O PNA possui uma área mais reduzida do que a área territorial da ZEC
Arrábida/Espichel em cerca de 3000 hectares, sendo a sua área terrestre de cerca de 12330 hectares. No
Plano de Gestão da ZEC Arrábida/Espichel constam os seguintes 32 tipos de habitats naturais3:
• Bancos de areia permanentemente cobertos por água do mar pouco profunda (1110pt1 e pt3);
• Recifes (1170);
• Falésias com vegetação das costas mediterrânicas com Limonium spp. endémicas (1240)
• Dunas móveis do cordão litoral com Ammophila arenaria (‘dunas brancas’) (2120);
1 http://www2.icnf.pt/portal/ap/p-nat/pnar/class-carac
2 www2.icnf.pt/portal/pn/biodiversidade/rn2000/resource/doc/rn-pt/habit-nat
3https://participa.pt/contents/consultationdocument/Plano%20de%20Gest%C3%A3o_ZEC%20Arr%C3%A1bida-
Espichel.pdf
Quadro III.72 –Área ocupada em hectares pelos 21 habitats naturais cartografados na área do PNA3.
1240 80,86
2260 15,88
2270 80,43
4030 151,56
1 http://www2.icnf.pt/portal/pn/biodiversidade/ordgest/poap/popnar/resource/ordenamento/relatorio
2 http://www2.icnf.pt/portal/pn/biodiversidade/rn2000/p-set/pset-cart
3 idem
5210 63,78
5230 80,07
5320 46,29
5330 3411,06
6210 208,81
6220 426,51
6310 882,01
8210 353,99
8220 2,13
8240 24,57
91B0 1,27
9240 211,93
92B0 7,51
9320 100,72
9330 13,54
9340 34,89
TOTAL 6261,28
Em concreto, na propriedade da SECIL o PSRN2000 espacializa três habitats naturais, que ocupam uma área
de cerca de 213ha. Destes, apenas dois ocorrem na área de projeto para ampliação, num total de área ocupada
de 16ha (Quadro III.73).
Quadro III.73 –Área ocupada em hectares pelos três habitats naturais cartografados na área da propriedade
da SECIL SA. e na área de ampliação do projeto, e, respetiva área no PNA1
CÓDIGO HABITAT ÁREA (HA) NO PNA ÁREA (HA) NA PROPRIEDADE ÁREA (HA) NA ÁREA DE AMPLIAÇÃO
1 http://www2.icnf.pt/portal/pn/biodiversidade/rn2000/p-set/pset-cart
A informação apresentada indica-nos que estes habitats estão de fato bem representados, quer no PNA, quer
na propriedade. Os matos termomediterrânicos (5330) e as vertentes rochosas (8210) ocupam a área
abrangida pela ampliação, numa percentagem 0,4% e 0,8% respetivamente. Ou seja, a afetação pelo pedreira
Vale de Mós A é, para os dois habitats cartografados pelo PSRN 2000 na área, inferior a 1% da sua área total
cartografada no PNA.
De acordo com a informação oficial1, do ponto de vista florístico, o Maciço Calcário da Arrábida alberga cerca
de 1450 taxa2, dos quais 90 foram classificados de elevado valor enquanto património genético3.
O site Flora-On referencia 774 taxa no PNA e na quadrícula onde se insere o projeto, um total de 611 taxa. O
elenco florístico apurado indica-nos a existência de 311 taxa. Com base nestes valores é possível referir que
a propriedade albergará uma diversidade florística superior a 20% da diversidade florística do PNA. Das
espécies observadas na propriedade, nenhuma delas é exclusiva da área proposta para ampliação, nem
encerra nela o seu maior número de efetivos. É assim possível inferir que a conservação e manutenção de
espécies e núcleos populacionais da flora arrabidense não é posta em causa pelo presente projeto.
1 http://www2.icnf.pt/portal/ap/p-nat/pnar/flora
2 Pedro, 1997
3 Cruz, 1994 in http://www2.icnf.pt/portal/ap/p-nat/pnar/class-carac
A proximidade menos expressiva entre a área natural e as áreas de calcário recuperadas está relacionada com
a dificuldade em reconstituir o solo e pela utilização de Pinus halepensis. Embora esta espécie fosse a indicada,
na altura, pelas entidades orientadoras e licenciadoras (constando estas diretrizes ações nos PP e PARP
aprovados na altura) e se tenha revelado interessante do ponto de vista paisagístico e resistente à seca, a sua
utilização foi contraproducente para o objetivo de aproximação das áreas recuperadas às áreas naturais
envolventes. Esta espécie condiciona o desenvolvimento e a regeneração natural de espécies nativas, pelo
que atualmente já não faz parte do elenco de espécies a utilizar na recuperação. Além de já não ser utilizada,
desde 2010, que a SECIL tem vindo a proceder a contínuos desbastes destes pinheiros, de forma que através
desta gestão ativa do sistema, as áreas recuperadas mais antigas possam ainda mais assemelhar-se à sua
envolvente natural2. Esta gestão ativa das áreas recuperadas permite controlar desequilíbrios promovidos por
espécies que, pela sua natureza, eliminam a competição e reduzem a produtividade do sistema3.
Nos trabalhos de 20084 foi também possível contabilizar dados relativos à espécie protegida Arabis sadina.
Estes indicam que as áreas recuperadas mais antigas revelam, pela sua proximidade às áreas naturais, que
do ponto de vista florístico, o fator tempo aproxima o sistema recuperado ao sistema natural. É nas áreas
recuperadas nas décadas de 80 e 90, mais próximas da vegetação natural que surgem as maiores abundâncias
da espécie.
Em suma, os resultados obtidos indicam que é possível aproximar áreas recuperadas dos ecossistemas
naturais, perceber os fatores de diferenciação e efetuar uma gestão favorável ao incremento e potenciação
dos valores naturais que se haviam perdido. Uma gestão dirigida e flexível do Sistema Socio-Ecológico que
tenha como finalidade aumentar a biodiversidade e os valores que se considerem mais relevantes, permite-
nos aumentar a área de distribuição e densidade das espécies desejadas. De modo a robustecer estes
conceitos, aplicaram-se as mesmas técnicas estatísticas aos dados de abundância mais recentes, recolhidos
em 2020 no âmbito dos trabalhos de parceria com a FCUL5. Os resultados comprovam a tendência evolutiva
dos locais amostrados no sentido de uma aproximação entre áreas recuperadas e áreas naturais, como se
demonstra nas figuras seguintes.
De acordo com a Figura III.121, as áreas que se caraterizam por uma elevada abundância arbustiva (Recup.
1980-2010) são as que apresentam maiores semelhanças com as áreas do grupo classificado como: Natural.
Estas últimas, incluem locais envolventes à pedreira, ardidos em 2004 e, um local recuperado na década de
2000 (M00_19), localizado no limite da pedreira muito próximo a áreas naturais, que tendo também ardido em
2004, recuperou depois de forma parcialmente espontânea à semelhança da envolvente natural. Aproximando-
se a estes grupos de locais (Natural e Recup. 1980-2010) surgem os locais (Recup. 2010) recuperados
recentemente com elevada abundância de arbustivas e herbáceas nativas. No lado do dendograma oposto ao
Natural situam-se os locais onde a abundância arbustiva é mais reduzida.
5 CE3C, 2021
Figura III.121 – Proximidade entre as classes de espaço analisadas no estudo1. Dendograma a partir da
matriz de abundância de espécies arbustivas e herbáceas nas áreas de marga.
Figura III.122 – Proximidade entre as classes de espaço analisadas no estudo2. Dendograma a partir da
matriz de abundância de espécies lenhosas e herbáceas nas áreas de calcário.
1 CE3C, 2021
2 CE3C, 2021
A análise dos locais de amostragem em substrato calcário (Figura III.122) indica que as áreas naturais
amostradas (Natural) têm mais semelhanças com um grupo de áreas recuperadas há mais tempo (Recup.
1980-1990) que se carateriza por uma elevada abundância de arbustos, muitos deles surgidos por regeneração
natural. Salienta-se que neste grupo de áreas recuperadas mais antigas (Recup. 1980-1990) estão incluídas
algumas áreas recuperadas que em 2004 foram afetadas pelo fogo. Está também incluída uma área de
amostragem (CA_6) que corresponde a uma área natural, ocupada por habitats naturais com predominância
de carrascal, que ardeu em 2004. De notar também que, dentro do conjunto das restantes áreas recuperadas
(Recup. 2010 (80-90); Recup. 1990; Recup. 2010), observa-se a aproximação entre algumas das áreas
recuperadas mais recentes e as áreas naturais, consequência do sucesso das técnicas de recuperação
modernas, que empregam espécies herbáceas e arbustivas nativas.
Figura III.123 – Proximidade entre as classes de espaço analisadas no estudo1. Dendograma a partir da
matriz de abundância de espécies nas áreas de calcário e de marga.
A análise conjunta dos locais considerados (Figura III.123) para ambos os substratos (marga e calcário)
indicam que, de um modo geral, os locais com recuperação mais antiga surgem mais próximos das áreas
naturais e as áreas ardidas naturais aproximam-se das áreas recuperadas.
As áreas naturais com maiores abundâncias nas espécies arbustivas englobam áreas ardidas de marga e não
ardidas de calcário. Destas, estão mais próximos locais com coberto arbustivo (inclusive de origem
espontânea) mais abundante, no grupo da recuperação mais antiga (1980-1990) e, à semelhança da análise
anterior (Figura III.122) um local de calcário ardido natural (CA_6).
1 CE3C, 2021
Embora se verifique a aproximação entre algumas das áreas recuperadas mais recentes e as áreas naturais,
consequência do sucesso das técnicas de recuperação que empregam espécies herbáceas e arbustivas
nativas, a maior parte das áreas recuperadas mais recentemente observam-se mais afastadas dos locais
naturais, registando uma menor abundância lenhosa.
No terreno, as áreas recuperadas há mais tempo (1980-1990) localizam-se a uma distância mais curta da
vegetação natural, beneficiando em maior medida da colonização espontânea. Os patamares mais antigos de
recuperação não poderão corresponder a habitats naturais classificados, nomeadamente ao habitat 5330 –
Matos mediterrânicos pré-desérticos, cujas espécies caraterísticas estão representadas nestas áreas, devido
a limitações como o formato ou a configuração em patamar do terreno, que não permite uma continuidade
entre as faixas de mato e a presença de Pinus halepensis, que além de ser um elemento exótico, torna as
comunidades vegetais homogéneas e condiciona o desenvolvimento das espécies autóctones.
A experimentação desenvolvida nas áreas recuperadas das pedreiras de Vale de Mós, revela que é possível
aumentar as semelhanças e aproximar ainda mais a similaridade entre as áreas naturais e as recuperadas,
bem como demonstrar que o fogo tem um papel disruptivo e reorganizador na progressão da sucessão
ecológica em sistemas mediterrânicos.
As avaliações mais recentes1 indicam que as comunidades vegetais nas zonas intervencionadas se
desenvolvem ao longo do tempo, sendo inclusive colonizadas por vegetação local espontânea. No entanto,
estas áreas mantêm diferenças face ao sistema natural de referência, o Maquis, não se verificando o típico
padrão de sucessão dos ecossistemas mediterrânicos, em que a inicial dominância de espécies pioneiras
diminui progressivamente e dá lugar a espécies de crescimento lento e maior longevidade. Em geral a
diversidade funcional das zonas revegetadas mantém-se inferior à do Maquis, apontando-se como uma das
principais razões a predominância de pinheiro, nomeadamente de pinheiro-de-Alepo muito utilizado nas
primeiras ações de revegetação e, a reduzida presença de carrasco, espécie dominante do Maquis. Ao nível
da recuperação dos serviços de ecossistema, verificou-se maior sucesso a nível dos serviços de regulação
(ex: sequestro de carbono elevado nas áreas dominadas por pinheiro) e culturais e, menor nos de suporte e
fornecimento.
Em resumo, é concluído nos estudos efetuados que do ponto de vista florístico e do ponto de vista dos
ecossistemas, o grau de recuperação dos locais estudados é encorajador, mas pode parecer modesto
dependendo esta avaliação do momento do ciclo adaptativo que é considerado como comparação. De reforçar
que a introdução do pinheiro condiciona claramente o tipo de ecossistema (e de ciclo) e impede, como
assinalado, uma maior diversidade funcional.
1 C3EC-FCUL, 2017
Figura III.125 – O ciclo adaptativo nas áreas com pouco solo e encostas declivosas.
As áreas rochosas da região em estudo desenvolvem prados rupícolas enquadráveis no habitat 6110 em
mosaico com os prados vivazes de Brachypodium retusum e Hyparrhenia hirta (habitat 6220) que representam
as fases mais pioneiras do clico adaptativo. A progressão do mesmo no sentido de uma acumulação de energia
cada vez maior refletirá a presença das comunidades de matos (5330) e de matagais (5210), que ocorrem
como dominantes na área em estudo, refletindo ser esta a fase do ciclo SSE que atualmente tem maior
representação nas áreas com menor horizonte edáfico.
Como anteriormente referido, os sistemas sócio-ecológicos são dinâmicos e estão em permanente interação
com a actividade humana que, por acção ou inacção, os transforma ou induz a sua transformação.
base bibliográfica e com consulta a especialistas, foi avaliado o elenco da fauna com ocorrência potencial na
área de estudo. Os trabalhos, quer de prospeção de campo, quer de consulta bibliográfica, incidiram sobre
uma área mais ampla que a que foi considerada no estudo da Flora e Habitats, base para a cartografia dos
Biótopos. Considera-se que, dadas as caraterísticas de mobilidade da fauna e, pelo facto do presente estudo
ser limitado no tempo, desta forma é possível apurar os valores faunísticos com maior robustez. Durante as
prospeções de campo, na área de estudo, não foram identificadas linhas de água de caráter permanente
adequadas como habitat para a fauna aquática, pelo que no âmbito deste estudo apenas se analisaram os
vertebrados terrestres.
Apesar da área de projeto se localizar integralmente na quadrícula UTM NC06, a área da propriedade da Secil
abrange ainda uma área muito reduzida da extremidade norte da quadrícula UTM NC05, que inclui a faixa
costeira e abrange maioritariamente o ambiente marinho. A situação de referência da fauna foi, assim,
desenvolvida considerando ambas as quadrículas NC05 (área terrestre) e NC06.
É de realçar que as atividades do projeto a desenvolver localizam-se a uma distância considerável da costa
(500 m, no mínimo). Não se prevê assim que venha a ocorrer afetação direta do ambiente marinho, motivo
pelo qual não foi efetuada a caracterização do mesmo.
1.11.7.2. Metodologia
A caracterização da fauna da área de estudo foi efetuada através de duas visitas ao local, de compilação dos
dados de monitorização, de pesquisa bibliográfica adicional, e da avaliação da importância das zoocenoses.
Esta caracterização incidiu sobre os grupos de vertebrados terrestres, nomeadamente anfíbios, répteis, aves
e mamíferos. Os invertebrados terrestres foram caracterizados com base em pesquisa bibliográfica, e apenas
para os grupos para os quais existia informação geográfica disponível, à exceção dos moluscos terrestres para
os quais se fizeram algumas recolhas na área de estudo.
Os levantamentos de campo foram realizados em duas visitas de campo, uma no dia 15 de setembro de 2017
e outra no dia 14 de março de 2019. Durante as saídas de campo foram anotados todos os contactos visuais
e auditivos com mamíferos, aves, répteis e anfíbios, bem como indícios de presença.
Para efeitos de pesquisa bibliográfica, foram consideradas essencialmente duas tipologias de fontes: os
estudos prévios realizados para a SECIL, no âmbito do processo de AIA e pós-avaliação ambiental, que
proporcionam informação específica para o local, e publicações do tipo Atlas, considerando como unidades de
consulta as quadrículas UTM de 10x10 km NC05 e NC06.
Entre os referidos estudos prévios realizados no local, destacam-se os seguintes, como fontes de informação
principais para o presente relatório:
• Estudo de Impacte Ambiental da co-incineração de resíduos industriais perigosos na fábrica da SECIL -
Outão. SECIL, S.A. 1
• Estudo e Valorização da Biodiversidade - Componente da Fauna – 1ª Fase. Relatório Final. Volume I.
Caracterização da Área de Estudo. Inventariação e Valorização das Espécies. Modelação Ecológica.2
• Estudo e Valorização da Biodiversidade - Componente da Fauna – 1ª Fase. Volume II. Plano de Acção
para a Biodiversidade – Componente da Fauna.3
quadrículas vizinhas e considerando os habitats presentes, a sua ocorrência na área de estudo seja muito
provável. As fontes consultadas encontram-se descritas nas secções seguintes.
1.11.7.2.1 Invertebrados
Para a recolha de informação relativamente aos invertebrados potencialmente ocorrentes na área de estudo,
foram consultadas as seguintes fontes: As Borboletas de Portugal1, o Relatório Nacional de Aplicação da
Diretiva Habitats (2013-2018)2 e os estudos prévios na área de estudo referidos na secção
1.11.7.2. Metodologia.
No âmbito do presente estudo, foram efetuadas apenas algumas recolhas pontuais de moluscos terrestres,
nas áreas recuperadas e na sua evolvente direta (áreas naturais) pelo especialista em gastrópodes Gonçalo
Calado, Biólogo do Instituto Português de Malacologia. Estas recolhas foram direcionadas essencialmente para
locais com características adequadas a espécies de caracóis, como pedra exposta, com pouca vegetação e
pedras que se pudessem virar.
A restante informação relativa aos invertebrados é integralmente proveniente de fontes de informação
secundárias.
Os invertebrados não possuem estatuto de conservação a nível nacional, estando em curso o desenvolvimento
da Lista Vermelha de Invertebrados de Portugal. Assim para avaliação da importância dos invertebrados, em
termos de conservação, foram considerados, o seu enquadramento no Decreto-Lei n.º 140/99 de 24 de abril
(com as alterações introduzidas pelo Decreto-Lei n.º 49/2005, de 24 de fevereiro e pelo Decreto-Lei n.º 156-
A/2013, de 8 de novembro), o estatuto de conservação da Red List da IUCN3 e, no caso dos Lepidópteros, o
estatuto atribuído por Maravalhas4.
1.11.7.2.2 Anfíbios
Para a recolha de informação de distribuição e comportamental das espécies de anfíbios potencialmente
ocorrentes na área de estudo, assim como para uma melhor preparação dos levantamentos de campo, foram
consultados o Atlas dos Anfíbios e Répteis de Portugal5, o Guia Fapas de Anfíbios e Répteis de Portugal6, o
sítio da Lista Vermelha da IUCN7, a Distribuição de Espécies, fauna e flora, da Diretiva Habitats 2013-20188 e
os estudos prévios na área de estudo referidos na secção 1.11.7.2. Metodologia.
Relativamente ao trabalho de campo, foi feita prospeção de anfíbios em corpos de água temporários presentes
na área de estudo (Figura III.126).
1.11.7.2.3 Répteis
Para a recolha de informação comportamental e de distribuição das espécies de répteis potencialmente
ocorrentes na área de estudo, assim como para uma melhor preparação dos levantamentos de campo, foram
consultadas as mesmas fontes indicadas para o grupo dos anfíbios.
1 Maravalhas, 2003
2 https://geocatalogo.icnf.pt/
3 http://www.iucnredlist.org/
4 Maravalhas, 2003
7 https://www.iucnredlist.org
8 https://geocatalogo.icnf.pt/
Relativamente ao trabalho de campo, o esforço de amostragem dirigido a este grupo concentrou-se, sempre
que possível, em locais com rochas expostas e zonas de matos para amostragem de répteis com hábitos
terrestres. A escolha dos locais de amostragem foi feita com base nos biótopos ocorrentes na área de estudo,
tendo sido selecionados em função da maior probabilidade de ocorrência destas espécies. Os répteis foram
também amostrados em pontos de prospeção coincidentes com os restantes grupos faunísticos (Figura
III.126).
Foram ainda registadas todas as espécies detetadas ad-hoc, isto é, correspondentes a observações
esporádicas, no decorrer da amostragem dos vários grupos de vertebrados.
1.11.7.2.4 Aves
Para a recolha de informação comportamental e de distribuição das espécies de aves potencialmente
ocorrentes na área de estudo, assim como para uma melhor preparação dos levantamentos de campo, foram
consultados o Atlas das Aves Nidificantes em Portugal1, o Atlas das Aves Invernantes e Migradoras 2012-
20132, o Guia de Aves – Guia de campo das aves de Portugal e Europa3, Aves Exóticas que nidificam em
Portugal Continental4, o sítio da Lista Vermelha da IUCN5, a Distribuição de aves da Diretiva Aves 2013-20186,
o sítio da BirdLife7 e os estudos prévios na área de estudo referidos na secção 1.11.7.2. Metodologia.
Relativamente ao trabalho de campo foram detetadas e registadas espécies através de transectos pedestres
e pontos de observação e escuta (com duração de cinco minutos), realizados nos biótopos presentes. Foi
também efetuado um ponto de observação de aves planadoras, com duração de 1 hora (Figura III.126). As
observações avulsas ou ad-hoc efetuadas foram igualmente adicionadas ao elenco avifaunístico.
1.11.7.2.5 Mamíferos
Para a recolha de informação comportamental e de distribuição sobre as espécies de mamíferos
potencialmente ocorrentes na área de estudo, assim como para uma melhor preparação dos levantamentos
de campo, foram consultados o Atlas de Mamíferos de Portugal8, o Atlas dos Morcegos de Portugal
Continental9, a Avaliação da tendência populacional de algumas espécies de morcegos cavernícolas10, os
Morcegos das Áreas Protegidas11, Inventariação das espécies e dos abrigos de morcegos nos parques naturais
da Arrábida e da Serra de São Mamede e determinação dos biótopos de alimentação de algumas espécies de
morcegos12, o sítio da Lista Vermelha da IUCN13, a Distribuição de Espécies, fauna e flora, da Diretiva Habitats
2013-201814 e os estudos prévios na área de estudo referidos na secção 1.11.7.2. Metodologia. Para
verificação da possível existência de abrigos de morcegos na área de estudo, consultou-se ainda o Manual de
4 Matias, 2002
5 http://www.iucnredlist.org/
6 https://geocatalogo.icnf.pt/
7 http://www.birdlife.org
12 Rainho, 1995
13 http://www.iucnredlist.org/
14 https://geocatalogo.icnf.pt/
apoio à análise de projetos relativos à instalação de linhas aéreas de distribuição e transporte de energia
elétrica e a informação geográfica associada1.
Relativamente ao trabalho de campo, para o registo da presença de espécies de mamíferos na área de estudo,
optou-se pelo método dos transectos sem distância fixa representativos dos biótopos presentes na área de
estudo, tendo os mesmos coincidido com os transectos realizados para a amostragem da herpetofauna, onde
se efetuou prospeção de indícios de presença (dejetos, trilhos, pegadas), e foram registadas as observações
diretas efetuadas (Figura III.126).
Durante os trabalhos de campo foram ainda efetuados pontos de escuta (gravação de vocalizações) para
deteção de morcegos, com uma duração de 10 minutos, após as 21h30, de modo a avaliar a atividade dos
morcegos em cada local. As amostragens com recurso a deteção de ultrassons foram realizadas nas noites de
12 e 14 de março de 2019, tendo sido realizados um total de 6 pontos de escuta (Figura III.126). A amostragem
foi realizada com recurso a um detetor de ultrassons (Anabat Walkabout) com heteródino incorporado, o que
permite a deteção de morcegos em tempo real. Este aparelho possui igualmente um gravador interno,
associado a um reprodutor em tempo expandido 10 vezes. De modo a evitar a pseudorreplicação dos dados,
a distância mínima entre pontos estabelecida foi de 200m.
1 ICNF, 2019
1.11.7.5. Resultados
• Anexos das Convenções de Berna (ratificada por Portugal pelo Decreto-Lei n.º 95/81, de 23 de julho e
regulamentado pelo Decreto-Lei n.º 316/89, de 22 de setembro);
• Anexos das Convenções de Bona (ratificada pelo Decreto-Lei n.º 103/80, de 11 de outubro);
• Anexos da Convenção CITES - Convenção sobre o Comércio Internacional das Espécies da Fauna e Flora
Selvagens Ameaçadas de Extinção (Decreto n.º 50/80, de 23 de julho - aprovação da Convenção de
Washington; Decreto-Lei n.º 114/90 de 5 de abril, Anexos I, II e III - regulamenta a aplicação da Convenção
em Portugal; Portaria n.º 352/92, de 19 de novembro; Decreto-Lei n.º 121/2017, de 20 de setembro –
estabelece as medidas necessárias ao seu cumprimento e aplicação em território nacional); Regulamento
(CE) nº 338/97 do Conselho, de 9 de dezembro de 1996, complementado pelo Regulamento (CE) nº
1332/2005 da Comissão de 9 de agosto (Anexos A, B, C e D);
• Anexos do Decreto-Lei n.º 140/99, de 24 de abril, com as alterações introduzidas pelo Decreto-Lei n.º
49/2005, de 24 de fevereiro e pelo Decreto-Lei n.º 156-A/2013, de 8 de novembro (revê a transposição para
Portugal da Diretiva Aves - Diretiva n.º 79/409/CEE, do Conselho, de 2 de abril, alterada pelas Diretivas n.º
91/244/CE, da Comissão, de 6 de março, 94/24/CE, do Conselho, de 8 de junho, e 97/49/CE, da Comissão,
de 29 de junho; e da Diretiva Habitats – Diretiva n.º 92/43/CEE, do Conselho, de 21 de maio, com as
alterações que lhe foram introduzidas pela Diretiva n.º 97/62/CE, do Conselho, de 27 de outubro).
A complexidade do ciclo anual da avifauna faz variar fortemente a composição das suas comunidades ao longo
do ano. Por este motivo, para este grupo, indica-se também, numa escala regional, a sua fenologia, isto é, as
variações sazonais dos hábitos das espécies. Deve considerar-se que tanto as espécies estivais como as
residentes são espécies nidificantes.
A terminologia e nomenclatura utilizadas são adaptadas do Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal4.
Relativamente aos quirópteros, a nomenclatura apresentada reflete a atualização dos nomes vulgares dos
morcegos portugueses, decorrente da revisão das espécies, incluída no relatório do Eurobats de 2010. Pelo
agrupamento e/ou divisão de algumas espécies de morcegos, alguns estatutos de conservação ainda não
estão presentes no Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal1, aguardando-se por isso uma revisão e
atualização do mesmo para a Ordem Chiroptera.
O elenco faunístico potencial da área de estudo é composto por 194 espécies de vertebrados terrestres (nove
anfíbios, 18 répteis, 117 aves e 50 mamíferos), que se encontram listadas no anexo V - Quadros 1, 2, 3 e 4 da
Fauna.
De entre as nove espécies de anfíbios elencadas para a área de estudo, cinco foram confirmadas (anexo V -
Quadro 1 da Fauna). Nenhuma das espécies de anfíbios elencadas está classificada como ameaçada, contudo
importa realçar a possível presença da rã-de-focinho-pontiagudo (Discoglossus galganoi) que apresenta o
Estatuto de Conservação “Quase Ameaçado”2. Salienta-se ainda, que tanto a rã-de-focinho-pontiagudo como
o tritão-de-ventre-laranja (Lissotriton boscai), são endemismos ibéricos.
Foram elencadas para a área de estudo 18 espécies de répteis; destas, dez espécies foram confirmadas
(anexo V - do Anexo Fauna). Entre as espécies elencadas, uma está ameaçada – a osga-turca (Hemidactylus
turcicus), classificada como “Vulnerável”.
No que diz respeito à Classe das Aves, foram confirmadas 83 das 117 espécies elencadas. Considerando os
estatutos de conservação, são potenciais onze espécies ameaçadas: a galheta (Phalacrocorax aristotelis), o
milhafre-real (Milvus milvus) (população invernante), o tartaranhão-cinzento (Circus cyaneus) (população
invernante), a águia de Bonelli (Aquila fasciata), a ógea (Falco subbuteo), o falcão-peregrino (Falco peregrinus),
o maçarico-das-rochas (Actitis hypoleucos), o noitibó-cinzento (Caprimulgus europaeus), o noitibó-de-nuca-
vermelha (C. ruficollis), o cartaxo-nortenho (Saxicola rubetra) e a toutinegra-das-figueiras (Sylvia borin). Refira-
se, contudo, que a presença quer da galheta, quer de maçarico-das-rochas, apenas deverá ser ocasional, dado
que a área de estudo não apresenta biótopos favoráveis à sua ocorrência. Foi confirmada na área de estudo
a presença de quatro espécies de aves ameaçadas: o tartaranhão-cinzento, a águia de Bonelli, o falcão-
peregrino e a toutinegra-das-figueiras.
De acordo com o Manual de apoio à análise de projetos relativos à instalação de linhas aéreas de distribuição
e transporte de energia elétrica 3, a área de estudo localiza-se cerca de 1,5 km a leste de uma área crítica para
rapinas e a 6,5 km, na mesma direção, de uma área muito crítica para estas espécies. Considerando a
localização da área de estudo e as espécies de aves de rapina elencadas, esta área crítica dirá respeito ao
raio de 5 km em torno de ninhos ou áreas prioritárias à conservação de águia de Bonelli e/ou falcão-peregrino.
Poderá ainda ser uma área prioritária para tartaranhão-cinzento (mas não de proteção a área de nidificação,
visto tratar-se de uma espécie invernante na área) (Figura III.127).
O falcão-peregrino apresenta uma utilização regular da área de estudo, de acordo com estudos prévios
realizados na área, no âmbito dos quais a sua nidificação foi considerada possível em 2010 e 2013, embora
não em 2016; em 2007/2008 foi observado duas ou mais vezes com intervalo mínimo de um mês na área de
estudo e zonas envolventes, no período de nidificação. Foi considerado nidificante possível no Parque Natural
da Arrábida (PNA) em 2013 e 2017.4 A águia de Bonelli foi confirmada pela primeira vez na propriedade da
SECIL-Outão em 20165, sendo referida como nidificante possível na área do PNA em 2013 e em 20176. O
tartaranhão-cinzento ocorreu no inverno de 2010/2011 na área de estudo e no inverno de 2017 no PNA.7
1 Idem
2 Cabral et al., 2006
3 ICNF, 2019
É ainda potencial a ocorrência, na área de estudo, da ógea, espécie para a qual é definida esta tipologia de
áreas críticas. Embora não haja referências de nidificação confirmada para a área de estudo, a sua eventual
presença deve ser analisada com precaução: segundo o Atlas das Aves Nidificantes em Portugal 1, a sua
nidificação é possível na quadrícula 10 x 10 km NC95 (imediatamente adjacente à NC06, para oeste), e poderá
também utilizar alguns dos biótopos presentes na área de estudo. Acresce ainda a reduzida conspicuidade da
espécie2, pelo que não se pode afastar a hipótese da sua presença na área de estudo, como migradora, ou
até (com menor probabilidade) como reprodutora.
A área de estudo localiza-se ainda a cerca de 3,5 km a oeste de uma área crítica para aves aquáticas e a 4
km, na mesma direção, de uma área muito crítica para estas aves3 (Figura III.127). A área de estudo não
possui, contudo, habitats adequados para a presença de espécies aquáticas; este facto, a par da perturbação
já existente, torna bastante improvável que a área seja utilizada por estas espécies, mesmo em passagem.
Um total de 50 espécies de mamíferos foram elencadas para a área de estudo, estando 26 confirmadas (anexo
V - Fauna). Entre as espécies de mamíferos elencadas, contam-se 11 espécies ameaçadas4, sendo que nove
destas espécies são quirópteros.
Das espécies ameaçadas, sete estão classificadas como “Vulneráveis”: morcego-de-ferradura-grande
(Rhinolophus ferrumequinum), morcego-de-ferradura-pequeno (Rhinolophus hipposideros), morcego-rato-
grande (Myotis myotis), morcego-de-franja-do Sul (Myotis escalerai), morcego-de-peluche (Miniopterus
schreibersii), rato de Cabrerae (Microtus cabrerae) e gato-bravo (Felis silvestris); uma espécie classificada
como “Em perigo”, o morcego de Bechstein (Myotis bechsteinii); e três espécies estão classificadas como
“Criticamente em perigo”, o morcego-de-ferradura-mediterrânico (Rhinolophus euryale), o morcego-de-
ferradura-mourisco (Rhinolophus mehelyi) e o morcego-rato-pequeno (Myotis blythii). Apenas quatro das
espécies ameaçadas foram confirmadas para a área de estudo: o morcego-de-ferradura-grande, o morcego-
de-ferradura-mediterrânico, o morcego-de-franja do Sul e o morcego-de-peluche.
Na envolvente da área de estudo existem três abrigos de importância nacional, cujos buffers de proteção5 se
localizam a cerca de 2, 12 e 20 km (Figura III.127). O abrigo de importância nacional mais próximo da área de
estudo denomina-se Sesimbra I; este é um abrigo de especial importância nas épocas de maternidade e
outono6. Na época de maternidade, o abrigo é utilizado por uma colónia de poucos milhares de morcegos-de-
peluche e por indivíduos isolados de morcegos-de-ferradura-pequeno. Dados mais antigos apontam para a
presença de cerca de 300 indivíduos de morcegos-rato-grande, mas apenas num dos anos monitorizados. No
outono o abrigo é ocupado por centenas de morcegos-de-peluche e por indivíduos isolados de morcego-rato-
grande e morcego-orelhudo-castanho (Plecotus auritus)7.
O abrigo Sesimbra II é um abrigo de importância na época de hibernação, sendo utilizado por alguns milhares
de morcegos-de-peluche e indivíduos isolados de morcego-rato-grande. Em anos anteriores foram também
observados no abrigo alguns indivíduos isolados de morcego-de-peluche8.
6 ICNF, 2014
7 Idem
8 Idem
O abrigo Sesimbra III, o mais afastado da área de estudo, é importante na época de hibernação, albergando
algumas centenas ou milhares de morcegos-de-peluche, assim como indivíduos isolados de morcego-de-
ferradura-grande. Na época de maternidade foram observadas algumas dezenas de morcegos-de-peluche1.
Estudos anteriores que confirmam a presença de morcego-de-peluche na área de projeto, registaram a espécie
maioritariamente sobre áreas recuperadas, na zona noroeste e no centro-sul da mesma2, indicando que essas
podem ter sido as áreas preferenciais para a espécie se alimentar. Contudo, é muito provável que o morcego-
de-peluche utilize a área também de passagem, dado o número de abrigos que ocupa em redor da área de
estudo. O morcego-de-ferradura-grande foi registado apenas na zona norte da área de estudo, em
monitorizações realizadas anteriormente3.
Na envolvente da área de estudo existem ainda vários abrigos de importância local/regional, algo que seria de
esperar dada a natureza cársica da região, localizando-se o mais próximo a cerca de 1,5 km (Figura III.128)4.
Estudos anteriores realizados5 identificaram 26 abrigos de quirópteros na área de estudo e envolvente próxima,
sendo que em cinco dos locais identificados foram observados vestígios (Ab17, Ab20, Ab24, Ab28 e Ab29) e,
em apenas um, observados indivíduos (Ab28). No presente estão ainda instaladas na propriedade, no âmbito
dos mesmos estudos, 90 caixas-abrigo para quirópteros (Figura III.129) sendo a maioria ocupada por um
pequeno número de indivíduos do género Pipistrellus6.
Figura III.127 – Áreas críticas para aves e morcegos na envolvente da área de estudo.
1 Idem
2 SECIL-Outão & Universidade de Évora, 2011a
3 SECIL-Outão & Universidade de Évora, 2014a
4 ICNB, 2010
1.11.7.5.1.1 Invertebrados
Adicionalmente, é de referir a presença na área de estudo de Euchloe tagis, que a nível nacional ocorre apenas
na Serra da Arrábida e, apesar de não ter enquadramento legal, é considerada uma espécie “Em perigo de
extinção” na monografia “Borboletas de Portugal”1.
Relativamente aos carabídeos, ocorrem potencialmente na área de estudo 102 espécies, sendo que destas 70
foram confirmadas (Quadro 6 do Anexo Fauna). As espécies mais comuns na área de estudo são Pterostichus
paulinoi paulinoi, Calathus granatensis e Laemostenus terricola terricola2. Nenhuma das espécies de
carabídeos dada para a área de estudo está abrangida por proteção legal a nível nacional, ou europeu, nem é
abrangida por estatutos de ameaça a nível internacional.
Foram identificadas na área de estudo oito espécies de gastrópodes (Quadro 7 do Anexo Fauna). A mais
comum é Microxeromagna lowei. Salienta-se ainda a presença de Xeroplexa arrabidensis, espécie endémica
da Serra da Arrábida, mas muito frequente. Nenhuma das espécies de gastrópodes identificada está abrangida
por proteção legal a nível nacional, ou europeu, nem é abrangida por estatutos de ameaça a nível internacional.
Quadro III.75 – Ocupação das diferentes tipologias de biótopos adotadas no presente estudo
Matos 131,1
Áreas artificializadas 109,8
Matos com afloramentos rochosos 33,8
Pinhal 61,5
Floresta mista 38,1
Prados 3,4
Afloramentos rochosos 57,5
Total 435,8
1 Maravalhas, 2003
2 SECIL – Outão & Universidade de Évora, 2014
Os matos apresentam alguma variabilidade na área de estudo, tanto relativamente às espécies presentes como
ao porte e densidade. Neste biótopo incluem-se matos naturais e áreas recuperadas, podendo ocorrer em
associação com uma proporção variável de prados. São a classe dominante da área da propriedade, ocupando
30% da sua extensão.
Este é um habitat com pouca potencialidade para os anfíbios, embora possa albergar espécies menos
dependentes do meio aquático, tais como a salamandra-de-pintas-amarelas (Salamandra salamandra) ou o
sapo-comum (Bufo bufo).
Zonas com clareiras, com menor densidade de vegetação ou de transição com afloramentos rochosos
configuram-se adequadas para répteis como a cobra-de-ferradura (Hemorrhois hippocrepis), a cobra-de-
escada (Rhinechis scalaris) ou a cobra-rateira (Malpolon monspessulanus).
No que diz respeito às aves, este biótopo alberga sobretudo passeriformes, como a toutinegra-do-mato
(Sylvia undata) ou a toutinegra-dos-valados (Sylvia melanocephala). Em zonas com estrato herbáceo é
característica a petinha-dos-prados (Anthus pratensis).
As áreas de matos propiciam abrigo para sacarrabos (Herpestes ichneumon) e habitat de alimentação para o
morcego-rabudo (Tadarida teniotis). Em zonas com estrato herbáceo, representam habitat favorável à
presença de coelho-bravo (Oryctolagus cuniculus) (Figura III.131) e o rato-das-hortas (Mus spretus).
Ainda a nível das áreas artificializadas, existem alguns corpos de água permanentes para retenção de água.
Têm reduzida dimensão e reduzido interesse para a biodiversidade em geral.
No caso dos répteis, poderão ocorrer algumas espécies mais ubiquistas ou adaptadas a meios antropizados,
tal como a lagartixa–do-mato.
Ao nível da comunidade avifaunística, poderão ocorrer essencialmente espécies adaptadas a meios
antropizados, tais como melro-preto (Turdus merula) e o rabirruivo.
Também a comunidade de mamíferos que ocorre no presente biótopo será formada por espécies oportunistas
e ubiquistas, como o morcego-anão.
Os matos com afloramentos rochosos apresentam bastantes semelhanças com o biótopo matos, no que à
composição específica diz respeito, mas respeitam a áreas intercaladas por afloramentos rochosos com
dimensões apreciáveis. Esta característica leva-os a poder albergar uma comunidade faunística com algumas
particularidades face à comunidade típica dos matos. Os matos com afloramentos rochosos ocupam 33,8ha,
e constituem o sexto biótopo mais representado da área de estudo, ocupando cerca de 8% da sua superfície.
Trata-se em geral de um biótopo pouco favorável para os anfíbios devido à sua aridez, podendo ocorrer
espécies menos dependentes de habitats com humidade, como os sapos (corredor - Epidalea calamita - e
comum).
Já no caso da comunidade de répteis, podem encontrar-se espécies como a cobra-rateira.
Relativamente à comunidade ornitológica, e dada a presença de matos, ocorrerão espécies semelhantes às
que aparecem nesse biótopo. Para além dessas, algumas aves surgem particularmente associadas a áreas
com afloramentos rochosos, como é o caso do melro-azul (Monticola solitarius).
Para a classe dos mamíferos, este biótopo revela-se tanto mais adequado, quanto maior a abundância de
locais de abrigo (matos). Poderá ser utilizado por diversas espécies mais generalistas, como a raposa (Vulpes
vulpes), ou mais adaptadas a áreas de matos, como o sacarrabos.
Os pinhais presentes na área de projeto são resultantes de ações de recuperação da atividade extrativa.
Podem apresentar matos no subcoberto, com alguma variabilidade quanto à sua estrutura. Este biótopo tem
uma representatividade de cerca de 14% na área da propriedade.
Os pinhais são um habitat pouco favorável para os anfíbios devido à sua aridez, contudo poderão ainda assim
ocorrer espécies deste grupo, tais como o sapo-corredor ou o sapo-comum. Apesar da aridez característica,
é neste biótopo que se localiza um charco artificial que, tendo em conta a escassez de biótopos adequados
para este grupo, se configura como um dos locais mais relevantes para anfíbios na área de estudo.
Já no caso da comunidade de répteis, podem encontrar-se espécies como a lagartixa-do-mato
(Psammodromus algirus) ou a lagartixa-ibérica (Acanthodactylus erythrurus) e, em zonas com ensombramento,
a osga-turca (Hemidactylus turcicus)1.
1 Idem
Relativamente à comunidade ornitológica, podem ocorrer espécies tipicamente florestais, tais como o gaio
(Garrulus glandarius), o peto-real (Picus viridis) e, entre os passeriformes, a trepadeira (Sitta europaea) ou o
chapim-carvoeiro (Periparus ater)1.
As áreas de pinhal providenciam ainda abrigo para algumas espécies de mamíferos, como o ouriço-cacheiro
(Erinaceus europaeus), ou o rato-das-hortas (Mus spretus)2, ou como área de alimentação complementar
para o morcego-anão (Pipistrellus pipistrellus) ou o morcego de Bechstein (Myotis bechsteinii).
Este biótopo inclui as áreas florestais mais desenvolvidas ocupando na área de estudo 38,1ha, que
correspondem a cerca de 9% da superfície da propriedade. É constituído por carvalhos, pinheiros, azinheiras
e alfarrobeiras e geralmente apresenta sub-coberto.
Tal como no caso do Pinhal, estes biótopos têm potencial para conservar mais humidade, podendo deste modo
ocorrer espécies de anfíbios mais tolerantes a alguma dessecação, como a salamandra-de-pintas-amarelas,
o sapo-comum ou sapo-corredor.
Já no caso da comunidade de répteis, dadas as características algo diferenciadoras deste biótopo, em relação
aos restantes, poderá albergar presas que atraiam espécies como o lagarto (Timon lepidus), a cobra-lisa-
meridional (Coronella girondica), ou a cobra-de-escada.
Relativamente à comunidade ornitológica, a heterogeneidade do biótopo pode proporcionar um nível de
biodiversidade eventualmente mais elevado do que o dos outros biótopos. Podem ocorrer espécies tipicamente
associadas a formações florestais, como o picapau-malhado (Dendrocopus major), o chapim-rabilongo
(Aegithalos caudatus), ou a trepadeira (Certhia brachydactyla).
As florestas mistas com folhosas constituem um biótopo favorável para uma grande diversidade de mamíferos,
nomeadamente para o texugo (Meles meles), o gato-bravo (Felis silvestris), a raposa (Vulpes vulpes), ou o
gamo (Dama dama). Este é um biótopo particularmente importante para a comunidade de morcegos, sendo
local de alimentação para várias espécies, como o morcego-de-ferradura-grande (Rhinolophus
ferrumequinum), o morcego-de-ferradura-pequeno (Rhinolophus hipposideros) ou o morcego-de-franja-do-
Sul (Myotis escalerai); constituem ainda locais de abrigo para espécies arborícolas, como o morcego-
arborícola-gigante (Nyctalus lasiopterus) ou o morcego-hortelão-escuro (Eptesicus serotinus).
Este biótopo abrange prados e taludes com vegetação esparsa. São maioritariamente formadas por
comunidades herbáceas, com densidade reduzida. É o segundo biótopo menos representado, ocupando
apenas 3,4ha, correspondendo a 0,8% da área da propriedade. Nalguns casos podem pontuar alguns matos,
sempre menos representativos em termos de superfície do que os prados.
Não sendo particularmente propício à presença de anfíbios, este biótopo ainda assim poderá conservar alguma
humidade, podendo ocorrer espécies como o sapo-comum ou sapo-corredor que, embora estejam
associadas a ambientes húmidos, possuem também alguma tolerância para ambientes mais secos.
Relativamente aos répteis, poderá ser um biótopo com algum interesse para captura de presas, por exemplo
para a cobra-rateira, possuindo condições para albergar várias espécies de micromamíferos. Apesar de não
1 Idem
2 Mira et al., 2019
terem ainda sido confirmados na área de estudo, duas espécies potenciais neste tipo de biótopo são o fura-
pastos (Chalcides bedriagai) e a cobra-de-pernas-pentadáctila (C. striatus).
Entre a comunidade ornitológica são típicos deste biótopo bandos mistos de fringilídeos, em atividade
alimentar, tirando partido de zonas de cobertura herbácea densa1.
A comunidade de mamíferos deverá incluir vários micromamíferos, como o rato-do-campo (Apodemus
sylvaticus), ou o rato-cego (Microtus lusitanicus). É ainda um biótopo adequado para o coelho-bravo
(Oryctolagus cuniculus).
Os afloramentos rochosos incluem lajes calcárias e taludes rochosos com vegetação esparsa. Este biótopo
não providencia, assim, condições de abrigo para a maior parte da fauna, devido à escassez de vegetação.
No entanto, algumas espécies podem utilizá-lo para outras funções ecológicas. As zonas de orla, adjacentes
a outros biótopos com vegetação, podem propiciar uma biodiversidade mais elevada. Ocupam 57,5ha,
estendendo-se por 13% da superfície da propriedade.
Trata-se de um habitat pouco favorável para os anfíbios devido à sua aridez. No que diz respeito aos répteis,
este poderá ser utilizado para funções de termorregulação, por exemplo pela cobra-rateira.
Relativamente à comunidade ornitológica, o mocho-galego (Athene noctua) é uma espécie característica
deste biótopo, sobretudo se intercalado com outras áreas abertas; outras espécies estão associadas a
afloramentos rochosos, como o melro-azul (Monticola solitarius) ou o rabirruivo (Phoenicurus ochruros),
estando os taludes rochosos entre os locais preferenciais para estabelecimento de territórios desta última
espécie na área de estudo2.
Entre os mamíferos, destaca-se o rato-do-campo (Apodemus sylvaticus), que utiliza frequentemente zonas
de afloramentos rochosos como abrigo3.
A área agrícola é o biótopo menos representado da propriedade. É constituída essencialmente por hortas, um
pequeno prado e algumas árvores. Poderá ser favorável para anfíbios quando retiver alguma água no solo,
ainda assim, para espécies menos dependentes dos meios aquáticos, em parte do seu ciclo de vida, como o
sapo-comum (Bufo bufo).
Relativamente à comunidade de répteis, podem surgir essencialmente espécies oportunistas que aproveitam
a presença de roedores, tais como a cobra-rateira (Malpolon monspessulanus) ou a cobra-de-escada
(Rhinechis scalaris).
No que diz respeito à avifauna, nestas áreas poderão ocorrer essencialmente passeriformes, embora possam
atrair também espécies de predadores que aí buscam as suas presas. Uma espécie bastante característica é
o cartaxo (Saxicola torquata).
Entre as espécies de mamíferos potenciais, os micromamíferos serão das mais características deste biótopo,
por exemplo o musaranho-de-dentes-brancos (Crocidura russula), ou o rato-das-hortas (Mus spretus).
Tendo em conta o elevado e reconhecido valor ecológico do Parque Natural da Arrábida (PNA) e os impactes
provocados pelas atividades relacionadas com as pedreiras, foi realizado o Estudo de enquadramento da
biodiversidade na SECIL-Outão e sua envolvente1, 2, integrado nas monitorizações da biodiversidade em curso.
Para tal, foram realizadas amostragens para diversos grupos faunísticos na área do PNA externa à propriedade
da SECIL-Outão, nas mesmas épocas das amostragens na propriedade e com medidas de esforço
comparáveis 3, 4.
Em termos de resultados gerais obtidos, foram registadas um total de 107 espécies nas monitorizações gerais
da fauna realizadas na propriedade da SECIL-Outão em 2013 e 2016 e um total de 147 espécies nas
amostragens realizadas no PNA em 2013 e 20175. Estes números são referentes apenas aos períodos
indicados, às espécies confirmadas e aos grupos faunísticos amostrados em ambos os locais e em ambos os
anos, nomeadamente lepidópteros, aves, morcegos, carnívoros, lagomorfos e artiodáctilos.
Foi no PNA que se registaram mais espécies exclusivas (n=48), tendo-se registado na SECIL apenas oito;
estes resultados são referidos como expectáveis devido à área do PNA ser bastante maior do que a da SECIL,
e aos locais de amostragem do PNA incluírem uma maior diversidade de habitats6.
É de salientar que o grupo dos quirópteros está mais bem representado na propriedade da SECIL-Outão (oito
espécies, três das quais exclusivas) do que na área do PNA externa à mesma (seis espécies, apenas uma
exclusiva).7
No global, o número total de espécies registadas na propriedade da SECIL-Outão representa 69% das espécies
registadas no PNA (na Figura III.134 apresentam-se as proporções relativas às duas áreas para os lepidópteros
- borboletas, aves e mamíferos).
De referir, ainda, que não se verificou nenhum efeito negativo da proximidade da área da SECIL relativamente
à riqueza específica registada, o que é ilustrado pela Figura III.135.
5 Idem
6 Idem
7 Idem
Nº espécies
SECIL
Nº espécies
OutrosPNA
Carnívoros
Aves
noturnas
Morcegos
69% das espécies
do PNA foram Passeriforme
Rapinas
detetadas na s
diurnas SECIL
Borboletas
Aves
Mamíferos
Borboletas
Figura III.134 – Proporção de espécies faunísticas de Aves, Mamíferos e Borboletas na propriedade da
SECIL comparativamente às da área global do Parque Natural da Arrábida.1
45
40
Número de espécies
35
2
30 R = 0.00422
p=0.37
Figura III.135 – Relação da riqueza específica faunística com a distância à pedreira da Secil.2
1 Apresentação SECIL, FCUL & UE no dia 13 de novembro de 2020. Sessão BCSD Portugal- Learning by sharing natural
capital
2 Idem
Na sequência do capítulo similar desenvolvido para a flora, a recuperação da vegetação tem promovido a
recuperação dos biótopos faunísticos associados. À semelhança das comunidades florísticas, as comunidades
faunísticas têm sido monitorizadas no âmbito da parceria com a UE, decorrentes da colaboração com esta
entidade, já desde 2007.
De acordo com Mira et al. (2019), em 2016, verificou-se que na maioria das parcelas monitorizadas de áreas
recuperadas o valor ecológico aumentou, contrariamente às áreas naturais, onde este valor diminuiu. Acresce
ainda que, à data da referida monitorização, as parcelas cuja recuperação era mais recente (e que por esse
motivo só tinham sido monitorizadas uma vez) apresentavam já valores bastante elevados no que diz respeito
ao valor ecológico, sugerindo que, apesar de recentemente recuperadas, ocorreriam já nas mesmas, espécies
de elevada importância. De acordo com a mesma fonte, este resultado vem enaltecer a relevância de uma
gestão da vegetação com áreas abertas de herbáceas para a valorização faunística.
A similaridade de Bray-Curtis entre as áreas em recuperação e as áreas naturais de calcário ronda em média
os 60%, a partir de 2010, sendo que a sobreposição das barras de erro, a partir deste ano, aponta para alguma
semelhança entre áreas. Os resultados obtidos são mais equitativos para as áreas de calcário do que de
marga, onde se verifica uma diferença entre os tipos de recuperação e a marga ardida. No entanto, e em
ambos os casos, a diferença é mais expressiva relativamente às áreas mais recentemente recuperadas C10 e
M10, onde se verificam valores de similaridade de 27% e 35%, respetivamente.
A análise temporal da evolução das comunidades faunísticas a longo prazo, com o objetivo de perceber se a
composição e estrutura das mesmas se vai aproximando entre áreas recuperadas e áreas naturais, revela que
ambas as tipologias de áreas têm evoluído desde o início desta monitorização em 20071.
A Figura III.138 ilustra que ambas as tipologias de áreas, naturais e recuperadas, têm evoluído no mesmo
sentido. Tal como no caso da flora, o fator tempo parece aproximar o sistema recuperado ao sistema natural,
com as recuperações mais recentes a evidenciar resultados mais discrepantes em relação às restantes áreas2.
Tanto no caso da marga como no calcário, as áreas ardidas e naturais mostram maior semelhança entre si ao
longo dos anos, demonstrada pela menor distância entre as linhas, tal como as áreas recuperadas (excetuando
as mais recentes) também estão mais próximas entre si. As áreas de recuperação mais antiga da marga estão
mais próximas do natural do que as mais recentes, o que já não ocorre nas zonas de calcário, onde quanto
mais recentes são as áreas, maior proximidade se verifica às áreas naturais.
Embora a evolução das parcelas ao longo dos anos não evidencie uma aproximação expressiva entre áreas
recuperadas e naturais, de acordo com Mira et al. (2018), esta denota uma variação que tem tido réplica
semelhante entre as diferentes parcelas, evoluindo no mesmo sentido ao longo dos anos, o que pode indicar
que muitas das diferenças interanuais se podem dever a flutuações populacionais das espécies que impõem
alterações na composição e estrutura das comunidades, extensíveis a todas as áreas e não restrita a algumas.
Figura III.136 – Índice de similaridade de Bray-Curtis entre áreas recuperadas e naturais de calcário.1
Figura III.137 – Índice de similaridade de Bray-Curtis entre áreas recuperadas e naturais de marga.2
De forma a sintetizar a informação recolhida no âmbito das monitorizações faunísticas, e a apresentar a
similaridade entre áreas naturais e recuperadas, de forma similar à da componente da flora no presente
relatório, aplicou-se uma metodologia estatística homóloga aos dados de abundância de fauna mais recentes
disponíveis, recolhidos no âmbito dos trabalhos do protocolo com a UE. Os resultados espelham a ausência
de um padrão claro de diferenciação entre áreas naturais e recuperadas, embora seja possível fazer algumas
inferências que seguem os padrões descritos para a Figura III.138, como o facto das áreas recuperadas
recentes parecerem ser mais semelhantes entre si do que com as restantes tipologias. Curiosamente, e ao
contrário da análise anterior, a Figura III.139 sugere que as áreas recuperadas de calcário mais antigas são
mais semelhantes com as áreas naturais do que as áreas de recuperação mais recente.
De uma forma geral, e tal como a análise prévia também sugere, outros fatores ambientais que não a natureza
natural ou recuperada das áreas, parecem exercer uma influência mais marcada na variação da abundância
no espaço das comunidades faunísticas.
1 Apresentação SECIL, FCUL & UE no dia 13 de novembro de 2020. Sessão BCSD Portugal- Learning by sharing natural
capital
2 Idem
Figura III.138 – Biplots dos dois primeiros eixos resultantes da análise do Non-metric MultiDimensional Scaling, mostrando o arranjo espacial de cada parcela ao longo dos
anos, em função da composição e estrutura das comunidades presentes em cada parcela para as áreas de (A) calcário e (B) marga. Os círculos marcam os limites
da variação espacial obtida pelas diferentes parcelas para o mesmo ano. As setas mostram o sentido de evolução de cada parcela ao longo dos anos.12
Figura III.139 – Dendrograma a partir da matriz de abundância de espécies faunísticas nas áreas naturais e recuperadas, nas áreas de calcário e de marga.
• o serviço final;
• e o valor que o serviço têm ou gera, que pode ser valorada de diferentes maneiras, moral, espiritual, estética
ou monetária, etc.
A estrutura biofísica, os processos, e as funções dos ecossistemas incluem os chamados serviços de suporte
ou intermediários que, como o nome indica, suportam o designado serviço final. A CICES foca-se nos
chamados serviços de ecossistema finais, que define como “'componentes da natureza, diretamente
apreciados, consumidos ou usados para produzir bem-estar humano'. Estes serviços são finais na medida em
que eles ainda estão conectados às estruturas e processos do ecossistema que os originam, sendo o output
do ecossistema, e também no sentido de que eles contribuem diretamente para alguns bens e benefícios que
são valorizados pelos humanos, sendo o elo de conexão entre os ecossistemas e o sistema socioeconómico.
O sistema de classificação da CICES não contempla os chamados serviços intermédios, também chamados
de suporte, baseado no pressuposto, de evitar valorizar os processos ou componentes do ecossistema que
sustentam os serviços finais, não porque eles não são importantes, mas porque o seu valor já está incorporado
no serviço final, evitando duplas valorizações.
O modelo da CICES salienta ainda o impacte dos sistemas socioeconómicos nos ecossistemas, na medida
em que o usufruto dos benefícios e bens constituem ou podem constituir pressões nos ecossistemas, que
poderão ser cumulativas, cujos limites deverão ser regulados para evitar a sobre-exploração.
Tal como já foi abordado no capítulo 1.11 Sistemas ecológicos, os ecossistemas em presença resultam do
conjunto de interações entre o homem e a componente natural, pelo que se podem denominar de sistemas
socio-ecológicos. Esta interdependência entre o homem e os sistemas socio-ecológicos, define o caminho
evolutivo dos mesmos. Os serviços dos ecossistemas vêm agora considerar na análise os benefícios que estes
sistemas trazem à sociedade, que, por sua vez, dependem das intervenções ou da ausência de intervenção
sobre eles. Esta informação de base, permitirá apresentar uma visão mais ampla e integradora dos SSE, com
valor acrescentado em processos de decisão.
Figura III.140 – Ilustração do paradigma dos Serviços de Ecossistema utlizado pela CICES.
O sistema de classificação da CICES foi então adotado para caraterizar e avaliar os serviços de ecossistemas
no âmbito do presente estudo. A caraterização foi efetuada a duas escalas espaciais, de uma forma geral ao
nível de toda a área de estudo, a Quinta da Rasca, propriedade da SECIL, com base na importância teórica
de cada um dos ecossistemas; e a uma escala mais fina, que inclui a área conjunta das pedreiras licenciadas
e da área proposta para ampliação, em que foram usados indicadores avaliados nos ecossistemas aí
presentes. A abordagem adotada em cada uma das caraterizações é apresentada nos pontos seguintes.
1.12.2. Metodologia
1.12.2.1. Nomenclaturas adotadas
Como mencionado, a caraterização dos serviços de ecossistema utilizou a nomenclatura e definição dos
serviços da Common International Classification of Ecosystem Services - versão 5.1. A CICES adota uma
estrutura hierárquica de classificação dos serviços de ecossistema em quatro níveis, Secção, Divisão, Grupo,
Classe e Tipo de Classe, que vai especificando o tipo de serviço à medida que desce na hierarquia (Figura
III.141).
A CICES considera três Secções de serviços de ecossistema, serviços de Aprovisionamento, serviços de
Regulação e Manutenção e serviços de valor Culturais, cuja descrição resumida é apresentada no Quadro
III.76. Como referido, a CICES não contempla os serviços de suporte ou intermédios, não porque eles não são
importantes, mas para evitar valorizar duplamente os processos ou componentes do ecossistema que
sustentam os serviços finais, onde o seu valor já está incorporado. Uma descrição detalhada dos serviços
abrangidos por cada uma das Secções pode ser consultada em www.cices.eu.
Figura III.141 – Ilustração da estrutura hierárquica de classificação dos serviços de ecossistemas utlizado
pela CICES.
Quadro III.76 – Descrição genérica das secções de serviços de ecossistemas utilizadas pela CICES.
SECÇÃO DESCRIÇÃO
O mapeamento dos ecossistemas seguiu a tipologia de ecossistemas utilizada a nível da União Europeia,
adotada aquando do desenvolvimento do projeto MAES – Mapping and Assessment of Ecosystem Services in
Europe1, que prevê seis tipos de ecossistemas terrestres e três ecossistemas aquáticos:
• Ecossistemas terrestres:
o urbanos,
o culturas agrícolas
o prados,
o áreas de vegetação esparsa,
o charnecas e comunidades arbustivas,
o florestas;
• Ecossistemas aquáticos:
o zonas húmidas;
o rios e lagos;
o águas de transição e marinhos.
Os habitats mapeados, no âmbito da caraterização da situação da referência dos sistemas ecológicos, foram
classificados nas respetivas categorias de ecossistemas (Quadro III.77), com a orientação de equivalência
entre ecossistemas e classificações de habitats do European Union Nature Information System (EUNIS) e do
uso do solo do Corine Land Cover (CLC)1. Dado não existir nenhuma categoria para áreas recuperadas no
Corine Land Cover enquadraram-se essas áreas no tipo de ecossistema correspondente de acordo com o
estrato de vegetação dominante na área recuperada. Da mesma forma, as áreas com sobreposição de habitats,
foram enquadradas no ecossistema que corresponde ao estrato de vegetação dominante correspondente.
HABITAT ECOSSISTEMA
Biomassa I I I R I I R
Material genético do
I I E I E E E
biota
Água I I R R E E E
Regulação das
condições físicas, I E I R I I I
REGULAÇÃO E
MANUTENÇÃO
químicas e biológicas
Transformação dos
inputs bioquímicos ou
E E E R E E E
físicos nos
ecossistemas
Interações diretas, in
situ e ao ar livre com
sistemas vivos que I I E I E I E
dependem da
presença no ambiente
CULTURAIS
Interações indiretas
remotas, ou
frequentemente no
interior, com os I R I I I I I
sistemas vivos que
não requerem
presença no ambiente
Fonte: Adaptado de ECETOC 2015
O mapeamento utilizou como unidades espaciais as áreas de recuperação, que podem ser distinguidas por
tipo de recurso explorado, marga ou calcário, ano e tipo de intervenção, e os habitats naturais aí delimitados,
dominados por comunidades arbustivas. A área de pedreira em exploração não foi avaliada nesta avaliação
dado não terem sido avaliados os parâmetros utilizados nessa área, assumindo-se como residuais os serviços
de ecossistemas fornecidos para além do fornecimento de rocha.
A informação fornecida por cada um dos parâmetros utilizados foi agregada para produzir um indicador da
importância relativa de cada serviço do ecossistema, de maneira a que esta fosse mapeada, e facilmente
visualizável o potencial de fornecimento de cada uma das áreas em análise.
A agregação da informação fornecida pelos diferentes parâmetros para cada serviço em análise foi efetuada
utilizando uma Análise de Componentes Principais (ACP1). Esta técnica de análise multivariada permite
analisar inter-relações entre um grande número de variáveis, no presente caso, os parâmetros dos serviços de
ecossistema, e explicar a informação num conjunto menor de variáveis (componentes) com uma perda mínima
de informação. O número de componentes gerados depende do número de variáveis consideradas na análise,
mas, geralmente, as primeiras componentes são as mais importantes, explicando a maior parte da variação
existente2.
A abordagem utilizada para caraterizar e mapear a importância relativa dos serviços de ecossistema pode
resumir-se nos seguintes passos:
Quadro III.79 – Descrição dos parâmetros usados na avaliação dos serviços de ecossistemas por
componente ecológica.
Quadro III.80 – Descrição dos serviços de ecossistema avaliados e parâmetros usados na avaliação.
Plantas e animais selvagens usadas para nutrição Teor em N total, riqueza e diversidade de espécies lenhosas,
Fibras e outros mateiras de plantas e animais cobertura total, cobertura do estrato arbóreo, cobertura do
Desenvolvimento da flora e fauna (produção de
Animais e plantas selvagens para selvagens usadas para uso direto ou processado, estrato arbustivo, cobertura e altura do estrato herbáceo,
Aprovisionamento Biomassa biomassa); criação de habitats, interações
alimentação, materiais e energia excluindo material genético ciomassa de folhada, biomassa vegetal aérea, abundância e
bióticas
Plantas e animais selvagens usadas como fontes de diversidade de mesofauna, abundância e riqueza de
energia carabídeos e lepidópteros
Processos de decomposição e o seu efeito na Teor em matéria orgânica, Teor em N total taxa de
qualidade do solo decomposição, ph, teor de carbono no solo , densidade do
Regulação da qualidade do solo Formação e fertilidade do solo, solo, abundância e diversidade de mesofauna, índice de
Processos de meteorização e o seu efeito na reciclagem de nutrientes, biomassa total, cobertura de líquenes
qualidade do solo. e briófito, diversidade de espécie lenhosas.
Teor em matéria orgânica,
Regulação das condições físicas, Regulação da composição químca da atmosfera e Teor de carbono Carbono (g/m2), Índice de reciclagem de
Regulação e manutenção Composição e condições atmosféricas Sequestro de Carbono
químicas e biológicas oceanos nutrientes, Cobertura do estrato arbóreo,- cobertura do estrato
arbustivo, biomassa vegetal aérea
Porosidade (água e trocas gasosas), Densidade do solo, índice de infiltração, Cobertura de líquenes
Ciclo hidrológico e regulação do fluxo de água
disponibilidade hídrica, regulação hídrica e briófitos, conertura do estrato arbóreo
Regulação de fluxos de base e eventos
extremos Índice de infiltração, área descoberta, Cobertura total,
Controlo da taxa de erosão Estabilização do solo, controlo de erosão Cobertura de líquenes e briófitos, conertura do estrato
arbustivo, cobertura do estrato herbáceo biomassa (g/m2),
Características dos sistemas vivos que potenciem
atividades que promovam a saúde, recuperação ou
Interações diretas, in situ e ao ar prazer através de interações ativas ou imersivas Área descoberta, cobertura total, cobertura do estrato arbóreo,
livre com sistemas vivos que Interações físicas e experenciais com o cobertura do estrato arbustivo, cobertura do estrato herbáceo,
Cultural Características dos sistemas vivos que potenciem Valor estético
dependem da presença no ambiente natural riqueza e diversidade de espécies lenhosas, grau de
ambiente atividades que promovam a saúde, recuperação ou aprazabilidade
prazer através de interações passivas ou
observacionais
1.12.3. Resultados
1.12.3.1. Caraterização dos serviços de ecossistema na área de estudo
Como referido em capítulos anteriores, a caraterização e mapeamento dos serviços de ecossistema na área
de estudo foi efetuada tendo por base a importância relativa teórica de cada ecossistema no fornecimento de
cada um dos serviços (Quadro III.78) de acordo com ECETOC (2015). Por parte da área em estudo abrange
áreas de proteção parcial o que limita a obtenção de determinados benefícios de alguns dos serviços
potencialmente prestados pelos ecossistemas. Por outro lado, a avaliação dos serviços de ecossistemas, à luz
da abordagem adotada, só é materializada quando se contempla o seu usufruto e a existência de beneficiários.
No entanto, para efeitos de caraterização neste capítulo são considerados os serviços potenciais e os
atualmente em uso.
Na Figura III.142 A) é apresentado o mapeamento dos serviços de aprovisionamento de biomassa na área em
estudo, podendo visualizar-se que uma grande parte da área se apresenta com potencial elevado para o
fornecimento deste tipo de serviços, dada a grande ocupação da área por ecossistemas florestais e
comunidades arbustivas, e pela presença residual de uma área agrícola. Nestes tipos de ecossistemas, serão
mais relevantes os potenciais benefícios a retirar do fornecimento de matérias fibrosas e lenhosas, e espécies
cinegéticas presentes na área. De referir que, à escala do PNA, tanto a silvicultura como a atividade cinegética
possuem alguma expressão1, sendo que pelo menos esta última poderá eventualmente beneficiar diretamente
pelos serviços prestados na área em estudo, via dispersão de espécies. Na área específica em estudo, estes
serviços não são explorados em virtude das restrições impostas pelo POPNA, e, também pela ausência de
interesse da SECIL, no caso da exploração silvícola.
Uma área de dimensão razoável é classificada como de relevância intermédia para este tipo de serviços,
correspondendo às áreas de ecossistemas urbanos e prados, associados, principalmente, ao potencial
fornecimento de matérias de origem animal e vegetal. Nesta área não está incluída a área de exploração
classificada como urbana, que, no entanto, se apresenta de relevância elevada para o fornecimento de rocha.
As áreas menos importantes para este tipo de serviços correspondem a áreas de ecossistemas de vegetação
esparsa na zona central e sul da área de estudo correspondendo, respetivamente, a taludes rochosos na área
recuperada, e a vertentes rochosas.
Os ecossistemas presentes na área em estudo são considerados como de relevância intermédia a elevada no
potencial fornecimento de recursos genéticos para manter ou desenvolver novas populações, desenvolver
novas variedades ou uso biotecnológico (Figura III.142 B). A serra da Arrábida é considerada importante do
ponto de vista de reserva genética23, albergando espécies de flora e fauna endémicas, desconhecendo-se, no
entanto, a utilização dos recursos para os fins acima referidos na área em estudo. Com maior relevância para
este tipo de serviços destacam-se os ecossistemas de prados, arbustivos e de floresta.
Os ecossistemas de comunidades arbustivas e floresta são considerados os potencialmente mais relevantes
no assegurar o fornecimento de água (Figura III.142 C), assegurando maior infiltração e processos de filtração,
com os ecossistemas urbanos e agrícola a apresentarem relevância intermédia. Os ecossistemas de prados e
vegetação esparsa, vertentes e taludes rochosos, apresentam menos potencial no fornecimento destes
serviços. De referir ainda, que dentro as áreas de ecossistema urbano, o potencial para o fornecimento destes
serviços estará sobrevalorizado na área de exploração de rocha, comparativamente ao das outras áreas
1ICNF, 2016
2AMPS, 2012
3POPNA, 1996
artificializadas. Na área em estudo foram identificados alguns pontos de água subterrânea particulares,
incluindo alguns explorados pela SECIL, como descrito na caraterização do fator ambiental recursos hídricos.
Os ecossistemas de maior relevância para o fornecimento de serviços de regulação e manutenção são os
ecossistemas urbanos, floresta e agrícola (Figura III.143 A). No caso dos ecossistemas urbano e floresta, tem
maior relevância o fornecimento dos serviços de regulação do clima, qualidade do ar e de fluxo de água, e, na
área agrícola, os serviços de polinização, regulação de pestes e doenças e o de regulação do clima. Dado que
a área de ecossistema agrícola na área em estudo é reduzida, os potenciais serviços fornecidos pelos outros
ecossistemas terão maior relevância. De referir que a área de exploração de rocha não fornecerá o mesmo
tipo de serviços que a restante área artificializada.
Os ecossistemas arbustivos apresentam uma relevância intermédia no fornecimento destes serviços, sendo
potencialmente mais relevantes para a regulação das catástrofes naturais, purificação da água e regulação da
erosão. Dado que, na área em estudo, as comunidades arbustivas tendem a aparecer sobre zonas com grande
proporção de substrato rochoso, o potencial para o controlo da erosão será menor que o verificado noutro tipo
de comunidades que ocorrem sobre granulometrias mais finas.
Com exceção dos ecossistemas de vegetação esparsa, taludes e vertentes rochosas, todos os ecossistemas
são potencialmente relevantes nos processos de transformação dos inputs bioquímicos ou físicos que originam
serviços de purificação de água e remediação de solos (Figura III.143 B). Os ecossistemas de prado e
vegetação esparsa, particularmente os naturais, assim como as comunidades arbustivas são as que maior
potencial tem no fornecimento de serviços de ecossistema de índole cultural que envolvem interações diretas
com o ambiente, como recreação e turismo e o valor estético (Figura III.144 A).
As áreas de ecossistemas de floresta e as áreas agrícolas são também relevantes para alguns destes serviços
enquanto as áreas artificializadas são menos importantes. De referir que o turismo é considerado um
componente de desenvolvimento local e regional muito importante tendo aumentado o usufruto da serra da
Arrábida1,2, revestindo este tipo serviços culturais de maior importância local. Ainda dentro desta divisão de
serviços de ressalvar a importância dos associados à educação e conhecimento. O património natural da serra
da Arrábida tem sido alvo de estudos desde há várias décadas3, 4, 5 que têm permitido aumentar o conhecimento
sobre as espécies e sistemas mediterrânicos, para o qual também contribuem os estudos ecológicos
promovidos pela SECIL na área em estudo6,7.
Relativamente aos serviços culturais indiretos, todos os ecossistemas, exceto o agrícola, apresentam uma
relevância potencial semelhante (Figura III.144 B). Na serra da Arrábida é conhecida a utilização e valor de
alguns locais da serra da Arrábida (p. ex. Santuário da Senhora do Cabo Espichel, Lapa de Santa Margarida,
Ermida da Memória2,5) com fins espirituais ou religiosos, desconhecendo-se a utilização simbólica ou física dos
ecossistemas na área em estudo para devoção ou prática religiosa. Adicionalmente, os habitantes da região
da serra da Arrábida demonstram ter um sentido de identidade social e local positivo associado à serra, o que
confirma a importância dos ecossistemas na prestação deste tipo de serviços para as comunidades locais. Por
último, a área apresenta importância do ponto de vista de outros serviços desta divisão, como os de proteção
da vida selvagem e de legado de património natural para as gerações futuras, reconhecido pela pelas
classificações de PNA e ZEC.
1 ICNF, 2016
2 AMRS, 2012
3 Espírito-Santo et al., 2011
5 POPNA, 2003
A)
B)
C)
Figura III.142 – Mapa ilustrando a importância relativa dos ecossistemas no fornecimento dos serviços de ecossistemas de aprovisionamento na área de estudo: a)
biomassa, b) biogenéticos, c) água.
A)
B)
Figura III.143 – Mapa ilustrando a importância relativa dos ecossistemas no fornecimento dos serviços de ecossistemas de regulação e manutenção na área
de estudo: a) regulação, b) transformação.
A)
B)
Figura III.144 – Mapa ilustrando a importância relativa dos ecossistemas no fornecimento dos serviços de ecossistemas de valor cultural na área de estudo:
a) diretos, b) indiretos.
Os dois primeiros eixos da análise de componentes principais com os parâmetros usados na avaliação da
regulação do controlo da taxa de erosão capturam 79 % (53%+26%) da variação entre as áreas. Os parâmetros
mais relevantes na diferenciação das áreas são a cobertura de briófitos e líquenes e herbácea e a biomassa
total, associadas ao primeiro componente, e a área não coberta no segundo componente (Figura III.153, Figura
III.155). As áreas mais relevantes no fornecimento deste serviço são as áreas C10 com elevada cobertura
herbácea e reduzida área não coberta, a área de Maquis (CN) com elevada cobertura de líquenes e biomassa
total, e área não coberta reduzida, a área C00 com cobertura herbácea moderada e a área C80/37 com uma
reduzida área não coberta.
A análise de componentes principais aos parâmetros de avaliação dos serviços culturais permitiu representar
79% (57%+22%) da variação entre as parcelas. As variáveis que mais contribuem para a diferenciação das
parcelas são as coberturas herbácea, arbustiva e arbórea (Figura III.154, Figura III.156). Todas as áreas, com
a exceção da área M90, apresentam alguma relevância para este serviço, seja por apresentarem valores
elevados de estratos arbustivos (CN) ou herbáceos (C10) ou por apresentarem valores moderados de dois
estratos (C80, C80/37, C90, C00).
Em resumo, verifica-se que, no geral, na área restrita estudada, as áreas naturais (CN) são mais importantes
para o fornecimento dos diferentes serviços. Dentro das áreas recuperadas, que as áreas C10, recuperadas
mais recentemente, entre 2000-2010 na zona de calcário, também se destacam no fornecimento de diversos
serviços, serviços de aprovisionamento, regulação da taxa de erosão, culturais e de qualidade do solo. As
restantes áreas apresentam-se também relevantes no fornecimento de alguns dos serviços.
Figura III.145 – Mapa bivariado ilustrando a quantificação relativa dos serviços de ecossistema de aprovisionamento nos locais em estudo através da classificação obtida nos dois componentes da Análise de Componentes Principais. A importância dos
serviços é avaliada usando uma classificação de três níveis: reduzida (R), intermédia (I), e elevada (E). Os acrónimos dos parâmetros utilizados na avaliação dos serviços que mais contribuem para a variação representada em cada componente são
apresentados junto do respetivo eixo. A legenda destes acrónimos pode ser consultada na Figura III.147. O código das áreas recuperadas é constituído por uma letra indicando a rocha, calcário (C) ou marga (M), e o código da década de recuperação
(80,80/37, 90, 00) e da área natural por CN.
Figura III.146 – Mapa ilustrando a quantificação relativa dos serviços de ecossistema de regulação da qualidade do solo nos locais em estudo através da classificação obtida no primeiro componente da Análise de Componentes Principais. A importância dos
serviços é avaliada usando uma classificação de três níveis: reduzida (R), intermédia (I), e elevada (E). Os acrónimos dos parâmetros utilizados na avaliação dos serviços que mais contribuem para a variação representada são apresentados junto do
eixo. A legenda destes acrónimos pode ser consultada na Figura III.148. O código das áreas recuperadas é constituído por uma letra indicando a rocha, calcário (C) ou marga (M), e o código da década de recuperação (80,80/37, 90, 00) e da área
natural por CN.
DEN DEN CN
C90
DSL MOR DSL MOR
DEN Acrónimos:
M90
DSL MOR
AZO: Azoto Total; CAR: Teor de carbono; DEC: Taxa
de decomposição; DEN: Densidade de solo; MOR:
RSL AME Taxa de matéria orgânica; AME: Abundância de
mesofauna; ACAR: Abundância de carabídeos;
RCAR: Riqueza de carabídeos; ALEP Abundância
HER ACAR
de lepidópteros; RLEP: Riqueza de lepidópteros;
BMT: Biomassa total; NUT: Índice de reciclagem de
nutrientes; BRI: Cobertura de briófitos e líquenes;
ARBU RCAR
DSL: Diversidade de lenhosas
ARB ALEP
BMT RLEP
Figura III.147 – Gráficos dos valores dos indicadores utilizados para avaliar os serviços de ecossistemas de
aprovisionamento em cada local avaliado.
DME pH DME pH
AME AME
DME pH DME pH
AME AME
AZO AZO CN
C90
DSL CAR DSL CAR
DME pH DME pH
AME AME
AZO Acrónimos:
M90
DSL CAR AZO: Azoto Total; CAR: Teor de carbono; DEC:
Taxa de decomposição; DEN: Densidade de
BRI DEC solo; MOR: Taxa de matéria orgânica; AME:
Abundância de mesofauna; DME: Diversidade de
mesofauna; BMT: Biomassa total; NUT: Índice de
NUT DEN
reciclagem de nutrientes; BRI: Cobertura de
briófitos e líquenes; DSL: Diversidade de
lenhosas
BMT MOR
DME pH
AME
Figura III.148 – Gráficos dos valores dos indicadores associados ao serviço de ecossistema de regulação
da qualidade do solo em cada local avaliado.
Figura III.149 – Mapa bivariado ilustrando a quantificação relativa dos serviços de ecossistema de regulação da composição e condições atmosféricas nos locais em estudo através da classificação obtida nos dois componentes da Análise de Componentes
Principais. A importância dos serviços é avaliada usando uma classificação de três níveis: reduzida (R), intermédia (I), e elevada (E). Os acrónimos dos parâmetros utilizados na avaliação dos serviços que mais contribuem para a variação
representada em cada componente são apresentados junto do respetivo eixo. A legenda destes acrónimos pode ser consultada na Figura III.151. O código das áreas recuperadas é constituído por uma letra indicando a rocha, calcário (C) ou marga
(M), e o código da década de recuperação (80,80/37, 90, 00) e da área natural por CN.
Figura III.150 – Mapa bivariado ilustrando a quantificação relativa dos serviços de ecossistema de regulação do ciclo hidrológico e do fluxo de água nos locais em estudo através da classificação obtida nos dois componentes da Análise de Componentes
Principais. A importância dos serviços é avaliada usando uma classificação de três níveis: reduzida (R), intermédia (I), e elevada (E). Os acrónimos dos parâmetros utilizados na avaliação dos serviços que mais contribuem para a variação
representada em cada componente são apresentados junto do respetivo eixo. A legenda destes acrónimos pode ser consultada na Figura III.152. O código das áreas recuperadas é constituído por uma letra indicando a rocha, calcário (C) ou marga
(M), e o código da década de recuperação (80,80/37, 90, 00) e da área natural por CN.
CAR CAR CN
C90
CAR Acrónimos:
M90
CAR: Teor de carbono; MOR: Taxa de matéria
BMA MOR
orgânica; NUT: Índice de reciclagem de
nutrientes; ARB: Cobertura arbórea; ARBU:
Cobertura arbustiva; CTO: Cobertura total
vegetação; BMA: Biomassa aérea
CTO NUT
ARBU ARB
Figura III.151 – Gráficos dos valores dos indicadores associados ao serviço de ecossistema de regulação
da composição e condições atmosféricas em cada local avaliado.
ARB ARB
ARB ARB
DEN DEN CN
C90
ARB ARB
DEN Acrónimos:
M90
DEN: Densidade de solo; INF: Índice de infiltração;
ARB: Cobertura arbórea; BRI: Cobertura de briófitos
e líquenes
BRI INF
ARB
Figura III.152 – Gráficos dos valores dos indicadores associados ao serviço de ecossistema de regulação
do ciclo hidrológico e do fluxo de água em cada local avaliado.
Figura III.153 – Mapa bivariado ilustrando a quantificação relativa dos serviços de ecossistema de regulação do controlo da taxa de erosão nos locais em estudo através da classificação obtida nos dois componentes da Análise de Componentes Principais. A
importância dos serviços é avaliada usando uma classificação de três níveis: reduzida (R), intermédia (I), e elevada (E). Os acrónimos dos parâmetros utilizados na avaliação dos serviços que mais contribuem para a variação representada em cada
componente são apresentados junto do respetivo eixo. A legenda destes acrónimos pode s.er consultada na Figura III.155. O código das áreas recuperadas é constituído por uma letra indicando a rocha, calcário (C) ou marga (M), e o código da
década de recuperação (80,80/37, 90, 00) e da área natural por CN
Figura III.154 – Mapa bivariado ilustrando a quantificação relativa dos serviços de ecossistema cultural de valor estético nos locais em estudo através da classificação obtida nos dois componentes da Análise de Componentes Principais. A importância dos
serviços é avaliada usando uma classificação de três níveis: reduzida (R), intermédia (I), e elevada (E). Os acrónimos dos parâmetros utilizados na avaliação dos serviços que mais contribuem para a variação representada em cada componente são
apresentados junto do respetivo eixo. A legenda destes acrónimos pode ser consultada na Figura III.156. O código das áreas recuperadas é constituído por uma letra indicando a rocha, calcário (C) ou marga (M), e o código da década de recuperação
(80,80/37, 90, 00) e da área natural por CN.
ARBU ARBU
ARBU ARBU
ANC ANC CN
C90
ARBU ARBU
ANC Acrónimos:
M90
ANC: Área não coberta por vegetação
BMT: Biomassa total
BRI BMT
INF: Índice de infiltração
ARBU: Cobertura arbustiva
HER: Cobertura herbácea
BRI: Cobertura de briófitos e líquenes
HER INF
ARBU
Figura III.155 – Gráficos dos valores dos indicadores associados ao serviço de ecossistema de regulação
do controlo da taxa de erosão em cada local avaliado
ANC ANC CN
C90
ANC Acrónimos:
M90
ANC: Área não coberta por vegetação
APR ARB ARB: Cobertura arbórea
ARBU: Cobertura arbustiva
HER: Cobertura herbácea
DSL: Diversidade de lenhosas
DSL ARBU
RSL: Riqueza de lenhosas
APR: Grau de aprazibilidade
RSL HER
Figura III.156 – Gráficos dos valores dos indicadores associados ao serviço de ecossistema cultural de
valor estético em cada local avaliado.
1.13. PAISAGEM
1.13.1. Introdução
A paisagem é definida como “a extensão do território que se abrange de um só lance de vista e que se
considera pelo seu valor artístico, pelo seu pitoresco”1. Essa definição é, no entanto, algo redutora face ao seu
verdadeiro significado, dado que a paisagem é um recurso ambiental vivo e dinâmico, que se encontra sujeito
a um processo de evolução constante, sendo a expressão do espaço físico e biológico em que vivemos e o
reflexo, no território, da vida e cultura de uma comunidade.
A análise visual e paisagística de um território implica o conhecimento dos seus vários fatores intrínsecos,
nomeadamente, os de ordem biofísica (entre os quais o relevo/geomorfologia, a geologia/litologia, as
caraterísticas da rede hidrográfica e o coberto vegetal) bem como, os fatores extrínsecos que constituem
aspetos de ordem sociocultural atuando ao nível do sistema biofísico e que se refletem em formas de
apropriação e construção do território, concorrendo para a caraterização e/ou definição da paisagem, como
sejam os modelos de povoamento, a tipologia dos sistemas culturais, entre outros.
Desse modo, a caraterização e avaliação visual e paisagística deve ser acompanhada pela análise dos seus
vários componentes, os quais podem ser agrupados da seguinte forma:
• Antrópicos: incluem toda a ação humana sobre a paisagem, seja ela de natureza social, cultural ou
económica (incluindo, por isso mesmo, as transformações de natureza agrícola e florestal), resumindo-se
essa ação no fator Ocupação do Solo;
1 MACHADO, José.
1.13.2. Metodologia
A caraterização paisagística foi efetuada com base num conjunto de critérios de valoração objetivos e
facilmente percetíveis, procurando-se ainda propíciar a interpretações o mais objetivas possível. O objetivo
passou por estabelecer um conjunto de relações entre os aspetos cénicos e visuais e o funcionamento da
estrutura que lhe está subjacente e que lhe é indissociável, considerando o atual nível cultural, socioeconómico
e emotivo da generalidade dos observadores sensíveis, tornando-a desse modo, independente da
sensibilidade pessoal, facilitando o estabelecimento dessas mesmas relações, bem como das conjeturas que
delas advenham.
A metodologia para fundamentar essa caraterização baseou-se na análise da sua estrutura biofísica, a
localização geográfica e oportunidades de uso/exploração, associada às caraterísticas culturais intrínsecas,
procedendo-se a um trabalho de recolha e tratamento de informação através da consulta e análise da
cartografia disponível (modelos digitais de terreno, cartas militares, ortofotomapas, fotografias aéreas, cartas
de solos e de uso do solo), bem como recolha de bibliografia da região em estudo complementada,
simultaneamente, com trabalho de campo.
A caraterização visual e paisagística é efetuada através da identificação e avaliação da paisagem e dos
elementos estéticos abrangidos pela área de intervenção do projeto, através da caraterização das suas
componentes visuais e estruturais mais relevantes na sua envolvente.
Após essa primeira análise, foi então quantificada a Sensibilidade da Paisagem a potenciais alterações,
assentando nos conceitos da Qualidade e Fragilidade Visual. A confrontação entre a sensibilidade paisagística,
as caraterísticas visuais e as condições de observação permitirão avaliar os potenciais impactes paisagísticos
negativos resultantes da implementação do Projeto para que, posteriormente, se possam estabelecer medidas
de minimização adequadas.
Seguidamente, procede-se à determinação da extensão da influência do Projeto na paisagem envolvente
baseada na definição da sua visibilidade potencial. Essa análise visual teve por base a informação digitalizada
altimétrica dos modelos digital de terreno do SRTM, de forma a analisar toda a bacia visual da área de projeto,
sendo depois aferida com o levantamento topográfico da área de projeto e cartografia topográfica disponível1.
A área de estudo do fator Paisagem engloba a área atualmente licenciada, referente à área da pedreira em
exploração e as áreas já exploradas e devidamente recuperadas, bem como a área a ampliar no âmbito do
presente projeto de acordo com a descrição efetuada no Capítulo II (Descrição do Projeto), bem como, uma
vez que a influência visual da pedreira extravasa os seus limites, toda a sua envolvente próxima num raio
superior a 5 km, escala que se considera adequada para uma melhor e mais clara compreensão do sistema
estrutural e fisiográfico do território envolvente afetado pela execução do Plano de Pedreira (projeto) da
pedreira de calcário e marga industrial Vale de Mós A (Figura III.157).
A caraterização da paisagem é efetuada através da identificação e avaliação dos recursos paisagísticos
abrangidos pela área em estudo, através da caraterização das suas componentes visuais e estruturais mais
relevantes, com vista a avaliar se a implementação do projeto conduzirá a incompatibilidades visuais ou a
alterações significativas nos cenários caraterísticos do espaço onde se insere.
1 Carta Militar de Portugal. Folha nº453, 454, 455, 464, 465 e 466 (1/25000). Instituto Geográfico do Exército.
2 DGOTDU, 2002
Em termos orográficos, revela uma morfologia bastante díspar, sendo bastante acidentada ao longo da região
da serra da Arrábida, sobretudo na margem Noroeste do estuário, com escarpas e falésias junto à faixa litoral,
com solos esqueléticos e cobertas com uma grande variedade de vegetação herbácea e arbustiva autóctone
e aplanada ao longo quadrante Sul, com grandes extensões formados por substrato geológico arenoso, onde
se desenvolve uma vegetação espontânea, pinhais e matos e um clima marítimo de transição. De realçar
também a presença de praias e cordões arenosos ao longo da costa marítima com especial destaque para a
restinga de Troia localizada entre o estuário do Sado e o oceano Atlântico.
Como principais elementos estruturantes dessas unidades de paisagem, destacam-se a serra da Arrábida e o
estuário do rio Sado, marcantes pela sua morfologia distinta, contribuindo para o valor e excecionalidade
natural e paisagístico global desta região.
Em termos de edificação, verificam-se áreas fortemente povoadas, caraterizadas por se concentrarem em
núcleos urbanos de grande expressão, como é o caso da cidade de Setúbal e Azeitão e alguma dispersão nas
suas periferias e ao longo das vias de comunicação mais importantes, apresentando uma densidade
populacional muito elevada com uma malha bastante heterogénea com formas e cores diversificadas onde se
associa o uso residencial com o comercial e industrial. Verifica-se também uma forte industrialização desta
paisagem, sobretudo ao longo da costa Sudeste, na envolvente do Porto de Setúbal.
Figura III.158 – Cartografia das Unidades de Paisagem na área de estudo do fator Paisagem.
1 http://srtm.csi.cgiar.org/
Da análise da carta de declives é possível demonstrar que se trata de uma área maioritariamente aplanada,
designadamente, nas regiões do estuário do rio Sado, da península de Troia e nos locais onde se desenvolvem
os principais núcleos urbanos. Identifica-se também uma área, com bastante expressão, de declives
moderados a muito acentuados, correspondente, às encostas e cumeadas da serra da Arrábida, na zona
central e quadrante Oeste da área em estudo (Figura III.161).
Verifica-se assim que se trata de uma região de transição entre a serra e um vale aberto, neste caso um
estuário, verificando-se uma clara dicotomia entre espaços declivosos e espaços aplanados, sendo que, a área
de projeto se insere em flanco de encosta em espaços com declives moderados a muito acentuados.
Orientação das Encostas
A determinação da orientação de encostas permite obter informações detalhadas acerca do conforto climático
de cada local. Dessa forma, torna-se possível definir localizações adequadas para usos específicos.
A determinação da orientação das encostas constitui um dado fisiográfico relevante, dado que permite definir
locais de maior ou menor conforto climático e, consequentemente, estabelecer áreas de maior ou menor
aptidão para os diversos tipos de uso, com diferentes exigências em termos de exposição à radiação solar e
aos ventos dominantes. No âmbito do presente estudo, a orientação das encostas apresenta ainda uma
importância acrescida uma vez que influencia diretamente a visibilidade.
A carta de orientação de encostas considerou 4 classes: Espaços planos que não possuem uma orientação
dominante; Encostas frias e pouco iluminadas, orientadas a Noroeste, Norte e Nordeste; Encostas temperadas
e medianamente iluminadas, orientadas a Este e Sudeste; e Encostas quentes e muito iluminadas, orientadas
a Oeste, Sudoeste e Sul.
A análise da cartografia obtida permite concluir que a paisagem em estudo apresenta uma maior percentagem
de encostas bem iluminadas e de elevado conforto térmico as quais são, geralmente, coincidentes com as
áreas onde se desenvolvem os principais núcleos urbanos.
As encostas com menor exposição solar, são também bastante evidentes, correspondendo, de um modo geral,
às encostas da serra da Arrábida com orientações predominantes para o quadrante Norte sendo, por esse
motivo, mais frequentes no quadrante Noroeste da área em estudo.
No que diz respeito à área de projeto propriamente dita, insere-se em espaços predominantemente sombrios
e com menor conforto térmico devido à fraca exposição solar resultado de se desenvolver em encostas
maioritariamente orientadas a Noroeste.
Ocupação atual do solo
No âmbito da caraterização e avaliação das principais incidências ambientais ou impactes previsíveis na
paisagem torna-se fundamental proceder a um levantamento e análise sucinta das diversas tipologias da
ocupação atual do solo, de modo a identificar uma das suas componentes mais visíveis.
Da análise efetuada verifica-se que no território terrestre da área em estudo predomina uma ocupação com
matos naturais e seminaturais e algumas manchas florestais. São também evidentes as áreas urbanizadas e
industrializadas e algumas parcelas agrícolas de pequena e média dimensão verificadas, sobretudo, nas zonas
mais aplanadas.
A área atualmente licenciada da pedreira Vale de Mós A encontra-se ocupada em mais de 80% por espaços
em exploração ou de pós-exploração, sendo que cerca de metade desses correspondem a áreas recuperadas
ou em recuperação paisagística, bem como infraestruturas de apoio à indústria extrativa e produção industrial
de cimento estando a área correspondente à ampliação ocupada por matos rasteiros compostos por vegetação
arbustiva autóctone (Figura III.162).
Figura III.159 – Panorâmica para o quadrante Sudeste da área de estudo a partir de um ponto na pedreira
à cota 226 no seu quadrante W
Figura III.163 – Ocupação do solo na SUP1 no quadrante Noroeste da área envolvente do projeto.
SUP2 – Áreas seminaturais
Trata-se de uma subunidade constituída pelas encostas médias da envolvente da serra da Arrábida, por
cumeadas mais baixas e algumas áreas aplanadas. As altitudes são geralmente compreendidas entre os 50 e
os 100 m e os declives são de um modo geral moderados com orientação solar bastante variável.
O coberto vegetal encontra-se algo alterado relativamente às estruturas primitivas, sobretudo em áreas mais
próximas de zonas urbanizadas onde os terrenos são utilizados para agricultura, pastoreio ou produção de
olival, vinha e floresta. Verificam-se ainda resquícios de áreas seminaturais com matos arbustivos e
pontualmente alguma vegetação arbórea autóctone, tais como azinheiras e sobreiros.
Em termos de edificação é sobretudo dispersa ou de baixa densidade, desenvolvendo-se ao longo de algumas
vias de comunicação secundárias e em espaços mais aplanados.
SUP3 – Praias, Zonas Húmidas e Estuário do Sado
Subunidade de paisagem correspondente a toda a costa marítima com cotas altimétricas sempre abaixo dos
10 m e algumas áreas do rio Sado, englobando as praias e a restinga arenosa onde se localiza o núcleo urbano
de Troia. Os declives são quase sempre aplanados e com boa exposição solar e conforto climático. A
vegetação existente é essencialmente herbácea e arbustiva autóctone, característica de zonas dunares e de
sapais.
Em termos de ocupação humana, é uma unidade que se carateriza por não possuir edificações ou
infraestruturas pesadas, com exceção de alguns edifícios de apoio turístico ou pesca.
SUP4 – Áreas artificializadas
Esta subunidade engloba todas as áreas que se encontram fortemente edificadas e/ou transformadas por via
de intervenção humana ao nível do seu caráter original, são espaços que se destacam claramente pelo seu
forte carácter urbano e ou industrial. No que se refere aos declives e orientação solar apresenta, tal como a
SUP3, maioritariamente situações de elevado conforto climático e declives suaves ou aplanados. É a
subunidade com maior grau de humanização (sendo de destacar a malha densa de vias de comunicação) e
com maior variedade visual (pequenos vales, povoações, áreas agrícolas), correspondendo, aos principais
núcleos urbanos e industriais e periferias (Setúbal, Azeitão e envolventes), bem como espaços onde sejam
evidentes grandes movimentações de terras ou escavações, tal como os intervencionados pela indústria
extrativa.
No Quadro III.82 sintetizaram-se as principais características de cada subunidade para uma melhor
compreensão e identificação.
Quadro III.82 – Síntese das caraterísticas das subunidades de paisagem identificadas na área em estudo.
FISIOGRAFIA
SUBUNIDADE USO DO SOLO EDIFICAÇÃO CARATERÍSTICAS VISUAIS
GEOMORFOLOGIA
Edifícios, equipamentos e
infraestruturas urbanas, Muito Tonalidade cinza e estrutura
comerciais e industriais. concentrada com visual mais ou menos
SUP4 APLANADA Malha rodoviária bastaste edificações fechada em função da maior
ramificada. Espaços industriais de ou menor concentração e
desmatados e/ou grande dimensão. volumetria do edificado.
escavados.
Figura III.164 – Vista para Oeste sobre a SUP1 a partir da zona marginal da cidade de Setúbal (SUP4).
Figura III.165 – Vista para Sudeste a partir da pedreira (SUP 4) sobre a península de Troia (SUP2 e SUP3).
Figura III.166 – Vista para norte sobre a SUP2 a partir de um ponto no limite da área da pedreira.
• Absorção visual - analisa a capacidade que a paisagem tem para absorver novas estruturas do tipo das
preconizadas pelo projeto, com base no grau de afetação das suas caraterísticas intrínsecas, que
dependem de fatores tais como o porte da vegetação, a dimensão média das manchas de ocupação, etc.
• Acessibilidade natural - expressa a facilidade de acesso às diferentes zonas relativamente à rede fluvial
ou em função do declive associado a cada um dos seus constituintes.
1.14. SÓCIOECONOMIA
1.14.1. Considerações gerais
A caraterização da situação atual fundamenta-se na informação de base obtida a partir de bibliografia
específica e tem por objetivo consubstanciar a previsão e avaliação dos impactes gerados pela concretização
do Projeto.
1A freguesia é oficialmente denominada União das freguesias de São Julião, Nossa Senhora da Anunciada e Santa Maria da Graça),
adquirindo este nome após a reorganização administrativa do território das freguesias (atualmente, a Lei n.º 39/2021, de 24 de junho).
Mais concretamente a pedreira em análise encontra-se no território da antiga freguesia de Nossa Senhora da Anunciada.
2 As NUTS 2013 portuguesas foram estabelecidas pelo Regulamento Europeu n.º 868/2014 e a sua aplicação no Sistema Estatístico
Europeu e Nacional iniciou-se a 1 de janeiro de 2015. De acordo com essa nova versão, as NUTS I e II portuguesas não sofreram
qualquer alteração, com exceção da designação da NUTS II “Lisboa”, que passou a designar-se “Área Metropolitana de Lisboa”,
constituindo, simultaneamente, a NUTS II e NUTS III. Para efeitos da presente análise, e por concordância com as bases de dados
consultadas, foi utilizada a nova nomenclatura (em vigor desde 2015), sempre que a análise incidiu em dados estatísticos posteriores
a essa data. No entanto, e em conformidade com as bases de dados anteriores à entrada em vigor da nova nomenclatura
(nomeadamente os Recenseamentos Gerais da População e Habitação de 2001 e 2011), sempre que a análise se baseou em dados
anteriores a 2015, a terminologia adotada teve por referência a antiga nomenclatura.
No Quadro III.83 apresenta-se a inserção administrativa da área de estudo, ao nível das NUTS, concelho e
freguesia.
Com base nos dados disponibilizados nos Anuário Estatístico Regionais3, apresenta-se uma síntese dos usos
do solo identificados nos diversos planos municipais de ordenamento do território (PMOT), para o concelho de
Setúbal (Quadro III.84).
Este concelho comporta cerca de 6379 ha de solo urbano identificado nos PMOT, registando-se perto de
14 000 ha de solo classificado como rural (Quadro III.84).
Quadro III.84 – Usos do Solo identificados nos planos municipais de ordenamento do território.
SOLO URBANO
UNIDADE
TERRITORIAL TOTAL URBANIZADO URBANIZÁVEL RURAL
ha
Setúbal 6 379,8 2 234.6 3 641.7 13 957.2
Fonte: INE, Anuários Estatísticos Regionais – Informação estatística à escala regional e municipal, Edição de 2020.
1 AntigaRegião de Lisboa.
2 Engloba, desde 2015, as sub-regiões Grande Lisboa e Península de Setúbal.
3 Edição de 2020.
Para a caracterização das dinâmicas demográficas locais, consideram-se os dados estatísticos ao nível
da freguesia, com incidência na freguesia “União das freguesias de São Julião, Nossa Senhora da Anunciada
e Santa Maria da Graça”, onde se insere a pedreira Vale do Mós A. Quando possível, tendo em conta os
dados disponibilizados pelo INE, a análise considerou o lugar de Vale da Rasca, localidade situada a
Norte da área de intervenção.
No Quadro III.85 apresenta-se o enquadramento regional e local da população residente (2001-2011),
superfície, densidade populacional e a taxa de variação intercensitária no que respeita à densidade
populacional.
TAXA DE VARIAÇÃO
DENSIDADE POPULACIONAL INTERCENSITÁRIA
UNIDADE POPULAÇÃO RESIDENTE ÁREA
(HAB/KM2)
TERRITORIAL (%)
Região Lisboa 2 661 850 2 821 876 2 962,4 898,55 952,56 5,67
Península de
714 589 779 399 1 421 502,88 548,49 8,32
Setúbal
UF N. Sra.
Anunciada,
Sta. Maria da 38 502 38 098 31,85 1 208,8 1 196,2 -1,06
Graça e S.
Julião
Verifica-se que, nos últimos anos (de 2001 e 2011), ocorreu um acréscimo generalizado da população
nas unidades territoriais em estudo, verificando-se o aumento mais significativo na então sub-região
Península de Setúbal, a qual registou um aumento de 64 810 residentes (Quadro III.85).
O concelho de Setúbal registou um aumento de 7 251 residentes, fixando em 5,98% a sua taxa de variação
intercensitária, no que respeita à densidade populacional verificada nesta unidade territorial.
A exceção a este acréscimo verifica-se a nível local, uma vez que a União das freguesias de São Julião,
Nossa Senhora da Anunciada e Santa Maria da Graça regista um decréscimo da população de cerca de 400
habitantes, apresentando uma taxa de variação intercensitária negativa, no que respeita à densidade
populacional aqui registada entre 2001 e 2011.
Quanto ao lugar de Vale da Rasca, regista-se um total de 155 residentes para o ano de 2011.
Contrariamente à freguesia em análise, a quase totalidade das freguesias do concelho de Setúbal
apresenta tendências acentuadas de crescimento da população residente, como é o caso das freguesias
de Azeitão e Gâmbia, Pontes, Alto da Guerra, ambas com uma variação intercensitária que ronda os 30%
no que respeita à sua densidade populacional. Com um decréscimo, ainda que pouco acentuado, de
habitantes, face a 2001, regista-se a freguesia de Setúbal (São Sebastião) - Quadro III.86.
Quadro III.86 – População Residente, Densidade Populacional e Variação Intercensitária nas freguesias do
concelho de Setúbal, 2001 e 2011
VARIAÇÃO
DENSIDADE
CONCELHO POPULAÇÃO RESIDENTE ÁREA INTERCENSITÁRIA
POPULACIONAL (HAB/KM2)
FREGUESIA (KM2) (%)
2001 2011 2001 2011 2011-2001
Setúbal 113 934 121 185 230,33 494,7 526,1 5,98
UF N. Sra. Anunciada,
Sta. Maria da Graça e S. 38 502 38 098 31,85 1 208,9 1 196,2 -1,06
Julião
No Quadro III.87 apresenta-se um conjunto de indicadores que traduzem as dinâmicas demográficas nas
regiões e concelho em 2019, para melhor se perceber e complementar as tendências e dinâmicas
demográficas em análise.
(%) (‰)
A composição da população residente por grupos etários nos territórios em análise revela uma tendência
semelhante em todas as unidades territoriais consideradas (Quadro III.88). Em relação ao concelho de
Setúbal, em 2011, o escalão mais jovem (0-14) representava cerca de 16% do efetivo total, o escalão
seguinte (15-24) rondava os 10%, o escalão dos adultos (25-64) era de cerca de 55% e, por último, o
escalão dos idosos (65 e + anos) era da ordem dos 18%.
Quadro III.88 – População Residente Segundo os Grandes Grupos Etários em 2001 e 2011.
UNIDADE
POPULAÇÃO RESIDENTE 2001 POPULAÇÃO RESIDENTE 2011
T ERRITORIAL
TOTAL 0-14 15-24 25-64 65 E + TOTAL 0-14 15-24 25-64 65 E +
Península
714 589 109 645 100 482 402 034 102 428 779 399 123 790 80 223 435 201 140 185
de Setúbal
Setúbal 113 934 17 686 16 267 63 156 16 825 121 185 19 557 12 507 67 215 21 906
UF N. Sra.
Anunciada,
Sta. Maria 38 502 4 971 5 156 21 024 7 351 38 098 4 939 3 797 20 505 8 857
da Graça e
S. Julião
Em termos evolutivos, entre 2001 e 2011, no concelho de Setúbal registou -se um aumento generalizado
na população residente, à exceção do escalão 15-24, que apresenta um decréscimo de 3760 habitantes.
O aumento mais significativo registou-se no escalão dos idosos (65 e + anos), com mais 5081 habitantes,
o que representa um aumento de 4% face a 2001.
Na freguesia em análise a situação verificada é muito idêntica à registada no concelho. A faixa etária mais
expressiva, com 54% em 2011, corresponde ao escalão dos adultos (sendo que face a 2001, esta
percentagem não apresenta diferenças significativas), sendo o escalão dos 15-24 anos o menos
representado (10% em 2011). O escalão dos idosos apresenta um aumento de 4% face a 2001, com um
acréscimo de 1500 habitantes.
No lugar de Vale da Rasca regista-se uma predominância da classe dos 25 aos 64 anos (59%), seguida
da classe dos 65 e mais anos (30%). As classes mais novas, dos escalões dos 0 -14 e 15-24, registam
valores de 4,5% e 6,5%, respetivamente.
Entre 2001 e 2011, assistiu-se assim ao envelhecimento da população (patente no incremento do índice
de envelhecimento) e ao envelhecimento dos próprios idosos, com a população de 75 ou mais anos a
crescer a um ritmo superior ao da população de 65 ou mais anos (aumento do índice de longevidade).
Essa tendência tem-se mantido, e agravado, no decorrer dos últimos anos.
No Quadro III.89, apresenta-se um conjunto de indicadores que permitem caracterizar a dinâmica e
dependência demográfica, uma vez que as relações de dependência traduzem o peso relativo dos três grupos
funcionais em que a população se divide: jovens, adultos e idosos.
A evolução da composição da população residente por grupos etários traduz, em grande medida, a transição
da população jovem para a idade adulta e os fluxos migratórios dentro do concelho e para o concelho,
designadamente para as novas áreas habitacionais entretanto construídas.
O forte aumento da proporção da população idosa resulta, em boa parte, da conjugação do processo normal
de envelhecimento da população residente e do esvaziar do peso das camadas mais jovens, devido ao declínio
da natalidade. A redução do peso das classes etárias mais jovens tem conduzido a um progressivo
aumento do Índice de Envelhecimento, que resulta do processo de transição demográfica em curso
(Quadro III.90).
Quadro III.90 – Evolução dos Índices de Envelhecimento nas unidades territoriais em estudo (2001-2011)
O índice de envelhecimento relaciona o número de idosos por cada 100 jovens, sendo um bom indicador de
vitalidade demográfica. É transversal a todas as unidades territoriais em estudo o aumento generalizado do
Índice de Envelhecimento, registando-se na União das Freguesias Nossa Senhora da Anunciada, Santa Maria
da Graça e São Julião o aumento mais acentuado, entre 2001 e 2011, com um aumento de 25 idosos por cada
100 jovens.
A Região Área Metropolitana de Lisboa desempenha um papel fulcral na economia nacional e representou
cerca de 36% do PIB nacional, em 2019. Este indicador macroeconómico espelha a relevância desta região
nos diversos indicadores que retratam o desempenho económico nacional (Quadro III.91).
O Índice de Disparidade da Região Área Metropolitana de Lisboa (129,7%) traduz bem as diferenças entre
esta região e o restante território nacional.
Por seu lado, também a produtividade da região, considerando a relação VAB/Emprego, está bastante acima
da média Nacional e das diversas Regiões.
Quadro III.91 – Indicadores de Contas Regionais por NUTS I e NUTS II, 2018
PIB
Área Metropolitana de
36.0 26.9 129.7 45.3
Lisboa
Quadro III.92 – População residente economicamente ativa e empregada (%), por Sector de Atividade
Económica, em 2011.
A proporção de população economicamente ativa empregada ao nível concelhio em 2011 era da ordem dos
84,4%, valor semelhante aos registados nas diferentes unidades territoriais em estudo. A União das Freguesias
Nossa Senhora da Anunciada, Santa. Maria da Graça e São Julião regista um valor quase idêntico, 84,5%. O
valor mais alto é alcançado pelo lugar de Vale da Rasca, com 90% da sua população economicamente ativa
empregada (54 residentes).
A análise da repartição da população pelos três sectores tradicionais de atividade económica evidencia
algumas disparidades ao nível dos sectores primário, secundário e terciário, denotando-se uma marcada
distribuição da população economicamente ativa pelo sector terciário, que é transversal a todas as unidades
territoriais em estudo (nomeadamente, 73% no concelho e 77% na freguesia e 72% em Vale da Rasca).
A taxa de desemprego no concelho e na freguesia teve um acréscimo acentuado entre 2001 e 2011 (aumento
de 5,7% e 6,3%, respetivamente), à semelhança do que aconteceu nas restantes unidades territoriais em
estudo (Quadro III.93)
Quanto à relação entre a população ativa (população com 15 e mais anos de idade) e a população total,
definida pela taxa de atividade, pode inferir-se que, de um modo geral, a taxa de atividade total diminuiu entre
2001 para 2011.
A Taxa de Atividade da população residente no concelho de Setúbal era de 48,3% em 2011, valor superior à
média do Continente, mas inferior à das regiões consideradas. Ao nível local, a freguesia apresentava nesse
ano a menor taxa de atividade, com uma média de 46,2%.
No Quadro III.94 apresenta-se um conjunto de indicadores de empresas para a região e município de Setúbal,
relativos a 2018.
A densidade de empresas na Região Área Metropolitana de Lisboa era, em 2018, perto de 9 vezes superior à
média do Continente, com cerca das 122 empresas por quilómetro quadrado.
Em relação ao concelho de Setúbal, a densidade de empresas situava-se nas 55 empresas por quilómetro
quadrado, o que atesta fraca concentração empresarial no concelho em estudo, comparativamente à região
onde se insere.
Quanto à dimensão das empresas, nas unidades administrativas consideradas predominam as empresas com
menos de 10 pessoas ao serviço, enquanto que as empresas com mais de 250 pessoas ao serviço não excede
os 0,1%.
As empresas no município de Setúbal têm uma dimensão média de 2,7 trabalhadores, valor inferior à média
regional (3,9).
O concelho de Setúbal apresenta um volume de negócios por empresa da ordem dos 519 milhares de euros,
valor muito superior à média do Continente (316), e ao registado na Área Metropolitana de Lisboa (492 milhares
de euros.
PROPORÇÃO DE PROPORÇÃO DE
EMPRESAS COM EMPRESAS COM PESSOAL AO VOLUME DE
DENSIDADE DE
MENOS DE 250 MENOS DE 10 SERVIÇO POR NEGÓCIOS
EMPRESAS
PESSOAS AO PESSOAS AO EMPRESA POR EMPRESA
UNIDADE TERRITORIAL
SERVIÇO SERVIÇO
Em particular, a nível concelhio, perto de 52% da população concluiu o ensino básico, 15,8% o ensino
secundário e 12,6% conclui o ensino superior. Do total da população residente, 19% não concluiu qualquer
nível de ensino.
A nível local, regista-se que metade da população da União das Freguesias Nossa Senhora da Anunciada,
Santa. Maria da Graça e São Julião, concluiu o ensino básico, quase 17% o ensino secundário e 16%
frequentou e concluiu o ensino superior. Sem concluir qualquer nível de ensino está cerca de 16% da população
residente na freguesia.
No lugar de Vale da Rasca, cerca de 72% da população concluiu o ensino básico, 13,9% o ensino secundário
e 13,8% o ensino superior.
Quanto à taxa de analfabetismo, regista-se uma descida generalizada da mesma em todas as unidades
territoriais em estudo, entre 2001 e 2011. No concelho e freguesia de Setúbal, a descida situa-se nos 3,32% e
2,68%, respetivamente.
Quadro III.95 – População Residente segundo o Nível de Ensino atingido e Taxa de Analfabetismo
UNIDADE
SUPERIOR
NENHUM
BÁSICO
MÉDIO
ADMINISTRATIVA TOTAL
2001 2011
CONTINENTE 10 047 621 18,8 54,9 13,5 0,8 11,9 8,93 5,19
LISBOA 2 821 876 16,8 49,4 16,3 1,0 16,5 5,73 3,22
PENÍNSULA DE
SETÚBAL 779 399 18,0 53,0 16,0 1,0 12,0 6,99 3,84
SETÚBAL 121 185 18,8 51,8 15,8 1,0 12,6 7,56 4,24
UF N. SRA.
ANUNCIADA, STA.
MARIA DA GRAÇA E S.
JULIÃO 38 098 15,9 50,3 16,7 1,0 16,2 6,33 3,65
as restantes unidades territoriais em análise. O número de enfermeiros registados, apresenta-se, por sua vez,
muito superior ao registado na Área Metropolitana de Lisboa e no Continente.
Nº
Fonte: http://www.dgge.pt/
Figura III.169 – Localização dos principais centros de produção de rochas industriais e de rochas
ornamentais.
Com base nos dados da Direcção-Geral de Energia e Geologia, em 2019 existiam 358 estabelecimentos em
atividade no setor das rochas ornamentais, 248 no setor dos agregados, 17 no setor dos minerais para cimento
e cal e 72 estabelecimentos em atividade no setor das rochas industriais (Quadro III.98).
1 http://www.dgeg.gov.pt/ (23JUL2020)
No Quadro III.99 apresenta-se a evolução do pessoal ao serviço nos estabelecimentos da indústria extrativa
(pedreiras) em 2016, 2018 e 2019, nos subsectores atrás mencionados, segundo a condição profissional.
Em 2019, este setor da atividade económica comportava um emprego total de 5 576 postos de trabalho,
repartidos pelos subsetores das rochas ornamentais, dos agregados, dos minerais para cimento e cal e das
rochas industriais. Desses, cerca de 26% eram Quadros dirigentes, administrativos e técnicos. Entre 2016 e
2019, assistiu-se a um acréscimo, ainda que pouco substancial, do número de pessoal ao serviço na indústria
extrativa (cerca de 5%).
Quadro III.99 – Pessoal ao serviço nos estabelecimentos (Pedreiras), 2014, 2016 e 2018
ADMINISTRATIVOS E
ADMINISTRATIVOS E
ADMINISTRATIVOS E
ENCARREGADOS E
ENCARREGADOS E
ENCARREGADOS E
DIRIGENTES,
DIRIGENTES
DIRIGENTES
OPERÁRIOS
OPERÁRIOS
OPERÁRIOS
TÉCNICOS
TÉCNICOS
TÉCNICOS
SUBSETOR
No Quadro III.100 apresenta-se o panorama geral da indústria extrativa de minerais para construção,
entre 2010 e 2019, por substância, com indicação de tonelada explorada e o valor da produção.
Considerando o total de minerais produzidos, verifica-se que a produção teve um decréscimo acentuado, com
maior incidência entre 2010 e 2013, registando-se uma diminuição na produção de cerca de 43%. No entanto,
analisando a produção entre 2016 e 2019, verifica-se uma tendência crescente, registando o ano de 2019 um
aumento de 23% face a 2016, com reflexo nos valores de produção.
Quadro III.100 – Produção comercial de pedreiras no setor da construção (2010, 2013, 2016 e 2019).
TONELADAS
2010 6 497 871 50 402 775 10 508 439 317 173 893 632 1 030 391 873 943 18 765 70 542 989
2013 4 218 651 23 296 553 8 778 854 622 367 999 177 990 264 899 409 29 349 39 834 625
2016 3 959 258 25 888 119 7 161 699 412 577 833 751 1 130 661 792 284 53 523 40 231 872
2019 6 375 175 31 965 099 6 846 795 579 859 1 251 540 1 406 453 862 776 52 479 49 340 176
1000 EUROS
2010 25 946 211 230 19 846 718 102 272 42 860 25 236 5 861 405 819
2013 13 009 111 980 15 970 2 505 101 733 33 138 23 110 7 850 323 677
2016 13 144 112 137 14 297 1 555 92 863 37 785 26 719 9 512 305 374
2019 16 562 117 145 13 823 2 350 99 782 40 743 21 864 7 988 320 257
Fonte: DGEG - Estatística de Recursos Geológicos da DSEF-RG (http://www.dgeg.gov.pt). ( 28MARÇO2021)
Quadro III.101 – Produção comercial de pedreiras no setor industrial (2010, 2013, 2016 e 2019).
Produção de minerais industriais
TONELADAS
1000 EUROS
ESTADO DA PEDREIRA
DISTRITO
TOTAL ATIVA INATIVA SUSPENSA CADUCADA ABANDONADA/EM ABANDONO
Setúbal 86 40 10 8 5 23
Fonte: DGEG – Cadastro Nacional de Pedreiras (http://www.dgeg.gov.pt). (09MAR2015)
A exploração nas pedreiras ativas tem por base, maioritariamente, a produção de areias (60%), seguida da
produção de calcário, a qual atinge 30%. Os restantes 10% são ocupados por pedreiras de seixo, grauvaques,
dioritos e argila comum.
Das 40 pedreiras ativas situadas no distrito de Setúbal, registam-se 2 no território municipal em análise, ambas
propriedade da SECIL a pedreira Vale de Mós A e a pedreira Vale de Mós B a fundir e ampliar (sobre a qual
incide o presente estudo). Estas duas pedreiras representam apenas 2,3% das pedreiras ativas no distrito.
No Quadro III.103 apresenta-se a produção da indústria extrativa no distrito de Setúbal em 2018. A análise
ficará certamente incompleta, uma vez que os valores da produção do distrito de Setúbal, relativos aos minerais
para cimento e cal estão classificados como confidenciais nos dados disponibilizados pela Direção Geral de
Energia e Geologia. Na indústria dos agregados e dos minerais industriais foram produzidas 5 342 626
toneladas, o que gerou uma receita de 17 785 milhares de euros no ano de 2018.
PRODUÇÃO
• o concelho de Setúbal registou, em 2011, um aumento de cerca de 6% de habitantes, face a 2001, enquanto
que a freguesia em análise viu decrescer a sua população em cerca de 1%, no mesmo período.
• apresentam, na generalidade, uma qualificação média da mão-de-obra, uma taxa de atividade próxima dos
50% e uma taxa de desemprego média de 16%.
de Saúde nos EIA vem em linha com os eixos estratégicos do PNS, nomeadamente a Cidadania em saúde e
existência de Políticas saudáveis.
O reconhecimento que o Ambiente e a Saúde são dois aspetos inseparáveis decorre da própria definição de
Saúde Ambiental que engloba os aspetos da saúde humana (incluindo a qualidade de vida), que são
determinados por fatores físicos, químicos, biológicos, sociais e psicológicos do ambiente, integrando, a
avaliação, correção, redução e a prevenção dos fatores no ambiente que podem afetar de forma adversa a
saúde das gerações presentes e futuras. Saúde Ambiental, segundo a OMS, inclui “tanto efeitos patogénicos
diretos das substâncias químicas, das radiações e de alguns agentes patogénicos, como os efeitos
(frequentemente indiretos) na saúde e no bem-estar do ambiente (em sentido lato) físico, psicológico, social e
estético, que engloba a habitação, o desenvolvimento urbano, o uso dos solos e os transportes”. Este conjunto
de doenças constituíam, segundo o relatório da OMS de 2014, uma em cada cinco mortes.
Neste contexto, aspetos fundamentais como a qualidade da água e do ar são fundamentais para avaliar a
saúde pública. Por exemplo, efeitos na saúde humana derivados de substâncias e microrganismos veiculados
pela água são muito diversos como as gastroenterites, hepatites, problemas dermatológicos, otites, e mesmo
cancro e distúrbios neurológicos associados a contaminação química das águas.
No que concerne a qualidade do ar e segundo o relatório síntese da Estratégia Nacional para o Ar 2020
(ENAR 2020), no seguimento da Resolução de Conselho de Ministros n.º 46/2016, de 16 de agosto, ainda
persistem problemas de poluição atmosférica com repercussões na saúde humana. Isso apesar das melhorias
significativas das últimas décadas. Um resumo desse relatório está descrito na Figura III.173.
Apesar de algum atraso na avaliação poderemos, no mesmo relatório, analisar as tendências das
concentrações médias dos poluentes mais significativos (Figura III.171).
Apesar destas tendências a AEA (EEA, 2020) estimou que, no nosso país, e em consequência da qualidade
do ar, a existência de 4900 mortes prematuras em 2018.
Dos fatores ambientais potencialmente impactantes para saúde a qualidade do ar e o ruído serão, entre outros
os analisados mais profundamente.
1.15.2. Metodologia
Na análise a avaliação do fator Saúde humana, além de outros documentos citados nos elementos
bibliográficos deste EIA, foram considerados os documentos estratégicos e de planeamento como, Estratégia
Nacional de Adaptação ás Alterações Climáticas1, assim como no Plano Nacional de Ação Ambiente e Saúde2,
e essencialmente e relevante para o EIA do projeto além dos estudos referidos, a avaliação e análise integrada
e estudado conjuntamente com vários fatores ambientais como, População na Sócioeconomia, o Clima e as
Alterações Climáticas, os Recurso Hídricos, a Análise de Riscos Ambientais, o Ar, o Solo ou o Ambiente
Sonoro. O estudo do fator Saúde humana, na situação de referência neste EIA, foi também analisado de forma
integrada com elementos geográficos (localização), demográficos (população envolvente), e de indicadores
saúde (locais, regionais e nacionais) propriamente ditos.
Por outro lado, a Secil possui, no contexto de vários projetos e DIAs anteriores um conjunto de estações de
monitorização à qualidade do ar e leva a cabo outro tipo de monitorizações que são importantes para perceber
a situação atual de um potencial efeito da atividade, com ou sem projeto da pedreira na saúde humana.
1 Estratégia Nacional de Adaptação ás Alterações Climáticas (ENAAC) - Grupo de Trabalho Sectorial Saúde Humana,
DGS, 2011 e 2013
2 Plano Nacional de Ação Ambiente e Saúde 2008-2013 (PNAAS), APA e DGS
A existência de uma operação industrial (produção de clínquer e de cimento, com a expedição por mar e por
meios terrestes) e de uma pedreira em operação leva a que este descritor tente descrever aquilo que é
conhecido sobre não só os dados da saúde pública na zona em análise, mas também os indicadores
disponíveis sobre os fatores ambientais conhecidos e, neste caso, medidos, como a qualidade do ar ou ruido.
Por outro lado, a analise de impactes decorre da estimação da variação, significativa ou não, face ao perfil
atual de exploração.
Fonte: https://www.apambiente.pt/_zdata/DAR/Ar/ENAR_I_RelatorioSintese_CP.pdf
Fonte: https://www.apambiente.pt/_zdata/DAR/Ar/ENAR_I_RelatorioSintese_CP.pdf
• a caraterização do concelho de Setúbal, freguesia Setúbal e região Área Metropolitana de Lisboa onde se
localiza o Projeto, em termos de população, destacando aspetos de análise demográfica, taxas e índices
associados, etc., elementos que advém também da inter-relação entre o fator Saúde Humana e aspetos do
fator Sócio Economia;
• avaliação a partir dos dados existentes das concentrações de poluentes medidos, monitorizados ou
existentes na literatura, do potencial de influência negativa na saúde humana conhecidos na área do projeto
e na sua envolvente.
Nesta análise e caracterização, foram utilizados os dados disponíveis do Instituto Nacional de Estatísticas
(INE), PORDATA, dados do ministério da Saúde, bem como os estudos e análises de outros fatores ou
descritores deste EIA, especialmente a Sócioeconomia (População e demografia).
1A freguesia é oficialmente denominada União das freguesias de São Julião, Nossa Senhora da Anunciada e Santa Maria
da Graça), adquirindo este nome após a reorganização administrativa do território das freguesias (atualmente, a
Lei n.º 39/2021, de 24 de junho). Mais concretamente a pedreira em análise encontra-se no território da antiga freguesia
de Nossa Senhora da Anunciada.
2As NUTS 2013 portuguesas foram estabelecidas pelo Regulamento Europeu n.º 868/2014 e a sua aplicação no Sistema
Estatístico Europeu e Nacional iniciou-se a 1 de janeiro de 2015. De acordo com essa nova versão, as NUTS I e II
portuguesas não sofreram qualquer alteração, com exceção da designação da NUTS II “Lisboa”, que passou a designar-
se “Área Metropolitana de Lisboa”, constituindo, simultaneamente, a NUTS II e NUTS III. Para efeitos da presente análise,
e por concordância com as bases de dados consultadas, foi utilizada a nova nomenclatura (em vigor desde 2015), sempre
que a análise incidiu em dados estatísticos posteriores a essa data. No entanto, e em conformidade com as bases de
dados anteriores à entrada em vigor da nova nomenclatura (nomeadamente os Recenseamentos Gerais da População e
Habitação de 2001 e 2011), sempre que a análise se baseou em dados anteriores a 2015, a terminologia adotada teve
por referência a antiga nomenclatura.
Através da sua análise verifica-se que ocorreu um acréscimo generalizado da população em Portugal
Continental assim como na quase totalidade das unidades territoriais em estudo, verificando-se o aumento
mais significativo na então sub-região Península de Setúbal, a qual registou um aumento de 64 810 residentes.
O concelho de Setúbal registou um aumento de 7251 residentes, fixando em 5,98% a sua taxa de variação
intercensitária, no que respeita à densidade populacional verificada nesta unidade territorial. A exceção a este
acréscimo verifica-se a nível local, uma vez que a União das Freguesias de Nossa Senhora da Anunciada,
Santa Maria da Graça e São Julião regista um decréscimo da população de cerca de 400 habitantes,
apresentando uma taxa de variação intercensitária negativa, no que respeita à densidade populacional aqui
registada entre 2001 e 2011.
Quanto ao lugar de Vale da Rasca, regista-se um total de 155 residentes para o ano de 2011.
A composição da população residente por grupos etários nos territórios em análise revela uma tendência
semelhante em todas as unidades territoriais consideradas (Quadro III.105). Em relação ao concelho de
Setúbal, em 2011, o escalão mais jovem (0-14) representava cerca de 16% do efetivo total, o escalão seguinte
(15-24) rondava os 10%, o escalão dos adultos (25-64) era de cerca de 55% e, por último, o escalão dos idosos
(65 e + anos) era da ordem dos 18%.
Quadro III.105 – População Residente Segundo os Grandes Grupos Etários em 2001e 2011.
Em termos evolutivos, entre 2001 e 2011, no concelho de Setúbal registou-se um aumento generalizado na
população residente, à exceção do escalão 15-24, que apresenta um decréscimo de 3760 habitantes. O
aumento mais significativo registou-se no escalão dos idosos (65 e + anos), com mais 5081 habitantes, o que
representa um aumento de 4% face a 2001. Na freguesia em análise a situação verificada é muito idêntica à
registada no concelho. A faixa etária mais expressiva, com 54% em 2011, corresponde ao escalão dos adultos
(sendo que face a 2001, esta percentagem não apresenta diferenças significativas), sendo o escalão dos 15-24
anos o menos representado (10% em 2011). O escalão dos idosos apresenta um aumento de 4% face a 2001,
com um acréscimo de 1500 habitantes. No lugar de Vale da Rasca regista-se uma predominância da classe
dos 25 aos 64 anos (59%), seguida da classe dos 65 e mais anos (30%). As classes mais novas, dos escalões
dos 0-14 e 15-24, registam 4,5% e 6,5%, respetivamente. Entre 2001 e 2011, assistiu-se assim ao
envelhecimento da população (patente no incremento do índice de envelhecimento) e ao envelhecimento dos
próprios idosos, com a população de 75 ou mais anos a crescer a um ritmo superior ao da população de 65 ou
mais anos (aumento do índice de longevidade). Essa tendência tem-se mantido, e agravado, no decorrer dos
últimos anos.
No Quadro III.106 apresentam-se um conjunto de indicadores que permitem caracterizar a dinâmica e
dependência demográfica, uma vez que as relações de dependência traduzem o peso relativo dos três grupos
funcionais em que a população se divide: jovens, adultos e idosos.
A evolução da composição da população residente por grupos etários traduz, em grande medida, a transição
da população jovem para a idade adulta e os fluxos migratórios dentro do concelho e para o concelho,
designadamente para as novas áreas habitacionais entretanto construídas. O forte aumento da proporção da
população idosa resulta, em boa parte, da conjugação do processo normal de envelhecimento da população
residente e do esvaziar do peso das camadas mais jovens, devido ao declínio da natalidade. A redução do
peso das classes etárias mais jovens tem conduzido a um progressivo aumento do Índice de Envelhecimento,
que resulta do processo de transição demográfica em curso (Quadro III.107).
Quadro III.107 – Evolução dos Índices de Envelhecimento nas unidades territoriais em estudo (2001-2011).
O índice de envelhecimento relaciona o número de idosos por cada 100 jovens, sendo um bom indicador de
vitalidade demográfica. É transversal a todas as unidades territoriais em estudo o aumento generalizado do
Índice de Envelhecimento, registando-se na União das Freguesias de Nossa Senhora da Anunciada, Santa
Maria da Graça e São Julião o aumento mais acentuado, entre 2001 e 2011, com um aumento de 25 idosos
por cada 100 jovens.
Este conjunto de dados é interessante e merece uma análise cuidada. Por um lado, poder-se-á concluir que,
demograficamente, o concelho de Setúbal tem um perfil consistente com o da sua zona metropolitana
distanciando-se, como um todo, dos dados do continente no índice de envelhecimento. Assim em 2011 a
população, em toda a AML e no concelho, correspondia a cerca de 18% de indivíduos com mais de 65 anos
com um aumento marcado, como referido acima na freguesia do projeto e ainda mais claramente no Lugar da
Rasca. O que é explicado para natureza da ocupação desta freguesia que incluem as zonas históricas do
concelho normalmente ocupadas por uma população mais idosa. O que é consistente com a caracterização já
levada a cabo na Sócioeconomia, mas que é particularmente importante em relação à saúde, onde Portugal é
caracterizado por a existência de um número menor de anos saudáveis depois dos 65, quando comparado
com os seus parceiros europeus.
Quadro III.108 – Esperança média de vida à nascença e aos 65 anos na AML e no Continente.
No Quadro III.109 é possível observar que no concelho de Setúbal a Taxa Bruta de Natalidade e a Taxa Bruta
de Mortalidade se encontram ligeiramente mais elevados em relação à média nacional. Já no caso do índice
de envelhecimento encontramos valores inferiores à média nacional. A Taxa de Mortalidade Infantil é
relativamente baixa no concelho de Setúbal, abaixo da média nacional, sendo este um dado importante na
determinação da qualidade dos serviços de saúde de cada local e outros aspetos relacionados com
sócioeconomia e a qualidade de vida das populações.
Quadro III.109 – Taxas brutas de natalidade e mortalidade, taxa de mortalidade infantil e índice de
envelhecimento da população em Portugal Continental e no concelho de Setúbal, no ano de 2017.
Importa ainda analisar algumas das causas de morte no concelho de Setúbal em comparação com os valores
médios nacionais (Quadro III.110).
Quadro III.110 – Óbitos por algumas causas no concelho de Setúbal e em Portugal Continental, no ano de
2017.
ÓBITOS (%)
UNIDADE
DOENÇAS DO DOENÇAS DO DOENÇAS DO
TERRITORIAL TUMORES
APARELHO APARELHO APARELHO DIABETES
MALIGNOS
CIRCULATÓRIO RESPIRATÓRIO DIGESTIVO
1 Índice de envelhecimento - Relação entre a população idosa e a população jovem, definida habitualmente como o
quociente entre o número de pessoas com 65 ou mais anos e o número de pessoas com idades compreendidas entre os
0 e os 14 anos (expressa habitualmente por 100 pessoas dos 0 aos 14 anos).
A não distinção do concelho em relação a um conjunto de doenças, que em certos casos, podem ter uma
relação com a qualidade do ar e com a emissões de poluentes é evidente. Isso é tanto mais relevante quando
Setúbal é um dos concelhos do país, dada o seu nível de industrialização, que tem um nível absoluto de
emissão mais altos do país conforme é bem de ver no documento emissões de poluentes atmosféricos por
concelho (APA, 2019). Um exemplo é as emissões de PM2,5, representadas na Figura III.172, mas o padrão
poderá ser repetido em quase todos os poluentes estudados.
Apesar de o concelho ter esses níveis relativamente mais elevados que a média nacional não só o quadro de
doenças que podem estar relacionadas o não reflete como a qualidade do ar na zona do projeto (onde existe
uma fábrica de cimento e uma pedreira em laboração), sujeita a um nível de monitorização pouco usual no
país, também demonstra níveis de concentração de poluentes muito baixos.
Figura III.172 – Emissão de PM2,5 em Portugal por concelho em toneladas por km2.
Nº
1.16. PATRIMÓNIO
1.16.1. Introdução
A área de incidência (AI) do projeto consiste em parcela de terreno a Sul da área em exploração. Esta parcela
abrange uma linha de cumeada descendente para oriente com uma extensão inferior a 2 km e com o ponto de
maior altitude a 352 m em cabeço situado a Oeste do v.g. Arremula. Esta área está assinalada com o topónimo
Alto do Poiso do Cortiço.
A área da pedreira Vale de Mós A, a área de incidência do projeto e a Zona de enquadramento (ZE) encontra-se
em Figura III.173. A área da pedreira Vale de Mós A incide em formações jurássicas1.
Figura III.173 – Localização das ocorrências identificadas na pesquisa documental (letras) e em campo (algarismos) sobre extratos das folhas 454 e 465 da Carta Militar de Portugal.
1.16.2. Metodologia
Como diretivas legais e metodológicas consideram-se: a Lei n.º 107/2001, de 8 de setembro, que estabelece
as bases da política e do regime de proteção e valorização do património cultural; o Decreto-Lei n.º 164/2014,
de 4 de novembro, que aprova e publica o Regulamento de Trabalhos Arqueológicos; a circular, emitida pela
tutela em 10 de Setembro de 2004, sobre os “Termos de Referência para o Descritor Património Arqueológico
em Estudos de Impacte Ambiental”; e ainda o Decreto-Lei n.º 151-B/2013, de 31 de outubro, que estabelece o
regime jurídico da avaliação de impacte ambiental (RJAIA), alterado pelos Decretos-Lei n.º 47/2014, de 24 de
março, n.º 179/2015, de 27 de agosto, pela Lei n.º 37/2017, de 2 de junho, e pelo Decreto-Lei n.º 152-B/2017,
de 11 de dezembro.
Os trabalhos de campo foram autorizados através do ofício S-2019/492047 de 21 de maio de 2019, nos termos
do Decreto-Lei n.º 164/2014, de 4 de novembro, após submissão no Portal do Arqueólogo de Pedido de
Autorização de Trabalhos Arqueológicos (PATA).
O conjunto de dados (ocorrências) que suporta a caracterização do fator Património integra achados (isolados
ou dispersos), construções, conjuntos, sítios e, ainda, indícios - toponímicos, topográficos ou de outro tipo, de
natureza arqueológica, arquitetónica e etnológica, qualquer que seja o seu estatuto de proteção (incluindo a
sua inexistência) e inerente valor cultural.
Como área de estudo (AE) do fator considerou-se o conjunto territorial formado pela área de incidência (AI) do
Projeto e por uma zona de enquadramento (ZE). A AI corresponde ao polígono assinalado na cartografia do
Projeto. A sua caracterização carece de pesquisa documental e prospeção de campo para atualização de
conhecimento acerca do fator em apreço. A ZE é uma faixa envolvente da AI com, pelo menos, 1 km de largura.
A sua caracterização é apenas sustentada em pesquisa documental e pretende avaliar o potencial
arqueológico da zona envolvente próxima da AI.
As ocorrências identificadas nas fases de pesquisa documental e de trabalho campo estão listadas no Quadro
III.114, caracterizadas de modo individualizado no anexo VII e cartografadas na Figura III.173. As ocorrências
referentes à pesquisa documental estão identificadas com letras maiúsculas e as ocorrências observadas em
campo com algarismos.
preferencial da atividade humana, reservando-se a serra para atividades esporádicas de caça, recoleção e
manifestações artísticas.
A pedreira Vale de Mós A enquadra-se “no anticlinal do Formosinho, o qual constitui o principal relevo de toda
a serra da Arrábida. De estrutura complexa e dissimétrica, este anticlinal tem um traçado curvo, atingindo cerca
de 7 km de comprimento. Os Calcários de Pedreiras (J2P) constituem o topo deste alinhamento serrano,
encontrando-se densamente carsificados à superfície, formando extensas áreas de lapiás” (VISA, 2019). Este
anticlinal apresenta-se muito recortado por falhas de orientação N-S a NNE-SSW e E-W, do Mesozóico. A
pedreira abrange quatro formações geológicas, do Jurássico, ordenadas da base para o topo (Jurássico
médio-Jurássico superior) do seguinte modo (Figura 1B em anexo VII): Calcários de Pedreiras (J2P); Margas,
Argilas, Calhaus Negros e Conglomerados da Arrábida (J3Ar); Calcários de Azóia (J3A); Argilas, Grés,
Conglomerados e Calcários de Vale de Rasca (J3Ra)1.
Os elementos de humanização mais recente da AE, evidenciados por construções e topónimos, concentram-se
na orla costeira, com destaque para o complexo industrial da SECIL, e imediatamente a Norte, principalmente
na forma de múltiplos casais de base agrícola, disseminados ao longo do vale da ribeira da Melra, que aflui no
estuário do Sado na Praia da Rasca. Nas cotas mais elevadas da AE este tipo de presença humana restringe-
se a construções relacionadas, já não com a subsistência alimentar, mas com defesa (RAC – 7ª Bateria de
Costa) e telecomunicações (antenas no ponto mais elevado da Serra do Arremula).
1 VISA, 2019
2 Raposo & Cardoso, 2000.
tendência de interiorização que se irá acentuar com o Neolítico Antigo, estabelecido essencialmente em
encostas mais suaves ou em vastas plataformas, a menos de 5 km da costa.
No concelho de Setúbal a visibilidade de testemunhos Neo-Calcolíticos é relativamente clara e baseada em
conjunto de sítios notáveis e largamente estudados nas últimas décadas, materializados por achados isolados,
vestígios de habitat e ocupação em gruta. Do Neolítico Antigo salienta-se o povoado do Alcube. A esta
importante identificação pode acrescentar-se a Quinta da Calçada, Zambujo, S. Simão, Quinta dos Arneiros,
Portela da Sardinha, Cabeço da Areia, Lapa do Serrão, Murteira 3, Chã da Anixa 2, Monte do Vaqueiros, Praia
e Galapos (situada sobre a falésia litoral, fortemente destruída no decurso das obras de construção da estrada
Galapos – Portinho da Arrábida) e Alto de S. Francisco (sítio elevado, detentor de boas condições naturais de
defesa).
Tendencialmente, o Neolítico caracteriza-se pela construção de estruturas de abrigo com recurso a materiais
perecíveis, de fácil obtenção, implantadas em locais de baixa altitude e solos arenosos, de desenvolvimento
morfológico suave, amplos, com ausência de condições naturais de defesa. Este sistema de ocupação não
deixaria vestígios evidentes de permanência. Em estações de ar livre extensas, o povoado organizar-se-ia em
pequenos núcleos habitacionais, talvez familiares, separados entre si e dispersos, eventualmente em regime
de curta duração. A economia basear-se-ia no consumo de mariscos, pesca e caça de animais de pequeno
porte. Paralelamente, implementaram-se formas elementares de produção de alimentos, nomeadamente a
criação de gado, a horticultura e uma agricultura cerealífera ainda incipiente.
No território, apenas se conhecem enterramentos de Neolítico Final depositados em cavidades cársicas,
disseminando-se o ritual até ao Cabo Espichel. Contraposto aos fenómenos megalíticos, os túmulos coletivos
ocorrem em grutas artificiais (à semelhança da Quinta do Anjo) ou naturais (Lapa do Fumo e do Bugio, em
Sesimbra), nas quais se obtiveram provas de reutilizações ao longo do Neolítico e Calcolítico, defendendo
alguns autores que algumas terão sido frequentadas em contextos possivelmente religiosos / espirituais em
finais da Idade do Bronze e inícios da Idade do Ferro, cerca de 1000 a. C. (Silva e Soares, 1986).
Na área do Outão, nas proximidades da Lapa dos Morcegos, encontra-se referenciado um sítio de habitat
Neo-Calcolítico, onde foram identificados restos de cerâmica manual de fabrico grosseiro e instrumentos de
pedra polida, associados a restos de construções e áreas de lixeira com restos de fauna malacológica e
ictiológica.
Posteriormente, o sítio designado como Pedrão revela inversão prática dos mecanismos de defesa adotados
até então: encontra-se assente em plataforma rochosa situada na encosta Este da serra de São Luís e
consubstancia a alteração de padrão de ocupação perfilhada durante o Calcolítico, privilegiando a implantação
em pontos de maior altura, domínio visual e dificuldade de acesso, assim como possibilidade de maior
concentração habitacional. Esta preocupação de segurança foi replicada no Castro de Sesimbra, Moinho do
Cuco e Cabeço dos Caracóis.
Durante o Calcolítico, a Quinta do Anjo permanece como local coletivo de inumação, tendo nela sido recolhidos
os primeiros exemplares de taças de tipo Palmela, exibindo a típica decoração atribuível ao Calcolítico Final.
Sendo o sílex uma matéria-prima de utilização tecnológica durante esta fase cultural, foi possível identificar, na
Arrábida, locais que providenciam a sua obtenção.
Com sustentação em conjunto de sítios de diversas tipologias, integrando locais localizados no concelho de
Sesimbra e considerando um contexto geográfico mais amplo, é viável considerar que a área da Arrábida nos
finais da Idade do Bronze dispunha de território coeso, de ocupação articulada, eventualmente hierarquizada
com sítios de diferentes funções específicas. Do seio desta rede imersora das sociedades proto-estatais
destaca-se o Castelo dos Mouros: “O povoado “eriça-se” num esporão calcário de perfil assimétrico, delimitado,
a sul, por um paredão vertical que atinge vários metros de altura e, a norte, por uma encosta de rocha nua, de
acentuada inclinação. As naturais condições de defesa e domínio paisagístico foram reforçadas por um circuito
amuralhado, edificado com o recurso a aparelho ciclópico, no lado norte. Segundo Francisco Rasteiro, “se pelo
norte é inacessível, pelo sul protege o terrapleno a muralha natural, que forma a crista do monte”1.
Da mesma cronologia, embora com extensão de ocupação para a Idade do Ferro, foi intervencionado, por
Octávio da Veiga Ferreira e Carlos Tavares da Silva, o importante (e já referido) povoado de Pedrão, o qual
revelou vestígios estruturais e espólio que permitiram aos autores integrá-lo em Horizonte Campaniforme,
marca de transição entre o Calcolítico e a Idade do Bronze. O povoado de Rotura, localizado próximo, revelaria
indicadores seguros de contactos efetivos com grupos oriundos do Alentejo.
Espólio da mesma cronologia foi identificado, igualmente, na Lapa dos Morcegos, já mencionada, gruta natural
localizada no Outão (cerâmica campaniforme) e na Fonte da Rotura, sítio formado por cavidades naturais
abertas no substrato rochoso datado do Miocénico (instrumentos de pedra polida). No Abrigo da Fazendinha,
constituído por uma cavidade natural aberta no substrato rochoso, instrumentos líticos e fragmentos cerâmicos
de datação similar aparecem associados a vestígios osteológicos humanos, indiciando práticas de inumação.
O monumento da Roça do Casal do Meio entende-se como expoente de uma nova organização social, corolário
de emergente sistema de chefatura e estrutura estatal. Esta tecnologia construtiva revelava influências
calcolíticas e acolhia apenas dois indivíduos que, de alguma forma, teriam adquirido estatuto relevante,
reconhecido pela comunidade onde se inseriam. O espólio recolhido, a par de alguns achados isolados
identificados no território (Alfarim, Pedreiras), demonstram vincada influência e consequentes contactos
marítimos, nomeadamente com a bacia do Mediterrâneo e o Norte da Europa (Bronze Atlântico),
respetivamente. Atendendo que a Arrábida não é considerada uma região mineira, equaciona-se, durante este
período, o seu papel como núcleo comercial.
Correspondendo à Idade do Ferro, não se identificaram potenciais vestígios de influência orientalizante. Não
obstante, na Serra do Louro, foi identificado o povoado fortificado de Chibanes que, apesar de caracterizado
por anterior e forte presença calcolítica, manteve marcas de influência itálica datadas do século III a. C.,
nomeadamente cerâmica campaniense. A necrópole do Casalão (Santana), identificada por E. da Cunha
Serrão, articular-se-ia com este sítio.
O lugar de Pedrão iria manter habitantes durante o séc. I a. C., tendo sido abandonado por volta de 25 a. C.,
fase que coincide com a deslocação populacional para Troia e a edificação de Setúbal enquanto cidade
romana, denotando reversão de povoamento, formalizada em deslocação para áreas baixas e planas,
propícias ao estabelecimento de extensas urbes.
A ocupação humana foi identificada, quer na área rural das freguesias, quer na área urbana, estimando-se
que, de acordo com as intervenções arqueológicas realizadas no interior da cidade, o núcleo urbano de Setúbal
se tenha vindo a formar, paulatinamente, desde a Idade do Ferro, tendo sido identificados vestígios sidéricos
em intervenções realizados na Rua Dr. Joaquim Granjo, na Avenida Luísa Todi e Travessa dos Apóstolos.
Segundo Carlos Tavares da Silva e Joaquina Soares (1986), os vestígios de ocupação em Época Romana
disseminam-se em três posições geograficamente diferenciadas: a Oriente, sob influência do estuário do Sado,
centrada nos complexos fabris de produção de salga de peixe, em Troia, e no atual casco urbano de Setúbal
(a cidade romana – Cetobriga - distribuir-se-ia entre o atual centro histórico e Troia); em Vila Nogueira de
Azeitão, sector de vocação agrícola; em Sesimbra, território pautado por escassos e dispersos testemunhos
materiais.
Durante esta fase reconhece-se um importante desenvolvimento, graças à fundação nas margens da
desembocadura do Sado do mais importante centro industrial de salga de peixe do Ocidente peninsular. O
Castelo do Mouros parece ter revelado vestígios de época republicana, o que representaria um caso isolado
em relação aos pontos na linha de costa que traduzem a vocação pesqueira e conserveira da região.
Efetivamente, desde tempos mais remotos o rio Sado, navegável pelo menos até á atual cidade de Alcácer do
Sal, foi um forte polo atrativo de populações, encontrando-se nas suas margens importantes cidades /
entrepostos comerciais (Alcácer do Sal) e industriais (Setúbal), o que justificaria a presença de inúmeros
vestígios encontrados na sua área urbana, nomeadamente no centro histórico.
Cerca de metade dos sítios referenciados na base de dados Endovélico correspondem a vestígios de
cronologia romana, cujos testemunhos incluem desde a deteção de áreas de dispersão de vestígios de
superfície, pouco caracterizados (fundamentalmente de cerâmica de construção), até a complexos conjuntos
habitacionais (villae) e industriais, relacionados com a produção de ânforas e de derivados piscícolas,
comercializados depois por todo o Império. Como a vida, a morte está também presente na área urbana de
Setúbal, tendo sido identificado um cemitério com ocupação romana e Medieval / Moderna, no Largo do Corpo
Santo, identificado aquando da abertura de valas para a instalação de condutas de gás natural.
Na zona rural das freguesias, nos vales entre a Serra da Arrábida e Serra do Louro, a ocupação romana era
igualmente intensa, estando presentes os vestígios de superfície, que possivelmente correspondem a
ocupações complexas ainda não estudadas e por tal deficientemente caracterizadas: as villae rusticae ou
casais agrícolas (Machadas de Baixo, Alferrar, São Romão, Arca de Água, Vinha Grande, Boa Vista, Cabeço
Gordo, Aires, Rega de Água, Esteval, Cruz da Légua, Painel das Almas), e testemunhos de exploração
industrial materializados por cetárias (Ribeira da Rasca, Creiro – Portinho da Arrábida). Desta ocupação
disseminada pela envolvente da cidade de Setúbal, destaca-se o achado isolado de uma moeda de Trajano
em Lameiras e de uma edícula, instalada numa cavidade natural que, para tal utilização, foi revestida por opus
signinum, decorado com motivos reticulados (São Luís Velho).
No que respeita a comunicações, o território era percorrido pela via que ligava Equabona (Coina) a Salácia
(Alcácer do Sal) e, daí a Ebora e Emerita, capital da Província da Lusitânia. Testemunhos deste troço podem
ser encontrados no Viso, onde subsiste uma calçada com “uma espessa infraestrutura e um piso calcetado por
blocos de média dimensão, rematado lateralmente por margens bem diferenciadas”1.
Sobre este tema é de referir a alternativa proposta pelos autores da Carta Arqueológica da Arrábida em relação
à Estrada Romana do Grelhal: “Uma observação atenta da referida estrutura viária e a ponderação sobre
eventuais alternativas no que respeita à acessibilidade a Setúbal, levaram-nos a repensar a sua cronologia e
funcionalidade. De facto, quer o excelente estado de conservação relativa do troço, quer o carácter anómalo,
face aos cânones romanos, da sua construção (sem enrocamento), quer ainda a falta de desgaste de uso nas
pedras do pavimento, parecem apontar para a cronologias algo mais recentes. De entre as várias hipóteses
ponderadas, tendo em conta o contexto local, parece-nos que seria interessante explorar a possibilidade de a
Estrada do Grelhal se relacionar com o Forte de São Filipe, nomeadamente com a sua construção”2
A investigação apurou escassos vestígios atribuíveis à Alta Idade Média. Materiais e contextos identificados
sugerem que a Arrábida terá sido adotada como espaço de recolhimento de monges anacoretas. Em algumas
grutas como as Lapas do Forte do Cavalo e do Coelho foram observadas cerâmicas manuais atribuíveis aos
séculos VI, VII e VIII que poderão ter pertencido aos eremitas em reclusão.
AA - ocorrência de
natureza arqueológica
D, F e N H I, J, O e Q
Valor cultural
Elev ado ou médio-elev ado Médio Médio-baix o ou Baix o Não determinado ou indeterminado
As ocorrências com maior nível de condicionamento ou de proteção são construções, em número de três, e
situam-se na ZE (Quadro III.113). São os casos do complexo construído do Forte e hospital ortopédico de
Sant’Iago de Outão (oc. E), classificado com o imóvel de interesse público, do palacete da Comenda (oc. M),
em vias de classificação, e da 7ª Bateria de Costa (oc. C) integrada nos valores ambientais do Parque Natural
da Arrábida. Com valor cultural inferior foram discriminadas, também na ZE, três outras ocorrências, uma
bateria (oc. L), denominada Milregos, uma capela (Oc. G), na Rasca, e o casal de São Barnabé (oc. P). Deve
ponderar-se também o interesse do complexo industrial do Outão1 (antiga Fábrica da Rasca) no que sobreviva
dos seus equipamentos mais antigos, do início do séc. XX, matéria que não se justificou aprofundar na presente
avaliação.
Os sítios arqueológicos identificados na pesquisa documental são em maior número (oito), situam-se todos na
ZE e exibem uma distribuição regular em torno da AI do projeto, documentando o interesse arqueológico da
AE e sugerindo idêntico potencial para a AI. Sete destes sítios (oc. D, F, H, I, J, N e O) têm um primeiro nível
de proteção que lhes é conferido pela inscrição no inventário público (Endovélico). Correspondem a diferentes
épocas, desde a Pré-História à Época Romana, a diferentes modos de ocupação do território, ao ar livre ou
em gruta, em altitudes baixas, em encosta (ex: Gruta dos Morcegos) ou sobre praia (ex. concheiro dos
Galápos). Os de cronologia romana situam-se na marginal marítima, no Outão e na Comenda.
Na AI do projeto apenas se identificaram topónimos com potencial interesse. O termo Vale de Mós, que dá o
nome à pedreira em exploração, pode referir-se a local de extração daquele tipo de peças de moagem de
cereais, mas tal hipótese carece de confirmação, com recurso a pesquisa de documentação antiga ou
monografia local. Concordante com este tipo de atividade extrativa refira-se os dois tipos de pedreiras de mós
(oc. Q) identificados na envolvente da Praia de Galápos pelos arqueólogos Joaquina Soares e Carlos Tavares
da Silva. O nome Alto do Poiso do Cortiço, com interesse etnográfico e em termos de economia rural, pode
referir-se ao assento de uma unidade apícola que sendo móvel pode não ter deixado vestígio da sua existência
naquele local, geralmente reduzida a soleiras móveis, em pedra.
Deste cenário resulta a não identificação de condicionantes objetivos à execução do projeto no fator Património
Cultural, embora se reconheça existir potencial arqueológico na AI. De facto, no que concerne aos
assentamentos de ar livre, não se deve excluir a possibilidade de existirem vestígios de ocupação antiga, na
linha de cumeada correspondente ao v.g. Arremula, quiçá como ponto de vigilância, em articulação com a rede
de povoamento local. As formações geológicas da AI também não excluem a possibilidade de se conservarem
ocupações em gruta, a exemplo das que se conhecem desde este sector (Lapa dos Morcegos) até Sesimbra
(e.g.: Lapas do Bugio, do Fumo e da Furada2), embora tais ocorrências ocorram na vertente meridional desta
plataforma rochosa.
de ampliação, ou a partir do estradão que contorna o bordo Sul da pedreira. Esta última opção é a melhor uma
vez que permite uma entrada mais direta na área a pesquisar. A linha de cumeada a ocidente do vg Arremula
permite a progressão, embora com enorme dificuldade, devido à densidade da cobertura arbustiva, de tal modo
que se registou uma taxa de progressão de 500m/h. As condições de visibilidade do solo para identificação de
materiais e estruturas são muito adversas, excetuando pequenas clareiras remexidas por animais silvestres
por entre os afloramentos de rocha dominantes naquela superfície.
Foi observada (Figura 4 em anexo VII) a crista ou linha de cumeada da Serra do Arremula, na AI, embora sem
carácter sistemático, pela dificuldade e ineficácia da progressão, e uma achada situada em encosta, em grande
parte fora da mesma AI. Nesta área afloram, por entre a vegetação, estratos calcários mais resistentes,
alinhados em escadaria, concordante com a inclinação da respetiva estratificação, sendo também visível, um
extenso lapiás, com fendas profundas, ilustrativas de um substrato geológico muito carsificado, mas não se
identificaram cavidades (galerias ou algares). De facto, o lapiás predomina na zona mais elevada. Mais a sul
a superfície é mais suave, por vezes com zonas quase planas e com menor densidade vegetal, onde se
observou grande quantidade de fragmentos de mantos estalagmíticos e formações litoquímicas (Figura 4 em
anexo VII), indicativos do abatimento de cavidades cársicas. Estes fragmentos encontram-se rolados, o que
indica episódios muito antigos do desenvolvimento do modulado cársico.
Não se identificaram ocorrências de interesse cultural ou arqueo-espeleológico na AI do projeto de ampliação,
contudo, a Ocidente desta área identificou-se um extenso muro (oc. 2 em Figura III.173 e em anexo VII),
provavelmente de divisão de propriedade, em pedra seca, muito arruinado, que parece estar representado na
carta geológica (escala 1:50000), e que se divisa, pelo menos em parte da sua extensão, nas ortofotografias
pesquisadas. Admite-se que tenha prolongamento para além da posição documentada.
A parcela de terreno situada no Vale de Mós e que envolve trecho da estrada nacional 379-1 com três curvas
apertadas, abrange encostas rochosas, de pendente elevada, com densa e variada cobertura arbórea
(maioritariamente com pinheiro) e arbustiva, também de muito difícil prospeção, características que
inviabilizaram, de igual modo, a progressão e a observação sistemática do solo para deteção de estruturas e
evidências arqueológicas. Na adjacência desta parcela identificou-se uma mó rotativa (oc. 1 em Figura III.173
e anexo VII), espessa, integrada em muro de betão para suporte do talude que confina com estradão de ligação
entre a pedreira e a fábrica. Não foi possível determinar a sua proveniência exata, mas estará certamente
relacionada com o topónimo Vale de Mós.
No interior da propriedade, mas fora das áreas pretendidas para ampliação da atividade extrativa, observou-se
uma estrutura rústica (oc. 3), em pedra seca, consistindo em três compartimentos encostados a um
afloramento.
Por fim, importa destacar que a ausência de registos de património arqueológico na AI direta do projeto de
ampliação pode resultar de uma insuficiente investigação daquele espaço, em consequência do
condicionamento de acesso imposto, por razões de segurança, pela unidade industrial desde a sua instalação,
ou mesmo, da ausência de vestígios materiais da sua ocupação por grupos humanos.
Porém, a oportunidade de obter novos conhecimentos acerca desta área, através deste estudo, por observação
direta do terreno, foi inviabilizada pelas condições de visibilidade da superfície do solo decorrentes da
densidade e da extensão da atual cobertura vegetal, sobretudo arbustiva, herbácea e arbórea.
1.17. TERRITÓRIO
1.17.1. Considerações iniciais
A diversidade de Instrumentos de Gestão Territorial (IGT) existentes no quadro da legislação nacional
demonstra uma crescente preocupação pelas questões relacionadas com o planeamento e desenvolvimento
do território, embora coloque muitas vezes, dificuldades na articulação das várias figuras de gestão territorial.
Com frequência, ocorrem situações de sobreposição e, muitas vezes, de contradição de dois IGT para uma
mesma região. Tendo em conta as caraterísticas objetivas destas figuras de gestão do território: ordenamento
do território, conservação da natureza, preservação da qualidade do ambiente, entre outros, pode afirmar-se,
sem grande erro, que estes acabam por condicionar, de uma forma mais ou menos gravosa, as atividades
industriais em geral e a indústria extrativa em particular. Para obviar estas questões de articulação tem havido
por parte das entidades competentes uma preocupação crescente na organização destes instrumentos de
gestão, a qual se reflete na legislação em vigor, assim como na relevante evolução que a mesma sofreu.
A Lei n.º 31/20141, de 30 de maio, estabelece as bases da política pública de solos, de ordenamento do território
e de urbanismo e tem como fim, entre outros, valorizar as potencialidades do solo, garantir o desenvolvimento
sustentável, aumentar a resiliência do território aos efeitos decorrentes de fenómenos climáticos extremos,
evitar a contaminação do solo, reforçar a coesão nacional, salvaguardar e valorizar a identidade do território
nacional, racionalizar, reabilitar e modernizar os centros urbanos e os aglomerados rurais, promover a defesa,
a fruição e a valorização do património natural, cultural e paisagístico, assegurar o aproveitamento racional e
eficiente do solo, prevenir riscos coletivos, salvaguardar e valorizar a orla costeira, as margens dos rios e as
albufeiras, dinamizar as potencialidades das áreas agrícolas, florestais e silvo-pastoris, regenerar o território e
promover a acessibilidade de pessoas com mobilidade condicionada.
A política de ordenamento do território e do urbanismo assentam num Sistema de Gestão Territorial que, num
quadro de interação coordenada, se organiza em três âmbitos distintos, designadamente:
• o âmbito nacional, que define o quadro estratégico para o ordenamento do território nacional;
• o âmbito regional, que define o quadro estratégico para o ordenamento do espaço regional, em articulação
com as políticas de âmbito nacional de desenvolvimento económico e social e estabelecendo as linhas
orientadoras para o ordenamento municipal;
• o âmbito municipal, que define as opções próprias de desenvolvimento estratégico, o regime de uso do
solo e respetivo planeamento, em estreita articulação com as linhas orientadoras de nível regional e
nacional.
A concretização do referido Sistema de Gestão Territorial nos seus diversos âmbitos é assegurada por um
conjunto de coerente e articulado de Instrumentos de Gestão Territorial (IGT). Estes IGT, de acordo com os
seus objetivos diferenciados, integram:
• Instrumentos de Desenvolvimento Territorial, nomeadamente, o Programa Nacional da Política do
Ordenamento do Território, os Planos Regionais de Ordenamento do Território e os Planos Intermunicipais
de Ordenamento do Território;
• Instrumentos de Planeamento Territorial, que englobam os Planos Diretores Municipais, os Planos de
Pormenor e os Planos de Urbanização;
• Instrumentos de Política Setorial, tais como os Planos de Gestão de Bacia Hidrográfica, entre outros;
• Instrumentos de Natureza Especial, nomeadamente, Planos de Ordenamento de Albufeiras, Planos de
Ordenamento de Áreas Protegidas, entre outros.
O Decreto-Lei n.º 80/2015, de 14 de maio1, desenvolve as bases da política pública de solos, de ordenamento
do território e de urbanismo, definindo o regime de coordenação dos âmbitos nacional, regional, intermunicipal
e municipal do sistema de gestão territorial, o regime geral de uso do solo e o regime de elaboração, aprovação,
execução e avaliação dos instrumentos de gestão territorial.
No caso do presente projeto, a análise do estado de referência no âmbito da infraestruturação e ordenamento
do território foi efetuada a diversos níveis, em função dos planos vigentes sobre a área em estudo.
A área geográfica do Plano de Pedreira (projeto) da pedreira de calcário e marga industrial Vale de Mós A
incide num conjunto relevante de instrumentos de gestão territorial, nomeadamente:
6 Resolução do Conselho de Ministros n.º 52/2016, de 20 de setembro, com as alterações introduzidas pela Declaração de Retificação
8 Resolução de Conselho de Ministros n.º 65/94, de 10 de agosto. Sofre a primeira alteração de pormenor pela Declaração n.º 416/99,
de 17 de dezembro; a segunda alteração de pormenor pela Declaração n.º 49/2000, de 25 de fevereiro; a terceira alteração é realizada
pela Resolução de Conselho de Ministros n.º 32/2001, de 29 de março; a quarta alteração de regime simplificado pela Declaração
n.º 268/2001 de 6 de setembro; é retificado, por uma vez, pela Declaração de Rectificação n.º 1142/2010, de 14 de junho; a quinta
alteração pelo Aviso n.º9397/2013, de 22 de julho; e a sexta alteração pelo Aviso n.º 2263/2017, de 3 de março.
5. Desenvolver projetos de I&D que promovam a valorização da fileira dos recursos e a circularidade da
economia;
6. Concluir o Plano de Recuperação ambiental das áreas mineiras abandonadas e degradadas, e assegurar a
implementação de programas de monitorização e controlo após a fase de reabilitação.
7. Assegurar a proteção dos núcleos populacionais, das pessoas, da paisagem, dos recursos hídricos e dos
sistemas ecológicos relativamente à exploração de recursos geológicos e mineiros.
Estas orientações deverão ser assumidas e integradas em IGT de nível inferior de forma a dar-lhes uma forma
mais ágil e operacional.
• A diversificação das centralidades na estruturação urbana, nas duas margens do Tejo, com salvaguarda
da paisagem e dos valores ambientais ribeirinhos;
• A salvaguarda da estrutura ecológica metropolitana, que integra os valores naturais mais significativos
desta área e que desempenham uma função ecológica essencial ao funcionamento equilibrado do sistema
urbano metropolitano;
No ponto 1.3.10 do capítulo º IV — Normas orientadoras gerais, definem-se os seguintes objetivos estratégicos
para esta Unidade Territorial nº 10 – Arrábida/ Espichel/ Matas de Sesimbra:
“1.3.10.1 — Manter a Arrábida/Espichel como paisagens e zonas únicas fora das pressões urbanas.
1.3.10.2 — Estruturar e consolidar o sistema Sesimbra/ Santana/ lagoa de Albufeira como área urbana ligada
ao turismo, recreio e lazer, garantindo que a ocupação turística seja consentânea com o interesse paisagístico,
ecológico e patrimonial.
1.3.10.3 — Apoiar o desenvolvimento da atividade agrícola na área de Azeitão com base nas suas
especificidades produtivas, garantindo a manutenção dos padrões paisagísticos existentes.
1.3.10.4 — Controlar as pressões urbanas nas matas de Sesimbra, tendo em conta o seu elevado interesse
patrimonial.
1.3.10.5 — Proteger as áreas com recursos geológicos cartografados na Carta de Recursos Geológicos,
impedindo a sua afetação a outros usos que inviabilizem a sua exploração futura, promovendo, ainda, estudos
que ordenem adequadamente estas áreas e as já esgotadas.”.
Assim, para o espaço onde se localiza a pedreira a ampliar, são propostos os seguintes objetivos estratégico:
manter a serra da Arrábida como paisagens e zonas únicas e, especificamente, fora das pressões urbanas e
proteger as áreas com recursos geológicos de outros usos que inviabilizem a sua exploração futura.
Neste âmbito, a prossecução do presente projeto permitirá dar resposta aos objetivos estratégicos definidos
para esta Unidade Territorial, uma vez o Plano de Pedreira Vale de Mós A permite o aproveitamento de um
recurso natural, margas e calcários, para a produção de cimento, e a execução concomitante do Plano de
Lavra e do PARP a recriação das paisagens da Arrábida.
O PROT AML viabiliza a constituição de uma estrutura verde metropolitana (REM). A REM constitui um sistema
de áreas e ligações que integram, envolvem e atravessam as unidades territoriais e o sistema urbano no seu
conjunto, mas com especial incidência no conjunto das áreas protegidas ou classificadas, nos elementos da
estrutura verde e dos padrões de ocupação do solo, nos estudos e propostas do sector da conservação da
natureza, dos recursos hídricos e dos solos, entre outros.
A REM concretiza os espaços e territórios essenciais para a estrutura metropolitana de proteção e valorização
ambiental, incluindo as áreas e corredores estruturantes primários e secundários e as áreas e corredores vitais
para a AML, que devem ser integrados nos instrumentos de planeamento territorial.
Foi ainda elaborada uma proposta de rede hierarquizada de áreas estruturantes e ligações ou corredores que
constituem a REM, integrando áreas e corredores primários, áreas e corredores secundários e áreas e ligações
vitais para o sistema ecológico metropolitano.
No âmbito da Rede Ecológica Metropolitana (REM), a pedreira Vale de Mós A integra-se na área estruturante
primária Arrábida/Espichel/matas de Sesimbra/lagoa de Albufeira (Figura III.177).
No item 2.2.2 das Normas Específicas do regulamento do PROT AML estabelece-se que para as áreas
estruturantes primárias, os Instrumentos de Planeamento Territorial (IPT), nomeadamente, os PDM, devem:
“a) Compatibilizar o ordenamento do uso do solo com a REM, através das necessárias revisões, alterações ou
ajustamentos;
b) Desenvolver e aprofundar o conhecimento dos valores naturais da AML e identificar as áreas agrícolas,
florestais e silvestres, nucleares ou vitais para o funcionamento da REM, cuja manutenção ou constituição é
do interesse público e patrimonial.”
O Regulamento do PROT AML estabelece que para as Áreas estruturantes primárias os IPT devem definir
modelos de uso, ocupação e classificação do solo que decorram de estudos globais para as áreas indicadas
e que considerem a função ecológica destes territórios como dominante, prioritária e estruturante, garantindo
que as intervenções nas áreas de fronteira e no seu interior não põem em causa a sua função dominante nem
lhe diminuem ou alteram o carácter. Os IPT devem ainda introduzir restrições ao licenciamento de novas
indústrias consideradas ambientalmente desajustadas nos territórios das serras de Sintra e Arrábida, cabo
Espichel e matas de Sesimbra, assinalados na carta da REM, promovendo as intervenções que conduzam a
melhorias ambientais relativamente à situação de referência.
Especificamente, para áreas de exploração de inertes nas Áreas estruturantes primárias, o Regulamento do
PROT AML estabelece que as administrações central e municipal devem definir e promover a concretização,
de regras para a sua exploração faseada e recuperação paisagística.
O PROT AML encontra-se atualmente em revisão (Resolução n.º 92/2008, de 5 de junho, da Presidência do
Conselho de Ministros), uma vez que ocorreram várias transformações a nível territorial e socioecónomico
nesta região, designadamente, no que respeita a investimentos reestruturadores do território, da economia e
da mobilidade, tal como um novo aeroporto para Lisboa, novas plataformas logísticas, a possibilidade da rede
ferroviária de alta velocidade e de uma nova travessia do rio Tejo.
De acordo com a Resolução n.º 92/2008, de 5 de junho, as alterações a efetuar ao PROT AML deverão definir
as opções estratégicas (i) de base territorial, como a transformação da Região de Lisboa numa metrópole em
padrões europeus, (ii) de coesão sócio territorial da região e (iii) de articulação entre os sistemas de transporte.
Com a revisão ao PROT AML pretende-se, igualmente, reequacionar o modelo de organização do território,
avaliando-se se a estrutura regional do sistema urbano, estabelecendo-se objetivos regionais e políticas em
matéria ambiental. Do mesmo modo, o Plano deverá abranger medidas específicas de proteção e conservação
do património histórico e cultural.
1 Portaria n.º 52/2019, de 11 de fevereiro, alterada pela Declaração de Retificação n.º 13/2019, de 12 de abril.
A fim de prosseguir as referidas funções, são estabelecidas as seguintes normas técnicas a aplicar ao
planeamento florestal, relativamente à (Anexo I do Regulamento do PROF LVT):
• Conservação de geomonumentos
• Proteção microclimática
• Proteção ambiental
Figura III.178 – Delimitação da área de intervenção sobre extrato da Carta Síntese do PROF LVT.
• Sítios da Lista Nacional (criados ao abrigo das Resoluções de Conselho de Ministros n.º 142/97, de 28 de
agosto, e n.º 76/2000, de 5 de julho);
• Zonas de Proteção Especial (ZPE do Estuário do Tejo criada pelo Decreto-Lei n.º 280/94, de 5 de
novembro, e restantes ZPE criadas pelo Decreto-Lei n.º 384-B/99, de 23 de setembro).
Na área dos SIC que se sobreponham a áreas protegidas, de acordo com o n.º 2 do artigo 8.º do Decreto-Lei
n.º 140/99, de 24 de abril, na sua redação atual, são os respetivos planos especiais a assegurar a conservação
das espécies e habitats naturais dos SIC, estabelecendo as medidas adequadas para o efeito. Nos territórios
não coincidentes com áreas protegidas esse objetivo é atualmente assegurado pelos planos territoriais, ao
nível dos conteúdos relativos à ocupação, uso e transformação do solo, da esfera de competências municipal.
Para essas áreas prevê-se a elaboração de planos de gestão, devendo os mesmos assegurar um conjunto de
medidas e ações complementares de conservação de habitats e espécies presentes nesses territórios, em
cada ZEC, com vista à salvaguarda direta e efetiva dos valores e recursos naturais em presença, assim como
a prevenção de riscos sobre os mesmos.
O Plano Setorial da Rede Natura 2000 (PSRN2000) constitui um instrumento de concretização da política
nacional de conservação da biodiversidade, visando a salvaguarda e valorização das ZEC e ZPE do território
continental, bem como a manutenção nestas áreas das espécies e habitats num estado de conservação
favorável.
Trata-se de um plano desenvolvido a uma macro escala (1:100 000) para o território continental, que carateriza
os habitats naturais e seminaturais e as espécies da flora e da fauna presentes nas ZEC e nas ZPE, e define
as orientações estratégicas para a gestão do território abrangido por aquelas áreas, considerando os valores
naturais que nelas ocorrem.
Este plano vincula as Entidades Públicas, dele se extraindo orientações estratégicas e normas programáticas
para a atuação da Administração Central e Local. É enquadrado pelo artigo 8.º do Decreto-Lei n.º 140/99, de
24 de abril, com a redação dada pelo Decreto-Lei n.º 49/2005 de 24/4, tendo sido aprovado em 2008, com a
publicação da Resolução do Conselho de Ministros n.º 115-A/2008, de 21 de julho.
A área de intervenção incide no Sítio PTCON 0010 – Arrábida \ Espichel, (atual ZEC) pertencente à Região
Biogeográfica Mediterrânea, com uma área de 20 663 ha, repartida por área terrestre (15 131 ha) e área
marinha (5532 ha).
De acordo com a Ficha do PSRN 20001, em terra, destaca-se a cadeia da serra da Arrábida a qual se encontra
orientada no sentido Nordeste/Sudoeste, atingindo os 500 m de altitude, e acompanhando o rebordo meridional
da península de Setúbal. Aqui encontram-se majestosas arribas e falésias. O clima é mediterrânico, mas de
forte atlanticidade, dada a proximidade do oceano atlântico.
A pedreira em análise incide ainda em Estrutura Ecológica Municipal (EEM). O regulamento do plano determina
que a EEM é constituída pelo conjunto de áreas que, em virtude das suas caraterísticas biofísicas, culturais ou
paisagísticas, da sua continuidade e seu ordenamento contribuem para o equilíbrio ecológico e para a proteção,
conservação e valorização ambiental e paisagística do território (n.º 1, artigo 9.º) A EEM concretiza-se no
território municipal através da Estrutura Ecológica Fundamental (zonas mais importantes para o funcionamento
dos sistemas naturais, integrando as áreas que constituem o suporte dos sistemas ecológicos fundamentais e
cuja proteção é indispensável ao funcionamento sustentável do território) e da Estrutura Ecológica Urbana (que
visa potenciar e intensificar os processos ecológicos em áreas edificadas, constituindo assim uma estrutura de
proteção, de regulação climática e de suporte da produção vegetal integrada no tecido urbano).
1 http://portal.icnb.pt
2 Alterada pelos Decretos-Lei n.º 245/2009, de 22 de setembro, n.º 60/2012, de 14 de março, e n.º 130/2012, de 22 de junho.
das minas seja realizada de forma controlada, respeitando as diversas componentes ambientais
potencialmente afetáveis, de modo a garantir uma minimização dos potenciais impactes negativos desta
atividade produtiva1.
À semelhança dos restantes PGRH elaborados, o PGRH do Sado e Mira, constitui um instrumento de
planeamento que visa fornecer uma abordagem integrada para a gestão dos recursos hídricos, e que apoia na
decisão, tendo em vista o cumprimento de objetivos de prevenção, proteção, recuperação e valorização dos
recursos hídricos, enquanto recurso escasso e estratégico para a competitividade territorial. Este plano não
vincula diretamente os particulares, sendo, no entanto, o cumprimento dos seus normativos garantido pela
articulação do mesmo com o PDM de Setúbal.
De acordo com a Planta de Síntese do POPNA a pedreira Vale de Mós A enquadram-se na área terrestre
“Indústria Cimenteira” (Figura III.179).
De acordo com o artigo 30.º do Regulamento do POPNA em área classificada como “Indústria Cimenteira”
ficam sujeitas a avaliação de impacte ambiental todas as alterações de atividade industrial e de extração de
inertes dentro do perímetro definido na planta de síntese como indústria cimenteira, nomeadamente, ampliação
de instalações, alteração de características ou de funcionamento.
A área proposta para o Plano de Pedreira (projeto) da pedreira de calcário e marga industrial Vale de Mós A
enquadra-se na área terrestre, na área de “proteção parcial I”.
A área de “proteção parcial I” compreende “(…) os espaços que contêm valores naturais e paisagísticos com
significado e importância excecional ou relevante do ponto de vista da conservação da natureza, bem como
elevada ou moderada sensibilidade ecológica.” (número 1 do artigo 14.º).
Nas áreas de “proteção parcial do tipo I” constituem objetivo a “(…) preservação e a valorização dos valores
de natureza biológica, geológica e paisagística relevantes para a garantia da conservação da natureza e da
biodiversidade.” sendo “(…) permitidas utilizações do solo e dos recursos hídricos compatíveis com a
preservação dos recursos naturais, designadamente, a manutenção de habitats e de espécies da fauna e da
flora”. (números 2 e 3 do artigo 14.º).
No Regulamento do POPNA são ainda elencadas as atividades interditas na área do Plano. Sobre a atividade
mineira, estabelece-se a interdição de “Instalação de novas explorações de recursos geológicos,
nomeadamente pedreiras, e a ampliação das existentes por aumento de área licenciada” (alínea c do
Artigo 8.º).
Em suma, com o atual POPNA é possível a alteração, ampliação da licença de extração de inertes desde que
esta se localize em área classificada como “Indústria Cimenteira”. Encontrando-se ainda um eventual projeto
de alteração do Plano de Pedreira sujeito a procedimento de Avaliação de Impacte Ambiental. Não sendo
possível a ampliação da área da pedreira fora da área classificada como “Indústria Cimenteira”, uma vez que
o licenciamento de novas pedreiras ou mesmo a ampliação das existentes, por aumento de área licenciada, é
interdita.
O POPNA identifica ainda as condicionantes e as servidões administrativas e restrições de utilidade pública
em planta de Condicionantes, referindo-se em regulamento que na sua área de intervenção “aplicam-se todas
as servidões administrativas e restrições de utilidade pública constantes da legislação em vigor”. De acordo
com a planta de Condicionantes, na área licenciada da pedreira Vale de Mós A identifica-se a condicionante
respeitante à rede rodoviária, no caso, a ER 379-1 que atravessa longitudinalmente a área classificada como
“Indústria Cimenteira”. Na área licenciada da pedreira identifica-se ainda a servidão de telecomunicações. A
área proposta para ampliação, encontra-se, a Sul, parcialmente classificada como Reserva Ecológica Nacional
(REN).
Sobre a REN, o número 3 do artigo 5.º do Regulamento do PNA refere também que nas áreas afetas à REN
não se aplica o regime jurídico previsto no Decreto-Lei n.º 93/90, de 19 de março.
Na envolvente próxima da pedreira Vale de Mós identifica-se também o vértice geodésico “Arremula” (Figura
III.180).
Para cabal explanação das servidões administrativas e restrições de utilidade pública, solicita-se leitura de
capítulo dedicado à temática, em 1.16.1.
Figura III.179 – Delimitação da área de intervenção sobre extrato da Carta Síntese do POPNSA.
Figura III.180 – Delimitação da área de intervenção sobre extrato da Carta de Condicionantes do POPNSA.
Zonas de Proteção e
Proteção Parcial 1
Salvaguarda dos
Recursos e Valores Proteção Parcial 2 Proteção Parcial 1
Naturais do Parque Proteção Complementar 1 Indústria Cimenteira
Natural da Arrábida
Indústria Cimenteira
(Figura III.182)
De acordo com o artigo 52.º do Regulamento do PDM de Setúbal, nos espaços de indústrias extrativas o
licenciamento das atividades industriais fica sujeito ao disposto na legislação específica, referindo-se ainda, no
artigo 53.º, que a alteração de uso das instalações complementares das indústrias extrativas está sujeita a
plano de pormenor, sujeito a ratificação nos termos da legislação em vigor.
De acordo com o artigo 17.º do Regulamento do PDM de Setúbal os Espaços Culturais e Naturais são
constituídos pelas seguintes áreas: áreas rurais subtidas à jurisdição do PNA e da Reserva Nacional do
Estuário do Sado (RNES) e ainda pelas áreas de quintas de Setúbal e Azeitão. Estes espaços fazem parte da
estrutura verde concelhia.
Sobre o condicionamento a estas áreas, o Regulamento determina que nas áreas rurais submetidas à
jurisdição do PNA e da RNES se cumprem os diplomas que procederam à sua criação e respetivos planos de
ordenamento.
Assim, para a área da pedreira Vale de Mós A e área de ampliação deverá ser cumprido o estabelecido no
POPNA.
1 Sofre a primeira alteração de pormenor pela Declaração n.º 416/99, de 17 de dezembro; a segunda alteração de pormenor pela
Declaração n.º 49/2000, de 25 de fevereiro; a terceira alteração é realizada pela Resolução de Conselho de Ministros n.º 32/2001, de
29 de março; a quarta alteração de regime simplificado pela Declaração n.º 268/2001 de 6 de setembro; é retificado, por uma vez, pela
Declaração de Rectificação n.º 1142/2010, de 14 de junho; a quinta alteração pelo Aviso n.º9397/2013, de 22 de julho; e a sexta
alteração pelo Aviso n.º 2263/2017, de 3 de março.
Tecnológicos (Figura
Áreas de instabilidade de vertentes
III.186)
Rede hidrográfica Zonas de recarga de
Zonas de recarga de aquíferos aquíferos
Estrutura Ecológica
Zonas com elevado risco de erosão Zonas com elevado risco de
Municipal (Figura
Zonas com elevado risco de erosão hídrica erosão
III.187)
Instabilidade de vertentes Instabilidade de vertentes
Matos Matos
Estrutura Ecológica
Municipal (síntese) Estrutura Ecológica Municipal - Estrutura Ecológica Fundamental
(Figura III.188)
Zonamento Acústico
e Áreas de Conflito Sem classificação Zona sensível
(Figura III.189)
Património Cultural
Sem incidências Património Arquitetónico
(Figura III.190)
O regulamento constante na proposta de revisão do PDM de Setúbal determina que os espaços afetos à
exploração de recursos energéticos e geológicos são constituídos, unicamente, pela área abrangida pelas
instalações industriais e pela área reservada à lavra de inertes afetas à atual exploração na titularidade da
empresa SECIL (artigo 97.º). Estas áreas apresentam restrições à edificabilidade de modo a garantir o
aproveitamento económico do recurso natural (n.º 1, do artigo 98.º), não sendo nelas admitidos quaisquer usos
ou atividades que comprometam o aproveitamento do solo (n.º 2, artigo 98.º). O artigo 99.º acrescenta que a
atividade de exploração deve realizar-se de forma racional e sustentável, considerando as regras e as normas
técnicas adequadas à extração, tendo em vista o máximo aproveitamento do recurso no equilíbrio com o meio
ambiente e salvaguarda dos valores ambientais.
Quanto aos Espaços Naturais e Paisagísticos (onde incide a área de ampliação da pedreira), estes
correspondem às áreas de maior valor natural, às zonas sujeitas a regimes de salvaguarda mais exigentes e
às áreas de reconhecido interesse natural ou paisagístico, e constituem sistemas indispensáveis à
conservação e preservação da natureza, da biodiversidade e da paisagem (artigo 103.º).
O n.º 11 do artigo do artigo 86.º, o qual determina o regime de uso a observar em Solo Rústico (no qual se
insere a categoria de Espaços Naturais e Paisagísticos), determina que a exploração de recursos geológicos
fica condicionada ao cumprimento do presente regulamento, acrescentando, o artigo 104.º, que os
condicionamentos estabelecidos no regime especial de proteção e salvaguarda para as áreas do PNA se
aplicam cumulativamente ao estabelecido no âmbito do regime de uso do Solo Rústico.
O n.º 1 do artigo n.º 42.º do regulamento constante na proposta de revisão do PDM refere que o PNA encerra
um conjunto de espécies e habitats de elevado valor para a conservação da natureza e da biodiversidade, que
estão na génese da criação da área protegida, possuindo, ainda, assinaláveis valores geológicos, faunísticos,
florísticos e paisagísticos que lhe conferem um caráter de excecionalidade de elevado valor a preservar.
O artigo 43.º do mesmo documento regista as atividades interditas na área abrangida pelo PNA, determinando,
na sua alínea b) a interdição da instalação de novas explorações de recursos geológicos, nomeadamente
pedreiras, e a ampliação das existentes por aumento de área licenciada. A alínea e) do mesmo artigo
acrescenta a interdição de atividades que potenciem o risco de erosão natural, nomeadamente as mobilizações
de solo nas encostas com declive superior a 25 %.
No âmbito do PNA são determinados regimes especiais de proteção, sendo que a área do Plano de Pedreira
(projeto) da pedreira de calcário e marga industrial Vale de Mós A incide em Áreas de Proteção Parcial do tipo
I. Estas compreendem os espaços que contêm valores naturais e paisagísticos com significado e importância
excecional ou relevante do ponto de vista da conservação da natureza, bem como de elevada ou moderada
sensibilidade ecológica (n.º 1, artigo 50.º). Constituem objetivos prioritários destas áreas a preservação e a
valorização dos valores de natureza biológica, geológica e paisagística relevantes para a garantia da
conservação da natureza e da biodiversidade (n.º 2, artigo 50.º), sendo permitidas as utilizações do solo e dos
recursos hídricos compatíveis com a preservação dos recursos naturais, designadamente a manutenção de
habitats e de espécies da fauna e da flora (n.º 3, artigo 50.º).
A pedreira em análise incide ainda em Estrutura Ecológica Municipal (EEM). O regulamento do plano determina
que a EEM é constituída pelo conjunto de áreas que, em virtude das suas caraterísticas biofísicas, culturais ou
paisagísticas, da sua continuidade e seu ordenamento contribuem para o equilíbrio ecológico e para a proteção,
conservação e valorização ambiental e paisagística do território (n.º 1, artigo 9.º) A EEM concretiza-se no
território municipal através da Estrutura Ecológica Fundamental (zonas mais importantes para o funcionamento
dos sistemas naturais, integrando as áreas que constituem o suporte dos sistemas ecológicos fundamentais e
cuja proteção é indispensável ao funcionamento sustentável do território) e da Estrutura Ecológica Urbana (que
visa potenciar e intensificar os processos ecológicos em áreas edificadas, constituindo assim uma estrutura de
proteção, de regulação climática e de suporte da produção vegetal integrada no tecido urbano).
A EEM rege-se pelas disposições estabelecidas no regulamento do plano, pelos demais regulamentos
municipais e pelos regimes específicos das servidões e restrições de utilidade pública e instrumentos de gestão
territorial em vigor para a área em estudo (n.º 1, artigo 10.º), sendo, nessas áreas admitidos os usos e ações
que contribuam ou que não coloquem em causa os seguintes objetivos: salvaguardar os recursos naturais
endógenos do território municipal; promover a articulação entre o meio urbano, rural e natural através de
corredores verdes; promover os serviços dos ecossistemas; preservar os pontos de interesse paisagístico e
os pontos cénicos únicos; valorizar o património edificado e natural; fomentar as paisagens produtivas;
promover a mobilidade sustentável; promover estratégias locais de adaptação às alterações climáticas;
promover estratégias locais de redução de riscos de incidência territorial.
No âmbito do zonamento acústico, o regulamento classifica como zonas sensíveis as áreas do território
municipal integradas na categoria de Espaços Naturais e Paisagísticos.
A área do Plano de Pedreira (projeto) da pedreira de calcário e marga industrial Vale de Mós A incide ainda
em território classificado como Património Arquitetónico (Património Cultural), numa mancha que se estende
desde o elemento arqueológico Lapa dos Morcegos até à fronteira com limite o concelho de Sesimbra e que
engloba toda a zona que rodeia o Portinho da Arrábida, incluindo o Conventinho e a Mata de Carvalhos. O n.º
7 do artigo 27.º do regulamento do PDM determina que, nos bens imóveis constantes da Planta de
Ordenamento – Património Cultural, é admitida a alteração ao uso original, desde que considerado admissível
nos termos do PDM, ou de outro plano municipal aplicável, e não fique comprometida a salvaguarda dos
valores identificados.
Na proximidade da pedreira regista-se ainda a existência do Forte de Santiago do Outão (onde está instalado
o hospital ortopédico de Sant’Iago de Outão) e de elementos arqueológicos que respeitam a restos de
habitação nos quais se encontram fragmentos de louça manual muito grosseira1, a Sul da pedreira, numa área
de sensibilidade arqueológica de nível 2.
1 https://arqueologia.patrimoniocultural.pt/index.php?sid=sitios&subsid=50928
Figura III.182 – Extrato da Planta de Ordenamento – Zonas de Proteção e Salvaguarda dos Recursos e Valores Naturais do Parque Natural da Arrábida, do PDM de Setúbal.
Figura III.183 - Extrato da Planta de Ordenamento – Uso dos Solos, do PDM de Setúbal.
.
Figura III.184 – Extrato da Planta de Ordenamento – Classificação e Qualificação do Solo, constante na proposta de Revisão do PDM de Setúbal.
Figura III.185 – Extrato da Planta de Ordenamento – Regimes Especiais, constante na proposta de Revisão do PDM de Setúbal.
Figura III.186 –Extrato da Planta de Ordenamento – Riscos Naturais Mistos e Tecnológicos, constante na proposta de Revisão do PDM de Setúbal.
Figura III.187 –Extrato da Planta de Ordenamento –Estrutura Ecológica Municipal, constante na proposta de Revisão do PDM de Setúbal.
Figura III.188 –Extrato da Planta de Ordenamento – Estrutura Ecológica Municipal (Síntese), constante na proposta de Revisão do PDM de Setúbal.
Figura III.189 – Extrato da Planta de Ordenamento – Zonamento Acústico e Áreas de Conflito, constante na proposta de Revisão do PDM de Setúbal.
c
Figura III.190 –Extrato da Planta de Ordenamento – Património Cultural, constante na proposta de Revisão do PDM de Setúbal.
Servidões e
Restrições de Parque Natural da Arrábida
Parque Natural da Arrábida
Condicionantes
(Figura III.192)
RAN (Figura III.193) sem incidências
1Direção Geral do Ordenamento do Território e Desenvolvimento Urbano in Vocabulário de Termos e Conceitos do Ordenamento do
Território, Coleção Informação, 2005.
Figura III.191 – Extrato do Mapa de Perigosidade de Incêndio Florestal, do PIDFCI do concelho de Palmela, Setúbal e Sesimbra.
Figura III.192 – Extrato da Planta de Condicionantes – Servidões e Restrições de Utilidade Pública, do PDM de Setúbal.
1 Foi solicitado à ANACOM informação quanto às servidões radioelétricas existentes na área do projeto, especificamente,
ao Centro de telecomunicações de Arremula. A ANACOM fez saber que “(…) foi analisada a área assinalada por V. Exas.
na perspetiva da identificação de condicionantes que possam incidir sobre ela decorrentes da existência de servidões
radioelétricas constituídas ou em vias de constituição pela ANACOM ao abrigo do Decreto-Lei n.º 597/73, de 7 de
novembro. Verificou-se que não existem, na presente data, quaisquer servidões radioelétricas constituídas pela ANACOM
que imponham condicionantes naquela área.” A ANACOM confirma ainda a existência, no local, de um conjunto de
antenas de estações de radiocomunicações licenciadas pertencentes a diversas entidades, como são: Força Aérea
Portuguesa, NOS Comunicações, S.A.; MEO - Serviços de Comunicações e Multimédia, S.A.; EDP Distribuição - Energia
S.A., a NAV Portugal, E.P.E.;a ANEPC - Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil, a Polícia Judiciária, a Rádio
Renascença, Lda.; a Direção Geral de Recursos Naturais, Segurança e Serviços Marítimos e a Força Aérea Portuguesa.
Tendo sido igualmente solicitado informação a estas entidades, cujas respostas se encontram em anexo VIII, não tendo
sido considerado qualquer condicionante ao projeto proposto.
desobstrução medida perpendicularmente à linha que une os dois centros não deverá exceder 50 m para cada
lado dessa linha).
Quadro III.118 – Enquadramento da pretensão face à REN constante no PDM em vigor para o concelho.
Nesta matéria, foi também considerado a deliberação realizada pela Comissão de Avaliação sobre a Proposta
de Definição de Âmbito do Estudo de Impacte Ambiental que atendendo à inexistência de delimitação municipal
de REN, solicitou a verificação da localização da pretensão face às áreas REN identificadas no Anexo III do
Decreto-Lei n.º 166/2008, de 22 de agosto (entretanto alterado e republicado pelo Decreto-Lei n.º 124/2019,
de 28 de agosto)1.
Nesse âmbito, o n.º 1 do artigo 42.º do Regime Jurídico da REN, refere que carece de autorização, por parte
da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional competente, a realização dos usos e ações
previstos no n.º 1 do artigo 20.º do mesmo diploma (no caso, escavações e aterros e destruição do revestimento
vegetal) nas áreas que, não tendo ainda sido delimitadas, constem no Anexo III do Regime Jurídico da REN e
que se elencam de seguida:
a) Praias
b) Dunas costeiras litorais, primárias e secundárias
c) Arribas e falésias, incluindo faixas de proteção com largura igual a 200 m, medidas a partir do rebordo
superior e da base
d) Quando não existirem dunas nem arribas, uma faixa de 500 m de largura, medida a partir da linha de
máxima preia-mar de águas vivas equinociais na direção do interior do território, ao longo da costa
marítima
e) Estuários, sapais, lagunas, lagoas costeiras e zonas húmidas adjacentes, incluindo uma faixa de
proteção com a largura de 200 m a partir da linha de máxima preia-mar de águas vivas equinociais
f) Ilhéus e rochedos emersos no mar
g) Restingas, ilhas -barreira e tômbolos
h) Lagos, lagoas e albufeiras, incluindo uma faixa terrestre de proteção com largura igual a 100 m medidos
a partir da linha máxima de alagamento
i) As encostas com declive superior a 30 %, incluindo as que foram alteradas pela construção de terraços
j) Escarpas e abruptos de erosão com desnível superior a 15 m, incluindo faixas de proteção com largura
igual a uma vez e meia a altura do desnível, medidas a partir do rebordo superior e da base
Para aferir estas incidências foi consultada a Portaria n.º 336/2019, de 26 de setembro, a qual veio aprovar a
revisão das Orientações Estratégicas Nacionais e Regionais, em cumprimento do previsto no Regime Jurídico
da REN, as quais compreendem as diretrizes e os critérios para a delimitação das áreas integradas na REN a
nível municipal.
No âmbito das Áreas de proteção ao litoral (onde se englobam as alíneas a) a g) acima descritas), a Portaria
determina que, tendo em vista a boa articulação entre instrumentos e para efeitos de delimitação da
componente de prevenção de riscos, deverá ser assumida como informação de base a produzida no âmbito
dos Programas da Orla Costeira (no caso, o Plano de Ordenamento da Orla Costeira Sintra-Sado2), pelo que,
neste domínio, será assumida a informação constante no plano (verificada em trabalho de campo após visita
ao local).
1 Para este efeito, como área de estudo foi estabelecida a área da pretensão (área recuperada e área de ampliação), incluindo um
buffer de 50 metros (estabelecido com base nos Decretos-Lei n.º 270/2001, de 6 de outubro, e 340/2007 de 12 de outubro).
2 Publicado pela Resolução de Conselho de Ministros n.º 86/2003, de 25 de junho.
Após observação da Planta de Síntese do POOC Sintra-Sado e da transposição, para a área em estudo, dos
elementos base nela cartografados, verifica-se a incidência da zona terrestre de proteção1 (faixa territorial
com 500 metros) na área em análise, em concreto no buffer de 50 metros estabelecido (Figura III.195).
Para aferição das encostas com declive superior a 30 %, incluindo as que foram alteradas pela
construção de terraços, foi utilizado, como cartografia de base, o levantamento topográfico disponível, o qual
apresenta curvas de nível de 2 em 2 metros. Com base nessa análise pode concluir-se que cerca de 60% da
área recuperada apresenta encostas com declives superiores a 30%, valor que desce para 46% no caso do
buffer de 50 metros e para 38% no que respeita à área de ampliação da pedreira (Figura III.195).
As encostas com declives superiores a 30% não têm equivalência direta com as apresentadas no quadro do
Anexo IV do Decreto-Lei n.º 166/2008, de 22 de agosto, o qual determina a correspondência entre as
designações anteriormente estabelecidas pelo Decreto-Lei n.º 93/90, de 19 de março, e as novas categorias
de áreas integradas na REN.
Ainda que estejam claramente relacionadas com as Áreas de elevado risco de erosão hídrica do solo2, a
delimitação destas últimas revela-se um processo bastante mais complexo, baseado na identificação da erosão
potencial do solo, através da aplicação da Equação Universal de Perda de Solo. Esta fórmula considera os
fatores naturais: erosividade da precipitação, erodibilidade dos solos e topografia, ao passo que, para efeitos
de análise de determinada pretensão, aquando da inexistência de delimitação municipal da REN, o Anexo III
refere taxativamente as encostas com declive superior a 30% (associando a delimitação apenas ao critério
declive).
Para efeitos da presente análise, irá assumir-se a correspondência entre as encostas com declive superior a
30% e as Áreas de elevado risco de erosão hídrica do solo (tipologia REN englobada nas Áreas de prevenção
de riscos naturais).
No âmbito do estudo elaborado, não se registou a ocorrência de lagos, lagoas e albufeiras ou de escarpas.
Assim, analisada a pretensão face às áreas elencadas no Anexo III do Regime Jurídico da REN, verifica-se o
seguinte (Quadro III.119):
Quadro III.119 – Enquadramento da pretensão face às áreas REN identificadas no Anexo III do Decreto-Lei
n.º 166/2008, de 22 de agosto.
ÁREAS REN
ÁREAS ÁREA DE BUFFER DE 50
IDENTIFICADAS NO ANEXO III DO ÁREA LICENCIADA
RECUPERADAS AMPLIAÇÃO METROS
RJREN
De acordo com o regime da REN, a Faixa terrestre de proteção costeira deve ser definida em situações de
ausência de dunas costeiras ou de arribas.
1 O Regulamento do POOC Sintra-Sado define a zona terrestre de proteção como uma faixa territorial de 500 m, medidos a partir da
linha terrestre que limita a margem das águas do mar.
2 Cuja designação anterior era Áreas com risco de erosão.
Nesta tipologia são elegíveis os usos e ações que não coloquem em causa, cumulativamente, as seguintes
funções:
i.Prevenção e redução do risco, garantindo a segurança de pessoas e bens;
ii.Conservação de habitats naturais;
iii.(Revogada.)
iv.Equilíbrio dos sistemas biofísicos.
Áreas de elevado risco de erosão hídrica do solo, constituem uma das tipologias REN abrangida nas Áreas de
prevenção de riscos naturais e consideram-se áreas que, devido às suas caraterísticas de solo e de declive,
estão sujeitas à perda excessiva de solo por ação do escoamento superficial, de acordo com o regime da REN.
Nesta tipologia são elegíveis os usos e ações que não coloquem em causa, cumulativamente, as seguintes
funções:
i.Conservação do recurso solo;
ii.Manutenção do equilíbrio dos processos morfogenéticos e pedogenéticos;
iii.Regulação do ciclo hidrológico através da promoção da infiltração em detrimento do escoamento
superficial;
iv.Redução da perda de solo, diminuindo a colmatação dos solos a jusante e o assoreamento das massas
de água.
Quadro III.120 – Enquadramento do projeto face à Planta de Condicionantes constante na proposta de PDM
concelhio em revisão.
Na proximidade da pedreira regista-se ainda a existência do Forte de Santiago do Outão (onde está instalado
o hospital ortopédico de Sant’Iago de Outão) e de elementos arqueológicos que respeitam a restos de
habitação nos quais se encontram fragmentos de louça manuela muito grosseira1, a Sul da pedreira, numa
área de sensibilidade arqueológica de nível 2.
1 https://arqueologia.patrimoniocultural.pt/index.php?sid=sitios&subsid=50928
Figura III.195 – Localização da pretensão face às áreas REN identificadas no Anexo III do RJREN.
Figura III.196 – Extrato da Planta de Condicionantes – REN, constante na proposta de Revisão do PDM de Setúbal.
Figura III.197 – Extrato da Planta de Condicionantes – RAN, constante na proposta de Revisão do PDM de Setúbal.
Figura III.198 – Extrato da Planta de Condicionantes – Recursos Naturais, constante na proposta de Revisão do PDM de Setúbal.
Figura III.199 – Extrato da Planta de Condicionantes –Defesa da Floresta Contra Incêndios, constante na proposta de Revisão do PDM de Setúbal.
Figura III.200 – Extrato da Planta de Condicionantes –Património e Equipamentos, constante na proposta de Revisão do PDM de Setúbal.
Figura III.201 – Extrato da Planta de Condicionantes – Infraestruturas e Indústrias, constante na proposta de Revisão do PDM de Setúbal.
Quadro III.121 – Enquadramento da pretensão face à REN constante na Proposta de Revisão do PDM
concelhio.
A Planta de Condicionantes analisada apresenta ainda cartografados Outros cursos de água, os quais
atravessam a área licenciada da pedreira, assim como a área recuperada a Oeste. Esses cursos de água não
são, no entanto, considerados parte integrante da REN.
Quanto às Áreas estratégicas de proteção e recarga de aquíferos, o regime da REN determina que as mesmas
constituem uma das tipologias REN incluída nas Áreas relevantes para a sustentabilidade do ciclo hidrológico
terrestre e abrangem áreas geográficas que, devido à natureza do solo, às formações geológicas aflorantes e
subjacentes e à morfologia do terreno, apresentam condições favoráveis à ocorrência de infiltração e recarga
natural dos aquíferos e se revestem de particular interesse na salvaguarda da quantidade e qualidade da água
a fim de prevenir ou evitar a sua escassez ou deterioração.
Nesta tipologia são elegíveis os usos e ações que não coloquem em causa, cumulativamente, as seguintes
funções:
i. Garantir a manutenção dos recursos hídricos renováveis disponíveis e o aproveitamento sustentável
dos recursos hídricos subterrâneos;
ii. Contribuir para a proteção da qualidade da água;
iii. Assegurar a sustentabilidade dos ecossistemas aquáticos e da biodiversidade dependentes da água
subterrânea, com particular incidência na época de estio;
iv. Prevenir e reduzir os efeitos dos riscos de cheias e inundações, de seca extrema e de contaminação
e sobrexploração dos aquíferos;
v. Prevenir e reduzir o risco de intrusão salina, no caso dos aquíferos costeiros e estuarinos;
vi. Assegurar a sustentabilidade dos ecossistemas de águas subterrâneas, principalmente nos
aquíferos cársicos, como por exemplo invertebrados que ocorrem em cavidades e grutas.
Áreas de elevado risco de erosão hídrica do solo, constituem uma das tipologias REN abrangida nas Áreas de
prevenção de riscos naturais e consideram-se áreas que, devido às suas caraterísticas de solo e de declive,
estão sujeitas à perda excessiva de solo por ação do escoamento superficial, de acordo com o regime da REN.
Nesta tipologia são elegíveis os usos e ações que não coloquem em causa, cumulativamente, as seguintes
funções:
i. Conservação do recurso solo;
ii. Manutenção do equilíbrio dos processos morfogenéticos e pedogenéticos;
iii. Regulação do ciclo hidrológico através da promoção da infiltração em detrimento do escoamento
superficial;
iv. Redução da perda de solo, diminuindo a colmatação dos solos a jusante e o assoreamento das
massas de água.
As Áreas de instabilidade de vertentes1 são definidas no RJREN como áreas que, devido às suas caraterísticas
de solo e subsolo, declive, dimensão e forma da vertente ou escarpa e condições hidrogeológicas, estão
sujeitas à ocorrência de movimentos de massa em vertentes, incluindo os deslizamentos, os desabamentos e
a queda de blocos.
Nesta tipologia são elegíveis os usos e ações que não coloquem em causa, cumulativamente, as seguintes
funções:
i. Estabilidade dos sistemas biofísicos;
ii. Salvaguarda face a fenómenos de instabilidade e de risco de ocorrência de movimentos de massa
em vertentes e de perda de solo;
iii. Prevenção e redução do risco, garantindo a segurança de pessoas e bens.
1 De acordo com o Anexo IV do Regime Jurídico da REN, o qual regista a correspondência entre as áreas definidas no Decreto-Lei
n.º 93/90, de 19 de março, e as novas categorias das áreas integradas na REN, as atuais áreas de instabilidade de vertentes
correspondem às Escarpas, sempre que a dimensão do seu desnível e comprimento o justifiquem, incluindo faixas de proteção
delimitadas a partir do rebordo superior e da base.
O POPNA estabelece os regimes de salvaguarda de recursos e valores naturais e fixa o regime de usos e
gestão a observar na sua área de intervenção, com o objetivo de garantir a manutenção e a valorização das
caraterísticas das paisagens naturais e seminaturais e a diversidade biológica desse território.
Os projetos no âmbito da indústria extrativa que abrangem a Rede Natura 2000 não se encontram excluídos,
contudo deverão resultar de um capaz planeamento e ser alvo de uma avaliação ambiental adequada que
garanta as apropriadas medidas de minimização.
Importa, pois, referir que o presente Projeto e o respetivo Estudo de Impacte Ambiental cumprem as
orientações da União Europeia sobre a realização de atividade extrativa não energética, em conformidade com
os requisitos da Rede Natura 20001.
1.17.10.2.5 Pedreira
O regime jurídico da revelação e do aproveitamento dos recursos geológicos existentes no território nacional
(Lei n.º 54/2015, de 22 de junho), define como massas minerais1 quaisquer rochas e outras ocorrências
minerais que não apresentem as caraterísticas necessárias à qualificação como depósitos minerais (alínea n)
do artigo 2.º).
As massas minerais não se integram no domínio público do estado, podendo ser objeto de propriedade privada
e de outros direitos reais (artigoº 6), sendo que os recursos geológicos não integrados no domínio público do
Estado podem ser objeto da atribuição de direitos de prospeção e pesquisa e de exploração de massas
minerais (alínea a), do n.º 1, do artigoº 15.º). A atribuição de direitos de exploração implica a compatibilidade
dessa atividade com o disposto nos instrumentos de gestão territorial, servidões administrativas e restrições
de utilidade pública e com o regime jurídico de avaliação de impacte ambiental, quando aplicável (n.º 2, do
artigo 27.º).
A atribuição de direitos de prospeção e pesquisa é acompanhada da constituição de uma servidão
administrativa sobre os prédios abrangidos nas respetivas áreas, em razão do interesse económico da
exploração, nos termos definidos em diploma próprio (artigo 53.º).
1 As áreas de exploração das massas minerais têm a designação legal de pedreiras (n.º 2 do artigo 39.º, da Lei 54/2015, de 22 de
junho).
1 A denominação de Estrada Regional (ER) consta no Plano Rodoviário Nacional. Na eventualidade de existir protocolo de
desclassificação, a estrada pode ser denominada como EN.
Algumas das vias da rede rodoviária nacional estão sinalizadas como autoestradas, constituindo a rede
nacional de autoestradas.
Além da rede rodoviária nacional foi criada uma outra categoria de estradas, com interesse supramunicipal e
complementar à rede rodoviária nacional, designadas por estradas regionais (ER).
Para as Estradas Regionais a servidão non aedificandi é de 20 metros para cada lado do eixo da estrada e
nunca a menos de 5 metros da zona da estrada.
1 http://infraestruturas.maps.arcgis.com/apps/MapTools/index.html?appid=77fd498e452e40d682068d3dc2b6fcd5
Área a licenciar
Risco – Existem várias definições de risco, consoante se trate de saúde pública, acidentes naturais, etc. Assim,
o Risco pode ser definido como:
• a estimativa da incidência e da gravidade dos efeitos adversos que podem ocorrer numa população
humana ou num compartimento ambiental3;
Assim, facilmente se conclui que a limitação do risco (com o objetivo de obter um mais elevado nível de
segurança) pode fazer-se adotando medidas que reduzam, quer a probabilidade de ocorrência do acidente,
quer a sua gravidade. Ora, sem excluir a possibilidade de medidas que produzam ambos os efeitos, pode-se
então atribuir ao primeiro caso o campo da Prevenção, enquanto no segundo se está no âmbito da Proteção.
Um determinado território torna-se tanto mais vulnerável quanto maior for a sua ocupação humana, a sua
importância patrimonial e cultural (e.g.: monumentos e ou paisagens classificas) a sua diversidade e, ou riqueza
ecológica (e.g.: áreas classificadas no âmbito da conservação da natureza), entre outros. O mesmo é dizer
que, face à ocorrência de um fenómeno destruidor, a vulnerabilidade do território corresponde ao grau de perda
de pessoas, equipamentos, biótopos, aquíferos de qualidade, etc. Assim, os efeitos que podem resultar de um
desastre, quer de origem natural quer de origem antropogénica, não estão dependentes apenas da sua origem
e da magnitude atingida, mas também das características do espaço em que ocorre, ou seja, determinado
território tem um comportamento de acordo com as suas características, existindo territórios mais vulneráveis
do que outros aos perigos de ordem natural ou humana. A noção de vulnerabilidade depende de vários aspetos
como a densidade populacional, os valores e a organização socioculturais e a capacidade de cada sociedade
para enfrentar os fatores de risco ambiental.
De forma sucinta, e como referido na Caracterização da Situação de Referência, dos principais elementos
estruturantes da paisagem, onde se localiza a pedreira a pedreira Vale de Mós A, destaca-se a serra da
Arrábida e o estuário do rio Sado, marcantes pela sua morfologia distinta, contribuindo para o valor e
excecionalidade natural e paisagístico.
Nesta paisagem destacam-se ainda as áreas fortemente povoadas e industrializadas, como é respetivamente
o caso da cidade de Setúbal e da península da Mitrena, e ainda o forte desenvolvimento turístico de península
de Troia. Destaca-se ainda os diversos portos de pesca, portões de carga e mercadorias, docas de recreio e
docas de transporte de passageiros.
Sobre a SECIL, na vizinhança imediata da pedreira Vale de Mós A, localiza-se a fábrica de cimento do Outão
que produz cimento com a massa mineral aí explorada.
A pedreira Vale de Mós A integra-se no Parque Natural da Serra da Arrábida (PNA) e na Zona Especial de
Conservação Arrábida/ Espichel. A pedreira Vale de Mós A localiza-se no vale da Rasca e no Alto do Poiso do
Cortiço, encontrando-se grande parte da área da pedreira licenciada (cerca de 90%) intervencionada pela
exploração. Da área intervencionada, cerca de 34% encontra-se já devidamente recuperada.
A povoação da Rasca e a do Outão, pela sua proximidade, encontram-se mais expostas à atividade da
pedreira, nomeadamente ruído, poeiras e vibrações.
Verifica-se ainda que a posição geográfica de parte de cidade de Setúbal permite a visualização da pedreira
Vale de Mós A.
A ocupação do solo na envolvente da área de implantação da pedreira Vale de Mós A é essencialmente
composta por povoações (Rasca e Outão), por matos com porte variável, explorações florestais de pinheiro
manso e parcelas agrícolas.
Já a área proposta para a ampliação da pedreira Vale de Mós A encontram-se totalmente ocupada por matos
com porte variável.
2.2. METODOLOGIA
A metodologia seguida neste estudo consta dos seguintes passos distintos:
• Definição de medidas de prevenção, redução e controle dos riscos, no âmbito do qual é analisada a
pertinência de se implementarem Planos de Emergência ou de Contingência;
1 A britagem encontra-se associada ao sistema produtivo da fábrica de cimento, mas avaliada no presente projeto.
Quadro III.122 – Caracterização das fontes de perigo geradas pelas principais ações de Projeto.
Presença de materiais
transporte interno e Fuga ou derrame de linhas preferenciais de
contaminantes
cominuição da substâncias poluentes escorrência de água pluvial
(combustível, óleos, etc.)
rocha e aquífero
Importa ainda referir a afetação do projeto por fenómenos naturais potencialmente destruidores, como são a
forte pluviosidade, os sismos e os marmotos, ou com origem em ação humana como são os incêndios.
como emissões atmosféricas. No entanto, este impacte parece assumir uma magnitude muito baixa ou nula,
devido às precauções que são tomadas na gestão das máquinas e veículos que ali operam.
Sismo e maremoto
De acordo com a carta Eurocódigo 81, verifica-se que a região possui o coeficiente médio a elevado de risco
sísmico. Quanto ao risco de maremoto, este pode igualmente ser identificado como de médio a elevado, uma
vez que o maremoto é o fenômeno provocado por abalos sísmicos no assoalho oceânico, por atividades
vulcânicas ou deslizamentos de terras submersas que provocam grande deslocamento das águas, gerando
ondas de grande magnitude.
A ocorrência de sismo pode eventualmente afetar a área da pedreira Vale Mós A, tal poderá ser significativo
em termos afetação dos trabalhadores e equipamentos que ali operam, dependendo da intensidade sísmica
do episódio. Quanto a eventual maremoto, encontrando-se a pedreira a cota superior a 100, isto é, a pedreira
Vale de Mós A encontra-se a mais de 100 metros acima do nível médio das águas do mar, dificilmente será
afetada.
Incêndios
Em caso de incêndio, dificilmente haverá a possibilidade de os anexos da pedreira ou a área de escavação
poderem ser afetados, uma vez que a área é local sem qualquer vegetação. Já a área da pedreira recuperada
(35,8 ha) e a não intervencionar na área da pedreira, que não possui qualquer classificação de perigosidade
de risco de incêndio, terá uma perigosidade (natural) de incêndio Alto a Muito Alta. A possibilidade de incêndio
na área recuperada implicará a destruição de vegetação e a destruição dos habitats recriados que demoraram
mais de quatro décadas a desenvolver-se.
Já a área proposta para ampliação (18,5 ha) da pedreira Vale de Mós A encontra-se classificada como de
perigosidade de incêndio Baixa, Média, Alta e Muito Alta de incêndio florestal.
1 Anexo NA.I, da NP EN1998-1:2010 - “Eurocódigo 8 - Projecto de estruturas para resistência aos sismos Parte 1: Regras
gerais, acções sísmicas e regras para edifícios”
As pedreiras Vale de Mós A e Vale de Mós B possuem uma configuração de escavação com as seguintes
características finais: altura das bancadas de 10 m; patamares com 6 m de largura; taludes de escavação com
45º de inclinação; rampas com 6º de inclinação; e piso base de exploração à cota 40 (atualmente na cota 130).
O estabelecimento do piso base de exploração à cota 40 determina que, após exploração e recuperação, se
fique com uma área em cone invertido, tendo a base da corta cerca de 7 ha.
Considerando o processo industrial de fabrico de cimento atualmente desenvolvido na fábrica de cimento do
Outão, sendo necessário o consumo de marga e calcário num rácio margas/calcário de 50/50 até 44/56 para
a produção de cimento, encontrando-se em défice as reservas de calcário na pedreira Vale de Mós B,
verifica-se a necessidade de o obter em outras pedreiras, que não a pedreira Vale de Mós B.
Assim, tal como já se verifica atualmente, ter-se-á de transportar 300 800 t de calcário por ano adquirido a
outras pedreiras. Contudo, este défice irá ainda agravar-se, prevendo-se a necessidade de transporte de mais
calcário do exterior, ou seja, 783 108 t de calcário por ano.
No cenário de manutenção da atual licença, mantem-se, na generalidade, a situação atual com o transporte
de cerca de 25% do calcário proveniente do exterior, com incremento do transporte do calcário para 66%. O
transporte de material proveniente do exterior – pedreiras de Sesimbra, determina a passagem dos veículos
pesados pela EN10-4, para aceder à pedreira.
Acresce apenas que no Plano de Pedreira (projeto) da pedreira de calcário e marga industrial Vale de Mós A
está previsto que deixe de existir necessidade de recorrer a calcário externo para satisfazer as necessidades
da fábrica de cimento. Em resultado, as concentrações de poluentes associadas ao tráfego rodoviário nas vias
de acesso à fábrica responsáveis pelo transporte de calcário serão nulas, ao invés da evolução da situação de
referência que prevê um incremento muito significativo de tráfego associado a este transporte.
• Recursos hídricos superficiais: o regime hidrológico da ribeira da Melra continuará fortemente dependente
do regime de precipitações porquanto esta ribeira drena uma área bastante modesta e a linha de água que
atravessa a corta continuará a apresentar um regime torrencial, apenas com caudal (reduzido) após fortes
chuvadas e/ou chuvadas prolongadas no tempo. No que respeita à qualidade das águas superficiais, em
concreto as águas escoadas na linha de água do interior da corta, com o aprofundar da cota do piso base
de exploração e com o consequente incremento das áreas dos taludes, poderá (ainda que seja pouco
provável) verificar-se um acréscimo do teor de sólidos suspensos totais. Com o normal funcionamento dos
tanques de decantação mesmo que este acréscimo se verifique, tal não constituirá impacte na qualidade
das águas superficiais imediatamente a jusante da área intervencionada;
• Recursos hídricos subterrâneos: a evolução da cota do piso base de exploração até à cota 40 implica uma
diminuição da espessura da zona não saturada e consequentemente um aumento da vulnerabilidade à
poluição das águas subterrâneas. De acordo com os dados piezométricos disponíveis, o nível freático
regional encontrar-se-á à cota aproximada de 10, não sendo assim expectável a sua interseção mesmo
com a não execução do Plano de Pedreira (projeto) da pedreira de calcário e marga industrial Vale de
Mós A. De igual modo, com ou sem a implementação do projeto, não é expectável a interferência em
captações de água subterrânea vizinhas.
3.3.4. Solos
Caso o projeto do Plano de Pedreira (projeto) da pedreira de calcário e marga industrial Vale de Mós A não
seja aprovado verificar-se-á a manutenção dos solos no local que é previsto ser intervencionado pela ampliação
para Sul da área atual de exploração, os quais se encontram atualmente ocupados com matos e vegetação
rasteira, sem grande interesse pedológico uma vez que se tratam de solos sem qualidade produtiva e bastante
esqueléticos.
O projeto do Plano de Pedreira (projeto) da pedreira de calcário e marga industrial Vale de Mós A prevê a
ampliação da atual corta para a referida área a Sul permitindo, dessa forma, evitar o afunilamento proposto e
aprovado da corta até à cota 40, propondo-se que a base de exploração aumente até à cota 80. Situação essa
que, em termos de recuperação dos solos no período pós-exploração será potencialmente mais vantajosa,
uma vez que permitirá criar áreas com menor pendente e aumentar a regeneração dos solos e a sua
capacidade de uso global.
3.3.5. Qualidade do Ar
De acordo com o estudo realizado neste fator ambiental, verifica-se que os impactes associados nos cenários
(com e sem implementação do projeto) serão pouco significativos, mantendo-se praticamente inalterado face
à situação atual. No entanto, e embora não esteja previsto a ultrapassagem dos valores limite nos cenários (A
e B), no caso específico da evolução da situação de referência, verificar-se-á um incremento de veículos
associados ao transporte de calcário. No cenário de implementação do projeto (cenário C) não existirá
necessidade de transporte de calcário do exterior.
Ainda que no cenário de implementação do projeto, de acordo com as modelações realizadas, se preveja um
ligeiro incremento nas concentrações relacionada com uma maior extração de calcário, este aumento estará
localizado no interior da área do projeto, ao passo que na evolução da situação de referência as emissões
associadas dizem respeito aos trabalhos no interior das pedreiras e à circulação de veículos responsáveis pelo
transporte de calcário.
Sobre este assunto, deve ainda ser revisto o Cenário B em Relatório do anexo II.
3.3.7. Vibrações
Atualmente não se considera que existam impactes decorrentes da utilização de explosivos nas pedreiras Vale
de Mós A e Vale Mós B, conforme é demonstrado pelos registos históricos da monitorização de vibrações.
De facto, e no que se refere à continuação da exploração das pedreiras Vale de Mós A e Vale Mós B, sem a
implementação do Plano de Pedreira (projeto) da pedreira de calcário e marga industrial Vale de Mós A,
pode-se afirmar que os impactes são em tudo semelhantes, ou seja, pouco significativos, temporários e
reversíveis.
Com o Plano de Pedreira (projeto) da pedreira de calcário e marga industrial Vale de Mós A, a adoção das
medidas propostas neste estudo, passando pela restrição de cargas máximas de explosivos a utilizar e a
monitorização planeada das estruturas a proteger, considera-se que, no futuro, também não existirão impactes
para as estruturas ou comodidade das pessoas.
3.3.10. Paisagem
No que diz respeito aos recursos visuais e paisagísticos da área de estudo, caso a implementação do Plano
de Pedreira (projeto) da pedreira de calcário e marga industrial Vale de Mós A não seja autorizada, verificar-
se-á a manutenção do espaço a Sul da área atual de exploração (com cerca de 18,5 ha) com o atual uso
silvícola (matos e vegetação rasteira de características mediterrânicas).
A solução atual, pressupõe que, durante a sua fase de exploração, a lavra continue em profundidade na atual
área licenciada, no entanto, a escassez que se verifica nas reservas existentes para a produção de matéria
prima (calcário) para alimentação das necessidades futuras da fábrica de cimento, resultará na premência de
importação de matéria-prima de outras pedreiras de forma a permitir a produção da fábrica. Dessa forma, a
presença da pedreira e das suas componentes mais visíveis (corta, anexos industriais e sociais), isto é, dos
principais geradores de impactes negativos na paisagem manter-se-ão. Acrescendo o facto de se verificar a
necessidade de transporte de matéria-prima de locais mais afastados, acarretando uma maior movimentação
de viaturas para transporte desses materiais para alimentação da fábrica de cimento e como isso, gerar
impactes indiretos na paisagem da área de estudo.
Considerando o projeto em avaliação, pretende-se a prossecução da atividade patente no local, propondo uma
ampliação numa área contigua não intervencionada, a qual corresponde a cerca de 19% do total atualmente
ocupado com a exploração de calcário e margas (18,5 ha).
O projeto durante a sua fase de exploração, prevê a ampliação da atual corta para o quadrante Sul, reduzindo
dessa forma a necessidade de escavação em maior profundidade da área de exploração atualmente licenciada
(o licenciamento atualmente em vigor permite a exploração em profundidade até à cota 40, no entanto, o atual
projeto propõe que a cota base de exploração seja reduzida até à cota 80). Situação essa que, na fase
pós-exploração, em termos paisagísticos significa um aumento na aptidão global dos espaços recuperados,
uma vez que, ao minimizar a profundidade de escavação e por consequência o afunilamento da corta,
contribuirá para que seja possível promover uma recuperação ambiental e paisagística mais sustentável e uma
utilização com mais valências e uma maior multifuncionalidade do espaço.
3.3.11. Sócioeconomia
A atividade extrativa representa um pólo de dinamização económica, responsável pela criação de emprego
direto e indireto e gerador de diversidade de atividades económicas locais e regionais, com impactes
evidentemente positivos nesse domínio. No entanto, há que considerar os eventuais impactes negativos que
poderão incidir, de forma particular, na qualidade de vida das populações localizadas na proximidade das
explorações, e, consequentemente, no seu quotidiano diário.
Nesse âmbito, importa referir a localidade de Vale da Rasca, situada, aproximadamente, 400 m a Norte da
área de exploração da pedreira Vale de Mós A.
Entre a escavação e a localidade verifica-se a ocupação do solo maioritariamente com vegetação arbórea de
grande porte, constituindo uma “cortina” de vegetação natural, que funcionará como barreira visual e acústica,
reduzindo de forma significativa os impactes decorrentes da exploração nesse setor da pedreira e as emissões
gasosas e de poeiras decorrentes do transporte interno de material.
Na situação atual de laboração da pedreira, verifica-se a necessidade de receção de matéria-prima vinda do
exterior. A entrega dessa matéria-prima será feita em veículos pesados, numa primeira fase, de
300 800 toneladas por ano (46 veículos por dia). Nos anos subsequentes, o calcário proveniente do exterior,
irá corresponder à receção de 783 108 toneladas de calcário por ano. Assim, estima-se que serão necessários
até 120 fretes por dia, para o transporte de calcário.
O percurso realizado a partir de Sesimbra e que faz a ligação à entrada da pedreira pela EM572, EN379,
EN10-4 e ER379-1, atravessa diversas localidades, onde se destaca Vale da Rasca.
As estradas possuem boas condições de transitabilidade para circulação de veículos pesados e largura
suficiente para permitir o cruzamento de veículos pesados em condições de segurança, dos camiões entre si
ou com automóveis ligeiros. No entanto, ainda que essas estradas possam apresentar condições de circulação
que lhes permite absorver o trânsito gerado pelo fornecimento de matéria-prima à pedreira, o fluxo desses
veículos, pela sua expressão e frequência, irá induzir impactes significativos nas populações atravessadas, em
particular na povoação de Vale da Rasca, no que respeita ao ruído e vibrações gerados pelos veículos em
circulação e pelos poluentes gerados pelo tráfego de viaturas na rede viária.
Importa ainda referir o aumento do risco de acidentes rodoviários, perante a não aprovação do Plano de
Pedreira (projeto) da pedreira de calcário e marga industrial Vale de Mós A. Os acidentes rodoviários têm
causas múltiplas e, em muitos casos, vários fatores concorrem para a sua ocorrência. No entanto, estudos
realizados em diversos países demonstram que a principal causa de acidente são as falhas humanas,
seguindo-se, por ordem decrescente, deficiências nas rodovias e por últimas deficiências nos veículos.
Mantendo-se a situação atual de laboração da pedreira, verifica-se a necessidade de receção de matéria-prima
– calcário, vinda do exterior. Como referido, o percurso realizado a partir das pedreiras de Sesimbra faz a
ligação à entrada da pedreira pela EN10-4 e EN379-1, atravessando diversas localidades. Mantendo-se a
exploração de acordo com os Planos de Pedreira em vigor, far-se-á reforço da sinalização dos trabalhos da
pedreira, no acesso à ER379-1, pelo que a principal causa de acidentes (fator humano) será minimizado.
Neste contexto, entende-se que as perturbações em termos de qualidade de vida, devido à eventual
interferência com as condições de habitabilidade e de quotidiano das populações, seriam beneficiadas se
considerada a ausência de receção de calcário do exterior.
Se considerarmos a ampliação proposta, a pedreira torna-se independente do exterior, não sendo necessária
a receção de calcário. Nessa circunstância, não se prevê a afetação da rede viária pela exploração da pedreira,
ou a afetação/obstrução da acessibilidade local com incidência na mobilidade da população ou com
importância social.
Face ao exposto, considera-se que a ampliação da pedreira, por permitir que a laboração desta seja
independente do fornecimento de matéria-prima vinda do exterior, se apresenta mais favorável, uma vez que
permite a restrição dos impactes associados à exploração que se verifica localmente, contrariamente à difusão
desses impactes, gerada pelo transporte de calcário vindo do exterior.
Quadro III.123 – Resumo dos parâmetros estatísticos das concentrações de PM10 (µg/m3) obtidos nas
estações da Qualidade do ar de janeiro a dezembro de 2020.
HOSO 20 82 6 0
Murteira 9,4 48 0 0
Troia 15 65 1 0
São Luís 11 65 1 0
Fonte: REL.040.RM_QUALAR_202104_MA_PR.14.2020_SECIL_OUTÃO em anexo II
Os dados das PM10 em todas as estações onde depois de uma análise a conclusão é clara na não interferência
da atividade da Secil-Outão na ultrapassagem aos VL1
Aliás a rosa de poluição das concentrações das partículas (ventos dominantes e concentrações de partículas
representados de forma integrada) apresentada a seguir demonstra que a origem das partículas nas diferentes
estações é diferenciada (nomeadamente a partir do Atlântico).
1 REL.040.RM_QUALAR_202104_MA_PR.14.2020_SECIL_OUTÃO em anexo II
1 REL.040.RM_QUALAR_202104_MA_PR.14.2020_SECIL_OUTÃO em anexo II
3.3.13. Património
Caso o projeto não seja implementado, não se prevêem alterações.
3.3.14. Território
A manutenção da exploração de acordo com o Plano de Pedreira Vale de Mós A e o Plano de Pedreira de Vale
de Mós B, integrados nos limites da área classificada como Espaços para Indústria Extrativa e Indústria
Cimenteira, respetivamente, de acordo com o PDM de Setúbal e o Plano de Ordenamento do Parque Natural
da Arrábida, garante o cumprimento os instrumentos de gestão do território (IGT) em vigor para a área.
De facto, só com a alteração dos IGT, a realizar após a conclusão do procedimento de AIA (favorável ou
favorável condicionado), se garantirá igualmente o cumprimento dos IGT.
Sobre o uso do solo, a execução dos Planos de Pedreira atualmente em vigor determina que a exploração seja
realizada até á cota 40, o que, após a conclusão da exploração - lavra e recuperação, se fica perante a
impossibilidade de outros usos do solo, porque no local se ficará perante uma área afunilada.
Já a execução do Plano de Pedreira (projeto) da pedreira de calcário e marga industrial Vale de Mós A, permitirá
que a cota base da corta se encontre à cota 80, permitindo obter uma melhoria significativa, já que no final da
exploração se consegue manter um amplo plateau, uma plataforma com 27,3 ha.
Assim, no presente EIA, para a avaliação dos impactes ambientais consideram-se duas fases de projeto, a que
correspondem ações e afetações completamente distintas:
• Fase de exploração – nesta fase procede-se à extração do recurso mineral, sendo que as operações de
lavra serão seguidas pelas de aterro, modelação e posterior recuperação das áreas afetadas;
Quadro IV.1 – Principais ações do Plano de Pedreira (projeto) da pedreira de calcário e marga industrial
Vale de Mós A.
FASE DE EXPLORAÇÃO
Sementeiras
Plantações
Segurança
Vedação da área
Sinalização
FASE DE DESATIVAÇÃO
No presente capítulo, procede-se à caraterização dos impactes gerados pelo projeto de acordo com sete
parâmetros. Para cada parâmetro foram ainda definidas classes, procedimento que permitiu efetuar uma
avaliação semi-quantitativa. Os parâmetros e as classes considerados foram as seguintes:
Natureza - Foram considerados impactes positivos, negativos ou nulos;
Grau de certeza - Parâmetro que avalia a probabilidade da ocorrência dos impactes descritos e que depende
do grau de conhecimento existente sobre as ações geradoras de impactes e sobre os sistemas sobre os quais
atua. Os impactes previsíveis foram considerados como: possíveis, prováveis e certos;
Duração - Parâmetro que avalia o caráter permanente ou temporário de cada um dos impactes;
Reversibilidade - Parâmetro que avalia o caráter reversível, parcialmente reversível ou irreversível de cada
um dos impactes;
Ordem - Consoante se trate de impactes diretamente causados pela implementação do projeto (impactes
diretos) ou causados de forma indireta pelos processos que gera (impactes indiretos);
Magnitude - Parâmetro que corresponde a uma avaliação, tão objetiva quanto possível, das consequências
do projeto sobre as diferentes variáveis ambientais e socioeconómicas. Consideram-se as classes muito
reduzida, reduzida, média, elevada e muito elevada.
Significado – Parâmetro integrador que permite estabelecer uma comparação entre a importância dos
diversos impactes. Pesa outros parâmetros, designadamente, a área afetada, a reversibilidade e a interação
entre impactes. Os impactes são classificados como pouco significativos, significativos ou muito significativos.
A temporalidade do Projeto está dependente do faseamento da sua implementação bem como do período de
vida útil da pedreira, associado às reservas existentes. Uma vez que o consumo de calcário e margas previsto
pode variar, face à evolução das necessidades de produção da fábrica de cimento (esta, por sua vez, está
dependente das necessidades de mercado da construção civil e obras públicas, regional, nacional e mesmo
internacional), também o tempo de vida útil da pedreira com a ampliação poderá apresentar algum desvio em
torno dos 35 anos estimados.
De seguida serão detalhadas as metodologias de avaliação de impactes específicas adotadas por cada um
dos descritores ambientais em causa e efetuada a sua avaliação. Destaca-se que, na avaliação de cada fator
ambiental, se procurou diferençar os parâmetros mais relevantes para a tipologia de impacte em questão,
realçando o seu significado, em função dos parâmetros anteriormente pormenorizados.
No que respeita aos aspetos globais do clima, nomeadamente a depleção da camada de ozono estratosférico
e as alterações climáticas, a sua abordagem e quantificação em termos de impacte ambiental é diversa. As
substâncias que promovem a destruição do ozono1 não fazem parte dos processos normais das atividades em
estudo.
Ao nível das alterações climáticas, o impacte resultante das emissões de gases com efeito de estufa, resultará,
maioritariamente, dos consumos de combustíveis nos equipamentos móveis, que cessará com o encerramento
do projeto.
Ainda de referir que as árvores ajudam a regular o clima absorvendo o CO2 presente na atmosfera. Quando
são abatidas, esse efeito benéfico desaparece e o carbono armazenado nas árvores é libertado para a
atmosfera, reforçando o efeito de estufa. No caso específico do projeto em apreciação verifica-se a desmatação
e decapagem dos terrenos associados ás áreas de exploração. No entanto, o plano ambiental de recuperação
paisagística previsto, em linha com o existente, prevê a cobertura vegetal de forma faseada, acompanhando o
ritmo de exploração, minimizando desta forma as alterações climáticas associadas.
Acresce ainda, que face à evolução da situação de referência, no projeto proposto está previsto que deixe de
existir necessidade de recorrer a calcário externo para satisfazer as necessidades da fábrica de cimento. Em
resultado, as concentrações de poluentes associadas ao tráfego rodoviário nas vias de acesso à fábrica
responsáveis pelo transporte de calcário serão nulas, ao invés da evolução da situação de referência que prevê
um incremento muito significativo de tráfego associado a este transporte.
Por fim, a área anteriormente afeta à atividade devidamente recuperados e a não intervencionar de cerca de
35,8 ha da área licenciada, permite afirmar que a redução da evapotranspiração, devido à remoção do coberto
vegetal de 18,5 ha, será minimizada face ao projeto proposto.
1 Listadas no Anexo do Protocolo de Montreal, datado de 16 de setembro de 1987 e ratificado pelo Governo Português.
como obstáculos à propagação do som, reduzindo a energia contida nas ondas sonoras, e diminuem o tempo
de reverberação por aumento da área de absorção sonora equivalente do espaço em que as ondas se
propagam. Quanto ao regime de ventos, ele condiciona a propagação das ondas sonoras que, como ondas
mecânicas que são, ficam sujeitas ao campo de velocidades. Assim, os recetores localizados nas imediações
das fontes de ruído ambiente deverão sentir com mais intensidade o ruído delas proveniente quando o vento
sopra na sua direção (na direção dos recetores).
Por último, no que concerne ao binómio precipitação/qualidade da água, tem-se uma maior probabilidade de
ocorrência de fenómenos de erosão e consequente arrastamento de finos nos meses de maior precipitação.
Salienta-se que estão consignadas medidas de minimização para cada um dos impactes secundários
identificados, e que se encontram enumeradas nos capítulos dos respetivos fatores ambientais.
1
O município mais próximo da área de Projeto com ficha climática, disponível em http://climadapt-local.pt
2 Em anexo II.
cimento limpa1 (CCL – Clean Cement Line). Trata-se da primeira fábrica a nível mundial deste novo conceito
“Clean Cement” e “Low Carbon Cement” (cimento de baixo carbono), produzido, com enormes vantagens,
através da melhoria da eficiência energética, da redução do consumo térmico específico, da redução das
emissões de CO2 e da eliminação da dependência dos combustíveis fósseis, na instalação fabril.
De facto, com o Projeto CCL, a produção futura decorrente do Low Carbon Cement obriga a garantir níveis de
qualidade do produto com maior incorporação de calcário e, por isso, também a pertinência do Plano de
Pedreira (projeto) da pedreira de calcário e marga industrial Vale de Mós A.
Quanto ás alterações climáticas2, em cenário, cumprindo-se as previsões de ocorrência de períodos de
escassez hídrica, estas podem (teoricamente) influenciar negativamente a execução do projeto. Já no que
respeita às emissões de partículas, que atualmente já possuem um controlo específico, resultado da utilização
de água no processo produtivo (aspersão de caminhos), prevê-se a manutenção nos impactes associados.
Por último, importa reforçar que estão consignadas medidas de minimização para cada um dos impactes
secundários identificados, e que se encontram enumeradas nos capítulos dos respetivos fatores ambientais.
1 Sobre a Fábrica e a sua linha de produção CCL apresenta-se em anexo Clean Cement Line melhor explicação do
processo de descarbonização da fábrica
2 Estratégia Nacional de Adaptação às Alterações Climáticas
1.3.5. Geomorfologia
O impacte decorrente da modificação do relevo superficial, devido à atividade extrativa, será permanente, uma
vez que a modelação proposta não prevê a reposição da topografia original. Este impacte será pouco
significativo, uma vez que continuará a existir uma encosta voltada a Norte, com as bancadas e os patamares
resultantes da exploração.
O talude que será criado na zona Sul da pedreira (com bancadas e patamares) terá uma extensão da ordem
dos 600 m e um desnível de cerca de 200 m. Em relação a este aspeto convém salientar que esse talude já
se encontra definido no Plano de Pedreira em vigor que possui o piso base de exploração definido à cota 40,
passando com este projeto para a cota 80, o que constituirá uma redução de 40 m.
O método de exploração a praticar prevê a criação de pargas e pequenos aterros para modelação do tardoz
dos taludes de escavação. Os impactes induzidos pela deposição desses materiais (e.g.: erosão dos materiais
depositados) serão negativos, mas pouco significativos, uma vez que terão caráter temporário.
O encosto dos materiais nos taludes de escavação permite a sua suavização e a estabilização de blocos
individualizados, pelo que os impactes induzidos pela modelação proposta serão positivos, permanentes, mas
pouco significativos.
O facto de serem deixados os topos de alguns taludes de escavação com a configuração da lavra irá permitir
simular a paisagem característica da cadeia da Arrábida, com as suas formas de lapiás. Pretende-se assim,
tornar o impacte sobre a geomorfologia parcialmente reversível, uma vez que os taludes não serão formas
naturais resultantes da carsificação mas apenas resultantes da lavra.
• Alteração do padrão de drenagem – Ainda que as escavações das áreas de ampliação impliquem alteração
localizada do padrão de escoamento superficial (o qual passará a centrípeto e no sentido da corta), esta
será mínima, principalmente pela natureza calcária das formações geológicas, onde predomina largamente
a infiltração sobre o escoamento superficial. Considera-se este impacte como negligenciável;
• Retenção de água de origem superficial - De acordo com o projeto existirão valas de escoamento para
águas pluviais na lateral de rampas e junto das bordaduras da escavação as quais permitirão o normal
escoamento superficial para o fundo da corta (com subsequente infiltração no maciço calcário) ou para
sistemas de decantação existentes. Adicionalmente, importa referir que a área de ampliação a Sul não
intersecta qualquer linha de água. Este impacte é assim classificado como negligenciável;
• Consumo de água de origem superficial - De acordo com o projeto não se prevê qualquer consumo de água
de origem superficial pelo que se considera este impacte como nulo;
• Não intervenção em 35,8 ha de área de pedreira (área licenciada), subsequente à recuperação paisagística
(35,3 ha) e 0,5 ha de área não intervencionada, com o incremento de volume de solo relativamente à
situação pós-exploração assim como o desenvolvimento de coberto vegetal, atenua a velocidade do
1 A ocorrência destes fenómenos estará ligada a pequenas massas de terras ou a pequenos blocos individualizados pela
lavra.
escoamento superficial, diminuindo assim os caudais de ponta de cheia a jusante. Atendendo à natureza
calcária das formações geológicas, este impacte ainda que positivo e permanente, será sempre um impacte
pouco significativo.
Em termos globais, o regime hidrológico e de escoamentos não se altera com o Plano de Pedreira (projeto) da
pedreira de calcário e marga industrial Vale de Mós A pelo que, no cômputo geral, considera-se que a
implementação do Projeto, não se traduz em impactes relevantes ao nível quantitativo sobre os recursos
hídricos superficiais.
• Escavações e rebaixamento do nível freático – De acordo com o projeto, nomeadamente o Plano de Lavra,
a cota mínima de exploração das novas áreas a explorar situar-se-á nos 80 metros. Recentes medições de
níveis hidrostáticos nos furos AC2 e AC3 colocam o nível freático regional à cota aproximada de 10. Deste
modo, não é expectável a interseção do nível freático pelas escavações futuras, prevendo-se uma
espessura mínima de 70 metros de zona não saturada, a qual implica inexistência de alterações
significativas no regime de escoamento (gradientes e sentidos de fluxo) das águas subterrâneas.
Considera-se assim este impacte como negligenciável;
• Alteração da taxa de infiltração – A remoção do solo de cobertura, na fase preparatória da exploração, irá
contribuir para o aumento da taxa de infiltração na zona de escavação, o que constituirá um impacte
positivo, muito pouco significativo, e parcialmente reversível após modelação das áreas exploradas
(recuperação paisagística). Por outro lado, nas áreas de deposição desse mesmo solo (pargas), poderá
ocorrer uma ligeira redução da taxa de infiltração, induzindo assim um impacte negativo, ainda que também
muito pouco significativo. Salienta-se que a magnitude destes impactes é extremamente diminuta
atendendo à reduzida dimensão da área afetada à escala do aquífero. Em suma, o balanço hídrico final,
após a conclusão de todas as atividades de projeto, nomeadamente a recuperação paisagística (que
avançará em simultâneo com a exploração), deverá ser semelhante ao da situação natural do terreno, pelo
que não é de esperar diminuição das taxas de recarga;
• Influência do projeto sobre captações de água subterrânea para abastecimento público – Não é expectável
existir algum impacte sobre captações de água subterrânea para abastecimento público uma vez que pelo
menos num raio de seis quilómetros de distância, não são identificadas quaisquer origens de água
subterrânea para abastecimento público;
• Influência do projeto sobre captações particulares de água subterrânea – Não é expectável que exista
qualquer impacte sobre as captações mais próximas uma vez que não está previsto qualquer aumento dos
caudais instantâneos e/ou volumes captados nos furos AC2, AC3 e AC5, mantendo-se os usos atualmente
existentes para as águas captadas nestes furos (abastecimento industrial da fábrica de cimento, rega e
aspersão de caminhos e rega do coberto vegetal instalado na recuperação paisagística na pedreira).
Adicionalmente e de acordo com a licença de exploração da APA, os volumes máximos anuais previstos
para os três furos industriais são de 248 000 m3/ano para a captação AC2 (28 m3/h), 225 000 m3/ano para
a captação AC3 (26 m3/h) e 100 000 m3/ano para a captação AC5 (11 m3/h). Estes volumes máximos assim
como os caudais instantâneos autorizados pela APA não são significativos para as disponibilidades hídricas
subterrâneas do aquífero instalado na serra da Arrábida.
• Não intervenção em 35,8 ha de área de pedreira, subsequente à recuperação paisagística (35,3 ha) e não
intervenção (0,5 ha), com o incremento de volume de solo relativamente à situação pós-exploração assim
como o desenvolvimento de coberto vegetal, fomentará a infiltração das águas da chuva porquanto
diminuirá o escoamento superficial ou, no mínimo, diminuirá a velocidade do escoamento superficial. Ainda
que se considere este impacte como positivo e permanente, a geometria dos taludes diminui a sua
magnitude e significância.
Pelo exposto, com os elementos disponíveis, considera-se que em termos quantitativos os impactes sobre os
recursos hídricos subterrâneos durante a fase de exploração são negligenciáveis.
• Arrastamento de sólidos (material particulado de granulometria fina) para as exíguas “linhas de água”
envolventes;
• Derrame acidental de óleos, lubrificantes e/ou combustíveis utilizados nas máquinas e veículos, afetos à
exploração e transporte;
• O armazenamento deste tipo de substâncias e o seu manuseamento será realizado em local devidamente
impermeabilizado, coberto e provido de bacias de retenção;
• Nas áreas de escavação, à superfície, serão construídas redes de drenagem de águas pluviais, com
encaminhamento para bacias de decantação e, caso se revele necessário, com passagem por separadores
de hidrocarbonetos previamente a qualquer descarga no meio hídrico envolvente.
Estas duas especificidades do Projeto diminuem em muito a probabilidade do impacte na qualidade das águas
superficiais envolventes.
1.7. SOLOS
1.7.1. Considerações iniciais
O solo é um recurso natural, não renovável, cuja utilização inadequada leva à sua perda irreparável, sendo o
seu valor económico e ambiental dificilmente calculável. No entanto, a qualidade do solo e a sua capacidade
de uso enquanto recurso, variam substancialmente no território e é com base nesse parâmetro, que conjuga
um conjunto de fatores físico-químicos e estruturais, que se deve fazer a opção de qual a melhor utilização
possível do solo, numa perspetiva de desenvolvimento sustentável.
A intensidade e a natureza dos impactes gerados pela alteração do uso do solo dependem das suas
potencialidades intrínsecas. Quanto maior for a potencialidade de uso agrícola ou florestal de um determinado
solo, mais amplas serão as alternativas para a sua utilização. Dessa forma, uma alteração profunda do uso,
em particular quando essa utilização é não agrícola ou florestal, pode gerar impactes significativos,
principalmente quando os solos com essas características são raros ou quando a tipologia da sua ocupação
assume um interesse ou valor particular.
O desenvolvimento de uma área de indústria extrativa induz sempre ações geradoras de impactes no solo,
levando à alteração das suas características. O presente projeto, refere-se à ampliação de uma pedreira com
cerca de 99 ha de praticamente toda intervencionada, tendo cerca de 38% dessa área já sido explorada e
recuperada.
Pretende a SECIL proceder á ampliação da pedreira em cerca de 18,5 ha. Nessas áreas o projeto prevê a
decapagem da camada superficial dos solos, a sua preservação, o seu armazenamento em pargas, para
permitir a sua posterior utilização na recuperação das áreas afetadas após o término de cada fase de
exploração, seguindo a estratégia que a empresa proponente tem vindo a seguir há mais de três décadas, com
elevada taxa de sucesso comprovada no terreno.
No presente projeto pretende ainda a SECIL a não intervenção em cerca de um terço da área atualmente
licenciada da pedreira, área essa já recuperada e bem consolidada em termos edáficos e de vegetação com
cerca de 35 ha (cerca de 34% do total da pedreira), contribuindo para um aumento de usos e funções numa
perspetiva de planeamento futuro beneficiando da melhoria em termos da capacidade de uso dos solos no
âmbito do sucesso da recuperação ambiental e paisagística implementada nessa área desde o inicio dos
anos 80.
A remoção das terras de cobertura e consequentemente, a degradação dos solos por destruição da sua
estrutura interna, geram um impacte direto e negativo, mas de magnitude reduzida, uma vez que se restringe
à zona a explorar, não se propagando às áreas confinantes.
No que se refere à compactação do solo, induzida pelos novos depósitos de material e pela circulação dos
equipamentos móveis, não são expectáveis impactes significativos, prevendo-se que existam apenas
alterações localizadas e pontuais do grau de compactação.
Deverá garantir-se o manuseamento adequado de produtos tóxicos, como óleos, combustíveis e lubrificantes,
uma vez que o derramamento desse tipo de produtos induz contaminação dos solos que se traduzem em
impactes muito significativos e negativos. A magnitude desse potencial impacte dependerá da propriedade e
quantidade dos produtos derramados. Dessa forma, se forem cumpridas as medidas preconizadas no projeto,
que asseguram a manutenção adequada dos equipamentos, a sua descarga no solo resultará unicamente de
uma situação acidental, pelo que o impacte negativo resultante se considera incerto e pouco significativo.
Acresce que o projeto prevê a implementação faseada da recuperação paisagística nas áreas afetas à
escavação, a iniciar logo que estejam finalizadas as respetivas atividades de escavação em cada zona,
avançando simultaneamente com a exploração, permitindo a compatibilização das atividades de lavra com as
tarefas de deposição e de recuperação paisagística.
O projeto em análise preconiza a decapagem, armazenamento, tratamento e posterior colocação nas zonas a
recuperar, dos solos presentes nas áreas a explorar. Desse modo, independentemente da capacidade
produtiva que os solos em causa apresentam, considera-se que os impactes associados ao Plano de Pedreira
(projeto) da pedreira de calcário e marga industrial Vale de Mós A serão pouco significativos, uma vez que o
recurso solo será devidamente acautelado e protegido.
1.7.2. Conclusão
A intensidade e a natureza de uma intervenção ao nível do solo, dependem das suas potencialidades
intrínsecas, quanto maior for a capacidade produtiva de um determinado solo, mais amplas serão as
alternativas para a sua utilização. Desta forma, uma alteração profunda do uso, em particular quando essa
utilização é não agrícola ou florestal, pode gerar impactes significativos, principalmente quando os solos com
essas características são raros ou quando a tipologia da sua ocupação assume um interesse ou valor particular.
Deverá assim, ter-se sempre em consideração as medidas de minimização adequadas para o projeto no que
diz respeito a este fator ambiental de modo a garantir a mitigação dos impactes negativos nos solos da área
de intervenção, sobretudo no que diz respeito à sua contaminação e poluição e consequentemente das linhas
de água e lençóis freáticos.
Em suma, a implementação das medidas pressupostas no PARP irá contribuir para a renaturalização de toda
a área afetada, permitindo aumentar a sua capacidade de uso e possibilitar ocupações variadas e alternativas
no futuro.
1.8. QUALIDADE DO AR
1.8.1. Introdução
Neste capítulo apresentam-se os resultados da simulação da dispersão dos poluentes atmosféricos (NO2, CO,
PM10 e SO2), para o mesmo ano meteorológico (2017) que o considerado na situação atual (Cenário A), para
o domínio em avaliação, tendo em conta as emissões inventariadas, representativos dos dois cenários futuros
previsto:
• Cenário B: representativo da situação futura sem a ampliação da Pedreira Vale de Mós. Este cenário implica
uma maior quantidade de calcário com origem externa à instalação, promovendo um acréscimo significativo
em termos de tráfego rodoviário;
• Cenário C: representativo da situação futura com a ampliação da Pedreira Vale de Mós. Com esta
ampliação, já passa a ser possível a extração da quantidade total necessária de calcário, não havendo
tráfego rodoviário associado.
Foram tidas em consideração as alterações previstas ao nível da topografia do terreno (de acordo com o Âmbito
geográfico do estudo em Capítulo III.1.8.3.2), para o Cenário B e para o Cenário C, face ao observado
atualmente (Cenário A).
De acordo com a análise efetuada no Capítulo III.1.8.3.5 Fontes Emissoras as alterações previstas nas
emissões atmosféricas para o Cenário B e Cenário C, tenderão a ocorrer apenas ao nível do funcionamento
da Pedreira, nomeadamente: do funcionamento das máquinas não rodoviárias, das atividades de detonação e
perfuração, do manuseamento e armazenamento de material (alteração da quantidade de material extraída) e
do tráfego rodoviário para transporte de calcário (necessidades de recorrer a calcário externo e o seu respetivo
transporte até à Pedreira). Assim, as restantes fontes emissoras contempladas no estudo mantiveram-se
inalteradas face à situação atual e entre os cenários futuros, nomeadamente as fontes externas ao projeto
(operação da fábrica de cimento/cais marítimo e do tráfego rodoviário externo). Importa salientar que apesar
de não estarem previstas alterações ao nível da operação das máquinas não rodoviárias da fábrica de
cimento/cais marítimo, uma vez que os equipamentos anteriores a 2015 serão substituídos por novos
equipamentos, foi efetuada a atualização das emissões face à situação atual, tendo em conta esta renovação
de frota prevista para 2022.
A análise de resultados foi efetuada para a grelha de recetores aplicada ao domínio em estudo e para os
recetores sensíveis considerados, tendo em conta os 4 grupos de emissão já contemplados na situação atual
(Cenário A):
• Grupo Cumulativo – contempla as emissões provenientes da Pedreira Vale de Mós (detonação, perfuração,
transferência e manuseamento de material, britagem, funcionamento das máquinas não rodoviárias e
• Grupo Pedreira e Transporte Rodoviário da Pedreira – que contempla apenas as emissões provenientes
da Pedreira Vale de Mós (detonação, perfuração, transferência e manuseamento de material, britagem e
funcionamento das máquinas não rodoviárias) e do tráfego rodoviário associado ao transporte de material
para a Pedreira;
• Grupo Pedreira – que contempla apenas as emissões provenientes das atividades da Pedreira Vale de Mós
(detonação, perfuração, transferência e manuseamento de material, britagem e funcionamento das
máquinas não rodoviárias);
• Grupo Transporte Rodoviário da Pedreira – que contempla apenas as emissões do tráfego rodoviário
associado ao transporte de material para a Pedreira.
Os valores de fundo aplicados apenas ao Grupo Cumulativo mantiveram-se inalterados face aos considerados
no Cenário A (Capítulo III.1.8.3.5 Fontes Emissoras).
A avaliação do impacte na qualidade do ar local em cada um dos cenários (Cenário B e Cenário C) baseou-se
na comparação dos resultados estimados, para os poluentes em estudo, com os valores limite legislados, no
Decreto-Lei nº 102/2010, se 23 de setembro, na sua atual redação, bem como com os resultados obtidos na
situação atual (Cenário A). Nesta fase manteve-se a abordagem na análise dos resultados, contemplando
também a aplicação do fator de segurança (designado por F2), conforme descrito no Capítulo III. 1.8.4.2
Caracterização da Qualidade do Ar na Situação Atual – Modelação da Dispersão de Poluentes Atmosféricos.
Figura IV.1 – Campo estimado das concentrações máximas das médias horárias de NO2 (µg∙m-3) verificadas
no domínio (121 km2) em análise (Cenário B – sem ampliação Pedreira).
Figura IV.2 Campo estimado das concentrações médias anuais de NO2 (µg∙m-3) verificadas no domínio
(121 km2) em análise (Cenário B – sem ampliação Pedreira).
Síntese Interpretativa
• O mapa de distribuição das concentrações máximas horárias de NO2 mostra que, no domínio em estudo,
para o Cenário B, não são registadas concentrações horárias acima do respetivo valor limite (200 µg∙m-3).
• No mapa de distribuição das concentrações médias anuais de NO2 é possível observar o registo de
concentrações anuais também inferiores ao valor limite (40 µg∙m-3), em todo o domínio de simulação.
• A não ampliação da Pedreira não irá promover alterações significativas nos níveis de concentração face à
situação atual (Cenário A), uma vez que o tráfego rodoviário externo continua a ser a fonte com maior
relevo nos níveis de concentração máximos estimados. No entanto, é possível observar uma ligeira
melhoria dos níveis de concentração, mais concretamente na zona coincidente com a Pedreira e fábrica de
cimento, devido à substituição prevista dos equipamentos mais antigos que operam nestas unidades
A Figura IV.3 e a Figura IV.4 apresentam, respetivamente, a distribuição da área do domínio pelos intervalos
de concentração máxima diária e média anual de NO2 estimadas pelo modelo, para o Grupo Cumulativo,
considerando os valores estimados sem a aplicação do fator F2 (coincidentes com os mapas de dispersão
anteriormente apresentados). Os valores apresentados incluem o valor de fundo de 7,04 µg∙m-3.
100
90
80
60
Valor de fundo - 7,04 µg∙m-3
Área (km2)
Figura IV.3 – Distribuição da área abrangida pelas concentrações máximas horárias estimados para o NO2 (Cenário B – sem ampliação Pedreira).
140
120
Figura IV.4 – Distribuição da área abrangida pelas concentrações médias anuais estimados para o NO2 (Cenário B – sem ampliação Pedreira).
Síntese Interpretativa
• Em termos horários e anuais, verifica-se que toda a área em avaliação (100% do domínio) se encontra em
cumprimento legal aos respetivos valores limite, tal como se observou para o Cenário A.
Quadro IV.2 – Resumo dos valores estimados de NO2 e comparação com os respetivos valores limite
legislados, para o Cenário B – sem ampliação Pedreira.
85,0 0
Horário 200 162,9 18 0
318,8 2,4
Cumulativo
19,4 0
Anual 40 31,8 - 0
56,6 0,2
67,0 0
Pedreira e Horário 200 134,0 18 0
Transporte 268,0 0
Rodoviário 5,9 0
Pedreira Anual 40 11,7 - 0
23,5 0
67,0 0
Horário 200 134,0 18 0
268,0 0
Pedreira
5,8 0
Anual 40 11,7 - 0
23,3 0
26,0 0
Horário 200 52,0 18 0
Transporte 103,9 0
Rodoviário
Pedreira 7,0x10-1 0
Anual 40 1,4 - 0
2,8 0
Legenda VE – Valor Máximo Obtido na Simulação VL – Valor Limite
(1) Sem aplicação do Fator F2 implica considerar que os valores são estatisticamente representativos das condições reais
(2) Com a aplicação do Fator F2 considera-se que os valores reais podem ser o dobro (F2D) ou metade (F2M) dos valores estimados
Síntese Interpretativa
• Os valores estimados de NO2 para o Grupo Cumulativo, tanto em termos horários, como em termos anuais,
demonstram, de uma forma geral, o cumprimento da legislação em todo o domínio avaliado. Apenas
perante a aplicação do fator F2 mais conservativo é que se obtêm valores acima do estipulado na
legislação, devido exclusivamente ao tráfego rodoviário das vias externas ao projeto. A área com valores
acima do legislado é residual, correspondendo apenas a 2% do domínio avaliado, em termos horários, e a
0,2% do domínio avaliado, em termos anuais.
• Estas ultrapassagens aos valores limite, obtidas apenas perante a aplicação do fator F2 mais conservativo,
devem ser interpretadas com as devidas ressalvas, porque a validação do modelo (Capítulo III.1.8.4.2.3
Validação do Modelo de Dispersão), demonstrou a tendência do modelo para sobrestimar as concentrações
de NO2, podendo este fator F2 mais conservativo ser representativo de um cenário demasiado penalizador
e não representativo da realidade.
• Face à situação atual, verifica-se uma melhoria dos níveis de concentração máximos estimados para a
maioria dos grupos avaliados. A atualização dos equipamentos que operam, tanto na Pedreira, como na
fábrica de cimentos/cais marítimo (fonte externa ao projeto), demonstram ser uma mais valia em termos de
minimização das emissões e consequente minimização do efeito na qualidade do ar local.
• Para o Grupo Transporte Rodoviário Pedreira, face à situação atual, verifica-se um incremento significativo
nos níveis de concentração máximos estimados, tanto em termos horários, como em termos anuais, devido
ao facto da não ampliação da Pedreira, implicar uma maior necessidade de calcário externo, com maior
tráfego rodoviário associado.
Da Tabela A.VI 15 à Tabela A.VI 18 do Anexo VI – Valores estimados para os poluentes em estudo, para os
recetores sensíveis em anexo II, apresentam-se os valores máximos estimados, para os recetores sensíveis,
para o Cenário B, para os 4 grupos de emissão considerados. Ressalva-se que apenas para os valores
estimados para o Cenário Cumulativo é que se considerou o respetivo valor de fundo.
De acordo com os valores obtidos para os recetores sensíveis considerados no estudo verifica-se o
cumprimento dos requisitos legais estabelecidos para o NO2, tanto em termos horários, como em termos
anuais, para todos os grupos avaliados. Relativamente ao Cenário A, verifica-se uma ligeira melhoria dos níveis
de concentração estimados.
Figura IV.5 – Campo estimado das concentrações máximas das médias octohorárias de CO (µg∙m-3)
verificadas no domínio (121 km2) em análise (Cenário B – sem ampliação Pedreira).
Síntese Interpretativa
• O mapa de distribuição das concentrações máximas octohorárias de CO mostra que no domínio em estudo,
para o Cenário B, não são registadas concentrações acima do respetivo valor limite (10 000 µg∙m-3).
• Não se verificam alterações significativas face ao obtido na situação atual, uma vez que as fontes pontuais
da fábrica continuam a corresponder ao grupo emissor com maior relevo para os níveis de concentração
deste poluente.
A Figura IV.6 apresenta a distribuição da área do domínio pelos intervalos de concentração máxima octohorária
de CO estimadas pelo modelo, para o Grupo Cumulativo, considerando os valores estimados sem a aplicação
do fator F2 (coincidentes com o mapa de dispersão anteriormente apresentado). Os valores apresentados
incluem o valor de fundo de 350,64 µg∙m-3.
120
100
20
Valor Limite Octohorário
0 100% CO = 10000 µg∙m-3
[0-350] ]350-500] ]500-1000] ]1000-5000] ]5000-10000]
Intervalo de concentração CO (µg∙m-3)
Figura IV.6 – Distribuição da área abrangida pelas concentrações máximas octohorárias estimados para o CO (Cenário B – sem ampliação Pedreira).
Síntese Interpretativa
• Ao nível do CO, em termos octohorários, verifica-se que a área em cumprimento legal corresponde a 100%
do domínio avaliado, tal como se observou para o Cenário A.
Quadro IV.3 – Resumo dos valores estimados de CO e comparação com o respetivo valor limite legislado,
para o Cenário B – sem ampliação Pedreira
653,3 0
Cumulativo Octohorário 10000 956,1 0
1561,5 0
Pedreira e
Transporte 102,6 0
Octohorário 10000 205,2 0
Rodoviário 410,4 0
Pedreira
102,6 0
Pedreira Octohorário 10000 205,1 0
410,2 0
Transporte 2,8 0
Rodoviário Octohorário 10000 5,6 0
Pedreira 11,1 0
Legenda VE – Valor Máximo Obtido na Simulação VL – Valor Limite
(1) Sem aplicação do Fator F2 implica considerar que os valores são estatisticamente representativos das condições reais
(2) Com a aplicação do Fator F2 considera-se que os valores reais podem ser o dobro (F2D) ou metade (F2M) dos valores estimados
Síntese Interpretativa
• Não existem praticamente diferenças entre os valores estimados ao nível do Grupo Cumulativo, face ao
obtido na situação atual (Cenário A), pelo facto de serem as fontes pontuais com maior contribuição para
os níveis de concentração obtidos.
Da Tabela A.VI 19 à Tabela A.VI 22 do Anexo VI – Valores estimados para os poluentes em estudo, para os
recetores sensíveis em anexo II apresentam-se os valores máximos estimados, para os recetores sensíveis,
para o Cenário B, para os 4 grupos de emissão considerados. Ressalva-se que apenas para os valores
estimados para o Cenário Cumulativo é que se adicionou o respetivo valor de fundo.
Os resultados apresentados demonstram o cumprimento do valor limite octohorário, para todos os recetores
sensíveis considerados no presente estudo, para os 4 grupos de emissão considerados (Grupo Cumulativo,
Grupo Pedreira e Transporte Rodoviário Pedreira, Grupo Pedreira e Grupo Transporte Rodoviário Pedreira),
tal como observado para o Cenário A.
Figura IV.7 – Campo estimado das concentrações máximas das médias diárias de PM10 (µg∙m-3) verificadas
no domínio (121 km2) em análise (Cenário B – sem ampliação Pedreira).
Figura IV.8 – Campo estimado das concentrações médias anuais de PM10 (µg∙m-3) verificadas no domínio
(121 km2) em análise (Cenário B – sem ampliação Pedreira).
Síntese Interpretativa
• Os mapas de distribuição das concentrações máximas diárias e médias anuais de PM 10 estimadas para o
Cenário B mostram o cumprimento da legislação, tanto em termos diários, como em termos anuais, ainda
que em termos diários se tenham obtido concentrações ligeiramente acima do valor limite, mas em número
inferior ao permitido (35 dias no ano).
• Tal como indicado para o Cenário A, continuam a ser os equipamentos que operam na Pedreira e as fontes
difusas da fábrica de cimento (fonte externa ao projeto) os grupos emissores com maior relevo nos níveis
de PM10 estimados, tanto em termos diários, como em termos anuais.
A Figura IV.9 e a Figura IV.10 apresentam, respetivamente, a distribuição da área do domínio pelos intervalos
de concentração máxima diária e média anual de PM10 estimadas pelo modelo, para o Grupo Cumulativo,
considerando os valores estimados sem a aplicação do fator F2 (coincidentes com os mapas de dispersão
anteriormente apresentados). Os valores apresentados incluem o valor de fundo de 19,45 µg∙m-3
140
120
100
80
Área cumprimento legal
Área cumprimento legal
60 Área incumprimento legal
Área incumprimento legal
40
Figura IV.9 – Distribuição da área abrangida pelas concentrações máximas diárias estimados para as PM10 (Cenário B – sem ampliação Pedreira).
140
120
80
Área (km2)
40
Figura IV.10 – Distribuição da área abrangida pelas concentrações médias anuais estimados para as PM10 (Cenário B – sem ampliação Pedreira).
Síntese Interpretativa
• Tanto em termos diários, como em termos anuais, verifica-se que a área em cumprimento legal corresponde
a 100% do domínio avaliado.
Quadro IV.4 – Resumo dos valores estimados de PM10 e comparação com os respetivos valores limite
legislados, para o Cenário B – sem ampliação Pedreira.
41,3 0
Diário 50 63,1 35 0
106,7 0
Cumulativo
22,8 0
Anual 40 26,1 - 0
32,8 0
20,0 0
Pedreira e Diário 50 39,9 35 0
Transporte 79,8 0
Rodoviário 2,8 0
Pedreira Anual 40 5,5 - 0
11,0 0
20,0 0
Diário 50 39,9 35 0
79,8 0
Pedreira
2,7 0
Anual 40 5,5 - 0
10,9 0
1,1x10-1 0
Diário 50 2,3x10-1 35 0
Transporte 4,5x10-1 0
Rodoviário
Pedreira 1,7x10-2 0
Anual 40 3,4x10-2 - 0
6,9x10-2 0
Legenda VE – Valor Máximo Obtido na Simulação VL – Valor Limite
(1) Sem aplicação do Fator F2 implica considerar que os valores são estatisticamente representativos das condições reais
(2) Com a aplicação do Fator F2 considera-se que os valores reais podem ser o dobro (F2D) ou metade (F2M) dos valores estimados
Síntese Interpretativa
• Para todos os grupos avaliados verifica-se o cumprimento dos requisitos legais estabelecidos para as
PM10, em todo o domínio avaliado, sem e com a aplicação do fator F2 aos resultados estimados.
• Tal como verificado para o Cenário A, para o Grupo Cumulativo, Grupo Pedreira e Transporte Rodoviário
Pedreira e Grupo Pedreira, observam-se ultrapassagens ao valor limite diário, mas como as ultrapassagens
foram em número inferior ao permitido (35 dias no ano), não se verifica o incumprimento da legislação.
• Face ao Cenário A, verifica-se uma ligeira melhoria dos níveis de concentração estimados, com exceção
dos obtidos para o Grupo Transporte Rodoviário Pedreira, onde se verifica um acréscimo das
concentrações, devido ao aumento do volume de tráfego rodoviário previsto com a necessidade de se
transportar maior quantidade de calcário externo.
Da Tabela A.VI 23 à Tabela A.VI 26 do Anexo VI – Valores estimados para os poluentes em estudo, para os
recetores sensíveis em anexo II apresentam-se os valores máximos estimados, para os recetores sensíveis,
para o Cenário B, para os 4 grupos de emissão considerados. Ressalva-se que apenas para os valores
estimados para o Cenário Cumulativo é que se considerou a aplicação do respetivo valor de fundo.
De acordo com os resultados obtidos verifica-se o cumprimento do valor limite diário e anual, para todos os
recetores sensíveis considerados no presente estudo, para os 4 grupos de emissão considerados (Grupo
Cumulativo, Grupo Pedreira e Transporte Rodoviário Pedreira, Grupo Pedreira e Grupo Transporte Rodoviário
Pedreira).
Figura IV.11 – Campo estimado das concentrações máximas das médias horárias de SO2 (µg m-3) verificadas
no domínio (121 km2) em análise (Cenário B – sem ampliação Pedreira).
Figura IV.12 – Campo estimado das concentrações máximas das médias diárias de SO2 (µg∙m-3) verificadas
no domínio (121 km2) em análise (Cenário B – sem ampliação Pedreira).
Síntese Interpretativa
• O mapa de distribuição das concentrações máximas horárias e diárias de SO 2 mostram que os valores
mais elevados para este poluente são registados nas imediações da Pedreira, atingindo gamas de
concentração inferiores aos respetivos valores limite.
• Tal como observado para o Cenário A, a fonte com maior relevo para os valores estimados deste poluente
corresponde ao grupo das fontes pontuais atualmente em funcionamento na fábrica de cimento. No caso
de se considerarem apenas as fontes emissoras associadas à Pedreira, a única fonte emissora a contribuir
para os valores estimados corresponde à detonação para extração de material na Pedreira. Este poluente
não tem relevo ao nível do funcionamento das máquinas não rodoviárias e do tráfego rodoviário, devido ao
baixo teor de enxofre dos combustíveis nacionais.
A Figura IV.13 e a Figura IV.14 apresentam, respetivamente, a distribuição da área do domínio pelos intervalos
de concentração máxima horária e diária de SO2 estimadas pelo modelo, para o Grupo Cumulativo,
considerando os valores estimados sem a aplicação do fator F2 (coincidentes com os mapas de dispersão
anteriormente apresentados). Os valores apresentados incluem o valor de fundo de 2,24 µg∙m-3.
Síntese Interpretativa
• Em termos horários e diários, toda a área do domínio (100% do domínio) se encontra em cumprimento da
legislação, tal como observado para o Cenário A.
Quadro IV.5 – Resumo dos valores estimados de SO2 e comparação com os respetivos valores limite
legislados, para o Cenário B – sem ampliação Pedreira
129,3 0
Horário 350 256,4 24 0
510,5 0
Cumulativo
16,8 0
Diário 125 31,3 3 0
60,4 0
2,0 0
Horário 350 4,1 24 0
8,2 0
Pedreira
5,8x10-1 0
Diário 125 1,2 3 0
2,3 0
Legenda VE – Valor Máximo Obtido na Simulação VL – Valor Limite
(1) Sem aplicação do Fator F2 implica considerar que os valores são estatisticamente representativos das condições reais
(2) Com a aplicação do Fator F2 considera-se que os valores reais podem ser o dobro (F2D) ou metade (F2M) dos valores estimados
70
60
50
40
Área cumprimento legal
Área cumprimento legal
30 Área incumprimento legal
Área incumprimento legal
20
Figura IV.13 – Distribuição da área abrangida pelas concentrações máximas horárias estimados para o SO2 (Cenário B – sem ampliação Pedreira).
140
120
80
Área cumprimento legal
Área cumprimento legal
60 Área incumprimento legal
Área incumprimento legal
40
Figura IV.14 – Distribuição da área abrangida pelas concentrações máximas diárias estimados para o SO2 (Cenário B – sem ampliação Pedreira).
Síntese Interpretativa
• Os valores estimados são bastante idênticos aos obtidos no Cenário A, devido à elevada contribuição das
fontes pontuais da fábrica de cimento, cujas emissões se mantiveram inalteradas entre cenários. Assim,
continua a verificar-se o cumprimento dos requisitos legais estabelecidos para este poluente, ainda que, no
Grupo Cumulativo, se continuem a verificar ultrapassagens ao valor limite horário, mas apenas perante a
aplicação do fator F2 mais conservativo e em número inferior ao permitido.
• Ao nível do Grupo Pedreira, verifica-se uma ligeira melhoria dos níveis de concentração estimados, devido
ao facto de neste cenário se prever uma redução das emissões associadas ao processo de detonação
(única fonte da Pedreira com relevo nas emissões deste poluente).
Da Tabela A.VI 27 à Tabela A.VI 28 do Anexo VI – Valores estimados para os poluentes em estudo, para os
recetores sensíveis em anexo II apresentam-se os valores máximos estimados, para os recetores sensíveis,
para o Cenário B, para os 2 grupos de emissão considerados. Ressalva-se que apenas para os valores
estimados para o Cenário Cumulativo é que se adicionou o respetivo valor de fundo.
Observa-se o cumprimento do valor limite horários e diário, para todos os recetores sensíveis considerados no
presente estudo, para os 2 grupos de emissão considerados (Grupo Cumulativo e Grupo Pedreira), tal com
observado para o Cenário A.
Figura IV.15 – Campo estimado das concentrações máximas das médias horárias de NO2 (µg∙m-3)
verificadas no domínio (121 km2) em análise (Cenário C – com ampliação Pedreira).
Figura IV.16 – Campo estimado das concentrações médias anuais de NO2 (µg∙m-3) verificadas no domínio
(121 km2) em análise (Cenário C – com ampliação Pedreira).
Síntese Interpretativa
• O mapa de distribuição das concentrações máximas horárias de NO2 mostra que, no domínio em estudo,
para o Cenário C, não são registadas concentrações horárias acima do respetivo valor limite (200 µg∙m-3).
• No mapa de distribuição das concentrações médias anuais de NO2 é possível observar o registo de
concentrações anuais também inferiores ao valor limite (40 µg∙m-3), em todo o domínio de simulação.
• A ampliação da Pedreira não irá promover alterações significativas nos níveis de concentração face à
situação atual (Cenário A), uma vez que se continua a ter o tráfego rodoviário externo, que não sofreu
qualquer alteração face ao anteriormente considerado, como principal grupo a contribuir para os níveis de
concentração estimados, tanto em termos horários, como em termos anuais. Tal como no Cenário B, é
também possível verificar uma ligeira melhoria dos níveis de concentração, mais concretamente na zona
da Pedreira e fábrica de cimento, devido à atualização prevista dos equipamentos mais antigos que operam
nestas unidades, ainda que a melhoria não seja tão evidente como a verificada no Cenário B, uma vez que
neste Cenário C, os equipamentos da Pedreira tenderão a trabalhar mais horas, devido ao facto de todo o
calcário necessário ter origem exclusiva na Pedreira.
A Figura IV.17 e a Figura IV.18 apresentam, respetivamente, a distribuição da área do domínio pelos intervalos
de concentração máxima diária e média anual de NO2 estimadas pelo modelo, para o Grupo Cumulativo,
considerando os valores estimados sem a aplicação do fator F2 (coincidentes com os mapas de dispersão
anteriormente apresentados). Os valores apresentados incluem o valor de fundo de 7,04 µg∙m-3.
Síntese Interpretativa
• Em termos horários e anuais, verifica-se que toda a área em avaliação (100% do domínio) se encontra em
cumprimento legal aos respetivos valores limite, tal como se observou para o Cenário A.
Quadro IV.6 – Resumo dos valores estimados de NO2 e comparação com os respetivos valores limite
legislados, para o Cenário C – com ampliação Pedreira
88,1 0
Horário 200 169,1 18 0
331,2 2,4
Cumulativo
19,5 0
Anual 40 31,9 - 0
56,8 0,2
69,3 0
Horário 200 138,6 18 0
277,2 0,1
Pedreira
6,2 0
Anual 40 12,3 - 0
24,6 0
Legenda VE – Valor Máximo Obtido na Simulação VL – Valor Limite
(1) Sem aplicação do Fator F2 implica considerar que os valores são estatisticamente representativos das condições reais
(2) Com a aplicação do Fator F2 considera-se que os valores reais podem ser o dobro (F2D) ou metade (F2M) dos valores estimados
Síntese Interpretativa
• Os valores estimados de NO2 para o Grupo Cumulativo, tanto em termos horários, como em
termos anuais, demonstram, de uma forma geral, o cumprimento da legislação em todo o domínio
avaliado. Apenas perante a aplicação do fator F2 mais conservativo é que se obtêm valores acima
do estipulado na legislação, devido essencialmente ao tráfego rodoviário das vias externas ao
projeto. A área com valores acima do legislado é residual, correspondendo apenas a 2% do
domínio avaliado, em termos horários, e a 0,2% do domínio avaliado, em termos anuais.
• Para o Grupo Pedreira verifica-se o cumprimento dos limites estabelecidos na legislação, apesar
de com a aplicação do fator F2 mais conservativo se registarem concentrações horárias acima
do valor limite e em número superior ao permitido (18 horas no ano), em apenas 0,1% do domínio,
sem promover a afetação de recetores sensíveis.
• Estas ultrapassagens aos valores limite, obtidas apenas perante a aplicação do fator F2 mais
conservativo, devem ser interpretadas com as devidas ressalvas, até porque, de acordo com a
validação do modelo (item IV.2.3 Validação do modelo de dispersão em anexo II), este tende a
sobrestimar as concentrações de NO2, podendo este fator F2 mais conservativo ser
representativo de um cenário demasiado penalizador e não representativo da realidade.
• Face à situação atual (Cenário A), verifica-se uma melhoria dos níveis de concentração máximos
estimados para estes dois grupos. A atualização dos equipamentos que operam, tanto na
Pedreira, como na fábrica de cimentos/cais marítimo (fonte externa ao projeto), demonstram ser
uma mais valia em termos de minimização das emissões e consequente minimização do efeito
na qualidade do ar local. Face ao Cenário B, verifica-se um ligeiro aumento das concentrações
estimadas, pelo facto da ampliação da Pedreira implicar maiores emissões devido,
essencialmente, ao maior número de horas de operação dos equipamentos, que acabam por
superar a melhoria promovida pela atualização para equipamentos novos, e das detonações a
efetuar para extração de material.
Da Tabela A.VI 15 à Tabela A.VI 18 do Anexo VI – Valores estimados para os poluentes em estudo, para os
recetores sensíveis em anexo II apresentam-se os valores máximos estimados, para os recetores sensíveis,
para o Cenário C, para os 4 grupos de emissão considerados. Ressalva-se que apenas para os valores
estimados para o Cenário Cumulativo é que se considerou o respetivo valor de fundo.
De acordo com os valores obtidos verifica-se o cumprimento dos requisitos legais estabelecidos para o NO2,
tanto em termos horários, como em termos anuais, para os grupos representativos do funcionamento da
Pedreira (Grupo Pedreira e Transporte Rodoviário Pedreira, Grupo Pedreira e Grupo Transporte Rodoviário
Pedreira).
Ao nível do Grupo Cumulativo verifica-se igualmente o cumprimento dos requisitos legais em todos os
recetores, com exceção do recetor 6 – Hospital Ortopédico Sant’lago do Outão, para o qual foram estimadas
concentrações horárias de NO2 acima do valor limite e em número superior ao permitido (apenas 2 horas acima
das 18 horas permitidas no ano). No entanto, tal como verificado para o Cenário A, este incumprimento horário
é apenas obtido perante a aplicação do fator F2 mais conservativo e está associado, exclusivamente, ao tráfego
rodoviário das vias externas, com destaque para a contribuição da ER379-1.
90
80
70
50
Área cumprimento legal
Área cumprimento legal
40
Área incumprimento legal
Área incumprimento legal
30
20
Valor Limite Horário
10 NO2 = 200 µg∙m-3
100%
0
[0-7] ]7-50] ]50-100] ]100-150] ]100-200]
Intervalo de concentração NO2 (µg∙m-3)
Figura IV.17 – Distribuição da área abrangida pelas concentrações máximas horárias estimados para o NO2 (Cenário C – com ampliação Pedreira).
140
120
80
Área cumprimento legal
Área (km2)
Figura IV.18 – Distribuição da área abrangida pelas concentrações médias anuais estimados para o NO2 (Cenário C – com ampliação Pedreira).
Figura IV.19 – Campo estimado das concentrações máximas das médias octohorárias de CO (µg∙m-3)
verificadas no domínio (121 km2) em análise (Cenário C – com ampliação Pedreira).
Síntese Interpretativa
• Os valores mais elevados continuam a ser promovidos pelas fontes pontuais da fábrica de cimento, tal
como verificado no Cenário A.
A Figura IV.20 apresenta a distribuição da área do domínio pelos intervalos de concentração máxima
octohorária de CO estimadas pelo modelo, para o Grupo Cumulativo, considerando os valores estimados sem
a aplicação do fator F2 (coincidentes com o mapa de dispersão anteriormente apresentado). Os valores
apresentados incluem o valor de fundo de 350,64 µg∙m-3.
120
100
20
Valor Limite Octohorário
100% CO = 10000 µg∙m-3
0
[0-350] ]350-500] ]500-1000] ]1000-5000] ]5000-10000]
Intervalo de concentração CO (µg∙m-3)
Figura IV.20 – Distribuição da área abrangida pelas concentrações máximas octohorárias estimados para o CO (Cenário C – com ampliação Pedreira).
Síntese Interpretativa
• Ao nível do CO, em termos octohorários, verifica-se que a área em cumprimento legal corresponde a 100%
do domínio avaliado, tal como se observou para o Cenário A.
Quadro IV.7 – Resumo dos valores estimados de CO e comparação com o respetivo valor limite legislado,
para o Cenário C – com ampliação Pedreira
683,3 0
Cumulativo Octohorário 10000 1015,9 0
1681,2 0
123,7 0
Pedreira Octohorário 10000 247,3 0
494,6 0
Legenda VE – Valor Máximo Obtido na Simulação VL – Valor Limite
(1) Sem aplicação do Fator F2 implica considerar que os valores são estatisticamente representativos das condições reais
(2) Com a aplicação do Fator F2 considera-se que os valores reais podem ser o dobro (F2D) ou metade (F2M) dos valores estimados
Síntese Interpretativa
• Para os 2 grupos de emissão considerados na avaliação deste cenário, os níveis máximos octohorários de
CO estimados são muito inferiores ao valor limite, sem e com aplicação do fator F2 aos valores estimados.
• Tal como verificado no Cenário A, observa-se que os valores estimados para o Grupo Pedreira são bastante
inferiores aos valores estimados ao nível do Grupo Cumulativo. Reforça-se novamente que o grupo emissor
com maior relevo, ao nível dos valores estimados para o poluente CO, são as fontes pontuais associadas
ao funcionamento da fábrica de cimento. Considerando apenas as fontes emissoras associadas à Pedreira,
a fonte emissora com maior relevo corresponde ao funcionamento das máquinas não rodoviárias.
• Verifica-se ainda um aumento das concentrações estimadas face ao Cenário A, mas que mesmo assim
continuam a ser bastante inferiores ao respetivo valor limite.
Da Tabela A.VI 19 à Tabela A.VI 22 do Anexo VI – Valores estimados para os poluentes em estudo, para os
recetores sensíveis em anexo II apresentam-se os valores máximos estimados, para os recetores sensíveis,
para o Cenário C, para os 4 grupos de emissão considerados. Ressalva-se que apenas para os valores
estimados para o Cenário Cumulativo é que se adicionou o respetivo valor de fundo.
Os resultados apresentados demonstram o cumprimento do valor limite octohorário, para todos os recetores
sensíveis considerados no presente estudo, para os 2 grupos de emissão considerados (Grupo Cumulativo e
Grupo Pedreira).
Figura IV.21 – Campo estimado das concentrações máximas das médias diárias de PM10 (µg∙m-3) verificadas
no domínio (121 km2) em análise (Cenário C – com ampliação Pedreira).
Figura IV.22 – Campo estimado das concentrações médias anuais de PM10 (µg∙m-3) verificadas no domínio
(121 km2) em análise (Cenário C – com ampliação Pedreira).
Síntese Interpretativa
• Os mapas de distribuição das concentrações máximas diárias e médias anuais de PM10 estimadas para o
Cenário C mostram o cumprimento da legislação, tanto em termos diários, como em termos anuais, ainda
que em termos diários se tenham obtido concentrações ligeiramente acima do valor limite, mas em número
inferior ao permitido (35 dias no ano).
• Tal como observado para o Cenário A, os valores mais elevados continuam a ser promovidos pelo
funcionamento dos equipamentos que operam na Pedreira e pelas fontes difusas da fábrica de cimento
(fonte externa ao projeto)
A Figura IV.23 e Figura IV.24 apresentam, respetivamente, a distribuição da área do domínio pelos intervalos
de concentração máxima diária e média anual de PM10 estimadas pelo modelo, para o Grupo Cumulativo,
considerando os valores estimados sem a aplicação do fator F2 (coincidentes com os mapas de dispersão
anteriormente apresentados). Os valores apresentados incluem o valor de fundo de 19,45 µg∙m-3.
120
100
Figura IV.23 – Distribuição da área abrangida pelas concentrações máximas diárias estimados para as PM10 (Cenário C – com ampliação Pedreira).
140
120
80
Área (km2)
40
Figura IV.24 – Distribuição da área abrangida pelas concentrações médias anuais estimados para as PM10 (Cenário C – com ampliação Pedreira).
Síntese Interpretativa
• Tanto em termos diários, como em termos anuais, verifica-se que a área em cumprimento legal corresponde
a 100% do domínio avaliado.
Quadro IV.8 – Resumo dos valores estimados de PM10 e comparação com os respetivos valores limite
legislados, para o Cenário C – com ampliação Pedreira
46,2 0
Diário 50 73,0 35 0
126,6 0
Cumulativo
22,8 0
Anual 40 26,2 - 0
32,9 0
25,9 0
Diário 50 51,9 35 0
103,7 0
Pedreira
2,9 0
Anual 40 5,7 - 0
11,4 0
Legenda VE – Valor Máximo Obtido na Simulação VL – Valor Limite
(1) Sem aplicação do Fator F2 implica considerar que os valores são estatisticamente representativos das condições reais
(2) Com a aplicação do Fator F2 considera-se que os valores reais podem ser o dobro (F2D) ou metade (F2M) dos valores estimados
Síntese Interpretativa
• Para os 2 grupos avaliados neste Cenário C verifica-se o cumprimento dos requisitos legais estabelecidos
para as PM10, em todo o domínio avaliado, sem e com a aplicação do fator F2 aos resultados estimados,
apesar de se registarem ultrapassagens ao valor limite diário, mas em número inferior ao permitido (35 dias
no ano).
• Face ao Cenário A, verifica-se um aumento das concentrações máximas obtidas, tanto em termos diários,
como em termos anuais, devido à intensificação das atividades da Pedreira com o aumento da quantidade
de calcário a ser extraído/manuseado no local.
Da Tabela A.VI 23 à Tabela A.VI 26 do Anexo VI – Valores estimados para os poluentes em estudo, para os
recetores sensíveis em anexo II apresentam-se os valores máximos estimados, para os recetores sensíveis,
para o Cenário C, para os 4 grupos de emissão considerados. Ressalva-se que apenas para os valores
estimados para o Cenário Cumulativo é que se considerou a aplicação do respetivo valor de fundo.
De acordo com os resultados obtidos verifica-se o cumprimento do valor limite diário e anual, para todos os
recetores sensíveis considerados no presente estudo, para os 2 grupos de emissão considerados (Grupo
Cumulativo e Grupo Pedreira).
Figura IV.25 – Campo estimado das concentrações máximas das médias horárias de SO2 (µg∙m-3) verificadas
no domínio (121 km2) em análise (Cenário C – com ampliação Pedreira).
Figura IV.26 – Campo estimado das concentrações máximas das médias diárias de SO2 (µg∙m-3) verificadas
no domínio (121 km2) em análise (Cenário C – com ampliação Pedreira).
Síntese Interpretativa
• O mapa de distribuição das concentrações máximas horárias e diárias de SO 2 mostram que os valores
mais elevados para este poluente são registados nas imediações da Pedreira, atingindo gamas de
concentração inferiores aos respetivos valores limite.
• Tal como observado para o Cenário A e no Cenário B, a fonte com maior relevo para os valores estimados
deste poluente corresponde às fontes pontuais atualmente em funcionamento na fábrica de cimento. No
caso de se considerarem apenas as fontes emissoras associadas à Pedreira, observa-se que a única fonte
emissora que contribui para os valores estimados corresponde à detonação para extração de material. Este
poluente não tem relevo ao nível do funcionamento das máquinas não rodoviárias e do tráfego rodoviário,
devido ao baixo teor de enxofre dos combustíveis nacionais.
A Figura IV.27 e a Figura IV.28 apresentam, respetivamente, a distribuição da área do domínio pelos intervalos
de concentração máxima horária e diária de SO2 estimadas pelo modelo, para o Grupo Cumulativo,
considerando os valores estimados sem a aplicação do fator F2 (coincidentes com os mapas de dispersão
anteriormente apresentados). Os valores apresentados incluem o valor de fundo de 2,24 µg∙m-3.
70
60
Figura IV.27 – Distribuição da área abrangida pelas concentrações máximas horárias estimados para o SO2 (Cenário C – com ampliação Pedreira).
140
120
80
Área cumprimento legal
Área cumprimento legal
60 Área incumprimento legal
Área incumprimento legal
40
Figura IV.28 – Distribuição da área abrangida pelas concentrações máximas diárias estimados para o SO2 (Cenário C – com ampliação Pedreira).
Síntese Interpretativa
• Em termos horários e diários, toda a área do domínio (100% do domínio) se encontra em cumprimento da
legislação, tal como observado para o Cenário A.
Quadro IV.9 – Resumo dos valores estimados de SO2 e comparação com os respetivos valores limite
legislados, para o Cenário C – com ampliação Pedreira.
108,0 0
Horário 350 213,8 24 0
425,3 0
Cumulativo
25,3 0
Diário 125 48,3 3 0
94,3 0
2,5 0
Horário 350 5,1 24 0
10,1 0
Pedreira
7,7x10-1 0
Diário 125 1,5 3 0
3,1 0
Legenda VE – Valor Máximo Obtido na Simulação VL – Valor Limite
(1) Sem aplicação do Fator F2 implica considerar que os valores são estatisticamente representativos das condições reais
(2) Com a aplicação do Fator F2 considera-se que os valores reais podem ser o dobro (F2D) ou metade (F2M) dos valores estimados
Síntese Interpretativa
• Tal como verificado nos cenários anteriores (Cenário A e Cenário B), verifica-se o cumprimento dos
requisitos legais estabelecidos para este poluente, ainda que, no Grupo Cumulativo, se continuem a
verificar ultrapassagens ao valor limite horário, mas apenas perante a aplicação do fator F2 mais
conservativo e em número inferior ao permitido.
• Ao nível do Grupo Pedreira verifica-se um ligeiro aumento dos níveis de concentração estimados, devido
ao facto de neste cenário se prever uma maior ocorrência de detonações (única fonte da Pedreira com
relevo nas emissões deste poluente) para extração do calcário, que passará a ter origem exclusiva da
Pedreira.
Da Tabela A.VI 127 à Tabela A.VI 28 do Anexo VI – Valores estimados para os poluentes em estudo, para os
recetores sensíveis em anexo II apresentam-se os valores máximos estimados, para os recetores sensíveis,
para o Cenário C, para os 2 grupos de emissão considerados. Ressalva-se que apenas para os valores
estimados para o Cenário Cumulativo é que se adicionou o respetivo valor de fundo.
Observa-se o cumprimento do valor limite horários e diário, para todos os recetores sensíveis considerados no
presente estudo, para os 2 grupos de emissão considerados (Grupo Cumulativo e Grupo Pedreira), tal com
observado para o Cenário A.
Dado o enquadramento, no presente estudo não será realizada a análise da fase de construção do presente
projeto.
Quadro IV.10 – Dados de tráfego considerados para o Mapa de Ruído da Situação Resultante em 2020
ER379-1-B 50 40 130 10 11 0% 0% 0%
https://apambiente.pt/_zdata/DAR/Ruido/NotasTecnicas_EstudosReferencia/NotaTecnica_Ruido_AIA_Pedreiras_Dezem
bro_2010.pdf
Pavimento em todas as vias: CNS01: Pavimento de referência do método CNOSSOS, constituído por: “… média de betão betuminoso denso 0/11 e de
mistura betuminosa do tipo SMA (stone mastic asphalt) 0/11, com 2 a 7 anos, em condições de manutenção representativa”.
% Pesados: Considerou-se, na ausência de informação específica, 50% de pesados de 2 eixos (Categoria CNOSSOS C2) e 50% de Pesados de 3 ou
mais eixos (Categoria CNOSSOS C3). No caso concreto da EN10-4 e ER379-1, considerou-se por segurança 100% de pesados de 3 ou mais eixos
(Categoria CNOSSOS C3).
Quadro IV.11 – Dados de tráfego considerados para o Mapa de Ruído da Situação Resultante em 2054
(Horizonte de Projeto)
1.9.2.2. Resultados
Apresentam-se na Figura IV.29 (Lden) e Figura IV.30(Ln), os Mapas de Ruído obtidos para a Situação Futura
com projeto para o ano de 2020, no sentido de apresentar a “situação imediata” em caso de aprovação do
projeto, uma vez que são previsíveis alterações no imediato, tais como a redução do tráfego de camiões nas
estradas de acesso à pedreira e o aumento do número de detonações. Na Figura IV.31 (Lden) e Figura
IV.32 (Ln), são apresentados os Mapas de Ruído Situação Futura com projeto para o ano de horizonte de
projeto (2054).
No Quadro IV.12 apresentam-se os níveis sonoros individualizados obtidos para a Situação Futura com projeto
para o ano de 2020 e 2054. No Quadro IV.13 apresenta-se a diferença entre os Níveis Sonoros do Quadro
IV.12 (Situação Futura 2020 e 2054) e os Níveis Sonoros do Quadro III.54 (2020; Situação de Referência) e
do Quadro III.55 (2057; Situação de Referência) para determinação do diferencial associado à Regra de Boa
Prática da APA (Ld, Le e Ln) e associado à Magnitude do Impacte (Lden).
No Quadro IV.14 e Quadro IV.15 apresentam-se os níveis sonoros individualizados obtidos para a Situação
Futura com projeto para o ano de 2020 e 2054, associados à determinação do Critério de Incomodidade. Neste
caso limitou-se os valores mínimos de ruído residual, conforme capítulo “Ruído Residual” a: LAeq = 45 dB(A).
Quadro IV.12 – Níveis sonoros nos Recetores Sensíveis individualizados (Situação Futura 2020 e 2054;
previsão associada ao Mapa de Ruído)
Quadro IV.13 – Diferença entre a Situação Resultante e da Situação de Referência (Regra de Boa Prática
APA e Magnitude do Impacte)
No Quadro IV.14 e Quadro IV.15apresentam-se os níveis sonoros nos recetores individuais para a Situação
Futura em 2020 e 2054, respetivamente, para previsão do Critério de Incomodidade.
Quadro IV.14 – Níveis sonoros em Recetores individualizados (Situação Futura 2020; previsão associada ao
Critério de Incomodidade)
Quadro IV.15 – Níveis sonoros em Recetores individualizados (Situação Futura 2054; previsão associada ao
Critério de Incomodidade)
A análise do Quadro IV.12 permite verificar que, mesmo com a perspetiva segura da modelação, prevê-se
cumprimento do Critério de Exposição Máxima [limite acústico legal de Zona sem Classificação: Lden ≤ 63
dB(A); Ln ≤ 53 dB(A)] em todos os Recetores Sensíveis. O valor máximo que se prevê é para os Recetores
Sensíveis R01 e R08 com Lden= 58dB(A) e Ln= 49dB(A), e PM03 com Ln= 49dB(A), para a Situação de
Horizonte de Projeto, 2054.
O Quadro IV.13 relativo ao cumprimento da Regra de Boas Práticas da Agência Portuguesa do Ambiente,
prevê-se o seu cumprimento em todos os recetores individuais, quer na Situação em 2020, quer na Situação
de Horizonte de Projeto, 2054. Os maiores valores de diferenciais estão previstos para o recetor sensível R04,
com ΔLd = 6 dB, ΔLe =6 dB e ΔLn = 4 dB e ΔLden = 5 dB.
Relativamente ao Critério de Incomodidade (Quadro IV.14 e Quadro IV.15), prevê-se o cumprimento dos limites
acústicos legais associados [limite dos diferenciais: ΔLd ≤ 5 dB; ΔLe ≤ 4 dB; ΔLn ≤ =6 dB] em todos os
recetores individuais, quer na Situação Futura com projeto em 2020, quer na Situação Futura com projeto em
2054, pese embora a posição de segurança assumida para as emissões sonoras da pedreira.
Níveis Sonoros associados às explosões, para os Recetores mais expostos:
• Situação Futura com projeto a partir de 2020: 4 explosões por dia (capítulo “Modelo de simulação acústica”
e Quadro III.43)
o LAeq (7h-20h) = LAeq,1s + 10log((4x1s)/(3600 13)) =
▪ S01 (Vale da Rasca): R03: LAeq (7h-20h) ≈ 69 – 41 = 28 dB(A).
▪ S02 (Hospital): R01: LAeq (7h-20h) ≈ 64 – 41 = 23 dB(A).
Verifica-se assim que, em termos médios energéticos – com interesse para os limites acústicos legais – as
explosões têm uma contribuição, também na Situação Futura com projeto, pouco relevante, sem influência nas
análises anteriores associadas ao Critério de Exposição Máxima (mapa de ruído) e ao Critério de
Incomodidade.
Níveis sonoros, do Ruído Particular dos camiões que efetuam o percurso Vale do Covão / Vale de Mós, para
Recetores Sensíveis imediatamente próximos das vias, assumindo, por segurança, uma velocidade de
circulação de 90 km/h, e veículos pesados da categoria CNOSSOS C3 (3 ou mais eixos):
• Tráfego médio de camiões Vale do Covão / Vale de Mós, previsto a partir de 2020 e até 2054, para a
Situação Futura com projeto:
o Período diurno (7h-20h): ≈ 0/hora.
o Período do entardecer (20h-23h): ≈0/hora.
o Período noturno (23h-7h): 0/hora.
• Níveis sonoros na imediata proximidade das vias, devido exclusivamente aos camiões afetos ao percurso
Vale do Covão / Vale de Mós, para a Situação Futura com Projeto (2020 a 2054):
o Período diurno (7h-20h): - ∞ dB(A) (ausência de tráfego de camiões).
o Período do entardecer (20h-23h): - ∞ dB(A) (ausência de tráfego de camiões).
o Período noturno (23h-7h): - ∞ dB(A) (ausência de tráfego de camiões).
Verifica-se assim que na Situação Futura com Projeto vai existir um impacte indireto positivo, que pode ter
algum significado, sobretudo nos Recetores Sensíveis onde atualmente os níveis sonoros estão perto dos
limites acústicos legais e em 2057, sem Projeto (Situação de Referência), podem passar a incumprir os limites,
e na Situação Futura com projeto manterão o cumprimento dos limites acústicos legais de forma mais
expressiva (sem contributo dos camiões afetos ao trajeto Vale do Covão / Vale de Mós).
1.9.2.3. Impacte
Tendo em conta as especificidade e previsões seguras anteriores prevê-se o seguinte:
Figura IV.33 – Corte vertical do mapa de ruído Lden da Situação Futura 2020.
Dado o enquadramento, no presente estudo não será realizada a análise da fase de desativação do presente
projeto.
1.10. VIBRAÇÕES
A avaliação de impactes ambientais decorrentes das detonações, no que diz respeito às vibrações, deverá
utilizar os dados mais recentes das monitorizações realizadas. Tal facto não decorre apenas de as medições
terem sido recentes, mas principalmente do facto de se usarem explosivos e detonadores de última geração,
com tecnologias que garantem uma maior eficiência de desmonte e de emissão de vibrações.
Apesar dos dados mais recentes terem sido recolhidos nos anos 2018, 2019 e 2020, os registos padecem de
alguns problemas para a obtenção de uma equação de propagação que importa assinalar. O primeiro problema
refere-se à faixa de distâncias entre as detonações e os sismógrafos, onde cerca de 95 % das distâncias se
situam entre 800 m e 1457 m, não existindo dados robustos para distâncias inferiores a 800 m, ou seja, não
variaram o suficiente na distância para permitirem a obtenção de uma regressão múltipla consistente. O outro
problema refere-se ao objetivo prático da monitorização desenvolvida pela SECIL, que se tem focado em
garantir a integridade das estruturas vizinhas e o cumprimento da Norma, e não a obtenção de dados para
construir uma equação de propagação. Por este facto, nem sempre as distâncias e cargas foram medidas com
o rigor que se exigiria para o tratamento em sede de regressão múltipla.
A aplicação da expressão típica para o calcário, v = 580 Q0,6 D-1,4, para as cargas e distâncias na base de dados
da SECIL (2018 a 2020), resulta numa velocidade de pico estimada em que 60 % dos valores são subavaliados,
ou seja, peca mais por defeito do que por excesso. Desta forma, optou-se por ajustar esta expressão de forma
a inverter esse comportamento, ou seja, de forma a que a esmagadora maioria dos eventos sejam
sobreavaliados pela expressão.
Com esta abordagem conservativa e de prudência, foi possível obter uma expressão que subavalia apenas
16,6% dos valores e sobreavalia 83,4% dos registos históricos. A expressão obtida foi: v = 540 Q0,57 D-1,3, que
será usada para a previsão das vibrações até que existam mais dados que permitam calibrar a expressão por
retroanálise, nomeadamente através da instalação de sismógrafos a menores distâncias das detonações e
utilização de uma gama mais variada de cargas. Será também reforçado o método de registo com clara
identificação das cargas usadas por retardo e das coordenadas dos pontos de detonação e de medição.
Para se poder obter uma metodologia para controlo das cargas a aplicar, em cada local da pedreira, foram
identificadas as estruturas mais próximas ou importantes (pelas características) da área de escavação (0), e
os respetivos valores de velocidade de pico admissível para cada uma (Quadro III.66) considerando-se para
esta análise conservativa que as frequências são as mais penalizantes (f ≤ 10 Hz).
Para cada um desses pontos, aplicando-se a já referida expressão de propagação, v = 540 Q0,57 D-1,3, fixando
as velocidades admissíveis do Figura IV.35 e considerando as distâncias entre os pontos da malha da pedreira
(identificados da esquerda para a direita de A a K e de cima para baixo de 1 a 12, espaçados de 100 m na
Figura IV.35) e os locais a proteger, obtêm-se os valores de cargas máximas instantâneas de explosivo
admissíveis a aplicar em cada ponto da área de escavação (Quadro IV.16).
A carga máxima admissível em cada ponto da malha corresponde ao menor valor obtido naquele ponto na
simulação para todos os recetores considerados, em função das respetivas distâncias e velocidades
admissíveis. Refira-se ainda que, ao não identificar a coordenada Z (altitude), se garante que a distância
calculada é sempre inferior ao valor real (mesmo com a variação de topografia da área a escavar).
Limite de intervenção
Limite escavação
Estruturas # Estruturas
#### Cargas máximas admissíveis por retardo
Malha de 100 m
Figura IV.35 – Localização dos pontos e cargas máximas de explosivo, por retardo, admissíveis na área de
escavação.
A distribuição das cargas de acordo com a malha estabelecida permite que a aplicação de explosivos seja
executada de forma criteriosa. Sempre que o local de aplicação não esteja num raio de 25 m de um ponto,
deverá ser usada a menor carga de um dos quatro pontos mais próximos.
Uma vez que a carga instantânea usada no diagrama de fogo proposto se cifra em cerca de 69 kg, verifica-se
que na zona Norte, Sul e Sudeste o diagrama de fogo terá de ser ajustado através da diminuição de cargas
instantâneas a detonar.
Assim, as cargas a serem utilizadas na pedreira, até que seja comprovadamente substituída a expressão de
propagação acima apresentada, deverão atender às distâncias a cada estrutura e às respetivas classificações
das estruturas (correntes, sensíveis ou reforçadas). Refira-se que, tal como a velocidade de pico, as
frequências dominantes deverão continuar a ser observadas para enquadramento na norma NP-2074 de 2015,
"Avaliação da influência de vibrações impulsivas em estruturas" (Quadro III.59).
Quadro IV.16 – Malha de pontos (100 m x 100 m) no interior da área a escavar e cargas máximas
instantâneas de explosivo a aplicar (coordenadas em sistema ETRS89).
Até que seja formulada uma outra expressão que melhor reflita a propagação das vibrações no maciço rochoso
envolvente a esta pedreira deve ser usado como orientação o Quadro IV.17.
Quadro IV.17 – Cargas e distâncias estimadas para o cumprimento dos limites estabelecidos (por aplicação
da expressão v = 540 Q0,57 D-1,3).
100 150 200 250 300 350 400 450 500 600 700 800 900 1000 1100 1200 1300 1400 1500
2 2,0 1,2 0,8 0,6 0,5 0,4 0,3 0,3 0,2 0,2 0,2 0,1 0,1 0,1 0,1 0,1 0,1 0,1 0,1
4 3,0 1,8 1,2 0,9 0,7 0,6 0,5 0,4 0,4 0,3 0,2 0,2 0,2 0,1 0,1 0,1 0,1 0,1 0,1
6 3,8 2,2 1,5 1,1 0,9 0,7 0,6 0,5 0,5 0,4 0,3 0,3 0,2 0,2 0,2 0,1 0,1 0,1 0,1
8 4,4 2,6 1,8 1,3 1,1 0,9 0,7 0,6 0,5 0,4 0,4 0,3 0,3 0,2 0,2 0,2 0,2 0,1 0,1
10 5,0 3,0 2,0 1,5 1,2 1,0 0,8 0,7 0,6 0,5 0,4 0,3 0,3 0,3 0,2 0,2 0,2 0,2 0,1
15 6,3 3,7 2,6 1,9 1,5 1,2 1,0 0,9 0,8 0,6 0,5 0,4 0,4 0,3 0,3 0,3 0,2 0,2 0,2
20 7,5 4,4 3,0 2,3 1,8 1,5 1,2 1,1 0,9 0,7 0,6 0,5 0,4 0,4 0,3 0,3 0,3 0,2 0,2
25 8,5 5,0 3,5 2,6 2,0 1,7 1,4 1,2 1,0 0,8 0,7 0,6 0,5 0,4 0,4 0,3 0,3 0,3 0,3
30 9,4 5,6 3,8 2,9 2,3 1,8 1,6 1,3 1,2 0,9 0,8 0,6 0,5 0,5 0,4 0,4 0,3 0,3 0,3
35 10,3 6,1 4,2 3,1 2,5 2,0 1,7 1,5 1,3 1,0 0,8 0,7 0,6 0,5 0,5 0,4 0,4 0,3 0,3
40 11,1 6,6 4,5 3,4 2,7 2,2 1,8 1,6 1,4 1,1 0,9 0,7 0,6 0,6 0,5 0,4 0,4 0,4 0,3
45 11,9 7,0 4,8 3,6 2,8 2,3 2,0 1,7 1,5 1,2 0,9 0,8 0,7 0,6 0,5 0,5 0,4 0,4 0,4
Q [kg] 50 12,6 7,4 5,1 3,8 3,0 2,5 2,1 1,8 1,6 1,2 1,0 0,8 0,7 0,6 0,6 0,5 0,4 0,4 0,4
60 14,0 8,3 5,7 4,3 3,4 2,7 2,3 2,0 1,7 1,4 1,1 0,9 0,8 0,7 0,6 0,6 0,5 0,5 0,4
70 15,3 9,0 6,2 4,6 3,7 3,0 2,5 2,2 1,9 1,5 1,2 1,0 0,9 0,8 0,7 0,6 0,5 0,5 0,5
80 16,5 9,7 6,7 5,0 4,0 3,2 2,7 2,3 2,0 1,6 1,3 1,1 0,9 0,8 0,7 0,7 0,6 0,5 0,5
90 17,6 10,4 7,2 5,4 4,2 3,5 2,9 2,5 2,2 1,7 1,4 1,2 1,0 0,9 0,8 0,7 0,6 0,6 0,5
100 18,7 11,1 7,6 5,7 4,5 3,7 3,1 2,6 2,3 1,8 1,5 1,3 1,1 0,9 0,8 0,7 0,7 0,6 0,6
110 19,8 11,7 8,0 6,0 4,7 3,9 3,3 2,8 2,4 1,9 1,6 1,3 1,1 1,0 0,9 0,8 0,7 0,6 0,6
120 20,8 12,3 8,4 6,3 5,0 4,1 3,4 2,9 2,6 2,0 1,7 1,4 1,2 1,0 0,9 0,8 0,7 0,7 0,6
130 21,7 12,8 8,8 6,6 5,2 4,3 3,6 3,1 2,7 2,1 1,7 1,5 1,2 1,1 1,0 0,9 0,8 0,7 0,6
140 22,7 13,4 9,2 6,9 5,4 4,5 3,7 3,2 2,8 2,2 1,8 1,5 1,3 1,1 1,0 0,9 0,8 0,7 0,7
150 23,6 13,9 9,6 7,2 5,7 4,6 3,9 3,3 2,9 2,3 1,9 1,6 1,4 1,2 1,0 0,9 0,8 0,8 0,7
O estabelecimento das cargas máximas instantâneas de explosivo admissíveis, atrás referidas, garante
teoricamente que o nível de vibrações cumprirá integralmente a NP 2074, tanto nas estruturas correntes como
nas estruturas sensíveis. Ainda assim, estes mapas deverão ser regularmente revistos, por:
seja, metade do limite inferior do critério de incomodidade da BRITISH STANDARD BS 6472-2:2008. Assim,
os limites estabelecidos nesta norma são substancialmente superiores aos admissíveis pela NP 2074, pelo
que o cumprimento desta norma portuguesa implicará o cumprimento da BS 6472-2:2008.
Refira-se que os valores referidos no Quadro III.61 implicam que as medições ocorram numa superfície
resistente no exterior do edifício, analogamente ao que ocorre para as medições de caráter estrutural (da
NP 2074). Deste modo, uma vez que se trata de eventos de curta duração (inferiores a um segundo), que
ocorrem maioritariamente apenas uma vez por dia (nunca ultrapassando as duas vezes por dia), apenas nos
dias úteis e em período diurno, considera-se que a norma britânica é menos restritiva que os limites
estabelecidos pela própria empresa (tendo por base a NP 2074), pelo que não se espera a ocorrência de
impactes a este nível.
Considerando que o património vegetal da área de estudo é rico, observando-se inclusive espécies e habitats
sensíveis e protegidos, é possível antever efeitos adversos sobre a flora e vegetação da área estudada.
Neste capítulo são identificadas as principais ações potenciadoras de impactes sobre as comunidades
biológicas e é efetuada a análise dos impactes através de uma abordagem de base qualitativa de acordo com
a metodologia expressa no subcapítulo 1.1.
Seguidamente é efetuada a avaliação dos efeitos da implementação do Projeto sobre a flora, vegetação e
habitats considerando a relevância ecológica que esta área possui.
• Remoção das espécies de flora da área a explorar: este impacte considera-se negativo, direto, de
magnitude moderada, temporário, certo, reversível para a maioria das espécies, minimizável e significativo;
• Destruição ou fragmentação de habitats naturais e habitats naturais prioritários: este impacte considera-se
negativo, direto, de magnitude moderada, permanente, certo, irreversível, dificilmente minimizável e muito
significativo;
• Aumento da pressão antrópica: resultante de um aumento da área utilizada pelos trabalhadores. Este
impacte considera-se negativo, indireto, de reduzida magnitude, temporário, certo, reversível, minimizável
e pouco significativo;
• Eventual contaminação do solo na área a explorar devido a derrame acidental de produtos poluentes: este
impacte considera-se negativo, indireto, de reduzida magnitude, temporário a permanente, incerto,
reversível ou irreversível, minimizável e pouco significativo;
• Antropização do coberto vegetal na área envolvente: os níveis de perturbação sobre as formações vegetais
na envolvente poderá aumentar ligeiramente face ao que atualmente se observa, podendo produzir-se
alguma diminuição no estado de conservação dos habitats através de um aumento do desenvolvimento de
espécies ruderais e no aparecimento de espécies exóticas. Este impacte considera-se negativo, indireto,
de reduzida magnitude, temporário, quase certo, reversível, minimizável e pouco significativo;
• O desmantelamento de todo o equipamento e instalações de apoio existentes nas pedreiras não trará
impactes adicionais no âmbito do presente fator ambiental;
• A recuperação das áreas afetadas pelas atividades de extração de inertes irá constituir um impacte positivo,
certo, permanente, reversível, direto, de magnitude moderada e significativo;
1.11.3. Fauna
1.11.3.1. Considerações iniciais
No que concerne à fauna e biótopos, as ações relacionadas com este projeto poderão atuar a três níveis
distintos: alteração ou destruição de biótopos, perturbação dos locais de reprodução, alimentação ou repouso
e morte acidental direta ou indireta de indivíduos.
• Destruição ou fragmentação dos biótopos para a fauna: este impacte considera-se negativo, direto, de
magnitude moderada, permanente, certo, irreversível, dificilmente minimizável e significativo;
• Aumento de pressão antrópica: resultante de um aumento da utilização da área e sua envolvência por parte
de trabalhadores. Este impacte considera-se negativo, indireto, de reduzida magnitude, temporário, certo,
reversível, minimizável e pouco significativo;
florísticos e faunísticos, propiciando um incremento da biodiversidade local e ao mesmo tempo criar uma
reserva de água para eventuais necessidades de regas de vegetação.
Estamos assim perante a criação de um novo biótopo que poderá beneficiar espécies, quer do elenco presente,
quer novas espécies que possam então usufruir deste recém-criado nicho ecológico. Alguns anfíbios, odonatas
e aves que usam este tipo de biótopos quáticos (como as alvéolas) poderão ser os primeiros colonizadores
destas lagoas. Dependendo da extensão e da qualidade do biótopo que se desenvolver nas margens (por
exemplo, se surgirem manchas com alguma dimensão de juncos, caniço ou tabua), poderá revelar-se ainda
mais atrativo para a fauna, que poderá apresentar-se mais diversificada e com maior interesse para
conservação, nomeadamente a nível da avifauna.
Ao nível da diversidade faunística e da disponibilidade de biótopos, este impacte considera-se positivo, direto,
de magnitude moderada, permanente, certo, local, reversível e significativo.
• os impactes do projeto ativam uma resposta reguladora, mudando o seu estatuto legal ou o acesso;
• os impactes do projeto no serviço são percecionados pelos outros como afetando a sua capacidade de
benefício do serviço.
No âmbito da etapa 2.2, a metodologia não preconiza um método concreto para considerar que um serviço de
ecossistema é importante para o seu beneficiário, mas indica que uma das abordagens possíveis é considerar
que um serviço é importante quando esse serviço satisfaz 50% da necessidade de um dos membros ou mais
da comunidade que usufrui desse serviço. Na presente avaliação adotou-se um critério semelhante na
avaliação dos serviços de aprovisionamento e regulação, utilizando a área do ecossistema afetado como um
proxy para a quantificação do serviço. Foi considerado que o serviço satisfaz 50% da necessidade dos
potenciais beneficiários se a área a afetar do ecossistema representar essa proporção do ecossistema na área
do PNA.
No caso dos serviços culturais, menos suscetíveis a quantificações, efetuou-se uma avaliação caso a caso,
apresentando-se a respetiva justificação.
Na etapa 2.3, são identificados os serviços de ecossistemas para os quais os beneficiários não possuem
alternativas viáveis. A seleção é efetuada, considerando os serviços dos quais os beneficiários não poderão
retirar o mesmo benefício ao longo do tempo, sem ónus físicos, económicos ou psicológicos, considerados
inaceitáveis, através de:
Quadro IV.18 – Abordagem seguida na avaliação de impactes dos serviços de ecossistema de acordo com
Landsberg et al. 2013.
ETAPA SUBETAPA
ETAPA SUBETAPA
A avaliação da significância dos impactes dos projetos nos benefícios (etapa 5.3) foi efetuada de acordo com
a metodologia de avaliação de impactes apresentada no Capitulo III 1.12 com auxílio das matrizes de avaliação
apresentadas nos Quadro IV.19 e Quadro IV.20.
As eventuais medidas de mitigação a propor (etapa 6) terão por objetivo complementar as medidas propostas
para mitigar impactes nos sistemas ecológicos, na medida em que serão desenhadas para mitigar as perdas
de benefícios nos potenciais beneficiários dos serviços.
Sim, ou desconhecido
Sim, ou desconhecido
Sim, ou desconhecido
Serviço de
Ecossistema Prioritário
Figura IV.36 – Árvore de decisão para priorização dos serviços de ecossistema de acordo com os impactes
potenciais do projeto nos beneficiários.
• do serviço de regulação da composição química da atmosfera e oceanos, cujo benefício local e global
potencialmente fornecido pelo ecossistema a afetar será reduzido face ao fornecido pelos restantes
ecossistemas locais e globais;
• do sentido de identidade, tendo-se considerado que a identificação com a serra da Arrábida não será
diminuída dada a reduzida dimensão do projeto, relativamente à área de exploração existente, e que a
identificação se tem mantido ao longo do tempo, apesar das alterações verificadas na serra da Arrábida;
• e do serviço de dever moral, salvaguardado legalmente, de proteção de habitats dada a existência de outros
locais para a proteção dos habitats afetados (5330 pt5, 5210pt2, 8210; 6110* e 6220pt3*) dentro ou fora do
PNA, e ainda o potencial de criação de alguns destes habitats com a recuperação de áreas degradadas
dentro do PNA.
O serviço de valor estético foi considerado como prioritário para avaliação de impactes. Considera-se que
qualquer alteração que cause ou acentue uma disrupção da área com o meio envolvente, altera a perceção
visual da paisagem, diminuindo o valor estético, o potencial e aproveitamento turístico. Não existindo uma
alternativa viável ao fornecimento do serviço, uma vez que a aquela paisagem não pode ser substituída, mesmo
que a alteração seja temporária e alvo de mitigação.
Quadro IV.19 – Avaliação da significância da perda no benefício do serviço do ecossistema provocada pelo projeto.
Quadro IV.20 – Avaliação da importância do ganho no benefício do serviço do ecossistema provocada pelo projeto.
Reduzida
Média Elevada
Carteira de ativos de
Carteira de ativos de médio porte e Carteira de ativos forte e
pequeno e concentrado;
moderadamente diversificada; diversificada; alta capacidade
capacidade limitada de
capacidade de capturar parcialmente o de capturar ganhos no
capturar ganhos no
ganho no benefício do serviço do benefício do serviço do
benefício do serviço do
ecossistema e melhorar o bem-estar ecossistema e melhorar o bem-
ecossistema e melhorar o
geral. estar geral.
bem-estar geral.
água como Matéria prima para uso O projeto não altera a capacidade de
Fornecimento de água para fins materiais Indústria, N - - 0
público ou Privado Infiltração de água
Interações físicas e experienciais com o Usufruto Valor estético, Valor do zona proposta de ampliação amplia
Turistas, operadores turísticos S S N 1
ambiente natural – Valor estético Produto oferecido efeito visual da Pedreira já existente
Os habitats
afetados
Interações intelectuais e representativas existem em
com o ambiente natural – Conhecimento Comunidade científica Conhecimento científico S Perda de área e Alvo de Estudo N outras áreas - - 0
científico do PNA e em
outras áreas
do país
Outras características bióticas que têm um Diminuição da Capacidade de Afeta habitats protegidos, pondo em
Parque Natural Serra Arrábida S S S 0
valor de não uso – Proteção de Habitats proteção de habitats protegidos causa a capacidade de proteção
1.13. PAISAGEM
1.13.1. Considerações iniciais
A atividade extrativa projetada no Plano de Pedreira (projeto) da pedreira de calcário e marga industrial Vale
de Mós A envolve, de forma sumária, um conjunto de operações sequenciais e faseadas que traduzem o
circuito produtivo e que geram impactes negativos, sumariamente: operações preparatórias de desmatação e
decapagem e armazenamento das terras vegetais em pargas; operações de lavra - desmonte; remoção e envio
para a britagem e por fim, de modo a mitigar os impactes negativos e potenciar os positivos, é criada uma
estratégia de recuperação que passa pela integração paisagística dos taludes de lavra criados, com aterros ao
longo do patamar e no tardoz dos mesmos, e a instalação de vegetação autóctone, através de sementeiras e
plantações, tendo como objetivo a ocultação das paredes rochosas criadas pela escavação.
A avaliação dos impactes visuais associados ao projeto de ampliação da pedreira e respetivos acessos, resulta
do cruzamento dos dados obtidos na caraterização da situação de referência em termos paisagísticos, com os
dados relativos às caraterísticas visuais mais relevantes do projeto em apreciação e com as condições de
observação.
As principais características visuais da Sub-Unidade de Paisagem onde se insere o projeto (serra da Arrábida)
foram já abordadas no capítulo de descrição da situação de referência, tendo-se concluído que a paisagem
local apresenta uma sensibilidade elevada, em consequência de uma qualidade e fragilidade visual elevada,
que se confirma pelo facto de se inserir no Parque Natural da Arrábida. No entanto, e apesar da área da
pedreira estar integrada nessa sub-unidade, não se pode descurar o facto de a mesma se desenvolver num
espaço já bastante intervencionado pela exploração ancestral de calcários e margas para produção de cimento,
o que, por si só, é motivo para a redução da sua fragilidade e qualidade visual local.
É assim imperativa a necessidade de cumprir as normas e medidas pressupostas no respetivo plano de
pedreira, o qual pressupõe medidas de minimização adequadas aos potenciais impactes negativos originados
pelo projeto, designadamente a recuperação faseada e em simultâneo com a atividade extrativa, minimizando,
de uma forma sucessiva, os impactes paisagísticos negativos no decorrer da exploração.
Neste contexto, pretende-se identificar as principais alterações paisagísticas resultantes da implementação do
Plano de Pedreira (projeto) da pedreira de calcário e marga industrial Vale de Mós A proposto para as fases
de exploração e de encerramento, avaliar os impactes visuais negativos resultantes dessas alterações, para
que sejam propostas as adequadas medidas de minimização, a integrar no Plano Ambiental e de Recuperação
Paisagística (PARP).
Deve salientar-se que o Plano de Pedreira (projeto) da pedreira de calcário e marga industrial Vale de Mós A
pressupõe a continuação da recuperação ambiental e paisagística faseada das áreas exploradas (Figura
IV.37), seguindo a atual estratégia da empresa nesse âmbito, o qual tem revelado uma elevada taxa de
sucesso.
O avanço da recuperação paisagística continuará a decorrer em simultâneo com a exploração de massas
minerais, permitindo a redução da área global intervencionada em cada momento e desse modo, mitigando a
magnitude do impacte na paisagem local, em conformidade com o desenho e conceção do PARP proposto.
As medidas e operações pressupostas no presente PARP têm assim como objetivo, minimizar ao máximo a
acessibilidade visual potencial, tanto no momento da escavação, como no período encerramento, atenuando
a artificialidade associada às suas atividades de desativação.
A solução de recuperação proposta, tem em consideração o facto da lavra se desenvolver não só em flanco
de encosta, mas também em cava e a necessidade de recuperação ser concomitante com a lavra de modo a
minimizar ao máximo os impactes visuais e paisagísticos gerados pela atividade.
A metodologia de exploração da área de intervenção assenta numa estratégia de afetação faseada de áreas,
criando-se um balanço constante entre áreas em exploração e áreas em recuperação. Sendo essa evolução
modular uma das mais medidas mais adequadas para minimização dos impactes visuais negativos, porquanto
permite a libertação sucessiva de áreas à medida que a lavra avança, reduzindo potencialmente a bacia visual
global do projeto.
Com a metodologia de recuperação em concomitância com a lavra é possível otimizar as variáveis operacionais
e ambientais, nomeadamente:
• Menor tempo de operação e redução do período de uso do solo para exploração, logo, maior produtividade
das operações e redução do período de instalação de impactes;
• Garantia que, no final da exploração, a área se encontra reabilitada e com possibilidades multifuncionais;
• As alterações paisagísticas, provocadas pela presença da pedreira, devem ser abordadas a três níveis:
a) análise da visibilidade da pedreira;
b) análise da tipologia de ocupação do solo afetada pela exploração da pedreira;
c) análise visual dos locais mais críticos, em função das características de ocupação do solo existente na
envolvente.
O método de exploração a executar será também um fator muito importante para minimização da percepção
da pedreira a partir da envolvente. O facto da exploração se desenvolver em cava, isto é, abaixo da topografia
e ocultada pela mesma, desenvolvendo-se por isso abaixo do nível de visão dos principais recetores sensíveis
na envolvente, permitirá que os trabalhos de lavra ao nível do terreno não sejam percepcionados e assim
garantir uma redução significativa da significância do impacte visual negativo gerado pela mesma, conforme
se apresenta nos perfis intermédios da lavra a partir de Troia e de Setúbal, respetivamente, na Figura IV.38 e
na Figura IV.39.
Importante ainda referir que o projeto pressupõe que na evolução de cada bancada seja deixada uma
bordadura não escavada mais elevada no seu perímetro, de forma a reduzir a visibilidade desde o exterior para
as operações de extração. Esta bordadura é retirada apenas na escavação da bancada seguinte, após
recuperação paisagística do local, repetindo-se o procedimento (Figura IV.40).
Figura IV.38 – Perfil da exploração intermédia do Plano de Pedreira (projeto) da pedreira de calcário e marga
industrial Vale de Mós A, a partir de Troia.
Figura IV.39 – Perfil da exploração intermédia do Plano de Pedreira (projeto) da pedreira de calcário e marga
industrial Vale de Mós A, a partir de Setúbal.
Fase 1
Fase 2
Fase 3
1 http://srtm.csi.cgiar.org/
Da análise efetuada resultaram duas Cartas de Visibilidade Potencial, as quais se baseiam unicamente no
modelo tridimensional do terreno (não contabilizando o uso atual do solo nem a recuperação paisagística
concomitante). Nessa cartografia foram determinados os locais com maior incidência visual potencial para a
área de projeto, tendo sido possível constatar que a área com acesso visual sobre os limites atuais da pedreira
é possível sobretudo no quadrante Norte e Este.
Pela análise Figura IV.41 e da Figura IV.42 é possível ainda constatar que o desenvolvimento do projeto não
irá constituir um aumento significativo da bacia visual global, não afetando por isso significativamente novos
locais com potenciais observadores sensíveis.
Com efeito, analisando, as áreas com acesso visual sobre o projeto, facilmente se conclui que uma
percentagem muito significativa fica dificultada por existirem edifícios, vegetação ou outras estruturas que pela
sua volumetria não permitem um acesso visual desimpedido. Essa análise, conforme referido, também não
contempla a avaliação do efeito da recuperação ambiental e paisagística que será efetuado em simultâneo
com o avanço da lavra (esse fator será analisado nos pontos seguintes), pelo que a visibilidade real será
efetivamente bastante inferior à visibilidade potencial apresentada na cartografia das bacias visuais (Figura
IV.43 a Figura IV.47).
Pela análise das figuras e do trabalho de campo efetuado verifica-se que a localidade mais próxima da área
da pedreira, designadamente, a povoação de Vale da Rasca, apesar de se localizar a cerca de 400 m do limite
Norte da pedreira não possui visibilidade real para a mesma.
Através desta análise é possível também verificar que as cidades de Setúbal no quadrante Este, Troia no
quadrante Sudeste e Azeitão a Norte surgem parcialmente abrangidas pela bacia visual da pedreira, no
entanto, a mais próxima localiza-se num raio superior a 3000 m (Troia), ou seja, em zona já considerada, por
muitos autores, como longínqua ou cénica no que diz respeito aos limiares de visibilidade para avaliação de
impactes na paisagem. Significa que, mesmo considerando a elevada magnitude da área de projeto, o projeto
destaca-se na paisagem englobado no cenário global, isto é, como massas que se impõem cada vez menos,
à medida que o observador se afasta. Dependendo das condições de visibilidade, condicionadas pelo clima
local (existência de neblinas e nevoeiros), a sua presença será mais ou menos notória, o que contribui para
que a perceção visual do projeto seja mais reduzida.
Conclui-se ainda, através da cartografia resultante, que a influência visual do projeto não revela diferenças
significativas entre a atual situação de referência dos projetos em execução e a situação do Plano de Pedreira
(projeto) da pedreira de calcário e marga industrial Vale de Mós A em conformidade com a proposta de
ampliação apresentada. Isto deve-se ao facto de se tratar da continuação de um uso já bastante desenvolvido
no local, sendo essencialmente executada em corta abaixo da linha de topografia do terreno. Em ambos os
casos, a bacia visual resultante é bastante extensa não se verificando, portanto, diferenças significativas em
termos de afetação visual para a envolvente.
1Foram utilizados os Modelos Digitais de Elevação do SRTM e a topografia da Carta Militar de Portugal mais atual
abrangidos pela área em estudo
Figura IV.43 – Bacia visual da área em exploração e não recuperada no final da Fase 1 da lavra.
Figura IV.44 – Bacia visual no final da Fase 2 da Lavra, após conclusão da Fase 1 da recuperação.
Figura IV.45 – Bacia visual no final da Fase 3 da Lavra, após conclusão da Fase 2 da recuperação.
Figura IV.46 – Bacia visual no final da Fase 4 da Lavra, após conclusão da Fase 3 da recuperação.
Figura IV.47 - Bacia visual no final da Fase 5 da Lavra, após conclusão da Fase 4 da recuperação.
Fonte: SECIL
Figura IV.48 – Quadrante Sudeste: sem visibilidade a partir da linha de costa – Portinho da Arrábida.
Tendo como base a análise previamente efetuada no âmbito de determinar e avaliar os impactes visuais reais
no que diz respeito à fase de implementação e exploração do Projeto, foram identificados e analisados um
conjunto de pontos na envolvente, correspondentes a locais com linhas de visão desimpedidas para a pedreira,
em conformidade com as imagens apresentadas abaixo.
As áreas com maior acessibilidade visual real para a área da atual pedreira, encontram-se na ponta Norte e
Noroeste da restinga de Troia. Os recetores sensíveis nestes locais, embora separados do limite mais próximo
do projeto em cerca de 3 km, percecionam visualmente a área licenciada da pedreira, sobretudo o seu
quadrante Sul e Oeste, correspondendo nomeadamente, aos taludes de escavação mais sobreelevados que
atualmente já se encontram recuperados paisagisticamente.
O facto das áreas mais visíveis da área atualmente licenciada se encontrar já recuperada paisagisticamente
atenua consideravelmente a sua perceção visual. Para além disso, verificou-se no local que a altura do dia e
as condições climatéricas são também importante na análise visual, uma vez que, dada a distância em que se
encontram, em condições de menor luminosidade ou sol de frente, a pedreira é também menos percetível aos
recetores sensíveis localizados na restinga de Troia ou na travessia do Sado (Figura IV.49).
Foram também cartografados e analisados três pontos de observação em vias de comunicação na envolvente
do projeto, sendo um deles localizado na ER379-1, num dos locais mais próximos da pedreira em termos de
vias rodoviárias, a cerca de 200 m do seu limite Oeste (Figura IV.50), um outro a cerca de 3 km, junto ao
cruzamento da EN10 com a CM1056, que efetua a ligação com a EN 379-1 junto à linha de costa (Figura IV.51)
e ainda outro localizado na EN10 na periferia de Vila Fresca de Azeitão (Figura IV.52) a cerca de 5 km do limite
Norte do projeto. Desta análise constata-se que a área de projeto é parcialmente visível, embora os taludes
que possuem maior visibilidade se encontrem já recuperados paisagisticamente, fazendo com que a área da
pedreira seja menos percetível quando englobada na paisagem envolvente, a partir destes locais na rede viária
que a rodeiam.
Ao longo do quadrante Oeste, designadamente, ao longo da área urbana de Setúbal, zonas portuárias e
industriais a pedreira também é visível, contudo a recuperação e integração paisagística que tem sido realizada
pela SECIL ao longo dos mais de 40 anos, bem como a distância que separa estes locais da área de projeto
(a qual ultrapassa os 5 km), torna a sua existência bastante menos percetível para estes recetores visuais,
verificando-se in situ que, a tonalidade mais clara (devido à cor da rocha de calcário) que destoa da restante
envolvente, é englobada no cenário, sendo cada vez menos percetível à medida que os observadores se
afastam, sendo ainda muito dependente e condicionada pela existência de neblinas, nevoeiros e pelo sol de
frente (Figura IV.53).
Figura IV.50 – Visibilidade real para a área de projeto a partir da ER379-1 no quadrante NW a cerca de 150
m do limite da área licenciada.
Figura IV.51 – Visibilidade real para a área de projeto a partir de um ponto junto ao cruzamento do CM 1056
com EN 10 no quadrante NE a cerca de 3 km do seu limite.
Figura IV.52 – Visibilidade real para a área de projeto a partir da EN10 no quadrante N a cerca de 5 km do
limite do mesmo.
Figura IV.53 – Visibilidade real para a área de projeto a partir da estrada marginal num ponto entre a cidade
de Setúbal e a zona portuária no quadrante E a cerca de 9 km do seu limite.
Para além da análise visual potencial e real efetuada nos pontos anteriores foi ainda realizado um trabalho de
análise prospetiva de autoria da SECIL, tendo como principal objetivo apresentar de uma forma esquematizada
o modo como irá ser afetada a nova área de exploração proposta. No decorrer do ponto seguinte são descritas
e assinalados sobre fotografia tirada a partir de locais determinados (onde se identificam importantes recetores
sensíveis na envolvente) as parcelas a intervir de acordo com o faseamento do presente projeto.
• C: vista de Troia;
Fonte: SECIL
Atualmente a pedreira Vale de Mós A não é visível do quadrante A - Azeitão / Aldeia Grande, conforme a figura
abaixo mostra, i.e., não tem qualquer impacte visual. Também no futuro, com a implementação do Plano de
Pedreira (projeto) da pedreira de calcário e marga industrial Vale de Mós A, não haverá visibilidade da
exploração (Figura IV.55).
Fonte: SECIL
A pedreira Vale de Mós A é atualmente visível a partir do quadrante B: vista de Setúbal, contudo a recuperação
paisagística que tem sido realizada pela SECIL ao longo dos últimos mais de 40 anos, torna a sua existência
praticamente impercetível para os observadores localizados no centro de Setúbal.
Para melhor se perceber a visibilidade pedreira Vale de Mós A, foi escolhido local de maior visibilidade - o
Miradouro de Albarquel (Setúbal), conforme Figura IV.56.
Fonte: SECIL
A pedreira Vale de Mós A é atualmente visível a partir do quadrante C: vista de Troia, contudo a recuperação
paisagística que tem sido realizada pela SECIL, ao longo dos últimos mais de 40 anos, torna a sua existência
praticamente impercetível para os observadores localizados em Troia, conforme a Figura IV.57.
Fonte: SECIL
A pedreira Vale de Mós A não é atualmente visível do quadrante D praia – Portinho da Arrábida, conforme
Figura IV.58 i.e. não se verificando qualquer impacte visual ou paisagístico. Também no futuro, com a execução
do Plano de Pedreira (projeto) da pedreira de calcário e marga industrial Vale de Mós A, não se verificará
qualquer impacte visual ou paisagístico.
Fonte: SECIL
O impacte visual ocorrerá apenas a partir do quadrante B: vista de Setúbal – Miradouro de Albarquel e do
quadrante C: vista de Troia, pelo que o impacte visual será apenas analisado para estes dois quadrantes.
Com o objetivo de diminuir a observação da exploração, nomeadamente a intrusão de elementos estranhos na
paisagem (frentes de calcário e poeiras), o Plano de Pedreira (projeto) da pedreira de calcário e marga
industrial Vale de Mós A que a SECIL irá implementar cumprirá um faseamento de exploração rigoroso,
cumprindo-se a exploração e a recuperação concomitantes, e executar um método de lavra oculta que permitirá
realizar a exploração da área por trás das bancadas/faces existentes, realizando a recuperação da área por
trás das frentes exteriores, prévias ao seu desmonte, pelo que se evitará a sua visualização a partir do exterior.
Será ainda criada uma rampa de acesso à nova área que será realizada em trincheira, o que permite que a
rampa não seja visível a partir do exterior (Figura IV.59).
Fonte: SECIL
Apresentamos de seguida o impacte visual a partir do quadrante de Setúbal. A Figura IV.60 apresenta o
impacte previsto para os primeiros 3 anos. Será neste período que será realizada a escavação para se criar a
frente de trabalho necessária para se obter o desnível necessário a partir do qual a pedreira deixará de ser
visível a partir do exterior.
Fonte: SECIL
Figura IV.60 – Quadrante B: máxima visibilidade nos primeiros 3 anos (vista de Setúbal – Miradouro de
Albarquel).
Fonte: SECIL
Figura IV.61 – Quadrante B: máxima visibilidade no 15º ano (vista de Setúbal – Miradouro de Albarquel).
Fonte: SECIL
Figura IV.62 – Quadrante B: máxima visibilidade no 30º ano (vista de Setúbal – Miradouro de Albarquel).
Fonte: SECIL
O Miradouro de Albarquel será ainda o local a utilizar com a execução do Plano de Pedreira (projeto) da
pedreira de calcário e marga industrial Vale de Mós A para monitorização da recuperação e visibilidade a partir
do quadrante B: vista de Setúbal.
Apresenta-se de seguida o impacte visual a partir do quadrante Sudeste a partir de um ponto em Troia. Nas
figuras seguintes encontram-se representadas a várias situações de visibilidade previstas a partir desse ponto
Fonte: SECIL
Figura IV.64 – Quadrante C: máxima visibilidade nos primeiros 3 anos (vista de Troia).
Fonte: SECIL
Fonte: SECIL
Fonte: SECIL
O passadiço de Troia (Quadrante C) será ainda o local a utilizar com a execução do Plano de Pedreira (projeto)
da pedreira de calcário e marga industrial Vale de Mós A para monitorização da recuperação da área e da
visibilidade a partir do quadrante C: vista de Troia (Figura IV.67).
impacte global, uma vez que a pretensão será a continuidade de um uso já verificado e bem patente no território
desde o inicio do século passado.
Para além disso, a exploração tem vindo a desenvolver-se progressivamente e com uma contínua e crescente
preocupação por parte da empresa (refletindo o facto de se localizar num espaço ecologicamente sensível) na
sustentabilidade ambiental, bem como, em termos dos trabalhos de recuperação e integração paisagística, os
quais se têm vindo a desenvolver de forma concomitante com a exploração. Por esses motivos, é apontada
como um dos melhores exemplos em termos de boas práticas ambientais ao nível da indústria extrativa a nível
nacional e internacional, as quais são perfeitamente notórias e possíveis de constatar no terreno e através do
historial de sucesso nos sucessivos trabalhos de recuperação com as áreas consolidadas em termos de
integração paisagística, tal como se demonstra na Figura IV.68, correspondente a um dos primeiros locais
intervencionados há várias dezenas de anos para extração de massas minerais.
A análise baseada nos modelos digitais de terreno e simulações visuais efetuada e descrita no ponto 1.13.2
do presente capítulo, permitiu ainda identificar a bacia visual correspondente em cada fase da lavra
considerando que a recuperação paisagística será efetuada de forma concomitante, conforme pressuposto no
PARP, ajudando a determinar o significado e magnitude dos impactes paisagísticos a gerar pelo projeto.
Área Recuperada
Figura IV.68 – Panorâmica da área de projeto, onde se identifica um espaço recuperado consolidado
precedentemente escavado para a exploração de massas mineiras.
Alguns impactes serão reversíveis e temporários dado que as maiores perturbações ocorrerão durante a lavra
da pedreira considerando-se que a generalidade dos impactes ambientais associados à sua presença serão
eliminados e, ou minimizados com a execução do PARP, o qual será implementado faseadamente nas áreas
onde a exploração termine e concomitantemente com o avanço da lavra, contribuindo para a redução da
superfície total decapada e beneficiação ambiental e paisagística da globalidade da área do projeto.
Os impactes previstos dizem respeito a alterações na composição, funcionamento e carácter da área de
intervenção, permanecendo um impacte após a exploração da pedreira que diz respeito às alterações na
morfologia da paisagem, no entanto, em termos visuais e paisagísticos não será percetível após a área estar
• Deposição de poeiras no coberto vegetal envolvente (mais grave nos meses de menor
precipitação, correspondente ao período estival);
• Alteração da morfologia do território, ainda que haja aterro e modelação dos taludes de escavação
e na base da corta;
FASE DE
AÇÕES DE PROJETO NATUREZA TIPOLOGIA SIGNIFICÂNCIA PROBABILIDADE PERÍODO DURAÇÃO REVERSIBILIDADE MAGNITUDE MEDIDAS DE MINIMIZAÇÃO
FUNCIONAMENTO
Desmatação e decapagem negativo direto Muito significativo certo imediato temporário reversível elevada Armazenamento e conservação das terras em pargas
Substituição do uso silvícola por
negativo direto Significativo certo imediato temporário reversível elevada Recuperação e devolução do uso original no final da exploração
IMPLEMENTAÇÃO indústria extrativa
Abertura e melhoria de acessos às
negativo direto Significativo certo imediato temporário reversível moderada Restrição da circulação de veículos fora dos acessos criados
novas áreas de exploração pedreira
EXPLORAÇÃO Emissão de poeiras negativo indireto Pouco significativo provável imediato temporário reversível baixa Rega/aspersão regular nos períodos mais secos do ano
Desmantelamento de infraestruturas e
positivo direto Significativo certo imediato permanente - elevada -
equipamentos
Manutenção e conservação da
positivo direto Significativo certo curto prazo temporário - moderada -
vegetação
Ainda para a fase de exploração podem destacar-se dentro dos impactes paisagísticos positivos, a
recuperação das zonas de lavra, já libertadas, mediante sementeira e plantação com espécies arbustivas e
arbóreas adequadas. Efetivamente, a introdução de vegetação e, nomeadamente, de diversas espécies
autóctones (as da mata mediterrânica como o carvalho-cerquinho, a alfarrobeira, o medronheiro e o carrasco),
à medida que a recuperação se processa, pode ser considerada muito positiva. Mais se refere, que o efeito
desta vegetação será, aliás, potenciado à medida que se verifica o seu desenvolvimento e à medida que a
área total revestida aumenta.
Considera-se que afetação da área do projeto não coloca em causa os valores visuais e paisagísticos globais
do local, mas torna imperiosa a necessidade de cumprir as normas e medidas pressupostas no respetivo plano
de pedreira, o qual pressupõe adequadas medidas de minimização em resposta aos potenciais impactes
negativos originados pelo projeto, particularmente, no que diz respeito à recuperação faseada e em simultâneo
com a atividade extrativa, minimizando, de uma forma sucessiva, os impactes paisagísticos negativos no
decorrer da exploração.
1.14. SÓCIOECONOMIA
1.14.1. Considerações iniciais
Uma das principais contrariedades associada à exploração de uma pedreira é o seu possível impacte nas
populações locais e nos valores naturais, culturais e económicos. Na vertente social e económica, esta
avaliação considera vários aspetos como a perturbação devida ao ruído, à emissão de poeiras, ao impacte
visual e a possível afetação em geral das condições e qualidade de vida da população residente ou utilizadora
das imediações da pedreira.
Os impactes no sistema socioeconómico, associados a uma dada atividade ou projeto, revestem-se de duas
caraterísticas que os distinguem, no geral, das restantes categorias de impactes: a sua considerável incerteza
e o seu horizonte temporal de influência.
Relativamente à incerteza, ela decorre em boa parte do crescente fenómeno de globalização dos mercados e
liberalização das economias, bem como de aspetos associados à resposta social e institucional a essas
realidades.
Vale de Mós A e Vale de Mós B assim como a área proposta para o novo projeto localizam-se em propriedade
da empresa com cerca de 436 ha.
Foi ainda referido que a pedreira Vale de Mós A possui uma área licenciada de 53,9 ha onde se exploram
margas (também calcários), e a pedreira Vale de Mós B possui uma área licenciada de 44,8 ha onde se
exploram calcários, num total aproximado de 98,7 ha de área licenciada para exploração.
O Plano de Pedreira tem como objetivo fundir as pedreiras Vale de Mós A e Vale de Mós B e realizar a sua
ampliação em 18,5 ha (185 263 m2). Com o licenciamento do Plano de Pedreira Vale de Mós A será ainda
reduzida a profundidade da corta, passando a base de exploração da cota 40 para a cota 80, garantindo que,
no final, a área ambiental e paisagisticamente recuperada possa ter um plateau de 27,3 ha.
Na área de projeto foi ainda definida área com cerca de 35,8 ha (358 175 m2), que não será intervencionada
pela exploração. Da área de 35,8 ha, 35,3 ha (353 491 m2) diz respeito a área explorada e devidamente
recuperada, e 0,5 ha (4 684 m2) diz respeito a área virgem, não intervencionada pela exploração.
Esta área de 35,8 ha já recuperada permite que esta área possa vir a ser no futuro classificada como
área natural, o que é de alguma premência, garantido que a classificação possa estar em consonância
com os valores naturais, entretanto em presença e resultado dos trabalhos de recuperação realizados
pela SECIL.
Foi ainda referido pela SECIL que a metodologia de exploração, as medidas de minimização e os planos de
monitorização atualmente cumpridos serão continuados e otimizados com a execução do Plano de Pedreira
Vale de Mós A.
As preocupações relativas ao Plano de Pedreira (projeto) da pedreira de calcário e marga industrial Vale de
Mós A referidos por estas entidades podem ser sintetizados do seguinte modo: o facto dos instrumentos de
gestão do território (PDM e PNA) não comportarem a possibilidade de expansão da pedreira; os valores
naturais que possam vir a ser afetados em área de conservação da natureza; a afetação pelo ruido, poeiras e
vibrações dos recetores sensíveis de Vale da Rasca e Outão (Hospital Ortopédico Sant’Iago do Outão); as
alterações morfológicas da paisagem e a visibilidade a partir de Troia e Setúbal.
A SECIL teve oportunidade de clarificar que o uso do solo pela atividade extrativa é sempre um uso transitório,
podendo a recuperação ambiental e paisagística realizada garantir, como até agora, a recomposição dos
habitas e ecossistemas específicos da serra da Arrábida. Assim, não obstante os instrumentos de gestão
atualmente em vigor não serem compatíveis com a pretensão, tal pode ser alterado de acordo com os diplomas
que regem esses mesmos instrumentos e a avaliação de impacte ambiental.
Quanto aos impactes na Qualidade do ar, Ambiente sonoro e Vibrações, as avaliações e cenários prospetivos
de evolução realizados comprovam que os limiares legais de poeiras, ruido e vibrações não serão
ultrapassados.
Quanto à morfologia da paisagem e aos impactes visuais, a SECIL esclareceu que efetivamente haverá uma
alteração morfológica, mas que a exploração faseada da pedreira, realizando-se a lavra de forma concomitante
com a recuperação, a que se adiciona uma metodologia de lavra oculta, isto é, onde só se procede ao desmonte
da última bancada (barreira visual natural), apenas após a recuperação da bancada que foi previamente
explorada, diminui significativamente a acessibilidade visual à exploração.
A SECIL referiu ainda que o Plano de Pedreira (projeto) da pedreira de calcário e marga industrial Vale de
Mós A melhor responde às preocupações e o respeito pelas populações (recetores sensíveis) e a conservação
da natureza, identificando e utilizando as melhores técnicas disponíveis para a sua atividade, garantindo a
utilização racional dos recursos naturais, isto é, a proteção sustentável desses recursos sem, contudo, excluir
o uso humano dos ecossistemas.
Quadro IV.23 – Identificação das fases do ciclo de produção na pedreira e potenciais impactes
socioeconómicos associados
FASES DO CICLO DE IMPACTES SOCIOECONÓMICOS
DESCRIÇÃO
PRODUÇÃO POSITIVOS NEGATIVOS
Emprego para operadores de
DESMATAÇÃO E Desmatação de terrenos e Produção de poeiras e
escavadoras giratórias, de pá
DECAPAGEM remoção de terras ruído
carregadoras e dumpers
Mantendo-se a situação atual, deverá considerar-se, adicionalmente ao desmonte, a receção de matéria prima
vinda do exterior. Esse fato irá gerar impactes positivos a nível da criação de emprego para condutores de
veículos pesados, contribuindo, no entanto, em grande medida, para o aumento da emissão de poeiras,
emissões gasosas e ruído.
Atendendo às caraterísticas das atividades industriais associadas ao projeto, é possível, no entanto, identificar
os principais emissores de ruído e poeiras e definir medidas de atuação para minimizar os seus efeitos.
O ruído e as vibrações são gerados, essencialmente, pelos explosivos acionados e, no caso do ruído, pelos
equipamentos móveis existentes no local (escavadora giratória, pás carregadoras, dumpers, camiões).
Essas ações desencadeiam igualmente a emissão de poeiras que resulta, essencialmente, das operações de
desmonte do maciço por ação de explosivos e da circulação dos diversos equipamentos nos caminhos não
asfaltados da pedreira.
Por forma a minimizar essas emissões, considera-se que a circulação de viaturas pesadas no interior da
pedreira deverá ser restrita aos caminhos existentes e apenas aos locais onde a circulação de veículos e
máquinas seja necessária.
Verificando-se a permanência da situação atual de fornecimento à pedreira, deverá considerar-se que a
circulação de viaturas pesadas no acesso à pedreira (para entrega da matéria prima vinda do exterior), deverá
processar-se, tanto quanto possível, fora dos períodos de maior utilização das principais vias de comunicação
rodoviárias existentes na envolvente (que correspondem ao início da manhã e ao final da tarde) e sempre de
forma diligente, em particular quando se verifique o atravessamento de localidades.
Ainda assim, não obstante o cumprimento das medidas de minimização a implementar no âmbito da circulação
de veículos, admite-se a existência de alguma perturbação no domínio da qualidade de vida das populações,
verificando-se um impacte negativo, direto, significativo, de magnitude reduzida, provável, temporário e de
âmbito local, associado à circulação dos camiões, em particular na localidade de Vale da Rasca.
Essa localidade - Vale da Rasca, assim como as existentes ao longo das vias utilizadas para o transporte de
matéria prima para a pedreira, serão as mais afetadas por essas circulações, em particular no que respeita ao
ruído e vibrações gerados pelos veículos em circulação e pelos poluentes gerados pelo aumento de tráfego de
viaturas na rede viária.
A circulação desses camiões contribui também para o aumento do trânsito nas estradas circundantes utilizadas
para esse transporte. Ainda que essas estradas possam apresentar condições de circulação que lhes permite
absorver o trânsito gerado pelo fornecimento de matéria prima à pedreira, o fluxo desses veículos, pela sua
expressão e frequência (atualmente cerca de 46 camiões por dia e, posteriormente, sem a aprovação do
projeto, 120 camiões por dia) irá induzir impactes significativos nas populações atravessadas, em particular na
povoação de Vale da Rasca, nomeadamente no que se refere a incómodos devidos aos níveis de ruído que
se farão sentir.
Neste contexto, entende-se que as perturbações em termos de qualidade de vida, devido à eventual
interferência com as condições de habitabilidade e de quotidiano das populações, em consequência da
exploração da pedreira, decorrentes de emissões de ruído e vibrações, gases e de poeiras, seriam beneficiadas
se considerada a ausência de necessidade de introduzir, na pedreira, matéria-prima vinda do exterior.
Importa ainda referir o impacto do projeto no valor identitário “Serra da Arrábida,” aspeto reconhecido e melhor
analisado no fator ambiental 1.12 Serviço dos Ecossistemas, devendo ser minimizado.
A área de extração terá impactes positivos que podem ser sistematizados em torno de três grandes aspetos:
• Efeitos indiretos sobre outros setores de atividade que a este ramo fornecem inputs produtivos,
equipamentos ou serviços de apoio: fornecedores de água e eletricidade, empresas que efetuam o
transporte de materiais diversos para a manutenção da exploração, revendedores de combustível,
empresas de reparação e manutenção, empresas de segurança e limpeza, fornecedores de outros serviços
de apoio à empresa, etc.
• Efeitos induzidos mais genéricos sobre o tecido económico e produtivo local e regional: por exemplo, pelo
facto de se manterem os 420 postos de trabalho na empresa cimenteira, que induzirão receitas/atividades
através da sua distribuição, ou receitas fiscais, pela manutenção ou incremento dos rendimentos, o que
implica que haja uma maior procura, pois poderá aumentar o rendimento disponível na região (ou pelo
menos contribuirá, à sua escala, para não reduzir esse rendimento).
No que respeita ao emprego direto destaca-se que a exploração da pedreira tem 32 postos de trabalho, que
se pretendem manter com a presente ampliação. Este impacte direto pode considerar-se como positivo,
embora pouco significativo, de magnitude reduzida, provável, temporário e de âmbito local.
No âmbito dos impactes indiretos, passíveis de se refletirem sobre outras atividades económicas, existe toda
uma gama de setores e unidades produtivas na região afetadas positivamente pelo projeto em análise. Para
além dos diversos fornecedores diretos de serviços de energia e de outros recursos necessários ao normal
funcionamento da pedreira, regista-se também o comércio a retalho, os serviços de restauração e de serviços
pessoais, entre outros.
Os impactes positivos mais significativos resultantes da implementação do Plano de Pedreira (projeto) da
pedreira de calcário e marga industrial Vale de Mós A decorrem da garantia da viabilidade económica de toda
uma estrutura empresarial associada à SECIL, e a manutenção, de forma indireta, de toda a atividade
desenvolvida a jusante da atividade da pedreira, enquanto importante fornecedora de matéria-prima para a
fábrica SECIL-Outão, que atualmente emprega mais de 100 trabalhadores e ainda cerca de 320 trabalhadores
em regime de prestação de serviços nas várias atividades fabris.
Tendo em conta estes valores considera-se que o projeto em apreço terá um impacte positivo, significativo na
economia, de magnitude elevada, certo, de longo prazo e de âmbito local, regional e nacional.
Acrescenta-se que não é expetável que a laboração da Pedreira Vale de Mós traga impactes negativos
significativos no âmbito do valor intrínseco do território onde a mesma está inserida, que se traduzam na sua
desvalorização. As intervenções previstas no âmbito da implementação do PARP preveem devolver à área
afetada adequadas condições de segurança e enquadramento com o meio envolvente, potenciando assim o
eventual aproveitamento e uso do local para outras atividades ambientalmente compatíveis com o mesmo:
conservação da natureza, turismo de natureza, atividades de contemplação.
1500 metros. Foram também identificados os seguintes equipamentos turísticos – hotéis, turismo rural e
campismo (Figura IV.70), todos estes se localizam a mais de 2 km da pedreira Vale de Mós A, com exceção
do Ecoparque do Outão (auto-caravanas e bungalows), a cerca de 1000 metros.
5 1
4
10
6
7
8
2 9
1 – Comfy Holiday Home; 2 – Casa da Adôa; 3 – Casa do Farol da Arrábida; 4 – Quinta Villa Arrábida; 5 –
Quinta La Rabide; 6 – Tróia Seaside; 7 – Villa Tróia Praia; 8 – Tróia – Atlantic Villas; 9 – Tróia Beach House;
10 – Ecoparque do Outão (auto-caravanas e bungalows)
Figura IV.70 – Equipamentos turísticos.
Sobre os trilhos pedestres e bicicleta, dos muitos disponíveis nos sites temáticos, foram verificados os da CM
de Setúbal (https://www.mun-setubal.pt/wp-content/uploads/2021/05/ArrabidaWalkingTrails-
GuiaRedePercursosPedestres.pdf), os da VortexMag (https://www.vortexmag.net/os-9-melhores-trilhos-para-
descobrir-a-serra-da-arrabida/), os da Vaga Mundos (https://www.vagamundos.pt/trilhos-da-serra-da-arrabida-
mapa-dos-percursos-pedestres-e-rotas-gps/), e o da wikiloc
(https://pt.wikiloc.com/trilhas/trekking/portugal/setubal/portinho-da-arrabida). Qualquer um dos trilhos
identificados nestes sites encontram-se a distância significativa, a mais de 2 km da pedreira, com exceção do
apresentado na Figura IV.71.
Importa ainda referir que na análise realizada não foi considerado se os trilhos possuíam a aprovação do ICNF.
Fonte: https://pt.wikiloc.com/trilhas-trekking/eco-escolas-eco-trilho-serra-arrabida-71163218
Haverá ainda a referir restaurante e café na envolvente em Vale da Rasca (rasca.com(e)) e no Ecoparque
(Cais da Gávea).
Por fim, importa ainda identificar a capela de Nossa Senhora de Fátima (Vale de Rasca) da paróquia da
Anunciada, a cerca de 350 metros a Norte da pedreira.
1.14.3.4. Acessos
O acesso às pedreiras Vale de Mós A e B é realizado pela portaria da fábrica de cimento, na EN10-4, através
de percurso interno da instalação industrial. A entrada utilizada para acesso direto à pedreira é realizada pela
ER379-1, sendo esta a entrada utilizada para a chegada de aditivos para a produção de cimento, como
acontece atualmente com o calcário de que a pedreira é deficitária. O percurso realizado pelos veículos
pesados que transportam calcário é realizado desde as pedreiras de Sesimbra pela EM572, EN379, EN10-4 e
ER379-1.
A aprovação do projeto da pedreira Vale de Mós A permitirá que se termine com a importação de calcário, o
que será um impacte positivo muito significativo, uma vez que a matéria-prima que se recebe na pedreira
circula em veículos pesados. Atualmente é necessário adquirir 300 800 t de calcário por ano, o que
corresponde a cerca de 46 fretes por dia, no futuro (sem a aprovação do projeto) será necessário adquirir
783 108 t de calcário por ano, o que vai corresponder a cerca de 120 fretes por dia, para o transporte de
calcário de Sesimbra à pedreira Vale de Mós A.
No interior da área da pedreira é utlizada uma rede de acessos internos que permitem a circulação entre as
diferentes zonas desta. Esses acessos são regularmente alvo de operações de manutenção e regas periódicas
nas épocas mais secas, de forma a garantir uma menor taxa de emissão de poeiras.
1.16. PATRIMÓNIO
1.16.1. Introdução
Na Situação de Referência não foram identificadas ocorrências de interesse cultural, e efeito condicionante, na
AI direta do Plano de Pedreira (projeto) da pedreira de calcário e marga industrial Vale de Mós A. As 19
ocorrências identificadas situam-se na ZE e as de maior valor cultural, como é o caso do Forte/Hospital do
Outão (oc. E), ficam a mais de 500 m de distância do limite da ampliação.
As atividades com potencial impacte no fator Património Cultural podem ocorrer tanto na fase de preparação
como na subsequente fase de exploração, as primeiras com previsível incidência negativa nos horizontes de
solo e na superfície do afloramento rochoso, as segundas sobre contextos arqueológicos subterrâneos, no
interior de cavidades cársicas. Na fase de exploração foram ainda ponderados outros efeitos negativos sobre
o Património, nomeadamente a intrusão da lavra na envolvente paisagística de imóveis de maior valor cultural
e os resultantes da propagação de vibrações no património edificado, o que foi devidamente avaliado,
respetivamente, nos fatores ambientais Paisagem e Vibrações.
No Quadro IV.24 caracterizam-se os impactes reconhecidos sobre as ocorrências culturais identificadas na
Situação de Referência.
O impacte negativo, sobre ocorrências subterrâneas incógnitas, resultante do desmonte do recurso, tem de
igual modo uma caracterização indeterminada na maioria dos parâmetros considerados, face ao potencial
arqueológico evidenciado na ZE do projeto.
IN TI MA SG DU PR RE I
OCORRÊNCIAS AI ZE FASE N
D I - + E M B M S P T P PP P C R I I
P N
1, 2, 3, A, B, F, G,
H, I, J, L, N, O, P, ZE E N
Q
D N
P N
E (I) I - B P T C R
C, D E E ZE
E (V) D - IND IND P P I
D I
P R N
M ZE E (I) I - B P T C I
D N
LEGENDA. Inserção no projeto: AI = Área de incidência (direta + indireta) do Projeto; ZE = Zona de Enquadramento do Projeto.
Caracterização dos impactes: Fase: Preparação (P), Exploração (E); Desativação (D); Incidência (In): indireta (I), direta (D); Tipo (Ti): negativo (-);
positivo (+); Magnitude (Ma): elevada (E), média (M), baixa (B); Significância (Sg): muito significativa (M), significativa (S), pouco significativa (P); Duração
(Du): temporária (T); permanente (P); Probabilidade (Pr): pouco provável (PP), provável (P), certa (C); Reversibilidade (Re): reversível (R); irreversível
(I); INI: incidências não identificados (N) ou indeterminados (I); ind = incerteza na atribuição. (i) = intrusão espacial. (v) = propagação de vibrações.
1.17. TERRITÓRIO
1.17.1. Nota Prévia
Como nota prévia, importa referir que se verifica que a pretensão da SECIL não é compatível com as propostas
de uso do solo do Plano Diretor Municipal de Setúbal (PDM) nem com as determinações do Plano de
Ordenamento do Parque Natural da Arrábida (POPNA) ou o Plano de Gestão da ZEC (recentemente em
consulta pública), o que deverá ser superado em devido tempo.
A visão do PDM do PO do Plano de gestão do ZEC sobre a atividade extrativa da SECIL, peca pela ausência
de um mecanismo de avaliação clara da atividade. E, acima de tudo, ignora que uma pedreira é-o agora, mas,
acima de tudo, é o futuro, e que qualquer exploração deste tipo tem que ser encarada não só na superfície,
mas em profundidade e que, do ponto de vista ambiental, poderá ser mais justificável modificar a sua área em
superfície se o resultado final for mais sustentável. No decurso da avaliação realizada, considerando a solução
proposta – o Plano de Pedreira (projeto) da pedreira de calcário e marga industrial Vale de Mós A e,
especificamente, a redução da profundidade da corta, da cota 40 para a cota 80, demonstra-se que para uma
mesma vida útil de pedreira, a menor profundidade aumenta a utilidade para o uso futuro do espaço, e é uma
solução económica e ambientalmente melhor para os ecossistemas.
A atual legislação rejeita o modelo de zonamento monofuncional, que apenas prevê um único uso para uma
dada porção do território e consagra um modelo de ordenamento flexível fundado na multifuncionalidade do
solo, através da previsão de usos compatíveis. O princípio da compatibilidade de usos visa garantir a separação
de usos incompatíveis e favorecer a coexistência de usos compatíveis e complementares, bem como
implementar a multifuncionalidade e a integração e flexibilidade de utilizações adequadas a cada uso do solo,
contribuindo para uma maior diversidade e sustentabilidade territoriais (cfr. artigo 12.º, n.º 4, alínea a) do
Decreto Regulamentar n.º 15/2015, de 19 de agosto). Especificamente, no que toca a áreas de exploração de
recursos energéticos e geológicos, a lei prevê que os planos territoriais devem delimitar e regulamentar tais
áreas, “assegurando a minimização dos impactes ambientais e a compatibilização de usos” (cfr. artigo 15.º do
Regime Jurídico dos Instrumentos de Gestão do Território). Ora assim, a SECIL espera que a modificação do
perímetro das pedreiras (e respetiva classificação do uso do solo) pretendida no presente EIA, seja
salvaguardada com vista à melhoria da lavra da pedreira Vale de Mós A (anexo VIII).
• compatibilidade do projeto com as medidas e disposições estabelecidas nos IGT aplicáveis ao concelho de
Setúbal;
• compatibilidade do projeto com as condicionantes legais aplicáveis à área em estudo, constantes na carta
de Condicionantes do PDM de Setúbal, nas Cartas Militares n.º 454 e 465 (Série M888) e disponibilizadas
pelo site do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (no âmbito das áreas ardidas).
Em complemento foram também analisados os elementos que compõem a proposta da Revisão do PDM de
Setúbal.
No que respeita aos instrumentos de gestão do território em vigor sobre a área em estudo, é de referir que
foram detetados conflitos entre os usos neles preconizados e a ampliação da Pedreira Vale de Mós A,
procedendo-se a essa avaliação seguidamente.
No futuro, é intenção da SECIL, sendo tal aceite pelas entidades que tutelam a atividade, proceder à
reclassificação de uma área de pós-exploração, já recuperada e bem consolidada em termos de vegetação,
com cerca de 35,8 ha a qual se encontra atualmente integrada na área licenciada da pedreira Vale de Mós A,
estando classificada como área de indústria extrativa nos instrumentos de gestão do território. A libertação
dessa área irá contribuir para aumentar a multifuncionalidade global do espaço em termos de usos e funções
numa perspetiva de planeamento futuro.
coordenação e articulação de políticas públicas numa base territorializada. Este plano estabelece os eixos
prioritários para a organização territorial nacional e concretiza o quadro estratégico a considerar no âmbito da
elaboração dos IGT.
O Domínio Natural - definido no documento Agenda para o Território (Programa de Ação) - visa a otimização
e a adaptação, dinamizando a apropriação e a capitalização dos recursos naturais e da paisagem.
No âmbito deste domínio, o plano define como uma das suas medidas: Planear e gerir de forma integrada os
recursos geológicos e mineiros (Medida 1.5), afirmando os recursos geológicos como uma fonte de matérias-
primas indispensável ao dia-a-dia da sociedade e considerando que o seu papel relevante tenderá a aumentar,
face às dinâmicas que se anteveem para uma sociedade descarbonizada. São ainda abordadas as
significativas reservas disponíveis em território nacional, sendo que o impacto na economia nacional e regional,
face às mesmas, constitui um importante fator de desenvolvimento, em particular nas regiões mais
desfavorecidas.
Nesse sentido, dada a sua importância socioeconómica e as suas implicações em termos de ordenamento do
território, torna-se premente o aprofundamento do conhecimento do potencial geológico com interesse
económico, e a sua consequente identificação nos IGT, assim como a adoção de um quadro de salvaguarda
que preserve a sua compatibilização, a par das restantes políticas nacionais, com base nos princípios do
crescimento sustentável, num desenvolvimento integrado das vertentes económica, social e ambiental,
princípios acautelados e cumpridos com o presente Projeto.
No que respeita à Rede Ecológica Metropolitana (REM) a área em estudo incide em área estruturante primária,
a qual foi estabelecida para garantir que a função ecológica desses territórios prevaleça como dominante,
prioritária e estruturante, garantindo que as intervenções nas áreas de fronteira e no seu interior não põem em
causa a sua função nem lhe diminuem ou alteram o carácter. Considera-se, contudo, que a atividade extrativa
não é considerada incompatível com as determinações do PROT AML, uma vez que, e especificamente, para
áreas de exploração de inertes nas áreas estruturantes primárias, o Regulamento estabelece que as
administrações central e municipal devem definir e promover a concretização de regras para a sua exploração
faseada e posterior recuperação paisagística.
Das orientações de gestão assinaladas são de destacar as dirigidas fundamentalmente para a manutenção da
elevada diversidade e das caraterísticas naturais que tornam este território singular e que permitem albergar
os valores nele existentes, destacando-se o correto ordenamento das atividades de extração de inertes e a
minimização dos seus principais impactes sobre os valores naturais (Orientações de Gestão – RCM n.º 115-
A/2008, de 21 de julho).
A ocupação da área será provisória, uma vez que irá ocorrer enquanto se verificar a exploração da pedreira,
fase após a qual a área intervencionada será recuperada, no âmbito das medidas a implementar, determinadas
pelo PARP.
que determinem o aumento da área total licenciada das pedreiras do Outão (…) expressamente vedada pelo
POPNA.
A análise realizada acrescenta ainda que as normas de conformação do uso, ocupação e transformação das
áreas não licenciadas cuja inclusão é preconizada pelo Projeto vedam também a concretização deste, na
medida em que estas áreas se encontram sujeitas ao regime de proteção estabelecido no regulamento do
POPNA.
Nesse contexto, e com vista à concretização do projeto, é admitida como possível a integração em mecanismos
de compensação ambiental das áreas anteriormente exploradas, entretanto sujeitas a recuperação ambiental
e paisagística nos termos exigidos pelo Decreto-Lei n.º 270/2001, mediante negociação prévia com a
Administração.
Seguindo a mesma linha de raciocínio, o documento refere ainda que tanto no direito do ordenamento do
território e do urbanismo, como no direito do ambiente, podem ser encontrados vários mecanismos de
compensação que visam articular as intervenções humanas no território, o direito de propriedade e a defesa
do ambiente, fazendo referência à existência de vários exemplos no panorama nacional e internacional que
combinam mecanismos de compensação urbanísticos com mecanismos de compensação ecológica, com vista
a salvaguardar valores e recursos naturais, possibilitando assim o desenvolvimento de diversas atividades,
cuja implementação no território não era anteriormente considerada.
Pode referir-se a solução adotada, em concreto, no Plano de Ordenamento do Parque Natural de Serra de Aire
e Candeeiros (POPNSAC), o qual prevê já soluções de compensação muito semelhantes às pretendidas pela
Secil. Este plano estabeleceu um quadro inovador para o desenvolvimento da atividade de indústria extrativa
(incluindo das explorações de massas minerais existentes), articulando o funcionamento e ampliação das
respetivas instalações com os regimes de proteção consagrados no mesmo plano e os serviços ambientais.
Entre as várias medidas que estabelece, o POPNSAC admite a possibilidade de ampliação das explorações
de massas minerais mediante o cumprimento de determinadas condições, nomeadamente, desde que se
garanta a recuperação de área degradada da mesma exploração com o dobro da dimensão pretendida para
ampliação ou desde que se realize a recuperação de área de igual dimensão, de outra exploração licenciada
ou de outra área degradada, desde que seja independentemente da sua localização.
As compensações em espécie e a sua articulação com serviços ambientais e ecológicos têm vindo a ser
introduzidas em vários níveis normativos do contexto nacional, quer através da sua integração no quadro de
instrumentos de gestão territorial, quer no âmbito de servidões administrativas e restrições de utilidade pública
ou no quadro de medidas de matriz ambiental1, sendo que o próprio ordenamento jurídico nacional tem vindo
a evoluir no sentido de incorporar e aprimorar o tratamento da matéria das compensações urbanísticas e
ambientais.
1 São exemplos da primeira situação as revisões dos Planos Diretores Municipais do Porto, de Lisboa e, mais recentemente, de Sintra
e ainda o Plano de Ordenamento do Parque Natural das Serras de Aire e Candeeiros, como já referido.
Culturais e Naturais o Regulamento determina que nas áreas rurais submetidas à jurisdição do PNA, como é
o caso, se cumprem os diplomas que procederam à sua criação e respetivos planos de ordenamento.
Face ao exposto, regista-se a incompatibilidade, da pretensão com o disposto no Regulamento do PDM
concelhio, resultando, neste âmbito, um impacte negativo.
A modificação da configuração da pedreira significa uma mudança da profundidade e área da plataforma final
que poderão não só determinar o seu uso futuro como o tipo de biodiversidade possível na área recuperada.
A riqueza desse território será completamente alterada se a profundidade final se situar, tal como previsto, à
cota 40. Apesar da redução da vida útil da pedreira, a SECIL busca a melhoria levando a lavra apenas até à
cota 80, com dimensões de plataformas muito diferenciadas que terão consequências positivas nos ciclos da
água, sombreamentos, ecossistemas e utilização final.
A flexibilidade de gestão esperada pode possibilitar extensões da atividade humana, sempre que os valores
em presença sejam ponderados.
Face ao exposto, a SECIL entende que o PDM deve, em função de EIA a decorrer, manter em aberto a
possibilidade de alteração ao uso do solo, não limitando, à partida, alterações às áreas de exploração das
pedreiras. O mesmo documento sugere que o PDM considere a área proposta no processo de ampliação em
curso ou, em alternativa, uma zona buffer de 300 metros na envolvente da área das pedreiras, atendendo aos
extensos planos de recuperação que as mesmas englobam. Desta forma possibilita-se uma melhor gestão
desses planos e um eventual ajustamento/alargamento em superfície de área explorada, desde que seja
demonstrado que a solução adotada garante a recuperação e sustentabilidade dos ecossistemas locais
(anexo VII).
protegida não serão irremediavelmente afetados, pelo que se consideram os impactes negativos, pouco
significativos, temporários e minimizáveis.
das águas pluviais serão utilizados os materiais mais permeáveis nas zonas superiores da área a modelar.
Refere-se ainda que os materiais a utilizar apresentam uma granulometria relativamente extensa e uma
porosidade bastante elevada quando depositados de forma aleatória, o que irá facilitar a infiltração das águas
pluviais.
A solução de recuperação paisagística adotada contempla a plantação de espécies arbustivas e arbóreas
autóctones, sob as quais é proposta a instalação de um revestimento herbáceo-arbustivo, por
hidrossementeira, que tem como principal objetivo o controlo imediato da erosão, assegurando a estabilização
das áreas modeladas e o adequado enquadramento paisagístico com a envolvente.
No âmbito dos sistemas de drenagem, os mesmos são compostos por valas de escoamento para águas
pluviais, a construir na lateral das rampas e junto das bordaduras da escavação. Serão construídos sistemas
de drenagem periféricos, os quais irão ser adaptados com a evolução da lavra e duas lagoas na base da corta,
tendo como principal objetivo regular o fluxo de água pluvial para o interior da corta, estando ainda prevista a
criação de uma vala de drenagem perimetral, que irá permitir encaminhar as águas diretamente para um
sistema de decantação.
Face ao exposto, considerando a preservação e armazenamento do solo decapado em pargas e a sua
restituição às áreas afetadas - promovendo a recuperação das condições de equilíbrio do terreno, tendo em
conta a estabilização das áreas modeladas garantida pela plantação de coberto arbóreo e arbustivos e pela
instalação de revestimento herbáceo-arbustivo, atendendo às soluções adotadas no domínio da infiltração e
do encaminhamento das águas pluviais, de forma a mitigar problemas de erosão hídrica associados à
escorrência das águas superficiais, considera-se estarem salvaguardados os princípios de proteção ecológica
e de prevenção e redução de riscos naturais que estão na base da classificação das áreas de elevado risco
de erosão hídrica do solo enquanto parte integrante da REN.
De acordo com a alínea d) da Secção VI – Prospeção e exploração de recursos geológicos, da Portaria n.º
419/2012, de 20 de dezembro, as novas explorações ou ampliação de explorações existentes podem ser
admitidas desde que seja garantida a drenagem dos terrenos confinantes.
De acordo com o referido anteriormente, o projeto de ampliação da Pedreira Vale de Mós A prevê a existência
de valas de escoamento para águas pluviais, a construir na lateral de rampas e junto das bordaduras externas
da escavação. Serão ainda construídos, pontualmente, sistemas de drenagem periféricos, os quais irão ser
adaptados com a evolução da lavra, tendo como principal objetivo regular o fluxo de água pluvial para o interior
da escavação.
Face ao exposto, considera-se cumprida a alínea d) do ponto VI do Anexo I, da Portaria n.º 419/2012, de 20
de dezembro.
encontra classificada como uma ação compatível com os objetivos de proteção ecológica e ambiental e de
prevenção e redução de riscos naturais de áreas integradas na REN.
As Áreas estratégicas de proteção e recarga de aquíferos, que abrangem a totalidade da área proposta para
a ampliação da pedreira e parte da área já licenciada, apresentam-se como favoráveis à ocorrência de
infiltração das águas pluviais, por redução do escoamento superficial, e recarga natural dos aquíferos.
Considera-se que, dada metodologia de intervenção proposta no âmbito do PARP, a qual prevê a cobertura
vegetal da área a escavar e existência de duas lagoas que irão permanecer na base da corta, os processos
de infiltração não serão comprometidos, não havendo impactes a registar.
Relativamente às Áreas de elevado risco de erosão hídrica do solo, áreas que devido às suas caraterísticas
de solo e de declive, estão sujeitas à perda excessiva de solo por ação do escoamento superficial, deverá ser
garantida a conservação do recurso solo e o favorecimento da infiltração das águas, mantendo o equilíbrio dos
processos morfogenéticos e pedogenéticos associados a este recurso. A afetação desta tipologia restringe-se
à área da pedreira já licenciada e a grande parte da área já recuperada, não se registando a sua incidência na
área proposta para ampliação, pelo que não há impactes a registar. Ainda assim, a metodologia prevista no
âmbito do PARP, com o acondicionamento dos solos em pargas para posterior utilização, irá salvaguardar
eventuais impactes negativos ao nível das funções biofísicas que esta servidão pretende salvaguardar.
Regista-se que a instalação de novas explorações ou ampliação de explorações existentes é uma ação interdita
na tipologia Áreas de instabilidade de vertentes de acordo com o Anexo II do Regime Jurídico da REN, pelo
que, no âmbito desta tipologia, os impactes serão negativos, sendo necessário proceder à sua exclusão1
da REN.
1 A emissão de uma DIA favorável ou condicionalmente favorável ao Projeto da SECIL poderá também possibilitar a alteração da
delimitação da REN por via de procedimento simplificado: neste caso, a câmara municipal promove as diligências necessárias à
alteração da delimitação da REN e apresenta a respetiva proposta de alteração à CCDR. No prazo de 10 dias a contar da apresentação
da proposta referida no número anterior, a CCDR aprova a alteração simplificada da delimitação da REN com fundamento na DIA (em
anexo VIII parecer jurídico).
2 Transpostas para direito interno pelo Decreto-Lei n.º 140/99, de 24 de abril, alterado pelo Decreto-Lei n.º 49/2005, de 24 de fevereiro
biodiversidade, através da conservação dos habitats naturais e da flora e fauna selvagens, tendo em conta as
exigências económicas, sociais e culturais, bem como as particularidades regionais locais.
A área do projeto encontra-se incluída na Lista Nacional de Sítios - Sítio PTCON0010 – Arrábida/ Espichel,
sendo que, de acordo com o disposto no Decreto Regulamentar n.º 1/2020, de 16 de março, o Sítio
Arrábida/Espichel passa a ter a designação de ZEC. A preservação das espécies e habitats em presença neste
território é assegurada pela implementação do Plano de gestão da ZEC Arrábida/Espichel, em complemento
com os demais planos vigentes nesse território.
Da análise da Carta de Uso e Ocupação do Solo da ZEC Arrábida/Espichel, disponibilizada no âmbito da
consulta pública da Proposta de Plano de Gestão da presente ZEC, regista-se a incidência da área de
intervenção em territórios artificializados, em matos e matagais e em floresta de resinosas.
De acordo com a Proposta de Plano de Gestão da ZEC Arrábida/Espichel, os territórios artificializados ocupam
cerca de 8% da área total da ZEC e incluem sobretudo áreas urbanizadas (na periferia da cidade de Setúbal e
da vila de Sesimbra, ou em aglomerados de origem rural ou de ocupação mais recente), pedreiras e áreas
industriais.
Os matos e matagais, concentrados nas áreas topograficamente mais elevadas, como linhas de crista e em
vertentes, ocupam, em conjunto com áreas florestais (sobretudo de pinheiro-manso e pinheiro-bravo, em áreas
de encosta ou espaços associados ao mosaico agrícola), quase dois terços da área total da ZEC.
O Plano de gestão apresenta um conjunto de ações práticas, traduzidas em medidas de conservação:
e desativação, não estavam acautelados, referindo, como exemplo, a recuperação exemplar da pedreira Vale
de Mós A, com todo o trabalho científico de monitorização realizado na zona de recuperação e fora dela1.
A SECIL adotou uma abordagem ecológica utilizando espécies nativas na revegetação das pedreiras (apoiada
no desenvolvimento de um viveiro próprio), que contribuem para acelerar a colonização dessas áreas,
melhorando a autossustentabilidade do ecossistema e a resiliência, promovendo a colonização espontânea de
espécies vegetais e animais. Esta abordagem permite aumentar a qualidade da intervenção no ecossistema,
minimizar os impactes na biodiversidade e otimizar a gestão dos recursos.
O documento participativo refere que este território consiste num Sistema Sócio Ecológico (SSE), o qual integra
uma unidade biogeofísica, na qual interagem diversos atores e entidades. Um SSE é complexo e adaptativo e
dependente da ação humana para poder ser mantido, dependendo, a sua riqueza, precisamente da sua
diversidade de ocupação.
Nesse contexto, revela-se fundamental reconhecer que, devido à natureza dos SSE se impõe uma avaliação
dos ciclos de desenvolvimento do território, dos diferentes níveis dos subsistemas, da participação ativa dos
interessados, num contexto de flexibilidade e inovação capaz de mobilizar todos os intervenientes para uma
ainda maior riqueza e biodiversidade. Esta abordagem possibilita a aproximação das áreas recuperadas ao
ecossistema natural, perceber os fatores de diferenciação e eliminar os instrumentos de gestão que se revelem
limitantes.
A compreensão de que diferentes fases do ecossistema os fazem reagir de modo diferente a distúrbios, e o
fato da ocupação e densidade das espécies a proteger ser diferenciada conforme a fase do ecossistema é algo
de uma relevância fundamental para uma gestão adaptativa dos sistemas que a corrente filosofia da ZEC não
permite, de acordo com o explanado na participação realizada pela SECIL, acrescentando que classificar zonas
com valores existentes num determinado momento do tempo, sem valorizar a dinâmica dos mesmos, e dos
próprios ecossistemas onde esses valores se integram, pode resultar limitante.
É ainda referido que a avaliação de uma exploração deve considerar múltiplos fatores, nomeadamente a
plasticidade e a capacidade de intervenção nos ecossistemas, a existência de recursos e o impacte na
exploração de alternativas, e a temporalidade na exploração e a sua capacidade de recuperação.
Neste contexto, a participação da SECIL sugere a adoção de um sistema de gestão adaptativa, que integre as
diferentes fases do SSE, possibilitando que, juntamente com procedimentos de governação claros, se aumente
a legitimidade, a confiança e a adaptação das decisões à manutenção dos ecossistemas, numa visão dirigida
ao desenvolvimento dos valores mais significativos do ecossistema que se pretendem preservar e dos seus
diferentes habitats, avaliando a sua importância relativa face aos valores globais de sustentabilidade do
território.
Ainda nesse âmbito, é também proposto pela SECIL a elaboração de um trabalho conjunto na definição de
uma área de reserva que melhore a área de exploração, com eventual modificação do perímetro da sua
pedreira2 e a definição de uma zona buffer de 300 metros na envolvente da área das grandes pedreiras, com
extensos planos de recuperação, como é o caso em estudo.
1 Não só o trabalho concreto que se realiza na recuperação é exemplar, mas esse labor tem contribuído (em várias publicações) para
definir linhas de orientação e boas práticas para a recuperação de pedreiras e planos de gestão para a biodiversidade, nas quais as
pedreiras Vale de Mós A e Vale de Mós B têm sido consideradas caso de estudo singular.
2 Em anexo VIII verifica-se nota jurídica que refere que este tipo de prática é seguido na generalidade dos parques naturais mais
avançados, dando como exemplo em território nacional, o Parque Natural de Serra D’Aire e Candeeiros.
Essa opção iria resultar na modificação da configuração das pedreiras, permitindo uma melhor gestão da
recuperação e eventual ajustamento/alargamento em superfície, desde que essa seja a opção mais positiva
em termos de impactes globais.
1.17.11.2.5 Pedreira
As massas minerais não se integram no domínio público do estado, podendo ser objeto de propriedade privada
e de outros direitos reais (artigo º 6, Lei n.º 54/2015, de 22 de junho), nomeadamente a atribuição de direitos
de prospeção e pesquisa e de exploração de massas minerais (alínea a), do n.º 1, do artigoº 15.º, do mesmo
diploma). A pedreira Vale de Mós A tem o n.º 431 e a pedreira Vale de Mós B tem o n.º 432.
A atribuição de direitos de exploração implica a compatibilidade dessa atividade com o disposto nos
instrumentos de gestão territorial, servidões administrativas e restrições de utilidade pública e com o regime
jurídico de avaliação de impacte ambiental, quando aplicável (n.º 2, do artigo 27.º) e é acompanhada da
constituição de uma servidão administrativa sobre os prédios abrangidos nas respetivas áreas, em razão do
interesse económico da exploração, nos termos definidos em diploma próprio (artigo 53.º).
1 A margem das águas navegáveis ou flutuáveis, tem a largura de 30 m; a margem das águas não navegáveis nem flutuáveis,
nomeadamente torrentes, barrancos e córregos de caudal descontínuo, tem a largura de 10 m.
2 Artigo 56.º da Lei n.º 58/2005, de 29 de dezembro e Decreto-Lei n.º 226-A/2007, de 31 de maio.
das mesmas com o regime florestal, selecionando espécies autóctones, adaptadas à região do ponto de vista
biológico, com comprovada capacidade de sobrevivência e de bom desenvolvimento, enquadradas nas
comunidades presentes no local e nas restantes componentes biofísicas do território e indicadas como
prioritárias ou relevantes para a região no âmbito do PROF LVT.
sujeita a autorização prévia da mesma entidade (n.º 2, alínea f), do artigo n.º 14.º do Decreto-Lei n.º 309/2009
e artigo 36.º da Lei 107/2001).
O mesmo é aplicável às zonas de proteção de imóveis classificados como de interesse público, carecendo as
intervenções nestas áreas de parecer prévio favorável do IGESPAR (n.º 2, alínea d), do artigo 4.º do RJUE e
artigo 51.º do Decreto-Lei n.º 309/2009).
Face ao exposto, será dado cumprimento ao disposto na legislação aplicável.
De facto, embora não se proponha a total reposição topográfica, a recuperação paisagística da área de
intervenção prevê que se restabeleça continuidade com a ocupação do solo dos terrenos envolventes e que
seja retomado o uso silvícola natural preexistente.
1.17.12.4. Conclusão
A intensidade e a natureza de uma intervenção ao nível do solo, dependem das suas potencialidades
intrínsecas, quanto maior for a capacidade produtiva de um determinado solo, mais amplas serão as
alternativas para a sua utilização. Desta forma, uma alteração profunda do uso, em particular quando essa
utilização é não agrícola ou florestal, pode gerar impactes significativos, principalmente quando os solos com
essas características são raros ou quando a tipologia da sua ocupação assume um interesse ou valor particular.
Deverá assim, ter-se sempre em consideração as medidas de minimização adequadas para o projeto no que
diz respeito a este fator ambiental de modo a garantir a mitigação dos impactes negativos nos solos da área
de intervenção, sobretudo no que diz respeito à sua contaminação e poluição e consequentemente das linhas
de água e lençóis freáticos.
Em suma, a implementação das medidas pressupostas no PARP irá contribuir para a renaturalização de toda
a área afetada, permitindo aumentar a sua capacidade de uso e possibilitar ocupações variadas e alternativas
no futuro.
2. IMPACTES CUMULATIVOS
2.1. INTRODUÇÃO
Seguidamente efetua-se a identificação e análise dos impactes cumulativos resultantes da implementação do
Projeto de fusão e ampliação da pedreira Vale de Mós A. Neste âmbito, considera-se como impacte cumulativo,
o impacte ambiental que resulta do somatório das afetações provenientes de ações humanas passadas,
presentes ou previstas para determinada área, independentemente do facto de a entidade responsável pela
Ação ser pública ou privada. Isto é, impactes cumulativos são aqueles que se acumulam no tempo e no espaço,
resultando de uma combinação de efeitos decorrentes de uma ou diversas ações.
A identificação dos impactes cumulativos é realizada em determinada área geográfica e temporal,
correspondendo ao seguinte esquema de análise:
• Determinar os impactes diretos e indiretos decorrentes da implementação do Projeto, o que foi efetuado
nos capítulos anteriores;
• Identificar e avaliar os projetos, infraestruturas e ações, existentes e previstas para a área de influência do
Projeto, o que teve por base a ocupação atual do solo e o estipulado nos planos de ordenamento do
território vigentes sobre a área;
Quanto aos projetos e infraestruturas existentes, verifica-se que a ocupação do solo na área do Projeto é
realizada pela pedreira em exploração, nas imediações da fábrica de cimento, estando estes
empreendimentos, rodeados por áreas com vegetação mais ou menos densa, especificamente, matos
desenvolvidos e, em alguns locais, com exploração florestal de pinheiro manso e parcelas agrícolas
(Figura I.7).
O acesso à área de exploração é feito a partir da cidade de Setúbal pela estrada nacional EN10-4, tomando-se
depois a ER379-1, que conduz à portaria da fábrica de cimento da SECIL-Outão. O acesso ao interior da
exploração é feito por acessos internos da fábrica. Em alternativa, o acesso poderá ser realizado pela ER379-1,
acedendo diretamente à pedreira Vale de Mós A (Figura I.1 e Figura IV.72).
A envolvente próxima do local onde se insere o projeto é caraterizada por uma ocupação humana esparsa,
sendo que as povoações mais próximas da pedreira são, a Noroeste, o Vale da Rasca (composta por diversos
Casais: Rainha, Freixo, Boa Vista, Russinha, Lameiras de Baixo) que distam cerca de 400 a 1000 metros, da
pedreira Vale de Mós A. A Sudeste da pedreira localiza-se a povoação do Outão, a cerca 800 metros, onde se
encontra o hospital ortopédico de Sant’Iago de Outão1. A Este da Pedreira Vale de Mós A, a menos de 300
metros, localiza-se a fábrica de cimento da SECIL- Outão (Figura I.4 e Figura I.5).
Relativamente aos recursos naturais e ecossistemas, a área de intervenção integra-se no Parque Natural da
Serra da Arrábida (PNA) e na Zona Especial de Conservação 2000 Arrábida/ Espichel (Figura I.8). Sendo que
foram detetados impactes negativos, sobre os valores naturais aqui existentes, conforme referido na avaliação
de impactes efetuada sobre os recursos biofísicos.
Figura IV.76 – Projetos sujeitos a procedimento de AIA na envolvente da pedreira Vale de Mós A.
No decurso dos trabalhos efetuados não se identificaram, quaisquer outros projetos, infraestruturas ou ações
previstas ou planeadas para a área de influência do projeto, com exceção dos existentes e sujeitos a AIA
(Figura IV.76), pelo que não se prevê a ocorrência de qualquer tipo impacte cumulativo neste âmbito, com
exceção dos referentes às questões de impacte paisagístico, melhor avaliadas nos capítulo seguinte
2.6. Paisagem.
Adicionalmente, face aos volumes de produção previstos de 2 350 000 t/ano (1 175 000 t/ano de calcário e
1 175 000 t/ano de margas), não muito diferente do que se regista atualmente, mas com a vantagem de não
ser necessário obter calcário do exterior, pelo que se prevê a não diminuição da potencial afetação das
populações residentes na envolvente do projeto e sobre as infraestruturas existentes.
Assim, e tendo em conta a caracterização da situação de referência efetuada no Capítulo III e a avaliação de
impactes sobre os diferentes fatores ambientais efetuada (Capítulo IV.1), nos pontos seguintes procede-se à
avaliação de impactes cumulativos nas vertentes ambientais consideradas relevantes – recursos hídricos,
qualidade do ar, ambiente sonoro, vibrações, paisagem, saúde humana e território.
2.3. QUALIDADE DO AR
No presente estudo teve-se em consideração a contribuição das fontes emissoras externas ao projeto,
nomeadamente as emissões associadas à fábrica de cimento/cais marítimo e ao tráfego rodoviário das
principais vias existentes no domínio em estudo.
Para além destas fontes, considerou-se a contribuição das restantes fontes emissoras com relevo no domínio
em estudo, para as quais não foi possível considerar individualmente no modelo de dispersão, através da
aplicação do valor de fundo aos valores estimados, para os poluentes NO2, CO, PM10 e SO2. Os valores de
fundo para estes poluentes tiveram por base os valores médios obtidos nas estações de monitorização de
qualidade do ar consideradas no presente estudo (HOSO, Murteira, São Luís e Troia) nos últimos três anos
com dados disponíveis (2017-2019), para os períodos em que as medições não estiveram sobre influência da
unidade industrial da SECIL (Pedreira e fábrica).
Com base nos resultados obtidos, verifica-se o efeito cumulativo das emissões atmosféricas provenientes da
pedreira Vale de Mós A com as emissões inerentes às fontes emissoras externas ao projeto.
Com base nos resultados obtidos, verifica-se o efeito cumulativo das emissões sonoras provenientes da
pedreira Vale de Mós A com as emissões inerentes às fontes emissoras externas ao projeto.
2.5. VIBRAÇÕES
Ao nível dos impactes cumulativos, não existem outras fontes de geração de vibrações por detonações num
raio de 5 km, pelo que não são expectáveis quaisquer fenómenos deste tipo.
Assim, com a implantação deste projeto são esperados impactes pouco significativos, tanto ao nível das
estruturas como da comodidade humana, temporários e reversíveis.
2.6. PAISAGEM
O projeto da pedreira Vale de Mós A, conforme descrito no capítulo da Caraterização da Situação de
Referência, pretende a ampliação da corta da pedreira para uma área rústica adjacente no seu quadrante Sul,
delimitada pelo Parque Natural da Arrábida.
De facto, a área onde se insere o projeto caracteriza-se pelas suas caraterísticas rurais, relevo ondulado, com
zonas bastante acidentadas com afloramentos e escarpas rochosas, onde predomina uma ocupação dos solos
com matos e matagais naturais desta região serrana de clima temperado marítimo dada a sua presença na
costa oeste de Portugal continental, sofrendo uma forte influência do oceano atlântico.
Os impactes expectáveis para a ampliação da pedreira podem assim ser considerados agravados pela
proximidade de diversos outros projetos na envolvente, se bem que para perceber de que forma e durante
quanto tempo, deveria avaliar-se individualmente cada situação.
Os impactes cumulativos previstos podem, de uma forma sintética, dividir-se nos seguintes:
• Perturbação da visibilidade junto dos locais onde se efetuam sobretudo, durante a fase de construção, as
obras de escavação e manobras de máquinas, incluindo os acessos, pelo aumento do nível de poeiras
no ar;
• Deposição de poeiras no coberto vegetal envolvente (mais grave nos meses de menor precipitação,
correspondente ao período estival);
É ainda importante contabilizar que a área da pedreira continuará a ser objeto de recuperação faseada e
concomitante com a exploração sendo que, o local será globalmente recuperado ambiental e paisagisticamente
no final da exploração.
Os impactes negativos na paisagem, assumem assim um carácter cumulativo, cuja significância e magnitude
dependerá das suas etapas de funcionamento, essencialmente, no que diz respeito às alterações ao nível do
espaço local a intervencionar em dado momento.
O licenciamento do Plano de Pedreira (projeto) da pedreira de calcário e marga industrial Vale de Mós A
contribuirá para uma alteração acrescida da paisagem local, não obstante o facto de se tratar de uma
ampliação, uma vez que, a magnitude do projeto em questão produzirá uma maior artificialização da paisagem
devido a tratar-se de um espaço rústico, ainda que seja recuperado faseadamente ao longo do seu tempo de
vida útil de exploração.
A morfologia do relevo irregular e a tipologia de ocupação dos solos (vegetação rasteira e matos naturais) no
território onde se insere traduzem-se em barreiras visuais que fazem com que, as infraestruturas dos vários
componentes dos projetos na envolvente não sejam facilmente observáveis de uma forma global a partir de
um qualquer ponto na envolvente, minimizando assim os impactes negativos decorrentes da coexistência dos
vários projetos na área de estudo.
Em suma, a implementação do Projeto contribuirá para gerar impactes cumulativos na paisagem, prevendo-se
que os mesmos sejam tanto ou mais significativos, a nível visual, estrutural ou funcional, em função da
simultaneidade das fases de construção e consequente desorganização espacial dos outros projetos existentes
na envolvente (considerando os projetos que obtivemos informação à data da realização deste relatório).
• a eventual (re)distribuição geográfica de “novas” doenças, típicas de outro continente e países a sul que
poderão começar a surgir em Portugal (principalmente no sul do país);
Destaca-se que o Projeto possui algumas caraterísticas que permitem minimizar os impactes na Saúde
humana, de onde se destaca a área já recuperada, assim como a recuperação faseada ao longo do período
de vida do projeto, resultando numa menor área em exploração face ao verificado atualmente.
O desenvolvimento do projeto da pedreira de calcário e marga industrial Vale de Mós A procede ao
aproveitamento dos importantes recursos minerais existentes, alimentando um complexo industrial cimenteiro
a jusante, sendo por isso um polo de dinamização económica, gerador de emprego direto e indireto e de
alavancagem para outras atividades económicas locais e regionais. No ponto de vista do contributo para a
criação de emprego e para a saúde mental (entre outros aspetos, a redução de depressões) e de melhoria da
qualidade de vida das populações, os impactes resultantes do Projeto, nesta interação entre a Sócioeconomia
e a Saúde humana, poder-se-ão considerar positivos.
Os eventuais impactes negativos sobre a Saúde são de pouca magnitude e não se prevêem para a comunidade
que está fora da área de atividade. Aliás, conforme se avalia nos estudos de qualidade do ar e do ruido (pela
natureza do contexto de exploração), mesmo nas zonas de atividade direta (frentes de exploração e britagem)
os níveis de qualidade, nomeadamente do ar, não são de molde a prever qualquer problema de saúde
ocupacional (que sai do âmbito deste relatório).
Face ao tipo de Projeto, à sua localização, à localização das populações vizinhas na envolvente, à utilização
de Boas Práticas na sua laboração e exploração, nomeadamente na redução das poeiras, na manutenção das
zonas dos equipamentos, na manutenção de máquinas e viaturas, na utilização e manutenção dos Recursos
Hídricos e nos terrenos adjacentes, bem como à tomada de medidas de minimização e mitigação dos impactes
ambientais que possam ocorrer, não se preveem impactes significativos na Saúde humana.
2.8. TERRITÓRIO
O projeto da ampliação da pedreira Vale de Mós A, tal como descrito no capítulo da Caraterização da Situação
de Referência, insere-se no Parque Natural da Arrábida, uma área de importantes recursos naturais e
paisagísticos.
A ocupação humana assinalada localmente é dispersa, registando-se Vale da Rasca como a localidade mais
próxima da pedreira (400 metros a Norte) da área licenciada da pedreira. A 800 metros para Sudeste da
pedreira localiza-se o hospital ortopédico de Sant’Iago de Outão. A menos de 300 metros a Este da pedreira,
encontramos a fábrica de cimento da SECIL-Outão, sendo a análise da extensão dos seus impactes
indissociável desta infraestrutura que, em conjunto com a exploração da pedreira Vale de Mós A, pode gerar
impactes cumulativos no âmbito território e do uso do solo.
Os impactes cumulativos previstos podem, de uma forma sintética, estruturar-se da seguinte forma:
• alterações na morfologia e no uso do solo do território afetado (na fase de exploração, sendo
maioritariamente reversíveis na fase de desativação);
• alteração da “aparência” do território, por deposição de poeiras no coberto vegetal envolvente (situação
agravada nos meses de menor precipitação, correspondente ao período estival, durante a fase de
exploração);
3. MEDIDAS DE MINIMIZAÇÃO
3.1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS
Após a identificação dos principais impactes, associados à implementação do projeto de ampliação da pedreira
Vale de Mós A torna-se necessário definir medidas corretivas e minimizadoras que garantam o adequado
equilíbrio do ambiente na área de intervenção e na sua envolvente.
Neste capítulo são apresentadas as medidas de minimização a adotar durante as várias fases de
implementação do projeto (exploração, desativação e pós-desativação) com vista à mitigação das perturbações
previstas.
Algumas destas medidas constituem aspetos integrados ou complementares das intervenções inscritas no
projeto de ampliação que são incluídas tanto nos respetivos Planos parcelares (Plano de Lavra e Plano
Ambiental e de Recuperação Paisagística), como na própria laboração das pedreiras. Outras referem-se às
soluções técnicas e ambientalmente mais adequadas, de forma a garantir que este Projeto constitua uma
referência no domínio da integração e da proteção ambiental.
Destaca-se, assim, a existência de algumas regras e procedimentos comuns a praticamente todos os fatores
ambientais que permitirão atenuar de uma forma eficaz os impactes perspetivados. Estas medidas são
consideradas no próprio Projeto, mas, devido à sua importância, são retomadas no presente capítulo e
integradas nas intervenções preconizadas.
Estas ações passam pela correta gestão da exploração do recurso mineral, já que é nesta fase que os impactes
mais significativos são detetados e, posteriormente, pela implementação e manutenção adequada do PARP
preconizado. Assim, e com o objetivo de evitar excessivas repetições, sintetizam-se seguidamente as medidas
de caráter geral a implementar, após o que se descrevem as medidas minimizadoras dos impactes ambientais
detetados, específicas para cada um dos fatores ambientais considerados significativos face à avaliação de
impactes ambientais efetuada.
• o avanço da exploração será efetuado de forma a promover a revitalização das áreas intervencionadas no
mais curto espaço de tempo possível, concentrando as afetações em áreas bem delimitadas;
• as ações respeitantes à exploração serão confinadas ao menor espaço possível, limitando as áreas de
intervenção para que estas não extravasem e afetem, desnecessariamente, as zonas limítrofes não
intervencionadas;
• o perímetro da área de pedreira será vedado e sinalizado, de forma a limitar o mais possível a entrada de
estranhos à pedreira e, desta forma, evitar acidentes;
• a remoção do coberto vegetal será limitada às áreas estritamente necessárias à execução dos trabalhos e
a prossecução do Projeto garante que estas são convenientemente recuperadas no mais curto espaço de
tempo possível (pelo avanço faseado da recuperação em função da lavra);
• os locais de deposição dos stocks de materiais desmontados e da terra viva (pargas), encontram-se
devidamente definidos no Plano de Pedreira;
• o PARP contempla a decapagem e armazenamento da camada superficial do solo (pargas) para posterior
utilização dos trabalhos de recuperação paisagística e desta forma garantir um maior sucesso na
implantação da vegetação;
• a vegetação proposta no PARP respeitou o elenco florístico da região (viveiros SECIL), garantindo desta
forma um maior sucesso na sua integração com menor esforço e custos de manutenção;
• será realizado o correto armazenamento, gestão e manuseamento dos resíduos produzidos e associados
à pedreira, nomeadamente, óleos e combustíveis, resíduos sólidos e águas residuais, através da sua
recolha e condução a depósito/destino final apropriado (devidamente credenciado pela Agência Portuguesa
do Ambiente - APA), reduzindo a possibilidade de ocorrência de acidentes e contaminações;
• os acessos do interior da pedreira Vale de Mós A serão mantidos em boas condições de trafegabilidade,
por aplicação de “tout venant” nos locais sujeitos a maiores movimentações de veículos;
• o explorador realizará ações de formação e divulgação aos trabalhadores da sua pedreira sobre as normas
e cuidados ambientais e de segurança, a ter em conta no decorrer dos trabalhos;
• o Plano de Monitorização integrado no presente EIA será implementado, de forma a detetar a existência
de eventuais desvios aos impactes esperados e proceder à sua correção atempada;
• o explorador assegurará o correto cumprimento das normas de segurança, tendo em vista não só a
segurança como a minimização das perturbações na atividade nos recetores sensíveis da envolvente.
Na fase de desativação preconizam-se as seguintes medidas gerais:
• será efetuada uma vistoria a fim de garantir que todas as áreas afetadas pelas atividades associadas à
exploração são devidamente recuperadas de acordo com o PARP definido, para que exista, no mais curto
espaço de tempo possível, uma ligação formal entre a área intervencionada e a paisagem envolvente.
Finalmente, para a fase de pós-desativação destacam-se as seguintes medidas gerais:
A implementação destas medidas de minimização, na sua maioria integradas no Plano de Pedreira (Projeto),
trará benefícios, diretos e indiretos, sobre a generalidade dos descritores ambientais, pelo que seguidamente
só se procede à sua descrição quando existem ações concretas com influência sobre os domínios de análise
em causa.
• Garantir a adequada manutenção do estado de limpeza da periferia da área a intervencionar, e dos acessos
às zonas de trabalho. Tal, implica inspeções periódicas às valas perimetrais em torno das frentes de
escavação, de modo a impedir assoreamentos e retenção de águas de escorrência. Estas inspeções
deverão ter maior frequência em períodos de pluviosidade e deverão ser acompanhadas de operações de
limpeza sempre que tal se justifique;
• Reutilizar, sempre que possível, a água pluvial recolhida nas valas de drenagem e encaminhada para o
sistema de decantação, de modo a minimizar os impactes sobre os volumes de água a utilizar na aspersão
dos caminhos e na rega de vegetação das áreas recuperadas;
• A colocação de tubo-guia de PEAD em cada um dos furos afetos ao Projeto (AC2, AC3 e AC5), de tal modo
se consiga efetuar medições de profundidade dos níveis freáticos em segurança1.
• Manutenção das bacias de retenção e decantação com volumes úteis tais que permitam tempos de
residência suficientes para que ocorra uma decantação eficiente;
• Deverá ser garantido de forma permanente a existência de margem de segurança nas bacias de tal modo
não existam quaisquer galgamentos das águas aí retidas;
• Remoção da fração sólida decantada nas bacias de retenção e decantação, sempre que a mesma atinja
aproximadamente meio metro de altura e encaminhamento destes materiais para o processo produtivo da
fábrica;
• O bombeamento de águas das bacias de retenção e decantação para o meio hídrico envolvente só deverá
acontecer se previamente se confirmar cumprimento dos valores normativos constantes no Anexo XVIII
(Valores limite de emissão (VLE) na descarga de águas residuais) do Decreto-Lei nº 236/98, de 1 de agosto,
nomeadamente no que respeita à concentração de sólidos suspensos totais (SST);
1Entendendo-se como segurança, a inexistência de prendimentos da sonda de níveis à corda de sustentação da bomba
submersível ou a cablagem elétrica.
• Caso ocorra interceção de estruturas cársicas durante o avanço da escavação, dever-se-ão implementar
as seguintes medidas específicas: i) garantir que substâncias tóxicas como os hidrocarbonetos e os óleos
(novos ou usados) se encontrem devidamente armazenados, em locais distantes de tais estruturas;
ii) garantir a proteção física do acesso às estruturas cársicas, impedindo a introdução de resíduos ou
objetos estranhos no seu interior; iii) desviar as águas com sólidos em suspensão, impedindo a sua
infiltração através daquelas estruturas;
• Assegurar a manutenção e revisão periódicas quer da fossa séptica quer dos separadores de
hidrocarbonetos;
• Inspeção periódica da bacia de retenção sob o depósito de combustível móvel, prevenindo assim eventuais
transbordos inadvertidos de combustível;
• Assegurar-se que junto da oficina e nas áreas destinadas ao armazenamento de lubrificantes não existirá
contaminação do solo por quaisquer substâncias poluentes, sendo que, após a demolição, todos os
materiais que tenham estado em contacto com essas substâncias deverão ser separados e encaminhados
para aterro controlado;
• Assegurar-se que junto das áreas preferenciais de infiltração das águas no fundo da corta não se encontram
substâncias poluentes das águas e não existe arrastamento de material de granulometria fina que possa
vir a turvar as águas subterrâneas;
3.3.3. Solos
A medida de minimização mais importante para o fator ambiental Solos, consiste na implementação do PARP
(Projeto), onde são preconizadas ações de preservação e reconstituição do solo afetado e a sua subsequente
revegetação com espécies autóctones. Assim:
• Quanto ao uso do solo, destaca-se que a correta implementação do PARP permitirá a reconversão da área
intervencionada para uma área ambientalmente sustentável, minimizando impactes negativos gerados
ainda durante a fase de exploração e reconvertendo-os, globalmente e a longo prazo, num impacte positivo
significativo e permanente.
Nesse sentido, sempre que seja necessário proceder à decapagem dos solos, nomeadamente, no âmbito da
abertura de caminhos, infraestruturações ou escavações, deverá ser garantido o armazenamento e
preservação da camada superficial decapada, correspondente às terras vegetais com maior capacidade
produtiva (com maior teor em matéria orgânica e em minerais), de modo a serem utilizadas na recuperação
paisagística das áreas intervencionadas.
O armazenamento deverá ser efetuado em pargas, que deverão apresentar uma estrutura estreita, comprida
e com uma altura nunca superior a 2,00 m, com o cimo ligeiramente côncavo para uma boa infiltração da água.
As mesmas deverão ser semeadas com tremocilho ou abóbora à razão de 3 g/m2 para evitar o aparecimento
de ervas infestantes e melhor conservar os solos.
• Após a desativação das instalações de indústria extrativa, será completada a recuperação na área
intervencionada com vista à viabilização de um sistema silvopastoril, ambientalmente sustentável,
minimizando impactes negativos, gerados durante a fase de exploração e reconvertendo-os, globalmente
e a longo prazo, num impacte positivo significativo e permanente.
3.3.4. Qualidade do ar
Para minimizar os impactes na qualidade do ar afetos à exploração da pedreira Vale de Mós A, nas condições
de funcionamento previstas, deve-se ter em consideração a diversidade de fontes emissoras existentes e a
importância de cada fonte para os resultados obtidos. Deste modo, salientam-se as seguintes medidas de
minimização a adotar/manter durante a exploração da instalação:
• Continuação da rega permanente da via de circulação interna na Pedreira Vale de Mós A, tal como já
efetuado atualmente;
• Continuação do uso do sistema de carregamento de matéria prima por tapete transportador para os
moinhos, diminuindo a movimentação de máquinas não rodoviárias;
• Utilização de máquinas não rodoviárias recentes, com motores projetados para atender aos fatores de
emissão de poluentes atmosféricos e representativos do Euro V/Euro VI e, sempre que possível, aquisição
de máquinas elétricas face às máquinas a diesel. De acordo com a informação facultada pelo proponente,
será efetuada a substituição dos equipamentos mais antigos (anteriores a 2015) por equipamentos novos;
• Otimização dos períodos de funcionamento das máquinas não rodoviárias, com o intuito de ter o menor
número possível de equipamentos a funcionar em simultâneo;
b. Melhorar continuamente o circuito de circulação e desenho dos acessos com o objetivo de diminuir
o respetivo nível de ruído emitido;
8. Realizar uma manutenção intensiva dos equipamentos, componentes e elementos submetidos a fricção,
verificando a sua correta lubrificação;
9. Realizar uma manutenção correta dos equipamentos e das máquinas, verificando o adequado
funcionamento de todos os dispositivos de controlo de ruído instalados.
3.3.6. Vibrações
Conforme foi referido, não é expectável que as vibrações decorrentes dos desmontes estabelecidos no Plano
de Pedreira (projeto) da pedreira de calcário e marga industrial Vale de Mós A excedam os limiares da NP 2074.
No entanto, no caso de surgirem situações de incumprimento, poderão ser tomadas medidas de minimização
que deverão ser eminentemente preventivas em detrimento de medidas corretivas.
A SECIL estabeleceu internamente uma metodologia de prevenção e controlo, de forma a prevenir que sejam
induzidos danos a edifícios, que envolvem duas medidas principais:
• Não utilizar cargas instantâneas superiores às estabelecidas no Quadro IV.17, para cada distância (ver
também Figura IV.35 e Quadro IV.16);
Notificação à DGEG;
Vmax ≥ 3,0 mm/s, em construções Avaliação de eventuais danos em
correntes; edifícios;
Nível 3 Interrupção total das detonações até
Vermelho
Incidente haver resultados da avaliação;
Monitorização contínua dos edifícios
Vmax ≥ 1,5 mm/s, em construções
mais próximos ou com queixas, até se
sensíveis;
verificar retorno ao Nível 1.
• Carga por furo (altura da bancada) A diminuição das alturas das bancadas implica que a quantidade de
explosivos seja menor em cada furo;
Figura IV.77 – Perfil esquemático de uma possível alteração da altura das bancadas.
• Número de retardos por furo (esta utilização carece de autorização prévia pela DGEG) A subdivisão das
cargas num mesmo furo, implicará que a quantidade detonada em cada instante diminua;
Atacamento
FASE 2
Carga de coluna
Tampão
FASE 1 ou rolhão
4. Carga de
fundo
• Outros
Estas medidas poderão passar pela alteração do tipo de explosivos utilizados, pela mudança na proporção dos
diferentes tipos de explosivo, pela alteração do layout dos furos, etc. Serão ainda utilizados iniciadores
eletrónicos, impedindo a sobreposição de detonações e estabelecendo uma frequência adequada,
principalmente em zonas de maior proximidade com estruturas.
Deverá ser realizada uma campanha de identificação das patologias existentes nas estruturas da envolvente,
de forma a ser possível reconhecer uma eventual afetação pela implementação do atual projeto.
Relativamente a eventuais situações de incomodidade, provocadas pelo facto de as vibrações induzidas pelos
desmontes de rocha serem percetíveis pela população, considera-se que poderão ser adotadas medidas tendo
em vista a redução destes impactes. Assim, propõe-se que as populações sejam avisadas atempadamente,
da data e hora de realização dos desmontes, através de aviso sonoro, reduzindo-se o fator surpresa.
• Promover uma ação anual de sensibilização junto aos trabalhadores para o enquadramento da Pedreira
Vale de Mós A no Parque Natural da Arrábida (PNA), para as boas práticas implementadas na SECIL no
que se refere à conservação dos valores naturais, como a não colheita ou danificação/abate de espécimes
vegetais e animais, abordando a temática do valor ecológico de flora, vegetação, habitats e fauna da região
onde a pedreira está inserida;
• Efetuar um acompanhamento ambiental permanente da exploração que valide e verifique os limites das
atividades de exploração, limites esses que devem estar balizados de forma visível e inequívoca, bem como
a implementação das medidas propostas;
• Para as árvores e arbustos a manter, evitar deixar raízes a descoberto e sem proteção em zonas de
escavações;
• Iniciar a recuperação paisagística o mais rapidamente possível logo que terminem as operações nos
terrenos intervencionados. Desta forma previne-se a erosão dos solos e a sua infestação por espécies
exóticas e invasoras;
• Sempre que seja necessário instalar cortinas arbóreas ou arbóreo-arbustivas, devem ser usadas espécies
autóctones disponíveis nos viveiros da SECIL. Primariamente e em maior dominância devem ser usados o
medronheiro – Arbutus unedo; o zimbro - Juniperus turbinata; e o pinheiro-manso – Pinus pinea. Como
espécies companheiras para complementar a cortina arbórea e aumentar a biodiversidade, sugerem-se o
zambujeiro - Olea europaea var. sylvestris; a aroeira - Pistacia lentiscus; a alfarrobeira - Ceratonia síliqua;
e o carvalho-cerquinho - Quercus faginea;
• A desmatação seletiva (por faixas) da área de projeto deve ser efetuada faseadamente e cada uma das
áreas a ser desmatada deve cumprir os seguintes passos:
o Realizar as ações de desmatação sem revolver o solo, entre agosto e setembro;
o Não efetuar posteriores intervenções na área durante 9 meses (entre outubro a junho), até que
toda a área seja prospetada por técnico especialista de botânica, e que sejam efetuados os
• As ações de desmatação deverão ser evitadas durante a época de reprodução da maioria das espécies
faunísticas (essencialmente de março a junho);
• No que diz respeito à atividade extrativa, fendas e cavidades que sejam reveladas no decorrer da lavra,
devem ser prospetadas quanto à presença de morcegos. Em caso de deteção de abrigos, a extração de
material rochoso deve evitar-se na área do mesmo, reduzindo as atividades de escavação e de desmonte
nas áreas mais próximas do abrigo encontrado, durante o inverno e durante o verão. Para o efeito deverá
ser contatado o Parque Natural para realizar uma visita de avaliação ao local1;
1 https://cdn.bats.org.uk/pdf/Resources/Bats_and_Buildings.pdf?mtime=20181101151546&focal=none
• Continuação das parcerias com a Universidade de Lisboa e com a Universidade de Évora, estendendo
esse trabalho à área do projeto, não só para avaliação do impacte da recuperação ecológica como para
identificar formas mais eficientes de recuperar ecossistemas.
Estas medidas permitirão reduzir a magnitude dos impactes negativos significativos referidos anteriormente,
nomeadamente impactes diretos, indiretos e irreversíveis, uma vez que as áreas a afetar serão limitadas e
serão também criadas as condições para o desenvolvimento de comunidades compostas por espécies
autóctones com elevada diversidade florística, inclusivamente espécies protegidas.
3.3.9. Paisagem
É evidente que “a indústria extrativa, pela sua própria natureza, é passível de criar um certo número de
impactes ambientais1”. Esses impactes, encontram-se diretamente relacionados com a tipologia de exploração,
designadamente, no que diz respeito à grandeza das áreas de escavação e das infraestruturas de apoio e da
maquinaria pesada utilizada.
Contudo, o mesmo autor considera que os impactes negativos expectáveis “permanecem em grande parte
circunscritos ao local de extração e não têm efeitos globais para lá das zonas vizinhas.”2 Nesse sentido, a
importância de um bom planeamento, gestão e monitorização por parte do explorador é essencial para
minimização do impacte visual negativo expectável, contribuindo para uma melhor integração da pedreira na
paisagem circundante.
As medidas de minimização dos impactes visuais e paisagísticos resultantes da ampliação da pedreira Vale
de Mós A consistem essencialmente na efetiva implementação do Plano Ambiental e de Recuperação
Paisagística (PARP), incluído no Plano de Pedreira, o qual garantirá a sua recuperação faseada, em articulação
com o avanço da lavra:
1 Brodkom, 2000
2 Idem
local e que contribuem para a vasta experiência já adquirida pela empresa na instalação de vegetação
neste local;
• Promove-se a minimização das alterações à morfologia do território nas áreas a recuperar através do seu
aterro com estéreis resultantes da exploração, a que se seguirá, a reposição das terras de cobertura e o
restabelecimento de um coberto vegetal autóctone;
• Rega regular dos acessos não pavimentados de forma a minimizar a dispersão de poeiras;
• Para a fase de desativação, considera-se essencial que a implementação do PARP só seja dada como
concluída após vistoria que comprove a reconversão de todas as zonas afetadas no decurso da atividade
extrativa.
3.3.10. Sócioeconomia
As medidas apresentadas incluem orientações que pretendem garantir o adequado equilíbrio do território na
área de intervenção e na sua envolvente e prevenir eventuais perturbações na população.
Nesse sentido, registam-se as seguintes medidas gerais a aplicar no âmbito da socioeconomia:
• A consideração de um Plano de Segurança e Saúde que contribua para reduzir substancialmente os riscos
que os operários e restante pessoal envolvido na fase de exploração, poderão correr. Considera-se
indispensável o cumprimento integral do referido Plano, devendo as entidades responsáveis assegurar as
ações de fiscalização para verificação das normas e regras estabelecidas;
• Deverá ser definido um faseamento de exploração e recuperação adequado, que promova a revitalização
das áreas intervencionadas no menor intervalo de tempo possível e concentrado em áreas bem delimitadas,
evitando a dispersão de frentes de intervenção em diferentes locais em simultâneo;
• Investir nas melhores tecnologias ao dispor da indústria, visando alcançar os melhores padrões de
qualidade e o melhor desempenho ambiental.
Em particular, no âmbito da qualidade de vida das populações:
• Assegurar que são selecionados os métodos e os equipamentos que originem o menor ruído possível. Esta
medida é sobretudo destinada a minimizar a incomodidade da população na localidade de Vale da Rasca
e os próprios operários e demais trabalhadores;
• Garantir que as operações mais ruidosas se restringem ao período diurno e nos dias úteis, evitando que
essas ações se realizem no período entre as 20:00 e as 23:00 horas, denominado como “Entardecer”, no
Regulamento Geral do Ruído;
• Sensibilizar os condutores das máquinas e veículos afetos à exploração da pedreira para que sejam
cumpridos os limites de velocidade estabelecidos nos diversos itinerários utilizados dentro da área de
trabalho, assim como para a necessidade da realização de revisões periódicas aos veículos, de modo a
que os níveis sonoros admissíveis não sejam ultrapassados;
• Deverão ser adotadas medidas de minimização de ruído e libertação de poeiras (definidas nos fatores
ambientais próprios).
Quanto às atividades económicas e de emprego:
• Recurso às empresas locais e regionais para suprimento das necessidades recorrentes da pedreira
(equipamentos e materiais consumíveis, manutenção de infraestruturas), por forma a centrar localmente a
dinamização económica que se fará sentir;
• Discriminar positivamente a população local, sempre que se verifique necessário aumentar eventuais
postos de trabalho, com o objetivo de contribuir para a redução dos níveis de desemprego.
A SECIL deve continuar e aprofundar a sua ação junto dos interessados (stakeholders) de modo a diminuir os
impactos culturais e identitários (ver serviços de ecossistema) como psicossociais. Assim dever-se-á criar um
plano que:
nos seus capítulos respetivos um conjunto de boas práticas que devem ser seguidos por todos os
intervenientes nos trabalhos de forma a minimizar as emissões a eles associadas.
Relativamente às vibrações é essencial que continuem a ser revistos os mapas de cargas máxima de forma
a detetar eventuais existências de novas estruturas na envolvente, eventuais alterações na legislação e normas
e permitir o refinamento da expressão de propagação das vibrações devido à maior quantidade de dados. Os
dados obtidos nas monitorizações deverão ser comparados com as recomendações de incomodidade patentes
na NP ISO 2631-1:2007 e com as disposições da NP2074 quanto à integridade física dos edifícios.
Quanto às emissões das viaturas ou derrames de lubrificantes, no decorrer da fase de exploração, todas as
máquinas e viaturas devem cumprir todos os requisitos associados à sua manutenção preventiva, acautelando
qualquer situação de derrame destes potenciais contaminantes.
Na fase de desativação no local afeto à exploração da pedreira, a implementação do Plano Ambiental e de
Recuperação Paisagística (PARP) irá promover a recuperação da área de exploração, potenciando assim o
eventual aproveitamento e uso do local para outras atividades socioeconómicas ambientalmente compatíveis.
Com a aplicação dessas medidas, bem como com a implementação do PARP, designadamente com as
operações de modelação final e revegetação, é expectável a ocorrência de impactes positivos ao nível da
criação de empregos associados ao ambiente.
Sendo desenvolvidas medidas de minimização, relativas a impactes relacionados com emissão de poeiras e
de gases, de ruído e vibrações, para a qualidade de vida, a saúde e o quotidiano das populações, em
consequência da exploração da pedreira, esses aspetos constituem impactes negativos, mas de curto prazo e
pouco significativos a nível local.
Considerando que não se preveem alterações significativas ao tráfego assinalado atualmente, não é
expectável a afetação, significativa, da rede viária pela exploração da pedreira, ou afetação/obstrução da
acessibilidade local com incidência na mobilidade da população ou com importância social.
Como medida de minimização de risco e de Impacte na Saúde, deverá ser efetuada a demarcação das zonas
de espelho de água que vão resultar do Projeto (no seu final de vida útil) de forma a evitar acidentes, com a
proximidade de pessoas e o risco de queda na água e de afogamento. Além da delimitação desses espaços
deve haver também na zona circundante meios de apoio e socorro a acidentes com pessoas na água (boias e
outros meios de socorro).
3.3.12. Património
3.3.12.1. Introdução
Na Avaliação de Impactes foram discutidas as consequências da preparação, da exploração e da desativação
do projeto sobre as ocorrências de interesse cultural identificadas na AE. Esta apreciação fundamenta as
medidas de minimização gerais e específicas a seguir propostas.
3.3.13. Território
É objetivo geral dos IGT proceder ao enquadramento das atividades humanas através de uma gestão racional
dos recursos naturais, incluindo a exploração dos recursos geológicos, com vista a promover simultaneamente
o desenvolvimento socioeconómico e o bem-estar das populações de forma sustentada, pelo que se considera
que o Projeto ora em avaliação cumpre na íntegra o objetivo geral de aproveitamento racional do recurso a
explorar.
De modo a promover o melhor enquadramento da pedreira no âmbito dos IGT em vigor com incidência na área
em estudo, a gestão da pedreira deverá assentar numa estratégia de desenvolvimento sustentado,
compatibilizando a exploração dos recursos geológicos com o território, com a promoção da qualidade do
ambiente e da qualidade de vida das populações locais.
Na prossecução desses objetivos, deverá atender às seguintes medidas:
• realizar uma exploração concordante com o Plano de Lavra, cumprindo os parâmetros de desmonte
estabelecidos nesse plano, visando a valorização racional e sustentada do recurso geológico,
compatibilizando a exploração com os valores naturais, patrimoniais, sociais e culturais do território em que
se insere;
• medidas para a manutenção, fomento e expansão de potenciais corredores ecológicos, valorizando deste
modo a conservação dos habitats e facilitando a normal dinâmica da fauna selvagem em função da
respetiva biologia de cada espécie ocorrente.
Contudo, a incompatibilidade entre o uso proposto - atividade extrativa, e as propostas de regime de uso do
solo e de conservação da natureza estabelecidos nos IGT em vigor para a área em estudo, determinam a sua
incompatibilidade regulamentar e legal no que se refere aos instrumentos de gestão e ordenamento do território
vigentes, pelo que se propõe que sejam desencadeados os procedimentos necessários para adaptação dos
mesmos à pretensão em análise.
Acrescenta-se que a correta implementação do PARP incluído no Plano de Pedreira durante a fase de
exploração e desativação da atividade extrativa, permitirão a reconversão da área e a viabilização de um
sistema, económica e ambientalmente sustentável, minimizando impactes negativos gerados ainda durante a
fase de exploração e reconvertendo-os, globalmente e a curto prazo, num impacte positivo significativo e
permanente.
4. MEDIDAS COMPENSATÓRIAS
4.1. IMPACTES RESIDUAIS
4.1.1. Introdução
Os impactes residuais são os impactes negativos que não serão completamente mitigáveis, mesmo após a
aplicação de medidas de minimização, e que se estima que possam permanecer, pelo que serão
implementadas as medidas de compensação identificadas no Capítulo 4.2. Estas medidas têm como objetivo
compensar o ambiente, no âmbito dos seguintes fatores ambientais: Território, Sistemas ecológicos e
Sócioeconomia, especificamente, pelos impactes negativos, não completamente minimizáveis, significando
que as eventuais perdas identificadas são previstas e aceites.
4.1.2. Território
• PDM Setúbal – em vigor
Relativamente à Planta de Ordenamento – Síntese do PDM de Setúbal, a pedreira Vale de Mós A integra-se
em Espaços Culturais e Naturais e em Espaços para Indústria Extrativa. A área proposta para ampliação da
pedreira incide em Espaços Culturais e Naturais.
De acordo com o artigo 52.º do Regulamento do PDM de Setúbal, nos espaços de indústrias extrativas o
licenciamento das atividades industriais fica sujeito ao disposto na legislação específica. Já nos Espaços
Culturais e Naturais, o Regulamento determina que nas áreas rurais submetidas à jurisdição do PNA, como é
o caso, se cumprem os diplomas que procederam à sua criação e respetivos planos de ordenamento.
Face ao exposto, regista-se a incompatibilidade, da pretensão com o disposto no PDM concelhio, resultando,
neste âmbito, um impacte negativo.
No âmbito do procedimento do Consulta Pública da Proposta de Revisão do PDM de Setúbal (o qual decorreu
até 5 de agosto de 2020), foi elaborada Participação da SECIL. Na Participação realizada, a SECIL considera
que as limitações da proposta de PDM se baseiam na imposição legislativa de definição de áreas fixas e pouco
flexíveis desenhadas a regra e esquadro, sem levar em conta as características específicas das atividades que
nele se desenrolam, nem a necessidade de mecanismos de resiliência dos sistemas sócio-ecológicos, que não
se compadecem com essa rigidez, referindo ainda que a Câmara Municipal de Setúbal tem, nesta proposta de
revisão, a oportunidade de criar um modelo de Gestão Adaptativa para o PDM em estudo.
Mais, na gestão adaptativa do PDM poderá dar consistência à avaliação das atividades humanas, neste amplo
sistema sócio ecológico (SSE) que é o território em análise, e onde a indústria, tal como as outras atividades,
podem ser analisadas de forma técnica e cientificamente fundada pelos impactes de todas as suas atividades
em articulação com as demais vivências humanas.
Especificamente, no que toca a áreas de exploração de recursos energéticos e geológicos, a lei prevê que os
planos territoriais devem delimitar e regulamentar tais áreas, assegurando a minimização dos impactes
ambientais e a compatibilização de usos (artigo 15.º do RJIGT), pelo que seria expectável que a modificação
do perímetro das pedreiras (e respetiva classificação do uso do solo) fosse salvaguardada na Proposta de
Revisão apresentada, com vista à melhoria da lavra da pedreira Vale de Mós A e Vale de Mós B.
A modificação da configuração da pedreira significa uma mudança da profundidade (menor profundidade da
cota 40 para a cota 80) e área da plataforma final que poderão não só determinar o seu uso futuro do espaço,
assim como o tipo de biodiversidade possível na área recuperada. A riqueza desse território será
completamente alterada se a profundidade final se situar, tal como previsto nos Plano de Pedreira atualmente
licenciados e em execução, à cota 40. A SECIL pretende proceder à melhoria do Plano de Lavra reduzindo a
cota de exploração até à cota 80, passando de uma área em funil, para plataforma de 27,3 ha, que terão
consequências positivas no ciclo da água, sombreamentos e ecossistemas.
A flexibilidade de gestão esperada pode possibilitar extensões da atividade humana, sempre que os valores
em presença sejam ponderados. Assim, em função da avaliação de impactes realizada, será possível manter
em aberto a possibilidade de alteração ao uso do solo, possibilitando uma melhor gestão do território e do uso
futuro do solo, após a conclusão da exploração, e não limitando, à partida, alterações às áreas de exploração
das pedreiras.
Propõe-se que o PDM considere a área de ampliação proposta atendendo aos extensos planos de recuperação
ambiental e paisagística que as mesmas englobam, e, desta forma, considere um eventual
ajustamento/alargamento em superfície de área explorada, desde que seja demonstrado que a solução
adotada garante a recuperação e sustentabilidade dos ecossistemas locais, como demonstrado no presente
estudo.
Mais, importa considerar que os instrumentos de gestão territorial podem incorporar mecanismos1 de
compensação decorrentes da AIA, potenciando a sua integração num veículo cujo objeto vai muito para além
da AIA propriamente dita e que permite uma articulação abrangente com o modelo de ordenamento do território
adotado para uma dada porção de território.
Trata-se assim de um meio para conferir aos mecanismos de compensação urbanística e ecológica um
tratamento mais abrangente e mais integrado nas políticas de ordenamento do território e do urbanismo, a par
das políticas ambientais, pelo que se adotaram mecanismos de compensação urbanística e/ou ecológica no
Capítulo IV 5.2.2.
17/11/2017
5 AMRS, 2012
6 https://whc.unesco.org/archive/2014/whc14-38com-inf8B2-en.pdf
7 http://www.unesco.org/new/en/natural-sciences/environment/ecological-sciences/man-and-biosphere-programme
8 AMRS, 2012
4.1.4. Sócioeconomia
No plano socioeconómico a SECIL desempenha um papel expressivo em termos de emprego e proveitos
económicos para a sociedade.
A fábrica da Secil-Outão contribui direta e indiretamente para a geração de cerca de 420 empregos na
Península de Setúbal e tem uma capacidade de produção anual de 2,2 milhões de toneladas de cimento. Mais
de 60% da sua produção tem como destino a exportação, sendo que cerca de 30% do volume de transporte
associado à exportação passa pelo Porto de Setúbal, o que faz da SECIL um dos principais operadores nessa
comunidade portuária.
A pedreira Vale do Mós A conta atualmente com 32 empregados, que asseguram a responsabilidade técnica,
a operação dos equipamentos móveis da pedreira e de desmonte, de apoio à exploração (serralheiros e
eletricistas) e realização de trabalhos de recuperação.
Os impactos positivos de um empreendimento mineiro estão associados à produção de emprego e rendimento,
que dinamizam a economia e podem promover o bem-estar das populações locais ao permitir o acesso a bens
e serviços. Também a formação específica para os trabalhadores prevalece para lá do tempo de trabalho na
pedreira.
Uma das principais contrariedades associada à exploração de uma pedreira é o seu possível impacte nas
populações locais e nos valores naturais, culturais e económicos. Na vertente social e económica, esta
avaliação considera vários aspetos como a perturbação devida ao ruído, vibrações, à emissão de poeiras, ao
impacte visual e a possível afetação em geral das condições e qualidade de vida da população residente ou
utilizadora das imediações da pedreira.
Reconhece-se que embora sejam feitos grandes esforços para mitigar ou eliminar qualquer inconveniente, as
alterações da paisagem e a produção de ruido, vibrações e de poeiras, embora em cumprimento legal, pode
implicar algum desconforto nas populações locais.
Tendo em consideração a implementação das medidas de minimização propostas no presente estudo,
considera-se que subsistirão impactes negativos, embora não significativos, diretos, de magnitude reduzida,
permanentes, certos, locais, reversíveis, o que determina a implementação de medidas compensatórias
(Capítulo IV 5.2.4).
4.2.2. Território
• Área de pedreira a não intervencionar
Na área de pedreira existe uma área recuperada com cerca de 35,3 ha. Esta área tem vindo a ser alvo de
intervenções de recuperação ambiental e paisagística, desde a década de 1980, com recurso a espécies
vegetais, tendo em vista a estabilização de declives e a recuperação e integração paisagísticas e ecológicas,
pelo no presente projeto se estabeleceu a não intervenção pela exploração desta área.
A estabilização de taludes encontra-se garantida em todos os locais onde se identifiquem falhas locais,
minimizando-se a erosão e o arrastamento de materiais pelos fenómenos de pluviosidade mais intensa.
Sobre a recuperação paisagística e como melhor apresentado no capítulo paisagem, verifica-se que a
influência visual do projeto se encontra atualmente minimizada, na atual fase de projeto, como se espera que
fique no final do projeto de ampliação.
Relativamente à recuperação ecológica, o acompanhamento das ações de recuperação, que se manterá, tem
incluído a monitorização das comunidades florísticas e faunísticas das zonas recuperadas e zonas naturais,
permitindo acompanhar e comparar a evolução ecológica da área1, melhor entendida em leitura dos capítulos:
sistemas ecológicos e serviços do ecossistema. Neste campo de ação, esta área2 de 35,3 ha deve ainda ser
entendida como um laboratório prático e vivo da recuperação e evolução dos ecossistemas, após a intervenção
humana.
Já no âmbito dos instrumentos de gestão do território, pode ainda inferir-se que, no futuro (sendo autorizado
pela tutela), a área recuperada de 35,8 ha, integrada na atual área licenciada da pedreira e logo área industrial
de exploração, poderá vir a ser reclassificada como área natural e de conservação da natureza, aspeto melhor
apresentado no capítulo 4.2.3 Sistemas ecológicos, seguinte.
• Reflorestação de área
A SECIL propõe-se a proceder ao revestimento florestal de terrenos cuja arborização seja indicada pelo ICNF
(num total de 18,5 ha), sendo selecionadas espécies autóctones, adaptadas à região do ponto de vista
biológico, com comprovada capacidade de sobrevivência e de bom desenvolvimento, enquadradas nas
comunidades presentes no local e nas restantes componentes biofísicas do território e indicadas como
prioritárias ou relevantes para a região, como seja, por exemplo, a alfarrobeira, a azinheira, o
carvalho-português e o medronheiro. A floresta e, no caso, a Mata Mediterrânica pode também ter grande
potencialidade de valorização para o turismo ambiental, tirando partido da beleza geomorfológica da paisagem
da Arrábida.
Todos esses fatores foram decisivos para que a globalidade desta área, anteriormente intervencionada pela
exploração, se encontre perfeitamente estável, segura e integrada na paisagem envolvente, não sendo
visualmente percecionado, a partir dos principais recetores sensíveis na sua bacia visual, que nesse local
decorreu a exploração de massas minerais. Sendo objetivo a sua desassociação, em termos da sua
classificação como área licenciada, e também da classificação de área de indústria extrativa nos instrumentos
de gestão do território, contribuindo para aumentar potencialmente a sua multifuncionalidade em termos de
usos e funções, numa perspetiva de planeamento futuro, contribuindo para uma redução bastante significativa
da área total atual da pedreira, em mais de 34%.
É inegável o conhecimento científico da SECIL, resultante do estudo destes processos de recuperação das
comunidades biológicas e de sucessão ecológica, realizados em protocolo com as universidades de Lisboa
(Faculdade de Ciências) e Évora, os quais têm-se revelado essenciais, quer na definição de estratégias de
recuperação quer na avaliação da eficácia de técnicas e medidas já implementadas, ao ponto da SECIL, e da
exploração da pedreira, ser considerada um exemplo de sucesso a nível mundial. Pelo que se pode afirmar
que o conhecimento prático demonstrado pela SECIL dá garantias para a futura recuperação da área a ampliar
de 18,5 ha, o qual seguramente permitirá, no fim da exploração, devolver a competência aos habitats e
ecossistemas para a sua regeneração contínua.
Perante um cenário de aprovação e implementação do Projeto, e a possibilidade de excluir a área recuperada
de 38,5 ha da área licenciada, considerando a tipologia de projeto e as características da localização proposta,
assim como a sua classificação em âmbito da conservação da natureza, admite-se que os impactes negativos
gerados pela laboração da pedreira Vale Mós A irão incidir, essencialmente, no serviço cultural dos
ecossistemas (i.e., identidade ligada à serra da Arrábida) com a modificação do perfil da serra e sobre algumas
vertentes de conservação da natureza (isto numa perspetiva espécio-cêntrica e não de evolução dos
ecossistemas) e de paisagem, mantendo-se similares os restantes impactes, nomeadamente, de ruído e
qualidade do ar, concentrando-se os impactes positivos sobre aspetos de natureza socioeconómica.
Figura IV.80 – Áreas de antigas explorações abandonadas na serra de S. Luís passíveis de serem recuperadas.
Após a fase de seleção das áreas e da realização de um protocolo para a sua recuperação entre as entidades
envolvidas, as mesmas devem ser alvo de uma avaliação de forma a apurar e potenciar os eventuais valores
ecológicos já existentes e um levantamento dos problemas e respetivas formas de atuação, para cada área
em concreto.
Será depois elaborado um PARP, a submeter à aprovação da autoridade de AIA, que contemple uma filosofia
de compensação dos habitats perdidos. Desta forma, as ações de recuperação deverão ter como objetivo a
potenciação dos habitats naturais afetados pela ampliação da pedreira de Vale de Mós A.
Esta medida permite contribuir para a implementação da medida V5.2.1.8 “Pretende-se recuperar habitats
profundamente degradados em termos dos seus valores florísticos” do Plano de Gestão da Candidatura da
Arrábida a Património Mundial da Unesco.
• A inclusão de espécies exóticas que, apesar de não demostrarem um comportamento invasor, têm
impactes negativos no grau de conservação dos habitats;
• Considerar o pinheiro-de-halepo (Pinus halepensis) como espécie central deste Plano, para a qual se
devem equacionar vários níveis de atuação:
• Numa primeira fase deverá equacionar-se para as áreas já recuperadas, a substituição gradual do Pinus
halepensis pelas espécies nativas e,
• Numa segunda fase, após realização da cartografia das espécies exóticas da propriedade, deverá
efetuar-se a remoção gradual desses indivíduos ou manchas de vegetação.
Do ponto de vista da requalificação e da melhoria do grau de conservação dos habitats presentes na
propriedade da SECIL é fundamental que o pinheiro-de-halepo (Pinus halepensis) veja a sua dominância
gradualmente reduzida, até à sua remoção global. Devem ser alvo de ações direcionadas, as áreas
recuperadas, de onde esta espécie deve ser removida a curto prazo, através de ações de desarborização,
priorizando-se as áreas (patamares) onde este ocorra em conjunto com outras espécies arbóreas e arbustivas,
outras áreas onde ocorra mais que uma fiada de Pinus halepensis (retirando-se a fiada de trás) e de todos os
exemplares deste pinheiro, nos locais onde os impactes paisagísticos não sejam elevados (locais sem
visibilidade para os recetores identificados).
Nas áreas com elevada cobertura de Pinus halepensis (acima de 60%) deve-se efetuar um corte seletivo e
progressivo dos exemplares. Com o crescimento e substituição da massa vegetal de pinheiro-de-halepo por
espécies autóctones, os exemplares remanescentes de Pinus halepensis devem ser retirados no prazo mais
curto possível.
4.2.4. Sócioeconomia
• Plano de Divulgação
A SECIL propõe-se a manter e a incrementar o Plano de Divulgação da SECIL através da inclusão de ações
de Divulgação Ambiental para o público em geral. Essas ações incluirão:
• A preparação e a futura exposição das pegadas de dinossauro descoberta há uns anos na pedreira Vale
de Mós B (área recuperada), tornando-as visitáveis através da criação de um percurso que vise o seu
usufruto, e assegure a sua conservação;
• A preparação de relatório técnico, para apresentação pública, que forneça a informação e os argumentos
necessários à cabal compreensão de que o Projeto da SECIL, agora em avaliação, não inviabilizará no
futuro a apresentação de (nova) candidatura á UNESCO para a classificação da Arrábida como Reserva
da Biosfera;
1. PLANO DE MONITORIZAÇÃO
1.1. INTRODUÇÃO
Neste plano de monitorização definem-se os procedimentos para o controlo da evolução das vertentes
ambientais consideradas mais sensíveis na sequência da análise de impactes efetuada anteriormente.
Na conceção deste plano de monitorização considerou-se a caracterização da situação de referência, as ações
decorrentes da Exploração e Desativação bem como as medidas de minimização e compensação propostas.
Considerou-se ainda que, enquanto instrumento pericial, deveria ser capaz de:
• Avaliar a eficácia das medidas adotadas para prevenir ou reduzir os impactes previstos;
• Detetar impactes diferentes, na tipologia ou na magnitude, daqueles que haviam sido identificados;
• Permitir a distinção entre as consequências das ações do projeto e a variabilidade natural do meio
ambiente;
• Definir técnicas de amostragem e de leitura e unidades de medida padronizadas, de forma a ser possível
estabelecer comparações entre dados, incluindo o seu enquadramento legal, e definir padrões de evolução
dos parâmetros monitorizados, ao longo do tempo;
• Incluir ferramentas expeditas de análise que permitam uma intervenção pronta capaz de minimizar os
desvios verificados, em tempo útil.
Importa, ainda, referir que, com a implementação deste plano de monitorização, será constituída uma base de
dados sobre a evolução das várias vertentes ambientais perante a atividade extrativa, gerando uma experiência
notável num setor onde persiste uma tradição de fraco desempenho ao nível da preservação da qualidade
ambiental.
1.2. METODOLOGIA
Os fatores ambientais considerados críticos para integrarem este plano de monitorização foram a Geologia e
Geomorfologia; os Recursos Hídricos subterrâneos; a Qualidade das águas; a Qualidade do ar, o Ambiente
sonoro, as Vibrações, os Sistemas ecológicos, Paisagem e o Património.
No âmbito dos trabalhos de Monitorização da Flora e biótopos, e Fauna e habitats, proceder à manutenção
dos trabalhos científicos que agora decorrem em parceria com a Universidade de Évora e com a Faculdade de
Ciências da Universidade de Lisboa.
Para cada um destes fatores ambientais foram estabelecidas ações de monitorização parcelares,
recorrendo-se à seguinte metodologia:
Estabelecimento dos objetivos da monitorização
Para cada fator ambiental foi estabelecido um quadro de objetivos a cumprir e que, genericamente,
perspetivam confrontar, sempre que possível, o desempenho ambiental previsto no presente EIA e aquele que
irá ocorrer no terreno.
Para cada fator ambiental são apresentadas especificações técnicas de execução das ações de monitorização,
incluindo: parâmetros a monitorizar; locais de amostragem, leitura ou observação; técnicas, métodos analíticos
Foi necessário estabelecer critérios de avaliação de desempenho, que especifiquem os níveis de mudança ou
de tendência que o programa de monitorização deverá estar habilitado a detetar, a partir dos quais será
necessário intervir com a introdução de medidas de gestão ambiental.
Os critérios de avaliação de desempenho, por comparação com as observações efetuadas, irão determinar
uma das seguintes avaliações:
Tendo sido detetados desvios ao desempenho previsto e estabelecido o nexo de causalidade, enunciaram-se
as ações de resposta a implementar e que poderão ser de três tipologias distintas:
• Medidas corretivas: destinadas a corrigir situações de não conformidade entre as ações de prevenção ou
de mitigação de impactes previstos e sua implementação efetiva (Causa do tipo A);
• Redefinição dos objetivos de desempenho ambiental do projeto e/ou de ações do projeto: nos casos em
que se verificar a ineficácia ou a desadequação das medidas de prevenção ou de minimização de impactes
propostas ou ainda, devido a uma alteração significativa dos pressupostos de base que presidiram à sua
elaboração (Causa do tipo B);
• Planos de contingência: destinados a corrigir danos decorrentes de impactes não previstos (Causa do
tipo C).
1 Tubo de polietileno de alta densidade, com diâmetro mínimo de polegada e um quarto, fechado no fundo e com pequenos
• A recolha de amostras deverá ser realizada por um técnico especializado e por métodos experimentais
adequados;
• O volume de água a recolher deverá ser suficiente para a análise dos parâmetros definidos. O operador
deve certificar-se que as amostras sejam recolhidas num frasco limpo e sem qualquer vestígio de
contaminação;
• As amostras recolhidas devem ser objeto de determinações insitu (temperatura da água, condutividade
elétrica e pH), efetuadas com sondas multiparamétricas, devidamente calibradas.
1 A possibilidade de opção entre os dois furos prende-se com o facto de os mesmos distarem apenas 10,20m entre si e,
ter-se comprovado conexão hidráulica subterrânea entre eles.
Os registos de campo deverão ser efetuados numa ficha tipo, onde se descreverão todos os dados e
observações respeitantes ao ponto de recolha da amostra de água e à própria amostragem:
• Localização exata do ponto de recolha de águas, com indicação das coordenadas geográficas;
1.3.4. Qualidade do Ar
Sobre o plano de monitorização da qualidade do ar, propõe-se a manutenção do plano atualmente existente,
ou seja, a medição dos poluentes atmosféricos (NO2, CO, PM10 e SO2) em ar ambiente, nas quatro estações
atualmente existes: HOSO, Murteira, São Luís e Troia.
• Critério de Exposição Máxima [alínea a) do n.º 1 do Artigo 13.º do Decreto-Lei n.º 9/2007, de 17 de janeiro]:
Caraterização de LAeq (nível sonoro contínuo equivalente ponderado A) em modo fast, durante o período
diurno (7h-20h), do entardecer (20h-23h) e noturno (23h-7h), para obtenção dos parâmetros Lden e Ln,
representativos da média energética anual.
Tipicamente: Analisador de Ruído em tempo real de classe 1, equipado com filtro de terços de oitava. Deverá
igualmente ser utilizado um Termohigroanemómetro.
Deverão ser efetuadas avaliações na presença (Ruído Ambiente) e na ausência do ruído gerado pelos
trabalhos (Ruído Residual).
• Valores limite estabelecidos para as zonas sensíveis e mistas, para os parâmetros Lden e Ln, de acordo
com o Regulamento Geral do Ruído - RGR (Decreto-Lei n.º 9/2007, de 17 de janeiro), e de acordo com a
classificação acústica em vigor;
• Critério de incomodidade estabelecido pela alínea b do ponto 1 do artigo 13º do Decreto-Lei n.º 9/2007, de
17 de janeiro.
De um modo geral, em caso de incumprimento dos requisitos acústicos legais aplicáveis, ou de outros
requisitos devidamente definidos, deverá ser equacionada a implementação de Medidas de Minimização,
considerando-se igualmente que o plano de monitorização deverá ser revisitado, incluindo a realização de uma
nova campanha após a concretização das medidas.
No caso de existirem reclamações potencialmente procedentes, deverão ser efetuadas medições junto aos
Recetores reclamantes.
Por último, caso ocorram modificações significativas das características de emissão, propagação ou receção
sonora, deverá ser revisto o plano de monitorização.
• Acústicas - Ligadas aos equipamentos acústicos, tais como canopiamento de equipamentos e/ou barreiras
acústicas.
1.3.6. Vibrações
1.3.6.1. Objetivos
Verificar o cumprimento do estabelecido na norma NP-2074 de 2015 (de 15 de junho), "Avaliação da influência
de vibrações impulsivas em estruturas"., que determina os valores de pico da velocidade vibratória para os
efeitos nocivos que as vibrações podem motivar em estruturas civis anexas.
A análise dos valores de pico da velocidade vibratória permitirá estabelecer quantidades máximas de explosivo
a utilizar em cada local, em função das distâncias às estruturas a preservar e da tipologia de frequências
dominantes.
• Transdutores triaxiais.
Os resultados obtidos deverão ser apresentados de forma direta, permitindo a transferência de dados para
computador possibilitando a apresentação gráfica que faculta ainda a observação do comportamento da onda
sísmica no tempo, possibilitando uma eventual correção do agente perturbador.
1.3.7.2.1 Objetivos
O Plano de Monitorização da Flora e Habitats tem como objetivos gerais:
• Avaliar a eficácia das medidas adotadas para minimizar os impactes previstos para o projeto.
As espécies alvo de monitorização deverão corresponder àquelas que foram observadas na área de estudo
no decorrer no EIA, designadamente: Narcissus calcicola, Arabis sadina, Narcissus bulbocodium subsp.
obesus, Iberis procumbens subsp. microcarpa, e a outras espécies protegidas, com estatuto de ameaça ou
restritas ao PNA que venham a ser identificadas na área de estudo no decorrer do presente Plano.
• Avaliar as alterações das populações da espécie alvo nas proximidades e em áreas afetadas pelo projeto
e capacidade de recuperação nos locais afetados temporariamente;
• Aferir os impactes decorrentes da implantação do projeto sobre as espécies alvo, analisando a sua
evolução nas áreas direta ou indiretamente afetadas pelo projeto e em áreas de controlo, não afetadas.
Os objetivos específicos da monitorização dos habitats naturais incluem:
• Avaliar o estado de conservação dos habitats naturais da área de estudo, apurando nomeadamente a
ocorrência/dominância de espécies exóticas invasoras;
• Aferir os impactes decorrentes da implantação do projeto sobre os habitats, analisando a sua evolução nas
áreas direta ou indiretamente afetadas pelo projeto e em áreas de controlo, não afetadas.
Em cada núcleo a monitorizar deverá proceder-se à recolha de dados relativos aos seguintes parâmetros:
• Registo fotográfico;
• Tipo de habitat presente e sua classificação de acordo com o D.L. n.º140/99, de 24 de abril, com redação
dada pelo Anexo B-I do D.L. n.º49/2005, Anexo B-I e do D.L. n.º156-A/2013:
o estratos presentes: arbóreo, arbustivo, herbáceo, liquénico ou briofítico terrestre ou epifítico;
o altura dos estratos presentes;
o estimativa total de cobertura e estimativa de cobertura por estrato (%).
• Inventário florístico, segundo o método de Braun-Blanquet, que define uma escala de 7 categorias de
abundância/dominância para cada espécie numa dada parcela:
o R – Indivíduos raros ou isolados;
o + - indivíduos pouco abundantes, de muito fraca cobertura;
o 1 - indivíduos bastante abundantes mas de fraca cobertura;
o 2 - indivíduos muito abundantes ou cobrindo pelo menos 5% da área mínima;
o 3 - número qualquer de indivíduos cobrindo 25% a 50% da área mínima;
• Dos locais sujeitos a recuperação paisagística e que receberem sementes e propágulos das espécies de
flora RELAPE recolhidos na área a desmatar;
• Das áreas a resultar da recuperação paisagística (áreas onde sejam efetuadas sementeiras, áreas com
plantações, áreas onde se empreguem espécies equivalentes às registadas nos habitats naturais da
envolvente).
• Identificação das áreas sujeitas a recuperação paisagística que acolherão as sementes ou propágulos das
espécies das espécies de flora RELAPE.
Durante a fase de exploração da pedreira deverá ser feito o acompanhamento do estado das
populações/núcleos de espécies flora existentes, habitats naturais e locais que acolherão sementes,
propágulos e indivíduos de espécies protegidas ou de interesse para conservação que foram transplantadas.
A monitorização das populações/núcleos das espécies de flora alvo já identificadas na área de estudo
(Narcissus calcicola, Arabis sadina, Narcissus bulbocodium subsp. obesus, Iberis procumbens subsp.
microcarpa) será realizada anualmente ao longo dos primeiros cinco anos, de forma a traçar uma linha evolutiva
das populações. Depois deste período, a monitorização deverá ser trienal enquanto a pedreira estiver em
laboração.
Os habitats naturais, assim como as restantes áreas a monitorizar, deverão ser monitorizados anualmente nos
primeiros cinco anos, passando a ser trienal depois deste período, até ao final do projeto.
1 Braun-Blanquet, 1971
1.3.7.3.1 Objetivos
Os objetivos específicos do programa são:
• Identificar a necessidade de propor medidas preventivas adicionais, em função dos resultados obtidos;
• Espécies detetadas (sempre que possível, ou grau taxonómico mais baixo possível);
• Causas da morte;
• Data da morte, por categoria: < de 24 h; 2 a 3 dias; mais de uma semana; mais de um mês;
• Biótopo na envolvente.
1 ICNB, 2008
A monitorização deve ser realizada antes e após o início do projeto, de forma a aferir os impactes diretos do
aumento de tráfego sobre a mortalidade da fauna.
A fase de monitorização antes do início do projeto (situação de referência) deverá, idealmente, abranger um
ciclo anual, de forma a conhecer as normais variações que se façam sentir ao longo do ano na utilização da
área pelas espécies em presença. Esta poderá eventualmente ser inferior a um ano desde que exista disponível
informação obtida no âmbito de outros trabalhos, que possa ser utilizada como situação de referência. Quando
não for possível caracterizar a situação de referência, poderá recorrer-se a áreas controlo na envolvente do
projeto (nomeadamente o percurso proposto na figura acima). A monitorização após o início do projeto deve
ter uma duração de 3 anos, sendo que no final desse período e em função dos resultados obtidos, deverá ser
analisada a necessidade de a prolongar.
1.3.8. Paisagem
1.3.8.1. Justificação
Os impactes ao nível da paisagem induzidos pelas atividades industrial e extrativa, face às estruturas e
potenciais observadores identificados na caracterização do ambiente afetado, serão minimizados, durante a
fase de exploração da pedreira, pela implementação das medidas de recuperação paisagística de forma
sequencial ao avanço da lavra. Atendendo ao horizonte temporal do projeto e à dimensão das áreas envolvidas,
recomenda-se a monitorização da implementação do Plano Ambiental e de Recuperação Paisagística (PARP)
e do cumprimento dos objetivos parcelares que este incorpora.
1.3.8.2. Objetivos
Avaliar o cumprimento e a eficácia da implementação do PARP.
1.3.9. Património
1.3.9.1. Justificação
Como medida de minimização de eventuais impactes sobre vestígios arqueológicos ocultos no solo,
recomenda-se a execução do acompanhamento arqueológico das operações de envolvam o revolvimento e a
remoção de níveis de solo, sobrejacentes ao substrato. No decurso da aplicação do projeto deverá proceder-
se ao acompanhamento dos trabalhos de desmatação e decapagens superficiais em ações de preparação ou
regularização do terreno.
1.3.9.2. Objetivos
A deteção atempada de possíveis achados para que se possa avaliar a sua importância e dar início, em tempo
útil, a um plano de ação para o seu estudo e salvaguarda.
• (2) Deteção atempada de vestígios de ocupação arqueológica e a sua preservação, a que corresponde à
suplantação dos objetivos estabelecidos;
• (3) Destruição de vestígios arqueológicos, a que corresponde o não cumprimento dos objetivos
estabelecidos.
• Informar as entidades competentes, interrupção dos trabalhos de exploração, avaliação dos vestígios
encontrados, propostas de ações a tomar para melhor identificação dos vestígios e/ou para a sua proteção.
preconiza que sejam realizados e enviados para a Autoridade de AIA e para a DGEG, com uma periodicidade
anual.
Os relatórios de monitorização extraordinários serão elaborados e enviados para a Autoridade de AIA e para
a DGEG na sequência da deteção de qualquer desvio relevante para os objetivos ambientais estabelecidos no
presente documento. Estes relatórios deverão detalhar as medidas corretivas ou os planos de contingência
que se pretende implementar ou, em alternativa, uma proposta justificada de redefinição dos objetivos do plano
de monitorização.
• Da deteção de impactes negativos com natureza ou magnitude distintas daqueles que foram previstos
neste documento;
E.223054.03.06.aa CONCLUSÕES
ESTUDO DE IMPACTE AMBIENTAL
PEDREIRA DE CALCÁRIO E MARGA INDUSTRIAL VALE DE MÓS A
CONCLUSÕES E.223054.03.06.aa
ESTUDO DE IMPACTE AMBIENTAL
PEDREIRA DE CALCÁRIO E MARGA INDUSTRIAL VALE DE MÓS A
1. CONCLUSÕES
-------------------------------------- A Redução de área total intervencionada
A pedreira Vale de Mós A (número de pedreira 431) possui uma área licenciada de 53,9 ha e a pedreira Vale
de Mós B (número de pedreira 432), possui uma área licenciada de 44,8 ha, ou seja, as duas pedreiras, em
conjunto, têm uma área total licenciada de aproximada 98,7 ha, a qual se encontra integralmente dentro da
propriedade da SECIL com cerca de 436 ha. Dentro desta propriedade, para além das pedreiras e fábrica de
cimento, encontram-se também cerca de 200 ha de área virgem.
A ampliação proposta da pedreira de calcário será de cerca de 18,5 ha, pelo que, com o projeto de fusão e
ampliação, a área total licenciada da pedreira Vale de Mós A será cerca de 117,2 ha, contudo, desta área
encontram-se já devidamente recuperados 35,8 ha, que não serão intervencionados.
-------------------------------------- B Melhoria da cota
Pretende ainda a SECIL realizar uma melhoria substancial da lavra atualmente licenciada, através da subida
da cota base de exploração, da cota 40, para a cota 80. A pedreira Vale de Mós A e a pedreira Vale de Mós B
possuem uma configuração de escavação que estabelece o piso base mais baixo de exploração à cota 40, o
que determina que, após exploração e recuperação, se fique com uma área em cone invertido, tendo a base
da corta um plateau de 7 ha, área de difícil manutenção no futuro. A subida da base da corta, da cota 40 para
a cota 80, permite obter uma melhoria ambiental e social significativa, já que, no final da exploração, se
consegue manter um amplo plateau com 27,3 ha, o que poderá potenciar uma maior diversidade de habitats.
-------------------------------------- C Lavra minimizando o impacte visual e paisagístico
Também ao nível da lavra e seu sequenciamento, a SECIL empreenderá uma lavra oculta – procedendo a
exploração por trás das bancadas existentes, só procedendo à exploração da última bancada após a
recuperação das bancadas anteriormente exploradas, por forma a que a existência da exploração não seja
visível do exterior. Com isso, a visualização da pedreira, a partir do exterior, será similar à vista atual. Com
efeito, com o aumento de área da ampliação proposta consegue-se realizar este tipo de exploração (oculta), o
que é a melhor forma de evitar impactes visuais e paisagísticos para a envolvente. Efetivamente, a experiência
comprovada da SECIL na execução do Plano de Lavra e do Plano Ambiental e de Recuperação Paisagística,
de forma faseada e síncrona da exploração e da recuperação (lavra e recuperação concomitante), são uma
garantia de minimização de impactes e boa integração da paisagem. Conforme é amplamente sabido, e
demonstrado neste EIA, os impactes deste tipo de pedreira são essencialmente temporários, sempre dentro
dos limites legais, e sem grande significado na qualidade do ar, ruído, meio hídrico, etc.
De facto, é na paisagem que os impactes são mais significativos, contudo perfeitamente minimizáveis pelo
simultâneo avanço das várias frentes de exploração da pedreira, de modo a que, sempre que se terminem as
parcelas correspondentes a cada fase da lavra, essas sejam imediatamente recuperadas, mitigando assim
grande parte dos potenciais impactes visuais e paisagísticos originados pela exploração. Importa ainda referir
que o Projeto pressupõe que na evolução de cada bancada seja deixada uma bordadura não escavada mais
elevada no seu perímetro, de forma a reduzir a visibilidade desde o exterior para as operações de extração.
Esta bordadura é retirada apenas na escavação da bancada seguinte, após recuperação paisagística do local,
repetindo-se o procedimento e desenvolvendo-se assim uma lavra oculta.
Assim, a metodologia de exploração da área de intervenção assenta numa estratégia de afetação faseada de
áreas, criando-se um balanço constante entre áreas em exploração e áreas em recuperação. Sendo essa
evolução modular, permite a libertação sucessiva de áreas à medida que a lavra avança, reduzindo
potencialmente a bacia visual global do projeto, minimizando as perturbações visuais.
alteração que cause ou acentue uma disrupção da área com o meio envolvente, altera a perceção visual da
paisagem, embora a alteração seja temporária e alvo de mitigação. Como foi demonstrado nessa análise dos
diferentes serviços de ecossistemas, o impacte é centrado nos serviços culturais e identitários, os quais devem
ser reforçados tanto ao nível do impacte percebido (com a exploração oculta e recuperação contínua) como
com uma estratégia de reforço da identidade com o envolvimento dos stakeholders.
-------------------------------------- G Instrumentos de gestão territorial
A pretensão da SECIL não é compatível com o uso proposto no Plano Diretor Municipal (PDM) de Setúbal, em
vigor nem com a alteração recentemente em consulta pública, o Plano de Ordenamento do Parque Natural da
Arrábida (POPNA), ou as determinações do Plano de Gestão da Zona Especial de Conservação (ZEC)
(recentemente em consulta pública), o que deverá ser superado em devido tempo.
A pretensão da SECIL não é compatível com o PDM nem com o POPNA, em vigor, já que os 18,5 ha da área
de ampliação se encontram classificados, respetivamente, como Espaços Culturais e Naturais e como Área de
proteção parcial I, onde é interdita a atividade extrativa.
De facto, o POPNA é baseado em estudos ecológicos antigos, pouco aderentes à realidade física atual e
desadequados à luz da nova legislação vigente. No futuro, o POPNA não será certamente tão restritivo
relativamente a pedreiras, já que existe um Regime Jurídico de Licenciamento de Pedreiras, especificamente,
o Decreto-Lei n.º 270/2001, 10 de outubro, e alterações introduzidas pelo Decreto-Lei n.º 340/2007, de 12 de
outubro (incluindo a Declaração de Retificação n.º 108/2007), bem como um Regime Jurídico de Avaliação de
Impacte Ambiental, estabelecido no Decreto-Lei n.º 151-B/2013, de 31 de outubro, alterado e republicado pelo
Decreto-Lei n.º 152-B/2017, de 11 de dezembro. Para além disso, poder-se-á ainda estabelecer critérios
específicos de encerramento de áreas exploradas e devidamente recuperadas, e ainda mecanismos de
compensação para alcançar novas áreas de exploração, como já é possível noutros Parques Naturais em
Portugal, como, por exemplo, no Parque Natural das Serras de Aire e Candeeiros.
A visão do PDM e do POPNA sobre a atividade extrativa da SECIL, peca pela ausência de um mecanismo de
avaliação clara da atividade. E, acima de tudo, ignora que uma pedreira é-o agora, mas, acima de tudo, é o
futuro, e que qualquer exploração deste tipo tem que ser encarada não só na superfície, mas em profundidade
e que, do ponto de vista ambiental, poderá ser mais justificável modificar a sua área em superfície se o
resultado final for muito mais sustentável. A avaliação de impacte ambiental realizada, considerando a solução
proposta, demonstra que a menor profundidade aumenta a utilidade para o uso futuro do espaço, e é uma
solução económica e ambientalmente melhor para os ecossistemas.
Aliás, como é demonstrado neste EIA, nos estudos independentes e na prática diária, a exploração da pedreira
tem um impacte nulo nas áreas contíguas no que concerne aos habitats protegidos. Se tal não acontecesse, e
os impactes fossem de molde a ultrapassar a área de exploração, não se poderia recuperar com o sucesso
demonstrado, áreas acabadas de explorar e contíguas à atual exploração.
Em sede de revisão do PDM de Setúbal, a SECIL realizou a sua participação, em sede de consulta pública,
solicitando alterações ao PDM que visam a evolução e modernização do PDM bem como foi requerido a
compatibilização do uso do solo em sintonia com a afetação dos 18,5 ha a este Projeto. Convém reiterar, que
ao contrário do previsto no PDM Setúbal (em vigor e em revisão), a atual legislação rejeita o modelo de
zonamento monofuncional, que apenas prevê um único uso para uma dada porção do território, mas antes
consagra um modelo de ordenamento flexível fundado na multifuncionalidade do solo, através da previsão de
usos compatíveis. O princípio da compatibilidade de usos visa garantir a separação de usos incompatíveis e
favorecer a coexistência de usos compatíveis e complementares, bem como implementar a multifuncionalidade
e a integração e flexibilidade de utilizações adequadas a cada uso do solo, contribuindo para uma maior
diversidade e sustentabilidade. Especificamente, no que toca a áreas de exploração de recursos energéticos
e geológicos, a lei prevê que os planos territoriais devem delimitar e regulamentar tais áreas, “assegurando a
minimização dos impactes ambientais e a compatibilização de usos”. Ora assim, a SECIL espera que a
modificação do perímetro das pedreiras (e respetiva classificação do uso do solo) pretendida no presente EIA,
possa vir a salvaguardada no PDM Setúbal e restantes instrumentos de gestão territorial, com vista à melhoria
da lavra da pedreira Vale de Mós A.
Neste contexto pretende-se uma reclassificação do uso do solo para a área de ampliação de 18,5 ha que
seja compatível com a atividade extrativa. De notar que o processo de exploração inovador e as áreas
já recuperadas poderão ser uma mais-valia não só para as dimensões económica e social, mas também
para a ambiental.
As compensações e a sua articulação com serviços ambientais e ecológicos têm vindo a ser introduzidas em
vários níveis normativos do contexto nacional, quer através da sua integração no quadro de instrumentos de
gestão territorial, quer no âmbito de servidões administrativas e restrições de utilidade pública ou no quadro de
medidas de matriz ambiental, sendo que o próprio ordenamento jurídico nacional tem vindo a evoluir no sentido
de incorporar e aprimorar o tratamento da matéria das compensações urbanísticas e ambientais.
Assim, a SECIL ponderou e apresenta compensações ambientais que consideram a importância ecológica da
área e são concordantes com as necessidades da comunidade e os objetivos do município, nomeadamente a
libertação das áreas já recuperadas, apoiando o município de Setúbal a alcançar os seus objetivos de
planeamento e desenvolvimento locais.
Importa ainda referir que para a elaboração do presente Projeto foram seguidas as Orientações da Comissão
Europeia sobre a realização da extração de minerais não energéticos e considerados os requisitos de
conservação da natureza da rede Natura 2000.
Ou seja, a SECIL entende que, com este EIA, fica demonstrado que a única incompatibilidade respeita apenas
aos Instrumentos de Gestão do Território, o que à luz do Decreto-Lei n.º 152-B/2017, de 11 de dezembro,
permite à Autoridade de AIA emitir uma Declaração de Impacte Ambiental (DIA) favorável ainda que
condicionada.
-------------------------------------------------- H Compensações
A apresentação de um Plano de Compensação garante a implementação das medidas compensatórias a curto
prazo, no decurso da operação da pedreira, mas está igualmente focado no longo prazo, para perdurar após
o encerramento da pedreira, deixando um legado para o futuro.
Estas medidas de compensação têm como objetivo compensar o ambiente, no âmbito dos seguintes fatores
ambientais: Território, Sistemas ecológicos e Sócioeconomia, pelos impactes negativos, mais dificilmente
minimizáveis, significando que as eventuais perdas identificadas são previstas e aceites.
No âmbito do fator ambiental Território, regista-se a incompatibilidade da pretensão com o disposto no PDM
concelhio, resultando um impacte negativo, contudo os instrumentos de gestão territorial podem incorporar
mecanismos de compensação, potenciando a sua integração num veículo cujo objeto vai muito para além da
AIA propriamente dita e que permite uma articulação abrangente com o modelo de ordenamento do território
adotado para uma dada porção de território. Neste âmbito, foram consideradas como medidas compensatórias:
(1) libertar da área de pedreira uma área recuperada com cerca de 35,8 ha que poderá ser reclassificada como
de conservação da natureza, com outro uso que não a atividade extrativa e (2) o revestimento florestal de
terrenos cuja arborização seja indicada pelo ICNF (num total de 18,5 ha).
No âmbito do fator ambiental Sistemas ecológicos, verifica-se que a pedreira Vale de Mós A localiza-se no
Parque Natural da Arrábida e também está abrangida pelo Zona Especial de Conservação (ZEC)
Arrábida/Espichel. Estas classificações têm como objetivo proteger os valores geológicos, florísticos,
faunísticos e paisagísticos da serra da Arrábida e do cabo Espichel. Esses valores incluem, por exemplo,
diversas espécies exclusivas deste território, habitats naturais de arribas e falésias com comunidades
endémicas, vegetação reliquial de caráter único, habitats prioritários com espécies calcícolas, zonas de
nidificação de aves protegidas. De facto, os valores excecionais referidos não foram identificados na área da
pedreira Vale de Mós A, mas, como qualquer outro empreendimento, um projeto mineiro acarreta impactes
ambientais, sobretudo num território com importantes recursos naturais e paisagísticos como é a serra da
Arrábida, pelo se estabelece a implementação de medidas compensatórias, especificamente:
(1) reclassificação da área licenciada de 35,8 ha (assim tal seja permitido pelas entidades que tutelam a
atividade), por se encontrar completamente recuperada, integrada ambiental e paisagisticamente, (2) definição
de planos de ação para conservação de espécies protegidas e de interesse para conservação, e de habitats
naturais; (3) requalificação, limpeza e restauro de antigas explorações de inertes; (4) ações de gestão de
espécies vegetais exóticas e (5) implementação do projeto do Borboletário e Hotel de insetos polinizadores.
No âmbito do fator ambiental Sócioeconomia, considera-se que uma das principais contrariedades associada
à exploração de uma pedreira é o seu possível impacte nas populações locais e nos valores naturais, culturais
e económicos. Na vertente social e económica, esta avaliação considera vários aspetos como a perturbação
devida ao ruído, à emissão de poeiras, ao impacte visual e a possível afetação, em geral, das condições e
qualidade de vida da população residente ou utilizadora das imediações da pedreira. Reconhece-se que
embora sejam feitos grandes esforços para mitigar ou eliminar qualquer inconveniente, as alterações da
paisagem e a produção de ruido e de poeiras, embora em cumprimento legal, pode implicar o incómodo nas
populações locais, o que determina a implementação de medidas compensatórias pelo estabelecimento de
(1) Plano de divulgação ambiental, específico para as pegadas de dinossauros, o borboletário e a
(2) colaboração da SECIL com nova Candidatura da Arrábida como Reserva da Biosfera.
Na implementação das medidas compensatórias pode ainda ser refletido o longo compromisso da SECIL em
questões que apoiam o desenvolvimento económico e a promoção e o apoio social, pelo que se pretende que
o Plano de Compensação seja cumprido em cooperação próxima com as entidades e os agentes presentes,
nomeadamente, a Câmara Municipal de Setúbal e a Junta de freguesia da União das Freguesias de São Julião,
Nossa Senhora da Anunciada e Santa Maria da Graça.
-------------------------------------- I Sócioeconomia
Em suma, sendo a produção de calcário e margas da pedreira Vale de Mós A fundamental para garantir a
continuidade de fornecimento de matéria-prima (calcário e margas) à cimenteira (fábrica do Outão), que opera
a jusante, o Plano de Pedreira Vale de Mós A requerido é considerado de elevada importância, uma vez que:
• Permite explorar o calcário existente dentro da sua propriedade sem ter de o transportar de outras origens
(evitando custos e impactes ambientais desnecessários decorrentes do transporte);
• Possibilita na fase de encerramento deixar um amplo plateau com mais de 27,3 ha e mantendo toda a sua
potencialidade em termos de biodiversidade.
A ampliação requerida apresenta ainda especial relevância uma vez que SECIL se encontrará em condições
de garantir reservas próprias que lhe permitam abastecer a sua linha de produção de cimento limpa (CCL –
Clean Cement Line). Trata-se da primeira fábrica a nível mundial deste novo conceito “Clean Cement” e “Low
Carbon Cement” (cimento de baixo carbono), produzido, com enormes vantagens, através da melhoria da
eficiência energética, da redução do consumo térmico específico, da redução das emissões de CO 2 e da
eliminação da dependência dos combustíveis fósseis, na instalação fabril. O facto de se conseguir suprir as
necessidades de calcário com a produção na pedreira Vale de Mós A, permite ainda diminuir a produção de
CO2 associado ao transporte de calcário, que atualmente é também proveniente de outras pedreiras.
O Projeto Clean Cement Line obteve o reconhecimento de Projeto de Interesse Nacional com o Nº 250 –
SECIL. De facto, com o Projeto CCL, a produção futura decorrente do Low Carbon Cement obriga a garantir
níveis de qualidade do produto com maior incorporação de calcário, e, por isso também, a pertinência da
ampliação da pedreira Vale de Mós A.
Recorde-se que a produção da fábrica do Outão resulta da capacidade de produção de cerca de 2,2 milhões
de toneladas de cimento e clínquer por ano, correspondente a cerca de € 90 milhões por ano. Deste valor cerca
de 50% traduz-se em exportações, todas concretizadas através do Porto do Setúbal, representado cerca de
20% do total de exportações em volume realizadas por este Porto.
Em suma, a fábrica do Outão, de que a pedreira Vale de Mós A é parte integrante e inalienável, contribui com
cerca de 100 milhões de euros, por ano, para o PIB nacional e contribui direta e indiretamente para a criação
de 672 empregos na Península de Setúbal e 1689 empregos em Portugal; e é ainda uma fábrica vocacionada
para a exportação.
-------------------------------------- J DIA
O EIA incorpora elementos que podem ser um importante contributo em sede de Avaliação Ambiental
Estratégica do Programa Especial do Parque Natural da Arrábida, sendo que a SECIL já complementou o EIA
do Projeto com a formalização, nos termos Regime jurídico da conservação da natureza e da biodiversidade,
de mecanismos de compensação ambiental. Assim, parece expectável ou, pelo menos, possível que tais
medidas afastem eventuais dúvidas da autoridade de AIA no momento de emissão de DIA desejavelmente
favorável. Considerando-se ainda que a emissão de uma DIA favorável ou condicionalmente favorável ao
Projeto da SECIL poderá também possibilitar a alteração da delimitação da REN.
Importa ainda referir que assumindo que a única objeção à emissão de DIA favorável será a desconformidade
ou incompatibilidade do Projeto com o PDM e o POPNA, a autoridade de AIA pode optar por emitir uma DIA
favorável condicionada ao recurso aos instrumentos de dinâmica do POPNA e do PDM que é expectável que
sofram alterações relevantes no médio prazo, por força da entrada em vigor de novos instrumentos de
ordenamento do Parque Natural da Arrábida e da reforma legislativa em matéria de ordenamento do território
e urbanismo de 2014/2015.
-------------------------------------- K Em suma
As atuais pedreiras de Vale de Mós A e de Vale de Mós B estão em atividade ininterrupta há mais de 80 anos
e com um plano de recuperação e de monitorização ambiental único há mais de 40 anos, cujas áreas objeto
dessa intervenção estão a aproximar-se cada vez mais dos biótipos típicos da envolvente. No entanto, não só
existe um desequilíbrio entre os dois perfis de minério necessários à produção de cimento, o que obriga a um
transporte de calcário do exterior, como a exploração está pensada em profundidade, o que implica um termino
de exploração com um plateau diminuto e uma altura de taludes de 70 metros em relação à cota perto da
estrada N379-1. O projeto ora analisado tem como objetivo, diminuindo drasticamente a exploração em
profundidade e aumentando a área do plateau final (7 para cerca de 27 ha), ampliar a área da exploração a
uma zona que tem continuidade com a exploração já realizada, diminuindo a quantidade total de minério a
explorar, não intervencionando áreas já recuperadas e tornando desnecessário qualquer transporte de calcário
de outras proveniências.
A modificação da morfologia da Serra, num ponto muito específico do relevo, nomeadamente abaixo da
principal cumeada e afastado das áreas de proteção de arribas, é claramente o principal impacte negativo, na
medida que, em termos de valores naturais, os habitats existentes na área de expansão são frequentes no
PNA e não prioritários. Com a nova metodologia de exploração oculta proposta, a SECIL garante a
invisibilidade da lavra e assim a redução da significância do impacte visual da lavra para o exterior. De sublinhar
que, em termos de serviços de ecossistemas os aspetos culturais e identitários são dos mais relevantes, pelo
que o diminuir do impacte visual e o acompanhamento da exploração pelos interessados (stakeholders) são
dos aspetos mais relevantes.
Caberá aqui sublinhar que a manutenção da situação de referência imporá igualmente uma
modificação, porventura mais profunda, da morfologia da serra. Deste modo a fusão dos dois Planos
de Pedreira mas, acima de tudo, a modificação da lógica atual de exploração em profundidade (que
implica um fornecimento intenso de calcário do exterior) estendendo a exploração de calcário na
vertente de montanha já explorada, com um procedimento moderno de exploração que reduz, de forma
evidente, o impacte paisagístico e elimina a necessidade de transporte de calcário do exterior,
demonstra ter, no global, impactes negativos menos significativos que a manutenção dos planos de
exploração atuais.
No futuro, é ainda firme intenção da SECIL, mediante concordância das entidades que tutelam a
atividade, a de libertação de áreas já recuperadas da área licenciada da pedreira de 35,8 ha, passando
a pedreira a ter uma área licenciada de 81,4 ha, por oposição aos 98,7 ha atualmente licenciados.
Em síntese, podem salientar-se os seguintes aspetos:
• A pedreira Vale de Mós A proposta constitui uma ocorrência ímpar de calcários e margas, com aptidão
química superior para a sua valorização industrial para o fabrico de cimentos, com elevada
reatividade/qualidade, exportáveis para todos os cantos do mundo;
• Os impactes positivos mais significativos induzidos pelo projeto ocorrem ao nível da sócioeconomia, com
expressão local e regional, pela manutenção de emprego direto e indireto e valor de negócio a montante e
a jusante da exploração;
• De acordo com a avaliação técnica efetuada, os eventuais impactes negativos induzidos pelas ações do
projeto – especificamente na Paisagem, determinam que este inclua planos específicos, como o
faseamento e recuperação concomitante, estabelecidos no Plano de Lavra e no Plano Ambiental e de
Recuperação Paisagística. Tal permitirá ainda a reconversão da área e a viabilização de um sistema
ambientalmente sustentável, minimizando impactes negativos gerados ainda durante a fase de exploração
e reconvertendo-os, globalmente e a prazo, num impacte positivo significativo e permanente;
• A implementação das medidas de minimização preconizadas permite reduzir, de forma evidente, a projeção
espacial e temporal dos impactes negativos, e possibilita a revitalização do espaço afetado pela exploração;
• Incluem-se medidas de compensação no âmbito dos seguintes fatores ambientais: Território, Sistemas
ecológicos e Sócioeconomia;
• Inclui-se o acompanhamento e controlo da evolução das vertentes ambientais consideradas mais sensíveis
através do Plano de Monitorização.
Em suma, de acordo com a avaliação da equipa técnica que realizou o Plano de Pedreira Vale de Mós A e o
EIA, não é previsível que se venham a induzir impactes ambientais negativos significativos que o possam
inviabilizar. Encontrando-se ainda a SECIL em condições de executar o projeto, ora em avaliação, mediante
uma DIA favorável ou favorável condicionada, assim que realizada a compatibilidade entre o uso proposto e
os instrumentos de gestão do território.
E.223054.03.06.aa BIBLIOGRAFIA
ESTUDO DE IMPACTE AMBIENTAL
PEDREIRA DE CALCÁRIO E MARGA INDUSTRIAL VALE DE MÓS A
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SECIL-Outão & Universidade de Évora. 2014. Estudo e Valorização da Biodiversidade – Componente da Fauna na
Propriedade SECIL - Outão. 3ª Fase – Implementação e Monitorização do Plano de Ação. Relatório Final. Volume I.
SECIL-Outão & Universidade de Évora. 2014a. Estudo e Valorização da Biodiversidade – Componente da Fauna na
Propriedade SECIL - Outão. 3ª Fase – Implementação e Monitorização do Plano de Ação. Relatório Final. Volume II.
SECIL-Outão & Universidade de Évora. 2017. Caracterização da Biodiversidade – Componente da Fauna, na Propriedade
SECIL – Outão e Áreas Envolventes. Avaliação dos Efeitos da Qualidade do Ar. Relatório de Progresso III.
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Carta de Capacidade de Uso do Solo de Portugal. 1:50000, Lisboa, Serviço de Reconhecimento e Ordenamento Agrário.
Carta de Tipos de Solo de Portugal. 1:50000, Lisboa, Serviço de Reconhecimento e Ordenamento Agrário.
Carta Militar de Portugal, Folhas nº453, 454, 455, 464, 465 e 466 na escala 1:25 000, Instituto Geográfico do Exército.
Folha 38B (Setúbal) da Carta Geológica de Portugal, na escala 1:50 000, Serviços Geológicos de Portugal, Lisboa.
Folhas 454 e 465 da Carta Militar de Portugal, na escala 1:25 000, Serviços Cartográficos do Exército, Lisboa.
Planos
Participação da SECIL S.A. em âmbito de Consulta Pública na proposta de PDM de Setúbal
Participação da SECIL S.A. em âmbito de Consulta Pública na proposta de Plano de Gestão da ZEC Arrábida/Espichel
• BlogTroineiro: http://troineiro.blogspot.pt/2015/03/coisas-de-setubal-bataria-de-milregos.html
• Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas – Relatório Parque Natural da Arrábida (2003):
http://www2.icnf.pt/portal/pn/biodiversidade/ordgest/poap/popnar/resource/ordenamento/relatorio
• Morcegos:http://arquivo2020.cm-montemornovo.pt/pt/site-viver/territorio/ambiente/PublishingImages/Paginas/Compo
rtamentos---Sustent%C3%A1veis/Manual%20Tenho%20morcegos%20em%20casa.%20O%20que%20fazer.pdf
• Sesimbra.com:
o http://www.sesimbra.com/grutas/algares-e-sumidouros/algar-das-aranhas.html
o http://www.sesimbra.com/grutas/grutas-e-lapas/serra-da-arrabida/lapa-dos-morcegos.html
o http://www.sesimbra.com/grutas/grutas-e-lapas/serra-dos-pinheirinhos/gruta-do-frade.html
• SIPA – Sistema de Informação para o Património Arquitetónico: www.monumentos.pt
• UN Environment World Conservation Monitoring – Centre glossary of definitions for terms relating to
biodiversity, ecosystems services and conservation.https://biodiversitya-z.org/content/natural-habitats
• United Nations Educational, Scientific and Cultural Organization – Man and the Biosphere (MAB)
Programme: http://www.unesco.org/new/en/natural-sciences/environment/ecological-sciences/man-and-biosphere-
programme
• Wikipedia: https://pt.wikipedia.org/wiki/Regimento_de_Artilharia_de_Costa
E.223054.03.06.aa ANEXOS
ESTUDO DE IMPACTE AMBIENTAL
PEDREIRA DE CALCÁRIO E MARGA INDUSTRIAL VALE DE MÓS A
ANEXOS E.223054.03.06.aa