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Adelaide Cabete

Ocupações:

Médica obstetra, ginecologista, professora, maçom, publicista, benemérita, pacifista, abolicionis
ta, activista feminista, defensora dos animais, humanista
Foi pioneira na reivindicação dos direitos das mulheres, e durante mais de vinte anos,
presidiu ao Conselho Nacional das Mulheres Portuguesas. Nessa qualidade reivindicou
para as mulheres o direito a um mês de descanso antes do parto (licença de maternidade)
e em 1912 reivindicou também publicamente o direito ao voto feminino, sendo-lhe apenas
concedido em 1933, tornando-se na primeira e única mulher a votar.
Carreira profissional
Após a conclusão da especialidade, exerceu Ginecologia e Obstetrícia no seu
consultório, sediado na Praça dos Restauradores, em Lisboa. Como médica, apelou à
criação de apoios para as mulheres grávidas e escreveu inúmeros artigos para a
divulgação dos cuidados materno-infantis, defendendo os cuidados básicos e a melhoria
das condições de vida das crianças e das mulheres.
Anos mais tarde, em 1914, foi trabalhar para Odivelas, no Instituto Feminino de
Educação e Trabalho, onde não só exerceu como médica escolar como também foi
professora de Higiene, Puericultura, Anatomia e Fisiologia, ensinando inclusive Educação
Sexual às suas alunas.

Activismo Republicano e Feminismo

Elementos da Cruzada das Mulheres Portuguesas posam para um retrato de grupo junto ao seu
estandarte. (1916)

Em 1906 aderiu ao comité português da agremiação francesa "La Paix et le Désarmement


par les Femmes"[7]. Pouco depois, em 1908, juntamente com Ana de Castro
Osório, Carolina Beatriz Ângelo e outras militantes republicanas feministas, tornou-se
numa das co-fundadoras da Liga Republicana das Mulheres Portuguesas, onde defendia
a emancipação e o sufrágio feminino.[8]
Republicana militante, tal como o marido, Adelaide Cabete participou activamente em
movimentos de propaganda que antecederam à mudança de regime de 5 de outubro de
1910, escrevendo inúmeros artigos e discursando contra os monárquicos e os jesuítas.
Em 1910, participou activamente na Implantação da República, onde, a mando de Miguel
Bombarda, que viria a falecer a dias da vitoriosa revolução, e com Carolina Beatriz Ângelo,
coseu e bordou várias bandeiras vermelhas e verdes para serem hasteadas por Lisboa. [9]
Em 1912 reivindicou o voto para as mulheres, e com outras mulheres da alta sociedade
portuguesa, criou e integrou novas organizações feministas, como a Liga Portuguesa
Abolicionista, as Ligas de Bondade, a Cruzada das Mulheres Portuguesas, nelas
exercendo diversos cargos, e o Conselho Nacional das Mulheres Portuguesas, onde, a
partir de 1914 e durante mais de vinte anos, viria a executar o cargo de presidente. [10]
Benemérita, defendeu sempre as mulheres grávidas e pobres, as crianças e as prostitutas.
Era, não obstante a isso, radical em assuntos de "decência feminina", mostrando-se
contrária à importação da moda feminina, criticando as saias curtas, recomendando o uso
da saia até um palmo do chão e vestindo-se num estilo simples e conservador.
Humanista, aplaudiu o encerramento de tabernas e manifestou-se contra a violência
nas touradas, o uso de brinquedos bélicos e outros assuntos que se revelariam temas
vanguardistas para a época, e que ainda mantêm a sua actualidade. [11]

Congressos Nacionais e Internacionais


Na experiência docente caracterizava-se nas teorias pedagógicas com exemplos práticos,
que apresentou em vários congressos, de entre estes, os mais importantes: Congresso
Internacional das Ocupações Domésticas em Gand, Bélgica (1913); Congresso
Internacional Feminino em Roma, Itália (1923); Congresso do Conselho Internacional das
Mulheres em Washington, Estados Unidos (1925); I e II Congressos Feministas e da
Educação (1921 e 1928) e Congressos Abolicionistas (1926 e 1929), ambos em Lisboa.
Em alguns chegou mesmo a representar o governo português no estrangeiro.

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