Você está na página 1de 32

CELSO DOS REIS

_______________________________________________________________________

O DOCE
NECTAR
VENENOSO
DE UM
AMOR

Fim de Festa
“I close the door,

The party is over”

(Lacrimosa)”

Aonde esta você agora,

Que já não lhe sinto mais?

Essa dor que em mim mora

Devorou-me toda a paz.

As lembranças se foram,

Nada restou para mim.

Essas nuvens choram

Trazendo vida ao jardim.

Já não posso mais mentir...


Oh! Você foi-se embora;

E nada mais me resta.

Que deixem a chuva cair,

Pois alguém aqui chora

Pelo fim dessa festa.

Quando se for

“Era paralisante, aquela sensação de que um buraco imenso tinha sido


cavado em meu peito, e que meus órgãos mais vitais tinham sido
arrancados por ele, restando apenas sobras, cortes abertos que
continuavam a latejar e a sangrar apesar do passar do tempo. [...]”

Meyer, Stephenie; Saga Crepúsculo - Lua Nova

Quando se for... Eu ficarei

“Foi só um sonho e eu acordei.”

Para mim mesmo falarei.

Quando se for... Irei esquecer,

Sem lagrimas para conter...

Sem amor para sofrer.

Quando se for... Ainda assim,

Haverá dentro de mim,


Um buraco sem fim.

Dos Reis

Lembro-me tão pouco de você,

Menos do que eu queria lembrar,

Aquelas coisas que não da pra esquecer,

Que no coração, consegui guardar.

Lembro como se sonhasse acordado

Do seu sorriso do tamanho do mar,

Do seu jeitão todo abobalhado,

Das piadas que contava a gargalhar.

Lembro como se acordasse atordoado

De um pesadelo cheio de dor,

De meu irmão, quase um homem formado

Apontando para o fim do corredor.

Lagrimas rasgaram meu peito


E meu coração não quis acreditar...

Você pecou e tinha seus defeitos

Mas foram anjos que vieram te buscar.

“Dedicado a José Celso Dos Reis, meu pai.”

Espero-Te

Vejo-a como sempre vi,

Com o meu coração;

Sofrendo dentro de mim,

Explodindo de emoção.

Vem ela, linda como sempre,

Brilhando mais que luz solar;

Passando em minha frente

Sem, ao menos, me notar.

Vai ela, como sempre ira,

Deixando-me na escuridão...

Fico eu, como sempre vou ficar,

Esperando-te em minha solidão.


O Morto
“Such a lonely Day,

And it’s mine”

(System of a down)

De dor, morro por ela.

Minha alma esta perdida

Sem meu sopro de vida,

Ninguém mais me espera.

Nenhuma luz se prolifera.

A dor não me foi contida,

Minha alma vaga desiludida

E tua imagem me dilacera.

Perto mas não posso tocar

Fica longe sem se afastar.

Da existência me anulo.
Meus olhos a chorar

Lagrimas de muito pesar.

Volto ao meu tumulo.

Solitary Soul

Queria lhe odiar de verdade

Seria o correto a se fazer,

Mas fujo dessa realidade,

Condeno-me ao eterno sofrer.

Meu coração você despedaçou

And I don’t feel my solitary soul.

Tudo que sinto é o contrario

Do que deveria mesmo sentir.

Sou eu agora o solitário

E você foi sem nem se despedir.

E agora um nada me restou

And I don’t feel my solitary soul.


Paraíso Passageiro

Abro a porta e a janela,

Vejo o iluminado sentinela;

E numa planta tão singela

Nascer flor tão bela.

Fecho meus olhos aflitos

Ao silenciar de meus gritos,

Enquanto caio do infinito...

É assim que me sinto.

Nunca mais te verei sorrindo,

Nunca mais poderei te tocar;

Ultima lembrança é você indo...

Já não posso te enxergar...

Uma dor me consumindo


Como se nunca fosse parar...

O Selvagem e Eu

Sinto-me como o selvagem

Sem pertencer a lugar algum,

Sem ao menos ter alguém:

 Um sentimento a nós tão comum.

Amas-te uma cortesã impudente

Que desvalorizou seu amor,

Sofreu uma angustia deprimente:

 Ambos sabemos qual é o sabor.

Nada era tudo o que tinha,

Nem mesmo sua solidão

Já nem era tão sozinha:

 Nada nos tem mais solução.

John sofreu por Lenina


E então morreu!

 Sofro por ti menina,

Logo morro eu!

Ainda Espero

Ainda espero você voltar

Porque o que senti não foi mentira,

Sentimento que todo sentir se admira,

Que fez a lira emocionar

Alguém que se deprimiu

Na esperança de encontrar

O amor que lhe fugiu.

Porque não há mais nada a se fazer.

Nem mesmo a razão pode entender

Ao ver esse coração chorar

Por quem ele amou,

Quem não soube amar

E nas trevas o deixou.

Porque não me existe outra solução,

E após toda essa ilusão,


O que é um sonhar

Com juras do eterno,

Se não pode apagar

Chamas no inferno?!

Não Há

Não há porque mais viver!

Perdi a razão do meu ser

Que eu tinha ao amanhecer

Na felicidade em te ter.

Não há porque mais ver!

Toda imagem me faz sofrer,

Sinto minha alma adoecer...

Nessas imagens, vejo você.

Não há porque respirar!

Não há porque ficar de pé!

Não há porque superar!

Não há porque ter fé!

Minha alma a chorar

Pela alma de uma mulher.


16

“Perco-me meio ao barulho,

São tantas vozes e ruídos...

Afundo-me no entulho.

“São anjos caídos,

Demônios convertidos,

Nada faz sentido...

“Porque fico imóvel no lugar?

Por causa de um medo desmedido

Da memória que não vai se calar;

Desse meu sentimento todo adoecido,

Como uma ferida, sempre a sangrar;

De um passado adormecido

Acordando no meu sonhar...

Mas meu grito que incomodaria alguém,

Incomoda somente a mim


E aqui já não há mais ninguém.”

Beijo de Amor

Minha tristeza sucumbe no teu lábio...

Eu, que achava do amor algo do imaginário,

Agora se tornou minha fonte de alegria

E, por ele, não há nada que eu não faria.

A eternidade me é quase palpável,

Vivo na terra, o paraíso do céu,

Que anjos sopraram-me ao ouvido

O que nenhum homem havia percebido.

Encontraram-me no mar, boiando...

Quantas dimensões eu fui vagando?!

Tantas verdades... Achei estar sonhando...

Mas era só o amor me beijando.


Soneto da Infinita Dor

Rezei pra que a morte viesse me buscar,

Intrigada veio... Manto negro a flutuar;

Sem olhos... Mas sentia me encarar;

Sobre mim... A foice a flutuar.

A voz... Um trovão que perguntou:

“Mas por que tu queres morrer,

Tem muito ainda que viver...

Tanto que não experimentou.”

“Na felicidade maior fui aproveitador,

Esgotou-se do meu sol o calor,

Hoje odeio a vida e o amor!”

“Também, eu, dela, sou conhecedor...

Pois que saibas, tu, meu senhor,

Que do céu ao inferno não há cura de tal dor!”


Dos Sonhos

E do sentir dos lábios teus

Eu já sabia doce morena,

Que era um dos sonhos meus...

Desejos de uma vida pequena.

E de tê-la em meus braços,

E seu corpo a me aquecer,

Que fui jogado aos espaços...

Mas acordei antes do amanhecer.

Fiquei durante a madrugada,

E o resto d’outros dias lembrando

De quando tu eras minha amada,

E de como éramos amando.


“Dedicado à Milena”

Memória Morta

Sou grato, só Deus sabe o quanto sou,

Por um dia ter existido em mim,

E talvez ter-me amado... Pois sim,

Amei-te por achar que me amou.

Sou grato por mostrar-me o que mostrou,

Por ter feito do meu deserto um jardim,

E tudo, desde o começo ao fim...

Pelas sobras que você me deixou.

Sou grato em estar diante

Desse tumulo seu

E não me sentir mal.

É tão gratificante

Saber que morreu...

Que isso teve final.


Canção do Hotel

E nos corredores do hotel

Ecoa um coro de vozes,

Como abelhas ferozes

Numa melodia sabor de mel.

E quem me dera eu cantar...

Mas escrevo versos, solitário

Como o nome no obituário

De quem não se pode mais tocar.

E a canção aumenta em mim

A saudade que, de ti, carrego,

Na lembrança que me apego...

O meu fim.
Soneto do Morto no Asfalto

Por te admirar tanto

Meu coração se encanta;

Temo porque me espanta

As lagrimas de teu pranto.

Melancólico em algum canto;

Uma lira a mim canta

Sobre a dor que é tanta

Quanto o azul do manto.

Eu gritarei tão alto,

Como um canhão de guerra

Atirando desse asfalto;

Miro em você além da terra

E chego num salto,

Enquanto alguém, aqui, me enterra.


Pétalas de Sangue

Um anjo cortou-se num espinho

E o sangue pingou numa pétala,

Criou assim, a primeira rosa vermelha.

“Viu na sarjeta, uma alma desconsolada,

Um pobre rapaz que chorava pela amada.”

O anjo, tão comovido que ficou,

Deu-lhe a rosa de seu sangue

Para o rapaz presentear quem ama.

“O vermelho deixou a moça apaixonada,

Que até permitiu, pelo rapaz, ser beijada.”

Mas ela tinha paixão pela rosa rubra

E quis do rapaz, um buque delas...

Que amante a amada negaria tal pedido?

“Ele matou o anjo com facadas,

E as rosas, todas ensanguentadas.”


Hoje eu a vi...

E naquele momento em que a vi

Eu não enxergava coisa alguma...

Somente a sentia.

Ao seu terremoto eu sobrevivi,

No vento suave como pluma...

“Eu te perdia.

Minha mente aquietou-se um instante,

A voz que faz a palavra ficou calada...

Um grito de lagrima.

Como seguir então, mais adiante

Nessa minha angustia imaculada...

“Do amor a lastima.


Sinceramente

... Não espero mais nada da vida,

Ela é insana e parece estar drogada.

... Não espero nada daquela pessoa;

Soterrei-a com minha magoa.

... Não espero nada dos anjos caídos;

Não me são piores que demônios convertidos.

... Eu já nem espero mais nada mesmo, de tudo;

Sinto-me fatigado de habitar nesse mundo.


Jardim Primaveril

Ver-te feliz faz ser curta a eternidade;

Realizar-te os desejos pelo simples prazer,

Que teus olhos já me pagam tudo que eu fazer;

Nunca os negarei até que se finde, da vida, a idade;

Apenas no lívido sonhar de um apaixonado,

Tê-la aos braços no derradeiro momento

Que o beijo cura a alma com golpe violento,

Traz o choro por ter, no escuro, acordado.

Quem sabe um dia eu reencontrarei as cores,

Que se esconderam de mim quando acordei...

Talvez nos olhos do anjo com quem eu sonhei;

Talvez num jardim primaveril... Nas flores.


Estrelinha

Quem espera a magia

Sentado em canto seu,

Talvez nunca verá.

Quem distraído estaria

Nesse olhar teu,

Talvez dela beberá.

Quem reclama do calor

Dentro de uma piscina,

Inerte estará.

Quem sente do amor

Alguém que lhe fascina,

Mover-se tentará.
“Dedicado a Sandrinha, meu brilho.”

Brilharás em Mim

Estrelinha... Meiga e brilhante,

Guia-me sempre adiante.

...Coisas raras que me falas,

Ao peito irei guardá-las.

...Grande, quase constelação,

Ilumina da vida a escuridão.

... Existe? Fico me perguntando,

Ou é fruto de quem vive sonhando?

...Aparece-me meio ao Tédio,

Alivia-me dos ais sem remédio.

...Pegue em minha mão

E voe comigo pela imensidão.

...Este poema chega ao fim,

Mas tu sempre brilharás em mim.


“Dedicado a Sandrinha, a minha estrelinha errante.”

Como o Vento

E o vento sopra tão indeciso

Levando as folhas pelo labirinto.

Talvez, tudo o que eu preciso

Não se ligue ao que sinto.

Quem sabe a vida ficou cheia

Por ser sempre assim, tão vazia.

Sou eternamente preso à teia,

Desse amor... Dessa fantasia.

A chuva não saberia molhar

Se o sol não pudesse secar;

A flor nunca iria se mostrar

Sem ter um poeta para amar;

O vento jamais sopraria

Se não houvesse a direção;


O amor logo se mataria

Por não ter um coração.

Desbotado

O certo simplesmente aconteceu,

Mas eu queria o errado.

No instante em que o sol apareceu,

Desejei estar enterrado.

A dor se tornou maior do que eu,

E por ela, fui derrotado.

Esse amor que você um dia me deu,

Tem um tom de preto desbotado.

Neste corpo, o sangue meu,

Não corre... Está coagulado.

Neste corpo, o coração que és teu,

Está ferido e petrificado.

Aquela alma que aqui viveu,

Deixou-me na vida, abandonado,


E nada mais se ascendeu

Ao meu céu escuro e apagado.

Sonho Apodrecido

A luz se apagou tão rápido...

Acho que nem acendeu.

O anjo outrora perdido

Nunca me pertenceu.

Nesse peito tão ferido,

Um coração que não é meu.

Esse nosso amor desmedido

Fez sangrar quem o viveu.

Parece-me tudo um sonho

Onde o dia não amanheceu.

A frieza que eu te exponho,

É uma dor que nunca cedeu.

A realidade é assustadora,

Mas além de mim, ninguém a percebeu.


Os gritos que eu ouço agora

Indicam que o mal venceu.

Não tem saída, muito embora,

O único morto aqui seja eu.

“Talvez” – me diria uma senhora –

“O anjo nunca lhe mereceu.”

Quem me dera àquela hora,

Acontecesse o que não aconteceu...

O pesadelo com cheiro de amora,

Era meu sonho que apodreceu.


Punição

Todos os pássaros a ti cantam,

Como se quisessem lhe punir

Com o que não queres ouvir.

Todas as flores a ti murcham,

Para que não possas ver

A beleza que deviam ter.

Todos os lobos a ti uivam,

Contando o seu segredo

Que tens pela noite o medo.

Todas as estrelas a ti se apagam,

Deixando-te na escuridão cruel...

Um perdido entre a terra e o céu.


LP

Desconheço meu reflexo

Num espelho quebrado,

Que só reflete o passado

Deixando-me perplexo...

Por ter sentido,

E ter perdido.

Diferencio-me de todo resto

E num canto me acanho,

Ao medo de soar estranho

Sinto que eu já não presto...

Por ter consertado,

E ter quebrado.

O remorso vem me remoer

As coisas todas que passei,

Se ao solo árido me enterrei


É que algo me impede de viver...

Nunca fui forte,

Desejo só a morte.

Os mestres e sábios se calam,

A mim nunca souberam nada.

A matéria fez-se desalmada;

Nesse vácuo que se espalham

Uma primavera vem chegando,

Sem pássaros cantando.

No jardim das belas flores

Encontro somente a dor,

Crio um ódio cheio de rancor

Dos jovens vivendo seus amores...

Deixam-me enjoado

Por nunca ter amado.


Corações e Lagrimas

Nos dias todos em que te amei,

Tudo queimava pra nos aquecer;

Suaves chamas nos iluminavam...

Os corações que de amor brincavam.

Maior do que tudo que eu sonhei,

Mais que tudo que pude querer;

As formas na luz se entrelaçavam...

Corações que brincando se amavam.

Mesmo sabendo tudo o que sei,

Esse tudo cai num fétido apodrecer.

Os meus dedos enxugavam

Lagrimas que me escapavam.

Você também pode gostar