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Dados de Catalogação:
Cadore, Danielli
Caminhando como filhas amadas: uma jornada de
autenticidade. Encantado: Danielli Cadore, 2021.
O NINHO
Viver de maneira autêntica é compreender que existe poder na
história de todas nós, assim seremos libertas das amarras que nos
impossibilitam de voar. Aliás, o início da jornada rumo a uma vida
autêntica se assemelha muito ao primeiro voo de um pássaro.
Você já viu o quão duro e desafiador é para um passarinho sair do
ninho e bater as asas? Eu tive o privilégio de presenciar vários desses
momentos na minha vida, confesso que na mesma proporção que
contemplava a magnífica criação de Deus, temia pela queda que o
passarinho poderia sofrer ao tentar sair do ninho.
Da mesma maneira que um pássaro que tenta alçar voo, corremos
o risco de “cair de cara” no chão. Sair do ninho, onde nos sentimos
acolhidos e protegidos, gera desconforto e dor. Mas o que acontece
se decidirmos permanecer por toda a vida no nosso ninho? Bom, é
bem provável que vamos sobreviver, mas sem dúvida teremos perdido
a oportunidade de voar livremente. Seremos como um pássaro que
não voa e, por isso, não vive plenamente como foi criado para viver.
Alguém que conhece Cristo e mesmo assim escolhe viver segundo
padrões secundários, negando a sua autenticidade não anda por esta
terra plenamente, pois conhece o dono do amor e mesmo assim
escolhe viver atrás do amor torto de uma sociedade torta. Ao escolher
viver o padrão do mundo, estamos deixando de experimentar a boa,
agradável e perfeita vontade de Deus (Romanos 12:2).
Por isso, para vivermos transformados e da maneira que fomos
criados para viver, precisamos de coragem para lutar contra o medo
de sair do ninho, contra o medo de não sermos boas o bastante. Afinal,
as pessoas, o tempo todo, querem deslegitimar a nossa autenticidade,
para que possamos pertencer ao mesmo padrão, já que esse é o
caminho mais cômodo. Então, lute! Lute contra o medo, saia desse
ninho e voe em busca da sua autêntica liberdade.
A REVOLUÇÃO
Gosto de pensar na autenticidade como um movimento, uma
revolução, quanto mais pessoas estiverem dispostas a romper com os
padrões sociais que insistem em anular quem elas realmente são, mais
pessoas serão encorajadas a fazer o mesmo. Existem muitos
significados para o termo “revolução”, eu escolho o do dicionário
Michaelis, que diz que revolução é “ato ou efeito de revolucionar(-se),
de realizar mudanças profundas e radicais”.
Acho importante, nesse momento, consciente dos riscos que irá
correr ao ser autêntica, lembrar-se de que quando você assume a sua
autenticidade as pessoas ao seu redor também conseguem assumir a
delas, tornando-se, assim, uma incentivadora de voos. Muitas pessoas
precisam ver o voo de outras para ter a coragem necessária de sair do
conforto do “ninho” que estão e se lançarem em busca de uma vida
autêntica, abandonando a necessidade de pertencimento terreno.
Da mesma forma que a mãe-pássaro demonstra para seus filhotes
como devem voar e que eles sobreviverão à saída do ninho, nós,
quando vivemos de maneira autêntica, mostramos para as outras
pessoas que existe um caminho diferente da padronização e que esse
caminho conduz para uma vida de liberdade e crescimento.
O CARRO DO ANO
O CORPO DA REVISTA
DISPOSIÇÃO PARA DIZER SOMENTE SIM
CONSUMO INCESSANTE
O MELHOR TRABALHO
A MELHOR CASA
ANULAÇÃO DE IDEAIS E PRINCÍPIOS
A SABEDORIA DO MUNDO
RENUNCIAR À SUA ESSÊNCIA PARA AGRADAR
“EU FUI CRIADA DE MANEIRA ÚNICA E SINGULAR PELO MEU PAI, SOU
UMA PECADORA QUE É COBERTA PELO SANGUE DE JESUS CRISTO, TIVE
A GRAÇA DE DEUS DERRAMADA NA MINHA VIDA E POR ELA SOU GRATA.
EU SOU, ANTES DE TUDO, UMA FILHA AMADA DE DEUS, IMPERFEITA,
MAS QUE LUTA POR SANTIDADE. EU SOU QUEM MEU PAI DIZ QUE EU
SOU, AMADA, FILHA, RESTAURADA, LIMPA, ÚNICA.”
A RACHADURA E AS MÁSCARAS
A luz entra apenas nos lugares onde a permitem entrar, assim, faz-
se necessário que exista uma abertura, uma rachadura. Parece uma
afirmação simplista demais, mas temos uma imensa dificuldade de
aceitar essa realidade em nossa vida. Estamos sempre buscando
ocultar as nossas rachaduras e assim mais escuridão trazemos para a
nossa vida.
Usamos, dia após dia, uma quantidade imensa de máscaras: a
máscara da mulher perfeita, a máscara da mãe perfeita, da esposa
perfeita, da empreendedora perfeita. Mascaramos nossas famílias
para que aparentem perfeição, nossos medos também recebem uma
máscara, e outra é reservada para a pele que habitamos. Elas nos
paralisam, impedem de amarmos nossa família da forma que ela é, nos
impedem de amar o nosso corpo e de arriscarmos. As máscaras da
perfeição anulam nossas identidades e nos levam a buscarmos, dia
após dia, o padrão que o mundo espera, anulando a singularidade que
nos foi dada por Deus. Se não estivermos dispostas a abandonar as
máscaras, nunca viveremos com autenticidade. O medo é o que faz
com que aceitemos a prisão em que vivemos, negando a nossa
autenticidade em troca de uma aceitação que jamais receberemos
aqui na terra.
E, assim, enquanto escolhermos vestir nossas máscaras, não nos
colocaremos à disposição para sermos moldadas em Cristo.
Vivemos em um mundo extremamente agitado e caótico, onde não
temos tempo nem para respirar, quem dirá para refletir sobre nós
mesmas e como estamos vivendo. É por isso que você encontrará
tantas perguntas ao passar pelas páginas deste livro. Meu convite é
que você responda a todas elas com coragem e leve o tempo
necessário para respondê-las, pois se permitir viver o processo,
mesmo que de maneira lenta, também é um ato de coragem.
. Liste em quais áreas você tem medo de que os outros notem suas
imperfeições.
. Em quais situações você costuma esconder o seu verdadeiro eu?
. Qual o seu principal medo em tirar a máscara
. Como usar máscaras tem feito você não viver plenamente?
. Quais características suas você mesma tem dificuldade de aceitar?
3 - VIVENDO PARA ALÉM DA COMPARAÇÃO
Se algo é capaz de matar a nossa autenticidade é a comparação.
Quando nos comparamos já estamos assumindo que não somos
suficientes e que sermos autênticas não basta. Dessa forma, a
comparação aniquila o nosso verdadeiro eu e nos torna vítimas de uma
competição. Sim, a comparação é uma competição, ninguém se
compara sem ter o intuito, mesmo que inconsciente, de ser melhor
que o outro. E para ser melhor começamos a competir e os
sentimentos de inveja, raiva, insatisfação também começam a brotar
em os nossos olhos.
Eu sou uma pessoa competitiva por natureza, desde pequena
sempre passei dos limites nas brincadeiras e jogos. Sei que minha voz
e minhas feições enganam, mas só quem já jogou Imagem e Ação ou
qualquer outro jogo de tabuleiro comigo sabe o quanto eu quero
ganhar. A escola em que eu estudei minha vida inteira fazia gincanas
semestrais, elas eram incríveis e realmente paravam a cidade. Em
uma, ou duas, dessas gincanas eu fui a líder da equipe. Pergunto-me
como alguém me deixou nessa posição, já que em competições eu me
torno alguém muito intensa e meu foco é somente ganhar, o que
realmente aconteceu. Eu lembro do dia em que uma menina desistiu
de uma das atividades muito rápido, onde ganharíamos muitos pontos
e a correria poderia diminuir, pois estaríamos bem à frente dos outros.
Porém, ela desistiu, eu me irritei, eu gritei, eu me envergonhei. A
competição me deixou cega por segundos, eu não pensei nos
sentimentos da outra pessoa, nas lutas ou no motivo que fizeram com
que ela desistisse. Percebe? É exatamente isso que a competição faz
no nosso cotidiano, nos tornamos cegas, gritamos, ficamos
insatisfeitas, a competição revela o nosso pior. Por andarem lado a
lado, a competição e a comparação nos destroem, juntas aniquilam
nossa alegria e gratidão pela vida. Da mesma maneira que a Dani de
16 anos ficou cega de raiva por não ter ganho pontos extras na
gincana, nós ficamos cegas por nos acharmos inferiores as outras
pessoas.
Nossa sociedade estimula a competição e nós precisamos ter total
clareza disso, sem essa convicção continuaremos competindo sem
nem ao menos perceber. Competimos pela vaga na faculdade, pelo
atendimento na fila do hospital, pela mesa no restaurante lotado, pela
vaga no ônibus e pelo melhor salário. Competimos sem parar e eu
creio que essa lógica da competição não mudará tão cedo, porém,
existem áreas e lugares que podemos nos negar a competir.
Não fomos chamados para competir com as pessoas que nos
rodeiam, não precisamos competir para ter o melhor corpo, a melhor
casa. Essas coisas nunca nos trarão alegria plena e verdadeira, ao
contrário, nos levarão para a derrota e ingratidão. Mesmo que a lógica
da nossa sociedade seja a da competição e realmente existam esferas
em que precisaremos dar o nosso melhor e vencer (principalmente
quando elas envolvem colocar o pão na mesa), nem tudo deve ser
assim.
A competição, ou comparação, faz com que os nossos olhos saiam
da nossa própria estrada, pois começamos a olhar para a velocidade
do outro, e mesmo que estejamos fazendo a melhor corrida das nossas
vidas, se alguém estiver correndo mais rápido, nos sentiremos
insuficientes.
A comparação mata a nossa autenticidade e a nossa alegria. A
comemoração pelas nossas conquistas escapa pelos dedos que estão
profundamente preocupados em contabilizar a velocidade de quem
corre ao nosso lado. Deixamos de aplaudir nossas conquistas para, em
troca, carregar em nossas mãos punhados de amargura.
Nos próximos dias, esteja atenta para todas as vezes que você
começar a competir com alguém. Seja para pegar a fruta mais bonita
no supermercado ou quando comparar o formato do seu corpo com o
de outra pessoa. Ligue o sinal de alerta e fale amorosamente para si
mesma: “querida, você não precisa competir, a sua vitória veio na
cruz”.
Sei que pode parecer tolice, você passou sua vida inteira
competindo, correndo, lutando e agora repetir algumas palavras vão
transformar a sua vida? Pois é, não vão. Mas existe uma grande chance
de, na maior parte das vezes, você perceber que está escolhendo a
estrada errada e os seus pensamentos se voltarem para Jesus,
lembrando do que realmente importa.
Não são raras as pessoas que me contam que se sentem ótimas,
realizadas e felizes, mas no momento que olham para o outro
rapidamente desenvolveram sentimentos de insatisfação. Tenho
certeza de que isso é algo rotineiro, principalmente na nossa geração,
que está sempre conectada com a grama do vizinho, que insiste em
parecer mais verde que a nossa, não é mesmo?
OS APLAUSOS E NÓS
Do que adianta ganhar os aplausos do mundo inteiro se para isso
você deve deixar de ser quem foi criada para ser?
Aqui, arrisco uma paráfrase de Marcos 8:36 na esperança de
demonstrar para você a tamanha tolice que é vivermos em busca de
arrancar aplausos do mundo, mantendo os olhos fixos na meta de
gerar admiração e suprir as expectativas da sociedade em que vivemos
e das pessoas que nos rodeiam.
Deus não nos criou para suprir demandas sociais, mas sim para
vivermos como filhos amados, que andam por essa terra de maneira
única e singular. A vida bem vivida não é aquela que se move por
aplausos, mas sim a de quem tem consciência de quem foi criado para
ser e é fiel a isso. Se preciso for, deixe o silêncio ecoar em meio à
plateia, se preciso for aceite os olhares de reprovação, as piadas e o
sentimento de não pertencimento. Nós realmente não pertencemos a
essa terra e por isso é tão difícil nos mantermos fiéis a quem somos e
ainda assim sermos aplaudidos pela grande multidão. Não se deixe
enganar, os aplausos não são medidores de sucesso e muito menos de
autenticidade. Se você se tornar o que os outros esperam de você,
mesmo que eles estejam carregados de boas intenções, você
continuará a carregar uma mochila repleta de inseguranças, medos e
dúvidas. Você continuará a trilhar os passos dos outros e não o seu
verdadeiro caminho, no qual você pode percorrer lado a lado com o
criador.
Deus nos entregou nas mãos a Sua vontade soberana, escrita nas
páginas da Bíblia. Da mesma forma, Cristo nos enviou o Espírito Santo,
para que não trilhássemos só por esse mundo (João 14:16-17). É por
isso que ao vivermos fiéis à Palavra e sensíveis ao Espírito Santo a
aprovação dos outros passa a ser secundária em nossa vida. É na
comunhão com o nosso Deus que descobrimos quem Ele é, quem nós
somos e como devemos nos mover por essa terra. Na comunhão com
os irmãos, nós somos moldados e aperfeiçoados, mas isso não significa
que devemos andar em busca da aprovação dos nossos irmãos ou até
mesmo de possuir a mesma vida que eles.
A nossa maior referência de vida é a Palavra de Deus, ela nos liberta
e nos mostra como devemos caminhar por essa terra. Mas isso não
significa que ela dirá exatamente qual trabalho você deve ter, com
quem deve se casar, como decorar sua casa e como é o corpo ideal
para você. A Bíblia ensina como é um casamento que agrada a Deus, o
valor do trabalho, como o lar é importante para a vida cristã e que o
nosso corpo é templo do Espírito Santo e, por isso, devemos cuidar
dele. A Bíblia nos auxilia a tomar as nossas decisões, porém
conservando a singularidade de cada um de nós.
Muitas vezes, nós buscamos delegar as nossas decisões por
justamente não saber o que realmente importa para nós, acabamos,
então, por nos deixar moldar pelo padrão da sociedade, na qual
estamos inseridos, e internalizamos que esses padrões sociais também
dizem respeito aos nossos desejos.
Há algum tempo eu e meu esposo estávamos vendo uma série de
construções de casas e, em meio a casas extremamente luxuosas, o
programa acompanhou a construção de uma casa simples, mas com
uma paisagem espetacular. Quando a construção ficou pronta, o
interior da casa foi compartilhado com o expectador. Tudo era muito
simples, pequeno, cotidiano. Toda a beleza da casa estava na vista, nas
inúmeras janelas que mostravam o mar, as montanhas e os animais
que passavam perto da construção. As donas da casa, ao serem
questionadas se não estavam tristes por terem renunciado coisas
extremamente luxuosas para conseguirem comprar o terreno em que
construíram a pequena casa, a resposta foi impactante: “Eu prefiro ter
o pouco do que eu quero, do que o muito do que eu não quero.”
Ali, em um programa de construções de casas, estava uma mulher,
que sabia exatamente o que importava para ela. O fundamental para
ela era uma bela paisagem e uma casa acolhedora, pois do que
adiantaria construir uma casa maior e dentro das expectativas sociais
se na verdade não era isso que ela sonhava?
Essa resposta me fez questionar sobre as minhas próprias escolhas
e espero que te leve a questionar as suas também. Há alguns meses
que escutei essa frase, mas continuo me lembrando dessas palavras
quase que diariamente. Existe poder em sabermos quem somos, o que
realmente importa para nós e quem fomos criados para ser. Reflita se
você tem vivido para acumular muito do que você de fato não quer,
ou em busca do que realmente quer, mesmo que isso seja pouco aos
olhos dos outros.
O CORAÇÃO ENGANOSO
Ao falar sobre olharmos para o que realmente importa, não posso
deixar de mencionar o fato do nosso coração ser enganoso. Em
Jeremias 17:9, lemos que “Enganoso é o coração, mais do que todas
as coisas, e desesperadamente corrupto; quem o conhecerá?”
Diante disso, como poderemos discernir o que realmente tem
importância na nossa vida ou não? Indo até a Cruz e colocando, em
primeiro lugar, o nosso mestre Jesus. Quando colocamos Jesus no
centro da nossa vida, discernir se o nosso caminho é reto e bom se
torna um exercício diário e natural. O que definirá se o que tem
importância na nossa vida está correto ou não é o quanto você está
embaixo da vontade de Deus e andando fielmente no propósito que
Ele trilhou para a sua vida. Quando somos fiéis ao propósito e
buscamos viver em santidade, conseguimos exercer com
autenticidade a liberdade que Deus nos concedeu.
Mesmo quando nos colocamos totalmente embaixo da vontade de
Deus, somos livres para decidir inúmeras coisas na nossa vida. Deus,
como um pai bondoso, nos deu autonomia em diversas áreas para
que, com base em sua palavra, pudéssemos decidir o que realmente
queremos. Ele já nos ensinou o caminho que devemos seguir através
da Palavra que é lâmpada para os nossos pés e clareia a nossa jornada
(Salmo 119:105).
Um exemplo muito claro desse aspecto é o casamento, Deus nos
deu liberdade para escolher com quem passaremos os nossos dias
aqui na terra. Além da liberdade, ele nos deixou diversas orientações
e ensinamentos de como fazer essa escolha de maneira a honrar o
nome dEle. Muitas pessoas se encaixarão nesses preceitos e entre
todas elas temos a liberdade para escolher com quem nós queremos
viver o resto dos nossos dias.
Deus também ensinou sobre a importância de ter um lar firmado
na rocha, mas você é livre para escolher se quer morar em um chalé
ou em um apartamento. Se quer paredes coloridas ou brancas. Essa
liberdade nos permite escolher, dentro dos padrões do Pai, o que
realmente faz sentido na nossa vida. O problema está em que muitas
vezes vendemos para o mundo a liberdade que recebemos do nosso
Senhor, entregamos, em troca de pertencimento, nossa autonomia
em escolher como viveremos nossos dias. Por isso, hoje, se sinta livre
para andar ao lado do Pai, conhecer a vontade dele e começar a fazer
escolhas, dizendo não para o que não lhe convém, mas usufruindo
alegremente da autonomia que você recebeu do seu Senhor. Se você
ainda não vive dessa forma, é provável que esteja confusa e não saiba
por onde começar. Meu conselho, de quem por muito tempo viveu
para agradar os outros, é: olhe primeiro para a cruz, antes de olhar
para você mesma.
Imagine que você está em frente a um espelho, sua imagem está
refletida nele, mas em cima desse espelho você colou uma cruz. É
assim que devemos fazer as escolhas da nossa vida, olhando
primeiramente para a cruz de Jesus, lembrando que somos filhas
amadas, meditando na Palavra e, depois disso, descobrindo, por nós
mesmas, que caminho trilhar. Para que a sua caminhada rumo a uma
vida de autenticidade seja mais leve e você consiga dia após dia
descobrir quem você é em Cristo, você precisa começar tirando da sua
mochila todas aquelas coisas que você está carregando e que não
fazem sentido para você, pois, enquanto carregar “tralhas”, não
sobrará espaço para o que realmente importa.
Eu garanto para você, uma vida plena não é aquela que tem muito
do que não precisa, mas a que tem exatamente o que precisa. O que
você precisa tirar da sua mochila hoje? Não evite esse processo, pode
ser doloroso e desafiador, mas você abrirá espaço para o novo, para o
que realmente importa.
Nossa jornada ainda não terminou, mas já passamos da metade.
Até agora falamos do que precisamos abandonar pelo caminho, do
que precisamos evitar e vencer. Mas no próximo capítulo trilharemos
juntas uma jornada rumo a nossa verdadeira identidade de filhas
amadas. Isso significa que olharemos para nós mesmas através da cruz
de Cristo, por isso não desanime, talvez pareça impossível viver de
acordo com o que realmente importa, mas depois de assumir a sua
verdadeira identidade de filha amada, você perceberá que existe uma
luz que te guia em meio a toda essa escuridão. Vamos juntas?
6 - A VERDADEIRA IDENTIDADE
Gostaria de iniciar esse capítulo te convidando para um exercício:
ao longo dos próximos dias, ao se despertar e olhar no espelho, repita:
viver como uma filha amada de Deus é tudo o que eu preciso fazer hoje,
eu sou uma filha amada.
Essas pequenas palavras podem mudar todo o curso do seu dia,
não por serem mágicas, longe disso, mas por nos recordar do que
realmente importa e no que devemos estar atentos e fixados
enquanto as horas do nosso dia correm. Por isso, cole essa frase no
seu espelho, como um lembrete e se comprometa a repeti-la
diariamente.
Nós, normalmente, nos olhamos no espelho de maneira errada,
não somente de modo literal, nos olhamos com os olhos do mundo,
procuramos nossos defeitos, espinhas, marcas do tempo, nos olhamos
com as lentes da insuficiência. Assim, dia após dia, nos olhamos e tudo
o que vemos é doloroso. Erramos ao esquecer que, após sermos
cobertos do amor de Deus, entre nós e o espelho está a cruz de Cristo,
em frente a nossa imagem refletida existe uma cruz enorme que revela
exatamente quem somos. A cruz reflete nossa identidade de filhas
amadas e nos lembra que não são os nossos defeitos que nos definem,
mas a cruz de Cristo Jesus.
Vamos fazer um combinado? Na próxima vez que se olhar no
espelho, não esqueça de antes olhar fixamente para a cruz que está
entre você e seu reflexo. Lute contra o impulso de substituir a cruz por
palavras depreciativas, por julgamentos e murmuração. Não substitua
a cruz libertadora de Cristo pelos padrões do mundo. Ao olhar-se,
reafirme a sua identidade de filha amada de Deus.
Em João 13:23, a realidade de ser definido radicalmente em Cristo
é expressa na vida de João. Ao escrever sobre ele mesmo, se intitulou
o discípulo que Jesus amava. Se alguém perguntasse para João qual
era a sua identidade, ele não se definiria como um homem, apóstolo
ou até mesmo discípulo, mas se referiria claramente como: aquele que
Jesus ama. Sua identidade não estava mais nele mesmo e na sua força
pessoal, mas sim no Mestre que o amava.
Diante da certeza de quem era, João sentia-se livre para repousar
no colo do Mestre. João, ao longo do seu livro, se identifica sempre
como alguém amado por Deus, não usando o seu nome de
nascimento, mas sim a identidade que recebeu em Cristo Jesus:
“Vede quão grande amor nos tem concedido o Pai, que fôssemos
chamados filhos de Deus. Por isso o mundo não nos conhece; porque
não o conhece a ele. Amados, agora somos filhos de Deus” (1º João
3:1,2).
O ABA E NÓS
Quando esteve nesta terra, Jesus recebeu um nome para chamar
o seu Pai celestial, as escrituras nos revelam que constantemente
Jesus se referiu ao Pai através da palavra “Aba”, uma minúscula
palavra constantemente usada por crianças judias para se referirem
aos seus pais. Uma expressão que demonstra intimidade e extrema
simplicidade. Nos tempos em que Jesus andou por esta terra se referir
dessa forma ao Pai era considerado loucura, porém, para Jesus era um
privilégio.
Mas a mais bela parte da história é que esse privilégio não ficou
guardado ou destinado somente a Jesus, ele se estende para mim e
para você. Por isso, hoje podemos nos alegrar e chamar o nosso
Senhor de “Aba”, que pode ser traduzido como “papai”, “paizinho”.
Sim, você recebeu o privilégio de chamar Deus de paizinho.
Meu convite para você é que coloque de lado tudo aquilo que vem
definindo quem você é, frustre as expectativas sociais, deixe os seus
planos de lado, esqueça os aplausos e elogios. Retire suas máscaras e
se coloque tal e como é aos pés do seu Aba. Assim como uma criança
se dirige de braços abertos ao seu pai, em passos tortos e
cambaleantes, como uma criança se apresenta em pura sinceridade e
ingenuidade, chegue ao colo do nosso Deus.
Quando tiramos todas as nossas máscaras e vivemos quem
realmente somos, nos parecemos com crianças que cantam, rodopiam
e dançam sem medo dos julgamentos. Assim, descobrimos que não
dançamos sozinhos, nessa jornada que é a vida, temos um Pai
Amoroso disposto a dançar ao nosso lado, nos rodando pelos ares e
jogando ao céu.
Não dance mais ao som do mundo, jogue fora as máscaras, não se
preocupe com o ritmo ou em parecer perfeita. Dance como uma filha
amada de Deus, que pode flutuar no amor de Deus, que é Pai, Filho e
Espírito, no amor que um dia te encontrou, salvou e resgatou.
Existem pessoas que são salvas, mas que não vivem como filhas
amadas de Deus. Amam a Deus, mas desperdiçam a oportunidade de
dançar ao lado do Mestre. Escolhem viver com os pés firmes no chão
e não permitem que o Pai as jogue pelos ares. Amam, mas não reúnem
a coragem necessária para viver com autenticidade e, por isso, vestem
máscaras ao invés de viverem os riscos de uma vida autêntica. Vivem,
mas sem usufruir do privilégio que lhes foi dado de caminhar por essa
terra como um filho amado de Deus.
Ao escolhermos o caminho da autenticidade, receberemos vaias e
julgamentos, muitos buscam nos colocar de volta na estrada da
padronização, tentam nos convencer que devemos viver para agradar
a sociedade e seguir o fluxo constante. Porém, em nosso peito
carregaremos a certeza de que viver negando a nossa autenticidade é
mediocridade e filhos amados de Deus sabem que não foram criados
para serem medíocres.
Viver como um filho amado transforma tudo ao nosso redor, desde
o primeiro olhar no espelho até a maneira em que servimos. Viver
como um filho amado de Deus é revolucionário!
. Você honestamente cre que Deus ama você? Não somente por ter
aprendido isso, mas por carregar a convicção de ser amada pelo pai?
. Você crê que viver como uma filha amada de Deus nos leva a viver de
maneira autentica?
7 - VIVENDO COMO FILHA AMADA
Em minha longa jornada em busca de uma vida autêntica,
compreendi que somente viveria minha verdadeira essência se
firmasse minhas raízes em quem eu verdadeiramente sou: uma filha
amada de Deus.
Nos acostumamos a escutar em pregações que nossa vida muda
por completo quando aceitamos Cristo como nosso único Senhor e
Salvador, eu realmente creio nisso. Reconhecer a nossa pequenez e
admitir a soberania de Deus, ter os nossos pecados lavados pelo
sangue do cordeiro é um presente, uma graça imerecida. Contudo,
muitas vezes, nos maravilhamos tanto com essa graça (ela realmente
é digna de admiração) que nos esquecemos das implicações que a
nossa filiação em Deus significa para a nossa vida. Sabemos de ouvir
falar, repetimos um punhado de vezes e nos apegamos a certeza de
que somos filhas amadas de Deus, porém, não internalizamos essa
verdade de forma plena. Dia após dia, desperdiçamos a oportunidade
de caminhar nessa terra com os pés firmes e retos de quem vive a sua
verdadeira identidade.
Eu creio que um dos passos mais importantes na nossa vida cristã
é internalizar a nossa filiação em Deus. Quando compreendemos, por
completo, que somos Filhos amados de Deus, não resta pedra sobre
pedra. Eu tenho plena convicção que esse é o momento que calamos
as vozes do mundo. Como Jó, que antes somente conhecia a Deus de
ouvir falar, mas depois de passar por dificuldades e aflições percebeu
que enfim conheceu Deus com profundidade (Jó 42:5).
Quando não somente repetimos que somos filhos amados de
Deus, mas cremos nessa realidade com todas as nossas forças, as
roupas velhas deixam de nos servir, nos libertamos da escravidão da
nossa própria imagem, as dietas da moda não nos convencem, a nossa
profissão, vida amorosa ou trabalho deixam de ser o que nos define.
Passamos, enfim, a nos definirmos radicalmente como filhas amadas
de Deus.
Ao compreendermos que o Deus criador do universo nos ama
como filhos, deixamos de temer não mais servir os padrões do mundo
e, assim, encontramos liberdade no nosso Senhor para ser quem
realmente somos. Essa liberdade não nos conduz por um caminho de
pecado, ao contrário, nos revela diariamente o profundo amor do Pai
que nos mantêm em pé diante das tentações e nos constrange à busca
de perdão quando nossas mãos fraquejam e se movem contra o
Senhor.
Ao compreendermos o amor de Deus por nós, que nos chama de
Filhos, também descobrimos que podemos aprender sobre a vida com
ele. Jesus já esteve nessa terra, quando nos achegamos perto dele,
lemos a seu respeito, nos reclinamos no seu peito da mesma maneira
que o discípulo amado fez (João 13:25), aprendemos com o Mestre
como Filhos amados devem e podem caminhar por essa terra. Assim,
repousada no peito de Jesus, você descobrirá quem foi criada para ser
e encontrará força para viver de tal forma.
Enquanto Jesus viveu nessa terra entre nós, ele nos revelou a
verdadeira intenção de Deus para a nossa vida. Durante toda a
caminhada de Jesus, podemos presenciá-lo andando ao lado de
pessoas que eram exatamente como eu e você. Jesus não somente
andava com as pessoas, mas as escutava, curava, escancarava a
verdadeira identidade delas e demonstrava uma incessante
compaixão. Essa mão estendida, ouvidos atentos e amor são os
mesmos que continuam sendo oferecidos para nós hoje. Para mim e
para você, o mesmo amor derramado em todas as histórias que lemos
sobre Jesus continua sendo derramado hoje em nossas vidas. Neste
exato momento, em cada suspiro seu, o amor de Deus é derramado
na sua vida e corre por suas veias.
Esse amor que, incessantemente pulsa em seu peito, é o amor que
te define. O Espírito Santo que habita em você é quem testifica a sua
verdadeira identidade de filho de Deus, em Romanos 8:16 essa
realidade é proclamada. Esse amor derramado na sua vida é a voz de
Deus te chamando para sair do esconderijo, derrubar suas máscaras
ao chão, limpar todas as camadas que você colocou ao longo dos anos
sobre os seus ombros na tentativa de aparentar ser algo que você não
é.
Esse amor te chama a dar um passo em direção a uma vida curada
e restaurada. Enquanto permanecer escondida, vivendo uma vida que
não é sua, você não encontrará cura. Para sermos curados, antes,
precisamos irmos até a luz, pois na escuridão podemos
enganosamente pensarmos que nossos erros e falhas estão seguros,
mas é na luz que encontramos plena restauração.
Assim como curou a mulher do fluxo de sangue, como curou o
paralítico e deu vista ao cego e como restituiu a identidade da mulher
adúltera, Jesus quer curar a nossa identidade, quer restaurar quem
somos para que, assim, possamos viver plenamente na presença dEle.
Para mim, o relato bíblico que melhor ilustra o fato de que, para
sermos restaurados por Deus, primeiramente, precisamos sair do
esconderijo está em Gênesis 3:9. Adão e Eva haviam pecado, estavam
conscientes de seus erros, perceberam que estavam nus,
envergonhados. Diante disso, se esconderam, não sei exatamente
onde encontraram um esconderijo no jardim, ou até mesmo como
foram tão ingênuos de não perceberem que Deus claramente saberia
onde estavam, mas o que eu sei é que, ao “chegar” no jardim, Deus
chama por Adão e pergunta onde ele está. Adão revela o motivo de
ter se escondido, revela suas falhas, seus pecados. Deus age da
maneira que a sua justiça o leva a agir, mas no verso 21 do mesmo
capítulo o amor avassalador de Deus, mais uma vez, é demonstrado “E
Deus fez roupas de peles para Adão e sua mulher, e os vestiu.”
Deus, mesmo após o descumprimento da sua ordem, fez roupas e
os vestiu, como um pai amoroso que mesmo depois da falha não
abandona. O Deus que nos chama a sair do esconderijo é o mesmo que
corrige as nossas falhas, nos orienta e nos veste, mesmo sem que
tenhamos merecimento algum, esse é o nosso Pai. Esse é o motivo
pelo qual sair do esconderijo nos leva a conhecer a nossa verdadeira
identidade e a vivermos a plenitude de sermos quem somos. Tendo a
certeza de que mesmo que o mundo nos julgue, condene e
menospreze, temos um Pai que no final do dia costura roupas para nós
e nos veste.
Sair do esconderijo e viver a sua verdadeira identidade impactará
as mais diversas áreas da sua vida, talvez até hoje você ainda não
conseguiu celebrar o que tem de único, viver os dons e talentos de
Deus para você. Talvez até hoje você viva lutando contra o seu corpo
e tenha deixado a voz do mundo definir quem você é. Porém, ao sair
do esconderijo, nos despirmos das máscaras, vestirmos as roupas que
o nosso Pai costurou para nós, somos capacitados e nos definimos,
radicalmente, como filhos amados de Deus.
CELEBRANDO O QUE TEM DE ÚNICO
Ao compreendermos que somos filhos amados, também
aprendemos a celebrar o que temos de único na nossa vida,
desenvolvemos diariamente olhos amorosos para nossa história,
jornada e peculiaridades, e, consequentemente, estendemos esses
olhares de amor para todos os que nos rodeiam.
Creio que nesse momento do livro você já compreendeu que
reconhecer que somos filhas amadas de Deus nos liberta do cativeiro
dos padrões sociais. Assim, encontramos liberdade para sermos quem
somos e apreciar a nossa jornada. Porém, talvez ainda não tenha
compreendido que, enquanto o mundo faz piada das nossas
peculiaridades, julga a nossa história e vê as nossas diferenças como
fraqueza e insuficiência, o Senhor derrama graça sobre todas essas
diferenças, sorri e nos chama a dançar ao lado dele em celebração ao
que temos de único.
Uma filha amada pode celebrar o que tem de único, sua
singularidade, pois encontrou no colo do Abba o acolhimento
necessário para não mais temer os julgamentos externos. Como uma
filha amada, você pode declarar “eu sou única”, compreendendo,
então, que foi chamada para viver uma representação singular do
amor de Jesus. Você é uma filha e por isso pode tirar dos seus ombros
o jugo escravizador que diz que você deve ser igual aos demais, seguir
o mesmo padrão, falar da mesma forma. Você não precisa se vestir
como as outras pessoas, pensar ou até mesmo louvar como os demais.
Todas nós temos características únicas, não estou falando de atributos
físicos, mas interiores. Nunca pensaremos igual sobre todas as coisas,
agiremos da mesma forma ou até mesmo sentiremos da mesma
maneira. Diante de um universo interno tão amplo, como podemos
tentar viver de modo igual? A única forma de vivermos igual aos
demais, emitindo os mesmos pensamentos e falando da mesma
maneira, é se negarmos nossas peculiaridades e, consequentemente,
afogarmos nossa autenticidade.
Algo importante que precisamos saber é que ninguém será capaz
de aceitar as próprias peculiaridades se não tiver se libertado dos
padrões e expectativas externas. E para isso você necessitará de
coragem para ser vulnerável, aguardando que os demais sejam
capazes de conviver com as diferenças. Eu carrego constantemente
dois pensamentos: preciso ser fiel a Deus e a mim. Ser fiel a Deus me
leva a trilhar caminhos de amor, justiça e santidade,
consequentemente, me levando a respeitar o meu próximo. Mas ser
fiel a mim, me possibilita caminhar com firmeza, me leva a respeitar
quem eu realmente sou, minhas características, e viver de maneira
autêntica. Ser fiel a mim, cultivando a minha fidelidade ao Senhor, é o
que me faz estar sentada na minha cama escrevendo este livro. Sem
fidelidade à minha autenticidade, eu teria sucumbido aos risos sobre
minhas frases tortas. Sem fidelidade às palavras que sempre pairaram
na minha mente, eu teria me envergonhado das rimas tortas e das
ideias loucas.
Enquanto me mantinha fiel a mim, me mantinha fiel a quem o
Senhor me criou para ser. Quando anulamos nossa essência e nossas
características únicas, sem perceber, anulamos o sopro de
autenticidade que o Senhor nos concedeu. Eu arrisco dizer, talvez
correndo o risco de fracassar, mas é exatamente o que você tem de
único que será usado por Deus, serão as suas peculiaridades que te
levarão a viver com propósito e perseverança. Jesus chamou
pescadores de peixes para pescarem homens. Paulo teve sua paixão
fervorosa contra os cristãos transformada em paixão fervorosa pela
mensagem da cruz. Davi um homem pequeno foi perspicaz o bastante
para matar um gigante.
Se Paulo não fosse fiel a sua intensidade e paixão, é provável que
teria conhecido Cristo e se firmado em Jerusalém. Se Davi tivesse se
envergonhado de sua estatura, não teria tido a ousadia de enfrentar o
gigante. Trata-se apenas de suposições minhas, mas eu creio do fundo
do meu coração que são nas nossas características mais únicas que o
nosso Senhor age e nos usa. Isso faz com que vivermos como filhas
amadas de Deus nos leve a celebrar o que temos de único, exatamente
nossas peculiaridades, sabendo que todas elas podem ser usadas para
a honra e glória do nosso Pai. Não tenha medo, nem vergonha de
assumir o que você tem de único.
Enquanto você esconder a sua singularidade, estará colocando
pedras no caminho. Hoje mesmo você pode voltar, recolher todas as
pedras que já colocou pelo caminho, respirar fundo, confiar no Senhor
e matar o gigante do desejo de aceitação, que vem matando a
autenticidade de infinitas gerações. Recolha as pedras e celebre,
celebre quem você é, celebre o que você tem de única. Você é uma
filha amada e isso te possibilita viver com liberdade, sendo fiel a você
mesma e ao Senhor. Celebre, você é única!
Porque pela graça que me é dada, digo a cada um dentre vós que
não pense de si mesmo além do que convém; antes, pense com
moderação, conforme a medida da fé que Deus repartiu a cada um.
Porque assim como em um corpo temos muitos membros, e nem todos
os membros têm a mesma operação, assim nós, que somos muitos,
somos um só corpo em Cristo, mas individualmente somos membros
uns dos outros. De modo que, tendo diferentes dons, segundo a graça
que nos é dada, se é profecia, seja ela segundo a medida da fé.
(Romanos 12:3-6)
RADICALMENTE FILHA
Talvez possa soar dramático, mas escolher viver como uma filha
amada de Deus é um ato de absoluta resistência. Optar em viver além
dos rótulos e das aparências, em busca de uma vida autêntica e
singular, é resistência. Não mais ser definida pelo que o mundo diz que
devemos ser definidas e viver, diariamente, com os olhos fixos em
quem Deus diz que nós somos, é um ato de resistência. Por isso,
resista, opte por viver o amor de Deus por completo, deixando que Ele,
de fato, defina de uma vez por todas quem você é. Não pense que a
sua identidade como uma filha amada de Deus é algo superficial,
religiosidade e dispensável na sua caminhada de fé. Viver como filhas
amadas deve ser a verdade central das nossas vidas, não é somente
um adjetivo ou privilégio que recebemos após sermos justificadas.
Viver como filhas amadas é, e deve ser sempre, a verdade central das
nossas vidas.
Quando compreendemos que somos aceitas, justificadas e amadas
por Deus, toda a nossa vida é impactada, a maneira que nos
relacionamos com o mundo e com quem somos não permanece a
mesma, pois passamos a compreender o quanto o Pai nos ama e que
nisso está o nosso verdadeiro valor.
É por isso que, em um livro sobre autenticidade, repito,
incansavelmente, sobre o fato de sermos amadas por Deus, não foi por
acaso ou descuido, mas por carregar a convicção de que somente
quando compreendemos que somos amadas, incondicionalmente,
pelo nosso Criador conseguimos viver a nossa autenticidade e
singularidade de maneira plena.
É no amor de Deus que conseguimos silenciar o barulho do mundo
e deixamos de nos mover por aplausos. É no Senhor que
desenvolvemos a certeza de que nada que possamos fazer nos fará
mais amados. E assim, conseguimos abandonar as nossas máscaras e
assumir aquilo que escondemos por anos.
Viver como uma filha amada de Deus transformará não somente a
maneira como você se enxerga, mas também aprenderá a admirar sua
singularidade e trilhar um caminho de autenticidade. Você também
será transformada na maneira que agira com seus irmãos e irmãs,
compreendendo que eles também são únicos e singulares. A partir
dessa nova compreensão, atender ao chamado de “amar o próximo
como a ti mesmo” será algo muito mais natural e cotidiano do que
você imagina.
Quando compreendi quem eu de fato era em Jesus, a maneira que
olho para o meu corpo foi transformada, a maneira que amo os meus
irmãos foi transformada, meus relacionamentos, trabalhos e tudo o
que eu sou passou a ser definido radicalmente pelo amor do Abba. E é
por isso que esse livro está sendo escrito, pois existiu um antes e um
depois na minha vida que foi marcado pela compreensão de quem eu
era em Jesus e eu espero profundamente que cada dia mais mulheres
façam essa descoberta.
Lembre-se: muitos podem conhecer Cristo e amá-lo
profundamente, podem ser salvos sem jamais assumirem a sua
verdadeira identidade de filhos amados, é possível, mas sem dúvida
quem escolhe esse caminho perde a oportunidade de dançar
constantemente ao lado de um Pai de amor enquanto caminha por
esta terra. Caminhar por esta terra como uma filha amada de Deus é
o que nos trará leveza em meio ao caos, paz em meio às guerras,
autenticidade em meio às pressões sociais, amor em meio ao ódio.
A JORNADA CONTINUA
Encaminho-me para o final do livro, confesso que sinto um misto
de sentimentos. Alegria por ter colocado tantas coisas que carrego em
meu coração no papel e, assim, poder chegar ao coração de tantas
irmãs, na esperança de que elas consigam caminhar por esta terra
como filhas amadas de Deus. Por outro lado, sinto que ainda existe
muito a ser dito, mas com a certeza de que um livro não mudará a vida
de ninguém, somente o nosso Senhor tem esse poder.
Sei que minhas palavras confrontaram mais do que consolaram,
mas creio que existe conforto no confronto e que é necessário
compreendermos por qual estrada estamos trilhando. Peço desculpas
se faltaram palavras amorosas, mas todas as duras linhas foram
escritas em amor, de uma filha amada de Deus para outras filhas
amadas por Ele.
Eu sei que para encontrar o caminho da autenticidade e vivermos
como filhas amadas de Deus não existe uma solução fácil e é por isso
que não tive a pretensão de te oferecer uma receita de como isso deve
acontecer, mas, sim, de te convidar a refletir sobre a sua vida através
de quem Deus diz que você é.
Eu creio que aquilo que não entregamos para Deus tratar não será
curado e transformado. Por isso, entregue aos pés de Jesus o seu
desejo incansável por “perfeição”, assuma suas fraquezas e reconheça
que toda a sua força vem de Deus, mate a comparação que insiste em
permanecer dentro de você e comece a olhar para o que realmente
importa. Deixe Deus quebrar o que precisa ser quebrado, tratar o que
precisa ser tratado e, assim, pouco a pouco, você compreenderá que
todo o valor que você possui está nEle, que você não passa de pó, que
carece da misericórdia e amor de Deus. E, como pó, as demandas
sociais, a comparação, a inveja, a busca por aceitação se tornarão
irrelevantes e finalmente você encontrará liberdade para viver a sua
caminhada em busca de santidade e amor de maneira autêntica.
Meu desejo e minha oração é que você experimente a beleza de
viver como uma filha amada de Deus e que, assim, você encontre graça
na sua singularidade e a viva para a glória do nosso Senhor. Minha
oração é que todo o seu ser se mova pela voz do nosso Pai e que as
expectativas do mundo permaneçam silenciadas. Minha oração é que
vivamos a nossa autenticidade em amor e santidade, aguardando o dia
em que olharemos nos olhos do nosso Deus e ouviremos dos seus
lábios: “você é minha filha amada”.
Logo chegaremos ao nosso verdadeiro lar, onde não mais
temeremos ser quem somos, logo repousaremos nos braços do nosso
Deus. Mas, até que esse momento não aconteça, viva cada instante
como a filha amada de Deus que você é, pois esse é o seu valor e
identidade.
S o u t e ó l o g a , a r t i s t a , e s c r i t o r a , i l u s t r a d o r a . C o m p a r ti l h o o a m o r d e
Jesus através do ministério Vem e Vamos. Sou uma filha amada
de Deus, que não tem todas as respostas, mas que sempre faz
perguntas. Compartilho diariamente nas redes sociais o que venho
aprendendo ao longo da minha jornada com o Mestre Jesus. Uso
da arte e das palavras para expressar a imensidão que carrego no
peito.
2 Royal Society for Public Health. Social media and young people's mental health and
wellbeing.
4 C.S. Lewis. Cristianismo puro e simples. São Paulo: Martin Fontes, 2005.
5 Tim Keller é um pastor americano, grande teólogo e apologista cristão. Timothy também
é presidente e cofundador da Redeemer City to City, projeto que já possibilitou a criação
de 200 igrejas. Ele é considerado por muitos o “C. S. Lewis do século XXI”.
7 HARRISSON, Everett. Comentário Bíblico Moody. São Paulo: Editora Batista Regular,
2017, v.2.
8 The Hidden Ground of Love: Letters, New York: Farrar, Strauss, Giroux, 1985, p. 146.
9 Alabastro (do grego "alábastros" - ἀλάβαστρον -, pelo latim alabaster) era uma cerâmica
utilizada para armazenar óleo e pergume. O ugento que continha nesse frasco era de
imenso valor.
11 MANNING, Brennan. O obstinado amor de Deus. São Paulo: Mundo Cristão, 2007.