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Copyright © Danielli Meiri Cadore, 2021

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a prévia autorização por escrito do editor, exceto no caso de breves citações
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Revisão: Larissa Magalhães Andrade


Projeto gráfico e ilustração: Danielli Cadore
Capa: Danielli Cadore

Dados de Catalogação:

Cadore, Danielli
Caminhando como filhas amadas: uma jornada de
autenticidade. Encantado: Danielli Cadore, 2021.

1. Cristianismo 2. Sociologia 3. Autoaceitação

Contato: contato.daniellicadore@gmail.com ou www.vemevamos.com


SUMÁRIO
O INÍCIO DA JORNADA.......................................................................... 7
1 - MAS AFINAL, O QUE É AUTENTICIDADE? ...................................... 16
2 - CONVIVENDO COM A IMPERFEIÇÃO ............................................. 27
3 - VIVENDO PARA ALÉM DA COMPARAÇÃO ..................................... 39
4 - ASSUMINDO SUAS FRAQUEZAS .................................................... 53
5 - SOBRE O QUE DE FATO IMPORTA ................................................. 65
6 - A VERDADEIRA IDENTIDADE.......................................................... 79
7 - VIVENDO COMO FILHA AMADA .................................................... 94
A JORNADA CONTINUA .................................................................... 124
O INÍCIO DA JORNADA
Ao ignorarmos o fato de que para louvar a Deus precisamos viver
de maneira autêntica, sendo quem realmente fomos criados para ser,
mais fracos nos tornamos dia após dia, não somente de maneira
individual, mas como comunidade de filhos amados de Deus. Creio que
fechar os olhos para singularidade de cada um é desprezar a
criatividade do nosso Senhor, é ignorar o fato de que Ele mesmo nos
criou e formou, soprando em nós um espírito único e autêntico.
É necessário ousadia para falar sobre autenticidade, muitos
deturpam esse assunto para justificar comportamentos contrários à
Palavra e usam dela como uma desculpa para ferir outras pessoas.
Porém, enquanto dialogamos sobre a autenticidade, ela, que está
silenciada em tantas pessoas recebe luz e começa a transformar a
maneira que vivemos, congregamos, trabalhamos, nos relacionamos
em família e em comunidade.
Existe alguém único dentro de você, suas peculiaridades, seus
gostos pessoais, suas escolhas e a maneira que você louva e serve a
Deus, tudo isso é único. Infelizmente, a cada dia que passa, somos mais
padronizados, tanto em nossa sociedade quanto, especificamente, em
nossas comunidades de fé e isso faz com que esqueçamos do poder
que existe em viver exatamente como quem fomos criados para viver.
Diante dos movimentos de padronização, dia após dia nos
esforçamos para nos encaixarmos, em diferentes graus de esforço,
todos nós já fizemos alguma coisa para pertencer a um grupo ou se
parecer com alguém. Sentir-se confortável vivendo na própria pele
nesse mundo de padronização é raro, mas não é impossível. Eu creio
nisso!
Para muitos, uma teóloga escrever sobre autenticidade pode ser
superficial, podem julgar que eu deveria estar dedicando meu tempo
para escrever sobre escatologia, soteriologia ou fazendo alguma
exegese. Contudo, escrever sobre autenticidade é exatamente o que
faz com que eu viva a minha autenticidade de maneira plena.
Sempre fui uma criança que possuía diversas peculiaridades, desde
pequena era extremamente criativa e sonhadora (para não dizer
desatenta), passava horas construindo histórias e narrativas, brincado
com uma mala repleta de roupas antigas. Eu interpretava diversos
personagens, rodava pelo chão do meu quarto, caia em minha cama,
me sentindo plena, puramente eu. Ainda me recordo do sentimento
de leveza e liberdade que carregava na infância.
Meus pais não foram perfeitos, como nenhum é, mas algo que eles
fizeram muito bem foi me incentivar a ser eu mesma. Eles se
empolgavam com as minhas ideias mais absurdas, escutavam minhas
histórias por horas, me deixavam ser diferente dos demais. Não houve
uma padronização e nem muitos limites sobre quem eu deveria ser.
Apesar de ter crescido nessa bolha, onde era permitido ser eu
mesma, completamente e plenamente eu mesma, quando entrei na
escola, minha bolha foi estourada, bum! Meu corpo, que era maior
que o das outras meninas, começou a ser alvo de piadas, a minha
desatenção começou a ser motivo de riso entre os meus colegas e
minhas infinitas histórias não faziam sentido para os demais. Creio que
em um ato de bravura mantive minha autenticidade por anos, mas foi
lá, no Ensino Médio, que muitas coisas começaram a sucumbir.
Nessa época, eu já havia conhecido Cristo, na verdade, isso
aconteceu aos meus 11 anos de idade, mesmo assim comecei a desejar
ser aceita pelos meus colegas. Adolescentes não costumam cuidar
com as palavras e as minhas histórias e pensamentos criativos não
eram bem aceitos, ao contrário disso, eram um dos principais motivos
das piadas. Resultado: eu me retraí, me escondi! Além das ideias
“inadequadas”, eu também não tinha um corpo padrão, foi nesse
momento, com meus 14 anos, que comecei a fazer dietas. Elas me
acompanharam por mais de 10 anos. O sentimento de frustração com
o meu corpo era imensurável, minhas roupas não me satisfaziam mais,
a plenitude havia findado, minhas peculiaridades se tornaram um
peso.
O tempo passou, eu prossegui, mas não sem marcas. Quando
queremos pertencer a padrões, sejam ele estéticos ou
comportamentais, por exemplo, fazemos escolhas erradas, eu fiz
várias, me arrependo de todas e pela graça de Deus fui perdoada por
todas também. O tempo passou, depois de muitas dúvidas para
escolher qual faculdade eu faria (afinal, como vamos escolher o que
queremos ser profissionalmente se nem mesmo sabemos quem
somos de forma individual?), entrei na faculdade de Design de Moda
e, por mais incrível que possa parecer, lá, havia um espaço infinito para
cada um ser quem quisesse ser. Foram 4 anos em um lugar onde eu
poderia me vestir até mesmo com um saco de batatas, falar as ideias
mais loucas, compartilhar da minha fé, ser quem eu era, que ninguém
me julgaria. Ao menos é do que me recordo, talvez minha mente esteja
criando um ambiente mais amigável do que realmente era. Durante a
faculdade de moda, eu recebi o chamado de Deus para o ministério
integral (viver somente para o reino).
Muitos me perguntam como foi minha escolha de ir para o
seminário, não consigo pensar como sendo uma escolha minha, mas
sim como um chamado que eu aceitei. Quando cheguei ao seminário,
muitas coisas não foram como eu havia imaginado. Arrisco dizer, com
todo o temor que carrego em meu coração, que foi lá o ambiente onde
mais tive minha autenticidade massacrada. Os motivos para eu ter me
sentido assim? Primeiro, eu havia saído da faculdade de moda (você
pode imaginar que eu não me vestia como a maioria das pessoas, não
é mesmo?). Segundo, eu sou uma mulher (vou te contar que existe um
preconceito bem grande com mulheres fazendo teologia). E terceiro,
eu sou criativa e falo minhas ideias pelos ventos, ninguém gostava
muito dos meus questionamentos e das infinitas tentativas de refletir
e pensar sobre as coisas que geralmente não são faladas.
A lista é enorme e eu poderia escrever páginas sobre os motivos de
eu não me encaixar em um seminário tradicional. Mas, lá estava eu.
Agora, esse é o momento em que as lágrimas começam a cair dos
meus olhos, pois eu preciso escrever algo que será muito doloroso
para mim: eu sucumbi.
Sim, eu sucumbi, peguei toda a minha autenticidade e a coloquei
em um baú trancado dentro do meu peito, guardei todas as minhas
roupas coloridas e doces e me vesti de preto, parei de me maquiar
tanto, de fazer projetos manuais, de contar minhas histórias, calei meu
jeito expansivo e segurava minha risada (que é extremamente
barulhenta). Esconder quem somos nos causa uma certa raiva e
amargura, e eu transformei esse sentimento em determinação. Olhei
para todos os meus colegas, peguei todas as palavras de desdém que
havia escutado e todas as piadas que ouvi nos corredores e pensei: eu
vou ser melhor que eles.
Eu dediquei os 4 anos de curso buscando ser melhor do que
aqueles que não me aceitavam como eu era verdadeiramente, tirei
notas incríveis, escolhi as disciplinas mais difíceis, aprendi grego e
hebraico, escrevi um TCC enorme e em um curto espaço de tempo (eu
pensava: “vocês, que fizeram piada comigo, agora sofrem para
escrever o TCC, o meu está pronto, eu, a menina fútil que foi motivo
de chacota”). Eu só pensava em provar o meu valor e minha
competência. Bom, deu para perceber, né? Sucumbir quem somos nos
transforma na pior versão que podemos ser. Eu me arrependo muito
de ter vivido 4 anos com os motivos errados, eu amei todos os dias
aprender sobre Jesus, aprender sobre a Palavra, mas sofri por 4 anos
por ter escolhido esconder todas as minhas peculiaridades e
autenticidades.
Foi no final da faculdade, lendo um livro cujo nome do autor é
Brennan Manning1, que minha ficha caiu, a presença de Deus se
tornou palpável em meu quarto e eu escutei a voz dEle me dizendo:
“Você é a minha filha amada, nada além disso”. Precisei de quase 4
anos para perceber que eu não estava sendo quem Deus me criou para
ser, não era eu quem tirava boas notas, era uma impostora que estava
com os olhos em lugares que não deveria estar.
Então, eu iniciei uma trajetória que buscava viver de maneira
autêntica, porém, quero deixar claro que ainda tropeço em alguns
momentos, mas que dia após dia venho sendo mais eu mesma. E na
mesma proporção em que eu sou mais parecida com quem fui criada
para ser, mais sou usada por Deus e descubro que são exatamente as
minhas peculiaridades que alcançam vidas.
Agora que contei sobre o que aconteceu enquanto estava no
seminário, talvez você consiga compreender o motivo de eu dizer que
escrever sobre autenticidade é um passo na minha jornada de
autenticidade. A Dani seminarista jamais escreveria sobre algo assim,
pois ela estaria preocupada em falar sobre algo “difícil” e em provar
que é capaz, mas a Dani filha amada de Deus somente quer incentivar
outras mulheres a iniciar a sua jornada de autenticidade, acreditando
que esse é o caminho que levará cada uma a viver para Deus da
maneira que fomos criadas para viver: únicas.
Dito isso, preciso que você se lembre sempre que esse processo
não será fácil e que este livro não transformará a sua vida de maneira
“mágica”. Dia após dia, vejo promessas milagrosas sobre práticas que
mudarão você. Este não é um livro de autoajuda, é um mapa que te
ajudará a encontrar o caminho da autenticidade. Esse livro é um
chamado para a reflexão, que tem o objetivo de te auxiliar a viver da
maneira mais autêntica possível.
Por isso, te convido a iniciar a sua jornada com uma oração,
responder todas as perguntas que encontrará pelo caminho e ser
constante. Você precisará de coragem e ousadia para trilhar essa
estrada, mas será incrível! Estou contente em iniciar essa jornada com
você, lembre-se de que ela é só o início. Vamos orar? Te convido a ler
esta oração em voz alta:
“SENHOR, TU ÉS O DEUS QUE ME CRIASTES, O DEUS QUE CONTA CADA
FIO DE CABELO QUE CARREGO EM MINHA CABEÇA. TU ÉS MEU PAI DE
AMOR, QUEM DEU A VIDA POR MIM. SENHOR, TUA GRAÇA ME LIMPOU
E SALVOU. HOJE, EU POSSO SER, POIS TU SOPRASTE VIDA EM MIM.
SENHOR, EU QUERO TRILHAR POR ESTA TERRA DE MANEIRA
AUTÊNTICA, NÃO PARA MINHA HONRA E GLÓRIA, MAS PARA SER QUEM
TU ME CRIASTE PARA SER. EU CREIO, PAI, QUE NÃO EXISTE UM GUIA
MELHOR PARA ESSA JORNADA DO QUE A SUA MÃO BONDOSA.
EU NÃO QUERO SER QUEM O MUNDO DIZ QUE EU TENHO QUE SER,
QUEM AS REVISTAS ME PEDEM PARA SER OU O QUE OS OUTROS ESPERAM
QUE EU SEJA. EU QUERO SER SOMENTE, UNICAMENTE, QUEM TU ME
CRIASTE PARA SER. EU SEI, PAI, QUE ESSE PROCESSO VAI DOER, VAI
SER CANSATIVO E TALVEZ EU ME ENCONTRE FRACA DIANTE DAS
PROVAÇÕES, MAS NÃO ME DEIXE DESISTIR, ME GUIE COM A TUA MÃO
BONDOSA E COLOQUE A TUA PAZ EM MEU PEITO.
EU QUERO SER ÚNICA, PAI. NÃO PARA MIM, MAS PARA O SENHOR,
PARA TE LOUVAR E GLORIFICAR COM TUDO O QUE TENHO E QUE SOU,
PARA QUE TODAS AS MINHAS MÁSCARAS SEJAM DERRUBADAS E A TUA
VERDADE TRANSPAREÇA EM MEU ROSTO.
PAI, SILENCIA O MUNDO, DERRUBA AS ARMAS DO INIMIGO. ZELA,
CUIDA E GUIA-ME, PAI, REVELA-ME QUEM EU SOU, FAZ-ME VER QUE
SOU SUA FILHA AMADA. É ISSO QUE SOU: AMADA PELO SENHOR.
EM TEU SANTO NOME, EU ORO. EM TEU SANTO NOME, SOU GRATA
E AGRADEÇO. AMÉM!”
1 - MAS AFINAL, O QUE É AUTENTICIDADE?
Para iniciar a nossa jornada, precisamos compreender a cultura
que estamos inseridos e como somos influenciados pela sociedade
que nos rodeia. Sem essa consciência, não conseguimos ligar o sinal de
alerta e acabamos sendo manipulados. Quantas vezes você já esteve
bem, confiante e, ao ver alguma propaganda ou comercial, começou a
menosprezar a si mesma? Você não é a única!
Quero que você imagine a sua personalidade como um campo de
batalha. De um lado, está o seu “eu” criado por Deus para que você
seja fiel a Ele. Do outro, uma sociedade inteira que busca derrubar a
sua identidade e te padronizar. Pode parecer uma luta injusta e
perdida, mas não se esqueça de quem está ao seu lado nesse campo
de batalha.
Quando compreendemos a nossa identidade, a mídia e a sociedade
não exercem mais o mesmo poder sobre nós. Afinal, sabemos quem
somos, aprendemos onde está o nosso valor e não somos mais
impactadas por tendências e apelos de consumo. Quando saímos
vitoriosas do campo de batalha, carregando o troféu da autenticidade,
um gigante é derrotado. Na sua vitória, a indústria que lucra por fazer
milhares de mulheres se sentirem inferiores vai o chão, já que mais
uma de nós descobriu seu verdadeiro valor.
Crescemos escutando como deve ser o nosso corpo, onde devemos
gastar nosso dinheiro, qual o tom de voz é o mais adequado e até
mesmo quais devem ser os nossos interesses. Para lutar contra tudo
isso e vencer, primeiro precisamos reconhecer que essa luta existe,
reconhecer que não será do dia para a noite que o gigante que tenta
nos moldar será derrotado.
Influenciadas pela cultura, aprendemos que devemos viver para
agradar os outros, não falo aqui de um amor sacrificial e bíblico, mas
sim de um desejo doentio de pertencer ao mundo que nos rodeia,
mesmo que isso custe toda a nossa originalidade. Aprendemos que, ao
sermos mais bonitas, seremos mais aceitas, que, ao perder peso,
seremos mais desejadas e que nossas roupas definem quem somos.
Não é nada estranho que milhares de mulheres não consigam amar o
corpo que habitam, já que recebemos estímulos de ódio pelo nosso
corpo desde que nascemos.
Hoje em dia, com as redes sociais, os problemas relacionados à
imagem corporal alavancaram significativamente, um estudo de 2019,
realizado pela Royal Society for Public Health, aponta que 90% das
jovens estão descontentes com o próprio corpo, o mesmo estudo
aponta que as mídias sociais estão por traz do aumento de procura por
cirurgias plásticas2. Comprando essa ideia da sociedade, as pessoas
buscam conquistar “coisas” (sinta-se à vontade para dar significado a
essa palavra) antes mesmo de descobrirem e lutarem para ser quem
elas realmente são. Não adianta você ter a casa perfeita, o corpo
perfeito se não sabe quem você é. Ao não conhecermos nossa
verdadeira identidade, vamos suprindo o vazio da incerteza com
“coisas”, acreditando que vamos nos alegrar com as conquistas
materiais, terrenas, mas isso não acontecerá. Podemos ter alegrias
momentâneas, mas o nosso “eu” continua a gritar por libertação que
encontramos somente ao descobrir a nossa identidade em Cristo
Jesus, compreendendo que o caminho para uma vida plena não está
na quantidade de coisas que temos, mas sim em ser quem realmente
somos nEle. Assim, passamos a tirar os olhos do perfeccionismo e
vivemos de fato a nossa verdadeira identidade de mulheres perdoadas
e redimidas em Cristo. Mulheres livres para tirar as máscaras,
correrem livres e de maneira autêntica na certeza de que o Senhor
corre ao nosso lado.
Mas, afinal, o que é autenticidade? Em primeiro lugar, ela é uma
escolha repleta de alegrias, mas também cheia de dificuldades. É um
caminho florido, mas por vezes tortuoso e árido. É viver na contramão
de um mundo que prega a padronização, para viver a liberdade da
singularidade.
Muitas pessoas conhecem Cristo, amam Jesus, mas não encontram
liberdade para serem elas mesmas, não conseguem ter uma vida
autêntica ao lado do Mestre. Acostumaram-se a seguir tantos padrões
ao longo da vida que se sentem desqualificadas para viver sua real
personalidade, crendo, então, na mentira de que para servir ao Senhor
necessitam pertencer ao padrão ditado pela sociedade, mas essa não
é a verdade.
Dessa forma, viver com autenticidade é viver em liberdade para ser
quem fomos criadas para ser. Quando decidimos seguir por esse
caminho, não somente fizemos uma escolha pessoal, mas também
abrimos espaço para que outras pessoas possam viver a sua
autenticidade com leveza e liberdade.

O NINHO
Viver de maneira autêntica é compreender que existe poder na
história de todas nós, assim seremos libertas das amarras que nos
impossibilitam de voar. Aliás, o início da jornada rumo a uma vida
autêntica se assemelha muito ao primeiro voo de um pássaro.
Você já viu o quão duro e desafiador é para um passarinho sair do
ninho e bater as asas? Eu tive o privilégio de presenciar vários desses
momentos na minha vida, confesso que na mesma proporção que
contemplava a magnífica criação de Deus, temia pela queda que o
passarinho poderia sofrer ao tentar sair do ninho.
Da mesma maneira que um pássaro que tenta alçar voo, corremos
o risco de “cair de cara” no chão. Sair do ninho, onde nos sentimos
acolhidos e protegidos, gera desconforto e dor. Mas o que acontece
se decidirmos permanecer por toda a vida no nosso ninho? Bom, é
bem provável que vamos sobreviver, mas sem dúvida teremos perdido
a oportunidade de voar livremente. Seremos como um pássaro que
não voa e, por isso, não vive plenamente como foi criado para viver.
Alguém que conhece Cristo e mesmo assim escolhe viver segundo
padrões secundários, negando a sua autenticidade não anda por esta
terra plenamente, pois conhece o dono do amor e mesmo assim
escolhe viver atrás do amor torto de uma sociedade torta. Ao escolher
viver o padrão do mundo, estamos deixando de experimentar a boa,
agradável e perfeita vontade de Deus (Romanos 12:2).
Por isso, para vivermos transformados e da maneira que fomos
criados para viver, precisamos de coragem para lutar contra o medo
de sair do ninho, contra o medo de não sermos boas o bastante. Afinal,
as pessoas, o tempo todo, querem deslegitimar a nossa autenticidade,
para que possamos pertencer ao mesmo padrão, já que esse é o
caminho mais cômodo. Então, lute! Lute contra o medo, saia desse
ninho e voe em busca da sua autêntica liberdade.
A REVOLUÇÃO
Gosto de pensar na autenticidade como um movimento, uma
revolução, quanto mais pessoas estiverem dispostas a romper com os
padrões sociais que insistem em anular quem elas realmente são, mais
pessoas serão encorajadas a fazer o mesmo. Existem muitos
significados para o termo “revolução”, eu escolho o do dicionário
Michaelis, que diz que revolução é “ato ou efeito de revolucionar(-se),
de realizar mudanças profundas e radicais”.
Acho importante, nesse momento, consciente dos riscos que irá
correr ao ser autêntica, lembrar-se de que quando você assume a sua
autenticidade as pessoas ao seu redor também conseguem assumir a
delas, tornando-se, assim, uma incentivadora de voos. Muitas pessoas
precisam ver o voo de outras para ter a coragem necessária de sair do
conforto do “ninho” que estão e se lançarem em busca de uma vida
autêntica, abandonando a necessidade de pertencimento terreno.
Da mesma forma que a mãe-pássaro demonstra para seus filhotes
como devem voar e que eles sobreviverão à saída do ninho, nós,
quando vivemos de maneira autêntica, mostramos para as outras
pessoas que existe um caminho diferente da padronização e que esse
caminho conduz para uma vida de liberdade e crescimento.

O QUE A AUTENTICIDADE NÃO É


Agora que já sabemos o poder de uma vida autêntica e quão
libertadora ela é, devemos conhecer o que a autenticidade não é. Ela
não é inflexibilidade. Sabe a síndrome do “eu nasci assim, cresci assim,
Gabriela”? Bom, talvez você não conheça (por essa frase ser bem
antiga e isso revelar um pouco sobre a minha idade), mas quando eu
era pequena minha mãe falava muito essa frase, de tal forma que eu
cresci tendo a certeza de que eu poderia e deveria mudar minhas
características sempre que fosse necessário.
Então, ser autêntico não tem relação alguma com nunca mudar,
ser autêntico é saber que dentro de quem nós somos sempre
poderemos melhorar e nos parecermos mais com Jesus, cada uma a
sua maneira e dentro daquilo que Deus criou para cada uma de nós. É
na autenticidade que descobrimos que podemos nos tornar pessoas
que buscam santidade e se parecer com Cristo e mesmo assim
mantermos a nossa essência. Ao ser autêntica, você não se tornará
outra pessoa, não se preocupe, mas sempre estará disposta a
melhorar quem você é à luz da Bíblia!
Eu creio que tenho um bom exemplo sobre como essa dinâmica de
permanecer quem nós somos de maneira autêntica e ainda assim
estarmos dispostas a moldarmos as nossas características: eu sempre
fui uma pessoa extremamente sincera, desde criança a sinceridade era
algo incontrolável para mim. Também nunca fui boa em esconder
sentimentos. Com o tempo, eu me tornei uma pessoa que machucava
outras pessoas com a minha sinceridade. Nunca foi minha intenção,
mas sinceridade sem o bom-senso se torna violência. No caminho da
autenticidade, eu descobri que ser sincera e uma péssima pessoa para
disfarçar sentimentos fazia parte de quem eu era, Deus me fez assim
e eu jamais iria querer mudar isso. Por outro lado, eu poderia alinhar
minha sinceridade com o amor e a compaixão que Deus me chamou
para ter.
Assim, jamais deixei de ser sincera, mas aprendi com o tempo a
melhorar a maneira de expressar minha sinceridade e em quais
momentos ela seria construtiva e em quais destrutiva. Minha essência
não mudou, a sinceridade continuou a ser uma característica minha,
mas agora polida. O mesmo pode acontecer com você, nas mais
diversas áreas da sua vida.

“Contudo, Senhor, tu és o nosso Pai. Nós somos o barro; tu és o


oleiro. Todos nós somos obra das tuas mãos.” Isaías 64:8

Em Isaías 64:8, lemos que nós somos o barro e Deus é o nosso


oleiro, um pedaço de barro sem ser moldado tem pouco, ou nenhum
valor. Porém, quando um oleiro pega esse barro e com suas próprias
mãos o molda, ele toma forma, tem serventia e recebe valor.
Particularmente, o vaso de barro pode ser refeito, Deus poderia ter
usado outra matéria prima para nos formar e criar, mas escolheu o
barro. Assim, podemos ter a certeza de que se quebrarmos podemos
ser completamente refeitos e moldados pelas mãos do nosso Senhor,
porém, para sermos moldados, dia após dia, precisamos estar
dispostos a sermos quebrados e moldados novamente.
O quanto você está disposta a ser moldada? O grande problema de
não sermos autenticas é que dificilmente estaremos dispostas a passar
pelo processo de polimento e aperfeiçoamento, esse é sempre o
caminho menos confortável, ser quebrado dói, não é mesmo? E
quando não estamos comprometidas em sermos nós mesmas,
pegaremos o atalho de mudar totalmente quem nós somos, acabando,
assim, por trairmos nossa essência na tentativa de fugirmos da dor.
Outra coisa que a autenticidade não é, e nunca será, está no fato
de nos colocarmos na frente dos outros, nos achando superiores e
nossas vontades maiores que as dos demais. É na autenticidade que
descobrimos que somos livres para “ser” e devemos permitir que os
outros também “sejam”. Dessa forma, viveremos em um lugar de
empatia e compreensão. Nossa preocupação deve estar em vivermos
e incentivarmos pessoas a buscarem por santidade, mas jamais em
colocar nossos irmãos e irmãs em moldes. Por isso, cultive sua
autenticidade e permita que os outros cultivem a deles, seja uma
incentivadora e não alguém que quer a liberdade somente para si. Sair
sozinha do ninho não é tão prazeroso quanto voar pelos ares
acompanhada. A boa notícia é que todos podemos voar juntos!
Além disso, o discurso de que a autenticidade é um ato egocêntrico
ganha força dentro das igrejas. Diversos líderes veem a singularidade
de cada indivíduo como uma ameaça, pois é mais fácil manter a
“ordem” quando todos pensam e vivem da mesma forma. A
padronização silencia as pessoas e não ameaça aqueles que estão em
posição de liderança. Porém, bons líderes são incentivadores da
autenticidade, eles sabem que o padrão que devem pregar é o amor e
a santidade, e que quanto mais multiforme eles se apresentarem, mais
abençoada será a comunidade.
Por isso, não deixe que te convençam de que para servir a Jesus
você precisa anular quem você é, seus gostos, peculiaridades, estilo,
pensamentos. Você é única e é dessa forma que será usada por Deus.
Quando alguém questionar a sua autenticidade, lembre-se que quem
não vive de maneira autêntica frequentemente busca matar a
autenticidade do outro.
Por último, a autenticidade não é pecado, mesmo que muitas
pessoas pensem que, por termos a nossa natureza decaída, ao
escolhermos viver de maneira autêntica, viveremos em pecado. Um
grande engano, pois a maneira certa de expressarmos nossa
singularidade é colocá-la aos pés da cruz e deixar Deus moldar quem
somos, nos ensinando dia após dia a viver em santidade e usando
nossas características para servi-lo e louvá-lo.
Oscar Wilde, resume em uma curta frase a essência da
autenticidade: “seja você mesmo, todas as outras possibilidades já
têm dono.” Autenticidade nada mais é do que isso, ser quem você é,
de forma única e singular, você e nada além de você e para viver dessa
maneira você precisará enfrentar alguns gigantes.

PARA NÃO ESQUECER


2 - CONVIVENDO COM A IMPERFEIÇÃO
Na jornada rumo à autenticidade precisamos compreender que
somos e continuaremos sendo imperfeitas. Afinal, ainda estamos
nesta terra e somente encontraremos a plena perfeição quando
voltarmos para a casa do nosso Pai celestial.
A máxima perfeição que poderíamos encontrar nesta terra já
aconteceu quando nos rendemos para Cristo, após isso, o nosso Pai
iniciou em nós um processo de aperfeiçoamento e santificação. Esse
processo só será concretizado no céu. Muitas pessoas não conseguem
compreender que mesmo tendo conhecido Cristo continuam sendo
falhas, mas agora redimidas pelo sangue mediante o sacrifício de Jesus
(Colossenses 1:13). Isso faz com que, teologicamente, sejamos
perfeitos, de maneira que a justiça perfeita de Cristo nos foi dada,
porém, continuamos seres humanos imperfeitos. Mesmo Deus nos
vendo através do sacrifício de Jesus, Ele continua nos aperfeiçoando
até o momento que chegaremos ao céu. Uma dualidade linda e
profunda que muitas vezes deixamos de lado, mas que nos mostra
com clareza que nunca atingiremos a perfeição por nós mesmos.
O apóstolo Paulo, em Filipenses 3:12, expõe essa verdade de
maneira clara: “Não que eu já tenha alcançado tudo isso, ou seja
perfeito; entretanto, vou caminhando, buscando alcançar aquilo para
que também fui alcançado por Cristo Jesus.” Ele compreende que não
alcançou a perfeição e nem ao menos conseguiu alcançar tudo o que
deveria, porém sabe que está caminhando para o alvo de Cristo e
vivendo o seu propósito. Diante dessa declaração de Paulo, é
importante observarmos que a imperfeição dele não foi um limitante
para que cumprisse o seu propósito, assim, são em nossas falhas e
dificuldades que carecemos da graça de Deus e o sobrenatural
acontece para que o nosso chamado se cumpra.
O único homem perfeito que existiu foi o próprio Deus, que
caminhou entre nós, Ele vivia uma vida reta e justa, possuía sabedoria
e relacionamento íntimo com o Pai, operava milagres e ensinava como
nenhum outro. Contudo, mesmo sendo alguém perfeito, Cristo foi
rejeitado, pois sua perfeição não era exatamente a que o mundo
esperava (1 Pedro 2:21-23). Conhecemos essa verdade e mesmo
compreendendo que a perfeição que o mundo espera é distinta da que
o Pai nos chama a buscar, vivemos em busca da perfeição que o mundo
prega. Vivemos com lapsos de memória, como quem já ouviu a história
da verdadeira perfeição, mas esquece, dia após dia, da verdade.
Viver para alcançar a perfeição que nos é pregada incansavelmente
pela sociedade é o pior caminho que podemos trilhar, já que nunca a
alcançaremos, sempre seremos massacrados e oprimidos. Não
encontraremos plenitude enquanto buscarmos suprir todas as
demandas sociais, trata-se de uma lista infinita que somos ensinados,
desde muito jovens, a cumprir. Isso explica o fato de que quando nos
negamos a viver com máscaras e decidimos viver o que realmente faz
sentido para as nossas vidas conflitos aparecem. É por isso que a
autenticidade é um extremo ato de ousadia, sem ousadia não
conseguiremos arrancar as máscaras de perfeição que vestimos. Sem
ousadia não conseguimos nos mostrar ao mundo como realmente
somos, pois ficamos estagnados e presos ao medo.
A DIFERENÇA
Quando falamos sobre assumir nossas imperfeições, recebo o
questionamento se é correto como filhos de Deus vivermos assim,
existe uma grande confusão entre a diferença de assumir algo e se
conformar com algo. O ato de assumir nossa identidade imperfeita não
significa que idolatremos nossas falhas e erros, mas sim que estamos
conscientes de quem nós estamos dispostos a mudar o que precisa ser
mudado, não para o mundo, mas para Deus.
Para algo ser tratado e mudado, antes, ele precisa ser trazido à luz,
quanto mais mantemos nossas falhas escondidas e aprisionadas, mais
elas criam raízes difíceis de serem arrancadas. Como um baú
escondido no fundo do armário, sem tirá-lo de lá e colocá-lo na luz,
você não conseguirá ver o que tem dentro dele. A primeira coisa que
você deve tirar do seu baú é o desejo de ser perfeita segundo os
padrões do mundo. Não pense que no momento que disser não para
os padrões de perfeição do mundo negará os padrões de Deus. Essas
duas esferas são completamente distintas, porém, o inimigo ganha
todas as vezes em que não estabelecemos essa separação. Ele ganha
quando vivemos preocupados em aparentar perfeição para a
sociedade, enquanto escondemos pecados no nosso baú, ganha
quando nos preocupamos mais com o nosso corpo do que com
santidade.
Não podemos jamais nos esquecer das palavras de Jesus em João
15:19: “Se vocês pertencessem ao mundo, ele os amaria como se
fossem dele. Todavia, vocês não são do mundo, mas eu os escolhi,
tirando-os do mundo por isso o mundo os odeia.” Essas palavras de
Jesus nos mostram que viver para satisfazer as demandas que o
mundo nos impõe não é mais o que devemos fazer. Por isso, antes
mesmo de cultivarmos a coragem para sermos imperfeitos,
precisamos compreender a diferença entre a perfeição que o mundo
nos cobra, e que normalmente buscamos, e o caminho de
aperfeiçoamento que Deus nos chama para trilhar, o segundo inclui
muita autenticidade e coragem, afinal, para vivê-lo, precisamos dizer
não para o primeiro.

O CARRO DO ANO
O CORPO DA REVISTA
DISPOSIÇÃO PARA DIZER SOMENTE SIM
CONSUMO INCESSANTE
O MELHOR TRABALHO
A MELHOR CASA
ANULAÇÃO DE IDEAIS E PRINCÍPIOS
A SABEDORIA DO MUNDO
RENUNCIAR À SUA ESSÊNCIA PARA AGRADAR

BUSCA POR SANTIDADE


VIDA NA PALAVRA
ANSEIO POR SABEDORIA
RECONHECIMENTO DO PODER DA GRAÇA
VIVER COM AUTENTICIDADE
CULTIVAR PERDÃO E O AMOR
UMA VIDA RELACIONAL COM O PAI
PREGAÇÃO DA PALAVRA
Caso você tenha lido as listas de maneira rápida e apressada, eu
sugiro que você volte e medite em cada um desses pontos, acrescente
o que você achar conveniente e principalmente internalize a diferença
de cada uma delas. Assim, você dará o seu primeiro passo de coragem
para ser imperfeita aos olhos do mundo com o coração tranquilo e
disposto a viver somente para buscar o que Deus espera de você.
Enquanto essas listas estiverem embaraçadas nas nossas cabeças, o
inimigo sai ganhando, afinal, anulamos a nossa autenticidade
pensando que estamos fazendo isso para Deus e, na verdade, fizemos
para uma sociedade que não segue os padrões do nosso Pai celestial e
lucra cada vez que negamos nossa singularidade.
Muitas vezes, repetimos para nós mesmas mais palavras de
condenação do que de benção. A Bíblia nos fala sobre a força de nossas
palavras, o livro de Provérbios é repleto desses ensinamentos, um dos
mais preciosos para mim é o de Provérbios 12:18, que diz que “Há
palavras que ferem como espada, mas a língua dos sábios traz a cura.”
Somos tão influenciados pela mídia que despertamos e já começamos
a julgar quem somos. Por isso eu te proponho um exercício, ele não é
mágico, mas serve para te lembrar todos os dias de quem você é:
escreva em um papel a frase a seguir, cole-a em algum lugar que você
verá todas as manhãs e a repita em voz alta declarando a sua
verdadeira identidade. Como eu falei, nada mágico irá acontecer, mas
você iniciará o seu dia declarando sua identidade em Cristo:

“EU FUI CRIADA DE MANEIRA ÚNICA E SINGULAR PELO MEU PAI, SOU
UMA PECADORA QUE É COBERTA PELO SANGUE DE JESUS CRISTO, TIVE
A GRAÇA DE DEUS DERRAMADA NA MINHA VIDA E POR ELA SOU GRATA.
EU SOU, ANTES DE TUDO, UMA FILHA AMADA DE DEUS, IMPERFEITA,
MAS QUE LUTA POR SANTIDADE. EU SOU QUEM MEU PAI DIZ QUE EU
SOU, AMADA, FILHA, RESTAURADA, LIMPA, ÚNICA.”

Somente seremos nós mesmas e quem fomos criadas para ser


quando desistirmos de aparentar perfeição. Compreendermos que
aqui nesta terra a perfeição nunca existirá e que sempre seremos
insuficientes, é necessário para nos colocarmos no nosso devido lugar.
Somente assim, reconhecemos que possuímos uma natureza
pecaminosa, que travamos lutas contra o pecado, que vivemos em um
mundo caído. Somente assim, reconhecemos que não vivemos mais
para nós mesmas e que o sangue do nosso Mestre Jesus cobriu nossos
pecados nos transformando em Filhas amadas de Deus.
É comum vivermos aqui na terra almejando a vida que só teremos
no céu, olhamos tanto para o nosso destino que nos confundimos com
a estrada que percorremos hoje. A principal consequência disso é que
almejamos uma vida perfeita, uma personalidade perfeita, a família
perfeita e esquecemos de que não encontraremos perfeição enquanto
estivermos aqui. Isso não significa de maneira alguma que não
devemos dar o nosso melhor para as coisas que são importantes para
nós, mas sim que a imperfeição faz parte da vida e que a energia que
gastamos para aparentar uma falsa perfeição deveria ser gasta na luta
contra o pecado.
Que a cultura do mundo invadiu os corredores das igrejas, isso nós
já sabemos. Líderes que deveriam guiar as pessoas para uma vida
santa e de comunhão com o Pai, passaram a ter o objetivo de ensinar
as pessoas a como ganharem dinheiro, como serem bem-sucedidas,
como deve ser a aparência física de cada um, deixando, assim, uma
geração inteira confusa em relação ao que realmente são os padrões
do mundo e quais são os padrões do nosso Pai.
Não se engane, os padrões dos homens não andam lado a lado com
os padrões de Deus, por isso voltar os nossos olhos para o que o
mundo diz ser a vida ideal sempre nos levará à ruína. Ter um corpo
“incrível” e muito dinheiro pode nos levar a acreditar que estamos no
caminho certo, pois, de certa forma, nos sentimos dentro de algum
padrão, mesmo que seja o estabelecido pelo mundo, mas tal
superficialidade esconde a ruína da alma, pois troca-se a cruz pelo
imediatismo do mundo moderno.
Lembre-se, Deus escolheu o que é loucura para o mundo e os que
são considerados fracos, a fim de envergonhar os que se julgam sábios
e fortes (1 Coríntios 1:27). Essa é uma das loucuras do Evangelho,
muitos de nós, para os olhos do mundo, somos fracassados, fora dos
padrões. Muitos de nós sofremos humilhações pela condição física ou
social, lidamos com olhares de pena vindos daqueles que, para o
mundo, quase alcançaram a perfeição. Porém, para Deus, os que não
se moldam aos padrões desse mundo são os verdadeiros vitoriosos,
são os que correm e não se cansam e que recebem do Pai tudo o que
necessitam.
Dessa forma, precisamos entender que a perfeição que buscamos
não existirá nessa terra. Digo isso com a propriedade de alguém que
viveu a vida inteira em busca da perfeição. O bom jamais me bastava,
a nota 9 sempre foi insuficiente, meu cabelo nunca era tão brilhoso
como eu gostaria que fosse e achava todos os meus relacionamentos
insuficientes. Percorri um longo caminho até compreender que a
régua que eu usava para medir as minhas conquistas era pequena
demais e estava mais alinhada às expectativas do mundo do que as de
Deus. E hoje estou aqui para te perguntar: qual o tamanho da sua
régua? Você está se medindo segundo os padrões de Deus ou os do
mundo? Assim, analise o seu coração, a quem você tem buscado
agradar?

PERDENDO POR TER MEDO DE PERDER


Enquanto eu usava uma minúscula régua para avaliar minhas
atitudes, eu não vivia como fui criada para viver, vivia segundo os
pesados padrões que eu jamais alcançaria. Lembro claramente de
todo o tempo que perdi e gastei buscando a perfeição que eu jamais
reconheceria, e mesmo se fosse possível atingi-la, eu continuaria
achando insuficiente. Por muito tempo, viver a busca por perfeição me
paralisou, eu levava horas para criar coisas que hoje levo minutos. O
mais curioso é que percebo que no movimento de renunciar à
perfeição as coisas começaram a fluir, o bom começou a alegrar meu
coração e eu comecei a amar as coisas simples e imperfeitas que
encontro no caminho.
Abandonar a perfeição também te impulsiona a correr riscos. O
medo de algo dar errado, de perder o controle e de tudo não sair
perfeito faz com que vivamos a vida inteira estáticos no mesmo lugar,
mesmo quando essa não é a nossa verdadeira intenção.
Por não ser a nossa intenção, não notamos os estragos que viver
dessa maneira causam à nossa vida, vivemos renunciando os nossos
sonhos por medo de falhar. Mas nós não somos chamadas para viver
assim, nós somos chamadas para viver com ousadia e fé. Diante disso,
o primeiro passo é você reconhecer quantas oportunidades já perdeu
por medo da imperfeição, reconhecer que o desejo por perfeição tem
te impedido de viver com ousadia.
Sugiro que você pegue uma xícara de chá, café se preferir, e liste
quantas oportunidades você já perdeu por medo de demonstrar a sua
imperfeição. Volte alguns anos de sua vida e anote a quantidade de
coisas que você queria muito realizar e não as fez por medo de falhar
ou por estar se medindo com uma régua pequena demais.

A RACHADURA E AS MÁSCARAS
A luz entra apenas nos lugares onde a permitem entrar, assim, faz-
se necessário que exista uma abertura, uma rachadura. Parece uma
afirmação simplista demais, mas temos uma imensa dificuldade de
aceitar essa realidade em nossa vida. Estamos sempre buscando
ocultar as nossas rachaduras e assim mais escuridão trazemos para a
nossa vida.
Usamos, dia após dia, uma quantidade imensa de máscaras: a
máscara da mulher perfeita, a máscara da mãe perfeita, da esposa
perfeita, da empreendedora perfeita. Mascaramos nossas famílias
para que aparentem perfeição, nossos medos também recebem uma
máscara, e outra é reservada para a pele que habitamos. Elas nos
paralisam, impedem de amarmos nossa família da forma que ela é, nos
impedem de amar o nosso corpo e de arriscarmos. As máscaras da
perfeição anulam nossas identidades e nos levam a buscarmos, dia
após dia, o padrão que o mundo espera, anulando a singularidade que
nos foi dada por Deus. Se não estivermos dispostas a abandonar as
máscaras, nunca viveremos com autenticidade. O medo é o que faz
com que aceitemos a prisão em que vivemos, negando a nossa
autenticidade em troca de uma aceitação que jamais receberemos
aqui na terra.
E, assim, enquanto escolhermos vestir nossas máscaras, não nos
colocaremos à disposição para sermos moldadas em Cristo.
Vivemos em um mundo extremamente agitado e caótico, onde não
temos tempo nem para respirar, quem dirá para refletir sobre nós
mesmas e como estamos vivendo. É por isso que você encontrará
tantas perguntas ao passar pelas páginas deste livro. Meu convite é
que você responda a todas elas com coragem e leve o tempo
necessário para respondê-las, pois se permitir viver o processo,
mesmo que de maneira lenta, também é um ato de coragem.

. Liste em quais áreas você tem medo de que os outros notem suas
imperfeições.
. Em quais situações você costuma esconder o seu verdadeiro eu?
. Qual o seu principal medo em tirar a máscara
. Como usar máscaras tem feito você não viver plenamente?
. Quais características suas você mesma tem dificuldade de aceitar?
3 - VIVENDO PARA ALÉM DA COMPARAÇÃO
Se algo é capaz de matar a nossa autenticidade é a comparação.
Quando nos comparamos já estamos assumindo que não somos
suficientes e que sermos autênticas não basta. Dessa forma, a
comparação aniquila o nosso verdadeiro eu e nos torna vítimas de uma
competição. Sim, a comparação é uma competição, ninguém se
compara sem ter o intuito, mesmo que inconsciente, de ser melhor
que o outro. E para ser melhor começamos a competir e os
sentimentos de inveja, raiva, insatisfação também começam a brotar
em os nossos olhos.
Eu sou uma pessoa competitiva por natureza, desde pequena
sempre passei dos limites nas brincadeiras e jogos. Sei que minha voz
e minhas feições enganam, mas só quem já jogou Imagem e Ação ou
qualquer outro jogo de tabuleiro comigo sabe o quanto eu quero
ganhar. A escola em que eu estudei minha vida inteira fazia gincanas
semestrais, elas eram incríveis e realmente paravam a cidade. Em
uma, ou duas, dessas gincanas eu fui a líder da equipe. Pergunto-me
como alguém me deixou nessa posição, já que em competições eu me
torno alguém muito intensa e meu foco é somente ganhar, o que
realmente aconteceu. Eu lembro do dia em que uma menina desistiu
de uma das atividades muito rápido, onde ganharíamos muitos pontos
e a correria poderia diminuir, pois estaríamos bem à frente dos outros.
Porém, ela desistiu, eu me irritei, eu gritei, eu me envergonhei. A
competição me deixou cega por segundos, eu não pensei nos
sentimentos da outra pessoa, nas lutas ou no motivo que fizeram com
que ela desistisse. Percebe? É exatamente isso que a competição faz
no nosso cotidiano, nos tornamos cegas, gritamos, ficamos
insatisfeitas, a competição revela o nosso pior. Por andarem lado a
lado, a competição e a comparação nos destroem, juntas aniquilam
nossa alegria e gratidão pela vida. Da mesma maneira que a Dani de
16 anos ficou cega de raiva por não ter ganho pontos extras na
gincana, nós ficamos cegas por nos acharmos inferiores as outras
pessoas.
Nossa sociedade estimula a competição e nós precisamos ter total
clareza disso, sem essa convicção continuaremos competindo sem
nem ao menos perceber. Competimos pela vaga na faculdade, pelo
atendimento na fila do hospital, pela mesa no restaurante lotado, pela
vaga no ônibus e pelo melhor salário. Competimos sem parar e eu
creio que essa lógica da competição não mudará tão cedo, porém,
existem áreas e lugares que podemos nos negar a competir.
Não fomos chamados para competir com as pessoas que nos
rodeiam, não precisamos competir para ter o melhor corpo, a melhor
casa. Essas coisas nunca nos trarão alegria plena e verdadeira, ao
contrário, nos levarão para a derrota e ingratidão. Mesmo que a lógica
da nossa sociedade seja a da competição e realmente existam esferas
em que precisaremos dar o nosso melhor e vencer (principalmente
quando elas envolvem colocar o pão na mesa), nem tudo deve ser
assim.
A competição, ou comparação, faz com que os nossos olhos saiam
da nossa própria estrada, pois começamos a olhar para a velocidade
do outro, e mesmo que estejamos fazendo a melhor corrida das nossas
vidas, se alguém estiver correndo mais rápido, nos sentiremos
insuficientes.
A comparação mata a nossa autenticidade e a nossa alegria. A
comemoração pelas nossas conquistas escapa pelos dedos que estão
profundamente preocupados em contabilizar a velocidade de quem
corre ao nosso lado. Deixamos de aplaudir nossas conquistas para, em
troca, carregar em nossas mãos punhados de amargura.
Nos próximos dias, esteja atenta para todas as vezes que você
começar a competir com alguém. Seja para pegar a fruta mais bonita
no supermercado ou quando comparar o formato do seu corpo com o
de outra pessoa. Ligue o sinal de alerta e fale amorosamente para si
mesma: “querida, você não precisa competir, a sua vitória veio na
cruz”.
Sei que pode parecer tolice, você passou sua vida inteira
competindo, correndo, lutando e agora repetir algumas palavras vão
transformar a sua vida? Pois é, não vão. Mas existe uma grande chance
de, na maior parte das vezes, você perceber que está escolhendo a
estrada errada e os seus pensamentos se voltarem para Jesus,
lembrando do que realmente importa.
Não são raras as pessoas que me contam que se sentem ótimas,
realizadas e felizes, mas no momento que olham para o outro
rapidamente desenvolveram sentimentos de insatisfação. Tenho
certeza de que isso é algo rotineiro, principalmente na nossa geração,
que está sempre conectada com a grama do vizinho, que insiste em
parecer mais verde que a nossa, não é mesmo?

A ESPERANÇA DE COLHER SEM PLANTAR


Ninguém colhe o que não planta, na vida muitas coisas podem
afetar a nossa plantação, mas para que um dia tenhamos o que colher
precisamos arriscar e plantar as sementes que carregamos no bolso. A
comparação nos leva a perder a oportunidade de semear onde
estamos e com o que temos, pois passamos todo o nosso tempo
preocupados com a plantação do outro, desejando que ela não seja
melhor que a nossa, e, diante dessa preocupação, nem ao menos
tiramos as sementes do nosso bolso.
Ao olhar para o campo do vizinho, esquecemos de plantar e regar
a nossa autenticidade, esquecemos que cada solo é diferente, que a
quantidade de água varia, que dependemos do sol e da chuva. Ficamos
comparando o início do nosso plantio com a plantação já evoluída do
outro, sem nem ao menos sairmos do lugar. Uma das piores escolhas
que podemos fazer é olharmos para as pessoas que conquistaram
coisas que também almejamos e pensarmos que amanhã, em um
estralar de dedos, poderíamos estar da mesma maneira. Isso não
acontece e não é justo conosco, já que somente olharmos para o alvo
e esquecermos da trajetória não nos levará a lugar algum.
Não é justo compararmos o nosso início com o de alguém que
começou antes de nós. Dessa forma, nós jamais devemos comparar o
tempo da nossa colheita com o das outras pessoas, pois para tudo
existe um tempo debaixo do céu, lembra? Caso precise recordar visite
Eclesiastes 3:1.
Ao compararmos a nossa vida, corremos o risco de cultivar a inveja.
Por almejarmos ser quem não somos, começamos a procurar defeitos,
enumerar falhas, julgar sem pensar. Quantas vezes você já não passou
do sentimento de admiração para ressentimento? É exatamente isso
que a comparação faz, eu creio ser extremamente importante termos
pessoas que admiramos, mas quando a admiração começa a nos
conduzir para o caminho da comparação estamos prontos para matar
nossa autenticidade e competir, pois deixamos, então, de só querer
ter a grama do vizinho, mas também queremos que a grama dele
seque, fique feia e até morra. A inveja faz com que nós não somente
desejemos ter o que é do outro, mas também que o outro deixe de ter
o que ele tem, queremos ser os melhores, custe o que custar.
Um dos mandamentos que o Senhor nos deu fala diretamente
sobre a cobiça, Êxodo 20:17 nos alerta para não cobiçar nada que
pertença ao nosso próximo. Em Tiago 4:1-2, somos alertados de que
as guerras e contendas nascem da cobiça. Sempre que queremos algo
que não nos pertence, estamos escolhendo o caminho oposto do que
o nosso Senhor nos indicou.
Nós somos chamadas para plantar e cuidar. Assim, descubra o que
é importante na sua vida e cultive isso, pare de olhar para a plantação
do vizinho e, principalmente, tenha a consciência de que talvez você
demore muito mais tempo do que gostaria na espera para colher.
Nosso Deus é perfeito, o tempo dele é perfeito e isso significa que
muitas vezes precisamos passar pela espera, mesmo que longa, para
um dia colher.
Olhar para a grama do vizinho é o começo do fracasso do seu
jardim, confia no que estou te dizendo. Plante as flores que você gosta,
faça os canteiros que te despertem um sorriso e cultive as verduras
que você gosta de ter na mesa. Se você começar a buscar ter o que é
do outro, sem perceber, gastará horas cultivando orquídeas sendo que
na verdade o que você ama mesmo são girassóis.
Mate a comparação e arranque suas raízes, para que você consiga
plantar e cultivar o que realmente faz sentido para você. Arrisco dizer
que quando isso acontecer você encontrará mais significado nas coisas
que faz, cria e cultiva. Encontrará maior alegria nos processos e terá
calma para ver os girassóis florirem. Afinal, você não está competindo
sobre quem tem a melhor orquídea, sua preocupação estará em
florescer o seu girassol.
AS REDES SOCIAIS E O AUMENTO DA COMPARAÇÃO
As redes sociais nos incentivam a competir o tempo inteiro,
vivemos na era em que mais fotos são compartilhadas por hora e cada
dia mais a exposição às vidas editadas de outras pessoas está gerando
sofrimento psicológico, devido à comparação com os outros usuários.3
Dessa forma, a maneira que nos vemos e vemos o outro é
profundamente afetada, pois passamos horas comparando o todo das
nossas vidas com o recorte da vida dos outros, além disso,
comparamos os pontos baixos do nosso dia com os pontos altos da
vida dos outros. Ninguém publica fotos de uma pilha de louça para
lavar, dificuldades no casamento, a barriga inchada depois de um
rodízio de pizza. Começamos, então, a sentir que somos as únicas
pessoas do mundo que precisam lavar e estender as roupas, lidar com
as diferenças conjugais e as formas do corpo.
Vejo que a vida cotidiana vem perdendo força e somente vemos
valor nos momentos extraordinários, como se eles sim fossem dignos
de retrato. Creio que esse é um dos maiores erros que a nossa geração
pode cometer e está cometendo. O nosso foco está sempre no que
queremos, não vemos mais atividades físicas como uma celebração do
que o nosso corpo pode fazer, somente queremos a barriga da pessoa
que seguimos. Não olhamos para a rotina dentro do lar de maneira
saudável, pelo contrário, queremos uma viagem para Paris, amanhã, e
lá, sim, seremos felizes.
A realidade, a verdadeira realidade, está distorcida e com ela
nossos padrões também estão. Começamos a comparar o cotidiano
com vidas editadas e cada dia mais caímos em frustrações e passamos
também a tentar editar as nossas vidas e é aí que a nossa singularidade
“vai pro brejo”.
Deixamos de viver como nós mesmas e passamos a viver em busca
de um padrão que nada se parece com a nossa realidade. Queremos
todas as paredes brancas e sem riscos como nas fotos repletas de
Photoshop, então, nos irritamos com as crianças que brincam e tocam
as paredes ou o prato de macarrão que escorregou e manchou a
parede com molho vermelho. O que poderia ser motivo de graça e
piada, torna-se fúria por nos afastar um pouco mais do que vemos nas
redes sociais. Nosso armário muda, nossos planos de viagem são
alterados, os lugares que conhecemos são pensados para boas fotos,
as comidas que comemos ficam geladas no prato, enquanto buscamos
o melhor ângulo da foto que trará mais e mais curtidas e comentários.
Te parece familiar?, assim, sem nem perceber, deixamos de ser quem
somos para ser uma cópia de algo que também não existe. Não existe
outro lugar que esse caminho pode nos levar se não para uma
completa e profunda insatisfação com a realidade.

OLHE PARA O QUE DEUS TEM PARA VOCÊ HOJE


“Cada um examine os próprios atos, e então poderá orgulhar-se de
si mesmo, sem se comparar com ninguém, pois cada um deverá levar
a própria carga.” Gálatas 6:4-5
No livro de Gálatas, recebemos uma palavra que lança luz sobre a
comparação, somos chamados para cada um de nós examinarmos
nossos próprios atos, cada um olhando de forma minuciosa para tudo
o que somos e fizemos. Assim, se nossas obras estiverem boas diante
de Deus, encontraremos motivo de regozijo.
A comparação faz com que percamos a noção do que Deus tem
para nós e do que Ele colocou em nossas mãos. Quando somos fiéis no
que Deus nos deu, encontramos contentamento e satisfação na nossa
própria vida. Por outro lado, se passarmos os dias olhando somente
para quem nos rodeia, o sentimento de insuficiência aparecerá e
permanecerá. Ao nos compararmos, estamos perdendo a
oportunidade de observar a nossa vida e assim cuidarmos dela da
melhor maneira possível.
Nós devemos, portanto, constantemente, avaliar a nossa vida à luz
da Palavra, observar as nossas atitudes, julgar os caminhos que
estamos escolhendo caminhar e sempre que necessário ajustar a
nossa rota. Dessa forma, levaremos a nossa própria carga, lutando as
nossas próprias batalhas e buscando ser o melhor que podemos ser
em Deus. Sem comparações, somente uma busca santa para ser quem
Deus nos criou para ser. Trata-se de uma carga muito mais leve, não é
mesmo?
Eu e meu esposo somos pessoas totalmente diferentes, eu sou
agitada e explosiva, ele é calmo e tranquilo. Eu falo sem parar,
enquanto ele é o melhor ouvinte que já conheci. Eu sou de humanas e
ele de exatas, eu perco o chão fácil, ele é uma rocha. O André tem
inúmeras características que eu admiro e que gostaria de possuir, eu
tenho inúmeras características que ele gostaria de ter. Diante disso,
nós tínhamos dois caminhos para tomar: o primeiro deles seria passar
a nossa vida competindo para ver quem era o melhor, com as
características mais perfeitas, ou, o segundo caminho, celebrar a
singularidade de cada um, ambos buscando, dia após dia, crescer e
melhorar, celebrando em Deus nossa autenticidade.
Eu nunca serei parecida com o meu esposo, tenho as minhas lutas,
assim como ele trava as dele, mas nós sabemos que ambos possuímos
o mesmo valor e encontramos contentamento em ser justamente
quem somos. Eu poderia me comparar e me frustrar por não ter
entrado no doutorado antes dos 30, como ele fez, também sonho um
dia com o meu doutorado, mas eu vejo alegria e contentamento nesse
exato momento em estar escrevendo sobre autenticidade para
inúmeras pessoas. Se eu me comparar com o tempo do André eu
transbordarei o meu coração de ingratidão. Porém, se eu olhar para o
que Deus colocou nas minhas mãos hoje, eu me torno grata. Como
aprendemos em Gálatas, cabe a nós examinarmos os nossos atos e
vermos se eles estão alinhados com a vontade de Deus, se assim for,
estaremos contentes onde estivermos, cultivaremos o que temos em
nossas mãos, florescendo no nosso tempo, sem comparação. Talvez
eu faça o meu doutorado aos 40, ou 50, talvez o tempo dele nunca
chegue, mas o que eu sei, hoje, é que não preciso olhar para os lados
para saber como está a minha jornada, o que eu preciso é olhar para
o alto e descobrir se caminho alinhada com o meu Pai de amor. Ao ver
que sim, tudo bem o doutorado atrasar, demorar ou até mesmo não
acontecer, pois sei que planto um jardim com as sementes que
estavam no meu bolso.
Em nosso mundo agitado, raramente paramos e recalculamos as
rotas, praticamente não avaliamos como está a nossa vida diante de
Deus e por isso damos voz para a comparação. Deixamos de nos medir
pelos mandamentos de Deus e nos medimos pelo conceito de sucesso
do mundo e as conquistas dos outros. Comece a olhar para o que você
tem nas suas mãos, o que Deus te entregou? Isso não significa que
você não possa desejar ter uma vida melhor, mas sim que essa busca
deixará de ser com base nas conquistas dos outros e ocorrerá segundo
o caminho que o Pai te guiar. Nunca esqueça: a comparação gera a
ingratidão.

A COMPARAÇÃO ANDA DE MÃOS DADAS COM A INVEJA


“O coração em paz dá vida ao corpo, mas a inveja apodrece os
ossos. Provérbios 14:30.”
“Pois onde há inveja e ambição egoísta, aí há confusão e toda
espécie de males.” Tiago 3:16.
Ao ler esses dois curtos versículos já conseguimos compreender
que não existe ganho algum em termos inveja. O livro de provérbios
chega a afirmar que ela apodrece os nossos ossos, ela nos corrói por
dentro até não restar nada de quem somos. Em Tiago, lemos que onde
existe inveja e ambição egoísta aí também encontramos toda espécie
de males.
O ser humano trava uma forte luta contra o ego e o orgulho, nosso
interior decaído nos provoca constantemente para sermos melhores
do que os outros. C.S Lewis fala sabiamente sobre isso no livro
Cristianismo Puro e Simples: “Dizemos para as pessoas se orgulharem
de serem ricas, espertas ou bonitas, mas isso não é relevante. Elas têm
orgulho de serem mais ricas, espertas ou bonitas que os outros. Se
todos fôssemos igualmente ricos ou inteligentes ou bonitos, não
existiria motivo de orgulho.”4
Muitos não sabem, mas eu fiz um semestre de faculdade de
psicologia quando eu tinha 17 anos. Não me lembro praticamente de
nada daquela época, mas me recordo fortemente da fala da professora
que lecionava genética. Iniciou o semestre, todos estávamos muito
preocupados com as notas, ela, então, parou a aula e falou sobre como
deveríamos nos avaliar e ver as avaliações. Em resumo, se você tem
capacidade de tirar 10 e tirou 8 você não está indo bem, mas se a sua
capacidade é 6 e você tirou 8, celebre muito!
A régua que medimos o mundo é injusta, nós queremos nivelar
todas as pessoas como sendo iguais, possuindo as mesmas aptidões e
oportunidades, mas todos sabemos que a vida não é assim. É por isso
que, além de nos despertar inveja, a comparação é um ato de injustiça,
nós sempre seremos diferentes das outras pessoas e cada um de nós
vive uma estação de vida diferente.
Não espere que uma mãe, que trabalha fora, cuida da casa, ajuda
as crianças com a lição de casa terá a oportunidade de ler a mesma
quantidade de livros que uma jovem que está na faculdade e estuda
somente a noite. São estações diferentes, ambas possuem o mesmo
valor, lutas particulares e momentos de graça. A jovem não é melhor
por ler mais livros e a mãe tampouco por ter os dias cheios.
É por isso que quanto mais vencemos a comparação mais
aniquilamos o conceito de melhor e pior. Vivemos em busca de uma
vida digna e reta diante do nosso Pai, mas sem olhar para o lado em
busca de um padrão a ser seguido. Mantenha os olhos na sua história,
talvez você esteja passando por um inverno, mas depois virá a
primavera. Talvez tenha andado longos anos embaixo de sol quente e,
por isso, às vezes, sente a necessidade de deitar-se na rede e
descansar. Qual é a sua estação hoje? Você tem respeitado os seus
momentos?
Olhe para você e para a sua história, esse é o caminho que nos leva
a viver de maneira autêntica, aceitando quem somos, abraçando
nossas peculiaridades e celebrando um 8 na prova, enquanto outra
pessoa lamenta ter tirado 9. Você é única, sua história é única, suas
conquistas também.
Por isso, para abraçar a singularidade e a autenticidade, antes,
você precisa renunciar à comparação, avaliando-se diante de Deus,
aniquilando a inveja e disposta a caminhar firme através de cada
estação da sua vida. Existe graça e autenticidade em cada uma delas,
mas para isso precisamos estar dispostos a observá-las e,
principalmente, vivenciá-las.

. O que tem te levado a competir?


. O que a competição tem tirado de você?
. Com quem você tem se comparado e que vida está almejado?
. Em quais áreas você se compara com maior frequência?
. Você tem olhado mais para as outras pessoas ou para Deus?
4 - ASSUMINDO SUAS FRAQUEZAS
Falar sobre fraqueza e julgamento em um livro sobre autenticidade
pode soar estranho, mas todos nós precisamos viver conscientes das
nossas falhas e dificuldades, já que não somos capazes de tratar nossas
fraquezas sem antes assumi-las e para isso acontecer precisamos estar
conscientes de que enfrentaremos julgamentos.
A maior força das nossas fragilidades está no fato de que lutamos
com todas as nossas forças para escondê-las. O pecado cria raízes
quando vivemos em busca de aparentar santidade. Para viver com
autenticidade, antes, precisamos reconhecer que somos pecadores,
fracos e que em tudo carecemos da graça do nosso Pai. Sem isso, nosso
verdadeiro eu continuará no esconderijo e nossas fragilidades e
pecados criarão, dia após dia, raízes cada vez mais profundas.
Trazer à luz nossas fraquezas nos lembrará de quem nós somos e
que nossa vida não deve estar no centro das nossas preocupações,
mas sim a vontade de Deus.
No livro Ego Transformado, Tim Keller5 faz uma excelente reflexão
sobre a maneira que colocamos nossa vida e ego como prioridade, nos
destruindo como indivíduos e como pessoas. Para fazer essa reflexão,
ele usa o exemplo de Paulo, que, em 1º Coríntios 4:1-2, diz para os
coríntios que não se importa com o que eles pensam dele. Dessa
forma, a vida de Paulo não está presa à opinião alheia, mas totalmente
firmada no que o Senhor diz sobre ele.
Viver como Paulo vivia é um desafio, pois todos temos a
necessidade de nos sentirmos amados e de pertencer a algum grupo
social. Isso faz com que o medo de desagradar ou decepcionar infle o
nosso ego, causando medo de demonstrar nossas fraquezas.
Entretanto, como estar nessa terra e não sermos fracos em nós
mesmos e fortes em Cristo? Compreender o nosso lugar nessa terra
nos tira o peso de buscar viver como super-heróis: perfeitos e
incansáveis. A nossa cultura é cruel, nos cobra diariamente e nos
oprime quando não pertencemos ao padrão que ela sugere. A nossa
cultura é podadora da autenticidade, porém, ela é o reflexo de uma
sociedade que não consegue assumir suas falhas e fraquezas, vivendo
no esconderijo para manter o ego intocável. Dessa forma, nosso ego,
desesperado por glória e aplausos, nos chama a cada instante para nos
enquadrarmos nesse padrão. Temos medo de que os outros percebam
nossas falhas, tanto medo que, por diversas vezes, nem ousamos levá-
las ao pé da cruz, a Deus. Fechamos nossos olhos, colocamos a
máscara da perfeição, apagamos a luz do nosso ser e seguimos
caminhando com o ego satisfeito.
Para sair, de uma vez por todas, do esconderijo, precisamos
compreender o que escondemos: pode ser algo muito pequeno, como
nossas rugas ou coisas ligadas a nossa personalidade, ou algo grande,
como nossos pecados e falhas, encobertos das pessoas que amamos
e, talvez, inutilmente, até mesmo de Deus.
Por muitos anos brinquei de esconde-esconde com inúmeros
fatores da minha vida, confesso que, mesmo já tendo a noção clara de
que nós não somos a nossa aparência, eu continuava apagando (Alô,
Photoshop) um sinal que tenho no pescoço em todas as fotos em que
ele aparecia. Se você me perguntar se, cotidianamente, esse sinal me
incomoda, minha resposta será um sonoro não, me gera zero
incômodo, porém, não conseguia lidar com ele em fotos, era como se
minha “imperfeição” estivesse sendo capturada e compartilhada.
Lembro do dia que resolvi não mais alterar nada em mim, começando
por esse sinal, foi um passo para fora do esconderijo, onde mais uma
luz brilhou.
Há pouco tempo saí, mais uma vez, do esconderijo, compartilhei
sobre minha dificuldade de escrever corretamente. Essa era uma
grande questão para mim, afinal, escrever faz parte do meu ministério,
como eu poderia formar tantas palavras erradas? Quando
compartilhei sobre isso, tive muito medo, era como se as pessoas
fossem pensar que eu era uma impostora, fraca e incapaz. Tomei
fôlego, lembrei que nada é sobre mim, cliquei e compartilhei no feed
do meu Instagram. Para minha surpresa, no lugar de receber pedras e
julgamentos, recebi acolhimento e identificação. Percebi, então, que
em um mundo onde todo mundo veste sua capa de herói, pessoas
verdadeiras se tornam incentivadoras da verdade.
Não, não somos chamados para viver em um mundo de faz de
conta, e fingir que nossas falhas são boas e brilhantes. Ao contrário,
somos chamados a viver de maneira realista, olhar para nossa história
e reconhecer as rachaduras que existem nela. Somente reconhecendo
as nossas falhas conseguiremos apreciar a beleza da persistência,
conseguiremos reconhecer a mão de Deus nos guiando e nos
conduzindo para além das dificuldades.
Quando começamos a viver a nossa história, quem nós realmente
somos, damos um passo importante e começamos a levar luz para as
trevas. A vergonha e as inúmeras tentativas de esconder as nossas
fraquezas são uma arma na mão do inimigo, mas quando assumimos
que somos falhas, que nossa história é falha, começamos a olhar para
a graça que está pronta para iluminar todos os cantos escondidos da
nossa alma.
Por isso, não continue vivendo no esconderijo, sendo refém do
medo, usando máscaras, inicie a jornada de uma vida com clareza e
iluminada pela revelação de Jesus. Quando olhamos para a cruz, os
nossos pecados são expostos, as nossas falhas são tratadas e nós
iniciamos uma caminhada rumo a nos parecermos, cada dia mais, com
o nosso criador.
Precisamos mais do que coragem para assumir as nossas falhas e
rachaduras, nós precisamos de fé plena. É necessário cultivar a
convicção de que nosso valor não está na nossa perfeição, mas em
Cristo que morreu por nós. Ter a certeza de que não existe nada que
possamos fazer nessa terra que nos tornará dignos do amor do nosso
Senhor e que, mesmo assim, continuamos sendo amadas, nos traz
convicção de que o nosso chamado não é, e nunca será, para cativar o
mundo, mas sim para caminhar rumo à santidade e ao amor,
iluminando tudo o que nos rodeia.
A jornada para assumir as nossas falhas é longa e difícil,
coincidentemente, ela caminha ao lado da busca por santidade.
Quando tiramos os nossos olhos do desejo de aparentar perfeição e
começamos a olhar com desejo para uma vida santa, compreendemos
que só alcançaremos santidade quando nos desfizermos das nossas
máscaras. Quantas vezes você passou mais tempo preocupada se fez
papel de tola por não saber opinar sobre algo do que por ter pecado?
Quantas vezes você vestiu uma armadura para esconder as suas
fraquezas e acabou esquecendo do que realmente importa? Quantas
vezes você se preocupou mais com a opinião dos outros do que com a
do nosso Pai?
Quanto mais nos escondemos e tiramos o olhar do que realmente
é importante, mais nosso espírito adoece, mais fracos ficamos, menos
alegria cultivamos. Na busca para parecer fortes, alegres e bem-
sucedidos, nos tornamos fracos, infelizes e distantes do Pai.
A conta não fecha e jamais fechará, porém, continuamos a girar
dentro desse mecanismo onde quem ganha é o maligno. O medo de
demonstrar fraqueza traz à tona nossos piores lados, pois mentimos,
enganamos e damos desculpas. O medo das nossas rachaduras rouba
o nosso tempo, renunciamos a tudo para esconder as nossas falhas e
as cobrimos com dinheiro, roupas, trabalho incrível e sucesso. No
entanto, elas continuam lá e nós continuamos permitindo que o medo
de sermos nós mesmas molde nossa vida e afete diretamente a nossa
fé. As Palavras de Davi, no Salmos 32:3-5, revelam claramente isso:

“Enquanto calei os meus pecados, envelheceram os meus ossos


pelos meus constantes gemidos todo o dia. Porque a tua mão pesava
dia e noite sobre mim, e o meu vigor se tornou em sequidão de estio.
Confessei-te o meu pecado e a minha iniquidade não mais ocultei.
Disse: confessarei ao SENHOR as minhas transgressões; e tu perdoaste
a iniquidade do meu pecado”.

Vivemos com expectativas que não pertencem à nossa realidade,


compramos a ideia de que existem pessoas perfeitas andando por essa
terra. Super seres-humanos sem falhas ou marcas. Criamos
expectativas tão grandes que não somente não lidamos mais com as
nossas fraquezas e falhas, como também passamos a não aceitá-las
nos outros. Queremos nos relacionar com o cônjuge perfeito, ter filhos
perfeitos e impecáveis, funcionários ou chefes que nunca erram.
Assim, nos tornamos podadores de autenticidade, sem nem ao menos
perceber. Causamos medo nas pessoas, ninguém mais está disposto a
ser autêntico e correr o risco de, eventualmente, errar, o caminho das
máscaras torna-se o mais fácil. Maridos e esposas não se conhecem
verdadeiramente, escondem suas rachaduras, pois sabem que o outro
almeja se relacionar com alguém perfeito e imaculado. Os filhos
temem magoar os pais e, por isso, mentem sobre quem são ou o que
pensam. A roda nunca para e, dia após dia, mais pessoas são puxadas
para dentro dela. Você, se identifica com alguma dessas descrições?
Quando não aprendemos a lidar com a fraqueza do outro, estamos
cometendo um grave erro, para não dizer pecado, pois afirmamos que
não estamos dispostos a amar o outro, mas sim uma ilusão de quem o
outro é ou de quem queremos que ele seja. Diante disso, temos nossas
expectativas frustradas e o contentamento vive longe de ser uma
realidade. Meu convite não é somente para você assumir as suas
falhas e tratá-las aos pés da cruz, mas também para assumir que todos
temos falhas e continuar amando mesmo diante das falhas do outro.
No mundo de faz de conta da perfeição não existem relações reais,
somente máscaras que se beijam ao fim do dia.
O mundo está repleto de atores, de pessoas que não são de
verdade, por isso, ser quem somos é tão difícil. Ser quem somos, em
um mundo onde ninguém é quem realmente é, se assemelha muito a
sermos a única pessoa em um jantar inteiro vestido de maneira
distinta. É como se todos resolvessem ir de traje de banho em um
casamento e somente você estivesse de vestido longo, por mais que a
sua escolha tenha sido a certa, o sentimento de inadequação e olhares
de julgamento apareceriam como um turbilhão.
O MEDO DO JULGAMENTO
Vivemos tão temerosos com o que vão pensar de nós, se estamos
agindo de maneira que agrade o outro, se estamos sendo bem-vistos.
Vivemos com os olhos tão fixos em sermos admirados pelos outros
que vendemos a nossa autenticidade em troca de uma falsa aceitação,
afinal, não é você que está sendo aceita, mas suas máscaras.
Se desejamos viver quem fomos criadas para viver, antes,
precisamos assumir nossas histórias, não somente as partes bonitas e
brilhantes, mas também as partes que insistimos em varrer para
debaixo do tapete, as partes que despertam no outro julgamento e
talvez nos causem dor e desconforto.
Devemos levar a Deus todas as nossas fraquezas e aflições,
somente nEle vencemos o medo do julgamento, em nenhum outro
lugar encontraremos a chave que nos liberta da prisão em que
estamos vivendo por anos. Não encontramos libertação em Jesus por
sermos merecedores, longe disso, somente nós mesmos sabemos o
quanto não somos merecedores de nada nessa terra, mas
encontramos libertação do jugo do julgamento, pois descobrimos que
não somos mais o centro da nossa vida. O apóstolo Paulo, em 2º
Coríntios 11:30, diz algo que devemos observar: “Se devo orgulhar-me,
que seja nas coisas que mostram a minha fraqueza”. Em 2º Coríntios
11:30, Paulo estava falando que se fosse para se gloriar de algo, seria
das coisas que o mundo atribui desprezo, como pelo que ele havia
passado: fome, aprisionamento, apedrejamento, coisas que aos olhos
do mundo trariam desonra, mas que em Jesus se transformavam em
motivo de alegria. Sendo assim, as nossas fraquezas e dificuldade
jamais terão o poder de estragar a nossa vida. Da mesma forma, o
julgamento dos outros sobre quem somos e como vivemos não tem o
poder de definir o nosso verdadeiro valor.
Aprendemos com Paulo, ao longo de sua história, que não
devemos buscar reconhecimento em nenhum tribunal de homens,
que não precisamos viver preocupados com o que pensam de nós.
Paulo nos mostra, com extrema clareza em 1º Cor. 4:3-4, que somente
devemos nos preocupar com o julgamento do nosso Senhor:

“Todavia, a mim mui pouco se me dá de ser julgado por vós, ou por


algum juízo humano; nem eu tampouco a mim mesmo me julgo.
Porque em nada me sinto culpado; mas nem por isso me considero
justificado, pois quem me julga é o Senhor.”

Eu creio, de todo o coração, de que essa é a chave para a nossa


libertação, compreender que a nossa identidade e singularidade não
diz respeito às outras pessoas, somente ao nosso Senhor. A identidade
de Paulo não estava de forma alguma ligada ao que as pessoas
pensavam dele ou como lhe viam, a identidade dele tampouco estava
entrelaçada ao seu ego ou com quem esperava ser. Sua identidade
estava fixada em quem Ele era em Cristo e no julgamento de Deus
sobre ele.
Assim, para que a nossa libertação aconteça, precisamos reviver
diariamente o Evangelho do nosso Senhor Jesus, nos lembrando, dia
após dia, que o julgamento do mundo não mais nos pertence e que
não nos cabe mais sentar no banco dos réus. O mundo continuará
tentando nos colocar nessa posição, a fim de nos aprisionar, mas cabe
a nós recordarmos que o preço já foi pago.
Mas por qual motivo, mesmo sabendo que fomos compradas pelo
Senhor e que nEle não existe mais condenação alguma para nós,
continuamos a nos colocar nessa posição de julgamento e nos
preocupamos com isso? Por qual motivo não vivemos como Paulo e
continuamos tentando encontrar valor em nós mesmas? Precisamos,
de uma vez por todas, compreender que a voz do mundo não é a voz
de Deus, que não devemos nada para o mundo, somente para o nosso
Senhor, e, assim, compreender que o mundo pode nos condenar,
achar que somos loucos, mas se estivermos com as mãos limpas e um
coração puro diante do nosso Senhor, não temos o que temer.
Dois versículos falam sobre isso, ambos falados por Paulo, aquele
que sabia que sua força não estava nele mesmo. O primeiro está em
1º Timóteo 1:15: “Esta é uma palavra fiel, e digna de toda a aceitação,
que Cristo Jesus veio ao mundo, para salvar os pecadores, dos quais eu
sou o principal”. Paulo deixa claro e assume seus pecados, assume que
é pecador e que era salvo por Cristo. Paulo não tentou dourar a pílula,
vestir a fantasia de santidade e esconder suas rachaduras, ao
contrário, ele reconhece a graça de Deus na sua vida.
Paulo foi um dos maiores nomes da história do cristianismo e,
mesmo assim, ele não presumia ser perfeito, não buscava aparentar
algo que não era. Então, por qual motivo nós estamos vivendo para
esconder nossas falhas e preocupados em aparentar santidade mais
do que vivê-la? Exatamente, somos convencidos pelo nosso ego!
O Apóstolo Paulo passou por coisas humilhantes em nome de
Jesus, que para os olhos do mundo seriam motivo de vergonha e
extrema fraqueza, porém, perante essas coisas, sua convicção
permaneceu firme: “Mas ele me disse: ‘Minha graça é suficiente a
você, pois o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza’”. “Portanto, eu me
gloriarei ainda mais alegremente em minhas fraquezas, para que o
poder de Cristo repouse em mim. Por isso, por amor a Cristo, regozijo-
me nas fraquezas, nos insultos, nas necessidades, nas perseguições,
nas angústias, pois, quando sou fraco, é que sou forte.” 2º Coríntios
12:9-10.
Só existe uma maneira de sermos tratados, restaurados e
fortalecidos, quando assumimos nossas fraquezas e as deixamos aos
pés de Jesus. O mundo grita para que você busque perfeição, mas
existe um sussurro que te chama à autenticidade e à verdade. Uma voz
que o mundo tenta calar, mas que não cansa de afirmar que o seu valor
não está em você, mas em Cristo que te cobriu de graça e amor.
Silencie o seu ego, o anseio por ser quem você não é e comece a
olhar mais para Jesus. Compreenda que, no momento que você
aceitou Cristo, as máscaras não te cabem mais, você é chamada para
carregar a couraça da justiça e santidade. É preciso escolher, as suas
mãos só conseguem se ocupar com uma das duas opções. A quem
você tem servido? O que você tem escolhido carregar, máscaras ou
justiça e santidade verdadeira?
Conseguir viver de maneira autêntica é proporcional ao quanto
compreendemos que nosso verdadeiro valor está em Cristo e é sobre
como Ele nos vê que devemos nos preocupar.

. O que você está escondendo?


. O que tem te levado a esconder isso?
. Qual medo te impede de trazer minhas fraquezas para a luz?
. Costumo pecar para esconder as minhas fraquezas?
. Como você deveria lidar com as fraquezas segundo a Bíblia?
5 - SOBRE O QUE DE FATO IMPORTA
Para vivermos de maneira autêntica, necessitamos silenciar as
inúmeras mensagens que recebemos diariamente, que tentam ditar
como devemos ser, pensar, agir e até mesmo adorar ao nosso Senhor.
Somos bombardeados o tempo inteiro, literalmente, por padrões que
tentam nos moldar.
Pense que você está andando pela rua, observando o céu, as
pessoas, mas o tempo todo existe alguém sussurrando em seu ouvido,
dizendo O que você deve vestir, comer, comprar, como você deve se
exercitar e amar. Esse sussurro nunca cessa, você abre uma revista e
lá está ele, liga o celular e a voz começa a falar, nas rodas de conversa,
nos comerciais, o sussurro é constante. Arrisco dizer que quanto mais
caminhamos por essa terra mais essa voz se intensifica, mais a
imposição de padrões e pensamentos aumenta. E, sem nos darmos
conta, somos anestesiados e nos acostumamos com os sussurros,
passamos, então, a não questionar mais as vozes que nos manejam de
um lado para o outro. Sem perceber estamos contaminados e
deixamos nos levar pela multidão que busca ditar como devemos ser,
ou melhor, quem devemos ser. Esquecemos do que realmente é
importante para cada um de nós e eu posso garantir que o que é
importante para mim pode ser completamente diferente do que é
para você.
Lembro-me do espanto que causei em inúmeras pessoas ao optar
em ter um casamento muito pequeno, com 30 pessoas no total.
Lembro o espanto das pessoas ao descobrirem que não noivamos e
passamos direto do namoro para o casamento, dos olhares de
reprovação ao descobrirem que planejamos o nosso casamento em
menos de 2 meses, que ele aconteceu na casa dos meus pais, que meu
vestido não foi longo, que não tivemos padrinhos. A lista é infinita e
estou falando somente sobre a cerimônia do meu casamento. Se
tivéssemos olhado para os julgamentos, para as opiniões ou para a
reprovação de ter saído do padrão, eu não teria vivido junto com o
meu esposo o que realmente fazia sentido em nossa vida. O dia do
meu casamento foi o mais especial que já vivi, eu tive o privilégio de
poder me maquiar e ver meu esposo colar os meus cílios postiços, tive
o privilégio de casar na casa daqueles que me geraram. Realizei o meu
sonho de me sentir eu mesma, de me sentir em casa, de não me
preocupar se algo desse errado, éramos todos amigos que vibravam
pela conquista de uma união na presença de Deus.
Eu poderia ter olhado para o padrão que me convidava a ter um
casamento grande, planejado com um ano de antecedência, mas eu
escolhi olhar para o que fazia sentido para mim, além disso, eu olhei
para o que realmente importava: sentir a presença do Deus vivo do
início ao fim da celebração. Meu casamento não foi o que muitos
consideram o casamento dos sonhos, mas foi exatamente o
casamento que eu sonhei. Olho para trás e um sorriso sai do meu rosto
e me alegro pelo Senhor ter nos conduzido a viver o que realmente
importava para nós.
É preciso ousadia para assumir o que realmente queremos, encarar
as opiniões contrárias e arcar com as consequências. Muitos se
magoaram por não estarem presentes na cerimônia, mas, entre ser fiel
ao que esperam de mim e ao que faz sentido para mim, eu continuo
escolhendo a minha autenticidade. Prefiro arcar com as
consequências de ser eu mesma, do que carregar por essa vida
lembranças que não fazem jus a quem eu de fato sou.
O chamado para você viver de acordo com o que faz sentido para
você, com o que realmente é importante, não é um chamado para uma
vida fácil. Ao contrário, quando você passa a silenciar as vozes que
buscam ditar quem você deve ser, o campo de batalha é demarcado e
você estará nele até o último suspiro aqui na terra.
O caminho da autenticidade não é o caminho fácil, enquanto trilha
por ele, você irá lidar com as bolhas em seus pés, com as mãos
cansadas de segurar escudos. Mesmo não sendo o caminho fácil é o
caminho que nos leva a viver uma vida recompensadora.
Você pode começar a travar essa batalha hoje mesmo, neste exato
momento. Comece a questionar. Questione as vozes que ressoam em
seus ouvidos, questione as vidas perfeitas do Instagram, as
propagandas, os corpos das revistas. Questione o estilo de vida bem-
sucedida que tentam te vender, o ideal de felicidade que o mundo diz,
o consumo desenfreado. Questione e tente descobrir o que realmente
faz sentido para você.
Nos próximos dias, ao ver uma propaganda, se pergunte se essas
imagens realmente são reais, se as pessoas que você vê no Instagram
realmente vivem de maneira plena ou somente buscam aparentar um
ideal de perfeição. Questione-se sobre o objetivo das propagandas e
da indústria em te apresentar tantas versões de como você “deveria
ser” e como “deveria viver”.
Ao identificar a influência da sociedade em nossa vida e lutar
contra ela, começamos a perceber que somente nós mesmos
podemos descobrir o que faz sentido para nós. Onde queremos
chegar? como queremos viver? Por isso, quero te convidar para refletir
sobre duas questões (li sobre elas no livro Mais Forte do que Nunca,
da Brené Brown6), e pensar sobre isso foi algo extremamente
impactante na minha vida e creio que pode ser na sua. Separe alguns
minutos para isso, esteja com o coração disposto e se arme de
sinceridade e verdade. Vamos lá:
Faça uma lista das suas metas e objetivos e ao lado uma lista das
coisas que realmente fazem você feliz. Vou começar com um exemplo
e você continua, combinado?

É provável que a sua lista de metas e objetivos pouco tenham a ver


com as coisas que realmente te fazem feliz e trazem alegria para a sua
vida. É provável que sua lista de metas esteja fortemente vinculada
com o que o mundo espera de você, com ideais de sucesso. Enquanto
a sua lista de alegrias esteja voltada para as coisas simples e leves da
vida.
Perceber que nossa lista de sonhos não está alinhada com a nossa
lista de alegrias é incrível e nos leva a compreender que na maior parte
do tempo não buscamos os nossos sonhos, mas sim compramos os
sonhos que o mundo nos dita. Esquecemos, então, do que realmente
queremos e passamos a ter em nossas mãos o mapa que nos leva a
trilhar os sonhos do mundo que, por consequência, é o oposto ao
mapa que nos leva a trilhar o caminho de alegria e plenitude.
Por muito tempo, carreguei uma enorme lista de metas e objetivos,
queria ter o apartamento perfeitamente decorado, o corpo malhado,
ser reconhecida pelo que eu faço, ter doutorado, aprender 3 idiomas,
sempre estar impecavelmente arrumada, falar e dominar assuntos
difíceis, viajar o mundo antes dos 30. Porém, percebi que a minha
alegria não combinava com a minha lista de metas, pois eu sou
plenamente feliz quando estou de pijama, sentada no chão da minha
sala (que nada se parece com as fotos da minha casa dos sonhos),
jogando jogos de tabuleiro com o meu esposo, enquanto um feixe de
sol passa por entre os prédios. Eu sou alegre enquanto me exercito por
aí, correndo pelas ruas, ora comendo beterrabas e berinjelas, ora um
pote de brigadeiro, sem me preocupar com a forma do meu corpo.
Percebi que sou feliz quando vejo vidas serem transformadas pelo
amor de Cristo, quando vejo que sou um instrumento nas mãos do
oleiro, mesmo que isso não me leve a ter sucesso e reconhecimento
financeiro. Descobri que ao caminhar nas ruas, perto da minha casa,
eu encontro alegria e beleza, não preciso girar o mundo. O que
realmente me faz feliz é viver com calma, plenamente, ler meus livros
pela manhã, passar um café, regar as plantas, me aconchegar nos
braços do meu esposo. O que me faz feliz nessa terra não é nada
parecido com o que eu tinha como metas e objetivos, mas sim com
tudo o que está relacionado com o plano simples de Deus para uma
vida plena.
Ninguém pode, ou deve, definir o que realmente é importante para
você e ninguém tem o direito de fazer isso. Você pode sonhar com um
doutorado ou com a casa cheia de filhos, pode encontrar alegria nos
estudos ou no ato de gerar vida. Não existe uma fórmula que se aplica
para todas as pessoas. O segredo de saber o que realmente importa
para nós é mantermos os olhos fixos na cruz, termos o coração
disposto a lutar contra o ego e o pecado, viver em amor e em busca de
nos relacionarmos com o criador. Mas como você trilhará esse
caminho é algo exclusivamente seu.
Devemos buscar, em primeiro lugar, o Reino de Deus e a sua
justiça, crendo que todas as outras coisas (necessárias) nos serão
acrescentadas, vá até a sua Bíblia e leia sobre essa verdade em Mateus
6:33. A maneira de viver, que agrada ao nosso Pai, é uma vida reta e
santa, que opta por caminhos de justiça e de busca da sua
singularidade, assim, a sua trajetória será diferente da das outras
pessoas (ou deveria ser). Quando nos esforçamos para viver a nossa
fé e a nossa vida igual às nossas irmãs, estamos deixando de lado a
nossa autenticidade. Deus nos criou únicos justamente para que
possamos adorá-lo de maneira única e viver a nossa expressão de fé
de forma singular.
É incrível pensar que não somos iguais, que ninguém nesse
mundo é exatamente igual ao outro. Mesmo irmãos gêmeos são
diferentes em suas características interiores e formas de ver o mundo.
Dessa forma, não faz sentido ignorarmos as nossas diferenças em
busca de padronização. Por isso, sinta-se livre para ser quem Deus te
criou para ser, descubra quem Deus te criou para ser e seja fiel a isso.
Não negocie sua fidelidade a quem você é em troca de aprovação e
pertencimento. Viver para agradar os outros é escolher o caminho que
nos leva a desagradar a nós mesmos e ao nosso criador.
Se você não viver sua originalidade e sua essência, de nada
adiantará receber olhares de aprovação, aplausos e reconhecimentos.
No final do dia, quem receberá tudo isso não será você, mas sim o seu
falso eu, aquele que sufoca sua verdadeira essência e que você opta
por vestir todas as manhãs.

OS APLAUSOS E NÓS
Do que adianta ganhar os aplausos do mundo inteiro se para isso
você deve deixar de ser quem foi criada para ser?
Aqui, arrisco uma paráfrase de Marcos 8:36 na esperança de
demonstrar para você a tamanha tolice que é vivermos em busca de
arrancar aplausos do mundo, mantendo os olhos fixos na meta de
gerar admiração e suprir as expectativas da sociedade em que vivemos
e das pessoas que nos rodeiam.
Deus não nos criou para suprir demandas sociais, mas sim para
vivermos como filhos amados, que andam por essa terra de maneira
única e singular. A vida bem vivida não é aquela que se move por
aplausos, mas sim a de quem tem consciência de quem foi criado para
ser e é fiel a isso. Se preciso for, deixe o silêncio ecoar em meio à
plateia, se preciso for aceite os olhares de reprovação, as piadas e o
sentimento de não pertencimento. Nós realmente não pertencemos a
essa terra e por isso é tão difícil nos mantermos fiéis a quem somos e
ainda assim sermos aplaudidos pela grande multidão. Não se deixe
enganar, os aplausos não são medidores de sucesso e muito menos de
autenticidade. Se você se tornar o que os outros esperam de você,
mesmo que eles estejam carregados de boas intenções, você
continuará a carregar uma mochila repleta de inseguranças, medos e
dúvidas. Você continuará a trilhar os passos dos outros e não o seu
verdadeiro caminho, no qual você pode percorrer lado a lado com o
criador.
Deus nos entregou nas mãos a Sua vontade soberana, escrita nas
páginas da Bíblia. Da mesma forma, Cristo nos enviou o Espírito Santo,
para que não trilhássemos só por esse mundo (João 14:16-17). É por
isso que ao vivermos fiéis à Palavra e sensíveis ao Espírito Santo a
aprovação dos outros passa a ser secundária em nossa vida. É na
comunhão com o nosso Deus que descobrimos quem Ele é, quem nós
somos e como devemos nos mover por essa terra. Na comunhão com
os irmãos, nós somos moldados e aperfeiçoados, mas isso não significa
que devemos andar em busca da aprovação dos nossos irmãos ou até
mesmo de possuir a mesma vida que eles.
A nossa maior referência de vida é a Palavra de Deus, ela nos liberta
e nos mostra como devemos caminhar por essa terra. Mas isso não
significa que ela dirá exatamente qual trabalho você deve ter, com
quem deve se casar, como decorar sua casa e como é o corpo ideal
para você. A Bíblia ensina como é um casamento que agrada a Deus, o
valor do trabalho, como o lar é importante para a vida cristã e que o
nosso corpo é templo do Espírito Santo e, por isso, devemos cuidar
dele. A Bíblia nos auxilia a tomar as nossas decisões, porém
conservando a singularidade de cada um de nós.
Muitas vezes, nós buscamos delegar as nossas decisões por
justamente não saber o que realmente importa para nós, acabamos,
então, por nos deixar moldar pelo padrão da sociedade, na qual
estamos inseridos, e internalizamos que esses padrões sociais também
dizem respeito aos nossos desejos.
Há algum tempo eu e meu esposo estávamos vendo uma série de
construções de casas e, em meio a casas extremamente luxuosas, o
programa acompanhou a construção de uma casa simples, mas com
uma paisagem espetacular. Quando a construção ficou pronta, o
interior da casa foi compartilhado com o expectador. Tudo era muito
simples, pequeno, cotidiano. Toda a beleza da casa estava na vista, nas
inúmeras janelas que mostravam o mar, as montanhas e os animais
que passavam perto da construção. As donas da casa, ao serem
questionadas se não estavam tristes por terem renunciado coisas
extremamente luxuosas para conseguirem comprar o terreno em que
construíram a pequena casa, a resposta foi impactante: “Eu prefiro ter
o pouco do que eu quero, do que o muito do que eu não quero.”
Ali, em um programa de construções de casas, estava uma mulher,
que sabia exatamente o que importava para ela. O fundamental para
ela era uma bela paisagem e uma casa acolhedora, pois do que
adiantaria construir uma casa maior e dentro das expectativas sociais
se na verdade não era isso que ela sonhava?
Essa resposta me fez questionar sobre as minhas próprias escolhas
e espero que te leve a questionar as suas também. Há alguns meses
que escutei essa frase, mas continuo me lembrando dessas palavras
quase que diariamente. Existe poder em sabermos quem somos, o que
realmente importa para nós e quem fomos criados para ser. Reflita se
você tem vivido para acumular muito do que você de fato não quer,
ou em busca do que realmente quer, mesmo que isso seja pouco aos
olhos dos outros.
O CORAÇÃO ENGANOSO
Ao falar sobre olharmos para o que realmente importa, não posso
deixar de mencionar o fato do nosso coração ser enganoso. Em
Jeremias 17:9, lemos que “Enganoso é o coração, mais do que todas
as coisas, e desesperadamente corrupto; quem o conhecerá?”
Diante disso, como poderemos discernir o que realmente tem
importância na nossa vida ou não? Indo até a Cruz e colocando, em
primeiro lugar, o nosso mestre Jesus. Quando colocamos Jesus no
centro da nossa vida, discernir se o nosso caminho é reto e bom se
torna um exercício diário e natural. O que definirá se o que tem
importância na nossa vida está correto ou não é o quanto você está
embaixo da vontade de Deus e andando fielmente no propósito que
Ele trilhou para a sua vida. Quando somos fiéis ao propósito e
buscamos viver em santidade, conseguimos exercer com
autenticidade a liberdade que Deus nos concedeu.
Mesmo quando nos colocamos totalmente embaixo da vontade de
Deus, somos livres para decidir inúmeras coisas na nossa vida. Deus,
como um pai bondoso, nos deu autonomia em diversas áreas para
que, com base em sua palavra, pudéssemos decidir o que realmente
queremos. Ele já nos ensinou o caminho que devemos seguir através
da Palavra que é lâmpada para os nossos pés e clareia a nossa jornada
(Salmo 119:105).
Um exemplo muito claro desse aspecto é o casamento, Deus nos
deu liberdade para escolher com quem passaremos os nossos dias
aqui na terra. Além da liberdade, ele nos deixou diversas orientações
e ensinamentos de como fazer essa escolha de maneira a honrar o
nome dEle. Muitas pessoas se encaixarão nesses preceitos e entre
todas elas temos a liberdade para escolher com quem nós queremos
viver o resto dos nossos dias.
Deus também ensinou sobre a importância de ter um lar firmado
na rocha, mas você é livre para escolher se quer morar em um chalé
ou em um apartamento. Se quer paredes coloridas ou brancas. Essa
liberdade nos permite escolher, dentro dos padrões do Pai, o que
realmente faz sentido na nossa vida. O problema está em que muitas
vezes vendemos para o mundo a liberdade que recebemos do nosso
Senhor, entregamos, em troca de pertencimento, nossa autonomia
em escolher como viveremos nossos dias. Por isso, hoje, se sinta livre
para andar ao lado do Pai, conhecer a vontade dele e começar a fazer
escolhas, dizendo não para o que não lhe convém, mas usufruindo
alegremente da autonomia que você recebeu do seu Senhor. Se você
ainda não vive dessa forma, é provável que esteja confusa e não saiba
por onde começar. Meu conselho, de quem por muito tempo viveu
para agradar os outros, é: olhe primeiro para a cruz, antes de olhar
para você mesma.
Imagine que você está em frente a um espelho, sua imagem está
refletida nele, mas em cima desse espelho você colou uma cruz. É
assim que devemos fazer as escolhas da nossa vida, olhando
primeiramente para a cruz de Jesus, lembrando que somos filhas
amadas, meditando na Palavra e, depois disso, descobrindo, por nós
mesmas, que caminho trilhar. Para que a sua caminhada rumo a uma
vida de autenticidade seja mais leve e você consiga dia após dia
descobrir quem você é em Cristo, você precisa começar tirando da sua
mochila todas aquelas coisas que você está carregando e que não
fazem sentido para você, pois, enquanto carregar “tralhas”, não
sobrará espaço para o que realmente importa.
Eu garanto para você, uma vida plena não é aquela que tem muito
do que não precisa, mas a que tem exatamente o que precisa. O que
você precisa tirar da sua mochila hoje? Não evite esse processo, pode
ser doloroso e desafiador, mas você abrirá espaço para o novo, para o
que realmente importa.
Nossa jornada ainda não terminou, mas já passamos da metade.
Até agora falamos do que precisamos abandonar pelo caminho, do
que precisamos evitar e vencer. Mas no próximo capítulo trilharemos
juntas uma jornada rumo a nossa verdadeira identidade de filhas
amadas. Isso significa que olharemos para nós mesmas através da cruz
de Cristo, por isso não desanime, talvez pareça impossível viver de
acordo com o que realmente importa, mas depois de assumir a sua
verdadeira identidade de filha amada, você perceberá que existe uma
luz que te guia em meio a toda essa escuridão. Vamos juntas?
6 - A VERDADEIRA IDENTIDADE
Gostaria de iniciar esse capítulo te convidando para um exercício:
ao longo dos próximos dias, ao se despertar e olhar no espelho, repita:
viver como uma filha amada de Deus é tudo o que eu preciso fazer hoje,
eu sou uma filha amada.
Essas pequenas palavras podem mudar todo o curso do seu dia,
não por serem mágicas, longe disso, mas por nos recordar do que
realmente importa e no que devemos estar atentos e fixados
enquanto as horas do nosso dia correm. Por isso, cole essa frase no
seu espelho, como um lembrete e se comprometa a repeti-la
diariamente.
Nós, normalmente, nos olhamos no espelho de maneira errada,
não somente de modo literal, nos olhamos com os olhos do mundo,
procuramos nossos defeitos, espinhas, marcas do tempo, nos olhamos
com as lentes da insuficiência. Assim, dia após dia, nos olhamos e tudo
o que vemos é doloroso. Erramos ao esquecer que, após sermos
cobertos do amor de Deus, entre nós e o espelho está a cruz de Cristo,
em frente a nossa imagem refletida existe uma cruz enorme que revela
exatamente quem somos. A cruz reflete nossa identidade de filhas
amadas e nos lembra que não são os nossos defeitos que nos definem,
mas a cruz de Cristo Jesus.
Vamos fazer um combinado? Na próxima vez que se olhar no
espelho, não esqueça de antes olhar fixamente para a cruz que está
entre você e seu reflexo. Lute contra o impulso de substituir a cruz por
palavras depreciativas, por julgamentos e murmuração. Não substitua
a cruz libertadora de Cristo pelos padrões do mundo. Ao olhar-se,
reafirme a sua identidade de filha amada de Deus.
Em João 13:23, a realidade de ser definido radicalmente em Cristo
é expressa na vida de João. Ao escrever sobre ele mesmo, se intitulou
o discípulo que Jesus amava. Se alguém perguntasse para João qual
era a sua identidade, ele não se definiria como um homem, apóstolo
ou até mesmo discípulo, mas se referiria claramente como: aquele que
Jesus ama. Sua identidade não estava mais nele mesmo e na sua força
pessoal, mas sim no Mestre que o amava.
Diante da certeza de quem era, João sentia-se livre para repousar
no colo do Mestre. João, ao longo do seu livro, se identifica sempre
como alguém amado por Deus, não usando o seu nome de
nascimento, mas sim a identidade que recebeu em Cristo Jesus:

“Vede quão grande amor nos tem concedido o Pai, que fôssemos
chamados filhos de Deus. Por isso o mundo não nos conhece; porque
não o conhece a ele. Amados, agora somos filhos de Deus” (1º João
3:1,2).

No auge do discernimento de sua identidade, João escreveu esse


versículo. As palavras representam espanto e admiração, diante da
nossa filiação em Deus7, que ocorre através do amor e privilégio
destinado aos cristãos, ao serem chamados filhos de Deus, não
somente por nome, mas por realidade, que expressa o amor de Deus
por nós.
João, em outro momento, também afirma que todos os que creram
em Deus e o aceitaram receberam o direito de se tornarem filhos de
Deus (João 1:12), dessa forma, ao aceitarmos Cristo como nosso único
salvador, passamos a fazer parte da família dEle, nos tornando filhos
de Deus. Saber que o Deus, criador de todas as coisas, é o nosso Pai é
fundamental para conhecermos nossa verdadeira identidade e, assim,
vivermos de maneira autêntica.
Para compreender ainda mais nossa identidade em Deus,
precisamos conhecer a sua revelação manifestada em Cristo Jesus.
Assim, como João descobriu sua verdadeira identidade ao conhecer
Cristo, nós descobrimos a nossa. Indo além disso, da mesma forma que
ao conhecer Cristo, João soube que ele era o discípulo amado, nós
desenvolvemos a convicção de sermos filhas amadas do nosso Pai.
João conhecia Jesus pela sua própria experiência, não o conhecia
somente de ouvir falar, mas de andar ao lado de Jesus, ver seus gestos,
escutar suas palavras. O mesmo acontece conosco, enquanto tivermos
uma imagem turva e abstrata de Deus, dificilmente conseguiremos ter
uma imagem clara da nossa identidade nEle.
Quer descobrir quem você é? Primeiro, dedique-se a descobrir
quem Deus é, busque conhecer os passos de Jesus nessa terra,
relatados na Bíblia, viva em oração. Aos pés da cruz e nos braços de
Jesus nossa verdadeira identidade é revelada.
João conhecia Jesus pela sua própria experiência e por isso podia
afirmar ser amado por ele e repousar em seu peito. Se você conhecer
Jesus por você mesma, poderá fazer o mesmo, ou melhor, será
inevitável não fazer o mesmo. Conhecer profundamente a Jesus nos
leva a conhecer profundamente quem nós somos, pois quando
compreendemos nossa verdadeira identidade em Cristo Jesus,
paramos de nos definir com base em outras coisas e finalmente
compreendemos que tudo o que realmente importa é sermos filhos
amados de Deus. Porém, enquanto não vivemos segundo essa
verdade, somos mantidos presos nos estereótipos que carregamos,
nos prendemos a julgamentos, comparações, não vivemos de maneira
autêntica, pois acreditamos que nossas atitudes irão definir nossa
identidade. Mas, lembre-se, ao nos reconhecermos como filhas
amadas de Deus tudo isso muda.
Você pode amar a Deus, servir ao reino, buscar viver em santidade,
mas, mesmo assim, não se deleitar na realidade de viver como uma
filha amada de Deus. Eu vivi dessa maneira por muitos anos, conheci
o meu Senhor aos 11 anos e o amava de todo o coração, mas não
compreendia quem eu era nEle, não compreendia que eu era uma filha
amada de Deus e todo o meu valor estava nisso. Dessa forma, mesmo
amando ao meu Senhor, vivia em busca de aprovação, usava máscaras
para encobrir o meu verdadeiro eu, me preocupava constantemente
com a opinião dos outros e não vivia de maneira autêntica.
Eu já estava no seminário quando compreendi minha identidade
em Cristo, já havia andado mais de 10 anos na estrada da fé. Mas em
uma tarde, em meu quarto, em extrema solidão, com um livro em
minhas mãos, compreendi quem eu era. Não lembro o título do livro,
lembro apenas que ele era do Brennan Manning e no início do livro
existia um convite, o autor chamava o leitor a cada virada de página
falar: “eu sou um filho amado de Deus.” E foi isso que eu fiz, na época,
havia terminado um relacionamento abusivo, em que grande parte
das pessoas que eu conhecia se colocaram ao lado dele, estava
morando longe dos meus pais, minha melhor amiga havia ido para a
Índia. Eu estava só, mas repetia no auge da minha solidão: “eu sou uma
filha amada de Deus”.
Enquanto escrevo sobre isso, meu corpo vibra, eu sou arremessada
para aquela tarde. Jamais esquecerei a sensação da densidão da
presença de Deus ocupando todos os espaços do meu quarto, naquele
momento, 10 anos depois de conhecer a Cristo, eu conheci finalmente
quem eu era em Cristo e tudo mudou. Depois daquele dia, eu deixei
de ser somente uma filha amada, eu passei a crer que eu era uma filha
amada, além disso, eu comecei a viver como uma filha amada. Você
pode passar por essa terra somente amando a Deus e o servindo,
encontrar salvação sem nunca ter tido a noção do que representa ser
uma filha amada de Deus, você pode, mas estará perdendo um dos
maiores presentes que poderia desfrutar enquanto caminha por esse
mundo.
Viver como um filho amado de Deus é libertador, nos leva a viver
de maneira independente das opiniões controladoras e dos padrões
sociais. Ao descobrirmos que somos filhas amadas de Deus,
conseguimos usufruir da paz que o nosso Senhor nos deixou: “Deixo a
paz a vocês; a minha paz dou a vocês. Não a dou como o mundo a dá”
(João 14:27).
Essa paz prometida somente é experimentada quando vivemos o
nosso relacionamento com o divino de maneira correta. A paz
somente ocorre quando cremos que podemos descansar no nosso
Senhor, nossa autoaceitação somente acontece quando confiamos
intensamente que somos aceitos pelo nosso Deus.
A continuação de João 14:27 nos chama a viver sem medo, nos
ensina que a paz que recebemos do nosso Deus é diferente da paz que
o mundo dá. Somente atendemos o chamado de vivermos sem medo
ao compreendermos que a paz do nosso Deus está firmada em seu
amor e graça. Um amor tão profundo que nos chama de Filhos
amados, um amor tão profundo que nos promete paz em um mundo
de guerras.
Não sei onde, quando ou como escutei esta história, não sei se ela
é verdadeira ou falaciosa, mas sei que foi uma das ilustrações que mais
tocou o meu coração nos últimos tempos: depois de uma grande
tempestade de pedras, um homem foi para o seu quintal ver como
estavam suas galinhas, ele encontrou uma delas morta, mas embaixo
de suas asas estavam todos os seus filhotinhos vivos. Assim é o amor
de Deus por nós, um amor tão profundo, que anseia nos juntarmos
embaixo de suas asas como uma galinha faz com seus pintinhos.
O nosso Deus nos ama com um amor tão avassalador, que morreu
em favor de nós, nos ama de maneira tão profunda que almeja nos
esconder embaixo de suas asas enquanto as pedras caem sobre ele e
os pregos cravam as suas mãos. O amor de Deus é incontável e
incomparável e você é filha dele.
Para mim, uma das histórias mais lindas da Palavra é a do filho
pródigo, muitas vezes nos contam essa história dando ênfase para o
filho arrependido ou o irmão aborrecido. Mas a ênfase correta não é
essa, a história nos ensina sobre o nosso Deus amoroso que nos espera
de braços abertos, que prepara um banquete para nós. Assim como na
história onde o filho pode escolher permanecer com o pai ou se
distanciar dele, nosso Pai concedeu-nos a mesma liberdade. Ele está
com os braços abertos para nos acolher em suas asas, mas espera o
momento em que daremos os passos para nos aconchegarmos
embaixo de suas penas.
O Seu Pai está de braços abertos, Ele lamenta amargamente
quando você vira as costas para Ele, pede sua herança e resolve andar
sozinho pelo mundo. O seu pai lamenta quando você troca a sua
identidade nEle por um cocho de comidas de porcos enquanto poderia
te preparar um banquete. Quando buscamos um veredito no mundo
para definir quem nós somos, onde está o nosso valor, estamos
escolhendo a comida de porcos. Quando buscamos nos afirmar em
situações e pessoas, quando buscamos autoafirmação e nos
colocamos sob o julgamento do tribunal do mundo, estamos
escolhendo comer do cocho.
Paulo nos ensina o que é comer do banquete do pai de amor ao
afirmar que ele não se preocupa em ser julgado pelo tribunal humano,
mostrando que nem ele julga a ele mesmo e que tudo o que realmente
tem valor na sua vida é o julgamento do Senhor. Segundo Timothy
Keller, a declaração de Paulo em 1º Coríntios 4:3-4 é a declaração de
quem compreendeu que tudo o que necessita está em Deus. Paulo
vive com a certeza de que o seu julgamento já está encerrado, não se
sente preso ao tribunal do mundo, não se move por medo dos
julgamentos. O seu veredito já foi dado em Cristo Jesus.
Enquanto nos mantivermos presos à opinião do mundo,
preocupados com a nossa aparência, querendo impressionar o júri
terreno, não encontraremos a liberdade que somente recebemos
quando compreendemos que somos filhas amadas de Deus. Da
mesma forma que Paulo fez, poderemos viver além do que os outros
pensam de nós, se é muito ou pouco, se nos valorizam ou não, se
impressionamos a plateia ou se recebemos vaias, conseguiremos viver
a realidade de não carregar mais nenhuma condenação, pois
compreenderemos que somos livres em Cristo Jesus.
Durante toda a Bíblia vemos que para o Fariseu a ênfase de tudo
está no esforço pessoal, no que ele pode fazer e realizar, o quanto ele
obedecerá a lei. Porém, o evangelho de Jesus nos revela a graça de
sermos chamados filhos, nos revela que recebemos o amor de Deus,
independente dos nossos esforços em aparentar bondade. Enquanto
o fariseu leva uma vida preocupando-se com regras e normas, os filhos
de Deus compreendem que podem se deleitar nos braços do seu Pai.
Enquanto o fariseu escolhe andar sozinho e comer a comida dos
porcos, os filhos, embaixo das asas de amor, usufruem do banquete
que os ensina a caminhar por essa terra em santidade e amor. Ser um
filho amado de Deus é compreender que nada do que façamos mudará
o amor de Deus por nós.
Diante desse amor tão avassalador do nosso Pai, é impossível não
seguir a estrada da santidade. Sabemos que somos amadas pelo nosso
Pai e, diante disso, podemos ser nós mesmas, tirar nossas máscaras,
compreender finalmente quem somos e viver como quem fomos
criadas para viver.
Deus nos ama como nós realmente somos, mesmo quando nós
mesmas não conseguimos nos amar. O amor de Deus por nós é
imensurável e imerecido. Enquanto o mundo e a religião dizem que,
para sermos amadas, precisamos nos esforçar, mudar nossas roupas,
seguir normas e regras, nosso Deus diz: eu te amo como você é, venha
até mim. E após nos prostrarmos aos pés da cruz, seremos limpas e
restauradas.
Muitas vezes, nos machucamos interiormente por pensarmos que
para sermos amados por Deus precisamos nos esforçar ao extremo,
esquecendo que a graça de Deus não transborda na nossa vida pelo
nosso esforço, mas sim pelo amor generoso do nosso Pai. Em Mateus
7:11, a Palavra nos ensina que se nossos pais terrenos sabem nos dar
coisas boas, quem dirá o nosso Pai que está no céu? Inevitavelmente,
estendo esse pensamento: se um pai ama o seu filho que está no berço
e nada pode lhe dar, quem dirá o nosso Pai que está no céu e é o
criador do amor?
Ao compreender que o amor que merecemos de Deus não
depende dos nossos esforços e somente da graça, também
compreendemos que somos chamados para nos esforçarmos na graça
para nos tornarmos agradáveis aos olhos do nosso Pai. Para o mundo,
nos esforçamos, inutilmente, para sermos aceitas; mas como Filhas
amadas de Deus, nos esforçamos, por amor e gratidão, por sermos
uma oferta agradável para Deus. Para o mundo, nos moldamos para
agradar e receber amor; em Deus nos moldamos para viver em
santidade por compreender que somos Filhas que receberam a graça
do Pai.
A compreensão de que somos filhas amadas de Deus nos ensina
que nosso Pai nos ama muito para permitir que permaneçamos como
somos e assim encontramos forças para entregar todas as nossas
fragilidades, vícios, pecados e erros aos pés dEle, na certeza de que
seremos conduzidas por caminhos melhores.
Thomas Merton tem uma frase que explica exatamente como
devemos entregar tudo o que somos para o Pai: "Entregue sua pobreza
ao Senhor e reconheça diante dele sua nulidade. Quer você entenda,
quer não, Deus o ama, está presente em você, vive em você, habita
em você, chama-o, salva-o e oferece-lhe uma compreensão e uma
compaixão diferentes de tudo o que você jamais encontrou em algum
livro ou ouviu em algum sermão."8
Ao compreender essa realidade, descobrimos que a base do nosso
valor não está em nossas posses, diplomas na parede (que juntam pó),
nem mesmo em nosso casamento ou filhos. Nosso valor não está em
uma casa de cerca branca ou em um corpo escultural, tampouco nos
aplausos que o mundo pode nos dar ou reconhecimentos externos.
Nosso completo e pleno valor está em sermos filhos amados de Deus.
Ao escutarmos “Você é meu filho e eu lhe amo” do nosso Deus e
compreendermos verdadeiramente essa realidade, desistimos de
buscar o nosso valor em outras coisas. Assim, podemos escolher pelos
motivos corretos o que nos levará a fazer cada escolha, passando a
viver a vida em busca de santidade e fazendo escolhas que
correspondem à nossa personalidade e não mais por medo de
julgamento ou com base nos aplausos do mundo.
É por isso que viver como uma filha amada de Deus é uma
revolução, vivemos em um mundo de abandono, onde relações são
descartáveis e, no primeiro sinal de dificuldade, os laços são rompidos,
porém, no nosso Pai, vivemos como alguém que é amado,
constantemente, por um amor que flui do coração do Senhor
diretamente para o nosso. Em um mundo onde todos correm sozinhos,
saber que temos uma mão bondosa de um Pai generoso que nos
conduz é uma revolução, não mais teremos motivos para temer. Viver
como uma filha aceita e moldada por Deus, em um mundo onde
somente o padrão é perfeito e valorizado, é libertador.
Espero que você já tenha compreendido a importância de viver
como uma filha amada e creio que essa perspectiva já tenha criado
raízes em seu coração ao longo da leitura deste livro. Porém, talvez
você ainda não consiga se ver assim, não se sinta digna ou no direito
de viver como uma filha do Deus altíssimo, mas lembre-se que isso não
é algo que acontece por mérito seu, mas sim através de Jesus.

Mas a todos quantos o receberam deu-lhes o poder de serem feitos


filhos de Deus: aos que creem no seu nome. (João 1:12)

Ao lermos “todos quantos o receberam”, podemos nos alegrar,


pois estamos incluídos nisso. Quando João proferiu essas palavras, os
judeus se julgavam os únicos dignos diante de Deus. Porém, Batista
declara que, por meio da fé no nome de Deus, todos nós nos tornamos
filhos, tanto judeus quanto gentios. Quando cremos, nos tornamos
filhos do Abba.

O ABA E NÓS
Quando esteve nesta terra, Jesus recebeu um nome para chamar
o seu Pai celestial, as escrituras nos revelam que constantemente
Jesus se referiu ao Pai através da palavra “Aba”, uma minúscula
palavra constantemente usada por crianças judias para se referirem
aos seus pais. Uma expressão que demonstra intimidade e extrema
simplicidade. Nos tempos em que Jesus andou por esta terra se referir
dessa forma ao Pai era considerado loucura, porém, para Jesus era um
privilégio.
Mas a mais bela parte da história é que esse privilégio não ficou
guardado ou destinado somente a Jesus, ele se estende para mim e
para você. Por isso, hoje podemos nos alegrar e chamar o nosso
Senhor de “Aba”, que pode ser traduzido como “papai”, “paizinho”.
Sim, você recebeu o privilégio de chamar Deus de paizinho.
Meu convite para você é que coloque de lado tudo aquilo que vem
definindo quem você é, frustre as expectativas sociais, deixe os seus
planos de lado, esqueça os aplausos e elogios. Retire suas máscaras e
se coloque tal e como é aos pés do seu Aba. Assim como uma criança
se dirige de braços abertos ao seu pai, em passos tortos e
cambaleantes, como uma criança se apresenta em pura sinceridade e
ingenuidade, chegue ao colo do nosso Deus.
Quando tiramos todas as nossas máscaras e vivemos quem
realmente somos, nos parecemos com crianças que cantam, rodopiam
e dançam sem medo dos julgamentos. Assim, descobrimos que não
dançamos sozinhos, nessa jornada que é a vida, temos um Pai
Amoroso disposto a dançar ao nosso lado, nos rodando pelos ares e
jogando ao céu.
Não dance mais ao som do mundo, jogue fora as máscaras, não se
preocupe com o ritmo ou em parecer perfeita. Dance como uma filha
amada de Deus, que pode flutuar no amor de Deus, que é Pai, Filho e
Espírito, no amor que um dia te encontrou, salvou e resgatou.
Existem pessoas que são salvas, mas que não vivem como filhas
amadas de Deus. Amam a Deus, mas desperdiçam a oportunidade de
dançar ao lado do Mestre. Escolhem viver com os pés firmes no chão
e não permitem que o Pai as jogue pelos ares. Amam, mas não reúnem
a coragem necessária para viver com autenticidade e, por isso, vestem
máscaras ao invés de viverem os riscos de uma vida autêntica. Vivem,
mas sem usufruir do privilégio que lhes foi dado de caminhar por essa
terra como um filho amado de Deus.
Ao escolhermos o caminho da autenticidade, receberemos vaias e
julgamentos, muitos buscam nos colocar de volta na estrada da
padronização, tentam nos convencer que devemos viver para agradar
a sociedade e seguir o fluxo constante. Porém, em nosso peito
carregaremos a certeza de que viver negando a nossa autenticidade é
mediocridade e filhos amados de Deus sabem que não foram criados
para serem medíocres.
Viver como um filho amado transforma tudo ao nosso redor, desde
o primeiro olhar no espelho até a maneira em que servimos. Viver
como um filho amado de Deus é revolucionário!
. Você honestamente cre que Deus ama você? Não somente por ter
aprendido isso, mas por carregar a convicção de ser amada pelo pai?
. Você crê que viver como uma filha amada de Deus nos leva a viver de
maneira autentica?
7 - VIVENDO COMO FILHA AMADA
Em minha longa jornada em busca de uma vida autêntica,
compreendi que somente viveria minha verdadeira essência se
firmasse minhas raízes em quem eu verdadeiramente sou: uma filha
amada de Deus.
Nos acostumamos a escutar em pregações que nossa vida muda
por completo quando aceitamos Cristo como nosso único Senhor e
Salvador, eu realmente creio nisso. Reconhecer a nossa pequenez e
admitir a soberania de Deus, ter os nossos pecados lavados pelo
sangue do cordeiro é um presente, uma graça imerecida. Contudo,
muitas vezes, nos maravilhamos tanto com essa graça (ela realmente
é digna de admiração) que nos esquecemos das implicações que a
nossa filiação em Deus significa para a nossa vida. Sabemos de ouvir
falar, repetimos um punhado de vezes e nos apegamos a certeza de
que somos filhas amadas de Deus, porém, não internalizamos essa
verdade de forma plena. Dia após dia, desperdiçamos a oportunidade
de caminhar nessa terra com os pés firmes e retos de quem vive a sua
verdadeira identidade.
Eu creio que um dos passos mais importantes na nossa vida cristã
é internalizar a nossa filiação em Deus. Quando compreendemos, por
completo, que somos Filhos amados de Deus, não resta pedra sobre
pedra. Eu tenho plena convicção que esse é o momento que calamos
as vozes do mundo. Como Jó, que antes somente conhecia a Deus de
ouvir falar, mas depois de passar por dificuldades e aflições percebeu
que enfim conheceu Deus com profundidade (Jó 42:5).
Quando não somente repetimos que somos filhos amados de
Deus, mas cremos nessa realidade com todas as nossas forças, as
roupas velhas deixam de nos servir, nos libertamos da escravidão da
nossa própria imagem, as dietas da moda não nos convencem, a nossa
profissão, vida amorosa ou trabalho deixam de ser o que nos define.
Passamos, enfim, a nos definirmos radicalmente como filhas amadas
de Deus.
Ao compreendermos que o Deus criador do universo nos ama
como filhos, deixamos de temer não mais servir os padrões do mundo
e, assim, encontramos liberdade no nosso Senhor para ser quem
realmente somos. Essa liberdade não nos conduz por um caminho de
pecado, ao contrário, nos revela diariamente o profundo amor do Pai
que nos mantêm em pé diante das tentações e nos constrange à busca
de perdão quando nossas mãos fraquejam e se movem contra o
Senhor.
Ao compreendermos o amor de Deus por nós, que nos chama de
Filhos, também descobrimos que podemos aprender sobre a vida com
ele. Jesus já esteve nessa terra, quando nos achegamos perto dele,
lemos a seu respeito, nos reclinamos no seu peito da mesma maneira
que o discípulo amado fez (João 13:25), aprendemos com o Mestre
como Filhos amados devem e podem caminhar por essa terra. Assim,
repousada no peito de Jesus, você descobrirá quem foi criada para ser
e encontrará força para viver de tal forma.
Enquanto Jesus viveu nessa terra entre nós, ele nos revelou a
verdadeira intenção de Deus para a nossa vida. Durante toda a
caminhada de Jesus, podemos presenciá-lo andando ao lado de
pessoas que eram exatamente como eu e você. Jesus não somente
andava com as pessoas, mas as escutava, curava, escancarava a
verdadeira identidade delas e demonstrava uma incessante
compaixão. Essa mão estendida, ouvidos atentos e amor são os
mesmos que continuam sendo oferecidos para nós hoje. Para mim e
para você, o mesmo amor derramado em todas as histórias que lemos
sobre Jesus continua sendo derramado hoje em nossas vidas. Neste
exato momento, em cada suspiro seu, o amor de Deus é derramado
na sua vida e corre por suas veias.
Esse amor que, incessantemente pulsa em seu peito, é o amor que
te define. O Espírito Santo que habita em você é quem testifica a sua
verdadeira identidade de filho de Deus, em Romanos 8:16 essa
realidade é proclamada. Esse amor derramado na sua vida é a voz de
Deus te chamando para sair do esconderijo, derrubar suas máscaras
ao chão, limpar todas as camadas que você colocou ao longo dos anos
sobre os seus ombros na tentativa de aparentar ser algo que você não
é.
Esse amor te chama a dar um passo em direção a uma vida curada
e restaurada. Enquanto permanecer escondida, vivendo uma vida que
não é sua, você não encontrará cura. Para sermos curados, antes,
precisamos irmos até a luz, pois na escuridão podemos
enganosamente pensarmos que nossos erros e falhas estão seguros,
mas é na luz que encontramos plena restauração.
Assim como curou a mulher do fluxo de sangue, como curou o
paralítico e deu vista ao cego e como restituiu a identidade da mulher
adúltera, Jesus quer curar a nossa identidade, quer restaurar quem
somos para que, assim, possamos viver plenamente na presença dEle.
Para mim, o relato bíblico que melhor ilustra o fato de que, para
sermos restaurados por Deus, primeiramente, precisamos sair do
esconderijo está em Gênesis 3:9. Adão e Eva haviam pecado, estavam
conscientes de seus erros, perceberam que estavam nus,
envergonhados. Diante disso, se esconderam, não sei exatamente
onde encontraram um esconderijo no jardim, ou até mesmo como
foram tão ingênuos de não perceberem que Deus claramente saberia
onde estavam, mas o que eu sei é que, ao “chegar” no jardim, Deus
chama por Adão e pergunta onde ele está. Adão revela o motivo de
ter se escondido, revela suas falhas, seus pecados. Deus age da
maneira que a sua justiça o leva a agir, mas no verso 21 do mesmo
capítulo o amor avassalador de Deus, mais uma vez, é demonstrado “E
Deus fez roupas de peles para Adão e sua mulher, e os vestiu.”
Deus, mesmo após o descumprimento da sua ordem, fez roupas e
os vestiu, como um pai amoroso que mesmo depois da falha não
abandona. O Deus que nos chama a sair do esconderijo é o mesmo que
corrige as nossas falhas, nos orienta e nos veste, mesmo sem que
tenhamos merecimento algum, esse é o nosso Pai. Esse é o motivo
pelo qual sair do esconderijo nos leva a conhecer a nossa verdadeira
identidade e a vivermos a plenitude de sermos quem somos. Tendo a
certeza de que mesmo que o mundo nos julgue, condene e
menospreze, temos um Pai que no final do dia costura roupas para nós
e nos veste.
Sair do esconderijo e viver a sua verdadeira identidade impactará
as mais diversas áreas da sua vida, talvez até hoje você ainda não
conseguiu celebrar o que tem de único, viver os dons e talentos de
Deus para você. Talvez até hoje você viva lutando contra o seu corpo
e tenha deixado a voz do mundo definir quem você é. Porém, ao sair
do esconderijo, nos despirmos das máscaras, vestirmos as roupas que
o nosso Pai costurou para nós, somos capacitados e nos definimos,
radicalmente, como filhos amados de Deus.
CELEBRANDO O QUE TEM DE ÚNICO
Ao compreendermos que somos filhos amados, também
aprendemos a celebrar o que temos de único na nossa vida,
desenvolvemos diariamente olhos amorosos para nossa história,
jornada e peculiaridades, e, consequentemente, estendemos esses
olhares de amor para todos os que nos rodeiam.
Creio que nesse momento do livro você já compreendeu que
reconhecer que somos filhas amadas de Deus nos liberta do cativeiro
dos padrões sociais. Assim, encontramos liberdade para sermos quem
somos e apreciar a nossa jornada. Porém, talvez ainda não tenha
compreendido que, enquanto o mundo faz piada das nossas
peculiaridades, julga a nossa história e vê as nossas diferenças como
fraqueza e insuficiência, o Senhor derrama graça sobre todas essas
diferenças, sorri e nos chama a dançar ao lado dele em celebração ao
que temos de único.
Uma filha amada pode celebrar o que tem de único, sua
singularidade, pois encontrou no colo do Abba o acolhimento
necessário para não mais temer os julgamentos externos. Como uma
filha amada, você pode declarar “eu sou única”, compreendendo,
então, que foi chamada para viver uma representação singular do
amor de Jesus. Você é uma filha e por isso pode tirar dos seus ombros
o jugo escravizador que diz que você deve ser igual aos demais, seguir
o mesmo padrão, falar da mesma forma. Você não precisa se vestir
como as outras pessoas, pensar ou até mesmo louvar como os demais.
Todas nós temos características únicas, não estou falando de atributos
físicos, mas interiores. Nunca pensaremos igual sobre todas as coisas,
agiremos da mesma forma ou até mesmo sentiremos da mesma
maneira. Diante de um universo interno tão amplo, como podemos
tentar viver de modo igual? A única forma de vivermos igual aos
demais, emitindo os mesmos pensamentos e falando da mesma
maneira, é se negarmos nossas peculiaridades e, consequentemente,
afogarmos nossa autenticidade.
Algo importante que precisamos saber é que ninguém será capaz
de aceitar as próprias peculiaridades se não tiver se libertado dos
padrões e expectativas externas. E para isso você necessitará de
coragem para ser vulnerável, aguardando que os demais sejam
capazes de conviver com as diferenças. Eu carrego constantemente
dois pensamentos: preciso ser fiel a Deus e a mim. Ser fiel a Deus me
leva a trilhar caminhos de amor, justiça e santidade,
consequentemente, me levando a respeitar o meu próximo. Mas ser
fiel a mim, me possibilita caminhar com firmeza, me leva a respeitar
quem eu realmente sou, minhas características, e viver de maneira
autêntica. Ser fiel a mim, cultivando a minha fidelidade ao Senhor, é o
que me faz estar sentada na minha cama escrevendo este livro. Sem
fidelidade à minha autenticidade, eu teria sucumbido aos risos sobre
minhas frases tortas. Sem fidelidade às palavras que sempre pairaram
na minha mente, eu teria me envergonhado das rimas tortas e das
ideias loucas.
Enquanto me mantinha fiel a mim, me mantinha fiel a quem o
Senhor me criou para ser. Quando anulamos nossa essência e nossas
características únicas, sem perceber, anulamos o sopro de
autenticidade que o Senhor nos concedeu. Eu arrisco dizer, talvez
correndo o risco de fracassar, mas é exatamente o que você tem de
único que será usado por Deus, serão as suas peculiaridades que te
levarão a viver com propósito e perseverança. Jesus chamou
pescadores de peixes para pescarem homens. Paulo teve sua paixão
fervorosa contra os cristãos transformada em paixão fervorosa pela
mensagem da cruz. Davi um homem pequeno foi perspicaz o bastante
para matar um gigante.
Se Paulo não fosse fiel a sua intensidade e paixão, é provável que
teria conhecido Cristo e se firmado em Jerusalém. Se Davi tivesse se
envergonhado de sua estatura, não teria tido a ousadia de enfrentar o
gigante. Trata-se apenas de suposições minhas, mas eu creio do fundo
do meu coração que são nas nossas características mais únicas que o
nosso Senhor age e nos usa. Isso faz com que vivermos como filhas
amadas de Deus nos leve a celebrar o que temos de único, exatamente
nossas peculiaridades, sabendo que todas elas podem ser usadas para
a honra e glória do nosso Pai. Não tenha medo, nem vergonha de
assumir o que você tem de único.
Enquanto você esconder a sua singularidade, estará colocando
pedras no caminho. Hoje mesmo você pode voltar, recolher todas as
pedras que já colocou pelo caminho, respirar fundo, confiar no Senhor
e matar o gigante do desejo de aceitação, que vem matando a
autenticidade de infinitas gerações. Recolha as pedras e celebre,
celebre quem você é, celebre o que você tem de única. Você é uma
filha amada e isso te possibilita viver com liberdade, sendo fiel a você
mesma e ao Senhor. Celebre, você é única!

. O que tenho de único na minha vida?


. O que me faz única?
. Como Deus pode me suar?
. Tenho sido fiel a mim mesma e a Deus?
ESCUTANDO SUAS IDEIAS
Uma das coisas mais poderosas que aprendi na minha jornada da
autenticidade é escutar minhas ideias. Nós aprendemos, desde muito
novas, a silenciar os nossos pensamentos e ideias, nas aulas
aprendemos em silêncio, descobrimos que “em boca fechada não
entra mosca”. Nós somos ensinados de que quanto mais seguro for o
caminho que trilharmos, menos chances de cair teremos e, assim,
somos silenciadas.
Muitas pessoas, ainda hoje, falam que mulheres precisam escutar
mais os seus maridos do que falar. Que nossos saberes são fúteis e
normalmente falamos de coisas superficiais e imprestáveis. Somos
ensinadas que nosso físico é atraente para os homens, não o que
falamos ou pensamos. Indo mais além, muitas vezes, precisamos a
necessidade de lutar para sermos escutadas. Por muitos crerem na
mentira de que tudo o que sabemos é fútil ou infundado, não param
para nos escutar. Assim, sem perceber, dia após dia, silenciamos
nossas ideias. Mais frustrante do que não sermos escutadas (e isso já
é bastante doloroso) é nós mesmas não nos escutarmos e julgarmos
todos os nossos pensamentos e desejos como desnecessários. Pouco
a pouco paramos de nos escutar, paramos de dar asas a nossa
imaginação.
Preciso deixar claro que não estou dizendo que todas as suas ideias
serão boas, muitas delas podem ser ruins e até mesmo possuir raízes
pecaminosas, mas para reconhecer isso você precisa estar disposta a
escutá-las, a fim de descobrir o que fazer com elas. Caso elas tenham
raízes questionáveis, você poderá cortar, arrancar e plantar algo novo.
Caso tenha belas raízes, você poderá regar até que floresça. Para isso
acontecer, para o discernimento chegar até você, será preciso parar e
reparar.
Também não estou dizendo que você precisa falar sem parar,
contar para o mundo todos os seus pensamentos ou colocar tudo em
prática. A maior parte das minhas ideias são compartilhadas somente
com Jesus até eu conseguir reconhecer suas raízes. Algumas saem do
papel e do secreto, outras morrem ali. Escutar suas ideias e seus
pensamentos é compreender que você é uma filha amada digna de ser
ouvida, que existe beleza na sua trajetória e saberes. É reconhecer que
não existe valor algum em você mesma, mas que na cruz de Jesus você
se torna digna e isso faz com que você pare e escute o que bate em
seu peito.
Eu creio que assumirmos a responsabilidade de nos escutarmos é
estarmos ao lado de Deus em algo que Ele já faz. Mesmo as ideias que
você ignora, não fala, não abre espaço, o nosso Senhor as conhece. O
salmista declara que de longe o nosso Deus percebe os pensamentos
dele: “SENHOR, tu me sondaste, e me conheces. Tu sabes o meu
assentar e o meu levantar; de longe entendes o meu pensamento”
(Salmos 139:1-2). Mas escutar nossas ideias tem um preço,
precisaremos de coragem para isso. É preciso ousadia para
assumirmos para nós mesmas os nossos pensamentos, desejos e
anseios. Assumirmos expressar para o mundo a nossa opinião e correr
o risco de, em troca, receber risos.
A crueldade é a escolha mais fácil que as pessoas podem fazer, pois
o caminho da crueldade é a porta larga, enquanto a compaixão possui
uma porta estreita. Esteja, portanto, preparada para correr riscos, ser
atacada ou desprezada. Quando nossas ideias não são populares,
criamos algo, tiramos algum projeto do papel, sempre que nos
expomos, as chances de sermos menosprezadas é grande, mas não
deve ser isso que nos fará desistir, não é mesmo?
Ao nos comprometermos a escutar nossas próprias ideias, sim,
precisamos de comprometimento para isso, pois também estamos nos
comprometendo a viver de maneira corajosa. A Bíblia nos conta a
história de uma mulher que escutou a ideia que brotou em seu ser e
ungiu os pés de Jesus. O contexto social, a situação financeira, o
julgamento da sociedade, tudo estava contra o desejo daquela mulher,
mas ela, ao saber que Jesus estava na casa de um fariseu, levou um
vaso de alabastro com unguento9 e com suas lágrimas regou os pés de
Jesus e os secou com seus cabelos, você pode ler mais detalhadamente
sobre isso em Lucas 7:36-50.
O dono da casa não entendeu o fato de Jesus permitir ser ungido
por aquela mulher. Mas o Mestre reconheceu o amor dela e até hoje
lemos a história da mulher que, em um ato de coragem e ousadia,
ungiu os pés do Senhor do universo.
Ao saber que Jesus estava na cidade, e a ideia brotar em seu
coração, ela poderia ter silenciado tal desejo, desistido por medo dos
julgamentos ou por medo da rejeição, mas com coragem fez o que
deveria ter sido feito. Quantas coisas já deixamos de fazer por medo?
Quantas vezes você deixou de servir Jesus por não ter escutado suas
ideias? Nossa identidade de filhas amadas rompe com a necessidades
de aplausos, aniquila o medo de julgamentos. Assim como a mulher
que ungiu Jesus, mesmo que o fariseu a tenha julgado, ela foi fiel a
Deus e ao que sabia que deveria fazer. Ainda mais precioso do que
isso, como filhas amadas, sabemos que não devemos avaliar as nossas
ideias com base nos padrões humanos, mas sim no que o nosso Pai
estabeleceu. É aos pés dEle que devemos levar tudo o que sentimos e
pensamos, pois é Ele que sonda o nosso coração e prova os nossos
pensamentos (Salmo 139:23-24), na certeza de que seremos
conduzidos por um caminho bom.
Esteja sensível para as suas ideias, para a direção que o Senhor te
dará sobre cada uma delas e, se forem boas, encha-se de ousadia e
fale sobre elas, planeje e execute. Não se silencie mais, não desperdice
a oportunidade de servir o reino e ao Senhor por medo. Coragem,
irmã!

. O que tem feito você anular a sua opinião?


. Quais ideias você está silenciando?
. Você está silenciando sua criatividade?
. O que tem te impedido de escutar suas ideias?

VIVENDO O PROPÓSITO DO PAI E EXERCENDO DONS


Tentar viver uma vida que não fomos criadas para viver é negar os
dons que o nosso Deus nos deu. Por outro lado, viver como filhas
amadas, nos dá a ousadia necessária para viver utilizando dos dons e
talentos que Deus nos deu, segundo o seu propósito. O nosso Senhor
nos deu dons para que vivamos nessa terra de acordo com o seu
chamado para a nossa vida. Mas, muitas vezes, não olhamos para nós
mesmas e para o que recebemos do Senhor e gastamos o nosso tempo
e energia olhando para o que outros irmãos e irmãs receberam. Assim,
sem perceber, negamos o que o Senhor, por meio do Espírito Santo,
nos concedeu.
A nossa natureza corrompida faz com que tenhamos inveja dos
dons do outro, principalmente dos dons mais valorizados pelas
comunidades. No entanto, Bíblia nos ensina que os dons são
distribuídos para que haja harmonia na igreja, sendo como membros
de um corpo, onde cada um tem a sua importância. Quando lemos
Romanos 12:3-6, nos deparamos com a importância dos dons dentro
das comunidades de fé. Não somente isso, mas também como todos
funcionam simultaneamente, não havendo escala de importância, já
que são todos fundamentais:

Porque pela graça que me é dada, digo a cada um dentre vós que
não pense de si mesmo além do que convém; antes, pense com
moderação, conforme a medida da fé que Deus repartiu a cada um.
Porque assim como em um corpo temos muitos membros, e nem todos
os membros têm a mesma operação, assim nós, que somos muitos,
somos um só corpo em Cristo, mas individualmente somos membros
uns dos outros. De modo que, tendo diferentes dons, segundo a graça
que nos é dada, se é profecia, seja ela segundo a medida da fé.
(Romanos 12:3-6)

Portanto, recebemos os nossos dons pela graça do nosso Pai, mas


se você não desempenhar o seu papel, ou viver em busca de outros
dons, todos perderemos. Por isso, olhe para os dons e talentos que
você tem e comece a usá-los para a glória do reino de Deus hoje.
Lembre-se, os dons que o Senhor nos concedeu não foram
derramados na nossa vida para que pudéssemos nos vangloriar, ou
envaidecer, ao contrário, os dons que recebemos foram concedidos a
nós para que sejam colocados à disposição dos outros.
A Bíblia nos revela sobre todos os dons, basta lermos Romanos
12:6-8; Efésios 4:11 e 1º Coríntios 12:8-10 para conhecê-los. Como
filha amada de Deus, você recebeu um desses dons, ou mais de um,
não falo isso como algo para te incentivar, mas por essa verdade já ter
sido revelada na palavra de Deus. Além dos dons, todos nós também
possuímos talentos. Li em algum lugar, não lembro onde, que talento
é aquilo que nós fizemos com os pés nas costas enquanto outros
passam muita dificuldade para realizar tal feito. Tenho certeza de que
existe alguma coisa na sua vida que você faz com muita facilidade, na
qual realmente se destaca. Muitas vezes, não reconhecemos os
talentos que possuímos por estarmos com os olhos tão fixados no
talento dos outros e almejando talentos valorizados pelo mundo, que
não nos alegramos com o que já recebemos.
Quando falo sobre isso, sempre lembro da minha mãe, o dom dela
nitidamente é servir e, somado a isso, um dos talentos dela é cozinhar.
Ela teria dois caminhos: viver chateada por não ter o dom de pregar
ou talentos musicais para estar em cima do palco, recebendo os
aplausos do mundo, ou viver servindo os outros da melhor maneira,
com seus talentos. A vida toda tive o exemplo de servidão da minha
mãe, sem lamúrias, e eu posso dizer, com toda a convicção, que todo
o dom de Deus, derramado na vida da minha mãe, me afetou
diretamente. E eu, que sempre tive imensas dificuldades de
aprendizado, tive uma mãe disposta a me ensinar e fazendo comidas
maravilhosas para acalmar a minha alma diante das risadas daqueles
que aprendiam mais rápido do que eu. Minha mãe exerceu o dom
dela, e cá estou eu, exercendo meus dons e talentos, totalmente
opostos aos dela, mas aqui, pois ela se dispôs a dar frutos.
Todos os nossos dons e talentos nos são concedidos para que
possamos frutificá-los, mas se guardarmos a semente no bolso da
mochila, ela não germinará e não viveremos conforme o nosso Pai de
amor planejou. Por isso, pegue as sementes dos seus dons e talentos
e comece a espalhá-las pelo mundo. Pode ser que para os olhos do
mundo o fruto delas não pareça ser muito atrativo, mas foi o Espírito
de Deus que as deu, e nosso Deus sabe exatamente o que devemos
plantar.
Todos os dons e talentos, na mesma proporção, são riquezas
colocadas em nossas mãos. Por isso é tão importante que você pare e
descubra quais são os seus dons e talentos. Deus nos dá dons, talentos,
capacidades e o ambiente onde podemos exercer tudo isso. Todas as
riquezas que Deus coloca nas nossas mãos servem para servir ao Reino
e às pessoas. Sendo assim, não devemos viver olhando para os dons
dos outros, mas sim para as nossas próprias mãos e usá-las em amor
e serviço.
Uma história da Bíblia que relata com perfeição a necessidade de
usarmos tudo o que somos conforme vontade de Deus é a de Sifrá e
Puá, as parteiras hebreias que estavam a serviço do Faraó, essas
mulheres foram instruídas pelo Faraó a eliminarem todos os recém-
nascidos de Israel. Porém, as parteiras demonstraram valentia ao não
acatarem a ordem do Faraó, já que elas temiam a Deus e, por isso,
através de sua profissão deixaram inúmeros meninos viverem,
inclusive Moisés, para ler completo abra sua Bíblia em Êxodo 1.
Você já parou para pensar que a libertação do povo de Israel
passou pelas mãos dessas mulheres? Aquelas parteiras tinham um
talento e, mesmo que elas estivessem a serviço do homem mais
poderoso da terra, esse talento foi exercido em uma profissão. Assim,
antes de serem servas de Faraó, elas eram servas de Deus e tinham
uma identidade nEle, sabiam quem era o Senhor e reconheciam os
caminhos de bem que deveriam trilhar. Aquelas mulheres não se
preocuparam em correr riscos, mas sim em fazer o que era certo
diante dos olhos de Deus.
Quando compreendemos quem somos em Deus, também
recebemos forças para levantar, dia após dia, e usar tudo o que temos
em nossas mãos, segundo a vontade de Deus, não mais nos
preocupando com o que o Faraó fará contra nós, como seremos
julgadas ou se o mundo não aprovará.
Quando compreendemos quem somos em Deus, somos capazes de
agir com força e ousadia, como as parteiras do Egito, pois sabemos
quem é o nosso Deus. Sabemos que somos filhas amadas e
permanecemos fortalecidas nessa verdade.
Portanto, questione-se: quem você é em Deus e o que ele a chama
para fazer? Para responder com convicção e clareza esse
questionamento, você precisará olhar para dentro de si mesma, para
aquilo que você já recebeu de Deus. O Pai não a criou de uma maneira
almejando usá-la de outra. Deus não usou um construtor para salvar
as crianças do Egito, Ele usou parteiras. E da mesma forma você pode
ser usada, com seus dons e talentos! Entretanto, o passo de ousadia,
de coragem, deve vir de você! Lembre-se:

Há diferentes tipos de dons, mas o Espírito é o mesmo. Há


diferentes tipos de ministérios, mas o Senhor é o mesmo. Há diferentes
formas de atuação, mas é o mesmo Deus quem efetua tudo em todos.
A cada um, porém, é dada a manifestação do Espírito, visando ao bem
comum. (1º Coríntios 12:4-7)
Para mim, esse versículo nos ensina claramente que não devemos
mais estar preocupadas com nossa aparência e conforto. Nós
recebemos nossos dons para usá-los em uma vida de doação,
abençoando outras pessoas. Da mesma forma, o conjunto de dons,
talentos, aptidões e lugar de atuação que você recebeu de Deus é
único, autêntico. Talvez, nesse momento, você esteja confusa dos
motivos de esse assunto estar em um livro sobre autenticidade, mas
eu tenho plena convicção de que quando compreendemos nossa
identidade de filhas amadas de Deus, descobrimos também que não
precisamos mais nos encaixar nas expectativas dos outros para nós,
mas sim que devemos viver para aquilo que Deus separou para nós.
Nesse momento encontramos a necessidade de viver com
autenticidade, consciente de quem somos, prontas para assumir
nossos dons e vivermos de maneira autêntica à vontade de Deus para
a nossa vida. Sem autenticidade, viveremos olhando para os lados,
para os desejos dos outros e guardaremos no bolso as sementes que
Deus nos concedeu.
Lembre-se: filhas amadas de Deus não guardam sementes, ao
contrário, as espalham pelo caminho, plantam nas comunidades
locais, semeiam na vida dos outros. Sem esperar colher nada em troca,
nem aplausos e nem julgamentos. Filhas amadas de Deus plantam
seus dons e talentos, pois sabem que foram chamadas para viver dessa
maneira. É nessa graça, nesse privilégio, que consiste uma vida
autêntica.
. Quais são seus dons?
. Quais são suas habilidades?
. O que você mais gosta de fazer?
. O que faz com facilidade e é difícil para os outros?
. O que tem te impedido de usar os seus dons com plenitude?

CELEBRE O CORPO QUE DEUS TE DEU


Neste exato momento, existem milhares de mulheres lutando
contra o seu próprio corpo, desprezando o lugar que sua alma habita,
lutando com todas as forças e armas para mudar a sua imagem para
se parecer mais com as fotos que encontram no Instagram, nas
revistas e nas mídias. Não culpo quem vive em guerra com o próprio
corpo, eu vivi anos dessa forma. Ao me olhar no espelho, tudo o que
via era minha barriga não tão definida como eu gostaria. De fato, não
olhava para o azul dos meus olhos, para as ondas dos meus cabelos ou
para os meus dentes grandes. Olhava somente para minha barriga e a
odiava com tanta força que se fosse possível sairia do meu corpo e
habitaria em outro.
Minha luta contra o que via no espelho levou anos, longos e
dolorosos anos, e somente foi silenciada quando percebi que meu
valor não estava nas formas do meu corpo, mas em ser uma filha
amada de Deus. Não falo de saber dessa verdade, mas de internalizá-
la de tal forma que seja possível agradecer por quem eu sou, ao invés
de me lamentar.
O padrão de beleza sempre existiu, basta abrirmos um livro de
história ilustrada para perceber isso. Da mesma forma, sabemos que
os padrões estéticos variam em cada localidade, o que é bonito no
Brasil não é necessariamente considerado belo na Espanha ou em
Moçambique, por exemplo. Mas a certeza de que padrões de beleza
sempre existiram não resolve o nosso problema, ao contrário, uma
busca rápida em fotos antigas nos permite perceber que, cada dia
mais, os padrões de beleza são irreais e inatingíveis. Isso explica o
crescente número de mulheres vivendo infelizes com o seu próprio
corpo, já que nos deparamos, diariamente, com corpos irreais na
internet, com rostos que são modificados por filtros, acreditando na
“perfeição” das fotos tiradas em ângulos estratégicos e, assim, quando
estamos nuas em frente a um espelho, desprezamos o que vemos ou
nem ao menos nos olhamos. Você sabe quem lucra com isso? A
indústria!
Em 2021, o Brasil alcançou o posto de quarto colocado no ranking
de maiores produtores e consumidores do setor de beleza10, lucrando
com a insatisfação física das mulheres e investido dinheiro para que
essa insatisfação aumente e, consequentemente, a indústria lucre
mais. E assim, cada dia mais, somos ensinadas de que não existe beleza
se tudo não estiver “perfeito” (sim, entre aspas, pois a noção de
perfeição para a indústria cultural não diz respeito ao conceito de belo
e toda sua subjetividade, mas sim ao lucro), para sermos belas não
podemos carregar marcas, manchas, dobras (o que gera lucro? Você
se olhar no espelho e gostar do seu corpo como ele é ou a necessidade
de realizar infinitos procedimentos estéticos para esconder o que te
torna única?). Para sermos belas aos olhos do mundo, não podemos
ser humanas, devemos ser bonecas de cera colocadas em uma
prateleira.
O propósito de Deus para a nossa vida é muito maior do que a
nossa aparência física. Em Salmos 139:14, vemos o salmista louvar o
modo assombroso e maravilhoso que foi criado. Quando nos tornamos
filhas amadas de Deus, somos convocadas a fazer o mesmo. Pare e
pense se você tem conseguido louvar a Deus pela maneira que Ele te
criou e, principalmente, pense se você não tem deixado de viver uma
vida abundante por estar magoada por seu corpo não pertencer a um
padrão estabelecido por uma indústria que só visa o lucro.
Grande parte das nossas insatisfações físicas estão intimamente
ligadas ao fato de que estamos colocando o nosso corpo em um lugar
de importância que não pertence a ele. Deus deve ser o centro da
nossa vida e sempre que tiramos o Pai desse lugar, perdemos o
equilíbrio necessário para viver uma vida autêntica e singular. Ao
colocar a nossa aparência como prioridade, acreditamos na mentira
de que somente seremos felizes quando pertencermos a um padrão e
começarmos a nos mover incansavelmente nessa direção, porém
encontrando dia após dia somente frustração e esquecendo de viver
de maneira autêntica e singular.
O contentamento que, por diversas vezes, buscamos encontrar na
nossa aparência física, só encontraremos em Deus. Devemos começar
a olhar para o nosso corpo com um olhar de gratidão pelas funções
que ele exerce, ao invés de criticar a aparência de cada parte dele.
Olhe para os seus braços e louve por poder acolher alguém em um
abraço bem apertado, olhe para seu corpo pós-parto e louve por ter
sido o lar de um bebê que será muito amado por você, olhe para as
marcas do tempo em seu rosto e vibre pelo privilégio de estar vivendo.
Nós não fomos criadas para viver uma constante inimizade com
a nossa aparência, aliás, é sempre bom lembrar que essa insatisfação
atinge, diretamente, a maneira que nos relacionamos com o Criador.
Por isso, largue as armas que estão apontadas para o seu próprio corpo
e recomece uma amizade com o que te torna única. Você não precisa,
de imediato, amar cada parte sua, mas inicie entendendo que você
não mudará a sua vida mudando o seu corpo, o que gera mudança é a
forma que você se relaciona com Cristo. Mas, para isso, você precisa
mudar a forma que pensa sobre o seu corpo e, também, o corpo das
outras pessoas, pois se você usa o seu tempo para julgar o corpo de
outras mulheres, quando se olhar no espelho, também encontrará
julgamento. Para construirmos um bom relacionamento com a nossa
imagem, precisamos, urgentemente, tirar o foco dela (tanto na nossa
vida como na das outras pessoas).
Na vida, tive duas experiências que me marcaram muito, a primeira
delas aconteceu quando eu tinha 21 anos, eu passei as férias de verão
servindo em um acampamento para jovens cristãos. Lá, eu vivi os
melhores dias da minha vida, fiz amigos, me aproximei de Deus, vi o
amor de Jesus através das crianças, recebi o meu chamado para o
ministério integral e engordei. Sim, eu engordei bastante lá, mas isso
não havia me perturbado, eu estava tão feliz que o quanto eu pesava
nem havia passado pela minha cabeça. Porém, quando voltei para a
minha igreja local, a primeira coisa que eu escutei de uma irmã foi o
quanto eu tinha engordado. Aquilo me atingiu por alguns minutos,
segurei o choro e, então, me recordei do quão feliz eu estava. Nessa
época, eu ainda vivia uma luta contra o meu corpo, mas estava tão
atenta ao Espírito Santo que aquele comentário não me afetou a ponto
de me fazer regredir.
Outro fato aconteceu quando eu já estava no seminário, muitos
anos depois, eu fiz uma viagem missionária para o Peru e lá contraí
uma bactéria no estômago, eu demorei para descobrir o que me
acarretou uma hérnia e quando percebi que realmente estava doente
já não parava muita coisa no meu estômago. Isso, mais o término de
um noivado, me levou a perder muito peso de maneira repentina.
Depois, já com a hérnia tratada e o término superado, desenvolvi
intolerância à lactose e, mais uma vez, demorei para descobrir e, bum!,
tive mais uma enorme quantidade de peso perdida. O fato é que
muitas mulheres diziam que tinham inveja do quanto eu havia
emagrecido, que queriam uma intolerância ou uma bactéria para
ajudá-las a perder peso. Isso me marcou tanto, principalmente nos
dias em que tudo o que eu queria era uma fatia de pizza bem gostosa.
E assim, vamos, desde novas, aprendendo que nossa saúde e alegria
estão ligadas à nossa forma física. Na minha vida, isso nunca foi uma
verdade, e eu espero que na sua também não, pelo simples fato de
que o que realmente nos faz feliz não é a forma do nosso corpo, mas
o relacionamento genuíno com o nosso Pai de amor.
Isso não significa, de maneira alguma, que você não deve cuidar da
sua aparência, o que você não deve fazer é cair na armadilha de odiar
o seu corpo ou torná-lo um ídolo em sua vida. Por isso, não esqueça
que o espelho mente para você. Quando você sobe na balança e se
resume a números, tudo isso é mentira. A fita métrica que circula seu
corpo, julgando cada centímetro seu, não passa de mentira. Não
esqueça que você é muito mais do que seu reflexo, você é muito mais
do que seu corpo. Seus olhos brilham à luz de Cristo, suas palavras são
doces e no seu corpo habita o Espírito Santo. Por qual motivo você
insiste que não é adequada? Se o próprio Deus está morando em você,
por que você continua dizendo que seu corpo é feio e imperfeito?
Tudo o que você vê no espelho pertence a Deus. Seu corpo é templo,
seu corpo é força. Não se diminua por números, não viva para entrar
em um padrão inalcançável. Você é muito mais do que seu reflexo no
espelho. Lembre-se: você é templo do Espírito Santo (1 Coríntios 6:19).
Meu convite é que você abrace a sua singularidade, seja fiel ao seu
Pai de amor, se livre das inseguranças e não deixe que os padrões
deste mundo roubem o contentamento de carregar dentro de você o
Espírito Santo de Deus. É com isso que você deve gastar a sua energia,
não tentando fazer um punhado de ossos e carne, que logo se tornarão
pó, pertencer a um padrão.

. O que tem te levado a odiar seu corpo?


. Você está valorizado mais o seu corpo do que o seu relacionamento
com Deus?
. Em quais momentos está cultivado inimizade com o meu corpo?
. O que tem te motivado a buscar os padrões do mundo?
. Faça uma lista com cada parte que você não gosta do seu corpo e ao
lado escreva a função que ela possui na sua vida, após isso ore
agradecendo.

SE DEFINA COMO UMA FILHA AMADA


Brennan Manning é um escritor que gosto muito, mesmo não
concordando com todos os seus posicionamentos, me encanto pela
construção de suas palavras e a maneira que ele nos chama para viver
como filhos amados de Deus. Em um dos seus livros, encontrei uma
frase que me marcou e que deu origem a esse ponto do livro que estou
escrevendo: "Defina-se radicalmente como alguém amado por Deus.
Esse é o verdadeiro eu. Qualquer outra identidade não passa de
ilusão"11.
Em um mundo que tenta nos definir o tempo todo, com base nas
mais diversas coisas, conseguirmos nos definir radicalmente como
amados por Deus e compreender que esse é o nosso verdadeiro “eu”
é um ato de ousadia. Todas as vezes que tentarmos nos definir por
coisas que vão além do amor de Deus por nós, estaremos na corda
bamba. Quando deixamos nossa profissão nos definir, perdemos
nossa identidade quando a demissão acontece. Quando nos definimos
como mães, perdemos a nossa identidade quando nossos filhos
padecem ou saem de casa. Quando deixamos nosso casamento nos
definir, na primeira crise temos medo, não de perder quem amamos,
mas sim o que tem nos definidos.
Porém, quando somos definidas radicalmente como filhas amadas
de Deus nada pode abalar a nossa identidade. O amor de Deus por nós
não é negociável, ele não muda dependendo das estações, o amor de
Deus por seus filhos é uma rocha, onde podemos viver tranquilos, pois
nenhuma tempestade terá forças para derrubar o amor dele por nós.
Por isso, encontre contentamento e graça em poder trabalhar e
produzir, isso realmente é um privilégio dado pelo Pai, mas não deixe
a sua profissão definir você, o seu trabalho não é a sua identidade.
Pode ser que você seja médica e cure crianças com câncer, trabalhe
limpando as ruas ou lecionando. Independente de qual é a sua
profissão, ela não a definirá.
A sua profissão define como o mundo vê você, mas nós já vimos
que não nos cabe mover pelos aplausos do mundo. Não deixe que te
convençam que o seu valor está no seu trabalho, tudo o que você tem
de valoroso está no amor de Deus transbordando em sua vida. Sendo
assim, não temos motivo para nos orgulharmos do nosso trabalho e
nem para nos sentirmos inferiores por termos profissões menos
valorizadas socialmente, pois o nosso valor não está nisso.
Da mesma forma, a sua identidade não está em quanto dinheiro
você possui, se você é rica ou pobre, se tem um quarto repleto de
roupas caras ou uma porta do armário com camisetas que recebeu de
alguma prima distante. O nosso Mestre, por vezes, não teve onde
repousar a cabeça, o maior propagador do evangelho fazia tendas para
sobreviver, Jesus nasceu em uma manjedoura e morreu no madeiro.
Você acha mesmo que sua identidade está em quanto dinheiro você
tem na conta?
Sua identidade tampouco está no formato do seu corpo, em Isaías
53:2 nos é revelado que Jesus não tinha beleza e nem formosura,
porém, Ele vivia como um filho amado de Deus. O seu peso não define
quem você é, não pegue para você os rótulos que tentam colar em seu
peito: “muito magra”, “fora de forma”, “pouco peito”, “nariz grande”.
Nada disso define quem você é ou a sua identidade.
Da mesma maneira, a maternidade não define quem você é,
quantos filhos você irá gerar ou adotar. Se poderá gerar filhos ou não,
não deixe que a infertilidade te defina ou que a fertilidade dite a sua
identidade. Filhos são bênçãos de Deus, a palavra nos revela
incansavelmente o quão glorioso é ter filhos, mas mais glorioso do que
ser mãe é ser uma filha amada de Deus.
Não deixe que a sua vida amorosa defina você, quantas mulheres
já se casaram somente para não padecerem solteiras. Quanto peso já
foi colocado nos ombros das mulheres solteiras para que se casassem
logo. Da mesma forma, quanto peso é colocado nos ombros das
mulheres casadas, com incontáveis manuais de como devemos agir e
pensar para, assim, sermos uma boa esposa (matando nossa
identidade). O seu status civil não define quem você é, além disso,
você não precisa ser amada por nenhum homem, além de Cristo, para
ser feliz, para se sentir completa e plena.
Mulher, você é uma filha amada de Deus e essa é sua verdadeira
identidade, portanto, viva dessa forma. Seja excelente no seu
trabalho, sirva com justiça e honestidade. Cuide das finanças, o sábio
trabalha para quando vier o inverno haja comida. Cuide do seu corpo,
ele é templo vivo do Espírito Santo. Sonhe com sua família e seja a
melhor mãe que puder, de filhos biológicos, adotados ou espirituais.
Cuide do seu casamento com todo o amor e zelo que carregar em seu
peito. Contudo, não deixe que nada disso te defina.
Enquanto você permanecer aceitando esses rótulos, continuará
matando a sua singularidade para caber em cada um deles, anulará
quem você verdadeiramente é e perderá a oportunidade de dançar
levemente entre todas as áreas da sua vida como uma filha amada de
Deus. Você não precisa de um manual que te ensine como ser a esposa
perfeita, como ser a melhor no trabalho ou como perder 10kg em 10
dias. Você precisa viver como uma filha amada de Deus e, então, verá
flores brotarem por onde passar.
Penso que quando vivemos, verdadeiramente, como filhas,
deixando todos os outros rótulos para trás, nos definindo com base
somente no amor de Deus, vivemos, dia após dia, o Salmo 23:6: “Sei
que a bondade e a fidelidade me acompanharão todos os dias da
minha vida.” Nós somos chamadas para fazer de Deus, e seu amor, o
nosso valor pessoal e, assim, presenciarmos a bondade e a fidelidade
nos acompanhando cotidianamente. Ser uma filha amada do Abba é o
que constitui todo o valor que você carrega e onde deve estar sua
completa identidade.

RADICALMENTE FILHA
Talvez possa soar dramático, mas escolher viver como uma filha
amada de Deus é um ato de absoluta resistência. Optar em viver além
dos rótulos e das aparências, em busca de uma vida autêntica e
singular, é resistência. Não mais ser definida pelo que o mundo diz que
devemos ser definidas e viver, diariamente, com os olhos fixos em
quem Deus diz que nós somos, é um ato de resistência. Por isso,
resista, opte por viver o amor de Deus por completo, deixando que Ele,
de fato, defina de uma vez por todas quem você é. Não pense que a
sua identidade como uma filha amada de Deus é algo superficial,
religiosidade e dispensável na sua caminhada de fé. Viver como filhas
amadas deve ser a verdade central das nossas vidas, não é somente
um adjetivo ou privilégio que recebemos após sermos justificadas.
Viver como filhas amadas é, e deve ser sempre, a verdade central das
nossas vidas.
Quando compreendemos que somos aceitas, justificadas e amadas
por Deus, toda a nossa vida é impactada, a maneira que nos
relacionamos com o mundo e com quem somos não permanece a
mesma, pois passamos a compreender o quanto o Pai nos ama e que
nisso está o nosso verdadeiro valor.
É por isso que, em um livro sobre autenticidade, repito,
incansavelmente, sobre o fato de sermos amadas por Deus, não foi por
acaso ou descuido, mas por carregar a convicção de que somente
quando compreendemos que somos amadas, incondicionalmente,
pelo nosso Criador conseguimos viver a nossa autenticidade e
singularidade de maneira plena.
É no amor de Deus que conseguimos silenciar o barulho do mundo
e deixamos de nos mover por aplausos. É no Senhor que
desenvolvemos a certeza de que nada que possamos fazer nos fará
mais amados. E assim, conseguimos abandonar as nossas máscaras e
assumir aquilo que escondemos por anos.
Viver como uma filha amada de Deus transformará não somente a
maneira como você se enxerga, mas também aprenderá a admirar sua
singularidade e trilhar um caminho de autenticidade. Você também
será transformada na maneira que agira com seus irmãos e irmãs,
compreendendo que eles também são únicos e singulares. A partir
dessa nova compreensão, atender ao chamado de “amar o próximo
como a ti mesmo” será algo muito mais natural e cotidiano do que
você imagina.
Quando compreendi quem eu de fato era em Jesus, a maneira que
olho para o meu corpo foi transformada, a maneira que amo os meus
irmãos foi transformada, meus relacionamentos, trabalhos e tudo o
que eu sou passou a ser definido radicalmente pelo amor do Abba. E é
por isso que esse livro está sendo escrito, pois existiu um antes e um
depois na minha vida que foi marcado pela compreensão de quem eu
era em Jesus e eu espero profundamente que cada dia mais mulheres
façam essa descoberta.
Lembre-se: muitos podem conhecer Cristo e amá-lo
profundamente, podem ser salvos sem jamais assumirem a sua
verdadeira identidade de filhos amados, é possível, mas sem dúvida
quem escolhe esse caminho perde a oportunidade de dançar
constantemente ao lado de um Pai de amor enquanto caminha por
esta terra. Caminhar por esta terra como uma filha amada de Deus é
o que nos trará leveza em meio ao caos, paz em meio às guerras,
autenticidade em meio às pressões sociais, amor em meio ao ódio.
A JORNADA CONTINUA
Encaminho-me para o final do livro, confesso que sinto um misto
de sentimentos. Alegria por ter colocado tantas coisas que carrego em
meu coração no papel e, assim, poder chegar ao coração de tantas
irmãs, na esperança de que elas consigam caminhar por esta terra
como filhas amadas de Deus. Por outro lado, sinto que ainda existe
muito a ser dito, mas com a certeza de que um livro não mudará a vida
de ninguém, somente o nosso Senhor tem esse poder.
Sei que minhas palavras confrontaram mais do que consolaram,
mas creio que existe conforto no confronto e que é necessário
compreendermos por qual estrada estamos trilhando. Peço desculpas
se faltaram palavras amorosas, mas todas as duras linhas foram
escritas em amor, de uma filha amada de Deus para outras filhas
amadas por Ele.
Eu sei que para encontrar o caminho da autenticidade e vivermos
como filhas amadas de Deus não existe uma solução fácil e é por isso
que não tive a pretensão de te oferecer uma receita de como isso deve
acontecer, mas, sim, de te convidar a refletir sobre a sua vida através
de quem Deus diz que você é.
Eu creio que aquilo que não entregamos para Deus tratar não será
curado e transformado. Por isso, entregue aos pés de Jesus o seu
desejo incansável por “perfeição”, assuma suas fraquezas e reconheça
que toda a sua força vem de Deus, mate a comparação que insiste em
permanecer dentro de você e comece a olhar para o que realmente
importa. Deixe Deus quebrar o que precisa ser quebrado, tratar o que
precisa ser tratado e, assim, pouco a pouco, você compreenderá que
todo o valor que você possui está nEle, que você não passa de pó, que
carece da misericórdia e amor de Deus. E, como pó, as demandas
sociais, a comparação, a inveja, a busca por aceitação se tornarão
irrelevantes e finalmente você encontrará liberdade para viver a sua
caminhada em busca de santidade e amor de maneira autêntica.
Meu desejo e minha oração é que você experimente a beleza de
viver como uma filha amada de Deus e que, assim, você encontre graça
na sua singularidade e a viva para a glória do nosso Senhor. Minha
oração é que todo o seu ser se mova pela voz do nosso Pai e que as
expectativas do mundo permaneçam silenciadas. Minha oração é que
vivamos a nossa autenticidade em amor e santidade, aguardando o dia
em que olharemos nos olhos do nosso Deus e ouviremos dos seus
lábios: “você é minha filha amada”.
Logo chegaremos ao nosso verdadeiro lar, onde não mais
temeremos ser quem somos, logo repousaremos nos braços do nosso
Deus. Mas, até que esse momento não aconteça, viva cada instante
como a filha amada de Deus que você é, pois esse é o seu valor e
identidade.

Com amor, Danielli Cadore.


Meu nome é Danielli Meiri Cadore, eu sou uma filha amada de
Deus, essa é minha identidade, nada além disso define quem eu
sou. Vivo aguardando ansiosamente o dia que olharei nos olhos
do meu Criador e ele me chamará pelo nome.

S o u t e ó l o g a , a r t i s t a , e s c r i t o r a , i l u s t r a d o r a . C o m p a r ti l h o o a m o r d e
Jesus através do ministério Vem e Vamos. Sou uma filha amada
de Deus, que não tem todas as respostas, mas que sempre faz
perguntas. Compartilho diariamente nas redes sociais o que venho
aprendendo ao longo da minha jornada com o Mestre Jesus. Uso
da arte e das palavras para expressar a imensidão que carrego no
peito.

Te convido a continuar acompanhando minha jornada através do


Instagram @vemevamos e do site vemevamos.com.
1 Richard Francis Xavier, conhecido como Brennan Manning, nasceu e cresceu
no Brooklyn. Um pensador autêntico, especialista em Escrituras e Liturgia, Filósofo,
Teólogo e sacerdote Franciscano construiu uma trajetória ministerial única permeada
pelo trânsito entre a academia e as favelas, a universidade e as vilas, povoados e cortiços.
Autor de mais de vinte livros, entre eles O evangelho maltrapilho. Brennan lutou contra o
alcoolismo, saiu do sacerdócio, se divorciou, porém sempre pregou a restauração, a graça
e o amor do Senhor.

2 Royal Society for Public Health. Social media and young people's mental health and
wellbeing.

3 Royal Society for Public Health.

4 C.S. Lewis. Cristianismo puro e simples. São Paulo: Martin Fontes, 2005.

5 Tim Keller é um pastor americano, grande teólogo e apologista cristão. Timothy também
é presidente e cofundador da Redeemer City to City, projeto que já possibilitou a criação
de 200 igrejas. Ele é considerado por muitos o “C. S. Lewis do século XXI”.

6 Brené Brown é professora e pesquisadora da Universidade de Houston. Há vinte anos


estuda sobre coragem, vulnerabilidade, vergonha e empatia e é autora de quatro best-
sellers do The New York Times: A arte da imperfeição, A coragem de ser imperfeito, Mais
forte do que nunca e Braving the Wilderness.

7 HARRISSON, Everett. Comentário Bíblico Moody. São Paulo: Editora Batista Regular,
2017, v.2.

8 The Hidden Ground of Love: Letters, New York: Farrar, Strauss, Giroux, 1985, p. 146.

9 Alabastro (do grego "alábastros" - ἀλάβαστρον -, pelo latim alabaster) era uma cerâmica
utilizada para armazenar óleo e pergume. O ugento que continha nesse frasco era de
imenso valor.

10 Ranking Mundial de Consumo de HPPC da Abihpec/Euromonitor.

11 MANNING, Brennan. O obstinado amor de Deus. São Paulo: Mundo Cristão, 2007.

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