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Microeconomia - ANPEC

Mercados Competitivos
e Eficiência Econômica

Prof.: Antonio Carlos Assumpção


Microeconomia – ANPEC - Conteúdo Programático
• I. Demanda do Consumidor
• 1. Teoria do Consumidor : Teorias cardinal e ordinal. Curvas de indiferença. Limitação
orçamentária. Equilíbrio do consumidor. Mudanças de equilíbrio devidas à variação de
preços e renda (equação de Slutsky): efeito-preço, efeito-renda e efeito-substituição.
Escolha envolvendo risco.
• 2. Curva de Demanda: Deslocamento da curva e ao longo da curva. Elasticidade-preço,
elasticidade-renda, elasticidades-preço cruzadas. Elasticidades compensadas e
não-compensadas. Classificação de bens: normais, inferiores, bens de Giffen, substitutos,
complementares. Excedente do consumidor. Demanda de mercado e receita total, média e
marginal.
• II.Oferta do Produtor
• 1. Teoria da produção : Fatores de produção. Função de produção e suas propriedades.
Isoquantas. Elasticidade de substituição. Rendimentos de fator, rendimentos de escala.
Função de produção com proporções fixas e proporções variáveis. Combinação ótima de
fatores. Firma multiprodutora.
• 2. Custo: Custo de Produção: Curvas de isocusto. Função de custo; curto e longo prazo;
custo fixo e variável. Custo marginal; custo médio.
• 3. Curva de Oferta da Firma e da Indústria de curto e longo prazos.
• III. Mercados
• 1. Concorrência Perfeita : O equilíbrio da empresa em concorrência perfeita: a curva de
oferta; deslocamento da curva e mudança ao longo da curva; curto e longo prazo;
elasticidade-preço da oferta. Equilíbrio do mercado: posição de equilíbrio, deslocamento
das curvas de procura e de oferta.
• 2. Monopólio: Equilíbrio da empresa monopolista. Discriminação de preços; barreiras à
entrada. Comparação com o mercado de concorrência perfeita.
• 3. Concorrência Monopolística : Diferenciação do produto. Equilíbrio da empresa em
concorrência monopolística: curto e longo prazo. Comparação com o mercado de
concorrência perfeita.
• 4. Oligopólio : Caracterização da estrutura oligopolística.
• 4.1 Modelos Clássicos: Cournot, Bertrand e Edgeworth; fatias de mercado; cartéis;
liderança de preços; comparação com o mercado de concorrência perfeita.
• 4.2 Modelos de mark-up: Princípio do custo total; curva de demanda quebrada;
concentração e barreiras à entrada; diferenciação e diversificação do produto.
• 5. Formação de Preços e Fatores de Produção.
• IV. Equilíbrio Geral e Teoria do Bem-estar
• 1. Troca Pura;
• 2. Troca Com produção;
• 3. Caixa de Edgeworth;
• 4. Bens Públicos;
• 5. Externalidades.
• V. Economia da Informação
• 1. Seleção adversa;
• 2. Perigo Moral;
• 3. Modelo de Sinalização;
• 4. Modelo de Principal Agente.
• VI. Teoria dos Jogos
• 1. Equilíbrio de Nash;
• 2. Equilíbrio de Nash em Estratégias Mistas;
• 3. Jogo Repetido;
• 4. Equilíbrio Perfeito em Subjogos.
Microeconomia – Bibliografia
• BIBLIOGRAFIA SUGERIDA
• a) Básica
• 1. PINDYCK, Robert e Rubenfeld, D. Microeconomia, 6 a ed. São Paulo: Pearson
Prentice Hall, 2006.
• 2.VARIAN, H. Microeconomia: Princípios Básicos, Tradução da 7ª Edição
Americana Rio de Janeiro: Editora Campus, 2006.
• b) Complementar
• 3. GIBBONS, R. Game Theory for applied economists. Princeton University Press,
1992. (caps 1 e 2).
• 4. NICHOLSON, Walter. Microeconomic theory: basic principles and extensions.
Seventh edition, Driden Press, 1998.
• Adicionalmente:
• 5. VARIAN, H. Microeconomic Analysis. W.W.Norton & Co., Inc. 3.ª ed. 1992.
• 6. SCHMIDT, C.A.J., Org. Microeconomia: Questões ANPEC. Ed. Campus. 5ª ed.
Oferta e Demanda

• A Curva da Oferta
• A Curva de Oferta mostra quanto os produtores estão dispostos a
vender a cada preço alternativo, mantidos constantes todos os
outros fatores que possam afetar a oferta.

( )
Qs  QS ( P )
A Curva de Oferta Graficamente

P
S

▪ A Curva de Oferta inclina-se para cima,


P2 demonstrando que quanto mais altos os
preços maior será o desejo de produzir.
P1
▪ Uma alteração no preço provoca uma
variação na quantidade ofertada:
movimento ao longo da curva de oferta

Q1 Q2 Q
• Outras Variáveis que Afetam a Oferta (Deslocamentos da Curva de Oferta).
• Custos de Produção
• Mão-de-obra
• Capital
• Matérias-Primas
• Na verdade, qualquer variável que não seja o preço, que afete as
decisões de oferta desloca a curva de oferta.
() ( )
• Oferta - Uma Revisão Qs  QS ( P , CP)
• Existe uma relação direta entre o preço e a quantidade ofertada.
• Um aumento no preço provoca uma variação da quantidade ofertada,
repreesentada por um deslocamento ao longo da curva de oferta.
• Existe uma relação inversa entre os custos de produção e a oferta. Um
aumento nos custos de produção provoca uma variação da oferta,
representada pelo deslocamento da curva de oferta para a esquerda.
• A Curva da Demanda
• A Curva da Demanda mostra quanto os consumidores estão dispostos a
comprar a cada preço alternativo, mantidos constantes todos os outros
fatores que possam afetar a demanda.
• Essa relação entre o preço e a quantidade pode ser mostrada pela seguinte
equação:

( )
QD  QD( P )
A Curva de Demanda Graficamente

A Curva de Demanda é negativamente Inclinada,


demonstrando que os consumidores estão
dispostos a comprar mais a um preço menor.
P0

P1

Q0 Q1 Q
• Outras Variáveis que Afetam a Demanda (Deslocamentos da Curva de
Demanda)
• Renda
• Gostos e Preferências
• Preço dos Bens Relacionados
• Substitutos
• Complementares
• Na verdade, qualquer variável que não seja o preço, que afete as
decisões de demanda, desloca a curva de demanda.
( ) (  ) ( ) (  ) ( )
• Demanda - Uma Revisão QD  QD( P , I , G , PS , PC )

• Existe uma relação inversa entre o preço e a quantidade demandada.

• Um aumento no preço provoca uma variação da quantidade demandada,


representada por um deslocamento ao longo da curva de demanda.
• Existe uma relação direta entre a demanda e a renda (bens normais), gostos
e preferências e os preços dos bens substitutos e uma relação inversa no
caso dos preços dos bens complementares. Uma alteração em qualquer um
desses parâmetros provoca uma variação da demanda, representada pelo
deslocamento da curva de demanda.
O Mecanismo de Mercado

P
S

P0 A interseção das curvas de oferta e demanda


determina o preço e a quantidade de equilíbrio

Q0 Q
• Características do equilíbrio de mercado:
• QD = QS.
• Não há excedente.
• Não há escassez.
• Não há pressão para variação no preço.
Excedente

• O Preço de Mercado é superior ao preço de equilíbrio.


• Existe um excesso de oferta
• Produtores reduzem seus preços
• Quantidade demandada aumenta e a quantidade ofertada diminui
• O mercado continua a se ajustar até que o preço de equilíbrio seja alcançado.
P
S
Excedente
P1
Assumindo que o preço é P1:
1) Qs = Q2 > Qd = Q1
P2 2) Excesso de oferta é Q2 - Q1.
3) Produtores reduzem o preço.
4) Quantidade ofertada diminui demandada aumenta.
5) Equilíbrio com P2 e Q3 .

Q1 Q3 Q2 Q
Escassez
• O Preço de Mercado é inferior ao preço de equilíbrio:
• Existe Escassez.
• Produtores aumentam o preço.
• A quantidade demandada diminui e a quantidade ofertada aumenta.
• O mercado continua a ajustar até que o novo preço de equilíbrio seja
alcançado.
P
S

Assumindo que o preço é P2 :


1) Qd = Q2 > Qs = Q1 .
P3 2) A Escassez é Q2 - Q1 .
3) Produtores elevam o preço.
4) Quantidade ofertada aumenta demandada diminui.
5) Equilíbrio com P3 e Q3.
P2
Escassez
D

Q1 Q3 Q2 Q
• Sumário do Mecanismo do Mercado
1) Oferta e Demanda interagem para determinar o equilíbrio de
mercado.

2) Quando não houver equilíbrio, o mercado se ajustará, através


de variações no preço, até que se alcance o equilíbrio.

3) Os mercados devem ser competitivos para que o mecanismo


seja eficiente.
Mudanças no Equilíbrio de Mercado

P
D S S’
• Preço das matérias-primas cai
• S muda para S’
• Excedente = Q2 – Q1
P1
• Equilíbrio = P3 e Q3 P3

Q1 Q3 Q2 Q
Mudanças no Equilíbrio de Mercado

P D’ S
D
• Aumento da Renda

• Demanda muda para D’


P3
• Escassez = Q2 - Q1 P1
• Equilíbrio = P3 e Q3

Q1 Q 3 Q2 Q
Modificações na Oferta e Demanda

• Quando a oferta e a demanda alteram-se simultaneamente, o


impacto no preço de equilíbrio e quantidade é determinado
por:
1) O tamanho relativo e direção da mudança.
2) O formato das curvas de oferta e demanda.
A Curva de Demanda Algebricamente

Demanda: Q = a – bP
Coeficiente angular da reta
de demanda. Sensibilidade
da quantidade demandada
em relação ao preço.

Coeficiente linear da reta


de demanda: desloca a
reta paralelamente.
A Curva de Oferta Algebricamente

Oferta: Q = c + dP

Coeficiente angular da reta de


oferta. Sensibilidade da quantidade
ofertada em relação ao preço.

Coeficiente linear da reta de


oferta: desloca a reta paralelamente.
O Equilíbrio
• O equilíbrio ocorre quando a quantidade demandada é
igual a quantidade ofertada, logo:

• Em equilíbrio : S = D

ac
a – bP = c + dP P 
e

d b
Elasticidades da Oferta e Demanda

• Elasticidade é uma medida da sensibilidade de uma


variável em relação a outra.

• Ela nos mostra uma mudança percentual em uma


variável em resposta a uma mudança percentual em
outra variável.
Elasticidade-Preço da Demanda

• Medida de sensibilidade da quantidade demandada em


relação as alterações no preço
• Mede a variação percentual na quantidade demandada por um
bem ou serviço resultante de uma mudança percentual no
preço.
Derivada da quantidade em relação ao preço

Q
%Q Q Q P dQ P
E d
   •  •
P
%P P P Q dP Q
P
A mudança percentual de uma variável é a mudança
absoluta na variável dividida pelo nível original da variável.
• Como existe uma relação inversa entre P e Q, a EP é um número
negativo.

• Se E P | 1 | Elasticidade Unitária
• P e Q variam na mesma proporção
• Se E P | 1 |Demanda Elástica
• Q varia mais que proporcionalmente
• Se E P | 1 | Demanda Inelástica
• Q varia menos que proporcionalmente
• Fatores que Influenciam a Elasticidade-Preço da Demanda:

• Quanto maior o número de substitutos para o bem em questão, maior


a elasticidade-preço.

• Quanto maior a participação relativa do bem em questão no


orçamento, maior a elasticidade-preço.

• Quanto maior a essencialidade do bem em questão, menor a


elasticidade-preço.
Demanda linear: a elasticidade-preço da demanda varia de 0 a  .

P Os consumidores são mais sensíveis as alterações


EP  - 
4 no preço quanto mais elevado este for.

Q = 8 - 2P
dQ P
E d
P  •
Ep = -1 dP Q
2
Curva da Demanda Linear
Q = a - bP
Q = 8 - 2P
Ep = 0

4 8 Q
Demanda Infinitamente Elástica

P* D

EP  - 
Q
Demanda Completamente Inelástica

P D

EP  0

Q* Q
A Receita Total das Firmas e a
Elasticidade-Preço da Demanda

• Receita Total = P x Q = Gasto dos Consumidores


• Se a elasticidade-preço da demanda for unitária, uma
alteração no preço não altera a receita total.
• Se a demanda for elástica, um aumento no preço reduz a receita
total e uma redução no preço aumenta a receita total.
• Se a demanda for inelástica, um aumento no preço aumenta a
receita total e uma redução no preço reduz a receita total.
A Receita Total das Firmas e a
Elasticidade-Preço da Demanda
• Temos que: RT  PQ
• Se deixarmos o preço variar para P+P e a quantidade variar para
Q+Q teremos uma nova receita igual a: 0
RT1   P  P  Q  Q   PQ  QP  PQ  PQ
• Ao subtrairmos RT de RT1 e, imaginando que PQ seja um número
bem pequeno, teremos:
RT  QP  PQ
• Logo, a variação na receita por variação no preço é dada por:
RT Q
QP
P P
Um Caso Extremo: A Hipérbole Equilátera.
• Existe um caso particular onde a demanda possui a mesma elasticidade
para qualquer preço. Isto ocorre quando a curva de demanda é
representada por uma hipérbole equilátera.

Q  aP 
Q
 Prova
 dQ P
Q  aP . Como E D  •
P

dP Q
 1 P 
  • 
P
ED aP
Q
. Como Q aP
 1 
 aP P  aP
E D  aP   aP   E D  
P P

 Logo:
3
Se Q  1000 P  E D  3 para qualquer P.
P

30
Se Q  2  E D  2 para qualquer P.
P

P
A Elasticidade-Renda da Demanda

• A Elasticidade-Renda da Demanda mede a mudança


percentual na quantidade demandada resultante de uma
mudança percentual na renda.

Q
%Q Q Q I dQ I
EI    •  •
%I I I Q dI Q
I
Classificação das Elasticidades
• Se EI < 0 : O bem em questão é dito inferior, ou seja, o
efeito-renda é negativo. Dessa forma, renda e consumo variam em
sentido contrário.
• Se 0  EI  1 : O bem em questão é dito normal , pois o
efeito-renda é positivo, porém, a quantidade demandada varia
menos que proporcionalmente às variações na renda.
• Se EI > 1 : O bem em questão é dito supérfluo ou superior
(bem de luxo), pois o efeito-renda é positivo e a quantidade
demandada varia mais que proporcionalmente às alterações na
renda.
OBS. Muitas vezes os livros se referem a um bem normal como sendo aquele
para qual a elasticidade renda é positiva.
A Elasticidade-Cruzada da Demanda

• Elasticidade Cruzada da Demanda mede a mudança


percentual na quantidade demandada de um bem resultante
de uma mudança percentual no preço de outro bem.
Qx
%Qx Qx Qx Py
Exy   Exy   Exy  •
% Py Py Py Qx
Py
Classificação das Elasticidades

QY

Exy  0  Bens Complementares

Exy  0  Bens Independentes

Exy  0  Bens Substitutos

PX
Elasticidade-Preço da Oferta

• A Elasticidade-Preço da Oferta mede a mudança percentual na


quantidade ofertada resultante de uma alteração no preço.
• A Elasticidade normalmente é positiva, porque preço e quantidade
ofertada estão diretamente relacionados.

Q S

%Q S
Q S
Q S
P dQ S
P
E S
   • S  • S
P
%P P P Q dP Q
P
Geometricamente
P P
S S
H
B
H
B

A

O O
Q
C
b Q
_____ _____
S S
dQ BH dQ BH
 Tg     _____  Tg  b   _____
dP dP BC
BA
_____ _____ _____ _____ _____ _____
BH OB OB BH OB OB
E 
d
P • _____  _____  1  P
_____
E 
d
P • _____  _____  1  P
_____
BA BH BA BC BH BC
• Logo, podemos concluir, caso a curva de oferta seja linear:
• Se ela intercepta o eixo do preço para um valor positivo a
elasticidade preço da oferta é maior que 1.

• Se ela intercepta o eixo do preço para um valor negativo a


elasticidade preço da oferta é menor que 1.

• Adicionalmente, caso a curva de oferta saia da origem a elasticidade


preço da oferta é unitária.
Agregação de Engel
p1 x1 (p, I )  p2 x2 (p, I )  ...  pn xn (p, I )  I
Derivando em relação à renda, obtemos a agregação de Engel :
x1 (p, I ) x2 (p, I ) xn (p, I )
p1  p2  ...  pn 1
I I I
Multiplicando o lado esquerdo por  xi I xi I  e rearranjando os termos :
 I xn (p, I ) 
p1 x1  I x1 (p, I )  p2 x2  I x2 (p, I )  pn xn
     ... 
  1
I  x1 I  I  x2 I 
 xn I I 
Logo, a agregação de Engel escrita em termos das elasticidades é dada por :
s1 E1  s2 E2  ...  sn En  1
Onde :
pi xi
si   fração da renda gasta com o bem i.
I
Ei  Elasticidade renda do bem i.
 Logo, podemos concluir que:

1) Todas as elasticidades renda podem ser iguais a um. Nesse caso, um


aumento da renda aumenta na mesma proporção do consumo de todos
os bens.
2) Se Ei > 1 para algum bem i, então deve existir algum bem j diferente do
bem i tal que Ej < 1: se a fração da renda consumida do bem i aumentou
mais proporcionalmente à renda, o consumo de algum outro bem j terá
que aumentar menos que proporcionalmente à renda.
3) No máximo n-1 bens podem ser inferiores. Se todos os bens são
inferiores, então a elasticidade renda será negativa para todo bem i.
Como si ≥ 0 , então se todas as elasticidades renda forem negativas, a
igualdade acima não será verificada.
Agregação de Cournot

p1 x1 (p, I )  p2 x2 (p, I )  ...  pn xn (p, I )  I


Derivando em relação ao preço, do bem i obtemos a agregação de Cournot :
n x j (p, I )
x1 (p, I )   p j 0
j 1 I
Multiplicando a expressão por  p1 / I  obtemos a agregação de Cournot em termos de elasticidades :
pi x1 (p, I ) n pi x j (p, I )
  pj 0
I j 1 I I
Reescrevendo a expressão acima (multiplique o somatório por ( x j / x j )) :
pi x1 (p, I ) n x j p j pi x j (p, I )
 0
I j 1 I x j I
Agregação de Cournot
n
Em termos de elasticidades : si   s j  Mji
j 1

Rearranjando os termos : si 1   Mji   


n


j 1, j 1
s j  Mji ( I )
Agregação de Cournot

si 1   Mji   
n


j 1, j 1
s j  Mji ( I )

• Se o bem i é elástico (inelástico), então 


M
< −1, e o lado esquerdo de (I) é
ji
negativo (positivo). O lado direito de (I) deve ser negativo (positivo) também, ou
seja, a soma ponderada das elasticidades preço cruzadas dos outros bens com
relação ao bem i deve ser na média positiva (negativa).
• Portanto, se a demanda do bem i é elástica (inelástica), então os outros bens
devem ser , na média ponderada pela fração gasta em cada bem, substitutos
(complementares) do bem i, independente de como esse bens afetem a função
de utilidade.
• Outra implicação que pode ser extraída de (I) é a reação dos gastos nos outros
bens devido a uma mudança no preço do bem i: essa reação depende da
elasticidade preço de i. Se a demanda i é elástica, então quando o preço do
bem i diminui, o gasto com os outros bens diminui também.
Elasticidades de Curto-prazo Versus
Elasticidades de Longo-prazo
• No caso de muitas mercadorias, a demanda é muito mais elástica ao
preço a longo prazo do que a curto prazo. Uma das razões para isso é
que as pessoas demoram para modificar seus hábitos de consumo.
• Para a maioria dos bens e serviços:
• Elasticidade de curto prazo é menor que a elasticidade de longo prazo.

• Outros Bens (duráveis):


• Elasticidade de curto prazo é maior que a elasticidade de longo prazo.
Gasolina e Automóveis: Um Exemplo.

• Um aumento no preço da gasolina tem um pequeno efeito


sobre a quantidade demandada no curto prazo.
• Motoristas podem utilizar menos o automóvel, mas não mudarão o tipo
de automóvel que dirigem da noite para o dia. A longo prazo, contudo,
eles adquirirão automóveis menores e mais econômicos, de tal modo
que o efeito do aumento do preço sobre a quantidade demandada de
gasolina será maior.
• Portanto, a demanda é mais elástica a longo prazo do que a curto
prazo.
Gasolina e Automóveis: Um Exemplo.

• Um aumento no preço dos automóveis tem um grande efeito


sobre a quantidade demandada no curto prazo.
• Com o aumento do preço, os consumidores inicialmente se recusam a
comprar um carro novo e a quantidade demandada cai fortemente. A
longo prazo, entretanto, os automóveis velhos precisarão ser
substituídos, de tal modo que a quantidade anual demandada
aumentará.
• A demanda é, portanto, menos elástica a longo prazo do que a curto
prazo.
Grande Parte dos Bens e Serviços (ex. Gasolina)

P DCP

Pessoas tendem a dirigir carros mais


P1 econômicos no longo prazo
P0

DLP

Q2 Q1 Q0 Q
CP
LP
Bens Duráveis (Automóveis)

P DLP
As pessoas podem deixar de consumir imediatamente mas,
em algum momento, os carros velhos devem ser substituídos.

P1
P0

DCP

Q1 Q2Q0 Q
CP
LP
Análise de Mercados Competitivos

• Vimos anteriormente como as curvas de oferta e demanda de mercado


descrevem o comportamento dos preços e das quantidades
transacionadas, caso não haja intervenção governamental. Entretanto,
por diversas vezes, os governos alteram o comportamento dos
mercados via políticas de intervenção direta ou indireta.
• Trataremos aqui de estudar de que forma essas políticas geram
ganhos ou perdas para os agentes econômicos envolvidos, assim como
para a sociedade como um todo.
• Faremos isso utilizando o conceito de excedente resumido a seguir.
• Note que estamos supondo a existência de mercados competitivos, sem
a existência de qualquer falha de mercado.
• Nesse sentido, a alocação de mercado é Pareto-eficiente (maximiza
o excedente total).
• Os excedentes do consumidor e produtor

• Excedente do consumidor
• É dado pela diferença entre o preço que o consumidor está
disposto a pagar por certa quantidade de um bem ou serviço e
o preço que, efetivamente, ele paga.
• Excedente do produtor
• É dado pela diferença entre o preço que o produtor
aceitaria para ofertar certa quantidade de um bem ou serviço
e o preço pelo qual, efetivamente, ele as oferta.
Graficamente

P
P4 Excedente do Excedente
Consumidor do Produtor

S
P3
A
Pe
P2
B
P1
D
Q1 Q2 Qe Q
Consumidor 1 Consumidor 2 Consumidor 3
• Note que o consumidor que demanda Q1 aceitaria pagar
P4 por esta quantidade. Entretanto, efetivamente, ele
paga Pe. Da mesma forma, para ofertar Q1, o produtor
aceitaria o preço P1, porém, ele vende todas as
unidades pelo preço Pe. Dito de outra forma, o
excedente do consumidor é o benefício total obtido por
todos os consumidores, representado pela área A.
Usando o mesmo raciocínio, podemos dizer que o
excedente do produtor é representado pela área B.
• Como vimos, o excedente do produtor mede o benefício total dos
produtores, assim como o excedente do consumidor mede o benefício
total dos consumidores.
• Dessa forma podemos medir os ganhos ou perdas de ambos
decorrentes das intervenções governamentais, observando as
variações dos excedentes.
• Dito de outra forma, o conceito de excedente pode ser interpretado
como uma medida de bem-estar, e podemos utilizá-la para
avaliarmos os impactos das intervenções governamentais sobre os
produtores, consumidores e sobre a sociedade, à medida que
podemos dividi-la entre consumidores e produtores.
• Para sabermos se a medida foi benéfica para a sociedade,
devemos calcular o “ganho social” que, se for negativo, implica
em perda para a sociedade (“peso morto”).

G.S. = EP + EC

Variação do excedente do consumidor


Variação do excedente do produtor
Ganho social (se positivo)
• Se a medida de política econômica for onerosa para o governo, ou
seja, se o governo incorreu em gastos, devemos computá-los como
perda, já que o governo gasta o dinheiro da sociedade, arrecadado via
cobrança de impostos.
• Se a medida de política econômica gerar arrecadação para o
governo, devemos adicioná-la ao “ganho social”, pois é de se
esperar que tais recursos se transformem e benefícios para a
sociedade.
• Dessa forma, temos:
G.S. = EP + EC - GG (no caso de gastos do governo)

Gastos do Governo

G.S. = EP + EC + AG (no caso de arrecadação do governo)

Arrecadação do Governo
Tabelamento a Preço Máximo (PM)

Perda Bruta S

O ganho do consumidor é a diferença entre


B
o retângulo A e o triângulo B.
P0
A C A perda dos produtores é representada
PM pela soma do retângulo A com o triângulo C.

QS Q0 QD Q
• Se o governo impõe um preço máximo, gera
escassez no mercado, pois a um preço mais baixo
a quantidade ofertada se reduz, enquanto a quantidade
demandada aumenta. Obviamente, a quantidade
transacionada é Qs, e (Qd - Qs) representa a
escassez no mercado. Com isso, os produtores
perdem A e C, enquanto os consumidores ganham A
e perdem B. Dessa forma, temos:

EP = -A-C e EC = A-B

G.S. = EP + EC = -A-C+A-B G.S. = -B-C

• Logo, a sociedade teve uma perda, representada


pelos triângulos B e C.
Tabelamento a Preço Máximo (PM)
Quando a Demanda é Inelástica

S
B
P0
C Se a demanda for suficientemente Inelástica,
A
PM a área do triângulo B pode ser superior a
área do retângulo A, sendo a medida maléfica
para os consumidores.

D
QS Q2
Q
Tabelamento a Preço Mínimo (Pm)

• Se o governo impõe um preço mínimo, isso gera um excedente,


à medida que aumenta a quantidade ofertada e diminui a
quantidade demandada. A quantidade transacionada é Qs,
mas como os consumidores só demandam Qd, o governo terá
que comprar o excedente para sustentar tal preço. Sendo
assim, temos:
P S

Pm
A B D Para manter o preço Pm o governo deve
C
P0 comprar a quantidade Qg (Q2 – Q1).

Qg
E

D + Qg

D
Q1 Q0 Q2 Q
EC = -A-B e EP = A+B+D

G.G.= B+C+D+E ou G.G.= Pm x (Qs-Qd)

Logo:
G.S.= EC+EP-G.G. = -A-B+A+B+D-B-C-D-E

Perda bruta gerada pelo suporte


G.S. = -B-C-E de preços por parte do governo
Quotas de Produção

• Outra forma de o governo causar um aumento no preço de


uma mercadoria é reduzindo a oferta .

• Qual é o impacto das seguintes medidas:


• Controle da entrada de novos motoristas no mercado de táxis ?

• Controle do número de licenças para a venda de bebidas alcoólicas ?


Quotas de Produção

P S’ • Oferta restringida em Q1
• Oferta desloca-se para S’ em Q1

S
PS

A
B • EC reduzido em A + B
P0 • Variação no EP = A - C
C • Peso morto = B + C

Q1 Q0 Q
Imposto de Importação

P
S

Se o governo colocar um imposto


sobre o produto importado, temos:
Pe P* = PW + t

P*
A C D E
Pw B

Q0S Q1S Qe Q1D Q0D Q


EC = -A-B-C-D-E e EP = A

A.G.= t x VI onde VI é o volume importado.

 Logo, A.G. = C+D

G.S.= EC+EP+A.G. = -A-B-C-D-E+A+C+D  G.S. = -B-E

Logo, a imposição de um imposto de importação


provoca perda de bem-estar para a sociedade.
A Introdução de um Imposto Específico
(valor $ fixo por unidade transacionada)

P S1
A introdução de um imposto específico
S (taxa fixa por unidade) aumenta os
custos das firmas, deslocando a curva
Pc de oferta para a esquerda. Isso eleva o
preço para o consumidor (Pc) e reduz o
t P0 preço recebido pelo produtor (Pr). A
diferença entre os dois é dada pelo
Pr imposto (t).

D
D1
Q’ Q0 Q
OBS. Poderíamos obter o mesmo resultado deslocando a curva de demanda para a
esquerda. A nova curva de demanda é obtida através da substituição de P por P+t.
P
S

Pc
A B
t P0
C D
Pr

Q’ Q0 Q

EP = -C-D EC = -A-B A.G. = A+C

G.S. = EP+EC+A.G. = -C-D-A-B+A+C  G.S.= -B-D


O Imposto e as Elasticidades da demanda e Oferta

Incidência Maior Sobre os Compradores Incidência Maior Sobre os Vendedores


D S
P P
Pc
t S
Pe Pc
Pe
Pr
t
D
Pr

Q1 Qe Q Q1 Qe Q
Regra básica: dada a introdução de um imposto, o ônus tributário
recairá mais fortemente sobre o ramo mais inelástico do mercado.
Subsídios

P
S
A concessão de um subsídio por parte do
Pr S’ governo reduz os custos das firmas,
deslocando a curva de oferta para direita.
s P0 Isso reduz o preço para o consumidor (Pc)
e eleva o preço recebido pelo produtor
Pc (Pr). A diferença entre os dois é dada pelo
subsídio (s).
D

Q0 Q’ Q
P
S

Pr
C D
s P0 E
A B
Pc

Q0 Q’ Q
EC = A+B EP = C+D

G.G. = Subsídio Unitário x Q’ = A+B+C+D+E

G.S. = EC+EP-G.G. = A+B+C+D-A-B-C-D-E

G.S.= -E

Logo, o subsídio gera uma perda de bem-estar


para a sociedade, representada pela área E.
Introduzindo um Imposto ad-valorem
• Anteriormente trabalhamos com um imposto específico, ou seja, um
valor fixo por unidade vendida. Agora suponha que a cobrança seja
realizada através de uma alíquota, que chamaremos de t. Note que,
neste caso, quanto maior for o preço, maior será o valor monetário
imposto pago, pois ele é cobrado como um percentual do preço.
• Construindo a curva de demanda com imposto:

Fazer P  P 1  t  .

Logo, se ( D)  P  a  bQ  ( D)  P 1  t   a  bQ
Exemplo
• P = 100Q - 100 e P = 400 -100Q
P=150
• Equilíbrio: 100Q – 100 = 400 – 100Q→
Q=2,5
• Suponha que t = 20%
• (D´) P(1 + t ) = 400 – 100Q. Logo:
• (D´) P = 333,33 – 83,33Q
• Equilíbrio com imposto: D´= S → Q=2,36 e P=136,67
• Substituindo Q=2,36 na demanda antiga,
encontramos o preço ao consumidor = 164
P

Pc = 164
t = 20% 150
Pp =136,67

D
2,36 2,5 4 Q
ANPEC – 2008 – Questão 10
• Considere um mercado de leite perfeitamente competitivo, conforme
descrito abaixo:

• No gráfico, DD é a demanda e SS, a oferta. O equilíbrio, no mercado livre,


é dado por Q0 e P0. Suponha que o governo fixe um preço Pg tal que
Pg > P0, e que, para sustentar esse preço, adquira todo o excedente de
produção. Isto posto, avalie as afirmações:
• (0) Ao fixar o preço em Pg, o governo terá de adquirir Q0 – Q1. F
• (1) (a + b) é a redução do excedente dos consumidores. V
• (2) (a + b + d) é o aumento do excedente dos produtores. V
• (3) O custo da intervenção para o governo é (Q2 – Q1)Pg. V
• (4) A sociedade como um todo sofre uma perda de bem-estar. V
• De acordo com o que vimos:

P SS

Pg
A B D Para manter o preço Pm o governo deve
C
P0 comprar a quantidade Qg (Q2 – Q1).

Qg
E

D + Qg

DD
Q1 Q0 Q2 Q
EC = -A-B e EP = A+B+D

G.G.= B+C+D+E ou G.G.= Pg x (Q2-Q1)

Logo:
G.S.= EC+EP-G.G. = -A-B+A+B+D-B-C-D-E

Perda bruta gerada pelo suporte


G.S. = -B-C-E de preços por parte do governo
ANPEC – 2014 – Questão 6
1, 2
A curva de demanda de mercado para o bem X é dada por q d
 200 p .
A curva de oferta para esse mesmo bem X assume a forma q  1,3 p . Suponha
o

ainda que o governo resolve intervir nesse mercado, por razões ambientais, e
define uma cota de produção máxima de q =11 unidades de X no mercado.
Podemos afirmar:
0) O preço de equilíbrio de X no mercado sem intervenção é P* = 9,87; V
(Item anulado)

• Para calcularmos o equilíbrio, vamos igualar a demanda à oferta:


1

1,2 200   200  2,2


 
200 p  1,3 p  p 2,2
  p    p  9,87  q  12,83
1,3  1,3 
• OBS.: Dizem que a questão foi anulada, não pelo conteúdo, mas pela
complexidade do cálculo, já que não é permitida a utilização da calculadora.
1) A intervenção do governo provoca um ganho de bem-estar para todos no
mercado; F
• Qualquer intervenção governamental em um mercado competitivo provoca, na
ausência de falhas de mercado, um peso morto.
• De qualquer forma, vamos calcular o peso morto.
P S
EC   A  B
Pd=11,21
A
EP  A  D
B
P*=9,87
D Ganho Social  EC  EP
P=8,46
D
Ganho Social   A  B  A  D
Peso Morto  B  D
qc*=11

Q
q*=12,83
Calculando as Áreas
P S A: 1,34 x 11 = 14,74
D: (1,41 x 1,83)/2 = 1,29
Pd=11,21
A B 1
 200 
P*=9,87 12,83 1,2
dq  1,83 • 9,87 
D
P=8,46
D
B: 
11

 q 

1 12,83
1
 
 6 • 200 1,2
q   18, 06
6
qc*=11

q*=12,83

Q
 11
1

 6  200 1,2
1,53  1, 49  18, 06  1, 79
• Logo, o peso morto = 1,79 + 1,29 = 3,08
2) Apenas os produtores do bem X sofrem perdas de bem-estar decorrentes da
intervenção do governo; F
• Como vimos, existe perda de bem-estar para os consumidores.
• No caso dos produtores, por se tratar de uma cota de produção, que consiste na
proibição de produção acima de 11 unidades, eles acabaram ficando em uma
situação melhor:
• Observe que eles perderam a área D, referente a redução da quantidade
produzida, mas ganharam a área A, referente ao aumento do preço (passaram
a vender as 11 unidades ao preço de 11,21 > 9,87) e, nesse caso, A > D.
• Observe que o “preço” 8,46 não deve ser utilizado como referência para os
produtores, pois eles não venderão ou receberão esse preço, pois não se
trata de um imposto e sim de uma cota.
3) Uma curva de demanda por X mais preço elástica induziria uma perda de
bem-estar menor para os consumidores do bem X; V

• Se a curva de demanda fosse mais elástica, a


P S perda de bem-estar dos consumidores seria
menor, representada pela área em vermelho.
Pd=11,21 • Motivo: caso a demanda seja mais elástica,
Pd=DEL
isto significa que o produto possui mais
P*=9,87
DEL substitutos. Logo, nesse caso, dada uma
P=8,46
D restrição de quantidade, a perda de bem-estar
dos consumidores será menor.
q*=12,83
qc*=11

Q
4) A perda líquida de excedente dos consumidores é maior do que a perda líquida
de excedente dos produtores e isso ocorre porque a elasticidade-preço da
demanda é menor do que a elasticidade-preço da oferta. F → V

• Não houve perda para os produtores, somente para os consumidores.


• Haveria perda para os produtores, caso eles fossem obrigados a praticar o
preço de 8,46, o que não ocorre (nesse caso, a perda dos produtores seria
maior).

• OBS. Faria sentido pensar em termos de elasticidade-preço comparativamente,


no caso de um imposto sobre o produto que fizesse com que o preço subisse
para os consumidores e fosse reduzido para os produtores.
• Nesse caso, ambos perderiam, mais a perda seria maior para os produtores
(ramo mais inelástico do mercado).
• no caso da oferta, a curva é linear e sai da origem (elasticidade unitária) e
no caso da demanda, a curva é isoelástica (o expoente é -1,2 =
elasticidade).

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