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UC: MICROECONOMIA 1

Professor/Assistente: Daniel Edvaldo André


CURSO: Contabilidade e Finanças
Ano: 2023/2024
2-CONCEITOS BÁSICOS

2.1. O modelo da procura e da oferta


• A curva da procura e da oferta
• Excedente económico
• Elasticidade da procura e oferta
• Elasticidade e receita total (despesa total)
• Intervenção estatal
PROCURA DE MERCADO
Procura de Mercado: é a quantidade de determinado bem ou serviços, que as famílias
(consumidores) estão dispostos a adquirir.

A procura de um bem depende de muitos factores, tais como:


• O preço do bem;
• O rendimento disponível das famílias;
• O preço dos bens relacionados (substitutos e complementares);
• Os gostos e as preferências dos consumidores;
• Factores especiais (como o clima);
• Números de consumidores (tamanho da população);
• Subsídio ao consumo;
• Impostos ao consumo (indirecto).

Como apresentado a cima muitos são os factores que influenciam a procura, mas para efeito
PROCURA DE MERCADO
de simplificação do modelo da procura, vamos inicialmente considerar a procura como sendo
simplesmente dependente do preço.

A quantidade que os consumidores procuram de um bem, dependerá do seu preço, mantendo as


demais variáveis constantes ou simplesmente ceteris paribus.
A relação entre a quantidade procurada de um bem e o preço do mesmo bem é inversa, quanto
maior for o preço do bem, menor será a quantidade e quanto menor for o preço, maior será a
quantidade de bens que os consumidores estarão dispostos a comprar. A relação inversa entre o
preço e a quantidade procurada de bem implica à uma inclinação negativa na curva da procura.
Expressão analítica:
𝑸𝑫
𝒙 = 𝒂 − 𝒃𝑷𝒙 ; Onde: a e b são constantes.

A curva da procura a cima apresentada é linear de declive (ou de inclinação) negativo, mas de
referir que não precisa necessariamente ser sempre representada por uma recta. A representação
pela recta é simplesmente uma forma de simplificar a análise.
PROCURA DE MERCADO
Graficamente: Curva da Procura
P

Onde:
D: Do inglês Demand traduzido por Demanda (Procura)
P: De Preço no eixo das ordenadas
P* D
Q: De quantidade no eixo das abcissas
P*: Preço do bem (pago pelo consumidor)
Q* Q Q*: Quantidade procurada de um bem dado o preço (P*)

Dada a lei da procura, se o preço do bem aumentar, a quantidade procurada diminui, e se o


preço diminuir, a quantidade procura aumenta tal como podemos ver no gráfico a seguir.
PROCURA DE MERCADO

Variação da quantidade procurada em função da variação no preço.


P

Onde:
P1 B
-Do ponto A para o ponto B resultou de um aumento do
preço do bem.
P* A
-Do ponto A para o ponto C resultou de uma diminuição
do preço do bem.
P2 C

Q1 Q* Q2 Q

Como podemos perceber, todas as alterações são feitas ao longo da curva da procura (por cima
da mesma curva da procura), o que significa que, as variações no preço do bem provocam
apenas deslocações ao longo da curva da procura e não deslocações da curva da procura.
A deslocação da curva da procura ocorre quando há alterações em outros factores diferentes
ao preço do bem.
PROCURA DE MERCADO
Deslocamento da curva (Para direita e para Deslocamento da curva (Para esquerda e
cima): para baixo):
P P

Aumenento da procura
ou Expansão da procura Diminuição da procura
ou contração da procura

D
D'

D D'

Q Q

O aumento da procura pode ser motivado por: A diminuição da procura pode motivada por:
• Um aumento dos gostos e preferências, que • Uma diminuição nos gostos e preferências,
pode gerar aumento da procura de um bem que pode gerar diminuição da procura de um
sem que haja necessariamente alterações do bem;
preço de relativo bem;
• Diminuição do rendimento disponível;
• Aumento do rendimento disponível;
• Redução do subsídio ao consumo;
• Aumento do preço de um bem substituto;
• Espectativas de preço;
• Redução das taxas de impostos de consumo;
• Aumento do imposto de consumo (IVA).
• Diminuição do preço de um bem
complementar.
OFERTA DE MERCADO
Oferta de Mercado: é a quantidade de determinado bem ou serviços, que os produtores estão
dispostos a oferecer.

Tal como a procura de bem, a oferta também depende de vários factores, tais como:
• O preço do bem;
• A tecnologia;
• Os preços dos factores de produção (matéria prima, mão de obra, máquinas e outros);
• Os impostos sobre a produção (impostos de rendimento);
• Os subsídios para a produção
• Números de empresas (tamanho e estrutura do mercado);
• Factores especiais (clima).

Vamos considerar a oferta como dependente apenas do preço do bem e todas as outras
variáveis sendo constantes, ou simplesmente ceteris paribus.
OFERTA DE MERCADO
A relação entre a quantidade ofertada de um bem e o preço do bem é directa, ou seja, quanto
maior for o preço do bem, maior será a quantidade e quanto menor for o preço, menor será a
quantidade de bens que os produtores estarão dispostos a oferecer. A relação directa entre o
preço e a quantidade ofertada de um bem implica à uma inclinação positiva na curva da oferta.
Expressão analítica:
𝑸𝑺𝒙 = 𝒄 + 𝒅𝑷𝒙 ; Onde: c e d são constantes.
A curva da oferta a cima apresentada é linear de declive (inclinação) positivo, mas de referir
que não precisa necessariamente ser sempre representada por uma recta. A representação pela
recta é simplesmente uma forma de simplificar a análise.
P Representação gráfica da curva da oferta:
S Onde:
S: Do inglês supply traduzido por oferta
P*
P*: Preço do bem (cobrado pelo produtor)
Q*: Quantidade oferecida dado o preço (P*)

Q* Q
OFERTA DE MERCADO
Dada a lei oferta, se o preço do bem aumentar, a quantidade ofertada aumenta, e se o preço
diminuir, a quantidade ofertada diminui, como podemos ver no gráfico a seguir.

Variação da quantidade ofertada em função da variação no preço.


P
Onde:
P2 C

-Do ponto A para o ponto B resultou de uma diminuição


P* A
do preço do bem.
P1 B -Do ponto A para o ponto C resultou de um aumento do
preço do bem.

Q1 Q* Q2 Q

A semelhança da procura, todas as alterações ocorrem ao longo da curva da oferta, o que


significa também que, as variações no preço do bem provocam apenas deslocações ao longo da
curva da oferta e não deslocações da curva da oferta.
OFERTA DE MERCADO

Deslocamento da curva (Para direita e Deslocamento da curva (Para esquerda e


para baixo): para cima):
P S P S'

S' S

Aumento da oferta Redução da oferta

Q Q

O aumento da oferta pode ser motivado por: A redução pode se motivada por:

• Uma diminuição dos preços dos factores • Aumento dos preços dos factores produtivos;
produtivos; • Retirada do subsídio à produção;
• Progresso tecnológico; • Aumento das taxas de impostos à produção;
• Atribuição do subsídio à produção;
• Diminuição do número de empresas;
• Redução das taxas de impostos à produção; • Factores especiais (clima desfavoráveis).
• Aumento do número de empresas.
EQUILÍBRIO DE MERCADO
O equilíbrio ocorre quando há um preço que permite a igualdade entre a procura e a oferta,
esse preço é chamado preço de equilíbrio. Nesta condição chamamos preço de equilíbrio (P*)
e quantidade de equilíbrio (Q*).
Matematicamente: 𝑄𝑥𝐷 = 𝑄𝑥𝑆 = 𝑄∗
Graficamente: Equilíbrio entre a curva da procura e a curva da oferta:
P

P* E

Q* Q

Obs: Numa situação em que não há equilíbrio entre a curva da procura e a curva da oferta,
duas situação podem acontecer. Observe o gráfico a seguir.
EQUILÍBRIO DE MERCADO
Desequilíbrio:
P

Excesso de oferta Qs > Qd S

P1

P* E

P2

D
Excesso de procura Qd > Qs

Q1 Q* Q2 Q

Se o preço estiver a cima do preço de equilíbrio, a quantidade ofertada será maior que a
quantidade procurada, o que daria origem a um Excesso de oferta.
𝑄𝑥𝑆 − 𝑄𝑥𝐷
Se o preço estiver a baixo do preço de equilíbrio, a quantidade procurada será maior que a
quantidade procurada, o que daria origem a um Excesso de procura.
𝑄𝑥𝐷 − 𝑄𝑥𝑆
EXCEDENTE ECONÓMICO
O comportamento dos agentes económicos (consumidores e produtores) é baseado no princípio
da racionalidade, o que quer dizer que, cada agente procura fazer o melhor para si.
O consumidor quer sempre pagar menos na compra, por mais que tenha a capacidade de pagar
mais; do outro lado, o produtor quer sempre cobrar mais na venda, por mais que tenha a
capacidade de cobrar menos.
O preço que o consumidor estaria disposto a pagar denominamos Preço Máximo e ao preço
que o produtor estaria disposto a cobrar denominamos Preço Mínimo (que depende do custo).
O consumidor vai preferir pagar o preço de mercado (a baixo) do preço máximo, esta escolha é
racional por parte do consumidor, pois permite que o consumidor tenha um ganho, que
chamamos de Excedente do consumidor.
O produtor vai preferir cobrar o preço de mercado (a cima) do preço mínimo, esta escolha é
racional por parte do produtor, pois permite que o produtor tenha um ganho, que chamamos de
Excedente do produtor.
À soma entre o excedente do consumidor e o excedente do produtor chamamos EXCEDENTE
ECONÓMICO.
O excedente económico é uma medida de bem-estar, em termos monetário mede o benefício
das famílias (consumidores) e das empresas (produtores).
EXCEDENTE ECONÓMICO
O excedente do consumidor pode ser definido como a diferença entre o montante
que o consumidor está disposto a pagar e montante que o consumidor efectivamente
paga.

Para o consumidor:
• Se o preço de mercado for superior ao preço máximo, o consumidor não é atraído a comprar.
• Se o preço de mercado for inferior ao preço máximo, o consumidor terá o um excedente.

O excedente do produtor pode ser definido como a diferença entre o montante que
o produtor está disposto a vender e montante que o produtor efectivamente recebe.

Para o produtor:
• Se o preço de mercado for superior ao preço mínimo, o produtor é atraído a
vender e terá um excedente (lucro).
• Se o preço de mercado for inferior ao preço mínimo, o produtor não entra no
mercado (não vende), pois o preço não permitiria cobrir o mínimo de custo de
produção.
EXCEDENTE ECONÓMICO
Situação de eficiência de mercado:
P Onde:
Pmáx. S EC: Excedente do consumidor
EP: Excedente do produtor
EC Pmáx: O preço máximo que os consumidores
P* estão dispostos a pagar.
EP Pmin: O preço mínimo que os produtores estão
dispostos a cobrar.
Pmín. P*: O preço de equilíbrio, o preço efectivamente
D pago (recebido).
0 Q* Q

Podemos notar da figura que, os excedentes são representados por figuras geométricas
(triângulo). Para determinar o valor de cada uma dos excedentes podemos recorrer ao cálculo
de área do triângulo. Na situação de equilíbrio o excedente económico é máximo, pois há
eficiência (os consumidores e quanto os produtores têm benefícios por estar no mercado).
Obs: A figura não precisa necessariamente ser sempre um triângulo.
EXCEDENTE ECONÓMICO
Situações de ineficiências de mercado:
P Onde: P
Pmáx. Pmáx.
S A: perda de EC S
EC B: perda de EP EC
P1

A A+B: perda total A


P* EP B P* EC B
P2
EP EP
Pmín. Pmín.
D D
0 Q* Q 0 Q* Q

Na situação 1, ao preço P1 (a cima de P*): Alguns consumidores deixam de comprar ou


compram menos (perda A) e alguns produtores não conseguem vender dada a redução da
quantidade procurada (perda B). A situação beneficia alguns produtores, pois o preço subiu.
Na situação 2, ao preço P2 (a baixo de P*): Alguns produtores abandonam o mercado ou
produzem pouco (perda B), e alguns consumidores não conseguem comprar dada a redução da
quantidade ofertada (perda A). A situação beneficia alguns consumidores, o preço reduziu.
ELASTICIDADE
O conceito de elasticidade reflete o nível de reação ou sensibilidade de uma variável, quando
ocorrem alterações em outra variável, ceteris paribus.
Muitas são as variáveis que influenciam a procura (por exemplo), então em economia, a
elasticidade mede o grau de sensibilidade que uma variável dependente (procura) em resultado
de alterações da variável independente (preço de um bem, rendimento ou preço de outro bem
relacionado).
Algebricamente: A elasticidade mede a variação percentual de uma variável, em resultado da
variação de outra variável em 1%.
∆%𝒚
𝜺𝒙,𝒚 =
∆%𝒙
∆𝑦 𝑦2 −𝑦1 ∆𝑥 𝑥2 −𝑥1
Onde: ∆%𝑦 = = 𝑒 ∆%𝑥 = =
𝑦1 𝑦1 𝑥1 𝑥1
Expressão de elasticidade
𝑦2 − 𝑦1
∆%𝑦 𝑦 ∆𝑦 𝑥1 ∆𝒚 𝒙𝟏
→ 𝜀𝑥,𝑦 = = 𝑥 −1 𝑥 = × ↔ 𝜺𝒙,𝒚 = ×
∆%𝑥 2 1 𝑦1 ∆𝑥 ∆𝒙 𝒚𝟏
𝑥1
Obs: A expressão a cima é usada para dados históricos (situação inicial e situação final).
ELASTICIDADE
Caso se tenha a variável y como função de x, ou seja, 𝑦 = 𝑓 𝑥 , podemos expressar a
elasticidade da seguinte forma:
𝝏𝒚 𝒙
𝜺𝒙,𝒚 = ×
𝝏𝒙 𝒚
Para estes capítulos vamos estudar os seguintes tipos de elasticidade procura:
Elasticidade procura-preço directa: o nível de sensibilidade do consumidor face as alterações
do preço de um bem. Variação percentual da quantidade, dada a variação de 1% no seu preço.
∆𝑸𝒙 𝑷𝒙 𝝏𝑸𝒙 𝑷𝒙
𝜺𝑫
𝑷𝒙 = × 𝒐𝒖 𝜺𝑫
𝑷𝒙 = ×
∆𝑷𝒙 𝑸𝒙 𝝏𝑷𝒙 𝑸𝒙
Elasticidade procura-rendimento: o nível de sensibilidade do consumidor face as alterações
do rendimento. Variação percentual da quantidade, dada a variação de 1% no rendimento.
𝚫𝑸𝒙 𝑹 𝝏𝑸𝒙 𝑹
𝜺𝑫
𝑹 = × 𝒐𝒖 𝜺𝑫
𝑹 = ×
𝚫𝑹 𝑸𝒙 𝝏𝑹 𝑸𝒙
Elasticidade procura-cruzada: o nível de sensibilidade do consumidor face as alterações do
preço de outro bem. Variação percentual da quantidade, dada a variação de 1% no preço de
outro bem. 𝑫
𝚫𝑸𝒙 𝑷𝒚 𝑫
𝝏𝑸𝒙 𝑷𝒚
𝜺𝒙,𝒚 = × 𝒐𝒖 𝜺𝒙,𝒚 = ×
𝚫𝑷𝒚 𝑸𝒙 𝝏𝑷𝒚 𝑸𝒙
ELASTICIDADE PROCURA-PREÇO DIRECTA
A elasticidade procura-preço é negativa, pela lei da procura conseguimos notar que, as
alterações do preço geram variações contrárias na quantidade.
Apesar do valor ser negativo a sua interpretação é positiva, recorrendo ao conceito matemático
de valor absoluto (módulo).
𝑫 𝚫𝑸𝒙 𝑷𝒙 𝝏𝑸𝒙 𝑷𝒙
𝜺𝑷𝒙 = × = ×
𝚫𝑷𝒙 𝑸𝒙 𝝏𝑷𝒙 𝑸𝒙
Do valor da elasticidade podemos ter as seguintes situações:
• 𝜺𝑫𝑷𝒙 > 𝟏 : A procura é elástica, ou seja, uma variação de 1% no preço do bem gera uma
variação maior que 1% na quantidade procurada.
• 𝜺𝑫𝑷𝒙 < 𝟏 : A procura é inelástica, ou seja, uma variação de 1% no preço do bem gera uma
variação menor que 1% na quantidade procura.
• 𝜺𝑫𝑷𝒙 = 𝟏 : A procura é unitária, ou seja, uma variação de 1% no preço do bem gera uma
variação na mesma proporção na quantidade procurada.
• 𝜺𝑫𝑷𝒙 = 𝟎 : A procura é perfeitamente inelástica, ou seja, o consumidor é indiferente às
variações no preço do bem, está disposto a comprar uma determinada quantidade fixa, à
qualquer preço. Neste caso a curva da procura é vertical.
ELASTICIDADE PROCURA-PREÇO DIRECTA
• 𝜺𝑫𝑷𝒙 = ∞ : A procura é perfeitamente elástica, ou seja, o consumidor está disposto a
comprar qualquer quantidade à um dado preço fixo, se o preço alterar não haverá
negociação. Neste caso a curva da procura é horizontal.

Factores que influenciam o grau elasticidade procura-preço:


• A existência de bens substitutos: Quanto maior for a facilidade de substituir um
determinado bem, maior será a elasticidade, e vice-versa.
• A importância ou essencialidade do bem: Quanto maior for a importância de determinado
bem para o consumidor, menor será o nível de sensibilidade ao preço do consumidor, pois o
consumidor tem o bem como sendo necessário. Bens essenciais são mais inelásticos
• O peso do preço do bem no orçamento do consumidor: quanto maior for o impacto que
esse bem tem no rendimento do consumidor, maior será o nível de sensibilidade que o
consumidor terá face as alterações do preço do bem.
• Horizonte temporal: A elasticidade de curto prazo é menor que a elasticidade de longo
prazo. Vamos entender este fenómeno, em situação de subida de preço, o consumidor vai
reduzindo cada vez mais a quantidade procurada de determinado bem, buscando bens que
possam substituir o anterior.
ELASTICIDADE PROCURA-RENDIMENTO
Como mencionamos anteriormente, o rendimento disponível é também um factor determinante
da procura de um bem, ou seja, as alterações no rendimento exercem influências na procura de
um bem. A elasticidade procura-rendimento permite conhecer a natureza do bem.
A elasticidade procura-rendimento: é o valor que mostra a variação percentual na quantidade
procurada de um bem, em resultado da variação percentual no rendimento, ceteris paribus.
𝑫 𝚫𝑸𝒙 𝑹 𝝏𝑸𝒙 𝑹
𝜺𝑹 = × = ×
𝚫𝑹 𝑸𝒙 𝝏𝑹 𝑸𝒙
Do valor da elasticidade podemos ter os seguintes tipos de bens:
• 𝜺𝑫
𝑹 < 𝟎 ∶ Bem inferior, ou seja, o consumidor vai deixando de consumir na medida em que
o rendimento aumenta, pois entende substitui-los por outros de melhor qualidade.
• 𝜺𝑫
𝑹 = 𝟎 ∶ Bem inelástico ao rendimento, pense numa situação em que as variações no
rendimento não influenciam a quantidade procurada de determinado bem. Ex: A quantidade
procurada de medicamentos por um doente crónico.
• 𝟎 < 𝜺𝑫
𝑹 ≤ 1 ∶ Bem normal, situação em que as variações no rendimento geram aumento ou
diminuição da quantidade procurada de um bem, respectivamente.
• 𝜺𝑫
𝑹 > 𝟏 : Bem superior (de luxo), situação em que o consumidor aumenta o consumo de
determinado bem mais do que o proporcional ao aumento no rendimento, e vice-versa.
ELASTICIDADE PROCURA-PREÇO CRUZADA
Queremos agora, com a elasticidade procura-preço cruzada estudar a relação que um bem
estabelece que com outros bens, e de que forma essa relação pode influenciar a procura de um
bem, resultado da alteração do preço de outro bem.
A elasticidade procura-preço cruzada: reflete a variação percentual na quantidade procurada
de um bem, em resultado da variação percentual do preço de outro bem, ceteris paribus.
𝑫
𝚫𝑸𝒙 𝑷𝒚 𝝏𝑸𝒙 𝑷𝒚
𝜺𝒙,𝒚 = × = ×
𝚫𝑷𝒚 𝑸𝒙 𝝏𝑷𝒚 𝑸𝒙
Do valor da elasticidade podemos estabelecer as seguintes relações entre os bens:
• 𝜺𝑫
𝒙,𝒚 < 𝟎 : Bens complementares, situação em os bens completam-se, ou seja, o consumidor
não pode consumir o bem x sem que consuma o bem y. O aumento do preço do bem y fará
reduzir a quantidade do mesmo bem y, em resultado disto, a quantidade procurada do bem x
reduz dada a complementaridade entre os bens. Ex: A farinha e o ovo para um bolo.
• 𝜺𝑫
𝒙,𝒚 > 𝟎 : Bens substitutos, situação em os bens servem ao mesmo propósito, então podem
ser substituídos, ou seja, o consumidor pode consumir o bem x ao invés do bem y. O
aumento do preço do bem y fará reduzir a quantidade procurada do mesmo bem y, em
resultado disso, a quantidade de bem x aumenta dada substituibilidade entre os bens.
• 𝜺𝑫
𝒙,𝒚 = 𝟎 : Bens independentes, situação em que não existe qualquer relação entre os bens.
ELASTICIDADE & RECEITA TOTAL (DESPESA DO CONSUMIDOR)
A elasticidade é um conceito económico que permite medir o efeito duma variação de preço do
bem no montante das vendas da empresa. Vamos considerar uma diminuição da quantidade
como redução das vendas, e um aumento da quantidade como aumento das vendas.
𝜺𝑫
𝑷𝒙 > 𝟏 : Procura elástica, nesta situação os consumidores são sensíveis ao preço, uma
subida do preço fará reduzir em maior proporção as vendas (reduzindo assim a receita total
das empresas), e do contrário, uma redução do preço fará aumentar em maior proporção as
vendas (aumentando assim a receita total das empresas).
𝜺𝑫𝑷𝒙 < 𝟏 : Procura inelástica, nesta situação os consumidores são menos sensíveis ao preço,
uma subida do preço fará reduzir em menor proporção as vendas (aumentando assim a receita
total das empresas), e do contrário, uma redução do preço fará aumentar em menor proporção
as vendas (reduzindo assim a receita total das empresas).
𝜺𝑫
𝑷𝒙 = 𝟏 : Procura unitária, para uma procura unitária não há variação na receita total das
empresas. Um aumento do preço aumenta a receita total na mesma proporção que o a redução
da quantidade reduz a receita total, e vice-versa. Para procura unitária há compensação.
𝜺𝑫
𝑷𝒙 < 𝟏 𝜺𝑫
𝑷𝒙 = 𝟏 𝜺𝑫
𝑷𝒙 > 𝟏

Aumento do preço Aumento da receita Receita constante Redução da receita


Redução do preço Redução da receita Receita constante Aumento da receita
ELASTICIDADE OFERTA-PREÇO
A elasticidade oferta-preço na óptica do produtor, mede o nível de sensibilidade do produtor
face as alterações do preço do bem. Variação percentual da quantidade, dada a uma variação de
1% no preço do bem, ceteris paribus.
A elasticidade oferta-preço, a elasticidade é positiva em função da lei da oferta.
𝑺 𝑺
𝑺 𝚫𝑸 𝒙 𝑷 𝒙 𝝏𝑸𝒙 𝑷𝒙
𝜺𝑷𝒙 = × = ×
𝚫𝑷𝒙 𝑸𝑺𝒙 𝝏𝑷𝒙 𝑸𝑺𝒙
Do valor da elasticidade podemos ter as seguintes situações:
• 𝜺𝑺𝑷𝒙 > 𝟏 : A oferta é elástica, ou seja, uma variação de 1% no preço do bem gera uma
variação maior que 1% na quantidade ofertada.
• 𝜺𝑺𝑷𝒙 < 𝟏 : A procura é inelástica, ou seja, uma variação de 1% no preço do bem gera uma
variação menor que 1% na quantidade ofertada.
• 𝜺𝑺𝑷𝒙 = 𝟏 : A procura é unitária, ou seja, uma variação de 1% no preço do bem gera uma
variação na mesma proporção (1%) na quantidade ofertada.
• 𝜺𝑺𝑷𝒙 = 𝟎 : A procura é perfeitamente inelástica, ou seja, o produtor é indiferente às
variações no preço do bem, está disposto a vender uma determinada quantidade fixa, à
qualquer preço. Neste caso a curva da oferta é vertical.
ELASTICIDADE OFERTA-PREÇO
• 𝜺𝑺𝑷𝒙 = ∞ : A procura é perfeitamente elástica, ou seja, o produtor está disposto a vender
qualquer quantidade à um dado preço fixo, se o preço alterar não haverá negociação. Neste
caso a curva da procura é horizontal.

Factores que influenciam o grau elasticidade oferta-preço:


• A perecibilidade dos bens: estes dificilmente são mantidos em stock, então, a empresa não
pode responder rapidamente a um aumento de preço, bens durados têm oferta mais elásticas.
• A tecnologia: quanto maior for a capacidade da empresa de reduzir os custos de produção,
maior será a elasticidade da oferta, à uma variação do preço, a empresa pode com maior
facilidade e rapidez dar resposta dada a tecnologia de produção que utiliza.
• O nível de acesso aos factores de produção: a elasticidade da oferta é maior quanto maior
for a facilidade de acesso aos inputs, a empresa tem a capacidade de aumentar a sua
produção rapidamente, e portanto, tem maior poder de dar resposta ao aumento de preço.
• Horizonte temporal: a elasticidade de longo prazo é maior que a elasticidade de curto
prazo. Para oferta responder a variação do preço, os ajustes na produção são feitos facilmente
no longo prazo do que no curto prazo (compra de matéria-prima, tecnologia, mão de obra
qualificada, máquinas, e outros elementos da produção).
INTERVENÇÃO ESTATAL
A economia de mercado (também chamada mercado livre) tende a encontrar o equilíbrio. Os
produtores e consumidores apesar dos seus interesses destintos chegam à um meio termo, a
chamada situação de equilíbrio, situação de eficiência económica. Em uma economia livre, os
desequilíbrios de mercado têm curta duração. As leis de procura e oferta conduzem à situação
de equilíbrio, por meio de um fenómeno desconhecido, que Adams Smith chamou “Uma mão
invisível da economia”. O liberalismo económico teoria apoiada pelos neoclássicos.

Em situação de crises, tais como A Grande de Depressão de 1929 ou A Bolha Imobiliária de


2008, em que o mercado perdeu o poder de autorregulação sendo necessário uma intervenção
do Estado para conduzir o mercado à estabilidade, esta teoria teve o apoio dos Keynesianos.
Mas, o Estado também pode intervir em situação de equilíbrio onde as leis da procura e oferta
conduzem o mercado ao equilíbrio. Várias são as formas de Estado intervir no mercado:
• Controle dos preços, por entender que o preço de equilíbrio é demasiado alto ou demasiado
baixo, fixando um preço máximo ou um preço mínimo, respectivamente.
• Controlo da quantidade, por entender proteger a produção nacional.
• Incidência de imposto, com o objectivo de aumentar as receitas fiscais.
• Atribuição de subsídio, para estimular a produção de sectores estratégicos e o consumo.
CONTROLO DOS PREÇOS - PREÇOS MÁXIMOS
Preço máximo: um limite máximo legal para o preço ao qual um bem pode ser vendido.
Qualquer preço pode ser praticado desde que não ultrapasse o limite máximo.
Preço máximo (a cima) do preço de equilíbrio gera um excesso de oferta, as leis da procura e
oferta obrigam à uma redução do preço e o equilíbrio acontece, porque o preço de equilíbrio
está a baixo do limite máximo legal, portanto, o preço máximo é sem efeito. Preço máximo (a
baixo) do preço de equilíbrio gera um excesso de procura, as leis da procura e oferta obrigam
à um aumento do preço, mas o equilíbrio não acontece, porque o preço de equilíbrio está a
cima do limite legal, portanto o preço máximo é com efeito.
Quando pressionado pelas reclamações das famílias (eleitores), o Estado pode considerar que o
preço de equilíbrio é demasiado alto e que os consumidores estão a ser explorados. Então,
nesse caso, fixa um preço máximo (a baixo do preço de equilíbrio).
O preço máximo como medida do Estado gera um excesso de procura gerando assim:
• As filas, quem compra não é necessariamente quem mais valoriza o bem e sim quem chega
primeiro às filas. Quem adquire o bem é beneficiado e quem não adquire é penalizado.
• Sistemas de racionamento, critérios subjectivos de distribuição (clientes antigos, amigos...).
• O mercado negro, pois alguns irão revender para quem não adquiriu, a um preço alto.
Ex: Os preços de alguns bens de primeira necessidade, os preços de serviços público.
CONTROLO DOS PREÇOS - PREÇOS MÁXIMOS
Preço máximo (com efeito): Preço máximo (sem efeito):

P P

S Excesso de oferta S
EC
P1 P1 Preço máximo
𝜺
A
P* EC B P*
P2 Preço máximo P2
EP Excesso de procura

D D
0 Q1 Q* Q2 Q 0 Q1 Q* Q2 Q

Podemos ver que a medida acaba beneficiando partes dos consumidores, pois uma parte do
excedente do produtor é transferido para o consumidor.
Ainda existirão consumidores dispostos a pagar o preço P1, que ultrapassa o limite máximo
legal, e o fazem no mercado negro comprando de revendedores.
CONTROLO DOS PREÇOS - PREÇOS MÍNIMOS
Preço mínimo: é um limite mínimo legal para o preço ao qual um bem pode ser vendido.
Qualquer preço pode ser praticado desde que não ultrapasse o limite mínimo.
O preço mínimo (a abaixo) do preço de equilíbrio gera um excesso de procura, as leis da
procura e oferta obrigam à um aumento do preço e o equilíbrio acontece, porque o preço de
equilíbrio está a cima do limite mínimo legal, portanto o preço mínimo é sem efeito. O preço
máximo (a cima) do preço de equilíbrio gera uma excesso de oferta, as leis da procura e oferta
obrigam à uma redução do preço, mas o equilíbrio não acontece, porque o preço de equilíbrio
está a baixo do limite mínimo legal, portanto o preço mínimo é com efeito.
Quando pressionado pelas reclamações das empresa (principais contribuintes), o Estado pode
considerar que o preço de equilíbrio é demasiado baixo e pouco sustentável face aos custos.
Então, nesse caso, fixa um preço mínimo (a cima do preço de equilíbrio).
O preço mínimo como medida do Estado gera um excesso de oferta gerando assim:
• O acumulo de produtos em stock, pois muitos produtores não conseguiram vender as
unidades produzidas por incapacidade do consumidor em pagar o preço exigido.
• O mercado negro e o comércio ilegal, pois existirão produtores dispostos a vender a preço
que inferiores ao preço mínimo estabelecido pelo estado.
Ex: O salário mínimo.
CONTROLO DOS PREÇOS - PREÇOS MÍNIMOS
Preço mínimo (com efeito): Preço mínimo (sem efeito):

P P

Excesso de oferta S S
EC
P1 Preço mínimo P1
𝜺
A
P* EP B P*
P2 P2 Preço mínimo
EP
Excesso de procura

D D
0 Q1 Q* Q2 Q 0 Q1 Q* Q2 Q

Podemos ver que a medida acaba beneficiando parte dos produtores, pois uma parte do
excedente do consumidor é transferido para produtor.
Ainda existirão produtores dispostos a cobrar o preço P2, menor que limite mínimo legal, e o
farão por meio do comércio ilegal no mercado negro vendendo o excesso de stock.
CONTROLO DA QUANTIDADE TRANSACIONADA
O controlo da quantidade é uma das medidas de intervenção estatal, com o interesse de
proteger a produção nacional dos produtos importados. Por meio de políticas protecionistas
como (limite de quantidade a importar, altos impostos sobre importações ou impostos ao
consumo de produtos) o Estado desincentiva a importação e protege os produtos nacionais.
Porém, esta política desincentiva o livre mercado e a concorrência internacional e sem
concorrência não há incentivo à inovação e busca de qualidade dos produtos. Poucos são os
países que adoptam esta política. Ex: Redução da importação do ovo, redução da
importação de cervejas portuguesas.
P Limite de quantidade

S Ao preço de 200 u.m. a quantidade de equilíbrio é


de 5000 un. O Estado para proteger a produção
500
nacional, fixou um limite de 2000 un. o preço a
Hiato pagar pelo consumidor é de 500 u.m. e o preço a
200
de receber pelo produtor é de 100 u.m. pela mesma
preços
100 quantidade de 2000 u.m. O limite de quantidade
origina um hiato entre de o preço da procura e o
preço da oferta.
D
0 2000 5000 Q
SUBSÍDIO
O subsídio: é uma das formas do Estado intervir na economia apoiando determinados sectores
ou indústrias, para estimular o desenvolvimento económico.
O Estado considera que alguns sectores e indústrias são importantes e estratégicos para o
desenvolvimento económico, então deve ser estimulado. Por mais que o mercado esteja em
equilíbrio, o preço pago pode ser visto como demasiado baixo e insustentável. O subsídio é
atribuído para garantir a sustentabilidade das empresas de um sector e permitir o consumo a um
preço reduzido. Portanto, o subsídio beneficia tanto o consumidor quanto o produtor.

A intervenção deve acontecer em um período determinado, caso contrário, torna-se


insustentável para o Estado, pois gera uma despesa para o Estado, pois o subsídio é feito como
contrapartida de imposto cobrado (receita fiscal).
Ex: Preço mínimo da agricultura, e serviços de transporte público em Angola.

Situação: Preço mínimo da agricultura


Para o produtor ter sustentabilidade existe um preço mínimo que deve ser cobrado, que
permitiria cobrir os custos e ter lucro. Se o preço de mercado for inferior ao preço mínimo, o
estado pode entender apoiar os produtores da agricultura atribuindo um subsídio à produção.
SUBSÍDIO
Apesar do subsídio ser dado aos produtores, os consumidores também são beneficiados.

O subsídio permite que o preço pago pelo consumidor reduza e o preço recebido pelo produtor
aumente. Analise o gráfico a seguir.

P O subsídio aumenta a oferta, ou seja, desloca a


Atribuição de um Subsídio curva oferta de S para S1. O consumidor deixa
à produção S de pagar 200 u.m. e passa a pagar 100 u.m (no
novo equilíbrio), reduzindo assim, o preço pago
250 S1 pelo consumidor. O produtor deixa de cobrar
150
200 C 𝜺𝟎 200 u.m. e passa a cobrar 100 u.m. do
A B consumidor, mas recebe 250 u.m. (a diferença
100
𝜺𝟏 de 150 u.m. é paga pelo estado). A quantidade
passa de 2000 un. para 5000 un. A zona
colorida representa a despesa do estado. As
áreas A e B representam o aumento no
D excedente do consumidor e a área C representa
0 2000 5000 Q o aumento no excedente do produtor.
IMPOSTO
O imposto: é um valor estabelecido por lei que deve ser pago em dinheiro ao estado por
detentores de capacidade contributiva.
É uma das fonte de financiamento do estado, obtendo receita dos contribuintes para a
realização das despesas públicas. O imposto é cobrado em função da capacidade contributiva
de pessoas (singulares e colectivas), e esta é medida tanto pelos rendimentos que se obtêm
(impostos sobre o rendimento), pelos bens e serviços que se consomem (impostos sobre o
consumo) e quanto pelos bens que têm em posse (impostos sobre o património).

O imposto pode incidir sobre a produtor (empresa) que produz efeito na oferta determinado
bem, ou sobre o consumidor (famílias) que produz efeito na procura por determinado bem.
Apesar da incidência do imposto, geralmente o imposto tem impactos negativos tanto para o
consumidor (aumentando o valor pego) e quanto para o produtor (aumentando o valor
recebido).
Imposto à produção Imposto ao consumo 𝑷𝑺 : Valor cobrado
𝑷𝒔 = 𝑷𝑹 + 𝑻 (na oferta) 𝑷𝑫 = 𝑷𝑹 + 𝑻 (na procura) 𝑷𝑹 : Valor recebido
No equilíbrio: No equilíbrio:
𝑸𝑫 = 𝑸𝑺 𝑸𝑫 = 𝑸𝑺 𝑷𝑫 : Valor pago
𝑻: Imposto.
IMPOSTO
P P

Imposto à produção S1 Imposto ao consumo

S S
120 𝜺𝟏 200
30
100
A 𝜺𝟎 50
170
A 𝜺𝟎
90 B 150 B 𝜺𝟏

D D1 D
0 7000 9000 Q 0 4500 6000 Q
No primeiro caso: O imposto reduz a oferta de S para S1. O consumidor deixa de pagar 100
u.m. e passa a pagar 120 u.m. Por mais que o consumidor pague 120 u.m., o produtor apenas
recebe 90 u.m. (a diferença de 30 u.m. é entregue ao Estado).
No segundo caso: O imposto reduz a procura de D para D1. O produtor deixa de receber 170
u.m. e passa receber 150 u.m. Apesar que o produtor cobre 150 u.m., o consumidor paga 200
u.m. (a diferença de 50 u.m. é entregue ao Estado).
A área A representa a redução no excedente do consumidor e a área B representa a redução no
excedente do produtor. As zonas A e B representam a Receita fiscal.
1-CONCEITOS BÁSICOS

2.2. Das escolhas individuais à curva da procura do mercado


• As preferências: curvas de indiferença
• Os preços dos bens: restrição orçamental; alterações no orçamento
e nos preços dos bens
• As escolhas do consumidor: alterações no rendimento e nos
preços; efeitos substituição e rendimento
• Tópicos de aplicação: conhecer as preferências; escolhas no local
de trabalho
TEORIA DO CONSUMIDOR
As escolhas de consumo do consumidor são justificadas pela utilidade (satisfação) que obtém
do consumo de um bem. O consumidor é racional e deriva utilidade das suas preferências.

Conceito de utilidade
Em economia o conceito de utilidade significa a satisfação ou prazer que os consumidores
retiram do consumo de determinado bem ou serviço. A utilidade (nível de satisfação) como um
conceito económico, é subjectivo, pois é difícil quantificar a satisfação que um consumidor tem
pelo consumo de um bem ou serviço e a utilidade do consumo de um bem ou serviço varia de
consumidor para consumidor.
O consumidor deseja consumir mais de um bem ou serviço, querendo assim, aumentar o nível
de satisfação no consumo. O aumento de satisfação em resultado ao aumento de uma unidade
de bem ou serviço é chamada Utilidade marginal.
Utilidade marginal: refere-se à satisfação adicional obtida do consumo de uma unidade extra
de um bem ou serviço num determinado período de tempo.
Quanto mais de um bem ou serviço o consumidor comprar, vai atingindo a satisfação total de
consumo de determinado bem ou serviço (a chamada saciedade). Ex: O João precisa tomar 3
chávenas de café por dia, enquanto não o fizer, ele não se sente satisfeito.
TEORIA DO CONSUMIDOR
Enquanto não é atingida a saciedade, a utilidade marginal é positiva, ou seja, existirá um
acréscimo de utilidade quando é consumida mais uma unidade adicional de bem ou serviço.
Devido à lei das utilidades marginais decrescentes, este acréscimo de utilidade é cada vez
menor.
Utilidade total: refere-se á satisfação total alcançada pelo consumo de um determinado
número de unidades de um bem ou serviço, por um consumidor num determinado período de
tempo.
Sempre que a utilidade marginal for positiva o consumidor deve continuar a comprar, se for
negativa deixar de comprar. Sem contudo maximizar a utilidade, o consumidor compra até a
utilidade marginal igualar o preço.
U Umg

0 1 2 3 4 X 0 1 2 3 4 X
TEORIA DO CONSUMIDOR
Função utilidade: é a relação entre o consumo de vários bens e a utilidade total que gera o
consumo. Muitos são os bens que fazer parte do consumo de um determinado consumidor, mas,
para efeito de simplificação da análise, vamos consideremos que o consumidor apenas
consome dois bens.
𝑼(𝒙,𝒚) = 𝒇(𝒙, 𝒚)
Curva de indiferença
As escolhas feitas pelo consumidor permitem a comparação entre os bens ou conjuntos de
bens. Para consumidor, muitos bens podem ser consumidos para atingir uma certa (utilidade) e
outros conseguem suprir a mesma necessidade. Tanto a primeira, quanto a segunda combinação
de bens são indiferentes, pois rendem ao consumidor a mesma utilidade.
Uma curva de indiferença representa as várias combinações de bens ou serviços que
proporcionam o mesmo nível de utilidade. O nome indiferença deriva do facto do
consumidores não se importar em consumir uma ou outra combinação de bens.

Ao conjunto de várias curvas de indiferença damos o nome de mapa de indiferença. Ao longo


da mesma curva de indiferença, o consumidor pode alterar o consumo em termos de unidades
de um bem sacrificando unidades de outro bem, mas mantendo constante o nível de satisfação.
TEORIA DO
CONSUMIDOR

Curva de indiferença Mapa de curvas de indiferença


Propriedades das curvas de
indiferenças:
Y Y
• As curvas de indiferença têm
inclinação negativa;
• As curvas de indiferença nunca
U3
se intersectam;
U2
• Quanto mais longe elas estão da
U origem, maior será n nível de
U1 satisfação do consumidor;
0 X 0 X • As curvas de indiferença são
convexas em relação à origem;
• As curvas de indiferença são
densa em todo o espaço de bens
disponíveis;
• O consumidor prescinde de
maior quantidade do bem
abundante para ter uma unidade
de bem escasso.
TEORIA DO CONSUMIDOR
Taxa marginal de substituição
Ao desloca-se ao longo da mesma curva, o consumidor está a sacrificar do consumo de um
bem para ter mais unidades de outro bem.
A taxa marginal de substituição (TMS) mede as unidades de um bem de um bem que têm que
ser sacrificadas para ter mais uma unidade adicional do outro bem, para manter o nível de
satisfação.
𝒅𝒀 𝑼𝒎𝒈𝑿 𝒅𝑿 𝑼𝒎𝒈𝒀
𝑻𝑴𝑺(𝒀,𝑿) = − = 𝒐𝒖 𝑻𝑴𝑺(𝑿,𝒀) = − =
𝒅𝑿 𝑼𝒎𝒈𝒀 𝒅𝒀 𝑼𝒎𝒈𝑿
Para a primeira expressão, a medida que vamos tendo menos unidades de Y, vai se tornando
raro e custa cada vez mais abdica-lo, e vice-versa. Sendo assim a TMS é diferente e
decrescente para os diferentes pontos.

Restrição orçamental
O comportamento do consumidor não é apenas determinado pelas suas preferências mas
também pelo rendimento. Apesar das preferências dos consumidores existem restrições no
consumo, impostas pelos preços dos bens e pelo rendimento disponível do consumidor.
TEORIA DO CONSUMIDOR
As restrições orçamentárias representam as combinações de bens que o consumidor pode
adquirir com seu rendimento. São restrições pois permitem o consumidor gastar menos que o
seu rendimento, mas nunca mais. Geralmente, o consumo gasta seu rendimento no consumo.
Muitos são os bens que compõem o cabaz do consumidor, mas para efeito de simplificação de
análise, vamos supor que o consumidor gasta todo rendimento em consumo de X e Y.
𝑴 ≥ 𝒙. 𝑷𝑿 + 𝒚. 𝑷𝒀

Y
• Em qualquer ponto acima da recta o consumidor gasta
todo seu rendimento.
20 • Se o consumidor comprar apenas o bem X, o
consumidor pode comprar 24 unidades do bem.
• Se o consumidor comprar apenas o bem Y, o
consumidor pode comprar 20 unidades do bem.
• Se o consumidor comprar unidades de X e de Y, o
10
consumidor pode combinar 12 unidades do bem X e 10
unidades do bem Y.
RO • Variação no rendimento levaria a recta para cima ou
𝑷
para baixo sem mudar a sua inclinação (𝑷𝑿 ).
0 12 24 X 𝒀
• Variação no preço mudaria a sua inclinação.
TEORIA DO CONSUMIDOR
Equilíbrio do consumidor
O consumidor prefere sempre consumir mais de um bem do que menos. A curva de indiferença
mostra o que o consumidor pretende (quanto mais a direita e acima, melhor). As restrições
orçamentais mostram o que o consumidor pode adquirir.
O equilíbrio do consumidor é quando o consumidor alcança a maior curva de indiferença(que
representa a maior utilidade), tendo em conta o seu rendimento. No equilíbrio do consumidor,
que também é chamado de óptimo de consumo, o consumidor procura maximizar a sua
utilidade, em função ao seu rendimento disponível.

Max. 𝑼(𝒙,𝒚) = 𝒇(𝒙, 𝒚)


s.a
𝑴 = 𝒙. 𝑷𝑿 + 𝒚. 𝑷𝒀
Resolvendo o problema de maximização:
𝑼𝒎𝒈𝑿 𝑷𝑿
=
൞ 𝑼𝒎𝒈𝒀 𝑷𝒀
𝑴 = 𝒙. 𝑷𝑿 + 𝒚. 𝑷𝒀
TEORIA DO CONSUMIDOR
Equilíbrio do consumidor | Graficamente: • U2 é a curva de indiferença mais alta que o
Y
consumidor pode alcançar
• O consumidor prefere atingir o ponto D, pois
representa maior nível de utilidade (U3), mas
A D é impossível para o seu rendimento;
• Os pontos A e B são possíveis de atingir, mas
têm uma utilidade mais baixa do que a que
C
ele pode alcançar no ponto C, portanto não é
U3
B U2
preferido;
U1 • O ponto C representa o ponto de equilíbrio,
0 X pois é preferido e ao mesmo tempo possível
de atingir. Neste ponto, a curva de indiferença
toca em apenas um ponto(é tangente a recta);
• Para qualquer ponto ao longo da recta, a
curva de indiferença corta a recta em dois
pontos.
TEORIA DO CONSUMIDOR
Efeitos alterações de preços
Tendo em conta os preços de mercado e suas oscilações, é preciso ainda analisar a escolha
óptima de consumo, quando há variações nos preços de mercado. A variação no preço de um
bem exerce duas influências sobre quantidade procurada do consumidor:
• A variação no preço relativo (variação da razão de troca de um bem pelo outro) – efeito
substituição: quando o preço de um bem aumenta, este é substituído por outros similares.

• A alteração no rendimento ou poder de compra do consumidor, ou seja, o alargamento do


conjunto de possibilidades de consumo – efeito rendimento: quando o preço de um bem
sobe, os consumidores ficam com menos rendimento disponível pelo que consomem menos
quantidade desse bem e dos outros bens.

• O efeito total de uma variação no preço é a variação total na quantidade procurada de um


bem quando o consumidor se move de um cabaz de equilíbrio para outro cabaz de equilíbrio
em resposta a uma variação no preço, desse bem, ceteris paribus. O efeito de uma variação
no preço é igual à soma do efeito substituição e do efeito rendimento.
TEORIA DO CONSUMIDOR
Efeitos alterações de preços | HICKS
Para Hicks, a análise do poder de compra é feita tendo como elemento central a Utilidade.
Efeito total de uma variação no preço
É a variação total na quantidade procurada de um bem quando o consumidor se move de um
cabaz de equilíbrio para o outro cabaz de equilíbrio em resposta a variação no preço deste bem,
ceteris paribus.

Efeito de substituição de Hicks de uma variação no preço


É a variação na quantidade procurada do bem, resultante da variação no preço do bem,
mantendo constante o rendimento real do consumidor expresso em termos de seu nível de
satisfação, ceteris paribus.

Efeito rendimento de Hicks de uma variação no preço


É a variação na quantidade procurada, resultante da alteração do rendimento real do
consumidor, expresso em termos do seu nível de satisfação associada a variação no preço,
ceteris paribus.
TEORIA DO CONSUMIDOR
Decomposição do efeito total de Hicks | Equilíbrio intermédio
Min. 𝑴 = 𝒙. 𝑷𝑿 + 𝒚. 𝑷𝒀
s.a
𝑼𝟎 = 𝒇(𝒙, 𝒚)
Resolvendo o problema de minimização:
𝑼𝒎𝒈𝑿 𝑷𝑿
=
൞ 𝑼𝒎𝒈𝒀 𝑷𝒀
Decomposição de Hicks | Graficamente: 𝑼𝟎 = 𝒇(𝒙, 𝒚)
Y

• Para um subida de preço, a mudança do ponto C


B
para o ponto B representa o efeito substituição.
Pois é feito mantendo constante a utilidade.
• A mudança do ponto B para o ponto A
A C
U2
representa o efeito rendimento. Pois é feito
alterando o rendimento real (utilidade).
U1 • A mudança do ponto C para o ponto A
0 ER ES X
representa o efeito total.
TEORIA DO CONSUMIDOR
Variação compensatória
Montante monetário que é necessário atribuir (ou retirar) ao consumidor para manter o seu
nível de utilidade inicial aos preços relativos, avalia-se na perspectiva de decisor de política.
Resolvendo o problema de
Min. 𝑴 = 𝒙. 𝑷′𝑿 + 𝒚. 𝑷′𝒀
minimização:
s.a ′
𝑼𝟎 = 𝒇(𝒙, 𝒚) 𝑼𝒎𝒈 𝑿 𝑷 𝑿
= ′
൞ 𝑼𝒎𝒈𝒀 𝑷𝒀
𝑼𝟎 = 𝒇(𝒙, 𝒚)
Variação equivalente
Montante monetário que consumidor está disposto a sacrificar (ou pedir) aos preços iniciais e
que lhe permitiria em alternativa, alcançar o novo nível de utilidade correspondente a alteração
do preço. Resolvendo o problema de
minimização:
Min. 𝑴 = 𝒙. 𝑷𝟎𝑿 + 𝒚. 𝑷𝟎𝒀 𝟎
s.a 𝑼𝒎𝒈 𝑿 𝑷 𝑿
= 𝟎
𝑼𝟏 = 𝒇(𝒙, 𝒚) ൞ 𝑼𝒎𝒈𝒀 𝑷𝒀
𝑼𝟏 = 𝒇(𝒙, 𝒚)
TEORIA DO CONSUMIDOR
Efeitos alterações de preços | Slutsky
Para Slutsky, a análise do poder de compra é feita considerando as quantidades.
Efeito substituição
À uma subida de preço, o bem fica relativamente mais caro e, então, o consumidor o substitui
por outros, o que resulta em redução da quantidade procurada.

Efeito rendimento
À uma subida de preço, o poder de compra do consumidor se reduz, podendo gerar alterações
nas quantidades demandadas dos bens, o que resulta em redução da quantidade procurada.

Para a decomposição a Slutsky, calcula-se o novo rendimento para que aos preços actuais, o
consumidor volte a ter as mesmas quantidades (que tinha antes da alteração do preço).

𝑴′ = 𝒙𝟎 . 𝑷′𝑿 + 𝒚𝟎 . 𝑷′𝒀
TEORIA DO CONSUMIDOR
Resolvendo o problema de
Max. 𝑼(𝒙,𝒚) = 𝒇(𝒙, 𝒚) maximização:
s.a 𝑼𝒎𝒈𝑿 𝑷′𝑿
𝑴′ = 𝒙. 𝑷′𝑿 + 𝒚. 𝑷′𝒀 =
൞ 𝑼𝒎𝒈𝒀 𝑷′𝒀
𝑴′ = 𝒙. 𝑷′𝑿 + 𝒚. 𝑷′𝒀

Decomposição de Slutsky | Graficamente: • A nova recta orçamental é correspondente ao


Y novo rendimento.
• O ponto representa o novo cabaz de equilíbrio,
resultante do novo rendimento
• Para um subida de preço, a mudança do ponto C
para o ponto B representa o efeito substituição.
B Pois é feito mantendo o poder de compra
constante.
A C U3 • A mudança do ponto B para o ponto A representa
U1 o efeito rendimento. Pois é feito alterando o
U2 rendimento real (poder de compra).
• A mudança do ponto C para o ponto A representa
0 X
o efeito total.
3-PRODUÇÃO & CUSTOS

2.2.
TEORIA DO PRODUTOR
Depois de termos analisado o comportamento do consumidor vamos agora analisar o produtor,
como são feitas as suas escolhas e como se estrutura o custo de uma empresa.

No processo produtivo, uma empresa compra bens e serviços e, utilização factores produtivos,
os transforma em um outros bens ou serviços (produto). A produção depende dos factores. De
destacar que as matérias-primas sofre transformação no processo produtivo e os factores
produtivo podem ser utilizados repetidamente em vários ciclos produtivos. São exemplos de
factores de produção: Trabalho (L) do inglês labor, Capital (K) do inglês Kapital, Terra (T) ou
Tecnologia (Tec).
𝑸 = 𝒇(𝑳, 𝑻, 𝑲, 𝑻𝒆𝒄)

Este processo pode ocorrer em dois horizontes temporais (curto prazo e longo prazo). No curto
prazo há uma distinção entre os insumos/factores variáveis e os insumos/factores fixos, pois a
empresa no curto consegue ajustar a produção, com alteração dos factores variáveis (matérias-
primas e trabalho). No longo prazo todos os insumos/factores são variáveis, pois a empresa no
longo pode ajustar a produção, com alteração de todos os factores.
Na primeira parte deste capítulo, a analise será feita no curto e de seguida no longo prazo.
TEORIA DO PRODUTOR
Produção e Custo de curto prazo
Para que se tenha produto, a empresa deve combinar factores produtivos, vamos no cutro prazo
considerar que a produção depende apenas do factor trabalho e todos os outros são mantidos
constantes.
𝑸 = 𝒇(𝑳)
Onde Q representa a quantidade de produto e L representa a quantidade de trabalhodores ou
ainda o número de horas de trabalho.
Para a empresa é importante saber em média quanto é que cada trabalhador produz, ou então
contratar mais um trabalhador, quanto é que vai aumentar à produção. Existe a necessidade de
calcular a produtividade média (produto médio) e a produtividade marginal (produto marginal).
Produtividade média
É o produto que se tem por cada unidade de factor, ou seja, o produto de cada unidade de
trabalhador contratado, este conceito aplica-se a cada factor produtivo de que a produção
depende.
𝑷𝒓𝒐𝒅𝒖𝒕𝒐 𝑸 𝑸
𝑷𝒎𝒆 = 𝑷𝒎𝒆𝑳 = 𝑷𝒎𝒆𝑲 =
𝑸𝒖𝒂𝒏𝒕𝒊𝒅𝒂𝒅𝒆 𝒅𝒆 𝒇𝒂𝒄𝒕𝒐𝒓 𝑳 𝑲
TEORIA DO PRODUTOR
Produtividade marginal
É o produto que se tem por cada unidade adicional de factor, ou seja, o produto de cada
unidade adicional de trabalhador contratado, este conceito aplica-se a cada factor produtivo de
que a produção depende. O produto é máximo quando a produtividade marginal iguala à zero.
∆𝑷𝒓𝒐𝒅𝒖𝒕𝒐 ∆𝑸 𝝏𝑸
𝑷𝒎𝒈 = 𝑷𝒎𝒈𝑳 = 𝑷𝒎𝒈𝑳 =
∆𝑸𝒖𝒂𝒏𝒕𝒊𝒅𝒂𝒅𝒆 𝒅𝒆 𝒇𝒂𝒄𝒕𝒐𝒓 ∆𝑳 𝝏𝑳
Tabela | Exemplo de produtividade média e marginal:
~
Trabalhadores 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Produto (Q) 8 14 22 32 43 54 62 66 66 62
Produto médio (Pme) 8 7 7,3 8,0 8,6 9 8,9 8,3 7,3 6,2
Produto marginal (Pmg) 6 8 10 11 11 8 4 0 -4

Como pode observa na tabela, tanto Pme como a Pmg vão crescendo até certo ponto, a partir
do qual as mesmas começam a diminuir. A partir de certa nível de produção da empresa, os
trabalhadores podem tornar-se menos produtivo, podendo mesmo acontecer que trabalhador
adicional venha diminuir o produto total (Pmg negativa).
TEORIA DO PRODUTOR

Relação entre Produtividade média e Produtividade marginal


Olhando bem para a tabela, percebemos logo que sempre que a produtividade marginal for
superior à produtividade média, a produtividade média cresce, ou seja, enquanto um
trabalhador adicional produzir mais que a média anterior, a produtividade média cresce.
Quando a produtividade marginal for inferior à produtividade média, a produtividade média
decresce. Logo, cruzam-se quando a produtividade média é máxima.
Quadro resumo:
• 𝑷𝒎𝒈 > 𝑷𝒎𝒆: 𝐏𝐦𝐞 é 𝐜𝐫𝐞𝐬𝐜𝐞𝐧𝐭𝐞
• 𝑷𝒎𝒈 < 𝑷𝒎𝒆: 𝐏𝐦𝐞 é 𝐝𝐞𝐜𝐫𝐞𝐬𝐜𝐞𝐧𝐭𝐞
• 𝑷𝒎𝒈 = 𝑷𝒎𝒆: 𝐏𝐦𝐞 é 𝐦á𝐱𝐢𝐦𝐨
TEORIA DO PRODUTOR
Custos de produção
Para produzir há necessidade combinar factores de produção, esses factores não são livres na
natureza, então é necessário pagar um preço para tê-los no processo produtivo. No curto prazo,
há dois tipos de factores: factores variáveis (que dependem da produção) e factores fixos (que
não dependem da produção). Simultaneamente, há dois tipos de custos: custos variáveis (o
custo dos factores variáveis) e custos fixos (o custo dos factores fixos). Desse modo, o custo
total de produção é a soma dos dois tipos de custos.
𝑪𝑻 = 𝑪𝑽 + 𝑪𝑭

Custos fixos (CF)


São custos que no curto prazo, não dependem da produção da empresa ou seja, são custos que a
empresa tem de suportar mesmo não havendo a produção. Ex: rendas, amortizações, juros. O
valor dos custos fixos é constante. Existe apenas no curto prazo.

Custos variáveis (CV)


São os custos que dependem directamente da produção da empresa. Ex: materias-primas,
salários, combustíveis ou electricidade. Os custos variáveis são sempre crescentes.
TEORIA DO PRODUTOR
Gráfico | Custos:
CT CT • O valor dos custos fixos se mantém constante
independente da quantidade produzida;
CV • O valor dos custos variáveis cresce na medida em
que cresce a produção;
CF
• O valor do custos totais cresce na medida em que
cresce a produção. Apesar do facto de que, o CF
se mantém constante, o CV cresce e faz com que
0 Q
o CT de produção também cresça.

O valor dos custos que a empresa suporta depende da quantidade produzida.


𝑪𝑻 = 𝒇 𝑸 = 𝑪𝑽 𝑸 + 𝑪𝑭
Para a empresa é importante saber em média quanto é que custa produzir uma unidade produto,
ou então, produzir uma unidade adicional de produto, qual é o impacto nos seus custos. Existe
a necessidade de calcular a custo médio (custo unitário) e a custo marginal (custo da unidade
adicional).

Custo total médio (Ctme ou CMe): É o custo de cada unidade produzida; representa o custo
total de cada unidade produzida.
TEORIA DO PRODUTOR
Custo fico médio (CFme): são os custos fixos por cada unidade produzida; diminuem com o
aumento da produção pois sendo os custos fixos constantes, se aumentar a produção os custos
fixos são repartidos por mais unidades e por isso os Cfme decrescem.

Custo variável médio (Cvme): são os custos variáveis por cada unidade produzida.

Custo marginal (Cmg): Representa o acréscimo do custo total pela produção de mais uma
unidade, podendo também dizer-se que é o custo da última unidade produzida.
𝑪𝑻 𝑪𝑭 𝑪𝑽 ∆𝑪𝑻 𝝏𝑪𝑻
𝑪𝑻𝒎𝒆 = 𝑪𝑭𝒎𝒆 = 𝑪𝑽𝒎𝒆 = 𝑪𝒎𝒈 = =
𝑸 𝑸 𝑸 ∆𝑸 𝝏𝑸

Na tabela a seguir, podemos observar que tal como sucedeu com as produtividades, algo
semelhante sucede na óptica dos custos, mas na forma inversa. Sempre que o custo marginal
for superior ao custo médio, o custo médio decresce. E, sempre que o custo marginal for custo
médio este cresce. Logo, cruzam-se quando a custo médio é mínimo. O mesmo acontece entre
o Custo Marginal e Custo Variável Médio.
• 𝑪𝒎𝒈 > 𝑪𝑻𝒎𝒆: 𝐂𝐓𝐦𝐞 é 𝐜𝐫𝐞𝐬𝐜𝐞𝐧𝐭𝐞 • 𝑪𝒎𝒈 > 𝑪𝑽𝒎𝒆: 𝐂𝐕𝐦𝐞 é 𝐜𝐫𝐞𝐬𝐜𝐞𝐧𝐭𝐞
• 𝑪𝒎𝒈 < 𝑪𝑻𝒎𝒆: 𝐂𝐓𝐦𝐞 é 𝐝𝐞𝐜𝐫𝐞𝐬𝐜𝐞𝐧𝐭𝐞 • 𝑪𝒎𝒈 < 𝑪𝑽𝒎𝒆: 𝐂𝐕𝐦𝐞 é 𝐝𝐞𝐜𝐫𝐞𝐬𝐜𝐞𝐧𝐭𝐞
• 𝑪𝒎𝒈 = 𝑪𝑻𝒎𝒆: 𝐂𝐓𝐦𝐞 é 𝐦í𝐧𝐢𝐦𝐨 • 𝑪𝒎𝒈 = 𝑪𝑽𝒎𝒆: 𝐂𝐕𝐦𝐞 é 𝐦í𝐧𝐢𝐦𝐨
TEORIA DO PRODUTOR
Tabela | Exemplo de produção e distintos custos:
Produção 8 14 22 32 43 54 62 66
Custo fixo 8000 8000 8000 8000 8000 8000 8000 8000
Custo variável 5000 10000 15000 20000 25000 30000 35000 40000
Custo total 13000 18000 23000 28000 33000 38000 43000 48000
Custo fixo médio 1000 571 364 250 186 148 129 121
Custo variável médio 625 714 682 625 581 556 565 606
Custo total médio 1625 1286 1045 875 767 704 694 727
Custo marginal 625 833 625 500 455 455 625 1250

A curva do Custo marginal tende a ter a forma em U. O custo marginal começa por decrescer
até um certo valor mínimo, a partir do qual começa a crescer. Dois motivos são responsáveis
por esse comportamento da curva: o custo marginal decresce por que os custos fixos são cada
vez distribuídos nas unidades; a partir de certo nível de produção surge a Lei dos rendimentos
marginais decrescentes. No curto prazo, o aumento sucessivo de factor trabalho (mantendo os
outros constante), vai contribuindo cada vez menos à produção.
TEORIA DO PRODUTOR
TEORIA DO PRODUTOR
Relação entre Produtividades e custos

Apesar de serem ópticas diferentes, estas têm


relação.
O Máximo da produtividade marginal corresponde ao
mínimo do custo marginal.
O máximo de produtividade média corresponde ao
mínimo de custo médio.
𝑾
𝑪𝒎𝒈 =
𝑷𝒎𝒈
𝑾
𝑪𝑽𝒎𝒆 =
𝑷𝒎𝒆
TEORIA DO PRODUTOR
Produção e Custo de longo prazo
No longo prazo, todos os factores são variáveis, ou seja, a produção depende não apenas do
factor trabalho, mas também do factor capital que tinha sido mantido constante no curto prazo.
𝑸 = 𝒇(𝑳, 𝑲)
Isoquanta
Tendo mais do que um factor, é possível atingir determinada quantidade produzida por meio de
diferentes combinações de factores produtivos. Uma empresa pode produzir 50 unidades de
produto com 4 trabalhadores e 1 máquina, ou com 2 trabalhadores e 2 máquinas.
A Isoquanta representa as diferentes combinações de factores produtivos para produzir
determinada quantidade de produto. Semelhante a teoria do consumidor, a isoquanta representa
para o produtor o que a curva de indiferença representava para o consumidor. Ao longo da
mesma isoquanta a quantidade produzida mantém-se constante, para diferentes combinações
dos factores produtivos, isto é para diferentes tecnologias.

Ao conjunto de várias curvas de isoquantas damos o nome de mapa de isoquantas. Ao longo


da mesma curva de isoquanta, o produtor pode alterar as combinações de factores sacrificando
unidades de um factor para ter mais de outro, mas mantendo constante o nível produção (Q).
TEORIA DO PRODUTOR

Curva de isoquanta
Propriedades das isoquantas:
• A produção aumenta a partir
K da origem: Q1<Q2<Q3
• As curva de isocustos nunca
se cruzam;
Mapa de curvas de isoquanta
• São convexas e negativas;
Q K
• Todas as alternativas (todos os
seus pontos) são tecnicamente
0 L
eficientes;
• O ponto da isoquanta
Q3
economicamente mais
Q2 eficiente representa a
Q1
tecnologia de menor custo.
0 L
TEORIA DO PRODUTOR
Taxa marginal de substituição técnica
Ao desloca-se ao longo da mesma curva, o produtor está a sacrificar do uso de certa unidade de
um factor produtivo para ter mais unidades de outro factor produtivo.
A taxa marginal de substituição técnica (TMS) mede quantidade de factor que têm de ser
sacrificadas para ter mais uma unidade adicional do outro factor, para manter o nível de
produção.
𝒅𝑲 𝑷𝒎𝒈𝑳 𝒅𝑳 𝑷𝒎𝒈𝑲
𝑻𝑴𝑺𝑻(𝑲,𝑳) = − = 𝒐𝒖 𝑻𝑴𝑺𝑻(𝑳,𝑲) = − =
𝒅𝑳 𝑷𝒎𝒈𝑲 𝒅𝑲 𝑷𝒎𝒈𝑳
Para a primeira expressão, a medida que vamos tendo menos unidades de K, vai se tornando
raro e custa cada vez mais abdica-lo, e vice-versa. Sendo assim a TMST é diferente e
decrescente para os diferentes pontos.

Isocusto
Para escolher a tecnologia óptima temos de saber os preços dos factores produtivos. As
empresas têm também um orçamento limitado, e têm interesse de saber, com um nível de custo
quais as possibilidades tecnológicas que podem alcançar.
TEORIA DO PRODUTOR
A Isocusto representa as diferentes combinações de factores produtivos para um determinado
orçamento (CT). As combinação de factores produtivos (L,K) com o mesmo custo de
produção estão numa recta, a que se chama Isocusto.

𝑪𝑻 = 𝒘. 𝑳 + 𝒓𝑲

Gráfico | Isocusto: • Em qualquer ponto ao longo da recta de isocusto


K empresa tem o custo (CT).
• Se o produtor empregar apenas o factor L, a
quantidade será a máxima possível.
• Se o produtor empregar apenas o factor K, a
quantidade será a máxima possível.
• Se o produtor combinar unidades de ambos
factores (L e K), o produtor pode adquirir L1 de
K1
factor L e K1 de factor K.
• Variação no orçamento levaria a recta para cima
𝒘
CT
ou para baixo sem mudar a sua inclinação ( 𝒓 ).
• Variação no preço dos factores mudaria a sua
0 L1 L inclinação.
TEORIA DO PRODUTOR
Equilíbrio do produtor
Tal como mencionado anteriormente, o produtor prefere produzir a maior quantidade de
produto possível (atingindo a isoquanta mais afastada da origem) tendo em conta um
orçamento.
O equilíbrio do produtor é quando o consumidor alcança a maior curva de isoquanta (que
representa a maior produção), tendo em conta o seu orçamento. No equilíbrio do produtor, que
também é chamado de escolha tecnológica optimo, a empresa procura maximizar a sua
produção, em função ao seu orçamento disponível.

Max. 𝑸(𝑳,𝑲) = 𝒇(𝑳, 𝑲)


s.a
𝑪𝑻 = 𝒘. 𝑳 + 𝒓𝑲
Resolvendo o problema de maximização:
𝑷𝒎𝒈𝑳 𝒘
=
ቐ 𝑷𝒎𝒈𝑲 𝒓
𝑪𝑻 = 𝒘. 𝑳 + 𝒓𝑲
TEORIA DO PRODUTOR

• Q2 é a curva de isoquanta mais alta que o


Equilíbrio do produtor | Graficamente:
produtor pode alcançar.
K • O produtor prefere atingir o ponto D, pois
representa maior nível de produção (Q3),
mas é impossível para o seu orcamento;
A D • Os pontos A e B são possíveis de atingir, mas
têm uma produção mais baixa do que a que
C ele pode alcançar no ponto C, portanto não é
Q3 preferido;
B Q2 • O ponto C representa o ponto de equilíbrio,
Q1
0 L pois é preferido e ao mesmo tempo possível
de atingir. Neste ponto, a curva de isocusto
toca em apenas um ponto(é tangente a recta
isocusto);
TEORIA DO PRODUTOR
Equilíbrio do produtor | Minimização dos custos
Em outras situações, é do interesse da empresa saber quanto de factores L e K precisa
empregar à produção para atingir determinado nível de produção ao menor custo possível.
Vamos agora considerar que a empresa precisa apenas produzir 20 unidades, pois esta
corresponde a demanda. Neste caso, a escolha óptima de factores é a solução para um problema
de minimização dos custos.

Min. 𝑪𝑻 = 𝒘. 𝑳 + 𝒓𝑲 Resolvendo o problema de minimização:


s.a 𝑷𝒎𝒈𝑳 𝒘
=
𝑸𝟎 = 𝒇 𝑳, 𝑲 = 𝟐𝟎 ൞ 𝑷𝒎𝒈𝑲 𝒓
𝑸𝟎 = 𝒇(𝑳, 𝑲)

Via de expansão
Na necessidade expandia a produção, a via de expansão indica a proporção de cada factor que
uma empresa adquirir tendo em conta os preços dos factores. Como base os conceitos de
isoquanta e isocusto para avaliar, “qual a melhor tecnologia que a empresa pode aplicar?”, de
modo a combinar os factores produtivos para simultaneamente expandir a produção e
minimizar os custos de produção.
TEORIA DO CONSUMIDOR
Gráfico | Via de Expansão da produção
K

• Cada ponto representa um combinações óptima


Via de expansão
de factores que permite produzir determinada
quantidade ao menor custo possível.
• A via de expansão é conjunto dos pontos de
Q3
equilíbrio que o produtor pode ter em função
Q2 dos preços dos factores e orçamento disponível
Q1
0 L

Rendimento de escala
No longo prazo, podemos notar que a produção aumenta na medida em que os factores
produtivos também aumentam. Os rendimentos à escala dizem-nos o que acontece à produção
quando os factores produtitivos variam todos na mesma proporção, isto é, o que acontece ao
rendimento da empresa em termos produtivos, quando a escala da produção aumenta.
TEORIA DO CONSUMIDOR
Tipo de rendimento à escala
1. Rendimento crescente à escala: Se a produção varia na mesma proporção em que os
factores de produção variam. Ex: Se aumentar os factores em 10% a produção também
aumenta em 10%.
2. Rendimento constante à escala: Se a produção numa proporção maior do que os factores
de produção variam. Ex: Se aumentar os factores em 10% a produção também
aumenta em 15%.
3. Rendimento constante à escala: Se a produção numa proporção menor do que os factores
de produção variam. Ex: Se aumentar os factores em 10% a produção também
aumenta em 7%.
Matematicamente
Funções produção Cobb- Funções de produção: Tipo de rendimento à
Douglas: 𝐐 = 𝑨𝑳𝜶 𝑩𝜷 𝐐 = 𝒇 𝑳; 𝑲 escala
𝜶+𝜷=𝟏 𝑸𝟏 = λQ Constante à escala
𝜶+𝜷>𝟏 𝑸𝟏 > λQ Crescente à escala
𝜶+𝜷<𝟏 𝑸𝟏 < λQ Decrescente à escala
Referências bibliográficas

• LOBO, F. C.; ANDRADE, C. et al. Princípios de Microeconomia, 1ª Edição;


Lisboa, 2021
• FERNANDES, A.; PEREIRA, E.; BENTO, J. P.; MADELENO, M.;
ROBAINA, M. et al. Introdução à economia, 2ª Edição; Lisboa, 2019
• VARIAN, HALL R. et al. Microeconomia intermédia: Uma abordagem
moderna, 8ª Edição, Lisboa, 2011
• NABAIS, C.; FERREIRA, R. V. et al. Microeconomia: Lições & Exercícios, 3ª
Edição, Lisboa, 2010
• MORGADO, A. J.; FERREIRA, P. et. al. Princípios de Microeconomia, 1ª
Edição, Lisboa, 2016
• WASSELS, WALTER et al. Microeconomia: Teoria e Aplicações, Editora
Saraiva, São Paulo, 2002
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