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Estratégias Econômicas Empresariais

Aula 02
Demanda

Objetivos Específicos
• Identificar as variáveis que afetam a procura e as suas possíveis variações.

Temas
Introdução
1 Conceito de demanda
2 Função demanda
3 Demanda (D) versus quantidade demandada (Qd)
4 Fatores que afetam a demanda
5 Elasticidades
6 Demanda individual e demanda de mercado
7 Excedente do consumidor
Considerações finais
Referências

Professora
Andressa Guimarães Rego
Estratégias Econômicas Empresariais

Introdução
Nesta unidade vamos falar da microeconomia. Começamos com um agente cujo
comportamento é fundamental para o dinamismo da economia e dos mercados: o consumidor.
Este é um papel que adoramos desempenhar e nesta unidade vamos entender como funciona
a demanda e como as quantidades demandadas se relacionam com preços.

Falaremos também sobre os tipos de bens. O que será que acontece com a quantidade
consumida de um produto quando o preço dele diminui? Será que existe algum bem cujo
consumo aumenta em resposta a um aumento de preço?

1 Conceito de demanda
A demanda (D) representa o quanto os consumidores desejam adquirir de determinado
produto dependendo do preço do produto e em determinado período. Conforme aumenta
o preço, o consumidor deseja comprar menos e, o contrário, conforme o preço diminui o
consumidor deseja comprar mais.

Há diversas variáveis que podem afetar a quantidade demandada (Qd) por um produto,
tais como: preço do bem (P), renda do consumidor (R), gosto ou preferência do consumidor
(G), preço de outros bens (Poutros), clima da região, etc.

Qd = f (P, R, G, Poutros, clima, etc.)

Esta equação diz que a quantidade demandada (Qd) é função, isto é, depende do preço
do bem, renda do consumidor, gosto ou preferência do consumidor, preço de outros bens e
clima da região.

Para facilitar a análise trabalhamos com retas e supomos que o preço é a principal variável
que interfere na quantidade demandada (Qd) e utilizamos a condição coeteris paribus.

2 Função demanda1
A função demanda é dada por2 :

Qd = f (P)

Esta equação diz que a quantidade demandada é função, isto é, depende do preço do

1 A maioria dos livros trazem gráficos da demanda como “curvas”. Seriam curvas cujas assíntotas vertical e horizontal são os próprios eixos.
Assim, para um preço muito elevado, a quantidade demandada seria muito pequena e para um preço muito pequeno, a quantidade seria muito
elevada. Utilizando o conceito de limite: quando o preço tende ao infinito, a quantidade demandada tende a zero e quando o preço tende a
zero, a quantidade demandada tende ao infinito. Em toda a representação da demanda optou-se por retas pela simplificação dos cálculos e o
raciocínio dos deslocamentos da reta e ao longo da reta são os mesmos.

2 Adaptado de Pinho e Vasconcellos (2003, p. 134)

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bem. Graficamente é representada por uma reta com inclinação negativa, conforme o gráfico
a seguir:

Gráfico 1 – Função demanda

Fonte: Adaptado de Vasconcellos (2002, p. 135).

Qualquer alteração no preço do produto altera o ponto na mesma reta. Existe uma
relação negativa ou inversa entre o preço e a quantidade demandada. Se o preço aumenta,
a quantidade demandada diminui e se o preço cai, a quantidade demandada aumenta. As
variáveis caminham em direções opostas3 .
Representando a demanda por uma reta temos:

Função demanda: Qd = a + b. P

onde a e b são constantes e b é menor do que zero.

Da matemática lembramos que a constante a representa o intercepto horizontal (valor


da quantidade quando o preço for zero) e b representa a inclinação da reta.

Exemplificando temos:

Função demanda: Qd = 10 – 2. P

Neste caso, o intercepto é 10 e a inclinação da reta é menos 2 (para cada unidade que
aumenta, o preço e a quantidade caem duas unidades). Para representar graficamente essa
função substituímos os valores para o preço e achamos as respectivas quantidades. Exemplo:
quando o preço for 3 a quantidade será 4.

3 Normalmente a quantidade é representada no eixo horizontal e o preço no eixo vertical. Mesmo quando a equação é dada na ordem inversa,
isto é, o preço dependendo da quantidade (P = f(Qd)), usualmente o gráfico é representado com a quantidade no eixo horizontal e o preço no
eixo vertical. Quando fazemos o gráfico invertendo os eixos chamamos de demanda inversa

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PONTO P Q(d)
A 0 5
B 2 4
C 4 3
D 6 2
E 8 1
F 10 0

Fonte: O autor (2014).

* Valores substituídos na equação acima Qd = 5 – ½. P

Marcando cada par ordenado no gráfico temos a reta da demanda, conforme o gráfico
abaixo:

Gráfico 2 – Função demanda representação numérica

Fonte: O autor (2014).

* Baseado nos valores da Tabela 1.

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3 Demanda (D) versus quantidade demandada (Qd)


A demanda é o quanto os consumidores desejam adquirir dependendo do preço, em
termos gráficos é a reta. Já a quantidade demandada representa o quanto os consumidores
estão efetivamente adquirindo, sendo representada por um ponto na reta de demanda.

A demanda é como uma pesquisa de quanto o consumidor desejaria comprar conforme


muda o preço. Já a quantidade demandada representa quanto efetivamente o consumidor
compra.

Exemplo: para representar a demanda nos perguntamos, por exemplo, quantas vezes
você iria ao cinema caso o preço fosse R$ 5,00? Quantas vezes desejaria ir ao cinema caso
o preço fosse R$ 10,00? Quantas vezes desejaria ir ao cinema caso o preço fosse R$ 50,00?

Para a quantidade demandada podemos ver o preço e observar quantas vezes


efetivamente você vai ao cinema.

Outras variáveis que afetam a demanda deslocam a reta. As principais variáveis analisadas,
além do preço do próprio produto analisado, são: renda e o preço de outros bens.

4 Fatores que afetam a demanda

4.1 Mudanças na renda


Agora analisamos, coeteris paribus, o que ocorre com a demanda conforme alteramos a
renda do consumidor. Para as mudanças na renda temos três casos possíveis de classificação:
bem normal, bem inferior e bem de consumo saciado.

4.1.1 Bem normal

São aqueles em que há uma relação direta ou positiva entre a renda e a quantidade
demandada, isto é, são bens que conforme a renda aumenta o consumidor deseja comprar
mais ou se a renda diminui o consumidor deseja comprar menos.

Como exercício, analise a sua demanda por alguns produtos e diga quais são classificados
como bem normal. Esta análise é subjetiva e depende muito do nível de renda, da região que
está analisando, entre outros fatores. Há estudos que observam a relação entre a renda e o
consumo de determinado bem para então classificar o tipo de produto.

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Figura 1 − Mudanças na renda

Para estes bens, conforme aumenta (diminui) a renda; ao mesmo preço, o consumidor
deseja comprar mais (menos), então a reta da demanda se desloca para a direita (esquerda).

4.1.2 Bem inferior

São aqueles em que há uma relação inversa ou negativa entre a renda e a quantidade
demandada, isto é, são bens que conforme a renda aumenta o consumidor deseja comprar
menos ou se a renda diminui o consumidor deseja comprar mais.

Consegue imaginar? Exemplo: se minha renda aumentar desejo utilizar menos o


transporte público e vou preferir utilizar mais meu carro que tem mais conforto.

Para bens inferiores, estes bens, conforme aumenta (diminui) a renda; ao mesmo preço,
o consumidor deseja comprar menos (mais), então a reta da demanda se desloca para a
esquerda (direita).

4.1.3 Bem de consumo saciado

São aqueles em que uma variação da renda não altera o consumo do produto. Neste
caso, não ocorre nada com a demanda. Exemplos: demanda por creme dental e demanda
por sal de cozinha.

4.2 Mudanças nos preços de outros bens


No caso de mudanças nos preços de outros bens temos três casos possíveis de
classificação: bens substitutos, bens complementares e bens independentes.

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4.2.1 Caso: bens substitutos

Como o nome diz são bens em que um substitui o outro. São bens em que o consumidor
não tem tanta preferência por um ou outro, sendo a comparação de preço o fator determinante
da demanda.

Agora analisamos o que ocorre com a demanda por um produto conforme se altera o
preço do outro bem. Conforme o preço do bem substituto aumenta (diminui) a demanda
pelo outro bem aumenta (diminui).

Os bens substitutos são aqueles em que há uma relação direta ou positiva entre o preço
de um produto e a quantidade demandada do outro. Exemplo: etanol e gasolina. Conforme
aumenta o preço da gasolina aumenta a demanda por álcool.

4.2.2 Bens complementares

São os bens que um complementa o outro, isto é, o consumidor se interessa pelo


conjunto.

Analisamos o que ocorre com a demanda por um produto conforme se altera o preço
do outro bem. Conforme o preço do bem complementar aumenta (diminui) a demanda pelo
outro bem diminui (aumenta).

Os bens complementares são aqueles em que há uma relação inversa ou negativa entre
o preço de um produto e a quantidade demandada do outro. Exemplo: cinema e pipoca.
Conforme aumenta o preço do cinema diminui a demanda por cinema e, por consequência,
também diminui a demanda por pipoca. Outro exemplo de bens complementares poderia
ser: carro e o seguro.

4.2.3 Bens independentes

São os bens que a mudança no preço de um deles não altera a demanda pelo outro.
Estes produtos não teriam relação.

Lembre que, em cada caso analisado acima há um deslocamento da demanda, exceto o


bem de consumo saciado e bens independentes. Assim como a oferta, quando a demanda
diminui há um descolamento da reta para a esquerda e quando a demanda aumenta a reta
da demanda se desloca para a direita.

Portanto, toda vez que ocorre o aumento da demanda, graficamente a reta se desloca
para a direita e quando ocorre uma diminuição da demanda a reta se desloca para a esquerda,
conforme o gráfico a seguir:

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Gráfico 3 – Deslocamentos da demanda

Fonte: Adaptado de Vasconcellos (2002, p. 136-137).

5 Elasticidades
Elasticidade é sinônimo de sensibilidade de uma variável com relação a outra. Agora
estamos interessados em saber como algumas variáveis afetam a quantidade demandada,
não só se possuem uma relação direta (positiva) ou inversa (negativa), mas se a variável é
pouco ou muito sensível.

∆% Qd
E pd=
∆% variável
As principais são: elasticidade preço da demanda, elasticidade renda e elasticidade preço
cruzada.

Conforme mudamos uma variável queremos mensurar o impacto na outra. Fazemos


uma variação percentual em uma variável e queremos saber qual é a variação percentual da
quantidade demandada.

✓ Quando a variação percentual da Qd for em maior proporção do que a variação


percentual feita na outra variável dizemos que a demanda é muito sensível. O cálculo
da elasticidade em módulo será maior do que 1 e classificamos como elástica;

✓ Quando a variação percentual da Qd for na mesma proporção do que a variação


percentual feita na outra variável, o cálculo da elasticidade em módulo será igual a 1
e classificamos como unitária; e

✓ Quando a variação percentual da Qd for em menor proporção do que a variação


percentual feita na outra variável dizemos que a demanda é pouco sensível. O cálculo
da elasticidade em módulo será menor do que 1 e classificamos como inelástica.

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5.1 Elasticidade preço da demanda


A elasticidade preço da demanda preocupa-se com o impacto da variação do preço sobre
a quantidade demandada.

∆% Qd
E pd=
∆% preço

Essa fórmula nos diz que dada uma variação percentual no preço qual é a variação
percentual na quantidade demandada. Sabemos que preço e quantidade demandada
possuem uma relação negativa ou inversa, por isso o valor da Epd sempre será negativo.

5.2 Elasticidade renda da demanda


A elasticidade renda da demanda preocupa-se com o impacto da variação da renda sobre
a quantidade demandada.

∆% Qd
E Rd=
∆% renda
Essa fórmula nos diz que dada uma variação percentual na renda qual é a variação
percentual na quantidade demandada. Sabemos que a relação entre a renda e a quantidade
demandada é: positiva para os bens normais, negativa para os bens inferiores e nula para os
bens de consumo saciado.

5.3 Elasticidade preço cruzada


A elasticidade preço cruzada preocupa-se com o impacto da variação do preço de um
produto (produto X) sobre a quantidade demandada de outro produto (produto Y).

∆% Q dy
E xy=
∆% Px

Essa fórmula nos diz que dada uma variação percentual no preço do produto X qual
é a variação percentual na quantidade demandada do produto Y. Sabemos que a relação
entre o preço de um produto e a quantidade demandada do outro é: positiva para os bens
substitutos, negativa para os bens complementares e nula para os bens independentes.

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6 Demanda individual e demanda de mercado


A demanda individual representa a demanda de um consumidor por um mesmo bem ou
serviço, já a demanda de mercado representa a demanda de vários consumidores. A demanda
de mercado é a soma horizontal das demandas individuais. A soma horizontal é a soma das
quantidades demandadas por cada indivíduo a cada preço.

Supondo três consumidores A, B e C, para cada preço temos as quantidades demandadas.


A demanda de mercado é a soma das quantidades de cada consumidor para cada preço,
conforme a tabela a seguir:

Tabela 2 – Demanda de mercado

Demanda
P Q(d) A Q(d) B Q(d) C
mercado

0 10 15 20 45

1 8 12 16 36
2 6 9 12 27
3 4 6 8 18
4 2 3 4 9
5 0 0 0 0

Fonte: Adaptado de Vasconcellos (2002, p. 138).

Associando os valores do preço com a demanda de mercado elaboramos o gráfico a


seguir:
Gráfico 4 – Demanda de mercado

Fonte: O autor (2014).

*Dados da Tabela 2.

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7 Excedente do consumidor
O excedente do consumidor é um conceito muito interessante que iremos utilizar em
outras aulas. Representa a diferença entre o preço que o consumidor está disposto a pagar
para adquirir determinado bem ou serviço e o quanto ele efetivamente paga. Vimos que
a demanda representa o desejo em adquirir o bem, assim cada ponto sob a demanda nos
mostra quanto ele estaria disposto a pagar. Esse conceito também é chamado de preço de
reserva. O preço do produto é dado pelo mercado. Analisando a diferença entre o preço de
reserva e o preço de mercado, para cada ponto da demanda temos a área que representa o
excedente do consumidor.

Gráfico 5 – Excedente do consumidor

Fonte: Adaptado de Vasconcellos (2002, p. 115).

Considerações finais
Nesta aula, vimos o conceito de demanda, sua representação gráfica e os principais
fatores que provocam seu deslocamento, como fazer a agregação e excedente.

A demanda está associada à procura pelo produto, suas alterações ocorrem conforme
os tipos de bens. Mudanças no preço do próprio bem não provocam alteração da demanda,
somente alteram a quantidade demandada. As mudanças na renda e nos preços de outros
bens podem deslocar a demanda. Também vimos sua representação numérica e como
elaborar a demanda de mercado.

Por fim, estudamos o excedente do consumidor que representa a área entre o que e
quanto o consumidor está disposto a pagar e o valor efetivamente pago.

Todos estes conceitos serão úteis e analisados com a oferta para termos a representação
da economia de mercado. Cada mudança da demanda provoca uma alteração no mercado
que terá que se ajustar para estar em equilíbrio.

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Referências
MANKIW, N. G. Princípios de microeconomia. São Paulo: Thomson Pioneira, 2004.

MOCHÓN, F. Princípios de economia. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2007.

PINHO, D. B.; VASCONCELLOS, M. A. S. Manual de economia. São Paulo: Saraiva, 2003.

ROSSETTI, J. P. Introdução à economia. São Paulo: Atlas, 2003.

RUBINFELD, D. L.; PINDYCK, R. S. Microeconomia. São Paulo: Prentice Hall Brasil, 2010.

VARIAN, H. H. Microeconomia: uma abordagem moderna. Rio de Janeiro: Elsevier, 2012.

VASCONCELLOS, M. A. S. Economia: micro e macro. São Paulo: Atlas, 2002.

VASCONCELLOS, M. A. S.; PINHO, D. B.; TONETO JR., R. Introdução à economia. São Paulo:
Saraiva (Edição Digital), 2012.

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