Você está na página 1de 50

Gestão Ambiental – Sergio Mabasso

Externalidades e Direitos de
Propriedade

Unidade 05
Gestão Ambiental – Sergio Mabasso

Objectivos da Aula

- Contextualizar sobre as externalidades e falhas do mercado;

- Entender como Direito de Propriedade pode ser usado para entender por que o
bem ambiental é subvalorizado por ambos, o mercado e a política governamental;

- Como o governo e o mercado podem, em certas ocasiões, usar o conhecimento


sobre DP e seus efeitos nos incentivos para orquestrar uma abordagem coordenada
para resolver estas dificuldades.

2
Gestão Ambiental – Sergio Mabasso

Introdução

Externalidade
- Efeitos das actividades de produção e consumo que não se reflectem directamente
no mercado, ou seja, acção que impacta benefício ou custo de terceiro não
directamente envolvido na produção ou no consumo de um bem ou serviço.
Bens públicos
- São aqueles bens cujo consumidor não é individualmente identificado nem a
quantidade consumida é determinada. Mais ainda, o consumo deste bem por
alguém não exclui a possibilidade de outrem consumi-lo na mesma intensidade.
- Bens que podem beneficiar todos os consumidores, mas cuja oferta no mercado ou
é insuficiente ou é totalmente inexistente.
3
Gestão Ambiental – Sergio Mabasso

Introdução

Externalidade
• As externalidades e os bens públicos constituem importantes causas de falha
de mercado;

• Externalidades ocorrem quando um agente melhora ou piora a situação de


outro agente, porém sem assumir os benefícios (no caso da melhora) ou os custos
(no caso da piora) de fazê-lo;

• O consumo e produção às vezes tem efeitos indesejáveis (Por ex: poluição).

• Portanto, dão origem a sérias questões de política pública.

4
Gestão Ambiental – Sergio Mabasso

Questões de política pública

• Qual é a quantidade de efluentes as empresas deveriam ser autorizadas a despejar


em rios?

• Quão restritivas deveriam ser as normas e os regulamentos referentes à emissão de


poluentes de automóveis?

• Qual deveria ser o gasto do governo com a defesa do país, com educação, com
pesquisa e com televisão estatal?

5
Gestão Ambiental – Sergio Mabasso

Tipos de Externalidades
• As externalidades podem surgir entre produtores, entre consumidores ou entre
consumidores e produtores.

• Existem:

Externalidade negativa
Ocorre quando a ação de uma das partes impõe custos à outra.

Externalidade positiva
Ocorre quando a ação de uma das partes beneficia a outra.
6
Gestão Ambiental – Sergio Mabasso

Tipos de Externalidades

EXTERNALIDADES NEGATIVA POSITIVA

Produção Empresas Poluidoras Extração de Petróleo

Consumo Fumar Cigarros Vacinas

7
Gestão Ambiental – Sergio Mabasso

Equilibrio do mercado é a alocação eficiente

Curva da oferta
• Como consumidores e produtores
Preço do mercado

Excedente do
consumidor
não consideram efeitos externos de
Equilíbrio suas acções, equilíbrio de mercado
Excedente do
produtor não é eficiente (Ex: maximiza
benefício total do mercado) quando
Curva da demanda há externalidade.
Qtd de Equilíbrio

• O mercado impede isso?... Como isso afeta o bem-estar económico? …O que fazer?
8
Gestão Ambiental – Sergio Mabasso

Exemplo de externalidade negativa

• Uma usina de aço despeja seus efluentes num rio do qual os pescadores
dependem para sua pesca diária;

• Não há nada que motive a usina de aço a se responsabilizar pelos custos


externos que está impondo aos pescadores quando toma sua decisão de
produção;

• Não existe um mercado no qual esses custos externos possam ser estimados e
incorporados no preço do aço.

9
Gestão Ambiental – Sergio Mabasso

Exemplo de externalidade positiva

• Um proprietário de uma casa resolve limpar a calçada, pintar a casa e


construir um jardim lindo;

• Todos os vizinho se beneficiam;

• Porém, a decisão do proprietário de pintar a casa e fazer o jardim


provavelmente não tenha levado em conta esses benefícios.

10
Gestão Ambiental – Sergio Mabasso

Externalidades

Exemplos e como os governos lidam com eles:

• Fumaça – Controle de emissão;

• Restauração de prédios – Incentivos fiscais;

• Latido de cachorros – Leis de silêncio (proibições);

• Pesquisa de novas tecnologias/invenções (patentes).

11
Gestão Ambiental – Sergio Mabasso

Externalidades e eficiência econômica

Objetivo de Aprendizagem 5.1


O efeito das externalidades (diferença entre privado e social):

Custo privado - O custo arcado pelo produtor de um bem ou serviço.


Custo social - O custo total de produzir um bem ou serviço, incluindo tanto
o custo privado quanto qualquer custo externo.
Benefício privado - O benefício auferido pelo consumidor de um bem ou
serviço.
Benefício social - O benefício total de se consumir um bem ou serviço,
incluindo tanto o benefício privado quanto qualquer benefício externo.
12
Gestão Ambiental – Sergio Mabasso

Externalidades e eficiência económica

Custo Social = Custo Privado + Externalidade Negativa (Ex. poluição)

Benefício Social = Benefício Privado + Externalidade Positiva (Ex. educação)

Sem externalidade → Privado = Social.

13
Gestão Ambiental – Sergio Mabasso

Externalidades e eficiência económica


• Um mercado é eficiente quando o Benefício Marginal Social, isto é, o
benefício que a sociedade deriva da produção/consumo de mais uma unidade
de um bem, se iguala ao Custo Marginal Social, que é o custo para a
sociedade de se produzir/consumir mais uma unidade do bem. Esse é o ponto
de produção/consumo ótimo.

• Na ausência de externalidades, a curva de Benefício Marginal Social é


justamente a Curva de Demanda e a curva de Custo Marginal Social é a de
Oferta.
14
Gestão Ambiental – Sergio Mabasso

Externalidades e eficiência económica


O efeito das externalidades

Objetivo de Aprendizagem 5.1


• Como uma externalidade negativa na produção reduz a eficiência econômica
(Custo Social > Custo Privado).

O efeito da poluição sobre


a eficiência económica.

15
Gestão Ambiental – Sergio Mabasso

Externalidades e eficiência econômica


O efeito das externalidades
• Como uma externalidade positiva no consumo reduz a eficiência econômica
(Valor Social > Valor Privado).

O efeito de uma externalidade


positiva sobre a eficiência.

16
Gestão Ambiental – Sergio Mabasso

Externalidades negativas e ineficiência econômica

• Como as externalidades não se refletem nos preços de mercado, elas podem se tornar
uma causa de ineficiência económica;
• Quando a empresa não considera os danos associados às externalidades negativas, o
resultado é uma produção excessiva e custos sociais desnecessários;
• Vamos analisar o exemplo de uma empresa de aço que lança efluentes num rio;
• Suporemos que a tecnologia é definida por uma função de produção de proporções
fixas.
• A usina de aço não pode alterar suas combinações de insumos: a quantidade de
efluentes pode ser reduzida apenas por meio de uma diminuição no volume da
produção.
17
Gestão Ambiental – Sergio Mabasso

Externalidades e eficiência econômica

Como corrigir o problema das externalidades?

• Soluções Privadas:
✓ Barganha (Teorema de Coase);
✓ Negociação não custos;
✓ Não importa quem tem razão.

18
Gestão Ambiental – Sergio Mabasso

Externalidades e eficiência econômica

Como corrigir o problema das externalidades?

• Soluções Governamentais/Politicas Publicas:

✓ Imposto correctivo/Pigouviano ou subsídios;

✓ Regulação quantitativa (cotas de produção);

✓ Licenças (cap-and-trade).

19
Gestão Ambiental – Sergio Mabasso

Direitos de Propriedade e Alocações


Eficientes de Mercado

Unidade 03

20
Gestão Ambiental – Sergio Mabasso

Externalidades e eficiência econômica


As externalidades podem resultar em falhas de mercado
• Falha de mercado – é a situação econômica onde um mercado deixa de
produzir o nível eficiente de produto, ou seja, as transações do mercado
acabam gerando mais efeitos negativos para todos do que satisfazendo
individualmente os ofertantes e os demandantes.
O que causa as externalidades?
.... Direitos de propriedade (DP)
Note que:
• A eficiência econômica pode ser obtida sem intervenção governamental
quando a externalidade envolve relativamente poucas pessoas e quando o
direito de propriedade é bem especificado. 21
Gestão Ambiental – Sergio Mabasso

Direito de Propriedade e Alocações Eficientes de Mercado

• Quando falhas na eficiência e sustentabilidade ocorreriam?

• Porque os indivíduos e grupos de interesses divergem da sociedade como um


todo?
• Que circunstâncias causam divisões de interesses, e o que pode ser feito sobre
isto?
✓ Para examinar estas questões vamos utilizar o conceito conhecido como Direito
de Propriedade (D.P.).

22
Gestão Ambiental – Sergio Mabasso

Direito de Propriedade e Alocações Eficientes de Mercado

Direitos de Propriedade - Conceitos

− São os direitos que os indivíduos ou empresas têm do uso exclusivo de suas


propriedades, incluindo o direito de comprá-las ou vendê-las.

− É o conjunto de leis que estabelece o que as pessoas ou as empresas podem fazer


com suas respectivas propriedades.

• Os DP são adquiridos pelos indivíduos, como no caso da economia capitalista, ou


pelo estado, como no caso da economia socialista de planeamento centralizado.

23
Gestão Ambiental – Sergio Mabasso

Direito de Propriedade e Alocações Eficientes de Mercado

Implicações para o uso dos recursos:


• O Direito de Propriedade determina a maneira como produtores e consumidores
usam estes recursos ambientais.
• Através do exame dos títulos e como eles afetam o comportamento humano, o DP
permite um melhor entendimento de como os problemas ambientais surgem como
resultado das alocações do governo e do mercado.
• A forma como o DP é alocado tem um grande impacto na forma como as
externalidades são tratadas pela política pública.
24
Gestão Ambiental – Sergio Mabasso

Estrutura de Direito de Propriedade Eficiente


A estrutura de DP que pode produzir alocações eficientes numa economia de
mercado tem 4 características:
1) Universalidade: Todos os recursos são de propriedade privada, e todos os títulos
são completamente especificados.
2) Exclusividade: Todos os benefícios e custos gerados pela propriedade e uso dos
recursos pertencem ao proprietário, e somente ele, directa ou indirectamente,
pode vendê-los a terceiros.
3) Transferibilidade: Todos os DP’s podem ser transferidos de um proprietário para
outro mediante troca voluntária.
4) Legitimidade: Os DP’s devem ser protegidos do confisco involuntário ou
apropriação por terceiros.
25
Gestão Ambiental – Sergio Mabasso

Estrutura de Direito de Propriedade Eficiente

Os princípios básicos com que o direito de propriedade conduz a uma


alocação dos recursos de forma eficiente são:

1. Princípio do uso eficiente:

• O proprietário de um recurso com DP bem-definido (exibindo estas 4


características) tem um incentivo forte de usar o recurso eficientemente porque a
redução no valor daquele recurso representa um prejuízo pessoal.

26
Gestão Ambiental – Sergio Mabasso

Estrutura de Direito de Propriedade Eficiente


Os princípios básicos com que o direito de propriedade conduz a uma
alocação dos recursos de forma eficiente são:
2. Princípio da transação eficiente:

• Quando os DP’s bem-definidos são trocados, como na economia de mercado, a troca


favorece a eficiência.

✓ Por ex: Porque o vendedor tem o direito para proibir o consumo do produto na
ausência de pagamento, cria a obrigatoriedade do pagamento por parte do
consumidor para que possa receber o produto. Dado o preço de mercado, o
consumidor decide quanto comprar por meio da escolha da quantidade que maximize
seu benefício líquido.
27
Gestão Ambiental – Sergio Mabasso

Análise Gráfica da Alocação Eficiente num Mercado Competitivo


• Beneficio liquido do consumidor: é estimada pela área
abaixo da curva de demanda menos a área
correspondente aos custos.
• Custo do consumidor: corresponde à área abaixo da A=
linha de preço, já que representa despesas na aquisição Excedente do
consumidor
do bem. P*

• Ponto para maximizar o beneficio liquido do


consumidor: Dado o preço P*, a quantidade Qd
unidades. D
• Excedente do consumidor: A área abaixo da curva de Qd
demanda e acima do preço, limitada a esquerda pelo
eixo vertical e a direita pela quantidade do bem sendo
considerado. 28
Gestão Ambiental – Sergio Mabasso

Análise Gráfica da Alocação Eficiente num Mercado Competitivo

• Ponto para maximizar o beneficio liquido do O


produtor: Dado o Preço P*, pela decisão de vender
Q unidades.
• Excedente do produtor: O benefício líquido P*
B=
recebido (Área B) pelo vendedor. Corresponde à Excedente do
Produtor
área abaixo da linha de preço e acima da curva
de custo marginal, limitada a esquerda pelo eixo
vertical e a direita pela quantidade do bem sendo
considerado. Qd

29
Gestão Ambiental – Sergio Mabasso

Análise Gráfica da Alocação Eficiente num Mercado Competitivo


Por que esta alocação é eficiente?
• A alocação eficiente/Eficiência Estática que ocorre no
ponto de equilíbrio, faz o benefício líquido ser
maximizado pela alocação de mercado que é igual à A=
Excedente do
soma do excedente do produtor e consumidor. consumidor
P*
B=
• O sistema de preços induz as partes (agentes Excedente do
econômicos), agindo em interesse próprio, a tomarem Produtor

decisões que sejam eficientes do ponto de vista da


sociedade como um todo. Isto significa que o sistema de
preços canaliza a energia motivada pelo interesse Qd
próprio no sentido de decisões socialmente eficientes e
produtivas.
30
Gestão Ambiental – Sergio Mabasso

Categorias de Direito de Propriedade

1) Acesso: direitos de propriedade para desfrutar os benefícios da propriedade. Os


usuários autorizados têm direitos de acesso, tais como permissões para os pescadores
caminharem nas vias de uma fazenda de carcinicultura.

2) Extração: Direito para extrair ou remover algum ou todos os produtos da


propriedade. Os usuários autorizados têm direitos de acesso e extração, tais como
aqueles com licenças de pesca válidos.

3) Gerenciamento: Direito para regular o uso (acesso, extração) e melhoramentos. Os


actores sociais tais como agricultores que participam do gerenciamento dos sistemas
de irrigação pública mantém esses direitos.

31
Gestão Ambiental – Sergio Mabasso

Categorias de Direito de Propriedade

4) Exclusão: Direito para excluir outros de ter acesso, extração e gerenciamento. Os


proprietários que coletivamente governam a propriedade-comum (ex: piscina de
condomínio) mantém direitos de exclusão.

5) Alienação: Direitos para vender (alienar) propriedade para outra pessoa. Os


proprietários de carros têm o direito de vender seus carros para outra pessoa.

6) Direitos de usufruto: são direitos de extração que pode estar associado à terra ou
podem cobrir direitos estabelecidos em acordos. O Estado pode ser o proprietário na
capacidade legal pública.

32
Gestão Ambiental – Sergio Mabasso

Regimes de Direito de Propriedade

A questão de quem mantém o direito de propriedade determina como a lei e a política


pública tratam as externalidades.
a) Propriedade-Privada: Quando os indivíduos ou empresas tem o direito de usar, reter e
dispor (transacionar) o recurso, proibindo o seu uso por terceiros. Propriedade privada
não é a única forma possível de definir títulos para uso de recursos.
b) Propriedade-Estado: Quando o governo possui e controla a propriedade. Por ex: os
parques e florestas são possuídos e administrados pelo governo em nações capitalistas
e socialistas. Problemas com eficiência e sustentabilidade podem aparecer quando os
incentivos dos burocratas que implementam e/ou fazem as regras para o uso dos
recursos divergem dos interesses da coletividade.

33
Gestão Ambiental – Sergio Mabasso

Regimes de Direito de Propriedade


c) Propriedade-Comum: Quando a propriedade é possuída e administrada conjuntamente
por certo grupo de pessoas. Os títulos para uso dos recursos de propriedade-comum
podem ser formais, protegidos por regras legais especificas, ou podem ser informais,
protegidas por tradição ou costume. Estes regimes exibem vários graus de eficiência e
sustentabilidade, dependendo das regras que emergem da tomada de decisão
coletiva. Por ex: na Suíça, o sistema de alocação de pastagem para limitar o número
de animais por área;
d) Res Nullius: Quando ninguém possui ou exerce controle sobre os recursos. O principal
elemento deste regime se baseia no princípio de que o primeiro que chega é quem se
serve primeiro, uma vez que nenhum indivíduo ou grupo tem o poder legal para
restringir o acesso. Recursos de livre-acesso têm criado aquilo que é chamado
popularmente de "tragédia dos comuns". Por ex: a caça de búfalo nos E.U.A.
34
Gestão Ambiental – Sergio Mabasso

Externalidades e Direito de Propriedade

Estudo de Caso:
• Suponha que os pescadores tivessem o Direito de Propriedade sobre a água
limpa;

• Nesse caso, eles poderiam exigir que a empresa lhes pagasse para ter o
direito de despejar efluentes no rio;

• Esses custos seriam então internalizados e, assim, uma eficiente alocação de


recursos seria alcançada.

35
Gestão Ambiental – Sergio Mabasso

Externalidades e Direito de Propriedade

Negociação e eficiência económica (1/5)


• Suponha que os efluentes da usina de aço provoquem uma redução nos lucros
dos pescadores;

✓ A empresa pode instalar um sistema de filtros para reduzir e/ou tratar os


efluentes;

✓ Ou então os pescadores podem pagar pela instalação de uma estação de


tratamento de água.

36
Gestão Ambiental – Sergio Mabasso

Externalidades e Direito de Propriedade

Negociação e eficiência económica (2/5)


• A solução eficiente maximiza o lucro conjunto da usina de aço e dos
pescadores;

− Isso ocorre quando a empresa instala um filtro e os pescadores não


constroem uma estação de tratamento de água;

• Vamos analisar como as alternativas do Direito de Propriedade levam as duas


partes a negociar diferentes soluções.

37
Gestão Ambiental – Sergio Mabasso

Externalidades e Direito de Propriedade

Negociação e eficiência económica (3/5)


• Suponha que a usina de aço tenha direito de propriedade para poder despejar
os efluentes no rio;
• Inicialmente (antes da negociação) o lucro dos pescadores é de 100 MT e o da
usina de aço é de 500 MT;
• Instalando uma estação de tratamento de água, os pescadores podem aumentar
seus lucros para 200 MT.
• Nesse situação, o lucro conjunto é de 700 MT.

38
Gestão Ambiental – Sergio Mabasso

Externalidades e Direito de Propriedade

Negociação e eficiência económica (4/5)


• Além disso, os pescadores estão dispostos a pagar até 300 MT para que a
usina de aço instale um filtro: diferença entre o lucro de 500 MT com um filtro e
o lucro de 200 MT sem cooperação;

• Como a usina de aço perde apenas 200 MT de seus lucros ao instalar o filtro,
ela estaria disposta a fazê-lo;

• O ganho obtido por ambas as partes, havendo cooperação, é igual a 100 MT.

39
Gestão Ambiental – Sergio Mabasso

Externalidades e Direito de Propriedade

Negociação e eficiência económica (5/5)


• Agora suponha que fosse dado aos pescadores o direito de propriedade da
água limpa;
• Isso tornaria necessário a instalação dos filtros por parte da usina;
• É uma solução eficiente: nenhuma das partes poderia se beneficiar das
negociações.

40
Gestão Ambiental – Sergio Mabasso

Externalidades e Direito de Propriedade

Teorema de Coase
• Princípio segundo o qual, quando as partes envolvidas puderem negociar sem
custo e visando ao benefício mútuo, o resultado será eficiente,
independentemente de como estejam alocados os direitos de propriedade.
Ronald Coase

41
Gestão Ambiental – Sergio Mabasso

Externalidades e Direito de Propriedade

Negociação dispendiosa - o papel do comportamento estratégico


• As negociações podem ser dispendiosas e demoradas, em especial quando o
Direito de Propriedade não está especificado de modo claro;

• Se ambas as partes acreditarem que podem obter lucros maiores, o processo de


negociação pode ser interrompido mesmo quando a comunicação e a
monitoração não apresentarem custo algum. O problema surge quando muitas
partes estão envolvidas.

42
Gestão Ambiental – Sergio Mabasso

Recursos de Propriedade Comum

• Recurso ao qual qualquer pessoa tem livre acesso;

• Surgem externalidades quando podem ser utilizados recursos sem a


necessidade de seu pagamento;

• Ar e água são exemplos mais comuns, mas também a flora, a fauna e a


exploração e extração mineral;

• Ineficiências podem ocorrer quando recursos são de propriedade comum.

43
Gestão Ambiental – Sergio Mabasso

Recursos de Propriedade Comum


• Consideramos um grande lago com tilápias;
• A quantidade capturada de peixe é suficientemente pequena em relação à
demanda para os pescadores adotarem o preço como dado;
• Cada pescador pesca até o ponto em que a receita marginal (o preço) seja
igual ao custo privado;

× Esse custo não reflete o custo real para a sociedade;


• O aumento da atividade pessoal de pesca reduz o número de peixes
disponíveis no lago para os demais pescadores.

44
Gestão Ambiental – Sergio Mabasso

A Teoria dos Bens Públicos


Existem duas premissas básicas:

A. Bem Não Disputável/Não Rivalidade


• A não rivalidade preconiza que o uso de um bem ou o desfrute de um serviço
por uma pessoa não impede que outra o faça no mesmo tempo e na mesma
quantidade;
• Bem cujo custo marginal de produção é zero para um consumidor adicional.
✓ Exemplos: utilização de uma estrada durante um período de pouco transito,
utilização de um farol por um navio, canal de televisão estatal, travessia de
uma ponte, sinal transmitido por uma emissora.
45
Gestão Ambiental – Sergio Mabasso

A Teoria dos Bens Públicos

B. Bem Não Exclusivo


• A não exclusividade apregoa que o facto de uma pessoa utilizar um bem ou
serviço não dá a ela o direito de obstruir outra de usá-lo também;
• Bens que as pessoas não podem ser impedidas de consumir, de modo que vem
a ser difícil ou impossível cobrar por sua utilização.
✓ Exemplos: defesa nacional, farol, canal de televisão estatal, etc;
✓ Contra-exemplo: automóveis, travessia de uma ponte, sinal transmitido por
uma emissora.

46
Gestão Ambiental – Sergio Mabasso

A Teoria dos Bens Públicos


Bens Públicos
• Bens não exclusivos e não disputáveis: o custo marginal de provê-los para
um consumidor adicional é zero, e as pessoas não podem ser excluídas de seu
consumo.
• Muitos bens ofertados pelo poder público podem ser disputáveis, exclusivos
ou ainda as duas coisas.
✓ A educação de nível secundário é um bem disputável: outros estudantes
estarão recebendo menor atenção à medida que aumentar o tamanho da
classe;
✓ A cobrança de uma anuidade escolar pode excluir algumas crianças da
possibilidade de usufruir a educação.
NB: A educação é fornecida pelos governos porque acarreta externalidades positivas, não porque seja um bem público. 47
Gestão Ambiental – Sergio Mabasso

Bens públicos e falhas de mercado

• Numa comunidade com 10.000 pessoas, um empreendedor está considerando


a possibilidade de fornecer um serviço de combate a malária;

• O custo é de $50.000 e o benefício agregado para a comunidade é superior:


a soma do que cada indivíduo está disposto a pagar é maior do que
$50.000;

• Cobrando $5 por pessoa, o custo seria coberto, porém o empreendedor não


tem como obrigar as pessoas a pagar para usufrui do serviço.

48
Gestão Ambiental – Sergio Mabasso

Bens públicos e falhas de mercado

Caronas (free riders)

• Consumidores ou produtores que não pagam por um bem não exclusivo na


expectativa de que outros o façam.

• A presença de caronas torna difícil ou impossível que os mercados ofertem os


produtos eficientemente.

49
Gestão Ambiental – Sergio Mabasso

Fim

Unidade 05

Você também pode gostar