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CONTABILIDADE COM

FOCO NA GESTÃO DO
ORÇAMENTO PÚBLICO
Módulo

2 Procedimentos contábeis
orçamentários (PCO) da
receita
Fundação Escola Nacional de Administração Pública

Presidente
Diogo Godinho Ramos Costa

Diretor de Desenvolvimento Profissional


Paulo Marques

Coordenador-Geral de Projetos Sob Medida


Carlos Eduardo dos Santos

Equipe responsável
Diego Rodrigues Boente (conteudista, 2020)
Rodrigo Pereira Neves (conteudista, 2020)

Diretoria de Desenvolvimento Profissional

Curso produzido em Brasília 2021


Desenvolvimento do curso realizado por meio de parceria entre Enap e Funape.

Enap, 2021.

Enap, 2021

Enap Escola Nacional de Administração Pública


Diretoria de Educação Continuada
SAIS - Área 2-A - 70610-900 — Brasília, DF
Sumário
Unidade 1: Classificadores da receita orçamentária...........................................5
1.1 Classificação da receita orçamentária...............................................................5
1.2 Unidade arrecadadora.......................................................................................6
1.3 Natureza de receita...........................................................................................6
1.4 Fonte de recursos..............................................................................................8
Referências......................................................................................................10

Unidade 2: Procedimentos contábeis da receita orçamentária.........................11


2.1 Etapas da receita orçamentária.......................................................................11
Referências......................................................................................................12

Unidade 3: Especificidades do lançamento da receita orçamentária................13


3.1 Ingresso de disponibilidade por destinação de recursos.................................13
3.2 Deduções da receita........................................................................................13
3.3 Transferências de recursos intergovernamentais............................................15
Referências......................................................................................................16

Unidade 4: Lançamentos típicos da receita orçamentária................................17


4.1 Introdução aos lançamentos das receitas.......................................................17
4.2 Previsão inicial da receita orçamentária..........................................................17
4.3 Reconhecimento do crédito tributário por competência................................17
4.4 Arrecadação da receita....................................................................................18
4.5 Dedução da receita..........................................................................................19
4.6 Transferências de recursos intergovernamentais............................................20
Referências......................................................................................................21

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Nesse segundo módulo, você, cursista, terá contato com os procedimentos contábeis
orçamentários relacionados às receitas e será capaz de identificar os classificadores da
receita orçamentária.

O módulo está estruturado da seguinte maneira:

Unidade 1: Classificadores da receita orçamentária


Unidade 2: Procedimentos contábeis da receita orçamentária
Unidade 3: Especificidades do lançamento da receita orçamentária
Unidade 4: Lançamentos típicos da receita orçamentária

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2 Procedimentos contábeis
Módulo

orçamentários (PCO) da receita

Unidade 1: Classificadores da receita orçamentária


Objetivo de aprendizagem

Ao final desta unidade, você será capaz de identificar os classificadores da receita orçamentária.

1.1 Classificação da receita orçamentária

Inicialmente é necessário diferenciar os ingressos orçamentários dos ingressos extraorçamentários.


Como vocês viram na aula sobre demonstrações contábeis, o balanço financeiro é que apresenta
essa divisão. Ele tem por finalidade apresentar um fluxo em contas de recursos financeiros.
Para isso, basta saber o conceito desses ingressos a fim de realizar o tratamento adequado aos
ingressos orçamentários.

Os ingressos orçamentários são disponibilidades de recursos financeiros que ingressam durante


o exercício e que aumentam o saldo financeiro da instituição. É um instrumento por meio do qual
se viabiliza a execução das políticas públicas. As receitas orçamentárias são fontes de recursos
utilizadas pelo Estado em programas e ações cuja finalidade precípua é atender às necessidades
públicas e demandas da sociedade.

Serão classificadas como receita orçamentária, sob as rubricas próprias (natureza de receita),
todas as receitas arrecadadas, inclusive as provenientes de operações de crédito, ainda que não
previstas no orçamento.

Já os ingressos extraorçamentários são recursos financeiros de caráter temporário, dos quais


o Estado é mero agente depositário. Sua devolução não se sujeita à autorização legislativa,
portanto não integram a Lei Orçamentária Anual (LOA). Por serem constituídos por ativos e
passivos exigíveis, os ingressos extraorçamentários, em geral, não têm reflexos no patrimônio
líquido da entidade. Seguem alguns exemplos:

• ingressos de entradas compensatórias, relativos a consignações em folha de pagamento,


fianças, cauções, dentre outros;
• operações de crédito por antecipação de receita orçamentária (ARO);
• emissão de moeda;
• inscrição de restos a pagar.

As inscrições de restos a pagar são ingressos extraorçamentários no balanço financeiro devido


ao fato de o desembolso ser considerado pelo empenhamento da despesa orçamentária,
incluindo despesas que não foram pagas. Quando for realizado o pagamento de restos a pagar,

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será registrado um novo desembolso extraorçamentário, representando o real impacto no caixa.
Os restos a pagar inscritos não representam um ingresso efetivo de recursos no cofre público
– tão somente se deduzirá o que não teve desembolso, despesas empenhadas e não pagas no
exercício.

Voltando às receitas orçamentárias, podemos dizer que elas são classificadas por natureza de
receita e indicadas conforme a sua destinação, fonte de recurso.

As informações contábeis são selecionadas para atender às necessidades dos usuários, que
considera na tomada de decisão. Logo, entende-se mais sobre relatórios contábeis de propósito
geral.

1.2 Unidade arrecadadora

A unidade arrecadadora é a unidade que detém a responsabilidade administrativa sobre os


valores arrecadados do ente público.

Na União, as unidades do Governo Federal utilizam a Guia de Recolhimento da União (GRU) para
a arrecadação de suas receitas, via rede bancária ou diretamente no Siafi, quando o recolhedor
for uma unidade gestora (UG). As exceções do recolhimento por meio da GRU são as receitas do
Instituto Nacional do Seguro Social – INSS, recolhidas mediante a Guia de Previdência Social –
GPS, e as receitas administradas pela Receita Federal do Brasil – RFB e pela Procuradoria-Geral
da Fazenda Nacional – PGFN, ambas recolhidas por meio do Documento de Arrecadação de
Receitas Federais – Darf.

Esses documentos apresentam códigos de recolhimento que parametrizam a classificação e/ou


destinação dos recursos arrecadados. Assim, quando da criação de um código de recolhimento,
o órgão central financeiro (Tesouro Nacional, Tesouros Estaduais e Municipais) poderá indicar,
por exemplo, se aquele código se refere a uma fonte de receita própria ou de uso geral, estorno
de despesa, depósitos de diversas origens, natureza da receita, entre outras informações.

1.3 Natureza de receita

A classificação da natureza de receita está prevista, e é obrigatória, na Portaria STN/SOF 163, de


2001. Essa classificação é padronizada e somente poderá ser revisada em: ato conjunto entre a
Secretaria do Tesouro Nacional e a Secretaria de Orçamento Federal, quando houver mudança
que impactará todos os entes da Federação; somente pela SOF, quando a alteração afetar
somente a União; somente pela STN, quando a alteração afetar estados ou municípios.

Acompanhe a seguir a tabela de Codificação da Receita Orçamentária:

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A B C D DD D E
1º Nível (1 dígito) – Categoria Econômica da Receita
2º Nível (1 dígito) – Origem da Receita

3º Nível (1 dígito) – Espécie da Receita


4º Nível (1 dígito) – 1º nível de detalhamento da Receita

5º Nível (2 dígitos) – 2º nível de detalhamento da Receita

6º Nível (1 dígito) – 3º nível de detalhamento da Receita

7º Nível (1 dígito) – Tipo da Receita

Codificação da natureza de receita. Fonte: Elaboração própria.

Regras definidas para o detalhamento previsto nos níveis 4º ao 6º:

• Identificam as particularidades de cada receita, quando necessário;


• Receitas exclusivas de estados, DF e municípios serão identificadas pela utilização do 4º
dígito = 8.

Quanto ao 7º nível, indica o tipo da receita, podendo ser:

• 0 – Receita Agregadora (não valorizável);


• 1 – Principal;
• 2 – Multas e Juros de Mora;
• 3 – Dívida Ativa – Principal;
• 4 – Dívida Ativa – Multa e Juros de Mora;
• 5* – Multas;
• 6* – Juros de Mora;
• 7* – Dívida Ativa – Multa;
• 8* – Dívida Ativa – Juros de Mora;
• 9 – A definir pela SOF/MP.

* Os tipos da receita 5, 6, 7 e 8 somente serão usados quando a legislação pertinente diferenciar


a destinação das Multas da destinação dos Juros de Mora, situação na qual não poderá ser
efetuado registro de arrecadação nos Tipos “2 ou 4”.

As portarias SOF e STN, que desdobrarão o Anexo I da Portaria Interministerial STN/SOF nº


163/2001, contêm apenas as naturezas de receita agregadoras (finalizadas com dígito “0”),
considerando automaticamente criadas as naturezas valorizáveis, terminadas em “1”, “2”, “3” e
“4”.

A STN mantém em sua página um ementário da receita com as classificações previstas para a
União, estados, DF e municípios. Clique aqui e confira essa tabela.

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Ressalta-se ainda que, para fins de observância da classificação orçamentária em “Receita
corrente” e “Receita de capital”, estipulada pela Lei nº 4.320/64, devem ser considerados os
seguintes códigos:

• Receita corrente:
a. Todos os códigos cujo primeiro dígito seja “1” (categoria econômica “receitas correntes”);
b. Códigos cujo primeiro dígito seja “2” (categoria econômica “receitas de capital”) e cujo
oitavo dígito, tipo de natureza de receita, seja “2” (Multas e Juros de Mora), “4” (Multas e
Juros de Mora da Dívida Ativa), “5” (Multas), “6” (Juros de Mora), “7” (Multas da Dívida) ou
“8” (Juros de Mora da Dívida).

• Receita de capital:
a. Códigos cujo primeiro dígito seja “2” (categoria econômica “receitas de capital”) e cujo
oitavo dígito, tipo de natureza de receita, seja “1” (Principal) ou “3” (Dívida Ativa).

Exemplo: 2.2.2.0.00.1.2 – Alienação de Bens Imóveis – Multas e Juros é uma receita corrente.

1.4 Fonte de recursos

Já para a classificação quanto à destinação de recurso, ou fonte de recurso, não existe padrão
estabelecido, obrigatório. Porém, a matriz de saldos contábeis necessitará destas informações
de forma padronizada. Para isso, foi definido um padrão mínimo de classificação, apresentado
no MCASP 8ª edição.

Essa classificação terá como objetivo:

• evidenciar as fontes de financiamento das despesas;


• evidenciar as vinculações;
• evidenciar o exercício financeiro em que ela ingressou;
• transparência no gasto público.

Por mais que essa tabela não seja padronizada, seu conceito já vem sendo utilizado desde a
publicação da LRF, Lei nº 101, de 2000:

Art. 8º – Parágrafo único. Os recursos legalmente vinculados à finalidade específica


serão utilizados exclusivamente para atender ao objeto de sua vinculação, ainda que em
exercício diverso daquele em que ocorrer o ingresso.

[...]

Art. 50 – Além de obedecer às demais normas de contabilidade pública, a escrituração


das contas públicas observará as seguintes:

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I – a disponibilidade de caixa constará de registro próprio, de modo que os recursos
vinculados a órgão, fundo ou despesa obrigatória fiquem identificados e escriturados de
forma individualizada (BRASIL, 2000, grifos nossos).

Com isso fica clara a necessidade de estabelecer codificações para segregação desses recursos,
conforme sua vinculação. Essa vinculação representará em que ou onde será aplicado o recurso
e qual a sua origem. Exercerá a função de conexão entre as receitas e as despesas.

Por isso, trata-se de um dos principais motivos da alteração do balanço financeiro, que trouxe o
detalhamento das receitas arrecadadas e despesas empenhadas por fonte de recurso, existindo,
assim, a possibilidade de comparação.

O padrão de codificação de fonte definido no MCASP 8ª edição é este:

X XXX
1º Nível (1 dígito) – Indicador de exercício de ingresso do recurso
2º Nível (1 dígito) – Detalhamento da vinculação do recurso

Codificação das fontes de recursos: detalhe dos níveis. Fonte: Elaboração própria.

Observação 1: a codificação é desenvolvida para cumprir necessidade do Siconfi, identificada


com o código FR e composta de quatro dígitos.

Observação 2: a aplicação é facultativa e os entes que optarem por não utilizar deverão realizar
“de-para” (o Siconfi possui ferramenta própria para auxiliar no “de-para”).

Exemplo dessas codificações de fonte de recursos:

1.001 Exercício corrente – Recursos Ordinários


1.111 Exercício corrente – Educação (Impostos)

2.211 Exercícios anteriores – Saúde (Impostos)


Exemplo de fontes de recursos. Fonte: Elaboração própria.

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Referências

BRASIL. Lei nº 4.320, de 4 de março de 1964. Estatui Normas Gerais de Direito


Financeiro para elaboração e controle dos orçamentos e balanços da União, dos
Estados, dos Municípios e do Distrito Federal. DOFC: Brasília, DF, 4 mar. 1964.
BRASIL. Lei Complementar nº 101, de 04 de maio de 2000. Estabelece normas
de finanças públicas voltadas para a responsabilidade na gestão fiscal e dá
outras providências. Diário Oficial da União: Brasília, DF, 4 maio 2000.
SECRETARIA DO TESOURO NACIONAL DO MINISTÉRIO DA FAZENDA; SECRETARIA DE
ORÇAMENTO FEDERAL DO MINISTÉRIO DO PLANEJAMENTO, ORÇAMENTO E GESTÃO. Portaria
Interministerial nº 163, de 4 de maio de 2001. Dispõe sobre normas gerais de consolidação
das contas públicas no âmbito da União, Estados, Distrito Federal e Municípios, e dá outras
providências, em cumprimento da LC nº 101, de 2000. Diário Oficial da União: Brasília, DF.
SECRETARIA DO TESOURO NACIONAL. Ementário da Classificação por Natureza
de Receita – Tabela de Códigos, Ano 2021. Brasília: STN, 2020. Disponível em:
http://www.tesourotransparente.gov.br/publicacoes/manual-de-contabilidade-
aplicada-ao-setor-publico-mcasp/2019/26. Acesso em: 22 jun. 2021.
SECRETARIA DO TESOURO NACIONAL. Manual de contabilidade aplicada ao setor público. 8.
ed. Brasília: STN, 2018. Disponível em: http://www.tesourotransparente.gov.br/publicacoes/
manual-de-contabilidade-aplicada-ao-setor-publico-mcasp/2019/26. Acesso em: 22 jun. 2021.
SECRETARIA DO TESOURO NACIONAL. Manual de demonstrativos fiscais. 9. ed. V. 3.
Brasília: STN, 2018. Disponível em: https://www.tesourotransparente.gov.br/publicacoes/
manual-de-demonstrativos-fiscais-mdf/2018/26-2. Acesso em: 22 jun. 2021.

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Unidade 2: Procedimentos contábeis da receita
orçamentária
Objetivo de aprendizagem

Ao final desta unidade, você será capaz de reconhecer os procedimentos contábeis da receita
orçamentária.

2.1 Etapas da receita orçamentária

Para iniciar as orientações sobre contabilização da receita orçamentária é preciso conhecer as


suas etapas ou seus estágios, como se vê no fluxograma a seguir:

Previsão Lançamento Arrecadação Recolhimento

Unidade
Metodologia Caixa Bancos
de Caixa

Direto/ de Ofício Classificação da Natureza


(IPVA-IPTU) de Receita e Fonte (DDR)

Misto/por declaração
(ITR) Destinação do Recurso

Por Homologação
(IPI, ICMS, IR)

Processo de execução orçamentária da receita. Fonte: Elaboração própria.

Com indicação deste gráfico, nos resta saber que o reconhecimento da receita orçamentária
é pela arrecadação, conforme Lei 4.320, de 1964 – diferentemente da variação patrimonial
aumentativa, a VPA, que se dará com a ocorrência do fato gerador e com base no regime da
competência previsto na NBC TSP Estrutura Conceitual.

Essa informação é importante para saber como se dará o processo de contabilização e quais
lançamentos contábeis existirão com a ocorrência de cada etapa e estágio da receita orçamentária.

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Referências

BRASIL. Lei nº 4.320, de 4 de março de 1964. Estatui Normas Gerais de Direito


Financeiro para elaboração e controle dos orçamentos e balanços da União, dos
Estados, dos Municípios e do Distrito Federal. DOFC: Brasília, DF, 4 mar. 1964.
BRASIL. Lei Complementar nº 101, de 04 de maio de 2000. Estabelece normas
de finanças públicas voltadas para a responsabilidade na gestão fiscal e dá
outras providências. Diário Oficial da União: Brasília, DF, 4 maio 2000.
SECRETARIA DO TESOURO NACIONAL DO MINISTÉRIO DA FAZENDA; SECRETARIA DE
ORÇAMENTO FEDERAL DO MINISTÉRIO DO PLANEJAMENTO, ORÇAMENTO E GESTÃO. Portaria
Interministerial nº 163, de 4 de maio de 2001. Dispõe sobre normas gerais de consolidação
das contas públicas no âmbito da União, Estados, Distrito Federal e Municípios, e dá outras
providências, em cumprimento da LC nº 101, de 2000. Diário Oficial da União: Brasília, DF.
SECRETARIA DO TESOURO NACIONAL. Ementário da Classificação por Natureza
de Receita – Tabela de Códigos, Ano 2021. Brasília: STN, 2020. Disponível em:
http://www.tesourotransparente.gov.br/publicacoes/manual-de-contabilidade-
aplicada-ao-setor-publico-mcasp/2019/26. Acesso em: 22 jun. 2021.
SECRETARIA DO TESOURO NACIONAL. Manual de contabilidade aplicada ao setor público. 8.
ed. Brasília: STN, 2018. Disponível em: http://www.tesourotransparente.gov.br/publicacoes/
manual-de-contabilidade-aplicada-ao-setor-publico-mcasp/2019/26. Acesso em: 22 jun. 2021.
SECRETARIA DO TESOURO NACIONAL. Manual de demonstrativos fiscais. 9. ed. V. 3.
Brasília: STN, 2018. Disponível em: https://www.tesourotransparente.gov.br/publicacoes/
manual-de-demonstrativos-fiscais-mdf/2018/26-2. Acesso em: 22 jun. 2021.

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Unidade 3: Especificidades do lançamento da receita
orçamentária
Objetivo de aprendizagem

Ao final desta unidade, você será capaz de explicar as especificidades do lançamento da receita
orçamentária.

3.1 Ingresso de disponibilidade por destinação de recursos

No ingresso de recursos financeiros, há o registro em contas de controle das Disponibilidades por


Destinação de Recurso – DDR. Essas contas necessitam de detalhamento por fonte de recurso e
sempre controlaram as disponibilidades, indicando se elas estão comprometidas.

Com isso, pode-se afirmar que as DDR podem ser avaliadas pelos saldos das seguintes contas:

7.2.1.1.X.XX.XX - Controle de Disponibilidade por Destinação de Recursos – DDR


=
8.2.1.1.1.XX.XX - Disponibilidade por Destinação de Recursos – DDR
+
8.2.1.1.2.XX.XX - DDR Comprometida por empenho
+
8.2.1.1.3.XX.XX - DDR Comprometida por liquidação ou entrada compensatória
+
8.2.1.1.4.XX.XX - DDR Utilizada

Assim, no ingresso de recurso, tem-se o seguinte lançamento:

Em Natureza de Informação Típica de Controle:


D – 7.2.1.1.X.XX.XX – Controle das Disponibilidades por Destinação de Recursos – DDR
a C – 8.2.1.1.1.XX.XX – DDR

Algo mais interessante é a conta 8.2.1.1.1.XX.XX – DDR, pois ela oferece informação para o
cálculo do superávit financeiro (lá no balanço patrimonial), mas, também, lhe informa se há
comprometimento sem suporte financeiro. Caso isso ocorra, o saldo da conta por fonte estará
devedor (saldo invertido), o que indicará um alerta.

3.2 Deduções da receita

A seguir estão listadas as situações em que podem ocorrer a dedução das receitas orçamentárias:

• Restituição de tributos recebidos a maior ou indevidamente;


• Recursos que o ente tenha a competência de arrecadar, mas que pertencem a outro ente;
• Renúncia de receita.

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As restituições de tributos recebidos a mais ou indevidamente devem obedecer às seguintes
orientações:

• Regra geral: serão deduções de receitas orçamentárias;


• Restituição de rendas extintas: serão despesas orçamentárias;
• Restituição de saldos de convênios: devem ser controlados individualmente:
a. No mesmo exercício em que recebeu: dedução até o limite da receita; o valor excedente
deve ser registrado como despesa;
b. No exercício seguinte ao recebimento: despesa orçamentária.

Acompanhe a seguir os tipos de renúncia da receita orçamentária:

1 2 3 4 5 6
Isenção em Modificação
Crédito Alteração
Anistia Remissão caráter de base
presumido de alíquota
não geral de cálculo

1 - Perdão da multa por infrações cometidas anteriormente à vigência da lei que a concedeu.

2- Perdão da dívida, em determinadas circunstâncias previstas na lei, tais como valor diminuto da
dívida, alto custo do processamento da cobrança, erro ou ignorância escusáveis etc.

3- Montante do imposto cobrado na operação anteriorObjetiva neutralizar o efeito de recuperação


dos impostos não cumulativos, pelo qual o Estado se apropria do valor da isenção nas etapas
subsequentes da circulação da mercadoria.

4- Dispensa legal, pelo Estado, do débito tributário devido.

5- Alteração no percentual ou valor fixo que será aplicado para o cálculo do valor de um tributo.

6- Incentivo fiscal por meio do qual a lei modifica para menos sua base tributável.

Agora, seguem algumas observações gerais sobre casos em que não se pode reconhecer receita
orçamentária:

• Superávit financeiro: trata-se de saldo financeiro, e não de nova receita a ser registrada. O
superávit financeiro pode ser utilizado como fonte para abertura de créditos suplementares
e especiais.
• Cancelamento de despesas inscritas em restos a pagar em exercícios anteriores: baixa da
despesa orçamentária (restos a pagar) constituída em exercícios anteriores, restabelecendo
o saldo de disponibilidade comprometida.

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3.3 Transferências de recursos intergovernamentais

Já as receitas por transferências podem ser:

• Constitucionais ou legais
a. A contabilização dependerá da previsão orçamentária, podendo estar definida como despesa
orçamentária ou dedução de receitas. Para essas receitas é indicado como procedimento mais
adequado a realização da dedução de receita.
• Voluntárias
a. As transferências voluntárias dependem da autorização da Lei Orçamentária Anual – LOA.
E, com isso, essas transferências são realizadas por despesa orçamentária.

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Referências

BRASIL. Lei nº 4.320, de 4 de março de 1964. Estatui Normas Gerais de Direito


Financeiro para elaboração e controle dos orçamentos e balanços da União, dos
Estados, dos Municípios e do Distrito Federal. DOFC: Brasília, DF, 4 mar. 1964.
BRASIL. Lei Complementar nº 101, de 04 de maio de 2000. Estabelece normas
de finanças públicas voltadas para a responsabilidade na gestão fiscal e dá
outras providências. Diário Oficial da União: Brasília, DF, 4 maio 2000.
SECRETARIA DO TESOURO NACIONAL DO MINISTÉRIO DA FAZENDA; SECRETARIA DE
ORÇAMENTO FEDERAL DO MINISTÉRIO DO PLANEJAMENTO, ORÇAMENTO E GESTÃO. Portaria
Interministerial nº 163, de 4 de maio de 2001. Dispõe sobre normas gerais de consolidação
das contas públicas no âmbito da União, Estados, Distrito Federal e Municípios, e dá outras
providências, em cumprimento da LC nº 101, de 2000. Diário Oficial da União: Brasília, DF.
SECRETARIA DO TESOURO NACIONAL. Ementário da Classificação por Natureza
de Receita – Tabela de Códigos, Ano 2021. Brasília: STN, 2020. Disponível em:
http://www.tesourotransparente.gov.br/publicacoes/manual-de-contabilidade-
aplicada-ao-setor-publico-mcasp/2019/26. Acesso em: 22 jun. 2021.
SECRETARIA DO TESOURO NACIONAL. Manual de contabilidade aplicada ao setor público. 8.
ed. Brasília: STN, 2018. Disponível em: http://www.tesourotransparente.gov.br/publicacoes/
manual-de-contabilidade-aplicada-ao-setor-publico-mcasp/2019/26. Acesso em: 22 jun. 2021.
SECRETARIA DO TESOURO NACIONAL. Manual de demonstrativos fiscais. 9. ed. V. 3.
Brasília: STN, 2018. Disponível em: https://www.tesourotransparente.gov.br/publicacoes/
manual-de-demonstrativos-fiscais-mdf/2018/26-2. Acesso em: 22 jun. 2021.

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Unidade 4: Lançamentos típicos da receita orçamentária
Objetivo de aprendizagem

Ao final desta unidade, você será capaz de realizar os lançamentos contábeis da receita
orçamentária.

4.1 Introdução aos lançamentos das receitas

Ouça o podcast a seguir, no qual serão apresentados os lançamentos mais comuns na execução
das receitas orçamentárias.

https://cdn.evg.gov.br/cursos/429_EVG/podcast/modulo02_podcast01.mp3

4.2 Previsão inicial da receita orçamentária

Esse lançamento será realizado pela abertura do exercício e ocorrerá conforme informações
constantes na Lei Orçamentária Anual. Os dados mínimos necessários são: unidade orçamentária
responsável pela arrecadação; natureza de receita; fonte, destinação do recurso; valor a arrecadar.

D – 5.2.1.1.X.XX.XX – Previsão inicial da receita


a C – 6.2.1.1.X.XX.XX – Receita a realizar

Caso haja informações de deduções a serem realizadas da receita, o lançamento deverá ocorrer
da seguinte forma, conforme orientações do PCASP estendido:

D – 5.2.1.1.1.XX.XX – Previsão inicial da receita bruta (valor bruto, total)


a C – 5.2.1.1.2.XX.XX – (-) Previsão de dedução da receita (valor a deduzir)
a C – 6.2.1.1.X.XX.XX – Receita a realizar (valor líquido)

4.3 Reconhecimento do crédito tributário por competência

A Instrução de Procedimentos Contábeis – IPC 02, reconhecimento dos créditos tributários pelo
regime de competência, trata do registro das receitas pela ocorrência do fato gerador. Em sua
maioria, o lançamento da receita tributária coincide com o fato gerador.

D – 1.1.2.1.X.XX.XX – Crédito tributário a receber (P)


a C – 4.1.1.X.X.XX.XX – Impostos

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Observação: em contas do ativo (1.X.X.X.X.XX.XX) e passivo exigível (2.1.X.X.X.XX.XX e 2.2.X.X.X.XX.
XX), será necessário informar o Indicador do Cálculo do Superávit – ISF (“P” – Permanente; “F”
– Financeiro). No caso deste lançamento o ISF é “P” por não ter ocorrido a arrecadação, registro
da receita orçamentária.

Caso haja previsão de repartição tributária desta receita, o reconhecimento anterior deverá ser
pelo valor bruto, adicionando ao lançamento a provisão para repartição tributária.

D – 3.9.7.5.X.XX.XX – VPD de provisão para repartição de créditos tributários


a C – 2.1.7.5.X.XX.XX – Provisão para repartição de créditos tributários (P)

O dígito referente ao quinto nível deverá corresponder a qual ente da Federação (3 – União, 4 –
Estado ou 5 – Município) será o favorecido da transferência a ser realizada. Exemplo: se for um
Estado a transferir parte do IPVA para o município, o quinto nível deverá ser o dígito “5” – Inter
OFSS Município.

4.4 Arrecadação da receita

Como já houve registro da ocorrência do fato gerador, não se deverá reconhecer nova VPA,
baixando o valor recebido de créditos a receber.

Observação: este lançamento afetará as três naturezas de informação, e os lançamentos serão


priorizados conforme sua ordem de classificação para facilitar o entendimento e a organização.

Em Natureza de Informação Patrimonial


D – 1.1.1.X.X.XX.XX – Caixa e equivalente de caixa (F)
a C – 1.1.2.1.X.XX.XX – Crédito tributário a receber (P)

Em Natureza de Informação Orçamentária


D – 6.2.1.1.X.XX.XX – Receita a realizar
a C – 6.2.1.2.X.XX.XX – Receita realizada

Em Natureza de Informação Típica de Controle


D – 7.2.1.1.X.XX.XX – Controle das Disponibilidades por Destinação de Recursos – DDR
a C – 8.2.1.1.1.XX.XX – DDR

Observação: nesse lançamento, por haver ingresso de recursos e, consequentemente, o registro


da receita orçamentária, ocorreu a troca do ISF “P” para “F”, como apresentado nos lançamentos
de natureza de informação patrimonial.

E caso exista uma arrecadação concomitante com a ocorrência do fato gerador, neste exemplo
não haverá dedução de receita:

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Em Natureza de Informação Patrimonial
D – 1.1.1.X.X.XX.XX – Caixa e equivalente de caixa (F)
a C – 4.1.1.X.X.XX.XX – Impostos

Em Natureza de Informação Orçamentária


D – 6.2.1.1.X.XX.XX – Receita a realizar
a C – 6.2.1.2.X.XX.XX – Receita realizada

Em Natureza de Informação Típica de Controle


D – 7.2.1.1.X.XX.XX – Controle das Disponibilidades por Destinação de Recursos – DDR
a C – 8.2.1.1.1.XX.XX – DDR

4.5 Dedução da receita

Caso exista valor a deduzir, esse lançamento deve ocorrer pelo valor bruto, para em seguida
serem efetuados os lançamentos de deduções orçamentárias – mas haverá impacto em todas as
naturezas de informações, como se segue:

Transferência da conta de provisões para obrigações por repartição tributárias:

D – 2.1.7.5.X.XX.XX – Provisão para repartição de créditos tributários (P)


a C – 2.1.5.0.X.XX.XX – Obrigação de repartição tributária a pagar (P)

Reconhecimento da dedução da receita:

Em Natureza de Informação Patrimonial


D – 2.1.5.0.X.XX.XX – Obrigação de repartição tributária a pagar (P)
a C – 2.1.5.0.X.XX.XX – Obrigação de repartição tributária a pagar (F)

Em Natureza de Informação Orçamentária


D – 6.2.1.3.X.XX.XX – (-) Dedução da receita orçamentária
a C – 6.2.1.1.X.XX.XX – Receita a realizar

Em Natureza de Informação Típica de Controle


D – 8.2.1.1.1.XX.XX – DDR
a C – 8.2.1.1.3.03.XX – DDR comprometida por entrada compensatória

Transferência de recursos financeiros:

Em Natureza de Informação Patrimonial


D – 2.1.5.0.X.XX.XX – Obrigação de repartição tributária a pagar (F)
a C – 1.1.1.X.X.XX.XX – Caixa e equivalente de caixa (F)

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Em Natureza de Informação Típica de Controle
D – 8.2.1.1.3.03.XX – DDR comprometida por entrada compensatória
a C – 8.2.1.1.4.XX.XX – DDR utilizada

4.6 Transferências de recursos intergovernamentais

Observação: sob a ótica do ente repassador de recursos, as transferências podem ser registradas
como dedução de receita (como no exemplo), se forem de natureza constitucional ou legal.
Serão registradas como despesa orçamentária (empenho, liquidação e pagamento) se forem de
natureza voluntária.

Reconhecimento da dedução da receita:

Em Natureza de Informação Patrimonial


D – 2.1.5.0.X.XX.XX – Obrigação de repartição tributária a pagar (P)
a C – 2.1.5.0.X.XX.XX – Obrigação de repartição tributária a pagar (F)

Em Natureza de Informação Orçamentária


D – 6.2.1.3.X.XX.XX – (-) Dedução da receita orçamentária
a C – 6.2.1.1.X.XX.XX – Receita a realizar

Em Natureza de Informação Típica de Controle


D – 8.2.1.1.1.XX.XX – DDR
a C – 8.2.1.1.3.03.XX – DDR comprometida por entrada compensatória

Transferência de recursos financeiros:

Em Natureza de Informação Patrimonial


D – 2.1.5.0.X.XX.XX – Obrigação de repartição tributária a pagar (F)
a C – 1.1.1.X.X.XX.XX – Caixa e equivalente de caixa (F)

Em Natureza de Informação Típica de Controle


D – 8.2.1.1.3.03.XX – DDR comprometida por entrada compensatória
a C – 8.2.1.1.4.XX.XX – DDR utilizada

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Referências

BRASIL. Lei nº 4.320, de 4 de março de 1964. Estatui Normas Gerais de Direito


Financeiro para elaboração e controle dos orçamentos e balanços da União, dos
Estados, dos Municípios e do Distrito Federal. DOFC: Brasília, DF, 4 mar. 1964.
BRASIL. Lei Complementar nº 101, de 04 de maio de 2000. Estabelece normas
de finanças públicas voltadas para a responsabilidade na gestão fiscal e dá
outras providências. Diário Oficial da União: Brasília, DF, 4 maio 2000.
SECRETARIA DO TESOURO NACIONAL DO MINISTÉRIO DA FAZENDA; SECRETARIA DE
ORÇAMENTO FEDERAL DO MINISTÉRIO DO PLANEJAMENTO, ORÇAMENTO E GESTÃO. Portaria
Interministerial nº 163, de 4 de maio de 2001. Dispõe sobre normas gerais de consolidação
das contas públicas no âmbito da União, Estados, Distrito Federal e Municípios, e dá outras
providências, em cumprimento da LC nº 101, de 2000. Diário Oficial da União: Brasília, DF.
SECRETARIA DO TESOURO NACIONAL. Ementário da Classificação por Natureza
de Receita – Tabela de Códigos, Ano 2021. Brasília: STN, 2020. Disponível em:
http://www.tesourotransparente.gov.br/publicacoes/manual-de-contabilidade-
aplicada-ao-setor-publico-mcasp/2019/26. Acesso em: 22 jun. 2021.
SECRETARIA DO TESOURO NACIONAL. Manual de contabilidade aplicada ao setor público. 8.
ed. Brasília: STN, 2018. Disponível em: http://www.tesourotransparente.gov.br/publicacoes/
manual-de-contabilidade-aplicada-ao-setor-publico-mcasp/2019/26. Acesso em: 22 jun. 2021.
SECRETARIA DO TESOURO NACIONAL. Manual de demonstrativos fiscais. 9. ed. V. 3.
Brasília: STN, 2018. Disponível em: https://www.tesourotransparente.gov.br/publicacoes/
manual-de-demonstrativos-fiscais-mdf/2018/26-2. Acesso em: 22 jun. 2021.

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