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“A ESTRELA DO MAR” Bia Bredan

Vou-vos contar uma história que não sei se é verdadeira.

Há muitos e muitos anos atrás, nem tudo era como é hoje. Mas uma
coisa era igual: quando é dia, o Sol é o rei do céu.
Só ele podia passar de um lado para o outro.
Quando o Sol estava no meio do seu passeio, as pessoas sabiam que
o dia estava a meio porque o Sol era muito demorado, levava o dia inteiro
para passar.
O Sol era um rei muito severo. Quando se chateava, fazia com que
tudo escaldasse. E quando estava mesmo bravo, ele queimava a pele das
pessoas e dos bichos que se esqueciam de se esconder e ainda secava todas
as folhas.
Quando o Sol ia lá para outro lado, para descansar, era a vez da Lua
passear.
A Lua não fazia sempre o mesmo caminho.
Era a rainha da noite.
E assim como o Sol emanava calor para a Terra, e era o dono da luz
que iluminava os caminhos, a Lua regia as águas, fazia os mares subirem e
descerem. Assim o mar formava as ondas que quebravam na areia da praia
e recuavam.
Sabem quem faz companhia à Lua, nas noites escuras?

Uma noite, uma das estrelinhas brincalhonas, dançando pelo céu, foi
conversar com a Lua e disse suspirando:
-Rainha, rainha, eu queria tanto conhecer o dia!
A Lua respondeu zangada:
-Não pode ser, de maneira nenhuma. O Sol não vai deixar.
Então a estrelinha fingiu esquecer essa ideia. Mas quando a noite
começou a findar e a Lua e as estrelas se foram retirando do céu, a
estrelinha escondeu-se atrás de uma nuvem.
O Sol entrou majestosamente no céu e foi clareando tudo com o seu
brilho. E foi passeando, passeando, passeando.
De Repente, a nuvem que estava a esconder a estrelinha derreteu-se
toda numa chuva cintilante e fresca. Foi chovendo, chovendo e a chuva,
passando pelos raios de Sol, formou um belo arco-íris.
A estrelinha ficou tão feliz por vez algo tão lindo que se esqueceu de
se esconder atrás de outra nuvem.
Quando o rei Sol viu a estrelinha no seu espaço, ficou furioso.
-Como te atreves a desobedecer-me? -perguntou.
A estrela, tremendo de medo, respondeu baixinho:
-Desculpe, desculpe, rei Sol. Eu só queria conhecer o dia e essa coisa
linda que é o arco-íris.
-Pois, eu não te vou desculpar. Tu nunca mais verás o dia e nunca
mais verás a noite! Para castigo, irás para sempre viver no fundo do mar.
E nesse mesmo instante, a estrela caiu do céu, caiu no mar e só parou
lá bem no fundo, onde mora até hoje.
E foi assim que nasceu a estrela-do-mar.
Cá para nós, contaram-me que a estrela-do-mar vive feliz e contente
porque para além de conhecer as profundezas do mar, pega boleia nas
ondas. E, na praia, à noite, conversa com a Lua e as estrelas. De dia, ri da
cara do Sol que não pode fazer nada para que ela não assista ao seu passeio.
E ainda espia quando o rei Sol desenha um lindo e brilhante arco-íris no
céu.

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