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1.

Interação

De acordo com o dicionário Aurélio (1999), interação nada mais é que


uma ação que ocorre entre duas ou mais coisas ou pessoas, o que se torna
uma ação recíproca. Para Montez & Becker (2005, p.32), interação se define
como uma relação entre eventos comunicativos. Essa definição, então,
considera “comunicação interpessoal”, “relações humanas” e interação humana
como sinônimos.

Para Primo, o entendimento de interação é de que é “uma ação dos


participantes do encontro” (Primo, 1997, 1998). Com esse sentido, o foco se
volta para a relação estabelecida entre os interagentes, não nas partes que
formam o sistema global de conversação, que é do emissor ao receptor. Não
há antecedentes da palavra na língua latina histórica de acordo com os estudos
de Starobinski (2002).

O autor relata que o substantivo interaction apareceu pela primeira vez


em uma edição do Oxford English Dictionary em 1832 (apresentado à época) e
o verbo to interact, que tem sentido de agir reciprocamente, em 1839. Já na
França, a palavra “interação” surgiu após o uso de outro neologismo:
“interdependência”, que figurou apenas em 1867.

Então, neste momento, observar os enfoques da interatividade se torna


mais interessante, uma vez que valorizam justamente a interdependência e a
ação recíproca, mesmas qualidades da interação.

2. Interatividade

Considerado recente por alguns autores, o conceito interatividade tem


a sua origem associada aos meios digitais. Segundo Montez e Becker (2005), o
termo foi adicionado ao dicionário da língua portuguesa nos últimos 40 anos.
Os autores defendem que a interatividade necessita de um meio eletrônico
entre os atuantes e está relacionada ao quanto o usuário pode participar na
modificação imediata, no conteúdo de um ambiente computacional e em sua
forma.
O conceito desenvolvido na informática é o que mais se iguala a
“mídias interativas” atualmente. Montez e Becker (2005, p.32) destacam a
importância da interatividade percebida desde cedo na área dos computares. O
princípio de interatividade remete a um programa, proposto por Doug Ross, em
1954, que permitia desenhar num monitor. Mas, o verdadeiro impulso para
interatividade na opinião dos autores, foi dado por Ivan Sutherland, em 1963,
com o programa Sketchpad, no qual o usuário podia desenhar diretamente no
monitor, através de uma caneta.

Segundo Primo (2008, p.30-31), quando se fala em interatividade, a


referência imediata é sobre o potencial multimídia do computador e de suas
capacidades de programação e automatização de processos. Para o autor,
tentar diferenciar interação de interatividade pode ser um problema, visto que
ao estudar a interação mediada por um computador em contextos que vão
além da mera transmissão de informações, tanto o clique em um ícone na
interface quanto uma conversação na janela de comentários de um blog são
interações. O que é necessário na opinião do autor é diferenciar ambos.

Reduzir a interação a aspectos meramente tecnológicos, em qualquer


situação interativa, é desprezar a complexidade do processo de interação
mediada. É fechar os olhos para o que há além do computador. Seria como
tentar jogar futebol olhando apenas para a bola, ou seja, é preciso que se
estude não apenas a interação com o computador, mas também a interação
por meio da máquina (PRIMO, 2008, p.31).

Ainda de acordo com Primo (2008), a interatividade é "imprecisa e


escorregadia", pois está presente em programas de TV e rádio, nas
embalagens de softwares relacionados à informática, jogos eletrônicos, além
dos trabalhos científicos do universo acadêmico.

Montez e Becker (2005, p.31) ressaltam a importância de tomar cuidado


com o uso do conceito de interatividade, eles citam como exemplo que ao
pesquisarmos no Google, a palavra interatividade, ela aparece em mais de 80
mil páginas relacionadas ao termo.
Outros autores afirmam também que o conceito de interatividade
é vendido erroneamente, sendo que são encontrados no mercado
produtos vendidos como interativos, até mesmo fornos micro-ondas,
havendo um crescimento de uma indústria com interesse no conceito.
Sendo assim, existe uma concordância com o conceito de Primo
(2008), que também defende a relação da palavra interatividade com
estratégias de marketing, nas quais o conceito tem sido usado em
campanhas publicitárias e comerciais para que haja o estímulo à
compra dos produtos.

Manovich (2001) considera que a interatividade abrange um


conceito amplo, sendo que a interface contemporânea do usuário no
computador já é interativa por definição, diferentemente das primeiras
interfaces, permitindo o controle do computador em tempo real por
meio da manipulação da informação que aparece na tela por meio de
símbolos numéricos. O autor ainda sugere que para se fazer uma
mensagem é necessário ter um raciocínio matemático, não apenas um
olhar artístico ou comunicacional.

No que se trata das novas mídias, Jenkins (2008) defende que as


duas irão interagir num maior grau de complexidade. Para o autor, a
indústria midiática se volta para a convergência para que se ache o
sentido nesse momento de transformações e redefinições de conceitos,
que assumem outros tipos de significados.

Para que se tenha uma melhor compreensão da interatividade, o


conceito de interface entra para organizar e oferecer ao usuário
possibilidades de acesso e conexão, com ambientes que, de acordo
com Monovich (2001), contenham texto, áudio, imagem, vídeo,
animação e comunicação instantânea, nos quais essas características
marquem a pós-modernidade e os processos comunicacionais digitais.
Nos dias de hoje, um elemento que não se pode dispensar e que
aparecem em gadgets com a introdução em massa de smartphones e
tablets é o touchscreen, a tela sensível ao toque, que veio acrescentar
ao ciberjornalismo enquanto recurso tecnológico. Palacios e Cunha
(2012) reconhecem a interação usuário/tela como um recurso de
interatividade.

Apesar de relatos de que a interatividade se deu nas décadas de


50/60, o uso em massa ocorreu apenas na década de 80 com o
surgimento dos jogos eletrônicos que revelaram a capacidade das
novas máquinas eletrônicas representarem ações das quais os homens
podem e devem participar, pois caso contrário não existe interação
(MONTEZ E BECKER, 2005).

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