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PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENERGIA

GÊNESE DA REGULAÇÃO DA MICROGERAÇÃO E MINIGERAÇÃO


DISTRIBUÍDAS

Salvador-BA
2019
LEONARDO DINIZ GONÇALVES JASMIN

GÊNESE DA REGULAÇÃO DA MICROGERAÇÃO E MINIGERAÇÃO


DISTRIBUÍDAS

Proposta de dissertação apresentada ao


Programa de Pós-Graduação em Energia da
Universidade Salvador – UNIFACS, curso
Mestrado em Energia, como requisito parcial
para obtenção do título de Mestre em Energia.

Orientador: Prof. Dr. Victor Menezes Vieira

Salvador-BA
2019
“O passado é um prólogo.”
William Shakespeare.
DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho a Maria, minha filha, razão maior que inspira toda ação e
reflexão.
AGRADECIMENTOS

A realização deste trabalho não teria sido possível sem a inestimável ajuda de
Gabriela, minha esposa, que não hesitou em sacrificar o seu próprio tempo em favor
do meu. Sobretudo a ela, minha mais profunda e inafastável gratidão, também pelo
suporte emocional nos momentos de maior adversidade. Agradeço, ainda, a Wady
Jasmin, meu pai, pelo tempo dedicado ao aperfeiçoamento de aspectos gramaticais
e pela opinião sempre ponderada e de imenso valor para mim.
RESUMO

A geração distribuída assumiu, nos últimos anos, relevante papel nas discussões
sobre diversificação da matriz energética no mundo como instrumento de
disseminação das fontes alternativas de energia. A partir de 2012, com a edição da
REN 482, o Brasil inaugurou uma política de incentivo às modalidades de geração
distribuída de pequeno porte por meio das quais os próprios consumidores passaram
a poder gerar a energia que consomem, as quais foram designadas “microgeração
distribuída” e “minigeração distribuída”. Este estudo analisa o processo de gênese da
norma até 2017, quando ocorreu a última alteração relevante nas regras atualmente
aplicáveis, por meio de um exame detalhado dos processos de consulta e audiência
públicas que antecederam cada uma das etapas de elaboração e atualização da
regulação pertinente. Com isto, busca-se evidenciar o posicionamento do regulador
brasileiro, as questões relevantes objeto das discussões e como se deu a participação
dos diferentes setores da sociedade civil, interessados nesses processos. A pesquisa
verificou que, dentre os setores da sociedade mais relevantes, o dos consumidores
foi o que menos representatividade teve e o que menor influência regulatória exerceu.
O setor composto pelas empresas e entidades ligadas à geração distribuída foi o mais
numeroso e o que abarca o das concessionárias ligadas ao modelo centralizado foi o
que exerceu maior influência regulatória.

Palavras-chave: energia; geração distribuída; audiência pública; consulta pública;


microgeração; minigeração; Resolução Normativa 482.
ABSTRACT

In recent years, distributed generation has played an important role in the discussions
on the diversification of the energy matrix in the world, as an instrument for the
dissemination of these alternative energy resources. As of 2012, with the edition of
REN 482, Brazil initiated a policy aiming at encouraging small-scale distributed
generation modalities through which consumers themselves are able to generate the
energy they consume, which were designated “distributed microgeneration” and
“distributed minigeneration”. This study analyzes the process of genesis of the
regulation on the subject until 2017, when the last relevant change in the applicable
rules occurred, through a detailed examination of the public hearing processes (called
“consulta pública” and “audiência pública”) that preceded each of the stages of
elaboration and updating of the pertinent regulation. It seeks to highlight the position
of the Brazilian regulator, the relevant issues that were the subject of the discussions
and how the different sectors of civil society interested in these processes participated
in the abovementioned hearings. The survey found that, among the most relevant
sectors of society, that of consumers was the least numerous and had the least
regulatory influence. The sector made up of companies and entities linked to
distributed generation was the most numerous and that which encompasses the
concessionaires linked to the centralized model was the one that exercised the
greatest regulatory influence.

Key words: energy; distributed generation; Brazilian regulation; public hearing;


normative resolution 482
LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Recepcionamento das Contribuições AP 042/2011 57


Tabela 2 – Recepcionamento das Contribuições AP 100/2012 64
Tabela 3 – Recepcionamento das Contribuições AP 026/2015 77
Tabela 4 – Recepcionamento das Contribuições – versão reclassificada 92
Tabela 5 – Contribuintes pela revisão somente em 2019 94
LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 – Adesão das categorias CP 015/2010 50


Gráfico 2 – Adesão proporcional das categorias CP 015/2010 51
Gráfico 3 – Participações e ímpeto contributivo grupos principais CP 015/2010 52
Gráfico 4 – Adesão das categorias AP 042/2011 55
Gráfico 5 – Adesão proporcional das categorias AP 042/2011 55
Gráfico 6 – Participações e ímpeto contributivo grupos principais AP 042/2011 56
Gráfico 7 – Recepcionamento das contribuições AP 042/2011 57
Gráfico 8 – Adesão das categorias AP 100/2012 62
Gráfico 9 – Adesão proporcional das categorias AP 042/2011 62
Gráfico 10 – Participações e ímpeto contributivo grupos principais AP 042/2011 63
Gráfico 11 – Recepcionamento das contribuições AP 100/2012 64
Gráfico 12 – Adesão das categorias CP 005/2014 70
Gráfico 13 – Adesão proporcional das categorias CP 005/2014 70
Gráfico 14 – Participações e ímpeto contributivo grupos principais CP 005/2014 71
Gráfico 15 – Adesão das categorias AP 026/2015 75
Gráfico 16 – Adesão proporcional das categorias AP 026/2015 75
Gráfico 17 – Participações e ímpeto contributivo grupos principais AP 026/2015 76
Gráfico 18 – Recepcionamento das contribuições AP 026/2015 77
Gráfico 19 – Adesão das categorias AP 037/2017 88
Gráfico 20 – Adesão proporcional das categorias AP 037/2017 89
Gráfico 21 – Participações e ímpeto contributivo grupos principais AP 037/2017 89
Gráfico 22 - Recepcionamento das contribuições AP 037/2017 92
Gráfico 23 - Adesão geral das categorias 98
Gráfico 24 – Adesão geral proporcional das categorias 99
Gráfico 25 – Evolução da adesão das categorias 100
Gráfico 26 – Participações e ímpeto contributivo (10x) gerais 101
Gráfico 27 - Contribuições no tempo 102
Gráfico 28 – Recepcionamento geral das contribuições 102
Gráfico 29 – Influência regulatória no tempo 103
LISTA DE ABREVIATURAS

ABRACEEL:
ANEEL: Agencia Nacional de Energia Elétrica
AP: audiência pública
CCEE:
CP: consulta pública
EPE: Empresa de Pesquisa Energética
FiT: feed-in tariff
GD: geração distribuída
INMETRO: Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia
kW: quilowatt
kWh: quilowatt-hora
MW: megawatt
NT: Nota Técnica
O&M: serviços de operação e manutenção
ONS: Operador Nacional do Sistema Elétrico
PDE: Plano Decenal de Expansão de Energia
PNE: Plano Nacional de Energia
PRODIST: Procedimentos de Distribuição de Energia Elétrica no Sistema Elétrico
Nacional
REN: Resolução Normativa Aneel
RPS: Renewable Portfolio Standards
SIN: Sistema Interligado Nacional
SISOL: Sistemas Isolados
SRD: Superintendência de Regulação dos Serviços de Distribuição (ANEEL)
SRG: Superintendência de Regulação dos Serviços de Geração (ANEEL)
SUMÁRIO

CAPÍTULO I – APRESENTAÇÃO 12
1 INTRODUÇÃO 12
1.1 OBJETIVOS 14
1.1.1 Geral 14
1.1.2 Específicos 14
1.2 JUSTIFICATIVA 14
1.3 SÍNTESE DA METODOLOGIA 16
1.4 ESTRUTURA DO TRABALHO 17
CAPÍTULO II – REFERENCIAL TEÓRICO 19
2 GERAÇÃO DISTRIBUÍDA: DEFINIÇÃO E CONCEITOS 19
2.1 PERSPECTIVA HISTÓRICA: GERAÇÃO CENTRALIZADA VS. GD 19
2.2 DEFINIÇÃO GERAL DE GERAÇÃO DISTRIBUÍDA 21
2.3 CONCEITO DE GERAÇÃO DISTRIBUÍDA NO DIREITO BRASILEIRO 24
2.3.1 Procedimentos de Distribuição – PRODIST 24
2.3.2 Lei 10.848/2004 e Decreto 5.163/2004 25
2.3.3 Resolução normativa n° 482/2012 27
2.3.4 Conceito de sistema de distribuição 29
2.4 CONSIDERAÇÕES ADICIONAIS DEFINIÇÃO E CONCEITOS 31
3 IMPORTÂNCIA DA GERAÇÃO DISTRIBUÍDA 33
4 INCENTIVOS REGULATÓRIOS À MICRO E MINI GD 36
4.1 A EXPERIÊNCIA INTERNACIONAL 36
4.1.1 Tarifas feed in 37
4.1.2 Net metering 38
4.1.3 Sistema de cotas e certificados verdes 40
4.2 INCENTIVOS NO BRASIL 43
CAPÍTULO III – DESCRIÇÃO METODOLÓGICA 44
CAPÍTULO IV – GÊNESE DA REGULAÇÃO 49
5 GÊNESE DO MODELO BRASILEIRO ATUAL 49
5.1 REN Nº 482/2012: REDAÇÃO ORIGINAL 49
5.1.1 Consulta Pública nº 015/2010 49
5.1.1.1 Participantes 50
5.1.1.2 Ímpeto Contributivo 51
5.1.2 Audiência Pública nº 042/2011 53
5.1.2.1 Participantes 54
5.1.2.2 Contribuições 56
5.1.2.3 Considerações REN Nº 482/2012 original 58
5.2 REN Nº 517/2012 E AUDIÊNCIA PÚBLICA Nº 100/2012 61
5.2.1 Participantes 62
5.2.2 Contribuições 63
5.2.3 Considerações adicionais AP 100/2012 65
5.3 REN Nº 687/2015 68
5.3.1 Consulta Pública nº 005/2014 68
5.3.1.1 Participantes 69
5.3.1.2 Ímpeto contributivo 71
5.3.2 Audiência Pública nº 026/2015 73
5.3.2.1 Participantes 74
5.3.2.2 Contribuições 76
5.3.2.3 Considerações adicionais REN Nº 687/2015 78
5.4 AUDIÊNCIA PÚBLICA Nº 037/2017 E REN Nº 786/2017 84
5.4.1 Participantes 88
5.4.2 Contribuições 89
5.4.2.1 Sobre os pareceres da SRD e a reclassificação das contribuições 90
5.4.3 Considerações adicionais REN Nº 786/2017 93
CAPÍTULO V – RESULTADOS 96
6 APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS 96
6.1 OBJETIVOS, MOTIVAÇÕES E ATUAÇÃO DO REGULADOR 96
6.2 PARTICIPAÇÃO 98
6.3 INFLUÊNCIA REGULATÓRIA 102
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS 103
REFERÊNCIAS 106
ANEXO A 119
APÊNDICES 121
12

CAPÍTULO I – APRESENTAÇÃO

1 INTRODUÇÃO

Desde o início da revolução industrial, os combustíveis fósseis se tornaram a


principal fonte de energia no mundo (YILDIZ; MACEACHERN, 2018) e ainda
respondem por boa parte de toda a energia consumida globalmente (FAGIANI, 2012).
A dependência das civilizações contemporâneas dos combustíveis fósseis, sobretudo
do petróleo e seus derivados, se revelou um problema, em especial a partir dos
choques do petróleo de 1973 e 1978, que deram força a uma agenda internacional de
busca por fontes alternativas de energia que amenizem essa dependência (FARIAS;
SELLITO, 2011).
Segundo Yildiz e Maceachern (2018), atualmente, a expectativa é de que a
demanda por esse tipo de combustível, fóssil, cresça em 50% até 2030, sobretudo por
conta do acentuado processo de industrialização por que passam países como China
e Índia. Não obstante, prevê-se que, à taxa atual, a oferta global esteja esgotada num
horizonte de 45 a 100 anos, o que projeta um cenário em que fontes de energia
alternativas às fósseis devem ser encontradas a bem da segurança energética
(YILDIZ; MACEACHERN, 2018).
Adicionalmente, a crescente preocupação com os impactos ambientais
decorrentes das emissões de gases de efeito estufa reforçaram e qualificaram a
agenda referida anteriormente: as fontes alternativas preferenciais passaram a ser
aquelas renováveis e mais amigáveis ao meio ambiente.
Nesse contexto, a geração distribuída assumiu, nos últimos anos, relevante
papel nas discussões sobre diversificação da matriz energética no mundo, como
instrumento de disseminação dessas fontes alternativas de energia. Entretanto, a
afinidade desse tipo de geração elétrica com as fontes limpas e renováveis não é
intrínseca à modalidade e está relacionada com fatores exógenos. Sua proveitosa
disseminação depende sobremaneira de políticas governamentais específicas, que
incentivem a sua utilização (STRUPEIT; PALM, 2016).
No Brasil, o modelo regulatório do sistema elétrico dá os primeiros passos
nessa direção a partir de 2004, com a sanção da Lei 10.848 e a publicação do Decreto
5.163. A partir de 2012, com a edição da REN 482, o legislador volta-se ao incentivo
13

às modalidades de geração distribuída de menor porte – por meio das quais os


consumidores de energia passam a ser, de mais a mais, produtores para consumo
próprio (ou “prossumidores”, como frequentemente denominados) –, as quais
designou por microgeração e minigeração distribuídas e que constituem objeto do
presente estudo.
Segundo Garcez (2017), o Brasil tem se revelado um mercado interessante
para as formas modernas de geração a partir de fontes renováveis, especialmente a
solar e a eólica, as quais têm despertado o interesse sobretudo de empresas
europeias e chinesas. Aponta, contudo, que, apesar dos esforços regulatórios, a
política de incentivo brasileira ainda carece de desdobramentos: incentivos diretos que
tornem mais profusa a proliferação da microgeração e minigeração distribuídas.
A mesma autora destaca como força motriz à atuação do poder regulador a
pressão pública, por meio de grupo heterogêneo de atores, no sentido de defender
que o governo central priorize as formas modernas de geração com recursos
renováveis, mormente a solar fotovoltaica.
Na busca por desvendar como se desenvolveu o arcabouço regulatório
brasileiro acerca da GD, o presente trabalho mergulha na forma de atuação desses
atores, buscando desvelar a influêcia exercida por cada qual sobre o estado regulador.
O assunto é especialmente relevante tendo em vista o atual cenário, em que a
ANEEL iniciou, desde 2018, novos processos de consultas e audiências públicas para
revisar os termos da REN 482/2012 e as regras aplicáveis à geração distribuída no
país (CP 010/2018, CP 025/2019, AP 001/2019 e AP 040/2019).
Este trabalho se propõe a expor como se desenvolveu a gênese dessa norma
em cada um dos seus estágios, desde o primeiro esforço regulatório até o conteúdo
vigente no presente. Busca-se evidenciar, sobretudo, os seguintes aspectos: (i) as
principais inovações trazidas em cada fase da gênese da resolução atualmente em
vigor; (ii) as motivações e argumentos apresentados pelo estado-regulador que
embasaram a paulatina transformação regulamentária; (iii) como se posicionaram e
atuaram os diferentes grupos de pressão no processo de formação do modelo
nacional.
Trata-se de valioso material para os estudiosos do tema que pretendam
compreender melhor o sentido da norma e as perspectivas e anseios dos diversos
agentes interessados quanto ao alcance da revisão da REN 482/2012 que – espera-
se – terá lugar no futuro próximo.
14

1.1 OBJETIVOS

1.1.1 Geral

Descrever a gênese do modelo regulatório brasileiro acerca da microgeração e


minigeração distribuídas analisando as transformações ocorridas no decorrer do
processo, como baliza para o entendimento do cenário atual e das perspectivas
futuras.

1.1.2 Específicos

(i) Contextualizar geração distribuída ante as discussões internacionais acerca


dos modelos de estruturação dos sistemas elétricos dos diferentes países;
(ii) Descrever os principais mecanismos de incentivo à expansão do equivalente
à microgeração e a minigeração distribuídas no mundo, esclarecendo as
alternativas e preferências do regulador pátrio;
(iii) Evidenciar, na apreciação do processo de construção do arcabouço
regulatório nacional, como participaram os representantes dos diferentes
setores da sociedade nos procedimentos de oitiva pública e a influência de
cada qual nas escolhas finais do regulador.

1.2 JUSTIFICATIVA

Com a edição da Resolução Normativa ANEEL n° 482/2012 e diante da sua


importância direta para alavancar a geração distribuída de energia, o Brasil entra
definitivamente para o rol de países que buscam incentivar a geração distribuída como
instrumento de disseminação da geração elétrica a partir de fontes renováveis ou de
alta eficiência energética.
Entender como se deu o processo de desenvolvimento e de revisão dessa
resolução pode proporcionar uma maior compreensão do teor da norma, bem como
15

dos principais atores envolvidos, suas motivações e influências ao longo desse


processo.
Desde sua edição, a REN 482/2012 já foi revisada em três ocasiões. Sua
gênese é processo em curso. Ela mesma prevê que nova revisão deveria ser levada
a cabo até o final de 2019. Esse prazo foi prorrogado diante de inúmeras polêmicas
surgidas durante os expedientes de consulta e audiência públicas ocorridos entre
2018 e 2019 – um total de quatro.
O presente trabalho não tem a intenção de esgotar as discussões acerca das
suas contribuições ou das transformações sofridas por esse normativo, haja vista o
dinamismo que as cerca. Entretanto, as discussões geradas a partir do entendimento
dos processos de gênese e transformações da norma até aqui, possibilita um melhor
alcance do seu sentido e permitem alicerçar perspectivas sobre as revisões que se
avizinham.
Trata-se de tema de significativa relevância social, econômica e acadêmica:
Como instrumento de disseminação de fontes de energia menos danosas ao
meio ambiente, a GD consiste em ferramenta bastante difundida mundialmente no
combate aos danos causados pela emissão de gases do efeito estufa. Mesmo no
Brasil, onde a matriz energética é predominantemente hídrica, por acrescer à
diversificação dessa matriz, pode auxiliar na mitigação dos impactos ambientais e
sociais causados pelo alagamento de grandes áreas decorrente da construção de
represas para a geração hidrelétrica de grande porte.
Sob o ponto de vista econômico, a microgeração e minigeração distribuídas
constituem alternativas viáveis aos consumidores, inclusive os de baixa renda, para a
diminuição dos seus gastos com energia. Ademais, tem o potencial de incrementar a
atividade econômica pela introdução de cadeia produtiva específica, inclusive com
criação de empregos na área de fabricação e instalação das tecnologias próprias da
modalidade e prestação de serviços relacionados.
Sob o ponto de vista acadêmico, ressalte-se que a produção de literatura sobre
a geração distribuída da Resolução Normativa ANEEL 482/2012 no Brasil é bastante
prolífica. Boa parte dos estudos, contudo, quando não mira aspectos técnicos, se
concentra em perspectivas econômicas.
Santos (2018) avalia os impactos da adesão à tarifa branca e da implantação
da tarifa binômia na viabilidade econômico-financeira de projetos de microgeração e
minigeração distribuídas, com foco no Estado da Bahia. Barros (2014) avalia a
16

aplicabilidade, no mercado brasileiro, de modelos de negócios norte-americanos de


geração solar distribuída. Câmara (2017) aborda, de maneira teórica, os impactos da
geração distribuída sobre o equilíbrio econômico-financeiro das concessionárias de
distribuição, partindo dos exemplos da Califórnia e da Itália.
Borschiver (2018), por seu turno, buscou identificar a relação entre os impactos
financeiros nos diferentes grupos de pressão após a edição da versão original da REN
482/2012 – classificando-os em “positivos” e “negativos” – e a forma de participação
de cada qual especificamente na Consulta Pública 15/2010 – classificando-as em
“conflitiva” ou “cooperativa”. Verificou que os que terminaram por sofrer impactos
“negativos” com a edição da norma se manifestaram de forma “conflitiva” durante a
realização da oitiva pública e, contrariamente, que os grupos que acabaram por sofrer
impactos “positivos”, se manifestaram de forma “cooperativa”.
O presente trabalho, seguindo método inspirado em Borschiver (2018), busca
desvendar os objetivos e motivações do regulador para as escolhas normativas
adotadas, o grau de influência efetiva de cada grupo de interesse no teor final da
norma e a forma como evoluiu a REN 482/2012, de sua edição ao teor que possui
hoje. Para tanto, expandiu-se a análise para além da Consulta Pública 15/2010,
abrangendo a Audiência Pública 42/2011, Audiência Pública 100/2012, Consulta
Pública 5/2014, Audiência Pública 26/2015 e Audiência Pública 37/2017.

1.3 SÍNTESE DA METODOLOGIA

Para alcançar os objetivos propostos, foram utilizadas duas estratégias de


pesquisa. A pesquisa bibliográfica e a pesquisa documental. A primeira contribuiu para
a prospecção de informações basilares e de fundamentação teórica, já a segunda foi
essencial para obtenção de dados e informações secundários, os quais foram
analisados conforme metodologia preestabelecida, que está descrita no Capítulo III.
Durante a pesquisa bibliográfica, foram exploradas as publicações que tratam
do tema da “geração distribuída”, sobretudo no que tange à contextualização das
discussões no mundo e no Brasil. Essas publicações abrangem, especialmente,
literatura acadêmica e o conjunto normativo nacional que trata direta ou indiretamente
da geração distribuída.
17

Na pesquisa documental, foram utilizados como fontes principais, os bancos de


dados disponibilizados pela ANEEL, que congrega os registros dos processos de
consulta e audiência públicas que antecederam a edição da Resolução Normativa
ANEEL 482/2012 e cada uma das que a revisaram e aperfeiçoaram. Foram
consultadas, também, informações oferecidas em sítios diversos, para atender a uma
necessidade específica da metodologia de análise adotada, como a caracterização e
categorização dos atores e suas representações nas audiências e consultas públicas.
Todo esse processo de pesquisa permitiu reunir informações que contribuem para a
compreensão do processo de construção do modelo regulatório brasileiro sobre
geração distribuída nas modalidades batizadas de microgeração e minigeração.

1.4 ESTRUTURA DO TRABALHO

Este trabalho está organizado em cinco capítulos. No presente capítulo


(Capítulo 1), estão descritos os tópicos de apresentação geral do trabalho, como
introdução, justificativa, objetivos e síntese metodológica. Os capítulos seguintes são
divididos conforme descrito abaixo:
O Capítulo II reúne o referencial teórico, resultante da pesquisa bibliográfica,
que fundamenta essa dissertação e oferece subsídio acadêmico para embasar a
compreensão da pesquisa realizada, incluindo os seguintes temas: (i) definição de
geração distribuída; (ii) conceitos de geração distribuída no direito brasileiro,
especialmente na REN 482/2012; (iii) contextualização das discussões sobre GD e da
sua importância; (iv) formas de incentivo à geração distribuída.
Em seguida, no Capítulo III, são elucidados os detalhes da metodologia
utilizada no exame dos processos de consulta e audiência públicas. Inicialmente,
esclarecem-se os traços distintivos entre esses dois tipos de procedimentos para, em
seguida, especificar-se o nível da análise de cada qual, o critério para o agrupamento
dos participantes nos diferentes grupos, bem como as fontes de informações
utilizadas.
Os capítulos IV e V descrevem, respectivamente, a pesquisa documental
realizada nos termos elucidados no Capítulo III e a apresentação dos resultados
obtidos. O último capítulo contém, ainda, as considerações finais do trabalho, onde
18

também são sugeridas novas possibilidades de pesquisas a partir desta que está
sendo apresentada.
19

CAPÍTULO II – REFERENCIAL TEÓRICO

2 GERAÇÃO DISTRIBUÍDA: DEFINIÇÕES E CONCEITOS

2.1 PERSPECTIVA HISTÓRICA: GERAÇÃO CENTRALIZADA VS. GD

Pepermans e cols. (2005) chamam atenção para o fato de que, apesar da


geração distribuída, ou descentralizada, como forma de geração de eletricidade de
pequeno porte ser um conceito relativamente novo na literatura econômica sobre os
mercados de eletricidade, a ideia por traz dessa concepção não é recente. Apontam
que nos primórdios da geração de eletricidade, a geração distribuída era a regra, não
a exceção, e que as primeiras usinas de energia só forneciam eletricidade para os
clientes nas proximidades da planta geradora.
No mesmo sentido, Zilles e cols. (2012) ressaltam que esse tipo de geração,
entendida como geração energética próxima à carga, chegou a ser a regra desde o
início da industrialização até a primeira metade do século XX, período em que a
energia motriz da indústria era praticamente toda gerada localmente.
Gradualmente, a geração centralizada passou a assumir o protagonismo.
Pepermans e cols. (2005) apontam que evoluções tecnológicas, como o surgimento
de redes de corrente alternada, permitiram que a eletricidade fosse transportada por
longas distâncias e, mais, que a economia de escala na geração elétrica levou a um
aumento na quantidade de energia produzida nas unidades geradoras, resultando em
menor custo unitário. Dão conta de que sistemas massivos de eletricidade foram
construídos, compostos de redes de transmissão e distribuição e grandes usinas de
geração, concluindo que foi justamente esse sistema de alta tensão interconectado
que tornou possível a economia de escala na geração.
Nessa direção, Zilles e cols. (2012) destacam que, a partir da década de 1940,
o barateamento da energia gerada em centrais de grande porte fez diminuir o
interesse pela geração distribuída e, como consequência, cessou o incentivo ao seu
desenvolvimento tecnológico. Com isso, segundo os autores, os setores energéticos
dos principais países do mundo passaram a ser caracterizados pela geração
centralizada de energia e o problema do abastecimento de energia elétrica foi
20

solucionado quase que hegemonicamente pela construção de grandes usinas


geradoras, associadas a extensas linhas de transmissão e complexos sistemas de
distribuição para levar a energia aos consumidores finais, em função da usual
distância entre o ponto de geração e os centros consumidores – similarmente em
Garcez (2017) e em International Energy Agency (2002), este último no que toca aos
países da OCDE.
Sublinhe-se que também no Brasil o modelo centralizado é o prevalente, com
grandes blocos de geração interconectados por linhas de transmissão e despacho
centralizado (RODRIGUES; BORGES e FALCÃO, 2007). Em 2016 o Brasil contava
com aproximados 135.000 km de linhas de transmissão somente na Rede Básica
(EPE, 2017a).
Não obstante, na última década do século XX, as inovações tecnológicas e um
ambiente econômico e regulatório em transformação resultaram em um interesse
renovado pela geração distribuída, de acordo com Pepermans e cols. (2005).
Interessante notar que os avanços tecnológicos são apontados como vetor para a
transição da geração produzida localmente para a geração centralizada e,
posteriormente, no sentido inverso, pelo renovado interesse pela utilização da geração
distribuída de forma mais relevante, impulsionado pela já mencionada necessidade
de desenvolvimento de fontes alternativas de energia ambientalmente amigáveis.
Entretanto, vale frisar que esse retorno à geração distribuída não significa a
substituição integral da geração centralizada; sendo aquela, complementar a esta
(ZILLES e cols., 2012). Afinal, "diversificação" é a palavra de ordem no que toca à
segurança da matriz energética (LI, 2005).
Nesse cenário de renovado interesse global, a geração distribuída ganha
espaço nas discussões sobre energia e no esquema regulatório nacional. Ela é
contemplada, por exemplo, em todos os mais recentes estudos da Empresa de
Pesquisa Energética – EPE, incluindo os mais recentes PDEs e PNEs.
Nesse contexto, EPE (2016a) assevera que a "introdução da Geração
Distribuída no Planejamento Energético de longo prazo impõe-se como questão
essencial" enquanto EPE (2016) dispõe que:

"A geração distribuída (GD) se apresenta como uma possível, e bem


próxima, alternativa ao atual modelo de planejamento da expansão do
sistema energético brasileiro, podendo ser uma alternativa de uso
mais eficiente de recursos energéticos, econômico-financeiros e
ambientais."
21

Mas em que exatamente consiste a geração distribuída?

2.2 DEFINIÇÃO GERAL DE GERAÇÃO DISTRIBUÍDA

Questão importante a ser tratada, como premissa primeira da presente


pesquisa, é a relativa à definição de geração distribuída. Trata-se de tema
aparentemente simples, mas que se revela um tanto espinhoso, em se considerando
as diferentes abordagens regulatórias dos inúmeros países que tratam da matéria.
Pepermans e cols. (2005) sublinham que não há consenso sobre a sua
definição. Afirmam que alguns países definem o termo com base no nível de tensão,
enquanto outros partem do princípio de que geração distribuída é conectada em
circuitos de fornecimento direto aos consumidores; que outros permitem esse tipo de
geração por plantas de grande porte, enquanto alguns a limitam a pequenos projetos.
Afirmações semelhantes, sobre a variedade conceitual do termo ora
examinado, ainda são muito comuns nas publicações sobre a matéria.
Bajay e cols. (2018), verbi gratia, asseveram que a geração distribuída de
energia elétrica não possui uma única definição e que os conceitos podem apresentar
variações de acordo com a regulação de cada país, que se utilizam, nas suas
formulações, de critérios tais quais a forma de conexão à rede, a capacidade instalada,
a localização da planta, tecnologias e recursos primários utilizados.
Para fins metodológicos, é relevante, neste ponto, fazer uma distinção entre os
termos "definição" e "conceito". Segundo Arrabal (2013):

"Na Definição, tenta-se dizer o que algo é a partir da determinação da


singularidade do objeto, ou seja, busca-se descrever aquilo que o
objeto investigado tem de específico e distinto em relação aos demais.
Uma Definição descreve a qualidade, característica ou substância sem
a qual o objeto deixa de ser o que “é”, em qualquer circunstância. De
certa forma, trata-se de uma caracterização endógena e
pretensamente universal do objeto pesquisado.

O Conceito também é uma tentativa de delimitação, porém, neste caso


há um esforço em estabelecer “o ponto de vista” por meio do qual o
objeto é reconhecido. Busca-se determinar um “contexto” para
delinear o objeto. Ou seja, no Conceito, algo “é” a partir de um
determinado meio físico, social ou teórico. Ao estabelecer um
Conceito, o pesquisador descreve o objeto em razão e a partir de um
22

entre inúmeros cenários contextuais possíveis. Trata-se de uma


caracterização exógena do objeto, válida apenas diante da
singularidade do universo pesquisado."

Nesse sentido, serão tratados como conceitos as formulações constantes dos


arcabouços legais dos diferentes países, inclusive o brasileiro. Este, veremos mais
adiante, oferece, a propósito, mais de um conceito para geração distribuída, em
diferentes normas. Não obstante, é essencial entender a definição de geração
distribuída, a partir da qual os diversos conceitos são elaborados.
Zilles e cols. (2012) consideram o pressuposto básico, que oferece sustentação
inicial ao termo “geração distribuída”, a ideia de contraposição à geração centralizada
de energia, o formato que predomina em praticamente todos os países mundo. De
fato, não há um terceiro modelo. A rigor, será geração distribuída toda aquela que não
for centralizada.
O modelo centralizado se caracteriza pela geração por unidades dotadas de
certa robustez – já que, como visto, essa modalidade fortaleceu-se com base na
economia de escala na geração –, distantes dos grandes centros de carga e que se
utilizam de extensas linhas de transmissão para o transporte da energia para os
consumidores finais. É, portanto, basicamente, produção que depende das linhas de
transmissão para ser consumida na ponta final.
Os fatores que diferenciam a geração distribuída da centralizada representam
o que aquela possui de próprio, de intrínseco. Ackermann, Anderson e Söder (2001)
reconhecem a inconsistência da literatura sobre o tema e se propõem a oferecer uma
definição geral que se afaste de questões concernentes a abordagens específicas,
regulatórias ou acadêmicas.
Consideram, para tanto, nove aspectos geralmente associados à geração
distribuída, quais sejam: (A) o propósito (se produtora de potência ativa ou reativa);
(B) a localização; (C) o porte; (D) a área de entrega de energia; (E) a tecnologia; (F) o
impacto ambiental; (G) o modo de operação (com ou sem despacho centralizado); (H)
a propriedade da instalação (no sentido de direito de propriedade); e (I) a penetração
da geração distribuída.
Para os autores, dentre os nove itens acima elencados, apenas os dois
primeiros, "propósito" e "localização", são relevantes para a definição de geração
distribuída. Todas as demais abordagens, demonstram os autores, são casuísticas e,
23

portanto, não compõem o que de essencial tem esse tipo de geração que a distingue
da centralizada.
A título de exemplo, quanto ao “porte” do empreendimento, um dos nove
aspectos examinados, os autores apontam que a capacidade de conexão ao sistema
de distribuição varia significativamente nos diferentes países, bem como os diferentes
parâmetros utilizados na literatura, o que impossibilita a sua utilização como traço
distintivo.
Encontraram no propósito e na localização esses traços distintivos, a partir da
avaliação lógica de esquemas regulatórios diversos e das publicações pertinentes.
Primeiramente, os autores afirmam que o "propósito da geração distribuída é fornecer
uma fonte de potência ativa" e que, portanto, "não precisa ser capaz de fornecer
potência reativa". Na verdade, apenas asseveram que a geração distribuída é
comprometida exclusivamente com a potência ativa, o que é menos importante para
fins de definição, já que esse aspecto é raramente mencionado na literatura e não
levanta discussões relevantes.
Tanto que na proposição de sua definição final, os autores definiram a geração
distribuída como "fonte de energia conectada diretamente ao sistema de distribuição
ou localizada junto ao cliente"1, leia-se, o consumidor de energia. Utilizaram-se do
critério "localização" como traço distintivo entre geração centralizada e geração
distribuída, deixando de lado a questão do "propósito".
Dessa forma, quando se tratar de geração conectada diretamente à rede, o que
importa, sem embargo, é o fato de a instalação produtora estar conectada ao que se
considera, localmente, rede integrante do sistema de distribuição.
Ainda segundo a definição proposta pelos autores, quando a geração ocorrer
no âmbito da unidade consumidora ela será sempre do tipo distribuída, não
importando o tipo de rede em que se conecte o consumidor-gerador – se de
distribuição ou de transmissão, que dela não dependerá para o consumo da energia
gerada (no mesmo sentido EL-KHATTAM; SALAMA, 2014). Quanto a esse aspecto,
propomos que se acrescente à definição acima estudada, que será distribuída a
geração ocorrida na unidade consumidora, mesmo quando não houver conexão a
qualquer sistema de transporte de energia (nesse sentido INTERNATIONAL ENERGY
AGENCY, 2002) – geração distribuída off-grid ou stand alone. É o caso, por exemplo,

1
No original "Distributed generation is an electric powersource connected directly to the distribution network or on the customer
site of the meter."
24

das gerações elétricas em comunidades ou unidades isoladas, sem conexão direta ou


indireta à rede, que efetivamente não se tem como considerar centralizadas (usam o
termo nesse sentido, v. g.: AKINYELE; RAYUDU, 2016; MONTOYA-BUENO;
MUÑOZ-HERNÁNDEZ; CONTRERAS, 2016; FERREIRA e cols., 2018; e DUMITRU;
GLIGOR, 2014).
Em resumo, será distribuída, por definição, toda a geração elétrica conectada
diretamente a sistema de distribuição ou ocorrida em unidade consumidora – nesse
último caso, independentemente de haver conexão à rede elétrica ou mesmo do tipo
de rede a que eventualmente esteja conectada a unidade consumidora geradora.
Em verdade, sustentamos que é plausível afirmar que a separação que se faz
entre geração centralizada e distribuída nada mais é que uma classificação da
geração de energia elétrica quanto à sua localização.

2.3 CONCEITO DE GERAÇÃO DISTRIBUÍDA NO DIREITO BRASILEIRO

Não existe, no direito brasileiro, um só conceito de geração distribuída, de


aplicação geral. Três conjuntos de normas distintas tratam do assunto, sendo que
cada um oferece soluções conceituais próprias para abarcar as situações específicas
que visa a regular.
Partiremos do conceito mais geral, de cunho técnico, para, em seguida,
ocuparmo-nos de categorias específicas: a regulada pela Lei 10.848/2004 e Decreto
5.163/2004 e a minigeração e microgeração distribuídas, foco do presente trabalho.

2.3.1 Procedimentos de Distribuição – PRODIST

O Glossário de Termos Técnicos contido no Módulo 1 dos chamados


Procedimentos de Distribuição – PRODIST nos fornece o conceito de geração
distribuída mais geral do direito brasileiro. Não traz parâmetro de potência e não limita
o regime de outorga, a forma de despacho, ou o tipo de fonte.
O PRODIST é um conjunto de documentos elaborados pela ANEEL que
normatiza e padroniza as atividades técnicas relacionadas ao funcionamento e
desempenho dos sistemas de distribuição de energia elétrica (ANEEL, 2018a). Foi
25

aprovado pela REN n° 345/2008 e atualizado posteriormente por outras resoluções


normativas da ANEEL.
Eis o conceito constante da norma sob exame:

"Geração distribuída:
Centrais geradoras de energia elétrica, de qualquer potência, com
instalações conectadas diretamente no sistema elétrico de distribuição
ou através de instalações de consumidores, podendo operar em
paralelo ou de forma isolada e despachadas – ou não – pelo ONS."

Diferencia-se da definição de geração distribuída anteriormente apresentada


essencialmente por não considerar gerações dos clientes produtores de energia
conectadas à rede de transmissão, bem como aquelas não conectadas a qualquer
rede elétrica, como ocorre com comunidades isoladas.
Sendo o PRODIST uma norma cuja finalidade é regular as atividades técnicas
relacionadas ao funcionamento e desempenho dos sistemas de distribuição, não faria
sentido que estendesse o seu conceito de geração distribuída a atividades sem
qualquer relação com tais sistemas. Pelo mesmo motivo, note-se que não há conteúdo
de incentivo à geração distribuída na norma ora examinada.
Por constar no seu glossário, a utilidade dessa definição é restrita aos fins do
próprio PRODIST e de normas a ele diretamente relacionadas.

2.3.2 Lei 10.848/2004 e Decreto 5.163/2004

A geração distribuída aparece no direito brasileiro, com esse nome, por meio
da Lei 10.848, de março de 20042. O primeiro conceito legal, no entanto, oferece-o o
Decreto que a regulamenta, de n° 5.163, do mesmo ano, segundo o qual:

"Art. 14. Para os fins deste Decreto, considera-se geração distribuída


a produção de energia elétrica proveniente de empreendimentos de
agentes concessionários, permissionários ou autorizados, incluindo
aqueles tratados pelo art. 8°da Lei no 9.074, de 1995, conectados
diretamente no sistema elétrico de distribuição do comprador, exceto
aquela proveniente de empreendimento:
I - hidrelétrico com capacidade instalada superior a 30 MW; e

2
Esta pesquisa não encontrou normativo anterior que se utilize do termo "geração distribuída".
26

II - termelétrico, inclusive de cogeração, com eficiência energética


inferior a setenta e cinco por cento, conforme regulação da ANEEL,
a ser estabelecida até dezembro de 2004.
Parágrafo único. Os empreendimentos termelétricos que utilizem
biomassa ou resíduos de processo como combustível não estarão
limitados ao percentual de eficiência energética prevista no inciso II
do caput." (Grifos nossos).

Em outras palavras, o decreto conceitua a geração distribuída como produção


de energia elétrica proveniente de empreendimentos de geração conectados
diretamente no sistema elétrico de distribuição do comprador da energia gerada – a
distribuidora correspondente –, não importando qual seja o regime de outorga do
agente gerador. Ele faz apenas duas exceções: não serão geração distribuída, ainda
que conectados diretamente a um sistema de distribuição, todos os de fonte hidráulica
com capacidade instalada superior a 30 MW e as usinas termelétricas tradicionais,
incapazes de atingir o limite mínimo exigido de eficiência energética.
Complementa o Decreto 5.163/2004 a REN n° 228/2006. Ela trata da
certificação das termelétricas – não movidas a biomassa ou resíduos – a partir da
apuração do nível de eficiência energética de cada empreendimento para fins de
enquadramento nos parâmetros de eficiência energética do decreto sob exame.
Note-se que o conceito oferecido pelo Decreto n° 5.163/2004, segundo seus
próprios termos, não pretende ser de aplicação geral e irrestrita. Sua utilidade
restringe-se aos fins a que se destina esse normativo - "fins deste decreto".
Quando trata da geração distribuída, o decreto circunscreve-se estritamente às
regras de comercialização desse tipo de produção elétrica: (i) o polo comprador fica
limitado à distribuidora em cuja rede estiverem conectadas as instalações de geração;
(ii) a forma de comercialização se deve dar por meio de chamada pública ou no bojo
de processo de “desverticalização”. Não havendo produção para comercialização
direta com o agente de distribuição, não há de se falar, para os fins do decreto sob
exame, em geração distribuída, ainda que o empreendimento gerador esteja
conectado diretamente ao sistema de distribuição e enquadre-se em todos os demais
critérios trazidos nessa norma.
De resto, vale destacar que emana do teor da norma o incentivo (possibilidade
de comercialização de energia com a distribuidora) à geração amigável ao meio
ambiente, seja pela exigência de parâmetros mínimos de eficiência energética, seja
27

por sua dispensa para os casos de uso de fontes renováveis (hidroeletricidade e


biomassa) ou que promova a destinação útil de resíduos.
Essas normas não obtiveram o impacto desejado (ANEEL 2010). Kawai Junior
e cols., 2015, chegaram a afirmar que o decreto 5.163/2004 foi apenas uma regulação
acessória que não teve o poder de comando necessário para expandir a geração
distribuída.

2.3.3 Resolução normativa n° 482/2012

Sob uma enxurrada de críticas à luz do fracasso da indução aos investimentos


em GD pretendida com a edição da Lei e Decreto acima examinados, a ANEEL
publicou a REN 482/2012, idealizada para ser o “marco-zero” para a expansão dessa
forma de geração (KAWAI JUNIOR e cols., 2015).
Aprimorada pelas REN nº 517/2012, 687/2015 e 786/2017, consiste no
normativo nacional mais importante sobre o assunto, alvo do presente trabalho. A
referida resolução não conceitua exatamente geração distribuída, tarefa já atendida
pelo PRODIST, a que se vincula com referências em diversos de seus dispositivos.
Deveras, cria duas modalidades específicas, justamente as que integram o objeto
deste estudo, sendo, outrossim, as que recebem maior atenção dos meios de
comunicação e nos debates acadêmicos acerca do tema:

"microgeração distribuída: central geradora de energia elétrica, com


potência instalada menor ou igual a 75 kW e que utilize cogeração
qualificada", conforme regulamentação da ANEEL, ou fontes
renováveis de energia elétrica, conectada na rede de distribuição por
meio de instalações de unidades consumidoras" (ANEEL, 2012, grifos
nossos).

"minigeração distribuída: central geradora de energia elétrica, com


potência instalada superior a 75 kW e menor ou igual a 5 MW e que
utilize cogeração qualificada, conforme regulamentação da ANEEL, ou
fontes renováveis de energia elétrica, conectada na rede de
distribuição por meio de instalações de unidades consumidoras"
(ANEEL, 2012, grifos nossos).

Nota-se que, como modalidades de geração distribuída, a microgeração e a


minigeração precisam estar conectadas na rede de distribuição. Desta feita,
entretanto, tal conexão será sempre indireta, por intermédio de instalações
28

pertencentes a unidades consumidoras que geram e consomem a energia gerada. Tal


conexão é regulada no Módulo 3 do PRODIST.
A REN 482/2012 estabelece, ainda, uma série de regras que delineiam essas
modalidades de geração distribuída. Duas delas merecem especial atenção, pois, a
nosso ver, são elementos constituintes de cada conceito: (i) em qualquer caso a
energia é gerada pelo próprio consumidor; e (ii) a energia gerada não pode ser
comercializada.
Em sentido diametralmente oposto ao conteúdo do Decreto 5.163/2004,
supracitado, a norma veda o enquadramento, nessas categorias, de qualquer
empreendimento objeto de outorga por concessão, permissão ou autorização, ou que
tenha participado, como vendedor, de qualquer tipo de comercialização de energia,
com ou sem registro de contratos. A energia gerada tem que ser consumida pelo
consumidor que a tenha produzido. Qualquer excedente injetado na rede é creditado
ao consumidor correspondente, que não pode dar outra destinação a esse crédito que
não o consumo próprio, no prazo máximo de 60 meses. Quando ultrapassado o
referido prazo, o crédito de energia não utilizado é perdido a bem da modicidade
tarifária.
Verifica-se, suplementarmente, duas outras facetas próprias dessas
modalidades de geração distribuída, a segunda delas relacionada diretamente com
incentivos à geração ambientalmente amigável: (i) há limitação quanto à capacidade
instalada; (ii) há qualificação da fonte ou processo utilizados na geração: em ambas
as modalidades, devem-se utilizar fontes renováveis de energia elétrica ou,
alternativamente, processo de cogeração qualificada, conforme conceituado pela
legislação em vigor. A norma que traz esse conceito de cogeração qualificada é a
REN n°235/2006, segundo a qual:

"Cogeração: processo operado numa instalação específica para fins


da produção combinada das utilidades calor e energia mecânica, esta
geralmente convertida total ou parcialmente em energia elétrica, a
partir da energia disponibilizada por uma fonte primária".

A ideia da cogeração está intimamente relacionada com a de eficiência


energética. Dá-se com o aproveitamento do calor gerado em processos
termodinâmicos de geração de energia elétrica o qual, de outra forma, seria
desperdiçado (NEVES; MESQUITA; SILVA, 2019). Como muitas indústrias e prédios
29

necessitam de calor, pela cogeração, o resultante da geração de energia é


aproveitado para outros fins, sob a forma de vapor (INEE, 2019). A cogeração será
qualificada, nos termos da mesma REN 235/2006, quando obedecer a determinados
critérios de eficiência energética, matematicamente aferíveis por meio de equações
específicas constantes desse texto normativo.
Interessante notar que, ao contrário do que faz com a cogeração qualificada, a
norma não remete o conceito de "fontes renováveis de energia" a regulamentação
específica, possivelmente por tratar-se de noção consolidada nos usos do setor. No
entanto, vale apresentar definição que ilustre a questão: para Van Vliet (2012),
conforme citado por Maradin, Cerović e Mjeda (2017), energia renovável são recursos
energéticos cuja taxa de reposição é igual ou maior que a de consumo, ou recursos
permanentes abundantes na natureza. Em sentido semelhante está o texto da Lei n°
10.438/2002, que cria o Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia
elétrica – PROINFA, a qual, sem conceituar energia renovável, traz como exemplos
desta as de fonte hídrica, eólica, termosolar, fotovoltaica e de biomassa.
Os elementos fundamentais do conceito de microgeração e minigeração
distribuídas são, portanto, a nosso ver: (i) conexão indireta a rede de distribuição por
meio de unidade consumidora; (ii) geração a partir de fontes renováveis ou processo
de cogeração qualificada, que asseguram, portanto, ganhos ambientais; (iii)
enquadramento nos limites de capacidade instalada para cada categoria; (iv) geração
apenas para consumo próprio, sem possibilidade de comercialização. Esse último
elemento, apesar de não aparecer de forma direta nos conceitos contidos na norma,
constitui traço indissociável dessas modalidades de GD.
Note-se que a microgeração e a minigeração contidas na REN 482/2012 podem
ser consideradas modalidades da geração distribuída conceituada no PRODIST. Há
estreita relação entre essas normas - ambas de autoria da ANEEL – bem como entre
os conceitos que trazem, estando os da REN 482/2012 contidos no do PRODIST.

2.3.4 Conceito de sistema de distribuição

É indissociável dos conceitos de geração distribuída e suas modalidades


aquele que diz respeito ao sistema de distribuição, em contraposição ao relativo ao
de transmissão.
30

Braga (2016) discorre de maneira elementar e introdutória sobre em que


consistem os sistemas de distribuição. Segundo ele, compõem o mosaico do sistema
elétrico situado entre a transmissão e a entrada da energia para os consumidores e é
composto, basicamente, por fios condutores, transformadores e equipamentos
diversos de medição, controle e proteção das redes elétricas.
Subdivide-se, essencialmente, em distribuição primária, de média tensão –
entre 2,3 kV e 44 kV – e secundária – nível de uso residencial – com tensão entre 110
e 440 V. As distribuidoras operam, outrossim, linhas de tensão mais elevada, as
conhecidas como de subtransmissão, quando não são de propriedade das
transmissoras.
O sistema de distribuição, esclarece ainda o mencionado autor, começa após
a transmissão, nas subestações abaixadoras de tensão. A legislação brasileira utiliza-
se, em boa medida, de critério baseado em níveis de tensão para diferençar
transmissão e distribuição.
No Brasil, o nível de tensão mais relevante para essa distinção é o de 230 kV,
já que as instalações acima desse patamar, integrantes da denominada Rede Básica,
indubitavelmente compõem o sistema de transmissão, nos termos da REN n° 67/2004.
O Operador Nacional do Sistema, por exemplo, quando divulga no seu sítio a extensão
de sua rede de transmissão, apresenta somente as linhas com tensão a partir de 230
kV (ONS, 2018a). Abaixo desse nível de tensão, a linha fronteiriça que separa
transmissão de distribuição pelo critério de tensão fica, por vezes, um tanto borrada.
Como destacou Braga 2016, algumas transmissoras possuem linhas com
tensão abaixo de 230 kV, as chamadas de “Demais Instalações de Transmissão” ou
DITs. As distribuidoras, por sua vez, são responsáveis por boa parte das linhas com
tensão entre 69 kV e 138 kV – mas não por todas. Essas linhas possuem, inclusive,
termo cunhado para descrevê-las: são conhecidas no setor como “linhas de
subtransmissão”. Também para esse o autor, o critério do nível de tensão, que é
utilizado pelas normas nacionais que tratam da transmissão, causa uma certa
confusão conceitual.
Da análise do conjunto normativo vigente, em especial as REN n° 67/2004 e
166/2000, o Decreto 7.246/2010 e o PRODIST, não obstante as regras aplicáveis
baseadas em níveis de tensão desempenharem função norteadora para o regulador
e para os usuários, resolvendo parte da questão da delimitação das instalações de
transmissão, ao fim e ao cabo, a distinção resolve-se por meio de normas
31

enumerativas e dos contratos celebrados com os concessionários ou permissionários


dos serviços de transmissão e distribuição, que estabelecem que equipamentos
integram o serviço público outorgado, definindo a matéria, em última instância,
segundo critério de propriedade das instalações.
Em resumo, integram o sistema de transmissão a rede básica, estabelecida por
resolução (especialmente a REN 166/200); as instalações destinadas a interligações
internacionais, enumeradas por portarias do MME; e as Demais Instalações de
Transmissão constantes do conjunto dos contratos de concessão ou de outra forma
cedidas aos concessionários. São parte do sistema de distribuição, as instalações de
propriedade dos concessionários desse serviço, estabelecidas nos respectivos
contratos de concessão.

2.4 CONSIDERAÇÕES ADICIONAIS DEFINIÇÃO E CONCEITOS

De tudo quanto exposto, é possível afirmar que a definição de geração


distribuída tem como faceta distintiva um traço identificador que predomina: a sua
localização.
Como já asseverado, defendemos que é plausível sustentar que a distinção
entre geração centralizada e distribuída se trata de classificação da geração de
energia elétrica quanto à sua localização.
A geração distribuída, como noção decorrente dessa classificação, é aquela
cujo consumo da energia gerada independe das linhas de transmissão.
Em sentido semelhante, no direito brasileiro, a ligação à rede de distribuição,
seja esta direta ou indireta, constitui elemento essencial de todos os conceitos de
geração distribuída e suas modalidades, que prescindem, portanto, do sistema de
transmissão para o aproveitamento da energia produzida.
Não obstante, os conceitos legais pátrios ora vigentes são, como visto,
casuísticos e servem estritamente aos fins das normas que os contém, sendo
perfeitamente factível que outras normas, com distintos objetivos, venham a estender
ou restringir, para seus fins específicos, o alcance do significado da expressão, sem
invalidar ou alterar o conteúdo das já existentes, como, aliás, já ocorreu.
Assim, por exemplo, nenhuma geração distribuída enquadrada nos termos do
Decreto 5.163/2004 o será ante o teor da REN 482/2012 e vice-versa. São conceitos
32

que se excluem mutuamente, seja pelas restrições contidas na REN 482/2012 quanto
aos regimes de outorga, seja pela própria natureza de cada modalidade no que toca
à comercialização. A geração distribuída do decreto destina-se necessariamente ao
comércio com as distribuidoras e mira empreendedores particulares que visem ao
lucro decorrente dessa atividade, enquanto a energia produzida nos termos REN em
questão não pode ser objeto de qualquer tipo de comercialização e tem como foco
principal o consumidor, público ou privado, pessoa física ou jurídica, que deseje
economizar na sua conta de energia.
Ressalte-se, ainda, que sob o prisma da definição de geração distribuída aqui
colacionada, é fato que existe, no Brasil, geração distribuída tratada com outra
denominação pelas normas vigentes. É o caso, por exemplo, da autoprodução
industrial e da geração nos sistemas isolados ou SISOL.
No que tange à autoprodução, eg, o próprio Plano Nacional de Energia – 2050,
estudo integrante do planejamento energético nacional elaborado pela EPE para o
Ministério de Minas e Energia, denomina "geração distribuída de grande porte" a
autoprodução industrial, independentemente da forma de conexão (EPE, 2016a).
No que se refere aos SISOL, trata-se de sistemas de distribuição que, à vista
de razões técnicas ou econômicas, não são conectados ao SIN (BRASIL, 2010). Sem
acoplamento à malha nacional de transmissão, eles são atendidos quase que
inteiramente por meio de geração distribuída, sem utilização de sistemas de
transmissão. O ONS informa que existem, atualmente, 237 Sistemas Isolados no
Brasil, compreendendo os estados do Acre, Amapá, Amazonas, Mato Grosso, Pará,
Rondônia e Roraima, além da ilha de Fernando de Noronha (ONS, 2018c; EPE,
2017b; ONS, 2019). A legislação que trata do assunto não usa o termo "geração
distribuída" para designar a produção elétrica dos SISOL, embora disso se trate.
O foco do presente trabalho restringe-se às modalidades da REN 482/2012 e
denominadas microgeração distribuída ou minigeração distribuída, conforme a
potência instalada. Nos trabalhos acadêmicos internacionais que tratam do assunto,
o termo "geração distribuída" – ou "distributed generation" no inglês – é utilizado
justamente para denominar essa geração local de energia, de porte reduzido, que se
aproxima daquela tratada na REN 482/2012 (usam o termo nesse contexto, v. g.:
PICCIARIELLO e cols., 2015; TAŞCIKARAOĞLU, 2018; e DANTI; MAGNANI, 2017;
ALLAN, 2014; DONDI e cols., 2002). O tratamento regulatório dado a esse tipo de
33

geração varia consideravelmente entre os países e regiões, mas será nesse mesmo
contexto que o termo "geração distribuída" será doravante utilizado.
Outrossim, é importante destacar que embora os recursos energéticos
distribuídos contemplem uma imensa gama de tecnologias "a maior parte dos estudos
descreve com maior ênfase a geração distribuída fotovoltaica, em função da maior
disseminação desse tipo de recurso" (EPE, 2019).
No Brasil, ela é, de longe, a mais disseminada para a micro e minigeração
distribuídas. Segundo ANEEL (2020), das 197.728 usinas instaladas, 197.349 são de
fonte fotovoltaica e representam 2.292,72 MW de um total de 2.468,22 MW de
potência instalada. Corresponde, destarte, a 99,8% do total de plantas geradoras e
92,9% de toda a capacidade instalada.

3 IMPORTÂNCIA DA GERAÇÃO DISTRIBUÍDA

A International Energy Agency (2002) elencou cinco fatores que considera os


mais significativos para o aumento do interesse em geração distribuída: (i) a
liberalização do mercado de energia; (ii) desenvolvimento das tecnologias desse tipo
de geração; (iii) restrições para construção de novas linhas de transmissão; (iv)
crescente preocupação do mercado consumidor com a confiabilidade no
fornecimento; e (v) preocupações com as mudanças climáticas.
A literatura que trata da relevância da geração distribuída menciona numerosos
benefícios que decorrem da sua utilização. El-Khattam e Salama (2004), em
interessante esquematização, apontaram uma série de vantagens operacionais e
econômicas da geração distribuída, dentre elas, que a GD: (i) pode fornecer,
localmente, os aumentos de carga necessários, reduzindo ou evitando a necessidade
de investimento em linhas de transmissão e distribuição; (ii) ao contrário da geração
centralizada, costuma ter maior flexibilidade quanto à localização de sua instalação, o
que tende a impactar positivamente nos preços da energia; (iii) pode ser montada
facilmente e de maneira modular, com reduzidos prazos de instalação e com
possibilidade de fácil aumento ou diminuição da potência instalada, o que permite,
ademais, o seu dimensionamento para atender exatamente à necessidade de carga
do consumidor ou consumidores; (iv) diferentemente da geração centralizada, viabiliza
a utilização de processos de cogeração a bem da eficiência energética; (v)
34

proporciona maior estabilidade de voltagem no sistema de distribuição, garantido


maior qualidade da energia fornecida; (vi) evita perdas decorrentes do transporte de
energia a grandes distâncias; (vii) pode ser utilizada para suprir necessidades locais
específicas; (viii) contribui para a continuidade e confiabilidade do sistema, com a
pulverização de pontos de geração e a dispensa de sistema de transmissão; (ix) pode
servir como fornecimento de emergência ou stand by; (x) as gerações distribuídas a
partir de fontes renováveis eliminam ou reduzem a emissão de gases prejudiciais ao
meio ambiente.
Adicionalmente, Zilles e cols. (2012) apontaram, ainda, que a geração
distribuída contribui para ultrapassar algumas das dificuldades enfrentadas pela
modalidade centralizada, tais como: (a) restrições ambientais associadas a esses
tipos de projetos; (b) extensos prazos para a construção de grandes empreendimentos
geradores; (c) os fortes impactos ambientais que geralmente provocam; (d) os
vultosos endividamentos que resultam da instalação de usinas de grande porte; e (e)
a crescente dificuldade de financiamento de tais empreendimentos. Já o Plano
Nacional de Energia-2050, a qualifica como vetor para o aumento da eficiência
energética sistêmica e das fontes renováveis na matriz.
Nesse diapasão, é comumente apontada a contribuição desse tipo de produção
para a diversificação da matriz energética (GOMES e cols., 2018). No que toca a esse
aspecto específico, particularmente relevante para a defesa da geração distribuída, Li
(2005) argumenta que a dominância de um sistema de energia especifico tende
causar danos permanentes ao meio ambiente, já que cada sistema energético causa
impactos ambientais próprios e a opção por um específico sobrecarregaria o meio
ambiente de determinada maneira. Ademais, o autor em questão aponta que com uma
geração de energia distribuída em vários níveis, regionais e locais, utilizando fontes
diversas adequadas a cada caso e com núcleos geradores servindo a áreas mais
próximas e a menos usuários, o impacto de uma falha sistêmica seria muito mais
restrito, o que proporcionaria menor vulnerabilidade e maior segurança energética.
Segundo ele, a preponderância da geração centralizada com fonte de energia única é
altamente suscetível a perturbações, falhas e até mesmo sabotagem, com graves
conseqüências econômicas e sociais, de modo que a resiliência e segurança
energética de dado sistema pode ser grandemente aumentada por meio da geração
distribuída.
35

Sublinhe-se que os benefícios geralmente associados à geração distribuída


não são absolutos. Dependem do correto planejamento da inserção desse tipo de
geração nas matrizes energéticas dos países. Como apontou EPE (2016a), as
"destacadas vantagens da integração da GD nos sistemas elétricos... somente serão
alcançadas se a GD for considerada no planejamento energético tanto nacional como
local".
De resto, a GD traz consigo inúmeras desvantagens e dificuldades próprias
dessa modalidade. Pepermans e cols. (2005) asseveraram, por exemplo, que a
relação entre esse tipo de geração e a qualidade no fornecimento, tão celebrada pelos
seus defensores, possui caráter ambíguo. Enquanto pode ser benéfica em áreas onde
o suporte de tensão é difícil, sua inserção em larga escala pode conduzir a uma
instabilidade nesse mesmo parâmetro de qualidade – tensão. Ademais, foi visto que
a geração por grandes centrais gera ganhos de escala importantes, incompatíveis
com a modalidade descentralizada. Contudo, como já mencionado, de maneira geral,
não se pretende que ela substitua a geração centralizada, mas que a complemente,
contribuindo para a qualidade dos serviços de fornecimento de energia elétrica e para
a segurança energética sistêmica.
Por fim, vale destacar, como o fazem Pepermans e cols. (2005), que dentre as
razões que levaram ao renovado interesse pela geração distribuída, duas despontam
como especialmente relevantes: (i) liberalização do mercado de energia e (ii)
preocupações ambientais, que, segundo esses autores, representam, provavelmente,
a maior força motriz da demanda de geração distribuída na Europa. Em sentido
semelhante, Chanda e Bose (2019) apontam que as políticas de conteúdo ambiental
são ponto chave para o incremento da demanda por geração distribuída. Quanto às
Américas, especificamente, Garcez (2016) asseverou que está claro que fatores
ambientais são a principal força motriz da GD. Assim, foi a nova arquitetura regulatória
do mercado de energia o que possibilitou o renascimento da geração distribuída,
sendo as preocupações ambientais sua principal força motriz.
Abordar-se-á, nos itens a seguir, os incentivos dados para a geração distribuída
nos renovados arcabouços regulatórios do mercado de energia liberalizado.
36

4 INCENTIVOS REGULATÓRIOS À MICRO E MINI GD

4.1 A EXPERIÊNCIA INTERNACIONAL

O objetivo dos mecanismos de incentivo é reduzir os custos e os riscos


incorridos pelos particulares ao adotar e usar tecnologias de geração distribuída
renovável (SIOSHANSI, 2016). Ao contrário da produção centralizada, a distribuída,
no sentido aqui utilizado, depende fundamentalmente da iniciativa individual dos
consumidores no sentido da adoção de geração própria.
Em 8 de setembro de 2010, foi expedida a Nota Técnica n° 0043/2010 cujo
objetivo foi propor a abertura de consulta pública para o recebimento de contribuições
visando a reduzir as barreiras para instalação de "geração distribuída de pequeno
porte, a partir de fontes renováveis, conectada em tensão de distribuição" (ANEEL,
2010). Dela resultou a Consulta Pública 15/2010 que posteriormente embasou a
proposta de resolução normativa que culminou na edição da REN 482/2012, norma
que instituiu a microgeração e a minigeração distribuídas no Brasil.
Ao tratar das principais estratégias para incentivar a geração de energia a partir
de fontes renováveis, ela colaciona os mais relevantes incentivos adotados
internacionalmente com esse desiderato, quais sejam: (i) tarifa feed-in; (ii) net
metering; (iii) sistema de quotas; e (iv) o certificado de energia renovável.
Além desses, outros instrumentos de fomento são empregados mundo afora,
sobretudo de natureza fiscal, como créditos tributários, fórmulas especiais de
depreciação, descontos em taxas e tarifas, dentre outros (BRAGA 2016). Esses, no
entanto, embora de extrema importância para o espargimento da utilização das fontes
renováveis – até porque são quase sempre utilizados em conjunto com os demais –,
não são específicos do setor elétrico; possuem caráter mais geral e são utilizados em
diversos contextos e para variados fins, razão pela qual não serão abordados neste
tópico e seus subtópicos, os quais dedicar-se-ão àqueles mais peculiares.
Cada um dos mecanismos a seguir examinados tem seus pontos fortes e fracos
e o sucesso de sua implementação dependerá da qualidade da regulação que lhes
der suporte, sendo que o desenho adequado dessas ferramentas, consideradas as
particularidades de cada ambiente de implantação, será sempre de vital importância.
37

4.1.1 Tarifas feed in (FiT)

Nos termos da NT 0043/2010:

"O sistema Feed-in consiste no pagamento de uma tarifa mais


vantajosa para as centrais geradoras que utilizam fontes renováveis
de energia, quando comparada com as fontes convencionais. O
objetivo é viabilizar a implantação de tais empreendimentos, que
possuem custos mais elevados de produção."

Embora a abordagem e o design do incentivo varie conforme o arcabouço


regulatório de cada país, estado ou província onde ela é utilizada, a FiT consiste
fundamentalmente na garantia de compra da energia produzida a um preço específico
previamente estabelecido (por vezes é o critério de aferição que é previamente
estabelecido), com estruturas contratuais de longo prazo, o que reduz o risco e
aumenta a confiança do investidor, sendo essas duas facetas as suas substanciais
vantagens. Traduz-se em uma receita e um fluxo de recebimentos garantidos o que
permite aos desenvolvedores alavancar sua dívida de forma eficiente e reduzir os
custos do financiamento (UMAMAHESWARAN; RAJIV, 2015 e SIOSHANSI, 2016).
Segundo Sioshansi (2016), a maioria dos programas FiT também exige que a
distribuidora ou operador dos sistemas locais aceitem qualquer energia oriunda de
geração distribuída renovável fornecida pelo gerador, exceto quando tecnicamente
inviável. Trata-se da garantia de acesso à rede.
As políticas de FiT podem ser classificadas em dois grupos. O primeiro grupo,
também conhecido como FiT independente do mercado, usa uma política de preço
fixo, em que a remuneração do gerador independe do preço da energia elétrica
praticado. O segundo grupo se vale de uma política de preço-prêmio, também
conhecida como FiT dependente do mercado, porque a remuneração do gerador
consiste no valor de mercado da energia acrescido de um prêmio, de modo que o
gerador é remunerado acima do preço praticado.
A primeira modalidade goza da vantagem de garantir menor risco ao investidor,
que já saberá de antemão o quanto receberá pela energia produzida. A modalidade
de preço-prêmio, por outro lado, apresenta maior risco, mas cria um incentivo
adicional para que a produção por fontes renováveis aumente nos períodos em que a
energia é mais necessária (BARBOSA e cols., 2018), já que os preços livres
dependem da relação entre oferta e demanda. Segundo Barbosa e cols. (2018), FiTs
38

dependentes do mercado foram implementados na Espanha, Alemanha e Dinamarca,


entre outros países.
A FiT constitui-se incentivo de grande eficiência (AQUILA e cols., 2017), o que
se reflete em sua relevante disseminação mundo afora. Sioshansi (2016) chega a
afirmar que as FiTs são atualmente o incentivo à geração distribuída por fontes
renováveis mais amplamente utilizado no mundo. Alizada (2018) dá conta de que
sessenta e nove países a adotaram, em algum momento da sua política de incentivo.
Na Europa, Bulgária, Áustria, Croácia, Bósnia, Finlândia, Suécia, França, Irlanda,
Hungria, Itália, Holanda, Portugal, Suíça, Rússia e Dinamarca, são alguns exemplos.
Na América Latina, Argentina, Uruguai (não mais), Equador, Peru, Panamá, Bolívia
dentre outros; na Ásia, China, Japão, Malásia e Tailândia são alguns deles; no Oriente
Médio, Irã, Jordânia e Turquia (REN21, 2017).
A crítica mais frequente que se faz à FiT é que sua eficiência depende da
correta definição do preço a ser pago pela energia produzida. Preços excessivamente
altos implicarão em lucros excessivos para os geradores em detrimento dos demais
consumidores e/ou contribuintes, dependendo do modelo de custeio. Preços
demasiadamente baixos ocasionarão a ineficiência do programa (VAN DER LINDEN
e cols., 2005 e SIOSHANSI, 2016). Adicionalmente, em alguns países da Europa o
uso dessa política de incentivo gerou alta nos preços da energia, seja por uma
tendência de os preços de mercado acompanharem os preços da FiT, seja pelo
custeio dos prêmios pelos demais consumidores (KOUMPAROU e cols., 2017).

4.1.2 Net metering

Nos termos da Nota Técnica 0043/2010:

"Consiste na medição do fluxo de energia em uma unidade


consumidora dotada de pequena geração, por meio de medidores bi-
direcionais. Dessa forma, registra-se o valor líquido da energia no
ponto de conexão, ou seja, se a geração for maior que a carga, o
consumidor recebe um crédito em energia ou em dinheiro na próxima
fatura. Caso contrário, o consumidor pagará apenas a diferença entre
a energia consumida e a gerada."
39

No sistema de net metering, nem toda energia gerada é necessariamente


injetada na rede de distribuição. Em muitos casos, a rede recebe apenas a diferença
positiva entre o que foi gerado e o que foi consumido em dado instante.
Trata-se de incentivo a fontes renováveis exclusivo da modalidade de geração
distribuída conectada indiretamente à rede por meio de unidades consumidoras que
também produzem energia (SIOSHANSI, 2016 e KOUMPAROU e cols., 2017).
O uso do net metering – que poderia ser traduzido como "medição líquida" – foi
iniciado em meados dos anos 1990, nos Estados Unidos (KOUMPAROU e cols.,
2017). Trata-se de política que permite aos consumidores que produzem energia de
geração distribuída a partir de fontes renováveis compensar toda ou parte da energia
consumida da rede de eletricidade com aquela por eles autoproduzida.
O net metering funciona pela utilização de medidores capazes de registrar o
fluxo de energia em ambas as direções: da rede e para ela. O medidor gira para frente
quando um cliente está absorvendo energia da rede elétrica (quando, em dado
instante, estiver consumindo mais energia do que estiver produzindo) e gira para trás
quando a energia está sendo enviada de volta para a grade (quando a produção for
maior que o consumo). Outro tipo de medidor possui medição em canais
independentes sendo um subtraído do outro para apuração final. Em ambos os casos,
ao fim de um dado ciclo de faturamento, o cliente é cobrado apenas pela eletricidade
líquida utilizada (POULLIKKAS, 2013).
Ao compensar o consumo de energia de dada unidade consumidora, se mais
energia é produzida do que consumida ao final de cada período de faturamento, a
destinação dessa eventual diferença dependerá das disposições regulatórias locais,
que podem determinar, por exemplo, que essa diferença: (i) se converta em créditos
de energia que são compensados em ciclos tarifários futuros; (ii) seja paga ao
prossumidor a uma tarifa determinada; (iii) seja, ao final de dado prazo sem utilização,
apropriada pela distribuidora para destinação específica (POULLIKKAS, 2013). Sob a
perspectiva do prossumidor, no sistema de net metering com conversão de
excedentes em crédito, a rede funciona como verdadeira bateria, onde podem ser
estocados os excessos produzidos, para posterior consumo.
Estatísticas recentes demonstram que o net metering, em conjunto com a FiT,
representam o principal incentivo no mundo para promoção da tecnologia de geração
a partir da fonte fotovoltaica (ABDIN; NOUSSAN, 2018), a mais abundante em micro
e minigeração (EPE, 2019; ANEEL, 2020). Além de vigorar em alguns estados dos
40

Estados Unidos, onde surgiu, vários países utilizam essa forma de incentivo. Na
Europa, Dinamarca, Itália, Grécia, Chipre, partes da Bélgica e Holanda são alguns
exemplos. Na América Latina, Chile, Uruguai, Colômbia, México, Peru e Bolívia,
dentre outros; na Ásia, Coréia do Sul, Singapura; no Oriente Médio, Israel, Líbano,
Emirados Árabes Unidos; na Oceania, Austrália e partes da Nova Zelândia (REN21,
2017). Trata-se, por conseguinte, de mecanismo bastante difundido mundialmente. É,
também, a ferramenta específica de incentivo utilizada no Brasil.
Koumparou e cols. (2017) afirmam que, em comparação à FiT, o net metering
é mais adequado ao setor residencial. Para Poullikkas (2013),
o incentivo por net metering traz benefícios para as múltiplas partes envolvidas: (i)
para a distribuidora, uma política bem projetada pode resultar em uma maneira de
lidar com geração distribuída residencial, ao mesmo tempo simples, de baixo custo e
de fácil administração; (ii) para os prossumidores, o net metering traz economia de
longo prazo nas contas de energia; (iii) para a comunidade, os investimentos em
geração local valorizam as propriedades adjacentes, e geram oportunidades de
negócios locais.
Como desvantagem, Aquila e cols. (2016) sustentam que o net metering seria
incapaz de promover, por si só, suficiente inserção das fontes renováveis de energia,
funcionando melhor como etapa intermediária do processo de incentivo, preparatório
para o sistema de preços integral. A propósito, Garcez (2017) afirmou que, por essa
razão, o net metering é historicamente utilizado em conjunto com outras medidas.
Outra crítica comum é a de que o net metering consiste em subsídio dado a alguns
consumidores à custa dos demais (ABDIN; NOUSSAN, 2018), crítica que, aliás,
poderia também ser dirigida à FiT, dependendo da forma de custeio.

4.1.3 Sistema de cotas e certificados verdes

Apesar de aparecerem separadamente na Nota Técnica 0043/2010, esses


instrumentos de incentivo serão analisados conjuntamente, já que são usualmente
utilizados de forma integrada em políticas conhecidas como Renewable Portofolio
Standards ou RPS.
Utilizamo-nos da lição de Aquila e cols. (2016) para clarificar melhor a questão.
Segundo eles, a comercialização dos certificados verdes são uma das variantes mais
41

conhecidas relacionadas ao sistema de cotas. Nesse mecanismo, a eletricidade


produzida a partir de fontes renováveis é medida e certificada por uma autoridade
geralmente controlada por uma agência governamental.
Já a demanda pelos certificados é criada obrigando-se uma ou mais partes
envolvidas na cadeia do setor elétrico a adquirirem certificados que cubram
determinado percentual da eletricidade comercializada ou consumida (FAGIANI,
2012).
Vejamos a abordagem da Nota Técnica 0043/2010 ao descrever ambos os
instrumentos. Quando trata do sistema de cotas, assim o caracteriza:

"Neste sistema, é estabelecida uma quota de energia a ser


compulsoriamente adquirida pelas distribuidoras para cada fonte de
energia que se deseja incentivar, repassando os custos de compra
dessa energia mais cara aos consumidores."

Já quando trata dos certificados de Energia Renovável, os descreve da


seguinte forma:

"As pequenas centrais geradoras recebem certificados que atestam a


expectativa de energia renovável a ser produzida, não tendo qualquer
relação com os contratos de compra e venda de energia assinados
pelo proprietário. Dessa forma, representam uma receita adicional ao
investidor, pois se trata de reconhecimento do benefício ambiental
proporcionado pela usina, que pode ser comercializado em um
mercado especificamente criado para tais certificados, cujos
interessados são grandes empresas que buscam atender as metas
ambientais de cada país, tais como redução da emissão de gases de
efeito estufa."

Do disposto na NT já se percebe que os certificados dependem de um mercado


que garanta a sua liquidez. No sistema de cotas, existe uma obrigação legal de se
obter uma certa quantidade de energia elétrica produzida a partir de fontes renováveis
o que cria ou fomenta o mercado dos certificados, que podem ser adquiridos como
substitutos dessa obrigação. A maioria dos sistemas de cotas integram políticas
chamadas usualmente de Renewable Portifolio Standards – ou RPS –, regulação que
impõe o aumento da produção e consumo energéticos produzidos por meio de fontes
renováveis (SIOSHANSI, 2016).
42

Um típico RPS exige que uma parcela – usualmente percentual – de toda a


energia comercializada seja oriunda das fontes renováveis que especifica (KYDES
2007).
Os sistemas de quotas podem variar consideravelmente em seus detalhes de
implementação. Aspecto importante é a definição de sobre quem recai as obrigações
de cota. Na maioria das vezes, a obrigação é colocada nas distribuidoras de energia,
mas não há impedimento de que recaia sobre geradores, clientes finais, ou sobre
todos (SIOSHANSI, 2016).
Notar que o sistema em que a obrigação recai nas distribuidoras e compradores
de energia foi o considerado na Consulta Pública 15/2010, como decorre da redação
constante da NT 0043/2010.
Quando incide sobre os geradores, as empresas recebem créditos equivalentes
à energia gerada a partir de fontes renováveis, os quais podem ser utilizados por elas
mesmas ou vendidos para outras empresas (KYDES 2007). Palmer e Burtraw (2005)
esclareceram que as distribuidoras podem, para atender à sua cota, gerar a própria
energia renovável a ser distribuída, comprar energia renovável produzida por outros
geradores, ou comprar os créditos vendidos separadamente, por meio de certificados
transferíveis e transacionáveis.
O não cumprimento da cota acarreta relevantes penalidades financeiras para o
infrator (SIOSHANSI, 2016). Ademais, a imposição de penalidade cria um mecanismo
de mercado no qual o preço dos certificados é determinado pela relação entre oferta
e demanda, de modo que o sistema incentiva a expansão das energias renováveis,
dando aos geradores de eletricidade receitas adicionais ao vender seus certificados
(FAGIANI, 2012).
Nota-se que, no sistema de cotas, o custeio direto do incentivo recai naquelas
pessoas obrigadas a adquirir a energia renovável, arcando com eventuais diferenças
a maior no preço desse tipo de energia em relação à produzida com fontes
convencionais. No caso das distribuidoras, esse valor impactará certamente no preço
da eletricidade pago pelos consumidores.
Apesar de amplamente utilizado e com bons resultados alcançados, o problema
usualmente apontado com o sistema de cotas com certificados é a volatilidade dos
preços desse últimos que, teoricamente, poderiam cair para zero em caso de
investimentos excessivos, deixando os investidores com grandes perdas de capital.
Consequentemente, investidores exigem maior retorno sobre o capital para aceitar o
43

que eles percebem como investimentos mais arriscados, o que torna os projetos
menos desejáveis e termina por retardar sua introdução no mercado (FAGIANI, 2012).
Vale mencionar que se trata de mecanismo utilizado com muita frequência também
para a geração centralizada de energia elétrica.

4.2 INCENTIVOS NO BRASIL

No Brasil, o núcleo da regulação sobre microgeração e minigeração distribuídas


que especifica os seus incentivos diretos é a Resolução Normativa da ANEEL nº 482,
editada originalmente em 17 de abril de 2012. Dentre os mecanismos de estímulo
acima especificados, a escolha brasileira recaiu sobre o net metering, batizado
nacionalmente de “sistema de compensação de energia elétrica”.
Esclareça-se que, apesar dessa norma única concentrar, no seu bojo, as regras
centrais sobre o tema, o teor atual da REN 482/2012 não corresponde àquele
originalmente editado no ano de 2012. Com efeito, ela foi atualizada, em três
diferentes ocasiões: (i) no mesmo ano de 2012, em dezembro, pela REN nº 517/2012;
(ii) em novembro de 2015, pela REN nº 687, seguramente a principal alteração sofrida
pelo texto original; e (iii) em 2017, por meio da REN nº 786, de outubro daquele ano.
Dessa forma, o texto atual da REN nº 482/2012 constitui-se uma amálgama de
quatro diferentes normas, aprovadas sucessivamente: a original e suas três
atualizações ou modificações posteriores.
44

CAPÍTULO III – DESCRIÇÃO METODOLÓGICA

Conforme especificado anteriormente, uma das estratégias metodológicas


adotadas nesta pesquisa consiste na análise documental dos procedimentos de
consulta e audiência públicas da Agência Nacional de Energia Elétrica, com o intuito
de compreender o processo de construção do modelo regulatório brasileiro sobre
geração distribuída nas modalidades de microgeração e minigeração.
Por imposição da Lei 9.427/1996 e do Decreto 2.335/1997, todo ato
administrativo ou anteprojeto de lei emanado da ANEEL que afetar ou que tenha
potencial de afetar os direitos dos agentes econômicos do setor elétrico, ou dos
consumidores, deverá necessariamente ser precedido de um processo de audiência
pública com o objetivo quádruplo de: (i) recolher subsídios e informações para o seu
processo decisório; (ii) possibilitar aos agentes e consumidores o encaminhamento de
pleitos, sugestões e opiniões; (iii) propiciar uma identificação mais ampla dos aspectos
envolvidos relevantes ao processo decisório; e (iv) dar publicidade à ação regulatória
da agência.
A propósito, ANEEL (2019) especifica dois procedimentos distintos de interação
com agentes e consumidores: além da própria audiência pública, também a consulta
pública. Ambas podem abranger sessões presenciais ou somente troca de
documentos. Enquanto a primeira, como visto, é obrigatória e antecede
necessariamente a expedição de atos administrativos decisórios da agência
reguladora em questão; a consulta pública, por seu turno, no que toca a elaborações
regulatórias, funciona como instrumento facultativo de apoio para coleta de
informações que servirão para direcionar os estudos das áreas técnicas pertinentes
para a produção de minutas de atos administrativos, análises técnicas ou projetos
legislativos a serem submetidos à sociedade em audiências públicas e, portanto,
usualmente as precede.
A consulta pública tem feitio consultivo mais geral, de coleta de informações e
impressões, enquanto a audiência é mais específica e culmina em discussões sobre
propostas concretas de regulação ou estudos técnicos que a embasem, em que se
faculta a cada participante opinar sobre uma minuta técnica ou regulatória específica
e sugerir alterações. Em todas as audiências públicas analisadas neste trabalho,
foram apresentadas minutas de resoluções normativas, com coleta de sugestões e
comentários específicos, inclusive sobre cada dispositivo normativo nelas contido.
45

O exame procedido parte dos registros oriundos de todos os processos de


consulta e audiência públicas que deram origem ao arcabouço regulatório atual
contido na REN 482/2012 – seis no total, sendo duas consultas e quatro audiências:
(i) Consulta Pública 015/2010; (ii) Audiência Pública 042/2011; (iii) Audiência Pública
100/2012; (iv) Consulta Pública 005/2014; (v) Audiência Pública 026/2015; e (vi)
Audiência Pública 037/2017.
Para a realização deste estudo, os participantes foram agrupados em seis
categorias distintas, três principais e quatro acessórias visando a reunir, nos diferentes
grupos, agentes com interesses presumivelmente semelhantes no que toca ao
estímulo ou desestímulo ao incentivo à geração distribuída (vide Apêndice A para uma
descrição detalhada de todos os participantes em cada certame, bem como seu
agrupamento nas diferentes categorias).
As categorias principais são: (i) “concessionárias”, que abrange as
concessionárias do setor de energia elétrica cujos modelos de negócios estão
vinculados à geração na modalidade centralizada, bem como entidades
representativas relacionadas; (ii) “GD”, onde foram computadas as empresas
conhecidas como integradoras, atuantes no setor de geração distribuída como
fornecedoras de tecnologias, produtos, gestão energética e O&M, associações e
entidades representativas pertinentes, inclusive de geradores distribuídos de maior
porte, bem como entidades ligadas à defesa do meio ambiente, devido à já
mencionada associação entre a geração distribuída e o cuidado ambiental; (iii)
“consumidores”, englobando pessoas físicas e jurídicas que compareceram aos
certames nessa qualidade, assim como entidades representativas do setor. São
consideradas categorias principais porque representam aquelas cujos interesses são
mais diretamente afetados pela regulação sobre a matéria e, portanto, as mais
relevantes para a avaliação de como se posicionaram e qual impacto suas
manifestações tiveram nas decisões do regulador. Nelas se concentrará o foco da
presente pesquisa.
As categorias acessórias ajudam a ter uma visão mais global sobre os
participantes dos certames e seus posicionamentos, mas suas respectivas
participações terminam por ser menos relevantes para este estudo. São elas: (iv)
“função pública”, com órgãos públicos, autarquias e quejandos; (v) “acadêmicos”, com
pessoas físicas ou entes ligados a universidades ou entidades outras de pesquisa; (vi)
“outros”, categoria que engloba agentes de setores bastantes heterogêneos –
46

inclusive participantes cujo nicho de atuação não pôde ser identificado – e que, a rigor,
não pode ser considerado como grupo com interesses comuns quanto à GD.
Para colocar adequadamente os participantes nos diferentes grupos, foram
utilizados – além do material constante nos bancos de dados relativos a cada
expediente – os sítios dos próprios participantes, quando existentes, além de sítios
como o LinkedIn, Facebook, Escavador, Wikipedia, portal do Canal Energia, sítios de
notícias, dentre outros. Por vezes, não foi possível a satisfatória identificação,
hipóteses em que o participante foi agrupado na categoria “outros”.
Destaque-se que, seguramente, existem muitas outras partes interessadas no
processo regulatório concernente à geração distribuída de pequeno porte. Entretanto,
para fins do presente, aqueles que efetivamente participaram dos procedimentos
públicos aqui examinados são considerados representativos dos grupos que integram.
As principais fontes de informações são documentos disponibilizados pela
ANEEL em bancos de dados digitais constantes do sítio dessa agência reguladora,
entre notas técnicas, relatórios, estudos, contribuições, minutas de resoluções
normativas, resoluções normativas e quejandos.
Os processos de consulta púbica analisados trazem, basicamente,
questionários dirigidos aos interessados com o objetivo de reunir informações
pertinentes para a elaboração de minutas de resoluções normativas, as quais foram,
em momento posterior, submetidas ao público por meio de audiências públicas.
Nesses processos de consulta pública, portanto, não houve discussão de textos
normativos. Consistem em verdadeiras pesquisas de opinião por meio das quais os
interessados tiveram oportunidade de discorrer sobre os diversos temas
apresentados.
A análise das consultas públicas buscou a contextualização do ambiente
regulatório de então, com foco nos objetivos e motivações do elaborador da norma.
Também, na forma como se deram as participações dos diferentes grupos, sobretudo
dos três principais, sob dois aspectos: (i) o grau de adesão de cada categoria ao
certame; e (ii) o “ímpeto contributivo” de cada qual.
Já no que tange às audiências públicas, além desses elementos, buscou-se
verificar, adicionalmente, com base na receptividade das sugestões dos participantes
relativas aos dispositivos das minutas de norma apresentadas, o impacto do
posicionamento de cada categoria principal na decisão final do regulador
47

consubstanciada nas normas emanadas pela ANEEL decorrentes de cada


expediente.
Nesses certames, na análise das contribuições oferecidas pelos participantes
quanto às minutas específicas de resoluções normativas neles apresentadas, os
pareceres da ANEEL foram de quatro tipos: (i) não recepção; (ii) recepção parcial; (iii)
aceitação integral; e (iv) “não se aplica”, esse último quando o teor da contribuição
não guardou relação com o dispositivo sobre o qual deveria versar ou com o objeto
da audiência pública.
Os achados foram organizados em tabelas contendo os dados a seguir
especificados, por categoria. Na primeira linha do conjunto reservado a cada
categoria: (i) número de contribuições não aceitas; (ii) número de contribuições
parcialmente aceitas; (iii) número de contribuições aceitas integralmente; (iv) número
de contribuições não consideradas, classificadas como “Não se Aplica”; e (v) número
total de contribuições. Na segunda linha: (i) valor percentual de contribuições não
aceitas; (ii) valor percentual de contribuições parcialmente aceitas; (iii) valor
percentual de contribuições aceitas integralmente; e (iv) valor percentual de
contribuições não consideradas. Finalmente, a terceira linha do conjunto reservado a
cada categoria apresenta os valores percentuais das contribuições tidas como válidas
– entre as não aceitas, parcialmente aceitas e integralmente aceitas –, que consistem
nos percentuais de contribuições existentes em cada classificação, desconsideradas
aquelas categorizadas como “Não se Aplica”.
A partir dessas tabelas foram elaborados gráficos que representam o número
de contribuições, por categoria, que influenciaram no teor da norma: aquelas aceitas
ou parcialmente aceitas pela ANEEL.
Essa avaliação é exclusiva dos processos de audiência pública, uma vez que,
como visto, os de consulta não trazem minutas normativas para discussão, apenas
questionários de pesquisa.
A propósito, sublinhe-se que as sugestões aceitas ou parcialmente aceitas pelo
regulador têm impacto mais ou menos relevante sobre o objeto da norma finalmente
publicada, conforme a natureza da repercussão que promovem sobre ela. Assim, por
exemplo, sugestões que propõem mero aperfeiçoamento na redação proposta pela
ANEEL são de caráter distinto daquelas que miram elementos relativos ao conceito
de microgeração ou minigeração ou aos limites de tensão de conexão. É certo que
essas nuances não podem ser captadas por uma avaliação meramente quantitativa.
48

Não obstante, isso não desqualifica a análise proposta, que visa a averiguar, de forma
objetiva, a participação das categorias de contribuintes e a receptividade de suas
sugestões pelo regulador. Complementarmente, algumas observações foram
entabuladas para ilustrar aspectos julgados relevantes.
O exame da adesão seguiu o mesmo método em ambos os tipos de certames.
Apurou-se no número de participantes que compareceram em cada um dos
expedientes, a partir do que foram gerados dois gráficos: um representando o número
total de participantes de cada categoria, outro retratando as participações
proporcionais entre elas.
Quanto ao ímpeto contributivo, consiste na razão entre o número de
contribuições e o número de participantes de cada categoria. Serve para retratar o
quão participativa e ativa foi cada categoria nos certames; ou seja, espelha a
qualidade da participação de cada qual. Foi apresentado em gráficos contendo, na
parte inferior, a representação das participações de cada grupo principal e, na parte
superior, a relação entre elas e a quantidade de participantes de cada um desses
grupos. Nas consultas públicas, especificamente, foram entabuladas observações
adicionais, ilustrativas, sobre a atuação das categorias principais.
Por fim, consta de cada análise, adicionalmente, os mais relevantes pontos das
normas que resultaram dos processos de consulta e audiência públicas, objetivando
esclarecer os contornos que a microgeração e minigeração distribuídas adquiriram
como resultado de cada fase do desenvolvimento de sua gênese e, desse modo,
indicar como se deu a evolução do marco regulatório sobre a microgeração e a
minigeração distribuídas.
49

CAPÍTULO IV – GÊNESE DA REGULAÇÃO

5 GÊNESE DO MODELO BRASILEIRO ATUAL

5.1 REN Nº 482/2012: REDAÇÃO ORIGINAL

A Resolução Normativa nº 482/2012 foi precedida de uma consulta pública,


para coleta de informações dos agentes do mercado e consumidores – a de nº
015/2010 – e, posteriormente, de uma audiência pública – a de nº 042/2011 – onde
foram discutidas duas minutas de resolução normativa propostas pela ANEEL com
base nas informações colhidas no processo de consulta. Desses dois procedimentos
surgiu o normativo em epígrafe, em sua versão original, que inaugurou, no
ordenamento pátrio, o tratamento específico da geração distribuída de pequeno porte
empreendida diretamente pelos consumidores, a qual denominou microgeração e
minigeração distribuídas, conforme parâmetros de potência específicos.

5.1.1 Consulta Pública nº 015/2010

Em 08 de setembro de 2010, por meio da Nota Técnica nº 0043/2010, oriunda


da Superintendência de Regulação dos Serviços de Distribuição – SRD da ANEEL,
foi proposta a Consulta Pública nº 015/2010 para o “recebimento de contribuições
visando a reduzir as barreiras para instalação de geração distribuída de pequeno
porte, a partir de fontes renováveis, conectada em tensão de distribuição” (ANEEL,
2010, grifos nossos).
Da leitura da nota técnica em questão, concluímos que a iniciativa do regulador
brasileiro resulta, sobretudo, da combinação de dois fatores: (i) necessidade de
alinhamento com o movimento internacional na direção do incentivo a investimentos
em fontes renováveis de energia a partir da geração distribuída por motivos
ambientais, de desenvolvimento tecnológico e de redução da dependência de
combustíveis fósseis; e (ii) do baixo impacto prático das medidas internas até então
existentes para incentivar a geração distribuída a partir de fontes renováveis.
50

Destaque-se que já havia, à época, incentivos nacionais à GD. A própria NT


0043/2010 os destaca. Eram, contudo, difusos, mal organizados, inespecíficos e,
segundo o próprio regulador, ineficientes. ANEEL (2010) dá conta, por exemplo, de
que, entre janeiro de 2006 e julho de 2010, apenas oito distribuidoras fizeram uso do
expediente contido no já abordado Decreto 5.163/2004 para contratar energia, dando
origem a apenas vinte e sete contratos, com resultados aquém das expectativas.
Com o objetivo de colher contribuições dos participantes do certame, a NT 0043
apresenta questionário específico com trinta e três questões, divididas em cinco
tópicos – além de um item de “COMENTÁRIOS DIVERSOS” –, elaboradas para
auxiliar os estudos da SRD que buscavam subsídios para, por meio de normas
adequadas, provocar a diminuição dos obstáculos para o acesso da geração
distribuída de pequeno porte aos sistemas de distribuição.

5.1.1.1 Participantes

Acudiram à Consulta Pública 015/2010 trinta e nove participantes, subdivididos


entre as diferentes categorias da forma adiante:

Gráfico 1 – Adesão das categorias CP 015/2010

16

14
14
12

10 11
10
8

2
2 2
0

Concessionária GD Consumidores Outros Função Pública

Fonte: Elaboração própria


51

Gráfico 2 – Adesão proporcional das categorias CP 015/2010

5%

28%
26%

5%

36%

Concessionária GD Consumidores Outros Função Pública

Fonte: Elaboração própria

Note-se que não houve, na consulta pública em referência, participação de


contribuintes da categoria “acadêmicos”. Vide APÊNDICE A, Quadros A.1 a A.4, para
lista completa dos participantes por categoria. Vale destacar, também, a baixa adesão
da categoria “consumidores” em relação às outras duas principais.

5.1.1.2 Ímpeto Contributivo

O gráfico abaixo busca ilustrar como se deu a participação daqueles que


acorreram ao certame com foco na produção de contribuições em proporção ao
número de participantes em cada grupo.
52

Gráfico 3 – Participações e ímpeto contributivo grupos principais CP 015/2010

0 50 100 150 200 250 300

Consumidores GD Concessionárias

Fonte: Elaboração própria

No APÊNDICE B, Tabelas B.1 a B.4, é possível verificar o denominado ímpeto


contributivo de cada um dos participantes de cada grupo. Ressalte-se que a
metodologia empregada considera as respostas inconclusivas como participação
efetiva.
Nota-se que, apesar da baixa adesão – apenas dois participantes – o grupo
“consumidores” foi o que ostentou o maior ímpeto contributivo. Em sentido inverso, o
grupo “GD”, o mais numeroso em contribuintes e contribuições, foi o que exibiu o
menor índice.
Dentre os contribuintes do grupo “concessionárias”, a Copel foi a que
apresentou o maior ímpeto contributivo do certame, oferecendo colaboração em 100%
dos questionamentos, seguida da AES Tietê, com 94,1% de participação e da Elektro
e Neoenergia, ambas com 88,2% (vide APÊNDICE B, Tabela B.1). Merece destaque
em abstenções a DME Energética Ltda., com adesão de apenas 5,9% (vide
APÊNDICE B, Tabela B.1). A questão A2, que indaga sobre se deveria haver limitação
da potência a ser injetada na rede pelos pequenos geradores, de todas as
apresentadas na consulta pública ora examinada, foi a que mais interessou a esse
grupo, obtendo aproximados 91% de participação (vide APÊNDICE C, Tabela C.1).
Entre os categorizados como “GD”, os contribuintes que mais apresentaram
retorno às questões foram a Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica –
ABINEE e a Associação Brasileira dos Produtores Independentes de Energia Elétrica
53

– APINE, ambas com 94,1% de adesão. São acompanhadas pela Empresa Brasileira
de Energia Solar – EBES e da Rede Nacional de Organizações da Sociedade Civil
para as Energias Renováveis – RENOVE, que apresentaram resposta a 88,2% das
perquirições. Quatro contribuintes ofereceram apenas uma participação (2,9% do total
possível) na categoria sob exame: Associação da Indústria de Cogeração de Energia
– COGEN, Estelar Engenheiros Associados, Jorge Augusto dos Santos e Soares João
Consultoria (vide APÊNDICE B, Tabela B.2 para o quanto exposto neste parágrafo).
As duas questões que reuniram maior grau de adesão dos contribuintes da
classe “GD” figuram, ambas, entre as selecionadas nesta pesquisa: a A1 e a B5 –
71,4% (vide APÊNDICE C, Tabela C.1). A primeira trata dos critérios de
caracterização da GD de pequeno porte. A questão B5 perquire sobre a necessidade
de padronização de critérios técnicos de interconexão dos pequenos geradores à
rede.
Entre os dois contribuintes classificados como “consumidores”, A Cia. de
Saneamento do Estado do Paraná – COPASA participou em 70,6% das questões e a
Petrobrás em 67,6%, uma a menos (vide APÊNDICE B, Tabela B.3). Aproximados
52% dos questionamentos tiveram participação de ambos os atores (extraído do
quanto consta APÊNDICE C, Tabela C.1).
O item “COMENTÁRIOS DIVERSOS” não parece ter particularmente
interessado às categorias principais. Dentre elas, quem mais emitiu comentários de
caráter geral foram os contribuintes do grupo “concessionárias”, com apenas 36,4%
de adesão (vide APÊNDICE C, Tabela C.1).

5.1.2 Audiência Pública nº 042/2011

Em 20 de junho de 2011, por meio da Nota Técnica nº 0025/2011, oriunda da


Superintendência de Regulação dos Serviços de Distribuição – SRD da ANEEL, em
conjunto com outras seis superintendências da mesma autarquia, foi proposta a
abertura da Audiência Pública nº 042/2011 para o “recebimento de contribuições
visando a reduzir as barreiras para instalação de geração distribuída de pequeno
porte, a partir de fontes incentivadas, conectada em tensão de distribuição e também
para alteração do desconto da TUSD e TUST para usinas com fonte solar” (grifos
nossos). Notar que os objetivos dessa audiência pública são quase idênticos aos da
54

Consulta Pública 015/2010, visto que aquela consiste em sequência desta. A


diferença está na substituição do termo “fontes renováveis” por “fontes incentivadas”
e o acréscimo da matéria relativa à alteração da TUSD e TUST para a geração por
fonte solar, que não está relacionada especificamente com a microgeração e
minigeração distribuídas.
Continuação do processo iniciado pela Consulta Pública 015/2010, a leitura da
nota técnica em questão reforça a ideia de que a iniciativa do regulador brasileiro
resulta especialmente da avaliação de necessidade de alinhamento com o movimento
internacional na direção do incentivo à GD e do já mencionado pequeno impacto
prático das medidas internas até então existentes.
Mais, a NT 0025/2011 faz expressa menção aos dados colhidos por meio da
Consulta Pública 015/2010 e suas conclusões. Vale mencionar, que, dentre elas, a
nota dá especial destaque para a percepção de que a falta de regulamentos
específicos para a geração distribuída constitui a principal barreira regulatória à sua
disseminação.
Assim, por meio da audiência pública sob análise, a ANEEL oferece duas
propostas de resolução normativa em forma de minutas específicas, uma para
alteração da Seção 3.7 do PRODIST e uma outra de caráter geral que, ora altera
dispositivos de resoluções normativas já existentes, ora lhes acrescenta outros.
Destaque-se que a maior parte dos dispositivos constantes da versão original
da REN 482/2012 advêm de preceitos esparsos de ambas as minutas oferecidas e
não de uma proposta única previamente estruturada. Outras vezes decorrem
diretamente de contribuições oferecidas no bojo do processo de audiência pública,
sem proposta prévia.
As propostas e contribuições que dizem respeito aos descontos na TUSD e
TUSD originaram a RN 481/2012, de modo que a REN 482/2012 tratou somente da
geração distribuída de pequeno porte, que, como já visto, a norma denominou
microgeração e minigeração distribuídas, conforme o caso.

5.1.2.1 Participantes

Acudiram à Audiência Pública 042/2011 cinquenta participantes, subdivididos


entre as diferentes categorias da seguinte forma:
55

Gráfico 4 – Adesão das categorias AP 042/2011

18

16
16
14

12 13

10 11

4 5

2 3
2
0

Concessionária GD Consumidores Outros Acadêmico Função Pública

Fonte: Elaboração própria

Gráfico 5 – Adesão proporcional das categorias AP 042/2011

4%
6%

32%

22%

10%

26%

Concessionária GD Consumidores Outros Acadêmico Função Pública

Fonte: Elaboração própria

No que toca ao número de participantes, cumpre salientar que a participação


das categorias principais no certame sub examine foram as mais significativas,
lembrando que a categoria “outros” tem natureza genérica e reúne contribuições de
setores diversos, os quais não interessa categorizar. Vide APÊNDICE A, Quadros A.5
56

a A.8, para lista completa dos participantes por categoria. Mais uma vez, dentre as
três mais relevantes, a que em menor número acorreu ao certame foi a dos
“consumidores”.

5.1.2.2 Contribuições

O gráfico abaixo representa comparativo entre número de participações e


ímpeto contributivo de cada uma das categorias principais:

Gráfico 6 – Participações e ímpeto contributivo grupos principais AP 042/2011

0 50 100 150 200 250

Consumidores GD Concessionária

Fonte: Elaboração própria

A porção inferior do gráfico representa o número de participações por categoria,


enquanto a superior, a relação entre as contribuições oferecidas e o número de
participantes. Chama a atenção o baixíssimo ímpeto contributivo do grupo
“consumidores”, também a categoria com menos participantes.
Quanto à recepção das sugestões oferecidas, vejamos como se deu a
participação dos contribuintes que atenderam ao certame:
57

Tabela 1 – Recepcionamento das contribuições AP 042/2011

Referência Não aceito Parcialmente Aceito Aceito Não se aplica TOTAIS


Concessionárias 140 19 34 33 226
% Geral 61,9% 8,4% 15,0% 14,6% 100%
% Válidas 72,5% 9,8% 17,6% 0,0% 100%
GD 70 20 14 5 109
% Geral 64,2% 18,3% 12,8% 4,6% 100%
% Válidas 67,3% 19,2% 13,5% 0,0% 100%
Consumidores 6 1 0 2 9
% Geral 66,7% 11,1% 0,0% 22,2% 100%
% Válidas 85,7% 14,3% 0,0% 0,0% 100%
F. Pública 2 0 1 7 10
% Geral 20,0% 0,0% 10,0% 70,0% 100%
% Válidas 66,7% 0,0% 33,3% 0,0% 100%
Acadêmicos 2 4 5 0 11
% Geral 18,2% 36,4% 45,5% 0,0% 100%
% Válidas 18,2% 36,4% 45,5% 0,0% 100%
Outros 28 3 4 2 37
% Geral 75,7% 8,1% 10,8% 5,4% 100%
% Válidas 80,0% 8,6% 11,4% 0,0% 100%
TOTAIS 248 47 58 49 402
% 61,7% 11,7% 14,4% 12,2% 100%
% Válidas 70,3% 13,3% 16,4% 0,0% 100%

Fonte: Elaboração própria

O gráfico abaixo representa o número de contribuições, por grupo principal, que


influenciaram no teor da norma editada pelo regulador (aceitas e parcialmente
aceitas):

Gráfico 7 - Recepcionamento das contribuições AP 042/2011


60

50

40

30

20

10

Concessionárias GD Consumidores

Fonte: Elaboração própria


58

5.1.2.3 Considerações REN Nº 482/2012 original

Como resultado regulatório da Consulta Pública 015/2010 e da Audiência


Pública 042/2011, foram editadas duas resoluções normativas: a REN 481/2012 e a
REN 482/2012. Como já mencionado, a primeira diz respeito à concessão de
descontos na TUSD e TUST para usinas de fonte solar e não diz respeito diretamente
à regulação da microgeração e minigeração distribuídas, objeto específico da segunda
e desta pesquisa.
A versão originalmente editada da REN 482/2012 trouxe trinta e quatro
dispositivos regulamentários entre artigos, parágrafos e incisos. Destacamos, abaixo,
os pontos mais relevantes dessa norma, acompanhados, quando pertinente, de
comentários acerca do processo que resultou no conteúdo que acabaram por
carregar. Serão priorizados os aspectos jurídicos sobre os técnicos.

A) Conceitos de microgeração e minigeração distribuídas:


A norma estabeleceu os seguintes parâmetros:

 Potência instalada: microgeração até 100 kW; minigeração maior que


100 kW e limitada a 1 MW;
 Fontes:
 Solar;
 Eólica;
 Biomassa;
 Cogeração qualificada.
 Conexão: rede de distribuição, sem limite de tensão específico,
unicamente por meio de unidade consumidora.

O texto originalmente proposto pela ANEEL no bojo da audiência pública era


bastante diverso, não quanto aos limites de potência, os mesmos constantes do texto
da norma, mas no que se refere às fontes e à conexão. Senão vejamos:
A proposta contida na minuta da seção 3.7 do PRODIST não enumerava as
fontes admitidas para nenhuma das duas modalidades. Tratava de “fonte incentivada
59

de energia, nos termos de regulamentação específica”, ou seja, remetia a outra


norma, a ser futuramente editada, a definição de fontes incentivadas sem especificá-
las nem mesmo quanto à sua natureza.
As regras de conexão eram diversas para cada espécie de GD: enquanto a
microgeração distribuída implicaria conexão em baixa tensão à rede de distribuição e
sempre por meio de unidade consumidora; a minigeração poderia ser conectada em
qualquer tensão, diretamente na rede de distribuição ou por meio de unidade
consumidora.
Nota-se, assim, que houve relevante mudança nos conteúdos dos conceitos
inicialmente propostos. É curioso que tal transmutação não tenha decorrido das
contribuições feitas às propostas apresentadas pelo regulador no bojo da audiência
pública em exame, rejeitadas na sua totalidade, no que toca a essa questão, mas sim,
por iniciativa da própria ANEEL.
Tema de maior relevância, estrutural sobre a matéria, surpreendentemente
apresentou taxa de abstenção de 60%. Apenas 20, dos cinquenta participantes se
manifestaram, na maioria das vezes no que toca a aperfeiçoamentos no texto e,
ocasionalmente, quanto aos limites de potência instalada que caracterizam cada
modalidade. Um contribuinte da categoria “concessionárias” – a COPEL – sugeriu a
redução, de 100 para 75 KW, do limite superior para a microgeração distribuída,
enquanto três participantes do grupo “GD” sugeriram aumento do limite de 1 MW da
minigeração: dois deles para 5 MW e um para 2 MW.

B) Net Metering
Dentre os modos específicos de incentivo, o regulador escolheu o net metering,
batizando-o de “sistema de compensação de energia elétrica”. Não o combinou com
nenhum outro, apesar da indicação contida na CP 015/2010 de certa preferência dos
contribuintes pela aplicação simultânea de mais de um mecanismo.
Na versão brasileira, o normativo estabeleceu, inicialmente, que a energia
gerada por dada unidade consumidora poderia compensar consumo de energia
elétrica ativa da própria unidade consumidora ou de outras previamente cadastradas
desde que: (i) pertencentes ao mesmo titular da unidade geradora; ou (ii) em unidades
geradoras “reunidas por comunhão de interesses de fato ou de direito”.
Embora o termo “autoconsumo remoto” só tenha surgido na norma por meio de
posteriores alterações – como veremos mais adiante –, o fato é que a versão original
60

da REN 482/2012 permitia o consumo da energia gerada em unidade consumidora


diversa daquela onde ocorresse a produção.
A versão originalmente proposta no bojo do processo de audiência não
continha a menção à comunhão de interesses. Permitia apenas a compensação em
outras unidades com o mesmo titular. A alteração, tal qual se deu, uma vez mais, não
decorreu de contribuição ou contribuições específicas, mas de aperfeiçoamento de
lavra da própria ANEEL. Vale mencionar que duas contribuições – ambas oriundas do
grupo “GD” – solicitaram a possibilidade de compensação entre unidades cujos
titulares pertencessem ao mesmo grupo econômico. A versão finalmente contida na
norma foi mais abrangente e casuística, implicando na necessidade de se definir, caso
a caso, que situações configuravam “comunhão de interesses de fato ou de direito”,
expressões de cunho assaz genérico.
Nas circunstâncias de se verificarem créditos não compensados num dado
período de faturamento, a norma estabeleceu que eles permaneceriam aptos a
compensação em ciclos tarifários posteriores por um prazo de 36 meses, após o qual
expiravam. Esse prazo era de 12 meses na variante proposta pela ANEEL no bojo da
audiência pública. Também aqui, foram escassas as contribuições apresentadas:
apenas 15 contribuições dentre 50 possíveis, o que representa uma taxa de abstenção
de 70%. Dentre os que contribuíram, apenas a APINE, da categoria “GD”, sugeriu o
prazo de 36 meses finalmente acatado pelo regulador. Quatro participantes
defenderam créditos não-expiráveis, três deles da categoria “GD” e um de “outros”; e
dois defenderam prazos superiores ao acatado na resolução – 48 e 60 meses, ambos
da classe “GD”.

C) Custos
A versão original da REN 482/2012 não pormenoriza a questão dos custos para
a realização de melhorias, ampliações ou reforços e remete-a ao Módulo 3 do
PRODIST. Trata, contudo, dos custos de adequação do sistema de medição. Define-
o como a diferença entre o custo dos componentes de medição necessários para o
net metering e o do sistema convencional. Segundo a norma, esses custos serão do
acessante. A versão constante da norma é no mesmo sentido da originalmente
proposta no processo de audiência pública, mas foi mais bem elaborada a partir da
contribuição de nº 202 do Grupo Neoenergia, da classe “concessionárias”.
61

D) Outros Dispositivos
Finalmente, vale mencionar que, dos trinta e quatro dispositivos constantes da
REN 482/2012 editada como resultado da CP 015/2010 e AP 042/2011, seis
resultaram da contribuição direta dos participantes, sem que tenha havido sugestão
prévia da ANEEL: incisos V e VII do art. 7º; §3º do art. 8º; art. 9º, art. 11 e art. 12.
Apenas um deles – o art. 9º - não contou com a participação direta de contribuintes
da classe “concessionárias”.

5.2 REN Nº 517/2012 E AUDIÊNCIA PÚBLICA 100/2012

Diferentemente do que ocorreu com a origem da REN 482/2012, não houve


realização de consulta pública anterior à edição da Resolução Normativa Aneel nº
517/2012. O regulador, neste caso, contentou-se com a realização de audiência
pública, apenas.
Em 16 de novembro de 2012, por meio da Nota Técnica nº 163/2012, convoca
os interessados para a Audiência Pública nº 100/2012 com o objetivo de receber
contribuições visando à retificação da REN 482, de 17 de abril do mesmo ano.
As justificativas apresentadas pelo regulador para tanto, apenas sete meses
após a entrada em vigor dessa norma, podem ser agrupadas em dois conjuntos: (i)
questão relativa à natureza jurídica da compensação dos créditos de energia, para a
avaliação de incidência do ICMS; (ii) dúvidas apresentadas em questionamentos
sobre a aplicação de alguns dispositivos da nova resolução.
A nota técnica epigrafada esclarece que, em reunião de comitê técnico do
Comitê Nacional de Política Fazendária – CONFAZ, realizada em outubro de 2012 –,
apenas seis meses contados da edição da REN 482/2012 –, representantes de
secretarias da fazenda de diversas unidades federativas manifestaram entendimento
de que a compensação de energia elétrica prevista nessa norma configurava compra
e venda de energia e, portanto, estaria sujeita à incidência de ICMS, uma vez que a
norma silenciava quanto à natureza jurídica da operação.
No que toca aos questionamentos encaminhados à ANEEL, eles concerniam
aos seguintes temas: (a) contratação do uso da rede; (b) relação entre os valores da
tarifa da energia gerada; (c) ordem do uso dos créditos.
62

5.2.1 Participantes

Acorreram à Audiência Pública 100/2012 quarenta participantes, subdivididos


entre as diferentes categorias da seguinte forma:

Gráfico 8 – Adesão das categorias AP 100/2012

18 17
16
14 13
12
10
8 7
6
4
2
2 1
0

Concessionária GD Consumidores Outros Acadêmico

Fonte: Elaboração própria

Gráfico 9 – Adesão proporcional das categorias AP 042/2011

5%

18%
32%

3%

42%

Concessionária GD Consumidores xxx Outros Acadêmico

Fonte: Elaboração própria

No que tange ao número de participantes, cumpre salientar que a participação


das categorias “concessionárias” e “GD” foram bastante predominantes,
63

respondendo, juntas, por 75% do número de contribuintes total. Contrariamente, a


participação da categoria consumidores foi ínfima, apenas o Sr. Paulo R. Wolff,
membro suplente do conselho de consumidores da AES-Sul indicado pela Federação
das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul – FIERG. Ofereceu uma única
contribuição, a propósito, aceita pelo regulador. Não houve participantes do grupo
“função pública”.
Vide APÊNDICE A, Quadros, A.9 a A.12, para lista completa dos participantes
por categoria.

5.2.2 Contribuições
O gráfico abaixo representa comparativo entre número de participações e
ímpeto contributivo de cada uma das categorias principais:

Gráfico 10 – Participações e ímpeto contributivo grupos principais AP 042/2011

0 10 20 30 40 50 60 70 80

Consumidores GD Concessionária

Fonte: Elaboração própria

A porção inferior do gráfico representa o número de participações por categoria,


enquanto a superior, a relação entre as contribuições oferecidas e o número de
participantes. Chama a atenção o baixíssimo ímpeto contributivo do grupo
“consumidores”, também a categoria principal com menor número de participantes.
Quanto à recepção das sugestões oferecidas, vejamos como se deu a
participação dos contribuintes que atenderam ao certame:
64

Tabela 2 – Recepcionamento das contribuições AP 100/2012

Referência Não aceito Parcialmente Aceito Aceito Não se aplica TOTAIS


Concessionárias 49 13 7 3 72
% Geral 68,1% 18,1% 9,7% 4,2% 100%
% Válidas 71,0% 18,8% 10,1% 0,0% 100%
GD 34 5 23 2 64
% Geral 53,1% 7,8% 35,9% 3,1% 100%
% Válidas 54,8% 8,1% 37,1% 0,0% 100%
Consumidores 0 0 1 0 1
% Geral 0,0% 0,0% 100,0% 0,0% 100%
% Válidas 0,0% 0,0% 100,0% 0,0% 100%
F. Pública 0 0 0 0 0
% Geral 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0%
% Válidas 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0%
Acadêmicos 8 0 0 0 8
% Geral 100,0% 0,0% 0,0% 0,0% 100%
% Válidas 100,0% 0,0% 0,0% 0,0% 100%
Outros 12 5 0 1 18
% Geral 66,7% 27,8% 0,0% 5,6% 100%
% Válidas 70,6% 29,4% 0,0% 0,0% 100%
TOTAIS 103 23 31 6 163
% 63,2% 14,1% 19,0% 3,7% 100%
% Válidas 65,6% 14,6% 19,7% 0,0% 100%

Fonte: Elaboração própria

O gráfico abaixo representa o número de contribuições, por grupo principal, que


influenciaram no teor da norma editada pelo regulador:

Gráfico 11 - Recepcionamento das contribuições AP 100/2012

30

25

20

15

10

Concessionárias GD Consumidores

Fonte: Elaboração própria


65

5.2.3 Considerações adicionais AP 100/2012

Como resultado regulatório da Audiência Pública 100/2011, foi editada a REN


517/2012 em 17 de abril de 2012, que retifica a REN 482/2012, alterando a redação
de treze dos dispositivos originais (artigos, parágrafos e incisos) e acrescentando-lhe
mais oito (parágrafos e incisos).
Destacamos, abaixo, as mais relevantes inovações promovidas por essa
norma, acompanhadas, quando pertinente, de comentários acerca do processo que
resultou no conteúdo que acabaram por carregar. Serão priorizados, mais uma vez,
os aspectos jurídicos sobre os técnicos.

A) Natureza jurídica da compensação de créditos


A principal motivação da audiência pública sob exame foi, justamente,
esclarecer a natureza jurídica do sistema de compensação dos créditos de energia
elétrica (ANEEL, 2012b).
No intuito de evitar tributação, sobretudo de ICMS, sobre a energia gerada
pelos consumidores e injetada na rede para consumo posterior do crédito gerado, a
norma editada atua de duas formas:
Primeiramente, muda o conceito de “sistema de compensação de energia
elétrica” constante do art. 1º, III da REN 482/2012, fazendo menção ao fato de que a
energia injetada na rede por unidade consumidora com microgeração ou minigeração
distribuídas “é cedida, por meio de empréstimo gratuito, à distribuidora local” para
posterior compensação. Reforça o mesmo entendimento por meio da inserção de um
parágrafo primeiro no art. 6º da mesma resolução normativa.
Adicionalmente, estabelece que tal compensação somente pode ser feita pela
própria unidade consumidora que gerou a energia ou por outra, de mesma titularidade,
especificando, inclusive, a necessidade de correspondência do CNPJ ou CPF do
titular da unidade geradora e de outra que, eventualmente, utilize o crédito gerado por
aquela. Exclui da norma, portanto, a possibilidade de compensação por unidades
“reunidas por comunhão de interesses de fato ou de direito”, seguramente, para evitar
questões atinentes a fato gerador decorrente de transferências de propriedade do
bem.
66

Trata-se, portanto, de evidente tentativa de afastar o sistema de compensação


do espectro de incidência tributária, em especial do ICMS, já que toda a discussão
surgiu, como visto, da manifestação de autoridades fazendárias estaduais.
Façamos um parêntese, para tratar dos efeitos práticos da medida. Mesmo com
a edição da REN 517/2012, o CONFAZ, em reunião ordinária realizada em 5 de abril
de 2013, aprova o Convênio ICMS 6, do mesmo ano, que disciplina a emissão de
documentos fiscais relativos a “faturamento sob Sistema de Compensação de Energia
Elétrica de que trata a Resolução Normativa 482/2012” da ANEEL. Segundo os seus
termos, o ICMS teria como base de cálculo toda a energia que chegasse à unidade
consumidora proveniente da rede da distribuidora, sem considerar qualquer
compensação (CONFAZ, 2013).
Posteriormente, já em 2015, o CONFAZ revogou o Convênio ICMS 6/2013 e,
por meio do Convênio ICMS 16 de abril daquele ano, autorizou as unidades federadas
a conceder isenção nas operações internas relativas à circulação de energia elétrica
sujeitas a faturamento sob o sistema de compensação de energia (CONFAZ, 2015),
uma vez que a Constituição Federal e a Lei Complementar nº 24/1975 estabelecem
que isenções de ICMS somente podem ser concedidas nos termos de convênios
celebrados entre os estados, incluindo o Distrito Federal. Bluesol Energia Solar (2019)
dá notícia de que, atualmente, todos os estados e o Distrito Federal possuem isenção
de ICMS nos termos do Convênio ICMS 16/2015, sendo ela temporária nos estados
de Santa Catarina e Paraná (quarenta e oito meses). Destaque-se, contudo, que a
adesão dos estados foi paulatina e ocorreu entre os anos de 2015 e 2018 (CONFAZ,
2015). Dessa forma, segundo o entendimento prevalecente entre as autoridades
tributárias estaduais, não se trata de hipótese de não incidência do imposto, mas de
voluntária isenção, o que, a rigor, independe do teor da redação da definição do
sistema de compensação de energia. Tanto que não abrange os parâmetros alterados
em data posterior à publicação do convênio em questão. Algo semelhante ocorre com
o PIS e o COFINS, tributos federais isentados por meio da Lei 13.169/2015.

B) Limitação da potência
Por meio da inserção de dois parágrafos no art. 4º da REN 482/2012, o poder
regulador inova ao limitar a potência instalada da microgeração e minigeração
distribuídas à carga instalada na respectiva unidade consumidora-geradora, no caso
67

do grupo B, ou à demanda contratada, para os clientes do grupo A. A proposta já


constava da minuta de resolução debatida no bojo do processo de audiência pública.
A autoridade regulatória justifica a decisão alegando que a restrição é
necessária para garantir um melhor aproveitamento das redes de distribuição, de
modo que ela seja dimensionada e aproveitada de maneira otimizada, evitando-se o
surgimento de unidades consumidoras pequenas com grandes gerações afastadas
dos centros de consumo, o que poderia representar um custo elevado aos demais
consumidores conectados à rede (ANEEL, 2012c).
A propósito, vale mencionar as contribuições de nº 17, 26 e 27, que propunham
que a limitação em questão levasse em conta não só a carga/demanda da unidade
consumidora onde se encontra a geração, mas do conjunto de unidades de mesma
titularidade, de forma a não prejudicar o que hoje se denomina autoconsumo remoto.
Foi recusada pela ANEEL sob o mesmo argumento de que a eventual “instalação de
geradores muito grandes com relação à carga diretamente associada a eles sem a
devida remuneração da rede poderia representar um custo elevado aos demais
consumidores” (grifo nosso). Parece claro que a motivação do normatizador era
justamente a de evitar que a participação do consumo remoto pudesse causar
perturbações à rede local onde se encontrava a geração.
A norma, entretanto, deixa aberta a possibilidade de o consumidor solicitar o
aumento da carga instalada ou demanda, conforme a situação, caso deseje instalar
microgeração ou minigeração distribuídas com limite superior àquele estabelecido nos
termos ora analisados (ANEEL, 2012d)

C) Custos
Nesse ponto, a norma inova claramente em favor dos prossumidores. Aprimora
a redação do art. 4º da REN 482/2012 com o objetivo regulatório declarado de
esclarecer que a unidade consumidora-geradora “continua sendo tratada como
unidade de consumo (e não como central geradora)” (ANEEL, 2012c).
Mediante a inserção de um parágrafo único ao art. 5º da REN 482/2012, passa
a determinar expressamente que caberão às distribuidoras “custos de eventuais
ampliações ou reforços no sistema de distribuição em função exclusivamente da
conexão de microgeração ou minigeração distribuída” (ANEEL 2012d). O regulador
fundamenta tal medida como necessária para “impedir que sejam criadas barreiras
econômicas injustificadas à inserção desses novos geradores” (ANEEL, 2012c).
68

Permanece em vigor, entretanto a obrigatoriedade do acessante em arcar com


os custos de adequação do sistema de medição. Nesse ponto, muda a regra com o
propósito expresso de determinar que é atribuição das distribuidoras “especificar,
adquirir e instalar o sistema de medição bidirecional para micro e minigeração
distribuída” (ANEEL, 2012c), embora, a nosso ver, a redação dos parágrafos inseridos
ao art. 5º não tornam claro o que o regulador pretendeu.

5.3 REN Nº 687/2015

A Resolução Normativa nº 687/2015 foi precedida de uma consulta pública,


para coleta de informações dos agentes do mercado e consumidores – a de nº
005/2014 – e, posteriormente, de uma audiência pública – de nº 026/2015 – onde foi
debatida uma minuta de resolução normativa proposta pela ANEEL, com base nas
informações colhidas no processo de consulta. Desses dois procedimentos surgiu o
normativo em epígrafe que consiste na principal alteração sofrida pela norma original,
com grandes impactos práticos no mercado, sobretudo no crescimento da adoção da
microgeração e minigeração distribuídas pelos prossumidores.

5.3.1 Consulta Pública nº 005/2014

Em 09 de maio de 2014, por meio da Nota Técnica nº 025/2014 (ANEEL, 2014),


oriunda da Superintendência de Regulação dos Serviços de Geração – SRG em
conjunto com a Superintendência de Regulação dos Serviços de Distribuição – SRD,
ambas da ANEEL, foi proposta a abertura da Consulta Pública nº 005/2014 para o
“recebimento de contribuições visando identificar a necessidade de criação de
incentivos para a instalação de centrais geradoras com potência instalada superior a
1 MW pertencentes a consumidores, bem como debater a ampliação dos limites de
aplicação do conceito de "net metering"...” e obter outras informações a respeito do
tema.
Da leitura da nota técnica em questão, fica claro que a iniciativa do regulador
brasileiro foi motivada por provocação da Associação da Indústria de Cogeração de
Energia – COGEN, da categoria “GD”, que, em 15 de março de 2013,
69

aproximadamente um ano antes, encaminhou à ANEEL relatório técnico denominado


“SP COGEN Master Plan 2020”, fato que deu início a uma série de tratativas entre a
referida associação e a agência reguladora.
O pleito central da COGEN foi a ampliação do conceito de net metering
estabelecido na REN 482/2012 para centrais de cogeração a gás natural até o limite
de 30 MW injetados na rede elétrica e, dessa maneira, promover a viabilidade
econômica da instalação de centrais de cogeração e climatização a gás natural, que,
segundo a pleiteante, nos termos da regulamentação de então, estaria restrita a
situações limitadas, confinadas no horário de ponta. Propôs, ademais, uma série de
ajustes regulatórios diversos, apresentando os seus argumentos para a autoridade
regulatória.
A ANEEL ponderou, na ocasião, que os processos que deram origem à REN
482 miraram incentivos circunscritos somente à geração distribuída de pequeno porte
e que uma eventual mudança dos limites de potência então vigentes poderia dar azo
a efeitos colaterais prejudiciais ao mercado, de modo que estudos mais aprofundados
eram imperiosos. Nesse contexto foi aberta a consulta pública sob exame.
A exemplo do que ocorreu na CP 15/2010, com o propósito de colher
contribuições dos participantes do certame, a ANEEL (2014) apresenta questionário
específico elaborado para auxiliar os estudos da agência reguladora. Foram quatorze
questões divididas em três tópicos, além de um item de “Comentários de caráter
geral”.

5.3.1.1 Participantes

Acudiram à Consulta Pública 005/2014 vinte e nove participantes, subdivididos


entre as diferentes categorias da seguinte forma:
70

Gráfico 12 – Adesão das categorias CP 005/2014

12
10 10
10

6
4
4
2 2
2 1

Concessionária GD Consumidores Outros Função Pública Acadêmico

Fonte: Elaboração própria

Gráfico 13 – Adesão proporcional das categorias CP 005/2014

7%
7%
34%
14%

3%

35%

Concessionária GD Consumidores Outros Função Pública Acadêmico

Fonte: Elaboração própria

Vide APÊNDICE A, Quadros A.13 a A.16, para lista completa dos participantes
por categoria. Vale destacar, uma vez mais, a baixa adesão da categoria
“consumidores” em relação às outras duas principais, com apenas um participante.
71

5.3.1.2 Ímpeto contributivo

O gráfico abaixo busca ilustrar como se deu a participação daqueles que


acorreram ao certame com foco na produção de contribuições em proporção ao
número de participantes em cada grupo.

Gráfico 14 – Participações e ímpeto contributivo grupos principais CP 005/2014

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90

Consumidores GD Concessionária

Fonte: Elaboração própria

No APÊNDICE B, Tabelas B.5 a B.8, é possível verificar o denominado ímpeto


contributivo de cada um dos participantes de cada grupo. Ressalte-se que a
metodologia empregada considera as respostas inconclusivas como participação
efetiva.
Chama a atenção que somente um contribuinte da categoria “consumidores”
tenha participado do processo – a Associação de Grandes Consumidores de Energia,
ou ABRACE –, oferecendo uma única contribuição e, ainda assim, somente no quesito
“Comentários de caráter geral” (vide APÊNDICE C, Tabela C.2), mesmo havendo, no
bojo da consulta pública, pergunta específica sobre o interesse dos consumidores na
instalação de geração distribuída com potência superior a 1 MW. Ademais, trata-se
do processo que, até então, reunira menor número de participantes, apenas 29.
Ressalte-se, ainda, que, dos vinte e nove participantes, dez deles (34,5% do
total), a exemplo da ABRACE, somente contribuíram no item “Comentários de caráter
geral”, não tendo, portanto, respondido a nenhum questionamento. Foi o caso de 20%
72

dos contribuintes das categorias “concessionárias” e “GD”; 100% dos das categorias
“consumidores” e “função pública” e 50% dos das classes “acadêmicos” e “outros”.
Dentre os contribuintes do grupo “concessionárias”, a exemplo do que ocorreu
na CP 015/2010, a Copel e o Grupo AES foram os mais aderentes, com 100% e 86,7%
de adesão, respectivamente (vide APÊNDICE B, Tabela B.5). Merece destaque em
abstenções a ABRADEE, associação das distribuidoras, que não respondeu a quesito
algum e somente apresentou contribuição no item de comentários de caráter geral
(vide APÊNDICE B, Tabela B.5).
De todas as questões apresentadas na consulta pública ora examinada, as de
número 3.1, ii e 3.2, ii – que indagam, respectivamente, sobre os benefícios que a GD
traz à rede de distribuição e sobre a necessidade de alterações no PRODIST para a
viabilização da geração distribuída – foram as que mais interessaram a esse grupo,
obtendo aproximados 80% de participação (vide APÊNDICE C, Tabela C.2).
Entre os categorizados como “GD”, os contribuintes que mais apresentaram
retorno às questões foram a Associação Paulista de Cogeração de Energia – COGEN-
SP e a GE Distributed Power, com 93,3% e 86,7% de adesão, respectivamente (vide
APÊNDICE B, Tabela B.6).
A questão que reuniu maior grau de adesão dos contribuintes da classe “GD”;
a 3.3, i; inquire sobre a conveniência do incentivo à GD por outros mecanismos além
do net metering. Obteve 80% de participação (vide APÊNDICE C, Tabela C.2).
Como já mencionado, não houve atuação relevante da categoria
“consumidores”. O único participante dessa classe ofereceu apenas uma contribuição,
no quesito de comentários gerais (vide APÊNDICE C, Tabela C.2). Interessante notar,
a propósito, que foi justamente este o quesito que reuniu maior grau de adesão geral,
com 62,1% (vide APÊNDICE C, Tabela C.2), o oposto do que se verificou na consulta
pública de 2010, onde o item de comentários diversos figurou dentre os que menos
receberam contribuições. Poder-se-ia supor que isso se deveu a uma presumível
menor abrangência dos quesitos apresentados da CP 005/2015 ou a um maior nível
de informação dos participantes sobre o tema, sobretudo diante da experiência prática
a partir da entrada em vigor da REN 482/2012, dois anos antes.
73

5.3.2 Audiência Pública nº 026/2015

Em 13 de abril de 2015, por meio da Nota Técnica nº 0017/2015 oriunda da


Superintendência de Regulação dos Serviços de Distribuição – SRD da ANEEL, foi
proposta a abertura da Audiência Pública nº 042/2011 para o “recebimento de
contribuições visando aprimorar a Resolução Normativa 482/2012 e a seção 3.7 do
Módulo 3 do PRODIST”.
Continuação do processo iniciado pela Consulta Pública 005/2014, a leitura da
nota técnica em questão faz saber que, no que toca a REN 482/2012, objeto deste
estudo, a iniciativa do regulador brasileiro resultou, especialmente, do entendimento
de que eram necessários aprimoramentos em “diversos pontos da regulamentação”
aplicável, com o objetivo, sobretudo, de “reduzir barreiras ainda existentes à conexão
de micro e minigeradores”. Ele reconheceu que, apesar do quanto já implementado
pela mencionada norma, o número de consumidores com microgeração e minigeração
distribuídas encontrava-se, ainda, “muito abaixo do potencial de expansão do país”.
A ANEEL demonstrava especial inquietude com dois aspectos específicos
relativos à matéria, desde a entrada em vigor da REN 482, em 2012:
O primeiro deles dizia respeito à questão fiscal/tributária. A agência reconhecia
como infrutíferos os esforços regulatórios que passaram a caracterizar o sistema de
compensação de energia elétrica como mútuo gratuito de energia, para evitar a
incidência de ICMS, PIS e COFINS sobre os créditos consumidos pelos
prossumidores, com prejuízos à atratividade financeira dos investimentos em sistemas
de microgeração e minigeração distribuídas.
Apontava que, não obstante as mudanças levadas a cabo pela REN 517/2012,
o CONFAZ aprovara convênio segundo o qual o ICMS deveria incidir sobre toda a
energia consumida no mês, independentemente da existência de créditos. Para mais,
que não existia legislação ou orientação da autoridade fazendária federais que
esclarecessem como deveria ser realizada a cobrança do PIS/COFINS, de modo que,
na prática, as distribuidoras cobravam dos prossumidores os valores integrais dos dois
tributos.
No que concerne ao ICMS, identificava, na ocasião, iniciativa embrionária do
CONFAZ para aprovar convênio que autorizasse as unidades federadas a conceder
isenção desse imposto para os montantes dos créditos consumidos pelos
prossumidores. Entretanto, discernia que, como a matéria não seria tratada como
74

hipótese de não incidência e sim de isenção do tributo, dependeria de ratificação de


cada estado ou DF, “não havendo garantias de sua plena eficácia em todo o país”.
O segundo aspecto de especial apreensão referia-se às Portarias INMETRO
de nº 004/2011 e 357/2014 que passaram a obrigar, a partir de fevereiro de 2015, que
os módulos fotovoltaicos e inversores fossem etiquetados e registrados naquela
entidade. A ANEEL indicava que havia número limitado de laboratórios acreditados
por esse instituto para realizar os ensaios necessários, o que ocasionava “uma forte
preocupação da Agência sobre a restrição da quantidade de inversores disponíveis
no mercado”. Já mencionamos que MARAFAO e cols. (2018) apontam o fato como
barreira para o desenvolvimento do setor.
Curiosamente, nenhuma dessas duas inquietudes diziam respeito a matérias
de competência regulatória da ANEEL e não seriam tratadas na revisão da REN
482/2012 (ANEEL, 2015b). Não obstante, representavam as principais ameaças à
efetividade da norma emitida pela agência para fomentar a microgeração e a
minigeração distribuídas.
A NT em exame, no entanto, aponta que a ANEEL diligenciou uma série de
iniciativas para tentar influir nessas questões, dentre as quais: (i) participação no
grupo de trabalho do CONFAZ para discutir proposta de isenção de ICMS aos créditos
de energia; (ii) convocação e presença em reuniões com o Ministério de Minas e
Energia e o Ministério do Planejamento para tratar da inconveniência da incidência
dos tributos federais sobre os créditos gerados nos termos da REN 482; (iii) solicitação
ao INMETRO de prorrogação, por doze meses adicionais, do prazo para o início da
exigência do registro em questão (ANEEL, 2015).
A audiência pública em foco ofereceu duas minutas sobre cujos dispositivos os
contribuintes deviam se manifestar, uma de revisão da REN 482/2012 e outra do
Módulo 3 do PRODIST. Como a separação entre os conteúdos de cada qual foi, nesta
ocasião, bastante estanque, a presente análise trata apenas da primeira delas.
Consideradas em conjunto, apresentam resultados bastante semelhantes.

5.3.2.1 Participantes

Destaque-se que, por meio da audiência pública sob análise, o que se


propunha era uma revisão profunda nos termos da REN 482/2012. Até então, a única
75

emenda realizada apenas retificou aspectos pontuais da norma, como visto. A REN
687/2015, resultante do processo, ainda é, até o presente, a maior atualização sofrida
pela REN 482/2012. Talvez por isso, trata-se do procedimento relativo à formulação
da regulação da geração distribuída que reuniu a maior quantidade de participantes –
mais que o dobro dos que acorreram à AP nº 042/2011, que deu origem à versão
original da REN 482/2012.
Acudiram à Audiência Pública 026/2015 cento e onze contribuintes,
subdivididos entre as diferentes categorias da seguinte forma:

Gráfico 15 – Adesão das categorias AP 026/2015

40
36
35
30
30
25
19
20
15 12 11
10
5 3

Concessionária GD Consumidores Outros Acadêmico Função Pública

Fonte: Elaboração própria

Gráfico 16 – Adesão proporcional das categorias AP 026/2015

3%
10% 17%

27%

32%

11%

Concessionária GD Consumidores Outros Acadêmico Função Pública

Fonte: Elaboração própria


76

No que toca ao número de participantes, cumpre salientar que as participações


das categorias principais no certame sob análise voltaram a ser as mais significativas,
já que a categoria “outros” tem natureza genérica e reúne contribuições de setores
diversos, os quais não interessa categorizar. Nota-se, ainda, relevante predominância
do grupo “GD”, com quase um terço dos participantes.

5.3.2.2 Contribuições

O gráfico abaixo representa comparativo entre número de participações e o


ímpeto contributivo de cada uma das categorias principais:

Gráfico 17 – Participações e ímpeto contributivo grupos principais AP 026/2015

0 50 100 150 200

Consumidores GD Concessionária

Fonte: Elaboração própria

A porção inferior do gráfico representa o número de participações por categoria,


enquanto a superior, a relação entre as contribuições oferecidas e o número de
participantes.
Destaque-se que, apesar de ter sido o grupo com maior número de
participantes (quase o dobro da categoria “concessionárias”), “GD” não foi o que
ofereceu mais contribuições. No que toca ao ímpeto contributivo, fica atrás, inclusive
de “consumidores”.
Quanto à recepção das sugestões oferecidas, vejamos como se deu a
participação dos contribuintes que atenderam ao certame:
77

Tabela 3 – Recepcionamento das contribuições AP 026/2015

Referência Não aceito Parcialmente Aceito Aceito Não se aplica TOTAIS


Concessionárias 98 47 40 0 185
% Geral 53,0% 25,4% 21,6% 0,0% 100%
% Válidas 53,0% 25,4% 21,6% 0,0% 100%
GD 90 37 17 4 148
% Geral 60,8% 25,0% 11,5% 2,7% 100%
% Válidas 62,5% 25,7% 11,8% 0,0% 100%
Consumidores 19 13 12 9 53
% Geral 35,8% 24,5% 22,6% 17,0% 100%
% Válidas 43,2% 29,5% 27,3% 0,0% 100%
F. Pública 6 1 1 0 8
% Geral 75,0% 12,5% 12,5% 0,0% 100%
% Válidas 75,0% 12,5% 12,5% 0,0% 100%
Acadêmicos 8 2 1 0 11
% Geral 72,7% 18,2% 9,1% 0,0% 100%
% Válidas 72,7% 18,2% 9,1% 0,0% 100%
Outros 49 32 8 11 100
% Geral 49,0% 32,0% 8,0% 11,0% 100%
% Válidas 55,1% 36,0% 9,0% 0,0% 100%
TOTAIS 270 132 79 24 505
% 53,5% 26,1% 15,6% 4,8% 100%
% Válidas 56,1% 27,4% 16,4% 0,0% 100%

Fonte: Elaboração própria

O gráfico abaixo representa o número de contribuições, por grupo principal, que


influenciaram no teor da norma editada pelo regulador:

Gráfico 18 - Recepcionamento das contribuições AP 026/2015

100
90
80
70
60
50
40
30
20
10
0

Concessionárias GD Consumidores

Fonte: Elaboração própria


78

5.3.2.3 Considerações adicionais REN Nº 687/2015

Após a edição da REN 482, a agência lidava com diversas questões técnicas e
práticas associadas à integração dos equipamentos de geração à rede e ao
faturamento das unidades consumidoras. A discrepância, por exemplo, dos valores
cobrados dos prossumidores pelas distribuidoras para a instalação dos medidores
bidirecionais eram alarmantes – variavam entre R$ 80,00 e R$ 1.800,00. Além disso,
a ANEEL percebia que os prazos médios para ligação das centrais geradoras eram
demasiadamente longos, o que, segundo ela própria, por si só, já justificava uma
intervenção regulatória (ANEEL, 2015).
Como já mencionado, a Audiência Pública 026/2015, cuja realização já era
prevista desde 2014 na Agenda Regulatória ANEEL para o biênio 2015/2016,
propunha uma mudança significativa na normatização então vigente, contida na REN
nº 482/2012. O regulador identificava a necessidade de reduzir, ainda mais, as
barreiras existentes para a conexão da microgeração e minigeração distribuídas, cuja
proliferação lhe parecia abaixo do potencial do país.
Como resultado da Audiência Pública 026/2015 e da consulta pública que a
antecedeu, foi editada a Resolução Normativa 687/2015. Para se ter uma ideia de sua
abrangência, ela alterou a redação de vinte e sete dos quarenta e dois dispositivos da
REN 482/2012 então vigente (aproximados 64%). Ademais, acrescentou-lhe mais
trinta e oito, entre artigos, parágrafos, incisos e alíneas, o que, praticamente, dobrou
o número de seus dispositivos.
Sublinhe-se, para contextualizar o cenário de então, que, quando da
convocação para a audiência pública de que ora se trata, a fonte solar representava
90% das minguadas quinhentas e trinta e três instalações existentes em todo o país.
Desse total, 69% eram residenciais e 18%, comerciais, sendo que 73% dos geradores
instalados tinham potência menor que 5 KW (ANEEL, 2015).
A REN 687/2015 presumivelmente causou imenso impacto no mercado de
energia elétrica. No final de 2015, pouco depois de quando ela foi editada, existiam
1.861 conexões de microgeração e minigeração distribuídas. Em três anos, no final
de 2018, esse número passou para 58.030 (ANEEL, 2019), um aumento de mais de
trinta vezes. Difícil saber como seria o cenário sem ela, mas os números parecem
79

indicar que houve significativo avanço no sentido de diminuir as barreiras então


existentes e, assim, estimular a proliferação dos pequenos geradores.
Além de introduzir novidades, a norma melhora a redação de inúmeros
dispositivos, clarificando alcance de cada qual. Destacamos, abaixo, as mais
relevantes inovações promovidas pela REN 687/2015. Serão priorizados os aspectos
jurídicos sobre os técnicos.

A) Conceitos de microgeração e minigeração distribuídas:


Os conceitos de microgeração e minigeração distribuídas foram, ambos,
modificados. Com o intuito de não limitar a participação no sistema de compensação
de energia elétrica às fontes específicas neles enumeradas (ANEEL 2015) –
hidráulica, solar, eólica e biomassa –, passou-se a admitir, além da cogeração
qualificada, geração a partir de quaisquer “fontes renováveis”. Já se mencionou que,
ao contrário do que faz com a cogeração qualificada, a nova redação do dispositivo
não remete o conceito de "fontes renováveis de energia" a regulamentação específica.
Deixa-o em aberto, possivelmente por tratar-se de noção consolidada nos usos do
setor.
A REN 687 também altera os parâmetros de potência das duas modalidades
de GD: a microgeração, cuja potência instalada podia ser até 100 KW passou a ter
limite menor, de até 75 KW. Consequentemente, a minigeração passou a abarcar
geradores com potência instalada superior a 75 KW. O seu limite superior também foi
alterado: de 1 MW foi expandido para 5 MW, exceto para as fontes hídricas, cujo limite
superior passou a ser de 3 MW; em ambos os casos, ampliações bastante
significativas. Dessa forma, o regulador procurou, de resto, favorecer a inserção na
matriz elétrica de centrais geradoras que não estavam aptas a participar de leilões de
energia, os quais, via de regra, exigiam limites mínimos de potência instalada que
deixavam de fora uma gama de geradores com potência instalada superior ao então
limite vigente na REN 482 (ANEEL, 2015).
À primeira vista, poder-se-ia estranhar a distinção feita pelo poder regulador
entre a fonte hidráulica e as demais fontes renováveis, estabelecendo limite menor
para aquela. Isso se justifica, contudo, por conta do art. 8º da Lei 9.074/1995, com
redação, vigente à época, dada pela Lei 13.097/2015, que impunha os regimes de
concessão, permissão ou autorização para aproveitamentos hidráulicos maiores ou
80

iguais a 3 MW. Uma resolução normativa não poderia dispensar obrigação imposta
por lei.

B) Novas “modalidades” de microgeração e minigeração


A norma ora examinada criou duas possibilidades para a utilização da GD,
ambas ainda em vigor, para as quais estendeu a possibilidade de aderir ao net
metering:
A primeira delas foi denominada “empreendimento com múltiplas unidades
consumidoras”, que tornou possível aos condomínios – residenciais, comerciais e
industriais – instalarem sistemas de micro ou minigeração distribuídas e utilizarem os
créditos gerados para diminuir a fatura das unidades consumidoras que os compõem,
segundo percentuais previamente estabelecidos.
Por meio da segunda, designada “geração compartilhada”, permitiu-se que
consumidores de uma mesma área de concessão ou permissão se reúnam em
cooperativa ou consórcio para produzir e compartilhar energia gerada a partir de
unidade geradora única, obedecendo proporção predefinida. Nesse caso, a potência
instalada da unidade geradora não pode ultrapassar os limites de cada modalidade –
75 KW, 3 MW ou 5 MW –, conforme o caso. Importante sublinhar que a geração
compartilhada não constava da minuta de resolução normativa apresentada na AP nº
26/2015. Sua adoção partiu de contribuições protocoladas no bojo do certame.
Interessante notar que, diante da indiferença das autoridades fazendárias à
iniciativa da ANEEL de descaracterizar o sistema de compensação de energia como
atividade de comercialização, por meio desses dois novos conceitos, a norma
ressuscita a concepção da comunhão de interesses de fato para o consumo de
créditos de energia. Afinal, condomínio e condôminos são unidades consumidoras de
titularidade diferente, assim como cooperativa ou consórcio e seus cooperados ou
consorciados. Em todos os casos, tais unidades consumidoras são reunidas por
interesse comum que autoriza a utilização dos créditos gerados por “terceiro”.
Finalmente, o consumo dos créditos por unidades distintas daquelas onde a
eletricidade é gerada, mas pertencentes a um mesmo titular, pessoa física ou jurídica,
foi batizado “autoconsumo remoto”. Não se trata de novidade trazida pela resolução
normativa revisora, apenas, atribuiu-se ao que já existia uma denominação específica.
A diferença é que, pela nova regra, devem ser predefinidos os percentuais dos
81

créditos de energia a serem alocados para cada unidade às quais estarão vinculados,
não havendo mais que se falar em ordem de prioridade.

C) Limite de potência instalada na rede


Viu-se anteriormente que a REN 517/2012 passou a limitar a potência instalada
da microgeração e minigeração distribuídas à carga instalada na respectiva unidade
consumidora-geradora, no caso do grupo B, ou à demanda contratada, para os
clientes do grupo A, com o objetivo de garantir um melhor aproveitamento das redes
de distribuição, de modo que ela seja dimensionada e aproveitada de maneira
otimizada (ANEEL 2012c).
Segundo o regulador, o assunto recebeu especial atenção dos contribuintes no
bojo da Audiência Pública 26/2015, no sentido de aumentar esses limites de potência
instalada, mas sem o embasamento técnico pertinente (ANEEL, 2015b). Foram, ao
menos, 43 contribuições sobre o assunto (ANEEL, 2015b).
O limite não foi aumentado de maneira específica, mas a norma altera a
redação do §1º do artigo 4º da REN 482 para introduzir o conceito de “potência
disponibilizada” – já utilizado em outra resolução normativa da ANEEL, que trata das
condições gerais de fornecimento – em substituição a “carga instalada” e “demanda
contratada”. Trata-se de redação originada diretamente de sugestão dada pelo
Engenheiro Leno Dutra, do grupo “concessionárias”, no bojo audiência pública.
Consiste em pequeno ajuste na redação, mas que impacta significativamente,
sobretudo as unidades consumidoras do grupo B. Com a nova redação, permite-se a
esses consumidores a instalação de central geradora com potência superior à carga
instalada, que pode, inclusive, ser desprezível (ANEEL, 2015b). Desse modo, o
autoconsumo remoto ganha maiores possibilidades.
No que toca aos empreendimentos com múltiplas unidades consumidoras, o
limite é a potência disponibilizada para todo o empreendimento, condomínio e
unidades individuais.

D) Custos
Com a REN 687/2015 o poder regulador volta a inovar no que toca à questão
dos custos para a rede. Já se mencionou, em ponto anterior desta pesquisa, que a
versão original da REN 482/2012 não pormenoriza a questão dos custos para a
realização de melhorias, ampliações ou reforços e remete à questão ao Módulo 3 do
82

PRODIST. Atribui aos consumidores os custos de adequação da medição, qual seja,


a diferença do valor entre o medidor convencional e o necessário à contabilização da
energia gerada. A REN 517/2012 inova substancialmente sobre o assunto ao
determinar expressamente que caberiam às distribuidoras “custos de eventuais
ampliações ou reforços no sistema de distribuição em função exclusivamente da
conexão de microgeração ou minigeração distribuída” (ANEEL 2012d), argumentando
que era necessário impedir que fossem criadas barreiras econômicas injustificadas à
inserção de novos geradores (ANEEL, 2012c). Mantém os custos de medição sob
responsabilidade dos acessantes.
A REN 687 volta a inovar sobre a matéria, desta vez, em favor das
distribuidoras. Não quanto ao sistema de medição, cujo custo de adequação
permanece atribuído ao interessado, mas no que toca às melhorias e reforços na rede.
Por meio da inclusão de dois parágrafos ao art. 5º da REN 482, faz distinção,
no que concerne a essa matéria, entre microgeradores e minigeradores. Isenta os
primeiros de contribuírem nos custos com melhorias e reforços decorrentes
exclusivamente da conexão da geração, mas não os segundos, que os terão
computados no cálculo de sua participação financeira. No caso da geração
compartilhada, não haverá dispensa, independentemente da potência instalada da
unidade geradora. A norma, outrossim, conceitua as expressões “melhoria” e
“reforço”, com o objetivo de esclarecer os comandos da resolução (ANEEL, 2015b).
Vale mencionar, ademais, que a proposta original do regulador, diante da
discrepância dos valores cobrados dos prossumidores, era de que os custos de
adequação da medição fossem arcados pelas distribuidoras (ANEEL, 2015), o que
não prevaleceu após a realização do certame, por conta das contribuições recebidas
e do reconhecimento de que a elevação do limite da minigeração para 5 MW implicava
maiores investimentos para a adequação em questão.

E) Prazo para compensação dos créditos


A REN 687/2015 amplia, em benefício do consumidor, o prazo para
compensação dos créditos de energia elétrica, de trinta e seis para sessenta meses.

F) Preocupação com burla das regras


Em dois dispositivos da resolução normativa sob exame, pode-se perceber a
preocupação do regulador com a estrita observância dos limites que a norma delineia.
83

Assim, na redação que deu ao §3º do art. 4º da REN 482/2012, veda


expressamente a fragmentação de unidade geradora em outras, de menor porte, para
burlar os limites de potência instalada estabelecidos para a microgeração e
minigeração. Assim, se em dada localidade houver mais de uma central geradora, a
soma das potências instaladas de cada qual deverá observar os limites de 75 KW para
a microgeração e 3 MW ou 5 MW para a minigeração a depender da fonte utilizada.
O objetivo foi evitar que usinas de médio e grande porte, que estariam sujeitas a
outorga da ANEEL como produtor independente ou autoprodutor de energia elétrica,
fossem subdivididas em diversas usinas, com separação de medição com o objetivo
de usufruir dos requisitos simplificados de conexão e do net metering (ANEEL, 2015b).
No art. 6º- A inserido na mesma resolução normativa, proíbe-se a vinculação
do valor de aluguel ou arrendamento de terrenos ou lotes onde haja unidades
geradoras ao valor da energia elétrica cobrado pelas distribuidoras. ANEEL (2015b)
deu conta de que foi proposto modelo em que as centrais geradoras seriam instaladas
em diversos lotes fundiários alugados para consumidores interessados no
autoconsumo remoto com o valor da remuneração devida vinculado ao preço da
eletricidade gerada. O entendimento da agência reguladora, com base em parecer da
procuradoria competente, foi de que isso configuraria, em última instância,
comercialização de eletricidade revestida de roupagem diversa. Daí a preocupação
de vedar a prática expressamente.
Por último, merece menção o fato de que, quando da análise das contribuições
à audiência pública em questão, por meio da Nota Técnica SRD/ANEEL nº 96/2015,
a SRD recomendou que fossem dados tratamentos diferentes aos créditos
compensados na própria unidade prossumidora e aqueles utilizados remotamente,
seja pelo autoconsumo remoto, seja no caso da geração compartilhada. Para essa
superintendência, os benefícios à rede de distribuição associados à GD, como
redução de perdas técnicas e postergação de investimentos no sistema,
pressupunham consumo próximo à geração, o que não ocorreria nos casos ora
trazidos à baila. Dessa forma propôs que, no consumo dos créditos gerados em local
distante, a compensação considerasse apenas o elemento da tarifa de energia
denominado “Tarifa de Energia” ou “TE”, excluindo-se, dessa compensação, a TUSD
que, nesses casos, continuaria devida.
Tal recomendação não prosperou. O diretor relator da matéria, Sr. Tiago de
Barros Correia, no relatório que embasou o seu voto, discordou do entendimento da
84

SRD argumentando que “a condição de micro e minigeração com consumo local ou


remoto não altera fundamentalmente o uso que o consumidor fará da rede de
distribuição”, que continuaria servindo de repositório temporário da energia gerada
pelo consumidor. Lembrou, ainda, que o consumo remoto implica em pagamento
dobrado pela disponibilidade, já que cada unidade consumidora pagará por ela
(ANEEL, 2015c).
Ao final, quando da votação pela Diretoria da ANEEL, prevaleceu o
entendimento do diretor-relator sobre aquele exarado pela SRD, o que ficou
consubstanciado na nova redação atribuída ao inc. VII do art. 7º da REN 482/2012
(ANEEL, 2015d).

5.4 AUDIÊNCIA PÚBLICA Nº 037/2017 E REN Nº 786/2017

A exemplo do que ocorreu com a REN 517/2012, não houve realização de


consulta pública anterior à edição da Resolução Normativa Aneel nº 786/2012. O
regulador, nesse caso, contentou-se com a realização de audiência pública, apenas.
Como já mencionado, a REN 687/2015, ao aumentar os limites de potência
instalada para a minigeração distribuída, distinguiu a geração a partir de fonte
hidráulica daquelas oriundas das demais fontes renováveis, quando estabeleceu
limites diferentes para cada qual: 3 MW para a primeira e 5 MW para as demais.
Tal distinção decorreu do fato de que o art. 8º da Lei 9.074/1995, nos termos
vigentes à época, não dispensava os aproveitamentos hidráulicos com potência a
partir de 3 MW dos regimes de concessão, permissão ou da autorização do poder
concedente (ANEEL, 2015) tornando-os incompatíveis com o regime simplificado da
REN 482/2012. Ocorre que, em novembro de 2016, a Lei 13.360 alterou novamente
o mencionado artigo para ampliar o limite para a dispensa em questão de 3 MW para
5 MW.
Disso decorreu que a ANEEL, por provocação de um de seus diretores – o Sr.
André Pepitone da Nóbrega – deu início a procedimento interno para avaliar a
conveniência de se alterar a REN 482/2012 para igualar o limite de potência da
minigeração de fonte hidráulica àquele aplicável às demais fontes renováveis,
unificando ambos em 5 MW (ANEEL, 2017). Dele resultou a Nota Técnica
SRD/ANEEL 68/2017, que procede à “Análise da possibilidade de elevação, de 3 MW
85

para 5MW, do limite de potência de minigeração distribuída a partir de fonte


hidráulica”.
A NT em questão expõe sua pesquisa e o seu diagnóstico considerando três
cenários distintos: (i) manutenção dos termos então vigentes; (ii) elevação de 3 MW
para 5 MW do limite para a minigeração de fonte hidráulica, sem restrição de adesão
para as unidades geradoras já existentes; e (iii) elevação de igual natureza, mas
vedando a participação, no sistema de compensação, de empreendimentos já
existentes à época.
O parecer então exarado pela Superintendência de Regulação dos Serviços de
Distribuição – SRD foi claramente contrário à revisão, naquela ocasião, dos limites da
minigeração de fonte hidráulica. Afirma e reafirma essa posição em nada menos que
dez dos cinquenta e nove itens que compõem a nota técnica de que ora se trata.
Segue resumo dos principais argumentos apresentados:

(i) A ANEEL não estava obrigada a adotar, para a minigeração distribuída,


os valores que a Lei 9.074/1995 adotara para dispensa de outorga do
poder público para os aproveitamentos hidráulicos (não havia
vinculação);
(ii) Apesar de a alteração pretendida, de 3 para 5 MW, implicar a
uniformização dos limites de potência instalada para todas as fontes
renováveis, tal uniformização não se traduziria, na mesma proporção,
em termos de quantidade de energia gerada, diante do elevado fator de
capacidade dos empreendimentos hidráulicos em comparação aos que
utilizam as demais fontes, em especial a solar.
(iii) O art. 15 da REN 482 já determinava que a revisão de seus dispositivos
deveria ocorrer ao final de 2019, sendo mais conveniente aguardar a
ocasião para tratar de matéria, já que:
 Realizar audiência pública para modificar a norma vigente antes do
prazo nela estabelecido geraria insegurança jurídica, sobretudo
considerando-se que sua última revisão ocorrera havia pouco mais
de um ano;
 Era necessário exame mais amplo e detido da questão, com estudos
mais aprofundados dos impactos causados, não sendo suficientes
as informações de que se dispunha naquele momento;
86

 Existiam, na época, uma série de pleitos apresentados à ANEEL


para mudanças na regulação e, dessa forma, não se justificaria
priorizar um em detrimento dos demais, já que não se verificavam
prejuízos na manutenção das regras vigentes até a data prevista
para a realização da revisão normativa;
 O aumento da potência sob estudo beneficiaria um grupo específico
de agentes em detrimento de outros e não o sistema como um todo.

Considerando a possibilidade em que a Diretoria Colegiada, discordando da


sua avaliação, optasse pela realização de audiência pública para alteração do limite
de potência da minigeração hidráulica, a SRD avaliou, ademais, a conveniência de se
restringir o eventual novo comando apenas para novas centrais ou estendê-lo àquelas
já em operação.
O entendimento da superintendência foi no sentido de não permitir que a
eventual modificação se aplicasse às centrais já existentes. Sempre frisando o seu
posicionamento contrário a qualquer alteração regulamentária, apresentou, não
obstante, os seguintes argumentos para a circunstância de que esse seu parecer não
prevalecesse:

(i) A REN 482/2012 foi elaborada com o objetivo de reduzir as barreiras


para a instalação de geração distribuída de pequeno porte próxima aos
centros de carga, mas a redação da norma não proibiu que centrais já
existentes que, por exemplo, estivessem vendendo energia no mercado
livre, cancelassem seus contratos e aderissem ao sistema de
compensação, o que, de fato ocorreu;
(ii) A propósito, centrais anteriores a essa resolução normativa já
representavam, em junho de 2017, 21% da potência instalada total em
micro e mini GD, mas apenas 0,09% das usinas – somente 10 delas,
dentre as 11.335 existentes, portanto, concentravam 21% de toda a
potência instalada. Tratava-se de centrais geradoras com potências
instaladas muito mais significativas que aquelas que surgiram como
resultado do estímulo dado pela REN 482. A situação era mais aguda
quanto à fonte eólica: apenas duas centrais preexistentes concentravam
98% de toda a potência instalada;
87

(iii) O impacto de uma dada GD na redução do mercado das distribuidoras


dependia da energia que era capaz de gerar por unidade de potência,
sendo que as centrais de fonte hidráulica possuíam capacidade de
geração significativamente superior às demais fontes – mais que o
dobro, por exemplo, que as fotovoltaicas, justamente as que sugiram
com maior vicejo, em número de instalações, em decorrência da REN
482;
(iv) Dessa forma, argumentou que os 10 sistemas preexistentes e que,
portanto, não agregaram nenhum dos benefícios esperados com a REN
482 (grifos nossos), causavam impacto tarifário equivalente a 6.620
unidades consumidoras com geração fotovoltaica, efetivamente
distribuída, proveniente de um mercado novo e com potencial de afetar
positivamente a rede de distribuição, postergar investimentos e fomentar
a criação de empregos em fornecedores e instaladores;
(v) Esse cenário, em caso de elevação do limite para a fonte hidráulica,
seria mais agravado se consideradas as centrais com potência instalada
entre 3 e 5 MW então existentes (78 no total) – 8 delas equivaleriam, em
termos de impactos tarifários, às 11.220 centrais solares em operação
naquela época;
(vi) A elevação de que se tratava, sobretudo sem vedação de ingresso das
usinas já existentes, favoreceria a rápida exaustão do sistema de
compensação de energia elétrica pela fruição de seus benefícios por
poucas geradoras, que nada agregariam adicionalmente em termos de
benefícios ao cenário base, em prejuízo ao uso do sistema por muito
mais consumidores de menor porte;
(vii) Não existiam regras específicas que tratassem da “transmutação”
desses geradores já existentes em unidades consumidoras com GD;
(viii) Enfim, a extensão dos benefícios do net metering para centrais
preexistentes não atenderia às premissas norteadoras da REN 482/2012
e, mais ainda, distorceriam os fundamentos do sistema de
compensação, causando impactos negativos não contrabalançados por
benefícios adicionais ao sistema.
88

Não obstante o parecer contrário da SRD, a Diretoria Colegiada decidiu pela


realização da audiência pública. A minuta de resolução apresentada para discussão,
aumentava o limite da minigeração hidráulica de 3 MW para 5 MW, mas vedava o
enquadramento na norma de centrais geradoras que já houvessem sido “objeto de
registro, concessão, permissão ou autorização” (vide ANEXO A).

5.4.1 Participantes

Acorreram à Audiência Pública 037/2017 cinquenta e três participantes,


subdivididos entre as diferentes categorias da seguinte forma:

Gráfico 19 – Adesão das categorias AP 037/2017


25

20
20

15
15
11
10
6
5
1
0

Concessionária GD Consumidores Outros Função Pública

Fonte: Elaboração própria


89

Gráfico 20 – Adesão proporcional das categorias AP 037/2017

2%

21%
28%

11%
38%

Concessionária GD Consumidores Outros Função Pública

Fonte: Elaboração própria

As três categorias principais, também desta vez, tiveram os maiores índices de


participação, com os consumidores, de novo, em nível substancialmente inferior às
outras duas. Destaque-se que, não houve contribuições da categoria “acadêmico”.

5.4.2 Contribuições

O gráfico abaixo representa comparativo entre número de participantes e


ímpeto contributivo de cada uma das categorias principais:

Gráfico 21 – Participações e ímpeto contributivo grupos principais AP 037/2017

0 10 20 30 40 50

Consumidores GD Concessionária

Fonte: Elaboração própria


90

Chama a atenção o novamente baixo ímpeto contributivo do grupo


“consumidores”.
Como das outras vezes, os pareceres da SRD às contribuições oferecidas
foram de quatro tipos: (i) não recepção; (ii) recepção parcial; (iii) aceitação integral; e
(iv) “não se aplica”. Desta feita, contudo, alguns esclarecimentos adicionais são
necessários para não comprometer o entendimento do quadro geral de contribuições
e sua recepção pelo regulador:

5.4.2.1 Sobre os pareceres da SRD e a reclassificação das contribuições

Como já mencionado, em parecer exarado por meio da NT nº 068/2017-


SRD/ANEEL, a SRD foi categoricamente contrária a qualquer alteração nos limites da
minigeração distribuída a partir da fonte hidráulica. Defendeu, ademais, que, caso a
opção da Diretoria Colegiada da ANEEL fosse contrária a esse entendimento, que, ao
menos, estabelecesse vedação ao enquadramento, como minigeração, de centrais
geradoras já existentes sob outros regimes de outorga.
Não obstante o juízo da SRD, a diretoria colegiada deu início ao processo de
audiência pública – objeto da presente análise – no bojo do qual apresentou minuta
de resolução normativa com apenas dois preceitos revisionais: um deles,
aumentando, contra a recomendação da SRD, o limite da minigeração hidráulica para
5 MW e o outro – neste ponto, seguindo orientação alternativa dessa superintendência
– vedando o enquadramento como minigeração de toda e qualquer central que já
tivessem sido objeto de outorga pública em qualquer de suas modalidades.
Finda a etapa da audiência pública concernente ao recebimento das
contribuições dos participantes, coube à SRD, como em todas as outras ocasiões
examinadas na presente pesquisa, a análise das contribuições recebidas emitindo,
para cada uma delas, parecer sobre a sua recepção.
Foi o que ocorreu no bojo da AP nº 037/2017. Por meio da Nota Técnica nº
098/2017-SRD/ANEEL (ANEEL, 2017b) a SRD procedeu à avaliação das
contribuições; entretanto, desta vez, com uma diferença fundamental: o ponto de
partida para a classificação de cada contribuição como “aceita”, “parcialmente aceita”
91

ou “não aceita” não foi a minuta de resolução normativa apresentada no bojo do


certame, mas o parecer da SRD contido na NT 068/2017.
Assim, por exemplo, a contribuição de nº 2, que defendia a manutenção dos
limites então em vigor foi classificada como “aceito”, mas não prevaleceu na minuta
apresentada nem na REN 786/2017 que resultou do processo de audiência pública.
O novo critério adotado aparenta ter dificultado, inclusive para a SRD, a classificação
das contribuições, a qual, por vezes, não nos pareceu coerente.
Para manter o método empregado neste trabalho e utilizado para todas as
demais audiências públicas, procedeu-se a uma análise individual e cuidadosa de
cada uma das contribuições buscando a reclassificação de cada qual à luz da minuta
apresentada e do teor final da REN 786/2017. É o que aparece na Tabela 4, abaixo.
Há um aspecto que nos parece especialmente relevante esclarecer quanto ao
critério da reclassificação procedida: a minuta proposta na audiência pública incluía
um parágrafo único no art. 2º da REN 482/2012 que vedava o enquadramento como
micro ou minigeração de toda e qualquer central geradora que já houvesse sido objeto
de outorga pública, de maneira que diversas das contribuições apresentadas tinham
como preocupação a aplicabilidade desse dispositivo a usinas que já estavam
usufruindo do net metering ou àquelas que, tendo solicitado acesso, já haviam feito
os pertinentes investimentos para tanto. A versão que prevaleceu ao final trouxe um
outro parágrafo limitando o alcance do parágrafo único, renumerado como 1º, somente
aos empreendimentos que, quando da entrada em vigor da norma, ainda não
houvessem protocolado solicitação de acesso.
Assim, para fins metodológicos, foram consideradas aceitas as parcelas das
sugestões que buscaram limitar o alcance da vedação aos empreendimentos
hidráulicos com potência entre 3 MW e 5 MW, preservando os já conectados ou em
vias de conectarem-se, o que de fato ocorreu na REN 786, ainda que com redação
distinta.
Quanto à recepção das sugestões oferecidas, vejamos como se deu a
participação dos contribuintes que atenderam ao certame, já à luz da reclassificação
procedida. A tabela contendo os dados analisados a partir da classificação original
encontra-se apensada ao presente como APÊNDICE D juntamente com tabelas
comparativas entre as duas versões.
92

Tabela 4 – Recepcionamento das contribuições – versão reclassificada

Referência Não aceito Parcialmente Aceito Aceito Não se aplica TOTAIS


Concessionárias 10 1 0 13 24
% Geral 41,7% 4,2% 0,0% 54,2% 100%
% Válidas 90,9% 9,1% 0,0% 0,0% 100%
GD 21 2 2 19 44
% Geral 47,7% 4,5% 4,5% 43,2% 100%
% Válidas 84,0% 8,0% 8,0% 0,0% 100%
Consumidores 3 2 0 1 6
% Geral 50,0% 33,3% 0,0% 16,7% 100%
% Válidas 60,0% 40,0% 0,0% 0,0% 100%
F. Pública 1 0 0 0 1
% Geral 100,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0%
% Válidas 100,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0%
Outros 9 3 3 1 16
% Geral 56,3% 18,8% 18,8% 6,3% 100%
% Válidas 60,0% 20,0% 20,0% 0,0% 100%
TOTAIS 44 8 5 34 91
% 48,4% 8,8% 5,5% 37,4% 100%
% Válidas 77,2% 14,0% 8,8% 0,0% 100%

Fonte: Elaboração própria

Chama a atenção a baixíssima proporção de contribuições aceitas – ou mesmo


da soma de aceitas e parcialmente aceitas – em comparação com o que ocorreu nas
demais audiências públicas que integram esta pesquisa.
O gráfico abaixo representa o número de contribuições, por grupo principal, que
influenciaram no teor da norma editada pelo regulador:

Gráfico 22 - Recepcionamento das contribuições AP 037/2017

4,5
4
3,5
3
2,5
2
1,5
1
0,5
0

Concessionárias GD Consumidores

Fonte: Elaboração própria


93

5.4.3 Considerações adicionais REN Nº 786/2017

Como resultado da Audiência Pública 037/2017, foi editada a Resolução


Normativa 786/2017, que revisou a REN 482/2012. Destacamos, abaixo, as
alterações promovidas:

A) Elevação do limite da minigeração hidráulica


Por meio de alteração da redação do inc. II do art. 2º da REN 482/2012, a REN
786/2017 elevou, como já mencionado, o limite de potência instalada da minigeração
hidráulica de 3 MW para 5 MW, de modo a uniformizar o tratamento dado a todas as
fontes renováveis e cogeração, que passaram a ter um só limite, de 5 MW.

B) Vedação a centrais já existentes sob outros regimes jurídicos


Seguindo orientação alternativa da SRD, mediante inserção de dois parágrafos
no mesmo art. 2º, a resolução normativa sob análise vedou o enquadramento como
microgeração ou minigeração de centrais geradoras que já houvessem sido objeto de
registro, concessão, permissão ou autorização ou que já houvessem comercializado
energia no âmbito da CCEE.
Contudo, preservou do alcance da norma os empreendimentos que já
houvessem protocolado solicitação de acesso anteriormente à data de sua
publicação, de modo a preservar investimentos já realizados e garantir a segurança
jurídica àqueles que, com justa e legal razão, mobilizaram esforços e/ou recursos para
prática de atividade até então permitida. Deixou de fora empreendimentos hidráulicos
preexistentes com potência entre 3 MW e 5 MW já que, presumivelmente, não fazia
sentido que houvesse solicitações de acesso pendentes de centrais geradoras que
não podiam, até então, ser enquadradas como minigeração distribuída.
É digno de nota que, apesar de ser norma com apenas três dispositivos
normativos, a REN 786/2017 foi, certamente, dentre todas as resoluções normativas
concernentes ao tema objeto do presente estudo, a que ocasionou maior polêmica e
discordância entre as partes envolvidas na sua gênese.
Primeiramente, como visto, por meio da NT 68/2017-SRD/ANEEL a SRD firmou
posição firmemente contrária à revisão, naquela ocasião, da REN 482 para fins de
elevação do limite de potência para a minigeração de fonte hidráulica. Não obstante o
94

posicionamento firmado, a Diretoria Colegiada da ANEEL realizou a Audiência Pública


37/2017 para a elevação desse limite.
Ato contínuo, quando, no bojo da NT 98/2017-SRD/ANEEL, a SRD analisou as
contribuições oferecidas na audiência pública empreendida, ela manteve a sua
posição anterior e recomendou que não fosse “realizada alteração da REN nº
482/2012, tendo em vista que a referida Resolução passará por revisão, ampla e
planejada, até o final de 2019 e que a eventual elevação do limite de potência aplicável
à minigeração distribuída de fonte hídrica não tem caráter de urgência”.
A SRD ressalva que, caso esse entendimento não fosse adotado pela diretoria
colegiada, a norma a ser editada deveria vedar o enquadramento como microgeração
e minigeração a centrais geradoras previamente existentes, ressalvadas duas
hipóteses: (i) aquelas que já tivessem aderido ao sistema de compensação; (ii) as que
já houvessem solicitado “acesso à micro ou minigeração à distribuidora até a data de
abertura da Audiência Pública 37/2017” (grifos nossos).
Destaque-se que, segundo apontou a SRD, 79% das contribuições válidas dos
participantes da mesma audiência pública corroboraram o entendimento de que a
norma então vigente não deveria ser alterada naquele momento (ANEEL, 2017b).
Este trabalho fez um levantamento para aferir, dentre essas manifestações, quantas,
ao mesmo tempo que rechaçaram a alteração do limite de potência, utilizaram como
argumento a previsão contida na REN 482 de revisão da norma em 2019. A maioria
das contribuições válidas em cada um dos grupos foi nesse sentido:

Tabela 5 – Contribuintes pela revisão somente em 2019

Referência Contrários à AP % % Válidas


Concessionárias 6 25,00% 54,55%
GD 14 31,82% 56,00%
Consumidores 4 66,67% 80,00%
Outros 10 62,50% 66,67%
Função Pública 1 100,00% 100,00%
TOTAIS 35 38,5% 61,4%

Fonte: Elaboração própria

Sublinhe-se que também foi esta a posição da Secretaria de Acompanhamento


Econômico do Ministério da Fazenda que, após defender a observância do
cronograma que previa a revisão da norma em 2019 “recomenda à ANEEL a
95

manutenção dos limites atuais [sic] de potência da minigeração distribuída de fonte


hidráulica e aprofunde os estudos acerca dos seus impactos regulatórios antes da
proposição de alterações”.
Ainda assim, a Diretoria Colegiada da ANEEL decidiu por aumentar o limite da
geração hidráulica nos termos já examinados. Contudo, também nessa instância
houve divergência:
Em 26 de setembro de 2017, o relator do processo, Sr. Diretor Reive Barros
dos Santos votou pela alteração da REN nº 482/2012 nos exatos termos que
prevaleceram na REN 786/2017. Em sentido distinto foi o voto de vista do Sr. Diretor
Romeu Donizete Rufino, de 17 de outubro de 2017. Para ele não cabia elevar o limite
de potência para as centrais geradoras de fonte hidráulica. Dessa forma, votou contra
a revisão do conceito de minigeração. A questão foi finalmente definida na reunião
pública ordinária realizada em 17 de outubro de 2017, quando o colegiado decidiu,
sem unanimidade, pela versão defendida pelo Sr. Diretor Relator.
96

CAPÍTULO V – RESULTADOS

6 APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS

Como demonstrado, a partir de 2010, o regulador brasileiro passou a mobilizar


maiores esforços para incentivar a geração distribuída de pequeno porte como veículo
de disseminação de fontes de energia alternativas. Desse esforço, resultou a edição
da REN 482/2012 – que criou as modalidades denominadas “microgeração” e
“minigeração” distribuídas – e suas três revisões sucessivas.
Para tanto, foram realizados seis procedimentos públicos para coleta de
informações, contribuições e opiniões dos mais diversos setores da sociedade –
quatro audiências e duas consultas públicas.

6.1 OBJETIVOS, MOTIVAÇÕES E ATUAÇÃO DO REGULADOR

O objetivo, que parece ter impulsionado o regulador durante toda a gênese da


REN 482/2012, foi a redução das barreiras para instalação da geração distribuída a
partir de fontes renováveis. Ele foi declarado expressamente na CP 15/2010 e AP
42/2011, que antecederam a edição da versão original da norma, bem como na AP
26/2015, que precedeu sua maior revisão, e permaneceu subjacente em cada fase do
processo de elaboração normativa, mesmo quando não enunciado expressamente.
Apesar de, para cada novo certame, a SRD declarar objetivos específicos, contidos
nas ementas das notas técnicas de abertura, o movimento do regulador sempre foi
contínuo no sentido de ampliar as possibilidades da microgeração e minigeração
distribuídas:
 Na REN 517/2012 a ANEEL busca, especialmente, preservar o sistema
de compensação de créditos da incidência de ICMS e, dessa forma,
garantir a viabilidade financeira dos projetos.
 A REN 687/2015 expande significativamente o espectro de incidência
dos incentivos à GD: (i) amplia de 1 MW para 3 MW ou 5 MW,
dependendo da fonte, o limite de potência instalada da minigeração
97

distribuída; e (ii) amplifica o conceito de net metering com a concepção


de novos arranjos para a compensação de créditos de energia elétrica,
os quais denominou “empreendimentos com múltiplas unidades
consumidoras” e “geração compartilhada”. Ademais, aumentou de trinta
e seis para sessenta meses o prazo para a compensação dos créditos
de energia elétrica pelos prossumidores.
 Finalmente, a REN 786/2017 aumenta de 3 MW para 5 MW o limite de
potência da minigeração a partir de fonte hídrica.

O movimento regulatório brasileiro foi motivado, sobretudo pela percepção de


necessidade de alinhar o Brasil ao movimento internacional no sentido de incentivar a
geração distribuída de pequeno porte, assentada em três necessidades basilares:
 De preservação do meio ambiente com vistas ao cumprimento de metas
para redução de emissões de gases do efeito estufa e outros
compromissos assumidos por meio de tratados internacionais de que o
Brasil é signatário, em especial o Protocolo de Quioto;
 De redução da dependência de importação de combustíveis fósseis para
as usinas termelétricas; e
 De desenvolver tecnologias próprias para geração elétrica a partir de
fontes renováveis.

É, sobretudo, o que se apreende da leitura das notas técnicas de abertura dos


expedientes de oitiva pública que antecedem a edição da versão original da REN
482/2012. Cada procedimento posterior, apresenta motivações específicas, tais como
a percepção de ineficácia de medidas existentes até então, ou provocação de um
agente ou player específico, mas é razoável afirmar que a motivação inicial por traz
da atuação da ANEEL segue prevalecente e possui ingredientes relacionados a
aspectos de importância geopolítica para o país.
Quanto à atuação da agência regulatória nos procedimentos de consulta e
audiência públicas, impressiona o rigor técnico e procedimental empregados.
As decisões normativas foram sempre amparadas por estudos cuidadosos,
inclusive de impactos regulatórios, simulações em diferentes cenários, projetos-
pilotos, estudos da EPE, pesquisas de satisfação e pareceres jurídicos, bem como
nas contribuições colhidas. Exceção feita à REN 786/2017, em que a decisão da
98

Diretoria Colegiada da ANEEL afronta diretamente pareceres técnicos apresentados


pela SRD, órgão daquela autarquia, constituindo, esse fato – a nosso ver, isolado –,
o que chama atenção negativamente em todas as consultas e audiências públicas.
Os relatórios que dizem respeito à análise das contribuições oferecidas pelos
participantes foram claros e completos. Cada uma das sugestões apresentadas é
analisada e o seu acolhimento ou rejeição são devidamente fundamentados.
Adicionalmente, as participações oferecidas são devidamente agrupadas e
sistematizadas para avaliação e fundamentação das escolhas finais do regulador.

6.2 PARTICIPAÇÃO

Apesar da natural dificuldade em se dar especial publicidade a expedientes


desse jaez, uma vez que a competência regulatória da ANEEL abrange uma infinidade
de outras matérias de imensa importância para o setor elétrico, o presente estudo
constatou que eles atribuíram aos interessados presentes aos procedimentos de oitiva
pública a possibilidade de participar ativamente no processo de elaboração normativa.
Compareceram aos certames contribuintes dos mais diversos setores da
sociedade:

Gráfico 23 - Adesão geral das categorias

120
110

100

80 77
80

60

40
27
18
20
10

Concessionárias GD Consumidores Outros F. Pública Acadêmicos

Fonte: Elaboração própria


99

O gráfico acima representa a soma do número de participantes de cada


categoria em todos os certames. O gráfico adiante, as participações proporcionais:

Gráfico 24 – Adesão geral proporcional das categorias

5,6%
3,1%

24,8%

23,9%

8,4%
34,2%

Concessionárias GD Consumidores Outros F. Pública Acadêmicos

Fonte: Elaboração própria

No que toca ao número de participantes, cumpre salientar que as participações


gerais das categorias principais são mais significativas que as das demais, já que a
categoria “outros”, como já asseverado, tem natureza genérica e reúne contribuições
de setores diversos, os quais não interessa categorizar.
Nota-se relevante predominância do grupo “GD”, com mais de um terço dos
participantes, seguido do grupo “concessionárias”. Pode-se afirmar que a categoria
“GD” foi a mais aderente, segundo os critérios utilizados. A seu turno, a categoria
“consumidores” foi a que menos representatividade teve dentre as principais, muito
inferior à dos demais.
A evolução das participações se deu da seguinte forma:
100

Gráfico 25 – Evolução da adesão das categorias

120

100

80

60

40

20

0
CP 15/2010 AP 42/2011 AP 100/2012 CP 5/2014 AP 26/2015 AP 37/2017

Concessionárias GD Consumidores TOTAIS

Fonte: Elaboração própria

Constata-se que, dentre todos os certames, o que mais angariou participantes


foi a AP 26/2015, da qual resultou a REN 687/2015 que, como visto, configura a maior
revisão já procedida na REN 482/2012. Dessa forma, é plausível afirmar que a revisão
mais importante da norma aplicável à geração distribuída foi, também, a que mais
participantes reuniu.
Em sentido oposto, é paradoxal que a AP 42/2011, que deu origem à norma
original, tenha sido, dentre as quatro audiências públicas realizadas, apenas a terceira
em número de participantes, ficando atrás, inclusive, da AP 37/2017, que, como visto,
tratou basicamente do aumento da capacidade da minigeração distribuída de fonte
hidráulica de 3 MW para 5 MW e deu origem a resolução normativa (REN 786/2017)
com apenas três dispositivos normativos.
Vale mencionar, ainda, que, quando a norma foi antecedida por consultas e
audiências públicas, os processos de audiência, no que tange à adesão, despertaram
maior interesse geral que os de consulta.
Quanto ao ímpeto contributivo, veja-se o gráfico a seguir:
101

Gráfico 26 – Participações e ímpeto contributivo (10x) gerais

5,1
2 6,8
11,3

138
1 749
902

0 100 200 300 400 500 600 700 800 900 1000

Consumidores GD Concessionárias

Fonte: Elaboração própria

“Concessionárias” foi o grupo com o maior ímpeto contributivo dentre os


principais, com uma média de 11,3 contribuições por participante.
Comparando-se os gráficos 23 e 26 percebe-se que, apesar de, em número
de participantes, a categoria “concessionárias” ter sido inferior à categoria “GD”, foi a
ela superior em número de participações e em ímpeto contributivo, o que indica uma
atuação mais laboriosa daquela categoria. Também quanto ao número de
participações e ímpeto contributivo, o grupo “consumidores” fica atrás das demais
categorias principais.
Finalmente, o gráfico abaixo dá conta de que o grupo “concessionárias” não
foi o que apresentou o maior número de contribuições em cada um dos certames.
Concentrou a sua atuação nos dois presumivelmente mais importantes, a AP 42/2011,
que discutiu as minutas que deram origem à REN 482/2012, e a AP 26/2015, que
precedeu a edição da REN 687/2015, a mais importante revisão da norma original.
Sublinhe-se que, no primeiro deles, o número de contribuições apresentadas pela
categoria “concessionárias” (126 no total) foi quase o dobro da soma dos demais (118,
resultado da soma de 109 contribuições do grupo “GD” com 9 do “consumidores”):
102

Gráfico 27 - Contribuições no tempo

300

250

200

150

100

50

0
CP 15/2010 AP 42/2011 AP 100/2012 CP 5/2014 AP 26/2015 AP 37/2017

Concessionárias GD Consumidores

Fonte: Elaboração própria

6.3 INFLUÊNCIA REGULATÓRIA

A categoria “concessionárias” foi, outrossim, a que maior influência teve no


conteúdo da norma, segundo o critério adotado neste trabalho. Vide o Gráfico 29
adiante:

Gráfico 28 – Recepcionamento geral das contribuições

0,8% 3,1%

15,1%

42,0%
7,6%

31,3%

Concessionárias GD Consumidores Outros F. Pública Acadêmicos

Fonte: Elaboração própria


103

O gráfico acima representa o número de contribuições, por grupo, que


influenciaram no teor da norma editada pelo regulador (aceitas e parcialmente
aceitas). De todas as contribuições relevantes, o grupo “concessionárias” foi autor de
42% delas (161 contribuições aceitas ou parcialmente aceitas), um número 34% maior
que o das contribuições relevantes de autoria de membros da categoria “GD” – o mais
numeroso, como visto – e quase seis vezes superior ao das oriundas do grupo
“consumidores”.
Mais uma vez, vale destacar que o grupo concessionárias teve mais êxito,
justamente, nos dois certames mais importantes:

Gráfico 29 – Influência regulatória no tempo

100
90
80
70
60
50
40
30
20
10
0
AP 42/2011 AP 100/2012 AP 26/2015 AP 37/2017

Concessionárias GD Consumidores

Fonte: Elaboração própria

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente trabalho buscou descrever e apontar os dados e fatos mais


relevantes no processo de gênese da norma, antecedido, a bem do melhor
entendimento sobre o tema, da contextualização da geração distribuída no Brasil e no
cenário internacional. Cabem, contudo, algumas reflexões:
104

É inafastável concluir que a categoria “consumidores” foi, dentre as principais,


a que menor representatividade teve e a que menos influência regulatória exerceu,
segundo os critérios quantitativos aplicados. Foi a menor em número de participantes,
a que apresentou o menor número de contribuições, a que teve o mais reduzido
ímpeto contributivo e a menor influência total no conteúdo atual da Resolução
Normativa ANEEL 482/2012. Talvez porque tal categoria, apesar de representar o
grosso da sociedade, parece ser a de caráter mais difuso e, por conseguinte, com
menor capacidade de mobilização para a defesa de seus interesses.
O grupo mais numeroso em contribuintes – GD –, não foi o mais influente,
condição encampada por aquele com a maior capacidade econômica, formado por
grandes empresas concessionárias, com negócios vinculados ao modelo centralizado
de geração, intensivas em capital e responsáveis por grandes investimentos no setor.
Quanto aos fatores determinantes do teor final da norma, cabe ponderação
bastante pertinente com respeito ao tema discutido neste estudo:
Como detalhado na apresentação de resultados, desde a edição da norma, o
movimento do regulador sempre foi contínuo no sentido de ampliar as possibilidades
da microgeração e minigeração distribuídas. A que influências poder-se-ia atribuir
esse movimento? Certamente não a das concessionárias de distribuição que, é
notório, frequentemente se posicionam de forma reticente quanto à proliferação da
microgeração e minigeração distribuídas, vistas como ameaça ao equilíbrio
econômico-financeiro dos seus contratos (a respeito, vide BAJAY e cols., 2018,
especialmente o Capítulo 3).
Não é objetivo deste trabalho mensurar que setores são atingidos pelo contido
na REN 482/2012. Não obstante, a iniciativa do regulador em instituir os incentivos à
geração distribuída aponta na direção do interesse dos consumidores que passaram
a ter a microgeração e minigeração distribuídas como alternativas factíveis e
economicamente viáveis. Também se coaduna com o das empresas integradoras,
agrupadas no grupo “GD”, dado que ensejou o surgimento e fortalecimento de
mercado próprio a partir da regulamentação ocorrida.
Assim, os objetivos e motivações por trás da iniciativa regulatória da ANEEL
parecem ter sido mais relevantes para o conteúdo da norma do que propriamente a
ação dos diferentes grupos avaliados no processo de regulação. Com objetivo de
reduzir as barreiras para a instalação da geração distribuída no Brasil – e motivado
por razões de cunho ambiental e geopolítico –, o regulador priorizou, até a presente
105

fase de síntese da REN 482/2012, a disseminação da microgeração e minigeração


distribuídas por meio da identificação e remoção dos principais obstáculos a tal
desiderato. A atuação dos diferentes grupos foi importante, mas esteve mais
relacionada à forma de atuação do agente público como incentivador desse tipo de
produção elétrica e, até certo ponto, à calibragem dos incentivos, do que propriamente
ao seu conteúdo e às escolhas regulatórias basilares.
Destaca-se, de mais a mais, que o processo de revisão da REN 482/2012
continua. No seu próprio bojo, no art. 15, consta previsão de revisão até o final de
2019. Na verdade, com esse intuito, já foram realizados os seguintes certames: (i) CP
10/2018; (ii) AP 1/2019; (iii) CP 25/2019; e (iv) AP 40/2019, sem, contudo, edição de
norma revisora, até o fechamento do presente trabalho.
Para a revisão que se avizinha parece ser o objetivo principal da ANEEL
estabelecer “gatilhos”: momentos específicos – de prazo ou baseados na potência
instalada total do parque – para que a compensação da energia injetada na rede deixe
de ser feita pelo valor integral da energia vendida pelas distribuidoras, de modo que
os geradores distribuídos passem a pagar algum valor pelo uso da rede de
distribuição, que, como já comentado, funciona como bateria para a estocagem da
diferença entre a energia gerada e a consumida pelos prossumidores. Constata-se,
portanto, uma reversão da tendência verificada até então, com divulgação da intenção
de dar início de um processo de arrefecimento dos incentivos vigentes.
A questão tem levantado inúmeras polêmicas divulgadas, não só pela mídia
especializada, mas também pela grande imprensa (sobre o assunto, vide MAIA, 2019;
MONTENEGRO, 2019; AGÊNCIA O GLOBO, 2020; BUCCO, 2020; COSTA, 2020;
FAFÁ, 2020; MAIA, 2020; NÓBREGA, 2020; TEIXEIRA, 2020; VENTURA, 2020).
Por fim – no que tange especificamente à parte referente à influência dos
diferentes grupos de pressão na gênese da norma –, este estudo limita-se a uma
análise quantitativa, que, como já mencionado, não capta as nuances dos impactos
das repercussões que as sugestões aceitas promovem sobre o conteúdo da norma
finalmente aprovada. Pesquisas futuras poderão aprofundar-se no tema, buscando
critérios capazes de verificar tais impactos e, ademais, abarcar as futuras revisões ao
arcabouço regulatório brasileiro sobre microgeração e minigeração distribuídas.
106

REFERÊNCIAS

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para a composição da Rede Básica do Sistema Interligado Nacional, e dá outras
providências. Diário Oficial da União. Brasília, DF, 11 jun. 2004. v. 141, n. 111,
Seção 1, p. 82.

_____. Resolução Normativa nº 228, de 25 de julho de 2006. Estabelece os


requisitos para a certificação de centrais geradoras termelétricas na modalidade de
geração distribuída, para fins de comercialização de energia elétrica no Ambiente de
Contratação Regulada – ACR, na forma do artigo 14, inciso II, do Decreto no 5.163,
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Seção 1, p. 44.

_____. Resolução Normativa nº 235, de 14 de novembro de 2006. Estabelece os


requisitos para a qualificação de centrais termelétricas cogeradoras de energia e dá
outras providências. Diário Oficial da União. Brasília, DF, 22 nov. 2006. v. 143, n.
223, Seção 1, p. 78.
107

_____. Resolução Normativa nº 345, de 16 de dezembro de 2008. Aprova os


Procedimentos de Distribuição de Energia Elétrica no Sistema Elétrico Nacional -
PRODIST, e dá outras providências. Diário Oficial da União. Brasília, DF, 31 dez.
2008. n. 254, Seção 1, p. 182.

_____. Nota Técnica - SRD/ANEEL nº 0043/2010, de 08 de setembro de 2010.


Proposta de abertura de Consulta Pública para o recebimento de contribuições
visando reduzir as barreiras para a instalação de geração distribuída de pequeno
porte, a partir de fontes renováveis, conectada em tensão de distribuição. Brasília,
DF, 10 set. 2010. Seção 3, p. 112-112, Aviso de Consulta Pública.

_____. Nota Técnica SRD-SRC-SRG-SCG-SEM-SRE-SPE nº 0042, de 20 de junho


de 2011. Proposta de abertura de Audiência Pública para o recebimento de
contribuições visando reduzir as barreiras para a instalação de geração distribuída
de pequeno porte, a partir de fontes incentivadas, conectada em tensão de
distribuição e também alteração do desconto na TUSD e TUST para usinas com
fonte solar. Brasília, DF, 11 ago. 2011. Seção 3, p. 134, Aviso de Consulta Pública.

_____. Resolução Normativa nº 482, de 17 de abril de 2012. Estabelece as


condições gerais para o acesso de microgeração e minigeração distribuída aos
sistemas de distribuição de energia elétrica, o sistema de compensação de energia
elétrica, e dá outras providências. Diário Oficial da União. Brasília, DF, 14 dez.
2012. Seção 1, p. 121.

_____. Nota Técnica SRD/ANEEL nº 163, de 16 de novembro de 2012b. Proposta


de abertura de Audiência Pública para o recebimento de contribuições visando
retificar a Resolução Normativa nº 482/2012. Brasília, DF, 21 nov. 2012, Seção 3, p.
139, Aviso de Audiência Pública.

_____. Nota Técnica SRD/ANEEL nº 177, de 06 de dezembro de 2012c. Análise das


contribuições recebidas na Audiência Pública nº 100/2012, que obteve subsídios
para alteração da Resolução Normativa nº 482/2012. Brasília, DF, 06 dez. 2012,
Aviso de Audiência Pública.

_____. Resolução Normativa nº 517, de 11 de dezembro de 2012d. Altera a


Resolução Normativa nº 482, de 17 de abril de 2012, e o Módulo 3 dos
Procedimentos de Distribuição – PRODIST. Diário Oficial da União. Brasília, DF, 19
abr. 2012. n. 76, Seção 1, p. 53.

_____. Nota Técnica SRG/SRD/ANEEL nº 25, de 9 de maio de 2014. Proposta de


abertura de Audiência Pública para o recebimento de contribuições visando
identificar a necessidade de criação de incentivos para a instalação de centrais
geradoras com potência instalada superior a 1MW pertencentes a consumidores,
bem como debater a ampliação dos limites de aplicação do conceito de “net
metering” para essas centrais e obter informações adicionais sobre o tema. Brasília,
DF: Diário Oficial da União, 14 de maio de 2014. Seção 3, p. 164.

_____. Nota Técnica SRD/ANEEL nº 17, de 13 de abril de 2015. Proposta de


abertura de Audiência Pública para o recebimento de contribuições visando
108

aprimorar a Resolução Normativa nº 482/2012 e a seção 3.7 do Módulo 3 do


PRODIST. Brasília, DF: Diário Oficial da União, 07 maio 2015. Seção 3, p. 133.

_____. Nota Técnica SRD/ANEEL nº 96, de 04 de novembro de 2015b. Análise das


contribuições recebidas na Audiência Pública nº 26/2015 para aprimorar a
Resolução Normativa nº 482/2012 e a seção 3.7 do Módulo 3 do PRODIST. .
Brasília, DF: Diário Oficial da União, Disponível em:
<http://www.aneel.gov.br/audiencias-
publicas?p_p_id=audienciaspublicasvisualizacao_WAR_AudienciasConsultasPortlet
portlet&p_p_lifecycle=2&p_p_state=normal&p_p_mode=view&p_p_cacheability=cac
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sConsultasPortletportlet_tipoFaseReuniao=fase&_audienciaspublicasvisualizacao_
WAR_AudienciasConsultasPortletportlet_jspPage=%2Fhtml%2Faudiencias-publicas-
visualizacao%2Fvisualizar.jsp>. Acesso em: 01 mar. 2019.

_____. Diretor Tiago de Barros Correia. Voto Processo nº 48500.004924/2010-


51: Voto após resultado da Audiência Pública nº 026/2015, que objetivou aprimorar a
Resolução Normativa nº 482/2012 e a seção 3.7 do Módulo 3 do PRODIST. 2015c.
Disponível em: <http://www2.aneel.gov.br/cedoc/aren2012482_1.pdf>. Acesso em:
26 set. 2019.

_____. Resolução Normativa nº 687, de 24 de novembro de 2015d. Altera a


Resolução Normativa nº 482, de 17 de abril de 2012, e os Módulos 1 e 3 dos
Procedimentos de Distribuição – PRODIST. Diário Oficial da União. Brasília, DF, 02
dez. 2015. n. 230, Seção 1, p. 45.

_____. Nota Técnica SRD/ANEEL nº 68, de 20 de junho de 2017. Análise da


possibilidade de elevação, de 3 MW para 5 MW, do limite de potência de
minigeração distribuída a partir de fonte hidráulica. Brasília, DF. Disponível em:
http://www.aneel.gov.br/audiencias-
publicas?p_p_id=audienciaspublicasvisualizacao_WAR_AudienciasConsultasPortlet
portlet&p_p_lifecycle=2&p_p_state=normal&p_p_mode=view&p_p_cacheability=cac
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2&p_p_col_count=1&_consultaspublicasvisualizacao_WAR_AudienciasConsultasPor
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119

ANEXO A – Minuta de REN da AP 037/2017

AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA – ANEEL

RESOLUÇÃO NORMATIVA No , DE DE DE 2015.

Altera a Resolução Normativa nº 482, de


17 de abril
de 2012.

O Diretor-Geral da Agência Nacional de Energia Elétrica - ANEEL, no uso de suas


atribuições regimentais, de acordo com deliberação da Diretoria, tendo em vista o disposto na Lei
nº 9.427, de 26 de dezembro de 1996, com base no art. 4º, incisos IV e XVI, Anexo I, do Decreto
nº 2.335, de 6 de outubro de 1997, no que consta do Processo nº 48500.002500/2017-28 e
considerando as contribuições recebidas na Audiência Pública nº xx/2017, realizada entre xx de
xxxx e xx de xxxx de 2017, que foram objeto de análise desta Agência e permitiram o
aperfeiçoamento deste ato regulamentar, resolve:

Art. 1º Alterar o inciso II e inserir o Parágrafo Único no art. 2º da Resolução


Normativa nº 482, de 17 de abril de 2012, que passa a vigorar com a seguinte redação:

“Art.
2º.................................................................................................................................
....................................................................................................................................
.........

II - minigeração distribuída: central geradora de energia elétrica, com potência


instalada superior a 75 kW e menor ou igual a 5MW e que utilize cogeração
qualificada, conforme regulamentação da ANEEL, ou fontes renováveis de
120

energia elétrica, conectada na rede de distribuição por meio de instalações de


unidades consumidoras;

....................................................................................................................................
.........

Parágrafo Único. O enquadramento como microgeração ou minigeração


distribuída não se aplica às centrais geradoras que já tenham sido objeto de
registro, concessão, permissão ou autorização, devendo a distribuidora
identificar esses casos.”

Art. 2º Esta resolução entra em vigor na data de sua publicação.

ROMEU DONIZETE RUFINO


121

APÊNDICES

APÊNDICE A – Quadros de contribuintes por categoria

I. CP 015/2010

Quadro A.1 – Contribuintes à Consulta Pública Categoria “concessionárias”

Contribuinte Sigla/Redução
AES Tietê --
Companhia Energética de Minas Gerais CEMIG
Companhia Paranaense de Energia COPEL
Companhia Paulista de Força e Luz CPFL Energia
DME Energética Ltda. DME
ELEKTRO Eletricidade e Serviços S.A. ELEKTRO
Endesa Brasil ENDESA
Enel Brasil Participações Ltda. ENEL
Grupo Energisa --
Light Serviços de Eletricidade S.A. Light
Grupo Neoenergia --

Quadro A.2 – Contribuintes à Consulta Pública Categoria “GD”

Contribuinte Sigla/Atividade
Assoc. Brasileira de Energia Solar e outros ABENS
Assoc. Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica ABINEE
Assoc. Brasileira de Geração de Energia Limpa ABRAGEL
Assoc. Brasileira dos Produtores Independentes de
APINE
Energia Elétrica
Assoc. da Indústria de Cogeração de Energia COGEN
Empresa Brasileira de Energia Solar EBES
Estelar Engenheiros Associados Projetos sistemas energia renovável
Jorge Augusto dos Santos (pessoa física) Consultor em energias renováveis
Rede Nacional de Organizações da Sociedade Civil
RENOVE
para as Energias Renováveis
Rodrigo Lopes Sauaia Cofundador ABSOLAR em 2013
Ricardo Augusto Pufal Sistemas e Instalações FV
Soares João Consultoria Projetos sistemas energia renovável
Solaria Brasil Painéis solares e sistemas FV
Ventos do Brasil Energia eólica

Quadro A.3 – Contribuintes à Consulta Pública Categoria “consumidores”

Contribuinte Sigla/Redução
Companhia de Saneamento de Minas Gerais COPASA - MG
Petróleo Brasileiro S.A. PETROBRAS
122

Quadro A.4 – Contribuintes das demais categorias

Contribuinte Sigla/Redução Categoria


Associação Brasileira de Comercializadores de Energia ABRACEEL Outros
Agência de Desenvolvimento do Estado do Ceará ADECE Função Pública
Câmera de Comercialização de Energia Elétrica CCEEE Função Pública
Eng. Thomas Renatus Fendel -- Outros
Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul FIERGS Outros
German Agency for Terchnical Cooperation GTZ Outros
GUASCOR DO BRASIL -- Outros
Instituto Brasileiro de Petróleo, Gás e Biocombustíveis IBP Outros
Joel Pugas Martins -- Outros
Kev Line -- Outros
Instituto de Tecnologia para o Desenvolvimento LACTEC Outros
Cia de Gás do Estado do Rio Grande do Sul Sulgás Outros

Fonte: Elaboração Própria

II. Audiência Pública nº 042/2011

Quadro A.5 – Contribuintes à Audiência Pública Categoria “concessionárias”

Contribuinte Sigla/Redução
Associação Brasileira das Distribuidoras de Energia Elétrica ABRADEE
AES Eletropaulo e AES Sul Grupo AES*
Cia Energética de Brasília CEB Distribuição
Centrais Elétricas de Santa Catarina CELESC
Equatorial Energia Cemar/Celpa
Companhia Energética de Minas Gerais CEMIG*
Companhia Paranaense de Energia COPEL*
Companhia Paulista de Força e Luz Grupo CPFL*
Eduardo Kenji Zen Nakashima ---
ELEKTRO Eletricidade e Serviços S.A.* ELEKTRO*
Eletrosul Centrais Elétricas S/A ---
Endesa Brasil ENDESA*
Itaipu Binacional ITAIPU
Light Serviços de Eletricidade S.A.* LIGHT
Grupo Neoenergia* NEOENERGIA
Rede Energia REDE
123

Quadro A.6 – Contribuintes à Audiência Pública Categoria “GD”

Contribuinte Sigla/Atividade
Assoc. Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica ABINEE*
Assoc. Brasileira dos Prod. Independentes de Energia Elétrica APINE*
BRASIL PCH S.A Construção e operação PCHs
Energia iLtda Projeto instalações sistemas FV
Energybras Soluções em energias renováveis
FG Soluções em Energias Projetos eólicos e FV
GIZ Inst. alemão energias renováveis
Greenpeace Brasil ONG meio ambiente
Rodrigo Lopes Sauaia Co-fundador ABSOLAR em 2013*
SGP - Sustainable Growth Partners Energia solar
SunEdison Energias renováveis
União da Indústria da Cana de Açúcar Unica
VARIO Engenharia Consultoria e Projetos Ltda. GD e cogeração

Quadro A.7 – Contribuintes à Audiência Pública Categoria “consumidores”

Contribuinte Sigla/Atividade
Associação de Grandes Consumidores de Energia ABRACE
Bruna Nicacio Mariano Teixeira
Petróleio Brasileiro S.A. Petrobrás*
Ricardo Campos Mascarenhas Funcionário Petrobrás
Silvio Costa da Silva Cavalcante

Quadro A.8 – Contribuintes das demais categorias

Contribuinte Sigla/atividade Categoria


Aimé Fleury Neto (Aime Fleury de Carvalho Pinto Neto) --- Acadêmico
Associação Brasileira de Comercializadores de Energia ABRACEEL* Outros
Câmera de Comercialização de Energia Elétrica CCEEE* F. Pública
CEMI Tecnologia --- Outros
Comitê Bras. Eletricidade, Eletrônica, Ilum. e Telecom. COBEI Outros
Energis8 Inc. Outros
General Electric Energy do Brasil Ltda. GE Outros
Geobrasil Gestão ambiental empresas Outros
Hidrovolt Energia Produtos e serviços diversos Outros
João de Deus Fernandes Filho Não identificado Outros
Maisa Bertanha -- Acadêmico
Ministério da Fazenda -- F. Pública
Orteng Equipamentos e Sistemas Não identificado Outros
Safira Energia Comercializadora/consultora Outros
Trade Energy Comercializadora Outros
USP - Universidade de São Paulo USP Acadêmico
124

III. Audiência Pública 100/2012

Quadro A.9 – Contribuintes à Audiência Pública Categoria “concessionárias”

Contribuinte Sigla/Redução
Associação Brasileira das Distribuidoras de Energia Elétrica ABRADEE*
AES Brasil Grupo AES*
Companhia Energética de Minas Gerais CEMIG*
Companhia Paulista de Força e Luz Grupo CPFL*
CPFL Renováveis Grupo CPFL
EDP Energias do Brasil EDP
ELEKTRO Eletricidade e Serviços S.A. ELEKTRO*
Endesa Brasil ENDESA*
Enel Green Power Grupo ENEL
Itaipu Binacional ITAIPU*
Grupo Neoenergia Neoenergia*
Net Metering Abengoa Abengoa
Pedro Marcos Locatelli __--

Quadro A.10 – Contribuintes à Audiência Pública Categoria “GD”

Contribuinte Sigla/Atividade
Assoc. Brasileira da Indístria Elétrica e Eletrônica ABINEE*
Associação da Indústria de Cogeração de Energia COGEN
Associação da Indústria de Cogeração de Energia-RJ COGEN
Energybras (Roseli Doreto) Soluções em energias renováveis*
Greenpeace Brasil ONG meio ambiente*
Innova Energia Renováveis INNOVA/Paineis e inversores
Jackson Cesar – Compact Cia Energia solar FV
Julio Cesar Bacellar - Lonjas Tec., Energia e M. Ambiente Ltda. Cogeração/Renováveis
Marcelo Duarte Pequeno gerador eólico
Meta Solar Serviços de Engenharia Sustentável Ltda Paineis solares
Renan Reiter
Rede Nacional de Organizações da Sociedade Civil para as
Energias Renováveis RENOVE
Rodrigo Lopes Sauaia Co-fundador ABSOLAR em 2013*
Solaria Brasil Paineis solares e sistemas FV
Solstício Energia Energia solar FV
Lucas Vizzotto Bellinaso Energia solar FV
Isabelle de Loys Sistemas FV
Solar Energy do Brasil Ltda. Sistemas FV
Tec Sul Energias Sistemas FV
WWF Brasil ONG defesa meio ambiente
125

Quadro A.11 – Contribuintes à Audiência Pública Categoria “consumidores”

Contribuinte Sigla/Atividade
Paulo R. Wolff Conselho consumidores AES Sul

Quadro A.12 – Contribuintes das demais categorias

Contribuinte Sigla/atividade Categoria


Aimé Pinto (Aime Fleury de Carvalho Pinto Neto) --- Acadêmico
CEM Construções Elétricas e Mecânicas CEM Outros
CONE Consultoria e Planejamento LTDA. - EPP Não Identificado Outros
Fundação Avina Projetos sociais Outros
Ligia Pitta Ribeiro Gestão ambiental Outros
Renan Reiter Acadêmico
Sueli Puras Não identificado Outros
Tecnometal Equipamentos diversos Outros
SAP Não identificado Outros

IV. Consulta Pública nº 005/2014

Quadro A.13 – Contribuintes à Consulta Pública Categoria “concessionárias”

Contribuinte Sigla/Redução
Associação Brasileira das Distribuidoras de Energia Elétrica ABRADEE
AES Brasil Grupo AES
Centrais Elétricas de Santa Catarina CELESC
Companhia Energética de Minas Gerais CEMIG
Cia Energética de São Paulo CESP
Companhia Paranaense de Energia COPEL
EDP Energias do Brasil EDP
ELEKTRO Eletricidade e Serviços S.A. ELEKTRO
Itaipu Binacional Itaipu
Light Serviços de Eletricidade S.A. Light
126

Quadro A.14 – Contribuintes à Consulta Pública Categoria “GD”

Contribuinte Sigla/Atividade
AB Energy do Brasil Ltda Cogeração
Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica ABSOLAR
Assoc. Brasileira dos Produtores Independentes de Energia
APINE
Elétrica
Associação da Indústria de Cogeração de Energia-RJ COGEN-RJ
Associação da Indústria de Cogeração de Energia-SP COGEN-SP
GIZ Inst. alemão energias renováveis
GE Distributed Power Geração distribuída
Instituto Nacional de Eficiência Energética INEE/Instituto ligado a cogeração e GD
Renova Energia S.A. PCH, eólica e solar, sistemas FV
União da Indústria da Cana de Açúcar Unica

Quadro A.15 – Contribuintes à Consulta Pública Categoria “consumidores”

Contribuinte Sigla/Atividade
Associação de Grandes Consumidores de Energia ABRACE

Quadro A.16 – Contribuintes à Consulta Pública das demais categorias

Contribuinte Sigla/atividade Categoria


Aimé Fleury Neto (Aime Fleury de Carvalho Pinto Neto) --- Acadêmico
Associação Brasileira de Comercializadores de Energia ABRACEEL Outros
Brookfield Energia Renovável S.A. Energia renovável com UHEs Outros
Cia de Gás de São Paulo COMGAS Outros
Fórum GN Gás natural Outros
UFJF-Programa de Educação Continuada PECE-USP Acadêmico
Sec. Des. Eco., Indústria e Serviços, Estado RJ SEDEIS F. Pública
Secretaria da Infraestrutura de Pernambuco SEINFRA F. Pública
127

V. Audiência Pública nº 026/2015

Quadro A.17 – Contribuintes à Audiência Pública Categoria “concessionárias”

Contribuinte Sigla/Atividade
Assoc. Brasileira das Distribuidoras de Energia Elétrc. Abradee
AES Brasil Grupo AES
Andrade Gutierrez Concessões S.A. --
Ampla Energia e Cia Energética do Ceará Grupo ENEL
Cia Energética de Brasília CEB Distribuição
Companhia Energética de Minas Gerais CEMIG
Centro de Pesquisa de Energia Elétrica CEPEL/Grupo Eletrobrás
Centrais Elétricas Brasileira S/A Grupo Eletrobrás
Companhia Paranaense de Energia COPEL
Companhia Paulista de Força e Luz Grupo CPFL Energia
CPFL Comercialização Brasil Grupo CPFL Energia
ELEKTRO Eletricidade e Serviços S.A. ELEKTRO
EN-BRASIL (PRÁTIL ENEL) Grupo ENEL
ENEL Grupo ENEL
Energias do Brasil Grupo EDP
Eng. Leno Porto Dutra Ligado à CEEE Distribuição
Itaipu Binacional ITAIPU
Light Serviços de Eletricidade S.A. Light
Grupo Neoenergia Neoenergia
128

Quadro A.18 – Contribuintes à Audiência Pública Categoria “GD”

Contribuinte Sigla/Atividade
Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica ABSOLAR
Adriano Anaia Pereira Comerc Solar/Sistemas FV
Andre Barcelos Projetos energia solar
Bruno Rondinella Gerador distribuído
BrS Energia Sistemas energia solar FV
Associação da Indústria de Cogeração de Energia COGEN
Cia de Papel e Celulose do Paraná CONCELPA/Gerador Distribuído
EBES Sistemas de Energia Projetos energia solar
Empresa Brasileira de Energia Solar Sistemas energia solar FV
Ecenergia Eireli Geração distribuída
ECO Engenharia e Energia Ltda. Projetos geração distribuída
Energia Limpa do Brasil LTDA Geração energia limpa, cogeração
Energybras Soluções em energias renováveis
Frente por uma Nova Política Energética para o Brasil Geração distribuída
Futura Contabilidade & Consultoria consulta em nome de cliente GD
Geração de Energia Solar --
GIZ Instituto alemão energias renováveis
Greenpeace Brasil ONG meio ambiente
INSTITUTO IDEAL Energias alternativas
José Henrique Furini Sistemas energia solar FV
Marta Olivieri Funcionária Eletrobrás
Mateus Armando-Minha casa solar Sistemas energia solar FV
MITSIDI Gestão energética, renováveis
PHB Eletrônica Ltda Sistemas energia solar FV
Renova Energia S.A Eólica, PCHs, solar
REPENSA ENERGIA-Igor Gomides Sistemas energia solar FV
RICARDO GERIBELLO ANDERS Sistemas energia solar FV
Satrix Ind. E Com. de Equipm. deEnergias Renováveis --
Service Energy Gestão GD
Sitawi Finanças do Bem Ligada a questõs eco-climáticas
Solar Energy do Brasil Ltda. - Filipe Ribas --
Solar Grid --
Solarize Serviços em Tecnologia Ambiental --
Solyes Geradora de Energia Ltda. GD
Sun Grid Energia
WWF-Brasil ONG ligada a questões eco-climáticas
129

Quadro A.19 – Contribuintes à Audiência Pública Categoria “consumidores”

Contribuinte Sigla/Atividade
Conselhos de Consumidores da CPFL Paulista e
Piratininga --
Conselho de Consumidores da Bandeirante Energia CONBAND
Conselho de Consumidores EE Estado do Mato Grosso CONCEL MT
Conselho de Consumidores da CEMIG --
Conselho de Consumidores da Elektro --
Conselho de Consumidores de Energia Elétrica CONCEN
Conselho de Consumidores da Eletropaulo CONSELPA
Conselho de Consumidores da SABESP CONSABESP
EDUARDO SPINOLA PEREIRA Consumidor resid. e comercial
Conselho de Consumidores da RGE --
Ricardo Vidinich Conselho de consumidores Copel
Conselho de Energia Elétrica de Alagoas e Associação
dos Profissionais de Eletroeletrônica de Alagoas CCEDAL/APREL
130

Quadro A.20 – Contribuintes à Audiência Pública Demais Categorias

Contribuinte Sigla/Atividade Categoria


Abegás Concessionária Gás Outros
Assoc. Brasileira dos Ag. Comercializadores de Energia Elétrica ABRACEEL Outros
Gerência Nac. Sustentabilidade eResp. Socioambiental Da CEF F. Pública
Câmara Brasileira da Indústria da Construção CBIC Outros
CPQD "cidades inteligentes" Outros
CLOVIS GARCIA -- Outros
Comgás Concessionária Gás Outros
CONE Consultoria e Planejamento LTDA. - EPP -- Outros
Conexão Energia Consultoria engenharia Outros
Escola Politécnica – USP USP Acadêmico
Eng Joneson Carneiro de Azevedo -- Outros
Faculdade Anchieta FAESP Acadêmico
Federação das Indústrias do estado do Ceará FIEC Outros
Federação Das Indústrias do Estado do Pará FIEPA Outros
Gasmig Concessionária Gás Outros
Giovane Dotto -- Outros
Igor Chaves e Máecio Casici -- Outros
Instituto de Desenvolvimento do Varejo IDV Outros
João Pinho -- Acadêmico
Kelison Tadeu Ribeiro ligado a Lanec-UFSJ Acadêmico
Kev Line Administração Empresarial Ltda. -- Outros
Leandro Xavier Gonçalves Nascimento -- Outros
Laboratório de Sistemas Fotovoltaicos Inst. Energia e Ambiente-USP Acadêmico
Luiz Daniel Santos Bezerra Ligado à UFCE Acadêmico
Machado e Machado Engenharia -- Outros
Marcelo Pinho Almeida Ligado ao IEE-USP Acadêmico
OCB Cursos Outros
OI Móvel S.A. -- Outros
Orlen Rapachi -- Outros
Prime Energia, Consultoria e Serviços Ltda -- Outros
Promon Engenharia -- Outros
Ribeiro e Ichayo Engenharia e Serviços S.S. Ltda -- Outros
Ricardo Marcelino Santana -- Outros
Ricardo Wilson Cruz Ligado à UEA Acadêmico
Secretaria de Energia do Estado de São Paulo -- F. Pública
Secretaria Nacional de Habitação do Min das Cidades -- F. Pública
Spectrum Energy Partners Consultoria EIRELI -- Outros
Tereza Penteado -- Outros
Centro de Excel. Em Energia e Sist. De Potência UFSM-CEESP Acadêmico
universidade Federal de Juiz de Fora UFJF Acadêmico
Wilson Negrão Macedo Ligado à UFPA Acadêmico
Alceu Filho -- Outros
131

Quadro A.20 – Contribuintes à Audiência Pública Demais Categorias


(continuação)
Contribuinte Sigla/Atividade Categoria
Escritório Schimidt -- Outros
Consciência Limpa -- Outros

VI. Audiência Pública Nº 037/2017

Quadro A.21 – Contribuintes à Audiência Pública Categoria “concessionárias”

Contribuinte Sigla
Associação Brasileira das Distribuidoras de Energia Elétrc. ABRADEE
AES Eletropaulo Grupo AES
ALUPAR INVESTIMENTO S/A ALUPAR
Celesc Distribuição CELESC
Companhia Paranaense de Energia COPEL
Equatorial Energia Grupo Equatorial
Grupo CPFL Energia Grupo CPFL Energia
Grupo Energisa Grupo Energisa
Elektro Redes S/A ELEKTRO
EDP Energias do Brasil Grupo EDP
Neoenergia Grupo Neoenergia

Quadro A.22 – Contribuintes à Audiência Pública Categoria “GD”

Contribuinte Sigla/Atividade
Associação Brasileira de Geração Distribuída ABGD
Associação Brasileira de Geração de Energia Limpa ABRAGEL
Associação Brasileira de Pequenas Centrais Hidrelétricas ABRAPCH
Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica ABSOLAR
Antonio Dias Energia S.A --
Associação Pro-Energias Renováveis APROER
Agentes Coxim Energia LTDA e São João Energia LTDA CGHs e PCHs
BES Brasil Energia Sustetável Ltda. Empresa integradora
BRZ ENERGIA PARTICIPAÇÕES AS Empresa integradora
CEI- ENERGÉTICA INTEGRADA LTDA CGHs e PCHs
CONSTRUNIVEL CONSTRUTORA LTDA Empresa integradora
Energiciti Empresa integradora
GENUS ENERGIA Geração distribuída e autoprodução
Grupo BC Energia GD, energias renov., comercialização
GRUPO BOM FUTURO - CUIABÁ/MT PCHs
Guilherme Susteras Atua em empresa integradora
Empresa Brasileira de Energia Solar Empresa integradora
132

Quadro A.22 – Contribuintes à Audiência Pública Categoria “GD”


(continuação)
Contribuinte Sigla/Atividade
João Alberto Medrado Azevedo Alves CGHs, Fotovoltaica, Biogás, GD
Optimum Energias Renováveis CGHs, GD, cogeração
WEG - WEG Equipamentos Elétricos S.A. - Automação Empresa integradora

Quadro A.23 – Contribuintes à Audiência Pública Categoria “consumidores”

Contribuinte Sigla/Atividade
Assoc. Grandes Consumidores Ind. Energia e Con. Livres ABRACE
Conselho de Consumidores EE Estado do Mato Grosso CONCEL MT
Conselho de Consumidores da Eletropaulo CONSELPA
Conselho de Consumidores da CEMIG --
Conselho de Consumidores da EDP São Paulo --
Nilton Pontes --

Quadro A.24 – Contribuintes das demais categorias

Contribuinte Sigla/Atividade Categoria


Assoc. Brasileira Ag. Comercializadores de Ener. Elétrica ABRACEEL Outros
Alimos Participações Ltda. -- Outros
Amew Consultoria e Assessoria Consultoria em TI Outros
Anel Imobiliária Ltda e Cal Arco Íris Ltda Imobiliária Outros
Antunes Sociedade Individual de Advocacia Advocacia Outros
Capitale Energia Comercializadora Ltda Comercializadora Outros
Soluções ambientais setores
ConSIG Soluções Ambientais diversos Outros
DNZ Soluções -- Outros
Ecom Energia Ltda Comercializadora Outros
Eucatex S.A. Indústria e Comércio Tintas e produtos diversos Outros
Faerber Geração -- Outros
Mundi Energia -- Outros
Simple Energy Gestão e consultoria energia Outros
Tecnicom Comunicação e Marketing Ltda. Comunicação e marketing Outros
Força e Luz de Valena LTDA -- Outros
Sec. de Acompanhamento Econômico Min. da Fazenda SEAE F. Pública
133

APÊNDICE B – Consultas públicas: ímpeto contributivo por participante

I. Consulta Pública 015/2010

Tabela B.1 – CP 015/2010: ímpeto contributivo “concessionárias”

Participante Categoria Participações % Abstenções %


AES Tietê Concessionária 32 94,1% 2 5,9%
CEMIG – Cemig Concessionária 21 61,8% 13 38,2%
Copel Concessionária 34 100,0% 0 0,0%
CPFL Energia Concessionária 13 38,2% 21 61,8%
DME Energética Ltda Concessionária 2 5,9% 32 94,1%
Elektro Concessionária 30 88,2% 4 11,8%
Endesa Concessionária 9 26,5% 25 73,5%
Enel Green Power Concessionária 23 67,6% 11 32,4%
Energisa Concessionária 17 50,0% 17 50,0%
LIGHT – LIGHT Concessionária 24 70,6% 10 29,4%
Neoenergia Concessionária 30 88,2% 4 11,8%

Tabela B.2 – CP 015/2010: ímpeto contributivo “GD”

Participante Categoria Participações % Abstenções %


Abens e Cia GD 28 82,4% 6 17,6%
Abinee GD 32 94,1% 2 5,9%
Abragel GD 22 64,7% 12 35,3%
APINE GD 32 94,1% 2 5,9%
COGEN GD 1 2,9% 33 97,1%
EBES GD 30 88,2% 4 11,8%
Estelar Engenheiros Associados GD 1 2,9% 33 97,1%
Jorge Augusto dos Santos GD 1 2,9% 33 97,1%
RENOVE GD 30 88,2% 4 11,8%
Ricardo Augusto Pufal GD 12 35,3% 22 64,7%
Rodrigo Lopes Sauaia GD 15 44,1% 19 55,9%
Soares João Consultoria GD 1 2,9% 33 97,1%
Solaria Brasil GD 26 76,5% 8 23,5%
Ventos do Brasil GD 20 58,8% 14 41,2%

Tabela B.3 – CP 015/2010: ímpeto contributivo “consumidores”

Participante Categoria Participações % Abstenções %


Copasa Consumidores 24 70,6% 10 29,4%
Petrobras Consumidores 23 67,6% 11 32,4%
134

Tabela B.4 – CP 015/2010: ímpeto contributivo demais categorias

Participante Categoria Participações % Abstenções %


Adece Função Pública 1 2,9% 33 97,1%
CCEE Função Pública 10 29,4% 24 70,6%
ABRACEEL Outros 16 47,1% 18 52,9%
Eng. Thomas Renatus
Fendel Outros 27 79,4% 7 20,6%
FIERGS Outros 12 35,3% 22 64,7%
GTZ Outros 9 26,5% 25 73,5%
GUASCOR DO BRASIL Outros 21 61,8% 13 38,2%
IBP GÁS Outros 1 2,9% 33 97,1%
Joel P. Martins Outros 24 70,6% 10 29,4%
Kev Line Outros 1 2,9% 33 97,1%
LACTEC Outros 1 2,9% 33 97,1%
Sulgás Outros 21 61,8% 13 38,2%
135

II. Consulta Pública 005/2014

Tabela B.5 – CP 005/2014: ímpeto contributivo “concessionárias”

Participante Categoria Participações % Abstenções %


Copel Concessionária 15 100,0% 0 0,0%
AES Brasil Concessionária 13 86,7% 2 13,3%
CEMIG Concessionária 11 73,3% 4 26,7%
LIGHT Concessionária 9 60,0% 6 40,0%
CELESC Concessionária 8 53,3% 7 46,7%
EDP Concessionária 8 53,3% 7 46,7%
Elektro Concessionária 8 53,3% 7 46,7%
ITAIPU Concessionária 4 26,7% 11 73,3%
Abradee Concessionária 1 6,7% 14 93,3%
CESP Concessionária 1 6,7% 14 93,3%

Tabela B.6 – CP 005/2014: ímpeto contributivo “GD”

Participante Categoria Participações % Abstenções %


COGEN-SP GD 14 93,3% 1 6,7%
GE DIST. POWER GD 13 86,7% 2 13,3%
COGEN-RJ GD 11 73,3% 4 26,7%
ÚNICA GD 10 66,7% 5 33,3%
ABSOLAR GD 9 60,0% 6 40,0%
GIZ GD 6 40,0% 9 60,0%
APINE GD 4 26,7% 11 73,3%
AB ENERGY DO BRASIL GD 1 6,7% 14 93,3%
INEE GD 1 6,7% 14 93,3%
RENOVA ENERGIA S.A. GD 1 6,7% 14 93,3%

Tabela B.7 – CP 005/2014: ímpeto contributivo “consumidores”

Participante Categoria Participações % Abstenções %


Abrace Consumidores 1 6,7% 14 93,3%

Tabela B.8 – CP 005/2014: ímpeto contributivo demais categorias

Participante Categoria Participações % Abstenções %


COMGÁS Outros 14 93,3% 1 6,7%
Aimé Pinto Acadêmico 8 53,3% 7 46,7%
ABRACEEL Outros 2 13,3% 13 86,7%
SEDEIS Função Pública 1 6,7% 14 93,3%
SEINFRA Função Pública 1 6,7% 14 93,3%
Brookfield Outros 1 6,7% 14 93,3%
FÓRUM GN Outros 1 6,7% 14 93,3%
PECE-USP Acadêmico 1 6,7% 14 93,3%
136

APÊNDICE C – Consultas públicas: participação das categorias por questão


proposta

I. CP 015/2010

Tabela C.1 – CP 015/2010: participação categorias por questão


Questão Geral Concessionárias GD Consumidores F. Pública Outros
A1 66,7% 81,8% 71,4% 50,0% 0,0% 60,0%
A2 66,7% 90,9% 57,1% 100,0% 0,0% 60,0%
A3 38,5% 36,4% 42,9% 0,0% 0,0% 50,0%
B1 53,8% 72,7% 57,1% 100,0% 0,0% 30,0%
B2 53,8% 72,7% 57,1% 100,0% 0,0% 30,0%
B3 53,8% 63,6% 64,3% 100,0% 0,0% 30,0%
B4 51,3% 81,8% 42,9% 50,0% 0,0% 40,0%
B5 66,7% 81,8% 71,4% 100,0% 0,0% 50,0%
B6 53,8% 72,7% 57,1% 50,0% 0,0% 40,0%
B7 43,6% 63,6% 35,7% 50,0% 0,0% 40,0%
B8 33,3% 54,5% 21,4% 50,0% 0,0% 30,0%
B9 48,7% 72,7% 35,7% 100,0% 0,0% 40,0%
C1 61,5% 72,7% 64,3% 100,0% 0,0% 50,0%
C2 35,9% 45,5% 42,9% 50,0% 0,0% 20,0%
C3 46,2% 63,6% 50,0% 100,0% 0,0% 20,0%
C4 41,0% 63,6% 42,9% 0,0% 0,0% 30,0%
C5 59,0% 81,8% 57,1% 100,0% 0,0% 40,0%
C6 53,8% 63,6% 64,3% 50,0% 0,0% 40,0%
D1 56,4% 63,6% 57,1% 100,0% 50,0% 40,0%
D2 56,4% 63,6% 64,3% 50,0% 50,0% 40,0%
D3 56,4% 72,7% 57,1% 100,0% 50,0% 30,0%
D4 43,6% 72,7% 35,7% 0,0% 50,0% 30,0%
D5 53,8% 63,6% 50,0% 50,0% 50,0% 50,0%
D6 48,7% 54,5% 50,0% 100,0% 50,0% 30,0%
E1 38,5% 45,5% 42,9% 50,0% 0,0% 30,0%
E2 61,5% 63,6% 64,3% 100,0% 0,0% 60,0%
E3 61,5% 72,7% 64,3% 100,0% 0,0% 50,0%
F1 48,7% 54,5% 57,1% 100,0% 0,0% 30,0%
F2 38,5% 18,2% 57,1% 50,0% 0,0% 40,0%
F3 48,7% 45,5% 57,1% 100,0% 50,0% 30,0%
F4 64,1% 63,6% 64,3% 100,0% 50,0% 60,0%
F5 56,4% 63,6% 64,3% 50,0% 50,0% 40,0%
F6 38,5% 45,5% 42,9% 50,0% 50,0% 20,0%
Diversos 35,9% 36,4% 28,6% 0,0% 50,0% 50,0%
137

II. CP 005/2014

Tabela C.2 – CP 015/2010: participação categorias por questão


Questão Geral Concessionárias GD Consumidores F. Pública Outros Acadêmico
3.1, I 34,5% 30,0% 50,0% 0,0% 0,0% 25,0% 50,0%
3.1, II 55,2% 80,0% 60,0% 0,0% 0,0% 25,0% 50,0%
3.1, III 44,8% 70,0% 50,0% 0,0% 0,0% 25,0% 0,0%
3.1, IV 41,4% 40,0% 60,0% 0,0% 0,0% 25,0% 50,0%
3.1, V 37,9% 20,0% 70,0% 0,0% 0,0% 25,0% 50,0%
3.1, VI 20,7% 50,0% 10,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0%
3.2, I 55,2% 70,0% 70,0% 0,0% 0,0% 25,0% 50,0%
3.2, II 48,3% 80,0% 40,0% 0,0% 0,0% 25,0% 50,0%
3.2, III 37,9% 60,0% 40,0% 0,0% 0,0% 25,0% 0,0%
3.3, I 55,2% 50,0% 80,0% 0,0% 0,0% 50,0% 50,0%
3.3, II 41,4% 60,0% 40,0% 0,0% 0,0% 25,0% 50,0%
3.3, III 27,6% 40,0% 30,0% 0,0% 0,0% 25,0% 0,0%
3.3, IV 27,6% 40,0% 20,0% 0,0% 0,0% 50,0% 0,0%
3.3, V 24,1% 30,0% 30,0% 0,0% 0,0% 25,0% 0,0%
Geral 62,1% 60,0% 50,0% 100,0% 100,0% 75,0% 50,0%
138

APÊNDICE D – AP 037/2017: comparação dados originais e reclassificados

Tabela D.1 – Recepcionamento contribuições versão original


Referência Não aceito Parcialmente Aceito Aceito Não se aplica TOTAIS
Concessionárias 2 6 3 13 24
% Geral 8,3% 25,0% 12,5% 54,2% 100%
% Válidas 18,2% 54,5% 27,3% 0,0% 100%
GD 9 11 5 19 44
% Geral 20,5% 25,0% 11,4% 43,2% 100%
% Válidas 36,0% 44,0% 20,0% 0,0% 100%
Consumidores 0 2 3 1 6
% Geral 0,0% 33,3% 50,0% 16,7% 100%
% Válidas 0,0% 40,0% 60,0% 0,0% 100%
F. Pública 0 0 1 0 1
% Geral 0,0% 0,0% 100,0% 0,0% 100%
% Válidas 0,0% 0,0% 100,0% 0,0% 100%
Outros 2 8 5 1 16
% Geral 12,5% 50,0% 31,3% 6,3% 100%
% Válidas 13,3% 53,3% 33,3% 0,0% 100%
TOTAIS 13 27 17 34 91
% 14,3% 29,7% 18,7% 37,4% 100%
% Válidas 22,8% 47,4% 29,8% 0,0% 100%
139

Quadro D1 – Comparativo entre versão original e reclassificada


Concessionárias Original Refinada Diferença
Não aceito 2 10 8
Parcialmente aceito 6 1 -5
Aceito 3 0 -3
Não se aplica 13 13 0
TOTAIS 24 24 0
GD Original Refinada Diferença
Não aceito 9 21 12
Parcialmente aceito 11 2 -9
Aceito 5 2 -3
Não se Aplica 19 19 0
TOTAIS 44 44 0
Consumidores Original Refinada Diferença
Não aceito 0 3 3
Parcialmente aceito 2 2 0
Aceito 3 0 -3
Não se Aplica 1 1 0
TOTAIS 6 6 0
Outros Original Refinada Diferença
Não aceito 2 9 7
Parcialmente aceito 8 3 -5
Aceito 5 3 -2
Não se Aplica 1 1 0
TOTAIS 16 16 0
Função Pública Original Refinada Diferença
Não aceito 0 1 1
Parcialmente aceito 0 0 0
Aceito 1 0 -1
Não se Aplica 0 0 0
TOTAIS 1 1 0
Referência Original Refinada Diferença
Não aceito 13 44 -31
Parcialmente aceito 27 8 19
Aceito 17 5 12
Não se aplica 34 34 0
TOTAL 91 91 0

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