Você está na página 1de 76

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ

MATHEUS CORRAL DE ARAUJO

OTAVIO MANOEL PAZ MIRANDA

DESENVOLVIMENTO E IMPLEMENTAÇÃO DE UM SISTEMA DE GESTÃO DE


ENERGIA (SGE) EM EMPRESAS COM TARIFA ENERGÉTICA DO GRUPO A

CURITIBA

2022
2

MATHEUS CORRAL DE ARAUJO

OTAVIO MANOEL PAZ MIRANDA

DESENVOLVIMENTO E IMPLEMENTAÇÃO DE UM SISTEMA DE GESTÃO DE


ENERGIA (SGE) EM EMPRESAS COM TARIFA ENERGÉTICA DO GRUPO A

Relatório do Trabalho de Conclusão de Curso II


apresentado como requisito para a obtenção do título
de Engenheiro Eletricista do curso de Engenharia
Elétrica da Universidade Federal do Paraná

Orientador: Prof. Dr. Mateus Duarte Teixeira

CURITIBA

2022
3

AGRADECIMENTOS

Agradecemos aos nossos pais e irmãos, André, Ieda, Giovana, Márcia e Aldo,
por todo o apoio e companheirismo durante essa longa jornada.
A Universidade Federal do Paraná, essencial para o nosso processo de
formação profissional e todos os aprendizados adquiridos nesses anos. Em especial,
um agradecimento ao Professor Mateus, por nos orientar e ter desempenhado tal
função com tanta dedicação, paciência e disponibilidade. Também por abrir as
portas com a BREE, com certeza foi um grande marco para o desenvolvimento
deste trabalho.
A BREE por ceder o espaço e dar o suporte necessário ao desenvolvimento
do trabalho. Em especial, a Alessandra, que nos guiou durante a visita e trouxe
sugestões de melhorias para a nossa ferramenta.
Aos grandes amigos Franciely, Lucas, Ian e Júnior que estiveram sempre do
nosso lado, seja nos momentos de alegria ou tristeza. A presença de vocês tornou
nossa graduação muito mais leve e esperamos carregar essa amizade para toda a
vida.
4

RESUMO

O setor industrial representa o maior consumo energético por setor no Brasil


e o segundo maior responsável pelas emissões de CO2 na matriz energética
brasileira. Para aproveitar as oportunidades de melhoria, é necessário a adoção de
políticas energéticas consistentes que busquem o uso eficiente e consciente de
energia, tanto no curto quanto no longo prazo. O presente estudo visa desenvolver
uma ferramenta computacional que auxilie indústrias a implementarem e manterem
um sistema de gestão de energia (SGE) focado na melhoria contínua, com base na
NBR ISO 50001. Para o desenvolvimento do trabalho, foi feita uma revisão da norma
NBR ISO 50001, e posteriormente, uma aplicação prática inicial de um sistema de
energia na empresa BREE, uma empresa que realiza projeto e fabricação de
equipamentos de eficiência energética e qualidade de energia com o intuito de testar
a ferramenta computacional. Ao final, foi realizada uma revisão energética segundo
a NBR ISO 50001 na BREE, contendo os principais usos de energia, sugestões de
indicadores energéticos, uma breve análise de fator de potência e sugestões de
melhoria do desempenho energético.

Palavras-chave: NBR ISO 50001; desempenho energético; ferramenta


computacional.
5

ABSTRACT

The industrial sector represents the largest energy consumption per sector in
Brazil and the second largest responsible for CO2 emissions in the Brazilian energy
matrix. To take advantage of opportunities for improvement, it is necessary to adopt
consistent energy policies that seek the efficient and conscious use of energy, both in
the short and long term. This study aims to develop a computational tool that helps
industries to implement and maintain an energy management system (EnMS)
focused on continuous improvement, based on the NBR ISO 50001. To develop this
work, a review of the NBR ISO 50001 was performed, and later, an initial practical
application of an energy system in BREE, a company that designs and manufactures
energy efficiency and power quality equipment, in order to test the computational
tool. At the end, an energy review was performed according to the NBR ISO 50001 at
BREE, containing the main uses of energy, suggestions for energy indicators, a brief
power factor analysis and suggestions for improving energy performance.

Keywords: NBR ISO 50001; energy performance; computational tool.


6

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

FIGURA 1 - CONSUMO DE ENERGIA ELÉTRICA POR SETOR


EM 2020 15

FIGURA 2 - MODELO DE ETIQUETA DO PROGRAMA


BRASILEIRO DE ETIQUETAGEM, COM
DETALHAMENTO DAS INFORMAÇÕES. 21

FIGURA 3 - CICLO PDCA 23

FIGURA 4 - SÍNTESE DOS PASSOS PARA A DEFINIÇÃO DO


CONTEXTO DA ORGANIZAÇÃO 31

FIGURA 5 - SÍNTESE DOS PASSOS PARA O PLANEJAMENTO


DO SGE 32

FIGURA 6 - SÍNTESE DOS PASSOS PARA A APLICAÇÃO DO


SGE 33

FIGURA 7 - SÍNTESE DOS PASSOS PARA A VERIFICAÇÃO DO


SGE 34

FIGURA 8 - SÍNTESE DOS PASSOS PARA A MELHORIA DO


SGE 35

FIGURA 9 - FUNCIONALIDADE DE GESTÃO DA INFORMAÇÃO 40

FIGURA 10 - FUNCIONALIDADE PLANEJAMENTO DA GESTÃO


INTEGRADA 41

FIGURA 11 - DASHBOARD PARA ACOMPANHAMENTO DE


ATIVIDADES 41

FIGURA 12 - CAMPO PARA CRIAÇÃO DE UMA NOVA ATIVIDADE 42

FIGURA 13 - FUNCIONALIDADE ACOMPANHAMENTO DE


AUDITORIAS INTERNAS 43

FIGURA 14 - FORMULÁRIO PARA A COLETA DAS


INFORMAÇÕES DA AUDITORIA 44
7

FIGURA 15 - ARQUIVOS DE DADOS PARA CONTRUÇÃO DAS


DASHBOARDS 45

FIGURA 16 - EXEMPLO DE GRÁFICO PARA


ACOMPANHAMENTO DO FATOR DE POTÊNCIA 46

FIGURA 17 - GERENCIAMENTO DE USUÁRIOS 46

DIAGRAMA 1 - FUNCIONAMENTO DA FERRAMENTA 49

GRÁFICO 1 - SETOR INDUSTRIAL : DECOMPOSIÇÃO DA


VARIAÇÃO DO CONSUMO FINAL 16

GRÁFICO 2 - EMISSÕES DE CO2 ASSOCIADAS À MATRIZ


ENERGÉTICA BRASILEIRA 17

GRÁFICO 3 - FATOR DE POTÊNCIA TRIFÁSICO NO QUADRO


380V 54

GRÁFICO 4 - FATOR DE POTÊNCIA POR FASE NO QUADRO


380V 54
8

LISTA DE TABELAS

TABELA 1 - FAMÍLIA DE NORMAS ISO 50001 24

TABELA 2 - USO SIGNIFICATIVO DE ENERGIA NA BREE 50

TABELA 3 - VARIÁVEIS QUE PODEM AFETAR O USO DE


ENERGIA NA BREE 51

TABELA 4 - SUGESTÕES DE IDE PARA A BREE 52


9

LISTA DE ABREVIATURAS OU SIGLAS

LBE Linha de Base Energética

SGE Sistema de Gestão de Energia

TEP Toneladas Equivalentes de Petróleo

EPE Empresa de Pesquisa Energética

ONU Organização das Nações Unidas

ODS Objetivos de Desenvolvimento Sustentável

PNEf Plano Nacional de Eficiência Energética

PBE Programa Brasileiro de Etiquetagem

PEE Programa de Eficiência Energética

PROPEE Procedimentos do Programa de Eficiência Energética

USE Uso Significativo da Energia

IDE Indicadores de Desempenho Energético

ESCO Empresas de serviços e de conservação de energia

MME Ministério de Minas e Energia

SGI Sistema Gestão Integrado

BREE Brazilian Energy Efficiency

NBR Norma Brasileira


10

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO 12
1.1 OBJETIVOS 12
1.2 JUSTIFICATIVA 13
1.3 ESTRUTURA DO DOCUMENTO 14
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 15
2.1 CONSUMO DE ENERGIA NO SETOR INDUSTRIAL 15
2.2 IMPACTO AMBIENTAL 16
2.3 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA 18
2.4 POLÍTICAS DE GESTÃO ENERGÉTICA NO BRASIL 20
2.4.1 PLANO NACIONAL DE EFICIÊNCIA ENERGÉTICA (PNEF) 20
2.4.2 PROGRAMA BRASILEIRO DE ETIQUETAGEM (PBE) 21
2.4.3 PROGRAMA DE EFICIÊNCIA ENERGÉTICA (PEE) 22
2.4.4 LEI DA EFICIÊNCIA ENERGÉTICA 22
2.4.5 NBR ISO 50001 22
2.5 SOFTWARES DE GESTÃO DE ENERGIA 24
2.6 AÇÕES DE EFICIÊNCIA ENERGÉTICA EM INDÚSTRIAS 25
3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 27
4 MATERIAIS E MÉTODOS 29
4.1 METODOLOGIA E PARTES ENVOLVIDAS 29
4.2 APLICAÇÃO NBR ISO 50001 29
4.2.1 PLANEJAR (PLAN) 29
4.2.2 FAZER (DO) 32
4.2.3 CHECAR (CHECK) 33
4.2.4 AGIR (ACT) 34
4.3 BREE - BRAZILIAN ENERGY EFFICIENCY 35
11

4.3.1 SISTEMA DE GESTÃO INTEGRADO DA BREE 35


4.4 COLETA DE DADOS PARA O PROJETO 36
5 RESULTADOS 39
5.1 DESENVOLVIMENTO DO SOFTWARE 39
5.2 FUNCIONALIDADES DA FERRAMENTA COMPUTACIONAL 39
5.2.1 GESTÃO DA INFORMAÇÃO 39
5.2.2 PLANEJAMENTO DE GESTÃO INTEGRADA (PGI) 40
5.2.3 ACOMPANHAMENTO DE AUDITORIAS INTERNAS 42
5.2.4 ACOMPANHAMENTO DE INDICADORES E DADOS ELÉTRICOS 45
5.2.5 ADMINISTRATIVO 46
5.3 RESULTADOS DA FERRAMENTA COMPUTACIONAL 47
5.4 APLICAÇÃO INICIAL DO SGE NA BREE 49
5.4.1 REVISÃO ENERGÉTICA NA BREE 49
5.4.1.1 USOS SIGNIFICATIVOS DE ENERGIA NA BREE 50
5.4.1.2 OUTRAS VARIÁVEIS QUE PODEM AFETAR O USO DE
ENERGIA 51
5.4.2 INDICADORES DE DESEMPENHO ENERGÉTICO (IDE) 51
5.4.3 SUGESTÕES DE MELHORIA DO DESEMPENHO ENERGÉTICO 56
6 CONCLUSÕES 59
REFERÊNCIAS 61
APÊNDICE 1 - QUESTIONÁRIO PARA APLICAÇÃO DO SGE NA BREE 64
ANEXO 1 - LISTA DE VERIFICAÇÃO DOS REQUISITOS DA ISO 50001 65
12

1 INTRODUÇÃO

Em termos gerais, eficiência é conseguir o melhor resultado com o mínimo


de recursos. Buscar a eficiência é muitas vezes uma tarefa árdua para as empresas,
em especial a eficiência energética, que geralmente é distante do conhecimento do
negócio. Uma possível solução é a implementação de um Sistema de Gestão de
Energia (SGE).
Um SGE é um conjunto de procedimentos e atividades implementados por
qualquer tipo de organização, seja industrial, comercial, administrativa ou de
serviços, na sua rotina diária para tornar o consumo energético mais eficiente e,
assim, promover uma redução do consumo total de energia (MME, 2011). A NBR
ISO 50001 e a NBR ISO 50004 apresenta formas de implementar um SGE, no
entanto, muitas das práticas apresentadas são de difícil entendimento e execução,
além de requisitar um número significativo de pessoal para tal tarefa. Um SGE tem
sua importância, pois metodiza e deixa claro o que deve ser realizado, como e
quando.
A busca pela eficiência energética não vem somente pelo lado financeiro da
questão mas também o ambiental, já que por mais que a maioria da geração de
energia do Brasil seja renovável, ainda existe uma parte que não, e até mesma as
alternativas renováveis tem seus ônus, a própria hidroelétrica é um exemplo, pois
necessita alagar uma grande área, alterando todo o ecossistema do local. Portanto,
usar o recurso extraindo o máximo sem desperdício é de grande valia.
Algumas agências e organizações brasileiras incentivam o uso eficiente da
energia, por meio de políticas, leis ou incentivos. Alguns exemplos são o Programa
Brasileiro de Etiquetagem (PBE), Procel, Programa de Eficiência Energética (PEE),
BNDES Eficiência Energética, Plano Nacional de Eficiência Energética (PNEf), Plano
Decenal de Eficiência Energética (PDEf), entre outros.

1.1 OBJETIVOS

O objetivo geral do trabalho é desenvolver uma ferramenta computacional,


que permita o armazenamento, análise e acompanhamento dos dados energéticos,
para apoio na gestão de energia de uma indústria.
Os objetivos específicos são descritos a seguir:
13

1. Avaliar a NBR ISO 50001 e normas relacionadas;


2. Especificar os pontos fundamentais para um SGE na indústria;
3. Planejar o desenvolvimento do programa computacional;
4. Coletar e analisar dados da empresa em estudo;
5. Desenvolver e implementar um SGE inicial para a empresa em estudo;
6. Validar o programa computacional na empresa em estudo.

1.2 JUSTIFICATIVA

A eficiência energética traz grandes vantagens competitivas para as


empresas que a buscam, seja por questões ambientais, redução do custo de
produção e para atender a exigências de fornecedores e clientes. Pesquisas como a
da Carbon Trust "TRANSFORMATIVE INVESTMENTS FOR ENERGY EFFICIENCY
AND RENEWABLE ENERGY" e da FIEP em 2016 “Panorama sobre eficiência
energética na indústria paranaense de alimentos, metalurgia e móveis", apresentam
o interesse das indústrias brasileiras e paranaenses a respeito da economia de
energia e o potencial mercadológico de soluções desse tema.
O que motiva esse trabalho é a busca por aprofundar mais na área de
eficiência energética, que mostra um grande potencial tanto para quem busca
economia energética, vantagem comercial e redução do impacto ambiental. Usando
como base conhecimentos adquiridos no curso de engenharia elétrica e o suporte da
empresa BREE (Brazilian Energy Efficiency), localizada em Quatro Barras, no
estado do Paraná, com um estudo de caso, busca-se desenvolver um programa
computacional que visa facilitar a vida do usuário na implementação de um SGE em
sua empresa.
O público-alvo são empresas que se enquadram no grupo A da copel e
tenham interesse em implementar um SGE organizado e com um melhor
gerenciamento dos processos
Academicamente falando, o trabalho permitirá aplicar na prática os estudos
realizados ao decorrer de anos na universidade, desde estatística, programação,
conversão de energia, instalações elétricas, eletrônica de potência e todos os
fundamentos da engenharia elétrica. Profissionalmente, trará uma solução que
poderá ser usada nas indústrias para economizar tempo e recursos das empresas.
Socialmente, o projeto poderá estimular o consumo consciente de energia de
grandes consumidores, trazendo uma redução na emissão dos gases do efeito
14

estufa, além da redução dos gastos financeiros das empresas, estimulando o


desenvolvimento e o crescimento econômico.
1.3 ESTRUTURA DO DOCUMENTO

O presente documento está dividido em 6 capítulos. O primeiro capítulo


conduz uma breve introdução ao tema e as motivações do trabalho.
O segundo, apresenta a Fundamentação Teórica, mostrando todo o
embasamento para a construção do trabalho. Nele é exposto tópicos relevantes,
como o consumo energético em indústrias, o impacto ambiental causado, a
relevância da eficiência energética e as atuais políticas visando o seu incentivo.
Também é realizada uma breve pesquisa de softwares de gestão de energia
existentes no mercado.
A revisão bibliográfica, no terceiro capítulo, traz outros trabalhos que já
implementaram um SGE e os resultados que obtiveram.
O quarto capítulo trata dos materiais e métodos, apresentando uma
descrição detalhada do caminho percorrido para execução desse trabalho. É
abordado também os recursos necessários para o sucesso do trabalho,
descrevendo todos os softwares, linguagem, ferramentas e materiais necessários
para a execução do projeto.
O quinto capítulo, faz uma apresentação dos principais resultados atingidos
com a ferramenta para facilitar a aplicação da NBR ISO 50001 e a aplicação inicial
do SGE na BREE.
15

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Para buscar as bibliografias que compõem este trabalho foram utilizadas


separadamente as palavras chave “ISO 50001”, “SGE”, “Sistema de gestão de
energia”. Foram utilizadas as combinações de “ISO 50001” com “implementação”
com “indústrias”; “ISO 50001” com “estudo de caso”; com “indústrias” e “eficiência
energética” com “indústrias”

2.1 CONSUMO DE ENERGIA NO SETOR INDUSTRIAL

A energia elétrica já é indispensável para o desenvolvimento das atividades


humanas e melhorias na qualidade de vida. Hoje, ela permeia todos os setores da
sociedade - economia, trabalho, ambiente, relações internacionais - assim como as
nossas próprias vidas – moradia, alimentação, saúde, transporte, lazer e muito mais
(HINRICHS; KLEINBACH; 2014).

A sua disponibilidade acompanhou a industrialização, permitindo uma


redução significativa de trabalho manual e aumentando a produtividade. Com uma
maior produção de bens, foi possível um maior desenvolvimento econômico. Hoje, é
difícil imaginar a confecção de algum produto em larga escala sem o uso de grandes
maquinários e uma linha de produção automatizada.
Segundo o Balanço Energético Nacional 2021, que traz os dados do ano de
2020, as indústrias foram responsáveis por 32,1% do consumo de energia no Brasil,
seguido do setor de transportes, com 31,2%. Mesmo em um ano atípico com o início
da pandemia, o consumo nas indústrias cresceu 3,9% em comparação ao ano de
2019.
FIGURA 1 - CONSUMO DE ENERGIA ELÉTRICA POR SETOR EM 2020

FONTE: BALANÇO ENERGÉTICO NACIONAL (2021)


16

O setor industrial é um dos principais setores da economia brasileira, com


forte influência no equilíbrio econômico e na geração de empregos. Como consumo
de energia, é esperado, segundo o Plano Decenal de Expansão de Energia 2031,
que o consumo do setor industrial salte de 85 milhões de tep para 107 milhões de
tep em 10 anos. O que representa um crescimento médio do consumo do setor
industrial de 2,4% ao ano.
Esses dados mostram a relevância do setor frente ao consumo energético
brasileiro. Além de ser o maior consumidor de energia, também é responsável pelas
maiores oportunidades para a realização de projetos de eficiência energética, visto a
alta quantidade de equipamentos utilizados no dia a dia dessas instalações, como
motores, compressores e bombas. Os resultados de ações de redução do consumo
energético são os mais significativos, comparados a outros setores e por isso serão
o foco deste trabalho.

2.2 IMPACTO AMBIENTAL

Para compreender o impacto ambiental gerado pelas indústrias é importante


entender de onde está vindo a energia que alimenta o setor e qual energia é essa. A
matriz elétrica brasileira em 2019, segundo EPE, é 83% renovável, um fator muito
positivo comparado com o restante do mundo que apresenta 27% de produção de
energia por fontes renováveis. Porém, em 2021, apenas 21,3% do consumo de
energia nas indústrias vem da fonte elétrica. Outros 35,2% vem de fontes não
renováveis de energia e essa proporção tende a se manter nos próximos 10 anos,
segundo o Plano Decenal de Expansão de Energia 2031.

GRÁFICO 1 - SETOR INDUSTRIAL: DECOMPOSIÇÃO DA VARIAÇÃO DO CONSUMO FINAL


17

FONTE: PLANO DECENAL DE EXPANSÃO DE ENERGIA 2031.

Além dos custos econômicos para uma organização, a energia pode impor
custos ambientais e sociais, exaurindo recursos e contribuindo com problemas como
a alteração climática, principalmente ao se tratar de fontes de energia fósseis.
(CELUPI; CORTE, 2016)
Esses problemas foram retratados ao longo dos anos com o
desenvolvimento econômico de diversos países, onde foi possível observar o
declínio da qualidade do ar urbano e a forte degradação do solo e das águas. Como
os combustíveis fósseis têm uma forte representação do consumo de recursos
energéticos, o clima da Terra pode alterar-se irreversivelmente, devido às emissões
de dióxido de carbono (HINRICHS; KLEINBACH, 2014).
Traduzindo às emissões em números, segundo o Balanço Energético
Nacional 2021, em 2020, o total de emissões de CO2 antrópicas associadas à matriz
energética brasileira atingiu 398,3 milhões de toneladas de CO2 equivalente, sendo
a indústria responsável por 18%. Mesmo com uma redução da emissão de CO2 no
ano anterior, esta não pode ser atribuída a políticas realizadas para esse fim, mas
sim ao recuo da produção em 2020 devido à crise da COVID-19. Segundo o mesmo
relatório, a emissão de CO2 projetada para 2030 representa um aumento de 22%,
chegando a 484 milhões de toneladas de CO2 equivalente.

GRÁFICO 2 - EMISSÕES DE CO2 ASSOCIADAS À MATRIZ ENERGÉTICA BRASILEIRA

FONTE: BALANÇO ENERGÉTICO NACIONAL (2021).

O dióxido de carbono é apenas um dos problemas ambientais causados


pelo uso de combustíveis fósseis, podendo ser citado a emissão de outros gases
nocivos, como o óxido de enxofre (SOx), óxidos de nitrogênio (NOx), metano (CH4) e
18

monóxido de carbono (CO). Desses gases surgem consequências como a chuva


ácida, efeito estufa e mudanças climáticas, desflorestamento e desertificação
(ROMÉRO; REIS; 2012).
Uma das formas mais rápidas e de melhor custo benefício para reduzir as
emissões de gases nocivos é a eficiência energética combinada com outras ações,
como a mudança de comportamento e a eletrificação do transporte, do aquecimento
de água e de outras várias aplicações industriais. Nesse cenário, com um
crescimento econômico global projetado de 40% em 2030, devido a altas
populações e níveis de renda mais altos, é possível utilizar 7% a menos de energia,
aponta o IEA (2021).

2.3 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA

A eficiência energética não se trata de racionamento de energia, ou redução


na qualidade dos produtos e serviços. Como já citado, o significado de eficiência é
realizar as mesmas coisas com menores quantidades de recursos. Da mesma
forma, a eficiência energética visa realizar todos os processos que já eram
efetuados, utilizando menos energia. Como resultado, em maiores escalas, pode ser
observado uma diminuição de emissão de gases nocivos vindo da queima de
combustíveis fósseis. Individualmente, a redução de custos com a energia elétrica.
A importância deste tema pode ser vista na política internacional com os
Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Organização das Nações
Unidas (ONU), para a Agenda 2030. A ONU busca mediar ações entre países
visando conservar o planeta e preservar os direitos humanos. Dos grandes 17
Objetivos de Desenvolvimento surgem indicadores e metas que serão desdobrados
em ações e farão parte das agendas mundiais. A gestão de energia e eficiência
energética são temas abordados diretamente na ODS 7 - Energia Limpa e
Acessível:
- Item 7.3: “Até 2030, dobrar a taxa global de
melhoria da eficiência energética”;

- Item 7.a: “Até 2030, reforçar a cooperação


internacional para facilitar o acesso a pesquisa
19

e tecnologias de energia limpa, incluindo


energias renováveis, eficiência energética e
tecnologias de combustíveis fósseis avançadas
e mais limpas, e promover o investimento em
infraestrutura de energia e em tecnologias de
energia limpa”

Também na ODS 9 - Indústria, Inovação e Infraestrutura:

- Item 9.4: “Até 2030, modernizar a infraestrutura


e reabilitar as indústrias para torná-las
sustentáveis, com eficiência aumentada no uso
de recursos e maior adoção de tecnologias e
processos industriais limpos e ambientalmente
corretos; com todos os países atuando de
acordo com suas respectivas capacidades”.

E por fim, na ODS 11 - Cidades e comunidades sustentáveis:

- Item 11.6: “Até 2030, reduzir o impacto


ambiental negativo per capita das cidades,
inclusive prestando especial atenção à
qualidade do ar, gestão de resíduos municipais
e outros”.

Dada a importância global do tema, agora é preciso entender como isso é


aplicado na prática. Segundo a última versão do guia técnico de Gestão Energética
Procel (2005). As ações de eficiência energética para empresas são centradas em 2
tipos de medidas:

a) Medidas que implicam em ações de gestão nas instalações. Incluindo o


treinamento e conscientização dos colaboradores em boas práticas do uso de
energia e a fixação de procedimentos objetivando a perenidade do programa
a ser desenvolvido.

b) Medidas que implicam ações de atualização tecnológica, como a troca de


equipamentos por outros mais eficientes.

As medidas descritas no item a, representam mudanças que trarão


resultados em médio/longo prazo, porém com custos significativamente menores. Já
o item b é o contrário, ações de alto custo com resultados em curto prazo.
20

A criação de políticas de eficiência energética em uma empresa precisa ser


um grande marco, não basta ser ações pontuais com início, meio e fim. Para isso,
torna-se necessário uma documentação formal mostrando a seriedade e importância
do tema. A responsabilidade de execução das medidas cabe a um grupo de
funcionários aptos para o trabalho e a direção deve manter-se comprometida com o
seu sucesso, devendo acompanhar suas ações e resultados, e demonstrar seu
apoio (PROCEL/ELETROBRÁS, 2005).
Além dos benefícios financeiros e contribuições para a sociedade e o meio
ambiente, uma empresa que tem políticas de eficiência energética como parte da
sua rotina de trabalho e almeja grandes resultados, tem como vantagens:

➢ Expansão de oportunidades de negócio, visto que muitas empresas escolhem a


dedo fornecedores que se preocupam com pautas de sustentabilidade;

➢ Aumento da competitividade no mercado;

➢ Aumento de valor da marca, mostrando importantes certificações para o


mercado.

2.4 POLÍTICAS DE GESTÃO ENERGÉTICA NO BRASIL

Com o intuito de padronizar e criar mecanismos legais que promovam o uso


racional da energia, surgem as políticas públicas para eficiência energética. Aqui
serão citadas algumas das políticas mais conhecidas sobre o tema.

2.4.1 PLANO NACIONAL DE EFICIÊNCIA ENERGÉTICA (PNEF)

Divulgado pela primeira vez em 2011, o PNEf visa instituir políticas e orientar
ações para serem desenvolvidas atuações de eficiência energética, focadas em
aspectos tecnológicos e comportamentais (BARROS et al., 2015). O plano também
descreve ações diversas para aumentar a conservação de energia nos setores
industriais, transportes, edificações, iluminação pública, saneamento, educação,
entre outros.
Segundo o Ministério de Minas e Energia (MME) (2011), uma das medidas
indicadas para o setor de indústrias é a contratação de serviços de consultoria em
eficiência energética. Também é ressaltado a necessidade de modernização da
indústria por meio da adoção de incentivos fiscais na troca de equipamentos
21

ineficientes, com estudos de investimentos para financiamentos concedidos por


agências governamentais e criar linhas de financiamento para equipamentos
energeticamente eficientes.

2.4.2 PROGRAMA BRASILEIRO DE ETIQUETAGEM (PBE)

Iniciado em 1984 e atualmente gerido pelo INMETRO, o PBE tem como


função fornecer informações relevantes sobre o desempenho dos produtos,
considerando, fatores relevantes para o consumidor realizar a compra de maneira
consciente. Entre outros fatores envolvidos, o principal deles é a eficiência
energética.
Os produtos com a etiqueta, são passados por ensaios em laboratório e
recebem uma faixa colorida que os diferenciam. No caso da eficiência energética, a
classificação vai de mais eficiente (A) à menos eficiente (de C até G, dependendo do
produto), onde se entende que os mais eficientes utilizam melhor a energia, têm
menor impacto ambiental e custam menos para funcionar. Dessa forma, é entregue
o conhecimento para o consumidor e torna-se responsabilidade dele a utilização de
produtos mais eficientes. Todo esse processo também estimula a competitividade e
inovação na indústria, na busca por produtos mais eficientes (INMETRO, 2021).

FIGURA 2: MODELO DE ETIQUETA DO PROGRAMA BRASILEIRO DE ETIQUETAGEM, COM


DETALHAMENTO DAS INFORMAÇÕES.

FONTE: INMETRO (2021)


22

2.4.3 PROGRAMA DE EFICIÊNCIA ENERGÉTICA (PEE)

Visando promover o uso eficiente da energia elétrica em todos os setores da


economia, o PEE, conforme a Lei nº 9.991, de 24 de julho de 2000, obriga as
concessionárias e permissionários de serviços públicos de distribuição de energia
elétrica a aplicar anualmente um montante de sua receita líquida em pesquisa e
desenvolvimento do setor elétrico. Essa verba é utilizada para financiar projetos ou
pesquisas de eficiência energética que demonstrem a importância e viabilidade
econômica de melhoria da eficiência energética de equipamentos, processos e usos
finais de energia.
Dessa forma, qualquer empresa com projetos de eficiência energética pode
participar de editais que acontecem 1 vez ao ano, sendo selecionados os projetos
por um sistema de qualidade e preço. Todas as regulamentações e procedimentos
podem ser encontradas nos documentos de Procedimentos do Programa de
Eficiência Energética (PROPEE) (ANEEL, 2021).

2.4.4 LEI DA EFICIÊNCIA ENERGÉTICA

Publicada em 2001, a Lei nº 10.295, institui a política nacional de


conservação e uso racional de energia. A lei tem como diretriz, a definição de níveis
mínimos de referências de eficiência energética de máquinas e aparelhos
consumidores de energia fabricados ou comercializados no Brasil e de edificações
construídas no país. Essa diretriz é feita com base em indicadores técnicos, por
meio do Comitê Gestor de Indicadores e Níveis de Eficiência Energética, sob a
coordenação do Ministério de Minas e Energia (BRASIL, 2019).

2.4.5 NBR ISO 50001

A ISO 50001 – Sistema de Gestão de Energia (SGE) foi criada em 2011 com
o intuito principal de estabelecer uma padronização para o gerenciamento
energético, com os requisitos mínimos e específicos que garantam a melhoria
contínua do desempenho energético da organização que a adotar. A responsável
pela norma no Brasil é a Associação Brasileiro de Normas Técnicas - ABNT e sua
última versão foi lançada em 2018.

Um dos conceitos fundamentais para o entendimento da norma é o de


melhoria contínua. Para isso o SGE tem como base da sua implantação a
23

ferramenta de gestão PDCA, que tem em vista gerenciar e melhorar a qualidade do


processo através de quatro etapas: Plan, Do, Check, Act. (Planejar, Fazer, Checar,
Agir), e com isso, incorpora a gestão da energia nas práticas organizacionais
existentes.

FIGURA 3: CICLO PDCA

FONTE: OS AUTORES (2022).

Devido à complexidade da norma, foram desenvolvidas uma série de


documentos complementares que auxiliam na aplicação do SGE em várias
situações específicas. Formando a Família de Normas ISO 50001, que será
apresentada na Tabela 1
24

TABELA 1: FAMÍLIA DE NORMAS ISO 50001

Norma Descrição

ISO 50001 Sistema de gestão da energia - Requisitos com orientações para uso

ISO 50002 Diagnósticos energéticos - Requisitos com orientação para uso

ISO 50003 Requisitos para organismos de auditoria e certificação de sistemas


de gestão de energia

ISO 50004 Guia para implementação, manutenção e melhoria de um sistema de


gestão de energia

ISO 50006 Medição do desempenho energético

ISO 50014 Measurement and verification of energy performance of organizations

ISO 50047 Determination of energy savings in organizations


FONTE: ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (2018)

2.5 SOFTWARES DE GESTÃO DE ENERGIA

Com o avanço da Indústria 4.0 foi se tornando cada vez mais comum a
integração de diferentes tecnologias para promover a digitalização das atividades
industriais, que buscam melhorar os processos e aumentar a produtividade. Alguns
exemplos dessas tecnologias são: robótica, computação em nuvem, internet das
coisas e a inteligência artificial.
Dada toda a importância da energia na indústria, realizar o seu controle,
monitoramento e economia se torna essencial. Como consequência, já existem
alguns softwares comerciais que realizam essas funções e deixam o cliente mais
inteirado dos assuntos relacionados à energia.
Em busca realizada no Google, utilizando uma combinação das palavras
“software”, “gestão”, “energia”, “norma” e “ISO 50001”, foram encontrados uma série
de softwares que realizam trabalhos relacionados à gestão de energia. A seguir, eles
foram agrupados em relação às principais funções que exercem.
O primeiro grupo são os softwares para monitoramento do consumo e
geração de energia. Através de medidores instalados, essas informações são
enviadas para um sistema que disponibiliza dashboards em tempo real sobre toda a
energia consumida e gerada no local, facilitando o acompanhamento e realização de
ações preventivas e corretivas.
25

O segundo grupo, também bem comum, são os softwares para controle de


compra e venda no Mercado Livre de Energia, junto com a consultoria para realizar
a migração. Essas empresas fazem a análise de risco, suporte regulatório, criação e
construção de operações com base nas regras de mercado, gestão dos contratos,
entre outros.
O terceiro grupo, menos comum, são as consultorias para dar suporte na
auditoria de várias certificações, entre elas a ISO 50001. As empresas são
responsáveis por verificar todos os tópicos relevantes em uma auditoria para
conseguir a certificação e propor ações corretivas, visando o sucesso na auditoria
real.
Uma percepção durante essas análises é que todas essas empresas têm o
foco em grandes consumidores de energia, como indústrias de médio e grande
porte. Não foi encontrado nenhum software com foco em empresas menores que as
auxiliem a economizar energia. Também não foi encontrada nenhuma ferramenta
que auxilie na aplicação completa de uma norma dentro de uma empresa.

2.6 AÇÕES DE EFICIÊNCIA ENERGÉTICA EM INDÚSTRIAS

Relacionando todos os tópicos citados anteriormente, vale ressaltar que o


setor industrial é o maior consumidor de energia e também o segundo maior emissor
de CO2, segundo o Balanço Energético Nacional 2021, com os dados base do ano
de 2020. A indústria também apresenta grandes oportunidades de redução do
consumo energético devido a grande quantidade de equipamentos de alto consumo
energético utilizados no dia a dia dessas instalações.

Para aproveitar essas oportunidades de fazer os mesmos processos


consumindo menos energia, se torna relevante compreender os conceitos de
eficiência energética e quais são as principais políticas existentes. A NBR ISO 50001
é um dos exemplos de políticas que podem ser implementadas em organizações
para melhorar o desempenho energético. Por ser uma estrutura que permite a
melhoria contínua, é possível utilizar ideias e conceitos de outras políticas de
eficiência energética para potencializar os resultados.

Por serem políticas de difícil implementação e normalmente fora da principal


atividade da empresa, para democratizar esses conceitos é importante suporte e
26

consultoria especializada no tema. Um exemplo de suporte são os softwares de


gestão energética, que podem tornar a abordagem dessas políticas mais intuitivas e
facilitadas.
27

3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

A norma NBR ISO 50001 tem uma vasta possibilidade de aplicações devido
a sua metodologia PDCA. O seu uso pode ser feito desde pequenas residências até
grandes prédios e indústrias. Neste capítulo será mostrado algumas das aplicações
da NBR ISO 50001 já apresentadas em outros trabalhos, juntamente com os
resultados alcançados.
Em um trabalho feito na Universidade Federal do Ceará, por Neto e Pontes
(2020), no qual fazem uma aplicação na norma ABNT NBR ISO 50001 para o setor
público em um estudo de caso no Tribunal de Contas de Estado do Ceará. Para a
construção desse SGE foram realizadas as seguintes etapas: definição da política
energética, planejamento energético, definição do uso significativo de energia (USE)
no Tribunal, construção de indicadores energéticos, medição da linha de base
energética (LBE) e por fim realizado um diagnóstico energético. Com as medidas
sugeridas a expectativa é que no curto prazo seja possível reduzir o consumo em
até 3% do total de energia consumida. No médio e longo prazo, com a substituição
de equipamentos, e com a conscientização dos usuários, a economia poderá
alcançar até 8% do total de energia consumida.
O trabalho “Energy planning and management during battery manufacturing”
publicado na revista Gestão e Produção da Universidade Federal de São Carlos
(UFSCar) por Angarita et al. (2009). Mostra a melhoria do desempenho energético
em uma fábrica de baterias na Colômbia utilizando a abordagem da ISO 50001.
Para alcançar esse objetivo, no estudo foi identificado os maiores consumidores de
energia (USE), foi feita uma revisão energética com equipamentos de medição e
técnicas estatísticas para análise, propondo algumas soluções para melhorar o
desempenho energético. Como resultado foi alcançado uma redução de 3,48% no
consumo de energia durante a implementação das medidas propostas, que
representa 21.934 kWh.
Também é possível relacionar temas de gestão de energia e eficiência
energética com a redução no impacto ambiental. O trabalho “Gestão sistêmica de
energia e sua contribuição para a redução dos gases de efeito estufa – abordagem
integrada das normas ISO 50001:2011 e ISO 14064:2007”, de 2016, publicado em
BIOFIX Scientific Journal, por Celupi N. e Corte A. P. D., mostra um modelo inicial de
um sistema de gestão de energia integrado a ISO 14064 - Gases do Efeito Estufa,
28

que busca a melhoria do desempenho energético, em conjunto com a redução na


emissão de gases do efeito estufa. O escopo do SGE em estudo compreende as
atividades de fabricação de torres eólicas de aço. Ao final foram propostas 13 ações
para melhoria no desempenho energético, que se aplicadas trarão benefícios na
redução do consumo de energia elétrica e outras 5 ações similares com o foco na
redução dos gases do efeito estufa. Mostrando que as ações provenientes da ISO
14064, já estão contempladas no SGE proposto.
No trabalho realizado na Universidade Federal Do Paraná, por Vilson Roiz
Gonçalves Rabelo da Silva (2019), "Energy Management in Energy-Intensive
Industries: Developing a Conceptual Map" apresenta uma possível interpretação da
norma ABNT NBR ISO 50001 por meio de um mapa conceitual onde desenvolve de
forma clara, ordenado, unificado, harmonioso, e distribuição equilibrada dos seus
elementos, funcionando como um passo inicial na criação de uma reflexão para esta
área do conhecimento.
De acordo com as aplicações da NBR ISO 50001 citadas acima, é possível
concluir que o SGE descrito na norma pode ser aplicado em diferentes tipos de
estabelecimentos, indo desde indústrias até em prédios públicos. Os resultados
também apontam para uma melhoria real de redução no consumo de energia logo
no primeiro ciclo de aplicação e por se tratar de melhoria contínua, os resultados
tendem a ir melhorando com o passar dos ciclos PDCA.

A NBR ISO 50001, também pode ser integrada com outras normas ISO,
devido a mesma estrutura de base, mostrando a sinergia entre elas. Por fim,
também é possível compreender que já existem iniciativas para simplificar o
entendimento da NBR ISO 50001 por meio de mapas mentais.
29

4 MATERIAIS E MÉTODOS

4.1 METODOLOGIA E PARTES ENVOLVIDAS

Para atingir os objetivos propostos, o desenvolvimento de um programa


computacional para facilitar a aplicação da NBR ISO 50001 em indústrias, será
realizada uma aplicação inicial prática da ISO 50001 de forma exploratória para
descobrir possíveis melhorias em relação ao uso da energia, validar os
procedimentos que serão utilizados e identificar partes do processo que possa ser
otimizado por tecnologia. A abordagem será feita de maneira quantitativa durante a
maioria do estudo, buscando entender padrões por meio dos dados coletados e
monitorar o desempenho do sistema com os indicadores energéticos, em pesquisas
de campo. Conjuntamente serão coletadas informações qualitativas, por meio de
entrevistas com partes interessadas e análises de documentos relevantes ao
processo. Toda a aplicação e validação da metodologia será realizada nas
instalações e com o suporte da empresa BREE.

4.2 APLICAÇÃO NBR ISO 50001

O desenvolvimento de um SGE será detalhado nos tópicos abaixo dividido


entre cada uma das etapas do ciclo PDCA. Todas as informações dos tópicos 4.2.1
até 4.2.4 foram retiradas das normas NBR ISO 50001: Sistema de gestão de energia
e NBR ISO 50004: Sistema de gestão de energia - Guia para implementação,
manutenção e melhoria do sistema de gestão de energia da ABNT NBR ISO 50001.

É importante ressaltar que cada uma dos tópicos listados para a realização do
SGE precisam ser documentados, como medidas de gestão da informação.

4.2.1 PLANEJAR (PLAN)

O planejamento é uma etapa fundamental de qualquer projeto. Nesse


momento será preparado o terreno para todas as próximas etapas do ciclo. Para
isso, antes de iniciar o planejamento energético, é preciso entender o contexto da
organização e realizar algumas definições prévias. Os tópicos considerados estão
listados abaixo:

➢ Entendimento completo da organização. Envolvendo seus produtos,


processos fundamentais, organograma, cultura organizacional;
30

➢ Definição de fatores internos e externos que podem afetar o SGE positiva ou


negativamente. Dessa forma é possível prever algum potencial problema e
entender restrições existentes, tornando o planejamento mais eficaz. A cada
iteração do ciclo PDCA é importante revisitar essas definições. Alguns
exemplos são: Situação financeira e estrutura organizacional (internos).
Abastecimento de energia e requisitos legais (externos);
➢ Determinar o escopo e fronteiras do SGE para entender os limites físicos
mais relevantes em que os esforços serão concentrados;
➢ Demonstrar o comprometimento da organização com a melhoria do
desempenho energético, por meio da criação de uma política energética.
Essa política precisa se adequar a natureza e a cultura da empresa e ser o
mais simples possível para ajudar na compreensão de todos os
colaboradores. É uma boa prática unir a política energética a outras já
existentes na empresa.
Todas as definições vindas do contexto da organização podem sofrer ajustes
ao longo dos ciclos PDCA, porém, geralmente, elas sofrem poucas alterações. Após
o entendimento de todo o contexto que envolve a organização, inicia-se o
planejamento efetivo do SGE.
Primeiro, analisam-se criticamente as atividades e processos da
organização que possam afetar o desempenho energético, levantando riscos e
oportunidades. Dessa forma, planejando ações para prevenir ou mitigar os efeitos
indesejáveis dos riscos e para aproveitar as oportunidades.
Depois, a organização deverá conduzir o processo de revisão energética
que consiste na análise de uso e consumo de energia de todo o escopo do SGE por
meio de medições e outros dados. Com o entendimento dos tipos atuais de energia
e do uso e consumo de energia no passado, será possível identificar de forma
prática os usos significativos de energia (USE), que são usos de energia
responsáveis por uma parte relevante do consumo de energia e/ou que apresenta
um elevado potencial para melhoria do desempenho energético. Para cada USE
será levantado as variáveis relevantes que podem afetá-lo, o desempenho
energético atual e as pessoas envolvidas com influência sobre ele. É na revisão
energética que será determinada e priorizada as oportunidades de melhoria e uma
projeção do consumo de energia futuro, que servirá de base para a definição da
linha de base energética (LBE).
31

O próximo passo é identificar os indicadores de desempenho energético


(IDE). Os IDE são métricas quantificáveis de uma organização utilizadas para
compreender e monitorar o desempenho energético e/ou para demonstrar sua
melhoria. Com as informações obtidas do monitoramento, é possível realizar
mudanças operacionais, de manutenção ou comportamentais para alcançar o valor
meta definido. Os IDE podem ser aplicados nos níveis de instalação, sistema,
processo ou equipamentos e é conveniente que em todos tenham um componente
de energia. A ABNT NBR ISO 50006 fornece mais detalhes e orientações sobre IDE
e LBE.
Após ser feita a definição dos IDE, será necessário definir a linha de base
energética (LBE) para cada IDE, que consiste em uma referência quantitativa
utilizada para medir o desempenho energético por um período. Define-se a linha
base antes de realizar as ações de melhoria e ao final avalia-se a evolução em
comparação com a LBE.
Para finalizar a etapa de planejamento do SGE a organização deve
estabelecer e implementar um plano de aquisição de dados energéticos adequado
para o seu tamanho, complexidade, recursos e equipamentos de medição e
monitoramento. O plano deve conter os dados necessários, com confiabilidade, para
monitorar as características chave, com a frequência e os equipamentos
necessários.
Uma síntese das informações desse tópico em fluxograma, tanto para
contexto da organização, quanto para o planejamento do SGE, podem ser vistas nas
figuras 4 e 5.
FIGURA 4: SÍNTESE DOS PASSOS PARA A DEFINIÇÃO DO CONTEXTO DA ORGANIZAÇÃO

FONTE: OS AUTORES (2022)


32

FIGURA 5: SÍNTESE DOS PASSOS PARA O PLANEJAMENTO DO SGE

FONTE: OS AUTORES(2022)

4.2.2 FAZER (DO)

Com o planejamento pronto e documentado, já podem ser iniciados os


planos de ação propostos anteriormente. É esperado que durante toda a execução
seja realizado o controle operacional dos processos relacionados ao USE. Algumas
sugestões propostas são o estabelecimento de critérios para os processos, incluindo
a operação e manutenção de instalações, equipamentos, sistemas e processos de
uso da energia. Implementar o controle de processos conforme os critérios
estabelecidos e analisar criticamente as consequências das mudanças não
intencionais para mitigar efeitos adversos.
Logo no início do período de execução, buscam-se oportunidades de
melhoria do desempenho energético em projetos de instalações, equipamentos,
sistemas e processos que envolvam o uso de energia. A identificação antecipada
dessas oportunidades pode evitar barreiras frequentes na busca do melhor
desempenho. É sempre importante avaliar uma gama de opções antes de realizar
alguma ação definitiva.
Muitas das oportunidades de melhoria surgem da aquisição de novos
produtos e equipamentos mais eficientes. Convém que as decisões de aquisições
comecem com uma avaliação das necessidades (por exemplo, realizar um
dimensionamento adequado) e que as especificações de aquisição e a proposta do
fornecedor incluam critérios de desempenho energético, não sendo necessário a
compra dos produtos mais eficientes do mercado, apenas os que se adéquem as
necessidades e tenham um bom desempenho. Alguns critérios para avaliar os
33

produtos são os custos do ciclo de vida, desempenho em carga parcial e flutuantes,


classificação de eficiência energética, frequência de falhas e certificações.

FIGURA 6: SÍNTESE DOS PASSOS PARA A APLICAÇÃO DO SGE

FONTE: OS AUTORES (2022).

4.2.3 CHECAR (CHECK)

A checagem da execução é feita por meio de monitoramentos, medições,


análises e avaliação do desempenho energético do SGE. A organização deve definir
quando serão feitas as medições, análises e os métodos utilizados para assegurar a
confiabilidade. Alguns fatores que precisam ser analisados nessa etapa são: a
eficácia dos planos de ação em alcançar os objetivos e metas energéticas, os IDE, a
operação dos USE e o consumo de energia atual contra o esperado.
Periodicamente devem ser feitas auditorias internas do SGE para avaliar se
a melhora de desempenho está acontecendo, se corresponde com a política
energética e os requisitos da própria organização. Os auditores precisam ser
objetivos e imparciais durante todo o processo e os resultados precisam ser
divulgados para a gerência do programa e outras partes que se julguem relevantes.
A Alta Direção também deve fazer análises periódicas para assegurar que o SGE
segue alinhado com os objetivos estratégicos da organização.
34

FIGURA 7: SÍNTESE DOS PASSOS PARA A VERIFICAÇÃO DO SGE

FONTE: OS AUTORES (2022).

4.2.4 AGIR (ACT)

Todas as análises levantadas e documentadas no tópico 4.2.3 serão tratadas


nesta etapa, buscando melhorar continuamente. Sempre que uma não conformidade
for identificada, o primeiro passo é tomar as medidas adequadas para resolver a
situação imediatamente (correção). Depois, busca-se entender a causa-raiz que
causou aquele problema e realizar uma ação corretiva para evitar a recorrência e
depois verificar se esse problema pode acontecer em outros lugares. Uma técnica
comum para a identificação de causa raiz é a metodologia dos 5 Porquês, que por
meio de perguntas de “por quê?” sucessivas, chega-se à causa raiz do problema.
Para gerenciar a correção e ação corretiva será necessário entender quem
identificou a não conformidade (auditorias, inspeções…), qual foi a falha, locais que
surgiu, responsáveis pela operação na área, responsável pela correção, data que
será resolvida, resultados e por fim a análise de causas e recorrência.
Após encerrar as correções necessárias o ciclo se reinicia, planejando as
ações novamente, porém agora com as melhorias propostas do processo de
melhoria contínua.
35

FIGURA 8: SÍNTESE DOS PASSOS PARA A MELHORIA DO SGE

FONTE: OS AUTORES (2022).

4.3 BREE - BRAZILIAN ENERGY EFFICIENCY

A Brazilian Energy Efficiency (BREE), é uma empresa do setor de energia


cujo objetivo é otimizar o fluxo de energia elétrica através de soluções flexíveis e
sustentáveis para o planeta. Por meio da fabricação de equipamentos e oferecendo
serviços de engenharia para compensação reativa, qualidade de energia e eficiência
energética, visando evitar desperdícios, e maximizar a eficiência.
Dentro da sua carta de soluções está englobado projeto e fabricação de
capacitores, bancos de capacitores, filtros de harmônicos, reatores com núcleo de
ar, chaves seccionadoras e chave de aterramento para indústrias em geral e
concessionárias de energia elétrica. A empresa também realiza soluções de
consultoria e serviços de engenharia, buscando oferecer suporte para temas como:
qualidade de energia, compensação de reativo, filtragem e mitigação de harmônicos,
correção do fator de potência, entre outros.
A BREE foi escolhida devido à proximidade e disponibilidade da equipe.
Outros fatores positivos que confirmaram a escolha é por ser uma indústria
consolidada do ramo de eficiência energética, situada no grupo tarifário A e com um
consumo significativo de energia, resultando em mais oportunidades de eficiência
energética com a aplicação da norma ISO 50001.

4.3.1 SISTEMA DE GESTÃO INTEGRADO DA BREE

Um Sistema de Gestão Integrado (SGI) é um método que visa integrar


diversos sistemas de uma empresa por meio de seus elementos comuns. São
36

inúmeras as vantagens dessa prática, como: a simplificação de processos, evitar


conflitos e ambiguidades entre normas, fortalecer o sistema pela sua unificação,
controle mais simples e efetivo, menor necessidade de mão de obra e redução de
custos.
Essa prática é muito comum nas normas ISO, visto que a estrutura segue o
mesmo padrão de: identificação do contexto da organização, construção política
normativa, gestão de riscos e oportunidades, planejamento, implementação,
avaliação de desempenho e por fim a análise crítica e melhoria. Essa estrutura é
visível na ISO 50001 com a identificação de contexto + ciclo PDCA.
A BREE possui um SGI que engloba a Qualidade, Saúde e Segurança do
Trabalho, Meio Ambiente e eficiência energética. Por meio das normas:

➢ NBR ISO 9001/2015 - Sistemas de Gestão da Qualidade;


➢ ISO 14001/2015 - Sistema de Gestão Ambiental;
➢ ISO 45001:2018 – Saúde e Segurança no Trabalho - Requisitos.

As atribuições, responsabilidades e requisitos para a estruturação e


atualização do SGI são feitas seguindo as diretrizes do Manual Sistema de Gestão
Integrado.A NBR ISO 50001 ainda não está implementada na organização, porém
existem planos para sua aplicação futura.

4.4 COLETA DE DADOS PARA O PROJETO

Para o desenvolvimento do software e aplicação de um piloto na BREE,


foram realizadas diversas coletas de dados quantitativos, como medições elétricas,
e dados qualitativos, buscando entender o funcionamento da organização.
Inicialmente, foram feitas algumas reuniões virtuais para apresentação do
trabalho, alinhamento de expectativas, esclarecimento de dúvidas e explicações
básicas a respeito do funcionamento da BREE.
Para maior entendimento do contexto da organização, foi aplicado um
questionário para a pessoa responsável pelo SGI, presente no apêndice 1,
buscando entender: organograma da empresa, fontes de energia utilizadas, entrada
de energia e o que já foi feito para o SGI, buscando refletir os requisitos já
cumpridos da ISO 50001. Por exemplo, para o SGI já foi definido as partes
interessadas do projeto, análise SWOT, políticas integradas, equipe do projeto e
alinhamento com lideranças da empresa, que são requisitos da NBR ISO 50001. Por
37

mais que seja necessária uma revisão, caso a ISO 50001 faça parte do Sistema de
Gestão Integrado da BREE, toda a base de processos e documentos já foram
criadas, facilitando sua implantação.
Foi realizada uma visita às instalações da BREE, na cidade de Quatro
Barras no estado do Paraná, com três objetivos principais: conhecer o processo
produtivo e o local, realizar medições nos quadros gerais e entender a rotina e
dificuldades de quem trabalha com sistemas de gestão.
Em visita técnica por toda a instalação, foi possível entender todo o
processo produtivo, principalmente dos capacitores, o carro chefe da empresa.
Iniciado na produção do equipamento com a bobinagem, montagem do núcleo,
empacotamento e impregnação do equipamento de óleo na autoclave. Depois são
realizados todos os ensaios necessários para a comercialização, como o de
estanqueidade. Por fim é efetuada toda a limpeza e pintura do capacitor e já é
separado para a entrega.
Após o entendimento do processo, foram iniciadas medições durante uma
semana nos quadros de 127/220V e 380V, com objetivo de entender o
comportamento das cargas, da energia consumida e buscar alguma anormalidade
como o fator de potência fora dos limites permitidos. Também com essas
informações, será possível definir uma linha de base energética (LBE) geral para
comparação após a aplicação das melhorias de desempenho energético. Foi
utilizado o medidor AIW - Medidor de QEE Classe A.
Por fim, entrevistamos a responsável pela área de Sistema de Gestão
Integrado, para compreender como é a rotina operacional de quem trabalha com
SGI, buscando observar o que precisa ser realizado e as dificuldades vividas. Essas
informações qualitativas servem de guia para o desenvolvimento da ferramenta
computacional, que dessa forma passa a estar orientada para o real problema do
usuário, buscando facilitar sua rotina de trabalho. Foram apresentadas algumas
ferramentas como:
➢ Documento Manual do SGI, que regula todo seu funcionamento;
➢ Documento com a política do SGI disponível para toda a empresa;
➢ Documento de auditoria interna e análise crítica realizado em meses
anteriores, requisito das normas ISO;
➢ Planilha de planejamento de ações a serem realizadas com base na
metodologia 5W2H;
38

➢ Planilha de avaliação de riscos e oportunidades do processo.

Vale ressaltar que todo o processo para garantir o funcionamento do SGI é


realizado por diferentes planilhas e documentos, não existindo um sistema que
concentre todas essas ferramentas em um único lugar.
39

5 RESULTADOS

5.1 DESENVOLVIMENTO DO SOFTWARE

O programa computacional desenvolvido funciona em todos os navegadores


da atualidade e está hospedado na Vercel. A linguagem utilizada foi JavaScript e seu
super conjunto TypeScript, a biblioteca React JS com a estrutura Next JS foram
usadas para a construção da interface do usuário. O ambiente de execução utilizado
é o Node JS.
A escolha dessas tecnologias se deve, pois são comumente utilizadas no
mercado, sendo mais simples de encontrar conteúdos e documentações para essas
ferramentas.

5.2 FUNCIONALIDADES DA FERRAMENTA COMPUTACIONAL

O programa é dividido em 5 categorias distintas que visam facilitar a


implementação de um Sistema de Gestão de Energia, com base na NBR ISO 50001,
auxiliando no cumprimento dos seus requisitos. Para cada uma das funcionalidades
será apresentado sua descrição e ao final serão colocadas capturas de tela do
software.

5.2.1 GESTÃO DA INFORMAÇÃO

Com o intuito de centralizar todo o conhecimento e deixá-lo de fácil acesso


para qualquer pessoa interessada, a ferramenta contemplará uma funcionalidade
para armazenar documentos e separá-los por pasta. Os principais documentos que
serão armazenados são: política energética, manual do SGE, auditorias e análises
críticas realizadas e atas de reuniões. Também é possível armazenar o histórico de
documentos.Essa funcionalidade pode ser aplicada em todas as etapas do PDCA.
40

FIGURA 9: FUNCIONALIDADE DE GESTÃO DA INFORMAÇÃO

FONTE: OS AUTORES (2022).

5.2.2 PLANEJAMENTO DE GESTÃO INTEGRADA (PGI)

O planejamento de gestão integrada consiste na lista de ações que serão


realizadas na etapa FAZER (DO) para atingir os objetivos propostos. A ferramenta
utiliza da metodologia de criação de planos de ação, o 5W2H, que realiza 7
perguntas (o quê, por quê, quem, onde, quando, como e quanto) para melhor
descrever uma atividade que será feita, além dessas perguntas é requisitado o
preenchimento de outros campos para um completo entendimento das necessidades
da empresa. Com essa funcionalidade será possível cadastrar todas as atividades
planejadas para o ciclo com a sua origem (se foi alguma demanda de fornecedor,
auditorias, etc.), as perguntas do 5W2H e a situação de cada atividade. Assim, a
gestão e partes interessadas, conseguem acompanhar o andamento de cada
atividade planejada, com o responsável. Também é possível acompanhar o
andamento das atividades por meio de gráficos e visualizações.

Essa funcionalidade é o principal resultado da etapa PLANEJAR (PLAN),


visto que representa o plano de ação que será executado. Também será o principal
norteador do trabalho que será realizado na etapa FAZER (DO).
41

FIGURA 10: FUNCIONALIDADE PLANEJAMENTO DA GESTÃO INTEGRADA

FONTE: OS AUTORES (2022).

FIGURA 11: DASHBOARD PARA ACOMPANHAMENTO DE ATIVIDADES

FONTE: OS AUTORES (2022).


42

FIGURA 12: CAMPO PARA CRIAÇÃO DE UMA NOVA ATIVIDADE

FONTE: OS AUTORES (2022).

5.2.3 ACOMPANHAMENTO DE AUDITORIAS INTERNAS

O requisito 4.6.3 - Auditoria interna ao Sistema de Gestão de Energia, da


norma ISO 50001 afirma que:

“A organização deve conduzir auditorias


internas em intervalos planejados para garantir
que está em conformidade com as disposições
planejadas e os requisitos da norma; que está em
conformidade com os objetivos e metas
energéticas estabelecidas; é efetivamente
implementado, melhorando o desempenho
energético.” (ABNT, 2018).

Para cumprir os requisitos é importante ter e seguir com um calendário de


auditorias a serem realizadas para que ao final de cada auditoria, sejam levantados
vários planos de ação e pontos de melhoria do SGE.
Para essa necessidade, a ferramenta será responsável por agendar e
organizar as próximas auditorias e também por armazenar todas as informações de
auditorias anteriores, por meio de um formulário in loco. Em cada auditoria
cadastrada, será possível anexar documentos, fazer anotações e mais importante,
ao final de cada uma será possível cadastrar as tarefas e planos de ação que foram
43

definidos. Assim as tarefas já são adicionadas às outras tarefas pendentes, com


responsável e prazo para execução.
FIGURA 13: FUNCIONALIDADE ACOMPANHAMENTO DE AUDITORIAS INTERNAS

FONTE: OS AUTORES (2022).


44

FIGURA 14: FORMULÁRIO PARA A COLETA DAS INFORMAÇÕES DA AUDITORIA

FONTE: OS AUTORES (2022).


45

5.2.4 ACOMPANHAMENTO DE INDICADORES E DADOS ELÉTRICOS

A ferramenta permite o cadastro e acompanhamento dos Indicadores de


Desempenho Energético (IDEs) em comparação com a Linha de Base Energética
(LBE) para ser possível monitorar as melhorias do desempenho energético. O
histórico também é armazenado.
Para ser possível acompanhar o consumo dos equipamentos elétricos
relevantes e da indústria na totalidade, é disponibilizado uma página com gráficos,
visualizações e cálculos de alguns parâmetros com os dados de consumo da
empresa. São esses dados também que permitem os cálculos para acompanhar os
IDEs.
Essa funcionalidade de cadastro e acompanhamento está diretamente ligada
com a etapa PLANEJAR (PLAN), pois nesse momento são definidos os IDEs e as
LBEs. Também são necessárias algumas consultas sobre os dados elétricos para
identificar oportunidades de melhoria do desempenho energético, como, por
exemplo: fator de potência fora dos limites permitidos, consumo em horário de ponta
e excesso de demanda.
Está também relacionada com a etapa CHECAR (CHECK), visto que ao final
da aplicação das melhorias planejadas, será preciso verificar os dados e observar se
os objetivos foram alcançados.
FIGURA 15: ARQUIVOS DE DADOS PARA CONSTRUÇÃO DAS DASHBOARDS

FONTE: OS AUTORES (2022).


46

FIGURA 16: EXEMPLO DE GRÁFICO PARA ACOMPANHAMENTO DO FATOR DE POTÊNCIA

FONTE: OS AUTORES (2022).

5.2.5 ADMINISTRATIVO

No campo administrativo é possível fazer o gerenciamento de contas, criar e


excluir usuários, permitindo a liberação para que os funcionários desejados tenham
acesso às informações do SGE. Este campo não se relaciona a uma etapa do ciclo
PDCA, mas auxilia na manutenção e sustentação das funcionalidades do software.

FIGURA 17: GERENCIAMENTO DE USUÁRIOS

FONTE: OS AUTORES (2022).


47

5.3 RESULTADOS DA FERRAMENTA COMPUTACIONAL

Ao final, a ferramenta computacional entrega um ambiente, para que as


pessoas responsáveis pelos sistemas de gestão na sua indústria consigam se
organizar e agir para a melhoria do desempenho energético, de uma maneira ágil e
facilitada, por meio das funcionalidades descritas no tópico 5.2.
Para o entendimento do contexto da organização, o usuário irá fornecer
informações como: detalhes da empresa, análise SWOT, política energética, fatores
que podem influenciar o SGE e os usuários da empresa com seus cargos e funções.
Com essas informações, a ferramenta irá fornecer: um espaço para organização e
centralização de todos os documentos, o relacionamento entre usuários e tarefas
que serão responsáveis.
Para a realização da revisão energética o usuário irá cadastrar quais são as
fontes de energia e os principais USE, com as especificações técnicas de cada um.
Também será necessário realizar as medições de interesse e adicionar os dados na
ferramenta por um arquivo csv. A ferramenta irá dispor de dashboards para análise
dos dados energéticos coletados de medidores e de visualizações gerais da
empresa, como a representatividade de cada USE e de cada fonte de energia ao
comparado com o consumo total.
As visualizações dispostas são de fundamental relevância para a definição
das LBE, dos IDE e dos planos de ação. Com essas informações preenchidas pelo
usuário, a ferramenta irá proporcionar um espaço para atualização dos indicadores e
uma lista de tarefas no formato 5W2H com campo de status de cada uma das
tarefas para acompanhar o andamento. Ao finalizar o planejamento do SGE, caberá
uma atualização frequente das tarefas em andamento e indicadores monitorados,
para fomentar a transparência do sistema para o time responsável e para as partes
interessadas no projeto.
Por fim, para garantir que o processo do PDCA está sendo cíclico, buscando
aprender com os erros, os usuários irão cadastrar quando vão acontecer as
auditorias internas e o que será necessário para se preparar ao momento. Na
finalização, serão armazenados os documentos e cadastradas as tarefas resultantes
desse processo . Dessa forma a ferramenta funcionará como um lembrete de que o
ciclo precisa ser fechado, buscando a melhoria contínua.
48

O funcionamento da ferramenta com suas entradas e saídas estão melhor


representados no Diagrama 1. Ao analisar individualmente cada funcionalidade pela
imagem, é possível visualizar todas as entradas e saídas necessárias para a
ferramenta e como elas se conectam entre si.
Como podemos observar na legenda do Diagrama 1, os campos azuis são
as funcionalidades do programa computacional e os campos amarelos as possíveis
interações e suas respostas que o usuário pode observar.
A funcionalidade ”Gestão da informação” tem como entradas todos os
documentos relevantes ao SGE e também os documentos resultantes das auditorias
internas. Mas pode ser salvo qualquer outro documento que o usuário julgue
necessário para o SGE.
O “Acompanhamento de auditorias internas” vai receber as auditorias a serem
realizadas e por consequência a interação com esse campo gera novas tarefas para
a execução do SGE e possíveis novos documentos a serem anexados à ”Gestão da
informação”.
A equipe do SGE interage inicialmente com a funcionalidade “Administrativo”
no momento da criação das contas e com as entradas desses colaboradores, pode
ser atribuído responsáveis pelas atividades do módulo “Acompanhamento das
atividades”.
O ” Acompanhamento de indicadores e dados elétricos ” permite o anexo de
inúmeras tabelas e gráficos a respeito do SGE, como por exemplo, principais USE,
IDE, LBE, fontes de energia, e a partir da análise dessas informações é gerada
novas demandas de atividades.
Todas as atividades são geridas no “Acompanhamento das atividades” a
execução dessas atividades geram, por fim, a melhoria contínua do desempenho
energético.
49

DIAGRAMA 1: FUNCIONAMENTO DA FERRAMENTA

FONTE: OS AUTORES (2022).

5.4 APLICAÇÃO INICIAL DO SGE NA BREE

Após o desenvolvimento da ferramenta computacional, foi realizado um


projeto piloto na BREE para aplicação da ferramenta e por consequência, aplicação
da ISO 50001. Visto que a norma trabalha com o ciclo PDCA, que tem duração de
meses, não seria possível fazer uma aplicação completa.
Neste trabalho foi feita apenas uma aplicação inicial, com um mapeamento
do contexto da organização e a primeira etapa de planejamento do SGE, até as
sugestões de melhoria do desempenho energético. A partir desse momento, caberá
a BREE aplicar ou não as melhorias propostas e seguir com as etapas do ciclo
PDCA.
5.4.1 REVISÃO ENERGÉTICA NA BREE

Atualmente a BREE utiliza 3 fontes de energia para sua operação, que são:
eletricidade, GLP e ar comprimido. Sendo a eletricidade a mais representativa dentre
as três.
50

A entrada de energia na BREE é em 13,8 kV com dois transformadores


internos, um que reduz a tensão para 380V, responsável por alimentar motores e
cargas mais significativas e o outro transformador é responsável por fornecer a
tensão de 220/127V para o restante dos equipamentos elétricos. A BREE se
enquadra no grupo tarifário Grupo A, subgrupo A4, da Copel.

5.4.1.1 USOS SIGNIFICATIVOS DE ENERGIA NA BREE

A norma NBR ISO 50001 estabelece como definição de uso significativo de


energia (USE), “o uso de energia responsável por uma parte relevante do consumo
de energia e/ou que apresenta um elevado potencial para melhoria do desempenho
energético”. Sendo que os critérios de relevância são de escolha da própria
empresa.

Em levantamento feito na BREE, os USE encontrados são:

TABELA 2 - USO SIGNIFICATIVO DE ENERGIA NA BREE

Nome do Função Potência Quadro


equipamento ou
processo

Compressor de ar Transformar energia 37 kW 380V


elétrica em energia
pneumática,
comprimindo o ar

Autoclave 1 Fazer a impregnação 43,7 kW soma de 3 220V


dos capacitores com resistências
óleo

Autoclave 2 Fazer a impregnação 42,6 kW soma de 3 220V


dos capacitores com resistências
óleo

Autoclave 3 Fazer a impregnação 42,8 kW soma de 3 220V


dos capacitores com resistências
óleo

Percloroetileno Limpeza do capacitor 18,1 kW 220V

Dobradeira Realizar a dobra de 7,5 kW 220V


chapas metálicas dos
capacitores
FONTE: OS AUTORES (2022)
51

Para se ter uma referência de consumo final, utilizando o mês de junho como
exemplo, a BREE teve um consumo total de 58,2 kW, sendo 5,7 kW no horário de
ponta e 52,5 kW fora do horário de ponta.

5.4.1.2 OUTRAS VARIÁVEIS QUE PODEM AFETAR O USO DE ENERGIA

Antes de iniciar o processo para buscar a melhoria do desempenho


energético é importante definir e quantificar as variáveis que podem alterar as
medições em um determinado período. Após identificá-las é importante isolá-las de
quaisquer indicadores construídos para que a variância não influencie no resultado,
seja positiva ou negativamente. As variáveis identificadas na BREE são:

TABELA 3 - VARIÁVEIS QUE PODEM AFETAR O USO DE ENERGIA NA BREE

Fator estático Descrição Mudança de variável


relevante

Tipo de produto Especificação de Cada produto tem um


produtos produzidos pela processo produtivo
empresa diferente com diferentes
equipamentos utilizados,
influenciando no consumo
de energia por produto.

Turnos por dia Empresa atualmente roda A mudança para mais ou


um determinado número menos dos turnos afeta
de turnos por dia significativamente o
consumo de energia.

Quantidade de produtos A produção realizada no Quanto mais produtos


fabricados mês são produzidos, maior a
quantidade de energia
consumida.
FONTE: OS AUTORES (2022)

5.4.2 INDICADORES DE DESEMPENHO ENERGÉTICO (IDE)

Os IDE estão fortemente relacionados com a LBE. Enquanto as LBE vão


representar uma referência pela qual o desempenho energético posterior pode ser
comparado, os IDE serão métricas relevantes para monitorar esse desempenho ao
longo de um período, a fim de dar ao usuário uma visão e compreensão geral ou
para isolar certas características que são de interesse da organização. Tanto LBE
quanto IDE são valores que precisam ser medidos na prática e consideram as
52

necessidades da empresa, bem como os equipamentos e dados disponíveis para


coleta.
Os IDE podem ser valores quantitativos ou medidas de eficiência, partindo
desde métricas simples até modelos mais complexos. Para garantir a confiabilidade,
pode ser necessária uma normalização em relação a mudanças nas variáveis ou
fatores estáticos relevantes. Fatores são esses explicitados no tópico 5.4.1.2.
Geralmente, os IDE estão relacionados a valores de energia medidos (total ou
por equipamento/sistema), índices derivados de valores medidos (eficiência
energética, por exemplo), modelo estatístico ou modelo de engenharia, ou
simulações.
Para a BREE, entendendo o seu modelo de negócio e variáveis presentes
nas análises, recomenda-se a aplicação dos seguintes indicadores de desempenho
energético:

TABELA 4 - SUGESTÕES DE IDE PARA A BREE

Indicador Relevância Como calcular

Consumo específico de Monitorar a quantidade de CEE = Consumo de


energia (CEE) na energia consumida (3 energia/capacitores
produção de capacitores tipos) para a produção de produzidos no período
um único capacitor,
isolando a variável de
quantidade de produzida

Consumo específico de Monitorar a quantidade de CEE = Consumo de


energia (CEE) na energia consumida (3 energia/reatores
produção de reatores tipos) para a produção de produzidos no período
um reator, isolando a
variável de quantidade de
produzida

Consumo geral de Monitorar de maneira Medições de energia no


energia no quadro 380V absoluta a energia período
consumida no quadro
com maiores cargas

Fator de potência Garantir eficiência do Medição do fator de


sistema com um fator de potência (pode ser da
potência próximo de um concessionária se couber
no período estipulado)
FONTE: OS AUTORES (2022).
53

Esses indicadores são apenas uma recomendação, sem analisar a viabilidade


de implementação. O próximo passo após definir quais serão os IDE é analisá-los
criticamente com o time responsável e verificar a possibilidade de realizar essas
medições, caso não seja, é importante adaptar a solução mantendo o objetivo.
Após verificar que as medições são possíveis de serem aplicadas, o próximo
passo será realizar a primeira medição da linha de base para cada um dos
indicadores. Esse primeiro valor medido irá funcionar como referência e todas as
ações planejadas deverão buscar a sua melhoria. Após finalizar o período para
executar as ações, no início da fase CHECAR (CHECK), as medições serão aferidas
de novo e serão comparadas com as iniciais de referência, avaliando se o objetivo
foi cumprido, o que funcionou, o que não funcionou e o que pode melhorar.
Um exemplo de aplicação prática da definição de uma LBE e criação de plano
de ação foi feita para o indicador do fator de potência. Após medições aferidas no
quadro de 380V em período de três dias, foi possível entender o comportamento do
fator de potência em relação ao tempo, representado no gráfico 3. Segundo a
resolução da ANEEL nº 456 de 2020, só irá compor a fatura de energia valores
inferiores a 0,92 capacitivos durante o período de 6 horas consecutivas,
compreendido, a critério da concessionária, entre 23h30 e 06h30. E durante o
período diário complementar, será composto na fatura de energia apenas os fatores
de potência inferiores a 0,92 indutivo.
Ao observar os dados, percebe-se que no período das 19h até às 23h30 o
fator de potência fica na média de 0,83 capacitivo e no período compreendido da
00h às 06h, o fator de potência tem uma média de 0,85 indutivo. Isso acontece
devido a um relé horário, cujo objetivo é evitar o excesso de reativo capacitivo de
madrugada, evitando o pagamento de multas na fatura de energia e de quedas de
tensão.
54

GRÁFICO 3: FATOR DE POTÊNCIA TRIFÁSICO NO QUADRO 380V

FONTE: OS AUTORES (2022).

Mesmo com a utilização do relé horário, em alguns poucos momentos o fator


de potência está abaixo do 0,92 indutivo ao longo do dia, resultando em valores de
multa cobrados pelo excesso de reativo. Ao observar a conta de energia no mês de
julho, tem-se um excesso de reativo de 87kWh, que se traduz em um valor de
R$28,67.
Ao entrar no detalhe no mesmo período e realizando a quebra do fator de
potência por fase, pode-se perceber que há um excesso de carga indutiva
monofásica na fase C.

GRÁFICO 4: FATOR DE POTÊNCIA POR FASE NO QUADRO 380V

FONTE: OS AUTORES (2022).


55

Com esses dados coletados, já é possível perceber que o fator de potência é


um indicador relevante para ser monitorado e ao descobrir a origem do problema, já
se pode construir um plano de ação que tenha foco direto na causa raiz. No
exemplo, os maiores responsáveis pela alta produção de energia reativa está na
fase C.
Por ser um valor baixo pago por excesso de reativo na conta de energia, é
importante analisar o esforço exigido, pelo resultado alcançado na aplicação de
melhorias no fator de potência. Se for percebido que um melhor fator de potência
tem impactos positivos além do valor economizado, é apropriado pensar em ações
de melhoria.
Após a definição de quais indicadores serão utilizados, será necessário
realizar a definição de uma métrica única para cada indicador monitorado, que meça
a melhoria em um período estipulado. Assim, será possível realizar a medição da
LBE e definir os planos de ação.
Para cada indicador cabe uma discussão conceitual sobre os prós e contras
de cada abordagem para definir a métrica utilizada, considerando as variáveis que
podem afetar o uso da energia, descritas no tópico 5.4.1.2. Seguindo o exemplo do
fator de potência, alguns exemplos dessa discussão são:

➢ Uma métrica poderia ser o valor em reais pagos pelo excedente de energia
reativa, porém a quantidade de produtos produzidos e os turnos por dia
podem influenciar no indicador, além do valor da tarifa elétrica que pode
sofrer reajuste e não está no controle da organização;
➢ Poderia ser utilizado a quantidade de energia reativa excedente como LBE e
o objetivo seria reduzir esse valor. Porém a quantidade de produtos
produzidos e os turnos por dia também podem influenciar no indicador. Uma
solução poderia ser a normalização do valor pela quantidade de produtos e
turnos por dia;
➢ Outra solução poderia ser a quantidade de pontos medidos que estão abaixo
do limite permitido, porém essa métrica não considera o quão abaixo dos
pontos o valor está. Assim, estaria tratando da mesma forma um fator de
potência de 0,91 com um de 0,80, o qual é muito mais severo;
➢ Poderia ser utilizado a média do fator de potência por um período, porém a
média de muitos pontos irá ofuscar valores extremos de fator de potência
56

críticos para as análises, parecendo que o valor está sob controle e não está
sendo cobrado por excedentes, porém existem curtos períodos que o fator de
potência fica abaixo do limite mínimo e está sendo aplicado a multa.

Essa discussão é relevante, pois após a métrica ser definida todas as ações
de melhoria do desempenho energético serão voltadas para melhoria desse IDE.
Por isso é importante garantir que não tenha influência de variáveis e que represente
fielmente a melhoria esperada.

5.4.3 SUGESTÕES DE MELHORIA DO DESEMPENHO ENERGÉTICO

Em análises durante a visita, dados de medições elétricas coletadas,


documentos fornecidos pela empresa BREE e realização inicial da revisão
energética, foram levantadas uma série de recomendações que poderiam ser
aplicadas para a melhoria do desempenho energético.
A empresa já possui um SGI englobando normas ISO, o que torna mais
simples a implantação da NBR ISO 50001, visto que toda a estrutura de melhoria
contínua já está estruturada e em funcionamento. O que precisará ser feito são
alguns ajustes na documentação e adição das particularidades da norma no
processo de planejamento e monitoramento. Em levantamento realizado, os
principais ajustes para adaptação à ISO 50001 são:
➢ Adicionar o compromisso com a melhoria de do desempenho energético na
política de sistema de gestão integrada e no manual do SGI da empresa;

➢ Garantir o alinhamento do SGE com a alta gestão da empresa, definindo suas


atribuições e responsabilidades frente a melhoria do desempenho energético;

➢ Definir os objetivos e metas energéticas gerais para a empresa;


➢ Conduzir o planejamento energético condizente com a política energética;
➢ Conduzir a revisão energética contendo:
○ Identificação das instalações, equipamentos, sistemas e processos que
afetam significativamente o uso da energia (USE);
○ Identificar outras variáveis que afetam significativamente o uso da
energia;
○ Identificar, priorizar e registrar oportunidades de melhoria do
desempenho energético.
57

➢ Definição de indicadores de desempenho energético (IDE) apropriados para


monitorar o desempenho energético;
➢ Definição de uma linha de base energética (LBE) para os IDE definidos;
➢ Definição e realização dos planos de ação para alcançar o valor meta dos
indicadores, e consequentemente a melhoria do desempenho energético;
➢ Incluir as discussões sobre o SGE nas reuniões de análise crítica e auditorias
internas já realizadas.

Também foram levantadas algumas sugestões de melhoria de desempenho


energético percebidas durante as coletas de dados, que podem servir de base para
a aplicação do SGE.
A instalação de painéis fotovoltaicos é uma iniciativa de melhoria do
desempenho energético relevante no longo prazo. Apesar do alto investimento
inicial, estima-se que os painéis fotovoltaicos têm um tempo de retorno do
investimento de cinco anos e com uma vida útil de até 25 anos. A BREE possui uma
área útil de telhados de aproximadamente 39m x 86m, que representa um valor
relevante para geração de energia solar, dessa forma, reduzindo o valor da conta de
energia e contribuindo para o meio ambiente com a utilização de energias
renováveis e não poluentes.
Rever a necessidade de realização de manutenção preditivas e preventivas.
Recomenda-se documentar todas as especificações técnicas dos equipamentos
com os requisitos de manutenção, no seguinte formato: Quais são os serviços a
serem realizados, data para realização, responsáveis, recursos necessários, prazo,
custo e os materiais necessários. Dessa forma é possível garantir que todas as
manutenções estão ocorrendo, prevenindo falhas e panes nos equipamentos,
resultantes no aumento da vida útil.
Realização de um plano de conscientização dos funcionários sobre energia,
garantindo boas práticas de utilização de equipamentos e um uso consciente da
energia. Para uma melhor adesão dos funcionários, é importante ir além de técnicas
de ensino tradicionais e utilizar de técnicas da andragogia, que é o ensino para
adultos. Um exemplo poderia ser explorar a experiência prática do consumo de
energia e relacionar com conhecimentos que podem ser aplicados a sua rotina em
suas casas. Ensiná-los a interpretar uma conta de energia, mostrar ações de
58

economia de energia e comparar a diferença do valor pago mês a mês, são ideias
para engajar os funcionários em iniciativas para conscientização de energia.
Avaliar a necessidade de troca de motores elétricos antigos por novos, se
atentando a sintomas como: excesso de ruídos sonoros, sobreaquecimento, baixo
fator de potência, comparar a relação entre a dimensão física do motor para a
potência que ele entrega, sabendo que motores antigos costumam ser maiores e
mais pesados.
59

6 CONCLUSÕES

A NBR ISO 50001 para o desenvolvimento de um SGE mostra-se no


mercado como um diferencial competitivo, incentivando um consumo consciente de
energia e reduzindo os gastos com a energia elétrica por meio de processos de
melhoria contínua. O erro e o aprendizado são fatores fundamentais para a evolução
do sistema e o atingimento de resultados excepcionais. Para isso, é necessário
tempo e compromisso com os objetivos e metas propostas, visto que não é um
processo de fácil implantação, ainda mais em empresas em contato com a
metodologia de normas ISO pela primeira vez.
A ferramenta desenvolvida neste trabalho é um protótipo que visa auxiliar
empresas na criação e manutenção de um SGE e até outros sistemas que tenham a
mesma estrutura da NBR ISO 50001, como, por exemplo, a NBR ISO 9001/2015 -
Sistemas de gestão da qualidade, a ISO 14001/2015 - Sistema de Gestão Ambiental
e a ISO 45001:2018 – Saúde e Segurança no Trabalho, formando um Sistema de
Gestão Integrado (SGI).
Com o intuito de demonstrar quais requisitos da NBR ISO 50001 são
cumpridos com a utilização da ferramenta desenvolvida, foi retirado do livro
Eficiência Energética e a ISO 50001 (2015), uma lista de verificação dos requisitos
da norma para comparar com as funcionalidades da ferramenta. Essa tabela está
detalhada no anexo 1.
Para realizar o preenchimento da tabela com a lista de requisitos, os critérios
utilizados para aferir se o programa auxilia nos requisitos da norma foram baseado
em duas perguntas, que são:

1. É possível relacionar alguma funcionalidade do programa que auxilie no


cumprimento de um requisito?
a. Se a resposta for sim, é marcada a opção: o programa auxilia
2. Existe alguma possibilidade de eventualmente desenvolver uma
funcionalidade para atender o requisito?
a. Caso a resposta seja sim, é marcada a opção: o programa não auxilia.

Se nenhuma das perguntas apresentadas se aplicar para o tópico é marcada a


opção: não se aplica, como algo que a ferramenta não consegue auxiliar.
60

Pela tabela, pode-se concluir que a ferramenta computacional apresenta bons


resultados nos tópicos de:

➢ Controle de registros, com o módulo de Gestão de Informação, garantindo


que todos os documentos estão armazenados e de fácil acesso.
➢ Na revisão energética, a ferramenta cumpre requisitos da norma ao auxiliar
no armazenamento de informações relevantes para a definição de plano de
ação. Como os USE, as fontes de energia, IDE, LBE e as atividades que
serão realizadas para a melhoria do desempenho energético, na
funcionalidade de Planejamento da Gestão Integrada.
➢ Outro ponto forte da ferramenta é no requisito de monitorar resultados de
melhoria no desempenho energético, com a funcionalidade de
Acompanhamento de Indicadores e Dados Elétricos.

Ao comparar a ferramenta com os requisitos da norma, também foi possível


identificar oportunidades de melhoria para o software auxiliar ainda mais as
empresas a implementarem um SGE em sua operação. Alguns exemplos são:

➢ Melhoria no controle de qualidade dos documentos, garantindo, por meio de


lembretes, que estão sendo feitas revisões periódicas, que estão legíveis e
que passem por um processo de aprovação de partes relevantes.
➢ A comunicação do SGE com as partes interessadas, trazendo automação de
envio de e-mails e mensagens com comunicados.
➢ A integração e inteligência entre os módulos pode ser melhorada, com
automações envolvendo os equipamentos, medições em tempo real e o
processos. Com isso, a própria ferramenta pode definir os USE, identificar
equipamentos que precisam de atenção, dar sugestões de IDE e propor
planos de ação.
➢ Integrar mais normas ISO dentro da ferramenta, visto que a estrutura é muito
similar. Dessa forma, será possível criar um sistema de gestão integrado
focado na sustentabilidade.

É possível notar também que independente da ferramenta auxiliar nos


critérios ou não, ainda existem requisitos da norma que são necessários o
engajamento da companhia para a efetiva aplicação do SGE, mostrando ser
61

essencial a participação ativa de todos os colaboradores da organização para


alcançar os resultados esperados.

REFERÊNCIAS

ABNT. NBR ISO 50001, Sistemas de gestão de energia – Requisitos com


orientações para uso. Rio de Janeiro, 2018.

ABNT. NBR ISO 50004, Sistema de gestão da energia - guia para


implementação, manutenção e melhoria do sistema de gestão da energia da
ABNT NBR ISO 50001. Rio de Janeiro, 2021.

ABNT. NBR ISO 50006, Sistemas de gestão de energia – Medição do


desempenho energético utilizando linhas de base energética e indicadores de
desempenho energético (IDE) – Princípios gerais e orientações. Rio de Janeiro,
2016.

ANEEL. RESOLUÇÃO NORMATIVA ANEEL Nº 920, DE 23 DE FEVEREIRO DE


2021. Disponível em:
https://www.in.gov.br/en/web/dou/-/resolucao-normativa-aneel-n-920-de-23-de-fevere
iro-de-2021-*-306209537. Acesso em 06 abr. 2022.

BARROS, B. F. D.; BORELLI, R.; GEDRA, R. L. Eficiência Energética - Técnicas


de Aproveitamento, Gestão de Recursos e Fundamentos. São Paulo: Editora
Saraiva, 2015. p. 12 - 21. Disponível em:
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788536518404/. Acesso em: 05
abr. 2022.

BRASIL. Decreto nº 9.864, de 27 de junho de 2019. Regulamenta a Lei Federal nº


10.295, de 17 de outubro de 2001, que dispõe sobre a Política Nacional de
Conservação e Uso Racional de Energia, e dispõe sobre o Comitê Gestor de
Indicadores e Níveis de Eficiência Energética. Brasília, 28 de maio de 2019.
Disponível em:
https://www.in.gov.br/en/web/dou/-/decreto-n-9.864-de-27-de-junho-de-2019-179415
481. Acesso em: 06 abr. 2022.
62

CARBON TRUST. Transformative Investments For Energy Efficiency And


Renewable Energy. Disponível em:
https://www.carbontrust.com/resources/what-is-the-transformative-investments-for-en
ergy-efficiency-and-renewable-energy. Acesso em 22 abr. 2022.

CELUPI, N. e CORTE, A. P. D. Gestão Sistêmica de Energia e sua Contribuição


Para a Redução dos Gases de Efeito Estufa – Abordagem Integrada Das
Normas ISO 50001:2011 E ISO 14064:2007. BIOFIX Scientific Journal. Paraná,
2016. Disponível em: https://revistas.ufpr.br/biofix/article/view/49092. Acesso em: 22
abr. 2022.

COPEL. Manual de eficiência energética para indústria. Paraná, 2005.

DOS ROMÉRO, M.; REIS, L. Eficiência Energética em Edifícios. Editora Manole,


2012. p. 7 - 9. Disponível em:
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788520444580/. Acesso em: 03
abr. 2022.

ELETROBRÁS; PROCEL. Guia técnico de Gestão Energética. Rio de Janeiro,


2005. p. 17. Disponível em:
http://arquivos.portaldaindustria.com.br/app/conteudo_18/2014/04/22/6281/GuiaGest
aoEnergetica.pdf . Acesso em: 03 abr. 2022.

EPE. Balanço Energético Nacional 2021 - Relatório Síntese 2021 - Ano base
2020 . Brasil, 2021.

EPE. Matriz Energética e elétrica. Disponível em:


https://www.epe.gov.br/pt/abcdenergia/matriz-energetica-e-eletrica. Acesso em: 31
de março de 2022.

EPE. Plano Decenal de Expansão de Energia 2031. Brasil, 2022.

FERREIRA, B; GEDRA, R. Gerenciamento de Energia: ações administrativas.


Editora Saraiva, 2020. p. 209-270. Disponível em:
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788536533063/. Acesso em: 02
abr. 2022.
63

HINRICHS, ROGER A.; KLEINBACH, MERLIN. Energia e meio ambiente.


Cengage Learning Brasil, 2014. p. 1 - 37. Disponível em:
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788522116881/. Acesso em: 29
mar. 2022.

IEA, Energy Efficiency 2021, Paris, 2021. Disponível em:


https://www.iea.org/reports/energy-efficiency-2021

INMETRO. Conheça o Programa Brasileiro de Etiquetagem - PBE. 2021.


Disponível em:
https://www.gov.br/inmetro/pt-br/assuntos/avaliacao-da-conformidade/programa-brasi
leiro-de-etiquetagem/conheca-o-programa. Acesso em: 06 abr. 2022.

MME - MINISTÉRIO DE MINAS E ENERGIA . Plano Nacional de Eficiência


Energética. Brasília, 2011.

NETO, C.; PONTES, R. Aplicação da norma ABNT NBR ISO 50001 Sistema de
gestão da energia para o setor público – Estudo de caso Tribunal de Contas de
Estado do Ceará. Ceará, 2020.

Noriega Angarita, E., Cabello Eras, J. J., Hernández Herrera, H., Sousa Santos, V.,
Balbis Morejón, M., Silva Ortega, J. I., & Sagastume Gutiérrez, A. (2019). Energy
planning and management during battery manufacturing. Gestão & Produção,
26(4), e3928. https://doi.org/10.1590/0104-530X3928-19.

Roiz Gonçalves Rabelo da Silva, V., Freitas Rocha Loures, E., Pinheiro de Lima, E.,
Eduardo Gouvêa da Costa.S .(2019). Energy Management in Energy-Intensive
Industries: Developing a Conceptual Map. Brazilian Archives of Biology and
Technology. Vol.62, 2019. http://dx.doi.org/10.1590/1678-4324-0000000000 Acesso
em: 24 set. 2022

ONU. Indicadores Brasileiros para os Objetivos de Desenvolvimento


Sustentável Disponível em: https://odsbrasil.gov.br/. Acesso em: 04 de abril de
2022.

SENAI. Panorama sobre eficiência energética na indústria paranaense de


alimentos, metalurgia e móveis. Paraná, 2016.
64

SOARES, I. Eficiência Energética e a ISO 50001. Edições Sílabo, 2015. p. 163 -


174.

APÊNDICE 1 - QUESTIONÁRIO PARA APLICAÇÃO DO SGE NA BREE

1. Quem é a BREE?
Qual sua missão, visão e valores, o que a BREE se propõe a entregar, quais são
seus principais produtos e soluções.

2. Qual é o atual organograma da BREE?


Qual é a estrutura hierárquica, quais são as áreas e departamentos da empresa.

3. Quais são as fontes de energia utilizadas hoje a BREE? Existe uma estimativa
de representatividade de cada uma?

4. Quais são os principais processos produtivos relacionados ao uso da energia


existentes na BREE hoje?

5. Qual a importância estratégica da energia para a BREE?

6. Já existe alguma proposta de aplicação de SGE na BREE? Se sim, o que já foi


construído/proposto até agora?

7. Se aplicado, quais seriam as partes interessadas do desenvolvimento do SGE?

8. Foi realizado um mapeamento de fatores internos e externos que podem afetar


o SGE?
Alguns exemplos poderiam ser: situação financeira e estrutura organizacional
(internos). Abastecimento de energia e requisitos legais (externos).

9. Já foi definido um escopo de aplicação do SGE? Se sim, quais são as


unidades, departamentos, processos e fontes de energia definidos? Ele está
documentado?

10. Quais são as atuais políticas existentes na BREE?


Energética, qualidade…

11. Já foi definido um(a) responsável do projeto para a aplicação do SGE?


65

12. Já foi definida uma equipe de gestão de energia para auxiliar na aplicação do
SGE?

13. Quais são as especificações de entrada de energia da BREE?

ANEXO 1 - LISTA DE VERIFICAÇÃO DOS REQUISITOS DA ISO 50001

ISO 50001:2011
Sistema de Gestão de Energia (SGE)
Não Não se
Nº Requisitos Auxilia Auxilia aplica
4 REQUISITOS DO SISTEMA DE GESTÃO DE ENERGIA
4.1 REQUISITOS GERAIS
À organização
Estabelece, documenta, implementa, mantém e
melhora o SGE, conforme os requisitos desta
a) norma? x
Define e documenta o âmbito e as fronteiras do
b) SGE x
Determina como serão cumpridas os requisitos
desta Norma, de modo a alcançar a melhoria
contínua do seu desempenho energético e do seu
c) SGE? x
4.2 RESPONSABILIDADE DA GESTÃO
4.2.1 GESTÃO DO TOPO
A gestão de topo demonstra o seu compromisso em apoiar o SGE e
melhorar continuamente a sua eficiência? Cabe-lhe:

Definir x
Estabelecer x
Implementar x
a) Manter uma política energética x
Designar um representante da gestão x
Aprovar a formação de uma equipe da gestão de
b) energia x
66

Providenciar os recursos necessários para


estabelecer, implementar, manter e melhorar o
c) SGE e o desempenho energético resultante x
d) Identificar o âmbito e as fronteiras do SGE; x
Comunicar a importância da gestão de energia
e) aos colaboradores da organização; x
Assegurar que os objetivos e metas energéticas
f) são estabelecidas x
Assegurar que os indicadores do desempenho
g) energético (IDE) são adequados à organização; x
Considerar o desempenho energético no
h) planejamento de longo prazo; x
Assegurar que os resultados são medidos e
i) reportados em intervalos estabelecidos; x
j) Conduzir as revisões pela gestão x
4.2.2 REPRESENTANTE DA GESTÃO
A gestão de topo designa representante(s)? Este(s) têm as capacidades(s)
e competência(s) adequada(s)? E, para além de outras, tem
responsabilidade e autoridades para:
Garantir o SGE estabelecido, implementado,
mantido e continuamente melhorado, conforme a
a) presente norma; x
Identificar pessoa(s), autorizada(s) por um nível
adequado de gestão para trabalhar com
representante de gestão, no apoio às atividades
b) de gestão da energia; x
Reporta à gestão de topo o desempenho
c) energético; x
d) Reporta à gestão de topo o desempenho do SGE; x
Assegura que o planejamento das atividades de
gestão de energia é definido para apoiar a política
e) energética da organização; x
Definir e comunicar responsabilidade e
autoridades, para facilitar a gestão efetiva de
f) energia; x
Determinar os critérios e os métodos necessários
para assegurar que as atividades de operação e o
g) controle do SGEn são eficazes; x
Promover a consciencialização sobre a política
energética e seus objetivos em todos os níveis da
h) organização; x
4.3 POLÍTICA ENERGÉTICA
A gestão de topo define a política energética? E assegura que:
67

É adequada à natureza e dimensão de uso e


a) consumo da energia na organização? x
Inclui um compromisso com a melhoria contínua
b) do desempenho energético? x
Inclui um compromisso de assegurar a
disponibilidade de informações e de todos os
recursos necessários para atingir os objetivos e
c) metas? x
Inclui um compromisso de cumprimento das
exigências legais aplicáveis e outros que a
organização possa subscrever, relativo à eficiência
d) energética, uso e consumo de energia? x
Proporciona o enquadramento para a estabelecer
e) e rever os objetivos e metas da energia? x
Encoraja a aquisição de produtos e serviços
energeticamente eficientes e conscientização
orientada para a melhora do desempenho
f) energético? x
É documentada e comunicada a todos os níveis
g) da organização x
É revista regularmente e atualizada sempre que
h) necessário? x
4.4 PLANEJAMENTO ENERGÉTICO
4.4.1 GENERALIDADES
A Organização conduz e documenta o processo
de planejamento energético? x
O planejamento energético é consistente com a
política energética? E conduz a atividades que
melhoram continuamente o desempenho
energético? x
O planejamento energético inclui uma avaliação
das atividades da organização que possam afetar
o desempenho energético? x
4.4.2 REQUISITOS LEGAIS E OUTRO REQUISITOS
A organização identifica, implementa e tem acesso
às exigências legais aplicáveis e outros requisitos
que a organização subscreva, relacionados com o
uso, consumo e eficiente de energia? x
A organização determina como esses requisitos
são aplicados no uso, consumo e eficiência de
energia? x
Assegura que estas exigências legais e outros
requisitos que a organização subscreva, são
considerados no estabelecimento, na
implementação e na manutenção do SGE? x
68

As exigências legais e outros requisitos são


revistos em intervalos estabelecidos? x
4.43 REVISÃO ENERGÉTICA
A organização desenvolve, registra e mantém uma
revisão energética? x
A metodologia e critério utilizados para
desenvolver a revisão energética são
documentados? x
Para desenvolver a revisão energética, a organização deve:
Analisar o uso e consumo de energia com base na
a) medição e outros dados, isto é: x
4.4.3 REVISÃO ENERGÉTICA

a1) Identificar as atuais fontes de energia: x


Avaliar o uso e o consumo de energia, do passado
a2) e do presente; x
Com base na análise de uso e consumo de
energia, identificar as áreas de uso significativos
b) de energia x
identificar as instalações, equipamentos, sistemas,
processos e colaboradores que trabalham para a
organização, ou em seu nome, afetam
b1) significantemente o uso e consumo de energia; x
identificar outras variáveis relevantes que afetam
b2) significativamente a utilização o uso de energia; x
Determina o desempenho energético atual das
instalações, equipamentos, sistemas e processos
relacionados com o uso significativo de energia
b3) identificados; x

b4) Estimar o uso e consumo de energia futuros; x


identificar, priorizar e registrar oportunidades de
c) melhoria do desempenho energético. x
A revisão energética deve ser atualizada em
intervalos estabelecidos, bem como em resposta a
alterações significativas de instalações,
equipamentos, sistemas ou processos x
4.4.4 CONSUMO ENERGÉTICO DE REFERÊNCIA
A organização estabelece um consumo energético
de referência utilizando a informação da avaliação
energética inicial, considerando um período
adequado ao uso e consumo de energia da
organização? x
As alterações no desempenho energético são
medidas por comparação com os consumos
energéticos de referência? x
69

São efetuados ajustamentos aos consumos energéticos de referência


sempre que ocorram uma ou mais das seguintes situações
*Os IDE deixam de refletir o uso e o consumo de
energia da organização? x
*Ocorreram alterações significativas no processo,
nos padrões operacionais ou no sistema de
energia? x
* De acordo com um método pré-determinado? x
4.4.4 ENERGY BASELINE
Os consumos energéticos referenciais são
registrados e mantidos? x
4.4.5 INDICADORES DO DESEMPENHO ENERGÉTICO
A organização identifica os IDE apropriados para
monitorizar e medir, o seu desempenho
energético? x
A metodologia para a determinar e atualizar dos
IDE é registrada e praticamente revista? x
Os IDE são revistos e adequadamente
comparados com o consumo energético de
referência? x
OBJETIVOS ENERGÉTICOS, METAS ENERGÉTICAS E PLANOS DE
4.4.6 AÇÃO PARA GESTÃO DE ENERGIA
A organização estabelece, implementa, mantém
objetivos e metas energéticas documentadas para
as funções relevantes, níveis, processos ou
instalações da organização? x
São estabelecidos prazos para atingir os objetivos
e metas? x
Os objetivos e metas são consistentes com a
política energética? x
Ao estabelecer e rever objetivos e metas, a
organização tem em conta as exigências legais e
outros requisitos, usos significativos de energia e
oportunidade de melhoria do desempenho
energético, identificados na revisão energética? x
A organização considera as suas opções
tecnológicas e os seus requisitos financeiros,
operacionais e de negócios, bem como os pontos
de vista das partes interessadas? x
São estabelecidos, implementados e mantidos,
pela organização, planos de ação para atingir os
seus objetivos e metas? x
Os planos de ações incluem:

* Designação de responsabilidade? x
70

* Os meios e prazos para cumprimento de cada


meta? x
* A definição do método através do qual uma
melhoria do desempenho energético deve ser
alcançada? x
* A definição do método de verificação de
resultados? x
OBJETIVOS ENERGÉTICOS, METAS E PLANO
4.4.6 DE AÇÃO DE GESTÃO DE ENERGIA
Os planos de ação são documentados e
atualizados em intervalos definidos x

4.5 IMPLEMENTAÇÃO E OPERAÇÃO


4.5.1 GENERALIDADES
A organização assegura que qualquer pessoa que
trabalhe para a organização, ou em seu nome,
relacionada com o uso significativo de energia, é
competente com base numa adequada
escolaridade, formação ou experiência? x
4.5.2 COMPETÊNCIA, FORMAÇÃO E CONSCIENCIALIZAÇÃO
A organização assegura que qualquer pessoa que
trabalhe para a organização, ou em seu nome,
relacionado com o uso significativo de energia, é
competente com base numa adequada
escolaridade, formação ou experiência? x
A organização identifica as necessidades de
formação associadas ao controle das suas
utilizações significativas de energia e ao
funcionamento do SGE? x
A organização providencia formação ou
desenvolve outras ações para responder a esta
necessidade? x
São mantidos registros apropriados? x
A organização assegura que qualquer pessoa que
nela trabalhe, ou em seu nome, está consciente: x
Da importância da conformidade com a política
energética, os procedimentos e os requisitos do
a) SGE? x
Das suas atribuições, responsabilidade e
autoridade para atingir a conformidade com os
b) requisitos do SGE? x
Dos benefícios de uma melhor desempenho
c) energético? x
Do impacto, real ou potencial, com relação seu
d) consumo de energia, das atividades e como essas x
71

atividades e comportamentos contribuem para a


realização dos objetivos e metas energéticas e as
potenciais consequências do desvio aos
procedimentos especificados?

4.5.3 COMUNICAÇÃO
A organização comunica internamente os
resultados do de seus desempenhos energéticos e
do SGE? É de forma apropriada à dimensão da
organização? x
A organização estabelece e implementa um
processo de comunicação em que cada pessoa
que nela trabalhe, ou em seu nome, possa
introduzir comentários ou sugestões de melhorias
no SGE? x
A organização decide sobre a comunicação
externa sobre a sua política energética, o seu SGE
e o seu desempenho energético? E documenta a
sua decisão? x
Se a organização decidir comunicar: estabelece e
implementa (um) método(s) para esta
comunicação externa? x

4.5.4 DOCUMENTAÇÃO
4.5.4.1 REQUISITOS DE DOCUMENTAÇÃO
A organização estabelece, implementa e mantém
informações em papel, formato digital ou noutro,
que descreva os principais elementos do seu SGE
e suas interações? x
A documentação do SGE inclui:

a) O âmbito de aplicação e suas fronteiras? x


b) A política energética? x
Os objetivos e as metas energéticas e plano de
c) ação? x
Os documentos, incluindo registo, requeridos pela
d) presente Norma? x
Outros documentos definidos como necessários
e) pela organização? x
4.5.4.2 Controle de documentos
A organização estabelece, implementa e mantém procedimentos para:
Aprovar os documentos quanto à sua adequação,
a) antes da respetiva emissão? x
Rever e atualizar periodicamente os documentos
b) conforme necessário? x
72

Assegura que são identificadas as alterações e o


c) estado atual da revisão dos documentos? x
Assegura que as versões relevantes dos
documentos aplicáveis estão disponíveis nos
d) locais de utilização? x
Assegurar que os documentos permaneçam
e) legíveis e facilmente identificáveis? x
Assegura que os documentos de origem externa,
definidos pela organização como necessários ao
planejamento e operação do SGE, são
f) identificados e sua distribuição controlada? x
Prevenir a utilização involuntária de documentos
obsoletos, e identificar devidamente caso estes
g) sejam retidos por qualquer motivo? x
4.5.5 CONTROLE OPERACIONAL
A organização identifica e planeja as operações e atividades de
manutenção relacionados com os usos significativos de energia
consistentes com sua política energética, objetivos, metas e planos de ação,
para assegurar que são executadas sob as condições especificadas pelos
seguintes meios:
Estabelecer e definir critérios para uma efetiva
operação e manutenção dos usos
significativamente de energia, onde a sua
ausência pode levar a um desvio significativo do
a) desempenho energético efetivo? x
Operar e manter as instalações, processos,
sistemas e equipamentos, de acordo com critérios
b) operacionais? x
Comunicar adequadamente o controle operacional
da organização e a cada pessoa que nela, ou por
c) ela trabalhe? x
4.5.6 CONCESSÃO
A organização considera as oportunidades de
melhoria do desempenho energético e do controle
operacional da concessão de instalações,
equipamentos, sistemas e processos, sejam
novos, modificados ou renovados, que possam ter
impacto significativo no desempenho energético? x
Os resultados da avaliação do desempenho
energético são incorporados conforme apropriados
nas especificações, concepção e atividades de
aprovisionamento dos projetos relevantes? x
Os resultados das atividades de concessão são
registrados? x
APROVISIONAMENTO DE ENERGIA, SEUS SERVIÇOS, PRODUTOS E
4.5.7 EQUIPAMENTOS
73

Quando do aprovisionamento de serviços de


energia, produtos e equipamentos que têm, ou
podem ter, um impacto significativo no uso de
energia, a organização informa os fornecedores
que a contratação é parcialmente avaliada com
base no desempenho energético? x
A organização estabelece e implementa os
critérios para avaliar o uso, consumo e eficiência
energética, ao longo da vida útil, prevista ou
esperada, quando do provisionamento de
produtos, equipamentos e serviços de energia,
que poderão ter um impacto significativo sobre o
desempenho energético da organização? x
A organização define e documenta especificação
de compra de energia, conforme aplicável, para
um uso energético eficiente? x
4.6 VERIFICAÇÃO
4.6.1 MONITORIZAÇÃO, MEDIÇÃO E ANÁLISE
A organização assegura que as
características-chaves das suas operações, que
determinam o desempenho energético, são
monitorizadas, medidas e analisadas
periodicamente? x
As características-chaves incluem, no mínimo:
Usos significativos de energia e outros resultados
a) da avaliação energética? x
As variáveis relevantes relacionadas com os usos
b) significativos de energia? x
c) Indicadores do desempenho energético (IDE)? x
A eficácia dos planos de ação para atingir
d) objetivos e metas? x
Avaliação do consumo real da energia face ao
e) esperado? x
Os resultados da monitorização e medição das
características-chaves são registados? x
É definido e implementado um plano de medição
de energia, adequado à dimensão e complexidade
da organização e aos seus equipamentos de
medição? x
A organização define e revê, periodicidade, as
suas necessidades de medição? x
A organização assegura que o equipamento
utilizado na monitoria e medição das
características-chaves fornece dados exatos e
repetíveis? x
74

Os registros de calibração, bem como outros


meios de estabelecer precisão e exatidão e a
repetibilidade, são mantidos? x
A organização investiga e responde a desvios
significativos no desempenho energético? x

Os resultados dessas atividades são mantidos? x


AVALIAÇÃO DA CONFORMIDADE COM EXIGÊNCIAS LEGAIS E
4.6.2 OUTROS REQUISITOS
A organização avalia, em intervalos planejados, o
comprimento das exigências legais e outros
requisitos que a organização subscreva
relacionados com o uso e consumo de energia? x
Os registros dos resultados das avaliações de
conformidades são mantidos? x
4.6.3 AUDITORIAS INTERNAS DO SGE
A organização conduz auditorias internas, em
intervalo planejado, para assegurar que o SGE:
Está conforme as disposições planejadas para a
gestão de energia, incluindo os requisitos da
1 presente norma? x
Está conforme os objetivos e metas energéticas
2 estabelecidas? x
É efetivamente implementado, mantido e melhora
3 o desempenho energético? x
É elaborado um calendário de auditorias, tendo
em consideração: x
* O estado e a importância dos processos e áreas
a serem auditadas? x
* Os resultados de auditorias anteriores? x
A seleção dos auditores e a realização das
auditorias assegura a objetividade e
imparcialidade do processo de auditoria? x
Os registros dos resultados da auditoria são
mantidos e encaminhados à gestão de topo? x
NÃO CONFORMIDADE, CORREÇÕES, AÇÕES CORRETIVAS E AÇÕES
4.6.4 PREVENTIVA
A organização trata as não conformidades,
existentes e potenciais, fazendo correções e
implementado ações corretivas e ações
preventivas? x
Analisa as não-conformidades ou potenciais
a) não-conformidades? x
75

Determina a causa das não-conformidades ou


b) potenciais não-conformidades? x
Avalia as necessidades de ações para assegura
que não-conformidade não ocorram ou se
c) repitam? x
Define e aplica as ações necessárias e
d) apropriadas? x
Mantém os registros das ações corretivas e ações
e) preventivas? x
Analisa a eficácia das ações corretivas ou ações
f) preventivas implementadas? x
As ações corretivas e as ações preventivas são
apropriadas à magnitude dos problemas
existentes ou potenciais e às suas consequências
para o desempenho energético? x
A organização assegura que serão efetuadas
todas as alterações necessárias ao SGE? x
4.6.5 CONTROLE DOS REGISTROS
A organização estabelece e mantém registros,
conforme necessários, para demonstrar a
conformidade com os requisitos do seu SGE e
desta Norma? x
Existe registro que demonstrem os resultados do
desempenho energético alcançado? x
A organização define e implementa controles para
a identificação, recuperação e conservação dos
registros? x
Os registros são e mantêm-se legíveis,
identificáveis e rastreáveis para as atividades
relevantes? x
4.7 REVISÃO PELA GESTÃO
4.7.1 GENERALIDADE
A gestão de topo analisa, em intervalos
planejados, o SGE da organização, para garantir
que este é conveniente, adequado e eficaz? x
Os registros da revisão pela gestão são mantidos? x
4.7.2 ENTRADAS PARA A REVISÃO PELA GESTÃO

As entradas para a revisão pela gestão incluem:


Ações de seguimento sobre as anteriores revisões
a) pela gestão? x
b) Revisão da política energética? x
Revisão do desempenho energético e IDEs
c) relacionados? x
76

Resultados da avaliação de conformidade com as


exigências legais e com outros requisitos que a
d) organização subscreva? x
O grau de cumprimento dos objetivos e metas
e) energéticas? x
f) Os resultados das auditorias ao SGE? x
O estado das ações corretivas e ações
g) preventivas? x
Desempenho energético previsto para o período
h) seguinte? x
i) Recomendações para melhoria? x
4.7.3 SAÍDA PARA A REVISÃO PELA GESTÃO
As saídas para a revisão pela gestão incluem
quaisquer decisões ou ações relacionadas com
alterações:

a) No desempenho energético da organização? x


b) Na política energética? x
c) Nos indicadores de desempenho energético? x
Nos objetivos, nas metas ou outros elementos do
SGE consistentes com o compromisso da
d) organização para a melhoria contínua? x
e) Na alocação de recursos? x
FONTE: EFICIÊNCIA ENERGÉTICA E A ISO 50001 (2015)

Você também pode gostar