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GUIA TÉCNICO

GESTÃO
DE ENERGIA
CRÉDITOS
Como empresa federal de utilidade pública, a Deutsche Gesellschaft für
Internationale Zusammenarbeit (GIZ) GmbH apoia o Governo Federal da
Alemanha em seus objetivos na área de cooperação internacional. O foco
do trabalho da GIZ no Brasil são as energias renováveis e a eficiência
energética, a proteção e o uso sustentável das florestas tropicais, além de
temas como formação técnica, transformação urbana e oportunidades de
financiamento para investimentos em prol do clima.

Publicado por:
Deutsche Gesellschaft für Internationale Zusammenarbeit (GIZ) GmbH

Sede social
Bonn e Eschborn, Alemanha

Endereço
GIZ Agência Brasília 70711-902 - Brasília/DF - Brasil

T +55 61 2101-2170
E giz-brasilien@giz.de
I www.giz.de/en/worldwide/12055.html

Coordenação:
Marcos Schiewe (GIZ), Carolyna Crepaldi (GIZ)

Autores e Equipe Técnica:


Autores: Madson Batista e Hamilton Ortiz;
Hamilton Ortiz, Giovana Gonçalves, Madson Batista, Marcelo Dias, Rafael
Katsurayama, Victor Branco da Luz, Ana Beatriz Santos, Pedro Henrique
Gomes, Sabrina Oliveira.
.
Design/layout, etc.:
Yara Baylão

Crédito das fotos/fontes:


Segundo indicado

Programa PotencializEE:
www.programa-potencializee.com.br
contato@programa-potencializee.com.br

Mapas:
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atualizados, corretos ou completos. Fica excluída toda a responsabilidade
por quaisquer danos, diretos ou indiretos, resultantes da utilização dos
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DEZEMBRO/2022
Março de 2023.

1. Informações Legais: Todas as indicações, dados e


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erros com relação ao conteúdo não podem ser evitados.
Consequentemente, nem a GIZ ou o(s) autor(es) podem
ser responsabilizados por qualquer reivindicação, perda
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fonte da informação. Para outros usos comerciais,
incluindo duplicação, reprodução ou distribuição de todo
ou partes deste estudo, é necessário o consentimento
escrito da GIZ
SUMÁRIO
LISTA DE FIGURAS 04
LISTA DE TABELAS 04
LISTA DE SIGLAS 04
RESUMO EXECUTIVO 05
1. INTRODUÇÃO 07
2. GESTÃO ENERGÉTICA – DEFINIÇÕES 11
21. Sistemas de Gestão de Energia (SGEs) 12
2.2. Sub-medição e monitoramento do uso da energia (elétrica e térmica) 13
2.3. Compra de energia elétrica e combustíveis 14
2.4. Eficiência energética no processo produtivo 17
3. GESTÃO ENERGÉTICA – BOAS PRÁTICAS 19
31. Gerenciamento de pessoas 21
3.2. Gerenciamento de áreas ou equipes 22
3.2.1. Compras e contratações 23
3.2.2. Gerenciamento da infraestrutura 24
3.2.3. Gerenciamento de dados e informações 25
3.3. Certificação ISO 50.001: sim, não em que momento? 26
4.ESTUDOS DE CASO 28
41. General Motors do Brasil – Extraído do Guia de Gestão Energética da PROCOBRE. 29
a) Perfil da Companhia 29
b) Resumo da implementação da ABNT NBR ISO 50.001 29
c) O processo de implementação do Sistema de Gestão de Energia 30
d) Medidas implementadas 31
4.2. Superior Energy Performance - SEP 33
5. REFERÊNCIAS 34
ANEXO A – COMPONENTES CHAVE DO SISTEMA DE GESTÃO DA ENERGIA 35
ANEXO B – NÍVEIS DE IMPLEMENTAÇÃO EM FASES DOS REQUISITOS DA NORMA ISO 50001 - 37
COMPONENTES CHAVE DO SISTEMA DE GESTÃO DA ENERGIA
LISTAS

LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Normas ISO. Fonte: Guia para aplicação da Norma ABNT NBR ISO 50.001 Gestão de Energia PROCOBRE 08
Figura 2: Diagrama esquemático de sistemas industriais. Fonte: Mitsidi 12
Figura 3. Ciclo PDCA para gestão de energia. Fonte: ISO 50.001:2018 [1] 13
Figura 4: Estágios no uso de dados, digitalização e Indústria 4.0 17
Figura 5. Hierarquia para priorização de ações. Fonte: Mitsidi 20
Figura 6. Adoção da norma ISO 50001 entre 2011 e 2018: Global, América Latina e Brasil. Fonte: ISO Survey 26
LISTA DE TABELAS
Tabela 1: Benef ícios da Gestão Energética. Elaboração própria 09
Tabela 2: Ações adotadas pelo Sistema de Gestão de Energia da GM Brasil. 32
Tabela 3. Níveis de implementação dos requisitos de um istema de Gestão da Energia 37

LISTA DE SIGLAS
ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas LED Lighting Emitting Diode
ACL Ambiente de Contratação Livre MEE Medida de Eficiência Energética
ACR Ambiente de Contratação Regulado NBR Norma Brasileira
CICE Comissões Internas de Conservação de Energia ONUDI Organização das Nações Unidas para o Desenvolvimento Industrial
EMAK Energy Management Action Network PCI Poder Calorífico Inferior
EnPI Energy Performance Indicator PCS Poder Calorífico Superior
EPE Empresa de Pesquisa Energética PDCA Plan-Do-Check-Act
FMS Facility Management System RTO Regenerative Thermal Oxidizer
GIZ Deutsche Gesellschaft für Internationale Zusammenarbeit GmbH RVD Redução Voluntária de Demanda
GLP Gás Liquefeito de Petróleo SGE Sistema de Gestão de Energia
GM General Motors TI Tecnologia da Informação
GMSA General Motors South America TUSD Tarifa de Uso do Sistema de Distribuição
HVAC Heating, Ventilating and Air Conditioning USD Dólares Americanos
IDE Indicador de Desempenho Energético USE Usos Significativos da Energia
IPMVP International Performance Measurement and Verification Protocol VSD Variable Speed Drive
ISO Organização Internacional de Normalização

04
RESUMO
EXECUTIVO
RESUMO EXECUTIVO

Este Guia faz parte do conjunto de cinco volumes de Guias diferença entre o monitoramento de medidores e as ações
técnicos oferecidos pelo programa PotencializEE para relacionadas à compra de energia.
aceleração da Eficiência Energética em indústrias do estado No Capítulo 3, são elencadas as melhores práticas de gestão
de São Paulo. energética em relação a aspectos concretos das empresas,
O documento serve para engajar técnicos, engenheiros e como o recurso humano e a infraestrutura.
gestores de Pequenas e Médias Empresas no tema de Com o objetivo de auxiliar os gestores de pequenas e
Gestão Energética. médias empresas, inclui-se como anexo os passos de
Estima-se que as instalações que conseguem estruturar um implementação em fases de um Sistema de Gestão, para
Sistema de Gestão de Energia (SGE) nos moldes da ISO reforçar que é um caminho de melhoria que envolve todas
50.001 têm conseguido uma melhoria do desempenho as áreas das empresas.
energético entre 10% e 40% por ciclo de certificação
(SICILIANO et al., 2015).
Usufruir destas melhorias requer seguir alguns passos para
estabelecer e manter um Sistema de Gestão, com ou sem
certificação. Embora muitos guias existentes foquem na
implementação de todos os requisitos das Normas, este
Guia pretende destacar a importância e benef ícios do
modelo de pensamento, mais do que dos detalhes dos SGE.
No Capítulo 2, apresentam-se as principais definições da
Gestão energética, esclarecendo a complementariedade e a

06
1
INTRODUÇÃO
INTRODUÇÃO

A implementação de Sistemas de Gestão de Energia


(SGE) é considerada umas das ações chave para a
competitividade industrial e seu respectivo
monitoramento e controle. As empresas de setores
GUIA PARA AUDITORIA
energo-intensivos têm se interessado pela criação de SGEn A ISO 50001 DE SGEn
Comissões Internas de Conservação de Energia (CICE),
• ISO 50001 • ISO 50004 • ISO 50003
porém, a atuação destas Comissões acontece • A METODOLOGIA • FORNECE AJUDA PARA USAR • VERIFICA A IMPLANTAÇÃO DE
A METODOLOGIA METODOLOGIA
principalmente em épocas de crise econômica ou passa
a ser não prioritária quando a tarifa da energia é baixa. LIDERANÇA E PLANEJAMENTO IMPLEMENTAÇÃO VERIFICAÇÃO MELHORIA
COMPROMETIMENTO ENERGÉTICO E OPERAÇÃO DE DESEMPENHO CONTÍNUA
A gestão dos recursos energéticos de maneira
sistemática e estratégica tem sido reconhecida
mundialmente como um mecanismo efetivo de
mitigação de emissões pelo lado da demanda. Em 2011, DIAGNóSTICO MEDIÇÃO DE DESEMPENHO MEDIÇÃO E
ENERGÉTICO ENERGÉTICO VERIFICAÇÃO
foi lançada a Norma internacional ISO 50.001: Sistemas
• ISO 50003 • ISO 50008 • ISO 50015
de Gestão da Energia – Requisitos com orientações para • LEVANTAMENTO DE DADOS • IDENTIFICAÇÃO DE IDEs E LBEs • IDENTIFICAÇÃO DE DADOS
• IDENTIFICAÇÃO DE OPORTUNIDADES • DADOS NECESSÁRIOS PARA IDEs • DETALHAMENTO DE COMO MEDIR
uso, como resultado de um trabalho de uniformização DE MELHORIA

de conceitos que já eram abordados em normas locais.

Figura 1: Normas ISO. Fonte: Guia para aplicação da Norma ABNT


NBR ISO 50.001 Gestão de Energia PROCOBRE

08
Tabela 1: Benef ícios da Gestão Energética. Elaboração própria
Como a maioria de Normas ISO, a ISO 50.001 veio
acompanhada de outras Normas relacionadas que foram BENEFÍCIOS DIRETOS BENEFÍCIOS INDIRETOS
lançadas desde 2011 até agora: ISO 50.002, 50.003, 50.004, • Ter uma equipe para cuidar da • Qualificação da discussão
50.006, 50.015 e 50.047; as quais detalham os energia com papéis e sobre energia
responsabilidades
procedimentos para fazer diagnósticos energéticos e dão • Clareza e transparência das
• Organização das informações informações
guias para o desenvolvimento de Sistemas de Gestão de • Identificação de projetos de • Incentivo à inovação
Energia, baseline e processos de Medição e Verificação (Ver melhoria
• Alinhamento estratégico
Figura 1). • Atendimento de metas
• Aumento de competitividade
corporativas
Este Guia apresenta de maneira introdutória boas práticas • Otimização do
• Redução de ruído, de calor
excessivo e de acidentes
no gerenciamento de pessoas, áreas, contratos e consumo/desempenho
energético • Melhoria de layout e disposição
infraestrutura, com foco no alinhamento de requisitos de de equipamentos
• Redução de custos com
normas de gestão de energia e redução de emissões. energia, manutenção etc. • Adaptação/mitigação da
mudança climática
Traz orientações para harmonização de partes interessadas • Desativação de sistemas em
desuso • Melhor relacionamento com
no objetivo de minimizar custos de energia. Aborda clientes
• Redução nas emissões de gases
ferramentas digitais (relacionadas à indústria 4.0 e IIoT1 ) de efeito estufa • Maior adição de valor aos
processos produtivos
para auxílio do monitoramento e da gestão energética. • Melhoria da imagem
corporativa
Como aspecto motivador, apresentam-se na Tabela 1
• Melhoria dos processos de
alguns benef ícios diretos e indiretos que têm sido tomada de decisão
percebidos em empresas com Sistemas de Gestão • Acesso a incentivos fiscais /
financeiros.
implementados. Estes benef ícios podem ser melhor
entendidos e explorados consultando em paralelo o Guia
Técnico Nº 5 sobre Múltiplos Benef ícios.

¹ Sigla em inglês para Industrial Internet of Things

09
2.
GESTÃO ENERGÉTICA
DEFINIÇÕES
2. GESTÃO ENERGÉTICA – DEFINIÇÕES

Primeiramente, é importante esclarecer algumas definições


1 Geração Produção Produção de Tratamento de gases 1
relevantes para este Guia ²: MATÉRIAS
de frio de vapor ar comprimido e efluentes
2 2 PRODUTOS
PRIMAS

n Processo produtivo 1 n
• Energia: Capacidade de um sistema de realizar um trabalho
Processo produtivo 2
específico. Neste guia refere-se às suas diversas formas,
i ENERGIA
incluindo renováveis ou não renováveis, como eletricidade, 1 Processo produtivo “n”

combustíveis, calor e outras transformações análogas. ENERGIA 2 Tratamento e Outros sistemas


HVAC Exaustão distribuição de água auxiliarers n SUBPRODUTOS
• Medidas de Eficiência Energética (MEE’s): Ações concretas 3

orientadas a melhorar o desempenho energético de um


n RESÍDUOS
equipamento, sistema, processo ou companhia.
• Linha de base energética: referência(s) quantitativa(s) que Figura 2: Diagrama esquemático de sistemas industriais. Fonte: Mitsidi
fornece(m) uma base para comparação de desempenho
energético. A Figura 2 esquematiza os insumos e produtos de uma
• Indicador de desempenho energético (IDE): valor ou indústria genérica, em que podemos observar entrada de
medida quantitativa de desempenho energético conforme matérias primas, entradas de energia (compra), uso destas
definido pela organização matérias primas e energia em processos produtivos
• Usos significativos da energia (USE): Sistemas, processos, específicos e utilidades. Do lado direito, vemos as saídas
equipamentos e/ou máquinas que consomem quantidades de produtos terminados, eventuais exportações de
relevantes de energia ou que oferecem potencial energia, subprodutos e, finalmente, resíduos.
considerável de melhoria de desempenho.

2 Outras definições podem ser consultadas no Anexo deste Guia.

11
2. GESTÃO ENERGÉTICA – DEFINIÇÕES

Ao longo deste Guia, são apresentadas alternativas que • Gerenciar riscos sociais, ambientais e financeiros
podem ser empregadas em todas as componentes • Melhorar a eficácia operacional
descritas na Figura 2. Por exemplo, ações de eficiência • Melhorar a satisfação dos clientes e stakeholders
energética de sistemas convencionais, como caldeiras e • Proteger marca e imagem
compressores de ar, impactarão o consumo de energia • Conseguir melhorias contínuas
e/ou a qualidade dos produtos. Processos tecnológicos de • Promover a inovação
beneficiamento de subprodutos podem torná-los insumos
para outras empresas ou para autogeração, por citar
alguns poucos.

2.1. Sistemas de Gestão de Energia (SGEs)


Um Sistema de Gestão é uma estrutura comprovada para Figura 3. Ciclo PDCA para
gerenciar e continuamente melhorar as políticas, gestão de energia. Fonte: ISO
procedimentos e processos de uma organização. É um 50.001:2018 [1]
processo que se retroalimenta, ou seja, os resultados de
hoje são usados para melhorar os de amanhã.
Um Sistema de Gestão de Energia, pode ser definido como
o conjunto de elementos inter-relacionados ou interativos Um Sistema de Gestão de Energia nos moldes da ISO 50.001 é
para estabelecer uma política energética, objetivos baseado no ciclo PDCA (Plan-Do-Check-Act), como
energéticos, processos e procedimentos para atingir tais apresentado na Figura 3. É relevante citar que a ISO 50.001
objetivos. coloca as ações de liderança como chave para o sucesso do
O foco da gestão energética pode variar de uma empresa SGE. Isto quer dizer que não é uma série de documentos e
para outra, podendo, por exemplo, consistir em: requisitos, mas sim uma atitude de comprometimento e
proatividade.

12
2. GESTÃO ENERGÉTICA – DEFINIÇÕES

2.2. Sub-medição e monitoramento do uso da Para isso, um procedimento adequado pode seguir os
energia (elétrica e térmica) seguintes passos:
a) Identificação preliminar de ações: Compilação de
Um dos aspectos chave da gestão energética, e que em boas práticas disponíveis versus as implementadas
ocasiões se confunde como a única componente, é o para cada USE.
monitoramento de dados de consumo com softwares de b) Avaliação qualitativa de ações prioritárias segundo
telemetria e medição. critérios: mapeamento qualitativo inicial das ações
Na realidade, todo o conjunto de medidores de variáveis implementadas, ações potenciais e definição de USE
energéticas, o processamento e tratamento de dados, ou sistemas com maior necessidade de medição.
visualização, entre outras funcionalidades relacionadas a c) Importação e registro de medições de
dados, são apenas uma parte da Gestão Energética equipamentos existentes: identificação de sistemas
propriamente dita. Apenas uma parte, porém uma parte de medição associados aos USE identificados como
fundamental para poder chegar em conclusões e tomar alvo de análise detalhada e formatação da
decisões corretas. informação.
É desejável utilizar medições registradas dos USE para d) Importação e registro de medições de
avaliação de projetos. Um bom aproveitamento desses equipamentos temporários: em caso de ausência de
dados passados pode ser simples e bastante econômico. sistemas de medição, definição de medições
Desenvolver um plano de medições ajuda a contar com temporárias que servirão como insumo para a
informação verídica no cálculo de oportunidades de análise de oportunidades.
melhoria, com o menor custo de aquisição³ possível.

3 Refere-se ao esforço tanto financeiro quanto de recursos humanos para adquirir e tratar dados de medição.

13
2. GESTÃO ENERGÉTICA – DEFINIÇÕES

2.3. Compra de energia elétrica e combustíveis Adicionalmente, o correto controle e administração das
compras de energia é um dos chamados ganhos rápidos
ou “quick wins”, por serem ações de baixo ou nenhum
As faturas ou contas de eletricidade e combustíveis são, de investimento. Incluem-se aqui a definição correta de
maneira geral, documentos de fácil acesso e interpretação. valores contratuais (demanda, flexibilidade, sazonalidade),
Os dados de consumo, demanda e custo mensal emitidos minimização de multas (demanda excedente, atraso de
pelas concessionárias ou comercializadoras, são insumos pagamento, energia reativa excedente, Fator de potência) e
de grande importância para a gestão energética. o enquadramento tarifário, por exemplo.
Os dados da conta de eletricidade não se restringem ao
consumo, pois há diversos custos incluídos na conta de
Quando múltiplas formas de energia forem utilizadas, é útil e energia. É importante classificar as Unidades
necessário converter os valores de consumo de todas as formas para
uma unidade comum (por exemplo MWh, GJ), com os fatores de Consumidoras entre baixa e alta tensão, caso existam os
conversão e propriedades adequadas, como segue: dois casos.
Combustíveis líquidos e gasosos: Para analisar corretamente o consumo e despesas de
NOTAS: energia, recomenda-se o monitoramento das variáveis
Devem ser registrados os valores de densidade, poder calorífico, e os citadas no quadro a seguir.
fatores de conversão adotados. Valores de referência podem ser
obtidos da Calculadora 2050 da EPE, do fornecedor da energia Outros dados prioritários: Concessionária (e/ou comercializadora),
comprada ou de análises f ísico-químicas no caso de geração local. Subgrupo de tensão
A escolha do Poder Calorífico Superior (PCS) ou Inferior (PCI) depende
da disponibilidade de dados de consumo em base seca (bs) ou base
úmida (bu), caso em que será necessário conhecer o teor de umidade.
No caso de contar com dados de consumo mássico (kg/mês), não é
necessária a multiplicação pela densidade.

14
2. GESTÃO ENERGÉTICA – DEFINIÇÕES

Em ambos os ambientes de contratação de energia, de Uso do Sistema de Distribuição). Caso a migração ao


monitora-se o consumo de energia, separadamente, em Ambiente de Contratação Livre tenha sido aprovada
dois valores que são denominados Ponta e Fora Ponta. recentemente, é atribuído o desconto padrão do
Essa divisão ocorre, visto que em um período do dia, mercado de 50% nos dois primeiros meses e, após o
geralmente de três horas, a tarifa de energia aplicada pela terceiro mês, são realizados ajustes em sua fatura TUSD.
concessionária é maior se comparado ao restante do dia. A composição da conta de gás é similar à eletricidade,
Esse período do dia é denominado período de Ponta, possuindo uma parcela fixa e uma variável em função do
sendo o restante do dia denominado de período Fora consumo. Já que a tarifa de gás natural varia em faixas de
Ponta. Por esse motivo que existe o mecanismo de demanda mensal pré-definidas, é importante registrar a
Redução Voluntária de Demanda (RVD) ⁴ , em que os demanda, caso houver mudança ao longo do ano.
clientes podem contribuir a descarregar o sistema no O uso de carvão e de óleo combustível, normalmente, é
período de Ponta, obtendo benef ícios. dif ícil de se quantificar, pois são medidos em bateladas
Em relação à demanda, a fatura também pode apresentar ou de maneiras não tão controladas. Devido a esse
dois valores separados para os períodos Ponta e Fora comportamento, há maneiras alternativas para se
Ponta. No entanto, essa divisão depende do tipo de estimar o consumo de energia dessas fontes. Para o
modalidade tarifária que a edificação se enquadra. carvão pode se estimar a partir da eficiência de
Modalidades tarifárias do tipo verde apresentam a combustão e da geração de energia térmica do
medição de uma única demanda, denominada de equipamento que utiliza o carvão. Para o consumo de
Demanda Única. Já para a modalidade do tipo azul são óleo combustível pode se medir com registradores de
apresentadas duas demandas, similarmente, ao vazão de transferência, instalados em unidades de
observado para o consumo. descarga, ou, da mesma maneira que se estima o carvão
No Ambiente de Contratação Livre (ACL) existe uma através da eficiência de combustão e a energia
variável adicional denominado desconto na TUSD (Tarifa produzida.

4 Ver link: https://www.gov.br/mme/pt-br/assuntos/noticias/mme-cria-condicoes-para-reducao-voluntaria-de-demanda-de-energia-eletrica

15
2. GESTÃO ENERGÉTICA – DEFINIÇÕES

2.3.1. Ferramentas digitais (indústria 4.0 e IIoT) controle e otimização em equipamentos, com a possibilidade
de definir faixas seguras de operação e critérios para garantia
A indústria de pequeno e médio porte é um dos melhores
de qualidade.
cenários de aprofundamento do uso de ferramentas
INDÚSTRIA 4.0
digitais para gestão de energia, pela possibilidade de
implementar soluções de baixo custo e alto impacto no VALOR

desempenho dos processos produtivos. Todo sistema como respostas


autônomas podem
consumidor de energia é passível de controle simples ou ser alcançadas?
otimização
ADAPTABILIDADE
avançado, porém a escolha da instrumentação deve ser
o que vai
criteriosa para não onerar o processo produtivo. acontecer?
estar preparado
Diferentemente de grandes indústrias, que contam com por que está CAPACIDADE
acontecendo? PREDITIVA
instrumentação por padrão de projeto das fábricas ou com o que está
acontecendo?
entender
observar
importantes orçamentos para medição, nas pequenas e TRANSPARÊNCIA
VISIBILIDADE
médias empresas estes instrumentos devem auxiliar o dia
a dia de forma tangível e direta. CONECTIVIDADE
SENSORIZAÇÃO
O escopo é muito amplo, pois pode abranger desde redes
de sensores de temperatura conectados a um Arduino
para comandar pequenas válvulas pneumáticas, até robôs Figura 4: Estágios no uso de dados, digitalização e Indústria 4.0
de controle numérico para manufatura, tratamentos
térmicos, entre outros. Como pode ser visto na Figura 4, cada empresa pode escolher o
Nos últimos anos tem se proliferado amplamente as nível de desenvolvimento no uso das ferramentas digitais,
aplicações de Machine Learning e Deep Learning em sendo a sensorização um primeiro passo obrigatório. A escolha
sistemas industriais. Basicamente, são modelos que do grau de sofisticação para cada processo é uma tarefa dos
utilizam dados reais para testar e treinar hipóteses de profissionais de eficiência energética.

16
2. GESTÃO ENERGÉTICA – DEFINIÇÕES

2.4. Eficiência energética no processo produtivo


Para identificar as boas práticas, a Organização das Nações Unidas
Identificar e quantificar oportunidades de melhoria ou para o Desenvolvimento Industrial - ONUDI (2014) sugere fazer as
seguintes perguntas para cada elemento que usa energia:
Medidas de Eficiência Energética é um dos principais
• Tenho que usar esse elemento no sistema?
objetivos e resultados da gestão energética.
• O que posso fazer para usar menos energia?
Existem inúmeros métodos de cálculo para os diferentes
• Posso fazê-lo funcionar com uma forma de energia mais barata?
equipamentos e sistemas, através dos quais um
tratamento eficiente dos dados resultará em resultados
mais precisos. Após a escolha metodológica é essencial
que as bases de cálculos, estimativas, premissas e
intervalos de confiança sejam documentados do modo
mais completo possível.
Deve ser garantida a transparência da análise e a
compreensão por qualquer pessoa que possua interesse
em entender de modo mais aprofundado toda a
metodologia aplicada.
Após todo o estudo, pode-se identificar melhorias
operacionais e soluções tecnológicas.

Dentre as ações relacionadas à infraestrutura, medidas de


custo-zero e baixo custo de implementação
apresentam-se em quase todos os setores industriais e
tamanhos de instalação.

17
2. GESTÃO ENERGÉTICA – DEFINIÇÕES

Podem se citar algumas, sem ser uma lista exaustiva, • Aproveitamento de gases de exaustão, vapor de baixa
identificadas em diagnósticos energéticos desenvolvidos pressão, condensados e efluentes líquidos para fins
pelos autores deste Guia e recorrentes na literatura: energéticos de baixa temperatura;
• Boas práticas de compra, operação e manutenção de • Controle horário e otimização de operação de sistemas
sistemas de força motriz e seus sistemas auxiliares de iluminação;
(destaque à modularidade e controle de velocidade para • Aproveitamento dos potenciais de iluminação e
atendimento de carga parcial); ventilação natural;
• Projeto, instalação e reparo de isolamento térmico em • Potencial de iluminação exterior com fonte solar
sistemas de aquecimento direto, aquecimento indireto e fotovoltaica.
refrigeração; Existem ainda algumas oportunidades de eficiência
• Controle horário e otimização de operação de máquinas energética comumente discutidas, porém não sempre
e equipamentos de refrigeração e ar-condicionado custo-efetivas no curto prazo, como troca de iluminação
(destaque às cadeias de produção de alimentos como para LED e troca de equipamentos por novos mais
carne bovina, laticínios, milho e peixes); eficientes (motores elétricos, por exemplo). Embora estas
• Controle de velocidade em máquinas rotativas com carga medidas sejam interessantes em muitos casos, a gestão
variável; energética integrada permite encontrar ganhos maiores
• Otimização da combustão através de controle de com investimentos menores ou nulos.
velocidade em ventiladores de ar de combustão;
• Gestão de informações de consumo de energia e
produção para acompanhamento de indicadores globais e
por sistema;
• Controle e otimização da operação de sistemas de ar
comprimido;

18
3.
GESTÃO ENERGÉTICA
BOAS PRÁTICAS
3. GESTÃO ENERGÉTICA – BOAS PRÁTICAS

Desenvolver um Sistema de Gestão de Energia, nos moldes Podemos representar um roteiro de execução de ações
da ISO 50.001, com ou sem certificação, requer uma de eficiência energética e energias renováveis, com uma
mudança nas práticas e na cultura das organizações, hierarquia como a da Figura 5. A lógica desta ordem é
orientada à melhoria do desempenho energético. Esse que as primeiras ações forneçam insumos para as
processo permite, além disso, que seja demostrado de próximas, sejam em termos de informação, recursos ou
maneira transparente o compromisso com a experiência.
sustentabilidade. Esta ordem não pretende ser rígida, pois depende da
Quando são envolvidos todos os níveis de uma realidade de cada empresa.
organização em um objetivo comum, gera-se uma cultura Fazem parte, de maneira transversal, todas as atividades
de operação eficiente que alavanca benef ícios financeiros. citadas neste Guia, como:
Diferentes medidas de eficiência energética em • Prospecção contínua de Medidas de Eficiência
instalações de pequeno e médio porte podem ser Energética.
identificadas e executadas dentro de sistemas de gestão, • Priorização, planejamento e controle de execução de
já que representam grau de complexidade baixo para sua medidas; aprovação com stakeholders.
identificação e implementação. • Verificação de resultados versus planejamento de
economia obtidos.

Levantamento/ Otimização de Manutenção/ Avaliação/


Conhecimento configurações retrofit de Substituição de adoção de
dos hábitos de de sistemas e equipamentos equipamentos fontes
consumo equipamentos e infraestrutura alternativas

Figura 5. Hierarquia para priorização de ações. Fonte: Mitsidi

20
3. GESTÃO ENERGÉTICA – BOAS PRÁTICAS

3.1. Gerenciamento de pessoas

Para implementar um Sistema de Gestão de Energia, a de metas energéticas e de suas funções e


gestão das pessoas tem papel fundamental, visto que as responsabilidades para o cumprimento dos requisitos
pessoas são os elementos mais importantes da do Sistema de Gestão de Energia.
organização e saber aproveitar ao máximo as capacidades O gerenciamento de pessoas passa muito pela
individuais e coletivas eleva a qualidade do sistema a ser comunicação. A comunicação entre as pessoas dentro do
desenvolvido. De modo geral, é necessário que todas as Sistema de Gestão de Energia deve ser realizada de
pessoas da organização que trabalhem com atividades forma clara, para que os problemas mais complexos
relacionadas com o uso de energia tenham o relacionados à energia sejam solucionados. Na
conhecimento necessário em relação à gestão energética. comunicação entre duas pessoas, há quem vai passar a
Para que isso ocorra, recomenda-se que a organização mensagem e quem vai recebê-la e por mais que se
identifique as necessidades dos colaboradores e forneça pense que a comunicação clara comece em quem vai
cursos e treinamentos visando atendê-las, para que a passar, na verdade ela começa pelo receptor. O receptor
adoção do Sistema de Gestão de Energia ocorra da melhor deve prestar atenção no que está sendo falado, entender
maneira possível. a mensagem e colocar o que ele entendeu dentro do
A organização deve assegurar que os colaboradores contexto para ser utilizada de forma útil. O processo de
estejam cientes dos benef ícios e da importância da comunicação entre as pessoas da organização é
conformidade, dos procedimentos e dos requisitos do essencial para a adoção do Sistema de Gestão de
Sistema de Gestão de Energia, do impacto em relação ao Energia.
uso de energia em suas atividades, de como seus
comportamentos podem contribuir para o cumprimento

21
3. GESTÃO ENERGÉTICA – BOAS PRÁTICAS

3.2. Gerenciamento de áreas ou equipes

A implementação de um Sistema de Gestão de Energia entanto, todos devem ter esse conhecimento. O
deve envolver todas as áreas da empresa, por exemplo, a momento da compra de novos equipamentos e
área de compras e contratações, de engenharia, de TI e até contratação de serviços é de grande importância para se
parceiros externos como fornecedores e distribuidores. No obter equipamentos eficientes, a equipe de TI pode
caso de empresas menores, pode ser que não haja um auxiliar no monitoramento de dados e desenvolvimento
setor inteiro voltado para essas atividades, mas apenas de sistemas relacionados ao uso de energia e parceiros
uma pessoa, nesse caso, as mesmas recomendações são externos podem ser envolvidos em algum processo
aplicáveis. integrado para tornar o uso da energia mais eficiente.
Geralmente, há uma pessoa responsável por ser o gestor A seguir, será abordada com mais detalhe algumas
de energia da empresa e é recomendável que ela seja de dessas áreas.
uma posição próxima dos cargos de direção e tenha
acesso direto aos diretores, no entanto, com atuação na
parte dos processos de produção, pois dessa forma, há
mais chances de o Sistema de Gestão de Energia ser
adotado.
O gestor de energia será responsável por integrar todas as
áreas da empresa e fazer com que todos participem do
processo. O que ocorre, na maioria dos casos, é que
apenas o pessoal da manutenção recebe o treinamento
necessário em relação ao uso mais eficiente da energia, no

22
3. GESTÃO ENERGÉTICA – BOAS PRÁTICAS

3.21.. Compras e contratações

Os equipamentos e processos são, de modo geral, os que


consomem energia em uma indústria. Ao realizar compras
e contratações de equipamentos e serviços que impactem
no consumo de energia, é importante estabelecer critérios
para essas aquisições. Recomenda-se que haja um
processo de compra definido, que leve em consideração a
eficiência energética dos equipamentos e serviços durante
toda a sua vida útil, além de informar aos fornecedores
que o desempenho energético é critério importante na
aquisição. Mais informações em relação ao processo de
compra de equipamentos e comissionamento podem ser
encontradas no Guia 3 – Eficiência energética na tomada
de decisão.

23
3. GESTÃO ENERGÉTICA – BOAS PRÁTICAS

3.2.2. Gerenciamento da infraestrutura

O gerenciamento da infraestrutura se refere às atividades Manutenção preventiva: É realizada antes da falha ocorrer, no caso da
de manutenção das instalações, as quais têm grande energia, antes que o consumo de energia aumente.
influência no consumo de energia, já que, por mais que se
Manutenção preditiva: Tem o intuito de prever as falhas, geralmente
compre um equipamento eficiente, se não houver um envolvendo o uso de sistemas de monitoramento e dados históricos
processo de manutenção adequado, ele pode perder a das máquinas.
eficiência energética ao longo do tempo, aumentando os
custos com energia. O gerenciamento da infraestrutura Informações mais detalhadas em relação à manutenção,
não promove apenas ganhos energéticos, mas também podem ser encontradas no Guia 3 – Eficiência energética
ganhos operacionais e de produção. na tomada de decisão.
As atividades de manutenção devem ser planejadas sob o
Sistema de Gestão de Energia, com o estabelecimento de
objetivos, metas e planos de ação. As políticas de
manutenção podem ser corretivas, preventivas ou
preditivas, no entanto, a política corretiva, em que só há
ação após ocorrer a falha, não é recomendada por ter altos
custos, alto tempo de paralisação das máquinas e ter baixa
previsibilidade.

24
3. GESTÃO ENERGÉTICA – BOAS PRÁTICAS

3.2.3. Gerenciamento de dados e informações


Consumo de energia medido: Consumo de um site completo
ou um USE medido por um equipamento exclusivo. Exemplos:
consumo de combustível (GJ) e consumo de energia elétrica
Os Sistemas de Gestão de Energia promovem a Medição,
por mês (kWh/mês).
Relatório e Verificação de economias na sua própria
concepção. No SGE, definem-se escopo, metas, objetivos,
Proporção entre valores medidos:expressão da eficiência
indicadores, técnicas, linha de base, caraterísticas, fatores energética de um sistema ou um processo a partir de dados
críticos e protocolos para medir, verificar e reportar os medidos. Exemplo: kWh/ton de produção e GJ/unidade de
ganhos. produção.
Existem protocolos internacionais como o IPMVP que
estabelecem critérios para aceitação do plano de medição Modelo baseado em correlações estatísticas: relação entre o
de cada SGE e a assertividade em estimativas de economia consumo de energia e variáveis relevantes utilizando-se
regressões lineares e não lineares. Exemplo: expressão do
e contratos de desempenho.
desempenho energético com variáveis como o clima, o
Os Indicadores de Desempenho Energético (IDE) possuem número de funcionários, a produção e o mix de produtos.
diversas funções relacionadas ao diagnóstico energético e
seus desdobramentos. Uma das grandes funções é a Modelo baseado na engenharia: relação entre consumo de
definição de metas de desempenho energético, fazendo energia e variáveis relevantes utilizando-se simulações de
possível comparar e melhorar o desempenho de engenharia. Exemplo: modelos computacionais de sistemas
diferentes períodos, mesmo com mudanças operacionais. industriais que consideram mudanças nas variáveis
relevantes e suas interações.
De modo geral, recomenda-se que se defina um ou mais
IDE para cada um dos USEs. Seguem os principais tipos de
IDE utilizados:

25
3. GESTÃO ENERGÉTICA – BOAS PRÁTICAS

3.3. Certificação ISO 50.001: sim, não em que impactam diretamente a estrutura de custos operativos
momento? das companhias ou organizações que decidem
implementá-los.
Como já foi mencionado, a Norma ISO 50.001 estabelece
requisitos para o estabelecimento, implementação,
manutenção e melhoria de Sistemas de Gestão da Energia
(SGE) em organizações. O objetivo principal é melhorar o
desempenho energético das organizações, e, com isso, sua
competitividade.
Aplica-se a organizações de qualquer tipo, tamanho,
condição geográfica, cultural, social, etc., consumidoras de
eletricidade, combustíveis, vapor, ar comprimido e toda
fonte de energia ou utilidades.
Sua implementação se manifesta também na redução de
emissões de gases de efeito estufa. Foi lançada em junho
de 2011 e atualizada em 2018. É compatível (porém,
independente) com ISO 9.001 e 14.001.
Espera-se que a implementação da Norma consiga Figura 6. Adoção da norma ISO 50001 entre 2011 e 2018: Global, América Latina e
Brasil. Fonte: ISO Survey
grandes e duradouras melhorias em eficiência energética
em atividades industriais, comerciais e institucionais, que,
por sua vez, representem redução na emissão de gases de
efeito estufa no mundo inteiro. A questão mais
interessante dos Sistemas de Gestão de Energia,
conceituados na família de Normas da 50.001, é que

26
3. GESTÃO ENERGÉTICA – BOAS PRÁTICAS

É possível implementar Sistemas de Gestão de Energia


“light”, não certificados, mas que garantam que as
organizações desenvolvam os pilares de um sistema de
gestão de energia eficiente, ou seja:
• Definir uma meta para a ação de economia de energia.
• Organizar a equipe certa para a ação.
• Mapear o consumo de energia.
• Elaborar um plano de ação.
• Estabelecer EnPIs relevantes para monitorar o consumo
de energia.
• Permitir que a gerência avalie o progresso regularmente.
• Estabelecer procedimentos anuais simples a serem
seguidos.
Além das PMEs, os princípios “leves” de gestão de energia
já foram adotados por muitos consumidores de energia
em setores amplamente diferentes de países como
Dinamarca.
Como anexo deste guia, inclui-se uma tabela com níveis de
adoção dos requisitos da Norma, com o objetivo de
orientar uma implementação em fases.

27
4.
ESTUDOS DE CASO
4. ESTUDOS DE CASO

4.1. General Motors do Brasil – Extraído do Provas), todas em SP, além de um Centro Tecnológico, em
Guia de Gestão Energética da PROCOBRE. São Caetano do Sul (SP), com capacidade para
desenvolvimento completo de novos veículos. A
a) Perfil da Companhia subsidiária brasileira é um dos cinco centros mundiais na
criação e desenvolvimento de veículos.
Fundada em 1911, em Detroit, Estados Unidos, a General
Motors (GM) é uma das maiores marcas de veículos do
b) Resumo da implementação da
mundo, com negócios em mais de 115 países e vendas
ABNT NBR ISO 50.001
anuais de mais de 4,0 milhões de veículos. A Chevrolet,
nome dado à marca no Brasil, oferece aos clientes veículos • Empresa: General Motors
eficientes e com ótimo desempenho, design diferenciado e • Unidades certificadas: Rosário (2013), Quito (2014), Mogi
de alta qualidade. das Cruzes (2014) e Gravataí (2015).
A Chevrolet comemorou no dia 26 de janeiro de 2016, 91 • Número de funcionários em 2015: General Motors South
anos de atividades no Brasil e a produção de 14,5 milhões America – GMSA: 25.300; General Motors Brasil - GMB:
de veículos, números que simbolizam um marco relevante 16.000; Unidade de Rosário: 2.550; Unidade de Quito: 315;
tanto para o setor automotivo como para toda a indústria Unidade de Mogi das Cruzes: 586; Unidade de Gravataí:
nacional. A companhia tem no país três Complexos 2398.
Industriais, que produzem veículos em São Caetano do Sul • Principais fontes de energia utilizadas: Eletricidade, GLP,
e São José dos Campos, ambos no estado de São Paulo Gás Natural e Diesel (este último apenas no Equador).
(SP), e em Gravataí, no estado do Rio Grande do Sul. • Principais motivos para a implementaçã o: Sustentabilidade,
Conta ainda com unidades em Joinville (produção de eficiência energética, redução de custos, redução de
motores e cabeçotes de alumínio), Mogi das Cruzes emissões de gases do efeito estufa.
(produção de componentes estampados), Sorocaba • Foco de melhorias: Substituição de motores antigos,
(Centro Logístico Chevrolet) e Indaiatuba (Campo de automação de torres de controle de shutdown, instalação

29
4. ESTUDOS DE CASO

de inversores de frequência, identificação e mitigação de Em 2005, o Departamento de Energia e Utilidades para a


vazamentos de ar comprimido, automatização e controle General Motors South America (GMSA), um centro de
de sistemas de medição, campanhas internas de serviços integrado por profissionais de múltiplas
conscientização. formações focados em atender as diversas necessidades
• Resultados atingidos: Redução no consumo de energia da região, foi oficialmente estabelecido na cidade de São
por veículo produzido: Rosário: 51,%; Equador: 211,%; Mogi Caetano do Sul. O centro de serviço interage com cada
das Cruzes: 11.9%; Gravataí: 9,7%. Emissões totais evitadas: planta por meio do representante local denominado Site
4.919,4 ton. de CO2e Utility Representative.
• Agentes certificadores: Rosário: Bureau Veritas; Quito: Juntos, eles trabalham para garantir e eficiência
AENOR; Mogi das Cruzes e Gravataí: Lloyds energética e sustentabilidade das instalações da General
• Equipe de gestão de energia: Formação de uma equipe Motors. Com a publicação da norma ABNT NBR ISO 50.001,
multifuncional composta pelo Departamento de Energia em 2011, a General Motors buscou uma planta piloto para
da América do Sul e por seus representantes locais em iniciar o processo de certificação. Uma vez que a
cada uma das plantas certificadas. companhia já praticava a gestão de energia desde 2003, a
certificação seria o reconhecimento institucional do
c) O processo de implementação do Sistema processo de implementação de medidas de controle do
de Gestão de Energia consumo energético iniciado em 2003. A planta de Rosário
A eficiência energética sempre foi uma preocupação da foi a escolhida em função da grande interação entre as
General Motors. No ano de 2003, o setor responsável pela diversas etapas do seu processo de produção automotiva.
operação da América do Sul iniciou o monitoramento do Ao longo de 2012, os esforços da equipe responsável pelo
indicador global de energia (unidade de energia/ veículo processo se concentraram em moldar o sistema interno
produzido). A partir de então, metas anuais tanto para a aos requisitos da norma, visto que indicadores, metas,
operação regional como para cada planta foram linha base, planos de ação e comunicação já eram uma
estabelecidas. realidade. No início de 2013, a planta foi certificada. Neste

30
4. ESTUDOS DE CASO

ano, a determinação de certificação sob a ISO 50.001 foi


estendida para as plantas de Mogi das Cruzes e Quito,
certificadas em 2014, e de Gravataí, certificada em 2015.
Atualmente (2016), a unidade de São Caetano do Sul está
em processo de certificação.
Em 2014, a planta de Rosário iniciou um processo de
expansão e a GM optou por modificar o limite do seu SGE,
passando a incluir as áreas recém-construídas.
Durante as etapas de projeto e construção, a planta
passou por auditorias e foi certificada novamente.

d) Medidas implementadas
Inicialmente, foram revisados os controles operacionais
existentes para permitir o monitoramento adequado do
desempenho energético após o início da operação do
sistema ABNT NBR ISO 50.001. Mais especificamente, todas
as rotinas de manutenção e operação de equipamentos
foram avaliadas e atualizadas. Além disso, uma série de
inciativas foi implementada, buscando a melhoria
operacional, sustentabilidade, eficiência e redução de
custos operacionais, conforme listado a seguir.

31
4. ESTUDOS DE CASO
Tabela 2: Ações adotadas pelo Sistema de Gestão de Energia da GM Brasil.

AÇÃO ADOTADA OBJETIVO AÇÃO ADOTADA OBJETIVO


Instalação de sistema de iluminação Reduzir o consumo de energia
Redução da temperatura de Redução no consumo de
natural com dimerização automática da elétrica para iluminação.
queima do gás do RTO. energia elétrica.
iluminação artificial.

Monitorar online os dados de consumo, Controle mensal da demanda e Redução nos custos
Implantação do projeto de automação e
automatizar controles, identificar em tempo consumo das unidades. adicionais de contratação de
leitura de dados FMS _Facility Management
real desvios e tomar ações num curto prazo energia elétrica
System.
de tempo.

Substituição de motores antigos por


Substituição de moto bombas
motores de alto rendimento, instalação de Redução no consumo de
por unidades mais eficientes e Redução no consumo de
inversores de frequência e controle energia elétrica.
de menor potência. energia elétrica.
automático de temperatura das torres de
resfriamento.

Substituição de motores antigos por Leak tag: identificação e Redução no consumo de ar


motores de alto rendimento, instalação de Redução no consumo de fechamento de vazamentos de ar comprimido e consequentemente de
inversores de frequência nas Casas de Ar do energia elétrica. comprimido. energia elétrica.
processo de pintura.
Shutdown: rotina semanal de Redução no consumo de energia
Instalação de Sistema Solar de
Redução no consumo de GLP controle de consumo nos dias elétrica, gás natural e GLP.
aquecimento de água para refeitórios
não produtivos.

Instalação de sistema solar de aquecimento Redução no consumo de energia


Redução no consumo de Gás Natural. Campanhas de conscientização
de água para vestiários. elétrica, gás natural e GLP.

Redução no consumo de energia


Substituição de luminárias fluorescentes e
elétrica, redução nos custos de
vapor metálico por LED Substituição de Redução no consumo de ar
manutenção e operação elétrica
compressores antigos por comprimido e consequentemente de
modernos com VSD. energia elétrica.
Redução no consumo de ar
Seccionamento dos circuitos de ar comprimido e consequentemente
comprimido. de energia elétrica.

32
4. ESTUDOS DE CASO

4.2. Superior Energy Performance - SEP medidas. Já no caso da Dinamarca, Suécia, Irlanda e
Alemanha, foram desenvolvidos acordos voluntários
público-privados para acesso a mecanismos de
Alguns governos têm programas para promover a incentivo, suporte e isenção de taxas, com ampla
eficiência energética na indústria (Exemplos: Japão desde aceitação e adoção (ICF CONSULTING, 2015).
1979, Suécia, Estados Unidos) exigindo a adoção de SGE ou O SEP é um programa americano do Departamento
ajudando as companhias na implementação dos mesmos. de Energia que visa o reconhecimento público de
Como exemplos em nível internacional, podemos citar a organizações com SGE, em níveis semelhantes com o
Rede de Ação em Gestão Energética (EMAK: Energy LEED (Prata, Ouro, Platina), e que reconhece a
Management Action Network ), um espaço estabelecido, melhoria contínua de organizações certificadas.
em 2009, para discussão de políticas e compartilhamento Anualmente, o SEP lança desafios para premiar
de melhores práticas, com duas redes, uma focada em empresas com bons resultados, e continuamente
políticas e outra em aplicações práticas na indústria. realizam análises de resultados. O quadro abaixo
O Programa de Oportunidades de Eficiência Energética da ilustra alguns dos resultados de economia, redução
Austrália resultou em mais de 50% das oportunidades de custos e retorno de investimentos das empresas
executadas, após a obrigatoriedade de desenvolver certificadas.
auditorias energéticas em grandes empresas dentro de Uma lista de estudos de caso está disponível na
esquemas de SGE. Países que desenvolveram políticas página do Programa
específicas de auditoria compulsória, como o caso da
Rússia, não tiveram grande sucesso por carecerem de Economias anuais de36.000 USD a 938.000 USD com medidas
operacionais gratuitas ou de baixo custo.
mecanismos de incentivo e financiamento para as
Redução de 12% nos custos de energia dentro de 15 meses da
implementação (em média)
5,6% a 30,6% de melhoria no desempenho energético em três anos
Retornos de menos de1,5 anos (em instalações com custos de
energia maiores a 2 MUSD anuais).
5 Ver link: https://betterbuildingssolutioncenter.energy.gov/iso-50001/resources/case-studies

33
REFERÊNCIAS
[1] ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR ISO 50001: Sistemas de gestão da energia – Requisitos com orientação para uso. Rio de Janeiro, 2018.
[2] ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR ISO 50002: Diagnósticos energéticos – Requisitos com orientação com uso. Rio de Janeiro, 2014.
[3] ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR ISO 50003: Sistemas de gestão da energia – Requisitos para organismos de auditoria e certificação de
sistemas de gestão de energia. Rio de Janeiro, 2016.
[4] ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR ISO 50004: Sistemas de gestão da energia – Guia para implementação, manutenção e melhoria de um
sistema de gestão da energia. Rio de Janeiro, 2016.
[5] ISO/TC301. ISO/CD 50005: Energy management systems – Guideline for the phased implementation. United States, 20206 .
[6] ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR ISO 50006: Sistemas de gestão da energia – Medição do desempenho energético utilizando linhas de base
energética (LBE) e indicadores de desempenho energético (IDE) – Princípios gerais e orientações. Rio de Janeiro, 2016.
[7] ISO 50015: Energy management systems – Measurement and verification of energy performance of organizations – General principles and guidance. United States,
2014.
[8] SGS: Como se preparer para a ISO 50001? – Aprimore sua transição com este checklist de prontidão. Brasil, 2018.
[9] International Copper Association Brazil. Guia para aplicação da norma ABNT NBR ISO 50001: Gestão de Energia. Brasil, 2015.

6 O documento utilizado como referência para a norma ISO 50005 está em sua versão antes de ser publicado. Portanto, a referência está
sujeita a futuras alterações

34
ANEXO A – COMPONENTES CHAVE DO SISTEMA DE GESTÃO DA ENERGIA

Contexto da organização: entender os aspectos internos e revisão de energia – realizar, atualizar e documentar
externos da organização que podem ter influência na revisões de energia, que incluem análise de uso e
implementação e performance do SGE; identificar as consumo, usos significativos de energia, variáveis
partes interessadas e suas necessidades, requerimentos e relevantes etc; indicadores de performance – indicadores
expectativas em relação ao SGE; determinar o escopo do determinados e documentados conforme a norma;
SGE; e compreender e determinar as características do baseline – estabelecer baseline utilizando dados da
SGE, que variam conforme as atividades, processos, revisão de energia e indicadores; planejamento da coleta
produtos, serviços e pessoal da organização. de dados de energia = determinar plano de coleta de
Liderança: liderança e comprometimento - assegurar o dados apropriado à organização.
cumprimento de todos os pontos do SGE, como Suporte: recursos – determinar e prover recursos para o
parâmetros, atividades, recursos e pessoal;política SGE; competência – determinar e garantir a competência DADOS
energética – estabelecer uma política energética do pessoal; conhecimento – garantir o conhecimento do
estruturada conforme a Norma na organização; papéis, pessoal acerca dos aspectos relevantes do SGE, como a
responsabilidades e autoridades da organização – garantir política energética; comunicação – determinar as
a atribuição e comunicação das responsabilidades e comunicações internas e externas relevantes para o SGE;
autoridades para os papéis relevantes dentro da documentação – documentar informações pedidas pela
organização. norma/necessárias para a efetividade do SGE,
Planejamento: ações para lidar com riscos e oportunidades documentar adição e atualização de informações, e
– planejar o SGE conforme o contexto e política energética controlar a documentação de modo que esteja
da organização, partes interessadas e considerando os disponível e protegida.
potenciais riscos e oportunidades de forma a garantir a Operação: planejamento e controle operacional –
performance e aprimoramento contínuo do SGE; objetivos planejar, implementar e controlar os processos
e meta – devem estar de acordo com diversos requisitos referentes aos usos significativos de energia e
para se tornarem consistentes, palpáveis e atualizáveis; necessários para cumprir os requisitos e implementar

35
ANEXO A – COMPONENTES CHAVE DO SISTEMA DE GESTÃO DA ENERGIA

ações visando as metas e objetivos da organização;


design – considerar a melhoria de performance e
controle operacional no design de instalações, sistema,
processos e atividades novas, modificadas ou renovadas;
aquisições – estabelecer critérios para aquisição de
novos produtos, equipamentos e serviços visando a
performance energética.
Avaliação de Performance: monitoramento, medição,
análise e avaliação da performance energética e do SGE –
determinar o que, como e quando precisa ser
acompanhado, avaliar a conformidade com os requisitos
legais e outros requisitos; auditoria interna– conduzir
auditorias internas do SGE; revisão de gerenciamento–
revisão da alta gerência para garantir a contínua
adequação, suficiência, eficácia e alinhamento com a
estratégia da organização.
E Aprimoramento: não conformidade e ação corretiva –
identificar e corrigir não conformidades;aprimoramento
contínuo – aprimorar continuamente a adequação,
suficiência e eficácia do SGE.

36
ANEXO B – NÍVEIS DE IMPLEMENTAÇÃO EM FASES DOS REQUISITOS DA
NORMA ISO 50001 - COMPONENTES CHAVE DO SISTEMA DE GESTÃO
DA ENERGIA
Tabela 3. Níveis de implementação dos requisitos de um istema de Gestão da Energia

Requisito Nível 1 Nível 2 Nível 3 Nível 4


RECURSOS
Equipe de gestão energética
Equipe de gestão energética é
Equipe de gestão energética é encontra-se regularmente; Equipe de gestão energética se
formalizada e possui
Equipe de Gestão Energética informal; As funções dos membros da reporta a alta administração;
responsabilidades / prestação
equipe são claramente definidas
de contas para implementação;
e remuneradas;

Processo de alocação e de
elaboração de orçamento para
amparar a gestão energética; Todos os tipos de recursos são
Custos com gestão energética
Alocação de orçamento para alocados para manutenção e
Não possui orçamento definido; são absorvidos pelos recursos
Recursos / orçamento treinamento e implementação melhoramento no desempenho
existentes e/ou pelo orçamento
inicial; energético e no sistema de
de gastos operacionais;
Processo para identificação de gestão de energia (SGE);
lacunas nas competências da
gestão energética;

Identificação de pessoal
adequado com capacidade de Pessoal adequado é treinado
Pessoal relevante impactar a performance para a operação apropriada do
energética e o SGE; SGE;

37
ANEXO B – NÍVEIS DE IMPLEMENTAÇÃO EM FASES DOS REQUISITOS DA
NORMA ISO 50001 - COMPONENTES CHAVE DO SISTEMA DE GESTÃO
DA ENERGIA
Tabela 3. Níveis de implementação dos requisitos de um istema de Gestão da Energia

Requisito Nível 1 Nível 2 Nível 3 Nível 4


DIAGNÓSTICOS E ANÁLISES ENERGÉTICAS
Estimativas mais detalhadas dos
A organização conduz de modo A organização tem conduzido usos e consumos de energia no
A organização analisa os dados mais completo uma revisão do estimativas preliminares dos
Revisão de uso de energia, consumo e disponíveis de consumo de futuro;
custos uso de energia, consumo usos e consumos de energia no A organização atualiza a revisão
energia; energético e custos com energia; futuro energética regularmente ou
quando há mudanças;

Os SEUs são analisados


A organização identifica todos os Os principais consumos de
Os principais consumos de precisamente;
Principais consumidores de energia (SEUs) usos de energia; energia são identificados e
energia são identificados; Identifica-se o pessoal com
quantificados;
influência em cada SEU;
A organização rotineiramente
Economias de energia e identifica novas oportunidades
Algumas economias de energia e de aprimoramento na
Identifica-se oportunidades para oportunidades na eficiência são
Potenciais de economia de energia oportunidades na eficiência são performance energética, as
melhorias; identificados para os principais
conhecidas; analisa e implementa
consumos de energia;
determinadas medidas em um
processo contínuo;

A organização está ciente da A organização determina como A organização certifica-se que as


regulamentação legal e de as leis e os requisitos são leis e outros requisitos são
Requisitos legais e outros requisitos aplicados para o SGE próprio;
outros requisitos relacionados à respeitados em todo o processo
energia de SGE;

Organização mantêm os
documentos da revisão
Documentação
energética;

38
ANEXO B – NÍVEIS DE IMPLEMENTAÇÃO EM FASES DOS REQUISITOS DA
NORMA ISO 50001 - COMPONENTES CHAVE DO SISTEMA DE GESTÃO
DA ENERGIA
Tabela 3. Níveis de implementação dos requisitos de um istema de Gestão da Energia

Requisito Nível 1 Nível 2 Nível 3 Nível 4


INDICADORES ENERGÉTICOS E LINHAS DE BASE ENERGÉTICAS
A organização conduz uma A organização tem conduzido de
análise simples do consumo de Determina-se as variáveis
modo mais detalhado uma
Variáveis relevantes energia baseado em uma única relevantes e as atuais
revisão dos fatores que
variável (por exemplo produção, performances energéticas para
impactam significativamente o
clima); cada uso de energia significativo;
consumo de energia;

Linhas de base energéticas são


A organização inicia uma análise Consolida-se uma linha de base determinadas para o Linha de base é revisada quando
dos dados de energia do consumo energético (por correspondente indicador as condições iniciais são
Linhas de base exemplo as contas de energia de
considerando as linhas de energético com a utilização dos alteradas significativamente;
tendência, linhas de base etc. um ano); dados de consumo e de
variáveis relevantes;

A organização garante que seus IDEs


são apropriados para medição e
Desenvolvimento de IDEs monitoramento da performance
apropriadas; energética e para demonstrar
Indicadores de desempenho energético Os IDEs são atualizados melhoramentos na em sua
(IDE) periodicamente para garantir performance; A organização conduz
que refletem as performances de forma mais rigorosa uma análise
energéticas; para determinar variáveis relevantes
and usá-las para desenvolver IDEs
mais precisos;
A organização assegura-se que os
O plano de coleta de dados dados coletados são precisos e
Reuniu-se as contas de energia; Um plano de coleta de dados é inclui o consumo de energia e
Coleta de dados energéticos repetíveis; O plano de coleta de
elaborado e implementado; dados de varáveis relevantes; dados é revisado e atualizada em
intervalos de tempo definidos;

A organização documenta: A organização documenta o método


A organização mantém o Linhas de Base Energéticas (LBE), para determinar e atualizar os IDEs;
Documentação histórico de dados do consumo Indicadores de desempenho A organização preserva as
e dos custos de energia energético (IDE), variáveis informações documentadas das
relevantes; coletas de dados e dos valores dos
IDEs;

39
ANEXO B – NÍVEIS DE IMPLEMENTAÇÃO EM FASES DOS REQUISITOS DA
NORMA ISO 50001 - COMPONENTES CHAVE DO SISTEMA DE GESTÃO
DA ENERGIA
Tabela 3. Níveis de implementação dos requisitos de um istema de Gestão da Energia

Requisito Nível 1 Nível 2 Nível 3 Nível 4


OBJETIVOS, METAS E PLANOS DE AÇÃO

Com a finalidade de abordar a Organização de planos e Oportunidades de economia e


seleção e a implementação de implementação de projetos de eficiência energética analisadas
Economia de energia e medidas eficientes energia; Organização de começa e priorizadas; Poupanças de
planos de ação de
economia/eficiência de energia; a perceber medidas de eficiência oportunidades de economia de
energética; energia são qualificadas;

Objetivos e metas energéticas


Objetivos e alvos de energia
considerando políticas de
responsável por oportunidades
energia, "SEUs" e assimilar à
Com a finalidade de abordar de melhoria de atuação
Configurações geral de economia conta de requisitos aplicáveis e
Alvos de definição de energia alvos de economia/eficiência de energética, são consistentes com
de energia/metas de eficiência; oportunidades para melhorar a
energia; políticas de energia que revisem
energia; Objetivos e metas
regularmente e atualizem
energéticas são mensuradas e
adequadamente;
monitoradas;

A organização estabelece e
mantém os planos de ação com:
- Processos e projetos (com ou
O plano de ação inclui o que sem financiamento)
Coleção de ideias para economia Consistentemente a organização
será feito, quais recursos serão - Avaliação financeira
Plano de ação de energia/medidas de controla a eficácia do plano de
requeridos, quem será - Prazos de projetos e
eficiência (por exemplo, planos ação e da concretização dos alvos
necessário e quando será informações relacionadas;
de projeto);
concluído; Planos de ação entrando em
contas de risco, obstáculos e
retorno financeiro;

Economias baseadas em
indicadores normatizado são
Comunicação relatados e informados dentro
da organização;
Alvos são comunicados à
organização e atualizados como
apropriado;

40
ANEXO B – NÍVEIS DE IMPLEMENTAÇÃO EM FASES DOS REQUISITOS DA
NORMA ISO 50001 - COMPONENTES CHAVE DO SISTEMA DE GESTÃO
DA ENERGIA
Tabela 3. Níveis de implementação dos requisitos de um istema de Gestão da Energia

Requisito Nível 1 Nível 2 Nível 3 Nível 4


OBJETIVOS, METAS E PLANOS DE AÇÃO

Documentos da organização: Documentos da organização: A organização retém informações


Documentação objetivos, alvos e planos de planos para projetos energéticos, documentadas sobre objetivos,
ação; programas e processos; alvos e planos de ação;

A organização considera como


Integração ações para alcançar objetivos e
alvos que podem ser integrados
em seus projetos práticos;

41
ANEXO B – NÍVEIS DE IMPLEMENTAÇÃO EM FASES DOS REQUISITOS DA
NORMA ISO 50001 - COMPONENTES CHAVE DO SISTEMA DE GESTÃO
DA ENERGIA
Tabela 3. Níveis de implementação dos requisitos de um istema de Gestão da Energia

Requisito Nível 1 Nível 2 Nível 3 Nível 4


MONITORAMENTO E ANÁLISE
A organização avalia o
desempenho energético,
responde-o e investiga os
significativos desvios de
desempenho energético;
A melhora no desempenho
Consumo e custos de energia Esporadicamente, funcionários Consumo de energia e "EnPIs" energético deve ser avaliada por
são ocasionalmente verificados rastreiam economia e eficiência consistentemente monitorados e comparação de valores de "EnPI"
(por exemplo, em nível de energética (incluindo custos); analisados; Consumo real de em relação ao correspondente
Monitoramento Desvios inesperados em energia é comparado com os
instalação); Consumo de energia de "Enb"; Desempenho real de
é rastreado (por exemplo, via tendências de consumo são valores de base energética energia (incluindo o consumo de
contas mensais de energia); investigados e ações corretivas normatizada pelo menos em energia) é comparado com
são tomadas; uma base mensal; metas de energéticas
correspondentes (incluindo
economias e metas de
eficiência) e ações corretivas
onde os alvos não foram
alcançados

Onde/Local justificado e A organização usa um plano


disponibilidade de recursos, de coleta de dados de energia
facilidade de instalação para regularmente monitorar
permanente ou temporária de Necessidades de medição os dados energéticos;
Uso de dados disponíveis; submedição de incorporadas no planejamento A organização garante a
Plano de coleta de dados energéticos
processos-chaves; (por exemplo, compra/instalação precisão e capacidade de
Dados de energia armazenados de submetedores de "ling") repetição dos dados
consistentemente através da fornecidos por equipamentos
instalação e de formatos de medição como apropriado
facilmente acessíveis;

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ANEXO B – NÍVEIS DE IMPLEMENTAÇÃO EM FASES DOS REQUISITOS DA
NORMA ISO 50001 - COMPONENTES CHAVE DO SISTEMA DE GESTÃO
DA ENERGIA
Tabela 3. Níveis de implementação dos requisitos de um istema de Gestão da Energia

Requisito Nível 1 Nível 2 Nível 3 Nível 4


MONITORAMENTO E ANÁLISE

Conformidade com os requisitos


Legalização e outros requerimentos legais e outros requisitos que
são monitorados regularmente;

A organização documenta a
performance de energia;
Documentação A organização retém a
investigação de resultados e
respostas;

Tendências de consumo são


Comunicação rotineiramente reportadas para
o topo da gestão;

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ANEXO B – NÍVEIS DE IMPLEMENTAÇÃO EM FASES DOS REQUISITOS DA
NORMA ISO 50001 - COMPONENTES CHAVE DO SISTEMA DE GESTÃO
DA ENERGIA
Tabela 3. Níveis de implementação dos requisitos de um istema de Gestão da Energia

Requisito Nível 1 Nível 2 Nível 3 Nível 4


COMUNICAÇÃO, SENSIBILIZAÇÃO E ENGAJAMENTO

Todos os funcionários estão A equipe de gestão energética


cientes da política energética; promove a conscientização dos
alvos e políticas energéticas em Funcionários estão
Existe um plano formal de familiarizados com "EnPI",
conscientização de funcionários; todos os níveis da organização;
Os funcionários estão cientes de Funcionários compreendem objetivos, metas energéticas,
Conscientização dos funcionários A equipe de gestão energética e políticas;
que há um processo de gestão promove a conscientização dos como suas ações podem
de energia; impactar as metas energéticas; Funcionários estão
alvos e políticas energéticas; conscientes de suas
Funcionários compreendem Funcionários se envolvem na
conscientização energética responsabilidades
como suas ações podem energéticas;
impactar o uso de energia; através de campanhas e eventos
promocionais;

Os funcionários recebem
Padrão de comunicação
informação regularmente acerca
Comunicação inicial sobre para todos os fornecedores
Há um plano interno formal de da atuação relativa às metas
Comunicação questões energéticas; que a energia seja um dos
comunicação; energéticas; Comunicação
critérios na avaliação de
informal ao fornecedor quanto a
aquisição/abastecimento;
avaliação energética;

Funcionários capacitados para


Capacitação de funcionários
agir na redução do consumo de
energia

Ideias dos funcionários sobre a Funcionários fazem


Sugestões de melhoria melhoria na gestão energética sugestões sobre melhoria
são incentivados; da performance energética;

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ANEXO B – NÍVEIS DE IMPLEMENTAÇÃO EM FASES DOS REQUISITOS DA
NORMA ISO 50001 - COMPONENTES CHAVE DO SISTEMA DE GESTÃO
DA ENERGIA
Tabela 3. Níveis de implementação dos requisitos de um istema de Gestão da Energia

Requisito Nível 1 Nível 2 Nível 3 Nível 4


OPERAÇÃO E MANUTENÇÃO

Alguns impactos de operações e Melhorias no controle


Impacto na operação e manutenção
manutenções sobre o consumo operacional e em práticas de
de energia são considerados; manutenção são documentados;

Os impactos energéticos de
Práticas eficazes de operação e
operações e práticas de
manutenção do "SEUs" são
manutenção são compreendidos
interligadas aos processos de
pelo pessoal / corpo de
negócios;
funcionários; Alguns procedimentos de
Práticas de operação e manutenção Controle de operações e
Os funcionários de operação e operação e manutenção estão
práticas de manutenção,
manutenção identificam no lugar para o "SEUs";
incluindo operações e
algumas medidas de economia /
manutenções terceirizadas,
eficiência energética de baixo
são controladas;
custo ou não

Controle operacional e
procedimentos de manutenção
são comunicados ao pessoal Pessoal apropriado é
pertinente; treinado em procedimentos
Treinamento / Comunicação para operação e manutenção
Treinamento em controle
operacional relativo ao consumo eficazes;
de energia é concluído em uma
base informal;

Registros demonstram que


procedimentos são seguidos
por operação e manutenção
Documentação de pessoal;
Diários operacionais e
registros de manutenção estão
em seus lugares para o "SEUs";

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ANEXO B – NÍVEIS DE IMPLEMENTAÇÃO EM FASES DOS REQUISITOS DA
NORMA ISO 50001 - COMPONENTES CHAVE DO SISTEMA DE GESTÃO
DA ENERGIA
Tabela 3. Níveis de implementação dos requisitos de um istema de Gestão da Energia

Requisito Nível 1 Nível 2 Nível 3 Nível 4


COMPRAS E PROJETO

O consumo de energia é
constantemente fatorado na Decisões de compras seguem
aquisição; critérios de performance
A organização engaja em energética estabelecidos de
O consumo de energia é O consumo de energia é levando fornecedores e contratantes de maneira organizada;
Aquisição
ocasionalmente fatorado na em conta para os projetos de equipamentos para prover As contas da organização para o
aquisição; capital; soluções energéticas eficientes; impacto que os processos dos
Alguns procedimentos padrões contratantes e terceirizados têm
estão em ordem para a sobre a performance energética;
aquisição de fontes de energia;

O uso de energia é avaliado de


acordo com o tempo de
vida/uso operacional esperado
da atualização de uma
significativa quantidade de
energia por um equipamento;
O consumo de energia é O consumo de energia é Os resultados de performance
O consumo de energia é energética e melhorias de
Projeto ocasionalmente considerado no constantemente fatorado no
incorporado no projeto; oportunidades são considerados
projeto; projeto de instalações
em projetos em que se espera
ter um impacto significativo na
performance energética;
O projeto de eficiência
energética é integrado em todos
os projetos relevantes;

INFORMAÇÃO DOCUMENTADA

Informação documentada
Processo de documentação relacionada a energia é
controlada (desenvolvida, gerida,
revista e atualizada após um
processo de documentação);

46
PARCEIROS

APOIO

APOIO FINANCEIRO

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