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PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO PARA IMPLEMENTAÇÃO DA

GASEIFICAÇÃO DE BIOMASSA NO MEIO RURAL

M.Engo Marcelo Côrtes Fernandes


(mcortes@fem.unicamp.br)

Prof.Dr. Caio Glauco Sánchez


(caio@fem.unicamp.br)

Departamento de Engenharia Térmica e de Fluidos


Faculdade de Engenharia Mecânica, UNICAMP
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O Planejamento Estratégico é uma ferramenta


RESUMO utilizada pela alta administração de empresas para
análise do ambiente, formulação e implementação
O Planejamento Estratégico é uma ferramenta de estratégias organizacionais. Esta metodologia não
utilizada pela alta administração de empresas para se restringe, porém, a isto. Ela costuma ser utilizada
análise do ambiente, formulação e implementação para criação e implementação de projetos de
de estratégias organizacionais. Neste artigo ela é qualquer espécie. Neste artigo ela é demonstrada em
demonstrada em um exercício para auxiliar a um exercício para auxiliar a implantação da
implantação da Gaseificação de Biomassa como Gaseificação de Biomassa como tecnologia
tecnologia renovável para geração de eletricidade no renovável para geração de eletricidade no Meio
Meio Rural. Rural.
O processo de Planejamento Estratégico consta das O processo de Planejamento Estratégico consta das
seguintes etapas: Análise do ambiente; seguintes etapas: Análise do ambiente;
Estabelecimento das diretrizes da organização; Estabelecimento das diretrizes da organização;
Formulação da estratégia; Implementação da Formulação da estratégia; Implementação da
estratégia e Controle estratégico. estratégia e Controle estratégico.
A etapa de análise do ambiente é crítica para a
ABSTRACT correta elaboração das diretrizes e estratégias. É
dividida em três etapas: análise do ambiente interno,
Strategic Planning is a tool mostly used by the top análise do ambiente operacional e análise do
management to analyse the environment of their ambiente externo. No ambiente interno analisa-se a
company and to create and implement empresa (ou projeto) em si, seus processos,
organizational strategies. In this paper, this tool is funcionários, finanças, etc. Em ambiente
presented applied as an exercise to implement operacional enfocam-se a relação da empresa com
biomass gasification as a renewable energy seus fornecedores, clientes, concorrentes e agências
technology for producing electricity in rural regions. reguladoras. Por fim, os fatores de legislação,
The process of Strategic Planning consists of the política, comportamento, tecnologias e outros são
following steps: Environmental Analyses; vistos na análise do ambiente externo.
Establishing Organizational Directives; Formulating Depois de analisado o ambiente no qual a empresa
Strategy; Implementing Strategy; and Strategic opera, pode-se definir a razão de ser da empresa
Control. (missão) e o rumo que ela pretende tomar
(objetivos). Se a empresa já tem a sua missão
INTRODUÇÃO definida, este processo serve para apóia-la a olhar
mais claro para os objetivos e metas. Os objetivos
organizacionais devem refletir o ambiente no qual a
organização opera. Devem reconhecer aquelas associar a algum programa governamental de
tendências que estão se formando e que afetarão a eletrificação como o PRODEEM (Programa de
futura relevância dos objetivos e impedirão que os Desenvolvimento Energético de Estados e
mesmos sejam alcançados. Municípios). A produção dos equipamentos seria
A formulação da estratégia tem por objetivo feita por encomenda.
determinar cursos de ação apropriados para alcançar Alguns pontos devem ser levantados na divulgação
os objetivos, incluindo as atividades de análise, do projeto:
planejamento e seleção de estratégias que aumentem • A geração de eletricidade a partir da
as chances de que os objetivos possam ser gaseificação da biomassa mostra-se como
alcançados. Na formulação da estratégia, os alternativa na reestruturação do setor
planejadores utilizam as ferramentas: Análise de elétrico brasileiro;
Questões críticas e a Análise dos Pontos fortes e • Se a tecnologia for implementada em
fracos, oportunidades e riscos. geração descentralizada no meio rural,
Para que uma organização seja bem sucedida, não permitiria maior desenvolvimento agrícola
basta apenas que saiba formular bem sua estratégia; e melhoraria as condições do homem no
também é necessário que a mesma implemente-a campo;
com sucesso. Na etapa de Implementação da • A tecnologia não contribui para o aumento
Estratégia, é elaborado o modo de implementar a do carbono na atmosfera, podendo ser
estratégia, incluindo fatores de intensidade e utilizada no mercado internacional de
velocidade de mudanças, assim como considerar os “certificados-verde”;
padrões comportamentais dentro da empresa. • A tecnologia é boa opção para o
O Controle Estratégico consiste em definirmos e aproveitamento energético de resíduos.
aplicarmos medidores de desempenho para avaliar
os resultados da implementação da estratégia. Aspectos Financeiros. Um primeiro estudo de
Este artigo não apresentará a aplicação destas viabilidade econômica (FERNANDES, 2000),
últimas duas etapas (Implementação e Controle da indicou que, para um primeiro protótipo de
Estratégia), restringindo-se a demonstrar apenas sua demonstração, a eletricidade custaria entre R$ 0,16 e
metodologia. R$ 0,22/kWh.
ANÁLISE AMBIENTAL Aspectos da Produção. Devido à inércia térmica do
leito, o gaseificador deve ser pré-aquecido por cerca
Esta é a etapa mais importante em todo o processo de cinco horas até a temperatura de operação
de administração estratégica e é dividida em três (750oC). Porém, pela mesma inércia e pelo
etapas : análise do ambiente interno, análise do isolamento térmico, o equipamento pode ficar
ambiente operacional e análise do ambiente externo. desligado durante a noite e ser religado pela manhã,
tendo sua temperatura caído apenas em 100oC a
ANÁLISE DO AMBIENTE INTERNO 200oC. Então é necessária apenas mais uma hora, ou
hora e meia de pré-aquecimento antes de nova
Aspectos do Projeto. A gaseificação da biomassa se alimentação de biomassa e operação do gaseificador.
apresenta como uma alternativa sustentável para
geração de energia, com baixa emissão de poluentes Aspectos de Pessoal. O equipamento pode ser
e permitindo, no ciclo global de crescimento e perfeitamente operado com um técnico bem
consumo (queima) dos vegetais, um equilíbrio entre qualificado e um auxiliar não-qualificado, treinado
consumo e produção de gás carbônico. adequadamente para a função. Os momentos mais
Propõe-se gaseificadores de biomassa em leito críticos são os de partida e aquecimento do reator e
fluidizado para eletrificação rural dispersa. partida do grupo-gerador. Durante o regime de
O gaseificador foi projetado para operar com 80 a gaseificação, apenas um monitoramento e
120 kg/h de biomassa, gerando até 300 kW de alimentação do silo de combustível seria necessária.
potência térmica. Acrescido de um grupo-gerador, Se operado em dois turnos, poder-se-ia contratar
pode-se trabalhar gerando cerca de 75 kVA. mais um auxiliar.
O equipamento é constituído por um tubo de 920
mm de diâmetro externo, construído de aço carbono ANÁLISE DO AMBIENTE OPERACIONAL
1020 e revestido internamente por uma camada de
tijolos refratários. O diâmetro interno do reator é Componente Fornecedor. A biomassa deve ser
400 mm. A altura total do reator é 4.600 mm. obtida na própria região a ser instalado o
equipamento. Os custos e logística dependerão
Aspectos de Marketing. O projeto pode ser portanto da situação específica.
comercializado para geração elétrica descentralizada
e/ou reaproveitamento de resíduos. Poderia-se
Como muitas das vezes a biomassa será resíduo várias plantas-piloto em desenvolvimento e
aproveitado, seu custo será baixo e a logística operação. Apesar de haver pesquisas brasileiras no
simples. setor, não seria de se surpreender se um dia
aportasse aqui uma empresa estrangeira, difundindo
Componente Concorrência. Este projeto concorre uma tecnologia que poderia ser de competência
não apenas com outras tecnologia renováveis, mas tecnológica nacional.
principalmente com a geração dispersa por fontes
não-renováveis como o óleo diesel. Fatores que estimulam e que desestimulam os
De fato, a geração dispersa é tradicionalmente investimentos produtivos no Brasil:
atendida, principalmente na região amazônica, por A pesquisa “Os principais fatores que estimulam e
grupos-geradores diesel. que desestimulam os investimentos produtivos no
Uma outra tecnologia concorrente, renovável, é o Brasil”, realizada pela Simonsen Associados e
uso de óleos vegetais, obtidos pela pirólise de divulgada no jornal Gazeta Mercantil (ÉBOLI,
biomassa. 2002), avaliou os fatores que estimulam e os que
A geração centralizada também pode ser desestimulam os investimentos produtivos no Brasil.
concorrente, computando os custos para construir a O estudo foi elaborado junto aos membros dos
linha de transmissão para a localidade remota (há Comitês da Câmara Americana de Comércio, com
possibilidade em futuro remoto de transmissão de base em 132 respostas e pode ser visto na Tabela
eletricidade com novas tecnologias, incluindo (1).
micro-ondas).
Fontes renováveis solar e eólica não são totalmente
concorrentes por incluírem a necessidade de Tabela 1.
armazenamento da energia sazonal em baterias. Rank O que atrai O que espanta
Essas duas tecnologias seriam muito bem aplicadas 1o. Potencial de Impostos.
em conjunto à biomassa, em um sistema otimizado crescimento do
para as condições locais. mercado. Tamanho
da economia.
Componente Cliente. O cliente deste projeto seria 2o. Disponibilidade de Custo Brasil.
em última instância o homem do campo. energia. Inflação sob
Comercialmente falando, seriam pequenas controle.
comunidades rurais ou pequenas e médias 3o. Remuneração do Corrupção.
agroindústrias. Estes clientes devem ter a viabilidade capital.
do plantio de biomassa para gerar energia ou da 4o. Capacidade de Legislação/regulamen
produção suficiente de resíduos orgânicos (de produzir com baixos tação.
plantio, de processo industrial ou dejetos) que custos. Descontrole dos
possam ser aproveitados energeticamente. Mercado aberto. gastos públicos.
Outro cliente também é o Governo, em suas Credibilidade das Custo do capital.
instâncias federal, estadual ou municipal e seus instituições.
representantes institucionais, assim como também Mercado de capitais.
Organizações Não-Governamentais (ONG’s). 5o. Ausência de riscos Criminalidade/insegu
políticos. rança/seqüestro.
Componente Mão-de-obra. A mão-de-obra para a Burocracia.
construção do equipamento e coordenação do Acesso a novas
projeto não precisa ser altamente especializada. tecnologias.
Basta uma boa qualificação de nível técnico, 6o. Proteção à Impunidade.
facilmente encontrada nos meios urbanos propriedade Risco Brasil (rating).
brasileiros, com um treinamento específico na intelectual.
construção, operação e manutenção do equipamento. 7o. Política externa. Logística.
Infelizmente, é mais difícil de se encontrar mão-de- País pacífico. Inconstância de
obra qualificada justamente onde se necessita: o políticas.
meio rural. Propõe-se portanto programas de 8o. Demanda reprimida. Falta de
qualificação de mão-de-obra e também incentivos a Demanda por financiamento de
técnicos se mudarem das grandes metrópoles para dinheiro. longo prazo.
pequenos centros urbanos, núcleos de regiões rurais. Liderança no Falta de infra-
Mercosul. estrutura.
Componente Internacional. Há vários países e Educação.
empresas estrangeiras que desenvolvem tecnologias Ausência de política
renováveis. No caso da gaseificação de biomassa, o de desenvolvimento.
Brasil ainda está muito atrás de outros países já com Legislação
trabalhista. A médio prazo há a possibilidade de inovações
9o. População. Dificuldade em abrir tecnológicas na geração e distribuição de energia de
População emergente. capital/ IPO forma estática, eliminando distâncias e milhares de
Cultura de consumo. quilômetros de redes de transmissão. Entre as
Recursos hídricos. possibilidades, inclui-se linhas de transmissão mais
Incentivos fiscais. eficientes ou mesmo transmissão de eletricidade por
10o. Aceitação de Interferência do micro-ondas.
estrangeiros. governo no mercado. Na área de gestão de produção e processos, deve-se
Sistema portuário. atentar para as vantagens da gestão do conhecimento
Mão-de-obra e de inovações tecnológicas, assim como a
desqualificada. disseminação de práticas comerciais por meio da
internet.

ANÁLISE DO AMBIENTE EXTERNO Componente Legal. Há projetos de lei em trâmite


que contribuiriam para a implantação de fontes de
energia renováveis no Brasil.
Componente Econômico. As altas taxas de juros e
instabilidades do mercado financeiro dificultam Substitutivo do Projeto de Lei 2905/2000 em trâmite
qualquer proposta de projeto. Aparentemente, o no Congresso Nacional
mercado continuará relutante a investir em projetos –Criação da Conta de Desenvolvimento Energético
de infraestrutura até o resultado das eleições e por 25 anos;
definição das políticas da nova presidência. –Extensão dos benefícios das PCH’s (pequenas
Alguns indicadores podem ser vistos na Tabela (2), centrais hidroelétricas) para fontes solar, eólica e
com dados extraídos da Gazeta Mercantil (GZM, biomassa, no tocante à redução da tarifa de uso dos
4/6/2002). sistemas elétricos de transmissão e distribuição e na
venda de energia renovável para consumidores
livres (acima de 500 kW);
Tabela 2 – Indicadores Econômicos. –Obrigação das concessionárias e permissionárias
Dólar (Ptax) R$ 2,8609/2,8617 de distribuição e dos agentes comercializadores de
Salário Mínimo R$ 200 contratarem, no prazo de até 20 anos, pelo menos
IGP-M (FGV) 12 meses 9,48% 7% de seu fornecimento a partir de fontes
Taxa Selic 18,40% aa. renováveis – eólica, solar, biomassa e PCH;
Repasse BNDES 1 11,00 / 12,50 % aa. –Destinação de parte dos recursos da Reserva
Global de Reversão (RGR) para financiamento de
empreendimentos de fontes solar, eólica, biomassa e
Componente Tecnológico. A tecnologia empregada PCH;
na fabricação do produto é basicamente de –Manutenção da Conta de Consumo de Combustível
caldeiraria e moldagem de tijolos refratários. A (CCC) para sistemas isolados, por mais 20 anos, e
adaptação do grupo-gerador também não é de dos seus benefícios para os aproveitamentos que
grandes dificuldades técnicas. utilizem fontes solar, eólica, biomassa e PCH e gás
Há grandes possibilidades de difusão da tecnologia natural.
de células de combustível. A gaseificação de
biomassa poderia ser utilizada na produção de Outros projetos de lei em trâmite:
hidrogênio para estas células. Projeto de Lei 4673/2001 em trâmite no Congresso
Uma tendência que também deve ser observada é a Nacional
do motor híbrido, desenvolvido paralelamente pela –Cria o Programa Prioritário de Desenvolvimento da
Honda e Toyota, movido alternadamente por Energia Eólica do Nordeste - PRODEENE.
gasolina e por eletricidade. Os carros poluirão
menos e ficarão mais inteligentes. Todos os Projeto de Lei 4073/2001 em trâmite no Congresso
principais fabricantes de carros vão produzir Nacional
veículos com célula de combustível em 2004. Por –Amplia a potência das PCH para 50 MW e libera a
volta de 2020, alguns analistas estimam que 25% área do reservatório.
dos automóveis serão movidos por células de
combustível. Projeto de Lei 573/1999 em trâmite no Congresso
Nacional
–Estende os benefícios das PCH’s para os sistemas
com potência inferior a 50 MW e que utilizem
1
Inclui TJLP (10%) + spread BNDES 1,0/2,5% deve ser energia primária solar, eólica, de biomassa e
acrescido do spread de risco do negociado entre o cliente e maremotriz.
o agente financeiro.
negar a necessidade de implementação das fontes
Projeto de Lei do Senado n. 27/1996, em trâmite no renováveis e da repercussão política positiva que
Congresso Nacional isto traz: internamente nas classes mais esclarecidas
–Cria o Programa de Incentivos a Energias (minoria da população), e ainda mais importante o
Renováveis (PIER) e dá outras providências. impacto externo pela repercussão positiva perante a
comunidade internacional, principalmente Europa e
Conclusão: população dos Estados Unidos.
Necessidade de aprovação da legislação pelo Quanto ao atual governo foi criado o seguinte
Congresso e da regulação e execução da mesma. Programa de Ação para incentivo às fontes de
Necessidade de divulgação da legislação. energia renováveis:
PROINFRA – Programa de Incentivo às Fontes
Componente Linhas de Financiamento. São os Alternativas de Energia Elétrica.
seguintes os programas do BNDES que oferecem Objetivo: agregar, no máximo, 3,3 GW de potência
recurso à implementação de fontes de energia instalada ao Sistema Elétrico Interligado Nacional.
renováveis no Brasil (BNDES, 2002): Criado pela medida provisória no. 14 de 21/12/2001.
Será disciplinado por resolução do Ministério das
Programa de apoio à cogeração de energia elétrica a Minas e Energia.
partir de resíduos de cana de açúcar
–Destinado às usinas de açúcar e álcool que vendam Componente Social. Embora tenha evoluído no
EE excedente às concessionárias de distribuição ou campo econômico, o Brasil não conseguiu superar
comercialização de EE; as desigualdades abissais que separam, em matéria
–Participação de até 80% dos itens financiáveis, de renda, suas regiões e seus habitantes.
juros de TJLP com spread básico de 1%aa e spread A riqueza, que deveria distribuir-se melhor pela
de risco entre 0,5% e 2,5%aa para operações diretas sociedade, concentrou-se ainda mais, prejudicando a
com o BNDES; qualidade de vida e fomentando a insegurança nos
–Prazos determinados em função da capacidade de principais centros urbanos.
pagamento do empreendimento, contemplando No meio rural, diminui o nível de miséria em
carência de até 6 meses após conclusão do projeto e algumas regiões do país, em contraste com outras
amortização de até 12 anos. regiões onde predomimam péssimas condições de
vida, com subnutrição, falta de higiene e de
Programa de apoio à cogeração de energia elétrica a educação, apresentando baixíssimos Índices de
partir de resíduos de Biomassa Desenvolvimento Humano (IDH – metodologia
–Destinado a projetos de cogeração que vendam EE consagrada desenvolvida pela Organização das
excedente a concessionárias de distribuição ou Nações Unidas para monitorar e comparar os países
comercialização de EE; quanto às condições de vida e desenvolvimento de
–Mesmas condições de financiamento. suas populações).

Programa para Investimentos em Conservação e ESTABELECIMENTO DAS DIRETRIZES


Fontes Alternativas de EE
–Destinado a projetos de racionalização, Segundo Samuel Certo (CERTO et PETER, 1993),
conservação e fontes alternativas com participação “missão” é a proposta para a qual, ou a razão pela
de até 80% dos itens financiáveis; qual, uma organização existe. Em geral, contém
–Juros TJLP p/ gastos locais ou “cesta de informações tais como os tipos de produtos ou
moedas”para máquinas importadas; serviços que produz, quem são seus clientes e que
–Spread básico de 2,5% ou 1% para áreas valores importantes possui. A missão é uma
abrangidas por Programas Regionais. declaração ampla da diretriz organizacional, sua
–Spread de risco de 0,5% a 2,5%aa para operação “raison d’être”.
direta c/ BNDES; Em seguida, os “objetivos organizacionais” são a(s)
–Carência e amortização semelhante aos outros meta(s) para a(s) qual(is) a organização direciona
programas. seus esforços.
Assim, para o exercício deste artigo, teríamos:
Componente Político. Há muita instabilidade
gerada pelas eleições. De qualquer forma, é bem Missão: Implementar a gaseificação de biomassa
provável que qualquer que seja o novo presidente, como alternativa para eletrificação rural dispersa e
continue a tendência, pelo menos gradual, de desenvolvimento sustentável.
reconhecimento e incentivo às fontes renováveis de
energia. Objetivos: O trabalho se compõe de três objetivos
Apesar do “lobby” das fontes tradicionais de energia específicos:
possuir bastante peso político, o governo não pode
1. Demonstração da viabilidade técnica da aumento das emissões investimento.
gaseificação de biomassa, com ensaios em de carbono para a
planta-piloto. atmosfera.
2. Demonstração da viabilidade econômica do Oportunidades: Riscos:
processo de produção e utilização de • Programa de • Falta de investimentos
energia em pequenas comunidades rurais. Desenvolvimento e vontade política;
3. Difusão do projeto, implementando-o em Energético de Estados • Risco de outras
escala comercial. e Municípios tecnologias renováveis
(PRODEEM). ganharem mercado
FORMULAÇÃO DA ESTRATÉGIA • Aumento futuro do mais rápido.
preço do petróleo;
Na formulação da estratégia deve-se aproveitar os • Créditos Carbono
dados da análise ambiental e as metas do (Mecanismo de
estabelecimento de diretrizes. Existem várias Desenvolvimento
ferramentas que permitem esta reflexão. Uma boa Limpo);
fonte de ferramentas é a revista “Havard Business • Interesse internacional
Review” (HBS, 2002). crescente em fontes
Neste trabalho são apresentadas duas ferramentas: renováveis;
Análise de Questões críticas e a Análise dos Pontos • Pressão internacional
fortes e fracos, oportunidades e riscos (CERTO et pela preservação da
PETER, 1993). Amazônia e redução
Análise de Questões Críticas. Fornece reflexão da emissão de gases
para estudar uma situação atual do efeito estufa.
projeto/organização e formular estratégias
adequadas. Envolve quatro questões:
1. Quais são o(s) propósito(s) e o(s) Formulação da Estratégia. A formulação da
objetivo(s) da organização? estratégia propriamente dita vai depender do nível
2. Para onde a organização está indo no organizacional ou escopo do projeto.
momento? Para este exercício, foram elaboradas seis estratégias
3. Que fatores ambientais críticos a gerais. Estas estratégias devem ser dissecadas em
organização está enfrentando atualmente? ações táticas e na forma de executá-las (fora do
4. O que pode ser feito para alcançar os escopo deste artigo).
objetivos organizacionais de forma mais
efetiva no futuro? 1. Formular um plano de negócios com um
primeiro estudo de viabilidade econômico-
Análise dos Fatores Internos e Externos. Esta é financeira, apresentando também potencial
uma ferramenta para se entender a situação global. de mercado.
Esta abordagem tenta confrontar os pontos fortes e 2. Contactar os agentes interessados no
fracos internos de um projeto/organização e investimento para desenvolvimento e
compará-los com as oportunidades e riscos do implementação da tecnologia.
ambiente externo. Tabelam-se assim quatro campos 3. Contactar o mercado potencial.
e, em cada um destes, são listados os fatores (Tabela 4. Realizar um projeto de demonstração da
3). tecnologia.
5. Desenvolver uma rede de pesquisadores e
empresas interessados na tecnologia.
Tabela 3.
6. Iniciar planos de desenvolvimento
Pontos Fortes: Pontos Fracos:
comercial da tecnologia.
• Geração de • Tecnologia do sistema
eletricidade dispersa; de limpeza de gases
IMPLEMENTAÇÃO DA ESTRATÉGIA
• Geração de energia de pouco eficiente;
forma renovável; • Dificuldades do Como dito na introdução, não é objetivo deste
• Possibilidade de sistema de trabalho detalhar a aplicação das etapas de
aproveitamento de alimentação para implementação da estratégia e de controle
ampla variedade de gramíneas (bagaço, estratégico ao caso estudado. É apresentada, porém,
biomassa e resíduos; capim, etc.); a metodologia básica como referência aos
• Tecnologia simples, • Necessidade de mão- interessados. Mais informações podem ser obtidas
de fácil construção e de-obra treinada para diretamente com os autores.
manutenção barata; operar o equipamento; Apesar de existir ampla literatura sobre formulação
• Não contribui para o • Custo inicial do de estratégia, existe uma lacuna no tocante à prática
de sua implementação. De fato, a correta
implementação da estratégia vai depender da [2] ÉBOLI, C. Investidor avalia custo da
habilidade de liderança e execução de quem a está violência. In Gazeta Mercantil, p.A-9. 10/4/2002.
implementando.
Samuel Certo (CERTO et PETER, 1993) apresenta [3] CERTO, S.C.; PETER, J.P.; Administração
passos que podem orientar o ato de implementar a Estratégica: Planejamento e Implantação da
estratégia. Estratégia; Makron Books; São Paulo; 1993.
1. Verificar o quanto a organização terá de
mudar para a correta implantação da [4] HBS – Havard Business School; Havard
estratégia; Business Review; Havard Business School
2. Analisar as estruturas formal e informal da Publishing Corp.; Havard; 2002.
organização;
3. Analisar a cultura organizacional; [5] GZM – Gazeta Mercantil; Indicadores
4. Selecionar uma abordagem apropriada para Nacionais; p.A-4 e Indicadores; p. B-12 e B-13 ;
a implementação; São Paulo; 04/06/2002.
5. Implementar a estratégia e avaliar os
resultados. [6] BNDES - Programa de Apoio Financeiro a
Investimentos Prioritários no Setor Elétrico ;
CONTROLE DA ESTRATÉGIA Disponível na internet:
http://www.bndes.gov.br/produtos/financiamento/el
Esta etapa é essencial para se obter os resultados etrico.asp; 05/06/2002.
desejados da estratégia. O controle é feito seguindo
três passos:
1. Medição do desempenho;
2. Comparação do desempenho com os
padrões;
3. Ação corretiva.

Para se obter sucesso, deve-se ter infomações de


procedência e qualidade confiáveis e uma ação
corretiva eficaz.

CONCLUSÕES

O Planejamento Estratégico é uma boa ferramenta


para auxiliar o desenvolvimento e/ou gestão de um
projeto ou organização.
Ele pode ser perfeitamente adequado às
necessidades do planejamento energético e da
implementação de fontes renováveis de energia.

PALAVRAS CHAVES

Planejamento estratégico; Gaseificação de


Biomassa; Eletrificação Rural; Energia Renovável;
Planejamento energético.

AGRADECIMENTOS

Este trabalho foi possível graças ao auxílio do CNPq


e da CPG/FEM/Unicamp.

REFERÊNCIAS

[1] FERNANDES, M.C. Avaliação Tecno-


econômica da Gaseificação do Capim-elefante
para Eletrificação Rural, Dissertação de Mestrado,
Faculdade de Engenharia Mecânica, UNICAMP.
Campinas, 2000.

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