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O TEATRO DE FANTOCHE COMO RECURSO FACILITADOR DA

RELAÇÃO ENSINO-APRENDIZAGEM: EDUCAÇÃO EM SOLOS NA


GEOGRAFIA

Aline Natasha Pereira, Profa. Dra. Maria Cristina Perusi, Renata Correia Costa,
aline_natusha@hotmail.com . UNESP/Campus Experimental de Ourinhos curso de
graduação em Geografia.

1 Introdução

A educação ambiental, segundo Jacobi (2003) tem o objetivo de ampliar a


consciência ambiental das pessoas, para que sejam atuantes nos processos decisórios.
Além de fortalecer a responsabilidade, a fiscalização e controle dos agentes de
degradação ambiental.
No contexto da educação ambiental, a educação em solos destaca-se por abordar
aspectos da dinâmica da natureza e da sociedade, pilares centrais da discussão
geográfica. Nesse aspecto, Cirino et al. (2008) citado por Al Zaher (2010, p.4) afirma
que o solo:
[...] apesar de ser um componente do meio ambiente, responsável por
desempenhar funções essenciais à manutenção da vida sobre a Terra, é
assunto pouco expressivo junto às comunidades escolares, assim como
pela comunidade de maneira geral.

Como uma das alternativas para suprir essa lacuna, no ano de 2007 foi
institucionalizado o projeto de extensão universitária COLÓIDE, voltado para educação
ambiental, mais especificamente focado no recurso natural solo. Para tanto, foram
produzidos materiais didáticos como maquetes, perfis de solo em caixas de leite,
monólitos, dentre outros. As atividades são abertas à comunidade em geral, em especial
alunos da rede pública de ensino. Durante as visitas, são instigadas discussões sobre o
tema solo e suas interfaces.
Cumpre esclarecer que esse projeto é mantido pela Pró-Reitoria de Graduação
(PROGRAD) e Pró-Reitoria de Extensão (PROEX), além disso, no ano de 2009 firmou
parceria com a Associação de Assistência aos Deficientes Físicos de Ourinhos (AADF).
A AADF existe desde 1978 e é uma entidade de assistência aos deficientes físicos.
Atualmente atende aproximadamente 120 usuários e presta serviços de fonoaudióloga,
psicologia, fisioterapia, pedagogia, enfermagem, assistência social e de terapia
ocupacional com os grupos distribuídos por idades, de bebês a idosos. O objetivo do
COLÓIDE junto à AADF é trabalhar educação ambiental inclusiva, inserida no
contexto da educação não formal.
A educação ambiental muitas vezes é trabalhada em sala de aula de
uma forma complexa, com termos técnicos que pouco se assemelham
ao cotidiano e realidade dos alunos. Se quisermos que as crianças se
tornem cidadãos conscientes, que interiorizem os valores da educação
ambiental e pratiquem ações comprometidas com a conservação do
planeta, precisamos estabelecer um vínculo positivo com elas e usar
uma linguagem acessível e lúdica. (PREMULI et al., 2010, p.2)

Inserido nesse contexto, foi proposto o teatro de fantoches “Pedrinho e a


minhoca Joaquina”, como recurso facilitador da relação ensino-aprendizagem. É
importante salientar que a parceria entre a ciência e o teatro não é uma novidade.
Segundo Gardair e Schall (2009) a arte e a ciência sempre prestaram auxílio entre elas,
ambas com contribuições importantes para oferecer. A peça aborda aspectos como a
conservação do solo; a erosão como agente depauperador; a importância da participação
do indivíduo frente às tomadas de decisão junto aos órgãos públicos, dentre outros.
Além disso, permite interação entre a platéia e a problemática posta.
A peça foi apresentada primeiramente na AADF para um grupo com
aproximadamente 15 crianças de 7 a 11 anos que freqüentam o ensino fundamental I. A
apresentação teve o objetivo de promover o encontro das crianças com temas e
conceitos importantes da Pedologia, inserida no contexto geográfico.

2 Desenvolvimento da temática

O projeto COLÓIDE é desenvolvido no laboratório de Geologia, Pedologia e


Geomorfologia da UNESP/Campus Experimental de Ourinhos. Desde o ano de 2007,
foram atendidas cerca de 3.000 pessoas, dentre elas, crianças e adolescentes da AADF.
Como parte das atividades de educação inclusiva, foi proposto o teatro de
fantoches “Pedrinho e a minhoca Joaquina”. A apresentação integra uma seqüência de
atividades junto às crianças da AADF: sensibilização acerca do tema; importância do
solo; propriedades como cor e textura; manuseio com a terra: elaboração de tinta feita
com solo. O grupo trabalhado era composto por aproximadamente 15 crianças de 7 a 10
anos matriculadas no ensino fundamental I.
O texto foi escrito por Costa (2010), aluna do 7° termo do curso de Geografia da
UNESP/Campus de Ourinhos e bolsista PROEX. Com duração aproximada de 10
minutos, conta a história de Pedrinho, menino esperto que durante um passeio no parque
encontra a minhoca Joaquina. Ela está muito triste porque o seu amigo “Solito” está
ameaçado por uma terrível voçoroca. Durante a peça, além de ser descrito
comprometimentos que a voçoroca traz ao solo, é também estimulado a interação das
crianças por meio de sugestões para acabar com a erosão, conceito este trabalhado
durante a apresentação. O fantoche da voçoroca, produzido com caixa de leite, TNT,
tampinhas de garrafa, etc., foi feito pelos membros do Projeto. O teatro feito de madeira
foi decorado com elementos naturais, como trigo, e trás uma boneca, para reportar aos
elementos da natureza e da sociedade.

3 Resultados e discussão

Durante a apresentação da peça, foi possível perceber o envolvimento e interesse


das crianças. Essa afirmação se baseia nas perguntas, sugestões e na necessidade
premente de resolver o “problema da erosão”. Além disso, identifica-se o
compadecimento à “tristeza” da minhoca Joaquina quanto à “doença” do “Solito”
(Figura 1).

Figura 1. Crianças da AADF, monitores da associação e do projeto COLÓIDE.


Ao fundo, teatro de fantoches. Parte superior esquerda: minhoca Joaquina; parte inferior
esquerda: voçoroca; ao centro: Pedrinho

Durante a peça são trabalhados conceitos como voçoroca, um tipo de erosão


hídrica, caracterizada de acordo com Lepsch (2002) pela desagregação e transporte dos
horizontes superiores do solo pela ação da água. Entender esses conceitos, muitas vezes
presentes no cotidiano das crianças, deve estimulá-lo quanto ao cuidado individual e
participação coletiva junto aos órgãos públicos.
O teatro de fantoches também foi apresentado no V Ensigeo, realizado no
período de 8 a 11 de novembro na UNESP/Campus de Ourinhos, para uma platéia de
futuros professores de Geografia. Nesse sentido, a peça “Pedrinho e a minhoca
Joaquina” foi usada como sugestão de como trabalhar conteúdos de interesse geográfico
de forma lúdica mas, nem por isso, menos comprometida com conceitos e conteúdos
científicos.

4 Considerações finais

Apesar das poucas apresentações, é possível verificar que o teatro de fantoches


atinge seu objetivo na medida em que desperta o interesse das crianças para os
problemas do ambiente e a pensarem em possíveis soluções. Além disso, tende a
estimular os futuros professores a buscar alternativas para a construção do
conhecimento de temas complexos da geografia.

5 Referências

AL ZAHER, C. et al. O ensino de pedologia na disciplina de geografia: projeto colóide


vai à escola.In: V ENSIGEO, 2010, Ourinhos-SP. Anais...Ourinhos, Núcleo de
Ensino/PROGRAD ,1 CD Rom.

COSTA, R. C. Pedrinho e a minhoca Joaquina. [S l]: [s.n, 2010. Peça de teatro


infantil]

GARDAIR, T. L. C.; SCHALL, V. T. Ciências Possíveis em Machado de Assis: Teatro


e Ciência na Educação Científica. Ciência & Educação n. 3, p. 695-712, 2009

JACOBI, P. Educação ambiental, cidadania e sustentabilidade. Cadernos de Pesquisa,


n. 118, p.189-205, 2002.

LEPSCH, I.F. Formação e conservação dos solos. São Paulo: Oficina de Textos, 2002

PREMULI, L. M. R. ; FREITAS, T. G.; SILVA, V. S. ; MARIN F. A. D. G. Educação


Ambiental, Teatro de Sombras e Histórias Infantis.In:2° Encontro dos Núcleos de
Ensino da UNESP e 1° Encontro PIBID Águas de Lindóia-SP, 2010. Anais...Águas de
Lindóia, PROGRAD, 1 CD Rom.

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