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Eduarda Meireles
Felipe Mesquita
Marcela Silva
Belo Horizonte
2015
Felipe Mesquita
Eduarda Meireles
Marcela Silva
Belo Horizonte
2015
Felipe Mesquita
Eduarda Meireles
Marcela Silva
1 - PILOTO....................................................................................................................7
2 – A TELINHA PODEROSA.......................................................................................9
2.1 - Os primeiros chuviscos...............................................................................................9
2.2 - Luz, câmera e programação.......................................................................................12
3 – A INTERATIVIDADE ONLINE..............................................................................16
3.1 - A rede mundial de computadores.............................................................................16
3.2 - O blog: Mais do que um diário virtual.......................................................................18
3.3 - As redes sociais: Conexões em ambiente online....................................................19
3.3.1 Twitter: A ideia em um pio.........................................................................................21
3.3.2 - LinkedIn: O currículo online....................................................................................23
3.3.3 - Facebook – A rede das redes..................................................................................24
4 - OS APLICATIVOS E O ANÔNIMO.......................................................................27
4.1 - Tudo ao alcance das mãos – os aplicativos.............................................................27
4.2 - Lulu – O poder feminino.............................................................................................28
4.3 - Sppoted – O “flerte” virtual........................................................................................31
4.2 - Secret – O diário público............................................................................................33
5 – E QUEM SOU EU?...............................................................................................36
5.1 - Só mais um na multidão.............................................................................................36
5.2 - O anônimo por trás da tecnologia.............................................................................38
5.3 - Os destaques da sociedade.......................................................................................40
6 – NEW YORK, NEW YORK.....................................................................................44
6.1 - If I can make it there, I’ll make it anywhere...............................................................44
6.2 - ................................................................................................................ 47
.............................................................................................................................................. 47
7 – O ANÔNIMO E A GAROTA DO BLOG...............................................................53
7.1 - O anônimo contemporâneo.......................................................................................53
7. 2 - E o que mudou?.........................................................................................................57
8 – SÉRIES FINALE...................................................................................................61
REFERÊNCIAS...........................................................................................................63
ANEXO........................................................................................................................71
7
1 - PILOTO
2 – A TELINHA PODEROSA
Fonte: http://flowtv.org/2010/05/a-case-for-imperfection-confessions-of-a-
digital-restoration-artist-pauline-stakelon-university-of-california-santa-
barbara
Fonte: http://ilovelucyandricky.wikia.com/wiki/I_Love_Lucy_Wiki
3 – A INTERATIVIDADE ONLINE
16
Os principais recursos utilizados nos blogs são os posts, textos que podem
ser alterados, apagados, atualizados, etc. com a frequência que o autor
desejar. Os posts podem incluir links para outras páginas da web ou para
outros blogs. Novos posts são acrescentados no topo da página. Abaixo ou
acima do post, podemos encontrar a data e a hora de sua publicação.
Dessa forma, os leitores podem acompanhar o blog lendo as publicações
em ordem cronologicamente inversa. Outro recurso quase sempre presente
nos blogs é a caixa de diálogos, por meio da qual os leitores podem enviar
seus comentários para o escritor. (LUCCIO; NICOLACIDA-COSTA, 2010)
por ele mesmo, evitando que o material se espalhe de forma deliberada pela internet
(CLEMENTE, 2009).
O número de blogs no mundo hoje ultrapassa os 173 milhões, de acordo com
pesquisa realizada pelo instituto Statista em 2011. Segundo o instituto Sysomos
(2010), os blogueiros pertencem, majoritariamente, à faixa de idade entre 21 e 35
anos. Nesta pesquisa verificou-se, também, que os Estados Unidos ocupam o
primeiro lugar no ranking de países com um maior número de autores de blogs, com
mais de 29% do total. O Brasil fica em quarto lugar, com cerca de 4%.
Os blogs brasileiros começaram a surgir entre os anos de 2000 e 2001
(LUCCIO e NICOLACIDA-COSTA, 2010).). A maior audiência nacional dos blogs se
encontra na cidade de São Paulo. Já o maior público se enquadra na faixa etária
entre 18 e 24 anos, sendo que categoria de blog mais procurada pelos brasileiros é
a de entretenimento, com 69%. Nesta perspectiva, os internautas preferem blogs de
humor. O menor número de acessos se encontra no ramo da cultura, com apenas
1% (BOO-BOX, 2012).
Podemos afirmar que rede social é uma estrutura social composta por
indivíduos, organizações, associações, empresas ou outras entidades
sociais, designadas por atores, que estão conectadas por um ou vários tipos
de relações que podem ser de amizade, familiares, comerciais, sexuais etc.
Nessas relações, os atores sociais desencadeiam os movimentos e fluxos
sociais, através dos quais partilham crenças, informação, poder,
conhecimento, prestígio etc. (FERREIRA, 2011).
Fonte: http://www.redmondpie.com/heres-how-to-get-the-new-twitter-web-
interface-right-now/
Os brasileiros também são muito ativos nesta rede social. A tabela a seguir
mostra os usuários nascidos no Brasil mais populares no Twitter.
23
Fonte: http://www.business2community.com/linkedin/linkedin-a-fresh-user-interface-0258631
Fonte: http://www.blogotechblog.com/2011/09/get-back-the-old-facebook-interface/
4 - OS APLICATIVOS E O ANÔNIMO
Dentro destes, os mais baixados são: Candy Crush Saga, Angry Birds, Google
Maps, Facebook, Youtube, Instagram e Snapchat.
A cada momento um aplicativo, seja para jogar, ouvir músicas, solicitar um
taxi, auxiliar na dieta ou até mesmo em busca de relacionamentos, atende à uma
infinidade de funções que todos os requisitos, abrindo um leque de opções que se
tornaram a principal ferramenta e passatempo dos usuários.
O mercado de apps já se tornou um setor da economia, impulsionando
também o mercado de smartphones que, segundo pesquisa do site G1, em 2013
chegou a 1 bilhão de vendas, apontando um crescimento de 12% em 2014. O
alcance da internet estimula a criação dos aplicativos, que se apoiam no uso
desenfreado dessas plataformas, atingindo em 2013 uma receita global de 27
bilhões de dólares, com crescimento de 100% ao ano.
Segundo o MECK (PRÜNTE, apud MECK, 2013), os usuários passam, em
média, duas horas por dia utilizando apps. O segmento como um todo evolui, mas,
para cada aplicativo que consegue se consolidar, existem centenas de aplicativos
que não se popularizam. Analistas veem o mercado de forma favorável, mas, no
entanto, eles alertam: é fácil criar um app, o grande desafio é torná-lo atrativo e
rentável.
Para este estudo, tomaremos em consideração os seguintes aplicativos: o Lulu,
o Spotted e o Secret.
Fonte: http://geekpublicitario.com.br/tecnologia/lulu-o-clube-da-luluzinha-em-forma-de-app-para-
smartphones/
em seguida seu sucesso espalhou para mulheres de todas as idades, tendo foco no
público formado por profissionais em começo de carreira.
“O aplicativo mais quente e que é sensação nos EUA chega ao Brasil! [...]
Mais de um milhão de garotas nos EUA usam o Lulu para fazerem decisões mais
inteligentes sobre garotos. Tudo que as garotas fazem no Lulu é privado e anônimo.”
(GOOGLE PLAY STORE, 2013). Foi assim que, em novembro de 2013 o aplicativo
foi apresentado para as possíveis usuárias brasileiras, chamando atenção pela
facilidade, anonimato e pela troca de informações sobre rapazes.
Em uma semana o aplicativo se espalhou angariando mais de 3 milhões de
usuárias, que acessavam o app uma média de nove vezes por dia. Desde o
lançamento, essas usuárias realizaram mais de 500 milhões de visualizações de
perfil. Além disso, 500 mil homens fizeram login na ferramenta na tentativa de ver
seu perfil, segundo Deborah Singer, diretora global de marketing do Lulu, em
entrevista para revista Veja (2013).
"O Brasil é o país número 1 para o Lulu em número de usuários. O que
demoramos nove meses para alcançar nos Estados Unidos, no Brasil levou apenas
três semanas, e nós somos muito grandes nos Estados Unidos: uma em cada quatro
universitárias usam o Lulu", disse ao Tecnologia Terra (2014) a diretora global de
marketing do aplicativo, Deborah Singer.
A versão do app para os homens é diferente: permite apenas alterar a foto do
perfil e sugerir hashtags. Para ver a nota recebida, porém, os rapazes só têm um
jeito, pedir a alguma amiga que o mostre, pois homens não entram nesse clube.
Desde o final de dezembro de 2013, segundo a própria companhia, o
programa tornou-se indisponível nas versões locais da App Store e Google Play. A
remoção se deu logo depois que o app mudou sua política de uso, perdendo o
principal apelo: a possibilidade de as mulheres avaliarem anonimamente todos os
seus amigos do Facebook.
A nova política de uso veio após reclamações feitas por parte dos “avaliados”
pelo aplicativo, assim, os perfis dos homens que tiveram os dados puxados
automaticamente através da rede social foram removidos, fazendo com que a
avaliação seja destinada apenas aqueles que desejarem, isso é, os homens que
liberarem o seu perfil para o app.
Após uma determinação da 6ª Turma do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e
Territórios, no dia 19 de dezembro de 2013, a Luluvise Incorporation foi intimada a
31
Fonte: http://www.jornaltudobh.com.br/tudo-mais/cantadas-virtuais-caem-no-gosto-dos-universitarios/
Disponível no Brasil desde maio de 2014, o Secret é um app por meio do qual
usuários podem compartilhar e ler segredos sem serem identificados. Para usar o
aplicativo é necessário que o usuário se conecte à sua conta do Facebook,
permitindo que seu “segredo” seja compartilhado e até mesmo comentado quando
divulgado aleatoriamente.
Os desenvolvedores são os ex-funcionários do Google, David Mark Byttow e
Chrys Bader-Wechseler. Os criadores informam na página oficial que garantem o
anonimato dos usuários, pois as mensagens armazenadas no servidor não são
vinculadas às contas das pessoas e sim a um número aleatório.
O app permite que os usuários postem uma ou duas frases, anonimamente,
para seu grupo de amigos cadastrados. Sem ter seu nome divulgado, os usuários se
sentem livre para compartilhar segredos e fotos. Cada vez que um amigo "curte"
uma mensagem, ela se espalha para o seu grupo de amigos e assim a mensagem
34
se espalha pelo mundo. O app ainda permite comentar o segredo - também sem ser
identificado - ou curtir a publicação. E, as mensagens que o usuário mais gostou
podem até ser publicadas no Facebook ou no Twitter, além de poderem ser
enviadas por SMS ou e-mail, mas neste caso, quem está publicando estas
mensagens será identificado (G1, 2014).
Fonte: http://www.folhavitoria.com.br/entretenimento/noticia/2014/08/aplicativo-
permite-contar-segredos-para-seus-amigos-anonimamente.html
estando inserido dentro dessa multidão anônima, sendo que este “se interessa pelo
mundo inteiro; quer saber, compreender, apreciar tudo o que acontece na superfície
de nosso esferoide.” (BAUDELAIRE, 2010, p. 855).
Dessa forma, ser um homem do mundo torna-se mais complexo do que
apenas estar presente na massa, tendo ele que “ver o mundo, estar no centro do
mundo e permanecer oculto ao mundo.” (BAUDELAIRE, 2010, p. 857). De fato, esse
interesse e confluência do anônimo, da multidão, da observação e das questões
relacionadas às relações entre estas são encontradas não apenas no ambiente
físico, podendo ser facilmente reconhecidas no espaço online das redes sociais de
relacionamentos.
especial. A fama ocorre não por um grande feito e sim por questão de sorte ou de
saber aproveitar o momento. O que importa nos dias de hoje não é a razão de ser
famoso, mas sim o fato de ser famoso.
De acordo com Damatta (2014), a celebridade
Segundo Shirky (2008), existem dois fatores para que um indivíduo se torne
famoso. O primeiro se relaciona com o tamanho da audiência, ou seja, ele deve
atingir um grande número de pessoas. O segundo, nada mais é do que a
incapacidade dele de se comunicar com a audiência em sua totalidade.
Neste contexto, pode-se evidenciar a presença do narcisismo, na medida em
que os famosos, ou celebridades, normalmente, têm o ego inflado e precisam
sempre de uma audiência para apoiar seus feitos. Assim, há o surgimento dos fãs
(PRIMO, 2009). Essa interação entre os fãs e os famosos muitas vezes ocorre no
contexto dessa sociedade moderna cosmopolita que propicia a falta de vínculos
concretos e o distanciamento entre as pessoas e faz com que se busquem laços
familiares para firmar uma forma de relação entre estes (FROIS, 2010).
Os meios de comunicação são um dos grandes responsáveis por intensificar
o valor das celebridades na sociedade. Eles expõem suas vidas, mostrando uma
realidade que não condiz com a dos demais. Nesse sentido, seus pertences são
amplamente exibidos, como luxuosas casas, carros importados e roupas de marcas
famosas. Disso surge o desejo dos demais indivíduos de se espelharem na vida das
celebridades para adquirirem certo destaque na sociedade ou em seu grupo social.
Em contramão, os realitys shows buscam mostrar que as chamadas personalidades
da mídia tem uma vida comum, igual a qualquer outra pessoa (PRIMO, 2009).
Porém, o termo “celebridade” não se limita a figuras conhecidas pelo grande
público, na medida em que cada grupo social apresenta indivíduos que possuem
maior destaque em relação aos demais. Tal fato fica evidente nos movimentos
jovens, como por exemplo, nos chamados “rolezinhos”, eventos que tiveram
42
A cidade de Nova York é mais do que apenas uma das maiores cidades do
mundo. Estar nessa metrópole, vivenciar as suas diversas atrações possíveis e
inserir-se no cotidiano torna-se um fetiche, uma adoração sem razões lógicas. Assim
como cita Paulo Francis, no posfácio de “Fogueira das Vaidades”, de Tom Wolfe
(1988), “ninguém mora em Nova York pelo clima ou pela qualidade de vida. Isto é o
romance. (...) Em Nova York se vive pela ambição de ser número um no que se faz
(...)” (FRANCIS, 1988, p. V), exemplificando como as questões relacionadas a essa
cidade vão além do espaço físico e acervo cultural.
Essa diversidade de pessoas, culturas e línguas faz com que a cidade seja
cenário frequente em múltiplas obras de ficção, sendo ideal para a materialização de
conflitos diversos. Nova York, com seu ambiente urbano e comercial, nessa mescla
de expectativas confluindo a todo tempo, possibilita uma diversidade criativa de
retratar o cotidiano e as suas relações triviais, além de atribuir a esta multiplicidade
um extremo valor, graças às mídias cinematográficas e televisivas.
Nova York é composta por cinco distritos, sendo esses Manhattan, Queens,
Brooklyn, Bronx e State Island.
Fonte: http://nycmap360.com/en/nyc-boroughs-map#.VVkzm7lViko
45
Fonte: http://www.mappery.com/maps/New-York-Neighborhoods-Map.gif
46
Fonte: http://blog.interpass.com/viagens/brooklyn-nova-iorque/
6.2 -
Fonte: http://dammit.com.br/wp-content/uploads/2012/12/Gossip-Girl-Logo.jpg
A autora conta que teve a ideia para a produção de seus livros quando estava
lendo uma matéria no New York Times sobre uma garota que criou uma página na
internet para falar mal da amiga, tornando isso um escândalo para época – início
dos anos 2000 – e, consequentemente, sua inspiração.
Foi publicado um total de 14 livros, conferindo a base para o desenvolvimento
das seis temporadas da série, chamando os fãs para adentrarem nesse mundo
cheio de mistérios, mentiras, luxo e falsidade que é Upper East Side, o já citado
48
bairro nobre de Manhattan onde se passa grande parte da história. Criada por Josh
Schwartz e Stephanie Savage, a série estreou no dia 19 de setembro de 2007, no
canal norte-americano CW, terminando no dia 17 de dezembro de 2012, totalizando
121 episódios. No Brasil foi exibida pelo canal de TV por assinatura Glitz, em 2010,
com quatro temporadas, e na TV Aberta pelo SBT, estreada em 25 de novembro de
2011, tendo apenas sua primeira temporada exibida.
Gossip Girl é uma série dramática narrada por uma personagem sem
identidade revelada considerada "a fofoqueira", que conta a história de jovens de
classe alta que vivem em Nova York. As personagens – Blair Waldorf, Serena Van
der Woodsen, Nate Archibald, Chuck Bass, Dan Humphrey, Jenny Humphrey – se
relacionam num mesmo grupo, estudam na mesma escola e vivem em um mesmo
bairro, com exceção dos dois últimos, que são pertencentes à classe média de Nova
York. O seriado gira em torno da vivência de cada um, as dificuldades, conquistas,
relacionamento entre eles e os seus dramas juvenis. Cada personagem possui uma
personalidade marcante que, no desenrolar da série, fica ainda mais característica.
Fonte: http://garotabeleza.com.br/maquiagens-da-leighton-meester-a-
blair-waldorf-de-gossip-girl/
Fonte: http://fc08.deviantart.net/fs51/f/2009/320/9/6/Serena_Van_
Der_Woodsen3_by_DJNia.jpg
Fonte: http://www.2beauty.com.br/blog/wp-content/uploads
/2013/01/chuck.jpg
Ele e Chuck Bass (Ed Westwick) são melhores amigos e, por serem filhos
únicos, cuidam um do outro e se tratam como irmãos. Chuck é boêmio e
mulherengo, sendo considerado como um dos vilões da série. Com a morte de seu
pai, Chuck herda as Indústrias Bass, uma empresa ligada ao setor de
entretenimento, tornando-se o jovem mais rico de toda Nova York.
51
Fonte: http://hellglefernandes.files.wordpress.com/2011/08/
dan-humphrey.jpg
Fonte: http://upload.wikimedia.org/wikipedia/en/c/c2/Jenny_
Humphrey_Season_3.jpg
Jenny (Taylor Momsen) é a sua irmã mais nova, com a qual tem uma relação
de profunda amizade sem segredos. Por ser de família simples e morar no Brooklin,
ela enfrenta alguns problemas para participar do grupo.
A primeira temporada foca no retorno de Serena ao Upper East Side, nas
razões que a fizeram ir embora da cidade e por que está tentando mudar suas
atitudes, vistas como rebeldes. Devido à traição que fizera à sua melhor amiga,
Blair, dormindo com seu namorado, Nate Archibald, pensava-se que esse seria o
motivo de se afastar, porém, no desenrolar da história, percebe-se que existe uma
razão mais forte para sua partida. Embora inimigas no começo da temporada, Blair e
Serena voltam a serem melhores amigas após confessarem o quanto sentem falta
uma da outra.
Blair Waldorf reina na escola privada para garotas, a Constance Billard
School for Girls, na qual existe uma verdadeira hierarquia. A temporada ainda
envolve o namoro de Serena com Dan Humphrey; problemas familiares, de
popularidade e de bulimia de Blair; a relação de Blair com Nate e com o seu melhor
amigo, Chuck Bass; um romance antigo entre a mãe de Serena, Lily Van der
Woodsen e o pai de Dan, Rufus Humphrey; a busca de Jenny Humphrey pela
popularidade e sobre ascender no mundo social.
As temporadas seguintes se desenvolvem relatando a vida dos protagonistas.
O seriado tem um caráter verossímil e, por isso tem o cuidado em manter uma
trajetória para cada personagem, envolvendo-as nas mais diversas situações. A
história nos leva a compartilhar várias circunstâncias, como brigas, romances, casos
de família e, o principal, a vida social das pessoas de classe alta.
53
Ao iniciar um romance com Serena Van der Woodsen, Dan sofre com
represálias dos familiares de sua pretendente, de seus colegas, tal como Chuck
Bass e, logicamente, da Garota do Blog. A presença de um garoto do Brooklyn é
vista como uma invasão no ambiente do alto luxo nova-iorquino, fazendo com que
muitos não o recebam no cotidiano tão facilmente.
Ao fim de longas deduções, o conto termina sem sabermos quem eram as
pessoas analisadas, um homem em especial, assim como a identidade do próprio
narrador. Percebemos então que esta estória escrito há dois séculos se torna
presente pelo fato de compreender o fenômeno da massificação dos
comportamentos, como também demonstrar a nítida percepção do teatro e dos
papéis estereotipados que a vida social interpreta.
A multidão causa dois efeitos que parecem contraditórios: ela uniformiza a
todos e paradoxalmente causa o isolamento, sendo um decorrente do outro. O
individualismo foi notado por Poe e transcrito em seu conto como sinal do que viria a
se transformar a sociedade moderna. Uma sociedade massificada cheia de
indivíduos sozinhos, formando assim uma multidão sem rostos.
Tal fato também é observado na série analisada, na medida em que as
personagens vivem um paradoxo entre a manutenção da herança social e o
estabelecimento de novas regras nas relações. Para Jenny, o impacto dessas duas
faces é mais marcante. Apesar da educação familiar baseada nos mesmos valores
do irmão, sua convivência naquela realidade, com sua pouca idade e vulnerabilidade
aos encantamentos da vida no Upper East Side, a jovem se coloca determinada a
entrar nesse meio a qualquer custo. Inicialmente, busca alcançar seu objetivo com
esforços que se relacionam diretamente aos seus valores de merecimento e esforço,
mas, com o tempo, percebe que a conquista de um espaço na escadaria do MET,
Metropolitan Museum of Art, o símbolo máximo do “reinado” de Blair, não depende
apenas destes quesitos. Para sentar-se nos degraus nos intervalos das aulas e
compartilhar esses momentos ao lado de Blair, é necessária uma avaliação do perfil
de cada candidata para então decidir se é possível fazer parte de seu grupo de
amizades.
O anonimato surge das relações – ou da falta delas – com os indivíduos. É
uma maneira de recuar, viver sem perfil e fazer parte sem ser notado. Buscar a
reclusão ou se misturar a outros são fatores que formam a identidade humana
dentro de um grupo.
56
7. 2 - E o que mudou?
Gossip Girl pode ser considerada como uma produção que antecipou
tendências do comportamento dos jovens, na medida em que foi a primeira série a
retratar a questão do anonimato e da celebrização em ambiente online. Atualmente,
esses assuntos são recorrente em produções adolescentes, tais como Pretty Little
Liars e Glee, e têm ganhado atenção especial também no plano real, sobretudo nas
redes sociais e aplicativos de smartphones.
A trama de Blair – que foi ao ar entre os anos de 2007 e 2012 –, guardadas
as proporções entre o ficcional e o real, apresenta uma série de diferenças entre a
atualidade. Há quase dez anos, ia ao ar na televisão americana o episódio piloto de
Gossip Girl. Em um contexto em que as inovações se tornam a cada dia mais
constantes e também obsoletas, o comportamento da sociedade também sofre
alterações, ganhando novas roupagens. Portanto, pode-se dizer que, no que tange a
questão do anonimato na internet, diversos aspectos distanciam o enredo de Gossip
Girl ao presente.
Em primeiro lugar, destaca-se o fato de que a internet no início da série
(2007) não era tão amplamente difundida como é nos dias de hoje.
58
aplicativos que fariam o mesmo papel da Garota do Blog: falar do outro sem se
expor.
Esses aplicativos têm ganhado destaque na sociedade, na medida em que
normalmente são utilizados para difamar as pessoas de forma anônima. Exemplos
como o Lulu e o Secret foram banidos das lojas de apps justamente por conterem
declarações difamatórias sobre terceiros, os quais não possuíam controle sobre
aquilo que é postado (INSTITUTO COALIZA, 2014). Algumas postagens do Secret
traziam a foto de uma pessoa, junto a um comentário vexatório. São atitudes
semelhantes às existentes em Gossip Girl, na qual a dona do blog publicava fotos de
suas vítimas acompanhadas de textos sobre assuntos que não deveriam ser
divulgados.
A questão entre anonimato e celebrização na internet, já pincelada na série,
se tornou mais tênue e complexa, devido ao avanço tecnológico e à consequente
mudança comportamental das pessoas, sobretudo dos jovens. Os aplicativos de
celular e as redes sociais mostram que, no ambiente online, o usuário pode ser
anônimo e também se expor. E tudo isso com apenas um clique – ou toque.
61
8 – SÉRIES FINALE
REFERÊNCIAS
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<http://www.intercom.org.br/papers/regionais/nordeste2012/resumos/R32-0590-1.pd
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ANEXO
MAKING OF
A. Tô na TV!
Fonte: https://baixelivrobrasil.files.wordpress.com/2010/04/21436066_4.jpg
B. Spoiler alert
Fonte: http://i56.photobucket.com/albums/g166/ChickWGuitar2003/Gossip%20Girl/101%20-
74
%20Pilot/28aqn37.jpg
Fonte: http://nyulocal.com/entertainment/2009/09/14/if-blair-waldorf-
actually-went-to-nyu-theres-no-way-shed-eat-at-downstein/
Fonte: http://s.wsj.net/public/resources/images/OB-QL993_dany_E_20111108135813.jpg
Dessa maneira, analisando a série em sua continuidade, considerando toda a
forma de estruturação desde o começo desta, é possível inferir que o fechamento da
produção não foi algo elaborado desde o piloto. A construção dos dilemas e conflitos
foi sendo algo elaborado pelos roteiristas a partir da percepção frente à audiência
que questionava a real identidade da Garota do Blog. Nota-se, dessa forma, como a
continuidade de uma história seriada torna-se frágil ao passar das temporadas, pois
se perde a linearidade e a verossimilhança com a história inicial, tornando-a repleta
de furos e descontinuidades que fazem com que o desfecho não se encaixe bem
com o começo.