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JOSIELE DA SILVA
Porto Alegre
2018
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JOSIELE DA SILVA
Porto Alegre
2018
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JOSIELE DA SILVA
BANCA EXAMINADORA:
______________________________________________
Prof. Me. Elson Sempé Pedroso – PUCRS
______________________________________________
Profa. Ma. Flavia Campos de Quadros – PUCRS
______________________________________________
Prof. Dr. Eduardo Campos Pellanda - PUCRS
Porto Alegre
2018
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AGRADECIMENTOS
Aos meus pais, Neli e Valdir, pelo apoio e amor incondicional desde que vim a este
mundo. Vocês são o meu alicerce e minha inspiração.
A Josimar, meu irmão, por todas as lembranças bonitas que temos da nossa infância.
A Lukas Simões Pires, por ter me ajudado a segurar a barra e me impedido de surtar
todas as vezes que achei que não seria capaz.
A Felipe Dalla Valle, pela ideia do assunto tratado nesta monografia e apoio durante
todo o processo de elaboração deste trabalho.
Às minhas queridas amigas e colegas, Diandra Almeida e Flávia Simões, por terem
sido, muitas vezes, minha motivação para seguir nesse curso louco que é o jornalismo.
Eu com certeza não teria sanidade mental suficiente pra seguir estes longos 4 anos e
meio sem a presença de vocês.
Ao Max e à Jheny, por me aturarem e me ajudarem nessa pequena empreitada,
corrigir essa monografia não teria me tirado tantos sorrisos se eu tivesse pedido ajuda
para qualquer outra pessoa que não vocês.
A Elson Sempé Pedroso, meu orientador, por ter embarcado junto comigo nessa ideia
e ter sido, além de orientador, um ombro amigo.
A todas as pessoas que eu amo. Esse trabalho tem um pouquinho de cada um de
vocês e muito de mim. Obrigada por entenderem minha ausência nos últimos meses.
5
“Fotografar é colocar na
mesma linha de mira, a
cabeça, o olho e o coração”
Henri Cartier-Bresson
6
RESUMO
ABSTRACT
Since its inception, the photography assigned to itself issues about preservation of the
memory. With the popularization of smartphones, along with the daily use of the
Internet, people have now access to photography all the time. This photographic
production and dissemination happens each day more massively. This scenario made
possible to photography a protagonism inside the Internet, where emerged countless
platforms exclusively created to the photographic field. This monography analyzes
what photojournalism has made from applications Snapchat and Instagram Stories,
known social networks which the main feature is the permanence of the images
published in the platform. This study looked for a comprehension about how these
applications affect photography and give new meanings to the photography making,
especially on issues related to memory and photographic preservation.
LISTA DE FIGURAS
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO .............................................................................................. 10
REFERÊNCIAS ................................................................................................ 65
10
1 INTRODUÇÃO
1
Utilizaremos ao longo dessa monografia no termo Redes de Imagens criado por Souza e Silva, onde redes de
imagem refere-se às redes sociais Snapchat e Instagram Stories (Wagner Souza e Silva, 2015).
11
2
Informação retirada de: <http://www.wplay.com.br/stories-do-instagram-o-que-sao-onde-vivem-o-que-
fazem-hoje-no-globo-reporter/>.
12
disso, podemos fazer o upload diretamente dos aparelhos através de uma rede Wi-Fi
ou da Internet. Um clique, um segundo. Sua foto está em qualquer lugar do mundo.
Nessa pesquisa vamos buscar identificar a aplicação da fotografia jornalística
dentro dessas Redes de Imagens. Além disso, buscamos também observar, apontar
e descrever as mudanças e as possíveis consequências que estas plataformas estão
trazendo para o fotojornalismo.
Pela proximidade da autora com o tema e a relevância da fotografia como
documento histórico, consideramos importante estudar e entender a necessidade de
tornar descartável algo que sempre teve como caráter o “eterno”.
As primeiras observações em volta do tema aqui proposto identificaram uma
separação nos usos da fotografia. A fotografia como registro pessoal tem sofrido mais
com a utilização dessas Redes de Imagens, já a fotografia jornalística tem aderido à
estas plataformas com outros usos.
Observamos aqui como o jornalismo utiliza e se beneficia dessas Redes
de Imagens. Para isso, foi promovido um estudo das possibilidades da imagem
jornalística na era da fotografia descartável, utilizando pesquisa bibliográfica para
sustentar a fundamentação do trabalho, análise de conteúdo a fim de entender,
descrever e interpretar o conteúdo estudado e pesquisa exploratória. Também foi
utilizado como suporte para observação final do objeto, técnicas de entrevistas não
padronizadas.
O presente trabalho estrutura-se em seis capítulos, sendo o primeiro a
introdução. No segundo capítulo falaremos sobre o surgimento da fotografia, desde a
utilização da câmara escura até o surgimento dos primeiros fotojornalistas, através de
um apanhado histórico dessas mudanças com enfoque na sua impermanência ao
longo dos anos, que serão divididos em três subcapítulos. No capítulo três será
destacada a chegada da fotografia de forma cotidiana na vida das pessoas, passando
pela criação de grandes marcas que consideramos fundamentais para a disseminação
da fotografia no mundo. No quarto capítulo será analisada a chegada do digital e da
Internet e as consequências que isto causou para a fotografia. No quinto e sexto
capítulo analisaremos a interação da fotografia com as plataformas de conteúdo
temporário, demonstrando como essas plataformas funcionam passando desde as
consequências no âmbito social da fotografia como no âmbito jornalístico, como essa
nova linguagem poderá afetar o mercado de trabalho e se essa inovação ajuda a abrir
13
parede de um quarto escuro, forma na parede oposta uma imagem invertida do que
está do lado de fora3.
Foi através dessa técnica que artistas como Leonardo Da Vinci simplificavam o
trabalho de copiar objetos e cenas. A câmara refletia em uma tela e o artista utilizava
essa projeção para "copiar" o que era projetado facilitando o trabalho dos artistas
daquela época. Essa foi uma das grandes utilidades da câmara escura: um apoio para
que artistas pudessem desenhar.
Podemos então dizer que a câmara escura foi o pontapé inicial para o
surgimento da fotografia. Para as necessidades daquela época, a câmara escura era
um objeto extremamente funcional, mas ainda possuía um defeito: as imagens eram
3
El principio de la cámara es conocido durante mucho tiempo: la luz que penetra por un agujero minúsculo,
desde la pared de una habitación oscura, forma sobre la pared opuesta una imagen invertida de lo que haya en
el exterior.
16
Sabemos até aqui que a câmara escura é basicamente a mãe da fotografia. Foi
através dela que as pesquisas em torno da fixação das imagens surgiram. Segundo
Newhall (2006) a fotografia nada mais é do que uma maneira de fixar as imagens da
câmara escura.
Após esgotar todas as possibilidades da câmara escura e todos os estudos
para aperfeiçoá-la, o homem já não se via satisfeito. Ter um objeto como guia já não
era mais suficiente. Pesquisadores e cientistas de várias partes do mundo, em
paralelo, buscavam uma forma de fixar as imagens obtidas através desse objeto.
Antes que os experimentos em volta da fixação das imagens da câmara escura
começassem, em 1727, o cientista Johann Heinrich Schulze descobriu uma das
reações químicas da luz: nitrato de prata. A descoberta foi feita quando Schulze
trabalhava com nitrato de prata e notou que as partículas de prata mudam de cor ao
entrar em contato com a luz do sol. Ele não imaginava, mas sua descoberta veio a
tornar-se o princípio básico da fotografia durante muitos anos.
Mais tarde, segundo Newhall (2006), Thomas Wedgwood, sabendo dos
experimentos de Schulze e tendo familiaridade com a câmara escura, tentou gravar a
imagem da câmara escura pela primeira vez. O processo foi descrito pelo seu amigo
e químico Humphry Davy no Journals of the Royal Institutio de 1802:
4
Informações disponível em
<http://repositorio.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/1264/8/CT_PPGFCET_M_Silva%2C%20Milene%20Dutra%20
da_2015_6.pdf>. Acesso em 26 mar. 2018.
17
5
El papel blanco, o el cuero blanco, humedecido con una solución de nitrato de plata, no experimenta cambio
alguno si se lo mantiene en un sitio oscuro, pero cuando es expuesto a la luz diurna, cambia rápidamente de
color, y tras pasar por diversas tonalidades de gris y de marrón se convierte, a la larga, casi en negro...
Cuando la sombra de alguna figura es proyectada sobre la superficie así preparada, la parte oculta permanece
blanca y las otras se convierten rápidamente en negras.
Para copiar cuadros sobre el vidrio, la solución debe ser aplicada sobre cuero, y en este caso reacciona más
rápidamente que cuando se utiliza papel.
6
Litografia é um termo de origem grega, formada por lithos (pedra) e graphein (escrever). É uma técnica de
impressão que utiliza uma pedra calcária de grão muito fino e baseia-se na repulsão entre a água e as
substâncias gordurosas.
18
Ele descrevia sua invenção como uma espécie de "olho artificial". As cartas que
trocava com seu irmão nos deixaram um registro rico de informações do que acontecia
naquela época em volta de seus experimentos. Em 15 de maio de 1816 escreveu:
7
Cuando se inició la litografía en Francia, en 1815, Niepce propuso que las pesadas y molestas piedras
Solenhofen utilizadas por su inventor Aloys Senefelder fueran reemplazadas por placas de metal. Para sus
experimentos necesitaba dibujos, pero como tenía poca habilidad artística concibió la idea de hacerlos
mediante la luz.
8
Coloqué el aparato en la habitación donde trabajo, frente a la jaula de los pájaros y a la ventana abierta. Hice
el experimento de acuerdo al proceso que conoces, querido amigo, y vi en el papel blanco toda la parte de la
jaula que puede ser vista desde la ventana y una débil imagen de los marcos de la ventana, los que estaban
menos iluminados que los objetos exteriores...
Este es sólo un intento muy imperfecto... La posibilidad de pintar de esta manera me parece casi demostrada...
Lo que tú habías previsto ha ocurrido. El fondo del cuadro es negro y los objetos blancos, es decir, más
iluminados que el fondo.
19
mesma base. Em uma nova descoberta o que conhecemos como fotografia hoje
começou a tomar forma.
Após aprimorar sua técnica, no ano de 1826, Niepce registra o que vem a ser
a primeira fotografia da história: uma imagem da visão da janela de sua casa na aldeia
de Sanit-Loup de Varenne, próximo à Chalon sur-Saône. O registro feio por Niepce
existe até hoje. É chamada de “View from the Window at Le Gras10”, possui 25 cm de
largura e pode ser visitada na Universidade do Texas, em Austin, nos Estados
Unidos11.
Fonte: Wikipedia/Reprodução
Apesar de hoje considerarmos esse registro como uma fotografia, Niepce deu
o nome à técnica de heliografia. A heliografia nada mais é do que um processo
9
Es la más importante de las contribuciones hechas por Niepce, porque suponía un principio que se hizo básico
para las técnicas futuras: el distinto grado de endurecimiento que provoca la luz sobre una base, la cual
controlará el grabado como contrapartida exacta de la imagen.
10
Tradução: Vista da Janela em Le Gras, de Niepce.
11
Disponível em: <http://redeglobo.globo.com/globouniversidade/noticia/2013/12/de-niepce-leibovitz-
grandes-fotografos-se-destacaram-na-historia.html>. Acesso em 04 jun. 2018
20
Eu tive entrevistas frequentes e demoradas com Daguerre. Ele veio nos ver
ontem. O encontro durou três horas... e a conversa sobre o assunto que nos
interessa é realmente interminável... Nada do que vi aqui me impressionaria
tanto ou me daria tanto prazer com o Diorama. Nela fomos guiados por
Daguerre, e pudemos contemplar, com toda a comodidade, os magníficos
quadros ali exibidos... Não há nada superior às duas paisagens pintadas por
Daguerre: uma de Edimburgo, à luz da lua, durante um incêndio; o outro é
uma aldeia suíça, onde você vê por uma rua muito larga, de frente para uma
montanha de enorme altura, coberta pela neve eterna. Essas representações
são tão reais, até mesmo os menores detalhes, que a pessoa fica tentada a
sair da cadeira, caminhar ao ar livre e subir ao topo da montanha. Garanto-
lhe que não há exagero da minha parte, porque os objetos são, ou parecem
ser, em tamanho natural12 (Victor Fouque, La Verité sur l'invention de la
photographie: Nicéphore Niepce: Sa vie, ses essais, ses travaux, Libraire des
12
He tenido frecuentes y prolongadas entrevistas con Daguerre. Vino a vernos ayer. La reunión se prolongó
tres horas... y la conversación sobre el tema que nos interesa es realmente interminable... Nada he visto aquí
que me impresionara tanto ni me diera tanto placer com el Diorama. Fuimos guiados en ello por Daguerre, y
pudimos contemplar, con toda comodidad, los magníficos tableaux allí expuestos... Nada hay superior a los dos
paisajes pintados por Daguerre: uno de Edimburgo, a la luz de la luna, durante un incendio; el otro es una aldea
suiza, donde se ve hacia abajo una calle muy ancha, frente a una montaña de enorme altura, cubierta por una
nieve eterna. Estas representaciones son tan reales, hasta el ínfimo detalle, que uno se siente tentado a dejar
la butaca, pasearse al aire libre y subir a la cima de la montaña. Te aseguro que no hay la menor exageración de
mi parte, porque los objetos son, o parecen ser, de tamaño natural.
21
13
El daguerrotipo fue realizado en una hoja de cobra, recubierta de plata, con un tamaño de 6,5 por 8,5
pulgadas (...) Pulía el lado plateado de la placa, hasta que quedara brillante como un espejo y químicamente
limpia. La sensibilizaba al colocarla invertida sobre una caja que contenía partículas de yodo, cuyos gases se
combinaban con la plata, formando en la superficie un yoduro de plata, que es sensible a la luz. Luego colocaba
la placa en una cámara. la luz que formaba la imagen óptica reducía el yoduro de plata, reconvirtuéndolo en
plata, según la intensidad de esa luz. Más tarde Daguerre colocaba la placa expuesta, en la que no había
imagen visible, sobre una caja que contenía mercurio calentado; sus gases formaban una amalgama con la
22
Figura 3 - Daguerreótipo
plata antes reducida y la imagen se hacía visible. La placa era después bañada en una solución concentrada de
sal común (cloruro de sodio), lo que provocaba que el yoduro de plata, en la parte no expuesta, fuera
relativamente insensible a una posterior acción de la luz. Finalmente, la placa era lavada en agua u se la dejaba
secar.
14
François Jean Dominique Arago foi um físico, astrônomo e político francês. Ocupou o cargo de primeiro-
ministro da França, de 10 de maio a 24 de junho de 1848.
23
15
Jean-Baptiste Biot e Alexander von Humboldt, homens de ciência bem conhecidos e membros da Academia
de Ciências.
16
La Gazette, originalmente Gazette de France, foi a primeira revista semanal publicada na França. Foi fundada
por Théophraste Renaudot e publicou sua primeira edição em 30 de maio de 1631.
17
Revista científica publicada pela Academia Francesa de Ciências.
18
Literary Gazette foi uma revista britânica estabelecida em Londres.
19
Colocado ante un dilema poco acostumbrado (de escasos paralelos en los anales de la ciencia).
20
Uma câmara lúcida ou câmera lúcida é um dispositivo óptico usado para auxiliar artistas durante o desenho.
A câmara lúcida executa uma sobreposição óptica do objeto a ser visto sobre uma superfície sobre a qual o
artista está desenhando. O artista vê tanto a cena quanto a superfície do desenho simultaneamente, como em
uma exposição fotográfica dupla. Isso permite que o artista duplique os pontos-chave da cena na superfície do
desenho, auxiliando assim na composição precisa da perspectiva. Às vezes, o artista pode até traçar os
contornos dos objetos.
24
Esse método era usar uma câmera escura e projetar a imagem dos objetos
em uma folha de papel colocada em seu foco: imagens mágicas, criações de
um momento, destinadas a desaparecer rapidamente. Foi durante essas
reflexões que surgiu a ideia: como seria bonito se fosse possível que essas
imagens naturais fossem impressas de maneira duradoura e
permanecessem fixas no papel21. (Williarn Henry Fox Talbot, The Pencil of
Nature, Longroan Brown, Green & Longmans, Londres, 1844-1846 apud
NEWHALL, Beaumont, 2006, p. 19, tradução nossa).
21
Este método era utilizar una camara obscura y proyectar la imagen de los objetos sobre una hoja de papel
colocada en su foco: imágenes mágicas, creaciones de un momento, destinadas a esfumarse rápidamente. Fue
durante estas reflexiones que se me ocurrió la idea: qué hermoso sería si se hiciera posible que tales imágenes
naturales fueran impresas en forma duradera y quedaran fijas sobre el papel.
22
Organização dedicada à educação e pesquisa científicas, sediada em Londres. Foi fundada em 1799 pelos
principais cientistas britânicos da época, incluindo Henry Cavendish e seu primeiro presidente, George Finch, o
9º Conde de Winchilsea, por difundir o conhecimento e facilitar a introdução geral de invenções e melhorias
mecânicas úteis; e para ensinar, por meio de cursos de palestras e experimentos filosóficos, a aplicação da
ciência aos propósitos comuns da vida.
23
Instituição britânica, fundada em 1660 com o objetivo da promoção do conhecimento científico.
25
está resolvido por enquanto24 (Cita del original, por gentileza del Science
Museurn de Londres apud NEWHALL, Beaumont, 2006, p. 20 e 21, tradução
nossa).
Fonte: Mediateca/Reprodução
24
29 de enero [1839]. Experimentos intentados durante los últimos días, tras haber oído hablar del secret de
Daguerre y que Fox Talbot ha obtenido también algo de la misma clase... Tres requisitos: 1) Papel muy sensible;
2) Cámara muy perfecta; 3) Medio de contrarrestar la acción ulterir. (...)
Probé hiposulfito de sodio para impedir la acción de la luz, lavando todo el cloruro de plata u otras sales de
plata. Funciona perfectamente. Papeles expuestos a la luz en una mitad y protegidos de ella en la otra mitad
por un cartón, cuando fueron retirados de la luz solar se lavaron con hiposulfito de sodio, luego con agua pura,
a continuación secados y expuestos nuevamente. La mitad oscura quedó oscura, la mitad blanca, quedó blanca,
tras cualquier exposición, como si hubieran sido pintados en sepia... Así el problema de Daguerre queda
solucionado por ahora.
26
25
François Jean Dominique Arago foi um físico, astrônomo e político francês. Ocupou o cargo de primeiro-
ministro da França, de 10 de maio a 24 de junho de 1848.
26
El Daguerrotipo. Ningún aparato queda garantizado a menos que posea la firma de Daguerre y el sello de
Giroux.
27
Fonte: PetaPixel/Reprodução
28
27
Disponível em: <https://retratistadecolodio.wordpress.com/sobre-a-fotografia-de-colodio-3/>. Acesso em:
15 jun. 2018.
28
La mecanización de la reproducción, el invento de la placa seca al gelatino - bromuro que permite el uso de
placas preparadas de antemano (1871), el perfeccionamiento de los objetivos (los primeros anastigmáticos se
costruyen en 1884), la película en rollos (1884), el perfeccionamiento de la transmisión de una imagen por
telegrafía (1872) y más tarde opr belinografía, abrieron el camino a la fotografía de prensa.
29
Em 1861, com o início da Guerra Civil Americana, Brady decide sair de sua
zona de conforto e fotografar pelas ruas. Brady entendia a importância que a fotografia
30
tinha perante a sociedade. No ano seguinte exibiu na sua galeria em Nova York
imagens de cadáveres após a Batalha de Antietam fotografados por seus colegas
Alexander Gardner e James Gibson. Era notável como Brady entendia o impacto que
aquelas imagens produziam nas pessoas.
Fonte: Wikipedia/Reprodução
Fonte: V&A/Reprodução
Foi então que, após algumas décadas de estagnação, a fotografia enfim ganha
uma grande aliada no que diz respeito a sua disseminação no mundo. Surge, então,
a Kodak29.
3.1 KODAK
29
Segundo o próprio site da empresa, George Eastman, fundador da Kodak, costumava dizer que o nome da
empresa surgiu de uma combinação aleatória com palavras começando e terminando com a letra K. Ele
considerou a palavra inventada ideal para sempre ser pronunciada corretamente em qualquer parte do mundo
e completamente ''inédita'' no mercado.
33
3.2 LEICA
30
Disponível em: <http://www.camerasantigas.com.br/grandes_cameras_grandes_historias.htm>. Acesso em
13 jun. 2018
31
Termo utilizado por Henti Cartier-Bresson em sua biografia "The Mind's Eye".
32
O nome deve-se a combinação de Leitz + Camera.
34
Figura 10 – Leica I
Fonte: Wikipedia/Reprodução
Fonte: B9/Reprodução
3.3 POLAROID
33
Disponível em https://istoe.com.br/1047_O+FIM+DA+POLAROID/
37
4 A ERA DIGITAL
Ao longo desse estudo podemos notar que a fotografia está atrelada aos
avanços tecnológicos, principalmente o fotojornalismo. A fotografia como documento
histórico nasceu ao nos darmos conta de que havia naquele invento um potencial além
das artes. O fotojornalismo, no entanto, nasceu das explosões tecnológicas que
surgiram a partir disso, possibilitando um novo fazer fotográfico que fosse capaz de
assimilar o aqui e o agora. Com o notar do potencial da fotografia para além do campo
artístico, o homem notou que aquele invento precisava de “melhorias” para então
servir como documentação dos fatos. Era preciso, além do saber, comprovar. A
fotografia por muito tempo foi uma espécie de comprovação quase que inquestionável
do real. Foi assim que ganhou espaço dentro do jornalismo.
De acordo com Daniel Rodrigo Meirinho de Souza (2010) “a imagem, desde a
sua criação e durante muitos anos, não só foi a essência da representação do real,
mas também a própria realidade” (SOUZA, 2010, p. 2). Ainda segundo Souza (2010),
a fotografia deixa de ser "uma mera ilustração" a partir do momento que esta
desempenha um papel noticioso e passa a "assumir uma função complementar de
veracidade do texto escrito" (SOUZA, 2010, p. 4).
Depois de anos, teria então a possibilidade da fotografia perder seu caráter
documental por conta de um novo processo de produção? Esse questionamento foi
levantado com a chegada do digital e as inúmeras possibilidades que este permitia na
manipulação de imagens, embora, é claro, no tempo do analógico tais façanhas já
fossem possíveis.
pelo The Guardian34 (2015), o renomado fotógrafo de guerra Don McCullin afirmou
que a fotografia digital seria "uma experiência totalmente falsa", reafirmando a aura
de instabilidade que a fotografia vem sofrendo nos últimos anos referente à sua
veracidade em registrar e documentar os acontecimentos.
De acordo com o jornal britânico, McCullin deu este pronunciamento durante a
feira de arte Photo London. Para McCullin, as câmeras digitais "sequestraram" o
mundo da fotografia. "[...] a fotografia digital pode ser um tipo totalmente falso de
experiência [...] você pode mover qualquer coisa que quiser nela. A coisa toda não
pode ser confiada de verdade”, disse o fotógrafo em seu pronunciamento.
Para Fernando Bohrer Schmitt (1999), a chegada do digital significa uma
reinvenção da fotografia, onde, segundo ele, "introduz características específicas -
diferentes daquelas da fotografia convencional - e novos usos sociais".
É inegável o fato de que o digital trouxe para a fotografia um dinamismo que o
analógico ainda não possuía, mas não podemos atribuir a este fato um sentimento
negativo. Já no início da fotografia jornalística, essa foi capaz de causar impacto e
mostrar para o mundo coisas que antes somente eram ditas. A fotografia chocou
quando deu forma e rosto para acontecimentos históricos, principalmente as guerras.
O digital apenas multiplicou a disseminação dessas imagens.
Para Jesualdo de Almeida Castro (2007, p. 3 e 4), "imagens fortes como a fome
e as devastações causadas pelos conflitos étnicos na África reforçam o poder que tem
a imagem de mexer com o inconsciente das pessoas".
A chegada da fotografia digital e os avanços desenfreados da informática
tornam as imagens cada vez mais acessíveis, assim como o consumo de fotografias
também aumentou.
34
The Guardian é um jornal diário nacional britânico, conhecido até 1959 como Manchester Guardian. Junto
com seus jornais irmãos, The Guardian Weekly e The Observer, o Guardian faz parte do Guardian Media Group,
propriedade do The Scott Trust Limited.
40
35
O termo refere-se à utilização da memória e da capacidade de armazenamento e cálculo de computadores e
servidores compartilhados e interligados por meio da Internet.
36
Termo utilizado para designar o jornalismo na internet.
41
5 FOTOGRAFIA E MEMÓRIA
A interação com o público, aos poucos, ganhou espaço dentro das redes
sociais37. Sites como Twitter e Facebook passaram a fazer parte das redações
jornalísticas. Com os avanços tecnológicos e a vida cada vez mais agitada, o uso de
smartphones cresceu. Segundos dados retirados da nona edição da pesquisa TIC
Domicílios38 de 2013, 31% da população brasileira já utilizava a Internet por meio de
smartphones. Ainda, segundo a pesquisa, em 2013, 30% dos usuários de telefone
celular utilizavam o aparelho para acessar redes sociais.
37
Redes sociais, no mundo virtual, são sites e aplicativos que operam em níveis diversos — como profissional,
de relacionamento, dentre outros — mas sempre permitindo o compartilhamento de informações entre
pessoas e/ou empresas.
38
Disponível em: http://cetic.br/publicacao/pesquisa-sobre-o-uso-das-tecnologias-de-informacao-e-
comunicacao-no-brasil-tic-domicilios-e-empresas-2013/
39
Disponível em: <http://cetic.br/media/docs/publicacoes/2/TIC_DOM_2016_LivroEletronico.pdf>.
42
consumo dessas imagens. As fotografias passam a ter um novo status onde elas
“passam a ser mais um elemento de comunicação na web e menos um instrumento
de resgate de memória” (OLIVEIRA; ABREU; CAPANEMA; GAION, 2016, p. 3).
Para André Lemos (2004) esses novos moldes da sociedade fazem com que
“não seja mais o usuário que se desloca até a rede, mas a rede que passa a envolver
os usuários e os objetos numa conexão generalizada” (LEMOS, 2004, p. 1). A era da
conexão está intrinsecamente ligada à era da mobilidade.
O que difere inicialmente as Redes de Imagem de outras redes sociais é a
disponibilidade apenas para smartphones. Não que estes não possam ser acessado
de outra maneira, mas sua tecnologia mediadora é inerente a estes aparelhos móveis.
Figura 16 – Smartphone
Fonte: Pixabay/Reprodução
As novas formas de conexão móvel e ubíqua traz consigo, além de uma nova
forma de comunicação que se desenvolve com características próprias e
cada vez mais específicas – como a redefinição dos aparelhos com acesso a
essas redes em dispositivos de mídia locativa desafios novos para o
jornalismo, que busca se adaptar às novas tecnologias e formas de produção,
consumo e circulação de informações (SILVA, 2007; BRIGGS, 2009 apud
ARAGÃO, 2012, p.1).
a fotografia reassuma "com mais força o seu papel de meio de comunicação próprio,
sem necessariamente estabelecer uma combinação com outras modalidades de
discurso” (SILVA JR, 2012, p. 8 apud ARAGÃO, 2012, p. 9).
Chegamos ao momento em que o fotojornalismo encontra força dentro de uma
plataforma onde ele é o protagonista, não servindo apenas como um apoio para o
texto e sim ao contrário.
.
Esse tipo de "produção" fotográfica abre questionamentos referentes ao papel
que a fotografia tem dentro da nossa sociedade, onde a fotografia "desempenhou por
muito tempo [...] a função de “evocar” a memória, tornando-se um meio de acesso
46
Embora inicialmente esse tipo de plataforma tenha sido utilizado como forma
de compartilhamento de imagens pessoais. Ainda utilizando o exemplo do pioneiro
Snapchat, aos poucos, segundo Eduardo Leite Vasconcelos (2016-17), "a plataforma
foi incorporando outros tipos de conteúdo, como a aba Discover, em que o usuário do
Snapchat tem acesso a conteúdos editoriais de alguns veículos de comunicação
mundialmente conhecidos [...] o que aproximou o conteúdo jornalístico ao aplicativo".
No Instagram, existe atualmente a função intitulada como "Seu story", onde o
conteúdo publicado fica disponível no seu perfil por 24h. A utilização dessa função
dentro do jornalismo caracteriza-se pela publicação "de imagens do cotidiano dos
usuários, para informar, uma das funções básicas do jornalismo (SCHUDSON, 2008
apud VASCONCELOS, 2016-7).
Quando falamos de jornalismo, é possível traçarmos uma ligação entre a
utilização dessas plataformas efêmeras visto que, de acordo com Robert Park (apud
VASCONCELOS, 2016-7), "a notícia [...] diz respeito apenas ao tempo presente e,
depois de assimilada pelo público, o que era notícia deixa de sê-lo para se tornar
história". Tornando possível atribuirmos às características essências do jornalismo a
efemeridade. Mas e a fotografia? A fotografia jornalística é capaz de encaixar-se
dentro desse quadrante?
Com a chegada dos smartphones houve uma mudança no consumo de
conteúdo. Antes era necessário a utilização de um “desktop (computador de mesa),
equipamento relativamente grande, estático e restrito a conexões locais, muitas vezes
com cabos vinculados a telefones fixos” (MENEZES; SILVA; COSTA, 2016, p.1), logo
após, com a chegada dos computadores móveis (notebooks), o jornalismo ganhou um
grande facilitador pela possibilidade de deslocamento desses aparelhos. "O
jornalismo se apoderou das mais diversas tecnologias para atingir um elevado nível
de rapidez e eficiência" (RESENDE, 2008, p. 25).
49
Fonte: BlogbringIT/Reprodução
Hoje, porém, é possível realizar qualquer tarefa por meio dos smartphones. A
chegada desses aparelhos móveis com a possibilidade de conexão em qualquer lugar
sem o uso de cabos mantém o consumidor disponível na rede 24h por dia. “O celular
proporcionou aos usuários uma experiência atomizada de fruição de consumo, além
de um estado de conexão quase permanente” (MENEZES; SILVA; COSTA, 2016,
p.1).
A utilização do jornalismo dentro das redes sociais acontece com a intenção de
ser um canal de divulgação das notícias que estão sendo veiculadas em seus portais.
O jornalismo procurou aproveitar a Internet para chegar mais longe, ficar cada
vez mais íntimo dos consumidores ou mesmo para atrair novos públicos até
então desligados do mundo das notícias. Por isso, ao aparecimento de cada
nova aplicação de sucesso corresponde uma por tentativa de apropriação por
parte dos media: aconteceu com os blogues, os microblogues, como o Twitter
e, mais recentemente, com as redes sociais. (FERREIRA, Rui Fernando da
Rocha, 2012, p. 21-2).
O que fazemos dentro das redes sociais não é jornalismo propriamente dito e
sim uma forma de disseminar as notícias a fim de atingir um número maior de leitores.
As redes sociais chegaram e o jornalismo apropriou-se dessas plataformas com a
intenção de atingir um público maior e com maior velocidade.
40
Disponível em
https://reutersinstitute.politics.ox.ac.uk/sites/default/files/Digital%20News%20Report%202017%20web_0.pdf
. Acesso em 09 jun. 2018.
51
Além disso, um outro estudo realizado pelo Centro de Estudos sobre Meios e
Sociedade (Meso)41, na Argentina, e publicado na revista Anfibia, mostra que o
consumo de notícias pelos jovens dá-se de maneira incidental através das redes
sociais.
41
Disponível em < http://www.revistaanfibia.com/ensayo/medio-ya-no-mensaje/>. Acesso em 09 jun. 2018
52
Apesar disso, o jornalismo na web não sobrevive somente dos acasos. Palacios
(2003 apud MENEZES; SILVA; COSTA, 2016) aborda seis características que ele
afirma serem necessárias para o desenvolvimento do jornalismo na web:
multimedialidade, interatividade, hipertextualidade, personalização, atualização
contínua e memória. Nessa pesquisa, vamos abordar apenas a atualização contínua
e memória.
Seguindo esses conceitos estabelecidos por Palacios, vivenciamos atualmente
uma geração que prima pelo imediatismo. "Os acontecimentos devem ser noticiados
em tempo real [...] A atualização contínua dos portais favorece o acompanhamento
quase ao vivo das notícias mais relevantes do momento (MENEZES; SILVA; COSTA,
2016, p.4).
Ainda sobre a perspectiva de Palacios (2003 apud MENEZES; SILVA; COSTA,
2016, p.4), a questão da memória dentro da web dá-se pela possibilidade de
armazenamento massivo e disponibilidade infinita desses conteúdos.
Fonte: Reprodução
53
6.1 INSTAGRAM
Embora tenha sido atribuído à fotografia um teor documental, para Groth (2011,
p. 254 apud VASCONCELOS, 2016-7, p. 95), o jornalismo não é um produto
historiográfico. "O jornal nunca pode ter a pretensão de escrever ele próprio a história.
Ele só é cogitado para isto quando não é mais jornal” (GROTH, 2011, p. 254 apud
VASCONSELOS, 2016-7, p. 95). A fotografia jornalística enquadra-se assim também.
O que acontece dentro dessas plataformas é a noção de impossibilidade de tornar,
futuramente, esses conteúdos documentais. A possibilidade praticamente infinita de
armazenamento dentro da rede não foi capaz de mudar nossa forma de consumir
jornalismo.
De acordo com Lipovestky (2009), o homem, como sociedade, não está mais
ligado às coisas "muda-se facilmente de casa, de carro, de mobiliário [...] à medida
que o efêmero invade o cotidiano, as novidades são cada vez mais rapidamente e
cada vez mais bem aceitas” (LIPOVETSKY, 2009, p. 176). Isso, segundo
Vasconcelos, é capaz de explicar como aplicativos como o Snapchat atingiram
rapidamente altos índices de consumo e adentraram o fazer jornalismo. Além do mais,
é possível atrelarmos seu sucesso ao que Bauman (2000) já havia denominado de
modernidade líquida. “Vivemos em tempos líquidos. Nada foi feito para durar”. O termo
refere-se, principalmente, a fluidez com que as coisas acontecem e se modificam.
Para Vasconcelos, o uso desses aplicativos onde suas principais características são
o instantâneo e o impermanente "remete diretamente a algumas características da
sociedade contemporânea, como a busca incessante pela novidade e pela grande
volatilidade dessas novidades, que se tornam obsoletas cada vez mais rapidamente",
atribuindo valor somente no momento em que as coisas acontecem ou a consumimos
(VASCONCELOS, 2016-7, p.97).
55
onde estes sejam veiculados, mas, de acordo com o fotojornalista Bruno Alencastro42
(2018), sempre haverá uma parcela que se tornará um registro histórico.
42
Bruno Alencastro é jornalista, fotografo e professor de fotografia. Atualmente ministra um curso voltado
para a produção de conteúdo para o Instagram Stories.
57
Óbvio que tu tem que cuidar audiência, óbvio que tu tem que fazer o cara ir
pro teu jornal, ir no "ver mais", entrar lá na matéria, mas as vezes eu acho
que se perde a oportunidade de usar aquele espaço como um lugar de
fidelizar o cara, de oferecer um outro conteúdo que não necessariamente
fazer o sujeito ir lá e medir que x pessoas entraram lá (ALENCASTRO, 2018).
Esse uso desacreditado das funções que o Instagram nos oferece acaba por
gerar uma falta de identidade perante os conteúdos produzidos nele. Esse mau uso
dessa ferramenta acaba por desperdiçar um local importante onde o fotojornalismo
poderia ter um protagonismo ainda maior. “Eu vejo que alguns jornais de fora usam o
espaço para valorizar a boa fotografia. Acho que aqui não” (ALENCASTRO, 2018).
volatização da fotografia no meio jornalístico não acontece apenas pelo fato dos
jornais encaram essas novas ferramentas de maneira comercial, com uma
preocupação (consciente) com a preservação dessas imagens, mas sim pelo
compromisso de entregar para o consumidor final um produto de qualidade, onde a
intenção é gerar lucro a partir daquele conteúdo. "Eles (empresas) olham para essas
ferramentas como algo potencial de audiência e de vender assinaturas e não de usar
o propósito que seria de uma coisa instantânea e rápida" (Alencastro, 2018).
Como já visto anteriormente, a efemeridade já fazia parte do "fazer jornalismo”
muito antes dessas plataformas serem criadas, no qual, segundo Robert Park (apud
Vasconcelos), a notícia só possui valor no momento em que ela acontece e é
divulgada. Posteriormente esse conteúdo não possui mais relevância jornalística e
passa a ser história. Fernanda Pugliero43 (2018), editora de multimídia do Correio do
Povo, acredita que os stories reafirmam essa lógica. "Creio que o stories se trate de
uma ferramenta na qual são mais exploradas as hard news, ou seja, a efemeridade é
componente positivo e não negativo, nesse caso".
Apesar disso, Alencastro (2018) acredita que o mercado se apropriou dessas
ferramentas dando-lhes novos usos que não aqueles propostos por essas
plataformas. “Quem trabalha com assessoria, quem trabalha com marca, trabalha com
imagem e tal ou empresas [...] fazem fotos com câmeras, fazem vídeos editados no
Premiere pra só depois jogar ele pra dentro da plataforma”. Isso porque “pro meio
profissional ainda impera a lógica do qualitativo" (ALENCASTRO, 2018).
O conteúdo veiculado no Instagram Stories das empresas jornalísticas não
costuma ser produzido pelas ferramentas que o próprio aplicativo e os smartphones
oferecem. No caso das fotografias, o click não vem a partir dos celulares e sim de
câmeras profissionais e passam pela pós-produção para só depois serem veiculadas
nos Stories.
Fotografia pra mim é com muita qualidade. Dificilmente eu posto alguma foto
no stories que não seja feita com câmera. Tanto é que eu não sei se algum
dia eu usei a própria câmera do stories para capturar uma imagem. Eu
sempre puxo ela de fora, ou seja, ela sempre é feita com a câmera, passa
por um processo de edição e só depois vai pro stories (ALENCASTRO, 2018).
43
Fernanda Pugliero é jornalista e editora da área de Multimídia do jornal Correio do Povo.
59
Com todo o avanço que teve, de uma certa forma isso é um retrocesso de
preservar. Antes o risco era um incêndio [...] mas salvo isso, não tinha como.
Agora hoje em dia é um problema isso, de memória [...] É todo um
desenvolvimento técnico e de suporte e de qualidade, mas ao mesmo tempo,
o inverso disso é que, o risco de perda é muito maior do que antes. Se ganha
por um lado, e se perde pelo outro (ALENCASTRO, 2018).
Apesar disso, Alencastro também acredita que não existe uma real
possibilidade de, futuramente, nos encontrarmos em um “limbo” sem fotografias. Não
há, segundo Alencastro (2018), a possibilidade de posteriormente não termos
preservados registros importantes para a história da humanidade.
Eu acho que não [...] "nossa, ninguém tem uma única foto da posse do
Obama", não, mas eu acho que essas perdas de fotografias sociais, essas
coisas, para pessoas que não tem a cabeça de organizar e de querer
preservar, mas tem bastante gente se dando conta disso já (ALENCASTRO,
2018).
61
Eu acho que tem duas frentes: tem uma do uso social da fotografia que visa
aí usando o stories que sim, que pouco estão se importando pro estético, mas
ao mesmo tempo, por exemplo, de quem faz o meu curso, que trabalha com
assessoria, que trabalha com marca, trabalha com imagem e tal ou empresas
não vão por essa lógica, fazem exatamente o contrário. Fazem fotos com
câmeras, fazem vídeos editados no premiere para só depois jogar ele para
dentro da plataforma” (ALENCASTRO, 2018).
Além disso, indo na contramão de tudo o que a função stories se propôs a fazer
até agora, recentemente o Instagram abriu a possibilidade dos stories serem fixados
ao perfil de forma permanente (ou até quando o usuário determinar). A nova função
ganhou o nome de Highlights (Destaques). Essa nova funcionalidade permite que as
histórias, que possuem duração de 24h, possam permanecer no perfil em um espaço
entre a biografia e o feed. O conteúdo é exibido no Stories normalmente e ao mesmo
tempo fixado nos Destaques, para que possa ser visualizado novamente.
Essa nova funcionalidade também permite que o Instagram Stories arquive as
histórias. Esse arquivamento funciona de modo automático (mas pode ser desativado)
e permite que os usuários possam no futuro resgatar essas publicações, seja para
62
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Quando falamos de fotografia, uma das primeiras coisas que nos vem à cabeça
é a palavra recordação. Os imensos avanços tecnológicos proporcionaram à
população o fácil acesso às câmeras fotográficas, seja através das câmeras
compactas e até mesmo diretamente dos aparelhos telefônicos. A chegada da Internet
trouxe a ideia de que tudo ali produzido é eterno, considerado um grande aliado no
que diz respeito à memória.
Com esses avanços, a fotografia passa a fazer parte do cotidiano das pessoas,
no qual há uma mudança significativa no modo do consumo fotográfico ao longo dos
anos. A facilidade de produção, reprodução e compartilhamento de imagens atribui à
fotografia novas características, no qual as imagens aderem aos seus usos a noção
de instantaneidade.
À medida que a retrospectiva em torno da história da fotografia foi avançando,
foi possível identificar as mudanças que a técnica fotográfica passou desde às
primeiras utilizações da câmara escura com a intenção de fixar imagens. A
humanidade buscou nos princípios da câmara escura maneiras de eternizar recortes
do que se via, mas, com os progressos que a fotografia teve ao longo dos anos, é
possível notar que esta deixa de ser um objeto e passa a viver no mundo digital.
Ao longo dessa pesquisa foi possível notar os inúmeros meios onde a fotografia
pode atuar. Além disso, também buscamos identificar a trajetória fotográfica até a
chegada do digital e das então chamadas Redes de Imagens, onde a fotografia ganha
um local no qual passa a ser protagonista e não mais coadjuvante do texto. As
observações feitas ao decorrer desta monografia quebram a concepção de fotografia
eterna ao nos darmos conta de que o conteúdo produzido dentro dessas plataformas
é ainda mais efêmero do que em outras mídias.
Foi possível analisar os avanços e retrocessos que a fotografia sofreu em uma
sociedade que prima pelo efêmero. Por um lado, é possível observarmos a fotografia
no âmbito social sofrendo com uma desvalorização como documento histórico e
ferramenta da construção de uma memória familiar, visto que aplicativos voltados
exclusivamente para o uso de imagens priorizam publicações temporárias e de
conteúdos rasos, não priorizando pelo arquivamento dessas produções e sim pela sua
instantaneidade e impermanência, gerando uma quebra nos paradigmas da utilização
da fotografia como memória.
64
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