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PEQUENO CATECISMO 1.

2 Creio em Deus

As pessoas acreditam em si mesmas. Mas muitas acreditam também em algo que as ultrapassa. Acreditam em Deus.
Um catecismo deve apresentar, com fidelidade e de modo orgânico, os ensinamentos da Sagrada Escritura, da Esperam d'Ele uma resposta que ultrapassa toda a capacidade de conhecimento. Porque estou na terra? Porque temos de
Tradição viva da Igreja e do Magistério autêntico, bem como a herança espiritual dos Padres, dos santos e santas da morrer? Donde procede a diversidade da vida? Existe uma causa última que dê sentido à vida e também ao sofrimento?
Igreja, para permitir conhecer melhor o mistério cristão e reavivar a fé do Povo de Deus. Deve ter em conta as
explicitações da doutrina que, no decurso dos tempos, o Espírito Santo sugeriu à Igreja. É também necessário que ajude a Em todas as épocas e em todos os povos, os homens procuraram e procuram Deus. Procuram-n'O para aprender d'Ele a
esclarecer, com a luz da fé, as novas situações e os problemas que no passado ainda não tinham surgido. compreenderem-se e a compreender o mundo. Todo o homem pode reconhecer a mão eficiente de Deus na maravilhosa
ordem da criação com toda a sua diversidade.
O Catecismo incluirá, portanto, coisas novas e velhas (cf. Mt 13,52) porque a fé, sendo sempre a mesma é,
simultaneamente, fonte de luzes sempre novas. As obras são o reflexo d'Aquele que as criou. Existe uma maneira mais directa de encontrar Deus e de estar seguro da
Sua existência. Testemunham-no os profetas da Primeira Aliança, enviados por Deus. Um mestre da Igreja primitiva
(Constituição Apostólica "Fidei Depositum") escreve: "Muitas vezes e de muitos modos falou Deus a nossos pais, nos tempos antigos, por meio dos profetas. Nestes
dias, que são os últimos, falou-nos por meio do Filho" (Hb 1,1).

Os cristãos confiam no testemunho da Bíblia. Acreditamos que Deus escolheu o pequeno povo de Israel, entre todos os
A CONFIANÇA DOS CRISTÃOS: povos da terra, para estabelecer com ele uma aliança. Através deste povo, todos os povos da terra aprenderão que Deus
existe e que Ele tem um plano para os homens. A história desta aliança divina com Israel encontra-se nos livros do
A PROFISSÃO DE FÉ APOSTÓLICA
Antigo Testamento.
1. Creio em Deus, Pai Todo-Poderoso
Através das histórias bíblicas que relatam os encontros com Deus, aprendemos a conhecer o Deus que se vai revelando.
Aprendemos quem é Deus e o que Ele quer do homem e para o homem.
"Ide por todo o mundo e proclamai o Evangelho a toda a criatura" (Mc 16,15). "Ide, pois, e ensinai todas as gentes,
baptizando-as em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo, ensinando-as a observar tudo o que vos mandei" (Mt
28,19-20). Eis a missão que Jesus confiou aos seus apóstolos. A mesma que os apóstolos transmitiram aos seus Moisés pastoreava o seu rebanho no deserto. Vê então uma sarça que ardia sem se consumir pelo fogo. Ouve uma voz
seguidores: a missão da Igreja, hoje. A Igreja testemunha e anuncia para que todos possam crer e esperar, viver e amar que lhe diz: "Eu sou o Deus de teu pai, o Deus de Abraão, o Deus de Isaac e o Deus de Jacob... Eu bem vi a opressão do
como Jesus acreditou e esperou, viveu e amou. Ela guarda a tradição sagrada e protege-a da falsificação e do erro. Meu povo que está no Egipto, e ouvi o seu clamor...; conheço, na verdade, os seus sofrimentos" (Ex 3,6-7).

A profissão de fé nasceu na Igreja como recapitulação válida da mensagem transmitida pelos apóstolos. Todos aqueles O Deus transcendente e Todo-Poderoso permanece próximo dos homens. Sofre com eles. Através de Moisés quer
que, por ocasião do seu Baptismo, são interrogados sobre a sua fé, confessam com as mesmas palavras a sua pertença a conduzi-los à liberdade. Moisés estremece, não quer aceitar essa missão. Pede que, do meio do fogo, lhe diga o Seu
nome. Deus diz-lhe: "Eu sou aquele que é". Não é um nome habitual. Deus está aí para o homem. Deus está aí! E isto é
Deus Pai, a Jesus Cristo, seu Filho e ao Espírito Santo.
válido para todos os homens e para todos os tempos.
A profissão de fé (Credo) de todos os cristãos começa pela palavra "Eu". Porque no seio da comunidade, cada pessoa tem
a sua própria história com Deus. Ninguém pode dizer "eu" pelo outro.
"E agora, eis o que diz o Senhor, o que te criou...
Nada temas, porque Eu te resgatei,
Quem diz "sim" a Deus deve saber a que se compromete. Por isso, é importante que cada cristão aprenda a conhecer e a e te chamei pelo teu nome; tu és Meu.
compreender o texto fundamental da sua fé. Se tiveres de atravessar as águas, estarei contigo,
e os rios não te submergirão.
Se caminhares pelo fogo, não te queimarás,
e as chamas não te consumirão.
1.1 Eu creio Porque Eu, o Senhor, sou o teu Deus;
Eu, o Santo de Israel, sou o teu Salvador."
Eu sou uma pessoa e nasci rapaz ou rapariga. Tenho um pai e uma mãe, irmãos, irmãs e familiares. Vivo em sociedade
com muitas pessoas, animais e plantas, e com tudo o que cresce na terra. ISAÍAS 43,1-3

Os homens podem ver e ouvir, aprender e reter, pensar e fazer projectos. Podem construir casas, domesticar animais,
curar doenças, transmitir a vida. Investigam o universo e são capazes de viajar até à lua, atravessar os mares e inventar
bombas que destroem a vida sobre a terra. São capazes de observar e estabelecer comparações. Job, um homem piedoso que confiou a sua vida a Deus, descobre-O de outra maneira: a desgraça cai sobre ele. Bandos
de ladrões roubam-lhe os seus rebanhos e matam os seus pastores. Os seus filhos, sete varões e três filhas, ficam
Os homens comunicam, aprendem uns com os outros, necessitam mutuamente uns dos outros. O que é difícil torna-se sepultados sob as ruínas da sua casa, que desabou sobre eles. Ele próprio contrai lepra: o seu corpo cobre-se de chagas.
fácil quando há alguém a quem posso dizer: conto contigo e sei que tens boas intenções para comigo. Escuto o que me Permanece sentado sobre um monte de cinzas e raspa-se com um caco de telha.
dizes: confio em ti. Tu ajudas-me sempre a levantar-me e dás-me esperança. Quero apoiar-me em ti. Acredito em ti.
Não é possível que Deus envie tantas desgraças ao piedoso Job! A mulher e os amigos tentam convencê-lo a separar-se
"Um amigo fiel é uma poderosa protecção: de Deus, visto que lhe paga tão mal o bem que Lhe faz. Mas Job está certo disto: se aceitamos de Deus o bem que Ele
quem o encontrou, descobriu um tesouro." nos envia, não devemos aceitar também o mal que Ele permite que nos aconteça?

ECLESIÁSTICO 6,14
Acreditar significa: Eles dizem: Deus não quer humilhar-nos. Deus não amedronta as pessoas. Ele ama-as e quer ser amado. Ele diz de Si
mesmo: "Como uma mãe consola o seu filho, assim Eu vos consolarei" (Is 66,13). E também: "Chamar-Me-ás 'Meu Pai'
 Confiar em Deus, saber que Ele é Deus para todos os homens e mulheres, que Ele os e não te afastarás de Mim" (Jr 3,19). Um justo que conhece bem a Deus, diz: "Tal como um pai se compadece de seus
conhece e os ama. filhos, assim o Senhor Se compadece dos que O temem" (Sl 103,13).
 Estar certo de que Deus é Deus para mim, me conhece e me ama.
 Amar a Deus com todo o meu coração, com todas as minhas forças e com todas as Que Deus nos pareça, por vezes, afastado, estranho e inacessível, faz parte do mistério do Seu amor. É também uma
minhas capacidades. forma de nos fazer ver que os Seus pensamentos e os Seus caminhos não são os nossos (cf. Is 55,8).
 Dizer sim a Deus, escutar a Sua palavra, fazer a Sua vontade.
Quando os poderes do mal prevalecem, Deus pode parecer-nos, por vezes, impotente. E, no entanto, quando sentimos
faltar-nos as forças, ainda é válida a palavra que o enviado de Deus dirigiu a Abraão que duvidava - sendo ancião de
noventa anos de idade - que fosse possível nascer-lhe um filho: "A Deus nada é impossível". É a mesma palavra que o
anjo diz a Maria na Anunciação.
Numa cidade em ruínas, foi encontrada, na parede dum refúgio, a profissão de fé
dum perseguido: Aos que estão cansados de tanto trabalho, Deus sai ao seu encontro tomando-os nos Seus braços. Procura os que estão
sós e senta-Se a seu lado, como uma mãe. Enxuga as lágrimas dos que já perderam a esperança. Tranquiliza os que têm
dúvidas. O Seu sorriso anima os desencorajados. Nada nem ninguém é capaz de resistir a Deus. O Seu braço nunca é
Creio no sol, demasiado curto para ajudar. É isto principalmente o que queremos dizer quando afirmamos: Deus é todo-poderoso.
mesmo quando este não brilha.
Todo-poderoso para ajudar, para perdoar e para fazer o bem. Todo o mal é estranho à Sua natureza.
Creio no amor,
mesmo que não o sinta.
Creio em Deus,
mesmo quando Ele Se cala. O amor de Deus é como uma mão
à qual nos podemos agarrar,
como um luz que brilha na noite
e nos indica o caminho.

Conhecimento de Deus: "As faculdades do homem tornam-no capaz de conhecer a existência de um Deus pessoal. Mas
para que o homem possa entrar na Sua intimidade, Deus quis revelar-Se ao homem e conceder-lhe a graça de poder
acolher essa revelação na fé. Contudo, as provações sobre a existência de Deus podem dispor à fé e ajudar a ver que a
fé não se opõe à razão humana" (Catecismo da Igreja Católica 35).

Bíblia significa "livro". Designa-se assim o livro que reúne os escritos que a Igreja reconhece como "Sagrada Escritura". 2. Creio em Deus, Criador do Céu e da Terra
A primeira parte, a mais extensa, o Antigo Testamento, contém os livros nos quais o povo de Israel testemunha as
grandes obras de Deus na sua própria história. Contém três partes distintas: A Lei (ou Pentateuco = os cinco livros de Os homens perguntam admirados: donde vem o mundo? Donde procede esta diversidade da vida? Quem decidiu sobre o
Moisés), os Livros Proféticos, e os "Escritos" (históricos, poéticos e sapienciais). Os escritos do Antigo Testamento curso dos astros que determinam o tempo do Verão e do Inverno, as sementeiras e as colheitas, o dia e a noite? Quem
foram redigidos durante o milénio que precedeu o nascimento de Jesus. A segunda parte da Bíblia, mais pequena, proporcionou a ordem às plantas e aos animais e concedeu a fertilidade à terra? Quem faz brotar a vida no seio das mães?
constitui o "Novo Testamento" (cf. 3.4). O que é que existiu no princípio e qual será o fim?

Aliança: a palavra significa o pacto que Deus fez com Noé, com Abraão, e com todo o povo no Monte Sinai. A aliança é Os homens que sofrem, queixam-se: Quem faz estremecer a terra e provoca as inundações? Quem retém as águas para
para Israel o penhor da eleição. "Eu serei o vosso Deus, e vós sereis o Meu povo". Os "Dez Mandamentos" constituem as secar a terra? Donde vem a desgraça, a doença, a morte? Donde vem o mal e quem lhe dá o poder de encher o coração
regras da aliança. Todos os anos, Israel celebra a festa da aliança. humano? Acabará o mal por vencer o bem? Será a morte mais forte que a vida?
Dado que o Deus fiel concluiu esta aliança, os homens podem confiar n'Ele. Mesmo no meio das maiores adversidades,
os homens piedosos não perdem a esperança. Aguardam uma nova aliança que Deus oferecerá ao seu povo. A Igreja Em todo o mundo se ouvem as mesmas interrogações que angustiam os homens. Os mais sábios de entre todos os povos
proclama Jesus como o Cristo, o Messias através do qual Deus realiza essa esperança. buscam uma resposta. Falam do mistério dos começos, das obras da divindade e da sua história com a humanidade: são
os relatos das origens.

Os sacerdotes de Israel, iluminados pelo Espírito de Deus, formulam a sua fé em Deus, "criador do céu e da terra". Esta
1.3 Creio em Deus, Pai Todo-Poderoso confissão de fé é tão importante que eles a situam no princípio da Bíblia.

Os que crêem falam com Deus. Procuram palavras que exprimam a grandeza de Deus e manifestem que Ele é diferente: Relatos das origens: fala-se, por vezes, do "relato da criação" no princípio da Bíblia correndo o risco de interpretar o
Tu és Santo, Tu és Glorioso, Tu és o Altíssimo. Prostram-se a Seus pés e adoram-n'O. capítulo inicial do primeiro livro bíblico como a descrição, mais ou menos exacta, dos acontecimentos relatados nesse
primeiro capítulo. Quando se diz, por exemplo, que Deus criou o mundo em seis "dias" (fala-se dos seis dias de
Muitos justos, dos quais fala o Antigo Testamento, acreditam que aquele que vir a Deus face a face morrerá "trabalho" divino), a palavra "dia" não significa as vinte e quatro horas do dia. A imagem pretende sublinhar que com a
necessariamente. Mas o Antigo Testamento conhece homens cujo maior desejo é contemplar o rosto de Deus. São criação de Deus, o tempo começa o seu percurso, e também que as diferentes criaturas ficam ligadas umas às outras. O
homens que tudo o que desejam é estar com Deus, porque acreditam, com fé, que o homem não pode ser feliz se não texto que a Bíblia nos transmite não nos diz como é que o universo começou, mas quem é que o fez. O povo de Israel
estiver junto de Deus. Acreditam que Deus castiga o pecado, mas sabem igualmente que o Seu amor e a Sua misericórdia professa neste hino a sua fé em Deus, o qual existia antes do começo e que permanece fiel à Sua criação até à Sua
se inclinam para salvar o pecador e são imensamente maiores do que a Sua ira. consumação.
2.1 Tudo procede de Deus Deus criou o ser humano, homem e mulher, para que sejam companheiros um do outro e se ajudem mutuamente. É no
amor de um pelo outro que chegam a ser plenamente humanos. É juntos que transmitem a vida, a sua sabedoria, a sua
"No princípio Deus criou o céu e a terra" (Gn 1,1). Com esta frase começa a Bíblia. "No princípio" significa: quando experiência, o seu amor. Porque o ser humano, homem e mulher, é semelhante a Deus, é capaz de conhecer e amar a
ainda não havia nenhum ser humano na terra, nenhum homem, nenhuma mulher, nenhuma criança, nenhum animal para Deus, os outros homens e os animais.
deixar o seu rasto na floresta e nos campos, nenhum pássaro para cantar, nenhum peixe para nadar nas águas, nenhum
raio de sol para anunciar o dia nem a lua a iluminar o céu, nem uma estrela a iluminar a noite, nenhum mar, nem altura O ser humano pode descobrir e investigar a terra, servir-se dela e transformá-la. Mas pode também poluí-la e destruí-la.
nem profundidade, nem direita nem esquerda. No princípio havia Deus: "O Seu Espírito pairava sobre as águas" (Gn Considera-se a si mesmo, e com razão, "senhor" da terra. A sua grandeza, porém, não vem dele mesmo. Deus destinou as
1,2). últimas criaturas para que sejam as primeiras, a fim de cuidarem não só de si mesmas e dos filhos, mas também de tudo o
que cresce sobre a terra.
 Nós dizemos: "Creio em Deus, criador do céu e da terra", e queremos dizer com isto que
o mundo e tudo o que este contém não surgiu de si mesmo nem do acaso, mas surgiu Deus confia ao homem a tarefa de ser companheiro fiel dos animais e das plantas, a fim de que ele proteja e defenda a
porque Deus assim o quis; sem Ele não haveria vida. vida, que não explore a terra, mas a preserve, que proporcione a cada criatura o que ela necessita. O homem e a mulher,
conjuntamente, são responsáveis pela terra. O homem e a mulher são ambos semelhantes a Deus.
 Nós dizemos: Ele criou o mundo do "nada" - o mais pequeno átomo, a galáxia mais
distante. Por isso os homens podem reconhecer o rasto de Deus nas suas criaturas
mesmo desconhecendo-O. "Pois, na grandeza e formosura das criaturas podemos ver,
por analogia, o seu autor" (Sb 13,5).
Senhor, a nossa terra é apenas um pequeno astro no grande universo. Depende de nós
Os homens partem à descoberta do seu meio vital, a "Terra". Explicam como a diversidade da vida evoluiu ao longo dos fazer dela um planeta cujas criaturas não sejam atormentadas pela guerra, torturadas
milénios. A nossa imagem do mundo é diferente da imagem bíblica. Acerca dos começos, da causa última da vida, pela fome e pelo medo, divididas pela absurda separação de raças, de cores e de
existem várias respostas: nós não acreditamos no acaso, mas sim que o Deus vivo é a causa original de todos os começos. ideologias.

Através da fé neste Deus, podemos adoptar um ponto de vista que nos permita compreender o mundo e a nós mesmos. E Concede-nos a coragem e a lucidez de começar já hoje esta tarefa, a fim de que os
porque acreditamos, podemos confiar que o mundo e o homem estão seguros n'Aquele que existia já no princípio. nossos filhos e os filhos dos nossos filhos possam, um dia, usar com orgulho o nome
de homens.
Deus é cheio de bondade para connosco. O povo de Israel experimentou-o muitas vezes, e cada crente experimenta-o na
sua própria vida. ORAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS

Alguém que reflectiu muito, louva a Deus assim:


"Tu tens compaixão de todos, pois tudo podes e desvias os olhos dos pecados dos
homens a fim de os levar à conversão. E como subsistiria uma coisa se Tu a não
quisesses? Ou como se conservaria, se não tivesse sido chamada por Ti? Mas Tu
poupas a todos, porque todos são Teus, ó Senhor, que amas a vida!"

SABEDORIA 11,23.25-26

Deus: Pai, Filho e Espírito Santo: Os cristãos louvam Deus-Pai que criou o céu e a terra. Louvamos Jesus Cristo, Filho de 2.3 O bem ou o mal - a vida ou a morte
Deus, que desde sempre está unido ao Pai, porque é o Verbo (ou a Palavra), pelo qual todas as coisas foram feitas (Jo 1,
1-3). Louvamos o Espírito Santo de Deus, o qual pairava sobre as águas, no princípio (Gn 1,2), que dá a vida e a preserva Louvamos a Deus. Ele criou a terra. Toda a vida procede d'Ele. E toda a vida é boa. Assim o acreditamos com fé e, no
ao longo dos tempos. Rezamos assim: Glória ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo. entanto, experimentamos que no nosso mundo, mesmo dentro de nós, o mal tem muito poder. Em todo o lado podemos
encontrar vestígios de Deus e também do mal, mesmo dentro do nosso coração.
Imagem do mundo: na época em que foram escritos os livros bíblicos, acreditava-se que a terra era um disco redondo
suportado por colunas assentes no fundo do mar. Debaixo dela estaria o reino dos mortos: acima dela, a abóbada celeste Há pessoas que acreditam na existência de dois deuses: um deus bom e um deus mau. Nós porém acreditamos, com o
separando as águas superiores das águas inferiores. A chuva cai de cima sobre a terra seca. "Céu e terra" significa, pois, povo de Israel, num único Deus. Ele criou toda a vida e quer que as Suas criaturas O sirvam em liberdade. Mas elas
todo o universo. abusam dessa liberdade e não querem servi-l'O. Israel conta que, entre os anjos que Deus criou para estarem junto d'Ele
contemplando a Sua glória, alguns rebelaram-se contra o próprio Deus. Não podendo já permanecer junto de Deus,
andam pelo mundo dos homens espalhando o mal. Dentre eles, existe um ao qual chamamos "demónio", que procura
separar os homens de Deus e arrastá-los para si. S. Pedro aconselha-nos a estarmos atentos às tentações do mal e à
fraqueza humana. Por isso diz-nos: "Sede sóbrios, estai vigilantes: o vosso inimigo, o demónio, anda à vossa volta como
2.2 O homem procede de Deus um leão que ruge, procurando a quem devorar. Resisti-lhe firmes na fé" (1 Pd 5,8-9).

O homem chegou tardiamente à terra. Os oceanos e os continentes, as plantas e os animais existiam muito antes dele. Acreditamos que Deus destruirá as forças do mal, no último Dia, quando Ele fizer acabar o mundo. Então começará uma
Israel proclama: no sexto dia, no último dia da sua obra, Deus criou o homem. O homem que vive com as plantas e os nova vida, definitiva (cf. Ap 20,7-14).
animais e que, contudo, é diferente e "bem mais" do que eles. É o que querem dizer-nos os sacerdotes de Israel quando
afirmam que Deus criou o homem à Sua imagem.
Mas enquanto decorre o tempo histórico, o mal continua prejudicando os homens. O homem é livre: pode colocar-se do 3. E em Jesus Cristo, seu único Filho, Nosso Senhor
lado de Deus, escutar a Sua Palavra e colaborar com Ele. Mas pode também pôr-se do lado do demónio, ser seu
interlocutor e fazer mal a si próprio e ao mundo. Quando Jesus atingiu a idade de trinta anos, saiu de Nazaré, a Sua aldeia, e foi ao encontro de João Baptista, nas margens
do Jordão. Depois, levou uma vida de pregador itinerante nas aldeias e vilas dos arredores do lago de Tiberíades.
A Bíblia conta-nos uma história-chave sobre Adão e Eva, o "primeiro homem". Uma história que se refere a todos os Começou ali a pregar a Boa Nova de Deus, dizendo: "Completou-se o tempo e está próximo o Reino de Deus. Convertei-
homens, qualquer que seja o momento e o lugar em que vieram ao mundo. vos e acreditai no Evangelho" (Mc 1,14-15). As pessoas que o contactam percebem logo que Ele não é como os outros.
Juntam-se à Sua volta, querem estar perto. Escutar o que Ele diz e ver o que Ele faz. Admiram-n'O porque Ele fala sobre
Eva conhece perfeitamente o mandamento de Deus. Sabe que se trata de vida ou morte. Deus e a natureza humana de modo distinto dos mestres das sinagogas.

E, contudo, ela escuta a voz do tentador: "ser como Deus", "conhecer o bem e o mal", parece-lhe apetecível. Eva come do  Aos que a Ele vêm, Jesus diz: Deus deseja o vosso bem, quer facilitar-vos a vida. Ele
fruto da árvore proibida e dá-o também a comer a Adão. Abrem-se-lhes os olhos, reconhecem a sua própria miséria, a sua não despreza os pobres e quer perdoar o pecado dos que fizeram o mal.
própria debilidade. Escondem-se de Deus e receiam Aquele que é seu amigo.  Jesus diz: Não temais a Deus, amai-O. Ele deseja uma só coisa: que acrediteis na
mensagem que nos traz.
Através de Eva, a mãe de todos os viventes, todos os seres humanos participam dessa mesma culpa (o pecado original).
Uma dura herança. Os homens estariam perdidos se Deus não os amasse e não lhes permanecesse fiel.

"Donde me virá o auxílio? Jesus disse:


O meu auxílio vem do Senhor, "O Filho do homem veio procurar e salvar o que estava perdido."
que fez o céu e a terra.
Não permitirá que vacilem os teus passos, EVANGELHO SEGUNDO SÃO LUCAS 19,10
não dormirá Aquele que te guarda.
Não há de dormir nem adormecer
Aquele que guarda Israel.
O Senhor é quem te guarda, João Baptista: filho do sacerdote Zacarias e de sua esposa Isabel que haviam envelhecido sem terem filhos. O anjo
o Senhor está a teu lado, Gabriel anuncia a Zacarias, no templo de Jerusalém, o nascimento de um filho que se chamará João - que significa "Deus
Ele é o teu abrigo. é clemente". João Baptista é um eleito. Vive no deserto. Aos que a ele vêm, diz: "O Reino dos Céus está próximo,
O Senhor te defende de todo o mal, arrependei-vos". Ele baptiza no Jordão o arrependimento dos pecados. É o último profeta de Israel e o precursor de
o Senhor vela pela tua vida. Jesus.
Ele te protege quando vais e quando vens,
agora e para sempre." Sinagoga: é a casa de oração dos judeus. Naquele tempo os sacrifícios eram oferecidos unicamente no templo de
Jerusalém. Mas, em todas as aldeias e vilas, havia lugares de oração: as sinagogas.
SALMO 121,2-5,7-8

Anjos: são seres espirituais que rodeiam o trono de Deus, O louvam e adoram. Eles cumprem a missão divina de proteger
e guardar os homens. Por isso são designados por "anjos da guarda" (SI 91,11). Deus envia os seus anjos à terra como
mensageiros. Gabriel diz a Maria que ela foi escolhida para ser a Mãe de Jesus. Durante a noite santa, os anjos cantam 3.1 Jesus, o Cristo
louvores a Deus nos campos de Belém.
O povo judeu tem uma longa história com Deus. Tem também uma história com a humanidade e, neste contexto, sofreu
Demónio: a Bíblia aplica ao adversário de Deus muitos nomes que indicam a sua acção maléfica - Satanás, Belzebu, as provações de qualquer outro pequeno povo que tem vizinhos poderosos. Acabou por ser conquistado e ocupado pelos
Tentador, Príncipe das Trevas, Pai da Mentira, Príncipe deste Mundo. romanos. Muitos perderam a esperança. E questionavam: Deus esqueceu-nos? A Sua aliança já não é válida? Não Se
lembra de que, por meio dos profetas, nos prometeu um salvador? Um salvador que nos devolverá a liberdade e a alegria
de viver. Que expulsará do nosso país os estrangeiros. Que estimará mais a justiça do que os bens e que as origens
Pecado original ou falta original: esta expressão significa a acção continuada daquele pecado que, desde o princípio, pesa
sociais. Que restituirá ao povo a sua dignidade humana e aos escravos o seu nome. Que servirá a Deus e nos mostrará
sobre a história da humanidade na sua relação com Deus. Todos os homens são herdeiros desta falta. "Como
como podemos viver honrando a Deus.
consequência do pecado original, a natureza humana ficou enfraquecida nas suas forças, sujeita à ignorância, ao
sofrimento, ao domínio da morte e inclinada ao pecado" (Catecismo da Igreja Católica 418).
 Nós os cristãos acreditamos e proclamamos: Jesus é esse Cristo, o Messias. Deus
enviou-O e ungiu-O com o seu Espírito (cf. Is 61,1; Lc 4,18). Ele é o salvador que Deus
havia prometido ao Seu povo e a todos os outros. Ele redimirá os pecados do Seu povo
(cf. Mt 1,21). Ele é Aquele que todos os homens piedosos esperam: o Seu nome é Jesus
Cristo.
Quando Pedro, o primeiro dos apóstolos, confessa: "Tu és o Cristo. O Filho do Deus vivo" (Mt 16,16), Jesus responde-
Jesus de Nazaré, na Galiléia: lhe: "Bem-aventurado és tu, Simão, filho de Jonas, porque não foi a carne e o sangue que to revelou, mas Meu Pai que
Alguém que Deus nos envia está nos céus".
Alguém que vive humanamente
Alguém que defende os "humildes"
Alguém que não receia os "poderosos" Jesus disse a Nicodemos:
Alguém a quem querem calar. "Deus amou tanto o mundo
que lhe deu o seu Filho unigénito,
Ele não oferece resistência, para que todo aquele que acredita n'Ele não se perca,
Não Se defende, mas tenha a vida eterna."
Abandona-Se.
Porque Ele sofreu, o sofrimento tem sentido. EVANGELHO SEGUNDO SÃO JOÃO 3,16
Porque Ele confiou, os que duvidam refugiam-se n'Ele.
Porque Ele morreu, nós esperamos,
Porque Ele ressuscitou, nós bendizemos o Pai e cantamos:
Aleluia! Publicanos: cobram os impostos por conta do ocupante romano, assegurando assim os seus rendimentos. Por vezes
exigem em excesso. São desprezados por todos e ninguém deseja relacionar-se com eles.

Jesus: o nome de Jesus (abreviação de Jehoshua, Josué) era bastante corrente em Israel. Significa Deus (Javé) salva. Filho de Deus: Jesus está unido a Deus de um modo diferente e mais íntimo do que o povo de Israel com os seus reis. Ele
Jesus cumpre a promessa do seu nome: Ele é o salvador, traz a salvação. Eis porque Lhe chamamos Salvador e Redentor. é, como dizem os Padres da Igreja, "Deus de Deus, luz de Luz, gerado não criado, da mesma natureza que o Pai".

Cristo: é a tradução grega da palavra hebraica "Messias", "Ungido". Um título atribuído aos reis de Israel. Reis e Apóstolos: Apóstolo significa "enviado", "mensageiro". Simão Pedro, Tiago e João, os filhos de Zebedeu, André, Filipe,
sacerdotes, ao serem entronizados nos seus cargos, eram ungidos com óleo sagrado, sinal de que tinham o direito de agir Bartolomeu, Mateus, Tomé, Tiago, o filho de Alfeu, Tadeu, Simão o Cananeu e Judas Iscariotes que O entregou (Mc
em nome de Deus. Quando Israel fala do "Ungido", do "Messias", trata-se do rei que, enviado e protegido por Deus, 3,16-19). Doze homens que Jesus escolheu entre todos os seus discípulos. Pedro é o primeiro dentre eles.
deverá libertar o povo da dominação romana e reinar em Jerusalém, sobre o trono de David. Os cristãos confessam que
Jesus de Nazaré é esse Messias, o Filho de Deus. No Baptismo, na Confirmação, na Ordenação, são ungidos com o óleo
sagrado, sinal eficaz da Sua presença na comunidade.
3.3 Jesus Cristo, Nosso Senhor

O primeiro povo de Deus vive na Sua aliança. Os reis reinam em Seu nome. É para O glorificar que os sacerdotes
3.2 Jesus Cristo, Filho de Deus oferecem sacrifícios. Os Seus mandamentos não são postos em dúvida. Eles são a única lei que obriga a todos, poderosos
e humildes. Nas suas orações, os judeus crentes dirigem-se ao seu "Senhor". O nome de Javé, "Eu sou Aquele que sou"
Jesus Cristo, o Messias, fala de Deus como mais ninguém o fez. Fala de um modo único: directo e íntimo. Em tudo o que ou "Eu sou Aquele que está", é-lhes tão sagrado que eles não o pronunciam nem escrevem, com receio de o profanar.
diz ou faz, é um com o Pai. Ele conhece a vontade do Pai. Não necessita dos Livros Sagrados nem de mestres para Dão graças a Deus, o "Senhor", que está próximo do seu povo, clemente e misericordioso, e que não exige mais do que
aprender. Por isso Jesus pode contradizer os doutores da Lei quando estes, em nome de Deus, restringem a liberdade das ser amado "com todo o coração e com todas as forças".
pessoas que lhes estão confiadas, dificultando-lhes a vida.
Quando os cristãos chamam "Senhor" não só a Deus Pai mas também a Jesus Cristo ressuscitado dentre os mortos,
Jesus aproxima os homens de Deus e traz Deus aos homens. Cura os doentes ao sábado. Come com os publicanos e não confessam que Ele é o Filho de Deus, proclamam ao mesmo tempo a sua confiança e manifestam a sua vontade de estar
evita os excluídos da sociedade e das cerimónias religiosas. Perdoa em nome de Deus aos que cometeram pecados e ao serviço uns dos outros como Jesus lhes pediu, na véspera da Sua Paixão:
encoraja-os a mudar o seu modo de viver.

Muitos homens e mulheres encontram-se com Jesus. Alguns perguntam: quem é este homem? Um profeta de Deus, "Vós chamais-Me Mestre e Senhor, e dizeis bem, porque o sou.
talvez? Outros enchem-se de espanto e confiam n'Ele. Outros perguntam com desconfiança: quem Lhe terá dado tão Ora, se Eu, o Senhor e o Mestre, vos lavei os pés, também vós vos deveis lavar os
grande poder? Outros dizem Ele blasfema. Outros, ainda, comentam: Cristo, quando vier, fará milagres maiores do que o pés uns aos outros."
que este faz? (Jo 7,31).
EVANGELHO SEGUNDO SÃO JOÃO 13,13-14
Mas todos, qualquer que seja a sua opinião, sentem que o mistério do ser de Jesus está relacionado intimamente com
Deus.

Em Israel, quando se queria dizer que uma pessoa estava particularmente unida a Deus, dizia-se: é um "filho de Deus".
Ao povo de Israel, por ser o eleito, chamamos-lhe "filho de Deus" (Ex 4,22). Aos reis que governam o povo em Para os primeiros cristãos, confessar Jesus, o Senhor, poderia ter consequências fatais, pois os imperadores romanos, os
representação de Deus, que é o Rei, é-lhes dado no dia da sua entronização e da sua unção, o título honorífico de: "Tu és "senhores do mundo", reivindicavam também este título honorífico. Muitos cristãos (os mártires), homens e mulheres,
meu filho" (SI 2,7). Quando dizemos: "Jesus é o Filho de Deus", queremos dizer mais do que isso. Jesus está unido a deram a sua vida não se deixando afastar da profissão de fé em Cristo Jesus, único Senhor.
Deus de um modo muito mais íntimo que o rei ou o povo de Israel. Nada no mundo dos humanos é comparável à relação
de Jesus com o Pai. Os evangelistas sublinham este fato quando testemunham que Deus mesmo, em dois momentos A Igreja de Cristo começa a celebração da Eucaristia pela invocação grega "Kyrie eleison": Senhor, tem piedade. E no
cruciais da vida terrestre de Jesus, O proclamou seu "Filho muito amado": por ocasião do seu Baptismo no Jordão, antes Glória, o cântico de louvor, confessa: "Pois só Vós sois o Santo, só Vós o Senhor, só Vós o Altíssimo, Jesus Cristo, com o
de Jesus iniciar a sua missão de pregador itinerante, e no Monte da Transfiguração, antes de Jesus subir a Jerusalém para Espírito Santo na glória de Deus Pai".
aí sofrer e morrer.
4. Concebido pelo poder do Espírito Santo, Nasceu da Virgem Maria
Nisto se reconhecem os cristãos: "Se confessares com a tua boca: "Jesus é o
Senhor", e acreditares no teu coração que Deus O ressuscitou dentre os mortos, Nós acreditamos e confessamos que Jesus de Nazaré é o Messias, Filho de Deus. Desde todos os tempos Ele vive na
serás salvo." glória do Pai. Veio ao mundo, tornando-Se semelhante a nós, manifestação do amor do Pai feita carne. Um amor que
ultrapassa tudo o que os homens podem imaginar e dizer.
EPÍSTOLA AOS ROMANOS 10,9
Os teólogos e os discípulos de Jesus têm, cada um, a sua própria maneira de falar do mistério da encarnação. São João
começa o seu Evangelho por um hino a Cristo: "E o Verbo fez-se carne (quer dizer "homem") e habitou entre nós, e nós
contemplamos a Sua glória." (cf. Jo 1,1-18).

3.4 A Bíblia: O Novo Testamento Na epístola aos Filipenses, São Paulo cita um hino baptismal que descreve a encarnação do Filho de Deus, Jesus Cristo,
como um movimento do "céu" em direcção à "terra" (de Deus para os homens) que volta para o "céu": "Ele, de condição
divina... Tornou-Se semelhante aos homens... Humilhou-Se e foi obediente até à morte, e morte de cruz! Por isso Deus O
O Novo Testamento é a parte da Bíblia (cf. 1.2) que nasceu na Igreja de Cristo. É composto de vinte e sete livros escritos exaltou... Para que todos, no céu, na terra e nos abismos, proclamem que Jesus Cristo é o Senhor." (Fil 2,6-11).
pelos apóstolos, missionários e mestres, entre os anos 50 e 100 depois do nascimento de Cristo. Encontramos nele 21
epístolas (cartas) - 13 são de São Paulo dirigidas a diferentes comunidades. Estes livros foram rapidamente considerados
uma instrução apostólica normativa para a Igreja. Na sua epístola aos Gálatas, São Paulo descreve a "vida de Jesus" numa só frase: "Quando veio a plenitude dos tempos,
Deus enviou o seu Filho, nascido duma mulher, nascido sob o domínio da Lei... A fim de nos conferir a adopção filial."
(Gal 4,4-5).
Os quatro evangelistas (São Mateus, São Marcos, São Lucas e São João) testemunham, cada um a seu modo, os factos,
gestos e palavras de Jesus Cristo, Nosso Senhor, assim como a sua Paixão e Ressurreição. Nos Actos dos Apóstolos, o
evangelista São Lucas descreve a história da Igreja primitiva, que se constitui sob a direcção de São Pedro em Jerusalém, São João dirige-se à sua comunidade de maneira ainda mais directa: "Deus enviou o seu Filho único ao mundo, para que
e o trabalho dos primeiros missionários, em particular São Paulo. O último livro do Novo Testamento, o Apocalipse de vivamos por Ele... E nós contemplamos e testemunhamos que o Pai enviou o seu Filho como Salvador do mundo" (1Jo
São João, contém as imagens proféticas e o anúncio da vitória definitiva de Deus sobre os poderes do mal. 4,9.14).

A Bíblia é constituída pelo Antigo e Novo Testamento. A Igreja acredita que o Espírito Santo de Deus preservou do erro Dois dos evangelistas, São Mateus e São Lucas, escolheram uma forma familiar às comunidades para as quais escrevem
os homens que escreveram estes livros e que o seu testemunho é digno de fé, verídico e fiel. Como os autores da Sagrada o seu Evangelho. Contam como Jesus veio ao mundo e o que significa esta vinda para os homens que, segundo a vontade
Escritura redigiram na língua do seu tempo, eles devem ser reinterpretados em cada época, para cada comunidade. Mas de Deus, desempenham um papel na história do seu Filho. Começam o seu livro pelo "Evangelho da infância" (Mt 1-2,
como o Espírito Santo de Deus é o garante dessa autenticidade, resultam válidos para todos os tempos. Os escritos Lc 1-2).
bíblicos reconhecidos como verdadeiros e autênticos pela Igreja formam o cânon da Escritura Santa. São lidos na Missa e
constituem o fundamento da fé.

4.1 O Filho de Deus vem ao mundo


"Muitos outros milagres realizou ainda Jesus, na presença dos discípulos, que não
estão escritos neste livro. Estes, porém, foram escritos para crerdes que Jesus é o Com o nascimento de Jesus começa uma nova era na história da relação de Deus com os homens. É por isso que o nosso
Messias, o Filho de Deus, e, crendo, tenhais a vida n'Ele." calendário conta os anos "depois de Jesus Cristo". No homem Jesus de Nazaré, é o próprio Deus - como nosso irmão -
que vem ao mundo. É por isso que não podemos evocar o Seu nascimento sem evocar Deus. São Mateus e São Lucas
EVANGELHO SEGUNDO SÃO JOÃO 20,30-31 também não podem relatar o nascimento de Jesus como o de uma criança qualquer. No seu Evangelho, não apenas se
narra o que aconteceu, mas também - para dizer plenamente a verdade - o que os acontecimentos significam no projecto
divino.
Colégio Apostólico: os apóstolos transmitem aos seus sucessores, os bispos, o ministério que Jesus mesmo lhes confiou.
A cadeia da tradição une-nos aos começos.  São Lucas narra como é que Deus enviou a Nazaré o anjo Gabriel à Virgem Maria. Ele
saúda-a assim: "Alegra-te, ó cheia de graça", e diz-lhe que o poder do Espírito de Deus
Evangelho: "A Santa Mãe igreja defendeu sempre e continua firmemente a defender e com a maior constância, que os a tornará mãe: "O Espírito Santo virá sobre ti, e o poder do Altíssimo te cobrirá com a
quatro Evangelhos, dos quais ela afirma sem hesitar a historicidade, transmitem fielmente o que Jesus, Filho de Deus, Sua sombra" (Lc 1,35).
durante a sua vida entre os homens, fez realmente e ensinou para a sua salvação eterna, até ao dia em que foi elevado
ao céu". (Concílio Vaticano II, Dei Verbum 19). São Lucas atesta que Maria diz sim ao projecto de Deus e acredita firmemente que a
Deus nada é impossível. Conta como Maria e José se dirigem a Belém e como a cidade
Espírito Santo: à assistência do Espírito Santo na composição dos livros bíblicos chamamos "inspiração". do rei David se tornou o lugar do nascimento de Jesus; fala dos pastores, sobre os quais
o céu se abriu na noite do cumprimento, do cântico de louvor dos anjos que ecoa sobre
Cânon: Significa "regra". Chamamos assim ao conjunto dos textos reconhecidos pela comunidade dos crentes como a terra, e de novo são os pastores saídos do povo judeu os que encontram Maria, José e
inspirados. Só estes podem ser lidos durante o culto divino. o menino (Lc 2,1-20).

 São Mateus conta como José - o carpinteiro de quem Maria está noiva conhece em
sonhos o que Deus espera dele: ele que é um descendente do grande rei David vai dar o
seu nome ao Filho de Deus, abrir-lhe o acesso à família de David e, através da sua
atenção e dos seus cuidados, desempenhar a sua tarefa de pai (Mt 1,18-24). Mateus viu
que a maioria do seu próprio povo não acreditou em Jesus. Mas viu, igualmente, que
existem em todos os povos da terra homens que se metem a caminho em busca de três dias, como quaisquer pais procuram o filho perdido. Encontram-n'O no Templo e
Jesus e que O encontram. E não apenas depois da Sua morte e da Sua ressurreição! É ouvem-n'O falar da "casa do Pai". E o evangelista repete: "Sua mãe conservava todas
por isso que falam da estrela que conduz os magos de muito longe até Belém para que estas coisas no seu coração" (Lc 2,51).
eles tragam as sua ofertas a Jesus, o rei dos judeus. São Mateus narra também que
Herodes, que reina em Jerusalém, quer matar o menino Jesus. Por isso Maria e José  Jesus tem trinta anos. Leva vida itinerante com os discípulos. Em Caná, na Galileia, é
fogem para o Egipto, com o menino (Mt 2). convidado para um casamento. Maria está também entre os convidados. Apercebe-se de
que não há mais vinho e pede indirectamente a Jesus: "Eles não têm vinho." (Jo 2,3).
Confia que Jesus resolverá a situação, embora a tenha afastado: "A minha hora ainda
não chegou". Mas Maria não confiou em vão: havia seis jarras de pedra de cem litros
cada. Jesus diz aos criados para encherem de água essas jarras. Eles fazem o que Jesus
O anúncio dos anjos na Noite Santa: pede. Quando o mestre de cerimónias provou, viu que a água estava transformada em
"Hoje, na cidade de David, vinho. Este foi - diz-nos o evangelista São João - o primeiro "milagre" que Jesus fez. Os
nasceu-vos um Salvador". discípulos compreendem quem é Jesus e acreditam n'Ele (Jo 2,1-11).

EVANGELHO SEGUNDO SÃO LUCAS 2,11  Jesus deixou a sua casa em Nazaré e fundou a sua própria "família". Um dia, quando a
multidão se apertava à sua volta, disseram-Lhe: "Tua mãe e Teus irmãos estão lá fora e
querem falar contigo". Então Jesus, estendendo a mão para os seus discípulos,
Graça: Deus é santo, é eterno, é perfeito em Si próprio. O homem é mortal, pecador, imperfeito - mas ele está aberto a responde: "Aqui estão Minha mãe e Meus irmãos, pois todo aquele que fizer a vontade
Deus. Contudo, não haveria história de Deus com os homens se o Deus eterno e santo não oferecesse ao homem a do Meu Pai que está nos Céus, esse é Meu irmão, Minha irmã e Minha mãe" (Mt 12,46-
oportunidade duma redenção e, através desta, não Se oferecesse a Ele próprio. É este Dom de Deus que evocamos 50).
quando falamos de "graça". Nenhum homem pode merecer a "graça"; trata-se de um dom livre e gratuito do Deus livre.
O homem pode refugiar-se nela. A graça de Deus torna-nos semelhantes a Ele: enquanto co-herdeiros de Cristo,  Para o evangelista São João, tudo o que Jesus diz e faz tem um sentido profundo. Assim
tornamo-nos filhos e filhas de Deus, chamados à vida eterna, num face a face com Deus. "É pela graça de Deus que eu acontece quando narra que Maria e o evangelista que Jesus amava se encontravam
sou o que sou." (1Cor 15,10). Nenhum olho humano viu o que seremos. Há pessoas a quem Deus confia uma tarefa junto à cruz. Jesus diz a sua mãe: "Mulher, eis o teu filho", e ao discípulo: "Eis a tua
particular, para a qual concede uma graça particular. mãe" (Jo 19,26.27). A partir desse momento, o discípulo levou-a para sua casa. E a Mãe
de Jesus converte-se na Mãe de todos os cristãos.

 Fala-se de Maria, pela última vez, na festa de Pentecostes. Os discípulos de Jesus


4.2 Maria, a Mãe de Jesus encontram-se reunidos em Jerusalém. Rezam enquanto esperam que o Espírito Santo os
envie em missão. Maria, a Mãe de Jesus, está com eles no momento em que nasce a
Igreja do seu Filho (At 1,12-14).
Na vida de cada um de nós a mãe desempenha um papel determinante. Deveria ter sido diferente para Jesus? É verdade
que Ele fala com mais frequência do Pai que está nos céus. E mesmo nos escritos do Novo Testamento, Maria raramente
é evocada. No entanto, podemos e devemos perguntar: quem era aquela mulher que deu a vida a Jesus e O acompanhou?

 Uma jovem de Nazaré, prometida em casamento ao carpinteiro José. Provavelmente não Maria proclama:
teria mais de 14 anos de idade, quando do noivado, segundo os costumes da época.
Uma jovem que estremece quando o anjo do Senhor vem a ela e lhe fala. Ela escuta a "A minha alma glorifica ao Senhor
saudação, as palavras que exprimem a sua eleição. Ela não pronuncia o seu "Fiat" (o e o meu espírito se alegra em Deus, meu salvador,
sim) cegamente. Põe as suas objecções: "Como será isso?" Depois aceita a sua vocação, porque pôs os olhos na humildade da Sua serva:
porque "nada é impossível a Deus". É por isso que acrescenta: "Faça-se em mim de hoje em diante me chamarão bem-aventurada todas as gerações.
segundo a tua palavra". (Lc 1,35.37-38). O Todo-Poderoso fez em mim maravilhas:
Santo é o Seu nome.
 A Virgem Maria, que espera um filho, põe-se a caminho com o seu esposo. O seu filho A Sua misericórdia se estende de geração em geração
vem ao mundo "longe de casa", em condições muito pobres, ignorado por todos. Quando sobre aqueles que O temem.
chegam os pastores - também eles gente pobre - e louvam a Deus pelo o que Ele fez Manifestou o poder do Seu braço
pelo seu povo, Maria escuta atentamente. Conserva com cuidado todas estas coisas, e dispersou os soberbos.
meditando-as no seu coração (Lc 2,15-19). Derrubou os poderosos de Seus tronos
e exaltou os humildes.
Aos famintos encheu de bens
 Quarenta dias mais tarde, Maria e José levaram o menino a Jerusalém para O consagrar
e aos ricos despediu de mãos vazias.
ao Senhor, segundo as prescrições rituais. É aí que Simeão e Ana, duas pessoas que
Acolheu a Israel, Seu servo,
esperam a vinda do Messias, O reconhecem. Simeão louva a Deus por tê-lo deixado ver lembrado da Sua misericórdia,
"a salvação" com os seus próprios olhos. E acrescenta, dirigindo-se a Maria: "...este como tinha prometido a nossos pais,
menino será sinal de contradição, e uma espada trespassará a tua alma!" (Lc 2,22-29). a Abraão e à Sua descendência para sempre."

 Aos doze anos, Jesus encontra-Se em Jerusalém com os pais para a festa da Páscoa. No EVANGELHO SEGUNDO SÃO LUCAS 1,46-55
regresso, Maria e José dão conta de que Jesus não está com eles. Procuram-n'O durante
4.3 Maria, Mãe da Igreja 5.1 A favor ou contra Jesus

Os cristãos veneram Maria, a mãe do seu Senhor: em todas as igrejas encontramos a sua imagem. Muitas mulheres têm o O Credo nada diz do tempo que vai do nascimento de Jesus à Sua morte violenta (no ano 30). Quem quiser compreender
seu nome. Recordamos e celebramos Maria principalmente em quatro solenidades: como é que Jesus pôde chegar a um fim tão ignominioso terá de recorrer ao testemunho dos evangelistas. Estes falam dos
sinais, dos milagres e prodígios de Jesus, para que as pessoas dêem conta de que o Reino de Deus está próximo: Jesus
cura os doentes, toca os leprosos e estes ficam sãos, liberta os possessos do poder do demónio, numa palavra, realiza
1 de Janeiro: No primeiro dia do ano celebramos a solenidade de "Santa Maria, Mãe de Deus". Festejamos a "Santa acções que em Israel se esperam do Messias. Jesus fala de Deus duma maneira nova. Conta parábolas e ensina de tal
Mãe que deu à luz o Rei do céu e da terra" (antífona de entrada) e a "Mãe da Igreja" (oração final). modo que as pessoas simples compreendem o que Ele diz do Pai.
25 de Março: Na solenidade da "Anunciação do Senhor" (nove meses antes do Natal), a Igreja celebra ao mesmo
tempo o Senhor e Sua Mãe, ela que no momento da sua eleição, afirma: "Eis a escrava do Senhor. Faça- Jesus encontra discípulos que lhe confiam a sua vida. Mas há também pessoas que duvidam e O rejeitam. Os Seus
se em mim segundo a tua palavra!" (Lc 1,38). adeptos são quase sempre gente modesta, com pouca influência: entre os Seus seguidores mais próximos, os apóstolos,
15 de Agosto: A Assunção de Maria, o dia em que ela foi elevada ao céu. Celebramos este dia, embora não se saiba não há sequer um doutor da Lei.
quando Maria morreu nem em que circunstâncias. Mas acreditamos que ela foi "elevada à glória do céu
em corpo e alma". Maria já se encontra onde nós estaremos também um dia. Possui já a vida que nos Os dirigentes religiosos, os sumos sacerdotes e os doutores da Lei, procuram evitar o aparecimento de heresias em Israel.
está destinada. Desde o princípio observam, com desconfiança, Jesus e o movimento que Ele suscita.
8 de Dezembro: É o dia em que celebramos a "Solenidade da Imaculada Conceição da Virgem Santa Maria". Estas
palavras parecem complicadas, e no entanto são simples de compreender: Deus escolheu Maria. Num sábado, ao curar a mão atrofiada dum homem, protestaram: Jesus não respeita as prescrições de Moisés. É um
Concedeu-lhe os dons do Espírito Santo. O "poder do Altíssimo" cobriu-a com a Sua sombra. São pecador. Não é permitido curar ao sábado.
palavras e imagens que traduzem o mistério duma eleição que preservou Maria do pecado original, com
o qual todos nascemos: é esta a nossa fé.
Quando exorciza um possesso, exclamam: Ele também é possesso, de contrário não teria poder sobre os demónios.

Os cristãos veneram a santíssima Virgem de muitas maneiras. Cantam os seus louvores e pedem à Mãe de Jesus a sua Até em Naim, quando encontra um cortejo fúnebre, Jesus não fica indiferente. Não olha como simples espectador para o
intercessão. Em todo o mundo, os cristãos rezam e cantam o Magnificat de Maria e saúdam-na com as palavras do anjo. sofrimento da mãe em lágrimas. Não diz aos que sofrem: "A vida é assim", ou então: "É a vontade de Deus, tens de
aceitá-la". Aproxima-se do caixão e reanima o morto. Onde quer que Jesus Se encontre, os que sofrem são consolados, a
morte dá lugar à vida. Esta experiência vale enquanto houver mães que choram e amigos que estão de luto.
Ave Maria, cheia de graça,
o Senhor é convosco.
Bendita sois vós entre as mulheres, Alguns dizem: Jesus é bom. Outros: Não, manipula as multidões, é um falso profeta.
e bendito é o fruto do vosso ventre, Jesus.
Santa Maria, Mãe de Deus, Os fariseus e os doutores da Lei procuram levar Jesus a cair numa armadilha. Enviam mensageiros encarregados de
rogai por nós, pecadores, espiá-l'O, mas estes nada encontram de negativo contra Ele. Uma vez que os fariseus e os doutores da Lei não acreditam
agora e na hora da nossa morte. que Jesus é o Messias, põem-se contra Ele e decidem levantar-Lhe um processo, acusando-O de blasfémia, para assim
Amem. poderem condená-l'O à morte.

Quando o Sumo Sacerdote pergunta a Jesus: "És tu o Messias, o Filho de Deus?", Jesus responde: "Sou. E vereis o Filho
do Homem sentado à direita do Todo-Poderoso, e vir sobre as nuvens do céu". Então o Sumo Sacerdote rasga as vestes e
diz: "Que necessidade temos ainda de testemunhas? Ouvistes a blasfémia! Que vos parece?". Todos se pronunciaram
dizendo que Jesus era réu de morte (Mc 14,61-64).

5. Padeceu sob Pôncio Pilatos, foi crucificado, morto e sepultado


Estar junto d'Aquele
 Jesus diz: que faz falar os mudos,
que Se dirige aos surdos de tal maneira
"Eis que estamos subindo para Jerusalém, e o Filho do Homem vai ser entregue aos que os ouvidos se abrem;
sumos sacerdotes e aos doutores da lei. Estes condena-l'O-ão à morte e entrega-l'O-ão
aos pagãos. Vão escarnecê-l'O, cuspir n'Ele, vão torturá-l'O e matá-l'O. E depois de três ser testemunha de que
dias Ele ressuscitará." os perseguidos respiram aliviados
e os oprimidos levantam a cabeça.
EVANGELHO SEGUNDO SÃO MARCOS 10,33-34
Ver como os extraviados reencontram o caminho,
 São Pedro declara na sua pregação de Pentecostes: como são acolhidos de braços abertos
os que regressam
"Jesus de Nazaré foi um homem que Deus confirmou entre vós, realizando por meio e encontram com alegria
d'Ele os milagres, prodígios e sinais que bem conheceis. E Deus, com a Sua vontade e o seu lugar à mesa.
presciência, permitiu que Jesus vos fosse entregue, e vós, através de ímpios, mataste-
l'O, pregando-O numa cruz."

ACTOS DOS APÓSTOLOS 2,22-23


Sumo Sacerdote: O sacerdote mais importante, o presidente do Sinédrio, o intermediário entre os judeus e o ocupante 5.3 Entregue nas mãos dos homens
romano ao qual deve a sua entronização. Desde o ano 6 ao 15 depois de Cristo era Anás o sumo sacerdote em Jerusalém;
do 18 ao 36 d.C., ocuparam este cargo os seus cinco filhos e o seu genro Caifás. Depois da Ceia, Jesus dirigiu-Se para o jardim de Getsémani, situado sobre o Monte das Oliveiras. Os discípulos
acompanham-n'O. Chegados ao jardim, Jesus diz-lhes: "Sentai-vos aqui, enquanto Eu vou rezar". Tomando consigo
Sábado: O sétimo dia da semana é, para os judeus, um dia de festa e de culto religioso. Ao longo dos séculos numerosos Pedro, Tiago e João, disse-lhes: "A minha alma está numa tristeza de morte. Ficai aqui e vigiai". Indo um pouco mais
preceitos regulamentaram o que era permitido e proibido neste dia de repouso. longe, prosta-Se com o rosto por terra e reza: "Pai, se queres afasta de Mim este cálice. Contudo, não se faça a minha
vontade mas a tua". Depois volta para junto dos seus discípulos e encontra-os a dormir. Acorda-os e diz a Pedro: "Não
Fariseus: Significa "os separados". Um partido político e religioso composto por homens piedosos que defendiam a pudestes vigiar comigo nem sequer uma hora?" Afastou-Se deles, pela segunda vez, para ir rezar sozinho. Depois volta e
rigorosa observância das prescrições de Moisés e viviam de acordo com elas. encontra-os de novo adormecidos. Afasta-Se uma terceira vez para orar no meio da noite. Em seguida, acorda os
discípulos e diz-lhes: "Continuais a dormir? Chegou a hora: eis que o Filho do Homem vai ser entregue nas mãos dos
pecadores". Vistas as coisas superficialmente, Jesus fracassou e, com Ele, a Sua mensagem. No entanto, Ele permanece
fiel à Sua missão e Àquele que O enviou. Não procura escapar, não Se furta a nada. Arrisca a Sua vida e aceita a morte.
5.2 A Nova Aliança
E não tem que esperar muito tempo. Nesse momento chega Judas, um dos doze apóstolos, ao Jardim das Oliveiras, com
um grupo de homens armados. Arrastam Jesus conduzindo-O à presença do sumo sacerdote para ser interrogado. Quando
Os Evangelhos da Paixão, da morte e da ressurreição de Jesus são os textos mais antigos e mais sagrados da Igreja. os membros do Sinédrio Lhe perguntam: "Tu és, portanto, o Filho de Deus?", Jesus responde: "Vós dizeis que Eu sou".
Todos os anos a Igreja celebra na "Semana Santa" os últimos dias de Jesus em Jerusalém. Pela manhã levam Jesus a Pôncio Pilatos que, desde o ano 26 ao 36 d.C., era o prefeito romano da Judéia. Acusam Jesus:
"Este homem blasfema contra Deus!" e "diz ser Ele mesmo rei!" Pilatos manda flagelar Jesus. Os soldados colocam-Lhe
No Domingo de Ramos, Jesus chega a Jerusalém em companhia dos Seus discípulos para celebrar a festa da Páscoa. na cabeça uma coroa de espinhos, vestem-Lhe um manto vermelho, ultrajam-n'O e batem-Lhe. Pilatos acaba por
Entra na cidade montado num jumento; vem como rei da paz. As pessoas aclamam-n'O. Jesus ensina no Templo. Judas, pronunciar a sentença: Jesus deve morrer crucificado.
um dos doze apóstolos, deixa-se corromper e dispõe-se a entregar Jesus. Jesus leva a Sua cruz até ao Monte do Gólgota, fora dos muros de Jerusalém. Ao meio dia de Sexta-Feira Santa, Jesus é
crucificado entre dois criminosos que são executados ao mesmo tempo que Ele. Por volta da hora nona (15h da tarde),
Na Quinta-Feira Santa Jesus celebra com os seus discípulos a Ceia pascal. Tomou o pão, partiu-o e deu-o dizendo: "Isto é expira.
o Meu Corpo que será entregue por vós". Depois tomou o cálice, deu-o aos Seus discípulos dizendo: "Tomai, todos, e
bebei: este é o cálice do Meu Sangue, o sangue da nova e eterna Aliança, que será derramado por vós e por todos, para Os evangelistas atestam o acontecimento. Testemunham que tudo isto faz parte do plano de Deus para a redenção: Jesus
remissão dos pecados. Fazei isto em memória de Mim". foi entregue aos homens permanecendo, apesar disso, nas mãos de Deus. Sofre e morre para nos salvar. Com a Sua morte
é uma nova vida que começa. O amor de Deus por nós, homens, manifesta-se na Paixão e morte de Cristo: Mistério da fé.
Jesus dá um novo sentido à Páscoa judaica: dá-Se a Ele próprio aos seus discípulos sob as espécies do pão e do vinho.
Deste modo estabelece a Nova Aliança que Ele sela com o seu sangue. Os mensageiros de Cristo dão testemunho de que:

O evangelista São João conta que Jesus, na última Ceia, na véspera da sua morte, ajoelhou-Se diante dos discípulos para  Ele é nosso Mediador: entregou-Se a Si mesmo em resgate por nós (1Tm 2,6).
lhes lavar os pés. Procede assim para que, com o seu exemplo, compreendam a ordem da Nova Aliança: o "maior" deve
fazer-se "pequeno" como Jesus, para servir os seus irmãos e irmãs.  Ele é o Cordeiro de Deus: tira o pecado do mundo (Jo 1,29).

 Ele é o Filho de Deus: pela Sua morte reconciliou-nos com Deus (Rm 5,10).
Porque Ele Se dá,
nós podemos dar.  Ele é o servo de Deus: para todos os que Lhe obedecem, tornou-Se fonte de salvação
Porque Ele partilha, eterna (Hb 5,9).
nós podemos partilhar.
Porque Ele renuncia ao poder,
 Ele é o Redentor: Deus anulou o documento da nossa dívida, fê-lo desaparecer
nós podemos servir.
pregando-o na cruz (Cl 2,14).
Porque Ele morre,
nós podemos viver.
Porque Ele sela a Aliança com o Seu sangue,  Ele é o Salvador: pelas Suas chagas fomos curados (1 Pd 2,24).
convertemo-nos em irmãos e irmãs.

Jesus disse:
Domingo de Ramos: A Igreja comemora a entrada triunfal de Jesus em Jerusalém. Em muitas paróquias organizam-se "Ninguém tem maior amor
procissões. do que aquele que dá a vida pelos amigos."

Páscoa: Era outrora e continua a ser a maior festa judaica. Comemora a primeira noite de Páscoa quando Deus libertou o EVANGELHO SEGUNDO SÃO JOÃO 15,13
seu povo Israel da escravidão do Egipto e o conduziu à liberdade.

Quinta-Feira Santa: De manhã, o bispo consagra o óleo santo que se utiliza nos sacramentos do Baptismo, Confirmação, Sinédrio: a suprema autoridade judaica integrada por setenta e um membros (anciãos, sacerdotes, doutores da lei) sob a
Unção dos doentes e Ordem. De tarde, as paróquias celebram o memorial da Ceia pascal. Recebemos o Corpo e o Sangue presidência do Sumo Sacerdote.
de Cristo, a Eucaristia, que nos converte em irmãos e irmãs uns dos outros e nos compromete a amar com o amor do
próprio Cristo. Sexta-Feira Santa: a Igreja celebra este dia duma maneira muito especial. Ao entardecer, os fiéis reúnem-se para
comemorar a Paixão e morte do Senhor. Na liturgia da Palavra, ouvimos o hino profético do Servo sofredor, um extracto
da epístola aos Hebreus e o testemunho do evangelista São João sobre a crucifixão de Jesus. Na "oração universal", os
cristãos apresentam a Deus - em nome de toda a humanidade - os grandes sofrimentos do nosso tempo. Depois, Celebrando agora, Senhor,
veneramos a cruz, sinal de salvação. Durante a comunhão recebemos o Pão da vida. o memorial da nossa redenção,
recordamos a morte de Cristo
e a Sua descida à mansão dos mortos,
proclamamos a Sua ressurreição e ascensão aos céus,
e, esperando a Sua vinda gloriosa,
nós Vos oferecemos o Seu Corpo e Sangue,
o sacrifício do Vosso agrado
5.4 Foi sepultado e de salvação para todo o mundo.

José de Arimateia não pode aceitar que Jesus permaneça na cruz durante a noite. É um homem influente, que até ao EXTRACTO DA ORAÇÃO EUCARÍSTICA IV
momento receou mostrar-se como discípulo de Jesus.

Agora atreve-se a fazê-lo. Vai procurar Pilatos e pede-lhe autorização para retirar Jesus da cruz e sepultá-l'O. Pilatos Mansão dos mortos: Mundo inferior, império da morte. As histórias da Bíblia transmitem-nos a "palavra de Deus
acede ao seu pedido. José envolve o corpo de Jesus com um sudário e deposita-O num túmulo novo escavado na rocha, expressa em línguas humanas". Isto significa que os homens que testemunham a sua experiência de Deus, o fazem com
digno de um mestre de Israel. Fecha-o com uma grande pedra redonda. Algumas mulheres, que acompanharam Jesus até as representações e as imagens do seu tempo. Imaginam a terra como um disco. Sobre ela, encontra-se a abóbada celeste,
Jerusalém, observam de longe. o "domínio" onde Deus reina sobre os viventes. Em baixo o mundo subterrâneo (sheol), a região onde reina a morte sobre
os defuntos. Por isso se diz: Jesus "desceu" à mansão dos mortos.

Nós Vos louvamos, ó Deus,


e Vos bendizemos, nós Vos damos graças
por Jesus, vosso Filho. 6.1 Jesus está vivo
Ele partilhou connosco a vida,
Ele partilhou connosco a morte,
Ele partilhou connosco o túmulo: O Filho de Deus fez-Se homem. Um homem que nasceu e que morreu sobre a cruz. O Seu corpo foi sepultado. Existem
De que havemos de ter medo? testemunhas disso. Não só os homens e as mulheres que O tinham seguido em Jerusalém, mas também os acusadores, os
servos dos carrascos, Pôncio Pilatos e os soldados romanos...

Os quatro evangelistas referem que pela manhã cedo, no dia de Páscoa, algumas mulheres foram ao túmulo de Jesus
levando perfumes. Ao chegar à sepultura, encontram retirada a grande pedra que a fechava. Entraram no túmulo e viram
um jovem vestido de branco, sentado à direita. Assustam-se. Mas o anjo diz-lhes: "Não vos assusteis. Procurais Jesus de
Nazaré que foi crucificado? Ele ressuscitou! Não está aqui! Vede o lugar onde O puseram. Agora deveis ir dizer aos Seus
discípulos e a Pedro que Ele vai à vossa frente para a Galileia" (Mc 16,1-7). São João conta como Maria Madalena
encontra o Ressuscitado na manhã de Páscoa. Estava a chorar junto ao túmulo vazio. Nisto, vê Jesus sem O reconhecer.
Só quando Jesus a chama pelo seu nome "Maria" é que ela O reconhece. Diz-Lhe em hebraico: "Rabuni", que significa
"Mestre". O Ressuscitado responde-lhe: "Vai procurar os Meus irmãos e diz-lhes: Subo para Meu Pai e vosso Pai, para o
6. Desceu à mansão dos mortos e Ressuscitou ao terceiro dia
Meu Deus e vosso Deus". Maria Madalena foi anunciar aos discípulos que tinha visto o Senhor (Jo 20,11-18).
Deus criou o homem - Adão e Eva - à Sua imagem: criou-os homem e mulher. E abençoa-os. Ama-os: a eles e a todos os
Os discípulos dizem: Jesus não está morto. Ele vive: apareceu-nos. Nós vimo-l'O. A nossa história com Ele, a Sua
seus filhos e aos filhos dos seus filhos, a quem confiou a terra. O seu amor abarca não só os que Lhe são fiéis e respeitam
história connosco, não terminou. Os homens e mulheres que proclamam esta incrível mensagem são testemunhas. Na sua
os Seus mandamentos, mas também todos os que nunca ouviram falar d'Ele e que, por isso, não O procuram, não O
primeira epístola aos Coríntios (1Cor 15,5-8), São Paulo enumera-os: em primeiro lugar Pedro, a pedra sobre a qual Jesus
encontram e ignoram como viver para Lhe agradar. Deus quer partilhar a Sua vida com todos.
edificou a Sua Igreja. Depois, os Doze que Ele escolheu como apóstolos. A seguir, quinhentos irmãos dos quais alguns já
morreram. Posteriormente Jesus apareceu a Tiago, que preside à comunidade cristã de Jerusalém e ainda a todos os
O tempo passa. Os homens morrem. Morrem os que vivem sem Deus ou contra Ele, mas também todos os que O amam: discípulos. Por último apareceu igualmente a São Paulo no caminho de Damasco, quando este perseguia os cristãos.
Adão e Eva, Abraão e Moisés, Sara, Rebeca e Miriam, David e Salomão, Elias e Amós, Zacarias e Isabel, Simeão e Ana,
João Baptista e toda a multidão de pessoas das quais só Deus conhece o nome e o amor.
Depois deste encontro, Saulo, ardente perseguidor dos cristãos, converteu-se num não menos ardente pregador de Cristo.
Para todas estas testemunhas, o sepulcro vazio constituiu um sinal essencial. O encontro com o Ressuscitado converteu-
Terão eles esperado em vão? Esquece Deus a sua fidelidade? Nós acreditamos que Deus não levou a Boa Nova só aos se, para eles, na sua vocação: devem transmitir aos outros o que viram. A sua fé é tão firme que estão prontos a morrer
vivos. Acreditamos que Jesus desceu à mansão dos mortos e que ali proclamou também: Completou-se o tempo. O Reino por ela. É na fé destes discípulos que a nossa se enraíza.
de Deus está a chegar. Estais resgatados. Deus é misericordioso com todos os que O amam. Isto quer dizer que a morte
perdeu o seu poder: não pode reter os que amam a Deus. Jesus Cristo, o Senhor, morreu por todos. Todos pertencem à
O que teve lugar entre a Sexta-Feira Santa e a manhã de Páscoa é o mistério de Deus, ao qual nos referimos dizendo:
comunidade dos vivos fundada por Ele.
"Ressuscitou dos mortos", ou então, "Deus ressuscitou-O".

Os homens e mulheres que viram Jesus ressuscitado, conheceram-n'O durante a sua vida terrena. Agora reconhecem-n'O:
sim, é Ele, contudo, bem diferente. Assustam-se quando Jesus entra através das portas fechadas. Enchem-se de alegria
quando Jesus lhes fala. Confia-lhes a missão de irem por todo o mundo levar a Boa Nova aos homens, perdoar os seus
pecados e fazer deles seus discípulos. E acrescenta: "Eu estarei sempre convosco até ao fim do mundo".
Vigília Pascal: A celebração da noite de Páscoa consta de quatro partes: Liturgia da Luz ou Lucernário, durante a qual se
Senhor, nosso Deus, nós Vos bendizemos: benze o fogo novo e se acende o círio pascal. O sacerdote, em solene procissão, introduz o círio na igreja que deve estar
Nesta noite de todas as noites, às escuras: Luz de Cristo!
fazeis brilhar a Vossa luz: Liturgia da Palavra: nela têm lugar sete leituras do Antigo Testamento e duas do Novo Testamento, textos que nos
Num sepulcro vazio infundis em nós a esperança. lembram a longa história de Deus com os homens.
Liturgia baptismal: a água do Baptismo é benzida. Adultos e crianças recebem o Baptismo; todos renovam as promessas
Jesus, nosso irmão, nós Vos bendizemos. baptismais.
Nesta nossa noite de todas as noites, Liturgia eucarística: nela damos graças Àquele que está connosco até ao fim dos tempos.
apagais em nós o medo da vida e da morte:
A confiança é possível.

Deus, Espírito Santo,


nós Vos bendizemos:
Nesta noite de todas as noites,
fazei-nos entrever que a morte não 7. Subiu aos Céus; está sentado à direita de Deus Pai Todo-Poderoso
é razão de ser da condição humana,
mas sim o amor. Os discípulos de Jesus viveram a experiência da Sexta-Feira Santa: Jesus, indefeso e abandonado, pendia da cruz. A Sua
vida extinguiu-se na morte. Depositaram o Seu corpo num túmulo e fecharam a entrada com uma grande pedra: sinal de
que, no fim, a morte tem poder sobre a vida. No encontro com o Senhor ressuscitado, vivem a experiência que acaba com
tudo o que julgavam saber sobre a vida e a morte. Jesus vem ao seu encontro. Eles reconhecem-n'O - sim, é Ele, o
Crucificado. É-lhes familiar e, ao mesmo tempo, estranho. Entra, mesmo com as portas fechadas. Está presente e
desaparece. Não podemos detê-l'O. Entre o medo e a dúvida, os discípulos começam a pensar e a acreditar no que está
6.2 Nós viveremos para além da morte: Deus ressuscitou o seu Filho dos mortos e recebeu-O na glória com a Sua condição humana. Os
discípulos afirmam: Jesus subiu ao céu e Deus deu-Lhe o lugar de honra, à Sua direita.
A ressurreição de Jesus Cristo é o centro e o coração da nossa fé. A celebração da Vigília Pascal é a solenidade mais
sagrada do ano litúrgico. E cada Domingo é memorial e louvor de Deus que ressuscitou o seu Filho dos mortos. Numa
das comunidades da Igreja primitiva, havia pessoas que duvidavam da ressurreição do Senhor. É a elas que São Paulo se
dirige por carta nestes termos: "Se Cristo não ressuscitou, é vã a nossa pregação, e vã também a vossa fé... Permaneceis 7.1 Deus exaltou-O acima de todos
ainda nos vossos pecados... Deste modo, os que morreram em Cristo também pereceram. Se a nossa esperança em Cristo
é somente para esta vida, nós somos os mais infelizes de todos os homens" (1Cor 15,14-19).
Jesus fracassou entre os homens. "Os Seus não O receberam." (Jo 1,11). Mas Deus ressuscitou-O e acolheu-O. Dá a Seu
Filho o lugar de honra à Sua direita, constituindo-O deste modo Senhor de toda a criação.
 Acreditamos que Jesus, nosso Senhor, está vivo. Que Ele partilhará a Sua vida com
todos os que confiam n'Ele.
A expressão "sentado à direita do Pai" tem um significado especial, para os cristãos de então que, tal como Jesus,
procedem do judaísmo: Deus, o Senhor e Rei, escolheu Israel como Seu povo. Os reis que governam em Jerusalém são
 Acreditamos que o Ressuscitado é causa de esperança para todos: no fim da nossa vida, considerados representantes de Deus. Não governam a título pessoal, mas em nome de Deus. Enquanto não esquecerem
não é o nada o que nos espera, mas a plenitude de Deus; não são as trevas, mas a luz. isto, Deus estará com eles.

 Acreditamos que com Jesus começou a transformação, a redenção do mundo. Sabemos por um salmo o que era dito ao rei no dia da sua entronização: "Senta-te à minha direita, até que eu faça de teus
inimigos escabelo de teus pés" (SI 110,1).
 Acreditamos que o Espírito Santo de Jesus vive e actua no nosso mundo.
Muitos homens piedosos, quando rezam este salmo, pensam no Salvador prometido, o Messias.
 Acreditamos que Jesus Cristo voltará no dia do Juízo. Que Ele há de libertar os homens e
as criaturas de todo o mal e de todo o sofrimento que os oprime, que os levará à
plenitude e lhes dará uma vida sem fim. Numa das primeiras profissões de fé, os cristãos proclamam: "Ele é o Senhor, maior e mais poderoso que todos os
senhores do mundo". Esta confissão é uma afirmação essencial da nossa fé.

Rezamos assim:
Vós não abandonareis a minha alma na mansão dos mortos, A comunidade louva num hino o Senhor a Quem Deus exaltou:
nem deixareis o vosso fiel sofrer a corrupção. Dar-me-eis a conhecer os caminhos da Por isso Deus O exaltou e Lhe deu o nome que está acima de todos os nomes, para
vida, que ao nome de Jesus todos se ajoelhem no céu, na terra e nos abismos, e toda a
alegria plena em vossa presença, língua proclame que Jesus Cristo é o Senhor, para glória de Deus Pai.
delícias eternas à vossa direita.
EPÍSTOLA AOS FILIPENSES 2,9-11
SALMO 16,10-11
7.2 Subiu ao céu Já não podem vê-l'O directamente nem tocá-l'O nem interrogá-l'O como quando estava entre eles. A separação significa
também despedida. São João transmite-nos no seu Evangelho "discursos de despedida": são palavras do Senhor que
Quando os primeiros cristãos confessam que o seu Senhor "subiu ao céu", referem-se ao Antigo Testamento. No livro parte, nas quais os discípulos encontram respostas e consolação.
dos Génesis fala-se do patriarca Henoc, que andou com Deus e, depois, foi por Ele elevado ao céu (Gn 5,24).
Acreditamos também que o grande profeta Elias foi arrebatado ao céu num carro de fogo no meio de um turbilhão (2Rs  Não se perturbe o vosso coração! Acreditai em Deus e acreditai também em Mim. Na
2,11). Eliseu, seu discípulo, fica só e compreende que lhe é pedido continuar a obra de Elias. casa de Meu Pai existem muitas moradas; se não fosse assim, Eu vos teria dito, porque
vou preparar-vos um lugar. E, quando Eu for e vos tiver preparado um lugar, voltarei e
São Lucas descreve, no fim do seu Evangelho, como Jesus Se despede dos seus discípulos: Vai com eles a Betânia, ergue levar-vos-ei comigo, para que, onde Eu estiver, vós estejais também (Jo 14,1-3).
as mãos e abençoa-os enquanto eles se prostram diante d'Ele. E é nesta atitude de bênção que Ele Se eleva ao céu (Lc
24,50-52). No início do seu segundo livro, os Actos dos Apóstolos, narra de novo a ascensão de Jesus a fim de mostrar  Se Me amais, obedecereis aos Meus mandamentos. Então, Eu pedirei ao Pai e Ele dar-
claramente como a história terrena de Jesus desemboca na história da Igreja: durante quarenta dias - um período de vos-á outro Consolador para que permaneça convosco para sempre: o Espírito da
tempo sagrado - o Senhor ressuscitado aparece aos seus discípulos e fala com eles do Reino de Deus. Depois eleva-Se a Verdade (Jo 14,15-17).
seus olhos e uma nuvem - o próprio Deus - O oculta. Atónitos e fascinados, os apóstolos fixam os olhos no céu. É então
que dois mensageiros divinos perguntam: "Porque estais aí parados a olhar para o céu? Esse Jesus que vos foi tirado e  É melhor para vós que Eu vá, porque, se não for, o Consolador não virá a vós. Mas, se
levado para o céu, virá do mesmo modo como O vistes partir para o céu" (Act 1,9-11). Eu for, Eu vos enviarei (Jo 16,7).

Os apóstolos compreendem que lhes cabe agora a eles, mandatados por Jesus, proclamar o Evangelho, curar os doentes,  Eu saí de junto do Pai e vim ao mundo; agora deixo o mundo e volto para o Pai (Jo
perdoar os pecados, exorcizar os espíritos malignos, despertar a esperança. 16,28).

A Igreja de Cristo continua à espera da segunda vinda do seu Senhor. Pela fé temos a certeza de que Ele nos prepara uma
Na terra morada e uma pátria junto do Pai. Jesus quer que estejamos com Ele. Por isso o céu, para onde "erguemos os olhos", já
não tendes outro corpo senão o nosso, não é só o "lugar" de Deus e de Jesus Cristo, mas também o símbolo do nosso refúgio.
nem outros pés senão os nossos,
nem outras mãos senão as nossas.
Enquanto vivermos no mundo dos homens, não podemos falar do mundo de Deus senão por imagens. Só quando
Os nossos olhos revelam a Vossa misericórdia para com o mundo,
tivermos percorrido o caminho de Jesus passando pela morte e pelo túmulo - é que se nos abrirão os olhos, na nossa
os nossos pés levam-Vos a fazer o bem.
própria manhã de Páscoa. Então nós veremos a Ele, Nosso Senhor.
É com as nossas mãos que, agora, podeis abençoar.

SANTA TERESA DE JESUS


Rezamos assim:
Senhor, Pai santo, Deus eterno e omnipotente,
é verdadeiramente nosso dever, é nossa salvação
Subiu ao céu (Ascensão): Não se trata duma mudança de lugar no domínio do nosso mundo, mas da entrada do homem dar-Vos graças, sempre e em toda a parte.
Jesus de Nazaré no domínio celeste, donde há de vir. Porque o Senhor Jesus Cristo, Rei da glória
subiu ao mais alto dos céus,
Actos dos Apóstolos: O segundo livro do evangelista São Lucas relata as obras dos apóstolos que preenchem a missão do ante a admiração dos anjos...
Ressuscitado. Eles anunciam-n'O como o Messias, o Crucificado, o Ressuscitado. Fundam as comunidades, obtêm êxito, Ele não abandonou a nossa condição humana,
são perseguidos. A primeira parte (cap. 1-12) fala sobretudo de Pedro, o primeiro dos apóstolos, e de João. Actuam mas, subindo aos céus, como cabeça e primogénito,
sobretudo na comunidade cristã de Jerusalém. A segunda parte (cap. 13-28) é consagrada a Paulo de Tarso, o deu-nos a esperança de irmos ao Seu encontro,
evangelizador dos gentios (três viagens missionárias). É ele quem traz o Evangelho à Europa. O livro dos Actos dos como membros do Seu Corpo,
Apóstolos termina com a pregação de São Paulo em Roma. Segundo o testemunho da tradição, ele e São Pedro sofreram para nos unir à Sua glória imortal.
o martírio em Roma. Desde modo, Roma a cidade dos apóstolos, passou a ser o centro da Igreja. Por isso, na plenitude da alegria pascal,
exultam os homens por toda a terra
Quarenta dias: Um número sagrado. Durante os quarenta anos de peregrinação pelo deserto, o povo de Israel aprende a e com os Anjos e os Santos proclamam a Vossa glória...
confiar em Deus. Depois de ser baptizado por João Baptista, Jesus jejua durante quarenta dias no deserto. Depois, seguro
da sua missão, começa a sua vida pública. - A Igreja atém-se ao testemunho de São Lucas: celebra a "Ascensão" quarenta EXTRACTO DO PREFÁCIO
dias depois da Páscoa. DA ASCENSÃO DE CRISTO

7.3 A partida e a nova comunidade

É pela fé que nós compreendemos o que São Lucas - que era um fiel da sua e nossa Igreja - atesta como Evangelho de
Jesus Cristo: Jesus fez-Se homem a fim de nos libertar de tudo o que nos separa de Deus. Foi por nós, homens, que Ele
viveu e morreu. Deus ressuscitou-O e colocou-O à sua direita. Isto significa que Jesus deixou de estar visível e palpável
junto dos Seus.
8. De onde há-de vir a julgar os vivos e os mortos 8.2 Ele julgará os vivos e os mortos

Jesus está junto do Pai. Os homens e as mulheres que põem n'Ele a sua confiança permanecem no meio da fragilidade da No seu discurso em casa de Cornélio, o centurião romano, São Pedro declara: "Jesus mandou-nos pregar ao povo e
vida e da imperfeição do mundo. No entanto, a luz que Jesus veio acender no mundo não está apagada. A esperança que testemunhar que Deus O constituiu Juiz dos vivos e dos mortos. Sobre Ele os profetas dão o seguinte testemunho: todo
as suas palavras e acções suscitaram no coração dos homens, não está morta. aquele que acredita em Jesus recebe, em Seu nome, o perdão dos pecados" (Act 10,42-43).

As palavras sobre o julgamento inspiram-nos medo: somos apenas homens. E qual é o homem que pode subsistir diante
de Deus?
8.1 Jesus voltará
As palavras sobre o Juiz infundem-nos coragem: porque conhecemos Jesus. Não temos por que temê-l'O. A Sua
Os primeiros discípulos crêem que o Senhor voltará brevemente. Já não como um homem entre os homens - de quem não mensagem é uma Boa Nova. Ele sabe como os homens se esforçam por fazer a vontade de Deus, respeitar os preceitos de
se pode duvidar nem rejeitar - mas, desta vez, com o poder e a glória de Deus. Isto significa que nunca mais ninguém Moisés, os "Dez Mandamentos" e todas as prescrições particulares que os mestres de Israel foram acrescentando ao
poderá duvidar da Sua autoridade nem contestar os Seus plenos poderes. Todos reconhecerão n'Ele o Enviado de Deus, o longo dos séculos. Jesus diz: "Vinde a Mim todos os que estais afadigados e sobrecarregados e Eu vos aliviarei. Tomai
Messias, o Salvador, o Juiz que, com plena autoridade de Deus, pronuncia a sentença final sobre os homens, e leva a sobre vós o Meu jugo e aprendei de Mim, que sou manso e humilde de coração, e encontrareis descanso para as vossas
criação à sua plenitude: o Reino e o Reinado de Deus tornam-se realidade. almas, pois o Meu jugo é suave, e a Minha carga leve" (Mt 11,28-30).

Os primeiros cristãos não tardaram em dar conta de que a sua impaciência os levava a um impasse. Compreendem que o Numa outra ocasião, Jesus diz o que será tido em conta no Juízo Final: amar a Deus, viver para Lhe agradar e dar aos
tempo de Deus não é à medida do tempo do homem. E que é sempre válida a palavra de Jesus que anuncia o seu retorno: irmãos e irmãs o que necessitam: pão aos famintos, água aos que têm sede, um teto aos que não têm lar, roupa aos nus,
"Quanto a esse dia e a essa hora, ninguém sabe nada, nem os anjos no céu nem o Filho, mas unicamente o Pai" (Mc visitar os doentes e os prisioneiros. Todos os que fizeram isto, fizeram-no por Jesus mesmo sem o saber. O Senhor dir-
13,32). lhes-á então: Vinde, o Pai está à vossa espera! Ireis ver como os homens podem ser felizes. Ireis viver, com Ele, nessa
comunhão a que chamamos céu.
Compreendem também que, com a "ascensão" de Jesus, começou uma nova era: a sua e nossa era, a da Igreja. Por isso,
eles não podem continuar na "montanha" a olhar para o Senhor que sobe ao céu. A sua missão são os homens, em Os outros, os que detestam Deus, não vivem no Seu espírito, não dão aos irmãos e irmãs o que precisam: não socorrem
qualquer lugar onde se encontrem, seja qual for o seu modo de vida. A sua missão é a terra - até aos seus confins. São os famintos, não dão água aos que têm sede, nem teto aos estrangeiros, nem roupa aos nus, nem visitam os doentes e os
responsáveis pela luz: para que ela não se extinga; responsáveis pela esperança: para que, enraizada em Jesus Cristo, não prisioneiros - foi a Jesus a quem recusaram todas estas coisas, mesmo sem o saber. Vão dar conta de como os homens
morra. Que todos tenham o mesmo direito a aderir, pela fé, a Jesus Cristo. Só a Deus pertence decidir quando acabará, podem ser infelizes. Eles próprios se excluíram da comunhão definitiva com Deus (cf. Mt 25).
com a segunda vinda de seu Filho, a terra que Ele criou no princípio.
Senhor, Tu virás no fim dos tempos. O fim do meu tempo é a morte. Senhor, vem ao meu encontro! Acolhe-me junto de
Enquanto dura o tempo, a expectativa pode deter-se. Os crentes podem sentir-se inseguros e duvidar: Cumprirá Deus a Ti! Sê para mim um juiz clemente e faz do dia da minha morte o dia da minha ressurreição! Concede-me ser feliz junto
Sua palavra? Voltará o Senhor? Vale a pena esperar? Podem extraviar-se nos seus afazeres temporais, esquecer que este de Ti, entre os que são benditos de teu Pai!
mundo não é o definitivo e as grandes coisas que os esperam. É a eles que se dirigem as exortações dos apóstolos e dos
evangelistas: permanecei vigilantes pois não sabeis quando voltará o Senhor. Céu: A vida em comunhão definitiva com Jesus. A felicidade de estar junto de Deus. O "inferno" é a exclusão definitiva
da comunhão com Jesus, a desgraça e a miséria dos que se separaram de Deus. O "purgatório" significa que há pessoas
A Igreja de Jesus Cristo define-se como uma comunidade que espera o regresso do seu Senhor e Lhe prepara o caminho. que, no dia da sua morte, ainda não estão preparadas para um encontro com Deus e uma plena comunhão com Ele.
Todos os anos celebra o Advento: uma assembleia preparada a ir ao encontro d'Aquele que vem - e a deixá-l'O vir. Cremos que Deus é misericordioso e magnânimo no perdão. Rezamos pelos nossos mortos.

Anunciamos a Vossa morte,


proclamamos a Vossa ressurreição,
esperamos a Vossa vinda gloriosa.
Marana tha - Vem Senhor Jesus! 9. Creio no Espírito Santo

O Espírito Santo de Deus: não O podemos ver, reter nem mostrar. Não podemos dispor d'Ele. Mas podemos sentir a Sua
A segunda vinda do Senhor: Desde o princípio houve e continua a haver grupos particulares (seitas) que pretendem existência e a Sua acção, por exemplo: quando um homem ou uma mulher fala de Deus, de tal modo que outros abraçam
calcular o fim do mundo e o momento da segunda vinda do Senhor. Encontram nos acontecimentos do seu tempo sinais a fé; quando duas pessoas põem fim a uma discórdia e se reconciliam; quando alguém que agiu mal repara as suas faltas;
que - segundo eles - anunciam o "fim do mundo". Exigem de todos os que querem ser salvos, uma fé e uma obediência quando uma pessoa amargurada pelo ódio começa a amar; quando alguém, que só pensava em si, abre os olhos para o
cegas. Algumas destas seitas causam muitas confusões. Mas todos estes movimentos estão destinados ao fracasso, pois sofrimento dos outros; quando uma pessoa sai em defesa das plantas e dos animais, da água e do ar - da vida posta em
os planos de Deus não estão sujeitos aos cálculos dos homens. Deus, no seu devido tempo, dará cumprimento e perigo pelo homem.
concederá a plenitude a quem, com confiança, permaneça atento e espere.

9.1 O Espírito que dá a vida

A Bíblia começa pelas origens. Então - antes de Deus ter pronunciado a Sua primeira palavra - não havia mais do que
desolação e vazio, águas impetuosas e trevas: a morte. Mas o Espírito de Deus paira sobre as águas: a vida.
Com estas imagens, os mestres de Israel afirmam que Deus está em tudo e sobre tudo o que vive, se desenvolve e cresce O Espírito de Deus não é um dom só para alguns eleitos. O Ressuscitado enviou aos apóstolos e a todos os seus
sobre a terra. O Seu Espírito é a prova de que a criação nunca está desligada de Deus: não está abandonada ao acaso, à discípulos o dom do Espírito Santo (Jo 20,22). No Juízo Final, quando a fraqueza e a maldade dos homens forem
mercê da mente humana ou mesmo de espíritos maléficos. julgadas e restar apenas o amor e a bondade de Deus pelos homens, o Espírito será dado a todos: "Derramarei o meu
espírito sobre os teus filhos e a minha bênção sobre a tua descendência" (Is 44,3). Depois disto, "os vossos filhos e filhas
 Rezamos assim: tornar-se-ão profetas, os vossos anciãos terão sonhos e os vossos jovens terão visões. Nesses dias, até sobre os escravos
Enviais o vosso Espírito... e renovais a face da terra (SI 104,30). Um dos mestres e escravas, derramarei o Meu espírito" (JI 3,12).
bíblicos narra como começou a história de Adão, "o homem": O próprio Deus insuflou
nas suas narinas um hálito de vida e o homem converteu-se em ser vivo. Isto quer
dizer: o ser humano - homens, mulheres e crianças - vivem da vida de Deus. Por isso No dia de Pentecostes rezamos assim:
são capazes de compreender Deus, fazer a sua vontade, tornar-se homens à sua Vinde, Espírito Santo,
imagem. enchei o coração dos vossos fiéis
e acendei neles o fogo do vosso amor. Aleluia!
 Fazemos o sinal da cruz: Em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo.
Amém.
Juízo Final: O dia de Deus. O último dia que Deus fixou ao velho mundo dos homens. Deus criará um novo céu e uma
 O Espírito Santo é o Dom supremo que Deus concede ao homem. Sopra onde quer. Mas nova terra.
o homem pode recusar o Espírito, fechar-se a Ele.

9.3 Jesus Cristo, cheio do Espírito Santo

Rezamos assim: Jesus vive e actua na unidade com o Espírito Santo. Foi pela acção do Espírito Santo que Maria O concebeu. Por isso a
Respira em mim, Espírito Santo, para que eu pense coisas santas. celebramos com as palavras: "Ave Maria, cheia de graça". Movido pelo Espírito, João Baptista declara: "Quanto a mim,
Impulsiona-me, Espírito Santo, para que eu faça coisas santas. eu baptizo-vos com água... mas Aquele que vem depois de mim... baptizar-vos-á no Espírito Santo e no fogo" (Mt 3,11).
Atrai-me, Espírito Santo, para que eu ame o que é santo. Quando Jesus vai ao Jordão para Se fazer baptizar por João Baptista, os céus abrem-se. E eis que uma voz vinda dos céus
Conforta-me, Espírito Santo, para que eu guarde o que é santo. diz: "Tu és o Meu Filho muito amado, no qual pus as minhas complacências." É pela força do Espírito Santo que Jesus
Guarda-me, Espírito Santo, para que eu nunca perca o que é santo. resiste a Satanás, que quer tentá-l'O no deserto para O desviar da Sua missão (Mc 1,11-13).

ATRIBUÍDO A SANTO AGOSTINHO (354-430) Jesus sabe porque é enviado. Em Nazaré, a Sua cidade, vai à sinagoga, ao Sábado e lê uma passagem do profeta Isaías:
"O Espírito do Senhor está sobre Mim, porque Ele Me consagrou com a unção, para anunciar a Boa Nova aos pobres;
enviou-Me para proclamar a libertação aos presos, e aos cegos a recuperação da vista; para libertar os oprimidos e
O Espírito de Deus é invisível. Procede do Pai e do Filho como os raios quentes que emanam do sol. Ele é Deus: para proclamar um ano de graça do Senhor" (Lc 4,18-19). E todos compreendem o que Jesus quer dizer quando afirma:
consubstancial ao Pai e ao Filho. A sua acção é perceptível através das acções dos homens a quem Ele Se dá. Os seus "Hoje cumpriu-se esta passagem da Escritura, que acabais de ouvir" (Lc 4,21).
símbolos são: a água, o fogo, a tempestade, a nuvem, o sopro e o vento. Por vezes é comparado a uma pomba e
representado dessa maneira. Para os homens dos tempos bíblicos - e mesmo para os de hoje - a pomba é imagem da paz e Pela força do Espírito, Jesus expulsa os demónios e cura os doentes. Diz aos pobres e aos oprimidos que Deus os ama.
do amor que se tornou visível. Não tem medo dos doutores da lei nem dos poderosos.

Jesus observa como estes não se deixam convencer e dá conta de que a Sua vida corre perigo. Então, prepara os Seus
discípulos para o tempo em que já não estará com eles. O evangelista São João conta como Jesus Se despede dos
apóstolos. Encoraja-os e diz-lhes como poderão permanecer seus amigos. Promete-lhes um Consolador, um Paráclito.
9.2 Ele falou pelas profetisas e pelos profetas
Alguém que reze por eles quando as palavras lhes faltarem. Alguém que lhes diga como defender-se quando forem
acusados e perseguidos por sua causa. Promete-lhes o Seu Espírito Santo.
A Bíblia fala de homens e de mulheres a quem Deus dá o Seu Espírito: os reis recebem-n'O pela unção do óleo sagrado.
Graças a Ele, os eleitos podem realizar uma determinada missão. Atrevem-se, com coragem, a contradizer os reis, a
acusar os falsos profetas e os sacerdotes infiéis, a denunciar a heresia e o pecado. O seu entusiasmo é contagioso, a sua
convicção persuasiva. As pessoas que se relacionam com eles sentem que Deus actua neles, que o Espírito Santo fala Rezamos:
Glória ao Pai, e ao Filho, e ao Espírito Santo,
através desses homens.
como era no princípio, agora e sempre. Amém.
Por isso, os homens inspirados são credíveis e dignos de confiança. Israel tem um modo especial de falar do Espírito
quando se trata do Messias, o rei de justiça saído da casa de David, que instaura sobre a terra a paz de Deus. Um dos
profetas diz d'Ele: Deus dá-Lhe o espírito de sabedoria e inteligência, espírito de conselho e fortaleza, espírito de
conhecimento, de piedade e temor de Deus (Is 11,2). É a esta palavra profética que nós temos presente quando evocamos
os "sete dons" do Espírito Santo. Satanás: Chamamos-lhe também, algumas vezes, "diabo" ou "inimigo": um anjo que, assim o cremos, se converteu em
adversário de Deus. É o Mal por excelência, que tenta separar de Deus os homens para os conduzir ao pecado. Os crentes
Do servo que - enviado de Deus, rejeitado pelos homens - dá a sua vida pelo povo, Deus diz: "Eis o Meu servo a quem têm que escolher a quem querem servir: Deus ou Satanás. Jesus resistiu a Satanás: isto significa que este perdeu o seu
Eu amparo, o Meu eleito em quem a Minha alma se alegra. Eu coloquei sobre Ele o Meu espírito para que promova o poder. Quando Jesus voltar na sua glória, o diabo será definitivamente vencido.
direito entre as nações" (Is 42,1).
10. A Santa Igreja Católica Quinquagésimo dia (Pentecostes): O dia em que a comunidade judaica celebra o memorial da aliança concluída por Deus
com o seu povo no Monte Sinai. A Igreja celebra este dia como o Pentecostes, ou seja, a efusão do Espírito Santo sobre a
A Igreja do nosso tempo é uma comunidade com dimensões mundiais. Comunica a fé aos que a ela se incorporam pelo Igreja primitiva de Jerusalém, por ocasião das festas judaicas, cinquenta dias depois da Páscoa.
Baptismo e ensina-os a viver como cristãos. Cumpre assim a missão que lhe foi conferida por Jesus Cristo, até que Ele
volte na sua glória.

10.2 A Igreja: una, santa, católica e apostólica

10.1 No começo era o Espírito Santo O Espírito Santo não agiu somente no começo da Igreja. Continua a vivificá-la e a Sua acção torna-se nela perceptível.
Por isso a Igreja só pode ser "una": tem um só Senhor, uma só fé, um só Baptismo; forma um só corpo movido por um só
Os cristãos perguntam: quando, onde e como começou a igreja? A resposta é nos dada na "história da fundação" que São Espírito, orientado para uma única esperança.
Lucas nos relata nos Actos dos Apóstolos:
Não há dúvida de que, numa comunidade que agrupa indivíduos muito diferentes, se discuta e haja desavenças: alguns
Começou em Jerusalém, a cidade da morte e da ressurreição de Jesus. Os apóstolos e os discípulos de Jesus seguem um mestre, outros obedecem a outro (1Cor 3,4-8). Alguns consideram os usos e costumes judaicos como muito
encontravam-se reunidos numa casa. Maria, a Mãe de Jesus, estava presente, assim como outras mulheres. Esperavam o importantes, enquanto outros os acham secundários e estranhos (Act 16,21). Uns são fiéis às prescrições de Jesus de
Paráclito que Jesus tinha prometido e oravam juntos. E aconteceu que, cinquenta dias depois, o sopro do Espírito de Deus modo radical, separando-se dos outros (2Cor 6,17). A diversidade de carismas e de modos de vida, constitui um
desceu do céu sobre eles como um vendaval, encheu a casa e acendeu uma chama nos corações. Já não sentem medo dos enriquecimento para a comunidade - e para toda a Igreja - enquanto os cristãos não esquecem que há um só Senhor, uma
que perseguiram e condenaram Jesus. Os discípulos ficaram repletos de entusiasmo. Não podiam ficar fechados por mais só fé, um só Baptismo e um só Deus e Pai de todos (Ef 4,5-6).
tempo, tinham de sair para anunciar a Boa Nova.
Toda a Igreja sofre quando algumas pessoas ou grupos discutem sobre interpretações doutrinais e normas de vida,
Diante da casa reunira-se uma multidão de gente vinda de todos os cantos do mundo, que tinha sentido o poderoso sopro provocando divisões no seio da comunidade.
do Espírito. Contagiados pelo entusiasmo dos apóstolos, ouviam o que estes testemunhavam acerca de Jesus, o Filho de
Deus, e cada um ouvia a mensagem na sua própria língua. Resulta grave que algumas pessoas ou grupos se separem da comunidade para se proclamarem "Igreja" à sua maneira. E
não é menos grave quando a Igreja tem de excluir da sua comunidade um mestre ou um grupo, por causa das suas
As pessoas nas quais vive o Espírito de Jesus, compreendem-se umas às outras, mesmo que não falem a mesma língua. heresias.
Não se sentem estranhas entre si, qualquer que seja a sua nação ou raça.
Por amor à unidade e a Jesus, a Igreja não deve deixar jamais de procurar a reconciliação, nem de implorar o perdão das
Nesse mesmo dia de Pentecostes, São Pedro, o primeiro dos apóstolos, pronuncia o discurso que inaugura a missão em suas próprias faltas e dos outros. Se assim não fosse, Jesus teria rezado em vão: "Peço-Te, Pai, que todos sejam um" (Jo
favor de Cristo. A sua pregação foi tão convincente que todos os que o escutavam sentiram-se tocados no coração. Nesse 17,21).
dia - diz-nos São Lucas - vários milhares de pessoas abraçaram a fé, receberam o Baptismo e entraram na comunidade de
Jesus Cristo: irmãos e irmãs, a Igreja de Cristo.
É esta a oração duma comunidade do primeiro século depois de Cristo:
Todos eram assíduos ao ensinamento dos Apóstolos e à fracção do pão. Mantinham-se fiéis à comunhão fraterna e davam Lembra-Te, Senhor, da Tua Igreja,
a cada um segundo a sua necessidade. livra-a de todo o mal,
e aperfeiçoa-a no Teu amor.
Reúne-a dos quatro cantos do mundo,
e santifica-a no reino que Tu lhe preparaste.
Dizemos São Pedro e pensamos no Papa que dirige a Igreja como seu sucessor. Porque Teu é o poder e a glória
Dizemos São Paulo ou São Tiago e pensamos em todos os que transmitem o pelos séculos dos séculos. Amem!
Evangelho. Que venha a graça e passe este mundo! Amem!
Dizemos São Bernardo ou Santa Teresa e pensamos em todos os que consagram a Hossana, ó Filho de David!
sua vida a Deus. Aquele que é santo, que venha!
Dizemos Santa Clara ou São Francisco e pensamos em todos os que são pobres com Aquele que não o é, que mude o seu coração!
os pobres. Marana tha. Vem Senhor Jesus! Amem!
Dizemos São Martinho ou Santa Isabel e pensamos em todos os que partilham.
Dizemos São Vicente de Paula e pensamos em todos os que vivem para os outros.
Dizemos São Maximiliano Kolbe e pensamos em todos os que dão a vida pelos DIDAQUÊ 10,5-6
irmãos.
Dizemos Santa Joana D'Arc ou o bispo Romero e pensamos em todos os que são
vítimas da violência. • A Igreja, una, é santa
Dizemos "cristãos" e pensamos em todos os que são vivificados pelo Espírito.
Santa, mas não por si mesma, pois só Deus é Santo. Ele ama a Igreja, a comunidade de homens e mulheres que
confessam o seu Filho Jesus Cristo como Senhor, que transmitem a Boa Nova e dão testemunho dela com a própria vida.

Igreja: É assim que designamos as nossas casas de oração, a paróquia, a comunidade de todos os fiéis no seu conjunto. A Nem sempre conseguem isto. É por esta razão que a Igreja de Jesus Cristo é também uma Igreja de pecadores:
Igreja é regida pelo Papa, sucessor do apóstolo São Pedro, e pelos bispos, sucessores dos Apóstolos. Originalmente, comunidade de homens que se extraviam no caminho, que atraiçoam o amor, que quebram a aliança, que permitem o mal
"Igreja" significa "aqueles que pertencem ao Senhor": nome das assembleias do povo convocadas por Deus. e até o fazem. Homens que necessitam de perdão e de misericórdia para serem, por sua vez, misericordiosos com os
outros. Deus santifica a Igreja apesar das limitações humanas e deficiências dos seus dirigentes e fiéis. Por isso a Igreja é
e continua a ser para o mundo o sinal visível da santidade de Deus. Porque Deus a santifica, ela consegue resistir aos Católica significa: "A Igreja anuncia a totalidade da fé; guarda e administra a plenitude dos meios de salvação; é
poderes do mundo. Sim, nem sequer as Portas do Inferno poderão vencê-la. enviada a todos os povos, dirige-se a todos os homens; abrange todos os tempos; "é, por sua própria natureza,
missionária" (Ad Gentes 2; Catecismo da igreja Católica 868). "A Igreja vê-se ainda unida por muitos títulos, com os
baptizados que têm o nome de cristãos, embora não professem integralmente a fé ou não guardem a unidade de
Rezamos: comunhão com o sucessor de Pedro" (Lumen Gentium 15). "Aqueles que crêem em Cristo e receberam validamente o
Vós, Senhor, sois verdadeiramente Santo Baptismo encontram-se numa certa comunhão, embora imperfeita, com a Igreja Católica" (Unitatis Redintegratio 3).
e todas as criaturas cantam os Vossos louvores, Quanto às Igrejas Ortodoxas esta comunhão é tão profunda "que bem pouco lhes falta para que ela atinja a plenitude,
porque dais a vida e santificais todas as coisas, autorizando uma celebração comum da Eucaristia do Senhor" (Paulo VI, discurso de 14 de Dezembro de 1975 -
por Jesus Cristo, Vosso Filho, Nosso Senhor, Catecismo da Igreja Católica 838).
com o poder do Espírito Santo.
• A Igreja, una, santa, católica, é apostólica
EXTRACTO DA ORAÇÃO EUCARÍSTICA III
Desde o início do seu ministério público, Jesus chama e reúne discípulos para que O acompanhem, escutem o que diz e
vejam o que faz. Dentre eles, escolhe doze homens para que sejam Suas testemunhas, desde o Baptismo no Jordão até à
Santo: Deus não é como os homens. Ele é inteiramente Outro: transcendente, Todo-Poderoso, omnisciente, Sua ressurreição. Envia os Doze, os apóstolos, para que possam ir, em Seu nome, aonde Ele não vai pessoalmente,
omnipresente. Ele é mais do que aquilo que podemos dizer, pensar e representar. Esta alteridade de Deus, o mistério do anunciem a Boa Nova e curem os enfermos.
seu ser, é o que podemos dizer quando afirmamos: Ele é Santo. A Igreja canoniza (proclama santos) certas pessoas -
homens e mulheres - pelo testemunho que eles deram de Cristo. Os santos - e em primeiro lugar a Virgem Santa - são O Ressuscitado confiou a São Pedro, o primeiro entre os apóstolos, uma responsabilidade especial na Igreja. Os doze
nossos modelos e intercessores junto de Deus. apóstolos são o fundamento da Igreja. Proclamam o Evangelho. Conservam os ensinamentos de Jesus e, com o auxílio do
"A Igreja é santa: é seu autor o Deus santíssimo; Cristo, seu Esposo, por ela Se entregou para a santificar; vivifica-a o Espírito Santo, defendem a verdade plena e não falsificada.
Espírito de santidade. Embora conte no seu seio pecadores, ela é "a sem-pecado feita de pecadores". Nos santos brilha a
sua santidade; em Maria ela é já toda santa" (Catecismo da Igreja Católica 867). Os apóstolos transmitem a sua missão e o seu mandato a outros. A sucessão dos bispos de Roma remonta, sem
interrupção, a São Pedro. Em comunhão com os bispos, sucessores dos apóstolos, o Papa, como sucessor de São Pedro,
• A Igreja, una, é católica guia a Igreja no seu caminho através do tempo.

O Deus único é o Deus de todos os homens. Olha para eles com benevolência e deseja conduzi-los, onde quer que se
encontrem e em todos os tempos, à salvação, de que Ele mesmo é o centro. Um dos mestres da Igreja primitiva, preocupado com a unidade da Igreja, exorta-nos:
Comportai-vos de modo digno da vocação que recebestes. Sede humildes, amáveis,
A Igreja de Jesus Cristo é a depositária da herança do Senhor e anuncia Cristo como a esperança de todos os homens. Ela pacientes e suportai-vos uns aos outros no amor. Mantende entre vós a unidade do
é sinal e penhor do Seu amor redentor. Não só para aqueles que são baptizados no seio da Igreja católica romana, mas Espírito pelo vínculo da paz. Há um só corpo e um só Espírito, assim como fostes
para todos os que vivem reconciliados com Deus. Também as pessoas que servem a Deus noutras confissões cristãs e chamados a uma só esperança: há um só Senhor, uma só fé, um só Baptismo; há um
noutras religiões e até as pessoas que não sabem nada de Deus, participam do amor de Deus e da esperança, da qual Jesus só Deus e Pai de todos.
Cristo é o garante. Todas estas pessoas estão de certo modo relacionadas com a Igreja una. Por isso a Igreja está - em
virtude da sua própria natureza - aberta a todos: Católica (= universal). EPÍSTOLA AOS EFÉSIOS 4, 1-6

Ó Deus, Pai de todos os homens, Apóstolo, apostólico: O apóstolo é "o enviado" e fala com a autoridade de quem o envia. O número de doze apóstolos
Tu pedes a cada um de nós corresponde às doze tribos de Israel e indica que Jesus congrega o novo povo de Deus, o definitivo. A Igreja é apostólica
que levemos o amor porque os seus bispos descendem em linha directa dos apóstolos.
onde os pobres são oprimidos,
que levemos a alegria
onde a Igreja se encontra em desalento,
que levemos a reconciliação
onde há pessoas que vivem separadas entre si: 10.3 Hierarquia e ministérios
o pai e o filho,
a mãe e a filha, O Ressuscitado envia doze homens, Seus apóstolos, a todas as nações da terra. Poderá ter êxito esta missão? Os apóstolos
o marido e a mulher, começam em Jerusalém. Anunciam, baptizam, celebram a Eucaristia em memória do Seu Senhor. Mesmo quando são
o crente e aquele que não acredita, perseguidos e impedidos de falar, não se deixam intimidar. Desde Jerusalém, espalham-se por aldeias e vilas. Colocam à
o cristão e o seu irmão cristão a quem não ama. frente das comunidades homens experimentados impondo-lhes as mãos, e enviam missionários e pregadores itinerantes.
Nós Te suplicamos: abre-nos este caminho
do amor, da alegria e da reconciliação,
Conhecemos melhor São Paulo, a quem o Senhor ressuscitado institui apóstolo dos pagãos. São Paulo vai de cidade em
a fim de que o Corpo ferido de Cristo, a Tua Igreja,
cidade, de país em país e finalmente chega - como prisioneiro - a Roma. Em toda a parte, funda comunidades e nomeia
seja fermento de comunhão para os pobres da Terra
como dirigentes homens de piedade provada. É a eles e às suas comunidades que São Paulo envia as suas epístolas. Estas
e para toda a família humana.
cartas informam-nos sobre questões importantes para as comunidades nascentes e as dificuldades com as quais são
confrontadas. Quando surge um problema que São Paulo não pode resolver por si próprio, dirige-se a Jerusalém. É aí que
MADRE TERESA E IRMÃO ROGER SCHUTZ se reúnem os apóstolos. Confiando plenamente no Espírito Santo, deliberam sobre o que têm a fazer e decidem o que se
há de aplicar na Igreja de Jesus Cristo.
importante que tudo o demais. São homens e mulheres que descobrem a sua felicidade - e se encontram a si mesmos - na
A todos aqueles a quem é confiado um ministério na Igreja, é-lhes aplicada a palavra ausência de bens e de família, e na obediência a outra pessoa.
do Senhor:
"Sabeis como aqueles que se dizem governadores das nações têm poder sobre elas, e Muitos homens e mulheres vivem segundo estas regras. Querem estar disponíveis para Deus, sinal de que Ele está
os seus dirigentes exercem sobre elas a sua autoridade. Mas entre vós não deve ser presente no mundo dos homens. Esses homens e mulheres, que se sabem chamados por Deus, agrupam-se em
assim: quem de vós quiser ser grande deve tornar-se o vosso servidor" comunidades de vida e serviço. Ao longo da história da Igreja, apareceram - e continuam ainda a aparecer - esses
institutos religiosos, quase sempre para responder a uma necessidade do seu tempo: para uns o mais importante são os
EVANGELHO SEGUNDO SÃO MARCOS 10,42-43 ofícios divinos e a adoração; outros levam uma vida ritmada pela oração e o trabalho. Outros dedicam-se a ensinar e
proclamam o Evangelho; outros ainda, ocupam-se dos pobres, das crianças que ninguém quer, dos doentes, deficientes e
moribundos. Distinguimos entre institutos de vida "contemplativa" e institutos de vida "activa". Nos nossos dias, há ainda
A Igreja cresce e o tempo passa. Os homens e mulheres que acompanharam Jesus a Jerusalém, vão desaparecendo. Para comunidades chamadas institutos seculares, cujos membros não se distinguem, exteriormente, das pessoas entre as quais
que nada se perca da tradição sagrada nem se falsifique a sua transmissão, começa a pôr-se por escrito o que a tradição vivem.
diz acerca de Jesus. Acreditamos que o Espírito Santo presidiu a esta redacção e que os que escreveram os textos
sagrados, são testemunhas autênticas e fiéis. As ordens e congregações religiosas denominam-se, frequentemente, segundo o nome do seu fundador: São Bento, São
Francisco, São Vicente de Paula. Outras, têm o nome referente à sua missão: Filhas da Caridade, Missionárias da
A Igreja vê nascer no seu seio uma hierarquia e ministérios bem definidos; o primeiro e supremo mestre da Igreja é o Caridade, Irmãos das Escolas Cristãs. Cada instituto segue uma "Regra" que lhe dá uma orientação própria. Mas todos
bispo de Roma: o Papa. Os bispos, sucessores dos apóstolos, velam nas Igrejas locais para que a fé se conserve intacta. têm em comum a obrigação da pobreza, da castidade e da obediência: três preceitos que marcam uma vida de fidelidade a
Ordenam sacerdotes para que dirijam as comunidades paroquiais. Os sacerdotes presidem à oração e actuam como Jesus. São chamados "conselhos evangélicos".
intercessores, anunciam o Evangelho às suas respectivas comunidades, administram os sacramentos e celebram a Viver segundo os conselhos evangélicos não é fácil. Quem se decide por eles necessita de anos de provação e exercício
antes de se comprometer por um tempo (profissão de "votos temporários") ou para toda a vida (profissão de "votos
Eucaristia. Prestam assistência aos que lhes são confiados e acompanham-nos no seu caminho para Deus.
perpétuos").
"No grau inferior da hierarquia estão os diáconos, aos quais foram impostas as mãos, 'não em vista do sacerdócio, mas
do serviço'" (Lumen Gentium 29)... "Entre outros serviços, pertence aos diáconos assistir o bispo e os sacerdotes na
Santa Teresa de Jesus diz às suas irmãs:
celebração dos divinos mistérios, sobretudo da Eucaristia, distribuí-la, assistir ao Matrimónio e abençoá-lo, proclamar
o Evangelho e pregar, presidir aos funerais e consagrar-se aos diversos serviços da caridade" (Catecismo da Igreja Nada te perturbe,
Nada te espante,
Católica 1569-1570).
Tudo passa,
Deus não muda.
Creio no Espírito Santo,
A paciência tudo alcança;
que vivifica a Igreja de Jesus Cristo
Quem a Deus tem
e cada um de nós
Nada lhe falta:
fazendo-nos suas testemunhas.
Só Deus basta.
Creio no Espírito Santo,
que permite à Igreja de Jesus Cristo
e a cada um de nós
perdoar ao próximo,
escutá-lo e amá-lo.

Creio no Espírito Santo, 11. A comunhão dos santos


que acompanha a Igreja de Jesus Cristo
e cada um de nós Acreditar na "Santa Igreja Católica" e na "comunhão dos santos" está intimamente ligado. A Igreja é a pátria daqueles
e nos conduz até à meta. que, por meio de Jesus Cristo, participam do que é santo: do sacramento do Corpo e do Sangue de Cristo, do perdão dos
pecados, do amor de Deus pelos homens.

A Igreja comunica a fé; com o pleno poder de Jesus administra os sacramentos e funda assim a "comunhão dos santos".

10.4 A vida consagrada a Deus

O homem foi criado para a mulher e a mulher para o homem. Contudo, sempre houve e continua a haver, na Igreja, 11.1 Jesus funda a comunidade
homens e mulheres que vivem voluntariamente o celibato. Deu confiou ao homem a terra para que desenvolva nela as
suas capacidades, assegure a sua subsistência e se alegre com o fruto do seu trabalho. Mas sempre houve e continua a Por vezes dizemos: "Uma pessoa sozinha não é nada" ou, referindo-nos à igreja: "Um cristão sozinho, não é nada". Só no
haver, na Igreja, homens e mulheres que vivem voluntariamente pobres e carentes de bens. Deus deu ao homem interior duma comunidade o homem pode chegar a ser o que realmente é. Só em sociedade pode desenvolver os seus
liberdade e imaginação. O desejo de procurar na vida o seu próprio caminho e percorrê-lo. Mas sempre houve e continua dons, pôr em acção o mais peculiar do seu ser e, deste modo, realizar-se a si mesmo. Sabemos que a comunidade é vital
a haver, na Igreja, homens e mulheres que prometem voluntariamente obedecer a um superior ou a uma superiora. Fazem para nós - e no entanto, só com muitas dificuldades aprendemos a viver em sociedade.
isso porque a palavra de Jesus dirigida aos pescadores do lago de Tiberíades: "Vem, e segue-Me", é para eles mais
Escutando a palavra de Jesus, aprendemos a natureza da comunidade que Ele funda.
 Nesta comunidade, os pequenos são grandes. Jesus toma nos braços as crianças e diz
aos adultos: Sede como elas. Jesus escolhe pescadores do lago de Tiberíades para O que nos une:
apóstolos e confia-lhes a missão de congregar e dirigir a sua Igreja. Somos baptizados em nome do mesmo Deus.
Partimos o mesmo pão.
 Nesta comunidade todos têm uma oportunidade: Jesus deixa-Se convidar pelos Partilhamos a mesma esperança.
publicanos e come com eles; fala do Reino de Deus com uma mulher. E diz aos Respeitamos o mesmo mandamento.
pecadores: Deus perdoou-vos. E aos ricos: Dai aos pobres. Acreditamos na mesma palavra.
Celebramos o mesmo Deus único.
 Nesta comunidade, os desanimados e os desfavorecidos encontram o que esperam:
Jesus cura os doentes e os deficientes; devolve a liberdade aos que estão possuídos e
oprimidos pelo mal.

11.3 Os santos em Jesus Cristo


Quando Jesus lavou os pés aos Seus discípulos... disse-lhes: "compreendestes o que
vos fiz? Vós chamais-Me Mestre e Senhor, e dizeis bem, porque o sou. Se, portanto, "Vós sois raça eleita, sacerdócio real, nação santa..." (1 Pd 2,9).
Eu, sendo Senhor e Mestre, vos lavei os pés, também vós deveis lavar os pés uns aos
outros. Eu dei-vos o exemplo para que, assim como vos fiz, vós façais também." Através destes títulos honoríficos, São Pedro exalta a sua comunidade de homens e de mulheres, que se reconhecem
pecadores diante de Deus e dos seus semelhantes. Encoraja-os a converterem-se no que Deus quer que sejam.
EVANGELHO SEGUNDO SÃO JOÃO 13,12-15
O povo de Deus não é constituído só por pessoas que vivem contemporaneamente na Igreja visível. Dela fazem parte,
também, os mortos que estão ainda a caminho para a comunhão plena com Deus, assim como numerosos bem-
aventurados que contemplam Deus face a face.

11.2 Aprendizagem da vida comunitária A Igreja celebra anualmente a comunhão dos Santos na solenidade de Todos os Santos e na Comemoração dos fiéis
defuntos (dias 1 e 2 de Novembro, respectivamente).
Nas comunidades cristãs reúnem-se pessoas de todo o género e origem que, na vida quotidiana pouco têm em comum:
judeus e pagãos, ricos e pobres, homens e mulheres, comerciantes e lavradores, mestres e artesãos, jovens e idosos,
pessoas de êxito e fracassados, sãos e doentes, proprietários de terras e trabalhadores assalariados. Todos partilham o que
para eles é importante: a fé em Jesus, a confiança na sua palavra, o lugar à mesa, a esperança na vida que Ele promete aos
que O seguem. Quando rezam, fazem-no como Ele lhes ensinou: "Pai Nosso...". Chamam-se uns aos outros "irmãos" e Senhor, nosso Deus,
"irmãs". lembra-Te de todos aqueles que,
neste mundo,
Esta atitude fraterna não é evidente num mundo que mede o prestígio dum homem ou duma mulher segundo o modo caminham para Ti:
como se impõem aos outros. Os cristãos não recebem automaticamente esta capacidade com o Baptismo. Cada pessoa, os que não têm nada para dar e os que se entregam a si mesmos;
no seio da comunidade, pode cometer erros, pecar contra o próximo, falhar. Já as primeiras comunidades tiveram esta os que estão tristes
experiência. Podemos aprender delas como viver com os nossos erros e as nossas faltas. e os que lhes dizem palavras de esperança;
os que estão magoados
A comunidade de Corinto, fundada por São Paulo, é um bom exemplo, pois conhecemos os seus problemas e também as e não magoam à sua volta;
exortações que São Paulo lhe dirigiu. Nessa comunidade, são cristãos, "santos", os que têm conflitos uns com os outros e os famintos
que levam aos tribunais dos "injustos", ou seja, dos pagãos (1Cor 6,1-11). São Paulo incita-os com firmeza a fazer a paz e e aqueles que lhes enchem o prato;
a reconciliar-se. os privados de seus direitos e os que se comprometem em seu favor;
os que falharam
Outros hesitam comprar no mercado a carne destinada a ser imolada aos ídolos ou a comê-la quando são convidados. São e os que lhes perdoaram.
Paulo reafirma-os na sua liberdade de cristãos. Mas, ao mesmo tempo, exorta-os a ter em consideração os "débeis" que Lembra-Te daqueles que, neste mundo,
há no seio da comunidade e a não lhes dar "ocasião de escândalo" (1Cor 8,1-13). Caminham para Ti: os Teus santos.

Há também discussões sobre qual dos diversos ministérios no seio da comunidade é o mais agradável a Deus (1Cor
12,12-31). São Paulo resolve este problema recorrendo a uma comparação que demonstra bem o que ele entende por
"comunidade". Escreve: sucede com a comunidade o mesmo que com o nosso corpo. Tem diferentes membros: olhos
para ver, ouvidos para ouvir, mãos para agarrar, pés para andar. Nenhum membro pode ser substituído por outro na sua
função. E quando um membro sofre, é todo o corpo que sofre. Pois o corpo é uma unidade. Acontece o mesmo com a
comunidade. Cada um tem a sua função: Um como apóstolo, outro como profeta, o terceiro como médico. É a
diversidade de ministérios que edifica a comunidade.
12. A remissão dos pecados 12.2 Eu não te condeno

Nós, os cristãos, confessamos a nossa fé no Espírito Santo, na santa Igreja católica, na comunhão dos santos e na O evangelista São João fala-nos dos escribas e fariseus que trouxeram uma mulher a Jesus, dizendo-Lhe: "Mestre, esta
remissão dos pecados. Estas verdades estão intimamente ligadas entre si; cada uma delas faz referência às restantes e mulher foi apanhada em flagrante delito de adultério. Ora Moisés, na lei, mandou-nos apedrejar tais mulheres. Tu que
todas elas têm a ver com o encargo que o Senhor ressuscitado confiou aos Seus apóstolos quando os enviou em missão: dizes? Jesus ficou em silêncio. Como eles persistissem em interrogá-l'O, disse-lhes: "Aquele de entre vós que estiver sem
"Ide pelo mundo inteiro, proclamai o Evangelho a toda a criatura. Todo aquele que acreditar e for baptizado, será pecado seja o primeiro a atirar-lhe uma pedra". Os acusadores ouvem a resposta e compreendem-na.
salvo; aquele que não acreditar, será condenado" (Mc 16,15-16).
Um após outro foram-se embora e Jesus ficou a sós com a mulher. Então perguntou-lhe: "Mulher, onde estão os outros?
Aquele que sela a sua fé em Jesus Cristo pelo Baptismo, está reconciliado com Deus pela morte de Jesus: os pecados são- Ninguém te condenou?" Ela respondeu: "Ninguém, Senhor". Disse-lhe Jesus: "Eu também não te condeno; vai e não
lhe perdoados. Por isso o Baptismo é o primeiro sacramento e o mais importante para o perdão dos pecados. voltes a pecar" (Jo 8,1-10).

A história do encontro de Jesus com a mulher adúltera é um exemplo. Jesus não evita os pecadores. Come com eles.
Entre os Seus apóstolos há um antigo publicano. E na sua hora suprema Jesus diz ao ladrão que está crucificado à Sua
12.1 A missão do Senhor direita: "Em verdade, te digo, hoje estarás comigo no paraíso" (Lc 23,43).

O Senhor ressuscitado deu aos Seus apóstolos uma missão e pleno poder para administrar o Baptismo aos que crêem e Jesus não culpa ninguém pelas suas falhas. Alivia os que se sentem oprimidos pelo peso das suas faltas e levanta-os. Não
incorporá-los assim na Sua Igreja. procura que os culpados sejam condenados e punidos, mas que, absolvidos, vivam uma vida nova, não esquecendo que
Deus os ama. Assim, poderão aceitar-se a si próprios porque Deus os aceita.
 São João atesta, no Seu Evangelho, esta missão. Descreve-a deste modo: na tarde de
Páscoa, os discípulos encontravam-se reunidos. Tinham as portas fechadas por medo Não podemos comprar o perdão nem podemos merecê-lo; ninguém tem direito ao
dos judeus. perdão. O perdão, podemos pedi-lo humildemente para nós e para os outros: a
"Jesus veio e colocou-Se no meio deles e disse-lhes: "A paz esteja convosco!" Os bondade de Deus é sem limites. Aquele que recebeu gratuitamente o perdão pode
discípulos ficaram cheios de alegria ao verem o Senhor. Jesus então disse-lhes de novo: viver com a sua falta e crescer com ela; pode tornar-se bom e misericordioso num
"A paz esteja convosco! Assim como o Pai Me enviou, também Eu vos envio a vós". Dito mundo que condena e castiga.
isto, soprou sobre eles e disse-lhes: "Recebei o Espírito Santo; àqueles a quem
perdoardes os pecados, ficar-lhes-ão perdoados; àqueles a quem os retiverdes, ficar-
lhes-ão retidos" (Jo 20,19-23).

Na Igreja, o poder conferido por Jesus aos apóstolos, tem sido transmitido até aos nossos dias: aos bispos e aos
12.3 Assim como nós perdoamos
sacerdotes. E é bom que assim seja. Porque somos humanos, cometemos falhas e erros. São Paulo descreve isto
admiravelmente na Carta aos Romanos: "Eu sou humano e fraco, vendido como escravo ao pecado. Realmente não
consigo entender nem mesmo o que faço; pois não faço aquilo que quero, mas aquilo que mais detesto" (Rom 7,14-15). Quando um homem comete uma falta que não pode reparar, facilmente está disposto a pedir perdão. Mas quando lhe é
Nós, os baptizados, estaríamos perdidos se não pudéssemos recorrer constantemente ao perdão: no sacramento da pedido a ele que perdoe ao seu próximo, dificilmente está disposto a renunciar aos seus "direitos". É a isso que Jesus Se
Penitência, Jesus concede a reconciliação e o perdão a quem se converte, se arrepende da sua culpa e se confessa. refere na parábola seguinte:

O cristão pode também obter o perdão dos pecados através de actos práticos de arrependimento, participando na Dois homens servem o mesmo senhor. Um deles deve-lhe tanto dinheiro que toda a sua vida não seria suficiente para
celebração da Eucaristia, pela leitura da Sagrada Escritura, e pela misericórdia de Deus e das pessoas que nos amam. pagar a dívida. Então este servo vai ter com o senhor suplicando-lhe misericórdia. E o senhor, compadecido, manda-o
embora perdoando-lhe a dívida. Ao sair, o servo encontrou-se com um dos seus companheiros que lhe deve uma pequena
quantia. Agarrando-o pelo pescoço, aperta-o, dizendo: Paga o que me deves. De joelhos, o companheiro suplica-lhe
compreensão. Ele, porém, manda-o para a prisão.
Como seria o nosso mundo
se a palavra "perdão" não existisse?
Se o que ela significa Quando o senhor tem conhecimento do que se passou, fica indignado. Convoca o servo impiedoso e manda-o, por sua
não fizesse parte das experiências vez, para a prisão, até que pague toda a dívida.
que cada qual pode fazer?
Se já não houvesse mãos estendidas E Jesus acrescenta: "É assim que vos fará também o meu Pai celeste, se cada um não perdoar ao seu irmão de todo o
oferecendo a reconciliação? coração" (cf. Mt 18,23-35).
Se aquele que peca
tivesse que continuar pecador para sempre? A parábola não é difícil de compreender. Pelo contrário, é bem mais difícil fazer o que Jesus pede.
Se toda a gente tivesse de ficar
a sós com o seu pecado? Perdoar, não guardar rancor, não se aproveitar da sua superioridade, nem do seu poder sobre os devedores - são atitudes
Se só existisse a vingança que exigem muito do homem. Vão contra as suas inclinações naturais.
e não o perdão?
São Pedro queria sabê-lo com exactidão. Pergunta a Jesus: "Senhor, quantas vezes deverei perdoar ao irmão que me
ofende? Sete vezes?" A oferta que São Pedro faz está longe de ser mesquinha. Mas quando ouve a resposta de Jesus,
compreende que o perdão requer uma outra medida: "Setenta vezes sete", o que significa: sem conta, cada vez que um
irmão necessitar de perdão (Mt 18,21-22).
Não é certamente por acaso que seja São Pedro a fazer a pergunta e obter a resposta. Uma resposta que compromete. antes que a vida tenha realmente começado para eles? O homem é incapaz de encontrar uma resposta válida, para todas
Porque é a Pedro que Jesus confia as chaves do Reino dos Céus, para que tudo o que ele ligar ou desligar (perdoar ou não estas questões.
perdoar) sobre a terra, o seja também no céu, perante de Deus (Mt 16,19).
As pessoas cuja história nos é contada na Bíblia conhecem os seus limites. Mas experimentam também que, para além
 Ir ao encontro do outro, estender-lhe a mão, dizer a primeira palavra, dar o primeiro desses limites, é possível uma esperança. Sentem que estão abertos a Deus. N'Ele põem a sua esperança. E Deus é fiel
passo, aceitar o outro com as suas faltas, fazer triunfar o amor sobre o rancor e a para com eles. Em Jesus, mostrou-nos que é mais forte que a morte. Desde a Páscoa da sua ressurreição, Ele consola cada
vingança, romper o círculo vicioso da culpabilidade e do castigo, continuar o caminho mulher e cada homem que chora junto da sepultura duma irmã ou dum irmão:
juntos.

Eu sou a ressurreição.
Jesus diz aos seus discípulos: "Sim, se perdoardes aos homens as suas ofensas, Aquele que acredita em Mim,
também o vosso Pai celeste vos perdoará a vós." ainda que tenha morrido, viverá.

EVANGELHO SEGUNDO SÃO MATEUS 6,14 EVANGELHO SEGUNDO SÃO JOÃO 11,25

13.2 Como ressuscitarão os mortos?

13. A ressurreição dos mortos e a vida eterna A nossa linguagem, as nossas palavras, referem-se a este mundo e à sua realidade. Para o mundo e realidade de Deus, as
palavras faltam-nos. Os primeiros cristãos já dão conta disto, quando perguntam: como será a ressurreição dos mortos?
Há pessoas que morrem em idade avançada depois de uma vida bem preenchida. Mas há também crianças e jovens que Que acontece ao corpo que se decompõe na sepultura? Uma pessoa incapacitada, continuará a sê-lo depois de
morrem de doença, de fome e de frio, de acidentes ou catástrofes. Só Deus sabe quantos morrem devido à indiferença dos ressuscitar? Quando uma criança morre, tornar-se-á adulta no céu? O que acontece a todos os que morreram e morrem na
que os rodeiam, que não querem partilhar o pão, os medicamentos, as terras e a casa. Ou ainda por causa da violência dos esperança em Deus e na fé em Jesus Cristo? Onde se encontram eles enquanto esperam que passe a última noite deste
tempo e que brilhe o dia de Deus sobre uma nova terra? Perante todas estas questões - e ainda outras - nós não temos
poderosos que preferem fazer a guerra a manter a paz.
melhor resposta do que aquela que São Paulo dirige aos Coríntios:
 Quando os cristãos dizem que crêem na ressurreição dos mortos e na vida eterna, não
significa que eles pretendam escapar à morte e ao sofrimento. Nós anunciamos o que os olhos não viram, os ouvidos não ouviram e o coração do
homem não percebeu, tudo o que Deus preparou para aqueles que O amam.
 Não pretendem consolar os seus semelhantes desfavorecidos e marginalizados, com a
esperança duma vida melhor.
PRIMEIRA EPÍSTOLA AOS CORÍNTIOS 2,9
 Quando os cristãos dizem que crêem na ressurreição dos mortos e na vida eterna,
querem dizer: acreditamos que nós - os seres humanos -, a terra e tudo o que nela
cresce, tem um futuro melhor. Cremos com fé, que esse futuro será bom. Melhor do que
tudo o que podemos imaginar e sonhar. Pois é Deus quem no-lo concederá.
13.3 Os cristãos e a morte

Nós cremos firmemente, e assim o esperamos, que, tal como Cristo ressuscitou A morte inspira medo aos homens - mesmo àqueles que confiam em Deus. Porque a morte significa despedida e
dentre os mortos e que vive para sempre, assim também os justos, depois da morte, separação. Tudo o que fazia parte da vida de um homem - coisas e pessoas - ficam para trás. Cada um vive a sua própria
viverão para sempre com Cristo Ressuscitado, e que Ele os ressuscitará no último morte, e de mãos vazias.
dia.
(Catecismo da Igreja Católica 989). Nenhum moribundo deve envergonhar-se do seu medo. Também Jesus, na cruz, chamou o Pai. Todo o moribundo pode
clamar com Jesus, quando se aproxima a sua hora. Com Jesus, todo o moribundo pode estar seguro que o Deus de
misericórdia transformará todo o medo em júbilo e encherá as suas mãos vazias.

Cremos que, na morte, Deus vem ao nosso encontro. Abrem-se os olhos que a morte fechou. Encontramo-nos diante de
13.1 Ele não é um Deus de mortos Deus: cada um com a sua própria história, o seu amor e a sua culpa. Com tudo o que fez de bem e de mal: por amor de
Deus e do próximo ou então em seu detrimento. Cremos que este encontro tem uma importância vital.
Os livros da Bíblia estão cheios de histórias. As personagens falam dos seus projectos e objectivos. Da sua alegria
quando a vida lhes sorri. Da sua tristeza e desilusão quando a desgraça os atinge. Do mal que elas fazem e do mal que Os profetas de Israel e também Jesus falam desta experiência como dum julgamento. Os olhos de Deus penetram-nos até
suportam. E também da morte que põe termo a tudo quanto projectaram: porque existimos? Para que servem todos os ao mais profundo. Nada podemos esconder-Lhe. Nesse julgamento é pronunciada a sentença: recompensa ou punição,
esforços, se todos sabem que hão de morrer? Porque é que a uns se concede uma longa vida, enquanto outros morrem salvação ou condenação, seio de Abraão ou lago de fogo, cânticos de louvor ou choro e ranger de dentes (Mt 8,12), a
dança na sala do banquete ou o bater inútil às portas que permanecem fechadas. São imagens impressionantes. São ditas
aos que estão a caminho, para que se convertam, mudem de vida, se afirmem no amor de Cristo: na fé, na esperança e na Os olhos dos cegos abrir-se-ão e os ouvidos dos surdos ouvirão. O coxo saltará como o cervo e a língua do mudo cantará
caridade. canções de alegria (Is 35,5-6). As espadas e as lanças serão supérfluas; far-se-ão com elas arados e foices. Não se pensará
mais na guerra. Todos poderão ficar sentados na sua vinha ou debaixo da sua figueira, porque ninguém os incomodará
(Miq 4,3-4). O próprio Deus enxugará as lágrimas dos que choram. Sim, tudo o que era, passará.
Para os que crêem em Vós, Senhor, a vida não acaba, apenas se transforma; e,
desfeita a morada deste exílio terrestre, adquirimos no céu uma habitação eterna.

PREFÁCIO DA MISSA DOS DEFUNTOS Verão a sua face,


e o seu nome estará escrito sobre as suas frontes.

A morte marca o fim da vida terrestre, o começo da vida eterna: a alma separa-se do corpo em decomposição. Encontra APOCALIPSE DE SÃO JOÃO 22,4
Deus no juízo particular. No dia de Deus, quando Jesus voltar na sua glória, todos os mortos ressuscitarão, as suas almas
unir-se-ão ao corpo "transfigurado".
O Vidente São João escreveu o último livro do Novo Testamento: o "Apocalipse de São João", quer dizer a Revelação.
Trata-se de segredos que Deus "revelou" a São João através de visões: o triunfo de Deus e a derrota das forças que Lhe
Juízo: distinguimos entre juízo particular (= pessoal) e juízo final. O juízo particular está ligado à morte, e decide sobre a
são contrárias; a salvação eterna: a felicidade das pessoas que vivem para sempre com Deus.
pertença eterna à comunidade dos eleitos ou da exclusão definitiva desta. A sentença é pronunciada segundo a medida
em que cada um viveu a sua vida fazendo a vontade de Deus e acreditando em Jesus Cristo. Esta sentença é definitiva. O
juízo final (o do mundo) está ligado ao dia de Deus, o dia em que Jesus virá de novo para instaurar o Reinado de Deus e
o seu Reino. Nesse dia todos os mortos ressuscitarão.

Sentença: a sentença ajusta-se à decisão livre do homem durante a sua vida terrestre. Aquele que, deliberada e
voluntariamente, se separou de Deus, não tem lugar entre os escolhidos: o seu lugar é entre os excluídos, no "inferno". 14. Amem - Sim, assim seja
Aqueles que confessam Deus e Jesus Cristo, mas não estão preparados e não são dignos de O encontrar no momento da
Sua morte, é-lhes concedido um tempo de purificação, de espera e de maturação que costumamos designar pela imagem A profissão de fé apostólica (Credo) é um dos textos fundamentais da fé cristã. Nasceu nos primeiros séculos da Igreja,
do "purgatório". Esses esperam aí a sua entrada na plenitude da comunhão com Deus. A oração dos fiéis ajuda-os. Aos quando se quis conservar por escrito o essencial da fé dos cristãos.
eleitos é dirigida a palavra de Cristo: "Vinde, benditos de meu Pai, recebei por herança o Reino que vos foi preparado
desde a fundação do mundo" (Mt 25,34). Eles vêem Deus tal como Ele é (1 Jn 3,2) e vivem eternamente em comunhão
com Ele. Estão no "céu". Cada frase, cada enunciado, foram formulados de tal modo - muitas vezes depois de longos debates - que os cristãos
podem encontrar neles a diferença entre a fé e a heresia.

O Credo ou Símbolo dos Apóstolos é válido para toda a Igreja. Quem é baptizado na Igreja de Jesus Cristo, tem que
aderir a ele. Durante a Vigília Pascal, a assembleia dos fiéis renova as promessas do seu Baptismo.
13.4 A vida eterna
Esta profissão de fé de toda a Igreja deve pronunciá-la e repeti-la cada um conjuntamente e para si mesmo. Não é em vão
Viver plenamente, viver para sempre, não num repouso eterno mas numa plenitude inconcebível, não temer nada nem que ela começa pelas palavras "Eu creio" e termina por "Amem".
ninguém, nem mesmo a sua própria fraqueza; ser a pessoa que Deus imaginou quando a chamou pelo seu nome. Viver
com Deus, celebrar a festa da vida - quem poderá dizer exactamente o que isso será? Quem diz "Amem" confirma a sua decisão. Amem - sim, assim seja, eu adiro, aceito. Este Evangelho é válido para mim.
Agradeço ao Senhor por isto.
 Um dos grandes padres da Igreja, Santo Agostinho, escreveu:
"Então seremos livres e veremos,
veremos e amaremos, amaremos e daremos graças. Alegrai-vos, porque Jesus morreu na cruz!
Eis o que acontecerá no fim, sem fim." Amem.
Alegrai-vos, porque Ele ressuscitou dos mortos!
Amem.
Alegrai-vos, porque no Baptismo, Ele lavou-nos dos nossos pecados!
Os profetas de Israel e o vidente São João, o profeta cristão do fim dos tempos, fala-nos, em imagens, do que será esta Amem.
nova vida para nós. Não fala do céu como um lugar indefinido que existe nalgum lugar acima das nuvens. O céu é onde Alegrai-vos, porque Jesus veio libertar-nos!
está Deus, onde as pessoas vivem com Ele como Seu povo. O mundo antigo, carregado de pecado e corrompido pelo Amem.
homem, desapareceu. Uma nova terra, tal como Deus a quis desde o início, serve de pátria ao homem. Um mundo onde E alegrai-vos, porque Ele é o Senhor da nossa vida!
Deus está, sendo a sua luz e vida. Por isso esse mundo não necessita de sol nem de lua. E, na nova Jerusalém, já não há Amem.
casas de pedra, nem templo onde encontrar Deus. Deus está lá, habitando entre os homens. Aleluia!

Uma nova terra, fértil, onde as fontes jorram no deserto, as árvores crescem e dão frutos doze vezes por ano. Um mundo PAPA JOÃO PAULO II
onde nenhum ser vivo ameaça o outro: o lobo habita com o cordeiro; podem viver sem se agredir. A criança mete a mão
na cova da víbora sem que ela a morda (Is 11,6-8).
Os homens descobrem o que significa uma humanidade feita de plenitude e de integridade: sem doença, sem solidão, sem
luto, sem lágrimas, sem ódio, sem inimizade, sem opressão. Amem: o termo hebraico exprime a solidez, a fidelidade, a constância. Mas as palavras "fé", "verdade", "fidelidade",
também se encontram intimamente relacionadas com ela. Quando cristãos e judeus terminam a sua oração por "Amem",
trata-se da resposta pessoal de cada um: Sim, assim seja, aceito firmemente.
OS CRISTÃOS CELEBRAM: vida" (Concílio Vaticano li, Sacrosanctum Concilium 60). A Igreja institui os sacramentais para santificar certos
A IGREJA E OS SACRAMENTOS ministérios, certas circunstâncias da vida cristã, assim como o uso de certos objectos. Para isso pronuncia-se uma oração,
frequentemente acompanhada dum sinal particular (por exemplo: a imposição das mãos, o sinal da cruz, a aspersão de
água benta). Dizemos "consagração" quando se trata de uma pessoa (por exemplo, a abadessa dum mosteiro) ou quando
um objecto (altar, igreja, sino) é destinado exclusivamente ao uso litúrgico. Diz-se "bênção" quando os homens (crianças,
viajantes, peregrinos) ou coisas (casas, alimentos, automóvel, animais) são confiados à protecção de Deus.
15. Viver em Cristo: os sacramentos

"Eu estou convosco para sempre até ao fim do mundo": assim prometeu o Ressuscitado aos Seus discípulos. No dia de
Pentecostes, apercebem-se do modo como Jesus cumpre a Sua promessa. Entusiasmados, descem a rua e proclamam:
Que todos o saibam! Jesus de Nazaré, que foi suspenso numa cruz e morreu, é o Senhor, o Messias. Ressuscitou! Deus 15.2 O Baptismo
exaltou-O e deu-Lhe o lugar de honra à Sua direita. E voltará na sua glória. Acreditai n'Ele e tende confiança no
Evangelho que nós vos anunciamos. A pregação de São Pedro em Jerusalém, no dia de Pentecostes, chega ao coração de muitos ouvintes. Perguntaram a
Pedro e aos outros apóstolos: "Que devemos fazer?" E São Pedro responde: "Arrependei-vos e cada um de vós seja
Assim vai crescendo a comunidade dos fiéis em toda a parte onde o Evangelho é proclamado como Boa Nova. baptizado em nome de Jesus Cristo, para o perdão dos pecados; depois recebereis do Pai o dom do Espírito Santo" (At
Constituem-se comunidades. Um novo povo de Deus: a Igreja de Jesus Cristo. Está unida ao seu Senhor como os 2,37-38). Mas a nova comunidade de Deus, a Igreja, não cresce apenas entre os judeus.
membros ao corpo, como o ramo à videira. Ele age através dela e nela.
Nos Actos dos Apóstolos (8,26-40), São Lucas narra a história de Filipe, um dos sete diáconos. Inspirado por Deus, vai
O Senhor destinou a Sua Igreja para dar testemunho - através da Sua presença em favor dos homens e do culto celebrado pela estrada que conduz a Gaza, encontra um homem importante vindo da Etiópia, que regressa a casa depois de ter ido
com eles - de que Deus é bom para com todos e quer oferecer-lhes a salvação. A Igreja, em si, é sinal do amor e da rezar ao templo de Jerusalém. Nesse momento lê a profecia de Isaías. Filipe ouve o que este estrangeiro lê e pergunta-lhe:
proximidade do Deus escondido. É o sacramento inaugural sobre o qual se fundam todos os sacramentos que ela oferece "Compreendes o que estás a ler? - "E como poderei eu compreender, diz ele, se ninguém mo explica?" Filipe explica-lhe,
aos que proclamam e vivem a fé tal como a Igreja a transmite desde a época dos apóstolos. então, como a palavra do profeta se realiza em Jesus Cristo: Ele quis reconciliar os homens com Deus, mas foi rejeitado.
Aceitou o sofrimento; não Se defendeu contra a morte na cruz. Foi morto como um cordeiro levado ao sacrifício. Mas
Deus ressuscitou-O. Ele está vivo e nós somos testemunhas. Ele é o Salvador e Redentor. Aquele que acredita que Jesus
A Igreja, em Cristo, é como que o sacramento ou sinal, e o instrumento da íntima é o Messias, o Senhor, e se faz baptizar, torna-se um homem novo, um cristão.
união com Deus e da unidade de todo o género humano.
Mais adiante chegam a um lugar onde havia uma fonte de água. O etíope pergunta: "Aqui há água. Que é que impede que
CONCÍLIO VATICANO II, LUMEN GENTIUM 1 eu seja baptizado?" Descem os dois à água e Filipe baptiza-o: "Em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo". Este
homem foi o primeiro cristão de África.

 O Baptismo é o sacramento comum a todos os cristãos. A Igreja administra-o segundo a


missão que o Senhor lhe confiou: "De todos os povos fazei discípulos, baptizando-os em
15.1 Sete sacramentos nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo." (Mt 28,19).

A Igreja celebra - como legado sagrado do seu Senhor - sete sacramentos. Estes são ordenados à vida e à fé de cada  O Baptismo estabelece uma relação pessoal com Jesus. Significa também a inserção na
pessoa. Neles e através deles, Jesus oferece-Se aos homens. Por este dom gratuito, o homem pode estar seguro da sua fé e comunidade dos fiéis, a Igreja. Realiza o perdão dos pecados e marca o início duma nova
da sua esperança, do seu ato de amar e ser amado. vida como irmão ou irmã de Jesus Cristo, filho ou filha de Deus. Os baptizados rezam:
"Pai nosso que estais nos céus".
Administrar os sacramentos não é unicamente falar da pertença a Deus e da redenção. Os sacramentos são disso sinais
eficazes e transmitem verdadeiramente essa pertença a Deus e essa redenção.  O Baptismo é um começo, primícias de Deus que é preciso fazer frutificar ao longo de
toda a vida: "Sepultados com Cristo no Batismo, estais também ressuscitados com Ele,
porque acreditastes na força de Deus que O ressuscitou dos mortos" (Cl 2,12).
Sim, da Sua plenitude todos nós recebemos, graça sobre graça.

EVANGELHO SEGUNDO SÃO JOÃO 1,16 Qualquer pessoa pode receber o Baptismo e pode administrá-lo - ainda que ela própria não esteja baptizada -, desde que o
faça com a intenção da Igreja. O Baptismo é válido para sempre. Não é possível anulá-lo. Nenhum pecado suprime a
aliança selada pelo Baptismo.
Sacramentos: Sinais da salvação que Jesus instituiu na sua igreja. Penhor da sua existência na e com a Igreja. O Baptismo As pessoas que se fazem baptizarem idade adulta passam por uma fase de aprendizagem da fé. Incorporam-se na Igreja
é o fundamento da nossa entrada na Igreja de Jesus Cristo no começo da vida. Pela Confirmação, os jovens são de forma orgânica. Quando os pais e padrinhos trazem uma criança junto à água do Baptismo, querem transmitir-lhe não
fortalecidos e santificados pelo dom do Espírito. A Eucaristia concede aos fiéis a participação na vida do seu Senhor e apenas a vida mas também a fé, e prometem conduzir e acompanhar essa criança no caminho da fé. Durante a Vigília
faz deles uma comunidade. O sacramento da Penitência oferece ao pecador reconciliação e perdão. O doente recebe da Pascal, os fiéis - adultos e crianças -renovam as promessas baptismais.
unção esperança e consolação. No sacramento da Ordem, confere-se aos diáconos, sacerdotes e bispos, um serviço
particular na Igreja. No sacramento do Matrimónio, os esposos prometem mutuamente amor e fidelidade; a comunidade
que eles formam é imagem da comunhão dos crentes instituída por Deus. Os sacramentos são os sinais visíveis da Durante a Vigília Pascal, a água baptismal é consagrada:
realidade invisível da salvação. Porque são dom de Deus realizam o que significam. Olhai agora, Senhor, para a Vossa Igreja
e dignai-Vos abrir para ela a fonte do Baptismo.
Sacramentais: "A santa mãe Igreja instituiu também os sacramentais. Estes são, à imitação dos sacramentos, sinais Receba esta água, pelo Espírito Santo,
sagrados que significam realidades, sobretudo de ordem espiritual, e se obtêm pela oração da Igreja. Por meio deles a graça do vosso Filho Unigénito,
dispõem-se os homens para a recepção do principal efeito dos sacramentos e santificam as várias circunstâncias da
para que o homem, criado à Vossa imagem, Confirmação: "A Confirmação completa a graça baptismal; ela é o sacramento que dá o Espírito Santo, para nos
no sacramento do Baptismo seja purificado das velhas impurezas enraizar mais profundamente na filiação divina, incorporar-nos mais solidamente em Cristo, tornar mais firme o laço
e ressuscite homem novo pela água e pelo Espírito Santo. que nos prende à Igreja, associar-nos mais à sua missão e ajudar-nos a dar testemunho da fé cristã pela palavra,
acompanhada de obras" (Catecismo da Igreja Católica 1316). Os adultos recebem a Confirmação juntamente com a
Eucaristia. Quando o Baptismo é administrado habitualmente às crianças, a Confirmação é administrada na adolescência,
Baptismo: Significa "mergulhar na água", elemento da vida. como sinal de capacidade de assumir as suas próprias decisões. Na Igreja oriental, a Confirmação tem lugar não muito
Quando uma pessoa não baptizada dá a sua vida por Jesus Cristo (martírio), recebe o "baptismo de sangue". Falamos após o Baptismo, em ligação com .a comunhão.
também de "baptismo de desejo" quando os não baptizados que praticam o bem, se comprometem pelo próximo e deste
modo - às vezes sem o saberem - seguem a Cristo.
Quanto às crianças que morrem sem Baptismo, acreditamos que a misericórdia de Deus as acolhe.
O Baptismo administra-se do seguinte modo: o celebrante derrama água três vezes sobre a cabeça do baptizando
15.4 A Eucaristia
enquanto diz: "Eu te baptizo em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo".
O sacramento da Eucaristia é o centro e o coração de toda a liturgia da Igreja de Jesus Cristo. Pois é nela que se cumpre -
dia após dia, em toda a terra - a missão confiada aos apóstolos por Jesus, na vigília da sua Paixão. Ele disse-lhes: "Fazei
isto em memória de Mim". Por isso a nossa celebração está fundada no memorial da última Ceia de Jesus, tal como São
15.3 A Confirmação Paulo relata no seu testemunho desta sagrada tradição:

O sacramento da Confirmação é administrado nos nossos dias ainda um pouco como no tempo dos apóstolos. O bispo - Com efeito, eu mesmo recebi do Senhor o que vos transmiti: na noite em que foi entregue, o
ou o seu representante autorizado -estende as mãos sobre o confirmando e invoca para ele o dom do Espírito Santo. Senhor Jesus tomou o pão e, depois de dar graças, partiu-o e disse: "Isto é o meu corpo, que
Depois impõe a cada um as mãos, chama-o pelo seu nome e diz: "Recebe por este sinal o dom do Espírito Santo." Ao será entregue por vós; fazei isto em memória de Mim". Do mesmo modo, depois da Ceia,
mesmo tempo unge a fronte do confirmando com o santo crisma, marcando-o assim com o sinal do Espírito Santo, a fim tomou também o cálice, dizendo: "Este cálice é a nova Aliança no meu sangue; todas as vezes
de que se conheça a quem pertence, do mesmo modo como se conheciam os servos com a marca do seu Senhor. Os que dele beberdes, fazei-o em memória de Mim".
confirmandos renovam as suas promessas baptismais e recitam a profissão de fé da Igreja.
PRIMEIRA EPÍSTOLA AOS CORÍNTIOS 11,23-25
Na Igreja ocidental, a Confirmação é administrada aos jovens como "sacramento da maturidade cristã", dado que, ao
serem baptizados em crianças, foram os pais e padrinhos que pronunciaram a profissão de fé. Agora que começam a A Igreja - cada paróquia - celebra a Eucaristia como comunidade de louvor e de acção de graças, como comunidade que
viver e a agir de forma independente, pronunciam eles próprios o seu "sim" à comunidade de fé que os integrou pelo participa na Santa Ceia e também como comunidade chamada a comprometer-se como sacrifício de Jesus Cristo. Deste
Baptismo. modo, faz mais do que conservar unicamente a memória do que Deus fez por nós por meio de Jesus Cristo. Nesta
celebração o próprio Cristo está verdadeiramente presente. E nós participando na Eucaristia assumimos a nossa condição
 Dizem sim a Cristo e proclamam a sua disponibilidade para com Ele, assim como a cristã.
vontade de não negar a sua fé.

 Declaram o seu consentimento para se comprometerem em favor da Igreja e para Partirmos o pão
ajudarem os seus irmãos e irmãs. uns para os outros,
partilharmos uns com os outros,
ouvirmo-nos uns aos outros,
Tal como o Baptismo, a Confirmação imprime também à alma um carácter espiritual, um selo indelével; é por isso que aproximarmo-nos uns dos outros,
não podemos receber este sacramento mais do que uma vez. O dom do Espírito Santo torna aquele que o recebe capaz de darmos as mãos,
converter-se em "sal da terra e luz do mundo" (Mt 5,13-14), de testemunhar Jesus Cristo, através da sua vida e dos seus abraçarmo-nos mutuamente:
actos, de tal modo que todos pensem: é um cristão que fala e age como tal. fazermos o que Ele nos fez.

Cremos no Espírito Santo A Santa Missa consta de quatro partes:


que nos capacita
a viver sem violência, 1) Início da celebração, com a saudação mútua, a preparação penitencial, a litânia do Kyrie, o Glória e a oração de
a ir junto dos pobres, abertura.
a comprometer-nos com os fracos,
a servir a Deus. 2) Durante a liturgia da palavra são lidos três passagens da Bíblia: o primeiro, do Antigo Testamento ou dos Actos dos
Cremos no Espírito de Jesus Cristo Apóstolos; o segundo, de uma das epístolas (cartas) apostólicas; o terceiro, dos Evangelhos. O celebrante, tendo recebido
que nos impulsiona a viver como irmãos, o mandato pela Igreja, explica a palavra de Deus a fim de que cada um compreenda como se pode ser cristão, hoje. Ao
a mudar os nossos hábitos, Domingo e nas celebrações solenes, reza-se o Credo (profissão de fé). Na oração universal, a assembleia apresenta a
a reparar os prejuízos Deus as necessidades da Igreja e do mundo.
e a criar a esperança até
que todos compreendam 3) Na liturgia eucarística, a assembleia celebra a Ceia do Senhor. Reúne-se à volta do altar. O sacerdote, actuando em
que somos filhos e filhas de Deus. nome de Cristo, diz então a oração eucarística. Esta começa pelo prefácio (grande oração de acção de graças) e acaba
pelo "Amem" dos fiéis. Em nome de Jesus Cristo e investido de pleno poder no seu ministério, o sacerdote diz e faz o
que Jesus disse e fez. Assim, consagra os dons que levamos ao altar, pão e vinho, no Corpo e no Sangue de nosso Senhor
Jesus Cristo: este é o mistério da nossa fé. Sacrifício: "O nosso Salvador instituiu na última Ceia, na noite em que foi entregue, o Sacrifício Eucarístico do Seu
Corpo e do Seu Sangue, para perpetuar pelo decorrer dos séculos, até Ele voltar, o Sacrifício da Cruz, confiando à
 O sacerdote, tomando o pão, diz: Igreja, sua esposa amada, o memorial da Sua morte e ressurreição" (Concílio Vaticano li, Sacrosanctum Concilium 47).
"Tomai, todos, e comei:
isto é o Meu Corpo
que será entregue por vós".
15.5 Penitência e Reconciliação
 O sacerdote, tomando o cálice, diz:
"Tomai, todos, e bebei: No início de cada celebração eucarística, dizemos todos juntos: "Confesso a Deus todo-poderoso e a vós, irmãos, que
este é o cálice do Meu Sangue, pequei muitas vezes por pensamentos e palavras, actos e omissões, por minha culpa, minha tão grande culpa. E peço à
o Sangue da nova e eterna aliança, Virgem Maria, aos Anjos e Santos, e a vós, irmãos, que rogueis, por mim a Deus, nosso Senhor."
que será derramado por vós e por todos,
para remissão dos pecados. Rezamos assim porque sabemos que somos humanos. Podemos fazer e pensar o mal. Podemos tornar-nos culpados
Fazei isto em memória de Mim". diante de Deus, dos nossos irmãos, das criaturas que nos são confiadas. Rezamos assim, colocando a nossa confiança no
Senhor Jesus Cristo, que diz de Si mesmo: "Eu não vim chamar os justos, mas os pecadores" (Mt 9,13). Ele começa o
seu ministério público pelo mandamento: "Arrependei-vos, pois o Reino dos Céus está próximo" (Mt 4,17). Aos que se
Os fiéis recitam a Oração do Senhor (Pai Nosso) e recebem o pão consagrado: o Corpo de Cristo. A comunhão aumenta a escandalizam por Ele andar com pecadores, responde: "Há mais alegria no céu por um só pecador que se arrepende, do
nossa união com o Senhor exaltado. Desde agora, participamos no Seu sacrifício: na cruz, Jesus realizou para nós a que por noventa e nove justos que não necessitam de arrependimento." (Lc 15,7).
reconciliação e o perdão dos pecados. Ele mesmo Se oferece e estabelece assim, no seu Sangue, a Nova Aliança. Quem
vive nesta Aliança é chamado a viver para Deus e para o seu próximo como o Senhor, a dar-se como Ele. Nestas parábolas, Jesus fala de Deus que ama os homens como um pai ou uma mãe ama o filho ou a filha. O Seu amor
não se cansa. Mantém-se mesmo quando as pessoas seguem outro caminho, desprezando as palavras e os mandamentos
4) A celebração eucarística termina com a bênção final e a despedida da assembleia. divinos.

Jesus fala do Pai. Exorta o povo - cada um em particular - a converter-se e a voltar ao Pai, que é lento na cólera e pronto
Senhor Jesus Cristo, para o perdão. Investido de pleno poder pelo Pai, Jesus oferece aos pecadores reconciliação e perdão: uma nova vida. A
Tu és o Pão que vivifica, sua Igreja, comunidade de irmãos e irmãs de Jesus, é o lugar onde o filho pródigo e a filha perdida, experimentam -
Tu és o Pão que nos faz irmãos, quando se arrependem - os braços estendidos do Pai e a Sua alegria de ter reencontrado um irmão ou um filho, uma irmã
Tu és o Pão que nos dá o Pai. ou uma filha.

Tu és o Caminho que nós escolhemos, É nesta missão da Igreja que o evangelista São João pensa quando conta que Jesus está entre os apóstolos na tarde de
Tu és o Caminho que conduz através do sofrimento, Páscoa, sopra sobre eles o Espírito Santo, e dá-lhes o poder de perdoar os pecados. Também São Mateus pensa neste
Tu és o Caminho que conduz à alegria. ministério de reconciliação quando testemunha o que Jesus promete a São Pedro, a pedra fundamental da sua Igreja: "O
que ligares na terra ficará ligado nos céus, e o que desligares na terra ficará desligado nos céus" (Mt 16,19).
É digno e justo dar-Te graças, louvar-Te,
bendizer-Te e adorar-Te A remissão dos pecados, que proclamamos no Credo, é possível a cada um de nós, de modo concreto no sacramento da
em toda a terra. penitência. Cada baptizado pode receber o sacramento da reconciliação por meio dum sacerdote que obteve da Igreja a
autoridade para o fazer. Quem, depois do Baptismo, cometeu uma falta grave, deve reconciliar-se com Deus e com a
São João Crisóstomo († 407) assembleia dos fiéis, antes de poder comungar. Exige-se do pecador que ele reconheça a sua falta tendo a firme resolução
de mudar de vida; confesse a sua falta estando disposto a reparar, na medida do possível, a injustiça cometida, e a aceitar
a penitência que lhe é imposta pelo confessor.
Eucaristia: significa "Acção de Graças". Designa-se assim o conjunto da celebração. Mas aplica-se, também, por
oposição à liturgia da Palavra - à segunda parte da Missa com a oração eucarística. Chamamos igualmente Eucaristia, ao Em caso de necessidade grave, quando a confissão pessoal dos pecados não é possível, o sacerdote pode dar a um grupo,
pão consagrado que recebemos na Missa e que adoramos a todo o momento. Quando queremos dizer que o sacrifício de o perdão e a reconciliação: trata-se da "absolvição geral". Mas cada um está obrigado a fazer, posteriormente e logo que
Jesus se torna presente na celebração eucarística, falamos de "Santo Sacrifício". O nome de "Santa Missa" está ligado ao possível, a confissão individual das suas culpas.
fim da celebração, o envio (missio) dos fiéis, a fim de que todos testemunhem Jesus Cristo, na vida quotidiana, onde quer
que vivam.
A absolvição:
Liturgia da Palavra: Nome da primeira parte da celebração eucarística, mas também de outros actos do culto divino, ao Deus, Pai misericórdia, que, pela morte e ressurreição de Seu Filho, reconciliou o
longo dos quais é lido e comentado um texto da Sagrada Escritura. mundo consigo e infundiu o Espírito Santo para remissão dos pecados, te conceda,
pelo ministério da Igreja, o perdão e a paz.
Consagração: As palavras de Jesus "Isto é o Meu Corpo, isto é o Meu Sangue", não são simples metáfora ou comparação. E eu te absolvo dos teus pecados em nome do Pai, e do Filho e do Espírito Santo.
Acreditamos que ao longo da celebração eucarística, o pão e o vinho - as nossas ofertas - são transformadas em Corpo e
Sangue de nosso Senhor, sem contudo perder o seu aspecto visível. Acreditamos que no sacramento da Eucaristia estão
"verdadeiramente contidos, real e substancialmente, o Corpo e o Sangue, juntamente com a alma e a divindade de nosso Arrependimento: Significa afastar-se do mal e dispor-se decididamente a um novo começo. Quando falamos do
Senhor Jesus Cristo" (Concílio de Trento, 1545-1563). É a este mistério da fé que nós fazemos referência quando sacramento da Penitência, insistimos em que o pecador tem a firme vontade de reparar a sua culpa. Falamos de confissão
falamos de "consagração". quando se trata da confissão individual dos pecados; costumamos dizer também sacramento da Reconciliação.
Perdão: "A confissão individual e integral dos pecados graves, seguida da absolvição, continua a ser o único meio 15.7 O sacramento da Ordem
ordinário para a reconciliação com Deus e com a Igreja" (Catecismo da Igreja Católica 1497).
A Igreja de Jesus Cristo é uma comunidade de louvor e de acção de graças, de vida e de partilha. A comunidade dos que
Pecado: "Os pecados devem ser julgados segundo a sua gravidade. Já perceptível na Escritura, a distinção entre pecado estão reconciliados com Deus pelo seu Senhor Jesus Cristo. Toda a pessoa baptizada e confirmada participa do
mortal e pecado venial, impôs-se na tradição da Igreja. A experiência dos homens corrobora-a" (Catecismo da Igreja sacerdócio de Jesus Cristo. Por isso falamos de "sacerdócio comum" dos crentes. Isto significa que cada um, segundo a
Católica 1854). "Para que um pecado seja mortal, requerem-se, em simultâneo, três condições: 'É pecado mortal o que sua própria vocação, participa na missão de Jesus Cristo. Cada cristão e cada cristã é testemunha de Jesus Cristo.
tem por objecto uma matéria grave, é cometido com plena consciência e de propósito deliberado' (Reconciliatio et
poenitentia 17)" (Catecismo da Igreja Católica 1857).
 A primeira epístola de São Pedro (2,9) recorda a uma comunidade perseguida a sua
"Comete-se um pecado venial quando, em matéria leve, não se observa a medida prescrita pela lei moral ou quando, em
dignidade:
matéria grave, se desobedece à lei moral, mas sem pleno conhecimento ou sem total consentimento" (Catecismo da
Igreja Católica 1862). "Vós, porém, sois raça eleita, sacerdócio real, nação santa, povo adquirido por Deus,
para proclamar as obras maravilhosas d'Aquele que vos chamou das trevas para a Sua
luz admirável".

15.6 A Unção dos doentes A Igreja, povo de Deus no mundo, vive entre as nações. Como comunidade de fiéis, tem necessidade de mensageiros,
pessoas chamadas por vocação, que em nome de Cristo e com o seu amor, mantenham a unidade e velem pela fidelidade
Quando as pessoas adoecem, a sua vida muda. Com frequência deixam de poder cuidar de si mesmas e dependem da comum à fé.
ajuda de outros. Já não podem ir ao encontro dos outros, apenas podem esperar que outros venham ao seu encontro.
Deixam de ser "rentáveis". Para alguns já não valem nada para a sociedade. Com frequência caem no isolamento, perdem O ministério eclesial sacramental tem três níveis: os bispos, os presbíteros e os diáconos. Todos participam no sacerdócio
a coragem e a esperança. de Jesus Cristo: o seu ministério funda-se n'Ele; são representantes da Igreja.

Jesus não evitou os doentes. Fez-lhes ver que Deus os ama. Curou muitos deles. Porque a Sua Igreja não é somente uma São escolhidos dentre a comunidade dos santos e destinados a servir esta comunidade. Por isso, são ordenados para o seu
comunidade de fé mas também de vida, cada um deve poder sentir que tem nela um irmão, uma irmã: visitar os doentes é ministério.
uma obra de misericórdia.
 O bispo dirige um distrito eclesiástico chamado "diocese". Na diocese, o bispo é
 Desde o princípio, a Igreja tem uma solicitude muito particular para com os doentes: responsável pela proclamação do Evangelho, do culto divino e da solicitude para com os
"Alguém dentre vós está doente? Mande chamar os presbíteros da Igreja para que orem pobres. Como sucessores dos apóstolos, os bispos decidem a quem vão confiar um
sobre ele, ungindo-o com óleo em nome do Senhor. A oração feita com fé salvará o ministério na Igreja; ordenam diáconos e presbíteros. O primeiro dentre eles é o bispo
doente e o Senhor o restabelecerá e, se tiver cometido pecados, estes lhe serão de Roma, o Papa. Ele é o sucessor de São Pedro, ao qual o Ressuscitado confiou o seu
perdoados" (Tg 5,14-15). rebanho (Jo 21,15-17).

Assim como São Pedro - ao qual o Senhor concedeu o primado dos apóstolos -
Ainda hoje, o sacramento é administrado da mesma maneira. O sacerdote reza pelo doente e com o doente. Unge-lhe a permaneceu unido aos outros apóstolos, também o Papa - sucessor de São Pedro - e os
fronte e as mãos com o óleo sagrado. bispos - sucessores dos apóstolos - permanecem unidos entre si. Como vigário de Cristo
e pastor de toda a Igreja, o Papa é o garante e o fundamento da unidade da Igreja. A
 Por esta santa unção e pela Sua infinita misericórdia, o Senhor venha em teu auxílio com comunidade dos bispos não pode exercer a sua autoridade senão em comunhão com o
a graça do Espírito Santo; para que, liberto dos teus pecados, Ele te salve e, na Sua Papa, bispo de Roma. Os bispos que fazem parte do círculo restrito de conselheiros do
bondade, alivie os teus sofrimentos. Papa são designados "cardeais"; são nomeados pelo Papa, tal como os bispos. Estes
recebem a ordenação e a autoridade através da unção, da oração e da imposição das
Depois da unção, o doente recebe a santa comunhão, o "viático" (pão para o caminho). mãos efectuadas por outros bispos.

Quem confia a sua vida a Jesus, quem vive com Jesus, pode ter a certeza de que não será afastado desta comunhão,
mesmo em caso de doença ou de perigo de morte. Os fiéis podem apoiar-se no seu Senhor. Ele sabe o que é o sofrimento. Quando há que resolver conflitos que afectam a Igreja no seu conjunto, o Papa convoca todos os bispos numa assembleia
Podem pedir-Lhe ajuda. Podem unir o seu próprio sofrimento ao de Jesus - pela vida do mundo. geral. Esta assembleia geral de todos os bispos - ao longo da história da Igreja foram 21 - designa-se por "concílio". As
suas decisões são válidas em toda a Igreja. O último concílio teve lugar no Vaticano, de 1962 a 1965. Chama-se
"Concílio Vaticano II".
Porque nenhum de nós vive para si mesmo, e ninguém morre para si mesmo. Se
vivemos, é para o Senhor que vivemos; se morremos, é para o Senhor que morremos.  Os presbíteros (chamados vulgarmente sacerdotes ou padres) são ordenados pelo bispo.
Quer vivamos, quer morramos, pertencemos ao Senhor. Investidos do pleno poder de Jesus, guardam e dirigem a comunidade cristã. Proclamam
e explicam o Evangelho, presidem à celebração da Eucaristia e administram os
EPÍSTOLA AOS ROMANOS 14,7-8 sacramentos. No rito da ordenação, o bispo unge-os e impõe-lhes as mãos, antes que o
façam todos os outros presbíteros presentes na cerimónia. Os presbíteros recém
ordenados prometem, solenemente, obediência ao seu bispo.
O sacramento da Unção dos doentes pode ser administrado no hospital ou numa igreja, e várias pessoas podem recebê-lo
ao mesmo tempo. Se a doença perdura ou piora, o doente pode receber o sacramento várias vezes.  Os diáconos, auxiliares dos bispos e dos presbíteros, são também ordenados pelo bispo e
destinados ao serviço da diocese e da paróquia.
corpo e uma só alma" encontrando assim a sua plenitude e a felicidade. Do seu amor pode nascer uma nova vida: o
Os três ministérios fundamentais da Igreja (o ministério do bispo, do presbítero e do diácono) têm uma longa história que homem e a mulher tornam-se pai e mãe. A sua vida dilata-se. Cada criança é um dom de Deus, mas também uma
remonta à época dos apóstolos. Jesus escolheu doze homens dentre todos os Seus discípulos e destinou-os a serem responsabilidade. Por isso é bom que os esposos projectem a sua vida diante de Deus e da sua consciência.
testemunhas. Ele próprio os envia a proclamar o Evangelho, a realizar sinais que tornem visíveis a proximidade do Reino
de Deus, a baptizar e a reunir o novo povo de Deus dentre todas as nações da terra. Depois do Pentecostes, inspirados O Matrimónio é uma aliança para toda a vida. Jesus disse: "O que Deus uniu não o separe o homem." (Mc 10,9). Para
pelo Espírito Santo, ensinam primeiro em Jerusalém, depois nas proximidades e, por fim, em todos os países até aos muitos esta palavra é dura, pois não há garantia de êxito numa relação: as pessoas podem enganar-se, o amor pode acabar
confins da terra. Baptizam todos os que abraçam a fé, impondo-lhes as mãos a fim de receberem o Espírito Santo e perante a doença ou em situações de sofrimento. Pode acontecer que duas pessoas que se amavam, não se compreendam
fundam comunidades. Constituem "Anciãos" à frente dessas comunidades, transmitindo-lhes o seu ministério pela oração mais. Já não são capazes de dialogar entre si, tornam-se estranhas uma para a outra. Há casamentos que fracassam.
e imposição das mãos. Deste modo estes homens ficam dedicados ao serviço de Deus.
Mas os cristãos devem confiar que, mesmo neste caso, não os abandona o amor de Deus nem da Igreja de Cristo.
Como surgissem conflitos na comunidade de Jerusalém por causa de um grupo, as viúvas de judeu-cristãos de língua
grega, que se sentiam pouco atendidas, os apóstolos decidiram instituir auxiliares para esse serviço. São Lucas conta, no
capítulo 6 dos Actos dos Apóstolos, como os apóstolos escolheram sete diáconos aos quais impuseram as mãos. O compromisso matrimonial:
Eu te recebo por minha esposa (meu esposo)
Os homens a quem é confiado um ministério na Igreja são submetidos a critérios particulares. Não são a erudição nem a e prometo ser-te fiel,
origem que contam. Só conta a fé em Deus, a ligação a Jesus Cristo e o amor pelos homens, em particular pelos pobres. amar-te e respeitar-te,
Só aquele que faz sua a palavra de Jesus: "Aquele que quiser ser grande entre vós, faça-se vosso servidor, e aquele que na alegria e na tristeza,
quiser ser o primeiro entre vós, que seja escravo de todos" (Mc 10,43-44), só esse pode converter-se no intermediário na saúde e na doença,
que torna sensível, de modo humano o amor de Deus. todos os dias da nossa vida.

O sacramento do Matrimónio: "A unidade, a indissolubilidade e a abertura à fecundidade, são essenciais ao


Rezamos assim: Matrimónio. A poligamia é incompatível com a unidade do Matrimónio; o divórcio separa o que Deus uniu; a recusa da
Lembrai-Vos, Senhor, da vossa Igreja, fecundidade desvia a vida conjugal do seu 'dom mais excelente', o filho (Gaudium et Spes 50,1)" (Catecismo da Igreja
dispersa por toda a terra, Católica 1964).
e tornai-a perfeita na caridade em comunhão com o Papa N., o nosso Bispo N.
e todos aqueles que estão ao serviço do vosso povo.

EXTRACTO DA ORAÇÃO EUCARÍSTICA II

Bispo: (em grego: epískopos = "vigilante"). Em união com o Papa, os bispos guardam e dirigem a Igreja e velam por que
o Evangelho de Jesus Cristo seja proclamado na sua plenitude. O episcopado - tal como o presbiterado - é reservado a
homens celibatários (= não casados). 16. Procurai-Me, e vivereis

Presbítero: (em grego: presbyteros = "ancião"). A Igreja católica e a igreja ortodoxa crêem que só a ordenação de homens
corresponde à vontade de Cristo. Na Igreja latina, os padres são submetidos ao celibato. "Pela virtude do sacramento da  Já te foi explicado, ó homem, o que é bom,
Ordem... [os padres] são consagrados para pregar o Evangelho para serem os pastores dos fiéis e para celebrar o culto e o que Senhor exige de ti:
divino..." (Concílio Vaticano li, Lumen Gentium 28). Praticar a justiça,
amar a misericórdia
Diácono: (em grego: diákonos = "servidor"). Os diáconos podem ser homens casados. Não têm poder para celebrar a
Eucaristia, nem para perdoar os pecados pelo sacramento da Penitência. Servem os pobres e são os auxiliares do bispo e
e caminhar humildemente com o teu Deus!
do padre, nomeadamente na celebração dos divinos mistérios.
MIQUEIAS 6,8

 Escuta, Israel. O Senhor nosso Deus é o único Senhor.


15.8 O Matrimónio Amarás o Senhor teu Deus com todo o teu coração,
com toda a tua alma e com todas as tuas forças.
Cada criança nasce no seio duma família. O rosto do pai e da mãe representam o que a criança vê em primeiro lugar. No
sorriso dos pais, a criança descobre os primeiros traços de humanidade. É pela mão dos pais que ela aprende a andar. DEUTERONÓMIO 6,4-5
Deles aprende a confiar no amor. Um ser humano que é privado desta experiência no início da sua vida, terá dificuldade
em confiar nos outros, a acreditar que, no amor, é possível dar e receber.
 Pois todo aquele que fizer a vontade de Meu Pai que está nos Céus,
É amando que o homem se torna plenamente o que ele é. Pois Deus - que é amor - criou-o à sua imagem: homem e esse é Meu irmão, Minha irmã e Minha mãe.
mulher (Gn 1,27). Quando um homem e uma mulher se encontram, se amam, já não querem viver um sem o outro; então,
prometem fidelidade para toda a vida. Ambos administram mutuamente o sacramento do Matrimónio. E porque não se EVANGELHO SEGUNDO SÃO MATEUS 12,50
trata somente do amor destas duas pessoas, mas também do amor de Deus, fazem esta promessa em público, diante do
padre que representa a Igreja e das testemunhas. A sua união é selada por um dom mútuo entre ambos: tornam-se "um só
 Dou-vos um mandamento novo:
Quem aceita os meus mandamentos e lhes obedece, esse é que Me ama.
Amai-vos uns aos outros. E quem Me ama será amado por meu Pai. Eu o amarei e manifestar-Me-ei a ele.
Assim como Eu vos amei,
também vós deveis amar-vos uns aos outros. EVANGELHO SEGUNDO SÃO JOÃO 14,21

EVANGELHO SEGUNDO SÃO JOÃO 13,34

16.2 O único mandamento


16.1 O que é justo, o que é importante?
Nos livros do Antigo Testamento, encontramos muitos mandamentos e preceitos. Neles se diz o que é válido aos olhos de
Toda a pessoa nasce num mundo onde estão em vigor normas bem precisas. As crianças aprendem dos pais e dos mestres Deus e como podemos viver agradando-Lhe.
- mas também da sua própria experiência - o que é bom e o que é mau, o que é útil ou prejudicial. Aceitam os seus
conselhos. Os jovens já não podem nem querem aceitar os princípios formulados previamente por outros. Têm questões Os mestres e os homens piedosos de Israel perguntam: Existirá um mandamento mais importante do que todos os outros,
próprias e necessitam de respostas próprias. capaz de os conter e no qual todos se baseiam? Podemos dizer duma maneira simples como deve ser o homem e o que
deve fazer para obter a vida em Deus, a vida eterna? Os mestres judeus procuram nos livros e encontram tais princípios.
O baptizado não tem menos questões do que as pessoas que o rodeiam, do que aqueles que nada sabem sobre a Igreja e A questão é importante para todos. Por isso, não é de estranhar que os mestres judeus queiram saber o que pensa Jesus, o
comunidades de fiéis. Também os cristãos questionam e procuram. Também eles cometem erros e têm de se arrepender mestre de Nazaré. Jesus reuniu duas frases do Antigo Testamento num só mandamento.
deles. Aprendemos, com a vida, não apenas a ser homens, mas também a tornar-nos cristãos.

Os cristãos têm uma vantagem sobre os demais: Jesus Cristo não é só um modelo que viveu em tempos passados. Ele é Jesus disse:
aqui e agora, um guia seguro em quem podemos confiar. Não Se limita a ensinar só com palavras. Jesus Cristo encarnou, Amarás o Senhor teu Deus
viveu e amou, rezou e confiou. Teve a experiência da infidelidade dos seus amigos: Judas, um dos doze apóstolos, traiu- com todo o teu coração,
O, e, quando Jesus foi condenado, os seus companheiros deixaram-n'O só. Mas Ele permanece-lhes fiel, para lá da morte. com toda a tua alma
O Baptismo une-nos a Cristo. Mas esta amizade diminui se cada um de nós não cumpre, com a sua própria vida, o que e com toda a tua mente.
para Jesus é justo e importante. Este é o primeiro mandamento e o mais importante.
O segundo é semelhante a este:
Amarás o teu próximo como a ti mesmo.
 Que Deus está próximo,
que Ele ama, EVANGELHO SEGUNDO SÃO MATEUS 22,37-40
que Ele olha também os mais pequenos e insignificantes,
que Ele nos conhece pelo nosso nome,
que Ele ouve as nossas súplicas, O mandamento que Jesus definiu como o fundamento de todos os outros é um programa de vida. Jesus disse: Aquele que,
por amor, se compromete contra o ódio e a desconfiança, contra o medo e o desespero, esse é quem serve a Deus e
que Ele não quer que soframos,
assume a condição humana e suas relações. Trata-se de um amor que abrange todos: Deus, o próximo e nós mesmos.
que Ele Se alegra com aquele que se converte,
- isto no-lo ensinou Ele. Aquele que ama não receia o Deus todo-poderoso e justo. É capaz de confiar n'Ele e permanecer-Lhe fiel, mesmo nas
situações mais difíceis quando, tal como Job, não compreende os planos de Deus. Pode contar com o amor de Deus
 Como podemos viver juntos, mesmo se se extravia como o filho pródigo. O homem que ama a Deus com todo o seu coração, com toda a sua alma e o
como partilhar uns com os outros, seu pensamento, alcança a vida.
como proteger a vida,
como perdoar,  Deus amou-nos primeiro:
como preservar a paz, Se pecamos,
como amar-nos uns aos outros, Tu não nos deixas cair.
- isto no-lo ensinou Ele. Se sucumbimos,
Tu ajudas-nos a levantar-nos.
 Que temos uma razão para a esperança, Se nos convertemos,
que temos razão para dar graças, Tu vens ao nosso encontro.
que podemos confiar em Deus, Se duvidamos,
que Ele não nos deixa cair, Tu dás-nos a Tua palavra.
nem na vida nem na morte, Se a culpa nos esmaga,
- isto no-lo disse Ele. Tu acolhes-nos nos Teus braços.
Se acreditamos,
Tu deixas-nos sem julgamento. O terceiro mandamento:
Recorda-te do sétimo dia para o santificar.
No sétimo dia da criação, Deus descansou e retomou alento (Ex 31,17).
Se morremos, No sétimo dia também o homem deve descansar: todos os homens - também os subordinados e os estrangeiros - e mesmo
Tu chamas-nos à vida. os animais. O mandamento do sétimo dia é particularmente importante para os judeus. Protegem o descanso sabático
Por isso, podemos amar-nos uns aos outros. com numerosas prescrições. Jesus disse-lhes: "O Sábado foi feito para o homem e não o homem para o Sábado" (Mc
2,27). Os cristãos festejam este sétimo dia ao Domingo - dia da ressurreição de Jesus. Um dos mandamentos da Igreja
obriga os crentes a participar na celebração eucarística dominical e também nas grandes solenidades anuais. O repouso
sabático significa ainda: conceder a si mesmo um descanso. Disponibilizar-se também para os outros. Usar o tempo
livre de modo razoável. Não idolatrar o trabalho nem o dinheiro.
16.3 Eu sou o Senhor, teu Deus
O quarto mandamento:
Os Anciãos de Israel fazem as sua primeiras experiências de vida comunitária - e de vida com Deus - no caminho que os Honra teu pai e tua mãe.
conduz da escravidão do Egipto à liberdade na Terra Prometida. Isto significa: Amar os pais, reconciliar-se com eles. Não esquecer que lhes devemos a vida e a fé. Respeitar os seus
conselhos, ainda que tenhamos opinião diferente. Ser solidário com a sua família. Ajudar quando a ajuda é necessária.
Sabem que não teriam conseguido empreender este caminho sozinhos. Por isso confessam a sua fé em Deus, que disse de Não deixar sós os pais idosos; deixá-los viver a sua própria vida. Ser bom pai e boa mãe para os seus próprios filhos.
Si mesmo: "Eu sou o Senhor, teu Deus, que te fez sair da terra do Egipto, da casa da escravidão" (Ex 20,2). Ajudar as crianças órfãs e privadas de família.

Deus caminha com o Seu povo. Vai à sua frente, mostra-lhe o caminho, protege-o e cuida das suas necessidades. A fé O quinto mandamento:
dos antepassados de Israel cresce segundo as experiências feitas: quando o caminho termina nas margens dum mar e Não matarás.
todos se desencorajam, Deus fá-los passar o mar sem molhar os pés. Quando sonham, no deserto, com comidas Isto significa: combater a cólera e a inveja. Não se tornar inimigo do seu próximo. Cuidar da sua própria saúde. Não
suculentas ao ponto de preferirem o regresso à escravidão, Deus dá-lhes pão e carne - o necessário para cada dia. Faz cair dependente do álcool ou de drogas. Comprometer-se pelo direito fundamental à vida de todas as pessoas - mesmo
jorrar, para eles, água fresca do rochedo. Procura a sua confiança. Eles conhecem Aquele que lhes propõe a Aliança e dos embriões. Protestar quando este direito não é reconhecido. Auxiliar os que estão ameaçados pela fome, por
lhes promete um futuro: catástrofes, pela doença, pela miséria. Protestar contra a guerra e comprometer-se com a paz.

Os sexto e nono mandamentos:


Vistes o que fiz aos egípcios, e como vos transportei sobre asas de águia e vos trouxe Não cometerás adultério.
até Mim. Portanto, se Me obedecerdes e observardes a Minha aliança, sereis Minha Não desejarás a mulher do teu próximo.
propriedade especial entre todos os povos, porque a terra toda Me pertence. Vós Isto significa: saber que o amor entre um homem e uma mulher se realiza numa união que dura toda a vida. Não é
sereis para Mim um reino de sacerdotes e uma nação santa. possível amar "à experiência". Exercitar-se na fidelidade, não se ligar irreflectidamente. Agir mutuamente com ternura.
Não dominar, submeter nem abusar um do outro. Não seduzir ninguém nem se deixar seduzir. Aceitar-se como rapaz ou
rapariga, homem ou mulher. Assumir a sua sexualidade com responsabilidade.
ÊXODO 19,4-6
O sétimo e décimo mandamentos:
Não roubarás.
Não desejarás os bens do teu próximo
Isto significa: reconhecer o direito à propriedade. Guardar-se da avidez, da cobiça, da insatisfação e da inveja. Não
16.4 Viver para amar a Deus roubar, não enganar, não emprestar com usura, não ficar com o que encontramos, devolver o que nos foi emprestado,
não causar danos nos bens alheios. Não privar uma pessoa do seu salário justo. Não se alegrar com a infelicidade dos
outros. Partilhar, ajudar os pobres. Não pôr a sua esperança nos bens materiais. Contribuir para que todos possam
A lembrança que Israel conserva da aliança de Deus com o Seu povo no deserto no Monte Sinai, é uma tradição santa. As
condições desta aliança - os dez mandamentos - escritos sobre duas tábuas de pedra, conservadas na arca da aliança, viver juntos sem receios.
comprometem Israel para sempre. Com efeito, o povo de Israel compreendeu bem que os mandamentos que Deus lhes
deu são fundados no amor. Ele quer que sejamos semelhantes a Ele - a Ele que é amor. O oitavo mandamento:
Não darás falsos testemunhos contra o teu próximo.
Isto significa: Procurar sempre a verdade. Ser digno de confiança nos seus propósitos. Guardar-se da vaidade e do
O primeiro mandamento:
desejo de fazer-se valer. Não distorcer a verdade. Não ferir a honra do seu irmão, não prejudicar a sua reputação com
Não adorarás outro Deus além de Mim.
Isto significa: nada nem ninguém será para ti mais importante que Deus. Não confiarás em nada nem em ninguém mais calúnias. Guardar para si os segredos profissionais e as confidências. Não inventar falsos testemunhos no tribunal. Dar
do que n'Ele. testemunho d'Aquele que é a verdade.
Esperarás tudo d'Ele.
Acreditarás n'Ele, esperarás n'Ele, ama-l'O-ás e servi-l'O-ás.
Só a Ele adorarás. São Paulo escreve aos cristãos de Roma:
Não fiqueis a dever nada a ninguém, a não ser o amor mútuo. Pois
quem ama o próximo cumpre plenamente a Lei. De fato, os mandamentos: Não
O segundo mandamento:
Não pronunciarás o nome de Deus em vão. cometerás adultério, não matarás, não roubarás, não cobiçarás, e todos os outros
Isto significa: respeitar o nome de Deus. Confessá-lo, dar testemunho dele. Não blasfemar. Não invocar a Deus para resumem-se nesta sentença: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. O amor não
reforçar a autenticidade dos seus juramentos. pratica o mal contra o próximo. Pois o amor é o pleno cumprimento da Lei.

EPÍSTOLA AOS ROMANOS 13,8-10


Os cinco mandamentos da Igreja: Por meio de cinco preceitos, a Igreja quer ajudar os cristãos a permanecerem na Deus quer, não tomando a sério os seus mandamentos ou por medo se retrai antes de adoptar uma decisão, não
comunidade: compreendeu a Deus: Deus concede aos homens a liberdade para que eles a utilizem bem.

1) "Ouvir missa inteira e abster-se de trabalhos servis nos domingos e festas de guarda".
Exige aos fiéis que participem na celebração eucarística, em que a comunidade cristã se reúne, e se abstenham dos Tu és Deus:
trabalhos e negócios que impeçam o culto, a alegria e o devido repouso do espírito e o do corpo, no dia em que se Tu podias
comemora a Ressurreição do Senhor, e nos principais dias de festa em honra dos mistérios do Senhor, da Virgem Maria e impor a Tua vontade,
dos Santos, que a Igreja declara como sendo de preceito. estabelecer a Tua ordem,
fazer robôs dos homens
que Te servem.
2) "Confessar-se ao menos uma vez em cada ano".
Recorda ao fiel a obrigação de confessar os pecados graves e de assegurar a preparação para a Eucaristia, mediante a Tu és Deus:
recepção do sacramento da Reconciliação, que continua a obra de conversão e perdão do Baptismo. Tu podes escutar
como soletramos balbuciantes
os Teus mandamentos
e não compreendemos
3) "Comungar ao menos pela Páscoa da Ressurreição". senão com dificuldade
Garante um mínimo na recepção do Corpo e Sangue do Senhor, em ligação com as festas pascais, origem e centro da o que queres de nós.
Liturgia cristã. Tu podes aguardar até que
descubramos a liberdade
e no coração da liberdade
4) "Guardar a abstinência e jejuar nos dias marcados pela Igreja". te descubramos a Ti.
Assegura os dias de ascese e de penitência que nos preparam para as festas litúrgicas; o jejum e a abstinência contribuem
para nos fazer adquirir o domínio sobre os nossos instintos e a liberdade do coração.

5) "Contribuir para as despesas do culto e para a sustentação do clero, segundo os legítimos usos e costumes e as
determinações da Igreja".
Aponta aos fiéis a obrigação de, conforme as suas possibilidades, "prover às necessidades da Igreja, de forma que ela 16.6 ...como a ti mesmo
possa dispor do necessário para o culto divino, para as obras apostólicas e de caridade e para a honesta sustentação
dos seus ministros" (cf. Catecismo da Igreja Católica 2042-2043).
Muitos dizem: Reconhecem-se os cristãos pelo modo como amam o próximo. É em relação ao próximo que Jesus mede o
amor dos seus. Ele disse: "Ama o teu próximo", mas acrescenta: "Como a ti mesmo". Podemos igualmente dizer:
Conhecemos os cristãos porque eles amam os irmãos como a si mesmos. Não se contentam em dar esmola ao pobre para
se afastar em seguida, conscientes de terem feito uma "boa acção" e de terem assim "observado o mandamento". Não
16.5 Escutar e agir fazem diferença: o próximo tem, a seus olhos, tanto valor como eles próprios. Fala-se mais frequentemente do amor ao
próximo do que do amor a si mesmo, se bem que o último seja, depois de Jesus, a condição e a medida do primeiro.
Os mandamentos divinos são igualmente válidos para todas as pessoas. Unem-nos a Deus, protegem o direito do
indivíduo e asseguram a paz na comunidade. Toda a pessoa deve orientar-se por eles. Porque os mandamentos de Deus Amar-se a si mesmo é, antes de mais, reconhecer que somos dignos de ser amados. Eu, com todas as minhas qualidades e
não são um catálogo de regras e de leis impostas do exterior, aos homens, mas antes se ajustam à sua natureza. defeitos, com todos os meus sucessos e fracassos. Eu, homem ou mulher entre muitos outros. Porque é verdade que: os
meus pais queriam um filho, Deus quis-me a mim. Com tudo o que faz a minha originalidade e a minha unicidade. E
porque Deus me ama tal como eu sou, que eu posso viver com os outros sem sentir inveja e louvando a Deus.
Este mandamento que hoje te ordeno não é muito difícil para ti, nem está fora do teu
alcance. Ele não está no céu, para que perguntes: "Quem subirá por nós ao céu, para Posso aceitar-me, descobrir os meus talentos e as minhas capacidades, tentar ultrapassar as minhas fraquezas. Posso
no-lo trazer, a fim de que possamos ouvi-lo e pô-lo em prática?" Também não está alegrar-me quando outros me admiram, e também adoptar a atitude correcta perante as repreensões: desenvolver a
no além mar, para que perguntes: "Quem atravessará por nós o mar, para nos trazer consciência do meu próprio valor.
este mandamento, a fim de que possamos ouvi-lo e pô-lo em prática?" Sim, esta
Palavra está ao teu alcance: está na tua boca e no teu coração, para que a ponhas em
 Um sábio de Israel exorta os seus contemporâneos: Quem se priva para
prática.
acumular, junta para os outros. Serão outros que se regalarão com os
DEUTERONÓMIO 30,11-14 seus bens. Quem é mau para si mesmo, com quem será bom? Nem
sequer aproveita os seus próprios bens. Ninguém é pior do que aquele
que se maltrata a si mesmo. Essa é a recompensa da sua própria
Todas as pessoas sabem, no fundo, o que devem fazer e o que não devem fazer; basta-lhes escutar a voz do seu próprio maldade.
coração, à qual chamamos consciência. A consciência capacita-nos a todos - adultos e crianças - a distinguir entre o que é
bom e o que é mau. É por isso que podemos dizer: tenho a consciência tranquila, agi bem. Ou então: a minha consciência
não está tranquila, agi mal. Pela sua consciência, o homem reconhece o que Deus espera dele. Assim, todos estão ECLESIÁSTICO 14,4-6
obrigados a escutar a voz da sua consciência e a segui-la. Quem abafar a voz da consciência, que nos informa sobre o que
Aquele que se encontrou a si próprio, pode abrir-se ao seu próximo, não necessita ter medo de que o outro se possa
aproveitar dele. Quem se conhece e se estima a si mesmo, pode também conhecer e estimar os outros como seus "Ama o teu próximo", diz Jesus. E este amor não significa apenas uma ajuda material. Implica também que digamos a
próximos. alguém, que está sem esperança e sem confiança em si, que não se ama e está sem forças. Estou certo de que Deus te
ama. E porque, para Deus, tu és digno de ser amado, tu tens todas as razões para te amar a ti mesmo.

Senhor, Vós conheceis o íntimo do meu ser: sabeis quando me sento e quando me
levanto. De longe penetrais o meu pensamento: Vós me vedes quando caminho e Quanto a nós, amemos, porque Ele nos amou primeiro. Se alguém diz: "Eu amo a
quando descanso, Vós observais todos os meus passos. Deus" e, no entanto, odeia o seu irmão, é um mentiroso; pois quem não ama o seu
irmão, a quem vê, como pode amar a Deus, a que não vê? É este precisamente o
SALMO 139,1-3 mandamento que d'Ele recebemos: quem ama Deus, ame também o seu irmão.

PRIMEIRA EPÍSTOLA DE SÃO JOÃO 4,19-21

16.7 Fazer o que o próximo necessita


Regra: No livro de Tobias (4,15), encontramos esta frase que designamos por "Regra de ouro": "Não faças a ninguém o
que não queres que te façam a ti". De modo afirmativo, São Mateus junta-lhe este princípio - como palavra de Jesus - no
O evangelista São Lucas relata, de modo diferente de São Mateus (22,34-40), o diálogo entre Jesus e um mestre judeu.
Sermão da Montanha: "Tudo aquilo que quereis que os homens vos façam a vós, fazei-o também a eles" (Mt 7,12).
Em São Lucas é o mestre judeu quem responde à questão de Jesus sobre o duplo mandamento do amor. Jesus concorda:
"Respondeste bem. Faz isso e viverás" (Lc 10,28). Mas o doutor da Lei não se sente satisfeito com a resposta. Quer saber
tudo mais exactamente e pergunta a Jesus: "E quem é o meu próximo?" Então Jesus conta a história do bom samaritano
(Lc 10,30-37).

Certo homem descia de Jerusalém para Jericó e caiu em poder dos salteadores. Estes, depois de o despojarem e
maltratarem, desapareceram deixando-o meio morto. Um sacerdote - um homem que conhecia os mandamentos de Deus OS CRISTÃOS REZAM: "PAI NOSSO"
- descia pelo mesmo caminho, viu-o e passou adiante. Do mesmo modo, também um levita que, pela sua profissão
conhecia os mandamentos de Deus, vinha por aquele lugar, viu-o mas passou adiante. Contudo, um Samaritano - um
daqueles com quem os judeus piedosos não queriam nada porque pensavam que eles não veneravam a Deus de modo
conveniente -, tendo chegado perto dele e vendo-o assim, encheu-se de compaixão, tratou-lhe as feridas, montou-o sobre
a sua jumenta, levou-o para uma estalagem e pagou para que fosse cuidado. 17. A oração do Senhor

No fim, Jesus perguntou ao seu interlocutor; "Qual dos três te parece ter sido o próximo daquele que caíra nas mãos dos Jesus conhece as orações da comunidade judaica. Ele louva, dá graças e reza no seio da assembleia dos fiéis. Ao Sábado,
salteadores?" assiste com os Seus discípulos ao culto divino, na sinagoga. Às refeições, canta com eles os salmos de David. Por vezes,
afasta-Se para rezar sozinho. Um dia, de manhã cedo, os discípulos encontram-n'O em oração, num lugar deserto (Mc
O doutor da Lei compreendeu e ficou perturbado. Porque o que Jesus dá por pressuposto e de forma tão evidente, 1,35). Noutra ocasião, Jesus envia os discípulos numa barca para a outra margem do lago enquanto fica a rezar na
representa bem mais do que aquilo que até então ele tinha pensado. Compreende: eu posso e devo tornar-me o próximo montanha (Mc 6,46).
de qualquer pessoa. Não só daqueles que me estimam, familiares e amigos, mas também dos que não conheço. E mesmo
dos que não partilham da minha fé. Todos os que encontro pelo caminho podem ser meus próximos - e eu devo tornar-me Um dos discípulos pergunta a Jesus: "Senhor, ensina-nos a rezar" (Lc 11,1). E Jesus ensina-lhes a oração de todos os
o próximo de todos os que necessitam de mim. A necessidade do próximo diz-me como agir. E no caso de alguém cristãos, o Pai Nosso.
perguntar: "Até onde deve ir a minha ajuda?", existe uma regra simples: a medida daquele que presta ajuda. Essa pessoa
cumpre o mandamento de Jesus, quando auxilia alguém que se encontra em necessidade, como ele próprio gostaria de ser O Pai Nosso é exposto no Evangelho de São Lucas (Lc 11,2-4) numa versão abreviada; no de São Mateus (6,9-13) numa
ajudado em circunstâncias semelhantes. versão mais longa. É este texto mais longo que se tornou a oração de todos os cristãos.

 Não enganar o outro,


Não lhe mentir,
Nem menosprezá-lo, 17.1 Pai Nosso que estais nos Céus
Nem condená-lo,
Nem invejá-lo, Jesus, o Filho de Deus, leva consigo até junto de Seu Pai, todos aqueles que, cheios de confiança, se tornaram Seus
irmãos e irmãs. Como filhos e filhas de Deus, têm o direito de O invocar através de um nome que exprime a sua pertença
Nem ignorá-lo: Simplesmente amá-lo. e intimidade: Abba, Papá (Paizinho).

 Considerar o outro, Quando dizemos: "Pai Nosso que estais nos Céus", queremos dizer que, por Ele e junto d'Ele, tudo o que significa a
Reconhecê-lo, palavra "céu" torna-se para nós realidade: felicidade, segurança, paz, vida em plenitude.
Aceitá-lo,
Admiti-lo na nossa companhia, A paternidade de Deus estende-se também aos filhos e filhas que vivem experiências desagradáveis com os pais
biológicos: que não são amados, mas rejeitados; que não são aprovados, mas censurados; que não são encorajados, mas
Respeitá-lo: condenados; que não são libertados, mas oprimidos. Na comunidade dos crentes, estas pessoas descobrem irmãos e irmãs
Simplesmente amá-lo. que lhes permitem experimentar aquilo que lhes tinha sido negado.
 Ter um Pai no Céu: 17.3 Venha a nós o vosso Reino
Ter Alguém em Quem poder apoiar-se,
Os crentes aguardam que o Reino de Deus se faça realidade. Escutam atentamente quando Jesus diz: "Completou-se o
mesmo quando os pais falhem; tempo e o Reino de Deus está próximo: arrependei-vos e acreditai no Evangelho" (Mc 1,15).
Alguém a Quem poder perguntar,
mesmo quando as mães não dão resposta; No povo judeu muitos esperam o começo do Reino de Deus, o Seu Reino. Acreditam que Deus virá, na pessoa do
ter Alguém que nos dá irmãos e irmãs, Messias, completar o que eles não podem fazer por si próprios: vencer os inimigos do seu povo, expulsar os romanos do
país, e reinar, desde Jerusalém - o centro do mundo - sobre todas as nações, ser um rei poderoso sobre o trono de David.
ter Alguém a Quem podemos amar.
Mas Jesus fala duma outra maneira do Reino de Deus e do Seu Reino: conta histórias através de imagens, parábolas. Ele
diz: O Reino de Deus é semelhante a uma semente que o semeador lançou à terra (Mt 13,1-9). É semelhante a um grão de
mostarda que se tornou uma árvore (Mt 13,31-32), ao fermento que uma mulher toma e amassa com três medidas de
Ainda que meu pai e minha mãe me abandonem, o Senhor me acolherá. farinha (Mt 13,33), a um tesouro escondido no campo (Mt 13,44).

SALMO 27,10 Jesus diz aos Seus discípulos: vivam de tal maneira que os outros vejam através da vossa fé, da vossa esperança e da
vossa caridade, que o Reino de Deus está a crescer. Deixai os vossos cálculos. Só Deus conhece o dia e a hora. Quanto a
vós, sede vigilantes a fim de não faltardes à festa de Deus. E suplicai: Venha a nós o vosso Reino!

17.2 Santificado seja o vosso Nome Jesus diz:


Alegrem-se todos os que se sabem pobres diante de Deus: é a eles que pertence o
Reino dos Céus. Alegrem-se todos os aflitos: Deus os consolará. Alegrem-se todos os
Santificar o Nome de Deus não significa que O glorifiquemos só dentro dos muros das igrejas nas orações comuns, que
que não recorrem à violência: Deus lhes dará a posse da terra. Alegrem-se todos os
O silenciemos e afastemos de tudo o que tem a ver com o mundo.
que esperam com ardor que a vontade de Deus se faça: Deus realizará os seus
sonhos. Alegrem-se todos os misericordiosos: Deus lhes fará misericórdia. Alegrem-
 Santificar o Nome de Deus significa que O pronunciamos, que Lhe se todos os que têm um coração puro: eles verão a Deus. Alegrem-se todos os que
cantamos cânticos e O damos a conhecer. trabalham pela paz: Deus aceita-os como seus filhos. Alegrem-se todos os que são
perseguidos porque esperam a vontade de Deus: a eles pertence o Reino dos Céus.
 Que contamos com Ele, quando se trata de assuntos do mundo.
CF. EVANGELHO SEGUNDO SÃO MATEUS 5,1-10
 Que manifestamos que o Nome de Deus é mais importante, para nós, do
que todos os nomes dos poderosos por quem sentimos muito respeito. Boa Nova (Evangelho): Esta palavra grega aplica-se ao anúncio da vitória depois duma batalha ou ainda ao anúncio do
nascimento duma criança de família real. Em relação a Jesus, significa a mensagem que Ele entrega e os sinais que
 Que O damos a conhecer entre as nações, pois quando o Nome de Deus é realiza.
santificado, também o nosso é santificado com Ele.

Santificar o Nome de Deus significa: chamar os outros pelo seu nome, tanto os que estão perto como os que estão longe; 17.4 Seja feita a vossa vontade
não precisamos de humilhar o nome do outro receando que o nosso seja esquecido: "Não tenhas medo... chamei-te pelo
teu nome: tu és Meu" (Is 43,1). Porque Deus é Rei e Senhor, porque o seu Reino é uma realidade para todos os homens, perguntamos: Que quer Deus?
Que quer Deus de mim? Porque no mundo onde vivemos, nas nossas sociedades, é a vontade do homem que conta: a
vontade do pai e da mãe, dos professores e dos superiores, dos legisladores e dos que exercem repressão para que as leis
Nós Te damos graças, Pai santo, se imponham. Mas ninguém pergunta se o que eles fazem seguindo a sua vontade é também a vontade de Deus.
pelo teu santo Nome
que fizeste habitar em nossos corações,
para o conhecimento, a fé e a imortalidade  Porque a nossa vontade se opõe à de Deus,
que Tu nos concedeste porque queremos fazer valer o nosso nome,
por meio de Jesus, Teu servo. porque queremos construir o nosso próprio reino,
porque não queremos partilhar o nosso pão,
DIDAQUÊ (DOUTRINA DOS DOZE APÓSTOLOS, SÉCULOS IIII)
porque não queremos aceitar-nos a nós mesmos, porque vivemos em
oposição uns aos outros,
porque não queremos confiarem Deus
- é esta a razão por que somos culpados.
Ergamos os olhos a Maria, que disse "Fiat" (sim) quando o anjo a visitou. E para Jesus, que disse de Si próprio: "O meu aqueles que faziam reservas porque não confiavam em Deus, esses viam
alimento é fazer a vontade d'Aquele que Me enviou e realizar a sua obra" (Jo 4,34). Sabemos também que Jesus rezou no
jardim de Getsémani, na noite antes da sua morte: "Pai, se é da Tua vontade, afasta de Mim este cálice! Contudo, que o seu pão estragar-se.
não se faça a Minha vontade, mas a Tua!" (Lc 22,42). No dia seguinte, Jesus é crucificado. Os homens fizeram d'Ele o
que quiseram. Mas Deus não O abandonou. Ressuscitou dos mortos o seu Filho. Jesus é o penhor da nossa esperança.
Podemos apoiar-nos n'Ele quando a desgraça nos bate à porta. Deus dá-nos a sua palavra. Dá-nos o seu pão. Dá-nos Jesus, seu Filho. Na Eucaristia, Ele próprio Se torna nosso pão
quotidiano.
Quando pedimos a Deus o nosso pão de cada dia, referimo-nos a tudo o que necessitamos para viver: o pão e a água, o
 Deus não quer calor e o lar, o trabalho e a comunidade, a sua bênção.
que uma criança nasça sem mãos, Deus dá-nos a terra sobre a qual cresce o trigo e o arroz, a mandioca e o milho: o "fruto da terra e do trabalho dos
que os jovens se tornem tóxicodependentes homens" a fim de que partilhemos com os que têm fome.
que se viva à custa de outro,
que os doentes estejam sós  Hoje,
que as pessoas idosas não contem para nada na sociedade dá-nos o pão
que as doenças sejam incuráveis... do qual temos necessidade:
alguém,
 Onde quer que uma palavra,
uma pessoa estende a mão a outra, um sinal,
partilha as suas vestes, uma canção,
assiste os doentes, a fim de chegarmos a ser
protesta contra a injustiça, aquilo que os outros necessitam, hoje.
a vontade de Deus é feita.

A vontade de Deus está na nossa confiança na Sua presença em nós mesmos no meio do sofrimento, no seu auxílio
mesmo quando não o compreendemos. A sua vontade é que haja paz na terra e vida para todos os homens. Sentimos a Rezamos assim:
vontade de Deus na nostalgia que nos dá alento, no amor aos nossos semelhantes e na esperança que não nos permite Bendito sejais, Senhor, Deus do universo,
duvidar. Sentimos também a vontade de Deus nas perguntas para as quais não temos respostas. pelo pão que recebemos da Vossa bondade,
fruto da terra e do trabalho do homem,
que hoje Vos apresentamos
Fazer: e que para nós se vai tornar Pão da vida.
a sua própria vontade, Bendito seja Deus para sempre.
a vontade do pai,
a vontade da mãe, ORAÇÃO PARA A PREPARAÇÃO DOS DONS
a vontade dos legisladores,
a vontade dos poderosos...

Faz crescer a Tua vontade em nós


a fim de que encontremos o nosso próprio caminho.

Impõe-nos a Tua vontade


para que todos encontremos o caminho nos leva a Ti. 17.6 Perdoai-nos as nossas ofensas

A quinta petição do Pai Nosso consta de duas partes: uma súplica e uma promessa.

 A súplica "Perdoai-nos as nossas ofensas" é uma oração comum a todos


17.5 O pão nosso de cada dia nos dai hoje os homens pois não existe um só que não tenha cometido faltas.
Ofendemos a Deus quando não respeitamos a sua Palavra, quando não
Na segunda parte do Pai Nosso, pedimos ao Pai que Ele nos dê o necessário para o nosso sustento: o pão nosso de cada
dia nos dai hoje. nos preocupamos com a sua vontade. Quando pensamos que poderíamos
viver sem Ele e contra Ele. Quando construímos o nosso próprio reino.
 Outrora, no deserto, os antepassados fizeram a experiência do pão dado
por Deus e do modo como o dá. Tal como o orvalho da manhã, assim caiu Tornamo-nos culpados quando não confiamos n'Aquele que nos dá o seu
do céu o maná cobrindo a terra. O suficiente para saciar o homem. Cada Filho amado, Jesus Cristo, que Se fez homem, a fim de chegarmos a
um podia apanhar o que necessitava: uns mais, outros menos. Mas Deus. Jesus é para todos e para sempre o penhor do amor e da ternura
do Pai pelos homens. Ele, que conhece o Pai como ninguém, diz-nos como 17.7 Não nos deixeis cair em tentação
Deus perdoa. Tornamo-nos culpados com o nosso próximo quando não
partilhamos o nosso pão, quando não vivemos uns para os outros, mas Deus concede aos homens a liberdade - e com ela, a capacidade de assumir as decisões pessoais - para uma vida feita de
confiança em Deus, na sua Palavra e nos seus mandamentos, ou então, para uma vida sem Deus.
uns contra os outros. Quando nos ofendemos mutuamente, nos
rebaixamos uns aos outros, quando mentimos. A dúvida pode surgir no nosso coração: Deus não me ama, não me vê, não Se preocupa comigo. O tentador trata de nos
seduzir: Porque te agarras a Deus? Ele não te dá nada. Sem Ele irás muito mais longe, terás uma vida mais fácil, à
 A promessa "assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido", está vontade...
em consonância com a petição e vai ao encontro do nosso ser natural.
Saber sofrer a injustiça é bem mais difícil do que cometê-la. Aquele que é A história da sedução, do amor traído, começa com o primeiro homem.
ultrajado, traído, enganado ou explorado, pensa na vingança: Vais me
A tentação significa: ser posto à prova, fazer uma experiência que ameaça o meu equilíbrio, que exige a minha decisão.
pagar! Hei de pagar-te com a mesma moeda! Hás de saber quem eu sou! "Caímos" em tentação. Na tentação é a minha liberdade que está em jogo. Trata-se de mim e do meu Deus.
Não te perdoarei nunca! Já não te conheço... Nesse momento, os amigos
passam a inimigos, os íntimos a estranhos. Quem quiser vencer na tentação, terá de apoiar-se em Jesus. Ele permaneceu fiel ao Pai - e não em vão. Podemos estar
seguros de que o Deus fiel nos concederá, na tentação, o modo para sair dela e a força para a suportar (1Cor 10,13).

Todos nós ficamos presos numa engrenagem de injustiça e de culpabilidade, se pensarmos que a vingança é a única Quando pedimos a Deus que nos preserve e fortaleça na tentação, devemos estar próximos uns dos outros, apoiar-nos e
reacção possível à injustiça recebida. Jesus mostra-nos que é possível romper essa engrenagem: podemos fazer com que assistir-nos mutuamente. E devemos velar para que ninguém tente o outro, não o faça tropeçar. Quando alguém está só e
o amor seja mais forte que a ofensa e a ira; podemos dialogar com aquele que cometeu uma injustiça connosco, podemos débil, facilmente pode cair. Quando muitos estão juntos na fé, são capazes - com a ajuda de Deus - de resistir, com
dar-lhe uma oportunidade e também a nós próprios. firmeza, aos poderes do mal.

Jesus diz-nos como o perdão é importante: Portanto, se ao levares a tua oferenda ao Não dirijas os meus passos para o poder do pecado
altar, aí te lembrares que o teu irmão tem alguma coisa contra ti, deixa aí a tua e não me leves ao poder da culpa
oferenda diante do altar e vai primeiro reconciliar-te com o teu irmão; depois volta nem da tentação
para apresentar então a tua oferenda. nem do caduco.

EVANGELHO SEGUNDO SÃO MATEUS 5,23-24 EXTRACTO DA ORAÇÃO JUDAICA DA TARDE

 Perdoa as nossas ofensas,


como nós perdoamos a quem nos ofende.
Vem ao nosso encontro 17.8 Mas livrai-nos do mal
como nós vamos ao encontro dos outros.
O mal está presente em toda a parte - não é preciso procurá-lo. As catástrofes naturais, os tremores de terra, as
Dá-nos a mão, inundações, os acidentes de vária ordem destroem a vida de muitas pessoas. As vítimas perguntam: "Porquê? Que fiz eu
como nós damos a mão uns aos outros. para merecer isto?" Com frequência os homens fazem mal uns aos outros. Não podemos confiar uns nos outros.
Não contes as nossas faltas
como nós não contamos as dos outros. Quando suplicamos "Livrai-nos do mal", apresentamos toda a miséria do mundo ao Pai celeste. Pensamos nas catástrofes
que nos ameaçam, mas também no mal em que nos vemos implicados - sem que nos tenham consultado - ou no qual
Tem paciência connosco implicamos outros. Pensamos nos regulamentos e leis feitos de modo a que as guerras não acabem, que os poderosos o
como nós a temos também com os outros. sejam cada vez mais, os ricos cada vez mais ricos, os pobres cada vez mais pobres e os que dependem, cada vez mais
Dá-nos ainda uma oportunidade dependentes.
como nós a damos também aos outros.
Não nos deixes cair em tentação Como cristãos, nós não acreditamos unicamente no "Mal", mas também no "Maligno". A tradição da fé cristã afirma: isto
é obra do maligno, o inimigo de Deus, o Diabo. Ele é também inimigo do homem. Ele quer separar-nos de Deus. Seduz-
como nós nos apoiamos uns aos outros. nos e engana-nos para nos pôr do seu lado. Quer afastar-nos da vontade de Deus e conquistar-nos com o seu plano de
Livra-nos do mal ódio e inveja; afastar-nos do caminho que conduz à vida, ao seguimento de Jesus para nos levar por um caminho que nos
para que todos juntos possamos louvar-Te. leva à perdição. O mistério obscuro das forças do Mal faz-nos sofrer. Mas nós acreditamos que o Deus de Jesus Cristo é
mais forte que todos os poderes do Mal no mundo. Quem se apoia em Deus pode viver sem medo, confiando n'Aquele
que venceu o Mal. No último dia, o Senhor voltará - e com Ele, o novo mundo de Deus, no qual Deus será tudo em todos.
Não podemos dizer sinceramente a oração que Jesus nos ensinou, enquanto cada um de nós não perdoar ao outro, de todo
o coração.
Rezamos assim em cada celebração eucarística:
"Livrai-nos de todo o mal, Senhor,
e dai ao mundo a paz em nossos dias,
para que, ajudados pela Vossa misericórdia,
sejamos livres do pecado e de toda a perturbação,
enquanto esperamos a vinda gloriosa
de Jesus Cristo nosso Salvador.

17.9 Nós Vos louvamos,


nós Vos bendizemos,
nós Vos damos graças!

É legítimo dirigir súplicas a Deus porque Ele nos atende com amor. Podemos pedir porque Ele tem o poder de dar o que
nós necessitamos. Ele é senhor da sua criação e toda a vida é criada para O louvar. Quem acredita que Deus é amigo dos
homens, que Ele está próximo das suas criaturas em tudo o que lhes acontece, sente que é bom pertencer a Deus, dar-Lhe
graças e cantar seus louvores.

E ouvi todas as criaturas do Céu, da terra, de debaixo da terra, e do mar, e todos os


seres vivos, proclamarem: "O louvor, a honra, a glória e o poder pertencem Àquele
que está sentado no trono e ao Cordeiro pelos séculos dos séculos!"

APOCALIPSE DE SÃO JOÃO 5,13

Desde os primeiros tempos da Igreja, o Pai Nosso termina com o louvor da assembleia:

VOSSO É O REINO E O PODER E A GLÓRIA PARA SEMPRE


AMEN!

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