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UNIVERSIDADE F EDERAL DE OURO PRETO

PROAMB_ PROGRAMA DE PÓS GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA


AMBIENTAL

PEA 554 – TECNOLOGIAS DE TRATAMENTO E VALORIZAÇÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS

Transição para a ecoeficiência na gestão de resíduos sólidos urbanos para reduzir as emissões de GEE: o caso do Brasil

Aluna: Sheila Bárbara Ferreira Silva


RESUMO
Avaliar diferentes cenários de mitigação de emissões de GEE na gestão de RSU no Brasil para determinar a
melhor transição para a ecoeficiência (TEE) em relação ao cenário atual (S0).

Indicadores ambientais: emissões de GEE (ferramenta CO2ZW)


Indicadores econômicos: custos operacionais, de investimento e externalidades das
mudanças climáticas
Compostagem MTB e
Aterro
e reciclagem incineração
Foram analisados seis cenários de transições de gestão e tratamento de RSU: S0 Cenário atual
S1 10% 90%
S2 10% 90%
S3 40% 60%
S4 40% 60%
S5 70% 30%
S6 70% 30%
1.Introdução BRICS é um agrupamento de países de
mercado emergente em relação ao seu
desenvolvimento econômico.

Os países BRICS - Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul - marco das políticas de mudanças climáticas.
 23,3% do Produto Interno Bruto (PIB) global
2017  42% da população mundial
 40% das emissões globais
Brasil – 37% ate 2025

COP 21 e na COP 24 - compromisso de reduzir gases de efeito estufa.

A gestão de resíduos sólidos tem um alto potencial de mitigação para alcançar as maiores reduções nas
emissões de GEE, considerando estudos sobre gestão de resíduos sólidos urbanos e avaliação do ciclo de vida
(ACV).
1.Introdução
Indicadores de geração , composição e gestão de RSU e do crescimento das emissões de GEE – países BRICS

Investigações sobre o impacto ambiental – principalmente a pegada de carbono – e os resultados econômicos da melhoria da
gestão de RSU no Brasil nos níveis nacional e municipal, além da aplicação interna deste último, podem servir de referência para
políticas de mitigação de GEE em uma escala global.
1.Introdução
Estudos de ecoeficiência envolvendo gestão de RSU e ACV têm focado pouca atenção na valoração econômica de
externalidades ( Khandelwal et al., 2019 ). Segundo Nahman (2011)

Externalidades: efeitos colaterais positivos ou negativos (benefícios ou custos externos) de uma


determinada atividade econômica, que não são suportados por quem tem participação financeira direta na atividade,
mas por outros grupos da sociedade e/ou pelas gerações futuras, ou que são distribuídos por toda a sociedade.

◦ Ex: aterro sanitário: constituem externalidades as emissões de GEE produzidas durante o transporte de resíduos orgânicos, sua decomposição e o lixiviado resultante.
Custos de implantação e operação inferiores a alternativas como a reciclagem que produz menos emissões e proporciona benefícios sociais como a geração de
empregos.

Falta estudos que comparem abordagens alternativas de gestão de RSU, considerando os impactos ambientais e
econômicos, bem como a valoração de externalidades como as mudanças climáticas, de forma integrada pela
ecoeficiência, o que justifica o estudo.
2.Objetivo
Analisar a transição para a ecoeficiência de cenários de gestão de resíduos sólidos urbanos visando à redução
das emissões de gases de efeito estufa em escala local e nacional no Brasil, como referência para futuras políticas
ambientais nos BRICS e outros países em desenvolvimento:

◦ Elaborando um inventário da geração e caracterização de RSU no Brasil e em cinco municípios contrastantes de condições populacionais e socioambientais
(São Paulo, Sorocaba, Piedade, Humaitá e Santa Cruz do Sul);

◦ Quantificando as emissões de GEE geradas e evitadas por cenários futuros de gestão de RSU (ACV a partir de CO2ZW);

◦ Quantificando os custos operacionais e de investimento e as externalidades ambientais das mudanças climáticas;

◦ Determinando os melhores cenários de transição para a ecoeficiência para cada município e para o Brasil;

◦ E, por fim, propondo ações futuras para implementar os melhores cenários de ecoeficiência nos níveis municipal e nacional do Brasil, que possam ser
extrapolados para as demais nações do BRICS.
3.Metodologia
3.1. Ferramenta ambiental para calcular as emissões de gases de efeito estufa

CO2ZW utiliza os conceitos de ciclo de vida aplicados à


gestão de resíduos sólidos permitindo estimar, monitorar e
inventariar as emissões de gases de efeito estufa (GEE) em
equivalentes de dióxido de carbono (CO -eq) - avaliando
cenários de gestão de resíduos sólidos urbanos, da escala
municipal à nacional, com um pequeno número de dados de
entrada.

O modelo e os cálculos abrangeram o período de um


ano e consideraram as emissões provenientes diretamente
das instalações de tratamento e disposição do sistema de
gestão de RSU nos municípios avaliados; bem como emissões
indiretas decorrentes do consumo de energia elétrica e diesel;
e emissões evitadas pela recuperação e reciclagem de
resíduos sólidos urbanos.

Esse estudo considerou as unidades de compostagem, MBT, incineração, aterro sanitário, triagem e reciclagem, excluindo o transporte.
3.Metodologia
3.2 . Ferramenta de análise econômica

Estimativa dos custos de operação, Custos das externalidades das Por fim, a terceira etapa consistiu em
manutenção e implantação de cada mudanças climáticas para cada cenário: estimar os custos totais para a
os GEEs foram avaliados ao preço de sociedade dos cenários de gestão de 1 t
processo de disposição ou tratamento mercado da licença de emissão para
de uma tonelada de RSU, com base de RSU em cada município brasileiro
uma tonelada de carbono –
comercialização de “créditos de considerado e em todo o Brasil, por
na seguinte equação: meio da seguinte equação.
carbono” obtidos de acordo com as
normas do Protocolo de Kyoto, com
base na seguinte equação.

onde CT é o custo unitário total do cenário j para a gestão de 1 t de RSU


(US$.(t.ano) ); γ i é a proporção de RSU destinada à alternativa i de onde CS é o custo unitário total para a sociedade da gestão do cenário j de 1 t
tratamento ou disposição ( Tabela 2 ) (%); CO é o custo operacional da de RSU (US$.(t.ano) ); CT é o custo unitário total da gestão do cenário j de 1 t de
alternativa i de tratamento ou disposição de 1 t de RSU (US$.(t.ano) ); e CIi é onde CE é o custo unitário total da externalidade da gestão do cenário j RSU (US$.(t.ano) ); e CE é o custo unitário total das externalidades ambientais da
o custo de investimento da alternativa i de tratamento ou disposição de 1 t de 1 t de RSU (US$.(t.ano) ); γ é a proporção de RSU destinada à gestão do cenário j de 1 t de RSU (US$.(t.ano) ).
de RSU (US$.(t.ano) ).
alternativa i de tratamento e disposição; E são as emissões de GEE
produzidas pela alternativa i de tratamento e disposição de 1 t de RSU
(US$.(t.ano) ); e CCO é o custo de CO -eq (US$.(t CO ) ).
3.Metodologia
3.3 . Avaliação da estrutura de ecoeficiência na gestão de resíduos sólidos urbanos

Foi realizada uma análise integrada, com base na avaliação da ecoeficiência padronizada e normalizada pela ISO
14045:2012.

Combinação de dados econômicos, ambientais e de GRSM considerando:

• impactos ambientais – representados pela pegada de carbono;


• impactos econômicos foram estimados com base na avaliação dos custos de investimento, operação e
externalidades;
• transição para a ecoeficiência entre os cenários de GRSM, em escala nacional e municipal, foi sustentada por
uma interpretação da análise integrada desses impactos econômicos e ambientais.
3.Metodologia
3.4 . Modelagem do estudo e cenários de gestão de resíduos

Indicadores socioeconômicos e ambientais dos municípios avaliados.


3.Metodologia
3.4 . Modelagem do estudo e cenários de gestão de resíduos

Dados e informações sobre os sistemas de gestão de RSU dos cinco municípios estudados.
3.Metodologia

PNRS do Brasil tem por objetivo minimizar a quantidade de RSU disposto em aterros sanitários.

A versão preliminar do Plano Nacional de Gerenciamento de Resíduos Sólidos (PLNRS) estabeleceu a redução de 70% de
resíduos sólidos secos e úmidos (cenário S5) como meta mais favorável.

Os cenários S1 e S3, sendo este último uma proposta do PLNRS, foram desenhados para fazer
Compostagem MTB e
inferências sobre a transição para a ecoeficiência dos cenários intermediários. Aterro
e reciclagem incineração
Os cenários S2, S4 e S6 envolvendo o desvio total de resíduos de aterros sanitários, e esses S0 Cenário atual
cenários vão além da meta mais favorável do PLNRS (S5), pois consideram tecnologias não S1 10% 90%
desenvolvidas no Brasil, como o tratamento biológico mecânico (TMB) e a incineração. S2 10% 90%
S3 40% 60%
Os cenários representam uma combinação de alternativas para o tratamento de resíduos S4 40% 60%
orgânicos úmidos (compostagem e MBT) e secos, recicláveis e não recicláveis (reciclagem e S5 70% 30%
incineração), além do aterro. S6 70% 30%
4 . Estudo de caso
4.1 . Critérios de seleção: perfil social, econômico, ambiental e demográfico

Foram desenhados cenários de gestão de resíduos sólidos para o Brasil e cinco de seus municípios: São Paulo,
Sorocaba, Piedade, Humaitá e Santa Cruz do Sul.

O primeiro critério para a escolha desses municípios representativos foram seus segmentos populacionais com
base na classificação por porte da versão preliminar do PNRS:
pequeno (população de até 100.000) - Piedade e Humaitá Clima;
Perfil econômico industrial;
médio porte (população de 100.000 a 1.000.000) - Santa Cruz do Sul e Sorocaba Densidade demográfica;
IDH.
grande porte (com uma população de mais de 1.000.000) - São Paulo
população (hab) % municipios
22% 0,30%

Piedade - região sudeste Humaitá - região norte Santa Cruz - região sul Sorocaba - região São Paulo - região
produção de extrativismo vegetal e agropecuária, comercio e sudeste sudeste
hortifrutigrangeiros mineração turismo produção industrial metrópole industrial
5 . Resultados e discussão
5.1 . Gestão e caracterização dos RSU nos municípios selecionados
A diversidade ambiental, econômica e social dos municípios se refletiu em seus sistemas de gestão de RSU

6,5%
5 . Resultados e discussão
5.2 . Emissões de gases de efeito estufa de acordo com cenários de mitigação - emissões anuais (geradas, evitadas e seus saldos)

Destaques para os
cenários de melhor
desempenho em
redução de emissões
de CO-eq
5 . Resultados e discussão
5.3 . Custos operacionais e de investimento e custos das externalidades e a soma deles:
5 . Resultados e discussão
5.4 . Análise de ecoeficiência em termos de custos operacionais e de investimento (US$/t.MSW) referentes às Emissões (CO - eq./t.MSW)
6 . Conclusões
mais favorável para a transição para a ecoeficiência: investimentos em reciclagem de
resíduos sólidos secos e compostagem de resíduos sólidos úmidos;
◦ mais evidente nos municípios com maior população.

aterros sanitários (com aproveitamento de metano para energia) continuam sendo uma
importante alternativa na gestão de resíduos sólidos urbanos no Brasil;
tecnologias mais avançadas, como o tratamento biológico mecânico e a incineração,
representaram cenários com melhor desempenho ambiental (com reduções de 76%–96%), mas não de transição
para a ecoeficiência, devido aos altos custos.
A transição para a ecoeficiência, utilizando a pegada de carbono como indicador no
tratamento de RSU, mostrou-se sensível às condições sociais, econômicas e demográficas;

Para trabalhos futuros: mais informações e cenários que considerem


também aspectos da dimensão social e do estágio do transporte de RSU no Brasil.

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