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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ (UFPI)


PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO (PRPG)
CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS E LETRAS (CCHL)
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GEOGRAFIA (PPGGEO)

HELENA VANESSA MARIA DA SILVA

GEODIVERSIDADE E GEOPATRIMÔNIO DOS MUNICÍPIOS DE


JUAZEIRO DO PIAUÍ, NOVO SANTO ANTÔNIO, SÃO JOÃO DA SERRA
E SIGEFREDO PACHECO, PIAUÍ

TERESINA - PI
2020
1

HELENA VANESSA MARIA DA SILVA

GEODIVERSIDADE E GEOPATRIMÔNIO DOS MUNICÍPIOS DE


JUAZEIRO DO PIAUÍ, NOVO SANTO ANTÔNIO, SÃO JOÃO DA SERRA
E SIGEFREDO PACHECO, PIAUÍ

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação


em Geografia (PPGGEO) da Universidade Federal do
Piauí como requisito para obtenção do título de Mestre
em Geografia.

Área de concentração: Organização do Espaço e


Educação Geográfica. Linha de pesquisa: Estudos
Regionais e Geoambientais.

Orientadora: Profa. Dra. Cláudia Maria Sabóia de


Aquino

TERESINA - PI
2020
2

HELENA VANESSA MARIA DA SILVA

GEODIVERSIDADE E GEOPATRIMÔNIO DOS MUNICÍPIOS DE


JUAZEIRO DO PIAUÍ, NOVO SANTO ANTÔNIO, SÃO JOÃO DA SERRA
E SIGEFREDO PACHECO, PIAUÍ

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação


em Geografia (PPGGEO) da Universidade Federal do
Piauí como requisito para obtenção do título de Mestre
em Geografia.

Defesa em: 20/02/2020

Banca Examinadora

________________________________________________________
Profª. Drª. Cláudia Maria Sabóia de Aquino
(Orientadora)

________________________________________________________
Profª. Drª. Marcos Antônio Leite do Nascimento
(Membro externo)

_________________________________________________________
Profª. Drª. Livânia Norberta de Oliveira
(Membro externo)

________________________________________________________
Profª. Drª. Gustavo Souza Valladares
(Membro interno)
3

FICHA CATALOGRÁFICA
Universidade Federal do Piauí
Biblioteca Comunitária Jornalista Carlos Castello Branco
Serviço de Processamento Técnico

S586g Silva, Helena Vanessa Maria da.


Geodiversidade e geopatrimônio dos municípios de Juazeiro do
Piauí, Novo Santo Antônio, São João da Serra e Sigefredo Pacheco,
Piauí / Helena Vanessa Maria da Silva. – 2020.
240 f.

Dissertação (Mestrado em Geografia) – Universidade Federal


do Piauí, Teresina, 2020.
“Orientadora: Prof.ª Dr.ª Claudia Maria Sabóia de
Aquino”.

1. Geodiversidade. 2. Patrimônio geológico. 3.


Patrimônio geomorfológico. 4. Piauí. I. Título.

CDD 551
4

Dedico este trabalho a Deus, grande e verdadeiro


amigo, a minha mãe, minha fortaleza, que sempre
esteve me incentivando e torcendo por mim, a
todos os familiares e todos que me ajudaram a
concretizá-lo...
5

AGRADECIMENTOS

A Deus pai, em primeiro lugar, por sempre iluminar o meu caminho, por toda sabedoria
necessária, por toda força, fé, e coragem que me foi concedida para a concretização desta
pesquisa e conclusão do mestrado em Geografia...Obrigada meu Deus!
Aos meus pais, Vicente de Paula e Valdenila Maria, pelo amor e ensinamentos,
responsáveis por minha formação moral e ética sempre acreditaram em mim.
Aos meus irmãos José Marcos e Isabel Thais por todos os momentos ao meu lado,
vibrações positivas e apoio concedido.
Aos meus avós maternos, Antônio Fernandes e em especial à minha avó Noeme Maria,
mulher forte e encorajada. E aos meus avós paternos, José Antônio e minha querida avó Maria
dos Remédios (in memoriam), meus exemplos de vida e simplicidade.
A minha querida prima Ana Lourdes pelo companheirismo, ajuda, cuidado e palavras de
carinho.
A minha tia Maria de Lourdes e meu tio Adaito Dourado por me receber e me dar
conforto em seu lar, agradeço pelo carinho e cuidado.
A meu amigo-irmão Leonam Tcharlles, amizade de infância, uma pessoa que sempre me
apoiou e esteve ao meu lado.
A minha tia e madrinha de batismo Valdirene Maria pelo carinho e incentivo durante toda
minha caminhada.
A todos os familiares, minha base de sustentação, agradeço a todos os tios e tias (em
especial meu tio e padrinho de batismo Raimundo Alves e meu tio Valdimir Alves), minhas
madrinhas, meus padrinhos, aos meus queridos primos, amigos e colegas.
Agradeço a minha orientadora Prof. Dra. Cláudia Maria Sabóia de Aquino pelas
contribuições à minha formação, por todo o apoio e ensinamentos.
A todos os professores da Pós-Graduação em Geografia da Universidade Federal do Piauí,
que marcaram sua passagem com bons ensinamentos e companheirismo.
Aos professores da Graduação da Universidade Estadual do Piauí, em especial, a
professora Dra. Manuela Nunes Leal e meu eterno professor Me. Renê Pedro de Aquino que me
encorajou na busca deste sonho, agradeço pelo incentivo, atenção e amizade.
Aos amigos que ganhei ao ingressar no mestrado, agradeço por todas as experiências
vividas no decorrer do curso. Obrigada a todos, e em especial a minha amiga Glácia Lopes,
6

minha “maninha”, por tudo que foi compartilhado, e aos meus eternos amigos, desde da
graduação, Vital Faria, e minha grande companheira Eliethe Gonçalves pelas ideias
compartilhadas.
A amiga Juliana Gonçalves pela ajuda prestada e dicas no uso do software desta pesquisa
e ao amigo e conterrâneo Tarcys Klébio pela disponibilidade demostrada na prestação de
esclarecimentos.
À Universidade Federal do Piauí pela utilização de suas instalações e ao Programa de Pós-
Graduação em Geografia da Universidade Federal do Piauí por todo o apoio.
À Coordenação de Aperfeiçoamento Pessoal de Nível Superior (CAPES), ao Conselho
Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e a Fundação de Amparo a
Pesquisa do Piauí (Fapepi) pela bolsa concedida (auxílio financeiro).
A todos que me ajudaram em campo no município de São João da Serra/PI, em especial
meu grande amigo e visionário Antônio Carlos (“o poeta”), amizade fruto da pesquisa, e a toda
sua família pelo acolhimento. Ao professor Herllys Torres, e aos colegas Homerio Moura,
Joaquim Torres, José Filho, Ademir Moura, Edimar Moura e Alberto Vasconcelos.
A todos que me ajudaram em campo no município de Novo Santo Antônio/PI, em
especial ao professor Carlos Renê e ao professor Jackson. A todos que me ajudaram em campo
no município de Sigefredo Pacheco/PI, em especial a professora Jéssica Frota, ao colegas Airton
Andrade, Ingrid Macêdo e ao professor Sebastião Machado. E a todos que me ajudaram em
campo no município de Juazeiro do Piauí/PI, em especial ao amigo Roberto Sousa, Antônio
Francisco (“Nego”) e ao Srº Mariano.
Enfim, a todos que me ajudaram de forma direta ou indireta, que de alguma forma
caminharam comigo nessa trajetória, uma vez que, a conquista obtida é resultado de um processo
de formação pessoal e profissional para o qual pessoas certamente contribuíram de alguma forma.
Dessa maneira, deixo meus sinceros agradecimentos.

Obrigada a todos!
7

“A cada dia percebo que preciso aprender mais.


Estar aberto ao conhecimento é uma busca
constante e infindável [...]”.
- Andreas Hermann
8

RESUMO

Detentor de uma grande extensão territorial, o Brasil conta com uma variedade de atrativos do
ponto de vista da diversidade abiótica, que ainda é pouco conhecida, observa-se uma carência de
estudos em diversas áreas do território nacional. A nível de Nordeste, no Estado do Piauí
pesquisas nesse âmbito ainda são pouco expressivas. Esta constatação aliada à carência de
estudos desta natureza, e a pouca exploração e divulgação no cenário piauiense justificou a
realização da presente pesquisa. Tendo como intuito valorizar e divulgar a geodiversidade e o
geopatrimônio no Piauí, se elencou como área de estudo os municípios de Juazeiro do Piauí,
Novo Santo Antônio, São João da Serra e Sigefredo Pacheco, pertencente a Região Geográfica
Intermediária de Teresina e Região Geográfica Imediata de Campo Maior- PI. Diante disso, o
objetivo geral dessa pesquisa foi avaliar a geodiversidade e o geopatrimônio da área supracitada,
como suporte a iniciativas de geoconservação e geoturismo, para a partir daí sugerir a utilização
da mesma, como local potenciador de atividades ligadas à educação ambiental e geoturísticas.
Tendo como foco os valores didático e turístico a presente pesquisa apresenta como objetivos
específicos i) Realizar levantamento e caracterização da geodiversidade dos municípios
anteriormente citados; ii) Inventariar e quantificar os geossítios/geomorfossítios dos mesmos, iii)
Propor um roteiro geoturístico considerando apenas aqueles geossítios/geomorfossítios com bom
acesso e oferta de hotelaria, itens básicos para o fortalecimento de atividades geoturísticas e
geoeducativas; e iv) Apresentar sugestões de estratégias de valorização e divulgação dos
geossítios/geomorfossítios para os municípios analisados através da elaboração de recursos
didáticos e de atividades geoeducativas. A metodologia foi dividida em cinco etapas: i) revisão
bibliográfica, teórico-metodológico para a devida fundamentação; ii) estudo de diferentes
metodologias utilizadas na avaliação do patrimônio geológico e geomorfológico, seguida da
escolha da metodologia adotada para o presente estudo, que foi adaptada de Oliveira (2015) e
Pereira (2006); iii) trabalho de gabinete, com a confecção do material cartográfico; iv) trabalhos
de campo (registro fotográfico, coleta de coordenadas geográficas e preenchimento de fichas) e
v) proposição de estratégias de valorização e divulgação dos geossítios/geomorfossítios
selecionados. Foram inventariados e quantificados 36 geossítios/geomorfossítios, dos quais foram
selecionados 09 geomorfossítios para promoção e divulgação, apenas aqueles com bom acesso e
oferta de hotelaria considerando as medidas de distância da sede municipal, a saber:
Geomorfossítio Cachoeira do Rosário (Novo Santo Antônio), Geomorfossítio Complexo Mini
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Cânion do Rio Poti (Juazeiro do Piauí), Geomorfossítio Cachoeira do Covão do Jaburu (Juazeiro
do Piauí), Geomorfossítio Cachoeira do Quebra Anzol (São João da Serra), Geomorfossítio
Cachoeira da Pedra Negra (Sigefredo Pacheco), Geomorfossítio Cachoeira das Corujas (Novo
Santo Antônio), Geomorfossítio Toca do Nego (Juazeiro do Piauí), Geomorfossítio Cachoeira do
Lau (São João da Serra) e Geomorfossítio Cachoeira dos Canudos (Novo Santo Antônio). No
sentido de promover a divulgação desses geossítios/geomorfossítios, foram desenvolvidos
produtos, dos quais se destacam: um roteiro geoturístico, painéis interpretativos, souvenires,
páginas de valorização e divulgação no Instagram e Facebook e a elaboração de recursos
didáticos e atividades geoeducativas como jogos (Jogo de Tabuleiro e Jogo da Memória).
Conclui-se o alto potencial geológico/geomorfológico para uso didático e geoturístico da área de
estudo. A exploração deste potencial de modo sustentável poderá proporcionar a geração de
renda e consequentemente melhorias da qualidade de vida das populações residentes na área de
estudo.

Palavras-Chave: Geodiversidade. Patrimônio Geológico. Patrimônio Geomorfológico. Piauí.


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ABSTRACT

Owner of a big territorial extension, Brazil counts on a variety of attractions from the scope of its
abiotic diversity, which is still little known, it is observed an absence of studies in many areas of
the national territory. In the northeast, in Piauí State researches in this scope are still little
expressive. This verification associated with the lack of studies of this nature, and the little
exploration and disclosure in Piauí’s scenery justified the accomplishment of this present
research. Having as an intention to value and to promote Piauí’s geodiversity and geoheritage, it
was listed as study area the cities of Juazeiro do Piauí, Novo Santo Antônio, São João da Serra e
Sigefredo Pacheco, belonging to the Intermediate Geographic Region of Teresina and the
Immediate Geographic Region of Campo Maior-PI. Thus, the main objective of this research was
to evaluate the geodiversity and the geoheritage of the area above-mentioned, as support to the
geoconservation and geotourism initiatives, and from this point to suggest the usage of it, as a
potential place of activities linked to the environmental education and geoturism. Having as focus
the tourism and didactic values the present research introduces as specific objectives i) To
accomplish the geodiversity surveying and characterization of the cities previously mentioned; ii)
To inventory and qualify the geosites/geomorphosites of them; iii) To propose a geotouristic
itinerary considering only those geosites/geomorphosites with good access and hotel offering,
basic items to the strengthening of geotouristics and geoeducational activities; iv) To present
suggestions of valorization and promotion strategies of the geosites/geomorphosites to the cities
analyzed through elaboration of didactic resources and geoeducational activities. The
methodology was divided in five stages: i) bibliographic review, theoretical-methodological to
the proper basis; ii) study of different methodologies used in the evaluation of the geologic
heritage and geomorphologic, followed by the choosing of the adopted methodology to the
present study, that was adapted by Oliveira (2015) and Pereira (2006); iii) office work, with the
production of cartographic material; iv) field research (photographic registers, gathering of
geographic coordinates and filling out of forms) and v) proposition of valorization and disclosure
strategies of the geosites/geomorphosites selected. It was inventoried and quantified 36
geosites/geomorphosites, in which 09 geomorphosites were selected to promotion and disclosure,
only those with good access and hotel offering considering the distance measurements from the
city headquarter, namely: Geomorphosite Rosário Waterfall (Novo Santo Antônio),
Geomorphosite Rio Poti Mini Canyon Complex (Juazeiro do Piauí), Geomorphosite Covão do
11

Jaburu Waterfall (Juazeiro do Piauí), Geomorphosite Quebra Anzol Waterfall (São João da
Serra), Geomorphosite Pedra Negra Waterfall (Sigefredo Pacheco), Geomorphosite Corujas
Waterfall (Novo Santo Antônio), Geomorphosite Nego’s Lair (Juazeiro do Piauí), Geomorphosite
Lau Waterfall (São João da Serra) and Geomorphosite Canudos Waterfall (Novo Santo Antônio).
In order to promote the disclosure of these geosites and geomorphosites, were developed
products, in which highlight: a geotouristic itinerary, information boards, souvenires, valorization
and disclosure pages on Instagram and Facebook and the elaboration of didactic resources and
geoeducational activities like games (boardgames and memory games). It is concluded the high
geologic/geomorphologic potential to the didactic use and geotourism of the area studied. The
Exploration of these potential in a sustainable way will provide the generation of income and
consequently improvement in quality of life of the living population in the area studied.

Key Words: Geodiversity. Geologic Heritage. Geomorphologic Heritage. Piauí.


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LISTA DE FIGURAS

Figura 01 - Classificação de Geopatrimônio ................................................................................ 48


Figura 02 - Nova abordagem para o Patrimônio Geológico ......................................................... 50
Figura 03 - Planilhas de Quantificação GEOSSIT/Simulador de Avaliação ............................... 61
Figura 04 - Proposição de tipos de locais de interesse geomorfológico, em função da sua
dimensão e visualização (escalas de observação).......................................................................... 92
Figura 05 - Fluxograma metodológico simplificado a ser empregado na pesquisa ................... 100
Figura 06 - Mapa de localização da área de estudo .................................................................... 101
Figura 07 - Esboço geológico da área de estudo ........................................................................ 102
Figura 08 - Esboço geomorfológico da área de estudo .............................................................. 106
Figura 09 - Mapa hipsométrico da área de estudo ...................................................................... 108
Figura 10 - Mapa de declividade da área de estudo ................................................................... 107
Figura 11 - Esboço das associações de solos da área de estudo ................................................. 109
Figura 12 - Distribuição da temperatura e da precipitação na área de estudo ............................ 110
Figura 13 - Esboço hidrográfico da área de estudo .................................................................... 111
Figura 14 - Faixa de Desenvolvimento Humano Municipal ...................................................... 112
Figura 15 - Faixa de Índice de Vulnerabilidade Social (IVS) .................................................... 112
Figura 16 - Mapa de localização dos geossítios/geomorfossítios na área de estudo .................. 117
Figura 17 - Geossítios/Geomorfossítios inventariados no município de São João da Serra/PI.. 121
Figura 18 - Geomorfossítio Cachoeira do Quebra Anzol ........................................................... 122
Figura 19 - Grandes paredões rochosos do geomorfossítio Cachoeira do Quebra Anzol .......... 122
Figura 20 - Detalhes do geomorfossítio Cachoeira do Quebra Anzol........................................ 123
Figura 21 - Deterioração provocada por ação antrópica/Cachoeira do Quebra Anzol ............... 123
Figura 22 - Geomorfossítio Mesas de Pedra do Rio Poti ........................................................... 124
Figura 23 - Solos pedregosos com processo de erosão diferencial nas rochas .......................... 125
Figura 24 - Geoforma Pedra do Jabutí ....................................................................................... 126
Figura 25 - Geoforma Abrigo do Mocó ..................................................................................... 127
Figura 26 - Afloramentos de diabásio com destaque para erosão esferoidal ............................. 127
Figura 27 - Detalhes do geossítio Complexo Afloramentos de Diabásio .................................. 128
Figura 28 - Detalhes do geossítio Olho d’água dos Cágados ..................................................... 129
Figura 29 - Ação erosiva da água promovendo a decapitação do solo ...................................... 130
Figura 30 - Detalhes do geomorfossítio Complexo Arena de Pedras ........................................ 131
Figura 31 - Geomorfossítio Cachoeira do Contente ................................................................... 132
Figura 32 - Detalhes do geomorfossítio Cachoeira do Contente ................................................ 133
Figura 33 - Geomorfossítio Cachoeira do Lau ........................................................................... 133
13

Figura 34 - Grandes paredões rochosos da Cachoeira do Lau ................................................... 134


Figura 35 - Geossítio Afloramento de Diabásio da Realeza ...................................................... 135
Figura 36 - Geomorfossítio Cachoeira da Boa Vista.................................................................. 136
Figura 37 - Destaque para estratificação em rochas/Cachoeira da Boa Vista ............................ 137
Figura 38 - Geomorfossítio Cachoeira do Cachimbo ................................................................. 137
Figura 39 - Detalhes do geomorfossítio Cachoeira do Cachimbo .............................................. 138
Figura 40 - Destaque para grandes paredões rochosos e estratificação em rochas/Cachoeira
do Cachimbo ................................................................................................................................ 139
Figura 42 - Processos incipientes de ocupação em áreas adjacentes.......................................... 140
Figura 43 - Geomorfossítio Cachoeira da Clemência ................................................................ 141
Figura 44 - Detalhes para estratificação em rochas/Cachoeira da Clemência............................ 141
Figura 45 - Geossítio Caos de Blocos de Arenito ...................................................................... 142
Figura 46 - Cavidades (abrigos) elaborados em rochas sedimentar ........................................... 143
Figura 47 - Micro relevos (demoiselles) ..................................................................................... 144
Figura 48 - Presença de alvéolos em rochas ............................................................................... 144
Figura 49 - Detalhes do geomorfossítio Complexo Chapadas das Covas .................................. 145
Figura 50 - Geomorfossítio Cachoeira da Boa Nova ................................................................. 146
Figura 51 - Acesso ao geomorfossítio Cachoeira da Boa Nova (ambiente cercado) ................. 146
Figura 52 - Grandes paredões rochosos do geomorfossítio Cachoeira da Boa Nova ................ 147
Figura 53 - Deterioração provocada pela ação antrópica/Cachoeira da Boa Nova .................... 147
Figura 54 - Destaque para estratificação em rochas/Cachoeira do Deus Dará ......................... 148
Figura 55 - Geomorfossítios inventariados no município de Novo Santo Antônio/PI............... 149
Figura 56 - Geomorfossítio Cachoeira da Roça Velha ............................................................... 150
Figura 57 - Detalhes do geomorfossítio Cachoeira da Roça Velha............................................ 150
Figura 58 - Geomorfossítio Cachoeira do Rosário ..................................................................... 151
Figura 59 - Passarela que atravessa o geomorfossitio Cachoeira do Rosário ............................ 152
Figura 60 - Detalhes do geomorfossítio Cachoeira do Rosário .................................................. 152
Figura 61 - Placas informativas/geomorfossítio Cachoeira do Rosário ..................................... 153
Figura 62 - Portal de entrada deteriorado/Cachoeira do Rosário. .............................................. 153
Figura 63 - Geomorfossítio Cachoeira dos Canudos .................................................................. 154
Figura 64 - Detalhes para estratificação em rochas/ Cachoeira dos Canudos ............................ 154
Figura 65 - Geomorfossítio Cachoeira da Lagoa Grande ........................................................... 155
Figura 66 - Geomorfossítio Cachoeira das Corujas ................................................................... 156
Figura 67 - Deterioração provocada por ação antrópica/Cachoeira das Corujas ....................... 157
Figura 68 - Geomorfossítios inventariados no município de Sigefredo Pacheco/PI .................. 157
14

Figura 69 - Geomorfossítio Cachoeira da Pedra Negra.............................................................. 158


Figura 70 - Escada que viabiliza o acesso ao geomorfossitio Cachoeira da Pedra Negra ......... 159
Figura 71 - Paredões rochosos com estratificações em rochas /Cachoeira da Pedra Negra....... 159
Figura 72 - Cachoeira da Pedra Negra recebendo águas de uma barragem no rio Jenipapo ..... 160
Figura 73 - Geomorfossítio Cachoeira do Poço de Pedra .......................................................... 160
Figura 74 - Detalhes do geomorfossítio Cachoeira do Poço de Pedra ....................................... 161
Figura 75 - Geomorfossítios inventariados no município de Juazeiro do Piauí/PI .................... 162
Figura 76 - Geomorfossítio Complexo Lajedo Jardins de Cactos .............................................. 163
Figura 77 - Detalhes do acesso ao geomorfossítio Cachoeira do Covão do Jaburu ................... 164
Figura 78 - Processos observados no geomorfossítio Cachoeira do Covão do Jaburu .............. 165
Figura 79 - Gravuras rupestres gravadas em incisões na própria rocha ..................................... 165
Figura 80 - Corredeiras, quedas d’água em degraus/Cachoeira do Covão do Jaburu ................ 166
Figura 81 - Geomorfossítio Complexo Mirante da Boa Vista ................................................... 167
Figura 82 - Detalhes do geomorfossítio Complexo Mirante da Boa Vista ................................ 167
Figura 83 - Detalhes do acesso ao geomorfossítio Complexo Mini Cânion do Rio Poti ........... 168
Figura 84 - Geomorfossítio Complexo Mini Cânion do Rio Poti .............................................. 169
Figura 85 - Marmitas de dissolução, resultante da erosão hídrica ............................................. 170
Figura 86 - Paredões da Formação Cabeças/Complexo Mini Cânion do Rio Poti .................... 170
Figura 87 - Cachoeira da Casa de Pedra/geomorfossítio Complexo Mini Cânion do Rio Poti . 171
Figura 88 - Gravuras rupestres encontradas no geomorfossítio Complexo Mini Cânion do Rio
Poti .............................................................................................................................................. 172
Figura 89 - Geomorfossítio Cachoeira do Tingidor ................................................................... 173
Figura 90 - Detalhes do acesso ao geomorfossítio Cachoeira do Tingidor ................................ 173
Figura 91 - Placas informativas em péssimas condições (deterioradas) indicando a Cachoeira
do Tingidor .................................................................................................................................. 174
Figura 92 - Placas de alerta e orientação para os visitantes e banhista/Cachoeira do Tingidor . 174
Figura 93 - Placas que indicam que o local pertence a propriedade particular .......................... 175
Figura 94 - Geomorfossítio Cachoeira do Cipó ......................................................................... 175
Figura 95 - Geomorfossítio Mirante Pedreira de Lajes .............................................................. 176
Figura 96 - Detalhes do Geomorfossítio Mirante Pedreira de Lajes .......................................... 177
Figura 97 - Geomorfossítio Toca do Nego ................................................................................. 178
Figura 98 - Presença de pinturas rupestres no geomorfossítio Toca do Nego ........................... 178
Figura 99 - Detalhes do geomorfossítio Lajedo do Tinguizeiro ................................................ 179
Figura 100 - Gravuras rupestres encontradas no geomorfossítio Lajedo do Tinguizeiro .......... 180
Figura 101 - Passagem do riacho Olho d’água da Toca próximo a gravuras ............................. 180
Figura 102 - Grafismos rupestres deteriorados .......................................................................... 181
15

Figura 103 - Geomorfossítio Cachoeira da Baixa ...................................................................... 181


Figura 104 - Detalhes do geomorfossítio Complexo Formações das Areias ............................. 183
Figura 105 - Demoiselles, micro relevos (pequenas torres) com cerca de 5 a 15 cm ................ 183
Figura 106 - Processos em destaque no geomorfossítio Complexo Formações das Areias ....... 184
Figura 107 - Geoforma Caverna Currais de Pedras.................................................................... 185
Figura 108 - Geoforma Ruínas de Pedras .................................................................................. 185
Figura 109 - Geomorfossítio Mirante Pedra do Arco Pintado ................................................... 186
Figura 110 - Pinturas rupestres no geomorfossítio Mirante Pedra do Arco Pintado .................. 187
Figura 111 - Relevo do tipo ruiniforme/geomorfossítio Mirante Pedra do Arco Pintado.......... 187
Figura 112 - Roteiro Geoturístico dos municípios de Juazeiro do Piauí, Novo Santo Antônio,
São João da Serra e Sigefredo Pacheco, Piauí ............................................................................. 202
Figura 113 - Logomarca do roteiro “Geodiversidade dos municípios de Juazeiro do Piauí,
Novo Santo Antônio, São João da Serra e Sigefredo Pacheco, Piauí” ........................................ 200
Figura 114 - Detalhes da proposta de confecção de painéis interpretativos para os 09
geomorfossítios selecionados, respectivamente .......................................................................... 201
Figura 115 - Painel interpretativo no geomorfossítio da Cachoeira da Pedra Negra ................. 207
Figura 116 - Sugestões de souvenieres para a área de estudo .................................................... 208
Figura 117 - Páginas de valorização e divulgação dos geomorfossítios em redes sociais ......... 208
16

LISTA DE QUADROS

Quadro 01 - Síntese dos conceitos de geodiversidade apresentados na pesquisa ........................ 34


Quadro 02 - Valores e subvalores da geodiversidade .................................................................. 37
Quadro 03 - Síntese dos valores da geodiversidade ..................................................................... 41
Quadro 04 - Síntese dos conceitos de patrimônio geológico discutidas na pesquisa ................... 51
Quadro 05 - Síntese das metodologias apresentadas de avaliação do patrimônio geológico ...... 62
Quadro 06 - Síntese dos conceitos de patrimônio geomorfológico apresentados ........................ 67
Quadro 07 - Síntese das metodologias apresentadas de avaliação do patrimônio
geomorfológico .............................................................................................................................. 79
Quadro 08 - Síntese dos principais conceitos de geoconservação apresentados.......................... 87
Quadro 09 - Ficha descritiva/inventário para avaliação e caracterização de potenciais
geossítios/geomorfossítios ............................................................................................................. 90
Quadro 10 - Ficha de quantificação (avaliação numérica) de locais de interesse
geomorfológico .............................................................................................................................. 92
Quadro 11 - Critérios para avaliação do patrimônio geomorfológico segundo Pereira (2006) ... 97
Quadro 12 - Unidades geológicas da área de estudo ................................................................ 1105
Quadro 13 - Síntese de informações dos geossítios/geomorfossítios inventariados .................. 111
Quadro 14 - Ranking Final (Rk) dos geossítios/geomorfossítios da área de estudo ................ 1125
Quadro 15 - Posição junto a pontuação de cada geossítio/geomorfossítio (36 locais)
juntamente ao município a qual pertence .................................................................................. 1126
Quadro 16 - 18 (dezoito) primeiros colocados que obtiveram melhores classificações nos
indicadores de gestão (e em VT e Rk) ......................................................................................... 117
Quadro 17 - Valor de Uso (Vus) – Parte da ficha de quantificação de Pereira (2006)
empregada para seleção dos geomorfossítios que receberiam proposta de estratégias e
iniciativas de geoconservação ..................................................................................................... 121
Quadro 18 - Geomorfossítios selecionados para proposição de estratégias e iniciativas de
geoconservação (promoção, divulgação e uso) ........................................................................... 122
Quadro 19 - Geomorfossítios selecionados para a proposta de roteiro geoturístico .................. 201
17

LISTA DE TABELA

Tabela 01 - Avaliação quantitativa considerados na metodologia de Pereira (2006), casos


hipotéticos...................................................................................................................................... 98
Tabela 02 - Seriação de locais hipotéticos, para os 07 indicadores e para Rk (ranking final) ..... 99
Tabela 03 - Quadro populacional da área pesquisada em 2010.................................................. 111
Tabela 04 - Síntese dos aspectos socioeconômicos da área de estudo ....................................... 114
Tabela 05 - Quantificação (avaliação numérica/quantitativa) dos 36
geossítios/geomorfossítios, com os 07 indicadores considerados na metodologia empregada
(PEREIRA, 2006). ....................................................................................................................... 189
Tabela 06 - Seriação dos geossítios/geomorfossítios da área de estudo ..................................... 190
Tabela 07 - Seriação dos geossítios/geomorfossítios da área de estudo com parâmetro
Ranking Final (Rk) ..................................................................................................................... 194
18

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABC - Academia Brasileira de Ciências


ABEQUA - Associação Brasileira para Estudos do Quaternário
AIA - Avaliação de Impactos Ambientais
ANA - Agência Nacional das Águas
CEPRO - Fundação Centro de Pesquisas Econômicas e Sociais do Piauí
CPMTC - Patrimônio Geológico no Centro de Pesquisas Manuel Texeira da Costa
CPRM - Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais
CRPG - Instituto de Ciências e o Centro de Referência em Patrimônio Geológico
DNPM - Departamento Nacional de Produção Mineral
EIA - Estudos de Impacto Ambiental
EMBRAPA - Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária
GEOSSIT - Sistema de Cadastro e Quantificação de Geossítios e Sítios da Geodiversidade
GGWG - Global Geosites Working Group
GILGES - Global Indicative List of Geological Sites
IBAMA - Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis
IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
IDHM - Índice de Desenvolvimento Humano Municipal
IELIG - Inventário Espanhol de Interesse Geológico
INDE - Infraestrutura Nacional de Dados Espaciais
INPE - Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais
IPEA - Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada
IPHAN - Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico nacional
IUCN - International Union for Conservation of Nature
IUGS - União Internacional das Ciências Geológicas
IVS - Índice de Vulnerabilidade Social
LIGs - Lugares de Interesse Geológico
LIgeom - Local de Interesse Geomorfológico
PIB - Produto Interno Bruto
ProGEO - European Association for the Conservation of the Geological Heritage
SBE - Sociedade Brasileira de Espeleologia
SBG - Sociedade Brasileira de Geologia
SBP - Sociedade Brasileira de Paleontologia
SIG - Sistema de Informação Geográfica
SIGEP - Comissão Brasileira de Sítios Geológicos e Paleobiológicos
TOPODATA - Banco de Dados Geomorfométricos do Brasil
WCPA - Geoheritage Specialist Group
UNESCO - Patrimônio Mundial, Cultural e Natural da Organização das Nações Unidas para
a Educação, Ciência e Cultura
19

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO.............................................................................................................. 22
2 GEODIVERSIDADE, PATRIMÔNIO GEOLÓGICO, PATRIMÔNIO 26
GEOMORFOLÓGICO E GEOCONSERVAÇÃO....................................................
2.1 GEODIVERSIDADE: CONTEXTUALIZAÇÃO, CONCEITOS E VALORES........... 26
2.1.1 Valores da geodiversidade............................................................................................ 37
2.1.2 A intrínseca relação entre a ciência geográfica, geodiversidade e temas 42
correlatos........................................................................................................................
2.2 FUNDAMENTOS BÁSICOS, CONCEITOS E METODOLOGIAS PARA O 45
ESTUDO DO PATRIMÔNIO GEOLÓGICO................................................................
2.2.1 Metodologias para o estudo do patrimônio geológico................................................ 53
2.3 FUNDAMENTOS BÁSICOS, CONCEITOS E METODOLOGIAS PARA O 63
ESTUDO DO PATRIMÔNIO GEOMORFOLÓGICO..................................................
2.3.1 Metodologias para o estudo do patrimônio geomorfológico...................................... 68
2.4 GEOCONSERVAÇÃO: PRINCÍPIOS E CONCEITOS................................................ 81
3 METODOLOGIA EMPREGADA NA PESQUISA................................................... 88
3.1 METODOLOGIA ADOTADA NA AVALIAÇÃO DO GEOPATRIMÔNIO DOS
MUNICÍPIOS DE JUAZEIRO DO PIAUÍ, NOVO SANTO ANTÔNIO, SÃO JOÃO
89
DA SERRA E SIGEFREDO PACHECO, PIAUÍ..................................................
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES................................................................................. 101
4.1 ASPECTOS GEOAMBIENTAIS E SOCIOECONÔMICOS DOS MUNICÍPIOS DE
JUAZEIRO DO PIAUÍ, NOVO SANTO ANTÔNIO, SÃO JOÃO DA SERRA E
101
SIGEFREDO PACHECO, PIAUÍ...................................................................................
4.1.1 Localização geográfica da área de estudo................................................................... 101
4.1.2 Unidades geológicas, aspectos geomorfológicos e pedológicos.................................. 101
4.1.3 Clima e hidrografia........................................................................................................ 109
4.1.4 Aspectos socioeconômicos da área de estudo.............................................................. 111
4.1.4.1 Juazeiro do Piauí.............................................................................................................. 112
4.1.4.2 Novo Santo Antônio........................................................................................................ 113
4.1.4.3 São João da Serra............................................................................................................. 113
4.1.4.4 Sigefredo Pacheco........................................................................................................... 114
4.2 INVENTARIAÇÃO DOS GEOSSÍTIOS/GEOMORFOSSÍTIOS DOS MUNICÍPIOS
DE JUAZEIRO DO PIAUÍ, NOVO SANTO ANTÔNIO, SÃO JOÃO DA SERRA E
115
SIGEFREDO PACHECO, PIAUÍ...................................................................................
4.2.1 Localização e indicação dos geossítios/geomorfossítios na área de 115
estudo..............................................................................................................................
4.2.2 Geossítios/Geomorfossítios inventariados no município de São João da Serra - 119
PI...........................................................................................................................
4.2.2.1 Geomorfossítio Cachoeira do Quebra Anzol................................................................... 121
4.2.2.2 Geomorfossítio Mesas de Pedra do Rio Poti................................................................... 123
4.2.2.3 Geomorfossítio Complexo Serra do Evangelista............................................................. 125
20

4.2.2.4 Geossítio Complexo Afloramentos de Diabásio.............................................................. 128


4.2.2.5 Geossítio Olho d’água dos Cágados................................................................................ 129
4.2.2.6 Geomorfossítio Complexo Arena de Pedras.................................................................... 131
4.2.2.7 Geomorfossítio Cachoeira do Contente........................................................................... 131
4.2.2.8 Geomorfossítio Cachoeira do Lau................................................................................... 133
4.2.2.9 Geossítio Afloramento de Diabásio da Realeza.............................................................. 134
4.2.2.10 Geomorfossítio Cachoeira da Boa Vista.......................................................................... 136
4.2.2.11 Geomorfossítio Cachoeira do Cachimbo......................................................................... 137
4.2.2.12 Geomorfossítio Mirante do Rio Poti................................................................................ 139
4.2.2.13 Geomorfossítio Cachoeira da Clemência........................................................................ 140
4.2.2.14 Geossítio Caos de Blocos de Arenito.............................................................................. 142
4.2.2.15 Geomorfossítio Complexo Chapada das Covas.............................................................. 142
4.2.2.16 Geomorfossítio Cachoeira da Boa Nova......................................................................... 145
4.2.2.17 Geomorfossítio Cachoeira do Deus Dará........................................................................ 148
4.2.3 Geomorfossítios inventariados no município de Novo Santo Antônio/PI................. 148
4.2.3.1 Geomorfossítio Cachoeira da Roça Velha....................................................................... 149
4.2.3.2 Geomorfossítio Cachoeira do Rosário............................................................................. 151
4.2.3.3 Geomorfossítio Cachoeira dos Canudos.......................................................................... 154
4.2.3.4 Geomorfossítio Cachoeira da Lagoa Grande................................................................... 155
4.2.3.5 Geomorfossítio Cachoeira das Corujas........................................................................... 156
4.2.4 Geomorfossítios inventariados no município de Sigefredo Pacheco/PI.................... 157
4.2.4.1 Geomorfossítio Cachoeira da Pedra Negra...................................................................... 158
4.2.4.2 Geomorfossítio Cachoeira do Poço de Pedra.................................................................. 160
4.2.5 Geomorfossítios inventariados no município de Juazeiro do Piauí/PI..................... 162
4.2.5.1 Geomorfossítio Complexo Lajedo Jardins de Cactos...................................................... 162
4.2.5.2 Geomorfossítio Cachoeira do Covão do Jaburu.............................................................. 163
4.2.5.3 Geomorfossítio Complexo Mirante da Boa Vista........................................................... 166
4.2.5.4 Geomorfossítio Complexo Mini Cânion do Rio Poti...................................................... 168
4.2.5.5 Geomorfossítio Cachoeira do Tingidor........................................................................... 172
4.2.5.6 Geomorfossítio Cachoeira do Cipó................................................................................. 175
4.2.5.7 Geomorfossítio Mirante Pedreira de Lajes...................................................................... 176
4.2.5.8 Geomorfossítio Toca do Nego......................................................................................... 177
4.2.5.9 Geomorfossítio Lajedo do Tinguizeiro............................................................................ 179
4.2.5.10 Geomorfossítio Cachoeira da Baixa................................................................................ 181
4.2.5.11 Geomorfossítio Complexo Formações das Areias.......................................................... 182
4.2.5.12 Geomorfossítio Mirante Pedra do Arco Pintado............................................................. 186
4.3 QUANTIFICAÇÃO DOS GEOSSÍTIOS/GEOMORFOSSÍTIOS DOS MUNICÍPIOS
21

DE JUAZEIRO DO PIAUÍ, NOVO SANTO ANTÔNIO, SÃO JOÃO DA SERRA E


188
SIGEFREDO PACHECO, PIAUÍ................................................................................
5 PROPOSTAS DE VALORIZAÇÃO E ESTRATÉGIAS DE DIVULGAÇÃO
DOS GEOSSÍTIOS/GEOMORFOSSÍTIOS DOS MUNICÍPIOS DE
JUAZEIRO DO PIAUÍ, NOVO SANTO ANTÔNIO, SÃO JOÃO DA SERRA E
SIGEFREDO PACHECO, PIAUÍ............................................................................... 198
5.1 ESTRATÉGIAS DE VALORIZAÇÃO E DIVULGAÇÃO DO GEOPATRIMÔNIO
LOCAL CONSIDERANDO OS 09 (NOVE) GEOMORFOSSÍTIOS
200
SELECIONADOS...........................................................................................................
5.1.1 Proposição de um roteiro geoturístico para a área de estudo................................... 200
5.1.2 Painéis interpretativos................................................................................................... 203
5.1.3 Produção de Souvenires................................................................................................. 208
5.1.4 Páginas de valorização e divulgação no Instagram e Facebook................................. 209
5.1.5 Elaboração de recursos didáticos/Propostas de atividades 210
geoeducativas..................................................................................................................
5.1.5.1 Jogos didáticos: GeoDIVERSÃO – Geodiversidade dos municípios de Juazeiro do 210
Piauí, Novo Santo Antônio, São João da Serra e Sigefredo Pacheco, Piauí....................
6 CONCLUSÕES.............................................................................................................. 213
REFERÊNCIAS............................................................................................................. 216
APÊNDICES.................................................................................................................. 228
22

1 INTRODUÇÃO

O homem com sua dificuldade em realizar uma análise sistêmica da paisagem, sendo
levado em muitos casos pelo sentido da visão, historicamente favoreceu os aspectos bióticos
diante os fatores abióticos.
Dessa forma, temas relativos à biodiversidade são amplamente discutidos e
alicerçados no meio acadêmico e no senso comum enquanto a vertente abiótica, ou seja, a
geodiversidade e demais temáticas associadas, ainda apresenta carência de estudos (MEIRA;
MORAIS, 2016). Sabe-se que a interpretação da natureza relaciona-se aos mais diversos
elementos que a compõe, sejam eles de natureza biótica ou abiótica, porém, o que é visto é a
primazia de estudos relacionados aos elementos bióticos da paisagem.
Tudo isso implica no desconhecimento da geodiversidade por um elevado número de
pessoas, muitos, às vezes, até conhecem o tema, mas lhes falta consciência de sua
importância. Nesse sentido, constata-se a necessidade da divulgação e valorização da natureza
abiótica, temática pouca estudada e pesquisada se comparada à relevância que apresenta, são
necessárias à difusão do conhecimento e a conscientização da sociedade em geral.
Meira e Santos (2016) enfatizam que no contexto atual estudos relativos à
geodiversidade e temas correlatos são de suma importância já que diante da problemática
ambiental que tem se instaurado, em especial após a segunda metade do século XX, novas
formas de abordar a natureza tornam-se necessárias, principalmente aquelas que buscam a
integração dos elementos bióticos e abióticos da paisagem, o que contribui para a instituição
de uma consciência ambiental completa.
Nas últimas três décadas houve um crescimento de estudos relacionados à
Geodiversidade, Geopatrimônio e temas afins. Pode-se observar que essas temáticas vêm
sendo amplamente discutidas e divulgadas no âmbito das Ciências da Terra, ganhando
destaque no cenário internacional e nacional com um crescente número de obras escritas
(NASCIMENTO, RUCHKYS, MANTESSO-NETO, 2008).
Temáticas que podem ser discutidas de forma transdisciplinar, os estudos e trabalhos
práticos relacionados aos valores da natureza abiótica constituem elevada relevância, uma vez
que a geodiversidade é o substrato essencial para o desenvolvimento e evolução de qualquer
forma de vida.
Em meio à Geografia, esses conteúdos tem sua necessária importância podendo ser
observada enquanto aspecto de discussão e preocupação geral em variados estudos. A referida
ciência fortalece a divulgação dos conceitos relativos ao tema. Partindo de uma observação
23

geográfica, decompõe-se a paisagem, e analisa-se o material, as feições e os processos que


ocorrem com isso, entendendo seus componentes (MANTESSO-NETO, 2009).
Por receber uma crescente valorização pesquisas nas quais tem os recursos naturais,
em especial os fatores abióticos como objeto de estudo, tem se tornado mais evidente.
Auxiliando na identificação das áreas que apresentam elementos da geodiversidade de
interesse geológico/geomorfológico, investigações nesse viés podem contribuir, por exemplo,
para futuros projetos de ordenamento territorial. Podendo ainda subsidiar as atividades de
geoconservação, como o geoturismo (PEREIRA; BRILHA; PEREIRA, 2008).
O Brasil, detentor de uma grande extensão territorial, conta uma variedade de atrativos
do ponto de vista da diversidade abiótica, que ainda é pouco conhecida. Imprimindo um
cunho muito próprio e único a estes espaços dotados de uma pluralidade de locais com
potenciais diversos: turístico, didático, científico, cultural, estético, entre outros, é possível
afirmar que ainda há carência de pesquisas direcionadas a essa vertente da natureza, sendo,
portanto, necessários mais estudos que evidenciem a geodiversidade do país a fim de que esta
possa ser conhecida, valorizada e conservada (NASCIMENTO, RUCHKYS, MANTESSO-
NETO, 2008; SILVA, 2017).
A nível de Nordeste, no Estado do Piauí, pesquisas nesse âmbito são de baixa
expressividade, por mais que este apresente duas grandes estruturas geológicas: Escudo
Cristalino e Bacia Sedimentar (LIMA; BRANDÃO, 2010), apresentando padrões distintos de
comportamento climático e de tipologia de cobertura vegetal, que conferem ao estado
diferentes características de uma rica geodiversidade, entretanto, pouco explorada, estudada, e
em parte desconhecido de significativa parcela da população.
Esta constatação aliada à carência de estudos desta natureza, e a pouca exploração e
divulgação no cenário piauiense justificou a realização da presente pesquisa. Tendo como
intuito valorizar e divulgar a geodiversidade e o patrimônio geológico/geomorfológico no
Piauí, se elencou os municípios de Juazeiro do Piauí, Novo Santo Antônio, São João da Serra
e Sigefredo Pacheco, Piauí, como área de estudo.
Área passível de expansão já que muitos espaços não apresentam estudos
aprofundados, principalmente quando é pensado em contexto estadual, o entendimento das
características ambientais abióticas tornam-se de extrema relevância. No Estado do Piauí,
pesquisas nesse víeis são importantes uma vez que, contribuem para que novas áreas possam
ser exploradas e conhecidas.
Compondo uma temática contemporânea e abrangente no sentido de dar maior
visibilidade e tornar acessível a sua compreensão para o público em geral, espera-se com tal
24

estudo, disseminar conceitos e práticas relacionadas à valorização e divulgação da porção


abiótica do meio natural.
Ademais, geralmente pesquisas relacionadas à geodiversidade e temas correlatos são
muito restritas, por exemplo, a meios acadêmicos (eventos científicos), fazendo-se necessária
uma maior disseminação de tais temas nos variados ambientes, público em geral.
A presente pesquisa partiu, assim, da hipótese de que as feições geológico-
geomorfológicas presentes na área de estudo, são relevantes para contar parte da história
evolutiva da Terra, e que o tipo de valor presente na geodiversidade local são excepcionais e
em muitos momentos não é perceptível ao grande público.
A problemática norteadora da pesquisa recai sobre quais as potencialidades da
geodiversidade e do geopatrimônio dos municípios de Juazeiro do Piauí, Novo Santo Antônio,
São João da Serra e Sigefredo Pacheco, Piauí, considerando os usos didático e geoturístico.
Os resultados subsidiarão o planejamento e gestão territorial, reconhecimento e
desenvolvimento local?
Diante desse contexto o presente trabalho propõe como objetivos:

GERAL

 Avaliar a geodiversidade e o geopatrimônio dos municípios de Juazeiro do Piauí,


Novo Santo Antônio, São João da Serra e Sigefredo Pacheco, Piauí, como suporte a
iniciativas de geoconservação e geoturismo.

ESPECÍFICOS

 Realizar levantamento e caracterização da geodiversidade dos municípios de Juazeiro


do Piauí, Novo Santo Antônio, São João da Serra e Sigefredo Pacheco;
 Inventariar e quantificar os geossítios/geomorfossítios dos municípios de Juazeiro do
Piauí, Novo Santo Antônio, São João da Serra e Sigefredo Pacheco, com base na
metodologia proposta;
 Propor um roteiro geoturístico considerando apenas aqueles
geossítios/geomorfossítios com bom acesso e oferta de hotelaria;
 Apresentar sugestões de estratégias de valorização e divulgação dos
geossítios/geomorfossítios dos municípios de Juazeiro do Piauí, Novo Santo Antônio,
São João da Serra e Sigefredo Pacheco, através da elaboração de recursos didáticos e
de atividades geoeducativas.
25

Estruturada em cinco capítulos o trabalho apresenta-se da seguinte forma: No primeiro


capítulo – Introdução – apresenta-se o tema, justificativa, problema, objetivos e estrutura do
trabalho. O capítulo 2 – Geodiversidade, patrimônio geológico, patrimônio geomorfológico e
geoconservação – traz uma revisão teórica-conceitual e metodológica, relacionando temas e
conceitos abordados pertinentes à pesquisa, com base em autores como: Gray (2004); Brilha
(2005); Pereira (2006); Ruchkys (2007); Forte (2008), Nascimento, Ruchkys e Mantesso-Neto
(2008), Mantesso-Neto (2009), Pereira (2010); Reverte (2014); Oliveira (2015); Santos
(2016); Meira (2016); Silva (2017); Mansur (2018), entre outros.
O capítulo 3 – Metodologia empregada na pesquisa – descreve os percursos
metodológicos empregados na pesquisa, incluindo a etapa da pesquisa bibliográfica e
documental, pesquisa de gabinete com a produção de material cartográfico e pesquisa de
campo. Ainda são detalhados de forma mais específica à metodologia utilizada para avaliação
do patrimônio/geológico-geomorfológico dos municípios dos Juazeiro do Piauí, Novo Santo
Antônio, São João da Serra e Sigefredo Pacheco, Piauí, enfatizando a etapas de inventariação
e quantificação.
O capítulo 4 – Resultados e Discussões – apresenta a caracterização dos aspectos
geoambientais, sociais e econômicos dos municípios, bem como discussão sobre os
geossítios/geomorfossítios inventariados (identificados, avaliados qualitativamente e
caracterizados) em cada município e quantificação (avaliação numérica e seriação) dos
geossítios/geomorfossítios estudado.
Já o capítulo 5 – Propostas de valorização e estratégias de divulgação dos
geossítios/geomorfossítios locais – são sugeridas iniciativas de geoconservação (promoção,
divulgação e uso) para os geossítios/geomorfossítios selecionados tendo por base a
proposição de um roteiro geoturístico, confecção de painéis interpretativos, confecção de
souvenir, páginas de valorização e divulgação no Instagram e Facebook e elaboração de
recursos didáticos com a proposta de atividades geoeducativas (jogos didáticos).
Em seguida são apresentadas as conclusões da pesquisa, onde se constata o alto
potencial dos geossítios/geomorfossítios selecionados para uso didático e geoturístico. Por
fim são apresentadas as referências bibliográficas as quais contribuíram com o
desenvolvimento da dissertação e os apêndices.
26

2 GEODIVERSIDADE, PATRIMÔNIO GEOLÓGICO, PATRIMÔNIO


GEOMORFOLÓGICO E GEOCONSERVAÇÃO

2.1 GEODIVERSIDADE: CONTEXTUALIZAÇÃO, CONCEITOS E VALORES

A apreciação da natureza, por si, é coisa antiga. Desde os primórdios, o homem


utilizou a geodiversidade, fazendo desta um elemento cada vez mais importante para o
desenvolvimento das sociedades, seja como sustentáculo para suas atividades, seja como
instrumento para auxiliá-lo em suas tarefas (BRILHA, 2005). Presentes em toda a dimensão
do planeta, os recursos da geodiversidade, ao longo da história, sempre tiveram grande
importância (SILVA, 2016).
Galopim de Carvalho (2007) afirma que o gênio humano foi o responsável por dar
utilidade à geodiversidade desde da Pré-História (Idade da Pedra), empregando-a nos mais
diversos usos. Diante dessa relação da vida humana com a geodiversidade, tem-se como
melhor exemplo as condições físicas dos terrenos que foram, e ainda são fundamentais para o
estabelecimento das cidades.
No entanto, nas últimas décadas, toma-se consciência do valor expressivo da
geodiversidade, na medida em que as novas gerações, nascidas no preocupante contexto
ecológico em que se vive se conscientizem de sua importância.
Antes se falava muito de biodiversidade, deixando de lado suas bases
(geodiversidade). No entanto, no presente momento sabe-se que os seres vivos são
condicionados pelos processos abióticos vigentes, e que, dessa forma, a biota do planeta
depende de condições abióticas indispensáveis para que essa seja estabelecida e desenvolvida
(BRILHA, 2005; SILVA, 2016). Mansur (2009) comungando com essa afirmativa ressalta
que é a diversidade da natureza abiótica (geodiversidade) que sustenta a vida, e é por essa
razão que deve ser tratada com o mesmo grau de importância da biodiversidade.
De acordo com Jorge e Guerra (2016, p. 152) “[...]. As complexas relações entre
geologia, processos naturais, formas de relevo, solos e clima sempre foram condição sine qua
non para a distribuição dos hábitats e das espécies”. A biodiversidade depende diretamente da
geodiversidade.
Ainda corroborando com a afirmação acima, Silva et al., (2008, p. 12) ressaltam que
“as rochas, quando intemperizadas, juntamente com o relevo e clima, contribuem para a
formação dos solos, disponibilizando, assim, nutrientes e micronutrientes, os quais são
absorvidos pelas plantas, sustentando e desenvolvendo a vida no planeta Terra”.
27

Mas afinal o que realmente significa geodiversidade? Do que trata essa terminologia?
Permitindo diferentes interpretações e abordagens o termo é amplo e abrangente, conceituado
por diversos autores em diferentes países. No geral, os conceitos são bastante próximos e
complementares, havendo poucas definições com abordagens diferenciadas.
Observa-se que a evolução do conceito, sua origem e desenvolvimento é direcionada a
variados estudiosos, porém, segundo Santos e Valdati (2017), apesar de ser amplamente
discutido e usado, não há um conceito de geodiversidade oficializado pela comunidade
científica internacional.
Recente na comunidade científica, Nascimento, Ruchkys e Mantesso-Neto (2008)
enfatizavam, que ao contrário do análogo biodiversidade, o termo geodiversidade, ainda é
pouco conhecido e, consequentemente, divulgado entre as pessoas. Este pode ainda causar
certa estranheza ao ser empregado, ainda, há grande quantidade de pessoas que desconhecem
o tema ou não dão a devida importância.
Um contraponto ao conceito de biodiversidade, a conceitualização de geodiversidade
equivale à variedade de natureza abiótica (meio físico), que de acordo com Sharples (1993)
citado por Oliveira et al., (2017, p. 230) “[...] surgiu com o intuito de apresentar uma analogia
com o termo biodiversidade enfatizando que a natureza é composta por elementos bióticos e
abióticos”.
A partir dos anos 2000, o termo geodiversidade consolida-se sendo utilizado pela
primeira vez em 1991, durante um encontro internacional sobre geoconservação, com a
exposição oral proferida por Harley M. Stanley, o primeiro a conceituar geodiversidade de
uma maneira detalhada e abrangente (BUREK; POTTER, 2002; CARCAVILLA URQUI,
2006 citado por MANTESSO-NETO, 2009).
Foi a partir de Stanley (2000), citado por Brilha (2005), que se estabeleceu o conceito
de geodiversidade que foi adaptado pela Royal Society for Nature Conservation1 do Reino
Unido e pela European Association for the Conservation of the Geological Heritage2
(ProGEO), sendo entendido como “variedade de ambientes geológicos, fenômenos e
processos ativos que dão origem a paisagens, rochas, minerais, fósseis, solos e outros
depósitos superficiais que são suporte para a vida na terra” (BRILHA, 2005, p. 17).
Com o título em seu relatório informativo de Ciência da Terra (Geodiversity Update)
essa forma de se pensar geodiversidade estaria aliada ao momento histórico da Conferência da

1
Sociedade Real da Conservação da Natureza
2
Associação Européia para a Conservação do Patrimônio Geológico
28

Organização das Nações Unidas de 1992, realizada no Rio de Janeiro, tendo assim um caráter
eminentemente ambientalista (BORBA, 2011).
Os primeiros trabalhos foram realizados na Tasmânia (Austrália)3 e principalmente no
Reino Unido, em 1993, na Conferência de Malvern sobre “Conservação Geológica e
Paisagística” (BRILHA, 2005). Embora, de acordo com Joyce (1997), o termo não recebeu na
época um apoio significativo dos participantes do evento.
Apesar de a palavra geodiversidade ter sido usada pela primeira vez na década de
1990, os princípios por trás de sua aplicação para a conservação da natureza têm história
muito mais longa e remontam, no Reino Unido, ao Relatório do Comitê Especial para a
Conservação da Vida Silvestre, elaborado por Julian Huxley em 1947 (GRAY, 2004;
MANSUR, 2018).
Vale ressaltar que segundo Serrano e Ruiz-Flaño (2007), na literatura da década de
1940 o termo geodiversidade também aparecia em textos do geógrafo argentino Frederico
Alberto Daus, porém a lógica abordada no cerne do conceito difere da atual.
Mantesso-Neto (2009) afirma que o livro-texto que marcou a entrada do termo
geodiversidade no mundo geocientífico foi publicado em 2004, na Inglaterra, pelo
pesquisador britânico Murray Gray, intitulado “Geodiversity: Valuing and conserving abiotic
nature”.
Já de acordo com Santos e Valdati (2017) Murray Gray ao lado de Chris Sharples são
as mais importantes referências mundiais sobre geodiversidade, dedicando-se às diversas
questões em torno da temática. Ambos apresentam em detalhe a origem do termo
geodiversidade, evolução do conceito, seus valores e ameaças,
Pode-se observar que na literatura internacional, um expressivo número de autores,
principalmente ingleses, portugueses, australianos e espanhóis, sob diferentes olhares,
contribuíram de maneira eficaz para a difusão e o entendimento do conceito geodiversidade.
Dentre eles podem ser citados: Johanson e Andersen (1999); Pemberton (2000); Stanley
(2000); Stanley (2001); Panizza (2001); Sharples (2000); Gray (2004); Kozlowski (2004);
Brilha (2005); Serrano; Ruiz-Flaño (2007); Carcavilla, et al., (2008); Forte (2008); Petrisor e
Sarbu (2010); e Claudino-Sales (2010).
Com uma crescente evolução nos últimos anos, a temática geodiversidade tem sido
objeto de inúmeras pesquisas, em diferentes níveis (graduação, especialização, mestrado,
doutorado, entre outros), tema de livros, revistas e demais publicações científicas, além de ser

3
Nos documentos oficiais da Austrália, a partir de 1996, o termo geodiversidade já era colocado lado a lado com
a biodiversidade nas diretrizes de conservação de sítios naturais (MANSUR, 2018).
29

temática presente em quantidade considerável de eventos científicos, tanto nacionais como


internacionais (inclusive com eixos temáticos exclusivos), em diversos países (SILVA et al.,
2017).
Em virtude do seu caráter recente, o conceito de geodiversidade não é uno, ainda está
em processo de sistematização. Conforme Rodrigues e Bento (2018 p. 138) “o conceito de
geodiversidade ainda passa por um processo de burilamento”.
Frente a riqueza conceitual, nota-se que cada autor cria sua própria descrição ou
reformula uma preexistente, adicionando assim novos conceitos. Diante desse contexto, é
válido elencar alguns que apresentam maior visibilidade na literatura.
Inicialmente, buscando estudar a natureza na sua vertente geológica, o conceito de
geodiversidade era intrinsecamente associado à Geologia e à Conservação Natural (DANTAS
et al., 2015). A exemplo, têm-se os pesquisadores ingleses e australianos que introduziram o
conceito de geodiversidade restringindo-o à diversidade geológica dos terrenos.
Uma das primeiras definições diz que geodiversidade é a diversidade de
características, assembleias, sistemas e processos geológicos (substrato), geomorfológicos
(formas da paisagem) e do solo (SHARPLES, 1993 citado por OLIVEIRA et al., 2017 ).
Stanley (2000) citado por Mantesso-Neto (2009, p. 03) por usa vez, abrindo o novo
século, define geodiversidade como

a variedade de ambientes e processos ativos que dão origem a paisagem,


rochas, minerais, fosseis, solos e outros depósitos superficiais que são o
suporte na vida na terra, demonstrando a geodiversidade como uma peça
basilar de suporte da vida na terra. Isto é, o ‘palco’ no qual todas as outras
formas de vida são os ‘atores’.

Em 2001, Stanley ainda apresenta uma concepção mais ampla para o termo, trazendo
o critério cultural para o cerne do conceito, apresentando a nova definição em um artigo
intitulado “Geodiversity”, publicado na revista Earth Science Newsletter do Reino Unido.
Segundo o autor mencionado, a geodiversidade (diversidade natural dos terrenos) estaria
relacionada com seu povo e sua cultura, haveria “a ligação entre pessoas, paisagens e cultura
[...]” (STANLEY, 2001, citado por OLIVEIRA et al., 2017, p. 203).
Após a definição proposta acima, novas conceituações e complementações foram
surgindo, dando maior especificidade e ampliação ao que se compreende como
geodiversidade.
A exemplo, têm-se Luis Miguel Nieto (2001), que defende a geodiversidade como
sendo composta pelo “número e variedade de estruturas (sedimentares, tectônicas), materiais
30

geológicos (minerais, rochas, fósseis e solos), que constituem o substrato de uma região sobre
a qual se assentam as atividades orgânicas, inclusive as antrópicas” (p. 07).
No conceito acima ações antrópicas são abordadas como uma atividade desenvolvida
sobre a geodiversidade, não como um fenômeno ou processo ativo que acaba por gerar novos
elementos. Nieto (2001) não contempla os processos de formação dos elementos geológicos e
geomorfológicos como constituinte da geodiversidade, como ocorre na definição da Royal
Society for Nature Conservation, sendo esse segundo Meira e Morais (2016), um conceito
mais restrito.
Já Murray Gray, apresentando uma conceituação de geodiversidade mais abrangente
modifica o conceito usado por Sharples (2002), e consagra a geodiversidade abrangendo o
sistema abiótico em sua integridade, caracterizando-o como a diversidade natural entre
aspectos geológicos, do relevo e dos solos. O autor mencionado a define como sendo

[...] a variedade natural (diversidade) de características geológicas (rochas,


minerais, fósseis), geomorfológicas (feições do relevo, processos) e solos.
Isso inclui seu conjunto, relação, propriedades, interpretações e sistemas
(GRAY, 2004, p. 31).

Brilha (2005) baseado no conceito definido por Gray (2004), inclui na sua
conceituação os processos, fenômenos e ambientes naturais, contribuindo para uma maior
inserção de elementos a serem estudados, valorados e conservados.
Ainda segundo Brilha (2005), há a necessidade de difusão de uma nova abordagem
sobre o papel dos elementos abióticos no conjunto da natureza, apresentando seus elementos
como compondo o sustentáculo da vida sobre a Terra. A interação desses elementos abióticos,
entre si e com os seres vivos, é que possibilita o surgimento das mais variadas paisagens e
conjuntos geoambientais. Para Liccardo et al., (2008), cada parte do planeta apresenta assim
uma geodiversidade própria, o que dá a ela a sua singularidade.
Araújo (2005) destaca que o entendimento de geodiversidade perpassa pela variação
natural dos aspectos geológicos (rochas, minerais, fósseis), geomorfológicos (formas e
evolução de relevo) e do solo. A autora ainda salienta que a geodiversidade não inclui apenas
elementos abióticos da natureza, mas também os bióticos.
Serrano e Ruiz-Flaño (2007), por sua vez, englobam todos os componentes do meio
físico, como a hidrografia, e os sistemas gerados não só pelos processos endógenos e
exógenos, mas também os oriundos de ações antrópicas (de apropriação e ocupação da terra,
por exemplo).
31

Ainda segundo Serrano e Ruiz-Flaño (2007), o homem deixa de ser um mero


utilizador da geodiversidade e passa a ser agente criador de novos elementos. A
geodiversidade era definida por eles como a variedade de natureza abiótica, incluindo os
elementos litológicos, tectônicos, geomorfológicos, edáficos, hidrogeológicos, topográficos e
os processos físicos sobre a superfície terrestre, dos mares e oceanos, junto a sistemas gerados
por processos naturais endógenos, exógenos e antrópicos, que compreendem a diversidade de
partículas, elementos e lugares.
Azerêdo (2008) salienta, que a geodiversidade é o suporte de todos os sistemas
terrestres e, portanto, da biodiversidade, sendo essencial conhecer e compreender o seu valor
e o seu papel na dinâmica do planeta e na própria vida.
Outra definição para geodiversidade é contemplada por Panizza e Piacente (2009)
citado por Oliveira, Medeiros e Ferreira (2016, p. 75) que, de modo bem genérico, definiram a
geodiversidade como “a variedade de ambientes geológicos e geomorfológicos considerados
como a base para a diversidade biológica da Terra”. Inclusive a Associação Internacional de
Geomorfólogos aceitou a definição proposta por estes divulgada em 2003 (SANTOS,
VALDATI, 2017).
Percebe-se, nesse sentido, que a geodiversidade apresenta um conteúdo por meio das
suas expressões que, em conjunto, significam importantes registros do tempo geológico da
Terra, configurando-se como um arquivo do passado geológico, geomorfológico,
mineralógico, pedológico, climático e paleontológico (MANOSSO; ONDICOL, 2012).
Murray Gray em 2013, ainda lançou uma edição revisada de sua obra de 2004
modificando seu entendimento, indicando também os processos hidrológicos e
hidrogeológicos como componentes da diversidade abiótica do planeta (MANSUR, 2018).
Tomado como conceito fundamental de geodiversidade, o autor agora a define como:

a variedade natural (diversidade) de elementos geológicos (rochas, minerais,


fósseis), geomorfológicos (formas de relevo, topografia, processos físicos),
do solo e hidrológicos. Isso inclui suas assembleias, estruturas, sistemas e
contribuições para as paisagens (GRAY, 2013, p. 12).

Já em 2015, a International Union for Conservation of Nature (IUCN) e o


Geoheritage Specialist Group (WCPA) citado por Covello, Horn Filho e Brilha (2017)
consideraram que a geodiversidade é a variedade de rochas, minerais, fósseis, geoformas,
sedimentos, água e solo, juntamente com os processos naturais que os formam e alteram.
Silva (2016, p. 50) por sua vez, fala que “[...] a geodiversidade é representada por recursos
32

importantes para a vida no planeta, desenvolvidos ao longo de toda a história da Terra e em


constante evolução”.
O conceito equivale à descrição da diversidade da natureza abiótica bem como aos
processos, pretéritos e atuais, que os deram origem, tais como os minerais, rochas, solos,
relevo (conjunto de geoformas), fósseis, entre outros (GRAY, 2004; BRILHA, 2005, 2013,
2016; PEREIRA, 2006; NASCIMENTO, RUCHKYS E MANTESSO-NETO, 2008). É
segundo Rodrigues e Bento (2018, p. 139) “ [...] diversidade relacionada à vertente abiótica da
natureza, nas múltiplas dimensões que esses elementos podem alcançar”.
Integra a diversidade natural (rochas, minerais e fósseis), geomorfológica (formas de
relevo), hidrológico (água) e pedológico (solos), além dos processos que lhes originaram e
lhes modelam de forma dinâmica e integrada atualmente (BRILHA, 2005; BÉTARD;
PEULVAST; MAGALHÃES, 2011; MOURA-FÉ, 2015a; MOURA-FÉ, 2015b).
Resumidamente, pode-se conceituar geodiversidade, com base na maioria de
renomados autores, como a variedade de elementos abióticos, ambientes e processos
originários do substrato sobre o qual se assenta a vida humana, incluindo suas inter-relações,
propriedades, interpretações e sistemas imprescindíveis à sobrevivência humana.
É representada por todos os elementos abióticos que constituem o Planeta Terra, que
dão o suporte para a vida na terra, paisagens, entre outros. Ela é resultado da interação de
diversos fatores, o que possibilita o aparecimento de paisagens distintas em todo o mundo.
Em contexto brasileiro, assim como no restante do mundo, também houve discussões
sobre o que compreende a geodiversidade. De acordo com Silva e Aquino (2019) em âmbito
nacional, ampliam-se, gradativamente, os conhecimentos referentes a essa temática, apesar de
ainda figurarem distante da quantidade à biodiversidade. No Brasil vários estudiosos se
envolveram na elaboração de definições e a conceituação para geodiversidade ocorreu
concomitante a maioria dos países, especialmente, europeus, entretanto, com o foco principal
no planejamento e gestão do território.
O conceito de geodiversidade se traduziria, conforme Mansur (2018, p. 17), em uma
“ferramenta de análise da paisagem de modo integral, colocando o conhecimento do meio
físico a serviço da conservação da natureza e do planejamento territorial”. “Uma ferramenta
imprescindível de gestão ambiental e norteadora das atividades econômicas” (DANTAS et al.,
2015, p. 09).
Uma peça basilar de suporte da vida na terra, imprescindível à sobrevivência humana,
esse entendimento seria um pouco diferente da conservação do patrimônio como ocorria
internacionalmente (REVERTE, 2014).
33

Diante desse contexto, um dos primeiros autores que propôs uma conceituação em
nível nacional foi Veiga (1999). Enfatizando o estudo das águas superficiais e subterrâneas
nos estudos de geodiversidade, o autor afirma que a geodiversidade

expressa as particularidades do meio físico, compreendendo as rochas, o


relevo, o clima, os solos e as águas, subterrâneas e superficiais e condiciona
a morfologia da paisagem e a diversidade biológica e cultural (VEIGA,
1999, p. 88-89).

Ao longo da década de 2000, importantes avanços ocorreram no país no tocante a


geodiversidade e seus elementos. Contribuindo para a discussão em âmbito nacional, Silva e
Carvalho Filho (2001) definiram geodiversidade a partir da variabilidade das características
ambientais de uma determinada área geográfica.
Essa lógica era defendida por Johanson e Andersen (1999) citado por Serrano e Ruiz-
Flaño (2007, p. 82,) como “a variação de fenômenos e processos geológicos em uma área
definida”. Caberia ao pesquisador, à seleção das variáveis que melhor determinariam a
geodiversidade de um local, tendo por base um estudo sistemático e dados georreferenciados
(DANTAS et al., 2015).
Inspirado na proposição de Veiga (1999), a Companhia de Pesquisa de Recursos
Minerais (CPRM), órgão com a missão de organizar e sistematizar o conhecimento geológico
do território brasileiro, responsável entre outras atividades, pelo mapeamento geológico do
país, financiados com recursos públicos adota a terminologia e relaciona-se intrinsecamente
com a temática.
De acordo com a CPRM (2006, p. 12) geodiversidade seria

O estudo da natureza abiótica (meio físico) constituída por uma variedade de


ambientes, composição, fenômenos e processos geológicos que dão origem
às paisagens, rochas, minerais, águas, fósseis, solos, clima e outros depósitos
superficiais que propiciam o desenvolvimento da vida na Terra, tendo como
valores intrínsecos a cultura, o estético, o econômico, o científico, o
educativo e o turístico.

Para Borba (2011), a abordagem da geodiversidade colocada acima seria voltada para
sua vertente econômica, deixando de lado os outros valores que esta pode possuir.
Já para Nascimento, Mansur e Moreira (2015, p. 49) a geodiversidade “representa os
aspectos inanimados do Planeta Terra, não apenas aqueles ligados ao passado geológico [...],
mas também os processos naturais, que ocorrem atualmente”.
Dotada de múltiplos valores: cultural, estético, econômico, científico, educativo e
turístico, Pereira (2010, p. 17), por sua vez, enfatiza que o conceito a ser aplicado seria
34

o conjunto de elementos abióticos do planeta Terra, incluindo os processos


físico-químicos associados, materializados na forma de relevos, rochas,
minerais, fósseis e solos, formados a partir das interações entre os processos
das dinâmicas interna e externa do planeta.

Quanto aos primeiros escritos sobre a temática em nível nacional, foi apenas em 2008
que no país saiu o primeiro livro de caráter conceitual, intitulado “Geodiversidade,
geoconservação e geoturismo: Trinômio importante para a proteção do patrimônio
geológico”, organizado por Nascimento; Ruchkys e Mantesso-Neto (2008). E também o
primeiro livro descritivo da geodiversidade no Brasil, intitulado “Geodiversidade do Brasil:
Conhecer o passado para entender o presente e prever o futuro”, tendo como organizador:
Cassio Roberto da Silva (2008).
Diante do contexto delineado trabalhos posteriores dedicados ao estudo da
geodiversidade começam a surgir com mais força e visibilidade, um notável exemplo da
aplicação de estudos nesse âmbito pode ser encontrado em meio a Companhia de Pesquisa de
Recursos Minerais (CPRM) com o estudo de geodiversidade de cada estado brasileiro.
Apesar de ainda existirem divergências sobre sua abrangência, necessitando ainda de
consistência quanto ao seu desenvolvimento teórico e, principalmente, metodológico, Santos
(2016) enfatiza que na atualidade o termo já se encontra bastante consolidado.
O quadro 01 elaborado com base em pesquisa bibliográfica apresenta a evolução do
conceito ao longo do tempo, em cenário internacional e nacional.
Quadro 01 - Síntese dos conceitos de geodiversidade apresentados na pesquisa
ANO AUTORES CONCEITO
Diversidade de características, assembleias, sistemas e
1993 SHARPLES citado por processos geológicos (substrato), geomorfológicos (formas da
OLIVEIRA et al., (2017) paisagem) e do solo.

1999 JOHANSON e
ANDERSEN citado por Geodiversidade seria a variação de fenômenos e processos
SERRANO, RUIZ- geológicos em uma área definida.
FLAÑO (2007)
Geodiversidade expressa as particularidades do meio físico,
1999 VEIGA compreendendo as rochas, o relevo, o clima, os solos e as
águas, subterrâneas e superficiais e condiciona a morfologia
da paisagem e a diversidade biológica e cultural.
Variedade de ambientes e processos ativos que dão origem a
paisagem, rochas, minerais, fosseis, solos e outros depósitos
2000 STANLEY citado por superficiais que são o suporte na vida na terra, demonstrando a
MANTESSO-NETO geodiversidade como uma peça basilar de suporte da vida na
(2009) terra. Isto é, o “palco” no qual todas as outras formas de vida
são os “atores”.
2000 A geodiversidade consiste na variedade de ambientes
ROYAL SOCIETY FOR geológicos, fenômenos e processos ativos geradores de
NATURE paisagem (relevo), rochas, minerais, fósseis, solos e outros

(Continua)
35

CONSERVATION depósitos superficiais que constituem a base para a vida na


Terra.

STANLEY citado por A geodiversidade (diversidade natural dos terrenos) é a


2001 OLIVEIRA et al., (2017) variação dos ambientes geológicos, fenômenos e processos
que constituem essas paisagens, rochas, minerais, fósseis e
solos, os quais sustentam a vida na Terra.
Geodiversidade seria o número e variedade de estruturas
2001 NIETO (sedimentares, tectônicas), materiais geológicos (minerais,
rochas, fósseis e solos), que constituem o substrato de uma
região sobre a qual se assentam as atividades orgânicas,
inclusive as antrópicas.
2001 SILVA, CARVALHO É a variabilidade das características ambientais de uma
FILHO determinada área geográfica.
INTERNATIONAL Variedade de ambientes geológicos e geomorfológicos,
2003 ASSOCIATION OF considerados base para a diversidade biológica na Terra.
GEOMORPHOLOGISTS
É [...] a variedade natural (diversidade) de características
geológicas (rochas, minerais, fósseis), geomorfológicas
2004 GRAY (feições do relevo, processos) e solos. Isso inclui seu conjunto,
relação, propriedades, interpretações e sistemas.
Geodiversidade seria os processos, fenômenos e ambientes
naturais, compõe o sustentáculo da vida sobre a Terra.
2005 BRILHA Segundo o autor, a interação desses elementos abióticos, entre
si e com os seres vivos, é que possibilita o surgimento das
mais variadas paisagens e conjuntos geoambientais.
Variação natural dos aspectos geológicos (rochas, minerais,
2005 ARAÚJO fósseis), geomorfológicos (formas e evolução de relevo) e do
solo. Não inclui apenas elementos abióticos da natureza, mas
também os bióticos.
Natureza abiótica constituída por uma grande variedade de
COMPANHIA DE ambientes, fenômenos e processos geológicos que dão origem
2006 PESQUISA DE às paisagens, rochas, minerais, águas, solos, fósseis e outros
RECURSOS MINERAIS depósitos superficiais que propiciam o desenvolvimento da
(CPRM) vida na Terra.
Geodiversidade é [...] a variedade de natureza abiótica,
incluindo os elementos litológicos, tectônicos,
geomorfológicos, edáficos, hidrogeológicos, topográficos e os
2007 SERRANO, RUIZ- processos físicos sobre a superfície terrestre, dos mares e
FLAÑO oceanos, junto a sistemas gerados por processos naturais
endógenos, exógenos e antrópicos, que compreendem a
diversidade de partículas, elementos e lugares.
A geodiversidade é o suporte de todos os sistemas terrestres e,
2008 AZERÊDO portanto, da biodiversidade.
O conceito equivale à descrição da diversidade da natureza
NASCIMENTO, abiótica bem como aos processos, pretéritos e atuais, que os
2008 RUCHKYS, deram origem, tais como os minerais, rochas, solos, relevo
MANTESSO-NETO (conjunto de geoformas), fósseis, entre outros.

PANIZZA, PIACENTE Variedade de ambientes geológicos e geomorfológicos


2009 citado por OLIVEIRA, considerados como a base para a diversidade biológica da
MEDEIROS, FERREIRA Terra.
(2016)
Geodiversidade seria o conjunto de elementos abióticos do
(Continua)
36

planeta Terra, [...] os processos físico-químicos associados,


2010 PEREIRA materializados na forma de relevos, rochas, minerais, fósseis e
solos, formados a partir das interações [...] dinâmicas interna e
externa do planeta”, dotada de múltiplos valores (cultural,
estético, econômico, científico, educativo e turístico).
Integra a diversidade natural (rochas, minerais e fósseis),
2011 BÉTARD, PEULVAST, geomorfológica (formas de relevo) e pedológica (solos), além
MAGALHÃES dos processos que lhes originaram.
A geodiversidade apresenta um conteúdo por meio das suas
expressões que, em conjunto, significam importantes registros
2012 MANOSSO, ONDICOL do tempo geológico da Terra, configurando-se como um
arquivo do passado geológico, geomorfológico, mineralógico,
pedológico, climático e paleontológico.
Variedade natural (diversidade) de elementos geológicos
2013 GRAY (rochas, minerais, fósseis), geomorfológicos (formas de
relevo, topografia, processos físicos), do solo e hidrológicos.
Isso inclui suas assembleias, estruturas, sistemas e
contribuições para as paisagens.
Representa os aspectos inanimados do Planeta Terra, não
2015 NASCIMENTO, apenas aqueles ligados ao passado geológico [...], mas também
MANSUR E MOREIRA os processos naturais, que ocorrem atualmente.
INTERNATIONAL UNION Considera que a geodiversidade é a variedade de rochas,
FOR CONSERVATION minerais, fósseis, geoformas, sedimentos, água e solo,
2015 OF NATURE citado por juntamente com os processos naturais que os formam e
COVELLO, HORN alteram.
FILHO E BRILHA (2017)
A geodiversidade é representada por recursos importantes para
2016 SILVA a vida no planeta, desenvolvidos ao longo de toda a história da
Terra e em constante evolução.
É a diversidade relacionada a vertente abiótica da natureza,
2018 RODRIGUES; BENTO nas múltiplas dimensões que esses elementos podem alcançar.
Fonte: Elaboração Própria (2019).

Pode-se perceber a partir desses conceitos duas linhas de pensamento. Em geral


estudos sobre geodiversidade levam mais em consideração a geologia, a geomorfologia, a
pedologia e os recursos minerais. Por outro lado, há autores que defendem uma abordagem
um pouco diferenciada, na qual o termo é mais amplo e compreende também as comunidades
de seres vivos (REVERTE, 2014). Meira e Morais (2016, p. 132) enfatizam que

A primeira linha é mais restrita e concebe a geodiversidade enquanto a


diversidade geológica de uma determinada área. A outra forma de pensar
interpreta a geodiversidade como uma síntese da paisagem, incluindo os
elementos e os processos geológicos, geomorfológicos, hidrológicos,
edáficos, climáticos e alguns a ação antrópica (culturais).

O termo “geodiversidade” engloba, assim, a diversidade da natureza abiótica,


processos, estruturas, formas, todo um conjunto que, enquanto testemunha científica dos
acontecimentos que marcaram a história evolutiva da Terra, tem vasto papel na manutenção
do planeta (RODRIGUES; PEDROSA, 2013; OLIVEIRA, 2015; SILVA, 2017).
37

A partir da perspectiva de renomados autores analisados que versam sobre a temática a


seguir, serão apresentados os principais valores dos quais é dotada a geodiversidade.

2. 1. 1 Valores da geodiversidade

Um dos primeiros autores a classificar os valores atribuídos a geodiversidade foi Gray


(2004). O referido autor faz uma classificação que é bem difundida entre os trabalhos
acadêmico-científicos que abordam a temática (SANTOS, 2016).
Murray Gray (2004) em seu livro intitulado “Geodiversity: valuing and conserving
abiotic nature”, propõe os seguintes valores e subvalores da geodiversidade (Quadro 02). O
mesmo trabalha a geodiversidade com a definição de 06 valores (intrínseco, cultural, estético,
econômico, funcional, científico/educacional) e 32 subvalores.
Quadro 02 - Valores e subvalores da geodiversidade

VALORES SUBVALORES

VALOR INTRÍSECO -
Controle da Poluição
Química da Água
Funções do Geossistema
Funções do Ecossistema
VALOR FUNCIONAL Plataforma
Sepultamento
Armazenamento e Reciclagem
Funções do Solo
Saúde
Minerais Metálicos
Minerais para Construção
Minerais Industriais
VALOR ECONÔMICO Energia
Fósseis
Solos
Gemas
Atividades Voluntárias
Apreciação Remota
Atividade de Lazer
VALOR ESTÉTICO Geoturismo
Inspiração Artística
Paisagens Locais
Folclórico
Arqueológico-Histórico
VALOR CULTURAL Espiritual
Senso de Lugar
Descoberta Científica
História da Terra
VALOR CIENTÍFICO E EDUCATIVO Educação e Treinamento
História da Pesquisa
Monitoramento Ambiental
Fonte: Adaptado de Gray (2004). Elaboração Própria (2019).
38

Tendo como base as conceituações e definições apresentadas por Gray (2004) a seguir
serão descritos cada um dos valores mencionados no Quadro 02.
Por ser de difícil entendimento e mensuração (se atribuir algum valor a ele, de
quantificá-lo), por se referir à importância do elemento da geodiversidade por si só, sem
imputar nesse uma finalidade de uso pela sociedade, o valor intrínseco esta diretamente
relacionado aos aspectos inerentes a este independentemente do seu eventual uso. Cada povo
tem uma forma de se relacionar com os elementos da natureza (PEREIRA, 2010;
NASCIMENTO, MANSUR, MOREIRA, 2015; PEREIRA, RIOS, GARCIA, 2016;
MOURA-FÉ, NASCIMENTO, SOARES, 2017).
Segundo Brilha (2005) o valor intrínseco é o mais subjetivo atribuído a
geodiversidade, está ligado à relação homem/natureza, o que torna o processo de
quantificação uma tarefa extremamente complicada considerada um atributo subjetivo e de
difícil assimilação.
Relacionado à natureza por si só e, principalmente, aos meios de interação
(interdependência) dos seres humanos junto à mesma o valor intrínseco da geodiversidade não
é facilmente mensurável, pois não está relacionado a qualquer potencialidade de usos práticos
(SILVA, 2008; REVERTE, 2014; SANTOS, 2016).
Reverte (2014) enfatiza que o valor intrínseco, ou existencial de acordo com Gray
(2004), expressa relação entre o homem e a natureza. O ser humano é parte integrante da
natureza e a geodiversidade faz parte da natureza, tendo um valor independente dos outros
elementos (BRILHA, 2005). Em termos gerais, o valor intrínseco é atribuído à geodiversidade
pelo simples fato dela existir, independente de sua utilidade para qualquer ser vivo.
O valor cultural, por sua vez, segundo Mochiutti et al., (2012, p. 175) “revela-se nas
inúmeras relações que existem entre a sociedade e o mundo natural que a rodeia, no qual ela
está inserida e ao qual ela pertence”. Segundo Gray (2004) consiste em uma das categorias
mais práticas e objetivas dentre os valores atribuídos à geodiversidade.
As construções, a gastronomia, questões arqueológicas e históricas também estão
diretamente ligadas a geodiversidade de alguns locais. Segundo Silva (2008), o valor cultural
se traduz num conjunto de aspectos geológicos com relevância cultural intangível que
possuem, ou possuíram no passado, uma especial significação simbólica ou emocional para a
sociedade.
Referente à relevância de um determinado elemento da geodiversidade para um
determinado grupo social, Pereira, Rios e Garcia (2016, p. 200) enfatizam que “a sacralização
39

de geoformas ou a denominação de locais em associação com geoformas características são


exemplos desta valorização e da significância [...] para a humanidade”.
“É originário assim da forte interdependência entre o desenvolvimento social, cultural
e/ou religioso e o meio físico circundante” (NASCIMENTO; MANSUR; MOREIRA, 2015,
p. 49).
Assim como o intrínseco, o valor estético é difícil de ser mensurado não é possível
quantificá-lo, já que cada pessoa tem uma percepção diferente do que é a beleza, ou seja, a
subjetividade é inerente ao observador.
“Percebe-se que a contemplação da paisagem é algo praticado de forma consensual, ou
seja, muita gente acha a paisagem bonita, mas definir qual paisagem é mais bonita do que a
outra é algo muito discutível” (NASCIMENTO; MANSUR; MOREIRA, 2015, p. 49). Brilha
(2005) ressalta que o valor estético da geodiversidade é visível nas mais diversas paisagens,
levando algumas pessoas a se contentarem apenas com a observação da geodiversidade por
ser um ato instintivo e agradável.
Segundo Reverte (2014) muitas paisagens são consideradas exuberantes, mas definir
qual delas é mais bela é algo muito discutível. As inúmeras maneiras de se atribuir valor
estético à geodiversidade, desde o ato de se colecionar minerais até a contemplação de
grandes formas de relevo, são de fato reconhecidas pela comunidade científica.
Já o valor econômico, valor financeiro da geodiversidade, de acordo com Gray (2004)
têm sido explorados ao longo dos séculos pelas sociedades humanas que encontram nestes
elementos toda a gama de materiais necessários para o atual progresso tecnológico (recursos
minerais, industriais, comerciais, na construção civil, metálicos, preciosos, agregados e
energéticos).
Dessa forma, é mais fácil de quantificar, já que as pessoas estão habituadas a atribuir
valor econômico a praticamente todos os bens e serviços, já que elementos da geodiversidade,
tais como rochas, minerais, sedimentos, fosséis e água subterrânea, dependendo de sua
aplicação e concentração, podem ter aproveitameto econômico (MOCHIUTTI et al., 2011;
REVERTE, 2014; SANTOS, 2016).
Brilha (2005) afirma que o valor econômico dá-se para satisfazer as necessidades do
ser humano, sendo que a evolução da sociedade esteve sempre dependente da utilização de
elementos da geodiversidade, como: petróleo, carvão, gás natural, minerais radioativos, a
construção de hidrelétricas em locais que apresentam condições devido às características
geológicas e geomorfológicas.
40

No entanto, muitos desses recursos por conta do valor econômico, são ameaçados,
onde a sociedade se apresenta como o principal agente modificador e degradador (GRAY,
2004; MOURA-FÉ, NASCIMENTO, SOARES, 2017).
O valor funcional da geodiversidade é atribuído de acordo à capacidade que o
elemento natural tem na contribuição do bem-estar humano, o da geodiversidade esta atrelado
a natureza enquanto suporte e facilitador das atividades e ações antrópicas, e onde se instalam
os biomas e elementos da biodiversidade (GRAY, 2004; MOCHIUTTI et al., 2011).
Gray (2004), o primeiro a atribuir um valor funcional para geodiversidade, o encara
sob dois aspectos: i) o valor da geodiversidade in situ, de caráter utilitário do homem; e ii) o
valor enquanto substrato para a sustentação dos sistemas físicos e ecológicos. O primeiro
refere-se à valorização da geodiversidade que se mantém no local de origem, já o segundo
refere-se às populações de animais e/ou plantas em locais cuja geodiversidade definiu as
condições ideais para a implantação e desenvolvimento. O autor ainda subdivide estas funções
em três categorias: utilitárias – uso antrópico do solo, geossistêmica – reservatórios hídricos e
ecossistêmicas – suporte para a biodiversidade.
Para Brilha (2005), o valor funcional liga-se a utilização da geodiversidade que se
mantem no local de origem como suporte para a realização das mais diversas atividades
(armazenamento da água subterrânea em aquíferos, o solo para agricultura, os aterros para os
resíduos, entre outros). E também como sustentação da flora e fauna.
Por fim, têm-se os valores científico e didático que segundo Mochiutti et al., (2012)
talvez sejam os valores mais preciosos atribuídos à geodiversidade. Investigações de certos
aspectos do meio abiótico permitem delinear/ desenhar a longa história da Terra, ou os
cenários futuros de uma região, por exemplo, e prevenir-se diante de situações de risco dentre
outras inúmeras possibilidades de aplicação.
O científico tem como base o acesso e posterior estudo da geodiversidade, tanto em
âmbito fundamental ou aplicado. No primeiro caso, é útil para conhecer e interpretar a
geodiversidade e consequentemente reconstituir a história da Terra. Já o de caráter aplicado
auxilia para melhorar a relação entre as pessoas com a geodiversidade, que ajuda as
populações a evitar, por exemplo, áreas de potenciais de riscos geológicos (vulcanismo,
terremoto, etc.) (REVERTE, 2014).
Consiste no acesso e posterior análise de amostras representativas da geodiversidade,
com o objetivo de permitir sua identificação e interpretação, de modo a buscar desvendar a
história geológica da Terra (REVERTE, 2014; SANTOS, 2016). Brilha (2005) fala que o
41

valor científico da geodiversidade auxilia na reconstrução da história da Terra e auxilia nos


estudos para melhorar a relação ser humano e geodiversidade.
Já o valor educativo da geodiversidade está intimamente relacionado à educação em
Ciências da Terra com a geodiversidade. Ela pode ocorrer como atividades educativas formais
(ensinos fundamental, médio e superior) ou informais (público em geral) (NASCIMENTO;
MANSUR; MOREIRA, 2015).
Segundo Brilha (2005) consiste em um conjunto de práticas educativas formais
(âmbito escolar) e não-formais (público leigo em geral) que viabilizem o contato direto entre
a sociedade e os elementos da geodiversidade, trazendo o conhecimento científico, de forma
didática, ao alcance de todos.
O valor educativo torna a geodiversidade uma sala de aula ao ar livre, permitindo o
contato direto para a observação de exemplos concretos seja no âmbito escolar ou com o
público em geral (NASCIMENTO; MANSUR; MOREIRA, 2015). Nascimento, Mansur e
Moreira (2015, p. 49) enfatizam que “os trabalhos de campo apresentam um valor educativo
extraordinário, particularmente para o público em geral, porque ajuda na conscientização e
valorização dos ambientes naturais da Terra”.
Além de uma ferramenta educacional, de grande valor econômico, atrativo para o
turismo, recreação, esportes de aventura, a geodiversidade é a soma de todos os valores,
fornece nutrientes para os solos, vegetações e ecossistemas, seu maior valor é de sustentação
da vida no planeta. No quadro 03 é possível visualizar uma síntese dos valores da
geodiversidade.
Quadro 03 - Síntese dos valores da geodiversidade
Valor Independente de valer mais ou menos para o homem é o valor próprio da
intrínseco geodiversidade.

Valor cultural Relativo a ligação entre o desenvolvimento social, cultural e/ou religioso

Relacionado ao aspecto visual do ambiente (conceito de beleza).


Valor estético

Valor Referente a atribuição de valores aos elementos da geodiversidade


econômico
Referente à capacidade que um elemento natural tem de contribuir no
Valor bem-estar da humanidade.
funcional
Valores Relacionado à investigação científica de um local, bem como sua
científico e potencial utilização como recurso didático
didático
Fonte: Elaboração Própria (2019).
42

Conclui-se, dessa forma, que o entendimento do conjunto dos valores e subvalores


contribuem para o fortalecimento de uma consciência ambiental que se dirija à conservação
dos elementos abióticos da paisagem, pois esses passam a ter sua relevância concebida em
diferentes contextos (histórico, cultural, educativo, etc) (MEIRA; MORAIS, 2016).
Com diferentes valores, muitas vezes livres de seu aproveitamento direto pela espécie
humana, fica claro que a geodiversidade é de extrema relevância, pois têm inúmeros recursos
e processos importantes que são sensíveis às perturbações humanas, necessitando assim de
ações que visem sua proteção e/ou conservação, uma valoração e valorização, que almeje um
manejo adequado para evitar a degradação (SHARPLES, 2002; SILVA et al., 2017).
Vale ressaltar que no intuito de evitar uma abordagem subjetiva na definição dos
valores de um local ou de um elemento da geodiversidade e atribuir-lhes um valor imparcial e
objetivo, Meira e Morais (2016) e Pereira, Rios e Garcia (2016) afirmam que diversos autores,
além de Gray (2004, 2013); advogam outros valores e vêm desenvolvendo metodologias de
valoração da geodiversidade dentre eles, Rivas et al., (1997); Brilha (2016); Bruschi e
Cendrero (2005); Coratza e Giusti (2005); Serrano e Gonzalez Trueba (2005); Pralong (2005);
Pereira (2006); García-Cortéz e Urquí (2009); Mochiutti et al., (2012) e Godoy et al., (2013).
Estudos nesse viés são iniciativas fundamentais no desenvolvimento de pesquisas
sobre a geodiversidade, permitindo sua análise não só na ótica teórica como na quantitativa,
reduzindo à subjetividade antes inerente. A proposição desses valores favorece a conservação
da geodiversidade por indicar áreas que se destacam das demais. Os locais devem apresentar
caráter de excepcionalidade, uma vez que é inviável e, até mesmo, impossível protege-la
integralmente (RODRIGUES; BENTO, 2018).
A seguir, serão discutidas as relações entre a geodiversidade, temas correlatos e a
geografia.

2.1.2 A intrínseca relação entre a ciência geográfica, geodiversidade e temas correlatos

Discutidos de forma transdisciplinar, os estudos e trabalhos práticos relacionados aos


valores do meio abiótico apresentam significativa relevância. Na atualidade a natureza
abiótica é assunto discutido por diversas áreas: Geologia, Geografia, Biologia, Ecologia,
Engenharia, Química, Turismo, Paleontologia, História, entre outras.
Diante desse contexto, observa-se que variadas pesquisas acabam por evidenciar um
avanço e uma apropriação da referida temática (geodiversidade) pela Geografia.
Nas últimas décadas a Geografia vem procurando abordar em seus estudos a
importância da valorização abiótica, de modo que a geodiversidade e temas correlatos, como
43

patrimônio geológico, patrimônio geomorfológico, geoconservação, entre outros, têm


recebido um justo e profícuo tratamento, mantendo uma estreita vinculação com a mesma.
De acordo com Ribeiro e Oliveira (2012, p. 02) a ciência geográfica “possui um
arcabouço de conceitos e categorias que podem contribuir para a análise do fenômeno
ambiental em suas múltiplas abrangências [...]”. Possui estrutura teórico-metodológico que
pode contribuir com o reconhecimento da importância dos estudos da geodiversidade e
demais temáticas associadas, uma vez que, esses estudos apresentam ainda uma carência de
pesquisas se comparada à relevância que apresentam.
Moraes (1990), por sua vez, enfatiza que desde sua condição de nascente ciência
moderna, a Geografia tem como uma das mais explícitas características o trato do ambiente,
da problemática ambiental. “A geografia [...] desde sua origem tem tratado muito de perto a
temática ambiental, elegendo-a, de maneira geral, uma de suas principais preocupações”
(MENDONÇA, 2012, p. 08).
Desse modo, apesar dos estudos sobre geodiversidade e demais temas estarem muito
ligados às pesquisas da geologia e da geomorfologia, os mesmos “são plenamente aplicado à
geografia, pois representam a distribuição espacial de complexos territoriais diferenciados em
distintas escalas geográficas” (GIUDICE; FALCÃO, 2015, p. 01).
Meira (2016) aponta variados pontos que explicitam a relação entre a Geografia e a
geodiversidade. Segundo o mesmo, no âmbito geográfico estudos nesse viés além de
subsidiarem atividades de geoconservação (proteção dos elementos da
geodiversidade/proteção do patrimônio), estabelecendo formas de proteção dos recursos
naturais abióticos, podem contribuir para o desenvolvimento local a partir do levantamento
das potencialidades de usos.
Além disso, servem como base para a caracterização de sub-regiões geográficas
naturais, aproveitamento, desenvolvimento e preservação dos recursos naturais, zoneamento
geo-humano, gestão/planejamento territorial-ambiental, e analise integrada da paisagem
(MEIRA, 2016).
Já Manosso (2012) afirma que a variação ou diversidade dos elementos abióticos
contidos na estrutura da paisagem, começa a despontar em trabalhos acadêmicos e receber
uma política de reconhecimento. Entre as áreas das geociências, a Geografia tem contribuído
de forma bastante expressiva na discussão.
Meira (2016) discorre que a partir do estudo da paisagem o geógrafo a concebe de
forma simplória como tudo aquilo que lhe é perceptível, de fundamental importância nos
estudos da geodiversidade, a paisagem é, portanto, a primeira a ser analisada. O geógrafo tem
44

a capacidade de interpretar os aspectos físicos em conjunto com as atividades sociais


existentes na paisagem.
Segundo Hissa (2002) citado por Meira e Moraes (2016, p. 140) “o ‘olhar geográfico’
é composto pela interação e aperfeiçoamento do olhar físico, a forma de olhar a paisagem
como ela é, [...] é útil no estudo da temática [...]”. O autor ainda ressalta que o olhar repousa
não só nos elementos abióticos, mas também, sobre as comunidades, tornando mais fácil o
diálogo pesquisador-sociedade.
Apesar dos trabalhos focarem a atenção na componente abiótico da paisagem por meio
da descrição de suas características, potencialidades e vulnerabilidades, todos os estudos
devem passar por uma análise geral dos componentes que interferiram e/ou influenciam na
configuração do elemento da geodiversidade (sendo eles de cunho físico ou antrópico) e a
Geografia como ciência que tem o espaço geográfico como objeto de estudo só vem a somar
com pesquisas e estudos nesse âmbito (MEIRA, 2016).
Dessa maneira, a geodiversidade e demais temáticas vinculadas, para além de serem
instrumentos de popularização da Geografia, consistem em uma nova e próspera área de
atuação para os geógrafos. Concebida de forma sistêmica, na Geografia a interpretação da
natureza abiótica tem ganhado destaque no cenário internacional e nacional com um crescente
número de obras escritas.
Segundo Meira (2016, p. 40)

Internacionalmente a ciência geográfica já se apresenta bastante ligada aos


estudos das temáticas, contanto com eixo específico no 33º Internacional
Geographical Congress [...] realizado em agosto de 2016 em Pequim
(China), bem como a presença de importantes pesquisadores de origem na
geografia como Murray Gray e Paulo Pereira.

Há um crescimento de autores na Geografia cujos escritos já prenunciam uma


apreciação do meio abiótico, uma vez que a geodiversidade é o substrato essencial para o
desenvolvimento e evolução de qualquer forma de vida, “tudo que acontece no modelado
terrestre, tem uma vinculação com a geodiversidade, e é assim parte dos estudos geográficos”
(GIUDICE; FALCÃO, 2015, p. 01).
De acordo com Pereira, Rios e Garcia (2016), pautando-se na necessidade de uma
reflexão ampla sobre as atividades humanas e as ameaças exploratórias, bem como nas
possíveis alternativas a essas ameaças tão constantes a geodiversidade, a Geografia tem a
capacidade de proporcionar a visão do todo e ampliar debates nesse âmbito.
45

Partindo de uma observação geográfica, decompõe-se a paisagem e analisa-se o


material, as feições e os processos que ocorrem e com isso, entende-se seus componentes
(MANTESSO-NETO, 2009).
Dessa forma, a emergência de novos discursos e a necessidade de difusão de novas
pesquisas, novas abordagens sobre o papel dos elementos abióticos no conjunto da natureza
em meio a crescente vertente ambiental que domina diversos campos do saber faz da
Geografia um campo científico que também se preocupa com o conhecimento e a valorização
da geodiversidade.
Cabe, então, à ciência geográfica se abrir cada vez mais para esse novo campo, uma
vez que é inegável o valor que é atribuído ao trabalho do geógrafo nesse campo de atuação. A
importância do geógrafo vai além da conjuntura legal e fica ainda mais clara quando se
observa as características da formação profissional, a qual não é só na área física, mas
também humana (MEIRA, 2016).
A capacidade integradora da Geografia, além da formação dual (componente física e
humana) é que faz do profissional dessa área tão apto para o estudo das temáticas,
geodiversidade, patrimônio geológico, patrimônio geomorfológico, geoconservação,
geoturismo e outros (MEIRA; MORAES, 2016). Dessa forma, a formação plural do geógrafo
torna-se ideal, uma vez que, estudos e pesquisas práticas nessa área constituem característica
própria e tem caráter interdisciplinar.
No tópico adiante serão apresentados conceitos e considerações sobre o patrimônio
geológico, bem como metodologias para seu estudo.

2.2 FUNDAMENTOS BÁSICOS, CONCEITOS E METODOLOGIAS PARA O ESTUDO


DO PATRIMÔNIO GEOLÓGICO

Uma vez compreendido que a geodiversidade engloba o conjunto de todos os


elementos da natureza abiótica do planeta, ressalta-se que “o estudo do patrimônio geológico
é independente do estudo da geodiversidade mesmo que ambos apresentem certa relação”
(CARCAVILLA et al., 2008, p. 3001). Assim, os dois conceitos não são sinônimos.
Patrimônio geológico adquire relevância/valor excepcional de acordo a avaliação
humana, compreende apenas uma parcela específica da geodiversidade cuja excepcionalidade
a destaca das demais, seja nos valores científicos, turísticos, culturais ou outros. Já a
geodiversidade compreende os elementos abióticos como um todo.
Segundo Nascimento, Ruchkys e Mantesso-Neto (2008) e Machado e Ruchkys (2010),
ainda que esteja estreitamente relacionado ao conceito de geodiversidade, o conceito de
46

patrimônio geológico é representado pelo conjunto de sítios geológicos, ou geossítios, lugares


cujas ocorrências geológicas possuem inegável valor científico, pedagógico, cultural ou
turístico.
Como observado nos conceitos apresentados, a geodiversidade é composta pela
variedade de ambientes, feições e processos abióticos de uma determinada área, já no conceito
de patrimônio geológico observa-se que é atribuído o valor de uso (MEIRA, SANTOS, 2016).
A palavra patrimônio tem sua origem no latim e designava, primeiramente, o legado
advindo dos pais, porém o direito ampliou o conceito incluindo também os bens que um
indivíduo consegue acumular por conta própria durante a vida (BIESEK; CARDOZO, 2012).
Biesek e Cardozo (2012) ainda ressaltam que atualmente, devido à corrente
ambientalista que tem se instaurado em meio à evolução das Ciências e do crescimento da
compreensão da relevância da natureza para a manutenção e bem estar das sociedades, a
noção de patrimônio passou a ser empregada também no campo ambiental.
A Convenção para a Proteção do Patrimônio Mundial, Cultural e Natural da
Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO), realizada em
Digne na França no ano de 1972 é um grande marco na discussão em torno do patrimônio
natural (MEIRA; MORAIS, 2016).
Além de formular um conceito, o evento mostrou o quanto os elementos naturais de
relevância excepcional estavam em ameaça de destruição, não apenas por práticas
tradicionais, mas principalmente pela evolução da estrutura social e econômica. Segundo a
Convenção para a Proteção do Patrimônio Mundial, Cultural e Natural, o patrimônio natural é
composto pelos:

[...] monumentos naturais constituídos por formações físicas e biológicas ou


por grupos de tais formações com valor universal excepcional do ponto de
vista estético ou científico; As formações geológicas e fisiográficas e as
zonas estritamente delimitadas que constituem habitat de espécies animais e
vegetais ameaçadas, com valor universal excepcional do ponto de vista da
ciência ou da conservação; Os locais de interesse naturais ou zonas naturais
estritamente delimitadas, com valor universal excepcional do ponto de vista
a ciência, conservação ou beleza natural (UNESCO, 1972, p. 03).

São constituídos assim, por elementos excepcionais que integram a biodiversidade e a


geodiversidade, sendo a conservação e/ou proteção necessária para que as gerações futuras
possam usufruir de suas singularidades (MEIRA, MORAIS, 2016).
O marco para divulgação e proteção deste patrimônio foi a realização do 1º Simpósio
Internacional sobre a Proteção do Patrimônio Geológico, realizado de 11 a 13 de Junho de
1991 na cidade de Digne-les Bains - França, onde estiveram reunidos centenas de
47

pesquisadores de vários países (CARDOSO, 2013). Segundo Mansur (2010) e Silva (2017) a
realização deste simpósio estimulou os debates e estudos sobre o patrimônio geológico.
Diante desse contexto, torna-se válido nesse momento discutir diferentes abordagens
existentes sobre o conceito de patrimônio geológico. Para Valcarce e Cortés (1996) citado por
Mantesso-Neto (2009, p. 05) patrimônio geológico é “um conjunto de recursos naturais não-
renováveis, de valor científico, cultural ou educativo, que permitem conhecer, estudar e
interpretar a evolução da história geológica da Terra [...]”.
Segundo Munõz (1988) citado por Mantesso-Neto (2009, p. 05) o patrimônio
geológico é

constituído por georrecursos culturais, que são recursos não-renováveis de


índole cultural, que contribuem para o reconhecimento e interpretação dos
processos geológicos que modelaram o Planeta Terra e que podem ser
caracterizados de acordo com seu valor (científico, didático), pela sua
utilidade (científica, pedagógica, museológica, turística) e pela sua
relevância (local, regional, nacional e internacional).

Já para Rivas, Rivera e Guadalupe (2001) o patrimônio geológico refere-se assim aos
recursos naturais não renováveis de valor científico, cultural, educativo, assim como de
interesse paisagístico e recreativo, que engloba formações rochosas, estruturas, acumulações
sedimentares, ocorrências minerais e outras, que torna possível o reconhecimento, estudo e
interpretação da história evolutiva do planeta, assim como os processos que a tem modelado.
Nieto (2002) citado por Pereira, Rios e Garcia (2016, p. 198) enfatiza que o
patrimônio geológico “[...] inclui todas as formações rochosas, estruturas e pacotes
sedimentares, formas de relevo e paisagens, jazimentos minerais e/ou fossilíferos e coleções
de objetos geológicos, que apresentem algum valor científico, cultural ou recreativo”.
Outra abordagem do conceito de patrimônio geológico é formulada por Brilha (2005),
enfatizando que o mesmo se configura como geossítios, locais de interesse geológico,
inventariados e caracterizados de uma dada área, região ou país, onde ocorrem um ou mais
elementos da geodiversidade com singular valor do ponto de vista científico, pedagógico,
cultural, turístico, ecológico ou outro.
Pereira (2006) por sua vez, argumenta que o patrimônio geológico deve ser valorizado
e conservado pelo seu conteúdo, sendo eles testemunhos da história da Terra e com
significativo valor. O patrimônio geológico é, pois “constituído pelos locais e objetos
geológicos que, pelo seu conteúdo devem ser valorizados e preservados, sendo documentos
que testemunham a história da Terra” (PEREIRA, 2006, p. 34).
48

Para Fonseca (2009), o patrimônio geológico compõe o patrimônio natural mais


pretérito do planeta Terra. Já conforme Carcavilla et al., (2008, p. 3001) entende-se por
patrimônio geológico “o conjunto de elementos geológicos que se destacam por seu valor
científico, cultural ou educativo”.
De acordo com Nascimento, Ruchkys e Mantesso-Neto (2008) o patrimônio geológico
representa os conjuntos de geossítios, dotados de valores superlativos, de acordo com lugares
cujas ocorrências geológicas possuem inegável valor científico, pedagógico, cultural ou
turístico. Já para Lima (2008, p. 06) o patrimônio geológico refere-se, “a um bem natural, que
possui valor significativo para a sociedade e que compreende elementos da geodiversidade
considerados de relevante interesse para a sua conservação”.
Com o aumento das pesquisas nesta temática, vários estudos vêm sendo desenvolvidos
e diversas categorias de patrimônios geológicos estão sendo desmembradas e conceituadas de
forma mais específica, outra terminologia utilizada para designar o patrimônio geológico
bastante utilizada é “geopatrimônio” (OLIVEIRA et al., 2017).
Sinônimo de patrimônio geológico, o qual surge diante da necessidade de ampliar o
sentido restrito do termo “geológico”, o conceito de geopatrimônio é de caráter mais amplo,
estando intimamente relacionado com a definição de sítios geológicos (e suas diversas
subdivisões) (Figura 01).
Figura 01 - Classificação de Geopatrimônio

Fonte: Lopes (2017).

O termo geopatrimônio dentro do contexto amplo do patrimônio paisagístico pode ser


considerado um conceito guarda-chuva que engloba como patrimônio todos os elementos
abióticos da natureza dotados de algum tipo de valor (BENTO et al., 2017).
Inerentes ao estudo da geodiversidade fazem parte desse conjunto geoambiental, todos
os elementos que apresentam valor exponencial, englobando toda uma diversidade de
49

categorias (patrimônio geológico, patrimônio geomorfológico, patrimônio mineralógico,


patrimônio hidrológico, patrimônio pedológico, patrimônio espeleológico, e outros) (LOPES,
2017; SILVA, 2017).
Silva e Aquino (2017) afirmam que o geopatrimônio consiste nas áreas que melhor
representam a geodiversidade de uma região. Áreas estas também designadas de geossítios, os
quais podem pertencer a diferentes categorias temáticas e que por sua importância e risco de
degradação precisam ser conservados.
No Brasil a importância do patrimônio geológico e a necessidade de sua conservação
foi reconhecida, de forma mais efetiva, com a criação da Comissão Brasileira de Sítios
Geológicos e Paleobiológicos - SIGEP4, em março de 1997 (NASCIMENTO; RUCHKYS;
MANTESSO-NETO, 2008).
Apoiada por diversas instituições a principal atribuição da SIGEP é a de organizar e
gerenciar a base de dados de sítios geológicos brasileiros e divulgá-los por meio de
publicações específicas e na internet. Selecionar os sítios geológicos brasileiros indicados
anteriormente para a GILGES (Global Indicative List of Geological Sites) e agora para a
Geosites Database da União Internacional das Ciências Geológicas (IUGS), apoiando no
gerenciamento de um banco de dados nacional que está em atualização permanente
(NASCIMENTO; RUCHKYS; MANTESSO-NETO, 2008).
Já em termos mundiais, em meados de 2010 foi criado o grupo de pesquisa em
Patrimônio Geológico no Centro de Pesquisas Manuel Texeira da Costa - CPMTC do
Instituto de Ciências e o Centro de Referência em Patrimônio Geológico - CRPG.
Por fim, é necessário discorrer sobre um conceito fundamental em meio aos estudos de
patrimônio geológico, qual seja: o de Geossítio ou Sítios Geológicos, o qual foi definido por
Brilha (2005, p. 52) como a ocorrência de “um ou mais elementos da geodiversidade [...], bem
delimitado geograficamente e que apresente valor singular do ponto de vista científico,
pedagógico, cultural, turístico, ou outro”.
Dessa forma o conjunto de geossítios é que compõe o patrimônio geológico de uma
determinada área. Para o autor a geodiversidade é dividida em dois grandes grupos (i) sítios

4
Entre as diversas instituições que apoiam a SIGEP estão a Academia Brasileira de Ciências – ABC, a
Associação Brasileira para Estudos do Quaternário – ABEQUA, o Departamento Nacional de Produção Mineral
– DNPM, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, o Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos
Recursos Naturais Renováveis – IBAMA, o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade –
ICMBio, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico nacional – IPHAN, o Serviço Geológico do Brasil –
CPRM, Petróleo Brasileiro SA – Petrobras, a Sociedade Brasileira de Espeleologia – SBE, a Sociedade
Brasileira de Geologia – SBG, a Sociedade Brasileira de Paleontologia – SBP e a União da Geomorfologia
Brasileira – UGB (RUCHKYS, 2007).
50

com valor científico e (ii) sítios com outros valores, ambos in situ ou ex situ. A ideia de
patrimônio geológico ficou atrelada apenas aos sítios com relevância científica, já que esse se
configura como o valor menos subjetivo no processo de avaliação, devendo assim ser
utilizado prioritariamente para a seleção de lugares representativos da história evolutiva da
Terra.
Os geossítios, designados como “sítio de geodiversidade” são aqueles localizados no
campo, denominado in situ, enquanto os localizados fora do campo passaram a ser designados
como “elementos do patrimônio geológico”, ex situ (encontrados em museus, exposições,
centros interpretativos, etc) (BRILHA, 2016) (Figura 02).

Figura 02 - Nova abordagem para o Patrimônio Geológico

Fonte: Brilha (2016).

Os locais onde a geodiversidade apresentam demais valores (educativos, cultural, turístico,


estético, entre outros) na nova classificação não compreendem o escopo do patrimônio geológico,
sendo designados como “sítio de geodiversidade” quando localizado in situ e “elementos da
geodiversidade” quando se apresenta ex situ (BRILHA, 2016). Pereira (2006) ainda discute a
utilização de termos como: “local de interesse geológico”, “geótopo”, “geossítio” ou
“geomonumento”. O referido autor enfatiza que todos são objetos do patrimônio geológico.
Os dois primeiros são sinônimos de geossítio, já geomonumento “[...] é geralmente
uma área de interesse geológico com particular relevância no que diz respeito à grandiosidade
e à beleza estética, que pode beneficiar com a raridade científica” (RODRIGUES, 2008, p.
46).
Brilha (2005) prefere a utilização do termo geossítio. Definindo-o como a “ocorrência
de um ou mais elementos da geodiversidade [...], bem delimitado geograficamente e que
51

apresente valor singular do ponto de vista científico, pedagógico, cultural, turístico, ou outro”
(BRILHA, 2005, p. 52).
Essa expressão refere-se assim a uma parcela específica da geodiversidade,
materializada nos geossítios (afloramentos com características especiais), que merece
proteção para as gerações futuras.
Diante dos conceitos de patrimônio geológico discutidas na pesquisa a seguir é
apresentado um quadro com sua evolução ao longo do tempo, em cenário internacional e
nacional (Quadro 04).
Quadro 04 - Síntese dos conceitos de patrimônio geológico discutidas na pesquisa
ANO AUTORES CONCEITOS
É constituído por georrecursos culturais, que são recursos não-
renováveis de índole cultural, que contribuem para o reconhecimento e
MUNÕZ citado por interpretação dos processos geológicos que modelaram o Planeta Terra
1988 MANTESSO-NETO e que podem ser caracterizados de acordo com seu valor (científico,
(2009) didático), pela sua utilidade (científica, pedagógica, museológica,
turística) e pela sua relevância (local, regional, nacional e
internacional).
VALCARCE, É um conjunto de recursos naturais não-renováveis, de valor científico,
1996 CORTÉS citado por cultural ou educativo, que permitem conhecer, estudar e interpretar a
MANTESSO-NETO evolução da história geológica da Terra e os processos que a
modelaram.
O patrimônio geológico refere-se aos recursos naturais não renováveis
de valor científico, cultural, educativo, assim como de interesse
2001 RIVAS, RIVERA, paisagístico e recreativo, que engloba formações rochosas, estruturas,
GUADALUPE acumulações sedimentares, ocorrências minerais e outras, que torna
possível o reconhecimento, estudo e interpretação da história evolutiva
do planeta, assim como os processos que a tem modelado.
O patrimônio geológico [...] inclui todas as formações rochosas,
NIETO citado por estruturas e pacotes sedimentares, formas de relevo e paisagens,
2002 PEREIRA, RIOS E jazimentos minerais e/ou fossilíferos e coleções de objetos geológicos,
GARCIA que apresentem algum valor científico, cultural ou recreativo.
Configura-se como geossítios, locais de interesse geológico,
inventariados e caracterizados de uma dada área, região ou país, onde
2005 BRILHA ocorrem um ou mais elementos da geodiversidade com singular valor
do ponto de vista científico, pedagógico, cultural, turístico, ecológico
ou outro.
O patrimônio geológico deve ser valorizado e conservado pelo seu
conteúdo, sendo eles testemunhos da história da Terra e com
2006 PEREIRA significativo valor. O patrimônio geológico é, pois constituído pelos
locais e objetos geológicos que, pelo seu conteúdo devem ser
valorizados e preservados, sendo documentos que testemunham a
história da Terra.
2008 CARCAVILLA et Conjunto de elementos geológicos que se destacam por seu valor
al., científico, cultural ou educativo.
NASCIMENTO, O patrimônio geológico representa os conjuntos de geossítios, dotados
2008 RUCHKYS, de valores superlativos, de acordo com lugares cujas ocorrências
MANTESSO-NETO geológicas possuem inegável valor científico, pedagógico, cultural ou
turístico.
O patrimônio geológico refere-se a um bem natural, que possui valor
(Continua)
52

2008 LIMA significativo para a sociedade e que compreende elementos da


geodiversidade considerados de relevante interesse para a sua
conservação.
2009 FONSECA O patrimônio geológico compõe o patrimônio natural mais pretérito do
planeta Terra.
A ideia de patrimônio geológico ficou atrelada apenas aos sítios com
relevância científica, já que esse se configura como o valor menos
2016 BRILHA subjetivo no processo de avaliação, devendo assim ser utilizado
prioritariamente para a seleção de lugares representativos da história
evolutiva da Terra.
Fonte: Elaboração Própria (2019).

2.2.1 Metodologias para o estudo do patrimônio geológico

Quanto às possíveis metodologias que podem ser utilizadas na avaliação do


patrimônio geológico, observa-se que especialmente nas duas últimas décadas, têm surgido
variados autores em diversas partes do mundo com proposição de novos métodos para tal
finalidade.
Esses tem em comum o uso de categorias e critérios, aos quais são atribuídos pontos
que, somados, definem através da criação de rankings dentro de um conjunto de locais
aleatórios ou região, as áreas com maior necessidade de conservação. A maioria desses
métodos de avaliação do patrimônio geológico tentam minimizar a subjetividade inerente ao
processo.
Diante desse contexto, tendo em vista a diversidade de metodologias existentes para
avaliar o patrimônio geológico, serão apresentadas nesta seção uma síntese de alguns desses
contributos metodológicos. Dentre as iniciativas mais conhecidas, destacam-se os métodos de
Cendrero (1996); Método de Brilha (2005); Método de Cumbe (2007); Método de Lima
(2008); Método de Pereira (2010); Método de Brilha (2015) e o Método do Serviço Geológico
do Brasil - CPRM (2016).

Método de Cendrero (1996)

Cendrero (1996) em sua proposta metodológica propõe três categorias de critérios que
devem ser consideradas ao avaliar quantitativamente o patrimônio geológico:
A) critérios de valor intrínseco, tais como diversidade de elementos de interesse, grau
de conhecimento científico, entre outros;
B) critérios relacionados com a potencialidade do uso, por exemplo, possibilidade de
realizar atividades científicas, didáticas, turísticas e recreativas, entre outros;
C) critérios relacionados com a necessidade de proteção, como: acessibilidade;
número de habitantes, etc.
53

Para cada um desses critérios é proposta uma classificação numérica, cujos valores
variam entre 1 e 5, o autor, no entanto, não especifica em sua metodologia a maneira para se
chegar ao valor final. Em 2000 Cendrero propôs a adaptação do método de Rivas et al.,
(1997), específico para a avaliação de locais de interesse geomorfológico no âmbito de
Estudos de Impacto Ambiental (EIA).

Método de Brilha (2005)

O método de Brilha (2005) mostra-se uma ferramenta eficaz para a difícil tarefa de
tentar atribuir valor a elementos da natureza com características tão distintas entre si.
Apresenta uma proposta de quantificação do patrimônio geológico, com o objetivo de
estabelecer uma seriação de um número grande de geossítios e permitir o estabelecimento de
prioridades nas ações de geoconservação a serem efetuadas em escala local a nacional, Brilha
desenvolve essa metodologia a partir do método de Cendroro Uceda (2000).
A referida metodologia respeita e considera critérios objetivos onde são estabelecidos
22 (vinte e dois) parâmetros divididos entre três critérios: (A) o valor intríseco, (B) o uso
potencial e (C) a necessidade de proteção de cada geossítio.
Este método objetiva a seriação dos geossítios, estabelecendo as prioridades de
proteção para cada um deles. Assim, os geossítios que apresentarem o maior valor de
relevância (Q) apresentam maior urgência em serem submetidos às estratégias de
geoconservação (BRILHA, 2005).
O avaliador seleciona, em cada parâmetro, qual alternativa é a mais próxima da
realidade do geossítio a ser quantificado e, com isso, vai atribuindo valores aos parâmetros
dos critérios A, B e C. Cada critério tem os valores finais obtidos através da soma destes
valores.
Ao final da distribuição de valores, verificam-se alguns itens isoladamente, em
combinações de condições. Se estas condições não forem satisfeitas, o geossítio é considerado
de importância regional ou local e o cálculo de seu valor final é uma média aritmética dos
valores finais dos critérios A, B e C, a partir da seguinte formula:
Q= (A+B+C)

Onde:
 Q= quantificação final da relevância do geossítio:
 A= média simples ou ponderada para o valor intrínseco
 B= média simples ou ponderada para o uso potencial
 C= média simples ou ponderada para a necessidade de proteção
54

O método utiliza ainda alguns pré-requisitos para selecionar, dentro do ranking,


geossítios de relevância Nacional e Internacional, ressaltando alguns critérios que seriam mais
relevantes nessa escolha. Atendidos esse conjunto de pré-requisitos, com maiores exigências
para os geossítios de caráter internacional, os mesmos – tanto nacionais quanto internacionais
– são recalculados utilizando a seguinte média ponderada Q= (2A+B+1,5C)/3, que possibilita
criar um ranking entre um grupo de geossítios, determinando seu valor de quantificação (Q).
Vale ressaltar que estes critérios podem apresentar propósitos e necessidades
divergentes para cada interesse específico. Podendo ser utilizada em cenários diversos sua
elaboração não partiu da necessidade de se trabalhar em um local específico, o caráter prático
e objetivo permitem a sua aplicação em um conjunto amplo e diversificado.

Método de Cumbe (2007)

Voltada para a inventariação, caracterização e avaliação do geopatrimônio


moçambiquenho, África, a metodologia de Cumbe (2007) utilizou os critérios de seleção
baseados e adaptados da proposta de Cortés et al,. (2000) para o inventário do patrimônio
geológico espanhol, na proposta apresentada por Brilha (2005) e por Bruschi e Cendrero
(2005).
Na referida metodologia são propostos três indicadores principais: (A) atributos
naturais do geossítio, (U) utilidade e (V) vulnerabilidade. A mesma proposta se apoia em sete
fases:
Fase 1 - Formação de um grupo de trabalho multidisciplinar com especialistas de
diversas instituições, com a finalidade de trabalhar na definição da estratégia a seguir, no
desenvolvimento das categorias temáticas, na execução do inventário, na centralização de
toda a informação obtida e na divulgação dos resultados.
Fase 2 - Onde serão definidos os contextos geológicos ou categorias temáticas
(frameworks) relevantes no âmbito nacional, regional e internacional, representativas da
geologia e geomorfologia moçambicana.
Fase 3 - Onde serão previamente selecionados os geossítios de interesse, pertencentes
a cada categoria temática.
Fase 4 - Criação de uma lista preliminar com os locais selecionados na fase anterior,
para que os mesmo obtenham pareceres de relevantes ou não, desta ação resultará a lista
definitiva dos locais a serem inventariados.
55

Fase 5 - Deverá ocorrer o deslocamento ao local para que seja verificado in loco os
dados obtidos anteriormente, colhidos novos dados, bem como, se necessário, preenchimento
das fichas de inventário e caracterização de cada lugar estudado.
Fase 6 - Envolve estudos de gabinete para a análise dos dados colhidos, das fichas e
avaliação dos locais, utilizando a metodologia proposta.
Fase 7 - Procede-se a divulgação em massa dos resultados, com o intuito de conservar
e proteger o patrimônio geológico de Moçambique.
A avaliação dos indicadores citados anteriormente se dá por meio de uma escala com
valores crescentes de 1 a 5, sendo que cada critério apresenta de 3 a 5 parâmetros. Após
quantificar os parâmetros são aplicadas fórmulas para quantificar cada indicador:
A = (A1 + A2 + A3 + A4 + A5 + A6 + A7 + A8 + A9)/45);
U = (U1 + U2 + U3 + U4 + U5 + U6 + U7 + U8)/40);
V = (V1 + V2 + V3 + V4 + V5 + V6 + V7)/35);
Onde:
 A - significa o valor do atributo natural;
 U - significa o valor da utilidade;
 V - significa o valor da vulnerabilidade;

Os números representam cada um dos critérios presentes em cada indicador. Por fim é
aplicada a fórmula que define o valor final (G):
G = (A + U + V)/3
Onde:

 G – valor final do geossítio (0,20 - 1,00);


 A – quociente entre o somatório dos valores dos indicadores referentes aos atributos
naturais do local e o valor máximo do somatório;
 U – quociente entre o somatório dos valores dos indicadores relativos à utilidade do
local e o valor máximo do somatório;
 V – quociente entre o somatório dos valores dos indicadores relativos à vulnerabilidade
do local e o valor máximo do somatório.

Segundo Cumbe (2007), pela aplicação das três primeiras fórmulas apresentadas, os
valores de A, U e V estão normalizados, variando entre 0,20 e 1,00. Ainda para o referido
autor, na quantificação final da relevância do geossítio (G), atribui-se idêntica ponderação aos
três indicadores por meio de uma média aritmética. No entanto, apenas o valor final de (G)
não descreve as características do geossítio, bem como não permite, a escolha entre aqueles
que apresentam igual valor final de (G).
56

Método de Lima (2008)

Lima (2008) considerou as grandes proporções do território brasileiro e as dificuldades


de se realizar um levantamento geológico sugerindo, por isso, uma estrutura organizacional
dos grupos de trabalho e incorporando conceitos cujos usos já são arraigados na comunidade
geológica, como a utilização de províncias estruturais para a delimitação de categorias
temáticas.
Apresentando uma proposta de método de inventariação do geopatrimônio brasileiro,
pensada, adequada e sistematizada para utilização no país, levando em consideração as suas
principais particularidades, a referida metodologia constitui de sete etapas sequenciais que
devem ser implementadas em cada unidade da federação pelos serviços geológicos estaduais
ou, na ausência destes, pelos escritórios regionais do Serviço Geológico do Brasil -
Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais (CPRM).
As etapas sugeridas pela referida autora compreendem: definição do objetivo da
inventariação; organização de grupos de trabalho; revisão bibliográfica; identificação dos
contextos geológicos; caracterização destes; identificação dos geossítios para cada contexto
geológico e, por fim; caracterização dos mesmos.
Segundo Lima (2008), a caracterização geral e geológica dos geossítios (lato sensu)
por si só já é capaz de fornecer subsídios para a inventariação do geopatrimônio brasileiro.
Porém, pelo fato de os geossítios ainda serem sujeitos às posteriores etapas na estratégia de
geoconservação, é adequado que seja realizada a caracterização complementar dos mesmos, a
qual pode ocorrer simultaneamente à caracterização geral e geológica.

Método de García-Cortés e Urquí (2009)

García-Cortés e Urquí (2009) propõem uma metodologia que faz parte do Inventário
Espanhol de Interesse Geológico (IELIG) que estava previsto na lei espanhola 42/2007 do
Patrimônio Natural e da Biodiversidade. A mesma prevê que a quantificação dos locais será
realizada pelo grupo de especialistas participantes do processo de seleção dos geossítios.
Esta proposta tem como objetivo obter conjuntos distinguíveis de Lugares de Interesse
Geológico (LIGs) para cada categoria de uso (científico (I. C.), didático (I. D.) e
turístico/recreativo (I. T.), bem como para cada domínio geológico do país, ou cada disciplina
geológica.
Nesta metodologia são considerados 18 parâmetros agrupados em quatro classes de
valor. Para cada parâmetro, são atribuídos valores que variam entre 0 e 4. Estes valores são
57

multiplicados pelo peso, que é atribuído a cada um dos parâmetros, e que varia de acordo com
o tipo de uso a ser considerado (IC, ID e IT).
O valor final de cada geossítio é obtido através da soma dos pontos, multiplicados
pelos respectivos pesos. Uma vez obtida a pontuação final, faz-se a seleção dos melhores
geossítios para cada tipo de uso. Para tal, foi estabelecido que os lugares que obtiverem
valores com mais de 200 pontos são de interesse alto, os que apresentarem valores entre 101 e
200 são de interesse médio e os geossítios cuja soma de pontos alcançar um valor inferior a
101 são considerados de interesse baixo, sendo descartados do inventário.
Após a seleção dos locais para cada tipo de interesse (I. C; I. D. e I. T.), faz-se a
análise da Valoração da Vulnerabilidade (V), para a qual são considerados mais 10
parâmetros e também são atribuídos pesos distintos para cada parâmetro. Com os valores dos
interesses estabelecidos, examina-se a vulnerabilidade do LIG, que também receberão
alternativas com valores de 0 a 4 cada uma (GARCÍA-CORTÉS; URQUÍ, 2009).
Alguns parâmetros são similares a alguns da primeira fase, mas os autores justificam
esta peculiaridade pelo fato de que influem em sentido contrario e exemplificam: quanto
maior a fragilidade, menor o potencial de uso recreativo ou turístico, porem maior
vulnerabilidade e, portanto, maior prioridade de proteção.
García-Cortés e Urquí (2009) também ponderam que os parâmetros utilizados para
mensurar a vulnerabilidade de um geossítio podem mudar com o tempo e, portanto, é
recomendado que estes cálculos sejam refeitos periodicamente.
Já para a definição da Prioridade de Proteção (PP) de cada geossítio, soma-se o valor
de V aos valores obtidos para cada tipo de interesse, obtendo-se assim a ordenação dos
lugares de interesse científico, didático e turístico em função do valor da sua prioridade de
proteção, em suas diferentes vertentes, conforme apresentado nas fórmulas abaixo:
PPc= Ic+V
PPd= Id+V
PPt= It+V
PP= [(Ic+ Id+It)/3]+V

Onde:
 Ic= Interesse Científico
 Id= Interesse Didático
 It= Interesse Turístico/ Recreativo
 PPc= Prioridade de Proteção Científica
58

 PPd= Prioridade de Proteção Didática


 PPt= Prioridade de Proteção Turística
 PP= Prioridade de Proteção Global
De maneira análoga ao que foi feito para a quantificação do interesse de cada lugar, foi
estabelecido que os geossítios que alcancem PP superiores ao valor de 500 necessitarão de
proteção urgente, ao passo que os que obtiverem PP entre 201 e 500 necessitarão de proteção
à médio prazo. Já aqueles com pontuação inferior a 201 necessitarão de figuras específicas de
proteção.
Esta última proposta configura-se como um modelo prático e objetivo, apropriado para
avaliações a serem realizadas em escala regional, permitindo uma valoração mediante o tipo
de uso do local e o estabelecimento da prioridade de proteção dos geossítios. Configura-se
assim como uma proposta inovadora e passível de ser aplicada em diversos cenários.
Essa metodologia, segundo Pereira (2010), é inovadora, prática, objetiva e apropriada
para o uso em escala regional. Para a etapa de quantificação, forma levados em consideração
os critérios de Cendrero Uceda (2000), que afirmou ser necessário considerar o valor
intrínseco, o valor ligado ao potencial de uso e o valor ligado à necessidade de proteção, ao
valoramos um geossítio.

Método de Pereira (2010)

Realizando um inventário do patrimônio geológico da Chapada da Diamantina (BA),


semiárido brasileiro, Pereira (2010) através de adaptações de vários métodos criou uma nova
quantificação definida através de 20 critérios divididos em quatro categorias de valores
(intríseco, turístico, de uso e gestão), a partir dos quais são calculados os usos potenciais para
fins científicos, de conservação e a relevância dos locais inventariados.
Entre os parâmetros podem ser citados: integridade; relevância didática; aspecto
estético; acessibilidade; população do núcleo urbano mais próximo, entre outros. Com o
objetivo de diminuir a subjetividade na quantificação, são apresentadas as considerações
utilizadas para atribuição dos valores em cada um dos parâmetros.
Os valores finais de cada categoria são dados pela soma das variáveis, dividido pelo
número destas, o que faz com que todos os parâmetros tenham a mesma relevância. Após
cada parâmetro ter sua nota, são calculados o Valor de Uso Científico (VUC), Valor de Uso
Turístico (VUT), Valor de Conservação (VC) e a Relevância (R) de cada geossítio.
O tipo de cálculo utilizado para determinar o ranking entre as áreas de interesse
geológico mostra-se um pouco mais complexo do que comumente era utilizado nas propostas
59

de quantificação anteriores. Pereira (2010) chamou o valor final dos geossítios de “Ranking
de Relevância (R)”, cujo resultado é obtido a partir da seguinte equação:

R= {2*[(VUC/20)*100] + [(VUT/20)*100]}

Onde:
 VUC - (Valor de Uso Científico) é determinado a partir de:
VUC= (2*Vi + 3*Vci)/5
 VUT - (Valor de Uso Turístico)
VUT= (3*Vtur + 2*Vug)/5
 VC - (Valor de Conservação) corresponde ao resultado de:
VC= (3*Vi + Vci + Vug)/5.
A partir do resultado obtido é possível realizar uma seriação dos geossítios, assim
como classificar os diferentes graus de relevância dos mesmos. Para tanto são seguidos alguns
critérios.

Método de Brilha (2015)

Diferente das propostas anteriores acredita-se que o ponto mais importante do método
Brilha (2015) seja a maior facilidade de interpretação dos resultados, contribuindo para que as
informações sejam analisadas em conjunto e individualmente.
Acredita-se que o ponto mais importante da contribuição do método Brilha (2015) seja
a maior facilidade de interpretação, contribuindo para que as informações sejam analisadas
em conjunto e individualmente.
Enquanto que os métodos, até então, costumavam submeter geossítios com
especificidades diferentes ao mesmo conjunto de critérios, o método de Brilha (2015)
apresenta uma proposta mais dinâmica, atribuindo uma análise mais detalhada e personalizada
para cada tipo de especificidade das áreas de interesse geológico estudadas, evitando-se
generalizações e perda de informações relevantes através da definição de médias finais.
Um dos pontos interessantes nessa nova proposta é uma maior homogeneidade entre
as etapas de inventário e quantificação. Antes de iniciar a atribuição de valores, o pesquisador
deve ter consciência da relevância cientifica daquela área. Esta identificação, ainda na fase do
inventário, determinará as diretrizes para a quantificação das áreas selecionadas.
O método Brilha (2016) possui, ao todo, 37 (trinta e sete) critérios que se dividem em
quatro categorias de análise: Valor Científico (VC), Potencial de Uso Educacional (PEU),
Potencial de Uso Turístico (PTU) e Risco de Degradação (RD).
60

Neste novo método, não há presença de médias gerais: a análise se dá através do valor
absoluto final de cada categoria e os dados são cruzados de forma mais independente.
Vale ressaltar que o fator “Risco de Degradação” (RD), comum a geossítios e sítios de
geodiversidade, pode ser o critério primordial no momento em decidir quais os pontos que são
considerados mais urgentes de intervenções públicas/privadas.
Dentre as quatro categorias de análise neste novo método, esta é a única que apresenta
uma classificação através de grupos de valores, que pode enquadrar os locais analisados com
riscos de degradação Alto (301-400), Moderado (201-300) e Baixo (<200).

Método da CPRM (2016)

Através da Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais (CPRM) ou Serviço


Geológico do Brasil, foi criado uma Plataforma que consiste de um aplicativo (web) para o
cadastramento, quantificação e valoração de geossítios por meio de uma base de dados do
Sistema GEOBANK, o GEOSSIT (Sistema de Cadastro e Quantificação de Geossítios e Sítios
da Geodiversidade), disponível no endereço eletrônico http://www.cprm.gov.br/geossit/.
Consiste em várias fichas online para a descrição do geossítio, com quesitos como
localização (acesso, pontos de referência, coordenadas geográficas), o enquadramento
geológico (contexto, terrenos, unidade estratigráfica, etc.), a caracterização geológica (tipo de
rocha, ambiente, estruturas, etc), feições de revelo, tipo de interesse (paleontológico, turístico,
didático, etc), se está localizado em uma Unidade de Conservação e qual quantificação e
dados do responsável pelo cadastro.
A quantificação é feita através de planilhas eletrônicas que compilam os dados
digitados e calculam automaticamente o resultado final dos valores de vulnerabilidade,
características intrínsecas, uso potencial e necessidade de proteção. A partir desses valores, as
planilhas indicam qual o tipo de relevância (regional, nacional ou internacional), os valores
didático, cientifico e turístico e a recomendação de medidas de proteção em curto, médio ou
longo prazo.
Vale ressaltar que os parâmetros e pesos relativos foram extraídos do método de
Brilha (2005) e Garcia-Cortés e Carcavilla Urqui (2009), que recentemente foi reestruturado
passando a adotar metodologias e conceitos de Brilha (2016), com as devidas adaptações.
As alternativas fornecidas para valoração de cada parâmetro são essencialmente as
mesmas, exceto onde foi necessária a alguma adaptação, como a modificação de algumas
medidas de espaço (Figura 03).
61

Figura 03 - Planilhas de Quantificação GEOSSIT/Simulador de Avaliação

Fonte: http://www.cprm.gov.br/geossit/.

A segunda aba da planilha revela a quantificação das características intrínsecas do


geossítio. Nesse quesito, foram mantidos os nove parâmetros do método de Brilha (2005) e
adicionado um décimo parâmetro (A10) com o nome de “Utilização da imagem na divulgação
turísticas” e que, na verdade, corresponde ao para metro “Espetacularidade ou beleza” no
método de Garcia-Cortés e Carcavilla Urqui (2009). Este parâmetro do Geossit, A10, conta
com seis alternativas (valores de zero (0) a cinco (5), contra quatro possibilidades no método
espanhol (valões 0, 1, 2 e 4).
Infere-se que este parâmetro adicional tenha sido incluído neste momento da
quantificação por ser o país um local onde proliferam exemplos de localidades que são
verdadeiros “cartões postais”, mundialmente considerados por sua beleza. Esta é uma
característica intrínseca ao local, ainda que a mensuração da beleza seja um fator subjetivo.
62

O peso dos parâmetros varia entre 20% e 5%. Por fim, é definida a prioridade de
proteção a partir da soma do Valor Científico, de Uso Educativo ou Turístico ao valor obtido
no Risco de Degradação. O resultado da soma define a prioridade de acordo com os seguintes
critérios: quando 0<=Soma<=300, a longo prazo; quando 300<Soma<=550, a médio prazo;
quando 550<Soma<=750, a curto prazo e quando 750<Soma<=800, urgente.
Podendo ser diariamente atualizado para alimentar o banco de dados gerado pelos
sítios geológicos cadastrados no programa geoparques, com critérios de: Valor Científico,
Risco de Degradação; Potencial de Uso, Educativo e Turístico e Prioridade de Proteção, esse
modelo, plataforma de quantificação reúne uma série de critérios para a caracterização de
geossítios, que foram divididos em diferentes categorias.
Desta forma, o Serviço Geológico do Brasil por meio do aplicativo Geossit possibilita
o cadastro e posterior divulgação de excepcionais áreas da geodiversidade por diferentes
profissionais: oceanógrafos, geógrafos, geólogos, entre outros, em diferentes regiões do país,
o que permite um maior conhecimento e difusão do geopatrimônio brasileiro, elementos estes
essenciais à geoconservação.
O quadro 05 a seguir apresenta uma síntese das principais metodologias voltadas para
o patrimônio geológico discutidas em cenário nacional e internacional.
Quadro 05 - Síntese das metodologias apresentadas de avaliação do patrimônio geológico

VALORES/CRITÉRIOS/ RECORTE
AUTORES OBJETIVO CATEGORIAS DE ESPACIAL ESCALA
ANÁLISE

Avaliar - Valor intrínseco


Cendrero quantitativamente o - Potencialidade de uso __________ Global
(1996) geopatrimônio - Necessidade de proteção
Estabelecer uma
Brilha seriação de um - Valor intrínseco
(2005) número grande de - Uso potencial Portugal Nacional
geossítios português. - Necessidade de proteção.
Inventariar,
Cumbe caracterizar e avaliar - Atributos naturais do
(2007) o patrimônio geossítio Moçambique Local
geológico (lato - Utilidade (África)
sensu) de - Vulnerabilidade.
Moçambique.
Lima Inventariar o - Valor científico
(2008) geopatrimônio - Potenciais usos didático Brasil Nacional
brasileiro e/ou recreativo
Obter conjuntos - Valor Científico
García-Cortés distinguíveis de - Risco de Degradação Espanha Nacional
e Urquí lugares de interesse - Potencial Uso
(2009) geológico Educacional
- Potencial de Uso Turístico
(Continua)
63

Realizar um
inventário do - Valor intrínseco
Pereira patrimônio geológico - Valor científico Bahia Local
(2010) da - Valor turístico (Brasil)
Chapada Diamantina - Valor de uso/gestão
(Bahia)
Quantificar
“geossítios” (com - Valor Científico
Brilha valor científico) e - Risco de Degradação __________ Global
(2015) sítios de - Potencial Uso
geodiversidade (que Educacional
possuem outros - Potencial de Uso Turístico
valores)
Inventariar, - Valor Científico
CPRM qualificar e avaliar - Risco de Degradação
(2016) quantitativa o - Potencial Uso Brasil Nacional
geopatrimônio Educacional
brasileiro. - Potencial de Uso Turístico
Fonte: Elaboração Própria (2019).

Serão tratados no tópico a seguir os conceitos e considerações acerca de patrimônio


geomorfológico sob a perspectiva de variados autores bem como metodologias para seu
estudo.

2.3 FUNDAMENTOS BÁSICOS, CONCEITOS E METODOLOGIAS PARA O ESTUDO


DO PATRIMÔNIO GEOMORFOLÓGICO

Nos últimos anos tem aumentado o número de estudos voltados ao patrimônio


geomorfológico, desde trabalhos locais até inventários nacionais (PEREIRA, 2006). Assim
como as pesquisas relacionadas à geodiversidade e ao patrimônio geológico como um todo, a
temática do patrimônio geomorfológico tem apresentando crescente avanço.
Com o aumento das pesquisas nesse viés, vários estudos vêm sendo desenvolvidos, no
entanto, a maioria dos estudos ainda o enquadra como parte do patrimônio geológico, assim
como ocorre com o patrimônio paleontológico, petrológico, entre outros. Porém, Silva et al.,
(2017, p. 3043) enfatizam que “nos últimos anos, [...] um crescente número de pesquisas o
tem abordado de forma separada com o intuito de dar maior visibilidade ao mesmo”.
Leal e Cunha (2014) enfatizam que nas últimas décadas, a classificação de elementos,
sítios e paisagens como patrimônio natural de carácter geomorfológico tem vindo a assumir
um maior interesse e visibilidade científica, a par com o interesse social e econômico,
sobretudo ao nível da promoção de atividades (geo)turísticas, desportivas e de educação
ambiental.
Os geomorfológos enxergando que havia mais valorização para os elementos
geológicos em detrimento dos geomorfológicos começam a pensar na divulgação e
64

reconhecimento do patrimônio geomorfológico em si. Diante disso, no final da década de


1980 e início dos anos 90 surgiram os termos “locais de interesse geomorfológico” e
“patrimônio geomorfológico” (PEREIRA et al., 2004).
Discutidos principalmente, por pesquisadores da Suíça, Itália, Portugal, França e
Espanha, os estudos acerca do patrimônio geomorfológico vêm utilizando-se de metodologias
diversas, mas todos com o objetivo de resguardar as áreas de relevante interesse do ponto de
vista geomorfológico (OLIVEIRA; PEDROSA; RODRIGUES, 2013).
O patrimônio geomorfológico é constituído assim por elementos geomorfológicos,
pelo conjunto de formas de relevo (geoformas, processos), solos e depósitos correlativos que
apresentam um ou mais tipos de valores, raridade e/ou originalidade, em variadas escalas
(PEREIRA, 1995; VIEIRA, CUNHA, 2004; PEREIRA, 2006; RODRIGUES; FONSECA,
2008).
Compreende o conjunto de locais de interesse geomorfológico, que adquiriram valor
derivado da percepção humana, identificados através de sua avaliação científica, devendo ser
submetidos a processos de proteção e valorização (PEREIRA, 2006).
Para Panizza e Piacente (1993) este patrimônio é representado pelas formas de relevo
atuais, os depósitos correlativos da evolução passada e presente do relevo, as geoformas e os
processos que as geram adquiram valor científico, histórico/cultural, estético e/ou
socioeconômico, derivado da percepção humana. De acordo com Evangelista e Panisset
(2014) citado por Bento et al., (2017) esse termo comporta todas as formas paisagísticas que
se sobressaem entre os vestígios geológicos existentes.
Os elementos geomorfológicos são recursos naturais de elevado valor patrimonial,
visto que, as escalas diversas, desempenham um papel fundamental na estrutura da paisagem,
através da particularidade e notabilidade que lhe conferem (PINTO, 2014). Reflete-se na
relação existente entre geoformas e paisagem, reforçando, de igual modo, a sua importância
para a compreensão da geodinâmica e dos processos morfogenéticos.
Vieira e Cunha (2006, p. 04) argumentam que o patrimônio geomorfológico é, na
maioria das vezes, negligenciado e esquecido “enquanto recurso ambiental, turístico ou,
mesmo, enquanto suporte da vida e atividades humanas”.
Panizza e Piacente (1993) entendem o patrimônio geomorfológico como conjunto de
locais de interesse geomorfológico, no qual as geoformas adquiriram valores científicos,
históricos, culturais, estéticos e ou socioeconômicos, derivados da percepção humana.
O patrimônio geomorfológico pode ser entendido como um elemento constituinte da
paisagem e que interage com todos os outros fatores que a compõem. Ele insere-se na vertente
65

abiótica do patrimônio natural, que serve de suporte à vida animal e vegetal, isto é, à
componente biótica do patrimônio natural.
Pinto (2014) afirma que o patrimônio geomorfológico é um recurso natural endógeno
de grande valor socioeconômico e cultural, que assume grande relevância no processo de
desenvolvimento sustentável.
Vieira e Cunha (2004) afirmam que fazem parte do patrimônio geomorfológico todas
as formas de relevo atuais, enquanto elementos individuais, bem como as paisagens atuais que
aquelas formas dão lugar, os depósitos correlativos da evolução passada e presente do relevo
atualmente existente na superfície terrestre.
Sendo assim, o patrimônio geomorfológico integrante do patrimônio geológico ou
geopatrimônio, assim como demais tipos patrimoniais é formado pelo conjunto de elementos
geomorfológicos, em variadas escalas, possuidores de um ou mais tipos de valores,
identificados através de sua avaliação científica, devendo ser submetidos a processos de
proteção e valorização (PEREIRA, 2006; RODRIGUES; FONSECA, 2008).
Reflete a relação existente entre geoformas e paisagem, reforçando, de igual modo, a
sua importância para a compreensão da geodinâmica e dos processos morfogenéticos. Dessa
forma, compreende o patrimônio geomorfológico, o conjunto de locais de interesse
geomorfológico que adquiriram valor derivado da percepção humana (PANIZZA,
PIACENTE, 1993; PANIZZA, 2001; PEREIRA, 2006).
Vale ressaltar ainda que o termo geoforma, muito citado nos estudos acerca do
patrimônio geomorfológico, é definido por Mamede (2000) como as formas da superfície da
Terra, concebidas como setores ou entidades do espaço, as quais possuem geometricidade
própria. Este conceito também é flexível e varia de acordo com o nível de percepção e a
escala de análise e mapeamento, não representando apenas uma forma geométrica em si, mas
também os processos dentro de uma determinada área delimitada (LOPES, 2017, p. 52).
Borba e Meneses (2017) dizem que as formas percebidas nos elementos da
geodiversidade e que por processos de associação, remetem o imaginário à imagens
conhecidas como formas animais/humanas ou a pseudo vestígios (marcas de pegadas)
também são geoformas.
Pereira (2006) enfatiza que outros termos podem ser usados para designar local de
interesse geomorfológico, tais como sítio geomorfológico, geossítio de caráter
geomorfológico ou mesmo geomorfossítio, do termo inglês geomorphosites que, além de
belos, são locais para o entendimento de parte da origem e evolução da Terra.
66

De acordo com Panizza (2001) um geomorfossítio é uma paisagem com particular e


significativos atributos que a qualificam como componente do patrimônio cultural (no sentido
amplo) de determinado território. Os atributos que podem conferir valor são o científico, o
cultural (no sentido restrito), o econômico e o cênico. Novamente, tem-se o valor científico
atrelado ao cultural na avaliação de paisagens.
Segundo Pereira (2006) há três tipos básicos de locais de interesse geomorfológico:
local isolado, área e local panorâmico, designados em razão de suas dimensões e escala de
observação, com cinco valores principais a eles atribuídos: científico, ecológico, cultural,
estético e econômico.
Os geomorfossítios isolados são aqueles que se apresentam de forma pontual no
espaço, os geomorfossítios áreas correm quando uma mesma feição se repete dentro de um
espaço bem delimitado, já o panorâmico é compreendido pelo local onde é possível ter uma
vista privilegiada de aspectos geológico-geomorfológicos (PEREIRA, 2006; MEIRA,
SANTOS, 2016).
Diante desse contexto, pelas características que o definem, o patrimônio
geomorfológico, constitui, dentro do conjunto do patrimônio natural, “um grupo bastante
vulnerável, porque constitui a base sobre a qual se desenvolvem as atividades humanas e,
também, porque se tem vindo a revelar como bastante atrativo para atividades de desporto,
lazer e turismo” (VIEIRA , 2005, p. 02).
Desde o século XIX existem iniciativas de conservação da parte abiótica da natureza,
no entanto, as geoformas não eram consideradas nessa perspectiva. A vertente
geomorfológica só veio de fato ser considerada no decorrer do século XX com a inserção da
geomorfologia enquanto ramo disciplinar das geociências (PEREIRA, 2006; SILVA, 2017).
Nesse sentido Vieira e Cunha (2004) apontam a necessidade de estabelecer uma
classificação dos elementos geomorfológicos como patrimônio, pois só assim se torna
possível desenvolver estratégias de recuperação, conservação e proteção destes elementos da
paisagem.
O patrimônio geomorfológico é constituído por um conjunto de geomorfossítios, ou
seja, áreas naturais onde os atributos principais estão relacionados à dinâmica geomorfológica
e às formas de relevo, em diferentes escalas, aos quais são atribuídos valores (científico,
ecológico, cultural, turístico, didático, estético, dentre outros) para a sociedade e, quando
apresentam valores excepcionais, devem ser alvos de medidas de geoconservação (LOPES,
2017).
67

Estes locais, com presença de formas de relevo únicos e reveladores de processos


geomorfológicos representativos e peculiares, configuram um conjunto de indicadores que
servem de ajuda para compreender a evolução do relevo, a história recente da Terra e da
própria vida, e que por isso devem ser preservados e até mesmo melhor usufruídos, em função
dos seus valores científicos-didáticos, estético-paisagísticos, culturais e turísticos (PEREIRA,
2006; LEAL; CUNHA, 2014; LOPES, 2017; SILVA, 2017).
O quadro 06 apresenta uma síntese com os principais conceitos de patrimônio
geomorfológico discutidos na pesquisa.
Quadro 06 - Síntese dos conceitos de patrimônio geomorfológico apresentados
ANO AUTORES CONCEITOS
O patrimônio geomorfológico é representado pelas formas de relevo
1993 PANIZZA; atuais, os depósitos correlativos da evolução passada e presente do relevo,
PIACENTE as geoformas e os processos que as geram adquiram valor científico,
histórico/cultural, estético e/ou socioeconômico, derivado da percepção
humana.
São todas as formas de relevo atuais, enquanto elementos individuais, bem
como as paisagens atuais que aquelas formas dão lugar. Fazem parte os
2004 VIEIRA; depósitos correlativos da evolução passada e presente do relevo atualmente
CUNHA existente na superfície terrestre. Esta reflete a relação existente entre
geoformas e paisagem, reforçando, de igual modo, a sua importância para
a compreensão da geodinâmica e dos processos morfogenéticos.
Integrado ao geopatrimônio, representa o conjunto de geoformas e
processos associados ao relevo capazes de expressar de forma singular
REYNARD; uma parte da evolução da superfície da Terra. O relevo mantém uma
2005 PANIZZA memória geodinâmica que se sucede ao longo do tempo e por isso possui
valores científico-educacional, histórico-cultural, estético e
econômico/social significativos.
O patrimônio geomorfológico se assume como um elemento constituinte
da paisagem e que interage com todos os outros fatores que a compõem.
2006 PEREIRA Ele insere-se na vertente abiótica do patrimônio natural, que serve de
suporte à vida animal e vegetal, isto é, à componente biótica do patrimônio
natural. Reflete dessa forma na relação existente entre geoformas e
paisagem, reforçando, de igual modo, a sua importância para a
compreensão da geodinâmica e dos processos morfogenéticos.

2006 VIEIRA; Remetem-se ao patrimônio geomorfológico como recurso ambiental, e


CUNHA turístico, suporte da vida e atividades humanas.
Constitui, dentro do conjunto do patrimônio natural, um grupo bastante
2009 VIEIRA vulnerável, porque constitui a base sobre a qual se desenvolvem as
atividades humanas e, também, porque se tem vindo a revelar como
bastante atrativo para atividades de desporto, lazer e turismo.
O patrimônio pode assumir vários formas, de acordo com as diversas
PEREIRA; atividades humanas, podendo ser patrimônio arquitetônico, arqueológico,
2010 PEREIRA; artístico, científico e outros, sendo que o patrimônio natural não é o
ALVES patrimônio construído, pois o ambiente natural constitui a base de todas as
formas de vida e do homem em particular.
EVANGELISTA
, PANISSET Comporta todas as formas paisagísticas que se sobressaem entre os
2014 citado por vestígios geológicos existentes.
(Continua)
68

BENTO et al.,
(2017)
São recursos naturais de elevado valor patrimonial, visto que, as escalas
diversas, desempenham um papel fundamental na estrutura da paisagem,
através da particularidade e notabilidade que lhe conferem. É entendido
2014 PINTO como um recurso natural endógeno de grande valor socioeconômico e
cultural, que assume grande relevância no processo de desenvolvimento
sustentável.
Conjunto de elementos, constituído pelas formas de relevo e processos de
gênese e evolução da paisagem geomorfológica, aos quais são atribuídos
2017 LOPES valores (científico, turístico, estético, didático, dentre outros), e que,
quando apresentam características excepcionais devem ser alvo de
estratégias de geoconservação.
Fonte: Elaboração Própria (2019).

2.3.1 Metodologias para o estudo do patrimônio geomorfológico

A emergência da temática do patrimônio geomorfológico tem originado vários


métodos para a sua avaliação que são possíveis de serem utilizadas no inventário e
quantificação. Desde a década de 1980, pesquisadores da Suíça, Itália, Portugal, França e
Espanha, utilizando-se de diversas metodologias buscam com esses estudos resguardar as
áreas de relevante interesse do ponto de vista geomorfológico (LOPES, 2017).
Dentre as iniciativas mais conhecidas, destacam-se as de Rivas et al. (1997);
Grandgirard (1995, 1996, 1999); Panizza (1995, 1999, 2001); Restrepo (2004); Bruschi e
Cendrero (2005); Coratza e Giusti (2005); Serrano e González-Trueba (2005); Pralong
(2005); Pereira (2006); Zouros (2007); Forte (2008) e Oliveira (2015).
Procurando minimizar a interferência pessoal, baseando a valoração em considerações
mais objetivas, nessa seção serão apresentadas a título de exemplificação algumas destas
metodologias.

Método de Rivas et al.(1997)

Destacando-se como a referência mais antiga dentre as demais metodologias, tendo


servido como um ponto de partida para as demais propostas avaliadas Rivas et al., (1997)
elabora essa metodologia com o objetivo de se definir índices e indicadores, que poderiam ser
utilizados no âmbito de um Estudo de Impacto Ambiental (EIA) associado ao projeto de uma
auto-estrada no norte da Espanha, com o uso de critérios de avaliação de locais de interesse
geomorfológico baseados na proposta de Cendrero (1996).
Avalia valores científicos, educacionais e recreativos por meio de onze parâmetros
agrupados em três categorias, onde o valor final do geossítio é dado por meio de uma fórmula
matemática que contempla a qualidade intrínseca do local (Critério Q), o estado de
69

conservação (Critério C) e o seu uso potencial (Critério P). O valor de cada indicador varia de
0 a 4, sendo estes indicadores adaptados aos locais de interesse geomorfológico.
Para isto, foi desenvolvida uma série de índices numéricos, no intuito de tornar o
processo de avaliação de impactos ambientais sobre geomorfossítios mais objetivo e
quantitativo. O valor final para o geomorfossítio é obtido através da fórmula:
V = C (2Q + P) / 48
Onde:
 V = Valor do local de interesse geomorfológico
(varia entre 0 e 1, arredondado às centésimas);
 C = Estado de conservação do local de interesse geomorfológico
(varia entre 0 e 4);
 Q = Qualidade intrínseca do local de interesse geomorfológico
(varia entre 0 e 4);
 P = Uso potencial do local de interesse geomorfológico
(varia entre 0 e 4);
 48 = referência de regularização; valor máximo possível de C (2Q + P).
O conjunto de parâmetros sugeridos, feitas as devidas considerações, apresentam uma
aplicabilidade para diversos contextos. Contudo, foi concebida para um cenário específico de
avaliações de impacto ambiental, o que confere um caráter específico de utilização à esta
metodologia.

Método de Grandgirard (1995, 1996, 1999)

Entre os trabalhos voltados à inventariação dos locais de interesse geomorfológico


Grandgirard (1995, 1996, 1999) considera diferentes tipos de objetos geomorfológicos, em
razão de sua complexidade: i) geoformas isoladas, ii) conjuntos de geoformas, iii) complexos
de geoformas e iv) sistemas geomorfológicos. Considera ainda apenas o valor científico dos
geomorfossítios e dois tipos de critérios os quais se relacionam com o valor científico das
geoformas: i) fatores ou critérios fundamentais, e ii) indicadores ou critérios secundários, que
auxiliam na avaliação dos fatores.
A referida metodologia compõem os fatores: i) integridade; ii) presença de outros tipos
de geótopos; iii) representatividade; iv) raridade; v) valor paleogeográfico e vi) existência de
conhecimento científico sobre o local.
Para cada fator é atribuída uma nota (0 = nulo, 1= fraco, 2 = médio e 3 = elevado),
seguida de uma justificativa. Para a obtenção do valor final pode ser feita a média, a soma, a
70

multiplicação ou ponderações das pontuações atribuídas na avaliação de cada fator ou ainda a


utilização de ponderações.
Os indicadores são critérios secundários os quais devem ser considerados na avaliação
dos fatores, sendo que um indicador pode adaptar-se à avaliação de vários fatores (PEREIRA,
2006). Os indicadores compreendem: i) a dimensão e configuração geométrica; ii) a
constituição; iii) a perturbação funcional; iv) a idade; v) a geodiversidade; vi) a associação;
vii) o número e a distribuição de formas; viii) o contexto ambiental e ix) a atividade
morfogenética.

Método de Panizza (1995, 1999, 2001)

Inicialmente foi apresentada por Panizza, Marchetti e Patrono (1995), foi utilizada
posteriormente em outros trabalhos de Panizza (1999) e Panizza (2001). Pode ser considerada
uma metodologia simples de avaliação do valor científico dos locais de interesse
geomorfológico.
Na metodologia de Panizza (1999), os atributos de um geomorfossítio são avaliados de
acordo com os critérios: i) cênico; ii) socio-econômico; iii) cultural e v) científico. Trata-se de
uma avaliação quantitativa, em que apenas a qualidade científica da geoforma (Q) é
considerada, por meio da análise do seu valor científico intrínseco (V) e do seu grau de
preservação (C), através da fórmula: Q = V x C.
A ponderação que se atribui a cada um destes critérios está sujeita à relevância do
local de interesse geomorfológico, a saber: sem interesse (0); com interesse local (0,25);
regional (0,5); supra-regional (0,75) e mundial (1), considerando a raridade da geoforma. Para
obter o valor científico intrínseco (V) é utilizada a fórmula:
V = Lm x M + Le x E + Lp x P + Ls x S
Onde:
 M - significa bom exemplo de evolução geomorfológica;
 E - valor educativo;
 P - exemplo paleogeomorfológico;
 S - suporte ecológico.
 Lm, Le, Lp e Ls - constituem a ponderação, em função do nível de interesse,
conforme citado anteriormente.
Para o Grau de Conservação (C), considera-se o geomorfossítio bem preservado
quando (C) for igual a 1; moderadamente preservado quando (C) for igual a 0.50 e mal
preservado quando (C) for igual a 0.25.
71

No que se refere ao valor científico intrínseco são considerados como critérios de


avaliação a qualidade científica da geoforma, o uso com finalidade didática, os vestígios
paleogeomorfológicos, e o suporte ecológico apresentado pelas geoformas, onde o valor
ecológico encontra-se inserido no valor científico.

Método de Restrepo (2004)

Metodologia semi-quantitativa, este modelo diz respeito à avaliação quantitativa de


120 locais inventariados numa fase inicial, em função de cinco grandes categorias de
processos geomorfológicos: fluviais, cársicos, erosivos, vulcânicos e glaciários.
Com a aplicação deste método, resultou a seleção de 16 desses locais, os quais foram
propostos como património geomorfológico, o qual Restrepo (2004) o apresentou para a
avaliação do valor científico, educativo e paisagístico das geoformas da região central do
Departamento de Antioquia, na Colômbia.
De acordo com Pereira (2006) nesta avaliação são considerados os indicadores: estado
de conservação (C), significado (SG), grau de conhecimento (K) e singularidade (SI) do local,
no âmbito do valor científico-educativo (PGC).
Já no âmbito do potencial paisagístico (PGP) são avaliados vários indicadores: de
carácter intrínseco (VI), como a complexidade, o contraste do relevo, a diversidade, a
presença de água, a singularidade e o alcance visual; de carácter extrínseco (VE), como o
estado de conservação, as condições de observação, o significado e a existência de pontos
panorâmicos.

Método de Bruschi e Cendrero (2005)

Apresentando uma proposta metodológica para a identificação, inventariação e


avaliação de geossítios Bruschi e Cendrero (2005) destaca a necessidade de considerar os
valores intangíveis na avaliação dos geossítios associados às questões históricas e culturais,
para além do seu valor científico.
Segundo Bruschi e Cendrero (2005), a metodologia proposta foi capaz de fornecer
resultados compatíveis com as avaliações subjetivas, elaboradas por grupos de especialistas.
Os autores, entretanto, argumentam que a metodologia precisa ainda ser melhorada, refinada e
cuidadosamente validada para medir os valores intangíveis.
Estes deixam em aberto a maneira de utilização da fórmula para a quantificação do
geossítio, que fica a critério do avaliador, podendo aplicar sistemas de pesos. Todavia,
72

sugerem uma maneira básica, de modo que o valor final da quantificação para esta
metodologia pode ser obtido da seguinte maneira:
VSGI= (Qi+Ui+Pi)/3
Onde:
 VSGI= Valor do geossítio,
 Qi= Qualidade intrínseca do geossítio,
 Ui= Uso potencial do geossítio,
 Pi= Ameaças potenciais e necessidade de proteção.

A flexibilidade sugerida para o cálculo faz desta proposta um roteiro metodológico, e


o conjunto de critérios utilizados acaba por permitir a sua utilização em cenários mais amplos
e diversificados.
São apresentadas três categorias de critérios: Qualidade Intrínseca (Qi) do local de
interesse geomorfológico (valor científico), Potencialidades de Uso (Ui) do local (uso social),
e Necessidade de Proteção (Pi) (urgência de ação).
Tais categorias englobam 21 critérios definidos a fim de orientar a avaliação e
acompanhados de 3 a 5 parâmetros com notas de 0 a 4. Para obter o valor dos indicadores de
avaliação, somam-se os critérios e divide por quatro (4), podendo-se atribuir um peso de
ponderação para cada critério.
Dessa maneira, com base no resultado, aqueles geossítios que apresentarem
classificação elevada nas três categorias consideradas (valor científico, utilidade social e
urgência de atuação) são considerados muito valiosos, devendo ser inclusos em inventários e
planos de proteção.

Método de Pralong (2005)

Pralong (2005) com o seu método avaliou os valores estéticos/cênicos, científicos,


culturais/históricos e social/econômicos do patrimônio geomorfológico em um contexto
turístico e recreativo das áreas de Chamonix Mont-Blanc (França) e Crans-Montana-Sierre
(Suíça), através da qualificação e quantificação dos geomorfossítios. Tem como primeiro
objetivo a avaliação do valor turístico e das suas componentes, seguido da avaliação do valor
de exploração, valor este capaz de determinar e quantificar qual tipo de uso dos locais de
interesse geomorfológico.
Podendo definir uma capacidade de carga destes locais com funções turísticas e
recreativas e de sua evolução em termos de potencial e de exploração, os critérios utilizados
73

foram o Valor Cênico, Valor Científico, Valor Cultural, Valor Econômico, Grau de Uso da
Área e Modalidade de Uso.
A avaliação é feita em duas etapas: a primeira pelo cálculo do valor turístico: Para a
avaliação do valor turístico são considerados os seguintes indicadores: valor cênico ou
estético (Vsce); científico (Vsci); cultural (Vcult) e econômico (Veco). Para a obtenção do
valor turístico é considerada a média dos quatro tipos de indicadores supramencionados.
Tais indicadores são acompanhados de critérios, os quais são definidos para ajudar na
avaliação, e de parâmetros os quais recebem pontuação que varia de 0 a 1.
Vtour= (Vcen+Vcient+Vcult+Veco)/4
Onde:
 Vcen= Valor Cênico
 Vcient= Valor Científico
 Vcult= Valor Cultural
 Veco= Valor Econômico
Já a segunda é feita pelo cálculo do valor de exploração. A avaliação do valor de
exploração dos geomorfossítios inclui dois componentes, para os quais foram estabelecidos
um conjunto de parâmetros e atribuídos valores para cada um deles.
Neste sentido, este valor é compreendido em termos do grau de exploração
(coordenada x), que considera o uso espacial e temporal do local, e a modalidade de
exploração (coordenada y), que considera os quatro tipos de valor utilizados na fórmula
acima. A relação entre estes dois componentes vai definir os três níveis de exploração, em
termos da intensidade de uso (baixo, intermediário e alto).
O valor de exploração (Vexpl) é quantificado com base em apenas dois indicadores,
também acompanhados de critérios e pontuações entre 0 e 1. O primeiro indicador é o grau de
exploração (Vdeg), que se refere a área utilizada, número de infra-estruturas, número de dias
de ocupação durante o ano e a quantidade de horas de ocupação por dia. O segundo critério é
a modalidade de exploração (Vmod), que leva em consideração os usos dos valores estético,
científico, cultural e econômico, os quais formam o valor turístico. As fórmulas para obtenção
das coordenadas x e y são apresentadas a seguir:

Vexpl= (Vgrau de uso, Vmodalidade de uso)

Onde:
 Vgrau de uso= (Área utilizada + Número de infraestruturas + Ocupação sazonal +
Ocupação diária)/4
74

 Vmodalidade de uso= (Uso do valor cênico + Uso do valor científico + Uso do valor
cultural + Uso do valor econômico)/4

Método de Serrano e González-Trueba (2005)

Serrano e González-Trueba (2005) propuseram uma metodologia com aplicação


voltada para áreas naturais protegidas, em escala local, no Parque Nacional Picos da Europa,
na Espanha, igualmente utilizada para avaliação realizada em Tiermes-Caracena, na província
de Sória, também na Espanha. Baseada na elaboração de um mapeamento geomorfológico, a
fim de identificar as formas de relevo, processos e reconstruir a paisagem.
Os critérios avaliados foram o Científico, Adicional e o de Uso e Gestão baseia-se na
realização da cartografia geomorfológica, com o intuito de identificar as geoformas e os
processos, e interpretar a evolução geomorfológica das mesmas.
Avaliação de 22 locais de interesse geomorfológico com 21 parâmetros distribuídos
em 3 tipos de valores: intrínseco ou científico, adicional ou cultural e valor de uso e manejo,
os geomorfossítios representam um recurso cultural, econômico, turístico, educacional e
ambiental.
Serrano e González-Trueba estabelecem que, uma vez que a avaliação dos
geomorfossítios engloba a avaliação de valores intangíveis, a sua quantificação não deve ser
feita utilizando-se métodos estatísticos ou puramente matemáticos, apesar de que deve
alcançar o maior grau possível de objetividade.
Sendo assim, os autores supramencionados propõem uma avaliação que parte do
mapeamento geomorfológico, seguida de uma avaliação subdividida em três níveis, que
correspondem à análise do valor intrínseco (ou científico), valor cultural (ou adicional) e do
valor de uso e gestão (componentes territoriais).
Ao término, Serrano e González-Trueba (2005) categorizam os geomorfossítios
considerando o uso dos mesmos e relacionando aos valores adquiridos da seguinte forma: (i)
alto valor intrínseco e adicional, aqueles que apresentaram baixo ou médio valor de uso; (ii)
médio a alto valor intrínseco, adicional, assim como de uso; (iii) médio a baixo valor
intrínseco e adicional, com alto valor de uso; (iv) baixo valor intrínseco, adicional e de uso.
A partir destas categorias de geomorfossítios, os gestores deverão aplicar as medidas
adequadas de manejo destes locais. A metodologia acaba por consistir em um roteiro
metodológico, que aponta um caminho para ser aplicado em cada estudo de caso,
apresentando resultados sempre relativos, uma vez que consiste em comparações.
75

Mostra-se bastante fiel aos seus objetivos, uma vez que foi elaborada para ser aplicada
em escala local, servindo como uma ferramenta de apoio à gestão de áreas naturais
protegidas.

Método de Coratza e Giusti (2005)

Consistindo em uma revisão da proposta de Rivas et al., (1997), para ser aplicada em
cenários de Avaliação de Impactos Ambientais (AIA), segundo Coratza e Giusti (2005),
quando aplicada em área planas, com elevado grau de antropização, a proposta pode
apresentar uma margem maior de sucesso.
Sendo assim, tem uma aplicação bastante específica e não é adequada para avaliações
regionais, mesmo porque foram concebidas para situações de impactos iminentes sobre o
patrimônio geomorfológico. A utilização de pesos confere um certo grau de subjetividade aos
resultados obtidos.
Coratza e Giusti (2005) apresentam uma proposta de avaliação quantitativa da
qualidade científica de geomorfossítios, desenvolvendo uma metodologia para a avaliação de
critérios científicos, com aplicação em relatórios de impacto ambiental, ordenamento do
território e conservação do patrimônio natural utilizando técnicas de geoprocessamento.
A Qualidade Científica (Q) do geomorfossítio leva em consideração os parâmetros:
grau de conhecimento científico (CE), que se relaciona com o valor do geomorfossítio para a
investigação científica (S) e com o valor educacional (D), área (A), raridade (R), grau de
conservação (C), exposição (E), e valor adicional (Z).
Parâmetros pontuados de 0 a 1, sendo que apenas um deve ser escolhido conforme as
características do geomorfossítio. Para tanto são considerados uma série de critérios. Para
orientar a atribuição desses valores foram estabelecidas premissas qualitativas.
Na metodologia cada parâmetro (S, D, A, R, C, E, Z) é pontuado de 0 a 1 (0, 0,25, 05,
0,75 ou 1), sendo que apenas um deve ser escolhido levando em consideração as
características do geomorfossítio. Para tanto são considerados uma série de critérios como,
por exemplo, o parâmetro grau de conservação (C) possui as seguintes pontuações: mau
estado de conservação (C = 0.25); estado de conservação razoável (C = 0.50); bom estado de
conservação (C = 0.75); excelente estado de conservação (C = 1.00).
Ainda se leva em consideração os seguintes critérios: grau de degradação natural que
afeta o geomorfossítio; existência de elementos antropogenéticos que alteraram ou destruíram
parcialmente o geomorfossítio; presença de atos de vandalismo e presença de estruturas que
protegem o geomorfossítio dos agentes naturais assim como antropogenéticos.
76

Foram estabelecidas uma série de premissas qualitativas com o objetivo de orientar a


atribuição de valores, apresentando a listagem dos oito parâmetros sugeridos pelos autores. A
fórmula para obtenção do valor da qualidade científica dos geomorfossítios é apresentada a
seguir:

Qn= sS+dD+aA+rR+cC+eE+zZ
Q= Qn/Qmax

Onde:
 Q= Valor da qualidade científica do geomorfossítio
 Qn= Valor da qualidade científica de um determinado geomorfossítio
 Qmax= Valor máximo obtido para a qualidade científica, dentre o conjunto analisado
 S, D, A, R, C, E, Z= parâmetros utilizados para a quantificação dos geomorfossítios s,
d, a, r, c, e, z= pesos a serem atribuídos para cada parâmetro, baseado nas premissas
estabelecidas (valores entre 0 e 1)

Método de Pereira (2006)

Aplicada na avaliação do patrimônio geomorfológico do Parque Natural de


Montesinho, em Portugal. Pereira (2006) apresenta uma proposta metodológica para a
avaliação do patrimônio geomorfológico, em áreas de qualquer dimensão e com o objetivo de
clarificar os critérios considerados desde a primeira seleção dos locais, até à sua
quantificação.
Segundo Pereira (2006) a avaliação do patrimônio geomorfológico compreende a
identificação e a comparação dos geomorfossítios, sendo estas etapas necessárias à adequada
gestão dos mesmos, podendo ser considerados três tipos de locais de interesse
geomorfológico, a saber: i) locais isolados; ii) áreas e iii) locais panorâmicos.
Tal proposição se dá em razão das dimensões e escala de observação destes locais, os
quais segundo Pereira (2006) possuem cinco tipos principais de valor: i) científico; ii)
ecológico; iii) cultural; iv) estético e v) econômico.
Dividida em duas grandes etapas: Inventariação e quantificação, distribuídas em
subetapas a avaliação é realizada através de fichas, conforme apresentado a seguir:
o Etapa 01 – Inventariação; Subetapas: identificação dos potenciais locais de
interesse geomorfológico; avaliação qualitativa; seleção dos locais de interesse
geomorfológico; caracterização dos locais de interesse geomorfológico.
o Etapa 02 – Quantificação; Subetapas: avaliação numérica; seriação.
77

Utiliza indicadores com critérios acompanhados de parâmetros e de pontuação. Tanto


os parâmetros (considerados 17 parâmetros) quanto às pontuações não são fixos, podendo-se
conferir maior peso a alguns critérios. Para finalizar a avaliação é realizada a seriação que
permite a comparação dos resultados obtidos.
A aplicação desta metodologia implica no conhecimento geomorfológico prévio da
área em análise, de maneira que a caracterização geomorfológica constitui a base de todo o
processo de avaliação, onde são levantadas todas as informações básicas relativas à área a ser
avaliada, permitindo a identificação dos potenciais locais de interesse geomorfológico.
No primeiro passo da etapa de inventariação, para cada lugar de interesse
geomorfológico identificado é preenchida uma ficha, sendo depois realizada uma avaliação
qualitativa para cada tipo de valor (científico, ecológico, cultural e estético), o que vai
permitir a seleção dos locais de interesse geomorfológico que serão caracterizados
detalhadamente, marcando assim o final da primeira etapa proposta nesta metodologia.
Encerrada a inventariação, inicia-se a etapa de quantificação, a qual é subdivida em
avaliação numérica (subetapa “e”) e seriação (subetapa “f”). A segunda etapa da metodologia
proposta por Pereira (2006) consiste na avaliação numérica dos locais de interesse
geomorfológico, inventariados na etapa anterior, a partir de uma ficha de avaliação numérica
a qual deve ser preenchida após a caracterização dos locais. Os indicadores considerados na
ficha encontram-se divididos em: i) principais (valor geomorfológico (VGm) e valor de
gestão (VGt), e ii) secundários (valor científico (VCi), valor adicional (VAd), valor de uso
(VUs) e valor de preservação (VPr).
Por último, faz-se a seriação dos locais, que consiste essencialmente na comparação
dos resultados obtidos. A seriação é feita através da soma das pontuações atribuídas para cada
parâmetro e os locais são avaliados considerando duas categorias de valores

(VGm e VGt), apresentados a seguir:


VGm= VCi+VAd
VGt= VUs+VPr
VT= VGm+VGt
Onde:
 VGm= Valor Geomorfológico
 VCi= Valor Científico
 VAd= Valor Adicional
 VGt= Valor de Gestão
 VUs= Valor de Uso
78

 VPr= Valor de Proteção


 VT= Valor Total

Considerando a necessidade de se identificar o local mais valioso da área e minimizar


a importância da pontuação absoluta (Valor Total), este autor inseriu o índice ranking final,
que é obtido através da soma das posições de cada local em cada indicador. Este índice deve
ser utilizado para suportar decisões relativas seleção dos locais de interesse geomorfológico
para efeitos de divulgação.

Método de Zouros (2007)

Este método teve como objetivo apoiar a gestão de geoparques através da realização
de uma avaliação holística dos geomorfossítios situados em áreas protegidas da Grécia, tendo
sido testada em diferentes escalas de avaliação.
A metodologia proposta por Zouros (2007) foi aplicada em uma escala de paisagem
em nível nacional, em oito geomorfossítios situados em Parques e Monumentos Nacionais da
Grécia, e também aplicada em escala de geoformas, para 15 geomorfossítios situados no
Geoparque da Floresta Petrificada da Ilha de Lesvos. Em todos estes casos, o autor considerou
os resultados satisfatórios.
A proposta deste autor baseou-se em seis categorias de valores, que subdividem-se em
13 parâmetros. De acordo com esta metodologia, a nota final do geomorfossítio é obtida pela
soma dos valores atribuídos para cada um dos parâmetros, gerando uma nota que pode variar
de 0 a 100.
A metodologia em questão apresenta assim critérios práticos e objetivos, fáceis de
serem aplicados. No entanto, a valoração destes critérios, que em alguns casos pode variar de
0 a 10, acaba por permitir um elevado grau de subjetividade à metodologia.

Método de Oliveira (2015)

Oliveira (2015), baseando-se em estudos de variados autores tais como Brilha (2005),
Coratza e Giusti (2005), Serrano e González Trueba (2005), Cumbe (2007), Lima (2008),
Pereira (2010), entre outros, elaborou uma metodologia a qual foi aplicada na avaliação do
patrimônio geomorfológico dos municípios de Coromandel e Vazante, localizados no estado
de Minas Gerais – MG, através das seguintes etapas:
1 - Identificação dos potenciais geomorfossítios, através da avaliação da área de
estudo, por meio da interpretação visual de imagens de satélite, bem como pesquisa sobre a
geologia e geomorfologia da área de estudo.
79

2 - Avaliação qualitativa e 3 - Caracterização dos geomorfossítios, por meio das


informações preenchidas ao longo das visitas de campo, as quais possibilitaram a
caracterização dos geomorfossítios.
Já em uma etapa posterior da avaliação, Oliveira (2015) procedeu à “quantificação dos
geomorfossítios inventariados” (14 no total) baseando-se para tanto também em estudos de
Brilha (2005), Pereira (2006), Lima (2008), Pereira (2010), entre outros autores.
Utilizando os critérios turístico (acessibilidade, aspecto estético, estado de
conservação, condições de observação e associação com elementos culturais) e didático (:
Potencial didático, diversidade e variedade da geodiversidade) parâmetros pontuados de 1 a 3.
O resultado final é dado a partir da soma dos valores atribuídos, classificando os
geomorfossítios em um ranking de potencialidade educativa e turística: valor final de 8 a 16 =
baixo; de 17 a 19 = médio; de 20 a 24 = alto potencial turístico e didático. Os de médio e os
de alto potencial devem receber valorização e divulgação.
Dessa forma, para Oliveira (2015) devem ser apresentadas estratégias de valorização e
divulgação apenas para os geomorfossítios de médio e os de alto potencial turístico e didático.
Diante do exposto, o quadro 07, apresenta uma síntese das metodologias sumariada na
pesquisa.
Quadro 07 - Síntese das metodologias apresentadas de avaliação do patrimônio
geomorfológico

AUTORES OBJETIVO VLORES/CRITÉRIOS/ RECORTE ESCALA


CATEGORIAS DE ESPACIAL
ANÁLISE
Definir índices e - Estado de conservação
indicadores que poderiam -Qualidade do sítio de
Rivas et ser utilizadas na avaliação interesse geomorfológico
al.(1997) de impactos ambientais - Uso Potencial Espanha Nacional
(AIA) sobre algumas - Valor Científico
geoformas - Valor Educacional
- Valor Recreativo
- Integridade
- Presença de outros tipos de
Grandgirard Inventariar os locais de geótopos
(1995, 1996, interesse geomorfológico - Representatividade __________ Global
1999) - Raridade
- Valor paleogeográfico
- Existência de
conhecimento científico

Panizza Avaliar o valor científico - Cênico


(1995, 1999, dos locais de interesse - Socioeconômico __________ Global
2001) geomorfológico - Cultural
- Científico
Quantificar as geoformas Região Central
Restrepo da região central do - Valor científico do
(2004) Departamento de - Valor educativo Departamento Local

(Continua)
80

Antioquia, na Colômbia - Valor paisagístico de Antioquia


(Colômbia)
- Qualidade Intrínseca do
local de interesse
Bruschi e Identificar, Inventariar e geomorfológico
Cendrero Avaliar geossítios - Valor científico __________ Global
(2005) - Potencialidades de Uso do
local (uso social), -
Necessidade de Proteção
(urgência de ação).
Serrano e - Valor intrínseco Parque Nacional
González- Elaborar um mapeamento - Valor científico Picos da Europa
Trueba (2005) geomorfológico - Valor adicional (Espanha) Local
- Valor cultural
- Valor de uso e manejo
Avaliar os valores
estéticos/cênicos, - Cênicos Chamonix,
culturais/históricos do - Cientifico Moni Blanc
Pralong patrimônio - Cultural (França) e Local
(2005) geomorfológico de - Econômico Crans-Montana-
Chamonix, Moni Blanc - Graus de Uso Sierre (Suiça)
(França) e Crans-Montana- - Modalidade de Uso
Sierre (Suiça)
Avaliar quantitativamente - Valor Científico
Coratza e a qualidade cientifica de (Qualidade Científica) __________ Global
Giusti (2005) geomorfossítios - Valor Educacional
Avaliar o patrimônio - Valor Científico
Pereira geomorfológico do Parque - Valor Adicional Parque Natural
(2006) Natural de Montesinho - Valor de Uso de Montesinho Local
- Valor de Preservação Portugal
Apoiar a gestão de
geoparques através da - Valor Científico
realização de uma - Valor Educacional
Zouros avaliação holística dos -Ameaças Potenciais Grécia Nacional
(2007) geomorfossítios situados - Necessidade de Proteção
em áreas protegidas da - Uso Potencial
Grécia

- Valor turístico
(acessibilidade, aspecto
estético, estado de
Avaliar o patrimônio conservação, condição de
Oliveira geomorfológico dos observação e associação Coromandel e
(2015) municípios de Coromandel com elementos culturais) Vazante – MG Local
e Vazante - MG - Valor didático (Brasil)
(Potencial didático,
diversidade e variedade da
geodiversidade)
Fonte: Elaboração Própria (2019).

Nas páginas seguintes serão apresentadas definições e princípios ao conceito de


geoconservação a nível internacional e nacional, mostrando os posicionamentos de diferentes
autores sobre o tema.
81

2.4 GEOCONSERVAÇÃO: PRINCÍPIOS E CONCEITOS

As medidas relacionadas à conservação dos elementos naturais abióticos


(geodiversidade) apresentam um histórico antigo. De acordo com Mansur (2018) o primeiro
caso de proteção legal atribuída a um sítio natural, de natureza abiótica, ocorreu em 1868, na
Alemanha, indicando a proteção da caverna de Baumann, onde o objeto de ordem de
conservação a caverna de Baumann é um dos geossítios de Harz Geopark. Outros importantes
sítios localizados em Edimburgo, Escócia, também fazem parte da história da
geoconservação, desde o século XIX.
Internacionalmente outro importante marco para a geoconservação foi à criação, em
1872, do Parque Nacional de Yellowstone, Estados Unidos, em grande parte por sua beleza
cênica e maravilhas geológicas (GRAY, 2004).
A partir desse momento, medidas em prol da conservação do patrimônio geológico
passaram a ser tomadas em nível mundial. Wimbledon et al., (1999) citado por Pereira (2010)
elenca algumas das principais ações, como a criação da ProGEO (European Association for
the Conservation of the Geological Heritage) em 1988, sob o auspício da “European Working
Group for Earth Science Conservation”.
Outros momentos relevantes para a geoconservação são compreendidos pela
instituição do GILGES (Global Indicative List of Geological Sites) em 1989, o qual constituía
em um inventário mundial de sítios geológicos. Além da realização do 2º Simpósio
Internacional sobre a Conservação do Patrimônio Geológico, na cidade de Roma, no ano de
1996, que também foi um marco importante, onde [...] foi criado o Projeto GEOSITES e
estabelecido o grupo de trabalho: GGWG – Global Geosites Working Group, da União
Internacional das Ciências Geológicas – IUGS (PEREIRA, 2010, p. 24) (MEIRA, MORAIS,
2016).
Sobre o tema geoconservação ainda podem ser destacados dois livros que contribuem
grandemente para o entendimento conceitual de sua aplicação e alcance: “The History of
Geoconservation” editado por Burek e Prosser (2008) e “Geoconservación” de Carcavilla
(2012) (NASCIMENTO; MANSUR; MOREIRA, 2015).
Outro grande avanço foi o lançamento do Programa Geoparks pela UNESCO, em
1999, que visa distinguir regiões que abrigam um patrimônio geológico relevante e nas quais
esteja em prática uma estratégia de desenvolvimento sustentado baseado na geologia e em
outros valores naturais e humanos (MANSUR, 2018).
82

Em âmbito nacional sua expansão ocorreu, principalmente, a partir de 1997 com a


criação da Comissão Brasileira dos Sítios Geológicos e Paleobiológicos (SIGEP),
intensificando-se no início dos anos 2000, com inúmeros eventos, especialmente o XLII
Congresso Brasileiro de Geologia ocorrido em 2004, e trabalhos desenvolvidos no país
referentes a esta temática (RUCHKYS, 2007; PEREIRA, 2010, BAPTISTA et al., 2018).
Diante do contexto delineado o destaque é para a publicação de Nascimento, Ruchkys
e Mantesso-Neto (2008), obra intitulada “Geodiversidade, geoconservação e geoturismo:
trinômio importante para a proteção do patrimônio geológico”, um livro com abordagem mais
ampla, lançado pela Sociedade Brasileira de Geologia.
Desde então, a geodiversidade tem sido alvo de várias práticas de geoconservação, que
a alcançaram de maneira indireta há muito tempo. No entanto, na realidade ainda são poucas
as iniciativas legais relacionadas ao patrimônio geológico/geomorfológico no Brasil, porém
pode-se observar que ao longo do século XX diversos instrumentos relacionados à proteção
do patrimônio natural foram implementados em várias escalas.
O Brasil têm direcionado esforços, embora ainda insuficientes para atingir tal
geoconservação. No país, por exemplo, ainda não há leis específicas sobre o tema, apenas a
Constituição Federal, em seu artigo 216 versa sobre o patrimônio cultural material e imaterial
brasileiro, e indiretamente trata da geodiversidade e da necessidade de sua conservação
(SILVA, 2017).
A origem do termo geoconservação remete a Europa, em 1991, diante a elaboração da
Declaração Internacional dos Direitos à Memória Terra, também conhecida como Carta de
Digne, resultante do 1° Simpósio Internacional sobre a Proteção do Patrimônio Geológico,
ocorrido em Digne-les-Bains (França) (SILVA, 2017).
A partir desse contexto, diversos países começaram a desenvolver trabalhos de
inventário do seu geopatrimônio com vistas à geoconservação e uso turístico dos mesmos
(LORENCI, 2013). As primeiras preocupações com a geoconservação resultaram dos
primeiros movimentos conservacionistas mundiais, a exemplo da Conferência de Estocolmo
de 1972, tendo ganhado força a partir da década de 1990 (NASCIMENTO; RUCHKYS;
MANTESSO-NETO, 2008; SILVA, 2017).
Debate recente, a geoconservação se constitui como um novo paradigma da
conservação do meio natural. Configura-se como uma nova corrente de pensamento que
propõe uma abordagem das temáticas relacionadas com a proteção e conservação da natureza
(PEREIRA; BRILHA; MARTINEZ, 2008; HENRIQUES et al., 2011).
83

Devido o termo ser recente ainda não há consenso entre os especialistas quanto a sua
definição (BRILHA, 2005). “As diversas definições da literatura especializada sobre
geoconservação não são antagônicas, e muitas se completam” (MANSUR, 2018, p. 31).
Um dos primeiros autores a propor uma definição formal pra o termo
“Geoconservação” foi Chris Sharples. O referido autor define geoconservação como forma de
preservar a geodiversidade relacionada aos importantes processos e feições geológicas,
geomorfológicas e de solos, garantindo a manutenção da história de sua evolução em termos
de velocidade e magnitude (SHARPLES, 2002).
Segundo o mesmo, a geoconservação tem como objetivo a preservação da diversidade
natural (ou geodiversidade) de significativos aspectos e processos geológicos (substrato),
geomorfológicos (formas de passagem) e de solo, mantendo a evolução natural (velocidade e
intensidade) desses aspectos e processos.
Para Stürm (1996), citado por Lima (2008 p. 05), a geoconservação deve “[...]
promover, suportar e coordenar esforços em prol do uso sustentável da geodiversidade, além
de salvaguardar o patrimônio geológico”. Já de acordo com o conceito apresentado por
Nascimento, Ruchkys e Mantesso-Neto, (2008, p. 21) “[...] a geoconservação refere-se à
conservação do patrimônio geológico e, consequentemente da Geodiversidade”.
Carcavilla Urquí, López-Martínez e Durán (2007) a definiram como um conjunto de
técnicas e medidas destinadas a assegurar sua conservação com base na análise de seus
valores intrísecos, vulnerabilidade, e risco de degradação. Já Ruchkys (2007) afirma que a
geoconservação da natureza representa uma responsabilidade internacional, uma vez que as
áreas de interesse geológico e seus atributos não "respeitam" os limites impostos pelas
fronteiras político-administrativas e, muitas vezes, as ultrapassam.
Segundo Cumbe (2007, p. 43 citado por MEIRA, SANTOS, 2016, p. 04) a
geoconservação consiste assim, em “atividades que têm com finalidade a conservação e
gestão do património geológico e dos processos naturais a ele associados”. “Compreende as
intenções e atividades desenvolvidas para conservar e proteger feições e processos geológicos
para benefício das futuras gerações” (WORTON, 2008, citado por MANSUR, 2018, p.32).
Peixoto (2008) citado por Meira e Morais (2016, p. 135) traz uma definição detalhada
de geoconservação, porém, com a mesma lógica da apresentada anteriormente quando expõe
que essa compreende “a preservação da diversidade natural (ou geodiversidade) de
significativos aspectos e processos geológicos (substrato), geomorfológicos (geoformas e
paisagem) e de solo”.
84

Brilha e Carvalho (2010) a entendem como o conjunto das iniciativas que vão desde a
inventariação e caracterização do património geológico, passando pela sua conservação e
gestão, de modo a assegurar um uso adequado dos geossítios, quer ele seja de índole
científica, educativa, turística ou outra.
Já Pereira (2010) considera que a geoconservação possui como base a conservação dos
elementos naturais, a promoção da identidade do território e o uso racional dos elementos que
compõem a geodiversidade por meio do geoturismo, com vistas a perpetuar esses elementos e
fazer com que moradores e visitantes se sintam sensibilizados quanto a seu valor científico e
educativo.
Dessa forma, pode ser definida conforme Lorenci (2013, p. 67) como

[...] uma atividade voltada para a conservação do Patrimônio Geológico de


uma região, visando a sustentabilidade dos geossítios que expressam valor
cultural, histórico, científico, educativo, turístico, econômico e que quando
inventariados, identificados, classificados, tem como principal objetivo a
conservação e a divulgação deste patrimônio representativo de um território
onde o desenvolvimento deve ser sustentável

Tem sido usado para assim englobar as atividades relacionadas à proteção do


patrimônio geológico, desde as ações de levantamento básico até as práticas de gestão
(NASCIMENTO; MANSUR; MOREIRA, 2015).
Costa e Oliveira (2018, p. 217) compreendem que

no contexto da geoconservação, a interpretação ambiental é um instrumento


essencial de gestão, [...] pode contribuir para a valorização e manutenção da
bio e geodiversidade, com base no conhecimento de seus valores, funções,
benefícios e ameaças.

Quantos aos objetivos da geoconservação Brilha (2005), Bétard, Peulvast e Magalhães


(2011), Moura-Fé (2015b) e Moura-Fé, Nascimento e Soares (2017) destacam os seguintes:
utilizar e gerir de forma sustentável toda a geodiversidade, e em sentido restrito, apenas a
parcela da geodiversidade que apresente valor superlativo.
A geoconservação enquadra-se no paradigma da sustentabilidade, ou seja, “daquelas
atividades ou ações que podem ser repetidas, por um tempo indefinido, tendo em
consideração três eixos fundamentais: Ambiental; [...] Social e cultural [...]; Económico”
(BRILHA, 2005, p. 117).
Na tentativa de reverter um quadro de vulnerabilidade têm sido criadas estratégias
visando à conservação da geodiversidade ou geoconservação. Segundo Sharples (2002) as
85

estratégias de geoconservação consistem na concretização de uma metodologia de trabalho


que visa sistematizar as tarefas no âmbito da conservação.
De acordo com Rodrigues e Bento (2018. p. 142) a geoconservação deve ser
considerada um processo contínuo, com base na:

(a) inventariação (levantamento dos geossítios em toda a área estudada; (b)


quantificação (calculo efetuado por meio da valorização de cada geossítio
considerando seus valores propostos por Gray (2004), além de outras
informações como o uso, estado de conservação e acessibilidade bem como
a área e os objetivos do estudo entre outros; (c) enquadramento legal dos
geossítios de acordo com a legislação vigente em cada local; no Brasil, como
não existe uma legislação direcionada a geodiversidade, tem-se considerado
as diretrizes dos Snuc; (d) conservação envolve estratégias voltadas ao
geossítios que apresentaram alta vulnerabilidade; (e) valorização e
divulgação voltadas apenas ao geossítios de baixa vulnerabilidade os quais
podem ser aproveitados de maneira sustentável como por meio do
geoturismo; (f) monitoramento etapa fundamental que deve ser
constantemente retroalimentada por informações novas são dos geossítios
permitindo quantificar a perda de sua relevância e rever as estratégias de
conversação, valorização e divulgação adotadas.

De modo resumido, a função do Inventário é identificar, selecionar e caracterizar, em


uma determinada região, os elementos da geodiversidade que necessitam de proteção.
Concluído o inventário, têm-se a Quantificação, onde cada geossítio deve ser quantificado, ou
seja, deve ser avaliado quanto ao seu valor ou relevância. O Enquadramento Legal está
condicionada ao enquadramento legal de cada país. Já a Conservação é uma estratégia de
geoconservação deve passar ainda por um levantamento da vulnerabilidade do patrimônio
geológico à degradação causada pela ação humana.
Em seguida é Valorização/Divulgação, os geossítios, mesmo aqueles que possuam alta
vulnerabilidade, devem ser divulgados após estarem asseguradas as condições necessárias
para a sua conservação. E por fim o Monitoramento, após serem implantados os mecanismo
de geoconservação é muito importante que ocorra um monitoramento deste trabalho, de modo
a garantir que essas ações tenham uma continuidade, garantindo a manutenção da relevância e
integridade dos geossítios.
Nesse sentido, mais que proteger o patrimônio abiótico, a geoconservação propõe-se a
reconhecer a diversidade dos processos geológicos, geomorfológicos e pedológicos, e outros,
em busca de minimizar os impactos negativos causados pelo ser humano, de forma a
promover um consumo sustentável dos recursos naturais.
Diante do contexto delineado considerando os diversos usos do patrimônio natural
pelas sociedades humanas, as ações de proteger ou conservar se justificam quando se atribui
86

um valor, que pode ser econômico, cultural, estético, sentimental, etc. Porém há carência de
ações efetivas de conservação e proteção, a difusão das variadas práticas geoconservacionistas
é uma necessidade sócio cultural premente. Não é possível proteger toda geodiversidade, nem
mesmo todo patrimônio geológico, por exemplo.
Sharples (2002) destaca que, apesar de muito arraigada na sociedade, a ideia
equivocada de que os elementos da geodiversidade são demasiadamente robustos, também
contribui para que a conservação dos elementos abióticos da natureza seja muitas vezes
negligenciada. As ações humanas, infelizmente, diversas vezes aceleram os processos naturais
e, por isso, tem destruído muito do que é raro e importante no ambiente.
O referido autor ainda discute sobre a sensibilidade dos elementos da geodiversidade,
demonstrando que muitos destes elementos são bastante susceptíveis às perturbações e que,
em alguns casos, a sua destruição consiste em uma perda irreparável, já que pode ser
definitiva (SHARPLES, 2002).
Considerando que as alterações realizadas pela ação humana são inevitáveis, torna-se
necessário estimular a conscientização a respeito dos recursos naturais e a partir disso tentar
mitigar os impactos e as perdas. A gestão sustentável e consciente do meio físico está
diretamente ligada a uma forma de conservar (BRILHA, 2005).
Conservar implica assim, sempre em investir - às vezes, investir bastante. Portanto, há
que avaliar, selecionar, priorizar e dosar as iniciativas de geoconservação. Esse processo terá
sempre uma componente subjetiva, mas existem ferramentas que permitem diminuir o grau de
subjetividade da decisão (MANTESSO-NETO, 2009).
O fato de se atribuir ao patrimônio geológico e geomorfológico um conjunto alargado
de valores e, simultaneamente, de ameaças, justifica a necessidade de implementação de
medidas que salvaguardem a sua conservação, constituindo um importante legado para as
gerações vindouras, o que vem, uma vez mais, ao encontro dos princípios que os norteiam
(GRAY, 2004; TELES; ALVES, 2014).
A geoconservação somente se concretiza após um longo e detalhado processo de
reconhecimento e definição do que deve ser denominado patrimônio geológico, contendo sua
caracterização, relevância, vulnerabilidade, quantificação dos interesses e valores (BRILHA,
2005; OLIVEIRA; SALGADO; LOPES, 2017).
A seguir é apresentado um quadro com os principais conceitos discutidos nesse tópico
(Quadro 08). É possível afirmar com base nos conceitos, objetivos e considerações apontados
sobre o tema, que a geoconservação possui uma ligação direta com o uso sustentável do
território.
87

Quadro 08 - Síntese dos principais conceitos de geoconservação apresentados


ANO AUTORES CONCEITOS
A geoconservação deve [...] promover, suportar e coordenar
1996 STÜRM citado por esforços em prol do uso sustentável da geodiversidade, além de
LIMA (2008) salvaguardar o patrimônio geológico.
Forma de preservar a geodiversidade relacionada aos
importantes processos e feições geológicas, geomorfológicas e
2002 SHARPLES de solos, garantindo a manutenção da história de sua evolução
em termos de velocidade e magnitude . Tem como objetivo a
preservação da diversidade natural (ou geodiversidade) de
significativos aspectos e processos.
2007 CARCAVILLA, Um conjunto de técnicas e medidas destinadas a assegurar sua
LÓPEZ-MARTÍNEZ, conservação com base na análise de seus valores intrísecos,
DURÁN vulnerabilidade, e risco de degradação.
CUMBE citado por Consiste em atividades que têm com finalidade a conservação e
2007 MEIRA; SANTOS gestão do património geológico e dos processos naturais a ele
(2016) associados.
NASCIMENTO, Geoconservação refere-se à conservação do patrimônio
2008 RUCHKYS, geológico e, consequentemente da Geodiversidade.
MANTESSO-NETO
WORTON citado por Compreende as intenções e atividades desenvolvidas para
2008 MANSUR (2018) conservar e proteger feições e processos geológicos para
benefício das futuras gerações.
PEIXOTO citado por Compreende a preservação da diversidade natural (ou
2008 MEIRA; SANTOS geodiversidade) de significativos aspectos e processos
(2016) geológicos (substrato), geomorfológicos (geoformas e paisagem)
e de solo.
Conjunto das iniciativas que vão desde a inventariação e
caracterização do património geológico, passando pela sua
2010 BRILHA E conservação e gestão, de modo a assegurar um uso adequado dos
CARVALHO geossítios, quer ele seja de índole científica, educativa, turística
ou outra.
Possui como base a conservação dos elementos naturais, a
promoção da identidade do território e o uso racional dos
2010 PEREIRA elementos que compõem a geodiversidade por meio do
geoturismo, com vistas a perpetuar esses elementos e fazer com
que moradores e visitantes se sintam sensibilizados quanto a seu
valor científico e educativo.
É [...] uma atividade voltada para a conservação do Patrimônio
Geológico de uma região, visando a sustentabilidade dos
geossítios que expressam valor cultural, histórico, científico,
2013 LORENCI educativo, turístico, econômico e que quando inventariados,
identificados, classificados, tem como principal objetivo a
conservação e a divulgação deste patrimônio representativo de
um território onde o desenvolvimento deve ser sustentável
NASCIMENTO, Tem sido usado para assim englobar as atividades relacionadas à
2015 MANSUR, MOREIRA proteção do patrimônio geológico, desde as ações de
levantamento básico até as práticas de gestão.
Fonte: Elaboração Própria (2019).

No capítulo 3, a seguir, será apresentada a metodologia utilizada nesta pesquisa,


especificando cada etapa metodológica.
88

3 METODOLOGIA EMPREGADA NA PESQUISA

A metodologia científica pode ser compreendida como a soma de etapas, técnicas e


processos empregados na realização de uma pesquisa, no ordenamento racional da mesma.
Atividades sistematizadas e racionais que permitem alcançar os objetivos, delineando o
caminho metodológico a ser seguido, visa assim facilitar o planejamento, a investigação, a
experimentação até a conclusão (MARCONI; LAKATOS, 2006).
A primeira parte, fundamentação teórica, foi essencial, possibilitando um diálogo com
diversos autores sobre conceitos, explicações, modelos teóricos e metodologias existentes.
Com vistas a alcançar os objetivos propostos e a fim de fornecer subsídios teóricos e
investigativos da área de estudo, foi inicialmente efetuada uma revisão bibliográfica, teórico-
metodológica, em artigos (pesquisados principalmente, em anais de congressos na área de
Geografia, Geologia e Geomorfologia), monografias, dissertações, teses, e livros, impressos e
eletrônicos.
Todos esses materiais levantados abordam os seguintes conceitos e categorias de
análise: Geodiversidade, Patrimônio Geológico, Patrimônio Geomorfológico, Geossítios,
Geomorfossítios, Geoformas, Geoconservação e Geoturismo, tomando por base autores como
Gray (2004); Brilha (2005); Pereira (2006); Ruchkys (2007); Forte (2008), Nascimento,
Ruchkys e Mantesso-Neto (2008), Pereira (2010); Reverte (2014); Oliveira (2015); Santos
(2016); Meira (2016); Silva (2017); Mansur (2018), entre outros.
Posteriormente, foi feita a coleta de dados secundários em documentos e relatórios
técnicos a respeito da área em estudo em órgãos, como, a Companhia de Pesquisa de Recursos
Minerais - CPRM (www.cprm.gov.br/), o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística -
IBGE (www.ibge.gov.br/), a Fundação Centro de Pesquisas Econômicas e Sociais - CEPRO
(www.cepro.pi.gov.br/), Infraestrutura Nacional de Dados Espaciais - INDE
(www.inde.gov.br/), Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais - INPE (www.inpe.br/),
Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária - EMBRAPA (www.embrapa.br/), Agência
Nacional de Águas - ANA (www.ana.gov.br/), Dados do Climatempo
(www.climatempo.com.br/) e Ministério das Cidades (www.cidades.gov.br/).
Além destas fontes de dados, foi utilizada a página, na web, da Prefeitura e da
Secretaria de Turismo dos municípios estudados.
Todas as informações disponíveis nos referidos órgãos públicos (federais, estaduais e
municipais) e bibliotecas serviram para subsidiar a caracterização físico-ambiental
(características fisiográficas) e socioeconômica do objeto de estudo.
89

Uma vez levantados esses materiais bibliográficos, foi elaborada uma lista de forma
seletiva, das principais bibliografias a serem utilizadas, de modo a não tornar dispersiva essa
etapa do trabalho, revisando sempre os pressupostos teóricos e os objetivos propostos para a
materialização da pesquisa.
Tais informações e dados foram de extrema relevância no processo de organização de
tabelas, quadros e mapas, fundamentais na análise e construção textual que caminham para o
resultado da pesquisa.

Trabalhos de Campo

A pesquisa contou ainda com trabalho e coleta de dados em campo. Nesse sentido a
visita à área de estudo foi realizada em três momentos, nos dias 07, 08, 09 e 10 de setembro
de 2019, nos dias 28 e 29 de setembro de 2019 e no dia 27 de outubro de 2019. Para a
checagem de campo foi utilizado um receptor GPS (Global Position System) para coleta de
coordenadas. Além disso, foi feita uma observação direta com registros fotográficos e
preenchimentos de fichas descritivas.

Trabalhos de Gabinete

Vale ressaltar ainda a importância dos trabalhos de gabinete que possibilitaram a


integração dos dados obtidos, a utilização de técnicas cartográficas (geoprocessamento) e dos
Sistemas de Informação Geográfica (SIG), instrumentos indispensáveis durante a pesquisa.
Nesta fase foram utilizados os bancos de dados (shapefiles), arquivos vetoriais da área
de estudo (geologia, geomorfologia, hidrografia, limites, rodovias, etc) disponíveis no site da
Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais - Serviço Geológico do Brasil (CPRM),
endereço eletrônico (www.cprm.gov.br/), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE), (www.ibge.gov.br/), no Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE),
(www.inpe.br/), entre outros. Para tanto se fez uso do software Qgis (código aberto) versão
2.8.1, que possibilitou a confecção de mapas temáticos para a área.

3.1 METODOLOGIA ADOTADA NA AVALIAÇÃO DO GEOPATRIMÔNIO DOS


MUNICÍPIOS DE JUAZEIRO DO PIAUÍ, NOVO SANTO ANTÔNIO, SÃO JOÃO DA
SERRA E SIGEFREDO PACHECO, PIAUÍ

A avaliação do geopatrimônio da área de estudo apoiar-se-á em duas etapas principais,


a primeira, a inventariação, possuindo maior subjetividade, basea-se em trabalho de Oliveira
(2015), enquanto na segunda, chamada quantificação, mais objetiva, será empregada à
metodologia de Pereira (2006).
90

Inventariação

Empregada no território brasileiro (Coromandel e Vazante, MG) é voltada


especificamente para o patrimônio geomorfológico. O inventário da referida pesquisa baseou-
se na metodologia de Oliveira (2015), a qual adequa-se a áreas de qualquer dimensão.
A inventariação (identificação dos potenciais geomorfossítios, avaliação qualitativa e a
caracterização) de geomorfossítios da área de estudo que corresponde aos municípios:
Juazeiro do Piauí, Novo Santo Antônio, São João da Serra e Sigefredo Pacheco, basear-se-á
na ficha inventário (Quadro 09), proposta por Oliveira (2015).
Quadro 09 - Ficha descritiva/inventário para avaliação e caracterização de potenciais
geossítios/geomorfossítios
AVALIAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DE POTENCIAIS
GEOSSÍTIOS/GEOMORFOSSÍTIOS NOS MUNICÍPIOS DE JUAZEIRO DO
PIAUÍ, NOVO SANTO ANTÔNIO, SÃO JOÃO DA SERRA E SIGEFREDO
PACHECO- PI

1 – IDENTIFICAÇÃO

Responsável pelo preenchimento Data de visita in loco Geossítio/Geomorfossítio


__________________________ ___/__________/_____ N°_____

Nome: Município:_________________________
____________________________

Localização: Latitude____________ Longitude:_____________ Altitude:__________

Tipo de Local: ( ) Isolado ( ) Área ( ) Panorâmico


Tipo de Propriedade: ( ) Pública ( ) Privada (Continua)
( ) Não definida

2 – AVALIAÇÃO

A – Valores

Científico ( ) Nulo ( ) Baixo ( ) Médio ( ) Elevado


Didático ( ) Nulo ( ) Baixo ( ) Médio ( ) Elevado
Turístico ( ) Nulo ( ) Baixo ( ) Médio ( ) Elevado
Ecológico ( ) Nulo ( ) Baixo ( ) Médio ( ) Elevado
Cultural ( ) Nulo ( ) Baixo ( ) Médio ( ) Elevado
Estético ( ) Nulo ( ) Baixo ( ) Médio ( ) Elevado
Econômico ( ) Nulo ( ) Baixo ( ) Médio ( ) Elevado
Valores Principais:
B - Potencialidades de Uso

Acessibilidade ( ) Difícil ( ) Moderada ( ) Fácil


Visibilidade ( ) Fraca ( ) Moderada ( ) Boa
Uso atual:
(Continua)
91

C - Necessidade de Proteção

Deterioração ( ) Fraca ( ) Moderada ( ) Avançada


Proteção ( ) Insuficiente ( ) Moderada ( ) Boa
Vulnerabilidades identificadas:

3 - ANOTAÇÕES GERAIS

3.1 Descrição resumida


3.2 Litologia
3.3 Interesses geomorfológicos principais
3.4 Tipos de valor/ Uso atual
3.5 Uso e gestão
3.5.1 Acessibilidade
3.5.2 Visibilidade
3.5.3 Estado de Conservação
3.6 Demais Anotações:

4 - REGISTRO FOTOGRÁFICO

Fonte: Adaptada de Oliveira (2015). Elaboração Própria (2019).

A metodologia de avaliação orientada por meio de fichas descritivas é de grande


importância. Observa-se que a mesma é muito difundida e utilizada na comunidade científica
que trata dos temas patrimônio geológico, patrimônio geomorfológico, entre outros. Pereira
(2006, p. 97) afirma que “[...] o preenchimento desta ficha representa na prática [...] uma
primeira abordagem qualitativa dos aspectos essenciais dos potenciais locais de interesse
geomorfológico”.
Vale ressaltar que ao ser preenchida a ficha inventário, no item “tipo de local”, será
levado em consideração o trabalho de Pereira (2006). O mesmo define isolado como
geoformas isoladas ou pequeno grupo de geoformas; área representa geoformas de grandes
dimensões ou conjuntos de geoformas, e panorâmico os locais que se referem a um ponto de
observação de uma geoforma ou a um conjunto de geoformas de grande dimensão.
Apresentam amplos campos de visão, principalmente em dias de boas condições climáticas
que permitem visões que variam de quilômetros a centena de metros (PEREIRA, 2006)
(Figura 04).
92

Figura 04 - Proposição de tipos de locais de interesse geomorfológico, em função da sua


dimensão e visualização (escalas de observação)

Fonte: Pereira (2006, p. 78).

Quantificação

Já na segunda etapa da avaliação do geopatrimônio dos municípios de Juazeiro do


Piauí, Novo Santo Antônio, São João da Serra e Sigefredo Pacheco, foi utilizada a
metodologia proposta por Pereira (2006), uma grande referência para pesquisas nesse âmbito,
utilizada pela comunidade científica, tanto nacional como internacional. A mesma permitiu
um elevado grau de coerência e imparcialidade ao produto final.
Com vista ao conhecimento sobre o patrimônio geomorfológico, nesse estudo, a
quantificação (subetapas: avaliação quantitativa e seriação) foi voltada aos geomorfossítios
dos municípios de Juazeiro do Piauí, Novo Santo Antônio, São João da Serra e Sigefredo
Pacheco, com base em Pereira (2006), enfatizando seus valores cultural, didático e científico.
A quantificação conforme Pereira (2006) consiste na atribuição de valores numéricos a
locais de interesse geológico, geomorfológico ou outros, funcionando como um complemento
da avaliação qualitativa já realizada, buscando uma análise mais objetiva na indicação dos
locais com maior potencial. Tem sido encarada assim como complemento à inventariação e
pretende reduzir a subjetividade inerente ao processo, atribuindo valores numéricos
comparativos entre os locais de interesse geomorfológico.
De caráter quantitativo, dentre as etapas da quantificação, primeiro foi realizada uma
avaliação numérica dos locais de interesse geomorfológico inventariados na etapa anterior
(inventariados com base em Oliveira, 2015). Para a avaliação numérica Pereira (2006), propõe
uma ficha a qual deve ser preenchida após a caracterização dos locais (Quadro 10).
93

Quadro 10 - Ficha de quantificação (avaliação numérica) de locais de interesse


geomorfológico

FICHA DE QUANTIFICAÇÃO (AVALIAÇÃO NUMÉRICA) DE LOCAIS DE INTERESSE


GEOMORFOLÓGICO

AUTOR ________________________________________ DATA ________________

Nome Referência

Tipo de local: Isolado Área Panorâmico

VGm (Valor Geomorfológico) = VCi + VAd

VCi = Valor Científico __________


Ar Abundância/Raridade relativa, dentro da área de estudo
I Integridade, em função da deterioração
R Representatividade, como recurso didático e processos geomorfológicos
D Diversidade de elementos geomorfológicos e sua importância
G Elementos geológicos, no controlo geomorfológico ou com valor patrimonial
K Existência de conhecimento científico associado
An Abundância/Raridade a nível nacional

VAd = Valor Adicional __________


Cult Valor cultural
Estet Valor estético
Ecol Valor ecológico
__________________________________________________________________________________

VGt (Valor de Gestão) = VUs + VPr

VUs = Valor de Uso ___________


Ac Condições de acessibilidade
V Condições de visibilidade
Ug Uso atual do interesse geomorfológico
U Outros interesses, naturais e culturais, e usos atuais
P Proteção oficial e limitações ao uso
E Equipamentos e serviços de apoio ao uso

VPr = Valor de Preservação __________


Ip Integridade, em função da deterioração (impactos até à atualidade).
Vu Vulnerabilidade à deterioração antrópica (impactos pelo uso).
94

Valor Científico (VCi = Ar + I + R + D + G + K + An)


0 Não é das 5 mais importantes e/ou maiores ocorrências na área
0,25 Não é das 3 mais importantes e/ou maiores ocorrências na área
Ar 0,50 É das 3 mais importantes e/ou maiores ocorrências na área
0,75 É a mais importante e/ou maior ocorrência na área
1,0 Única ocorrência na área
0 Muito deteriorado, resultado da exploração de recursos, vandalismo ou mau uso
I 0,25 Muito deteriorado, resultado de processos naturais
0,50 Com deterioração, mas preservando elementos geomorfológicos essenciais
0,75 Deteriorado ligeiramente, preservando elementos geomorfológicos essenciais
1,00 Sem deterioração
0 Representatividade reduzida de processos e sem interesse didáctico
0,33 Com alguma representatividade mas com pouco interesse didáctico
R 0,67 Bom exemplo de evolução geomorfológica mas de difícil explicação a leigos
1,00 Bom exemplo de evolução geomorfológica e/ou bom recurso didáctico
0 Apenas um elemento/tema com interesse geomorfológico
0,33 Dois elementos/temas com interesse geomorfológico
D 0,67 Três elementos/temas com interesse geomorfológico
1,00 Mais do que três elementos/temas com interesse geomorfológico
0 Sem outros elementos geológicos em destaque
G 0,17 Elementos geológicos, sem associação aos elementos geomorfológicos
0,33 Elementos geológicos, com associação aos elementos geomorfológicos
0,50 Ocorrência de outro(s) local(is) de interesse geológico
0 Sem produção ou divulgação científica, quanto ao interesse geomorfológico
K 0,25 Objecto de produção científica moderada (comunicações, artigos nacionais, …)
0,50 Objecto de produção científica relevante (teses, artigos internacionais, …)
0 Mais do que cinco ocorrências/situações semelhantes a nível nacional
An 0,17 Entre duas a cinco ocorrências/situações semelhantes a nível nacional
0,33 Até duas ocorrências/situações semelhantes a nível nacional
0,50 Única ocorrência/situação a nível nacional
Valor Adicional (VAd = Cult + Estet + Ecol)
0 Sem elementos culturais ou com estes a deteriorar o local
0,25 Ocorrência de aspectos culturais mas sem conexão com geoformas
0,50 Ocorrência de aspectos culturais importantes mas sem conexão com geoformas
Cult
0,75 Aspectos culturais imateriais associados à morfologia
1,00 Aspectos culturais físicos associados a geoformas
1,25 Aspectos culturais físicos de elevado valor associados a geoformas
1,50 Elemento geomorfológico em destaque com origem antrópica
0 - 0,5 Reduzido Considerar a singularidade visual dos elementos geomorfológicos,
Estet
qualidade panorâmica, diversidade de elementos, litologias, e
0,5 - 1 Moderado tonalidades, presença de vegetação e água, ausência de deterioração
1 -1,5 Elevado antrópica e altura e proximidade em relação aos objetos observados.
0 Sem conexão com elementos biológicos
0,38 Ocorrência de fauna e/ou flora com interesse
Ecol 0,75 Um dos melhores locais para observar fauna e/ou flora com interesse
1,12 Características geomorfológicas condicionam ecossistema(s)
1,50 Características geomorfológicas determinam ecossistema(s)
95

Valor de Uso (VUs = Ac + V + Ug + U + P + E)


0 Acessibilidade muito difícil, apenas com recurso a equipamento especial
0,21 A pé, a mais de 500 metros de caminho transitável por veículo todo-terreno
0,43 A pé, a mais de 500 metros de caminho transitável por veículo automóvel
AC 0,64 A pé, a menos de 500 metros de caminho transitável por veículo automóvel
0,86 Em veículo todo-terreno, até menos de 100 metros do local
1,07 Em veículo automóvel, até menos de 50 metros do local
1,29 Por estrada regional, em autocarro de 50 lug., até menos de 50 metros do local
0 Sem condições de observação ou em condições muito difíceis
0,30 Apenas visível com auxílio de equipamento especial (luz artificial, cordas, …)
V 0,60 Razoável, mas limitada por vegetação arbórea ou arbustiva
0,90 Boa, mas obrigando a deslocação para ser melhorada
1,20 Boa para todos os elementos geomorfológicos em destaque
0 Sem divulgação e sem uso
0,33 Sem divulgação mas com uso
Ug 0,67 Divulgado/usado como local de interesse paisagístico
1, 00 Divulgado/usado como local de interesse geológico ou geomorfológico
0 Sem outro(s) tipos de valor, sem divulgação e/ou uso
0,33 Com outro(s) tipos de valor, sem divulgação e/ou uso
U 0,67 Com outro(s) tipos de valor, com divulgação
1, 00 Com outro(s) tipos de valor, com divulgação e uso
0 0 Com protecção total, impedindo o uso
0,33 0,33 Com protecção, limitando o uso
P 0,67 0,67 Sem protecção e sem limitações ao uso
1, 00 Com protecção mas com poucas ou nenhumas limitações ao uso
0 Oferta hoteleira variada e serviços de apoio a mais de 25 km
0,25 Oferta hoteleira variada e serviços de apoio entre 10 e 25 km
E 0,50 Oferta hoteleira variada e serviços de apoio entre 5 e 10 km
0,75 Oferta hoteleira variada ou serviços de apoio a menos de 5 km
1, 00 Oferta hoteleira variada e serviços de apoio a menos de 5 km
Valor de Protecção (VPr = Ip + Vu)
0 Muito deteriorado, resultado da exploração de recursos, vandalismo ou mau uso
0,25 Muito deteriorado, resultado de processos naturais
Ip 0,50 Com deterioração, mas preservando elementos geomorfológicos essenciais
0,75 Deteriorado ligeiramente, preservando elementos geomorfológicos essenciais
1,00 Sem deterioração
0 Muito vulnerável, o uso como LIGeom pode deteriorar completamente o local
Vu 0,50 Elementos geomorfológicos e outros podem ser deteriorados
1,00 Outros elementos podem ser afectados, mas não os geomorfológicos
1,50 Deterioração pode ocorrer apenas nas estruturas de acesso
Fonte: Pereira, 2006.

Os indicadores considerados na ficha encontram-se divididos em:


I. Principais - Valor geomorfológico (VGm); Valor de gestão (VGt)
II. Secundários - Valor científico (VCi); Valor adicional (VAd); Valor de uso (VUs) e
Valor de preservação (VPr) .
96

O valor geomorfológico (VGm), é resultado da soma do valor científico (VCi) com o


valor adicional (VAd). Já o valor de gestão (VGt) resulta da soma do valor de uso (VUs) com
o valor de preservação (VPr).

Para o cálculo do Valor Científico (VCi), segue a referida equação:


VCi = Ar + I + R + D + G + K + An)

Onde:
- Abundância/raridade (Ar) – É valorizada a raridade do(s) objeto(s)
geomorfológico(s), bem como a sua dimensão, no contexto da área em análise (pontuação
máxima de 1).
- Integridade (I) – É valorizada a inexistência de deterioração do(s) objeto(s)
geomorfológico(s), seja de origem natural ou antrópica (pontuação máxima de 1).
- Representatividade (R) – É valorizado o contexto geomorfológico, bem como uma
boa facilidade de explicação deste mesmo contexto a leigos em geomorfologia (pontuação
máxima de 1).
- Diversidade (D) – É valorizada a ocorrência de variados elementos geomorfológicos
com interesse científico (pontuação máxima de 1).
- Elementos geológicos (G) – É valorizada a ocorrência de elementos geológicos com
interesse científico (pontuação máxima de 1).
- Conhecimento científico (K) – É valorizada a existência de trabalhos académicos
relevantes, tendo como objeto de estudo o(s) objeto (s) geomorfológico(s) valorizado(s) neste
local (pontuação máxima de 0,5).
- Abundância/raridade a nível nacional (An) – É valorizada a raridade do(s) objeto(s)
geomorfológico(s), bem como a sua dimensão, no contexto nacional (pontuação máxima de
0,5).
Para a estimação do Valor Adicional (VAd), incluem-se os seguintes critérios:
- Valor cultural (Cult) – É valorizada a relação entre o Local de Interesse Geológico
(LIG) e as atividades antrópicas, nomeadamente aspectos culturais físicos ou imateriais
resultantes das condições geomorfológicas, além de geoformas derivadas da ação antrópica
(pontuação máx. de 1,5).
- Valor estético (Estet) – Critério baseado na opinião do avaliador, que deve ter em
conta a singularidade do Local de Interesse Geomorfológico (LIGeom) bem como da sua
97

dimensão, diversidade de elementos, harmonia, presença de vegetação natural e água,


ausência de deterioração antrópica e proximidade de visualização (pontuação máxima de 1,5).
- Valor ecológico (Ecol) – É valorizada a relação entre o Local de Interesse
Geomorfológico (LIGeom) e a ocorrência de espécies biológicas (pontuação máxima de 1,5
mas dependente da maior ou menor percepção da relação entre habitats e geomorfologia).
Já para o indicador Valor de Uso (VUs) é usada a equação:

VUs = Ac + V + Ug + U + P + E

Onde:
- Vus - Valor de uso;
- Ac - Condições de acessibilidade (pontuação máxima 1,50);
- V - Condições de visibilidade (pontuação máxima 1,50);
- Ug - Uso atual do interesse geomorfológico (pontuação máxima 1,60);
- U - Outros interesses, naturais e culturais, e usos atuais (pontuação máxima 1,00);
- P - Proteção oficial e limitações ao uso (pontuação máxima 1,00);
- E - Equipamentos e serviços de apoio ao uso (pontuação máxima 1,00);
E por fim tem-se o indicador Valor de Proteção (VPr), equação: VPr = Ip + Vu. São
incluídos os seguintes critérios, que dizem respeito ao estado de deterioração do local, em
contextos temporais diferentes:
- Integridade (Ip) - valoriza-se a inexistência de deterioração do(s) objeto(s)
geomorfológico(s), seja antrópica ou natural (máximo de 1 ponto, sendo o mesmo critério do
indicador VCi).
- Vulnerabilidade (Vu) - critério de previsão, que valoriza a inexistência de
vulnerabilidade decorrente do uso do local de interesse geomorfológico (máximo de 2
pontos).
A seguir é apresentado um quadro síntese com os critérios de avaliação do patrimônio
geomorfológico segundo Pereira (2006).
Quadro 11 - Critérios para avaliação do patrimônio geomorfológico segundo Pereira (2006)

VALOR GEOMORFOLÓGICO VALOR DE GESTÃO

VALOR CIENTÍFICO VALOR ADICIONAL VALOR DE USO VALOR DE


PROTEÇÃO

Abundância/raridade (Ar) Valor cultural (Cult) Condições de acessibilidade (Ac) Integridade (Ip)
Integridade (I) Valor estético (Estet) Condições de visibilidade (V) Vulnerabilidade
Representatividade (R) Valor ecológico (Ecol) Uso atual do interesse geomorfológico (Vu)
Diversidade (D) (Ug)
Elementos geológicos (G) Outros interesses, naturais e culturais, e
(Continua)
98

Conhecimento científico usos atuais (U)


(K) Proteção oficial e limitações ao uso (P)
Abundância/raridade a Equipamentos e serviços de apoio ao
nível nacional (An) uso (E)

Fonte: Elaboração Própria (2019).

Permitindo a comparação entre os diferentes locais de uma área em análise, os


resultados da quantificação será finalizado seguida da última subetapa (a seriação dos locais),
através do valor total e ranking final a eles atribuídos. A seriação é feita através da soma das
pontuações atribuídas para cada parâmetro e os locais são avaliados considerando duas
categorias de valores.
Neste método, ao considerar-se diferentes indicadores e critérios, propõe-se a
apresentação de resultados numa tabela de quantificação (seriação dos locais).
Em cada coluna estão expressos os valores resultantes da avaliação quantitativa de
cada um dos critérios analisados em cada um dos indicadores (VCi; VAd; VGm; VUs; VPr;
VGt) (Tabela 01).

Tabela 01 - Avaliação quantitativa considerados na metodologia de Pereira (2006), casos


hipotéticos

Fonte: Pereira (2006).

De modo geral, a seriação é feita através da soma das pontuações atribuídas para cada
parâmetro e os locais são avaliados considerando duas categorias de valores:
(VGm e VGt), apresentados a seguir:
VGm= VCi+VAd
VGt= VUs+VPr
VT= VGm+VGt
Onde:
 VGm= Valor Geomorfológico
 VCi= Valor Científico
 VAd= Valor Adicional
 VGt= Valor de Gestão
99

 VUs= Valor de Uso


 VPr= Valor de Proteção
 VT= Valor Total
De acordo com Pereira (2006) com o indicador de conjunto, introduz-se o Valor Total
(VT), que equivale à soma do seu valor geomorfológico (VGm) e do seu valor de gestão
(VGt), correspondendo à soma das pontuações atribuídas em todos os critérios.
Pereira (2006) enfatiza que com os dados expressos na tabela, permite efetuar a
comparação entre os locais avaliados, em cada um dos indicadores. Contudo, para melhor se
entender as diferenças e amplitudes, deve ser elaborada uma outra tabela de seriação (Tabela
02), na qual os locais possuem uma classificação ordenada para cada um dos indicadores.

Tabela 02 - Seriação de locais hipotéticos, para os 07 indicadores e para Rk (ranking final)

Fonte: Pereira (2006).

De acordo com Pereira (2006) no caso de haver locais com pontuações iguais no
mesmo indicador, o desempate é feito pela melhor posição obtida no indicador Valor
Científico (VCi).
Na tabela acima, exemplo dado, constata-se que o local B, apesar de ter sido pontuado
com baixo Valor Geomorfológico (VGm), é na verdade o local com Valor Total (VT) mais
elevado, em função da pontuação obtida nos indicadores de gestão. Por outro lado, o local C,
apesar de possuir o Valor Geomorfológico (VGm) mais alto, classifica-se em 4º lugar no
indicador Valor Total (VT), fruto dos baixos valores obtidos nos critérios de uso e
preservação.
Na tabela de seriação ainda é introduzido o ranking final (Rk), que tem como objetivo
minimizar a importância das pontuações absolutas (expressas no indicador Valor Total - VT).
O índice Rk indica o local mais valioso da área e deve ser utilizado para suportar
decisões relativas à seleção de locais de interesse geomorfológico para efeitos de divulgação.
Este é obtido pela soma das posições de cada local em cada indicador, na tabela de seriação.
100

Soma-se a posição obtida no VCi= Valor Científico, mais a posição obtida no VAd=
Valor Adicional, mais a posição obtida no VGt= Valor de Gestão, mais a posição obtida no
VUs= Valor de Uso, mais a posição obtida no VPr= Valor de Proteção mais a posição no VT=
Valor Total. É através dessa soma das posições de cada indicador para cada local
(geomorfossítio) que se dá o ranking final (Rk), indicando o local mais valioso. Vale ressaltar
que quanto menor for essa soma, mais valioso é geomorfossítio.
A mais valia de Rk faz-se notar em casos de locais com elevado valor geomorfológico
e reduzido valor de gestão e vice-versa, mas que na soma final das pontuações obtidas em
todos os critérios tem um Valor Total (VT) elevado, como no exemplo apresentado, do local
B na tabela anterior.
Diante do exposto com o intuito de atingir os objetivos propostos é apresentado um
fluxograma que apresenta uma síntese da proposta metodológica a ser empregada na futura
pesquisa (Figura 05).
Figura 05 - Fluxograma metodológico simplificado a ser empregado na pesquisa

Fonte: Elaboração Própria (2019).


101

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES

4.1 ASPECTOS GEOAMBIENTAIS E SOCIOECONÔMICOS DOS MUNICÍPIOS DE


JUAZEIRO DO PIAUÍ, NOVO SANTO ANTÔNIO, SÃO JOÃO DA SERRA E
SIGEFREDO PACHECO, PIAUÍ

4.1.1 Localização geográfica da área de estudo

O recorte espacial da investigação situa-se na Região Geográfica Intermediária de


Teresina, mais precisamente na parte Centro-Norte do Estado. Pertencente a Região
Geográfica Imediata de Campo Maior- PI, os municípios que compõe o território de estudo
são: Juazeiro do Piauí, Novo Santo Antônio, Soa João da Serra e Sigefredo Pacheco,
totalizando uma área de 3.374.482 Km² (Figura 06).
Figura 06 - Mapa de localização da área de estudo

Organização: A autora, 2019. Base de dados: CPRM (2014); IBGE (2014).

4.1.2 Unidades geológicas, aspectos geomorfológicos e pedológicos

No que diz respeito à geodiversidade da área de estudo, levando em consideração o


conhecimento de seu substrato geológico, segundo Lima e Brandão (2010) as formações
102

geológicas relacionadas pertencem a uma conformação de dimensões regionais – a Bacia


Sedimentar do Piauí-Maranhão ou Bacia do Parnaíba5.
Na área de estudo encontram-se tanto estrutura geológica de natureza sedimentar,
quanto diques de diabásios e basaltos da Formação Sardinha, intrusões pontuais de natureza
vulcânica. As rochas sedimentares constituem as Formações Pimenteiras, Cabeças, Longá,
Poti e os Depósitos Colúvio-Eluviais, sendo este último o mais recente (Figura 07).
Figura 07 - Esboço geológico da área de estudo

Organização: A autora, 2019. Base de dados: CPRM (2014); IBGE (2014).

Na base, têm-se a Formação Pimenteiras, que segundo Lima e Brandão (2010, p. 20)
é,

psamítico-pelítica, consiste em uma alternância de estratos pouco espessos


de arenitos finos, argilosos, subangulosos, cinza a avermelhados, com
folhelhos cinza-escuros a marrom-avermelhados, micáceos, contendo
delgadas intercalações de siltitos. A porção inferior é mais arenosa, cinza-
clara, com lâminas de siltitos e folhelhos cinza a avermelhados. A
paleofauna de braquiópodos, pelecípodos e trilobitas e peixes encontrados
nos folhelhos da seção superior da formação confirmam o ambiente
francamente marinho para esses depósitos.

5
Segundo Lima e Brandão (2010, p. 17), “a Província Parnaíba compreende a bacia intracratônica do Parnaíba,
também conhecida como Bacia do Maranhão ou do Meio Norte. Trata-se de uma bacia, sobretudo, paleozóica,
embora depósitos mesozoicos pouco espessos cubram grandes áreas”.
103

Datada do Período Devoniano Inferior da Era Paleozóica infere-se na Formação


Pimenteiras um paleoambiente de plataforma rasa e de planície de maré, disposto a
tempestades e favorável à preservação fossilífera (AGOSTINHO et al., 2012).
Incluída em 1967 no Grupo Canindé, Agostinho et al., (2012) enfatizam que o nome
Formação Pimenteiras deriva do amontoado de folhelhos vermelhos no município de
Pimenteiras, Piauí. Este foi usado pela primeira vez em 1913 para caracterizar camadas de
folhelhos e siltitos cinza - arroxeados, aflorantes nos arredores da cidade de Fronteiras-PI.
Sua sedimentação inicia com cores variadas, havendo predomínio do vermelho e cinza
escuro, além de micáceos, contendo nódulos e leitos de oolitospiritosos, citem-se ainda as
intercalações de arenitos e siltitos de cores branca a cinza-claro, finos, ocorrendo
principalmente no topo da formação. É uma formação que apresenta vulnerabilidade à erosão,
visto que tem litologia frágil, sendo protegida, em parte, pela Formação Cabeças. Apresenta
ainda fraca inclinação para oeste (CAMPELO, 2010).
Sobreposta à Formação Pimenteiras jazem as rochas que identificam a Formação
Cabeças que, de acordo com Campelo (2010, p. 73), “trata-se de uma sequência de arenitos
com uma extensa área de afloramento, com aproximadamente 42.000 km², ocupando a faixa
central do estado [...] espessura media em tomo de 300 m”.
Constitui-se, segundo Vidal (2003, p. 43) por

[...] uma sequência de níveis de arenitos de granulação fina, média e


grosseira, por vezes conglomerática, de coloração amarela, esbranquiçada e
cinza [...] intercalados por finos níveis de siltitos e folhelhos de coloração
cinza, amarronzada e avermelhada.

Oriundos da deposição de um sistema nerítico plataformal, em regime de maior


energia deposicional, datada do Paleozóico e Período Devoniano Médio
(Neofrasniano/Eoframeniano), essa formação é dominantemente arenosa, seus arenitos possui
aspecto maciço devido à sua estratificação espessa, comumente cruzada bem desenvolvida.
“Esta formação geralmente surge em ambiente fluvial, estuário e marinho raso” (LIMA;
BRANDÃO, 2010, p. 20).
Apresenta assim, boa porosidade e alta permeabilidade, tendo elevada produção de
água de boa qualidade, inclusive com poços surgentes em muitas áreas. A recarga esta
subordinada apenas a pluviometria nas faixas de afloramento, já que a Formação Longa, que
lhe e sobrejacente, e de composição siltico-argilosa, portanto, reduzindo a permeabilidade
(CAMPELO, 2010).
Na sequência sobreposta encontra-se a Formação Longá,
104

Constituída de folhelhos cinza-escuros, físseis e micromicaceos, tem,


subsidiariamente intercalados, siltitos cinza, micaceos, laminados. Esse
conjunto de estratos foi depositado em ambiente nerítico plataformal, sob
condições de mais baixa energia deposicional, posicionados através de fauna
de invertebrados no Neofameniano (Devoniano) (LIMA; BRANDÃO, 2010,
p. 21).

Conforme Campelo (2010, p. 74) “seus afloramentos situam-se em uma faixa que se
estende de sul a norte do estado, [...]. Na parte sul, essa faixa é estreita, alargando-se para o
norte a partir de São José do Peixe até Luzilândia”. Pela sua constituição litológica a
Formação Longá quase que exclusivamente de folhelhos, que são rochas que apresentam
baixíssima permeabilidade, tendo uma potencialidade hidrogeológica que varia de regular a
fraca, não apresenta importância hidrogeológica.
Por outro lado, possui grande importância quanto à capacidade de possuir camadas
que confinam os arenitos da parte superior do Aquífero Cabeças, com profundidade que varia
entre 60 a 120 m.
A Formação Poti aflora em seguida nas porções Centro-Oeste e Sudeste da área de
estudo, constituída de arenitos finos a médios, com grãos de quartzo subangulosos, ocorrendo
porções argilosas intercaladas a siltitos cinza de composição micácea, por vezes carbonosos.
Também ocorrem, de forma subordinada, folhelhos pretos, micáceos e carbonosos nas
porções inferiores, e siltitos. Segundo Lima e Brandão (2010, p. 20) essa formação,

pertencente ao grupo Canindé [...] foi depositada em ambiente deltaico e em


planícies de mare, no inicio do Carbonífero (Mississipiano), sendo formada
por arenitos finos-médios, subangulosos e argilosos e siltitos cinza, micáceos
e, por vezes, carbonosos. Ocorrem ainda folhelhos pretos, micáceos e
carbonosos, localmente com laminas de carvão nas porções inferiores.

De acordo com Campelo (2010) essa formação aflora de norte a sul no estado do
Piauí, sendo depositada em ambiente deltaico e planícies de maré, a partir do início do
Carbonífero.
A Formação Sardinha, por sua vez, datada do Cretáceo Inferior, aflora somente na
porção Sul da área de estudo, representada por manifestações vulcânicas, é caracterizada pela
área de ocorrência de basaltos, incluindo soleiras e diques de diabásio que estão intrudidos nas
formações anteriores. Segundo Campelo (2010, p. 75) essa formação,

representa as manifestações vulcânicas no Piauí que fluíram no Cretáceo


[...]. Aflora principalmente na porção norte do estado, logo após a cidade de
Batalha. [...]. Possui porosidade secundária e baixa permeabilidade gerada
pelas fraturas incipientes, o que provoca a redução de fluxo das águas das
formações nas zonas de contato.
105

Constituída por rochas impermeáveis, que se comportam como “aquíferos fissurais”,


esse domínio não apresenta boas condições hidrogeológicas, sendo classificada como um
aquiclude. Como basicamente não existe uma porosidade primária nesse tipo de rocha, a
ocorrência de água subterrânea é condicionada por uma porosidade secundária representada
por fraturas e fendas, o que se traduz por reservatórios aleatórios, descontínuos e de pequena
extensão (CAMPELO, 2010).
Por fim, têm-se as camadas mais recentes na área de estudo. Datada do Período
Quaternário, os Depósitos Colúvio-Eluviais são formadas por sedimentos arenosos, areno-
argilosos e conglomeríticos (cascalho e lateritos), provenientes da erosão/decomposição das
rochas sedimentares das formações geológicas da área.
No quadro 12 pode-se observar uma síntese das unidades geológicas encontradas nos
municípios de Juazeiro do Piauí, Novo Santo Antônio, São João da Serra e Sigefredo
Pacheco, Piauí.
Quadro 12 - Unidades geológicas da área de estudo
ERA PERÍODO GRUPO FORMAÇÕES LITOLOGIA
Sedimentos arenosos,
Depósitos areno-argilosos,
Cenozóico Quaternário - Coluvios- conglomeríticos, cascalho
Eluviais e laterito;

Mesozóico Cretáceo - Formação Basalto e Diabásio;


Sardinha
Arenito, Folhelho e
Carbonífero Canindé Formação Poti Siltitos;
Canindé Formação Folhelho, Siltito, Arenito
Longá e Calcário;
Paleozóico Devoniano Canindé Formação Arenito conglomerados e
Cabeças Siltitos;
Canindé Formação Arenito, Siltito e
Pimenteiras Folhelhos;
Fonte: Adaptado de Aguiar; Gomes (2004a; 2004b; 2004c; 2004d). Elaboração Própria (2019).

De acordo com a compartimentação geomorfológica do Piauí, proposta por Lima


(1987, p. 21) a área de estudo se localiza no Planalto Oriental da Bacia do Maranhão Piauí,
que

[...] localiza-se na bacia sedimentar do Maranhão-Piauí, no contato leste com


o Ceará. Apresenta uma área aproximadamente de 43.000 km², em torno de
17,2% da área total do Piauí e 20,6% da porção piauiense da bacia
sedimentar. Topograficamente, essa área [...] forma uma grande linha de
106

cuesta, cujo o “front” está voltado para as depressões sertanejas cearenses e


o reverso para o Piauí. [...].

Geomorfologicamente esse compartimento é representado pelos reversos de cuestas


conservadas em estruturas monoclinais, depressões monoclinais e vales encaixados,
destacando o canyon ou boqueirão do Poti, que se encontra a Leste da área de estudo, além
das formas de relevo, com a do tipo ruiniforme, feições geomorfológicas que representa
caráter residual que se forma a partir do desgaste provocado pela erosão plúvio/eólica,
segundo os planos de diáclasses (LIMA, 1987).
De acordo com Ferreira e Dantas (2010) na área de estudo são identificadas as
seguintes unidades geomorfológicas: I) Patamares do Rio Parnaíba e II) Planalto da Ibiapaba,
(Figura 08).
Figura 08 - Esboço geomorfológico da área de estudo

Organização: A autora, 2019. Base de dados: CPRM (2014); IBGE (2014).

O Dominío das Superfícies Aplainadas da Bacia do Rio Parnaíba ou Patamares do Rio


Parnaíba, “consiste em uma vasta superfície arrasada por processos de erosão generalizados
do relevo em diferentes níveis altimétricos, invariavelmente em cotas baixas, entre 50 e 300
m” (FERREIRA; DANTAS, 2010, p. 49). Já a unidade geomorfológica Planalto da Ibiapaba,
107

compreende um conjunto de platôs e planaltos mais rebaixados, com características


residuais, localizados na porção leste do estado do Piauí. Essas superfícies elevadas
estão alçadas em altitudes superiores a 400 m, podendo atingir cotas entre 800 e 900
m no topo do Platô da Ibiapaba, na divisa com o Ceará (FERREIRA; DANTAS,
2010, p. 57 e 58).

Quanto à hipsometria, conforme o Banco de Dados Geomorfométricos do Brasil


(TOPODATA) o que se pode observar são áreas com o predomínio de classes de valores que
superam os 200 m de altitude (Figura 09).
Essa constatação contribui para a afirmação de que na área de estudo há o predomínio
de superfícies tabulares cimeiras (chapadas altas), com relevo plano à suave ondulado.
Figura 09 - Mapa hipsométrico da área de estudo

Organização: A autora, 2019. Base de dados: SRTM/USGS

Quanto a declividade constatou-se a seguinte distribuição das tipologias: relevo plano


(41,32%); suave ondulado (42,30%); ondulado (13,37%); forte ondulado (2,30%);
montanhoso (0,80%) (Figura 10).
Pela distribuição das classes no mapa pode-se observar a predominância de declive das
classes plano e suave ondulado ocupando ambas 83,6% da área de estudo, o que reforça um
baixo desnível topográfico. As classes: ondulado, forte-ondulado, montanhoso ocupam apenas
16,47% da área de estudo
108

Figura 10 - Mapa de declividade da área de estudo

Organização: A autora, 2019. Base de dados: EMBRAPA (2006)

Quanto aos solos da área de estudo, estes compreendem principalmente Latossolos


Vermelho-Amarelo Distróficos, Podzólicos Vermelho-Amarelos, Plínticos e Não Plínticos,
Neossolos Litólicos, Álicos e Distróficos, de textura média, pouco desenvolvidos, rasos a
muito rasos, fase pedregosa (CPRM, 2014).
Em associação ocorrem também Neossolos Quartzarênicos, profundos, drenados,
desprovidos de minerais primários, de baixa fertilidade. Solos que provêm de alterações de
arenitos, siltitos, folhelhos, conglomerados, lateritos, calcários e basalto (JACOMINE et al.,
1986).
A Figura 11 a seguir apresenta os tipos de solos registrado nos municípios de Juazeiro
do Piauí, Novo Santo Antônio, Soa João da Serra e Sigefredo Pacheco, são eles: Latossolos
Vermelho-Amarelos (LVA) Distróficos; Neossolos Quartzarênicos (RQ) Órticos; Neossolos
Litólicos (RL) Distróficos; Plintossolos Pétricos (FF) Concrecionários Distróficos; Argissolos
Vermelho-Amarelo (PVA) Distróficos; Latossolo Amarelo (LA) Distrófico e Planossolos
Háplicos (SX) Eutróficos e Concrecionários Distróficos; Argissolos Vermelho-Amarelo
(PVA (CPRM, 2014).
109

Figura 11 - Esboço das associações de solos da área de estudo

ESBOÇO DAS
ASSOCIAÇÕES DE SOLOS
DA ÁREA DE ESTUDO

Organização: A autora, 2019. Base de dados: CPRM (2014); IBGE (2014). LVA* - Latossolo Vermelho-
Amarelo; RQ* - Neossolos Quartzarênicos; FF* - Plintossolos Pétricos; RL* - Neossolos Litólicos; PVA* -
Argissolos Vermelho-Amarelo; LA* - Latossolo Amarelo e SX* - Planossolos Háplicos

4.1.3 Clima e hidrografia

Segundo a classificação de Koppen, o clima da área é do tipo semiárido (BSh), quente


tropical alternadamente úmido e seco. Já conforme a compartimentação dos climas no Brasil,
levando em consideração Mendonça e Danni-Oliveira (2007), a área de estudo pertence ao
clima Tropical-Equatorial.
As precipitações iniciam-se em dezembro, estendendo-se de modo significativo até
maio. De acordo com a figura 12 a distribuição das chuvas e da temperatura nos distintos
meses nos municípios estudados, considerando uma série de dados de 30 anos observados
estar atrelada a atuação da Zona de Convergência Intertropical - ZCIT.
Pode-se observar que todos os municípios apresentam isoietas anuais entre 800 e
1.600 mm, com os meses de fevereiro, março e abril correspondendo ao trimestre mais úmido
da região e o período restante do ano de estação seca (AGUIAR; GOMES, 2004a; 2004b;
2004c; 2004d).
110

Figura 12 - Distribuição da temperatura e da precipitação na área de estudo

Fonte: https://www.climatempo.com.br/climatologia
111

Quanto à hidrografia da área (Figura 13), os principais cursos d’água que drenam os
municípios são os rios Canudos, do Cais, da Onça, Poti, Parafuso e Vertente, além dos riachos
Canto do Agreste, da Marimbá, dos Cocos, Caiçara, Iningá, Foge Homem, da Prata, Sucuruju,
e dos Veados (AGUIAR; GOMES, 2004a; 2004b; 2004c; 2004d).

Figura 13 - Esboço hidrográfico da área de estudo

Organização: A autora, 2019. Base de dados: ANA; IBGE (2014).

4.1.4 Aspectos socioeconômicos da área de estudo

Em relação ao quadro populacional da área pesquisada, na tabela a seguir (Tabela 03)


são apresentados valores referentes à área territorial, densidade demográfica e ao total de
população residente.

Tabela 03 - Quadro populacional da área pesquisada em 2010

POPULAÇÃO
Área Densidade
Município Territorial demográfica
(km²) (hab/km²) Residente Total de Total de Urbana Rural
Homens Mulheres

Juazeiro 935,404 5,75 4.757 2.419 2.338 1.479 3.278


do Piauí
(Continua)
112

Novo
Santo 445,331 6,77 3.260 1.672 1.588 916 2.344
Antônio

São João
da Serra 962, 258 6,12 6.157 3.012 3.145 3.447 2.710

Sigefredo
Pacheco 1.031,489 9,95 9.619 4.972 4.647 3.176 6.443

Fonte: IBGE, 2010. Organização: A autora, 2019.

Diante dos números populacionais da tabela acima, o destaque vai para o município de
Sigefredo Pacheco. O mesmo apresenta maior densidade demográfica e também o maior
contingente de população rural, fato que deve ser levado em consideração. Já o município de
Novo Santo Antônio, com menor área territorial apresenta-se em segundo lugar quanto à
densidade demográfica, número de habitantes por km², com uma grande população rural. Vale
destacar também o município de São João da Serra que tem população urbana superior à rural.

4.1.4.1 Juazeiro do Piauí

O município de Juazeiro do Piauí, com área territorial em 2010 de 935,404 km²


apresentou conforme Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil (2013), 0, 570 de Índice
de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM), estando classificado como baixo (entre
0,500 e 0,599), de acordo com a Figura 14 a seguir.
Figura 14 - Faixa de Desenvolvimento Humano Municipal

Fonte: Atlas, 2013.

De acordo com o IBGE (2017), seu PIB per capita em 2015 foi de 6.612,45 R$. Já
sobre a vulnerabilidade social, segundo dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada
(IPEA, 2015), o município obteve o índice de 0,503 enquadrando-se na categoria de
vulnerabilidade muito alta, em uma escala que varia de 0 (muito baixa) e 1 (muito alta),
conforme figura 15, adiante.
Figura 15 - Faixa de Índice de Vulnerabilidade Social (IVS)

Fonte: IPEA, 2015.


113

As principais atividades econômicas desenvolvidas no município são serviços,


agricultura e pecuária (IBGE, 2010), respectivamente. No município, a agricultura praticada é
baseada na produção sazonal, na qual possui papel importante o cultivo de arroz, feijão,
mandioca, milho e cana de açúcar, ainda destaca-se a produção de lavoura permanente de
castanha de caju (IBGE, 2010). Na pecuária os principais rebanhos são de bovinos, equinos,
suínos, caprinos, ovinos e aves (galináceos).
A extração vegetal também merece o seu destaque, tendo a carnaúba papel
preponderante, dela se comercializam o pó, a cera e a palha. Além do tucum que serve para a
fabricação de óleos cosméticos (IBGE, 2010).

4.1.4.2 Novo Santo Antônio

O município de Novo Santo Antônio, ocupa uma superfície territorial de 445,331 km²,
segundo dados do IBGE (2010). O mesmo apresentou conforme Atlas do Desenvolvimento
Humano no Brasil (2013), 0, 528 de Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM),
estando classificado como baixo (entre 0,500 e 0,599).
Apresentando um PIB per capita de 7.222,72 R$, segundo dados do IPEA (2015) a
vulnerabilidade social do município foi de 0,398 sendo enquadrada na categoria de
vulnerabilidade social média (de 0,300 a 0,399), em uma escala de que varia de 0 (muito
baixa) a 1 (muito alta).
As principais atividades econômicas desenvolvidas no município estão ligadas à
agricultura, prática baseada na produção sazonal, na qual possui papel importante o cultivo de
arroz, feijão, mandioca, milho e cana de açúcar (AGUIAR; GOMES, 2004a; 2004b; 2004c;
2004d; IBGE, 2010). Na pecuária os principais rebanhos são de bovinos, equinos, suínos,
caprinos, ovinos e aves (galináceos).

4.1.4.3 São João da Serra

Já no município de São João da Serra o Índice de Desenvolvimento Humano


Municipal em 2010, conforme Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil (2013) foi de
0,582 estando classificado como baixo (entre 0,500 e 0,599). Referente ao PIB per capita este
apresenta 7.078,80 R$.
Segundo dados do IPEA (2015), a vulnerabilidade social do município foi de 0,464
sendo enquadrada na categoria de vulnerabilidade social alta, em uma escala de que varia de 0
(muito baixa) a 1 (muito alta).
114

De acordo com IBGE (2010) as principais atividades econômicas desenvolvidas no


município são: agropecuária e serviços. Ressalta-se o cultivo de arroz, feijão, mandioca e
milho. Na pecuária os principais rebanhos são de bovinos, equinos, suínos, caprinos, ovinos e
aves (galináceos).

4.1.4.4 Sigefredo Pacheco

Com uma área territorial de 1.031,489 km², o Índice de Desenvolvimento Humano


Municipal (IDHM) do município em 2010 foi, conforme Atlas do Desenvolvimento Humano
no Brasil (2013) de 0,581, estando classificado como baixo (entre 0,500 e 0,599).
Segundo IBGE (2016) o PIB per capita municipal foi de 5.650,24 R$. Sobre a
vulnerabilidade social, segundo dados do IPEA (2015), o município obteve o índice de 0,426
enquadrando-se na categoria de vulnerabilidade social alta (de 0,400 a 0,500), em uma escala
que varia de 0 (muito baixa) a 1 (muito alta).
Neste município, as principais atividades econômicas desenvolvidas são agricultura e
pecuária (IBGE, 2017). Na agricultura, destaca-se principalmente, o cultivo de arroz, feijão,
mandioca e milho. Na pecuária os principais rebanhos são de bovinos, equinos, suínos,
caprinos, ovinos e aves (galináceos).
Considerando os dados socioeconômicos da área de estudo sintetizados na tabela a
seguir (Tabela 04) que comprovam que esses municípios vivem basicamente da agricultura e
da pecuária, com um baixo IDH e alta vulnerabilidade social, onde a renda dessas famílias é
insuficiente para a sobrevivência a nível de qualidade de vida satisfatória, trabalhos que
versam sobre essas temáticas (geodiversidade, patrimônio geológico/geomorfológico,
geoconservação e geoturismo) é mais uma justificativa, por exemplo, para o uso geoturístico
dos geomorfossítios potenciais que foram levantados na área.
Tabela 04 – Síntese dos aspectos socioeconômicos da área de estudo
MUNICÍPIOS IDHM PIB per VULNERABILDADE ATIVIDADES
capita SOCIAL ECONÔMICAS
JUAZEIRO DO 0, 570 6.612,45 R$ 0,503 Serviços e
PIAUÍ Agropecuária
NOVO SANTO 0, 528 7.222,72 R$ 0,398 Agropecuária
ANTÔNIO
SÃO JOÃO DA 0, 582 7.078,80 R$ 0,464 Agropecuária e
SERRA Serviços
SIGEFREDO 0, 581 5.650,24 R$ 0,426 Agropecuária
PPACHECO
Organização: A autora, 2019.
115

O referido uso poderá propiciar desenvolvimento sustentável ao local, como fonte de


geração de renda, o que poderá ter consequência melhorias dos indicadores e, especialmente,
da qualidade de vida das populações residentes, uma vez que, segundo Silva e Pereira (2009,
p. 277) “o turismo é uma mais-valia para qualquer região [...] e a rentabilização dos vastos
recursos ambientais e patrimoniais contemplando a vertente turística é [...] um dos eixos de
intervenção para a promoção do desenvolvimento local”.

4.2 INVENTARIAÇÃO DOS GEOSSÍTIOS/GEOMORFOSSÍTIOS DOS MUNICÍPIOS DE


JUAZEIRO DO PIAUÍ, NOVO SANTO ANTÔNIO, SÃO JOÃO DA SERRA E
SIGEFREDO PACHECO, PIAUÍ

Etapa inicial para fins de geoconservação a inventariação (identificação dos potenciais


geomorfossítios, avaliação qualitativa e a caracterização) do geopatrimônio dos municípios de
Juazeiro do Piauí, Novo Santo Antônio, São João da Serra e Sigefredo Pacheco, Piauí,
baseou-se na metodologia de Oliveira (2015), a qual adequa-se a áreas de qualquer dimensão.
A identificação dos locais de interesse geológico/geomorfológico ou outros, foi
realizada a priori por meio de um levantamento sistemático. Esse levantamento foi obtido a
partir de informações e relatórios técnicos disponíveis e divulgados principalmente, nos sites
das prefeituras de cada município, secretarias de turismo, blogs, redes sociais (Facebook e
Instagram) e plataforma de compartilhamento de vídeos (YouTube).
Vale ressaltar que locais de interesse geológico/hidrológico inventariados nos
municípios de Juazeiro do Piauí, Novo Santo Antônio, São João da Serra e Sigefredo
Pacheco, Piauí, foram chamados de “geossítios”, já os locais de particular interesse
geomorfológico foram designados de “geomorfossítios”, considerando o conjunto de formas
de relevo (geoformas e processos).

4.2.1 Localização e indicação dos geossítios/geomorfossítios na área de estudo

A seguir são apresentados os 36 (trinta e seis) geossítios/geomorfossítios inventariados


para a área de estudo os quais 31 são locais isolados, 4 são panorâmicos e apenas 1 local é do
tipo área.
São eles: G1 – Geomorfossítio Cachoeira do Quebra Anzol (São João da Serra); G2 –
Geomorfossítio Mesas de Pedra do Rio Poti (São João da Serra); G3 – Geomorfossítio
Complexo Serra do Evangelista (São João da Serra); G4 – Geossítio Complexo Afloramentos
de Diabásio (São João da Serra); G5 – Geossítio Olho d’água dos Cágados (São João da
Serra); G6 – Geomorfossítio Complexo Arena de Pedras (São João da Serra); G7 –
Geomorfossítio Cachoeira do Contente (São João da Serra); G8 – Geomorfossítio Cachoeira
116

do Lau (São João da Serra); G9 – Geossítio Afloramento de diabásio da Realeza (São João da
Serra); G10 – Geomorfossítio Cachoeira da Boa Vista (São João da Serra); G11 –
Geomorfossítio Cachoeira do Cachimbo (São João da Serra); G12 – Geomorfossítio Mirante
do Rio Poti (São João da Serra); G13 – Geomorfossítio Cachoeira da Clemência (São João da
Serra); G14 – Geossítio Caos de Blocos de Arenito (São João da Serra); G15 –
Geomorfossítio Complexo Chapadas das Covas (São João da Serra); G16 – Geomorfossítio
Cachoeira da Boa Nova (São João da Serra); G17 – Geomorfossítio Cachoeira da Roça Velha
(Novo Santo Antônio); G18 – Geomorfossítio Cachoeira do Rosário (Novo Santo Antônio);
G19 – Geomorfossítio Lajedo Jardins de Cactos (Juazeiro do Piauí); G20 – Geomorfossítio
Cachoeira do Covão do Jaburu (Juazeiro do Piauí); G21 – Geomorfossítio Complexo Mirante
da Boa Vista (Juazeiro do Piauí); G22 – Geomorfossítio Complexo Mini Cânion do Rio Poti
(Juazeiro do Piauí); G23 – Geomorfossítio Cachoeira do Tingidor (Juazeiro do Piauí); G24 –
Geomorfossítio Cachoeira do Cipó (Juazeiro do Piauí); G25 – Geomorfossítio Mirante
Pedreira de Lajes (Juazeiro do Piauí); G26 – Geomorfossítio Toca do Nego (Juazeiro do
Piauí); G27 – Geomorfossítio Lajedo do Tinguizeiro (Juazeiro do Piauí); G28 –
Geomorfossítio Cachoeira do Deus Dará (São João da Serra); G29 – Geomorfossítio
Cachoeira dos Canudos (Novo Santo Antônio); G30 – Geomorfossítio Cachoeira da Lagoa
Grande (Novo Santo Antônio); G31 – Geomorfossítio Cachoeira das Corujas (Novo Santo
Antônio); G32 – Geomorfossítio Cachoeira da Baixa (Juazeiro do Piauí); G33 –
Geomorfossítio Complexo Formações das Areias (Juazeiro do Piauí); G34 – Geomorfossítio
Mirante Pedra do Arco Pintado (Juazeiro do Piauí); G35 – Geomorfossítio Cachoeira da
Pedra Negra (Sigefredo Pacheco) e G36 – Geomorfossítio Cachoeira da Poço de Pedra
(Sigefredo Pacheco), localizados conforme mapa da figura 16.
117

Figura 16 - Mapa de localização dos geossítios/geomorfossítios na área de estudo

Organização: A autora, 2020. Base de dados: IBGE (2014).


118

No quadro 13 estão sintetizadas algumas informações sobre os


geossítios/geomorfossítios inventariados.
Quadro 13 - Síntese de informações dos geossítios/geomorfossítios inventariados
Pontos Geossítios/ Unidade Cotas Latitude Longitude Município
Geomorfossítios Geológica altimétricas
G1 Geomorfossítio Formação São João
Cachoeira do Longá 104 m 05°29’16.6’’ 041°58’38.7’’ da Serra
Quebra Anzol
G2 Geomorfossítio Formação São João
Mesas de Pedra Longá 121 m 05°29’26.4’’ 041°58’37.0’’ da Serra
do Rio Poti
G3 Geomorfossítio Formação São João
Complexo Serra Longá 102 m 05°29’35.3’’ 041°59’18.7’’ da Serra
do Evangelista
G4 Geossítio São João
Complexo Formação 124 m 05°29’39.7’’ 041°59’18.8’’ da Serra
Afloramentos de Longá
Diabásio
G5 Geossítio Olho Formação 99 m 05°33’22.5’’ 042°00’39.6’’ São João
d’água dos Poti da Serra
Cágados
G6 Geomorfossítio Formação 113 m 05°33’19.2’’ 041°59’30.7’’ São João
Complexo Arena Poti da Serra
de Pedras
G7 Geomorfossítio Formação 69 m 05°33’13.3’’ 041°59’36.6’’ São João
Cachoeira do Poti da Serra
Contente
G8 Geomorfossítio Formação 127 m 05°36’05.8’’ 041°54’25.5’’ São João
Cachoeira do Longá da Serra
Lau
G9 Geossítio Formação 204 m 05°35’41.7’’ 041°53’01.6’’ São João
Afloramento de Longá da Serra
diabásio da
Realeza
G10 Geomorfossítio Formação 165 m 05°30’17.2’’ 041°50’56.3’’ São João
Cachoeira da Longá da Serra
Boa Vista
G11 Geomorfossítio Formação 149 m 05°31’04.6’’ 041°59’19.0’’ São João
Cachoeira do Longá da Serra
Cachimbo
G12 Geomorfossítio Formação 143 m 05°30’53.4’’ 041°59’19.0’’ São João
Mirante do Rio Longá da Serra
Poti
G13 Geomorfossítio Formação 112 m 05°30’45.5’’ 041°59’33.2’’ São João
Cachoeira da Longá da Serra
Clemência
G14 Geossítio Caos Formação 158 m 05°30’45.7’’ 041°59’33.3’’ São João
de Blocos de Longá da Serra
Arenito
(Continua)
119

G15 Geomorfossítio Formação 174 m 05°30’28.4’’ 041°58’27.1’’ São João


Complexo Longá da Serra
Chapadas das
Covas
G16 Geomorfossítio Formação 127 m 05°30’29.5’’ 041°58’27.5’’ São João
Cachoeira da Longá da Serra
Boa Nova
G17 Geomorfossítio Formação 183 m 05°18’59.0’’ 041°01’42.6’’ Novo
Cachoeira da Poti Santo
Roça Velha Antônio
G18 Geomorfossítio Formação 123 m 05°14’47.2’’ 041°57’42.4’’ Novo
Cachoeira do Poti Santo
Rosário Antônio
G19 Geomorfossítio Formação 154 m 05°10’51.7’’ 041°42’41.4’’ Juazeiro
Lajedo Jardins Cabeças do Piauí
de Cactos
G20 Geomorfossítio Formação 163 m 05°04’13.7’’ 041°37’30.2’’ Juazeiro
Cachoeira do Cabeças do Piauí
Covão do Jaburu
G21 Geomorfossítio Formação 204 m 05°08’17.6’’ 041°39’53.2’’ Juazeiro
Complexo Cabeças do Piauí
Mirante da Boa
Vista
G22 Geomorfossítio Formação 124 m 05°09’21.5’’ 041°39’40.4’’ Juazeiro
Complexo Mini Cabeças do Piauí
Cânion do Rio
Poti
G23 Geomorfossítio Formação 149 m 05°10’34.8’’ 041°41’41.2’’ Juazeiro
Cachoeira do Cabeças do Piauí
Tingidor
G24 Geomorfossítio Formação 166 m 05°10’42.9’’ 041°41’52.8’’ Juazeiro
Cachoeira do Cabeças do Piauí
Cipó
G25 Geomorfossítio Formação 163 m 05°11’05.6’’ 041°42’40.5’’ Juazeiro
Mirante Pedreira Cabeças do Piauí
de Lajes
G26 Geomorfossítio Formação 145 m 05°11’07.8’’ 041°42’39.3’’ Juazeiro
Toca do Nego Cabeças do Piauí
G27 Geomorfossítio Formação 170 m 05°00’17.7’’ 041°34’36.2’’ Juazeiro
Lajedo do Cabeças do Piauí
Tinguizeiro
G28 Geomorfossítio Formação 196 m 05°29’11.3’’ 041°49’26.7’’ São João
Cachoeira do Longá da Serra
Deus Dará
G29 Geomorfossítio Formação 140 m 05°17’47.4’’ 041°54’00.3’’ Novo
Cachoeira dos Cabeças Santo
Canudos Antônio
G30 Geomorfossítio Formação 137 m 05°20’40.4’’ 041°57’01.5’’ Novo
Cachoeira da Longá Santo
Lagoa Grande Antônio
(Continua)
120

G31 Geomorfossítio Formação 152 m 05°22’02.6’’ 041°59’52.4’’ Novo


Cachoeira das Poti Santo
Corujas Antônio
G32 Geomorfossítio Formação 203 m 05°10’09.7’’ 041°43’26.4’’ Juazeiro
Cachoeira da Cabeças do Piauí
Baixa
G33 Geomorfossítio Formação 182 m 05°09’53.2’’ 041°41’17.4’’ Juazeiro
Complexo Cabeças do Piauí
Formações das
Areias
G34 Geomorfossítio Formação 145 m 05°09’45.9’’ 041°41’08.6’’ Juazeiro
Mirante Pedra Cabeças do Piauí
do Arco Pintado
G35 Geomorfossítio Formação 135 m 05°01’22.5’’ 041°56’30.2’’ Sigefredo
Cachoeira da Longá Pacheco
Pedra Negra
G36 Geomorfossítio Formação 212 m 05°07’41.5’’ 041°54’03.1’’ Sigefredo
Cachoeira do Poti Pacheco
Poço de Pedra
Fonte: Elaboração Própria (2020).

A maioria das nomenclaturas utilizadas para os geossítios/geomorfossítios nesta


pesquisa advêm de toponímias/denominações locais já utilizadas para os mesmos pelos
moradores da região e/ou visitantes. O termo “complexo” usado em algumas terminologias
colocadas acima refere-se a geossítios/geomorfossítios compostos por vários elementos de
interesse em um mesmo local ou geossítios/geomorfossítios que apresentam características
similares em mais de um ponto.
A seguir apresenta-se uma descrição sumária de todos os geossítios/geomorfossítios
inventariados (identificados, avaliados qualitativamente e caracterizados) em cada município.

4.2.2 Geossítios/Geomorfossítios inventariados no município de São João da Serra – PI

A partir da inventariação foram identificados os seguintes geossítios/geomorfossítios


no município de São João da Serra/PI: G1 – Geomorfossítio Cachoeira do Quebra Anzol; G2
– Geomorfossítio Mesas de Pedra do Rio Poti; G3 – Geomorfossítio Complexo Serra do
Evangelista; G4 – Geossítio Complexo Afloramentos de Diabásio; G5 – Geossítio Olho
d’água dos Cágados; G6 – Geomorfossítio Complexo Arena de Pedras; G7 – Geomorfossítio
Cachoeira do Contente; G8 – Geomorfossítio Cachoeira do Lau; G9 – Geomorfossítio
Afloramento de diabásio da Realeza; G10 – Geomorfossítio Cachoeira da Boa Vista; G11 –
Geomorfossítio Cachoeira do Cachimbo; G12 – Geomorfossítio Mirante do Rio Poti; G13 –
Geomorfossítio Cachoeira da Clemência; G14 – Geossítio Caos de Blocos de Arenito; G15 –
121

Geomorfossítio Complexo Chapadas das Covas; G16 – Geomorfossítio Cachoeira da Boa


Nova e G17 – Geomorfossítio Cachoeira do Deus Dará.
A figura 17 apresenta a localização dos geossítios/geomorfossítios no município de
São João da Serra – PI.
Figura 17 – Geossítios/Geomorfossítios inventariados no município de São João da Serra/PI

Organização: A autora, 2020. Base de dados: CPRM (2014); IBGE (2014).

4.2.2.1 Geomorfossítio Cachoeira do Quebra Anzol

Situado nas coordenadas 05°29’16.6’’ de latitude sul e 041°58’38.7’’ de longitude


oeste, o geomorfossítio Cachoeira do Quebra Anzol localiza-se em área particular, conhecida
por Fazenda Altar.
Com cota altimétrica de 104 metros o local encontra-se na Formação Longá,
litologicamente representada por folhelho, siltito, arenito e calcário. Local do tipo isolado que
segundo Pereira (2006) são aqueles locais que se apresentam de forma pontual no espaço, o
geomorfossítio Cachoeira do Quebra Anzol possui boa acessibilidade e a visibilidade é
considerada boa.
De fácil acesso visto que o mesmo é feito por estrada carroçável a todo terreno, o local
dista 10 km da sede do município (São João da Serra) (Figura 18).
122

Figura 18 - Geomorfossítio Cachoeira do Quebra Anzol

A B
A) Presença de banhistas no referido local; B) Cachoeira com grande volume de água.
Fonte: Herllys Torres, 2019.

Apresentando grande beleza cênica, onde os valores didático, ecológico, turístico,


econômico e estético são elevados o referido geomorfossítio é divulgado e usado como local
de interesse paisagístico (lazer), seus grandes paredões potencializa seu potencial didático
(Figura 19).

Figura 19 - Grandes paredões rochosos do geomorfossítio Cachoeira do Quebra Anzol

Fonte: A autora, 2019.

Os principais interesses geológico/geomorfológicos observados no referido


geomorfossítio são: estratificação paralela de rochas (das camadas), transporte de sedimentos
(arraste de materiais) e discussão sobre erosão remontante, tipo de erosão que se propaga em
direção as cabeceiras como tentativa de estabelecer perfis de equilíbrio (GUERRA, 1993).
123

Além disso, ainda pode ser discutido o processo de intemperismo (físico, químico e
biológico), quedas de blocos (através do movimento de massas e desmoronamento), processos
de faturamento das rochas ocasionado pela variação de temperatura (Figura 20).
Figura 20 - Detalhes do geomorfossítio Cachoeira do Quebra Anzol

A B

A) Processos de faturamento das rochas ocasionado pela variação de temperatura; B) Rochas com fraturas
evidenciando o intemperismo físico e a termosclastia.
Fonte: A autora, 2019.

Em bom estado de conservação e sem gestão pelo poder público, a proteção é


insuficiente. As principais vulnerabilidades identificadas são de ordem natural, caracterizadas
por clima semiárido, vegetação de caatinga e solos pedregosos, no entanto, no local foi
possível observar deterioração provocada por ação antrópica, como a presença de resto de
fogueiras (Figura 21).
Figura 21 - Deterioração provocada por ação antrópica/Cachoeira do Quebra Anzol

A B
A e B - Presença de vestígios de fogueiras no local
Fonte: A autora, 2019.

4.2.2.2 Geomorfossítio Mesas de Pedra do Rio Poti

Este geomorfossítio localiza-se nas coordenadas 05°29’26.4’’ de latitude sul e


041°58’37.0’’ de longitude oeste, a uma altitude de 121 metros. Pertencente à propriedade
124

privada o local também se encontra na Formação Longá. Vale ressaltar que o geomorfossítio
Mesas de Pedra do Rio Poti foi elaborado por processo de erosão diferencial nas rochas e por
lembrar mesas foi assim denominado (Figura 22).
Figura 22 - Geomorfossítio Mesas de Pedra do Rio Poti

Fonte: A autora, 2019.

Segundo Guerra (1993) erosão diferencial é o trabalho desigual dos agentes erosivos
ao devastarem a superfície do relevo. Ainda segundo o autor há rochas que resistem mais e
outras menos a erosão, na figura acima pode-se constatar isso.
Local é do tipo isolado de fácil acessibilidade e boa visibilidade o geomorfossítio
Mesas de Pedra do Rio Poti apresenta valores de ordem didática, ecológica e estética elevado.
Os principais interesses geológico/geomorfológicos refere-se a termosclastia
(dilatação e a compressão de rochas, requeridas pela variação de temperatura), intemperismo
125

físico, discussão sobre a própria litologia, solo e paisagem (solos pedregosos e vegetação da
caatinga) (Figura 23).
Figura 23 - Solos pedregosos com processo de erosão diferencial nas rochas

Fonte: A autora, 2019.

Quanto à deterioração pode-se dizer que é fraca tendo em vista que as vulnerabilidades
identificadas são somente naturais, a fragilidade ambiental está atrelada principalmente a
situação climática. Sem gestão pelo poder público a proteção é insuficiente.

4.2.2.3 Geomorfossítio Complexo Serra do Evangelista

Pertencente à localidade conhecida por Serra do Evangelista o referido geomorfossítio


encontra-se entre as coordenadas 05°29’35.3’’ de latitude sul e 041°59’18.7’’ de longitude
oeste, estando a uma altitude de 102 metros.
Local do tipo isolado, pertencente a propriedade privada o geomorfossítio Complexo
Serra do Evangelista é de difícil acesso e ainda apresenta pouca visibilidade para alguns
elementos.
No local constata-se o predomínio dos valores: didático e ecológico. Os principais
interesses geológico/geomorfológicos são: erosão diferencial somados a ação de processos
intempéricos (físico e químico), erosão esferoidal e discussões sobre clima semiárido,
vegetação de caatinga e solos pedregosos.
Elaborados em rochas da Formação Longá no referido geomorfossítio pode-se
visualizar esculturações de formas bizarras produto do intemperismo físico, a exemplo da
geoforma Pedra do Jabutí (Figura 24).
126

Figura 24 - Geoforma Pedra do Jabutí

Fonte: A autora, 2019.

Na área ainda pode-se encontrar uma cavidade elaborada pela erosão diferencial
somados a ação de processos intempéricos (físico e químico). A geoforma Abrigo do Mocó
possui entrada e saída, e tem 93 cm de altura por 6m de comprimento (Figura 25).
127

Figura 25 - Geoforma Abrigo do Mocó

Fonte: A autora, 2019.

Observam-se afloramentos de diabásio da Formação Sardinha, possivelmente datadas


do Juro-Cretáceo. Esta ocorrência permite a discussão sobre erosão esferoidal, uma espécie de
esfoliação que ocorre quando a erosão acaba por remover as camadas de forma mais ou
menos concêntricas (GUERRA, 1993) (Figura 26).
Figura 26 - Afloramentos de diabásio com destaque para erosão esferoidal

Fonte: A autora, 2019.


128

A ocorrência deste material diabásico também permite discussões relativas a temática


das placas tectônicas e a separação da América do Sul e da África, separação esta que teve
implicações no Brasil, favorecendo a ocorrência de falhamentos e fraturamentos na crosta
terrestre e ainda originou as rochas do tipo diabásio na área de estudo.
O geomorfossítio Complexo Serra do Evangelista se apresenta em ótimo estado de
conservação, embora com proteção insuficiente e sem gestão pelo poder público.
Apresentando deteriorações, as vulnerabilidades observadas são de ordem natural
caracterizadas por clima semiárido, vegetação de caatinga e solos pedregosos.

4.2.2.4 Geossítio Complexo Afloramentos de Diabásio

O geossítio Complexo Afloramentos de Diabásio localiza-se nas coordenadas


05°29’39.7’’ de latitude sul e 041°59’18.8’’ de longitude oeste e possuí 124 metros de
altitude. Pertence a 04 localidades do município de São João da Serra, zona rural, os pontos
foram coletados nas comunidades: Chapadinha, Experiência, Cajueiro e Serra dos Cágados,
respectivamente (Figura 27).
Figura 27 - Detalhes do geossítio Complexo Afloramentos de Diabásio

A C

B D

A – Afloramento de diabásio na comunidade Chapadinha; B – Afloramento de diabásio na comunidade


Experiência; C – Afloramento de diabásio na comunidade Cajueiro; D – Afloramento de diabásio na comunidade
Serra dos Cágados. Fonte: A autora, 2019.
129

Pertencente a Formação Sardinha o local é do tipo isolado. Localizado em propriedade


privada, a acessibilidade e visibilidade aos locais são consideradas boas, todos os
afloramentos localizam-se em cortes de estradas.
Apenas com valor didático elevado no local os principais interesses
geológico/geomorfológicos observados são de ordem geológica, podem-se discutir temáticas
como a própria litologia, discussão relativa a origem das rochas intrusivas, a tectônica de
placas e falhamentos.
Sem gestão pelo poder público, o estado de conservação e proteção do local ainda é
insuficiente, as vulnerabilidades (deteriorações) visualizadas são principalmente de ordem
natural, contudo, a proximidade maior com aglomerados de pessoas pode favorecer o
incremento da vulnerabilidade natural.

4.2.2.5 Geossítio Olho d’água dos Cágados

De interesse hidrológico, o geossítio Olho d’água dos Cágados trata-se de um local


com uma feição geomorfológica caracterizada pela surgência de água subterrânea á
superfície. Pode-se constatar neste geossítio a ocorrência de afloramento de diabásio (Figura
00). Localiza-se nas coordenadas 05°33’22.5’’de latitude sul e 042°00’39.6’’de longitude
oeste e possuí 99 metros de altitude, na zona rural do município, Fazenda Serra dos Cágados
(Figura 28).
Figura 28 - Detalhes do geossítio Olho d’água dos Cágados

B
A - Olho d’água dos Cágados; B – Transporte da água com uso de animais (jumentos).
Fonte: A autora, 2019.
130

De fácil acesso e boa visibilidade o geossítio Olho d’água dos Cágados fica localizado
em propriedade privada. Local do tipo isolado os principais valores observados são: Didático;
Turístico, Cultural, Ecológico e Econômico.
Nascente formada a partir de fontes naturais de água em área de contato entre arenitos
e afloramento de diabásio os interesses geológico/geomorfológicos principais observados são
aqueles que oferecem as possibilidades de discussões de temas como a importância da água
para a sobrevivência, a formação de lençóis freáticos, etc.
O ambiente ainda permite discussões sobre a ação erosiva da água, uma vez que a
mesma promove a decapitação do solo da área e modela o relevo (Figura 29).
Figura 29 - Ação erosiva da água promovendo a decapitação do solo

A - Destaque para diabásio na raiz da Carnaúba


Fonte: A autora, 2019.

Sem medidas legais de proteção a este geossítio, sem gestão pelo poder público, com
deterioração moderada e proteção insuficiente resultado da exploração de recursos,
vandalismo ou mau uso as principais vulnerabilidades identificadas além das de ordem
natural, são aquelas que comprometem a qualidade da água, como a presença de animais
(jumentos e porcos) próximo a fonte (minadouro de água). Observa-se que o uso atual do
local baseia-se na dessendentação de animais e uso doméstico.
131

4.2.2.6 Geomorfossítio Complexo Arena de Pedras

O geomorfossítio Complexo Arena de Pedras está entre 05°33’19.2’’de latitude sul e


041°59’30.7’’de longitude oeste, e possuí 113 metros de altitude. Pertencente a propriedade
privada, localidade Carimã, o referido geomorfossítio situa-se em área da Formação Poti,
litologicamente representada por arenitos, siltitos e folhelhos.
Trata-se de um local do tipo isolado, onde o acesso e a visibilidade são moderadas,
dificultadas pelo trajeto e por alguns quilômetros de caminhadas. Tendo como valores
principais: o didático; turístico; ecológico e estético os interesses geológico/geomorfológicos
visíveis que o ambiente possibilita a discussão são temas como: tipos de rochas, erosão
diferencial e intemperismo.
Foram observadas 03 geoformas na área; i) Barco de Pedra; ii) Pedra do Cálice e iii)
Pedra Boca do Jacaré (Figura 30).
Figura 30 - Detalhes do geomorfossítio Complexo Arena de Pedras

A B

C
A – Geoforma Barco de Pedra; B – Geoforma Pedra do Cálice; C – Geoforma Pedra Boca do Jacaré.
Fonte: A autora, 2019.

Sem gestão pelo poder público e sem nenhuma proteção, o estado de conservação é
insuficiente, no entanto as deteriorações são fracas e a vulnerabilidade é de ordem natural.

4.2.2.7 Geomorfossítio Cachoeira do Contente


132

Situado entre 05°33’13.3’’de latitude sul e 041°59’36.6’’de longitude oeste, e


possuindo 69 metros de altitude o geomorfossítio Cachoeira do Contente constitui um setor
do Rio da Onça, que fica localizado em propriedade privada, no povoado Contente. Local do
tipo isolado o acesso e a visibilidade são consideradas ruins por apresentar trilhas bem
íngremes e vegetação densa e fechada.
Esculpida em rochas da Formação Poti a Cachoeira do Contente possui queda d’água
principal que medi aproximadamente 2 metros de altura (Figura 31).

Figura 31 - Geomorfossítio Cachoeira do Contente

B
A – Período de estiagem; B - Período chuvoso (de cheias).
Fonte: A – A autora, 2019; B – Herllys Torres, 2019.

O referido geomorfossítio tem como principais valores o didático, turístico, ecológico


e estético, onde os interesses geológico/geomorfológicos que podem ser discutidos são temas
133

que vão desde quedas de blocos, a estratificação paralelas das rochas, erosão hídrica/fluvial a
processos de corrasão com formações de marmitas (Figura 32).
Figura 32 - Detalhes do geomorfossítio Cachoeira do Contente

A B
A - Estratificação paralelas das rochas; B - Processo de corrasão com formações de marmitas
Fonte: A autora, 2019.

De acordo com Guerra (1993) marmitas são conhecidas como cavidade vertical de
boca circular, cônica a cilíndrica, decimétrica a métrica e com profundidade variável até
decamétrica, escavada por redemoinhos em rocha ao longo do leito de rios e riachos.
Com proteção insuficiente e sem gestão pelo poder público, apresentando bom estado
de conservação e deterioração fraca, as vulnerabilidades identificadas são de ordem natural.

4.2.2.8 Geomorfossítio Cachoeira do Lau

Elaborada em rochas da Formação Longá o geomorfossítio Cachoeira do Lau fica


localizado em propriedade privada no povoado Caraíba, fazenda Raimundo Soares. Localiza-
se nas coordenadas 05°36’05.8’’ de latitude sul e 041°54’25.5’’ de longitude oeste e apresenta
altitude de 127 metros (Figura 33).
Figura 33 - Geomorfossítio Cachoeira do Lau

A B
A – Período de estiagem; B - Período chuvoso (de cheias).
Fonte: A – A autora, 2019; B – Vanilda Moura, 2019.
134

Local do tipo isolado, de fácil acesso e boa visibilidade trata-se de uma cachoeira com
valores didático; turístico; ecológico; estético e econômico elevado. Com uma queda d’água
principal de aproximadamente 2 m de altura, seus principias interesses
geológico/geomorfológico perpassa pela discussão sobre estratificação de rochas é possível
visualizar grandes paredões a sua volta, algo bem visível, o que permite essa discussão
(Figura 34).
Figura 34 - Grandes paredões rochosos da Cachoeira do Lau

Fonte: A autora, 2019.

Em bom estado de conservação, apresentando deterioração fraca e vulnerabilidades


apenas de ordem natural, o referido geomorfossítio não apresenta proteção e gestão pelo
poder público.

4.2.2.9 Geossítio Afloramento de Diabásio da Realeza

Localizado na comunidade Realeza, propriedade privada trata-se de um extenso


conjunto de rochas diabásicas (Formação Sardinha) que afloram junto a um corte de estrada,
135

estando entre as coordenadas 05°35’41.7’’ de latitude sul e 041°53’01.6’’ de longitude oeste e


apresenta altitude de 204 metros (Figura 35).

Figura 35 - Geossítio Afloramento de Diabásio da Realeza

Fonte: A autora, 2019.

De fácil acessibilidade o afloramento se estende por uma extensa área, podendo ser
facilmente observado ao longo de alguns quilômetros à margem da estrada e ainda no interior
da mata. A visibilidade do local é boa, tendo em vista que é possível enxergar o afloramento
rochoso com facilidade, assim como o intemperismo sobre as rochas.
O principal valor observado é didático, uma vez que a área onde está localizado o
afloramento é perfeitamente aplicável em aulas de campo para alunos do ensino básico e
superior, explicações como diferentes litologias e ainda os distintos tipos de rochas e suas
origens são os principais interesses geológico/geomorfológico que podem discutidos.
Sem proteção e gestão pelo público e com estado de conservação moderado,
considerando que as modificações e o uso da estrada podem quebrar algumas das rochas o
referido geossítio apresenta vulnerabilidade ocasionada por modificações antrópicas no local
(escavações para alargamento da estrada).
136

4.2.2.10 Geomorfossítio Cachoeira da Boa Vista

Localizado em propriedade privada, povoado Boa Vista o geomorfossítio Cachoeira


da Boa Vista tem sua ocorrência na Formação Longá. Local do tipo isolado situado entre
coordenadas 05°30’17.2’’ de latitude sul e 041°50’56.3’’ de longitude oeste, possuindo 165
metros de altitude o acesso e visibilidade são consideradas ruins. Sem placas informativas
sobre a cachoeira, não existe trilha, sendo o percurso feito em meio a vegetação fechada
(Figura 36).
Figura 36 - Geomorfossítio Cachoeira da Boa Vista

Fonte: A autora, 2019.

Com queda d’água principal que mede aproximadamente 2 metros de altura os


principais valores observados são: Didático; Turístico e Estético. Os interesses
geológico/geomorfológicos principais que podem ser discutidos são os processos de erosão
137

hídrica, tipos de litologia (rochas), estratificação (disposição característica das rochas


sedimentares, em camadas ou leitos sobrepostos) e falhamentos (Figura 37).
Figura 37 - Destaque para estratificação em rochas/Cachoeira da Boa Vista

Fonte: A autora, 2019.

Apresentando estado de conservação moderado as vulnerabilidades identificadas são


principalmente de ordem natural, o local não apresenta proteção, nem gestão pelo poder
público.

4.2.2.11 Geomorfossítio Cachoeira do Cachimbo

Pertencente a área privada, localidade Floresta o referido geomorfossitio está entre as


coordenadas geográficas 05°31’04.6’’de latitude sul e 041°59’19.0’’ de longitude oeste, a 149
metros de altitude (Figura 38).
Figura 38 - Geomorfossítio Cachoeira do Cachimbo

B
A – Período de estiagem; B - Período chuvoso (de cheias).
Fonte: A – A autora, 2019; B – Folhasanjoense, 2019.
138

Local do tipo isolado a Cachoeira do Cachimbo apresenta trilhas bem conservadas,


não havendo dificuldades no acesso e na visibilidade. No entanto, a sinalização existente
ainda é insuficiente, embora haja uma placa indicando a cachoeira feita por um morador local,
conforme figura 39.
Figura 39 - Detalhes do geomorfossítio Cachoeira do Cachimbo

A B
A - Placa indicando a Cachoeira do Cachimbo; B - Trilhas sem dificuldades ao acesso
Fonte: A autora, 2019.

Divulgada e usada como local de interesse paisagístico (lazer e turismo) o


geomorfossítio Cachoeira do Cachimbo tem sua área de ocorrência na Formação Longá.
Apresentando como valor principal o didático inferiu-se ser o mesmo elevado uma vez que
pode ser utilizado por todos os níveis de ensino, desde o fundamental, o médio e superior,
para a explicação de diversos processos geológico/geomorfológico, tais como: processos
erosivos, diferença litológica, estratificação e controle estrutural (falhamentos) (Figura 40).
139

Figura 40 - Destaque para grandes paredões rochosos e estratificação em rochas/Cachoeira


do Cachimbo

Fonte: Folhasanjoense, 2019.

Apresentando bom estado de conservação, sem gestão pelo poder público e com
proteção ainda insuficiente o referido geomorfossítio apresenta poucas deteriorações, as
vulnerabilidades observadas são principalmente de ordem natural.

4.2.2.12 Geomorfossítio Mirante do Rio Poti

Este geomorfossítio localiza-se nas coordenadas 05°30’53.4’’de latitude sul e


041°59’19.0’’de longitude oeste, propriedade privada, na comunidade Clemência, a uma
altitude de 143 metros. Trata-se de um mirante em estrutura sedimentar com vista para o vale
do Rio Poti, apresentando boa visibilidade, sendo bem acessível, o acesso é feito por estrada
carroçável que leva até cerca de 50 metros do local (Figura 41).
Figura 41 - Geomorfossítio Mirante do Rio Poti

Fonte: A autora, 2019.


140

Local do tipo panorâmico, pertencente geologicamente a Formação Longá o referido


geomorfossitio apresenta elevado valor didático. A partir do mirante é possível visualizar o
trabalho erosivo do rio. Do local pode-se visualizar ainda processos incipientes de ocupação
em áreas adjacentes (Figura 42).
Figura 42 - Em destaque processos incipientes de ocupação em áreas adjacentes

Fonte: A autora, 2019.

Os principais interesses geológico/geomorfológicos que podem ser discutidos são


assim: processos erosivos, hidrografia (rios), vegetação marginal (mata ciliar) e a importância
da água.
Sem proteção e gestão pelo poder público e sem sinais de deterioração provocada por
ação antrópica, apenas desgaste natural o ambiente apresenta vulnerabilidades apenas de
ordem natural.

4.2.2.13 Geomorfossítio Cachoeira da Clemência

Localiza-se em área privada na localidade Floresta, e está situado entre as coordenadas


geográficas: 05°30’45.5’’de latitude sul e 041°59’33.2’’de longitude oeste, a uma altitude de
112 metros. Com trilhas bem conservadas o acesso e a visibilidade são boas (Figura 43).
141

Figura 43 - Geomorfossítio Cachoeira da Clemência

Fonte: A autora, 2019.

Local do tipo isolado, pertencente geologicamente a Formação Longá o


geomorfossítio Cachoeira da Clemência apresenta 5 (cinco) degraus estruturados o que
caracteriza pequenas quedas d’água de aproximadamente 1 m de altura. Com elevado valor
didático os interesses geológico/geomorfológicos principais que se destacam são: erosão
diferencial, estratificação e controle estrutural (falhamentos) (Figura 44).
Figura 44 - Detalhes para estratificação em rochas/Cachoeira da Clemência

Fonte: A autora, 2019.

Com proteção insuficiente e sem gestão pelo poder público a área encontra-se em bom
estado de conservação. Sem deteriorações observadas no geomorfossítio Cachoeira da
Clemência as principais vulnerabilidades são principalmente de ordem natural.
142

4.2.2.14 Geossítio Caos de Blocos de Arenito

Refere-se a uma aglomeração designadas por caos de blocos, rochas areníticas


arredondadas que encontram-se dispersas ao acaso. Localiza-se em propriedade privada, no
povoado Experiência, dista 13 km do centro da cidade (São João da Serra), e está situado
entre as coordenadas geográficas: 05°30’45.7’’de latitude sul e 041°59’33.3’’de longitude
oeste, a uma altitude de 158 metros.
Pertencente geologicamente a Formação Longá o geossítio Caos de Blocos de Arenito
encontra-se à margem de estrada carroçável, de fácil acesso e visibilidade comprometida pela
existência de vegetação o local é do tipo isolado (Figura 45).
Figura 45 - Geossítio Caos de Blocos de Arenito, destaque rochas areníticas arredondadas

Fonte: A autora, 2019.

Apresenta como valores principais o didático, estético e turístico, onde os principais


interesses geológico/geomorfológicos observados são aqueles relativos a temas como
intemperismo físico.
Em bom estado de conservação, com proteção insuficiente, e sem gestão pelo poder
público, embora com deterioração fraca, as vulnerabilidades identificadas são principalmente
de ordem natural.

4.2.2.15 Geomorfossítio Complexo Chapada das Covas

Situado nas coordenadas 05°30’28.4’’de latitude sul e 041°58’27.1’’de longitude


oeste, localiza-se em propriedade privada. Ocorrendo na Formação Longá tem altitude de 174
metros. Com acessibilidade e visibilidade moderada, no geomorfossítio Complexo Chapada
143

das Covas o acesso é feito por estrada carroçável (acessível por veículos 4x4 ou motocicleta),
que leva até cerca de 500 metros do local, ou em caso de outros veículos até
aproximadamente 1 km, sendo o restante do percurso feito por trilha.
Local do tipo isolado, com valores didático e ecológico elevado é possível visualizar o
trabalho erosivo da água e demais agentes naturais nas rochas areníticas da área. Na área é
possível observar abrigos (quatro no total), cavidades elaboradas em rochas sedimentar que
estão associados a processos erosivos naturais (erosão diferencial) (GUERRA, 1993) (Figura
46).
Figura 46 - Cavidades (abrigos) elaborados em rochas sedimentar

Fonte: A autora, 2019.

Além disso, na área pode-se visualizar micro relevos (demoiselles), pequenas torres
que tem feições erosivas caracterizadas por pequenos “pedestais” que se elevam alguns
centímetros cerca de 5 a 30 centímetros (SILVA, 2017). Esses são formados geralmente
quando um material mais resistente dificulta a ação da erosão por salpicamento (erosão
144

diferencial pluvial), provocando assim a formação de formas residuais (GUERRA, 1993)


(Figura 47).
Figura 47 - Micro relevos (demoiselles)

15 cm

Fonte: A autora, 2019.

No geomorfossítio ainda podem ser encontrados alvéolos, linhas de fraturas e juntas


poligonais. Os alvéolos são definidos como uma superfície de paredes verticais ou inclinadas
cheias de buracos ou cavidades fruto da dissolução (GUERRA, 1993) (Figura 48).
Figura 48 - Presença de alvéolos em rochas

Fonte: A autora, 2019.


145

Já as juntas poligonais podem ser compreendidas como um pacote de afloramento


rochoso de arenito que chama a atenção de longe ao ser visualizado, pois apresenta feições
peculiares fruto do processo de erosão diferencial nas rochas areníticas. A exemplo tem-se a
geoforma Pedra do Cérebro (associação da feição geomorfológica à imagem conhecida,
cérebro) (Figura 49).
Figura 49 - Detalhes do geomorfossítio Complexo Chapadas das Covas

B
A - Linhas de fraturas; B - Juntas poligonais (Geoforma Pedra do Cérebro).
Fonte: A autora, 2019.

Sem sinais de deterioração provocada por ação antrópica, apenas desgaste natural, o
ambiente encontra-se em bom estado de conservação. Embora não haja nenhuma forma de
proteção e gestão pelo poder público.

4.2.2.16 Geomorfossítio Cachoeira da Boa Nova

O geomorfossítio Cachoeira da Boa Nova está entre 05°30’29.5’’de latitude sul e


041°58’27.5’’de longitude oeste, e possui 127 metros de altitude. A área fica localizada em
propriedade privada, ambiente cercado, tendo acessibilidade e visibilidade moderada.
Pertencente geologicamente a Formação Longá o local é do tipo isolado (Figura 50).
146

Figura 50 - Geomorfossítio Cachoeira da Boa Nova

Fonte: A autora, 2019.

O acesso é feito por estrada carroçável que leva até cerca de 2 km do local, o restante
do percurso feito por trilha abandonada (1 km a pé) (Figura 51).
Figura 51 - Acesso ao geomorfossítio Cachoeira da Boa Nova (ambiente cercado)

Fonte: A autora 2019.

Com valores didático, ecológico, turístico e estético moderado é possível discutir o


trabalho da erosão diferencial e o processo de fraturamento das rochas (principais interesses
geológico/geomorfológico).
147

Repleta de grandes paredões, o geomorfossítio Cachoeira da Boa Nova apresenta


desnível muito acentuado, a referida cachoeira tem cinco (05) quedas d’água onde a queda
principal mede aproximadamente 8 metros de altura (Figura 52).
Figura 52 - Grandes paredões rochosos do geomorfossítio Cachoeira da Boa Nova

Fonte: A autora, 2019.

Com sinais de deterioração provocada por ação antrópica, presença de restos de


fogueira e resíduos sólidos, o ambiente encontra-se em estado de conservação comprometido
(Figura 53). Com proteção insuficiente e sem gestão pelo poder público as vulnerabilidades
naturais se somam as de ordem antrópica.
Figura 53 - Deterioração provocada pela ação antrópica/Cachoeira da Boa Nova

A C

B D
A, B, C e D – Plásticos e embalagens de garrafas encontradas no local
Fonte: A autora, 2019.
148

4.2.2.17 Geomorfossítio Cachoeira do Deus Dará

Localiza-se nas coordenadas 05°29’11.3’’de latitude sul e 041°49’26.7’’ de longitude


oeste apresenta altitude de 196 metros. Pertencente geologicamente a Formação Longá o
geomorfossítio Cachoeira do Deus Dará é do tipo isolado e fica localizado em propriedade
privada, localidade Canto do Agreste, povoado Lagoa.
Com difícil acessibilidade, para chegar até o mesmo é preciso percorrer uma trilha
abandonada muito inclinada, passando por vegetação fechada de Caatinga, no local a
visibilidade ainda é comprometida pela presença de árvores e arbustos.
Apresentando valor didático moderado na área é possível discutir temáticas como:
estratificação de rochas, fraturamentos e falhamentos (principais interesses
geológico/geomorfológicos). Vale ressaltar que a referida cachoeira tem uma queda d’água de
aproximadamente 6 metros de altura (Figura 54).
Figura 54 - Destaque para estratificação em rochas/Cachoeira do Deus Dará

Fonte: A autora, 2019.

Sem proteção e gestão pelo poder público o geomorfossítio apresenta deterioração


baixa, apresentando bom estado de conservação, as vulnerabilidades identificadas são
principalmente de ordem natural.

4.2.3 Geomorfossítios inventariados no município de Novo Santo Antônio – PI


149

A partir da inventariação foram identificados os seguintes geomorfossítios no


município de Novo Santo Antônio/PI: G1 – Geomorfossítio Cachoeira da Roça Velha, G2 –
Geomorfossítio Cachoeira do Rosário, G3 – Geomorfossítio Cachoeira dos Canudos, G4 –
Geomorfossítio Cachoeira da Lagoa Grande, e G5 – Geomorfossítio Cachoeira das Corujas. A
figura 55 a seguir apresenta a localização dos geomorfossítios no município.
Figura 55 - Geomorfossítios inventariados no município de Novo Santo Antônio/PI

Organização: A autora, 2020. Base de dados: CPRM (2014); IBGE (2014).

4.2.3.1 Geomorfossítio Cachoeira da Roça Velha

O geomorfossítio Cachoeira da Roça Velha é um local do tipo isolado e está entre


coordenadas 05°18’59.0’’de latitude sul e 041°01’42.6’’de longitude oeste apresentando
altitude de 183 metros.
Localizado em propriedade privada, o local apresenta boa visibilidade, no entanto, o
acesso à cachoeira é muito difícil, não existe trilha, sendo preciso andar em meio a vegetação
fechada. A cachoeira apresenta um desnível muito acentuado, sua queda d’água principal
mede aproximadamente 10 metros de altura (Figura 56).
Pertencente geologicamente a Formação Poti o local apresenta os valores didático;
turístico; ecológico; cultural; estético e econômico elevado.
150

Figura 56 - Geomorfossítio Cachoeira da Roça Velha

Fonte: Piexplore, 2018.

Divulgada e usada como local de interesse paisagístico (lazer e turismo) os principais


interesses geológico/geomorfológicos observados que podem ser discutidos são: o trabalho da
erosão diferencial com formações de marmitas (feições resultantes do processo de erosão
fluvial), estratificações de rochas e o processo de falhamentos (GUERRA, 1993) (Figura 57).
Figura 57 - Detalhes do geomorfossítio Cachoeira da Roça Velha

A B

C D
A e B – Marmitas (feições resultantes do processo de erosão fluvial); C e D - Estratificações em rochas
Fonte: A autora, 2019.
151

Com presença de deterioração por ações antrópicas as vulnerabilidades de ordem


natural se somam ao mau uso do ambiente. Sem nenhuma proteção o referido geomorfossítio
não apresenta gestão pelo poder público.

4.2.3.2 Geomorfossítio Cachoeira do Rosário

Situa-se entre as coordenadas 05°14’47.2’’de latitude sul e 041°57’42.4’’de longitude


oeste, a 123 metros de altitude. Local do tipo isolado, localizado em propriedade privada o
geomorfossítio Cachoeira do Rosário apresenta boa acessibilidade. O acesso é feito por
estrada carroçável que leva até menos de 50 metros do local (Figura 58).
Figura 58 - Geomorfossítio Cachoeira do Rosário

Fonte: Piexplore, 2018.

A visibilidade do geomorfossítio é boa posto o mesmo contar com uma passarela que
atravessa toda a cachoeira (Figura 59).
152

Figura 59 - Passarela que atravessa o geomorfossitio Cachoeira do Rosário

B C
Fonte: A e B – Piexplore, 2018; C – A autora, 2019.

Assentada sobre a Formação Poti, a referida cachoeira é divulgada e usada como local
de interesse paisagístico (lazer e turismo). Com valores didático; turístico; ecológico; cultural;
estético e econômico elevado na área é possível discutir o trabalho da erosão
diferencial/erosão hídrica com formações de marmitas, estratificação de rochas e ainda
processos de fraturamento das mesmas (Figura 60).
Figura 60 - Detalhes do geomorfossítio Cachoeira do Rosário

A B

C
A e B – Marmitas; C – Fraturas em rochas
Fonte: A autora, 2019.
153

Bem sinalizada, com placas informativas sobre o local a mesma não apresenta
deterioração e as vulnerabilidades observadas são principalmente de ordem natural. Além
disso, o geomorfossítio Cachoeira do Rosário ainda possui placas de alerta e orientação para
os visitantes e banhista (Figura 61).
Figura 61 - Placas informativas/geomorfossítio Cachoeira do Rosário

A B

C D
A e B - Placas informativas sobre a localização da Cachoeira do Rosário; C e D – Placas de alerta e orientação
para os visitantes e banhistas.
Fonte: A autora, 2019.

Em bom estado de conservação a proteção pela gestão pública ainda é insuficiente,


algumas sinalizações, como o portal de entrada com o nome da cachoeira encontra-se
deteriorado (Figura 62).
Figura 62 - Portal de entrada deteriorado/Cachoeira do Rosário

Fonte: A autora, 2019.


154

4.2.3.3 Geomorfossítio Cachoeira dos Canudos

Local do tipo isolado o geomorfossítio Cachoeira dos Canudos localiza-se nas


coordenadas 05°17’47.4’ de latitude sul e 041°54’00.3’’de longitude oeste e possuí 140
metros de altitude. Pertencente à propriedade privada o local está assentado sobre as rochas da
Formação Cabeças. Com boa visibilidade e de fácil acesso, o mesmo possui estrada
carroçável até menos de 50 metros do local. Banhada pelo rio Canudos, a mesma apresenta
valor didático moderado e valores turístico e ecológico elevado (Figura 63).
Figura 63 - Geomorfossítio Cachoeira dos Canudos

Fonte: A autora, 2019.

Divulgada e usada como local de interesse paisagístico (lazer e turismo) na área é


possível discutir processos como estratificação de rochas, fraturamento, ação erosiva da água,
importância da água, etc (Figura 64).
Figura 64 - Detalhes para estratificação em rochas/ Cachoeira dos Canudos

Fonte: A autora, 2019.

Com proteção insuficiente e sem gestão pelo poder público o local não apresenta
deterioração, em bom estado de conservação as vulnerabilidades observadas são
principalmente de ordem natural.
155

4.2.3.4 Geomorfossítio Cachoeira da Lagoa Grande

O geomorfossítio Cachoeira da Lagoa Grande é do tipo isolado e está localizado em


propriedade privada. Está entre 05°20’40.4’’de latitude sul e 041°57’01.5’’de longitude oeste,
e possuí 137 metros de altitude. Com visibilidade comprometida pela presença de árvores e
arbustos o referido geomorfossítio apresenta queda d’água de aproximadamente 5 metros de
altura. Apresentando boa acessibilidade o acesso é feito por estrada carroçável que leva até
menos de 50 metros do local (Figura 65).
Figura 65 - Geomorfossítio Cachoeira da Lagoa Grande

Fonte: A autora, 2019.

Pertencente geologicamente a Formação Longá o local apresenta valores didático e


ecológico elevado. Os principais interesses geológico/geomorfológicos observados são:
processos como estratificação de rochas, fraturamento, ação erosiva da água, importância da
água, etc.
156

Sem gestão pelo poder público não apresentando nenhum tipo de proteção o referido
geomorfossítio não apresenta deterioração e as vulnerabilidades observadas são
principalmente de ordem natural.

4.2.3.5 Geomorfossítio Cachoeira das Corujas

O geomorfossítio Cachoeira das Corujas localiza-se nas coordenadas 05°22’02.6’’de


latitude sul e 041°59’52.4’’de longitude oeste a 152 metros de altitude. O local é do tipo
isolado e está localizado em propriedade privada, povoado Pau de Chapada, cerca de 14 km
da sede municipal.
De acessibilidade moderada e boa visibilidade, a Cachoeira das Corujas tem queda
d’água principal de aproximadamente 10 metros de altura, abaixo da queda principal existe
um grande poço para banho (Figura 66).
Figura 66 - Geomorfossítio Cachoeira das Corujas

A B

A – Período de estiagem; B - Período chuvoso (de cheias).


Fonte: A – A autora, 2019; B – Piexplore, 2018.

Vale ressaltar que o uso é contínuo, não se restringindo a estação chuvosa, uma vez
que o poço d’água não seca a Cachoeira das Corujas é uma das mais conhecidas e relevantes
no município.
Divulgada e usada como local de interesse paisagístico (lazer e turismo) o
geomorfossítio Cachoeira das Corujas apresenta valores didático, turístico, ecológico, estético
e econômico elevado. Ocorrendo em área da Formação Poti, os principais aspectos de
interesses geológico/geomorfológicos observados são: erosão diferencial, estratificação e
falhamentos em rochas.
Sem gestão pelo poder público, com proteção insuficiente, no local há presença de
deterioração e as vulnerabilidades naturais observadas são somadas as de ordem antrópica,
como a presença de restos de fogueira e resíduos sólidos (garrafas) (Figura 67).
157

Figura 67 - Deterioração provocada por ação antrópica/Cachoeira das Corujas

B C
A e B - Resíduos sólidos (garrafas); C - Presença de restos de fogueira
Fonte: A autora, 2019.

4.2.4 Geomorfossítios inventariados no município de Sigefredo Pacheco – PI

No município de Sigefredo Pacheco/PI a partir da inventariação foram identificados


02 (dois) geomorfossítios: G1 – Geomorfossítio Cachoeira da Pedra Negra e G2 –
Geomorfossítio Cachoeira do Poço de Pedra (Figura 68).
Figura 68 - Geomorfossítios inventariados no município de Sigefredo Pacheco/PI

Organização: A autora, 2020. Base de dados: CPRM (2014); IBGE (2014).


158

4.2.4.1 Geomorfossítio Cachoeira da Pedra Negra

O geomorfossítio Cachoeira da Pedra Negra é do tipo isolado e está localizada em


propriedade privada, fazenda Abelheiras, localidade Bem Bom, de modo que é preciso a
autorização do proprietário do terreno para visitação. O mesmo localiza-se entre as
coordenadas geográficas: 05°01’22.5’’de latitude sul e 041°56’30.2’’ de longitude oeste, a
uma altitude de 135 metros.
Assentada em rochas da Formação Longá a Cachoeira da Pedra Negra possui um
grande poço para banho. A queda d’água principal é de aproximadamente 20 metros de altura
(Figura 69).
Figura 69 - Geomorfossítio Cachoeira da Pedra Negra

A – Período de estiagem; B - Período chuvoso (de cheias).


Fonte: A – A autora, 2019; B – Juscelino Reis, 2019.

Com visibilidade moderada posto a presença de árvores e arbustos o local apresenta


fácil acesso, feito por estrada carroçável que leva até menos de 50 metros do local. No
referido geomorfossítio para descer até a parte de baixo é necessário passar por uma trilha
bem curta, mas bem íngreme usando uma escada de madeira que viabiliza o acesso (Figura
70).
159

Figura 70 - Escada que viabiliza o acesso ao geomorfossitio Cachoeira da Pedra Negra

Fonte: A autora, 2019.

Com valores didático, turístico, ecológico e estético elevado o geomorfossítio é


divulgado e usado como local de interesse paisagístico (lazer e turismo), os principais
interesses geológico/geomorfológicos observados que podem ser discutidos são: erosão
diferencial, estratificação, fraturamento e falhamentos em rochas (Figura 71).
Figura 71 - Paredões rochosos com estratificações em rochas /Cachoeira da Pedra Negra

Fonte: A autora, 2019.

Com proteção insuficiente e sem gestão poder público, o local apresenta um bom
estado de conservação não apresentando deterioração, as vulnerabilidades observadas são
principalmente de ordem natural. Vale destacar que a Cachoeira da Pedra Negra recebe as
águas de uma barragem do rio Jenipapo (Figura 72).
160

Figura 72 - Cachoeira da Pedra Negra recebendo águas de uma barragem no rio Jenipapo

Fonte: Portal de Olho, 2019.

4.2.4.2 Geomorfossítio Cachoeira do Poço de Pedra

Situado nas coordenadas 05°07’41.5’’de latitude sul e 041°54’03.1’’de longitude


oeste, localiza-se no povoado Barro Vermelho, área privada. Tem altitude de 212 metros, e
está assentado sobre rochas da Formação Poti. Local do tipo isolado, o geomorfossítio
Cachoeira do Poço de Pedra apresenta boa visibilidade e tem difícil acesso no tocante a
estrada, uma vez que a mesma encontra-se em péssimas condições (Figura 73).
Figura 73 - Geomorfossítio Cachoeira do Poço de Pedra

Fonte: A autora, 2019.


161

Com valor didático e ecológico moderado os principais interesses


geológico/geomorfológicos observados que podem ser discutidos são: erosão diferencial,
estratificação, fraturamento e falhamentos em rochas (Figura 74).
Figura 74 - Detalhes do geomorfossítio Cachoeira do Poço de Pedra

A - Detalhes para estratificação em rochas; B – Queda d´água principal


Fonte: A autora, 2019.
162

Com proteção insuficiente, e sem gestão pelo poder público o geomorfossítio


Cachoeira do Poço de Pedra não apresenta deterioração, sendo as vulnerabilidades observadas
de ordem natural.

4.2.5 Geomorfossítios inventariados no município de Juazeiro do Piauí – PI

No município de Juazeiro do Piauí/PI a partir da inventariação foram identificados 12


(doze) geomorfossítios. A figura 75 a seguir apresenta a localização dos geomorfossítios no
município.
Figura 75 - Geomorfossítios inventariados no município de Juazeiro do Piauí/PI

Organização: A autora, 2020. Base de dados: CPRM (2014); IBGE (2014).

4.2.5.1 Geomorfossítio Complexo Lajedo Jardins de Cactos

O geomorfossítio Complexo Lajedo Jardins de Cactos está entre 05°10’51.7’’de


latitude sul e 041°42’41.4’’de longitude oeste, e possuí 154 metros de altitude. Pertencente a
propriedade privada, o referido geomorfossítio situa-se em área da Formação Cabeças.
Trata-se de um local do tipo isolado encontrados em 03 localidades (Pimenta, Ponte do
Poti e Bom Jardim). Em todos os ambientes o acesso e a visibilidade são consideradas boas. O
acesso é feito por estrada carroçável que leva até menos de 50 metros de cada local (Figura
76).
163

Figura 76 - Geomorfossítio Complexo Lajedo Jardins de Cactos

A - Lajedo Jardins de Cactos localidade Pimenta; B - Lajedo Jardins de Cactos localidade Ponte do Poti; C -
Lajedo Jardins de Cactos localidade Bom Jardim
Fonte: A autora, 2019.

Com valor didático elevado os principais interesses geológico/geomorfológicos


observados que podem ser discutidos são: a relação solo-paisagem, o trabalho da erosão
diferencial, tipos de vegetação típica do Bioma Caatinga (cactáceas) e diferença hídrica.
Com proteção insuficiente, e sem gestão pelo poder público o referido geomorfossítio
não apresenta deterioração. Em bom estado de conservação, as vulnerabilidades identificadas
são de ordem natural, a fragilidade observada é caracterizada por clima semiárido, vegetação
de caatinga e solos pedregosos.

4.2.5.2 Geomorfossítio Cachoeira do Covão do Jaburu

Situado nas coordenadas 05°04’13.7’’de latitude sul e 041°37’30.2’’de longitude


oeste, o geomorfossítio Cachoeira do Covão do Jaburu localiza-se em área privada. Do tipo
164

isolado em altitude de 163 metros e está assentado sobre rochas da Formação Cabeças. Com
boa acessibilidade e visibilidade, o acesso é feito por estrada carroçável que leva até menos de
50 metros do local (Figura 77).
Figura 77 - Detalhes do acesso ao geomorfossítio Cachoeira do Covão do Jaburu

Fonte: A autora, 2019.

Com valores científico, didático, ecológico, turístico, cultural, estético e econômico


elevado no local é possível discutir o trabalho da erosão hídrica e laminar, erosão diferencial
(resistência das rochas) com formações de marmitas (feições resultantes do processo de
erosão fluvial), termosclastia, bem como os processos de fraturamento e falhamentos (Figura
78).
165

Figura 78 - Processos observados no geomorfossítio Cachoeira do Covão do Jaburu

A B

C
A e B - Marmitas; C - Trabalho da erosão hídrica
Fonte: A autora, 2019.

Agregando valor cultural a este geomorfossítio no local ainda é possível visualizar


inúmeras gravuras rupestres, imagens gravadas em incisões na própria rocha, o que permite a
discussão sobre povos primitivos, evidências históricas (arqueológicas) (Figura 79).
Figura 79 - Gravuras rupestres gravadas em incisões na própria rocha

Fonte: A autora, 2019.


166

No geomorfossitio Cachoeira do Covão do Jaburu é possível observar corredeiras,


quedas d’água em degraus onde a queda principal mede aproximadamente 2 metros de altura
(Figura 80).
Figura 80 - Corredeiras, quedas d’água em degraus/Cachoeira do Covão do Jaburu

Fonte: A autora, 2019.

Com proteção insuficiente, e sem gestão pelo poder público o geomorfossítio


apresenta sinais de deterioração provocada por ação antrópica, presença de restos de fogueira,
resíduos sólidos e pichações, o ambiente encontra-se em estado de conservação
comprometido.

4.2.5.3 Geomorfossítio Complexo Mirante da Boa Vista

Local do tipo panorâmico o geomorfossítio Complexo Mirante da Boa Vista localiza-


se em propriedade privada e está entre coordenadas 05°08’17.6’’ de latitude sul e
167

041°39’53.2’’de longitude oeste apresentando altitude de 204 metros. Com boa visibilidade e
acessibilidade, o acesso é feito por estrada carroçável que leva até menos de 50 metros do
local (Figura 81).
Figura 81 - Geomorfossítio Complexo Mirante da Boa Vista

Fonte: A autora, 2019.

Localizado em área da Formação Cabeças o ambiente apresenta valor didático


elevado. No referido geomorfossítio os principais interesses geológico/geomorfológicos
observados são: tipos de rochas, erosão/intemperismo, limitação de solos (água/vegetação) e
limitação climática.
No local ainda é possível visualizar esculturações de formas sobre ação do
intemperismo físico, a exemplo das geoformas Pedra do Lagarto e Pedra da Galinha (Figura
82).
Figura 82 - Detalhes do geomorfossítio Complexo Mirante da Boa Vista

A B
A - Geoforma Pedra do Lagarto; B - Geoforma Pedra da Galinha
Fonte: A autora, 2019.
168

Com proteção insuficiente e sem gestão poder público, o local apresenta um bom
estado de conservação não apresentando deterioração, as vulnerabilidades observadas são
principalmente de ordem natural.

4.2.5.4 Geomorfossítio Complexo Mini Cânion do Rio Poti

Local do tipo isolado, área privada, localidade Mansinho, o geomorfossítio Complexo


Mini Cânion do Rio Poti (Médio Curso da Bacia Hidrográfica do rio Poti) localiza-se nas
coordenadas 05°09’21.5’’de latitude sul e 041°39’40.4’’de longitude oeste e possuí 124
metros de altitude.
Assentado sobre rochas da Formação Cabeças o acesso ao geomorfossítio Complexo
Mini Cânion do Rio Poti é feito por estrada carroçável que leva até 50 metros do local, sendo
a acessibilidade e a visibilidade considerada boa (Figura 83).
Figura 83 - Detalhes do acesso ao geomorfossítio Complexo Mini Cânion do Rio Poti

Fonte: A autora, 2019.


169

Caracterizado como um vale encaixado, com drenagem que tende a se profundar à


medida que escava o substrato rochoso, o trabalho da erosão diferencial favorece a formação
de patamares no leito do rio, os agentes erosivos desintegram o arenito de acordo com o grau
de resistência deste o que possibilita dar forma ao vale (Figura 84).
Figura 84 - Geomorfossítio Complexo Mini Cânion do Rio Poti

Fonte: A autora, 2019.

Vale destacar que o rio Poti se apresenta encaixado no Lineamento Transbrasiliano,


que se constitui uma falha na crosta terrestre gerada no período geológico denominado Ciclo
Brasiliano, que ocorreu entre 750 e 540 milhões de anos antes do presente, no período em que
o cráton do São Francisco chocou-se com o amazônico, conforme Curto et al. (2015) apud
Santos (2017).
Com valores científico, didático, ecológico, turístico, cultural, estético e econômico
elevado os interesses geológico/geomorfológico do local são variados. É possível discutir
temáticas como o processo de rupturas e falhamentos, de como se formam os cânions, além da
discussão acerca das formas de transporte de sedimentos (arraste de materiais, rolamento,
saltamento) e erosão fluvial, através do processo de corrasão, embate das águas com os
sedimentos (areias e seixos), atrito e desgaste das rochas fruto da ação da água.
No local são encontradas cavidades de variados tamanhos e profundidades, fruto de
processos erosivos decorrentes da ação da água sobre a rocha, que elaboram cavidades
conhecidas como marmitas de dissolução, resultante da erosão hídrica (Figura 85).
170

Figura 85 - Marmitas de dissolução, resultante da erosão hídrica

Fonte: A autora, 2019.

Além disso, é possível discutir e observar no ambiente paredões da Formação Cabeças


que afloram em diversas áreas do município em questão (Figura 86).
Figura 86 - Paredões da Formação Cabeças/Complexo Mini Cânion do Rio Poti

Fonte: A autora, 2019.


171

No local é possível encontrar importante quedas d´aguas, como a Cachoeira da Casa


de Pedra (Figura 87).
Figura 87 - Cachoeira da Casa de Pedra/geomorfossítio Complexo Mini Cânion do Rio Poti

Fonte: A autora, 2019.


172

Destaca-se ainda grande quantidade de gravuras rupestres, o que agrega valor cultural
a este geomorfossítio (Figura 88).
Figura 88 - Gravuras rupestres encontradas no geomorfossítio Complexo Mini Cânion do Rio
Poti

Fonte: A autora, 2019.

Com proteção insuficiente e sem gestão pelo poder público o local não apresenta
deterioração, em bom estado de conservação as vulnerabilidades observadas são
principalmente de ordem natural.

4.2.5.5 Geomorfossítio Cachoeira do Tingidor

Local do tipo isolado o geomorfossítio Cachoeira do Tingidor localiza-se nas


coordenadas 05°10’34.8’’de latitude sul e 041°41’41.2’’ de longitude oeste e possuí 149
metros de altitude. Pertencente à propriedade privada o local está assentado sobre as rochas da
Formação Cabeças (Figura 89).
173

Figura 89 - Geomorfossítio Cachoeira do Tingidor

A B

A – Período de estiagem; B - Período chuvoso (de cheias).


Fonte: A – A autora, 2019; B – Roberto Sousa, 2019.

O referido geomorfossítio Cachoeira do Tingidor encontra-se cercado; com acesso


moderado feito por estrada carroçável que leva até cerca de 2 km do local, sendo o restante do
percurso feito a pé por trilha (Figura 90).
Figura 90 - Detalhes do acesso ao geomorfossítio Cachoeira do Tingidor

Fonte: A autora, 2019.

Divulgado e usado como local de interesse paisagístico (lazer e turismo) o


geomorfossítio apresenta valores turístico, estético e econômico elevado. Revelando grande
beleza cênica este apresenta três quedas d’água de aproximadamente 5 metros de altura cada,
no local é possível discutir o trabalho da erosão diferencial, estratificação de rochas,
fraturamento e falhamentos em rochas, etc.
Vale destacar que o referido geomorfossítio apresenta algumas placas informativas
indicando a cachoeira embora essas estejam em péssimas condições (deterioradas) (Figura
91). Com trilhas que levam até o local, o acesso é dificultado por tratar-se de propriedade
privada.
174

Figura 91 - Placas informativas em péssimas condições (deterioradas) indicando a Cachoeira


do Tingidor

Fonte: A autora, 2019.

Este ainda possui placas de alerta e orientação para os visitantes e banhista (Figura
92).
Figura 92 - Placas de alerta e orientação para os visitantes e banhista/Cachoeira do Tingidor

Fonte: A autora, 2019.

Sem gestão pelo poder público o geomorfossítio não apresenta deterioração, as


vulnerabilidades observadas são principalmente de ordem natural.
175

4.2.5.6 Geomorfossítio Cachoeira do Cipó

Do tipo isolado, o geomorfossítio Cachoeira do Cipó situa-se nas coordenadas


05°10’42.9’’de latitude sul e 041°41’52.8’’de longitude oeste, tem altitude de 166 metros e
localiza-se em propriedade particular (Figura 93).
Figura 93 - Placas que indicam que o local pertence a propriedade particular

Fonte: A autora, 2019.

Com acesso moderado o local encontra-se em uma área que fica a 10 km da sede do
município. Apresentando boa visibilidade o referido o geomorfossítio está assentado na
Formação Cabeças.
Com valores turístico e ecológico elevado os principais interesses
geológico/geomorfológicos possíveis de serem discutidos são: processos como o transporte de
sedimentos, arraste de materiais, o trabalho da erosão diferencial, estratificação de rochas e o
processo de falhamentos.
Com aproximadamente 3 metros de queda d’água e um poço de aproximadamente 3
metros de profundidade o local apresenta grande beleza cênica (Figura 94).
Figura 94 - Geomorfossítio Cachoeira do Cipó

Fonte: Juazeiro Terra Querida, 2019.


176

Embora não seja gerida pelo poder público, apresenta bom estado de conservação. As
vulnerabilidades identificadas são principalmente de ordem natural.

4.2.5.7 Geomorfossítio Mirante Pedreira de Lajes

Localiza-se nas coordenadas 05°11’05.6’’ de latitude sul e 041°42’40.5’’de longitude


oeste e apresenta altitude de 163 metros (Figura 95). Pertencente geologicamente a Formação
Cabeças o geomorfossítio Mirante Pedreira de Lajes é do tipo panorâmico e fica localizado
em propriedade privada.
Figura 95 - Geomorfossítio Mirante Pedreira de Lajes

Fonte: A autora, 2019.

Tendo como principais valores o científico e o didático o geomorfossítio Mirante


Pedreira de Lajes apresenta boa visibilidade e é bem acessível, o acesso é feito por estrada
carroçável que leva até menos de 50 metros do local.
177

Na área é possível discutir temáticas como estratificação de rochas, diferentes


litologias, rochas ornamentais, mineração (extração de rochas do tipo ardósia e quartzito),
processos intempéricos, degradação do ambiente e descaracterização da paisagem (Figura 96).
Figura 96 - Detalhes do Geomorfossítio Mirante Pedreira de Lajes

A - Planos de acamamento das camadas dos afloramentos da Formação Cabeças; B - Extração de rochas do
tipo ardósia e quartzito; C - rochas ornamentais
Fonte: A autora, 2019.

Em péssimo estado de conservação e com deterioração avançada as vulnerabilidades


identificadas de ordem natural se somam ao mau uso do ambiente (ações antrópicas). A
fragilidade resulta das condições naturais (clima semiárido, vegetação de caatinga e solos
pedregosos) somadas às atividades humanas. Sem gestão pelo poder público, o local apresenta
proteção insuficiente.

4.2.2.8 Geomorfossítio Toca do Nego

Cavidade natural rochosa com dimensões consideradas (5 metros de altura por 5


metros de comprimento) que permitem o acesso a seres humanos, o geomorfossítio Toca do
Nego possui uma única entrada. Local do tipo isolado, área privada, localiza-se nas
coordenadas 05°11’07.8’’de latitude sul e 041°42’39.3’’de longitude oeste e apresenta
altitude de 145 metros (Figura 97).
178

Figura 97 - Geomorfossítio Toca do Nego

Fonte: A autora, 2019.

Assentado sobre rochas da Formação Cabeças, o local apresenta acessibilidade


considerada fácil, caminho transitável por veículo automóvel até cerca de 500 metros do local,
sendo o restante do percurso feito por trilha (a pé). Sua visibilidade é boa, no entanto, obriga o
deslocamento para melhor visualização do geomorfossítio em questão, em face da presença de
vegetação.
Com valores didático, ecológico, turístico, cultural, estético e econômico elevados os
interesses geológico/geomorfológicos do local são variados. É possível discutir temáticas
como, o processo de erosão diferencial (diferenças litológicas), estratificação de rochas (plano
de acamamento das camadas da Formação Cabeças na forma de lâminas) e formações de
cavidades em estrutura sedimentar (rochas areníticas). Vale ressaltar que o local apresenta
ainda variadas pinturas rupestres agregando valor cultural a este geomorfossítio (Figura 98).
Figura 98 - Presença de pinturas rupestres no geomorfossítio Toca do Nego

A B

Fonte: A – Juscelino Reis, 2019; B – A autora, 2019.


179

Embora não seja gerido pelo poder público, apresenta bom estado de conservação.
Com proteção insuficiente as vulnerabilidades identificadas são principalmente de ordem
natural.

4.2.2.9 Geomorfossítio Lajedo do Tinguizeiro

Local do tipo isolado, localizado em propriedade privada, povoado Tinguizeiro, o


geomorfossítio Lajedo do Tinguizeiro situa-se nas coordenadas 05°00’17.7’’ de latitude sul e
041°34’36.2’’de longitude oeste. Ocorrendo na Formação Cabeças tem altitude de 170
metros. Com acesso moderado o local encontra-se em uma área que fica a 20 km da sede do
município.
Com boa visibilidade e acessibilidade moderada o referido geomorfossítio apresenta
elevado valor cultural e estético, no local é possível discutir temáticas como a relação solo-
paisagem (limitação pedológica), tipos de vegetação típica do Bioma Caatinga (cactáceas),
aspectos relacionados à erosão hídrica/fluvial, intemperismo físico, químico e biológico, etc
(Figura 99).
Figura 99 - Detalhes do geomorfossítio Lajedo do Tinguizeiro

A B

A - Vegetação típica do Bioma Caatinga (cactáceas); B - Limitação pedológica


Fonte: A autora, 2019.

Do ponto de vista cultural o local ainda permite a discussão sobre povos primitivos,
evidências históricas (arqueológicas), uma vez que existe grande quantidade de gravuras
rupestres (imagens em incisões na própria rocha/lajedo), o que agrega valor cultural a este
geomorfossítio (Figura 100).
180

Figura 100 - Gravuras rupestres encontradas no geomorfossítio Lajedo do Tinguizeiro

Fonte: A autora, 2019.

Com vulnerabilidades observadas principalmente de ordem natural o referido


geomorfossítio apresenta deterioração moderada. Sem gestão e proteção pelo poder público o
estado de conservação do ambiente é ruim, as gravuras estão expostas a ação da água, erosão
fluvial do riacho Olho d’água da Toca (Figura 101) e o pisoteio dos animais, o que exige das
autoridades ações urgentes voltadas a preservação do referido geomorfossítio, tendo em vista
que o mesmo retrata registros de povos antigos que habitaram a região.
Figura 101 - Passagem do riacho Olho d’água da Toca próximo a gravuras

Fonte: A autora, 2019.

Vale ressaltar que muitas dessas representações artísticas pré-históricas (grafismos


rupestres), por se encontrar expostas ao tempo (ações intempéricas/climáticas) somadas ao
181

uso atual (pecuária extensiva) já se encontram deterioradas, considerando suas espessura e


seus traçados (Figura 102).
Figura 102 - Grafismos rupestres deteriorados

Fonte: A autora, 2019.

4.2.2.10 Geomorfossítio Cachoeira da Baixa

O geomorfossítio Cachoeira da Baixa está entre 05°10’09.7’’de latitude sul e


041°43’26.4’’de longitude oeste, e possui 203 metros de altitude. Local do tipo isolado
pertencente a propriedade privada, localidade Bom Jardim o referido geomorfossítio situa-se
em área da Formação Cabeças.
De fácil acessibilidade, o acesso ao referido geomorfossítio é feito por estrada
carroçável que leva até 50 m do local. Quanto à visibilidade o local apresenta condições de
observação comprometida pela presença de árvores e arbustos (Figura 103).
Figura 103 - Geomorfossítio Cachoeira da Baixa
182

Fonte: A autora, 2019.

O local tem como principal valor o didático onde os interesses


geológico/geomorfológicos principais que podem ser discutidos são os processos de erosão
hídrica, tipos de litologia (rochas), estratificação e falhamentos.
Com proteção insuficiente e sem gestão pelo poder público o referido geomorfossítio
apresenta deterioração baixa, as vulnerabilidades observadas são apenas de ordem natural,
apresentando-se assim em bom estado de conservação. Vale ressaltar que a referida cachoeira
tem uma queda d’água de aproximadamente 2 metros de altura.

4.2.2.11 Geomorfossítio Complexo Formações das Areias

Local do tipo área, localizado em propriedade privada, povoado Areias, o


geomorfossítio Complexo Formações das Areias situa-se nas coordenadas 05°09’53.2’’de
latitude sul e 041°41’17.4’’ de longitude oeste. Ocorrendo sobre rochas da Formação Cabeças
tem altitude de 182 metros. Com acesso moderado o local apresenta trilhas que não são
conservadas e o solo arenoso (areia densa) dificulta a passagem de automóveis.
Com boa visibilidade, o referido geomorfossítio apresenta valores didático, turístico,
ecológico, cultural, estético e econômico elevado, os principais interesses
geológico/geomorfológicos observados no local são: erosão diferencial, relevo ruiniforme e
intemperismo físico.
É possível visualizar esculturações de formas bizarras sobre ação do intemperismo
físico, a exemplo das geoformas Mapa do Piauí e Pedra do Sapo (Figura 104).
183

Figura 104 - Detalhes do geomorfossítio Complexo Formações das Areias

A B
A - Geoforma Mapa do Piauí; B - Geoforma Pedra do Sapo
Fonte: A autora, 2019.

São encontrados demoiselles, micro relevos (pequenas torres) com cerca de 5 a 15


centímetros, ocasionados especialmente por erosão diferencial pluvial (Figura 105).
Figura 105 - Demoiselles, micro relevos (pequenas torres) com cerca de 5 a 15 cm
10 cm

Fonte: A autora, 2019.


184

Destaca-se ainda cavidades elaboradas em rochas sedimentar pela erosão diferencial


somados a ação de processos intempéricos (intemperismo físico e químico) a exemplo do
Abrigo das Areias e do Mini Portal Pintado (com a presença de pinturas rupestres) (Figura
106).
Figura 106 - Processos em destaque no geomorfossítio Complexo Formações das Areias

B
A – Abrigo das Areias; B - Mini Portal Pintado (com a presença de pinturas rupestres)
Fonte: A autora, 2019.

No referido geomorfossítio ainda foi encontrado uma cavidade natural rochosa com
dimensões consideradas que permitem o acesso a seres humanos, um espaço alto e largo
designado geoforma Caverna Currais de Pedras (Figura 107).
185

Figura 107 - Geoforma Caverna Currais de Pedras

Fonte: A autora, 2019.

Ainda dentro do referido complexo há presença de significativas feições ruiniforme


como a geoforma Ruínas de Pedras que somam uma área com mais de 2 km de extensão
(Figura 108).
Figura 108 - Geoforma Ruínas de Pedras

Fonte: A autora, 2019.


186

Sem gestão pelo poder público e proteção insuficiente o local apresenta-se em bom
estado de conservação possuindo fraca deterioração, haja vista que não há sinais de
degradação provocada por ação antrópica, apenas são observados desgastes naturais.

4.2.2.12 Geomorfossítio Mirante Pedra do Arco Pintado

Local do tipo panorâmico, localizado em propriedade particular o geomorfossítio


Mirante Pedra do Arco Pintado configura-se em um arco natural situado em uma projeção de
morro. Ocorrendo em rochas da Formação Cabeças tem altitude de 145 metros e situa-se nas
coordenadas 05°09’45.9’’ de latitude sul e 041°41’08.6’’de longitude oeste (Figura 109).
Com boas condições de observação o local apresenta acessibilidade considerada fácil,
o acesso ao referido geomorfossítio é feito por estrada carroçável que leva até 50 m do local.
Em relação aos valores que apresenta considera-se que o geomorfossítio é dotado de
elevado valor didático, cultural e estético.
Figura 109 - Geomorfossítio Mirante Pedra do Arco Pintado

Fonte: A autora, 2019.

O local apresenta alta relevância de conteúdos geomorfológicos e arqueológico, é


possível visualizar além de relevo do tipo ruiniforme registros pré-históricos com a presença
de pinturas rupestres (simbologia dos povos pretéritos), o que evidencia relevante valor
cultural ao geomorfossítio (Figura 110).
187

Figura 110 - Pinturas rupestres no geomorfossítio Mirante Pedra do Arco Pintado

Fonte: A autora, 2019.

No local podem ser discutidas temáticas como a erosão diferencial (intemperismo),


erosão pluvial (ação das chuvas), erosão eólica (ação dos ventos), descontinuidades erosivas,
além das evidências históricas (arqueológicas).
Conforme Cristo (2013, p.180), “esta formação de arcos [...] ocorre por um conjunto
de juntas intercruzadas que pela ação do intemperismo e da erosão provocam a queda de
blocos favorecendo aberturas na feição rochosa”. Escavado naturalmente os arcos são frutos
de processos erosivos atuantes (intemperismo).
Do referido mirante se pode ter uma visão panorâmica de uma ampla área de relevo
do tipo ruiniforme com características geológicas relacionadas a Formação Cabeças, sendo
constituída essencialmente de arenitos finos, friáveis, com cores que variam de amarelo,
vermelho e, principalmente, branco (Figura 111).
Figura 111 - Relevo do tipo ruiniforme/geomorfossítio Mirante Pedra do Arco Pintado

Fonte: A autora, 2019.

Sem gestão pelo poder público ressalta-se que não foi identificada qualquer medida de
proteção a este geomorfossítio, o que evidencia tal necessidade. No entanto, as
vulnerabilidades observadas são apenas de ordem natural.
188

A seguir os geossítios/geomorfossítios acima inventariados e caracterizados serão


quantificados. A quantificação constitui a segunda etapa de uma estratégia de geoconservação
e objetiva ordenar geomorfossítios (lato sensu), por meio de pontuações atribuídas aos
mesmos utilizando critérios pré-estabelecidos. Consiste assim na atribuição de valores
numéricos a locais de interesse geológico, geomorfológico ou outros, funcionando como um
complemento da avaliação qualitativa já realizada (PEREIRA, 2006).

4.3. QUANTIFICAÇÃO DOS GEOSSÍTIOS/GEOMORFOSSÍTIOS DOS MUNICÍPIOS DE


JUAZEIRO DO PIAUÍ, NOVO SANTO ANTÔNIO, SÃO JOÃO DA SERRA E
SIGEFREDO PACHECO, PIAUÍ

Avaliação numérica

Através da atribuição de pontuação numérica aos critérios considerados na


metodologia de Pereira (2006), ficha de quantificação, quantificou-se o valor dos 36 (trinta e
seis) geossítios/geomorfossítios anteriormente inventariados e caracterizados.
De acordo com a ficha de quantificação (avaliação quantitativa) os indicadores valor
científico (VCi) e valor adicional (VAd) constituem o valor geomorfológico (VGm) do local e
os indicadores valor de uso (VUs) e valor de preservação (VPr) que referem o seu valor de
gestão (VGt).
Segundo Pereira (2006) em termos quantitativos, tanto VGm como VGt têm o mesmo
peso, com o máximo de 10 pontos, sendo atribuída pontuação máxima de 5,5 a VCi, de 4,5 a
VAd, de 7 a VUs e de 3 a VPr. Como indicador de conjunto, introduz-se o Valor Total (VT),
que equivale à soma das pontuações obtidas em todos os critérios.
O Valor Total (VT) de um geomorfossítio equivale à soma do seu valor
geomorfológico (VGm) e do seu valor de gestão (VGt), correspondendo à soma das
pontuações atribuídas em todos os critérios.
No indicador valor científico (VCi) avaliaram-se os critérios abundância relativa (Ar),
integridade (I), representatividade (R), diversidade (D), elementos geológicos (G),
conhecimento científico (K) e abundância nacional (An).
No indicador valor adicional (VAd) incluíram-se os critérios valor cultural (Cult),
valor estético (Estet) e valor ecológico (Ecol).
No indicador valor de uso (VUs), são considerados os critérios acessibilidade (Ac),
visibilidade (V), outros usos (U), uso geomorfológico (Ug), proteção (P) e equipamentos (E).
No indicador valor de proteção (VPr) foram considerados os critérios integridade (Ip)
e vulnerabilidade (Vu).
189

Os resultados desta avaliação são apresentados na tabela 05. A partir da referida tabela
foi possível efetuar uma comparação entre os geomorfossítios avaliados, em cada um dos
indicadores.
Tabela 05 - Quantificação (avaliação numérica/quantitativa) dos 36
geossítios/geomorfossítios, com os 07 indicadores considerados na metodologia empregada
(PEREIRA, 2006)
Geossítios/Geomorfossítios VCi VAd VGm VUs VPr VGt VT
(VGm+ VGt)
G01 – Geomorfossítio 2,41 2,87 5,28 4,98 1,25 6,23 11,51
Cachoeira do Quebra Anzol
G02 - Geomorfossítio 2,25 0,88 3,13 4,49 0,25 4,74 7,87
Mesas de Pedra do Rio Poti
G03 - Geomorfossítio
Complexo Serra do 1,41 0,88 2,29 1,52 1,25 2,77 5,06
Evangelista
G04 – Geossítio Complexo 1,42 0,75 2,17 4,41 1,25 5,66 7,83
Afloramentos de Diabásio
G05 - Geossítio Olho 3,00 1,88 4,88 4,3 0,0 4,3 9,18
d’água dos Cágados
G06 - Geomorfossítio 2,75 3,0 5,75 2,53 1,25 3,78 9,53
Complexo Arena de Pedras
G07 - Geomorfossítio 2,41 2,62 5,03 4,77 1,25 6,02 11,05
Cachoeira do Contente
G08 - Geomorfossítio 2,41 2,62 5,03 4,31 1,25 5,56 10,9
Cachoeira do Lau
G09 - Geossítio
Afloramento de diabásio da 1,75 0,5 2,25 4,07 1,25 5,32 7,57
Realeza
G10 - Geomorfossítio 2,75 1,62 4,37 3,97 1,25 5,22 9,59
Cachoeira da Boa Vista
G11 - Geomorfossítio 1,74 0,88 2,62 4,65 1,25 5,9 8,52
Cachoeira do Cachimbo
G12 - Geomorfossítio 1,08 1,13 2,21 3,74 1,25 4,99 7,2
Mirante do Rio Poti
G13 - Geomorfossítio 1,74 0,88 2,62 3,86 1,25 5,11 7,73
Cachoeira da Clemência
G14 - Geossítio Caos de 1,25 0,88 2,13 3,74 1,75 5,49 7,62
Blocos de Arenito
G15 - Geomorfossítio
Complexo Chapadas das 3,08 2,12 5,02 3,64 1,25 4,89 9,91
Covas
G16 - Geomorfossítio 2,75 2,12 4,87 5,05 1,00 6,05 10,92
Cachoeira da Boa Nova
G17 - Geomorfossítio 3,58 3,25 6,83 3,67 1,25 4,92 11,75
Cachoeira da Roça Velha
G18 - Geomorfossítio 2,75 3,37 6,12 5,24 1,25 6,49 12,61
Cachoeira do Rosário
G19 - Geomorfossítio 1,58 0,88 2,46 4,57 0,75 5,32 7,78
Lajedo Jardins de Cactos
G20 - Geomorfossítio 3,42 3,75 7,17 4,9 0,50 5,4 12,57
Cachoeira do Covão do
Jaburu

(Continua)
190

G21 - Geomorfossítio 2,08 0,88 2,96 4,57 1,25 5,82 8,78


Complexo Mirante da Boa
Vista
G22 - Geomorfossítio 4,33 3,75 8,08 5,74 0,75 6,49 14,57
Complexo Mini Cânion do
Rio Poti
G23 - Geomorfossítio 2,75 2,62 5,37 4,93 1,25 6,18 11,55
Cachoeira do Tingidor
G24 - Geomorfossítio 2,75 2,12 4,87 3,93 1,25 5,18 10,05
Cachoeira do Cipó
G25 - Geomorfossítio 2,58 1,63 4,21 6,24 0,50 6,74 10,95
Mirante Pedreira de Lajes
G26 - Geomorfossítio Toca 3,41 3,87 7,28 3,54 0,75 4,29 11,57
do Nego
G27 - Geomorfossítio 1, 58 3, 13 4, 71 3, 36 0, 75 4, 11 8,82
Lajedo do Tinguizeiro
G28 - Geomorfossítio 1,74 0,88 2,62 3,41 1,25 4,66 7,28
Cachoeira do Deus Dará
G29 - Geomorfossítio 1,74 1,62 3,36 5,24 1,25 6,49 9,85
Cachoeira dos Canudos
G30 - Geomorfossítio 1,74 1,62 3,36 3,75 1,25 5,0 8,36
Cachoeira da Lagoa Grande
G31 - Geomorfossítio 2,75 2,62 5,37 4,23 1,25 5,48 10,85
Cachoeira das Corujas
G32 - Geomorfossítio 1,74 0,88 2,62 4,65 1,25 5,9 8,52
Cachoeira da Baixa
G33 - Geomorfossítio
Complexo Formações das 3,08 3,87 6,95 3,33 1,25 4,58 11,53
Areias
G34 - Geomorfossítio
Mirante Pedra do Arco 2,75 3,13 5,88 3,97 1,25 5,22 11,1
Pintado
G35 - Geomorfossítio 2,75 2,62 5,37 4,9 1,25 6,15 11,52
Cachoeira da Pedra Negra
G36 - Geomorfossítio 1,74 0,88 2,62 4,51 1,25 5,76 8,38
Cachoeira do Poço de Pedra
Elaboração: A autora, 2019.

Seriação

No sentido de se estabelecer a comparação dos resultados obtidos através da avaliação


numérica, estes foram expressos numa tabela de seriação (Tabela 06).
Tabela 06 - Seriação dos geossítios/geomorfossítios da área de estudo

VCi VAd VGm VUs VPr VGt VT


G22 (4,33) G26 (3,87) G22 (8,08) G25 (6,24) G14 (1,75) G25 (6,74) G22 (14,57)
G17 (3,58) G33 (3,87) G26 (7,28) G22 (5,74) G17 (1,25) G22 (6,49) G18 (12,61)
G20 (3,42) G22 (3,75) G20 (7,17) G18 (5,24) G15 (1,25) G18 (6,49) G20 (12,57)
G26 (3,41) G20 (3,75) G33 (6,95) G29 (5,24) G33 (1,25) G29 (6,49) G17 (11,75)
G15 (3,08) G18 (3,37) G17 (6,83) G16 (5,05) G06 (1,25) G01 (6,23) G26 (11,57)
G33 (3,08) G17 (3,25) G18 (6,12) G01 (4,98) G10 (1,25) G23 (6,18) G23 (11,55)
G05 (3,00) G34 (3,13) G34 (5,88) G23 (4,93) G18 (1,25) G35 (6,15) G33 (11,53)
G06 (2,75) G27 (3,13) G06 (5,75) G20 (4,9) G23 (1,25) G16 (6,05) G35 (11,52)
(Continua)
191

G10 (2,75) G06 (3,0) G23 (5,37) G35 (4,9) G24 (1,25) G07 (6,02) G01 (11,51)
G16 (2,75) G01 (2,87) G31 (5,37) G07 (4,77) G31 (1,25) G11 (5,9) G34 (11,1)
G18 (2,75) G23 (2,62) G35 (5,37) G11 (4,65) G34 (1,25) G32 (5,9) G07 (11,05)
G23 (2,75) G31 (2,62) G01 (5,28) G32 (4,65) G35 (1,25) G21 (5,82) G25 (10,95)
G24 (2,75) G35 (2,62) G07 (5,03) G21 (4,57) G01 (1,25) G36 (5,76) G16 (10,92)
G31 (2,75) G07 (2,62) G08 (5,03) G19 (4,57) G07 (1,25) G04 (5,66) G08 (10,9)
G34 (2,75) G08 (2,62) G15 (5,02) G36 (4,51) G08 (1,25) G08 (5,56) G31 (10,85)
G35 (2,75) G15 (2,12) G05 (4,88) G02 (4,49) G21 (1,25) G14 (5,49) G24 (10,05)
G25 (2,58) G16 (2,12) G16 (4,87) G04 (4,41) G09 (1,25) G31 (5,48) G15 (9,91)
G01 (2,41) G24 (2,12) G24 (4,87) G08 (4,31) G11 (1,25) G20 (5,4) G29 (9,85)
G07 (2,41) G05 (1,88) G27 (4,71) G05 (4,3) G13 (1,25) G19 (5,32) G10 (9,59)
G08 (2,41) G25 (1,63) G10 (4,37) G31 (4,23) G28 (1,25) G09 (5,32) G06 (9,53)
G02 (2,25) G10 (1,62) G25 (4,21) G09 (4,07) G29 (1,25) G10 (5,22) G05 (9,18)
G21 (2,08) G29 (1,62) G29 (3,36) G10 (3,97) G30 (1,25) G34 (5,22) G27 (8,82)
G09 (1,75) G30 (1,62) G30 (3,36) G34 (3,97) G32 (1,25) G24 (5,18) G21 (8,78)
G11 (1,74) G12 (1,13) G02 (3,13) G24 (3,93) G36 (1,25) G13 (5,11) G11 (8,52)
G13 (1,74) G02 (0,88) G21 (2,96) G13 (3,86) G04 (1,25) G30 (5,0) G32 (8,52)
G28 (1,74) G21 (0,88) G11 (2,62) G30 (3,75) G03 (1,25) G12 (4,99) G36 (8,38)
G29 (1,74) G11 (0,88) G13 (2,62) G14 (3,74) G12 (1,25) G17 (4,92) G30 (8,36)
G30 (1,74) G13 (0,88) G28 (2,62) G12 (3,74) G16 (1,00) G15 (4,89) G02 (7,87)
G32 (1,74) G28 (0,88) G32 (2,62) G17 (3,67) G22 (0,75) G02 (4,74) G04 (7,83)
G36 (1,74) G32 (0,88) G36 (2,62) G15 (3,64) G26 (0,75) G28 (4,66) G19 (7,78)
G19 (1,58) G36 (0,88) G19 (2,46) G26 (3,54) G19 (0,75) G33 (4,58) G13 (7,73)
G27 (1,58) G19 (0,88) G03 (2,29) G28 (3,41) G27 (0,75) G05 (4,3) G14 (7,62)
G04 (1,42) G03 (0,88) G09 (2,25) G27 (3,36) G20 (0,50) G26 (4,29) G09 (7,57)
G03 (1,41) G14 (0,88) G12 (2,21) G33 (3,33) G25 (0,50) G27 (4,11) G28 (7,28)
G14 (1,25) G04 (0,75) G04 (2,17) G06 (2,53) G02 (0,25) G06 (3,78) G12 (7,2)
G12 (1,08) G09 (0,5) G14 (2,13) G03 (1,52) G05 (0,0) G03 (2,77) G03 (5,06)
Elaboração: A autora, 2019.

Na tabela acima observa-se que os geossítios/geomorfossítios são classificados de


modo ordenado considerando cada um dos 7 indicadores (maior pontuação para menor). No
caso de haver locais com pontuações iguais no mesmo indicador, o desempate é feito pela
melhor posição obtida no indicador VCi.
A seguir são apresentados de forma sucinta os geossítios/geomorfossítios que de
acordo com a metodologia aplicada ocuparam as melhores e as piores posições na tabela de
seriação considerando os indicadores Valor Científico (VCi), Valor Adicional (VAd), Valor
Geomorfológico (VGm), Valor de Uso (VUs), Valor de Preservação (VPr), Valor de Gestão
(VGt) e ainda o Valor Total (VT).

Valor científico (VCi)

Os geomorfossítios classificados nas primeiras posições foram G22 – Complexo Mini


Cânion do Rio Poti, G17 – Cachoeira da Roça Velha, G20 – Cachoeira do Covão do Jaburu,
G26 – Toca Nego e G15 – Complexo Chapadas das Covas. Estes no indicador VCi refletem
maior importância científica conferida a área de estudo, relativamente aos outros aspectos
geomorfológicos em destaque nos municípios estudados. Já o geossítio G14 – Caos de Blocos
192

de Arenito (VCi=1,25) e o geomorfossítio G12 – Mirante do Rio Poti (VCi=1,08) foram


considerados os menos valiosos do ponto de vista científico, no conjunto dos sete critérios
avaliados para este indicador.

Valor adicional (VAd)

No indicador VAd, os geomorfossítios G26 – Toca do Nego (VAd=3,87), G33 –


Complexo Formações das Areias (VAd=3,87) e G22 – Complexo Mini Cânion do Rio Poti
(VAd=3,75) foram os mais valorizados, quer pelo elevado valor estético associado à
morfologia quer pelo controle das geoformas no estabelecimento de valores ecológicos (ao
nível de vegetação e vida animal, por exemplo) ou devido ao elevado valor cultural associado
a ambos.
Já geossítios como G04 – Complexo Afloramentos de Diabásio (VAd=0,75) e G09 –
Afloramento de diabásio da Realeza (VAd=0,5) foram considerados os menos valiosos
avaliados para este indicador.

Valor geomorfológico (VGm)

O somatório dos indicadores VCi e VAd colocou os geomorfossítios G22 – Complexo


Mini Cânion do Rio Poti (VGm=8,08), G26 – Toca do Nego (VGm=7,28), G20 – Cachoeira
do Covão do Jaburu (VGm=7,17), G33 – Complexo Formações das Areias (VGm=6,95) e
G17 – Cachoeira da Roça Velha (VGm=6,83) nas primeiras cinco posições. Já geossítios
como o G04 – Complexo Afloramentos de Diabásio (VGm=2,17) e G14 – Caos de Blocos de
Arenito (VGm=2,13) foram os menos valorizados considerando esse indicador.

Valor de uso (VUs)

No indicador VUs, foi atribuída ao geomorfossítio G25 – Mirante Pedreira de Lajes a


pontuação mais elevada (VUs=6,24). Esta pontuação elevada está relacionada com a
atribuição da pontuação máxima nos critérios Condições de visibilidade (V), Uso atual do
interesse geomorfológico (Ug), Outros interesses, naturais e culturais, e usos atuais (U) e
Equipamentos e serviços de apoio ao uso (E). Já os geomorfossítios mais afastados da área
urbana dos municípios e/ou prejudicados em termos de acessibilidade (G28 – Cachoeira do
Deus Dará, G27 – Lajedo do Tinguizeiro, G33 – Complexo Formações das Areias, G06 –
Complexo Arena de Pedras e G03 – Complexo Serra do Evangelista, por exemplo) foram os
menos valorizados neste indicador.
193

Valor de preservação (VPr)

Apenas com dois critérios considerados (Integridade e Vulnerabilidade), foi possível


observar que nenhum dos 36 geomorfossítios não obtiveram a pontuação máxima (3 pontos)
no indicador VPr. De igual modo, todos os locais obtiveram pontuação abaixo de 2 pontos, o
que indica a boa preservação do estado natural da maioria dos geomorfossítios inventariados
na área.
No entanto, aos geomorfossítios G20 – Cachoeira do Covão do Jaburu (VPr=0,50),
G25 – Mirante Pedreira de Lajes (VPr=0,50), G02 – Mesas de Pedra do Rio Poti (VPr=0,25) e
ao geomorfossítio G05 – Olho d’água dos Cágados (VPr=0,0) foram atribuídas pontuações
abaixo de 0,5 pontos, devido à ocorrência de degradação e à sua elevada vulnerabilidade ao
uso.

Valor de gestão (VGt)

O somatório dos indicadores VUs e VPr colocou os geomorfossítios G25 – Mirante


Extração de Lajes (VGt=6,74), G22 – Complexo Mini Cânion do Rio Poti (VGt=6,49), G18 –
Cachoeira do Rosário (VGt=6,49), G29 – Cachoeira dos Canudos (VGt=6,49) e G01 –
Cachoeira do Quebra Anzol (VGt=6,23) nas primeiras cinco posições do indicador VGt. O
geomorfossítio G03 – Complexo Serra do Evangelista (VGt=2,77) foi o menos valorizado
nesse indicador.

Valor total (VT)

O geomorfossítio com VT mais elevado é G22 – Complexo Mini Cânion do Rio Poti
(VT=14,57), devido à boa pontuação nos outros seis indicadores. Os geossítios G14 – Caos de
Blocos de Arenito (VT=7,62) e G09 – Afloramento de Diabásio da Realeza (VT=7,57), bem
como os geomorfossítios G28- Cachoeira do Deus Dará (VT=7,28), G12 – Mirante do Rio
Poti (VT=7,2) e G03 – Complexo Serra do Evangelista (VT=5,06) são os menos valorizados,
com VT abaixo de 8 pontos.
O indicador VT atenua disparidades nos resultados obtidos nos dois indicadores
principais (VGm e VGt). Por exemplo, o geomorfossítio G25 (Mirante Extração de Lajes),
apesar ter o VGt mais elevado (6,74) de todos os geomorfossítios classificou-se na 12ª
posição no indicador VT (10,95), fruto da valorização menor nos critérios geomorfológico
(VGm) (21ª posição no indicador VGm, com 4,21 pontos).
194

Diante desse contexto, com o objetivo de minimizar a importância das pontuações


absolutas (expressas no indicador VT) na comparação entre os locais e de valorizar o
equilíbrio nas pontuações obtidas nos sete indicadores considerados, é igualmente introduzido
na tabela de seriação o ranking final (Rk) (Tabela 07, a seguir).
O parâmetro Rk é obtido pela soma das posições de cada geomorfossítio em cada
indicador (VCi, VAd, VGm, Vus, VPr, VGt e VT). A valorização é maior quanto menor for o
valor dessa soma, quanto menor for o ranking final (Rk).
Neste indicador importa a posição dos geossítios/geomorfossítios, relativamente aos
demais avaliados, e não os valores numéricos como ocorre na seriação. O Rk indica o
geomorfossítio mais valioso da área e deve ser utilizado para suportar decisões relativas à
seleção de locais de interesse geológico/geomorfológico para efeitos de divulgação.
Como exemplo destacamos o geomorfossítio que assumiu a primeira posição no
ranking final (Rk), o geomorfossítio 18 – Cachoeira do Rosário em destaque na cor amarela
na tabela 07 abaixo, com um total de 37 pontos, vejamos como estes 37 pontos foram obtidos.
O geomorfossítio 18 – Cachoeira do Rosário na tabela abaixo considerando o VCi
ocupa a 11ª posição, no VAd ocupa a 5ª, no VGm ocupa a 6ª, no Vus ocupa a 3ª, no VPr
ocupa a 7ª, no VGt ocupa a 3ª e no VT ocupa a 2ª posição. A partir das somas de
11+5+6+3+7+3+2 obtêm-se o total de 37.
Tabela 07 - Seriação dos geossítios/geomorfossítios da área de estudo com parâmetro Ranking Final
(Rk)
POSIÇÃO
NO VCi VAd VGm VUs VPr VGt VT Rk
RANKING
1º G22 (4,33) G26 (3,87) G22 (8,08) G25 (6,24) G14 (1,75) G25 (6,74) G22 (14,57) G18 (37)
2º G17 (3,58) G33 (3,87) G26 (7,28) G22 (5,74) G17 (1,25) G22 (6,49) G18 (12,61) G22 (40)
3º G20 (3,42) G22 (3,75) G20 (7,17) G18 (5,24) G15 (1,25) G18 (6,49) G20 (12,57) G23 (59)
4º G26 (3,41) G20 (3,75) G33 (6,95) G29 (5,24) G33 (1,25) G29 (6,49) G17 (11,75) G20 (72)
5º G15 (3,08) G18 (3,37) G17 (6,83) G16 (5,05) G06 (1,25) G01 (6,23) G26 (11,57) G01 (73)
6º G33 (3,08) G17 (3,25) G18 (6,12) G01 (4,98) G10 (1,25) G23 (6,18) G23 (11,55) G17 (75)
7º G05 (3,00) G34 (3,13) G34 (5,88) G23 (4,93) G18 (1,25) G35 (6,15) G33 (11,53) G35 (76)
8º G06 (2,75) G27 (3,13) G06 (5,75) G20 (4,9) G23 (1,25) G16 (6,05) G35 (11,52) G33 (88)
9º G10 (2,75) G06 (3,0) G23 (5,37) G35 (4,9) G24 (1,25) G07 (6,02) G01 (11,51) G07 (90)
10º G16 (2,75) G01 (2,87) G31 (5,37) G07 (4,77) G31 (1,25) G11 (5,9) G34 (11,1) G34 (95)
11º G18 (2,75) G23 (2,62) G35 (5,37) G11 (4,65) G34 (1,25) G32 (5,9) G07 (11,05) G16 (98)
12º G23 (2,75) G31 (2,62) G01 (5,28) G32 (4,65) G35 (1,25) G21 (5,82) G25 (10,95) G31 (98)
13º G24 (2,75) G35 (2,62) G07 (5,03) G21 (4,57) G01 (1,25) G36 (5,76) G16 (10,92) G25 (106)
14º G31 (2,75) G07 (2,62) G08 (5,03) G19 (4,57) G07 (1,25) G04 (5,66) G08 (10,9) G26 (106)
15º G34 (2,75) G08 (2,62) G15 (5,02) G36 (4,51) G08 (1,25) G08 (5,56) G31 (10,85) G08 (111)
16º G35 (2,75) G15 (2,12) G05 (4,88) G02 (4,49) G21 (1,25) G14 (5,49) G24 (10,05) G15 (114)
17º G25 (2,58) G16 (2,12) G16 (4,87) G04 (4,41) G09 (1,25) G31 (5,48) G15 (9,91) G10 (118)
18º G01 (2,41) G24 (2,12) G24 (4,87) G08 (4,31) G11 (1,25) G20 (5,4) G29 (9,85) G29 (118)
19º G07 (2,41) G05 (1,88) G27 (4,71) G05 (4,3) G13 (1,25) G19 (5,32) G10 (9,59) G06 (120)
20º G08 (2,41) G25 (1,63) G10 (4,37) G31 (4,23) G28 (1,25) G09 (5,32) G06 (9,53) G24 (121)
21º G02 (2,25) G10 (1,62) G25 (4,21) G09 (4,07) G29 (1,25) G10 (5,22) G05 (9,18) G21 (137)
22º G21 (2,08) G29 (1,62) G29 (3,36) G10 (3,97) G30 (1,25) G34 (5,22) G27 (8,82) G11 (140)
23º G09 (1,75) G30 (1,62) G30 (3,36) G34 (3,97) G32 (1,25) G24 (5,18) G21 (8,78) G05 (150)
24º G11 (1,74) G12 (1,13) G02 (3,13) G24 (3,93) G36 (1,25) G13 (5,11) G11 (8,52) G32 (159)
25º G13 (1,74) G02 (0,88) G21 (2,96) G13 (3,86) G04 (1,25) G30 (5,0) G32 (8,52) G36 (169)
26º G28 (1,74) G21 (0,88) G11 (2,62) G30 (3,75) G03 (1,25) G12 (4,99) G36 (8,38) G30 (174)
27º G29 (1,74) G11 (0,88) G13 (2,62) G14 (3,74) G12 (1,25) G17 (4,92) G30 (8,36) G02 (178)
28º G30 (1,74) G13 (0,88) G28 (2,62) G12 (3,74) G16 (1,00) G15 (4,89) G02 (7,87) G13 (179)

(Continua)
195

29º G32 (1,74) G28 (0,88) G32 (2,62) G17 (3,67) G22 (0,75) G02 (4,74) G04 (7,83) G27 (180)
30º G36 (1,74) G32 (0,88) G36 (2,62) G15 (3,64) G26 (0,75) G28 (4,66) G19 (7,78) G14 (181)
31º G19 (1,58) G36 (0,88) G19 (2,46) G26 (3,54) G19 (0,75) G33 (4,58) G13 (7,73) G09 (183)
32º G27 (1,58) G19 (0,88) G03 (2,29) G28 (3,41) G27 (0,75) G05 (4,3) G14 (7,62) G04 (188)
33º G04 (1,42) G03 (0,88) G09 (2,25) G27 (3,36) G20 (0,50) G26 (4,29) G09 (7,57) G19 (188)
34º G03 (1,41) G14 (0,88) G12 (2,21) G33 (3,33) G25 (0,50) G27 (4,11) G28 (7,28) G28 (199)
35º G14 (1,25) G04 (0,75) G04 (2,17) G06 (2,53) G02 (0,25) G06 (3,78) G12 (7,2) G12 (210)
36º G12 (1,08) G09 (0,5) G14 (2,13) G03 (1,52) G05 (0,0) G03 (2,77) G03 (5,06) G03 (233)
Elaboração: A autora, 2019.

No quadro 14 estão sintetizadas informações sobre o Ranking Final dos


geossítios/geomorfossítios da área de estudo.
Quadro 14 - Ranking Final (Rk) dos geossítios/geomorfossítios da área de estudo
RK - SOMA
DOS VALORES
POSIÇÃO DAS POSIÇÕES
NO GEOSSÍTIOS/GEOMORFOSSÍTÍOS CONSIDERAN
RANKING DO (VCi, VAd,
VGm, Vus, VPr,
VGt e VT)
1º G18 - Geomorfossítio Cachoeira do Rosário 37 Pontos
2º G22 - Geomorfossítio Complexo Mini Cânion do Rio Poti 40 Pontos
3º G23 - Geomorfossítio Cachoeira do Tingidor 59 Pontos
4º G20 - Geomorfossítio Cachoeira do Covão do Jaburu 72 Pontos
5º G01 - Geomorfossítio Cachoeira do Quebra Anzol 73 Pontos
6º G17 - Geomorfossítio Cachoeira da Roça Velha 75 Pontos
7º G35 - Geomorfossítio Cachoeira da Pedra Negra 76 Pontos
8º G33 - Geomorfossítio Complexo Formações das Areias 88 Pontos
9º G07 - Geomorfossítio Cachoeira do Contente 90 Pontos
10º G34 - Geomorfossítio Mirante Pedra do Arco Pintado 95 Pontos
11º G16 - Geomorfossítio Cachoeira da Boa Nova 98 Pontos
12º G31 - Geomorfossítio Cachoeira das Corujas 98 Pontos
13º G25 - Geomorfossítio Mirante Pedreira de Lajes 106 Pontos
14º G26 - Geomorfossítio Toca do Nego 106 Pontos
15º G08 - Geomorfossítio Cachoeira do Lau 111 Pontos
16º G15 - Geomorfossítio Complexo Chapada das Covas 114 Pontos
17º G10 - Geomorfossítio Cachoeira da Boa Vista 118 Pontos
18º G29 - Geomorfossítio Cachoeira dos Canudos 118 Pontos
19º G06 - Geomorfossítio Complexo Arena de Pedras 120 Pontos
20º G24 - Geomorfossítio Cachoeira do Cipó 121 Pontos
21º G21 - Geomorfossítio Complexo Mirante da Boa Vista 137 Pontos
22º G11 - Geomorfossítio Cachoeira do Cachimbo 140 Pontos
23º G05 - Geossítio Olho d’água dos Cágados 150 Pontos
24º G32 - Geomorfossítio Cachoeira da Baixa 159 Pontos
25º G36 - Geomorfossítio Cachoeira do Poço de Pedra 169 Pontos
26º G30 - Geomorfossítio Cachoeira da Lagoa Grande 174 Pontos
27º G02 - Geomorfossítio Mesas de Pedra do Rio Poti 178 Pontos
28º G13 - Geomorfossítio Cachoeira da Clemência 179 Pontos
29º G27 - Geomorfossítio Lajedo do Tinguizeiro 180 Pontos
30º G14 - Geossítio Caos de Blocos de Arenito 181 Pontos
31º G09 - Geossítio Afloramento de Diabásio da Realeza 183 Pontos
32º G04 - Geossítio Complexo Afloramentos de Diabásio 188 Pontos
33º G19 - Geomorfossítio Lajedo Jardins de Cactos 188 Pontos
34º G28 - Geomorfossítio Cacheira do Deus Dará 199 Pontos
(Continua)
196

35º G12 - Geomorfossítio Mirante do Rio Poti 210 Pontos


36º G03 - Geomorfossítio Complexo Serra do Evangelista 233 Pontos
Elaboração: A autora, 2019.

Obtendo 37 pontos no indicador Rk, como dito anteriormente o geomorfossítio


Cachoeira do Rosário foi considerado o local de interesse geomorfológico mais valioso da
área, devido às posições elevadas alcançadas em todos os outros 7 indicadores. O
geomorfossítio Complexo Mini Cânion do Rio Poti com 40 pontos colocou-se na 2ª posição,
igualmente em função das boas posições alcançadas, principalmente nos indicadores de
gestão.
Por outro lado, o geomorfossítio Complexo Serra do Evangelista ficou classificado na
36ª posição, último lugar no indicador Rk, com 233 pontos, obtendo a menor pontuação entre
os 36 geomorfossítios.
Vale ressaltar que VT e Rk são indicadores de valor final, sendo importantes para
estabelecer a seriação e ranking geral de todos os geomorfossítio respectivamente. Contudo, a
quantificação dos locais de interesse geológico/geomorfológico (geossítios/geomorfossítios)
dos municípios de Juazeiro do Piauí, Novo Santo Antônio, São João da Serra e Sigefredo
Pacheco efetuada, teve como finalidade principal detectar disparidades em cada indicador
principal (VGm e VGt), assim como, nos indicadores secundários (VCi, VAd, VUs e VPr).
Diante desse contexto, na gestão do geopatrimônio, seja através de iniciativas de
proteção ou de divulgação, todos os indicadores devem ser considerados.
Conforme quadro abaixo observa-se a colocação/posição junto a pontuação de cada
geossítio/geomorfossítio (36 locais) juntamente ao município a qual pertence.
Quadro 15 - Posição junto a pontuação de cada geossítio/geomorfossítio (36 locais)
juntamente ao município a qual pertence
RK -
Soma dos
valores das
posições
considerando GEOSSÍTIOS/ MUNICÍPIO A
POSIÇÃO os 7 GEOMORFOSSÍTIOS QUAL PERTENCE
indicadores
1º G18 (37) Geomorfossítio Cachoeira do Rosário Novo Santo Antônio
2º G22 (40) Geomorfossítio Complexo Mini Cânion do Rio Poti Juazeiro do Piauí
3º G23 (59) Geomorfossítio Cachoeira do Tingidor Juazeiro do Piauí
4º G20 (72) Geomorfossítio Cachoeira do Covão do Jaburu Juazeiro do Piauí
5º G01 (73) Geomorfossítio Cachoeira do Quebra Anzol São João da Serra
6º G17 (75) Geomorfossítio Cachoeira da Roça Velha Novo Santo Antônio
7º G35 (76) Geomorfossítio Cachoeira da Pedra Negra Sigefredo Pacheco
8º G33 (88) Geomorfossítio Complexo Formações das Areias Juazeiro do Piauí
9º G07 (90) Geomorfossítio Cachoeira do Contente São João da Serra
10º G34 (95) Geomorfossítio Mirante Pedra do Arco Pintado Juazeiro do Piauí
(Continua)
197

11º G16 (98) Geomorfossítio Cachoeira da Boa Nova São João da Serra
12º G31 (98) Geomorfossítio Cachoeira das Corujas Novo Santo Antônio
13º G25 (106) Geomorfossítio Mirante Pedreira de Lajes Juazeiro do Piauí
14º G26 (106) Geomorfossítio Toca do Nego Juazeiro do Piauí
15º G08 (111) Geomorfossítio Cachoeira do Lau São João da Serra
16º G15 (114) Geomorfossítio Complexo Chapada das Covas São João da Serra
17º G10 (118) Geomorfossítio Cachoeira da Boa Vista São João da Serra
18º G29 (118) Geomorfossítio Cachoeira dos Canudos Novo Santo Antônio
19º G06 (120) Geomorfossítio Complexo Arena de Pedras São João da Serra
20º G24 (121) Geomorfossítio Cachoeira do Cipó Juazeiro do Piauí
21º G21 (137) Geomorfossítio Mirante da Boa Vista Juazeiro do Piauí
22º G11 (140) Geomorfossítio Cachoeira do Cachimbo São João da Serra
23º G05 (150) Geossítio Olho d’água dos Cágados São João da Serra
24º G32 (159) Geomorfossítio Cachoeira da Baixa Juazeiro do Piauí
25º G36 (169) Geomorfossítio Cachoeira do Poço de Pedra Sigefredo Pacheco
26º G30 (174) Geomorfossítio Cachoeira da Lagoa Grande Novo Santo Antônio
27º G02 (178) Geomorfossítio Mesas de Pedra do Rio Poti São João da Serra
28º G13 (179) Geomorfossítio Cachoeira da Clemência São João da Serra
29º G27 (180) Geomorfossítio Lajedo do Tinguizeiro Juazeiro do Piauí
30º G14 (181) Geossítio Caos de Blocos de Arenito São João da Serra
31º G09 (183) Geossítio Afloramento de Diabásio da Realeza São João da Serra
32º G04 (188) Geossítio Complexo Afloramentos de Diabásio São João da Serra
33º G19 (188) Geomorfossítio Lajedo Jardins de Cactos Juazeiro do Piauí
34º G28 (199) Geomorfossítio Cacheira do Deus Dará São João da Serra
35º G12 (210) Geomorfossítio Mirante do Rio Poti São João da Serra
36º G03 (233) Geomorfossítio Complexo Serra do Evangelista São João da Serra
Elaboração: A autora, 2019.

Concluindo as etapas de inventariação e quantificação, no capítulo 5, adiante, serão


detalhadas as propostas de valorização e estratégias de divulgação dos
geossítios/geomorfossítios selecionados na área de estudo.
198

5 PROPOSTAS DE VALORIZAÇÃO E ESTRATÉGIAS DE DIVULGAÇÃO DOS


GEOSSÍTIOS/GEOMORFOSSÍTIOS DOS MUNICÍPIOS DE JUAZEIRO DO PIAUÍ,
NOVO SANTO ANTÔNIO, SÃO JOÃO DA SERRA E SIGEFREDO PACHECO,
PIAUÍ

Concluído o processo de inventariação e quantificação dos geossítios/geomorfossítios


nos municípios de Juazeiro do Piauí, Novo Santo Antônio, São João da Serra e Sigefredo
Pacheco, Piauí, torna-se relevante a elaboração de propostas de valorização e estratégias de
divulgação do geopatrimônio local.
Segundo Pereira (2006) os locais que obtiveram boas classificações nos indicadores de
gestão (e em VT e Rk), são bons locais de divulgação. Quanto aos locais com fracos
resultados nestes parâmetros deve ser ponderada a sua divulgação, esses locais poderão ser
excluídos de uma eventual estratégia de divulgação.
Dos 36 (trinta e seis) geossítios/geomorfossítios estudados considerando 50% dos
pontos inventariados e quantificados foram os 18 (dezoito) primeiros colocados que
obtiveram melhores classificações nos indicadores de gestão (e em VT e Rk) (Quadro 16).
Quadro 16 - 18 (dezoito) primeiros colocados que obtiveram melhores classificações nos
indicadores de gestão (e em VT e Rk)
POSIÇÃO RK GEOMORFOSSÍTIOS MUNICÍPIO A QUAL
PERTENCE
1º G18 (37) Cachoeira do Rosário Novo Santo Antônio
2º G22 (40) Complexo Mini Cânion do Rio Poti Juazeiro do Piauí
3º G23 (59) Cachoeira do Tingidor Juazeiro do Piauí
4º G20 (72) Cachoeira do Covão do Jaburu Juazeiro do Piauí
5º G01 (73) Cachoeira do Quebra Anzol São João da Serra
6º G17 (75) Cachoeira da Roça Velha Novo Santo Antônio
7º G35 (76) Cachoeira da Pedra Negra Sigefredo Pacheco
8º G33 (88) Complexo Formações das Areias Juazeiro do Piauí
9º G07 (90) Cachoeira do Contente São João da Serra
10º G34 (95) Mirante Pedra do Arco Pintado Juazeiro do Piauí
11º G16 (98) Cachoeira da Boa Nova São João da Serra
12º G31 (98) Cachoeira das Corujas Novo Santo Antônio
13º G25 (106) Mirante Pedreira de Lajes Juazeiro do Piauí
14º G26 (106) Toca do Nego Juazeiro do Piauí
15º G08 (111) Cachoeira do Lau São João da Serra
16º G15 (114) Complexo Chapada das Covas São João da Serra
17º G10 (118) Cachoeira da Boa Vista São João da Serra
18º G29 (118) Cachoeira dos Canudos Novo Santo Antônio
Elaboração: A autora, 2019.

Ressalta-se que as estratégias e iniciativas de geoconservação dos geomorfossítios da


área de estudo se deu através da avaliação de seus potenciais do ponto de vista
científico/didático, turístico e cultural em virtude, principalmente, de os mesmos
apresentarem, em maior ou menor grau, tais usos, como a capacidade de através destes poder
199

explicar parte da história evolutiva do planeta, por meio do entendimento da origem e


constante modificação do relevo da área, do caráter cênico excepcional das geoformas, a
singularidade visual dos elementos geomorfológicos aliado à aspectos culturais físicos e
imateriais de elevado valor associados as geoformas.
Dentre os 18 (dezoito) geomorfossítios citados anteriormente (Quadro 16) os que
obtiveram boas classificações nos indicadores de gestão (e em VT e Rk) são bons locais de
divulgação e uso. No entanto, para promoção e divulgação foram selecionados dentre os 18
(dezoito) primeiros apenas aqueles com bom acesso e oferta de hotelaria considerando as
medidas de distância da sede, itens básicos para o fortalecimento de atividades geoturísticas e
geoeducativas.
Esses parâmetros tiveram como base a ficha de quantificação adaptada de Pereira
(2006), onde foram levados em consideração o Valor de Uso (Vus), que tem como alguns de
seus critérios a AC – Condições de acessibilidade (pontuação máxima 1,50); e E -
Equipamentos e serviços de apoio ao uso (pontuação máxima 1,00), conforme quadro 17.
Quadro 17 - Valor de Uso (Vus) – Parte da ficha de quantificação de Pereira (2006)
empregada para seleção dos geomorfossítios que receberiam proposta de estratégias e
iniciativas de geoconservação
0 Acessibilidade muito difícil, apenas com recurso a equipamento especial
0,21 A pé, a mais de 500 metros de caminho transitável por veículo todo-terreno
0,43 A pé, a mais de 500 metros de caminho transitável por veículo automóvel
AC 0,64 A pé, a menos de 500 metros de caminho transitável por veículo automóvel
0,86 Em veículo todo-terreno, até menos de 100 metros do local
1,07 Em veículo automóvel, até menos de 50 metros do local
1,29 Por estrada regional, em autocarro de 50 lug., até menos de 50 metros do local
0 Oferta hoteleira variada e serviços de apoio a mais de 25 km
0,25 Oferta hoteleira variada e serviços de apoio entre 10 e 25 km
E 0,50 Oferta hoteleira variada e serviços de apoio entre 5 e 10 km
0,75 Oferta hoteleira variada ou serviços de apoio a menos de 5 km
1, 00 Oferta hoteleira variada e serviços de apoio a menos de 5 km
Fonte: Pereira (2006).

Nesse âmbito foram selecionados 09 (nove) geomorfossítios, apenas aqueles com bom
acesso e oferta de hotelaria considerando as medidas de distância da sede (Quadro 18).
Quadro 18 - Geomorfossítios selecionados para proposição de estratégias e iniciativas de
geoconservação (promoção, divulgação e uso)
RK (CONSIDERANDO A SOMA GEOMORFOSSÍTIOS MUNICÍPIO A
DAS POSIÇÕES) QUAL PERTENCE
Geomorfossítio 18 (37 PONTOS) Cachoeira do Rosário Novo Santo Antônio
Geomorfossítio 22 (40 PONTOS) Complexo Mini Cânion do Rio Poti Juazeiro do Piauí
Geomorfossítio 20 (72 PONTOS) Cachoeira do Covão do Jaburu Juazeiro do Piauí
Geomorfossítio 01 (73 PONTOS) Cachoeira do Quebra Anzol São João da Serra
Geomorfossítio 35 (76 PONTOS) Cachoeira da Pedra Negra Sigefredo Pacheco
Geomorfossítio 31 (98 PONTOS) Cachoeira das Corujas Novo Santo Antônio
Geomorfossítio 26 (106 PONTOS) Toca do Nego Juazeiro do Piauí
Geomorfossítio 08 (111 PONTOS) Cachoeira do Lau São João da Serra
(Continua)
200

Geomorfossítio 29 (118 PONTOS) Cachoeira dos Canudos Novo Santo Antônio


Elaboração: A autora, 2019.

Busca-se assim potencializar o valor dos geomorfossítios citados acima, sobretudo no


viés turístico com a exploração didático-científica e cultural. Dessa forma, propõe-se um
roteiro geoturístico, confecção de painéis interpretativos, confecção de souvenires, páginas de
valorização e divulgação no Instagram e Facebook e elaboração de recursos didáticos com a
proposta de atividades geoeducativas (jogos didáticos).

5.1 ESTRATÉGIAS DE VALORIZAÇÃO E DIVULGAÇÃO DO GEOPATRIMÔNIO


LOCAL CONSIDERANDO OS 09 (NOVE) GEOMORFOSSÍTIOS SELECIONADOS

5.1.1 Proposição de um roteiro geoturístico para a área de estudo

Segundo o Ministério do Turismo um roteiro geoturístico é caracterizado por um ou


mais elementos que lhe conferem identidade, definido e estruturado para fins de
planejamento, gestão, promoção e comercialização turística. Ferramenta para a alfabetização
científica o roteiro geoturístico proporciona a popularização dos temas das geociências e a
valorização dos lugares de interesse geológico/geomorfológico.
Nessa pesquisa a proposição do percurso/roteiro geoturístico busca proporcionar aos
visitantes a imersão de parte da história geológica/geomorfológica da paisagem da Terra,
transmitida por meio dos conhecimentos geocientíficos e da interpretação ambiental da
geodiversidade. Inserido em um projeto de desenvolvimento integrado voltado para a
geoconservação e que promova a divulgação dos conhecimentos científicos; o roteiro
geoturístico de acordo com Bem (2010) ainda deve possibilitar aos visitantes uma leitura do
espaço e da paisagem; possibilitar a aplicação dos princípios da educação ambiental e, ainda,
contribuir com a inserção das comunidades locais nessa atividade.
Dessa maneira é de extrema relevância a comunidade local estar envolvida neste projeto
podendo contribuir com o usufruto das paisagens para atividades didáticas/científicas,
turísticas (lazer) e culturais. Além da geração de receitas e emprego por meio da realização
em atividades voltadas para esse segmento atuando como guias em agências ou operadoras de
viagens, em equipamentos de hospedagens, gastronomia e na produção de artesanato e
souvenires.
Torna-se assim cada vez mais importante os roteiros geoturísticos, um vez que além de
auxiliar no aprendizado são ferramentas relevantes para a popularização do conhecimento,
constitui-se em uma forma de interação da sociedade com o meio físico. A comunidade local
201

envolvida ao ser inserida nas atividades geoturísticas, passa a valorar e proteger os seus
componentes.

Proposta de percurso

Para elaboração do percurso, o Roteiro Geoturístico será composto por nove (09) pontos
de visitação que estão localizados nos municípios de Juazeiro do Piauí, Novo Santo Antônio,
São João da Serra e Sigefredo Pacheco, localizados no Centro-Norte do Piauí.
Todos os pontos foram relacionados em ordem numérica sequencial do itinerário
proposto, tendo este início no município de São João da Serra, percorrendo posteriormente o
município de Novo Santo Antônio e Sigefredo Pacheco e concluindo a visitação no município
de Juazeiro do Piauí. No quadro 19, pode-se visualizar os pontos selecionados para a proposta
de percurso.
Quadro 19 - Geomorfossítios selecionados para a proposta de roteiro geoturístico
Ponto Municípios Geomorfossítios Conteúdo Principais
Utilizações
01 São João da Cachoeira do Lau Geológico/Geomorfológico, Turística e Didática
Serra Estratigráfico
02 São João da Cachoeira do Geológico/Geomorfológico Turística e Didática
Serra Quebra Anzol Estratigráfico
03 Novo Santo Cachoeira dos Geológico/Geomorfológico, Turística e Didática
Antônio Canudos Estratigráfico
04 Novo Santo Cachoeira do Geológico/Geomorfológico, Turística e Didática
Antônio Rosário Estratigráfico
05 Novo Santo Cachoeira das Geológico/Geomorfológico, Turística e Didática
Antônio Corujas Estratigráfico
06 Sigefredo Cachoeira da Pedra Geológico/Geomorfológico, Turística e Didática
Pacheco Negra Estratigráfico
Geológico/Geomorfológico, Turística, Didática
07 Juazeiro do Toca do Nego Estratigráfico e Arqueológico e Cultural
Piauí
Geológico/Geomorfológico, Turística,
08 Juazeiro do Complexo Mini Estratigráfico e Arqueológico Didática/Científica
Piauí Cânion do Rio Poti e Cultural
Geológico/Geomorfológico, Turística,
09 Juazeiro do Cachoeira do Estratigráfico e Arqueológico Didática/Científica
Piauí Covão do Jaburu e Cultural
Elaboração: A autora, 2019.

Observa-se que são geomorfossítios de interesse didático/científico, cultural e


geoturístico que permitem fácil acesso e possibilitam o entendimento de parte da história
geológica e geomorfológica da área de estudo. A construção do roteiro geoturístico baseou-se
na seleção dos principais geomorfossítios os quais foram hierarquizados no quadro acima.
202

A visitação envolve deslocamento e inclusão de equipamentos turísticos (hospedagem,


transporte, alimentação, acompanhamento de um guia de turismo ou morador local) existentes
nos municípios que compõem o roteiro. Para o conhecer e se aventurar nos 09
geomorfossítios sugere-se que todo o percurso tenha 03 dias de duração.
Formado a partir da cartografia básica, com o auxílio das ferramentas do Google Earth,
disponíveis na Web, o roteiro apresenta-se conforme figura 112. Algumas fotos dos
geomorfossítios ilustram o mapa para despertar o interesse do geoturista pelo roteiro. Na base
do mapa, canto esquerdo foi colocada a legenda dos geomorfossítios de todo roteiro, em
ordem sequencial e por município.
Vale ressaltar que a construção da referida proposta de percurso geoturístico não esgota a
possibilidade de novos roteiros na área, mas busca contribuir com a referida rota
demonstrando ser possível incluir o segmento do geoturismo com base em estudos sobre o
geopatrimônio na região.
Figura 112 - Roteiro Geoturístico dos municípios de Juazeiro do Piauí, Novo Santo Antônio,
São João da Serra e Sigefredo Pacheco, Piauí

Elaboração: A autora, 2019.

Para o referido roteiro ainda foi pensado uma “logomarca”, representação gráfica que
tem como objetivo facilitar o seu reconhecimento e identidade (Figura 113).
203

Figura 113 - Logomarca do roteiro “Geodiversidade dos municípios de Juazeiro do Piauí,


Novo Santo Antônio, São João da Serra e Sigefredo Pacheco, Piauí”

Elaboração: A autora, 2019.

5.1.2 Painéis interpretativos

Constituindo uma parte da Educação Ambiental as ações de interpretação ambiental são


compostas por temas interpretativos, e por mensagens relacionadas a uma ideia de caráter
geral. Essas são classificadas, de forma ampla, em atividades guiadas (personalizadas) quando
há um interprete para interagir com os visitantes, aquele que depende do auxílio de uma
pessoa, e, autoguiadas (não-personalizadas) quando não há um mediador direto, aquele que
depende apenas do auxílio de objetos, instrumentos como mapas, folhetos, placas, roteiros, etc
(PROJETO DOCES MATAS, 2002; MOREIRA, 2012).
Os painéis interpretativos de acordo com Pinto (2015, p. 77) “são um dos meios de
interpretação ambiental autoguiados mais utilizados em áreas protegidas e em roteiros
geoturísticos, inclusive em centros urbanos”. Configuram-se como uma das principais
estratégias de interpretação ambiental empregada nas unidades de conservação nacional.
Diante desse contexto, os referidos painéis interpretativos tiveram como objetivo
apresentar as características de cada geomorfossítio selecionado por meio da sua descrição
tendo como auxílio a fotografia que integra a parte central do painel.
Os painéis adotam assim um layout com predomínio de imagens, textos explicativos,
mapas temáticos (geologia, geomorfologia, hidrografia, solos, dentre outros) (Figura 114).
Figura 114 - Detalhes da proposta de confecção de painéis interpretativos para os 09
geomorfossítios selecionados, respectivamente
204
205
206

Elaboração: A autora, 2019.


207

Quanto ao formato dos painéis sugere-se formato paisagem, tamanho de 120 cm de


largura por 90 cm de altura, podendo ser disposto tanto lateral (mesa) como verticalmente,
com base fixada a uma altura que permita a leitura por crianças e cadeirantes, confeccionados
com materiais com preço acessível, ou rochas da região (podendo ser utilizados blocos
rochosos soltos da área ou rochas extraídas), ferro galvanizado, ou em madeira, devidamente
envernizada a fim que resista por mais tempo aos processos intempéricos (PEREIRA, 2006;
SILVA, 2017).
Vale ressaltar que a organização destes painéis devem ter uma apresentação apropriada
para o grande público, sem excesso de texto, linguagem formal, mais esquemas ilustrativos e
ilustrações grandes, coloridas, esquemas simples, com informações expressas em linguagem
mais suave e popular tornando-os provocativos, afinal, a grande maioria dos leitores é leiga
diante do conteúdo exposto, público geral.
Os painéis contribuem para a fixação e ampliação das informações obtidas no contato
direto com a natureza de forma espontânea e ao mesmo tempo atraente.
A seguir observa-se ilustração de como poderá ficar o painel quando instalado no
geomorfossítio Cachoeira da Pedra Negra (Figura 115).
Figura 115 - Painel interpretativo no geomorfossítio da Cachoeira da Pedra Negra

Elaboração: A autora, 2019.


208

5.1.3 Produção de Souvenires

Contribuindo significativamente para o desenvolvimento local sustentável, valorização da


geodiversidade e o saber fazer da comunidade, Degrandi et al., (2018) enfatiza que a criação
de produtos (artesanato) representa a identidade cultural e natural do local e ainda reverte-se
em fonte de renda para os habitantes locais.
Moesh (2000), elucida que os souvenires são procurados pelos turistas para presentear
alguém que não esteve presente na viajem ou para relembrar o local visitado por isso são
importantes para a valorização e divulgação dos mesmos.
Diante desse contexto, aliando as peculiaridades dos geomorfossítios avaliados e
selecionados apresenta-se a seguir sugestões de produtos (souvenires) para os referidos locais
(Figura 116).
Figura 116 - Sugestões de souvenires para os geomorfossítios selecionados

A B

A- Camisas; B- Caneca; C e D- Chaveiros


Elaboração: A autora, 2019.
209

5.1.4 Páginas de valorização e divulgação no Instagram e Facebook

Como proposta de valorização e divulgação dos geomorfossítios ainda foram criadas


páginas junto a conta do Instagram e Facebook (redes sociais) objetivando divulgar e
incentivar a conservação da geodiversidade existente (Figura 117).
Utilizadas como meio de comunicação, as páginas nessas redes facilitam o diálogo e
aumentam a interação entre o público alvo. Além de publicações diversas, conter fotos,
ilustrações e textos explicativos busca-se incentivar concursos fotográficos, como a
“Fotografia 4G (Geodiversidade, Geopatrimônio, Geoconservação e Geoturismo)” que pode
ser enviada ao administrador da página e postada na mesma, o que desperta um novo olhar
para o patrimônio e incentiva a participação de público variado sobre a diversidade abiótica
existente nos municípios de Juazeiro do Piauí, Novo Santo Antônio, São João da Serra e
Sigefredo Pacheco, Piauí.
Figura 117 - Páginas de valorização e divulgação dos geomorfossítios em redes sociais

A B

A – Página no Instagram: (https://instagram.com/geoturg2020?igshid=1tbgi74nvt2ul); B – Página no Facebook:


(https://www.facebook.com/geoturg2020/).
Elaboração: A autora, 2020.
210

5.1.5 Elaboração de recursos didáticos/Proposta de atividades geoeducativas

Uma sociedade para ter atitudes sustentáveis necessitam primeiramente de conhecimento,


sendo a educação uma pré-condição, isso envolve processos de uma alfabetização científica e
de uma educação ambiental (PINTO, 2015). Conforme contexto delineado os conhecimentos
sobre os 5G’s (Geodiversidade, Geopatrimônio, Geoconservação, Geoturismo e Geoparques)
precisam se tornar visíveis aos olhos de uma sociedade leiga.
Nesse contexto, a promoção do ensino, da educação em geociências e a popularização
dessas temáticas se faz necessária, são ações e atividades geoeducativas voltadas para as
questões que envolvem elementos naturais abióticos (principalmente) e a sustentabilidade
para as gerações futuras que contribuem para o conhecimento e a melhor absorção dos
conteúdos curriculares da educação formal.
De acordo com Guimarães, Mariano e Sá (2017) a atividade geoeducativa está associada
diretamente a elaboração e uso de materiais impressos, com fins informativos e educativos, a
exemplo de folders, guias de bolso, cartilhas, painéis e jogos/brincadeiras. Diante desse
contexto e da necessidade de “geoeducar” a sociedade e conservar o patrimônio
geológico/geomorfológico da área de estudo a seguir é apresentado um jogo educativo, uma
alternativa lúdica para o ensino de geociências, promovendo o despertar de uma consciência
conservacionista.

5.1.5.1 Jogos didáticos: GeoDIVERSÃO - Geodiversidade dos municípios de Juazeiro do


Piauí, Novo Santo Antônio, São João da Serra e Sigefredo Pacheco, Piauí.

Segundo Silva e Aquino (2017, p. 10) “o uso do lúdico pode facilitar a compreensão de
temas relativamente difíceis ou desconhecidos, com isso, o uso de jogos e brincadeiras cujo
tema seja a natureza abiótica pode funcionar como excelente recurso didático”. Isto posto
sugere-se os referidos jogos colocados a seguir (Jogo de Tabuleiro e Jogo da Memória) com
objetivo geral de levar os sujeitos a conscientização da conservação do meio abiótico natural.

JOGO DE TABULEIRO
Conteúdo:
 25 cartas enumeradas onde estão contidas informações e curiosidades sobre a
geodiversidade dos municípios de Juazeiro do Piauí, Novo Santo Antônio, São João da
Serra e Sigefredo Pacheco, Piauí (ex: paisagens), e do patrimônio
geológico/geomorfológico (ex: geomorfossítios relevantes);
211

 Tabuleiro com 25 casas;


 1 dado de seis faces;
 4 peões coloridos;
 Público alvo a partir de 8 anos de idade;
Regras:
 O jogo constitui-se num tabuleiro com informações e curiosidades referentes aos
geomorfossítios selecionados na área de estudo (09 locais de interesse
geomorfológico), a cada casa sinalizada o jogador deverá ler a informação contida na
carta em voz alta.
 Nas cartas podem ser encontradas curiosidades em relação a temática (geodiversidade
e temas afins) e a área de estudo (municípios de Juazeiro do Piauí, Novo Santo
Antônio, São João da Serra e Sigefredo Pacheco) ou conter benefícios ou penalidades.
 Todos os jogadores devem estar posicionados no início do jogo;
 Todas as ações contidas nos jogos devem ser seguidas;
 Sugere-se que seja jogado em até quatro participantes;
 Vence quem chegar primeiro ao final;

JOGO DA MEMÓRIA
Conteúdo:
 36 peças quadradas que podem ser impressas em papel cartão e 18 fotografias
referentes as imagens das peças (cada peça foi confeccionada em pares, portanto são
36 peças e 18 imagens);
 As fotografias retratam elementos da geodiversidade dos municípios de Juazeiro do
Piauí, Novo Santo Antônio, São João da Serra e Sigefredo Pacheco, Piauí (ex:
paisagens), e do patrimônio geológico/geomorfológico (ex: geomorfossítios
relevantes);
 Público alvo: Crianças a partir de 6 anos, jovens, adultos e idosos.
Regras:
 O jogo é aplicado com no mínimo dois e no máximo quatro participantes;
 Inicia-se após ser definida a ordem dos jogadores;
 Vence quem descobrir mais pares das imagens;
 O professor deverá mediar a brincadeira lançando perguntas e curiosidades sobre os
locais;
212

Esses jogos podem ser usados após discussões e/ou atividades em sala de aula
(principalmente em aulas de geografia) que versam sobre as temáticas geodiversidade e
temas correlatos, além disso, podem ser pensados junto a oficinas, projetos educativos ou
palestras.
No Apêndice 01 (Jogo de Tabuleiro) encontra-se as cartas com design frente e verso e
Apêndice 02 o tabuleiro (modelo), e no Apêndice 03 encontra-se as cartas (design frente e
verso) do Jogo de Memória.
213

6 CONCLUSÕES

Mesmo que os conceitos e temas relativos ao estudo da geodiversidade não seja tão
divulgado e estudado, a natureza abiótica é um elemento substancial na dinâmica natural.
Condicionados pelos processos abióticos vigentes, a biota do planeta depende de condições
abióticas indispensáveis para que essa seja estabelecida e desenvolvida.
Área passível de expansão já que muitos espaços não apresentam estudos
aprofundados, o entendimento das características ambientais abióticas tornam-se de extrema
relevância. Detentor de uma grande extensão de terras, o Brasil conta com uma variedade de
atrativos do ponto de vista da diversidade abiótica, que ainda é pouco conhecida.
A nível de Nordeste, no Estado do Piauí pesquisas nesse âmbito ainda são pouco
expressivas. Esta constatação aliada à carência de estudos desta natureza, e a pouca
exploração e divulgação no cenário piauiense justificou a realização da presente pesquisa.
Tendo como intuito valorizar e divulgar a geodiversidade e o geopatrimônio no Piauí, se
elencou os municípios de Juazeiro do Piauí, Novo Santo Antônio, São João da Serra e
Sigefredo Pacheco como área de estudo.
Nesta pesquisa, a avaliação do geopatrimônio dos referidos municípios foi realizada
com base em metodologias aceitas nacionalmente e internacionalmente, respectivamente,
fichas de inventariação de Oliveira (2015) e fichas de quantificação de Pereira (2006).
O inventário realizado permitiu a identificação de 36 (trinta e seis)
geossítios/geomorfossítios, os quais 31 são locais isolados, 4 são panorâmicos e apenas 1
local é do tipo área. Na sequência estes geossítios/geomorfossítios tiveram seu geopatrimônio
quantificados.
A avaliação quantitativa traduzida nas tabelas de quantificação e na tabela final de
seriação permitiu o ranking dos geossítios/geomorfossítios. Obtendo 37 pontos no indicador
Rk, o geomorfossítio Cachoeira do Rosário considerado o local de interesse geomorfológico
mais valioso da área, devido às posições elevadas alcançadas em todos os 7 indicadores. O
geomorfossítio Complexo Mini Cânion do Rio Poti com 40 pontos colocou-se na 2ª posição,
igualmente em função das boas posições alcançadas, principalmente nos indicadores de
gestão. A seguir aparecem os geomorfossítios Cachoeira do Tingidor com 59 pontos, e o
geomorfossítio Cachoeira do covão do Jaburu com 72 pontos e o geomorfossítio Cachoeira do
Quebra Anzol com 73 pontos. Por outro lado, o geomorfossítio Complexo Serra do
Evangelista ficou classificado na 36ª posição, último lugar no indicador Rk, com 233 pontos,
obtendo a menor pontuação entre os 36 geossítios/geomorfossítios.
214

A avaliação realizada revelou a importância turística e didática dos


geossítios/geomorfossítios - ou seja, o alto poder de utilização com fins turísticos e as
características que permitem ensinar fenômenos geológico/geomorfológicos a estudantes de
diversos níveis de ensino, ou mesmo para o público leigo, uma vez que foi constatada a
importância geomorfológica, estratigráfica, hidrogeológica, sedimentológica e arqueológica
da área de estudo.
A partir dos resultados obtidos na quantificação pode-se subsidiar a elaboração de
meios interpretativos e aplicar medidas de geoconservação aos geossítios/geomorfossítios.
Buscando potencializar o valor dos principais geossítios/geomorfossítios, sobretudo, no viés
turístico com a exploração didático-científica e cultural foi proposto um roteiro geoturístico,
confecção de painéis interpretativos, confecção de souvenires, páginas de valorização e
divulgação no Instagram e Facebook e elaboração de recursos didáticos com a proposta de
atividades geoeducativas (jogos didáticos).
Valorizar o conhecimento acerca do geopatrimônio, criando condições interpretativas
para que o mesmo possa ser apreciado para além da estética, exige esforço, no sentido de
atingir diferentes tipos de público. Diante desse contexto acredita-se que a realização deste
inventário e quantificação, bem como as propostas para a valorização e divulgação do
patrimônio geológico/geomorfológico, possam contribuir para a divulgação das geociências e
da importância da conservação do meio natural como um todo – integrando a biodiversidade e
geodiversidade.
Pesquisas nesse âmbito constituem uma excelente contribuição ao desenvolvimento local
de comunidades que se situam dentro ou no entorno de paisagens com alto valor geológico-
geomorfológico, muitas das quais enfrentam enormes dificuldades socioeconômicas em face
do baixo potencial para atividades tradicionais de agricultura e pecuária. Fica constatada nessa
pesquisa, através da avaliação de geossítios/geomorfossítios, a necessidade do aproveitamento
do potencial geoturístico dos municípios de modo que os mesmos sejam utilizados como
forma de impulsionar estratégias de geoconservação e da economia de base local,
proporcionando uma alternativa de renda para a população local aliada à manutenção da
qualidade ambiental.
Os geossítios/geomorfossítios podem atuar como base para o crescimento das atividades
turísticas não só nos municípios estudados, como também da região de entorno. Além disso,
podem ser bem aproveitados para o ensino de geociências em aulas de campo. Dessa forma,
cabe destacar que a lista de geossítios/geomorfossítios constantes neste trabalho pode (e deve)
ser ampliada e aperfeiçoada.
215

Diante do contexto delineado, é preciso que o poder público dos municípios envolvam a
comunidade, criando programas de capacitação de guias e orientação a comunidade local e,
principalmente, educando, fazendo com que entidades públicas, comunidade acadêmica e
sociedade em geral deem a devida atenção a essa vertente da natureza abiótica.
Torna-se assim de suma importância as atividades geoeducativas com programas de
divulgação e valorização junto a escolas, conscientizando e motivando o conhecimento da
área, o que em continuidade com as outras atividades desenvolvidas agregaria ainda mais
renda à família, o que não deixa de ser um forte estímulo para a busca da conservação destas
áreas.
Deve-se conscientizar a população sobre os valores vinculados ao geopatrimônio aliando
o uso geoturístico do lugar à educação ambiental, possibilitando com isso a valorização,
divulgação e consequente melhor aproveitamento da área e desenvolvimento sustentável para
os moradores da região.
Diante de tudo que foi colocado vale a pena ressaltar que os planos municipais de
desenvolvimento em meio a Secretaria de Turismo ainda se apresentam deficientes, na área de
estudo apenas o município de Juazeiro do Piauí possui Secretaria de Turismo, recém
aprovada. Dessa forma os objetivos principais em meio à secretaria, divulgar o potencial
turístico dos municípios, planejar, coordenar e fomentar as ações da atividade turística
objetivando a melhoria da qualidade de vida das comunidades e a geração de receitas
(emprego e renda) para os municípios encontra-se estagnado.
216

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228

APÊNDICES
229

APÊNDICE 01 – Cartas e Tabuleiro do Jogo de Tabuleiro


230
231
232
233
234
235
236
237

APÊNDICE 02 – Modelo do Tabuleiro


238

APÊNDICE 03 – Cartas Jogo da Memória

VERSO CURIOSIDADE CURIOSIDADE

GEODIVERSIDADE GEOCONSERVAÇÃO GEOCONSERVAÇÃO

SIGEFREDO PACHECO - PI NOVO SANTO ANTÔNIO - PI SÃO JOÃO DA SERRA - PI

CACHOEIRA DA PEDRA NEGRA CACHOEIRA DAS CORUJAS CACHOEIRA DO QUEBRA ANZOL

JUAZEIRO DO PIAUÍ - PI NOVO SANTO ANTÔNIO - PI NOVO SANTO ANTÔNIO - PI

TOCA DO NEGO CACHOEIRA DOS CANUDOS CACHOEIRA DO ROSÁRIO

JUAZEIRO DO PIAUÍ - PI JUAZEIRO DO PIAUÍ -PI SÃO JOÃO DA SERRA - PI


COMPLEXO MINI CÂNION DO CACHOEIRA DO COVÃO DO
CACHOEIRA DO LAU
RIO POTI JABURU
239

NOVO SANTO ANTÔNIO - PI NOVO SANTO ANTÔNIO - PI JUAZEIRO DO PIAUÍ - PI


MARMITAS NA CACHOEIRA DO PASSARELA DA PIGOITA NA GRAVURAS RUPESTRES NA
ROSÁRIO CACHOEIRA DO ROSÁRIO CACHOEIRA DO COVÃO DO JABURU

JUAZEIRO DO PIAUÍ - PI JUAZEIRO DO PIAUÍ - PI SÃO JOÃO DA SERRA- PI


MARMITAS NO MINI CÂNION DO RIO LINHAS DE EROSÃO NA CACHOEIRA DO PAREDÕES NA CACHOEIRA DO QUEBRA
POTI COVÃO DO JABURU ANZOL

JUAZEIRO DO PIAUÍ - PI SIGEFREDO PACHECO - PI JUAZEIRO DO PIAUÍ - PI


PINTURAS RUPESTRES DA BARRAGEM NA CACHOEIRA GRAVURA RUPESTRE NO MINI
TOCA DO NEGO DA PEDRA NEGRA CÂNION DO RIO POTI

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