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EQUIPE DO PROJETO CONSOLIDASISAN

CEARÁ

Coordenação Geral Gestão acadêmica


Universidade Estadual do Ceará Naila Saskia Melo Andrade
Letícia Albuquerque Araújo
Coordenação Operacional
Derlange Belizário Diniz Apoio à formação em segurança
alimentar e nutricional
Coordenação Acadêmica Antônia Joelma Braga da Silva
Maria Marlene Marques Ávila
Articulação sociedade civil e
Assessoria poder público
Márcia Andréia Barros Moura Fé Tatiane Elpídio da Silva

Parceiros CONSEA Planejamento e execução das


Francisca Malvinier Macedo oficinas
Helena Selma Azevedo Francisca Orisvânia Barreto

Parceiros CAISAN Elaboração do software


Regina Ângela Sales Praciano John Herbert Marques do
Tereza Cristina do Vale Canabrava Nascimento

Bolsistas Desenvolvimento de material


educativo
Gestão operacional Italo Wesley Oliveira Aguiar
Mailim Stévia Abreu de Azevedo
Roberto Sérgio Barbosa dos Santos Revisão gramatical
Francisca Malvinier Macedo
Apoio à gestão operacional
Amanda Dayane Barros da Silva Apoio administrativo
Castro Anair Conceição de Menezes Jucá
Francisco Claudemir Barbosa da
Silva
PIAUÍ MARANHÃO

Coordenação acadêmica Coordenação acadêmica


Universidade Federal do Piauí Universidade Federal do Maranhão
Marize Melo dos Santos Maria Tereza Borges Araújo Frota
Ivonete Moura Campelo
Parceiros CONSEA
Parceiros CONSEA Maria da Conceição de Almeida
Janice Araújo Lustosa Ferreira
Norma Sueli Marques da Costa Reinaldo Santos Avelar
Alberto Eurico Fernandes da Silva

Parceiros CAISAN Parceiros CAISAN


Débora Lidiane Castro de Moura Lourvidia Caldas Serrão
Maria Alice Silva do Nascimento Edilene Abreu Corrêa Sampaio
Ana Diva Soares de Macêdo Maria José Pereira Costa
Rosângela Maria Sobrinho Sousa Kleber Gomes

Bolsistas Bolsistas

Apoio à formação em segurança Apoio à formação em segurança


alimentar e nutricional alimentar e nutricional
Claudiane Batista de Sousa Nayara Rafaelle Correa Silva
Elyudienne Andressa Silva Alves
Articulação sociedade civil e
Articulação sociedade civil e poder público
poder público Miercio Roberth Lopes Martins
Mísia Joyner de Sousa Dias
Monteiro Planejamento e execução das
Jairo Galvão de Araújo oficinas
Nádia Caroline de Moura Matias
Planejamento e execução das
oficinas Apoio à mobilização e à produção
Victor Alves de Oliveira de material pedagógico
Stephany Araújo Ruiz
Apoio à mobilização e à produção Glenda Pereira Costa Silva
de material pedagógico
Lídia Raquel de Sousa Rocha
Maria Gabriela Sousa Pires
Formando a Teia da Segurança Alimentar e Nutricional:
o relato da experiência do Projeto ConsolidaSisan

ORGANIZADORES

Maria Marlene Marques Ávila


Nutricionista. Doutora em Saúde Coletiva. Docente do Curso de Nutrição e dos
Programas de Pós-Graduação em Saúde Coletiva, Nutrição e Saúde e Ensino na
Saúde da Universidade Estadual do Ceará. Coordenadora acadêmica do Projeto
ConsolidaSisan.

Márcia Andréia Barros Moura Fé


Nutricionista. Doutora em Saúde Coletiva. Docente do Curso de Nutrição da
Universidade Estadual do Ceará. Assessora técnica do Projeto ConsolidaSisan.

Naila Saskia Melo Andrade


Zootecnista. Mestre em Meio Ambiente e Desenvolvimento, doutoranda em Ciência,
Biotecnologia e Saúde pela Fiocruz Ceará e bolsista de gestão acadêmica do Projeto
ConsolidaSisan na Universidade Estadual do Ceará.

Francisca Orisvânia Barreto


Economista Doméstica. Especialista em Segurança Alimentar e Nutricional pela
Universidade Estadual do Ceará. Agente de Monitoramento do Programa Nacional de
Alimentação Escolar. Bolsista de planejamento e execução das oficinas de formação
do Projeto ConsolidaSisan no Ceará.

Italo Wesley Oliveira Aguiar


Nutricionista. Mestrando em Saúde Pública pela Universidade Federal do Ceará.
Colaborador na equipe técnica do Conselho Municipal de Segurança Alimentar e
Nutricional de Fortaleza. Bolsista de desenvolvimento de material educativo do Projeto
ConsolidaSisan no Ceará.

Antônia Joelma Braga da Silva


Assistente Social. Especialista em Gestão Social pelo Centro Universitário Fametro.
Técnica da Secretaria da Proteção Social, Justiça Cidadania, Mulheres e Direitos
Humanos / Câmara de Segurança Alimentar e Nutricional – Ceará. Bolsista de apoio à
formação em Segurança Alimentar e Nutricional do Projeto ConsolidaSisan no Ceará.

Tatiane Elpídio da Silva


Pedagoga. Especialista em Gestão Social e Educação Inclusiva. Técnica da Secretaria
de Proteção Social, Justiça, Cidadania, Mulheres e Direitos Humanos e da Câmara
Intersetorial de Segurança Alimentar e Nutricional – Ceará. Bolsista de articulação da
sociedade civil e poder público do Projeto ConsolidaSisan no Ceará.
Formando a Teia da Segurança Alimentar e Nutricional: o relato da
experiência do Projeto ConsolidaSisan

Este livro é produto do “Projeto Consolidação do Sistema Nacional de Segurança


Alimentar e Nutricional nos estados do Ceará, Piauí e Maranhão -
ConsolidaSisan” financiado pelo Edital de chamamento público MDS/SESAN no.
01/2013.

Apoio: Universidade Estadual do Ceará – Programa de Pós-Graduação em


Nutrição e Saúde.

Capa: Italo Wesley Oliveira Aguiar

DADOS INTERNACIONAIS DE CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO (CIP)

Formando a teia da segurança alimentar e nutricional : o relato da


experiência do Projeto ConsolidaSisan / Organizadores Maria
Marlene Marques Ávila ... [et al.]. - ltabuna, BA: A5 editora, 2020.
138p., ; 29,7 cm

Inclui bibliografia.
ISBN: 978-65-00-00169-3

1. Segurança alimentar. 2. Nutrição. I. Ávila, Maria Marlene


Marques. lI. Moura Fé, Marcia Andreia Barros. IlI. Andrade, Naila
Saskia Melo. IV. Barreto, Francisca Orisvania. V. Título.

CDU 613.2

Bibliotecária responsável: Tatiana de Oliveira Bourscheidt - CRB 10/2012


COLABORADORES

Antônia Joelma Braga da Silva


Assistente Social. Especialista em Gestão Social pelo Centro Universitário
Fametro. Técnica da Secretaria da Proteção Social, Justiça Cidadania, Mulheres
e Direitos Humanos / Câmara de Segurança Alimentar e Nutricional – Ceará.
Bolsista de apoio à formação em Segurança Alimentar e Nutricional do Projeto
ConsolidaSisan no Ceará.

Claudiane Batista de Sousa


Nutricionista. Mestranda em Alimentos e Nutrição pela Universidade Federal do
Piauí. Bolsista de apoio à formação do Projeto ConsolidaSisan no Piauí.

Débora Lidiane Castro de Moura


Nutricionista pela Universidade Federal do Piauí. Assessora Técnica e
representante da CAISAN–PI no Projeto ConsolidaSisan.

Francisca Malvinier Macedo


Técnica em Economia Doméstica. Bibliotecária. Diretora Adjunta do Esplar –
Centro de Pesquisa e Assessoria. Presidenta do CONSEA-CE. Cofundadora do
Fórum Cearense de Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional.
Representante do CONSEA-CE no Projeto ConsolidaSisan.

Francisca Orisvânia Barreto


Economista Doméstica. Especialista em Segurança Alimentar e Nutricional pela
pela Universidade Estadual do Ceará. Agente de Monitoramento do Programa
Nacional de Alimentação Escolar. Bolsista para planejamento e execução das
oficinas de formação do Projeto ConsolidaSisan no Ceará.

Italo Wesley Oliveira Aguiar


Nutricionista. Mestrando em Saúde Pública pela Universidade Federal do Ceará.
Colaborador na equipe técnica do Conselho Municipal de Segurança Alimentar
e Nutricional de Fortaleza. Bolsista de desenvolvimento de material educativo do
Projeto ConsolidaSisan no Ceará.

Ivonete Moura Campelo


Nutricionista. Mestre. Professora assistente do Departamento de Nutrição da
Universidade Federal do Piauí - Campus Universitário Ministro Petrônio Portella.
Apoiadora Acadêmica do Projeto ConsolidaSisan no Piauí.

Janice Araújo Lustosa


Tecnóloga em Alimentos e Médica Veterinária. Mestre em Alimentos e Nutrição
pela Universidade Federal do Piauí. Presidente e representante do CONSEA-PI
no Projeto ConsolidaSisan.

John Herbert Marques do Nascimento


Graduado em Redes de Computadores pela Faculdade de Tecnologia do
Nordeste. Pós-graduando em Administração e Segurança em Redes de
Computadores. Coordenador de Tecnologia da Informação na Coordenadoria
Especial de Participação Social da Prefeitura Municipal de Fortaleza e
desenvolvedor do sistema de eleição dos Agentes de Cidadania de Fortaleza.
Bolsista para elaboração do sistema on-line do acompanhamento de Segurança
Alimentar e Nutricional do Projeto ConsolidaSisan.

Márcia Andréia Barros Moura Fé


Nutricionista. Doutora em Saúde Coletiva. Docente do Curso de Nutrição da
Universidade Estadual do Ceará. Assessora técnica do Projeto ConsolidaSisan.

Maria Marlene Marques Ávila


Nutricionista. Doutora em Saúde Coletiva. Docente do Curso de Nutrição e dos
Programas de Pós-Graduação em Saúde Coletiva, Nutrição e Saúde e Ensino
na Saúde da Universidade Estadual do Ceará. Coordenadora acadêmica geral
do Projeto ConsolidaSisan.

Maria Tereza Borges Frota


Nutricionista. Especialista em Saúde Pública e em Nutrição em Saúde Pública
(FIOCRUZ). Mestre em Ciências da Saúde pela Universidade Federal do
Maranhão. Doutora em Nutrição em Saúde Pública pela Universidade de São
Paulo. Professora Adjunta do Departamento de Ciências Fisiológicas da
Universidade Federal do Maranhão. Coordenadora acadêmica do Projeto
ConsolidaSisan no Maranhão.

Marize Melo dos Santos


Nutricionista, Doutora. Professora titular do Departamento de Nutrição da
Universidade Federal do Piauí - Campus Universitário Ministro Petrônio Portella.
Coordenadora Acadêmica do Projeto ConsolidaSisan no Piauí.

Mísia Joyner de Sousa Dias Monteiro


Nutricionista. Mestranda em Ciências e Saúde pela Universidade Federal do
Piauí. Bolsista de articulação da sociedade civil e poder público do Projeto
ConsolidaSisan no Piauí.

Naila Saskia Melo Andrade


Zootecnista. Mestre em Meio Ambiente e Desenvolvimento, doutoranda em
Ciência, Biotecnologia e Saúde pela Fiocruz Ceará e bolsista de gestão
acadêmica do Projeto ConsolidaSisan na Universidade Estadual do Ceará.

Nayara Rafaelle Corrêa Silva


Nutricionista. Pós-graduada em nutrição clínica e funcional e fitoterapia pela
Faculdade LABORO. Pós-graduanda em Docência do Ensino Superior pela
Faculdade Única de Ipatinga. Pesquisadora em segurança alimentar e
nutricional. Bolsista de apoio à formação em Segurança Alimentar e Nutricional
do Projeto ConsolidaSisan no Maranhão.

Regina Ângela Sales Praciano


Assistente Social. Mestre em Gestão e Planejamento de Políticas Públicas.
Orientadora da Célula de Segurança Alimentar e Nutricional da Secretaria de
Proteção Social, Justiça, Cidadania, Mulheres e Direitos Humano do Ceará.
Secretária executiva e representante da Câmara Intersetorial de Segurança
Alimentar e Nutricional do Ceará no Projeto ConsolidaSisan.
Stephany Araújo Ruiz
Nutricionista pela Universidade Federal do Maranhão. Pesquisadora no Núcleo
de Imunologia Básica e Aplicada – UFMA. Presidente da Liga Acadêmica
Nutrição em Políticas Públicas LANPOP/UFMA. Bolsista de Apoio à mobilização
e produção de material pedagógico do Projeto ConsolidaSisan no Maranhão.

Tatiane Elpídio da Silva


Pedagoga. Especialista em Gestão Social e Educação Inclusiva. Técnica da
Secretaria de Proteção Social, Justiça, Cidadania, Mulheres e Direitos Humanos
e da Câmara Intersetorial de Segurança Alimentar e Nutricional – Ceará. Bolsista
de articulação da sociedade civil e poder público do Projeto ConsolidaSisan no
Ceará.

Victor Alves de Oliveira


Nutricionista. Mestre em Ciências e Saúde pela Universidade Federal do Piauí.
Doutorando do Programa de Pós-Graduação em Alimentos e Nutrição pela
Universidade Federal do Piauí. Bolsista para planejamento e execução das
oficinas de formação do Projeto ConsolidaSisan no Piauí.
Esse livro é dedicado a todas as pessoas
que cotidianamente tecem a teia e a trama
que dão forma ao tecido da justiça social.
APRESENTAÇÃO

No Brasil, o conceito de Segurança Alimentar e Nutricional surgiu em


um contexto no qual as doenças carenciais, principalmente a desnutrição, se
destacavam no cenário epidemiológico, consequência da extrema desigualdade
social. A ampla participação social foi fundamental para a construção de
agendas, que propiciaram a criação de leis, planos e estruturas com vistas à
implantação do Sistema Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (SISAN)
para integrar e articular políticas e programas com vistas à garantia do direito
humano à alimentação adequada em um cenário onde a insegurança alimentar
se caracteriza pelas carências, mostrando a persistência das desigualdades
sociais, e pelas doenças decorrentes do sobrepeso e obesidade, demarcando
um cenário onde urge a ação pública eficaz na promoção da alimentação
adequada e saudável para toda a população.
A segurança alimentar e nutricional representa um eixo estratégico no
desenvolvimento e objetivos das políticas públicas nacionais fundamentadas no
princípio da soberania alimentar e nutricional e no direito humano à alimentação.
A aprovação da Lei Orgânica de Segurança Alimentar e Nutricional
em 2006 estabeleceu as bases para a construção e funcionamento do SISAN. A
consolidação desse sistema nacional requer o funcionamento das estruturas
básicas que o compõem na União, estados e municípios: conselhos e câmaras
intersetoriais de segurança alimentar e nutricional, as conferências, a lei
orgânica e a política que a regulamenta, o plano de segurança alimentar e
nutricional.
O “Projeto Consolidação do Sistema Nacional de Segurança
Alimentar e Nutricional nos estados do Ceará, Piauí e Maranhão -
ConsolidaSisan” contribuiu para o fortalecimento do SISAN nestes três estados,
por meio das diversas ações abordadas neste livro.
Motivados, por um lado, pela vivência no projeto que se mostrou um
campo fértil de aprendizado sobre a segurança alimentar e nutricional nas
perspectivas política e social, e por outro, pelos descaminhos tomados na atual
conjuntura política, resolvemos compartilhar nossa experiência, por crermos que
precisamos nos fortalecer mostrando que sim, é possível tecer juntos saberes e
práticas que ajudam a manter nossas conquistas e a alicerçar a certeza de que
passaremos por estes tempos sombrios.

Boa leitura!
LISTA DE SIGLAS

AcompanhaSisan Sistema para Acompanhamento da Implantação do


SISAN nos Municípios
CadÚnico Cadastro Único para Programas Sociais do Governo
Federal
CAISAN Câmara Interministerial de Segurança Alimentar e
Nutricional
CEST Faculdade Santa Terezinha
CNSAN Conferência Nacional de Segurança Alimentar e
Nutricional
CONAB Companhia Nacional de Abastecimento
CONSEA Conselho de Segurança Alimentar e Nutricional
ConsolidaSisan Projeto Consolidação do Sistema Nacional de
Segurança Alimentar e Nutricional
CPCE Comissão de Presidentes de Conselhos Estaduais
CSAN Célula de Segurança Alimentar e Nutricional
CT Comitê Técnico
DATASUS Departamento de Informática do SUS
DHAA Direito Humano à Alimentação Adequada
DUSAEF Diretoria da Unidade de Segurança Alimentar e
Erradicação da Fome
EAN Educação Alimentar e Nutricional
EMBRAPA Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária
FAMEM Federação dos Municípios do Estado do Maranhão
FAO Organização das Nações Unidas para a Alimentação e
a Agricultura
FIOCRUZ Fundação Oswaldo Cruz
FMSA Fórum Maranhense de Segurança Alimentar
FNDE Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação
FUNAI Fundação Nacional do Índio
FUNECE Fundação Universidade Estadual do Ceará
Fundação CEPRO Fundação Centro de Pesquisas Econômicas e Sociais
do Piauí
GT Grupo de Trabalho
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
IES Instituição de Ensino Superior
IFMA Instituto Federal do Maranhão
INCRA Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária
INSAN Insegurança Alimentar e Nutricional
IPECE Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará
LDO Lei de Diretrizes Orçamentárias
LOA Lei Orçamentária Anual
LOSAN Lei Orgânica de Segurança Alimentar e Nutricional
MapaSAN Mapeamento de Segurança Alimentar e Nutricional
MDS Ministério de Desenvolvimento Social e Combate à
Fome
NURESAN Núcleo de Estudos em Segurança Alimentar Nutricional
PAA Programa de Aquisição de Alimentos
PESAN Plano Estadual de Segurança Alimentar e Nutricional do
Piauí
PLANESAN Plano Estadual de Segurança Alimentar e Nutricional do
Maranhão
PLANSAN Plano Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional
PLANSAN-CE Plano Estadual de Segurança Alimentar e Nutricional do
Ceará
PNAD Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios
PNAE Programa Nacional de Alimentação Escolar
PNSAN Política Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional
PPA Plano Plurianual
PSAN Política de Segurança Alimentar e Nutricional
SAF Secretaria de Estado de Agricultura Familiar
SAGI Secretaria de Avaliação e Gestão da Informação
SAN Segurança Alimentar e Nutricional
SASAN Secretaria Adjunta de Segurança Alimentar e
Nutricional
SASC Secretaria de Estado da Assistência Social e Cidadania
SDA Secretaria de Desenvolvimento Agrário
SEDES Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social e
Agricultura Familiar
SEDPOP Secretaria dos Direitos Humanos e Participação Popular
SEDUC Secretaria de Estado de Educação
SEIR Secretaria de Estado Extraordinária de Igualdade Racial
SEMTCAS Secretaria Municipal de Trabalho, Cidadania e
Assistencial Social de Teresina
SEPLAN Secretaria Estadual de Planejamento
SES Secretaria de Estado da Saúde
SESAN Secretaria Nacional de Segurança Alimentar e
Nutricional
SICONV Sistema de Gestão de Convênios e Contratos de
Repasse do Direito Federal
SISAN Sistema Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional
SISPLANSAN Sistema de Monitoramento do Plano Nacional de
Segurança Alimentar e Nutricional
SISVAN Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional
SPS Secretaria de Proteção Social, Justiça, Cidadania,
Mulheres e Direitos Humanos
STDS Secretaria do Trabalho e Desenvolvimento Social
SUAS Sistema Único da Assistência Social
SUS Sistema Único de Saúde
TI Tecnologia da Informação
UECE Universidade Estadual do Ceará
UESPI Universidade Estadual do Piauí
UFC Universidade Federal do Ceará
UFMA Universidade Federal do Maranhão
UFPI Universidade Federal do Piauí
VIS DATA Visualizador de Dados Sociais
SUMÁRIO

PARTE I O PROJETO DE CONSOLIDAÇÃO DO SISTEMA DE


SEGURANÇA ALIMENTAR E NUTRICIONAL NOS
ESTADOS DO CEARÁ, PIAUÍ E MARANHÃO..................... 20
Capítulo 1 A Sistematização da Experiência do Projeto
ConsolidaSisan
Márcia Andréia Barros Moura Fé, Maria Marlene Marques
Ávila, Naila Saskia Melo Andrade, Francisca Orisvania
Barreto..................................................................................... 22
Capítulo 2 Contribuições do Projeto ConsolidaSisan para o
Fortalecimento do SISAN nos Estados do Ceará,
Maranhão e Piauí
Regina Ângela Sales Praciano, Francisca Malvinier
Macedo.................................................................................... 42
PARTE II DIAGNÓSTICO DO SISAN E A ELABORAÇÃO DO
PLANO DE SEGURANÇA ALIMENTAR E NUTRICIONAL
NOS ESTADOS...................................................................... 52
Capítulo 3 Componentes do SISAN no Ceará
Antônia Joelma Braga da Silva, Francisca Orisvania Barreto,
Naila Saskia Melo Andrade, Tatiane Elpídio da Silva............. 54
Capítulo 4 Componentes do SISAN no Maranhão
Nayara Rafaelle Corrêa Silva, Stephany Araujo Ruiz, Maria
Tereza Borges Frota............................................................... 64
Capítulo 5 Componentes do SISAN no Piauí
Claudiane Sousa, Débora Moura, Janice Lustosa, Mísia
Monteiro, Victor Oliveira, Ivonete Moura Campelo, Marize
Melo dos Santos...................................................................... 72
PARTE III AVALIAÇÃO E MONITORAMENTO DO PLANO DE
SEGURANÇA ALIMENTAR E NUTRICIONAL...................... 82
Capítulo 6 Monitoramento das Ações de Segurança Alimentar e
Nutricional
Italo Wesley Oliveira Aguiar, Antônia Joelma Braga Silva,
John Herbert Marques do Nascimento, Tatiane Elpídio da
Silva......................................................................................... 84
Capítulo 7 O Componente da Avaliação dos Planos de Segurança
Alimentar e Nutricional
Maria Marlene Marques Ávila, Márcia Andréia Barros Moura
106
Fé, Italo Wesley Oliveira Aguiar..............................................
Referências .................................................................................................. 128
PARTE I

O PROJETO DE CONSOLIDAÇÃO DO SISTEMA DE SEGURANÇA


ALIMENTAR E NUTRICIONAL NOS ESTADOS DO CEARÁ, PIAUÍ E
MARANHÃO

20
21
Capítulo 1

A SISTEMATIZAÇÃO DA EXPERIÊNCIA DO PROJETO CONSOLIDASISAN

Márcia Andréia Barros Moura Fé


Maria Marlene Marques Ávila
Naila Saskia Melo Andrade
Francisca Orisvania Barrreto

...sem sequer poder negar a desesperança


como algo concreto e sem desconhecer as
razões históricas, econômicas e sociais que a
explicam, não entendo a existência humana e
a necessária luta para fazê-la melhor, sem
esperança e sem sonho.
(Paulo Freire – Patrono da educação brasileira)

PASSOS PARA A CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO

A produção do conhecimento baseada na sistematização da


experiência do projeto Consolidação do Sistema Nacional de Segurança
Alimentar e Nutricional (ConsolidaSisan), tem como referência as etapas
sugeridas pelo autor Holiday (2006), e está assim organizada:
1) O ponto de partida – o relato se baseia em nossa vivência no
ConsolidaSisan, a qual encontra-se registrada em relatórios de
atividades realizadas e de execução físico-financeiro, nas atas
das reuniões da equipe e nos registros fotográficos. Além disso
foram realizados três grupos focais, um por estado e um círculo
de cultura com a equipe do Ceará que objetivaram retomar a
experiência vivida e gerar subsídios para identificar as
contribuições do projeto no fortalecimento do Sistema Nacional de
Segurança Alimentar e Nutricional (SISAN).
2) Os objetivos – em que explicitamos as razões para esta
sistematização, delimitamos seu objeto e definimos um eixo de
sistematização;
3) A recuperação do processo vivido – a reconstrução da história do
ConsolidaSisan;
4) A reflexão de fundo – que consta da análise crítica da vivência;

22
5) Os pontos de chegada – em que abordaremos os desafios
encontrados durante o percurso, e as conclusões práticas
decorrentes do aprendizado com a experiência, bem como as
contribuições do projeto para o fortalecimento do SISAN.
Esta sistematização baseia-se numa concepção metodológica
dialética “que entende a realidade histórico-social como uma totalidade, como
processo histórico: a realidade é, ao mesmo tempo, una, mutante e contraditória
porque é histórica; porque é produto da atividade transformadora, criadora dos
seres humanos” (HOLLIDAY, 2006, p. 8).

OBJETIVOS E DEFINIÇÃO DO EIXO DE SISTEMATIZAÇÃO

A decisão de sistematizar essa experiência foi considerada como


forma de, para além do registro, fazermos uma reflexão coletiva sobre a
realização das atividades previstas e realizadas no ConsolidaSisan entre os
anos de 2014-2019 e quais foram as implicações para o fortalecimento do SISAN
nos estados do Ceará, Piauí e Maranhão.

A EXPERIÊNCIA EM FOCO

Em 2013, o Ministério de Desenvolvimento Social e Combate à Fome


(MDS), atualmente, Ministério da Cidadania, por meio da Secretaria Nacional de
Segurança Alimentar e Nutricional (SESAN), lançou o edital de chamamento
público MDS/SESAN nº 01/2013, visando selecionar instituições públicas de
ensino superior estadual e/ou federal para realização de projetos voltados ao
fortalecimento do Sistema Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional
(SISAN) nos estados, distrito federal e municípios.
Tal iniciativa foi estratégica, no sentido de contribuir para a
consecução de alguns objetivos e metas do Plano Nacional de Segurança
Alimentar e Nutricional (PLANSAN) 2012-2015, entres estas: “promover a
adesão dos 26 Estados da Nação, o Distrito Federal e 60% dos municípios no
SISAN” e institucionalizar o SISAN em todo Território Nacional, bem como seus
mecanismos de gestão, no sentido de “promover ações de
formação/capacitação sobre conceitos, princípios, marco legal, instrumentos e

23
mecanismos de gestão do SISAN, implementação da Política Nacional de
Segurança Alimentar e Nutricional (PNSAN) e realização do Direito Humano à
Alimentação Adequada (DHAA)” (BRASIL, 2013).
Em nível nacional, o Programa de Segurança Alimentar e Nutricional
compôs o Plano Plurianual (PPA) do período 2012–2015, que contemplou entre
seus objetivos a realização de ações de promoção da institucionalização e
fortalecimento da gestão do SISAN, bem como o apoio a elaboração de planos
estaduais e municipais de segurança alimentar e nutricional. Dessa forma, a
referida Chamada Pública se deu no âmbito do Programa Temático - 2069:
Segurança Alimentar Nutricional, na Ação – 8624: Apoio à Implantação e Gestão
do Sistema Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (BRASIL, 2011).
Pelas normas da chamada pública os projetos apresentados deveriam
contemplar mais de um estado (conforme os grupos de estados constantes do
edital que cobriam todos os estados e o distrito federal) e contar com o
conhecimento do Conselho de Segurança Alimentar e Nutricional (CONSEA) e
da Câmara Intersetorial de Segurança Alimentar e Nutricional (CAISAN) do
estado sede da universidade proponente. O lote de estados em que a
Universidade Estadual do Ceará (UECE) propôs era composto pelo Ceará, Piauí
e Maranhão.
O incentivo para a UECE elaborar um projeto para concorrer à
chamada pública partiu da CAISAN-CE, na pessoa de sua secretária executiva,
que assim se expressa em relação ao fato:

A gente convidou a UECE, provocou mesmo, sensibilizou, namorou,


paquerou, até que realmente a UECE topou de colocar a proposta para
frente, se habilitou para o projeto [...] (Círculo de Cultura, UECE,
1/11/2017).

A partir do convite feito por esta, se formou um grupo de três


professoras do Curso de Nutrição, duas professoras da Universidade Federal do
Ceará (UFC) e a secretária executiva da CAISAN, dessa forma, o projeto
“Consolidação do Sistema Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional
nos estados do Ceará, Piauí e Maranhão” (ConsolidaSisan) foi uma
construção coletiva, que além dos integrantes já citados, contou com a
contribuição de um assessor técnico da Secretaria do Trabalho e

24
Desenvolvimento Social (STDS) atualmente Secretaria de Proteção Social,
Justiça, Cidadania, Mulheres e Direitos Humanos (SPS), principalmente na
elaboração de uma das metas, a que trata da construção de um software de
monitoramento da implantação do SISAN nos municípios, denominado
AcompanhaSisan. No decorrer do projeto, houve a perda de parceria com a UFC,
por motivo de aposentadoria das professoras que participaram do projeto até o
ano de 2016.
Dada a exigência da chamada pública do projeto ser proposto pela
universidade, a coordenação do mesmo ficou sob a responsabilidade de duas
professoras, assim, contou com uma coordenação acadêmica e uma
operacional, sendo esta última representada pela professora que submeteu a
proposta.
Conforme a chamada pública, após apresentadas, as propostas
passavam por uma etapa de seleção, depois de selecionadas se dava início ao
processo de habilitação concluído com a formalização do convênio com o MDS.
Durante o processo habilitação o projeto passou por uma fase de ajustes,
momento em que contamos com a colaboração de um técnico do MDS e
integraram-se à equipe na UECE mais uma professora como assessora da
coordenação operacional e a presidente do CONSEA-CE. O projeto foi
formalizado por meio do Convênio MDS/UECE publicado no DOU nº 8 de 13 de
janeiro de 2015 (BRASIL, 2015).
Após a etapa de habilitação, houve um encontro das universidades
selecionadas em Brasília, da qual participaram a secretária executiva da
CAISAN-CE e a coordenadora acadêmica do ConsolidaSisan. Esta foi a primeira
oportunidade de conversar presencialmente com representantes dos CONSEA
e CAISAN dos estados do Piauí e Maranhão, pois anteriormente, durante a fase
de elaboração do projeto, essa articulação foi tentada, mas não logrou êxito.
Contudo, ainda durante a fase de elaboração foi realizado contato com os Cursos
de Nutrição das universidades federais do Piauí e Maranhão e identificadas em
cada uma das professoras que se interessaram pelo projeto, já contando,
portanto, desde aí, com essa articulação entre as universidades.
A participação da Universidade Federal do Piauí (UFPI) e da
Universidade Federal do Maranhão (UFMA) no projeto ocorreu a partir da
instituição de parceria com a FUNECE/UECE, por intermédio de instrumento de

25
cooperação acadêmica e científica entre as suas respectivas áreas de atuação,
visando o desenvolvimento do referido projeto nos estados do Ceará, Piauí e
Maranhão no âmbito do Programa de Pós-Graduação em Nutrição e Saúde da
UECE e dos Departamentos de Nutrição de ambas universidades e, sendo
previstas a realização de atividades relacionadas à Segurança Alimentar e
Nutricional, o que favoreceria o intercâmbio entre profissionais e acadêmicos nas
áreas de interesse comum, voltadas para o ensino, pesquisa e extensão,
assinado pelos gestores das respectivas Instituições de Ensino Superior (IES).
As Universidades concordaram em desenvolver o projeto, visando:
a) Realizar pesquisas no campo da Segurança Alimentar e
Nutricional, elaboração e divulgação de trabalhos científicos
em eventos da área e afins;
b) Realizar oficinas, os encontros de planejamento e avaliação
das atividades;
c) O fortalecimento do SISAN nos três Estados.
Em março de 2015, foi realizado o primeiro seminário, em
Fortaleza-CE, envolvendo representações do Maranhão, Piauí e Ceará,
visando a apresentação do Projeto ConsolidaSisan e do plano de trabalho.
Na oportunidade, foi discutido e acordado, entre as universidades
parceiras, a realização de uma pesquisa em SAN, em cada estado, durante
a V Conferência Estadual de Segurança Alimentar e Nutricional, que será
apresentada posteriormente. Em dezembro de 2015 e fevereiro de 2016
realizamos o segundo e terceiro seminário nos Estados do Maranhão e
Piauí respectivamente, com o objetivo de apresentar o projeto para os
demais parceiros nos estados e o quadro situacional da SAN, para posterior
construção do diagnóstico do SISAN. É válido ressaltar que no Maranhão
houve a socialização dos resultados preliminares da pesquisa realizada
pela UFPI sobre o perfil dos delegados da V Conferência Estadual de
Segurança Alimentar e Nutricional.
Ainda em 2016, conforme previsto no Projeto ConsolidaSisan,
foram selecionados e contratados bolsistas de apoio às atividades do
projeto, os quais foram incorporados às equipes de cada estado. Assim, as
atividades do projeto, foram planejadas e realizadas de forma participativa

26
entres as três equipes, sendo a equipe do Ceará responsável pela
coordenação geral.
O termo consolidação do título do projeto foi escolhido na
perspectiva de que este propõe fortalecer o SISAN dos estados do Ceará, Piauí
e Maranhão, ou seja:

[...] consolida está no sentido de ajudar saber, fortalecer o sistema de


segurança alimentar e nutricional dos estados Piauí, Ceará e
Maranhão, é a consolidação e o fortalecimento desse sistema nesses
estados (Assessora do ConsolidaSisan, Círculo de Cultura, UECE,
1/11/2017).

Esta fala se justifica porque o SISAN, instituído em 2006 pela Lei


11.346 e regulamentada pelo Decreto 7.272/2010, que instituiu a PNSAN
(BRASIL,2010), em 2013 quando foi lançada a chamada pública, estava
iniciando um processo de implantação. De forma geral, os estados e municípios
estavam se inteirando sobre o processo de adesão ao SISAN, visando a
implantação da PNSAN, sobressaindo então, a necessidade da elaboração dos
planos de SAN nos níveis estadual e municipal, tendo como principal finalidade
promover o DHAA.
Na busca desse fortalecimento o projeto propôs como objetivo geral
contribuir para a consolidação do SISAN nos estados do Ceará, Piauí e
Maranhão, tal contribuição se concretizou principalmente por meio da
capacitação dos atores implicados no SISAN – gestores, conselheiros, técnicos
das CAISAN e CONSEA dos estados e municípios – para a elaboração dos
planos de SAN e monitoramento de suas metas.
Os objetivos e ações do ConsolidaSisan se constituem no eixo desta
sistematização. O primeiro objetivo foi assessorar gestores públicos das
Câmaras ou Instâncias Governamentais de Gestão Intersetorial de Segurança
Alimentar e Nutricional (CAISAN) e atores da sociedade civil, vinculados aos
CONSEA estaduais para elaboração e/ou revisão dos Planos Estaduais de
Segurança Alimentar e Nutricional. Para sua consecução realizou-se um
diagnóstico situacional dos planos estaduais e dos componentes de SISAN por
meio de três seminários (um por estado) para diagnóstico dos PLANSAN e dos
componentes do SISAN e três oficinas, também uma por estado, para
elaboração/revisão dos planos estaduais de SAN.

27
O segundo objetivo visou desenvolver e implantar um sistema online
para acompanhamento da implantação dos componentes do SISAN nos
municípios do Ceará, Piauí e Maranhão. Para tanto, realizou-se a elaboração do
software, o desenvolvimento do banco de dados e a capacitação dos atores
locais para sua utilização.
O terceiro objetivo contemplou a capacitação de gestores públicos,
conselheiros e representantes da sociedade civil no âmbito municipal para
incentivar a elaboração e/ou revisão dos planos municipais de Segurança
Alimentar e Nutricional, visando a efetivação da adesão ao SISAN. Sua
realização envolveu três oficinas, uma por estado, para elaboração/revisão dos
planos municipais de SAN.
O quarto objetivo foi assessorar os CONSEA e as CAISAN nos
estados e municípios no desenvolvimento e implantação de metodologias,
mecanismos institucionais e ferramentas para o monitoramento e avaliação dos
PLANSAN, no âmbito dos sistemas estaduais e municipais de SAN. Para sua
efetivação, foram realizados mapeamento dos modelos, ferramentas e
mecanismos institucionais e de tecnologia de informação existentes para
monitoramento e avaliação dos PLANSAN nos municípios dos estados do CE,
PI e MA; capacitação de gestores e conselheiros nos três estados para o
desenvolvimento e implantação das ferramentas de monitoramento e avaliação
dos PLANSAN e da Política de SAN nos municípios; elaboração e distribuição
de material educativo para os CONSEA e CAISAN estaduais e municipais nos
três estados e estruturação de um núcleo de produção técnico-científica de
referência regional na área de SAN.
Com esta sistematização esperamos refletir criticamente sobre o
processo vivido, no âmbito da execução operacional, bem como racionalizar os
problemas e dificuldades enfrentadas neste percurso, propor caminhos de
superação e também realçar os êxitos obtidos. Na perspectiva acadêmico, a
sistematização poderá contribuir para refletir criticamente sobre as
potencialidades e desafios encontrados durante a experiência de fortalecimento
do SISAN nos estados parceiros.

28
O PROCESSO VIVIDO

Na fase de habilitação da UECE junto ao MDS, os parceiros nos três


estados foram convidados a participar de uma reunião em Fortaleza, com o
objetivo de contextualizar e discutir o projeto coletivamente, e esclarecer os
papéis dos diferentes atores. Participaram integrantes da equipe local (CAISAN,
CONSEA e UECE) e a professora representante da Universidade Federal do
Maranhão, que custeou sua viagem. Ressaltamos que a ausência dos demais
parceiros do Maranhão e Piauí, se justificou pela inexistência de recursos
financeiros para custear seus deslocamentos à Fortaleza.
Após a realização dessa reunião, o primeiro seminário foi realizado
em março de 2015 na UECE e contou com a presença dos representantes da
universidade, CONSEA e CAISAN de cada estado, e de um representante do
MDS. Essa atividade teve como objetivos: contextualizar a situação em que se
deu a elaboração e apresentação da proposta pela UECE; apresentar o projeto
e detalhar o planejamento orçamentário; sensibilizar os parceiros a se
comprometerem com a execução do projeto, esclarecer o papel de cada um e
sua importância para a consolidação do SISAN nos estados.
Esse seminário foi essencial para estabelecer o bom relacionamento
entre as equipes dos três estados e dirimir dúvidas relacionadas a execução do
projeto. O principal encaminhamento deste encontro foi o planejamento do
seminário a ser realizado no Maranhão para apresentação do diagnóstico do
SISAN.
Importante destacar que neste primeiro seminário, devido a uma série
de entraves burocráticos, o MDS ainda não havia autorizado o uso do recurso
financeiro, apesar disso os parceiros concordaram em participar,
disponibilizando seus próprios recursos financeiros ou com ajuda de custo do
CONSEA e CAISAN de seus estados.
O segundo seminário ocorreu em São Luís-MA, em dezembro de 2015.
Nele foi apresentado o diagnóstico situacional dos componentes do SISAN no
Ceará, Piauí e Maranhão; a exposição sobre a pesquisa de participação social na
V Conferência Estadual de SAN nos estados do Piauí e Ceará, realizadas como
atividade paralela ao projeto; a definição dos requisitos essenciais para seleção
dos bolsistas das equipes locais.

29
Além dos parceiros do Projeto ConsolidaSisan, estiveram presentes
conselheiros do CONSEA - MA e integrantes da CAISAN-MA, representantes da
Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social e Agricultura Familiar (SEDES)
e Secretaria Adjunta de Segurança Alimentar e Nutricional do Maranhão (SASAN),
além de algumas representações políticas do estado.
O diagnóstico dos componentes do SISAN nos estados do Ceará,
Piauí e Maranhão realizado pelo projeto, levantou as informações sobre os
marcos regulatórios e sobre os Planos de SAN, inclusive os processos de
construção, estrutura, desafios e principalmente, observou-se as deliberações
das conferências, como elemento fundante a ser contemplado nos planos, bem
como sua vinculação ao PPA do governo estadual e por fim, trazendo a
oportunidade para que pesquisadores, gestores e representantes da sociedade
civil avaliassem de forma coletiva o quadro apresentado e levantassem
propostas sobre o que poderia ser melhorado. Ressaltamos que no Ceará já
estava em execução o segundo PLANSAN (2016-2019), no Maranhão o primeiro
PLANESAN (2012-2015) estava em andamento e o no Piauí o primeiro plano
estava em fase de elaboração.
Neste contexto, foi necessário abordar no seminário em Teresina o
processo de revisão do primeiro PLANSAN-CE e apresentar a experiência das
etapas de elaboração dos planos do Piauí e Maranhão. Essa atividade ocorreu
em setembro de 2016 e dele participaram as três equipes, às quais já haviam se
incorporado os bolsistas; conselheiros e integrantes do CONSEA e CAISAN-PI
e duas técnicas do MDS que expuseram sobre a sua experiência na elaboração,
revisão e monitoramento do PLANSAN nacional. Além disso, foi realizada
avaliação das etapas cumpridas e planejamento das próximas oficinas.
Paralelamente, um bolsista foi selecionado para desenvolvimento do
software. Sua primeira tarefa foi criar a página do ConsolidaSisan, abrigada no
sítio da UECE, como forma de publicizar e dar transparência às atividades do
projeto. Um aspecto discutido quanto ao objetivo da criação do software, foi a
continuidade da sua operacionalização após o término do projeto, o que depende
unicamente da decisão de cada estado.
A etapa seguinte foi a realização de oficinas com o objetivo de
capacitar gestores públicos, conselheiros e representantes da sociedade civil no
âmbito municipal para incentivar a elaboração dos Planos Municipais de

30
Segurança Alimentar e Nutricional - PLANSAN, visando o fortalecimento do
Sistema Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional – SISAN. Foi uma etapa
em que se contou com as contribuições dos participantes e a troca de
experiências, trazendo para o debate os avanços e as dificuldades dos
municípios na implementação da agenda de segurança alimentar e nutricional.
O planejamento metodológico foi conduzido pela bolsista de
planejamento e execução de oficinas do Ceará com a participação da equipe,
após a elaboração inicial a proposta foi encaminhada às equipes do Piauí e
Maranhão para sugestões e só então foi finalizada. O critério de inclusão dos
municípios foi a adesão ao SISAN (concluída ou em processo), a sensibilização
e mobilização dos municípios foi realizada pela CAISAN - CE com apoio do
CONSEA-CE.
As oficinas realizadas com carga horária de 16 horas abordaram os
seguintes temas: Segurança Alimentar e Nutricional (conceitos: SAN, SISAN,
Plano e PNSAN); Apresentação do Diagnóstico do SISAN nos três Estados
(Panorama da situação de cada município convidado); Experiência do Estado e
de municípios na elaboração dos Planos de Segurança Alimentar e Nutricional;
Exposição sobre as diretrizes da Política Nacional de Segurança Alimentar e
Nutricional; Experiência municipal de funcionamento da CAISAN e de execução
de programas, projetos e ações de SAN.
Em dezembro de 2017, foi realizada na UECE a primeira oficina com
municípios cearenses e os parceiros dos três estados. Deveriam participar 33
municípios, porém apenas 16 enviaram representantes, integrantes dos
CONSEA e CAISAN, quais sejam: Cariús, Caucaia, Crateús, Fortaleza, Ipueiras,
Itapipoca, Lavras da Mangabeira, Maracanaú, Martinópolis, Monsenhor Tabosa,
Novo Oriente, Pacatuba, Palhano, Paracuru, Piquet Carneiro e São Luís do Curu,
totalizando 51 participantes (UECE, 2018).
Como encaminhamento dessa oficina, foi solicitada a construção de
um Plano de Providências para elaboração dos Planos Municipais de SAN. Essa
atividade buscou contribuir com os municípios em processo de adesão ao
SISAN, no fortalecimento dos marcos regulatórios e com a CAISAN Ceará no
assessoramento realizado junto aos municípios.

31
Ao finalizarmos essa oficina, as equipes do Ceará, Piauí e Maranhão
se reuniram para avaliar a oficina realizada e ver se precisava de ajustes para
ser executadas nos outros dois Estados.
A segunda oficina foi realizada em abril de 2018, na sede da
Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB/PI), sob a condução da equipe
no Piauí, com o auxílio das equipes do Maranhão e Ceará, além de órgãos
parceiros como CAISAN/Secretaria de Ação Social e Cidadania, CONSEA, UFPI
e CONAB/PI.
Deveriam participar 26 municípios piauienses, porém apenas 15
enviaram representantes, integrantes dos CONSEA e CAISAN: Teresina, São
Domingos, Água Branca, Curralinhos, Júlio Borges, Acauã, Pimenteiras, Piripiri,
Passagem Franca, Olho D'água, Itainópolis, Sebastião Leal, Santo Antônio dos
Milagres, Brasileira e São Lourenço, totalizando 58 participantes (UECE, 2018).
A terceira oficina foi realizada no Maranhão em maio de 2018.
Estiveram presentes 30 municípios: Lagoa do Mato, Itapecuru Mirim,
Maracaçumé, São Luís, São Mateus, São Raimundo das Mangabeiras, Pastos
Bons, Paço do Lumiar, Fernando Falcão, Nova Iorque, Raposa, Buriti Bravo,
Santa Helena, São José de Ribamar, Estreito, São Pedro dos Crentes, Barra do
Corda, Marajá do Sena, Codó, Tufilândia, São Domingos do Maranhão, Pio XII,
Viana, Grajaú, Santa Filomena, Lima Campos, Imperatriz, Afonso Cunha,
Matões do Norte e Jenipapo dos Vieiras, totalizando 100 participantes (UECE,
2018).
Na execução do plano de SAN, dado o seu caráter intersetorial, uma
questão desafiadora é o monitoramento, isto exige ampla e sólida articulação
entre as diversas áreas administrativas nos níveis estadual e municipal. Assim,
dando seguimento ao projeto, a oficina de monitoramento foi realizada nos três
estados, para assessorar os CONSEA e as CAISAN estaduais e municípios no
desenvolvimento e implantação de metodologias, mecanismos institucionais e
ferramentas para o monitoramento e avaliação dos PLANSAN, no âmbito dos
sistemas estaduais e municipais de SAN.
A oficina com duração de 16 horas pautou-se na elaboração e
proposição de metodologias de monitoramento das ações de SAN;
aperfeiçoamento dos instrumentos já existentes; construção de matriz de

32
indicadores e o próprio fortalecimento da ação intersetorial dentro da política
estadual e municipal de SAN.
Foram planejadas conjuntamente com as equipes de cada estado, e
novamente convidados todos os municípios adesos ou em processo de adesão
ao SISAN. Os temas abordados foram: o que é monitoramento, a sua
importância para o acompanhamento das ações, projetos e programas de SAN
e como monitorar as ações de SAN; identificação das ações de SAN nos
municípios e possíveis estratégias de monitoramento; a experiência de
monitoramento do PLANSAN Nacional; monitoramento de ações, projetos e
programas de SAN em âmbito estadual; a experiência de acompanhamento de
ações, projetos e programas em âmbito local; a experiência da construção de
uma matriz de indicadores para o monitoramento do PLANSAN Municipal e
software de Monitoramento do SISAN.
Importante ressaltar que o monitoramento foi uma temática
relativamente nova para a equipe executora do ConsolidaSisan, e o
aprofundamento necessário para subsidiar a capacitação proposta no projeto
envolveu a produção de uma dissertação, cujo objeto de estudo foi a elaboração
de uma matriz de indicadores com potencial para nortear o monitoramento dos
planos municipais (LIMA NETA, 2016) e ainda um estudo em nível de iniciação
científica, cujas atividades se relacionaram à elaboração da referida matriz.
A primeira oficina de monitoramento foi realizada em Fortaleza,
Ceará, no mês de setembro de 2018, dela participaram 110 representantes de
24 municípios cearenses: Alcântaras, Arneiroz, Cariré, Cariús, Caucaia, Cruz,
Fortaleza, Icó, Iguatu, Ipueiras, Itapipoca, Maracanaú, Milhã, Novo Oriente,
Pacatuba, Palhano, Paracuru, Parambu, Piquet Carneiro, Russas, Salitre, São
Gonçalo do Amarante, São João do Jaguaribe e Tamboril (UECE, 2019).
A segunda oficina ocorreu em São Luís, Maranhão, em dezembro de
2018. Estiveram presentes 61 representantes de 19 municípios maranhenses:
Cândido Mendes, Santa Helena, Davinópolis, Colinas, São José de Ribamar,
Santa Inês, Paço do Lumiar, Buriti Bravo, São Raimundo das Mangabeiras, São
Luís Gonzaga, Itapecuru-Mirim, Santa Luzia, São João do Soter, Estreito, Bom
Jesus das Selvas, Marajá do Sena, Grajaú, Viana e Pastos Bons (UECE, 2019).
A terceira oficina foi em Teresina, Piauí, também em dezembro de
2018, contou com 55 representantes de nove municípios piauienses: Júlio

33
Borges, Teresina, Sebastião Leal, Água Branca, Corrente, Olho D'água, São
Lourenço, Passagem Franca, Brasileira, e 03 maranhenses: Parnarama, Paço
do Lumiar e Caxias (UECE, 2019).
Outra ação desta etapa, foi a estruturação do espaço físico e
equipamentos do Núcleo de Referência Regional em SAN e a elaboração do
material pedagógico composto por uma cartilha ilustrada sobre o SISAN, a ser
distribuída nos municípios do Ceará, Piauí e Maranhão como material de apoio
na criação e consolidação do SISAN em nível municipal, e o livro “Formando a
teia da Segurança Alimentar e Nutricional: o relato da experiência do Projeto
ConsolidaSisan” por meio do qual compartilhamos os saberes obtidos e
aperfeiçoados nesses cinco anos de implementação de projeto.
O Núcleo de Referência em Segurança Alimentar e Nutricional,
localizado no Mestrado de Nutrição e Saúde - UECE, realizará atividades de
pesquisa e formação na área de Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional
e do Direito Humano à Alimentação Adequada e Saudável, congregando
pesquisadores e estudantes de diversas áreas do conhecimento e instituições
nacionais e estrangeiras, oferecendo subsídios para atuação dos CONSEA e
CAISAN, além de oferecer suporte à formação da rede regional de
pesquisadores em soberania e segurança alimentar e nutricional.

A REFLEXÃO DE FUNDO

A experiência do ConsolidaSisan revelou o retrato do SISAN nos


estados e municípios envolvidos, e possibilitou ampliar a compreensão sobre
potencialidades e desafios na implementação da agenda de SAN nas esferas
estaduais e municipais. O projeto trouxe de forma didática e participativa a
discussão e análise da necessidade de fortalecimento do SISAN.
Identificamos como potencialidades o compartilhamento de saberes,
a importância do PLANSAN e seu monitoramento na consecução do DHAA, as
relações de parceria estabelecidas entre as instituições e a força da ação
conjunta na defesa desse direito e da Soberania Alimentar.
Dentre os desafios destacamos: oficinas com reduzido número de
participantes, devido à falta de previsão de recursos financeiros para custear o
deslocamento dos representantes dos municípios para as cidades onde ocorriam

34
as atividades de formação. Este desafio mostra uma falha no planejamento, que
deveria ter previsto a realização das oficinas nos municípios, o que certamente
possibilitaria maior participação e envolvimento com os atores locais. Outro
aspecto importante foi a forma de mobilização realizada por meio de ofício via e-
mail seguido de contato telefônico, subestimando o uso das redes sociais.
Outro desafio se relaciona aos vários entraves burocráticos, tais
como: obrigatoriedade dos processos licitatórios, chamadas públicas para a
vinculação dos bolsistas, alterações necessárias no Plano de Trabalho, que não
poderiam ser previstas a priori que paralisavam o Sistema de Convênios
(SICONV) e repercutiam diretamente na liberação de recursos financeiros
causando o atraso no cronograma previsto; a falta de feedback das avaliações
de processo realizadas pelo órgão financiador.
A coordenação geral do projeto buscou sempre compartilhar com as
coordenações do Piauí e Maranhão todas as intercorrências que resultaram em
atrasos na realização atividades. O ideal seria o encontro presencial periódico
das três equipes, o que era inviável do ponto de vista financeiro. Para superação
deste desafio a estratégia foi o uso de videoconferência sistematicamente.
Também há que se destacar o desafio relacionado ao fortalecimento
do SISAN nos municípios, a lição aprendida nos mostrou que não é bastante ter
projetos de capacitação/qualificação dos atores locais. Nas oficinas foram
ressaltados que a falta de compromisso dos gestores e o desconhecimento
sobre a política de SAN, os parcos recursos para os programas e ações que
concretizam a política, a desarticulação dos programas e políticas de SAN, a
ausência de dados para a construção do PLANSAN (planejamento, execução,
monitoramento e avaliação), a falta de capacitação continuada na temática para
representantes do poder público e da sociedade civil, o fortalecimento da
participação e do controle social, a necessidade de ampliar parcerias buscando
a intersetorialidade são obstáculos que precisam ser ultrapassados para a
implementação/consolidação desse sistema.

35
OS PONTOS DE CHEGADA

Vivenciar o Projeto ConsolidaSisan nos desafiou a trabalhar de forma


conjunta visando os mesmos objetivos, cada equipe em situações específicas
de seus estados. Dessa forma, cada uma teve por vezes, de lançar mão de
diferentes estratégias de enfrentamento das dificuldades surgidas, embora os
ganhos nos três estados tenham sido semelhantes.
Em relação aos ganhos a experiência proporcionou:
a) Maior capacitação dos atores envolvidos na elaboração e revisão
dos planos, bem como a qualificação para o monitoramento dos
mesmos, tema muito incipiente nas equipes dos três estados;
b) Favoreceu a articulação e a troca de experiências entre estados
e municípios, o que repercutiu em maior integração e
fortalecimento entre CONSEA e CAISAN;
c) Ampliou o conhecimento do cenário estadual da segurança
alimentar e nutricional e as necessidades reais dos municípios;
d) Apoiou os municípios no processo de consolidação do SISAN, do
qual faz parte a elaboração/revisão dos planos municipais e seu
monitoramento ressaltando que a participação dos municípios
propiciou aos atores locais maior conhecimento sobre a PNSAN
e compreensão sobre a importância da segurança alimentar e
nutricional motivando a busca e o questionamento da execução
da política de SAN no município;
e) Realçou a importância da formação continuada em SAN para o
acompanhamento da PNSAN;
f) Viabilizou a formação de pesquisadores por meio do
desenvolvimento de pesquisas relacionadas ao ConsolidaSisan
em nível de graduação, mestrado e doutorado;
g) Evidenciou a necessidade de ampliar a abordagem de SAN nos
cursos de graduação em nutrição.
Quanto aos desafios, a vivência no ConsolidaSisan ressaltou que o
parco financiamento para a execução da PNSAN nos estados e municípios é
reflexo da falta de prioridade dessa política no nível federal e de compromisso
do poder público nas três esferas, comprometendo a promoção do DHAA e da

36
soberania e segurança alimentar e nutricional, o que associado à desarticulação
entre CONSEA e CAISAN estadual / municipal resulta no enfraquecimento dessa
política social.
As dificuldades enfrentadas para execução do projeto foram a
necessidade de pessoal qualificado para operacionalizar o Sistema de Gestão
de Convênios e Contratos de Repasse do Direito Federal (SICONV); a diferença
entre as normas de administração orçamentária e financeira da administração
pública federal e estadual; o excesso de burocracia para alterações no Plano de
Trabalho aprovado. Num projeto com as características do ConsolidaSisan os
reajustes são esperados e deles dependem a regularidade das ações, porém a
necessidade de alterar o plano de trabalho significava parar o SICONV, o que
por sua vez atrasava a realização das atividades.
A parceria Universidades/CONSEA/CAISAN teve um grande
potencial para a construção de conhecimentos e aprendizagens, ilustrada no
quadro a seguir:

Quadro 1 – Estudos motivados pelas ações do Projeto ConsolidaSisan

Pesquisas pontuais
Participação Social na V Conferência Estadual de Segurança Alimentar e
Nutricional do Ceará
A participação de sujeitos sociais na V Conferência Estadual de Segurança
Alimentar e Nutricional do Piauí
Dissertações/Teses/Iniciação Cientifica
Monitoramento do Sistema de Segurança Alimentar e Nutricional no Ceará,
Piauí e Maranhão (Iniciação Científica)
Participação Social na Política de Segurança Alimentar e Nutricional em
Fortaleza, Ceará (Dissertação)
Consolidação do Sistema Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional no
estado do Maranhão: desafios e conquistas do cenário sociopolítico
(Dissertação)
Monitoramento e avaliação da Política de Segurança Alimentar e Nutricional:
proposta de uma matriz de indicadores no município de Maracanaú, Ceará
(Dissertação)
Conselho de Segurança Alimentar e Nutricional – Ceará e a Formulação da
Política Estadual de Segurança Alimentar e Nutricional (Tese)
Trabalhos apresentados em eventos
Formação e percepção sobre participação social de delegados da V
Conferência Estadual de Segurança Alimentar e Nutricional do Ceará
Percepção dos delegados da V Conferência Estadual de SAN sobre sua
contribuição na promoção da segurança alimentar e nutricional no Ceará

37
A V Conferência Estadual de Segurança Alimentar e Nutricional do Ceará:
Organização e participação social em Foco
Segmentos e espaços sociais representados na V Conferência Estadual de
Segurança Alimentar e Nutricional do Ceará
Conferências de Segurança Alimentar e Nutricional como Espaço de Formação
Caracterização da participação dos conselheiros, estadual e municipais, e o seu
papel no Conselho de Segurança Alimentar e Nutricional (Piauí)
Elaboração de matriz de indicadores voltada a políticas municipais de
Segurança Alimentar e Nutricional
Monitoramento do Sistema de Segurança Alimentar e Nutricional:
sistematização de experiência
Desenvolvimento e implementação de um canal de comunicação para
acompanhamento da efetivação do Sistema de Segurança Alimentar e
Nutricional (SISAN) nos munícipios dos estados do Ceará, Piauí e Maranhão
Análise do II Plano Estadual de Segurança Alimentar e Nutricional do Ceará
Indicadores de monitoramento e avaliação da política de segurança alimentar e
nutricional a nível municipal
Elaboração de matriz de indicadores de saúde e nutrição voltados à política
municipal de segurança alimentar e nutricional em Fortaleza-Ce
Contribuições para as ações de Segurança Alimentar e Nutricional de
delegados da 5ª Conferência Estadual de Segurança Alimentar e Nutricional do
Ceará
Diagnóstico dos componentes do Sistema de Segurança Alimentar e Nutricional
nos estados do Ceará, Piauí e Maranhão
Construção do I Seminário Internacional de Soberania e Segurança Alimentar
dos Países de Língua Lusófona na Universidade Estadual do Ceará
Produção Técnica
Manual de Orientações Básicas para Monitoramento de Planos de Segurança
Alimentar e Nutricional
Cartilha “Passo a passo da construção do SISAN no município”
Livro “Formando a teia da segurança alimentar e nutricional: o relato da
experiência do Projeto ConsolidaSisan”
Publicações em periódicos
Percepção de atores da Política de Segurança Alimentar e Nutricional sobre
participação social
Fonte: Autoria própria.

Estes trabalhos ajudaram a conhecer e compreender aspectos


específicos da implantação do SISAN, bem como necessidades formativas dos
atores sociais implicados com a PNSAN. Foram importantes para manter a
comunicação entre as equipes nos três estados, sua motivação e ânimo.
Os resultados dos estudos sobre participação e controle social
apontaram que os CONSEA ainda são um espaço frágil de confronto entre
sociedade civil e poder público, principalmente porque grande parte dos

38
conselheiros têm uma visão limitada sobre o conceito de SAN e da dimensão da
alimentação enquanto direito social (ARAUJO, 2015). Neste contexto, para que
a sociedade civil intervenha efetivamente na política de SAN é de suma
importância fortalecer o papel do conselheiro enquanto representante de seus
segmentos como estratégia de fortalecimento da participação social, cuja
qualificação é fator decisivo na sensibilização dos gestores quanto à
essencialidade da política de segurança alimentar e nutricional, o que pode
repercutir na consolidação do SISAN nos estados e municípios (MUNIZ et
al.,2017; MOURA FÉ, 2018).
Para essa qualificação, é necessário instituir formação continuada
para os conselheiros sobre a política de segurança alimentar e nutricional como
o caminho para o cumprimento do direito à alimentação, o ciclo das políticas
públicas cultura política, que são alguns dos conhecimentos fundamentais para
qualificar a sua participação na elaboração da política e do plano de segurança
alimentar e nutricional nos estados e municípios. Compreendemos ser essa uma
estratégia potente para ampliar as práticas de participação e fortalecer os valores
democráticos (MOURA FÉ, 2018).
Os estudos evidenciaram ainda, a necessidade de fortalecer a
articulação sociedade civil e poder público, principalmente para a criação dos
marcos legais e garantia da continuidade das ações articuladas, para que de fato
a intersetorialidade esteja presente no financiamento, e para tal é essencial a
participação da sociedade civil no planejamento orçamentário, ponto sensível
dos planos de SAN, que além disso requerem dos governos federal e estadual
o apoio técnico para as etapas de planejamento, implantação e
acompanhamento da execução (MOURA FÉ, 2018; MUNIZ, 2014).
Também é essencial que seja estimulado o diálogo entre os
representantes e representados, de tal modo que estes de fato representem os
interesses de suas bases e sejam o elo entre estas e os espaços decisórios, nos
quais a voz dos movimentos sociais e dos segmentos da população
historicamente silenciados precisam ser ouvidas (AMORIM, 2014).
A divulgação sobre a segurança alimentar e nutricional tem papel de
destaque na sua visibilidade enquanto política pública, sendo portanto
fundamental a maior divulgação das atividades e demandas dos conselhos de
SAN nos diversos ambientes: comunitários, acadêmicos, político e até mesmo

39
empresarial, para que as demandas sejam mais bem equalizadas e o conselho
possa exercer seu verdadeiro papel na política de SAN (AMORIM, 2014).
Os estudos realizados sinalizam pistas para novas pesquisas focando
nos desafios relacionados à garantia orçamentária, intersetorialidade,
monitoramento e avaliação, considerados nós críticos para a efetividade dos
planos de SAN nos estados (MOURA FÉ, 2018).
Por fim, outro produto do ConsolidaSisan que guarda relação direta
com a construção de conhecimentos foi a estruturação do Núcleo de Referência
Regional em SAN, que se constitui em espaço de fomento de estudos e
qualificação na temática, com o potencial de contribuir na formação de uma rede
regional de pesquisadores, dando continuidade às parcerias estabelecidas no
ConsolidaSisan e buscando agregar pesquisadores de demais estados do
Nordeste.

40
41
Capítulo 2

CONTRIBUIÇÕES DO PROJETO CONSOLIDASISAN PARA O


FORTALECIMENTO DO SISAN NOS ESTADOS DO CEARÁ, MARANHÃO E
PIAUÍ

Regina Ângela Sales Praciano


Francisca Malvinier Macedo

Dê instrumentos, mexa na estrutura, e


o homem transformará a realidade
adversa a que está submetido.
(Josué de Castro)

CENÁRIO PARA CONCEPÇÃO DO PROJETO CONSOLIDASISAN

O Brasil alcançou no período de 2003 a 2014, resultados positivos na


tarefa de diminuir os números da fome e da miséria que envergonhavam a sua
história, desde longínquas épocas. Isso foi possibilitado através da
implementação de políticas de transferência de renda, de investimentos em
políticas sociais, do apoio à agricultura familiar (BRASIL, 2010; IBGE, 2010,
2015).
A promulgação da Lei Orgânica de Segurança Alimentar e Nutricional
(LOSAN), de nº 11.346, de 15 de setembro de 2006, criou o Sistema de
Segurança Alimentar e Nutricional (SISAN) e tem como componentes, a
Conferência Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (CNSAN), o
Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (CONSEA), a Câmara
Interministerial de Segurança Alimentar e Nutricional (CAISAN), os órgãos e
entidades de segurança alimentar e nutricional e as instituições privadas, com
ou sem fins lucrativos , que respeitem os critérios, princípios e diretrizes do
SISAN (BRASIL, 2006).
O resultado do conjunto dessas políticas, agregadas às diferentes
ações de inclusão também implementadas pelo poder público e a criação de uma
rede de proteção social abrangente, levaram a Organização das Nações Unidas
para a Alimentação e a Agricultura (FAO), uma das agências das Nações Unidas
que trabalha na erradicação da fome e combate à pobreza a declarar o Brasil

42
fora do Mapa da Fome, em 2014. Foi neste cenário que se iniciou a
implementação do projeto Consolidação do Sistema Nacional de Segurança
Alimentar e Nutricional nos estados do Ceará, Piauí e Maranhão –
ConsolidaSisan.

O QUE É O SISAN? E POR QUE ELE PRECISA SER FORTALECIDO?

O SISAN é um arranjo de coordenação federativa para integrar e


articular políticas e programas de SAN. Apresenta como algumas de suas
finalidades: ampliar o acesso da população a alimentos saudáveis; reduzir a
Insegurança Alimentar e Nutricional; ofertar alimentação saudável nos
equipamentos públicos; promover escolhas saudáveis pela população; prevenir,
monitorar e controlar agravos e doenças relacionadas à alimentação.
Para cumprir essas finalidades, o SISAN precisa ser institucionalizado
juntamente aos seus mecanismos de gestão, participação e controle social,
sinalizando os seguintes aspectos: intensificar a elaboração dos planos
estaduais e municipais, pautados na intersetorialidade (articulação, gestão,
monitoramento e avaliação); definir competências dos entes federados no
SISAN, a fim de construir pactuação federativa e aprofundar reflexões sobre
cofinanciamento e processos de capacitação.
Com base nisso foi concebido pelo extinto Ministério do
Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS), com apoio das Câmaras
Interministeriais estaduais (CAISAN), do Conselho de Segurança Alimentar e
Nutricional – CONSEA Nacional e ainda da Comissão de Presidentes de
Conselhos Estaduais (CPCE), a estratégia de firmar parceria com um terceiro
parceiro, a Universidade, no intuito de fortalecer o SISAN.

O PROJETO COM AS UNIVERSIDADES COMO ESTRATÉGIA PARA


FORTALECER O SISAN

Nos estados do Ceará, Piauí e Maranhão, o projeto coordenado pela


Universidade Estadual do Ceará (UECE) oportunizou a sistematização das
informações sobre os Marcos Legais de Segurança Alimentar e Nutricional e de
outros dados pertinentes à Política Nacional de Segurança Alimentar e

43
Nutricional bem como a capacitação para a elaboração e monitoramento dos
planos de segurança alimentar e nutricional nos três estados e seus municípios,
O Projeto ConsolidaSisan teve a incumbência de contribuir para a
consolidação do SISAN nos referidos estados e contribuir para aumentar o
potencial desse sistema em seu papel de assegurar o DHAA, por meio de
políticas públicas de SAN com forte componente intersetorial.
Para tanto, o projeto propôs a capacitação de gestores de políticas
públicas e de representantes da sociedade civil integrantes das CAISAN e
CONSEA tanto na esfera estadual, como municipal para a elaboração de Planos
de Segurança Alimentar e Nutricional e a revisão dos planos já em curso.
Um desafio assumido de forma coletiva pelos entes envolvidos na
coordenação, na gestão e na execução do ConsolidaSisan por meio de um
trabalho de parceria que otimizou o seu desenvolvimento e permitiu olhar
acuradamente as realidades expressas nas diversas gradações em que se
encontram os componentes do SISAN nos três estados.
A parceria estabelecida para a execução do projeto entre as
Universidades, o CONSEA e a CAISAN, teve portanto como força motriz a
aproximação de forma enriquecedora da área acadêmica, do espaço de controle
social das políticas públicas e da instância responsável pela coordenação e
monitoramento das ações da Política e do Plano de Segurança Alimentar e
Nutricional nos âmbitos estadual e municipais.

CONTRIBUIÇÕES EFETIVAS DO CONSOLIDASISAN PARA OS ESTADOS


DO CEARÁ, MARANHÃO E PIAUÍ

Visando identificar as contribuições do Projeto ConsolidaSisan para o


fortalecimento do SISAN nos Estados, foram realizados três grupos focais, um
em cada estado participante, neles estiveram representantes da Universidade,
CONSEA e CAISAN, além de bolsistas e pessoas que fizeram parte da trajetória
do projeto. Estes grupos foram realizados nos meses de dezembro de 2018 e
janeiro de 2019 e teve como pergunta norteadora para as discussões: Como é
que você percebe a contribuição do Projeto ConsolidaSISAN para o
fortalecimento do SISAN no seu Estado?

44
Participaram dos grupos focais as equipes do ConsolidaSisan em
cada estado, com algumas especificidades: no Maranhão, houve a participação
de técnicos da Secretaria Estadual de Desenvolvimento Social; no Piauí, da
gestora que estava à frente da SASC nos primeiros dois anos do projeto. Após
a transcrição das falas dos participantes, estas foram analisadas buscando
identificar as principais contribuições do projeto para o fortalecimento do SISAN,
as quais serão apresentadas a seguir.
Do grupo focal do Ceará, participaram doze pessoas e sua análise
apontou que o ConsolidaSisan contribuiu no fortalecimento do SISAN-CE,
evidenciando os seguintes pontos: elaboração do II PLANSAN-CE (2016-2019),
na medida em que seu processo de construção contemplou algumas
sinalizações sugeridas a partir da parceria com a universidade; desenvolvimento
de um sistema para acompanhamento da implantação do SISAN nos municípios
(AcompanhaSisan), subsídio importante às CAISAN estaduais no
monitoramento sistemático sobre a situação local de SAN (principais programas
e ações desenvolvidas) nos municípios, favorecendo assim, o fortalecimento da
política de SAN e consequentemente a implementação do SISAN.
Outro resultado considerado importante pela equipe foi a
oportunidade trazida pelo projeto de aprofundar conhecimentos teóricos, aspecto
em que foi salientado o estudo dos indicadores relacionados à SAN (definição e
uso), bem como suas especificações – resultado, de produto, de impacto, de
processos – proporcionando melhor qualificação dos técnicos das CAISAN
estaduais para assessorarem os municípios. Um aspecto também considerado
importante foi a troca de experiência, mostrando como cada estado estava em
relação ao monitoramento dos seus planos. A atuação dos bolsistas do
ConsolidaSisan foi destacada como fator essencial à troca de experiências entre
os estados, favorecimento da adesão dos municípios ao SISAN, enriquecimento
de conhecimentos e proposições pedagógicas na condução do processo
formativo. A troca de conhecimentos e experiências entre os bolsistas, motivou
a elaboração pela equipe do Ceará de um manual sobre monitoramento de
planos de SAN, inspirado em material elaborado pela equipe do Maranhão.
A criação do Núcleo de Estudos em Segurança Alimentar Nutricional
(NURESAN), vinculado à UECE foi outra contribuição do projeto. Este dispositivo
visa fomentar estudos sobre SAN, de caráter regional, dando continuidade à

45
parceria estabelecida pelo ConsolidaSisan e a ampliando para demais estados
do Nordeste, contribuindo para a formação de uma rede regional de pesquisa
em soberania e segurança alimentar e nutricional.
No grupo focal do Maranhão, estiveram presentes dezessete
pessoas, sendo as principais contribuições apontadas relacionadas ao
fortalecimento da política de SAN nos municípios por meio do assessoramento
aos gestores públicos das CAISAN estaduais, indivíduos da sociedade civil
vinculados aos CONSEA estaduais e municipais e o favorecimento do diálogo
entre CAISAN e CONSEA. Para esse grupo, o projeto possibilitou também a
compreensão e empoderamento sobre a política de SAN nos municípios por
meio das capacitações realizadas de forma intersetorial, em conjunto com a
CAISAN, CONSEA, Universidades e bolsistas; o assessoramento e articulação
com vários órgãos do governo e entidades da sociedade civil, o que deu
visibilidade às possibilidades da articulação ensino-pesquisa e extensão na
efetivação no combate à insegurança alimentar; a criação de um grupo de
trabalho para o fortalecimento do SISAN no estado; a troca de conhecimentos e
experiências entre os estados e municípios.
Demais contribuições reveladas foram a realização de capacitação
para conselheiros e representantes da sociedade civil no âmbito municipal, tanto
por meio das oficinas quanto pelo assessoramento dado a cada município pelos
integrantes do projeto e o incentivo à elaboração e revisão dos planos municipais
de SAN; assessoramento do CONSEA e CAISAN no estado do Maranhão para
a implantação de metodologias, mecanismos institucionais e ferramentas para o
monitoramento e avaliação dos planos de SAN no âmbito estadual e municipal;
e ainda, a criação do AcompanhaSisan, ferramenta que facilitará a inserção de
dados referentes à atual situação do SISAN em cada cidade.
Participaram do grupo focal do Piauí dezesseis pessoas, que
apontaram como uma das principais contribuições do ConsolidaSisan a
elaboração do plano de SAN estadual:

[...] a grande contribuição desse projeto como já foi colocado


aqui, foi pra construção do plano de segurança alimentar dos
estados e municípios desses estados, quero destacar a
liderança do projeto nesse sentido (Grupo Focal, Piauí,
12/12/2018).

46
[...] foi um projeto que veio assim modificar, ajudar em muitas
das situações do fortalecimento do SISAN no Piauí, primeiro foi
a questão do plano que nós só engatinhávamos, tínhamos
montado só um grupo de trabalho, mas quando chegou a
primeira bolsista aqui, que uma das atribuições dela foi ajudar a
CAISAN e colaborar com a CAISAN para produção do plano, e
o plano podemos dizer que se não fosse o ConsolidaSisan e a
Universidade Federal do Piauí o plano talvez não tivesse saído,
não sairia (Grupo Focal, Piauí, 12/12/2018).

Outras contribuições do projeto no Piauí foram a melhoria na


articulação com os municípios, possibilitando o conhecimento das suas reais
necessidades; fortalecimento da interlocução entre Universidade, CONSEA e
CAISAN; a realização de formação continuada para conselheiros e gestores
públicos em SAN; e a compreensão dos municípios acerca da PNSAN, conforme
descrito a seguir:

[...] com o ConsolidaSisan trazendo essas oficinas, eles


passaram a entender melhor, o que é política? O que é Plano?
O que é CONSEA? O que é CAISAN? E que ações de
segurança alimentar tem no município? Que até então eles não
conseguiam identificar o que era Segurança Alimentar (Grupo
Focal, Piauí, 12/12/2018).

O ConsolidaSisan ele conseguiu plantar um sementinha, para


deixar nos municípios, que eles conheceram o que é SAN?
então, se eles também enquanto gestores quiserem fazer uma
política dentro dos municípios deles, eles vão conseguir, a nível
de estado aqui dentro está mais complicado, mas eu acho que
nos municípios eles podem muito bem dar continuidade a essa
política (Grupo Focal, Piauí, 12/12/2018).

Um aspecto importante surgido no grupo do Piauí foi a contribuição


para a formação acadêmica dos alunos do curso de Nutrição, alguns dos quais
foram bolsistas do ConsolidaSisan, o que favoreceu a participação dos alunos
da graduação nos eventos ocorridos no estado:

A importância do projeto na formação acadêmica de alunos do


curso de Nutrição, porque são alunos que serão profissionais, e
que a gente estar despertando o interesse na área do trabalho,
é fundamental a gente lembrar que esse projeto ele não tem
como único foco a elaboração do plano, então tem todo um
contexto que leva e beneficiar muitas outras instâncias inclusive,
né? falando, e falando de CONSEA e falando de CAISAN e
falando de universidade, entendeu? (Grupo Focal, Piauí,
12/12/2018).

47
Além desse aspecto, também foi ressaltada a contribuição por meio
do suporte com recursos financeiros e humanos para a CAISAN e CONSEA-PI:

Desde o ano passado, praticamente não libera nada, quanto a


lanche, quanto a almoço, quanto a viagem também, a questão
de poder participar de outros eventos, eu só fui porque era o
ConsolidaSisan, porque se dependesse da SASC, eu como
CAISAN... a gente só está recebendo a passagem área, diárias
não estamos recebendo por enquanto, então financeiramente o
ConsolidaSisan foi o que movimentou o nosso ano de 2018,
nesta questão financeira, porque se não tivesse o
ConsolidaSisan a gente não tinha feito nem participado de
oficinas (Grupo Focal, Piauí, 12/12/2018).

[…] porque ele financia também as questões dos bolsistas, e a


gente depende de pessoas, porque na CAISAN no momento só
tem eu né? Então uma ave só não faz verão. Então as coisas
financeiramente dentro da SASC, assim com o estado todo é
muito, muito complicado (Grupo Focal, Piauí, 12/12/2018).

O CONSEA ficou sem recursos e todo o recurso que a gente


teve para utilizar desenvolver qualquer atividade, foi realmente
por meio do Projeto ConsolidaSisan, então caso não tivesse
esse recurso, nós não teríamos desenvolvido nenhuma
atividade, incluindo aí, a finalização do plano. Então,
financeiramente o ano de 2018 só funcionou por conta do
ConsolidaSisan (Grupo Focal, Piauí, 12/12/2018).

[...] a segurança alimentar no estado... ela está um pouco


esquecida e o único recurso que nos motiva financeiramente
para que a gente possa realizar oficinas, são os que existem no
ConsolidaSisan (Grupo Focal, Piauí, 12/12/2018).

Além das contribuições para o fortalecimento do SISAN reveladas nos


grupos focais, o Projeto ConsolidaSisan, também possibilitou identificar
caminhos e desafios que devem ser percorridos no fortalecimento do SISAN,
que se encontram estruturados em quatro macroprocessos:
a) Quanto ao monitoramento: é preciso garantir acesso à informação
dos sistemas de monitoramento existentes (Datasan, Sisplansan)
avançando nas suas atualizações e aprimoramento; construir e
acompanhar os indicadores de monitoramento do plano;
promover estudos/pesquisas em SAN; assegurar a
disponibilidade de informações a fim de permitir o controle social;
identificar por mapeamento o orçamento para SAN, inclusive para
verificação da evolução dos recursos financeiros destinados à

48
SAN, como também analisar o que está contemplado no PPA,
fazendo um rebatimento com deliberações das conferências;
b) Quanto à intersetorialidade: é necessário a articulação contínua
entre CONSEA e CAISAN; aprofundar debates em torno da
relação e atuação sinérgica com outros sistemas, com destaque
ao Sistema Único da Assistência Social (SUAS) e Sistema Único
de Saúde (SUS); fortalecer os grupos gestores intersetoriais (a
exemplo dos comitês do Programa Bolsa Família, Programa
Saúde na Escola e outros; definir coletivamente as atribuições,
competências e responsabilidades dos entes federados e setores
correlatos à dinâmica da SAN;
c) Quanto à participação e controle social: é imprescindível que haja
o fortalecimento dos conselhos municipais e estadual de
segurança alimentar, para que possam acompanhar a execução
da ações, projetos e programas de SAN e assim monitorar o
cumprimento do direito à alimentação;
d) Quanto à formação e produção do conhecimento: é fundamental
promover cursos, oficinas e capacitações diversas e continuadas
sobre DHAA, gestão em SAN e controle social; aproximar
continuamente as Universidades e as agendas de SAN, inclusive
estimulando a temática como linha de pesquisa; incentivar a
inclusão de conteúdos relacionados à segurança alimentar e
nutricional, participação e controle social nos currículos dos
cursos pertinentes nas universidades; formação da Rede de
Parceiros, com destaque a essa que foi iniciada com nove
Universidades selecionadas para apoiar os estados por meio do
chamamento público que financiou o Projeto ConsolidaSisan.
Por fim, ao olharmos o que foi realizado pelo projeto avaliamos que o
mesmo trouxe uma oportunidade de aprendizado, crescimento e até mesmo de
ousadia, pois lançou um olhar abrangente para o cenário real de implementação
do SISAN, tanto na esfera estadual, como municipal e possibilitou verificar os
avanços e desafios que exigem de todos os entes envolvidos, compromisso,
perseverança, ideal e coragem.

49
Podemos dizer que foi um laboratório onde os elementos que são
intrínsecos à implementação e ao fortalecimento do SISAN foram expostos para
serem estudados e esmiuçados de forma participativa, permitindo uma análise
dos meios de consecução do que pode levar efetivamente ao alcance do Direito
Humano à Alimentação Adequada.

50
51
PARTE II

DIAGNÓSTICO DO SISAN E A ELABORAÇÃO DO PLANO DE


SEGURANÇA ALIMENTAR E NUTRICIONAL NOS ESTADOS DO CEARÁ,
MARANHÃO E PIAUÍ

52
53
Capítulo 3

COMPONENTES DO SISAN NO CEARÁ

Antônia Joelma Braga da Silva


Francisca Orisvânia Barreto
Naila Saskia Melo Andrade
Tatiane Elpídio da Silva

A diversidade de olhares é a
maior virtude do SISAN.
(Elisabeta Recine)

CONFORMAÇÃO DO SISAN NO CEARÁ

O Ceará tem 184 municípios organizados administrativamente em


quatorze territórios de planejamento, com uma estimativa populacional para
2019, conforme o IBGE, de mais de nove milhões de pessoas (IBGE, 2019).
Em relação à segurança alimentar, a Pesquisa Nacional por Amostra
de Domicílios - PNAD 2013 mostrou que no Ceará, 35,5% dos domicílios
visitados estavam em condição de insegurança alimentar, sendo 23,0% no nível
leve, 7,4% no nível moderado e 5,1% no nível grave, o que o colocou no oitavo
pior índice de segurança alimentar. Contudo, a percentagem de domicílios
particulares cearenses com algum tipo de insegurança alimentar declinou no
período de realização das pesquisas: de 55,71% em 2004, passou para 48,31%
em 2009 e para 35,5% em 2013 (IBGE,2010; 2013).
Com uma população desse porte e com estas características, situado
na região Nordeste do Brasil, uma das duas regiões brasileiras com maior índice
de insegurança alimentar e nutricional, ao lado da região Norte (IBGE, 2010;
2013), na região semiárida, sujeita a longos períodos de escassez e
irregularidades de chuvas, o que ocasiona prejuízos na produção de alimentos,
em especial para a agricultura familiar, diminuindo drasticamente o
abastecimento de água nos pequenos, médios e grandes reservatórios, os
desafios para que a população de um modo geral alcance a segurança alimentar
e nutricional é enorme, o que demanda a implementação de políticas públicas
que sejam aplicadas de forma intersetorial e com o olhar voltado para incluir as

54
parcelas populacionais mais vulneráveis, objetos a serem contemplados pelo
sistema de segurança alimentar, cuja estruturação passamos a detalhar:

LEI ORGÂNICA DE SEGURANÇA ALIMENTAR E NUTRICIONAL DO CEARÁ

O Estado do Ceará, em 2011, elaborou a lei nº 15.002 de 21 de


setembro de 2011 - Lei Orgânica de Segurança Alimentar e Nutricional (LOSAN-
CE) que institui o Sistema de Segurança Alimentar e Nutricional do Ceará
(SISAN-CE) e seus componentes e dispõe sobre a Política e o Plano de SAN.
Estabelecendo, portanto, as diretrizes para a elaboração do Plano Estadual de
Segurança Alimentar e Nutricional - PLANSAN-CE (CEARÁ, 2011).
Buscando promover o DHAA, bem como acompanhar as políticas de
segurança alimentar e nutricional no Estado do Ceará, o governo e a sociedade
civil, em articulação, estruturaram o SISAN-CE contemplando os componentes
descritos a seguir:

POLÍTICA DE SEGURANÇA ALIMENTAR E NUTRICIONAL (PSAN-CE)

A PSAN-CE foi instituída pela lei nº 15.002 de 21 de setembro de 2011


e alterada pela Lei nº 15.542, de 11 de março de 2014 (CEARÁ, 2011; 2014) que
no seu Art. 1º dispõe sobre a referida política, seus fins, mecanismos de
formulação e aplicação e regulamenta o Sistema de Segurança Alimentar e
Nutricional do Ceará, estabelecendo as obrigações e responsabilidades da
administração pública para garantir a Soberania Alimentar e o Direito Humano à
Alimentação Adequada (DHAA), assegurada a participação da sociedade civil
organizada na formulação de políticas, planos, programas e ações direcionadas
à Segurança Alimentar e Nutricional.

CONSELHO DE SEGURANÇA ALIMENTAR E NUTRICIONAL (CONSEA-CE)

O CONSEA-CE foi criado por meio do decreto estadual nº 27.008 de


15 de abril de 2003 (CEARÁ, 2003), é composto por 36 conselheiros titulares e
36 suplentes, sendo 2/3 da sociedade civil e 1/3 do poder público. Atualmente
tem como sede a Casa dos Conselhos das Políticas Sociais, vinculado à

55
Secretaria de Proteção Social, Justiça, Cidadania, Mulheres e Direitos Humanos
(SPS).
Uma característica peculiar deste Conselho, que o difere dos demais,
é que sua presidência sempre deverá ser exercida por um representante da
sociedade civil, além disto, no Ceará, este é um órgão de proposição e
assessoramento ao Estado.
O CONSEA-CE tem como missão discutir e propor políticas e
programas de SAN; acompanhar e socializar experiências e projetos; exercer o
controle social das políticas de SAN; estimular a criação e fortalecimento de
CONSEA municipais; promover e apoiar as conferências de SAN em nível
municipal, territorial e estadual. Além disto, contribui no processo de elaboração
e monitoramento do PLANSAN, através da participação de dois representantes
da sociedade civil e seus respectivos suplentes durante todo o processo de
elaboração do plano.
Até 2014, os representantes da sociedade civil eram explicitados no
decreto de criação do conselho. A partir de então passaram a ser escolhidos
conforme os critérios estabelecidos em edital público e de acordo com as
diretrizes da Conferência Estadual de Segurança Alimentar e Nutricional. Os
segmentos que compõem o CONSEA-CE são: trabalhadores rurais,
trabalhadores urbanos, representantes da indústria, comércio e agricultura,
redes e fóruns, associações e movimentos sociais, entidades de ensino e
pesquisa, entidades que trabalham com pessoas com necessidades alimentares
especiais, pastorais sociais e entidades religiosas, povos e comunidades
tradicionais, entidades que atuam nas áreas de direitos humanos e sociais, de
gênero e gerações, de economia solidária, da produção agroecológica e
orgânica (excetuando as empresas multi e transnacionais), e entidades que
representem o comitê territorial em nível estadual.
Sua estrutura organizacional tem a seguinte forma: Plenário;
Presidência (Sociedade Civil); Vice-Presidência (Poder Público); Secretaria
Executiva; e Mesa Diretiva, composta pela Presidência e vice, secretaria
executiva e coordenadores de câmaras temáticas, as reuniões ordinárias são
mensais. O conselho conta com três câmaras temáticas: A câmara temática de
saúde, educação e nutrição que possui como objetivo monitorar, analisar e
divulgar dados sobre a situação alimentar e nutricional de cada segmento

56
populacional, priorizando os mais vulneráveis; a câmara temática de produção e
abastecimento visa discutir as possibilidades para que toda a população tenha
acesso a alimentos em qualidade, quantidade, preço e adequação; a câmara
temática de criação e fortalecimento dos conselhos municipais de SAN se propõe
a incentivar a criação e fortalecer os Conselhos Municipais de SAN, por meio de
uma articulação permanente com os municípios. Ademais, conforme a
necessidade, podem ser criados grupos de trabalhos temporários.
Os desafios internos apontados para consecução da missão do
CONSEA-CE se relacionam à necessidade de buscar interação com os demais
conselhos sociais e ao fato das conferências não acontecerem no mesmo
período da elaboração do Plano Plurianual (PPA), o que inviabiliza neste, a
inclusão das deliberações emanadas da conferência. Outros desafios são o
acompanhamento dos programas e ações de SAN no estado e os cortes no
orçamento nos níveis federal, estadual e municipal que causaram impacto
negativo nas instâncias do sistema, afetando programas e ações.

CÂMARA INTERSETORIAL DE SEGURANÇA ALIMENTAR E NUTRICIONAL


(CAISAN - CE)

Também criada pela LOSAN nº 15.002 de 21 de setembro de 2011 e


regulamentada pelo decreto nº 30.843 de 7 de março de 2012 (CEARÁ, 2013),
está vinculada à estrutura da Célula de Segurança Alimentar e Nutricional
(CSAN) da SPS. É composta por doze secretarias (as mesmas que tem assento
no CONSEA-CE) e quatro órgãos convidados, o Instituto de Pesquisa e
Estratégia Econômica do Ceará (IPECE), e as Coordenadorias de Direitos
Humanos, de Igualdade Racial e da Secretaria de Agricultura e Pesca. Contando
também com apoio de nove técnicos da Célula de Segurança Alimentar e
Nutricional (CSAN).
A CAISAN-CE é regida por um regimento interno, sua estrutura
organizacional é assim composta: Presidência exercida por representante da
SPS, Vice-Presidência, que compete à Secretaria de Desenvolvimento Agrário
(SDA), Pleno Secretarial, formado pelos gestores das secretarias, Pleno
Executivo, formados por técnicos, Secretaria-Executiva também de competência
da SPS, Comitês Técnicos (formado pelos representantes das Secretarias que

57
tem acento na CAISAN e secretaria e órgãos convidados), responsáveis pelo
monitoramento do PLANSAN-CE, compras Institucionais e pacto pela
alimentação saudável.
As atividades da CAISAN-CE são: formalizar a adesão dos municípios
ao SISAN e a participação das entidades governamentais e sem fins lucrativos;
monitorar e avaliar de forma integrada o destino e a aplicação de recursos em
ações e programas de interesse da SAN no plano plurianual e nos orçamentos
anuais, monitorar e avaliar os resultados e impactos da política e do plano de
SAN, disciplinar, após consulta ao CONSEA, os procedimentos necessários para
a elaboração dos instrumentos de pactuação, definições quanto à composição e
a forma de organização do fórum bipartite; e elaboração do PLANSAN-CE.

CONFERÊNCIAS DE SEGURANÇA ALIMENTAR E NUTRICIONAL DO


CEARÁ

O Estado do Ceará já realizou seis conferências sendo que a primeira


foi sob a coordenação do Fórum Cearense da Ação da Cidadania contra a Fome,
a Miséria e pela Vida e as demais sob a coordenação do CONSEA-CE, as quais
antecederam as conferências nacionais de SAN. Em agosto de 2015, realizou a
5ª conferência, cuja preparação envolveu a realização de 55 conferências
municipais, 101 reuniões ampliadas e 13 Conferências territoriais. A 5ª
conferência estadual de SAN, ocorreu no período de 25 a 27 de agosto de 2015
na cidade de Fortaleza, contou com 353 participantes, sendo: 262 delegados,
entre os quais, 179, eram da Sociedade Civil e 83 do Poder Público e ainda, 91
convidados e 99 municípios representados.
Em outubro de 2019, o estado realizou a 6ª. Conferência de
Segurança Alimentar e Nutricional do Ceará, com o tema “Agenda de Segurança
Alimentar e Nutricional: desafios e possibilidades” com a presença de um total
de 287 delegados, sendo 175 da sociedade civil e 112 do poder público, oriundos
de 97 municípios, como etapa preparatória para a Conferência Nacional,
Popular, Autônoma: por Direitos, Democracia e Soberania e Segurança
Alimentar e Nutricional, prevista para realizar-se em 2020, ano em que deveria
ocorrer a sexta conferência nacional de SAN, cuja convocatória era competência
do CONSEA nacional, extinto em janeiro de 2019.

58
Além do conselho, da câmara intersetorial e conferências, o SISAN-
CE conta com mais dois componentes, as instituições privadas e os órgãos e
entidades de SAN. Contudo, em relação a estes, ainda não há regulamentação
em nível nacional, sobre o seu funcionamento no âmbito do SISAN.
Cumprindo o disposto na Política Nacional de SAN (PNSAN)
conforme o decreto nº 7.272/2010 (BRASIL, 2010a), o Ceará elaborou seus
planos de segurança alimentar e nutricional, abordados a seguir.

PLANO ESTADUAL DE SEGURANÇA ALIMENTAR E NUTRICIONAL


(PLANSAN CE)

O primeiro PLANSAN-CE com vigência para o período 2012 a 2015


foi elaborado em 2012 pela CAISAN-CE, aprovado e publicado no mesmo ano
(CEARÁ, 2012). Este período refere-se vigência do PPA, ou seja, de 4 anos para
que sua implantação esteja dentro do orçamento financeiro programado para
aquele período. Contudo ainda há um descompasso temporal entre a realização
das Conferências de SAN e o PPA, o que muitas das vezes impossibilita a
inclusão das propostas construídas e deliberadas nesse momento em ações,
projetos e programas no plano de SAN.
Para a construção desse plano, a CAISAN-CE contou com a
participação de 16 (dezesseis) órgãos governamentais e teve o apoio do
CONSEA-CE, também reuniu os projetos, programas e ações existentes no
estado, relacionadas às 8 (oito) diretrizes da PNSAN.
O processo de construção constou de três etapas: preparatória e
estruturação, elaboração e validação do plano. Para cada uma foram
desenvolvidas várias atividades, a seguir descritas:
1) Etapa preparatória e estruturação do plano – foram realizadas as
ações iniciais: Formação de um grupo denominado comitê
técnico; solicitação ao CONSEA-CE de dois representantes da
sociedade civil, que teriam o papel de interlocução
CONSEA/CAISAN; mobilização de todas as secretarias para
participação no processo; oficialização do comitê técnico;
elaboração de agenda de trabalho; nivelamento de conceitos;
criação e sistematização de contatos dos integrantes do comitê

59
técnico; formação de um núcleo executivo de consolidação
composto por quatro secretarias; identificação de programas,
projetos e ações de SAN no PPA; elaboração e envio de fichas
técnicas para a coleta das informações de SAN por cada setorial;
realização de estudo de documentos sobre indicadores de SAN;
levantamento dos indicadores de SAN existentes; consolidação
das fichas técnicas por diretriz, relacionando com objetivos,
metas, ações e orçamento; estudo do PLANSAN Nacional e dos
relatórios das Conferências Nacional e Estadual; apropriação da
experiência de elaboração do PLANSAN Nacional.
2) A etapa de elaboração contemplou a produção do plano mediante
as seguintes ações – realização de uma oficina para definir
desafios (objetivos) e os indicadores; a elaboração do
diagnóstico; organização dos demais itens que devem constar do
plano; estruturação do capítulo referente ao monitoramento e à
avaliação; apresentação da versão preliminar do plano para o
CONSEA-CE e para o comitê técnico e realização dos ajustes
sugeridos.
3) Validação – nesta etapa foi realizada uma apresentação do plano
para os gestores das secretarias, posteriormente o envio ao
gabinete do governador para publicação e em seguida o envio à
CAISAN Nacional.
O primeiro PLANSAN-CE estipulou 26 objetivos, 104 metas e 168
iniciativas e foi assim estruturado: Contextualização/Diagnóstico; Programas,
Projetos e Ações de acordo com as Diretrizes do SISAN; Metas físicas e
financeiras; Iniciativas/Responsáveis/Recursos e Fontes. Contou com um
montante de R$126.172.209,09 para sua execução, sendo que destes recursos,
R$ 110.552.972,00 eram da União e R$ 15.619.237,09, provenientes do Estado.
O plano previa envolver mais de 100 mil pessoas beneficiárias com ações e
programas de SAN, no período estabelecido.
Para sua implementação foram listados seis desafios:
1. Implementar o Sistema de Segurança Alimentar e Nutricional no
Ceará;

60
2. Impulsionar a Política de SAN pautada nos princípios da
Sustentabilidade e Soberania, numa perspectiva emancipatória
que propicie a superação da extrema pobreza e da insegurança
alimentar e nutricional;
3. Executar Programas e Ações de SAN envolvendo a dimensão
ambiental e territorial, integrando ações estruturantes e
emergenciais com enfoque no acesso à terra, à água e à produção
familiar agroecológica, priorizando os povos indígenas,
quilombolas e demais povos e comunidades tradicionais;
4. Ampliar as ações de vigilância sanitária, de combate ao uso de
agrotóxico e fazer gestões para que sejam estabelecidos
indicadores progressivos a fim de que, num futuro próximo, seja
retirada a isenção fiscal estabelecida pelo Governo Estadual a tais
produtos;
5. Estruturar um programa sistemático de educação alimentar e
nutricional integrando ações pontuais existentes e ampliando-as,
tendo como foco principal crianças e adolescentes;
6. Criar e implementar um sistema de monitoramento de indicadores
consubstanciados nas dimensões de SAN, com periodicidade
anual, definidos no PLANSAN/CE, como também no
acompanhamento e avaliação das ações empreendidas no Estado.
O monitoramento do PLANSAN-CE foi proposto de forma a
contemplar as sete dimensões de análise propostas na PNSAN, relacionando
indicadores existentes nos setores, os quais deveriam ser efetivamente
monitorados para possibilitar ajustes necessários. As dimensões de análise e
indicadores relacionados estão descritos a seguir:
a) Produção de alimentos: Produção por tipo de alimento -
quantidade, área plantada;
b) Disponibilidade de alimentos: Balanço da oferta e demanda de
alimentos, volume de alimentos comercializados e quantidade per
capita de pescado consumido;
c) Renda e condições de vida: Rendimento médio domiciliar per
capita; despesas das famílias com alimentação, percentual da
população na pobreza e extrema pobreza;

61
d) Acesso à alimentação adequada e saudável, incluindo água:
Percentual de macronutrientes no total de calorias na alimentação
domiciliar, percentual de escolas que ofertam a alimentação
escolar, percentual da população por grupo de idade beneficiadas
pela alimentação escolar, número de famílias beneficiadas com
cisternas, número de equipamentos públicos de alimentação e
nutrição em funcionamento ou em implantação, número de
refeições ofertadas em cozinhas comunitárias e restaurantes
populares;
e) Saúde, nutrição e acesso a serviços relacionados: prevalência de
anemia ferropriva, prevalência de hipovitaminose A, consumo de
alimentos seguros - percentual de amostras de sal satisfatórias em
relação ao teor de iodo; percentual de amostras de leite UHT e em
pó com resíduos de medicamentos veterinários; percentual de
amostras insatisfatórias sobre resíduos de agrotóxicos em frutas,
verduras e legumes e grãos, as condições de abastecimento de
água e saneamento nas escolas - percentual de escolas da
educação básica segundo tipo de abastecimento de água e por
situação censitária;
f) Educação: Média de anos de estudo de pessoas de referência dos
domicílios de 10 anos ou mais de idade, a taxa de analfabetismo
da população de 15 anos ou mais, percentual da população de 5 a
17 anos que não frequenta a escola;
g) Políticas Públicas - programas e ações relacionadas à SAN:
Percentual do orçamento destinado à SAN, por órgão, secretaria;
evolução do orçamento de SAN por tema; evolução do orçamento
e gasto de programas específicos; número de homens, mulheres e
jovens atendidos com ações de fortalecimentos das
territorialidades; número de marcos regulatórios de SAN
construídos; número de conselhos municipais criados; número de
famílias atendidas com o Programa Bolsa Família; número de
municípios assessorados.
Registra-se, no entanto, que o monitoramento não foi realizado como
concebido, haja vista as dificuldades de ordem diversas, tais como: o exercício

62
da intersetorialidade nas políticas públicas, a não alimentação de dados nos
sistemas das setoriais envolvidas; mudanças de gestão e de técnicos
responsáveis pelo monitoramento, dentre outras dificuldades operacionais.
Ressalta-se que somente algumas iniciativas e metas, como também
alguns recursos aplicados, puderam ser monitorados, não expressando em sua
totalidade e de forma mais fundamentada, os avanços e desafios da Política de
SAN no estado.
Quanto à avaliação, o I PLANSAN-CE teve seu primeiro processo
avaliativo em outubro de 2014, não se realizando portanto avaliação processual
que poderia ter indicado a correção de curso das ações, visando o alcance dos
objetivos, além de propiciar aprendizado para a elaboração do II Plano de
Segurança Alimentar e Nutricional, vigente para o período 2016 – 2019,
elaborado a partir das proposições da 5ª Conferência Estadual de Segurança
Alimentar e Nutricional e da 5ª Conferência Nacional de SAN, realizadas em
2015; proposições e prioridades estabelecidas pelo CONSEA – CE, o PPA 2016-
2019 e orientado pelas diretrizes da Política e do Plano Nacional de SAN
(CEARÁ, 2018).
No período de 2013 a 2016, 21 (vinte e um) municípios cearenses
tinham aderido ao SISAN, representando 16,80% do total de municípios, entre
estes, seis haviam elaborado seus planos de SAN. Até 2019, o número foi
ampliado para 41 municípios adesos ao SISAN, e 9 (nove) com planos
elaborados, tendo o Projeto ConsolidaSisan, contribuído para essa ampliação,
por meio da capacitação dos atores locais acerca do SISAN, elaboração e
monitoramento dos planos de SAN.

63
Capítulo 4

COMPONENTES DO SISAN NO MARANHÃO

Nayara Rafaelle Corrêa Silva


Stephany Araújo Ruiz
Maria Tereza Borges Frota

Para nascer um novo Brasil, humano,


solidário, democrático, é fundamental
que uma nova cultura se estabeleça,
que uma nova economia se implante e
que um novo poder expresse a
sociedade democrática e a democracia
do Estado.
(Betinho)

DIAGNÓSTICO DOS COMPONENTES DO SISAN NO ESTADO DO


MARANHÃO

O Estado do Maranhão tem como marco legal de Segurança


Alimentar e Nutricional, a Lei Estadual nº 10.152 de 29 de outubro de 2014, no
qual dispõe sobre o SISAN - MA, com vista a assegurar o direito humano à
alimentação adequada e revogou as leis 8.541, de 26 de dezembro de 2016 e
8.631, de 22 de junho de 2007 (MARANHÃO, 2014).
Conforme a supracitada Lei, o SISAN-MA é composto pela
Conferência Estadual de SAN, CONSEA, CAISAN, Secretaria Adjunta de SAN
ou órgão equivalente, pelos CONSEA municipais, instituições privadas com ou
sem fins lucrativos que manifestem interesse e respeitem os critérios, princípios
e diretrizes do SISAN-MA, que serão apresentados em seguida (MARANHÃO,
2014).
Conforme as resoluções publicadas pelo Ministério da Cidadania
(MC) e levantamento realizado pela Secretaria Adjunta de Segurança Alimentar
e Nutricional (SASAN), dos 217 municípios do Maranhão, 47 municípios (21,6%)
aderiram ao Sistema de Segurança Alimentar e Nutricional (SISAN) no período
de 2013 a abril de 2019. Sendo que 39 municípios estão publicados em
resoluções do MC e os demais foram informados pela SASAN (BRASIL, 2013a;

64
BRASIL, 2014; BRASIL, 2014a; BRASIL, 2016; BRASIL, 2016a; BRASIL, 2016b;
BRASIL, 2017; BRASIL, 2018; BRASIL, 2018a; BRASIL, 2018b).

CONSELHO ESTADUAL DE SEGURANÇA ALIMENTAR E NUTRICIONAL-


CONSEA-MA

O CONSEA do Maranhão foi instituído pelo decreto estadual nº


19.630, de 11 de janeiro de 2003 e criado pela Lei Estadual nº 10.152, encontra-
se em funcionamento, com sede em São Luís e está vinculado à SASAN, que é
componente da Secretaria Estadual de Desenvolvimento Social (SEDES)
(MARANHÃO, 2015).
De acordo com o seu Regimento Interno, o CONSEA - MA tem como
conselheiros representantes do poder público e sociedade civil, sendo composto
por 36 (trinta e seis) titulares e igual número de suplentes, desses, 12 (doze) são
representantes das secretarias governamentais e outros órgãos e 24 (vinte e
quatro) representantes da sociedade civil, correspondendo a 2/3 dos membros
da sociedade civil e 1/3 do governo (MARANHÃO, 2015).
O CONSEA-MA tem como representantes do poder público:

I - O CONSEA-MA será integrado por 08 (oito) representantes


de Secretarias de Estado afins à segurança alimentar, à
agricultura familiar, saúde, educação, meio ambiente,
desenvolvimento e promoção da igualdade racial, da agricultura,
da política da mulher e de direitos humanos; Trabalho e
Economia Solidária; II - comporão o CONSEA/MA 03 (três)
Órgãos Federais, consultados e indicados pelo Pleno do
Conselho, cujos representantes serão designados pelas
superintendências regionais destes órgãos no Maranhão; III - a
FAMEM - Federação dos Municípios do Maranhão, de comum
acordo, comporá o CONSEA - MA, com um representante titular
e suplente designando pela sua diretoria (MARANHÃO, 2014,
Art. 13).

Estes segmentos descritos anteriormente são representados pelas


seguintes secretarias e órgãos: Secretaria de Estado Desenvolvimento Social do
Maranhão (SEDES); Secretaria de Estado de Educação (SEDUC); Secretaria de
Estado da Saúde (SES); Secretaria de Estado de Agricultura Familiar (SAF);
Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Recursos Naturais; Secretaria de
Estado Extraordinária de Igualdade Racial (SEIR); Secretaria de Estado do

65
Trabalho e Economia Solidária; Secretaria dos Direitos Humanos e Participação
Popular (SEDPOP); Secretaria de Estado da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento; Delegacia do Desenvolvimento Agrário do Maranhão;
Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB); Federação dos Municípios do
Estado do Maranhão (FAMEM) e Banco do Brasil - Superintendência Maranhão.
Os representantes da sociedade civil são oriundos de movimentos
sociais e instituições, cuja escolha é realizada por meio do Fórum Maranhense
de Segurança Alimentar (FMSA), constituído em 2003. Esta instância se reúne
mensalmente, um dia antes da reunião ordinária do CONSEA-MA, e possui total
autonomia para a escolha das entidades que têm afinidades com a temática de
SAN para participar do CONSEA-MA. As entidades representantes de
segmentos da sociedade civil são: redes e fóruns, sindicatos e federação de
trabalhadores rurais, associações e movimentos sociais, pastorais, entidades
religiosas que trabalham com povos e comunidades tradicionais, entidades que
atuam nas áreas de direitos humanos e sociais, de gênero e gerações, de
economia solidária, da produção agroecológica e orgânica (MARANHÃO, 2015).
A direção do CONSEA-MA é exercida pelo presidente e secretário
geral, representantes da sociedade civil e secretário executivo, representante do
poder público, conta com seis comissões de trabalho: Programas e Projetos;
SISAN; DHAA; Comunicação; Povos e Comunidades Tradicionais e Finanças
(MARANHÃO, 2014; 2015).
Segundo Maranhão (2014) compete ao CONSEA-MA propor,
deliberar e aprovar o Plano Estadual de Segurança Alimentar e Nutricional
Sustentável, em conformidade com as diretrizes das Conferências de Segurança
Alimentar e Nutricional; propor, deliberar, apreciar e monitorar planos, programas
e ações da política de segurança alimentar e nutricional, no âmbito estadual a
serem executados em todas as secretarias de estado; incentivar e deliberar
sobre parcerias que garantam mobilização e racionalização dos recursos
disponíveis; incentivar a criação dos Conselhos Municipais de Segurança
Alimentar e Nutricional no Maranhão, com os quais manterá estreitas relações
de cooperação na consecução da política estadual de segurança alimentar e
nutricional; deliberar sobre a realização, coordenar e promover campanhas de
educação alimentar e de formação da opinião pública sobre o direito humano à
alimentação adequada; deliberar sobre e apoiar a atuação integrada dos órgãos

66
governamentais e das organizações da sociedade civil envolvidos nas ações
voltadas à promoção da alimentação saudável e ao combate à fome e à
desnutrição; elaborar e votar seu regimento interno; deliberar sobre a aplicação
dos recursos públicos da política de segurança alimentar e nutricional, alocados
em todas as secretarias de estado e exercer outras atividades correlatas.
O CONSEA-MA contribui na elaboração e avaliação do plano de SAN
estadual, compondo o grupo de trabalho que orienta os consultores na
elaboração do plano. Dentre as ações realizadas, são destaques: reuniões
extraordinárias, mobilização social, participação em eventos nacionais,
estaduais e municipais, ações de monitoramento e participação em
conferências. Para o seu funcionamento conta com orçamento anual de R$
90.000,00 destinados a cobrir despesas referentes a custos com diárias,
materiais de expediente e gráficos, dentre outras.
Os desafios do CONSEA-MA se relacionam a ter maior domínio do
conhecimento da evolução da política de SAN; compreender sobre a política de
SAN nos setores do poder público estadual e municipal e da sociedade civil; ter
capacidade para acompanhar as políticas/programas de SAN definidos pelo
governo federal e estadual, bem como as demandas dos municípios, e a
implantação do Sistema Municipal de Segurança Alimentar e Nutricional em
todos os municípios maranhenses.
As principais realizações do CONSEA-MA nos anos de 2015 a 2019
foram: monitoramento dos equipamentos de SAN, debates sobre a Política de
SAN, oficina de capacitação de conselheiros (as), oficinas de orientação com
municípios adesos ao SISAN, representação junto ao CONSEA Nacional e
demais instâncias com temáticas transversais à SAN. Salienta-se ainda, que o
CONSEA MA tem desenvolvido o monitoramento dos equipamentos de
alimentação e nutrição por meio de visitas para vistoria de cozinhas e
restaurantes, além do acompanhamento do Programa de Aquisição de
Alimentos (PAA), Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) e Banco
de Alimentos.

67
CÂMARA INTERSETORIAL DE SEGURANÇA ALIMENTAR E NUTRICIONAL
– CAISAN-MA

A CAISAN-MA, foi instalada pelo Decreto Estadual n° 27.620, de 19


de agosto de 2011, alterado pelo Decreto nº 28.885, de 21 de fevereiro de 2013,
e ratificada pela Lei Estadual nº 10.152, de 29 de outubro de 2014, com a
finalidade de promover a articulação e a integração dos órgãos e entidades da
administração pública estadual ligados à área de SAN, visando à implementação
da Política e do Plano de SAN. Atuando também na elaboração, monitoramento
e avaliação da destinação e aplicação de recursos em ações e programas de
interesse da SAN (MARANHÃO, 2014).
A Câmara tem seu funcionamento pautado por um regimento interno
e é composta por 8 (oito) secretarias titulares, as mesmas com assento no
CONSEA-MA, com exceção da Secretaria de Estado da Agricultura Familiar que
integra a CAISAN como órgão convidado, na mesma condição encontram-se as
Secretarias de Estado da Ciência, Tecnologia e Inovação, Planejamento e
Orçamento e Secretaria de Estado da Mulher (MARANHÃO, 2016).
A CAISAN-MA conta em sua estrutura funcional com uma
presidência, um pleno secretarial, um pleno executivo, secretaria executiva e
cinco Grupos de Trabalhos (GT) que se constituem em órgãos de
assessoramento e desempenham as seguintes ações: GT 1: Elaboração,
revisão e monitoramento do plano; GT 2: Compras institucionais; GT 3:
Educação Alimentar e Nutricional; GT 4: Acompanhamento dos equipamentos
de SAN - Restaurantes, Cozinhas e Centrais de Abastecimento; GT 5: Políticas
de SAN para povos e comunidades tradicionais.

CONFERÊNCIA ESTADUAL DE SEGURANÇA ALIMENTAR E NUTRICIONAL

Visando à participação e o controle social no debate sobre o contexto


e as perspectivas para a SAN no âmbito estadual, assim como na elaboração de
propostas para a Conferência Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional,
são realizadas as conferências estaduais, sob a coordenação do CONSEA–MA.
(MARANHÃO, 2014).

68
A 5ª Conferência Estadual de SAN realizada em agosto de 2015, foi
antecedida por 124 conferências municipais e três conferências de segmento:
Conferência de Segurança Alimentar de Segmento – Povos e Comunidades
Tradicionais: quilombolas, comunidades de matriz africana e população negra;
Conferência de Segurança Alimentar de Segmento – pescadores artesanais e
agricultores; e Conferência de Segurança Alimentar Regional – Mais IDH: 30
municípios com menor IDH do Maranhão. Esta contou com 600 participantes,
entre delegados/as e convidados de todas as regiões do estado e com a
presença de representantes do Ministério de Desenvolvimento Social e do
CONSEA Nacional.

ELABORAÇÃO DO PLANO ESTADUAL DE SEGURANÇA ALIMENTAR E


NUTRICIONAL

O Plano Estadual de Segurança Alimentar e Nutricional do Maranhão


– PLANESAN constitui a materialização da adesão do estado ao SISAN e ao
Pacto Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (MARANHÃO, 2014a). O I
PLANESAN foi elaborado para o período 2012-2015, em seu processo de
construção e estruturação, contou com a participação das secretarias
governamentais que compõem a CAISAN-MA, a contribuição de organizações
da sociedade civil, sobretudo aquelas com representação no CONSEA-MA, a
participação de uma consultoria por meio de um convênio federal, bem como
com as parcerias de professores vinculados às instituições de ensino superior, a
exemplo da Universidade Federal do Maranhão (UFMA), Instituto Federal do
Maranhão (IFMA), Universidade CEUMA, Faculdade Santa Terezinha (CEST) e
Faculdade São Luís (Estácio). Todas estas instituições compuseram o Comitê
de Trabalho para a construção do PLANESAN (MARANHÃO, 2014a).
No processo de elaboração foram realizados seminários, minuta
prévia para consulta, cinco audiências públicas nas regionais do estado (São
Luís, Pinheiro, Imperatriz, Codó e Chapadinha), sendo dado um prazo de 10
(dez) dias para que as instituições, secretarias e sociedade civil se
manifestassem e dessem suas contribuições acerca das informações
apresentadas nas minutas. Em seguida, as propostas foram recebidas,
avaliadas, reformuladas e consolidadas para a construção do Plano.

69
A elaboração do plano foi consubstanciado nas diretrizes e ações
formuladas nas Conferências de SAN, a definição dos objetivos, ações, eixos
estratégicos, elaboração de uma síntese do diagnóstico sobre a situação de SAN
e a garantia do DHAA, bem como a identificação dos eixos causais de
insegurança alimentar no Estado, quais sejam: Falta de acesso do trabalhador
rural às terras e à infraestrutura produtiva; Baixos níveis de emprego e geração
de renda; Escassez de produção de alimentos pela agricultura familiar; Gestão
deficitária dos programas de SAN; Baixa; qualidade nutricional e higiênico-
sanitária da alimentação consumida pela população; Baixo nível de educação
alimentar e nutricional; Elevado índice de insegurança alimentar e nutricional da
população, sobretudo de Povos Indígenas e Quilombolas e Comunidades
Tradicionais; Ausência de profissionais que promovam alimentação saudável,
nos quadros funcionais do Maranhão; Baixos níveis de organização da
agricultura familiar, gerados pela falta de capacitação dos produtores no tocante
à organização social; Precariedade de informações sobre SAN; Baixa
institucionalização do SISAN; Elevados índices de desperdício de alimentos e
Baixo acesso aos programas federais de SAN e desarticulação entre eles
(MARANHÃO, 2014a).
Uma vez identificados os eixos causais, foram elaboradas sete
diretrizes, com eixos estratégicos e ações específicas, considerando as
diretrizes da -PNSAN, a base legal de SAN existente no estado, as propostas
emanadas dos GT da CAISAN-MA e os indicadores de insegurança alimentar e
nutricional identificados na etapa de diagnóstico do Plano.
Complementarmente, foi elaborado um instrumento com orientações
para o monitoramento, com indicadores definidos, e passos operacionais
contemplando ações presenciais e os sistemas de informação existentes, com o
objetivo de aprimorar o processo de monitoramento do plano.
Sendo assim, o PLANESAN do Maranhão, buscou contemplar as
demandas propostas pela sociedade e se constitui no principal instrumento de
apoio à gestão da PNSAN, pois nele estão contidas as diretrizes estratégicas
para a implementação de políticas transversais, que visam à garantia da
sustentabilidade e soberania alimentar e nutricional e à superação de obstáculos
na realização do DHAA por toda a população maranhense.

70
71
Capítulo 5

COMPONENTES DO SISAN NO PIAUÍ

Claudiane Batista de Sousa


Débora Lidiane Castro de Moura
Janice Araújo Lustosa
Mísia Joyner de Sousa Dias Monteiro
Victor Alves de Oliveira
Ivonete Moura Campelo
Marize Melo dos Santos

Só a participação cidadã é
capaz de mudar o país.
(Betinho)

O Piauí possui 224 municípios e desses, 26 aderiram ao SISAN


durante o período compreendido entre 2013 a junho de 2019, o que representa
11,16% da totalidade. A contribuição do ConsolidaSisan neste processo se deu
via atuação dos bolsistas do projeto no planejamento e execução das oficinas de
Segurança Alimentar e Nutricional e Apoio a formação em Segurança Alimentar
e Nutricional na CAISAN estadual, e na sensibilização junto aos atores
municipais responsáveis pelas políticas de SAN, quanto ao fortalecimento dos
componentes do SISAN.
Nesse contexto, destacamos os desafios na articulação com os
municípios, visto que havia evidente falta de conhecimento sobre a política,
ausência de gestores na área, e dos componentes do SISAN nos municípios.
Tais desafios, contudo, são características inerentes à transversalidade da
Política de SAN e de suas especificidades, dado que sua concretização requer
a integração das diversas áreas econômicas e governamentais, o que exige
esforços constantes de articulação para a sua implementação, continuidade e
melhoria (VASCONCELLOS; MOURA, 2018).

LEI ORGÂNICA DE SEGURANÇA ALIMENTAR E NUTRICIONAL

O Piauí avançou lentamente no processo de implantação do SISAN e


somente em julho de 2009, a Lei Orgânica de Segurança Alimentar e Nutricional
(LOSAN), n° 5.862 foi publicada, sendo alterada em 2012, pela Lei nº 6.164, de
72
25 de janeiro, que instituiu o SISAN, criando seus componentes, dentre eles, a
Câmara Intersetorial para Segurança Alimentar e Nutricional do Estado
(CAISAN-PI), as Conferências, o Conselho Estadual de Segurança Alimentar
(CONSEA-PI) (PIAUÍ, 2009; 2012). Somente a partir desses avanços legais e
interação dessas instâncias, foi possível o estabelecimento das diretrizes para
construção do Plano Estadual de Segurança Alimentar e Nutricional.

CÂMARA INTERSETORIAL DE SEGURANÇA ALIMENTAR E NUTRICIONAL


(CAISAN-PI)

A CAISAN-PI encontra-se em funcionamento e está vinculada à


Secretaria de Assistência Social e Cidadania do Estado (SASC). É regulada por
um regimento interno e constituída por quatorze órgãos: Secretaria de Estado da
Assistência Social e Cidadania- SASC; Secretaria de Estado do
Desenvolvimento Rural-SDR; Secretaria de Estado das Cidades; Secretaria de
Estado da Educação e Cultura-SEDUC; Secretaria de Estado do Meio Ambiente
e Recursos Hídricos – SEMAR; Secretaria de Estado do Planejamento –
SEPLAM; Secretaria de Estado da Saúde – SESAPI; Secretaria de Estado da
Defesa Civil – SEDEC; Central de Abastecimento do Estado do Piauí – CEAPI;
Ministério do desenvolvimento Agrário – MDA; Instituto de Assistência e
extensão Rural do Piauí – EMATER; Universidade Estadual do Piauí – UESPI;
Companhia Nacional de Abastecimento – CONAB; e Instituições Públicas de
Ensino Superior, além destas, há também uma secretaria convidada que é a
Secretaria Municipal do Trabalho, Cidadania e Assistência Social (SEMTCAS).
A estrutura da CAISAN PI é composta por presidente, vice-presidente, secretária
executiva e assessoria técnica. Além desta composição, é válido ressaltar que a
equipe de bolsistas do Projeto ConsolidaSisan também estava no apoio das
atividades de rotina da CAISAN PI. A presidência, é exercida comumente pelo
secretário da SASC, apesar disto, até novembro do ano de 2019, não houve
nomeação para a vice-presidência, pleno secretarial, executivo e comitê técnico.
A principal atribuição da CAISAN-PI é a elaboração, coordenação e
acompanhamento da execução do Plano de Segurança Alimentar e Nutricional
seguindo as recomendações e orientações do CONSEA. Para tanto, com o apoio
do projeto ConsolidaSisan realizou as oficinas de capacitação com gestores

73
públicos, conselheiros e representantes da sociedade civil em âmbito estadual e
municipal, para o incentivo à elaboração dos Planos de Segurança Alimentar e
Nutricional nos municípios.

CONSELHO DE SEGURANÇA ALIMENTAR E NUTRICIONAL (CONSEA – PI)

O CONSEA-PI, criado por meio da Lei Ordinária nº 5.361 de 29 de


dezembro de 2003, é composto por 2/3 da sociedade civil e 1/3 de
representantes do governo, totalizando 42 titulares e 42 suplentes, sendo 28
representações da sociedade civil e 14 representações do poder público (PIAUÍ,
2003). Tem como sede a Casa dos Conselhos das Políticas Sociais, onde
também funcionam os demais conselhos das políticas sociais vinculadas à
SASC. Constitui-se num órgão de assessoramento ao Governo do Estado do
Piauí.
A missão do CONSEA-PI é propor as diretrizes da Política de
Segurança Alimentar e Nutricional no estado, sob a ótica da alimentação como
parte integrante dos direitos sociais de cada cidadão. Entre as suas
competências estão: propor as diretrizes gerais da política de segurança
alimentar e nutricional, implementadas pelo seu órgão executor e demais
órgãos e entidades envolvidos no município; articular e mobilizar a sociedade
civil organizada; realizar e ou patrocinar estudos que fundamentem as propostas
de temas sobre a segurança alimentar e nutricional; e criar
câmaras temáticas para acompanhamento permanente de temas fundamentais
na área de segurança alimentar.
A sua estrutura organizacional está assim composta: plenário,
secretaria geral, secretaria executiva, comissões temáticas e quatro comissões
permanentes: SISAN; Direito Humano à Alimentação Adequada, Saúde e
Nutrição; Produção agroecológica; Povos e Comunidades Tradicionais. A
direção é exercida pelo presidente, representante da sociedade civil, secretário
geral e secretária executiva.

74
PLANO ESTADUAL DE SEGURANÇA ALIMENTAR E NUTRICIONAL DO
ESTADO DO PIAUÍ – PESAN-PI

A trajetória para a criação do PESAN-PI teve início em 2014, por meio


da sensibilização dos órgãos integrantes do governo para a criação de um Grupo
de Trabalho (GT) responsável pela elaboração do plano. Contudo, somente em
julho de 2015, como ação do projeto ConsolidaSisan, realizou-se a Oficina
Regional para a Elaboração dos Planos de Segurança Alimentar e Nutricional,
com o objetivo de capacitar profissionais dos estados e municípios para a
elaboração de seus planos.
Nessa etapa, técnicos da CAISAN-PI, SEPLAM, SASC, Diretoria da
Unidade de Segurança Alimentar e Erradicação da Fome (DUSAEF),
Universidade Federal do Piauí (UFPI) e o CONSEA-PI criaram um questionário,
que serviu de instrumento para a realização do diagnóstico de SAN no Estado e
para tanto, contou com o apoio da Fundação Centro de Pesquisas Econômicas
e Sociais do Piauí (Fundação CEPRO).
Destacamos como elemento importante neste processo, a realização,
em abril de 2016, da Oficina Estadual para Construção do Processo
Metodológico do PESAN-PI, com a participação dos municípios piauienses,
órgãos governamentais e sociedade civil. No evento foi deliberada a
reformulação e continuação dos trabalhos do GT para elaboração do PESAN-PI,
além de aprimorar os instrumentos de coletas de dados para diagnóstico
situacional da SAN no Estado. A realização da oficina representou a
possibilidade de contribuir para avanços na consolidação do SISAN estadual e
na promoção do DHAA.
A partir de maio de 2016, iniciaram as reuniões sistemáticas do GT
instituído pela portaria nº 18, de 06 junho de 2016, para a elaboração do PESAN-
PI. Tais encontros viabilizaram o debate para a construção metodológica do
diagnóstico que contemplou duas etapas: diagnóstico primário e secundário.
Para a obtenção do diagnóstico primário foi realizada a pesquisa direta junto aos
municípios, com a participação de 43 municípios, selecionados a partir da
questão da regionalização, segundo os territórios de desenvolvimento e a
inclusão de municípios com maior poder de polarização, com diferentes
contingentes populacionais, espacialmente bem distribuídos em cada unidade

75
regional e que abrigam, no conjunto, cerca de 50% da população total residente
no estado. Já para o diagnóstico secundário, foi realizada a busca de dados em
fontes oficiais definidas durante a Oficina Estadual de Construção do Processo
Metodológico do PESAN-PI.
Nesse contexto, a elaboração do plano foi iniciada a partir da análise
da situação estadual de segurança alimentar e nutricional, a partir do diagnóstico
que possibilitou circunscrever a conjuntura na qual o plano se insere, embasado
por estudos e indicadores específicos de SAN estabelecidos previamente. Tais
indicadores contemplaram as seguintes dimensões de análise: características
demográficas, renda e condições de vida; acesso à alimentação adequada e
saudável; saúde, agravos e serviços relacionados; educação, agricultura,
recursos hídricos e meio ambiente; ações e aspectos relacionados à SAN.
O processo para diagnóstico de SAN, no Piauí, foi conduzido pela
CAISAN e contou com o uso de diversos recursos pedagógicos e didáticos,
dentre os quais se destacam as oficinas, reuniões sistemáticas de grupos
técnicos, consultas às deliberações e propostas emanadas das Conferências
Estaduais de Segurança Alimentar e Nutricional, as proposições e prioridades
definidas pelo CONSEA-PI e PPA vigente, adotando como base norteadora as
diretrizes da Política Nacional de SAN (PNSAN).
A CAISAN-PI buscou priorizar a intersetorialidade durante esse
processo com a participação de representantes de órgãos governamentais, de
instituições de ensino superior (IES) e da sociedade civil, que contribuíram para
a realização da análise da situação de SAN no estado e para a indicação dos
desafios, metas e ações visando dar concretude ao Direito Humano à
Alimentação Adequada aos piauienses.

OFICINAS PARA ELABORAÇÃO DO PLANO ESTADUAL DE SAN

Em abril de 2016, foi realizada a oficina que constituiu o marco inicial


para a mobilização e efetiva construção do I PESAN-PI. Em setembro do mesmo
ano, foi realizado o “III Seminário Regional de Fortalecimento do SISAN - Piauí,
Ceará e Maranhão”, cujo objetivo foi concluir a capacitação dos membros
envolvidos na construção do plano. Nesta ocasião, participantes de todas as
secretarias que compõem o pleno da CAISAN e membros do CONSEA tiveram

76
a oportunidade de discutir o passo a passo do processo de construção do plano
estadual (PIAUÍ, s/d).
Desde então, a equipe que fazia parte do Projeto ConsolidaSisan,
realizou quatro oficinas, em cumprimento às metas I e III do referido projeto,
visando promover a formação continuada dos atores que integravam os
componentes do SISAN no Piauí, em nível estadual e municipal. A primeira
oficina foi realizada com o propósito de formar os atores sociais que atuam com
políticas públicas de SAN no estado, bem como, auxiliar na construção do
processo metodológico do I PESAN-PI.
Após a realização da primeira oficina e com o processo de construção
delimitado, os grupos de trabalho formados foram auxiliados no processo de
redação do plano pelas (os) bolsistas do Projeto ConsolidaSisan que prestavam
apoio à CAISAN-PI e ao CONSEA-PI. Em junho de 2017, com o diagnóstico do
panorama de SAN estadual concluído, realizou-se o “Seminário Piauiense de
Segurança Alimentar, Nutricional e Controle Social: Orientações Gerais”, com o
objetivo de capacitar e sensibilizar os gestores e conselheiros municipais a
respeito da construção dos planos municipais de SAN.
Nesta oficina, conduzida pela SASC, em parceria com o Projeto
ConsolidaSisan, os grupos de trabalho que coordenavam a construção do I
PESAN-PI, apresentaram os resultados do diagnóstico estadual para os
municípios presentes e realizaram oficinas paralelas com os representantes
municipais para avaliação e validação das metas e ações construídas.
Durante a elaboração do I PESAN-PI foram estratégias para garantir
a capacitação e participação da sociedade civil, a realização de oficinas de
formação e nivelamento, assim como, os encontros para definição das
prioridades do documento e sua validação bem como nos direcionamentos da
Política Estadual de Segurança Alimentar e Nutricional.
Nesse processo de construção participativa, atores sociais do estado
e municípios tiveram a oportunidade de discutir os caminhos para finalização do
plano estadual de SAN, que foi fundamental para o sucesso durante a sua
validação, que ocorreu por consulta pública, em dezembro 2017, essencial para
contemplar amplamente as necessidades da população piauiense, no plano do
DHAA.

77
Após percorrer um longo processo, o I PESAN-PI foi concluído em
maio de 2018, com vigência de 2018 a 2021, configurando-se em um importante
instrumento de gestão e controle social da política de SAN no estado,
apresentando como objetivos: diagnosticar a situação de SAN; mapear as ações
de SAN nos dois níveis administrativos; definir metas e prazos para execução
das ações; articular de forma efetiva os programas e políticas relacionados à
SAN no estado; empoderar os titulares de direito sobre diferentes políticas,
programas e ações que possam garantir o DHAA; monitorar as ações e
programas de SAN; fortalecer o controle social no âmbito estadual da respectiva
política. No documento, foram indicadas nove prioridades (desafios), que
possuem correspondência com as oito diretrizes da PNSAN, o que constituiu a
base para a definição das suas ações, metas e mecanismos de monitoramento
e avaliação (PIAUÍ, s/d).
No processo de construção do plano, a CAISAN-PI enfrentou muitos
desafios, entre os quais o de realizar a intersetorialidade entre os órgãos e
setores envolvidos, assim como a participação dos municípios, necessários ao
processo participativo de elaboração e em conformidade com a PNSAN. Como
estratégias de superação estabeleceu-se parcerias com as Instituições de
Ensino Superior (IES), CONSEA, entidades e órgãos que compunham a CAISAN
PI. Cabe destacar o papel desempenhado pela UFPI e Universidade Estadual
do Piauí (UESPI), que fizeram parte desse processo, dando o apoio técnico
científico e interagindo com organizações sociais e governos, em uma dinâmica
construtiva, de caráter multidisciplinar e participativo.
Contudo, é importante ressaltar que o I PESAN-PI até novembro de
2019 ainda não havia sido publicado, o que guarda relação com o contexto
nacional de fragilidade da PNSAN e sua repercussão nos estados. O
fortalecimento dos componentes do SISAN-PI - CONSEA, CAISAN, Planos de
SAN está ainda a exigir alguns esforços, a não publicação do plano ilustra bem
essa necessidade. A atuação do poder público e da sociedade civil organizada
no estado e municípios é fundamental para este fortalecimento, pois dela
dependem o processo de adesão dos municípios ao sistema, o estabelecimento
das condições que possibilitem a pactuação federativa e o controle social das
políticas de SAN, essenciais ao funcionamento de um sistema de SAN robusto.

78
Quanto à intersetorialidade, controle e participação social, princípios
tão caros à PNSAN, existe ainda no estado, a necessidade de serem legitimados
pelo poder público. Alguns caminhos que podem contribuir para o fortalecimento
do SISAN-PI são a busca da articulação da gestão das políticas públicas e a
parceria com as IES no sentido de realizar atividades de pesquisa e extensão na
área da SAN, dando maior visibilidade à segurança alimentar e nutricional e a
sua problemática no nível estadual.

O PROJETO CONSOLIDASISAN E A PARCERIA COM A UNIVERSIDADE


FEDERAL DO PIAUÍ

As atividades de caráter formativo do Projeto ConsolidaSISAN


iniciaram no Piauí em fevereiro de 2016, com o planejamento e execução das
primeiras oficinas interestaduais, no que foi fundamental a participação dos
bolsistas. Dessa maneira, o início destas atividades, em parceria com a CAISAN,
CONSEA e UFPI, foi fundamental para impulsionar as ações na área de SAN no
estado e, principalmente, na construção do I PESAN-PI. A UFPI, responsável
pela seleção de bolsistas, finalizou o processo com aprovação de três
candidatos, dois profissionais e um aluno de graduação em Nutrição, com as
atribuições de contribuir com o projeto ConsolidaSisan por meio da articulação
da sociedade civil e do poder público.
A UFPI procurou ao longo da implementação do projeto cumprir os
objetivos pré-estabelecidos, no âmbito da parceria firmada, sobretudo,
atendendo às demandas das instâncias parceiras no Estado, a CAISAN e o
CONSEA. Nessa perspectiva, cabe ressaltar que a UFPI desenvolve ações de
ensino, pesquisa e extensão voltadas para a SAN. Para tanto, conta com
algumas instâncias internas direta ou indiretamente relacionadas à temática,
como o Departamento de Nutrição e o Centro Colaborador em Alimentação e
Nutrição Escolar (CECANE-UFPI).
O CECANE-UFPI desenvolve atividades com vistas à formação de
nutricionistas, cursos de formação para atores do Programa Nacional de
Alimentação do Escolar (PNAE), à exemplo dos gestores, agricultores familiares,
membros de Conselho de Alimentação Escolar, merendeiras, entre outros.
Promove eventos científicos; produz materiais acadêmicos; realiza feiras

79
agroecológicas, quinzenalmente. Ademais, estabelece parcerias no âmbito
federal, estadual e municipal para realização de diversos eventos.
Ressalta-se que o Departamento de Nutrição da UFPI desenvolve
pesquisas na temática da segurança alimentar e nutricional. Entre estas,
destaca-se o “Estudo de práticas de vida saudável com estudantes de ensino
fundamental e médio na perspectiva da promoção da soberania e segurança
alimentar e nutricional”; o estudo “Perfil dos Conselheiros de Segurança
Alimentar e Nutricional no Piauí para os membros do CONSEA Estadual”, que
subsidiou propostas de capacitação sobre o efetivo papel do conselheiro de
SAN.
Destaca-se ainda, a pesquisa “A participação de sujeitos sociais na V
Conferência Estadual de Segurança Alimentar e Nutricional no Piauí”1,
desenvolvida no âmbito do projeto ConsolidaSisan, teve seus resultados
apresentados em eventos nacional, regional e estadual.
Os resultados desta pesquisa possibilitaram identificar o perfil dos
conselheiros e identificar suas necessidades de qualificação para o efetivo
exercício de seu papel junto ao conselho e aos segmentos ali representados.
Permitiu também, conhecer como estes se manifestam e se comportam em
relação ao que estabelecem as instâncias legais na garantia do DHAA da
população, além de conhecer seus perfis e identificar as necessidades de
qualificação para o real cumprimento das suas competências junto ao respectivo
conselho, questões fundamentais para o fortalecimento da SAN em nível local.

1
Estudo financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do estado do Piauí - FAPEPI

80
81
PARTE III

AVALIAÇÃO E MONITORAMENTO DO PLANO DE SEGURANÇA


ALIMENTAR E NUTRICIONAL

82
83
Capítulo 6

MONITORAMENTO DAS AÇÕES DE SEGURANÇA ALIMENTAR E


NUTRICIONAL

Italo Wesley Oliveira Aguiar


Antonia Joelma Braga Silva
John Herbert Marques do Nascimento
Tatiane Elpídio da Silva

A fome é a expressão biológica


de males sociológicos.
(Josué de Castro)

Neste capítulo abordamos o tema do monitoramento do Plano de


Segurança Alimentar e Nutricional (PLANSAN), dada sua importância para o
alcance dos objetivos e consequente impacto na situação de Segurança
Alimentar e Nutricional (SAN), motivo pelo qual se constituiu em tema de
capacitação no Projeto ConsolidaSisan.
O monitoramento é um processo sistemático e contínuo de
acompanhamento de uma política, programa ou projeto, baseado em um
conjunto restrito – mas significativo e periódico – de informações, que permite
uma rápida avaliação situacional e identificação de fragilidades na execução,
com o objetivo de subsidiar a intervenção oportuna e a correção em tempo hábil
para atingir resultados e impactos. Assim, monitorar tem como componente
central a coleta de indicadores, cuja função é operacionalizar de forma objetiva
conceitos abstratos, ou mesmo conferir alguma comensurabilidade a processos
e etapas de trabalho em políticas ou programas (JANNUZZI, 2014).
A importância do monitoramento para a SAN se encontra na
necessidade do gerenciamento adequado de ações por gestores e por atores da
participação social, bem como na sua essencialidade para a adequada execução
do PLANSAN (BRASIL, 2006; 2010a).
Exemplos de fácil compreensão da importância do monitoramento em
situações cotidianas, são a medição da temperatura a intervalos regulares de
uma criança gripada. A temperatura acima de 36 graus Celsius (indicador),
demonstra a necessidade uma boa avaliação clínica, que feita em tempo hábil,

84
pode intervir sobre a evolução de um processo inflamatório mais grave; o
acompanhamento sistemático de medidas corporais de um indivíduo
(indicadores), permite a análise do estado nutricional, demonstrando a
necessidade de adequação da alimentação em caso de desnutrição ou
sobrepeso antes que essa condição se estabeleça. Esses exemplos ajudam a
compreender a importância do monitoramento sistemático dos programas
sociais.
Os indicadores demonstrarão se as ações realizadas permitirão o
alcance dos objetivos do programa e em que medida os mesmos serão
alcançados, mostrando a necessidade de correção das ações, caso o
monitoramento revele fragilidades na sua execução, impossibilitando o
cumprimento das metas.

MARCOS LEGAIS E HISTÓRICOS DO MONITORAMENTO EM SEGURANÇA


ALIMENTAR E NUTRICIONAL NO BRASIL

O monitoramento está previsto na Lei Orgânica da Segurança


Alimentar e Nutricional - Lei nº 11.346 de 2006. No entanto, considera-se que o
grande marco nessa temática foi representado pela criação, no âmbito do
CONSEA Nacional, entre 2005 e 2006, de um Grupo de Trabalho (GT) que
identificou programas e iniciativas de SAN no Plano Plurianual, no intuito de
realizar acompanhamento do orçamento federal, registrando-se, posteriormente,
o desenvolvimento de uma matriz para seleção, análise e discussão dos
indicadores existentes nos diversos setores (BRASIL, 2006; 2010a; 2017;
CONSEA, 2014).
Em 2010, o Decreto nº 7.272, ao instituir a Política Nacional de
Segurança Alimentar e Nutricional (PNSAN) e estabelecer os parâmetros para a
elaboração do PLANSAN Nacional, inovou em adotar dimensões de análise para
o monitoramento, elencando determinantes da SAN que permitiriam agrupar
indicadores relacionados à produção e disponibilidade de alimentos; renda e
despesas com alimentação; acesso à alimentação adequada e saudável; saúde,
nutrição e acesso a serviços relacionados; educação; e programas e ações
relacionadas à SAN (BRASIL, 2006; 2010A; 2017; CONSEA, 2014).

85
Ferramentas importantes que subsidiam o monitoramento são os
sistemas de informação de diversos setores e instituições governamentais por
agregarem indicadores que permitem monitorar programas e políticas públicas.
No âmbito da Política Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (PNSAN),
destaca-se o portal DATASAN, planejado pela CAISAN Nacional em articulação
com a Secretaria de Avaliação e Gestão da Informação (SAGI)1 do então
Ministério do Desenvolvimento Social. Este portal possibilitou conhecer, a partir
de 2011, o panorama da situação da SAN no País numa visão intersetorial,
contando com um conjunto de indicadores, tendo por base as dimensões de
análise da SAN (JANNUZZI, 2005; BRASIL, 2017).
Em 2012, foi elaborado o I Plano Nacional de Segurança Alimentar e
Nutricional 2012-2015 e, em seguida à sua publicação, iniciou-se o processo de
acompanhamento e monitoramento das metas dos programas e ações de SAN
de responsabilidade da esfera federal por meio do Sistema de Monitoramento do
Plano Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (SISPLANSAN), no âmbito
da SAGI (BRASIL, 2017).
Conforme recomendação legal, o PLANSAN previa uma revisão
bienal. Assim, entre 2013 e 2014, o Plano passou por um processo de revisão,
priorizando ações, mantendo aquelas mais estratégicas, de forma a focalizar o
monitoramento dos programas mais relevantes para a consecução de seus
objetivos. O documento final da referida revisão, denominado “Balanço das
Ações do PLANSAN 2012/2015”, foi construído com base nas informações
registradas no SISPLANSAN e em oficinas de monitoramento realizadas pela
CAISAN Nacional (BRASIL, 2006; 2010a; 2017; CAISAN, 2017).
Outra ferramenta foi o Mapeamento de Segurança Alimentar e
Nutricional (MapaSAN), criada em 2014 com o objetivo de coletar no âmbito dos
estados e municípios informações sobre a gestão da PNSAN e componentes do
SISAN, incluindo ações e equipamentos públicos de SAN. Esse mapeamento foi
coordenado pela SAGI e pela CAISAN Nacional, com o apoio dos CONSEA e
CAISAN Estaduais. O MapaSAN foi realizado em 2015 e em 2018. Essa
continuidade permite conhecer e ampliar as possibilidades de monitoramento e

1
A SAGI institucionalizou a função de avaliar e monitorar, incorporando-a à gestão das políticas
e programas sociais executadas no âmbito do MDS.

86
divulgação de informações acerca do SISAN e da PNSAN, e podem subsidiar o
seu fortalecimento (CAISAN, 2019).
Em 2018 a SAGI disponibilizou o Visualizador de Dados Sociais (VIS
DATA), um sistema de gerenciamento e visualização dos diversos programas,
ações e serviços que ficavam no âmbito do MDS. Essa ferramenta permitiu
congregar as informações dispersas em diversos bancos de dados, como o
DATASAN, o MI Vetor, as Tabelas Sociais e o Atlas Social (BRASIL, 2019).

CLASSIFICAÇÃO DO MONITORAMENTO EM SAN

O monitoramento da SAN pode ser classificado conforme os


seguintes objetos a serem monitorados: (I) o contexto e a Política de SAN e (II)
o PLANSAN propriamente dito.
O monitoramento por meio de indicadores para avaliação de contexto
e resultado da Política de SAN auxilia na análise da situação local de SAN. Em
esfera nacional, considera-se fundamento desse monitoramento as dimensões
de análise para monitoramento da PNSAN e tem-se como ferramenta de
referência para esse monitoramento o portal DATASAN. Nesta fase os
indicadores produzidos por instituições de governo de grande escala são
particularmente importantes pela amplitude dos temas investigados e pela
possibilidade de desagregação territorial ou por grupos populacionais
específicos (BRASIL, 2010a; JANNUZZI et al., 2009; JANNUZZI, 2011).
O monitoramento dos programas, ações e metas do PLANSAN tem
um caráter operacional e sistemático de acompanhamento dos indicadores de
produto e processo, sendo essa ação de clara competência das CAISAN
Estaduais ou Municipais em articulação com os CONSEA. Esse monitoramento
terá por base o PLANSAN de cada esfera (BRASIL, 2010a).

87
Quadro 1 – Aspectos dos monitoramentos do contexto e Política de SAN
e do PLANSAN

Monitoramento de Contexto Monitoramento de


Aspecto e Política de SAN PLANSAN

Finalidade Obter informações gerais Acompanhar metas do plano

Amplitude do Amplitude local, relativa ao


Grande amplitude
indicador plano

Fontes de Sistemas de informação Órgãos locais que


obtenção comuns nacionais implementem ações de SA

Periodicidade Menos periódico Mais periódico

Etapa no ciclo de
Diagnóstico/Impactos Processo/Resultados
políticas públicas
Fonte: Autoria própria.

Apesar dessas formas de monitoramento serem distintas, podem ser


utilizadas em conjunto, com características de uma prática denominada
monitoramento analítico, que conta com a análise comparativa e sistêmica de
indicadores ao longo do tempo, pelo território e segundo outros eixos
comparativos (JANNUZZI, 2011).

PROPRIEDADES DOS INDICADORES PARA MONITORAMENTO

Os indicadores permitem mensurar descrever, classificar, ordenar,


comparar ou quantificar de maneira sistemática aspectos de uma realidade. No
entanto, a depender do objetivo almejado com sua aplicação, existem
determinadas propriedades a serem observadas visando o adequado emprego
destas medidas (BRASIL, 2012A; 2016; JANNUZZI, 2005).
A depender do referencial utilizado, as propriedades podem ser
agrupadas em duas categorias: propriedades essenciais, que quaisquer
indicadores devem apresentar e sempre devem ser consideradas como critérios
de escolha, independente da fase do ciclo de gestão em que se encontra a
política sob análise; e propriedades complementares, que, apesar de também
serem muito importantes, podem ser alvo de desempate entre indicadores onde

88
há conflito de escolha, dependendo da avaliação particularizada da situação
(BRASIL, 2012a; 2016; JANNUZZI, 2005).
Nesse sentido, algumas propriedades desejáveis aos indicadores do
PLANSAN podem ser citadas, como:
a) Validade: Critério fundamental na escolha de indicadores, pois é
desejável que se disponha de medidas tão “próximas” quanto
possível do conceito abstrato ou da demanda política que lhes
deram origem (JANNUZZI, 2005).
b) Representatividade: Captação das etapas mais importantes e
críticas dos processos, no local certo, para que seja
suficientemente representativo e abrangente. Dados
desnecessários ou inexistentes não devem ser coletados. Em
contrapartida, dados importantes devem ser precisos, atender aos
objetivos e ser buscados na fonte correta. Este atributo merece
certa atenção, pois indicadores muito representativos tendem a
ser mais difíceis de ser obtidos. Deve, portanto, haver um certo
equilíbrio entre a representatividade e a disponibilidade para
coleta (RUA, 2004).
c) Disponibilidade: Facilidade de acesso para coleta, estando
disponível a tempo, para as pessoas certas e sem distorções,
servindo de base para que decisões sejam tomadas. De nada
adiantaria informações atrasadas e desatualizadas, embora
corretas, ou informações atuais e corretas, mas para a pessoa
errada (RUA, 2004).
d) Comunicabilidade: Propriedade com a finalidade de garantir a
transparência das decisões técnicas tomadas pelos
administradores públicos e a compreensão delas por parte da
população, dos jornalistas, dos representantes comunitários e dos
demais agentes públicos (JANNUZZI, 2005).
e) Economia: Não deve ser gasto tempo demais procurando dados,
muito menos pesquisando ou aguardando novos métodos de
coleta. Os benefícios trazidos com os indicadores devem ser
maiores que os custos incorridos na medição (RUA, 2004).

89
f) Transparência: A boa prática da pesquisa social recomenda que
os procedimentos de construção dos indicadores sejam claros e
transparentes, que as decisões metodológicas sejam justificadas
e que as escolhas subjetivas sejam explicitadas de forma objetiva
(JANNUZZI, 2005).
g) Periodicidade: Para que se possa acompanhar a mudança social,
avaliar o efeito de programas sociais implementados, corrigir
eventuais distorções de implementação, é necessário que se
disponha de indicadores levantados com certa regularidade
(RUA, 2004).
h) Desagregabilidade: É preciso que os indicadores se refiram, tanto
quanto possível, aos grupos sociais de interesse ou à população
alvo dos programas, isto é, deve ser possível construir
indicadores sociais referentes a espaços geográficos reduzidos,
grupos sociodemográficos (crianças, idosos, homens, mulheres,
brancos, negros, etc.), ou grupos vulneráveis específicos (famílias
pobres, desempregados, analfabetos, etc.) (JANNUZZI, 2005).
i) Sensibilidade e especificidade: É importante dispor de medidas
sensíveis e específicas às ações previstas nos programas, que
possibilitem avaliar rapidamente os efeitos (ou não efeitos) de
determinada intervenção (JANNUZZI, 2005).
É importante ressaltar ainda que, idealmente, a escolha de
indicadores deve ser fundamentada na avaliação crítica das propriedades
anteriormente discutidas e não simplesmente na tradição de uso2.

CLASSIFICAÇÃO DE INDICADORES

Os indicadores possibilitam orientar os rumos do Plano, os ajustes


necessários, as mudanças de estratégias, dentre outros direcionamentos. Em
geral, um plano, programa ou projeto pode trazer os indicadores em cinco
principais formas, que são indicadores de insumo/recursos, de processos/fluxo,
de produtos, de resultados e de impacto/efeito, definidas a seguir e

2
Para mais informações a respeito de indicadores e suas propriedades podem ser consultados
os trabalhos de Jannuzzi (JANNUZZI, 2005) e de Vaz (RUA, 2004).

90
exemplificadas na Figura 1 (BRASIL, 2010b; 2014, 2016; 2018ª; JANNUZZI,
2005; RAMOS; SCHABBACH, 2012).

a) Indicadores de insumo/recurso: Medidas que demonstram a


quantidade de recursos disponíveis para a implementação de
determinada ação ou programa, sejam financeiros, físicos
(equipamentos, materiais, instalações), humanos (número, tipo,
qualificação) ou outros (JANNUZZI, 2005; BRASIL, 2010b; 2014,
2016; 2018a).
b) Indicadores de processo/fluxo: São medidas intermediárias, que
indicam a realização operacional entre os recursos alocados e
as ações e atividades. Muitas vezes, é solicitado também o meio
de verificação, que é a forma de coleta das informações. Podem
ser utilizados registros administrativos e registros gerados nos
procedimentos dos próprios programas (JANNUZZI, 2005;
BRASIL, 2010b; 2014, 2016).
c) Indicadores de produto: Produtos são os frutos diretos e
quantificáveis das atividades do programa. Essas medidas
expressam as entregas decorrentes das ações empreendidas,
como consequência imediata da realização de suas atividades.
Relaciona-se aos objetivos específicos (JANNUZZI, 2005;
BRASIL, 2010b; 2014, 2016).
d) Indicadores de resultado: Mais vinculados aos objetivos finais
dos programas e ações. Permitem avaliar a eficácia do
cumprimento das metas, expressando os benefícios para o
público-alvo, decorrentes das ações realizadas pelo programa
(JANNUZZI, 2005; BRASIL, 2010b; 2014, 2016).
e) Indicadores de impacto/efeito: ressaltamos que neste contexto,
“impacto” a grosso modo, se refere aos “resultados dos
resultados”. Portanto, esses indicadores tratariam de mensurar
consequências ou efeitos gerados na sociedade em um
momento mais distante, a partir dos resultados diretamente
atribuídos à ação ou programa, possuindo natureza abrangente
(JANNUZZI, 2005; BRASIL, 2010b; 2014, 2016; 2018a).

91
Figura 1 - Exemplos de indicadores para cada etapa de um programa de
incentivo à oferta de alimentos orgânicos

Fonte: Autoria própria.

No acompanhamento das ações do PLANSAN, o uso dos indicadores


no monitoramento possibilitará à CAISAN e aos demais interessados o acesso
a informações concretas acerca das ações contidas no Plano. É importante ter
a clareza que uma tarefa será monitorar a execução das metas do Plano de SAN,
e outra, monitorar os resultados dessa execução por meio dos indicadores
selecionados, o que demanda atenção para a adequação do tipo de indicador a
ser utilizado (BRASIL, 2017).

MONITORAMENTO DO PLANO DE SEGURANÇA ALIMENTAR E


NUTRICIONAL

A etapa de construção do monitoramento é de suma importância, pois


no monitoramento serão analisados, por meio dos indicadores, os resultados
alcançados, os recursos aplicados, os ajustes necessários, bem como a
avaliação sobre a situação de SAN nacional, estadual ou municipal.

92
Dessa forma, tendo por base tais referências normativas, identifica-se
alguns objetivos relacionados especificamente ao monitoramento:
a) Apoiar o gerenciamento do Plano de SAN, produzindo
informações sobre o desempenho e grau das metas almejadas;
b) Auxiliar na formulação do orçamento, fornecendo evidências sobre
a implementação e resultados das políticas públicas para tomada
de decisão;
c) Subsidiar a reflexão e análise sobre prioridades, dificuldades e
estratégias, fornecendo o retorno contínuo de informações para o
processo de gestão;
d) Acompanhar o desenvolvimento dos programas em relação às
metas, visando qualificar a gestão da política de SAN.
O monitoramento é parte integrante do plano e deve ser levado em
consideração durante todo o processo de planejamento. Metas mal formuladas
certamente prejudicam o monitoramento, portanto, recomenda-se que, na
ocasião do estabelecimento das metas, já se tenha em mente quais serão seus
indicadores de processo e como será feito o seu monitoramento (BRASIL, 2017).
As dimensões de análise para o monitoramento da Política de SAN
estão definidas no Art. 21 do Decreto nº 7.272/2010. São elas:
a) Produção de alimentos – Relativa à produção e à área cultivada,
essa dimensão visa mensurar o grau de intensificação da
produção agrícola e agropecuária de determinada localidade. É
ideal que haja distinção quanto suas possíveis formas de produção
– como agricultura familiar, agricultura orgânica, agricultura
agroecológica – e seus diferentes atores – como latifundiários,
camponeses, indígenas e quilombolas (BRASIL, 2010a; 2017;
CONSEA, 2010).
b) Disponibilidade de alimentos – Quantitativos de alimentos
disponíveis para serem consumidos e comercializados localmente,
visto que, muitas vezes, a quantidade produzida não
necessariamente representa o disponível para o consumo humano
local por motivos como a exportação de alimentos, o destino de
alimentos para consumo animal ou a aplicação na produção de
biocombustíveis. Conta, por exemplo, com indicadores dos

93
estoques locais de alimentos e das centrais de abastecimento
(BRASIL, 2010a; 2017; CONSEA, 2010).
c) Renda e condições de vida – Dimensão que permite mensurar o
potencial de compra de alimentos pela população. Inclui
indicadores como: pessoal ocupado; desigualdade social; pobreza
e extrema pobreza; gastos das famílias com alimentação total; e
situação de Insegurança Alimentar domiciliar de determinada
localidade (ALMEIDA et al., 2017; BRASIL, 2010a; 2017;
CONSEA, 2010).
d) Acesso à alimentação adequada e saudável – Relaciona-se ao
comportamento alimentar da população, que pode ser influenciado
tanto pelas escolhas pessoais, como por aspectos culturais,
sociais e pela qualidade e acesso à informação. Costumeiramente
incluem-se a essa dimensão indicadores sobre equipamentos
públicos de SAN, fornecimento de alimentação escolar e
distribuição de alimentos adequados para populações específicas
(ANTONACCIO et al., 2016; BRASIL, 2010a; 2017; CONSEA,
2010).
e) Saúde, nutrição e acesso a serviços relacionados – O
monitoramento da saúde e, especificamente, da nutrição, é
essencial à Política de SAN, se relacionando diretamente com a
utilização biológica dos alimentos. Permite acompanhar o estado
nutricional; a prevalência de intolerâncias, alergias, carências e
outras condições alimentares específicas; o estado de
saneamento básico do município; a incidência de surtos de
doenças transmitidas por alimentos; e indicadores
higiênicossanitários (BRASIL, 2010a; 2017; CONSEA, 2010).
f) Educação – O conhecimento do nível educacional de determina
população é essencial ao planejamento de diferentes tipos de
intervenção em SAN. O nível educacional ainda se relaciona à
situação de SAN domiciliar e com escolhas alimentares
adequadas. Indicadores dessa dimensão de análise permitem, por
exemplo, maior adequação no desenho de ações de Educação

94
Alimentar e Nutricional (EAN) ou de capacitações em práticas
agrícolas (BRASIL, 2010a; 2012a; 2017; 2018b; CONSEA, 2010).
g) Programas e ações relacionadas à Segurança Alimentar e
Nutricional – As políticas públicas representam as características
e os valores de um determinado governo, traduzindo a forma como
este usa as instituições públicas para se relacionar com a
sociedade e garantir os seus direitos. Assim, o monitoramento de
programas e ações relacionadas a SAN expressaria o
compromisso que o poder público local possui em relação a
destinação de recursos para assegurar o Direito Humano à
Alimentação Adequada (DHAA) (BRASIL, 2010a; 2017; CONSEA,
2010)
Contemplando estas dimensões, o CONSEA Nacional elaborou em
2010 o documento “A Segurança Alimentar e Nutricional e o Direito Humano à
Alimentação Adequada no Brasil”, visando auxiliar na escolha de indicadores
para o monitoramento dos planos de SAN (CONSEA, 2010). Dadas as
especificidades dos estados e municípios, adaptações serão necessárias no
intuito de adequar o elenco de indicadores aos diferentes contextos locais,
sempre visando a viabilidade do monitoramento e a abrangência do maior
número de dimensões de análise possível. Um exemplo é o documento “Balanço
das Ações do PLANSAN 2012/2015”, que relaciona indicadores de resultado
com cada uma das diretrizes da PNSAN (CAISAN, 2017).
Em relação ao monitoramento da PNSAN, o Decreto 7.272/10
(BRASIL, 2010a), em seu Artigo 21, parágrafos, 4 e 6, determina que:
O monitoramento e avaliação da PNSAN será feito por sistema
constituído de instrumentos, metodologias e recursos capazes de aferir a
realização progressiva do direito humano à alimentação adequada, o grau de
implementação daquela Política e o atendimento dos objetivos e metas
estabelecidas e pactuadas no Plano Nacional de Segurança Alimentar e
Nutricional
[...]
§ 4 - O sistema referido no caput terá como princípios a
participação social, equidade, transparência, publicidade e
facilidade de acesso às informações.
[...]

95
§ 6 - O sistema de monitoramento e avaliação deverá identificar
os grupos populacionais mais vulneráveis à violação do direito
humano à alimentação adequada, consolidando dados sobre
desigualdades sociais, étnico-raciais e de gênero (BRASIL,
2010a).

Entende-se que essa normativa deva ser considerada na escolha de


possíveis indicadores, podendo as propriedades, comentadas acima, serem
utilizadas como critérios para sua seleção.
Com relação ao processo de monitoramento do PLANSAN, a seguir
será demonstrada uma sequência de etapas pensada como forma de guiar a
coleta de indicadores. Desta forma, inicia-se com a busca em sistemas de
informação, passando pela organização de um fluxo de rotinas no âmbito da
CAISAN e, por último, visitas presenciais em órgãos setoriais.

Busca de indicadores existentes

Objetivando facilitar o monitoramento e exaurir primeiramente as


formas mais simplificadas de obtenção de indicadores para as metas do
PLANSAN, recomenda-se, de forma inicial, a busca por indicadores que já
seriam coletados em sistemas locais de maior amplitude, de acordo com o
Parágrafo 2º do Artigo 21 do Decreto 7.272/2010 (Brasil, 2010a):

§ 2º - O sistema de monitoramento e avaliação utilizar-se-á de


informações e indicadores disponibilizados nos sistemas de
informações existentes em todos os setores e esferas de
governo (BRASIL, 2010a).

Desta forma, o monitoramento se iniciaria pela busca de indicadores


com maior facilidade de serem adquiridos e maiores esforços poderiam ficar
destinados às etapas posteriores do monitoramento, evitando a busca
dispendiosa por dados que já estariam acessíveis.
Um ponto de partida seria conferir se o PPA contempla
programas/ações de SAN propostas no PLANSAN. Caso positivo, o sistema de
monitoramento próprio do PPA poderia consistir em uma fonte eficaz de auxílio
ao monitoramento das metas das ações e programas em questão (BRASIL,
2012a; 2012b; 2015; 2016; 2017; 2018a).

96
Outras fontes de indicadores já existentes também podem ser
encontradas por meio do acesso a plataformas virtuais de entidades da
administração pública. Estes indicadores, ressalta-se, devem ter suas
propriedades atentamente avaliadas no intuito de que não haja equívocos, como
a escolha de indicadores que não sejam adequados à realidade do município por
sua baixa validade ou periodicidade.
Exemplos de plataformas virtuais com dados relacionados à PNSAN
são o Portal de Informações Agropecuárias da Companhia Nacional de
Abastecimento (CONAB); A SAGI e o Sistema de Vigilância Alimentar e
Nutricional (SISVAN). Essas e outras plataformas devem ter seus indicadores
avaliados no intuito de mensurar eventuais ações e programas constantes dos
planos de segurança alimentar e nutricional. Exemplos de indicadores
desagregados a nível municipal disponibilizados por essas plataformas, estão
dispostos no Quadro 2.

Quadro 2 – Exemplos de indicadores para monitoramento em SAN


disponibilizados em plataformas oficiais

Plataforma Exemplos de indicadores disponibilizados

Portal de Informações
Agropecuárias da • Entregas realizadas de alimentos do Programa de
Companhia Nacional de Aquisição de Alimentos (PAA)
Abastecimento (CONAB)

Secretaria de Avaliação e • Número de famílias cadastradas no Cadastro Único


Gestão da Informação do para Programas Sociais do Governo Federal
Ministério do (CadÚnico)
Desenvolvimento Social • Número de Restaurantes Populares em
(SAGI/MDS) funcionamento

• Área plantada ou destinada à colheita em hectares


Instituto Brasileiro de
para produção agrícola municipal
Geografia e Estatística
• Quantidade produzida em toneladas pela produção
(IBGE)
agrícola municipal

Fundação Nacional do
• Área total de demarcações indígenas
Índio (FUNAI)

Fundação Cultural
• Área total de demarcações quilombolas
Palmares

Instituto Nacional de
• Número de projetos de assentamento da reforma
Colonização e Reforma
agrária
Agrária (INCRA)

97
• Quantidade de alunos atendidos pelo Programa
Nacional de Alimentação Escolar
Fundo Nacional de • Percentual de compra de alimentos oriundos da
Desenvolvimento da agricultura familiar destinados para a alimentação
Educação (FNDE) escolar

Empresa Brasileira de • Quantidade de cisternas do Programa Nacional de


Pesquisa Agropecuária Apoio à Captação de Água de Chuva e outras
(EMBRAPA) Tecnologias Sociais (Programa Cisternas)

Sistema de Vigilância
Alimentar e Nutricional • Estado nutricional em diferentes fases da vida de
(SISVAN) usuários do Sistema Único de Saúde

Departamento de
Informática do SUS
(DATASUS) • Incidência de baixo peso ao nascimento
Fonte: Autoria própria.

Os estados e municípios devem agregar indicadores que considerem


importantes para refletir os resultados da implementação de seus planos.
Recomenda-se que sejam consultadas fontes de informações do próprio
município no intuito de que sejam localizados indicadores usualmente coletados
que podem ser aplicados no monitoramento do plano de SAN (Brasil, 2017).

Organização de um fluxo de rotinas: Acompanhando ações por meio da


Câmara Intersetorial de Segurança Alimentar e Nutricional

São comuns as situações onde a busca por indicadores existentes em


plataformas virtuais se exaure sem localizar um número suficiente para um
abrangente monitoramento do plano de SAN. Nesse caso, uma alternativa é a
criação de um grupo de trabalho no âmbito da CAISAN local com vista a transpor
os desafios surgidos na obtenção dos indicadores desejados.
Esse grupo deve ser responsável por definir metodologia de
monitoramento do Plano de SAN e implementá-la, nos moldes do Comitê
Técnico de Monitoramento instituído pela CAISAN nacional, por meio da
Resolução CAISAN nº 5, de 28 de agosto de 2014, que resolve (CAISAN, 2014;
CONSEA, 2010):
Art. 1º - Instituir Comitê Técnico - CT 9 com as seguintes
atribuições:

98
I - Definir instrumentos e metodologia para monitorar, avaliar e
divulgar a implementação dos objetivos e das metas pactuados
no I Plano Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional -
PLANSAN 2012/2015, aprovado pela Resolução nº 1, de 30 de
abril de 2012, da Câmara Interministerial de Segurança
Alimentar e Nutricional - CAISAN;

II - Efetuar levantamento e caracterização, em articulação com


outros órgãos do governo federal, de informações e sistemas de
monitoramento e avaliação já existentes ou em
desenvolvimento, que contemplam ações do PLANSAN
2012/2015;

III - Sistematizar e utilizar informações e indicadores


disponibilizados nos sistemas de informações ou em outras
fontes de dados, incluindo todas esferas de governo; e

IV - Definir estratégias de divulgação do monitoramento do I


PLANSAN à sociedade, ao Conselho Nacional de Segurança
Alimentar e Nutricional - CONSEA e aos órgãos de governo.

Art. 2º - O Comitê Técnico será composto por representantes de


Ministérios integrantes da CAISAN, além de representante do
Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional -
CONSEA [...] (CAISAN, 2014).

Desta forma, o grupo deverá tratar de todas essas questões, de forma


consensual, comprometendo, assim, todos os órgãos membros da Câmara
Intersetorial (BRASIL, 2017). O Quadro 3, ilustra a experiência da CAISAN-CE,
na definição dos passos operacionais para o monitoramento do PLANSAN-CE.

99
Quadro 3 - Passos operacionais para monitoramento do PLANSAN
Etapa Passos / Atividades
Criação de Comitê Técnico (CT) de Monitoramento (com re-
presentantes da CAISAN e CONSEA) onde serão definidas
estratégias, rotinas padronizadas, processos e demais itens que
irão compor o plano de monitoramento.

Elaboração e publicação de portaria de nomeação do CT.

Definição de instrumentos e metodologia para funcionamento do


CT de Monitoramento (datas de reuniões, horários, etc.)

Oficina com o CT de Monitoramento sobre nivelamento de


conceitos e planejamento de ações.

Levantamento e análise das fontes de dados/indicadores e


sistemas existentes, tendo por base os sistemas de
monitoramento, em uso das diversas setoriais.

Análise do PLANSAN vigente.

Definição dos órgãos, setores, unidades responsáveis para


preenchimento do sistema.

Planejamento das oficinas setoriais.

Monitoramento do Realização das oficinas setoriais para definição de indicadores e


PLANSAN via metas, bem como definição da coleta de dados, das rotinas, dos
CAISAN processos e dos instrumentais a serem utilizados.

Apresentação e validação da matriz de indicadores e metas para


CAISAN (Pleno Executivo).

Definição e treinamento preliminar de sistema de informação,


fluxos e rotinas, relatórios, formulários e demais pontos
necessários

Desenvolvimento (se possível) de sistema informatizado de


monitoramento envolvendo equipes de Tecnologia da Infor-
mação (TI) das setoriais.

Treinamento de sistema informatizado junto as equipes de TI, de


planejamento e coordenadores de programas de SAN das
diversas setoriais.

Envio de ofícios e e-mails aos órgãos responsáveis com tutorial


e orientações sobre o preenchimento do sistema.

Produção do plano de monitoramento – com estruturação de um


documento contemplando todo processo metodológico. Esse
plano descreve os objetivos, atores envolvidos, competências e
responsabilidades, metodologias, rotinas, etapas, processos,
instrumentais, periodicidade, etc.

100
Etapa Passos / Atividades
Validação do sistema pela CAISAN (Pleno Secretarial) e
CONSEA.

Reuniões sistemáticas do CT de Monitoramento.

Realização de oficinas intersetoriais por diretriz (para moni-


toramento das metas) com setoriais e CONSEA.

Alimentação do sistema (constante).


Implementação e
alimentação do Monitoramento no sistema das metas que não estão no PPA.
sistema Preenchimento do sistema– uma vez por semestre (março e
informatizado outubro, por exemplo).

Elaboração de relatórios de sistematização.

Realização de ajustes no sistema.

Divulgação semestral dos dados do Monitoramento (Boletins).

Reuniões específicas do CT de Monitoramento para planejar a


revisão do PLANSAN.

Realização de oficina com o CONSEA.

Sistematização da revisão do PLANSAN.

Priorização e pactuação de metas do PLANSAN para moni-


toramento.

Cruzamento (batimento) da execução das metas do PLANSAN


com o PPA.

Revisão das metas (envio de formulários para setoriais).

Revisão do Criação de um observatório vinculado à Secretaria Executiva da


PLANSAN CAISAN com suporte do CONSEA e Universidades.

Realização de oficinas intersetoriais para revisão do PLANSAN


a cada dois anos para pactuação, revisão e priorização de
metas.

Realização do balanço do PLANSAN no segundo ano de


execução e subsídio às conferências SAN + 2.

Produção de documento “Balanço do PLANSAN”.

Divulgação dos dados por meio de boletins, balanços, relatórios,


etc.

Elaboração de relatórios e outros documentos para subsidiar


reuniões da CAISAN – inclusive para tomadas de decisões.
Fonte: Autoria própria.

101
Balanço das ações e programas do PLANSAN

Conforme o parágrafo único do art. 19 do Decreto nº 7.272/10


(BRASIL, 2010a), os PLANSAN deverão ser revisados a cada dois anos, com
base:
a) Nas orientações das respectivas Câmaras Intersetoriais de SAN;
b) Nas propostas dos respectivos Conselhos de SAN;
c) No monitoramento da sua execução.
A realização do balanço é essencial para o acompanhamento da
execução dos PLANSAN, fornecendo informações sobre quais processos
permanecem, quais deveriam ser reforçados e quais deveriam ser corrigidos.
Diante dos resultados do balanço, parcerias poderiam ser buscadas como forma
de atingir metas que não foram alcançadas, prioridades a serem monitoradas
poderiam ser estabelecidas e considerações úteis à elaboração do próximo
Plano poderiam ser registradas.
Ainda segundo o Decreto 7.272/10 (BRASIL, 2010a), no Parágrafo 3º
de seu Artigo 21, têm se que:

§ 3o Caberá à Câmara Interministerial de Segurança Alimentar e


Nutricional tornar públicas as informações relativas à segurança
alimentar e nutricional da população brasileira (BRASIL, 2010a).

Neste sentido, é importante que a revisão do PLANSAN seja


encarada como uma forma de tornar públicas as informações obtidas, devendo
ser disponibilizada à população de forma semelhante ao próprio Plano.

ORGANIZANDO UM SISTEMA DE MONITORAMENTO

Como especificado no Art. 21 do Decreto n.º 7.272 de 2010 (BRASIL,


2010a) o monitoramento e avaliação do PLANSAN requer a necessidade de um
sistema formal e, para tanto, é necessária a clara definição dos indicadores.
Idealmente, estes indicadores devem ser específicos e sensíveis às ações
programadas, a fim de se tornarem, de fato, úteis para inferir se o programa está
sendo implantado conforme planejado ou para permitir as correções (BRASIL,
2010b; 2014; JANNUZI, 2011).

102
Não existe uma maneira pré-estabelecida de disposição de
indicadores. No entanto, a literatura sobre planejamento de políticas públicas e,
especificamente, sobre SAN nos traz formas de elencá-los. Um exemplo seria o
apresentado abaixo, no Quadro 4, onde indicadores são relacionados à sua
dimensão de análise, meta, periodicidade de coleta, fonte de obtenção e o
responsável pela execução. Poderiam, inclusive, ser adicionados outros
elementos, como justificativas e fórmulas de cálculo (BRASIL, 2010b; CONSEA,
2010).

Quadro 4 – Exemplo de organização de indicadores para um sistema de


monitoramento de planos de SAN

Periodi-
Dimensão cidade de Fonte de Responsá-
de análise Meta Indicador coleta obtenção vel

Percentual
50% de de compras
Acesso à compras da da Site do Se-
Secretaria
alimentação agricultura agricultura tor Munici-
Trimestral Municipal de
adequada e familiar para familiar para pal de Edu-
Educação
saudável a alimenta- a ali- cação
ção escolar mentação
escolar

Capacita- Percentual
ção de de vende- Telefonema
Saúde, 100% dos dores am- à Coordena-
nutrição e vendedores bulantes ção Secretaria
acesso a ambulantes capacitados Semestral Municipal Municipal de
serviços em Boas em Boas de Vi- Saúde
relacionado Práticas de Práticas de gilância
Ma- Ma- Sanitária
nipulação nipulação
Fonte: Autoria própria.

Em um ambiente ideal, é importante que sejam criadas ferramentas,


como planilhas eletrônicas ou softwares especializados. Gráficos são meios
úteis de ordenar e visualizar o progresso dos indicadores em questão.
Tal sistematização se mostra importante frente o disposto no
Parágrafo 1º do Artigo 21 do Decreto 7.272/10:

§ 1º - O monitoramento e avaliação da PNSAN deverá contribuir


para o fortalecimento dos sistemas de informação existentes nos

103
diversos setores que a compõem e para o desenvolvimento de
sistema articulado de informação em todas as esferas de
governo (BRASIL, 2010a).

Nesse trecho ressalta-se que os indicadores obtidos e armazenados


deverão, caso solicitados, ser disponibilizados para setores demandantes, com
vistas à colaboração e ao fortalecimento de outros sistemas de monitoramento.
Portanto, evidencia-se a relevância de haver organização desses dados que
podem ser demandados por outros órgãos.

CONSIDERANÇÕES FINAIS

A vivência no Projeto ConsolidaSisan mostrou que o monitoramento


dos PLANSAN ainda se mostra um desafio tanto para os estados quanto para
os municípios. Essa prática se encontra em processo de construção, no qual se
observam avanços sobretudo na compreensão da sua importância, na
disponibilidade de indicadores nos diversos sistemas de informação já
existentes.
No entanto, obstáculos são observados, como a dificuldade em
identificar indicadores ideais e fazer a análise de sua viabilidade no
monitoramento das ações; a fragilidade dos dados; a insuficiência de recursos
humanos com competência técnica requerida; a não incorporação do
monitoramento no planejamento das políticas públicas; e o caráter intersetorial
da Política de SAN – que embora seja essencial para assegurar o DHAA,
necessita de constantes esforços para sua concretização.
A construção deste capítulo visou colaborar com a sistematização dos
conhecimentos existentes sobre o monitoramento – ressaltando a potencialidade
dessa prática para assegurar a execução dos PLANSAN e para subsidiar a
participação e controle social na política de SAN. Sabendo da impossibilidade de
esgotar o tema, esperamos ter contribuído com aspectos teóricos e exemplos
práticos acerca do monitoramento em SAN, principalmente em âmbito municipal,
tendo em vista o caminho lógico de capilarização do SISAN, após este sistema
ter atingido as esferas federal e estadual do Brasil.

104
105
Capítulo 7

O COMPONENTE DA AVALIAÇÃO DOS PLANOS DE SEGURANÇA


ALIMENTAR E NUTRICIONAL

Maria Marlene Marques Ávila


Márcia Andréia Barros Moura Fé
Italo Wesley Oliveira Aguiar

Quando se morre de fome no Brasil


é porque o Estado está
completamente omisso em relação
aos direitos de determinados
grupos sociais.
(Francisco Menezes)

Uma das metas do Projeto ConsolidaSisan era capacitar atores


sociais para a elaboração dos Planos de Segurança Alimentar e Nutricional, cuja
avaliação é prevista na Política Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional –
PNSAN (BRASIL, 2010a). Tal meta definiu a necessidade da equipe aprofundar
o conhecimento sobre o monitoramento e a avaliação da PNSAN. Neste capítulo
abordamos o conhecimento construído a partir desse aprofundamento, aplicado
ao processo de construção dos planos nos estados do Ceará, Maranhão e Piauí.
No contexto social da América Latina ocorreram avanços nas políticas
sociais, mais observados a partir do final dos anos 1980, que buscaram reduzir
a enorme iniquidade social, característica predominante dos países da região. O
avanço destas políticas, tensiona a necessidade de avaliação dos instrumentos
que as concretizam. Uma vez que a política pública é planejada, deve ser
implementada por meio de planos de ação, os quais precisam ser monitorados
e avaliados.
As políticas públicas são formas dos governos promover o bem
público, mantendo ou modificando realidades nas quais são identificadas
problemas que interferem no cumprimento dos direitos sociais. Desta definição
depreende-se que as políticas públicas são ferramentas da gestão pública, cuja
realização depende da alocação de recursos públicos, daí a essencialidade do
monitoramento e da avaliação como formas de verificação do bom uso destes

106
recursos, destacando-se aqui o recurso financeiro, uma vez que as políticas
públicas são financiadas com o dinheiro do contribuinte (ARRETCHE, 2007).
A literatura diferencia análise e avaliação das políticas públicas,
esclarecendo que a análise é mais ampla por ter como foco todo o processo
político que influiu na elaboração da política; enquanto a avaliação foca na
política específica. Assim, no ciclo de elaboração da política pública – consistindo
nas etapas de formulação, implementação e avaliação – temos então que a
avaliação é constitutiva da análise (VIANA, 1996; DIAS; MATOS, 2012; SECCHI,
2013).
Para análise e compreensão de uma política, é importante
(re)conhecer os grupos envolvidos e suas visões, buscando o entendimento dos
conflitos e negociações presentes na construção do texto legal. O ideal é não se
restringir aos enunciados formais e valorizar os processos e sujeitos envolvidos
na elaboração da política, pois é na prática política do dia a dia das instituições
e das relações sociais que se identifica o modo de constituir as políticas públicas
em cada contexto (BAPTISTA; MATTOS, 2011).
Esses autores destacam ainda que os caminhos para a análise de
políticas devem percorrer o contexto em que elas nasceram, buscar
compreender os sujeitos que fazem parte da sua história, os espaços de relação
e negociação utilizados pelos sujeitos e os processos de inserção e sustentação
de conteúdos e enunciados que fazem parte do texto da política proposta. Por
outro lado, o principal destinatário do conhecimento sobre as análises das
políticas sociais deve ser os sujeitos ou setores mais marginalizados, que
poderão usar esses resultados para realizar o controle social da política pública
e buscar a democratização.
Os programas que concretizam as políticas públicas são realizados
por meio de ações diversas, as quais requerem o acompanhamento como forma
de verificar sua efetividade, ou seja, o impacto relacionado aos objetivos da
política.
De acordo com Barreira (2000, p.13) a avaliação é fundamental “para
aferir o grau de eficiência, efetividade e eficácia que os serviços sociais
apresentam e em consequência realimentar decisões e ações no campo da
política social”.

107
Diferentes conceitos são aplicados ao termo avaliar. Quando se trata
de avaliação de políticas públicas são bem definidas as tipologias de avaliação
de diagnóstico, de processos e de resultados, que por sua vez podem ser
operacionalizadas por diferentes metodologias a depender do objetivo da
avaliação e do objeto a ser avaliado.
No entanto, apesar de sua relevância evidente, historicamente não
há, no Brasil, a tradição de avaliar as políticas públicas. Somente a partir dos
anos 1990 a administração pública brasileira tem instituído sistemas de
avaliação às estruturas governamentais (VAITSMAN; PAES-SOUSA, 2009).
Neste contexto, em uma ação inovadora, foi criada no âmbito do
extinto Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS) a
Secretaria de Avaliação e Gestão da Informação (SAGI) que institucionalizou a
função de avaliar e monitorar, incorporando-a à gestão das políticas e programas
sociais executadas por aquele Ministério (VAITSMAN; PAES-SOUSA, 2009).
Uma contribuição inicial importante da SAGI foi a definição de um arcabouço
conceitual mínimo sobre avaliação e monitoramento contemplando as
dimensões: estrutura, processos, resultados e impactos.
A PNSAN operacionalizada até o ano 2018 pelo MDS é a forma
instituída do Estado brasileiro assegurar o Direito Humano à Alimentação
Adequada (DHAA), e objetiva de forma geral promover a soberania e a
segurança alimentar e nutricional da população brasileira, compreendida como
o “acesso regular e permanente a alimentos de qualidade, em quantidade
suficiente, sem comprometer o acesso a outras necessidades essenciais, tendo
como base práticas alimentares promotoras de saúde, que respeitem a
diversidade cultural e que sejam ambiental, cultural, econômica e socialmente
sustentáveis” (BRASIL, 2006).
De natureza intrinsecamente intersetorial, cabe ao Sistema Nacional
de Segurança Alimentar e Nutricional (SISAN) articular os vários programas e
ações que dão concretude à PNSAN, que, não é demais frisar, dada a sua
natureza, requer a integração de políticas e programas de diferentes setores
para consecução de seus objetivos.
Instituída em 2010 pelo decreto nº 7.272 da Presidência da República,
a PNSAN estabelece os parâmetros para elaboração do Plano Nacional de
Segurança Alimentar e Nutricional (PLANSAN), que deve ser pactuado pelos

108
diversos setores da administração pública e se constitui no principal instrumento
de planejamento, gestão e execução da PNSAN, e, ainda, conforma os
componentes do SISAN, já previstos na Lei Orgânica de Segurança Alimentar e
Nutricional (LOSAN): Conferência Nacional de Segurança Alimentar e
Nutricional; Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (CONSEA);
Câmara Interministerial de Segurança Alimentar e Nutricional (CAISAN); órgãos
e entidades do Poder Executivo Federal responsáveis pela implementação dos
programas e ações integrantes do PLANSAN; órgãos e entidades dos Estados
e do Distrito Federal; órgãos e entidades dos Municípios.
A avaliação e monitoramento da realização do DHAA estão previstos
na LOSAN enquanto dever do poder público (BRASIL, 2006), e de acordo com
a PNSAN, os mecanismos de monitoramento e avaliação do PLANSAN devem
ser definidos no Plano, que por sua vez deve ser revisado a cada dois anos.
O primeiro PLANSAN foi elaborado para o período 2012-2015, e o
segundo com vigência para os anos 2016-2019. Em 2015, em pleno processo
de implantação do SISAN no território nacional os estados foram elaborando
seus planos de SAN, alguns já encontravam-se na execução do segundo plano
estadual, enquanto outros ainda na execução do primeiro, o mesmo se aplicando
aos municípios, onde esse processo se dá muito lentamente. Dessa forma todos
estes entes federados se deparam com o mesmo desafio, avaliar os programas
e ações que buscam assegurar o DHAA.
Ao iniciar o Projeto ConsolidaSisan, os estados do Ceará, Piauí e
Maranhão estavam em diferentes momentos de elaboração dos planos
estaduais de SAN. No Ceará e Piauí estava em vigência o primeiro PLANSAN
elaborado para o período 2012-2015 e o Piauí estava em processo de
elaboração do primeiro plano. Dessa forma, uma das metas do projeto se
relacionava à capacitação dos gestores públicos, conselheiros e representantes
da sociedade civil no âmbito municipal para incentivar a elaboração e/ou revisão
dos PLANSAN, visando a adesão ao SISAN.
Importante esclarecer que ao descrever inicialmente a meta no
projeto, havia a suposição que os três estados já tinham seus planos, que
portanto, uma forma de contribuir na consolidação do SISAN seria colaborar na
revisão dos planos estaduais, com vistas a aperfeiçoar o segundo plano para o

109
período 2016-2019 e capacitar os atores sociais dos municípios para a
elaboração dos planos municipais.
Esta capacitação se deu por meio de oficinas, sendo realizada uma
em cada estado, e apesar das realidades diferentes, os temas abordados foram
praticamente os mesmos: Segurança Alimentar e Nutricional, abrangendo a
concepção de SAN, DHAA, SISAN, PNSAN, PLANSAN e os princípios
intersetorialidade e participação social na PNSAN; diagnóstico do SISAN em
cada estado; experiência dos estados e seus municípios na elaboração dos
Planos de Segurança Alimentar e Nutricional; exposição sobre as diretrizes da
PNSAN; apresentação da experiência municipal de funcionamento da CAISAN
e a execução de programas, projetos e ações de SAN; apresentação de
experiência sobre intersetorialidade em alguns municípios; o PLANSAN nos
estados e municípios - conceito e importância; roteiro do plano e etapas para sua
elaboração. Como atividade das oficinas foi sugerido um roteiro de análise dos
planos de SAN, contemplando a estrutura e o processo de elaboração.
Ao realizar-se a oficina sobre a elaboração dos planos de SAN, o
Ceará já estava na vigência do segundo PLANSAN referente ao período 2016-
2019. No Ceará a Lei Orgânica de Segurança Alimentar e Nutricional (LOSAN-
CE), Lei nº 15.002, de 21.09.11 cria o SISAN-CE, a Câmara Intersetorial de
Segurança Alimentar e Nutricional (CAISAN-CE) e dispõe sobre a Política de
Segurança Alimentar e Nutricional (PSAN-CE). Em seu artigo 6o. afirma ser tal
política, estratégica para o desenvolvimento sustentável e no artigo 8o. aborda
o Plano de Segurança Alimentar e Nutricional. Especifica que o PLANSAN-CE
deve ser elaborado no âmbito do Plano Plurianual do Estado (PPA) e estabelece
a competência da CAISAN-CE na sua elaboração, monitoramento e avaliação.
Contudo, conforme Moura Fé (2018) o “PPA no Ceará possui uma limitada
capacidade de atender as demandas da sociedade civil na área de SAN, é
importante rever os programas e iniciativas de SAN inclusos nesse plano,
buscando ampliar essas ações e respectiva dotação orçamentária”.
Os planos de segurança alimentar e nutricional como instrumentos
que concretizam a PNSAN, devem propor ações que contemplem as oito
diretrizes desta política - Promoção do acesso universal à alimentação adequada
e saudável, com prioridade para aqueles em situação de INSAN; Promoção do
abastecimento, produção, extração, processamento e distribuição de alimentos;

110
Instituição de processos permanentes de educação alimentar e nutricional;
Promoção, universalização e coordenação de ações de SAN voltados para
quilombolas e demais povos e comunidades tradicionais; Fortalecimento das
ações de alimentação e nutrição em todos os níveis de atenção a saúde, de
modo articulado às demais ações de SAN; Promoção do acesso universal à
água, para a produção de alimentos da agricultura familiar, pesca e aquicultura;
Apoio a iniciativas de promoção da soberania alimentar, segurança alimentar e
nutricional e do direito humano à alimentação adequada; Monitoramento da
realização do Direito Humano à Alimentação Adequada (BRASIL, 2010a), - bem
como devem privilegiar as recomendações das conferências em seus níveis
específicos (nacional, estadual, municipal).

OS PLANOS DE SAN NO CEARÁ

Dessa forma, o I PLANSAN-CE seguiu as oito diretrizes da PNSAN,


buscou referências no Relatório da 4ª. Conferência Estadual de Segurança
Alimentar e Nutricional, bem como nas proposições do CONSEA-CE, além de se
alinhar com o PPA 2012 – 2015 (CEARÁ, 2012).
Para elaboração do primeiro PLANSAN-CE, a CAISAN-CE formou um
comitê técnico com representantes das secretarias que a integram e dois
conselheiros do CONSEA-CE; como instância coordenadora do processo foi
formado um núcleo executivo do qual participaram quatro secretarias. A
elaboração cumpriu três etapas: Preparação e estruturação; Elaboração; e
Validação.
Importante informar que em 2015 a CAISAN-CE integrava as
seguintes secretarias: Trabalho e Desenvolvimento Social (posteriormente
renomeada para Secretaria de Proteção Social, Justiça, Cidadania, Mulheres e
Direitos Humanos); Desenvolvimento Agrário; Educação; Saúde; Planejamento
e Gestão; Recursos Hídricos; Ciência e Tecnologia; Pesca e Aquicultura;
Cidades; Cultura; Justiça e Cidadania. Também integram a CAISAN-CE o
Conselho de Políticas e Gestão do Meio Ambiente, a Coordenadoria Especial de
Políticas Públicas dos Direitos Humanos, a Coordenadoria Especial de
Igualdade Racial e o Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará.

111
A etapa preparatória constituiu-se da apropriação do processo de
construção do PLANSAN (nacional) o que envolveu: o estudo do plano e o
contato com a CAISAN nacional para conhecer como se dera a experiência de
elaborar o plano; a identificação das ações de SAN no PPA; a elaboração de
formulários e fichas técnicas para as setoriais; estudo dos indicadores de SAN,
contemplando as sete dimensões de análise previstas na PNSAN (produção e
disponibilidade de alimentos, renda/ despesas com alimentação, acesso à
alimentação adequada e saudável, incluindo água, saúde e acesso a serviços
de saúde, educação e políticas públicas); estruturação de quadros onde para
cada diretriz foram relacionados objetivos, metas, programas, ações e
orçamento.
A etapa de elaboração incluiu a realização de oficina para definir
desafios e indicadores; a elaboração do diagnóstico; a elaboração de um capítulo
específico sobre monitoramento e avaliação do plano; organização do
documento preliminar e apreciação no CONSEA-CE; apresentação para o grupo
de trabalho e comissão técnica e posteriores ajustes.
Na etapa de validação, o plano foi apresentado para os gestores das
secretarias integrantes da CAISAN e em seguida enviado ao Gabinete do
Governador para publicação, a isto seguiu-se o envio para a CAISAN nacional
formalizando a adesão do Ceará ao SISAN. O passo seguinte foi a difusão do
plano junto aos municípios, para isso, a estratégia foi enviá-lo aos CONSEA e
prefeituras municipais. Ainda como parte desta etapa foi proposta a construção
de um sistema de monitoramento e avaliação, para o que seria formado um
grupo de trabalho (GT) composto por órgãos integrantes da CAISAN com o fim
de estruturar um sistema de monitoramento sistemático, visando a elaboração
de relatórios contínuos de análise da evolução dos indicadores das ações e
programas de SAN. A estruturação deste sistema refletiria o compromisso do
governo estadual com o cumprimento do Plano e o GT deveria ser nomeado em
até noventa dias após aprovação do mesmo.
O PLANSAN-CE (2012-2015) propôs seis desafios: Implementar o
SISAN, promovendo capacitações sistemáticas que estimulem a criação dos
marcos regulatórios municipais, mecanismos de gestão, financiamento e
controle social incorporando a concepção do DHAA, e da intersetorialidade na
Política, nos programas e ações de SAN efetivadas em todo território cearense;

112
Impulsionar a Política de SAN pautada nos princípios da sustentabilidade e
soberania, numa perspectiva emancipatória que propicie a superação da
extrema pobreza e da insegurança alimentar e nutricional; Executar programas
e ações de SAN envolvendo a dimensão ambiental e territorial, integrando ações
estruturantes e emergenciais com enfoque no acesso à terra, à água e à
produção familiar agroecológica, priorizando os indígenas, quilombolas e demais
povos e comunidades tradicionais; Ampliar as ações de vigilância sanitária, de
combate ao uso de agrotóxico e fazer gestões para que sejam estabelecidos
indicadores progressivos a fim de, num futuro próximo, seja retirada a isenção
fiscal estabelecida pelo Governo estadual a tais produtos; estabelecer
estratégias de enfrentamento aos transgênicos garantindo agro biodiversidade e
de quaisquer produtos que envolvam a possibilidade de risco à saúde, em todas
as fases de seus processos de produção dos bens e produtos submetidos ao
controle e fiscalização sanitária, incluindo a destinação dos respectivos resíduos;
Estruturar um programa sistemático de educação alimentar e nutricional
integrando ações pontuais existentes e ampliando-as, tendo como foco principal
crianças e adolescentes; Criar e implementar um sistema de monitoramento de
indicadores consubstanciados nas dimensões de SAN, com periodicidade anual,
definidos no PLANSAN/CE, como também no acompanhamento e avaliação das
ações empreendidas no estado. Para a busca de realização destes desafios
definiu 104 metas que envolviam 16 órgãos do Governo.
Quanto ao monitoramento e avaliação, o plano elencou 124
indicadores e previu revisões para 2013 e 2014, de forma a possibilitar ajustes e
adequações, uma avaliação processual em 2014 e uma avaliação de resultados
em 2016, realizada parcialmente.
O segundo PLANSAN-CE para o período 2016-2019 contemplou as
etapas de elaboração e validação que seguiram processo semelhante ao do
primeiro plano, sendo consideradas as propostas da 5ª Conferência Nacional de
Segurança Alimentar e Nutricional e da 5ª Conferência Estadual de Segurança
Alimentar e Nutricional do Ceará. Contudo, aqui foi prevista a implementação do
sistema de monitoramento e avaliação, para isto foi elaborado um Manual de
Orientações Básicas para Monitoramento de Planos de Segurança Alimentar e
Nutricional pela equipe técnica da Célula de Segurança Alimentar e Nutricional
do Ceará, que integra a Secretaria de Proteção Social, Justiça, Cidadania,

113
Mulheres e Direitos Humanos (antiga Secretaria de Trabalho e Desenvolvimento
Social).
Contudo não foi realizado o monitoramento para as ações de SAN no
primeiro PLANSAN 2012-2015, o que poderia subsidiar a elaboração do
segundo plano. Poucas ações de acompanhamento das atividades de
implementação do plano anterior foram executadas, e o novo plano foi elaborado
sem realmente verificar o que foi ou não efetivado nas metas definidas.
Ressalta-se a importância da relação dos PLANSAN com os PPA
estaduais. A organização das ações de governo em PPA que resultem em bens
e serviços para a população está prevista na Constituição Federal e
regulamentada pelo Decreto no 2.829/1998. É o PPA de cada estado que definirá
os projetos e ações a serem executados, bem como a distribuição dos recursos
financeiros utilizados na gestão do poder executivo. Municípios, estados e o
governo federal devem elaborar e executar seus PPA e, nessa linha, os planos
de políticas públicas específicas servem para orientar as ações e programas
previstos, garantindo que respondam efetivamente pelo DHAA e segurança
alimentar e nutricional (MACHADO et al., 2018).
Para Machado et al (2018), ainda que a maioria dos estados com
planos publicados atendam a algumas normativas estabelecidas pela PNSAN,
esses instrumentos tornam-se frágeis e pouco exequíveis quando não estão
intimamente relacionados ao PPA, ou apresentam período de vigência diferente.
Quando não atrelados aos PPA, não possuem vinculação orçamentária para
suas metas. Algumas dificuldades para execução do II PLANSAN-CE - 2016-
2019 podem se relacionar com a divergência nos períodos de vigência, uma vez
que o planejamento do PPA para o mesmo período foi realizado em 2015, ou
seja, um ano antes da elaboração do plano o que repercute na redução dos
recursos destinados às ações de SAN.
O Plano Plurianual do Ceará para o período 2016-2019, concentra no
eixo Ceará Acolhedor para o qual são previstas menores dotações
orçamentárias. É neste eixo que estão as ações voltadas para a SAN,
assistência social, inclusão social e direitos humanos, habitação. A destinação
de recursos está assim distribuída: Assistência social (R$ 165.554.285,63);
inclusão social e direitos humanos (R$ 156.160.163,48); segurança alimentar e
nutricional (R$ 49.675.929,46); habitação (R$ 39.463.389,39).

114
O total de recurso destinado para a SAN no PPA foi distribuído entre
dois programas: um voltado para a promoção da segurança alimentar e
nutricional, de responsabilidade da Secretaria de Desenvolvimento Agrário, com
recursos em torno de R$ 47.215.525,25; e outro direcionado para gestão da
política de segurança alimentar e nutricional, sob coordenação da Secretaria de
Trabalho e Desenvolvimento Social, com o recurso de R$ 2.460.404,21
(CEARÁ,2018).
Observando os programas de SAN no PPA - eixo Ceará acolhedor,
identifica-se o tímido investimento do governo na área, revelando o incipiente
diálogo com as iniciativas propostas no II PLANSAN-CE, o que compromete a
consolidação da PSAN no estado. Assim, as iniciativas propostas pelo governo
são difíceis de serem executadas em todo o estado em razão da insuficiente
destinação de recursos financeiros e da pouca articulação intersetorial. É preciso
discutir como essas iniciativas foram escolhidas e inseridas no PPA, quem
participou dessas definições, levando proposições de alterações que realmente
possam dialogar com o PLANSAN Ceará (MOURA FÉ, 2018).
A CAISAN-CE reconhece alguns desafios relacionados à
operacionalização do plano estadual de SAN, os quais envolvem a
responsabilização dos órgãos e entidades integrantes do SISAN inclusive os da
União e municípios; o estabelecimento de mecanismos que assegurem a
integração com outros sistemas setoriais; a definição e acompanhamento do
orçamento para execução das ações; a incorporação de estratégias
intersetoriais e a instituição dos mecanismos de monitoramento e avaliação tanto
da destinação e aplicação dos recursos financeiros para a execução do plano,
quanto dos seus processos, resultados e impactos.
Este último desafio contribuiu para a avaliação parcial do plano ou
avaliação apenas de algumas ações, o que dá um caráter de parcialidade da
política, pois como referido anteriormente a avaliação é a última fase do ciclo das
políticas públicas e sua importância reside na verificação do cumprimento dos
objetivos e metas, do quanto foi possível cumprir e que dificuldades impediram
sua realização, o que repercute no grau de eficiência, efetividade e eficácia dos
programas e ações que concretizam o plano. O cumprimento dessa fase da
política pública dá o feedback para as decisões da gestão e respostas à
sociedade civil.

115
O PLANO ESTADUAL DE SEGURANÇA ALIMENTAR E NUTRICIONAL DO
MARANHÃO- PLANESAN-MA

O primeiro Plano Estadual de Segurança Alimentar e Nutricional do


Maranhão (PLANESAN-MA) foi elaborado pela CAISAN-MA, contando com a
participação da sociedade civil, por meio da representação de conselheiros do
CONSEA-MA e se configura como instrumento essencial de apoio à gestão da
Política de Segurança Alimentar no estado. Para sua elaboração foi constituída
pela CAISAN-MA uma comissão de trabalho que buscou subsídios nas
recomendações das Conferências de SAN e no diagnóstico situacional
(MARANHÃO, 2014a).
A essência do PLANESAN-MA consiste na indicação de ações
estratégicas considerando: diretrizes da PNSAN, marcos legais da SAN no
Estado, diretrizes, eixos estratégicos e ações recomendadas pelas conferências,
CONSEA-MA, Pacto Federativo para Promoção da Alimentação Adequada e
Saudável e Grupos de Trabalhos da CAISAN-MA, o diagnóstico situacional de
insegurança alimentar e nutricional.
O I PLANESAN-MA propôs como objetivo geral reduzir em 10 pontos
percentuais, em quatro anos (2012 a 2015), os índices de insegurança alimentar
e nutricional no estado, passando de 60.9% para 40,9%, conforme aferidos pela
PNAD/IBGE (MARANHÃO, 2014a). Como objetivos específicos, elenca:

Fortalecer a institucionalização do Sistema Estadual de


Segurança Alimentar e Nutricional (SISAN) e seus mecanismos
de gestão, participação e controle social;

Promover a saúde, a nutrição e a alimentação da população,


incluindo-se grupos específicos e populações em situação de
vulnerabilidade social;

Fomentar o abastecimento alimentar como forma de consolidar


a organização de circuitos locais e regionais de produção, em
especial da agricultura familiar, pescadores artesanais e
aquicultores para o abastecimento, processamento,
industrialização e distribuição de alimentos, incluindo a água e
valorizando os produtos da sociobiodiversidade;

Promover o acesso à terra aos agricultores(as) familiares, povos


indígenas, quilombolas e demais comunidades tradicionais, bem
como ao processo de desenvolvimento dos assentamentos,

116
como formas de democratizar o regime de propriedade e
combater a pobreza rural;
Ampliar os níveis de Educação Alimentar e Nutricional (EAN) e
de promoção da alimentação adequada e saudável;

Garantir o acesso à água para o consumo humano e para a


produção de alimentos, com qualidade e quantidade suficientes
de forma a promover a segurança alimentar e nutricional;

Garantir a qualidade biológica, sanitária e nutricional dos


alimentos, bem como seu aproveitamento, estimulando práticas
alimentares e estilos de vida saudáveis que respeitem a
diversidade étnica, racial e cultural da população;

Promover a pesquisa e monitoramento no âmbito da Política de


Segurança Alimentar e Nutricional – PLANESAN (MARANHÃO,
2014a).

A comissão de elaboração identificou os fatores causais da


insegurança alimentar e nutricional no estado, listados abaixo:

Falta de acesso do trabalhador rural a terras produtivas; Falta


de infraestrutura produtiva; Baixos níveis de emprego e geração
de renda; Escassez de produção de alimentos pela agricultura
familiar; Gestão deficitária dos programas de Segurança
Alimentar e Nutricional; Baixa qualidade (nutricional e higiênico-
sanitária) da alimentação consumida pela população; Baixos
níveis de educação alimentar e nutricional; Ausência de
profissionais que promovam alimentação saudável, nos quadros
funcionais do Estado do Maranhão; Baixos níveis de
organização da agricultura familiar, gerados pela falta de
capacitação dos produtores no tocante à organização social;
Precariedade de informações sobre segurança alimentar e
nutricional; Baixa institucionalização do Sistema de Segurança
Alimentar e Nutricional; Elevados índices de desperdício de
alimentos; Baixo acesso aos programas federais de SAN e
desarticulação entre eles (MARANHÃO, 2014a).

Estes eixos causais, posteriormente foram considerados eixos


estratégicos que contemplariam seis diretrizes/desafios da PNSAN nas quais
estão especificadas as ações do I PLANESAN-MA:

Diretriz 1 - Promoção do acesso universal à alimentação


adequada e saudável, com prioridade para as famílias e pessoas
em situação de insegurança alimentar e nutricional; Diretriz 2 -
Promoção do abastecimento e estruturação de sistemas
descentralizados, de base agroecológica e sustentáveis de
produção, extração, processamento e distribuição de alimentos;
Diretriz 3-Instituição de processos permanentes de Educação
Alimentar e Nutricional, nas áreas de SAN e DHAA; Diretriz 4-

117
Promoção, universalização e coordenação de ações de
segurança alimentar e nutricional voltados para quilombolas e
demais povos e comunidades tradicionais de que trata o Decreto
6040/2007 e povos indígenas e assentados da reforma agrária;
Diretriz 5-Fortalecimento das ações de alimentação e nutrição
em todos os níveis de atenção à saúde, de modo articulado às
demais ações de SAN; Diretriz 6-Monitoramento da realização
do direito humano à alimentação adequada (MARANHÃO,
2014a).

Estas diretrizes abrangem treze eixos estratégicos, vinte e dois


programas constantes do PPA 2012-2015 e 51 ações, com previsão de recursos
nas secretarias responsáveis por sua execução.
Interessante observar que o II PLANESAN, referente ao período
2016-2019 teve poucas alterações nas diretrizes, porém, quantitativamente
dobrou o objetivo geral, ou seja, propôs reduzir em 20 pontos percentuais, em
quatro anos (2016 a 2019), os índices de insegurança alimentar e nutricional no
Estado, porém de um total de 134 ações propostas, para apenas 32 houve
previsão orçamentária no PPA.

Monitoramento e avaliação

O plano prevê indicadores de resultados para cada ação, porém não


especifica metas, além disso os indicadores são todos primários, ou seja,
precisam ser coletados e analisados à medida que as ações se realizam, o que
está coerente com a compreensão de acompanhamento contínuo e sistemático,
explicitado no plano (MARANHÃO, 2014a), mas representa um grande desafio,
por requerer a construção de ferramentas que permitam a apreensão e análise
dos dados que se alinhem com plataformas de sistemas de informação já
utilizadas por diferentes secretarias setoriais.
Para monitorar e avaliar o I PLANESAN-MA há a recomendação da
criação pela CAISAN-MA de um comitê técnico, que teria um correspondente a
nível nacional. Contudo, esse atrelamento pode, em última análise,
desresponsabilizar o estado pela ação.

118
Desafios para a execução

Os desafios para a execução do I PLANESAN-MA envolvem, a


exemplo dos demais estados, os aspectos orçamentários, uma vez que apenas
há destinação de recursos para menos de um terço das ações propostas.
Uma dificuldade a ser transposta é o uso de indicadores primários
para o monitoramento, além disso, a não definição de metas dificulta o
acompanhamento da execução do plano.

O PLANO ESTADUAL DE SEGURANÇA ALIMENTAR E NUTRICIONAL DO


PIAUÍ – PESAN-PI

O primeiro Plano Estadual de Segurança Alimentar e Nutricional do


Piauí (PESAN-PI) relativo ao período 2018-2021 foi elaborado pela CAISAN-PI
com o apoio da Secretaria de Estado da Assistência Social e Cidadania (SASC),
do CONSEA-PI e do Projeto ConsolidaSisan, e explicita a finalidade de
consolidar e expandir a pactuação intersetorial e participativa, pautado pelos
princípios e diretrizes da Política de Segurança Alimentar e Nutricional do Piauí,
pelas deliberações da 5ª Conferência Estadual de SAN, proposições do
CONSEA e CAISAN-PI e por nove desafios, que possuem correspondência com
as oito diretrizes da PNSAN (PIAUÍ, s/d).
Além da 5a. Conferência Estadual de Segurança Alimentar e
Nutricional, foram movimentos que antecederam e motivaram a elaboração do I
PESAN-PI, durante o ano de 2015: A Oficina Regional do Nordeste para
Produção de Planos de SAN, em parceria com o MDS, que objetivou capacitar
os profissionais dos estados e dos municípios piauienses sobre esta temática;
Esboço de um questionário para o diagnóstico de SAN, elaborado pela CAISAN-
PI, Secretaria de Planejamento do Estado do Piauí (SEPLAN-PI) e SASC; Início
das ações Projeto ConsolidaSisan.
Como etapa preparatória, no ano de 2016 realizou-se a Oficina
Estadual para Construção do Processo Metodológico do I PESAN-PI, da qual
decorreu a proposta metodológica do diagnóstico situacional de SAN no Piauí e
a formação do Grupo de Trabalho (GT) para elaboração do plano, que além da
SASC, foi integrado pela Secretaria de Estado da Saúde do Piauí (SESAPI),

119
Secretaria de Estado da Educação (SEDUC-PI), CONSEA-PI, Diretoria da
Unidade de Segurança Alimentar e Erradicação da Fome (DUSAEF-PI),
Universidade Federal do Piauí (UFPI), Secretaria Municipal de Trabalho,
Cidadania e Assistencial Social de Teresina (SEMTCAS), e posteriormente, a
Secretaria Estadual de Planejamento (SEPLAN) e Universidade Estadual do
Piauí (UESPI) (PIAUÍ, s/d).
O objetivo geral do PESAN-PI é “aprimorar o desenvolvimento de
estratégias e mecanismos para aperfeiçoar o processo de construção do SISAN,
de forma que a União, os Estados e os Municípios possam, por meio de pactos
federativos, criar condições para assegurar a SAN da população brasileira”
(PIAUÍ, s/d, p. 10). Este objetivo realça a ênfase no fortalecimento do SISAN e
extrapola a ação para além do âmbito estadual, o que se configura como uma
impropriedade, e pode trazer impossibilidades de realização. Contudo, ao
examinarmos os objetivos específicos, vemos que todos são passíveis de
execução no âmbito estadual:

Diagnosticar a situação de SAN; mapear as ações de SAN nos


dois níveis administrativos; definir metas e prazos para
execução das ações; articular de forma efetiva os programas e
políticas no estado relacionados à SAN inseridos no plano;
empoderar os titulares de direito sobre diferentes políticas,
programas, ações que possam garantir o DHAA; monitorar as
ações e programas de SAN; e fortalecer o controle social no
âmbito estadual da respectiva política (PIAUÍ, s/d, p.10).

Podemos ainda fazer uma segunda leitura quanto aos objetivos geral
e específicos, é possível que a vivência de alguns integrantes da equipe de
elaboração do PESAN-PI no Projeto ConsolidaSisan tenha de certa forma
influenciado na elaboração do objetivo geral, além disso, os dois primeiros
objetivos específicos se constituíram em objetivos do referido projeto, mostrando
de forma positiva a influência deste na proposição do I PESAN-PI e na
configuração do SISAN no estado.

Diretrizes/desafios contemplados no plano

Relacionadas às diretrizes da PNAN, o I PESAN-PI propõe nove


desafios, organizados em torno de 38 metas que preveem em sua realização 73

120
ações, que por sua vez encontram-se agrupadas por eixos denominados
“dimensões de análise”, que revelam a ênfase dada no plano a diferentes
aspectos dos desafios, por exemplo: o desafio 1 “promover o acesso universal à
alimentação adequada e saudável, com prioridade para as famílias e pessoas
em situação de insegurança alimentar e nutricional” (correspondente à diretriz 1
da PNSAN), enfatizou o aspecto renda, assim a dimensão de análise criada foi
“Transferência de renda”, a meta correspondente é transferir renda a 100% das
famílias vivendo em extrema pobreza e para isso estão elencadas as seguintes
ações: Mapear as áreas do estado/municípios prioritárias, urbanas e rurais,
identificando aquelas famílias em situação de extrema pobreza ou
vulnerabilidade social; Aumentar para pelo menos 60% o número de famílias em
situação de segurança alimentar e nutricional no estado; Reduzir os índices de
extrema pobreza nas áreas rurais e urbanas, do estado, em pelo menos 15%
para área rural e 6% para área urbana (PIAUÍ, s/d).
Dessa forma foram elencados os seguintes desafios: Promover o
acesso universal à alimentação adequada e saudável, com prioridade para as
famílias e pessoas em situação de insegurança alimentar e nutricional; Promover
e incentivar a alimentação adequada e saudável da população piauiense, com
estratégias de educação alimentar e nutricional e medidas regulatórias; Prevenir
e controlar os agravos decorrentes da má alimentação; Fortalecer a
implementação do SISAN, consolidando a gestão estadual e municipal, a
intersetorialidade e a participação social; Promover a inclusão produtiva rural em
grupos populacionais específicos, com ênfase em povos e comunidades
tradicionais e outros grupos sociais vulneráveis no meio rural; Promover a
produção de alimentos saudáveis e sustentáveis, a estruturação da agricultura
familiar e o fortalecimento de sistemas de produção de base agroecológica;
Ampliar a disponibilidade hídrica e o acesso à agua para a população, em
especial a população de baixa renda no meio rural; Promover e fortalecer o
direito humano à segurança alimentar, com ênfase nas pessoas com direitos
infringidos à alimentação adequada ou em situação de risco ou discriminação
social; Ampliar a atuação do profissional nutricionista nas políticas de saúde, com
vistas ao apoio técnico das ações de alimentação e nutrição, em diversos
programas (PIAUÍ, s/d).

121
Monitoramento e avaliação

Para o acompanhamento da execução das ações o I PESAN-PI


apresenta uma planilha com 92 indicadores selecionados para o monitoramento,
especificando os desafios e metas às quais se referem, a dimensão de análise,
o órgão responsável e a fonte dos indicadores. Em sua totalidade são dados
secundários disponibilizados em diversas bases de dados dos Ministérios da
Saúde, da Cidadania, da Educação, IBGE, CONAB-PI, FNDE, ANVISA,
SISVAN, e-SUS, entre outros.

Desafios para execução do plano

A intersetorialidade está caracterizada no I PESAN-PI que elenca


diferentes secretarias / órgãos como responsáveis ou parceiros nas ações
propostas, contudo não há referências à previsão orçamentária no âmbito destes
ou no PPA, apesar de no Artigo 6º da Lei nº 5.862 de 01/07/2009, que dispõe
sobre o SISAN e a Política de Segurança Alimentar e Nutricional do Estado do
Piauí, referir que o Plano de Segurança Alimentar e Nutricional do Estado do
Piauí, no âmbito do Plano Plurianual da Ação Governamental - PPAG, deve:

I - identificar estratégias, ações e metas a serem implementados


segundo cronograma definido;
Il - indicar fontes orçamentárias e recursos administrativos a
serem alocados para a concretização do direito humano à
alimentação adequada;
III - criar condições efetivas de infraestrutura e recursos
humanos que permitam a exigibilidade administrativa do direito
humano á alimentação adequada;
IV - definir e estabelecer formas de monitoramento mediante a
identificação e acompanhamento de indicadores de vigilância
alimentar e nutricional, entre outros (PIAUÍ, 2009).

Em algumas ações a fixação das metas é por demais otimista, o que


pode resultar numa subestimativa dos resultados obtidos, ao se analisar o
contexto geral de execução do plano.

122
CONCLUSÃO

Como desfecho deste capítulo abordaremos alguns desafios


relacionados ao planejamento, execução e acompanhamento dos planos de
segurança alimentar e nutricional aqui abordados. A elaboração e execução dos
planos de SAN nos estados, revelam o amadurecimento do SISAN, a despeito
de todos os desafios para sua consolidação, entre os quais destacamos:
a) Protagonismo da sociedade civil, “ausência do estado” - A LOSAN
define no segundo parágrafo do artigo 2º:

É dever do poder público respeitar, proteger, promover, prover,


informar, monitorar, fiscalizar e avaliar a realização do direito
humano à alimentação adequada, bem como garantir os
mecanismos para sua exigibilidade

Como vimos, o plano de SAN contempla as ações relacionadas a


necessidades/problemas previamente identificados e o estabelecimento dos
objetivos e metas, possibilitando ao poder público cumprir as atribuições
necessárias à garantia do DHAA. Contudo, que a experiência do Projeto
ConsolidaSisan revelou é que apesar do esforço da CAISAN na elaboração dos
planos nos estados do Ceará, Maranhão e Piauí, o poder público não tem
cumprido o que está explícito na lei no que diz respeito ao acompanhamento do
plano, o qual contempla o respeito, a proteção, promoção, provisão,
monitoramento e avaliação. Tais atribuições, em alguma medida, têm sido
realizadas muito mais em decorrência da contribuição da sociedade civil, o que
é louvável e característica da SAN enquanto política pública, porém, é da
natureza do Estado - portador da obrigação, a garantia do DHAA, cujo plano é o
instrumento último de consecução da política pública, contando sempre com
parceria da sociedade civil – portadora do direito.
b) Intersetorialidade – desafio da PNSAN de articular a gestão nos
níveis federal, estadual e municipal, de fazer o planejamento
conjunto (a qual setor compete a coordenação do plano).
Até o final do ano de 2018, de acordo com a Lei 36.354/2006 e o
Decreto 7.272/2010, o SISAN contava com o CONSEA situado em um nível

123
hierárquico vinculado diretamente ao gabinete do presidente da república, não
se encontrando subordinado a qualquer ministério em específico. Tal
conformação era propícia à implementação intersetorial das ações de SAN, visto
que esse nível hierárquico facilita a convocação de representantes dos
ministérios para as reuniões intersetoriais, bem como possibilita o ordenamento
de despesas para atividades intersetoriais desempenhadas pelo CONSEA
nacional.
No entanto, tratando-se dos congêneres estaduais e municipais dessa
instância, os conselhos se encontravam sob a tutela de órgãos setoriais,
comumente secretarias relacionadas à assistência social e à agricultura, que têm
total propriedade com as questões, contudo, essa vinculação pode se relacionar
com o nível de prioridade dada à segurança alimentar e nutricional.
Os resultados dessa organização adotada com frequência são
barreiras à intersetorialidade. Não são incomuns relatos de ausência de órgãos
setoriais que seriam importantíssimos nas reuniões das instâncias responsáveis
pela proposição e acompanhamento dos planos de SAN, bem como observa-se
uma constante dificuldade em destinar e receber retorno de ações previstas,
alocadas nos diversos setores, sendo, teoricamente, tal dificuldade motivada
usualmente pelo desconhecimento da existência desse plano e dos motivos das
demandas.
c) Avaliação e monitoramento – Necessidade de definir claramente a
qual setor compete a coordenação do plano, que deve ser feito de
forma colaborativa, mas com a especificação das
responsabilidades e atribuições de cada setor / instância
responsável pelas ações necessárias à sua execução e
acompanhamento.
Uma dificuldade encontrada no âmbito das políticas públicas em geral
diz respeito ao processo de monitoramento e avaliação. O monitoramento da
política de SAN contempla duas perspectivas: o monitoramento sob a ótica do
controle social, realizado destacadamente pelos conselhos de segurança
alimentar e nutricional em suas respectivas esferas; e sob a ótica da gestão,
realizado pelos órgãos setoriais executores das ações.
Por um lado, o monitoramento realizado pelo controle social encontra
empecilhos devido a sua dependência de informações que são de obtenção

124
complexa para a população em geral sem o conhecimento técnico especializado
ou mesmo são inacessíveis para indivíduos estranhos à gestão governamental.
Por outro lado, se tratando de monitoramento gerencial, há dificuldades de
ordem técnica – planejamento, recursos, conhecimento específico – as quais
limitam e em última instância, inviabilizam o monitoramento das ações e
programas de SAN.
Essas mesmas dificuldades se aplicam à avaliação. A falta de
avaliação formativa impede a correção do curso da ação; por outro lado é comum
que programas não sejam avaliados de forma somativa, o que impede a
identificação de falhas no processo que poderiam ser corrigidas antes do
recomeço de outro ciclo de atividades dos programas em questão, prejudicando
assim a noção sobre a eficiência, eficácia e efetividade das ações executadas.
d) Financiamento – A dificuldade de utilizar indicadores consagrados
de acompanhamento da execução orçamentária, visto que a série
temporal de orçamento, empenho e gastos é obtida a partir da
delimitação e aplicação de recursos.
Tal conformação evidencia a dificuldade de gerir recursos financeiros
para as metas firmadas nos planos de segurança alimentar e nutricional, pois
essas só poderão ser implementadas a partir da destinação específica no
orçamento público, ou seja, por meio da inclusão na Lei de Diretrizes
Orçamentárias (LDO), instrumento que estabelece as prioridades da gestão,
orientando a elaboração Lei Orçamentária Anual (LOA), conforme as
proposições do Plano Plurianual (PPA). A falta de sincronia entre a realização
das conferências de SAN, onde são deliberadas as ações para os planos de
segurança alimentar e nutricional, com a elaboração do planejamento
orçamentário é um enorme desafio para a execução de referidos planos.
e) Por fim, uma necessidade revelada na elaboração dos planos,
similar nos três estados, é a necessidade de uma assessoria
especializada no planejamento público, como forma de minimizar
algumas questões claramente relacionadas com a falta do
conhecimento técnico específico.
A adesão dos estados ao SISAN e consequente elaboração dos
planos de SAN se deu num contexto político em que o governo central favorecia
tal resposta. Contudo, durante a execução do Projeto ConsolidaSisan, ocorreu a

125
mudança na conjuntura sociopolítica a partir do golpe de Estado que destituiu a
presidenta Dilma Roussef em agosto de 2016, culminando com a extinção do
CONSEA nacional pela Medida Provisória 870/19, ato do governo federal que
depõe contra a jovem democracia brasileira e que repercute, acentuando a
fragilidade dos conselhos estaduais. Acentuando, porque a falta de apoio dos
governos estaduais aos conselhos de segurança alimentar e nutricional, já se
revelava pela não vinculação direta deste conselho ao poder executivo estadual,
o que traz duas consequências diretas: a dificuldade de planejar e executar de
forma intersetorial os planos de SAN e a fragilização da participação social via
CONSEA. Esta situação, em maior ou menor grau foi observada no Ceará,
Maranhão e Piauí, demonstrando a necessidade de revigorar a mobilização da
sociedade civil organizada na luta pela manutenção da garantia do direito
humano à alimentação adequada.

126
127
REFERÊNCIAS

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