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GABRIEL VAZ DOS SANTOS

PLANO DE SEGURANÇA CONTRA INCÊNDIO E PÂNICO


EM ÁREAS DE ARMAZENAMENTO DE PRODUTOS COM
ALTO POTENCIAL DE INCÊNDIO

Londrina
2019
GABRIEL VAZ DOS SANTOS

PLANO DE SEGURANÇA CONTRA INCÊNDIO E PÂNICO


EM ÁREAS DE ARMAZENAMENTO DE PRODUTOS COM
ALTO POTENCIAL DE INCÊNDIO

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado


à Faculdade Pitágoras de Londrina, como
requisito parcial para a obtenção do título de
graduado em Engenharia Civil.

Orientador: Vitor Carmo.

Londrina
2019
GABRIEL VAZ DOS SANTOS

PLANO DE SEGURANÇA CONTRA INCÊNDIO E PÂNICO


EM ÁREAS DE ARMAZENAMENTO DE PRODUTOS COM
ALTO POTENCIAL DE INCÊNDIO

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado


à Faculdade Pitágoras de Londrina, como
requisito parcial para a obtenção do título de
graduado em Engenharia Civil.

BANCA EXAMINADORA

Prof(a). Titulação Nome do Professor(a)

Prof(a). Titulação Nome do Professor(a)

Prof(a). Titulação Nome do Professor(a)

Londrina, 01 de dezembro de 2019.


Dedico este trabalho à Virgem Maria, que
dizendo “Sim” ao nascimento de Jesus
permitiu o anúncio do Evangelho.
AGRADECIMENTOS

Aos professores Olavo de Carvalho e Antônio Donato P. Rosa, cujas aulas e


ensinamentos sempre foram para mim uma grande fonte de inspiração e
combustível para alimentar o desejo de progredir na vida intelectual e rotina de
estudos.
À minha família, em especial ao meu pai Israel, e mãe Magda, que sempre
acreditaram no meu potencial e incentivaram a minha jornada, e por vezes
renunciaram seus sonhos para que eu pudesse realizar os meus.
Ao Engº Evandro Comunello, pela oportunidade, pelo tempo, pela paciência, e
pelos conhecimentos técnicos transmitidos que foram primordiais para a escolha
desse tema.
À todos aqueles que contribuíram direta e indiretamente para a realização
deste trabalho.
Dê-me, Senhor, agudeza para entender,
capacidade para reter, método e faculdade
para aprender, sutileza para interpretar,
graça e abundância para falar. Dê-me,
Senhor, acerto ao começar, direção ao
progredir e perfeição ao concluir.
São Tomás de Aquino
VAZ DOS SANTOS, GABRIEL. Plano de segurança contra incêndio e pânico em
áreas de armazenamento de produtos com alto potencial de incêndio. 2019.
Número total de folhas. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em
Engenharia Civil) – Faculdade Pitágoras de Londrina, Londrina, 2019.

RESUMO

O presente Trabalho de Conclusão de curso aborda o plano de segurança contra


incêndio e pânico de grandes áreas de armazéns que estocam produtos de alto
potencial de incêndio. Apresenta as normas e leis que regulamentam esse tipo de
projeto no Estado do Paraná. Analisa as peculiaridades de incêndios nesse tipo de
ocupação, os meios de proteção e extinção, e as etapas de um plano de segurança
contra incêndio e pânico correto e eficaz de acordo com a legislação vigente.

Palavras-chave: Plano; Segurança; Incêndio; Armazéns; Armazenamento.


VAZ DOS SANTOS, GABRIEL. Fire and panic safety plan for high potential fire
storage areas. 2019. Número total de folhas. Trabalho de Conclusão de Curso
(Graduação em Engenharia Civil) – Faculdade Pitágoras de Londrina, Londrina,
2019.

ABSTRACT

This TCC (Course Completion Work) addresses the fire and panic security plan for
large warehouse areas that stock high potential fire products. Presents the rules and
laws that regulate this type of project in the State of Paraná. It analyzes the
peculiarities of fires in this type of occupation, the means of protection and
extinguishing, and the steps of a correct and effective fire and panic security plan in
accordance with current legislation.

Key-words: Plan; Safety; Fire; Warehouses; Storage.


LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 – Armazenamento em porta-pallets............................................................18


Figura 2 – Largura mínima da via de acesso............................................................24
Figura 3 – Largura e altura mínimas do portão de acesso.......................................25
Figura 4 – Modelo de Compartimentação horizontal................................................26
Figura 5 – Exemplo de sinalização de uma rota de fuga..........................................34
Figura 6 – Esquema de rede de hidrantes e mangotinhos.......................................39
Figura 7 – Hidrante de recalque................................................................................40
Figura 8 – Esquema da rede de tubulações.............................................................42
LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Classificação dos depósitos....................................................................21


Tabela 2 – Classificação das edificações quanto à altura........................................22
Tabela 3 – Determinação da carga de incêndio........................................................22
Tabela 4 – Exigências para a divisão J-3 e J-4.........................................................23
Tabela 5 – Área máxima de compartimentação em (m²)..........................................28
Tabela 6 – Materiais tolerados pelo CMAR...............................................................29
Tabela 7 – Dimensionamento de brigada de incêndio..............................................32
Tabela 8 – Geometria e dimensões das placas de sinalização................................35
Tabela 9 – Distâncias a percorrer até um extintor.....................................................37
Tabela 10 – Tipos de sistemas em função da ocupação..........................................38
Tabela 11 – Tipos de sistemas de proteção por hidrantes e mangotinhos...............38
Tabela 12 – Volume mínimo da reserva de incêndio................................................39
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

PSCIP Plano de Segurança Contra Incêndio e Pânico


CSCIP Código de Segurança Contra Incêndio e Pânico
CB Corpo de Bombeiros
NPT Norma de Procedimentos Técnicos
NPA Norma de Procedimentos Administrativos
ART Anotação de Responsabilidade Técnica
CMAR Controle de Materiais de Acabamento e Revestimento
NR Norma Regulamentadora
PQS Pó Químico Seco
PQSE Pó Químico Seco Especial
RTI Reserva Técnica de Incêndio
ESFR Early Suppression Fast Response
13

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO.....................................................................................................14
2. LEGISLAÇÃO E PROJETO................................................................................15
3. CLASSIFICAÇÃO E EXIGÊNCIAS.....................................................................20
4. MEDIDAS DE SEGURANÇA E DIMENSIONAMENTO.....................................24
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................................43
6. REFERÊNCIAS...................................................................................................44
14

1. INTRODUÇÃO

A preocupação em prevenir incêndios remonta à pré-história, quando o ser


humano descobriu o fogo e passou a se beneficiar dele de várias formas, e
juntamente com os benefícios que esse elemento trouxe à vida humana, a
humanidade também pode conhecer o poder de destruição que o fogo pode causar,
surgindo a necessidade de encontrar meios de controlar o fogo desde os primórdios
da humanidade.
Com o progresso das tecnologias cada vez mais surgem instrumentos e
técnicas mais eficazes no que tange à prevenção e combate ao incêndio, e por
conta de inúmeras tragédias humanas e patrimoniais o poder público tem a cada dia
mais se preocupado em criar novas legislações à cerca do tema. O Brasil conta com
uma coletânea de leis, códigos e normas nos âmbitos federais, estaduais e até
mesmo municipais acerca do tema, para os diversos tipos de ocupações de uma
edificação, pois o tratamento que o profissional engenheiro ou arquiteto tem diante
da análise das normas depende do tipo de edificação.
Considerando que os incêndios em áreas de armazenamento ou depósitos
são os responsáveis por grandes percas humanas e materiais, como adequar uma
edificação visando prevenir e combater o fogo?
O objetivo geral deste trabalho foi compreender com base em literatura, as
etapas e as particularidades de um plano de incêndio para áreas de armazenamento
de produtos com alto potencial de incêndio. Com isso o trabalho buscou como
objetivos específicos, analisar a diferença entre incêndios em áreas comuns com
baixa carga de incêndio e áreas de armazenamento com altíssimo potencial de
incêndio, explorar as particularidades dessas construções destinadas ao
armazenamento de produtos combustíveis com alta carga de fogo, e descrever as
etapas de um Plano de Segurança Contra Incêndio e Pânico.
A pesquisa realizada neste trabalho foi uma revisão de literatura, no qual foi
realizada consulta a livros, legislação, normas, e artigos científicos selecionados
através de busca nas seguintes bases de dados, site de normas do corpo de
bombeiros, revista de artigos científicos de combate a incêndios, legislação e
consulta a livros de atores renomados sobre o tema. O período de artigos e livros
pesquisados foi dos últimos 15 anos, e as palavras utilizadas na pesquisa foram:
15

incêndio, armazéns, legislação de prevenção contra incêndios, normas do Corpo de


Bombeiros do Paraná, prevenção de incêndio em armazéns.
16

2. LEGISLAÇÃO E PROJETO

A prevenção de incêndio de uma edificação deve ser amparada na legislação


vigente e nas técnicas de combate especificadas por códigos e normas. A coletânea
de legislação e normas dão respaldo e parâmetros para a elaboração do projeto que
visa a prevenção contra incêndio e pânico e a obtenção das licenças concedidas
pelo poder público que certificam que a edificação está apta ao pleno
funcionamento.

2.1 HISTÓRICO SOBRE A LEGISLAÇÃO E LEGISLAÇÃO ATUAL

Um Plano de Segurança Contra Incêndio e Pânico deve estar de acordo com


a legislação estadual, que é expressa pelo Código do Corpo de Bombeiros (CSCIP),
e pelas Normas de Procedimentos Técnicos (NPT), que são formuladas com base
em normas nacionais e internacionais, e versam sobre todos os aspectos do
dimensionamento e procedimentos administrativos à serem seguidos no plano de
acordo com o Código de Segurança Contra Incêndio e Pânico do Estado do Paraná
– CSCIP/PR (2018).
No livro Segurança Contra Incêndio no Brasil (2008) é traçada uma análise
sobre o desenvolvimento das normas, códigos, leis e métodos de prevenção e
combate a incêndios no País, com ênfase que os avanços foram reflexo direto do
sentimento coletivo da sociedade após os maiores incêndios que ocorreram no
Brasil e foram responsáveis por grandes percas patrimoniais e de vidas humanas.
Lamentavelmente essas tragédias foram necessárias para o aprimoramento das leis,
e métodos de combate, extinção e prevenção de incêndios.
O Corpo de Bombeiros é uma corporação estadual, sendo assim cada Estado
é responsável pela elaboração do seu Código de Segurança Contra Incêndio e
Pânico (CSCIP), e as respectivas Normas de Procedimentos Técnicos (NPT), que
no Brasil seguem o escopo geral do código de São Paulo, que por sua vez seguiu as
normas internacionais e em especial os procedimentos de combate ao fogo
utilizados nos Estados Unidos da América (EUA).
Destaca-se também um aprimoramento da fiscalização, que aumentou muito
após a tragédia da Boate Kiss, ocorrida em 27 de Janeiro de 2013, na cidade de
Santa Maria no Estado do Rio Grande do Sul, que deixou 242 mortos e 680 feridos.
17

Aliado a um procedimento administrativo mais criterioso por parte do Corpo


de Bombeiros, está o auxílio das Prefeituras, que passaram a exigir o Alvará dos
Bombeiros para a emissão do Alvará de Funcionamento para comércios, indústrias,
condomínios, e todos os outros tipos de ocupações, o que na prática obriga todas as
edificações a se regularizarem conforme a legislação de prevenção e combate a
incêndios vigente.
Essa monografia irá se aprofundar e usar como base a legislação do Estado
do Paraná, para o desenvolvimento do tema proposto. O CSCIP do Corpo de
Bombeiros do Paraná começou a vigorar no dia 08 de Janeiro de 2012 conforme a
Portaria do Comando do Corpo de Bombeiros nº 002/2011.
Além do CSCIP o Estado Paraná conta com as Normas de Procedimentos
Administrativos (NPA), as NPT’s e as Orientações Técnicas. Toda a legislação é de
acesso público e consta no site da corporação.
Com a frequente atualização e aprimoramento das normas de segurança
contra incêndio e pânico, surge a necessidade de profissionais que possam atender
as demandas desse setor afim de evitar grandes percas patrimoniais e também
humanas. A falta de profissionais habilitados a realizar um PSCIP para esse tipo de
edificação faz com que a maioria dos projetos tenham erros de dimensionamentos
ou sejam economicamente inviáveis de se executar, dada as complexidades dos
sistemas de prevenção para prevenir ou conter incêndios em armazéns.

2.2 PROJETO E PREVENÇÃO CONTRA INCÊNDIO

O Plano de Segurança Contra Incêndio e Pânico (PSCIP), também conhecido


como Projeto de Prevenção Contra Incêndios, é uma exigência do Corpo de
Bombeiros para as edificações e deve ser elaborado por Engenheiros ou Arquitetos
que são os profissionais habilitados para realizar essa elaboração, que deve ser
acompanhada da Anotação de Responsabilidade Técnica (ART), e apresentada ao
CB para a aprovação.
O profissional responsável deve consultar a legislação e cumprir todos os
requisitos determinados pelo CB para cada tipo de edificação e ocupação, o
profissional assume a responsabilidade de que se houver incêndios e for constatado
falhas no projeto, este poderá responder civil e criminalmente conforme a
responsabilidade na elaboração do projeto.
18

Geralmente um cliente procura um profissional para a elaboração ou


atualização de um PSCIP em três momentos, em edificações novas para a obtenção
do Alvará de Funcionamento, no caso de edificações existentes quando é solicitada
pelo CB após uma vistoria, ou quando existe aumento de área o PSCIP também
deve ser atualizado.
De acordo com Brentano (2011), os objetivos almejados de um PSCIP,
devem ser em primeiro lugar a preservação da vida humana, a proteção do
patrimônio, e em último lugar a continuação do processo de produção.
Os objetivos de um PSCIP são focados em evitar o início de um incêndio e
uma vez que havendo o início do fogo o foco é garantir a sua extinção ou combate in
loco até a chegada do Corpo de Bombeiros, de modo a minimizar as percas
humanas e materiais.
Segundo a NPA (2018), o PSCIP deve ser submetido à análise do Corpo de
Bombeiros do Estado do Paraná, e deve conter plantas, memoriais, ART e laudos.
Para que a análise seja feita é preciso recolher uma taxa de análise de projetos que
é relacionada a área da edificação em questão.
Após a análise o projeto pode ser aprovado ou solicitadas correções, estando
aprovado é emitido um Certificado de Aprovação com validade de dois anos, para
que o projeto seja executado. O Corpo de Bombeiros irá vistoriar a obra após a
execução e constatar se o projeto foi seguido integralmente. Após isso é emitido um
Alvará do Corpo de Bombeiros, conforme NPA (2018).

2.3 CARACTERÍSTICAS DO INCÊNDIO EM ÁREAS DE ARMAZENAMENTO

A grande quantidade de produtos produzidas nas indústrias diariamente,


normalmente não saem da fábrica direto para as lojas ou para os consumidores
finais, ficam armazenados em grandes armazéns esperando serem transferidos ao
próximo ciclo da cadeia de distribuição. A quantidade de armazéns aumenta todos
os anos, pois as empresas passam a terceirizar o armazenamento, para que seus
produtos fiquem mais próximos de seus consumidores finais. Com isso aumenta-se
a preocupação com a prevenção de incêndio e os meios de elaborar um Plano de
Segurança contra Incêndio e Pânico (PSCIP), eficiente e de acordo com toda a
legislação vigente.
19

Diferentemente de uma edificação comum, os depósitos possuem uma alta


carga de incêndio em sua edificação devido ao grande armazenamento de materiais
combustíveis em seu interior. Desse modo as exigências para esse tipo de
edificação são mais rigorosas, exigindo quase que a totalidade dos sistemas de
prevenção e combate a incêndio descritos no CSCIP (2018).

Figura 1 – Armazenamento em porta-pallets.

Fonte: Imagem da internet. Site Blog Logística (2019).

O combate manual dos incêndios em armazéns é cada vez mais difícil, uma
vez que os depósitos modernos estão cada vez maiores, com cada vez mais
capacidade de armazenamento, e com pé direito altíssimo, como relata Richard
Gallagher, na revista da National Fire Protection Association [Associação
Nacional de proteção ao Fogo].
O incêndio em depósito é um incêndio ideal. Soma-se a grande quantidade de
materiais combustíveis, com uma geometria que favorece o alastramento do fogo e
o fato de não haver população fixa nesses locais, formam a equação perfeita para
um incêndio de grandes proporções.
A geometria das prateleiras faz com que o fogo suba nível a nível
rapidamente, e estas não são projetadas para resistir a um incêndio e acabam
desabando o que pode ocasionar um verdadeiro efeito dominó e tornar assim
impossível o acesso da Brigada de Incêndio, e do Corpo de Bombeiros. Tornando
um o incêndio incontrolável, e com risco de perca de vidas humanas e grandes
percas patrimoniais.
20

Um depósito normalmente é um local que trabalham poucas pessoas, e isso


pode fazer com que seja muito difícil identificar um incêndio em seu início, faz
também com que o combate tardio não seja eficaz.
Para corrigir todas as dificuldades apresentadas o CSCIP (2018), apresenta
medidas de prevenção e combate ao incêndio modernas, balizado pelos avanços
nas normas internacionais de combate ao fogo. Dentro do problema dos armazéns,
destaca-se duas medidas de combate ao fogo nessas áreas a compartimentação e a
proteção por chuveiros automáticos.
O risco de incêndio está diretamente ligado à quantidade de mercadoria e a
respectiva carga de incêndio desse material, que quanto mais elevada maiores são
os ricos de ocorrer um sinistro, e de que esse incêndio cause danos financeiros e
humanos, como explica (MILANELI, 2012).
21

3. CLASSIFICAÇÃO E EXIGÊNCIAS

A elaboração de um PSCIP funcional e eficaz está diretamente relacionado a


correta classificação e dimensionamento de todos os itens exigidos. Trata-se da
primeira e mais importante etapa, pois dela depende todas as outras.

3.1 CLASSIFICAÇÃO DA OCUPAÇÃO

Conforme o CSCIP/PR (2018), a eficácia de um PSCIP está relacionada


diretamente à classificação da edificação em questão, que influencia na escolha dos
sistemas, no dimensionamento e na posterior execução da obra.
A classificação das edificação de acordo com a sua ocupação deve ser feita
baseando-se na atividade ou ramo a ser desenvolvida no local, considerando um
depósito de espuma sintética, térreo com 4.000m² de área e armazenamento
disposto até a altura de seis metros, segue-se a Tabela 1 do CSCIP (2018).

Tabela 1 – Classificação dos depósitos.

Fonte: Código de segurança contra incêndio e pânico (2018, Tabela 1, p.16).

A edificação em questão faz parte do (Grupo J), e para encontrar a divisão em


que pertence é necessário consultar a carga de incêndio da edificação em questão
conforme a tabela 1 do CSCIP (2018).
Dentro das ocupações de áreas de armazenamento, os depósitos podem ser
classificados como edificações dos tipos J-1, J-2, J-3, e J-4. Onde os depósitos J-1
são as áreas de armazéns onde estão estocados materiais incombustíveis, e os J-4
22

são depósitos com alto potencial de incêndio onde as cargas de incêndio são
superiores à 1.200 MJ/m², segundo CSCIP/PR (2018).

Tabela 2 – Classificação das edificações quanto à altura.

Fonte: Código de segurança contra incêndio e pânico 2018, Tabela 2, p.16.

Tem-se a classificação de acordo com a altura, que será necessária para


determinar as exigências para a edificação (Tabela 2).

Tabela 3 – Determinação da carga de incêndio.

Fonte: Norma de procedimento técnico 14 2018, Anexo B, p.11.

De acordo a Tabela 3, determina-se que a carga de incêndio da edificação em


questão é de 6750MJ/m², ou seja pertence a divisão J-4 da Tabela 1 que representa
depósitos onde a carga de incêndio ultrapassa 1.200MJ/m², conforme CSCIP (2018).
Com isso um depósito de espuma sintética armazenada a uma altura de seis
metros quadrados, pertence a divisão J-4, que será um dos parâmetros para
determinar as medidas de segurança contra incêndio exigidas para a edificação.
23

3.2 ENQUADRAMENTO DAS EXIGÊNCIA

Sabendo a divisão, e que se trata de uma edificação térrea realiza-se o


enquadramento conforme Tabela 4.

Tabela 4 – Exigências para a divisão J-3 e J-4.

Fonte: Código de segurança contra incêndio e pânico 2018, Tabela 6J.2, p.49.

Tomando por base a tabela 4, o CSCIP/PR (2018), exige as seguintes


medidas de acesso de viaturas, segurança estrutural contra incêndio,
compartimentação horizontal, controle de materiais de acabamento, saídas de
emergência, plano de emergência, brigada de incêndio, iluminação de emergência,
24

alarme de incêndio, sinalização de emergência, extintores de incêndio e hidrantes ou


mangotinhos.
Observando que a compartimentação horizontal pode ser substituída pelos
chuveiros automáticos, conforme o CSCIP (2018).
Nas edificações onde existem dois ou mais tipos de ocupação como um
depósito e comércio, não podendo isolar as duas áreas adota-se a tabela mais rígida
para toda a edificação. E nos casos onde é possível isolar as áreas cada área será
dimensionada conforme sua tabela específica, conforme explica o CSCIP (2018).
Cada edificação deve obedecer às exigências da norma em vigência no o
término sua construção, isso implica que o dimensionamento de edificações
construídas anteriormente ao CSCIP, adota-se a legislação da época.
Em casos de edificações antigas com ampliações ou reformas em uma área
superior a 10% da área da construção, passa-se a adotar a legislação em vigência
na data da ampliação ou reforma, de acordo com a NPT-02 que trata das
adaptações às normas.
25

4. MEDIDAS DE SEGURANÇA E DIMENSIONAMENTO

Após o correto enquadramento da edificação é necessário consultar as


normas específicas das medidas exigidas, que irão balizar a construção e adaptação
da edificação.

4.1 ACESSO DE VIATURAS

A definição de acesso de viaturas é “Vias trafegáveis com prioridade para a


aproximação e operação dos veículos e equipamentos de emergência juntos às
edificações e instalações industriais.” (NPT-03, 2014, p. 02). Desse modo o acesso
de viaturas precisa se adequar aos critérios estabelecidos na NPT-06.

Figura 2 – Largura mínima da via de acesso.

Fonte: Norma de procedimento técnico 06 2014, Anexo A, p. 03.

Segundo a NPT-06 (2014), as vias de acesso de viaturas devem ter largura


mínima de 6,00 metros e deve suportar as 25 toneladas das viaturas distribuídas em
dois eixos, conforme a Figura 2.
26

Figura 3 – Largura e altura mínimas do portão de acesso.

Fonte: Norma de procedimento técnico 06 2014, Anexo A, p. 03.

Quando houver portão de acesso, também devem obedecer a norma e


possuir no mínimo 4,00m de largura livre e 4,50m de altura livre, conforme NPT-06
(2014).

4.2 SEGURANÇA ESTRUTURAL CONTRA INCÊNDIO

Esta medida tem por objetivo descrever as condições que os materiais


empregados na construção deverão resistir, de maneira especial os pisos, forros,
paredes internas e externas, e estrutura da cobertura, visando garantir os tempos
requeridos de resistência ao fogo (TRRF), antes da edificação colapsar, conforme a
NPT-08 (2012).
No ato da vistoria são exigidos laudos técnicos que garantem que os
materiais atendem as normas do Corpo de Bombeiros do Estado do Paraná, onde o
responsável técnico assume a responsabilidade de que a edificação foi construída
com os materiais corretos visando a segurança estrutural, conforme a NPA (2018).
27

No caso de uma edificação destinada a ser um depósito da divisão J-4, a


edificação deve ser construída para resistir a pelo menos 60 minutos de fogo, de
acordo com o ANEXO A extraído da NPT-08 (2012).

4.3 COMPARTIMENTAÇÃO HORIZONTAL DE ÁREAS

A definição de compartimentação horizonta é “Medida de proteção,


constituída de elementos construtivos resistentes ao fogo, separando ambientes, de
tal modo que o incêndio fique contido no local de origem e evite a sua propagação
no plano horizontal.” (NPT-03, 2014, p. 11). Desse modo a compartimentação segue
os critérios estabelecidos na NPT-09.
A compartimentação é um meio de proteção passiva que consiste em
particionar um grande depósito em áreas menores, garantindo assim que o fogo de
um setor não irá passar para outro, minimizando as percas materiais e de vidas
humanas conforme a NPT-09 (2014).
Segundo a NPT-09 (2014), essa medida de segurança contra incêndio é
constituída por elementos com a característica corta-fogo como as paredes, portas,
registros, vedadores, selos, cortinas e afastamento horizontal.

Figura 4 – Modelo de Compartimentação horizontal.

Fonte: Norma de procedimento técnico 09 (2012, p. 18).

A NPT-09 (2014), ainda estabelece as medidas máximas em metros


quadrados que os compartimentos devem possuir de acordo com o tipo de
ocupação e divisão da atividade em funcionamento no local.
28

Tabela 5 – Área máxima de compartimentação em (m²).

Fonte: Norma de procedimento técnico 09 2014, Anexo B, p. 21.

Conclui-se um depósito de risco elevado J-4 com 4.000m² de área, precisa


estar compartimentado em dois setores de 2.000m², conforme a tabela 5. Nos casos
onde é inviável realizar a compartimentação de áreas, pode-se substituir pelos
chuveiros automáticos conforme estabelece o CSCIP (2018).

4.4 CONTROLE DE MATERIAIS DE ACABAMENTO E REVESTIMENTO

O controle de materiais de acabamento e revestimento (CMAR), é


estabelecido pela NPT-10 de 2014, e é um medida semelhante à segurança
29

estrutural das edificações, no entanto o CMAR visa estabelecer os parâmetros dos


materiais de acabamento e revestimento nas obras.
De acordo com a NPT-10, “O CMAR empregado nas edificações destina-se a
estabelecer padrões para o não surgimento de condições propícias do crescimento e
da propagação de incêndios, bem como da geração de fumaça.” (NPT-10, 2014, p.
02). Os materiais estabelecidos pelo CMAR são os pisos, paredes, divisórias, teto,
forro, e cobertura.

Tabela 6 – Materiais tolerados pelo CMAR.

Fonte: Norma de procedimento técnico 10 2014, Anexo B, p. 09.

As classes dos materiais tolerados representam como reagem cada tipo de


material ao fogo, os materiais de classe I são os ditos incombustíveis, e os materiais
das classes II, III, e IV são os materiais combustíveis sem propagação de chama,
segundo a NPT-10 (2014).
As classes são inerentes aos materiais e descritas pelo fabricante e pelo
responsável técnico que emite um laudo de que a edificação atende aos parâmetros
exigidos na norma, conforme a NPA (2018).

4.5 SAÍDAS DE EMERGÊNCIA

A saída de emergência é uma das medidas mais importantes de prevenção e


combate a incêndios, uma vez que ela visa garantir que todos os ocupantes
consigam evacuar a edificação, de uma maneira rápida e segura, afim de garantir
que a preservação da vida humana. Essa medida é descrita pela NPT 11 de 2016.
30

A definição de saída de emergência conforme a NPT-03 é:

Caminho contínuo, devidamente protegido e sinalizado, proporcionado por


portas, corredores, “halls”, passagens externas, balcões, vestíbulos,
escadas, rampas, conexões entre túneis paralelos ou outros dispositivos de
saída, ou combinações desses, a ser percorrido pelo usuário em caso de
emergência, de qualquer ponto da edificação, recinto de evento ou túnel, até
atingir a via pública ou espaço aberto (área de refúgio), com garantia de
integridade física. (NPT-03, 2014, p.40-41).

As saídas de emergência são compostas de diversos elementos, que tem por


objetivo proporcionar uma saída segura dos ocupantes de uma edificação, em caso
de qualquer sinistro, ao exterior da mesma, e também facilitar a entrada do Corpo de
Bombeiros para combater ao fogo e realizar os resgates (EUZEBIO, 2011, p.32).
Alguns itens importantes ao se tratar das saídas de emergências, são as
populações, a distância a ser percorrida, o número de portas e respectiva largura.
Onde a população é determinada conforme o Anexo B, e para depósitos é
considerada uma pessoa a cada 30m² de área, ou seja 4000m² dividido 30m², se
obtém uma população de 133 pessoas no depósito em questão, conforme calculo
explicado na NPT-11 (2016).
A distância máxima a ser percorrida é tabelada conforme o Anexo C, no caso
concreto de um armazém J-4, a distância a ser percorrida é de 40 metros nas
edificações com apenas uma saída e de 50 metros para duas ou mais saídas. A
distância máxima a ser percorrida por ser aumentada acaso houver na edificação os
sistemas de detecção de fumaça e chuveiros automáticos, conforme Anexo C
extraído da NPT-11 (2016).
Outro ponto importante é a largura e quantidade de portas, que através do
cálculo da população e de descarga é determinado quantas unidades de passagem
a edificação precisa ter para atender a norma no que se refere a evacuação de
pessoas, cada unidade de passagem vale 0,55m, segundo NPT-11 (2016).
De acordo com a NPT-11 (2016), a formula para o dimensionamento das
saídas é de N=P/C, onde “N” é o número de passagens, “P” é a população total do
ambiente, e “C” é o coeficiente da unidade de passagem conforme Anexo B.
A população é de 133 pessoas, e o coeficiente de unidade de passagem é de
100 pessoas para portas em nível. Logo N=133/100, o que resulta em um 1,33
unidades de passagem, que serão arredondadas para duas unidades de passagem.
31

Como cada unidade de passagem vale 0,55m seria necessária uma porta de largura
de 1,10 metros para que toda a população evacue a edificação em segurança, de
acordo com a NPT-11 (2016).
Escadas e rampas também podem ser consideradas como saídas de
emergência desde que respeitem a inclinação e formulação de degraus de acordo
com a NPT-11, o cálculo de saída para escadas e rampas é realizado da mesma
maneira, com o detalhe que o “C” da formula varia, conforme o Anexo B.

4.6 PLANO DE EMERGÊNCIA

O plano de emergência é uma medida elaborada pelo responsável técnico ao


realizar o projeto, onde se informa todas as características e aspectos gerais da
edificação, como a vizinhança, horário de funcionamento, ponto de encontro em
caso de sinistro, número de brigadistas entre outras informações, de acordo com a
NPT-16 (2014).
O plano também é composto por descrever as ações e tomadas de decisão
que precisam ser colocadas em prática pelo responsável pela brigada, entre elas
desligar a chave geral, ligar para o corpo de bombeiros entre outras que estão
descritas no Anexo D, extraído da NPT-16 (2014).

4.7 BRIGADA DE INCÊNDIO

A definição de brigada de incêndio é, “Grupo organizado de pessoas,


voluntárias ou não, treinadas e capacitadas em prevenção e combate a incêndios e
primeiros socorros, para atuação em edificações e áreas de risco.” (NPT-03, 2014,
p. 08). A brigada de incêndio segue os critérios estabelecidos na NPT-17 de 2017.
A equipe da brigada é treinada para realizar ações de prevenção e
emergências. As ações de preventivas são: análise dos riscos, orientação da
população, exercícios simulados e conhecimento do plano de emergência. E as
ações emergenciais são: identificação da situação, alarme, abandono das áreas,
ligar para o Corpo de Bombeiros, corte de energia, primeiros socorros, combate ao
princípio do fogo e recepção e orientação do CB, de acordo com a NPT-17 (2017).
O número de brigadistas e o nível de treinamento é obtida através da tabela
7, levando em consideração a divisão da edificação e a metragem quadrada.
32

Tabela 7 – Dimensionamento de brigada de incêndio.

Fonte: Norma de procedimento técnico 17 2017, tabela A.1, p. 10.

De acordo com a NPT-17 “Nota 4: Quando a área de um pavimento ou


compartimento for maior que 750m², será acrescido mais um brigadista para cada
1500m² para risco leve e mais um brigadista para cada 1000m² para risco moderado
ou risco elevado.” (NPT-17, 2017, p.11).
No caso concreto de um depósito J-4 com 4.000m², são necessários 10
brigadistas onde 6 para os primeiros 750m² e mais um a cada 1000m², e o nível de
treinamento é avançado por conta do risco elevado, segundo NPT-17 (2017).
No ato da vistoria o Corpo de Bombeiros irá cobrar um laudo de treinamento
da brigada, que deve ser expedido por um técnico ou engenheiro de segurança,
respeitando a carga horária e ementa que pede a norma, conforme a NPA (2018).

4.8 ILUMINAÇÃO DE EMERGÊNCIA

Para a elaboração de um projeto de iluminação de emergência, deve seguir a


NPT-18 de 2014, onde se dispõe as características e exigências para esse sistema.
A iluminação de emergência busca proporcionar uma iluminação suficiente e
adequada, visando a saída fácil e segura dos ocupantes em caso de corte da
alimentação elétrica, e também proporcionar a ação de equipes do Corpo de
Bombeiros (UMINSKI, 2003, p.38).
Os blocos de iluminação de emergência precisam ser distribuídos em todas
as áreas da edificação, corredores de uso comum, rampas, escadas, corredores e
rotas de fuga. Nos locais em que seja possível a acumulação de fumaça, a
instalação dos blocos deve estar a uma altura que fique abaixo do “colchão” de
33

fumaça. É importante que no caso de blocos autônomos, que de tempos em tempos


se deixe esgotar por completo a carga das baterias, para que não fiquem “viciadas”.
No entanto esse procedimento não deverá ser realizado em todos blocos de uma
vez só (EUZEBIO, 2011, p.74).
Segundo a NPT-18 deve-se garantir uma iluminação de 3 lux em locais
planos e 5 lux em locais com obstáculos ou desníveis, o raio de iluminação de um
bloco autônomo é de 7,5 metros, desse modo é necessário que a cada 15 metros
possua um bloco autônomo, para garantir uma luminosidade ideal.

4.9 ALARME DE INCÊNDIO

O sistema de alarme de incêndio é formado por um conjunto de elementos


ordenados de maneira planejada e interligados adequadamente que enviam
informações de princípios de incêndios por meio de sinalização sonoras e visuais. O
alarme de incêndio é acionado por meio de acionadores manuais e estão
interligados entre si o que faz com que se o aviso se transmita aos demais
ambientes (UMINSKI, 2003, p.41)
O sistema é composto por central de alarme, acionador manual, sinalizador
sonoro e visual, e sistema de alimentação independente de acordo com a NPT-19
(2012).
A central de alarme de incêndio deve possuir maneiras de identificar os
circuitos de alarme e indicar a área ou local afetado, que proporcionem um fácil
entendimento para os brigadistas e dispositivos manuais para ao acionamento de
todos os alarmes sonoros da edificação (UMINSKI, 2003, p.42).
Os acionadores manuais, devem estar dimensionados de modo em que uma
pessoa em qualquer ponto da edificação não precise andar mais que 30 metros para
aciona-lo, é recomendável que sejam localizados nas principais áreas e circulações
da edificação visando o acionamento de maneira mais rápida.
Os sinalizadores visuais e sonoros devem estar dispostos juntamente com os
acionadores manuais, esses equipamentos são responsáveis por enviar o alerta
sonoro e visual por meio de uma sirene, para a evacuação da área e aviso dos
brigadistas.
Todo o sistema de alarme de incêndio deve ser instalado com uma fonte de
energia diferente da que fornece eletricidade à edificação, pois em caso de sinistro e
34

interrupção da energia, o mesmo continuará em pleno funcionamento. É importante


ressaltar que os fios e condutores desse sistema precisam ser resistentes ao fogo
conforme a NPT-19 (2012).

4.10 SINALIZAÇÃO DE EMERGÊNCIA

A sinalização de emergência, é realizada através da colocação de placas,


deve ser de fácil visualização e entendimento. Essa medida é responsável por
orientar as pessoas em caso de incêndio, por isso devem conduzir a uma rota
segura até o exterior da edificação, essa medida de proteção contra incêndio deverá
seguir a NPT-20 de 2014.
Existem quatro grupos de placas de sinalização, são elas: placas de
proibição, placas de alerta, placas de orientação e salvamento e placas de
equipamentos. Todas as placas necessitam possuir efeito fotoluminescente e podem
ser de tamanhos variados conforme a tabela 8.
As placas mais frequentes em edificações são as de orientação e salvamento
que são padronizadas na cor verde, com fotoluminescente e tem por objetivo
conduzir até a saída de emergência mais próxima, conforme NPT-20 (2014).
É necessário também sinalizar as áreas de riscos como centrais elétricas,
disjuntores, centrais de gás, produtos tóxicos e também os equipamentos como
hidrantes, central de alarme, extintores entre outros.
35

Tabela 8 – Geometria e dimensões das placas de sinalização.

Fonte: Norma de procedimento técnico 20 2014, Anexo A, p. 12.

Figura 5 – Exemplo de sinalização de uma rota de fuga.

Fonte: Norma de procedimento técnico 20 2014, Figura C-11, p. 34.

Em áreas de depósito é recomendável que se adote placas com dimensões


de que garantam sua visibilidade a uma distância superior a 14m, conforme a tabela
8, levando em conta as grandes dimensões dos galpões destinados ao
armazenamento de mercadorias.
36

4.11 EXTINTORES DE INCÊNDIO

Os extintores de incêndio são considerados sistemas móveis, portáteis, que


precisam de uma pessoa operando que desloca o equipamento até o foco de
incêndio para extingui-lo.
A instalação de extintores é uma medida obrigatória e comum a todas as
edificações independente, do tamanho ou ocupação. Seu dimensionamento e
instalação deve seguir a NPT-21 de 2014.
Existem quatro classes de incêndio principais, para cada classe deve-se
utilizar um tipo de extintor, e é necessário que o projetista identifique essas classes
no momento do projeto, para que sempre tenha um extintor correto no local onde ele
precisa ser utilizado. A classificação foi criada pela NFPA - Associação Nacional de
Proteção a Incêndios/EUA, e adotada pela ABNT – Associação Brasileira de Normas
Técnicas/BR, e expressas na NR 23, conforme a seguir:
A Classe A é caracterizada pelos produtos combustíveis sólidos, como a
borracha, madeira, papelão, tecido, etc. O melhor meio de extinguir o fogo em
elementos dessa classe é através do resfriamento, ou seja extintores de água e de
PQS-ABC.
A Classe B é representa o fogo em líquidos inflamáveis, como a gasolina,
GLP, querosene, óleo, etc. O melhor meio de extinguir o fogo nesses produtos é o
abafamento com os extintores de espuma, o PQS BC e PQS ABC. E nesse caso
não se deve usar extintor de água.
A Classe C é caracterizada pelos elementos energizados, como geradores,
quadros elétricos, motores, etc. O melhor meio de extinguir o incêndio nesses
equipamentos é através do extintores de PQS BC, PQS ABC e CO2. O extintor de
CO2 é o melhor para esse caso, pois não danifica o equipamento. Nesse caso a
ação dos extintores é de abafamento.
A Classe D é composta por fogo em metais, por exemplo, antimônio, selênio,
potássio, magnésio, zinco, sódio, etc. A extinção deve se dar pelo abafamento
utilizando o extintor de pó químico seco especial (PQSE). Nesse caso é proibido
utilizar extintor de água, pois a água pode reagir com o metal gerando reações
perigosas.
37

O dimensionamento além de obedecer as classes constantes na NR-23,


também deve seguir os padrões e distâncias a percorrer até um extintor, conforme a
Tabela 9.

Tabela 9 – Distâncias a percorrer até um extintor.

Fonte: Norma de procedimento técnico 21 2014, Tabela 1, p.02.

No caso concreto os extintores devem estar dispostos na edificação, de modo


que uma pessoa em qualquer ponto ou ambiente não necessite caminhar mais que
15 metros para encontrar um extintor, segundo a NPT-21 (2014).
Como trata-se de um depósito de espumas sintéticas, os extintores que mais
devem conter na edificação são os extintores de água e de PQS-ABC, por se tratar
de um material da Classe A, de acordo com a NR-23.

4.12 HIDRANTES E MANGOTINHOS

Os hidrantes e mangotinhos são um conjunto de instalações e equipamentos


que possibilitam armazenar, conduzir e lançar a água sobre os materiais em
chamas. O sistema é composto necessariamente pela reserva técnica de incêndio
(RTI), bombas de recalque, tubulações, hidrantes, abrigo para mangueira e
acessórios e registro de recalque. É essencial, que ao utilizar o sistema, o quadro
principal de alimentação de energia da edificação ou ambiente seja desligada,
visando evitar acidentes elétricos (UMINSKI, 2003, p.28).
O sistema tem por objetivo o combate ao incêndio na edificação e também o
abastecimento das viaturas do CB, em caso de necessidade por conta de incêndios
próximos, nesses casos a água da RTI é recalcada para o reservatório da viatura. A
norma que rege esse sistema é a NPT-22 de 2015.
38

O primeiro passo é descobrir qual tipo de sistema adotar, considerando as a


divisão em que a edificação está enquadrada, conforme tabela 10.

Tabela 10 – Tipos de sistemas em função da ocupação.

Fonte: Norma de procedimento técnico 22 2015, Tabela 2, p.05-06.

O depósito J-4 em questão, está enquadrado no tipo 5, que é o tipo mais


rigoroso, e exige maiores pressões, vazões e RTI para efeito de dimensionamento e
execução, conforme a NPT-22 (2015).

Tabela 11 – Tipos de sistemas de proteção por hidrantes e mangotinhos.

Fonte: Norma de procedimento técnico 22 2015, Tabela 1, p.04.

A tabela 11 descreve as exigências do sistema tipo 5, são eles mangueiras e


esguichos de 65mm ou 2 ½ polegadas, mangueiras de 30 metros no interior da
edificação e de 60 metros no seu exterior, saídas duplas que significa que qualquer
ponto da edificação precisa ser atingido com dois jatos de água, vazão mínima de
600l/min, e pressão de 10mca.
Segundo a NPT-22 (2015):
Os hidrantes ou mangotinhos devem ser distribuídos de tal forma
que qualquer ponto da área a ser protegida seja atendido por no mínimo um
esguicho, exceto para o sistema tipo 5 que deverá ser atendido no mínimo
por dois esguichos, considerando-se o comprimento da(s) mangueira(s) de
incêndio por meio de seu trajeto real e o alcance mínimo do jato de água
igual a 10,0 m, devendo ter contato visual sem barreiras físicas a qualquer
39

parte do ambiente, após adentrar pelo menos 1,0 m em qualquer


compartimento. (NPT-22, 2015, p.10)

Tabela 12 – Volume mínimo da reserva de incêndio.

Fonte: Norma de procedimento técnico 22 2015, Tabela 4, p.12.

Para a edificação que está sendo dimensionada, são necessários 48.000


litros de água na RTI, exclusivamente para o combate à incêndios e para o uso do
Corpo de Bombeiros, segundo a NPT-22 (2015).
O funcionamento dos hidrantes e mangotinhos, se dão através da abertura da
abertura do registro que faz que que a rede seja despressurizada, e as bombas são
ligadas a partir dessa queda de pressão que é detectada por um pressostato que faz
com que inicie um bombeamento da água da RTI para o hidrante essa ativação é
denominada automática, mas o bombeamento pode-se iniciar também de maneira
manual através de um sistema de botoeiras junto ao hidrante, conforme a NPT-22
(2015).
De acordo com a NPT-22 (2015), as bombas devem ser dimensionadas
conforme a vazão necessária, e a perda de carga nas tubulações e conexões da
rede. As bombas devem ficar em uma casa de bombas isolada da edificação e
possuir alimentação elétrica exclusiva e independente do fornecimento de energia
principal da edificação.
40

Figura 6 – Esquema de rede de hidrantes e mangotinhos.

Fonte: Norma de procedimento técnico 22 2015, Figura C.5, p. 28.

No exterior da edificação é localizado o hidrante de recalque que consiste em


um prolongamento da tubulação para que a viatura do CB consiga fazer o recalque
da água da RTI, o hidrante de recalque deve ser executado conforme a Figura 7.
41

Figura 7 – Hidrante de recalque.

Fonte: NBR 13714/2000, Figura 1, p.05.

4.13 CHUVEIROS AUTOMÁTICOS OU SPRINKLERS

O chuveiro automático não é uma exigência para esse tipo de edificação, no


entanto ele serve como medida compensatória no lugar da compartimentação
horizontal, como exposto anteriormente, conforme CSCIP (2018).
O chuveiro automático (“Sprinkler”) é um sistema hidráulico de combate ao
fogo, que não necessita de uma interferência humana, detectando e extinguindo um
foco de incêndio em seu início. O sistema é composto por uma RTI, ligada a uma
rede de tubulações fixas nas quais são dispostos os chuveiros automáticos
espaçados de maneira adequada, e faz com que, em caso de incêndio, o sistema
inicie a operação automaticamente, dispersando água sobre o local atingido e, ao
mesmo tempo, acionando o seu dispositivo de alarme (UMINSKI, 2003, p.35).
O sprinkler é a melhor medida de combate ao fogo disponível atualmente,
uma vez que é um meio de proteção ativa e combate aos incêndios sem a
necessidade de ser acionado por uma pessoa. Pois ele é ativado quando o calor do
fogo derrete ou rompe o bulbo que segura a água na tubulação e começa a
aspersão automaticamente, conforme a NPT-23 de 2012.
42

O Corpo de Bombeiro do Estado do Paraná, dispõe de duas normas para o


dimensionamento de sprinklers, a NPT-23 trata de chuveiros automáticos de uma
maneira geral, e a NPT-24 trata de chuveiros automáticos em áreas de
armazenamento.
Esse sistema possui um altíssimo custo de projeto, instalação e manutenção
e faz com que a maioria dos projetistas fujam dele, mas esse custo é irrisório
comparado ao valor total da construção de uma edificação e dos bens nela
armazenados, o chuveiro automático é o meio mais eficaz de combate ao fogo. Em
um artigo chamado “Chuveiros automáticos – sprinklers”, o Engº. Jorge Roder
apresentou os dados de pesquisa realizada ao longo da década de 80 nos EUA
(SOLOMON, 1996), que apresentou o resultado que 8% dos princípios de incêndio
foram extintos com apenas 1 bico de sprinkler, 48% dos princípios de incêndio foram
extintos com apenas 2 bicos de sprinkler, e 89% dos princípios de incêndio foram
extintos com até 15 bicos de sprinklers.
As partes do sistema são formadas por uma RTI, por bombas, tubulações e o
sprinkler propriamente dito. Onde a reserva técnica de incêndio deve ser
independente do sistema de hidrantes, as bombas devem ser exclusivas para esse
sistema, as tubulações devem obedecer os diâmetros estabelecidos na NBR-10897,
e os bicos de sprinklers devem estar dispostos e ser adequados a cada tipo de
edificação, conforme NBR-10897 (2014).
Conforme a figura 8 as tubulações da rede de sprinklers são compostas por
ramais que são as ramificações onde os sprinklers são instalados, tubulações
subgerais que alimentam os ramais, tubulações gerais que alimentam as subgerais,
e tubulações de subidas ou descidas que ligam níveis de sprinkler, e tubulação
principal que vem da bomba e alimenta as tubulações gerais, onde é instalada a
válvula de alarme e governo que controla e todo o sistema.
43

Figura 8 – Esquema da rede de tubulações.

Fonte: Uminski, 2003, p.36.

Para o dimensionamento de sprinklers em áreas de armazenamento,


podendo dimensionar os ramais em racks ou seja vários níveis junto aos porta-
pallets, ou optar por usar um sprinkler mais potente denominado ESFR do inglês
Early Suppression Fast Response, ou Supressão Precoce e Resposta Rápida, que
funcionam com alta pressão e vazão e extinguem o princípio de incêndio, mesmo
suspenso em grandes alturas como é o caso dos galpões destinados ao
armazenamento de materiais, conforme a NPT-24 (2012).
Após escolher um sprinkler do tipo ESFR, é necessário dimensionar a rede
com as especificações detalhadas pelo fabricante, como pressão mínima e máxima,
vazão, área de atuação, distanciamento entre sprinklers e distanciamento entre
ramais, de acordo com a NPT-24 (2012).
44

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Constata-se que prevenir e combater incêndios em áreas de armazenamento


não é uma tarefa fácil, depende não só da correta atuação dos profissionais de
Engenharia e Arquitetura na elaboração e dimensionamento dos projetos e
sistemas, mas também é preciso esperar do poder público uma legislação atualizada
e fiscalização eficaz, a fim de preservar vidas e patrimônios.
O presente trabalho contribui na explicação das etapas que consiste um
Plano de Segurança Contra Incêndio e Pânico em áreas de armazenamento, tendo
em vista que este assunto técnico normalmente não é abordado durante os cursos
de graduação na área da Engenharia e Arquitetura, para que ao ler um trabalho
como este, o responsável técnico consiga entender facilmente as etapas e
legislação a ser consultada, lembrando que o responsável pelo projeto é
responsável em parte pelas vidas e pelo patrimônio presentes na edificação em
questão.
Sabendo que a prevenção e combate a incêndios é uma área em constante
atualização e sem uma unificação nacional da legislação, o que faz com que o
profissional tenha que ter uma rotina frequente de estudos visando acompanhar a
evolução normativa e das tecnologias empregadas para esta finalidade. E pela área
não ser tão conhecida, abre-se um leque de oportunidades para o mercado de
trabalho, com perspectivas promissoras e demanda crescente.
45

6. REFERÊNCIAS

GALLANGHER, Richard. O desafio dos armazéns: artigo. Revista da National Fire


Protection Association. Artigo da revista impressa. Disponível em: <
https://www.nfpajla.org/pt/archivos/edicion-impresa/ocupaciones-industriales-
almacenamiento/942-los-desafios-de-los-depositos> Acesso em: 19 set. 2019.

MILANELI, Eduardo. Valdinéia (Org). Manual Prático de Saúde e Segurança no


trabalho. 2.ed. revista e ampliada. Yendis, São Caetano do Sul, São Paulo: 2012.
Cap.12, p. 165.

BRASIL. Estado do Paraná. Polícia Militar. Corpo de Bombeiros. – Código de


Segurança Contra Incêndio e Pânico. Curitiba, 2018.

_____. _____. _____. _____. Norma de procedimentos administativos:


processos de vistoria, licenciamento, fiscalização e recursos. Curitiba, 2018.

_____. _____. _____. _____. Norma de procedimentos técnicos 02: adaptação às


normas de segurança conta incêndio - edificações existentes. Curitiba, 2018.

_____. _____. _____. _____. Norma de procedimentos técnicos 03: terminologia


de segurança contra incêndio. Curitiba, 2014.

_____. _____. _____. _____. Norma de procedimentos técnicos 06: acesso de


viatura na edificação e áreas de risco. Curitiba, 2014.

_____. _____. _____. _____. Norma de procedimentos técnicos 08: resistência


ao fogo dos elementos de construção. Curitiba, 2012.

_____. _____. _____. _____. Norma de procedimentos técnicos 09:


compartimentação horizontal e compartimentação vertical. Curitiba, 2014.

_____. _____. _____. _____. Norma de procedimentos técnicos 10: controle de


materiais de acabamento e de revestimento. Curitiba, 2014.

_____. _____. _____. _____. Norma de procedimentos técnicos 11: saídas de


emergência. Curitiba, 2016.

_____. _____. _____. _____. Norma de procedimentos técnicos 14: carga de


incêndio nas edificações e áreas de risco. Curitiba, 2018.

_____. _____. _____. _____. Norma de procedimentos técnicos 16: plano de


emergência contra incêndio. Curitiba, 2014.

_____. _____. _____. _____. Norma de procedimentos técnicos 17: brigada de


incêndio. Curitiba, 2017.
_____. _____. _____. _____. Norma de procedimentos técnicos 18: iluminação
de emergência. Curitiba, 2014.
46

_____. _____. _____. _____. Norma de procedimentos técnicos 19: sistema de


detecção e alarme de incêndio. Curitiba, 2012.

_____. _____. _____. _____. Norma de procedimentos técnicos 20: sinalização


de emergência. Curitiba, 2014.

_____. _____. _____. _____. Norma de procedimentos técnicos 21: sistema de


proteção por extintores de incêndio. Curitiba, 2014.

_____. _____. _____. _____. Norma de procedimentos técnicos 22: sistemas de


hidrantes e de mangotinhos para combate a incêndio. Curitiba, 2015.

_____. _____. _____. _____. Norma de procedimentos técnicos 23: sistema de


chuveiros automáticos. Curitiba, 2012.

_____. _____. _____. _____. Norma de procedimentos técnicos 24: sistema de


chuveiros automáticos para áreas de depósitos. Curitiba, 2012.

SEITO, Alexandre Itiu et al. A segurança contra incêndio no Brasil. São Paulo:
Projeto Editora, 2008.

UMINSKI, Alessandra S. de Carvalho. Técnicas de prevenção e combate a


sinistros. Santa Maria, RS: Colégio Nossa senhora de Fátima, 2003.

EUZEBIO, Sandro da Cunha. PPCI fácil: manual completo de prevenção de


incêndios. Pelotas, RS, 2011.

BRENTANO, Telmo. Instalações hidráulicas de combate a incêndios nas


edificações. 4. ed. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2011.
47

ANEXOS
48

ANEXO A – TEMPOS REQUERIDOS DE RESISTÊNCIA AO FOGO (TRRF)


49

ANEXO B – DADOS PARA O DIMENSIONAMENTO DAS SAÍDAS DE


EMERGÊNCIA
50

ANEXO C – DISTÂNCIAS MÁXIMAS A SEREM PERCORRIDAS


51

ANEXO D – PLANILHA DE INFORMAÇÕES OPERACIONAIS


52
53

TCC 2 /2 - Ativid a d e 3

Crité rios Valor do crité rio Nota

Elementos Pré e Pós-textuais. (0-200) 100

Introdução clara e coerente com o trabalho. (0-400) 400

Considerações finais coerentes com os objetivos


(0-400) 400
propostos.

Desenvolvimento (Capítulo 1, 2 e 3) de forma clara e


(0-2000) 1300
estruturada ao longo de todo o trabalho

Apresentou coerência, linguagem formal e impessoal,


(0-600) 600
respeita as regras ortogramaticais.

Referências contemplam todas as obras e autores


que foram citados no trabalho, atendendo a (0-400) 200
formatação correta de acordo com ABNT.

Nota Total (0-4000) 3000

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