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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES

CURSO DE PÓS GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE


SEGURANÇA DO TRABALHO

RAIMUNDO REGINALDO ROCHA BRAGA

O CONTROLE DE SOBRECORRENTES PARA PREVENÇÃO


CONTRA INCÊNDIOS EM EDIFICAÇÕES

Brasília
2019
RAIMUNDO REGINALDO ROCHA BRAGA

O CONTROLE DE SOBRECORRENTES PARA PREVENÇÃO


CONTRA INCÊNDIOS EM EDIFICAÇÕES

Monografia submetida à Universidade


Cândido Mendes, como exigência
parcial à obtenção do título de
Especialista em Engenharia de
Segurança do Trabalho.

Orientador: Prof. Luiz Roberto Pires Domingues Jr.

Brasília
2019
RAIMUNDO REGINALDO ROCHA BRAGA

O CONTROLE DE SOBRECORRENTES PARA PREVENÇÃO


CONTRA INCÊNDIOS EM EDIFICAÇÕES

Monografia submetida à Universidade


Cândido Mendes, como exigência
parcial à obtenção do título de
Especialista em Engenharia de
Segurança do Trabalho.

Aprovado pelos membros da banca examinadora em___/___/___, com


menção ___ (_____________)

BANCA EXAMINADORA

__________________________________________

___________________________________________

___________________________________________

Brasília
2019
A Deus, pelo dom da vida
e pela luz da razão.

.
RESUMO

Os recentes acontecimentos de incêndios envolvendo eletricidade no país revelam


que o histórico de tragédias ainda não foram suficientes para produzir efeitos
substanciais de prevenção nessa área. Os efeitos térmicos anormais da eletricidade,
traduzidos por meio das sobrecorrentes, são aspectos que precisam ser
adequadamente prevenidos e mitigados, para evitar a perpetuação dessas
ocorrências. Por meio do mapeamento das principais causas que levam às
sobrecorrentes nas instalações elétricas, é possível conceber, estruturar e propor um
conjunto de ações que possibilitem o controle e mitigação dos riscos de
sobrecorrentes. A responsabilidade por internalizar, integrar, focar e disseminar essas
ações compete, essencialmente, ao gestor da edificação. A ação fiscalizadora do
estado é também crucial para que essas ações alcancem efetivamente seus objetivos
de prevenção. A pesquisa empreendida neste trabalho revelou que 69% das ações
propostas já estão devidamente prescritas na NBR 5410 e nos regulamentos dos
Corpos de Bombeiros estaduais. A presença expressiva nos normativos não
asssegura, contudo, a aplicabilidade dessas ações na prática, haja vista a forma
dispersa e genérica com que se encontram nesses documentos. É recomendável que
os regulamentos de segurança contra incêndio incorporem prescrições específicas
sobre os itens das instalações elétricas, como forma de possibilitar a efetividade das
ações de mitigação de riscos que foram propostas.

Palavras-chave: Sobrecorrentes; efeitos térmicos; ações de mitigação.


ABSTRACT

The recent fire events involving electricity in the country reveal that the history of
tragedies has not yet been enough to produce substantial effects of prevention in this
area. The abnormal thermal effects of electricity, translated through over-currents, are
aspects the need to be adequately prevented and mitigated, to avoid the perpetuation
of these occurrences. By mapping the main causes that lead to over-currents in the
electrical installations, it is possible to design, structure and propose a set of actions
that enable the control and mitigation of the risks of over-currents. The responsibility
for internalizing, integrating, focusing and disseminating these actions these actions is
essentially the responsibility of the building manager. The state inspection action is
also crucial to these actions are to effectively meet their prevention goals. The research
undertaken in this work revealed that 69% of the proposed actions are already duly
prescribed in NBR 5410 and in the regulations of the state fire brigades. The
expressive presence in the normative does not guarantee, however, the applicability
of these actions in practice, there is sight the dispersed and generic form found in these
documents. It is recommended that fire safety regulations incorporate specific
requirements on installation items, as a way to enable the effectiveness of the
proposed risk mitigation actions.

Keywords: Over-currents; thermal effects; mitigation actions.


LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Triângulo do Fogo…………………………………………………………......16


Figura 2 – Fluxogramas dos processos de ignição…………………………………..…18
Figura 3 – Simbologia da FTA………………………………………………………….…27
Figura 4 – Árvore de Falha do Curto-circuito…………………………………………....29
LISTA DA TABELAS

Tabela 1 – Falhas que causam sobrecorrentes……………………………………….…32


Tabela 2 – Ações de prevenção contra sobrecorrentes………………………………...35
Tabela 3 – Resultados da pesquisa dos normativos……………………………………41
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO……...…………………………………………………………………....10
1.1 OBJETIVOS……..…………………………………………………………………...11
1.2 JUSTIFICATIVA……………………………………………………………………...12
1.3 METODOLOGIA……………………………………………………………………..12
2 ESTATÍSTICAS DE INCÊNDIOS………………………………………………………13
3 O FOGO.…………………………………………………………………………………..16
3.1 COMPONENTES….….. ….………………………………………………………….16
3.2 PROCESSO DE IGNIÇÃO…………………………………………………………..17
3.3 LIMITES DE INFLAMABILIDADE……..…………………….……….……………..18
3.4 PONTOS NOTÁVEIS DE TEMPERATURA……..………………………..…….…18
4 OS EFEITOS TÉRMICOS DA ELETRICIDADE..………………………………….…19
4.1 FUNDAMENTOS…..………………………………………………………………..19
4.2 EFEITOS TÉRMICOS NORMAIS……...………………………….………………19
4.3 EFEITOS TÉRMICOS ANORMAIS – SOBRECORRENTES…………………..20
4.3.1 Sobrecarga……………………………………………………………………21
4.3.2 Curto-circuito………………………………………………………………….21
5 SEGURANÇA CONTRA SOBRECORRENTES………………..………..…………..23
5.1 FUNDAMENTOS.……………………………………………………….…………..23
5.2 SEGURANÇA NA FASE DE PROJETO…...………………………….…………..24
5.3 SEGURANÇA NA FASE DE EXECUÇÃO………………………………………..25
5.4 SEGURANÇA NA FASE DE UTILIZAÇÃO……..…………………….…………..25
5.5 SEGURANÇA NA FASE DE MANUTENÇÃO….....………………….…………..25
6 ÁRVORE DE FALHAS DE SOBRECORRENTES……………………………………27
7 PROPOSTA DE AÇÕES DE PREVENÇÃO………………………..…………………33
7.1 CRITÉRIOS……...………………………………………………….……………….33
7.2 RESPONSABILIDADES……………………..……………………..………………36
7.3 NORMATIVOS APLICÁVEIS………………………………………..……………..37
7.4 PESQUISA NORMATIVA……………………………………………..……………37
8 RESULTADOS…………………………………………………….……………………..39
8.1 APRESENTAÇÃO E TRATAMENTO DOS DADOS………………………….…39
8.1.1 Prescrições em Normas Técnicas……………………………….……….…39
8.1.2 Prescrições em Regulamentos….…………………………………………..39
8.1.3 Planos de Fiscalização…….…………………………………………………40
8.2 ANÁLISE DOS DADOS……………………………………………………………..40
8.2.1 Análise Quantitativa – Abragência das Prescrições….……….………….40
8.2.2 Análise Qualitativa – Perspectiva de Efetividade da Ações…....………...41
9 CONCLUSÃO………………...…………………………………………………….…….43
9.1 TRABALHOS FUTUROS……………………………………………………….…...44
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS…..………………………………………………...45
10

1 INTRODUÇÃO

No dia 08/02/2019, o Brasil acorda com a notícia de um incêndio ocorrido na


madrugada no Centro de Treinamento (CT) Ninho do Urubu na cidade do Rio de
Janeiro, pertencente à equipe de futebol Clube Regatas do Flamengo.
Os primeiros informes dão conta de possíveis vítimas principalmente crianças
e provavelmente trabalhadores do CT em decorrência do incêndio.
Ao longo do dia, é confirmado a morte de 10 pessoas e 3 feridos, todos crianças
e adoslecentes na faixa dos 10 aos 16 anos. Nenhum adulto ou trabalhador
encontram-se entre as vítimas.
Durante os próximos três dias subsequentes, o País mergulha em uma
comoção nacional pela perda de vidas tão precoces e promissoras dos 10 “meninos
do Ninho” e se solidariza com o sofrimento vivenciados pelas famílias, a maioria delas
de origem probre que vivem em locais distantes do Rio de Janeiro.
As investigações preliminares sobre o acidente dão conta de que o mesmo teve
início a partir de um curto-circuito em um dos aparelhos de ar condicionado do
alojamento onde dormiam as crianças.
Essa conclusão preliminar remete a outros grandes incêndios, causados por
origem elétrica, que o País vivenciou ao longo de sua história recente e que tiveram
consequências, perdas e sofrimento humano em proporções comparáveis ou maiores
que a ocorrência do Ninho, dentre eles marecem destaque:

 1974 - Edíficio Joelma

Prédio de escritórios de 25 andares, localizado na Avenida Nove de Julho em


São Paulo. O incêndio teve início em um curto-circuito de uma condicionado localizado
no 12º andar do edifício, provocou a morte de 179 pessoas e deixou 300 feridos. Trata-
se do incêndio com maior quantidade de vítimas já registradas no Brasil.

 1981 - Edifício Grande Avenida

Prédio comercial de 19 andares, localizado no centro de São Paulo. O incêndio


teve início em curto-circuito na sobreloja, pertecente a uma empresa de indústria textil,
provocando a morte de 17 pessoas e deixando mais de 50 feridos.

 1986 – Edifício Andorinha


11

Prédio comercial de 13 andares, localizado na confluência das avenidas


Almirante Barroso e Graça Aranha, no centro do Rio de Janeiro. A causa provável do
incêndio, segundo laudo pericial, foi um “mau contato” em uma tomada localizada no
9º andar.O incêndio deixou 21 vítimas fatais e e 50 pessoas feridas.

 2000 – Creche Uruguaiana

Creche Casinha da Emília, localizada em Uruguaina a 634km de Porto Alegre.


O Incêndio teve início em um curto-circuito de um aquecedor elétrico localizado na
sala principal da creche, provocando a morte de 12 crianças entre 2 e 3 anos de
idade.
 2018 – Edifício Wilton Paes de Almeida

Prédio de 24 andares localizado no Largo do Paisandu na Centro de São Paulo.


O incêndio iniciou-se a partir de um curto circuito em uma tomada do 5º andar que
alimentava, ao mesmo tempo vários aparelhos eletrodomésticos. O incêndio provocou
o desabamento de prédio, a morte de 1 pessoa e deixou 372 desabrigados.

Da tragédia do Joelma até o Ninho do Urubu já se passaram 45 anos, tempo


relativamente longo através do qual haveria de se supor a introdução de avanços nos
mecanismos de segurança das instalações elétricas no Brasil, para prevenir o
surgimentos dessas ocorrências.
Se esses mecanismos existem, então naturalmente surgem as seguintes
questões:
- Quais são esses mecanismos de prevenção de sobrecorrentes nas
edificações ?
- De que forma eles se encontram presentes nos normativos ?
- O que é necessário para torná-los efetivos e eficazes ?

1.1 OBJETIVOS

A partir das questões centrais acima é que surgiu o projeto de investigação


proposto no presente TCC, que será conduzido com o objetivo principal de identificar
medidas técnicas e administrativas nos normativos vigentes, que estão aptas a
evitarem ocorrências de sobrecorrentes nas instalações elétricas nos locais de
trabalho.
12

Além do objetivo principal acima, o presente projeto de TCC também se


incumbirá de alcançar os seguintes específicos:
- Investigar dados e informações relativos ao perfil de ocorrências de incêndios
originados por sobrecorrentes no Brasil;
- Identificar principais processos de formação de riscos de sobrecorrentes e
suas causas;
- Prospectar e propor ações técnicas e administrativas que possam contribuir
para a prevenção;
- Mapear medidas previstas nas normas aptas a contribuirem para mitigação
de riscos de curto-circuito.

1.2 JUSTIFICATIVA

O incêndio é um evento que produz consequências devastadoras em todo


mundo, dentre eles as perdas de vidas humanas, prejuízos econômicos, patrimoniais
e culturais, além de grandes sequelas psicosociais deixadas em pessoas feridas,
sobreviventes ou parentes de vítimas fatais.
Em função disso, o tema ora proposto assume papel de grande relevância,
pois, uma vez alcançados seus objetivos, contribuirá de forma significativa para
redução de ocorrências de incêndios e, por consequência, de seus impactos danosos
para a sociedade.

1.3 METODOLOGIA

A metodologia a ser empregada será a qualitativa-descritiva, por meio de pesquisa


bibliográfica e documental, contemplando as seguintes etapas:

1ª Etapa – Análise e apresentação dos principais processos e causas das ocorrências


de sobrecorrentes em instalações elétricas;

2ª Etapa – Pesquisa documental em normas técnicas e regulamentos sobre


prescrições de ações de controle e prevenção de riscos de sobrecorrentes;

3ª Etapa – Análise e propostas de ações para preencher lacunas eventualmente


identificadas em normas e legislação.
13

2 ESTATÍSTICAS DE INCÊNDIOS

De acordo com a International Association of Fire ans Rescue Services


(IAFRS), através do Relatório IAFRS/CTIF2018-023, no período entre 1993 e 2016,
ocorreram em média 3,7 milhões de incêndios por ano ao redor do mundo,
correspondendo a 1,5 incêndios para cada grupo de mil habitantes. No mesmo
período, foram registradas uma média de 43.200 mortes anuais decorrentes desses
incêndios, ou seja, morre uma pessoa no mundo para cada 84 eventos de incêndio
registrados.
Dados da Genova Association demonstram que as perdas diretas decorrentes
de incêndios alcançam patamaresde dezenas de bilhões de dólares, chegando a
sensibilizar o PIB de alguns países. No período de 2008 a 2010, o impacto observado
sobre o PIB foi de 0,1% nos EUA, 0,12% no Japão, Alemanha e Reino Unido e 0,20%
na França e Itália.
A IAFRS classifica os incêndios, de acordo com o local em que ocorre, em:
edificações, veículos, lixo, vegetação rasteira, florestas e outros. No Relatório
IAFRS/CTIF2018-23 consta que a quantidade de incêndios em edificações (struture
fire) ocorridos nos países pesquisados em 2016 respondem por 35,5% do total das
ocorrências registradas naquele ano (Gráfico 1) . Em números absolutos, são pelo
menos 1,065 milhões de incêndios somente em edificações registrados em 2016.

DISTRIBUIÇÃO DE INCÊNDIOS POR TIPO


Outros; 20,00%
Edifícios;
35,50%

Vegetação
Rasteira;
18,80%

Floresta; 3,30% Lixo; 8,90%


Veículo; 13,50%

Fonte: International Association of Fire and Rescue Services-Center of Fire Statistics


Gráfico 1 – Distribuição de incêndios por tipo
14

O Brasil não gera estatísticas sobre ocorrências de incêndios, por isso não
aparece nos relatórios internacionais. As poucas informações disponíveis só podem
ser coletadas de maneira fragmentada, em alguns órgãos como Bombeiros, Ministério
da Saúde, Ministério do Trabalho, INSS e Secretaria Nacional de Segurança Pública
(SENASP).
Outra opção é a pesquisa de ocorrências noticiadas na mídia, como fazem
algumas entidades da iniciativa privada, como o Instituto Splinker do Brasil (ISB) e a
Associação Brasileira de Conscientização para os Perigos da Eletricidade
(ABRACOPEL).
De acordo com a SENASP, por meio do Relatório de Perfil das Instituições de
Segurança, as ocorrência de incêndios no trerritório nacional registradas pelos Corpos
de Bombeiros estaduais, nos exercícios de 2011, 2012 e 2013 foram,
respectivamente, de 266.538, 191.514 e 167.310, o que permite inferir uma média
anual de ocorrências no período de 208.454 incêndios.
Esse números incluem somente ocorrências abertas oficialmente junto ao
Corpo de Bombeiros, ficando de fora aqueles eventos sem registros, incluindo aqueles
que ocorrem em áreas sem a presença de Bombeiros.
De qualquer forma, a média obtida, embora incipiente, não excede à
expectativa de ocorrências de incêndios que se tem para o Brasil, que é de
aproximamente 300 mil ocorrências por ano. Essa estimativa é obtida a partir da
população brasileira de 2013 e do parâmetro histórico de 1,5 incêndios para cada mil
habitantes, conforme Relatório IAFRS/CTIF2018-023.
No caso das edificações, a expectativa no Braril seria de números próximos a
casa de 106.500 incêndios anuais, tendo por base o parâmetro mundial de 35,5%,
extraído do Relatório IAFRS/CTIF2018-23. Desse total, não parâmetros globais mais
específicos que relacione o incêndio com suas causas, em especial quando originário
de sobrecargas ou curto-circuito nas instalações elétricas.
No entanto, a ABRACOPEL tem divulgado anualmente dados relativos à
eventos de acidentes envolvendo eletricidade, dentre eles, aqueles relacionados à
incêndios causados por sobrecorrentes (curto-circuto ou sobrecargas).
Os dados das pequisas realizadas no período de 2013-2016 constam do gráfico
2, onde é possível observar uma evolução crescente no número de ocorrências de
incêndios causados por curto-circuito.
15

Fonte: ABRACOPEL
Gráfico 2 – Incêndios causados por curto-circuito no Brasil

Assim com toda estatística de incêndios produzida no Brasil, as informações


produzidas pela ABRACOPEL são parciais, pois contempla somente os eventos
noticiados na mídia.
16

3 O FOGO

3.1 COMPONENTES

Fogo é um processo físico-químico deflagrado pelo calor, que culmina em uma


reação de oxidação, na qual uma substância redutora, denominada combustível,
sofre oxidação na presença de uma substância oxidante, denominada comburente,
tendo por característica a liberação de luz e calor e a emissão de fumaças.
Da definição acima, aduz-se que o fogo é o resultado do contato simutâneo de
três elementos essencias: o combustível, o comburente e o agente ígneo.
O combustível é a substância ou material que queima, ou seja, sofre alterações
químicas na presença do comburente. São exemplos de combustíveis a madeira, o
papel, a gasolina, o diesel, o GLP, o acetileno, dentre outros.
O comburente é a substância oxidante, que propicia o processo de queima ou
combustão. O oxigênio presente no ar é o mais importante comburente, ainda que
existam alguns outros menos frequentes, tais como o cloro e o flúor.
Agente ígneo é elemento energético que fornece calor para iniciar o fogo. São
exemplos de agentes ígneos: as chamas, as centelhas e as faíscas.
A Figura 1 ilustra o denomimado “Triângulo do Fogo”, onde cada vértice
corresponde a um do três elementos essenciais de formação do fogo.

Fonte: Manual de Prevenção e Combate a Princípios de Incêndio-PR


Figura 1 – Triângulo do Fogo
17

3.2 PROCESSO DE IGNIÇÃO

O processo de ignição do fogo depende da natureza e estado físico do


combustível. Essas variações estão contempladas na figura 2, que consolida os três
tipos de processos de acordo com o estado físico da combustível.
O processo A é aplicável aos combustíveis que se encontram normalmente em
estado sólido. Para Seito (2008):

Quando o combustível sólido é exposto a um determinado nível de energia


(calor ou radiação), sofre um processo de decomposição térmica,
denominado pirólise, e desenvolvem produtos gasosos (gás e vapor), que,
com o oxigênio do ar, forma a mistura inflamável (ou mistura explosiva). Essa
mistura na presença de uma fonte de energia ativante (faísca, chama,
centelha) se inflama.

O processo B é aplicável aos combustíveis liquídos. Seito (2008) descreve que:

Quando exposto a um determinado grau de calor, o combustível líquido não


sofre decomposição térmica, mas, sim, o fenômeno físico denominado
evaporação, que é a liberação dos vapores, os quais, em contato com o
oxigênio do ar, forma a mistura inflamável (ou mistura explosiva). Essa
mistura na presença de uma fonte de energia ativante (faísca, chama,
centelha) se inflama.

O processo C é aplicável aos combustíveis gasosos que na definição de Seito


(2008) são:
Assim considerados quando se apresentam em forma de gás ou vapor na
temperatura do ambiente. Esse combustível quando em contato com o
oxigênio do ar forma a mistura inflamável (ou mistura explosiva), que na
presença de uma energia ativante (faísca, chama, centelha) se inflama.

Independente do estado físico em que se encontra o combustível, os


fluxogramas da Figura 2 mostram que estágios finais de cada um dos processos será
o mesmo: formação de uma mistura inflamável de ar, vapores e ou gás, em proporção
adequada para formar uma mistura inflamável; aproximação de uma chama, faísca ou
fagulha; e o início do processo de ignição.
18

Combustível Gases e Mistura Faísca ou


Pirólise Ar Ignição
A Sólido Vapores Explosiva Chama

Líquidos Vapor Mistura Faísca ou


B Combustíveis
Evaporação Ar Ignição
Combustível Explosiva Chama

Gás Mistura Faísca ou


Ar Ignição
C Combustível Explosiva Chama

Fonte: Livro A segurança Contra Incêndio no Brasil, São Paulo: Projeto Editora, 2018.
Figura 2 – Fluxogramas dos processos de ignição

3.3 LIMITES DE INFLAMABILIDADE

Para uma mistura ser considerada inflamável, a concentração do combustível


deverá estar contida dentro em uma faixa definida entre um limite inferior de
inflamabilidade (LIE) e um limite superior de inflamabilidade (LSE). Cada combustível
possui LIE e LSE específicos. Em uma mistura gasosa com concentração fora da
faixa entre o LIE e LSE, o processo de ignição não se completará.
A concentração de comburente também é uma variável que determina a
perfomance do fogo. Em concentrações de oxigênio abaixo de 8% não há a
combustão; entre 8 e 15%, a combustão é lenta; concentrações entre 15 e 21% é
considerada a faixa ideal para o processo de combustão.

3.4 PONTOS NOTÁVEIS DE TEMPERATURA

A figura 2 mostra ainda que cada etapa do fluxo de ignição evolue com o aumento da
temperatura. Nesse processo, existem três valores de temperatura notáveis do
combustível que determinam o estágios importantes para a formação e a sustentação
do fogo, são eles:

 Ponto de Fulgor : temperatura em que o fogo se inicia na presença de um


agente ígneo, mas se extingue quando o agente é removido.
 Ponto de Combustão: temperatura em que o fogo se inicia e se mantém mesmo
com após retirada do agente ígneo.
 Ponto de Ignição: temperatura em que o fogo se inicia sem a presença de um
agente ígneo.
19

4 OS EFEITOS TÉRMICOS DA ELETRICIDADE

4.1 FUNDAMENTOS

A energia elétrica dentro de um circuito é convertida em energia térmica


sempre que a corrente elétrica percorre uma resistência elétrica. Esse é o
denominado “Efeito Joule”.
A resistência elétrica é uma propriedade física inerente ao tipo de material e às
suas dimensões físicas. Ela está presente em todos os condutores (fios, cabos,
barramentos, etc), nas conexões elétricas e em diversos tipos de equipamentos que
são conectados à instalação (cargas).
A quantidade de calor instantânea que é produzida pela passagem de corrente
elétrica I por uma resistência R corresponde à perda de energia elétrica instântanea
ou potência elétrica P dissipada, ou seja: P = R x I2, onde P é medido em de Joules/s
(J/s) ou Watts (W).
Considerando que a potência é uma grandeza instantânea, a energia calorífica
(E ) total produzida por um determinado período de tempo t será dado por: E=P x t =
R x I2t (Joules).
Assim, a energia térmica produzida pela passagem de uma corrente pela
resistência de um circuito elétrico, seja ela inerente ao condutor, às conexões ou à
carga, está diretamente associada ao fator I2t. Isso significa que o calor total produzido
aumenta com tempo e aumenta criticamente com o valor da corrente.

4.2 EFEITOS TÉRMICOS NORMAIS

Sabe-se, da termodinâmica, que para elevar a temperatura de um corpo, é


necessário fornecer-lhe energia calorífica. Sabe-se ainda que, para um corpo com
massa e dimensões definidas, a elevação dessa temperatura ocorre através de uma
relação de direta proporcionalidade com a energia fornecida, ou seja ∆T = K x E. Se
corpo for um condutor atravessado por uma corrente I, então a variação de
temperatura se ∆T = K x R x I2 t. Como o produto K x R também é uma constante,
então a elevação de temperatura depende somente do fator I2t.
20

Por simplificação, a conclusão anterior considera que toda a energia produzida


é utilizada para aquecer o condutor, sem perdas ou transferência de calor para o meio.
Na termodinâmica, esse processo é denominado “adiabático”. Na prática, contudo,
ocorrerá sempre transferência de calor para o meio e esse elevará sua temperatura
nas imediações do condutor, até atingir uma temperatura de equilíbrio.
Em condições normais de operação, a temperatura de equilíbrio deverá se
situar dentro de um limite de segurança, para evitar danos à isolação do condutor. No
caso das isolações mais utilizadas atualmente, esses limites são:
 PVC: 70º C;
 EPR: 90º C;
 XLPE:90º C.
Neste ponto, é possível definir um parâmetro de projeto de vital importância
para segurança das instalações, que é a capacidade de condução de corrente do
condutor, definida como a máxima corrente que o condutor pode conduzir sem
ultrapassar o seu limite de segurança de temperatura.
A capacidade de condução de corrente é uma variável a ser determinada em
projeto e depende: do condutor utilizado; da composição e configuração dos circuitos;
e das condições térmicas de operação da instalação.

4.3 EFEITOS TÉRMICO ANORMAIS – SOBRECORRENTES

O Guia EM NBR 5410 afirma que “uma sobrecorrente é uma corrente que
excede um valor nominal. Para condutores, o valor nominal considerado é a
capacidade de condução de corrente”.
Por situar-se acima da capacidade de condução de corrente, a sobrecorrente
implica em um estado térmico de operação acima da temperatura máxima suportável
pela isolação do condutor. Nessa circunstância, a instalação elétrica opera como
uma perigosa fonte de calor, podendo iniciar um processo de combustão na própria
isolação ou, dependendo do caso, nos materiais situados em seu entorno.
As sobrecorrentes pode se apresentar de duas formas: sobrecarga e curto-
circuito.
21

4.3.1 Sobrecarga

Ocorre sobrecarga quando a instalação opera com carga excessiva, fazendo


surgir uma corrente no circuito superior à capacidade de corrente do condutor.
A sobrecarga pode está associada a condições inadequadas de uso das
instalações, ao subdimensionamentos de condutores ou a elevação de temperatura
ambiente acima dos níveis considerados em projeto.
Uma sobrecarga conduz a um aquecimento anormal e gradual dos condutores.
Se não houver atuação de um dispositivo de proteção, esse aquecimento elevará a
temperatura do material isolante e do meio circundante.
A instalação com condição de sobrecarga pode apresentar perigo de ignição
de materiais com baixo ponto de fulgor que esteja em suas proximidades. Além disso,
o aquecimento do isolante leva a uma progressiva degradação de suas propriedades
dielétricas, podendo levar a perda de isolamento do condutor e a um subsequente
curto-circuito.
Outro efeito da sobrecarga é o surgimento de aquecimentos localizados em
pontos mais críticos, normalmente locais de conexões irregulares (mau contatos) ou
em pontos mais frágeis da isolação. A continuidade desse processo pode levar ao
início de uma combustão localizada no próprio material isolante, com possibilidade de
evolução para um curto-circuito.
O que se depreende é que a continuidade de permanência de uma sobrecarga
na instalação gera grande probabilidade do processo alcançar o curto-circuito, cujos
efeitos térmicos são muito mais severos e instantâneos para a instalação.

4.3.2 Curto-circuito

O curto-circuito uma sobrecorrente que surge a partir da ligação de potenciais


diferentes de um circuito através de uma baixa impedância. A ligação ou contato pode
ocorrer entre condutores vivos entres si, entre condutor vivo e neutro ou entre condutor
vivo e condutor terra da instalação.
O curto-circuito normalmente está associado a algum defeito (falha) na
instalação, que conduz à ligação em baixa impedância. O defeito mais comum é a
perda de isolamento de um ou mais condutores vivos. Essa perda pode ocorrer em
22

função de diversos fatores, dentre eles: temperatura elevada, sobretensões,


envelhecimento, ressecamento e esforço mecânico acidental
Outra forma de iniciar um curto-circuito é por meio de uma ação humana,
acidental ou intencional, como, por exemplo, deixar um alicate tocar as partes de um
barramento durante uma manutenção ou quando há alguma intervenção inadvertida
do usuário, da qual possa resultar em um contato entre partes vivas.
Embora possa assumir pequenos valores em algumas situações, o curto-
circuito normalmente apresenta-se com correntes extremamentes elevadas, podendo
mesmo alcançar a ordem de milhares de ampéres. Trata-se de um evento que pode
apresentar grande poder energético, decorrente da elevada corrente, e, por
consequencia, fator I2t, sendo capaz de produzir severos efeitos térmicos e mecânicos
sobre os componentes da instalação e sobre a própria edificação.
O superaquecimento produzido por um curto-circuito pode elevar a temperatura
de um condutor a níveis críticos em fração de segundos, deixando uma margem de
tempo extremamente pequena de reação para os dispositivos de proteção contra
curto-circuito da instalação.
Além dos efeitos térmicos sobre os circuitos à montante do falha, as
consequências locais também podem ser bastantes severas. Normalmente os pontos
onde ocorrem curto-circuitos apresentam-se com grandes perdas térmicas, ficando
suscetíveis à ocorrência de faiscamentos ao surgimento de focos de incêndio. Quando
o curto-circuito tem origem em um arco elétrico (impedância gasosa), os efeitos locais
podem ser ainda mais severos.
Um arco é formado sempre que uma diferença de potencial estabelecida entre
dois pontos separados pelo ar é suficiente para causar a sua ionização, estabecendo
assim um caminho de baixa impedância para corrente. A natureza física do arco
elétrico propicia o surgimente de temperaturas em seu entorno na faixa de 4.000ºK e
de 15.000º K no seu núcleo, fazendo dele um dos eventos de maior poder energético
da natureza.
Além do elevado nível de calor local que é produzido pelo o arco, há ainda o
risco de explosão causado pela onda de pressão que forma com o processo de
ionização do ar.
As consequências de um arco elétrico para pessoas que se encontram muitos
próximas ao evento podem ser incapacitantes e até fatais.
23

5 SEGURANÇA CONTRA SOBRECORRENTES

5.1 FUNDAMENTOS

O princípio básico de proteção contra sobrecorrentes que emana de NBR5410


é:

As pessoas, os animais e os bens devem ser protegidos contra os efeitos


negativos de temperatura ou solicitações eletromecânicos excessivos
resultantes de sobrecorrentes a que os condutores vivos possam ser
submetidos.

O objetivo da norma é que as instalações elétricas não se torne uma ameaça


para a edificação, iniciando ou potencializando um processo de incêndio. Ao invés de
indutor de risco de incêndio, a instalação deve cumprir um papel de agente de
mitigação desse risco, mantendo sistemas críticos de segurança em operação
confiável e, nas situações de emergência, permanecendo íntegra e funcional, sem
efeitos nocivos, pelo tempo que for necessário para a garantia da proteção.
Viu-se que o aparecimento de sobrecargas no circuito elétrico está bastante
associada à forma de utilização e ao ambiente externo à instalação. No caso do curto-
circuito, os fatores mais comuns são defeitos ou falhas na isolação ou intervenção
acidental na instalação.
No que se refere aos riscos de incêndios decorrentes de sobrecorrentes, as
formas de mitigação, passam, principalmente, pelos seguintes objetivos:
a) Controle da corrente de operação dos circuitos;
b) Preservação das propriedades físicas dos materiais condutores,
condizentes com a operação e condições ambientais, especialmente da sua
capacidade de isolamento elétrico.
c) Garantia da qualidade dos procedimentos de execução e manutenção da
instalação;
d) Monitoramento da qualidade de energia da rede concessionária;
e) Utilização adequada da instalação;
f) Adequada operação dos dispositivos de proteção.
24

Em se tratando de incêndios, não se admite qualquer lapso temporal em que


os riscos possam ser negligenciados. Em vista disso, é necessário que as condições
acima sejam mantidas em todas as fases de vida da instalação, que inclui o projeto,
a execução, a utilização e a manutenção.

5.2 SEGURANÇA NA FASE DE PROJETO

Na fase de projeto, a corrente de operação ou corrente de projeto é


dimensionada para produzir calor em níveis que possam ser adequadamente
dissipado pelo ambiente. Para tanto, a regra fundamental é: a corrente de projeto não
poderá ser superior à capacidade de condução do condutor.
Isso permitirá estabelecer uma temperatura de equilíbrio que possa ser
suportada pelos diversos materiais que compõem as instalações, sem danifica-las ou
comprometer sua funcionalidade.
Uma vez determinada a corrente de projeto, a seleção e especificação dos
materiais condutores deverá estar rigorosamente coerente com esse
dimensionamento e com os requisitos impostos pelas condições externas da
instalação.
Esses dois fatores, o correto dimensionamento da corrente de projeto e a
adequada especificação dos materiais, constituem uma proteção contra o
aparecimento de falhas na fase de projeto, as quais poderão ser introduzidas na
instalação durante a execução e se transformarem em perigos de sobrecorrentes.
Outra medida de proteção crítica para instalação pertencente à fase de projeto
é dimensionamento de dispositivos de seccionamento automático (disjuntores e ou
fusíveis), para situações em que essa corrente de projeto seja ultrapassada. O
desligamento do circuito evitará que correntes acima do níveis admitidos elevem a
temperatura da instalação à patamares que produzam riscos diversos.
Para proteção contra sobretensões do tipo surtos e transientes, principalmente
decorrente de descargas atmosféricas, o projeto deve assegurar o dimensionamento
e a seleção de dispositivos de proteção contras surtos (DPS), adequados às
exigências do local da instalação. Por meio dessa proteção, mitiga-se o risco de danos
sobre a isolação dos condutores causados por impulsos de tensão, e o consequente
aparecimentos de arcos e curto-circuitos na instalação.
25

5.3 SEGURANÇA NA FASE DE EXECUÇÃO

A fase de execução contribui com proteção contra sobrecorrentes,


assegurando o adequado procedimento de aplicação e a utilização de material de
acordo com a especificação de projeto. Por meio dessas salvaguardas, evita-se que
sejam introduzidas nessa fase falhas estruturais, muitas vezes ocultas, que possam
produzir sobrecorrentes ao longo da vida útil da instalação.

5.4 SEGURANÇA NA FASE DE UTILIZAÇÃO

Na fase de utilização da instalação, a principal proteção é a conscientização


dos usuários sobre o seu correto uso, assim como do compromisso de manter o
ambiente externo dentro das condições que foram consideradas na fase de projeto.
O uso da instalação fora das condições previstas em projeto, potencializa o
surgimento de perigos de sobrecorrentes. Para evitar esses perigos, o usuário deve
conhecer o nível de tensão e os limites de potência admissível em cada ponto de
utilização, antes de realizar a conexão de qualquer equipamento à instalação, para
evitar sobrecorrentes.
A NBR 5410 enfatiza que suas prescrições para os circuitos elétricos não
garante necessariamente a proteção dos equipamentos de utilização. Por isso, o
usuário deve optar por equipamentos que contenham certificação de qualidade, para
mitigar riscos de incêndios causados por defeitos internos nesses equipamentos.
Também contribui para alterar as condições normais de uso da instalação, as
intervenções que são feitas fora das especificações originais, sem um adequado
reestudo do projeto. Exemplo emblemático são as comuns trocas de proteção de
circuitos, em desacordo com o dimensionamento original. Esses procedimentos
muitas vezes retiram a última proteção contra sobrecorrentes existente, que é o
seccionamento automático do circuito, deixando a instalação exposta a perigos de
incêndios.

5.5 SEGURANÇA NA FASE DE MANUTENÇÃO

A fase de manutenção, que na verdade é uma etapa dentro da fase de


utilização, pode ser considerada sob três abordagens para efeito da proteção:
26

 Proteção propiciada pela existência de um plano de manutenção, para


assegurar a vida úitl dos componentes da instalação, evitando a perda precoce
das características físicas dos mesmos, com potencial aparecimento de falhas
que levem à sobrecorrentes;
 Proteção propiciada execução da manutenção, nesse caso a proteção se
assemelha à etapa de execução, para assegurar que sejam empregados
procedimentos adequados e materiais com mesmas características da
especificação de projeto, para evitar e sobrecorrentes e acidentes com arco
elétrico;
 Proteção propiciada pelo controle permanente da corrente de operação dos
circuitos, através de procedimentos de monitoramento e testes. Essa proteção
é uma salvaguarda contras falhas de qualquer ordem que possam surgir na
instalação, em qualque de suas etapas;
 Proteção propiciada pelo monitoramento dos níveis de tensão e da qualidade
da energia fornecida pela concessionária de energia elétrica. Por meio dessa
proteção, é possível identificar e adotar medidas técnicas e administrativas
junto à concessionária para evitar a exposição da instalção à eventos de tensão
anormais que possam comprometer as propriedades dielétricas dos isoloantes,
levando ao surgimento de curto-circuitos.
27

6 ÁRVORE DE FALHAS DAS SOBRECORRENTES

Regra geral, a ocorrência de sobrecorrentes nas instalações não é um evento


isolado e aleatório. Normalmente é o resultado de um processo temporal em que
concorrem diversos fatores críticos. Mesmo no caso de evento acidental, onde um
operador provoca um curto-circuito, e que poderia ser considerado, a priori, evento
isolado e direto, há que se considerar as motivações para que o resultado indesejado
tenha sido alcançado, como, por exemplo, a falta de capacitação do profissional.
Dentro dessa linha, é necessário investigar esses processos que conduzem ao
perigo da sobrecorrente na instalação, com mapeamento de todas as causas
possíveis.
A metodologia utilizada para esse fim será a Análise de Árvore de Falhas (FTA),
que consiste em partir de uma evento indesejável, chamado evento “topo” e, por meio
de conexões lógicas , efetuar um encadeamento regressivo de eventos até chegar no
evento básico ou falha primária, que originou todo o processo. Pode haver um ou mais
desses conjuntos encandeados de eventos formando uma árvore sistêmica de
possibilidades que causam o evento topo. Os eventos que se situam entre a falha
primária e o evento topo são denominados eventos intermediários ou eventos de
saída. A simbologia adotada pela metodologia FTA consta de Figura 3.

Figura 3 – Simbologia da FTA


28

A FTA descrita até este ponto é dita qualitativa, pois identifica e expressa as
relações de causa e efeito entre diversos eventos. A FTA quantitativa é uma evolução
da etapa qualitativa, onde se incorporam também valores de probabilidade referidos
a cada evento, como o Objetivo de determinar a probabilidade final de ocorrência do
evento “topo”. Para atender aos objetivos desse trabalho, os esforços ficarão
concentrados estritamento no FTA qualitativo.
Além da necessidade de identificar as causas dos eventos indesejáveis, no
caso Das instalações elétricas é importante conhecer também em qual etapa do
processo as falhas podem ser introduzidas, se no projeto, execução, manutenção ou
uso das instalações. Para contemplar essas informações, serão acrescentadas à
metodologia FTA letras denotativas de cada uma dessas etapas, a saber: P – Projeto;
E – Execução; M – Manuteção; e U – Utilização.
Com base nas considerações sobre as causas das sobrecorrentes efetuadas
no item 3.3, a Figura 4 mostra a árvore de falha para o eventos topo “curto-circuito”.
Para a confecçação da árvore foram considerados apenas as causas mais frequentes
registradas na literatura. Por simplificação e pragmatismo, não foi apresentada árvore
específica para a sobrecarga, mas o processo da sobrecarga pode ser visualizado na
figura 4, como uma das causas que levam ao curto-circuito.
A árvore mostra as duas causas imediatas para o desfecho de um curto-
circuito, que são a perda do isolamento das partes vivas e o ato humano, acidental ou
intencional. A diferença lógica entre esse dois eventos é que a perda de isolamento
é um evento intermediário (representado por um por um retângulo), ou seja, depende
de uma ou mais causas anteriores para ocorrer. Isso, de certa forma, aumenta as
possibilidades de prevenção. Já o contato acidental é um evento básico ou falha
primária (representada por um círculo), cuja ocorrência produz o desfecho indesejável
diretamente, sem passar por fases ou eventos intermediários, dificultando medidas
que evite o início do curto-circuito.
29

CURTO
CIRCUITO

FALTA FALHA DE
ELÉTRICA DISJUNTOR

S8 FALHA DE
CONTATO
ACIDENTAL ISOLAMENTO

S7

ELEVAÇÃO DA TENSÃO ELEVAÇÃO TEMPERATURA BAIXA


SOBRE A ISOLAÇÃO DA ISOLAÇÃO QUALIDADE
MATERIAL

S4
S5

S6

SOBRE
SURTO NA REDE ELEVAÇAO SOBREAQUECIMENTO
TENSÃO MAU
TEMPORÁRIA TEMPERAT DO CONDUTOR
CONTATO
NA REDE AMBIENTE

S3

DESCARGA
FALHA DE ATMOSFÉRICA FALHA DE
SOBRECARGA
DPS E MANOBRAS DISJUNTOR

S1 S2

EXCESSO CONDUTOR
DE SUBDIMENSIO
EQUIP. NADO

Fonte: O autor
Figura 4 – Árvore de Falha do Curto-circuito

A seguir, são descritas cada um das sequências de eventos que podem


conduzir as ocorrências de curto-circuito. As letras em parênteses indicam P para
falhas primárias e I para falhas intermediárias.

S1: Excesso de Equipamentos (P) → Sobrecarga(I) → Sobrecorrente (I) →


Sobreaquecimento(I) →Perda de Isolamento(I) →Curto-circuito (T)
30

O excesso de equipamentos levam à sobrecarga das instalações. A sobrecarga


produz sobreaquecimento do condutor. Se o dispositivo de proteção contra
sobrecarga não atuar, o sobreaquecimento produz gradual degradação das
propriedades dielétrica do material isolante, ocasionando a perda do isolamento
elétrico, que inicia o curto-circuito, que pode se manter caso o dispositivo de proteção
contra curto-circuito não atue. O excesso de equipamentos pode ocorrer na fase de
utilização da instalação, principalmento por ação do usuário.

S2: Condutor Subdimensionado (P) → Sobrecarga(I) → Sobreaquecimento(I) →Falha


de Isolamento(I) → Falta Elétrica → Curto-circuito (T)
Um condutor subdimensionado pode levar à sobrecarga das instalações, vez que a
corrente de operação pode superar a capacidade de condução do mesmo. A
sobrecarga produz sobreaquecimento do condutor. Se o dispositivo de proteção
contra sobrecarga não atuar, o sobreaquecimento produz gradual degradação das
propriedades dielétrica do material isolante, ocasionando a perda do isolamento
elétrico, que inicia o curto-circuito, que pode se manter caso o dispositivo de proteção
contra curto-circuito não atue. A condição de condutor subdimensionado pode ser
introduzida nas fases de projeto, execução ou manutenção.

S3: Descarga Atmosférica (P) → Elevação de Tensão (I) → Falha de Isolamento (I)
→ Falta Elétrica→ Curto-circuito
Descargas atmosféricas ou manobras na rede produzem surtos na rede externa, que
podem penetrar na instalação, caso não haja adequada proteção contra surtos (DPS).
Se os níveis de tensão excederem, por qualquer razão, a máxima tensão de impulso
suportável pela isolação, haverá uma falha de isolamento (disrupção), que iniciará um
curto-circuito. Esse se manterá caso o dispositivo de proteção contra curto-circuito da
instalação não venha a atuar.

S4: Sobretensão (P) → Elevação deTensão (I) → Falha de Isolamento (I) →Falta
elétrica →Curto-circuito (T)
Sobretensões frequentes na rede podem degradar as propriedades dielétricas do
material isolante, ocasionando a perda de isolamento e dando origem ao curto-
31

circuito. A falha primária pode ocorrer durante a utilização, principalmente por


irregularidades na qualidade de energia da concessionária.

S5: Mau contato (P) → Elevação de Temperatura da isolação (I) → Falha de


Isolamento→Falta Elétrica →Curto-circuito (T)
A presença de “pontos quentes” provocados por mau contato elevam a temperatura e
podem afetar a isolação , ocasionando a perda de isolamento e dando origem ao
curto-circuito. A falha primária pode ocorrer na execução, operação ou na
manutenção.

S6: Elevação da Tempertura Ambiente (P) → Elevação de Temperatura da isolação


(I) → Falha de Isolamento→Falta Elétrica→Curto-circuito (T)
A operação da instalação com temperatura ambiente superior àquela prevista em
projeto pode lentamente degradar as propriedades dielétricas do material isolante, por
efeito térmico, ocasionando a perda de isolamento e o dando origem ao curto-circuito.
A falha primária pode surgir principalmente na fase de utilização.

S7: Material de baixa qualidade (B) → Falha de Isolamento (I) → Falta Elétrica →
Curto-circuito (T)
Falhas ou inadequações existentes no material isolante, notadamente quanto às suas
propriedades dielétricas ou térmicas, pode levar à perda de isolamento e originar o
curto-circuito. A falha primária pode surgir na fase de projeto, etapa de especificação,
durante a execução das instalações ou por ocasião da manutenção, quando é feita a
reposição por material de baixa qualidade.

S8: Contato Acidental (P) -> Falta Elétrica–>Curto-circuito (T)


Contatos acidentais entre partes vivas entre si, parte viva e neutro, ou parte viva e
terra, com possbilidade de formação de arco elétrico, podem ser ocasionados por
intevenções inadequadas ou involuntárias nas instalações. A falha primária pode
ocorrer durante a manutenção ou na utilização.

A Tabela 1 fornece um resumo das falhas listadas anteriormente, distribuídas pelas


etapas em que as mesmas podem ocorrer ao longo da vida da instalação.
32

Seq Falha Projeto Execução Manutenção Utilização

❶ Excesso de Equipamentos X

❷ Condutor Subdimensionado X X X

❸ Falha de DPS X X

❹ Falha de Disjuntor X X

❺ Sobretensão na Rede X

❻ Mau Contato X X X

❼ Elevação de Temperatura Ambiente X

❽ Baixa Qualidade do Material X X X

❾ Contato Acidental X X

Tabela 1 – Falhas que causam sobrecorrentes


33

7 PROPOSTA DE AÇÕES DE PREVENÇÃO

7.1 CRITÉRIOS

O conjunto de ações a ser proposto considera a natureza da falha detectada e


a etapa em que ela ocorre, se projeto, execução, operação ou uso e manutenção. Em
cada uma dessas etapas, é possível definir as ações centradas nos fatores que
contribuem de forma relevante para o surgimento da falha.
Com base nessas considerações, a seguir são destacados os critérios gerais
para definição as ações em cada etapa.

a) Critérios da fase de projeto

As falhas mapeadas estão mais associadas ao processo de dimensionamento


e seleção de materiais, considerando-se às condições externas da instalação. Em
decorrência, as ações propostas ao longo da concepção do projeto visam cumprir os
seguintes objetivos: assegurar a utilização de parâmetros ambientais no
dimensionamento e na especificação de materiais e produtos. Ao final do projeto,
propõe-se sempre uma ação de controle para verificação do atendimento das demais
ações propostas, dentre outras. O ponto de controle no final do projeto reduz a
possibilidade de que falhas desse etapa migrem para as etapas subsequentes. Falhas
em projeto muitas vezes se convertem em falhas estruturais ocultas incorporadas à
instalação, com potencial de produzir danos inesperados.

b) Critérios da fase de execução

As falhas mapeadas podem estar associadas a qualquer dos fatores críticos da


etapa de execução, qual sejam: procedimentos, materiais e mão de obra. Como
consequência, as ações propostas para a etapa de execução enfatiza, conforme o
caso: a qualidade dos procedimentos a serem utilizados, qualidade dos materiais a
serem aplicados e o nível de capacitação da mão de obra empregada. Ao final da
execução, propõe-se sempre uma ação de verificação do atendimento das demais
ações propostas, dentre outras. Essa providência tem por objetivo evitar o transbordo
da falha para a etapa de utilização, o que torna a detecção mais remota. Também
34

nesse fase é possível gerar falhas que se tornam ocultas ao longo da vida da
instalação, criando potencial de danos inesperados.

c) Critérios da fase Utilização

A falhas mapeadas em relação a essa fase está associada à utilização


inadequada da instalação pelos usuários, intervenção inadvertida nas instalações ou
alteração das condições ambientais. As ações propostas nesse sentido enfatizam
aspectos educacionais para conscientizar o usuário das instalações sobre os riscos
no mal uso da eletricidade.

d) Critérios da fase de manutenção

As falhas mapeadas podem estar associadas a qualquer dos fatores críticos da


etapa de manutenção, qual sejam: monitoramento, procedimentos, materiais e mão
de obra. Como consequência, as ações propostas para a etapa de execução enfatiza,
conforme o caso: a qualidade dos procedimentos a serem utilizados, qualidade dos
materiais a serem aplicados, a efetividade do monitoramento e o nível de capacitação
da mão de obra empregada. A exemplo da fase de execução, propõe-se, em casos
de manutenção com substituição ou reposição de material, a verificação do produto
final, com vista a mitigar a incorporação de qualquer falha oculta na instalação que
conduza a riscos de sobrecorrentes.
Cumpre observar que, em face do critério adotado, nem todos os fatores que
fazem parte de cada etapa estão necessariamente presentes na proposta de ação,
mas somente aqueles que impactam de forma significativa para falha, dentro no
contexto do diagnóstico produzido conforme a árvore de falhas (Figura 4).
Com base nos critérios gerais acima, a Tabela 2 relaciona o conjunto de ações
propostas para mitigar os riscos associados a cada falha (coluna “Ação”). Cada ação
proposta está associada à falha específica (coluna “Falha”) e à fase em que a falha
pode ocorrer (coluna “Fase’).
35

Norma Regulamento
Falha Fase Ação Tipo CMBESP
Técnica Nacional
Implementar plano de orientação para uso de equipamentos na instalação NBR 5410–Item
❶ Utilização
elétrica
G1
6.1.8.3
X NBR 5410

Obter dados da temperatura de operação para subsidiar dimensionamento NBR5410–Itens


Projeto E1 X NBR 5410
de condutores 6.1.3 e 6.2.5.
Aplicar roteiro de verificação da utilização de parâmetro de temperatura no
Projeto X X X X
dimensionamento de circuitos

Execução Efetuar conferência de material a ser aplicado, com base na especificação X X X X

Aplicar roteiro de verificação de temperatura e corrente de operação dos NBR5410-Itens


Manutençao G4 X X
circuitos 4.2.8 e 8.4
NBR 5410-Item NR12 Item
Projeto Dimensionar e especificar dispositivos de proteção contra surtos E2 NBR 5410
6.3.5 12.20
Aplicar roteiro de verificação de previsão de dispositivos de proteção
Projeto X X X X
contra surtos
NBR5410, Item
Execução Implementar programa de capacitação de procedimentos de execução G6 X NBR 5410
4.1.15

Execução Efetuar conferência de material a ser aplicado, com base na especificação X X X X

Aplicar roteiro de verificação da qualidade dos serviços de instalação de NBR5410-Itens


❸ Execução
DPS
E3
7.2.3-d e 7.3.7
X

Implementar programa de capacitação de procedimentos de verificação e NBR5410–Item


Manutençao G8 X NBR 5410
testes de dispositivos 8.2
Aplicar roteiro de verificação e testes de dispositivos de proteção contra NBR5410-Itens
Manutençao G4 X NBR 5410
surtos 4.2.8 e 8.4
Efetuar conferência de material a ser substituído, com base na
Manutençao X X X X
especificação
NBR5410–Itens
Manutençao Aplicar roteiro de verificação dos serviços de substituiçao de DPS E4 X NBR 5410
7.2.3-d e 7.3.7
NBR5410–Itens NR12 Item
Projeto Dimensionar e especificar dispositivos de proteção contra sobrecorrentes E5 NBR 5410
5.3 e 6.3.4 12.20
Aplicar roteiro de verificação de previsão de dispositivos de proteção
Projeto X X X X
contra sobrecorrentes
NBR5410, Item
Execução Implementar programa de capacitação de procedimentos de execução G6 X NBR 5410
4.1.15

Execução Efetuar conferência de material a ser aplicado, com base na especificação X X X X

Aplicar roteiro de verificação da qualidade dos serviços de instalação de NBR5410–Itens IT41


❹ Execução
dispositivos contra sobrecorrentes
E6
7.2.3-d e 7.3.7
X
Item 6.2
Implementar programa de capacitação de procedimentos de verificação e NBR5410–Item
Manutençao G8 X NBR 5410
testes de dispositivos a sobrecorrentes 8.2
Aplicar roteiro de verificação e testes de dispositivos contra NBR5410–Item
Manutençao E7 X NBR 5410
sobrecorrentes 8.3.2.2
Efetuar conferência de material a ser substituído, com base na
Manutençao X X X X
especificação
Aplicar roteiro de verificação dos serviços de substituição de dispositivos NBR5410–Itens
Manutençao E8 X NBR 5410
contra sobrecorrentes 7.2.3-d e 7.3.7
Aplicar check-list de verificação periódica dos níveis de tensão na NBR 5410-Item
Manutençao E9 X NBR 5410
instalação. 8.3.5
❺ Monitorar ocorrências de eventos frequentes de má qualidade de energia
Manutençao X X X X
da concessionária
Especificar materiais de conexões com propriedades térmicas NBR5410–Itens
Projeto E12 X NBR 5410
compatíveis com operação e ambiente 6.1.3 e 6.2.8
Aplicar roteiro da verificação de inclusão dos parâmetros ambientais na
Projeto X X X X
especificação dos materiais de conexão
NBR5410, Item
Execução Implementar programa de capacitação de procedimentos de execução G6 X NBR 5410
4.1.15

Execução Efetuar conferência de material a ser aplicado, com base na especificação X X X X

NBR5410–Item
❻ Execução Aplicar roteiro de verificação da qualidade das conexões executadas E13
7.2.3-i
X NBR 5410

Implementar programa de capacitação de procedimentos de manutenção NBR5410–Item


Manutençao G8 X NBR 5410
de conexões 8.2
NBR 5410–Item
Manutençao Monitorar estado de conservação e condições de operação das conexões E14 X NBR 5410
8.3.1
Efetuar conferência do material a ser substituído, com base na
Manutençao X X X X
especificação
NBR 5410–Item
Manutençao Aplicar roteiro de verificação da qualidade das conexões manutenidas E15 X NBR 5410
7.2.3-i
Implementar plano de orientação para manutenção das condições NBR 5410–Item
❼ Utilização
ambientais
G1
6.1.8.3
X NBR 5410
36

Norma Regulamento
Falha Fase Ação Tipo CMBESP
Técnica Nacional
Especificar materiais isolantes com propriedades térmicas e dielétricas NBR5410–Itens
Projeto E16 X NBR 5410
compatíveis com operação e ambiente 4.1.1 e 6.1.3
Aplicar roteiro da verificação de inclusão dos parâmetros ambientais na
Projeto X X X X
especificação dos materiais isolantes
NBR5410, Item
Execução Implementar programa de capacitação de procedimentos de execução G6 X NBR 5410
4.1.15

Execução Efetuar conferência de material a ser aplicado, com base na especificação X X X X

Aplicar roteiro de verificação da qualidade da isolação após execução dos NBR 5410–Item
Execução E17 X NBR 5410
serviços de instalação de circuitos 7.2.2 e 7.3.3
❽ Implementar programa de capacitação de procedimentos de testes de NBR 5410–Item
Manutençao G8 X NBR 5410
isolação 8.2
Monitorar o estado de conservação e as condições de operação da NBR 5410–Item
Manutençao E18 X NBR 5410
isolação 8.3.1
NBR 5410-Item
Manutençao Aplicar teste de verificação da resistência de isolamento de condutores E11 X NBR 5410
8.3.4 e 7.3.3
Efetuar conferência do material a ser substituído, com base na
Manutençao X X X X
especificação
Aplicar roteiro de verificação da qualidade dos materiais isolantes NBR 5410–Item
Manutençao E19 X NBR 5410
substituídos 7.2.2 e 7.3.3
NR10 Itens
Manutençao Implementar plano de capacitação de manutenção com áreas energizadas E20 X X
10.2.4-d e 10.8
Supervisionar a execução dos procedimentos de manutenção com áreas NR10 Item
❾ Manutençao
energizadas
E21 X
10.11.6
X

NBR 5410–Item
Utilização Implementar plano de orientação sobre cuidados com a energia elétrica G1 X NBR 5410
6.1.8.3

Tabela 2 – Ações de prevenção contra sobrecorrentes

7.2 RESPONSABILIDADES

Grande parte das ações propostas é de natureza técnica, em nível de


execução, direcionadas aos profissionais e equipes que conduzem as etapas de
projeto,execução e manutenção da instalação.
Há também ações de nível gerencial, técnica ou administrativa. São aquelas
que se referem à capacitação, programas de conscientização, criação de
procedimento e inclusão de rotinas em plano de manutenção.
O papel da fiscalização estatal nesse contexto é importante para suprir as
orientações necessárias, impor o cumprimento das medidas que, de alguma forma,
são negligenciadas, de forma a assegurar a efetividade e eficácia das ações.
No Brasil, por força de um contexto de baixa conscientização dos riscos de
incêndio e de seus impactos, aliados a outros aspectos sócio-culturais, o papel da
fiscalização acaba se tornando relevante na busca dos objetivos das ações de
prevenção, ainda que sejam claras e notórias as grandes deficiências em promover
vistorias preventivas regulares nas edificações.
37

De uma forma ou de outra, a responsabilidade por incorporar, estruturar,


disseminar e implantar, de forma permanente, as ações ora propostas recai, em última
instância, sobre a gestão da edificação, que também responde pelos seus resultados.

7.3 NORMATIVOS APLICÁVEIS

O objetivo principal do opresente trabalho é identificar se ações de mitigação


propostas conforme a Tabela 2 estão prescritas nos normativos vigentes. Antes de
adentrar nesse tema, faz-se necessário considerações preliminares sobre os tipos e
hierarquia das normas.
Em se tratando de prescrições para a área técnica, distingue-se dois tipos
normas que são imediatamente aplicáveis: a norma técnica e o regulamento.
As normas técnicas se distiguem dos regumentos pela obrigatoriedade. Os
regulamentos emanam do poder estatal, carregam consigo a força da lei, possuem o
pressuposto da obrigatoriedade. As normas técnicas, por sua vez, surgem na
sociedade, através de seus representantes, que firmam consenso sobre requisitos
mínimos em torno de determinado assunto técnico, passando a sujeitar a todos a
quem se aplica, mas sem o caráter de obrigatoriedade que detém o regulamento.
As normas técnicas, no entanto, podem adquirir o status da obrigatoriedade
quando são expressamente recepcionadas pelos regulamentos. O caso mais geral e
emblemático dessa transformação é do Código de Defesa do Consumidor que atribui
obrigatoriedade de observância às normas da ABNT, na ausência de regulamentos
de órgãos oficiais competentes, pelos fornecedores de produtos e serviços.

7.4 PESQUISA NORMATIVA

A partir das considerações, pesquisou-se nas normas técnicas e nos


regulamentos vigentes no Brasil as correspondentes prescrições disponíveis, que
estivessem aptas a ofecerer a devida base para tornar exigível aplicação de cada uma
das ações propostas.
As normas e regulamentos pesquisadas e que guardam relação com o tema
foram: NBR 5410, NBR 13.534, NBR 13.570 NR 10, NR 12, NR 18, Lei Federal
11.337/2006 e RDC 50/2002, Decretos e Normas Técnicas dos Corpos de Bombeiros
de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Rio Grande de Sul e Distrito Federal.
38

Na pesquisa, adotou-se os seguintes critérios para coleta de dados:


a) Priorização das normas técnicas da ABNT, pela sua abragência nacional e
largo alcance;
b) Priorização de regulamentos de abragência nacional, como é o caso das
Normas Regulamentadoras, ainda que limitados à areas específicas;
c) Análise de regulamentos estaduais dos Corpos de Bombeiros (CBM) dos
estados mais representativos e utilização do regulamento do CBM São
Paulo como referência para os registros de dados.
Com base na pesquisa realizada, foram relacionados nas colunas “Norma”,
“Regulamento” e “CBMESP” da Tabela 2 os normativos e resctivos itens que
contemplam prescrições que atendem às ações propostas.
A vinculação entre uma prescrição do normativo e uma açao proposta foi
efetuada considerando-se, primeiramente, se a prescrição atende especificamente
aos objetivos da ação. Quando não se identificou essa vinculação específica, buscou-
se associar a ação com uma prescrição geral, cujo alcance inclui os objetivos da ação
proposta. Essa distinção foi registrada na coluna “Tipo” da Tabela 2, onde foi utilizada
uma codificação que se inicia com a letra “E” e “G”, para denotar prescrição específica
ou geral, respectivamente, seguido de uma numeração sequencial. As ações que
figuram com o mesmo código na Tabela 2 seguem a mesma prescrição geral.
Para as ações que não apresentaram prescrições normativas identificadas na
pesquisa, a coluna “Tipo” foi preenchida como “X”.
39

8 RESULTADOS

8.1 APRESENTAÇÃO E TRATAMENTO DOS DADOS.

8.1.1 Prescrições em Normas Técnicas

No total foram propostas 48 ações para mitigação dos riscos de ocorrências de


sobrecorrentes nas instalações elétricas das edificações. Dessas, 32 possuem norma
técnica com prescrição sobre o assunto, o que representam 67% do total das ações.
Das 32 ações com prescrições em norma, verifica-se que 100% está na NBR 5410.

8.1.2 Prescrições em Regulamentos

Na pesquisa do regulamentos nacionais foram identificados prescrições para 3


ações propostas, o que representa 6% do total das ações propostas, sendo 2 da
NR10, e 1 da NR12.
Quanto aos os regulamentos estaduais analisados, originário dos Corpo de
Bombeiros Militar, verificou-se que, como regra geral, não há referências a aspectos
específicos das instalações. Esses regulamentos recepcionam a NBR 5410 de forma
geral, mediante alusão específica ou sob referência a todas as normas da ABNT.
Nessas condições, entendeu-se que todas as ações com prescrições
identificadas na NBR 5410 estão também automaticamente atendidas nos
regulamentos, por critérios formais. Os respectivos registros foram efetuados na
Coluna “CBMESP” da Tabela 2, com a expressão “NBR5410”.
A exceção a essa constatação foi identifcada no Corpo de Bombeiros de São
Paulo, cujo regulamento também recepciona de forma genérica a NBR 5410, mas
onde se observa uma iniciativa de referência a aspectos específicos das instalações
elétricas. na Instrução Técnica 41/2018, que dispõe sobre inspeção visual nas
instalações elétricas. Nesse documento consta, dentre outras, a prescrição para
utilização de dispositivos de proteção contra sobrecorrentes, no seu item 6.2, o que
está aderente a uma das ações de mitigação que foram propostas. Essa prescrição
foi registrada na coluna “CBMESP” da Tabela 2.
40

8.1.3 Planos de Fiscalização

A pesquisa realizada nos regulamentos do CBM estaduais buscou identificar


também as políticas de fiscalização e a existência de planejamentos para ações
preventivas, com o objetivo da avaliar se essa função pode contribuir para o alcance
dos objetivos das ações propostas.
Contrariando as expectativas, pesquisa não obteve informações e detalhes
relevantes sobre os planos de vistorias que são utilizados pelas corporações, que
pudessem contribuir com o presente trabalho.
A título de registro, no caso do CBMESP, verificou-se que o Decreto 63.911
estabelece as diversas situações em que as vistorias devem ocorrer, a saber:
I - solicitação do proprietário, responsável pelo uso, responsável pela obra ou
responsável técnico;
II - requisição de autoridade competente;
III - planejamento periódico e contínuo do CBPMESP, ou para atender a
operações sazonais e áreas de interesse, ou, ainda, em razão de denúncia
fundamentada.
Os demais documentos técnicos pesquisados não contemplam informações
que permitam determinar nem os critérios nem a periodicidade com que essas
vistorias são realizadas nas edificações da jurisdição.

‘ 8.2 ANÁLISE DOS DADOS

8.2.1 Aspecto Quantitativo – Abrangência de Prescrições

Na abordagem consolidada, verifica-se o total de 33 ações com prescrições


normativas nacionais identificadas (69%), sendo 32 em normas técnicas e 2 em
regulamentos (a prescrição da NR12 não é computdada no cálculo por que a ação
também tem prescrição simultânea da NBR 5410).
Dentro do critério da classificação das prescrições em gerais e específicas,
observa-se que, das 33 ações identificadas, 20 são específicas, correspondendo a
20 prescrições e 13 são gerais, correspondendo a 4 prescrições.
41

A tabela 3 mostra o resumo dos números da pesquisa, separados por ações


com prescrições localizadas e não localizadas. Mostra também as prescrições
separadas entre específicas e gerais.

AÇÕES PRESCRIÇÕES
TIPO DE ITEM
NÃO NÃO
LOCALIZADOS TOTAL LOCALIZADOS TOTAL
LOCALIZADOS LOCALIZADOS

ESPECÍFICOS
20 1 21 20 15 35

GERAIS
13 14 27 4 4

TOTAIS 33 15 48 24 15 39

Tabela 3 – Resultados da pesquisa dos normativos

8.2.2 Aspecto Qualitativo - Perspectiva de Efetividade das Ações

A pesquisa se deteve também sobre os aspectos que podem tornar as ações


propostas efetivas, dentro dos objetivos da prevenção. Essa análise foi centrada na
forma como as prescrições identificadas se encontram nos normativos e no contexto
sócio-cultural para sua aplicação.
O que se observou foi que, nada obstante o elevado percentual de prescrições
normativas terem sido identificados, a perspectiva de se obter efetividade e eficácia
das ações propostas apresenta-se com os seguintes obstáculos:
a ) Dispersão das prescrições pela NBR 5410, o que dificulta a percepção
integrada do conjunto das ações propostas, dentro da abordagem da prevenção
contra incêndio Essa dispersão ocorre porque o normativo segue uma estruturação e
organização próprias. Não foram concebido para ser instrumento exclusivo da
prevenção contra incêndio, embora dedique ênfase e relevância ao assunto;
b) O caráter genérico de grande parte das prescrições identificadas, o que
prejudica a precisão e o foco necessários nas ações que tem prioridade para a
prevenção;
c) A referência genérica dos regulamentos dos Corpos de Bombeiros à NBR
5410, o que acaba por “esconder” até mesmo as prescrições específicas identificadas
na NBR 5410;
42

d) O fator sócio-cultural, que afeta a conscientização sobre os riscos de


incêndios e inibe o compromisso com as ações de prevenção que são necessárias.
Nesse aspecto se inclui também, com frequência, um comportamento gerencial de
dependencia da ação ou da coação estatal para fazer cumprir os normativos, em
detrimento de uma abordagem autônoma e comprometida com a prevenção.
e) A deficiência na prestação dos serviços de fiscalização, que é reforçada
neste trabalho pela pouca informação disponível sobre planos efetivos de vistorias
preventivas. Perde-se com essa deficiência não somente a constatação de
irregularidades nas instalações, mais um importante elemento de orientação e indução
de comportamento preventivo dos gestores das edificações.
43

9 CONCLUSÃO

As sobrecorrentes são anormalidades que, se não for adequadamente


prevenidas, monitoradas e controladas, pode se transformar em origem de incêndios
em edificações, muitos deles alcançando grandes proporções com perdas humanas
e materiais.
A maioria das falhas que levam à sobrecorrente estão associadas à perda do
isolamento de condutores, ao mau uso das instalações e a acidentes em intervenções
inadequadas.
Os fatores de riscos podem ser introduzidos na instalação em qualquer das
suas fases de vida, incluindo o projeto, a execução, a manutenção, e o uso. Por isso,
torna-se crucial uma abordagem sistêmica e temporal das instalações elétricas nas
ações de prevenção.
A mitigação e controle dos riscos de ocorrências de sobrecorrente passam pelo
controle de fatores que afetam a qualidade do isolamento dos condutores, pela
capacitação de porfissionais eo pela conscientização do usuário para o adequado uso
da eletricidade.
A partir da referência bibliográfica pesquisada, foi possível conceber e propor
um conjunto de ações de controle e mitigação dos riscos de sobrecorrentes, com vista
a conferir maior eficácia na prevenção de incêndios ocasionados pela eletricidade.
A missão de assegurarr a efetividade e a eficácia das ações propostas recai
principalmente sobre os gestores das edificações, a quem compete internalizar,
integrar, estruturar, disseminar e implantar, de forma permanente, todos os seus
preceitos;
Ainda que se configure papel de gestão, o contexto atual não prescinde do
protagonismo dos órgãos de fiscalização, para que os objetivos das ações de
prevenção possam ser efetivamente alcançados;
Parte significativa das ações propostas já se encontram presentes nas
prescrições das normas técnicas nacionais, especialmente na NBR 5410. Referidas
prescrições se tornaram obrigatórias nos estados, a partir da recepção da NBR 5410
nos regulamentos dos respectivos Corpos de Bombeiros. Entretanto, a forma dispersa
e genérica com que muitas dessas prescrições se encontram na norma, associado a
fatores sócio-culturais, dificultam tanto a aplicação por parte dos gestores, quanto a
exigência de cumprimento pelo poder estatal.
44

Essas dificultades podem ser superadas mediante a adoção de medidas


adequadas pelos intervenientes desse processo, a saber:

a) Corpos de Bombeiros:
 Elaborar em seus regulamentos de prescrições específicas para
itens críticos das instalações elétricas, assim considerados para os
efeitos da prevenção contra incêndios, para conferir maior
visibilidade, ênfase e precisão às ações dos gestores das edificações
e dos agentes de fiscalização;
 Explicitar os critérios e planos de vistorias preventivas às instalações,
para produzir melhor embasamento sobre a adequabilidade e
assertividade desses planos.
b) Gestores das edificações:
 Integrar o conjunto de ações de mitigação de riscos de incêndios por
sobrecorrentes trabalho ao seu sistema de gestão admistrativo;
 Desenvolver indicadores de gestão específicos para
acompanhamento da evolução do alcance dos objetivos;
 Elaborar, periodicamente, relatório técnico gerencial com as
informações sobre as condições estruturais e operacionais dos itens
que são alvos das ações implantadas, devidamente assinado por
profissional habilitado, capacitado e autorizado.

9.1 TRABALHOS FUTUROS

A abordagem deste trabalho foi direcionada principalmente para as instalações


elétricas. Sabe-se que muitos dos eventos de incêndios pode ter início em
equipamentos de utilização que, mesmo estando conectado a uma instalação bem
protegida, pode ser um agente de indução de incêndiod. Por conta disso, recomenda-
se para trabalhos futuros a abordagem sobre as características, normas e requisitos
acerca do comportamento térmico seguro dos equipamentos mais utilizados nas
instalações, para conferir maior abragência aos objetivos prevencionistas contra
incêndios causados por eletricidade nas edificações.
45

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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elétricas em locais de afluência de público - Requisitos específicos. Rio de Janeiro,
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2008

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ELETRICIDADE. Anuário Estatístico Brasileiro de Acidentes de Origem Elétrica 2013-
2016. São Paulo, 2017

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edificações possuírem sistema de aterramento e instalações elétricas compatíveis
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Equipamentos. Publicação original: Portaria MTb n.º 3.214, de 08 de junho de 1978
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