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alex.mathias@industrialsolutions.com.br
andre.saretta@industrialsolutions.com.br
RESUMO
Em todas as parte do mundo a prevenção a incêndios em naceles de aerogeradores
é um grande desafio e, mesmo considerando que estes eventos sejam menos
frequentes, são a segunda maior causa de acidentes em turbinas eólicas,
responsáveis por aproximadamente 10% a 30% do total de sinistros registrados. São
potencialmente danosos à vida, às estruturas e ecossistemas no entorno imediato e
aos aspectos financeiros envolvendo seguros, indenizações, imagem pública e a
própria continuidade operacional.
Este trabalho pretende mostrar que a falta de informação prejudica o setor e que há
alternativas preventivas para as quais o segmento começa a dirigir sua atenção.
As estatísticas sobre o tema não são abundantes, mas ainda assim pode-se afirmar,
a partir dos relatos de especialistas e dos dados disponíveis em fontes dedicadas ao
setor, que a realidade remete a um cenário mais sombrio, pois parte significativa das
operadoras aparentemente não consegue realizar as manutenções de acordo com
as indicações dos fabricantes, e falhas humanas potenciais agravam o problema.
Estes fatores levam ao aumento de incidentes envolvendo fogo em turbinas eólicas
com perdas potencialmente catastróficas, muitas das quais as seguradoras não
cobrem.
2. OBJETIVO
Este estudo tem como objetivo fornecer um panorama realista e válido para retratar
alguns aspectos importantes no desafio ao entendimento dos problemas relativos a
incidentes envolvendo fogo em turbinas eólicas, cobrindo outros riscos ligados à
segurança geral do segmento, buscando uma maior aproximação com a realidade
na identificação das atuais condições que o setor enfrenta com impacto na
segurança e, em particular, na prevenção a incêndios em turbinas eólicas com
dispositivos disruptivos.
Mais que um alerta para a inconsistência de dados globais e regionais disponíveis
sobre o tema e os riscos que isto possa implicar, outro propósito desta pesquisa é
chamar a atenção de operadoras, gestores e especialistas do setor a respeito de
fatores fundamentais que podem passar despercebidos, comprometendo a plena
compreensão do meio e desafios em que se inserem e, possivelmente, prejudicando
tomadas de decisão mais adequadas à segurança de suas operações.
4. FALHAS DE MANUTENÇÃO
De acordo com o engenheiro Roberval Luna da Silva:
Diversos agentes anti-fogo tem sido avaliados como passíveis de uso na prevenção
ao fogo em turbinas de vento. Sistemas de espuma comprimida e borrifadores de
água são exemplos. Mas a indústria se preocupa com sua eficiência em
componentes elétricos energizados e seu potencial corrosivo acaba limitando seu
uso [14].
O dióxido de carbono também possui atributos para uma prevenção efetiva, pois
pode agir rapidamente nas chamas; no entanto este agente apresenta sérios riscos
à saúde, uma vez que esgota esgota o oxigênio no ambiente quando utilizado.
Outras alternativas são preferíveis sempre que possível, pois há normas e
exigências rígidas de no uso de EPIs em relação ao uso deste agente para proteger
os trabalhadores. Além disso, o tamanho e peso destes sistemas também são
fatores determinantes no ambiente apertado de uma nacele [14].
Considere-se que, nos casos de perda total da nacele, o tempo de parada para
reparo pode variar entre 9 até 12 meses [16], o que significa, além de todos os
custos de sua substituição, que o ativo vai deixar de gerar receita por este período.
Alguns reparos são cobertos pelas garantias dos fabricantes de turbinas, mas há
limitações. Jarret Ryan, presidente da divisão de instalações da ABCO Fire
Protection, que trabalha com proteção de turbinas há anos, encoraja os clientes a
estarem familiarizados com os custos de substituição de seus investimentos [15].
Não raro gestores e operadoras são surpreendidos não só com as perdas causadas
por estes incidentes, mas com longos processos investigativos por parte das
seguradoras e pelas negativas em honrar suas obrigações com base na
inobservância de cláusulas que estabelecem como sendo das operadoras as
responsabilidades por danos causados por falhas ou negligência nos processos de
manutenção e prevenção. Daí a importância em ter conhecimento detalhado de
todas as exigências de manutenção e suas relações com as questões securitárias.
A maioria das turbinas eólicas não costuma possuir sistemas instalados pelos
fabricantes para detecção ou prevenção de incêndios, porque, de acordo com Mark
Johnston, especialista em prevenção de incêndios em fontes de energia renovável
na Bulldog Turbine Systems, esta opção simplesmente não é solicitada pelo usuário
final.
Não é necessário ser um especialista para afirmar que um pequeno extintor poderia
não ser suficiente dependendo do tipo de incidente durante uma operação de
manutenção se qualquer componente pegasse fogo dentro de uma nacele.
Johnston admite que fogo em turbinas são menos frequentes, mas, nas condições
certas uma simples faísca pode levar a danos irreparáveis e fatalidades. “Com um
custo tão alto das potenciais perdas, você deveria pensar que todo parque eólico
necessita ter protocolos de proteção a incêndios e à vida”, diz Johnston. “Mas eles
não pensam assim” [17].
8. LEGISLAÇÃO E FISCALIZAÇÃO
Aparentemente não há legislação dirigida especificamente ao segmento em
nenhuma parte do mundo a respeito de como conduzir as questões de prevenção a
incêndios no interior das naceles. O que se tem são diversas normas nacionais,
internacionais e eventualmente regionais, sejam de qualidade e controle ou
governamentais e/ou de segurança do trabalho descrevendo requisitos para
prevenção, gestão, fabricação, projetos e montagens de maneira geral.
No Brasil, em relação à segurança do trabalho, o segmento está sujeito às normas
regulamentadoras - NRs 01 a 12, 15 a 21, 23 a 28, 33 e 35 [18], que, embora sejam
aplicáveis, não foram criadas especificamente para prever os riscos particulares de
operações eólicas, deixando a fiscalização restrita aos parâmetros previamente
existentes nestas normas.
Essa busca inclui e justifica novas opções preventivas em apoio aos métodos
possivelmente já existentes, a exemplo da Bola Extintora Automática ABC como
dispositivo complementar de prevenção a incêndios nos pontos de risco. O mesmo
vale para qualquer nova tecnologia capaz de validar estes esforços e tornar as
operações do setor mais continuadas e rentáveis.
[2] Wind Turbine Accident and Incident Compilation. Caithness Windfarm Information
Forum (CWIF), p. 50-193, 2018. Disponível em:
<http://www.caithnesswindfarms.co.uk/fullaccidents.pdf> Acesso em: 06 fev. 2019.
[3] Summary of Wind Turbine Accident data to 31 December 2018. Caithness Windfarm
Information Forum (CWIF), 2018. Disponível em:
<http://www.caithnesswindfarms.co.uk/AccidentStatistics.htm>. Acesso em: 28 jan. 2019.
[4] GOSDEN, E. Wind turbine fires 'ten times more common than thought', experts warn. The
Telegraph, 2014. Disponível em:
<https://www.telegraph.co.uk/news/earth/energy/windpower/10971762/Wind-turbine-fires-ten
-times-more-common-than-thought-experts-warn.html>. Acesso em: 01 fev. 2019.
[5] HUSSEINI, T. Golden hour: the paramedics saving lives on offshore windfarms. Power
Technology, 2018. Disponível em:
<https://www.power-technology.com/features/golden-hour-paramedics-saving-lives-offshore-
windfarms/>. Acesso em: 29 jan. 2019.
[6] SHARPLEY, N. What are the fire hazards and solutions in a wind turbine? Windpower
Engineering Development, 2015. Disponível em:
<https://www.windpowerengineering.com/operations-maintenance/safety/what-are-the-fire-ha
zards-and-solutions-in-a-wind-turbine/>. Acesso em: 2 fev. 2019.
[8] RAGHEB, M. Safety of Wind Systems. Wind Farm Action, p. 3-28, 2011. Disponível em:
<http://www.windfarmaction.files.wordpress.com/2011/10/safety-of-wind-systems.pdf>.
Acesso em: 01 fev. 2019.
[12] DVORAK, P. Turbine fires and how to prevent them. Windpower Engineering &
Development, 2017 Disponível em:
<https://www.windpowerengineering.com/business-news-projects/featured/turbine-fires-preve
nt/>. Acesso em: 02 fev. 2019.
[13] ZIPP, K. What you should know about wind turbine fires. WindPower Engineering &
Development, 2011. Disponível em:
<https://www.windpowerengineering.com/operations-maintenance/safety/what-you-should-kn
ow-about-wind-turbine-fires>. Acesso em: 27 jan. 2019.
[14] FROESE, M. Making the case for wind-turbine fire detection and suppression systems.
WindPower Engineering & Development, 2015. Disponível em:
<https://www.windpowerengineering.com/operations-maintenance/safety/making-the-case-fo
r-wind-turbine-fire-detection-and-suppression-systems/>. Acesso em: 02 fev. 2019.
[15] SCHOENBAECHLER, G. Twisting in the Wind. ABCO Fire, 2017. Disponível em:
<https://www.abcofire.com/wind-turbine-fires/>. Acesso em: 01 fev. 2019.
[16] CHAUMEL, J.L; GIRAUD, L.; ILINCA, A. Wind energy sector - Occupational Health and
Safety Risks and Accident Prevention Strategies. The Institut de recherche Robert-Sauvé
en santé et en sécurité du travail (IRSST), 62 p. 2015. Disponível em:
<http://www.irsst.qc.ca/media/documents/PubIRSST/R-858.pdf>. Acesso em: 03 de jan.
2019.
[17] FROESE. M. What regulations exist for fire protection in wind turbines? WindPower
Engineering & Development, 2015. Disponível em:
<https://www.windpowerengineering.com/operations-maintenance/safety/what-regulations-ex
ist-for-fire-protection-in-wind-turbines/>. Acesso em: 02 fev. 2019.
[18] SEGALOVICH, R.N.; WINTER, A.N. Análise das condições de segurança em usinas
eólicas. 2018. TCC (Graduação) - Curso de Engenharia Elétrica, Departamento de
Engenharia Elétrica, Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Curitiba, 2018. p. 49-50
Disponível em:
<https://nupet.daelt.ct.utfpr.edu.br/tcc/engenharia/doc-equipe/2017_1_21/2017_1_21_final.p
df>. Acesso em: 03 fev. 2019.
AGRADECIMENTOS
Agradecemos à Ana Elisa Fernandes, Betty Fernandes, Cristina Fleury Leitão, Eng. Giovani
Cruz, Flávio Fernandes, Juliana Pinheiro e Ricardo Burle por sua importância no apoio,
inspiração ou contribuição para a realização deste trabalho.