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CINCOS PRINCIPAIS ACIDENTES DE TRABALHO, NO BRASIL, NO

SETOR DE PRODUÇÃO DE AEROGERADORES

Dados e Estatísticas
No sentido de ratificar os dados ora coletados expressos no Gráfico CWIF,
realizou-se uma estimativa. Para isso, foram utilizados os dados divulgados pela
Previdência Social (Anuário Estatístico de Acidentes do Trabalho) e pelo
Ministério de Minas e Energia (Relatório Final de Balanço Energético Nacional)
também entre os anos de 2007 e 2015.
A estimativa baseou-se na quantidade de acidentes registrados segundo a
Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAE) que engloba todos os
tipos de fontes geradoras de energia em uma mesma classe, conforme a
categorização mostrada na Tabela AEAT e na porcentagem de energia eólica na
matriz energética nacional no ano específico. Desta forma, haja vista que no ano
de 2015 por exemplo, foram registrados 699 acidentes, e como neste ano a
porcentagem de energia eólica na matriz nacional foi de 3,5% estima-se que
tenham ocorrido 24 acidentes neste segmento.

Figura 09: Acidentes em Parques Eólicos Brasileiros

Figura 10: Relação entre Acidentes


Figura 11: Classificação de Atividades Econômicas

Assim, a nível de Brasil, temos que apesar de não termos números elevados
quando comparado a outros setores, como por exemplo a construção civil,
precisamos levar em consideração que por se tratar de um setor novo, e que não
possui legislação aplicável, mas apenas análogas, é suficiente para se acender o
alerta vermelho no sentido de se verificar e elaborar relatórios técnicos que
demonstrem o porquê e como ocorreram os acidentes, evitando assim perdas
futuras.

Agora, quando passamos a analisar gráficos que demonstram os acidentes a


níveis globais, estes alimentam ainda mais a necessidade e observância de
critérios técnicos de segurança, já apresentados acima.

Figura 12: Acidentes de Trabalho em Usinas Eólicas entre 1996 e 2017


Figura 13: Tipos de Acidentes em Parques Eólicos ocorridos entre janeiro/2008 e
dezembro/2017 Escala Global

Figura 14: Número de Acidentes e Incêndios em Parques Eólicos por País de janeiro/2008 a
dezembro/2017
1 - NR 10 - RISCOS ELÉTRICOS

A NR 10, trata da segurança em instalações e serviços em eletricidade,


estabelecendo os requisitos e condições mínimas objetivando a implementação
de medidas de controle e sistemas preventivos, de forma a garantir a segurança
e a saúde dos trabalhadores que, direta ou indiretamente, interajam em
instalações elétricas e serviços com eletricidade.

Desta forma, com base no apresentado em epígrafe, podemos elencar os


seguintes objetivos da NR 10:

• Diminuir o risco de morte para quem trabalha com a rede elétrica;


• Reduzir o número de choques;
• Melhorar a capacitação dos profissionais que atuam nesse tipo de
serviço;

• Melhorar as condições de trabalho e qualidade de vida dos


profissionais que atuam na rede elétrica.

Neste sentido, temos que os trabalhadores que executam tarefas em


parques eólicos estão potencialmente expostos a perigos elétricos, que podem
incluir o arco elétrico (que têm como consequência as queimaduras por arco e
risco de explosão) e o choque elétrico (definido como o acidente resultante da
passagem da corrente elétrica no corpo humano 3 Manuel, 2014).

O risco de lesão por faísca ou arco elétrico, o risco de eletrização ou até


mesmo eletrocussão constitui uma preocupação constante nos trabalhos
executados no interior do aerogerador e, quando na nacelle, este risco aumenta
consideravelmente caso a turbina seja acidentalmente ligada durante os
trabalhos de manutenção (EU OSHA, 2013). Defeitos suscetíveis de provocar
aquecimentos anormais e produção de faíscas, tais como contatos e ligações em
mau estado, canalizações sobrecarregadas, defeitos de isolamentos, etc.,
contribuem também para o aumento do risco elétrico nas instalações do Parque.

Neste sentido, temos que a eletrização é o termo que designa o conjunto


de manifestações fisiológicas devidas à passagem da corrente elétrica através do
corpo humano. E a eletrocussão é o termo que designa a morte produzida pela
passagem de uma corrente elétrica no corpo humano. Como mecanismos da
eletrização têm-se o contato direto 3 contato com uma peça que se encontra
normalmente em tensão 3 e o contato indireto 3 contato de uma pessoa com
massas que se encontram acidentalmente em tensão devido a defeito de
isolamento, troca dos condutores de fase e de proteção, ou condutor em tensão
exterior ao aparelho que entra em contato com aquele (Manuel, 2014).

Nos trabalhos fora de tensão, os acidentes podem acontecer devido à


presença acidental de tensão, seja porque a instalação é suposta fora de tensão
(sem o comprovar), seja pela ação intempestiva de terceiros (que colocam
tensão na instalação) (Manuel, 2014). Para impedir estas situações os trabalhos
fora de tensão só podem ter lugar depois de cumpridas as regras básicas de
segurança (consignação elétrica). Para efetuar a consignação e garantir a
segurança no local de trabalho enquanto este decorre é preciso respeitar as
regras que se seguem:

• Desligar (isolar a instalação de todas as possíveis fontes de


tensão);
• Proteger contra religação (bloquear/etiquetar - lockout/tagout);
• Verificar a ausência de tensão (potencial zero), ligar à terra e em
curtocircuito;

• Cobrir e isolar as peças em tensão adjacentes.

O respeito destas 4 regras, asseguram ao trabalhador uma proteção


quase total contra o risco elétrico e as suas consequências.

Portanto, apesar de existirem normas de segurança bem estabelecidas


para os trabalhadores que executam trabalhos em instalações elétricas, as
condições desfavoráveis já enunciadas, que caracterizam o trabalho nas turbinas
eólicas, representam um desafio adicional para qualquer trabalhador. E uma das
grandes preocupações presentes nos trabalhos em instalações elétricas continua
a ser a proteção contra religações, nos bloqueios incorretos ou desconexão dos
equipamentos (EU-OSHA, 2013).

Conhecer os riscos que envolvem os trabalhos com eletricidade e como se


proteger de modo a evitar acidentes é de fundamental importância para os
trabalhadores que atuam na área elétrica e também para que se utiliza da
eletricidade no seu trabalho do dia-a-dia.
Estatísticas não oficiais mostram que em média morrem em torno de 600
pessoas por ano em consequência de choque elétrico no Brasil. Entre as vítimas
temos trabalhadores que atuam na área elétrica, mas a grande maioria são
trabalhadores de outras áreas e também pessoas que sofrem choque elétrico em
suas próprias casas.

É fato que o profissional da área elétrica, está constantemente exposto


aos riscos inerentes de serviços e instalações que envolvam a eletricidade, tais
como o choque elétrico e o arco elétrico, assim como riscos adicionais
relacionados a atividade dos eletricistas, que envolve o trabalho em altura,
trabalho em espaços confinados, em ambientes úmidos, radiação solar, entre
outros.

A não observância dos riscos envolvidos no trabalho com eletricidade faz


com que o trabalhador fique exposto, possibilitando a ocorrência de choque
elétrico que pode apresentar consequências diretas e indiretas como
queimaduras, batidas, quedas e até óbito.

Assim, para evitar acidentes envolvendo eletricidade, medidas de


controle devem ser adotadas. Estas medidas de controle são tomadas após ser
realizado uma análise de risco do ambiente de trabalho.

Vale salientar que estas medidas não se limitam a utilização de


equipamentos de proteção individual (EPI), pois se deve levar em consideração
também a identificação de riscos adicionais, a criação do mapa de risco e a
formação e treinamento do profissional eletricista.

Assim sendo, o profissional ou trabalhador da área elétrica que atua


diretamente com instalações energizadas ou em suas proximidades, também
tem o dever de avaliar os riscos no ambiente de trabalho e o grau de exposição
de outras pessoas a estes riscos. Cabendo também indicar meios para redução e
controle de riscos elétricos.

Fonte: ISC Treinamentos

2 - NR 15 - RUÍDOS ACÚSTICOS

No senso comum, a palavra ruído significa barulho, som ou poluição


sonora não desejada. Na eletrônica o ruído pode ser associado à percepção
acústica, por exemplo, de um <chiado= característico (ruído branco), ou aos
<chuviscos= na recepção fraca de um sinal de televisão. De forma parecida a
granulação de uma foto, quando evidente, também tem o sentido de ruído. No
processamento de sinais o ruído pode ser entendido como um sinal sem sentido
(aleatório), sendo importante a relação Sinal/ Ruído na comunicação.

De acordo com Saliba (2004), o som é qualquer vibração ou um conjunto


de vibrações ou ondas mecânicas que podem ser ouvidas. Costuma-se também
dizer que o barulho é todo aquele som indesejável; o barulho e o ruído são
interpretações subjetivas e desagradáveis de um som.
Fisicamente, o ruído é uma mistura complexa de diversas vibrações,
medido em uma escala logarítmica, cuja unidade é o dB (decibel). O ouvido
humano é capaz de perceber uma gama grande de intensidades sonoras, desde
aquelas próximas de zero, até potências de 1013 superiores equivalentes a 130
dB. Esse ruído corresponde ao de um avião a jato, e praticamente o máximo que
o ouvido humano pode suportar. Acima disso, situa-se o limiar da percepção
dolorosa, que pode causar danos ao aparelho auditivo (GERGES, 2003; IIDA,
2005).

Neste sentido, o ruído ocupacional, é todo aquele barulho, som ou


poluição sonora que não é desejada e acaba interferindo na produtividade do
trabalhador. Podendo este, ter basicamente três fontes: o ruído aerodinâmico
gerado pela rotação das pás no fluido, o ruído estrutural devido a vibração da
estrutura e o ruído mecânico devido ao atrito de rolamentos e engrenagens
confinados no suporte do motor. Importante frisar, que a problemática deste
agente, não é somente a incomodação, já que ele pode sim, levar a problemas de
saúde e doenças ocupacionais de longo prazo. Por este motivo que existe o
Limite de Tolerância, determinado pela NR 15, em seus anexos 1 e 2, que visam
evitar esse tipo de situação.

O ruído contínuo ou intermitente tem uma duração prolongada. Ele é o


que apresenta maior risco, pois causa danos progressivos à audição e à saúde
dos colaboradores. Pensando nisso, há limites de decibéis (dB), em relação ao
tempo de exposição, tais como:

• 85 dB: 8 horas;
• 86 dB: 7 horas;
• 87 dB: 6 horas;
• 88 dB: 5 horas;
• 90 dB: 4 horas;
• 92 dB: 3 horas;
• 95 dB: 2 horas;
• 100 dB: 1 hora;
• 105 dB: 30 minutos;
• 110 dB: 15 minutos;
• 112 dB: 10 minutos;
• 114 dB: 8 minutos;  115 dB: 7 minutos.

Não é permitida a exposição acima de 115 dB, por nenhum período, se o


trabalhador não estiver protegido. Outro ponto importante envolve fornecer EPIs
para os colaboradores 4 especialmente, para aqueles que atuam em um
ambiente com um volume maior de decibéis. Além de medidas paliativas, é
interessante pensar em alternativas definitivas. Nesse caso, vale a pena recorrer
ao isolamento acústico. O ruído ocupacional afeta a saúde dos trabalhadores e
deve ser reduzido por meio das medidas certas. Com os cuidados recomendados,
é possível melhorar a segurança do trabalho, além de atender a exigências legais
e aliviar os custos em médio e longo prazo.

Ainda neste sentido, segundo Thomas (2011), os estudos já efetuados a


respeito, foram abrangentes por médicos, patologistas e engenheiros, dos quais
resultaram publicações que alertam para as graves consequências fisiológicas de
residir junto a parques eólicos. As consequências identificadas nos referidos
estudos foram classificadas em duas categorias, tendo em conta os fenômenos
associados ao ruído das turbinas. A primeira categoria, relacionada com a
Doença Vibroacústica (DVA), é caracterizada pela existência de danos causados
diretamente nos tecidos ou órgãos ao passo que, para a segunda categoria,
relacionada com o Síndrome da Turbina Eólica (STE), se caracteriza pelos diversos
sintomas relacionados com os órgãos do sistema vestibular (integrante do ouvido
interno, ligado à cóclea, sendo o responsável pela manutenção do equilíbrio),
que se manifestam sob a forma de perturbação do sono, dores de cabeça,
zumbido no/s ouvido/s, e sensação de tremor ou vibração, nervosismo, arritmia
cardíaca, náuseas, dificuldade de concentração e de memória e irritabilidade.

Tanto a DVA como o STE podem ser muito prejudiciais e debilitantes,


podendo levar mesmo até mesmo a morte. E levando-se em consideração que o
ruído emitido pelas turbinas eólicas é composto por dois conjuntos de frequência
diferentes. O ruído de baixa frequência (audível) entre o 20 Hz e 500 Hz e o
inaudível (infrassons), que ocorre entre os 0 Hz e os 20 Hz. O STE é provocado
pelos dois conjuntos, ao passo que a DVA é causada pelo último.

Por este motivo, temos que na maioria dos casos, os parques eólicos são
implantados em áreas rurais, nas quais o ruído ambiente é significativamente
baixo. De acordo com a NBR 10.151 3 norma utilizada para avaliação da
paisagem sonora de acordo com o zoneamento 3 estas áreas podem ser
enquadradas como áreas de sítios e fazendas, nas quais o nível de pressão
sonora ponderado não deve ultrapassar 40dB durante o dia e 35dB durante a
noite.
Assim, para evitar o impacto sonoro na vizinhança e conflitos sociais,
previamente à instalação do parque, ou fazenda, eólica; medidas preventivas ao
ruído devem ser consideradas. No Brasil, os instrumentos de licenciamento
ambiental exigidos pelos órgãos ambientais brasileiros são importantes para
isentar os parques eólicos e resguardar as comunidades vizinhas dos impactos
ambientais negativos associados às atividades eólicas. Os processos de
licenciamento ambiental devem ser acompanhados de estudos de predição do
ruído, realizados a partir de medições inloco e através de modelagens
computacionais capazes de simular a propagação do ruído e a sua influência nas
comunidades vizinhas ao parque. Os resultados são expressos em formas
tabeladas ou gráficas em mapas de ruído, possibilitando estudar estratégias para
adequação da operação dos parques aos critérios regulamentares.

É possível ainda, controlar o ruído gerado pelos aerogeradores a partir de


medidas de prevenção relacionadas à fonte sonora, ao caminho de transmissão
e, em última instância, nos receptores (ouvintes próximos às fazendas eólicas). A
redução do ruído na fonte está relacionada com as propriedades das máquinas,
como a potência sonora e aspectos específicos da geometria e funcionamento
dos elementos que constituem os aerogeradores, como as pás e os perfis das
lâminas.

Com relação ao caminho de propagação sonora, sabendo-se que os


aerogeradores são considerados fontes pontuais de ruído, pode-se considerar o
decréscimo de 6 dB para cada duplicação de distância entre a fonte e o receptor.
Isto significa que, se encontrarmos o valor para o nível de pressão sonora de 45
dB em um determinado receptor distante 300 metros do aerogerador, a 600
metros o valor salta para 39 dB nesta nova posição de audição.

O conhecimento do regime de ventos do local é igualmente capaz de trazer


vantagens para a atenuação sonora até o receptor. Quando a direção
predominante de vento se dirige do receptor ao aerogerador, ocorre acréscimo
na atenuação em relação à situação sem ventos. Agora se o vento se dá na
direção do aerogerador até o receptor, o incômodo do ruído no receptor é
maior, visto que não são formadas as zonas de sombra acústica.

Em última instância, quando não é mais possível controlar o


posicionamento dos geradores e nem se valer de barreiras ou outras medidas
mitigatórias, recorre-se a medidas de prevenção nos receptores. Essa alternativa
ocorre a partir de soluções que garantam o isolamento acústico dos sistemas
construtivos das edificações residenciais, sobretudo nas baixas frequências. Esta
opção torna-se viável para os casos de loteamentos urbanos vizinhos aos parques
eólicos cuja construção seja posterior à implantação dos parques e não seja
possível distanciar ainda mais as edificações dos aerogeradores.

Fonte: http://ontario-wind-resistance.org/category/noise/

3 - NR 23 - PREVENÇÃO CONTRA INCÊNDIOS

O mecanismo de atuação de um incêndio em um parque eólico pode ser


considerado imprevisível, tendo em vista as peculiaridades que caracterizam este
ambiente: diferentes topologias, configurações estruturais, materiais de
constituição, localização do foco de incêndio e a quantidade de material
combustível que pode existir no interior do equipamento.

Sem dúvida, a proteção dos aerogeradores contra incêndios deve ser


projetada, caso a caso, tendo em vista todas as especificidades de cada modelo.
Devem ser levantados alguns detalhes de projeto, como: pontos críticos com
relação aos riscos de facilitar os focos de incêndio, bem como os fatores
inerentes a sua construção, funcionamento e condições regionais de localização.
Independente das dificuldades mapeadas, um conjunto de medidas destinadas a
eliminar ou minimizar os efeitos pelas condicionantes de risco deve ser
elaborado.
Para a redução dos riscos, estes devem ser identificados e os aspectos de
proteção levados em conta durante o planejamento e a construção do parque.
Mais especificamente sobre a proteção contra raios e sobretensões, deve-se
equipar a turbina eólica com proteções que devem cobrir as pás, a nacelle e o
rotor, bem como qualquer instalação ou equipamentos elétricos, incluindo
cabos, que sejam relevantes para a operação e segurança do sistema. Haja vista
que devido à existência de vazios nas pás, os danos podem ser destrutivos e
irreversíveis. Se o raio adentra a estes vazios, a tendência é a destruição total das
pás, em decorrência de uma expansão explosiva do ar contida na estrutura das
hélices que inicia a formação de fissuras e rachaduras no seu revestimento. Em
outras palavras, a onda de pressão do choque térmico é capaz de explodir as pás
ou romper a sua estrutura construtiva (COLUNA, 2015).

Caso os componentes mecânicos ou elétricos aqueçam ou desenvolvam


alguma falha pode-se iniciar um incêndio, e este pode por sua vez ser de alguma
forma atiçado pelos ventos. Uma vez deflagrado um incêndio numa turbina este
é extremamente difícil de ser apagado devido à localização em altura da turbina.

No caso do Brasil, deve-se observar ainda, que somos um dos países que
possuem um dos mais altos índices de incidência de raios no mundo, e por este
motivo, torna-se tão importante e imprescindível a proteção contra descargas
atmosféricas nas turbinas. Existem alguns parâmetros que servem para avaliar a
frequência com que os raios ocorrem em determinado ponto: densidade de 64
descargas à Terra e a superfície de captação da estrutura (BONFIM, YAMANISHI,
2017). A densidade de descargas é o número de descargas à Terra por
quilometro quadrado no ano, sendo um parâmetro ceráunico para quantificar os
raios em uma zona (QENERGIA, 2018). Já a superfície de captação é a área do
terreno que possui a mesma frequência anual de descargas que as estruturas
instaladas.
Além disso, a proteção dos sistemas elétricos, bem como as medidas para
identificar falhas no sistema de potência e outras condições operacionais
anormais em turbinas eólicas e nos sistemas periféricos associados, devem ser de
última geração e estar em conformidade com os padrões nacionais atuais. Sua
principal tarefa é identificar as falhas seletivamente e desligar imediatamente
partes defeituosas do sistema de energia ou equipamentos elétricos individuais.
Como citado anteriormente, existem diversos materiais combustíveis
espalhados por diferentes pontos da estrutura, para minimizar os riscos estes
materiais devem ser escolhidos de acordo com as características técnicas
exigidas além de serem preferencialmente não combustíveis ou terem um ponto
de inflamação alto que esteja significativamente acima das temperaturas de
operação dos sistemas.

Serviços de reparos, montagens ou desmontagens de estruturas, que


envolvem riscos de incêndios, devem ser evitados assim como possíveis fontes
de ignição, tais como: faíscas voadoras, superfícies quentes, curto-circuito e
arcos elétricos.

Toda a área da turbina eólica deve ser declarada área para não fumantes
(CFPAE, 2012). A fim de garantir o cumprimento desta proibição, os funcionários
e empresas externas, se for o caso, devem ser instruídos e sanções devem ser
impostas em caso de violação. Sinalizações de <Não fumar= devem ser
colocadas de forma clara e permanente nas áreas de entrada da turbina eólica.

Todos os trabalhadores presentes na planta, sejam equipes de serviço ou


funcionários de empresas externas autorizadas, devem receber instruções
regularmente sobre prevenção de riscos de incêndio, funcionalidade dos
sistemas e instalações de proteção contra incêndios presentes no parque eólico,
além de saber como lidar com eles, como se comportar corretamente em casos
de incêndio e o uso correto de extintores. Sugere-se também a realização de
testes de alarmes de incêndio, ensaios para implementação do plano de
emergência e evacuação da nacelle e envolver o corpo de bombeiros local nestes
treinamentos e simulações. A informação e garantia de compreensão dos riscos
são imprescindíveis.
Figura 17: Classificação dos Incêndios

Fonte: Abeeolica

4 - NR 33 - ESPAÇO CONFINADO

Espaço Confinado, é qualquer área ou ambiente não projetado para


ocupação humana contínua, que possua meios limitados de entrada e saída, cuja
ventilação existente é insuficiente para remover contaminantes ou onde possa
existir a deficiência ou enriquecimento de oxigênio.

Assim, uma turbina por exemplo, conta com diversos espaços


considerados confinados: a nacelle, as pás, o cubo do rotor, a torre e a base da
torre. Estes possuem poucos meios de acesso e saída e não estão concebidos
para longas permanências. Técnicos de manutenção que executem trabalhos
dentro destes espaços devem carregar consigo monitores de gás e verificar
amostras de ar a fim de se prevenir, detectando possíveis gases tóxicos e/ou
inflamáveis no interior destes compartimentos. Há ainda, outras questões como
ergonomia e perturbações cardiovasculares, devido a temperaturas elevadas
durante os meses de verão, por exemplo, que devem ser levadas em
consideração. É essencial ministrar aos trabalhadores da manutenção, uma
formação adequada sobre os riscos que irão enfrentar e como se portar diante
destas situações específicas (EU-OSHA, 2014).

A orientação, é que a realização do trabalho dentro dos aerogeradores


seja controlado para que os trabalhadores não ultrapassem o tempo de duas
horas enclausurados e sempre operado por no mínimo dois operários ao mesmo
tempo, pois em caso de emergência, há a possibilidade de um pronto
atendimento ao operário em perigo, tendo com eles rádios transmissores para
comunicação com pessoas no solo.
Portanto, tanto quem atua ou gerencia trabalhadores em espaços
confinados, também estão suscetíveis a graves acidentes, especialmente quando
não usam equipamentos de segurança adequados e/ou quando não há
equipamentos e sistemas de exaustão e ventilação instalados naquelas áreas.

Por tal, para evitar ou mitigar os riscos de acidentes nessas áreas, a NR33
recomenda algumas medidas de segurança que incluem: uso de equipamentos
de proteção, entrada em espaços confinados apenas de pessoas autorizadas e
treinadas, monitoramento da atmosfera antes e durante os trabalhos, além de
cadastramento atualizado de todas as áreas confinadas e seus respectivos riscos
para o trabalhador. A todas essas medidas, soma-se, então, a necessidade da
instalação de equipamentos e sistemas de ventilação, para exaustão e/ou
insuflamento (absorver o ar atmosférico por um ventilador, para que ele seja
introduzido ao ambiente, por meio de dutos, grelhas, grades e fendas) de ar no
ambiente confinado.

Apesar das consequências que a atividade nesse tipo de ambiente pode


gerar a saúde do homem, algumas organizações precisam desenvolver trabalhos
específicos nesses locais. Diante de tamanha peculiaridade, cada espaço
confinado tem um ponto de alto risco que deve ser analisado cuidadosa e
criteriosamente.

Entre os incidentes/acidentes mais comuns, além dos já falados, como a


falta ou excesso de oxigênio para um bom funcionamento da respiração humana,
temos o perigo de incêndio ou explosão (em virtude da concentração de gases e
vapores que podem levar a um incêndio e/ou explosão), intoxicação por
substâncias químicas (poeiras e gases tóxicos) e infecções por agentes biológicos
(derivam da presença de vírus, bactérias e protozoários).

Desta forma, é preciso estar alinhado com o disposto na NR 33, treinando


e capacitando o responsável técnico, o supervisor de entrada, o vigia, e o
operacional, para que todos desempenhem com louvor suas competências, bem
como gerenciando medidas técnicas, administrativas e pessoais de prevenção.

5- NR 35 - TRABALHO EM ALTURA

Como já exposto ao longo deste relatório, é nítido que o crescimento do


setor eólico, acaba potencializando uma série de fatores em detrimento do setor
de segurança do trabalho, principalmente no trabalho em altura realizado nos
parques, seja durante a construção de uma torre, durante sua manutenção ou
até mesmo no eventual resgate de um trabalhador.

A NR 35, estabelece os requisitos mínimos e as medidas de proteção para


o trabalho em altura, envolvendo o planejamento, a organização e a execução,
de forma a garantir a segurança e a saúde dos trabalhadores envolvidos direta ou
indiretamente com esta atividade. Em seu item 1.2., considera-se trabalho em
altura toda atividade executada acima de 2,00 m (dois metros) do nível inferior,
onde haja risco de queda, e no item 1.3., esta norma se complementa com as
normas técnicas oficiais estabelecidas pelos Órgãos competentes e, na ausência
ou omissão dessas, com as normas internacionais aplicáveis. Assim, a NR 35 é
uma norma regulamentadora, que versa sobre padrões de segurança para o
trabalho em altura, ela garante que nenhum trabalho coloque em risco a vida e a
integridade dos funcionários.

No caso do setor eólico, os profissionais são submetidos a alturas de até


130 metros. O nível de conhecimento do trabalhador em relação à complexidade
do problema está longe de ser o ideal. A não realização das análise de risco ou
até uma precária análise que não prevê as diversas medidas de segurança
coletiva e individual, ou, ainda, o uso inadequado de EPC (equipamento de
proteção coletiva), como sinalização de segurança, proteção de partes móveis de
máquinas e equipamentos, corrimãos e de EPI (equipamento de proteção
individual), como capacete, óculos, luvas, cintos de segurança, talabartes, assim
como a falta de norma e regulamentação específica na área, fazem com que o
risco de acidente aumente consideravelmente.
De acordo com o Ministério de Trabalho e Emprego (MTE), de 20% a 40%
dos acidentes de trabalho no Brasil estão relacionados ao trabalho em altura,
sendo a principal causa de mortes na indústria no país. Considerando-se que no
ano de 2013, segundo o Anuário Estatístico da Previdência Social, o Brasil
registrou 2797 óbitos no âmbito industrial, e temos que pelo menos 559 destes
óbitos, ou seja, o equivalente a 20% do total, teriam sido ocasionados por quedas
em trabalho em altura, podendo esse número ser superior, considerando que
foram registrados apenas trabalhadores de carteira assinada. (FEITEN, 2015).

Assim, temos que as principais causas de quedas em altura estão ligadas


diretamente, e principalmente, se não for precedida de uma análise de risco ou
se a mesma for deficiente ao não prever todas as medidas de proteções coletivas
e individuais necessárias, ou também, o uso e seleção inadequado de
EPC’S e EPI’S ao tipo de atividade, treinamento incompleto sobre zona livre
de queda e fator de queda, noções de primeiros socorros e resgate muito aquém
do necessário, síndrome de suspensão inerte (ela é produto das situações de
queda ou do tempo de suspensão necessário à chegada do socorro), e
priorização do EPI como solução para redução de riscos. (FEITEN, 2015).

Sabemos que os EPI’s, para operações em grandes altitudes incluem


sistemas de ancoragem e acessórios. Tal a importância deste, que no item 35.5
da NR 35, encontram-se as principais instruções sobre aquisição, uso e
manutenção dos equipamentos. Enfatizamos que os empregadores devem
realizar inspeções de rotina para verificar o status dos equipamentos de proteção
individual antes de iniciar o trabalho. E além dos sistemas de ancoragem, os EPIs
mais comumente usados são: Cinto de segurança; Cinto de segurança do
tipo <cadeirinha=; Conectores; Cordas; Escadas; Polia; Talabarte de
segurança; Trava-quedas; Trava-quedas retrátil. Fora estes específicos para o
trabalho em altura, os trabalhadores também devem usar sapatos de segurança,
óculos de proteção, capacetes e luvas.

No tocante ao uso do cinto de segurança, indispensável às atividades em


alturas, imperioso frisar que o mesmo, pode comprimir o fluxo de sangue do
trabalhador e, consequentemente, impedir que o sistema circulatório funcione
corretamente, quando tratamos da síndrome de suspensão inerte, apresentada
anteriormente. Em pouco tempo, podem surgir alterações, como o aumento da
frequência cardíaca e da pressão das vias de condução sanguínea, a fim de
restabelecer a circulação. O estrangulamento causado pelas fitas do cinto é capaz
de promover edemas e liberação de toxinas (acidose) por isquemia leve, cujos
desdobramentos podem gerar trombose venosa, insuficiência renal, embolia
pulmonar e fabricação de ácidos nos músculos, e por consequência, podendo
levar à óbito em questão de minutos). Ou seja, é fruto da condição de
imobilidade e suspensão.

Qualquer atividade que envolva trabalho em altura (na torre e nacelle do


aerogerador) deve ser considerada com uma situação potencialmente crítica,
sendo que as condições climáticas, como a exposição a ventos fortes, a formação
de gelo nas pás da turbina (para climas mais frios) ou a ocorrência de descargas
elétricas atmosféricas, a que os aerogeradores estão muitas vezes expostos
podem tornar o trabalho em altura ainda mais perigoso. Por exemplo, a força do
vento pode suscitar oscilações estruturais na torre e nacelle, por vezes
suficientes para causar a perda de equilíbrio do trabalhador que se encontre no
seu interior; placas de gelo podem ser lançadas quando o rotor está em
movimento ou simplesmente soltarem-se atingindo os trabalhadores no exterior
dos aerogeradores; quando dentro da nacelle, relâmpagos e trovoadas podem
ser perigosos para os trabalhadores, podendo ser a causa de um incêndio,
exigindo uma evacuação rápida ou mesmo o resgate destes (EU-OSHA, 2013).

Tão logo, fica claro que os principais riscos envolvidos com o


trabalho em altura numa turbina eólica vão surgir dos riscos diretos
(RenewableUK, 2011), incluindo quedas (quedas das escadas fixas no
interior da torre, através das aberturas nas plataformas, dentro da nacelle
em superfícies irregulares, no exterior da nacelle e rotor, para o interior do
cubo do rotor) e queda de objetos (no interior das torres ou no exterior da
base das torres). Quando ocorre uma queda, as consequências podem
ser lesões graves ou mesmo a morte do trabalhador; dificuldade em
alcançar o trabalhador caído; dificuldade para transportar a vítima para
uma zona segura; escassez de recursos para cuidar da vítima;
disponibilidade imediata apenas dos colegas de trabalho, a assistência de
emergência está normalmente distante (única ambulância fazendo ronda
pelo complexo eólico); e os médicos de emergência podem não estar
familiarizados com as técnicas de emergência em alturas.

Por exemplo, a manutenção das turbinas eólicas envolve a


utilização constante de um sistema de escadas, instalado a 90° em cada
uma das seções da torre, estando os trabalhadores sujeitos a usar
equipamento antiqueda, tais como: arnês (cinto de segurança) completo
para o corpo e o sistema de segurança para escadas (paraquedas
deslizante com suporte de ancoragem 3 cabo/corda linha de vida).

Na nacelle devem também usar o amortecedor de quedas, fixado a


um ponto acima do plano de trabalho. A manutenção e reparo dos
mecanismos de controlo e medição ou os trabalhos de limpeza envolvem
o acesso aos equipamentos pelo exterior da nacelle, havendo vários
pontos de ancoragem para fixação do dispositivo de ligação e do
dispositivo de preensão do corpo do trabalhador 3 arnês antiqueda com
cinto incorporado.

Embora muitos dos fatores de risco mais evidentes sejam


minimizados pelo fornecimento de tecnologias antiqueda e sistemas de
trabalho seguro, alguns perigos permanecem podendo levar à ocorrência
de incidentes/acidentes. Estes incluem o risco de escorregamento, devido
à perda de atrito ou falha de um degrau; o risco de choques durante a
subida/descida, quando existem obstáculos ou saliências; ou o risco de
queda na transição das escadas para uma plataforma e vice-versa
(Cooper et al., 2014).

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