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UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ

ENGENHARIA AMBIENTAL E SANITÁRIA

LUIZ FELIPE DA COSTA NASCIMENTO

OPERAÇÕES UNITÁRIAS DE SECAGEM,


EVAPORAÇÃO E DESTILAÇÃO

TRABALHO DE REFERENTE A DISCIPLINA DE OPERAÇÕES UNITÁRIAS


QUE ABORDA AS OPERAÇÕES DE SECAGEM, EVAPORAÇÃO E
DESTILAÇÃO

CURITIBA

2023
LUIZ FELIPE DA COSTA NASCIMENTO

OPERAÇÕES UNITÁRIAS DE SECAGEM,


EVAPORAÇÃO E DESTILAÇÃO

TRABALHO DE REFERENTE A DISCIPLINA DE OPERAÇÕES UNITÁRIAS


QUE ABORDA AS OPERAÇÕES DE SECAGEM, EVAPORAÇÃO E
DESTILAÇÃO

Trabalho apresentado à disciplina de


Operações Unitárias como requisito final
de avaliação.
Orientadora: Profa Dra. Roberta
Domingues

CURITIBA

2023
Lista de ilustração

Figura 1 – Modelos de secadores de bandeja.....................................................................9


Figura 2: Secador de leito fluidizado...............................................................................10
Figura 3: Fluxograma de um sistema de secagem por pulverização................................11

Figura 4 e 5: Secadores a tambor duplo, mostrando o dispositivo de alimentação, o sentido


da rotação dos tambores e o sistema de descarga do produto..........................................11
Figura 6: Liofilizador.......................................................................................................12

Figura 7: Secador tipo túnel..............................................................................................13

Figura 8: – Secador infravermelho...................................................................................14

Figura 9: Curva do Tempo de Secagem versus Teor de Umidade presente no sólido.


Figura 10: Curva da taxa de secagem versus teor de umidade na secagem.....................15

Figura 11: Representação de um evaporador de simples efeito.......................................17

Figura 12: Evaporador de múltiplos efeitos....................................................................18

Figura 13: Evaporador Descontínuo................................................................................18

Figura 14 – Evaporador de circulação natural.................................................................19

Figura 15 – Evaporador ascendente................................................................................19

Figura 16 – Evaporador descendente...............................................................................20

Figura 17: – Evaporador de circulação fechada..............................................................20

Figura 18: Evaporadores de Serpentina...........................................................................21

Figura-19: Evaporadores de múltiplo estágio. Neste esquema o projeto é de cinco


estágios............................................................................................................................21
Figura 20 – Processo dos sistemas de destilação............................................................24

Figura 22. Esquema de destilação fracionada de uma mistura binária e perfis de


concentração e temperatura.............................................................................................26

Figura 23: Diagrama de equilíbrio y, x...........................................................................26


Sumário

1. OBJETIVO .............................................................................................................................6
2. INTRODUÇÃO .......................................................................................................................7
3. DESENVOLVIMENTO.............................................................................................................8
3.1.2 Apresentação ......................................................................................................................8
3.1.2 Operação Unitária de Secagem ...........................................................................................8
3.2.1 Secadores de bandeja .........................................................................................................9
3.2.2 Secador de Leito Fluidizado ou Leito de Jorro .....................................................................9
3.2.3 Torres de secagem (Secadores pulverizadores)................................................................10
3.2.4 Secador de Tambor Rotativo..............................................................................................11
3.2.5 Liofilizador .........................................................................................................................12
3.2.6 Secador de Túnel ...............................................................................................................12
3.2.7 Secadores infravermelhos .................................................................................................13
3.3 Equações para os cálculos de taxa de secagem e umidade do sólido .................................15
3.4.0 Operação Unitária de Evaporação ....................................................................................16
3.4.1. Evaporação por múltiplos efeitos ....................................................................................18
3.5.0 Tipos de Evaporadores ......................................................................................................18
3.5.1 Descontínuos .....................................................................................................................18
3.5.2 De Convecção Natural .......................................................................................................18
3.5.3 De Película Ascendente .....................................................................................................19
3.5.4 De Película Descendente ...................................................................................................19
3.5.5 De Circulação Forçada- ......................................................................................................20
3.5.6 De Película Agitada ............................................................................................................20
3.5.7 De Serpentina Rotativa- .....................................................................................................21
3.5.8 De Múltiplos Efeitos ..........................................................................................................21
3.6.0 Mecanismo de Operação dos Evaporadores ....................................................................22
3.6.1 Quantidade de Transferência de Calor ..............................................................................22
3.6.2 Entalpia de Aquecimento ..................................................................................................22
3.7.0 Cálculos no Processo de Evaporação ................................................................................23
3.8.0 Operação Unitária de Destilação ......................................................................................23
3.8.1 Tipos de Destilação ...........................................................................................................24
3.8.2 Aquecimento .....................................................................................................................24
3.8.3 Fracionada .........................................................................................................................25
3.8.4 Misturas binárias: ..............................................................................................................26
3.9.0 Aplicações da destilação ...................................................................................................27
3.9.1 Usos científicos:.................................................................................................................27
3.9.2 Purificação da água: ..........................................................................................................27
3.9.3 Bebidas alcoólicas: ............................................................................................................27
3.9.4 Produtos de Petróleo: .......................................................................................................27
3.9.5 Perfume:............................................................................................................................27
3.9.6 Aromas Alimentares ..........................................................................................................27
4. CONCLUSÕES......................................................................................................................28
5. REFERÊNCIAS .........................................................................................................................30
6

1. OBJETIVO

O propósito deste trabalho é explorar as teorias relacionadas à secagem, evaporação


e destilação: fórmulas matemáticas, categorias de aparelhos secadores, otimização de
energia e os procedimentos. Esses conhecimentos possuem relevância significativa para
os estudantes de Engenharia, uma vez que essa operação são amplamente empregadas na
maioria dos procedimentos industriais.
7

2. INTRODUÇÃO

As operações unitárias são fundamentais no campo da engenharia química e


desempenham um papel crucial no processamento e na transformação de matérias-
primas. Nesse contexto, três operações unitárias amplamente utilizadas e de grande
importância são a secagem, a evaporação e a destilação. Cada uma dessas operações
possui características específicas e desempenha um papel vital em diversos setores
industriais, desde a produção de alimentos até a fabricação de produtos químicos e
farmacêuticos.
A operação unitária de secagem consiste em retirar a quantidade de água de um
material, o que ocasiona uma redução na massa do mesmo (MCCABE, et al., 1991). É
amplamente utilizada para conservar alimentos, pois os micro-organismos
decompositores não crescem na ausência de água. Além disso muitas enzimas que causam
o escurecimento enzimático também são desativadas em meios sem água. O
conhecimento adequado sobre a secagem permite otimizar o desempenho dos secadores,
economizar tempo, mão-de-obra, combustível, entre outros recursos. Portanto, para os
estudantes de engenharia, compreender os princípios, as equações de cálculo, os tipos de
secadores e a eficiência energética relacionados à secagem é de grande importância, uma
vez que essa operação é amplamente aplicada na maioria dos processos industriais.
A operação unitária de evaporação tem como objetivo a concentração de soluções
por meio da evaporação parcial do solvente. Nesse processo, soluções contendo solventes
voláteis e solutos considerados não voláteis são aquecidas de forma controlada. Isso leva
à evaporação do solvente, resultando em um líquido concentrado. A evaporação ocorre
quando a solução é aquecida até que o solvente atinja seu ponto de ebulição, formando
vapor. Esse vapor é separado da solução restante e pode ser condensado novamente para
obter o solvente concentrado. A operação de evaporação é amplamente utilizada em
diversas indústrias, como a química, alimentícia e farmacêutica, para concentrar soluções,
remover solventes indesejados e obter produtos mais estáveis.
A operação unitária de destilação é utilizada para separar componentes líquidos
de uma mistura com base em suas diferentes volatilidades. Nesse processo, a mistura
líquida é aquecida em uma coluna de destilação, onde ocorre a vaporização seletiva dos
componentes mais voláteis. Esses vapores são resfriados e condensados em um
condensador, convertendo-se novamente em líquido. O líquido condensado, chamado de
destilado, é coletado separadamente, enquanto os componentes menos voláteis
permanecem na forma líquida. A destilação é uma operação amplamente aplicada em
indústrias químicas e petroquímicas, sendo fundamental para a purificação de
substâncias, recuperação de solventes e obtenção de produtos com especificações
desejadas.
8

3. DESENVOLVIMENTO

3.1.2 Apresentação

3.1.2 Operação Unitária de Secagem


A operação unitária de secagem define-se pela transferência de um líquido
presente em um sólido úmido (superfície e poros) para uma fase gasosa não saturada.
Esse processo requer energia, uma vez que se deseja eliminar a umidade do material em
questão. Através da correta manipulação do produto que se deseja secar, pode-se obter
um maior rendimento do secador, economizar tempo, mão-de-obra, combustível, etc.
Como todo processo de transferência de massa, calor ou energia, a força motriz é
o gradiente existente entre duas condições. Ou seja, a diferença de pressão parcial de
vapor de água entre o ambiente quente (ar quente) e a superfície do produto ocasionará
um transporte de massa do produto para o ar e, assim, o vapor será arrastado do material.
Sabe-se que durante esse processo é na superfície do material que ocorre a evaporação da
água, a qual foi transportada do interior do sólido. Os mecanismos desse transporte mais
importantes são: difusão líquida, difusão de vapor e fluxo de líquido e de vapor.
Quando ocorre a evaporação na superfície de um sólido, a umidade se desloca das
camadas internas do sólido à superfície. Algumas teorias foram estabelecidas, visando
explicar as formas das curvas de velocidade de secagem e determinar o tempo de
secagem.
A secagem pode ser feita de dois modos: natural e artificial. A secagem natural é
aquela em que a diminuição do teor de umidade do produto é causada pela incidência da
radiação solar. No Brasil, é bastante utilizada na secagem de milho, feijão, trigo, café e
cacau. A grande desvantagem dessa modalidade está na dependência das condições
climáticas.
A secagem artificial consiste no emprego de artifícios para aumentar a velocidade
do processo, ou seja, utilizando equipamentos chamados de secadores. Comercialmente,
os secadores podem ser encontrados sob diferentes configurações e acessórios, como
sistemas de aquecimento do ar por fornalhas a gás ou a lenha, sistemas de movimentação
do ar com ventiladores e sistemas de movimentação dos grãos por elevadores de
caçambas, transportadores helicoidais, fitas transportadoras, etc.
3.2. Equipamentos de secagem
Um equipamento perfeitamente projetado é muitas vezes difícil de se atingir, pois
muitos fenômenos físico-químicos podem ser complexos e de difícil previsão. O fator
econômico habitual dos custos de processamento no que diz respeito às condições
desejadas do produto, do ponto de vista do mercado consumidor também não pode ser
desprezado.
Razões estas, a escolha do secador é usualmente baseada em ensaios preliminares,
nos quais o material é seco em condições que se assemelham às da produção. A maioria
9

dos fabricantes de unidades de secagem mantém laboratórios nos quais existem secadores
na escala de planta piloto. O cliente comprador em perspectiva pode secar amostras do
material nestes secadores, em diversas condições operacionais, para tentar encontrar a
combinação ótima do tipo de equipamentos e das condições de operação.

3.2.1 Secadores de bandeja

Este é o modelo mais simples de secador, utilizado para operações descontínuas,


de pequena escala, e secagem de substâncias granulares ou para peças separadas. A seguir,
apresenta-se diferentes modelos de secadores de bandeja utilizados industrialmente (FIG.
1).

Figura 1 – Modelos de secadores de bandeja


Fonte: (MELONI, [200-?])

Neste tipo de secador os métodos de secagem utilizados são condução e convecção


(FOUST et al., 1982). Uma hélice paralela à bandeja é responsável por recircular o vapor
quente, sendo que cerca de 10 a 20% do ar que passa pela bandeja é fresco e o restante
trata-se de ar recirculado, o que permite controlar a umidade do ar no nível desejado e
conservar a energia. Também pode ser utilizado o aquecimento elétrico quando o
aquecimento não está sendo suficiente. Materiais sólidos granulosos ou sólidos pastosos
podem ser secos neste tipo de secador.

3.2.2 Secador de Leito Fluidizado ou Leito de Jorro

Consiste em um equipamento no qual o material úmido alimentado é seco pelo


contato com o ar aquecido que é soprado através do leito, portanto partícula e ar passam
a se comportar como um fluido homogêneo. A alimentação que será aquecida entra pelo
topo do leito e o produto seco é retirado próximo ao fundo. Os secadores de leito
fluidizado podem ser de dois tipos: circular com um leito profundo (0,5 a 2,0 m) e
retangular com um leito de até 0,2 m de profundidade. Muitas vezes o último
compartimento de alguns secadores retangulares é fluidizado com gás frio para arrefecer
os sólidos antes da descarga.
10

Figura 2: Secador de leito fluidizado.


Fonte: Dias et. al. (2000).

3.2.3 Torres de secagem (Secadores pulverizadores)

A secagem por pulverização, mais conhecida como “spray dryer”, O ar, injetado
através de um filtro e de um aquecedor, penetra pelo topo da câmara de secagem, fluindo
em corrente paralela com as gotículas a serem secadas, que se formam num bocal
pulverizador ou num atomizador a disco rotatório. À medida que as gotículas atomizadas
caem, a umidade se evapora no gás quente, e deixa o material sólido constitutivo da
partícula. As partículas maiores caem até o fundo da câmara, enquanto as menores são
arrastadas pelo gás até os ciclones separadores. As muito finas passam pelo soprador e
entram num sistema de lavagem a úmido, sendo que esta suspensão, ou solução, pode
retornar à carga inicial para ser recirculada.
11

Figura 3: Fluxograma de um sistema de secagem por pulverização.


Fonte: (FOUST; WENZEL; CLUMP, 1982) p. 425.

3.2.4 Secador de Tambor Rotativo

Consiste em cilindros horizontais giratórios que são aquecidos internamente por vapor
de água. É mais utilizado para secar substâncias orgânicas, pois neste tipo de secador o
produto seco não pode ser duro, evitando assim, a danificação da superfície do tambor.
Na superfície externa é espalhada a substância a ser seca e à medida que o tambor efetua
as rotações, cujas velocidades variam entre 1 e 10 rpm, o processo de secagem acontece.
A crosta é raspada com uma faca quando a suspensão completa três quartos de uma
rotação completa e o produto é obtido na forma de escamas.

Figura 4. Figura 5.

Figura 4 e 5: Secadores a tambor duplo, mostrando o dispositivo de alimentação, o


sentido da rotação dos tambores e o sistema de descarga do produto.
Fonte: o autor.
12

3.2.5 Liofilizador

A secagem por liofilização consiste no congelamento do alimento e


posteriormente, sob vácuo ocorre a desidratação, assim a água é eliminada por sublimação
para a fase vapor. Este tipo de secagem é muito utilizado nas indústrias alimentícias
quando não se deseja perder os nutrientes.

Figura 6: Liofilizador.
Fonte: Princípios de Secagem de Alimentos, EMBRAPA
Cerrados (2010).

3.2.6 Secador de Túnel

Composto por um cilindro oco giratório que é levemente inclinado na


extremidade, o material flui gradualmente do bocal de alimentação até o bocal de saída,
utilizando como meio secante vapor superaquecido ou gases de combustão. Como a
superfície exposta do sólido é muito maior, este secador possui uma elevada taxa de
secagem, a qual só é vantajosa quando se pode manter o ar não saturado, o que geralmente
é obtido pelo acoplamento dos tubos aquecidos a vapor.
A quantidade da carga dos sólidos úmidos é um fator que afeta consideravelmente
toda a operação, pois se for muito pequena reduz a taxa de produção e se for muito grande
provoca uma ação elevatória irregular, com uma parte dos sólidos rolando no fundo do
tambor e podendo ocasionar um produto úmido, o qual não é o objetivo do processo.
13

Figura 7: Secador tipo túnel


Fonte: (JSC DONETSK PRODMASH PLANT, [200-?])

3.2.7 Secadores infravermelhos

A energia dos raios infravermelhos é utilizada para a secagem dos materiais, onde,
considerando o grau de eficiência desses raios, o processo de secagem desses
equipamentos torna-se consideravelmente econômico comparando-se com a secagem
com ar quente. O princípio desses equipamentos consiste em um tambor horizontal
provido de uma hélice interna que transporta o material sob uma fonte de luz
infravermelha. A intensidade de aquecimento e rotação da hélice (cerca de 2 rpm) pode
ser variada de acordo com o processo. O produto a ser secado é inserido no tubo de
dosagem de onde vai para o interior do sistema. O tempo de secagem é determinado pela
velocidade. A temperatura é permanentemente controlada e a capacidade do radiador
reajustada se necessário. O material é agitado pela rotação e ao mesmo tempo aquecido
pelo infravermelho. O comprimento de onda dos raios é ajustado ao processo. A radiação
quase não é absorvida pelo ar, aquecendo o material e vaporizando a água da superfície e
interior do material (FIG. 8).
14

Figura 8: – Secador infravermelho


Fonte: (INTEREMPRESAS, [200-?])

Os secadores infravermelhos são aplicados na secagem de plásticos, filmes,


tecidos, pós, fibras de Politereftalato de etila (PET), garrafas PET, fibras de madeira e
farinhas. Em relação aos sistemas de secagem convencionais, possui vantagens como a
redução no tempo de secagem de horas para minutos; processo integralmente contínuo;
tratamento cuidadoso com o material; não há separação de material com diferentes
densidades; alta eficiência, reduzindo o consumo de energia e fácil instalação. As figuras
a seguir exemplificam estes modelos de equipamentos e o seu funcionamento.

O processo de secagem pode ser representado por uma curva que relaciona o
Tempo de Secagem (h) versus Teor de Umidade (X). Através dela percebe-se que o teor
de umidade apresenta uma variação constante entre os pontos B e C, que representam o
período em que a difusão de água no interior do sólido é igual à quantidade de água que
se vaporiza na superfície (FOUST et al., 1982). A curva descrita pode ser observada na
Figura 9.
Outra forma de se analisar o processo da secagem é através da curva Teor de
Umidade (X) versus Taxa de Secagem. Esta curva representa como a variação da secagem
se relaciona com a umidade presente no sólido e está representada na Figura 10.

Figura 9: Curva do Tempo de Secagem versus Teor de Umidade presente no sólido.


Fonte: FOUST et al., 1982.
15

Figura 10: Curva da taxa de secagem versus teor de umidade na secagem.


Fonte: FOUST et al., 1982.

O intervalo AB em ambos os gráficos representa o primeiro período da secagem,


onde a temperatura do sólido bem como a taxa de secagem aumenta até entrar no segundo
estágio da secagem, o qual é representado pelo intervalo BC, em que a taxa de secagem
é constante. Este estado persiste até que a umidade no interior do sólido seja muito baixa,
diminuindo a difusão da água para a superfície do sólido. Para materiais onde o transporte
de massa é feito por difusão, que é o caso de sólidos orgânicos fibrosos, este intervalo é
curto, dependendo das condições do ar (FOUST et al., 1982).

Uma vez em que as forças resistivas à transferência de massa sejam maiores do


que a vaporização da água presente na superfície do sólido, um decréscimo na taxa de
secagem é observado, como mostra no intervalo CD em ambos os gráficos. Como a
quantidade de energia necessária para vaporizar a água é menor, o sólido passa a aumentar
sua temperatura. A partir do ponto D o teor de umidade é muito baixo no sólido, sendo
que em sua superfície não há uma área de saturação. A secagem prossegue até um limite,
representado pelo teor de umidade de equilíbrio (XE), onde a pressão de vapor no sólido
é igual à pressão parcial do vapor no ar (FOUST et al., 1982).

3.3 Equações para os cálculos de taxa de secagem e umidade do sólido

Para analisar um processo experimental de secagem, deve-se construir uma curva


de secagem. Para tal, um tratamento dos dados experimentais deve ser feito para serem
determinadas as taxas de evaporação (R) e a umidade média do sólido para vários pontos.
Desta forma a curva representada pela Figura 1 pode ser encontrada. A umidade do sólido
em base seca pode ser encontrada através da Equação 1 (YANNIOTIS, 2007).

𝑚𝑢−𝑚𝑠
X= 𝑚𝑠

Onde X representa a umidade em base seca do sólido, um é a massa úmida e ms é


a massa seca. Para calcular o valor de umidade em base seca inicial ( 𝑋0 ) e final (𝑋𝑓 ) de
determinado alimento utiliza-se as equações 2 e 3 (YANNIOTIS, 2007).

1−𝑌0
𝑋0 = (2)
𝑌0
16

1−𝑌𝑓
𝑋𝑓 = 𝑌𝑓
(3)

A taxa de secagem é calculada utilizando a Equação 4 (YANNIOTIS, 2007).


𝑚𝑠 𝑑𝑥
𝑅=− 𝐴 𝑑𝑡
(4)

Onde R é a taxa de evaporação, A é a área de troca térmica, ms é a massa de sólido


seco, X é a umidade em base seca e t é o intervalo de tempo (YANNIOTIS, 2007).

Ao construir uma curva de secagem, percebe-se dois principais estágios, que são
o período de secagem constante, que ocorre a uma taxa de secagem crítica e um período
de decaimento que ocorre a taxas de secagem menores que a crítica. É possível estimar o
tempo de secagem, tanto para a etapa de secagem constante quanto para a taxa de
decaimento tendo-se o valor da taxa crítica de secagem (Rc). Se a secagem se encontra
dentro do período de taxa constante, de maneira que tanto X1 como X2 são maiores que
Xc, então R é constante e igual à Rc (taxa de secagem crítica). Ao integrar a Equação 2
para o período de taxa constante, temos a Equação 5. Já a integração para o período de
decaimento da taxa fornece a Equação 6 (GEANKOPOLIS, 2006).
𝑚𝑠 𝑋0 −𝑋𝐶
𝑡𝑐 = ⋅ (5)
𝐴 𝑅̅𝐶

𝑚𝑠 𝑋1 −𝑋𝐸 𝑋𝑐−𝑋𝐸
𝑡𝑑 = . . 𝑙𝑛 𝑋 (6)
𝐴 𝑅𝑐 𝑓 −𝑋𝐸

Onde tc é o tempo para o período de secagem constante, 𝑚𝑠 é a massa de sólido


seco, A é a área de secagem, 𝑋0 é a umidade em base seca inicial, 𝑋𝑐 é a umidade crítica
em base seca, Rc é a taxa crítica de secagem, td é o tempo de secagem para o período de
decaimento, 𝑋1 corresponde ao primeiro ponto do período de decaimento, 𝑋𝐸 é a umidade
em base seca de equilíbrio (final da secagem), 𝑋𝑓 é a umidade em base seca final desejada
para a secagem (YANNIOTIS, 2007).
Assim, o tempo total da secagem é a soma entre os tempos de secagem constante
e de decaimento (YANNIOTIS, 2007).

𝑡𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 = 𝑡0 + 𝑡𝑑 (7)

3.4.0 Operação Unitária de Evaporação

Tem por finalidade concentrar soluções constituídas de solventes voláteis e


solutos considerados não-voláteis através da evaporação parcial do solvente. Como
os solutos são considerados não-voláteis, a fase gasosa (evaporado) só contém solvente,
17

ou seja, a fração de solvente no evaporado é de 100%. Porém, na fase líquida (solução a


ser concentrada) há frações tanto de soluto quanto de solvente.
A operação de evaporação não deve ser confundida com a operação de secagem,
pois nesta se obtém um produto sólido, ao invés de um líquido concentrado, ou com a
operação de destilação, pois nesta o soluto pode ser volátil, de modo que a fração de
solvente na fase vapor não será igual a 100%.
Os equipamentos utilizados para realizar operações de evaporação são conhecidos
como evaporadores, que consistem de um trocador de calor que aquece a solução a ser
concentrada até a sua ebulição e um separador do vapor formado por esta ebulição da
fase líquida. O produto do evaporador é a solução concentrada e o meio de aquecimento
normalmente utilizado é o vapor de água, que passa ao estado líquido quando cede seu
calor de condensação para a solução que entra em ebulição.
A transferência de calor é o fator mais importante no projeto de evaporadores,
uma vez que a superfície de aquecimento representa a maior parte de seu custo. O tipo
evaporador selecionado deve ter o mais alto coeficiente de transferência de calor sob as
condições operacionais desejadas por custo de operação. Na escolha do evaporador,
também deve ser considerada a qualidade desejada para o produto, a possibilidade de
cristalização do produto e a corrosividade de ambos produtos e alimentação. Os
evaporadores podem operar sob várias condições. Dentre estas, destacam-se: operação
em simples efeito e operação em múltiplos efeitos.
A evaporação por simples efeito é um processo em que se utiliza apenas um
evaporador. É importante no entendimento dos equipamentos de evaporação, mas na
prática não é muito usada por gastar muita energia. Esta configuração está representada
na Figura 11.

Figura 11: Representação de um evaporador de simples efeito


18

3.4.1. Evaporação por múltiplos efeitos


A evaporação por múltiplos efeitos é um processo em que há a associação de
vários evaporadores. Neste sistema, o evaporado de um efeito é utilizado como fluido de
aquecimento no próximo efeito.

Figura 12: Evaporador de múltiplos efeitos

3.5.0 Tipos de Evaporadores

3.5.1 Descontínuos- O produto se aquece em um recipiente esférico, envolto por


uma camisa de vapor. Este recipiente é aberto ou conectado à um condensador ou à um
sistema à vácuo. A área de transferência de calor neste tipo de evaporador é muito baixa e
a residência do produto pode chegar à várias horas. O aquecimento do produto é feito por
convecção natural.

Figura 13: Evaporador Descontínuo

3.5.2 De Convecção Natural- São dotados de tubos curtos verticais, dentro de um


corpo de vapor, este dispositivo é chamado de Calandra. O produto é aquecido e sobe
através dos tubos por convecção natural e o vapor condensa pelo exterior dos tubos. O
líquido concentrado retorna à base do recipiente através de uma seção anular central.
19

Adequado para evaporação de produtos insensíveis a altas temperaturas e bastante


utilizado no processo de evaporação da água de glicerina.

Figura 14 – Evaporador de circulação natural

3.5.3 De Película Ascendente - Podem evaporar alimentos líquidos de


baixa viscosidade, os quais fervem no interior de tubos verticais. Estes tubos se aquecem
devido ao vapor existente no exterior, de tal maneira que o líquido ascende pelo interior
dos tubos arrastado por vapores formados na parte inferior. O movimento ascendente dos
vapores produz uma película que se move rapidamente para cima. Este tipo de evaporador
alcança elevados coeficientes de transferência de calor, podendo-se recircular o alimento
líquido até que se alcance a concentração desejada. O tempo de residência é de 3-4
segundos.

Figura 15 – Evaporador ascendente.

3.5.4 De Película Descendente- Estes evaporadores desenvolvem uma fina


película de líquido dentro dos tubos verticais que desce por gravidade. Também permitem
instalar um maior número de efeitos do que o evaporador de película ascendente e podem
processar líquidos mais viscosos e mais sensíveis ao calor. O tempo de residência é de
20-30 segundos.
20

Figura 16 – Evaporador descendente.

3.5.5 De Circulação Forçada- Consta de um trocador de calor com


aquecimento indireto, onde o líquido circula em elevadas velocidades, devido à presença
de bombas de fluxo axial. Devido à elevada carga hidrostática da parte superior dos tubos,
qualquer possibilidade de ebulição do líquido é desprezada. O líquido que entra no
evaporador se evapora instantaneamente, devido à diferença de pressão entre a parte
interior e exterior do tubo. Possui os menores custos de fabricação e operação.

Figura 17: – Evaporador de circulação fechada

3.5.6 De Película Agitada- A configuração cilíndrica do sistema produz


menores áreas de transmissão de calor por unidade de volume de produto, sendo
necessária a utilização de vapor à alta pressão, como meio de aquecimento com o objetivo
de conseguir elevadas temperaturas na parede e velocidades de evaporação razoáveis. A
21

grande desvantagem deste sistema são os custos de fabricação e mantimento, assim como
a baixa capacidade de processamento.

3.5.7 De Serpentina Rotativa- É constituída de uma ou mais serpentinas de vapor


que giram abaixo da superfície do líquido em ebulição. A serpentina, ao girar,
proporciona turbulência ao líquido, o que melhora a transferência de calor e, ao mesmo
tempo, diminui a taxa de queima. O evaporador com serpentina rotativa a vácuo é
particularmente indicado para elaboração de produtos de tomate de elevada concentração,
além de poder funcionar de forma contínua.

serpentina vertical serpentina horizontal

Figura 18: Evaporadores de Serpentina

3.5.8 De Múltiplos Efeitos- Os evaporadores de múltiplos efeitos dois ou mais)


conjugam, em série, dois ou mais evaporadores simples, numa mesma estrutura ou em
estruturas separadas. Os sistemas utilizados são os mais diversos, podendo haver
associação de descontínuo + convecção natural, convecção natural + serpentina rotativa,
tubos longos + tubos longos (geralmente com película descendente de circulação forçada)
e assim por diante. A grande vantagem desta conjugação é a economia de vapor gasta por
quilo de água evaporada.

Figura-19: Evaporadores de múltiplo estágio. Neste esquema o projeto é de cinco estágios


22

3.6.0 Mecanismo de Operação dos Evaporadores

Estes procedimentos na evaporação, referem-se ao acompanhamento dos


rendimentos do evaporador no processo de evaporação e concentração de um
determinado produto.

3.6.1 Quantidade de Transferência de Calor

O líquido de aquecimento na evaporação é frequentemente o vapor de água


condensante. A quantidade de calor transferida para o produto alimentício, é diretamente
proporcional a quantidade de vapor de água que condensa e pode ser determinada pela
equação 1.

𝑑𝑄
= 𝑈 𝑥 𝐴 → 𝑑𝑄 = 𝑈 𝑥 𝐴 × 𝑑𝑇
𝑑𝑇

𝑇
∫ 𝑑𝑄 = ∫ (𝑈 𝑥 𝐴) 𝑑𝐴
𝑇𝑣

̅̅̅̅ − 𝑇)
𝑄 = 𝑈 × 𝐴(𝑇𝑣 (1)

Q = quantidade de calor transferido ao produto (kcal)


A = área de superfície de aquecimento (m2)
U = coeficiente global de transmissão de calor (kcal/m2 °C)
T = temperatura do produto (°C)

3.6.2 Entalpia de Aquecimento


A entalpia (H) é definida para qualquer sistema pela expressão termodinâmica:

dH = dE + d(p x V)
∫ 𝑑𝐻 = ∫ 𝑑𝐸 + ∫ 𝑑 (𝑝 𝑥 𝑉 ) → 𝐻 = 𝐸 + (𝑝 × 𝑉 ) (2)

onde:
H = entalpia de aquecimento
E = energia interna do sistema
p = pressão de vapor absoluta do sistema
V = volume do sistema

Todas as substâncias apresentam certas condições entalpicas que variam em


função de sua massa, temperatura e pressão. A entalpia é expressa em calorias por unidade
de massa do alimento (kcal/kg). Quando se aquece ou se resfria uma quantidade de um
23

alimento em processo, a variação entalpia é diretamente proporcional à massa do mesmo,


ao calor específico, e ao gradiente de temperatura empregado.

𝛥𝐻 = 𝑓 (𝑀, 𝑐𝑝 𝛥𝑇) → 𝛥𝐻 = 𝑀, 𝑐𝑝 𝛥𝑇 (3)

𝛥𝐻 = entalpia de aquecimento
M = massa do alimento (kg, g, l)
cp = calor específico do alimento (cal)
𝛥T = variação de temperatura (°C)

Quando se atinge as condições entalpicas de uma quantidade determinada do


produto alimentício, no ponto de saturação prossegue o aquecimento do alimento e o
sistema não altera a sua temperatura, mas se observa uma mudança de fase que é a
vaporização. No caso dos alimentos, a evaporação é a da água contida na composição
do mesmo, neste ponto tem-se a entalpia de vaporização.

3.7.0 Cálculos no Processo de Evaporação

Para que ocorra a evaporação da água dos alimentos, é preciso que no


equipamento (Evaporadores) a pressão de vapor de água interna, se iguale à pressão do
ambiente, quando a massa de alimento entre em ebulição. A velocidade de evaporação
está diretamente relacionada com a transmissão de calor do meio de aquecimento e as
suas entalpias. Desta forma temos:

𝑄 = 𝑈 𝑥 𝐴(𝑇𝑣 − 𝑇𝑠)) = 𝑀 (𝐻𝑣 − 𝐻𝑐)

Q = quantidade total de vapor (kcal)


U = coeficiente global de transferência de calor (kcal/m2 °C)
A = área de troca térmica (m2)
M = quantidade de produto (kg)
HV = entalpia de vapor
HC = entalpia do condensado de vapor

3.8.0 Operação Unitária de Destilação

A Destilação é uma Operação Unitária integrada no conjunto das Operações


Baseadas na Transferência de Massa. É a operação de transferência de massa mais
utilizada na indústria química (CALDAS et al., 2007). Esta operação ocorre devido à
diferença de volatilidade existente entre os componentes da mistura, promovido pelo
fornecimento de calor ao sistema aliado aos dispositivos de contato que promovem a
separação dos componentes (CALDAS et al., 2007). Esse processo pode apresentar
diferentes características de acordo com a necessidade ou condições operacionais,
24

conforme mostra a Figura 20. As principais diferenciações referem-se ao regime


operacional, ao dispositivo de contato e ao sistema de aquecimento.

Existem dois tipos de regime operacional: batelada ou contínuo. A destilação em


batelada - menos sofisticada que a destilação contínua - é comumente empregada quando
a composição dos materiais a serem separados varia amplamente, quando a separação não
ocorre de maneira frequente ou quando os materiais a serem separados são produzidos
em pequenas quantidades (FLODMAN; TIMM, 2012; KISTER, 1992). Comparando-se
o trabalho de Bengtson (1983) com a situação atual observa-se que não ocorreram grandes
modificações tecnológicas nos últimos 30 anos, excetuando-se as novas estratégias de
processamento em batelada (FLODMAN; TIMM, 2012; MODLA; LANG, 2008; PENG
et al., 2007). (FLODMAN; TIMM, 2012; KISTER, 1992). Comparando-se o trabalho de
Bengtson (1983) com a situação atual observa-se que não ocorreram grandes
modificações tecnológicas nos últimos 30 anos, excetuando-se as novas estratégias de
processamento em batelada (FLODMAN; TIMM, 2012; MODLA; LANG, 2008; PENG
et al., 2007).

Figura 20 – Processo dos sistemas de destilação.

O mecanismo subjacente a esta operação de separação é o do equilíbrio


líquido/vapor. Ao fornecer calor a uma mistura líquida, se promovermos a sua
vaporização parcial, obtemos duas fases, uma líquida e outra de vapor, que têm
composições diferentes.

3.8.1 Tipos de Destilação


3.8.2 Aquecimento: Método de separação dos componentes de uma mistura
homogênea formada por líquidos que apresentam diferentes pontos de ebulição. Trata-se
25

do processo utilizado para separar cada um dos componentes do petróleo


(mistura composta, por exemplo, por gasolina, querosene, óleo lubrificante, óleo diesel).
Assim, podemos afirmar que a destilação fracionada é um método de separação de
misturas com grande importância social e econômica, pois:

- Social: envolve a geração de empregos diretos e indiretos;


- Econômico: gera riquezas para as pessoas e países como um todo.

3.8.3 Fracionada: Neste método de destilação, usa -se um balão de destilação


(ou alambique, ou refervedor, dependendo da escala de produção), uma coluna de
Vigreux ou coluna de fracionamento (ou de destilação, quando em indústria), um
condensador e um receptor.
A coluna de destilação provê uma superfície externa para troca de calor. Assim,
o vapor que sai do líquido em ebulição no balão de destilação, condensa e evapora várias
vezes ao longo do caminho entre o líquido em ebulição e a cabeça de destilação,
fazendo que um gradiente de temperatura se estenda ao longo desse caminho,
desde a temperatura mais alta no frasco destilador até a temperatura mais baixa
na cabeça de destilação. Consequentemente, ocorre continuamente, na superfície da
coluna, uma troca de calor entre o condensado descendente, mais frio, e o vapor
ascendente, mais quente.
26

Figura 22. Esquema de destilação fracionada de uma mistura binária e perfis de


concentração e temperatura

O vapor quente sob e pela coluna, mas vai s e resfriando ao longo dela e acaba
por condensar-se. Com a condensação, forma-se um líquido, que escorre para baixo pela
coluna, em direção à fonte de calor. Vapores sobem continuamente pela coluna e acabam
por encontrar-se com o líquido que escorria; parte desse líquido rouba o calor do
vapor ascendente e torna a vaporizar-se. A uma certa altura, um pouco acima da
condensação anterior, o vapor torna a condensar -se e escorrer para baixo. Este
ciclo de vaporização e condensação ocorre repetidas vezes ao longo de todo o
comprimento da coluna. Tudo isso faz com que o vapor que emerge, e é removido no
topo da coluna, seja o componente mais volátil praticamente puro; o resíduo no frasco
destilador, por outro lado, é composto do componente menos volátil, também
praticamente puro.
3.8.4 Misturas binárias: Se representarmos, para um sistema binário a pressão total
constante, a composição do vapor e do líquido em equilíbrio, diagrama y,x (Figura 7),
podemos facilmente visualizar se a separação por destilação será fácil ou difícil. Quanto
mais afastada da diagonal estiver a curva de equilíbrio, mais fácil será separação por
destilação. Na Figura 23 (a) a separação por destilação é mais fácil do que no caso (b).

Figura 23: Diagrama de equilíbrio y, x.


27

3.9.0 Aplicações da destilação

A destilação é amplamente utilizada em indústrias, pois muitas misturas são


submetidas a esse processo.

3.9.1 Usos científicos: Utiliza-se a destilação regularmente sobretudo em


pesquisas químicas e farmacêuticas, testes de garantia de qualidade para muitos produtos
de consumo e perícia forense.

3.9.2 Purificação da água: É uma destilação usada para aquelas situações em que
a presença de minerais diminui a eficácia de certos equipamentos, por exemplo, ferros a
vapor ou umidificadores de charutos.

3.9.3 Bebidas alcoólicas: A destilação é usada para produzir uma variedade de


bebidas alcoólicas, por exemplo, uísque, rum e conhaque. Durante a destilação, coleta-se
também vários outros componentes, como água, ésteres e outros tipos de álcool. Esses
componentes conferem as bebidas alcoólicas um sabor único.

3.9.4 Produtos de Petróleo: Vários produtos podem ser produzidos a partir do


petróleo bruto. Por exemplo: gasolina, combustível diesel, óleo lubrificante, óleo
combustível, cera de parafina e petroquímica

3.9.5 Perfume: Um dos primeiros usos da destilação foi a fabricação de perfume,


que começou por volta de 3500 a.C. O aroma de várias plantas e ervas contém os óleos
essenciais, que podem ser extraídos por destilação a arraste de vapor.

3.9.6 Aromas Alimentares: Utiliza-se a destilação a vapor também para criar


aromas alimentares naturais. Os mais comuns são óleos cítricos e extratos líquidos de
várias ervas e especiarias.
28

4. CONCLUSÕES

As operações unitárias de destilação, evaporação e secagem são amplamente


utilizadas na indústria para separação, purificação e remoção de umidade de substâncias
e materiais. Cada uma dessas operações possui características e aplicações específicas,
contribuindo para diversos processos químicos e industriais.

A secagem é uma operação unitária que envolve a remoção de umidade presente em


um material sólido úmido, seja em sua superfície ou poros, para uma fase gasosa não
saturada. Esse processo requer o fornecimento de energia para remover a umidade do
material. A transferência de massa na secagem ocorre devido ao gradiente existente entre
a pressão parcial de vapor de água no ambiente quente (ar quente) e a superfície do
material. Os mecanismos de transporte envolvidos incluem difusão líquida, difusão de
vapor e fluxo de líquido e vapor. O conhecimento teórico e a correta manipulação do
produto a ser seco são essenciais para otimizar o processo de secagem e obter um maior
rendimento do secador.

A evaporação é outro processo de separação amplamente utilizado na indústria,


especialmente na indústria de alimentos. Existem diferentes formas de evaporação, desde
as mais rudimentares, como a evaporação ao sol em bandejas abertas, até os equipamentos
mais sofisticados, como evaporadores com conjuntos de tubos semelhantes a trocadores
de calor. O processo de evaporação ocorre quando a solução é aquecida, resultando na
formação de vapor que é posteriormente condensado, separando as substâncias voláteis
da solução. A evaporação é um método eficaz para purificar substâncias com volatilidades
diferentes.

Já a destilação é uma operação unitária baseada no equilíbrio líquido-vapor de


misturas. É amplamente utilizada na indústria química para a separação de substâncias
em uma mistura líquida. A destilação é adequada quando as substâncias presentes na
mistura possuem volatilidades significativamente diferentes entre si. O processo envolve
aquecimento da mistura, seguido de ebulição seletiva e condensação, resultando na
separação dos componentes. A destilação é comumente empregada na purificação de
substâncias, como no caso da destilação de bebidas alcoólicas e no refinamento do
petróleo.

É importante destacar que a destilação possui algumas limitações, não sendo capaz de
separar misturas azeotrópicas por destilação comum. Além disso, para alcançar uma
pureza muito alta, pode ser necessário realizar uma separação química adicional do
destilado.

Em resumo, as operações unitárias de destilação, evaporação e secagem


desempenham papéis fundamentais na indústria, permitindo a separação, purificação e
remoção de umidade de substâncias e materiais. O conhecimento teórico e a aplicação
29

adequada desses processos são essenciais para garantir eficiência, economia de recursos
e qualidade nos produtos finais.
30

5. REFERÊNCIAS

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Verlag Berlin Heidelberg. New York, 1997.

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31

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