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COLETOR DE ADMISSÃO

CONHEÇA O PULMÃO DO MOTOR

Abril 2020 www.sabo.com.br


DO MECÂNICO AO ELETRÔNICO:
CONHEÇA O PULMÃO DO MOTOR A COMBUSTÃO INTERNA
O que antes eram apenas tubos que jogavam o ar para a câmara de combustão, hoje são
peças de alta tecnologia construtiva e controles eletrônicos que permitem oferecer ar na
quantidade, velocidade e frequência adequada para cada regime de rotação do motor.
Respire fundo e mergulhe na evolução do Coletor de Admissão.

Todo motor admite ar externo para misturar ao combustível, mistura essa que será
queimada dentro do cilindro. O ar aspirado vai para o coletor de admissão e segue um
percurso basicamente comum a todos os motores, ou seja, é sugado de dentro do capô
do motor, evitando a entrada de água e sujeira, passa pelo filtro de ar para remover
partículas indesejadas e impurezas, segue para o corpo de borboleta e depois para o
coletor de admissão, que irá encaminhá-lo para os cilindros.

A função principal do coletor de admissão é promover o fluxo adequado de ar sugado


por cada cilindro, tanto em volume quanto em velocidade. Nos motores injetados, o
coletor encaminha apenas ar aos cilindros, enquanto nos motores antigos o carburador
encaminhava a mistura ar/combustível já misturada.
Seu formato e características são A massa de ar que ficou de fora se choca
determinantes para o rendimento esperado contra a válvula e retorna no contrafluxo,
do motor, sendo o coletor de admissão um mas vai encontrar a borboleta fechada do
dos componentes mais alterados pelos outro lado também, criando uma situação
preparadores quando procuram melhor em que é novamente empurrada de volta
desempenho. em direção à válvula, que estará se abrindo
novamente e fechando um ciclo.
O comprimento, diâmetro e acabamento da
superfície interna dos tubos de admissão
influenciam diretamente no resultado da
mistura e, consequentemente, na potência.

Um coletor mais curto privilegia a potência,


já um mais longo gera mais torque. Essas
características são largamente usadas para
o desenvolvimento de motores esportivos
de alta rotação ou de mais força em
baixa rotação.

Corpo de borboleta ou TBI (Throttle Body Injection)

Sempre com essa rotina, a massa de ar é


admitida em pulsos que devem ser muito
bem definidos para otimizar o rendimento,
fazendo com que o tempo desse vaivém
da massa de ar seja igual ao intervalo de
abertura e fechamento da válvula. Esse
Modelo de coletor curto com dutos retos tempo de cada pulso varia de acordo com
Isso se dá pela relação entre o movimento o diâmetro e comprimento do coletor e
de abertura e fechamento da válvula de vai interferir diretamente no desempenho
admissão e da passagem do ar dentro do motor.
do coletor. Durante o tempo em que a
Nos coletores longos, o ar leva mais
válvula está aberta, o ar é sugado para
tempo para atingir a válvula, fazendo com
dentro do cilindro. Ao fechar, a válvula de
que em baixas rotações o pulso esteja
admissão sela a câmara de combustão
sincronizado, já que a válvula se abrirá e
para promover a compressão e a queima
fechará mais lentamente, favorecendo o
da mistura ar/combustível.
torque em baixa.
Mas e a superfície interna? Qual a
importância? A rugosidade da parede
interna do coletor é que irá definir a
velocidade e turbulência do ar dentro
do coletor. Coletores de competição
são inteiramente lisos para não oferecer
resistência à passagem do ar e minimizar
a perda de carga do fluido.

Como os coletores normais de carros de


rua são fundidos ou injetados em escala
industrial e têm um acabamento apenas
Modelo de coletor longo com dutos curvados
adequado para o desempenho que foi
Mas se o motor estiver em alta rotação, proposto para o veículo de série, não são
as válvulas se abrirão e fecharão tão polidos individualmente internamente,
rapidamente que o pulso não estará mais existindo um padrão de rugosidade para
sincronizado, pois o ar não terá tempo de que cumpram sua função, ou seja, não são
percorrer todo o caminho, prejudicando a totalmente lisos, mas não possuem alta
potência em alta. rugosidade ou imperfeições que causem
agitação demais no fluxo de ar.
Por outro lado, em coletores curtos a
situação se inverte. Quando em baixa O mais importante é que todos os tubos
rotação, fica difícil o pulso de ar atingir tenham o mesmo comprimento, desde a
a válvula em sincronia com sua abertura, entrada até a válvula, para não provocarem
podendo bater nela ainda fechada mais desbalanceamento entre os cilindros. Vale
de uma vez e, dessa forma, prejudicar lembrar que os dutos de um coletor de
o torque em baixa. No entanto, com um admissão não são curvos por acaso.
coletor curto e o motor em altas rotações,
o pulso entra em sintonia novamente e Provavelmente você já reparou naquele
privilegia a potência em alta. monte de caninhos percorridos pelo ar até
chegar aos cilindros. Eles foram projetados
Assim, para atingir giros mais altos com dessa maneira para que todos os dutos
ganho de potência, usamos coletores com tenham o mesmo comprimento, tornando
tubos mais curtos, recurso fartamente assim o processo de aspiração do ar mais
utilizado em motores para uso esportivo, homogêneo. Isso faz com que os cilindros
competição ou estrada. Os motores com trabalhem de maneira similar e o carro
coletores mais longos, que dão mais torque desenvolva o funcionamento de maneira
em baixa, é uma característica comumente mais constante.
encontrada em veículos de carga ou uso
urbano, onde se preza mais a aceleração
do que a velocidade final.
Antes da popularização da injeção
eletrônica, havia poucos meios de controlar
a entrada de ar e combustível nos motores
do Ciclo Otto, sendo o carburador o
sistema escolhido por todos os fabricantes,
devido a sua confiabilidade, facilidade de
produção, manutenção e instalação em
vários motores.

No início, o carburador era constituído por


um tubo ligado a um pequeno reservatório
de combustível, com uma borboleta para
regular a passagem do ar, que arrastava
o ar e o combustível da cuba para dentro
do motor. Percebeu uma diferença aqui?
A mistura ar/combustível ocorria fora da
Modelo de coletor de admissão com tubos em metal. câmara de combustão.
Todos os tubos devem ter o mesmo tamanho

Curiosidade: Existem relatos de carburadores projetados com latas de alimentos,


como nas motos Harley-Davidson, que, entre os anos de 1903 e 1904, receberam
carburadores feitos de latas de massa de tomate, pois seus construtores já conheciam
o princípio de seu funcionamento, porém não possuíam meios para encomendar
peças específicas para sua aplicação.

RELAÇÃO ESTEQUIOMÉTRICA
Todo motor de combustão interna precisa de uma determinada quantidade de combustível
para funcionar, sendo que a relação entre o ar que entra no motor e o combustível
necessário para a queima precisa ser regulada. Essa proporção entre ar e combustível é
chamada de Relação Estequiométrica. Essa função era executada mecanicamente pelo
carburador em uma época em que não se sabia o que era um computador.
A MISTURA E A RELAÇÃO AR/COMBUSTÍVEL

Fisicamente, em um motor de combustão interna equipado com sistema de injeção


eletrônica, a mistura do ar com o combustível pode acontecer em dois momentos:

1 - Em motores com injeção indireta, o combustível é inserido no processo pelos bicos


injetores posicionados no coletor ou no duto de admissão.

2 - Já nos motores com injeção direta, os bicos injetores adicionam o combustível no


interior da câmara de combustão.

A grande diferença entre ambos está, basicamente, no ponto onde ocorre a injeção
do combustível. Na injeção indireta, ela ocorre ainda no coletor de admissão, fora do
cilindro. Já no sistema de injeção direta, o combustível é injetado diretamente no interior
da câmara de combustão, ou seja, dentro do cilindro.

Vale a observação que, no sistema de injeção direta, existe uma queima mais eficiente da
mistura ar/combustível.

Veja as imagens ilustrativas:

Enquanto na imagem da esquerda o combustível é pulverizado no duto, ainda fora da câmara de compressão,
na imagem da direita o combustível é pulverizado diretamente na câmara de combustão
Quimicamente, a reação da combustão de um combustível de forma completa ocorre
com as quantidades ideais de ar e de combustível. A essa quantidade ideal damos o
nome de Mistura Estequiométrica ou Relação Estequiométrica.

Relação Ar/Combustível
Combustível
Estequiométrica
Gasolina Comum Brasileira (E25) 13,28
Gasolina de Aviação 14,7
Diesel 14,5
Metanol 6,47
Etanol 9
Querosene 14,5

Nitrometano 2
Quadro com a proporção ideal entre ar e combustível para que haja a perfeita queima da mistura e geração de energia

Essa mistura é calculada de acordo com cada combustível. A relação ar/combustível


indica quantos quilogramas de ar são necessários para que ocorra a queima completa
de um quilograma do combustível. Por exemplo, são necessários 13,28 kg de ar para a
combustão e queima completa de 1 kg de gasolina.
Note que a medida de relação ar/combustível é feita em massa (em geral em quilogramas)
e não em volume.

TCHAU, CARBURADOR. BEM-VINDA, INJEÇÃO ELETRÔNICA


Durante toda sua vida, o carburador sofreu
uma série de alterações, indo de uma lata
de conservas aos carburadores Quadrijet,
com duas cubas e quatro passagens de ar
simultâneas.
No Brasil, o carburador foi usado nos
automóveis até o final da década de 1990,
quando a VW Kombi, em 1997, passou a
contar com injeção eletrônica. O modelo
mais utilizado foi o de corpo duplo
progressivo, no qual o acionamento do
segundo estágio só é liberado após uma
determinada abertura do primeiro. Entre
eles podemos citar os carburadores Weber
TLDZ e Brosol 2E/3E.
Carburador utilizado pela VW Kombi, um dos últimos
modelos a abandonarem o uso deste sistema de
alimentação de combustível
Porém, podemos afirmar que o carburador já cumpriu sua função e hoje é uma tecnologia
obsoleta, mas não desprezada, pois muitos reparadores e colecionadores ainda “gostam”
de mexer com giclês, cubas e boias.

Enfim, o carburador foi muito importante para o desenvolvimento dos automóveis


e marcou a história automobilística mundial, mas com a evolução tecnológica e as
exigências ambientais, não havia como continuar sua utilização, vindo a ser substituído
pela injeção eletrônica, o que propiciou o surgimento dos coletores de admissão com
dutos de geometria variável.

O COLETOR DE ADMISSÃO
A Ford introduziu, em 1954, o motor Y-block, o primeiro a adotar o coletor de admissão,
elemento criado para melhorar o fluxo de ar e grande responsável pela melhoria no
desempenho. O nome de Y-block foi usado para descrever o motor pelo fato de, quando
se olhava o motor por trás, se assemelhava à letra Y e não à letra V. A razão para isso foi a
extensão da saia do monobloco, que se estendia abaixo da linha central do virabrequim.

Motor Ford Y-Block, o primeiro a adotar o coletor de admissão


Os primeiros coletores de admissão eram feitos em metal (ferro era o mais comum),
hoje já existem os que são feitos em alumínio e o mais comum são os de material
termoplástico especial.

O tamanho, formato, diâmetro dos tubos e material do coletor de admissão são definidos
segundo o projeto e a proposta do fabricante. A combinação de área mais ampla de
admissão, como em um motor de quatro válvulas por cilindro (duas de admissão e duas de
exaustão), com coletor de dutos longos, visa a encontrar um equilíbrio no comportamento
no motor em alta e em baixa rotação.

Exemplo desse acerto é o motor de 1.6 litro e 16 válvulas do Fiat Palio, que recorre
a dutos longos para obter uma curva de torque mais plana.

Outros motores utilizam um coletor


de admissão de comprimento variável,
que trabalha com duas configurações,
conforme o regime de giros:

Em baixa, dutos longos e estreitos.

Em alta, dutos mais curtos e mais largos.

Esse modelo de coletor de admissão é


a melhor forma de conciliar virtudes às
vezes antagônicas como potência em
alta, torque em baixa, economia e baixas
emissões.
Coletor de admissão do Fiat Palio 1.6 litro e 16 válvulas

O COLETOR DE ADMISSÃO VARIÁVEL


O coletor variável é usado em motores aspirados e otimiza esse processo, alterando
seu comprimento de acordo com as solicitações que ocorrem em diferentes rotações,
garantindo o maior fluxo de entrada de ar possível na câmara de combustão.
Você sabia que um motor endotérmico A solução é a combinação de área mais
produz pouco em relação ao que consome? ampla de admissão, como em um motor de
Existem diversas perdas pelo caminho da quatro válvulas por cilindro, com coletor
mistura ar-combustível. Estudos comprovam de dutos longos, que visa encontrar um
que há um aproveitamento da ordem de equilíbrio entre o comportamento no
21% a 30% nos motores a gasolina e, no caso motor em alta e em baixa rotação.
dos motores a diesel, o número sobe um
pouco, mas não passa de 35% a 40%. Um O coletor variável funciona integrado
desperdício de energia, com certeza. com a central de injeção e ignição, além
de disponibilizar o comando de válvulas
Pesquisas são feitas a todo o momento variável. Esse comando é composto por
para buscar uma melhor eficiência. As um conjunto de dutos plásticos que vão
principais barreiras estão na dificuldade operar nos regimes de cargas parciais.
em obter torque e potência adequados
para cada tipo de motor e usuário. Quando forem mantidos fechados, os
dutos curtos e de grande seção serão para
A função de produzir um veículo eficiente ganhar mais potência e, quando forem
sob quaisquer condições e em diversas mantidos abertos, os dutos estreitos e
situações é bem complexa. A alternância longos serão para ganhar mais de torque.
de escolha entre as opções de utilizar
coletores de admissão ou comandos de No momento em que o motor ultrapassar
válvulas variáveis são as soluções mais a faixa de giros de torque máximo, caberá
aplicadas pelos fabricantes em todos os à central eletrônica a função de energizar
veículos de porte médio. uma válvula eletropneumática, que vai
abrir a passagem para a mistura percorrer
O grande desafio consiste em juntar os os dutos curtos e de grande seção e
benefícios de utilizar um coletor de seção produzir uma maior potência.
estreita e dimensão longa, que seria muito
eficiente para o torque nas rotações A grande função ficará com o fechamento
intermediárias, e ao mesmo tempo poder das válvulas de admissão no momento
também utilizar um coletor curto e de correto, isso fará com que exista uma
grande seção, que beneficiaria a potência eficiência volumétrica ainda mais precisa
em regimes mais elevados. dos cilindros.

O mais complicado é buscar esse recurso Apenas como exemplo, veja os


sem cair na mesmice de desenhar coletores componentes do Coletor de Admissão de
medianos, que com certeza exigirão Geometria Variável usado pelo Ford Focus
o sacrifício do torque ou da potência, com motor 2.0 litros (Duratec Flex):
dependendo da cilindrada do motor.
Com as válvulas do sistema de controle
do coletor de admissão, o percurso de
admissão pode ser alterado de modo
a, acompanhando o regime do motor,
permitir a ressonância do ar de admissão
no momento da carga dos cilindros.

Com o veículo parado, as válvulas do


sistema de controle do coletor de admissão
estão abertas. Durante o arranque, é
gerado um vácuo (depressão no interior
do coletor de admissão), que é aplicado
ao diafragma de vácuo das válvulas de
controle do coletor de admissão. Essa
ação ocorre por intermédio de uma
1. S
 ensor posição da borboleta do válvula solenoide que, simultaneamente,
acelerador (TP). mantém fechadas as válvulas do coletor
2. Válvula eletrônica do tubo de admissão. de admissão.
3. Alimentação de vácuo central.
Hoje, praticamente todas as montadoras
4. Sistema
 de controle da válvula utilizam o coletor de admissão variável em
solenoide do coletor de admissão. seus veículos, no entanto, a Fiat foi uma das
primeiras a adotar essa tecnologia com o
5. Válvula solenoide das válvulas
modelo Marea, que já tinha o sistema de
de turbulência.
coletor de admissão variável, comando
de válvulas variável e injeção sequencial
disponíveis desde 1998 no Fiat Marea 1.8
litro e 16 válvulas.

Outros modelos que também integram


os pioneiros nessa tecnologia foram o
Fiat Brava 1.8 L 16V, Fiat Marea 2.4 L, Alfa
Romeo 156, Volkswagen Passat 2.0 L,
Audi A3 1.8 L e a maioria dos veículos a
gasolina importados da Mercedes-Benz
com motores aspirados.

Coletor de admissão de geometria variável utilizado no


Ford Focus 2.0 sem os sensores e atuadores
PRINCÍPIO BÁSICO DE FUNCIONAMENTO
O coletor de admissão variável funciona juntamente com a UCE – Unidade de Comando
Eletrônico. A UCE controla o ligamento e o desligamento da válvula eletromagnética,
com base na carga/rotação lidas pelos sensores de posição da borboleta, de massa de
ar e de rotação do motor.

Abaixo de 4.000 RPM (regime de torque máximo), a válvula eletromagnética é acionada


e faz a ligação do vácuo existente no reservatório com o dispositivo pneumático, então
o vácuo faz a sucção do diafragma que puxa a haste, fechando as portinholas. Dessa
forma, o fluxo de ar é direcionado ao duto mais longo, proporcionando uma velocidade
adequada de admissão de ar compatível com o regime de torque máximo.

Acima de 4.000 RPM (regime de potência), a UCE desliga a válvula eletromagnética,


bloqueando a comunicação do vácuo existente no reservatório com o dispositivo
pneumático. Dessa forma, a pressão atmosférica atua no dispositivo e a mola puxa a
haste que movimenta as portinholas, abrindo-as, selecionando os dutos curtos de maior
capacidade volumétrica.

Se essa mudança de dutos não ocorresse, ao passar de 4.000 RPM o motor sofreria um
“estrangulamento”, ou seja, sofreria “falta de ar”.

O coletor variável vai funcionar integrado com a central de injeção e ignição, além de
disponibilizar o comando de válvulas variável. Esse comando é composto por um conjunto
de dutos plásticos, que vão operar nos regimes de cargas parciais.

Quando forem mantidos fechados, os dutos curtos e de grande seção terão ganho em
potência e, quando forem mantidos abertos, os dutos estreitos e longos terão ganho em
torque.

No momento em que o motor ultrapassar a faixa de giros de torque máximo, caberá à


central eletrônica a função de energizar a válvula eletropneumática. Ela novamente vai
abrir a passagem para a mistura percorrer os dutos curtos e de grande seção e produzir
maior potência.

Essa foi a solução encontrada pelos engenheiros da Jeep na concepção do Renegade 1.8 L
16 V Flex. Com o coletor de admissão variável, também chamado de VIS (sigla inglesa
para Variable Intake System – sistema de admissão variável), o motor 1.8 L EtorQ Evo
passou a responder com mais prontidão, algo notado especialmente em baixas rotações.
Normalmente é utilizado um coletor
longo no motor com cabeçote de 16 V. O
coletor longo com o motor operando em
média rotação privilegia o torque. Essa
preferência pelo coletor longo é em virtude
do efeito “pulsação”, que é o retorno
das moléculas de ar ao encontrarem a
válvula de admissão fechada. Com o ar
ricocheteando nas paredes do coletor, há
uma melhora no enchimento do cilindro
Acima, o motor E-torq utilizado pelo Jeep Renegade
com ar, no momento em que as válvulas
1.8 L e 16 V; abaixo, detalhe do Coletor de Admissão de admissão se abrem para um novo ciclo
Variável que equipa o modelo de combustão, o que evita o chamado
“buraco” na aceleração.

Os motores multiválvulas (16 V, 20 V etc.)


apresentam uma deficiência em baixas
rotações, devido às baixas velocidades de
depressão no coletor.

Como exemplo, em um motor com 16


válvulas, ou seja, 4 válvulas por cilindro,
temos a abertura de duas válvulas de
admissão simultaneamente, diminuindo a
depressão no coletor e, consequentemente,
o arraste de ar, causando assim o chamado
“buraco de aceleração”. Alguns motores
possuem uma borboleta controlada pelo
módulo de injeção, que fecha uma das
entradas do coletor de admissão, tornando
o efeito de admissão em baixas rotações
Essa decisão da Jeep foi embasada em parecido com um motor de 8 V.
estudos com os consumidores. Pela análise
das respostas, os motoristas trafegavam Existem sistemas de injeções eletrônicas
80% em uso urbano, com o motor operando em que o acelerador eletrônico exerce um
abaixo de 2.000 RPM. Em resumo, são controle de torque, abrindo a borboleta
dois coletores em um só: até 4.000 giros, do acelerador progressivamente, evitando
o ar que vai para os cilindros passa por a baixa repentina da depressão no coletor
um caminho mais longo, favorecendo o (sem a depressão correta, a aspiração do ar
torque. Acima dessa rotação, uma aleta é para o interior da câmara de combustão não
acionada e faz o ar percorrer um trajeto será eficiente).
mais curto, gerando mais potência.
Para entender o funcionamento do coletor Conclusão
de admissão, é necessária a compreensão
de dois fatores: perda de carga e pulsação. Motor em marcha lenta: um coletor curto
apresenta mais eficiência, pois não apresenta
•P
 erda de carga: existe quando ocorre pulsações com um baixo deslocamento dos
o atrito do ar nas paredes do coletor pistões (RPM mais baixa).
de admissão significativamente.
Rotação média: na rotação média, o regime
•P
 ulsação: é o golpe de ar formado é de torque. Obtemos mais eficiência
dentro do coletor dado pela abertura usando um coletor longo, pois o efeito de
e fechamento das válvulas de admissão. pulsação contribui para o enchimento dos
cilindros (1.500 a 3.000 RPM).
Quanto à aplicação do coletor, é avaliado
o que é mais conveniente ou mais
Alta rotação: esse regime é denominado
significativo entre um e outro (perda de
de potência, onde um coletor mais curto
carga ou pulsação).
é mais eficiente, pois o efeito de pulsação
não contribui mais para o enchimento
Em um motor em marcha lenta, é
dos cilindros do motor (acima de 3.000
necessário o uso das características de
RPM), pois a frequência de abertura e
um coletor curto, pois não há presença do
fechamento das válvulas de admissão e
fenômeno “pulsação”. Mesmo usando-se
o grande volume de ar acabam criando
um coletor longo, a velocidade dos pistões
resistência para trafegar em um coletor
em marcha lenta é baixa, gerando um
longo, logo utilizamos um coletor curto.
baixo deslocamento de ar.

Já um motor entre 1.500 e 3.000 RPM Para um funcionamento perfeito de um


cria uma velocidade onde a pulsação é motor, pensando-se em torque e potência,
bastante significativa para contribuir para o ideal é ter um motor com 8 V em baixas
o enchimento dos cilindros, aproveitando rotações e um de 16 V em altas rotações,
este efeito de bombeamento, também pois um motor de 8 V atinge seu torque
chamado “golpe de aríete”. máximo próximo de 2.800 RPM, enquanto
em um motor com 16 V isso acontece perto
Em um motor com giro alto, o efeito citado das 4.200 RPM.
acima não é significativo, não contribuindo
para o enchimento do cilindro, então a Essas situações adaptadas a cada regime
perda de carga torna-se mais relevante de giro e solicitação do motor podem
(prejudicial). Quando o comprimento do ser obtidas pelo coletor de admissão
coletor é longo, o motor passa a ter muita de geometria variável. Caso o veículo
perda de carga por atrito, devido ao seu não conte com esse sistema (coletor de
alto volume de massa de ar, gerado pela admissão de geometria variável), o que
alta rotação dos pistões. Então, é necessário se privilegia nos motores de veículos de
trabalhar com o efeito de coletor mais curto. passeio é o torque, e a opção para atender
a essa característica (torque) é a utilização
de um coletor longo.
CUIDADOS COM O COLETOR DE ADMISSÃO
Além da checagem periódica dos componentes eletrônicos em veículos com sistema de
injeção eletrônica, os profissionais da reparação devem realizar também a limpeza do
coletor de admissão. Isso deve acontecer quando o carro está lento, funcionando mesmo
após seu desligamento e com marcha lenta áspera. Nesses casos, o mais provável é que
haja acúmulo de carbono e outras impurezas.

E não é só isso. A falta de limpeza do coletor de admissão também provoca o aumento do


consumo de combustível, pois o depósito de impurezas na peça suja o motor. Além disso,
as válvulas, por estarem sujas, deixam de abrir e fechar no tempo correto, comprometendo
todo o processo de funcionamento descrito anteriormente. Quando isso acontece, o ar
se mistura ao combustível de maneira inadequada, provocando o aumento no consumo.

Quando isso não é feito no momento oportuno e correto, ocorrem problemas com a
válvula borboleta, que também deve ser limpa e, em alguns casos, trocada.

Quando isso acontece, todo o procedimento é mais trabalhoso e leva muito mais tempo
que o habitual. Portanto, a regularidade da limpeza do coletor de admissão é algo que
deve ser obedecido sempre.

Esse processo não costuma ser demorado e pode ser feito em um único dia, levando
apenas algumas horas. Também é simples e muito proveitoso, considerando suas
vantagens.

Limpeza

Existem produtos para uma limpeza química


de todo o sistema de alimentação,
incluindo o coletor de admissão, mas não
vamos tratar desse assunto. Vamos ficar
apenas na limpeza mecânica do coletor de
admissão.

Primeiro, remova os dutos de ar que ficam


entre o coletor de escape. Para isso, retire
os parafusos e o filtro. Você precisará de
uma chave de soquete e uma de fenda
nessa parte do procedimento.
Chegou o momento de retirar o coletor Abra o motor, retirando os panos, e faça
de admissão. Essa é uma parte que exige a vedação do coletor novamente. A peça
muita atenção, pois nenhuma sujeira deve deverá ser instalada em sua posição no
cair no motor. Para se manter a eficiência, cabeçote do cilindro, com uma atenção
remova os parafusos, retire a parte especial para o alinhamento do novo
principal da vedação do coletor e tampe sistema de vedação. Em seguida, instale
os orifícios do motor com panos limpos e os parafusos, sem apertar muito em um
que não soltem pelos ou fiapos. primeiro momento, apenas o suficiente
para que nada escape.
Uma espátula ou raspador são os instrumentos
mais adequados para remover as peças do Ao acertar a vedação, você pode apertar
coletor de admissão que ainda estão presas os parafusos adequadamente e efetuar
ao motor. a montagem de todos os componentes
retirados.

IMPORTANTE: o coletor de admissão tem


como principal função conduzir as misturas
de ar/combustível até ao cabeçote do
veículo e uma junta danificada pode
comprometer o funcionamento do motor,
pois pode ocorrer vazamento dos gases
antes de chegarem ao cabeçote.

A superfície do motor deve ser limpa com A SABÓ tem a linha mais completa de
um pano e o coletor de admissão com um juntas de coletor de admissão para toda as
limpador que contenha acetona em sua marcas, modelos e motores.
composição. SABÓ: garantia de qualidade para os seus
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