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Engenharia Mecânica
Máquinas Térmicas
Turbina a Gás
Murilo Alves Ricardo
Nathanny Ramiro Batista Martins
Maurício Marini Castelioni
Beatriz Souza Bispo Santos
Leonardo Baptista Paris
2024
1 Introdução
A primeira turbina a gás foi desenvolvida a cerca de 150 anos, a partir dos conheci-
mentos adquiridos com a evolução dos motores térmicos. Na época da segunda guerra
mundial ocorreu um grande avanço nos estudos devido a aeronáutica, que tinha necessi-
dade de aumentar a velocidade de seus aviões e continuou com a industrialização a guerra,
com a instalações de potência a gás.
Avanços contínuos na metalurgia, aerodinâmica e controle de processos permitiram o
desenvolvimento de turbinas a gás cada vez mais eficientes, confiáveis e versáteis.
Hoje, elas desempenham um papel fundamental em uma ampla variedade de aplica-
ções industriais e de transporte, desde a geração de eletricidade em grandes usinas até a
propulsão de navios e aeronaves.
2. Ciclo termodinâmico
O ciclo termodinâmico básico de uma turbina a gás consiste em quatro processos
principais: compressão, combustão, expansão e exaustão. Durante o processo de
compressão, o ar é comprimido em alta pressão antes de entrar na câmara de com-
bustão. Em seguida, o combustível é injetado e queimado a alta temperatura na
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câmara de combustão, gerando gases de alta pressão e temperatura. Esses gases são
então expandidos através de uma série de estágios de turbina, onde a energia cinética
dos gases em expansão é convertida em energia mecânica rotacional. Finalmente,
os gases são exauridos para a atmosfera.
3. Componentes principais
As turbinas a gás consistem em vários componentes principais, incluindo o compres-
sor, a câmara de combustão, a turbina e o conjunto de exaustão. O compressor é
responsável por comprimir o ar de entrada antes da combustão. A câmara de com-
bustão é onde ocorre a queima do combustível. A turbina é composta de estágios
de pás rotativas que extraem energia dos gases em expansão. E, por fim, o conjunto
de exaustão permite a saída dos gases de escape para a atmosfera.
4. Eficiência
A eficiência de uma turbina a gás é uma medida de quão bem ela converte a energia
térmica do combustível em energia mecânica. A eficiência é afetada por vários
fatores, incluindo a temperatura de entrada dos gases na turbina, a relação de
compressão do compressor e o projeto aerodinâmico dos componentes da turbina.
1. Câmara Tubular (Tipo Can): Neste modelo, o ar que vem do compressor é dividido
em vários fluxos que alimentam distintas câmaras. Essas câmaras estão dispostas ao
redor do eixo que liga o compressor à turbina, permitindo que cada câmara tenha
seu próprio sistema de alimentação de combustível, através de uma conexão comum.
3. Câmara Anular (Tipo Annular): De acordo com Zulcy (2014), a configuração anular
é a mais eficiente em termos de aproveitamento do espaço, utilizando-se ao máximo
o interior de um diâmetro definido. Isso visa a diminuição da perda de pressão e leva
à construção de máquinas com diâmetros reduzidos. A combustão acontece numa
área anular envolvendo todo o aparelho, ao invés de ocorrer em tubos separados.
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para o sistema de combustão não é um entrave, é comum o uso de uma ou duas
grandes câmaras de combustão cilíndricas. Estes combustores maiores favorecem
uma velocidade de fluxo mais baixa, reduzindo assim a perda de pressão e são
adequados para a queima de combustíveis de menor qualidade.
4 Características Construtivas
Como mencionado acima, existem padrões e diferentes formas para o uso das turbinas.
Sendo assim, é de se concluir que, cada turbina terá seus componentes específicos visto
cada aplicação e funcionamento exercida a esta. Assim, se fará uma análise sobre os
principais componentes da turbinas a gás em geral.
4.1 Compressor
O compressor é o responsável por capturar ar atmosférico, em pressão e temperatura
ambientes, e comprimi-lo antes de injetá-lo na câmara de combustão. À medida que o ar
passa por essas etapas, as pás do rotor e o estator reduzem o volume do ar e aumentam
sua pressão. Os compressores em turbinas a gás frequentemente têm vários estágios de
compressão. Cada estágio consiste em um conjunto de pás de compressor que aumenta
gradualmente a pressão do ar.
O compressor de uma turbina a gás pode ser do tipo axial ou centrífugo, e além disso,
ambos são constituídos por um rotor e um difusor.
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vazão de massa, possui uma direção de saída mais propícia à implantação de vários estágios
de compressão e é mais eficiente para razões de pressão altas.
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4.2 Câmara de Combustão
A câmara de combustão é responsável pelo aumento da energia interna do fluido de
trabalho através da queima do mesmo após a mistura com o combustível. Uma câmara de
combustão tradicional possui três partes: o difusor, a zona primária e a zona secundária.
O difusor é a zona compreendida entra a saída do compressor e a entrada do combustor.
Nessa região, a velocidade do fluido que sai do compressor deve ser reduzida, uma vez
que a perda de pressão é função do quadrado da velocidade e tal perda acarreta em uma
menor eficiência da máquina.
A zona primária é responsável por múltiplas funções, sendo as principais a injeção de
combustível e a ignição da mistura ar-combustível. A injeção de combustível deve ser
feita de modo a formar uma mistura uniforme e bem distribuída em qualquer ponto de
operação do sistema.
Na zona secundária, os gases provenientes da queima têm a temperatura reduzida a um
patamar adequado para entrar na turbina e, além disso, são misturados para uniformizar
a temperatura na saída da câmara de combustão.
As câmaras de combustão podem ser divididas em dois grupos:
4.2.1 Múltiplas
A câmara de combustão múltipla em turbinas a gás é uma configuração em que o
processo de queima de combustível ocorre em duas ou mais etapas distintas. Esse design
é adotado para melhorar a eficiência, reduzir emissões e otimizar o desempenho geral
do sistema. Também, nesse tipo de configuração se usa câmaras de combustão do tipo
tubulares em que podem ser de construção horizontal e vertical.
4.2.2 Simples
A câmara de combustão simples, podem apresentar tanto uma configuração anular
quanto tubular, sendo comum em turbinas a gás. Nesse tipo de câmara de combustão,
o ar comprimido proveniente do compressor é misturado com o combustível e queimado
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em uma única etapa antes de entrar na turbina. Assim como a câmara de combustão
múltipla, esta também apresenta construção horizontal e vertical.
4.4 Turbina
A turbina é bastante similar ao compressor, porém nela ocorre o processo inverso, ou
seja, o fluido de trabalho sofre uma expansão, fazendo-a girar. A turbina, assim como o
compressor, também é formada por estágios que consistem de um rotor e um estator. O
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número de estágios de expansão é sempre menor que o número de estágios de compressão
para evitar a separação do fluido de trabalho, pois na compressão ele é desacelerado,
enquanto que na expansão há uma aceleração do mesmo.
Assim como os compressores, as turbinas podem ser radiais ou axiais. Contudo, as
turbinas radiais são empregadas em pouquíssimos casos como quando se deseja gerar uma
potência muito baixa ou quando se prefere compacidade a desempenho. As turbinas axiais
são as mais utilizadas nas turbinas a gás e consiste de um ou mais estágios de expansão.
4.5 Regenadores
O regenerador (trocador de calor) nada mais é que um dispositivo usado para melhorar
o rendimento de uma turbina. São colocados entre o compressor e a câmara de combustão,
afim de recuperar parte do calor perdido pelo ar que sai do compressor e que se injetam
na câmara de combustão. Nesse componente, o ar é aquecido pela ação dos gases de
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Figura 7: Turbina axial
escape (a uma alta temperatura) que saem da turbina a gás. Nestes regeneradores as
correntes quente e fria estão separadas por paredes condutoras, através das quais se realiza
diretamente o intercâmbio de calor. Podem ser do tipo tubular simples, tubular com
chicanas ou de placas onduladas.
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5 Turbinas Aero-Derivadas
A turbina aero-derivada é um tipo de turbina a gás que foi desenvolvida originalmente
para aplicações aeroespaciais, como em motores de aeronaves. No entanto, essas turbinas
também foram adaptadas para uso em aplicações terrestres, como em usinas de energia
e sistemas de compressão de gás. A principal característica das turbinas aeroderivadas é
sua alta eficiência e capacidade de operar em condições extremas, como variações rápidas
de carga e temperatura. Elas são projetadas para serem compactas e leves, características
importantes em aplicações aeroespaciais. Embora as turbinas aeroderivadas possam ser
mais caras inicialmente, sua eficiência operacional e capacidade de resposta rápida muitas
vezes compensam os custos adicionais ao longo do tempo.
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5.2 Aplicações e benefícios
As turbinas a gás aeroderivadas oferecem uma série de benefícios em comparação com
outros tipos de turbinas e sistemas de geração de energia. A eficiência Energética, é
uma grande vantagem, já que turbinas aeroderivadas são projetadas para oferecer alta
eficiência na conversão de energia térmica em energia mecânica. Seu design avançado
e tecnologia de combustão eficiente permitem a geração de eletricidade com menor con-
sumo de combustível em comparação com outros sistemas. Outro ótimo benefício é a
mobilidade, as turbinas são compactas e relativamente leves em comparação com ou-
tras turbinas industriais, isso permite que sejam transportadas rapidamente para locais
remotos ou temporários onde a energia elétrica é necessária.
As turbinas a gás aeroderivadas são usadas em uma variedade de aplicações em que a
mobilidade, eficiência e resposta rápida são essenciais. Aqui estão algumas das principais
aplicações dessas turbinas:
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Na figura abaixo podemos ver um exemplo de uma turbina industrial heavy-duty.
6.1 Aplicações
1. Usinas de Energia Elétrica: São frequentemente usadas em usinas de energia
elétrica, onde fornecem uma fonte confiável e eficiente de energia mecânica para gera-
dores de eletricidade. Elas podem ser usadas em usinas termelétricas a gás, a vapor
ou combinadas, contribuindo para a geração de energia elétrica para comunidades e
indústrias.
2. Refinarias de Petróleo: São utilizadas para alimentar compressores, bombas e
outros equipamentos essenciais para o processamento e transporte de petróleo e
produtos derivados. Sua capacidade de operar em condições adversas e sua confia-
bilidade são cruciais para garantir o funcionamento contínuo dessas instalações.
3. Plantas Industriais: São empregadas em uma variedade de aplicações, incluindo
acionamento de compressores, geradores de energia auxiliar, bombas de água e sis-
temas de refrigeração. Sua capacidade de lidar com cargas de trabalho pesadas
e operar de forma confiável em ambientes industriais desafiadores é essencial para
manter a produção eficiente e contínua.
• Gás Natural: é um combustível ideal para uso nas turbinas a gás. A única restrição
é que esteja limpo.
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• Petróleo Bruto: na maioria dos casos, constitui um combustível muito favorável,
que pode ser utilizado sem reaquecimento nem tratamento prévio. Porém como a
sua composição varia muito de acordo com o local de sua extração se faz necessário
análises para determinar as possibilidades de sua utilização.
• não atacar as partes que estão em contato com ele ou com os seus produtos de
combustão.
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O princípio básico de uma turbina a gás é mostrado na figura acima. Em primeiro
lugar, o ar é comprimido por um compressor, e esse ar comprimido é levado para a câmara
de combustão. Na câmara de combustão, o combustível é continuamente queimado para
produzir gás em alta temperatura e pressão. A turbina a gás industrial faz com que o
gás produzido na câmara de combustão seja expandido na turbina (um rotor de pás feito
conectando diversas lâminas a um disco redondo) para a produção de energia rotacional,
que faz com que o compressor funcione na fase anterior. A energia restante é fornecida
com um eixo de saída.
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seria necessário em uma caldeira com a mesma taxa de liberação de calor.
Para iniciar a combustão é utilizada uma fonte externa (vela), para fornecer a energia de
ativação necessária; uma vez iniciada a combustão mantém-se uma chama estacionária
na corrente de mistura (ar+combustão) é a combustão é auto-sustentada. Quanto maior
a temperatura dos gases na saída da câmara de combustão, melhor o rendimento térmico
da turbina a gás.
A limitação da temperatura se deve a problemas metalúrgicos e de resistência do material
que constitui a turbina a gás. O processo de combustão envolve a oxidação dos constituin-
tes do combustível que são capazes de ser oxidados, podendo, portanto ser representado
por uma equação química. Durante o processo de combustão, a massa de calor de cada
elemento permanece constante. Uma combustão com o oxigênio estritamente necessá-
rio para uma dada quantidade de combustão é denominada estequiométrica. O oxigênio
necessário a tal combustão denominase oxigênio mínimo, e, em correspondência, temos
o ar mínimo. Nesta combustão todos os produtos de combustão estão completamente
oxidados. Quando uma combustão é realizada com mais ar que a quantidade mínima
para a combustão estequiométrica, dizemos que a combustão ocorre com excesso de ar.
Quando na falta de ar, a combustão é incompleta, aparecendo, entre outros produtos de
combustão, o Co como mais importante.
Ainda sim, além do Co, há formação de fuligem também, além de hidrocarbonetos não
queimados. Também, o aumento de temperatura será inferior àquele obtido se todo com-
bustível fosse queimado. Por isso, os produtos da combustão precisam ser completamente
consumidos para que se reduza a poluição como o depósito de carbono nos queimadores,
por exemplo.
Além disso, para garantir a máxima eficiência, perdas de pressão de ar na entrada da câ-
mara de combustão precisam ser evitadas pois a combustão necessita ser no menor espaço
possível para que se reduza a perca de calor por radiação e o processo seja estável com
distribuição de temperatura uniforme.
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8.3 Combustão e o meio ambiente
Com a combustão nas turbinas a gás, tem-se a geração de poluição. Sabe-se que a
queima de combustíveis fósseis é a principal fonte de poluição atmosférica (MOREIRA,
2012). Segundo Arruda (2009), os principais agentes da poluição atmosférica em gases de
combustão são: material particulado (MP, como fuligem), monóxido de carbono (CO),
dióxido de carbono (CO2), óxidos de nitrogênio (NO) e óxidos de enxofre (SO).
Tratando-se das turbinas a gás, pode-se destacar a geração de NO que se dá por diferentes
mecanismos. Segundo Gallego, Martins e Gallo (2000), no processo de combustão pode-se
obter o NO por três caminhos:
1. A reação do nitrogênio atmosférico com o oxigênio a altas temperaturas, o que forma
o (NO) térmico;
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Resfriamento Interno O resfriamento interno utiliza o processo de transferência de calor
por convecção, fazendo o refrigerante circular através de canais internos para remover
o calor das lâminas. Este método engloba o resfriamento por Convecção e por Jato
Incidente. Essas técnicas tendem a ser menos eficientes do que as de resfriamento externo,
aplicando-se principalmente a temperaturas de fluxo de 1300 K a 1600 K.
2. Jato Incidente: Esta técnica envolve a injeção de ar frio diretamente sobre o metal
sob forma de um jato, removendo calor e abaixando sua temperatura.
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É crucial destacar que a resistência às altas temperaturas alcançadas pelos materiais
das palhetas em turbinas de motores modernos, tanto estacionários quanto aeronáuticos,
advém da combinação dessas técnicas de resfriamento interno e externo.
10 Referências
1. BARROS, JML. Integração de Utilidades. Recuperação de Calor e Cogeração
em Sistemas de aquecimento de fluido térmico. Rio de Janeiro: CEFET,
2002.
3. LORA, Electo Eduardo Silva; NASCIMENTO, Marco Antônio Rosa do. Geração
termelétrica: planejamento, projeto e operação: volume 1. Rio de Janeiro:
Interciência, 2004.
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