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Balanço Estequiométrico do Combustível:


Massa atômica de alguns componentes moleculares:
𝐶 = 12; 𝐻 = 1; 𝑁 = 14; 𝑂 = 16

Equação da gasolina pura USA:

𝟐 × (𝑪𝟖 𝑯𝟏𝟖 ) + 𝟐𝟓 × (𝑶𝟐 ) + 𝟗𝟒 × (𝑵𝟐 ) ⟹ 𝟏𝟔 × (𝑪𝑶𝟐 ) + 𝟏𝟖 × (𝑯𝟐 𝑶) + 𝟗𝟒 × (𝑵𝟐 )

Relação A/F da gasolina USA:

𝐴 25 × (𝑂2 ) + 94 × (𝑁2 ) 25 × 16 × 2 + 94 × 14 × 2 3376


= = = ≅ 14,8
𝐹 2 × (𝐶8 𝐻18 ) 2 × (12 × 8 + 1 × 18) 228

Equação do Etanol Anidro:

𝑪𝟐 𝑯𝟔 𝑶 + 𝟑 × (𝑶𝟐 ) + 𝟏𝟏, 𝟑 × (𝑵𝟐 ) ⟹ 𝟐 × (𝑪𝑶𝟐 ) + 𝟑 × (𝑯𝟐 𝑶) + 𝟏𝟏, 𝟑 × (𝑵𝟐 )

Relação A/F da gasolina Etanol Anidro:

𝐴 3 × (𝑂2 ) + 11,3 × (𝑁2 ) 3 × 16 × 2 + 11,3 × 14 × 2 412,4


= = = ≅ 9,0
𝐹 1 × (𝐶2 𝐻6 𝑂) 12 × 2 + 1 × 6 + 16 46

Exemplos de A/F de outros combustíveis:


Gás Natural: 17,2
Gasolina: 14,7
Propano: 15,5
Etanol: 9,0
Gasolina E22: 13,2
Metanol: 6,4
Hidrogênio: 34
Diesel: 14,6
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Conceito de Lambda:
Como cada combustível requer um A/F para a queima perfeita, logo podemos
adotar a seguinte formula:

𝐴 𝑀𝑎𝑖𝑟
=
𝐹 𝑀𝑓𝑢𝑒𝑙
Onde:

𝑀𝑎𝑖𝑟 =Massa de Ar
𝑀𝑓𝑢𝑒𝑙 =Massa de Combustível
O Lambda pode ser representado como o quociente entre o A/F efetivo no
momento da queima e o A/F estequiométrico do combustível, podenso ser
representado na seguinte formula:

𝑀𝑎𝑖𝑟 𝑀𝑎𝑖𝑟
𝑀𝑓𝑢𝑒𝑙 𝑀𝑎𝑖𝑟
𝜆= ⟹ 1 ⟹
𝑀𝑠𝑎𝑖𝑟 𝑀𝑠𝑎𝑖𝑟 𝑀𝑠𝑎𝑖𝑟
𝑀𝑠𝑓𝑢𝑒𝑙 1
Onde:

𝜆=Lambda(admensional)
𝑀𝑎𝑖𝑟 =Massa de efetiva Ar
𝑀𝑓𝑢𝑒𝑙 =Massa de efetiva de Combustível=1
𝑀𝑠𝑎𝑖𝑟 =Massa de estequiométrica Ar
𝑀𝑠𝑓𝑢𝑒𝑙 =Massa de estequiométrica de Combustível=1

O Lambda pode ser entendido matematicamente como um fator multiplicativo


do “A/F Estequiométrico” do combustível.
Onde:

𝜆 > 1 ⟹ Mistura pobre ou em excesso de ar.


𝜆 = 1 ⟹ Mistura quimicamente correta ou estequiométrica.
𝜆 < 1 ⟹ Mistura rica ou em excesso de ar.
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O conceito de lambda viabilizou a utilização de um mesmo software de sistema


de injeção para uma gama maior de tipos de combustíveis para um mesmo
motor, mudando-se apenas o valor “A/F Estequiométrico” no software da ECU,
grande parte das tabelas de controle de combustível não precisam ser
alteradas ou recalibradas, minimizando assim a complexidade do sistema e os
custos de desenvolvimento, aplicação e homologação.
O importante a saber na exposição acima é:
1) Cada tipo combustível precisa de uma quantidade específica de Ar para
produzir uma queima completa, ou seja, um “A/F Estequiométrico”
específico de cada combustível.
2) Quando maior o valor do “A/F Estequiométrico” menor é quantidade de
combustível necessária para queimar 1kg de ar.
3) Indiferente do tipo de combustível utilizado Lambda=1 significa queima
estequiométrica da mistura.
4) Lambda≠1 além informar se a mistura está rica ou pobre, informa o
quanto é esse desvio, exemplo:
Um motor queima uma mistura de Gasolina E22 em Lambda 0,94. Qual
a relação A/F que o motor está queimando essa mistura?

𝐴 𝑘𝑔 𝑎𝑖𝑟 𝑘𝑔 𝑎𝑖𝑟
= 13,2 × 0,94 ≅ 12,41
𝐹 𝑘𝑔 𝑓𝑢𝑒𝑙 𝑘𝑔 𝑓𝑢𝑒𝑙

Lambda na aplicação do Motor


Lambda=1 => Máxima eficiência do Catalisador
Lambda=0,88 => Máximo torque do motor
Lambda=1.05 => Máxima economia de combustível

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Nos motores atuais devido ao compromisso com a legislação de emissões


vigente, os mesmos são calibrados para trabalhar em sua maior parte do
tempo na região de Lambda=1 sob a ação de controle de “closed-loop” com a
Sonda Lambda, porém em condições onde se necessita de desempenho, o
sistema migra para a condição “open-loop” enriquecendo a mistura(Lambda<1)
conforme a necessidade do momento, o valor máximo de enriquecimento pode
chegar até Lambda=0,86 para motores aspirados e até 0,75 para motores
sobrealimentados, evita-se a calibração do motor em valores de Lambda>1,
pois isso provoca o aumento significativo nas emissões de NOx, soluções de
contorno como válvula EGR podem adotadas para contornar o problema de
queima pobre, como por exemplo em veículos de transmissão automática onde
conceitualmente tem um consumo de combustível mais elevado.
Sonda Lambda
A Sonda Lambda tem por objetivo medir a concentração de oxigênio dos gases
de escape, e quando a sua funcionalidade é dividida em dois tipos básicos
“Narrow Band”(Banda estreita) e “Wide Band”(Banda Larga).
Narrow Band
A Sonda Lambda Narrow Band até o presente momento foi vastamente
aplicada em motores de ciclo Otto naturalmente aspirados, e o sucesso de sua
aplicação se deve à possibilidade da medição inequívoca e em tempo real do
valor de concentração de O2 em Lambda=1.
Além de Lambda=1 também permite a medição de:
Lambda<1 = Mistura Rica
Lambda>1 = Mistura Pobre

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A Sonda Lambda Narrow Band é um sensor passivo, baseada em uma célula


de combustível eletroquímica de Oxido de Zircônio chamada de célula de
Nernst. Ela tem dois eletrodos provendo uma tensão de saída correspondente
à quantidade de O2 no gás de escapamento comparando com o O2 presente
atmosfera.

As reações eletroquímicas que acontecem na célula de Nernst podem ser


representadas na seguinte equação:

𝑅×𝑇 𝑂2 𝑎𝑖𝑟
𝑉𝑠 = ( ) × 𝑙𝑛 ( 𝑒𝑥ℎ )
4×𝐹 𝑂2
Onde:
𝑉𝑠 =Tensão de saída(V)
𝑅=Constante Universal dos Gases Perfeitos(Admensional)
𝑇=Temperatura(ºK)
𝐹=Constante de Faraday

𝑂2 𝑎𝑖𝑟 =Pressão parcial de oxigênio no ar ambiente(Pa)

𝑂2 𝑒𝑥ℎ =Pressão parcial de oxigênio no gás de escape(Pa)

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O que é importante saber é que o valor de 𝑉𝑠 , é correlacionado com valor de


Lambda e depende fisicamente da temperatura, da pressão do O2 do gás de
escape, e do ar atmosférico. A equação acima pode ser representada no
seguinte gráfico abaixo assumindo que o sensor encontra-se nas condições
ideais de trabalho:

Os valores notáveis desse gráfico são:


Tensão de saída de 0,2V DC representa uma “mistura pobre” de combustível
ou em excesso de ar para a combustão completa.
Tensão de saída de 0,45V DC representa uma “mistura ideal” ou
estequiométrica, onde não existe excesso ou falta de ar na combustão.
Tensão de saída de 0,7V DC representa uma “mistura rica” de combustível ou
em falta de ar para a combustão completa.

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Apesar da alta confiabilidade do valor de Lambda=1 informado pelo sensor


Narrow Band, os valores de Lambda<>1 possuem baixa sensitividade elétrica
nessa faixa, outro detalhe importante é no gráfico acima os valores absolutos
em mV se alteram também em função de temperatura, o que na pratica
inviabiliza a sua utilização para quantificar o quão rico ou o quão pobre está
produto da combustão, para contornar essa limitação da sonda Oxido de
Zircônio, os EMS atuais trabalham controlando a onda em uma malha de
“closed loop” conforme figura abaixo:

O algoritmo de controle “Closed Loop” e basicamente um controle


PID(http://en.wikipedia.org/wiki/PID_controller), onde temos um “Set Point” no
caso Lambda=1 ou 450mv, um “Controled Variable” no caso “Ti”, e “Measured
Variable” no caso “Tensão da sonda”.
No processo acima o EMS controla o “Ti” em função do tempo de tal forma à
encontrar 450mV de “Tensão da sonda”.
Toda vez que o sensor envia um sinal 450mv o EMS considera o atual “Ti”
como Lambda=1 e todas as correções posteriores de Lambda<>1 são
correlacionadas em função do “Ti” de Lambda=1.

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Segue abaixo um gráfico típico lido com osciloscópio de um sinal de sonda


Lambda de Zircônio com Lambda centrado em 0,99.

Exemplos:
Em um dado momento temos um lambda=0,45V e Ti=5ms.
Se o EMS quiser enriquecer a mistura em 24%, então o Ti=5*1,24=6,2ms.
Se quisermos saber qual é o Ti de Lambda=1 em uma determinada condição
onde está senso controlado em closed loop e o mesmo varia entre 8ms e
12ms, então (8+12)/2=10ms.
Obs.: Normalmente o sistema não é centrado em Lambda=1 e sim em
Lambda=0,99 ou 0,98 , o exemplo acima foi usado para fins didáticos.

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Wide Band
A criação Sonda Lambda Wide Band, também chamada de UEGO(Universal
Exhaust Gas Oxygen Sensor) foi motivada pela necessidade de um controle
maior do A/F em regiões do mapa de combustível onde a sonda Narrow Band
não é capaz de medir a precisa concentração de O2, hoje comumente aplicada
em motores Diesel, Otto sobre alimentados, e com formação mistura
estratificada(GDI), o sucesso de sua aplicação se deve à possibilidade da
medição precisa e em tempo real do valor de concentração de O2 equivalente
de Lambda=0,65 até Lambda=23.
Devido à sua precisão, é por consequência construtivamente muito mais
complexa que a sonda Narrow Band, necessitando de um controle ativo por
parte da ECU sobre a sonda, e sendo muito mais sensível desvios de pressão
e temperatura no gás de escape.

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A Sonda Lambda Wide Band é um sensor ativo, baseado nos seguintes


componentes:
1) Uma célula de combustível eletroquímica de Oxido de Zircônio chamada
de célula de Nernst.
2) Uma câmara de difusão eletrolítica, que mantém uma pequena amostra
do gás de escape “constantemente” em Lambda=1.
3) Uma Célula de bombeamento iônico, que bombeia íons de O2(por
consequência ar) para dentro ou para fora da câmara de difusão.

A câmara de difusão deve conter uma amostra do gás de escape que sempre
deve estar em Lambda=1, monitorado pela ECU através da tensão pela célula
de Nernst=450mV, se o valor da célula de Nernst<>450mV, é porque câmara
de difusão tem uma amostra de gás com Lambda<>1, logo a ECU impõe uma
corrente elétrica na célula de bombeamento de tal forma que a câmara de
difusão tenha uma amostra de gás com Lambda=1 e por consequência o valor
de Tensão da célula de Nernst=450mV.
Logo pode-se concluir que valor de Lambda é correspondente ao valor de
corrente da célula de bombeamento.

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No exemplo abaixo temos um exemplo típico de uma sonda Wide Band


capturado com osciloscópio, valor de corrente da célula de bombeamento,
valor de tensão Nernst, e sinal PWM do heater:

O valor de Lambda corresponde ao valor de corrente imposto pela ECU para


controlar o sensor:

Lambda(X=mA;Y=Lambda)
1,30
1,25
1,20
1,15
1,10
1,05
1,00
0,95
0,90
0,85
0,80
0,75
0,70
-2,0 -1,9 -1,8 -1,7 -1,6 -1,5 -1,4 -1,3 -1,2 -1,1 -1,0 -0,9 -0,8 -0,7 -0,6 -0,5 -0,4 -0,3 -0,2 -0,1 0,0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6

Pode-se perceber que a sonda exige uma corrente de trabalho +/- 2mA.

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Como testar a sonda Bosch LSU.

Devido ao fato de 90% das aplicações atuais que utilizam Sonda Wide Band,
utilizarem algum modelo de sonda BOSCH LSU, colocaremos aqui um
procedimento de como testar uma sonda BOSCH LSU.
Obs.: Nas aplicações OBD atuais, em 90% dos casos é suficiente a análise dos
Readiness Test de O2 Sensor e Mode $05/Mode $06, somado ao Mode $03/
Mode $07 como parâmetro de análise, porém no caso de dúvida ou no estudo
mais aprofundado o procedimento pode ser aplicado.

Modelos de Sondas LSU.

Existem 3 modelos básicos de sonda LSU, que são; 4.0, 4.2, 4.9.
LSU 4.0: Código Bosch 6 066, atualmente em desuso utilizado poucas
aplicações na Europa, in Racing Cars e instrumentos de medição de
laboratório.
LSU 4.2: Código Bosch 7 057, 7 200, é especificamente utilizada para motores
Otto, e foi vastamente aplicado, variações de códigos se devem ao tipo de
encapsulamento do probe, e tipo de conector elétrico, mas funcionalmente o
elemento sensor é exatamente o mesmo.
LSU 4.9: Código Bosch 17 123 e 17 025, é a evolução da LSU 4.2, pode ser
aplicada em motores Otto, e Diesel, e as principais diferenças são; que a
mesma não usa o ar ambiente para referenciar a célula de Nernst, e sim uma
referência elétrica, muito mais precisa na faixa de Lambda>2 para atender os
requisitos de motores Diesel e Otto com mistura estratificada, outra
característica é a maior durabilidade em relação à 4.2.
NTK L1H1: Essa sonda foi desenvolvida em acordo colaborativo entre
NTK/Honda para a Formula 1, posteriormente utilizada no Honda Civic 1.5L em
1990, e instrumentos de medição de laboratório(Horiba Mexa 110), embora
seja um excelente sensor não sofreu evolução e caiu em desuso, pois a
indústria japonesa começou à utilizar os modelos 4.0 e 4.2 posteriormente.

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Conectores das Sondas Bosch LSU:

Todas as sondas LSU possuem 5 fios que vão da sonda até o conector e 6 fios
que vão do conector até o chicote do veículo, conforme tabela abaixo temos:
Cor Função Descrição 4.0 4.2 4.9
Vermelho Ip Corrente de Bombeamento 1 6 1
Preto Vs Tensão de Célula de Nernst 2 1 6
Amarelo Vs/Ip Massa Comum de Vs/Ip 3 5 2
Branco H- Heater para ECU 4 4 3
Cinza H+ Heater para VBat 5 3 4
# Rcal Resistor de calibração 6 2 5

Indiferente do tipo e da configuração do conector, a cor dos fios e suas


respectivas funções não se alteram, observe também que existe um resistor de
30 à 300 Ohms entre Ip e Rcal instalado no próprio conector da sonda.

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Medição experimental do Lambda na Sonda LSU.


A forma correta de medir o Lambda é medindo a corrente que passa pelo
terminal “Ip”, porém é necessário um instrumento de precisão capaz de medir
uma grandeza +/- 2mA, devido à característica desse instrumento, o seu custo
inviabiliza a sua utilização, para contornar esse problema podemos proceder da
seguinte forma:

O esquema acima pode ser utilizado com osciloscópio que é o mais


recomendado ou com um simples multímetro calibrado, porem pode ver
apenas uma grandeza no caso o “Canal 1”.

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Para a corrente do terminal “Ip” em tensão, meça a resistência Ohmica entre os


terminais “Ip e “RCal” conforme figura abaixo:

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