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MANUAL TÉCNICO-PROFISSIONAL Nº 3.04.03/2020-CG

MTP 03
BLIZ POLICIAL

BELO HORIZONTE – MG
2020
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MANUAL TÉCNICO PROFISSIONAL


Nº 3.04.03/2020-CG

Blitz Policial

BELO HORIZONTE - MG
2020
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Direitos exclusivos da Polícia Militar do Estado de Minas Gerais (PMMG).


Reprodução condicionada à autorização expressa do Comandante-Geral da PMMG.
Circulação restrita.

M663m MINAS GERAIS. Polícia Militar.


Comando-Geral.Manual Técnico-Profissional nº 3.04.03/2020: Blitz
Policial / Comando-Geral. Belo Horizonte: Assessoria Estratégica de
Operações (PM3). 2020.

56p.

1. Apresentação. 2. Conceito. 3. Planejamento e Desenvolvimento.


4. Processo de Comunicação. 5. Situações Específicas.

CDD - 353.3
CDU - 351.81(815.1)

Bibliotecária responsável: Tatiane Krempser Gandra – CRB 6/2963

ADMINISTRAÇÃO
Comando-Geral da Polícia Militar
Quartel do Comando-Geral da PMMG
Cidade Administrativa Tancredo Neves, Edifício Minas,
Rodovia Papa João Paulo II, nº 4143 – 6º Andar, Bairro Serra Verde
Belo Horizonte – MG – Brasil - CEP 31.630-900

SUPORTE METODOLÓGICO E TÉCNICO


Assessoria Estratégica de Operaçõesl – PM3
Quartel do Comando-Geral da PMMG
Cidade Administrativa Tancredo Neves, Edifício Minas,
Rodovia Papa João Paulo II, nº 4143 – 6º Andar, Bairro Serra Verde
Belo Horizonte – MG – Brasil - CEP 31.630-900
E-mail: pm3@pmmg.mg.gov.br
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RESOLUÇÃO Nº 4.983, DE 07 DE OUTUBRO DE 2020

Aprova o Manual Técnico-Profissional n. 3.04.03/2020,


que regula a blitz policial no âmbito da Polícia Militar de
Minas Gerais.

O CORONEL PM COMANDANTE-GERAL DA POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS, no


uso das atribuições que lhe são conferidas pelo inciso III do § 1º do art. 93 da Constituição
do Estado de Minas Gerais, de 21 de setembro de 1989, c/c o art. 28 da Lei Delegada n.
174, de 26 de janeiro de 2007, em conformidade com os incisos I, alínea “l”, e XI do art. 6º
do R-100, aprovado pelo Decreto Estadual n. 18.445, de 15 de abril de 1977,

RESOLVE:

Art. 1º - Fica aprovado o Manual Técnico-Profissional n. 3.04.03/2020 - MTP 03 -, que regula


a blitz policial no âmbito da Polícia Militar de Minas Gerais.

Art. 2º - Ficam revogados:


I - a Resolução n. 4116, de 08 de novembro de 2010;
II - o Memorando n. 30.385.3 - CG, de 13 de agosto de 2013.

Art. 3º - Esta Resolução entra em vigor na data de sua publicação.

Belo Horizonte, 07 de outubro de 2020.

(a) RODRIGO SOUSA RODRIGUES, CORONEL PM


COMANDANTE-GERAL
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GOVERNADOR DO ESTADO
ROMEU ZEMA NETO

COMANDANTE-GERAL DA PMMG
CEL PM RODRIGO SOUSA RODRIGUES

CHEFE DO ESTADO-MAIOR DA PMMG


CEL PM EDUARDO FELISBERTO ALVES

CHEFE DO GABINETE MILITAR DO GOVERNADOR


CEL PM OSVALDO DE SOUZA MARQUES

CHEFE DA ASSESSORIA ESTRATÉGICA DE OPERAÇÕES


TEN CEL PM WAGNER ALAN DE MATTOS

COLABORADORES 1ª EDIÇÃO (2010)


CEL PM FÁBIO MANHÃES XAVIER
CEL PM ANTÔNIO LEANDRO BETTONI DA SILVA
TEN CEL PM MARCELO VLADIMIR CORRÊA
MAJ PM ALFREDO JOSÉ ALVES VELOSO
MAJ PM WÁGNER EUSTÁQUIO DA SILVA ALMEIDA
MAJ PM EDUARDO DOMINGUES BARBOSA
MAJ PM EDUARDO FELISBERTO ALVES
MAJ PM ÉDSON GONÇALVES
CAP PM ARNALDO AFFONSO
CAP PM MARCO AURÉLIO ZANCANELA DO CARMO
CAP PM QOS FABRÍZIA LOPES BRANDÃO PEREIRA
CAP PM RODOLFO CÉSAR MOROTTI FERNANDES
CAP PM RENATO SALGADO CINTRA GIL
CAP PM WANDERSON GARCIA COSTA NEVES
1º TEN PM ÉDSON H. RABELLO DE S. MENDES
1º TEN PM RODRIGO SALDANHA
1º TEN PM MOLISE Z. FONSECA DE SOUZA
1º TEN PM LUCIANA DO CARMO S. NOMINATO
2º TEN PM ANDERSON PEREIRA DE SOUSA
2º TEN PM RICARDO PEREIRA DE ARAUJO GOMES
1º SGT PM ANTÔNIO GERALDO ALVES SIQUEIRA
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2º SGT PM RINALDO ARAÚJO MARÇAL


3º SGT PM RICARDO MARTINS LOPES
3º SGT PM MÁRCIA DANIELA BANDEIRA SILVA
3º SGT PM NADJA ALVES DE SOUSA
3º SGT PM EDNA MÁRCIA COSTA MENDONÇA
CB PM ELIAS SABINO SOARES
SD PM LEONARDO GIORI DE OLIVEIRA
SD PM ALINE VANESSA ALVES
PROFº. HUGO DE MOURA
PROFª. MARIA SÍLVIA SANTOS FIÚZA
PEDAGª. ISABEL CRISTINA DE P. MOREIRA NAZARETH
ASS. JURÍDICA MARIA AMÉLIA PEREIRA

COLABORADORES 2ª EDIÇÃO (2013)


TEN CEL PM SÍLVIO JOSÉ DE SOUSA FILHO
MAJ PM EUGÊNIO PASCOAL DA CUNHA VALADARES
MAJ PM CLEVERSON NATAL DE OLIVEIRA
CAP PM RICARDO LUIZ AMORIM GONTIJO FOUREAUX
1º TEN PM HELIVELTON SALVADOR SANTANA
SUBTEN PM ANTÔNIO GERALDO ALVES SIQUEIRA
2º SGT PM DANILO TEIXEIRA ALCÂNTARA
2º SGT PM LUIZ HENRIQUE DE MORAES FIRMINO
CB PM ELIAS SABINO SOARES

COLABORADORES 3ª EDIÇÃO (2020)


REDAÇÃO
TEN CEL PM WAGNER ALAN DE MATTOS
TEN CEL PM PAULO ANTONIO DE MORAES PAULA
TEN CEL PM RODRIGO SALDANHA
TEN CEL PM SANDRO ALEX CANUTO GONÇALVES
MAJ PM WELVISSON GOMES BRANDÃO
MAJ PM PAULO BRUNO SOBRAL AGUIAR
CAP PM IRAN MARTINS DE OLIVEIRA
CAP PM MARCO FELIPE DA SILVEIRA
1º TEN PM JOSEMIR ROCHA DE ANDRADE
1º TEN PM PABLO SÉRGIO DE SOUZA CORREA
1º TEN PM CLÁUDIO JOSÉ VIRGÍLIO
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1º TEN PM BRUNO DINIZ CAMPOS


1º TEN PM HÉLIO LUIZ JUNIOR DE SÁ
1º TEN PM CRISTIANO CELESTINO DE SOUZA
1º SGT PM DANILO TEIXEIRA ALCÂNTARA
1º SGT PM SANDRO GONÇALVES MAIA
1º SGT PM CÉSAR AUGUSTO VILAÇA JÚNIOR
2º SGT PM DANIEL CORDEIRO RODRIGUES

FOTOGRAFIAS
CAP PM IRAN MARTINS DE OLIVEIRA
1º TEN PM CLÁUDIO JOSÉ VIRGÍLIO
1º SGT PM DANILO TEIXEIRA ALCÂNTARA

REVISÃO DOUTRINÁRIA
TEN CEL PM WAGNER ALAN DE MATTOS
1º TEN PM BRUNO DINIZ CAMPOS
3º SGT PM DANIELLE SUELI VENTURA

REVISÃO FINAL
TEN CEL PM WAGNER ALAN DE MATTOS
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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

AINA - Auto de Infração e Notificação de Autuação


AIT - Auto de Infração de Trânsito
BO - Boletim de Ocorrência
CCEAL - Código de Conduta para os Encarregados pela Aplicação da Lei
CG - Comando-Geral
CNH - Carteira Nacional de Habilitação
CONTRAN - Conselho Nacional de Trânsito
COPOM - Centro de Operações Policiais Militares
CPU - Coordenador de Policiamento da Unidade
CTB - Código de Trânsito Brasileiro
HT - Hand -Talk
MG - Minas Gerais
MTP - Manual Técnico-Profissional
ONU - Organização das Nações Unidas
P3 - Seção de Emprego Operacional
PM - Polícia/Policial Militar
PM3 - Assessoria Estratégica de Operações
PMMG - Polícia Militar de Minas Gerais
REDS - Registro de Eventos de Defesa Social
RPM - Região de Polícia Militar
TAT - Tática de Aproximação Triangular
TTa - Treinamento Tático
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LISTA DE FIGURAS E QUADROS

Figura 1 - Dispositivo Categoria 1 ....................................................................................... 23


Figura 2 - Dispositivo de Blitz com 3 (três) policias militares .............................................. 24
Figura 3 - Dispositivo Categoria 2 ....................................................................................... 26
Figura 4 - Dispositivo Categoria 3 ....................................................................................... 28

Quadro 1 - Classificação da blitz quanto à categoria.......................................................... 13


Quadro 2 - Sinais sonoros aplicáveis à Blitz Policial ........................................................... 39
Quadro 3 - Sinais gestuais aplicáveis à Blitz Policial ........................................................... 40
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SUMÁRIO
1 APRESENTAÇÃO ............................................................................................................ 10
2.1 Classificação por Tipos ............................................................................................... 12
2.2 Classificação por Categorias ...................................................................................... 13
2.3 O Preparo Mental, a Avaliação de Riscos e o Pensamento Tático na Blitz Policial 14
3 PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO .................................................................... 16
3.1 Efetivo e logística ........................................................................................................ 17
3.2 Distribuição de funções .............................................................................................. 18
3.3 Montagem do dispositivo e procedimento operacional ............................................ 20
3.4 Padrões de procedimentos ......................................................................................... 21
3.4.1 Procedimentos Operacionais na Blitz Categoria 1 ...................................................... 22
3.4.2 Procedimentos Operacionais na Blitz Categoria 2 ...................................................... 25
3.4.3 Procedimentos Operacionais na Blitz Categoria 3 ...................................................... 26
3.5 Comunicações operacionais....................................................................................... 28
3.6 Busca ............................................................................................................................ 30
3.7 Direção Veicular e Alcoolemia .................................................................................... 31
3.8 Evasão .......................................................................................................................... 33
3.9 Emprego de armas de fogo ......................................................................................... 35
4 PROCESSO DE COMUNICAÇÃO ................................................................................... 39
4.1 Sinalização ................................................................................................................... 39
4.2 Verbalização policial durante a blitz ........................................................................... 41
4.2.1 Abordado Cooperativo ................................................................................................ 41
4.2.2 Abordado resistente passivo ou ativo.......................................................................... 45
4.3 Procedimentos específicos ......................................................................................... 48
4.3.1 Abordagem a autoridades ........................................................................................... 48
4.3.2 Procedimento policial diante de tentativa de corrupção............................................... 50
4.4 Orientações gerais....................................................................................................... 51
5 SITUAÇÕES ESPECÍFICAS ............................................................................................ 53
5.1 Abordagem a motocicletas ......................................................................................... 53
5.2 Blitz noturna ................................................................................................................. 54
REFERÊNCIAS ................................................................................................................... 56
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MANUAL TÉCNICO PROFISSIONAL Nº 3.04.03/2020 - CG

Blitz Policial

1 APRESENTAÇÃO

O policial militar representa o Estado, sendo a ele outorgado poder legal para agir por meio
de intervenções voltadas para a promoção, a prevenção e a repressão em segurança
pública. A sociedade que legitima esse poder espera, em contrapartida, ética, legalidade e
competência nas ações desses profissionais.

O objetivo dos Manuais Técnico-Profissionais (MTP) é fornecer respaldo à prática


profissional e, por isso, é ponto norteador das ações e operações desencadeadas pelos
policiais. Este Manual Técnico-Profissional nº 3.04.03 (Blitz Policial) é o resultado de uma
construção teórica, elaborada a partir de laboriosa pesquisa e estudos do cotidiano
operacional.

Entre as intervenções policiais cotidianamente desenvolvidas as operações do tipo blitz


estão entre aquelas frequentemente executadas nas unidades operacionais da Instituição e
que possuem repercussão direta na sensação de segurança do cidadão, com forte impacto
no serviço policial e no trânsito e mobilidade da cidade. Devido a sua importância, é preciso
ter padronização na sua execução para evitar desgastes a imagem da Instituição e do
próprio policial executante, e sobretudo assegurar que haja um correto emprego de técnicas
e táticas para evitar que haja riscos a vida do policial e de outras pessoas que estejam no
ambiente.

Durante o período de elaboração deste Manual, foram colhidas, analisadas e utilizadas


sugestões e contribuições1 enviadas por policiais militares de todas as Regiões da Polícia
Militar (RPM) de Minas Gerais. As valiosas manifestações, além de reconhecerem a
importância do assunto em pauta e demonstrarem o anseio dos policiais por uma doutrina
padronizadora de ações, permitiram estruturar e elaborar um trabalho que contempla as
necessidades e as realidades dos grandes centros e dos destacamentos das pequenas
cidades, cujas disponibilidades de policiais militares e de recursos diferem-se
substancialmente.

1 Sugestões enviadas por meio da rede interna de informações da PMMG denominada Intranet PM.

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As atualizações trazidas nesse manual representam um esforço Institucional no sentido de


ofertar ao policial militar subsídio para agir de maneira assertiva no serviço operacional.

O MTP 03 (Blitz Policial) traz orientações para o planejamento, a distribuição de policiais,


viaturas e equipamentos nas vias públicas, em operações desta natureza. Sua leitura deve
ser, obrigatoriamente, precedida do MTP 01 (Intervenção Policial, Processo de
Comunicação e Uso de Força) e do MTP 02 (Abordagem a Pessoas) e complementadas
pela leitura do MTP 04 (Abordagem a veículos).

A Seção 2 introduz o tema por meio da conceituação de Blitz Policial e distingue seus
diferentes níveis em função dos objetivos, e as categorias, com base na estrutura logística e
no aparato policial necessários para cada situação, bem como os respectivos procedimentos
operacionais.

Na Seção 3, são apresentadas as variáveis que devem ser consideradas na fase de


planejamento de uma blitz policial além de orientações e procedimentos importantes que
devem ser observados em sua execução, a saber: descrição das funções e
responsabilidades de cada integrante envolvido na operação; orientações para a montagem
do dispositivo, em função de suas diferentes categorias; embasamento legal para realizar a
busca veicular; recomendações para atuar em caso de evasão da blitz pelo condutor, e a
forma correta de empregar a arma de fogo.

A Seção 4 aborda o tema processo de comunicação aplicada às operações dessa natureza,


enfatizando a importância do processo da comunicação para o alcance dos objetivos
pretendidos. Considerações teóricas são complementadas por sugestões de diálogos diante
dos diversos tipos de comportamento do abordado e em situações específicas de
abordagem a autoridades.

Os conteúdos tratados nas seções anteriores são retomados na Seção 5, considerando


algumas situações peculiares que podem ocorrer no decorrer de operações policiais
militares do tipo blitz, tais como abordagem a motocicleta (tipo de intervenção que vem
ganhando cada vez mais destaque no cotidiano operacional) e blitz noturna.

E, por fim, há que se ressaltar que vários assuntos tratados aqui serão complementados e
aprofundados nos demais Manuais Técnicos-Profissionais que compõem esse álbum de
Prática Policial Básica, principalmente nos MTP 04 e MTP 05 que tratam, respectivamente,
de Abordagem a Veículos e Escoltas Policiais e Conduções Diversas.

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2 CONCEITO E CLASSIFICAÇÃO

A blitz é um tipo de operação policial realizada em vias urbanas ou rurais, com a utilização
de sinalização física, visual e sonora, para abordar veículos e seus ocupantes, realizando
checagens e vistorias em geral.

Tal operação pode ser executada por uma equipe composta somente por policiais militares
ou por policiais militares em conjunto com os integrantes de diversos órgãos, conforme o
tipo de policiamento realizado, tais como:

a) Policiamento ostensivo geral - ênfase na identificação de pessoas procuradas, busca


de armas, drogas, veículos roubados, dentre outros;

b) Trânsito urbano e rodoviário - ênfase na verificação de documentos e condições do


condutor e do veículo;

c) Meio ambiente - ênfase na verificação de documentos e fiscalização de transporte de


produtos e animais protegidos por legislação específica;

d) Apoio a fiscalizações realizadas por outros órgãos fazendários, sanitários, dentre


outros.

2.1 Classificação por Tipos

De acordo com os objetivos, as operações blitz classificam-se em:

a) Educativa: visa informar, orientar e conscientizar as pessoas sobre temas de interesse


público;

b) Preventiva: visa realizar verificações em locais onde há incidência significativa ou a


possibilidade de ocorrerem infrações e delitos.

Os tipos de blitz não guardam relação com as categorias de blitz, conforme se verá a seguir.

As operações bltiz podem ter objetivos tanto educativos quanto preventivos, exigindo-se
apenas que sejam empreendidos estudos prévios quanto ao dia, horário e local das

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operações para evitar transtornos, obter maior sucesso e atingir os objetivos de forma
satisfatória.

É importante ressaltar que, ao constatar uma infração, o policial militar deverá adotar as
medidas (repressivas) que a situação exigir.

Da mesma maneira, os objetivos inicialmente planejados (educativo ou preventivo), poderão


variar, ainda que temporariamente, em função dos riscos que se apresentarem no
desenvolvimento da operação, podendo implicar até mudança de categoria, mediante
reforço logístico e de efetivo policial.

Atendendo ao princípio da universalidade, na execução de uma operação blitz de qualquer


tipo, o policial pode se deparar com irregularidades (penais ou administrativas), ainda que
não sejam o escopo primordial da operação, nem a proposta inicial da atividade, exigirá que
a equipe tome as providências que o caso demandar.

Cabe asseverar, ainda, que as operações blitzen devem possuir caráter preventivo, ainda
que objetivem reprimir alguma modalidade criminosa particular. Diante de algum
acontecimento que demandar abordagem de pessoas específicas envolvidas no
cometimento de crimes, o tipo da operação deve ser modificado, assim como o formato, que
deverá se adequar às operações de cerco ou bloqueio (Conforme MTP 05), pois
proporcionarão melhores condições de segurança aos envolvidos.

2.2 Classificação por Categorias

A Blitz Policial classifica-se em 3 (três) categorias que se diferem basicamente quanto à


estrutura de pessoal necessária para a sua execução, conforme Quadro 1.

Quadro 1 - Classificação da blitz quanto à categoria


CATEGORIA PORTE EFETIVO POLICIAL VIATURAS
1 Pequena 2 ou 3
2 Média 4a6 Mínimo 1
3 Grande 7 ou mais
Fonte:Elaborado pelo autor.

A mesma estrutura pode ser utilizada para diferentes tipos de blitz, a ainda assumir caráter
repressivo, conforme avaliação do PM Comandante da operação e com as circunstâncias
constatadas.

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ATENÇÃO! Os procedimentos específicos para operações blitz


policial rodoviário, blitz por pinçamento, bem como meio ambiente,
serão tratados nos MTP referentes à prática policial especializada,
acrescidos do conteúdo deste MTP, no que for pertinente.

2.3 O Preparo Mental, a Avaliação de Riscos e o Pensamento Tático na Blitz Policial

Nas operações blitz, em regra, os policiais militares integrantes da equipe responsável


devem adotar as seguintes orientações:

a) durante as operações blitz, antes da abordagem, deve manter-se no estado de atenção


(amarelo). É importante estar precavido e considerar que a sua segurança deve ser
priorizada, tanto em relação ao fluxo do trânsito, quanto a uma possível reação por parte do
abordado ou de outras pessoas no veículo. Deve-se sempre usar os equipamentos de
segurança;

b) no momento da abordagem, esteja no estado de alerta (laranja) e considere as etapas


da avaliação de riscos. Identifique quais as ações de respostas para o caso de uma
ameaça e qual nível de força será necessário;

c) algumas situações do policiamento podem fazer com que a blitz passe a ter caráter
repressivo, como por exemplo, a ocorrência de uma perseguição policial, com ativação do
plano de cerco, bloqueio e interceptação. Dessa forma, é necessário considerar a hipótese
do uso de força em níveis mais elevados, permanecendo no estado de prontidão adequado
(estado de alerta - laranja, ou alarme - vermelho), conforme avaliação de riscos, para
garantir uma resposta de polícia adequada e, ao mesmo tempo, a segurança da equipe e a
de terceiros. (ver MTP 01);

d) faça a leitura do ambiente e identifique, preliminarmente, os possíveis locais de abrigo


que sejam facilmente acessíveis e próximos ao local da intervenção. Se existir alguma
ameaça que se configure um risco real adote medidas compatíveis com o estado de alarme;

e) procure atuar sempre privilegiando a segurança da equipe, evitando abordar veículos


com quantidade de ocupantes adultos em número superior ao de policiais militares na
operação;

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f) caso ocorra a parada de um veículo com número de ocupantes adultos superior ao de


policiais e ainda estejam presentes outros fatores da análise de risco que indiquem falta de
segurança para a guarnição seguir na intervenção, é recomendável liberar imediatamente o
veículo sem abordá-lo, e recorrer a outros procedimentos técnicos e táticos, como apoio de
outras guarnições ou cerco e bloqueio, para que a ação de resposta seja efetiva. Tal
procedimento traduz-se em profissionalismo, com ênfase na segurança da equipe, e não em
fragilidade da equipe;

g) se, em função da segurança da equipe, optar pela liberação do veículo, alerte ao Centro
de Operações Policiais Militares (COPOM) ou correspondente, sobre o ocorrido,
transmitindo os dados (local, características do veículo/ocupantes e rota de deslocamento),
para uma possível abordagem posterior por uma guarnição PM reforçada;

h) no caso específico de operação Categoria 1 (pequeno porte, composta por 2 ou 3


policiais), aborde somente 1 (um) veículo de cada vez;

i) caso ocorra alguma eventualidade relevante, atualize rapidamente sua avaliação de risco
e decida por continuar a abordagem, ou não, e pedir reforços;

Em situações de fuga, a operação será mantida no local e um integrante da equipe deverá


repassar as informações ao COPOM ou correspondente, preferencialmente via rede-rádio,
sobre o ocorrido, transmitindo os dados (local, características do veículo/ocupantes e rota de
deslocamento), para fins de rastreamento e abordagem, com maior segurança, por outras
guarnições PM. Se houver efetivo suficiente em apoio, parte desse efetivo poderá deslocar
em perseguição, caso possua meio para fazê-lo.

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3 PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO

A blitz policial deve ser precedida de planejamento elaborado pela Seção de Emprego
Operacional (P3), por meio de ordens de serviço ou outros instrumentos, nos quais estejam
presentes todos os aspectos que, direta ou indiretamente, venham a contribuir para o
sucesso da operação.

O local e o horário de instalação da blitz policial são aspectos importantes a serem


observados no planejamento da operação. O local não pode ser escolhido aleatoriamente.
Deve ser definido a partir de dados obtidos na análise criminal e em conformidade com as
metas estabelecidas, tomando-se por base:

a) a segurança da via;
b) as condições de tráfego (aclives, declives, curvas, pontes, cruzamentos, semáforos,
redutores de velocidade, túneis e viadutos);
c) a visibilidade e iluminação do local;
d) os índices de criminalidade local;
e) o tipo de veículo a ser parado e abordado, conforme o objetivo da operação,
principalmente em relação ao horário. Exemplos: táxi, ônibus, motocicleta, etc;
f) o objetivo principal a ser atingido de acordo com a característica da operação;
g) a possibilidade de evasão (rotas de fuga);
h) a necessidade de apoio de outros órgãos públicos ou privados;
i) a interferência no fluxo de trânsito;
j) a proximidade de locais onde ocorre concentração de crimes violentos.

Se o local e horário escolhidos para a execução da operação influenciarem no


desenvolvimento normal do tráfego, tornando-o intenso, devido ao estrangulamento do fluxo
de veículos, será avaliada a possibilidade de realizar a operação em local e horário diversos,
sem, contudo, perder o foco e o objetivo principal da operação.

ATENÇÃO! Em caso de operações que necessitem ser montadas


em vias de grande fluxo de veículos pesados, elas serão precedidas
de rigorosa análise de riscos, observada a segurança dos policiais e
do tráfego da via (ver procedimentos operacionais específicos
tratados nos MTP referentes à prática policial-militar especializada
de trânsito).

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Caso o comandante da operação julgue necessário a alteração do local e do horário,


solicitará autorização ao coordenador do policiamento, dará ciência à Sala de Operações da
Unidade (SOU) e fará constar no relatório quais os fatores que contribuíram para a tomada
de tal decisão, remetendo-o à P3 para planejamentos posteriores. Deverão ser
consideradas as etapas da avaliação de riscos e priorizar o quesito “segurança” dos policiais
e do público.

Em caso de condições climáticas adversas 2 , em especial, no caso de chuva forte, a


operação poderá ser adiada, suspensa ou cancelada, pois nessa situação, o quesito
segurança poderá ser comprometido, pela dificuldade de visibilidade, pela frenagem e pela
possibilidade da ocorrência de acidentes de trânsito. Nesses casos, é recomendável que o
efetivo da operação permaneça em patrulhamento nas imediações do local ou realize outra
missão estabelecida pelo coordenador do policiamento e cumpra parcialmente os objetivos
estabelecidos.

O tempo previsto para a execução da blitz policial será o suficiente para alcançar o objetivo
sem comprometer a qualidade das operações policiais. Conforme avaliação feita pelo PM
Comandante da operação, no local, o tempo poderá ser redefinido, desde que autorizado
pelo coordenador do policiamento.

Durante o Treinamento Tático (TTa)3 serão transmitidas todas as informações e orientações


aos policiais envolvidos, de acordo com os objetivos e as características de cada operação.

3.1 Efetivo e logística

a) Efetivo: será definido de acordo com os objetivos de cada operação;

b) Logística:
 viaturas: de 2 (duas) ou 4 (quatro) rodas na quantidade definida no planejamento ou de
acordo com a disponibilidade da unidade;
 armas de porte para todos os policiais;
 arma portátil com bandoleira, para o PM Segurança, quando disponível;

2 Condições climáticas adversas não devem ser entendidas apenas como ocorrência de chuva. Por exemplo, a
formação de neblina pode prejudicar a visibilidade no local, sendo também um fato de limitação para a execução
da operação.
3 O Treinamento Tático (TTa) é uma atividade preparatória, que tem por finalidade orientar o efetivo a ser
lançado no turno operacional nas diversas frações e abordará, exclusivamente, assuntos relativos às
peculiaridades da realidade operacional de cada área (MINAS GERAIS, 2018).

17
( - BEPM nº 12, de 07 de outubro de 2020 - ) Página : ( - 19 - )

 rádios portáteis – HT, quando disponível;


 coletes balísticos para os policiais;
 coletes refletivos;
 instrumentos de menor potencial ofensivo (armas, munições e equipamentos), quando
disponíveis;
 etilômetro, quando disponível;
 cones de sinalização, desejável
 mínimo de 7 (sete) cones;
 apitos de trânsito;
 cavalete de sinalização, quando disponível;
 pranchetas, caneta e papel para anotações;
 planilha para registro da relação de veículos e dos condutores;
 bloco de Auto de Infração de Trânsito (AIT) e/ou Auto de Infração e Notificação de
Autuação (AINA);
 lanternas (mesmo durante o dia) para vistoria no veículo;
 luz sinalizadora, quando disponível;
 kit de biossegurança, quando disponível;
 limitadores/bloqueadores de fuga4;
 lombada móvel, quando disponível;
 computador portátil (Notebook), quando disponível.

3.2 Distribuição de funções

Para melhor entendimento e detalhamento das ações, são atribuídas funções específicas
aos policiais envolvidos na operação:

a) PM Comandante: é o policial militar de maior posto ou graduação ou o mais antigo,


responsável direto pela coordenação e controle da operação. Faz cumprir o planejamento,
orienta a equipe para que sejam atingidos os resultados propostos e corrige as falhas que
porventura possam ter ocorrido. É o responsável pela definição das funções de cada um dos
policiais.

b) PM Selecionador: é o responsável pela seleção dos veículos que serão abordados de


acordo com os objetivos da operação. Estará com a atenção voltada para o trânsito e para o
comportamento dos condutores e, sinalizará através de gestos e silvos de apito, previstos

4 Somente poderão ser utilizados os bloqueadores de fuga homolados pela PMMG.

18
( - BEPM nº 12, de 07 de outubro de 2020 - ) Página : ( - 20 - )

no Código de Trânsito Brasileiro (CTB), a fim de orientar o condutor do veículo a ser


abordado a posicionar-se no Box. Como variante dessa função, pode haver a figura do PM
Selecionador avançado que é um policial militar, convenientemente posicionado, que
utiliza recurso tecnológico para informar quais os veículos devem ser abordados e repassa
as informações ao PM Selecionador no local da blitz.(Ex. O PM Selecionador Avançado
fica posicionado em local próximo e anterior à operação, utilizando de aplicativos de celular
para verificar se há veículos com queixa furto/roubo que passam nas proximidades, indica à
equipe qual veículo pode ser abordado).

c) PM Vistoriador: é o policial militar que procede à abordagem e mantém contato visual e


verbal com o condutor do veículo e seus passageiros. É também o responsável pela
verificação de documentos e vistoria do veículo5 , além de ser encarregado de sinalizar para
que os veículos vistoriados retornem à via de trânsito. Ressalta-se que o PM Vistoriador
será o policial militar responsável pelo acionamento6 do limitador de fuga quando necessário
(os conceitos relativos a esse equipamento estão definidos na Seção 6 do MTP 04).

d) PM Revistador: é o responsável pela realização da busca pessoal nos passageiros e


busca no veículo abordado durante a intervenção;

e) PM Relator: é o policial militar responsável pelo registro dos boletins de ocorrência.


Quando se tratar de blitz de categoria 1, o policial vistoriador, preferencialmente, deverá
assumir a função de relator, a fim de dar celeridade ao registro pois esse policial militar é
quem tem conhecimento do fato e foi quem detectou a irregularidade durante a abordagem.
Em situações de ocupação máxima dos Boxes, o selecionador poderá assumir a função de
relator a fim de otimizar o serviço.

f) PM Segurança: é o responsável pela integridade e segurança dos componentes da


equipe. Sua posição não é fixa no dispositivo, varia de acordo com a quantidade de policiais
envolvidos e o tipo de via em que a operação é realizada. Mantém escuta ininterrupta da
rede-rádio. Poderá utilizar arma portátil, dotada de bandoleira, de acordo com a situação.

5A Vistoria consiste no processo de conferência do chassi, número do motor, carrocerias, placas e outros sinais
veiculares, verificando se estão dentro das especificações exigidas pelas normas de trânsito.
6Essa responsabilidade pelo acionamento do equipamento só recaíra no PM Vistoriador se houver na blitz mais
de 2 (dois) policiais. Havendo somente 2(dois) policiais na blitz essa atribuição deve recair sobre o PM
Segurança, avaliada a conveniência do uso face às questões de segurança da atuação.

19
( - BEPM nº 12, de 07 de outubro de 2020 - ) Página : ( - 21 - )

ATENÇÃO! um policial militar poderá acumular duas ou mais


funções descritas no item anterior, conforme a categoria da operação
blitz, os objetivos a se atingir, ou devido ao número de policiais
integrantes da equipe.

3.3 Montagem do dispositivo e procedimento operacional

O dispositivo de uma blitz policial é montado em via pública e constitui-se no espaço


sinalizado e demarcado pelos meios logísticos (viatura, cones, cavaletes, etc.), denominado
Box.

O Box é o local destinado ao desenvolvimento das ações de abordagem aos veículos


selecionados e aos que necessitarem ficar retidos por algum motivo (apreensão, remoção,
registro de BO/REDS, etc.).

No caso do PM Revistador/Vistoriador detectar alguma irregularidade que exija a adoção


de providências imediatas, deverá encaminhar o condutor ao local onde o PM Relator irá
registrar o BO/REDS, e o veículo permanecerá parado no local da abordagem.

Nas operações blitz categoria 1, será instalado 1 (um) Box. Nas operações de blitz
categoria 2 e 3, poderão ser instalados 2 (dois) ou mais Boxes, que permitirão abordagens
simultâneas, analisando as condições de segurança, de acordo com a avaliação de riscos, o
número de policiais disponíveis e os objetivos a serem atingidos.

Se o local destinado a operação permitir uma melhor alocação do veículo pertencente ao


infrator, após a constatação da irregularidade, poderá haver movimentação desse veículo
respeitados aspectos legais. Cuidados com a segurança dos policiais e análise de
possibilidade de evasão devem ser considerados nessa situação.

O PM Vistoriador ao constatar infração que resulte em prisão do infrator ou remoção do


veículo deverá acautelar sob sua posse as chaves do veículo repassando-a ao policial
responsável pelo prosseguimento da ocorrência, assim como deverá se atentar quanto a
possibilidade de fuga do abordado.

O dispositivo operacional deverá ser montado levando-se em conta as características da via


e a categoria da operação. O local escolhido para realização de blitz policial deve permitir a

20
( - BEPM nº 12, de 07 de outubro de 2020 - ) Página : ( - 22 - )

montagem da operação sem prejuízo substancial ao fluxo do trânsito, com atenção à


segurança dos policiais e à de terceiros, conforme avaliação de riscos.

O PM Comandante deverá ainda avaliar se o local escolhido para a montagem do


dispositivo interfere na qualidade das transmissões, a fim de evitar prejuízos das ações,
principalmente aquelas relacionadas à segurança. Constatada a falha na comunicação via
rede-rádio, transferir a operação para outro local em condições ideais.

3.4 Padrões de procedimentos

Durante a montagem do dispositivo da blitz, os policiais militares deverão dar especial


atenção quanto à segurança do fluxo de trânsito da via, dos transeuntes e da própria equipe.

Após a instalação do dispositivo operacional, havendo condições favoráveis ao contato e


interação com a população local, dentro dos princípios da polícia comunitária, o militar
poderá informar aos cidadãos residentes, ou que exerçam atividades comerciais nas
proximidades, sobre a importância e os benefícios da operação para a promoção da
segurança pública e da prevenção da criminalidade.

O policial militar não deverá fornecer dados de caráter reservado que possam ser
prejudiciais ao bom andamento do serviço, porém, poderá prestar informações básicas,
simples e objetivas sobre a duração do empenho e a finalidade da operação. Tais ações
servem como forma de estreitar os laços entre a PM e a comunidade local, demonstrando
educação e cordialidade, porém sem permitir a aglomeração de pessoas no local de
realização da blitz.

A distribuição dos materiais e do efetivo na via pública observará como referência o previsto
nos croquis estabelecidos a seguir, contemplando também os procedimentos a serem
adotados por cada policial na operação, de acordo com sua função. Independentemente da
categoria da blitz a regra básica para abordagem dos veículos na operação deve ser a de 2
(dois) policiais por veículo, no mínimo.

Após a verificação do veículo, caso nenhuma irregularidade seja constatada, o condutor


será liberado do Box pelo PM Vistoriador e retornará à via de trânsito, observando-se todas
as regras de segurança (fluxo de veículos e pedestres).

21
( - BEPM nº 12, de 07 de outubro de 2020 - ) Página : ( - 23 - )

Uma ou mais viaturas poderão ser acionadas para apoio a equipe que estiver realizando a
blitz nas situações de risco, para apoio na condução de presos ou no acúmulo de Registros
de Eventos de Defesa Social (REDS), ou, ainda, quando for julgado conveniente pelo
Coordenador de Policiamento da Unidade (CPU) do turno.

O PM Comandante deverá observar permanentemente a organização do dispositivo da


operação, primando sempre pela segurança de todos (policiais, motoristas, passageiros,
pedestres e veículos).

Em caso de acúmulo de pessoas e veículos no Box, o PM Selecionador deverá interromper


a parada de veículos enquanto o PM Comandante reorganizará os espaços.

Os motoristas que aguardam as providências cabíveis devem ser encaminhados para um


local seguro próximo à blitz, fora do dispositivo, ficando as chaves dos carros sob a guarda
do policial responsável pelo prosseguimento da ocorrência.

3.4.1 Procedimentos Operacionais na Blitz Categoria 1

Montado o dispositivo, o PM Selecionador irá postar-se à retaguarda dos cones 4 e 5


enquanto o PM Comandante ficará sobre a calçada nas proximidades dos cones 6 e 7
(Figura 1).

O PM Selecionador, ao escolher o veículo a ser abordado, irá sinalizar para que todos os
veículos na via diminuam a velocidade. Em seguida ordenará ao veículo selecionado que
adentre ao Box.

Após a parada, o PM Comandante deslocará para a retaguarda do veículo, ficará sobre a


calçada ou similar e passará a atuar, também, como PM Segurança.

O PM Selecionador deslocará o cone 5 diagonal ao cone 4, fechando a entrada do Box e


passará a atuar como PM Revistador/Vistoriador.

Encerrada a fiscalização, o PM Revistador/Vistoriador orientará o tráfego para fazer o


veículo retornar ao seu deslocamento com segurança, olhando para a pista e sinalizando ao
condutor para que siga em frente.

22
( - BEPM nº 12, de 07 de outubro de 2020 - ) Página : ( - 24 - )

Assim que o veículo sair do Box, o PM Revistador/Vistoriador retornará à sua posição


inicial, para novamente atuar como PM Selecionador.

ATENÇÃO! O dispositivo de blitz da Figura 1 é o padrão para a operação desta


categoria. Todavia, devido às características da via ou circunstâncias do tráfego, ou
ainda a característica das viaturas, a forma de desenvolver o dispositivo, como a
alocação do coneamento e posicionamento da viatura poderá sofrer alterações,
conforme orientações do PM Comandante, entretanto, o fundamento da segurança
deve ser preservado e as orientações sobre posicionamento de viaturas constantes
da Instrução nº 3.03.22/17 deve ser respeitado naquilo que couber.

Figura 1 - Dispositivo Categoria 1

Fonte: Elaborado pelo autor.

Quando houver 3 (três) policiais militares na blitz, o PM Revistador/Vistoriador será o


responsável por instalar o dispositivo limitador de fuga 7 “cama de faquir” e operá-lo,
conforme avaliação de risco, em caso de algum veículo evadir descumprindo a ordem do
selecionador para que o veículo adentre ao box. O posicionamento do dispositivo limitador
de fuga e o posicionamento do PM Revistador/Vistoriador pode ser visualizado na Figura
2.

7Para mais informações sobre dispositivo limitador de fuga verifique o Capítulo 6 – Limitadores de Fuga do MTP
Nº 04.

23
( - BEPM nº 12, de 07 de outubro de 2020 - ) Página : ( - 25 - )

Figura 2 - Dispositivo de Blitz com 3 (três) policias militares

Fonte: Elaborado pelo autor.

24
( - BEPM nº 12, de 07 de outubro de 2020 - ) Página : ( - 26 - )

3.4.2 Procedimentos Operacionais na Blitz Categoria 2

Montado o dispositivo, o PM Selecionador irá postar-se à retaguarda dos cones 4 e 5


enquanto o PM Comandante e o PM Vistoriador ficarão sobre a calçada nas proximidades
dos cones 6 e 7 respectivamente (Figura 3).

O PM Selecionador, ao escolher o veículo a ser abordado, irá sinalizar para que todos os
veículos na via diminuam a velocidade. Em seguida ordenará ao veículo selecionado que
adentre ao Box.

O PM Revistador/Vistoriador, que se encontrava sobre a calçada, próximo ao cone 7, em


condições de acionar o perfurador de pneus, deslocará contornando o veículo pela parte de
trás, abordando o condutor e procederá a vistoria.

ATENÇÃO! A aproximação do veículo a ser abordado deve ocorrer


sempre a partir da área de aproximação (ver definições das áreas
no MTP 04).

Após a parada, o PM Comandante deslocará para a retaguarda do veículo, ficando sobre a


calçada e passará a atuar também como PM Segurança.

O PM Selecionador deslocará o cone 5 diagonal ao cone 4, fechando a entrada do Box e


permanecerá próximo ao cone 5, com a atenção voltada para o trânsito e para a abordagem.

Se houver necessidade de busca, será feita pelo PM Revistador, passando a acumular a


função de PM Vistoriador, primeiramente em todos os ocupantes e depois no veículo.
Entretanto, se houver policiais disponíveis na blitz, poderá ser designado um policial
específico na função de PM Revistador e outro ficará apenas na função de PM Vistoriador.

Encerrada a fiscalização, o PM Vistoriador orientará o tráfego, fazendo o veículo retomar


seu deslocamento tão logo as condições estejam seguras, olhando para a pista e
sinalizando ao condutor para que siga em frente.

Assim que o veículo sair do Box, o PM Selecionador selecionará outro veículo.

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( - BEPM nº 12, de 07 de outubro de 2020 - ) Página : ( - 27 - )

ATENÇÃO! O dispositivo de blitz da Figura 3 é o padrão para a operação desta


categoria. Todavia, devido às características da via ou circunstâncias do tráfego, ou
ainda a característica das viaturas, a forma de desenvolver o dispositivo, como a
alocação do coneamento e posicionamento da viatura, poderá sofrer alterações,
conforme orientações do PM Comandante, entretanto, o fundamento da segurança
deve ser preservado e as orientações sobre posicionamento de viaturas constantes
da Instrução nº 3.03.22/17 deve ser respeitado naquilo que couber.

Figura 3 - Dispositivo Categoria 2

Fonte: Elaborado pelo autor.

3.4.3 Procedimentos Operacionais na Blitz Categoria 3

Montado o dispositivo, o PM Selecionador irá postar-se à retaguarda dos cones 4 e 5


enquanto o PM Comandante, o PM Segurança e os PM Vistoriadores/Revistadores
ficarão sobre a calçada (Figura 4).

O PM Selecionador, ao escolher o veículo a ser abordado, irá sinalizar para que todos os
veículos na via diminuam a velocidade. Em seguida ordenará ao veículo selecionado que
adentre ao Box.

O PM Revistador/Vistoriador do Box 1 contornará o veículo por trás, abordando o


condutor e procederá à vistoria.

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( - BEPM nº 12, de 07 de outubro de 2020 - ) Página : ( - 28 - )

O PM Revistador/Vistoriador do Box 2 permanecerá na calçada, aguardando o próximo


veículo.

O PM Segurança permanecerá na calçada (ou em outra posição mais adequada) com a


atenção voltada para os dois Boxes, bem como para todo o perímetro da operação.

O PM Selecionador sinalizará para um segundo veículo e o orientará para a entrada no


Box 2.

O PM Revistador/Vistoriador do Box 2 fará o balizamento para a parada do segundo


veículo, de modo que este pare há aproximadamente 3 (três) passos do primeiro.

O PM Revistador/Vistoriador do Box 2 contornará o segundo veículo por trás, abordando


o condutor e procederá a vistoria.

O PM Selecionador deslocará o cone 5 diagonal ao cone 4, fechando a entrada do Box e


permanecerá próximo ao cone 5, com a atenção voltada para o trânsito e para a abordagem.

Se houver necessidade de busca, será feita pelo PM Vistoriador, passando a acumular a


função de PM Revistador, primeiramente em todos os ocupantes e depois no veículo. Se
entretanto, houver policiais disponíveis na Blitz, poderá ser designado um policial específico
na função de PM Revistador e outro ficará apenas na função de PM Vistoriador.

ATENÇÃO! O dispositivo de blitz da Figura 4 é o padrão para a operação desta


categoria. Todavia, devido às características da via ou circunstâncias do tráfego, ou
ainda a característica das viaturas, a forma de desenvolver o dispositivo, como a
alocação do coneamento e posicionamento da viatura, poderá sofrer alterações,
conforme orientações do PM Comandante, entretanto, o fundamento da segurança
deve ser preservado e as orientações sobre posicionamento de viaturas constantes
da Instrução nº 3.03.22/17 deve ser respeitado naquilo que couber.

Encerrada a fiscalização, o PM Vistoriador orientará o condutor que foi abordado, para


fazer com que o seu veículo retorne à faixa de rolamento em segurança. Verificará, através
de contato visual com o PM Selecionador, as condições do fluxo de tráfego e, no melhor
momento, sinalizará para que o condutor siga em frente.

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( - BEPM nº 12, de 07 de outubro de 2020 - ) Página : ( - 29 - )

Assim que o veículo sair do Box, o PM Selecionador selecionará outro veículo.

Figura 4 - Dispositivo Categoria 3

Fonte: Elaborado pelo autor.

3.5 Comunicações operacionais

Montado o dispositivo, o PM Comandante comunicará, via rede de rádio, o COPOM ou


correspondente e o coordenador de policiamento da área de atuação, o local, horário de
início, efetivo e objetivo da operação.

A equipe deverá manter escuta ininterrupta das comunicações operacionais, de modo a


captar informações importantes para a segurança do pessoal empregado, tais como:
notificação sobre veículos roubados ou furtados, veículos que se evadiram de outras
intervenções policiais ou sobre envolvidos em crimes. Essas informações serão repassadas,
de imediato, a todos os militares envolvidos na operação.

Com a utilização de recursos tecnológicos para a seleção de veículos, sempre que


disponível, tanto o PM Selecionador quanto o PM Selecionador Avançado também
deverão utilizar rádio HT para manterem fluxo de comunicação.

As comunicações administrativas que não forem urgentes, como o registro de ocorrências, a


relação de pessoas e de materiais apreendidos, a solicitação de reboque, dentre outras,
serão realizadas com o COPOM ou correspondente, preferencialmente, via telefone, para
não sobrecarregar as comunicações na rede-rádio.

28
( - BEPM nº 12, de 07 de outubro de 2020 - ) Página : ( - 30 - )

Eclodindo alguma situação adversa, como desobediência, resistência, tentativa ou


consumação de fuga, um integrante da equipe cientificará, imediatamente, via rede-rádio, o
COPOM ou correspondente e o coordenador do policiamento, e fornecerá informações para
que as medidas de proteção sejam adotadas, como o envio de unidades de apoio para o
local, ou para que sejam implementadas ações de cerco, bloqueio e interceptação.

No caso de prisões, estas deverão ser executadas dentro dos parâmetros legais e com a
preservação da integridade física e dignidade do infrator.

O cuidado e a serenidade são essenciais ao realizar as comunicações na rede-rádio. Muitos


exemplos de ações mal sucedidas, já divulgadas na PMMG, foram decorrentes de
informações incompletas ou inadequadas transmitidas por policiais de serviço. As
mensagens alarmistas estimulam correria.

Alardes em casos como simples evasões de veículos já provocaram tensão exasperada e


uso inadequado da força, em situações não caracterizadas como crime, tais como
motoristas inabilitados ou sem documentação e outras infrações de trânsito.

Para essas situações de veículos em fuga, um integrante da equipe comunicará na rede-


rádio as informações, seguindo uma sequência lógica a ser transmitida:

“— COPOM, prioridade!”
“— Comunicação de veículo em fuga.Veículo (marca, cor, modelo)
evadiu da rua ..., sentido ...Veículo com 1 (2, 3 ...) ocupante(s)”

Citar as características observadas dos ocupantes.

ATENÇÃO! A disciplina nas comunicações por rádio é responsabilidade


compartilhada de todos os policiais militares de serviço. Trata-se de requisito
indispensável para garantir a qualidade da informação transmitida e a
legalidade das ações realizadas. Não seja alarmista! A segurança dos demais
policiais militares depende do seu profissionalismo em comunicar-se pela
rede-rádio.

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( - BEPM nº 12, de 07 de outubro de 2020 - ) Página : ( - 31 - )

O encerramento da blitz será realizado via rede de rádio ou por telefone (190), devendo seu
comandante comunicar ao COPOM ou correspondente e ao coordenador do policiamento a
finalização e os resultados alcançados.

Nas operações das Unidades Especializadas, deve-se atentar para a utilização de um Rádio
HT na frequência da área de atuação, além do acompanhamento de sua própria rede de
rádio.

3.6 Busca

A realização de busca pessoal e veicular na operação é uma decisão do policial militar


quando vislumbrar uma fundada suspeita, observando-se a discricionariedade e o pleno
exercício de sua autoridade legal.

Procure ser discreto, oriente o cidadão, explique o que está fazendo, seja compreensivo e
procure contornar os eventuais conflitos, sem descuidar-se de sua segurança e dos seus
companheiros.

Após decidir pela realização da busca nos ocupantes no veículo, evite posicioná-los na pista
de rolamento. Realize a busca de forma a evitar constrangimentos.

A busca veicular consiste na verificação interna e externa do veículo abordado, por meio de
revista nos compartimentos suscetíveis a serem utilizados para esconder objetos ilícitos. A
busca estende-se a quaisquer outros objetos que estejam com as pessoas no interior do
veículo.

Via de regra, veículos não são domicílios, por isso devem ser alvos de buscas toda vez que
houver fundada suspeita.

A busca do veículo deverá ocorrer somente após o desembarque e a busca pessoal de


todos os ocupantes do veículo. Primeiramente, orienta-se realizar a revista interna, para
depois se realizar a revista externa.

Durante a busca veicular, o condutor do veículo e passageiros devem aguardar sobre a


calçada próximo à parte traseira do veículo. O PM Segurança permanecerá atento ao
comportamento dos ocupantes do veículo, enquanto o PM Revistador realiza a busca.

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( - BEPM nº 12, de 07 de outubro de 2020 - ) Página : ( - 32 - )

O detalhamento dos procedimento para busca veicular estão descritos no MTP 04.

3.7 Direção Veicular e Alcoolemia8

O CTB define como infração administrativa a conduta de dirigir sob a influência de álcool ou
de qualquer outra substância psicoativa que determine dependência.

No mesmo sentido, a referida lei estabelece em seu art. 306 que, a depender da quantidade
de álcool ingerida pelo condutor ou da alteração da capacidade psicomotora verificada, tal
conduta consistirá em crime.

Dessa forma, a fiscalização da conduta de dirigir sob a influência de álcool ou outra


substância psicoativa que determine dependência é um procedimento operacional rotineiro.
O teste com o aparelho destinado à medição do teor alcoólico no ar alveolar (etilômetro) é
um dos recursos disponíveis para essa finalidade.

O teste em etilômetro, portanto, poderá ser utilizado como recurso para constatação da
embriaguez do condutor, seja para configuração de infração administrativa de trânsito ou
para configuração de crime de trânsito.

Em relação à configuração do crime de trânsito, a legislação de trânsito define ser ilícito


conduzir veículo automotor quando o teste de etilômetro apresentar medição igual ou
superior a 0,34 miligrama de álcool por litro de ar alveolar expirado (0,34 mg/L) 9 ,
descontado o erro máximo admissível conforme legislação. Nesse caso, será cabível a
adoção de medidas administrativas como retenção do veículo, confecção de AIT,
recolhimento da Carteira Nacional de Habilitação (CNH) e criminais como a prisão do
condutor.

Porém, se o teste do etilômetro apresentar medição entre 0,05 mg/L e 0,33 mg/L, será
verificado somente o cometimento de infração administrativa de trânsito, ocasião em
que deverão ser adotadas apenas as medidas administrativas relatadas no parágrafo
anterior.

8Alcoolemia: Presença de álcool no sangue (ex. taxa de alcoolemia). in Dicionário Priberam da Língua
Portuguesa [em linha], 2008-2013. Disponível em: https://dicionario.priberam.org/alcoolemia. Acesso em: 09 Dez.
2019.
9 Ver art. 7º, II da Resolução nº 432/2013 do CONTRAN.

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( - BEPM nº 12, de 07 de outubro de 2020 - ) Página : ( - 33 - )

Não obstante, é possível que o condutor abordado se recuse a realizar o teste do etilômetro.
Se isso ocorrer e o condutor não apresentar sinais de uso de bebida alcóolica ou outra
substância que cause dependência, o policial deverá fazer a autuação correspondente à
recusa de se submeter ao teste, reterá o veículo até que um condutor habilitado possa
retirá-lo do local e deverá recolher a CNH do abordado.

Todavia, ocorrida a recusa ao teste e se o abordado apresentar sinais de embriaguez, o


policial militar poderá, constatando sinais de alteração da capacidade psicomotora do
condutor, além de tomar providências administrativas, também tomar providências
criminais10.

Sobre o assunto, é importante destacar que para a verificação da alteração da capacidade


psicomotora pelo policial militar, deverá ser considerado não somente um sinal, mas um
conjunto de sinais que comprovem a situação do condutor.

De acordo com o Anexo II da Resolução nº 432/2013 do Conselho Nacional de Trânsito


(CONTRAN), os sinais que podem ser observados pelo policial e que denotam o uso de
álcool são:

a) quanto à aparência: sonolência, olhos vermelhos, vômito, soluços, desordem nas vestes,
odor de álcool no hálito;
b) quanto à atitude: agressividade, arrogância, exaltação, ironia, estar falante, dispersão;
c) quanto à orientação: desconhecimento do local em que está, desconhecimento de data
e hora;
d) quanto à memória: desconhecimento do próprio endereço, desconhecimento de atos
cometidos;
e) quanto à capacidade motora e verbal: dificuldade de equilíbrio, fala alterada.

Portanto, é essencial que o policial militar esteja preparado para tomar as providências
corretas quando se deparar com um condutor que esteja dirigindo seu veículo sob o efeito
de álcool, sabendo utilizar o etilômetro e demais recursos ao seu alcance para verificar o
cometimento de crime ou infração de trânsito.

10O policial militar poderá se respaldar no inciso II do art. 5º da Resolução 432/2013 do CONTRAN, cuja redação
define que o crime de dirigir sob a influência de álcool poderá ser constatado pelo agente da Autoridade de
Trânsito, pela verificação dos sinais de alteração da capacidade psicomotora do condutor.

32
( - BEPM nº 12, de 07 de outubro de 2020 - ) Página : ( - 34 - )

Não obstante, é importante ressaltar que os procedimentos ora previstos se baseiam na


legislação em vigor durante a fase de elaboração do presente Manual. Considerando a
possibilidade de alterações legislativas, reforça-se a necessidade de constante estudo e
atualização da matéria por parte dos policiais militares.

3.8 Evasão

Durante a operação, situações de evasão podem ocorrer, geralmente, de 3 (três) maneiras


diferentes:

a) Quem evitou a blitz

Ao visualizar a operação, o condutor pode evitá-la, simplesmente, parando ou estacionando


seu veículo ou fazendo conversão na via antes de chegar no dispositivo policial. Nestes
casos, se o policial militar perceber uma postura do condutor que mereça uma atenção
especial, fará uma avaliação sobre o melhor procedimento a ser adotado, como por exemplo
deslocar em supremacia de força até onde o veículo foi estacionado para realizar
abordagem; transmitir as características do veículo, via rede-rádio, para possível abordagem
por outras viaturas no caso de fuga etc.

Evite mensagens com conteúdo alarmista na rede. Procure mobilizar somente os policiais
militares necessários para realizar a abordagem posterior. Alerte-os para procedimentos de
segurança, mas considere que pode ser apenas um condutor inabilitado.

Todavia, se o condutor evitar a operação, realizando manobras bruscas e perigosas para


evadir da blitz, orienta-se que sejam tomadas as seguintes providências e precauções:

 peça prioridade de comunicação e transmita as informações, via rede de rádio, com


tranquilidade. Evite alarmismo que possa confundir e colocar em risco as outras guarnições;

 mantenha a operação no mesmo local e não efetue disparos de qualquer natureza. A


tentativa de interceptar o veículo por meio de disparos na direção dos pneus e motor é uma
prática perigosa e ineficiente, pois as chances de êxito são mínimas, consideradas as
condições em que ocorrem, e a possibilidade de atingir uma pessoa inocente é muito grande
(vítima no porta-malas ou transeuntes);

33
( - BEPM nº 12, de 07 de outubro de 2020 - ) Página : ( - 35 - )

 atente para o fato de que a evasão pode estar atrelada a diversos fatores, inclusive
condutor inabilitado ou embriagado;

 se possível, adote posteriormente os procedimentos de lavratura das infrações de trânsito


cometidas pelo evasor.

b) Quem não respeitou a ordem de parada

Esteja bem atento com esta situação. Se o condutor não respeitou a ordem de parada e
empreendeu fuga, a possibilidade de estar em conflito com a lei é grande. Por isso, a equipe
deve transmitir rapidamente as características do veículo (local, direção de fuga, marca,
modelo, cor, placa e características dos ocupantes) para o COPOM ou correspondente, no
intuito de que sejam realizadas as ações de cerco, bloqueio e interceptação nas principais
rotas de fuga e vias de acesso do local. Nesses casos, as providências e precauções devem
ser tomadas conforme a alínea anterior, no que for pertinente.

c) Quem parou e resolveu fugir em seguida

Além de observar as orientações constantes do tópico anterior, neste caso, o risco de


atropelamento de policiais militares da blitz é maior, tendo em vista que o militar estará mais
próximo do veículo, com condutor inicialmente cooperativo e, que, bruscamente arranca
com o veículo em fração de tempo muito pequena. Mantenha-se atento, mesmo que o
veículo abordado esteja parado e desligado.

Caso seja possível identificar antecipadamente esta predisposição do abordado de fugir ou


dizer que simplesmente não permanecerá no local (autoridades, pessoas alcoolizadas, entre
outros), todos os policiais deverão atentar para este evento, interromper as abordagens
realizadas e adotar posturas preventivas, como por exemplo, apoderar-se das chaves de
ignição de maneira discreta e rápida;

Diante de uma evasão ou agressão armada, os policiais deverão estar prontos para
rapidamente buscarem um abrigo, a fim de não serem atropelados ou alvos dos disparos. A
conduta apropriada é abrigar-se e, posteriormente, avaliar o risco potencial de danos a
terceiros no caso de fogo cruzado entre agressor e policiais. As vidas dos policiais e dos
cidadãos sempre serão prioridade.

34
( - BEPM nº 12, de 07 de outubro de 2020 - ) Página : ( - 36 - )

ATENÇÃO! Veículos que passam repetidamente ou que estacionam voluntariamente


nas proximidades do local da blitz devem gerar suspeição. Os infratores podem
utilizar carros “escolta” para protegerem-se da ação da polícia. Considere que o
perigo também pode vir de outro veículo diferente daquele que está sendo parado na
pista pelo PM Selecionador. Nesse sentido, a equipe deve transmitir rapidamente as
características do veículo (marca, modelo, cor, placa e características dos ocupantes)
para o COPOM ou correspondente, para que, se necessário, uma equipe policial do
turno possa auxiliar na abordagem policial aos suspeitos.

3.9 Emprego de armas de fogo

Durante as operações, os policiais devem ter cuidados especiais com o uso diferenciado da
força, principalmente no que se refere à utilização de armas de fogo (dissuasivo e disparo),
quando o emprego dos demais níveis da força não forem suficientes para solucionar a
intervenção. Observando preceitos legais e técnicos, a utilização de armas de fogo durante
a blitz deverá seguir as seguintes orientações:

a) situação do abordado cooperativo:

Os policiais com armamento de porte deverão manter suas armas nos coldres, em
condições de serem sacadas quando necessário. Somente o PM Segurança manterá o seu
armamento em posição de arma localizada ou guarda baixa, conforme a categoria da blitz e
as características do local, quando não dispuser de armamento portátil.

O PM responsável pela resposta imediata nos casos em que a situação se agrave deverá
ser qualquer membro da equipe que estiver em melhor posicionamento tático e em condição
de agir prontamente. É importante, portanto, que o PM Segurança, considerando sua
função específica, procure sempre a melhor posição para prover a proteção da equipe.

b) situação de resistência passiva

Caso seja necessário empregar controle de contato, essa reação deverá ser do policial que
estiver melhor posicionado e que possua maior domínio das técnicas de defesa pessoal
policial. Assim como na situação de normalidade, somente o PM Segurança manterá o seu
armamento em posição de arma localizada, guarda baixa ou guarda alta, conforme

35
( - BEPM nº 12, de 07 de outubro de 2020 - ) Página : ( - 37 - )

avaliação de risco. Os demais deverão estar com as mãos livres para emprego de outros
níveis da força e algemação, se a situação se agravar.

c) Situação de resistência ativa

Apresenta-se nas seguintes modalidades:

 Com agressão não letal: Em caso de reação do abordado que, em princípio, não coloca
em risco a vida dos policiais, a resposta imediata será do PM que estiver mais próximo, ou
em melhor posicionamento tático. Apenas o PM Segurança estará com a arma de fogo
empunhada em condições de uso. Desta forma, os demais policiais permanecerão com as
mãos livres para efetuarem a imobilização e algemação do agressor.

 Com agressão letal: O abordado utiliza de agressão que põe em perigo de morte o
policial ou pessoas envolvidas na intervenção. Neste caso, a resposta imediata será do PM
Segurança, que estará com a arma em pronta resposta. A primeira reação dos policiais
deve ser voltada para a preservação de suas vidas e dos cidadãos, por isso, deverão
procurar abrigo e somente disparar quando presentes as condições elencadas na Seção 7
sobre uso de armas de fogo do MTP 01.

Essas orientações são fundamentais para:


 evitar a demonstração desnecessária de força e a consequente vulgarização do impacto
desejado quando todos os policiais retiram as armas do coldre e as empunham, ou quando
as apontam para o abordado;

 propiciar ao policial opções de uso diferenciado desse nível da força aplicado a cada
situação;

 propiciar a presença de policiais com as mãos livres para ações (revistar, algemar,
imobilizar, entre outros) necessárias aos trabalhos da equipe;

 evitar o risco de disparo acidental quando existem várias armas apontadas em um


determinado local de abordagem;

 evitar a possibilidade de fogo cruzado entre os componentes da equipe quando da


eventual ação dos policiais, disparando suas armas para se defenderem.

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( - BEPM nº 12, de 07 de outubro de 2020 - ) Página : ( - 38 - )

Especial atenção deve ser dada quanto à direção dos disparos realizados contra o agressor,
bem como quanto às características técnicas do armamento e da munição (calibre, potência
e alcance) que é utilizado pelo PM.

O PM Segurança, equipado com uma arma portátil com bandoleira, terá como benefício da
utilização desse armamento, o seu aspecto de impacto psicológico, inibindo uma possível
reação. A escolha desse armamento deve ser baseada nas suas características técnicas de
emprego, alcance útil e calibre da munição.

Em caráter complementar, proceder, conforme letra “e” da Subseção 7.2.7 do MTP 01, no
que for pertinente, como se segue:
Disparos contra veículos em fuga: a regra é não atirar. Todavia, existem algumas
circunstâncias em que a vida do policial militar ou a de terceiros se encontra em grave e
iminente risco, como nos casos de atropelamentos ou acidentes intencionais provocados
pelo veículo em fuga (o motorista utiliza o veículo como “arma”).

Estes disparos representam a única opção do policial para detê-lo. Nessas situações, ele
deve considerar as possíveis consequências (riscos) de disparar, e sua responsabilidade na
proteção da vida de outras pessoas, para isto observará o seguinte:

 estes disparos tem pouca eficácia para fazer parar um veículo e os projéteis podem
ricochetear (no motor ou nos pneus) ou atravessar o veículo ou, até mesmo, não atingi-lo,
convertendo-se em “balas perdidas”;

 se o condutor for atingido, existe um risco elevado de que ele perca o controle do veículo
e cause acidentes graves;

 estes disparos tem pouca precisão, a pontaria fica prejudicada pelo movimento do veículo
e pelo balanço provocado por ele, inclusive quando efetuados por atiradores experientes;

 existe a possibilidade de que vítimas (reféns) estejam no interior do veículo perseguido,


inclusive dentro do porta-malas;

 os disparos efetuados pelos policiais podem provocar um revide por parte dos abordados,
incrementando ainda mais o risco para outras pessoas, principalmente em áreas urbanas
(balas perdidas). O mais recomendável é distanciar-se do veículo em fuga e, sem perdê-lo
de vista, adotar medidas operacionais para efetuar o cerco e o bloqueio. Recomenda-se,

37
( - BEPM nº 12, de 07 de outubro de 2020 - ) Página : ( - 39 - )

ainda, solicitar reforço policial para que a intervenção possa ser realizada com mais
segurança.

ATENÇÃO! Policiais militares não deverão disparar contra veículos


que desrespeitem um bloqueio de via pública, a não ser que ele
represente um risco imediato à vida ou à integridade dos policiais ou
de terceiros, por meio de atropelamentos ou acidentes intencionais
(o motorista utiliza o veículo como “arma”).

38
( - BEPM nº 12, de 07 de outubro de 2020 - ) Página : ( - 40 - )

4 PROCESSO DE COMUNICAÇÃO

O processo de comunicação para a Blitz Policial seguirá os procedimentos previstos no MTP


01.

4.1 Sinalização

Na orientação do trânsito, os policiais militares utilizam sinais regulamentares para conduzir


o veículo na direção do Box.

Os sinais de orientação são sonoros e gestuais e devem ser executados com firmeza,
correção, determinação e objetividade, qualidades obtidas por meio de repetições e de
treinamento.

Uma sinalização executada de maneira correta evitará que os condutores tenham uma
interpretação equivocada ou duvidosa quanto à obediência às ordens emitidas durante a
fiscalização. Desta forma, o PM Selecionador não pode apresentar timidez, embaraço ou
dúvida na sua atuação. Deve utilizar a comunicação como ferramenta que o auxilia na
expressão da sua autoridade policial-militar.

a) Sinais sonoros

Os sinais sonoros emitidos por meio de silvos de apito estão descritos no Quadro 2 abaixo,
conforme previsto no CTB. Os sinais sonoros devem ser utilizados em conjunto com os
sinais gestuais.

Quadro 2 - Sinais sonoros aplicáveis à Blitz Policial


SINAL SIGNIFICADO UTILIZAÇÃO
Liberar o trânsito em direção/sentido indicado
1 (um) silvo breve Atenção Siga
pelo agente
2 (dois) silvos breves Pare Indicar parada obrigatória
Quando for necessário fazer diminuir a marcha
1 (um) silvo longo Diminua a marcha
dos veículos
Fonte: Lei nº 9.503, de 23 de setembro de 1997, instituiu o Código de Trânsito Brasileiro e Resluções do
CONTRAN.

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( - BEPM nº 12, de 07 de outubro de 2020 - ) Página : ( - 41 - )

b) Sinais gestuais

Os gestos correspondem a movimentos convencionais de braço, para orientar e indicar o


direito de passagem dos veículos.

As ordens emanadas por meio das sinalizações feitas pelos policiais militares prevalecem
sobre as regras de circulação e sobre as normas definidas por outros sinais de trânsito,
conforme Quadros 2 e 3.

Quadro 3 - Sinais gestuais aplicáveis à Blitz Policial


SINAL SIGNIFICADO

Ordem de parada obrigatória para todos


os veículos. Quando executada em
interseções, os veículos que já se
encontrem nela não são obrigados a
parar.

Sinal indicativo para entrada no box.

Ordem de diminuição da velocidade.

Fonte: Elaborado pelo autor.

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( - BEPM nº 12, de 07 de outubro de 2020 - ) Página : ( - 42 - )

Os procedimentos para a parada do veículo no Box e seu retorno à via são os seguintes:

 escolhido o veículo a ser abordado, o PM Selecionador determina aos veículos que


diminuam a marcha, emitindo, 1 (um) silvo longo de apito, bem como gesticulando a
ordem de diminuição de velocidade;

 quando o veículo selecionado estiver próximo, o PM Selecionador levanta o braço e


efetua 2 (dois) silvos breves a fim de parar o trânsito de veículos. Em seguida, por meio
de gestos e apito através de 1(um) silvo breve, determina ao condutor que se desloque
para o Box.

Após o veículo a ser abordado adentrar no Box, o PM Selecionador deverá normalizar o


tráfego de veículos na via, emitindo um silvo breve e gesticulando para que os condutores
sigam em frente.

Para fazer o veículo retornar à via com segurança, o PM Revistador/Vistoriador deverá:

 observar o fluxo de veículos e aguardar o momento mais seguro para a saída do veículo
abordado;

 retirar quaisquer materiais que impeçam ou dificultem a saída do veículo (cones,


cavaletes etc);

 parar o trânsito na via, através de gesto e 2 (dois) silvos breves, caso seja necessário;

 emitir 1 (um) silvo breve, olhar para o condutor, apontar para o sentido do fluxo de
trânsito e indicar: “SIGA EM FRENTE”.

4.2 Verbalização policial durante a blitz

4.2.1 Abordado Cooperativo

Sugere-se, como referencial, o seguinte diálogo:

“— Bom dia! Eu sou o Sargento ... (dizer posto / graduação e o


nome), da Polícia Militar.” (utilize o complemento POLÍCIA MILITAR

41
( - BEPM nº 12, de 07 de outubro de 2020 - ) Página : ( - 43 - )

DE MINAS GERAIS, caso esteja em operação próxima à divisa/


fronteira do Estado).

“— Tudo bem? Desligue o veículo e coloque suas mãos sobre o


volante.” (Os outros ocupantes também devem colocar as mãos em
local visível)

Aguarde a resposta do abordado, verifique se houve entendimento de sua mensagem e qual


o nível de cooperação demonstrado. Caso o abordado mantenha-se cooperativo, dê
continuidade ao diálogo:

“— Esta é uma operação policial preventiva. Para a sua segurança,


siga minhas orientações, OK...?”

Novamente, aguarde a resposta. No caso do abordado manter-se cooperativo, mantenha-se


no estado de alerta (laranja), advirta os demais integrantes da guarnição e prossiga na
abordagem, até que seja assegurada a minimização do risco de porte de armas ou de
possíveis reações do abordado.

Nesse momento da abordagem, a equipe policial-militar estará atenta para os seguintes


aspectos:

 verificar, rapidamente, se existem outras pessoa e objetos no interior do veículo;

 utilizar o tirocínio policial e atualizar a avaliação de riscos para identificar possíveis


práticas delituosas;

 decidir sobre a necessidade de verbalizar com outras pessoas no interior do veículo, a


fim de certificar-se de que não esteja ocorrendo condução coercitiva de algumas dessas
pessoas por parte do motorista ou dos ocupantes, a exemplo de sequestro, abuso de
inocência nos casos de crianças ou deficientes mentais ou outras condutas criminosas mais
graves.

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( - BEPM nº 12, de 07 de outubro de 2020 - ) Página : ( - 44 - )

Caso não haja indícios das situações acima, dê sequência à abordagem ao motorista:

“— Qual o seu nome...?”

Aguarde a resposta. Caso o abordado não forneça o nome, trate-o


por cidadão. Se o abordado fornecer o nome passe a tratá-lo da
seguinte forma:

“— Senhor ... (nome), está portando a carteira de habilitação e o


documento do veículo?” (Aguarde a resposta.).

“— Senhor ... (nome), lentamente, pegue os documentos e me


entregue. Não faça movimentos bruscos.”

Apenas os documentos devem ser aceitos pelo policial militar, ou seja, caso estejam dentro
de carteiras, bolsas ou outros porta-documentos que possam conter dinheiro ou objetos
desnecessários deve ser determinado ao condutor que lhe entregue somente o que foi
solicitado.

Após a entrega dos documentos, certifique-se de que o motorista recolocou as mãos sobre
o volante. Caso não o tenha feito, oriente-o novamente. Em seguida, confira os documentos
e solicite informações ao COPOM ou correspondente sobre prontuário e queixa-furto. Para
isso, alerte o abordado sobre seu procedimento, dizendo:

“— Aguarde! Vou conferir os dados.”

Durante a conferência dos dados, o PM Segurança estará no estado de alerta (laranja) e


manterá vigilância sobre os ocupantes.

Não será necessário realizar busca pessoal e veicular, se:

 as informações repassadas pelo COPOM ou correspondente confirmarem os dados da


documentação;

 se nada consta em relação ao veículo e seus ocupantes;

43
( - BEPM nº 12, de 07 de outubro de 2020 - ) Página : ( - 45 - )

 se a vistoria inicial e avaliação de riscos indicar que não há indícios de fundada


suspeição. Nesse caso, dirija-se ao motorista, devolva-lhe a documentação e informe-o
sobre o andamento da abordagem.

“— Senhor... (nome ou o trate por “cidadão”) a documentação está


correta.” (tratar a pessoa pelo nome que consta na identidade
apresentada)

Caso haja criança(s) no veículo, cumprimente-a(s) com amabilidade e cortesia:

“— Oi, tudo bem?”


“— Qual o seu nome?”
“— Quantos anos você tem?“

Caso haja animais no interior do veículo, aproxime-se com cuidado e solicite ao condutor
que o controle.

Terminada a abordagem, explique ao cidadão sobre a importância da operação policial para


a garantia da segurança pública:

“— Agradeço pela colaboração e conte com o nosso serviço. Tenha


um bom dia!”

Na hipótese de se verificar elementos que caracterizem a fundada suspeita, o PM


Revistador/Vistoriador sinalizará para o PM Segurança (gesto com as mãos simbolizando
“suspeito”), que apoiará o desembarque e a busca pessoal e veicular. Logo após, verbalize
com os ocupantes:

“— Senhor... (nome), será necessário que desça do veículo. Vamos


dar sequência à abordagem policial. Retire o cinto de segurança e
desembarque. Não faça movimentos bruscos para sua segurança.
Abra a porta e desça em direção ao passeio/acostamento.”

Nesse momento, afaste-se, de modo a permitir que o cidadão abra a porta do carro.
Mantenha constante monitoramento dos abordados (principalmente das mãos).

44
( - BEPM nº 12, de 07 de outubro de 2020 - ) Página : ( - 46 - )

Se houver mais de uma pessoa no veículo, explique que todos deverão desembarcar do
veículo, um a um, para maior segurança.

Indique a cada uma das pessoas embarcadas no veículo quando deverão descer e quais
procedimentos deverão seguir, conforme os preceitos da técnica policial-militar. Todos os
movimentos deverão ser orientados, seguindo a sua verbalização.

Nos casos de busca pessoal, o PM Revistador/Vistoriador dialogará com o abordado de


forma pausada conforme a seguinte sequência:

“— Coloque as mãos sobre a testa. Cruze os dedos. Fique de costas


para mim. Afaste os pés e permaneça parado!”

Se nada for constatado com a pessoa ou no veículo, encerre a abordagem e inicie o


procedimento para liberar o abordado.

4.2.2 Abordado resistente passivo ou ativo

No caso do abordado resistente, após realizar avaliação de riscos, o policial militar deve
mensurar e avaliar as atitudes e adaptar sua linguagem, sendo mais imperativo e impositivo.
Comunique imediatamente com seus companheiros sobre o nível de reação do abordado,
para que a força empregada seja adequada, coerente com os princípios para uso da força,
com foco na segurança dos envolvidos na intervenção.

Considere que poderão existir diversas razões que levarão o abordado a resistir de maneira
passiva ou ativa às ordens dadas, por exemplo:

 quando não compreende a ordem emanada pelo policial;

 quando não acata simplesmente porque quis desafiar a autoridade ou desmerecer a ação
policial, tentando, assim, expô-lo a uma situação humilhante frente ao público, ou ainda,
provocar o uso excessivo de força;

 quando busca conseguir simpatia de pessoas a sua volta, colocando-as contra a atuação
da polícia, assumindo assim uma posição de vítima;

45
( - BEPM nº 12, de 07 de outubro de 2020 - ) Página : ( - 47 - )

 quando tem algo para esconder (armas, drogas, outros) e busca distrair a atenção do
policial;

 quando quer ganhar tempo para fugir ou enfrentar fisicamente os policiais, isto é, com
resistência ativa.

O policial militar poderá verificar, por meio de verbalizações, se o abordado compreende o


que está sendo dito:

“ — Você está me entendendo?” ou


“— O que está acontecendo? Por que você não me obedece?” ou
“— Está tudo bem? Você está com algum problema?”

Caso o abordado demonstre que entendeu as ordens, mas não as acatou, o policial deverá
adverti-lo quanto ao seu comportamento, esclarecendo tratar-se de crime (desobediência,
art. 330 do Código Penal Brasileiro) e que, evoluindo o conjunto de recusa por sua parte,
pode redundar em outros crimes, tais como desacato, resistência ou agressão contra
policiais.
“ — Obedeça! Desobediência é crime!” ou
“— Cidadão, isto é uma ordem legal! Faça o que estou mandando!”

Caso o abordado resista, passiva ou ativamente, ao ser submetido à busca, alerte-o sobre
as consequências da desobediência à ordem legal. Persistindo a desobediência, aja com
superioridade numérica, isole-o dos demais, e use o nível de força, conforme o nível da
resistência, para compeli-lo a cumprir a determinação legal.

Se detectar algum objeto ilícito durante a busca pessoal ou constatar indícios de infração
penal, imediatamente, separe o suposto infrator dos demais ocupantes do veículo e inicie
uma busca minuciosa. Confirmada a situação infracional e decidido pela condução, siga os
procedimentos previstos no MTP 02 quanto ao uso de algemas (se necessário),
verbalização da ação e condução até o interior da viatura policial-militar.

Os policiais militares responsáveis pela condução deverão relacionar os objetos ilícitos


encontrados, qualificar o infrator e conferir o prontuário (caso ainda não o tenha feito).

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( - BEPM nº 12, de 07 de outubro de 2020 - ) Página : ( - 48 - )

LEMBRE-SE: arrole e qualifique as testemunhas da prisão efetuada,


preferencialmente oriundas do público presente que tenha visto o
incidente ou acompanhado a ação policial. Evite relacionar policiais
como testemunhas.

Conforme o art. 5º da Constituição Federal sugere-se que sejam fornecidas as seguintes


informações para o caso de prisão em decorrência de flagrante delito ou de mandado
judicial:
“— (Citar o nome da pessoa presa), sou o ...” (citar o posto ou
graduação e nome do policial condutor da prisão).
“— Você está preso pelo cometimento do crime de ...” (citar o delito).
“Você tem o direito de permanecer calado.
“— Você tem o direito a assistência da sua família e de seu
advogado.”
“— Você está bem? Necessita de algum atendimento médico?”
“— Você será encaminhado à delegacia...” (citar o local onde será
feito o encerramento do BO/REDS)
“— Na delegacia, sua família ou pessoa indicada por você poderá ser
comunicada.”

É conveniente fazer perguntas ao revistado, tais como:

“— Por favor, confira seus pertences!”

No caso do abordado descer do veículo ou caminhar em direção à guarnição, o policial


deverá avaliar a situação conforme os preceitos de técnica policial para conter e controlar a
situação. Nessa hipótese, sugere-se como verbalização:

“— Parado! Não se aproxime!”


“— Acate minhas ordens! Mantenha suas mãos onde eu possa ver!”
“— Coloque suas mãos para cima!”
“— Não faça movimentos bruscos. Obedeça à ordem policial!”

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( - BEPM nº 12, de 07 de outubro de 2020 - ) Página : ( - 49 - )

4.3 Procedimentos específicos

Diante da diversidade de situações com as quais o policial pode se deparar nas abordagens,
é importante atentar para algumas especificidades de ocorrências envolvendo autoridades
ou tentativa de corrupção11 por parte do abordado.

4.3.1 Abordagem a autoridades

Caso o abordado se apresente como autoridade titular de prerrogativas ou imunidades,


proceda da seguinte forma:

 estabeleça um diálogo inicial respeitoso e amistoso e utilize, de imediato, os pronomes de


tratamento adequados ao cargo ou à função alegados por ele;

 identifique-se, diga seu nome, posto ou graduação, e explique que se trata de uma
operação policial;

 diga-lhe que por não conhecê-lo pessoalmente será necessário que apresente a
identidade funcional correspondente.

Nesse caso, é sugerida a seguinte verbalização:

“— Senhor, (Embaixador, Juiz, Promotor, Deputado, General,


Delegado, etc.) eu sou o (posto ou graduação, seguido de nome)
estamos realizando uma operação preventiva para a sua segurança.”
“— Necessito que o senhor apresente sua carteira funcional.”

Constatada formalmente a identificação da autoridade, segundo o grau de imunidades e


prerrogativas, o policial avaliará as circunstâncias, para ver se é o caso de não prosseguir
na abordagem ou prosseguir e acionar quem de direito e adotar as providências cabíveis,
conforme cada circunstância observada.

Havendo indícios de suspeição, solicite a colaboração do abordado no sentido de


apresentar os demais documentos do veículo ou facultar a busca veicular.

11Conforme art. 7º do Código de Conduta para os Encarregados pela Aplicação da Lei (CCEAL) e o previsto no
art. 308 do Código Penal Militar (Crime de Corrupção).

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( - BEPM nº 12, de 07 de outubro de 2020 - ) Página : ( - 50 - )

Caso a autoridade se negue a apresentar sua carteira funcional, ou diante situações mais
graves de fundada suspeição, comunique o fato ao coordenador do policiamento, solicitando
ao COPOM ou correspondente a presença de representante do órgão a que pertence a
autoridade, para as medidas decorrentes. Nesse caso, deverá dizer:

“— Senhor... (nome com declinação do cargo alegado), necessito


que aguarde no local, pois o coordenador de policiamento já está a
caminho para solucionar esta situação.”

Na solução dos conflitos ou desentendimentos que porventura possam surgir, o policial


militar buscará atuar com comedimento e profissionalismo, evitando:

 discussões acaloradas (provocativas), corporativistas e que se exponham ao público ou à


imprensa;

 imposição de autoridade sobre autoridade, em uma disputa desgastante para ambos.

Conforme evolua a gravidade do incidente, as ações de contatos físicos ou uso de


equipamentos serão restritos à contenção da pessoa e à defesa dos policiais militares.

Numa situação de descontrole emocional da autoridade envolvida, que poderá utilizar a


arma que porta para ameaçar a equipe ou empreender fuga, deverá ser dada atenção
especial à segurança dos policiais, do público presente no local da ocorrência e do
abordado, observando-se o uso diferenciado da força.

Em caso de envolvimento de alguma autoridade em ocorrência policial de qualquer natureza,


o COPOM ou correspondente deverá ser imediatamente acionado a fim de contatar com o
órgão ao qual o envolvido pertence.

As eventuais escoltas e conduções posteriores serão realizadas por integrantes da própria


Instituição a que pertencer o abordado. Na impossibilidade, mediante prévia solicitação
formal da respectiva chefia ou comando, a condução poderá ser realizada em viatura da
PMMG.

Na situação da autoridade querer forçar a saída da blitz antes da solução final da ocorrência,
deverão ser adotadas as medidas previstas no item 5.1 do MTP 02, conforme a situação
verificada.

49
( - BEPM nº 12, de 07 de outubro de 2020 - ) Página : ( - 51 - )

A divulgação dos fatos aos órgãos de imprensa obedecerá aos preceitos estabelecidos
pelas normas da PMMG.

4.3.2 Procedimento policial diante de tentativa de corrupção

Existem situações em que o abordado, para se ver livre de prisão ou sanção administrativa,
oferece alguma vantagem para o policial militar. Essas tentativas podem ser feitas de
inúmeras formas, mas o militar deve agir com profissionalismo.

Em outros casos, a experiência policial nos mostra que o abordado, por se sentir nervoso,
ou por descrédito com os órgãos responsáveis pela aplicação da lei, empregue termos,
palavras ou gestos, de maneira que possam gerar interpretações que configurem situação
semelhante à citada acima, ou seja, tentativa de corrupção.

Desse modo, pode ocorrer, por exemplo, a entrega de documentos (carteira de habilitação,
Certidão de Registro e Licenciamento de Veículo), com alguma vantagem econômica, como
quantia em dinheiro “deixada” intencionalmente junto à documentação e entregue ao policial.

Nesses casos, o PM deverá confirmar sua suspeita, podendo manter o seguinte diálogo:

“— Senhor, por favor, retire os pertences particulares e me entregue


somente os documentos solicitados.”

Há também os casos de insinuações feitas pelo abordado, utilizando falas do tipo:

“— É para o cafezinho!” ou,


“— Dá para resolver de outra forma esta situação!” ou,
“— Como podemos administrar esse problema!” ou,
“— Como forma de agradecer pelo seu serviço!” ou,
“—O senhor merece!” ou,
“—Pela sua educação!” ou,
“— Este dinheiro estava aí dentro para o senhor!” ou,
“— Eu nem lembrava desse dinheiro, pode ficar com ele!” ou,
“— É só um agrado, seu guarda!”

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( - BEPM nº 12, de 07 de outubro de 2020 - ) Página : ( - 52 - )

Nessas situações, o policial militar pode usar as seguintes frases:

“— Senhor, não estou entendendo sua pergunta/ colocação, por


favor, repita!” ou,
“— Senhor, o que está propondo?” ou,
“— Senhor, o que está me dizendo?” ou,
“— Senhor, para que é este dinheiro?”

Caso a conduta do abordado enquadre-se em crime de corrupção12, o policial militar deve


fazer valer os valores cultuados pela Polícia Militar, sobretudo o da ética, transparência e
justiça, devendo arrolar testemunhas idôneas e adotar as medidas legais.

4.4 Orientações gerais

Em uma abordagem, o policial militar deve considerar que:

a) diversas condições podem gerar insatisfação em uma pessoa abordada em uma blitz
policial; seja pelo atraso para comparecer a algum compromisso, seja pelo constrangimento
frente ao público do local (às vezes vizinhos) ou aos demais passageiros do veículo (às
vezes familiares), ou ainda, pelo fato de coloca-los na condição de pessoa em atitude
suspeita. Diante dessas situações, pode ser que o abordado tente argumentar ou questionar
a ação policial, o que não configuraria necessariamente resistência, ou desacato. Nesse
caso, seja tolerante, prudente e sempre atento a sua segurança, avalie cada situação para
melhor definir suas ações;

b) nem todo cidadão se dispõe a colaborar espontaneamente. Mantenha o controle da


situação através da verbalização adequada e busque identificar as possíveis razões pelas
quais ele pode estar sendo resistente. Fique atento para não se deixar levar por
provocações e cair em armadilhas do abordado que procura se vitimar diante da ação do
policial;

c) o abordado poderá ter dificuldades de escutar suas ordens, em decorrência de barulho na


rua, por estar com o aparelho de som ligado, por ter problemas auditivos ou ainda por ser
estrangeiro. Nessa situação, determine a ele que desligue o som do veículo, seja tolerante e
expresse novamente sua intenção;

12 Conforme art. 333 do Código Penal Brasileiro.

51
( - BEPM nº 12, de 07 de outubro de 2020 - ) Página : ( - 53 - )

d) pessoas sob efeito de álcool ou drogas poderão ficar confusas e ter dificuldades de
entender suas colocações. Fique atento às reações do abordado e com a segurança dele,
da sua equipe e das pessoas próximas da ocorrência;

e) a sua segurança e a da sua equipe são fundamentais. Assim, esteja atento às diversas
peculiaridades do ambiente no qual se desenrola a operação policial e proceda sempre à
avaliação de riscos;

f) se o abordado demorar a responder ou a acatar as determinações, mas não manifestar


resistência ativa, você deverá insistir na recomendação dada, e repetir a ordem ou a
pergunta por três ou mais vezes. A repetição firme das ordens é uma técnica que demonstra
a determinação do policial e poderá superar a resistência inicial com profissionalismo;

g) caso o abordado não responda e se torne resistente, mantenha-se atento e proceda da


seguinte maneira:

 utiliza a comunicação verbal e não verbal como forma de auxiliar na verbalização;

 adeque o volume da voz e emita ordem direta alertando ao abordado quanto à prática de
crime;

 resguarde suas ações arrolando possíveis testemunhas que estejam próximas ao local;

 utilize recursos tecnológicos que estejam à disposição para comprovar a atuação legítima
do policial e a resistência do abordado. É o caso de aparelhos telefônicos celulares que
tiram fotos, filmam, gravam áudio, ou outros equipamentos similares. Na utilização desses
recursos, o policial deve ter cuidado de maneira especial com relação à postura e segurança,
de maneira que não se torne vulnerável na intervenção. Esses registros eletrônicos só
poderão ser utilizados de maneira oficial, sendo vedada a divulgação ou distribuição à
imprensa ou a outros órgãos.

Quaisquer desses fatores, mal trabalhados, podem levar o responsável pela abordagem a
fragilizar sua demonstração de autoridade.

52
( - BEPM nº 12, de 07 de outubro de 2020 - ) Página : ( - 54 - )

5 SITUAÇÕES ESPECÍFICAS

Esta Seção trata de duas situações que, em função de suas especificidades, exigem
orientações procedimentais específicas além das demais contidas neste MTP, a saber: a
abordagem a motocicletas e a realização de operação do tipo Blitz Policial em horário
noturno.

5.1 Abordagem a motocicletas

Durante a realização da operação, inevitavelmente, será necessário efetuar abordagem a


motocicletas e seus ocupantes. Este procedimento será alvo de maior atenção pela equipe,
pois a experiência operacional mostra que este tipo de veículo é largamente utilizado por
infratores para a prática de crimes, devido à sua mobilidade, agilidade no trânsito das
grandes cidades e dificuldade de identificação do rosto da pessoa devido ao uso de
capacetes.

Ao proceder à abordagem a motocicletas, o policial agirá de maneira análoga à apresentada


para a abordagem de veículos de 4 (quatro) rodas e deverá estar atento às seguintes
orientações específicas:

a) o PM Selecionador deverá proceder com cautela e avaliar o risco desta abordagem,


considerando que a motocicleta tem sido o meio mais utilizado para a prática de delitos;

b) o PM Revistador/Vistoriador realizará a abordagem pelo lado esquerdo dos ocupantes


da motocicleta, enquanto o PM Segurança ficará do lado direito. Neste momento os militares
observarão os pressupostos da Tática de Aproximação Triangular (TAT), monitorando as
mãos do motociclista e passageiro (se houver);

c) será ordenado ao condutor que desligue a motocicleta e retire a chave da ignição. Em


caso de suspeição, será determinado que o condutor e passageiro (se houver), coloquem as
mãos apoiadas no capacete;

d) a busca pessoal, quando necessária, será realizada da seguinte maneira: ao motociclista


será dada ordem para descer do veículo e colocar as mãos apoiadas no capacete. Caso
haja um passageiro, este será o primeiro a desembarcar e ficará de pé ao lado do veículo,
com as mãos apoiadas no capacete;

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e) em seguida, o PM Revistador/Vistoriador procederá busca pessoal no(s) abordado(s),


podendo ser na posição de contenção 1 (abordado em pé sem apoio) ou na posição de
contenção 2 (abordado em pé com apoio – viatura ou parede), conforme MTP 02 e
avaliação de riscos feita pelos militares empenhados na operação;

f) após a busca pessoal e não sendo detectada situação ilícita, os procedimentos de


fiscalização de documentos (motocicleta, motociclista e passageiro), bem como a vistoria da
motocicleta (lacre da placa, debaixo do assento, compartimento etc) deverão ser realizados.

5.2 Blitz noturna

O período noturno propicia um ambiente favorável à ocorrência de crimes, visto que a noite
oferece uma sensação de camuflagem para os infratores, os quais acreditam que a
escuridão amplia a possibilidade de êxito de uma fuga diante da ação policial-militar.

Por isso, a blitz, neste período deve ser planejada e executada com adoção de
procedimentos já descritos para a blitz diurna, porém com alguns cuidados especiais,
apresentados a seguir de modo a atender às peculiaridades inerentes à uma operação
noturna:

a) deve ser montada preferencialmente em local com boa iluminação artificial e que
proporcione segurança tanto no aspecto de visualização do dispositivo montado, quanto nas
condições de controle de perímetro. Os locais que, diante uma situação adversa, poderão
ser fatores complicadores à atuação policial-militar, devem ser evitados como aqueles
próximos a desfiladeiros, pontes, aglomerados urbanos, rios, locais de grande concentração
de pessoas, dentre outros;

b) a sinalização da via poderá sofrer algumas alterações para aumentar a segurança dos
envolvidos, pois desta forma é possível dar maior visibilidade à blitz e evitar acidentes que
envolvam a equipe policial e os pedestres. Cones com dispositivo luminoso e balizadores
manuais luminosos poderão ser utilizados como meios de sinalização;

c) os sistemas luminosos tipo giroflex garantem maior efetividade visual, à distância, se as


viaturas estiverem posicionadas longitudinalmente em relação à mão de direção e de
passagem dos veículos; logo, poderá haver adaptação do posicionamento transversal
descrito nos croquis e a adoção de posição paralela ao meio-fio da rua, o que propiciará
maior visibilidade ao dispositivo da operação;

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d) durante a abordagem noturna, tenha atenção redobrada, pois a baixa luminosidade


interfere diretamente na segurança do trânsito e na identificação de possíveis ameaças;
cabe ao policial militar se manter no estado de prontidão adequado para esta situação, o
que é uma medida de prevenção decisiva para a segurança da equipe;

e) a utilização de lanternas e dispositivos de iluminação manuais para esta operação é


imprescindível, seja para a correta iluminação dos abordados e monitoramento dos pontos
de foco e pontos quentes durante a abordagem, seja para efetuar a busca no interior dos
compartimentos do veículo;

f) ao proceder à abordagem no período noturno, o policial militar deve agir de maneira


análoga às situações apresentadas para as abordagens citadas anteriormente, sempre
atento às seguintes orientações particulares:

 quando não houver indício de suspeição, dialogue e tranquilize o abordado de forma a


evitar uma expectativa negativa em relação à atuação policial;

 ao proceder à parada do veículo, solicite ao condutor que apague os faróis, acenda a luz
interna do veículo e mantenha as mãos em local visível, preferencialmente sobre o volante;

 se o veículo possuir película de proteção (Insul-film), afaste-se e, sem bater no vidro,


solicite que o condutor abra a janela lentamente. Informe ao condutor que este
procedimento será necessário para segurança dos ocupantes e do próprio policial;

 utilize uma lanterna para melhor visualizar o interior do veículo, evitando apontar o foco
da luz diretamente para os olhos do condutor ou dos passageiros;

 evite expor sua visão aos locais de forte iluminação (faróis), isto poderá interferir
fisiologicamente na sua percepção visual e identificação rápida de um provável perigo.

(a) RODRIGO SOUSA RODRIGUES, CORONEL PM


COMANDANTE-GERAL

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( - BEPM nº 12, de 07 de outubro de 2020 - ) Página : ( - 57 - )

REFERÊNCIAS

BRASIL. Congresso Nacional. Lei Nº 9.503, 23 de setembro de 1997. Institui o Código de


Trânsito Brasileiro. Brasília, DF, 1997.

FRANÇA, Júnia Lessa. Manual para normalização de publicações técnico- científicas. 8


ed. Belo Horizonte, Ed. UFMG, 2009.

MINAS GERAIS. Polícia Militar. Manual de Prática Policial Nº 1: Abordagem, Busca e


Identificação. Belo Horizonte, MG, 1984.

MINAS GERAIS. Polícia Militar. Diretriz Auxiliar das Operações (DIAO). Belo Horizonte,
MG. 1994.

MINAS GERAIS. Polícia Militar. Comando-Geral. Resolução Nº 3.664, de 10 de junho de


2002. Aprova o Manual de Prática Policial – Vol. 1, de autoria do Maj PM Cícero Nunes e
Cap PM Marcelo Vladmir Corrêa, e o reconhece como Trabalho Técnico-Profissional. Belo
Horizonte: Centro de Pesquisa e Pós-Graduação da PMMG, 2002.

MINAS GERAIS. Polícia Militar. Diretriz Nº 3.02.01/09 – CG: Regula procedimentos e


orientações para a execução com qualidade das operações na Polícia Militar de Minas
Gerais. Belo Horizonte: Comando-Geral, 3ª Seção do Estado-Maior da PMMG, 2009.

MINAS GERAIS. Polícia Militar. Comando-Geral. Resolução Nº 4.827, de 26 de agosto de


2019. Dispõe sobre o Portfolio de Serviços da Polícia Militar de Minas Gerais. Belo
Horizonte, 2019.

MINAS GERAIS. Polícia Militar. Diretriz Geral para Emprego Operacional Nº 3.01.01/2019:
Regula o emprego operacional da Polícia Militar de Minas Gerais. Belo Horizonte: Comando-
Geral, Assessoria Estratégica de Emprego Operacional (PM3), 2019a.

MINAS GERAIS. Polícia Militar. Resolução Nº 4.739/2018 de 26 de outubro de 2018. Aprova


as Diretrizes de Educação da Polícia Militar de Minas Gerais e dá outras providências. Belo
Horizonte: Comando-Geral, 2019.

MINAS GERAIS. Polícia Militar. Comando-Geral. Plano Estratégico: 2020 –


2023/Comando-Geral. Belo Horizonte: Assessoria de Desenvolvimento Organizacional,
2020.

ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS. Resolução Nº 34/169, de 17 de dezembro de


1979. Código de Conduta para os Funcionários Responsáveis pela Aplicação da Lei
(CCEAL). Assembleia Geral das Nações Unidas, 1979.

ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS. Princípios Básicos sobre a utilização da Força


e de Armas de Fogo pelos Funcionários Responsáveis pela Aplicação da Lei
(PBUFAF). 8º Congresso das Nações Unidas. Cuba, 1990.

PRIBERAM. Dicionário da Língua Portuguesa. Disponível em:


https://dicionario.priberam.org/alcoolemia. Acesso em: 09 de dez. 2019.

ROVER, Cees de. Para Servir e Proteger. Direitos Humanos e Direito Internacional
Humanitário para Forças Policiais e de Segurança: Manual para Instrutores. Genebra.
Comitê Internacional da Cruz Vermelha, 1998, p. 70, 141-152.

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8
( - BEPM nº 12, de 07 de outubro de 2020 - ) Página : ( - 59 - )

RODRIGO SOUSA RODRIGUES, CORONEL PM


COMANDANTE-GERAL

CONFERE COM O ORIGINAL:

CLÁUDIA HERCULANA F. GLÓRIA, TEN CEL PM


AJUDANTE-GERAL

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