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POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS

AJUDÂNCIA-GERAL

SEPARATA
DO
BGPM

Nº 42

BELO HORIZONTE, 04 DE JUNHO DE 2019.

Para conhecimento da Polícia Militar de Minas


Gerais e devida execução, publica-se o
seguinte:
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DIRETRIZ Nº 3.01.10/2019-CG

NORTEIA A ATUAÇÃO DA POLÍCIA MILITAR DE


MINAS GERAIS SEGUNDO A FILOSOFIA DE
POLÍCIA COMUNITÁRIA

Belo Horizonte
2019
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DIRETRIZ DE POLÍCIA COMUNITÁRIA


Nº 3.01.10/2019-CG

Norteia a atuação da Polícia Militar de Minas


Gerais segundo a Filosofia de Polícia Comunitária

Belo Horizonte - MG
2019
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Direitos exclusivos da Polícia Militar do Estado de Minas Gerais (PMMG).


Reprodução condicionada à autorização expressa do Comandante-Geral da PMMG.
Circulação restrita.

Minas Gerais. Polícia Militar. Comando-Geral. Diretriz de Polícia


Comunitária Nº 3.01.10/19-CG: Norteia a atuação da Polícia Militar de
M663d Minas Gerias segundo a Filosofia de Polícia Comunitária. Belo
Horizonte. Comando-Geral, Assessoria Estratégica de Emprego
Operacional (AE3), 2019.

41p.

1. Polícia Comunitária-PMMG. 2. Comunidade-organização. 3.


Resolução de problemas. I. Mattos, Wagner Alan (coord.). II
Comando-Geral – PMMG. III. Título.

CDU – 351.746(815.1)
CDD – 352.2

Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca da Academia de Polícia Militar

ADMINISTRAÇÃO
Comando-Geral da Polícia Militar
Quartel do Comando-Geral da PMMG
Cidade Administrativa Tancredo Neves, Edifício Minas,
Rodovia Papa João Paulo II, nº 4143 – 6º Andar, Bairro Serra Verde
Belo Horizonte – MG – Brasil - CEP 31.630-900

SUPORTE METODOLÓGICO E TÉCNICO


Assessoria Estratégica de Emprego Operacional – AE3
Quartel do Comando-Geral da PMMG
Cidade Administrativa Tancredo Neves, Edifício Minas,
Rodovia Papa João Paulo II, nº 4143 – 6º Andar, Bairro Serra Verde
Belo Horizonte – MG – Brasil - CEP 31.630-900
E-mail: ae3gcg@pmmg.mg.gov.br.
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GOVERNADOR DO ESTADO
ROMEU ZEMA NETO

COMANDANTE-GERAL DA PMMG
CEL PM GIOVANNE GOMES DA SILVA

SUBCOMANDANTE-GERAL DA PMMG
CEL PM MARCELO FERNANDES

CHEFE DO GABINETE MILITAR DO GOVERNADOR


CEL PM EVANDRO GERALDO FERREIRA BORGES

CHEFE DE GABINETE DO COMANDO-GERAL DA PMMG


TEN CEL PM MARCELO RAMOS DE OLIVEIRA

SUPERVISÃO TÉCNICA
TEN CEL PM WAGNER ALAN DE MATTOS
CHEFE DA ASSESSORIA ESTRATÉGICA DE EMPREGO OPERACIONAL

REDAÇÃO
MAJ PM CLÁUDIO ALVES DA SILVA
MAJ PM SANDRO ALEX CANUTO GONÇALVES
MAJ PM RICARDO MARTINS DE ALMEIDA
MAJ PM RICARDO AMARAL RABELO
CAP PM RICARDO L. A. GONTIJO FOUREAUX
CAP PM ROBSON ROMIE LOPES PEREIRA
CAP PM RICARDO PEREIRA DE ARAÚJO GOMES
CAP PM RONAN SASSADA SILVA
2º SGT PM LANDO MAX CESÁRIO DA SILVA

REVISÃO ORTOGRÁFICA E DE NORMALIZAÇÃO


CAP PM RICARDO L. A. GONTIJO FOUREAUX

REVISÃO DOUTRINÁRIA
TEN CEL PM WAGNER ALAN DE MATTOS
MAJ PM SANDRO ALEX CANUTO GONÇALVES
3º SGT PM DANIELLE SUELI VENTURA

REVISÃO FINAL
TEN CEL PM WAGNER ALAN DE MATTOS
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PREFÁCIO

A filosofia de Polícia Comunitária perpassa por diferentes interpretações desde que foi
implantada como estratégia de atuação policial. A Polícia Militar de Minas Gerais (PMMG)
vem, desde a década de 1960, lapidando o entendimento referente a esta temática para
aprimorar os conceitos na prestação de serviços policiais.

Prova desta evolução se dá pela constante atualização dos documentos normativos que
orientam o desenvolvimento da Polícia Comunitária em Minas Gerais. Desde 1993, quando
a PMMG institucionalizou esta filosofia como estratégia de policiamento, com a promulgação
da Diretriz de Planejamento de Operações (DPO) n. 3.008/93, o conceito foi constantemente
atualizado com a edição de outros documentos normativos: Diretriz para Produção de
Serviços de Segurança Pública (DPSSP) n. 04/02 que regulava a Polícia Comunitária e a
Diretriz para Produção de Serviços de Segurança Pública 3.01.06/2011, que incluía
indicadores de qualidade para avaliar o serviço de Polícia Comunitária.

Todos estes documentos proporcionaram avanços significativos na interpretação e


implementação de estratégias comunitárias junto à sociedade, com vistas à resolução de
problemas e melhoria da qualidade de vida da população.

Esta Diretriz de Polícia Comunitária é mais um importante passo neste processo contínuo de
atualização, que complementa todo arcabouço de conhecimento trazido pelos documentos
anteriores. De forma sintética e objetiva, apresenta uma evolução histórica da Polícia
Comunitária, embasada em experiências internacionais e como essa filosofia foi implantada
no Brasil e em Minas Gerais. Destaca a tradução dos princípios e características do
policiamento comunitário na PMMG, permitindo dar respostas eficazes às demandas
sociais.

Como inovação, este documento conceitua práticas de policiamento comunitário executadas


em Minas Gerais, tais como: reuniões comunitárias, visitas comunitárias, visitas
tranquilizadoras, contatos comunitários, dentre outros.

Esta diretriz tem como objetivo servir de parâmetro para que os policiais militares possam,
mais do que saber conceituar, pôr em prática o policiamento comunitário, de forma a manter
a Polícia Militar de Minas Gerais como uma importante protagonista desta estratégia no
cenário nacional, proporcionando melhoria da qualidade de vida da população.
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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

AE3 - Assessoria Estratégica de Emprego Operacional


APM - Academia de Polícia Militar
BC - Base Comunitária
BCM - Base Comunitária Móvel
BSC - Base de Segurança Comunitária
CEFS - Curso Especial de Formação de Sargentos
CFO - Curso de Formação de Oficiais
CFS - Curso de Formação de Sargentos
CFSd - Curso de Formação de Soldados
CG - Comando-Geral
CHO - Curso de Habilitação de Oficiais
CONSEP - Conselho Comunitário de Segurança Pública
DAOp - Diretoria de Apoio Operacional
DPO - Diretriz de Planejamento de Operações
DPSSP - Diretriz para Produção de Serviços de Segurança Pública
EUA - Estados Unidos da América
GDO - Gestão do Desempenho Operacional
GEPAR - Grupo Especial de Policiamento em Área de Risco
IARA - Identificar, Analisar, Responder e Avaliar
PMMG - Polícia Militar de Minas Gerais
POP - Policiamento Orientado para o Problema
PPVD - Patrulha de Prevenção à Violência Doméstica
PROERD - Programa Educacional de Resistência às Drogas
SARA - Scanning, Analysis, Response and Assessment
TPB - Treinamento Policial Básico
MG - Minas Gerais
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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 8
2 OBJETIVOS ....................................................................................................................... 9
2.1 Geral ................................................................................................................................ 9
2.2 Específicos ...................................................................................................................... 9
3 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA POLÍCIA COMUNITÁRIA.................................................. 10
3.1 Origem do Policiamento Comunitário ............................................................................. 10
3.2 Polícia Comunitária no Brasil ......................................................................................... 11
3.3 Polícia Comunitária em Minas Gerais ............................................................................ 13
4 A POLÍCIA COMUNITÁRIA E SEUS PRINCÍPIOS APLICADOS NA PMMG .................. 18
4.1 Conceito ........................................................................................................................ 18
4.2 Os Princípios da Doutrina de Polícia Comunitária na PMMG ......................................... 20
5 POLICIAMENTO COMUNITÁRIO E SUAS PRÁTICAS NA PMMG ................................. 27
5.1 Serviços de Policiamento Comunitário ........................................................................... 27
5.2 Reuniões Comunitárias .................................................................................................. 28
5.3 Visitas Comunitárias ...................................................................................................... 28
5.4 Contatos Comunitários .................................................................................................. 30
5.5 Projetos de Polícia Comunitária ..................................................................................... 30
6 MOBILIZAÇÃO SOCIAL .................................................................................................. 32
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................................. 36
8 PRESCRIÇÕES DIVERSAS ............................................................................................. 38
REFERÊNCIAS ................................................................................................................... 39
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1 INTRODUÇÃO

A PMMG, no fiel cumprimento do art. 144, § 5°, da Constituição Federal, desenvolveu dentro
de sua competência, vastas legislações aplicáveis à manutenção da ordem pública e
preservação da incolumidade das pessoas e do patrimônio. Dentre estas legislações,
apresenta-se a Diretriz de Polícia Comunitária.

A Diretriz de Polícia Comunitária norteará a metodologia de ação da PMMG, que estimula a


participação do cidadão em decisões sobre o policiamento e a prevenção à criminalidade,
bem como a integração de outras agências de serviços para prover maior efetividade na
resolução dos problemas de segurança.

O poder de decisão, a criatividade e a inovação são atitudes que devem ser encorajadas em
todos os níveis da agência policial. Neste sentido, a Diretriz de Polícia Comunitária traça
estratégias que resgatam a abordagem do policiamento orientado para resolução de
problemas, com o propósito de realçar a participação da comunidade por intermédio de
ações, discussões e atitudes. Dessa forma, busca reduzir as taxas de ocorrências e o medo
do crime, além de demonstrar a proximidade da polícia junto à comunidade. A polícia
necessita da cooperação das pessoas para prevenir e reprimir o crime, assim como os
cidadãos necessitam comunicar com a polícia para transmitir informações relevantes.

Enquanto filosofia e estratégia organizacional já sedimentada na PMMG, a Polícia


Comunitária tornou-se, ao longo dos anos, parte indissociável da atividade policial militar.
Ela permeia de forma transversal todas as atividades de formação, treinamento e práticas
operacionais.

Assim, a mencionada Diretriz vem consolidar os princípios direcionadores para a


implantação e institucionalização da filosofia de Polícia Comunitária e, por conseguinte,
manter suas linhas de ações com ênfase nas pessoas, liderança participativa, resolução de
problemas e melhoria contínua da qualidade de vida das comunidades.

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2 OBJETIVOS

2.1 Geral

Sedimentar a Doutrina de Polícia Comunitária e Policiamento Comunitário, alinhada à


missão, visão e valores da PMMG, com ênfase na mobilização social, na resolução de
problemas, e na prevenção situacional da violência e criminalidade.

2.2 Específicos

a) apresentar a evolução histórica da Polícia Comunitária;

b) conhecer o conceito e os princípios de Polícia Comunitária;

c) compreender o Policiamento Comunitário adotado na PMMG;

d) investir de autoridade decisória, de fato e de direito, os profissionais de segurança pública


que atuam em interface direta com a comunidade;

d) referenciar a produção doutrinária acerca da implantação dos serviços do policiamento


comunitário.

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3 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA POLÍCIA COMUNITÁRIA

3.1 Origem do Policiamento Comunitário

A concepção de que a polícia poderia atender de maneira mais apropriada aos cidadãos
contribuiu para a ideia de um policiamento próximo à comunidade, sob a égide de uma
ideologia preventiva que se disseminaria pelo mundo.

Skolnick e Bayley (2002, p. 52) lecionam que “[...] o sistema de policiamento comunitário
mais antigo é o japonês”. Esclarecem também que antes mesmo do policiamento
comunitário se tornar popular no século XIX, já existiam suas primeiras manifestações no
Japão, com o modelo de segurança pública realizada por samurais pagos pelas vilas para
conseguir proteção contra invasores e ladrões. O modelo nipônico é calcado numa ampla
rede de postos policiais denominados Kobans e Chuzaishos.

Em 1829, o Primeiro-Ministro Inglês Sir Robert Peel criou a Real Polícia Metropolitana de
Londres, tida por vários autores como a primeira organização policial moderna. Ele
estabeleceu nove princípios para regê-la, todos em sintonia com a filosofia de Polícia
Comunitária. Um dos princípios diz: “[...] A polícia deve se esforçar para manter
constantemente com o povo [comunidade] um relacionamento que dê realidade à tradição
de que a polícia é o povo [comunidade] e o povo é a polícia” (MARCINEIRO; PACHECO,
2005 1 citado por AMORIM, 2009).

No período de 1914 a 1919, Arthur Woods, Comissário de Polícia de Nova Iorque, nos EUA,
começou a incutir na base da Polícia e da comunidade, através de uma série de
conferências na Universidade de Yale, a percepção da importância social, da dignidade e do
valor público do trabalho do policial. Inovou ao criar o policial júnior para visitar as escolas,
sendo suas ações consideradas a primeira versão do policiamento comunitário nos Estados
Unidos (SKOLNICK; BAYLEY, 2002).

Conforme define Souza (2003), historicamente, o policiamento nos EUA foi dividido em três
períodos fundamentais, denominados “Eras”. O 1º período, “Era Política”, foi
caracterizado por um policiamento que desempenhava diversas funções sociais e sem
profissionalização. O 2º período, “Era da Reforma ou Profissional”, foi o momento em
que surgiram as Academias de Polícia com o objetivo de formar profissionais com foco no

1
MARCINEIRO, Nazareno; PACHECO, Giovanni. Polícia comunitária: evoluindo para a polícia do século XXI.
Florianópolis: Editora Insular, 2005

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combate ao crime, e 3º Período, “Era da Resolução de Problemas da Comunidade”,


orientada na construção de um relacionamento de cooperação entre a polícia e a sociedade.
Este último tem como base a participação dos agentes comunitários. Neste sentido, o
quadro a seguir apresenta as principais características destas três eras:

Quadro 1 - Características das Eras do Policiamento

ERA DA RESOLUÇÃO DE
ERA DA
CARACTERÍSTICAS ERA POLÍTICA PROBLEMAS COM A
REFORMA
GERAIS 1830-1930 COMUNIDADE
1930-1980
1980-2000
Autorização
Lei e Lei, profissionalismo e
e Político local e lei
profissionalismo comunidade
legitimidade
Controle do crime,
manutenção da Controle do crime, prevenção ao
Função Controle do crime
ordem e serviço crime e resolução de problemas
social amplo
Relacionamento Profissional e
Íntimo Íntimo
com a Comunidade distante

Patrulhamento
Táticas Patrulhamento a pé e
Patrulhamento motorizado e
e envolvimento da comunidade para
a pé acionamento por
Tecnologias solução dos problemas
telefone

Satisfação dos Respostas rápidas


Resultados Qualidade de vida e satisfação da
cidadãos e dos para controlar os
Esperados comunidade
políticos locais crimes

Desenho Descentralizado Centralizado e Descentralizado junto à


Organizacional geograficamente especializado comunidade
Canalizado na Advinda diretamente da
Demanda para a Políticos e
central de comunidade para solução dos
Polícia comunidade
atendimento problemas
Fonte: adaptado de KELLING; MOORE, 1993.

3.2 Polícia Comunitária no Brasil

A estratégia de polícia comunitária foi introduzida no Brasil a partir da década de 1980. Em


1985, com a criação dos Conselhos Comunitários de Segurança, nascia a Polícia Interativa,
na Cidade de Guaçuí no estado do Espírito Santo. Este foi um passo importante na busca
real de aproximação com a comunidade, sendo objeto de destaque na mídia nacional, pelo
seu audacioso projeto de polícia interativa. Sem prejuízo das ações voltadas contra os
criminosos, buscou-se o entrosamento com a comunidade para juntos controlarem as ações
delituosas, evitando sua eclosão.

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Com o advento da Constituição Federal de 1988, as Polícias Militares buscavam a


reestruturação de seus processos. No ano de 1991, a Polícia Militar do Estado de São Paulo
promoveu o 1º Congresso de Polícia e Comunidade, considerado o marco inicial da
discussão sobre o tema. No mesmo ano, a Polícia Militar do Rio de Janeiro iniciou um
programa piloto de Polícia Comunitária no bairro de Copacabana.

Dentro da filosofia de modernização democrática e política, o Governo Federal, a partir de


1996, implementou diversos programas nas áreas sociais. Tem-se como destaque, o
Programa Nacional de Direitos Humanos, que buscou estabelecer diretrizes para a melhoria
da qualidade de vida no país.

No programa foram incluídas metas que objetivavam sistematicamente melhorar o


desempenho e o relacionamento das polícias brasileiras com a sociedade, principalmente
otimizando programas de polícia comunitária nos Estados. Dentre essas metas, cita-se:

a) apoiar as experiências de polícias comunitárias ou interativas, entrosadas com os


conselhos comunitários, que encarem o policial como agente de proteção dos direitos
humanos;

b) desenvolver programas de informação e formação para profissionais do direito, policiais


civis e militares, agentes penitenciários e lideranças comunitárias, orientados pela
concepção dos direitos humanos, com a valorização das diferenças entre indivíduos e
coletividades;

c) incentivar experiências de polícia comunitária, definindo não apenas a manutenção da


ordem pública e a incolumidade das pessoas e do patrimônio, mas também, a defesa dos
direitos da cidadania e da dignidade da pessoa humana como missões prioritárias das
polícias militar e civil em parceria com a comunidade na resolução dos problemas locais.

Desta forma, segundo Freire (2009), diante da política de Segurança Pública do Brasil,
“responsabilidade de todos para a garantia da Ordem Pública”, sob a premissa de uma
polícia de aproximação social, proativa, que deve trabalhar em parceria com a comunidade,
com o governo e demais agências de serviços, marca o contínuo movimento de reformas
administrativas e operacionais das instituições policiais brasileiras.

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3.3 Polícia Comunitária em Minas Gerais

Em 1955 criou-se, em Belo Horizonte, a Companhia de Policiamento Ostensivo, cujo foco


era o policiamento preventivo e educativo. Este serviço era exercido por duplas de
policiamento a pé, alocadas em subdivisões territoriais denominadas Distritos Policiais, num
total de sete, e estes, por sua vez, em Áreas de Patrulhamento (COTTA, 2014).

O Capitão Antônio Norberto dos Santos 2 foi o primeiro Comandante dessa nova Companhia
e o responsável por escrever doutrinas de emprego, relatórios de resultados da atuação da
Companhia e um dos primeiros manuais institucionais para estabelecer padrões de
policiamento (COTTA, 2014).

Esta doutrina aponta uma série de iniciativas e práticas, as quais têm vínculo com o
policiamento comunitário e resolução de problemas, mesmo sem haver, à época, a
existência dessa teoria e estratégias escritas e sistematizadas. O que existia até então eram
as práticas e iniciativas descritas abaixo:

Quadro 2 - Práticas e iniciativas de policiamento comunitário e de resolução de problemas


sistematizados pela PMMG na década de 1960

CORRELAÇÃO COM A ESTRATÉGIA


PRÁTICAS E INICIATIVAS
COMUNITÁRIA

Comunicar à Prefeitura Municipal o funcionamento


irregular de bares e à autoridade competente as Desordem moral.
situações de suspeição nesses locais.
Atuar com prioridade preventiva e educativa em
Prevenção.
detrimento à repressão.
Informar à Prefeitura situações de acúmulo de
Desordem física.
entulhos e lixo.
Patrulhamento Distrital, de caráter preventivo,
realizado por duplas de policiais a pé, em
bicicletas, montadas e com cães, vinculadas a
Setorização, fixação do policial e foco em
áreas territoriais previamente definidas. Dentre as
problemas.
missões da dupla, tem-se a de manter a atenção
aos locais de maior presença de indivíduos
suspeitos.
Deve, preferencialmente, patrulhar as ruas pela
Ostensividade policial.
pista central.
Envidar esforços para conhecer os habitantes da
Vínculos comunitários polícia e sociedade.
localidade e seus costumes.
Fonte: Pereira, 2017

2 O Oficial foi precursor na estruturação da Companhia responsável pelo policiamento ostensivo, com
exclusividade pela PMMG, além de elaborar a obra “Policiamento: Manual de Instrução Policial Básico”, a qual
serviu para nortear a atuação policial operacional no policiamento ostensivo (SOUZA, 2003).

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O conceito de atuação da época demonstrou o quanto a PMMG inovou em um momento


histórico que sequer havia um modelo de policiamento reativo já estruturado. Entretanto,
fatores como o foco na proteção da Segurança Nacional e estratégias repressivas de
combate ao crime, ocorridos a partir da década de 1960 até o fim da década de 1980,
atribuíram um formato institucional diverso do policiamento comunitário à PMMG.

Na década de 1970, com a criação do Batalhão de Radiopatrulha, instituiu-se o serviço de


radioatendimento, com a distribuição de viaturas nas diversas áreas de Belo Horizonte. Esse
novo formato, baseado no modelo reativo de policiamento (ESPÍRITO SANTO; MEIRELES,
2003; SOUZA, 2003), apesar de garantir maior facilidade, rapidez e capilaridade da
presença policial com viaturas, resultou no distanciamento entre o efetivo policial e o
cidadão, por direcionar esforços para o combate ao crime.

Dessa forma, o modelo comunitário de policiamento, que foi tacitamente preterido, passa a
ser novamente discutido e sistematizado operacionalmente após a promulgação da
Constituição Federal de 1988.

O Policiamento Distrital, lançado em 1988, baseado na criação de subsetores, denominados


Distritos, sob responsabilidade de Sargentos ou Cabos, capilarizou a presença policial
militar em Belo Horizonte e representou a essência da retomada de um viés comunitário na
atuação do policiamento. Segundo Espírito Santo e Meireles (2003), a motivação da prática
distrital subsetorizada centrava-se na necessidade do policial militar conhecer os moradores
do bairro, seus hábitos e costumes e estes, por sua vez, também, criariam um vínculo com
policiais fixos e conhecidos pelo nome. O Policiamento Distrital foi direcionado por aspectos
metodológicos que contribuíram para o início da construção doutrinária da Polícia
Comunitária na PMMG:

Foram estabelecidos 15 (quinze) objetivos, fundados em 7 (sete) pressupostos


básicos: dinâmica; aspiração comunitária; interação comunitária; articulação de
recursos; resgate da autoridade policial-militar; compromisso com os resultados; o
papel do comandante no Policiamento Distrital (ESPÍRITO SANTO; MEIRELES,
2003, p. 269).

Em Uberlândia, no início da década de 1990, foram implantados 13 (treze) postos de


policiamento comunitário, bem como a criação de 33 (trinta e três) Conselhos de Defesa
Social de Bairros para ouvir a comunidade e propor respostas para os problemas locais de
segurança pública. No mesmo período, outras cidades de Minas Gerais adotaram esta
experiência, como a cidade de Juiz de Fora, que também criou mais de 20 (vinte) postos de
policiamento comunitário (OLIVEIRA, 2015).

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Apesar de bem avaliado no ano de 1990, com 70% de aprovação popular, o Policiamento
Distrital foi desativado em 1991, devido a alguns fatores: foco na estratégia tradicional do
policiamento ainda presente junto aos Comandantes, ausência de treinamento da tropa e
necessidade de recursos orçamentários (ESPÍRITO SANTO; MEIRELES, 2003; SOUZA,
2003).

Em 1993, a PMMG estabeleceu um marco doutrinário teórico-conceitual relevante, com a


publicação da DPO n. 3008/93, que trazia alguns elementos importantes para a Polícia
Comunitária, tais como: foco na prevenção; presença policial fixa e prioridade do
policiamento a pé; desenvolvimento de parcerias com lideranças comunitárias, segmentos
da sociedade civil organizada, órgãos públicos e privados; busca de soluções conjuntas
para os problemas que impactam na qualidade de vida; visão sistêmica e articulada da
defesa social e das políticas públicas; transparência nas relações com a sociedade; e busca
de fontes alternativas de recursos junto ao poder público e entidades da sociedade
legalmente constituídas (MINAS GERAIS, 1993; OLIVEIRA, 2008; SOUZA, 2003).

Embora estivesse institucionalizada a filosofia de polícia comunitária, a prática do


policiamento comunitário não se mostrou consolidada ao longo da década de 1990,
conforme resultados de algumas pesquisas de campo apresentadas por Oliveira (2008;
2015) e Espírito Santo e Meireles (2003). Algumas variáveis foram constatadas nos citados
estudos, tais como:

a) permanência do foco reativo nos efeitos e não nas causas;

b) dificuldade na mudança da cultura organizacional;

c) atuação comunitária restrita apenas a algumas Unidades;

d) eficácia ligada à parceria logística;

e) falta de conhecimento da estratégia pelos policiais e comunidade;

f) ausência de planejamento estratégico para sua implementação e falta de articulação com


outros órgãos.

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O final da década de 1990 e o início dos anos 2000 representaram a afirmação do


paradigma da Segurança Cidadã, marcado pela crescente consolidação dos direitos de
cidadania, fortalecimento da participação social e empoderamento da comunidade (FREIRE,
2009).

Esse momento de transição, em um contexto histórico favorável, acaba por refletir


positivamente na PMMG onde, a partir de 2000, percebe-se um avanço doutrinário da
filosofia de Polícia Comunitária, com maior maturidade organizacional dos seus integrantes,
além de um viés prático no ambiente de atuação operacional junto às comunidades. Nesse
período foram criados inúmeros serviços de policiamento comunitário – tais como Programa
Educacional de Resistência às Drogas (PROERD), Base Comunitária (BC) e Base
Comunitária Móvel (BCM), Base de Segurança Comunitária (BSC); Grupo Especial de
Policiamento em Área de Risco (GEPAR), Patrulha Escolar, Patrulha Rural, Patrulha de
Prevenção à violência Doméstica (PPVD), entre outros.

Além destes, destacam-se as seguintes iniciativas, como marcos importantes (ESPÍRITO


SANTO; MEIRELES, 2003; MINAS GERAIS, 2011, 2015, 2016; OLIVEIRA, 2015):

a) parcerias na estruturação dos Conselhos Comunitários de Segurança Pública (CONSEP),


como a histórica criação de 26 (vinte e seis) CONSEP, por meio da Instrução n. 01/1999 do
Comando de Policiamento da Capital, em Belo Horizonte, Sabará e Caeté;

b) implementação do Programa de Polícia Comunitária 2006-2007, com base nos objetivos


25 e 35 do Plano Estratégico da Polícia Militar de Minas Gerais 2004-2007, que consolidou a
filosofia de Polícia Comunitária nas práticas cotidianas de policiamento ostensivo;

c) realização de seminários: “Seminário de Segurança Pública: Estratégia de Otimização”,


ocorrido em 1998, que trouxe importantes conclusões para a temática Polícia Comunitária
na PMMG; seminários de CONSEP; Seminários de Integração do Sistema de Defesa Social
e comunidade; Seminários de Polícia Comunitária para discentes e os diversos Seminários
Internacionais de Policiamento Comunitário Sistema Koban realizados pela PMMG desde
2010;

d) cursos de capacitação e treinamentos complementares, como o Curso Nacional de


Multiplicador de Polícia Comunitária; Curso Internacional de Multiplicador de Policiamento
Comunitário Sistema Koban; Curso Nacional de Promotor de Policiamento Comunitário e
Curso de Gestor e Operador de Base Comunitária;

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e) atualização curricular dos cursos de formação: todos os cursos de formação da PMMG


(Curso de Formação de Oficiais - CFO, Curso de Habilitação de Oficiais - CHO, Curso de
Formação de Sargentos - CFS, Curso Especial de Formação de Sargentos - CEFS e Curso
de Formação de Soldados - CFSd) inseriram a disciplina Polícia Comunitária na malha
curricular, que é atualizada periodicamente conforme o avanço Institucional na doutrina e
prática de policiamento comunitário;

f) Redes de Proteção Preventivas (Vizinhos e Comerciantes) implantadas em todo o Estado


de Minas Gerais;

g) estruturação local de diversos projetos de Polícia Comunitária, sob a coordenação de


frações operacionais;

h) Planos Estratégicos, os quais enfatizam o policiamento comunitário como um dos


objetivos institucionais.

Portanto, percebe-se que a PMMG tem consolidado a estratégia de Polícia Comunitária,


como um dos principais objetivos da Instituição com foco na qualidade de vida do cidadão
mineiro.

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4 A POLÍCIA COMUNITÁRIA E SEUS PRINCÍPIOS APLICADOS NA PMMG

4.1 Conceito

Polícia Comunitária é um termo que se refere exatamente à atividade policial por excelência,
cujos objetivos se dirigem à comunidade. Conforme Rosembaum (2002) e Skolnick e Bayley
(2002), o termo Polícia Comunitária representa um marco na mudança da forma de fazer
polícia na sociedade contemporânea. E não somente isso, mas um retorno daquilo que
sempre deveria ter sido a atividade de polícia.

Para construção de uma estratégia de polícia comunitária devem ser buscados como
objetivos, a parceria, o fortalecimento, a resolução de problemas, a prestação de contas e a
orientação para a comunidade. A polícia deve trabalhar em parceria com a sociedade, com
o governo, órgãos públicos e privados. O principal questionamento deve ser: “Como
podemos trabalhar juntos para resolver este problema?” Portanto, as lideranças da
comunidade, órgãos públicos e privados em conjunto com a Polícia devem estar envolvidos
em todas as fases do planejamento e execução do policiamento comunitário.

Segundo Cerqueira (2001), não existe um conceito exclusivo de polícia comunitária no


Brasil, embora o mais presente entre as instituições policiais seja o descrito na Figura 1:

Figura 1 - Conceito de Polícia Comunitária

Polícia Comunitária é uma filosofia e uma estratégia organizacional que


proporciona uma nova parceria entre a população e a polícia. Tal parceria se
baseia na premissa de que tanto a polícia quanto a comunidade devem
trabalhar juntas para identificar, priorizar e resolver problemas de segurança
pública contemporâneos tais como crime, drogas, medo do crime, desordens
físicas e morais, e em geral a decadência do bairro, com o objetivo de melhorar
a qualidade geral de vida da área.

Fonte: Adaptada de Trojanowicz; Bucqueroux, 1994, p.4-5.

Ainda de acordo com Cerqueira (2001), qualquer organismo com uma função policial faz
parte, na realidade, da sociedade. A estratégia comunitária vê o controle e a prevenção do
crime como resultado da parceria com outras atividades.

Isto significa dizer que os recursos do policiamento, articulados com os novos recursos
comunitários, são instrumentos essenciais para a prevenção do crime. Em outras palavras,

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os membros da comunidade assumem seu real papel de cidadãos que atuam juntos da
polícia para o bem comum.

Para a compreensão deste conceito de Polícia Comunitária, será necessária ainda uma
análise de seus componentes:

a) Filosofia

A Polícia Comunitária enquanto filosofia deve nortear doutrinariamente todos os níveis e


áreas da instituição;

b) Estratégia

É a tradução da filosofia aplicada aos serviços e práticas de policiamento comunitário


desenvolvido pela Polícia com a finalidade de resolver os problemas de desordem, crime e
medo do crime que afetam a qualidade de vida da comunidade;

c) Organizacional

Da organização Policial Militar; se aplica a qualquer estrutura que possua uma função
policial, de fiscalização ou de atendimento à comunidade;

d) Parceria

É a cooperação entre atores sociais para alcançar um objetivo comum;

e) Problemas de Segurança Pública

Situações de crime, medo do crime e desordens físicas e morais vinculadas a certas


variáveis, que geram intranquilidade na comunidade. Tais problemas impactam na qualidade
de vida local por serem capazes de causar danos. São contínuos na mesma região ou local,
dia da semana e/ou faixa horária;

f) Qualidade de vida

Para efeitos desta Diretriz, qualidade de vida é o conjunto de condições ou situações que
delineiam o viver e o conviver do cidadão na comunidade.

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4.2 Os Princípios da Doutrina de Polícia Comunitária na PMMG

Os Princípios são um conjunto de normas ou padrões de conduta a serem seguidos por uma
pessoa ou instituição de forma a sedimentá-los. No que tange a Polícia Comunitária, inclui-
se uma moderna visão da gestão da segurança pública, em que a cultura organizacional é
transformada. Tal visão é trazida à existência pelo exercício concomitante de alguns
princípios que a PMMG adota, dentre eles:

a) Participação Sistêmica da PMMG, Comunidade e outros órgãos

O mencionado princípio decorre da denominada Segurança Cidadã, a qual analisa a


violência como um fenômeno multicausal e que demanda, portanto, intervenção participativa
da sociedade e instituições públicas nas ações de políticas públicas e iniciativas em diversas
áreas, tais como, educação, saúde, lazer, esporte, cultura, cidadania, dentre outras
(FREIRE, 2009). A este respeito, a autora destaca que:

A perspectiva de Segurança Cidadã defende uma abordagem multidisciplinar, para


fazer frente à natureza multicausal da violência, na qual políticas públicas multi-
setoriais são implementadas de forma integrada, com foco na prevenção à violência.
Nesse sentido, uma política pública de Segurança Cidadã deve contar não apenas
com a atuação das forças policiais, mas é reservado também, um espaço importante
para as diversas políticas setoriais, como educação, saúde, esporte, cultura, etc.
(FREIRE, 2009, p. 53).

Neste sentido, a participação sistêmica consiste na relação direta, integrada no formato em


rede, a qual pressupõe participação ampla, cooperativa e contínua entre a PMMG, os
membros de uma comunidade e outros órgãos, a partir de interesses comuns e
competências complementares de cada um desses atores envolvidos.

Ainda nesta ótica, dentro da comunidade, os cidadãos têm o direito e a responsabilidade de


participarem, como plenos parceiros da polícia, na identificação, priorização e resolução dos
problemas (TROJANOWICZ; BUCQUEROUX,1990). Este entendimento pode ser
complementado pela compreensão dos papéis atribuídos a cada um dos atores sociais sob
a ótica do policiamento comunitário:

- Comunidade: composta pelos moradores, trabalhadores, líderes de entidades


associativas, representantes de diversos seguimentos da sociedade civil organizada, entre
outros públicos de determinada localidade. Por vivenciarem cotidianamente a realidade local
e o contexto de problemas comunitários, têm legitimidade representativa para estabelecer
junto ao poder público, uma agenda conjunta direcionada às suas expectativas.

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- Órgãos Públicos e Privados: possuem suas respectivas competências ou


finalidades Institucionais e Corporativas e podem contribuir ativamente com a Polícia Militar
e a Comunidade. Os órgãos públicos têm suas atribuições e limites definidos legalmente e
podem desenvolver ações, projetos, programas ou políticas públicas de segurança ou de
segurança pública 3, com vistas à melhoria da qualidade de vida da comunidade. Já os
órgãos ou entidades privadas, num viés de responsabilidade social, junto à comunidade
onde está inserida, têm potencial para adotar práticas que influenciem o contexto da
segurança pública positivamente.

Portanto, a participação ativa destes atores sociais impactará no incremento do capital


social e, por conseguinte, na maior probabilidade de resultados efetivos com vistas à
melhoria da segurança objetiva e subjetiva da comunidade.

b) Foco na resolução de problemas

A polícia deve adotar como rotina a resolução de problemas de segurança pública, que
atinja a qualidade de vida da comunidade, da mesma forma que cotidianamente realiza
atendimento de ocorrências, abordagens a suspeitos, dentre outros.

O foco não pode ser somente os problemas de crimes, mas, também, o medo do crime e as
desordens que interferem no cotidiano das pessoas e geram intranquilidades que podem
favorecer o crime.

Rosenbaum (2002) demonstra como os elementos do crime, medo e desordem influenciam-


se mutuamente:

– Medo do crime: faz com que as pessoas deixem de frequentar locais públicos e,
por conseguinte, diminuam a capacidade de regular o comportamento social, aumentando,
assim, as oportunidades dos infratores da lei para cometerem delitos e desordens, pois não
se sentirão vigiados.

– Desordem: enfraquece a capacidade de autoregulamentação da comunidade para


resolver a deterioração do ambiente e dos comportamentos antissociais. Diante desse

3 “Existe uma diferença entre política de segurança pública e política pública de segurança. A primeira são todas

as ações estatais comprometidas especificamente com a manutenção da ordem pública e criadas para este fim.
A segunda são políticas que não são criadas para o controle da criminalidade, porém afetam indiretamente a
segurança” (SILVA, 2013, p.27).

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cenário, os problemas e suas causas associadas tendem a piorar. Locais degradados


estimulam a sensação de insegurança da comunidade.

– Crimes: geram medo à comunidade e podem causar desordens, haja vista que
infratores da lei tendem, também, a desrespeitar as regras sociais informais, bem como
desorganizar ambientes.

Acerca deste foco na resolução de problemas, Rosenbaum (2002, p. 38) apresenta a


seguinte visão:

Se os problemas do bairro são a fonte de descontentamento da comunidade e


contribuem para um ciclo de declínio urbano, então o policiamento eficaz deveria
envolver a identificação da fonte e da natureza desses problemas e trabalhar para
desenvolver soluções eficazes.

Decorre daí a necessidade do policial militar, juntamente com a comunidade, órgãos


públicos e privados, adotarem a metodologia de resolução de problemas. O policiamento
para resolução de problemas, também conhecido como policiamento orientado para o
problema (POP), é uma estratégia que tem como objetivo principal melhorar o policiamento
profissional com ênfase na prevenção criminal.

A fim de operacionalizar a estratégia do POP, há vários anos a PMMG tem adotado o


método SARA (modelo IARA), o qual é formado pelo acróstico de cada fase e foi elaborado
por John Eck e Bill Spelman, conforme Figura 1:

Figura 2 - Método IARA no policiamento orientado para o problema

Fonte: Adaptada de Goldstein, 2003.

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c) Autonomia e Criatividade

Os Comandantes, nos diversos níveis hierárquicos da Corporação, devem exercitar a


confiança nos profissionais que estão na linha de frente da atuação policial, acreditando no
seu discernimento, sabedoria, experiência e, sobretudo, na formação que recebeu.

Tal ambiente propiciará abordagens mais criativas para os problemas contemporâneos da


comunidade por meio da investidura de autoridade decisória, de fato e de direito, nos
policiais militares que atuam em interface direta com a comunidade (TROJANOWICZ;
BUCQUEROUX,1990).

A desconcentração 4 do comando permitirá que o policial militar seja a primeira referência da


comunidade para solução das demandas de segurança pública e estimulará maior
responsabilização pela comunidade a qual esteja vinculado. Neste sentido, haja vista ser o
principal conhecedor da realidade local, deverá adaptar o planejamento e as respostas aos
problemas conforme as prioridades da comunidade.

Por sua vez, este novo papel institucional exigirá por parte do policial militar, o
desenvolvimento de conhecimentos, habilidades e atitudes diferenciados. Afirma Freitas
(2003) que o policial comunitário precisa ser um tradutor multilíngue capaz de falar as
línguas de todos os parceiros; ter habilidades interpessoais, comunicação, negociação,
visibilidade holística sobre o policiamento comunitário e mediação de conflitos; guiar
projetos, encorajando e motivando a comunidade; ser uma pessoa proativa, dinâmica,
criativa, com iniciativa e saber ouvir, conforme perfil profissiográfico do policial comunitário
demonstrado na Figura 3:

4 Desconcentração é a distribuição do serviço dentro da mesma Pessoa Jurídica, no mesmo núcleo, razão pela
qual será uma transferência com hierarquia. É diferente de descentralização, que consiste na Administração
Direta deslocar, distribuir ou transferir a prestação do serviço para a Administração Indireta ou para o particular.
Note-se que, a nova Pessoa Jurídica não ficará subordinada à Administração Direta, pois não há relação de
hierarquia, mas esta manterá o controle e fiscalização sobre o serviço descentralizado (REDE DE ENSINO LUIZ
FLÁVIO GOMES, 2008).

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Figura 3 - Perfil Profissiográfico do Policial Comunitário

Fonte: Adaptada de Freitas, 2003.

Esta atribuição implica principalmente em concessão de poder e maior autonomia, extensiva


aos policiais da ponta da linha nas decisões, com a consequente responsabilização setorial
pelo cumprimento de metas.

d) Transparência e prestação de contas da atuação policial militar

O atual modelo gerencial da administração pública apresenta novas formas de avaliação de


desempenho, de controlar o orçamento e serviços públicos direcionados às demandas da
sociedade. Tal modelo apresenta algumas características vinculadas, nas quais se
destacam: foco na cidadania; equidade; transparência; eficiência, eficácia e efetividade nas
políticas públicas; criatividade e inovação; interação com outros atores públicos e privados;
foco em metas, mensuração e resultados (MINAS GERAIS, 2016).

A transparência pressupõe a democratização do acesso e acompanhamento, por parte da


comunidade, das atribuições legais incumbidas à PMMG. Não deve confundir-se com
ingerência na discricionariedade da função policial e respectivos comandos, mas sim, uma
forma participativa, a qual permita à população discutir de forma mais qualificada a sua
própria segurança.

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A prestação de contas pressupõe que a PMMG apresente à comunidade suas atividades e


resultados alcançados. Tal postura reforça uma relação de confiança, credibilidade e
legitimidade dos cidadãos em relação à Instituição. Além disso, permite que haja o
entendimento dos limites da atuação policial, por parte da comunidade, a necessidade de
articular outros atores para a resolução dos problemas e a importância da sua participação
ativa nas questões de segurança pública (SÃO PAULO, 2009).

Portanto, o princípio da transparência e prestação de contas impulsiona o respaldo da


atuação da Polícia Militar junto à comunidade e influencia as pessoas locais adotarem
posturas mais positivas e colaborativas.

e) Setorização

Na PMMG, entende-se por setorização a subdivisão do espaço territorial com alocação de


efetivo e recursos logísticos, bem como atribuição de responsabilidade na gestão, no
monitoramento baseado na análise criminal e na produção de conhecimento de inteligência,
com ênfase na aproximação da PMMG à comunidade (MINAS GERAIS, 2016). Tal
estratégia, por sua vez, apresenta estreita vinculação com o policiamento comunitário:

Nessa perspectiva, o modelo de gestão da rotina operacional da PMMG deve ser


alicerçado na intervenção estratégica do policiamento comunitário, oferecendo ao
policial um espaço territorial (setor) em que possa identificar demandas, planejar
ações adequadas ao tratamento do fenômeno criminal e contribuir para o
fortalecimento da sensação de segurança, em harmonia com os anseios da
comunidade (MINAS GERAIS, 2016, p. 9).

Este processo de setorização envolve a desconcentração das estruturas físicas da Unidade


e/ou dos serviços policiais, de modo a capilarizar a presença e proximidade com a
comunidade, além de ser a principal referência de atendimento da PMMG. Esta
desconcentração pode ocorrer por área específica de policiamento, como um setor, por
exemplo. Também pode ser direcionada a um público específico, o qual não
necessariamente esteja concentrado em um espaço territorial, como por exemplo, a
comunidade escolar, mulheres vítimas de violência doméstica, dentre outros.

Para maior êxito deste processo, mostra-se importante a fixação do efetivo junto ao setor
e/ou público específico. Isto permitirá que os policiais militares sejam conhecidos pela
comunidade e aqueles, por sua vez, entendam toda a realidade local. Esse vínculo cotidiano
permitirá maior eficiência no direcionamento das estratégias de policiamento, resolução de

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problemas, ações e operações que atendam aos anseios comunitários, bem como alicerçar
a relação de confiança entre a comunidade e polícia.

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5 POLICIAMENTO COMUNITÁRIO E SUAS PRÁTICAS NA PMMG

Enquanto Polícia Comunitária é a filosofia de trabalho, indistinta a todos os órgãos com


função de polícia, o Policiamento Comunitário é o ato de policiar, de desenvolver ações
efetivas junto à comunidade.

A prevenção comunitária do crime está incorporada na noção de que os meios mais


eficazes de evitar o crime devem envolver os moradores na intervenção proativa e na
participação em projeto, cujo objetivo, seja reduzir ou prevenir a oportunidade para que o
crime não ocorra em seus bairros (ROSENBAUM, 2002 5 citado por MOORE, 2003).

Tal raciocínio é apoiado pelas palavras de Wadman (1994), que define o policiamento
comunitário como uma maneira inovadora e mais poderosa de concentrar as energias e os
talentos da polícia, na direção das condições que frequentemente dão origem ao crime e a
repetidas chamadas por auxílio local, o que deve passar, obrigatoriamente, pelo
comprometimento do policial militar.

Na PMMG, o modelo de gestão da rotina operacional foi alicerçado na intervenção


estratégica do policiamento comunitário, na desconcentração dos serviços policiais,
oferecendo ao policial um espaço territorial em que possa identificar demandas, planejar
ações adequadas ao tratamento do fenômeno criminal e contribuir para o fortalecimento da
sensação de segurança, em harmonia com os anseios da comunidade.

5.1 Serviços de Policiamento Comunitário

Para a realização de sua missão, a PMMG possui um rol de serviços previstos em sua
doutrina, os quais são executados para o cumprimento das atribuições legais. Neste rol de
serviços, encontram-se aqueles que têm vinculação com a prática de policiamento
comunitário e são conceituados como:

I - Serviços Operacionais Ordinários - serviços operacionais ordinários são


aqueles em que o efetivo da Polícia Militar é empregado prioritariamente com
ênfase no policiamento preventivo e de atendimento à comunidade, em suas
diversas modalidades, nos locais onde houver indicativos de sua necessidade, e
atenderão, preferencialmente, locais georreferenciados, objetivando potencializar
a atuação da Instituição, evitando-se a sobreposição de esforços, com aumento
da sensação objetiva de segurança, a prevenção e a reação qualificada (MINAS
GERAIS, 2017, p. 1).

5ROSEMBAUM, Denis P. A Mudança no Papel da Polícia: Avaliando a Transição para o Policiamento


Comunitário. In: Brodeur, Jean-Paul (org.). Como Reconhecer um Bom Policiamento. São Paulo: Edusp, 2002.

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Portanto, os serviços de policiamento comunitário constituem a principal vertente de


aproximação da PMMG junto à comunidade, haja vista sua desconcentração, capilaridade e
lançamento diuturno nas áreas, subáreas, setores e subsetores das diversas Unidades de
Execução Operacional da Corporação em todo o Estado de Minas Gerais.

Como tais serviços podem ser desconcentrados por território ou público específico, o
conceito operacional de atuação destes encontra-se regulado por Instruções, Diretrizes e
demais documentos normativos da PMMG.

5.2 Reuniões Comunitárias

As reuniões comunitárias são uma das principais práticas de policiamento comunitário


desenvolvidas pela PMMG para captação de problemas de segurança pública (crime, medo
do crime e desordens físicas e morais); anseios; dúvidas; pedidos de informação; sugestões
e demandas ou necessidades do cidadão e da comunidade.

Esse processo de interação comunidade-comunidade e comunidade-polícia permite aos


participantes terem a oportunidade de discutir de forma objetiva a temática segurança
pública e suas variáveis, causas, consequências e ações a serem realizadas para atender
aos interesses da comunidade local e melhorar a qualidade de vida.

Conceitualmente, a reunião comunitária pode ser definida como um encontro coletivo, o qual
conta com a participação de membros da comunidade e representantes de órgãos públicos
e privados, para discutir assuntos diversos que sejam motivo de preocupação e tenham
impacto na qualidade de vida da localidade, como por exemplo, a segurança pública. É
necessário que se tenha o responsável, por planejar e conduzir a sessão pré-agendada a
fim de se alcançar os objetivos propostos.

Verifica-se, no âmbito da Organização, que as reuniões comunitárias passam a ser uma


prática habitual nas frações da PMMG, advindas principalmente a partir da Gestão de
Desempenho Operacional (GDO), que se constitui como um dos indicadores de avaliação
(MINAS GERAIS, 2015).

5.3 Visitas Comunitárias

As visitas comunitárias, em particular a residentes e comerciantes, podem ser definidas


como os contatos pessoais realizados por policiais militares, diretamente com os membros

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da comunidade, em suas residências ou locais em que exerçam alguma atividade laborativa.


Tem o propósito de ampliar a sensação de segurança, propiciar maior proximidade da
comunidade e do policial militar, promover mudanças de comportamento com vistas à
autoproteção e permitir ao policial captar problemas de segurança pública (crime, medo do
crime e desordens físicas e morais).

São caracterizadas por dois tipos principais: cadastro, quando o policial militar tem contato
pela primeira vez com o cidadão visitado; ou retorno, na ocasião de novas visitas.

5.3.1 Visitas Tranquilizadoras

Conceitualmente, as visitas tranquilizadoras são contatos pessoais, de modalidade “pós-


crime”, realizados por policiais militares diretamente com os membros da comunidade, em
suas residências ou locais em que exerçam alguma atividade laborativa. As visitas
tranquilizadoras constituem-se como uma importante iniciativa institucional, por demonstrar
a preocupação da PMMG com as vítimas de crimes em um momento em que é possível dar
atenção diferenciada a elas.

Nestas ocasiões é possível tranquilizar a vítima, saber maiores informações sobre o delito,
autoria e modus operandi, garantir a sensação de segurança subjetiva, resgatar a
confiabilidade no trabalho preventivo da Polícia Militar, orientar qualitativamente, captar
informações de demais problemas de situações comunitárias e obter informações sobre a
qualidade do atendimento policial, por ocasião do registro da ocorrência relativo ao fato
delitual que ensejou a visita.

5.3.2 Visitas de acompanhamento ao suspeito infrator ou autor de delito

Esta modalidade consiste na estratégia da PMMG realizar contatos com pessoas da


localidade, suspeitas de praticarem crimes, ou contatos com aqueles que estejam em
liberdade condicional e/ou em cumprimento de pena restritiva de direito, a fim de monitorar
suas ações naquela comunidade e/ou certificar, para o caso dos que estejam em liberdade
condicional, se estes estão cumprindo fielmente o estabelecido pela justiça. Esta visita
possibilita ao policial militar dissuadir o suspeito da prática de crimes futuros.

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5.4 Contatos Comunitários

Em termos conceituais, contatos comunitários constituem-se como os relacionamentos


informais diuturnos que o policial militar realiza com membros da comunidade, em
momentos diversos, tais como: atendimento de uma ocorrência, policiamento ostensivo,
execução de uma atividade comunitária, entre outros.

Apesar da informalidade, estes podem ser meios eficientes de captar problemas de


segurança pública e subsidiar na resolução do problema.

5.5 Projetos de Polícia Comunitária

Projetos de polícia comunitária podem ser conceituados como o planejamento, execução e


controle de atividades de caráter temporário, junto à comunidade, preferencialmente com
apoio desta e de outros órgãos públicos e privados. Tem a finalidade de atuar em problemas
de segurança pública, anseios, demandas ou necessidades, que possam impactar na
qualidade de vida local.

Alguns serviços institucionais e práticas de policiamento comunitário também apresentam a


criação ou participação em projetos de polícia comunitária como uma das práticas
complementares aos respectivos conceitos operativos.

Além disso, os projetos de polícia comunitária e, a consequente proximidade entre a PMMG


e a comunidade, gera oportunidades para que sejam captadas situações comunitárias, por
ocasião das atividades práticas desenvolvidas junto ao público alvo.

As etapas do fluxo de processos de gerenciamento de projetos na PMMG, as quais incluem


sua estruturação, atribuição de funções e responsabilidades, execução, checagens e
balanços, entre outros, encontram-se devidamente descritas e padronizadas na Diretriz de
Procedimentos para Gerenciamento de Projetos na PMMG e devem ser cumpridas pelos
Comandantes locais e seu efetivo.

Todavia, em complemento às prescrições normativas, é importante que os policiais militares


utilizem tais momentos de interface com a comunidade, nas atividades dos projetos, para
despertar a confiança, legitimidade e captar situações que demandarão respostas por parte
da Corporação. Ressalta-se que há a diferença de projeto de polícia comunitária de projetos
sociais.

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Os projetos sociais são iniciativas individuais ou coletivas que visam proporcionar a melhoria
da qualidade de vida de pessoas e comunidades. Já os projetos de polícia comunitária são
aqueles que visam resolver problemas relacionados a problemas de segurança pública. Ou
seja, se o projeto não impacta na segurança pública local, é um projeto social, e não um
projeto de polícia comunitária.

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( - SEPARATA DO BGPM Nº 42, DE 04 DE JUNHO DE 2019 - ) PÁGINA: ( - 32 - )

6 MOBILIZAÇÃO SOCIAL

Em termos conceituais, mobilização social pode ser compreendida como um processo


comunicativo de interação que pressupõe a união de esforços em prol de propósitos
comuns, almejados e decididos por todos os envolvidos (HENRIQUES, 2010; TORO;
WERNECK, 2007). Por sua vez, este processo possui algumas características intrínsecas:
participação em sentido amplo; ser duradouro e cotidiano; autonomia na participação dos
atores envolvidos; comunicação como meio para compartilhar discursos, opiniões e
informações e visão transformativa da realidade (TORO; WERNECK, 2007).

Todavia, este processo de mobilização social é precedido da metodologia de coletivização,


a qual pode ser compreendida como a proposição pública de um problema que alcance uma
dimensão coletiva. Para isso, mostra-se necessário que haja um compartilhamento de
percepções entre os membros de determinada comunidade, de forma que o problema seja
percebido como algo que afeta a coletividade. Diante disso, forma-se o interesse público,
em que as questões são apresentadas publicamente e percebidas como importantes
(HENRIQUES, 2010).

O interesse público, por sua vez, demandará uma comunicação planejada e bem
direcionada, a qual possa despertar a atenção dos participantes e garantir legitimidade da
defesa de determinada causa (MAFRA, 2006).

A partir daí, o ambiente torna-se favorável ao processo de grupalização, o qual Henriques


(2010) denomina como formação de grupos dispostos a participar na defesa da causa, da
mobilização social e da manutenção de dimensões favoráveis à coletivização.

A figura 4 apresenta uma ordenação lógica deste processo de mobilização social, a partir da
coletivização da causa e grupalização. Entretanto, Henriques (2010) aponta que este
processo é variável, pois é resultado de uma construção coletiva pouco previsível. Dessa
forma, uma das setas bidirecionais aponta para a possibilidade dos envolvidos modificarem
o status de participação e a visão acerca da mobilização. Já a comunicação, representada
por outra seta bidirecional, envolve toda a trajetória do processo, num fluxo de informações
e de relacionamentos entre os participantes.

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( - SEPARATA DO BGPM Nº 42, DE 04 DE JUNHO DE 2019 - ) PÁGINA: ( - 33 - )

Figura 4 - Ordenação lógica do processo de mobilização social

Fonte: Adaptada de Henriques, 2010; Mafra, 2006; Toro; Werneck, 2007.

Outro entendimento importante do processo de mobilização social é a compreensão do nível


de participação de cada um dos atores sociais envolvidos, o qual, segundo Henriques
(2010), varia conforme seus interesses, convicções e percepções em relação à causa
mobilizadora. Diante disso, o autor estabelece uma análise em vários níveis, os quais
demonstram a natureza e a força de tais vínculos (Figura 5):

Figura 5 - Escala de níveis de vinculação

Fonte: Adaptada de Henriques, 2007.

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( - SEPARATA DO BGPM Nº 42, DE 04 DE JUNHO DE 2019 - ) PÁGINA: ( - 34 - )

Estes níveis são apresentados sinteticamente da seguinte forma (HENRIQUES, 2007):

a) Localização espacial: é o espaço real ou virtual onde se encontram os públicos


abrangidos pelo universo de atuação do projeto mobilizador;

b) Informação: refere-se ao acesso quantitativo e qualitativo de informações que as


pessoas têm sobre a iniciativa de mobilização;

c) Julgamento: é a formação de um juízo de valor, a partir de informações qualificadas, que


gerem no imaginário das pessoas a intenção ou não de apoiar e legitimar a causa;

d) Ação: os participantes atuam em prol dos objetivos da causa e a participação pode ser
eventual ou ter um grau maior de envolvimento;

e) Coesão: as ações deixam de ser fragmentadas e isoladas para ser interdependentes,


constantes e conectadas, a fim de contribuir para os objetivos da causa;

f) Continuidade: as ações realizadas têm um caráter contínuo e de permanência ao longo


de uma maior trajetória temporal;

g) Corresponsabilidade: envolve uma noção de solidariedade, em que os membros


sentem-se responsáveis pelo êxito do projeto. Neste nível, os participantes assumem efetivo
comprometimento em relação à causa, o que exige alto grau de idealismo, de força de
vontade, mesmo em momentos de maior dificuldade, de baixa mobilização;

h) Participação institucional: ocorre quando a causa estabelece um relacionamento


contratual, como um convênio.

Já em relação ao interesse na participação do processo de mobilização, Henriques (2007)


apresenta três grandes blocos de públicos: beneficiados – é a população na área
geográfica na qual opera o projeto (pessoas e instituições), seja qual for a sua extensão;
legitimadores - é o grupo de pessoas ou instituições que, localizados dentro da área do
projeto, não apenas se beneficiam dos seus resultados, mas, possuindo informações acerca
de sua existência, são capazes de reconhecê-lo e julgá-lo útil e importante, podendo se
converter em colaboradores diretos em qualquer tempo; geradores – é o grupo de pessoas
ou instituições, que localizado na área do projeto, não apenas se beneficia dos seus
resultados ou dispõe-se a legitimar a sua existência, mas efetivamente organiza e realiza

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ações em nome do projeto. Os blocos de públicos são assim apresentados, conforme Figura
6:

Figura 6 - Mapa Tridimensional dos Públicos

Fonte: Adaptada de Henriques, 2007.

Uma vez compreendido todo o formato do processo de mobilização social, mostra-se


fundamental contextualizar a participação da PMMG. Segundo Henriques (2010), é
importante que a polícia envolva-se em três questões centrais:

- conheça a forma como a população mobiliza-se, como são desenvolvidos seus


processos associativos;

- assuma responsabilidade como facilitadora de um processo mobilizador junto aos


cidadãos e instituições da sociedade civil. Para tanto, deve promover um formato dialógico
com os atores sociais, ser transparente nas informações sobre as atividades desenvolvidas
e compartilhar responsabilidades sobre a causa da segurança pública;

- atue como mediadora junto a outros órgãos, pois a solução de diversos problemas
não passa pela necessidade de intervenção policial.

Portanto, cabe à PMMG assumir este papel institucional de contribuir ativamente para que a
comunidade possa desenvolver seu potencial mobilizador. Dessa forma, terá uma postura

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mais proativa, autônoma e empoderada em relação às causas e problemas de segurança


pública.
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Diante desta perspectiva, tem-se, então, que a Filosofia de Polícia Comunitária representa
progresso, inovação e mudanças fundamentais na estrutura e na administração das
organizações policiais.

O policial passa a ser um solucionador de problemas, um prestador de serviço de caráter


preventivo, mais do que um simples atendente reativo de chamadas de serviço.

A filosofia de Polícia Comunitária oferece meios para o fortalecimento do processo de


“empoderamento” dos cidadãos, no sentido de compartilharem entre si e a polícia a tarefa
de planejar práticas para antecipar a eclosão do crime e o medo do crime. Neste sentido,
esta filosofia:

a) ultrapassa o simples atendimento de ocorrências e desenvolvimento de inquéritos, bem


como a simples lida com as causas dos problemas;

b) propõe uma mudança cultural na polícia, em que a população deixa de ser apenas fonte
de informação e passa a ser parceira na solução dos problemas;

c) reconhece que a polícia, por mais profissional e especializada que seja, não consegue
lidar sozinha com o crime, a desordem e o medo do crime;

d) alia o profissionalismo, a especialização e as técnicas de resolução de problemas,


acrescentando um componente fundamental: o envolvimento da comunidade.

Cabe ressaltar também, que Polícia Comunitária não é uma atividade especializada,
particularizada, para servir somente algumas comunidades de cidadãos ordeiros, sem
obedecer aos critérios técnicos ou científicos de policiamento. Da mesma forma, Polícia
Comunitária também não é uma troca de favores e nem apoio financeiro ou logístico da
comunidade para uma determinada corporação.

A ideia central de Polícia Comunitária reside na possibilidade de propiciar uma aproximação


dos profissionais de segurança junto à comunidade onde atuam, de modo a dar
característica humana ao profissional de polícia, e não apenas um número de telefone ou

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uma instalação física referencial. Para isto, realiza um amplo trabalho sistemático, planejado
e detalhado.
Portanto, para os efeitos da presente Diretriz, a Polícia Comunitária é uma filosofia de
atuação adotada pela Polícia Militar de Minas Gerais entendida como a conjugação de todas
as forças vivas da comunidade, marcada pela intensa participação da sociedade na
identificação e resolução conjunta dos problemas afetos à Segurança Pública e comunitária.

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8 PRESCRIÇÕES DIVERSAS

8.1 Os serviços e atividades referentes à Diretriz de Polícia Comunitária na Polícia Militar de


Minas Gerais devem ser reportadas ao Comando-Geral que, em trabalho conjunto com a
Diretoria de Apoio Operacional (DAOp) e Academia de Polícia Militar (APM), avaliará a
viabilidade institucional e à exequibilidade operacional.

8.2 As grades curriculares dos diversos cursos da Polícia Militar de Minas Gerais, bem como
no Treinamento Policial Básico (TPB) deverão ser adequadas à presente Diretriz a partir da
sua publicação, de forma a contemplar as novas estratégias do Comando-Geral.

8.3 As diretrizes estabelecidas nesta norma não devem conflitar com as demais
macroestratégias previstas pela PMMG. Nas situações conflituosas, o Comando-Geral
deverá esclarecer as dúvidas por intermédio de norma complementar.

8.4 Revogam-se as disposições em contrário, em especial a Diretriz n. 3.01.06/2011.

Quartel em Belo Horizonte, 04 de junho de 2019.

(a) GIOVANNE GOMES DA SILVA, CEL PM


Comandante-Geral

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GIOVANNE GOMES DA SILVA, CORONEL PM


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ADRIANA VALERIANO DE SOUZA, TEN CEL PM


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