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DIRETRIZ Nº 3.01.

09/2018-CG

REGULA A ATUAÇÃO DA POLÍCIA MILITAR DE


MINAS GERAIS SEGUNDO A FILOSOFIA DE
DIREITOS HUMANOS

Belo Horizonte
2018
DIRETRIZ DE DIREITOS HUMANOS Nº
3.01.09/2018-CG

Regula a atuação da Polícia Militar de Minas


Gerais segundo a Filosofia de Direitos Humanos

Belo Horizonte - MG
2018
Direitos exclusivos da Polícia Militar do Estado de Minas Gerais (PMMG).
Reprodução condicionada à autorização expressa do Comandante-Geral da PMMG.
Circulação restrita.

Minas Gerais. Polícia Militar. Comando-Geral. Diretriz de Direitos


Humanos nº 3.01.09/18-CG: Regula a atuação da Polícia Militar de
M663d Minas Gerais segundo a Filosofia de Direitos Humanos. Belo Horizonte:
Comando-Geral, Assessoria Estratégica de Emprego Operacional
(AE/3), 2018.

48p.

1. Direitos Humanos - PMMG. 2. Ética policial. 3. Grupos


Vulneráveis. I. Mattos, Wagner Alan (coord). II. Título.

CDU – 342.7:351.746 (815.1)


CDD – 355.13

Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca da Academia de Polícia Militar

ADMINISTRAÇÃO
Comando-Geral da Polícia Militar
Quartel do Comando-Geral da PMMG
Cidade Administrativa Tancredo Neves, Edifício Minas,
Rodovia Papa João Paulo II, nº 4143 – 6º Andar, Bairro Serra Verde
Belo Horizonte – MG – Brasil - CEP 31.630-900

SUPORTE METODOLÓGICO E TÉCNICO


Assessoria Estratégica de Emprego Operacional – AE3
Quartel do Comando-Geral da PMMG
Cidade Administrativa Tancredo Neves, Edifício Minas,
Rodovia Papa João Paulo II, nº 4143 – 6º Andar, Bairro Serra Verde
Belo Horizonte – MG – Brasil - CEP 31.630-900
E-mail:ae3gcg@pmmg.mg.gov.br
GOVERNADOR DO ESTADO
FERNANDO DAMATA PIMENTEL

COMANDANTE-GERAL DA PMMG
CEL PM HELBERT FIGUEIRÓ DE LOURDES

CHEFE DO GABINETE MILITAR DO GOVERNADOR


CEL PM FERNANDO ANTÔNIO ARANTES

SUBCOMANDANTE-GERAL DA PMMG
CEL PM ANDRÉ AGOSTINHO LEÃO DE OLIVEIRA

CHEFE DE GABINETE DO COMANDO-GERAL DA PMMG


CEL PM MARCOS ANTÔNIO DIAS

SUPERVISÃO TÉCNICA
TEN CEL PM WAGNER ALAN DE MATTOS
CHEFE DA ASSESSORIA ESTRATÉGICA DE EMPREGO OPERACIONAL

REDAÇÃO – 1ª EDIÇÃO 2010


CEL PM QOR JOVINO CÉSAR CARDOSO
CEL PM QOR MARCELO VLADIMIR CORRÊA
TEN CEL PM GILMAR LUCIANO SANTOS
TEN CEL PM CARLA CRISTINA MARAFELLI
TEN CEL PM CLÁUDIA HERCULANA F. GLÓRIA
TEN CEL PM QOR PAOLA BONANATO LOPES
TEN CEL PM QOR CLÁUDIO DUANI MARTINS
MAJ PM CLEVERSON NATAL DE OLIVEIRA
MAJ PM SANDRO HELENO GOMES FERREIRA
PEDAGOGA ROSÂNGELA PINHEIRO SOUSA

REDAÇÃO
TEN CEL PM FÁBIO OLIVEIRA DE ALMEIDA
MAJ PM RICARDO MARI DE NOVAIS
CAP PM RICARDO L. A. GONTIJO FOUREAUX
CAP PM PAULO ROBERTO BERMUDES REZENDE
CAP PM MÁRCIO DIAMANTINO DE S. OLIVEIRA
CAP PM THIAGO VITÓRIO DE OLIVEIRA
CAP PM EDISON FERREIRA DA SILVA
2º TEN PM QOR SÍLVIA ADRIANA DA SILVA
3º SGT PM DANÍSIO PEREIRA

REVISÃO DOUTRINÁRIA
TEN CEL PM WAGNER ALAN DE MATTOS
MAJ PM SANDRO ALEX CANUTO GONÇALVES
1º SGT PM CLAUDINEY BARROSO

REVISÃO FINAL
TEN CEL PM WAGNER ALAN DE MATTOS
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

AFAS - Associação Feminina de Assistência Social e Cultura


APM - Academia de Polícia Militar
CG - Comando-Geral
COdont - Centro Odontológico da Polícia Militar
CPM - Corregedoria de Polícia Militar
DAOp - Diretoria de Apoio Operacional
DAL - Diretoria de Apoio Logístico
DEEAS - Diretoria de Educação Escolar e Assistência Social
DRH - Diretoria de Recursos Humanos
DS - Diretoria de Saúde
DTS - Diretoria de Tecnologia e Sistemas
EFO - Escola de Formação de Oficiais
EMEMG - Estatuto dos Militares do Estado de Minas Gerais
FGR - Fundação Guimarães Rosa
HPM - Hospital da Polícia Militar
IPSM - Instituto de Previdência dos Servidores Militares
LGBT - Lésbicas, Gays, Bissexuais e Travestis
MTDPV - Método de Tiro Defensivo de Preservação da Vida
NAIS - Núcleo de Assistência Integral à Saúde
OAB - Ordem dos Advogados do Brasil
ONG - Organização Não Governamental
ONU - Organização das Nações Unidas
PIDCP - Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos
PMMG - Polícia Militar de Minas Gerais
PSOPM - Programa de Saúde Ocupacional do Policial Militar
RPM - Região de Polícia Militar
SAS - Seção de Assistência à Saúde
SISAU - Sistema de Assistência à Saúde
TPB - Treinamento Policial Básico
UEOp - Unidade de Execução Operacional
PREFÁCIO

A constante evolução da Polícia Militar de Minas Gerais ao longo de sua história,


reporta à trajetória de preocupação, respeito e valorização da dignidade da pessoa
humana. Este valor pode ser entendido como um valor supremo, intrínseco, conferido
ao ser humano pela simples condição de ser “humano”, independentemente da raça,
cor, sexo, religião, origem social ou econômica.

Cabe à Polícia Militar proteger a vida e a dignidade humana, promover sensação de


segurança, garantir o direito de ir e vir, direito à propriedade, resolver conflitos e
assegurar os mais importantes processos e direitos, cujas bases repousam numa
sociedade livre, justa e fraterna. O vigor da democracia e a qualidade de vida desejada
por seus cidadãos são dependentes da habilidade da polícia em cumprir suas
obrigações.

As ações dos policiais militares, no exercício de polícia ostensiva, devem ser


desenvolvidos dentro dos limites legais e, o senso de legalidade, é um juízo de valor
que deve orientar a conduta de todo e qualquer profissional de segurança pública.
Deve presidir todos os seus atos e inspirar suas ações, qualquer que seja a atividade
a desempenhar.

Conforme enumeram as teorias do direito administrativo, o exercício do poder de


polícia é discricionário, mas não é arbitrário. Seus parâmetros são definidos pela
própria lei e, neste contexto, a PMMG em sua pujante trajetória de serviços prestados
à comunidade mineira, atua sempre em observância à legalidade e legitimidade.

Essa postura se consolida com a irradiação da Diretriz de Direitos Humanos, de forma


transversal e sem exceções, em todas as atividades de formação, treinamento e
práticas operacionais da Polícia Militar de Minas Gerais, que ao longo dos anos foram
arraigadas na Instituição.

Portanto, a observância aos direitos humanos está diretamente relacionada ao


desempenho da atividade policial militar em sua essência, tornando-se parte
indissociável do exercício da profissão policial militar.
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 09
2 OBJETIVOS ............................................................................................................ 11
2.1 Geral ................................................................................................................... 11
2.2 Específicos ......................................................................................................... 11
3 DIREITOS HUMANOS ............................................................................................ 12
3.1 Breve Histórico ................................................................................................... 12
3.2 O Idealismo e o Realismo ..................................................................................... 15
3.3 Desafios da atuação policial face aos Direitos Humanos ...................................... 17
4 DIREITOS HUMANOS NA PMMG .......................................................................... 23
4.1 A origem do Estado como protetor da vida em sociedade .................................... 23
4.2 A ordem pública como condição para o exercício de direitos ............................... 24
4.3 Os limites da atuação policial ............................................................................... 24
5 EIXOS TEMÁTICOS E AÇÕES EM DIREITOS HUMANOS .................................... 26
5.1 Eixo 1: Educação ................................................................................................. 26
5.2 Eixo 2: Grupos vulneráveis, minorias e vítimas ..................................................... 28
5.3 Eixo 3: Política interna de Direitos Humanos ....................................................... 31
5.4 Eixo 4: Integração com outros Órgãos e Entidades ............................................. 36
6 AÇÕES PARA OS COMANDOS NOS DIVERSOS NÍVEIS ................................... 39
6.1 Gabinete do Comando Geral da Polícia Militar .................................................... 39
6.2 Atribuição do elementos subordinados ................................................................ 40
6.3 Ações de âmbito geral ......................................................................................... 43
7 PRESCRIÇÕES DIVERSAS ................................................................................... 45
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 46
1 INTRODUÇÃO

Os Direitos Humanos são um importante instrumento de proteção à qualquer pessoa, e,


como tal, estão garantidos aos países por meio das diversas normas internacionais das
quais o Brasil também é signatário.

O Brasil conta com uma série de ferramentas que buscam assegurar que os Direitos
Humanos sejam respeitados e estendidos a todos os cidadãos. A Constituição da
República Federativa do Brasil de 1988, como lei maior, busca garantir ao país os
direitos civis, políticos, econômicos, sociais e culturais, sedimentados nos princípios da
cidadania, do pluralismo político, nos valores sociais do trabalho, da dignidade,
inviolabilidade e autonomia da pessoa humana.

Há também, diversas legislações infraconstitucionais como, por exemplo, a de proteção


a criança e ao adolescente (Estatuto da Criança e do Adolescente, Lei 8069/90), a de
proteção ao idoso (Estatuto do Idoso, Lei 10.741/03) e a Lei 11.340/06 que cria
mecanismos para coibir a violência doméstica e familiar contra a mulher, conhecida
popularmente como Lei Maria da Penha.

Apesar de não estabelecer nenhum efeito legal sobre os Estados, os Direitos Humanos
representam um consenso amplo e irrestrito por parte da comunidade internacional,
possuindo uma força moral forte e inegável para direcionar a conduta nas relações
internacionais e nas relações entre os cidadãos.

A temática “Direitos Humanos”, notadamente no início dos anos 2000, revestiu-se de


tema central para a Polícia Militar de Minas Gerais (PMMG). Constituiu-se, no período,
em um dos principais objetivos institucionais, com consideráveis e inéditos
desdobramentos na concepção dos planos estratégicos, políticas educacionais, e, de
modo geral, em toda concepção doutrinária de emprego operacional da Corporação.

Nos últimos anos, houve pela PMMG substancial investimento na “Educação em


Direitos Humanos”, com a inserção do conteúdo em cursos, seminários, formação,
treinamentos, revisão e construção de manuais técnicos profissionais. Isso tem sido
fundamental para a sedimentação e aplicação dos conhecimentos na área operacional,
o que proporcionou a capacitação em Direitos Humanos de cerca de 16 (dezesseis) mil

9
policiais militares entre os anos de 2005 a 2016, com a inclusão da disciplina Direitos
Humanos nos principais cursos e estágios da Corporação.

10
2 OBJETIVOS

2.1 Geral

Apresentar a Diretriz de Direitos Humanos alinhada com a missão da PMMG, de


“Promover Segurança Pública por intermédio da Polícia Ostensiva, com respeito aos
Direitos Humanos e participação social em Minas Gerais”, em atendimento aos
pressupostos legais em vigor.

2.2 Específicos

a) definir as perspectivas filosóficas, históricas, teóricas e conceituais de Direitos


Humanos no contexto operacional da PMMG;

b) estabelecer parâmetros de atuação operacional e da prática policial para a aplicação


da filosofia de Direitos Humanos nas ações da PMMG;

c) apresentar uma política interna de aplicação da filosofia de Direitos Humanos voltada


para policiais militares;

d) estabelecer uma linha de comunicação entre a Polícia Militar e a população em geral


para discutir assuntos relacionados aos Direitos Humanos.

11
3 DIREITOS HUMANOS

Direitos Humanos são todos os direitos que possuímos, pelo simples fato de sermos
seres humanos, que nos permitem viver com dignidade, assegurando, assim, os nossos
direitos fundamentais à vida, à igualdade, à segurança, à liberdade e à propriedade,
dentre outros. Eles se positivam através das normas jurídicas nacionais e
internacionais, tais como tratados, convenções, acordos ou pactos internacionais, leis e
constituições. Estes direitos são universais, interdependentes e indivisíveis.

Inicialmente, nesta seção, apresenta-se um breve histórico sobre a origem dos Direitos
Humanos, seguido de uma discussão sobre idealismo e realismo, finalizando a seção
discorre-se sobre alguns desafios da atuação policial no contexto dos Direitos
Humanos.

3.1 Breve Histórico

Numa breve linha temporal, pode-se visualizar o processo construtivo dos Direitos
Humanos. Registros como o Código de Hamurabi (século XVIII a.C.) e o Cilindro de Ciro
(539 a.C) são marcos da historiografia dos Direitos Humanos.

Desde a Antiguidade, nota-se uma preocupação no que se refere à proteção dos


vulneráveis. No ano de 600 a.C., na Grécia Antiga, a revisão do Código Civil ateniense
de Drácon por Sólon, para proteger viúvas e órfãos, retrata uma origem da ideia de
vulnerabilidade social:
Sólon era muito versátil: poeta, general e hábil político. Em 600 a.C.,
ele liderara as tropas atenienses na vitória contra os soldados da
cidade vizinha de Mégara [...]. Seis anos depois, foi nomeado arconte,
o mais alto cargo do estado. Nessa posição, redigiu uma nova
constituição e iniciou um programa de reformas sociais. [...]. O código
civil ateniense, estabelecido [...] pelo legislador Drácon, era
extremamente rigoroso [...] Sólon amenizou as penalidades e introduziu
novas cláusulas em defesa das viúvas e dos órfãos. As disputas legais,
antes decididas pelo aristocrático Areópago, passaram a ser julgadas
por um tribunal de recursos ou por tribunais populares [...] Sólon não
era um radical. (NOBLE, 1995, p. 56-60)

Outra referência, de 507 d.C., é a proteção pelo rei gaulês Clóvis aos habitantes de
Poitiers, contra saques pelas suas próprias tropas, em respeito à memória de Santo
Hilário, e a de Tours, em reverência a São Martinho (GREGÓRIO DE TOURS, 2005
apud REIS, 2017).

12
Na Idade Média, outra origem da ideia de vulnerabilidade social é o Concílio de
Charroux, ocorrido na França em 987 d.C. (PERNOUD, 1944; DEMURGER, 2002).
Trata-se da referência que fez a primeira distinção entre objetivos militares e propósitos
civis, entre o guerreiro e o não guerreiro (população civil). Dentre os parâmetros fixados
pelo Concílio de Charroux, estão:

A partir de 1023 D.C., as casas dos agricultores (camponeses) e as


igrejas são declaradas invioláveis, sob pena de excomunhão até do rei.
[...] Os membros da Cavalaria foram proibidos de fustigar os “pobres”,
sob pena de sanções eclesiásticas (PERNOUD, 1944; DEMURGER,
2002).

O conceito de proteção dos vulneráveis possui traços anteriores à invenção do Estado


Moderno. Segundo Reis (2017), a proteção da cavalaria nas cercanias dos castelos
remete ao conceito de interesse público, cuja proteção precedeu a invenção do Estado-
nação. Gautier (1959) também retrata que a origem histórica e cultural cavalariana
precedeu a invenção do Estado Moderno. A proteção das populações das terras por
onde passara a disputa entre franceses e ingleses, na Guerra dos Cem Anos, também é
um traço de que a proteção dos vulneráveis remonta ao século XII (FERREIRA; REIS,
2012).

Para que a própria Cavalaria não se tornasse um instrumento de agressão aos


vulneráveis, todo cavaleiro era antes obrigado a se comprometer a servir seguindo um
código de conduta, o código da Cavalaria, segundo Reis (2017).

Corroborando com essa ideia, Gautier (1959) cita alguns itens do juramento de proteção
dos vulneráveis pela Cavalaria:

[...] III- Protegerás as viúvas, os órfãos e desarmados em geral.


IV- Amarás a terra em que nasceste.
V- Não recuarás quando diante do inimigo.
[...] VII- Cumprirás exatamente teus deveres, na medida em que não
forem contrários à lei de Deus.
VIII- Amarás a verdade e terás fidelidade à palavra que deres.
IX- Agirás com generosidade e com desapego a todos.
X- Defenderás o correto e o bem, lutando contra a injustiça e o mal
(GAUTIER, 1959).

Gautier (1959) retrata ainda que durante a socialização da Cavalaria medieval, o


soldado se adaptava, voluntariamente, a um código de ética, que se ancorava em
princípios, como o respeito aos fracos e a fidelidade no cumprimento dos deveres civis:

13
A vida na Cavalaria preservava nesse soldado a valentia e a força, mas
tirava-lhe a crueldade e a grosseria, e obtinha esse resultado por meio
de um código de ética. Este impunha-lhe o dever de respeitar os fracos
(GAUTIER, 1959 apud REIS, 2016, p. 49).

Portanto, a cavalaria é prova de que a proteção aos vulneráveis é anterior ao estado-


nação, na medida em que o lastro temporal de tal situação decorre da Idade Média e
foi idealizada, dentre outros aspectos, para proteger os vulneráveis.
Na Inglaterra, no período da Idade Média, surgiram instrumentos relevantes de respeito
à convivência harmônica da humanidade, como a Magna Carta (1215), o Bill of Rights
(1689), que retirou do monarca o poder absoluto de legislar, transferindo-o ao
parlamento, até a modernidade, e o Habeas Corpus Act (1698), que garantiu liberdade
por prisão arbitrária.

Outros eventos da construção dos Direitos Humanos foram a independência das treze
colônias americanas e a Declaração de Direitos do Homem e do Cidadão, proclamada
após a Revolução Francesa (1789), que gerou os ideais de igualdade, liberdade e
fraternidade.

Após a Segunda Guerra surgiram manifestações de internacionalização dos Direitos


Humanos tais como: o Tribunal de Nuremberg e o de Tóquio (1945 a 1949), a criação
da Organização das Nações Unidas – ONU (1945) e a Declaração Universal dos
Direitos Humanos, proclamada em 1948 na cidade de Paris (MINAS GERAIS, 2010).

Mais tarde, surgiram outros instrumentos que deram sustentabilidade jurídica aos
Direitos Humanos em nível mundial, como o Pacto Internacional dos Direitos Civis e
Políticos (1976) e o Pacto Internacional dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais
(1976), a Convenção Americana de Direitos Humanos (1969) e a Carta Africana dos
Direitos dos Povos (1981).

Portanto, constata-se que os Direitos Humanos são uma filosofia antiga, que inspirou a
elaboração de leis, tratados, códigos e princípios jurídicos que visam o respeito à
coexistência harmônica da humanidade.

Nesse contexto, cabe à PMMG o papel de proteger todo cidadão que tenha seus
direitos fundamentais violados e utilizar-se dos meios legais e legítimos para assegurar
estes direitos, cumprindo-se, dessa forma, seu papel na preservação e restauração da

14
ordem pública.

3.2 O Idealismo e o Realismo

Nas subseções que se seguem, serão discutidas as correntes filosóficas do idealismo e


do realismo, a capacidade humana de partilhar mitos para sua organização e os
desafios atuais que envolvem a aplicação da filosofia de Direitos Humanos no cotidiano
operacional pelos policiais militares.

3.2.1 A Dicotomia na implementação de Direitos

Conforme pôde ser vislumbrado no panorama histórico da subseção 3.1, os Direitos


Humanos são uma filosofia antiga que inspirou a elaboração de leis, tratados, códigos e
princípios jurídicos que visam à coexistência harmônica da humanidade.
Todavia, não basta a escrita de direitos e a assinatura de autoridades. A implementação
integral dos Direitos Humanos em todos os países, independentemente do nível de
desenvolvimento, ainda é um desafio. Para entender essas dificuldades, é necessária a
compreensão dos aspectos idealistas e realistas da filosofia de Direitos Humanos, e
como eles interagem para construírem a realidade em que a humanidade se insere.

Na Ciência Política e no Direito, assim como em outros campos em que se insere a


filosofia de Direitos Humanos, percebe-se o debate intelectual entre as tradições
filosóficas antagônicas do realismo (platônico) e do idealismo (aristotélico).
Especificamente na filosofia dos Direitos Humanos, que, segundo Valadares (2017),
apresentaria um maior idealismo em sua origem, e essas tradições filosóficas se
chocam, na tentativa de estabelecer uma sociedade em que os ideais dos Direitos
Humanos sejam realmente aplicáveis.

Na ótica do idealismo, a construção de uma sociedade, com pessoas e instituições que


agem estritamente com respeito aos Direitos Humanos, baseia-se na elaboração de
ideais e de princípios que possam inspirar determinada população em tais práticas.

Assim, tão logo estes ideais sejam bem definidos, as práticas ocorreriam de acordo com
as ideias, e o bem comum seria atingido. Muitas críticas são feitas à suposta

15
ingenuidade da visão idealista. Conforme aponta Bobbio (20001 citado por Valadares,
2017), autores como Maquiavel, Spinoza e Hegel possuem suas resistências quanto às
sociedades ideais que, na prática, seriam irrealizáveis e, portanto, seu estudo seria uma
perda de tempo.

Em contrapartida, a ótica realista busca na realidade existente e possível a forma de


construção de uma sociedade com pessoas e instituições que agem com respeito aos
Direitos Humanos. Dessa forma, as práticas e ações bem sucedidas das pessoas são
repetidas e aperfeiçoadas, tornando os modelos já existentes comprovadamente
possíveis.

Especificar uma verdade absoluta que possa definir o impasse de tais visões é um
grande desafio. Obviamente, exemplos reais são mais fáceis de serem repetidos e
aplicados do que idealizações, pois a prática expõe as imperfeições e os erros permitem
aperfeiçoa-la. Entretanto, não haveria modelo real se, anteriormente, alguém não
tivesse o idealizado e, também, não há certezas de que a realidade do ato se tornaria
idêntica a sua idealização, porém, é vital entender a importância da idealização como
algo que precede e norteia o real, possibilitando sua existência.

Nesse escopo, deve ser ressaltado que, conforme aponta Valadares (2017), as
tradições idealistas e realistas, apesar de muitas vezes antagônicas,

em seu conjunto, direcionam-se para o sentido atual, de senso comum


ideal de política, como busca do bem coletivo, de justiça, de uma
espécie de cidadania ativa e plena; com exercício do poder por
governantes éticos, preocupados em satisfazer o interesse coletivo e a
realização do bem comum numa sociedade harmônica (VALADARES,
2017, p. 28).

Logo, é sobre este entendimento que se norteia esta Diretriz. Existe a necessidade de
se buscar maior realismo às práticas de Direitos Humanos da Polícia Militar de Minas
Gerais, todavia sem se esquecer das importantes direções que o idealismo apresenta.

3.2.2 Ser humano, animal que imagina e realiza

A mente humana é capaz de idealizar, ou seja, entender, racionalizar e planejar o

1
BOBBIO, Norberto. Teoria Geral da Política: A filosofia política e as lições dos clássicos.
12ª ed. Tradução de Daniela Beccaccia Versiani. Rio de Janeiro: Elsevier, 2000.

16
abstrato. Isto é, segundo Yuval Noah Harari, doutor em história pela Universidade de
Oxford, o que tornou o ser humano distinto: uma evolução cognitiva que permitiu
ultrapassar os limites da concretude no pensamento.

Graças a essa capacidade, o ser humano transmite grandes quantidades de


informações sobre o mundo a sua volta, suas relações sociais e sobre coisas que não
existem de fato, na concretude (HARARI, 2017).

As leis, os costumes, as culturas, as religiões, as instituições e várias outras


idealizações abstratas possibilitaram a supremacia do homo sapiens no mundo. Da
mesma forma, os Direitos Humanos, enquanto ideais, apesar de não serem concretos, e
em algumas circunstâncias irrealizáveis (como por exemplo nos casos de conflito de
direitos, que serão debatidos a seguir), são tão importantes para a coesão social e a
existência da espécie humana.

Um dos princípios básicos das normas internacionais de Direitos Humanos é que todos
são iguais. Ser igual não é concreto, mas uma abstração, uma idealização, ou um mito
partilhado (HARARI, 2017). À luz dos Direitos Humanos, entende-se que, apesar das
diferenças, todos devem ser tratados pela sociedade de forma a igualá-los em direitos e
oportunidades.

Todavia, às vezes surgem dificuldades que atrapalham a realização plena do objetivo


idealizado. Logo, as políticas públicas de direitos humanos, dentre elas as de segurança
pública, devem ser factíveis, realizáveis e buscar atingir ideais, como o da igualdade.

3.3 Desafios da atuação policial face aos Direitos Humanos

No Brasil, as polícias enfrentam muitos desafios para a sua atuação. Algumas das
críticas imputadas às instituições policiais seria sua ineficácia na promoção de direitos
humanos. Essas críticas partem, por vezes, de pessoas que veem as polícias do Brasil
como as principais instituições de garantia de direitos humanos à população. Porém,
esse entendimento parece imperfeito em vários aspectos.

Os Direitos Humanos garantidos aos brasileiros pela Constituição Federal de 1988,


principalmente no artigo 5º, por exemplo, são mais amplos do que simplesmente

17
segurança pública ou propriedade. Habitação, saúde, educação, saneamento, dentre
outros, pertencem ao rol robusto de direitos que estão fora das competências e
responsabilidades das polícias (VALADARES, 2017).

Outro equívoco diz respeito à interpretação que grande parte da sociedade dá aos
Direitos Humanos como direitos absolutos e que o Estado deve garanti-los sem
nenhuma exceção e sobre todas as circunstâncias. Todavia, existem Direitos Humanos
absolutos, inderrogáveis e derrogáveis. Entender essa diferença é vital para
compreender a atuação da polícia em observância a estes direitos e, principalmente,
compreender como deve ser o processo decisório da Polícia Militar quando direitos
humanos de diferentes pessoas entrarem em conflito.

3.3.1 Direitos Absolutos, Direitos Inderrogáveis e Direitos Derrogáveis

O Direito Internacional dos Direitos Humanos reconhece que poucos direitos são
absolutos e limites razoáveis podem ser impostos aos demais direitos e liberdades.

Os direitos absolutos devem ser tratados de forma diferenciada. Nenhuma circunstância


pode justificar o impedimento ao gozo de um direito absoluto, e nenhuma razão justifica
sua restrição ou limite. Direitos absolutos não podem ser suspensos, nem restritos,
mesmo durante a declaração de Estado de Emergência2. O conteúdo desta subseção
foi baseado nas definições conceituais contidas no site da Advocacia-Geral do governo
australiano.

Direitos inderrogáveis são uma outra categoria de direitos que podem ser ou não
direitos absolutos. Alguns direitos inderrogáveis não podem ser suspensos (por isso são
absolutos). Outros, podem sofrer limitações quando da aplicação cotidiana.

2
Um Estado Nacional Soberano pode declarar Estado de Emergência em circunstâncias graves,
como desastres naturais, calamidades, guerras e outras circunstâncias que possam ameaçar a
existência da nação. Nessa situação, poderá suspender ou mudar algumas leis e formas de
organização do Estado, para permitir sua recuperação.

18
Direitos Absolutos: são direitos que não podem ser abolidos, anulados ou
invalidados em nenhuma circunstância. São os direitos de não ser torturado ou
escravizado, por exemplo.
Direitos Inderrogáveis: são direitos que não podem ser abolidos, anulados ou
invalidados, mas podem ser limitados ou restritos de acordo com as circunstâncias.
Nos casos que não podem ser limitados ou restritos em nenhuma circunstância são
considerados direitos absolutos.
Direitos Derrogáveis: são direitos que podem ser abolidos, anulados ou invalidados
sem a necessidade de motivação. Normalmente não estão no rol de Direitos
Humanos.

O Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos (positivado no país pelo Decreto
592, de 06 de julho de 1992), no artigo 4º, esclarece as circunstâncias em que pode
ocorrer a suspensão de diversos direitos humanos, mas define que alguns nunca
podem ser derrogados. Nesse contexto, estão o direito à vida (art. 6º); o direito à
liberdade, o direito de não ser submetido à tortura ou ainda à punição ou tratamento
degradante, cruel, desumano, assim como, de não ser submetido a experimento
científico sem consentimento (art. 7º); o direito a não ser submetido à escravidão e
servidão (art. 8º); o direito a não ser preso por incapacidade de cumprir obrigação
contratual (art.11); o direito a não ser punido com a retroatividade da lei penal (art. 15);
o direito a ser reconhecido perante a lei (art. 16) e o direito à liberdade de pensamento,
consciência e religião (art. 18).

Todavia, alguns destes direitos inderrogáveis podem ser limitados ou restritos de acordo
com as circunstâncias. Para melhor compreensão, tomemos por exemplo o direito à
liberdade de religião, expresso no art. 18, caput do Pacto Internacional dos Direitos
Civis e Políticos. Considerando o contido no art. 4º do mesmo texto legal, é
inderrogável, porém o inciso III, do art. 18 relativiza o entendimento, como se explicita, a
seguir:
A liberdade de manifestar a própria religião ou crença estará sujeita
apenas a limitações previstas em lei e que se façam necessárias para
proteger a segurança, a ordem, a saúde ou a moral públicas ou os
direitos e as liberdades das demais pessoas.

Logo, é um direito inderrogável, ou seja, não pode ser abolido, anulado ou invalidado.
Todavia, pode ser restringido, relativizado, principalmente se for necessário para a
manutenção da segurança, numa perspectiva constitucional de assegurar a ordem

19
pública.

Outro exemplo é o direito à vida, definido no artigo 6º, inciso primeiro, que estabelece:
“Ninguém poderá ser arbitrariamente privado de sua vida”, ou seja, o pacto compreende
que os países signatários devem proteger a vida, porém, em dadas circunstâncias, nem
mesmo o direito à vida é absoluto, quando a privação dela seja justificada, necessária,
razoável e proporcional. O proibitivo não é tirar a vida, mas sim, fazê-la de forma
arbitrária.

Em contrapartida, os outros direitos listados como inderrogáveis (artigos 7º, 8º, 11, 15 e
16) não possuem, nas suas definições, circunstâncias em que poderiam ser limitados.
Logo, seriam direitos inderrogáveis e absolutos. Não há circunstância que se justifique a
tortura ou a escravidão, e isso é absoluto.

3.3.2 Polícia no conflito de Direitos

Na hermenêutica jurídica, a Teoria dos Princípios de Robert Alexy (2008) aborda a


colisão entre princípios; um deve ceder frente ao outro princípio, considerando a
dimensão de peso entre os princípios envolvidos e as circunstâncias práticas
apresentadas. A ponderação é utilizada para solucionar conflitos entre princípios, sendo
intitulada “lei de colisão ou do sopesamento de princípios”.

Permite resolver conflitos eventuais de princípios e manter a normatividade sem que


haja a exclusão do ordenamento jurídico, por meio da aplicação da proporcionalidade,
que de forma resumida se dá pelo estabelecimento do grau de restrição a um
princípio, estabelecimento da importância em se realizar outro princípio e por
síntese, estabelecer se a importância em realizar o segundo princípio justifica a
não realização do primeiro princípio.

Toda pessoa reivindica o respeito aos seus direitos humanos, todavia, algumas
circunstâncias específicas criam conflitos entre pessoas ou grupos de pessoas distintas.
Quando isso acontece, a Polícia Militar é chamada para resolução do problema.

Ocorre, porém, que independentemente da decisão que a Polícia Militar tomar, uma das
partes envolvidas entenderá que a instituição usurpou seus direitos.

20
Nesse contexto conflitante, é importante que o policial esteja preparado para decidir e
agir da forma mais justa possível, considerando o sopesamento de princípios ou a regra
da proporcionalidade. O exemplo abaixo pode ilustrar esse conflito:

O direito a se manifestar pacificamente contra alguma situação é assegurado a


determinados grupos de indivíduos, assim como é assegurado a outros grupos, o direito
de ir e vir sem ser molestado. Para o exercício da manifestação ocorre a obstrução de
vias públicas, impossibilitando o trânsito livre das pessoas, dos veículos de serviços
essenciais, ambulâncias, dentre outros transtornos.

Quando os direitos destes grupos entram em conflito, qual terá maior ou menor
importância? Temos aqui dois princípios constitucionais elencados: o da livre
manifestação de pensamento e o de livre locomoção (direito de ir e vir). Qual deve
prevalecer?
Nota-se que o exemplo citado demonstra que as partes exemplificadas querem exercer
o gozo de seus direitos e que, independentemente da conduta policial militar na solução
do problema, um dos envolvidos entenderá que a Polícia Militar violou seu direito.

Com este cenário, o que deve nortear a ação do policial que for atender esta
ocorrência? Como a conduta desse policial pode ser a mais respeitadora de direitos
humanos possível?

Conforme aponta Valadares (2017), os artigos 21 e 22 do Pacto Internacional dos


Direitos Civis e Políticos (positivado pelo Decreto 592, de 06 de julho de 1992) dão uma
pista de como as organizações internacionais que defendem os direitos humanos
entendem essa questão:
Artigo 21

O direito de reunião pacífica será reconhecido. O exercício desse


direito estará sujeito apenas às restrições previstas em lei e que se
façam necessárias, em uma sociedade democrática, no interesse da
segurança nacional, da segurança ou da ordem pública, ou para
proteger a saúde pública ou os direitos e as liberdades das demais
pessoas.

Artigo 22

1.Toda pessoa terá o direito de associar-se livremente a outras,


inclusive o direito de construir sindicatos e de a eles filiar-se, para
proteção de seus interesses.

21
2. O exercício desse direito estará sujeito apenas às restrições
previstas em lei e que se façam necessárias, em uma sociedade
democrática, no interesse da segurança nacional, da segurança e da
ordem pública, ou para proteger a saúde ou a moral pública ou os
direitos e liberdades das demais pessoas. O presente artigo não
impedirá que se submeta à restrições legais o exercício desse direito
por membros das forças armadas e da polícia (BRASIL, 1992).

Conforme pôde se depreender, o gozo de um direito humano não pode, nas sociedades
democráticas, atentar contra o interesse da segurança nacional e da ordem pública.

Desta forma, o exercício de direito de determinado grupo não pode colocar outras
pessoas em risco ou criar condições para que o Estado se torne caótico. A preservação
da ordem pública deve ser o parâmetro que norteará a atuação policial sempre que dois
direitos estiverem em conflito e, portanto, não há que se apontar a atuação policial
militar como arbitrária e violadora de direitos. Para tanto, o policial militar aplicará a
regra do sopesamento de princípios.
Este parâmetro para atuação não aparece de forma isolada no regramento jurídico. Na
verdade, na maioria das legislações internacionais de Direitos Humanos, há a previsão
da derrogação de direitos em prol da ordem pública.

Em todo seu escopo pode-se perceber a intenção do legislador de apresentar o uso da


força pelas instituições policiais como um meio legítimo de reestabelecimento da ordem.
A única orientação, quando realizado este procedimento, é de que seja feito de forma
razoável e proporcional.

Em 1988, a Assembleia Constituinte definiu, no artigo 144, que cabe às Polícias


Militares do Brasil o exercício de polícia ostensiva e a preservação da ordem pública,
portanto:

O parâmetro que norteará a atuação policial em casos de conflito de direitos


humanos será a manutenção da ordem pública.

22
4 DIREITOS HUMANOS NA PMMG

Nesta seção são apontados aspectos sobre o Estado como protetor da vida em
sociedade, a ordem pública como condição para o exercício de direitos e os limites da
atuação policial.

4.1 A origem do Estado como protetor da vida em sociedade

As teorias que tratam da formação do Estado Nacional, em síntese, justificam sua


existência pela função de proteção e defesa, exercida basicamente de duas formas:
contra elementos adversos externos (realizada num primeiro momento pelas forças
armadas) e a proteção interna, realizada pelas forças policiais.

A proteção interna tem como principal finalidade permitir a convivência harmoniosa


entre os seus integrantes, garantindo que o império das leis e o interesse da
coletividade prevaleça sobre a vontade individual de cada cidadão. Para garantir este
poder/dever, o Estado detém o monopólio do uso da força, exercido pela polícia,
conforme descreve Oliveira:
Diferentemente das funções jurisdicional e legislativa, a materialização
da coercibilidade é uma característica da atuação do executivo-polícia.
Efetivar a coação estatal pode ensejar o emprego de força física contra
a pessoa que não cumpre espontaneamente a norma (OLIVEIRA,
2017, p. 201).

No Brasil, conforme garante o Art 144 da Constituição Federal de 1988 é dever do


Estado a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do
patrimônio, tendo o legislador atribuído às polícias em geral, o monopólio do uso da
força estatal para proteção interna, com destaque para as polícias militares cujos
parâmetros constitucionais são as atividades de polícia ostensiva e de preservação da
ordem pública.

Com o passar dos anos, o Estado ficou encarregado de outras funções, além da
segurança e defesa. Foram positivadas no ordenamento jurídico sob a forma de direitos
individuais, direito à educação, saúde, moradia, lazer, etc. E, sob o entendimento de
que, para o exercício do direito de uma parte, é preciso que outra se obrigue a cumprir,
pois todos os direitos positivados são na verdade, obrigações do ente estatal para com
os seus cidadãos.

23
4.2 A ordem pública como condição para o exercício de direitos

A ordem pública se faz necessária para que os direitos individuais sejam exercidos
pelos cidadãos. Na ausência desta, perde-se a possibilidade de usufruir de qualquer
direito inerente aos direitos humanos.

Nessa seara, a Polícia Militar possui um papel determinante para o exercício dos
direitos individuais, pois é a primeira que garante a existência e o usufruto dos direitos
humanos.

A identidade institucional da PMMG estabelece como missão “promover segurança


pública por intermédio da polícia ostensiva, com respeito aos direitos humanos e
participação social em Minas Gerais.” Mesmo nas atividades de repressão qualificada,
existe a preocupação de alinhamento com os direitos humanos.

Muitas vezes ao se referir ao termo Direitos Humanos no contexto da PMMG, o


imaginário pode equivocadamente associar esta terminologia a ações sociais,
programas educacionais e/ou cultura de caráter lúdico, que objetivem a aproximação
entre comunidade e polícia. Entretanto, a atividade policial militar, tanto nas atividades
preventivas quanto de repressão qualificada, é a maior contribuição que a PMMG pode
dar como garantidora dos direitos humanos dos cidadãos, efetivamente auxiliando no
cumprimento da lei e dos princípios fundamentais, o que vai muito além das ações
sociais ou participação em programas educacionais em comunidades.

4.3 Os limites da atuação policial

O policial militar atua diuturnamente contra pessoas que violam a lei. Nesse contexto,
são necessárias medidas legais para conter e coibir os agentes de práticas delituosas.

Um dos instrumentos disponíveis neste tipo de situação é o uso da força policial que
deve ser avaliado de forma criteriosa, com o objetivo de pautar as ações de maneira
legal, técnica e profissional, como é preconizado na formação profissional inicial e
continuada, bem como nas doutrinas técnico/profissionais disponíveis no acervo
institucional da PMMG.

24
O policial militar dever estar preparado para enfrentar situações de estresse e alta
pressão psicológica e, atuar dentro dos preceitos legais em busca da solução dos
problemas. Segundo Mises (2010), a questão do limite da atuação do Estado, através
da polícia, diz respeito ao próprio conceito de liberdade:

(...) a sociedade não pode existir se não houver meios de evitar que
pessoas obstinadas ajam de maneira incompatível com a vida em
comunidade. A fim de preservar a colaboração pacífica, as pessoas
devem estar prontas para lançar mão da repressão violenta contra os
que perturbam a paz. A sociedade não pode funcionar sem um
dispositivo social de coerção e de pressão, isto é, sem o estado e o
governo. Daí, surge um novo problema: coibir os homens investidos
das funções governamentais a fim de que não abusem de seus
poderes e transformem todas as outras pessoas em virtuais escravos.
O objetivo de todas as lutas pela liberdade é o de moderar os
defensores armados da paz, os governantes e seus policiais. O
conceito político de liberdade individual é: liberdade contra a ação
arbitrária do poder policial (MISES, 2010, p. 67).

Em síntese, para o pleno exercício de direitos é fundamental que a ordem pública seja
garantida e que, eventualmente, poderá ser assegurada por meio do uso da força
policial legítima em conformindade com os preceitos legais.

25
5 EIXOS TEMÁTICOS E AÇÕES EM DIREITOS HUMANOS

Os eixos constituem-se no conjunto de temas que dão o direcionamento do


planejamento e dos objetivos de atuação da PMMG em relação à filosofia de Direitos
Humanos, assim delimitados:

QUADRO 1: Eixos Temáticos em Direitos Humanos

EIXOS TEMÁTICOS EM DIREITOS HUMANOS

EIXO 1 EDUCAÇÃO

EIXO 2 GRUPOS VULNERÁVEIS, MINORIAS E VÍTIMAS

EIXO 3 POLÍTICA INTERNA DE DIREITOS HUMANOS

EIXO 4 INTEGRAÇÃO COM OUTROS ÓRGÃOS E ENTIDADES

5.1 Eixo 1: Educação

O Eixo Educação tem como objetivo a inserção do assunto Direitos Humanos na


Educação de Polícia Militar.

A reunião de pessoas para, em conjunto, se defenderem das dificuldades naturais em


prol da sobrevivência da espécie, implicou a formação de sociedades que ao crescerem
e se sofisticarem viram igualmente crescer em seu interior o desejo pelo exercício do
poder. O Estado surgido nos fins da Idade Média é fruto da evolução dessa organização
social estruturada a partir do exercício do poder (SENISE, 2011).

A necessidade de organização retratada no contrato social por diversos doutrinadores


implicou a abdicação da natureza livre dos homens em prol de garantias conferidas pela
figura do Estado, que se encarrega de sobrepor às ambições de conflitos e guerras
preservando a ordem conforme expõe Hobbes (2014).

Assim, coube aos próprios indivíduos examinar as liberdades que eles próprios
deveriam negar em prol da paz pretendida e pela defesa contra um inimigo comum, de
forma a garantir os esperados direitos à vida, à integridade física, à propriedade, ao
direito de ir e vir e de se manifestar, dentre outros.

26
A natureza livre dos homens segundo Hobbes (2014), cede lugar à transferência de
direitos ao criar o Estado. Rousseau (2002) aborda que o contrato social parte da
premissa de que o homem necessita abdicar-se de seus direitos em favor do Estado,
para que este, resvestido da autoridade que lhe foi concedida, possa tutelar a vontade
geral e intervir no particular quando o interesse público estiver em jogo.

Nesse contexto, estão inseridas as Forças de Segurança Pública, dentre elas as


Polícias Militares que, agindo em nome do Estado e do povo, deve tutelar a vontade
geral, garantido os direitos humanos, com ênfase na manutenção da ordem pública.

As Polícias Militares carregam arcabouço cultural com transmissão de valores para o


cumprimento da missão de manutenção da ordem, atendendo à expectativa do cidadão,
quando da Constituição do Estado, na preservação das suas garantias básicas. Reis
(2016) aponta um conceito analítico de cultura policial militar:

Polícia Militar é um tipo de organização dotado de duas predisposições


básicas: o uso da força física e até bélica para gerar “tranquilidade na
ordem” e o letramento de seus integrantes, por meio da cultura do
militarismo, a qual se compõe de estética militar, valorização da
hierarquia e disciplina militares, preparo continuado para o embate
físico e até bélico, visando o domínio do oponente, patriotismo, espírito
de corpo militar é valorização do saber teórico por uma educação
superior (REIS, 2016).

Assim se apresenta a PMMG, garantidora dos direitos humanos que, valendo-se do uso
da força adequada e sem excessos, predispõe-se para ocupação territorial de maneira
a repelir a agressão contra o povo.

5.1.1 Formação policial e capacitação em Direitos Humanos

A formação policial traz em suas matrizes de cursos a disciplina Direitos Humanos. O


assunto perpassa interdisciplinar e transversalmente por outras matérias e atividades de
forma que a capacitação para Educação em Direitos Humanos é uma realidade nos
cursos regulares da PMMG, seja na formação inicial ou continuada.

A Corporação manifesta na declaração da sua missão a relevância do respeito aos


Direitos Humanos na promoção da segurança pública, especificamente na sua razão de
existir: a execução da polícia ostensiva.

27
Assim alinhada, a Educação de Polícia Militar deve considerar uma leitura de Direitos
Humanos contextualizada com a realidade e não de acordo com "expectativas de paz,
igualdade e fraternidade", “que desconsideram, por exemplo, atividades de controle de
distúrbios levadas a efeito por Batalhões Especializados, ou operações de combate ao
crime, de repressão criminal, encetadas diariamente pelos batalhões operacionais da
Corporação, em geral” (VALADARES, 2017).

Essas ações, segundo Valadares (2017), não se fiam ou se conformam segundo


expectativa de paz, igualdade e fraternidade, embora possam, em boa medida,
ocuparem-se de direitos fundamentais em risco, como a vida, integridade física,
liberdade, dentre outros.

Conforme assevera Valadares (2017), não cabe à atividade policial ser considerada a
protagonista central na proteção de todos os direitos humanos, mas sim, ao exercício
das atividades ligadas à segurança pública.

Numa abordagem realista é possível argumentar que não seria responsabilidade direta
da Corporação a promoção de direitos humanos nas searas da educação, cultura,
saúde, moradia, trabalho, etc., embora, eventualmente, possa atuar em alguma dessas
searas. Nesse sentido, o direito à segurança, numa vertente realista, segundo Villey
(2007, p. 8) passa pelo reforço dos “meios de ação da polícia” e maior limitação de
direitos, de "garantia dos jurisdicionados".

5.2 Eixo 2: Grupos Vulneráveis, Minorias e Vítimas

Os conflitos sempre existiram nas relações humanas, sejam em sociedades primitivas,


modernas ou contemporâneas, fruto da diferenciação entre indivíduos e o consequente
exercício de força e poder de uns sobre os outros.

Nota-se que, ao longo da história, vários eventos de violência e violação de Direitos


Humanos, alicerçados em mecanismos de diferenciação entre as pessoas, terminaram
por desenvolver um processo de discriminação e segregação, deixando alguns
indivíduos em maior grau de susceptibilidade à violação e privação de direitos.

28
A Polícia Militar de Minas Gerais demonstra preocupação em prestar um serviço que
respeite os Direitos Humanos, independentemente da situação de vulnerabilidade e de
pertencimento a alguma minoria. Nesse sentido, na PMMG vigora o Manual Técnico-
Profissional nº 3.04.02/2013 – CG denominado Tática policial, Abordagem a Pessoas e
Tratamento às Vítimas e que direciona a atuação policial militar nos aspectos
relacionados ao tratamento às vítimas e minorias. A Seção 6 do citado documento traz
os procedimentos que deverão ser observados pelo policial militar quanto ao correto
tratamento a vítimas e minorias.

5.2.1 Os grupos vulneráveis

São aqueles compostos por pessoas mais suscetíveis de sofrer eventuais violações de
direitos humanos em razão de características ligadas a gênero, idade, condição social,
deficiência e orientação sexual.

5.2.2 Minorias

O conceito de minoria não é universal. Segundo o entendimento da Corte Internacional


de Justiça, cada Estado tem a discricionariedade para identificar os grupos que
possuem fatores característicos de minoria. A Organização das Nações Unidas também
não institui um conceito fechado. Entretanto, a identificação de minorias envolve a
apreciação de critérios objetivos e subjetivos aceitos por grande parte da doutrina.

O conceito de minoria não se refere somente a desvantagem numérica de determinada


população, mas também diz respeito à sua posição de domínio ou dominado:

[...] um grupo de cidadãos de um Estado, constituindo minoria numérica


e em posição não-dominante no Estado, dotada de características
étnicas, religiosas ou linguísticas que diferem daquelas da maioria da
população, tendo um senso de solidariedade um para com o outro,
motivado, senão apenas implicitamente, por vontade coletiva de
sobreviver e cujo objetivo é conquistar igualdade com a maioria, nos
fatos e na lei [...] (DESCHENES apud MAIA, 2001).

Como se pode observar, o conceito de minoria não está relacionado somente à questão
numérica, mas também inclui a relação dominante e dominado. Na África do Sul, por
exemplo, durante a colonização inglesa, a minoria branca, que exercia o poder político,
sobrepunha-se em dominação à maioria da população negra que era obrigada a se

29
submeter às normas sociais, políticas e econômicas, estruturadas no estilo de vida
inglês. Essas minorias, segundo Poulter (1986), são identificadas como minorias
étnicas, religiosas e linguísticas.

5.2.3 Vítimas da criminalidade e abuso de poder

Atualmente, a legislação voltada para as vítimas da criminalidade é escassa e de pouca


repercussão junto a sociedade. Um dos poucos instrumentos internacionais sobre a
matéria é a “Declaração das Nações Unidas sobre os Princípios Fundamentais de
Justiça Relativos às Vítimas da Criminalidade e do Abuso do Poder”, conhecida também
como “Declaração das Vítimas”.

O documento citado fornece orientações aos Estados Membros, no tocante à proteção


e reparação às vítimas. Como a Declaração não é um tratado, os Estados não têm
obrigatoriedade legal em aplicá-la, porém alguns poucos dispositivos da Declaração das
Vítimas geram obrigações legais, como, por exemplo, o direito à indenização às vítimas
de captura ou detenção ilegal (PIDCP, art. 14.6) e o direito de indenização justa e
adequada às vítimas de tortura (Convenção contra a Tortura, art.14.1).

Nesse contexto, e, de acordo com a Declaração das Vítimas, no artigo 1º, entende-se
por vítimas de crimes:
[...] as pessoas que, individual ou coletivamente, tenham sofrido danos,
nomeadamente a sua integridade física ou mental, ou sofrimento de
ordem emocional, ou perda material, ou grave atentado a seus direitos
fundamentais, como consequência de atos ou omissões que violem as
leis penais em vigor em um Estado Membro, incluindo as que proíbem
o abuso do poder. [...]

As vítimas do abuso de poder, à luz da Declaração das Vítimas no artigo 18, são assim
conceituadas:

[...] entendem-se por "vítimas" as pessoas que, individual ou


coletivamente, tenham sofrido prejuízos, nomeadamente um atentado à
sua integridade física ou mental, um sofrimento de ordem moral, uma
perda material, ou um grave atentado aos seus direitos fundamentais,
como consequência de atos ou de omissões que, não constituindo
ainda uma violação da legislação penal nacional, representam
violações das normas internacionalmente reconhecidas em matéria de
direitos do homem. [...]

30
No âmbito estadual, especificamente na Lei nº 13.188/99, os direitos das vítimas
buscam medidas de proteção, auxílio e assistência. Há ainda a reparação de danos
físicos, materiais e morais, acompanhamento de diligências policiais ou judiciais, no
caso de crimes violentos, plano de auxílio e de manutenção econômica para vítimas,
testemunhas e seus familiares sob ameaça, transporte, acompanhamento psicológico,
dentre outros, tudo visando minimizar os danos sofridos pelas vítimas.

Diante do estado de fragilidade em que se encontra a pessoa na posição de vítima, é


importante que o policial militar esteja devidamente instruído sobre as maneiras
adequadas de se acolher o cidadão vitimado, apresentando uma postura profissional e
ética de tal forma que seja um mediador de conflitos, conhecendo as diferenças entre o
tratamento a ser dado às vítimas e ao autor da ação delituosa.

5.3 Eixo 3: Política interna de Direitos Humanos

A atuação profissional do policial militar faz com que a lei seja aplicada e os direitos de
todas as pessoas sejam respeitados, independentemente de cor, raça, sexo, classe
social, sem qualquer tipo de discriminação.

A valorização do policial é fundamental para o sucesso da Instituição, por ser ele o seu
maior patrimônio. Para que o trabalho deste profissional produza os melhores
resultados, é preciso que ele esteja capacitado, que haja controle sobre as pressões a
que é submetido, que seja motivado e, acima de tudo, tenha os seus direitos
respeitados.

A PMMG tem desenvolvido programas e ações para a valorização profissional do


policial militar. No Plano Estratégico vigente, um dos valores definidos para a instituição,
é o respeito, materializado por meio dos deveres em relação a quem serve na PMMG e
a quem a instituição serve (o cidadão e a sociedade).
A Corporação tem propiciado condições aos seus servidores para que estes expressem
o seu potencial de inteligência e sua capacidade de assegurar os direitos fundamentais
das pessoas, norteando-os para ações com foco na preservação da vida e da dignidade
da pessoa humana, observância aos Direitos Humanos, liberdades e aos ditames
legais.

31
5.3.1 Direitos do policial militar

Além dos direitos e garantias fundamentais previstos na Constituição Federal de 1988,


o policial militar é possuidor de direitos previstos na Lei Estadual nº 5.301, de 1969, que
contém o Estatuto dos Militares do Estado de Minas Gerais (EMEMG). O documento
traz em seu texto os direitos, prerrogativas, deveres e responsabilidades dos militares
do Estado, nos termos do art. 39 da Constituição do Estado.

A Lei Complementar Estadual nº 109, de 22 de dezembro de 2009, acrescentou, dentre


outros, os seguintes direitos:

a) jornada de trabalho reduzida, vinte horas semanais, para o militar


responsável por cuidar de pessoas com necessidades especiais;
b) 25 dias úteis de férias anuais para os policiais militares;
c) aumento da licença maternidade para as mulheres policiais militares;
d) aposentadoria especial para as mulheres (25 anos de serviço).

5.3.2 Principais programas e benefícios oferecidos pela PMMG em apoio ao policial


militar

A PMMG oferece vários programas e benefícios em apoio ao policial militar e seus


familiares. Dentre eles destacam-se:

32
QUADRO 02: Programas e benefícios oferecidos pela PMMG em apoio ao policial
militar
SETOR
PROGRAMA/BENEFÍCIOS REFERÊNCIA
RESPONSÁVEL
Programa de Saúde Resolução nº 4.449 de
Ocupacional do Policial 05Jan16 DS
Militar (PSOPM)
Programa de Prevenção e Instrução Conjunta de Saúde
DS
Cessação ao Tabagismo nº 02/15 de 09Jun16
Programa de Preparação Resolução nº 4.308 de
DEEAS
para a Reserva 08Mai14
Promorar Militar Lei Estadual nº 17.949 de
22Dez08 e Decreto Estadual DEEAS
nº 45.078 de 02Abr09.
Programa Lares Geraes – Decreto Estadual nº
DEEAS
Moradia Funcional 46.109/12
Assistência Social Resolução 4.307/14 DEEAS
Indenização Securitária e Resolução nº 4.070 de
DEEAS
Auxílio Invalidez 30Mar10
Assessoria Jurídica e Resolução nº 4.631 de DRH
Assistência Judiciária 18Dez17 DEEAS
Colégio Tiradentes Lei nº 480 de 10Nov49 DEEAS
Rede de Policiais Militares Resolução nº 4.443 de
UEOp
Protegidos (RPMP) 03Dez15
Programa de Resolução nº 4.699 de CPM
Acompanhamento e Apoio 31Ago18 DS
aos Policiais Militares – PRO DEEAS
APOIO DRH
Fonte: Assessoria Estratégica de Emprego Operacional

5.3.3 Órgãos Internos e Externos de Promoção dos Direitos Humanos na PMMG

5.3.3.1 Diretoria de Recursos Humanos (DRH)

Unidade de Direção Intermediária da Polícia Militar, responsável pelo planejamento,


coordenação, controle e supervisão técnica das atividades específicas do Sistema de
Recursos Humanos da PMMG. Possui em sua estrutura o Centro de Administração de
Pessoal (CAP), o Centro de Recrutamento e Seleção (CRS), e o Centro de Gestão
Documental (CGDoc), cada qual responsável pela execução e gestão das atividades
afetas às respectivas áreas de atuação.

A DRH por intermédio de suas Seções e Centros acolhe os militares ativos e inativos,
os servidores civis da Instituição, e suas respectivas famílias, quando da execução das
atividades relacionadas com a administração de recursos humanos, pois é ela que

33
promove a proteção, o pagamento e a garantia de direitos e benefícios previstos na
legislação vigente, o rápido acesso à informações, dentre outras atividades.

5.3.3.2 Corregedoria da Polícia Militar (CPM)

A Corregedoria da Polícia Militar é gestora do Grupo Especial de Resposta Imediata


(GERI), integrante do rol de serviços de amparo ao policial militar previsto na Resolução
4.699 de 31 de agosto de 2018 a qual institui o Programa de Apoio e Acompanhamento
aos Policiais Militares (PRO-APOIO).

O GERI possui como missão atuar em situações nas quais o militar seja vítima de
infração penal que resulte na tentativa ou consumação de sua morte, ou que sofra risco
de morte ou tenha a integridade física ameaçada em razão da natureza de suas
atividades ou em função do local que reside.

Por meio de ações de cunho operacional e de inteligência, em parceria com as


Unidades da PMMG, O GERI busca a apuração rápida dos crimes que vitimam os
militares, mormente homicídios e ameaças, fomentando a responsabilização dos
autores. Além do apoio das Unidades da PMMG, o GERI busca estabelecer uma rede
de contatos com os diversos órgãos que podem contribuir na consecução da missão,
como Delegacias e Poder Judiciário. Na área da RMBH (1ª a 3ª RPM) , a CPM executa
diretamente o serviço. Nas demais RPM, cada UDI deve criar e executar o serviço sob
coordenação técnica da Corregedoria.

5.3.3.3 Diretoria de Saúde (DS)

Unidade de Direção Intermediária da Polícia Militar, responsável pela coordenação e


controle da rede orgânica de saúde da PMMG (HPM, COdont, NAIS e SAS, etc.) e das
redes conveniadas do sistema.

Possui entre suas funções, a responsabilidade pela definição de estratégias e diretrizes


para a regulamentação, gerenciamento e avaliação das ações de atenção à saúde no
âmbito do Sistema de Assistência à Saúde (SISAU); gestão das ações de vigilância e
promoção da saúde e de prevenção de doenças no âmbito do SISAU; gestão de
créditos orçamentários para atendimento das demandas das Unidades subordinadas à

34
DS e todos os NAIS/SAS; aplicação dos recursos financeiros necessários ao
desenvolvimento das atividades administrativas da DS; divulgação de atividades e
trabalhos referentes à atenção, promoção e programas de saúde, dentre outras
funções.

5.3.3.4 Diretoria de Educação Escolar e Assistência Social (DEEAS)

Unidade de Direção Intermediária responsável, perante o Comandante-Geral, pelo


planejamento, coordenação, controle e supervisão técnica das atividades especificas
de educação escolar e de assistência social, securitária, judiciária, habitacional,
cultural, desportiva e de lazer da PMMG.

5.3.3.5 Instituto de Previdência dos Servidores Militares de Minas Gerais (IPSM)

O IPSM possui a finalidade institucional de prestar assistência médica, social e


previdenciária a seus beneficiários, conforme regulamento do Instituto de Previdência
dos Servidores Militares do Estado de Minas Gerais a que se refere a Lei nº 10366, de
28Dez90, o Decreto nº 43.581, de 11Set03 que diz respeito à estrutura funcional e o
Decreto n° 22.257 de 27Jul16 que altera a estrutura orgânica do IPSM.

O SISAU foi criado por meio de Convênio de Cooperação Mútua entre o IPSM, Polícia
Militar e o Corpo de Bombeiros Militar do Estado de Minas Gerais para promover a
assistência à saúde. Está estruturado com uma vasta rede orgânica e contratada em
todo o Estado e busca atender a todos os beneficiários de maneira rápida e eficiente.

5.3.3.6 Associação Feminina de Assistência Social e Cultura (AFAS)

A PMMG trabalha em parceria com a Associação Feminina de Assistência Social e


Cultura (AFAS), na promoção social da família policial e bombeiro militar. Tem como
finalidade atender às necessidades de policiais e bombeiros militares, seus
dependentes, além dos funcionários civis da Corporação que apresentem situação de
vulnerabilidade e risco social em suas necessidades básicas.

Este atendimento é realizado em caráter suplementar, provisório, emergencial e não


contributivo por meio da concessão de benefícios sociais.

35
A AFAS atua em todo Estado de Minas Gerais como articuladora em ações que visem a
melhoria da qualidade de vida dos militares e da comunidade civil, por meio do
desenvolvimento de projetos de proteção à família, à maternidade, à infância, à
adolescência, a terceira idade e pessoas com necessidades especiais.

5.3.3.7 Fundação Guimarães Rosa (FGR)

A Fundação Guimarães Rosa (FGR) é uma entidade sem fins lucrativos com autonomia
administrativa e financeira. Foi instituída pela AFAS em 19dez01, com a missão de
contribuir para a melhoria da Segurança Pública no Estado de Minas Gerais,
maximizando os recursos necessários a uma atuação mais eficaz das instituições
militares estaduais.

Constituem objetivos da FGR, mediante apoio ao desenvolvimento institucional ou de


pesquisas, o exercício e estímulo às atividades de segurança pública, habitação, saúde,
educação, capacitação profissional, cultura, lazer, ação comunitária, assistência social,
apoio na administração de recursos humanos e suporte administrativo.

Vários projetos relacionados aos Direitos Humanos têm sido realizados ao longo dos
anos pela Fundação Guimarães Rosa. O Programa Artista da Paz: cidadania e
segurança também se fazem com música, por exemplo, é um programa da FGR em
parceria com a PMMG.

5.4 Eixo 4: Integração com outros Órgãos e Entidades

A atuação da Polícia Militar, inserida no contexto do Estado Democrático de Direito, a


partir da previsão do seu papel constitucional na segurança pública, por meio das
atividades de polícia ostensiva e da preservação da ordem pública, não ocorre de forma
isolada ou fragmentada, pelo contrário, exige participação integrada com outras
Instituições que também atuam nesse ambiente.

Assim, a elaboração dos planejamentos integrados, bem como a construção de políticas


e metas a serem atingidas em conjunto, favorecem o fortalecimento da rede de proteção
social existente em cada área de atuação. Desta feita, é de suma importância evidenciar
os parceiros, os interessados e envolvidos de forma geral nas atividades, que em algum
momento, convergem para a atuação policial militar. São eles:

36
5.4.1 Poder Judiciário local

É o responsável dentro do Estado Democrático de Direito por prestar a jurisdição no


país, cabendo-lhe dirimir as lides e fazer valer os direitos positivados. A celebração de
uma parceria com o mencionado órgão é de suma importância na aplicação dos
preceitos de Direitos Humanos, principalmente nas comarcas que possuem apenas um
magistrado.

5.4.2 Ministério Público

Uma parceria com o Ministério Público é positiva sobretudo para a efetivação das ações
voltadas à proteção e repressão à violação dos direitos dos grupos vulneráveis, no
tocante à efetivação das garantias previstas nas leis ordinárias.

5.4.3 Conselho Estadual de Defesa dos Direitos Humanos

O Conselho Estadual de Defesa dos Direitos Humanos possui por finalidade promover
investigações e estudos para a eficácia das normas asseguradoras dos Direitos
Humanos, portanto é fundamental a parceria com o referido Conselho.

5.4.4 Câmara de Vereadores

Parceiros importantes para a disseminação, promoção, efetivação e acompanhamento


do trabalho de Direitos Humanos em todos os níveis de uma comunidade.

5.4.5 Ouvidoria de Polícia

Importante órgão auxiliar do Poder Executivo na fiscalização dos serviços e atividades


da Polícia Estadual. Dentre suas competências, cabe ao órgão promover pesquisa,
palestra ou seminário sobre tema relacionado com a atividade policial, cursos de
democracia e direitos humanos.

37
5.4.6 Delegacias de Polícia Civil

A parceria com este órgão do sistema de defesa social é de fundamental importância,


particularmente no que diz respeito ao acolhimento das pessoas incluídas nos grupos
vulneráveis que tiverem os direitos violados.

5.4.7 Prefeituras Municipais

Importante parceiro operacional para a implementação de ações e políticas públicas


locais voltadas à filosofia dos Direitos Humanos.

5.4.8 Ordem dos Advogados do Brasil

Uma parceria com a OAB torna-se importante para a efetivação das diretrizes previstas
nesta norma por ter uma função pragmática no seio da sociedade brasileira.

5.4.9 Órgãos oficiais de defesa dos Direitos Humanos

Por todo o país existem conselhos estaduais e municipais que têm a função de zelar
pelos direitos humanos, como os Centros de Referência do Cidadão e os Núcleos de
Atendimento às Vítimas de Crimes Violentos.

5.4.10 Entidades religiosas, assistenciais, Conselhos Comunitários de Segurança


Pública e ONGs

Estas entidades estão em contato direto com o cidadão local, conhecem suas
necessidades e vulnerabilidades, logo, são parceiros efetivos.

5.4.11 Órgãos do sistema municipal e estadual de ensino

Sendo órgãos do sistema de Educação e com a missão de apoiar e elaborar a política


educacional do estado e do município, coordenando sua implantação e avaliando
resultados, são imprescindíveis para a formação de indivíduos autônomos e habilitados
a se desenvolver profissionalmente e como cidadãos.

38
6. AÇÕES PARA OS COMANDOS NOS DIVERSOS NÍVEIS

Para a efetiva aplicação desta Diretriz nos diversos níveis de gestão da PMMG, ficam
estabelecidas, nesta seção, as orientações que deverão ser implementadas,
coordenadas e supervisionadas pelos respectivos comandos.

Assim, destacam-se algumas prescrições básicas que deverão ser acrescidas ou


adaptadas para a Educação em Direitos Humanos na PMMG:

a) o conteúdo de Direitos Humanos para os cursos da educação continuada focados na


atividade operacional terão como conteúdo os eixos desta Diretriz;

b) será permitido, no ambiente educacional, as demonstrações de orgulho em servir à


sociedade com o espírito de sacrifício retratado, por exemplo, em canções de estímulo à
coragem da tropa, obedecido o previsto no artigo 4º das Diretrizes de Educação da
Polícia Militar (DEPM);

c) será vedada qualquer forma de sanção ou correção que implique castigo físico, que
inflinja a dignidade da pessoa humana.conforme previsto no artigo 4º, da DEPM.

d) para a docência da disciplina de Direitos Humanos, além de possuir curso superior,


será obrigatório ao docente possuir experiência operacional de, no mínimo, 2 anos para
os oficiais subalternos e de no mínimo 5 anos para oficiais intermediários e superiores.

e) os docentes das disciplinas que envolvem o uso da força, tais como “Tiro Policial”,
“Técnica Policial Militar”, “Armamento e Equipamento Policial”, “Defesa Pessoal
Policial”, dentre outras, deverão ser tecnicamente hábeis e/ou detentores de cursos de
especialização, ao passo que deverão obrigatoriamente realizar a transversalização do
conteúdo de sua disciplina com as normas legais, mormente aos valores estratégicos da
instituição, alinhados com o respeito e a promoção dos Direitos Humanos pelo policial
militar, conforme quadro 01 desta Diretriz.

6.1 Gabinete do Comando Geral da Polícia Militar

a) assegurar recursos orçamentários e financeiros necessários à aquisição de


equipamentos e ao constante aperfeiçoamento dos policiais militares no que tange à

39
prática de Direitos Humanos (seminários, cursos, tecnologia menos letal, equipamentos
de autoproteção, entre outros);

b) monitorar as atividades afetas à Filosofia de Direitos Humanos de forma a manter o


constante aperfeiçoamento;

c) difundir a filosofia de Direitos Humanos utilizando ferramentas de comunicação de


marketing para os públicos interno e externo;

d) estabelecer diretrizes estratégicas afetas a temática promovendo a política


institucional da PMMG.

6.2 Atribuições dos elementos subordinados

6.2.1 Academia de Polícia Militar (APM)

a) revisar, atualizar e padronizar o material didático da disciplina de Direitos Humanos


dos cursos realizados na PMMG, respeitando as particularidades de cada um;

b) promover a transversalização das normas internacionais de Direitos Humanos com


as demais disciplinas dos cursos de formação e educação continuada;

c) enviar à Diretoria de Apoio Operacional (DAOp) até o primeiro dia útil do mês de
fevereiro de cada ano e no primeiro dia útil do mês de agosto de cada ano as atas finais
das atividades de Direitos Humanos (seminário, cursos, entre outros) realizadas pela
Unidade, inclusive às referentes ao curso de atualização à distância;

d) coordenar, em conjunto com a DAOp, as atividades constantes do Eixo Temático 1


(item 5.1);

e) reformular a grade curricular da Disciplina de Direitos Humanos dos cursos de


formação, de maneira que esta possibilite ao policial a formação como promotor de
Direitos Humanos, assim como estruturar a grade curricular da EFO, de forma a habilitar
os Aspirantes como multiplicadores de Direitos Humanos;

40
6.2.2 Diretoria de Apoio Operacional (DAOp)

a) assessorar a APM na padronização, revisão e atualização do material didático,


conforme item 6.2.1, alínea a;

b) planejar, implementar, coordenar, controlar e avaliar o desenvolvimento das


atividades de Direitos Humanos no Estado, pela PMMG, no que se refere aos eixos
temáticos 2 e 4 desta Diretriz (itens 5.2 e 5.4);

c) assessorar o Comandante Geral da PMMG nas deliberações sobre a necessidade de


capacitações e definição de vagas no que se refere às atividades de Direitos Humanos;

d) representar a PMMG junto aos Órgãos de Direitos Humanos de forma a manter um


contínuo alinhamento com as práticas estabelecidas, tanto em nível internacional como
nacional;

e) assessorar os comandos nos diversos níveis quanto ao desenvolvimento das ações


contidas nos eixos 2 e 4 desta Diretriz;

f) alimentar o nível estratégico da PMMG com as novas demandas de Políticas de


Direitos Humanos apresentadas nas reuniões ou grupos de trabalho.

6.2.3 Corregedoria da Polícia Militar (CPM)

a) mensurar e monitorar os dados referentes às intervenções policiais em que o uso da


força gere lesão ou morte de pessoas;

b) mensurar e monitorar a taxa de vitimização policial militar;

c) mensurar o quantitativo da letalidade da ação policial militar;

d) encaminhar trimestralmente para o Comandante-Geral o quantitativo de vitimização


policial militar (PM mortos e feridos em serviço ou fora da atividade);

41
e) encaminhar mensalmente para o Ministério Público (Centro de Apoio Operacional da
Promotoria de Direitos Humanos) e para a Secretaria de Estado de Segurança Pública
(SESP), os dados alusivos aos casos de letalidade da ação policial militar;

f) enviar anúncio diário de letalidade da ação policial militar ao Ministério Público (Centro
de Apoio Operacional da Promotoria de Direitos Humanos).

6.2.4 Regiões de Polícia Militar (RPM) e Comando de Policiamento Especializado


(CPE)

a) planejar, coordenar, controlar e avaliar o desenvolvimento de atividades de Direitos


Humanos exercidas pelas UEOp subordinadas, alinhada às normas estabelecidas pela
PMMG;

b) enviar à DAOp até o primeiro dia útil do mês de fevereiro e no primeiro dia útil do mês
de agosto de cada ano a ata final das atividades de Direitos Humanos (seminário,
cursos, entre outros) realizadas pela Unidade;

c) manter um banco de dados atualizado por UEOp subordinada, dos policiais militares
que possuem os cursos de Direitos Humanos (Multiplicador e Promotor de Direitos
Humanos, Método de Tiro Defensivo de Preservação da Vida (MTDPV), Tecnologia
Menos Letal, Violência Doméstica, entre outros, inclusive os realizados à distância;

d) diagnosticar e propor à DAOp a necessidade de treinamentos afetos à Filosofia de


Direitos Humanos em conjunto com as disciplinas da grade curricular dos vários cursos,
mormente a Filosofia de Polícia Comunitária.

6.2.5 Unidades de Execução Operacional (UEOp)

a) planejar e executar, por meio do Núcleo de Prevenção Ativa, atividades de


Direitos Humanos, conforme preceitua a Instrução que regula a prevenção ativa
na PMMG, devendo enviar para a Região da Polícia Militar (RPM) tal
planejamento;

42
b) manter um banco de dados atualizado dos policiais militares que possuem os cursos
de Direitos Humanos (Multiplicador e Promotor de Direitos Humanos, Método de Tiro
Defensivo de Preservação da Vida (MTDPV), Tecnologia Menos Letal, Violência
Doméstica, entre outros, inclusive os realizados à distância e registrá-los no campo
“Banco de Talentos”, existente no menu RH da Intranet PM;

c) encaminhar à RPM semestralmente a ata final das atividades de Direitos Humanos


realizadas na Unidade.

6.2.6 DAL, DEEAS, DRH, DS e DTS

Coordenar, no que lhes compete, e em conjunto com o DAOp e APM, as atividades


constantes do Eixo Temático 3 desta Diretriz (item 5.3).

6.3 Ações de âmbito geral

a) os comandos, nos diversos níveis, deverão promover no ambiente de trabalho os


princípios de respeito à dignidade humana, de maneira a garantir a autoestima do
policial e criar um cultura interna de valorização profissional;

b) os programas e projetos de diversas áreas da corporação deverão ser analisados e


ajustados à filosofia de Direitos Humanos contida nesta Diretriz e deverão ser
encaminhados à DAOp para análise;

c) os comandos, nos diversos níveis, deverão estimular e apoiar a participação dos


policiais militares sob seu comando, em cursos, seminários e eventos que tenham como
objetivo a Educação em Direitos Humanos;

d) na localidade onde houver conselhos ou coordenadoria de defesa dos Direitos


Humanos, como Conselho Municipal de Direitos Humanos, Conselho Municipal dos
Direitos da Criança e Adolescente, Conselho Municipal do Idoso, Conselho ou
Coordenadoria da Mulher, do Deficiente, entre outros, o comando local deverá envidar
esforços no sentido de fazer participar dos referidos órgãos um policial militar, professor
ou promotor de Direitos Humanos, como representante da PMMG, a fim de manter um
diálogo permanente com a comunidade acerca das questões sobre Direitos Humanos.

43
O comando local deverá relatar à DAOp, Seção de Direitos Humanos, todos os
aspectos relacionados à atividade policial militar;

e) qualquer participação de policiais militares em eventos relacionados à Filosofia de


Direitos Humanos deverá ser encaminhada cópia da designação ou ata à DAOp.

44
7 PRESCRIÇÕES DIVERSAS

7.1 Os serviços e atividades referentes à Diretriz de Direitos Humanos na Polícia


Militar devem ser reportadas ao Comando-Geral que, em trabalho conjunto com a DAOp
e APM, avaliará a viabilidade institucional e à exequibilidade operacional.

7.2 As grades curriculares dos diversos cursos da Polícia Militar, bem como no
Treinamento Policial Básico (TPB) deverão ser adequadas à presente Diretriz a partir de
janeiro de 2019, de forma a contemplar as novas estratégias do Comando-Geral.

7.3 As diretrizes estabelecidas nesta norma não devem conflitar com as demais
macroestratégias previstas pela PMMG. Nas situações conflituosas, o Comando-Geral
deverá esclarecer as dúvidas por intermédio de norma complementar.

7.4 Revogam-se as disposições em contrário, em especial a Diretriz nº 3.01.05/2010

Quartel em Belo Horizonte, de de 2018.

HELBERT FIGUEIRÓ DE LOURDES, CORONEL PM


Comandante-Geral

45
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