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Direitos exclusivos da Polícia Militar do Estado de Minas Gerais (PMMG).

Reprodução condicionada à autorização expressa do Comandante-Geral da PMMG.


Circulação Restrita.

Minas Gerais. Polícia Militar. Comando-Geral.


M663i
Instrução n. 3.03.11/2016-CG: Regula a implantação da Rede de
Proteção Preventiva nas comunidades do Estado de Minas Gerais. 2.ed. rev.
Belo Horizonte: Seção Estratégica de Emprego Operacional (EMPM/3),
2016.

33 p.: il.

1. Rede de Proteção Preventiva. I. Barbosa, Eduardo Domingues


(coord.). II. Rocha, Cláudio Vítor Rodrigues (rev.). III. Polícia Militar de
Minas Gerais. Comando-Geral. IV. Título.

CDU - 351.746.7
CDD – 352.2
Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca da APM - PMMG

ADMINISTRAÇÃO
Estado-Maior da Polícia Militar
Quartel do Comando-Geral da PMMG
Cidade Administrativa Tancredo Neves, Edifício Minas, Rodovia Papa João Paulo II, nº
4143 – 6º Andar – B. Serra Verde – Belo Horizonte – MG – Brasil - CEP 31.630-900.
Telefone: (31) 3915-7806.

SUPORTE METODOLÓGICO E TÉCNICO


Seção Estratégica de Emprego Operacional (EMPM/3)
Quartel do Comando-Geral da PMMG
Cidade Administrativa Tancredo Neves, Edifício Minas, Rodovia Papa João Paulo II, nº
4143 – 6º Andar – B. Serra Verde – Belo Horizonte – MG – Brasil - CEP 31.630-900.
Telefone: (31) 3915-7799.
GOVERNADOR DO ESTADO
Fernando Damata Pimentel

COMANDANTE-GERAL DA PMMG
Coronel PM Marco Antônio Badaró Bianchini

CHEFE DO ESTADO-MAIOR
Coronel PM André Agostinho Leão de Oliveira

SUBCHEFE DO ESTADO-MAIOR
Coronel PM Robson José de Queiroz

SUPERVISÃO TÉCNICA
Ten Cel PM Cláudio Vítor Rodrigues Rocha

1ª EDIÇÃO - 2011 2ª EDIÇÃO REVISADA - 2016


Ten Cel PM Idzel Mafra Fagundes Ten Cel PM Eduardo Domingues Barbosa
Maj PM Alexandre Nocelli Maj PM Paulo Márcio de Assis Jacinto
Maj PM Lupércio Peres Dalvas Cap PM Jackson Carlos da Costa Ramos
Cap PM Edivaldo Onofre Salazar 1º Ten PM Ricardo Pereira Araújo Gomes
Cap PM Nilton Roberto da Silva 1º Ten PM Gabriel Felipe Pereira
Cap PM Paulo Márcio de Assis Jacinto 1º Sgt PM Márcio Correa de Oliveira
1º Ten PM Carlos Magno de Sousa Vilaça 3º Sgt PM Stella Maris Pereira
1º Ten PM Débora Santos Perpétuo Antunes
1º Ten PM Walison dos Santos Alves REVISÃO DOUTRINÁRIA
2º Sgt PM Luiz Henrique de Moraes Firmino Maj PM Ralfe Veiga de Oliveira
2º Sgt PM Claudiney Barroso
2º Sgt PM Eustáquio Murilo S. Neto
Cb PM Danielle Sueli Ventura

REVISÃO FINAL
Ten Cel PM Cláudio Vítor R. Rocha
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

CG - Comando Geral
EMPM - Estado Maior da Polícia Militar
KOBAN - Pequenos postos policiais comunitários avançados (Japão)
ONG - Organização Não Governamental
QCG - Quartel do Comando Geral
PM - Polícia Militar ou Policial Militar
PMMG - Polícia Militar de Minas Gerais
SENASP - Secretaria Nacional de Segurança Pública
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................................................... 5
2 OBJETIVOS .................................................................................................................................................... 7
2.1 GERAL .......................................................................................................................................................... 7
2.1 ESPECÍFICOS .................................................................................................................................................. 7
3 JUSTIFICATIVA .............................................................................................................................................. 8
4 A REDE DE PROTEÇÃO PREVENTIVA FRENTE AO TRIÂNGULO DE ANÁLISE DO CRIME ................................. 11
5 PRESSUPOSTOS BÁSICOS PARA A CRIAÇÃO DE REDE DE PROTEÇÃO PREVENTIVA ...................................... 13
5.1 SENSIBILIZAÇÃO DOS PARTICIPANTES ............................................................................................................... 13
5.2 A IMPORTÂNCIA DO PROCESSO DE MOBILIZAÇÃO .............................................................................................. 13
5.3 O CONCEITO E A CRIAÇÃO DAS REDES DE PROTEÇÃO PREVENTIVA......................................................................... 14
5.4 SUB-REDES DE VERIFICAÇÃO ........................................................................................................................... 16
5.5 SUB-REDES DE VIGILÂNCIA MÚTUA .................................................................................................................. 17
5.6 SUB-REDES DE IDENTIFICAÇÃO ........................................................................................................................ 18
6 SISTEMATIZAÇÃO DA REDE DE PROTEÇÃO PREVENTIVA ............................................................................ 19
6.1 ROTEIROS DE AÇÃO PARA A CRIAÇÃO DA REDE DE PROTEÇÃO PREVENTIVA ............................................................. 19
6.2 CADASTRO DOS PARTICIPANTES DAS REUNIÕES DA REDE DE PROTEÇÃO PREVENTIVA ................................................ 21
6.3 PLACAS INDICATIVAS DA REDE DE PROTEÇÃO PREVENTIVA .................................................................................. 22
6.4 SOLENIDADE DE IMPLANTAÇÃO DA REDE DE PROTEÇÃO PREVENTIVA..................................................................... 22
6.5 MANUTENÇÃO DA REDE DE PROTEÇÃO PREVENTIVA .......................................................................................... 22
6.6 MUDANÇAS NO MODO DE AGIR DO POLICIAMENTO PREVENTIVO .......................................................................... 24
7 CONCLUSÃO ............................................................................................................................................... 25
REFERÊNCIAS ...................................................................................................................................................... 26
ANEXO “A” (MODELO DE CONVITE PARA PARTICIPAÇÃO EM REUNIÕES DA REDE DE PROTEÇÃO PREVENTIVA) À
INSTRUÇÃO N° 3.03.11 /16-CG............................................................................................................................ 28
ANEXO “B” (FORMULÁRIO DE CADASTRO DE INTEGRANTES DA REDE DE PROTEÇÃO PREVENTIVA) À INSTRUÇÃO
N° 3.03.11/16-CG. ............................................................................................................................................... 29
ANEXO “C” (MODELO DE ATA DAS REUNIÕES DA REDE DE PROTEÇÃO PREVENTIVA) À INSTRUÇÃO N° 3.03.11
/16-CG. ............................................................................................................................................................... 30
ANEXO “D” (FOLDER CONTENDO DICAS DE SEGURANÇA PARA REDE DE PROTEÇÃO PREVENTIVA) À INSTRUÇÃO
N° 3.03.11 /16-CG. .............................................................................................................................................. 31
ANEXO “E” (MODELO DE PLACA DE IDENTIFICAÇÃO DOS DIVERSOS SEGMENTOS DA REDE DE PROTEÇÃO
PREVENTIVA) À INSTRUÇÃO N° 3.03.11 /16-CG. ................................................................................................. 33
INSTRUÇÃO Nº 30.03.11/2016-CG

Regula a implantação da Rede de Proteção


Preventiva nas comunidades do Estado de Minas
Gerais.

1 INTRODUÇÃO

A combinação dos impactos causados à sociedade em face do aumento


da criminalidade fez com que as organizações responsáveis pela segurança pública
de um modo geral iniciassem um novo processo e se redescobrissem, redefinindo
missão, visão e valores, prospectados nesse novo cenário, buscando soluções
inovadoras.
Dentro desse contexto, verifica-se que o sentimento de medo é mais forte
do que a própria realidade referente à incidência criminal em Minas Gerais, atingindo
diretamente uma grande parcela da sociedade pacífica e ordeira do Estado.
Assim, o grande desafio das organizações vai além da simples redução
dos índices de criminalidade, devendo abarcar ações efetivas de promoção da
sensação de segurança, mediante intervenções que resultem em aproximar a polícia
do cidadão, para a busca conjunta de soluções.
Diante desse quadro, a Polícia Militar de Minas Gerais desenvolveu uma
estratégia de intervenção preventiva focada na mobilização social, que visa à redução
dos índices de criminalidade e, principalmente, a potencialização da sensação de
segurança por parte da sociedade.
Tal estratégia, denominada “Rede de Proteção Preventiva”, tem por base a
filosofia de polícia comunitária e busca conquistar a confiança e o engajamento das
pessoas, baseando-se no fato de a natureza humana considerar que quando uma
ideia é defendida coletivamente, esta exerce maior influência do que quando é
exposta solitariamente.
Assim, alicerçado no conceito de mobilização social, como um processo
educativo que promove a participação de diferentes pessoas em torno de um
propósito comum, deve-se potencializar a participação das comunidades, empresas,
lideranças e organizações não govermentais (ONGs) na busca de soluções para a
erradicação ou redução de problemas de todas as naturezas que interferem na
qualidade de vida do cidadão, como a fome, a pobreza, o dano ao meio ambiente, o
5
desperdício de energia, a criminalidade e o medo do crime, etc.
Portanto, esta intervenção tem que, obrigatoriamente, atender aos vários
segmentos, formando uma coalizão em torno de objetivos comuns, tais como:
proximidade do policial militar com a comunidade, passando este a ser uma
referência para o público em geral; maior integração com o Sistema de Defesa Social,
propiciando ações benéficas à sociedade; e sensibilização das pessoas para que
adotem mudanças de comportamentos, principalmente com medidas de autoproteção
e atuação em rede, contribuindo para a redução da criminalidade e aumento da
sensação de segurança.
A ideia essencial será “cidadão alerta, cidadão participativo”, oportunidade
em que cada pessoa, seja morador, comerciante ou funcionário de determinado
estabelecimento ou indústria, passará a ser uma “câmera viva”, atuando de forma
mútua e comprometida, alertando a todos os integrantes da rede sobre a presença de
pessoas e veículos suspeitos, por intermédio de sinais sonoros, gestuais, uso de
aplicativos para celulares e outras estratégias, impedindo que infratores se utilizem do
fator surpresa e dificultando, assim, sua atuação.
Nesse contexto, é importante que seja mantida uma conexão com a
polícia, garantindo o repasse de informações diretas aos agentes que compõem o
sistema de Defesa Social, os quais, por sua vez, direcionarão suas atuações
pontualmente, onde for necessário.
Desta forma, a presente Instrução apresenta a metodologia de implantação
da “Rede de Proteção Preventiva” em todo o Estado, passando a englobar as Redes
de Vizinhos Protegidos, Comerciantes, Condomínios Residenciais, Imóveis Rurais,
Escolas, Indústrias, Bancos, dentre outros segmentos lícitos e idôneos.

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2 OBJETIVOS

2.1 Geral

Estabelecer critérios para a implantação e manutenção das Redes de


Proteção Preventivas nos municípios do Estado de Minas Gerais, visando contribuir
de forma efetiva para a prevenção e repressão criminal.

2.1 Específicos

a) Contribuir para a redução da criminalidade e o aumento da sensação de


segurança nos locais contemplados pelas redes de proteção, por meio do incremento
de ações preventivas e repressivas, alicerçadas na filosofia de polícia comunitária.

b) Promover a mobilização social e a aproximação entre Polícia Militar e


comunidade, desenvolvendo estratégias de atuação em rede, focadas na identificação,
análise e resolução de problemas locais.

c) Ampliar a comunicação direta entre a comunidade e a Polícia Militar,


possibilitando maior confiabilidade por parte do cidadão para transmitir denúncias e
informações de segurança pública que possibilitem o planejamento e o direcionamento
efetivo de ações policiais militares.

d) Despertar nas pessoas o sentimento de pertencimento e de preocupação


coletiva, fomentando a atuação comunitária em sua essência, tornando-as partícipes
do processo e interligadas umas às outras.

e) Reduzir os ambientes favoráveis aos delitos, por meio do incremento de


ações que estimulem o cidadão a utilizar coletivamente os espaços públicos, como
praças, quadras, calçadas e ruas, de forma a inibir a atuação de infratores.

f) Criar nos cidadãos o sentimento de participação solidária e voluntária, de


forma que cada pessoa envolvida na rede de proteção passe a agir como uma
“câmera viva”, compartilhando informações referentes à segurança pública com a
Polícia Militar e demais órgãos pertinentes.

g) Transmitir à população orientações e dicas básicas de segurança que


contribuam para mudanças de comportamentos, no sentido de evitar a exposição e a
vulnerabilidade ao crime.

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3 JUSTIFICATIVA

As edificações nos grandes centros urbanos demonstram o medo


exteriorizado pelas pessoas em relação à escalada da violência, mormente casas são
transformadas em verdadeiras fortalezas, com muros altos, cercas eletrificadas, bem
como, dispositivos tecnológicos destinados à segurança das pessoas e a vigília
constante do dia a dia do ambiente familiar.
Esta prática vem se alastrando também para cidades interioranas,
interferindo diretamente no modo de vida das pessoas. Nesse sentido, vale indicar
fatores que impulsionam e justificam a criação da Rede de Proteção Preventiva:

a) Missão da Polícia Militar: considerando que a missão da Polícia Militar é


“promover segurança pública por intermédio da polícia ostensiva, com respeito aos
direitos humanos e participação social em Minas Gerais”, a Rede de Proteção
Preventiva é um instrumento que proporciona a efetiva participação da comunidade
na promoção de ambientes mais seguros.

b) Distanciamento da comunidade em geral: as pessoas tendem a se isolar


cada vez mais, e desta forma, perdem suas características essenciais. Afinal, se
agirem em conjunto, com todos os participantes, elas terão maiores possibilidades de
melhorar seu bairro e torná-lo mais seguro. Se estiverem sozinhas, suas chances de
alcançar as autoridades ou de sensibilizar outros parceiros para a conquista de
programas efetivos de segurança são menores.

c) Menos vigilância, mais crime: se as pessoas não estão mais nas praças
e nas ruas, tem-se menos vigilância natural naquela localidade. Ou seja, aqueles que
estiverem pré-dispostos ao crime, à violência e à desordem terão mais facilidade em
agir, porque não precisam mais se preocupar com eventuais testemunhas. Assim, se
as praças e ruas, antes frequentadas pelas famílias, namorados e crianças, estão
agora vazias, elas poderão ser um lugar ideal para o tráfico de drogas e ação de
infratores.

d) Existência de espaços ociosos e perda de oportunidades: imperando o


sentimento de intranquilidade pública em uma determinada comunidade, a
consequência lógica é o êxodo dos participantes daquela localidade para outra região
dentro do município ou mesmo para outras cidades, mesmo que seja apenas por

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medo do crime. Por decorrência, poderá haver uma grande oferta de imóveis no local,
que poderão servir de palco para prática de delitos.
Ressalta-se que uma localidade mal cuidada, com edificações depredadas,
locais públicos mal conservados, tende a criar um ambiente propício para o
vandalismo de maneira cíclica, podendo refletir, conforme já mencionado, também em
desvalorização imobiliária.

e) Vida em comunidade: vale ressaltar que a incidência da criminalidade


leva a uma redução na intensidade da relação entre as pessoas. Por serem vítimas
de delitos, ou conhecerem pessoas que foram vítimas, estas passam a se relacionar
menos umas com as outras, buscando reduzir o risco a que poderiam estar
submetidas, resultando em:
 redução na frequência com que os vizinhos se visitam, conversam ou
trocam gentilezas;
 redução da capacidade de formação de uma identidade de laço entre os
vizinhos;
 redução da vigilância informal dentro das comunidades;
 redução da sensação de segurança das pessoas em relação ao lugar
onde residem.

f) Queda na qualidade de vida: a redução na qualidade de vida das


pessoas também é um dos fenômenos resultantes do aumento da violência. As
pessoas mudam seus hábitos, na busca de reduzir o risco a que estariam
submetidas, neste contexto, verifica-se que estas:
 limitam os locais onde transitam;
 deixam de ir a locais que gostam;
 evitam usar transportes coletivos;
 evitam sair de casa em determinados horários;
 gastam altas somas de recursos na proteção individual e de suas
residências.

Percebe-se, em face deste círculo vicioso, que o avanço do crime e a


sensação de insegurança desestimulam oportunidades e empobrecem regiões.

Portanto, medidas específicas e políticas públicas eficazes são necessárias.


De nada adianta dizer às pessoas que elas estão se preocupando

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desnecessariamente e que o medo que sentem não corresponde com a realidade. É
preciso oferecer medidas que realmente lhes garantam a sensação de segurança.

Assim, diante da impossibilidade da Polícia Militar estar presente em todos


os lugares, ao mesmo tempo, torna-se fundamental que a Instituição busque
estratégias conjuntas e que propiciem um ambiente mais seguro.

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4 A REDE DE PROTEÇÃO PREVENTIVA FRENTE AO TRIÂNGULO DE
ANÁLISE DO CRIME

A criminalidade origina-se por diversos fatores intervenientes. No entanto,


de acordo com uma das teorias predominantes, os requisitos para o sucesso de um
crime são basicamente os seguintes:
 criminoso motivado;
 local vulnerável, com ausência de polícia/vigilância no momento do
delito;
 oportunidade dada pela vítima.

Observa-se que estes requisitos são cumulativos, ou seja, o crime só


ocorre se existirem os três fatores simultaneamente. O primeiro é decorrente de
problemas cujas soluções estão em esferas diversas de atuação, bem como na
maioria das vezes são de médio e longo prazo. O segundo depende de fatores
externos e de normas específicas de criação de cargos públicos, com eficácia em
médio e longo prazo. No entanto, o terceiro requisito é afeto principalmente às
atitudes individuais do cidadão, cujas ações, além de serem de baixo custo, podem
ser implementadas em curtíssimo prazo, ou seja, em qualquer momento. Note a
ilustração:

Figura 1 - Triângulo de Análise do Crime (Teoria das Oportunidades)

Comportamento
da vítima

Predisposição Ausência da
Polícia/Vigilância
do autor
]

Fonte: Portaria SENASP nº 002/2007 - Brasília – DF: Secretaria Nacional de Segurança Pública –
SENASP, 2007.
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Portanto, constitui-se proposta da Rede:
a) trocar a oportunidade dada pela vítima por cuidados e ações proativas,
com medidas de autoproteção, visando dificultar a atuação do criminoso;
b) estimular a participação vigilante das pessoas, incutindo o senso de
cooperação mútua, a prática de ações de alerta sonoro e identificação visual como
forma estratégia de comunicação. Por exemplo, pessoas suspeitas, veículos parados
com pessoas observando residências, barulhos em casas onde se sabe que os
integrantes estão ausentes, dentre e outros;
c) criar mecanismos para coibir a ação criminosa, tendo por objetivo
melhorar a proteção pessoal e patrimonial e consequentemente, o aumento da
segurança e garantia da paz social.
Para se chegar à implementação efetiva da rede, algumas medidas são
necessárias, sendo fundamental, antes de qualquer iniciativa, a sensibilização das
pessoas que as formarão e os objetivos que querem alcançar.
Por ocasião das reuniões, torna-se possível identificar os problemas que
afetam aquela comunidade específica, sejam referentes aos crimes, criminalidade,
medo do crime, violência e desordem. Dessa maneira, a população pode participar do
planejamento do emprego policial que será aliado às análises de geoprocessamento
e estatística, possibilitando ações para a diminuição da vulnerabilidade do ambiente e
das pessoas.
É necessário, ainda, que haja um policial militar como referência no
suporte de coordenação da Rede de Proteção Preventiva a fim de se estabelecer um
vínculo entre a comunidade e alcançar a confiabilidade, mediante a aproximação
necessária para um bom desenvolvimento dos trabalhos.

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5 PRESSUPOSTOS BÁSICOS PARA A CRIAÇÃO DE REDE DE
PROTEÇÃO PREVENTIVA

5.1 Sensibilização dos Participantes

O artigo 144 da Constituição Federal, conforme já referenciado, retrata que


“Segurança Pública é dever do Estado, Direito e Responsabilidade de todos”. Através
da união de todos é possível participar das cobranças, das ingerências, do
planejamento das ações relativas à Segurança Pública. É preciso organização,
interesse, engajamento e comprometimento das pessoas, sendo fundamental a
participação da comunidade nas ações que visam a sua segurança.

5.2 A importância do Processo de Mobilização

Segundo Toro (1997), “mobilizar é convocar vontades para atuar na busca


de um propósito comum, sob a interpretação e um sentido também compartilhados”.
Nesse sentido, quando as pessoas se sentem mobilizadas, ocorre um
compartilhamento de responsabilidades, principalmente porque uma segurança
melhor deverá contar com as convicções das pessoas e de seu compromisso com
essas convicções.
Um processo de mobilização requer uma dedicação contínua, para que
assim produza resultados no quotidiano das pessoas. Para se entender melhor a
mobilização é necessário entender e transmitir que “aquilo que for orientado a ser
feito, em cada campo de atuação, será também feito por outros, da mesma forma”.
Neste momento, é importante saber ouvir e saber o que falar. A ocasião em que a
comunicação é um importante instrumento visando essa coletivização.
Um processo de mobilização é caracterizado pelo despertar do desejo e da
consciência da necessidade de uma mudança de atitude. Neste contexto, a própria
realidade vivenciada pelo cidadão, com a exposição maciça dos assuntos referentes
à criminalidade colocadas pela mídia em geral, já faz com que exista dentro de cada
pessoa uma vontade subliminar de mudança.
A sociedade, porém, não sabe o que fazer e nem como fazer para

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influenciar nas questões referentes à segurança pública. Desta forma deve explicar
detalhadamente aos cidadãos o que se pretende, mostrando a necessidade,
importância e vantagens de naquela localidade criar a rede. É fundamental levar ao
conhecimento destas pessoas os resultados positivos de experiências similares,
provando a eficácia desta ação que já ultrapassa o caráter experimentalista.
Dessa forma, além de reduzir os índices de criminalidade, a rede
contribuirá para melhoria do ambiente, da qualidade de vida e do bem-estar de cada
integrante.

5.3 O Conceito e a criação das Redes de Proteção Preventiva

A Rede de Proteção Preventiva está diretamente inserta no conceito de


Redes Sociais.
Segundo Capra (2005), “redes sociais são redes de comunicação que
envolvem a linguagem simbólica, os limites e as relações de poder”. São também
consideradas como uma medida de política social que reconhece e incentiva a
atuação das redes de solidariedade local no combate a pobreza e a exclusão social e
na promoção da segurança e do desenvolvimento local.
Ou seja, as redes sociais podem ser definidas como as diversas formas de
representação dos relacionamentos pessoais ou profissionais dos seres entre si ou
entre seus agrupamentos de interesses mútuos.
As redes sociais, conforme explicitado, são aquelas capazes de expressar
ideias políticas e econômicas como surgimento de novos valores, pensamentos e
atitudes. Esse segmento que proporciona a ampla informação a ser compartilhada
por todos, sem canais reservados e fornecendo a formação de uma cultura de
participação é possível, muitas vezes, graças ao desenvolvimento das tecnologias de
comunicação e da informação, à globalização, à evolução da cidadania, à evolução
do conhecimento científico sobre a vida etc. As redes unem os indivíduos,
organizando-os de forma igualitária e democrática e em relação aos objetivos que
eles possuem em comum.
Basicamente, as redes sociais podem ser divididas em três vertentes:
a) Rede Social Primária ou Informal: são redes de relações entre
indivíduos, em decorrência de conexões preexistentes, relações semi-formalizadas,
que dão origem a quase todos os grupos (SCHERER-WARREN,2007). Ela é formada

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por todas as relações que as pessoas estabelecem durante a vida cotidiana, que
pode ser composta por familiares, vizinhos, amigos, colegas de trabalho,
organizações, etc. As redes de relacionamento começam na infância e contribuem
para a formação de identidades.
b) Rede Social Secundária ou Global: é formada por profissionais e
funcionários das instituições públicas ou privadas, por organizações não
governamentais, organizações sociais etc., e fornecem atenção, orientação e
informação.
c) Rede Social Intermediária ou Rede Associativa: é formada por pessoas
que receberam capacitação especializada, tendo como função a prevenção e apoio.
Podem vir do setor da saúde, igreja e até da própria comunidade.
As redes sociais secundárias e intermediárias são formadas pelo coletivo,
instituições e pessoas que possuem interesses comuns. Elas podem ter um grande
poder de mobilização e articulação para que seus objetivos sejam atingidos.
Dentro deste conceito, as Redes de Proteção Preventiva poderiam ser
definidas amplamente como sendo o compartilhamento de idéias entre pessoas que
possuem interesses e objetivos em comum e também valores a serem
compartilhados. Assim como um grupo de discussão é composto por indivíduos que
possuem identidades semelhantes, as redes surgem principalmente diante da
necessidade de proteção ou maior sensação de segurança ao cidadão e da
possibilidade de resolução de algum problema que, direta ou indiretamente, afete
parte de um grupo ou sua totalidade. Possibilita à discussão de ideias e a absorção
de novos elementos em busca de algo em comum.
Em face dos vários conceitos de redes, fica mais fácil entendê-las, bem
como facilita buscar a formação e o entendimento entre as pessoas e, em especial,
entre a comunidade.
As Redes de Proteção Preventiva são a melhor expressão da filosofia
básica de Polícia Comunitária, ou seja, de uma polícia de aproximação.
Conceitualmente falando são especificamente o conjunto de pessoas organizadas
para executarem ações sistematizadas. Seu objetivo é o de melhorar as relações
entre as pessoas, despertar a consciência solidária e incentivar a vigilância informal,
coibindo a ação de possíveis criminosos e garantindo a segurança pessoal e
patrimonial, por meio de pequenas mudanças de comportamento e compartilhamento
de informações de interesse para a segurança. Possibilita que o policial militar
conheça a comunidade e vice-versa. Ressalta-se que as redes reforçam a missão
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primordial da Polícia Militar na contribuição para a paz social, assegurando a
liberdade e os direitos fundamentais e tornando Minas o melhor estado para se viver.
Dessa forma, a fim de facilitar o funcionamento da rede, é necessária a
formação de um liame, com o objetivo de promover a integração de todos os
componentes, para atuação de forma mútua e comprometida. Esse agrupamento
seria definido, então, como o conjunto de pessoas da mesma localidade, organizadas
em quantidade conforme a natureza de cada segmento. Como a rede é entrelaçada,
poderão ser constituídos vários grupos.
Para tanto, é necessário que todos conheçam contatos e hábitos dos
integrantes. Para garantir maior eficiência da rede, é importante que os participantes
motivem aqueles que ainda não integraram a Rede de Proteção Preventiva.
É importante salientar que as Redes de Proteção Preventiva podem
abranger também os condomínios e outras modalidades de propriedades, até mesmo
no meio rural. Em locais mistos, onde há comércios e residências, por exemplo, todos
podem se integrar.
Em locais onde prevalecem estabelecimentos comerciais, estes deverão
criar estratégias específicas, pois os horários de funcionamento e os interesses
costumam ser semelhante, a motivação é geral e a parceria também é possível.
Uma rede bem estruturada proporciona condições mais adequadas para
discussão de problemas de maior complexidade, facilitando a tomada de decisões.
A formação de cada grupo dá condições para a criação e sistematização
das redes e desta forma serão criadas sub-redes de verificação e as sub-redes de
vigilância mútua.

5.4 Sub-redes de verificação

É a formação de uma cadeia de contatos de uma residência/comércio para


a outra. Os integrantes da rede estabelecem a forma de atuação, considerando como
será feito o contato entre os participantes, horários, frequência, e outros fatores
relevantes.
Geralmente, pode ser feita por meio de telefone ou outras formas de
comunicação, como a criação de grupos para troca de informações entre os
integrantes por meio de aplicativos de mensagens. Salienta-se a necessidade de se
alertar aos participantes da rede acerca da disciplina na postagem de mensagens,

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cuidando para que somente assuntos referentes à segurança pública sejam tratados
pelos integrantes.
Essa sub-rede possibilita que um integrante da rede contate outro
integrante, verificando se naquele momento ou se naquela residência existe algum
problema. Desta forma, são importantes a utilização de códigos, “senhas” ou
combinações entre os componentes da rede de forma a facilitar o apoio. A intenção é
saber se há problema ocorrendo com algum integrante da rede ou se tudo está
dentro da normalidade.
É importante ressaltar que a senha criada deve ser do conhecimento
apenas daqueles que estão envolvidos diretamente com a rede, ou seja, moradores,
comerciantes ou funcionários que a integram. Pode ser estendida também aos
empregados da residência, a critério do morador.

5.5 Sub-redes de vigilância mútua

É o processo de observação explícita à movimentação nas imediações da


residência/comércio vigiado, com a intenção de perceber a presença de pessoas ou
veículos estranhos ou em atitudes suspeitas. Verifica-se nesta sub-rede a
possibilidade de um componente do grupo observar pessoas ou situações que saem
da normalidade, informando no menor tempo possível à Polícia Militar, os problemas
ocorridos.
Esta sub-rede apresenta ainda as seguintes vantagens:
a) o cidadão funciona como uma “Câmera Viva’”;
b) observação é explícita e acontece em tempo real.
Intervenção imediata: em caso de perigo, deve ser dado um sinal por meio
de sons (apito, por exemplo), por meio de lâmpadas ou campainhas instaladas, com
seus interruptores ligados em locais próximos ou outras ações acertadas entre os
integrantes da rede por intermédio de códigos combinados nas reuniões. Pode ser
ainda convencionado o uso de aplicativo de mensagem ou equivalente, em que
conste o contato dos participantes da comunidade. O uso de aplicativos pode ser uma
ótima ferramenta para uma resposta rápida a uma intervenção. Assim, em caso de
problemas, um vizinho aciona o outro e, consequentemente, a PMMG, sempre por
meio do telefone 190 e, posteriormente, de outras formas a serem ajustadas.

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5.6 Sub-redes de identificação

É a identificação das casas, prédios e dos diversos estabelecimentos e


ruas que integram a rede com a utilização de placas personalizadas e já
padronizadas, que demonstrem a todos que aquele segmento faz parte da Rede de
Proteção Preventiva, em parceria com a Polícia Militar.
Não incluir propagandas nas placas, devendo seguir, obrigatoriamente, o
modelo já existente, conforme Anexo E.

18
6 SISTEMATIZAÇÃO DA REDE DE PROTEÇÃO PREVENTIVA

6.1 Roteiros de ação para a criação da Rede de Proteção Preventiva

6.1.1 Passos que antecedem a 1ª Reunião: ações para formação dos grupos

a) Identificando o interesse em implantar a Rede de Proteção Preventiva, o


cidadão deve ser instruído pelo Comandante de setor/subsetor, gestor e responsável
pela condução da Rede de Proteção Preventiva, acerca dos procedimentos para a
construção da rede, inclusive quanto à mobilização de outras pessoas na comunidade.
Nessa etapa, sugere-se que seja feito um pré-cadastro dos interessados que tiveram a
iniciativa em procurar a PMMG, uma vez que serão os corresponsáveis pela
implantação da rede e atuarão como mobilizadores (disseminadores) na comunidade.
b) Verificada a necessidade de implantação de uma rede, considerando a
análise criminal concomitante com os conhecimentos produzidos pela Inteligência de
Segurança Pública (ISP), realizada em determinada área ou localidade, a Polícia
Militar deve estimular a participação de moradores, comerciantes, industriário etc.,
conforme o caso, preferencialmente aqueles que tenham sido vítimas de crimes
violentos.
Esse processo é uma oportunidade de aproximar a comunidade local da
Polícia Militar, de forma que as pessoas sejam envolvidas na reunião de criação da
“Rede de Proteção Preventiva”. Sugere-se a distribuição de informativos para as
pessoas da localidade (moradores, comerciantes, etc.), com especificação de data,
hora e local da reunião.
c) Estabelecer qual pessoa será o representante da Rede de Proteção
Preventiva a participar junto com o gestor da Polícia Militar, podendo haver mais de
uma pessoa, a fim de atuar como facilitador da comunicação, promover a integração
entre os envolvidos, colocando em prática os pressupostos e princípios da atividade.
Torna-se importante verificar a idoneidade desse representante, a fim de estabelecer a
parceria com pessoas ordeiras.
d) Solicitar ao representante da Rede de Proteção Preventiva que viabilize,
no que couber, contato/visita de aproximação com:
- as lideranças religiosas da região – são importantes facilitadores para
implantação da Rede de Proteção Preventiva. Podem contribuir para a mobilização e

19
divulgação do trabalho na comunidade através do envolvimento de pessoas nas
reuniões da rede;
- as lideranças possuidoras de mídias locais, que ajudarão na divulgação e
mobilização dos cidadãos para as reuniões da rede, através da divulgação de matérias
jornalísticas acerca da atividade a ser desenvolvido na comunidade;
- os representantes de associações, conselhos comunitários, funcionários
dentre outros;
- os líderes comunitários que não tenham vínculos políticos e que sejam
referência na comunidade.
e) Agendar com as lideranças a realização da primeira reunião para a
implantação da da rede, cuja data, horário e local devem ser definidos de modo que
proporcione a participação do maior número de pessoas interessadas.
f) Confeccionar um modelo padrão de convite para a reunião (vide Anexo
A). Sugere-se que seja apresentado nas reuniões da Rede de Proteção Preventiva,
podendo ser inserido como matéria em veículos de comunicação utilizados pelas
associações e conselhos comunitários, veiculado pelas redes sociais ou distribuído,
impresso, na comunidade.

6.1.2 Primeira reunião: implementação efetiva da Rede de Proteção Preventiva

O Comandante de setor/subsetor, gestor e responsável pela efetivação da


Rede de Proteção Preventiva deverá dentre outras ações:
a) Preparar a palestra para ser apresentada a rede.
b) Buscar informações de análise criminal e de Inteligência de Segurança
Pública do local onde será implantada a rede, a fim de delinear cenário.
c) Preparar o local onde ocorrerá a palestra, preferencialmente na própria
comunidade. Quanto aos recursos materiais para montagem do dispositivo local da
reunião, sugere-se 01(uma mesa), 01 (um) kit multimídia (computador, projetor de
mídia, etc.) e microfone. Deve-se evitar formação de mesa de honra para autoridades,
personalidades ou quaisquer representantes civis, militares e políticos.
d) Apresentar-se aos participantes, dando a oportunidade também, quando
possível, aos demais presentes. Conforme a rede a ser criada, solicitar que os
interessados exponham, de forma rápida e de acordo com as suas percepções, quais
os problemas recorrentes no ambiente a ser abrangida pela rede.
e) Informar aos participantes que as atividades discutidas na primeira
20
reunião serão somente para implantação, oportunidade em que o gestor da Rede
deverá explicar de forma objetiva a metodologia de funcionamento da rede. Embora a
primeira reunião não seja a mais adequada para se tratar questões como o emprego
de policiamento, bem como questões atinentes ao efetivo policial e estatísticas de
crimes na região, o policial militar palestrante deve conhecer bem estes detalhes.
f) Ser claro e preciso durante a palestra, evitando uso de “jargões, gírias e
manifestações de posicionamentos pessoais”. O militar deve estar apto a ouvir críticas
e informar que outras instituições também estão inseridas no cenário da Defesa Social,
sem, contudo, criar polêmica ou atribuir responsabilidades a qualquer outro órgão ou
Instituição.
g) Sensibilizar as pessoas a adotarem um comportamento mais solidário de
forma a estarem dispostas a compartilharem rotina, buscando potencializar a rede de
vigilância mútua.
h) Solicitar aos participantes a mobilizarem o maior número de pessoas
para integrarem a Rede de Proteção Preventiva.
i) Criar as sub-redes de monitoramento, identificação e verificação.
j) Fomentar a constituição de mídia social, dentre as tecnologias
disponíveis, a fim de facilitar a comunicação entre os envolvidos. O administrador do
grupo deverá ser um dos integrantes, preferencialmente aquele estabelecido como elo,
a fim de se distribuir as responsabilidades entre os participantes e dinamizar a troca de
informações.
k) Recomenda-se que antes da entrega das placas seja realizada pelo
menos uma reunião, além da reunião de instalação, a fim de solidificar e obter o maior
número de adeptos para a rede, se possível, convidando novos participantes.

6.2 Cadastro dos participantes das reuniões da Rede de Proteção


Preventiva

A Polícia Militar coordenará o cadastramento formal de todos os


participantes (Anexo B). Somente poderá encomendar e receber a placa da rede para
fixação no imóvel, o participante constante no cadastro.
O acesso ao cadastro geral de todos os participantes será de
responsabilidade do policial militar coordenador da atividade e da liderança
legitimamente reconhecida pela rede.
Este cadastro é de uso restrito no trabalho da rede, para controle da PMMG
21
e dos participantes. Em hipótese alguma o cadastro poderá ter outra utilização, haja
vista que as informações ali contidas são sigilosas. Não será fornecida cópia do
cadastro aos participantes da rede.

6.3 Placas indicativas da Rede de Proteção Preventiva

Caberá à PMMG repassar o tamanho e o padrão das placas de


identificação, que serão confeccionadas nas medidas de 42 x 30 centímetros (largura x
altura), conforme Anexo E.
A PMMG não será responsável por fazer encomendas de placas e
indicações de locais para confecção de material destas, tampouco recolherá valores
para aquisição.
O orçamento das placas, bem como a encomenda da quantidade
necessária e o recolhimento do pagamento de cada participante, deverá ser feito pela
liderança da rede.

6.4 Solenidade de implantação da Rede de Proteção Preventiva

Ao final dos trabalhos alusivos à implantação da rede, sugere-se realizar


uma solenidade para a entrega das placas, como forma de demonstrar a importância
da atividade.
Caso haja outros interessados em participar da rede, os procedimentos
deverão ser idênticos aos já existentes e poderão ser inseridos em grupos
anteriormente estabelecidos.

6.5 Manutenção da Rede de Proteção Preventiva

Com a entrega das placas, encerra-se a primeira etapa de implantação do


da Rede de Proteção Preventiva. O Comandante de setor/subsetor, gestor e
responsável pela rede, deverá acompanhar o desenvolvimento das ações,
promovendo visitas frequentes aos líderes, zelando para que as atividades estejam em
consonância com os ditames dessa Instrução.
As reuniões devem ser dinâmicas, preferencialmente mensal, com o horário
de início e término previamente definidos com pauta programada. É recomendável que
22
se façam atas das reuniões e listas de presença, de forma a documentar as
discussões a serem analisadas e medidas decorrentes, sendo obrigatório por parte do
policial militar envolvido o registro das reuniões Boletim de Ocorrência Simplicado
(BOS), conforme o tipo de reunião/visita realizada.
Para o sucesso da atividade, é importante a divulgação aos veículos de
comunicação sobre as ações desencadeadas naquele local, visando maior adesão,
aumento da credibilidade e da sensação da segurança subjetiva. Torna-se relevante
o treinamento dos policiais militares que realizam o atendimento às ocorrências, para
que esses conheçam a atividade e assim prestem apoio aos integrantes da Rede de
Proteção Preventiva.

Sugere-se que as reuniões, dentre outras questões, sejam tratados os


seguintes assuntos:
a) incentivar os cidadãos acionar a Polícia Militar no caso de qualquer
suspeição. É importante a agilidade e presteza quando dos acionamentos feitos pela
comunidade, sendo, ainda, fundamental, que seja dado retorno aos cidadãos da ação
desencadeada;
b) dar conhecimento à comunidade de como ocorrem às abordagens
típicas de polícia, orientando quanto à importância deste procedimento e que por
meio delas é que serão localizadas pessoas foragidas da justiça, apreensões de
armas de fogo e prevenção a outros crimes;
c) alertar e sensibilizar a comunidade quanto à necessidade de
aproximação e diálogo com os policiais de serviço, demonstrando claramente a
importância e o reconhecimento;
d) informar quanto à eficiência do trabalho desenvolvido por intermédio de
outras experiências de criação das redes, bem como buscar alternativas de
melhorias;
e) alertar sobre cuidados relativos a novas modalidades criminosas;
f) ministrar palestras com dicas de seguranças direcionadas à realidade de
cada rede;
g) promover visitas aos cadastrados, a fim de identificar as
vulnerabilidades e sugerir adoção de medidas preventivas, exemplificando nas
reuniões algumas sugestões;
h) divulgar boas atuações de interesse comum.
Fica a critério do Comandante de setor, subdividir a Rede, considerando o

23
número de integrantes e da área de abrangência. É recomendável indicar o policial
militar agente de informações, a fim de ser o elemento de ligação com outros grupos
de difusão de informações gerais de interesse da Instituição, devendo estar lotado na
mesma Fração PM em que pertencer o Gestor da Rede.
A Rede de Proteção Preventiva deve ser alvo de avaliação permanente por
parte da UEOp, a fim de aferir seus resultados quanto redução dos índices de
criminalidade e, principalmente, a melhoria da sensação de segurança do cidadão.

6.6 Mudanças no modo de agir do policiamento preventivo

A fim de dar efetividade à Rede de Proteção Preventiva, torna-se


fundamental a UEOp:
a) efetivar a setorização do patrulhamento, atribuindo responsabilidade
territorial a todos os integrantes que atuam no rádio-patrulhamento;
b) implementar serviços preventivos de acordo com a demanda local;
c) orientar o efetivo a adotar um comportamento ostensivo junto à
comunidade, ou seja, real presença do policial próximo ao cidadão;
d) sensibilizar os policiais militares conhecerem o propósito da rede e qual
papel desempenhará junto àquela comunidade;
e) valorizar os policiais militares que atuam na mobilização da comunidade.

24
7 CONCLUSÃO

O policiamento comunitário, na prática, é aquele que ultrapassa a visão do


atendimento de ocorrências ou da prisão de cidadãos em conflito com a lei, ou seja,
transcende a visão de policiamento tradicional, ampliando o leque de ações,
buscando atuar em todos os fatores que concorrem para a intranquilidade pública,
bem como minimizar a degradação das áreas urbanas que contribuíram diretamente
para o aumento da incidência criminal, impulsionando para que as instituições
envolvidas no combate ao crime se adaptem a uma nova filosofia.
A participação de cada cidadão é fundamental para a prevenção da
criminalidade. É fundamental importância antecipar-se ao problema, por meio de
atitudes e ações coordenadas e integradas com todos os agentes de forma objetiva.
Desta forma, aumenta-se a utilização de “atitudes não-tradicionais”,
aquelas ligadas a ações comunitárias do tipo: organização da comunidade, educação
da população, alteração do contexto físico, mudanças no contexto social e da
sequência de eventos, provocando a alteração no comportamento dos potenciais
agentes de delitos, fazendo com que o crime seja, senão totalmente erradicado
daquela localidade, pelo menos reduzido a índices aceitáveis.
A proximidade com a comunidade são demonstrações efetivas desta nova
forma de se fazer polícia, onde os cidadãos integrados com policiais militares
discutem a realidade da sua região.
Por intermédio de pequenas mudanças de comportamento, maior
solidariedade entre as pessoas e, consequentemente, a adoção da correta
metodologia aqui referenciada, Polícia Militar e comunidade reduzirão muito os
índices de crimes nas ruas, estabelecimentos e áreas comerciais onde as redes
forem implementadas, reduzindo também o medo do crime e aumentandoa sensação
de segurança.
Revoga-se a Instrução nº 3.03.11/2011-CG, de março de 2011, que tratava
da Rede de Vizinhos Protegidos na PMMG.

QCG em Belo Horizonte, 23 de junho de 2016.

(a) MARCO ANTÕNIO BARARÓ BIANCHINI, CORONEL PM


Comandante-Geral
25
REFERÊNCIAS

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sociais e ação coletiva. São Paulo: Vértice, Revista dos Tribunais, 1991.

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Comparativa.Tradução de Renê Alexandre Belmonte. –2.Ed.1.Reimp.– São Paulo:
Editora da universidade de São Paulo, 2006. – (Polícia e Sociedade; n.1).

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Polícia Comunitária – Sistema Koban – MJ/PROASCI. São Paulo, 2008.

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CAPRA, Fritjof. As conexões ocultas. São Paulo: Cultrix, 2005, 296p.

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de Janeiro: Frei Bastos,2001.

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Segurança Pública nº 3.01.01/2010 – CG. Regula o Emprego Operacional da Polícia
Militar de Minas Gerais. Belo Horizonte, MG: Comando-Geral, EMPM3, 2010.

. Diretriz nº 3.02.01/2009. Regula procedimentos e orientações para


a execução com qualidade das operações na Polícia Militar de Minas Gerais. Belo
Horizonte, MG: Comando-Geral, EMPM3,2009.

. Diretriz nº 3.02.02/2009. Estabelece diretrizes gerais para as


atividades de coordenação e controle a serem realizadas no âmbito da Polícia Militar
de Minas Gerais. Belo Horizonte, MG: Comando-Geral, EMPM3,2009.

26
. Diretriz para a produção de serviços de segurança pública nº
3.01.05/2011-CG. Regula a filosofia dos direitos humanos, na Polícia Militar de
Minas Gerais. Belo Horizonte, MG: Comando-Geral, EMPM3,2011.

. Diretriz para a produção de serviços de segurança pública nº


3.01.06/2011-CG. Regula a filosofia do policiamento comunitário, na Polícia Militar
de Minas Gerais. Belo Horizonte, MG: Comando-Geral, EMPM3,2011.

. Diretriz para a produção de serviços de segurança pública nº


3.02.05/2014-CG. Regula o apoio à criação e funcionamento de Conselhos
Comunitários de Segurança Pública, pela PMMG. Belo Horizonte: Comando-Geral,
EMPM3,2014.

. Instrução nº 3.03.05/2010-CG. Regula a atuação operacional dos


policiais-militares lotados nos Destacamentos e subdestacamentos da PMMG.Belo
Horizonte, MG: Comando-Geral, EMPM3,2010.

. Instrução nº 3.03.07/2010-CG. Regula atuação da Base


Comunitária (BC) e da Base Comunitária Móvel (BCM) na Polícia Militar de Minas
Gerais. Belo Horizonte, MG: Comando-Geral, EMPM3,2010.
ROLIM, Marcos. A síndrome da Rainha Vermelha: policiamento e segurança
pública no Século XXI. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed.; Oxford, Inglaterra:
Universityof Oxford, centre for Brazilian Studies,2006.

SKOGAN, W.G.Participação da comunidade e policiamento comunitário. São


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SKOLNICK, Jerome H. &Bayley, David H. Policiamento Comunitário. Coleção


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TORO, José Bernardo. Mobilização social.Brasília: Ministério de Meio Ambiente,


1997.

TROJANOWICZ, Robert & BUCQUEROUX, Bonnie. Policiamento comunitário:


como começar. Rio de Janeiro, Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro,2003.

27
ANEXO “A” (MODELO DE CONVITE PARA PARTICIPAÇÃO EM REUNIÕES DA
REDE DE PROTEÇÃO PREVENTIVA) à Instrução n° 3.03.11 /16-CG.

REDE DE PROTEÇÃO PREVENTIVA

Prezado Cidadão ____________________________, você está


convidado a participar de reunião comunitária para implantação da Rede
de Proteção Preventiva.

Trata-se de uma integração entre a Polícia Militar e os diversos


segmentos para planejamento mais eficiente, através de discussões sobre
a segurança pública, identificando, analisando e propondo soluções para
os problemas locais. Sua participação é muito importante.

Local: ________________________________________
Data: _____/_____/_____ Horário: ______:______

Xº Batalhão de Polícia Militar – Xª Cia Especial


Rua Tal, número Y, Bairro Z, BH/MG – Tel.: (31) 9999-9999

(a) MARCO ANTÔNIO BADARO BIANCHINI, CEL PM


Comandante-Geral

Distribuição: a mesma da presente Instrução.

28
ANEXO “B” (FORMULÁRIO DE CADASTRO DE INTEGRANTES DA REDE DE
PROTEÇÃO PREVENTIVA) à Instrução n° 3.03.11/16-CG.

UEOp
___________
(LOCAL E DATA) __________ - ______
CADASTRO DE INTEGRANTE
CÓDIGO
Nome da rua: Nº:

Grupo:

Dados Pessoais:
Nome:

Filiação: Pai: Mãe:

Rua/Av: Nº Compl.
Endereço:

Bairro:

Telefone residencial Telefone comercial Telefone celular

RG: CPF: e-mail:

Veiculo (s):
Placa Modelo Cor Obs.

Contatos familiares:
Nome Parentesco Telefone contato (1) Telefone contato (2)

Outros contatos:
Nome Tipo relacionamento Telefone contato (1) Telefone contato (2)

(data/local): _________________, ______ de __________________ de ________.

(nome policial militar)


Gestor da Rede

(a) MARCO ANTÔNIO BADARO BIANCHINI, CEL PM


Comandante-Geral

Distribuição: a mesma da presente Instrução.

29
ANEXO “C” (MODELO DE ATA DAS REUNIÕES DA REDE DE PROTEÇÃO
PREVENTIVA) à Instrução n° 3.03.11 /16-CG.

REGIÃO
UNIDADE OPERACIONAL

Local:______________, ______de___________de_______.

1. Título da Reunião:
2. Cidade___________, ____ de ______________ de _____ das hh:min as hh:min:
3. Local:
4. Introdução: (descrição do título do evento e número de participantes)
5. Pauta: (assuntos a serem tratados e respectivos responsáveis)
6. Desenvolvimento: (descrição dos principais temas discutidos na reunião, com
referência às decisões e recomendações feitas aos participantes)

(a) MARCO ANTÔNIO BADARO BIANCHINI, CEL PM


Comandante-Geral

Distribuição: a mesma da presente Instrução.

30
ANEXO “D” (FOLDER CONTENDO DICAS DE SEGURANÇA PARA REDE DE
PROTEÇÃO PREVENTIVA) à Instrução n° 3.03.11 /16-CG.

(a) MARCO ANTÔNIO BADARO BIANCHINI, CEL PM


Comandante-Geral

31
ANEXO “D” – VERSO (FOLDER CONTENDO DICAS DE SEGURANÇA PARA
REDE DE PROTEÇÃO PREVENTIVA) à Instrução n° 3.03.11 /16-CG.

(a) MARCO ANTÔNIO BADARO BIANCHINI, CEL PM


Comandante-Geral

Distribuição: a mesma da presente Instrução.

32
ANEXO “E” (MODELO DE PLACA DE IDENTIFICAÇÃO DOS DIVERSOS
SEGMENTOS DA REDE DE PROTEÇÃO PREVENTIVA) à Instrução n° 3.03.11 /16-
CG.

TAMANHO DA PLACA: 42 cm x 30 cm (LxA)

Nota: a expressão “Local Monitorado” poderá ser adaptada conforme o tipo de local
contemplado pela Rede de Proteção Preventiva (exemplos: “Escola Monitorada”;
“Residência Monitorada”; “Comércio Monitorado”; etc).

(a) MARCO ANTÔNIO BADARO BIANCHINI, CEL PM


Comandante-Geral

Distribuição: a mesma da presente Instrução.

33

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