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A contribuição da litigância judicial para o direito

ambiental dos Estados Unidos: citizen suits, judicial


review, standing to sue e os desafios da “era Trump”

A CONTRIBUIÇÃO DA LITIGÂNCIA JUDICIAL PARA O DIREITO AMBIENTAL


DOS ESTADOS UNIDOS: CITIZEN SUITS, JUDICIAL REVIEW, STANDING
TO SUE E OS DESAFIOS DA “ERA TRUMP”
The contribution of judicial litigation to environmental law in United States: citizens suits,
judicial review, standing to sue and the “Trump era” challenges
Revista de Direito Ambiental | vol. 95/2019 | p. 271 - 304 | Jul - Set / 2019
DTR\2019\40154

Rafael Martins Costa Moreira


Mestre e Doutorando em Direito pela PUC-RS. Professor de Direito Ambiental e
Administrativo. Juiz Federal na 5ª Vara de Caxias do Sul. rafamcosta@yahoo.com.br

Área do Direito: Internacional; Ambiental


Resumo: Este artigo tem como foco o estudo da contribuição da litigância judicial para a
construção do Direito Ambiental norte-americano. Primeiramente, são analisados os
conflitos socioambientais na sociedade contemporânea, o desenvolvimento do
movimento ambientalista e a importância de encontrar soluções para esses conflitos. Na
segunda parte, após tratar sobre os meios de solução de conflitos socioambientais e o
papel das agências reguladoras, é enfrentado o tema da resolução judicial: o
protagonismo da sociedade civil por meio das citizen suits, a revisão judicial das decisões
das agências, os critérios para conceder o standing to sue, isto é, o acesso ao Judiciário
em litígios ambientais, e os desafios impostos pela política do atual Presidente Donald
Trump.

Palavras-chave: Direito Ambiental – Direito Comparado – Litigância Ambiental – Estados


Unidos
Abstract: This article focuses on the study of the contribution of judicial litigation to the
construction of North American Environmental Law. First, is analyzed the
socio-environmental conflicts in contemporary society, the development of the
environmental movement and the importance of finding solutions to these conflicts. In
the second part, after addressing the means of solving social and environmental conflicts
and the role of regulatory agencies, the issue of judicial resolution is addressed: civil
society protagonism through citizen suits, judicial review of agency decisions, criteria to
grant the standing to sue, that is, access to the Judiciary in environmental disputes, and
the challenges imposed by the policy of the current President Donald Trump.

Keywords: Environmental Law – Comparative Law – Environmental Litigation – United


States
Sumário:

1.Introdução - 2.Os conflitos socioambientais: eclosão, resolução e movimento


ambientalista nos Estados Unidos - 3.Litigância ambiental nos Estados Unidos -
4.Conclusão - 5.Referências bibliográficas

1.Introdução

O florescimento do movimento ambientalista, especialmente na década de 1970,


conduziu os ordenamentos nacionais e a própria comunidade internacional a encontrar
formas de resolução de disputas socioambientais, as quais são influenciadas por diversos
fatores, sobretudo pela previsão de direitos e deveres ambientais nas constituições e na
legislação, pela cultura social e jurídica de cada país, pelas características da estrutura
administrativa com atribuições para aplicação do Direito Ambiental, pela participação
social na tomada de decisão, pelo alcance da solução jurisdicional, pelo desenvolvimento
de ações coletivas e outras medidas judiciais e pelo emprego de meios consensuais para
a resolução dos litígios socioambientais.

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A contribuição da litigância judicial para o direito
ambiental dos Estados Unidos: citizen suits, judicial
review, standing to sue e os desafios da “era Trump”

No Direito norte-americano, a crescente preocupação com a destruição humana da


Natureza, o exaurimento dos recursos naturais e o aquecimento global influenciaram a
estruturação de um novo marco regulatório ambiental nos anos 1970, por meio da
publicação de diversas leis nesse campo e da criação de agências reguladoras,
especialmente a Environmental Protection Agency (EPA). O protagonismo da sociedade
civil impactou significativamente na elaboração da nova legislação e na previsão de um
poderoso instrumento judicial para assegurar o cumprimento das novas determinações
legais: as “ações populares ambientais” ou citizen suits.

Os conflitos socioambientais e a necessidade de encontrar formas adequadas de


resolução deixaram um precioso legado, construído por quase 50 anos de debates,
avanços e recuos, no campo da legislação, da regulação e da jurisprudência. É a
essência desse sistema, porém, que hoje enfrenta desafios não desprezíveis colocados
pela plataforma política do presidente Trump e do Partido Republicano, que inclusive
impacta o Judiciário por meio de nomeação de juízes alinhadas a pautas tradicionais e
conservadoras. Essa tensão é representada pelo choque de paradigmas – insaciabilidade
versus sustentabilidade; antropocentrismo versus ecocentrismo; atomismo e
individualismo versus interdependência e comunitarismo. Se esse antagonismo
conduzirá à prevalência de valores imediatistas, antropocêntricos e atomistas, ou se
permitirá um compromisso razoável entre forças econômicas e ecológicas, ou soluções
1
proporcionais , é uma previsão ainda nebulosa, desfocada, embaçada pela dança das
brumas turvas dos combustíveis fósseis com os ventos límpidos das energias renováveis.

2.Os conflitos socioambientais: eclosão, resolução e movimento ambientalista nos


Estados Unidos

Sobram evidências acerca da contemporânea insustentabilidade do desenvolvimento


2
socioeconômico e ambiental global , diante da quebra consecutiva dos limites
3 4
planetários , a emergência da sociedade de risco e a crescente influência humana nos
processos naturais globais, reforçada pela globalização e pela exponencial evolução
5
industrial e tecnológica , que muitos cientistas acreditam conduzir o planeta a uma nova
6
era, o antropoceno. O recrudescimento das crises ambientais e sociais colocou em
7
cheque a crença no crescimento econômico ilimitado e amadureceu o debate sobre a
“justiça ambiental” e a exposição excessiva de comunidades vulneráveis aos riscos
8
ambientais decorrentes das mudanças climáticas, como constatou Gerrard.

Novas crises impulsionaram a declaração de novos direitos, o reconhecimento de novas


9
titularidades, do que resultou também o surgimento de novos deveres para o Estado e
10
deveres fundamentais para a sociedade. Novos direitos e novos deveres geraram
novos conflitos, com o inevitável choque valorativo, na percepção de Juarez Freitas,
11
entre os paradigmas da insaciabilidade e da sustentabilidade.

2.1.O desenvolvimento do movimento ambientalista norte-americano

A partir da década de 1960, e com mais vigor nas décadas de 1970 e 1980, verificou-se
a estruturação, a expansão e a consolidação do quadro regulatório ambiental nos
12
Estados Unidos. O amadurecimento do Direito Ambiental nos Estados Unidos
acompanhou o desenvolvimento, os desafios e os avanços ocorridos no plano
internacional. Na mesma época da Declaração de Estocolmo de 1972 e da criação do
Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (denominada atualmente de “ONU
13
Meio Ambiente” ou UN Environment) , foi promulgado o National Environmental Policy
Act (NEPA), considerado uma referência para a posterior evolução da legislação
ambiental estadunidense. Transformado em lei em 1º de janeiro de 1970, o NEPA
estabeleceu metas amplas de política ambiental nacional, exigiu das agências federais
avaliação dos impactos de ações significativas e estabeleceu o Conselho de Qualidade
14
Ambiental. Em 2 de dezembro de 1972, foi criada a Environmental Protection Agency
(EPA), agência federal de pesquisa, monitoramento, normatização e fiscalização
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ambiental. Posteriormente, diversos atos legislativos foram publicados como o Clean
Air Act (1970), o Clean Water Act (1972), o Endangered Species Act (1973), o
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“Comprehensive Environmental Response, Compensation, and Liability Act” – CERCLA


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(1980), entre outros.

No mesmo período, verificou-se a abertura das cortes judiciais para a revisão das
decisões das agências e para as ações de cidadãos (citizen suits), estas destinadas a
17
forçar a implementação e o cumprimento das novas leis. Tais medidas revelaram uma
permanência invulgar, a despeito dos esforços políticos para enfraquecer ou suprimir o
18
marco regulatório ambiental nos Estados Unidos.

O desenho dos procedimentos de solução de conflitos socioambientais – judiciais ou


extrajudiciais, adversariais ou consensuais – é evidentemente influenciado pelo
desenvolvimento do Direito Ambiental, promovido pelas agências reguladoras, pelo
Legislador, pelo Judiciário e pela sociedade civil. Após a eclosão de litígios animados,
principalmente pelo antagonismo entre interesses econômicos e ecológicos, procurou-se
estabelecer formas de solução, efetivadas em grande parte pelas agências, de modo
adversarial ou negociado, bem como pelo Judiciário, que desempenhou um papel
fundamental para a construção do Direito Ambiental norte-americano.

No próximo capítulo, serão estudadas as peculiaridades do sistema estadunidense e, ao


final, será analisada a contribuição da litigância judicial para a construção do Direito
Ambiental e os desafios suscitados pelas “políticas trumpianas”.

3.Litigância ambiental nos Estados Unidos

3.1.O papel das agências reguladoras na gestão dos conflitos socioambientais

Nos Estados Unidos, a função desempenhada pelo Judiciário foi crucial para a formação
do atual quadro normativo e regulatório ambiental. Para além da tutela judicial, cumpre
salientar a posição destacada das agências reguladoras, com ênfase na EPA, na
19
resolução administrativa de disputas socioambientais. A ascensão do “Estado
Administrativo” (Administrative State) nos Estados Unidos proporcionou a criação de
20
agências que combinam as funções normativas, adjudicativas e executivas. Para
21
alguns estudiosos, o novo modelo representou uma ameaça à separação dos poderes.
22
Para outros, essas instituições fazem parte de uma “nova separação dos poderes” , ou,
23
ainda, de uma nova “legitimidade democrática pela imparcialidade”. Seja como for,
considerando que, nos Estados Unidos, não se pode identificar um problema ambiental
24
que não seja administrado pelas agências reguladoras , essas instituições ocupam
posição central no Direito Administrativo e Ambiental norte-americano, em especial na
gestão de conflitos socioambientais.

A EPA resolve disputas ambientais mediante procedimento adversarial ou consensual. Os


25
litígios são decididos pelos Administrative Law Judges , isto é, “juízes” vinculados às
agências administrativas (por isso também conhecidos como “non-article III judges”, ou
seja, julgadores não abrangidos pelo art. III da Constituição norte-americana e não
pertencentes ao Poder Judiciário, despidos, portanto, das garantias próprias da
autoridade judicial). No âmbito da EPA, os Administrative Law Judges conduzem
audiências (hearings) e proferem decisões em processos envolvendo a agência e pessoas
físicas, empresas, entidades governamentais e outras organizações que são ou podem
26
ser objeto de regulação pela legislação ambiental.

A EPA também conta com uma longa experiência no emprego de meios alternativos de
resolução de conflitos ou Alternative Dispute Resolution (ADR), que remonta desde o ano
27
de 1981 e resultou em altos níveis de satisfação entre as partes envolvidas.
Atualmente, em quase todos os casos ambientais iniciados na agência, os Administrative
Law Judges oferecem às partes a solução por meio alternativo, sob a forma de
mediação. O procedimento é conduzido por um membro do Office of Administrative Law
Judges e, caso não resolvido, é enviado para ser conduzido e decidido por um “juiz”
diverso do mediador. A confidencialidade é estritamente observada durante e depois da
mediação. Não há comunicação sobre o mérito do caso entre o mediador e o julgador
que irá presidir e decidir o processo, e os elementos usados pelo mediador são
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ambiental dos Estados Unidos: citizen suits, judicial
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descartados.
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Em 1996, foi promulgado o Administrative Dispute Resolution Act , com o objetivo de
expandir o uso de meios alternativos de solução de conflitos pelo Governo federal e
30
conter a “superjudicialização” dos procedimentos administrativos. Após, em 1998, foi
31
editado o Environmental Policy and Conflict Resolution Act , que criou o Institute for
32
Environmental Conflict Resolution, uma nova agência federal que trabalha com a EPA
para prover serviços de colaboração imparcial, construção de consenso e resolução de
33
conflitos. Seguindo essa mesma tendência, a EPA estabeleceu, no ano de 1999, o
Centro de Prevenção e Resolução de Conflitos (Conflict Prevention and ResolutionCenter
), que auxilia programas regulatórios, executórios e voluntários da agência para
34
promoção de meios alternativos de resolução de disputas. Atualmente, o emprego de
métodos consensuais para solução de conflitos ambientais nos Estados Unidos
encontra-se em franca evolução, conforme recente Relatório do Fórum Federal de
Colaboração e Resolução de Conflitos Ambientais (Forum on Environmental Collaboration
and Conflict Resolution), de 2 de maio de 2018, intitulado Environmental Collaboration
and Conflict Resolution (ECCR): Enhancing Agency Efficiency and Making Government
35
Accountable to the People.

O emprego de meios alternativos, sobretudo consensuais, é a peça-chave para promover


a harmonia das partes envolvidas e oferecer uma via mais simples, informal e menos
custosa que a judicial. Porém, como adverte Facchini Neto, o “problema é complexo e
não exige soluções extremadas de adesão integral ou de franca repulsa”, sendo mais
conveniente “identificar os setores nos quais é indispensável a intervenção de uma
magistratura profissional, pública, organizada de forma independente, que opere
36
mediante procedimentos formalizados”. Da mesma forma, nos conflitos ambientais, o
37
uso de formas alternativas não é uma “panaceia” , pois em alguns casos a litigância,
inclusive jurisdicional, mostra-se necessária. Esse será o foco do trabalho, doravante: a
contribuição da litigância judicial para a construção do Direito Ambiental
norte-americano.

3.2.A Justiça e o Direito Ambiental nos Estados Unidos

O Judiciário, nas democracias modernas, desempenha função ímpar no desenvolvimento


do Estado, dos direitos fundamentais e da sociedade. As Cortes são influenciadas e
38
influenciam a cultura jurídica nacional. Nos Estados Unidos, apesar de contar com uma
Constituição do Século XVIII, “pré-ecológica” e despida de disposição expressa sobre o
39
direito ao ambiente limpo , coube aos tribunais federais em geral, e à Suprema Corte
em particular, proteger os direitos humanos básicos, com ênfase para a função
40
transformativa no campo do Direito Ambiental , sobretudo em face da sua capacidade
41
institucional para resistir a pressões políticas, sociais e econômicas.

Antes do surgimento do atual movimento ambientalista (Modern Environmental


Movement), é possível traçar as origens do Direito Ambiental norte-americano nas ações
42
judiciais embasadas na common law , as quais, afirma Wedy, “buscam ainda hoje a
43
proteção das pessoas e da propriedade contra danos causados pela ação de outros”.
Em um segundo estágio, a tutela do meio ambiente foi efetivada pelos entes locais e
44
estaduais, com assistência do Governo federal.

A expansão legislativa ambiental dos anos 1960 a 1980, contudo, alterou esse panorama
45
e sugeriu uma reordenação dos valores sociais e das prioridades nacionais , a refletir
46
novas concepções culturais. Ato legislativo considerado marco referencial da regulação
ambiental, também apelidado de “Magna Carta da proteção ambiental” (Magna Carta of
47
environmental protection) , o National Environmental Policy Act (NEPA), promulgado
48
em 1970, não regulou diretamente as ações das pessoas privadas , nem procurou
assegurar a proteção ambiental por meio de padrões tecnológicos obrigatórios ou
instrumentos de mercado. O NEPA disciplina a busca de informação, ao determinar às
agências que considerem os impactos ambientais das ações propostas e das respectivas
49
alternativas.
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A contribuição da litigância judicial para o direito
ambiental dos Estados Unidos: citizen suits, judicial
review, standing to sue e os desafios da “era Trump”

Porém, para responder aos desafios à efetividade das novas disposições legais (
environmental enforcement), foram criadas as “ações populares” ambientais ou citizen
suits. Não como fruto da common law ou do sistema da equity – a qual inspirou o
50
nascimento das class actions –, mas por determinação legislativa, pela elaboração da
statutory law, fonte de direito cada vez mais frequente na Inglaterra e nos Estados
51
Unidos.

A construção judicial do Direito Ambiental norte-americano suscitou diversas e


interessantes questões, que mereceriam estudo aprofundado. Entretanto, em face das
limitações deste artigo, serão focados quatro tópicos de particular relevância: o
desenvolvimento das “ações populares” ambientais (citizen suits), a contribuição do
jusambientalismo para a revisão judicial dos atos das agências reguladoras (judicial
review), o acesso ao Judiciário para questões ambientais (standing to sue) e os desafios
atuais suscitados pelas atuais “políticas trumpianas” e antiecológicas.

3.2.1.O protagonismo da sociedade civil: as citizen suits

A tarefa de impor os padrões ambientais previstos no novo quadro legislativo foi


atribuída primariamente às próprias agências reguladoras, por meio de monitoramentos
52
e aplicação de penalidades, bem como mediante formulação de incentivos. Contudo, a
concretização prática das regras ambientais não foi deixada exclusivamente nas mãos do
Poder Público. Ao reconhecer o longo histórico de irresponsabilidade das agências
federais em atentar para os problemas ambientais, o Congresso norte-americano
atribuiu aos cidadãos o papel de assegurar que as leis fossem implementadas
adequadamente. Isso ocorreu por intermédio da previsão de “ações populares”
53
ambientais (citizen suits) , inovação importante incorporada no Clean Air Act em 1970
54 55
, e disposta em quase todas as leis ambientais ulteriormente editadas. A formação e
a consolidação do Direito Ambiental norte-americano, portanto, foram vigorosamente
influenciadas pelo protagonismo da sociedade civil e das associações não
56
governamentais , que passaram a contar com esse poderoso instrumento processual
57
para promoção da tutela do meio ambiente.

De observar que as citizen suits não suprimiram o papel das class actions nos Estados
Unidos, principalmente para reparação de danos coletivos. As class actions, cuja origem
remonta ao antigo sistema da equity, ainda no Século XIX, e regulamentada atualmente
na Federal Rules of Civil Procedure de 1938, apresenta notável aplicação na solução de
conflitos complexos derivados de contaminação tóxica (mass tort litigation), inclusive por
58
meio de grandes acordos (settlement litigation). Contudo, o cerne da evolução do
Direito Ambiental nos Estados Unidos repousa nas citizen suits ajuizadas contra as
agências reguladoras, as quais, como suso mencionado, ostentam posição crucial na
implementação da legislação. Diversamente das class actions, as citizen suits não têm o
propósito de providenciar compensação por danos sofridos, mas sim de garantir
59
cumprimento mais efetivo das exigências legais.

Podem ser diferenciadas três espécies de citizen suits: a) a revisão judicial das decisões
das agências (judicial review of agency actions); b) a ação suplementar à atuação
governamental, em que os cidadãos agem como se fossem “Procuradores-Gerais” (
Private Attorney General Doctrine); e c) a ação contra a EPA ou outro agente estatal que
venha a falhar em efetivar uma obrigação legal não discricionária.

A primeira espécie está relacionada com o emprego das citizen suits para lograr a
revisão das decisões administrativas (judicial review). No campo do Direito Ambiental, as
novas leis suplementaram as disposições da Administrative Procedure Act (APA) no que
tange ao controle judicial dos atos das agências, com especificação de exigências
60
adicionais. A revisão judicial das decisões administrativas nos Estados Unidos é há
muito admitida e desfruta de longa experiência e maturação jurisprudencial, a merecer
tratamento em tópico específico (3.2.2).

As outras duas hipóteses, não previstas na APA, foram duas inovações da legislação
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ambiental. Na primeira delas, permitiu-se aos cidadãos agirem como se fossem


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“Procurador Geral Privado” ou “Ministério Público Privado” (“Private Attorney Generals”
), a fim de suplementar a atuação estatal na aplicação da lei contra aqueles que a
violarem. Essas previsões autorizam qualquer pessoa a iniciar uma ação contra quem
quer que esteja contrariando as determinações legais – pessoa individual ou
62
organização, ente público ou privado. É exigido que os cidadãos notifiquem o suposto
violador, bem como autoridades federais e estaduais, antes de instaurar a demanda. Se,
porém, for demonstrado desempenho diligente por parte do Poder Público na persecução
63
para o cumprimento da legislação, não é dado seguimento ao processo.

A última situação permite o ajuizamento de ações destinadas a forçar os agentes


públicos a desempenharem seus deveres não discricionários. Essas demandas visam a
questionar falhas das agências em cumprir prazos legais (statutory deadlines)
estabelecidos para adoção de determinadas providências. Conhecidas como “ deadline
suits ”, representa importante instrumento para assegurar a concretização das medidas
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regulatórias.

3.2.2.Judicial Review: a revisão judicial das decisões das agências reguladoras como
instrumento de tutela do meio ambiente

As ações judiciais veiculadas pelo novo panorama normativo ambiental complementam a


possibilidade de revisão judicial das decisões das agências (judicial review of
65
administrative actions), que há muito se consolidaram no sistema norte-americano. A
sindicabilidade judicial dos atos administrativos no Direito estadunidense é fruto de longa
evolução, que remonta à decisão emblemática proferida pela Suprema Corte em Marbury
v. Madison, em 1803, conhecida pela frase memorável do então Chief Justice John
Marshal: “é enfaticamente a competência e o dever do Poder Judiciário dizer o que é o
66 67
Direito”. Ideia que se aplicaria tanto à interpretação da Constituição como das leis. O
pensamento liberal dominante igualmente forjou, na Inglaterra e nos Estados Unidos, o
sistema da jurisdição una (também chamado “sistema inglês” ou “unicidade da
jurisdição”). Diferente do que se verificou na França, na Inglaterra, desde a Idade Média,
foi implementado um direito comum (common law) que não conhecia a distinção romana
entre direito público e privado, de modo que os juízes deveriam aplicar as mesmas
68
regras ao Estado e aos cidadãos. Os liberais do século XIX entendiam que as relações
entre a Administração e os cidadãos não deveriam ser de superioridade da primeira, mas
69
de igualdade , o que contrariava a previsão de tutela especial da burocracia estatal e a
70
configuração do Estado como parte e juiz no mesmo litígio. Não se pode deixar de
salientar, outrossim, que as colônias norte-americanas herdaram o sistema inglês dos
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writs e das “medidas injuntivas” (injunctions) como mecanismos ordenados ao controle
dos atos estatais. Tal sistema de remédios judiciais formou a base central do Direito
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Administrativo nas cortes estaduais e federais nos primeiros cem anos da República.

Esse quadro, porém, sofreu alterações importantes com o desenvolvimento do moderno


Direito Administrativo nos Estados Unidos, desde o final do século XVIII, quando
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instituída a primeira agência reguladora daquele país , até o advento do New Deal na
década de 1940, época de criação de diversas novas agências, de expansão da
intervenção estatal na economia e da cristalização do que se denominou “Estado
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Administrativo” (Administrative State) e “Estado Regulador” (Regulatory State). De
notar o papel de destaque das agências reguladoras no Direito Administrativo dos
Estados Unidos, tanto que, ao se mencionar a revisão judicial dos atos administrativos,
normalmente está se referindo aos atos das agências.

O compromisso entre, de um lado, a ampliação da discricionariedade administrativa e


das medidas interventivas do New Deal, e, de outro, as críticas às novas agências, levou
à promulgação da Administrative Procedure Act (APA), em 1946, que sistematizou a
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disponibilidade, o momento, a forma e o alcance da revisão judicial. Essa lei de
procedimento administrativo, que objetivou instruir o Judiciário a revisar questões legais
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mediante julgamento independente , veicula o principal parâmetro a respeito da
extensão do controle judicial, ao permitir às cortes afastar as ações das agências sempre
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que forem arbitrárias, caprichosas ou praticadas com abuso de discricionariedade (


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arbitrary, capricious, or an abuse of discretion).

A revisão judicial das decisões administrativas seguiu, primeiramente, um critério


multifatorial e ad hoc, de acordo com as peculiaridades do caso, e as decisões eram
78
normalmente contraditórias e de difícil racionalização. Na década de 1960, como uma
reação à captura regulatória e à pressão para ampliar a intervenção jurisdicional nas
normas elaboradas pelas agências (rulemaking), as cortes se engajaram em um controle
mais amplo e profundo, não apenas do aspecto formal, mas também substancial das
decisões, das quais se passou a demandar maior fundamentação, fática e jurídica, de
79
suas conclusões, doutrina que foi denominada de Hard Look Review.

Representativo dessa doutrina foi o julgado da Suprema Corte no caso Citizens to


Preserve Overton Park, Inc. v. Volpe, de 1971, inspirado pelo crescente movimento
ambientalista na década de 1970. A controvérsia decorreu de decisão da Secretaria de
Transportes de investir recursos federais na construção de uma rodovia interestadual
que atravessaria um parque público em Memphis, Tenessee. A Corte acolheu os
argumentos dos demandantes – no caso, cidadãos –, ao considerar que o Department of
Transportation Act de 1966 proibia a Secretaria de Transportes de autorizar o uso de
fundos federais para a construção de rodovias em parques públicos se verificadas rotas
alternativas viáveis e prudentes. Caso estas não existissem, era permitida a aprovação
da construção apenas se realizado todo planejamento possível para minimizar os danos.
A Suprema Corte concluiu que a Secretaria não considerou seriamente as rotas
alternativas e permitiu nova decisão por parte do Poder Executivo, devidamente
80
fundamentada.

O alcance da revisão judicial das decisões administrativas, porém, foi limitado em 1984,
em mais um julgado de Direito Ambiental. No famoso caso Chevron USA, Inc. v Natural
Resources Defense Council, a Suprema Corte formulou um controle mais deferencial às
conclusões das agências. A controvérsia, sinteticamente, cingiu-se ao significado da
expressão “fonte estacionária” (stationary source) do Clean Air Act. Ao interpretar a
legislação, a EPA editou regras que permitiam aos estados definir uma planta inteira,
contendo diferentes unidades poluidoras, como se fosse uma única “fonte estacionária”,
e, com isso, uma empresa poderia modificar uma unidade dentro da planta e aumentar
as emissões, ou introduzir uma nova unidade, sem atender aos diversos requerimentos
do Clean Air Act. Isso poderia ser feito porque a poluição decorrente da planta inteira,
considerada como uma “bolha” (“bubble concept”), não aumentaria, pois a redução era
equivalente a emissões de outras unidades. Em suma, a Corte, ao manter a decisão da
EPA, estabeleceu uma deferência judicial em dois passos (Two-Step Chevron Test):
primeiro, se a intenção do Congresso for precisa e clara, tanto a corte como a agência
devem efetivar a determinação do Legislador e a questão está encerrada; segundo, se o
Congresso foi ambíguo ou não tratou da matéria diretamente, o Judiciário não pode
simplesmente impor sua interpretação, mas tem de analisar se a decisão da agência se
baseia em uma construção permitida pela lei. Se a solução administrativa encontra
81
amparo na legislação, é assegurada primazia ao ente regulador.

A Chevron Doctrine foi posteriormente revisitada e relativizada, sobretudo no caso


United States v. Mead Corporation (2001), em que se adotou o denominado Chevron
step zero, afastando o Chevron test para procedimentos mais informais. Estes passariam
82
a contar apenas com uma “deferência persuasiva” , de acordo com a fórmula do antigo
83
caso Skidmore (Skidmore v. Swift & Co., de 1944). Mais recentemente, em King v.
Burwell (2015), a Suprema Corte deixou de aplicar a doutrina Chevron para conferir
primazia à sua própria interpretação do texto legal. Decidiu-se que o sentido ou a
ambiguidade de determinadas palavras ou frases somente poderiam ser aferidos dentro
do contexto em que se inserem e de forma compatível com o Direito em sentido amplo.
84
Embora a Corte tenha frisado que normalmente aplica o Chevron test, esse e outros
casos revelam uma postura mais interventiva e o interesse dos juízes em confrontar a
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deferência por uma perspectiva histórica ou da separação de poderes.

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3.3.3.Standing to sue: critérios para o acesso à justiça ambiental

Para acessar o Judiciário e ter seu pleito decidido no sistema norte-americano, é preciso
atender a quatro requisitos de justiciabilidade (justiciability): Advisory Opinion, Standing
, Ripeness e Political Question Doctrine. O standing to sue refere-se à capacidade de um
autor entrar com a ação judicial, exigindo-se que tenha sofrido um dano real causado
86
pelo réu e que o dano seja reparável. Trata-se de uma questão preliminar ao mérito do
pedido e suscita o debate sobre quem tem o direito de propor uma medida judicial para
87
implementar as determinações legais. As controvérsias judiciais envolvendo o standing
to sue guardam estreita relação com o paradigma adotado pelos julgadores. Aqueles
mais simpáticos a uma visão ecológica de interdependência entre meio ambiente e ser
humano tendem a favorecer maior abertura das cortes aos pleitos dos interessados. Ao
contrário, os juízes alinhados a uma orientação mais “atomística”, individualista e
antropocêntrica inclinam-se a limitar o acesso ao Judiciário para discussões ambientais.
88

De acordo com a Suprema Corte, aquele que ingressa com uma citizen action deve
demonstrar o preenchimento de quatro requisitos para permanecer em juízo. Os três
primeiros são constitucionais, baseados no Artigo III da Constituição, e não podem ser
89
afastados. O primeiro consiste na demonstração de que a ação questionada cause ou
irá causar ao postulante uma “lesão de fato” (injury in fact). O segundo exige prova de
que essa lesão possa ser vinculada à ação questionada (traced to the challenged action).
O terceiro refere-se à viabilidade de a Corte, por meio de alguma medida, corrigir a
90
lesão (redressability).

O quarto, e último, requisito, considerado como “prudencial” (prudential), não é


91
constitucional e pode ser eliminado ou alterado pelo Congresso. Em diversos casos, a
Suprema Corte tem utilizado esse critério como filtro, para verificar se a lesão está
compreendida pela “zona de interesse” destinada a ser protegida pela legislação. Logo,
quando uma entidade ingressa com uma demanda judicial, deve mostrar também que o
92
pedido pleiteado é pertinente aos seus propósitos.

A maioria das disputas a respeito do standing to sue referem-se ao primeiro requisito: a


93
obrigatoriedade de comprovar o injury in fact. A Suprema Corte, no ano de 1972,
contribuiu para ampliar a litigância ambiental ao optar por uma concepção abrangente a
94
respeito do conceito de injury nesse campo. No caso Sierra Club v. Morton
entendeu-se que, embora fosse necessário demonstrar que o postulante fosse afetado
pela lesão – no caso, a organização Sierra Club deveria provar que um de seus membros
estaria utilizando a área que pretendia proteger –, essa lesão poderia refletir valores
95
estéticos, conservacionistas e recreativos, não necessariamente econômicos.

Um ano depois, em 1973, a Suprema Corte esposou a versão mais liberal do standing
96
em United States v. Students Challenging Regulatory Agency Procedures (SCRAP). No
conhecido Caso SCRAP (SCRAP Case), um grupo de estudantes de Direito pretendeu
revisar a recusa pelo Interstate Commerce Comission (ICC) de preparar uma avaliação
de impacto ambiental antes de permitir a cobrança de um aumento da taxa de frete
ferroviário em todo o país. Os estudantes alegaram que utilizavam as florestas, rios,
montanhas e outros recursos naturais próximos à área metropolitana de Washington
para acampar, caminhar, pescar, enfim, desfrutar das áreas com propósitos recreativos
e estéticos, e que essa finalidade seria prejudicada pelo aumento da taxa de frete.
Também alegaram que o ar respirado em Washington D.C. seria mais poluído em razão
do acréscimo na taxa, pois desestimularia o transporte e o uso de materiais recicláveis.
97
A Corte entendeu que os estudantes demonstraram sofrer uma lesão de fato (injury in
fact) o suficiente para lhes ser concedido o standing to sue. Considerou-se que todas as
pessoas que utilizam os recursos naturais do país e todos os que respiram seu ar podem
reclamar um dano similar àqueles pleiteados por grupos ambientalistas. Influenciada
pela perspectiva ecológica, a Suprema Corte enxergou uma conexão entre a elevação do
preço do frete e a redução da reciclagem e os seus impactos adversos aos recursos
98
naturais , julgado que significou, na época, uma ampla abertura das portas da Justiça
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A contribuição da litigância judicial para o direito
ambiental dos Estados Unidos: citizen suits, judicial
review, standing to sue e os desafios da “era Trump”

99
às pretensões dos ambientalistas.

Após cerca de duas décadas, a Suprema Corte ainda não havia erigido barreiras
100
significativas à legitimidade para a litigância ambiental. No entanto, em 1992, o
Tribunal revisitou o tema do environmental standing em Lujan v. Defenders of Wildlife (
101
Lujan II ), com o voto condutor do Justice Scalia, conhecido como originalista e
102
textualista, contrário à expansão regulatória e aos pleitos ambientais. A controvérsia
envolveu uma decisão do Departamento do Interior no sentido de que a Lei das Espécies
Ameaçadas (Endangered Species Act) não se aplicaria às ações das agências federais
quando suas atividades pudessem destruir habitats críticos para espécies ameaçadas de
extinção fora do território norte-americano. A Corte reiterou que, como decidido em
Sierra Club v. Morton, o injury in fact test requer que o autor esteja dentre as pessoas
ou entidades afetadas pelos danos. No caso Lujan, considerou-se que os postulantes
careceriam de standing porque a mera intenção de, no futuro, viajar novamente para
visitar as espécies ameaçadas no exterior não seria suficiente para comprovar lesão real
103
ou iminente (actual or imminent injury). Nesse caso e em outros posteriores,
liderados sobretudo pelo então Justice Scalia, a Suprema Corte passou a limitar o acesso
ao Judiciário por meio de barreiras ao ingresso das citizen actions, esposando uma
104
orientação de clara rejeição às ideias ambientalistas.

Em Friends of the Earth v. Laidlaw Environmental Services, julgado no ano 2000, o


105
Tribunal mostrou uma modesta oscilação em direção aos ideais ambientalistas. Nessa
decisão, restou acolhida a legitimidade para uma situação em que, embora a atividade
106
poluente tenha cessado, haveria probabilidade de futuras violações. Porém, no ano
2009, em Summers v. Earth Island Institute, o conceito privado de lesão da common
law, sustentado por Scalia, continuou a influenciar os julgados da Suprema Corte sobre a
standing doctrine. Reputou-se que a associação Earth Island Institute careceria de
legitimidade para impugnar medidas regulatórias do U.S. Forest Service, pois não teria
demonstrado nenhuma ameaça de lesão concreta aos interesses de seus membros. Para
chegar a essa conclusão, afirmou-se que o autor falhou em evidenciar que seus
membros tivessem planos para visitar o local onde as ações regulatórias estariam sendo
107
aplicadas.

Conquanto algumas decisões tenham limitado, de certa forma, o acesso à Justiça, a


orientação atual da Suprema Corte, estabelecida no caso Laidlaw e reiterada em
processos posteriores, confere relativa abertura ao reconhecimento da legitimidade para
108
propor a citizen suit. No caso Monsanto Co. v. Geertson Seed Farms (2010), por
exemplo, foi admitido o standing para a mera probabilidade de o demandante ser
109
afetado pela atividade em questão. Além disso, atualmente, o grande número de
citizen suits intentados e a alta taxa de sucesso indicam que essas ações estão atingindo
seu propósito de implementação da legislação quando o Poder Público falha ou opta por
110
não aplicar a lei. Porém, as novas políticas antirregulatórias e antiambientalistas do
atual presidente Donald Trump, que podem ser confirmadas em decisões da Suprema
Corte após a nomeação de dois justices alinhados aos valores do Partido Republicano,
colocam em cheque o desenvolvimento da regulação e do acesso à Justiça em conflitos
socioambientais, tema do último tópico deste artigo.

3.2.4.O futuro do Direito Ambiental norte-americano: os desafios da “Era Trump”

Após a eleição do presidente Donald Trump, em 2016, é pertinente a indagação: qual o


futuro da regulação e da jurisprudência ambiental nos Estados Unidos? Não é novidade
dizer que Trump, tal qual Reagan e seus antecessores republicanos, endossa
111
pensamento contrário às pretensões ambientalistas. Essa atitude pode ser
constatada, por exemplo, com a retirada dos Estados Unidos do Acordo de Paris em
2017. No âmbito interno, o governo Trump tem promovido uma ampla reversão das
políticas ambientais do ex-presidente Obama, principalmente por meio de ordens
executivas (executive orders), dado que as leis de regulação são de mais difícil reversão.
112
A situação é bem ilustrada com a nomeação, como diretor da EPA, de Scott Pruitt,
advogado e político famoso por suas posições críticas à regulação ambiental, juntamente
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A contribuição da litigância judicial para o direito
ambiental dos Estados Unidos: citizen suits, judicial
review, standing to sue e os desafios da “era Trump”

com outras designações às agências de pessoas vinculadas ao setor industrial, ao “lobby


113
fóssil” e à iniciativa privada em geral. A ameaça à proteção ambiental foi reforçada
pela predominância do Partido Republicano nas duas Casas do Congresso no início do
114
mandato Trump , quadro amenizado nas “eleições de meio mandato” (midterm
elections) em 2018, com a conquista da maioria na Câmara dos Representantes (House
of Representatives) pelo Partido Democrata, embora o Senado ainda seja controlado
115
pela ala “trumpista”.

Semelhanças entre Reagan e Trump têm sido salientadas por estudiosos, cujas políticas
antiecológicas pode ser agrupadas em quatro diferentes linhas de atuação: a) politização
das nomeações de funcionários para agências federais; b) corte de recursos financeiros e
humanos das agências; c) enfraquecimento da aplicação da legislação ambiental (a
implementação das regras ambientais contra poluidores pela EPA tem se reduzido
116
drasticamente) ; e d) nomeação de juízes conservadores para a Justiça Federal e a
117
Suprema Corte. Em 2017, a associação estadunidense dos advogados (American Bar
Association – ABA) lançou uma publicação intitulada Environmental Protection in the
Trump Era, na qual enumerou como obstáculos à tutela ambiental, dentre outros: edição
de executive orders para reverter medidas protetivas da era Obama; retirada do Acordo
de Paris; enfraquecimento da regulação ambiental; a redução no cumprimento da
legislação; corte de fundos para políticas ambientais; dificuldades às iniciativas
regulatórias dos estados; entraves para futuras regulações; a diminuição de disposições
118
sobre a “justiça ambiental”. Como referiu Gerrard, a ciência tem sido ignorada quando
é considerada inconveniente pelo governo, com consequente perda da liderança dos
119
Estados Unidos em questões ambientais globais.

Embora os pilares do Direito Ambiental dos Estados Unidos tenham resistido às


investidas de Reagan nos anos 1980, o mesmo ainda não pode ser dito quanto à atual
120
administração. Com o Congresso incapaz de afrontar as medidas “trumpianas” e a
crescente polarização política que esboroa o apoio social às medidas de combate ao
121
aquecimento global e de tutela ao meio ambiente , restaria às associações
ambientalistas e às cortes judiciais questionar o ímpeto antiecológico de Trump e dos
122
republicanos. O Judiciário, em virtude da sua independência e autonomia, é
123
normalmente considerado como o principal baluarte contra esses ataques. E tem
cumprido bem esse papel, como demonstram recentes decisões da Justiça Federal que
invalidaram atos administrativos no campo de recursos hídricos, segurança de
124
instalações químicas, oleodutos etc. A litigância, pois, tem cumprido bem o papel de
obstar a prática de atos ilegais, que violam a legislação ambiental ainda vigente. Nas
palavras de Gerrard, um “exército” de advogados ambientais está resistindo à campanha
de desregulamentação e lutando contra o aumento da exploração de combustíveis
125
fósseis. Ao menos por enquanto.

No entanto, a “reformulação ideológica” da Justiça é um dos maiores projetos de Trump,


que pretende “domesticá-la” por meio da nomeação de juízes jovens, conservadores e
126
alinhados à plataforma republicana. Para a Suprema Corte, foram designados dois
juristas favoráveis aos interesses econômicos em detrimento de valores ecológicos e
comprometidos com uma postura hermenêutica originalista e textualista, similar à de
127 128
Antonin Scalia: Neil Gorsuch e Brett Kavanaugh. Com uma composição
partidarizada e conservadora, o tribunais, sobretudo a Suprema Corte, poderão perfilhar
129
uma posição mais restritiva em relação aos pleitos ambientais de uma forma geral , a
refletir, inclusive, em limitações à concessão do standing aos cidadãos e às associações.
130
Outrossim, a própria doutrina Chevron, muito criticada pelos dois últimos membros
da Suprema Corte, pode ser revista com o objetivo de reduzir os poderes das agências
131
reguladoras.

Essa política de “desproteção ambiental” promovida pelo Governo Federal ainda pode ser
132
compensada por providências erigidas pelos estados e municípios, com destaque para
133
as ambiciosas metas californianas de redução na emissão de gases de efeito estufa.
Contudo, o alcance das regras estaduais e locais é limitado por padrões estabelecidos
134
pela legislação federal e podem ser invalidadas pelo Judiciário.
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A contribuição da litigância judicial para o direito
ambiental dos Estados Unidos: citizen suits, judicial
review, standing to sue e os desafios da “era Trump”

Malgrado não seja possível prever o futuro com precisão matemática, é razoável crer
que o governo Trump tem grande potencial para debilitar as estruturas regulatórias
135
existentes e deslocar o Direito Ambiental norte-americano para um terreno mais
136
dinâmico e litigioso. De observar, aliás, que há uma tendência de aumento na
proposição de citizen actions, já que, por um lado, as organizações não governamentais
têm recebido elevadas quantias de recursos financeiros desde a eleição, e, por outro, o
Governo Federal engajou-se em restringir a ação das agências, abrindo espaço para a
137
iniciativa da sociedade. Se esse movimento antiecológico será refreado pela opinião
pública e vergastado pelo ativismo judicial, se representa apenas um ciclo na dinâmica
138
regulatória , ou se revela uma reversão drástica nas políticas de proteção ambiental, é
questão que permanece em aberto, a depender da conjuntura internacional e,
notadamente, das eventuais consequências nefastas derivadas de decisões imediatistas
e insustentáveis tomadas pela administração atual.

4.Conclusão

A década de 1970 simbolizou o despertar para o perigo sofrido pela humanidade em


razão da sua própria atividade, a emergência da sociedade de risco e a alteração dos
sistemas terrestres decorrentes de causas antropogênicas. Esse movimento influenciou a
promulgação de inúmeros atos internacionais, que reconheceram a urgência no
tratamento das crises ambientais e na contenção da emissão de poluentes, e estimulou a
implementação de políticas ecológicas no plano doméstico de diversos países. Dessa
tendência não escapou a sociedade norte-americana, que, entre as décadas de 1960 e
1970, erigiu um notável marco regulatório ambiental e experimentou uma crescente
participação cidadã na solução dos conflitos socioambientais, como se verificou com a
instituição do poderoso instrumento judicial das citizen suits. Por quase cinco décadas, o
Judiciário norte-americano forneceu inegável contribuição para a construção do Direito
Ambiental, como última instância destinada a resolver as disputas mais profundas entre
os paradigmas da insaciabilidade e da sustentabilidade. Nos Estados Unidos, tal conflito
ganha relevo diante da histórica polarização política protagonizada entre republicanos e
democratas, a enfatizar a missão dos juízes no estabelecimento de parâmetros e limites
às decisões governamentais nesse domínio.

A partir de um intrépido começo e após uma jornada irregular, algumas vezes hesitante,
ainda se pode afirmar que a Justiça norte-americana, em especial a Suprema Corte,
ocupa um lugar de excelência na condução dos rumos da política ambiental daquele país
e na proteção dos interesses ecológicos e das futuras gerações. Os desafios surgidos na
era Trump, porém, levam a sociedade americana e mundial a um momento de
perplexidade: as mudanças proporcionadas pelas “políticas trumpianas” indicam um
ponto de inflexão em direção ao aprofundamento da insustentabilidade do
desenvolvimento econômico global? As instituições norte-americanas, principalmente o
Judiciário, serão capazes de estabelecer limites às medidas antirregulatórias e
“carbonizantes” do atual presidente? Ou a tensão entre as posições extremas permitirá
um compromisso razoável entre forças econômicas e ecológicas?

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VOIGT, Christina. Sustainable Development as a Principle of International Law: resolving


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2009.

WEDY, Gabriel. Desenvolvimento Sustentável na Era das Mudanças Climáticas: um


direito fundamental. São Paulo: Saraiva, 2018 (e-book Kindle).

1 Sobre a relação entre o princípio da proporcionalidade e a sustentabilidade, vide:


FREITAS, Juarez; MOREIRA, Rafael Martins Costa. Sustentabilidade e proporcionalidade:
proposta de inserção do critério de legitimidade intertemporal. Interesse Público – IP,
Belo Horizonte, ano 20, n. 108, p. 15-39, mar./abr. 2018; MOREIRA, Rafael Martins
Costa. Direito Administrativo e Sustentabilidade: o novo controle judicial da
Administração Pública. Belo Horizonte: Fórum, 2017. p. 93-97.

2 Recente relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima


(Intergovernmental Panel on Climate Change – IPCC), estima que as atividades
humanas causaram um aquecimento global aproximado de 1 ºC sobre níveis
pré-industriais. Esse aquecimento poderá atingir 1,5 ºC entre 2030 e 2052 caso continue
a crescer conforme taxas atuais (UNFCCC - United Nations Climate Change. UNFCCC
Secretariat Welcomes IPCC’s Global Warming of 1.5°C Report. 08 oct. 2018. Disponível
em:
[https://unfccc.int/news/unfccc-secretariat-welcomes-ipcc-s-global-warming-of-15degc-report].
Acesso em: 13 out. 2018). Para leitura do relatório do IPCC, vide em: IPCC -
Intergovernmental Panel on Climate Change. Global Warming of 1.5 °C. Disponível em:
[http://ipcc.ch/report/sr15/]. Acesso em: 13 out. 2018. Como conclui Sachs, a
manutenção da trajetória BAU (business as usual), com a persistência da exploração de
combustíveis fósseis e consequente crescimento das concentrações de CO2 na
atmosfera, bem assim o abuso de agricultores no uso de aquíferos até o esgotamento,
pode levar os sistemas terrestres a um estado que não estamos preparados para lidar
(SACHS, Jeffrey. La era del desarrollo sostenible. Trad. Ramon Vilà. Barcelona: Ediciones
Deusto, 2015. p. 67).

3 STOCKHOLM RESILIENCE CENTER. Sustainability Science for Biosphere Stewardship.


Planetary boundaries research. Disponível em:
[http://www.stockholmresilience.org/research/planetary-boundaries.html]. Acesso em:
13 dez. 2017.

4 BECK, Ulrich. La sociedad del riesgo: hacia una nueva modernidad. Barcelona: Paidós,
1998.

5 Schwab define o momento atual como o começo da 4ª Revolução Industrial, construída


com a revolução digital e caracterizada pela internet onipresente e móvel, por menores e
mais poderosos aparelhos cada vez mais baratos e pela inteligência artificial, o que inclui
inovações consideráveis no campo da biologia e da genética, acompanhadas de grandes
desafios éticos e regulatórios (SCHWAB, Klaus. The fourth Industrial Revolution. New
York: Crown Business, 2016).

6 Crutzen e Stoermer reputam que, diante dos crescentes impactos das atividades
humanas na terra e na atmosfera, em escala inclusive global, seria apropriado enfatizar
o papel central do ser humano na geologia e na ecologia mediante o uso do termo
“Antropoceno” para a atual era geológica (CRUTZEN, Paul J.; STOERMER, Eugene F. The
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A contribuição da litigância judicial para o direito
ambiental dos Estados Unidos: citizen suits, judicial
review, standing to sue e os desafios da “era Trump”

“Anthropocene”. Global Change Newsletter, n. 41, p. 17-18, mai. 2000. Disponível em:
[http://www.igbp.net/download/18.316f18321323470177580001401/1376383088452/NL41.pdf].
Acesso em: 13 nov. 2017; CRUTZEN, Paul, et al. The Anthropocene: conceptual and
historical perspectives. Philosophical Transactions of the Royal SocietyA, 369, p.
842-867, 2011. Disponível em:
[http://biospherology.com/PDF/Phil_Trans_R_Soc_A_2011_Steffen.pdf]. Acesso em: 05
mai. 2017).

7 Em 1972, o Clube de Roma publicou “Os limites do crescimento” com a mensagem de


que o crescimento econômico entrou em rota de conflito com a sustentabilidade
ecológica (BAHRENS III, William W. et al. The Limits to Growth. New York: Universe
Books, 1972. Disponível em:
[http://collections.dartmouth.edu/published-derivatives/meadows/pdf/meadows_ltg-001.pdf].
Acesso em: 04 nov. 2015).

8 GERRARD, Michael B. What Does Environmental Justice Mean in an Era of Global


Climate Change? Journal of Environmental and Sustainability Law, v. 19, issue 2, article
2, p. 280-303, Spring 2013.

9 FENSTERSEIFER, Tiago, SARLET, Ingo Wolfgang. Direito Constitucional Ambiental:


Constituição, Direitos Fundamentais e Proteção do Ambiente. 5. ed. São Paulo: Ed. RT,
2017. p. 63).

10 São atribuídos aos particulares não apenas direitos, mas também deveres
fundamentais em matéria ambiental (FENSTERSEIFER; SARLET. p. 237-288).

11 A respeito do inevitável choque entre os paradigmas da insaciabilidade e da


sustentabilidade, vide: FREITAS, Juarez. Sustentabilidade: direito ao futuro. 4. ed. Belo
Horizonte: Fórum, 2019. p. 87-98.

12 “EARTH DAY, April 22, 1970, is celebrated as the ‘day environmentalism in the United
States began to emerge as a mass social and cultural movement” (CANNON, Jonathan Z.
Environment in the balance: the green movement and the Supreme Court. Cambridge:
Harvard University Press, 2015 (e-book Kindle, posição 98)).

13 O UNEP (United Nations Environment Programme) foi criado em 15 de dezembro de


1972 durante a Assembleia Geral das Nações Unidas.

14 LEAPE, James P.; MILLER, Alan S.; PERCIVAL, Robert V.; SCHROEDER, Christopher
H. Environmental regulation: law, science and policy. 7. ed. New York: Wolters Kluwer
Law & Business, 2013. p. 93.

15 UNITED STATES. Environmental Protection Agency (EPA). EPA History. Disponível


em: [https://www.epa.gov/history]. Acesso em: 18 nov. 2018.

16 LEAPE; MILLER; PERCIVAL; SCHROEDER, Op. cit., pp. 93-94. Lazarus contou dezoito
leis criadas na década de 1970 sobre Direito Ambiental (LAZARUS, Richard J. The Making
of Environmental Law. Chicago: University of Chicago Press, 2004. pp. 67, 69-70).

17 LEAPE; MILLER; PERCIVAL; SCHROEDER, Op. cit., p. 93-94.

18 CANNON, Op. cit., posição 626.

19 Sobre a sustentabilidade e o novo Direito Administrativo: FREITAS, p. 219-291. A


respeito da solução administrativa de conflitos: FREITAS, Juarez. Direito Administrativo
não adversarial: a prioritária solução consensual do conflito. RDA, São Paulo, v. 276, p.
25-46, 2017.

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A contribuição da litigância judicial para o direito
ambiental dos Estados Unidos: citizen suits, judicial
review, standing to sue e os desafios da “era Trump”

20 BREYER, Stephen et al. Administrative Law and Regulatory Policy: problems, text,
and cases. 7. ed. New York: Wolters Kluwer Law & Business, 2011. p. 38.

21 LOWI, Theodore J. The End of Liberalism: The Second Republic of the United States.
New York: Norton, 1979; SCHOENBROD, David. Power without responsibility: how
Congress abuses the people through delegation. New Haven: Yale University Press,
1993.

22 ACKERMAN, Bruce. The new separation of powers. Harvard Law Review, v. 113, n. 3,
jan. 2000, p. 642-725.

23 ROSANVALLON, Pierre. La legitimidad democrática: imparcialidad, reflexividad,


proximidad. Trad. Heber Cardoso. Buenos Aires: Manantial, 2009.

24 SALZMAN, James; THOMPSON Jr., Barton H. Environmental Law and Policy. 5. ed.
New York: Foundation Press, 2019. p. 66.

25 Os Administrative Law Judges encontram previsão da Lei de Procedimento


Administrativo dos Estados Unidos, a Administrative Procedure Act (APA), com função de
presidir audiências (hearings) e proferir decisões em litígios, conforme principalmente o
Code § 554 (UNITED STATES. Administrative Procedure Act. Disponível em:
[https://www.justice.gov/sites/default/files/jmd/legacy/2014/05/01/act-pl79-404.pdf].
Acesso em: 28 nov. 2018).

26 UNITED STATES ENVIRONMENTAL PROTECTION AGENCY. About the Office of


Administrative Law Judges (OALJ). Disponível em:
[https://www.epa.gov/aboutepa/about-office-administrative-law-judges-oalj>]. Acesso
em: 01 dez. 2018.

27 O’LEARY, Rosemary; RAINES, Susan Summers. Lessons learned for two decades of
alternative dispute resolution programs an processes at the US Environmental Protection
Agency. Public Administration Review, v. 61, n. 6, p. 682-692, nov-dez. 2001.

28 UNITED STATES ENVIRONMENTAL PROTECTION AGENCY (EPA). Alternative Dispute


Resolution (ADR) by EPA's Administrative Law Judges. Disponível em:
[https://www.epa.gov/alj/adr]. Acesso em: 04 dez. 2018.

29 UNITED STATES. The Administrative Dispute Resolution Act of 1996. Disponível em:
[https://www.adr.gov/pdf/adra.pdf]. Acesso em: 02 dez. 2018.

30 BINGHAM, Lisa B.; WHISE, Charles R. The Administrative Dispute Resolution Act of
1990: how do we evaluate its success? Journal of Public Administration Research and
Theory: J-PART, v. 6, n. 3, p. 383-414, jul. 1996.

31 UNITED STATES. Environmental Policy and Conflict Resolution Actof1998. Disponível


em [https://www.congress.gov/105/plaws/publ156/PLAW-105publ156.pdf] Acesso em:
02 dez. 2018.

32 O’LEARY; RAINES. Op. cit. p. 689.

33 UDALL FOUNDATION. U.S. Institute for Environmental Conflict Resolution. Disponível


em: [https://www.udall.gov/ourprograms/institute/institute.aspx]. Acesso em: 02 dez.
2018.

34 UNITED STATES ENVIRONMENTAL PROTECTION AGENCY (EPA). Conflict Prevention


and Resolution Center (CPRC). About the CPRC. Disponível em:
[https://www.epa.gov/adr/about-cprc]. Acesso em: 01 dez. 2018.

Página 18
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35 UNITED STATES. National Environmental Policy Act (NEPA). Council of Environmental


Quality. Environmental Collaboration and Conflict Resolution (ECCR): Enhancing Agency
Efficiency and Making Government Accountable to the People, 02 maio 2018. Disponível
em:
[https://ceq.doe.gov/docs/nepa-practice/ECCR_Benefits_Recommendations_Report_%205-02-018.pdf]
Acesso em: 02 dez. 2018.

36 FACCHINI NETO, Eugênio. Jurisdição ou resolução consensual de conflitos: a quem


pertence o futuro? Interesse Público – IP, Belo Horizonte, ano 19, n. 103, p. 15-47,
maio.-jun. 2017. p. 43.

37 O’LEARY; RAINES. Op. cit., p. 691.

38 “The Court represents a distinct law culture, but the Court is also shaped by the
ambient culture and helps shape it in kind.” (CANNON. Op. cit., posição 632).

39 CANNON. Op. cit., posição 663-664.

40 Ibidem, posição 642-653.

41 A respeito da tutela judicial da sustentabilidade, vide: MOREIRA, Rafael Martins


Costa. Direito Administrativo e Sustentabilidade: o novo controle judicial da
Administração Pública. Belo Horizonte: Fórum, 2017. Sobre a responsabilidade do
Judiciário na tutela de valores comuns, globais e de longo prazo, contra interesses
governamentais e econômicos de curto prazo, vide: VOIGT, Christina. Sustainable
Development as a Principle of International Law: resolving conflicts between climate
measures and WTO law. Leiden: Martinus Nijhoff Publishers, 2009. pp. 184-185. Em
relação ao papel do Judiciário na proteção dos direitos das minorias que não podem
contar com o processo político e no resguardo da Constituição em face de qualquer
vontade repressiva da maioria política, vide: CHEMERINSKY, Erwin. The Case Against the
Supreme Court. New York: Viking, 2014.

42 Para um estudo mais detalhado sobre o papel das common law actions na proteção
ambiental, vide: LEAPE; MILLER; PERCIVAL; SCHROEDER. Op. cit., p. 63-89;
MORAG-LEVINE, Noga. Chasing the Wind: Regulating Air Pollution in the Common Law
State. Princeton: Princeton University Press, 2003.

43 WEDY, Gabriel. Desenvolvimento Sustentável na Era das Mudanças Climáticas: um


direito fundamental. São Paulo: Saraiva, 2018 (e-book Kindle, posição 5077).

44 Sobre os estágios da história do Direito Ambiental norte-americano, vide: LEAPE;


MILLER; PERCIVAL; SCHROEDER. Op. cit., p. 89-100.

45 CANNON. Op. cit., posição 9291.

46 Ibidem, posição 721-727.

47 Ibidem, posição 778.

48 Ibidem, posição 774.

49 SALZMAN; THOMPSON Jr. Op. cit., p. 339.

50 Sobre a evolução das class actions nos Estados Unidos, com origem na “jurisdição de
equidade” (equity), posteriormente reunida com o sistema da common law, vide: GIDI,
Antonio. Class actioncomoinstrumento de tutela coletiva dos direitos: as ações coletivas
em uma perspectiva comparada. São Paulo: Ed. RT, 2007. p. 40-66.

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A contribuição da litigância judicial para o direito
ambiental dos Estados Unidos: citizen suits, judicial
review, standing to sue e os desafios da “era Trump”

51 RENÉ, Davi. Os grandes sistemas do direito contemporâneo. Trad. Hermínio A.


Carvalho. 4. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2002. p. 477

52 LEAPE; MILLER; PERCIVAL; SCHROEDER. Op. cit., p. 1071-1072.

53 Ibidem, p. 1122; WEDY. Op. cit., posição 5146-5157.

54 LEAPE; MILLER; PERCIVAL; SCHROEDER. Op. cit., p. 1122.

55 A única exceção fica por conta do Federal Insecticide, Fungicide, and Rodenticide Act
(FIFRA), pois, como explica Benjamin, “na economia interna do Congresso americano, a
legislação de agrotóxicos tem origem na comissão de agricultura, extremamente
conservadora, enquanto que as outras matérias ambientais são disciplinadas na
comissão de serviços públicos” (BENJAMIN, Antônio Herman de Vasconcellos e. A citizen
action norte-americana e a tutela ambiental. Revista de Processo, São Paulo, v. 62, p.
61 - 78, abr.-jun/1991). A propósito: SALZMAN; THOMPSON Jr. Op. cit., p. 102.

56 Nada mais emblemático sobre o protagonismo da sociedade civil norte-americana que


a história da associação Sierra Club. A mais antiga entidade não governamental
ambientalista, Sierra Club foi fundada em 1892 e, atualmente, conta com mais de 3,5
milhões de associados (SIERRA CLUB. Sierra Club History. Disponível em:
[https://www.tiki-toki.com/timeline/entry/96717/Sierra-Club-History/]. Acesso em: 05
dez. 2018; SIERRA CLUB. About Sierra Club. Disponível em:
[https://www.sierraclub.org/about-sierra-club]. Acesso em: 05 dez. 2018). Quanto ao
papel das associações não governamentais na implementação do Direito Ambiental
norte-americano, vide: SALZMAN; THOMPSON Jr. Op. cit., p. 86-88.

57 Ibidem, p. 102; LEAPE; MILLER; PERCIVAL; SCHROEDER. Op. cit., p. 183.

58 GIDI, op. cit.; GRINOVER, Ada Pellegrini; MULLENIX, Linda; WATANABE, Kazuo. Os
processos coletivos nos países de civil law e common law: uma análise de direito
comparado. 2. ed. São Paulo: Ed. RT, 2011; ADLER, Vivian O. The Viability of Class
Actions in Environmental Litigation. Ecology Law Quarterly, v. 2, issue 3, art. 5, p.
533-570, jun. 1972.

59 SALZMAN; THOMPSON Jr. Op. cit., p. 102.

60 É o caso da section 307 (b) do Clean Air Act, o qual requer que pedidos de revisão de
ações regulatórias aplicáveis nacionalmente devem ser encaminhados para o U.S. Court
of Appeals for the D.C. Circuit dentro de 60 dias da sua promulgação (LEAPE; MILLER;
PERCIVAL; SCHROEDER. Op. cit., p. 1123).

61 A respeito, escreveu Benjamin: “Tanto é verdade que citizen action e interesse


público andam de mãos dadas que foi a 'doutrina do Ministério Público privado' (private
attorney general) seu útero de gestação. O Ministério Público, em todos os sistemas
jurídicos, é, por excelência, o guardião do interesse público. Nada mais simples, então –
como forma de justificar a intervenção do particular para defender interesse que não é
exclusivamente seu – quer dizer que atua ele como se Ministério Público fosse. Uma
ficção que, de qualquer modo, não deixa de demonstrar que, em sede de citizen action,
há sempre um interesse público ameaçado ou efetivamente atacado” (BENJAMIN, op. cit.
).

62 SALZMAN; THOMPSON Jr. Op. cit., p. 102-103.

63 LEAPE; MILLER; PERCIVAL; SCHROEDER. Op. cit, p. 1123.

64 Idem; SALZMAN; THOMPSON Jr. Op. cit., p. 103.

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ambiental dos Estados Unidos: citizen suits, judicial
review, standing to sue e os desafios da “era Trump”

65 MOREIRA. Op. cit., p. 102-122; SALZMAN; THOMPSON Jr. Op. cit., pp. 68 e 102.

66 “It is emphatically the province and duty of the Judicial Department to say what the
law is” (SUPREME COURT OF THE UNITED STATES. Marbury v. Madison, 5 US (1803).
Disponível em: [http://landmarkcases.org/en/landmark/cases/marbury_v_madison].
Acesso em: 01 fev. 2016).

67 “Before the rise of the regulatory state, the allocation of authority between the
executive branch and the judiciary was relatively clear: it was for the courts, not the
executive, to 'say what the law is,' at least in litigated cases. This understanding
extended to interpretation of statutes no less than to interpretation of the Constitution”
(SUNSTEIN, Cass. Law and administration after Chevron. Columbia Law Review, 2017
(1990)).

68 FRIER, Pierre-Laurent; PETIT, Jacques. Droit Administratif. 9. ed. Paris: LGDJ, 2014.
p. 32-34.

69 CASSESSE, Sabino. Derecho Administrativo: historia y futuro. Sevilla: INAP, 2014. p.


38;

70 Ibidem, p. 43.

71 Sobre a origem das injuctions e da contempt of court, vide: ANDREWS, Neil. O


Moderno Processo Civil: formas judiciais e alternativas de resolução de conflitos na
Inglaterra. Trad. do autor. Rev. Teresa Arruda Alvim Wambier. 2. ed. São Paulo: Ed. RT,
2012. p. 108; ASSIS, Araken de. O contempt of court no direito brasileiro. Academia
Brasileira de Direito Processual Civil. Disponível em:
[http://www.abdpc.org.br/abdpc/artigos/araken%20de%20assis%284%29%20-%20formatado.pdf].
Acesso em: 18 jan. 2016.

72 BREYER, et al. Op. cit., p. 16-17.

73 O Interstate Commerce Commission (ICC), criado em 1887.

74 BREYER et al. Op. cit., p. 17-21.

75 Ibidem, p. 22-23.

76 BAMZAI, Aditya. The Origins of Judicial Deference to Executive Interpretation. The


Yale Law Journal, v. 126, n. 4, p. 908-1241, feb. 2017.

77 UNITED STATES. Administrative Procedure Act. Disponível em:


[https://www.justice.gov/sites/default/files/jmd/legacy/2014/05/01/act-pl79-404.pdf].
Acesso em: 28 nov. 2018.

78 BAMZAI, op. cit.

79 BREYER et al. Op. cit., p. 386.

80 Ao final, a Secretaria desaprovou a rota sobre o Overton Park sem identificar uma
alternativa viável e prudente, o que foi mantido pelo Judiciário posteriormente. Idêntico
caminho foi percorrido pela Corte no caso Motor Vehicle Manifacturers' Association v.
State Farm Mutual Automobile Insurance Co., de 1983 (BREYER et al. Op. cit., p.
387-395).

81 O caso Chevron U.S.A., Inc. v. Natural Resources Defense Council (1984), julgado
pela Suprema Corte dos Estados Unidos, foi paradigmático na definição do judicial
deference norte-americano, sendo considerado o julgamento mais citado e influente do
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A contribuição da litigância judicial para o direito
ambiental dos Estados Unidos: citizen suits, judicial
review, standing to sue e os desafios da “era Trump”

direito público daquele país (BREYER et al. Op. cit., p. 282-288).

82 Ibidem, p. 303.

83 A Skidmore deference, aplicada para interpretações administrativas que não se


originavam de delegação legislativa ou de um procedimento adversarial, foi
dimensionada conforme a força persuasiva que deflui do rigorismo ou da meticulosidade
das evidências levantadas pelas agências (“thoroughness evident” in agency’s
consideration). Nessa linha, os elementos coligidos pela Administração constituem um
material de prova a ser utilizado pelas cortes e pelos litigantes. A deferência, nesse
modelo, é determinada pela profundidade da evidência das considerações das agências,
pela validade de seu raciocínio, pela sua consistência com pronunciamentos anteriores e
posteriores e todos os fatores que possam conferir um poder de persuasão (BREYER et al
. Op. cit., p. 280).

84 SUPREME COURT OF THE UNITED STATES. King et al. v.Burwell, Secretaryof Health
and Human Services, et al. 576 U.S. ___ (2015). Disponível em:
[http://www.supremecourt.gov/opinions/14pdf/14-114_qol1.pdf]. Acesso em: 17 out.
2015.

85 BAMZAI, op cit. Para uma análise didática do controle judicial das decisões
administrativas e da doutrina da deferência no Direito norte-americano em comparação
com o brasileiro, vide: MOREIRA. Op. cit., p. 102-122.

86 CONRNELL LAW SCHOOL. Legal Information Institute. Justiciability. Disponível em:


[https://www.law.cornell.edu/wex/justiciability]. Acesso em: 06 mar. 2019.

87 LEAPE; MILLER; PERCIVAL; SCHROEDER. Op. cit., p. 111.

88 CANNON. Op. cit., posição 3215.

89 LEAPE; MILLER; PERCIVAL; SCHROEDER. Op. cit., p. 1139-1140; SALZMAN;


THOMPSON Jr. Op. cit., p. 105.

90 SALZMAN; THOMPSON Jr. Op. cit., p. 105.

91 LEAPE; MILLER; PERCIVAL; SCHROEDER. Op. cit., p. 1139-1140; SALZMAN;


THOMPSON Jr. Op. cit., p. 105.

92 Ibidem, p. 1140-1141; Idem.

93 SALZMAN; THOMPSON Jr. Op. cit., p. 106.

94 Idem.

95 No caso, a associação não governamental Sierra Club questionou uma decisão do


Serviço Florestal dos Estados Unidos (U.S. Forest Service) de autorizar a empresa Disney
a desenvolver uma ampla estação de esqui em um refúgio da vida silvestre adjacente ao
Sequoia National Park. A Suprema Corte entendeu que a Sierra Club não detinha
legitimidade (lacked standing), porque não provou que ela própria ou seus membros
seriam afetados pelas atividades desenvolvidas pela Disney. Porém, reconheceu a lesão
a valores estéticos e ambientais como suficientes para conferir legitimidade.
Posteriormente, Sierra Club emendou seu pedido e, dentre outras providências, alegou
que seus membros utilizaram a área. Ao final, em apertada síntese, a estação de esqui
nunca foi construída (LEAPE; MILLER; PERCIVAL; SCHROEDER. Op. cit., p. 111-115;
SALZMAN; THOMPSON Jr. Op. cit., p. 106).

96 CANNON. Op. cit., posição 3385.


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A contribuição da litigância judicial para o direito
ambiental dos Estados Unidos: citizen suits, judicial
review, standing to sue e os desafios da “era Trump”

97 JUSTIA US Supreme Court. United States v. SCRAP, 412 U.S. 669 (1973). Disponível
em: [https://supreme.justia.com/cases/federal/us/412/669/]. Acesso em: 06 mar.
2019.

98 CANNON. Op. cit., posição 3382-3342.

99 REITZE Jr., Arnold W.; REITZE, Glenn L. Door to Courts Opens Wider. Environment:
Science and Policy for Sustainable Development, v. 18, p.2-3, 01 Oct. 1973.

100 SALZMAN; THOMPSON Jr. Op. cit., p. 106.

101 Antes desse litígio, a Suprema Corte havia julgado o caso Lujan I (Lujan v.
Defenders of Wildlife), também conduzido pelo Justice Scalia. Em Lujan I, decidido em
1990, a Corte rejeitou o standing porque, basicamente, a alegação de uso de porções
não específicas de terras públicas que seriam afetadas pela abertura de áreas para
mineração era muito vaga considerando a imensa extensão do território e a falta de
conexão específica com o local que ocorreria a atividade mineira (CANNON. Op. cit.,
posição 3399-3413).

102 Em artigo publicado em 1983, Antonin Scalia já havia defendido que a


responsabilidade central do Judiciário é proteger os direitos individuais contra o Governo,
com a defesa do direito de propriedade contra a regulação (SCALIA, Antonin, The
Doctrine of Standing as an essential element of the separation of powers. 17 Suffolk U.
L. Ver. 881, 1983). Com isso, o Justice Scalia colocou no centro da standing doctrine o
interesse econômico privado do proprietário contrário à regulação (PURDY, Jedediah.
American Natures: the shape of conflict in environemntal law. 36 Harvard Environmental
Law Review, p. 169-228, 2012)

103 O Endangered Species Act requer que toda agência federal consulte a Secretaria do
Interior para resguardar que as ações da agência não venham a comprometer espécies
em perigo ou ameaçadas de extinção. O Departamento do Interior, em 1986, alterou sua
regulação anterior e estabeleceu que as agências devem consultar a Secretaria apenas
para ações nos Estados Unidos ou em alto-mar. A associação Defenders of Wildlife
propôs uma ação questionando essa regulação e, para comprovar que seus membros
seriam afetados pela decisão do Departamento, alegou que dois deles pretendiam viajar
ao exterior para visitar as espécies que seriam ameaçadas por projetos implementados
no Egito e no Sri Lanka com a participação dos Estados Unidos. Contudo, a Suprema
Corte não ingressou no mérito e reputou que a associação careceria de standing porque
seus membros não teriam planos imediatos e definitivos de viajar para aqueles países.
Logo, não restou demonstrada lesão real ou iminente (actual or imminent injury)
(SALZMAN; THOMPSON Jr. Op. cit., p. 106-108; LEAPE; MILLER; PERCIVAL;
SCHROEDER. Op. cit., p. 1142-1152).

104 CANNON. Op. cit., posição 3586-3615.

105 CANNON. Op. cit., posição 3615-3628.

106 LEAPE; MILLER; PERCIVAL; SCHROEDER. Op. cit., p. 1155-1163.

107 Em Summer, resumidamente, foi questionada decisão regulatória do Serviço


Florestal dos Estados Unidos que permitiu a venda de madeira de uma área federal
danificada pelo fogo, sem seguir o procedimento mais formal de notice, comment and
appeal previsto no Forest Service Decision-making and Appeals Reform Act (LEAPE;
MILLER; PERCIVAL; SCHROEDER. Op. cit., p. 1163-1172).

108 RYAN, Mark. Clean Water Act Citizen Suits: what the numbers tell us. Natural
Resources & Environment, v. 32, n. 2, 2017.
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ambiental dos Estados Unidos: citizen suits, judicial
review, standing to sue e os desafios da “era Trump”

109 JUSTIA US Supreme Court. Monsanto Co. v. Geertson Seed Farms 561 U.S. 139
(2010). Disponível em:
[https://supreme.justia.com/cases/federal/us/561/139/#tab-opinion-1963389]. Acesso
em: 07 mar. 2019.

110 RYAN, op. cit.

111 LAYZER, Judith A. Open for business: Conservatives’ opposition to environmental


regulation. Cambridge: MIT Press, 2012.

112 SALZMAN; THOMPSON. Op. cit., p. 71.

113 HEJNY, Jessica. The Trump Administration and environmental policy: Reagan redux?
Journal of Environmental Studies and Sciences, v. 8, 2018, p. 197-211; MULLIN, Megan;
EGAN, Patrick J. Trump has picked the most conservative EPA leader since 1981. This
one will face much less resistance. The Washington Post, Dez. 13, 2016. Disponível em:
[https://www.washingtonpost.com/news/monkey-cage/wp/2016/12/13/trump-has-picked-the-most-con
Acesso em: 06 mar. 2019.

114 HEJNY, op. cit.

115 NEW YORK TIMES. 2018 Midterm Election Results: Live, jan. 28 2019. Disponível
em:
[https://www.nytimes.com/interactive/2018/11/06/us/elections/results-dashboard-live.html].
Acesso em: 06 mar. 2019.

116 HEJNY, op. cit.; TRIPOLI, Lori. "What Are Environmental Lawyers Supposed to Do
Now?" Of Counsel, Feb. 2018, p. 5-7.

117 Idem.

118 AMERICAN BAR ASSOCIATION (ABA). Section of Civil Rights and Social Justice.
Environmental Protection in the Trump Era, 2017. Disponível em:
[https://www.eli.org/sites/default/files/book_pdfs/environmentalprotectiontrumpera.pdf].
Acesso em: 07 mar. 2019.

119 GEORGETTE, Jasen. Columbia University in the City of New York. Columbia News. 5
Questions on the Midterms with Environmental Law Prof. Michael Gerrard, Out. 29, 2018.
Disponível em:
[https://news.columbia.edu/news/5-questions-midterms-environmental-law-prof-michael-gerrard].
Acesso em: 07 mar. 2019.

120 HEJNY, op. cit.

121 MULLIN, Megan; EGAN, Patrick J. Climate Change: US Public Opinion. Annual
Review of Political Science, 20, p. 209-227, 2017. Disponível em:
[https://www.annualreviews.org/doi/pdf/10.1146/annurev-polisci-051215-022857].
Acesso em: 06 mar. 2019; SALZMAN; THOMPSON Jr. Op. cit., p. 15.

122 HEJNY, op. cit.

123 Idem.

124 EILPERIN, Juliet; MOONEY, Chris. The Trump administration keeps losing
environmental court cases. Washington Post, 18 ago. 2018.

125 GEORGETTE, op. cit.


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ambiental dos Estados Unidos: citizen suits, judicial
review, standing to sue e os desafios da “era Trump”

126 “Remaking the judiciary is arguably the most ideological project of Trump's
presidency” (DAWSEY, J.; RUCKER, P.; PARKER, A. ‘He’s not weak, is he?’: Inside
Trump’s quest to alter the judiciary. The Washington Post, Dez. 19, 2017. Disponível
em:
[https://www.washingtonpost.com/politics/hes-not-weak-is-he-inside-trumps-quest-to-alter-the-judicia
Acesso em: 06 mar. 2019).

127 Neil Gorsuch, admirador de Scalia por sua aderência ao originalismo e textualismo,
teve seu nome aprovado pelo Senado e ocupa o lugar de Scalia (ENCYCLOPÆDIA
BRITANNICA. Neil Gorsuch, 26 jul. 2017. Disponível em:
[https://www.britannica.com/biography/Neil-Gorsuch]. Acesso em: 04 dez. 2018;
HEJNY, op. cit).

128 O segundo indicado, para a vaga de Anthony Kennedy, foi Brett Kavanaugh,
conhecido por adotar uma abordagem em favor dos interesses do empresariado em
questões ambientais e contrária às regras anti-poluição (GRANDONI, Dino. The Energy
202: How Brett Kavanaugh could rein in environmental rules on the Supreme Court.
Washington Post, 11 jul. 2018).

129 HEJNY, op. cit.

130 GOLD, David H.; JUDKINS, Sarah; TREISER, Raya. Energy and Environmental Law
under the Trump Administration. American Bar Association: Section of Environment,
Energy, and Resources, v. 17, n. 1, fev. 2018. Disponível em:
[https://www.americanbar.org/content/dam/aba/publications/nr_newsletters/eecc/201802_eec-pl-hp-jo
Acesso em: 04 dez. 2018.

131 SCHOENBROAD, David. From Chevron to “Consent of the Governed”. Regulation,


Winter 2018-2019, p. 34-39; GRANDONI, op. cit.

132 A EPA já delegou parte das funções relacionadas à aplicação da lei ambiental aos
estados, que podem impor padrões mais restritivos (TRIPOLI, op. cit.).

133 A legislação californiana estabeleceu a meta de redução em 40% das emissões até
2030, em comparação com 1990 (SALZMAN; THOMPSON Jr. Op. cit., p. 171).

134 Ibidem, p. 78-79.

135 HEJNY, op. cit.

136 Na percepção de Salzman e Thompson: “[…] it is unclear whether these new policy
directions will take hold or their ultimate shape. Perhaps the only certainty is that
environmental protection will remain a highly contentious and dynamic field” (SALZMAN;
THOMPSON Jr. Op. cit., p. 1).

137 MOGHARABI, Sara et al. Environmental Citizen Suits in the Trump Era. Natural
Resources & Environment, v. 32, n. 2, Fall 2017.

138 “In some mesure, regulation and enforcement levels, as in other areas, are a bit
cyclical. Push too hard and then ease up, relax a little and then come down forcefully.
‘This is not the first time that we have gone from one type of administration to the
other’, notes Richard Ericsson, chair of the Environmental Department at Cole Schotz in
Hackensack, N.J.” (TRIPOLI. Op. cit., p. 7).

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