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24/03/23, 08:18 Glossário básico para compreender o autismo: parte 1 - Autismo e Realidade

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Glossário básico para compreender


o autismo: parte 1
13/03/2023 | TEA no Dia a Dia | 0 Comentários

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24/03/23, 08:18 Glossário básico para compreender o autismo: parte 1 - Autismo e Realidade

Confira os principais termos ligados a


diagnóstico de autistas, como espectro, CID
e DSM
Quem lida com a busca por diagnóstico e acompanhamento de saúde e
desenvolvimento de autistas aprende a usar termos específicos ligados ao
transtorno.

Saber o significado de cada um desses termos permite uma comunicação mais


fluida, não só com profissionais da área, mas também com mães, pais,
cuidadores e autistas, e favorece que todos tenham experiências mais
inclusivas. 

Autismo é um espectro, pois cada pessoa


manifesta o transtorno de maneira singular
O primeiro passo é entender a linguagem em torno do diagnóstico de autismo e
o termo médico que classifica o transtorno. Confira a lista:

– TEA. Sigla para Transtorno do Espectro Autista, a classificação médica oficial de


autismo. Você pode dizer que um autista é uma pessoa com TEA ou uma pessoa
que tem Transtorno do Espectro Autista. Você também pode dizer que ela está
no espectro autista, que tem autismo ou então aderir ao mais recomendado e
simplesmente dizer que uma pessoa é autista.

O autismo – ou TEA – é um transtorno do neurodesenvolvimento com duas


características básicas, comuns a todos os autistas:

. Déficits permanentes na comunicação e na interação social em múltiplos


contextos;
. Padrões restritos e repetitivos de comportamento, interesses ou atividades –
como estereotipias, movimentos contínuos, interesses fixos e hipo ou
sensibilidade alterada a estímulos sensoriais.

Autismo é um espectro; se você conhece um 2


autista, você conhece apenas um autista
– Espectro. O autismo passou a ser considerado um espectro após estudos
realizados pela psiquiatra britânica Lorna Wing, mãe de uma mulher autista.

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Lorna descobriu que o autismo se manifesta com inúmeras intensidades e de


múltiplas formas. Cada autista manifesta o transtorno à sua maneira.

Existem diversos transtornos e síndromes que podem estar ou não associadas


ao autismo – como síndrome de Down ou TDAH, por exemplo. Existem questões
sensoriais que podem ou não se manifestar e, caso apareçam, podem ser de
hipo ou hipersensibilidade.

Ainda assim, quando nos referimos ao tato, por exemplo, uma mesma pessoa
pode ser hipersensível em uma parte do corpo e hipo em outra. As variações são
muitas, por isso costuma-se repetir o ditado: se você conhece um autista, você
conhece apenas um autista.

Vale ressaltar que, apesar do autismo ser um espectro, as duas características


básicas do TEA são comuns a todos os autistas e essenciais para a definição do
diagnóstico.

Diagnóstico de autismo se transformou ao


longo da história, a partir do entendimento
do conceito de espectro
 – DSM. Sigla em inglês Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais
(DSM). É uma lista de diagnósticos em saúde mental publicada pela Associação
Americana de Psiquiatria (APA) e que serve de referência para profissionais da
área em todo o planeta.

A primeira edição do DSM foi publicada em 1952. Naquela primeira edição, a


palavra autismo apareceu apenas uma vez, associada a reações esquizofrênicas
em crianças. Mas a forma de enxergar o autismo se transformou ao longo dos
anos, influenciada pelo próprio conceito de espectro, e isso se refletiu também
nas revisões do DSM.

A edição mais recente é a quinta, publicada em 2013 (confira aqui a versão em


português).

DSM-5 coloca em desuso o diagnóstico de


síndrome de Asperger, que passar a fazer
parte do espectro autista
2
No DSM-5, o TEA é interpretado de uma nova maneira. O diagnóstico passa a
reunir uma série de outros transtornos que antes eram diagnosticados de forma
separada.

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Atualmente, o autismo engloba “transtornos antes chamados de autismo


infantil precoce, autismo infantil, autismo de Kanner, autismo de alto
funcionamento, autismo atípico, transtorno global do desenvolvimento sem
outra especificação, transtorno desintegrativo da infância e transtorno de
Asperger ”.

O documento traz uma explicação para a mudança:

“Os sintomas desses transtornos representam um continuum único de


prejuízos com intensidades que vão de leve a grave nos domínios de
comunicação social e de comportamentos restritivos e repetitivos em vez de
constituir transtornos distintos. Essa mudança foi implementada para
melhorar a sensibilidade e a especificidade dos critérios para o diagnóstico de
transtorno do espectro autista e para identificar alvos mais focados de
tratamento para os prejuízos específicos observados.”

Autismo é dividido em “níveis de gravidade”,


que vão do 1 ao 3
– Níveis de gravidade do autismo. O DSM-5 estabelece para o autismo o que
chama de “níveis de gravidade”, em uma escala de 1 a 3, em que 1 é o menos
grave e o 3 é o mais grave. Todos exigem apoio, o que varia é a intensidade e a
frequência.

– Autistas de nível 1. O nível 1 é o que antes de 2013 seria identificado como


síndrome de Asperger e que também é popularmente conhecido como
“autismo leve”. A comunidade autista, no entanto, vem discutindo o uso do
adjetivo leve, pois o autismo, mesmo com menor gravidade, traz consequências
que são difíceis de lidar – como a exclusão social – e pode provocar crises ou
dificuldades intensas se associado a outras características, como o TDAH,
questões sensoriais, seletividade alimentar, entre outras.

Segundo o DSM-5, os autistas nível 1 são aqueles que exigem apoio. Sem
suporte, eles podem ter dificuldade para iniciar interações sociais, usar respostas
atípicas e não conseguir aberturas sociais dos outros. Podem ainda ter
inflexibilidade de comportamento que prejudica seu desempenho em
diferentes contextos. Tem dificuldades de troca de atividade, organização e
planejamento – o que pode comprometer sua independência.

Autistas de nível 2 são os chamados 2


popularmente de autistas moderados
– Autistas de nível 2. Este nível é popularmente chamado de “autismo
moderado”, embora também provoque prejuízos significativos. O DSM-5 indica
que exigem “apoio substancial”. O autista de nível 2 tem déficits graves na
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comunicação social verbal e não verbal. Mesmo com apoio, é possível notar suas
dificuldades, por exemplo, para começar e para responder a interações sociais.

O autista de nível 2 também apresenta comportamento inflexível e dificuldade


de lidar com mudanças. Com frequência, este autista adota comportamentos
restritos ou repetitivos e isso interfere na sua inserção em diferentes contextos.

Autistas de nível 3 são os que precisam de


mais apoio e possuem extrema dificuldade
em lidar com mudanças
– Autistas de nível 3. Também conhecido como “autismo severo”. É definido
pelo DSM-5 como um nível que exige “apoio muito substancial”. O manual
define a pessoa desta forma: “uma pessoa com fala inteligível de poucas
palavras que raramente inicia as interações e, quando o faz, tem abordagens
incomuns apenas para satisfazer as necessidades e reage somente a
abordagens sociais muito diretas”.

Estes autistas também têm comportamento inflexível e uma dificuldade


extrema para lidar com mudanças e para alterar o foco de suas ações. Também
demonstra comportamentos restritos e repetitivos de forma acentuada.

O que antes se chamava de Asperger hoje é


considerado autismo sem prejuízo
intelectual ou de linguagem
– Síndrome de Asperger. No DSM-4, Asperger era considerado um diagnóstico
específico. Mas esta ideia foi derrubada no DSM-5, que incorporou esse
diagnóstico ao de autismo. Isso quer dizer que todas as pessoas que antes de
2013 foram diagnosticadas com síndrome de Asperger atualmente são
consideradas simplesmente autistas. Neste caso, tratam-se de pessoas sem
comprometimento linguístico ou intelectual.

O fim do diagnóstico de Asperger e a inclusão da síndrome como parte do


autismo também ocorreu em um outro manual médico que é referência em
todo o mundo: a CID.

– CID. Sigla para Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas


Relacionados com a Saúde. Assim como o DSM, é um manual médico, só que 2
não é apenas focado em questões mentais, mas sim em todas as áreas da saúde.
A CID é elaborada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e foi publicada
pela primeira vez em 1893. Sua versão mais recente é a CID-11, que foi aprovada
em 2019 e entrou em vigor em 2022.

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A CID-11 também adota o TEA para englobar todos os diagnósticos


anteriormente classificados na CID-10 como Transtorno Global do
Desenvolvimento (confira aqui, em inglês, o tópico de autismo na CID). Entre os
diagnósticos englobados estão Autismo infantil, Autismo Atípico, Síndrome de
Asperger, Transtorno Desintegrativo da Infância, Transtorno com Hipercinesia
associado à retardo mental e a movimentos estereotipados.

A CID permite diagnósticos mais assertivos e a coleta de dados estatísticos


atualizados, além de possibilitar o planejamento de ações assistenciais e de
políticas públicas. O código da CID é aquele solicitado por planos de saúde para
liberação de consultas e exames.

Autistas podem ter de lidar com uma série


de condições associadas aos transtorno
Ainda no universo do diagnóstico, é importante pontuar três palavras que
aparecem com frequência no vocabulário de quem convive com o autismo.

– Comorbidades. São condições que se manifestam de forma associada ao


autismo e estão presentes em 70% dos autistas. Podem ser condições
psiquiátricas, como depressão, Transtorno de Ansiedade e TDAH, ou condições
médicas, como distúrbios do sono .

– Ecolalia. É uma das mais recorrentes comorbidades do autismo. O termo quer


dizer “repetição em eco da fala” – de sílabas, palavras ou frases já ouvidas. Pode
ocorrer de forma imediata (logo após o fim de uma frase) ou tardia  (quando
ocorre após um intervalo de tempo mais longo).

Praticamente todos os autistas verbais passam por um período de ecolalia em


sua vida.

Pessoas típicas devem compreender as


características do autismo para respeitá-las e
não achar que devam ser disfarçadas
– Estereotipia ou stim. São movimentos repetitivos que ajudam os autistas a
lidar com excesso de estímulos, como balançar o corpo em movimento
pendular, sacudir as mãos ou os braços ou mexer constantemente os dedos.

Para evitar que virem alvo de chacota, muitos autistas tentam mascarar estes 2
movimentos, mas isto traz prejuízos psicológicos. Há casos em que os pais ou
outras pessoas que convivem com os autistas também tentam inibir estes
gestos. Mas é muito importante saber que estes movimentos ajudam os autistas
a se acalmarem, se concentrarem ou a aliviarem a ansiedade. Não deixe que

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uma pessoa autista se sinta constrangida por seus stims, pois é algo que lhe faz
bem.

– Mascaramento ou masking. É quando consciente ou inconscientemente um


autista busca camuflar as manifestações do transtorno. Muitos autistas relatam
situações em que tentam ser agradáveis para pessoas típicas, como em
encontros amorosos, por exemplo. Elas tentam não demonstrar seus stims ou
fingir que não estão sendo incomodadas pelo excesso de estímulos sensoriais,
por exemplo, para não parecerem estranhas ou mal educadas.

Mas isso tem um custo alto para o autista, que varia para cada pessoa. Há quem
se sinta esgotado, há quem acabe dormindo por muito tempo, há quem sofra
crises ao chegar em casa. Por isso é importante saber que uma pessoa é autista
e oferecer a ela o ambiente mais adequado para que se sinta bem. O
mascaramento do transtorno pode, inclusive, contribuir para atrasar ainda mais
o diagnóstico.

O diagnóstico de autismo não é possível ser feito por qualquer tipo de exame
clínico, como um simples exame de sangue, por exemplo. Todo o trabalho
depende de observação e acompanhamento de múltiplos profissionais e, para
isso, é essencial que o autista seja capaz de se expressar livremente. Só assim
será possível entender como ele é, do que precisa, e oferecer os serviços mais
adequados para atendê-lo.

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