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Concreto: Ciência e Tecnologia

Geraldo Cechella Isaia (Editor)


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Capítulo 24
Carbonatação do Concreto
Oswaldo Cascudo
Helena Carasek
Universidade Federal de Goiás

24.1 Introdução
Este capítulo discorre sobre a temática da carbonatação e de sua ação nas
estruturas de concreto. Seu conteúdo aborda inicialmente a conceituação geral do
fenômeno, com o enfoque nos mecanismos químicos envolvidos e na alteração da
microestrutura do concreto. Aspectos do transporte do CO2 por difusão são consi-
derados, assim como se destacam os principais fatores intervenientes na carbona-
tação, desde aqueles ligados às condições ambientais até os que são associados às
características do concreto e à sua execução.
Também se enfoca no capítulo a relação da carbonatação com o estado de
passivação do aço e, portanto, o seu papel como agente iniciador da corrosão das
armaduras. No decorrer do conteúdo, caracteriza-se bem a frente de carbonatação
como o modo pelo qual o ataque se dá no concreto, apresentando-se alguns dos
principais modelos matemáticos usados na previsão de vida útil de estruturas, con-
siderando a carbonatação como agente indutor da corrosão do aço no concreto.
No tocante ao estudo e avaliação da carbonatação, discutem-se ensaios de la-
boratório e procedimentos práticos comumente empregados em inspeções estruturais,
bem como são apresentadas algumas técnicas mais sofisticadas voltadas a investiga-
ções aprofundadas do fenômeno. Por fim, são tecidas considerações sobre formas de
controle e mitigação da carbonatação, ressaltando-se as técnicas de realcalinização.
Ressalta-se, portanto, neste capítulo, a relação da carbonatação com a deterio-
ração das estruturas de concreto (armado e protendido) produzida pela corrosão das ar-
maduras. No entanto, o viés da carbonatação não é sempre negativo. É preciso destacar
que a carbonatação incidente em materiais cimentícios resulta na captura de CO2 do
ambiente. Considerando que o gás carbônico é um dos principais gases responsáveis
pelo aquecimento global do planeta, então, do ponto de vista ambiental, tem-se na síntese
da reação de carbonatação um efeito benéfico, desde que se excluam desse processo os
materiais ou sistemas armados (que contenham uma fase metálica). Dada a sua relevân-
cia no contexto da sustentabilidade, esse tema tem sido bastante estudado na atualidade1.
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Podem ser citados alguns trabalhos sobre a captura de CO2 por materiais cimentícios: Neves Júnior
(2014), Pacheco-Torgal, Shi e Palomo (2019), e Possan (2019).

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Concreto Ciência e Tecnologia 3ª Edição (2022)

24.2 O Fenômeno da Carbonatação no Concreto


24.2.1 Conceituação geral e mecanismos químicos
De maneira sumária, a carbonatação consiste em transformar íons alcalinos
como os cátions de sódio, potássio e, sobretudo, de cálcio, em sais de carbonatos
desses elementos, pela ação ácida do dióxido de carbono presente no ar.
A estrutura interna do concreto propicia um ambiente de elevada alcalini-
dade. Essa alta alcalinidade é proveniente do alto pH da solução do poro contida
na pasta de cimento, que pode ser reduzido com o tempo em função da ação pre-
ponderante do dióxido de carbono (CO2), além de outros gases ácidos tais como
o SO2 e H2S, os quais atuam nas superfícies expostas das estruturas de concreto.
Em especial, a carbonatação do concreto, que está associada à ação do CO2,
representa um dos fatores iniciadores mais importantes da corrosão das armaduras
e, felizmente, ocorre a uma velocidade lenta, atenuando-se com o tempo. Isto pode
ser explicado pela hidratação crescente do cimento, além dos próprios produtos da
reação de carbonatação (CaCO3) que colmatam os poros superficiais, dificultando
cada vez mais o acesso de CO2 presente no ar para o interior do concreto.
Essa ação do CO2, segundo Neville (2016), é passível de ocorrer mesmo em
ambientes cuja concentração desse gás no ar seja tão baixa quanto cerca de 0,03%
em volume, considerado este um teor representativo do ambiente rural. Porém, são
em concentrações mais elevadas que o fenômeno da carbonatação é mais intenso e
significativo. O referido autor salienta concentrações típicas de ambientes comuns
como, por exemplo, o ambiente de laboratório não ventilado, com o teor de CO2
podendo atingir valores superiores a 0,1%; no caso de grandes cidades, valores
médios são da ordem de 0,3%, tendo-se, em situações excepcionais, marcas de até
1% (ver Quadro 1).
O mecanismo do processo, segundo Taylor (1997), tem como uma de suas
etapas a dissolução do dióxido de carbono na solução do poro da pasta de cimento,
de acordo com a Equação 1.
Dissolução do CO2 na Solução do Poro

CO2 + 2OH − → CO32− + H 2O Eq. 1



Paralelamente, íons OH- e Ca2+ vão sendo obtidos na solução do poro,
principalmente oriundos da dissolução do hidróxido de cálcio, conforme se vê na
Equação 2; todavia eles podem ser decorrentes da decomposição do silicato de
cálcio hidratado (C‑S‑H) e das fases aluminato.
Dissolução do Ca(OH)2

Ca ( OH )2 → Ca 2+ + 2OH − Eq. 2

Numa etapa posterior, completando-se então o processo, o Ca2-3 reage com
o Ca , Por exemplo, formando o carbonato de cálcio, segundo a Equação 3.
2+

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Cap. 27 – Reação Álcali-Agregado no Concreto

Formação do Carbonato de Cálcio

Ca 2+ + CO32− → CaCO3 Eq. 3



No caso descrito anteriormente tem-se a descrição da carbonatação do hi-
dróxido de cálcio, porém, conforme comentado, pode também ocorrer a carbona-
tação do C‑S‑H (ver micrografia da Figura 2) e das fases aluminato.
No que diz respeito à carbonatação das fases aluminato, considera-se aqui,
inicialmente, a carbonatação do aluminato cúbico2 (C4AHx). Este produto da hi-
dratação do cimento rapidamente converte-se em C4AH11, transformando-se pos-
teriormente em CaCO3 e gel de alumina. Já em relação ao monossulfato (AFm) e
à etringita (AFt), tem-se como produtos da carbonatação o CaCO3, gel de alumina
e sulfato de cálcio.
A carbonatação do C‑S‑H origina-se com a sua descalcificação, sendo que
inicialmente há apenas um decréscimo da relação Ca/Si, tendo-se, posteriormente,
a obtenção de uma estrutura altamente porosa, o gel de sílica. A Equação 4 apre-
senta a reação de descalcificação do C‑S‑H e a formação do gel de sílica.
Descalcificação do C‑S‑H
xCaO ⋅ SiO2 ( aq ) + zH 2O → YCa 2+ + 2 yOH − + ( x − y ) CaO ⋅ SiO2 ( aq ) Eq. 4

Na solução dos poros do concreto estão presentes ainda os álcalis do ci-


mento (sódio e potássio) que também são passíveis de carbonatação, conforme
apresentado nas Equações 5 e 6:

2NaOH + CO2 ⎯⎯⎯


2 H O
→ Na2CO3 + H 2O Eq. 5


2KOH + CO2 ⎯⎯⎯


2 H O
→ K 2CO3 + H 2O Eq. 6

Apesar da possibilidade de ocorrência das duas reações anteriores, de acor-
do com Steffens (2000) os álcalis formam carbonatos solúveis que se dissociam
facilmente, liberando dessa forma o íon carbonato para reações posteriores. Na
Equação 7 pode-se observar a dissociação do carbonato de potássio, com a libe-
ração do íon Ca2-3.

K 2CO3 + 2OH − ⇔ 2KOH + CO32− Eq.7

Podem ser citados alguns trabalhos sobre a captura de CO2 por materiais cimentícios: Neves Júnior
(2014), Pacheco-Torgal, Shi e Palomo (2019), e Possan (2019).
Ressalta-se que alguns produtos enumerados neste capítulo, tais como: C4AHx, C4ACH11 e C-S-H,
apresentam a notação de química do cimento, em que C = CaO, A = Al2O3, S = SiO2, H = H2O e C = CO2
= CO2. AFt e AFm são termos empregados também na química do cimento para designar os produtos
que podem ter componentes químicos variáveis, mas que são estruturalmente similares à etringita e ao
monossulfato hidratado, respectivamente.
Como discutido nos subitens 24.5.1 e 24.6.3, essa linha divisória entre as regiões carbonatada e não
carbonatada não é, a rigor, tão precisa, havendo na realidade uma alteração gradual entre essas duas
regiões, pela existência de uma zona de transição conhecida como “zona parcialmente carbonatada”.

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Concreto Ciência e Tecnologia 3ª Edição (2022)

É preciso ter ciência, no entanto, que a carbonatação mais relevante é a do


hidróxido de cálcio, uma vez que sendo este o mais solúvel dentre os produtos de
hidratação do cimento, é ele também o que mais rapidamente reage com o CO2
(excetuando-se os álcalis – sódio e potássio, que, contudo, não produzem car-
bonatos estáveis, conforme comentário anterior). Isto significa que, pelo menos
em estágios mais recentes da ocorrência da carbonatação, o carbonato presente é
principalmente devido à transformação do hidróxido de cálcio.
Ainda relativo ao mecanismo da carbonatação, vale registrar o fato de que
no processo pode haver a formação de ácido carbônico. Isto é particularmente
verdadeiro para os casos em que o pH da solução do poro, após a ação do CO2,
resulta num valor suficientemente baixo, igual ou menor a 8,5. Andrade et al.
(1986 apud Taylor, 1997) concluíram haver, nestas condições, uma ausência
dos cátions alcalinos na solução do poro, culminando com a formação de ácido
carbônico (HCO 3–).
Um estudo conduzido por Cascudo et al. (2021a) sobre as características da
solução do poro em diversos concretos com e sem adições minerais (ver detalhes
desses concretos no subitem 24.5.2.2), após 14 anos de envelhecimento natural,
mostrou que há mudanças significativas da solução do poro com a carbonatação,
com quedas expressivas no pH e na condutividade elétrica. Isto se dá em virtude
de mudanças na disponibilidade dos íons em solução, medida pelo parâmetro de
força iônica (conjunto de íons com suas concentrações), que é reduzida de forma
destacada nas camadas carbonatadas do concreto, como mostrado na Figura 1.
Vê-se que o íon OH– é indetectável após 14 anos de exposição, o que explica a
queda no pH, e que a força iônica é muito reduzida, o que explica o aumento da
resistividade elétrica nas camadas carbonatadas.

Figura 1 – Concentração de íons na solução do poro de concretos avaliados após 14 anos em


exposição natural, de acordo com o tipo de adição mineral e com a condição quanto à carbonatação
(avaliação em camadas carbonatada e não carbonatada), Cascudo et al. (2021a).

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Cap. 27 – Reação Álcali-Agregado no Concreto

24.2.2 Alteração da pasta de cimento carbonatada e efeitos


sobre a microestrutura do concreto
Conforme comentado anteriormente, com a carbonatação há a precipitação
principal de carbonato de cálcio (CaCO3) na pasta de cimento endurecida do con-
creto, contudo outros compostos podem também precipitar-se como resultado do
processo global, como o sulfato de cálcio e os géis de sílica e de alumina. É de se
esperar que com a precipitação desses compostos, principalmente o CaCO3, haja
uma alteração física da pasta de cimento ao nível de sua microestrutura, o que de
fato ocorre.
De modo geral, pode-se dizer que na capa de concreto carbonatada há uma
redução da porosidade total, decorrente da precipitação do CaCO3, que preenche e
colmata poros, sendo essa a explicação principal em relação à qual a velocidade de
carbonatação é alta no início do processo, mas se atenua com o passar do tempo.
Isto ocorre justamente porque a permeabilidade ao CO2 é reduzida à medida que
a porosidade superficial diminui tendo em vista a colmatação dos poros. Segundo
Lea (1970), o CaCO3 possui volume maior que dos hidratos responsáveis por sua
formação; sendo aproximadamente 11% maior que o volume do hidróxido de cál-
cio [Ca(OH)2], o que justifica a colmatação dos poros.
Apesar da obviedade dessa constatação, há alguns detalhes sobre as alte-
rações físicas e microestruturais da pasta de cimento que merecem ser destacadas
e que, de certa forma, são divergentes do aspecto de fechamento e de colmatação
que a priori o fenômeno sugere. Quando o processo de carbonatação envolve de
modo significativo a carbonatação do silicato de cálcio hidratado (C-S-H), ou seja,
quando se trata de processos antigos de carbonatação ou quando se realiza carbo-
natação acelerada em corpos de prova, mesmo que se constate redução da porosi-
dade total, em geral uma porosidade mais fina inserida na faixa dos poros capilares
é aumentada. Ngala e Page (1997) verificaram uma redução da porosidade total,
mas constataram um aumento da porosidade capilar (poros de diâmetros maiores
que 30nm) em consequência da decomposição do C-S-H causada pela exposição
prolongada ao CO2 na câmara de carbonatação. Os autores comentam que, no
caso do processo natural de carbonatação, esse efeito poderia ser verificado em
ambientes com teores muito elevados de CO2 ou em que a exposição tenha sido
muito prolongada.
Outro aspecto divergente do princípio do aumento da compacidade diz res-
peito ao fato da carbonatação induzir retração no concreto. Ora, se como dito an-
teriormente, o volume do CaCO3 é maior do que o volume do Ca(OH)2, não seria
incoerente haver retração no concreto? Na realidade, a retração por carbonatação
existe e é causada por dois mecanismos básicos: (1) perda de moléculas de água na
reação principal de carbonatação; (2) diminuição de volume na pasta de cimento
endurecida, com a dissolução do Ca(OH)2 em zonas onde ele está sob tensão e
a precipitação do CaCO3 em espaços não sujeitos a tensão. Esses dois mecanis-
mos implicam em redução volumétrica da massa de concreto, como se ocorresse
uma redistribuição e reorganização dos espaços na pasta de cimento endurecida,

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Concreto Ciência e Tecnologia 3ª Edição (2022)

a despeito dos volumes molares dos compostos individuais comparados serem


diferentes, ou seja, o composto CaCO3 possui maior volume do que o Ca(OH)2,
todavia o que se faz menção aqui é a outro processo: o de redução do volume da
pasta hidratada, conforme os mecanismo explicados.
A retração por carbonatação aumenta a parcela de retração irreversível e
pode contribuir para a fissuração generalizada da superfície exposta do concreto,
Neville (2016), mas na prática ela não é um fenômeno significativo para os con-
cretos. Uma das razões é o fato do concreto carbonatado representar normalmen-
te uma “porção” relativamente pequena do concreto volumétrico global, já que
apenas uma capa superficial é quem efetivamente carbonata. Para se mensurar a
retração por carbonatação, é mister a ocorrência de carbonatação de uma fração
considerável de volume do concreto, o que pode ser conseguido com o uso de cor-
pos de prova relativamente pequenos, sujeitos a fortes processos de carbonatação.
Ainda sobre as alterações da pasta de cimento e da microestrutura, cabe
salientar-se que além das alterações volumétricas comentadas anteriormente, a
carbonatação também provoca variação de massa no concreto. Segundo discussão
apresentada por Dias (2000), para cada mol de Ca(OH)2 que se transforma em
CaCO3 ocorre um ganho de massa de 35%, implicando, dessa forma, em aumento
de massa da região carbonatada. Este acréscimo de massa é esperado, uma vez que
há efetiva incorporação de CO2 na estrutura interna do concreto quando o Ca(OH)2
se converte em CaCO3.
Finalizando o conteúdo temático deste item, é importante ressaltar-se que
com a carbonatação há um aumento da dureza superficial do concreto, o que refor-
ça a tese de que pastas de cimento que contenham mais carbonatos precipitados e
menos hidróxido de cálcio são de fato mais duras. Complementando esse assunto,
Neville (2016) comenta que a água liberada pela reação de carbonatação pode aju-
dar na hidratação do cimento, o que resultaria em maior dureza superficial, menor
permeabilidade superficial e menor movimentação de umidade. Em função destes
efeitos, a capa carbonatada também resulta em uma parte do concreto com maior
resistividade elétrica, Cascudo et al. (2021a), o que reduz a mobilidade iônica e
os consequentes fenômenos difusionais no concreto, Cascudo (1997; 2000). As
imagens das Figuras 2 e 3 ilustram, respectivamente, uma amostra de concreto
bastante carbonatada e outra em que se pode observar a carbonatação do C‑S‑H.
Um estudo detalhado das alterações da microestrutura de concretos contendo di-
versas adições minerais, produzidas pela carbonatação, é apresentado por Castro
et al. (2005).

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Cap. 27 – Reação Álcali-Agregado no Concreto

Figura 2 – Amostra de concreto carbonatada, vista no MEV por meio de elétrons


secundários, podendo-se observar a morfologia dos compostos, onde se percebe uma presença
significativa de cristais de calcita na superfície analisada. Detalhes: (I) morfologia romboédrica
e (II) morfologia tetraédrica, Castro (2003).

Figura 3 – Morfologia de um C-S-H carbonatado com aspecto de fibras dissolvidas ou fundidas pela
reação com CO2. Imagem obtida por MEV – elétrons secundários, Castro (2003).

24.3 
Difusão do CO2 e Fatores Intervenientes na
Carbonatação
24.3.1 Mecanismo de difusão do CO2 no concreto
Conforme visto no item anterior, o processo de carbonatação passa pela
dissolução do CO2 na fase líquida intersticial, para que então as reações químicas
ocorram. O avanço do gás carbônico para camadas mais profundas do concreto,
por sua vez, dá-se pelo mecanismo de difusão. Havendo uma eventual camada

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Concreto Ciência e Tecnologia 3ª Edição (2022)

superficial seca do concreto ou mesmo poros sem umidade, o que ocorre é uma
difusão molecular do CO2. Na fase líquida por sua vez, quando se têm os poros
parcialmente ou plenamente saturados de água intersticial, o mecanismo que con-
duz o gás carbônico para o interior do concreto é o transporte difusional do íon
carbonato (CO 2-3). Inicialmente o CO2 na forma gasosa se dissolve na solução do
poro, como mostrado na Equação 1, produzindo então o íon carbonato, que se
difunde em meio aquoso.
É importante registrar que existe uma grande diferença entre as taxas de
difusão do CO2 no ar e na água. Segundo Bakker (1988), a velocidade de difusão
do gás carbônico na água é cerca de 104 vezes mais baixa do que no ar. Devido
ao concreto ser um material microporoso, a penetração de CO2 será determinada
pela forma da estrutura do poro e se os poros do concreto são preenchidos por
água ou não. Se os poros estiverem secos, o CO2 se difundirá no interior deles,
mas a carbonatação não ocorrerá pela falta de água. Isto é o caso, na prática, de
um concreto seco em estufa. Caso os poros estejam totalmente preenchidos com
água, não haverá quase carbonatação, devido à baixa taxa de difusão do CO2 na
água. Finalmente, se os poros estiverem apenas parcialmente preenchidos com
água (Figura 4), que é normalmente o caso próximo à superfície do concreto,
a frente de carbonatação avança até profundidades onde os poros do concreto
apresentem essa condição favorável. Esta é a situação efetivamente deletéria
sob o ponto de vista da despassivação da armadura, assunto a ser tratado no
Item 24.4.

Figura 4 – Representação esquemática de um processo efetivo de carbonatação do concreto,


estando os poros parcialmente preenchidos com água (concreto com U.R. normal do ambiente),
Bakker (1988).

24.3.2 Principais fatores intervenientes na carbonatação do


concreto
Tendo em vista a carbonatação se processar por meio de um mecanismo de
difusão, a profundidade e a velocidade de carbonatação dependem de vários fato-
res, basicamente vinculados ao sistema de poros e ao pH do concreto (associados
principalmente à composição do concreto e à execução da estrutura), assim como

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Cap. 27 – Reação Álcali-Agregado no Concreto

vinculados às condições adequadas para a difusão do CO2, dadas essencialmente


pelas características do ambiente no qual a estrutura se insere. Na Figura 5 tem-se
uma sistematização desses principais fatores intervenientes, que são discutidos
resumidamente na sequência.

Figura 5 – Fatores intervenientes na carbonatação do concreto.

24.3.2.1 Condições de exposição (ambientais) – concentração de


CO2 no ar, temperatura e umidade relativa
Teor de CO2 no ar, temperatura e umidade relativa são alguns dos fatores
ambientais que exercem uma influência muito significativa no processo de carbo-
natação do concreto. Neville (2016) apresenta dados muito diferentes para a con-
centração do gás carbônico em função do tipo de ambiente, como se pode observar
no Quadro 1. Esses dados ressaltam haver diferenças marcantes da concentração
do CO2 no ar, podendo-se ter valores 10 vezes superiores para um ambiente urbano
em relação a um ambiente rural, diferença esta que pode ser superior a 33 vezes
quando se comparam os ambientes urbano-industrial e rural.

Quadro 1 – Concentração volumétrica do CO2 no ar em relação a alguns tipos de ambiente.

Concentração de CO2 no ar
Tipo de Ambiente
(em volume)

0,03% Ambiente rural

0,1% Ambiente de laboratório (não ventilado)

0,3% Ambiente urbano

1,0% Ambiente urbano-industrial

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Concreto Ciência e Tecnologia 3ª Edição (2022)

Evidentemente que à medida que a concentração do CO2 no ar é mais ele-


vada, o fenômeno é mais pronunciado e agressivo. Ambientes cujas concentrações
de CO2 sejam mais altas produzirão maiores gradientes de concentração do CO2
(entre o meio externo e o interior do concreto), propiciando dessa forma maiores
taxas de difusão desse gás no concreto e, consequentemente, uma carbonatação
mais rápida e mais intensa. Essa questão é cada vez mais relevante nos dias atuais,
uma vez que dados recentes mostram que os níveis globais de dióxido de carbono
(CO2) na atmosfera estão aumentando acentuadamente. O Programa das Nações
Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) mostra um aumento representativo de
mais de 100 ppm nas concentrações de CO2 de 1958 até 2020, UNEP (2020).
Em relação à influência da temperatura, é conhecida a ação desta variável
como catalizadora de reações químicas, onde se verifica, em geral, um aumento
das velocidades de reações à medida que as temperaturas aumentam. É fato que
a mobilidade das espécies iônicas em solução é aumentada com o acréscimo de
temperatura, o que favorece a ocorrência de reações químicas mais rapidamente.
Quanto à influência da umidade relativa do ar, Papadakis et al. (1992) ana-
lisaram o avanço da carbonatação em concretos sob diversas condições de umi-
dade ambiente (entre 40% e 80%) e observaram que as maiores profundidades
de carbonatação ocorrem para umidades do ambiente entre 50% e 65%. Estes
resultados são coerentes com os apresentados por Venuat (1977 apud Rosenberg
et al. (1989), que mostram graficamente, na Figura 6, a variação da carbonatação
com a alteração da umidade relativa do ambiente, ressaltando uma faixa máxima
de percentagem carbonatada para umidades relativas entre 50% e 70%.

Figura 6 - Grau de carbonatação em função da umidade relativa do ambiente,


Venuat (1977) apud Rosenberg et al. (1989).

Um comentário final é pertinente sobre as condições do meio como fatores


potencializadores da carbonatação do concreto. Regiões específicas de determi-
nadas estruturas podem resultar em carbonatação mais intensa se comparadas ao

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Cap. 27 – Reação Álcali-Agregado no Concreto

restante da estrutura. É o caso, por exemplo, de elementos de concreto aparente em


regiões de subsolo de garagens de edifícios. Em geral, esses ambientes são relati-
vamente confinados (com baixa ventilação), possuindo uma capacidade apenas re-
lativa de exaustão dos gases oriundos dos escapamentos de veículos. O resultado,
de modo geral, é uma atmosfera com maior concentração de CO2 em comparação
a outros locais do edifício. Alia-se a este fator o fato de se ter normalmente maior
umidade e maior temperatura nesses ambientes, além da estrutura em geral não
possuir revestimentos. Com todos esses aspectos peculiares, tais ambientes propi-
ciam um microclima com uma carbonatação muito mais significativa do que em
outras partes da estrutura global, resultando também em efeitos mais danosos em
termos da corrosão das armaduras.

24.3.2.2 Características do concreto - aspectos da composição e


dosagem
As características do concreto ligadas à sua porosidade são determinantes
no que tange à capacidade de proteção desse concreto contra agentes agressivos,
sendo elas decisivas na definição da maior ou menor facilidade com que o CO2
se transporta em direção ao interior do material. Dessa maneira, aspectos da do-
sagem e composição do concreto como a relação água/cimento, o tipo e teor de
cimento e as adições minerais, entre outros, são alguns dos fatores que influen-
ciam fortemente o sistema de poros, bem como a “reserva alcalina”, que é dada
pela quantidade de hidróxido de cálcio disponível nos poros da pasta de cimento.
A seguir, são apresentados e discutidos alguns dos principais aspectos ligados à
composição e dosagem do concreto que interferem na sua capacidade de proteção
contra a carbonatação.

a. Influência da relação água/cimento (a/c)


Quanto maior a relação a/c (ou relação água/ligante) do concreto maior a
velocidade de carbonatação. A relação a/c influencia significativamente a porosi-
dade do concreto (quantidade, dimensões e conectividade dos poros) e, portanto,
a facilidade ou não de penetração do CO2. Em pastas de cimento, quando a rela-
ção a/c aumenta de 0,4 para 0,8, o volume de poros cresce cerca de cinco vezes,
Mehta; Monteiro (2008) e o coeficiente de difusão do CO2 aumenta mais de dez
vezes, Houst; Witmann (1994). Estudos têm mostrado relações aproximadamente
lineares entre a profundidade carbonatada e a relação a/c do concreto, como ilus-
trado na Figura 7.

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Concreto Ciência e Tecnologia 3ª Edição (2022)

Figura 7 – Influência da relação a/c e da condição de cura na profundidade carbonatada do concreto,


Salta (1996) apud Pina (2009).

b. Influência do consumo de cimento do concreto


Quanto maior o teor de cimento na composição do concreto menor a velo-
cidade de carbonatação (Figura 8), uma vez que a quantidade de hidróxido de cál-
cio disponível na estrutura interna do concreto é proporcional ao teor de clínquer
existente na mistura. À medida que se tem maior quantidade de Ca(OH)2 na pasta,
a frente de carbonatação avança mais lentamente para o interior do concreto, sen-
do este um aspecto positivo do teor de cimento. O mecanismo que explica esse
comportamento se baseia no fato de que a frente de carbonatação reduz o pH do
meio, isto é, ela atua na forma de uma frente de caráter mais ácido que avança em
direção às camadas mais internas do concreto. Nesta situação, o Ca(OH)2 preci-
pitado atua como uma reserva de alcalinidade, na medida em que ele se dissolve
frente à redução de pH (com a chegada da frente de carbonatação), liberando íons
OH– na solução do poro e propiciando, dessa forma, uma recomposição (parcial ou
total) da alcalinidade perdida (durante a vigência desse mecanismo). Na prática,
registram-se avanços menos pronunciados da frente de carbonatação neste con-
texto de concretos com maiores consumos de cimento. Evidentemente que teores
excessivos de cimento podem gerar retração e fissuração da pasta, o que, por outro
lado, pode favorecer a entrada do CO2.

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Cap. 27 – Reação Álcali-Agregado no Concreto

Figura 8 – Relação entre o teor de cimento e a profundidade carbonatada,


Grandet et al. (1998 apud Pina (2009).

c. Influência das adições minerais no concreto


O emprego de materiais cimentícios suplementares (adições minerais) no
concreto pode originar dois efeitos opostos em relação à carbonatação:
• Efeito negativo: redução da “reserva alcalina” - devido às reações po-
zolânicas, ocorre uma redução da quantidade de Ca(OH)2 precipitado na
pasta de cimento, o que significa haver, em geral, uma redução da capa-
cidade de proteção da pasta de cimento quanto ao avanço da frente de
carbonatação, conforme discussão anterior;
• Efeito positivo: alteração física da estrutura da pasta de cimento, por efei-
to fíler (físico) e pozolânico (químico), produzindo com isso um sistema
de poros refinado, menos conectado e com maior grau de tortuosidade,
muitas vezes caracterizado por um menor volume total de poros. Simul-
taneamente a essa alteração física, há, também, modificações da solução
do poro (alterações de natureza química), com implicações em termos de
redução da força iônica e consequente redução na condutividade dos íons
em meio aquoso, o que produz aumentos significativos na resistividade
elétrica do concreto, Cascudo et al. (2021a; 2021b). Essa ação benéfi-
ca combinada de efeitos físicos e químicos nos concretos com adições
minerais provoca redução da difusividade do CO2 na matriz cimentícia,
podendo ocasionar retardo no avanço da frente de carbonatação. Parti-
cularmente são as adições minerais muito finas e de natureza pozolânica
que produzem os melhores resultados em termos dessa alteração positiva
da pasta.
Para se conhecer o que a incorporação no concreto de uma adição mine-
ral pode provocar em termos de susceptibilidade à carbonatação, é necessário,
portanto, saber qual desses dois efeitos será preponderante. Isto depende do tipo
de adição, do teor de adição empregado e da relação água/ligante, bem como da
eficiência da cura úmida efetuada. Geralmente, quanto maior o teor de adição
empregado maior a profundidade carbonatada, fato este explicado pela queda da

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Concreto Ciência e Tecnologia 3ª Edição (2022)

reserva alcalina mediante redução do teor de cimento. Todavia, para concretos


contendo adições minerais dentro de uma faixa mais baixa de relação água/ligante
(menor que 0,50), o efeito predominante é o da melhoria qualitativa do sistema de
poros, não havendo assim aumento da carbonatação.
Em geral, concretos contendo materiais cimentícios suplementares pre-
cisam mais de cura úmida do que concretos sem adições em sua composição,
principalmente quando se têm adições de menor finura (mais grossas) e que com-
põem o concreto em teores mais elevados, como a escória de alto-forno e a cinza
volante. A Figura 9, proposta pelo Comité Euro-International du Béton (CEB) em
seu boletim 12, ilustra de forma qualitativa esse efeito, destacando que para essas
adições referidas o maior percentual de adições ao concreto somente trará contri-
buições em termos de redução da permeabilidade desse concreto caso se atrele ao
processo um procedimento de cura eficaz. Em caso de ausência ou ineficiência de
cura, a presença de adições minerais traria prejuízos em relação à permeabilidade
do concreto.

Figura 9 – Influência do teor de adições e da cura úmida na permeabilidade do concreto, CEB (1993).

Segundo Salta (1996 apud Pina, 2009), o efeito negativo de concretos com
adições minerais (menor “reserva alcalina”), no caso de cinzas volantes, só se faz
sentir para concretos com teores de cinzas superiores a 30% e, no caso de sílica
ativa, esse efeito só é notável nos concretos de baixa resistência. No caso de con-
cretos com escória de alto-forno, Bauer (1995) constatou a queda no desempenho
em relação à carbonatação, muito embora tenha verificado vantagens importantes
no tocante ao ataque por cloretos.
Castro (2003) estudou o efeito de cinco adições diferentes na carbonatação.
De modo geral, os concretos com metacaulim e com sílica ativa apresentaram os
melhores desempenhos quanto à carbonatação, sendo superiores ao desempenho
do concreto de referência (sem adições), como ilustrado na Figura 10. Os concre-
tos com escória de alto-forno, cinza de casca de arroz e cinza volante resultaram
em valores médios globais de coeficiente de carbonatação mais altos do que o
concreto de referência, contudo tais valores não se mostraram tão mais altos do

14
Cap. 27 – Reação Álcali-Agregado no Concreto

que a situação de referência. Os bons resultados dos concretos com sílica ativa e
metacaulim foram relacionados à microestrutura mais compacta e densa desses
concretos, que, consequentemente, dificultaram a difusão do CO2.
Para combater o efeito prejudicial das adições, ou seja, a queda da “reserva
alcalina”, quando se empregam concretos com altos teores de adição mineral, vem
sendo estudada desde a década de 80 a incorporação de cal hidratada ao concreto.
A ideia é repor a alcalinidade do sistema pelo aumento do teor de hidróxido de
cálcio, como forma de incrementar o tempo necessário para as reações do CO2, vi-
sando desse modo à redução da velocidade de avanço da frente de carbonatação. O
teor utilizado de cal hidratada geralmente oscila em torno de 20%, Cadore (2008).
Pesquisas nacionais realizadas na UFSM têm mostrado que a incorporação de cal
hidratada em concretos com altos teores de adição mineral garante a redução das
profundidades carbonatadas.

Figura 10 – Média global dos coeficientes de carbonatação acelerada, de diferentes concretos


(de mesma faixa de relação a/lig) agrupados por tipo de adição mineral empregada, tendo-se:
S = sílica ativa no teor de 10%, M = metacaulim (10%), R = referência (CP II F – 32, sem adições), E
= escória de alto-forno (65%), A = cinza de casca de arroz (10%) e V = cinza volante (25%);
obs.: cura ao ar, Castro (2003).

24.3.2.3 Condições de cura


As etapas da prática executiva da estrutura de concreto, desde a mistu-
ra, passando pelo transporte, lançamento e adensamento do concreto, até a sua
cura, todas exercem influência na qualidade do concreto e, portanto, interferem na
maior ou menor predisposição à carbonatação.
Em especial no que se refere à cura, este é um aspecto de grande relevância
em termos de qualificação da pasta de cimento, notadamente na região do concre-
to de cobrimento e quando as condições climáticas indicarem baixas umidades
relativas do ar, altas temperaturas e ação do vento sobre a estrutura. Um adequado

15
Concreto Ciência e Tecnologia 3ª Edição (2022)

procedimento de cura impede a rápida evaporação da água de amassamento do


concreto nas primeiras idades (entre 30 minutos e 6 horas), evitando ou minimi-
zando o fenômeno da retração plástica no concreto e, com isso, evitando as fissu-
ras decorrentes desse fenômeno. Paralelamente, a cura também proporciona um
aumento do grau de hidratação da pasta de cimento na superfície do concreto, com
a consequente diminuição de sua porosidade. A boa cura, portanto, contribui para
consolidar a pasta de cimento e qualificar o concreto, especialmente na região do
cobrimento da armadura, criando assim uma capa superficial relativamente com-
pacta e bem consolidada. Como a carbonatação é um fenômeno que se dá de fora
para dentro, mediante a difusão do CO2, a realização de uma cura efetiva passa a
ser uma ferramenta realmente importante para que se possa garantir a durabilidade
da estrutura quanto à carbonatação. A Figura 11 ressalta a influência da cura na
carbonatação, evidenciando coeficientes de carbonatação mais baixos para uma
cura efetiva. Vê-se também, como esperado, a evolução crescente e linear dos
coeficientes de carbonatação com o aumento da relação água/cimento.

Figura 11 – Influência da cura e da relação água/cimento na carbonatação do concreto obtida por


procedimento acelerado, em concretos produzidos com cimento CP II F – 32.

24.4 
Interferência da Carbonatação no Estado de
Passivação do Aço e na Iniciação da Corrosão
da Armadura
24.4.1 Estado de passivação das armaduras
O concreto representa um meio altamente alcalino, com pH em geral varian-
do de 12,5 a 13,5. Mesmo considerando o emprego de cimento contendo adições
minerais, o pH é pouco afetado por esses materiais. Sellevold e Nielsen (1987 apud
Helene, 1993) destacam que em concretos com adições, cujos teores (referentes à
massa total do ligante - cimento e adições) são de até 30%, para cinza volante e sílica
ativa, e de até 70% para a escória de alto-forno, o pH nunca resulta inferior a 11,7.
Essa alta alcalinidade provém da fase líquida constituinte dos poros do
concreto, a qual, com base nas informações de Constatiner e Diamond (1995), é

16
Cap. 27 – Reação Álcali-Agregado no Concreto

essencialmente composta por hidróxidos alcalinos e possui uma concentração de


íons OH– (que define o pH) variando de cerca de 0,3N até um máximo de 1,0N, em
função do teor de álcalis do cimento. De acordo com Page e Treadaway (1982), a
solução do poro, mesmo após poucas semanas de cura, já é essencialmente uma
solução mista de hidróxido de sódio (NaOH) e de hidróxido de potássio (KOH)
originários dos álcalis do cimento.
Nessa faixa de elevado pH do concreto, então, as reações de eletrodo ve-
rificadas são reações de passivação, conforme provado no consagrado estudo de
Pourbaix (1974), que avaliou as reações termodinamicamente possíveis de ocorrer
em diversos sistemas metal-solução, tendo como variáveis o potencial de eletrodo
(ou de corrosão) e o pH da solução. Considerando o diagrama de Pourbaix para o
sistema ferro-água a 25ºC (Figura 12), que pode ser extrapolado para o caso do aço
no interior do concreto, ocorre no metal uma reação lenta, em que há a deposição
na superfície metálica de uma capa ou película de óxidos de caráter protetor, a
chamada película de passivação do aço. Como se pode observar no referido dia-
grama (Figura 12), a região de domínio dessa reação de passivação envolve uma
faixa alta de pH, especialmente no campo de variação dos potenciais (de eletrodo)
da armadura no concreto.
A reação de passivação é muito lenta, com taxas de dissolução do aço da
ordem de 0,1mm/ano, de acordo com Rosenberg et al. (1989), o que é considerado
desprezível em termos de vida útil para as estruturas de concreto. Por outro lado, a
deposição da camada de óxidos sobre a armadura exerce um efeito extremamente
protetor, impedindo, por barreira, o contato de agentes agressivos do meio com
a superfície metálica. Havendo, portanto, a manutenção da elevada alcalinidade
do concreto, que é a situação habitual e desejada visando à durabilidade de es-
truturas, e desde que não haja contaminação do concreto com cloretos, a película
de passivação se manterá estável, consistindo no principal elemento protetor das
armaduras contra a corrosão.

Figura 12 - Diagrama de Pourbaix de equilíbrio termodinâmico. Potencial x pH para o sistema


Fe-H2O a 25°C, delimitando os domínios de corrosão, passivação e imunidade. Acima da linha
tracejada superior (b), a água se decompõe pela liberação do oxigênio (O2) e abaixo da linha tracejada
inferior (a), pela liberação do hidrogênio (H2); na região entre essas linhas a água é estável, adaptado
de Pourbaix (1974).

17
Concreto Ciência e Tecnologia 3ª Edição (2022)

O filme passivo é muito aderente ao aço, é compacto e insolúvel, sendo tam-


bém bastante delgado (normalmente invisível), com espessura que varia de 10-3mm a
10-1mm. É composto por óxido de ferro, sendo este formado rapidamente a partir das
reações de oxidação do ferro e de redução do oxigênio inicialmente presente na fase
líquida dos poros do concreto, apresentando uma variação de composição que vai
do Fe3O4 – magnetita ao g-Fe2O3 – maghemita. Existe ainda um estado de semipas-
sivação, que melhor representa o real estado da maioria das estruturas de concreto. A
película de passivação do aço nesse estado apresenta uma estrutura interfacial dupla,
constituída por uma camada mais interna de óxido de ferro e por uma camada mais
externa, sendo esta uma mistura de goetita [a-FeO(OH)] e de óxido de ferro, Aci,
(1990); Sagoe-Crentsil; Glasser (1990).

24.4.2 A carbonatação como agente iniciador da corrosão


das armaduras
De modo genérico, o pH de precipitação do CaCO3 situa-se numa faixa que
varia de 8,3 a 9 à temperatura ambiente, o que acarreta uma alteração substancial
das condições de estabilidade química da película passivadora do aço, conforme a
Figura 12. Sob este aspecto, muitos autores têm proposto um valor crítico de pH
entre 11,5 e 11,8, abaixo do qual não se assegura a manutenção da passivação do
aço, embora já tenham sido registrados, sob certas condições, valores inferiores de
pH, sem que tenha havido quebra de passivação, Nogueira (1989).
A carbonatação, então, avança como uma “frente”, conforme comentado
no subitem 24.3.2.2-b e como se discutirá no item 24.5. A camada carbonatada ao
se aprofundar e atingir o nível das armaduras irá despassivá-las, ou seja, provo-
cará instabilidade na película de passivação, uma vez que em meios onde o pH é
da ordem de 9 ou inferior não há condições termodinâmicas para a estabilidade e
manutenção dessa película de óxidos de ferro passivos.
Portanto, com a carbonatação, descaracterizado assim o filme de passiva-
ção, o aço corrói de forma generalizada, tal como se estivesse simplesmente ex-
posto à atmosfera sem qualquer proteção; porém com o agravante de que a umida-
de permanece no interior do concreto e, portanto, em contato com a armadura por
muito mais tempo do que se esta estivesse exposta ao ar, já que o concreto absorve
umidade muito rapidamente, mas seca bem mais lentamente, Cascudo (2000).
Tuutti (1982), a partir de seu modelo qualitativo de corrosão da armadura,
subdivide o processo, globalmente, em iniciação e propagação. A iniciação cor-
responde ao período de tempo que vai desde a execução da estrutura até a ação
do agente agressivo em atravessar o concreto de cobrimento, alcançar a armadura
e despassivá-la; a propagação, por sua vez, consiste no desenvolvimento da cor-
rosão até que se alcance um grau inaceitável do processo (Figura 13). Com base
nesse modelo, pode-se pensar em uma premissa básica para a durabilidade das
estruturas de concreto, qual seja, a de que “a garantia da durabilidade de estruturas
de concreto reside na máxima extensão do período de iniciação”, pois a partir daí,
no período de propagação, não há controle e nem garantia mais da durabilidade

18
Cap. 27 – Reação Álcali-Agregado no Concreto

(no período de propagação, a estrutura fica “refém” do fenômeno eletroquímico


de corrosão, que é controlado pela disponibilidade de O2 e umidade, com influ-
ência da temperatura, e da consequente deterioração físico-mecânica do concreto
que advém desse processo). O correto “ajuste” do período de iniciação, alinhado
com a agressividade ambiental, passa por definições acertadas ao nível do projeto
(principalmente da espessura do cobrimento) e da especificação dos materiais,
incluindo a adequada dosagem do concreto, além de um satisfatório controle de
qualidade da execução da estrutura.

Figura 13 – Modelo de vida útil proposto por Tuutti (1982).

24.5 Frente de Carbonatação e Modelos de Avanço


da Camada Carbonatada
24.5.1 Frente de carbonatação
Uma característica do processo de carbonatação é a existência de uma
“frente” de avanço do processo, que separa duas zonas com pH muito diferentes:
uma com pH em torno de 9 ou menor (carbonatada) e outra com pH maior que 12
(não carbonatada). Ela é comumente conhecida por frente de carbonatação e deve
sempre ser mensurada com relação à espessura do concreto de cobrimento da ar-
madura. É importante que essa frente não atinja a armadura, sob pena de despassi-
vá-la. Na Figura 14 tem-se um esquema simplificado do processo de carbonatação.

19
Concreto Ciência e Tecnologia 3ª Edição (2022)

Figura 14 – Representação esquemática do processo de carbonatação, Bakker (1988).

Muito embora os modelos em geral distingam duas zonas nitidamente de-


finidas para caracterizar a frente de carbonatação, análises mais precisas indicam
existir entre essas duas zonas uma região de transição, chamada pelos autores de
“zona parcialmente carbonatada” ou “camada semi-carbonatada”, em que o pH
apresenta variação de valores entre a faixa de 12 ou superior (concreto não carbo-
natado) e a faixa em torno de 9 ou um pouco menos (concreto carbonatado). Essa
zona de transição sugere uma parte do concreto não plenamente consolidado no
tocante à carbonatação, onde as reações ainda se encontram em desenvolvimento.
No gráfico da Figura 15 está ressaltada a ocorrência dessa região de transição e o
subitem 24.6.3 destaca a técnica de espectroscopia de infravermelho que pode ser
empregada em sua identificação.

Figura 15 – Gradiente de pH na frente de carbonatação, Gonçalves, Salta (1996) apud Pina (2009).

24.5.2 Cinética da carbonatação e modelos de vida útil para


estruturas de concreto
A velocidade de carbonatação em geral pode ser modelada de acordo com
a Equação 8, que decorre da 1ª Lei de Difusão de Fick, conhecido como Modelo
de Tuutti.

20
Cap. 27 – Reação Álcali-Agregado no Concreto

eCO = kCO ⋅ t Eq. 8


2 2

Onde:
eco2 = espessura ou profundidade carbonatada, geralmente expressa em mm;
kco2 = coeficiente de carbonatação, dependente da difusividade do CO2, ge-
ralmente expresso em mm/ano1/2; e
t = tempo de exposição, geralmente expresso em anos.
Nesse modelo, o coeficiente de carbonatação (k) expressa a inclinação da
reta na avaliação da espessura carbonatada (e) com “√t” e, portanto, ele descreve
a velocidade do avanço da frente de carbonatação, trazendo consigo a influência
de diversos fatores inerentes ao concreto (microestrutura, alcalinidade, porosidade
permeável, condição de umidade, tipo de cimento, adições minerais, etc.) e às suas
condições de exposição. Os valores de “k” são, frequentemente, maiores do que
3mm/√ano ou 4mm/√ano para concretos de baixa resistência, Currie (1986) apud
Neville (2016). Resultados de Moreno e Sagüés (1998) ressaltam valores do coefi-
ciente de carbonatação atmosférico nominal, para um teor de CO2 no ar de 0,03%,
que vai de 3,2mm/√ano até 5,05mm/√ano. No caso, o valor mais baixo refere-se
a um concreto de relação a/c 0,37, com o cimento contendo uma substituição em
massa de 20% de clínquer por cinza volante; e o valor mais alto diz respeito a uma
relação a/c 0,37 e um cimento com 50% de cinza volante. Modelos propostos por
Cascudo, Carasek e Castro (com destaque no subitem 24.5.2.2), a partir de um
estudo em exposição natural iniciado há cerca de 20 anos, expressam variações
de “k” entre 1,8mm/√ano e 12mm/√ano, para concretos de maior e menor perfor-
mance quanto à carbonatação, respectivamente, Castro et al. (2004); Ferreira et al.
(2012); Pires et al. (2016); Cascudo et. al. (2021a).
Inúmeros modelos são disponíveis na literatura, alguns muito simples e
outros bastante complexos. Para dar uma visão geral das diferentes abordagens
consideradas nas modelagens praticadas, alguns dos principais modelos, tanto na-
cionais quanto internacionais, encontram-se resumidos no Quadro 2. Em geral,
esses diferentes modelos partem do modelo genérico de Tuutti (Eq. 8) e, por outro
lado, podem ser reduzidos a ele.
Nos dois subitens a seguir, são tecidas considerações sobre os modelos
propostos por Helene (1997) e por Cascudo, Carasek e Castro (2012).

21
22
Quadro 2 – Modelos de previsão do avanço da frente de carbonatação com o tempo.

Referência Classificação Formulação Matemática do Modelo Parâmetros


Empírico- Coef. de carbo-
Tutti, 1982 x (t ) = k t
Determinístico natação
Coeficiente de
0
difusãoConteúdo
Papadakis et al., 2DCO ⎡⎣CO2 ⎤⎦
2
Numérico x (t ) = 0 0 0 0
t dos produtos de
1991 ⎡⎣CH ⎤⎦ + 3 ⎡⎣CSH ⎤⎦ + 3 ⎡⎣C3S ⎤⎦ + 2 ⎡⎣C2 S ⎤⎦ hidratação

Resistência (fck)
x ( t ) = K CO t
2 Concentração
Empírico-
Helene, 1997 CO2
Determinístico CCO
2
K CO = ( 6,7882 − 0,1131. f ck ) ⋅ Tipo de cimento
2
0,1 Adição
Concreto Ciência e Tecnologia 3ª Edição (2022)

n
2.k1 .k2 Deff .Cs ⎛t ⎞
x (t ) = ⋅ t ⋅⎜ 0 ⎟
a ⎝t⎠ Umidade Relativa
Temperatura
DURACRETE, Empírico- k1,k2= fatores referentes a influência da execução (cura) e condições climáticas (UR e T); Concentração
1998 Determinístico Deff = coeficiente de difusão efetivo com condições ambientais e de execução definidas; CO2
Cs= diferença de concentração de CO2 entre o ambiente e a frente de carbonatação; Coeficiente de
a = quantidade de CO2 para completa carbonatação; difusão do CO2
t0 = período de referência (1 ano);
n = fator de idade, referente a dependência do Deff em relação ao tempo e exposição;
Umidade Relativa
Água/aglome-
1,1 W /B − 0,34 rante
x ( t ) = 839 (1− RH ) CCO n t
2 Concentração
ak' C
Jiang et al., 2000 Numérico CO2
a = grau de hidratação do cimento;
Grau de hidra-
k’= coeficiente relacionado a reatividade da carbonatação;
tação
n= parâmetro relacionado ao sistema de poros do concreto;
Tipo de cimento

Continua...
Quadro 2 – Modelos de previsão do avanço da frente de carbonatação com o tempo. Continuação.

Referência Classificação Formulação Matemática do Modelo Parâmetros


0
2De ⎡⎣CO2 ⎤⎦ t
Umidade Relativa
0 0
x (t ) =
⎡⎣CH ⎤⎦ + 3 ⎡⎣CSH ⎤⎦ Concentraçã CO2
a
Densidade
b
⎛ εC ⎞ ⎛ RH ⎞ dos materiais
Wang e Lee, 2009 Numérico De = A ⎜ C ⎟ + 1− Conteúdo dos
⎝ ρC + ρFF + ρWW ⎠ ⎜⎝ 100 ⎠⎟
produtos de
A,a,b= parâmetros obtidos por regressões pelos resultados experimentais de carbonatação; hidratação
ec = porosidade do concreto carbonatado;
rc, rF, rw= densidade do cimento, adição e água, respectivamente;

1
Umidade Relativa
k fc 1 3
2
2 ⎤
⎛ 20 ⎞ ⎛ t ⎞2
⎡⎛
k .F 2 ⎞ ⎛ kCO2 .CCO⎞2 ⎛ kUR .(UR − 0,58) ⎞ ⎥ Exposição
x ( t ) = kc ⎜ ⎟ ⋅ ⎜ ⎟ ⋅ exp ⎢⎜ ad ⎟ +⎜ ⎟ −⎜ ⎟ ⋅ kce Concentração CO2
Possan, 2010 Probabilístico ⎝ f ck ⎠ ⎝ 20 ⎠ ⎢⎝ 40 + f ck ⎠ ⎜ 60 + f ck ⎟ ⎜
⎝ ⎠ ⎝ 100 + f ck ⎟⎠ ⎥ Resistência (fck)
⎣ ⎦
Tipo de cimento
kc, kfc, kad, kco , kUR, kce = fatores variáveis em relação ao tipo de cimento, fck, adições pozolânicas, teor de CO2,
2 Adição
umidade relativa e exposição da chuva, respectivamente;

−1
x ( t ) = 2.K e .K c .RNAC ,O
.CCO .W ( t ) ⋅ t
2
Umidade Relativa
Cura
fib-Model Code, Empírico- Ke= função do meio ambiente, umidade relativa; Concentração CO2
2010 Determinístico Kc= função do período de cura; Precipitação
RNAC,O-1= inverso da resistência à carbonatação efetiva do concreto; atmosférica
W(t)= função meteorológica, precipitação atmosférica;
Umidade Relativa
0
⎛ k ⎞ Temperatura
K1 2 ⎡⎣CO2 ⎤⎦
x ( t ) = ⎜ K 0 .ϕ pc .(1− RH ) 2 .( k3 .T + k4 ) + θ . ε r ( 0 ) .Dair ⎟ ⋅ ⋅ t Porosidade
⎝ ⎠ ⎡CH ⎤0 + 3 ⎡CSH ⎤0
⎣ ⎦ ⎣ ⎦ Difusão efetiva
Jiang et al., 2018 Numérico Dano por fadiga
k0, k1, k2, k3, k4 = coeficientes de ajustes em função das características do concreto;
Concentração CO2
|er (0)|.Dair= difusividade efetiva do CO2;
Conteúdo dos
jpc= porosidade da pasta de cimento endurecida;
produtos de
q = coeficiente do gradiente de dano por fadiga;
hidratação

23
Cap. 27 – Reação Álcali-Agregado no Concreto

Continua...
24
Quadro 2 – Modelos de previsão do avanço da frente de carbonatação com o tempo. Continuação.

Referência Classificação Formulação Matemática do Modelo Parâmetros

x (t ) = k t
⎛ w⎞
k = 18,39 ⎜ ⎟ − 4,48 → Cimento Portland
⎝ c⎠ Água/cimento
⎛ w⎞ ⎛ w⎞ Percentual de
k = −4,57 ⎜ ⎟ F + 10,94 ⎜ ⎟ + 6,72 − 4,82 → Cinza Volante substituição do
Zhou et al., 2019 probabilístico ⎝ c⎠ ⎝ c⎠ material cimentí-
⎛ w⎞ ⎛ w⎞ cio suplementar
k = −3,72 ⎜ ⎟ G + 11,89 ⎜ ⎟ + 2,58 = 6,08 → Escória de alto forno
⎝ c⎠ ⎝ c⎠ utilizado

⎛ w⎞ ⎛ w⎞
k = 11,30 ⎜ ⎟ F − 7,60 ⎜ ⎟ G + 3,37 − 0,61→ Cinza volante e Escória
⎝ c⎠ ⎝ c⎠

Umidade Relativa
Concreto Ciência e Tecnologia 3ª Edição (2022)

x (t ) = k t Temperatura
Conteúdo de
Liu et al., 2020 Numérico ⎛W ⎞ 0,538 cimento
K = K x .⎜ − 0,106⎟ . C 2 − 508,351× C − 1195,624 .( F + 112,46 ) .(T − 277,662 ) . CCO . RH 2 − 125,41RH + 2351,806
2
⎝C ⎠
( ) ( )( ) Conteúdo de
Kx= coeficiente referente a composição química, tipo de cimento, adição, aditivo; adição

Umidade Relativa
−0,4227 0,7154 1,3401
⎛ RH ( t ) ⎞ ⎛ T (t ) ⎞ ⎛ WC ⎞ Temperatura
Chen et al., 2021 Probabilístico x ( t ) = 0,10292 ⎜ ⎟ ⎜ ⎟ CCO ( t ) t × 0,876 Água/cimento
⎜⎝ 0,35 ⎟⎠ 2
⎝ 45 ⎠ ⎝ 10 ⎠ Concentração CO2

x(t) → profundidade de carbonatação em função do tempo; F → conteúdo de adição (fly ash);


K → taxa de carbonatação; W → conteúdo de água;
RH → umidade relativa; P/C → pó de cinza volante calcária / cimento;
T → Temperatura; W/B → água/ material cimentante (considerando apenas parte reativa das adições);
R → constante de gases perfeitos; [CO2]0 → Concentração molar de gás carbônico (mol/m³);
W/C → água/ cimento; [CH]0 e [CSH]0 → concentração molar no início da carbonatação dos hidratos de Portlandita e Silicato de cálcio hidratado (mol/m³);
Cco2 → concentração atmosférica de CO2; [C3S]0 e [C2S]0 → concentração molar dos anidros no início da carbonatação, alita e belita (mol/m³);
C → conteúdo de cimento; DCO → Coeficiente de difusão efetivo do CO2 no material carbonatado;
2
Cap. 27 – Reação Álcali-Agregado no Concreto

24.5.2.1 Modelo de carbonatação proposto por Helene


No Brasil, um modelo existente é o concebido por Helene (1997), que pro-
põe a adoção de um ábaco (Figura 16) para a determinação de cobrimentos míni-
mos de armaduras de estruturas expostas à carbonatação em função da vida útil de
projeto desejada (correspondente ao período de iniciação da corrosão, conforme a
classificação de Tuutti na Figura 13).
Embora o resultado desse ábaco seja a espessura de cobrimento, os valores
de kCO2 podem ser obtidos para cada tipo de concreto utilizando-se a Equação 11.

kCO = 67882 − 0,1131⋅ f ck Eq. 11


2 
Onde:
kCO2 = coeficiente de carbonatação (mm/ano);
fck = resistência característica do concreto (MPa).

Figura 16 – Ábaco proposto por Helene (1997) para a obtenção da espessura mínima
de cobrimento, com relação à carbonatação em faces externas dos componentes estruturais
de concreto expostos à intempérie, em função do tipo de concreto (C10 a C50) e da vida útil
de projeto desejada (1 a 100 anos).

No caso de emprego deste modelo para concretos contendo cimentos de al-


to-forno e pozolânicos, deve-se considerar uma profundidade carbonatada majora-
da em 20% e 10%, respectivamente. Ademais, o ábaco da Figura 16 foi desenvol-
vido para uma concentração de CO2 ambiente de 0,1% e, portanto, generalizações
para outras concentrações devem ser feitas por meio da Equação 12.

Cs
K CO = ( 6,7882 − 0,1131⋅ f ck ) ⋅ Eq. 12
2
0,1

Onde:
Cs = concentração de CO2 do ambiente (% em volume).

25
Concreto Ciência e Tecnologia 3ª Edição (2022)

24.5.2.2 
Modelos de carbonatação dos estudos de Cascudo,
Carasek e Castro
Os modelos de carbonatação relatados neste tópico foram obtidos a par-
tir do monitoramento da frente de carbonatação em protótipos de vigas durante
cerca de 20 anos, sob processo de envelhecimento natural em ambiente externo
abrigado da região metropolitana de Goiânia-GO, na Região Centro-Oeste brasi-
leira. Foram concebidos 18 diferentes concretos, com as seguintes especificações:
3 relações água/ligante (0,40; 0,55 e 0,70) e 6 diferentes composições com adições
minerais (concretos com sílica ativa – 10%, metacaulim – 10%, cinza de casca de
arroz – 10%, cinza volante - 25% e escória de alto-forno – 65%, além da situação
de referência – sem adições, sendo os teores expressos em substituição parcial à
massa de cimento). Como foram simuladas duas situações antagônicas de cura
do concreto, uma para simular uma cura ótima (umidade relativa superior a 90%)
- chamada de cura úmida, e a outra para simular situações correntes de obra em
que não se executa qualquer procedimento de cura (denominada cura seca), então
o programa experimental gerou 36 situações individuais de análise da carbonata-
ção. Os concretos traduzem uma amplitude de características e propriedades muito
grande, com valores médios de resistência à compressão variando de 19MPa a
55MPa (nas idades de avaliação entre 28 e 182 dias).
Os modelos empíricos-determinísticos produzidos ao longo do tempo foram
obtidos a partir de correlações matemáticas dos dados experimentais da espessura
carbonatada com a raiz quadrada do tempo (em anos), seguindo o modelo de Tuutti
(e = k .√t). Os ajustes dessa função linear (em relação aos pontos experimentais)
foram excelentes, uma vez que os valores de R2 obtidos foram, invariavelmente,
próximos de 1. Na Figura 17, tem-se uma sinopse desses modelos, separados pelas
variáveis/condições experimentais, considerando 10 anos de análise (embora o estu-
do esteja próximo de 20 anos, como comentado anteriormente). Os números ao lado
das siglas dos vários concretos com adições minerais destacam o coeficiente médio
de carbonatação (k) para as várias situações de ensaio. É importante salientar, por
fim, que foi empregada solução de fenolftaleína visando à medida da espessura car-
bonatada (conforme descrição constante no Quadro 4 deste capítulo) e que os pro-
tótipos de viga do estudo eram peças armadas, com cobrimento nominal de 25mm.
A partir dos modelos comportamentais da carbonatação natural, apresen-
tados na Figura 17, e tendo-se os resultados da carbonatação acelerada para esses
mesmos concretos e condições de cura, obtidos do estudo inicial de Castro (2003),
construiu-se a correlação da Figura 18. Essa correlação confronta os valores de “k”
do processo acelerado (kc) e do processo natural (kn) após 10 anos de exposição. A
carbonatação acelerada foi realizada sob as seguintes condições: temperatura igual
a (281)ºC, umidade relativa igual a 65% e teor de CO2 entre 5% e 6%. Dessa figura
é possível deduzir que o processo acelerado produziu uma cinética de avanço da
frente de carbonatação cerca de 7,5 vezes a que se verifica no processo natural
(em média), ou seja, algo como 650% superior, o que ratifica a intensidade dos
métodos acelerados de laboratório.

26
Cap. 27 – Reação Álcali-Agregado no Concreto

Figura 17 – Modelos empíricos-determinísticos dos estudos de Cascudo, Carasek e Castro (2012),


do tipo “e = k .√t”, para 36 situações diferentes de análise (18 diferentes concretos) e sujeitos
a 10 anos de exposição natural. Os números ao lado das curvas expressam os valores de “k”
(em mm/√ano) para os vários modelos.

Figura 18 – Correlação dos valores do coeficiente de carbonatação acelerada (kc) e natural (kn),
tendo-se as seguintes condições para o processo acelerado: temperatura igual a (281)ºC, umidade
relativa da câmara igual a 65% e teor de CO2 entre 5% e 6%.

27
Concreto Ciência e Tecnologia 3ª Edição (2022)

24.5.2.3 
Modelos de carbonatação versus modelos preditivos
de vida útil – Bases para uma abordagem baseada em
desempenho
Os modelos que avaliam a velocidade do avanço da frente de carbonatação
no concreto (como os que foram expostos) podem ser considerados modelos de
vida útil para estruturas de concreto na medida em que preveem o tempo demanda-
do para que um determinado agente agressivo crie condições favoráveis para o iní-
cio de um fenômeno patológico importante, dentro da premissa básica comentada
no subitem 24.4.2, da garantia de durabilidade ocorrer apenas dentro do período de
iniciação do fenômeno. É o que alguns chamam de “vida útil de projeto”, ou seja,
o período de tempo dentro do qual há efetivo controle das variáveis, a partir de
decisões e especificações tomadas na etapa de projeto. Diferentemente, se houver
uma situação em que um fenômeno patológico de maior amplitude se instale, cuja
natureza caótica dos eventos torne imprevisível e incontrolável os efeitos desse fe-
nômeno, não é mais possível haver garantia de durabilidade. No caso em questão,
o grande desafio é a modelagem da carbonatação, pois a maior extensão de tempo
para que a frente carbonatada atinja as armaduras significa mais tempo para que
se tenha iniciado o fenômeno caótico da corrosão e, portanto, maior durabilidade
para as estruturas de concreto.
Os modelos preditivos de comportamento são muito pertinentes e devem
ser cada vez mais estimulados, de modo a representar ferramentas aprimoradas e
confiáveis para se estimar vida útil de estruturas de concreto. A adoção de mode-
los preditivos de vida útil na etapa do projeto da estrutura resgata o conceito do
Projeto de Durabilidade e dos estados limites de durabilidade, que são conteúdos
contemporâneos, que devem balizar a vida útil de uma estrutura. Isto pressupõe a
especificação do concreto dentro desse cenário dos modelos preditivos e/ou dos
indicadores de durabilidade, cuja perspectiva de garantia da durabilidade é, sem
dúvida, real. Toda essa visão traz contribuições significativas para a durabilidade,
uma vez que incorpora valores técnicos inseridos em uma abordagem baseada
no desempenho, com avanços importantes em relação às abordagens meramente
prescritivas.
No campo da previsão da vida útil residual de estruturas de concreto (para
obras já em serviço), cabe uma consideração final. É bastante pertinente, dentro
dessa perspectiva, a implantação de sistemas de monitoramento da durabilidade
estrutural, como forma de acompanhamento e controle dos processos de deterio-
ração. Isto permite identificar problemas ainda em seus estágios iniciais, assim
como propicia monitorar a evolução do dano. Se analisados de forma eficiente
e racional, os dados coletados (oriundos desses sistemas de monitoramento) po-
dem ser empregados na estimativa da vida útil residual da estrutura. Um método
alternativo e de grande potencial dentro desse contexto analítico de dados é o que
aplica os conceitos do aprendizado de máquina (machine learning), uma vez que
se tem a possibilidade da avaliação de informações bastante complexas, atrelada
a resultados e interpretações razoavelmente precisos. Dessa forma, a previsão de

28
Cap. 27 – Reação Álcali-Agregado no Concreto

vida útil residual pode vir acompanhada de diretrizes norteadores de condutas téc-
nicas associadas ao término das condições de serviço ou ao fim da vida útil total
do sistema estrutural (associada ao limite de ruptura), tudo em tempo real, sem in-
tervenção humana direta. A antecipação a situações críticas associadas à segurança
estrutural, como decorrência de problemas graves de durabilidade, representa uma
contribuição bastante importante no campo da análise e controle de riscos Neto;
Cascudo; Carasek (2021).

24.6 Estudo e Avaliação da Carbonatação


Vários são os procedimentos e técnicas utilizados para o estudo e a avalia-
ção da carbonatação. Quando o objetivo é o estudo mediante indução acelerada
do processo em laboratório, utilizam-se câmaras de carbonatação para reproduzir
um ambiente particularmente favorável à ocorrência das reações de carbonatação
no concreto. No Brasil não existe ainda procedimentos ou métodos de ensaio nor-
malizados nesse sentido, todavia há alguns movimentos nacionais voltados a essa
finalidade, como se comenta no subitem 24.6.1.
Para se medir a profundidade carbonatada do concreto, existem diversos
procedimentos. Alguns deles são métodos específicos de laboratório, enquanto
outros também podem ser utilizados in situ. O procedimento mais conhecido é a
aplicação de um indicador de pH que fornece de forma simples e prática a profun-
didade carbonatada, tanto em laboratório como em obra. Neste procedimento, o
indicador mais utilizado é aquele constituído por uma solução à base de fenolfta-
leína. O emprego de indicadores para avaliação da frente de carbonatação, como
forma de contribuição aos procedimentos de inspeção estrutural, está discutido no
subitem 24.6.2.
Outras técnicas mais sofisticadas e caras podem ser utilizadas em pesquisas
ou em situações práticas para o estudo e avaliação da carbonatação, em especial
quando se demandam análises mais precisas e aprofundadas sobre o assunto. São
métodos analíticos diversos ou mesmo observações da microestrutura, como, por
exemplo, a análise ao microscópio eletrônico de varredura, todos executados em
pequenas porções de amostras extraídas em profundidades controladas de corpos
de prova de pastas, argamassas ou concretos. Algumas dessas técnicas especiais
estão descritas no subitem 24.6.3, a saber: análise termogravimétrica, difração de
raios X, análise petrográfica, espectroscopia de infravermelho e densimetria por
radiação gama.

24.6.1 Ensaio de carbonatação acelerada


Há alguns anos foi instituída na ABNT a comissão de estudo
CE 18:300.06: Durabilidade do Concreto, vinculada ao Comitê Brasileiro de
Cimento, Concreto e Agregados (CB-18). Dentre algumas atividades no cam-
po da durabilidade do concreto, essa comissão realizou as primeiras ações vol-

29
Concreto Ciência e Tecnologia 3ª Edição (2022)

tadas à normalização do ensaio de carbonatação acelerada do concreto. Mais


recentemente, uma ação realizada no âmbito do Comitê Técnico IBRACON/
ALCONPAT 702, do IBRACON, produziu uma discussão técnica no contexto
da durabilidade do concreto, tendo sido geradas 5 práticas recomendadas. Uma
dessas práticas, intitulada “Procedimentos de ensaio de carbonatação acelerada
e natural do concreto”, IBRACON (2021), tratou especificamente das questões
relacionadas à carbonatação do concreto, incluindo o método de carbonatação
acelerada.
Essa movimentação nacional que ocorre no âmbito da ABNT e do
IBRACON, aliada às pesquisas nas universidades, são ações importantes, pois,
historicamente, o processo de indução acelerada de carbonatação tem sido um
procedimento muito variado em todo o país, com parâmetros característicos da
câmara de carbonatação muito diferentes, dependendo da origem e condução da
pesquisa. Assim, percebem-se, nos estudos nacionais, valores de concentração de
CO2 que vão, em geral, desde 5% até a saturação (100%) do ambiente. As tem-
peraturas aplicadas variam de valores típicos da temperatura ambiente até valores
da ordem de 60ºC; por sua vez, as umidades relativas do ambiente consideradas
estão normalmente dentro de uma faixa entre 50% e 80%. Caminhamentos em di-
reção à normalização brasileira do ensaio de carbonatação acelerada são, portanto,
muito válidos. A produção prévia de textos técnicos maduros, objeto da discus-
são oriunda de resultados e experiências de pesquisas, certamente “alimentará”
os trabalhos na comissão de estudo visando à produção futura do texto normativo.
Esse conjunto de ações do meio técnico-científico representa efetiva contribuição
no sentido da padronização geral dos procedimentos, incluindo a realização de
precondicionamento dos corpos de prova, o que permitirá uma comparação de re-
sultados bastante mais adequada, tanto em nível nacional como quando se almejar
a comparação de resultados brasileiros com dados internacionais. Ela contribui-
rá, também, para corrigir alguns excessos, como a execução de um alto grau de
aceleração do processo que eventualmente implique em distanciamento entre o
processo acelerado e o fenômeno natural, provocando, assim, mudanças no meca-
nismo de carbonatação natural. Isto pode ocorrer, por exemplo, em ambientes com
100% de CO2, em que se tem a formação de ácido carbônico como subproduto da
carbonatação, efeito este não constatado na carbonatação natural.
De modo a colaborar com um procedimento de carbonatação acelerada
bastante usual em escala internacional, dar-se-á ênfase neste capítulo ao método
ISO 1920-12 (2015) - Determination of the carbonation resistance of concrete:
accelerated carbonation method. Antes, porém, de destacar aspectos do método
de carbonatação em si, convém colocar um breve comentário sobre o precondi-
cionamento dos corpos de prova. O precondicionamento, também denominado
sazonamento, consiste na etapa entre a cura do concreto e o início do ensaio de
carbonatação. Diferentes formas de precondicionamen-to podem resultar em pro-
fundidades de carbonatação significativamente distintas para uma mesma amostra,
razão pela qual esta etapa se constitui em ponto crítico nos ensaios acelerados e

30
Cap. 27 – Reação Álcali-Agregado no Concreto

não deve ser negligenciada, uma vez que as condições de umidade interna iniciais
do material interferem na cinética das reações de carbonatação, Pauletti (2009).
Nessa linha, Jungblut (2019) estudou a influência de 4 procedimento diferentes
de precondicionamento na carbonatação, a saber: ISO 1920-12, EN 13295 (norma
europeia), AFNOR XP P 18-458 (norma francesa) e RILEM TC 116-PDC. A auto-
ra identificou diferenças significativas nos resultados de carbonatação, dependen-
do dos trabalhos prévios de sazonamento e do tipo de concreto, tendo destacado os
procedimentos ISO 1920-12 (2015) e AFNOR XP P 18-458 (2008) como os que
geram os resultados mais precisos (por produzirem menor variabilidade).
O método ISO 1920-12 (2015) de carbonatação acelerada atualmente está
sendo objeto de um PEP (programa de ensaio de proficiência), envolvendo a com-
paração de resultados nacionais no âmbito de um projeto intitulado: Rede Sibratec
de Desempenho Habitacional – RSDH (amparado por um edital da FINEP), con-
forme apresentado por Cascudo e Oliveira (2021). A instituição líder desse inter-
laboratorial de carbonatação é a Universidade Federal de Goiás (UFG), por meio
do LABITECC – Laboratório de Inovação Tecnológica em Construção Civil, e a
perspectiva é o pleito posterior, por parte das instituições participantes do PEP, da
acreditação desse ensaio junto ao INMETRO. Esta é mais uma ação nacional que,
certamente, somada às anteriores, contribuirá para a normalização futura do ensaio
de carbonatação acelerada no Brasil.
A norma ISO 1920-12 (2015) prevê duas alternativas de corpo de pro-
va de concreto (CPs): cúbico de 10cm de lado ou prismático com dimensões de
10cm x 10cm x40 cm. As condições de cura e precondicionamento dos CPs, bem
como as prescrições gerais do ensaio, segundo o referido método, são destacadas
no Quadro 3.

Quadro 3 – Prescrições da ISO 1920-12 (2015) para o ensaio de carbonatação acelerada do concreto.

Método I
Prescrições
SO 1920-12

Cura do concreto Manutenção dos CPs em cura úmida por 28


dias.
Procedimentos
prévios
Precondicionamento Após cura, os CPs devem permanecer em uma
câmara climática com umidade relativa de (60 ±
10)% e temperatura na faixa de 19 a 28°C, por
um período de 14 dias.

Após cura e precondicionamento, inserir os CPs


por 70 dias em uma câmara de carbonatação
Carbonatação com os seguintes parâmetros: concentração
Ensaio
acelerada volumétrica de CO2 igual a (3 ± 0,5)%, umidade
relativa de (55 ± 5)% e temperatura de (22 ±
2)°C.

31
Concreto Ciência e Tecnologia 3ª Edição (2022)

Após o processo de indução da carbonatação, previsto para um máximo de


70 dias, procede-se à ruptura parcial do cubo ou do prisma no sentido transversal
(em relação ao comprimento), fazendo-se a aspersão de um indicador à base de
fenolftaleína nas duas faces fraturadas, por meio de procedimento padronizado.
O método prevê medidas a 56, 63 e 70 dias de carbonatação na câmara, sendo o
resultado representativo de cada idade uma média da espessura carbonatada de
10 medidas individuais para cada corpo de prova (5 medidas em cada face fra-
turada), num total de 2 CPs por situação. Isto gera 20 medidas individuais para
se obter a média, em cada idade. A espessura média carbonatada, no período de
70 dias de carbonatação, representa o resultado final do ensaio. Caso se opte pelo
CP prismático, é possível obter as espessuras médias (ec) ao longo do tempo - nas
3 idades de carbonatação - e os tempos de ensaio (t), o que permite calcular o coe-
ficiente de carbonatação acelerada, segundo o modelo de Tuutti (ec = kc.√t) – como
comentado no subitem 24.5.2. Esse parâmetro é considerado um efetivo indicador
de durabilidade, uma vez que expressa a maior ou menor facilidade de avanço da
frente de carbonatação.

24.6.2 Avaliação da frente de carbonatação com o emprego


de indicadores de pH
Em geral a frente de carbonatação do concreto é medida por meio do em-
prego de indicadores como a fenolftaleína, a timolftaleína ou o amarelo de ali-
zarina, borrifados em perfis do concreto de cobrimento. Esses indicadores são
substâncias químicas que, em contato com a solução alcalina do concreto, rica em
hidróxido de cálcio, adquirem colorações típicas a partir de uma determinada faixa
de pH da solução. Trata-se, portanto, de um método colorimétrico. A fenolftaleína
adquire coloração vermelha carmim com pHs iguais ou superiores a uma faixa
entre 8,0 e 9,8, aproximadamente; a timolftaleína assume uma coloração violeta
ou azulada com pHs da ordem de 9,3 a 10,5 ou superiores; e o amarelo de alizarina
adquire coloração amarela com pHs iguais ou superiores à faixa compreendida
entre 10,1 e 12,0. Abaixo dessas faixas de pHs de modificação, o concreto tende a
não sofrer alteração de cor quando da aspersão do indicador (mantém-se incolor).
Tem-se então, com a linha divisória3 entre a região incolor e a de coloração típica,
uma clara evidência do avanço da frente de carbonatação para o interior do con-
creto de cobrimento.
Em nível prático, portanto, admite-se que o concreto não está carbonatado
quando, ao se aspergir o indicador, ele adquirir em sua superfície a coloração típi-
ca; caso fique incolor, assume-se que o concreto está carbonatado. A fotografia da
Figura 19 ilustra um perfil do concreto de cobrimento borrifado com soluções de
fenolftaleína e timolftaleína.

3
Como discutido nos subitens 24.5.1 e 24.6.3, essa linha divisória entre as regiões carbonatada e não
carbonatada não é, a rigor, tão precisa, havendo na realidade uma alteração gradual entre essas duas
regiões, pela existência de uma zona de transição conhecida como “zona parcialmente carbonatada”.

32
Cap. 27 – Reação Álcali-Agregado no Concreto

Figura 19 – Análise da carbonatação do concreto por meio do emprego dos indicadores timolftaleína
(azul) e fenolftaleína (vermelho carmim), onde se vê na parte do concreto de cobrimento uma frente
de carbonatação incipiente na região de aspersão da timolftaleína, Cascudo (1997).

Sobre o processo de medida, alguns cuidados devem ser tomados durante o


processo de execução da fratura e mensuração da frente de carbonatação, a saber:
deve-se evitar o corte do concreto com equipamentos dotados de disco (de corte),
não deve haver umedecimento ou aspersão de água no concreto na antecedência
da medida e a superfície do concreto a ser avaliada não pode apresentar excesso
de poeira. Estes fatores prejudicam a visualização e podem falsear os resultados;
dessa forma, recomenda-se a limpeza da parte fraturada do concreto com pincel
ou jato de ar comprimido e a aspersão do indicador em no máximo um minuto
após a fratura.
Uma referência internacional para a execução dessa técnica é a recomen-
dação CPC 18 da RILEM (1988), que apresenta, entre outras coisas, recomenda-
ções para dimensões de corpos de prova para ensaios de laboratório, condições de
exposição (umidade e temperatura), idades de ensaios, intervalo de tempo para
execução da mensuração da frente de carbonatação, precisão da medida e formas
de apresentação dos resultados. Dentre essas recomendações, destacam-se as con-
siderações feitas sobre a precisão da medida, em que profundidades de carbonata-
ção menores que 0,5 mm não são diferenciadas; e sobre o intervalo de tempo entre
a aspersão do indicador e a leitura da frente de carbonatação (24 horas), quando
o limite das regiões carbonatada e não carbonatada estaria mais nítido. A este res-
peito, no entanto, Castro (2003) demonstrou que na realidade não existe diferença
significativa entre a medida feita 24 horas após a aspersão do indicador, como
recomenda a RILEM (1988), e a medida executada 10 minutos após essa aspersão.
Sobre o tipo de indicador mais apropriado para a função de avaliar frentes
de carbonatação no concreto, os três tipos comentados anteriormente se mostram
adequados, como discutido por Cascudo (2005). Cabe apenas a ressalva de que
quanto mais alta a faixa de viragem do indicador (com pH mais próximo do pa-
tamar em que o concreto não carbonatado se mantém), mais a favor da segurança

33
Concreto Ciência e Tecnologia 3ª Edição (2022)

ocorre a análise, isto porque se tem uma avaliação executada com maior rigor das
alterações de pH, ou seja, à menor redução de pH, tem-se o registro por parte do
indicador. Ao se comparar as medidas da frente de carbonatação realizadas com
os indicadores amarelo de alizarina e fenolftaleína, tem-se que a profundidade
da frente obtida com o primeiro indicador apresenta-se um pouco superior (mais
profunda) à determinada com o uso da fenolftaleína, com diferenças da ordem de
10%. Para a mesma situação, então, havendo indicação mais profunda da carbona-
tação dada por um determinado tipo de indicador, tem-se, consequentemente, um
alerta mais veemente do risco de despassivação da armadura. Tal fato também é
verdade comparando-se a timolftaleína e a fenolftaleína, onde a primeira resulta
em espessuras carbonatadas maiores que a segunda para a mesma situação de
análise (veja a Figura 19), denotando a timol, neste caso, ser mais favorável no
tocante à segurança.
Essa questão da maior segurança consoante à mais alta faixa de viragem
de pH se respalda no fato de que, havendo indicação de maiores espessuras carbo-
natadas, consequentemente a “zona parcialmente carbonatada” (como comentada
no subitem 24.5.1 e mostrada na Figura 23) estará inserida (parcial ou totalmente)
na parte do concreto indicada como carbonatada, pois os pHs dessa zona inter-
mediária estarão provavelmente mais baixos do que os pHs típicos do ponto de
viragem do indicador. Isto é favorável à segurança notadamente porque na “zona
parcialmente carbonatada” os pHs podem estar mais baixos do que aqueles carac-
terísticos da faixa crítica de despassivação do aço (pH de 11,5 a 11,8), faixa esta
abaixo da qual não se garante a estabilidade da película de passivação da armadura
(como discutido no subitem 24.4.2).
Uma última observação importante sobre as medidas de carbonatação diz
respeito à relação entre a espessura carbonatada e a espessura de cobrimento.
Numa avaliação correta da carbonatação, este é o parâmetro que efetivamente
deve ser inferido, não devendo ele nunca ser igual ou superior a um, sob pena
da frente de carbonatação ter atingido a armadura e de se ter uma despassivação
iminente ou mesmo já ocorrida. A magnitude da espessura carbonatada, tomada
isoladamente, não tem um significado consistente caso não se tenha a referência
da espessura do cobrimento.
No Quadro 4, tem-se um resumo dos principais indicadores de pH usados
para a avaliação do avanço da frente de carbonatação no concreto, destacando-se
a fórmula química, a coloração típica, a faixa de pH e a forma de preparação da
solução de cada um deles.

34
Quadro 4 – Principais indicadores de pH usados para a avaliação da carbonatação do concreto, Castro (2003).

Fórmula química (estrutu-


Indicador de pH Intervalo de mudança de cor a Preparo da solução
ral) do reagente
Dissolver 10g do
reagente em
700cm3 de etanol
Fenolftaleína
e diluir em 300cm3
incolor/vermelho carmim de água destilada b
faixa de pH 8,3 – 10,0

Dissolver 0,4g do
reagente em
Timolftaleína 600cm3 de etanol
e diluir em 400cm3
incolor/azul de água destilada c
faixa de pH 9,3 – 10,5

dissolver 1g do
Amarelo de alizarina GG reagente em
(ácido meta-nitrobenzeno-azo-salicílico) 100cm3 de etanol
C.I. 14025 e diluir em 900cm3
amarelo claro/amarelo escuro de água destilada d*
faixa de pH 10,1 – 12,0

Dissolver 0,5 g do
Amarelo de alizarina R reagente em
(ácido para-nitrobenzeno-azo-salicílico) 800cm3 de etanol
C.I. 14030 e diluir em 200cm3
amarelo/vermelho alaranjado de água destilada c
faixa de pH 10,1 – 12,0

*Acredita-se que uma menor diluição em água, ou o preparo de solução semelhante a do amarelo de alizarina R, seja mais adequado. Isso permitiria uma evaporação.
mais rápida da solução excedente aspergida no corpo de prova, facilitando o processo de verificação da frente de carbonatação.

35
Cap. 27 – Reação Álcali-Agregado no Concreto
Concreto Ciência e Tecnologia 3ª Edição (2022)

24.6.3 Outras técnicas para a avaliação da carbonatação


Existem várias técnicas, mais elaboradas, que permitem a avaliação da
frente de carbonatação, propiciando a sua quantificação, assim como a identifi-
cação dos tipos de carbonatos formados e da sua origem (portlandita ou C-S-H).
Essas técnicas são muito empregadas nas pesquisas científicas visando ao enten-
dimento do fenômeno da carbonatação e muitas vezes são utilizadas em conjunto
com os indicadores de pH, bem como associadas entre elas. Nessa linha, as duas
técnicas mais utilizadas são a termogravimetria e a difração de raios X.
Na termogravimetria – TG e DTG, o parâmetro medido é a massa, isto é,
detecta-se a perda de massa que ocorre na amostra em função de uma variação de
temperatura controlada. Na pasta de cimento, as parcelas de perda de massa, con-
forme a faixa de temperatura, são atribuídas à decomposição térmica dos hidratos
(C-S-H, aluminatos e compostos de magnésio), entre 130ºC e 450ºC, à desidratação
do hidróxido de cálcio (450ºC a 605ºC) e à volatilização do anidrido carbônico do
carbonato de cálcio, que vai de 605ºC a 1000ºC, Hoppe Filho (2008). Em uma tem-
peratura intermediária, entre 520°C e 650°C, as perdas de massa ocorridas corres-
pondem principalmente à emissão de CO2 dos produtos carbonatados, constatação
esta obtida por Villain, Thiery e Platret (2007) associando a análise química por
espectrometria de massas à termogravimetria.
A avaliação da frente carbonatada por termogravimetria pode ser feita retiran-
do-se amostras do concreto em profundidades conhecidas e, uma vez moídas, essas
amostras são submetidas a uma taxa de elevação de temperatura constante até serem
atingidas temperaturas da ordem de 1000ºC a 1100ºC em uma termobalança. As re-
ações de carbonatação consomem a portlandita e degradam os compostos hidratados
(C-S-H, aluminatos e compostos de magnésio) na formação do carbonato de cálcio. A
Figura 20 ilustra as alterações ocorridas em uma pasta de cimento, antes e após a car-
bonatação, observadas por meio de DTG (termogravimetria derivada). Fica notória a
redução na quantidade de água quimicamente combinada nos hidratos, até 400ºC, bem
como o consumo total de portlandita quando o concreto é exposto a ensaio acelerado
com alta concentração de anidrido carbônico (5% em volume).

Figura 20 – Exemplo de DTG de uma argamassa extraída de um concreto com cimento


CP V – ARI, Hoppe Filho (2008).

36
Cap. 27 – Reação Álcali-Agregado no Concreto

Uma dificuldade da técnica é a distinção da calcita resultante da carbona-


tação dos hidratos do cimento e do carbonato resultante dos agregados e do fíler
calcário. O assunto é complexo, no entanto sabe-se que a dissociação do carbonato
de cálcio é influenciada pelo tamanho do grão e, portanto, a calcita resultante da
carbonatação, de granulação mais fina, dissocia-se antes do que a calcita com-
binada nos agregados. Assim, perdas de massa em temperaturas entre 530°C e
950°C podem ser atribuídas aos produtos carbonatados, enquanto que entre 720°C
e 980°C podem ser provenientes dos agregados. Outra conclusão de Villain,
Thiery e Platret (2007), com base na associação da análise química à TG, está li-
gada a distinção dos carbonatos provenientes da carbonatação da portlandita e do
C-S-H. A calcita estável proveniente da carbonatação da portlandita dissocia-se
entre 760°C e 950°C, enquanto que as instáveis vaterita e aragonita, resultantes
da carbonatação do C-S-H, são identificadas em temperaturas de uma faixa mais
baixa, entre 530°C e 760°C. Salienta-se, no entanto, que essas temperaturas ci-
tadas são apenas indicativas, uma vez que elas dependem da extensão do pico
precedente e da quantidade de matéria, podendo haver sobreposição dos picos. Os
picos bem definidos dependem também da estabilidade dos carbonatos e, portanto,
do desenvolvimento do processo de carbonatação ao longo do tempo.
A difração de raios X permite detectar a presença das fases cristalinas no
concreto, onde cada tipo de cristal corresponde a uma série de ângulos de difração
característicos. As zonas carbonatadas são diferenciadas das zonas não carbona-
tadas pela identificação da presença do carbonato de cálcio, como ilustrado na
Figura 21. O carbonato de cálcio pode se apresentar sob três formas distintas (po-
limorfos): calcita, vaterita e aragonita. Este método possui as seguintes vantagens:
simplicidade, rapidez e o fato de ser usada uma quantidade reduzida de amostra,
além de permitir diferenciar as fases polimórficas do CaCO3.
Na Figura 21, tem-se uma ilustração do emprego da técnica de difração de
raios X visando à identificação da carbonatação de concretos. Nela pode-se obser-
var o aumento dos picos de carbonato de cálcio, na forma de calcita, e a redução
dos picos de portlandita consumida no processo de carbonatação; o quartzo e o
feldspato são provenientes do agregado miúdo.

Figura 21 – Difração de raios X de um concreto com CP V – ARI carbonatado


e não carbonatado, Hoppe Filho (2008).

37
Concreto Ciência e Tecnologia 3ª Edição (2022)

Outra técnica de laboratório que vem sendo empregada para a avaliação da


carbonatação é a análise petrográfica. Nesta análise, são preparadas lâminas del-
gadas com a amostra de concreto, que são observadas em microscópio ótico sob
um feixe de luz polarizada. A interface entre a região carbonatada e a região não
carbonatada é observada na microscopia, sendo possível estimar as quantidades
de compostos carbonatados existentes na pasta. Isso é possível uma vez que, sob
luz polarizada, a maioria dos compostos presentes na matriz de cimento hidratado
apresenta cor escura, devido à sua configuração cristalina oticamente isótropa; já
o carbonato de cálcio apresenta a sua cor natural, por apresentar configuração cris-
talina anisótropa. Na Figura 22, tem-se uma micrografia de amostra de concreto
obtida por análise petrográfica que destaca as questões comentadas.

Figura 22 – Fotomicrografia de um concreto obtida em microscópio ótico com polarizadores


paralelos mostrando uma região carbonatada (Pca), de cor clara, ao redor de uma bolha de ar
aprisionado (BAA) e a região não carbonatada (escura) da pasta de cimento (Pa). Os demais
elementos identificados são o clínquer (Clq) e o agregado miúdo (AgM). (Cortesia: Geóloga Mirian
Cruxên Barros de Oliveira - IPT).

A espectroscopia de infravermelho (Infrared spectroscopy (IR); Fourier


transformation infrared spectroscopy - FTIR) é um tipo de espectroscopia de ab-
sorção que usa a região do infravermelho do espectro eletromagnético. Como as
demais técnicas espectroscópicas, ela pode ser usada para identificar um composto
ou investigar a composição de uma amostra. A espectroscopia no infravermelho
se baseia no fato de que as ligações químicas das substâncias possuem frequências
de vibração específicas, as quais correspondem a níveis de energia da molécula
(chamados neste caso de níveis vibracionais). Quando a luz infravermelha passa
através da amostra, cada grupo funcional vibra em sua frequência de vibração ca-
racterística na região infravermelha do espectro eletromagnético. A carbonatação
é identificada pelo pico característico de estiramento das ligações C-O, que ocorre
em um número de onda entre 1410cm-1 e 1510cm-1. Lo e Lee (2002) empregaram
esta técnica no estudo da frente de carbonatação e concluíram que o coeficiente
de carbonatação obtido pelo espectro infravermelho foi cerca de 24% maior que o
obtido utilizando a fenolftaleína como indicador. Isto porque, como discutido em

38
Cap. 27 – Reação Álcali-Agregado no Concreto

seções prévias deste capítulo, existe uma zona “parcialmente carbonatada” onde
o valor do pH é intermediário entre o máximo de 12 a 13 (típico do concreto não
carbonatado) e o mínimo em torno de 9 (característico do concreto carbonatado),
zona essa normalmente não identificável usando o indicador fenolftaleína. Chang
e Chen (2004) também utilizaram FTIR e concluíram que a profundidade carbona-
tada no concreto é igual a duas vezes a profundidade medida com fenolftaleína. Na
Figura 23, tem-se um desenho esquemático de um perfil de concreto carbonatado,
ressaltando a zona parcialmente carbonatada.
Villain, Thiery e Platret (2007) empregaram a densimetria por radiação
gama (gammadensimetry) para monitorar a evolução da frente de carbonatação
em função do tempo, em corpos de prova submetidos a ensaios acelerados em
laboratório. Trata-se de um método não destrutivo que se baseia na absorção de
raios gama emitidos por uma fonte radioativa e identifica a evolução da densi-
dade da amostra. Para ensaios acelerados de carbonatação, onde não ocorre a
secagem dos corpos de prova ao longo do tempo, a variação da densidade pode
ser atribuída ao CO2 total fixado. Assim, o perfil de carbonatação é obtido pela
diferença entre as densidades dos concretos não carbonatado e carbonatado no
instante avaliado.

Figura 23 - Modelo esquemático das frentes de carbonatação usando o indicador fenolftaleína e a


técnica de espectroscopia de infravermelho (IR).

Ressalta-se que outras técnicas bastante complexas ainda são veiculadas na


literatura específica visando à avaliação da carbonatação, tais como: radiografia
de nêutrons, Reijonen; Pihlajavaara (1972), análise por infravermelho da emissão
de CO2 após a decomposição térmica dos carbonatos e análise de isótopos estáveis
de carbono e oxigênio, Houst; Wittman (1994). Estas técnicas, bem como as de-
mais que foram tratadas neste subitem, apesar da questionável representatividade
devido à utilização de pequenas porções de amostras, têm permitido o avanço do
entendimento do fenômeno da carbonatação, principalmente quando utilizadas de
forma conjugada.

39
Concreto Ciência e Tecnologia 3ª Edição (2022)

24.7 
Controle e Mitigação da Carbonatação no
Concreto
Foi implantada na Europa a série de normas EN 1504, as quais trazem uma
nova abordagem para produtos e sistemas destinados à proteção e reparo de estru-
turas de concreto. A parte 9 dessa norma (EN 1504 – 9) define bases gerais para
uso de produtos e sistemas para reparo e proteção do concreto e foi dividida em 11
princípios. O princípio 7 (RP) trata da preservação ou restauração da passividade
das armaduras, por meio da criação de condições químicas nas quais a superfície
da armadura mantém-se na condição passiva ou é retornada a essa condição. Ela
trata das duas formas de despassivação: carbonatação e cloretos. No caso especí-
fico da carbonatação, assunto deste capítulo, são aplicáveis os métodos 7.1 a 7.4,
listados no Quadro 5.
Visando evitar que a frente de carbonatação atinja a armadura, podem ser
utilizados produtos de películas superficiais (tintas e vernizes) e argamassas ci-
mentícias modificadas. Esses produtos caracterizam-se por apresentar elevados
coeficientes de resistência à penetração do CO2. No caso das argamassas cimentí-
cias, esta técnica se enquadra no método 7.1 da EN 1504 - parte 9.
No entanto, em uma estrutura onde a frente de carbonatação já tenha atin-
gido a armadura o aumento do cobrimento ou o uso de películas não são mais ade-
quados. Para esses casos específicos é necessário que se restabeleça o pH do con-
creto visando ao resgate do estado passivo das armaduras, caso em que são usadas
as técnicas de realcalinização (princípios 7.3 e 7.4 prescritos na EN 1504-9).

Quadro 5 – Métodos propostos no princípio 7 da EN 1504 – 9, ligados à preservação


ou à restauração da passividade das armaduras (BS EN 1504-9, 2008).

Método Principais critérios para os materiais de reparo

Resistência à carbonatação:
Classes R4 (> 45 MPa) ou R3 (> 25MPa)
Aumento do cobrimento com um
Resistência à carbonatação:
7.1 revestimento adicional de argamassa e
Classes R4 ou R3 (dk < concreto de controle)
concreto
Aderência (ruptura adesiva):
Classes R4 (> 2,0MPa) ou R3 (> 1,5MPa)
Resistência à carbonatação:
Classes R4 (> 45MPa) ou R3 (> 25MPa)

Resistência à carbonatação:
7.2 Substituição do concreto carbonatado
Classes R4 ou R3 (dk < concreto de controle)

Aderência (ruptura adesiva): Classes


R4 (> 2,0MPa) ou R3 (> 1,5MPa)
Realcalinização eletroquímica do
7.3 Não existem critérios específicos
concreto
Realcalinização do concreto carbonata-
7.4 Não existem critérios específicos
do por difusão

7.5 Extração eletroquímica de cloreto Não existem critérios específicos


40
Cap. 27 – Reação Álcali-Agregado no Concreto

A técnica de realcalinização consiste em elevar o pH da pasta cimentícia


por meio de substâncias alcalinas que são introduzidas no concreto através dos
seus poros. O mecanismo de penetração dos álcalis no concreto pode ser por difu-
são ou por migração iônica (realcalinização eletroquímica).
A realcalinização por difusão, também chamada por alguns autores de real-
calinização passiva, enquadra-se no princípio 7.4 da EN 1504-9. A experiência na
aplicação deste método ainda é limitada. Ele requer a aplicação de um revestimen-
to muito alcalino sobre a superfície carbonatada (a aplicação de um revestimento
de argamassa com elevado teor de cimento, por exemplo) e a realcalinização é
alcançada pela lenta difusão dos álcalis através da zona carbonatada. O grande
inconveniente é que esse processo leva um longo tempo, além de ser muito difícil
de controlar a correta distribuição do material de revestimento. Após o tratamento,
é sempre recomendada, para evitar a posterior carbonatação, a aplicação adicional
de um revestimento de proteção adequado. Utilizando esse mesmo princípio de
transporte das espécies alcalinas para o interior do concreto por difusão, alguns
estudos têm experimentado o uso de soluções alcalinas aspergidas ou aplicadas
com trinchas ou pincéis na superfície do concreto, mantendo por tempo pré-de-
terminado essa superfície saturada com a solução alcalina, de maneira a permitir
o transporte dos íons alcalinos para o interior do concreto, cobrindo a região car-
bonatada. O transporte por difusão se dá pelo gradiente de concentração das espé-
cies alcalinas, entre a região superficial e o interior carbonatado, todavia se trata
sempre de um processo lento, em que o principal desafio é realmente conseguir
realcalinizar profundidades mais significativas do concreto de cobrimento.
Em se tratando da obtenção de uma performance superior, a realcalinização
eletroquímica do concreto (método 7.3 preconizado pela EN 1504-9) é o proce-
dimento mais difundido. Nele, aplica-se temporariamente uma corrente entre um
ânodo (tela fixada no exterior do concreto) e um cátodo interno, que é a própria
armadura constituinte da estrutura. Os íons positivos no eletrólito (uma solução
alcalina, geralmente carbonato de sódio) se movem em direção à armadura, en-
quanto os íons hidroxila são produzidos na armadura de aço devido à redução do
oxigênio (com consumo de água), por força do mecanismo eletroquímico. Especi-
ficamente, o mecanismo se dá da seguinte maneira: no ânodo ocorre oxidação do
metal constituinte da tela usada como acessório do sistema; simultaneamente, no
cátodo (armadura), ocorre redução de oxigênio e água do meio, com produção de
íons OH– (clássica reação catódica em um processo eletroquímico), o que restitui
o elevado pH no entorno das armaduras, havendo com isso a repassivação dessas
barras de aço. O princípio da técnica é ilustrado na Figura 24.

41
Concreto Ciência e Tecnologia 3ª Edição (2022)

Figura 24 – Princípio da técnica de realcalinização eletroquímica.


(http://www.concrete-testing.com/ConcreteRepair.htm)

O tratamento de realcalinização eletroquímica é aplicado geralmente por


um período de 3 dias a 2 semanas e emprega uma corrente de 1 A/m2 a 2 A/m2.
Neste sistema, enquanto a solução alcalina é transportada para o interior do con-
creto, promovendo a sua realcalinização, a tela metálica é quem sofre o processo
de corrosão, ficando a armadura protegida de qualquer ação destrutiva. Além do
carbonato de sódio, também se pode utilizar como eletrólito o carbonato de potás-
sio (K2CO3) ou o hidróxido de lítio (LiOH).
Um pouco diferente do aparato da Figura 24, o eletrólito alternativamen-
te pode ser produzido a partir de uma polpa de celulose saturada com solução
alcalina, a ser projetado sobre a superfície carbonatada do concreto, como mos-
trado na Figura 25-a. A corrente elétrica introduzida na armadura e o campo elé-
trico produzido no concreto de cobrimento são cessados quando a realcalinização
atinge a profundidade desejada. A verificação dessa condição é feita com a as-
persão de indicadores de pH na superfície de amostras retiradas do local tratado
(Figura 25-b). Este tratamento não previne o futuro ingresso de CO2; assim, para ser
eficaz em longo prazo, é necessário ser combinado com sistemas de proteção super-
ficial (pinturas) apropriados que previnam a futura reincidência da carbonatação,
Kazmierczak (1995).
Cabe destacar-se que a indução da realcalinização pode trazer alguns “efei-
tos colaterais” que devem ser considerados quando da escolha da técnica. Os prin-
cipais efeitos negativos são a reação álcali-agregado e a perda de aderência entre
a armadura e a pasta de cimento. Com relação a este segundo efeito, ele é mais
pronunciado na técnica de remoção eletroquímica de cloretos, já que, comparati-
vamente, a carga elétrica total passante no processo de realcalinização eletroquí-
mica é muito menor, Rehabcon (2000).

42
Cap. 27 – Reação Álcali-Agregado no Concreto

(a) (b)
Figura 25 – (a) Execução da técnica de realcalinização eletroquímica, mediante projeção da
polpa de celulose saturada com a solução alcalina aplicada sobre a malha metálica na superfície
carbonatada do concreto; (b) verificação da eficácia da técnica de realcalinização eletroquímica por
meio de fenolftaleína. (http://www.savcor.com.au/art/ assets/docs/gis/crm/realk.pdf)

24.8 Comentários Finais


O presente capítulo se propôs a realizar uma revisão conceitual e uma atu-
alização das principais informações, conhecimentos e novidades sobre a temática
da carbonatação do concreto. O texto foi construído tendo-se como base a literatu-
ra internacional e, também, o ótimo acervo bibliográfico brasileiro da atualidade,
construído a partir de estudos e pesquisas desenvolvidos nos últimos anos, bem
como a partir da rica experiência profissional de um país cuja incidência de cor-
rosão das armaduras induzida por carbonatação é algo considerável. O assunto é
vasto e complexo, com muitas nuances, todavia empolgante para quem escreve
e certamente para quem lê. Não se teve com esta redação a pretensão de esgotar
o assunto, mas sim de contribuir para um público de estudantes, pesquisadores e
profissionais da engenharia civil, promovendo a discussão a partir do levantamen-
to das informações tendo em vista o avanço sempre pretendido no contexto da
durabilidade de estruturas de concreto.

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