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SISTEMA DE MANEJO PARA FLORESTA

NATIVA - SISNAT
José Roberto Soares Scolforo
Prof. Depto de Ciências Florestais, UFLA,
e-mail: scolforo@ufla.br
Cláudio Roberto Thiersch
Doutorando em Eng. Florestal, Depto de Ciências Florestais, UFLA,
e-mail: thiersch@ufla.br
Honório Kanegae Junior
Mestrando em Eng. Florestal, Depto de Ciências Florestais, UFLA,
e-mail: hkanegae@ksti.com.br
Antônio Donizete de Oliveira
Prof. Departamento de Ciências Florestais, UFLA,
e-mail: donizete@ufla.br
Flávio Henrique de Carvalho
Analista-Programador, KST INV. FTAL,
e-mail: fhc@ksti.com.br

Resumo
O objetivo do presente trabalho foi desenvolver um software capaz de gerar
planos de manejo sustentável, a partir de diferentes procedimentos de inventário
florestal tradicional que fazem uso de parcelas, como no caso da vegetação de
cerrado, ou através do inventário 100%, no caso das florestas da Amazônia.
Dentre as principais funções em implementação no SISNAT, destaca-se o
mapeamento e o planejamento das áreas de trabalho a partir de uma carta
topográfica ou imagem de satélite, utilizando-se a tecnologia SIG - Sistemas de
Informações Geográficas, o processamento do inventário a partir de diferentes
processos de amostragem, as análises de regressão de modelos lineares e não
lineares incorporados no próprio software, os mais importantes índices para as
análises da vegetação, as simulações e definições das árvores remanescentes e
removidas utilizando o conceito de floresta balanceada; o planejamento da
exploração, possibilitando a delimitação da rede de estradas, ramais de arraste e
pátios de estocagem nos mapas; o monitoramento do desenvolvimento das
florestas a partir das parcelas permanentes e de regeneração natural; a definição
da viabilidade econômica dos planos; entre outras. Para que todas as entidades e
seus atributos pudessem relacionar-se de forma consistente no software, foram
utilizados conceitos de modelagem conceitual e lógica de banco de dados,
resultando num grande banco de dados relacional, onde todos os dados de
entrada e saída são armazenados de forma integra e segura, possibilitando total
rastreabilidade das informações geradas.

Palavras-chave: Software florestal, inventário florestal, manejo de florestas


nativas
MANAGEMENT SYSTEM FOR NATIVE
FOREST - SISNAT

Abstract
The objective of the present work was to develop software capable of generating
strategies for sustainable management from different procedures of traditional
forest inventory that uses parcels, as in the case of the cerrado vegetation, or
through 100% inventory, in the case of the Amazonian forest. Amongst the main
functions of implementation into the SISNAT are: the mapping and planning of the
work area from a topographical map or satellite image, using GIS technology -
Geographic Information System, the inventory processing from different sampling
processes, the linear and non-linear regression analyses incorporated in the
appropriate software, the most important indices for vegetation analyses, the
simulations and definitions of the remaining and removed trees, using the concept
of balanced forest, the exploitation planning, enabling the delimitation of the road
net, branches of drags and stockage places on the maps, the monitoring of forest
development from permanent parcels and from natural regeneration, the definition
of the viability of the economic plans, etc. All the entities and their attributes could
be used, in a consistent form, as input in the software, by utilizing conceptual
modeling and the logics of the data base. This resulted in a large relational data
base, in which all input and output data were stored in an integral and safe way,
allowing complete traceability of the generated information.

Keyword: Forest software, forest inventory, management of native forests

1. INTRODUÇÃO

De maneira geral, o Manejo Florestal está centrado no conceito da utilização de


forma sensata e sustentada dos recursos florestais, de modo que as gerações
futuras possam usufruir pelo menos os mesmos benefícios da geração presente.
Esta terminologia, pode ser abordada segundo dois enfoques. Manejo Florestal é
visto como uma prática em que o objetivo maior é aumentar a qualidade do
produto final, sua dimensão e se possível a sua quantidade, observando em
todas as fases a viabilidade sócio-econômica e ambiental do processo produtivo.
Um segundo enfoque, considera Manejo Florestal como um processo de tomada
de decisão. Neste contexto o profissional florestal necessita ter uma visão global
de planejamento florestal, utilizando-se para tal, modelos matemáticos que
possibilitem a previsão da produção, assim como gerenciar toda esta gama de
informações através de planos de manejos em que a otimização seja a tônica do
processo.

Naturalmente que, seja em florestas homogêneas, seja em vegetação nativa o


manejador florestal deve balizar suas decisões em informações biológicas,
econômicas, sociais, ambientais e de mercado, de modo a propiciar que a
sustentabilidade desta prática, perpetue a atividade florestal no local onde o
empreendimento estiver sendo executado.

Os princípios que norteiam o manejo florestal são a conservação dos recursos


naturais; a conservação da estrutura da floresta e de suas funções; a
manutenção da diversidade biológica; e o desenvolvimento sócio-econômico da
região. Já os fundamentos técnicos são o levantamento criterioso dos recursos
disponíveis a fim de assegurar a confiabilidade das informações pertinentes; a
caracterização da estrutura e do sítio florestal; a identificação, análise e controle
dos impactos ambientais, atendendo à legislação pertinente; a viabilidade
técnico-econômica e análise das conseqüências sociais; os procedimentos de
exploração florestal que minimizem os danos sobre o ecossistema; a existência
de estoque remanescente do recurso que garanta a produção sustentada da
floresta; a adoção de sistema silvicultural adequado; e o uso de técnicas
apropriadas de plantio, sempre que necessário.

Desta forma, o presente estudo teve como objetivo desenvolver um software em


ambiente Windows capaz de gerar planos de manejo a partir do inventário
florestal e de uma carta topográfica georeferenciada ou imagem de satélite da
área em estudo. Todos os dados envolvidos no sistema são armazenados em
banco de dados relacional, no qual as entidades envolvidas e seus atributos,
relacionam-se de forma segura e consistente. Dentre as principais funções em
implementação no SISNAT, destaca-se o mapeamento e planejamento das áreas
de trabalho; o processamento do inventário a partir de diferentes procedimentos
de amostragem; as análises da vegetação pelos mais importantes índices
existentes, as análises de regressão de modelos lineares e não lineares
disponíveis no próprio software, a definição das árvores remanescentes e
removidas utilizando o conceito de floresta balanceada; o planejamento da
exploração, possibilitando a delimitação da rede de estradas, ramais de arraste e
pátios de estocagem nos mapas; o monitoramento do desenvolvimento das
florestas a partir das parcelas permanentes e de regeneração natural; e a
definição da viabilidade econômica dos planos; entre outras.

2. DESENVOLVIMENTO

O software foi desenvolvido utilizando-se a linguagem de programação Microsoft


Visual Basic 6.0, o componente SIG MapObjects versão 2.2 e acesso a banco de
dados corporativos tais como Oracle ou SQL-Server ou mesmo gerenciadores de
menor porte, como o Microsoft Access versão 97 ou superior. O software pode
ser utilizado em computadores que utilizam o sistema operacional Windows 98 ou
superior, com pelo menos 64 Mb de memória RAM.
2.1 MAPEAMENTO E PLANEJAMENTO DAS ÁREAS DE TRABALHO A PARTIR
DE CARTAS TOPOGRÁFICAS OU IMAGENS DE SATÉLITE

Como pode-se observar na Figura 1, o software possui a capacidade de geração


dos próprios mapas para a elaboração dos planos de manejo através da
implementação da capacidade de leitura de arquivos de imagens, podendo ser
oriundas de cartas topográficas escaneadas e georeferenciadas, imagens de
satélite ou mesmo fotografias aéreas. Os mapas podem ser gerados através da
digitalização das áreas de interesse, tendo-se as imagens de fundo. Desta
forma, pode-se gerar um mapa delimitando todas as áreas de interesse como por
exemplo, áreas de efetivo uso, áreas de preservação permanente, áreas de
reserva legal e áreas de benfeitorias, obtendo automaticamente informações
sobre estes locais, como por exemplo, área e perímetro dos polígonos gerados.
Nesta fase de confecção do mapa, também já é possível planejar e representar
graficamente as estradas, picadas de orientação do inventário, mapeamento das
árvores comerciais, potenciais, não comerciais, que componham o estoque de
exploração e o estoque de crescimento, definir as unidades de produção anual,
unidades de trabalho, pátios de estocagem de madeira e ramais de arraste de
toras, dentre outras.

Os arquivos vetoriais resultantes do processo de digitalização, podem ser


exportados para o formato shp, compatíveis com o software ArcView 3.X ou 8.X
da ESRI, um dos maiores fabricantes do mundo de softwares SIG. Uma vez
exportados, estes mesmos arquivos podem ser lidos e re-editados pelo próprio
software. O SISNAT utiliza os 3 elementos geográficos básicos para a obtenção
de mapas: linhas, pontos e polígonos. Em cada layer resultante do processo de
digitalização, o usuário poderá ainda inserir quaisquer campos de interesse,
incluindo-se o campo de relacionamento entre o elemento geográfico e o registro
no banco de dados, que posteriormente deseja-se relacionar. Arquivos
geográficos obtidos de terceiros ou órgãos governamentais como ANA, IBGE,
IBAMA, entre outros, podem ser também ser lidos pelo software, compondo uma
base cartográfica mais ampla, desde que disponíveis no formato shp/ArcView 3.X
ou superior e georeferenciadas no mesmo sistema de coordenadas.
Figura 01 – Módulo de mapeamento e planejamento das áreas de trabalho

2.2 PROCESSAMENTO DO INVENTÁRIO À PARTIR DE DIFERENTES


PROCEDIMENTOS DE AMOSTRAGEM

O inventário florestal processado pelo SISNAT propicia dois grupos de relatórios.


Um primeiro gera informações sobre o número de árvores, a área basal, o
volume e o peso seco/ha por espécies e por classes diamétricas. Uma segunda
modalidade de processamento propicia as informações quantitativas por parcela,
de maneira que a análise do erro de inventário seja estimado por diferentes
procedimentos de amostragem como ilustrado na Figura 02.

Figura 02 - Assistente de geração de modelos de planos de manejo


O uso de diferentes procedimentos de amostragem pelo SISNAT é obtido
criando-se inicialmente um modelo para o plano de manejo. É baseado neste
modelo que o software identifica, qual das diversas opções de amostragem será
utilizada no plano propriamente dito. Desta forma, diferentes planos podem ser
concebidos utilizando-se os mais diversos procedimentos de amostragens, de
forma simples e eficiente. Todo o processo de criação é facilitado por um
assistente, onde seqüências de telas ordenadas conduzem o usuário a informar
os dados necessários para o correto processamento dos dados.

2.2.1. Georeferenciamento de árvores do inventário 100% ou censo

Baseado no relacionamento existente entre as picadas de orientação e as


árvores obtidas e mapeadas pelo censo, o software será capaz de gerar para
cada árvore, o correspondente ponto geográfico no mapa. Esta funcionalidade
possibilitará o monitoramento de cada árvore explorada em função dos dados
levantados pelo censo, além de estudos de distribuição espacial das espécies e
suas dimensões existentes nas áreas de manejo.

2.2.2. Importação de planilhas de coleta de dados de campo

De maneira simples e flexível, todos os dados obtidos em campo serão


importados pelo software à partir de planilhas eletrônicas do formato XLS – MS
Excel ®. No momento da importação, o software irá solicitar ao usuário a
correspondência entre os campos da planilha e as variáveis internas do software.
Assim, diferentes planilhas com diferentes formatos poderão ser importadas para
o SISNAT, sem qualquer imposição de padrões.

2.2.3. Processamento de dados propriamente dito

Internamente o software possui tabelas de relacionamento entre as variáveis de


saída ou variáveis dependentes requeridas pelo usuário e as variáveis
independentes para obtê-las, assim como as fórmulas para a resolução. As
variáveis independentes podem ser aquelas oriundas da coleta de campo ou
mesmo produto de uma ou mais variáveis independentes. Esta recursividade,
garante a resolução de quaisquer variável selecionada pelo usuário, desde que a
variável primária obtida na coleta de campo seja fornecida ao software.

2.3 ANÁLISE DA VEGETAÇÃO

2.3.1 Estrutura Horizontal

A análise da estrutura horizontal visa indicar a participação, na comunidade, de


cada espécie em relação às outras e a forma em que esta se encontra distribuída
espacialmente na área. Para a sua análise estão disponíveis no programa os
seguintes índices: densidade absoluta, densidade relativa, dominância absoluta,
dominância relativa, índice de valor de cobertura, freqüência absoluta, freqüência
relativa e o índice de valor de importância.

Os parâmetros fitossociológicos da Estrutura Horizontal existentes no software,


podem ser calculados através das seguintes fórmulas, adaptadas de Lima (1997),
Scolforo (1998), Mello (1999), entre outros autores:

a) Densidade Absoluta (DAi)


DA i = N i

b) Densidade Relativa (DRi)


 S 
DR i =  DA i
 ∑ N i .100

 i =1 

c) Dominância Absoluta (DoAi)


Ni
DoA i = 0,0000785398 ∑D
i =1
2
i (para diâmetros medidos em centímetros)

d) Dominância Relativa (DoRi)


 S 
DoR i =  DoA i
 ∑ DoA .100 i
 i =1 

e) Freqüência Absoluta (FAi)


FA i = (NPi NPT ).100

f) Freqüência Relativa (FRi)


 S 
FR i =  FA i
 ∑ FA .100 i
 i =1 

g) Índice de Valor de Importância (IVIi)


IVI i = DR i + DoR i + FR i

Em que:
Ni : número de indivíduos vivos amostrados para a i-ésima espécie por
unidadede área (ha);
S
: número total de indivíduos vivos amostrados por unidade de área (ha);
∑N
i =1
i

S
: área basal dos indivíduos vivos amostrados por unidade de área (ha);
∑ DoA
i =1
i

S
: soma das freqüências absolutas das espécies vivas amostradas por
∑ FA
i =1
i
unidade de área (ha);

NPi : número de parcelas em que ocorreu a i-ésima espécie;


NPT : número total de parcelas;
Di : diâmetro (cm) a 1,30m do solo; e
s : número de espécies amostradas.

2.3.2 Estrutura Vertical

A Estrutura Vertical, que permite avaliar a participação das espécies nos


diferentes estratos arbóreos. Através de sua análise, pode-se obter indícios sobre
o estádio sucessional em que se encontra a espécie em estudo, ou qual a
espécie mais promissora para compor um povoamento dinâmico.

Os seguintes índices estão disponíveis no software:

h) Posição Sociológica Absoluta (PSAi)


( ) ( ) (
PSA i = VF(Ei ) .N i (Ei ) + VF(Em ) .N i (Em ) + VF(Es ) .N i (Es ) )
S
VF = NE ∑N
i =1
i

i) Posição Sociológica Relativa (PSRi)


 S 
PSR i =  PsA i


∑ PsA .100
i =1
i

j) Índice de Valor de Importância Ampliado (IVIAi)


IVIAi = IVI i + PSR i

2.3.3 Índices para o efetivo manejo

Dentre os índices considerados como efetivos para atingir o manejo florestal


sustentável, o software propicia obter ao nível de espécies a qualidade do fuste,
as classes de toras dentro da qualidade do fuste, as classes de iluminação de
copa, as classes de ocorrência ou não de cipó e as classes de raízes tabulares.

k) Índice de Valor de Importância Ampliado e Econômico (IVIAEi)


IVIAEi = IVI i + PSR i + RNR i + QFR i

Para o seu cálculo, torna-se necessário obter o índice que expressa a qualidade
relativa do fuste (QRFi) e o índice que expressa a regeneração natural relativa
(RNRi).

k.1) Qualidade Absoluta do Fuste (QAFi)


 S 
VQFi =  NIi


∑ N 
i =1
i

QAFi = (VQF3 .ni 3 ) + (VQF2 .ni 2 ) + (VQF1 .ni1 )

k.2) Qualidade Relativa do Fuste (QRFi)


 S 
QRFi =  QAFi


∑ QAF .100
i =1
i

Em que:
S
Ni, ∑N
i =1
i , s, IVIi, PsRi : já definidos anteriormente;

VF : valor fitossociológico do i-ésimo estrato;


NE : número de indivíduos amostrados no i-ésimo estrato;
Ei, Em, Es: estrato inferior, estrato médio, estrato superior;
S

∑ PsA
i =1
i : soma das posições sociológicas absolutas das espécies vivas

amostradas por unidade de área (ha);


VQFi : valor de qualidade de fuste - (3) para fuste retilíneo, (2) para fuste
pouco retilíneo e (1) para fuste torto;
NIi : número total de indivíduos nas classes de qualidade de fuste 1,2 e
3;
ni3, ni2, ni1 : número de indivíduos da i-ésima espécie nas classes de
qualidade de fuste 3 (reto), 2 (pouco tortuoso), e 1 (tortuoso); e
S

∑ QAF :
i =1
i soma das qualidades absolutas de fuste das espécies vivas

amostradas.

A exemplo dos índices que expressam a qualidade absoluta do fuste para a i-


ésima espécie (QAFi) e a sua qualidade relativa (QRFi), podem ser calculados
também índices para expressar a classe de iluminação de copas (CI), a presença
de cipós (PC), e a presença ou ausência de raízes escoras (RE) e a classe de
tamanho (diâmetro) de toras para cada qualidade de fuste (CLTORAS).

O cálculo dos valores absolutos que expressam a classe de toras


absolutas/qualidade de fuste (CTORASA) e relativos (CTORASR) podem ser
obtidos definindo-se a dimensão da tora (exemplo 4 m) e ao longo do fuste
verificando se a classe de tora é 1 (Circunferência >= 150 cm), classe 2 (130 cm
<= Circunferência <= 150 cm) e classe 3 (110 cm <= Circunferência <= 130 cm).
Os valores absolutos (CIAi) e relativos (CIRi) da presença de cipó nas árvores da
i-ésima espécie podem ser obtidos de: 4 (ausência de cipó), 3 (cipó no fuste), 2
(cipó na copa), e 1 (cipó na árvore toda). Os valores das classes de iluminação
em seu valor absoluto (ILAi) e o relativo (ILRi) para cada espécie podem ser
obtidos de: 3 (recebe luz total na copa), 2 (recebe luz parcial na copa), e 1 (não
recebe luz alguma). Os valores de ocorrência absoluta (RZAi) e relativa (RZRi) de
raízes tabulares para a i-ésima espécie podem ser obtidos a partir de: 2
(ausência de raízes escoras) e 1 (presença de raízes escoras). Todos os valores
atribuídos aos códigos são flexíveis podendo ser alterados pelo usuário.

Estes índices podem ser processados em sua totalidade ou apenas um deles,


desde que informações pertinentes existam no arquivo de dados primários
obtidos em campo.

2.3.4 Padrão de Distribuição Espacial

O padrão de distribuição espacial das espécies arbóreas pode ser estimado


através do índice de Morisita (Id), considerando as espécies que ocorreram em
pelo menos duas parcelas, utilizando a fórmula:

 S 
 ∑
n. X 2 − N 

Id =  i =1 
N.(N − 1)

Em que:
Id : índice de Morisita;
n : número total de parcelas amostradas;
N : número total de indivíduos por espécie, contidos nas n parcelas;
X2 : quadrado do número de indivíduos por parcela; e
s : já definido anteriormente.

O nível de significância do índice de Morisita é obtido através do teste de Qui-


quadrado observando-se o desvio da dispersão dos indivíduos em relação ao
acaso, a partir da seguinte fórmula:

∑X
n.
i =1
2

χ =
2
−N
N

Em que:
χ2 : valor de Qui-quadrado; e
n, N, s, X2 : já definidos anteriormente.

A interpretação do valor do Qui-quadrado é baseada no seguinte: se o valor do


Qui-quadrado calculado for menor que o valor tabelado o Id, não difere
significativamente de 1 e a espécie apresentará um padrão de distribuição
aleatória; porém, se o valor do Qui-quadrado for maior que o tabelado, a espécie
tenderá a um padrão de distribuição agregada, se Id > 1, ou uniforme, se Id < 1
(Brower e Zar, 1977; Scolforo, 1998).
2.3.5 Índice para avaliar a similaridade entre tipos fisionômicos

No programa está disponível o índice de similiaridade de Jaccard, tendo em vista


que, este índice permite a avaliação da similaridade florística entre as diversas
áreas amostradas de mesma fitofisionomia, assim como a comparação com
outros estudos já desenvolvidos que utilizam metodologia semelhante.

2.3.6 Índice para avaliar a diversidade florística

Para avaliar a diversidade florística o usuário poderá optar pelo índice de


Shannon-Wiener e de Simpson.

2.4 AJUSTE DOS MODELOS

Para quantificação do estoque florestal, o software possibilita que o usuário após


realizar a cubagem rigorosa de algumas árvores, faça os cálculos necessários
para determinar o volume real das mesmas. A partir dos volumes reais e das
variáveis dendrométricas, diâmetro e altura, o software permite que sejam
ajustados e selecionados modelos volumétricos para estimativa do volume das
demais árvores não cubadas.

Ao selecionar um modelo no módulo de ajuste apresentado na Figura 3, este é


ajustado automaticamente e, na mesma tela, são apresentados os coeficientes
estimados e suas estatísticas R2(%), R2(%) corrigido, Syx na unidade da variável
de interesse e em porcentagem. É possível estratificar o ajuste por
identificadores. O identificador pode ser definido, por exemplo, como diferentes
áreas de estudo, diferentes espécies ou grupos de espécies, etc. Definido o
identificador, o ajuste poderá ser realizado para todos os identificadores
automaticamente ou somente para o identificador previamente selecionado.

Figura 3: Tela de ajustes dos modelos volumétricos de dupla entrada.


Ainda na tela apresentada na Figura 3, é possível selecionar a opção gráficos,
em que o usuário deve escolher apenas um identificador e um dos modelos
ajustados, gerando automaticamente um gráfico de dispersão (Figura 4). Para o
eixo das ordenadas pode-se escolher o erro na unidade da variável dependente,
o erro em percentagem ou o erro padronizado. Para o eixo das abcissas as
opções são o diâmetro a 1,3m e o volume estimado. Para fixar as escalas do
gráfico, o programa seleciona automaticamente os valores extremos da abcissa e
da ordenada, considerando todos os modelos ajustados.

Dap (cm)

Figura 4: Tela de construção dos gráficos de dispersão

2.5 DEFINIÇÃO DAS OPÇÕES DE PLANOS DE MANEJO

Para definir diferentes cenários de planos de manejo em florestas nativas, é


necessário conhecer como as espécies de interesse apresentam-se distribuídas
na área, sua maior ou menor densidade, o porte de seus indivíduos com base na
distribuição diamétrica, assim como o nível de participação destes nos diferentes
estratos da floresta. Nas opções de manejo disponíveis, foram utilizadas as
premissas adotadas por Scolforo (1998), FAO (1974) e Silva (1989):

! O número de árvores e demais estatísticas do inventário por espécie e


por classe diamétrica;
! A utilização de uma equação volumétrica. Por exemplo, adota-se uma
equação como ln V = -7,62812 + 2,18090 lnD (R2 = 0,836307 – CV% =
16), para o cálculo volumétrico de indivíduos com DAP ≥ 45cm, em que
V = volume comercial com casca e D = diâmetro à altura de 1,30m do
solo, ou imediatamente acima da sapopema;
! Os índices que caracterizam a estrutura da população;
! O conceito de floresta balanceada; e
! A interpretação das respostas do inventário por espécie, por classe
diamétrica, com a análise da estrutura da floresta e o conceito de floresta
balanceada para definir que espécies serão removidas e quantos
indivíduos destas poderão ser removidos por classe diamétrica.
2.5.1 Função de Meyer para o Manejo Florestal

Para cada floresta a ser analisada, os indivíduos a serem mensurados são


agrupados em classe diamétrica. Um dos modelos que pode ser utilizados é o de
βX
Meyer: Yi = β 0 e 1 i , o qual, linearizado, assume a forma: ln y i = ln β 0 + β1 ln X i ; em
que Yi: número de árvores da i-ésima classe de diâmetro; Xi: valor central da i-
ésima classe de diâmetro; e: base do logaritmo neperiano; β0 e β1 : parâmetros a
serem estimados; e ei: erro de estimativa.

2.5.2 Relação entre Área Basal, Freqüência e Quociente de De Liocourt “q”

De acordo com De Liocourt apud Meyer (1961), a razão entre o número de


árvores em sucessivas classes diamétricas é uma constante representada por
“q”. Esta razão é chamada também de “quociente de De Liocourt” e pode ser
expressa por β 0 e β1Xi β 0 e β1X ( i +1) .

Sempre que houver o interesse de efetuar intervenções na floresta, obtendo uma


floresta remanescente com estrutura balanceada, é necessário definir novos
valores de “q”, de área basal remanescente (Grem) e de diâmetro máximo (Xmax).
Assim, para cada situação, novos valores de β1 e β0 serão estimados, mantendo
a estrutura balanceada da floresta.

Para obtenção do novo valor para β1, utiliza-se a fórmula β1 = lnq [Xi − X(i +1) ] (3). Já
na obtenção do novo valor de β0, se o ajuste do modelo de Meyer for não linear,
 40.000G rem 
este pode ser obtido por β 0 = 
 π (
X 12 e β1X1 + X 22 e β1X 2 + ⋅ ⋅ ⋅ + X 2n e β1X n )
 (4).


Caso o ajuste do modelo de Meyer seja linear, então o novo β0 poderá ser obtido
 40.000G rem 
como: β0 = ln
 π( X12eβ1X1 + X22eβ1X 2 + ⋅ ⋅ ⋅ + X2maxeβ1X max ) (5); em que Xi: valor central da classe

de diâmetro, Grem é a área basal desejada para a floresta remanescente e Xmax é
o diâmetro máximo desejado para a floresta remanescente.

Na utilização dos parâmetros necessários à aplicação do método, foram feitas


algumas considerações baseadas em Campos et al. (1983), Scolforo (1997) e
Lima (1997), referentes ao novo quociente “q”, à área basal a ser deixada após
os cortes parciais e ao diâmetro máximo desejado.

Para a definição do valor de “q”, deve-se considerar que quanto mais distante
este for do valor original, mais árvores serão retiradas do povoamento, para um
mesmo valor de diâmetro máximo e área basal remanescente.

Quando o valor admitido de “q”, for menor do que o valor original, um maior
número de árvores de menor diâmetro será removido. Já um valor de “q” maior
que o original implicará na remoção proporcional de um maior número de árvores
de maior diâmetro. Para a área basal remanescente desejada, quanto menor for
o seu valor, em relação à área basal da floresta, mais árvores serão removidas
do povoamento, para um mesmo valor de “q” e de diâmetro máximo.

Em relação ao diâmetro máximo desejado, quanto menor for seu valor, um maior
número de árvores será removido do povoamento, para iguais valores de “q” e
área basal remanescente na primeira intervenção. Se forem desejados menores
valores de diâmetro máximo para a nova floresta, então o tempo necessário para
atingir tais diâmetros será menor e o intervalo entre as intervenções será mais
curto.

2.5.3 Plano de Manejo Propriamente Dito

Dentre as propostas de manejo para as florestas nativas, podem ser


considerados os seguintes cenários:

1. Plano de manejo em que apenas as espécies comerciais serão


removidas, caso das florestas de grande porte da amazônia;
2. Plano de manejo em que as espécies listadas como comerciais e
potenciais serão removidas, caso das florestas de grande porte da
amazônia; e
3. Plano de manejo em que as espécies que não são proibidas de corte
pela legislação ou as espécies que não são frutíferas importantes para
a fauna serão removidas, caso típico do cerrado.

Para uma espécie ter o seu número de indivíduos removido por classe de
diâmetro, pode-se considerar a título de exemplo restrições para as florestas
nativas da amazônia:

! Apresentar densidade relativa ≥ 1% e/ou dominância relativa ≥ 1%;


! Não remoção das não comerciais nos planos de manejo do Cenário 1;
! Não remoção das não comerciais nos planos de manejo do Cenário 2,
! Não remoção das espécies proibidas de corte e as mortas em pé;
! Diâmetro mínimo de corte foi ≥ 45cm; e
! Entre as espécies possíveis de serem removidas, o mínimo de 10% dos
indivíduos foram mantidos por classe diamétrica como medida
preventiva para garantir a existência das porta sementes;
! Não remover espécies protegidas por lei.

A determinação do número de árvores por espécie, a ser removido por classe de


diâmetro para as opções de manejo, é obtida através da expressão desenvolvida
por Scolforo (1997):

  S   S   
NR =  NE i D i  ∑ NE i D i  − ∑ NEDRDoR i D i   .Fr
  i =1   i =1   

Em que:
NR : número de indivíduos a serem removidos por espécie e por
classe de diâmetro;
NEiDi : número de indivíduos (N) da i-ésima espécie (Ei) na i-ésima
classe diamétrica (Di);
S
: soma dos números de indivíduos (N) de todas as espécies (Ei)
∑ NE D
i =1
i i
na i-ésima classe diamétrica (Di);
NEDRDoRDi : número de indivíduos (N) das espécies (Ei) com densidade
relativa (DR) < 1 (raras), e/ou, dominância relativa (DoR) < 1,
na i-ésima classe diamétrica (Di); e
Fr : número de indivíduos a serem removidos na I-ésima classe de
diâmetro, conforme o procedimento de floresta balanceada.

No caso de utilizar como restrição a posição sociológica relativa, esta expressão


assume a forma ΣNEDRDoRPSRDi, que seria o número de árvores das espécies
com densidade relativa (DR), dominância relativa (DoR) e posição sociológica
relativa (PSR) menores que 1, ou ainda menores que outro valor restritivo, que
não o número 1.

Quando outros fatores forem considerados restritivos, estes também deverão ser
agregados à fórmula. Para exemplificar: no caso das espécies potenciais e das
não comerciais no Cenário 1, tem-se ΣNEDRDoRPotNComProibMorDmimDi, ou
seja, o número de indivíduos (N) das espécies (E) com densidade relativa (DR)
menor que 1, e/ou dominância relativa (DoR) menor que 1, além de todas as
espécies potenciais (Pot) e não comerciais (NCom), as espécies proibidas de
corte (Proib), as mortas em pé (Mor) e as com diâmetro menor que 45cm (Dmim)
na i-ésima classe de diâmetro (Di).

2.5.4 O Manejo da Vegetação Nativa através de Cortes Seletivos. Exemplo para


a vegetação do cerrado

Exemplificando o processamento do software, serão consideradas 3 parcelas


medidas em março de 1996 na Fazenda Brejão, região de Brasilândia, MG.
Primeiramente é realizado o agrupamento dos diâmetros das árvores
mensuradas em classes diamétricas. A partir das freqüências das árvores nas
classes diamétricas, é ajustado o modelo de Meyer: yi = β 0 e β1xi , onde, yi =
número de árvores na iésima classe de diâmetro; xi = valor central da iésima
classe de diâmetro e βi = parâmetros a serem estimados.
A partir do modelo ajustado são estimadas as freqüências a partir das quais é
obtido o coeficiente de De Liocurt (q) através da razão do número de árvores
entre as classes de diâmetro sucessivas, tal que: q = Ni/Ni+1, onde, Ni = número
de árvores da iésima classe de diâmetro, Ni + 1 = número de árvores da iésima
mais uma classe de diâmetro.
Desta maneira há uma progressão geométrica de "q" entre as classes de
diâmetro sucessivas, o que define segundo Meyer a estrutura de uma floresta
balanceada. N1 = q N2 = q2 N3 = q3 N4 ... = q(n – 1)Nn
Como primeiro resultado é apresentado na Tabela 1 esta situação juntamente
com a síntese das estatísticas do inventário florestal. Para obtenção do volume
total da árvore, foram utilizadas equações de volume ajustadas e cadastradas
pelo usuário no próprio software.

TABELA 1. Número de árvores/ha, altura, área basal/ha, volume/ha, freqüência


obtida da função de Meyer e coeficiente de De Liocurt
Classe Fo Fe HT HF G VT q
7,0 555,56 529,32 3,14 0,40 2,1380 4,3594 2,0755
11,0 255,56 254,12 4,35 0,52 2,4286 6,4497 2,0755
15,0 161,11 122,57 5,40 0,62 2,8471 9,1125 2,0755
19,0 72,22 59,12 5,95 0,65 2,0477 7,0736 2,0755
23,0 16,67 28,51 7,87 0,74 0,6925 3,1031 2,0755
27,0 5,56 13,75 6,50 0,30 0,3181 1,1570 2,0755
31,0 16,67 6,63 8,57 0,57 1,2579 5,9183 2,0755
1083,33 1015,32 11,7299 37,1735
β1xi
Modelo de Meyer: yi = β 0 e Fe = Freqüência Estimada (N/ha)
Parâmetro β0= 1899,67114 HF = Altura do Fuste (m)
Parâmetro β1= -0, 18255 HT = Altura Total (m)
COEF. DE DET. (R2)= 87,8% G = Área Basal (m2/ha)
Classe = Valor central da classe de diâmetro (cm)
Fo = Freqüência Observada (N/ha) q = Quociente de De Liocourt

Para que o SISNAT gere diferentes planos de manejo, após apresentados os


resultados da Tabela 1, é necessário que o usuário defina:
a) Novo valor do quociente de De Liocourt. Se o novo valor de De Liocourt for
menor que o valor original, então mais plantas serão removidas nas menores
classes diamétricas. Já o contrário implica na remoção de um maior número
de plantas de maior dimensão. Naturalmente que as considerações são
válidas para a remoção de uma mesma área basal.
b) A área basal remanescente que é desejada. Deve-se ressaltar que quanto
menor a área basal remanescente desejada, mais árvores serão removidas
da população, para um mesmo quociente de De Liocourt e diâmetro máximo.
c) O novo diâmetro máximo desejado para efetuar a colheita na floresta
remanescente. Também neste caso para mesmos valores de q e G salienta-
se que menor valor de Dmax levam a uma maior retirada de árvores da
população. Como a nova floresta apresenta valores menores de Dmax, então
em menos tempo as árvores atingirão estas dimensões. Obtém-se desta
maneira colheita em ciclos de corte menores.
Após definição dos novos valores de q, G remanescente e Dmáximo, o software
obtêm novos valores para os coeficientes βis da regressão ajustada.
Considerando-se que o usuário optou em não mudar o coeficiente de De Liocourt
e reduziu a área basal em 50% para um diâmetro máximo de 31 cm. Os
resultados gerados são apresentados na Tabela 2.

TABELA 2. Floresta remanescente e a definição das árvores a serem removidas


na opção de Manejo 1.
Estrutura Original Est. Remanescente Est. Removida
Classe
Fo Vo Fé Ve Fr Vr
7,0 555,56 4,3594 287,85 2,2587 267,71 2,1007
11,0 255,56 6,4497 138,70 3,5006 116,85 2,9491
15,0 161,11 9,1125 66,84 3,7802 94,28 5,3323
19,0 72,22 7,0736 32,21 3,1542 40,02 3,9193
23,0 16,67 3,1031 15,52 2,8893 1,15 0,21,38
27,0 5,56 1,1570 7,48 1,5574 -1,92 -0,4003
31,0 16,67 5,9183 3,60 1,2795 13,06 4,6388
1083,33 37,1735 552,19 18,4199 531,14 18,7536
β0= 1032,88611; β1= -0,18255
Quociente de De Liocourt da Floresta Remanescente = 2,0755
Área Basal da Floresta Remanescente = 5,86495
Fo = Freqüência Observada (N/ha); Vo = Volume Observado (m3/ha)
Fe = Freqüência Remanescente (N/ha); Ve = Volume Remanescente (m3/ha)
Fr = Freqüência Removida (N/ha); Vr = Volume Removido (m3/ha)

Utilizando a combinação do inventário florestal por espécie, por classe diamétrica


e a análise estrutural pode-se gerar o plano de manejo. Para tal o programa
adota como restrição de remoção, as seguintes opções:
a) Só serão removidas espécies com densidade relativa maior ou igual a 1%.
b) Em qualquer circunstância para as espécies a serem removidas existe a
restrição de permanência de 10% das plantas por classe de diâmetro. Este fato
ocorrerá quando a prescrição obtida do plano de manejo na classe diamétrica for
superior ou igual ao número de plantas nesta mesma classe, para as espécies
com densidade relativa ≥ 1.
c) Todas as árvores mortas deverão ser removidas.
d) Todas frutíferas protegidas por lei não poderão ser cortadas.
e) As classes diamétricas, que apresentarem déficit de árvores não poderão
sofrer qualquer remoção.
f) Só serão removidas espécies com dominância relativa maior ou igual a 1%.
OBS: As restrições podem ser modificadas.
De forma complementar, para facilitar a operação de marcação no campo das
árvores da iésima espécie, a ser removida, é calculado no programa, para cada
espécie o seu padrão de distribuição espacial, utilizando o Índice de Morisita .
Na Tabela 3 é então apresentado o Plano de Manejo para 3 das 103 espécies
processadas neste exemplo , incluindo o nome das espécies a serem removidas
(pode ser também o nome regional), o número de árvores existentes por classe
diamétrica (NORIG), o número de árvores a ser removida por classe diamétrica
(NREMOV) e o padrão de distribuição espacial das espécies.

TABELA 3. Plano de Manejo.


Espécie Caracter. Classes Diamétricas
de Interesse 7,0 11,00 15,0 19,0 23,0
Acosmium sub Norig 0,0 5,6 5,6 0,0 0,0
dasycarpum Nremov 0,0 3,0 4,0 0,0 0,0
Distr Padrão Distribuição Agregado

Acosmium sub Norig 5,6 5,6 0,0 0,0 5,6


Elegans Nremov 3,0 3,0 0,0 0,0 0,0
Distr Padrão Distribuição Aleatório

Byrsonima Norig 5,6 22,2 11,1 11,1 0,0


coccolobifolia Nremov 3,0 11,0 7,0 7,0 0,0
Distr Padrão Distribuição Aleatório

Realizado os cálculos do plano de manejo, novos planos podem ser


confeccionados pelo usuário, necessitando apenas que o mesmo adote
diferentes coeficientes de De Liocourt e, ou, diferentes áreas basais e, ou,
diferentes diâmetros máximos. O plano que satisfazer o usuário e os
fundamentos técnicos do manejo florestal, deverá ser adotado.
2.6 Planejamento da exploração
Definido o melhor plano de manejo, automaticamente são exibidas no mapa
definido no item 2.1, todas as árvores amostradas no caso do censo. Diferentes
simbologias poderão ser usadas para identificar as árvores comerciais,
potenciais, não comerciais, estoque futuro, etc. A identificação sobre o mapa das
árvores que serão removidas, bem como, o planejamento da exploração através
da definição dos ramais de arraste e construção dos pátios de estocagem, ficará
a cargo do técnico responsável. Vários são os critérios para seleção das árvores
comerciais a serem exploradas no caso da floresta nativa de grande porte.
Dentre outros, pode-se citar o diâmetro mínimo de corte associado ao
conhecimento do estoque de crescimento e da regeneração; a susceptibilidade
das diferentes espécies à exploração florestal; e o conceito de floresta
balanceada exemplificado no item 2.5 para a vegetação do cerrado. A adoção
deste critério implica em uma série de cuidados para definir que árvores serão
exploradas, expressos pelo maior ou menor número de restrições que forem
estabelecidas.

2.7 Análise econômica

Para realizar uma análise econômica dos planos de manejo, o usuário deve
estabelecer um fluxo de caixa, identificando para cada custo e receita o ano de
sua ocorrência. Como critérios econômicos disponíveis no software o usuário
poderá optar pelo Valor Presente Liquido (VPL), Valor Presente Liquido
considerando séries infinitas (VPL inf), Taxa Interna de Retorno (TIR), Razão
Benefício Custo (BC), Custo Médio de Produção (CMPr) e a Renda Líquida
Periódica Equivalente (RLPE).

3. CONSIDERAÇÕES FINAIS

As mais importantes técnicas de manejo florestal foram incorporadas no software,


de maneira que os resultados propiciados para os diferentes planos de manejo
são dependentes apenas da quantidade e do grau de detalhamento das
informações coletadas em campo. O processamento dos dados resultantes dos
diferentes procedimentos de amostragem, confere ao SISNAT uma grande
flexibilidade para a geração de planos de manejo oriundos de diversas
metodologias empregados pelas empresas.

A capacidade de integrar todos os dados à mapas georeferenciados e imagens


de satélite, utilizando-se a tecnologia de sistemas de informações geográficas,
constitui-se numa importante inovação tecnológica que se traduz em geração de
planos de manejo integrados no contexto nacional do gerenciamento e controle
efetivo dos recursos naturais renováveis, através da integração da base
cartográfica resultante de cada plano de manejo a outras bases de caráter mais
amplo, como divisas municipais e estaduais, bases fisiográficas estaduais ou
nacionais, bacias hidrográficas e redes de drenagem e rodovias de acesso, entre
outros.

O software em desenvolvimento será de baixo custo e de fácil manuseio. A


integridade dos dados e seus resultados é garantida por um robusto modelo de
banco de dados relacional e de funções de cálculo testadas intensivamente em
versões anteriores deste software. A nova versão do SISNAT é capaz de rodar
em redes corporativas, locais ou mesmo em ambientes desktop ou mono-usuário,
utilizando-se como sistema gerenciador de banco de dados o Oracle, SQL-Server
ou Access.

4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BROWER, J.E.; ZAR, J.H. Field and laboratoty methods for general ecology.
2. ed. Dubique: Win. C. Brown Publishers, 1977. 226p.

CAMPOS, J. C. C.; RIBEIRO, J. C.; COUTO, L. Emprego da distribuição


diamétrica na determinação de corte de matas naturais submetidas ao
sistema de seleção. Revista Árvore, Viçosa, v.7, n.2, p.110-122, jul./dez.
1983.

FAO. Manual de inventario florestal con especial referencia a los bosques


mistos tropicales. Roma: FAO, 1974. 195 p.

LIMA, C. S. de A. Desenvolvimento de um modelo para manejo sustentado


do Cerrado. Lavras: UFLA, 1997. 159p. (Dissertação - Mestrado em
Engenharia Florestal).

MELLO, A. A. de Estudo silvicultural e da viabilidade econômica do manejo


da vegetação do cerrado. Lavras: UFLA, 1999. 187p. (Dissertação -
Mestrado em Engenharia Florestal).

MEYER, H.A.; RECKNAGEL, A.B.; STEVENSON, D.D.; BARTOO, R.A. Forest


management. 2.ed. New York: The Ronald Press, 1961.282p.

SCOLFORO, J. R. S. Manejo florestal. Lavras: UFLA/FAEPE, 1998. 438 p.

SCOLFORO, J. R. S.; MELLO, J. M. Inventário florestal. Lavras: UFLA/FAEPE,


1997. 344 p.

SILVA, J. N. M. The behaviour of the tropical rain forest of the Brazilian


Amazon after logging. Oxford: Oxford University, 1989. 325p. (Thesis –
Forestry Science).

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