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Comentado por: Mara Behlau
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- Pitch: correlação perceptiva da frequência fundamental, determinando-se se está adequada ao
sexo, idade e cultura do indivíduo;
- Loudness: correlação perceptiva da intensidade do som, determinando-se se está adequada ao
sexo, idade e cultura do indivíduo.
Uma das soluções interessantes deste protocolo é que, além dos seis parâmetros selecionados, se
necessário pode-se marcar até dois parâmetros extras, característicos da emissão do paciente em questão,
que devem ser submetidos ao mesmo julgamento dos itens propostos pelo consenso. Assim, se a voz do
paciente é caracteristicamente trêmula, ou com espasmos, tal parâmetro pode ser incluído e avaliado de
modo similar. Finalmente, o clínico também pode realizar observações sobre ressonância vocal, no item
específico, avaliando a presença de hipernasalidade, hiponasalidade ou ressonância cul-de-sac.
Para a avaliação com o protocolo CAPE-V, as três tarefas de fala devem ser executadas com o
paciente sentado confortavelmente e em ambiente silencioso. As emissões devem ser registradas
diretamente em um computador, com resolução de 16 bits e velocidade de gravação de 20KHz, com
microfone posicionado a 4 cm da boca do falante e em ângulo de 45º. A primeira tarefa consta da emissão
de duas vogais sustentadas, tendo sido escolhidas “a”, por ser uma vogal relaxada, e “i”, por ser uma vogal
tensa e a mais comumente utilizada na videoestroboscopia, nos Estados Unidos. A segunda tarefa consta
de seis frases que produzem diferentes configurações laríngeas e sinais clínicos. As frases em inglês foram
adaptadas para o português, a partir de discussões com fonoaudiólogos participantes do GRUPO RACC do
CEV (Reciclagem e Atualização Clínico-Científica no Centro de Estudos da Voz). A primeira sentença foi
elaborada com a participação de todas as vogais da língua: em inglês “The blue spot in on the key again” e,
na adaptação para o português “Érica tomou suco de pêra e amora”. A segunda enfatiza um início suave
de sonorização com a emissão do /h/, sendo que optamos por usar início com a fricativa medial /s/, por
questões fonológicas: em inglês “How hard did he hit him” e em português “Sonia sabe sambar sozinha”. A
terceira sentença foi composta por segmentos totalmente sonoros: em inglês “We were away a year ago” e
em português “Olha lá o avião azul”. A quarta sentença foi elaborada para eliciar a produção de ataques
vocais bruscos: em inglês “We eat eggs every Easter” e em português “Agora é hora de acabar”. A quinta
sentença foi produzida para testar a emissão de sons nasais: em, inglês “My mama makes lemon muffins” e
em português “Minha mãe namorou um anjo”. Finalmente, a sexta sentença foi elaborada com sons
plosivos surdos: em inglês “Peter will keep at the peak” e em português “Papai trouxe pipoca quente”. A
terceira tarefa do protocolo é uma conversa espontânea, por pelo menos vinte segundos, sendo os temas
sugeridos: "fale-me sobre o seu problema de voz" ou "diga-me como está a sua voz".
Outro recurso apresentado pelo consenso é que havendo discrepâncias nos resultados obtidos nas
diferentes tarefas, o clínico deve preencher excepcionalmente mais de uma folha de respostas; contudo, a
orientação é que se preencha apenas uma ficha de avaliação, considerando-se as três tarefas propostas.
Ao término da avaliação, o clínico deve usar uma régua para medir as marcações da escala e preencher o
escore obtido, ex.: 78/100. Como a avaliação fonoaudiológica baseia-se tradicionalmente na marcação
descritiva do grau de desvio em “leve”, “moderado” e “severo”, tais termos foram inseridos sob a escala
linear (atenção, pois a divisão não é exata em três terços) e, embora inicialmente considerados como
transitórios, a SID-3 considera a possibilidade de mantê-los por favorecerem um maior grau de
concordância entre os avaliadores.
O protocolo CAPE-V está em fase final de validação; paralelamente está sendo produzido um
registro com exemplos dos desvios, para treinamento dos fonoaudiólogos. A possibilidade de marcação
computadorizada, com gravação das tarefas de fala e dos registros dos desvios de cada parâmetro, pode
ser feita por meio do programa AUTO-CAPE-V, desenvolvido pelo Engenheiro Richard Horne e oferecida
gratuitamente para download no endereço www.visualizationsoftware.com, sendo que em breve uma versão
em português será também disponibilizada. Embora toda e qualquer padronização seja sempre suscetível a
críticas, o avanço no conhecimento e a atenção derivada ao tema são inegáveis.
1 Doutora em Distúrbios da Comunicação Humana pela Universidade Federal de São Paulo – Escola
Paulista de Medicina; diretora do Centro de Estudos da Voz – CEV e coordenadora do Curso de
Especialização em Voz do CEV – CECEV.
Endereço para correspondência: Dra. Mara Behlau, CEV, Rua Machado Bittencourt 361, 10º andar, 04044-
001, São Paulo E-mail:mbehlau@uol.com.br
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PROTOCOLO - CONSENSO DA AVALIAÇÃO PERCEPTIVO AUDITIVA DA
VOZ (CAPE-V) – ASHA 2003, SID3
Nome___________________________________________________ Data:___________
3) Fala espontânea, com os seguintes conteúdos: "Fale-me sobre o seu problema de voz" ou “Diga-
me como está a sua voz".
Legenda: C = consistente I = Intermitente
SCORE
GRAU GERAL _______________________________________ C I ___/100
Características adicionais (por exemplo: diplofonia, som basal, falsete, astenia, afonia,
instabilidade de frequência, tremor, qualidade molhada ou outras observações relevantes)
Clínico: _________________