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Pontifícia Universidade Católica de Goiás

Curso de Fonoaudiologia
Disciplina: COMDIS VOZ: ESTÁGIO SUPERVISIONADO EM
VOZ
Profa. Silvia Maria Ramos - 2020

REABILITAÇÃO VOCAL

“ A abordagem global na reabilitação do paciente disfônico


pretende atuar no uso da voz enquanto forma de se comunicar, e
inclui três trabalhos interligados: Orientação, Psicodinâmica e
treinamento Vocal.” (Behlau & Pontes, 1990)

“ A terapia vocal deve iniciar onde o paciente é capaz de fazer.


Nós não pedimos ao paciente para fazer mais do que eles são
capazes de fazer.” (Boone, 1988)

ABORDAGEM GLOBAL NA REABILITAÇÃO VOCAL

É inaceitável administrar uma terapia sem a consciência do tipo de


atuação que se está propondo e sem o conhecimento das vantagens,
desvantagens e limitações inerentes a qualquer abordagem.

Vários autores definem seus pontos de vista, no entanto definimos


nosso trabalho de abordagem global para identificação, diagnóstico
e tratamento dos distúrbios da voz e, dentro das propostas já
vistas, essa abordagem é de natureza eclética.

Fundamento da Reabilitação Vocal  orientação e psicodinâmica


vocal para em seguida realizar o trabalho de treinamento vocal.

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1. ORIENTAÇÃO VOCAL

- Inclui uma série de esclarecimentos sobre a fonação e a saúde vocal.

De maneira simples é explicada a produção vocal ao paciente. Inclui fotos,


softwares, vídeos ou fitas cassete.

Obs.: Indivíduos que usam a voz profissionalmente, em geral demonstram


maior interesse pela orientação vocal.

 HIGIENE VOCAL

* NORMAS BÁSICAS QUE AUXILIAM A PRESERVAR A SAÚDE VOCAL E


PREVINEM O APARECIMENTO DE LESÕES.

Orientação quanto aos fatores prejudiciais e benéficos para a laringe: fumo,


álcool, ar condicionado, alimentação, hábitos nocivos, hidratação, vestuário,
competição sonora, postura corporal entre outros.

 É necessário trabalhar o controle, redução ou modificação dos


principais abusos vocais.

2. PSICODINÂMICA VOCAL

É levar o indivíduo a reconhecer os elementos de sua qualidade vocal que


foram condicionados durante sua vida.

Por meio dessa conscientização, o paciente poderá realizar as mudanças


necessárias até redescobrir uma expressão verbal espontânea.

Os dados de psicodinâmica vocal dependem dos padrões sociais, culturais e do


sistema de valores desse indivíduo e, portanto, a leitura vocal não deve
considerar os dados isoladamente. Análise do impacto da voz no ouvinte.

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É utilizado o protocolo de termos descritivos sobre voz (BOONE, 1991)
adaptada por BEHLAU & PONTES (1995).

 SELEÇÃO DE DEZ TERMOS QUE DESCREVAM SUA VOZ

3. TREINAMENTO VOCAL

- Realização de exercícios selecionados para fixar ajustes motores


necessários à reestruturação do padrão de fonação alterado.

O treinamento vocal tem como objetivos:

- Modificar o gesto fonatório

- Favorecer novo ajuste

- Fixar novo esquema fonatório

- Promover compensação

- Estabilizar uma voz profissional

- Trabalhar diferentes ajustes vocais para diferentes exigências vocais

- Aumentar a resistência vocal

A base de seleção das abordagens facilitadoras depende de:

- Provas terapêuticas
- Aceitabilidade da técnica
- Habilidade de execução
- Limites anátomo-fisiológicos
- Experiência do terapeuta

O treinamento é composto por inúmeras abordagens, algumas delas


oferecendo alterações na qualidade vocal como um todo métodos

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universais e outros favorecendo as mudanças laríngeas específicas
 as técnicas específicas.
PROVAS TERAPÊUTICAS E PROVAS DE DIAGNÓSTICO

Da análise de diferentes provas, decide-se qual a abordagem mais


efetiva naquele momento da terapia.

Procedimento: Grava-se vogal sustentada e fala encadeada,


solicita-se a execução do procedimento, se for exercício de 1 a 3
minutos. Repete-se a gravação e comparam-se os resultados. Prova
pode ser neutra, + ou –

Neutra : nenhum efeito observável


Não há modificação na voz e nas sensações
(-) : disfonia piora / maior dificuldade na emissão
(+) : redução da disfonia e/ou maior facilidade na emissão, mesmo
que nesse caso haja piora da qualidade

É possível explorar o campo dinâmico da voz.

Obs.: Quanto mais restrito maiores serão as dificuldades


encontradas no trato vocal.

Variação de freqüência: grave, aguda e média


Variações de intensidade: mínima, média e máxima
Variações combinadas de freqüência e intensidade
Variação de controle glótico: emissão sussurrada, soprosa, fluida,
neutra e comprimida.

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TREINAMENTO VOCAL ( Behlau e col., 2002 )

Década de 90
– 5 grupos: sons facilitadores, técnicas de mudança de postura, técnicas de
associação de mov. dos OFA e FRV à emissão, técnicas com utilização de
fala encadeada e técnicas de favorecimento de coaptação das ppvv.

2001 e 2002
– Nova leitura e adequação das designações das abordagens empregadas na
terapia de voz + correção dos termos de método, técnica e exercício.

MÉTODO

- Conjunto sistemático de idéias, regras e princípios normativos, com o objetivo


de alcançar uma melhor produção vocal, o método baseia-se em uma
determinada concepção filosófica, que pode ou não estar formalmente
identificada. Ex.: Método Lee Silvermann, Método Indutivo Progressivo – E.
Brandi

SEQÜÊNCIA

- Série de procedimentos ou exercícios organizadas com ordem pré-


determinada, para um fim específico Ex.: seqüência de arrancamento,
seqüência de aquecimento e desaquecimento vocal.

TÉCNICA

- Conjunto de modalidades de aplicação de um exercício vocal, utilizados de


modo racional, para um fim específico; a técnica baseia-se em um método e em
dados anatomo-funcionais do indivíduo. Ex.: Técnica de vibração

EXERCÍCIO

Qualquer estratégia para corrigir ou aprimorar uma dada habilidade vocal ou


parâmetro de voz, o exercício baseia-se nas necessidades do indivíduo.

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Ex.: na técnica de vibração - lábios, modulado, bico e sorriso, língua, escala , com
vogais curtas, com vogais sustentadas, etc.

NOVA CLASSIFICAÇÃO DAS ABORDAGENS TERAPÊUTICAS


(Behlau e col., 2002)
1. Método de sons facilitadores
2. Método Corporal
3. Método de órgãos fonoarticulatórios
4. Método auditivo
5 Método de fala
6. Método de competência glótica
7. Método de ativação vocal

1. MÉTODO DE SONS FACILITADORES

O tratamento da voz é realizado com o emprego de sons selecionados que


propiciam uma produção vocal mais equilibrada.

1.1.TÉCNICA DE SONS NASAIS

° Procedimento
- Emissão de Sons “m” com boca fechada, “n” ou “nh” contínuos, sustentados,
modulados ou em escalas musicais.

º Objetivos
- Suavizar emissão, reduzir foco de ressonância laringo-faríngea, dissipar
energia sonora no trato vocal, aumentar TMF sem esforço e auxiliar
monitoramento da voz

º Aplicações
Técnica Universal
Nódulos vocais

CUIDADOS: incômodo, ardor ou coceira – verificar execução da técnica ou


usar bocejo. É esperada uma certa coceira o sensação de vibração dos
lábios, face e nariz – pausas para coçar não são negativas.

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1.2.TÉCNICA DE SONS FRICATIVOS

° Procedimento
Emissão de Sons “f” , “s”, “x contínuos ou seus correspondentes sonoros
Emissão dos mesmos sons em passagem de sonoridade Ex.: sssss > zzzzz

° Objetivos
Direcionar o fluxo aéreo para o ambiente, dissociar intensidade e sonorização
laríngea, suavizar ataque vocal, controlar sonorização glótica, aumentar TMF
sem esforço e melhorar coordenação pneumofonoarticulatória

° Aplicações
Pós-operatório imediato de lesões de massa, incoordenação pneumofônica,
padrão hipertenso de fonação e ataques vocais bruscos persistentes

CUIDADOS: Emissão continuada pode dar tontura e se tiver produção


fonoarticulatória distorcida – usar outra técnica.

1.3. TÉCNICA DE SONS VIBRANTES

° Procedimento
- Emissão sonora com vibração continuada de língua ou lábios, ou ainda, com a
língua apoiada sobre o lábio inferior – língua vibra passivamente.

° Objetivos
Mobilizar mucosa, equilibrar CPFA, reduzir esforço fonatório e aquecimento
Vocal

° Aplicações
Técnica universal, Nódulos vocais, Edemas de Reinke, Cicatrizes da mucosa
Laringites agudas, gripes ou resfriados

CUIDADOS: vibração de língua inconstante geralmente se regulariza com


treinamento continuado. Se tiver dificuldade em vibrar os lábios apoiar os
dedos no canto dos lábios. Vibrações com esforço – sensações
desagradáveis ou piora da voz. Se não for possível vibração de lábios e
língua, pode-se utilizar vibração posterior – gargarejo com água.

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1.4.TÉCNICA DE SONS PLOSIVOS

° Procedimento
Emissão repetida de “p”, “t” e “k” ou seus sonoros associados a vogais.
Diadococinesia papapapapa pataca pataca

° Objetivos
- Favorecer coaptação das pregas vocais, reforçar ressonância oral, propiciar
clareza da emissão vocal, estabilizar emissão, estimular vibração de mucosa –
plosivos sonoros e clareza da emissão

° Aplicações
- Disfonias hipocinéticas, Parkinson, Paralisia unilateral de prega vocal
Pós-laringectomias parciais e Alternativa na impossibilidade de esforço

CUIDADOS: evitar excesso de força, inflando-se as bochechas.

1.5.TÉCNICA DE SOM BASAL

° Procedimento
Emissão contínua em registro pulsátil com “a” sustentado, ou sílaba “la”
repetidas vezes.
Emissão na expiração ou inspiração.

° Objetivos
- Contrair efetivamente os músculos TA, Relaxar os músculos CT, Relaxar os
músculos CAP , Mobilizar e relaxar a mucosa , Favorecer melhor coaptação
glótica, Promover fonação confortável , Favorecer decréscimo de Fo e
Aumentar componente oral da ressonância

° Aplicações
Nódulos vocais, Disfonia por tensão muscular – isometria laríngea, Fadiga vocal,
FTMP, Muda incompleta, Falsete de conversão, Fonação desconfortável,
Hipernasalidade e Monitoramento de equilíbrio laríngeo.

CUIDADOS: corrigir imediatamente quando houver tensão excessiva, com


pitch mais agudo e tenso. Na impossibilidade, trabalhar sons graves,

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bocejo, exercícios cervicais e retornar ao exercício. Não sugerir para casa
antes da execução correta. Verificar som basal X emissão crepitante.

1.6.TÉCNICA DE SOM HIPERAGUDO

° Procedimento
Emissão contínua em falsete
Associar um sopro à emissão de um som hiperagudo, se necessário

° Objetivos
Relaxar os músculos TA, Contrair os músculos CT, Equilibrar ressonância no
registro modal, Fendas fusiformes , Nódulo residual e Aumento da resistência
vocal

° Aplicações
Disfonia vestibular, Constrição medial do vestíbulo, Paralisia unilateral de
prega vocal, Edema de Reinke e Disfonias de natureza hipercinética

Cuidados: Não deve ser observada tensão excessiva

2. MÉTODO CORPORAL

O tratamento da voz é baseado em técnicas que envolvem movimentos


corporais, quer sejam global ou por meio de ações específicas sobre o
esqueleto laríngeo. São utilizados movimentos de mudança de postura que, por
ação indireta ou direta sobre o aparelho fonador, buscam harmonia entre a voz
e o corpo.

- Téc. de Mov. corporais com sons facilitadores


- Téc. de mudança de posição de cabeça com sonorização - Plano horizontal
- Téc. de massagem na cintura escapular
- Téc. de manipulação digital da laringe
- Téc. de vibrador associado à sonorização glótica
- Téc. De movimentos cervicais
- Téc. De rotação de ombros

2.1. TÉC. DE MOV. CORPORAIS COM SONS FACILITADORES

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° Procedimento
Movimentações amplas do corpo associadas a sons facilitadores
° Objetivos
Relaxamento dinâmico e Melhor integração corpo-voz
° Aplicações
Voz profissional, Disfonia por tensão muscular e Disfonia infantil

CUIDADOS: verificar limitação na movimentação corporal ou alterações do


labirinto.

2.2. TÉC. DE MUDANÇA DE POSIÇÃO DE CABEÇA COM SONORIZAÇÃO


- PLANO HORIZONTAL

° Procedimento
Deslocamento horizontal por cabeça rodada ou inclinada para direita ou
esquerda, enquanto se realiza emissão selecionada e controlada.

° Objetivos
Melhorar aproximação de PPVV na linha mediana (Cabeça rodada), Reduzir
rouquidão ou soprosidade, Melhorar nivelamento vertical das pregas vocais
(Cabeça inclinada), Reduzir da bitonalidade e Estabilizar qualidade vocal

° Aplicações
Disfonias neurológicas:
- Sobre-excursão da prega vocal sadia em paralisias unilaterais (cabeça em
movimentação homolateral ao lado lesado)
- Estimulação de prega vocal parética (cabeça em movimentação contralateral
ao lado lesado)
Inadaptação fônica: assimetria de tamanho, massa, forma, vibração ou tensão
das pregas vocais por inadaptação fônica cabeça inclinada tem melhores
resultados sobre o desnível das pregas vocais
Desnível de prega vocal: cabeça inclinada produz melhores resultados

CUIDADOS: Verificar limitação na movimentação músculo-esquelética,


articulares e do labirinto. Nos casos de exercícios prolongados em uma só
posição, fazer compensação muscular do outro lado, sem o uso de sons
vocais.

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2.3. TÉC. DE MUDANÇA DE POSIÇÃO DE CABEÇA COM SONORIZAÇÃO
- PLANO VERTICAL

CABEÇA PARA TRÁS


° Procedimento
Emissão com a cabeça para trás , dos sons plosivos posteriores /k/ e /g/, em
sílabas repetidas vezes
° Objetivos
Aproximação mediana das estruturas em nível glótico e/ou supraglótico
° Aplicações
Fenda fusiformes de natureza orgânica, Fendas irregulares por retração
cicatricial e Pós-laringectomias parciais

CUIDADOS: verificar limitação na movimentação músculo-esquelética,


articulares e do labirinto. Nos casos de exercícios prolongadas em uma só
posição, fazer compensação muscular do outro lado, sem sonorização.
Substituir por vogais se houver solicitação não desejada da supraglote.

CABEÇA PARA BAIXO


° Procedimento
Emissão com a cabeça inclinada em direção ao peito, associada a sons nasais,
sustentados ou em sílabas.
° Objetivos
Suavizar a emissão, Eliminar a interferência das pregas vestibulares e Elevar
o foco de ressonância
° Aplicações
Fonação vestibular e Disfonia por tensão muscular

CUIDADOS: verificar limitação na movimentação músculo-esquelética,


articulares e do labirinto. Nos casos de exercícios prolongadas em uma só
posição, fazer compensação muscular do outro lado, sem sonorização.

CABEÇA E TRONCO PARA BAIXO


° Procedimento
Dobrar o tronco (de pé ou sentado), emitir o som facilitador selecionado
enquanto se sobe o tronco paulatinamente.
° Objetivos

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Vibrar a mucosa a favor da força da gravidade, Dissipar energia no trato vocal
e Afastar pregas vestibulares

° Aplicações
Ressonância laringo-faríngea, Edema de Reinke, Disfonia por pregas
vestibulares e Voz profissional

CUIDADOS: verificar limitação na movimentação músculo-esquelética,


articulares e do labirinto. Nos casos de exercícios prolongadas em uma só
posição, fazer compensação muscular do outro lado, sem sonorização.
Cuidar para o paciente não perder o equilíbrio.

2.4. TÉC. DE MASSAGEM NA CINTURA ESCAPULAR

° Procedimento
Movimentos de toque, pressionamento, estiramento e massagem na musculatura
cervical, costas e ombros.
Utilizar MASSAGEADORES elétricos, calor úmido ou bolsas térmicas nas
regiões mencionadas.

° Objetivos
Reduzir hipercontração da musculatura da cintura escapular

° Aplicações
Disfonias por tensão muscular, FTMP e Hipertonicidade secundária a quadro
orgânico de base

CUIDADOS: Não usar essa abordagem quando paciente rejeita toque ou se


sente desconfortável. Indivíduo tenso que não refere dor é pior daquele
sente muita dor na massagem, pois irá piorar no começo da terapia.

2.5. TÉC. DE MANIPULAÇÃO DIGITAL DA LARINGE

° Procedimento
- Massagem na musculatura peri-laríngea com movimentos digitais
descendentes.
- Pequenos deslocamentos laterais do esqueleto laríngeo
- Movimentos circulares na membrana tireo-hióidea

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° Objetivos
Reduzir hipertonicidade laríngea, Abaixar levemente a freqüência fundamental
e Reduzir sensação de “bolo” na laringe

° Aplicações
Disfonia por tensão muscular, Muda vocal incompleta ,Falsete mutacional ou de
conversão, Sulco vocal e Disfonias tensionais secundários a pós-operatórios
com rigidez de mucosa.

CUIDADOS: Não usar essa abordagem quando o paciente demonstra


rejeição ao toque na região da laringe, podendo-se substituir por
massagem na nuca e ombros.

2.6. TÉC. DE MASSAGEADOR ASSOCIADO À SONORIZAÇÃO GLÓTICA

° Procedimento
Acoplar o massageador sobre a quilha da cartilagem tireóidea e produzir um
som nasal ou uma vogal prolongada de baixa intensidade por exemplo:
“mmmmmm”

° Objetivos
Suavizar emissão, Relaxar musculatura laríngea e Reduzir fenda triangular
médio-posterior

° Aplicações
Disfonia por tensão muscular, Rigidez de mucosa, Auxiliar na produção do som
basal, Falsete mutacional ou de conversão e Muda vocal incompleta

CUIDADOS: Não usar essa abordagem quando paciente se sente


desconfortável com o massageador podendo-se passar para manipulação
digital.

2.7. TÉC. DE MOVIMENTOS CERVICAIS

° Procedimento
Emissão com movimentação de pescoço associados à emissão de vogais ou sons
de apoio “sim”, “não” e “talvez”

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Movimentações lentas
Podem ser realizados no chuveiro, pois o calor auxilia no relaxamento e a
reflexão dos azulejos melhore a ressonância e aumenta o monitoramento da QV
° Objetivos
Redução da tensão da musculatura da cintura escapular e pescoço
° Aplicações
Disfonias por tensão muscular, Nódulos, Disfonias hipercinéticas, Remoção de
compensações negativas nas paralisias laríngeas e Voz profissional

CUIDADOS: verificar de há limitações nas movimentações ou dores no


ombro

2.8. TÉC. DE ROTAÇÃO DE OMBROS


° Procedimento
Emissão com rotação de ombros no sentido horário, de frente para trás.
bilateralmente ou alternadamente.
° Objetivos
Redução da tensão da musculatura da cintura escapular e pescoço
° Aplicações
Disfonia por tensão muscular, Nódulos vocais, Remoção de compensações
negativas nas paralisias laríngeas e Voz profissional

CUIDADOS: Verificar se há limitações na movimentações ou dores nos


ombros

3. MÉTODO DE ÓRGÃOS FONOARTICULATÓRIOS

O tratamento da voz é realizado por meio de técnicas de manipulação dos OFA


participantes na produção vocal O método permite aproveitar uma série de
procedimentos usuais da área de motricidade oral como exercícios de lábios,
língua, bochechas, mandíbula e musculatura faríngea associados a emissões de
diversos sons facilitadores selecionados conforme o objetivo pretendido.

- Técnica de deslocamento lingual


- Técnica de rotação de língua no vestíbulo
- Técnica de estalo de língua associado a som nasal
- Técnica do bocejo-suspiro

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- Técnica mastigatória
- Técnica de abertura de boca

3.1. TÉCNICA DE DESLOCAMENTO LINGUAL

° Procedimento
Posterioração, anteriorização e exteriorização da língua para fora da boca
° Objetivos
Uniformizar a área circular longitudinal do trato vocal
Posteriorização: maior aproveitamento da cavidade oral
Anteriorização: liberação da faringe
Exteriorização: abertura do adito da laringe e sua elevação
° Aplicações
Posteriorização: fonação delgada, voz infantilizada e alterações de ressonância
Anteriorização: ressonância posteriorizada
Exteriorização: disfonias hipercinéticas com constrição mediana ou vibração
de pregas vestibulares

CUIDADOS: reflexo nauseoso – substituir por outro exercício,


constrangimento do paciente e disfunção de ATM.

3.2. TÉCNICA DE ROTAÇÃO DE LÍNGUA NO VESTÍBULO BUCAL

° Procedimento
Emissão com rotação da língua no vestíbulo bucal, lentamente, com os lábios
unidos, duas vezes em cada sentido, aumentando o número de rotações a cada
série, até 10 delas.
Associar ao som nasal “MMM”, prolongado, juntar saliva e degluti-la
Inspirar profundamente e emitir vogais bocejadas
° Objetivos
Reduzir as constrições do trato vocal, Reposicionar língua e laringe e Ampliar
da faringe
° Aplicações
Reorganização muscular fono-articulatória, Redução de tensão laringofaríngea,
Voz com emissão faríngea ou ressonância posterior

CUIDADOS: sensações musculares dolorosas na língua ou região posterior.


Manter ritmo respiratório durante exercício para aliviar sensação de dor.

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Não usar com pacientes com afta ou aparelho ortodôntico.

3.3. TÉCNICA DE ESTALO DE LÍNGUA ASSOCIADO AO SOM NASAL

° Procedimento
Estalar ponta de língua de modo constante e repetido, com emissão do som
nasal “m”
° Objetivos
Relaxar a musculatura supra-hióidea, Reequilibro fonatório, Sintonia
fontefiltro,
Auxilia a anteriorizar a ressonância e Movimentação vertical da laringe
° Aplicações
Travamento articulatório, Foco ressonantal baixo ou posterior e Disfonia por
tensão muscular

CUIDADOS: Verificar tensão excessiva na produção dos dois sons.

3.4. TÉCNICA DO BOCEJO-SUSPIRO

° Procedimento
Inspirar profundamente e imitar um bocejo, com língua baixa e anteriorizada,
Sonorizar com vogal aberta
Aproveitar os bocejos naturais
° Objetivos
Redução de ataques vocais bruscos, Ampliação do trato vocal e faringe
Abaixamento da laringe, Projeção vocal, Sintonia fonte-filtro de ressonância e
Ajuste motor + equilibrado das estruturas do aparelho fonador
° Aplicações
Travamento articulatório, Disfonias com foco ressonantal faríngeo ou
laringofaríngeo,
Nódulos vocais, Disfonia por tensão muscular, Fonação vestibular
Hipercinesia laríngea, Para aquisição da voz esofágica, Preparatório de outras
técnicas-som basal e Desaquecimento vocal na voz profissional

CUIDADOS : Limitações na abertura de boca, Dar instruções detalhadas


para que o paciente não oclua a saída do som, substituir por som nasal em
caso de constrangimento.
3.5. TÉCNICA MASTIGATÓRIA

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° Procedimento
Mastigar ativamente, com boca aberta e movimentos amplos de lábios,
mandíbula, dinâmica e variável
Emitir grande variedade de sons, evitando som monótono
° Objetivos
Técnica universal, Equilíbrio da qualidade vocal, Redução de constrições
inadequadas, Aquecimento vocal e Aumento da resistência vocal
° Aplicações
Disfonias por tensão muscular, Foco ressonantal baixo, Redução de
constrições inadequadas, Aquecimento vocal, Aumento de resistência vocal,
Melhorar coordenação fono-deglutitória, Melhorar padrão articulatória e
Favorecer projeção vocal

CUIDADOS: Limitações de abertura de boca. Substituir por outra técnica


em caso de constrangimento do paciente.

3.6. TÉCNICA DE ABERTURA DE BOCA

° Procedimento
Emissão de sons da fala isolados, em seqüências automáticas ou leitura de
texto com maior abertura de boca possível
° Objetivos
Reduzir constrição do trato vocal, Ampliar cavidades de ressonância e
Melhorar articulação.
° Aplicações
Disfonia com travamento articulatório, Baixa resistência vocal, Projeção e
volumes vocais, Redução de atrito entre as ppvv e Voz profissional.

CUIDADOS: alterações de ATM (encaminhar o paciente a um especialista)

4. MÉTODO AUDITIVO

O tratamento da voz é baseado na transformação da audição da própria voz e


seu conseqüente impacto na qualidade vocal. O método auditivo pressupõe
limiares auditivos dentro na normalidade ou perdas discretas a moderadas,
requer a utilização de recursos tecnológicos, como gravador de som, sistema
de amplificação, reprodução, mascaramento, monitoramento e metrônomo.

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Podem ser utilizados aparelhos específicos como Facilitator (da Kay elems.) ou
programas computadorizados como FONO TOOLS da CTS informática
(www.ctsinformatica.com.br)

- Técnica de repetição auditiva


- Técnica de amplificação sonora
- Técnica de mascaramento auditivo
- Técnica de monitoramento auditivo retardado
- Técnica de marca-passo vocal

4.1. TÉCNICA DE REPETIÇÃO AUDITIVA – LOOP

° Procedimento
- Retorno contínuo e repetido de trecho de fala gravado
° Objetivos
- Conscientização vocal, Desenvolvimento de atenção auditiva, Desenvolvimento
de propriocepção e Evidenciar parâmetros específicos - ataque
° Aplicações
- Disfonias funcionais, voz profissional, quadros de tensão muscular e
fonotrauma

CUIDADOS: alguns pacientes se incomodam com a própria voz.

4.2. TÉCNICA DE AMPLIFICAÇÃO SONORA

° Procedimento
- Inserção de ganho auditivo, sendo 26 dB de ganho máximo, ajustável
gradativamente. Pode ser usado via fone gravador ou computador (Fonotools,
cts informática)
° Objetivos
- Reduzir a tensão fonatória, desenvolver o monitoramento auditivo e melhorar
a conscientização vocal
° Aplicações
- Disfonia por tensão muscular, voz profissional e disfonias por técnica ou
modelo inadequado

CUIDADOS: Amplificação excessiva pode incomodar


4.3. TÉCNICA DE MASCARAMENTO AUDITIVO

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° Procedimento
- Produção de ruído de faixa larga 100 a 8000 Hz
- Ruído na faixa de fala: - que branco ou pink noise
A fala é mascarada com 100 dB ou mais
° Objetivos
- Efeito Lombard, supressão do monitoramento auditivo sobre a voz e
aumento do monitoramento proprioceptivo
° Aplicações
- Diagnóstico: psicogênica X neurológicas, disfonias e afonias de conversão,
disfonias hipocinéticas e controle de competição sonora

CUIDADOS: Uso prolongado pode causar fadiga, intensidade excessiva


pode incomodar – zumbido e atenção com a possibilidade de recrutamento.

4.4. Técnica de monitoramento auditivo retardado – MAR

° Procedimento
- Introdução de atraso de 0,01 a 0,500 milisegundos
Recepção de fala fica defasada em frações de segundos, como nos problemas
de telefonia
Indivíduos normais: prolongamento e fala arrastada, como que intoxicada ou
neurológica.
° Objetivos
- Efeito Lee, Romper a habilidade de controle da própria voz, Fonação
constante e menos tensa, aumento de monitoramento proprioceptivo e redução
da velocidade de fala.
° Aplicações
- Diagnóstico diferencial psicogênica X neurológicas, aumento do
monitoramento propriceptivo, vozes profissionais, disfluências: melhor
organização da fala, parkinsonismo: maior regularidade da fala e disfonias
psicogênicas: regularização da emissão.

CUIDADOS: Nos casos psicogênicos gravar para o P ouvir e no


aperfeiçoamento vocal verificar tensão desnecessária.

4.5. TÉCNICA DE MARCA-PASSO VOCAL


° Procedimento

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Introdução de ritmo guia
° Objetivos
Modificar o ritmo da emissão oral; regularizar e controlar o ritmo da fala
° Aplicações
Disartrofonias em geral, ataxia cerebelar, voz profissional e transtornos de
fluência da fala

CUIDADOS: alguns pacientes ficam com a emissão truncada ou escandida –


usar voz salmodiada e alguns pacientes ficam com ataque brusco – usar
sons nasais ou fricativos

5. MÉTODO DE FALA

O tratamento da voz é baseado na modificação da produção da fala para


facilitar a produção da fala.

- Indicado principalmente para indivíduos que usam a voz profissionalmente,


pois há um aumento da resistência vocal

- Técnica de voz salmodiada


- Técnica de monitoramento por múltiplas vias
- Técnica de modulação de freqüência e intensidade de fala
- Técnica de leitura somente de vogais
- Técnica de fala mastigada
- Técnica de sobrearticulação

5.1. TÉCNICA DE VOZ SALMODIADA

° Procedimento
Produzir uma seqüência de fala automática com emissão repetida em padrão de
intensidade e freqüência, com queda de um tom na freqüência no final da
emissão. Podem ser usados provérbios , dias da semana e meses
Emissão semelhante às cantilenas de salmos religiosos.
° Objetivos
Redução do esforço global; Redução de ataque brusco; Aumento da resistência
vocal e quebra do padrão habitual de voz e fala.

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° Aplicações
Disfonia por tensão muscular; nódulos vocais; aquecimento vocal e
aperfeiçoamento vocal e de fala.

CUIDADOS: Substituir por som nasal, ou leitura somente de vogais se o


paciente não se sentir à vontade.

5.2. TÉCNICA DE MONITORAMENTO POR MÚLTIPLAS VIAS

° Procedimento para monitoramanto auditivo


- Oclusão digital de uma ou ambas as orelhas para aumento da via óssea
- Mãos em concha sobre as orelhas / atrás das orelhas
- Emissão vocal próxima a anteparos que ofereçam retorno
- Uso de fones de ouvido acoplados a gravador de som, para retorno da voz
amplificada
- Retorno monoaural com tubo da boca ao conduto auditivo
- Estetoscópio na lâmina da Cart. Tireóidea
- Gravação da voz e playback via fones de ouvido
° Procedimento para monitoramento visual
- Observar a emissão em frente a um espelho, monitorar a própria voz
através da reação dos interlocutores, monitorar a emissão em qualquer sistema
de controle, por exemplo, o V.U. meter dos gravadores.
° Procedimento para monitoramento tátil-proprioceptivo
- Identificação de sensações e sintomas proprioceptivos indicativos ou
sugestivos de uma emissão incorreta, tais como: aperto, pigarro, ardor, secura,
bolo na garganta, coceira, sensação de garganta raspando, etc.
- Emissão com as mãos posicionadas sobre a cabeça, testa, face e cavidades
de ressonância, incluindo asas do nariz, pescoço e peito, durante diferentes
tarefas fonatórias.

° Objetivos
- Formação de um esquema corporal vocal
- Conscientização da emissão correta e incorreta da voz
° Aplicações
Vozes profissionais
Disfonias por técnica vocal deficiente
Uso da voz em ambientes pouco propícios

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Cuidados: Se uma via é muito pobre, insistir em seu desenvolvimento.

5.3. TÉCNICA DE MODULAÇÃO DE FREQÜÊNCIA E INTENSIDADE DE


FALA

° Procedimento
Exercícios com frases especiais para modulação
Leitura de prosa e verso com entonação marcada
Conversação espontânea com foco na intenção do discurso
° Objetivos
Técnica universal
Suavizar a emissão
Reduzir QV monótona
Controle consciente das alterações na extensão vocal e dinâmica vocal
Aumentar resistência vocal
° Aplicações
Disfonias por tensão muscular
Paralisia unilateral de prega vocal - nervo recorrente
Voz profissional
Aperfeiçoamento vocal

Cuidados: Dificuldades em perceber variações de freqüência, utilizar


instrumentos musicais; Observar modulações limitadas, excessivas ou
artificiais; nas paralisias, reduzir fluxo translaríngeo durante a realização
do exercício; utilizar o programa speech pitch ou fono view

5.4. TÉCNICA DE LEITURA SOMENTE DE VOGAIS

° Procedimento
Eliminar as consoantes e ler apenas as vogais de um texto, de forma encadeada
e modulada
° Objetivos
Controle da fonte glótica
Redução das constrições no trato vocal
Melhora do padrão articulatório
Estabilização da qualidade vocal
Conscientização vocal
° Aplicações

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Travamento articulatório
Falta de volume e projeção
Vozes profissionais

Cuidados: Observar emissão truncada e escandida, usar inicialmente


pequenas frases moduladas e conhecidas.

5.5. TÉCNICA DE SOBREARTICULAÇÃO

° Procedimento
- Emissão com movimentação fonoarticulatória exagerada, com ampla excursão
muscular e grande abertura de boca.
° Objetivos
- Redução da hipertonicidade laríngea
- Maior volume e projeção vocal
- Aumento da precisão articulatória
° Aplicações

Vozes profissionais
Disfonias neurológicas (Ex.: Parkinson)
Hipernasalidade
Disfonia por fissura lábio-palatina

Cuidados: Não privilegiar apenas abertura vertical, mas também a


movimentação horizontal dos lábios; verificar movimento excessivo da
musculatura do pescoço e da testa; com rolha, controlar a saliva e deglutir
sem tirar a rolha

5.6.TÉCNICA DE FALA MASTIGADA

° Procedimento
Como na técnica mastigatória, associada à contagem de números , sequencias
automáticas ou leitura de texto. Inicia-se mastigando de maneira evidente e
exagerada, depois reduz-se os movimentos e, finalmente apenas pensando
nesse ato.
° Objetivos
Redução da hipertonicidade excessiva
Aumento da dinâmica fonoarticulatória

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Melhor equilíbrio ressonatal
° Aplicações
Situações de grande exigência vocal
Profissionais da voz falada e cantada
Aumento de resistência vocal
Disfonia por deficiência auditiva
Disfonia por fissura lábio-palatina

Cuidados: Sensações doloridas devido disfunção de ATM – não utilizar essa


técnica.

6. MÉTODO DE COMPETÊNCIA GLÓTICA

O tratamento da voz é baseado em diversos ajustes musculares laríngeos para


favorecer uma coaptação glótica adequada e suficiente

- Téc. de fonação inspiratória


- Téc. de sussurro
- Téc. de ataque vocal
- Téc. de escalas musicais
- Téc. de esforço (empuxo)
- Téc. do B prolongado
- Téc. de deglutição incompleta sonorizada
- Téc. de sopro e som agudo
- Seqüência de arrancamento
- Téc. de firmeza glótica
- Téc. do sniff
- Seqüência de constrição labial

6.1. TÉC. DE FONAÇÃO INSPIRATÓRIA

° Procedimento
Esvaziar os pulmões e inspirar enquanto se emite a vogal “i” prolongada,
seguida por vogal relaxada: “ihhhh” inspiratório (oral ou nasal) 􀃆 “ah”
relaxado
° Objetivos
Aproximação das pregas vocais

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Afastamento das pregas vestibulares
Estimulação de onda mucosa
° Aplicações
Fendas por paralisias e paresias das PPVV
Fonação com pregas vestibulares
Fonação ariepiglótica
Remoção de disfonia psicogênica
Alterações da muda vocal
FTMP
Auxílio no diagnóstico de lesões de massa durante exame

CUIDADOS: Na impossibilidade, usar gesto motor correspondente; deglutir


antes da fonação inspiratória, para evitar a aspiração de saliva.

6.2. TÉC. DE SUSSURRO

° Procedimento
Emissão de seqüências articulatórias, seqüências automáticas e leitura de
texto em voz sussurrada, sem esforço.
° Objetivos
Coaptação anterior das PPVV
Reforço da ação do músculo TA
Aumento da resistência vocal
° Aplicações
Fechamento de fendas anteriores
Fendas fusiformes
Arqueamento de PPVV
Granulomas e lesões de comissura posterior
Cuidados: verificar configuração glótica e possibilidade de hiperventilação.

6.3.A. TÉC. DE CONTROLE DE ATAQUES VOCAIS – ATAQUES VOCAIS


BRUSCOS

° Procedimento
Emissão de vogais iniciadas com golpe de glote.
° Objetivos
Fechamento forçado da glote
° Aplicações

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Disfonias hipocinéticas
Parkinson
Paralisia de prega vocal

CUIDADOS: Verificar envolvimento das estruturas supraglóticas.

6.3.B. TÉC. DE CONTROLE DE ATAQUES VOCAIS – ATAQUES VOCAIS


ASPIRADOS

° Procedimento
Emissão de vogais iniciadas por ataque aspirado
° Objetivos
Abertura forçada da glote
Suavização da emissão
° Aplicações
Disfonias hipercinéticas
Uso constante de ataque vocal brusco
QV tensa
Treinamento de controle de ataque vocal para voz profissional

Cuidados: hiperventilação e controlar a possibilidade de excesso de tensão


para bloquear a sonorização glótica.

6.4. Técnicas de emissão em TMF

° Procedimento
Emissão de vogais sustentadas em TMF com abertura de boca exagerada , sem
esforço muscular excessivo, controlando-se a qualidade vocal.
° Objetivos
Aumentar resistência glótica
Melhorar estabilidade fonatória
Adequar coaptação glótica
° Aplicações
Hipotonia laríngea
Fendas fusiformes
Parkinson
Projeção vocal
Estabilização de QV

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Voz profissional
Aperfeiçoamento vocal

Cuidados: Controlar a qualidade de emissão e verificar se o aumento do


TMF não é realizado à custas de tensão excessiva ou envolvimento de
estruturas supraglóticas.

6.5. TÉCNICAS DE MESSA DI VOCE

° Procedimento
Emissão de um som mantendo-se a freqüência, qualidade e ressonância,
variando-se a intensidade, de pianíssimo para fortíssimo, então, retornando-se
ao pianíssimo.
° Objetivos
Controle da aproximação das PPVV e sua compressão mediana
Controle da pressão subglótica
Ajuste do suporte respiratório de acordo com a mudança de intensidade
° Aplicações
Pequenas fendas, do tipo fusiforme e paralela
Paresia e paralisia de prega vocal
Fadiga vocal
Vozes profissionais
Aperfeiçoamento vocal
Controle de frequencia e intensidade
Hipofonia, como doença de Parkinson
Monointensidade

Cuidados: Embora o objetivo não seja afinação, procurar ajudar o paciente


a parear os tons oferecidos pelo clínico; Utilizar monitoramento visual,
como speech pitch ou FONO TOOLS

6.6. TÉC. DE ESCALAS MUSICAIS

° Procedimento
Emissão vocal em escalas, glissandos ascendentes e descendentes, vocalizes
associada aos sons facilitadores.
° Objetivos
Alongamento e encurtamento das PPVV

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° Aplicações
Fendas fusiformes
Fendas triangulares em toda extensão
Disfonias hipocinéticas
Paralisias
Edema de Reinke
Voz profissional
Voz de qualidade monótona

Cuidados: Embora o objetivo não seja afinação, procurar ajudar o paciente


a parear os tons produzidos; iniciar em freqüências médias, evitando o
esforço e utilizar instrumentos musicais para facilitar a execução.

6.7. TÉC. DE ESFORÇO (EMPUXO)


° Procedimento
Emissão de sílabas plosivas associada à execução de socos no ar
Emissão sonora acompanhada do ato de empurrar ou levantar pesos
Emissão de vogais sustentadas com mãos em gancho

° Efeitos esperado
Aproximação das estruturas laríngeas
Socos no ar: > aproximação de pregas vestibulares e deslocamento vertical de
laringe
Mãos em gancho: adução firme de pregas vocais em linha média
Melhorar o esfincter laríngeo.
° Aplicações
Paralisia unilateral de prega vocal
Disfonias hipocinéticas
Grandes fendas glóticas
Pós-laringectomias parciais
Paralisias de véu
Hipernasalidade
Falsete
Distúrbios de muda
Disfagias discretas

CUIDADOS - socos no ar: não pressionar excessivamente a laringe;


monitorar dosagem dessa técnica; evitar tal técnica quando há fechamento

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glótico posterior -pode provocar úlcera ou granuloma e substituir plosivos
por vogais para suavizar.

6.8. TÉC. DE DEGLUTIÇÃO INCOMPLETA SONORIZADA

° Procedimento
Emissão de seqüências de sons sonoros, como “bam” ou “bem”, etc., no topo de
uma deglutição, ou seja, antes de deglutir.
° Objetivos
Sonorização com maior fechamento laríngeo e redução de grandes fendas
glóticas
° Aplicações
Paralisia uni ou bilateral de prega vocal
Falsete mutacional ou de conversão
Laringectomias parciais
Grandes fendas glóticas
Cuidados: Verificar a correta compreensão da técnica – evitar engasgos.

6.9. TÉC. DE FIRMEZA GLÓTICA

° Procedimento básico
Ocluir quase totalmente a boca com a palma da mão sobre os lábios
entreabertos, enquanto se produz uma emissão indiferenciada (semelhante à
produção grave de um “u” ou “v”), mantendo a língua relaxada e em posição
baixa na boca, repetindo a emissão por pelo menos cinco vezes.
° Objetivos
- Favorecer os ajustes da musculatura laríngea
- Expandir o trato vocal
- Melhorar a coaptação glótica (menos ruído e mais harmônicos)
- Reduzir a interferência supraglótica
- Estimular a ressonância
- Proporcionar melhor coordenação pneumofônica
- Aumentar oralidade – mobilizar véu palatino
° Aplicações
- Fonação vestibular ou envolvimento supraglótico
- Pós-operatório de lesões laríngeas, com presença de fenda glótica
- Fendas glóticas em geral
- Aperfeiçoamento vocal

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- Vozes de qualidade destimbrada

Cuidados: Pressão excessiva de bochechas infladas; esforço fonatório


sintomático – tosse, pigarro e QV produzida não envolve estruturas
supraglóticas.

6.10. TÉC. DO “B” PROLONGADO

° Procedimento
Prolongamento da oclusão vocal da consoante “b” seguida da emissão da vogal
”a”, átona e nasal, na sílaba “bã”, repetida várias vezes.
° Objetivos
Relaxar e abaixar a laringe
Aumentar ressonância
Coaptação glótica: fechamento de fendas triangulares
Diminuir compressão mediana das PPVV
Aumentar TMF
Reduzir impacto entre PPVV
Aumentar onda de mucosa
° Aplicações
Disfonia por tensão muscular
Falsete mutacional, de conversão ou paralítico
Fendas diversas
Uso excessivo de voz
Muda vocal incompleta ou prolongada

Cuidados: Força excessiva com pressão intra-oral e não inflar as


bochechas.

6.11. TÉC. DO SNIFF

° Procedimento básico
- Aspirar rapidamente o ar, pelo nariz, em inspirações curtas e repetidas
° Objetivos
- Afastar as pregas vestibulares da linha média
-Favorecer a coaptação adequada das pregas vocais
° Aplicações principais
- Disfonia vestibular

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- Interferência supraglótica mediana
- Paralisia laríngea uni ou bilateral em adução com interferência supraglótica

Cuidados: Não usar em processos inflamatórios

6.12. TÉC. DE SOPRO E SOM AGUDO

° Procedimento
- Iniciar soprando o ar em fluxo contínuo na palma da mão, acrescentar uma
emissão aguda ou hiperaguda
- Grande fluxo de ar
- Lábios no gesto do sopro
° Objetivos
Afastar pregas vestibulares
Favorecer coaptação das PPVV
Equilíbrio muscular laríngeo
Desativar isometria laríngea
° Aplicações principais
Disfonias vestibulares
Interferência supraglótica mediana
Voz profissional

Cuidados: Ocorrência de freqüência dicrótica e favorecer a estabilização


da emissão

6.13. SEQÜÊNCIA DE CONSTRIÇÃO LABIAL

° Procedimento básico
- Iniciar com sopro, passando para emissões com sons prolongados, como a
fricativa anterior “v” ou a vogal “u” . Estreitamento do fluxo de ar pelos
lábios protruídos; misturar o fluxo de ar com som; diferentes sons; reduzir
fluxo de ar e aumentar o som emitido; freqüências próximas de si; extensão de
freqüência da fala. Diferentes graus de intensidade; emissão de vogais
isoladas; sílabas sonoras; seqüência silábica sonora;
° Objetivos
. Transferir o local de constrição da laringe para os lábios, favorecendo um
ajuste mais equilibrado
. Redução da compressão glótica e da constrição supraglótica

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. Liberação dos movimentos das pregas vestibulares
. Coordenação pneumofônica
° Aplicações principais
- Fonação vestibular
- Disfonia por tensão muscular com constrição supraglótica associada

Cuidados: Passar para etapas superiores apenas quando houver domínio


total da etapa precedente.

6.14.SEQÜÊNCIA DE ARRANCAMENTO

°Procedimento básico
Inspiração oral, profunda e inferior
Corpo quase debruçado sobre um móvel
Fechamento laríngeo forçado
Tosse com e sem vogais
Alternância de “p” e “k”, com alta pressão
Gargarejo forte, alto
Comentários: 2 a 3 sessões/semana + em casa
Média de 10 sessões, sendo no máximo 16 sessões
Expulsão pode ocorrer em 2 sessões
Cicatrização espontânea
Sem recorrência
° Objetivos
Eliminar a lesão granulomatosa através de microtraumatismos em sua base
° Aplicações principais
Arrancamento de granuloma

CUIDADOS: Orientação respiratória é essencial; riscos potenciais de


hemorragia; Se usar em casos comportamentais seguir com terapia
tradicional.

7. MÉTODO DE ATIVAÇÃO VOCAL

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O tratamento da voz é baseado em técnicas variadas para eliciar a sonorização
necessária para uma produção vocal glótica ou vicariante.

- Técnica de sons disparadores (emissões das categorias de sons facilitadores e de


competência glótica)
- Técnica de manobras musculares (compressão mediana, antero-posterior e
deslocamento vertical)
- Técnica de aquisição de voz esofágica ( deglutição, aspiração e injeção de ar)

7.1. TÉCNICA DE SONS DISPARADORES

° Procedimento
- Repetir sons curtos ou pigarrear,tossir,bocejar...
- Com ativação glótica
- Modelo do terapeuta
- Com ou sem manipulação muscular
° Objetivos
- Ativar vibração das ppvv
- Ativar participação da supraglote
- Coaptação das ppvv
- Coaptação da supraglote (quando indicado)
- Afastar interferência negativa supraglótica
° Aplicações principais
- Disfonia psicogênica
- Pós-operatório laringectomias parciais – fonte glótica ou supraglótica

CUIDADOS: Palavras com significado podem reverter processo de


sonorização

7.2. TÉCNICA DE MANOBRAS MUSCULARES

° Procedimento – 3 manobras básicas


1. Aproximação mediana das alas da cartilagem tireóide
2. Pressionamento anterior da laringe
3. Pressionamento vertical da laringe – deslocamento para baixo.
° Objetivos
1. Ativar vibração das ppvv por aproximação das alas da cartilagem Tireóidea
1. Ativar aproximação das estruturas supraglóticas por aproximação das alas
da Cartilagem tireóidea

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2. Reduzir tensão vocal ou freqüência fundamental aguda por encurtamento da
distância AP
3. Deslocar freqüência da voz para regiões mais graves por abaixamento da
laringe
° Aplicações principais
1 = Disfonia psicogênica
1+3 = Muda vocal
1+2 = pós-operatório
1 = paralisia de PV
1+2+3= sulco vocal

CUIDADOS: Desconforto ou constrangimento,posicionar-se atrás do paciente,


paciente sentado em frente ao espelho, pressão utilizada, suspender a técnica
quando a emissão for efetiva sem o procedimento.

7.3. TÉCNICA DE AQUISIÇÃO DE VOZ ESOFÁGICA


° Procedimentos
- Seqüência de deglutição
- Seqüência de aspiração de ar
- Seqüência de injeção de ar

ETAPAS DA SEQUENCIA DE DEGLUTIÇÃO


1. Abrir a boca
2. Abocanhar o ar
3. Selar fortemente os lábios
4. Pressionar a língua contra o palato
5. Impulsionar o ar para o esôfago
6. Expulsar o ar
7. Sobrearticular os sons

ETAPAS DA SEQUENCIA DE ASPIRAÇÃO


1. Abrir a boca – como um bocejo
2. Puxar o ar para o esofago – aspirar
3. Expulsar o ar
4. Sobrearticular os sons

Obs.: Pode ser feito via nasal - é mais difícil

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ETAPAS DA SEQUENCIA DE INJEÇÃO

-Manobra glossofaringea
1. Abrir a boca.
2. Iniciar o movimento firme da língua
3. Bombear o ar par o esofago – injetar
4. Expulsar o ar
5. Sobrearticular os sons

-Manobra consonatal
1. Abrir a boca
2. Plosão máxima nas plosivas
3. Direcionar o ar para o esôfago-injetar
4. Expulsar o ar
5. Sobrearticular os sons

° Objetivo
Ativar vibração do esôfago de modo voluntário
° Aplicação
Pós-laringectomia total por câncer de laringe
Pós-cirurgias por estenose laríngea ou traumatismos
Em qualquer impedimento anátomo-funcional da laringe ser fonte sonora

CUIDADOS

Orientar no caso de fracasso na aquisição da voz sobre outros recursos


cirúrgicos e protéticos para auxiliar a reabilitação da comunicação
Reconhecer vícios: clics bucais, cluncs de deglutição, ruído do estoma e
voz faríngea, desativando-os rapidamente.

Referências:

BEHLAU, M. ; PONTES, P. Avaliação e tratamento das disfonias


São Paulo: LOVISE, 1995
BEHLAU,M. (org.) O livro do especialista Vol. II Rio de Janeiro:
Ed. Revinter, 2004.

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BEHLAU, M.; RODRIGUES, S.; ZEVEDO, R.; GONÇALVES, M.I.;
PONTES,P. Avaliação e Terapia de voz In: LOPES,O. (org.)
TRATADO DE FONOAUDIOLOGIA São Paulo: Roca, 1997
BEHLAU, M. Técnicas vocais In: BEFI-LOPES,D.; LIMONGI,S.;
FERREIRA, L. Tratado de Fonoaudiologia. São Paulo: Roca, 2005

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