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Edição Especial | 2022

NUSM NEWS
Uma publicação do Núcleo Umbandista Sultão das Matas

A pandemia e as transformações do mundo

A pandemia de Covid-19, que assola o mundo todo desde meados de 2020, impôs um novo ritmo à sociedade ao atingir, de forma agressiva e dolorosa,
pessoas das mais variadas raças, culturas, etnias e classes sociais em todo o planeta. Sem avisar ou pedir licença, o coronavírus entrou em nossos lares,
atingindo a nós e aos nossos com força total. Sem defesa, fomos pegos de surpresa e, por um longo período, tivemos apenas fé e orações como forma de
enfrentar esse inimigo invisível.

Foram dois longos anos entre o surgimento da Covid-19 no Brasil, com hospitais lotados, comércio fechado, isolamento social, medo, dor, tristeza, novas
variantes, muitos adeus à distância, e o momento que vivemos hoje - ainda de incertezas e muita esperança.

Com o empenho da medicina e a colaboração entre nações, tratamentos e vacinas foram surgindo, sem ainda uma resposta definitiva para o combate
desta, que já é considerada a doença do século. Todo avanço, ainda que parcial, é bem-vindo na luta contra a pandemia. Assim, cada nova dose da
vacina, cada leito de UTI liberado e cada paciente recuperado devem ser vistos como vitórias sem, no entanto, nos esquecermos da importância de seguir
os protocolos de biossegurança necessários.

Mas não foi apenas no setor de saúde que a pandemia gerou transformações. O mundo, como o conhecemos, mudou e essa mudança reflete também na
sociedade.

O isolamento social nos fez perceber a importância da liberdade e o valor da família -seja ela de sangue, de fé ou do coração. O comportamento em
público precisou ser revisto e atitudes que antes eram consideradas normais, passaram a colocar em risco o bem-estar geral, sendo recriminadas. O uso
de máscara e álcool em gel para higienização de mãos e objetos de uso cotidiano viraram norma, independentemente de serem ou não exigidos pelas
autoridades -o altruísmo e a preocupação com os demais guiaram essa regra.

Nos demos conta de quão pequenos somos!

Um simples vírus (invisível) nos fez chorar de medo, nos obrigou a ficar dentro de casa 24X7, abandonar o trabalho, o lazer, os amigos. Nos levou a
prontos-socorros lotados -de onde muitas vezes não saímos com vida-, nos fez olhar com recriminação para quem tossisse (mesmo que por reação
instantânea a algum perfume mais forte) ao nosso lado, nos fez temer vizinhos, amigos, familiares... nos fez temer por vizinhos, por amigos e por familiares.

Edição Especial | 2022

Muitos perderam seus empregos e, com isso, a capacidade de sustentar suas famílias. A fome assombrou e assombra milhares ao redor do mundo.
Outros tantos foram obrigados a abandonar seus lares e viver nas ruas. Famílias inteiras convertidas em sem-teto da noite para o dia.

Os que permaneceram em casa, se depararam com a solidão da própria existência e, sozinhos, buscaram alternativas virtuais para não enlouquecer. Nem
todos conseguiram. A depressão fez companhia a jovens, adultos e idosos, que seguem na luta para superá-la.

O virtual ganhou um novo sentido (o metaverso está aí para provar isso) e passou a ocupar lugar de destaque em nossas vidas. Desde chamadas em
vídeo para falar com os avós -até então analfabetos digitais- até reuniões virtuais com 50, 100 pessoas, o online mudou nossa rotina e virou peça-chave
para a existência em sociedade. Nos fez reféns da tecnologia e ampliou ainda mais o comportamento constantemente conectado que já vinha ganhando
força com o crescimento das redes sociais e aplicativos de celular. Nunca estivemos tão sós, mesmo quando cercados por outros, devido ao uso contínuo
de smartphones.

A tecnologia invadiu também o universo profissional. O chamado “home office" veio para ficar e fez com que milhares de pessoas precisassem aprender a
equilibrar o tempo entre trabalho, afazeres domésticos e tempo para si. Isso não foi tarefa fácil e muitos ainda patinam no desequilíbrio de longas horas
dedicadas ao trabalho, negligenciando a si próprios ao esquecer-se de que o corpo e a mente também precisam de tempo para descansar.

No plano espiritual, o cenário é igualmente caótico. Milhares de espíritos desencarnaram ao mesmo tempo, muitos despreparados e sem entender o que
estava acontecendo. Os guias e mentores de luz trabalharam noite e dia para acolher o máximo de almas possível, levando auxílio e acolhimento aos que
fizeram a passagem. Outros tantos ainda estão sendo ajudados e há ainda os que não aceitaram a luz e precisam de especial atenção para evoluir no
plano espiritual.

Muitas pessoas parecem ter se perdido, sem conseguir encontrar seu próprio eu interior. O isolamento afetou a todos (cada uma a sua maneira) e fez com
que muitas máscaras caíssem, mostrando como as pessoas realmente estavam ou eram - frágeis, assustadas, altruístas, egoístas, narcisistas... Tivemos
de tudo!

Algumas pessoas se perderam, enquanto outras aumentaram sua fraternidade e sua vontade de fazer a caridade e ajudar ao próximo. Outras tantas
ficaram descrentes: das coisas, das pessoas, da humanidade, da própria fé. E essa descrença trouxe muitas mudanças e transformações, além de muita
tristeza.

A mistura de sentimentos diante do cenário pegou a todos desprevenidos, sobretudo aqueles que adoeceram ou perderam entes queridos que estavam
se cuidando, ou que pegaram a doença por serem descrentes ou até por terem sido contaminados por aqueles que estavam saindo e trouxeram, sem
saber, o vírus para dentro de casa.

Foi e ainda é um momento delicado!

Se traçarmos hoje um paralelo com o cenário vivido em 2020, podemos ver as coisas melhorando. Graças a Deus a vacina veio para fortalecer os
organismos das pessoas e permitir que passassem por isso de forma menos impactante, sendo tratadas em casa - sem a necessidade de internações ou
enfrentando complicações mais graves.

No que diz respeito à espiritualidade (visto que o social afetou o espiritual), muita gente ficou perdida. Os templos (igrejas, centros, capelas, terreiros etc.)
estavam fechados, impedindo as pessoas de buscar um refúgio para renovar a fé e a confiança.

Por outro lado, não era possível dizer que, por termos fé e usarmos máscaras, estávamos livres de riscos, até porque, ficamos expostos ao vírus quando
saímos para trabalhar, para visitar parentes que precisam de assistência, ao fazer compras para abastecer nossos lares com itens básicos. Ainda assim e,

Expediente: Criação e jornalista responsável: Luana Zanelato (MTB 0059705SP) | Foto: Carolina Lima
acima de tudo, a solidariedade se fez presente neste período difícil e muitas pessoas resolveram ajudar aos outros com mantimentos, roupas e, sobretudo,
com a palavra. Não há nada igual a levar uma palavra de conforto ao próximo quando ele mais precisa.

Hoje, os templos estão novamente com as portas abertas (seguindo protocolos de biossegurança) e ajudam as pessoas a renovarem sua fé e a
entenderem que, além da crença, é preciso ter atitude: cada um deve dar o seu melhor ao ajudar o próximo e, assim, transformar o mundo.

Quando voltamos a receber as pessoas no NUSM, foi nítido o alívio que muitos sentiram por poderem buscar aqui uma palavra, um acalanto e até a
renovação de sua fé. Não que elas precisem de um lugar para fazer isso -Deus está onde as pessoas estão e trabalha sua espiritualidade onde cada
pessoa está-, mas foi muito importante para as pessoas terem essa porta aberta novamente.

As pessoas estão se renovando, se fortalecendo e isso é importante. Mesmo diante das incertezas e das mudanças ainda em curso, é importante
retomarmos as coisas boas, a nossa fé, nosso contato com o Pai Maior, com o sagrado e com toda a espiritualidade.

Da mesma forma, é muito importante renovarmos nossa prática da caridade e entendermos que cada um deve exercer o seu papel na transformação do
mundo. Cada um pode fazer a diferença, basta agir! E a ação não precisa ser grande, o oceano é feito de inúmeras gotas e todas possuem sua
importância, assim, cada gesto, cada ato, cada tentativa faz diferença.

Por aqui seguimos firmes e com amor na prática da caridade... E você, que mudança pode fazer para tornar o mundo um lugar melhor? Que os
ensinamentos da pandemia sirvam de guia para sermos a nossa melhor versão e, assim, transformar o mundo em um lugar mais justo e melhor para
todos. Lembrem-se, juntos podemos mais!

Axé,

Pai Marcelo.
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