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05 2C
Textos jornalísticos:
notícia
Narrativas não ficcionais
Os textos jornalísticos mais comuns são as notícias e as reportagens. Ambas são textos predominantemente nar-
rativos, cujo compromisso básico é a informação. A diferença está na maior profundidade e extensão da reportagem,
em contraposição ao caráter mais imediato da notícia. Elas serão objeto de estudo da próxima aula.
Talvez a pior acusação que se possa fazer contra um jornal ou jornalista é que ele inventou ou distorceu fatos.
Supostamente, a notícia e a reportagem devem ser a expressão da verdade. Nas sociedades democráticas, também se
espera que sejam textos imparciais, ou seja, que não sejam textos opinativos. Por isso, uma regra de ouro do jornalismo
democrático é a necessidade de sempre ouvir os dois lados da notícia.
Isso, contudo, não significa que o jornal não traga textos de opinião – que estudaremos daqui a duas aulas. Eles
estão presentes em quase todos os cadernos. O importante, apenas, é que esse tipo de texto pode ser claramente
distinguido das notícias e reportagens informativas e não opinativas.
Notícia e reportagem
As narrativas jornalísticas são denominadas notícias ou reportagens. Ambos os termos fazem alusão à ideia de que
o autor ou as fontes desses textos estão diretamente ligados aos fatos, relatam aquilo que presenciaram ou com que
tiveram contato próximo. Disso decorre sua veracidade, seu caráter de fato, não de rumor ou boato.
A diferença entre eles estaria na maior extensão e densidade da reportagem, em oposição à notícia. O Manual da
redação e estilo do jornal O Estado de S. Paulo assim se refere a esses dois tipos de texto:
A reportagem pode ser considerada a própria essência de um jornal e difere da notícia pelo conteúdo,
extensão e profundidade. A notícia, de modo geral, descreve o fato e, no máximo, seus efeitos e consequên-
cias. A reportagem busca mais: partindo da própria notícia, desenvolve uma sequência investigativa que não
cabe na notícia. Assim, apura não somente as origens do fato, mas suas razões e efeitos mais importantes e
divide-o, quando se justifica, em retrancas diferentes que poderão ser agrupadas em uma ou mais páginas.
A notícia não esgota o fato: a reportagem pretende fazê-lo.
O ESTADO DE S. PAULO. Manual de redação e estilo (org. e ed. por Eduardo Martins). São Paulo: O Estado de S. Paulo, 1990, p. 67.
1
Mais extensa, a reportagem é composta por dois ou mais textos escritos, chamados, no jargão jornalístico, de
retrancas, além dos textos não verbais. Assim, uma reportagem sobre, digamos, um acidente rodoviário causado por
um buraco aberto na pista, pode ser composta por vários elementos e textos. Por exemplo:
• o texto principal, mais longo,
©Folhapress
com as informações específicas
do acidente
• texto com depoimentos das
vítimas
• boxe (texto curto inserido entre
molduras) com a versão dos
responsáveis públicos ou particu-
lares pela conservação da rodovia
• quadro com o histórico de outros
acidentes na mesma rodovia
• fotografia (com respectiva legen-
da) do buraco na pista
• fotografia (com respectiva le-
genda) dos carros envolvidos no
acidente
• mapa com a localização do trecho
da rodovia em que houve o
acidente
Também é interesse notar que muitas notícias desdobram-se por dois ou mais dias. No exemplo acima, à primeira
reportagem poderiam seguir-se outras, com as investigações sobre a causa do acidente, as medidas para que não
se repita, as reações das vítimas ou de outros usuários da rodovia, etc. No jargão jornalístico, o texto que retoma e
desenvolve fato publicado no dia anterior é denominado suíte. Nesses casos, é relativamente comum a presença de
uma vinheta, isto é, uma palavra ou expressão que identifique o assunto maior a que a suíte faz referência.
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Exemplos de redação
Vamos analisar três redações. Vamos começar por uma avaliada como abaixo da média, até chegarmos à terceira, a
redação considerada acima da média. Comparemos os textos para, assim, entendermos as características de uma boa
redação no gênero notícia.
Redação 01
1 Escolas que são asas
2 Pesquisas recentes apontam que as escolas buscam mais que inserir conteúdos e valorizar
3 notas, elas investem em fazer o aluno a refletir, pesquisar e despertar seu senso crítico.
4 Professores relatam que ao se mostrarem como mestres que encorajam e apoiam os educandos
5 para voarem cada vez mais alto, recebem como resultado animo, participação, maior sucesso na
6 carreira estudantil dos alunos.
7 Ademais, escolas que adotam o método tradicional percebem que o desenvolvimento do aluno
8 “livre” é maior que o aluno “decoreba”. Assim, pretendem alterar seus métodos sem comprometer
9 a identidade da escola, mas proporcionar e incentivar o aluno a desafiar seu potencial elevar suas
10 habilidades e competências, mostrando-lhe como podem chegar cada vez mais longe.
Extraído de: <http://cps.uepg.br/vestibular/documentos/2015_Arquitetura%20da%20redacao_completa.pdf>. Acesso em: 26/01/18
Redação 02
1 Escolas que são asas
2 Uma escola do interior do Paraná desenvolveu um projeto chamado “Mini e Futuros
3 Professores”. O projeto visa aprimorar o conhecimento de alguns alunos e auxiliar no aprendizado
4 de outros.
5 No Mini e Futuros Professores, alunos do 9º. Ano se voluntariaram para auxiliar alunos
6 dos 6º., 7º. e 8º. anos nas matérias em que possuíam dificuldades. “o projeto é bom porque além
7 de ajudarmos os colegas com dificuldades, também acabamos aprendendo um pouco mais e
8 fixando os conteúdos que nós mesmos”, diz João Batista, de 14 anos.
9 As aulas extras são realizadas em contraturnos no próprio colégio, podendo o aluno utilizar
10 seus materiais e recursos para o preparo e a realização das mesmas.
11 “Essas aulas são meio de mostrar aos alunos que todos nós temos algo a passar e a ensinar para
12 alguém, mesmo que de maneira informal, e incentivá-los a sempre procurar pelo aprendizado,
13 ainda que não se sintam preparados o suficiente.”, finaliza a diretora Maria Vitória.
Extraído de: <http://cps.uepg.br/vestibular/documentos/2015_Arquitetura%20da%20redacao_completa.pdf>. Acesso em: 26/01/18
Redação 03
1 Escolas que são asas
2 Projetos que estimulem a criatividade dos alunos são premiadas
3 Ontem, 22 de novembro, no Centro de Cultura de Ponta Grossa, houve a premiação
4 das Instituições que participaram do Projeto “Escolas que são asas”. O trabalho se constituía
5 em elaborar um projeto que estimulasse a criatividade e a liberdade entre os alunos.
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Testes
tes e com dificuldade de tomar decisões. “Os de
Assimilação 18 anos agem como se tivessem 15 em gerações
anteriores”, comenta Twenge. Ela diz que isto tem
Instrução: Texto para a próxima questão. relação com a superconectividade típica desta
geração, que passa em média seis horas por dia
A geração smartphone, que bebe conectada à internet, enviando mensagens e jo-
menos álcool, faz menos sexo e não gando jogos online.
está preparada para a vida adulta Por conta disto, acabam passando menos tem-
Jovens que cresceram na era dos smartphones po com amigos, o que pode afetar o desenvolvi-
estão menos preparados para a vida adulta, se- mento de suas habilidades sociais. O estudo mos-
gundo uma pesquisa americana. A chamada “ge- trou ainda que quanto mais tempo o jovem passa
ração smartphone”, daqueles que nasceram após na frente do computador, maiores os níveis de in-
1995, vem amadurecendo mais lentamente do felicidade. “O que me impressionou na pesquisa
que as anteriores. foi que os adolescentes estavam bastante cientes
Eles são menos propensos a dirigir, trabalhar, dos efeitos negativos dos celulares”, comentou a
fazer sexo, sair e beber álcool, de acordo com Jean pesquisadora. “E um estudo com 200 universitá-
Twenge, professora de Psicologia da Universidade rios que fizemos mostrou que quase todos prefe-
Estadual de San Diego, nos Estados Unidos. Suas ririam ver seus amigos pessoalmente”, continua.
conclusões estão no recém-publicado livro iGen: Essa consciência, no entanto, não se traduz na
Why Today’s Super-Connected Kids are Growing prática. A Geração Smartphone, segundo a pes-
up Less Rebellious, More Tolerant, Less Happy quisa com base no universo americano, sofre com
- and Completely Unprepared for Adulthood altos níveis de ansiedade, depressão e solidão. A
(iGen: Por que as crianças superconectadas estão taxa de suicídio, por exemplo, triplicou na última
crescendo menos rebeldes, mais tolerantes, me- década entre meninas de 12 a 14 anos.
nos felizes - e completamente despreparadas para 1
Mas, ao mesmo tempo, trata-se de uma ge-
a vida adulta, em tradução livre), com os resul- ração mais realista com o mercado de trabalho
tados de uma investigação baseada em pesquisas e mais disposta a trabalhar duro, o que Twenge
com 11 milhões de jovens americanos e entrevis- vê como “boa notícia para empresas”. “Eles não
tas em profundidade. têm grandes expectativas como as que tinham os
Em entrevista à BBC Mundo, o serviço da BBC millennials (a geração anterior, dos nascidos após
em espanhol, Twenge explicou que esses jovens 1980)”, compara. “Eles estão mais preocupados
cresceram em um ambiente mais seguro e se ex- em estar física e emocionalmente seguros. Bebem
põem menos a situações de risco. Mas, por outro menos e não gostam de riscos.”
lado, chegam à universidade e ao mundo do tra- Segundo o livro, por terem uma infância mais
balho com menos experiências, mais dependen- protegida, têm um crescimento mais lento. Para
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Twenge, “não gostam de fazer coisas nas quais b) tenham maior possibilidade de estar atentas ao bem-estar
não se sintam seguros, o que fazem é adiar os de seus familiares, por meio de um contato direto com os
prazeres e as responsabilidades”. Embora as prin- profissionais que os assistem.
cipais conclusões pareçam acenar para um sinal c) se aproximem mais dos especialistas de sua confiança, po-
de alerta, a pesquisadora comenta que a geração dendo tirar dúvidas e conferir os serviços oferecidos em seu
smartphone é tolerante com pessoas diferentes e plano de assistência médico-hospitalar, sem sair de casa.
ativa na defesa de direitos LGBT e da população.
“E mais ainda que as gerações anteriores, eles d) compartilhem os resultados das investigações a que fo-
acreditam que as pessoas devem ser o que são”, ram submetidas, e até mesmo o tipo sanguíneo nas redes
completa. sociais, para que sejam orientadas quanto aos melhores
tratamentos e a quem podem recorrer.
Disponível em: http://www.bbc.com/portuguese/
geral-41080541. Acesso em: 29 Ago, 2017. e) socializem com sua rede de amigos uma lista de persona-
gens renomadas na área médica e de sistemas de saúde
que são considerados os mais atualizados.
05.01. (IFSC – adaptada) – Considerando o trecho “Mas, ao
mesmo tempo, trata-se de uma geração mais realista com Instrução: Texto para a próxima questão.
o mercado de trabalho e mais disposta a trabalhar duro, o
que Twenge vê como ‘boa notícia para as empresas’” (ref. 1), No início de 2015, um questionário com 36
assinale a alternativa CORRETA. perguntas e quatro minutos ininterruptos de con-
tato visual ficou conhecido por causa de um arti-
a) A palavra “Mas” pode ser substituída por “além disso”, sem
go da escritora Mandy Len Catron, publicado no
prejuízo de sentido.
jornal norte-americano The New York Times. No
b) Ser “mais realista (...) e mais disposta para trabalhar duro” texto, ela conta a história de como se apaixonou
são características da geração smartphone. pelo marido com a ajuda de um método usado
c) As aspas em “boa notícia para as empresas” servem para para criar intimidade romântica em laboratório,
indicar a fala do autor da notícia. experimento criado há mais de 20 anos pelo pro-
d) Ser “mais realista (...) e mais disposta a trabalhar duro” são fessor de psicologia social Arthur Aron, da Uni-
características atribuídas aos jovens da geração millennial. versidade de Stony Brooks, nos Estados Unidos.
e) Estar “mais disposta a trabalhar duro” tem sentido equiva- Em nove dias, o texto foi lido por mais de
lente a ter grandes expectativas em relação ao mercado 5 milhões de pessoas e compartilhado 270 mil
de trabalho. vezes no Facebook (inclusive por Mark Zucker-
berg). “Criamos esse questionário a fim de ter um
05.02. (EBMSP) – Um novo app promete usar a tecnologia método para ser usado em laboratório e estudar
para aproximar médicos e pacientes. Batizado de Docpad, os efeitos da intimidade na vida social de uma
o aplicativo criado por brasileiros foi lançado no começo pessoa. Esse método já foi utilizado em centenas
do mês. de estudos”, disse Aron à reportagem.
Quando foi criado, o estudo tinha regras bem
Quem quiser usar o Docpad deve informar da- rígidas: um homem e uma mulher heterossexuais
dos, como tipo sanguíneo e plano de saúde. Após entram em um laboratório por portas separadas.
o cadastro inicial, o usuário pode usar seu perfil Eles se sentam frente a frente e respondem às per-
para salvar e compartilhar exames, criar uma lista guntas, que têm um teor cada vez mais pessoal.
de médicos de sua confiança e marcar consultas Essa fase leva cerca de 45 minutos e, em seguida,
com profissionais que também usem o aplicativo. é preciso encarar o outro nos olhos durante quatro
“Nossa ideia era criar um app que ajudasse as minutos, sem desviar o foco. Na experiência con-
pessoas a cuidar da saúde de amigos e familiares”, duzida pelo professor Aron, dois participantes do
explicou em entrevista a EXAME.com o diretor teste se casaram depois de seis meses e chamaram
de tecnologia da ThinkTank, startup que está por os funcionários do laboratório para a cerimônia.
trás do app. LOUREIRO, G. Disponível em: <http://revistagalileu.globo.com/
Revista/noticia/2015/03/querencontrar-o-amor-ciencia-e-
BRASILEIROS criam app que aproximam médicos e pacientes. Disponível tecnologia-podem-te-ajudar.html >. Acesso em: 10 out. 2016.
em: <http://exame.abril.com.br/tecnologia/noticias/brasileiros-criam-
app-que-aproxima-medicos-e-pacientes>. Acesso em: 23 set. 2016.
05.03. (UEMG) – Assinale a alternativa em que o trecho
Da leitura do texto, é correto afirmar que as novas tecnologias em destaque tem a função de dar ênfase à informação
de informação e comunicação permitem que as pessoas apresentada no excerto:
a) possam acompanhar, de forma mais sistemática, a sua a) “Eles se sentam frente a frente e respondem às perguntas,
saúde, tendo acesso mais rápido e prático aos seus mé- que têm um teor cada vez mais pessoal.”
dicos e seus exames. b) “Em nove dias, o texto foi lido por mais de 5 milhões de
pessoas e compartilhado 270 mil vezes no Facebook
(inclusive por Mark Zuckerberg)”.
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c) “[...] um método usado para criar intimidade romântica 05.05. (CM – RJ) – Assinale V, para as informações VERDA-
em laboratório, experimento criado há mais de 20 anos DEIRAS, e F, para as informações FALSAS. Depois indique a
pelo professor de psicologia social Arthur Aron”. alternativa que apresenta a ordem correta de preenchimento
d) “No início de 2015, um questionário com 36 perguntas e dos parênteses, de cima para baixo.
quatro minutos ininterruptos de contato visual ficou Diante dos fatos apresentados no texto, pode-se concluir que
conhecido por causa de um artigo da escritora Mandy ( ) a culpa de o menino fazer birra é do pipoqueiro.
Len Catron”. ( ) a culpa da falta de controle do menino é da criação
da mãe.
Instrução: Texto para a próxima questão. ( ) Ancelmo Gois, o jornalista que noticia o ocorrido, con-
sidera o pedido da mãe correto.
Imagine alguém contando essa historinha: “De- ( ) A mãe pediu ajuda a Ancelmo Gois para forçar a saída
pois de receber uma premagem, o ludâmbulo des- do pipoqueiro da porta da escola.
ligou o lucivelo, colocou o focale, chamou o cine- ( ) Ancelmo Gois fez uso da ironia para criticar a atitude da
síforo e foi ao local da runimol de que teve notícia mãe do menino.
por um amigo alvissareiro”. Assim seria contada a) V – F – V – F – V
essa historinha se se tivesse adotado a proposta de
b) F – V – V – F – V
Antônio Castro Lopes, filólogo que viveu de 1827 a
1901. Os neologismos que ele propôs, como ludâm- c) F – V – V – V – V
bulo, focalo e cinesíforo não pegaram. Então pode- d) F – V – F – F – F
mos contar hoje a mesma historinha assim: “Depois e) F – V – F – F – V
de receber uma massagem, o turista desligou o aba-
jur, colocou o cachecol, chamou o motorista e foi ao Instrução: Texto para a próxima questão.
local da avalanche de que teve notícia por um amigo
repórter”. Acho muito estranho nessas palavras a No Brasil, a política é o tipo de intolerância
proposta de usar “alvissareiro” em vez de repórter. de maior audiência na internet. A conclusão é de
Alvíssaras é uma palavra sempre relacionada a boas uma pesquisa da agência de propaganda Nova/
notícias, o que não é bem o caso da maioria do que SB, realizada no ano de 2016, que mapeou os dez
ouvimos ou lemos dos repórteres. tipos mais recorrentes de extremismos nas redes
BENEDITO, M. Disponível em: <https://blogdaboitempo.com.br/2016/03/11/ sociais. Uma rápida navegação comprova esse re-
chato-cricri-ezung- zung/>. Acesso em: 03 out. 2016. (Adaptado).
sultado, que se agrava de forma cruel e pessimis-
ta, uma vez que são raras as vezes em que há um
05.04. (UEMG) – No fragmento, o autor questiona o empre- debate inteligente ou preocupado com questões
sociais e coletivas. A discussão é feroz, infantil e
go do termo “alvissareiro” por considerá-lo
cega, e não há vencedores ao final.
a) distante da realidade linguística do português brasileiro.
A intolerância das pessoas chega a ser mesqui-
b) impróprio para designar o dia a dia do trabalho de repórter.
nha, pequena e imoral. Agem como se não hou-
c) estranho para ser utilizado como sinônimo de“más notícias”. vesse impunidade, pois existe a ilusão de que o
d) inadequado diante do teor negativo atribuído a notícias mundo digital é uma terra de ninguém, quando
jornalísticas. muitos casos poderiam ser enquadrados em cri-
mes cibernéticos. De insultos a notícias falsas, as
infrações no mundo digital também devem ser
Aperfeiçoamento julgadas e punidas sem exceção.
Instrução: Texto para a próxima questão. Uma pesquisa da Quartz divulgada em janei-
ro deste ano, constatou que 55% dos brasileiros
consideram que não há nada na internet além do
Mãe que não consegue dizer ‘não’ ao filho pede Facebook. Para boa parte dos entrevistados, o Fa-
à escola que proíba pipoqueiro na porta cebook e a internet são a mesma coisa. Nos EUA,
Ancelmo Gois
o índice foi de apenas 5%.
Madame não educa
DIAS, Eliane. Antigamente, o silêncio era dos imbecis; hoje, são os melhores
A mãe de um aluno de um colégio particular que emudecem.
tradicional da Tijuca, no Rio, pediu que a direção Disponível em: <https://revistacult.uol.com.br/-home/
proíba o pipoqueiro de trabalhar na porta da esco- internet-nao-e-o-facebook/>. Acesso em: ago. 2017.
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b) A maioria dos brasileiros não amplia as possibilidades
de uso da internet, limitando a sua experiência virtual Com a transferência de Neymar, Doha pode
à rede social onde mais há expressão de intolerância à estar de olho em investir em ‘soft power’. O con-
ceito de ‘soft power’ (‘poder suave’, em tradução
diversidade de pensamento político.
livre) foi elaborado para definir a influência de
c) Os debates políticos comprometidos com a ética e o países nas relações internacionais por meio de in-
respeito às alteridades se limitam ao âmbito do Facebook, vestimentos em ações positivas.
não se concretizando nas práticas sociais do cotidiano.
“Esse é um golpe de ‘soft power’. O Catar pre-
d) Os norte-americanos, ao contrário dos brasileiros, não cisa demonstrar ao mundo que, apesar de todas
utilizam o Facebook para expressar intolerância em rela- as acusações, é o país mais resiliente no Oriente
ção a posicionamentos políticos, buscando meios mais Médio”, disse4 à AFP Andreas Krieg, analista de
legítimos e democráticos. risco político no King’s College de Londres. “Ter
e) A prática do preconceito e a intolerância à diversidade o melhor jogador do mundo mostra ao resto do
de pensamento, no Brasil, se justificam pela ausência de mundo que se o Catar é determinado, eles ainda
punição, o que agrava e aumenta a cada ano os compor- têm os maiores recursos para tirar e, se necessá-
tamentos extremistas e as injúrias. rio, usar o dinheiro que têm para promover a sua
agenda”, acrescentou.
Instrução: Texto para a próxima questão. O custo da transferência de Neymar “envia um
sinal muito forte para o mundo esportivo e um
Transferência de Neymar ao PSG é sinal muito forte de desafio contra os Emirados
golpe de ‘soft power’ do Catar a países Árabes Unidos e a Arábia Saudita”, disse Krieg.
do Golfo, dizem especialistas “Eles queriam esse jogador e usaram o dinheiro
A transferência do fenômeno1 brasileiro Ney- para comprá-lo a qualquer preço”. [...]
mar ao Paris Saint-Germain (PSG) representa https://g1.globo.com/mundo/noticia/transferenciade-neymar-ao-psg-e-
uma estratégia de marketing e um golpe de ‘soft golpe-de-soft-power-docatar-a-paises-do-golfo-dizem-especialistas.ghtml
power’ do Catar contra os países do Golfo que
cortaram relações diplomáticas com o emirado.
Esta é a análise de especialistas ouvidos pela agên- 05.07. (UECE) – A notícia é tomada como um gênero textual
cia de notícias France Presse e do comentarista da da esfera jornalística que tem como objetivo divulgar temas
GloboNews, Marcelo Lins. da atualidade de maneira imparcial. Na notícia acima, este
Neymar se tornou o jogador mais caro da his- objetivo é alcançado pelo enunciador por meio de alguns
tória do futebol, com o pagamento da cláusula recursos linguísticos textuais, EXCETO pelo (a)
de rescisão no valor de € 222 milhões (R$ 812 a) uso predominante do discurso direto como forma de o
milhões). enunciador atribuir a outrem as informações divulgadas.
Segundo Mathieu Guidere, especialista em ge- b) presença de elementos linguísticos avaliativos, como o
opolítica do mundo árabe consultado pela AFP, termo “fenômeno” (referência 1), que amplia a dimensão
o anúncio da transferência do jogador ao PSG, informativa do gênero notícia.
que é de um fundo de investimentos do Catar, c) emprego de verbos dicendi, como “afirmou” (referência
“foi testado entre catarianos como uma espécie de 2) e “disse” (referências 3 e 4), para isentar o enunciador
estratégia de comunicação que ofuscaria o debate de revelar o seu ponto de vista.
em torno de outras considerações, como o terro- d) presença do relato em terceira pessoa, o qual busca um
rismo”. distanciamento em relação ao fato, o que constrói a ideia
Marcelo Lins, comentarista da GloboNews, da objetividade, de forma a sustentar a credibilidade da
afirmou2 que a transferência beneficia a imagem informação.
do Catar. “Um pequeno país riquíssimo em pe-
tróleo, do Golfo, que bota tanto dinheiro para dar Instrução: Texto para a próxima questão.
alegria a uma torcida, ou a milhões de torcedo-
res espalhados pelo mundo... você tem uma volta Orgânicos: definição, composto e
disso na imagem do Catar, que é muito grande”, como fazer a compostagem
disse3 à GloboNews. “É uma grande jogada de
SUA HISTÓRIA
marketing do Catar como um todo”, acrescentou.
A matéria orgânica é definida biologicamen-
O Catar enfrenta a sua pior crise política em
te como matéria de origem animal ou vegetal e
décadas, com a Arábia Saudita e outros países do
geologicamente como compostos de origem or-
Golfo tendo cortado relações diplomáticas com o
gânica, encontrados sob a superfície do solo. Os
emirado por acusações de apoio a grupos terroris-
papéis, que são feitos com fibra vegetal, também
tas. O Catar nega as acusações e diz que o objeti-
são considerados matéria orgânica, porém, trata-
vo é prejudicar o emirado rico em gás.
remos dele separadamente.
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pontos relativos à concentração de gases e assim, violação de direitos humanos não prende mais o
a partir de um cálculo mais sofisticado, permiti- indivíduo a correntes, mas compreende outros
do uma segunda interpretação por alguns parti- mecanismos, que acometem a dignidade e a liber-
cipantes”. Segundo o órgão, a pergunta não será dade do trabalhador e o mantêm submisso a uma
considerada no cálculo das proficiências. “Como situação extrema de exploração.
a prova do Enem é baseada na Teoria de Resposta Qualquer um dos quatro elementos abaixo é
ao Item (TRI), a anulação não tem impacto no re- suficiente para configurar uma situação de traba-
sultado final”, afirma o comunicado do Inep. lho escravo:
Disponível em: http://g1.globo.com/educacao/enem/2016/ TRABALHO FORÇADO: o indivíduo é obri-
noticia/gabarito-da-segunda-aplicacao-do-enem-2016-
e-divulgado.ghtml. Acesso em 10 Dez 2016. gado a se submeter a condições de trabalho em
que é explorado, sem possibilidade de deixar o
local seja por causa de dívidas, seja por ameaça e
05.09. (IFSC) – Considerando o texto, analise as afirmações violências física ou psicológica.
abaixo e assinale a alternativa CORRETA. JORNADA EXAUSTIVA: expediente penoso
I. O título e o subtítulo desse texto concentram as infor- que vai além de horas extras e coloca em risco a
mações relevantes que serão apresentadas a seguir, de integridade física do trabalhador, já que o interva-
modo a reforçar os objetivos do gênero notícia: relatar lo entre as jornadas é insuficiente para a reposição
fatos e informar o leitor, de modo objetivo. de energia. Há casos em que o descanso semanal
II. Para auxiliar o efeito de objetividade necessário à notícia, não é respeitado. Assim, o trabalhador também
o texto utiliza a terceira pessoa do discurso. fica impedido de manter vida social e familiar.
III. O autor dessa notícia usa predominantemente os verbos SERVIDÃO POR DÍVIDA: fabricação de dí-
no pretérito imperfeito, para marcar a sequência dos vidas ilegais referentes a gastos com transporte,
fatos relatados. alimentação, aluguel e ferramentas de trabalho.
IV. A citação de datas, de quantidades e de fontes específicas Esses itens são cobrados de forma abusiva e des-
contribui para a imparcialidade do texto e traz credibi- contados do salário do trabalhador, que permane-
ce sempre devendo ao empregador.
lidade à notícia.
a) Somente as afirmações II e IV são verdadeiras. CONDIÇÕES DEGRADANTES: um conjunto
de elementos irregulares que caracterizam a pre-
b) Somente as afirmações I, II e IV são verdadeiras. cariedade do trabalho e das condições de vida sob
c) Somente as afirmações I, II e III são verdadeiras. a qual o trabalhador é submetido, atentando con-
d) Somente a afirmação III é verdadeira. tra a sua dignidade.
e) Somente as afirmações I e II são verdadeiras. Quem são os trabalhadores escravos? Em ge-
ral, são migrantes que deixaram suas casas em
Instrução: Texto para a próxima questão. busca de melhores condições de vida e de sus-
tento para as suas famílias. Saem de suas cidades
TRABALHO ESCRAVO É AINDA atraídos por falsas promessas de aliciadores ou
UMA REALIDADE NO BRASIL migram forçadamente por uma série de motivos,
Esse tipo de violação não prende mais o in- que podem incluir a falta de opção econômica,
divíduo a correntes, mas acomete a liberdade do guerras e até perseguições políticas. No Brasil, os
trabalhador e o mantém submisso a uma situação trabalhadores provêm de diversos estados das re-
de exploração. giões Centro-Oeste, Nordeste e Norte, mas tam-
bém podem ser migrantes internacionais de paí-
O trabalho escravo ainda é uma violação de
ses latino-americanos – como a Bolívia, Paraguai
direitos humanos que persiste no Brasil. A sua
e Peru –, africanos, além do Haiti e do Oriente
existência foi assumida pelo governo federal pe-
Médio. Essas pessoas podem se destinar à região
rante o país e a Organização Internacional do
de expansão agrícola ou aos centros urbanos à
Trabalho (OIT) em 1995, o que fez com que se
procura de oportunidades de trabalho.
tornasse uma das primeiras nações do mundo a
reconhecer oficialmente a escravidão contempo- Tradicionalmente, o trabalho escravo é em-
rânea em seu território. Daquele ano até 2016, pregado em atividades econômicas na zona rural,
mais de 50 mil trabalhadores foram libertados de como a pecuária, a produção de carvão e os cul-
situações análogas à de escravidão em atividades tivos de cana-de-açúcar, soja e algodão. Nos últi-
econômicas nas zonas rural e urbana. mos anos, essa situação também é verificada em
centros urbanos, principalmente na construção
Mas o que é trabalho escravo contemporâneo?
civil e na confecção têxtil.
O trabalho escravo não é somente uma violação
trabalhista, tampouco se trata daquela escravidão No Brasil, 95% das pessoas submetidas ao tra-
dos períodos colonial e imperial do Brasil. Essa balho escravo rural são homens. Em geral, as ati-
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propositalmente a pauta jornalística por motivos c) as organizações jornalísticas deveriam ter exclusividade
políticos, ou muitas vezes são apenas pessoas que na divulgação de fatos violentos, como atos terroristas.
querem os números, os cliques e os compartilha- d) falsas notícias são facilmente divulgadas e compartilhadas
mentos porque querem fazer parte da conversa nas redes sociais por motivos diversos.
ou da validade da informação”, disse ele. “Eles
e) as organizações jornalísticas de credibilidade também são
não têm quaisquer padrões de ética, mas têm o
responsáveis pela divulgação de notícias falsas.
mesmo tipo de distribuição.”
Nesse meio tempo, a rápida divulgação das 05.13. (ITA – SP) – Marque a opção que NÃO constitui causa
notícias online e a concorrência com as redes so- de divulgação de informações falsas na internet por orga-
ciais também aumentaram a pressão sobre as or- nizações jornalísticas respeitáveis, de acordo com o texto.
ganizações jornalísticas para serem as primeiras a a) A rapidez com que as informações são divulgadas online.
divulgar cada avanço, ao mesmo tempo em que
b) A pressão para serem as primeiras a divulgar as novidades.
eliminam alguns dos obstáculos que permitem
informações equivocadas. c) A concorrência com as redes sociais.
Uma página na web não só pode ser atuali- d) A credibilidade despertada pela boa qualidade das
zada de maneira a eliminar qualquer vestígio de imagens falsas.
uma mensagem falsa, mas, quando muitas pes- e) A impossibilidade de retirada de algo já veiculado.
soas apenas se limitam a registrar qual o website
em que estão lendo uma reportagem, a ameaça Instrução: Texto para a próxima questão.
à reputação é significativamente menor que no
jornal impresso. Em muitos casos, um fragmento CAMPANHA DE DOAÇÃO DE SANGUE
de informação, uma fotografia ou um vídeo são APORTA NO CIN DA UFPE
simplesmente bons demais para checar. O Programa de Educação Tutorial (PET) de
Alastair Reid disse: “Agora talvez haja mais Informática promove, na próxima quarta-feira,
pressão junto a algumas organizações para agirem uma campanha de doação de sangue no Centro
rapidamente, para clicar, para ser a primeira… E de Informática (CIn) da Universidade Federal de
há, evidentemente, uma pressão comercial para Pernambuco. A ação foi articulada em parceria
ter aquele vídeo fantástico, aquela foto fantástica, com o Hemope. Para doar, basta portar a carteira
para ser de maior interesse jornalístico, mais com- de identidade ou Carteira Nacional de Habilitação
partilhável e tudo isso pode se sobrepor ao desejo (CNH) e comparecer ao Centro de 8h30 às 12h
de ser certo.” ou de 13h30 às 17h. É importante lembrar que
Adaptado de: http://observatoriodaimprensa.com.br/terrorismo/videos- crachás não poderão ser utilizados como docu-
falsos-confundem-o-publico-e-a-imprensa/. (Publicado originalmente mento de identificação. O posto de doação estará
no jornal The Guardian em 23/3/2016. Acesso em 30/03/2016.) localizado no Bloco A do CIn.
Para doar, é necessário ter entre 18 e 60 anos,
05.11. (ITA – SP) – De acordo com o texto, ter peso superior a 50 kg e não ter feito tatuagens
a) a divulgação deliberada de informações e vídeos falsos ou piercings recentemente. É necessário também
pela internet é um comportamento antiético. estar descansado e bem alimentado, não ingerir
bebida alcoólica nas 12 horas que antecedem a
b) notícias veiculadas em redes sociais, como Facebook e doação e estar em boas condições de saúde.
Twitter, não merecem credibilidade por parte do leitor.
Há a oportunidade de ajudar na realização da
c) as adaptações feitas em fotos normalmente são grosseiras
campanha além da doação, participando como
e, por isso, despertam a desconfiança dos leitores. voluntário. Os interessados devem enviar um
d) acontecimentos extremamente sérios são banalizados e email para petcomputacao-l@cin.ufpe.br infor-
propositalmente deturpados por organizações jornalís- mando o seu nome e a melhor forma de contato.
ticas respeitáveis. Diário de Pernambuco (versão on-line). Disponível em: <<http://www.
e) a concorrência acirrada pela audiência é a única respon- diariodepernambuco.com.br/app/noticia/vida-urbana/2017/03/15/
interna_vidaurbana,694183/campanha-de-doacao-de-sangue-
sável pela eventual divulgação de dados incorretos pela aporta-no-cin-da-ufpe.shtml>>. Acesso: 08 maio 2017.
imprensa.
05.12. (ITA – SP) – De acordo com o texto, é INCORRETO 05.14. (IFPE) – A principal informação veiculada pela notícia
afirmar que que compõe o texto é
a) a reputação de um jornal impresso é mais vulnerável do a) os critérios necessários para uma pessoa ser considerada
que a de uma página na web quanto à divulgação de apta a doar sangue.
notícias falsas. b) a parceria firmada entre a universidade e o Hemope.
b) interesses comerciais podem ser razões para a divulgação c) o acontecimento de uma campanha de doação de
precipitada de fotos e vídeos na rede. sangue.
12 Extensivo Terceirão
Aula 05
d) a importância de levar a documentação adequada no 05.16. (PUCPR) – Leia o texto, analise as afirmações feitas e
ato da doação. escolha a opção CORRETA.
e) a oportunidade de ajudar na realização da campanha,
atuando como voluntário. Hackers podem acessar mensagens de 600
milhões de smartphones da Samsung
05.15. (PUCPR) – De acordo com o texto, analise as afirma- Foi descoberta uma vulnerabilidade
ções e marque a alternativa CORRETA. no software dos gadgets
Se você tem um Galaxy é bom ficar longe de
O que aconteceria se a internet conexões abertas de wi-fi. Foi descoberta uma
deixasse de existir? vulnerabilidade no software dos smartphones que
Não seria tarefa fácil derrubar todas as redes permite que hackers acessem a câmera do celular,
conectadas que compõem a internet, mas, se isso ouçam o microfone, leiam mensagens enviadas
acontecesse, as consequências seriam radicalmen- ou recebidas e instalem apps. E, além de ficar fora
te mais graves que o fim dos emoji trocados com de redes que não sejam protegidas (o que ainda
seus amigos. “Se a internet deixasse de existir, se- não garante proteção completa), há pouco que os
ria como dizimar um continente com mais de 2 usuários podem fazer.
bilhões de pessoas”, afirma Humberto de Sousa O hack funciona a partir de uma falha no sis-
Delgado, coordenador de tecnologia em redes de tema IME de teclado, uma versão nova do Swif-
computadores e sistemas para internet da Fiap. tKey que a Samsung inclui nos telefones. Esse
Basicamente, toda a produção econômica do software pede por atualizações periódicas para
mundo seria comprometida – na indústria, no um servidor, mas hackers podem ‘fingir’ ser o ser-
setor de serviços, nas transações comerciais ou vidor e enviar malwares para o aparelho. Então
nas operações financeiras nas bolsas de valores –, não importa se o usuário faz uso desse software
com consequências imprevisíveis no âmbito polí- específico, já que os pedidos por atualizações são
tico e social. feitos ao servidor de forma automática.
A falha é confirmada nos modelos Samsung
“Segundo dados de pesquisa realizada pela Galaxy S6, S6 e Galaxy S4 Mini – porém, pode
Federação Brasileira de Bancos, as transações estar ativa em outros telefones Galaxy.
via internet banking superaram qualquer outro A Samsung afirmou que já lançou a atualiza-
meio de operação e já são em número quatro ve- ção para as operadoras de telefonia móvel – e elas
zes maior quando comparadas às transações nas devem corrigir o problema. Mas ainda não sabe-
agências físicas”, diz Delgado. mos se alguma operadora já o fez.
Deixando o colapso econômico global de lado, Já a SwiftKey, fabricante do software de tecla-
também viveríamos uma regressão cultural: o fim do, afirmou que o problema não afeta a versão do
dos mais de 870 mil artigos da Wikipédia em app disponível para download na Google Play ou
português, dos 30 bilhões de fotos hospedadas na App Store. A falha existiria apenas na versão já
no Instagram ou das 300 horas de vídeos adicio- instalada nos Galaxys.
nadas a cada minuto no YouTube representaria a Disponível em: <http://revistagalileu.globo.com/Tecnologia/
destruição de parte do patrimônio guardado pe- noticia/2015/06/hackers-podem-acessar-mensagens-de-600-milhoes-
desmartphones-da-samsung.html>. Acesso em: Junho de 2015.
los usuários na rede, uma espécie de destruição
da Biblioteca de Alexandria em escala exponen-
cial. Não seria o apocalipse zumbi, mas estaría- a) Os telefones Samsung pedem atualizações automáticas
mos bem próximos disso... que autorizam hackers a acessarem seu fornecedor.
Disponível em: <http://revistagalileu.globo.com/Revista/noticia/2015/05/o-
b) Samsung enfrenta hacking por meio de conexões wi-fi,
que-aconteceria-se-internet-deixasse-de existir.html>.Acesso em: maio 2015. devido à versão nova do Swiftkey.
c) Todos os smartphones da Samsung estão sendo atingidos
I. Sem internet seria um grande caos. por hackers por meio de conexões wi-fi.
II. Sem internet não poderíamos mais ter indústrias ou d) Nenhuma operadora corrigiu o problema, permitindo o
transações comerciais. acesso de hackers.
III. A regressão cultural seria devastadora. e) Os smartphones Galaxy, por meio de conexões wi-fi, não
IV. Seria o apocalipse total. fizeram as atualizações necessárias para que o problema
fosse corrigido.
a) V–V–F–F
b) F–V–F–V
c) V–F–V–F
d) F–F–V–V
e) V–V–V–F
Português 2C 13
Instrução: Texto para as próximas 2 questões. 05.17. (UFPR) – Segundo o texto, são estratégias utilizadas
Para responder a(s) quest(ões) a seguir, leia o seguinte di- pelos jornais ao fazer citações:
álogo entre os personagens Simei e Colonna, no romance 1. Escolher criteriosamente as citações das testemunhas
Número Zero, de Umberto Eco: para contemplar pontos de vista divergentes sobre um
mesmo fato.
– Colonna, exemplifique para os nossos amigos 2. Salientar os pontos de vista que mais interessam ao jor-
como é que se pode seguir, ou dar mostras de nalista.
seguir, um princípio fundamental do jornalismo 3. Redigir as notícias de tal forma que as opiniões sejam
democrático: fatos separados de opiniões. Opi- apresentadas como fatos.
niões no Amanhã [nome do jornal] haverá inú- 4. Citar em primeiro lugar as palavras da testemunha que
meras, e evidenciadas como tais, mas como é que faz uma análise mais racional dos acontecimentos.
se demonstra que em outros artigos são citados Estão de acordo com o texto as estratégias:
apenas fatos? a) 1 e 2 apenas.
– Muito simples – disse eu. – Observem os gran- b) 1 e 4 apenas.
des jornais de língua inglesa. Quando falam, sei c) 1, 2 e 3 apenas.
lá, de um incêndio ou de um acidente de carro,
d) 1, 3 e 4 apenas.
evidentemente não podem dizer o que acham
daquilo. Então inserem no artigo, entre aspas, e) 2, 3 e 4 apenas.
as declarações de uma testemunha, um homem 05.18. (UFPR) – Assinale a alternativa correta sobre afirma-
comum, um representante da opinião pública. ções encontradas no texto.
Pondo-se aspas, essas afirmações se tornam fa-
a) Ao mencionar “um princípio fundamental do jornalismo
tos, ou seja, é um fato que aquele sujeito tenha
democrático: fatos separados de opiniões”, Simei destaca
expressado tal opinião. Mas seria possível supor
que os jornais seguem rigorosamente esse princípio.
que o jornalista tivesse dado a palavra somente a
b) Ao dizer que “o leitor tem a impressão de estar sendo in-
quem pensasse como ele. Portanto, haverá duas
formado de dois fatos, mas é induzido a aceitar uma única
declarações discordantes entre si, para mostrar
opinião”, Colonna explicita uma forma de manipulação da
que é fato que há opiniões diferentes sobre um
opinião do leitor.
caso, e o jornal expõe esse fato irretorquível. A es-
perteza está em pôr antes entre aspas uma opinião c) Na primeira linha do texto, Simei faz uma retificação (“...
banal e depois outra opinião, mais racional, que seguir, ou dar mostras de seguir...”) para deixar claro que
se assemelhe muito à opinião do jornalista. Assim o jornalista deve não só separar fatos de opiniões como
o leitor tem a impressão de estar sendo informado indicar isso explicitamente nos artigos.
de dois fatos, mas é induzido a aceitar uma úni- d) Ao afirmar que “é fato que há opiniões diferentes sobre
ca opinião como a mais convincente. Vamos ver um caso, e o jornal expõe esse fato irretorquível”, Colonna
um exemplo. Um viaduto desmoronou, um cami- destaca a imparcialidade do jornal ao incluir nos artigos
nhão caiu e o motorista morreu. O texto, depois opiniões divergentes.
de relatar rigorosamente o fato, dirá: Ouvimos o e) Ao afirmar, no final do texto, que “o problema é no quê
senhor Rossi, 42 anos, que tem uma banca de jor- e como pôr aspas”, Colonna enfatiza a importância da
nal na esquina. Fazer o quê, foi uma fatalidade, fidelidade na citação das palavras das testemunhas de
disse ele, sinto pena desse coitado, mas destino cada fato noticiado.
é destino. Logo depois um senhor Bianchi, 34
anos, pedreiro que estava trabalhando numa obra Desafio
ao lado, dirá: É culpa da prefeitura, que esse via-
duto estava com problemas eu já sabia há muito Instrução: Texto para a próxima questão.
tempo. Com quem o leitor se identificará? Com Texto 1
quem culpa alguém ou alguma coisa, com quem
aponta responsabilidade. Está claro? O problema
Nova data? Escola não libera muçulmanos para
é no quê e como pôr aspas. festa religiosa
ECO, Umberto. Número Zero. Rio de Janeiro: Record, 2015, p. 55-6. Diretor afirmou que aqueles que não
comparecessem às aulas levariam falta
Nesta quinta-feira (24), a religião Islã come-
mora a Festa do Sacrifício, uma das datas religio-
sas mais importantes para os muçulmanos. Apesar
14 Extensivo Terceirão
Aula 05
do feriado religioso, uma escola no Reino Unido “O que chamou a atenção foi que eles começa-
não liberou seus alunos das aulas e informou que ram a levantar a Bíblia e a chamar todo mundo de
aqueles que não comparecessem levariam falta. ‘diabo’, ‘vai para o inferno’, ‘Jesus está voltando’”,
As informações são do Independent. afirmou a avó da menina, Káthia Marinho. Na de-
Normalmente, em feriados religiosos, as esco- legacia, o caso foi registrado como preconceito de
raça, cor, etnia ou religião e também como lesão
las tendem a dar uma “falta autorizada” aos alunos
corporal, provocada por pedrada. Os agressores
de determinada religião. No entanto, a instituição fugiram num ônibus que passava pela Avenida
afirmou aos pais que os alunos muçulmanos não Meriti, no mesmo bairro. A polícia, agora, bus-
seriam liberados e poderiam comemorar a data na ca imagens das câmeras de segurança do veículo
sexta-feira (25), quando a escola estará fechada para tentar identificar os dois homens.
pra um treinamento dos professores. “Sexta-feira
A avó da criança lançou uma campanha na
não significa nada. O Eid al-Adha (Festa do Sacri-
internet e tirou fotos segurando um cartaz com
fício) é na quinta”, disse a mãe de uma das alunas as frases: “Eu visto branco, branco da paz. Sou
da escola, que estranhou a decisão da instituição, do candomblé, e você?”. A campanha recebeu o
já que as crianças normalmente são liberadas. apoio de amigos e pessoas que defendem a liber-
A carta enviada pela diretoria aos pais dizia: dade religiosa. Uma delas escreveu: “Mãe Kátia,
“Nós permitimos que os estudantes registrados estamos juntos nessa”.
como muçulmanos tenham um dia de falta auto- Iniciada no candomblé há mais de 30 anos,
rizada para celebrar a ocasião. A sexta-feira, 25 de a avó da garota diz que nunca havia passado por
setembro, quando a Academia estará fechada para uma situação como essa.
alunos, foi reservada para isso. Nesse dia todos os http://g1.globo.com/rio-de-janeiro/noticia/2015/06/menina-vitima-de-
alunos terão direito a uma falta autorizada”. intolerancia-religiosa-diz-que-vai-ser-dificil-esquecer-pedrada.html
Muitos pais ficaram insatisfeitos e alunos não
foram à escola, apesar da posição da diretoria. No
feriado da Festa do Sacrifício, os muçulmanos re- 05.19. (UFJF – MG) – Os textos 1 e 2 têm um tema em
servam o dia para rezar, trocar presentes e come- comum. Qual é esse tema? Justifique sua resposta.
morar com a família e amigos.
http://noticias.terra.com.br/educacao/nova-data-escola-
nao-libera-muculmanos-para-festa-religiosa,13596104
77ae131c95eb751344b0b21e8mkih63u.html
Texto 2
Português 2C 15
A última novidade que já tá em discussão lá em Brasília é botar pra funcionar a regra 85/95, que diz que
só se aposenta ganhando o teto quem somar 85 anos entre idade e tempo de contribuição (se for mulher) e
95 anos (se for homem).
Ou seja, uma mulher de 60 anos só levaria a grana toda se tivesse trampado registrada por 25 anos
(60+25=85) e um homem da mesma idade, se tivesse contribuído por 35 (60+35=95).
Quem quiser se aposentar antes, pode – só que vai receber menos do que teria direito com a conta fechada.
(notícia JÁ, Campinas, 30/06/2012, p.1 e 12.)
a) Retire dos textos duas marcas que caracterizariam a informalidade pretendida pela publicação, explicitando de que tipo
elas são (sintáticas, morfológicas, fonológicas ou lexicais, isto é, de vocabulário).
b) Pode-se afirmar que certas expressões empregadas no texto, como “tá” e “botar”, se diferenciam de outras, como “galera” e
“grana”, quanto ao modo como funcionam na sociedade brasileira. Explique que diferença é essa.
16 Extensivo Terceirão
Aula 05
Produção de textos
Proposta 01
(UNIFAP) – O gênero notícia consiste em um texto jornalístico, de cunho informativo, que tende a relatar fatos condiciona-
dos ao interesse do público em geral, de modo exato e imparcial. Diariamente, interagimos com notícias relacionadas aos
mais variados temas: política, esporte, economia, etc. Dessa forma, a linguagem necessariamente deverá ser clara, objetiva
e precisa, isentando-se de quaisquer possibilidades de ocasionar múltiplas interpretações por parte do receptor, por isso a
predominância da 3ª pessoa no relato dos fatos.
Assim, a partir dessas informações e de seus conhecimentos sobre esse gênero, elabore uma notícia em que o fato central esteja
relacionado ao meio ambiente. Abaixo seguem alguns textos de apoio que poderão auxiliá-lo no desenvolvimento do tema.
Texto 1
04/08/2011
Notícia velha: o Brasil continua detonando a Amazônia. De acordo com a última medição, até junho 2.429,5
quilômetros quadrados de florestas deixaram de existir. Viraram lenha ou móveis de grifes na sala de algum
bacana no exterior. O Governo Dilma ensaiou que iria enfrentar este problema lançando um gabinete de crise,
mas foi só balão de ensaio mesmo. As motosserras continuam a todo vapor, derrubando árvores de espécies
preciosas. Algumas delas podem conter a cura de muitas doenças e até a cura do câncer, mas nunca vamos
saber. Porque a leniência de governos (isto inclui todos eles, inclusive os militares) e a ganância e o atraso de
nossas elites, permitem que este tesouro seja dilapidado sem dó nem piedade. O que vamos dizer às futuras
gerações? Desculpas? Não serve! No meu ponto de vista a situação na Amazônia se resolve de forma simples:
Relocar todos os moradores que não forem indígenas da região; implantar postos avançados da Marinha, Exér-
cito e Aeronáutica e determinar o desmatamento zero; instalar um centro de estudos de última geração para
abrigar cientistas brasileiros em projeto vinculado ao Ministério da Ciência e Tecnologia para mapear espécies,
com ênfase a identificar o estudo do potencial medicinal da fauna, bem como a sua exploração racional e sus-
tentada. Só isso já salvaria uma das regiões de biodiversidade mais rica do planeta da ignorância das motosserras.
Afonso Mascarenhas, A ignorância das motosserras In: http://esportepr.orangotoe.com.br
Texto 2
06/07/2011
Mais uma vez pagaram com a própria vida os Ativistas, Ecologistas Jose Cláudio Ribeiro e sua esposa Ma-
ria do Espírito Santo, brutalmente assassinados na região de Marabá, leste do Pará, ao defenderem a floresta
não só para si, mas para as gerações futuras, principalmente. As milenares castanheiras que pelo extrativismo
uma só castanheira rendia produzindo castanhas e óleo para as indústrias cosméticas R$ 900,00 por cada
safra colhida. O mais trágico é que com a árvore derrubada e enviada para as madeireiras clandestinas valem
no máximo R$ 200,00 para os que derrubam a floresta. Como se não bastasse toda essa devastação, em lugar
das árvores que davam vida à biodiversidade são plantadas hoje soja e pastagem. Assim é a Marcha da Insen-
satez contra a Natureza e a Vida. Poucos sabem, mas o Geógrafo Jared Diamond no seu Livro “O Colapso”,
citou que a civilização Maia desapareceu porque esgotou seus recursos naturais. Nós já utilizamos 125%
daquilo que a natureza pode produzir, ela não consegue mais sua regeneração. Algo de trágico está por vir,
pelas leis da causa e efeito, não teremos uma segunda chance, pelo que fazemos contra a natureza e a vida.
José Pedro Naisser, A marcha da insensatez na Amazônia In:http://173.192.214.83/política/noticias
Texto 3
Português 2C 17
Texto 4 Texto 5
WWW.google.com/aprendizesdanatureza.blogspot.com WWW.google.com/aprendizesdanatureza.blogspot.com
18 Extensivo Terceirão
Aula 05
Proposta 02
(UFPR) – Adoniran Barbosa é um ícone do samba paulista. Os temas de suas composições giravam em torno dos tipos huma-
nos mais comuns e da realidade crua de uma metrópole que não para. Em suas músicas, usou sempre a linguagem popular
paulistana para dar vida a suas personagens. “Saudosa Maloca” (1951) conta um fato, que é retratado a partir do ponto de
vista de uma das personagens.
Saudosa Maloca*
Se o senhor não tá lembrado, Doía no coração.
Dá licença de contá Mato Grosso quis gritá
Que aqui, onde agora está Mas em cima eu falei:
Esse edifício arto, “Os home tá cá razão
Era uma casa veia, Nóis arranja outro lugá.”
Um palacete assobradado. Só se conformemos
Foi aqui, seu moço, Quando o Joca falou:
Que eu, Mato Grosso e o Joca “Deus dá o frio conforme o cobertô.”
Construímos nossa maloca. E hoje nóis pega a paia** nas grama do jardim
Mas um dia, E pra esquecê nóis cantemos assim:
Nóis nem pode se alembrá, Saudosa maloca, maloca querida,
Veio os home c´as ferramentas Que dim donde nóis passemos os dias feliz de
O dono mandô derrubá. nossa vida.
Peguemos todas nossas coisa Saudosa maloca, maloca querida,
E fumos pro meio da rua Que dim donde nóis passemos os dias feliz de
nossa vida.
Apreciá a demolição.
*Maloca: casa muito pobre e rústica; lar.
Que tristeza que nóis sentia,
**Pegar uma palha ou puxar uma palha: dormir.
Cada tauba que caía
A partir da leitura dessa música, redija uma notícia de jornal que informe ao leitor os fatos narrados. Seu texto deve:
• ser introduzido por um título (manchete);
• apresentar a narrativa do ponto de vista do veículo de comunicação;
• ser fiel aos fatos apresentados na letra da música, podendo haver acréscimo de detalhes, inventados por você, que atua-
lizem a narrativa e permitam adequá-la ao gênero “notícia de jornal”;
• apresentar a linguagem e a estrutura próprias do gênero;
• ter de 7 a 10 linhas.
Português 2C 19
Proposta 03
(UNICAMP – SP) – Você é um estudante do Ensino Médio e foi convidado pelo Grêmio Estudantil para fazer uma palestra aos
colegas sobre um fenômeno recente: o da pós-verdade. Leia os textos abaixo e, a partir deles, escreva um texto base para a
sua palestra, que será lido em voz alta na íntegra. Seu texto deve conter: a) uma explicação sobre o que é pós-verdade e sua
relação com as redes sociais; b) alguns exemplos de notícias falsas que circularam nas redes sociais e se tornaram pós-verdade;
e c) consequências sociais que a disseminação de pós-verdades pode trazer. Você poderá usar também informações de outras
fontes para compor o seu texto.
TEXTO A
TEXTO B
20 Extensivo Terceirão
Aula 05
Português 2C 21
Gabarito
05.01. b 05.19. Em ambos os textos estamos diante da marcas é de natureza lexical, como
05.02. a intolerância religiosa. O texto 1 diz res- galera, vovozada, quebrar, trampado,
05.03. b peito à intolerância religiosa em uma grana, botar. Há marcas como pra, tá,
05.04. d escola no Reino Unido que não liberou que podem ser tomadas como va-
05.05. e os alunos muçulmanos para que come- riantes de pronúncia representadas
05.06. b morassem a tradicional Festa do Sacri- na escrita.
05.07. b fício. O texto 2 diz respeito à agressão b) Espera-se também que o candidato
05.08. a cometida por evangélicos fanáticos a perceba que, quanto ao funciona-
05.09. b uma família que se vestia com roupas mento social de algumas dessas mar-
05.10. c do candomblé. Uma jovem levou uma cas, há aquelas que são fortemente
05.11. b pedrada na cabeça e o grupo foi tam- relacionadas a grupos específicos –
05.12. a bém agredido com xingos e injúrias. como galera, grana – e aquelas que
05.13. e 05.20. a) Espera-se que o candidato indique são de uso geral, como tá, botar, que
05.14. c duas marcas da informalidade pre- funcionam no português brasileiro
05.15. c tendida pelo texto jornalístico em como marcas de informalidade para
05.16. b questão e, como solicita o enuncia- todos os falantes.
05.17. c do, expresse a que nível de análise
05.18. b estão relacionadas. A maior parte das
22 Extensivo Terceirão
Português
Aula 06 2C 1B
Textos Argumentativos
Testes
Assimilação
Instrução: Texto para a próxima questão.
Leia o poema “Sou um evadido”, do escritor português Fernando Pessoa, para responder à(s) questão(ões) a seguir.
Português 2C 25
06.01. (UNIFESP) – O eu lírico inclui o leitor em sua argu-
esposas, nem filhos, nem amantes por quem pos-
mentação
sam sofrer emoções violentas; são condicionadas
a) na terceira estrofe, apenas. de tal modo que praticamente não podem deixar
b) na primeira estrofe, apenas. de se portar como devem. E se, por acaso, alguma
c) na quarta estrofe, apenas. coisa andar mal, há o soma.”
d) na segunda estrofe, apenas. Para chegar à estabilidade absoluta, foi neces-
e) na segunda e na terceira estrofes. sário abrir mão da arte e da ciência. “A felicidade
universal mantém as engrenagens em funciona-
Instrução: Texto para a próxima questão. mento regular; a verdade e a beleza são incapazes
de fazê-lo”, diz o líder. “Cada vez que as massas
MAIS QUE ORWELL, HUXLEY tomavam o poder público, era a felicidade, mais
PREVIU NOSSO TEMPO que a verdade e a beleza, o que importava.” A
Hélio Gurovitz
verdade é considerada uma ameaça; a ciência e a
arte, perigos públicos. Mas não é necessário esfor-
Publicado em 1948, o livro 1984, de George ço totalitário para controlá-las. Todos aceitam de
Orwell, saltou para o topo da lista dos mais ven- bom grado, fazem “qualquer sacrifício em troca
didos (...) A distopia de Orwel, mesmo situada no de uma vida sossegada” e de sua dose diária de
futuro, tinha um endereço certo em seu tempo: o soma. “Não foi muito bom para a verdade, sem
stalinismo. (...) O mundo da “pós-verdade”, dos “fa- dúvida. Mas foi excelente para a felicidade.”
tos alternativos” e da anestesia intelectual nas redes No universo de Orwell, a população é contro-
sociais mais parece outra distopia, publicada em lada pela dor. No de Huxley, pelo prazer. “Orwell
1932: Admirável mundo novo, de Aldous Huxley. temia que nossa ruína seria causada pelo que
Não se trata de uma tese nova. Ela foi levan- odiamos. Huxley, pelo que amamos”, escreve
tada pela primeira vez em 1985, num livreto do Postman. Só precisa haver censura, diz ele, se os
teórico da comunicação americano Neil Postman: tiranos acreditam que o público sabe a diferença
Amusing ourselves to death (Nos divertindo até entre discurso sério e entretenimento. (...) O alvo
morrer), relembrado por seu filho Andrew em ar- de Postman, em seu tempo, era a televisão, que
tigo recente no The Guardian. “Na visão de Hux- ele julgava ter imposto uma cultura fragmentada
ley, não é necessário nenhum Grande Irmão para e superficial, incapaz de manter com a verdade a
despojar a população de autonomia, maturida- relação reflexiva e racional da palavra impressa. O
de ou história”, escreveu Postman. “Ela acabaria computador só engatinhava, e Postman mal po-
amando sua opressão, adorando as tecnologias deria prever como celulares, tablets e redes sociais
que destroem sua capacidade de pensar. Orwell se tornariam – bem mais que a TV – o soma con-
temia aqueles que proibiriam os livros. Huxley temporâneo. Mas suas palavras foram prescientes:
temia que não haveria motivo para proibir um “O que afligia a população em Admirável mundo
livro, pois não haveria ninguém que quisesse lê- novo não é que estivessem rindo em vez de pen-
-los. Orwell temia aqueles que nos privariam de sar, mas que não sabiam do que estavam rindo,
informação. Huxley, aqueles que nos dariam tanta nem tinham parado de pensar”.
que seríamos reduzidos à passividade e ao egoís- Adaptado, Revista Época nº 973 – 13 de fevereiro de 2017, p. 67.
mo. Orwell temia que a verdade fosse escondida
de nós. Huxley, que fosse afogada num mar de Distopia = Pensamento, filosofia ou processo dis-
irrelevância.” cursivo caracterizado pelo totalitarismo, autorita-
No futuro pintado por Huxley, (...) não há rismo e opressivo controle da sociedade, repre-
mães, pais ou casamentos. O sexo é livre. A diver- sentando a antítese de utopia.
são está disponível na forma de jogos esportivos, (BECHARA, E. Dicionário da língua portuguesa. 1ª ed. Rio
cinema multissensorial e de uma droga que garan- de Janeiro: Editora Nova Fronteira, 2011, p. 533).
te o bem-estar sem efeito colateral: o soma. Res-
taram na Terra dez áreas civilizadas e uns poucos
territórios selvagens, onde grupos nativos ainda 06.02. (EPCAR – MG) – Do ponto de vista da composição,
preservam costumes e tradições primitivos, como só NÃO é correto afirmar que o texto se vale de
família ou religião. “O mundo agora é estável”, a) apresentação de ideias contrárias que vão conduzindo a
diz um líder civilizado. “As pessoas são felizes, argumentação.
têm o que desejam e nunca desejam o que não b) descrição de uma realidade imaginária que dá ensejo à
podem ter. Sentem-se bem, estão em segurança; discussão.
nunca adoecem; não têm medo da morte; vivem c) exemplos que esclarecem conceitos menos acessíveis
na ditosa ignorância da paixão e da velhice; não ao leitor.
se acham sobrecarregadas de pais e mães; não têm
d) citações que conferem autenticidade aos argumentos.
26 Extensivo Terceirão
Aula 06
Português 2C 27
1
Na verdade, para a maior parte da humani- vemos qualquer menção de outros mundos e gen-
dade, a globalização está se impondo como uma tes. Pelo contrário, os homens são as criaturas es-
fábrica de perversidades. O desemprego crescente colhidas e, portanto, privilegiadas.
torna-se crônico. A pobreza aumenta e as classes Todos os animais e plantas terrestres estão
médias perdem em qualidade de vida. O salário aqui para nos servir. Ser inteligente é uma dádiva
médio tende a baixar. A fome e o desabrigo se que nos põe no topo da pirâmide da vida.
generalizam em todos os continentes. Novas en- O que ocorreria se travássemos contato com
fermidades se instalam e velhas doenças, suposta- outra civilização inteligente? Deixando de lado as
mente extirpadas, fazem seu retorno triunfal. inúmeras dificuldades de um contato dessa nature-
Todavia, podemos pensar na construção de za – da raridade da vida aos desafios tecnológicos
um outro mundo, mediante uma globalização de viagens interestelares – tudo depende do nível
mais humana. As bases materiais do período atual de inteligência dos membros dessa civilização.
são, entre outras, a unicidade da técnica, a con- Se são eles que vêm até aqui, não há dúvida
vergência dos momentos e o conhecimento do de que são muito mais desenvolvidos do que nós.
planeta. É nessas bases técnicas que o grande ca- Não necessariamente mais inteligentes, mas com
pital se apoia para construir a globalização per- mais tempo para desenvolver suas tecnologias.
versa de que falamos acima. Mas essas mesmas Afinal, estamos ainda na infância da era tecnoló-
bases técnicas poderão servir a outros objetivos, gica: a primeira locomotiva a vapor foi inventada
se forem postas a serviço de outros fundamentos há menos de 200 anos (em 1814).
sociais e políticos.
Tal qual a reação dos nativos das Américas
MILTON SANTOS
Adaptado de Por uma outra globalização: do pensamento único à
quando viram as armas de fogo dos europeus, o
consciência universal. que são capazes de fazer nos pareceria mágica.
Rio de Janeiro: Record, 2004.
Claro, ao abrirmos a possibilidade de que
vida extraterrestre inteligente exista, a probabili-
06.04. (UERJ) – Na verdade, para a maior parte da humani- dade de que sejam mais inteligentes do que nós
é alta. De qualquer forma, mais inteligentes ou
dade, a globalização está se impondo como uma fábrica
mais avançados tecnologicamente, nossa reação
de perversidades. (ref. 1). No terceiro parágrafo, as frases
ao travar contato com tais seres seria um misto de
posteriores ao trecho citado desenvolvem a argumentação adoração e terror. Se fossem muito mais avança-
do autor por meio da apresentação de: dos do que nós, a ponto de haverem desenvolvido
a) hipóteses tecnologias que os liberassem de seus corpos, es-
b) evidências ses seres teriam uma existência apenas espiritual.
c) digressões A essa altura, seria difícil distingui-los de deuses.
d) discordâncias Por mais de 40 anos, cientistas vasculham os
céus com seus radiotelescópios tentando ouvir si-
nais de civilizações inteligentes. (...) Infelizmente,
Aperfeiçoamento até agora nada foi encontrado. Muitos cientistas
acham essa busca uma imensa perda de tempo e
Instrução: Texto para a próxima questão.
de dinheiro. As chances de que algo significativo
venha a ser encontrado são extremamente remotas.
Astroteologia Em quais frequências os ETs estariam enviando
Aparentemente, foi o filósofo grego Epicuro os seus sinais? E como decifrá-los? Por outro lado,
que sugeriu, já em torno de 270 a.C., que existem os que defendem a busca afirmam que um resultado
inúmeros mundos espalhados pelo cosmo, alguns positivo mudaria profundamente a nossa civiliza-
como o nosso e outros completamente diferentes, ção. A confirmação da existência de outra forma de
muitos deles com criaturas e plantas. vida inteligente no universo provocaria uma revolu-
Desde então, ideias sobre a pluralidade dos ção. Alguns até afirmam que seria a maior notícia já
mundos têm ocupado uma fração significativa do anunciada de todos os tempos. Eu concordo.
debate entre ciência e religião. Em um exemplo Não estaríamos mais sós. Se os ETs fossem mais
dramático, o monge Giordano Bruno foi quei- avançados e pacíficos, poderiam nos ajudar a lidar
mado vivo pela Inquisição Romana em 1600 por com nossos problemas sociais, como a fome, o ra-
pregar, dentre outras coisas, que cada estrela é um cismo e os confrontos religiosos. Talvez nos ajudas-
Sol e que cada Sol tem seus planetas. sem a resolver desafios científicos. Nesse caso, quão
Religiões mais conservadoras negam a possi- diferentes seriam dos deuses que tantos acreditam
bilidade de vida extraterrestre, especialmente se existir? Não é à toa que inúmeras seitas modernas
for inteligente. No caso do cristianismo, Deus é dirigem suas preces às estrelas e não aos altares.
o criador e a criação é descrita na Bíblia, e não Marcelo Gleiser. Folha de São Paulo, 01/03/2009
28 Extensivo Terceirão
Aula 06
06.05. (UERJ) – Todo texto argumentativo é construído com e) Apresentar a avaliação de alguns estudiosos sobre as
base na apresentação e defesa de pontos de vista. A premis- ideias presentes no livro.
sa do autor a favor de pesquisas interplanetárias apoia-se,
sobretudo, na possibilidade de: Instrução: Texto para a próxima questão.
a) incentivar o interesse por outras civilizações
b) livrar os seres humanos dos confrontos religiosos Eu tinha nove ou dez anos, e uma tia, que era
c) encorajar os cientistas na busca de novos desafios pintora, me convidara para ir ao seu ateliê para
conhecer o local onde ela trabalhava. O peque-
d) conduzir a humanidade a profundas transformações
no aposento estava frio e tinha um cheiro mara-
Instrução: Texto para a próxima questão. vilhoso de terebintina e óleo; as telas armazena-
das, apoiadas uma nas outras, me pareciam livros
deformados no sonho de alguém que soubesse
vagamente o que eram livros e os houvesse imagi-
nado enormes, feitos de uma única página, dura
e grossa [...].
Francis Bacon observou que, para os antigos,
todas as imagens que o mundo dispõe diante de
nós já se acham encerradas em nossa memória
desde o nascimento. “Desse modo, Platão tinha
a concepção”, escreveu ele, “de que todo conhe-
cimento não passava de recordação; do mesmo
modo, Salomão proferiu sua conclusão de que
toda novidade não passa de esquecimento”. Se
Neste segundo volume de sua obra-prima, Si- isso for verdade, estamos todos refletidos de al-
mone de Beauvoir analisa a condição da mulher gum modo nas numerosas e distintas imagens
em todas as suas dimensões: sexual, psicológica, que nos rodeiam, uma vez que elas já são parte
social e política. Começa pela sua formação: na daquilo que somos: imagens que criamos e ima-
infância, na adolescência, na vida sexual, tudo pa- gens que emolduramos; imagens que compomos
rece disposto a aumentar a distância que a separa fisicamente, à mão, e imagens que se formam es-
do homem para transformar as diferenças em de- pontaneamente na imaginação; imagens de ros-
sigualdade, e essa desigualdade em inferioridade. tos, árvores, prédios, nuvens, paisagens, instru-
Em seguida, Simone descreve a situação da mu- mentos, água, fogo e imagens daquelas imagens
lher no casamento – com suas premissas e suas – pintadas, esculpidas, encenadas... Quer descu-
tradições –, na maternidade, na vida social, na bramos nessas imagens circundantes lembranças
prostituição, na maturidade e na velhice. Por fim, desbotadas de uma beleza que, em outros tem-
ela contempla os problemas que se apresentam às pos, foi nossa (como sugeriu Platão), quer elas
mulheres e o caminho da libertação. exijam de nós uma interpretação nova e original,
por meio de todas as possibilidades que nossa lin-
“As mulheres de hoje estão destronando o
guagem tenha a oferecer, somos essencialmente
mito da feminilidade; começam a afirmar concre-
criaturas de imagens, de figuras.
tamente sua independência; mas não é sem difi-
(MANGUEL, Alberto. Lendo imagens. São Paulo:
culdade que conseguem viver integralmente sua Companhia das Letras, 2009. p. 19-20.)
condição de ser humano. [...]”
BEAUVOIR, Simone de. O segundo sexo: a experiência vivida. 3ª
ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2016. v. 2. (adaptado). 06.07. (CM – RJ) – A argumentação pode ser construída
por meio de diferentes recursos, sempre visando convencer
o leitor sobre a validade de determinada tese. Nesse sentido,
06.06. (IFPE) – O texto corresponde à quarta capa de um
é correto afirmar que Manguel
livro. Assinale a alternativa que se refere ao objetivo desse
texto. a) prefere o diálogo com o leitor à apresentação de seus
argumentos.
a) Descrever as principais características da personagem
que protagoniza o livro. b) apresenta sua tese no primeiro parágrafo, por meio de
uma narração.
b) Construir argumentação que convença o leitor sobre o
mérito da teoria defendida no livro. c) demonstra a pobreza da linguagem verbal, porque ela é
incapaz de verbalizar todas as imagens.
c) Resumir os fatos mais importantes ocorridos na vida da
autora que escreveu o livro. d) articula, por uma condicional, argumentos de autoridade
à coletividade expressa na primeira pessoa do plural.
d) Fornecer informações ao leitor para que ele levante hipó-
teses sobre o conteúdo do livro. e) apresenta Francis Bacon, Platão e Salomão como as únicas
autoridades no assunto, conferindo credibilidade ao texto.
Português 2C 29
Instrução: Texto para a próxima questão. inaugurado no dia 25 de março de 2012. A edi-
Leia o texto com atenção e, em seguida, responda à questão ficação é discreta e ao mesmo tempo tocante. Na
a seguir. verdade, é preciso conhecer o lugar, ou ser previa-
mente informado, para saber que na cidade existe
um memorial e, ademais, um museu basicamente
Por que temos poucos memoriais dedicado ao tema.
de abolição da escravidão? Andar por aquela estranha calçada, agachar
Lilia Schwarcz para ler os nomes dos navios, observar as datas
Lembrar é uma forma de não deixar esquecer. em que cada uma destas embarcações circulou,
O Brasil foi destino de mais de 40% de africanos e olhar para o mesmo mar, acaba sendo um exer-
africanas por aqui escravizados, e precisa cuidar, cício muito doloroso. Difícil sair de lá da mesma
de maneira crítica, da sua memória. maneira como se chegou. É impossível deixar de
Bem no meio da pacata cidade de Nantes, na anotar a inacreditável quantidade de naus dedica-
França, uma calçada reluz estranhamente ao Sol. das a esse comércio de almas, que gerou a maior
São centenas de pequenas placas retangulares, diáspora desde a época romana. Mais difícil ainda
feitas de um vidro translúcido e de cor azul celeste, é tentar visualizar a maneira como se “armazena-
espalhadas por uma via onde passam mães levando vam” os bens importados, sem discriminação de
seus carrinhos de bebê, rapazes andando de bici- pessoas ou produtos. Esse talvez seja o motivo de
cleta, moços e moças fazendo jogging, senhores e o memorial continuar numa espécie de subsolo,
senhoras apressados a caminho do trabalho. onde se encontra uma cronologia da escravidão
Somente apurando bem os olhos é possível e uma série de frases retiradas de textos de ativis-
notar que há sempre um título gravado por de- tas, literatos e filósofos que lutaram pela abolição
baixo desses delicados sinais brilhantes, dispostos desse sistema. [...]
simetricamente ao chão. Le Saint Jean Baptiste, Memória e história nem sempre andam juntas.
Le Juste, L’Union, La Valeur, La Felicité, Le Bien Afinal, muitas vezes, quando é difícil lembrar, o
Aimée e Brásil são alguns dos muitos nomes de melhor caminho parece ser ignorar. Fico me per-
navios negreiros que, desde o século 16 e até o guntando, no entanto, se esquecer ou descuidar
final do 19, partiram de porto de Nantes ou lá não são maneiras de dar espaço à incredulidade e
aportaram. Os apelidos dados aos barcos parecem de construir o pouco caso diante de uma realidade
denotar uma certa culpa, tamanha a desproporção tão brutal e tão presente em nossa história nacio-
entre eles e a tarefa que buscavam descrever. nal contemporânea.
Essas eram embarcações que transportavam de Em maio de 2018 faremos 130 anos de
tudo um pouco: tecidos, produtos agrícolas, azu- abolição da escravidão mercantil no Brasil. Que a
lejos, minérios, especiarias, mas, acima de tudo, data vire cicatriz. Como escreveu Caio Fernando
pessoas. Eles eram tumbeiros, navios negreiros Abreu: “Menos pela cicatriz deixada, uma ferida
que faziam o comércio de almas no contexto antiga mede-se mais exatamente pela dor que
moderno, quando o mundo ocidental reinventou provocou, e para sempre perdeu-se no momento
uma nova escravidão; uma escravidão mercantil. em que cessou de doer, embora lateje louca nos
Os navios vinham e voltavam cheios de “merca- dias de chuva”.
dorias”. Não havia espaço ocioso ou lugar nas em- (Adaptado de Nexo Jornal Ltda. Coluna. 9 de abril de 2018.
Disponível em: https://www.nexojornal.com.br/colunistas/2018/
barcações que deixassem de auferir lucro: de uma Por-que-temos-poucos-memoriais-de-aboli%C3%A7%C3%A3o-
ponta saíam produtos agrícolas, de outra, metais da-escravid%C3%A3o. Acesso em 17 de setembro de 2018.)
preciosos, de outra, ainda, africanos e africanas
transformados em valiosos objetos de comércio. 06.08. (CFT – RJ) – Na construção da argumentação do
Foram recenseadas mais de 27.233 expe- texto, a referência à cidade de Nantes, na França, cumpre
dições marítimas que partiram de portos euro- principalmente o papel de:
peus durante esses quatro longos séculos em que a) criar uma digressão no texto, desviando o leitor das ques-
perdurou o sistema escravocrata. No total, mais tões imprescindíveis para o processo de argumentação.
de 12 milhões e meio de mulheres, homens e
b) comprovar o grande repertório cultural e vivencial da
crianças foram arrancadas à força da África e de-
autora, que ganha maior credibilidade dos leitores.
portados para as Américas e para o caribe. Mais
de um milhão e meio dessas pessoas morreram c) estabelecer uma oposição com a realidade brasileira, em
durante a travessia. Só de Nantes saíram em torno que há poucos memoriais da abolição da escravidão.
de 1.800 expedições negreiras, tendo elas apresa- d) explicitar que a situação da França em relação à existência
do mais 550 mil africanos e africanas. de memoriais de abolição da escravidão assemelha-se à
Os números são fortes, definitivos, e explicam brasileira.
o motivo da criação, em Nantes, de um impres-
sionante “Memorial da abolição da escravidão”,
30 Extensivo Terceirão
Aula 06
Português 2C 31
guísticas inadequadas. Como as roupas: assim filho que obedece os pais”. O que estou fazendo é
como ninguém vai à praia de smoking ou de lon- cobrar coerência, um pouquinho só: se o padrão
go, também ninguém casa de biquíni e de sunga, vem da fala dos bacanas, se os mais bacanas são os
ou de camisola e de pijama (sem negar que estas poetas consagrados, por que, antes das dez, numa
sejam vestimentas, e adequadas!), assim ninguém aula de literatura, podemos curtir seu estilo e em
diz “me dá esse troço aí” num banquete público e outra aula, depois das onze, dizemos aos alunos
formal nem “faça-me o obséquio de passar-me o e aos demais interessados: viram o Drummond, o
sal” numa situação de intimidade familiar. Murilo, o Machado, o Guimarães Rosa? Que cria-
Os gramáticos e os sociolinguistas, cada um tividade!!! Mas vocês não podem fazer como eles.
com seu viés, costumam dizer que o padrão lin- POSSENTI, Sírio. A cor da língua e outras croniquinhas de linguística.
guístico é usado pelas pessoas representativas de Campinas: Mercado de Letras, 2001. p. 111-112. (Adaptado).
32 Extensivo Terceirão
Aula 06
A figura do adolescente que mora com os pais inadequado do que o rapaz de 20 anos que se com-
até os 30 anos, sem abrir mão do direito de recla- porta como criança de dez. Ainda que maldigamos
mar da comida à mesa e da camisa mal passada, o envelhecimento, é ele que nos traz a aceitação
surgiu nas sociedades industrializadas depois da das ambiguidades, das diferenças, do contraditório
Segunda Guerra Mundial. Bem mais cedo, nossos e abre espaço para uma diversidade de experiên-
avós tinham filhos para criar. cias com as quais nem sonhávamos anteriormente.
A exaltação da juventude como o período áu- VARELLA, D. A arte de envelhecer. Adaptado. Disponível em <http://www1.
reo da existência humana é um mito das socie- folha.uol.com.br/colunas/2016/01/1732457> Acesso em: mai. 2017.
Português 2C 33
c) Argumentação por causa-consequência, pois estabelece
uma relação entre a sua tese e as consequências que uma a problemática das relações de trabalho envolve
opção diferente poderia gerar. também uma questão: qual o tipo de desenvol-
vimento que nós, como cidadãos, queremos ter?
d) Argumentação por testemunho de autoridade, uma vez
que Susanita é uma pessoa reconhecida como profunda Segundo Christiane, é preciso “articular” o
econômico e o social, como acontece na econo-
conhecedora do assunto debatido.
mia solidária.
e) Indução, pois Susanita elabora sua estratégia argumen-
tativa de acordo com os anseios que a personagem “Ela é uma das alternativas que aparecem e
precisa ser discutida. A resposta do trabalhador
Mafalda possui.
se manifesta por meio do estresse, de doenças
Instrução: Texto para a próxima questão. diversas e do suicídio. A gente não se pergunta
o suficiente sobre o peso da gestão do trabalho”,
disse a representante do Ipea.
Competição e individualismo excessivos
Adaptado de www.diariodasaude.com.br
ameaçam saúde dos trabalhadores
Ideologia do individualismo
06.13. (UERJ) – No texto, as falas do professor universitário e
O novo cenário mundial do trabalho apresenta da coordenadora do instituto de pesquisa reforçam o sentido
facetas como a da competição globalizada e a da geral antecipado pelo título da matéria jornalística. A citação
ideologia do individualismo. A afirmação foi feita
de falas como as referidas acima é um recurso conhecido da
pelo professor da Universidade de Brasília (UnB)
argumentação.
Mário César Ferreira, ao participar do seminário
Trabalho em Debate: Crise e Oportunidades. Esse recurso está corretamente descrito em:
Segundo ele, pela primeira vez, há uma liga- a) exemplificação de fatos enunciados no texto
ção direta entre trabalho e índices de suicídio, b) registro da divergência entre diferentes autores
sobretudo na França, em função das mudanças c) apoio nas palavras de especialistas em uma área
focadas na ideia de excelência. d) apresentação de dados quantificados por pesquisas
Fim da especialização Instrução: Texto para a próxima questão.
A configuração do mundo do trabalho é cada
vez mais volátil”, disse o professor. Ele destacou Um poema de Vinicius de Moraes
ainda a crescente expansão do terceiro setor, do
trabalho em domicílio e do trabalho feminino, A flutuação do gosto em relação aos poetas é
bem como a exclusão de perfis como o de tra- normal, como é normal a sucessão dos modos de
balhadores jovens e dos fortemente especializa- fazer poesia. Pelo visto, Vinicius de Moraes anda
dos. “As organizações preferem perfis polivalentes em baixa acentuada. Talvez o seu prestígio tenha
e multifuncionais.” Desta forma, a escolarização diminuído porque se tornou cantor e composi-
clássica do trabalhador amplia-se para a qualifi- tor, levando a opinião a considerá-lo mais letrista
cação contínua, enquanto a ultraespecialização do que poeta. Mas deve ter sido também porque
evolui para a multiespecialização. encarnou um tipo de poesia oposto a certas mo-
dalidades para as quais cada palavra tende a ser
Metamorfoses do trabalho objeto autônomo, portador de maneira isolada
Ele ressaltou que as “metamorfoses” no cená- (ou quase) do significado poético.
rio do trabalho não são “indolores” para os que Na história da literatura brasileira ele é um po-
trabalham e provocam erros frequentes, retraba- eta de continuidades, não de rupturas; e o nosso
lho, danificação de máquinas e queda de produ- é um tempo que tende à ruptura, ao triunfo do
tividade. ritmo e mesmo do ruído sobre a melodia, assim
Outra grande consequência, de acordo com o como tende a suprimir as manifestações da afeti-
professor, diz respeito à saúde dos trabalhadores, vidade.
que leva à alta rotatividade nos postos de trabalho Ora, Vinicius é melodioso e não tem medo
e aos casos de suicídio. “Trata-se de um cenário de manifestar sentimentos, com uma naturali-
em que todos perdem, a sociedade, os governan- dade que deve desgostar as poéticas de choque.
tes e, em particular, os trabalhadores”, avaliou. Por vezes, ele chega mesmo a cometer o pecado
maior para o nosso tempo: o sentimentalismo.
Articulação entre econômico e social Isso lhe permitiu dar estatuto de poesia a coisas,
Para a coordenadora da Diretoria de Coopera- sentimentos e palavras extraídos do mais singelo
ção e Desenvolvimento do Instituto de Pesquisa cotidiano, do coloquial mais familiar e até piegas,
Econômica Aplicada (Ipea), Christiane Girard, de maneira a parecer muitas vezes um seresteiro
34 Extensivo Terceirão
Aula 06
milagrosamente transformado em poeta maior. Mas o que aqueles pássaros construíram não
João Cabral disse mais de uma vez que sua pró- foi uma parede: foi um buraco. Erguemos pare-
pria poesia remava contra a maré da tradição lí- des inteiras como se fôssemos tucanos cegos. De
rica de língua portuguesa. Vinicius seria, ao con- um e do outro lado há sempre algo que morre,
trário, alguém integrado no fluxo da sua corrente, truncado do seu lado gêmeo. Aprendemos a de-
porque se dispôs a atualizar a tradição. Isso foi marcarmo-nos do Outro e do Estranho como se
possível devido à maestria com que dominou o fossem ameaças à nossa integridade. Temos medo
verso, jogando com todas as suas possibilidades. da mudança, medo da desordem, medo da com-
Ele consegue ser moderno usando metrifica- plexidade. 1Precisamos de modelos para entender
ção e cultivando a melodia, com uma imaginação o universo (que é, afinal, um pluriverso ou um
renovadora e uma liberdade que quebram as con- multiverso), que foi construído em permanente
venções e conseguem preservar os valores colo- mudança, no meio do caos e do imprevisível.
quiais. Rigoroso como Olavo Bilac, fluido como A própria palavra “fronteira” nasceu como um
o Manuel Bandeira dos versos regulares, terra a conceito militar, era o modo como se designava
terra como os poemas conversados de Mário de a frente de batalha. Nesse mesmo berço aconte-
Andrade, esse mestre do soneto e da crônica é um ceu um fato curioso: um oficial do exército fran-
raro malabarista. cês inventou um código de gravação de mensa-
ANTONIO CANDIDO. Adaptado de Teoria e debate, nº 49. gens em alto-relevo. Esse código servia para que,
São Paulo: Fundação Perseu Abramo, out-dez, 2001. nas noites de combate, os soldados pudessem se
comunicar em silêncio e no escuro. Foi a partir
desse código que se inventou o sistema de leitura
06.14. (UERJ) – A articulação do primeiro com o segundo Braille. No mesmo lugar em que nasceu a pala-
parágrafo revela o seguinte eixo principal da argumentação vra “fronteira” sucedeu um episódio que negava o
do crítico: sentido limitador da palavra.
a) valorização de versos coloquiais A fronteira concebida como vedação estanque
b) descrição de uma poética singular tem a ver com o modo como pensamos e vive-
c) contestação de artistas modernos mos a nossa própria identidade. Somos um pouco
d) exaltação de uma obra convencional como a tucana que se despluma dentro do escuro:
temos a ilusão de que a nossa proteção vem da
Instrução: Texto para as próximas 2 questões. espessura da parede. Mas seriam as asas e a capa-
cidade de voar que nos devolveriam a segurança
Nosso pensamento, como toda entidade viva, de ter o mundo inteiro como a nossa casa.
nasce para se vestir de fronteiras. Essa invenção MIA COUTO
Adaptado de fronteiras.com, 10/08/2014.
é uma espécie de vício de arquitetura, pois não
há infinito sem linha do horizonte. A verdade é
que a vida tem fome de fronteiras. Porque essas 06.15. (UERJ) – Precisamos de modelos para entender o uni-
fronteiras da natureza não servem apenas para verso (que é, afinal, um pluriverso ou um multiverso), (ref. 1)
fechar. Todas as membranas orgânicas são entida-
des vivas e permeáveis. São fronteiras feitas para, Nesse trecho, o conteúdo entre parênteses propõe uma re-
ao mesmo tempo, delimitar e negociar: o “dentro” formulação da palavra universo, em função da argumentação
e o “fora” trocam-se por turnos. feita pelo autor. Essa reformulação explora o seguinte recurso:
Um dos casos mais notáveis na construção de a) contraste de morfemas de sentidos distintos
fronteiras acontece no mundo das aves. É o caso b) citação de neologismos de valor polissêmico
do nosso tucano, o tucano africano, que fabrica o c) comparação de conceitos relacionados ao tema
ninho a partir do oco de uma árvore. Nesse vão, d) enumeração de sinônimos possíveis no contexto
a fêmea se empareda literalmente, erguendo, ela e
o macho, um tapume de barro. Essa parede tem 06.16. (UERJ) – No penúltimo parágrafo, a menção ao
apenas um pequeno orifício, ele é a única janela surgimento do sistema de leitura Braile serve de exemplo à
aberta sobre o mundo. Naquele cárcere escuro, argumentação do autor. Esse exemplo, no contexto, assume
a fêmea arranca as próprias penas para preparar o seguinte objetivo:
o ninho das futuras crias. Se quisesse desistir da a) rever o caráter restritivo das experiências pessoais
empreitada, ela morreria, sem possibilidade de b) contradizer os usos correntes da linguagem técnica
voar. Mesmo neste caso de consentida clausura, a
divisória foi inventada para ser negada. c) ressaltar a fragilidade humana nos contextos de guerra
d) demonstrar apropriação nova no emprego de uma ideia
Português 2C 35
Instrução: Texto para a próxima questão. toda a nova ordem de coisas, trocando a noção de-
Leia o trecho do conto “A igreja do Diabo”, de Machado de las, fazendo amar as perversas e detestar as sãs.
Assis (1839 –1908), para responder à questão a seguir: Nada mais curioso, por exemplo, do que a
definição que ele dava da fraude. Chamava-lhe
Uma vez na terra, o Diabo não perdeu um o braço esquerdo do homem; o braço direito
minuto. Deu-se pressa em enfiar a cogula1 bene- era a força; e concluía: Muitos homens são ca-
ditina, como hábito de boa fama, e entrou a es- nhotos, eis tudo. Ora, ele não exigia que todos
palhar uma doutrina nova e extraordinária, com fossem canhotos; não era exclusivista. Que uns
uma voz que reboava nas entranhas do século. Ele fossem canhotos, outros destros; aceitava a to-
prometia aos seus discípulos e fiéis as delícias da dos, menos os que não fossem nada. A demons-
terra, todas as glórias, os deleites mais íntimos. tração, porém, mais rigorosa e profunda, foi a
Confessava que era o Diabo; mas confessava-o da venalidade5. Um casuísta6 do tempo chegou
para retificar a noção que os homens tinham dele a confessar que era um monumento de lógica.
e desmentir as histórias que a seu respeito conta- A venalidade, disse o Diabo, era o exercício de
vam as velhas beatas. um direito superior a todos os direitos. Se tu
– Sim, sou o Diabo, repetia ele; não o Diabo podes vender a tua casa, o teu boi, o teu sapa-
das noites sulfúreas, dos contos soníferos, terror to, o teu chapéu, coisas que são tuas por uma
das crianças, mas o Diabo verdadeiro e único, o razão jurídica e legal, mas que, em todo caso,
próprio gênio da natureza, a que se deu aquele estão fora de ti, como é que não podes ven-
nome para arredá-lo do coração dos homens. Ve- der a tua opinião, o teu voto, a tua palavra, a
de-me gentil e airoso. Sou o vosso verdadeiro pai. tua fé, coisas que são mais do que tuas, porque
Vamos lá: tomai daquele nome, inventado para são a tua própria consciência, isto é, tu mesmo?
meu desdouro2, fazei dele um troféu e um lába- Negá-lo é cair no absurdo e no contraditório.
ro3, e eu vos darei tudo, tudo, tudo, tudo, tudo, Pois não há mulheres que vendem os cabelos?
tudo... não pode um homem vender uma parte do seu
sangue para transfundi-lo a outro homem anê-
Era assim que falava, a princípio, para excitar
mico? e o sangue e os cabelos, partes físicas,
o entusiasmo, espertar os indiferentes, congregar,
terão um privilégio que se nega ao caráter, à
em suma, as multidões ao pé de si. E elas vie-
porção moral do homem? Demonstrando assim
ram; e logo que vieram, o Diabo passou a definir
o princípio, o Diabo não se demorou em expor
a doutrina. A doutrina era a que podia ser na boca
as vantagens de ordem temporal ou pecuniária;
de um espírito de negação. Isso quanto à substân-
depois, mostrou ainda que, à vista do precon-
cia, porque, acerca da forma, era umas vezes sutil,
ceito social, conviria dissimular o exercício de
outras cínica e deslavada.
um direito tão legítimo, o que era exercer ao
Clamava ele que as virtudes aceitas deviam ser mesmo tempo a venalidade e a hipocrisia, isto
substituídas por outras, que eram as naturais e é, merecer duplicadamente.
legítimas. A soberba, a luxúria, a preguiça foram
(Contos: uma antologia, 1998.)
reabilitadas, e assim também a avareza, que decla-
rou não ser mais do que a mãe da economia, com 1. cogula: espécie de túnica larga, sem mangas, usada por certos religiosos.
a diferença que a mãe era robusta, e a filha uma 2. desdouro: descrédito, desonra.
36 Extensivo Terceirão
Aula 06
Português 2C 37
Instrução: Texto para a próxima questão:
Desafio A questão a seguir toma por base um trecho do artigo “Horror
Instrução: Texto para a próxima questão. a aprender” (06.01.1957), escrito pelo historiador e crítico
literário Afrânio Coutinho (1911-2000).
Pensar no envelhecimento é algo que costuma
incomodar a maior parte das pessoas. Herdamos Horror a aprender
das gerações passadas a ideia de que a idade ine- Se quiséssemos numa fórmula definir a men-
xoravelmente sinaliza o fim de uma vida produtiva talidade mais ou menos generalizada dos que mi-
plena e que o melhor a fazer é aceitar a decadência litam na vida literária brasileira, não lograríamos
física, almejando contar com o conforto proporcio- descobrir outra que melhor se prestasse do que
nado por uma boa aposentadoria. Mas o mundo esta: horror a aprender. Nosso autodidatismo en-
mudou. Hoje, uma nova geração descobre que, se raizado, nossa falta de hábito universitário, fazem
tomar decisões sábias na juventude, pode tornar o com que aprender, entre nós, seja motivo de infe-
tempo futuro uma genuína etapa da vida e, mais rioridade intelectual. Ninguém gosta de aprender.
do que isso, uma fase áurea da nossa existência. Ninguém se quer dar ao trabalho de aprender.
Estudos demográficos apontam que as gerações Porque já se nasce sabendo. Todos somos mestres
nascidas desde a década de 60 podem contar com, antes de ser discípulos. Aprender o quê? Pois já
pelo menos, mais 20 anos em sua expectativa de sabemos tudo de nascença! Ignoramos essa ver-
vida. Na verdade, se recuarmos um pouco mais, dade de extrema sabedoria: só os bons discípulos
vamos constatar que esse bônus de longevidade é dão grandes mestres, e só é bom mestre quem foi
maior ainda. No início do século 20, mais ou me- um dia bom discípulo e continua com o espírito
nos na mesma época em que a aposentadoria foi aberto a um perpétuo aprendizado. Quem sabe
criada, a expectativa de vida ao nascer do brasilei- aprender sabe ensinar, e só quem gosta de apren-
ro era, em média, de 33 anos. Hoje estamos quase der tem o direito de dar lições. Como pode di-
chegando aos 80. Em pouco mais de 100 anos o vulgar e orientar conhecimentos quem mantém o
bônus de longevidade foi de quase 50 anos! espírito impermeável a qualquer aprendizagem?
Você S/A – Previdência, setembro de 2016.
Nossos jovens intelectuais, em sua maioria,
primam pelo pedantismo, autossuficiência e falta
de humildade de espírito. São mestres antes de ter
06.19. (FGV – SP) – No texto, a frase “Mas o mundo mudou.” sido discípulos. Saber não os preocupa, estudar,
(1º parágrafo) relaciona diferentes informações da argumen- ninguém lhes viu os estudos. É só meter-lhes na
tação do autor. mão uma pena e cair-lhes ao alcance uma coluna
a) Que tipo de oração coordenada o autor empregou? Que de jornal, e lá vem doutrinação leviana e prosa
sentido ela estabelece no texto? de meia-tigela. Não lhes importa verificar se es-
tão arrombando portas abertas ou chovendo no
molhado.
(No hospital das letras, 1963.)
38 Extensivo Terceirão
Aula 06
Produção de Textos
Proposta 01
(UTFPR) – Considere o texto abaixo:
O texto acima trata dos riscos de extinção das abelhas havaianas, o que viria a comprometer o ecossistema da ilha. A partir
da leitura, produza um texto argumentativo abordando o papel do ser humano em relação ao meio ambiente.
Português 2C 39
Proposta 02
(UFPR) – Considere o texto abaixo:
A ascensão política de Donald Trump nos EUA, a decisão britânica de deixar a União Europeia e a defini-
ção contrária ao acordo de paz na Colômbia têm sido elencados como exemplos de uma crise da democracia
global e dos sistemas de representação política. [...]
Para o filósofo norte-americano Jason Brennan, os três casos são símbolo de problemas na tomada de
decisões políticas. Esses impasses favorecem a participação das pessoas em detrimento do conhecimento que
elas têm sobre a realidade em questão – o que leva, segundo ele, a escolhas irracionais.
Este é o caso específico do “brexit”, na visão de Brennan, em que as pessoas tomaram “uma decisão es-
túpida” porque não tinham informações sobre a realidade britânica. E é o modelo que aproximou Trump
da Presidência dos EUA, apesar de fazer campanha com pouco apego a fatos reais e a mentir em das suas
declarações, segundo o site PolitiFact, que checa discursos políticos. [...]
Em entrevista à Folha, por telefone, Brennan falou sobre suas críticas aos sistemas democráticos, reunidas
no recente livro “Against Democracy” (contra a democracia), em que sugere a implementação de um sistema
político diferente: a epistocracia. Ele defende que apenas uma elite com conhecimento aprofundado sobre
temas de relevância nacional possa tomar decisões.
Criticado por sua visão de mundo “elitista”, ele diz que a democracia ainda é o melhor sistema de gover-
no, mas que isso não significa que não precise evoluir.
Epistocracia (ou epistemocracia, como também aparece citado em trabalhos acadêmicos no Brasil), é um
conceito de sistema político baseado na ideia de epistem. O termo foi usado por Platão na filosofia grega, no
século 4º a.C., para se referir ao “conhecimento verdadeiro”, em oposição à opinião infundada, sem reflexão.
Por esse sistema, o poder político não deveria ser distribuído igualmente a todos os cidadãos, em contra-
posição à democracia, mas sim estar nas mãos das pessoas sábias.
Fonte: <http://www1.folha.uol.com.br/mundo/2016/11/1829957>
Escreva um texto argumentativo posicionando-se em relação à proposta apresentada por Jason Brennan.
O seu texto deve:
• explicitar em linhas gerais as ideias de Jason Brennan;
• assumir uma posição contra ou a favor dela, contrapondo argumentos se for contra, ou reforçando os já apresentados se
for a favor.
40 Extensivo Terceirão
Aula 06
Proposta 03
(UNISC – RS) – Focalize um único tema entre as três propostas apresentadas, e construa o seu texto com clareza, coerência
e correção, defendendo o seu ponto de vista com ideias bem organizadas.
• Não esqueça que seu texto tem um leitor, um destinatário.
• Não esqueça de dar um título à sua redação, coerente com a temática escolhida.
• Numere o título de sua redação, de acordo com o número do tema escolhido.
TEMA 1
A tolerância é antes de mais nada uma exigência ética. Ela representa o direito que cada um possui de ser
aquilo que é e de continuar a sê-lo. (Leonardo Boff)
O que se vê, no entanto, no mundo e na sociedade brasileira é a manifestação de ódio e intolerância
A felicidade é um momento durável de satisfação em que o indivíduo se sente plenamente feliz e realiza-
do, um momento no qual não há nenhum tipo de sofrimento. A felicidade é particular para cada ser huma-
no, é uma questão muito individual. Mesmo que a ideia compartilhada entre a maior parte das pessoas seja
que esse conceito é construído com saúde, amor, dinheiro, entre outros itens.
http://www.afilosofia.com.br/post/o-conceito-felicidade-para-os-filosofos/542
Ser feliz
O melhor lugar é ser feliz
O melhor é ser feliz
Mas
Onde estou
Não importa tanto aonde vou
O melhor é ter amor.
(Caetano Veloso)
O que é ser feliz? Produza um texto argumentativo para expor suas ideias, com organicidade e coerência.
TEMA 3
Um conceito de opinião pública nos leva à expressão da participação popular na criação, controle, exe-
cução e crítica das diretrizes de uma sociedade.
Como você vê o processo de formação da opinião numa dada sociedade? Pode ser caracterizado pela
neutralidade e isenção dos meios de comunicação social, por exemplo, ou por parte dos demais atores que
assumem papel no processo de formação das opiniões individuais que depois convergem para o fenômeno
da Opinião Pública?
MARQUES DE MELLO, José. Teoria e pesquisa. Petrópolis: Vozes, 1971 (adaptado).
Português 2C 41
Produza um texto argumentativo abordando a temática.
42 Extensivo Terceirão
Aula 06
Gabarito
06.01. d 06.17. b b) A respeito da longevidade do brasi-
06.02. c 06.18. c leiro, o autor se posiciona de modo
06.03. c 06.19. a) A oração coordenada empregada favorável, argumentando priorita-
06.04. b pelo autor foi adversativa. Seu senti- riamente que decisões conscientes,
06.05. d do é marcar a adversidade entre dois tomadas durante a juventude, inter-
06.06. d posicionamentos: no passado, havia ferem positivamente na existência
06.07. d preocupação com a velhice, fase mar- futura, garantindo-lhe qualidade.
06.08. b cada pelo “fim de uma vida produtiva 06.20. No último período do texto, Coutinho
06.09. a plena”, cuja única possibilidade era vale-se de duas expressões idiomáticas:
06.10. c “aceitar a decadência física”; no pre- “arrombando portas abertas” e “choven-
06.11. c sente, pensa-se que, de acordo com do no molhado”. A primeira acentua a
06.12. c comportamentos sábios durante a crítica aos jovens intelectuais que pen-
06.13. c juventude, a velhice se tornará “uma sam ser mestres antes de ser discípulos
06.14. b fase áurea da nossa existência”. e a segunda, à exposição de ideias e
06.15. a conceitos que não acrescentam nada ao
06.16. d que já foi formulado por outros.
Português 2C 43
Português
Aula 07 2C 1B
Texto dissertativo-argumentativo I
T
O texto mais cobrado nas escrita. Apesar de algumas bancas de correção serem
mais flexíveis, outras são bastante rígidas quanto ao
provas de redação cumprimento dessas convenções. Assim, o melhor a
fazer, nesse tipo de texto, é conhecer e aplicar essas
Apesar de muitos vestibulares já estarem cobrando
características. Vamos a elas:
textos de opinião em formatos diferentes das convenções
tradicionais, o texto dissertativo-argumentativo ainda é
o mais incidente nas provas de redação da maioria dos 1. Linguagem
exames do Brasil, especialmente o ENEM. Dessa forma,
Por ser um texto construído para uma avaliação,
é importante destacar esse tipo de texto como uma das
cabe ao autor manter uma linguagem adequada à
prioridades de estudo e, nesta aula, destacaremos as
situação. Dessa forma, a melhor forma de se expressar
características gerais da dissertação argumentativa.
nesse contexto é a adequação às normas da língua
Finalidade escrita formal, pois o domínio das regras da norma-
-padrão da Língua Portuguesa também faz parte da
A finalidade maior da dissertação argumentativa é avaliação da redação.
a defesa de um ponto de vista a respeito de um tema.
Assim, esse texto não pode apenas expor informações
sobre o tema, pois sua finalidade maior não é informati- 2. Impessoalidade
va; é preciso analisar o tema, colocá-lo em debate. Expressão preferencial em 3a. pessoa: também faz
parte da linguagem dissertativa a impessoalidade. Por
As bases dessa redação entender-se que a dissertação é uma exposição racional
O texto dissertativo-argumentativo, como todo texto e objetiva de uma argumentação, é preciso evitar, ao
de opinião, tem como base dois elementos, que, obriga- longo da produção do texto, marcas próprias da subje-
toriamente, devem ser expostos na redação: tividade. Com isso, evita-se a expressão em 1a. pessoa no
• Tese: o autor, ao se deparar com o tema da redação, texto dissertativo-argumentativo.
deve definir uma ideia central, um posicionamento Além disso, expressões como “eu acho que” ou “na
que será defendido ao longo do texto. minha opinião” não costumam ser bem vistas apenas por
• Argumentação: naturalmente, o bom texto de causa do caráter subjetivo. Mais grave que a subjetividade,
opinião não possui apenas afirmações. Afinal, a boa expressões desse tipo podem enfraquecer a redação por
opinião é resultado de uma análise. Por isso, é neces- passar impressão de que a argumentação está baseada
sário, também, que o autor da dissertação demonstre em “achismos” e palpites.
as razões que justificam determinado ponto de vista. Evite dirigir-se ao leitor: esse tipo de texto não deve
ser dirigido a um leitor específico. Como é escrito para
Dissertação: convenções uma espécie de “leitor universal”, ou para a sociedade
tradicionais em geral, procura-se evitar, ao longo do texto, marcas de
interlocução com o leitor. Portanto, a dissertação deve
Por ser o tipo de redação mais tradicional, a disser- ser impessoal tanto para quem a escreve como para
tação argumentativa possui algumas convenções de quem a lê.
44 Extensivo Terceirão
Aula 07
Português 2C 45
Texto II Exemplo de redação
O direito de criticar dogmas e encaminhamentos
é assegurado como liberdade de expressão, mas A Constituição nacional prevê a liberdade de
atitudes agressivas, ofensas e tratamento diferen- credo e de expressão religiosa, sendo crimes de
ciado a alguém em função de crença ou de não ter intolerância considerados graves e de pena im-
religião são crimes inafiançáveis e imprescritíveis. prescritível. No entanto, é comum ouvir piadas
STECK, J. Intolerância religiosa é crime de ódio e fere a dignidade. sobre “macumbeiros” e, em alguns casos, vio-
Jornal do Senado. Acesso em: 21 maio 2016. (fragmento). lência física contra praticantes do candomblé. O
combate dessas atitudes pressupõe uma análise
Texto III histórica e educacional.
Por razões diacrônicas, certas religiões são es-
CAPÍTULO I tigmatizadas como “inferiores”. No Período Co-
Dos Crimes Contra o Sentimento Religioso lonial brasileiro, era nítida a preocupação dos je-
Ultraje a culto e impedimento ou perturbação suítas e da Coroa Portuguesa em “cristianizar” os
de ato a ele relativo indígenas e, posteriormente, os negros africanos.
Em “Casa Grande e Senzala”, o sociólogo Gilber-
Art. 208 - Escarnecer de alguém publicamente, to Freyre defende que a cultura foi formada nes-
por motivo de crença ou função religiosa; impedir tes três pilares: nativo, colonizador e escravo. De
ou perturbar cerimônia ou prática de culto reli- fato, a resistência dos índios e dos negros rendeu
gioso; vilipendiar publicamente ato ou objeto de uma herança imaterial híbrida, contudo, a tradi-
culto religioso: ção etnocentrista permanece. A sociedade, muitas
Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa. vezes, repete visões preconceituosas, pois ainda
Parágrafo único - Se há emprego de violência, a não houve um efetivo pensamento crítico, uma
pena é aumentada de um terço, sem prejuízo da conscientização que contrariasse o senso comum.
correspondente à violência. O ensino formal também corrobora a proble-
BRASIL. Código Penal. Disponível em: <www.planalto.gov.br>. mática. As escolas, por serem o espaço de forma-
Acesso em: 21 maio 2016. (fragmento). ção cidadã do indivíduo, deveriam estar abertas
para amplas discussões e para promoção de va-
Texto IV lores coletivos. Não é o que se vê, por exemplo,
no privilégio da religião cristã – ensaios teatrais
natalinos, homenagem a santos e a anjos – em
detrimento das restantes. A grade curricular tam-
bém não explora de forma profunda as matrizes
culturais afro-brasileiras (as mais discriminadas),
como a umbanda (uma fusão do cristianismo, do
espiritismo e dos orixás negros).
Tendo em vista a desconstrução da herança et-
nocentrista, cabe à sociedade civil (desde estudio-
sos ativistas a familiares) incentivar o pluralismo
e a tolerância religiosa, através de palestras e de
núcleos culturais gratuitos em praças públicas. Por
outro lado, são necessárias ações do Estado na de-
fesa de festivais escolares afro-brasileiros e na refor-
A partir da leitura dos textos motivadores e com base ma da grade curricular de História e de Sociologia,
nos conhecimentos construídos ao longo de sua forma- por meio da formação de comissões especiais na
ção, redija um texto dissertativo-argumentativo em Câmara dos Deputados, com participação de espe-
modalidade escrita formal da língua portuguesa sobre cialistas na área de Educação, objetivando a uma
o tema “Caminhos para combater a intolerância reli- educação mais aberta e democrática. Assim, será
giosa no Brasil”, apresentando proposta de intervenção possível formar cidadãos que entendam, que res-
peitem e que se orgulhem de sua cultura.”
que respeite os direitos humanos. Selecione, organize
Extraído de <https://g1.globo.com/educacao/noticia/leia-redacoes-
e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e nota-mil-do-enem-2016.ghtml>. Acesso em: 13/02/18
fatos para defesa de seu ponto de vista.
46 Extensivo Terceirão
Aula 07
Testes
Assimilação de e tiverem a sua dignidade roubada por carta-
zes com os dizeres “só para brancos”. [...] Não
Instrução: Texto para a próxima questão. estamos satisfeitos e nem ficaremos satisfeitos até
que “a justiça jorre como uma fonte; e a equidade,
EU TENHO UM SONHO como uma poderosa correnteza”.
Estou contente de me reunir com vocês nesta E digo-lhes hoje, meus amigos, mesmo diante
que será conhecida como a maior demonstração das dificuldades de hoje e de amanhã, ainda te-
pela liberdade na história de nossa nação. nho um sonho, um sonho profundamente enrai-
Há dez décadas, um grande americano, sob zado no sonho americano.
cuja sombra simbólica nos encontramos hoje, as- Eu tenho um sonho de que um dia esta na-
sinou a Proclamação da Emancipação. Esse mag- ção se erguerá e experimentará o verdadeiro sig-
nífico decreto surgiu como um grande farol de nificado de sua crença: “Acreditamos que essas
esperança para milhões de escravos negros que verdades são evidentes, que todos os homens são
arderam nas chamas da árida injustiça. Ele surgiu criados iguais”.
como uma aurora de júbilo para pôr fim à longa [...]
noite de cativeiro. Eu tenho um sonho de que os meus quatro
Mas cem anos depois, o negro ainda não é livre. filhos pequenos viverão um dia numa nação onde
Cem anos depois, a vida do negro ainda está triste- não serão julgados pela cor de sua pele, mas pelo
mente debilitada pelas algemas da segregação e pe- conteúdo de seu caráter. [...]
los grilhões da discriminação. Cem anos depois, o KING JR., Martin Luther. Em: ABAURRE, M.L.M.; ABAURRE,
negro vive isolado numa ilha de pobreza em meio M. B. M.; PONTARA, M. Português: contexto interlocução
e sentido. São Paulo: Moderna, 2016. Vol. I
a um vasto oceano de prosperidade material. Cem
anos depois, o negro ainda vive abandonado nos
recantos da sociedade na América, exilado em sua 07.01. (IFPE) – Martin Luther King Jr. (1929-1968)
própria terra. Assim, hoje viemos aqui para repre- envolveu-se cedo na luta pelos direitos civis. Pastor
sentar a nossa vergonhosa condição. protestante, tornou-se líder dos movimentos negros
De uma certa forma, viemos à capital da nação nos Estados Unidos, na década de 1960. Organizou
para descontar um cheque. Quando os arquite- boicotes e marchas para reivindicar o direito ao voto,
tos da nossa república escreveram as magníficas o fim da segregação e da violência, o que despertou a
palavras da Constituição e da Declaração da In- ira de segmentos segregacionistas, concentrados nos
dependência, eles estavam assinando uma nota estados do sul. Ao receber o Nobel da Paz (1964),
promissória da qual todos os americanos seriam afirmou: “Acredito ainda que triunfaremos”. Em 4 de
herdeiros. A nota era uma promessa de que todos abril de 1968, momentos antes de mais uma marcha
os homens, sim, negros e brancos igualmente, te- pela liberdade na cidade de Memphis, foi assassinado
riam garantidos os “direitos inalienáveis à vida, à a tiros numa varanda de hotel.
liberdade e à busca da felicidade”. É óbvio neste ABAURRE, M.L.M.; ABAURRE, M. B. M.; PONTARA, M. Português: contexto interlocu-
momento que, no que diz respeito aos seus cida- ção e sentido. São Paulo: Moderna, 2016. Vol. I
dãos de cor, a América não pagou essa promessa.
Marque a alternativa que indica os tipos textuais predomi-
Em vez de honrar a sagrada obrigação, a América
entregou à população negra, um cheque que vol- nantes no texto “Eu tenho um sonho” e no texto apresentado
tou com o carimbo de “sem fundos”. acima, respectivamente.
No entanto, recusamos a acreditar que o ban- a) Argumentativo, pois é notável que Luther King pretende
co da justiça esteja falido. Recusamos a acreditar convencer seus interlocutores a agirem de forma a com-
que não haja fundos suficientes nos grandes co- bater as desigualdades ainda existentes entre negros
fres de oportunidade desta nação. E, assim, vie- e brancos no seu país; e descritivo, por apresentar um
mos descontar esse cheque, um cheque que nos retrato de Luther King, através de suas características
garantirá, sob demanda, as riquezas da liberdade físicas e psicológicas.
e a segurança da justiça. b) Descritivo, pois Luther King retrata com detalhes a si-
[...] tuação do negro de seu tempo nos Estados Unidos; e
Não ficaremos satisfeitos enquanto o negro for argumentativo, pois o texto pretende convencer o inter-
vítima dos inenarráveis horrores da brutalidade locutor de que Luther King foi um homem que deve ser
policial. [...] Não ficaremos satisfeitos enquanto respeitado por todos os seus atos em prol da população
nossos filhos forem despidos de sua personalida- negra americana.
Português 2C 47
c) Narrativo, pois a finalidade do texto de Luther King é
contar e situar historicamente os vários momentos da sião. 1A Suíça, de fato, é um país de contos de fada
história do negro nos Estados Unidos; e instrucional, já onde tudo funciona, onde todos são belos, onde a
vida parece uma pintura, um rótulo de chocolate.
que indica um passo a passo do que fazer para ter uma
Mas falta uma ebulição que a salve do marasmo.
vida dedicada aos seus ideias sociais, políticos e humanos.
Retornando ao assunto: pessoas habitadas são
d) Argumentativo, pois predominam sequências em que aquelas possuídas por si mesmas, em diversas
Luther King pretende fazer com que o interlocutor partilhe versões. Os habitados estão preenchidos de inda-
de suas ideias e concepções, defendendo seus pontos de gações, angústias, incertezas, mas não são menos
vista; e narrativo, já que fatos da vida de Luther King são felizes por causa disso. Não transformam suas
contados no passado, com espaço e tempo definidos. “inadequações” em doença, mas em força e curio-
e) Descritivo, pois há o predomínio de adjetivações que sidade. Não recuam diante de encruzilhadas, não
caracterizam negros e brancos, com a finalidade de se amedrontam com transgressões, não adotam as
diferenciá-los fisicamente, mas de igualá-los em humani- opiniões dos outros para facilitar o diálogo. São
dade; e narrativo, pois narra fatos da vida de Luther King, pessoas que surpreendem com um gesto ou uma
especificando tempo e espaço. fala fora do script, sem nenhuma disposição para
serem bonecos de ventríloquos. Ao contrário, en-
Instrução: Texto para a próxima questão: cantam pela verdade pessoal que defendem. Além
Leia a tira abaixo, para resolução da questão. disso, mantêm com a solidão uma relação mais do
que cordial.
Então são as criaturas mais incríveis do uni-
verso? Não necessariamente. Entre os habitados
há de tudo, gente fenomenal e também assassinos,
pervertidos e demais malucos que não merecem
abrandamento de pena pelo fato de serem, em
certos aspectos, bastante interessantes. Interessam,
mas assustam. Interessam, mas causam dano. Eu
07.02. (IFSUL – RS) – O desenvolvimento argumentativo do não gostaria de repartir a mesa de um restaurante
personagem revela uma contradição, uma vez que com Hannibal Lecter, “The Cannibal”, ainda que
a) o dono do gato afirma ter uma dieta vegetariana. eu não tenha dúvida de que o personagem imor-
talizado por Anthony Hopkins renderia um papo
b) o personagem humano demonstra não ter amor aos
mais estimulante do que uma conversa com, sei lá,
animais.
Britney Spears, que só tem gente em casa porque
c) os humanos baseiam sua alimentação na carne de animais está grávida.
inocentes. Que tenhamos a sorte de esbarrar com seres ha-
d) o gato demonstra tristeza por ver que animais servem de bitados e ao mesmo tempo inofensivos, cujo único
alimento aos homens. mal que possam fazer seja nos fascinar e nos man-
ter acordados uma madrugada inteira. Ou a vida
Instrução: Texto para a próxima questão. inteira, o que é melhor ainda.
MEDEIROS, Martha. In: Org. e Int. SANTOS, Joaquim Ferreira dos.
Pessoas habitadas As Cem Melhores Crônicas Brasileiras. Objetiva, 324-325.
Estava conversando com uma amiga, dia desses.
Ela comentava sobre uma terceira pessoa, que eu
07.03. (UECE) – Sobre o excerto “A Suíça, de fato, é um país
não conhecia. Descreveu-a como sendo boa gente,
de contos de fada onde tudo funciona, onde todos são belos,
esforçada, ótimo caráter. “Só tem um probleminha:
não é habitada”. Rimos. Uma expressão coloquial onde a vida parece uma pintura, um rótulo de chocolate. Mas
na França – habité‚ – mas nunca tinha escutado falta uma ebulição que a salve do marasmo” (referência 1), é
por estas paragens e com este sentido. Lembrei-me INCORRETO fazer a seguinte afirmação:
de uma outra amiga que, de forma parecida, tam- a) ao longo do trecho, desenvolve-se uma descrição da
bém costuma dizer “aquela ali tem gente em casa” Suíça incompatível com as noções do senso comum
quando se refere a pessoas que fazem diferença. sobre esse país.
Uma pessoa pode ser altamente confiável, gen- b) a avaliação inicial – “A Suíça, de fato, é um país de contos
til, carinhosa, simpática, mas, se não é habitada, de fada” – é feita em forma de metáfora.
rapidinho coloca os outros pra dormir. Uma pes- c) a avaliação, aparentemente positiva, torna-se negativa na
soa habitada é uma pessoa possuída, não necessa- perspectiva da crônica.
riamente pelo demo, ainda que satanás esteja longe d) todas as informações subsequentes a “A Suíça, de fato, é
de ser má referência. Clarice Lispector certa vez es- um país de contos de fada” cumprem o papel argumen-
creveu uma carta a Fernando Sabino dizendo que tativo de reforçar a ideia de perfeição.
faltava demônio em Berna, onde morava na oca-
48 Extensivo Terceirão
Aula 07
Português 2C 49
cioculturais. Entretanto, um diálogo respeitoso, internet – passaram a ser tratados como peças de
cordial, que busca a alteridade. Que apresente museu, literalmente. Criado como um projeto do
discordâncias, entretanto respeite a opinião di- curso de Estudos de Mídia na Universidade Fede-
vergente, sem abrir mão da ética e do respeito aos ral Fluminense (UFF), o Museu dos Memes leva
direitos humanos. justamente a zoeira a sério. […]
(Luciano Freitas Filho – Carta Capital (adaptado), junho/2017. Ainda que sejam tratados como besteira, para
Disponível em: <http://justificando.cartacapital.com. o criador e coordenador do museu, Viktor Cha-
br/2017/06/07/era-dos-memes-nacrise-politica-atual/>.)
gas, os memes possuem, para além de sua função
cômica, uma função social – basta olhar para as
07.05. (UFPR) – Considere as avaliações dos memes en- diversas hashtags de denúncia em causas como
quanto prática social e assinale a alternativa que se apresenta dentro do movimento negro e feminista para en-
coerente com o proposto pelo texto: tender que tal lógica possui mais desdobramen-
a) Em razão do seu modo de funcionamento, os memes não tos, possibilidades e sentidos do que imaginamos
têm o mesmo efeito que as manifestações convencionais. em seu aspecto mais pueril.
(Disponível em: <http://www.hypeness.com.br/2017/05/o-
b) As tentativas de controle da disseminação dos memes museu-de-memes-e-brasileiro-e-e-a-melhor-forma-de-eternizar-
no espaço virtual, por parte dos poderes instituídos, têm a-zueira-que-abunda-nainternet/>. Acesso em 29/09/17)
gerado situações de desconforto.
c) A adesão ao conteúdo dos memes se apresenta de modo
convergente para pessoas de diferentes classes sociais e 07.07. (UFPR) – Com base no texto B, identifique como
posições políticas. verdadeiras (V) ou falsas (F) as seguintes afirmativas:
d) Por se revestirem simultaneamente de caráter de crítica ( ) A função cômica, própria dos memes, é apresenta-
e de deboche, os memes são a melhor forma de embate da como atenuante da função social, que também é
tête-atête. própria deles.
( ) O autor do texto antecipa-se a uma avaliação negativa
e) Apesar de sua força expressiva, os memes não constituem acerca dos memes e apresenta contra-argumento em
recurso para mudanças sociais efetivas, porque seu lugar relação a ela.
de circulação não goza de legitimidade. ( ) Os exemplos de memes como peças de museu, apre-
sentados no início do texto, servem de sustentação à
07.06. (UFPR) – Considere as afirmativas abaixo acerca dos
ideia de paradoxo entre zoeira e seriedade.
usos de aspas presentes no texto: ( ) O autor apresenta a denúncia em causas como a fem-
1. Em “Tira a Dilma, Tira o Aécio, Tira o Cunha, Tira o Temer. inista e a do movimento negro para explicitar a lógica
Tira a calça jeans e bota o fio dental, morena você é tão de funcionamento das hashtags.
sensual”, as aspas cumprem o papel de demarcar citação.
Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta, de
2. Em “jogando a toalha”, as aspas estão demarcando uma cima para baixo.
expressão idiomática.
3. Em “memecrítica”, as aspas estão demarcando um deslo- a) F – V – V – F.
camento do sentido usual da palavra. b) F – V – F – V.
4. Em “berço esplêndido” as aspas demarcam ironia pela via c) V – F – F – V.
do recurso da intertextualidade. d) V – F – V – F.
Assinale a alternativa correta. e) F – F – V – V.
a) Somente as afirmativas 1 e 2 são verdadeiras.
07.08. (UFPR) – O que distingue centralmente o texto A
b) Somente as afirmativas 1 e 3 são verdadeiras. do texto B é:
c) Somente as afirmativas 1, 2 e 4 são verdadeiras. a) o caráter de seriedade atribuído aos memes no texto A
d) Somente as afirmativas 2, 3 e 4 são verdadeiras. em contraste com o de zoeira no texto B.
e) As afirmativas 1, 2, 3 e 4 são verdadeiras. b) a crítica de caráter político atribuída aos memes no texto
A em contraste com a crítica de caráter social no texto B.
Instrução: O texto B serve de referência para a questão 07.07.
c) a referência a alguma forma de efeito produzido pelos
Texto B: memes, presente no texto B, em contraste com sua
ausência no texto A.
Glória Pires incapaz de opinar no Oscar, Edu- d) a crítica aos memes como prática com limites de alcance,
ardo Jorge, Tapa na pantera, Luisa Marilac, Japo- explicitada no texto A, em contraste com a ausência desse
nês da federal, John Travolta confuso, diferento- crítica no texto B.
na, cala a boca Galvão, Nissim Ourfali, Winona e) a larga circulação dos memes apresentada no texto A em
Ryder em choque, e tantos outros memes e virais contraste com sua fixidez e imobilidade apresentadas no
– que costumam ser tratados como mera zoeira,
texto B.
simplesmente uma das mil manias derivadas da
50 Extensivo Terceirão
Aula 07
Instrução: Texto para a próxima questão. e) representar verbalmente um objeto sensível, através da
indicação dos seus aspectos mais característicos, que o
Grande parte dos avanços tecnológicos inte- individualizam.
gra o processo evolutivo da comunicação, con-
duzindo-nos para uma maior democratização Instrução: Texto para a próxima questão.
da informação e, consequentemente, do saber.
A comunicação virtual introduz um conceito de A lógica do humor
descentralização da informação e do poder de Piada racista termina com polícia em casa de
comunicar. Todo computador, conectado à inter- shows. É engraçado gozar de minorias? Até onde
net, possui a capacidade de transmitir palavras, se pode chegar para fazer os outros rirem? Aliás,
imagens, sons. Não se limita apenas aos donos de do que rimos?
jornais e emissoras; qualquer pessoa pode cons- De um modo geral, achamos graça quando
truir um site na internet, sobre qualquer assunto percebemos um choque entre dois códigos de re-
e propagá-lo de maneira simples. O espaço ci- gras ou de contextos, todos consistentes, mas in-
bernético tem se tornado um lugar essencial, um compatíveis entre si. Um exemplo: “O masoquista
futuro próximo de comunicação completamente é a pessoa que gosta de um banho frio pelas ma-
distinta da mídia clássica. [...]. nhãs e, por isso, toma uma ducha quente”.
A internet proporciona a interação entre locu- Cometo agora a heresia de explicar a piada.
tor e interlocutor, uma vez que, na rede, qualquer Aqui, o fato de o sujeito da anedota ser um maso-
elemento adquire a possibilidade de interação, quista subverte a lógica normal: ele faz o contrá-
havendo interconexões entre pessoas dos mais rio do que gosta, porque gosta de sofrer. É claro
diferentes lugares do planeta, facilitando, por- que a lógica normal não coexiste com seu reverso,
tanto, o contato entre elas, assim como a busca daí a graça da pilhéria. Uma variante no mesmo
por opiniões e ideias convergentes. Uma prova da padrão é: “O sádico é a pessoa que é gentil com o
eficiência da internet em construir esse ideal de masoquista”.
propagação de mensagens e opiniões está na mul-
tiplicidade de temas que podem ser encontrados Essa “gramática” dá conta da estrutura in-
nela. Além dos sites, as listas de discussão, que telectual das piadas, mas há também dinâmicas
agregam pessoas interessadas em um dado assun- emocionais. Kant, na “Crítica do Juízo”, diz que
to, também merecem consideração. o riso é o resultado da “súbita transformação de
uma expectativa tensa em nada”. Rimos porque
É nesse ponto que a internet se sobressai, pois nos sentimos aliviados. Torna-se plausível rir de
integra e condensa nela todos os recursos de todas desgraças alheias. Em alemão, há até uma palavra
as formas de comunicação, como jornal, por exem- para isso: “Schadenfreude”, que é o sentimento
plo. Além de apresentar todas as funções do jorna- de alegria provocado pelo sofrimento de terceiros.
lismo, que, segundo Beltrão são econômica, social Não necessariamente estamos felizes pelo infor-
educativa e de entretenimento, ela é um meio de túnio do outro, mas sentimo-nos aliviados com o
comunicação interativo. Além disso, há a questão da fato de não sermos nós a vítima.
dinamicidade e da interatividade: o espaço virtual,
diferentemente de um texto de jornal ou revista em Mais ou menos na mesma linha vai o filóso-
papel, está constantemente em movimento. fo francês Henri Bergson. Em “O Riso”, ele ob-
serva que muitas piadas exigem “uma anestesia
GALLI, Fernanda. Linguagem da internet: um meio de comunicação global.
In: Hipertexto e gêneros digitais. momentânea do coração”. Ou seja, pelo menos as
MARCUSCHI, Luiz Antônio; XAVIER, Antonio Carlos (Org.). partes mais primitivas de nosso eu acham graça
São Paulo: Cortez, 2010, p. 151-2. (adaptado) em troçar dos outros. Daí os inevitáveis choques
entre humor e adequação social.
Como não podemos dispensar o riso nem o
07.09. (IFBA) – O texto é um fragmento de um artigo, que
combate à discriminação, o conflito é inevitável.
se insere no conjunto dos textos de tipo argumentativo, os Resta torcer para que seja autolimitado. Não dei-
quais se caracterizam por xaremos de rir de piadas racistas, mas não po-
a) apresentar dados sobre um objeto ou fato específico, sua demos esquecer que elas colocam um problema
descrição e a indicação de suas qualidades. moral.
b) ter a função apelativa como predominante, e tentar con- Hélio Schwartsman, Folha de São Paulo, 16/03/2012.
vencer o receptor a tender à vontade do emissor.
c) arranjar uma sequência de fatos na qual os personagens
se movimentam num determinado espaço à medida que 07.10. (INSPER – SP) – O primeiro parágrafo apresenta uma
o tempo passa. das formas clássicas de introdução de um texto de caráter
d) defender um ponto de vista, em que apresentar funda- argumentativo, porque contém resumidamente elementos
mentos para sustentar a tese é essencial. essenciais ao desenvolvimento das ideias do autor. Esses
Português 2C 51
elementos, presentes em “A lógica do humor”, podem ser ros, sob molhos complicados, de apelido francês.
definidos como: Nesse ramo da alimentação há também que con-
a) declaração de natureza subjetiva – enumeração de siderar o que sejam produtos transgênicos, orgâ-
subtemas. nicos, as ameaças do glúten, do sódio, da química
b) registro de testemunho histórico – exemplificação do nociva de tantos fertilizantes. Tudo muito sofis-
problema. ticado e atingindo altos níveis de audiência nos
programas de TV: já seremos um país povoado
c) uso de perguntas retóricas – emprego de contra- por cozinheiros, quer dizer, por chefs de cuisi-
-argumentação. ne?**
d) afirmação da autoridade do enunciador – apresentação Temas palpitantes, certamente de interesse
do problema. público, estão no campo da educação: há, por
e) relato de fato notório – delimitação do tema por meio de exemplo, quem veja nos livros de História uma
questionamentos. orientação ideológica conduzida pelos autores;
8
há quem defenda uma neutralidade absoluta
Aprofundamento diante de fatos que seriam indiscutíveis. 9Que
sentido mesmo tiveram a abolição da escravatu-
ra e a proclamação da República? E o suicídio de
Instrução: Texto para as questões 07.11 a 07.18.
Getúlio Vargas? E os acontecimentos de 1964? Já
a literatura e a redação andam questionadas como
Cronista sem assunto itens de vestibular: mas sob quais argumentos o
Difícil é ser cronista regular de algum perió- desempenho linguístico e a arte literária seriam
dico. Uma crônica por semana, havendo ou não dispensáveis numa formação escolar de verdade?
assunto... É buscar na cabeça uma luzinha, uma Enfim, 10o cronista que se dizia sem assunto
palavra que possa acender toda uma frase, um pa- de repente fica aflito por ter de escolher um no in-
rágrafo, uma página inteira – mas qual? 1Onde o finito cardápio digital de assuntos. Que esperará
ímã que atraia uma boa limalha? 2Onde a farinha ler seu leitor? 11Amenidades? Alguma informação
que proverá o pão substancioso? O relógio está científica? A quadratura do círculo encontrada
correndo e o assunto não vem. Cronos, crono- pelo futebol alemão? A situação do cinema e do
logia, crônica, tempo, tempo, tempo... Que tal teatro nacionais, dependentes de financiamento
falar da falta de assunto? Mas isso já aconteceu por incentivos fiscais? Os megatons da última
umas três vezes... Há cronista que abre a Bíblia banda de rock que visitou o Brasil? O ativismo
em busca de um grande tema: os mandamentos, político das ruas? Uma viagem fantasiosa pelo in-
um faraó, o Egito antigo, as pragas, as pirâmides terior de um buraco negro, esse mistério maior
erguidas pelo trabalho escravo? Mas como atuali- tocado pela Física? A posição do Reino Unido di-
zar o interesse em tudo isso? O leitor de jornal ou ante da União Europeia?
de revista anda com mais pressa do que nunca, 3e, 12
Houve época em que bastava ao cronista
aliás, está munido de um celular que lhe coloca o ser poético: o reencontro com a primeira namo-
mundo nas mãos a qualquer momento. radinha, uma tarde chuvosa, um passeio pela
Sim, a internet! O Google! É a salvação. 4Lá infância distante, um amor machucado, 13tudo
vai o cronista caçar assunto no computador. Mas podia virar uma valsa melancólica ou um tango
aí o problema fica sendo o excesso: ele digita, arrebatador. Mas hoje parece que estamos todos
por exemplo, “Liberdade”, e 5lá vem a estátua mais exigentes e utilitaristas, e os jovens cronis-
nova-iorquina com seu facho de luz saudando tas dos jornais abordam criticamente os rumores
os navegantes, ou o bairro do imigrante japonês contemporâneos, valem-se do vocabulário liga-
em São Paulo, 6ou a letra de um hino cívico, do a novos comportamentos, ou despejam um
ou um tratado filosófico, até mesmo o “Libertas humor ácido em seus leitores, 14num tempo sem
quae sera tamen*” dos inconfidentes mineiros... nostalgia e sem utopias.
Tenta-se outro tema geral: “Política”. Aí mesmo É bom lembrar que o papel em que se
é que não para mais: vêm coisas desde a polis imprimem livros, jornais e revistas está sob ameaça
grega até um poema de Drummond, salta-se da como suporte de comunicação. 15O mesmo
política econômica para a financeira, chega-se à ocorre com o material das fitas, dos CDs e DVDs:
política de preservação de bens naturais, à políti- o mundo digital armazena tudo e propaga tudo
ca ecológica, à partidária, à política imperialista, à instantaneamente. Já surgem incontáveis blogs de
política do velho Maquiavel, ufa. cronistas, onde os autores discutem on-line com
Que tal então a gastronomia, mais na moda do seus leitores aspectos da matéria tratada em seus
que nunca? 7O velho bifinho da tia ou o saudoso textos. A interatividade tornou-se praticamente
picadinho da vovó, receitas domésticas guardadas uma regra: há mesmo quem diga que a própria
no segredo das bocas, viraram nomes estrangei- noção de autor, ou de autoria, já caducou, em
52 Extensivo Terceirão
Aula 07
função da multiplicidade de vozes que se podem a) “e, aliás, está munido de um celular que lhe coloca o
afirmar num mesmo espaço textual. Num plano mundo nas mãos a qualquer momento” (ref. 3) / ideia que
cósmico: quem é o autor do Universo? Deus? O reforça a dificuldade do cronista em atualizar o interesse
Big Bang? A Física é que explica tudo ou deixemos em um velho tema: o leitor de jornal ou de revista já dispõe
tudo com o criacionismo? de acesso, e mais rápido, a um determinado assunto do
Enquanto não chega seu apocalipse profissio- que uma crônica sobre o mesmo tema poderia possibilitar.
nal, o cronista de periódico ainda tem emprego, b) “Lá vai o cronista caçar assunto no computador” (ref. 4) /
o que não é pouco, em tempo de crise. Pois en- frase em que a ironia é arma de ataque a cronistas sem
tão que arrume assunto, e um bom assunto, para assunto que buscam facilitar seu trabalho utilizando
não perder seus leitores. Como não dá para ser informações organizadas por empresa estrangeira que
sempre um Machado de Assis, um Rubem Braga, desconhece a cultura brasileira.
um Luis Fernando Veríssimo, há que se contentar
c) “O velho bifinho da tia ou o saudoso picadinho da vovó,
com um mínimo de estilo e uma boa escolha de
tema. A variedade da vida há de conduzi-lo por receitas domésticas guardadas no segredo das bocas,
um bom caminho; é função do cronista encontrar viraram nomes estrangeiros, sob molhos complicados, de
algum por onde possa transitar acompanhado de apelido francês” (ref. 7) / frase que exprime, por meio da
muitos e, de preferência, bons leitores. exploração do risível nas formas diminutivas, que dificil-
mente seremos um país povoado [...] por chefs de cuisine.
(Teobaldo Astúrias, inédito)
* Liberdade ainda que tardia. d) “Que sentido mesmo tiveram a abolição da escravatura
** chefes de cozinha. e a proclamação da República?” (ref. 9) / indagação que
evidencia que o campo da educação, no Brasil, é frágil,
visto que episódios históricos relevantes nem mesmo
07.11. (PUCCAMP – SP) – Afirma-se com correção: o autor são bem compreendidos por grande parte do público
brasileiro, o que dificulta a escolha de temas pelo cronista.
a) critica publicações, como jornais e revistas, que aparecem
em intervalos fixos ou regulares, por exigirem dos cronis- e) “O mesmo ocorre com o material das fitas, dos CDs e DVDs:
tas análises consistentes sobre o que acontece no dia a o mundo digital armazena tudo e propaga tudo instanta-
dia do universo em que os periódicos circulam, como se neamente” (ref. 15) / afirmação pela qual se defende que
nota em Difícil é ser cronista regular de algum periódico. a transitoriedade, que atingirá o papel como suporte de
comunicação, também atingirá o mundo digital, o que
b) defende que, hoje, os cronistas estão mais bem prepa-
justifica a previsão do apocalipse profissional do cronista.
rados para exercer sua profissão, pois assumem atitude
mais crítica do que nostálgica, o que justifica a maior 07.13. (PUCCAMP – SP) – Já a literatura e a redação andam
preocupação deles com o seu presente do que com o questionadas como itens de vestibular: mas sob quais
seu passado (os jovens cronistas dos jornais abordam argumentos o desempenho linguístico e a arte literária
criticamente os rumores contemporâneos). seriam dispensáveis numa formação escolar de verdade?
c) ressalta a importância de um bom assunto para a concep- Considerando as orientações da gramática normativa, é
ção de uma boa crônica, reprovando fontes tradicionais de correto afirmar sobre a frase acima:
inspiração, como a Bíblia, por exemplo, pela dificuldade de
a) Respeitada a determinação dos termos destacados em
atualização de seus temas, e exaltando as mais modernas,
Já a literatura e a redação andam questionadas como
como o Google, que oferece informações várias sobre a
itens de vestibular, é correta a substituição por “Quanto
matéria escolhida.
a literatura e a redação: andam questionadas como itens
d) d) compõe seu texto valendo-se de formas que suge- de vestibular”.
rem as sensações experimentadas pelo cronista em sua
b) A expressão andam questionadas indica que o questiona-
procura de assunto, como, por exemplo, indagações que
mento ocorre há muito tempo, tendo se tornado ponto
exprimem dúvida ou inquietação – Mas como atualizar
inseparável da reflexão no campo da educação.
o interesse em tudo isso? − , ou expressões que indiciam
esperança – Sim, a internet! c) Há perfeito paralelismo de construção do período: na
segunda oração, as unidades que compõem o sujeito da
e) e) demonstra a necessidade de cronistas estarem sempre
primeira são retomadas, em outra formulação, mas em
atentos à atualização, quer no que se refere aos temas,
idêntica ordem de apresentação dos termos.
quer quanto às formas de difusão de seus textos, pois a
modernização é o fator predominante na preservação d) Os dois-pontos podem, com correção, ser substituídos por
desse tipo de profissional, como comprovam os blogs ponto final, com a necessária alteração de mas para “Mas”;
de cronistas. seria inadmissível, porém, a substituição dos dois-pontos
por ponto e vírgula.
07.12. (PUCCAMP – SP) – Cada um dos segmentos abaixo e) O emprego da expressão de verdade permite que se
transcritos está associado a um comentário sobre o sentido admita que há formações escolares que não cumprem
que tem no processo argumentativo. A alternativa que com seu dever.
apresenta a correta associação é:
Português 2C 53
07.14. (PUCCAMP – SP) – Considerada a situação em que I. As duas orações iniciais do período correlacionam-se pela
está inserido, o segmento que NÃO está empregado em ideia de concomitância.
sentido figurado é: II. O pronome seu recupera termo presente no período
a) (parágrafo 1) Onde o ímã que atraia uma boa limalha? imediatamente anterior.
b) (parágrafo 2) lá vem a estátua nova-iorquina com seu III. O emprego de ainda, no contexto, indica que a falta de
facho de luz saudando os navegantes. emprego é determinada pelo momento da aposenta-
c) (parágrafo 6) Houve época em que bastava ao cronista doria.
ser poético. IV. A expressão em tempo de crise restringe a ideia explici-
d) (parágrafo 6) tudo podia virar uma valsa melancólica ou tada no segmento imediatamente anterior.
um tango arrebatador. Está correto o que se afirma APENAS em
e) (parágrafo 5) o cronista que se dizia sem assunto de re- a) I e III.
pente fica aflito por ter de escolher um no infinito cardápio b) II e IV.
digital de assuntos. c) I, II e IV.
07.15. (PUCCAMP – SP) – Considerado o contexto, está d) I e IV.
adequadamente entendido o seguinte segmento: e) II e III.
a) (parágrafo 1) Onde a farinha que proverá o pão substan-
cioso? / Em que lugar se produzirá a farinha com que se 07.18. (PUCCAMP – SP) – A variedade da vida há de condu-
faz o pão saudável? zi-lo por um bom caminho; é função do cronista encontrar
algum por onde possa transitar acompanhado de muitos e,
b) (parágrafo 2) ou a letra de um hino cívico / ou a letra de
de preferência, bons leitores.
um cântico solene de louvor a Deus.
O período acima recebeu outras formulações. A redação que,
c) (parágrafo 4) há quem defenda uma neutralidade abso-
clara e correta – considerada a norma-padrão da língua −,
luta diante de fatos que seriam indiscutíveis / há aqueles
não prejudica o sentido original é:
que defendem uma atitude objetiva e rigorosa quando
se trata de narrativa de acontecimentos que, por sua a) A variedade que a vida possue possibilita ter vários
natureza, não merecem avaliação. caminhos; que o cronista, em sua função, percorra pelo
menos um por onde transitar podendo ter a preferência
d) (parágrafo 5) Amenidades? / Especulações sobre a vida
de acompanhar muitos e bons leitores.
alheia?
b) Bons caminhos são vários na vida e todos há de conduzir
e) (parágrafo 6) num tempo sem nostalgia e sem utopias /
a bons destinos; o cronista necessita algum caminho que
numa época em que as pessoas não sentem saudades de
transite na companhia, preferencialmente, de muitos e
tempos já vividos, nem sonham com um mundo ideal.
bons leitores.
07.16. (PUCCAMP – SP) – Entende-se corretamente do c) A vida oferece, com certeza, vários e bons caminhos; cabe
último parágrafo: ao cronista encontrar algum que lhe permita nele transitar
a) A expressão apocalipse profissional está, nesse parágrafo, na companhia de muitos e, de preferência, bons leitores.
associada a ideias positivas sobre a profissão de cronista d) O cronista deve encontrar, sendo essa a função desse
de periódico. profissional, algum caminho aonde possa estar junto com
b) Em o cronista de periódico ainda tem emprego, o advér- muitos e bons leitores, de preferência, pois a variedade
bio está empregado com o sentido de “até”, “inclusive”, da vida há de bem conduzi-lo.
como se tem em “Foram todos bem recebidos, ainda os e) A vida há de oferecer, em sua variedade, um bom caminho
que criticaram seu programa”. ao cronista, conduzindo-lhe; sua função é encontrar uma
c) Machado de Assis, Rubem Braga e Luis Fernando Veris- passagem, afim de que ele transite, preferencialmente,
simo são citados em sequência que vai do escritor de junto a muitos e bons leitores.
maior para o de menor prestígio, pois esse movimento
descendente é relevante na exposição do tema. Desafio
d) Em há que se contentar e há de conduzi-lo expressam-se,
respectivamente, a ideia de “ter inevitavelmente de se 07.19. (UNICAMP – SP) – O trecho abaixo corresponde à
contentar” e o intenso desejo de que a referida condução parte final do primeiro Sermão de Quarta-Feira de Cinza,
ocorra no futuro. pregado em 1672 pelo Padre Antonio Vieira.
e) Em há de conduzi-lo, o pronome remete a tema.
“Em que cuidamos, e em que não cuidamos?
07.17. (PUCCAMP – SP) – Enquanto não chega seu apoca- Homens mortais, homens imortais, se todos os
lipse profissional, o cronista de periódico ainda tem emprego, dias podemos morrer, se cada dia nos imos che-
o que não é pouco, em tempo de crise. gando mais à morte, e ela a nós; não se acabe com
Considere a frase acima e as afirmações que seguem. este dia a memória da morte. Resolução, resolu-
54 Extensivo Terceirão
Aula 07
ção uma vez, que sem resolução nada se faz. E Instrução: Leia o texto a seguir para responder à questão.
para que esta resolução dure, e não seja como ou-
tras, tomemos cada dia uma hora em que cuide- Canção é tudo aquilo que se canta com inflexão
mos bem naquela hora. De vinte e quatro horas melódica (ou entoativa) e letra. Há um “artesanato”
que tem o dia, por que se não dará uma hora à específico para privilegiar ora a força entoativa da
triste alma? Esta é a melhor devoção e mais útil palavra ora a forma musical; nem só poesia nem só
penitência, e mais agradável a Deus, que podeis música. Um dos equívocos dos nossos dias é jus-
fazer nesta Quaresma. (...) Torno a dizer para tamente dizer que a canção tende a acabar porque
que vos fique na memória: Quanto tenho vivido? vem perdendo terreno para o rap! Ora, nada é mais
Como vivi? Quanto posso viver? Como é bem que radical como canção do que uma fala que conserva
viva? Memento homo.” a entoação crua. A fala no rap é entoada com cer-
ta regularidade rítmica, o que a torna diferente de
(Antonio Vieira, Sermões de Quarta-Feira de Cinza. uma fala usual. Apesar de convivermos hoje “com
Campinas, SP: Editora da Unicamp, 2016, p.102.)
uma diversidade cancional jamais vista”, prevalece
na mídia, nos meios cultural e musical “a opinião
a) Levando em conta o trecho acima e o propósito argu- uniforme de que estamos mergulhados num ‘lixo’
mentativo do Sermão, explique por que, segundo Vieira, de produção viciada e desinteressante”. Vivemos
se deve preservar “a memória da morte”. uma descentralização, com eventos musicais ricos
e variados, “e a força do talento desses novos can-
cionistas também não diminuiu”.
O rap serve-se da entoação quase pura, para
transmitir informações verbais, normalmente in-
tensas, sem perder os traços musicais da lingua-
gem da canção. Seu formato, menos música mais
fala, é ideal para se fazer pronunciamentos, mani-
festações, revelações, denúncias, etc., sem que se
abandone a seara cancional. Podemos dizer que
o trabalho musical, no rap, é para restabelecer as
balizas sonoras do canto, mas nunca para perder a
concretude da linguagem oral ou conter a crueza e
o peso de seus significados pessoais e sociais. Ate-
nuar a musicalização é reconhecer que as melodias
cantadas comportam figuras entoativas (modos de
dizer) que precisam ser reveladas por suas letras.
(Adaptado de Luiz Tatit. Artigos disponíveis em http://www.luiztatit.
com.br/artigos/artigo?id=29/CancionistasInvis%C3%ADveis.
html e http://www.scielo.br/pdf/rieb/n59/0020-3874-
rieb-59-00369.pdf. Acessados em 11/12/2017.)
b) Considere as perguntas presentes no trecho acima e
explique sua função para a mensagem final do Sermão.
07.20. (UNICAMP – SP) – A partir da leitura dos textos acima,
a) aponte dois argumentos de Luiz Tatit que defendem a
ideia de que o rap é um tipo de canção;
Português 2C 55
Produção de textos
Proposta 01
(PUCCAMP – SP) – Leia o editorial abaixo procurando apreender o tema nele desenvolvido. Em seguida, elabore uma disser-
tação, na qual você exporá, de modo claro e coerente, suas ideias acerca desse tema.
A equipe brasileira teve o melhor desempenho da história dos Jogos Olímpicos. Superou sua melhor clas-
sificação na tabela em número de medalhas de ouro e também de pódios e esteve perto da meta do Comitê
Olímpico do Brasil (ficar entre os dez primeiros) em termos de total de láureas.
Não chegou perto, porém, dos resultados das potências esportivas que sediaram a Olimpíada nos últimos
50 anos.
Os números nacionais destoam dos indicadores econômicos e sociais do país. O Brasil alcançou o 13° lu-
gar na classificação dos Jogos do Rio. Em renda per capita ou em desenvolvimento social, a posição brasileira
no ranking mundial anda perto do septuagésimo lugar.
Tais estatísticas, porém, nem de longe dizem tudo sobre as perspectivas em Olimpíadas. Além da quali-
dade de vida, o desempenho nos esportes de elite está ainda relacionado a tradições esportivas e a desejos
de projetar a imagem do país.
Isto posto, o que fazer da ansiedade nacional por se destacar no esporte de alto nível? Quais são o inte-
resse, o custo e o benefício?
Apesar do resultado recorde no Rio, o governo investiu soma consideravelmente maior nestes Jogos. Em
cálculo rudimentar, o custo por medalha aumentou. Em linhas gerais, no entanto, o desempenho não ficou
muito longe da média recente em termos de pódios.
Desde a Olimpíada de Atlanta, em 1996, as equipes brasileiras vinham conquistando algo em torno de
1,5% das medalhas. Antes de Atlanta, o esporte nacional ficava com um terço disso.
Tornam-se cada vez mais altos os custos de alcançar resultados melhores apenas por meio do investimen-
to em poucos atletas de nível internacional. Parece não haver progresso substantivo de benefícios, em termos
de medalhas, imagem e, mais importante, melhorias sociais gerais.
Desde que o Brasil se dedicou mais a satisfazer seu desejo de projeção esportiva, quando decidiu sediar
a Olimpíada, não houve programa consistente de disseminação da cultura esportiva no país: de práticas
saudáveis, de educação esportiva e de competições de base, a começar pelas escolas.
Tal programa teria o efeito de, a médio prazo, multiplicar o número de praticantes, facilitar a revelação de
talentos e lançar mais luz sobre a saúde de jovens e sobre a situação material das escolas.
Um programa assim poderia satisfazer anseios nacionais de projetar a imagem do país de modo social-
mente mais relevante: criando uma massa de atletas, talvez futuros campeões, em vez de se fiar apenas em
gastos nas poucas figuras excepcionais que ainda dominam o esporte olímpico brasileiro.
(Folha de S.Paulo. 22/08/2016)
56 Extensivo Terceirão
Aula 07
Português 2C 57
Proposta 02
(PUCCAMP – SP) – Leia atentamente os textos abaixo.
Texto I
O uso de “buscadores”, na internet, tem marcado a esmagadora maioria de pesquisas que se fazem em
todos os lugares, nas casas, nas escolas e nas empresas, com as mais diferentes finalidades. É uma ferramenta
moderna, legítima e imprescindível: o saber humano estocado e alcançado pelo toque de uma tecla.
Texto II
Em sã consciência, ninguém refutará a utilidade dos buscadores da internet. Mas é preciso ter cautela,
para não confundir quantidade de informação com qualidade de formação. Os dados de arquivos, por am-
plos que sejam, podem ser incorretos, e nunca dispensam a necessidade de articulação crítica de quem venha
a usá-los.
Redija uma dissertação em prosa, na qual você analisará criticamente os argumentos apresentados nos dois textos acima.
58 Extensivo Terceirão
Aula 07
Proposta 03
(UEPG – PR) – Leia os fragmentos abaixo e elabore um texto de opinião dissertativo-argumentativo sobre a busca pelo corpo
perfeito.
Portadores de vigorexia não medem esforços para deixar o corpo cada vez mais em forma
Movidas por uma insatisfação com o próprio corpo, algumas pessoas passam horas fazendo musculação
e controlam excessivamente a alimentação para conseguirem adquirir músculos e se sentirem mais bonitas.
Essa atitude pode indicar um distúrbio psicológico chamado vigorexia. “É o contrário da anorexia. Ao invés
das pessoas desejarem ficar mais magras, querem ficar cada vez mais musculosas”, explica o professor Mar-
cos Polito, vice-coordenador do mestrado em educação física da Universidade Estadual de Londrina (UEL).
Não há estatísticas de quantos são os vigoréxicos no Brasil, mas Polito acredita que a doença é mais comum
do que se imagina, principalmente no caso dos homens.
Adaptado de: Carol Manhani, disponível em http://www.jornaldelondrina.com.br/edicaododia/conteudo.phtml?id=971661, acesso em junho de 2012.
Português 2C 59
Nosso mundo é cheio de padrões a serem seguidos, como o padrão de beleza, que submete as pessoas a
uma busca incessante por atividades ou decisões radicais. Beleza, no entanto, não significa saúde, mas pela
busca desse ideal muitos lançam mão de tudo, perdendo não apenas a saúde como também o prazer de viver
sem culpa.
Adaptado de: Maria Luiza Gorga, disponível em http://www.educacional.com.br/articulistas/
outrosComportamentos_artigo.asp?artigo=artigo0066, acesso em junho de 2012.
60 Extensivo Terceirão
Aula 07
Gabarito
07.01. d -se dos prazeres materiais em vista ter o firme propósito do exercício da
07.02. c da salvação da alma. Preservar a me- virtude, a examinar sua vida pessoal
07.03. a mória da morte é não perder de vista com base na mensagem bíblica e,
07.04. a a finitude humana, produzir uma por fim, a realizar uma reflexão sobre
07.05. a atenção máxima ao tempo presente a condição humana.
07.06. c e reiterar, como a Igreja faz na liturgia 07.20. a) O rap pode ser considerado uma for-
07.07. a da Quarta-Feira de Cinzas, a mensa- ma de canção pois é uma fala ento-
07.08. d gem cristã contida na advertência da ada com certa regularidade rítmica,
07.09. d própria epígrafe do sermão: “Lembra- o que o torna diferente da fala usual.
07.10. e -te homem que sois pó, e em pó vos Além disso, ainda que se sirva da en-
07.11. d haveis de converter”. tonação quase pura, não perde sua
07.12. a b) As perguntas que aparecem no tex- musicalidade.
07.13. e to têm uma função exortativa, ou b) De acordo com o texto, ao enfatizar a
07.14. c interpelativa. As últimas, sobretudo, fala, o rap torna-se propício a denún-
07.15. e destacadas por Vieira, incidem sobre cias, manifestações individuais e cole-
07.16. d a relação entre os tempos presente, tivas. Ao atenuar a musicalidade sem
07.17. d passado e futuro, temporalidades que perder a “concretude da linguagem
07.18. c abarcam a totalidade da experiência oral”, o rap ressalta os significados
07.19. a) O sermão recupera o sentido da pe- humana, mensurando-a quantitativa pessoais e sociais em suas letras.
nitência como exercício espiritual e qualitativamente no que concerne
que transforma o homem, dando à salvação cristã. Tais perguntas con-
destaque à necessidade de liberar- clamam o ouvinte do sermão a man-
Português 2C 61
Português
Aula 08 2C 1B
Texto dissertativo-argumentativo II
Te
Em resumo, num texto de 30 linhas, trabalhe com dois -argumentativo em modalidade escrita formal da
ou três argumentos, para que eles sejam devidamente língua portuguesa sobre o tema “A persistência da
demonstrados nos parágrafos de desenvolvimento. violência contra a mulher na sociedade brasileira”,
Isso pode, inclusive, ajudar você na organização dos apresentando proposta de intervenção que respeite
parágrafos: no desenvolvimento, separe um parágrafo os direitos humanos. Selecione, organize e relacione,
por argumento. de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para
defesa de seu ponto de vista.
Esquema de organização Texto I
do texto dissertativo Nos 30 anos decorridos entre 1980 e 2010 fo-
Embora sejam possíveis diversas maneiras de ram assassinadas no país acima de 92 mil mu-
estruturar um texto, adotemos um esquema que pode lheres, 43,7 mil só na última década. O número
ser muito útil para quem possui dificuldades para de mortes nesse período passou de 1.353 para
organizar as ideias para a elaboração de um texto 4.465, que representa um aumento de 230%,
dissertativo-argumentativo. À medida que você for mais que triplicando o quantitativo de mulheres
ficando mais experiente na escrita, é possível buscar vítimas de assassinato no país.
WALSELFISZ. J. J. Mapa da Violência 2012.
variações. Atualização: Homicídio de mulheres no Brasil.
Disponível em: www.mapadaviolencia.org.br.
Acesso em: 8 jun. 2015.
1. Planejamento do texto
Tema • Qual é o tema da redação? Texto II
• Argumento 01
Argumentos • Argumento 02
• Argumento 03
2. Estruturação do texto
Brasil. Secretaria de Políticas para as Mulheres. Balanço 2014.
Introdução • Apresenação do tema, da tese e Central do Atendimento à Mulher: Disque 180. Brasília, 2015.
01 parágrafo dos argumentos. Disponível em: www.spm.gov.br. Acesso em: 24 jun. 2015.
(Adaptado).
Desenvolvimento
02 ou 03 • Um parágrafo por argumento
parágrafos Texto III
Análise de redação
Façamos, agora, a leitura de um texto dissertativo-
-argumentativo avaliado com nota máxima (1000
pontos) no ENEM. Durante a leitura, vamos procurar
identificar a organização textual discutida na aula.
Proposta de redação
Disponível em: www.compromissoatitude.org.br. Acesso em: 24 jun.
A partir da leitura dos textos motivadores seguin- 2015. (Adaptado).
tes e com base nos conhecimentos construídos ao
longo de sua formação, redija um texto dissertativo-
Português 2C 63
Texto IV
O impacto em números
Com base na Lei Maria da Penha, mais de 330 mil processos foram instaurados apenas nos juizados e
varas especializadas.
Exemplo de redação
Parte desfavorecida
De acordo com o sociólogo Émile Durkheim, a sociedade pode ser comparada a um “corpo biológico” por
ser, assim como esse, composta por partes que interagem entre si. Desse modo, para que esse organismo seja
igualitário e coeso, é necessário que todos os direitos dos cidadãos sejam garantidos. Contudo, no Brasil, isso
não ocorre, pois em pleno século XXI as mulheres ainda são alvos de violência. Esse quadro de persistência
de maus tratos com esse setor é fruto, principalmente, de uma cultura de valorização do sexo masculino e de
punições lentas e pouco eficientes por parte do Governo.
Ao longo da formação do território brasileiro, o patriarcalismo sempre esteve presente, como por exemplo
na posição do “Senhor do Engenho”, consequentemente foi criada uma noção de inferioridade da mulher
em relação ao homem. Dessa forma, muitas pessoas julgam ser correto tratar o sexo feminino de maneira
diferenciada e até desrespeitosa. Logo, há muitos casos de violência contra esse grupo, em que a agressão
física é a mais relatada, correspondendo a 51,68% dos casos. Nesse sentido, percebe-se que as mulheres
têm suas imagens difamadas e seus direitos negligenciados por causa de uma cultural geral preconceituosa.
Sendo assim, esse pensamento é passado de geração em geração, o que favorece o continuísmo dos abusos.
Além dessa visão segregacionista, a lentidão e a burocracia do sistema punitivo colaboram com a per-
manência das inúmeras formas de agressão. No país, os processos são demorados e as medidas coercitivas
acabam não sendo tomadas no devido momento. Isso ocorre também com a Lei Maria da Penha, que entre
2006 e 2011 teve apenas 33,4% dos casos julgados. Nessa perspectiva, muitos indivíduos ao verem essa
ineficiência continuam violentando as mulheres e não são punidos. Assim, essas são alvos de torturas psico-
lógicas e abusos sexuais em diversos locais, como em casa e no trabalho.
A violência contra esse setor, portanto, ainda é uma realidade brasileira, pois há uma diminuição do valor
das mulheres, além do Estado agir de forma lenta. Para que o Brasil seja mais articulado como um “corpo
biológico” cabe ao Governo fazer parceria com as ONGs, em que elas possam encaminhar, mais rapidamente,
os casos de agressões às Delegacias da Mulher e o Estado fiscalizar severamente o andamento dos processos.
Passa a ser a função também das instituições de educação promoverem aulas de Sociologia, História e Biolo-
gia, que enfatizem a igualdade de gênero, por meio de palestras, materiais históricos e produções culturais,
com o intuito de amenizar e, futuramente, acabar com o patriarcalismo. Outras medidas devem ser tomadas,
mas, como disse Oscar Wilde: “O primeiro passo é o mais importante na evolução de um homem ou nação. ”
Extraído de: <https://g1.globo.com/educacao/noticia/leia-redacoes-do-enem-2015-que-tiraram-nota-maxima.ghtml>. Acesso em: 13/02/18
64 Extensivo Terceirão
Aula 08
Testes
08.01. (UFMG) – Com base na leitura feita, é correto afirmar
Assimilação que o objetivo do texto é:
a) defender a parceria entre o papel e o texto como uma
Instrução: Leia o texto para responder a questão a seguir. história de êxitos.
b) discutir as implicações da era digital no uso da escrita.
A revolução digital c) descrever as vantagens e as desvantagens da internet
Texto e papel. Parceiros de uma história de na atualidade.
êxitos. Pareciam feitos um para o outro. d) narrar a história do papel e do texto desde a antiguidade.
Disse “pareciam”, assim, com o verbo no pas-
sado, e já me explico: estão em processo de sepa- 08.02. (UERJ) − Se quer seguir-me, narro-lhe; não uma
ração. aventura, mas experiência, a que me induziram, alternada-
Secular, a união não ruirá do dia para a noite. mente, séries de raciocínios e intuições.
Mas o divórcio virá, certo como o pôr-do-sol a A fala inicial do conto “O espelho”, de João Guimarães Rosa,
cada fim de tarde. anuncia que a história combina gêneros textuais distintos.
O texto mantinha com o papel uma relação Além da narrativa, o outro gênero que se realiza nesse conto
de dependência. A perpetuação da escrita parecia é o da:
condicionada à produção de celulose. a) dissertação
Súbito, a palavra descobriu um novo meio de b) reportagem
propagação: o cristal líquido. Saem as árvores. c) entrevista
Entram as nuvens de elétrons.
d) carta
A mudança conduz a veredas ainda inexplora-
das. De concreto há apenas a impressão de que, Instrução: Texto para a próxima questão.
longe de enfraquecer, a ebulição digital tonifica a
escrita. A EDUCAÇÃO PELA SEDA
E isso é bom. Quando nos chega por um ouvi- Vestidos muito justos são vulgares. Revelar
do, a palavra costuma sair por outro. Vazando-nos formas é vulgar. Toda revelação é de uma vulgari-
pelos olhos, o texto inunda de imagens a alma. dade abominável.
Em outras palavras: falada, a palavra perde-se Os conceitos a vestiram como uma segunda
nos desvãos da memória; impressa, desperta o cé- pele, e pode-se adivinhar a norma que lhe rege a
rebro, produzindo uma circulação de ideias que vida ao primeiro olhar.
gera novos textos.
Rosa Amanda Strausz
A Internet é, por assim dizer, um livro inte- Mínimo múltiplo comum: contos. Rio de Janeiro: José Olympio, 1990.
rativo. Plugados à rede, somos autores e leitores.
Podemos visitar as páginas de um clássico da lite-
ratura. Ou simplesmente arriscar textos próprios. 08.03. (UERJ) – O conto contrasta dois tipos de texto em
Otto Lara Resende costumava dizer que as sua estrutura. Enquanto o segundo parágrafo se configura
pessoas haviam perdido o gosto pela troca de como narrativo, o primeiro parágrafo se aproxima da seguinte
correspondências. Antes de morrer, brindou-me tipologia:
com dois telefonemas. Em um deles prometeu: a) injuntivo
“Mando-te uma carta qualquer dia desses”. b) descritivo
Não sei se teve tempo de render-se ao com- c) dramático
putador. Creio que não. Mas, vivo, Otto estaria d) argumentativo
surpreso com a popularização crescente do cor-
reio eletrônico. Instrução: Texto para a próxima questão.
O papel começa a experimentar o mesmo Leia o excerto do livro Violência urbana, de Paulo Sérgio
martírio imposto à pedra quando da descoberta Pinheiro e Guilherme Assis de Almeida, para responder à(s)
do papiro. A era digital está revolucionando o uso questão(ões) abaixo.
do texto. Estamos virando uma página. Ou, por
outra, estamos pressionando a tecla “enter”. De dia, ande na rua com cuidado, olhos bem
SOUZA, Josias de. A revolução digital. Folha de São Paulo, abertos. Evite falar com estranhos. À noite, não
São Paulo, 6 de maio de 1996. Caderno Brasil, p. 2.
saia para caminhar, principalmente se estiver so-
zinho e seu bairro for deserto. Quando estacionar,
Português 2C 65
tranque bem as portas do carro [...]. De madruga- tipo de inimigo, curioso ou forasteiro, inclusive,
da, não pare em sinal vermelho. Se for assaltado, depois, os historiadores.
não reaja – entregue tudo. Já no modelo novo de resistência, o quilombo
É provável que você já esteja exausto de ler abolicionista, as lideranças são muito bem conheci-
e ouvir várias dessas recomendações. Faz tempo das, cidadãos prestantes, com documentação civil
que a ideia de integrar uma comunidade e em dia e, principalmente, muito bem articulados
sentir-se confiante e seguro por ser parte de um politicamente. Não mais os grandes guerreiros do
coletivo deixou de ser um sentimento comum modelo anterior, mas um tipo novo de liderança,
aos habitantes das grandes cidades brasileiras. As uma espécie de instância de intermediação entre a
noções de segurança e de vida comunitária foram comunidade de fugitivos e a sociedade envolvente.
substituídas pelo sentimento de insegurança Sabemos hoje que a existência de um quilombo in-
e pelo isolamento que o medo impõe. O outro teiramente isolado foi coisa rara. Mas, no caso dos
deixa de ser visto como parceiro ou parceira quilombos abolicionistas, os contatos com a socie-
em potencial; o desconhecido é encarado como dade são tantos e tão essenciais que o quilombo
ameaça. O sentimento de insegurança transforma encontra-se já internalizado, parte do jogo político
e desfigura a vida em nossas cidades. De lugares da sociedade mais ampla.
de encontro, troca, comunidade, participação (Quilombo abolicionista – cap. 1; p. 11. SILVA, Eduardo:
coletiva, as moradias e os espaços públicos As Camélias do Leblon e a abolição da escravatura: uma
investigação de história cultural. SP: Cia das Letras, 2003.)
transformam-se em palco do horror, do pânico e
do medo.
A violência urbana subverte e desvirtua a 08.05. (UFPR) – Com base no texto, assinale a alternativa
função das cidades, drena recursos públicos já es- INCORRETA.
cassos, ceifa vidas – especialmente as dos jovens a) Segundo o autor, a organização quilombola, no período
e dos mais pobres –, Dilacera famílias, modifican- pré-abolição, não era constituída exclusivamente como
do nossas existências dramaticamente para pior. modelo de resistência belicoso.
De potenciais cidadãos, passamos a ser consumi-
dores do medo. O que fazer diante desse quadro b) As lideranças de ambos os tipos de organização quilom-
de insegurança e pânico, denunciado diariamente bola apontados no texto eram ocupadas por indivíduos
pelos jornais e alardeado pela mídia eletrônica? de prestígio na sociedade circundante.
Qual tarefa impõe-se aos cidadãos, na democracia c) Cada um dos tipos de quilombo apontados pelo autor do
e no Estado de direito? texto, no Brasil, tinha estratégias e finalidades diferentes.
(Violência urbana, 2003.) d) Quilombos inteiramente isolados não eram tão comuns,
segundo Silva, contrariamente ao que sempre se acreditou.
e) Os chamados quilombos abolicionistas eram mais inte-
08.04. (UNESP – SP) – O modo de organização do discurso grados à sociedade circundante, mantendo com ela uma
predominante no excerto é estreita relação.
a) a dissertação argumentativa.
b) a narração. 08.06. (UFPR) – As expressões ‘cidadãos prestantes’ e ‘ins-
c) a descrição objetiva. tância de intermediação’, no segundo parágrafo, podem ser
d) a descrição subjetiva. interpretadas, segundo o contexto de ocorrência, respecti-
vamente, como:
e) a dissertação expositiva.
a) ‘pessoas que têm crenças religiosas’ e ‘foro oficial’.
b) ‘indivíduos que prestam serviços’ e ‘lugar de recurso’.
Aperfeiçoamento c) ‘cidadãos que se distinguem na sociedade’ e ‘nível de
mediação’.
Instrução: O texto abaixo é referência para as questões
d) ‘cidadãos que são prestativos’ e ‘intermediários eventuais’.
08.05 e 08.06.
e) ‘pessoas que protestam contra injustiças’ e ‘nível inter-
mediário’.
A crise final da escravidão, no Brasil, deu lu-
gar ao aparecimento de um modelo novo de re- Instrução: O texto a seguir é referência para as questões
sistência, a que podemos chamar quilombo abo- 08.07 e 08.08.
licionista. No modelo tradicional de resistência à
escravidão, o quilombo-rompimento, a tendência
TV a Serviço da Tecnologia e do Racismo
dominante era a política do esconderijo e do se-
gredo de guerra. Por isso, esforçavam-se os qui- Os meios de comunicação, todos eles, têm
lombolas exatamente para proteger seu dia a dia, sido braço direito e esquerdo da propagação das
sua organização interna e suas lideranças de todo tecnologias da estrutura racista. Isso é uma verda-
66 Extensivo Terceirão
Aula 08
de que se pode confirmar com absoluta facilidade tomei foram inutilizadas, e assim, com o decorrer
em todos os veículos de comunicação disponí- do tempo, ia-me parecendo cada vez mais difí-
veis, em especial a televisão. cil, quase impossível, redigir esta narrativa. Além
O poderoso e influente jornalista Assis Cha- disso, julgando a matéria superior às minhas for-
teaubriand foi o responsável pela primeira trans- ças, esperei que outros mais aptos se ocupassem
missão televisiva no Brasil, em 18 de setembro de dela. Não vai aqui falsa modéstia, como adiante se
1950, pela TV Tupi, em São Paulo. No ano seguin- verá. Também me afligiu a ideia de jogar no papel
te, seria a vez de o Rio de Janeiro ser contemplado criaturas vivas, sem disfarces, com os nomes que
com essa novíssima ferramenta, viabilizada por têm no registro civil. Repugnava-me deformá-las,
recursos importados dos Estados Unidos. O Bra- dar-lhes pseudônimo, fazer do livro uma espécie
sil, então, passou a ser o quarto país do mundo a de romance; mas teria eu o direito de utilizá-las
operar esse tipo de veículo, ficando atrás apenas em história presumivelmente verdadeira? Que
da Inglaterra, França e dos próprios Estados Uni- diriam elas se se vissem impressas, realizando
dos. O país seguia pouco mais de meio século de atos esquecidos, repetindo palavras contestáveis
pós-abolição. Uma pós-abolição que ora tentava e obliteradas?
se livrar das sobras humanas, cuja exploração ex- RAMOS, Graciliano. Memórias do cárcere. Rio, São Paulo: Record, 2004, p. 33.
plícita já não era mais permitida pela lei, ora se
valia da fragilidade dessas sobras vivas para pros-
seguir com os acúmulos de riqueza construída à 08.09. (IFAL) – Que alternativa abaixo não resulta de leitura
custa da exploração histórica e não reparada. [...] adequada do texto?
(Joice Beth, Le Monde Diplomatique Brasil, junho/2017, p. 38. Adaptado.)
a) No excerto, dá-se um processo argumentativo, cujo obje-
tivo é justificar a escrita do texto e a suposta demora do
autor para iniciar-se essa tarefa.
08.07. (UFPR) – Com relação à palavra “sobras” citada na b) O interesse do autor seria o de dar ao seu texto um as-
última frase do texto, é correto afirmar que refere: pecto romanesco, embora lhe fosse repugnante a ideia
a) os recursos humanos da TV. de deformar personagens ou atribuir-lhes nome falso.
b) os negros pós-abolição. c) O autor considera importante que seus leitores entendam
c) a sociedade manipulada pela TV. que o que ele irá contar realmente aconteceu, muito em-
d) os profissionais da tecnologia televisiva. bora aceite que sua versão da história pode ser contestada.
e) os líderes abolicionistas. d) O uso das notas tomadas pelo autor serviria, conforme seu
pensamento, para atestar a legitimidade factual do relato.
08.08. (UFPR) – O parágrafo a seguir dá continuidade ao e) O autor julga que, para a redação de seu texto, é impor-
texto de Joice Beth. tante preservar bem a memória do passado.
O mito da democracia racial foi amplamente propagado,
__________ sempre, nas telenovelas, negros e brancos Instrução: Texto para a próxima questão.
conviviam de forma pacífica, __________ alicerçou na
mentalidade do sujeito negro uma aceitação inexistente da A internet e os direitos autorais
negritude, __________ essa convivência era claramente A internet e outras tecnologias mudaram a
hierarquizada, estabelecendo sem nenhum constrangimento rotina das famílias, a vida social e até a sua per-
quem era “superior” – e mandava – e quem era “inferior” – e, cepção do mundo. Distâncias parecem menores,
__________, obedecia. a ideia de privacidade está em questão, e os rela-
Assinale a alternativa que preenche adequadamente as cionamentos amorosos ganharam nova dimensão.
lacunas, na ordem em que aparecem no texto. De forma tão avassaladora, que quem não partici-
a) visto que – o que – pois – portanto. pa das redes sociais em algum momento pode se
b) onde – desse modo – mas – no entanto. sentir excluído ou desinformado.
c) mesmo que – por isso – de modo que – por isso. A transformação trazida pela tecnologia, no
entanto, não pode ser confundida com ruptura
d) que – a qual – entretanto – por conseguinte.
com tudo o que havia antes. Os critérios para ava-
e) pois – contudo – sendo que – assim. liar um livro continuam os mesmos, não importa
se em e-book ou edição de capa dura; a relação
Instrução: Texto para a próxima questão.
custo-benefício de uma compra ainda precisa ser
pensada com critério, seja em e-commerce ou loja
Resolvo-me a contar, depois de muita hesi- de shopping; e o cuidado com a publicação de
tação, casos passados há dez anos – e, antes de uma notícia, o que inclui a sua correta apuração
começar, digo os motivos porque silenciei e por- e a clareza do texto, deve ser o mesmo em site ou
que me decido. Não conservo notas: algumas que jornal de papel.
Português 2C 67
O mesmo raciocínio se aplica à propriedade
intelectual de músicas, textos, filmes e quaisquer Aprofundamento
outras obras, que ganham novas formas de expo-
sição com a internet, mas continuam a ter donos. Instrução: Texto para a próxima questão.
Da mesma maneira que antes do aparecimento Leia o texto para responder à(s) questão(ões).
das mídias digitais. Infelizmente, não é dessa for-
ma que parecem pensar grandes empresas inter- Humor não é bullying
nacionais da internet, que brigam na Justiça com
Natalia Klein
a União Brasileira das Editoras de Música e impe-
1
dem assim o pagamento aos filiados à entidade Não existe nada mais fácil do que sacanear
dos valores relativos à exibição de seus trabalhos quem já é frequentemente sacaneado. É tiro certo,
nos canais de áudio e vídeo. É uma situação inad- todos vão achar graça. Mas aí não estamos falando
missível, que já dura muitos meses. de humor. O nome disso é bullying.
O respeito aos direitos autorais na era da in- [...] 2Recentemente, dei uma entrevista em
ternet é questão vital porque o mercado de CDs que me perguntaram sobre os limites do humor.
só faz encolher. As novas mídias representam a Por uma infelicidade, publicaram apenas um
perspectiva de trabalho para os criadores a longo trecho da minha resposta, em que eu digo que
prazo. É necessário assegurar a sua adequada re- “não posso mais fazer piadas com anão, negros,
muneração e, por extensão, os recursos para que homossexuais”.
a produção musical se sustente a longo prazo. A É importante deixar claro que eu disse sim
agilidade e a onipresença da rede podem – e de- essa frase pavorosa. Mas em um contexto muito
vem – servir para trazer mais recursos ao compo- mais amplo. O que eu expliquei – ou, pelo menos,
sitor, e não o contrário. tentei explicar – é que não se pode fazer piadas
Empresas jornalísticas, no Brasil e no mundo, envolvendo assuntos polêmicos sem correr o risco
também já viram o conteúdo da imprensa profis- de ser tachado de preconceituoso. 3Mas fingir que
sional ser divulgado na internet sem contraparti- o preconceito não existe é infinitamente pior.
da alguma ignorando os altos custos de produção 4
Não sou a favor de fazer graça de quem já
da notícia. No Brasil, a Associação Nacional de tem que lidar diariamente com a intolerância. Sou
Jornais (ANJ) proíbe, por notificação judicial, que a favor de se fazer piada da intolerância em si.
se reproduza a íntegra dos textos dos associados. Em colocar na mesa os nossos podres para que a
Se as novas tecnologias facilitam o entreteni- gente lembre que eles existem.
mento e aumentam a oferta de bens culturais a (Fonte: http: //www.adoravelpsicose.com.br/2011/10/
consumidores no mundo inteiro, elas são bem- humor-nao-e-bullying.html Acessado em: 27/08/2015)
-vindas. Mas isso não pode acontecer à custa do
sagrado direito autoral.
08.11. (CP2 – RJ) – Os advérbios em português servem
Rio de Janeiro, O Globo, Opinião, 23 abr. 2015, p.16. Adaptado.
para traduzir variadas circunstâncias, mas também, em
alguns contextos, como nos textos argumentativos, são
08.10. (FMP – SC) – O editorial é um gênero textual de usados para expressar um ponto de vista defendido pelo
caráter argumentativo, destinado a defender uma opinião produtor do texto.
sobre algum assunto da atualidade. Esse segundo uso do advérbio aparece em
O texto defende a tese de que a) “Não sou a favor de fazer graça de quem já tem que lidar
a) o mercado audiovisual tem muito a ganhar com a divul- diariamente com a intolerância (...)” (ref. 4)
gação de seus produtos pela internet. b) “Recentemente, dei uma entrevista em que me pergun-
b) os órgãos da justiça brasileira deveriam penalizar as taram sobre os limites do humor.” (ref. 2)
grandes empresas de comunicação digital. c) “Não existe nada mais fácil do que sacanear quem já é
c) o desenvolvimento da tecnologia provocou um aumento frequentemente sacaneado.” (ref. 1)
avassalador do uso das redes sociais. d) “Mas fingir que o preconceito não existe é infinitamente
d) a divulgação de conteúdos na rede deve respeitar a pior.” (ref. 3)
propriedade intelectual de seus autores.
e) as grandes empresas de comunicação impressa precisam
considerar os direitos dos jornalistas.
68 Extensivo Terceirão
Aula 08
70 Extensivo Terceirão
Aula 08
Português 2C 71
Instrução: Texto para a próxima questão.
dos para não pensar, passam a não gostar do que
não conhecem. Mas há quem tenha descoberto
O desaparecimento dos livros na vida cotidia- esse prazer que é o prazer de pensar a partir da
na e a diminuição da leitura é preocupante quan- experiência da linguagem – compreensão e diálo-
do sabemos que os livros são dispositivos funda- go – que sempre está ofertado em um livro. Cer-
mentais na formação subjetiva das pessoas. Nos tamente para essas pessoas, o mundo todo – e ela
perguntamos sobre o que os meios de comunica- mesma – é algo bem diferente.
ção fazem conosco: da televisão ao computador,
(TIBURI, Márcia. Potência do pensamento: por uma
dos brinquedos ao telefone celular, somos forma- filosofia política da leitura. Disponível em http://revistacult.
dos por objetos e aparelhos. uol.com.br – 31 jan. 2016 – com adaptações)
72 Extensivo Terceirão
Aula 08
a) No último período do texto, há uma ocorrência do conec- O texto faz parte de uma campanha do Governo Federal em
tivo “porém”. Que argumentos do texto são articulados favor da doação de órgãos.
por esse conectivo? c) Qual o sentido de “coração” em cada uma das frases em
que aparece? Explique.
Acesse: www.facebook.com/doacaodeorgaos
e divulgue nas redes sociais? #doeorgaos.
Português 2C 73
Produção de textos
Proposta 01
(INSPER – SP) – Reflita sobre as ideias apresentadas nos textos a seguir e desenvolva uma dissertação em prosa sobre o tema:
Tema/Título: Violência, uma epidemia?
Texto 01
Abordei no mês passado o caráter patológico dos suicídios, que tendem a ocorrer em séries. Sabe-se
ainda que massacres do tipo Columbine também têm acontecido de forma epidêmica, como se um episódio
engatilhasse o seguinte, seja pela celebridade imediata que confere aos seus perpetradores, seja pelo impacto
que provoca na sociedade.
Agora vimos os saques em Londres varrer a Inglaterra de ponta a ponta também como numa pandemia. O
que quer dizer tudo isso? Que, se antes éramos assolados por cólera, gripe espanhola e outras pragas, agora
a grande moléstia que nos ameaça é uma coleção de epidemias comportamentais? Talvez seja difícil entender
esse tipo de violência que não está diretamente ligado exclusivamente à diferença social e à miséria, e decla-
rações de David Cameron e da direita do Parlamento londrino de que esses atos são “puro crime” mostram
quanto esses políticos estão fora de sintonia com a realidade.
Intelectuais e sociólogos que pesquisam a questão afirmam que a violência é sim uma epidemia, uma
nova moléstia social, derivação das inúmeras patologias urbanas. Resta saber se será possível inventar uma
“vacina” contra esse novo tipo de gripe espanhola.
http://www.istoe.com.br/colunas-e-blogs/colunista/42_PATRICIA+MELO
Texto 02
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Aula 08
Proposta 02
Leia o texto a seguir.
Sírio Possenti afirma, em Os humores da língua (Campinas: Mercado das Letras, 1988. p. 25-26), que
piadas são “um tipo de material altamente interessante” para estudo, porque [1] “praticamente só há piadas
sobre temas que são socialmente controversos” (sexo, política, racismo, crenças, escola, loucura, morte,
desgraças, deficiências físicas, etc.), [2] “piadas operam fortemente com estereótipos” (judeu avarento, por-
tuguês estúpido, gaúcho enrustido, marido traído, esposa infiel, mineiro esperto, loura burra, etc.), [3] “pia-
das são quase sempre veículo de um discurso proibido, subterrâneo, não oficial” (casamentos por interesse,
governos corruptos, professores incompetentes, religiosos sem vocação etc.). Assim sendo, com frequência,
episódios relacionados ao humor causam constrangimento quando vêm a público, via internet, TV, jornais
impressos e outras mídias.
Português 2C 75
(UFES) – Escreva um texto dissertativo-argumentativo, posicionando-se quanto à questão: O humor pode ter total liberdade
ou deve ter limites éticos ou morais? Inclua, em sua argumentação, pelo menos uma piada que possa ser tomada como
exemplo para o ponto de vista desenvolvido.
Proposta 03
A ameaça dos robôs
Robôs se rebelarem contra seres humanos com a finalidade de exterminá-los é tema recorrente em livros
e filmes de ficção científica. O que é novidade, e realidade aterradora, é o fato de engenheiros de robótica de
todo o mundo terem se reunido, na semana passada, na Asilomar Conference Grounds realizada nos EUA,
para discutir os riscos do surgimento de uma verdadeira geração de “robopatas” - máquinas perigosas e a
perda de seu controle pelo homem.
Os cientistas descartam, é claro, a possibilidade de elas adquirirem por si mesmas tal patamar de com-
portamento, porque isso significaria admitir, absurdamente, que robô pode ter livre-arbítrio. Mas o grande
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Aula 08
receio dos pesquisadores, na verdade, é a possibilidade de esses robôs serem manipulados por criminosos
comuns, como já os são pelos governos de alguns países em momentos de guerra.
Seria uma atitude no mínimo reacionária negar a importância de robôs na evolução da humanidade e
na melhoria da qualidade de vida. Desde que saíram dos laboratórios, sobretudo nos EUA e no Japão, as
máquinas de inteligência artificial se espalharam em empresas, bancos, escolas, supermercados, hospitais e
asilos. Esses robôs, nascidos para o bem, são refratários a tentativas de serem pervertidos - não foram pro-
gramados para a agressividade. O problema, no entanto, é que o próprio homem, no poço sem fundo de seu
instinto de criar tecnologias cada vez mais fantásticas, acaba ultrapassando limites. Há cerca de meio século
o matemático I.J.Good já alertava para o perigo daquilo que chamava de “explosão nervosa” da inteligência
artificial. Atualmente, até mesmo um dos maiores entusiastas dessa forma de inteligência, o cientista Tom
Mitchell, da Universidade Carnegie Mellow, revê sua boa fé: “Fui muito otimista”.
(Adaptado de: SGARBI, L. A ameaça dos robôs. Isto É. São Paulo, nº 2073, pp. 80-81, 5 ago. 2009)
(UEL – PR) – Com base na reportagem, elabore um texto dissertativo-argumentativo defendendo o seu ponto de vista a
respeito dos limites da inteligência artificial.
Português 2C 77
Gabarito
08.01. b isso, sua morte precoce foi um alívio a amor, no caso, a dar amor (sentido
08.02. a para os césares. A esse argumento figurado).
08.03. d de Sevcenko se contrapõe outro, b) Desde o título, há um apelo à emo-
08.04. a marcado pela presença do conectivo ção. As duas primeiras frases do texto
08.05. b “porém”, que afirma que a história não continuam com à referência à afetivi-
08.06. c deixa que a voz de Euclides da Cunha dade: “Deixe sua visão para o homem
08.07. b se cale. que nunca viu o amanhecer nos bra-
08.08. a b) O lema “Ordem e Progresso” tem ços de sua amada. Deixe seu coração
08.09. b outro significado para Euclides da para a mulher que vive para fazer o
08.10. d Cunha. Para o autor, ele é uma mis- coração de seu filho feliz”. Como se
08.11. d tificação (republicana) porque a “or- trata de tema delicado, uma vez que,
08.12. d dem” remete à exclusão das camadas em grande parte das situações, en-
08.13. d subalternas da população, e o “pro- volve a morte de alguém, optou-se
08.14. d gresso” está comprometido com o por falar em vida. A vida de alguém
08.15. d legado mais abominável do passado: que se transformará, que ganhará
08.16. b as mazelas deixadas pelo latifúndio, uma nova oportunidade. Fala-se aos
08.17. b pela escravidão e pela exploração sentimentos, busca-se a sensibiliza-
08.18. d predatória da terra e do povo. ção do leitor, doador em potencial.
08.19. a) Para Sevcenko, Euclides da Cunha 08.20. a) Na primeira ocorrência (“Deixe seu Vele lembrar que há também desta-
expôs a mistificação republicana (de coração para a mulher [...]”), “coração” que para a lucidez: “E, principalmente,
uma “ordem” excludente e um “pro- é o órgão (sentido literal); na segunda deixe sua família saber do seu desejo
gresso” comprometido com o legado (“[...] que vive para fazer o coração de de ser um doador de órgãos”.
mais abominável do passado”) e, por seu filho feliz”), “coração” diz respeito
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